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Direito Processo Penal

Teoria e Questões comentadas


Prof. Enilson Rocha

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Matéria: Direito Processual Penal
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Professor: Enilson Rocha
Direito Processo Penal
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Olá amigo!
Edital publicado! É hora de garantir sua aprovação.
É com muita satisfação que apresentamos a você o curso “Direito
Processual Penal”, voltado para o concurso para Delegado de Polícia da
PC/ES.
A carreira pública tem sido a opção de muitas pessoas que buscam
estabilidade e segurança profissional, principalmente ante as incertezas político-
econômicas que têm marcado nosso País nos últimos anos. Neste cenário, as
carreiras policiais ganham destaque, pois, além da sonhada estabilidade, vem
a satisfação de pertencer a uma instituição que está voltada para o bem-estar
da população, visando garantir a segurança, direito fundamental de todos, mas
tão afetado nos dias atuais.
Nesse diapasão, a carreira de Delegado de Polícia se apresenta como uma
grande oportunidade para conciliar estabilidade financeira, satisfação pessoal e
contribuição para o progresso da sociedade.
O ingresso no serviço público passa, necessariamente, pela aprovação em
um concurso público. Conhecedor das dificuldades que é alcançar a tão sonhada
aprovação, posto já ter trilhado esse mesmo caminho, o Professor Enilson
Rocha preparou este curso, visando te ajudar nessa caminhada rumo ao seu
tão sonhado objetivo.
Vamos nos apresentar!
Sou servidor público federal há mais de 22 anos. Iniciei minha trajetória, em
1995, ao prestar o concurso para Soldado Especializado da Aeronáutica (S1),
instituição na qual ingressei em março de 1996.
Em 1998, cursei a Escola de Especialistas de Aeronáutica, na primeira turma
do EAGS. Promovido à Terceiro-Sargento, servi por oito anos em São José dos
Campos (IPV/ICEA), período em cursei a faculdade de Direito.
No ano de 2004, enquanto cursava o último ano da faculdade, fui aprovado
no concurso para o cargo de Escrivão de Polícia Federal, tendo sido convocado
para a Academia Nacional de Polícia em 2006.
No ano de 2005, enquanto aguardava a convocação para da Polícia Federal,
fui aprovado no Concurso para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal
Regional Eleitoral de Minas Gerais.
No dia 17 de julho 2006, ao pesquisar no Diário Oficial da União, tive a
satisfação de ver minha nomeação para o cargo de Escrivão de Polícia
Federal Publicada na página 32 da Seção 3. Foi um momento inesquecível. Ao
dar mais um “enter”, o cursor parou na página 64, onde estava minha nomeação
para o cargo de Analista Judiciário do TRE/MG.
Por alguns dias, tive a difícil e prazerosa tarefa de escolher entre um dos
dois cargos. Optei por ser Policial Federal, e, apesar de saber da grandeza que

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representava o outro cargo, sei que fiz a escolha certa, pois ser um policial é
mais que uma profissão, é um misto de vocação e amor por aquilo que faz.

Agora que já nos conhecemos, vamos conhecer um pouco sobre o curso!

AULA CONTEÚDO
00 Direito processual penal: Princípios gerais, conceito, finalidade, características.
Fontes. Lei processual penal. Sistemas de processo penal.
01 Inquérito Policial
02 Jurisdição e competência
03 Ação penal
04 Sujeitos processuais
05 Provas
06 Prisões
07 Atos processuais
08 Sentença
09 Procedimento comum
10 Procedimentos especiais

O presente curso foi elaborado com base no edital Nº 001/2019 – PCES, publicado
no dia 22 de março de 2019, cujo conteúdo programático foi redigido da
seguinte forma.
DIREITO PROCESSUAL PENAL: Direito processual penal: 1.1 Princípios
gerais, conceito, finalidade, características. 1.2 Fontes. 1.3 Lei processual
penal: fontes, eficácia, interpretação, analogia, imunidades. 1.4 Sistemas de
processo penal. 2) Inquérito policial. 2.1 Histórico. 2.2 Conceito e finalidade.
2.3 Características: administrativo, dispensável, forma escrita, o caráter sigiloso
e o acesso do advogado ao inquérito policial à luz da Lei n° 8.906/94 com suas
alterações, o caráter inquisitivo e a atuação do advogado no inquérito policial à
luz da Lei n° 8.906/94 com suas alterações, indisponível, oficial, oficiosidade,
temporalidade, discricionário, informativo e sistemático. 2.4 Formas de
instauração e a notitia criminis: ação penal pública incondicionada, ação penal
pública condicionada e ação penal privada natureza; conceito; finalidade;
características. 2.5 Procedimento do inquérito policial: liberdade procedimental,
prazos para a conclusão do inquérito, relatório conclusivo e destinatários dos

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autos de inquérito. 2.6 Arquivamento do inquérito policial 2.7 Elementos de
informação no inquérito policial e grau de cognição. 2.8 Condução coercitiva.
2.9 Indiciamento. 2.10 Identificação criminal (Lei n° 12.037/09). 2.11 Inquérito
policial e foro por prerrogativa de função. 2.12 Lei 12830/2013. 2.13
Investigação particular e a lei 13.432/17. 3) Jurisdição; competência; conexão
e continência; prevenção; questões e procedimentos incidentes. 3.1
Competência da justiça federal, dos Tribunais, do STJ e do STF, conflito de
competência. 4) Processo criminal: finalidade, pressupostos e
sistemas. 5) Ação penal. 5.1 Conceito, características, espécies e condições. 5.2
Sujeitos do processo: juiz, Ministério Público, acusado e seu defensor,
assistente, curador do réu menor, auxiliares da justiça, assistentes, peritos e
intérpretes, serventuários da justiça, impedimentos e suspeições. 6) Dos
Juizados especiais criminais. 6.1 Termo circunstanciado de ocorrência; atos
processuais; forma, lugar e tempo. 7) Provas. 7.1 Conceito, objeto,
classificação e sistemas de avaliação. 7.2 Princípios gerais da prova,
procedimento probatório. 7.3 Valoração. 7.4 Ônus da prova. 7.5 Provas ilícitas.
7.6 Meios de prova: perícias, interrogatório, confissão, testemunhas,
reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios. 7.7
Busca e apreensão: pessoal,
domiciliar, requisitos, restrições, horários. 8) Prisão. 8.1 Conceito, e
spécies, mandado de prisão e
cumprimento. 8.2 Prisão em flagrante. 8.3 Prisão temporária. 8.4 Prisão
preventiva. 8.5 Princípio da necessidade, prisão especial, liberdade
provisória. 8.6 Fiança. 9) Sentença criminal. 9.1 Juiz, Ministério Público,
acusado e defensor, assistentes e auxiliares da justiça. 9.2 Citação, intimação,
interdição de direito. 9.3 Processos dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos. 9.4 Sentença: coisa julgada, habeas corpus, mandado de
segurança em matéria criminal. 10) Processo criminal de crimes comuns. 10.1
Lei nº 11.343/2006 e suas alterações (Tráfico ilícito e uso indevido de
substâncias entorpecentes). 10.2 Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (Crime
organizado). 10.3 Lei nº Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº
11.340/06). 10.4 Lei nº 8.137/1990 e suas alterações (Crimes contra a ordem
econômica e tributária e as relações de consumo). 10.5 Lei nº 9.613/1998 e
suas alterações (Lavagem de dinheiro). 10.6 Lei nº
8.072/1990 e suas alterações (Crimes hediondos). 10.7 Lei nº 7.716/19
89 e suas alterações (Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor).
10.8 Lei nº 9.455/1997 e suas alterações (Crimes de tortura). 10.9 Lei nº
9.605/1998 e suas alterações (Crimes contra o meio ambiente). 10.10 Crimes
de responsabilidade (Decreto-Lei nº 201/1967 e suas alterações, Lei nº
1.079/1950 e suas alterações e Lei nº 8.176/1991). 10.11 Lei nº 11.101/2005
e suas alterações (Crimes falimentares). 10.12 Lei nº 12.037/2009 e suas
alterações. 11) Lei nº 9.296/1996 (Interceptação telefônica). 12) Lei nº
4.898/1965 e suas alterações (Direito de representação e processo de
responsabilidade administrativa civil e penal nos casos de abuso de
autoridade). 13) Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do

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Adolescente). 14) Lei nº 4.737/1965 e suas alterações (Código
Eleitoral). 15) Lei nº 7.210/1984 e suas alterações (Execução Penal). 16) Lei nº
9.099/1995 e suas alterações (Juizados especiais criminais). 17) Lei nº
12.830/2013.
Com a publicação do edital, não há mais tempo a perder. É hora de
acelerar e garantir sua vaga. Baixe os PDFs e leia quantas vezes necessário, até
assimilar. Ao final de cada aula, há uma série de questões comentadas, as quais
são replicadas depois, sem os comentários.
Além disso, você pode complementar seus estudos em nosso Sistema de
Questões Online. O Exponencial Concursos tem quase 6.000 questões só da
nossa matéria, o que lhe fornece uma excelente ferramenta de auxílio aos seus
estudos.
Para acessar o sistema de questões online, acesse o link:
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resolver até 100 por dia sem qualquer custo.

Feitas estas considerações iniciais, passemos a estudar a matéria.


Bons estudos!

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Aula – Disposições iniciais do Processo Penal

Sumário
1 Introdução .................................................................................. 8

2 Princípios que regem o processo penal ....................................... 9

2.1 Princípio da instrumentalidade processual penal ................................. 9

2.2 Princípio da economia processual ..................................................... 9

2.3 Princípio da operacionalidade ........................................................... 9

2.4 Princípio do devido processo legal (due process of law) ..................... 10

2.5 Princípio da liberdade individual ..................................................... 12

2.6 Princípio da presunção de inocência (da não-culpabilidade)................ 15

2.7 Princípio do contraditório ............................................................... 17

2.8 Princípio da ampla defesa .............................................................. 19

2.9 Direito ao silêncio (princípio do nemo tenetur se detegere) ................ 21

2.10 Princípio da igualdade de partes (paridade de armas) ....................... 25

2.11 Princípio do juiz natural ................................................................. 27

2.12 Princípio do promotor natural ......................................................... 29

2.13 Princípio da publicidade ................................................................. 30

2.14 Princípio do duplo grau de jurisdição ............................................... 33

2.15 Princípio da duração razoável do processo e princípio da celeridade


processual ........................................................................................... 33

2.16 Princípio da proporcionalidade ........................................................ 34

2.17 Inviolabilidade domiciliar ............................................................... 36

2.18 Proibição da tortura e de tratamento desumano e degradante ............ 39

2.19 Vedação da prova ilícita ................................................................ 40

3 Sistemas processuais penais ..................................................... 42

3.1 Sistema acusatório ....................................................................... 43

3.2 Sistema inquisitório (ou inquisitivo) ................................................ 44

3.3 Sistema misto ou acusatório formal ................................................ 45

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3.4 Sistema processual penal brasileiro ................................................ 46

4 Fontes do Direito Processual Penal ........................................... 46

4.1 Fontes materiais........................................................................... 46

4.2 Fontes formais ............................................................................. 47

5 Aplicação da lei processual no espaço ....................................... 47

5.1 Tratados, convenções e regras de direito internacional. ..................... 48

5.2 Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras


autoridades .......................................................................................... 49

5.3 Processos da competência da Justiça Militar ..................................... 49

5.4 Processos da competência do tribunal especial ................................. 50

5.5 Crimes de imprensa ...................................................................... 50

5.6 Código Eleitoral e Leis Especiais ..................................................... 50

6 Aplicação da lei processual penal no tempo .............................. 51

6.1 Sistemas que tratam da novatio legis processual penal ..................... 52

6.2 Atos praticados antes da nova lei ................................................... 53

6.3 Norma mista ou híbrida ................................................................. 53

6.4 Atos em curso e aplicação na nova lei processual penal ..................... 54

7 Aplicação da lei processual penal em relação às pessoas .......... 54

7.1 Imunidades diplomáticas ............................................................... 54

7.2 Imunidades consulares.................................................................. 55

7.3 Imunidades parlamentares ............................................................ 55

8 Interpretação da lei processual penal, a analogia e os princípio


gerais do direito ................................................................................ 60

8.1 Analogia ...................................................................................... 60

8.2 Interpretação extensiva ................................................................ 61

8.3 Princípios gerais do direito ............................................................. 61

9 Questões comentadas ............................................................... 62

10 Questões da aula (sem comentários) ...................................... 105

11 Gabarito .................................................................................. 128

12 Referencial bibliográfico .......................................................... 129

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1 Introdução
O processo penal é o instrumento por meio do qual o Estado exerce seu
ius puniendi (direito de punir), aplicando uma sanção (pena) àquele que
praticou uma infração penal (crime ou contravenção).
Se um cidadão, em tese, pratica fato delituoso, nasce para o Estado o
direito de puni-lo, contudo, a aplicação da punição não é automática,
devendo ser antecedida por um processo, que, mais do que mera formalidade,
é uma garantia fundamental, nos termos do art. 5º, inc. LIV, da Constituição
Federal, a fim de que não haja punições arbitrárias.
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”

Instrumento do para exercer o seu


ESTADO direito de punir
Processo
Penal
Garantia Fundamental do Cidadão

O processo penal é regido por normas e princípios que compõem o


Direito Processual Penal, sendo o Código de Processo Penal (CPP) seu
principal instrumento. Contudo, não podemos esquecer que a Constituição
Federal ocupa o topo da pirâmide do ordenamento jurídico.

CF

Cod. Proc.
Penal
Normas
procedimentais

Em razão de sua posição superior, todas as normas que compõem o


ordenamento jurídico buscam sua fonte de validade na Constituição
Federal, a Lei Maior, e com base nela devem ser interpretadas.
Neste ponto, faz-se necessário falarmos resumidamente do que a
doutrina moderna denomina interpretação retrospectiva e interpretação
prospectiva.

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Interpretação retrospectiva
Na interpretação retrospectiva o intérprete vincula-se a contexto
histórico anterior, interpretando a norma processual penal apenas sob um
enfoque tradicional, valendo-se dos métodos hermenêuticos clássicos
(gramatical, histórico, lógico etc) e amparado na jurisprudência dominante.
Assim, ao interpretar o Código de Processo Penal de maneira
retrospectiva, o intérprete atém-se apenas para seus dispositivos, sem olhar
para os princípios constitucionais, os quais informam todo nosso sistema
jurídico.

Interpretação prospectiva
A interpretação prospectiva é aquela em que o intérprete valoriza a
vontade da Constituição, mantendo-a sempre atualizada, conforme a realidade
social, sem que haja a alteração de seu texto. É a denominada mutação
constitucional.
A interpretação das normas de direito processual penal não pode,
portanto, limitar-se aos métodos hermenêuticos clássicos, mas deve ser
realizada à luz dos princípios constitucionais, tais como o da presunção de
inocência, do contraditório, da ampla defesa etc.

2 Princípios que regem o processo penal

2.1 Princípio da instrumentalidade processual penal

O princípio da instrumentalidade significa que o processo penal não é um


fim em si mesmo, mas é um instrumento destinado a cumprir sua dupla
finalidade de garantia da liberdade e de instrumento de aplicação do direito
penal.

2.2 Princípio da economia processual

O princípio da economia processual estabelece que o processo deve


atingir seu resultado com o menor gasto possível de recursos humanos,
temporais e materiais.

2.3 Princípio da operacionalidade

Os institutos processuais devem ser operacionais, permitindo que os


operadores do direito sejam capazes de identifica-los de maneira

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inequívoca, podendo aplicá-los de forma efetiva e eficaz, cumprindo a
finalidade para a qual foram instituídos.

2.4 Princípio do devido processo legal (due process of law)

O princípio do devido processo legal consiste em uma garantia do


cidadão, estando expressamente previsto no art. 5º, LIV, da CF.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal.
Tal princípio consiste na garantia de um processo com todas as etapas
previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais. Obsta-se,
assim, o arbítrio estatal, a condução de processos secretos, sem forma definida,
no qual o cidadão não tem respeitados seus direitos e garantias.

Princípio do devido processo legal

Com todos os demais


Garantia do cidadão Processo previsto em lei
direitos e garantias

O princípio do devido processo legal é, na realidade, um superprincípio


que engloba diversos direitos e garantias declarados no texto
constitucional, principalmente quando tratamos do Direito Processual Penal,
conforme podemos observar no trecho do voto do Ministro Celso de Melo,
quando do julgamento do HC 94.016/SP no STF:
“O exame da cláusula referente ao "due process of law" permite
nela identificar alguns elementos essenciais à sua configuração como
expressiva garantia de ordem constitucional, destacando-se, dentre
eles, por sua inquestionável importância, as seguintes prerrogativas:
(a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b)
direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c)
direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; (d)
direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa
e à defesa técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com
base em leis "ex post facto"; (f) direito à igualdade entre as partes;
(g) direito de não ser processado com fundamento em provas
revestidas de ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i)
direito à observância do princípio do juiz natural; (j) direito ao silêncio
(privilégio contra a auto-incriminação); (l) direito à prova; e (m)
direito de presença e de "participação ativa" nos atos de
interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos,
quando existentes.”

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Valendo-nos da magistral lição do eminente Ministro, poderíamos


esquematizar o princípio do devido processo legal, de forma meramente
exemplificativa, apenas para termos uma ideia de sua amplitude, sem
esgotarmos o assunto, porquanto há outros princípios e garantias
aplicáveis ao Direito Processual Penal que decorrem desse princípio e que
serão abordados ao longo da aula.

Acesso ao Poder Judiciário

Ciência da acusação
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Julgamento público

Julgamento célere

Contraditório e plenitude de defesa

Irretroatividade da lei penal

Igualdade entre as partes

Vedação de provas ilícitas

Gratuidade da Justiça

Juiz natural

Rol Silêncio
exemplificativo

Participar da produção de provas

Presença e participação ativa

A partir da noção da amplitude do princípio do devido processo legal,


podemos então entender melhor o processo penal. O processo penal é o
instrumento por meio do qual o Estado exerce seu ius puniendi (direito de

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punir), aplicando uma sanção (pena) àquele que praticou uma infração penal
(crime ou contravenção).
Se um cidadão, em tese, pratica fato delituoso, nasce para o Estado o
direito de puni-lo, contudo, a aplicação da punição não é automática,
devendo ser antecedida por um processo, que, mais do que mera formalidade,
é um direito fundamental, nos termos do art. 5º, inc. LIV, da Constituição
Federal, a fim de que não haja punições arbitrárias.

Instrumento do para exercer o seu


ESTADO direito de punir
Processo
Penal
Direito Fundamental do Cidadão

Impõe-se consignar que o prévio conhecimento acerca das etapas a


serem seguidas na persecução penal não significa que o descumprimento
de determinada formalidade, por si só, acarreta a nulidade do ato ou de
todo o processo. Por ser o processo um instrumento, eventuais nulidades só
serão reconhecidas se acarretarem prejuízo para o acusado.
(...) 3. A alegação de nulidade, relativa ou absoluta, deve ser
acompanhada da demonstração de prejuízo, o que não ocorreu
na espécie. Ordem denegada.
(HC 86166, Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma,
julgado em 17/11/2005, DJ 17-02-2006)

2.5 Princípio da liberdade individual

Nos termos do art. 5º, caput, da Constituição Federal, a liberdade é um


direito fundamental. Desse princípio decorrem inúmeros preceitos
constitucionais, tais como o a liberdade de expressão, a liberdade de associação,
a liberdade de ir e vir etc. Por ser um direito fundamental do cidadão, seu
cerceamento somente pode ser admitido em situações excepcionais.
No que concerne à liberdade de ir e vir, com maior cuidado deve ocorrer
a aplicação das normas que possam resultar na privação da liberdade.

Possibilidade de prisão
A liberdade é, portanto, a regra, sendo a prisão uma exceção,
conforme podemos concluir a partir da leitura do art. 5º, inc. LXI, da CF.

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LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
Assim sendo, a liberdade daquele que, em tese, praticou algum delito só
pode ser restringida em caso de flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária, ressalvada a aplicação da
legislação militar.

Regra
Art. 5º, caput, da
CF
Liberdade
Flagrante delito
Exceções
Art. 5º, LXI, da CF Ordem fundamentada
de autoridade judiciária

Outros direitos e garantias da pessoa presa


Além dos dispositivos já citados, há outras normas constitucionais
ligadas diretamente à liberdade individual e aplicáveis diretamente ao Direito
Processual Penal.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada;

A pessoa presa em flagrante, por exemplo, tem direito que sua família
seja informada de sua prisão (art. 5º, incl LXII), para que lhe preste a
assistência necessária.
Além disso, impõe a Carta Magna a imediata comunicação à autoridade
judiciária. Tal providência é necessária para que seja apreciada a
legalidade do ato e, caso constatada a ilegalidade, a prisão deverá ser
relaxada, nos termos do art. 5º, inc. LXV, da CF.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária;

Por ser a prisão medida excepcional, sua manutenção dependerá, em


cada caso, de decisão fundamentada da autoridade judiciária. Sendo
admitida liberdade provisória, deve esta ser concedida, se presentes os
requisitos legais.

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LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;

Determina, ainda, a Constituição Federal que o preso tenha ciência


acerca de quem foram os responsáveis por sua prisão e por seu
interrogatório, o que inclui os policiais ou qualquer outra pessoa que tenha
efetuado a prisão, a autoridade policial que conduziu o interrogatório, o escrivão
que participou do ato etc.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão ou por seu interrogatório policial;

Habeas corpus
Outra garantia constitucional é o habeas corpus, que, nos termos do
art. 5º, LXVIII, da CF, destina-se a proteger a liberdade de locomoção.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Por destinar-se a proteger a liberdade de locomoção, não cabe habeas


corpus contra imposição de perda de função pública, quando a pena aplicada
ou possível de ser aplicada for de multa, quando extinta a pena privativa de
liberdade ou em qualquer hipótese na qual não houver risco para a liberdade de
locomoção.
Súmula 693-STF
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que
a pena pecuniária seja a única cominada

Súmula 694-STF
Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão
de militar ou de perda de patente ou de função pública.

Súmula 695-STF
Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de
liberdade.

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2.6 Princípio da presunção de inocência (da não-culpabilidade)

Nos termos do art. 5º, inc. LVII, da Constituição Federal:


LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória;
Este dispositivo constitucional trata acerca do princípio da presunção
de inocência, que também é denominado presunção de não-
culpabilidade ou do estado de inocência. Dele decorrem diversas
consequências, entre as quais:
a) A restrição à liberdade do acusado antes da sentença definitiva só
deve ser admitida a título de medida cautelar (prisões provisórias),
quando presentes o fumus boni iuris (em processo penal o termo
mais adequado é fumus comissi delicti) e o periculum in mora
(utilizaremos o termo periculum libertatis por ser mais adequado
ao Direito Processual Penal).
a. O fumus comissi delicti consiste na certeza da materialidade
do fato e na existência de indícios suficientes da autoria.
b. O periculum libertatis decorre do risco à efetividade do processo
penal causado pela liberdade plena do réu em face da ordem
pública ou econômica, da conveniência à instrução criminal e da
aplicação da lei penal.

b) O réu não tem o dever de provar sua inocência, cabendo ao


acusador provar sua culpa.
c) Para fundamentar uma condenação, o juiz deve ter certeza que o
acusado foi o autor do fato, militando em favor deste o princípio in
dubio pro reo.

Princípio da presunção de
inocência

Prisão provisória: A condenação requer


exige fumus comissi Cabe à acusação
provar que o réu é certeza:
delicti e o periculum
culpado in dubio pro reo
libertatis

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Prisões Provisórias
No que tange às prisões provisórias, estas se dividem em: prisão em
flagrante (art. 301 e seguintes do CPP), prisão preventiva (art. 311 e
seguintes do CPP) e prisão temporária (Lei 7.960/89).

Execução provisória da pena


Tem produzido acalorada discussão no meio jurídico a possibilidade de
execução antecipada da pena, a partir da decisão em segunda instância,
principalmente em face do princípio da presunção de inocência.
Para fins de concurso público, importa o candidato saber que, a partir do
julgamento do HC 126.292/SP, ocorrido no ano de 2016, passou o Supremo
Tribunal Federal a admitir o início da execução da pena, após a decisão em
recurso na segunda instância, mesmo que ainda haja possibilidade de recursos
ao STF e STJ.
Há vozes no próprio Supremo Tribunal Federal que propõem a reanálise
dessa jurisprudência, em virtude da nova composição da Corte e da mudança
de entendimento de alguns Ministros. Contudo, por hora, interessa-nos
conhecermos a posição atual que é pela admissibilidade da prisão após decisão
de segunda instância.

Aumento da pena-base
Conforme entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, em
decorrência do princípio da presunção de inocência a existência de inquéritos
policiais ou de ações penais em curso (antes do trânsito em julgado de eventual
sentença condenatória) não podem ser utilizados em desfavor do acusado
quando da fixação da pena pela prática de outro delito.
Súmula 444-STJ
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.

Certidão de antecedentes criminais


Em razão do princípio constitucional da presunção de inocência, é vedado
à autoridade policial mencionar anotações referentes à instauração de inquérito
nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, conforme preceitua
art. 20, parágrafo único, do CPP.
Art. 20. (...) Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá

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mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de
inquérito contra os requerentes.

2.7 Princípio do contraditório

O princípio do contraditório está insculpido no art. 5º, inc. LV, da


Constituição Federal.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

O princípio do contraditório (também denominado princípio da


bilateralidade da audiência, princípio audiatur et altera pars e princípio da
bilateralidade da ação) consiste na ciência bilateral dos atos do processo
e na possibilidade de contrariá-los.

Princípio do ciência bilateral


possibilidade
contraditório dos atos do
de contrariá-los
processo

Nestes termos, o princípio do contraditório subdivide-se em a) direito


à informação e b) direito de participação.

Princípio do direito de direito de


contraditório informação participação

O princípio do contraditório não se aplica apenas ao polo defensivo


da relação processual (réu), mas também ao polo acusatório (Ministério
Público ou ofendido ou seu representante legal), na medida em que a este
também deve ser dada ciência e oportunidade de contrariar os atos praticados
pela parte contrária.

Medidas cautelares
Apesar da importância do princípio do contraditório, em determinados
casos há possibilidade de que ocorra o denominado contraditório diferido ou
postergado, que consiste em adiar para momento posterior a ciência e
impugnação do investigado ou do acusado quanto a determinados
pronunciamentos judiciais.
Há, portanto, situações em que a urgência da medida ou a sua
natureza exige um provimento imediato e inaudita altera parte (sem ouvir

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a parte), a fim de que não haja prejuízo ao processo ou ineficácia da
determinação judicial.
São exemplos de aplicação do contraditório diferido:
a) A decretação da prisão preventiva (art. 312 do CPP)
b) A decretação do sequestro de bens (art. 125 do CPP)
c) A autorização de interceptação das comunicações telefônicas (Lei
9.296/96).
d) Outras provas colhidas na fase do inquérito policial

Inquérito policial
O inquérito polícia tem caráter preliminar, preparatório da ação penal.
Trata-se de peça informativa, pré-processual, destinada a subsidiar o
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público – nos crimes sujeitos a ação
penal pública - ou ao exercício do direito de queixa pelo ofendido - nos crimes
de ação penal privada.
Observe que não se trata de um processo administrativo, mas sim
de procedimento inquisitorial, razão pela qual não se aplica a ele o princípio
do contraditório. ´

O caráter inquisitorial do IP/IPL subsiste, mesmo após a alteração do


Estatuto da OAB (Lei 8.906/1994) proveniente da Lei 13.245/2016, que incluiu
o inciso XXI no art. 7º.
Lei 8.906/94
Art. 7º
(...)
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou
derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
da respectiva apuração
a) apresentar razões e quesitos;
b) (vetado);

O referido dispositivo não tornou obrigatória a assistência de


advogado em todos atos do inquérito policial, mas, tão somente, garantiu
o direito do profissional assistir os clientes investigados, caso estes

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requeiram sua presença, para a realização do interrogatório ou depoimento.
Da mesma forma, o caráter inquisitivo permanece, apesar da possibilidade de o
advogado apresentar razões e quesitos no curso da investigação, não
havendo, portanto, falar-se em obrigatoriedade da observância do
princípio do contraditório.

2.8 Princípio da ampla defesa

Tal como o princípio do contraditório, o princípio da ampla defesa está


previsto no art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
O princípio da ampla defesa significa que o Estado tem que
proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal, seja
técnica, nos termos do art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, bem como o
de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados,
conforme dispõe o art. 5º, inc. LXXIV, da CF.
A ampla defesa abrange duas garantias: a defesa técnica (processual
ou específica) e a autodefesa (material ou genérica), havendo entre elas
relação de complementariedade.

defesa
técnica autodefesa

ampla
defesa

Defesa técnica
A defesa técnica (defesa processual ou específica) consiste na defesa
exercida por profissional da advocacia, dotado de capacidade postulatória,
seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público, tendo como
características:
a) O acusado tem direito de escolher seu defensor;
b) Caso o acusado não tenha defensor, deverá ser nomeado um
profissional para fazer sua defesa;
c) O advogado constituído deve efetivamente envidar esforços para
realizar a defesa de forma adequada aos interesses do acusado;

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d) O juiz deve verificar se a defesa técnica está efetivamente sendo
desempenhada adequadamente;
e) Se a defesa não estiver sendo realizada adequadamente, deve o
magistrado considerar o réu indefeso (art. 497, inc. V, do CPP).
f) A falta de defesa técnica constitui nulidade absoluta do ato;
g) A deficiência da defesa causará a nulidade, se trouxer prejuízo para o
réu;
A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Logo, mesmo que o
acusado, desprovido de capacidade postulatória, queira ser processado sem
defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz providenciar a nomeação
de defensor, aplicando-se o art. 261 do CPP.

Autodefesa
A autodefesa (defesa material ou genérica) consiste na participação
pessoal do acusado no contraditório, contribuindo com a função defensiva.
A autodefesa desdobra-se no direito de audiência e no direito de
presença.

Direito de presença

Autodefesa

Direito de audiência

O direito de presença consiste na possibilidade de o acusado


acompanhar diretamente os atos de instrução, atuando junto ao seu
defensor.
O direito de audiência pode ser entendido como o direito que o acusado
tem de apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente, por meio
do interrogatório.
Ao contrário da defesa técnica, a autodefesa não é obrigatória,
porquanto trata-se de uma faculdade do acusado. A autodefesa, portanto,
é disponível e renunciável.

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ampla defesa

obrigatória defesa
autodefesa facultativa
técnica

indisponível disponível

irrenunciável renunciável

2.9 Direito ao silêncio (princípio do nemo tenetur se detegere)

O art. 5º, inc. LXIII, da Constituição Federal estabelece que:


LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado; (grifei)
O trecho grifado trata acerca do direito ao silêncio, sobre o qual o
preso deve ser advertido. Apesar de a Constituição Federal empregar o termo
“preso”, a doutrina entende que esse direito abrange, também, a pessoa
que se encontra solta e que ocupa a posição de investigado, indiciado,
acusado ou condenado, em qualquer fase da persecução penal (fase pré-
processual e processual).

investigado
preso
Direito ao
indiciado
silêncio
solto
acusado

condenado

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A doutrina entende, ainda, que o inciso LXIV do art. 5º da Constituição
Federal não garante apenas o direito ao silêncio, mas traz uma garantia
ainda mais ampla. O referido dispositivo, na realidade, espelha o princípio
da não-autoincriminação (nemo tenetur se detegere), do qual o direito ao
silêncio é apenas uma de suas facetas. Em outros termos, o direito ao silêncio
está contido no princípio nemo tenetur se detegere.

nemo
tenetur se
detegere

direito
ao
silêncio

Pelo princípio da não-incriminação ninguém pode ser forçado a


produzir prova contra si mesmo, seja:
a) prestando declarações;
b) sendo obrigado a dizer a verdade;
c) fornecendo material gráfico para exame grafotécnico;
d) fornecendo material genético para exame de DNA;
e) soprando o bafômetro para constatar embriaguez;
f) participando da reprodução simulada dos fatos; ou
g) qualquer outra atuação que possa incriminá-lo.
Trata-se, portanto, de uma modalidade de autodefesa passiva, que é
exercida por meio da inatividade do indivíduo sobre quem recai ou pode
recair uma imputação.

Prejuízo para a defesa


Por ser um direito constitucionalmente previsto no art. 5º, inc. LXIII, em
nenhuma hipótese o silêncio será interpretado em prejuízo da defesa.
Tal regra está expressamente consignada no art. 186, parágrafo único, do CPP.
Art. 186 do CPP.
(...)

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Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não
poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

Dizer a verdade
No que concerne ao direito de não ser obrigado a dizer a verdade, esse
não consiste no direito de mentir livremente. Se a mentira, em si,
constituir a prática de um fato delituoso, não estará o agente amparado pelo
direito em questão. Exemplo, atribuir-se falsa identidade constitui o crime
previsto no art. 307 do Código Penal, mesmo que o sujeito alegue agir em
situação de autodefesa, conforme entendimento contido na Súmula 522 do
Superior Tribunal de Justiça.
Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade
perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa

De igual forma, a atribuição falsa de crime a outra pessoa, caracteriza a


prática do delito de calúnia, nos termos do art. 138 do Código Penal.
Condutas ativas
Conforme vimos, a pessoa não é obrigada a praticar qualquer ato
que possa incriminá-la, no entanto esse direito só se refere a condutas
ativas, ou seja, condutas que exijam uma ação, tais como já listados acima
(fornecer material gráfico, soprar o bafômetro, prestar declarações etc).
No que se refere as providências requeiram apenas um
comportamento passivo, uma sujeição, não estão abrangidas pelo
princípio da não-autoincriminação. O direito de não produzir prova contra
si mesmo não persiste, portanto, quando o acusado for mero objeto de
verificação. Assim, em se tratando de reconhecimento pessoal, ainda que o
acusado não queira voluntariamente participar, admite-se sua execução
coercitiva. Da mesma forma, o investigado pode ser constrangido a submeter-
se ao procedimento de identificação datiloscópica, nas hipóteses previstas na lei
de regência.

Exames invasivos e não invasivos


Não pode o investigado, indiciado ou denunciado sujeitar-se à
coleta de provas incriminadoras invasivas sem o seu consentimento. A
coleta de prova invasiva é aquela em que há a introdução de qualquer objeto
ou substância no corpo do da pessoa, tal como a agulha para coleta de amostra
de sangue, o exame ginecológico, exame da arcada dentária etc.

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Contudo, nos procedimentos de coleta de prova não invasivos, mesmo
sem a anuência da pessoa a quem se refira, não há ilegalidade, não se
aplicando o princípio nemo tenetur se detegere. Procedimento não invasivos são
aqueles em que não há penetração no corpo humano, tais como coleta de cabelo
que caiu do investigado, coleta de saliva da bituca de cigarro jogado fora pelo
indiciado, exame de raio X etc.

Qualificação e interrogatório
Nos termos dos arts. 186, caput, e art. 187, caput, ambos do Código de
Processo Penal.
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz,
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer
calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
(...)
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre
a pessoa do acusado e sobre os fatos.
Assim sendo, o primeiro ato a ser realizado pelo magistrado, quando do
o interrogatório judicial é a qualificação do acusado. Nesse primeiro
momento, o acusado será perguntado sobre a residência, meios de vida ou
profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida
pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso
afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou
condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e
sociais, nos termos do art. 187, § 1º, do CPP;
Em momento posterior, o magistrado fará as perguntas acerca dos
fatos. Somente após a qualificação/identificação do acusado, o juiz o certificará
de seu direito de permanecer em silêncio, razão pela qual o princípio do nemo
tenetur se detegere não se aplica ao ato de qualificação.
O procedimento previsto nos art. 186 e 187 do CPP é aplicado, por
analogia, ao inquérito policial, razão pela qual o interrogatório policial
também é realizado em duas partes, a primeira sobre os dados qualificativos do
investigado/indiciado e a segunda sobre os fatos investigados.
A pessoa que deixa de responder às perguntas referentes à sua
qualificação, pratica contravenção penal, nos termos do art. 68 do Decreto-
Lei 3.688/41 (Lei de Contravenções Penais).
Se, a pessoa fornecer dados falsos durante sua qualificação, sua
conduta configurará a prática do crime de falsa identidade, nos termos do
art. 307 do CP.

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2.10 Princípio da igualdade de partes (paridade de armas)

O princípio da igualdade está expresso no art. 5º, caput, da Constituição


Federal.
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes;” (grifei)
No Direito Processual Penal o princípio da igualdade é comumente
denominado princípio da paridade de armas, porquanto deve haver isonomia
de tratamento entre a defesa e a acusação.
Contudo não é suficiente que haja apenas uma igualdade formal
(apenas prevista na lei), porquanto deve ser levada em consideração
eventuais desigualdades materiais (desigualdade na realidade social), o que
corresponde à igualdade material (ou substancial).

igualdade
formal igualdade
material

Em razão da necessidade de observância da igualdade material,


foram criados mecanismos para corrigir certas desigualdades entre a
defesa e o Ministério Público, posto que este ente, no desempenho de sua
função institucional, possui certas prerrogativas (a exemplo do poder de
requisição), está adequadamente organizado, com estrutura e recursos
humanos próprios, além de contar com as investigações desenvolvidas pela
polícia.
Como exemplo de mecanismos voltados a garantir a isonomia material
(substancial) podemos citar os embargos infringentes e de nulidade,
previstos no 609, parágrafo único do CPP, os quais somente podem ser
manejados pela defesa.
Art. 609. Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de
segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos
infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de
10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma

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do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão
restritos à matéria objeto de divergência. (grifei)

Outro exemplo é a revisão criminal, disciplinada no art. 621 e seguintes


do CPP, que somente pode ser proposta em benefício do condenado, não
havendo possibilidade de revisão criminal pro societate.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por
procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu,
pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Quando o réu for defendido pela Defensoria Pública a contagem


do prazo será em dobro. A concessão desse prazo em dobro à Defensoria
Pública não é incompatível com o princípio da isonomia e paridade de
armas. Afinal, o defensor padece das deficiências de recursos material e
humanos inerentes ao serviço público, quase sempre assoberbado pelas
demandas sociais das mais variadas espécies.
Habeas corpus. 2. Roubo majorado. Condenação. 3. Agravo em
recurso especial considerado intempestivo. 4. A Defensoria
Pública possui prazo em dobro para recorrer e deve ser intimada
pessoalmente de todos os atos do processo, sob pena de
nulidade, a teor do art. 370, § 4º, do Código de Processo Penal,
do art. 5º, § 5º, da Lei 1.060/1950 e do art. 44, I, da Lei
Complementar 80/1994. Homenagem ao princípio constitucional
da ampla defesa. 5. Constitucionalidade do tratamento
diferenciado em relação ao Ministério Público e à Defensoria
Pública, intimados pessoalmente. Jurisprudência reafirmada em
decorrência do julgamento do Plenário desta Corte, em
2/6/2016, da ADI 2.144/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe
14/6/2016. 6. Writ não conhecido (decisão monocrática do STJ
não impugnada por agravo regimental). 7. Concessão da ordem
de ofício para determinar ao STJ que prossiga no julgamento do
recurso defensivo, superada a questão da intempestividade.

(HC 132336, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda


Turma, julgado em 21/06/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
159 DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016)

Não há contagem do prazo em dobro quando a defesa está sendo


realizada por defensor dativo, porquanto a duplicação do prazo só ocorre
quando a defesa estiver sendo exercida pela defensoria pública.

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2.11 Princípio do juiz natural

Nos Termos do art. 5º, inciso XXXVII da Constituição Federal, “não


haverá juízo ou tribunal de exceção”. Já o inc. LIII do referido artigo,
estabelece que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente”.
A conjugação desses dois dispositivos revela-nos o princípio do juiz
natural. Trata-se, portanto, de um princípio implícito.
Este princípio estabelece que a pessoa somente pode ser julgada por
órgão do Poder Judiciário regularmente investido, imparcial e
previamente estabelecido, conforme as regras objetivas de
competência anteriores à prática da infração penal.
Não se admite, portanto, tribunal de exceção, que é aquele criado,
posteriormente ao fato, com o objetivo de julgar determinada(s)
infração(ões) penal(is). É um tribunal criado por encomenda, parcial, próprio
dos regimes ditatoriais. Qualquer tribunal em nosso País deve estar inserido
entre os órgãos do Poder Judiciário previstos no art. 92 da Constituição Federal.

Proibe tribunal de exceção


Princípio do juiz natural

Só pode exercer jurisdição o órgão


previsto na CF

A instituição do órgão deve ser


anterior ao fato

Deve ser observada a competência


fixada em lei

Foro por prerrogativa de função (foro especial)


O foro por prerrogativa de função não ofende o princípio do juiz
natural, porquanto seu estabelecimento visa proteger o exercício da função
pública, não as pessoas que as exerce. Trata-se, portanto, de uma
prerrogativa funcional e não um privilégio pessoal.

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Além disso, a pessoa sujeita ao julgamento em um foro especial não está
tendo sua garantia de ser julgada pelo juiz natural, porquanto, em virtude da
função exercida, o juízo natural é o tribunal e não juiz de primeiro grau.
Segundo entendimento do STF, não viola as garantias do juiz natural
a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados. Tal entendimento está
expresso na Súmula 704.

Lei processual que altera regras de competência


A modificação da competência criminal, em virtude de lei que a
altere em razão da matéria, não viola o princípio do juiz natural.
Observa-se, nesse ponto, o princípio da aplicação imediata da norma processual
penal, nos termos do art. 2º do CPP.
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

Assim sendo, se Mévio está sendo processado na Vara Criminal da Cidade


X pela prática do crime de tráfico de drogas e, durante o processo é criada uma
a vara especializada, para julgamentos dos crimes previstos na Lei
11.343/2006, o processo será a ela redistribuído, não havendo falar-se em
ofensa ao princípio do juiz natural. Nesse caso, a nova serventia não foi criada
para julgar apenas o fato praticado por Mévio, mas todos os processos
decorrentes da prática de tráfico de entorpecentes.

Substituição de Desembargadores por juízes de 1º grau


Nos termos do art. 118 da Lei Complementar no 35/79 (Lei Orgânica da
Magistratura Nacional), havendo vaga ou afastamento, por prazo superior a 30
(trinta) dias, de membro dos Tribunais Superiores, dos Tribunais Regionais, dos
Tribunais de Justiça, poderão ser convocados Juízes, em Substituição,
escolhidos por decisão da maioria absoluta do Tribunal respectivo, ou, se
houver, de seu Órgão Especial.
Com fundamento nesse dispositivo, é comum a convocação de juízes de
primeiro grau para substituírem, por exemplo, desembargadores do Tribunais
de Justiça.
Em algumas situações, os órgãos fracionados dos tribunais
acabam sendo, em sua maioria, compostos por juízes convocados, razão
pela qual, parte da doutrina, entende haver ofensa ao princípio do juiz natural.
O entendimento do STF, nesses casos, é no sentido de não haver
violação ao princípio do juiz natural.

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EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO.
APELAÇÃO JULGADA POR CÂMARA COMPOSTA
MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES CONVOCADOS. PRINCÍPIO DO
JUIZ NATURAL. ORDEM DENEGADA. 1. Não viola o princípio do
Juiz natural o julgamento de apelação por órgão colegiado
presidido por Desembargador, sendo os demais integrantes
Juízes convocados. Precedente do Plenário do STF. 2. Habeas
Corpus extinto sem resolução de mérito. (grifei)
(HC 101473, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
16/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-117 DIVULG 07-06-
2016 PUBLIC 08-06-2016)

Redistribuição de processos em razão da incompetência ou


suspeição
Também não viola o princípio do juiz natural a redistribuição de
processos criminais, em virtude da incompetência ou suspeição do juiz
natural da causa, porquanto o critério para definição do juiz para o qual os
autos serão redistribuídos segue as regras processuais/procedimentais
estabelecidas em lei. Não há, portanto, redistribuição sem critério ou por ato de
exceção, mas sim com base em motivo legal, seguindo as normas vigentes
aplicáveis.

2.12 Princípio do promotor natural

Não há previsão expressa na Constituição Federal do princípio do


promotor natural, o que provoca acalorado debate no meio doutrinário.
Contudo, a doutrina, em sua maioria, tende a reconhecer que tal princípio
está implícito no texto constitucional como mais uma garantia
decorrente do princípio do devido processo legal.

PRINCÍPIO DO Não há previsão


PROMOTOR expressa na CF
NATURAL

Está implícito
na CF

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O reconhecimento do princípio do promotor natural favorece a higidez
do processo penal, garantindo que a designação dos membros do Ministério
Público para atuação seguirá critérios pré-estabelecidos, evitando-se, assim,
designações casuísticas, promotores ad hoc (promotor de exceção ou promotor
de encomenda).
O princípio do promotor natural teria ainda a função de assegurar a
observância dos princípios institucionais do Ministério Público: a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional, expressos no art. 127, § 1º,
da Constituição Federal.
Sem enfrentar diretamente essa questão, o STF, em alguns de seus
julgados, faz referência ao princípio do promotor natural (HC 67.759, HC
102.147 e RHC 93.247), sem, contudo, pôr fim às divergências.
“Inquérito – Arquivamento implícito. A ordem jurídica em vigor
não contempla o arquivamento implícito do inquérito, presentes
sucessivas manifestações do Ministério Público visando a
diligências. Promotor natural – Alcance. O princípio do promotor
natural está ligado à persecução criminal, não alcançando
inquérito, quando, então, ocorre o simples pleito de diligências
para elucidar dados relativos à prática criminosa. A subscrição
da denúncia pelo promotor da comarca e por promotores
auxiliares não a torna, ante a subscrição destes últimos, à
margem do Direito.” (RHC 93.247, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 18-3-2008, Primeira Turma, DJE de 2-5-2008.)
Vide: RHC 95.141, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento
em 6-10-2009, Primeira Turma, DJE de 23-10-2009.”

2.13 Princípio da publicidade

O princípio da publicidade está consagrado no art. 93, inc. IX, da


Constituição Federal.
Art. 93. (...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes,
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;

Segundo o referido inciso, todos os julgamentos dos órgãos do


Poder Judiciário serão públicos. Contudo, o próprio dispositivo dispõe que

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acerca da possibilidade de limitação da publicidade dos atos judiciais,
desde que não prejudique o interesse público à informação. Trata-se, portanto,
de uma publicidade restrita, posto que a presença, em determinados atos,
pode ser limitada às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes.

Impõe-se, ainda, observar o disposto no art. 5º, inc. LX, da CF.


LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

Neste sentido, em regra os atos processuais penais são públicos, o


que assegura transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua
fiscalização não só pelas partes, como por toda a comunidade. No entanto, o
referido princípio comporta exceções, desde que exigíveis para a defesa da
intimidade ou ao interesse social.

Regra Publicidade

ATOS
JUDICIAIS Defesa da
intimidade
Exceções
Interesse
social

O Código de Processo Penal, em seu art. 792, em harmonia com o


disposto no art. 5º, inc. LX, da CF, dispõe sobre as restrições à publicidade dos
atos jurisdicionais.
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em
regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais,
com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça
que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente
designados.
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato
processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou
perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara,
ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do
Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas
fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar
presentes.

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Limitação da publicidade no CPP

Escândalo

Puder resultar
Incoveniente grave

Perigo de pertubação da
ordem

Inquérito policial
No que se refere ao inquérito policial, é importante frisar que não se
trata de procedimento judicial, mas sim de procedimento administrativo.
A apuração dos fatos requer que sejam adotadas certas cautelas na
condução do inquérito policial, entre elas que não sejam revelados detalhes
das investigações que possam comprometer a elucidação do caso. Assim
sendo, o IP/IPL reveste-se de sigilosidade, conforme determina o art. 20 do
Código de Processo Penal, não estando sujeito, portanto, ao princípio da
publicidade.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Tribunal do Júri
A Constituição Federal reconhece a instituição do júri, deixando para a
lei sua organização, conforme inc. XXXVIII do art. 5º.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
que lhe der a lei, assegurados:
(...)
b) o sigilo das votações;
Entre as garantias referentes ao júri está o sigilo das votações,
não se aplicando, portanto, em relação ao voto de cada jurado o princípio
da publicidade.

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2.14 Princípio do duplo grau de jurisdição

O duplo grau de jurisdição não tem previsão expressa na


Constituição Federal, contudo, segundo a doutrina, a estruturação do Poder
Judiciário, composto por juízes de primeiro grau e por tribunais, revela que
nossa Carta Magna, implicitamente, adotou-o.
O duplo grau de jurisdição é previsto expressamente no art. 8º, h, da
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa
Rica).

Duplo grau de jurisdição

Está, expressamente,
Foi adotado,
Não há previsão previsto na Conv.
implícitamente, pela
expressa na CF Americana de
CF
Direitos Humanos

O princípio do duplo grau de jurisdição significa a possibilidade de uma


causa ser reapreciada por um órgão de instância superior, mediante a
interposição de recurso contra a decisão do órgão de instância inferior.
Há exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição, nas hipóteses
de competência originária do STF (art. 102, I, b, da CF), porquanto de suas
decisões não há a possibilidade de interposição de recursos em outro tribunal.
Com base nisso, o Supremo Tribunal Federal firmou orientação de que o
princípio do duplo grau de jurisdição não é uma garantia constitucional
na vigente Carta.
Para simplificar e para garantir o acerto na hora da prova, lembre-se: o
duplo grau de jurisdição foi adotado implicitamente na nossa CF,
contudo não é uma garantia constitucional.

2.15 Princípio da duração razoável do processo e princípio da celeridade


processual

O princípio da duração razoável do processo e o da celeridade processual


estão insculpidos no art. 5º, inc. LXXVIII, da Constituição Federal, segundo o
qual:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.

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Não há dispositivo legal estabelecendo qual é o prazo razoável
para conclusão do processo, bem como não há uma definição específica das
consequências decorrentes da inobservância deste princípio. A duração
razoável dever ser analisada em cada caso concreto.
Pela análise do referido inciso, podemos concluir que o processo deve
ser o mais célere possível, respeitando, entretanto, os direitos e
garantias do indivíduo. Assim sendo, o processo deve ser concluído no menor
prazo necessário para garantir sua efetividade, sem, contudo, desrespeitar
outros princípios constitucionais, tais como o do devido processo legal, do
contraditório, da ampla defesa etc.
A prestação jurisdicional dentro de um prazo razoável favorece a
efetividade do processo, contribuindo para alcançar a missão social deste,
qual seja, a pacificação social e a promoção da justiça.

contribuindo
com
•A paz social;
•A Celeridade •A efetividade e
processual do processo •A promoção
da Justiça
favorece Missão social
do processo

No processo penal, a duração razoável é também uma garantia do


acusado, para que sua situação seja definida em tempo adequado, porquanto
o processo penal intervém sensivelmente no âmbito dos direitos da pessoa
sobre a qual pesa uma acusação.

2.16 Princípio da proporcionalidade

O princípio da proporcionalidade é um princípio constitucional


implícito, ou seja, não está expressamente previsto na Constituição Federal.
Há divergência entre os doutrinadores acerca do fundamento
jurídico do princípio da proporcionalidade: 1 – alguns entendem que esse
decorre do princípio do Estado de Direito; 2 – outros entendem que decorre do
princípio do devido processo legal substancial; 3 – há aqueles que entendem
tratar-se de um princípio autônomo; 4 – há outras fundamentações, tais como
o princípio da igualdade, da essência dos direitos fundamentais etc. Alguns
doutrinadores entendem, ainda, não se tratar de um princípio, mas sim de uma
regra.

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O princípio da proporcionalidade é um estado ideal de coisas a ser
atingido. Com base nele qualquer intervenção em direitos fundamentais
somente pode ser feita se, previamente, forem examinadas e satisfeitas
as máximas (ou subprincípios): da adequação, da necessidade e da
proporcionalidade em sentido estrito.

Adequação Necessida
de

Proporcionalida
de em sentido
estrito

 Adequação
A adequação será satisfeita se a medida restritiva for apta a alcançar o
fim constitucionalmente legítimo buscado com ela. Somente se admite a
restrição a um direito fundamental se a medida adotada for apta a
alcançar o resultado pretendido.
Exemplo: se o objetivo é evitar o risco de fuga, não se mostra adequada
a medida cautelar de recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
folga.

 Necessidade
Entre as medidas possíveis e adequadas, deve ser escolhida a que for
menos gravosa ao direito fundamental atingido. É também denominado
princípio da intervenção mínima.
Exemplo: se a prova pode ser obtida por meio do depoimento de
testemunhas, não há necessidade de interferir na privacidade do indivíduo por
meio da interceptação telefônica.

 Proporcionalidade em sentido estrito


É a ponderação entre a restrição causada ao direito fundamental e o fim
buscado com seu emprego.

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É feito um sopesamento (postos na mesma balança) entre os
danos causados com a aplicação da medida adotada e os resultados que
com ela serão auferidos. No âmbito processual penal, este juízo de
ponderação opera-se entre o interesse do indivíduo na manutenção de sua
liberdade individual e o interesse estatal na tutela dos bens jurídicos protegidos
pelas normas penais.
Exemplo: a decretação da prisão preventiva do acusado pela prática de
crime apenado com pena que, se condenado, será possivelmente cumprida em
regime aberto.

Proporcionalidade em
sentido estrito

2.17 Inviolabilidade domiciliar

O inciso XI do art. 5º da Constituição Federal trata da inviolabilidade do


domicílio, nos seguintes termos:
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

A inviolabilidade do domicilio decorre do direito à intimidade (art.


5º, inc. X, da CF). Assim, a regra é a inviolabilidade do domicílio, cujo ingresso
não pode ocorrer sem o consentimento do morador.
O que é casa?
Para podermos ter a exata compreensão da extensão da inviolabilidade
do domicílio, temos que definir o que é compreendido no termo casa, o qual
tem um significado muito mais amplo do que o empregado vulgarmente.
O conceito de casa, para fins de proteção da intimidade, também não
coincide com aquele previsto nos artigos 70 e 72 do Código Civil. O
Código de Processo Penal, em seu art. 246, tratando acerca da busca e
apreensão, define casa como:

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Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado
ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em
compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer
profissão ou atividade.

Assim sendo, podemos definir casa como sendo “o compartimento


habitado ou aposento ocupado de habitação coletiva, bem como o
compartimento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão
ou atividade. Nestes termos, além da residência, está compreendido no
conceito de casa o quarto de hotel, quando ocupado; uma barraca de
camping, que está servindo como local de repouso dos acampantes; o
escritório de uma loja, ao qual o público não tem acesso franqueado; a boleia
do caminhão, quando o motorista estiver estacionado para pernoite etc.
No entanto, não se trata de uma garantia absoluta, porquanto
comporta exceções, as quais estão expressas na parte final do próprio inciso
XI, quais sejam, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.

Flagrante delito
Qualquer
Desastre
hora
Inviolabilidade Prestar socorro
do Domicílio
Exceções durante o dia determinação judicial

Consentimento do Morador

Flagrante delito
As hipóteses de prisão em flagrante delito estão previstas no art. 302 do
Código de Processo Penal.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou
por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor
da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

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Em qualquer das hipóteses previstas no art. 302 do CPP, será permitido
o ingresso no domicílio sem necessidade de permissão do morador ou de
autorização judicial.

Desastre
Desastre tem o sentido de acontecimento calamitoso, tais como a
inundação, o deslizamento de terras e o incêndio, os quais ameaçam e põem
em risco a saúde ou a vida.

Prestar socorro
Esse socorro pode não estar ligado a acontecimento calamitoso. É preciso
que, na casa, alguém esteja correndo sério risco e não se tenha como obter a
permissão de entrada. Exemplo: pessoa que mora só e que está gravemente
enferma, necessitando de auxílio imediato.

Determinação judicial
Salvo as hipóteses acima tratadas, o ingresso na casa sem consentimento
do morador só pode ocorrer em cumprimento a ordem judicial. Trata-se,
portanto de ato sujeito à reserva de jurisdição, porquanto somente a
autoridade judiciária pode determina-lo. Não se admite o ingresso determinado
por autoridade policial, Comissão Parlamentar de Inquérito etc.
Importante frisar que o ingresso na casa, mediante ordem judicial, só
pode ocorrer durante o dia.
Não há consenso acerca do que pode ser entendido por “dia”. Há pelo
menos três critérios citados na doutrina:
Cronológico: considera-se dia o período compreendido entre às 6h e às
18h.
Físico-astronômico: dia é o período que se inicia com a aurora e
termina com o crepúsculo, ou seja, o dia vai do nascer ao pôr do sol.
Misto: haveria uma conjugação dos dois critérios anteriores, buscando
maior proteção ao direito fundamental, ou seja, mesmo após às 6h, se ainda
estiver escuro, não se considera dia.

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•das 6h
Cronológico
•às 18h

Físico- •do amanhecer (aurora)


astronômico •ao anoitecer (crepúsculo)

•das 6h, se já estiver amanhecido


Misto
•às 18h, se não tiver anoitecido

2.18 Proibição da tortura e de tratamento desumano e degradante

Como decorrência direta do princípio da dignidade da pessoa humana, o


art. 5º, inc. III, da Constituição Federal, estabelece que:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
Assim sendo, o nosso ordenamento jurídico, em nenhuma hipótese,
admite a tortura, nem mesmo para salvar a vida de uma vítima que se
encontra em poder de criminosos.
Como garantia do direito de a pessoa não ser torturada, a Constituição
Federal inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a prática da tortura
(art. 5º, inc. XLIII, da CF).

inafiançável

Tortura
Graça
Insuscetível
de
Anistia

A tortura não é apenas vedada, mas também constitui crime.


Regulamentando o art. 5º, inc. III, da CF, o art. 1º da Lei 9.455/97, definiu o
crime de tortura.
Lei 9455/97
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa;

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b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.
O § 1º do art. 1º da Lei 9455/97 ainda estabelece que, na mesma pena
incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
lei ou não resultante de medida legal, enquanto o § 2º trata da tortura imprópria
(omissão em relação à prática de tortura).
Além da tortura, são proibidos quaisquer tratamentos desumanos
ou degradantes. Em razão disso, o investigado, o indiciado, o acusado e o
condenado não podem ser tratados como coisa, ser humilhados, ridicularizados,
esculachados ou expostos como troféu.

mas não
prenda
esculache

Não é permitido nem mesmo o uso de algemas, se não estiverem


presentes razões justificantes, em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso
ou de terceiros, conforme dispõe a Súmula Vinculante nº 11.
SV 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e
de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

As algemas podem ser usadas, mas apenas se presentes as razões que


justifiquem seu emprego.

2.19 Vedação da prova ilícita

Consoante dispõe o art. 5º, inc. LVI, da Constituição Federal,


LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos;

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Parte da doutrina entende que as provas ilícitas fazem parte das
chamadas provas ilegais. As provas ilegais são o gênero, sendo que as
provas ilícitas e as provas ilegítimas seriam espécies.

Provas
ilegais

Provas Provas
ilícitas ilegítimas

Nesse momento, interessa-nos as provas ilícitas, por serem aquelas que


estão relacionadas diretamente com as disposições constitucionais.
Provas ilícitas, portanto, podem ser conceituadas como aquelas que
contrariam disposições constitucionais, ou seja, que violam, direta ou
indiretamente, direitos ou garantias fundamentais. Trata-se, portanto, de
contrariedade da prova com as normas de Direito Material.
Assim, a título de exemplo, a ilicitude da prova pode decorrer, entre
outras, da:
 Violação da intimidade, por meio da utilização de interceptação
telefônica, sem autorização judicial.
 Violação do domicílio, com a entrada na casa, sem autorização
do morador e em desacordo com as hipóteses previstas no art. 5º,
inc. XI, da Constituição Federal.
 Utilização da tortura para obter a confissão do suspeito.

O Código de Processo Penal trata acerca das provas ilícitas em seu art.
157.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em
violação a normas constitucionais ou legais.

Além das provas ilícitas, não são admitidas no processo as provas


que, embora lícitas em sua essência, forem decorrentes das provas
ilícitas. São as denominadas provas ilícitas por derivação.
Aplica-se nessa hipótese a teoria dos frutos da árvore envenenada.
Tal teoria expressa que a prova obtida licitamente, se for resultante de prova
ilícita, deverá ser excluída do processo.

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Durante a execução de mandado de busca e apreensão na casa de José,


os policiais encontram provas de que este praticou o crime do qual era suspeito.
Essa prova é lícita, porquanto as buscas foram realizadas em cumprimento de
determinação judicial. Contudo, a expedição do mandado judicial decorreu da
representação da autoridade policial, que tomou ciência do endereço onde
deveria ser realizada a diligência, apenas porque um de seus agentes, no dia
anterior, torturou Pedro, comparsa de José.
Assim sendo, apesar da prova obtida por meio das buscas realizadas com
autorização judicial, em si, ser lícita, essa estará contaminada pela ilicitude da
tortura realizada para apontar o local a ser diligenciado.
A teoria dos frutos da árvore envenenada está consagrada no art. 157, §
1º, do CPP:
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas,
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas
e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação
ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da
prova.
Se a prova, apesar da ilicitude da prova antecedente, for obtida por fonte
independente, não será contaminada. Aproveitando o exemplo acima: se
apesar da tortura praticada por um dos policiais, o mandado de busca foi
expedido, com base na representação da autoridade policial, que já havia obtido
o endereço por outro meio lícito, a prova decorrente da busca não estará
contaminada.

3 Sistemas processuais penais


Historicamente, há três sistemas processuais penais, configurando-se,
portanto, três tipos de processo penal, quais sejam: o inquisitivo (ou
inquisitorial), o acusatório e o misto.

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Acusatório

Sistemas
Processuais Inquisitivo
Penais

Misto

3.1 Sistema acusatório

Este sistema é caracterizado essencialmente pela separação entre as


funções de acusar, julgar e defender.
Trata-se de um processo onde há bilateralidade, ou seja, as partes
encontram-se em polos distintos. Acusação e defesa se contrapõem.
Neste sistema, há igualdade de condições entre as partes, sendo o
contraditório de observância obrigatória. O magistrado coloca-se
imparcialmente equidistante das partes, decidindo de maneira fundamentada.
Em virtude de sua imparcialidade, ao magistrado não cabe determinar a
produção de provas, devendo aguardar a manifestação das partes.
O sistema acusatório tem como características a oralidade e a
publicidade.
Outra característica é a aplicação do princípio da presunção de
inocência. Assim, em regra, o acusado permanece solto durante o processo,
sendo que, somente em situações excepcionais, adite-se a prisão cautelar.

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separação de
funções:
acusar, julgar
e defender

juiz
bilateralidade
imparcial

Sistema
acusatório

presunção de igualdade de
inocência partes

oralidade e
publicidade

3.2 Sistema inquisitório (ou inquisitivo)

Neste modelo há concentração das funções de acusar e julgar numa


única pessoa. Assim, não há um órgão independente incumbido da função
acusatória, mas o próprio órgão judicante ocupa ambas as funções.
Trata-se de um processo em que o próprio órgão jurisdicional
(inquisidor) inicia a persecução penal e a conduz até o momento em que
chega a uma decisão acerca da culpa ou inocência do acusado.
O acusado ocupa posição de mero objeto do procedimento penal, não
havendo falar-se, portanto, em igualdade de partes.
Nesse sistema, o principal objetivo era a averiguação da verdade,
admitindo-se quaisquer meios que pudessem conduzir a esse resultado, por
mais abusivos que fossem, a exemplo da tortura. Ainda como objetivo para se
chegar à verdade, a investigação era sigilosa, ou mais precisamente,
secreta.
O juiz, no sistema inquisitivo, é dotado de ampla iniciativa probatória,
podendo determinar de oficio a colheita de provas tanto na fase das
investigações quanto durante o processo.

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concentração de
funções

juiz inicia a
persecução penal

Sistema
acusado mero objeto
inquisitivo

investigação sigilosa

magistrado com
iniciativa probatória

3.3 Sistema misto ou acusatório formal

O sistema misto também é denominado sistema acusatório formal ou


sistema francês, porquanto teve início com o Code d'Instniction Criminelle
francês, em 1808.
Trata-se de um modelo intermediário entre o sistema acusatório e o
sistema inquisitivo, ou, como defende parte da doutrina, uma reforma do
sistema inquisitivo.
Nesse sistema, convivem características do sistema acusatório, tais
como a presunção de inocência, a ampla defesa e o contraditório, com outras
próprias do sistema inquisitorial, a exemplo da produção probatória ex officio
e a possibilidade de restrições à publicidade do processo em certas hipóteses.
A primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta,
sem que haja acusação, motivo pelo qual não há observância do contraditório.
Nesta fase, busca-se apurar a materialidade e a autoria delitiva.
Na fase seguinte, há uma acusação formal, ofertada pelo titular da ação
penal. Ao réu é dado o direito de se contrapor à acusação. A função de julgar
fica a cargo do magistrado.

primeira:
inquisitorial
Sistema modelo
duas fases
misto intermediário
segunda:
acusatória

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3.4 Sistema processual penal brasileiro

No Brasil, a partir da vigência da Constituição Federal de 1988, adotou-


se o sistema acusatório, porquanto há separação das funções de acusar,
defender e julgar, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.
Não obstante o inquérito policial ter caráter inquisitivo, isso não conflita
com o sistema acusatório, porquanto a definição do sistema processual é feita
a partir do estudo do processo, ou seja, da atuação do magistrado na fase
judicial, não englobando, portanto, a fase investigativa, que é pré-processual,
administrativa.
Apesar de a regra no sistema acusatório ser a de que as partes produzam
as provas, nosso sistema jurídico admite que o juiz, excepcionalmente,
determine, de ofício, a produção de provas, a exemplo do que dispõe o art.
156 do Código de Processo Penal.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da
medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
A determinação da produção de prova pelo juiz, não descaracteriza o
sistema acusatório, porquanto a iniciativa da ação penal continua sendo do
Ministério Público ou do ofendido e seu representante legal, contudo revela-nos
que o nosso sistema acusatório não é puro.

4 Fontes do Direito Processual Penal


O termo fonte remete à origem, à procedência. Assim, as fontes do Direito
Processual Penal se referem à origem de tais normas, as quais estão divididas
em dois pilares: as fontes materiais e as fontes formais.

4.1 Fontes materiais


As fontes materiais são as fontes de produção, ou seja, o ente do qual
emanam as normas. A fonte material do direito processual brasileiro é a
União, nos termos do art. 22, I, da Constituição Federal.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

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I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (grifei)
Assim, se a competência para legislar sobre direito processual é da União,
a fonte material do direito processual penal é o refiro ente. Excepcionalmente,
a competência para legislar sobre tais matérias pode ser delegada aos Estados,
mediante lei complementar, conforme dispõe o parágrafo único do artigo em
questão.

4.2 Fontes formais


As fontes formais são também denominadas fontes de conhecimento,
fontes de cognição ou fontes de revelação. Dizem respeito à forma como as
normas se exteriorizam, quais os veículos utilizados pelo legislador para criar as
normas. As fontes formais se dividem em imediatas e meditas.

Fontes formais imediatas


Entre as fontes formais imediatas do direito processual penal encontram-
se a Constituição Federal, as leis ordinárias e complementares, os tratados,
convenções e regras de direito internacional. São consideradas, ainda, fontes
formais imediatas as súmulas vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal
Federal.

Fontes formais mediatas


São fontes formais mediatas a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

5 Aplicação da lei processual no espaço


No que se refere à lei penal no espaço, o Código de Processo Penal
adotou o princípio da territorialidade (também denominado de princípio da
lex fori ou locus regit actum), conforme podemos observar na redação do art.
1º do CPP:
“Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território
brasileiro, por este Código, ressalvados: ”

Tal princípio significa que, em regra, a lei processual brasileira será


aplicada a todas as infrações penais praticadas no território nacional. Isso
decorre da soberania nacional, poder que tem o Estado de aplicar suas leis
aos fatos ocorridos dentro de suas fronteiras.

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Apesar de sua adoção como regra, o princípio da territorialidade não é
absoluto, comportando exceções, conforme expresso nos incisos de I a V do
art. 1º do CPP.
“Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por
este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
responsabilidade
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial
V - os processos por crimes de imprensa
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos
referidos nos incisos IV e V, quando as leis especiais que os regulam não
dispuserem de modo diverso. ”

5.1 Tratados, convenções e regras de direito internacional.

São as normas internacionais às quais o Brasil, no exercício da


soberania nacional, após aprovação do Congresso Nacional, tenha aderido
voluntariamente. Nessas hipóteses, há o afastamento da jurisdição penal
brasileira
Em termos de aplicação da lei processual penal, três documentos
internacionais são muito importantes:

Normas Internacionais

importantes

Convenção de Viena Convenção de Viena


sobre Relações sobre Relações Estatuto de Roma
Diplomáticas Consulares

Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, ratificada pelo


Brasil por meio do Decreto 56.435/65.
Trata, entre outros temas, acerca da imunidade diplomática. Aos crimes
praticados por diplomatas que se encontram no território brasileiro a serviço

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de seu país de origem, além de seus familiares, aos funcionários do corpo
diplomático e seus familiares, não se aplicará a lei brasileira, mas apenas as leis
do país de origem do agente.

Convenção de Viena sobre Relações Consulares, ratificada pelo


Brasil, por meio do Decreto 61.078/67, aplicável aos agentes consulares
que pratiquem infrações penais relativas ao exercício de suas funções. Da
mesma forma, a lei processual brasileira não poderá ser aplicada.
OBS: Qualquer crime praticado por diplomata estará sujeito à aplicação
das leis de seu país, mesmo que não tenha nenhuma relação com a função. Em
relação aos agentes consulares, não se aplica esta regra. Somente os crimes
que tenham relação com a função exercida estarão sujeitos à lei do país de
origem do agente. Nas demais hipóteses ele será julgado pela justiça brasileira,
segundo as leis brasileiras.

Estatuto de Roma, de 1998, o qual criou o Tribunal Penal Internacional,


tendo o Brasil formalizado sua adesão em 2002. A Constituição Federal, em seu
art. 5º, § 4º, dispõe que “o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”.

5.2 Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras


autoridades
Trata-se das infrações político-administrativas, também chamadas
crimes de responsabilidade, as quais não são julgadas pelo Poder Judiciário,
mas sim pelo Poder Legislativo, conforme estabelece a Constituição Federal
em seu art. 52, incisos I e II.
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
da mesma natureza conexos com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do
Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
Geral da União nos crimes de responsabilidade; ”

5.3 Processos da competência da Justiça Militar


Os crimes militares estão sujeitos à apuração segundo às normas previstas
no Código de Processo Penal Militar, razão pela qual não se sujeitam ao CPP.

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5.4 Processos da competência do tribunal especial
O Tribunal Especial (Tribunal de Segurança Nacional - Lei n. 244/36) era
previsto na Constituição Federal de 1937, tendo por competência o julgamento
de delitos políticos ou contra a economia popular. Assim, este inciso só tem
importância para conhecimento histórico, não interessando ao objetivo do
seu concurso.

5.5 Crimes de imprensa


Na ADPF 130-7/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou que a lei de
imprensa não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988, perdendo
o inciso V sua eficácia, pois eventuais condutas que antes eram consideradas
crimes de imprensa, eventualmente poderão caracterizar crime comum,
aplicando-se o Código de Processo Penal em sua apuração.

5.6 Código Eleitoral e Leis Especiais


Além das hipóteses expressas no art. 1º do CPP, há outras situações
em que não será aplicado o Código de Processo Penal diretamente.
O Código Eleitoral (Lei 4.737/65) traz no seu corpo um capítulo referente
à apuração das infrações previstas como crime eleitoral, aplicando-se o CPP
apenas de forma subsidiária ou supletiva, conforme expresso em seu art. 364.
“Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos
comuns que lhes forem conexos, assim como nos recursos e na
execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei
subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.”

A lei 9.099/1995, dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, os quais


têm por atribuição julgar as infrações de menor potencial ofensivo, que são as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior
a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, tendo o Código de Processo penal
aplicação supletiva, nos termos do art. 92 da Lei 9.099/1995.
“Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos
Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis com
esta Lei.”

Outras leis especiais também trazem disposições referentes ao


processamento das infrações penais nelas previstas, a exemplo da lei
11.343/2006 (Lei de Drogas), da Lei 11.101/2005 (Crimes Falimentares), da
Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

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Princípio da
Regra Territorialidade

Tratados, conv. e regras


de Dir. Internacional

Aplicação da Lei
Processual no Prerrogativas
ESPAÇO constitucionais do
Presidente da República
e de outras autoridades

Processos da
competência da Justiça
Militar
Exceções
Proc. da competência do
tribunal especial

Crimes de imprensa

Código Eleitoral e
legislação especial

Não constam entre os incisos


do artigo 1º do CPP

6 Aplicação da lei processual penal no tempo


No que se refere à aplicação da lei processual penal no tempo, o Código
de Processo Penal dispõe, em seu artigo 2º:
“Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.”

Adota o CPP, quanto a aplicação da lei penal no tempo o princípio


tempus regit actum (princípio do efeito imediato ou da aplicação imediata da
lei processual), ou seja, a lei processual penal tem aplicação imediata. Para
efeitos processuais, o que importa é a data em que está sendo realizado o
ato e não a data da prática da infração penal.

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Em agosto de 2017, Mévio praticou um determinado crime, sendo, em razão


disso, processado sob o rito comum. Imaginemos que em 01 de janeiro de 2018,
o Código de Processo Penal é alterado, diminuindo o número de testemunhas
na audiência de instrução de 08 (oito) para 04 (quatro). Em março de 2018, é
marcada audiência a ser realizada no mês de abril de 2018. Nessa audiência de
instrução, tanto a acusação, quanto a defesa, poderão apresentar apenas 04
(quatro) testemunhas. Ou seja, no ato da audiência (abril/2018) a lei processual
a ser aplicada será a vigente e não aquela que estava em vigor quando o crime
foi praticado, mesmo que essa seja pior para o réu.

Não confundir:
O princípio tempus regit actum, é aplicável ao Direito
Processual Penal.
Quanto à aplicação da lei penal, vige o princípio da
irretroatividade, salvoquestões
80% das quando areferentes
lei nova foras
mais benéfica ao
disposições réu,
preliminares
donos
CPP,termos do art. 5º,
referem-se inc. XL, dada
à aplicação Constituição Federal,
lei processual e art.
penal no2º do
tempo, por
Código
isso Penal
redobre a (confira
atençãono seu material
neste capítulo.de Direito Penal).

6.1 Sistemas que tratam da novatio legis processual penal


Sistema do isolamento dos atos processuais: a aplicação da nova lei
aos atos processuais praticados após o início de sua vigência, conforme
podemos compreender a partir da leitura do art. 2º do CPP, é denominado
sistema do isolamento dos atos processuais. Assim, a cada ato processual a
ser realizado no curso do processo, verifica-se qual a lei processual que
está em vigor, a fim de aplicá-la.
Há outros dois sistemas que se referem a aplicação da lei processual
penal, mas que NÃO FORAM adotados pelo nosso CPP, são eles: sistema
da unidade processual (entende que o processo apresenta uma unidade,
portanto apenas uma lei deveria incidir sobre ele) e o sistema das fases
processuais (cada fase processual pode ser regulada por uma lei diferente). É
importante saber que existem esses dois sistemas, mas o mais importante é
saber na hora da prova que o adotado no CPP é o sistema do isolamento
dos atos.

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Sistemas que tratam acerca dos processos em andamento


quando do início de vigência da nova lei processual penal

Sistema de Sistema do
Sistema das fases
unidade isolamento dos
processuais
processual atos processuais

Sistema adotado
pelo CPP

6.2 Atos praticados antes da nova lei


Quanto aos atos praticados durante a vigência da lei anterior,
continuam válidos, não havendo necessidade de serem renovados, conforme
parte final do art. 2º do CPP:
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

6.3 Norma mista ou híbrida


Há normas que apesar de serem processuais têm reflexos penais,
sendo, portanto, chamadas de normas mistas ou híbridas. Por terem reflexos
no âmbito do Direito Penal, tais normas não devem obedecer ao princípio
do efeito imediato (tempus regit actum), mas sim ao da irretroatividade, se
prejudicial ao réu, ou da retroatividade, se benéfica.

Dispõe o art. 31 do CPP que, no caso de morte do ofendido ou quando


declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Imaginemos que, após oferecer queixa contra Mévio, Tício falece. Tício era
solteiro e não tinha ascendentes, descendentes ou irmãos vivos. O parente mais
próximo era seu sobrinho Lucius.
No dia seguinte à morte de Tício, entra em vigor nova lei processual
penal, ampliando o rol dos legitimados do art. 31, passando a incluir entre eles
os parentes até terceiro grau, o que contempla os sobrinhos. Nessa hipótese, a
incidência do princípio da aplicação imediata possibilitaria a Lucius prosseguir

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na ação penal intentada pelo tio, contudo essa norma reflete diretamente no
direito à liberdade de Mévio, tendo clara natureza híbrida. Assim sendo, tal
norma não poderá ser aplicada, posto ser mais gravosa/prejudicial ao réu.
Simplificando, se a norma processual penal tiver reflexos no campo penal,
não se aplicará o princípio do efeito imediato (tempus regit actum).

6.4 Atos em curso e aplicação na nova lei processual penal


Se quando da entrada em vigor da nova lei processual, houver prazo em
curso, iniciado sob a égide da lei anterior, não se aplicará o princípio do tempus
regit actum, porquanto o ato já se iniciou.

Imaginemos que a parte é intimada de uma decisão judicial, cujo prazo


para recurso é de dez dias, o qual começou a fluir no dia 05/02/2018. No dia
07/02/2018, entra em vigor nova lei processual penal, a qual alterou o prazo
recursal para cinco dias. Nessa hipótese, a parte continuará tendo dez dias para
apresentar seu recurso, porquanto o prazo já estava em curso quando da
entrada em vigor da nova norma.

7 Aplicação da lei processual penal em relação às pessoas


Nos termos do art. 5º, caput, da Constituição Federal, “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...” Em razão disso, a lei
processual penal, em regra, deve ser aplicada no âmbito do território nacional
a todas as pessoas.
Apesar disso, há algumas pessoas, que em virtude das funções que
exercem, não se sujeitam à referida regra, as quais são excluídas da
aplicação da lei processual penal brasileira e, em algumas hipóteses, até da
própria autoridade judiciária. São as chamadas imunidades.

7.1 Imunidades diplomáticas


Conforme já vimos no tópico referente à aplicação da lei processual penal
no espaço, os agentes diplomáticos gozam de imunidades, estabelecidas na
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, à qual o Brasil aderiu.
Em virtude disso, os agentes diplomáticos, o pessoal técnico das
representações, bem como seus respectivos familiares, e os funcionários de
organismos internacionais, gozarão das seguintes imunidades?
a) Penal absoluta: referente a qualquer infração penal praticada
(independente de ter ou não relação com as funções)

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b) Não estão sujeitos a qualquer espécie de detenção ou prisão.
c) Não podem ser convocados para servirem como testemunhas.

Somente o Estado acreditante (país representado) pode renunciar à


imunidade diplomática de seu enviado.

7.2 Imunidades consulares

Também já sucintamente abordado quando do estudo da aplicação da lei


processual no espaço. A Convenção de Viena sobre Relações Consulares,
assegura algumas imunidades aos agentes consulares, contudo, menos
abrangentes do que as imunidades diplomáticas, vejamos:
a) Imunidade penal relativa: restrita às infrações penais praticadas no
exercício da função consular.
b) Podem ser presos, em caso de crimes graves.
c) Podem ser convocados a testemunhar, mas não sobre fatos relacionados
ao exercício das funções consulares.

Os membros da família de um membro da repartição consular que com


ele vivam, assim como os membros de seu pessoal privado, gozarão dos
privilégios e imunidades previstos na referida Convenção.
O Estado que envia o representante consular, poderá renunciar às
imunidades acima referidas, possibilitando, assim, a sujeição de tais pessoas
integralmente às leis brasileiras.
QUADRO DE IMUNIDADES
AGENTES AGENTES CONSULARES
DIPLOMÁTICOS
VER-SE NÃO SIM (salvo se relacionado ao exercício da função)
PROCESSADO
SER PRESO NÃO SIM (por crimes graves)
TESTEMUNHAR NÃO SIM (exceto sobre assunto ligado à função)

7.3 Imunidades parlamentares


As imunidades parlamentares são prerrogativas dos membros do
Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores), instituídas com a
finalidade de possibilitar o exercício pleno das funções.
As imunidades são prerrogativas e não privilégios.

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As prerrogativas são concedidas em função do cargo exercido pela
pessoa e visam garantir o pleno exercício do mandato parlamentar.
Privilégios têm caráter pessoal decorrentes de posição social, classe econômica,
origem, raça etc., as quais ferem o princípio da igualdade.
As imunidades parlamentares se dividem em imunidade penal e
imunidades processuais.

Imunidade
Parlamentar

Penal Processual
(material) (formal)

7.3.1 Imunidade parlamentar penal


A imunidade parlamentar penal (também denominada imunidade
absoluta, imunidade material, inviolabilidade) está prevista no art. 53,
caput, da Constituição Federal.
“Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”

A imunidade penal consiste em não se caracterizar prática de crime as


opiniões, palavras e votos que o parlamentar exarar: 1 – no Plenário da casa
legislativa (Câmara ou Senado Federal), tenha ou não relação com o exercício
da função; 2 – fora do Plenário, desde que guarde relação com o exercício do
mandato.
É denominada imunidade absoluta, porquanto não poderá ser o
parlamentar responsabilizado penal, civil ou administrativamente,
porquanto está protegido pelo art. 53, caput, da CF.

 Deputados Estaduais: a imunidade penal (inviolabilidade) também se


aplica aos Deputados Estaduais, conforme expressa previsão no art. 27,
§ 1º da Constituição Federal.
“Art. 27.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas. (grifo nosso)”

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 Vereadores: a inviolabilidade dos Vereadores está restrita à


circunscrição do município em que exerce o cargo, conforme art. 29, VIII,
da Constituição Federal.
“Art. 29.
(...) VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do
Município;”

IMUNIDADE MATERIAL (PENAL, ABSOLUTA, INVIOLABILIDADE)


Deputados Federais Deputados Vereadores
e Senadores Estaduais
Inviolabilidade por suas opiniões, Somente na circunscrição do
palavras e votos. Município, no exercício do mandato.
Art. 53, caput, da CF. Art. 27, § 1º, c/c Art. 29, inc. VIII, da CF.
art. 53, da CF

7.3.2 Imunidades parlamentares processuais


As imunidades parlamentares processuais (também denominadas
imunidades relativas, imunidades formais) consistem em uma série de
prerrogativas, previstas nos §§ 1º, 2º, 3º e 6º do art. 53 da Constituição
Federal.

a) Imunidade de foro (ou foro por prerrogativa de função):


“Art. 53.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal”

A partir da expedição do diploma, os Deputados e Senadores são


submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu,
em maio de 2018, que o foro por prerrogativa de função conferido aos
deputados federais e senadores se aplica apenas a crimes cometidos no
exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. Esse
entendimento, segundo o STF, deve ser aplicado imediatamente aos processos
em curso.

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Além disso, ficou decidido que, após o final da instrução processual, com a
publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a
competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em
razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que
ocupava, qualquer que seja o motivo, ou seja, a competência do STF se
perpetuará, caso tenha havido o encerramento da instrução.

b) Imunidade de prisão
“Art. 53.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte
e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria
de seus membros, resolva sobre a prisão.”

Mais uma vez, a expedição do diploma é o marco inicial da imunidade


parlamentar. Nessa hipótese, o congressista, em regra, não poderá ser
preso. A exceção é a prisão em flagrante por crime inafiançável.
Vale ressaltar que essa imunidade à prisão, refere-se à prisão provisória
(em flagrante, preventiva ou temporária), não se estendendo à prisão
decorrente de condenação transitada em julgado.

REGRA EXCEÇÃO
Flagrante por
Não ser preso
crime inafiançável

Tivemos recentemente a prisão de um Senador da República. A prisão só


foi possível porque o STF entendeu que as condutas do Senador configuravam
crime permanente, considerando que ele, até antes de ser preso, integrava
pessoalmente uma organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei 12.850/2013)
e também estaria embaraçando a investigação da Lava Jato (art. 2º, § 1º, da
Lei 12.850/2013).

c) Suspensão do processo
Em relação aos crimes praticados após a diplomação, há a possibilidade
de o processo criminal ser suspenso, por decisão da Casa Legislativa
(Câmara dos Deputados ou Senado Federal) a que pertencer o acusado,
aprovada por maioria de seus membros. A iniciativa para tal proposição é
exclusiva de partido político com representação na respectiva Casa Legislativa.
“Art. 53.

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§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até
a decisão final, sustar o andamento da ação.”

d) Não servir como testemunha


Conforme dispõe o art. 53, § 6º, da CF, os Deputados e Senadores não
servirão como testemunha acerca de fatos ligados ao exercício do mandato.
“Art. 53.
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram
ou deles receberam informações.”

 Deputados Estaduais e Vereadores


Aos Deputados Estaduais, em observância ao princípio da simetria, são
aplicadas as imunidades processuais, nos termos do art. 27, § 1º, da CF.
Os vereadores não têm imunidade processual fixada na Constituição Federal.
A Constituição Estadual pode fixar foro por prerrogativa de função aos
Vereadores (ex: serem julgados pelo TJ local), contudo essa não prevalecerá
em face da Constituição Federal (ex: mesmo que a Constituição Estadual fixe o
foro por prerrogativa de função para os Vereadores, eles, no caso de crime
doloso contra a vida, serão processados pelo Tribunal do Júri).

IMUNIDADES PROCESSUAIS (RELATIVAS, FORMAIS)

Dep. Federais e Dep. Estaduais Vereadores


Senadores

Não ser
 
preso1

Foro especial
  (2)

Suspensão do
processo
 
Não
testemunhar
 

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1 – Salvo em flagrante delito por crime inafiançável

2 – Possibilidade de foro estabelecido pela Constituição Estadual (mas limitado)

8 Interpretação da lei processual penal, a analogia e os princípio


gerais do direito
Nos termos do art. 3º do Código de Processo Penal, “a lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito”.

8.1 Analogia
A analogia ocorre quando, por não haver norma reguladora do caso
concreto, deve ser aplicada norma que trata de hipótese semelhante. Nessa
hipótese, há uma lacuna involuntária na legislação, razão pela qual deve ser
suprimida tal falha.
A analogia é, portanto, uma forma de auto-integração da norma.

O artigo 28 do CCP prevê que, se o juiz discordar do pedido apresentado


pelo Ministério Público para arquivamento do inquérito policial, deverá remetê-
lo ao procurador-geral para que este ofereça a denúncia, designe outro membro
do MP para oferecê-la ou concorde com o arquivamento, devendo, neste caso,
o juiz arquivar os autos.
Contudo, pode o promotor de justiça não querer apresentar a denúncia
por considerar o juiz incompetente. Nesse caso, não há norma regulando tal
matéria, razão pela qual, por analogia, deve-se aplicar o disposto no art. 28 do
CPP.

 Analogia e Direito Penal


A analogia no Direito Penal é limitada, pois só pode ser aplicada em
benefício do réu, ou seja, é inadmissível a analogia in pejus (em prejuízo do
agente). É proibido, portanto, o emprego de analogia para criar crimes,
fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta).
No Processo Penal é admitida a analogia, mesmo que esta seja desfavorável
ao réu.

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8.2 Interpretação extensiva
A interpretação extensiva ocorre quando há norma expressa regulando o
caso concreto, contudo ela não mencionou de forma clara o seu alcance,
cabendo ao intérprete tal papel.

Segundo o artigo 33 do CPP, “se o ofendido for menor de 18 anos, ou


mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal”. O texto é claro
ao se referir ao exercício do direito de queixa, contudo não fez menção ao direito
de representação, apesar da interpretação mais adequada ser no sentido de que
tal dispositivo também se aplica a tal direito.
Nessa hipótese, faz-se uma interpretação extensiva do dispositivo,
entendendo-se abrangido por ele tanto o exercício do direito de queixa quanto o
de representação.

Quando houver lacuna


ANALOGIA involuntária.
Auto-integração

Há norma, mas não


INTERPRETAÇÃO
houve definição clara de
EXTENSIVA
seu alcance

8.3 Princípios gerais do direito


O art. 3º do Código de Processo Penal prevê a aplicação dos princípios
gerais do direito. Princípios são normas com alto grau de abstração, as
quais devem ser satisfeitas no maior grau possível, diferente das regras
que são aplicadas no sistema de tudo ou nada.
Os princípios gerais do direito possibilitam a compreensão do sistema
jurídico como um todo, harmônico e coerente.

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9 Questões comentadas
1. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2018)
Tício está sendo processado pela prática de crime de roubo. Durante o trâmite
do inquérito policial, entra em vigor determinada lei, reduzindo o número de
testemunhas possíveis de serem arroladas pelas partes no procedimento
ordinário.
A respeito do caso descrito, é correto que
a) não se aplica a lei nova ao processo de Tício em razão do princípio da
anterioridade.
b) a lei que irá reger o processo é a lei do momento em que foi praticado o
crime, à vista do princípio tempus regit actum.
c) em razão do sistema da unidade processual, pelo qual uma única lei deve
reger todo o processo, a lei velha continua ultra-ativa e, por isso, não se aplica
a nova lei, mormente por ser esta prejudicial em relação aos interesses do
acusado.
d) não se aplica a lei revogada ao processo de Tício em razão do princípio da
reserva legal.
e) não se aplica a lei revogada porque a instrução ainda não se iniciara quando
da entrada em vigor da nova lei.
Resolução
a) ERRADO: a nova lei tem aplicação imediata, nos termos do art. 2º do CPP.
b) ERRADO: segundo o princípio tempus regit actum, a lei a ser aplicada é
aquela vigente no momento da prática do ato processual.
c) ERRADO: nosso sistema processual penal não adotou o sistema da unidade
processual, mas sim o do isolamento dos atos processuais.
d) ERRADO: a razão da não aplicação da lei revogada é a observância do
princípio do tempus regit actum.
e) CERTO: uma vez que a instrução ainda não se havia se indiciado quando da
entrada em vigor da nova lei, essa deverá ser observada quando da realização
da audiência de instrução e julgamento, inclusive no que tange ao número de
testemunhas.
Gabarito 1: E

2. (VUNESP/PC-BA/Investigador de Polícia/2018)
Em havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei especial que
contenha normas processuais, a solução será a
a) aplicação da norma que for mais recente, independentemente de eventual
benefício ao réu.

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b) aplicação da lei especial e, quando omissa, subsidiariamente do Código de
Processo Penal.
c) aplicação do que for mais favorável ao acusado, independentemente da data
de promulgação.
d) conjugação de ambos os diplomas, aplicando-se as normas que forem mais
benéficas ao acusado.
e) prevalecência da regra geral do Código de Processo Penal, em virtude da
proibição constitucional dos juízos de exceção.
Resolução
Quando houver norma especial, esta deverá prevalecer em face do Código de
Processo Penal, que tem caráter de norma geral. A aplicação da lei especial se
dará mesmo que esta seja mais gravosa ao acusado.
Contudo, o CPP tem caráter supletivo, devendo ser aplicado subsidiariamente
para regular questões não contempladas na lei especial.
Gabarito 2: B

3. (VUNESP/PC-BA/Delegado de Polícia/2018)
Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o , 2o e 3o do
CPP,
a) aos processos de competência da Justiça Militar.
b) ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
c) retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
d) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior.
e) com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir, contudo,
interpretação extensiva e aplicação analógica.
Resolução
a) Errado: o Código de Processo Penal, em seu art. 1º, III, ressalva sua
aplicação aos processos de competência da Justiça Militar.
b) Errado: a norma processual penal tem aplicação imediata, nos termos do art.
2º do CPP, independentemente de ser mais favorável ou prejudicial ao acusado.
c) Errado: a aplicação é imediata, conforme exposto na alternativa b.
d) Certo: conforme art. 2º do CPP, não havendo necessidade de renovação dos
atos anteriores.

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e) Errado: nos termos do art. 3º do CPP, a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos
princípios gerais de direito.
Gabarito 3: D

4. (CESPE/PC-MA/Investigador de Polícia/2108)
Acerca da aplicação da lei processual no tempo e no espaço e em relação às
pessoas, julgue os itens a seguir.

I O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal no tempo, o


sistema da unidade processual.
II Em caso de normas processuais materiais — mistas ou híbridas —, aplica-se
a retroatividade da lei mais benéfica.
III Para o regular processamento judicial de governador de estado ou do Distrito
Federal, é necessária a autorização da respectiva casa legislativa — assembleia
legislativa ou câmara distrital.

Assinale a opção correta.


a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Resolução

I – Errado: o Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal no


tempo, o sistema do isolamento dos atos processuais, segundo o qual a lei
aplicável é aquela vigente no momento da prática do ato.
II – Certo: as normas processuais materiais, também denominadas mistas ou
híbridas, são aquelas que trazem disposições ao mesmo tempo processuais e
penais, razão pela qual deve ser aplicada retroativamente se mais benéfica ao
acusado.
III – Errado: no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4798,
4764 e 4797 o STF confirmou o entendimento de que as unidades federativas
não têm competência para editar normas que exijam autorização da Assembleia
Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) instaure ação penal
contra governador e nem para legislar sobre crimes de responsabilidade. Os

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ministros aprovaram, por unanimidade, uma tese segundo a qual “é vedado às
unidades federativas instituírem normas que condicionem a instauração de ação
penal contra governador, por crime comum, à previa autorização da casa
legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça dispor,
fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais, inclusive
afastamento do cargo”.
Gabarito 4: B

5. (COMPERVE/TJ-RN/Juiz Leigo/2018)
O processo penal brasileiro tem um sistema probatório informado por variados
princípios, dentre eles o do contraditório, estabelecendo ciência bilateral que
visa contrariar afirmações por meio da produção de provas e estando
intimamente relacionado à noção de defesa técnica. Nesse contexto, inclui-se o
direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo,
tal como a
a) participação em momento de reconhecimento de pessoas.
b) autorização para realização de exame grafotécnico.
c) participação em reconstituição do crime.
d) condução coercitiva para interrogatório, mesmo para reconhecimento do
acusado.
Resolução
a) Errado: no reconhecimento de pessoas, a atuação do
investigado/indiciado/suspeito é apenas passiva, não se exigindo dele qualquer
conduta que possa produzir prova contra si.
b) Errado: não há óbice à realização do exame grafotécnico sem a autorização
da pessoa suspeita de haver produzido os escritos questionados, podendo ser
utilizados documentos que foram produzidos anteriormente, tal como algum
formulário preenchido anteriormente em um órgão público. No entanto, não
será obrigada a produzir material para ser confrontado, ou seja, pode se recusar
a preencher o auto de colheita de material gráfico, que é um instrumento que
tem por finalidade obter o padrão gráfico que será comparado com os do
documento questionado.
c) Certo: a participação em reconstituição do crime (reprodução simulada dos
fatos) requer um comportamento ativo do suspeito, não havendo, portanto,
obrigatoriedade de sua participação.
d) Errado: o STF declarou não ter sido recepcionado pela Constituição Federal
o dispositivo do CPP que trata da condução coercitiva do acusado.
Gabarito 5: C

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6. (FCC/MPE-PE/Técnico Ministerial – Administrativa/2018)
O princípio do Direito Processual Penal que impede a criação de tribunais de
exceção refere-se ao princípio
a) do contraditório.
b) da verdade real.
c) da oficiosidade.
d) do juiz natural.
e) da indisponibilidade.
Resolução
Nos termos do art. 5º, XXXVII, da Constituição Federal, não haverá juízo ou
tribunal de exceção. Tal princípio é decorrência do princípio do juiz natural,
segundo o qual a pessoa somente poderá ser submetida a julgamento perante
o juízo competente, constituído segundo às normas constitucionais e
infraconstitucionais, anteriores ao fato, a fim de evitar-se a formação de
tribunais ad-hoc.
Gabarito 6: D

7. (VUNESP/MPE-SP/Analista Jurídico do Ministério Público/2018)


Em relação aos princípios que regem o processo penal, afirma-se corretamente:
a) a Constituição Federal garante expressamente os princípios da independência
e da imparcialidade do juiz.
b) o recurso extraordinário e o recurso especial têm por função assegurar o
duplo grau de jurisdição.
c) o direito ao julgamento em prazo razoável está previsto na Constituição
Federal e pode ter como termo inicial ato realizado na fase de inquérito policial.
d) sobre o princípio da motivação das decisões judiciais, há previsão no CPP
quanto à denominada motivação per relationem.
e) o art. 20, do CPP, que garante o sigilo das investigações no inquérito policial,
não foi recepcionado pela Constituição Federal, que previu expressamente o
princípio da publicidade.
Resolução
a) Errado: os princípios da independência e da imparcialidade do juiz não estão
expressamente previstos na Constituição, sendo, portanto, princípios implícitos,
decorrentes do princípio do juiz natural e das garantias previstas no art. 95 da
CF.
b) Errado: o recurso extraordinário e o recurso especial não estão relacionados
ao duplo grau de jurisdição, porquanto, nestes recursos não há análise de

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matéria fática, mas apenas de direito, não havendo, portanto, devolução
integral da matéria à apreciação da instância superior.
c) Certo; o direito ao julgamento em prazo razoável está previsto na
Constituição Federal (art. 5º, LXXVIII), entendendo o STF e o STJ que tal
garantia se aplica, inclusive, na fase de inquérito policial, o qual não pode
tramitar por vários anos, sem uma conclusão (STF, INQ 4420; e STJ, HC
96.666/MA).
d) Errado: os tribunais têm admitido a denominada motivação per relationem,
que consiste na motivação por meio da qual se faz remissão ou referência a
alegações de uma das partes ou a decisão anterior nos autos do mesmo
processo. Não obstante isso, a motivação per relationem não está
expressamente prevista no CPP.
e) Errado: ao contrário do que afirma a alternativa, subsiste o caráter sigiloso
do inquérito policial, o qual é necessário para garantir o sucesso das
investigações.
Gabarito 7: C

8. (FGV/AL-RO/Cons. Legislativo/Assessoramento Legislativo/2018)


Analise as assertivas a seguir, que tratam sobre os princípios aplicáveis ao
Direito Processual Penal.
I. Com base no princípio da presunção de inocência, a prisão preventiva deve
ser decretada apenas quando as medidas cautelares alternativas não forem
suficientes, não mais havendo prisão automática em razão de sentença
condenatória de primeira instância; II. Inspirado no princípio de que ninguém é
obrigado a produzir provas contra si, o agente pode se recusar a realizar exame
de etilômetro (bafômetro), podendo, porém, o crime ser demonstrado por
outros meios de prova; III. Com base no princípio da irretroatividade da lei
processual penal, uma lei de conteúdo exclusivamente processual penal, em
sendo mais gravosa ao réu, não poderá retroagir para atingir fatos anteriores a
sua entrada em vigor.
Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, está(ão) correta(s),
apenas, as assertivas previstas nos itens
a) I, II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I.
Resolução

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I. Certo: nosso ordenamento jurídico não admite prisão automática, devendo,
portanto, toda segregação de liberdade estar devidamente fundamentada.
II. Certo: em decorrência do princípio de que ninguém é obrigado a produzir
provas contra si, não se pode exigir qualquer comportamento positivo do agente
que resulte em produção de prova contra si, tal como a realização de exame de
etilômetro (bafômetro), participar da reprodução simulada dos fatos, fornecer
material gráfico etc.
III. Errado: a lei processual penal aplica-se imediatamente após sua entrada em
vigor, independente de ser mais benéfica ou gravosa ao réu. Trata-se do
princípio da imediatidade da lei processual penal.
Gabarito 8: B

9. (FGV/TJ-SC/Oficial de Justiça e Avaliador/2018)


Após a prisão em flagrante de Tício pelo crime de tráfico de drogas, já que ele
teria sido encontrado enquanto trazia consigo grande quantidade de drogas, os
policiais militares incentivaram o preso, algemado, no interior da viatura policial,
sem assegurar o direito ao silêncio, a confessar os fatos. Diante do incentivo, o
preso confirmou seu envolvimento com a associação criminosa que dominava o
tráfico da localidade, sendo a declaração filmada pelos policiais sem que Tício
tivesse conhecimento.

Após denúncia, o Ministério Público acostou ao procedimento o vídeo da


filmagem do celular realizada pelos policiais. Durante a instrução, Tício alegou
que o material entorpecente era destinado ao seu uso.

Diante da situação narrada, o vídeo com a filmagem do celular do policial deve


ser considerado prova:
a) ilícita, gerando como consequência a substituição do juiz que teve acesso a
ela, não sendo necessário, porém, que seja desentranhada dos autos;
b) lícita, sendo a confissão a rainha das provas, de modo que deverá prevalecer
sobre os demais elementos probatórios produzidos durante a instrução;
c) ilícita, devendo ser desentranhada do processo, apesar de os atos anteriores
da prisão em flagrante serem considerados válidos;
d) lícita, mas caberá ao juiz responsável pela sentença atribuir o valor que
entenda adequado a essa prova;
e) ilícita, gerando o reconhecimento da invalidade da prisão em flagrante como
um todo.
Resolução

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a) Errada: a prova é ilícita e deverá ser desentranhada dos autos, contudo não
é causa de impedimento do juiz que teve acesso a ela.
b) Errada: a prova é ilícita. A confissão não prevalece em relação às demais
provas, devendo todo o conjunto probatório ser avaliado pelo magistrado para
proferir sua decisão, a qual deverá ser devidamente fundamentada.
c) Certo: a gravação é ilícita, devendo ser desentranhada do processo, nos
termos do art. 5º, LVI, da Constituição Federal, c/c art. 157, caput, do CPP. Os
atos anteriores da prisão em flagrante, por não serem decorrentes da prova
ilícita, são considerados válidos.
d) Errado: sendo a prova ilícita, não poderá ser utilizada para fundamentar a
decisão judicial.
e) Errado: pelos motivos expostos na alternativa “c”.
Gabarito 9: C

10. (CESPE/TJ-CE/Juiz Substituto/2018)


Acerca dos princípios penais constitucionais e dos direitos fundamentais do
cidadão à luz da CF, julgue os itens a seguir.

I São princípios processuais penais expressos na CF a presunção de não


culpabilidade, o devido processo legal e o direito do suspeito ou indiciado ao
silêncio.
II O direito processual penal compreende o conjunto de normas jurídicas
destinadas a regular o modo, os meios e os órgãos do Estado encarregados do
exercício do jus puniendi.
III A CF determina que o Brasil se submeta à jurisdição do Tribunal Penal
Internacional, porém veda absolutamente a entrega de brasileiro naturalizado
a jurisdição estrangeira.
IV De acordo com o princípio da irretroatividade da lei processual penal, a regra
nova não pode retroagir, mesmo quando eventualmente beneficiar o réu.

Estão certos apenas os itens


a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

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I – Certo: o princípio da presunção de não culpabilidade, também denominado
de princípio da presunção de inocência, está expresso no art. 5º, LVII, da CF; o
devido processo legal, no inc. LIV do referido artigo; enquanto o direito do
suspeito ou indiciado ao silêncio está assegurado no inc. LXIII.
II – Certo: o direito processual penal é o instrumento por meio do qual o estado
exerce o jus puniendi, o qual regula a fase investigatória e processual da
persecução penal.
III – Errado: a submissão do Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional
(TPI) está expressamente admitida no art. 5º, § 4º, da Constituição Federal.
Em razão disso, pode haver a entrega de brasileiro, nato ou naturalizado, para
ser submetido à julgamento perante aquele Tribunal. O instituto da entrega é
diferente da extradição, porquanto nesta a pessoa é submetida à jurisdição de
outro Estado e não do TPI.
A CF, em seu art. 5º, LI, traz vedação absoluta apenas à extradição do brasileiro
nato, possibilitando a extradição do brasileiro naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
IV – Errado: vige no direito processual penal o princípio da imediatidade,
segundo o qual a norma penal é aplicada desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. O princípio da irretroatividade
refere-se às normas penais (materiais).
Gabarito 10: A

11. (FCC/PC-AP/Oficial de Polícia Civil/2017)


Considere as seguintes situações:
I. Provas de autoria de crime hediondo obtidas mediante interceptação
telefônica determinada por Delegado de Polícia.
II. Provas de prática de crime obtidas mediante cumprimento, durante o dia, de
mandado judicial de busca e apreensão de documentos, executado pela Polícia
Civil, no domicílio de parente do autor do crime.
III. Provas de prática de crime obtidas no âmbito de investigação penal,
mediante quebra de sigilo bancário determinada por ordem judicial.

Consideram-se provas ILÍCITAS, inadmissíveis no processo, as referidas


APENAS em
a) I.
b) I e II.

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c) II e III.
d) II.
e) III.
Resolução
I. Errado: a interceptação telefônica está sujeita à reserva de jurisdição, nos
termos do art. 5º, XII, da CF, ou seja, só pode ser realizada com autorização
judicial, sendo ilícita a interceptação telefônica determinada por Delegado de
Polícia.
II. Certo: o cumprimento, durante o dia, de mandado de busca e apreensão
expedido pelo juiz, está em conformidade com o art. 5º, XI, da Constituição
Federal.
III. Certo: a quebra de sigilo bancário só pode ser realizada mediante prévia
ordem judicial, cuja proteção é decorrência da interpretação dos incisos X e XII
do art. 5º da Constituição Federal.
Gabarito 11: C

12. (CESPE/PC-MA/Escrivão de Polícia Civil/2018)


A disposição constitucional que assegura ao preso o direito ao silêncio
consubstancia o princípio da
a) inexigibilidade de autoincriminação.
b) verdade real.
c) indisponibilidade.
d) oralidade.
e) cooperação processual.
Resolução
O inciso LXIV do art. 5º da Constituição Federal estabelece que “o preso será
informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado”. Tal dispositivo não garante
apenas o direito ao silêncio, mas traz uma garantia ainda mais ampla, que
espelha o princípio da não-autoincriminação (nemo tenetur se detegere), de
não produção de prova contra si.
Gabarito 12: A

13. (CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia Civil/2018)


O MP de determinado estado ofereceu denúncia contra um indivíduo,
imputando-lhe a prática de roubo qualificado, mas a defesa do acusado negou

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a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do feito constatou a insuficiência de
provas capazes de justificar a condenação do acusado.

Nessa situação hipotética, para fundamentar a decisão absolutória, o juízo


deveria aplicar o princípio do
a) estado de inocência.
b) contraditório.
c) promotor natural.
d) ne eatjudex ultra petita partium.
e) favor rei.
Resolução
Como decorrência do princípio da presunção de inocência (de não-culpa, do
estado de inocência) o réu não tem o dever de provar sua inocência, cabendo
ao acusador provar sua culpa. Assim, para fundamentar uma condenação, o juiz
deve ter certeza que o acusado foi o autor do fato, militando em favor deste o
princípio in dubio pro reo.
Gabarito 13: A

14. (CESPE/STJ/Analista Judiciário/Of. de Justiça Avaliar


Federal/2018)
Com relação à aplicação e à eficácia temporal da lei processual penal, julgue o
item subsequente.

O Código de Processo Penal será aplicado a todas as ações penais e correlatas


que tiverem curso no território nacional, nelas inclusas as destinadas a apurar
crime de responsabilidade cometido pelo presidente da República.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
A aplicação do princípio da territorialidade é excepcionada pelo Inc. II do art. 1º
do CPP, quando se tratar das prerrogativas constitucionais do Presidente da
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente
da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
responsabilidade.
Gabarito 14: ERRADO

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15. (CESPE/STJ/ Of. de Justiça Avaliar Federal/2018)
Com relação à aplicação e à eficácia temporal da lei processual penal, julgue o
item subsequente.

Uma nova norma processual penal terá aplicação imediata somente aos fatos
criminosos ocorridos após o início de sua vigência.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
A norma processual penal tem aplicação imediata, mesmo quando se tratar de
processo para apurar a prática de crime ocorrido antes do início de sua vigência,
conforme princípio do tempus regit actum, contido no art. 2º do CPP.
Gabarito 15: ERRADO

16. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência – Área 2/2018)


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.

A lei processual penal vigente à época em que a ação penal estiver em curso
será aplicada em detrimento da lei em vigor durante a ocorrência do fato que
tiver dado origem à ação penal.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
O enunciado está em conformidade com o disposto no art. 2º do CPP,
porquanto, em relação à lei processual no tempo, aplica-se o princípio do
tempus regit actum, segundo o qual a lei a ser aplicável é aquela vigente no
momento da prática do ato processual, mesmo que o processo se refira a crime
praticado durante a vigência da anterior norma processual.
Gabarito 16: CERTO

17. (CESPE/TRF/1ª REGIÃO/Técnico Judiciário/Área Adm./2017)


A respeito dos direitos do acusado, julgue o item seguinte.
A não comunicação ao acusado de seu direito de permanecer em silêncio é causa
de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do
prejuízo.

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( ) Certo
( ) Errado
Resolução
A não comunicação ao acusado de seu direito de permanecer em silêncio é causa
de nulidade relativa, conforme entendimento do STF (RHC 67.730/PE) e do STJ
(RHC 61754 - MS). Nessa hipótese, o reconhecimento da nulidade requer
comprovação do prejuízo.
Gabarito 17: CERTO

18. (CESPE/TRF/1ª REGIÃO/Técnico Judiciário/Área Admin./2017)


Acerca dos princípios que regem o processo penal brasileiro, julgue o item
subsequente.

Juiz que se utilizar do silêncio do acusado para formar seu próprio


convencimento não incorrerá em ofensa ao princípio processual penal da não
autoincriminação, ainda que a opção do acusado por abster-se de falar não
constitua confissão.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
A Constituição Federal, em seu art. 5º, LXIII, dispõe acerca do direito ao
silêncio, que não se limita ao preso, mas também a todos aqueles que podem
ocupar o pólo passivo na persecução penal. Assim sendo, o silêncio do acusado
não poderá ser utilizado em seu desfavor, conforme estabelece o art. 186,
parágrafo único, do CPP, segundo o qual “o silêncio, que não importará em
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa”.
Gabarito 18: ERRADO

19. (CESPE/ ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)


Com relação à licitude de provas e a aspectos relativos a prisão, liberdade
provisória e fiança, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Pretendendo reunir provas para obter vantagens de uma
colaboração premiada, Cláudio, partícipe, junto com Flávio, de organização
criminosa, gravou conversas entre ambos, sem que este tivesse conhecimento
das gravações. Assertiva: Nessa situação, as gravações não poderão ser
usadas como prova em ação penal, porque são provas ilícitas.
( ) Certo

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( ) Errado
Resolução
A situação narrada refere-se à denominada gravação telefônica, que é realizada
por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro. Tal modalidade, ao
contrário da interceptação telefônica, não exige prévia autorização judicial (art.
5º, XII, da CF), sendo, portanto, lícita a prova em questão.
Gabarito 19: ERRADO

20. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.

O Código de Processo Penal, a jurisprudência e os princípios gerais do direito


são considerados fontes formais diretas do direito processual penal.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
São fontesformais imediatas do direito processual penal a Constituição Federal,
as leis ordinárias e complementares, os tratados, convenções e regras de direito
internacional. São consideradas, ainda, fontes formais imediatas as súmulas
vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal.
A analogia, os costumes e os princípios gerais de direito são fontes formais
mediatas.
Gabarito 20: ERRADO

21. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.
A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são
características marcantes do sistema processual acusatório.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
O sistema acusatório é caracterizado essencialmente pela separação entre as
funções de acusar, julgar e defender, o que garante a imparcialidade do
magistrado.

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Trata-se de um processo onde há bilateralidade, ou seja, as partes encontram-
se em polos distintos, sendo-lhes assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Ao contrário do sistema inquisitivo, cujo sigilo era uma das marcas, no sistema
acusatório adota-se, como regra, a publicidade.
Gabarito 21: CERTO

22. (CESPE/STM/Analista Judiciário/Área Judiciária/2018)


A respeito dos princípios constitucionais e gerais do direito processual penal,
julgue o item a seguir.

A lei não poderá restringir a divulgação de nenhum ato processual penal, sob
pena de ferir o princípio da publicidade.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
Os atos processuais penais, em regra, são públicos, contudo a Constituição, em
seu art. 5º, LX, dispõe que “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
Gabarito 22: ERRADO

23. (CESPE/STM/Analista Judiciário/Área Judiciária/2018)


A respeito dos princípios constitucionais e gerais do direito processual penal,
julgue o item a seguir.

A despeito do princípio constitucional da vedação às provas ilícitas, o juiz poderá


considerar uma prova ilícita em qualquer situação, desde que se convença de
sua importância para a condenação do réu.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
As provas ilícitas não poderão ser utilizadas para formar o convencimento do
juiz, devendo, portanto, ser desentranhadas do processo, em decorrência do
disposto no art. 5º, LVI, da Constituição Federal c/c art. 157, caput, do CPP.
Gabarito 23: ERRADO

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24. ( VUNESP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2014)
A respeito do direito ao silêncio do acusado no inquérito policial, é correto
afirmar que
a) não importará em confissão, mas em presunção de culpabilidade.
b) importará em confissão.
c) importará em confissão, exceto se o acusado manifestar o direito
constitucional de somente falar em juízo.
d) não importará em confissão, entretanto, poderá constituir elemento para
formação do convencimento do juiz em eventual processo penal.
e) não importará em confissão.
Resolução
O direito ao silêncio, insculpido no art. 5º, LXIII, da CF, é assegurado ao preso,
ao investigado, ao acusado etc. O exercício de tal direito não pode ser utilizado
contra o cidadão, aplicando-se, por analogia, na fase de investigação o disposto
no art. 186, parágrafo único, do CPP, não importando, portanto, em confissão
e não podendo ser utilizado para formação do convencimento do juiz.
Gabarito 24: E

25. ( VUNESP/ PC-SP/Escrivão de Polícia Civil/2013)


Analise as seguintes afirmativas e classifique cada uma como falsa (F) ou
verdadeira (V).
( ) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.
( ) Conceder-se-á mandado de segurança sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
( ) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial.
( ) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.
Assinale a alternativa que corresponde à classificação correta das afirmativas
em ordem de apresentação.
a) F, F, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
d) V, F, F, V.

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e) F, V, F, V.
Resolução
V – Conforme art. 5º, LXII, da CF: a prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
do preso ou à pessoa por ele indicada;
F- nessa hipótese o remédio cabível é o habeas corpus e não o mandado de
segurança.
Art. 5º
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;

V – , nos termos do art. 5º, inc. LXIV, da CF.


LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial

V - em conformidade com o art. 5º, inc. LXVI, da Constituição Federal


LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Gabarito 25: B

26. ( VUNESP/ SAP-SP/Analista Administrativo/2011)


A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos, insculpidos na
Constituição da República, pode-se afirmar que
a) ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.
b) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de livre-arbítrio.
c) ninguém será considerado culpado até a publicação de sentença penal
condenatória de 1.º grau.
d) ninguém será preso por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente.
e) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei não admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.

Resolução

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a) Certo: trata-se do princípio do juiz natural, com previsto no art. 5º, LII, da
CF.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
.b) Errado: nos termos do art. 5º, inc. II, da CF: “ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”; (grifei)
c) Errado: nos termos do art. 5º, inc. LVII, da CF: “ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;”
d) Errado: salvo a hipótese de prisão em flagrante delito, de transgressão
militar ou de crime propriamente militar, qualquer outra prisão deve ser por
ordem fundamentada da autoridade judiciária competente;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
e) Errado: nos termos do art. 5º, inc. LXVI, da CF, “ninguém será levado à
prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança”;
Gabarito 26: A

27. ( VUNESP/ TJ-SP/Juiz/2013)


A exceção de incompetência constitui meio processual assecuratório da
observância do princípio do(a)
a) oficialidade.
b) juiz natural.
c) publicidade.
d) persuasão racional.
Resolução
A exceção de incompetência de juízo, também conhecida como declinatória fori,
está regulamentada nos artigos 108 e 109 do Código de Processo Penal. Aplica-
se quando o órgão julgador não for competente para conhecer e julgar
determinado fato.
A exceção de incompetência é cabível quando o juízo da causa não for aquele
que, pelas regras processuais não for competente, buscando-se, assim, garantir
a observância do princípio do juiz natural, consagrado no art. 5º, inc. LIII, da
Constituição Federal.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;

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Gabarito 27: B

28. ( VUNESP/ TJ-RJ/Juiz/2013)


A doutrina é unânime ao apontar que os princípios constitucionais, em especial
os relacionados ao processo penal, além de revelar o modelo de Estado
escolhido pelos cidadãos, servem como meios de proteção da dignidade
humana. Referidos princípios podem se apresentar de forma explícita ou
implícita, sem diferença quanto ao grau de importância. São princípios
constitucionais explícitos:
a) juiz natural, vedação das provas ilícitas e promotor natural.
b) devido processo legal, contraditório e duplo grau de jurisdição.
c) ampla defesa, estado de inocência e verdade real.
d) contraditório, juiz natural e soberania dos veredictos do Júri.
Resolução
a) Errado: o princípio do juiz natural está previsto no inc. LIII, enquanto a
vedação das provas ilícitas está consagrada no inciso LVI, ambos do art. 5º da
CF. No entanto, o princípio do promotor natural não encontra previsão expressa
na Carta Magna.
b) Errado: o devido processo legal está previsto no inciso LIV e o princípio do
contraditório está expresso no inc. LV. O duplo grau de jurisdição não encontra
previsão expressa na CF, estando consagrado no art. 8º, h, da Convenção
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).
c) Errado: o princípio da ampla defesa está insculpido no inc. LV. A presunção
de inocência está declarada no inc. LVII. Não há previsão na CF acerca do
princípio da verdade real.
d) Certo: conforme inc. LV; LIII e XXXVIII, c; todos do art. 5º da Constituição
Federal.
Gabarito 28: D

29. ( VUNESP/ TJ-MS/Juiz Substituto/2015)


Com relação ao Princípio Constitucional da Publicidade, com correspondência no
Código de Processo Penal, é correto afirmar que
a) a publicidade ampla e a publicidade restrita não constituem regras de maior
ou menor valor no processo penal, cabendo ao poder discricionário do juiz a
preservação da intimidade dos sujeitos processuais.
b) a publicidade restrita tem regramento pela legislação infraconstitucional e
não foi recepcionada pela Constituição Federal, que normatiza a publicidade
ampla dos atos processuais como garantia absoluta do indivíduo.

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c) de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, com nova
redação dada pela EC 45/2004, os atos processuais serão públicos, sob pena de
nulidade, cabendo ao juiz limitar a presença, nas audiências, de partes e
advogados.
d) a publicidade restrita é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.
e) a publicidade ampla é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade restrita é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.
Resolução
A regra constitucional insculpida no art. 93, IX, da Constituição Federal é a da
publicidade ampla, pois todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Essa
regra, contudo, não é absoluta, comportando exceções previstas no próprio
dispositivo citado.
Segundo o artigo em comento, a lei poderá limitar a presença, em determinados
atos, às próprias partes e a seus advogados, desde que a preservação do direito
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação. Percebe-se, portanto, que a própria Constituição Federal,
excepcionalmente, admite a publicidade restrita, que será estabelecida, em
cada caso concreto, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá


sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e


fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Gabarito 29: E

30. ( VUNESP/ TJ-PA/Juiz de Direito Substituto/2014)


Em matéria processual penal, o duplo grau de jurisdição
a) não é previsto expressamente pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, mas é pela CR/88.
b) não é previsto expressamente pela CR/88, mas é pela Convenção Americana
de Direitos Humanos

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c) não é previsto expressamente nem pela CR/88 nem pela Convenção
Americana de Direitos Humanos.
d) é direito fundamental previsto expressamente tanto pela CR/88 quanto pela
Convenção Americana de Direitos Humanos.
e) é garantia fundamental prevista expressamente tanto pela CR/88 quanto
pela Convenção Americana de Direitos Humanos.
Resolução
O duplo grau de jurisdição não tem previsão expressa na Constituição Federal,
contudo, segundo a doutrina, a estruturação do Poder Judiciário, composto por
juízes de primeiro grau e por tribunais, revela que nossa Carta Magna,
implicitamente, adotou-o.
O duplo grau de jurisdição é previsto expressamente no art. 8º, h, da Convenção
Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica).
Gabarito 30: B

31. (PC-SP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2012)


São sistemas que buscam resolver a questão da sucessão de leis processuais
no tempo:
a) o da supremacia do direito de defesa; o das fases do processo; o da
sistematização processual
b) o da complexidade do processo; o do isolamento dos atos processuais; o da
garantia dá defesa.
c) o da unidade processual; o das fases processuais; o do isolamento dos atos
processuais.
d) o da sistematização processual; o do isolamento dos atos processuais; o da
economia processual
e) o das fases do processo; o da intangibilidade do direito e defesa; o da
supremacia dos atos praticados.
Resolução:
Há três sistemas que se referem a aplicação da lei processual penal, são eles:
sistema da unidade processual, que entende que o processo apresenta uma
unidade, portanto apenas uma lei deveria incidir sobre ele. O sistema das
fases processuais, segundo o qual cada fase processual pode ser regulada por
uma lei diferente. Por fim, o Sistema do isolamento dos atos processuais,
para o qual deve haver a aplicação da nova lei aos atos processuais praticados
após o início de sua vigência. O sistema adotado no CPP é o sistema do
isolamento dos atos.
Gabarito 31: C

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32. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o
a) inquisitivo formal.
b) acusatório formal.
c) inquisitivo.
d) inquisitivo unificador.
e) acusatório.
Resolução
Nosso Direito adotou o sistema acusatório, porquanto a Constituição Federal de
1988 separou as funções de acusador e de julgador, sendo a primeira exercida
pelo Ministério Público, nas ações penais públicas, e a segunda ficando a cargo
do magistrado.
Gabarito 32: E

33. (FGV/TJ-AM/Juiz/ 2013)


Sobre a aplicação da Lei Processual Penal, é correto afirmar que;
a) no Brasil, adota-se integralmente o princípio da irretroatividade da lei
processual penal, que impede que as inovações na norma processual penal
sejam aplicadas de imediato para fatos praticados antes de sua entrada em
vigor.
b) ela admitirá interpretação extensiva e o suplemento de princípios gerais do
direito, mas não a aplicação analógica.
c) o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de
Processo Penal, não havendo qualquer ressalva prevista neste diploma.
d) as normas previstas no Código de Processo Penal de natureza híbrida, ou
seja, com conteúdo de direito processual e de direito material, devem respeitar
o princípio que veda a aplicação retroativa da lei penal, quando seu conteúdo
for prejudicial ao réu.
e) ela admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, mas não o
suplemento dos princípios gerais do direito
Resolução:
a) Errado: no que tange à aplicação da lei processual penal no tempo, o princípio
aplicado é o do tempus regit actum, ou princípio da aplicação imediata. Não
importa se a nova lei processual penal traz disposições mais gravosas que a
anterior, ela irá ser aplicada aos atos praticados após sua vigência.

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b) Errado: nos termos do Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito.
c) Errado: admite-se afastamento do princípio da territorialidade nas hipóteses
previstas nos incisos I ao V do art. 1º do Código de Processo Penal.
d) Certo: Há normas que apesar de serem processuais têm reflexos penais,
sendo, portanto, chamadas de normas mistas ou híbridas. Por terem reflexos
no âmbito do Direito Penal, tais normas não devem obedecer ao princípio do
efeito imediato (tempus regit actum), mas sim ao da irretroatividade, se
prejudicial ao réu, ou da retroatividade, se benéfica.
e) Errado: nos termos do Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito.
Gabarito 33: D

34. (FCC/TJ-PE/Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013)


Sobre a aplicação da lei processual penal e a interpretação no processo penal,
é INCORRETO afirmar:
a) A legislação brasileira segue o princípio da territorialidade para a aplicação
das normas processuais penais.
b) O princípio da territorialidade na aplicação da lei processual penal brasileira
pode ser ressalvado por tratados, convenções e regras de direito internacional.
c) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
d) A norma processual penal mista constitui exceção à regra da irretroatividade
da lei processual penal.
e) No processo penal, assim como no direito penal, é sempre admitida a
interpretação extensiva e aplicação analógica das normas.
Resolução:
a) Correta: conforme art. 1º, caput, do Código de Processo Penal.
b) Correta: tais ressalvas estão previstas no art. 1º, inc. I, do CPP.
c) Correta: Conforme dispõe o art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior. A parte grifada expressa que os atos praticados anteriormente
continuam válidos, não sendo afetados pela nova lei processual.
d) Correta: Há normas que apesar de serem processuais têm reflexos penais,
sendo, portanto, chamadas de normas mistas ou híbridas. Por terem reflexos
no âmbito do Direito Penal, tais normas não devem obedecer ao princípio do

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efeito imediato (tempus regit actum), mas sim ao da irretroatividade, se
prejudicial ao réu, ou da retroatividade, se benéfica.
e) Incorreta: no processo penal é sempre admitida a interpretação extensiva e
aplicação analógica das normas, contudo, no Direito Penal a analogia só é
admitida se for em benefício do réu, não havendo possibilidade de aplicação
analógica in malam partem.
Gabarito 34: E

35. (FCC/ TJ-AP/Analista Judiciário - Área Judiciária e Administ./2014)


Em relação à aplicação da lei processual penal no tempo, é correto afirmar:
a) Aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
b) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
c) O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de
Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/1941).
d) A lei processual penal excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram,
aplica- se ao processo iniciado durante sua vigência.
e) A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
Resolução:
O assunto da questão insere-se no estudo da lei processual penal no tempo, no
espaço, em relação às pessoas e, também, sobre interpretação extensiva e
aplicação analógica, tópicos abordados nesse material.
O enunciado da questão pede a indicação da alternativa correta quanto “a lei
processual penal no tempo”, ou seja, restringiu o assunto cobrado. A partir
disso, podemos analisar cada uma das alternativas.
a) Certo: está em conformidade com o art. 2º do CPP, o qual dispõe acerca da
aplicação da lei processual penal no tempo.
b) Errada: a aplicação imediata da lei processual penal só ocorre nos processos
em andamento, não atingido os processos que já se encerraram, após o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
A alternativa retrata a regra do art. 2º do Código Penal, contudo estamos
resolvendo uma questão de Direito Processual Penal, e isso ficou claro no
enunciado da questão. É importante o aluno estar atento a isso, pois
constantemente o examinador “apronta” uma dessas.

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c) Errada: essa alternativa está em conformidade com o art. 1º do CPP, contudo
refere-se à aplicação da lei processual penal no espaço, e não no tempo como
pede o enunciado.
d) Errada: o examinador tenta confundir o candidato misturando assuntos de
Direito Processual Penal com Direito Penal. A excepcionalidade ou
temporariedade se refere à lei penal, não à lei processual penal, conforme art.
3º do Código Penal.
e) Errada: a alternativa está em conformidade com o art. 3º do CPP, mas não
se refere à aplicação da lei processual penal no tempo.
Gabarito 35: A

36. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


A lei processual penal
a) tem aplicação imediata, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência de
lei anterior.
b) somente pode ser aplicada a processos iniciados sob sua vigência.
c) tem aplicação imediata, devendo ser declarados inválidos os atos praticados
sob a vigência de lei anterior.
d) tem aplicação imediata, devendo ser renovados os atos praticados sob a
vigência da lei anterior.
e) é retroativa aos atos praticados sob a vigência de lei anterior.
Resolução:
A questão está cobrando conhecimento do aluno sobre a aplicação da lei
processual penal no tempo, conforme estudamos. Analisemos cada uma das
alternativas.
a) Certa: nos termos do art. 2º do Código de Processo Penal.
b) Errada: vimos que a lei processual penal aplica-se aos atos praticados a
partir de sua vigência, mesmo que se refira a fatos (crimes ou contravenções)
ocorridos antes de sua entrada em vigor.
c) Errada: a aplicação da lei processual é imediata, mas não invalida os atos já
praticados, ou seja é só anda para frente, não retroage.
d) Errada: por não atingir os atos já praticados, estes continuam válidos, não
havendo necessidade de serem renovados, conforme art. 2º do CPP.
e) Errada: conforme já explicamos nas alternativas anteriores.
Gabarito 36: A

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37. (PC-SP/PC-SP/Delegado de Polícia/2012)
Historicamente, o processo penal acusatório distinguia-se do inquisitório porque
enquanto o primeiro era
a) escrito e público, o segundo era oral e sigiloso.
b) escrito e sigiloso, o segundo era oral e público.
c) misto (oral e escrito), o segundo era exclusivamente oral.
d) oral e público, o segundo era escrito e sigiloso.
e) oral e sigiloso, o segunde era escrito e público.
Resolução
O sistema acusatório destaca-se pela separação das funções de acusar e julgar,
além da igualdade entre a acusação e a defesa. O sistema acusatório tem como
marca, ainda, a oralidade, a publicidade e a observância do princípio da
presunção de inocência.
Já no sistema inquisitivo o juiz concentra as funções de acusador e julgador. O
procedimento é escrito e sigiloso, no qual o acusado ocupa posição de mero
objeto da investigação.
Gabarito 37: D

38. ( VUNESP/ MPE-ES/Promotor de Justiça/2013)


Considerando a doutrina prevalente no direito brasileiro e a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa correta a respeito da
inviolabilidade do domicílio.
a) Não configura violação de domicílio a simples entrada, sem autorização do
morador, de funcionários de concessionárias de serviços públicos para leitura
de registros de água ou de luz localizados dentro da casa.
b) A ordem judicial para penetração no domicílio pode ser de cunho geral, para
abranger num único mandado ordem para revistar várias casas de um
logradouro ou vila.
c) Será considerada ilícita e contaminada a prova obtida por particular em
desafio à inviolabilidade do domicílio, ainda que a invasão não tenha sido
praticada por agentes do poder público.
d) Consideram-se abrangidas pela inviolabidade domiciliar as partes abertas às
pessoas em geral em bares e restaurantes.
e) A proteção constitucional do domicílio abrange toda habitação privada de
uso individual ou familiar, excluindo-se, porém, as habitações de uso coletivo
sem caráter definitivo ou habitual
Resolução

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a) Errado: as hipóteses de entrada na casa sem permissão do morador estão
taxativamente previstas no art. 5º, inc. XI, da Constituição Federal, razão pela
qual o funcionário da concessionária de serviços públicos necessita da
autorização do morador para adentrar a casa.
b) Errado: o denominado “mandado de busca coletiva” ofende o art. 243, inc.
I, do Código de Processo Penal, por não precisar a casa onde a diligência deverá
ser realizada.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca
pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer
expedir.
c) Certo: a inviolabilidade do domicílio deve ser observada não só pelos agentes
públicos, mas também por qualquer um do povo. Assim sendo, a descoberta de
prova em virtude do ingresso clandestino na residência é ilícita.
d) Errado: a inviolabilidade domiciliar se restringe aos locais não abertos à
pessoas em geral, tais como cozinha de um restaurante, escritório de uma boate
etc.
e) Errado: O conceito de casa para o fim a que se refere o artigo 5º, XI, da
Constituição, compreende qualquer compartimento habitado, permanente ou
temporariamente, e qualquer aposento coletivo como, por exemplo, os quartos
de hotel, pensão, motel e hospedaria ou, ainda, qualquer outro local privado
não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
CPP:
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver
de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém
exercer profissão ou atividade.
Gabarito 38: C

39. ( VUNESP/ TJ-PA/Juiz de Direito Substituto/2014)


O texto constitucional, em seu art. 5.º, caput, prevê expressamente valores ou
direitos fundamentais ao ditar literalmente que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito.
a) à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

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b) à vida, à liberdade, à segurança, à intimidade e à dignidade.
c) à vida, à dignidade, à intimidade e à igualdade.
d) à vida, à liberdade, à fraternidade, à dignidade.
e) à vida, à liberdade e à intimidade.
Resolução
A alternativa “a” está em conformidade com o disposto no art. 5º, caput, da
Constituição Federal. As demais alternativas incluem direitos que não estão
expressos no referido dispositivo, tais como a intimidade (previsto no art. X do
art. 5º), a dignidade e a fraternidade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.
Gabarito 39: A

40. ( VUNESP/ PC-SP/Oficial Administrativo/2014)


Perseu, oficial de justiça, foi cumprir mandado de busca e apreensão na
residência de Hércules. Tendo chegado à casa de Hércules às 20 horas para
cumprir a ordem judicial, este não permitiu que Perseu entrasse em sua
residência. Considerando esses fatos, bem como o que dispõe a Constituição
Federal sobre a inviolabilidade do domicílio, é correto afirmar que:
a) Perseu não poderia, realmente, adentrar ao domicílio de Hércules naquele
horário, já que o domicílio somente pode ser penetrado, à noite, sem o
consentimento do morador, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro.
b) a negativa de Hércules baseia-se na regra de que o domicílio é
absolutamente inviolável, não podendo ser penetrado, sem o consentimento do
morador, de dia ou de noite, em qualquer hipótese.
c) Hércules não poderia impedir a entrada de Perseu em sua casa naquele
horário, tendo em vista que este estava de posse de um mandado judicial.
d) a Constituição não autoriza que o domicílio seja penetrado, sem o
consentimento do morador, para cumprir uma ordem judicial, seja de noite ou
de dia.
e) Perseu poderia, legalmente, adentrar na residência de Hércules, ainda que
sem o seu consentimento, para cumprir o mandado judicial naquele horário.
Resolução

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a) Certo: a alternativa está em conformidade com o disposto no art. 5º, inc.
XI, da CF, porquanto a entrada na casa por ordem judicial só é permitida
durante o dia.
Art. 5º da CF
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
b) Errado: a inviolabilidade do domicílio não é absoluta, porquanto o art. 5º,
inc. XI, traz as hipóteses em que a entrada na casa pode ocorrer sem
autorização do morador.
c) Errado: o cumprimento de mandado judicial só autoriza a entrada na casa
durante o dia.
d) Errado: conforme já exposto nas alternativas anteriores.
e) Errado: conforme já exposto anteriormente.
Gabarito 40: A

41. ( VUNESP/ TJ-SP/Titular de Serviços de Notas e de Registros -


Remoção/2014)
A Constituição Federal protege a casa do indivíduo, considerando-a asilo
inviolável, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador.
Tal afirmação está:
a) totalmente correta
b) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial
c) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante relacionado a crime
hediondo ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.
d) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, inclusive durante a noite, por determinação judicial.

Resolução
A entrada na casa só é permitida nas seguintes hipóteses, conforme art. 5º, inc.
XI, da Constituição Federal.
1 – com o consentimento do morador, em qualquer horário do dia ou da noite.

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2 – em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, em qualquer
horário do dia ou da noite.
3 – por determinação judicial, durante o dia.

Art. 5º da CF
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Assim sendo, a afirmativa está parcialmente correta, visto que a própria


Constituição Federal prevê as seguintes exceções a essa regra: hipóteses de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.
Gabarito 41: B

42. ( VUNESP/ PRODEST-ES/Analista Organizacional - Ciências


Jurídicas/2014)
Segundo a Constituição Federal, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
a) para prestar socorro no caso de desastre, ou durante o dia ou à noite, para
cumprimento de ordem judicial.
b) em caso de flagrante delito, para prestar socorro durante o dia, ou à noite
por determinação judicial.
c) por autorização judicial, ou por ordem do Promotor de Justiça, durante o dia
ou à noite.
d) para cumprimento de ordem judicial, policial ou do Promotor de Justiça e
para prestar socorro, durante o dia ou à noite.
e) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial.
Resolução
A entrada na casa só é permitida nas seguintes hipóteses, conforme art. 5º, inc.
XI, da Constituição Federal:
1 – com o consentimento do morador, em qualquer horário do dia ou da noite.
2 – em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, em qualquer
horário do dia ou da noite.
3 – por determinação judicial, durante o dia.

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Art. 5º da CF
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

A entrada na casa, sem permissão do morador, só será possível em caso de


flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, bem como, durante o dia, por
ordem judicial, não havendo possibilidade de entrada por determinação do
Promotor de Justiça, da autoridade policial, de Comissão Parlamentar de
Inquérito etc.
Gabarito 42: E

43. ( VUNESP/ PC-SP/Atendente de Necrotério Policial/2014)


Estado Democrático de Direito é um sistema institucional
a) em que o poder político não possui limites previstos em lei.
b) em que há previsão e proteção aos direitos fundamentais.
c) em que é necessário que as leis sejam em forma de código.
d) que independe do respeito à dignidade da pessoa humana.
e) em que votam somente as pessoas que possuem nível superior.

Resolução
O Estado Democrático de Direito é um sistema institucional em que o poder
político encontra limites tanto na lei quanto na Constituição. Assim, a ação do
poder público não é ilimitada, razão pela qual deve, em observância à dignidade
da pessoa humana, observar os direitos fundamentais.
a) Errado: uma das características do Estado Democrático de Direito é a
limitação legal e constitucional da atuação do poder político.
b) Certo: a previsão e proteção aos direitos fundamentais é uma das
características do Estado Democrático de Direito, onde o poder público não é
ilimitado.
c) Errado: a codificação é apenas uma opção legislativa, que não é obrigatória.
d) Errado: o respeito à dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil.
e) Errado: no Estado Democrático de Direito a democracia é um dos
fundamentos, sendo a ampla participação popular, inclusive por meio do voto

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universal, uma de suas marcas, não havendo, portanto, limitação em razão do
grau de escolaridade.
Gabarito 43: B

44. ( VUNESP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


Quanto às garantias constitucionais e à privação da liberdade, assinale a
alternativa correta.
a) Conceder-se-á habeas corpus sempre que a lei admitir a liberdade
provisória.
b) O preso será informado de seus direitos, dentre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a remoção para estabelecimento perto de sua
família.
c) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial, exceto nos crimes inafiançáveis.
d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
no primeiro dia útil ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.
e) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.
Resolução
a) Errado: o habeas corpus não se restringe às hipóteses em que é possível a
liberdade provisória, mas, nos termos do art. 5º, inc. LXVIII, da Constituição
Federal, será cabível sempre que estiver em jogo, devido a ilegalidade ou abuso
de poder, a liberdade de locomoção.
Art. 5º
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
b) Errado: a parte final da alternativa está errada, porquanto a remoção para
estabelecimento perto de sua família não é uma garantia constitucional.
c) Errado: em todas as hipóteses de prisão, o preso tem o direito à identificação
dos responsáveis por sua prisão, nos termos do art. 5º, inc. LXIV, da CF.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial
d) Errado: a comunicação, nos termos do art. 5º, inc. LXII, da CF, será
comunicada imediatamente.

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LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
e) Certo: em conformidade com o art. 5º, inc. LXVI, da Constituição Federal
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Gabarito 44: E

45. ( VUNESP/ SAP-SP/Analista Administrativo/2011)


Assinale a alternativa correta, a respeito da inviolabilidade de domicílio, no
direito brasileiro.
a) Só se pode adentrar a casa de alguém com o seu consentimento, durante o
dia ou à noite.
b) Pode-se adentrar a casa de alguém, em caso de flagrante delito, apenas
durante o dia.
c) Pode-se adentrar a casa de alguém, mediante determinação judicial, durante
o dia ou à noite.
d) Não se pode adentrar a casa de alguém, durante o dia ou à noite, em caso
de desastre ou para prestar socorro, sem o consentimento do morador.
e) Pode-se adentrar a casa de alguém, mediante determinação judicial, durante
o dia.
Resolução
A entrada na casa só é permitida nas seguintes hipóteses, conforme art. 5º, inc.
XI, da Constituição Federal.
1 – com o consentimento do morador, em qualquer horário do dia ou da noite.
2 – em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, em qualquer
horário do dia ou da noite.
3 – por determinação judicial, durante o dia.
Art. 5º da CF
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
Gabarito 45: E

46. ( VUNESP/ MPE-ES/Promotor de Justiça/2013)

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Segundo o regime constitucional do habeas corpus e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal sobre o tema, é correto afirmar que é cabível
o habeas corpus.
a) com o escopo de obter correção da dosimetria da pena imposta pelo
magistrado
b) em favor de preso com o objetivo de afastar decisão que o impede de receber
visitas de familiares.
c) para discutir confisco criminal de bens do réu
d) com a finalidade de atacar afastamento ou a perda do cargo de juiz federal.
e) contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em
curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Resolução
a) Errado: o Supremo Tribunal Federal tem entendido que "a dosimetria da
pena é questão de mérito da ação penal, estando necessariamente vinculada ao
conjunto fático probatório, não sendo possível às instâncias extraordinárias a
análise de dados fáticos da causa para redimensionar a pena finalmente
aplicada" (HC n. 137.769/SP, Rel.Min. Roberto Barroso, julgado em 24/10/2016
b) Certo: a alternativa está em conformidade com a decisão do STF, exarada
no julgamento do HC 107701.
HABEAS CORPUS. 2. DIREITO DO PACIENTE, PRESO HÁ QUASE 10 ANOS, DE
RECEBER A VISITA DE SEUS DOIS FILHOS E TRÊS ENTEADOS. 3.
COGNOSCIBILIDADE. POSSIBILIDADE. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
ENTENDIDA DE FORMA AMPLA, AFETANDO TODA E QUALQUER MEDIDA DE
AUTORIDADE QUE POSSA EM TESE ACARRETAR CONSTRANGIMENTO DA
LIBERDADE DE IR E VIR. ORDEM CONCEDIDA. 1. COGNOSCIBILIDADE DO
WRIT. A jurisprudência prevalente neste Supremo Tribunal Federal é no sentido
de que não terá seguimento habeas corpus que não afete diretamente a
liberdade de locomoção do paciente. Alargamento do campo de abrangência do
remédio heroico. (...) De fato, é público e notório o total desajuste do sistema
carcerário brasileiro à programação prevista pela Lei de Execução Penal.
Todavia, levando-se em conta a almejada ressocialização e partindo-se da
premissa de que o convício familiar é salutar para a perseguição desse fim, cabe
ao Poder Público propiciar meios para que o apenado possa receber visitas,
inclusive dos filhos e enteados, em ambiente minimamente aceitável, preparado
para tanto e que não coloque em risco a integridade física e psíquica dos
visitantes. 3. (HC 107701, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma,
julgado em 13/09/2011)
c) Errado: a jurisprudência do STF é no sentido de que “HABEAS CORPUS.
TRÁFICO DE DROGAS. CONFISCO DE BEM. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA.
COMPETÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO. PRORROGAÇÕES. 1. O habeas corpus,
garantia de liberdade de locomoção, não se presta para discutir confisco criminal

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de bem. (...)(HC 99619), Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 14/02/2012)
d) Errado: conforme jurisprudência do STF.
Ementa: HABEAS CORPUS. AFASTAMENTO CAUTELAR DO CARGO. AUSÊNCIA
DE ATO LIMITATIVO AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO. 1. Não é cabível a ação de
habeas corpus, cuja finalidade precípua e única é a tutela da liberdade individual
(CF, art. 5º, LXVIII), para questionar o afastamento cautelar do exercício de
cargo público lastreado no art. 29 da LOMAN. 2. Habeas corpus não conhecido.
(HC 126366, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 23/05/2017)
e) Errado: a alternativa contraria a Súmula 693 do STF.
Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena
pecuniária seja a única cominada.
Gabarito 46: B

47. (FCC/MPE-CE/Promotor de Justiça/2011)


O art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris, aos 10 de dezembro de 1948,
consagra que toda pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, de ser
ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial,
para a determinação de seus direitos e obrigações ou para exame de qualquer
acusação contra ela em matéria penal.
O princípio do processo penal que se adequa a essa redação é o
a) do juiz natural.
b) da ampla defesa.
c) do contraditório.
d) do duplo grau de jurisdição.
e) da publicidade.
Resolução
O texto apresentado no enunciado, no trecho “ser ouvida publicamente e com
justiça por um tribunal independente e imparcial” consagra o princípio do juiz
natural. Esse princípio estabelece que a pessoa somente pode ser julgada por
órgão do Poder Judiciário regularmente investido, imparcial e previamente
estabelecido, conforme as regras objetivas de competência anteriores à prática
da infração penal.
A conjugação dos incisos XXXVII e LIII, ambos do art. 5º da CF, revela-nos o
princípio do juiz natural. Trata-se, portanto, de um princípio implícito.

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Há um outro princípio contido na questão, o qual se apresenta no trecho “em
condições de plena igualdade”. Trata-se do princípio da paridade de armas, o
qual não está arrolado entre as alternativas.
Gabarito 47: A

48. (FCC/TJ-PE/Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013)


Direito Processual Penal

NÃO representa direito da pessoa acusada em processo criminal, estatuído no


artigo 5º da Constituição da República:
a) a inviolabilidade de domicílio, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
b) permanecer calada em seu interrogatório policial ou judicial, sendo que o
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa.
c) a inadmissibilidade, no processo, das provas obtidas por meios ilícitos.
d) exercer o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.
e) ter a sua prisão comunicada ao juiz competente e à família do preso ou
pessoa por ele indicada.
Resolução
a) Certo: o inciso XI do art. 5º da Constituição Federal trata da inviolabilidade
do domicílio.
b) Errado: por ser um direito constitucionalmente previsto no art. 5º, inc. LXIII,
em nenhuma hipótese o silêncio será interpretado em prejuízo da defesa. Tal
regra está expressamente consignada no art. 186, parágrafo único, do CPP, o
qual dispõe: “O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa.”
c) Certo: a inadmissibilidade das provas ilícitas no processo está prevista no
art. 5º, inc. LVI, da Constituição Federal.
d) Certo: O princípio do contraditório e o da ampla defesa estão insculpidos no
art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal.
e) Certo: ter sua prisão comunicada ao juiz competente e à família ou pessoa
por ele indicada é uma garantia prevista no art. 5º, inc. LXII, da Constituição
Federal.
Gabarito 48: B

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49. (CESPE/PG-DF/Procurador/2013)
No que se refere à lei processual penal no espaço e no tempo, julgue os itens
que se seguem.
A aplicação do princípio da territorialidade, previsto na lei processual penal
brasileira, poderá ser afastada se, mediante tratado internacional celebrado pelo
Brasil e referendado internamente por decreto, houver disposição que
determine, nos casos que ele indicar, a aplicação de norma diversa.
( ) certo
( ) errado
Resolução:
A resposta da questão está embasada no art. 1º, inc. I, do Código de Processo
Penal. Após a celebração de um tratado internacional, o Presidente da República
encaminha uma mensagem ao Congresso Nacional para ser examinado e, caso
o Poder Legislativo concorde com os termos do tratado, edite um decreto
legislativo referendando-o. Em seguida, o Presidente da República ratifica o
tratado (ou seja, se compromete, junto à comunidade internacional ou ao país
com quem celebrou o ajuste, a cumprir os termos do tratado) e, por fim, publica
um decreto para execução interna. Nessa hipótese, se no tratado houver norma
processual penal, esta prevalecerá em face do CPP.
Gabarito 49: CERTO

50. (CESPE/PG-DF/ Procurador/2013)


No que se refere à lei processual penal no espaço e no tempo, julgue os itens
que se seguem.
A lei processual penal será aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos instrutórios realizados sob a vigência de lei processual anterior, salvo se
esta for, de alguma maneira, mais benéfica ao réu que aquela.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme vimos anteriormente, a lei processual penal é aplicada aos atos
praticados a partir de sua vigência, seja ela mais benéfica ou maléfica ao réu.
Aplica-se, portanto, o princípio tempus regit actum, não havendo, assim, a
retroatividade, pois os atos praticados sob a égide da lei anterior continuam
válidos.
Gabarito 50: ERRADO

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51. (CESPE/AGU/Advogado da União/2009)
A respeito da aplicação da lei penal, dos princípios da legalidade
e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaço, julgue os
seguintes itens.
A lei processual penal não se submete ao princípio da retroatividade in mellius,
devendo ter incidência imediata sobre todos os processos em andamento,
independentemente de o crime haver sido cometido antes ou depois de sua
vigência ou de a inovação ser mais benéfica ou prejudicial.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O princípio da retroatividade in mellius está expresso no art. 2º, parágrafo
único, do Código Penal, segundo o qual “a lei posterior, que de qualquer modo
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por
sentença condenatória transitada em julgado”. Tal princípio tem aplicação no
Direito Penal.
No que tange à aplicação da lei processual penal no tempo, o princípio aplicado
é o do tempus regit actum, ou princípio da aplicação imediata. Não importa se
a nova lei processual penal traz disposições mais gravosas que a anterior, ela
irá ser aplicada aos atos praticados após sua vigência.
Lembrando que as normas hibridas (ou mistas), que são aquelas que trazem
disposições ao mesmo tempo de Direito Processual Penal e de Direito Penal,
obedecem ao princípio da irretroatividade da novatio legis in pejus e da
retroatividade da novatio legis in mellius, conceitos estes estudados em Direito
Penal.
Gabarito 51: CERTO

52. (CESPE/DEPEN/Agente Penitenciário/2013)


Acerca da aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às
pessoas, julgue o item a seguir.
Em regra, a norma processual penal prevista em tratado e(ou) convenção
internacional, cuja vigência tenha sido regularmente admitida no ordenamento
jurídico brasileiro, tem aplicação independentemente do Código de Processo
Penal.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução

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O enunciado este em conformidade com o disposto no art. 1º, inc. I, do Código
de Processo Penal, porquanto os tratados e convenções internacionais,
integradas ao ordenamento jurídico brasileiro, serão aplicados, excepcionando-
se a aplicação do CPP.
Gabarito 52: CERTO

53. (MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça - Matutina/2014)


Analise os enunciados das questões abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.
Segundo o Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
A interpretação extensiva e a aplicação analógica estão expressamente
previstas no art. 3º do Código de Processo Penal.
Gabarito 53: CERTO

54. (CESPE/TJ-DFT/Analista Judiciário - Oficial de Justiça


Avaliador/2013)
As imunidades formais ou processuais estão relacionadas à qualidade do fato
perpetrado pelo agente público detentor de imunidades; por essa razão, no caso
de crimes comuns praticados por essas autoridades, após a diplomação, a
instauração de processo depende de prévia autorização da casa legislativa,
havendo possibilidade de suspensão do processo e do prazo prescricional por
decisão do Senado Federal e da Câmara Federal ou das casas legislativas
estadual e municipal, conforme a autoridade processada.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
A questão aborda o tema da aplicação da lei processual penal em relação às
pessoas, no caso dos parlamentares.
Vimos que as imunidades parlamentares são divididas em imunidade material
(penal, absoluta, inviolabilidade) e imunidades formais (relativa, processuais).
No caso em tela, estamos tratando de imunidade formal, a qual é estabelecida
não apenas em razão do fato praticado, mas, antes de tudo, em razão do
mandato exercido pelo agente. A qualidade do fato é levada em consideração
para analisarmos a imunidade formal quanto à prisão antes do trânsito em

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julgado da sentença condenatória, posto só poder o parlamentar ser preso em
flagrante, por crime inafiançável.
Quanto ao processo, este não depende de autorização da casa legislativa para
se instaurado, apesar de haver a possibilidade de ser suspenso após o
recebimento da denúncia, conforme art. 53, § 3º, da Constituição Federal.
Assim sendo, o enunciado está errado.
Acrescente-se, ainda, que ao contrário dos Deputados Estaduais (art. 27, § 1º,
da Constituição Federal), os vereadores não têm imunidades formais, mas
apenas material, conforme art. 29, VIII, da Constituição Federal, salvo eventual
foro por prerrogativa de função fixado de forma limitada na Constituição
Estadual
Gabarito 54: ERRADO

55. (FUNIVERSA/SEAP-DF/Agente de Ativ. Penitenciárias/2015)


No que se refere ao direito processual penal, julgue o item, segundo o
entendimento dos tribunais superiores e da doutrina dominante.
Em regra, a Lei Processual Penal é aplicada tão logo entra em vigor, afetando,
inclusive, atos já realizados sob a vigência de lei anterior
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
A aplicação da lei processual é imediata, mas não invalida os atos já praticados,
ou seja, é só anda para frente, não retroage.
Conforme dispõe o art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
A parte grifada expressa que os atos praticados anteriormente continuam
válidos, não sendo afetados pela nova lei processual.
Gabarito 55: ERRADO

56. (CESPE/ TJ-AC/Técnico Judiciário - Auxiliar/2012)


Com base na aplicação e interpretação da lei processual, bem como do inquérito
policial, julgue os itens a seguir.
A lei processual penal não admite interpretação extensiva ou aplicação
analógica, mas pode ser suplementada pelos princípios gerais de direito.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução

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Assim como a interpretação extensiva e a aplicação analógica, há previsão
expressa no art. 3º do Código de Processo Penal da suplementação por meio
dos princípios gerais de direito.
Gabarito 56: ERRADO

57. (CESPE/DEPEN/Agente Penitenciário/2013)


Acerca da aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às
pessoas, julgue o item a seguir.
Considere que, diante de uma sentença condenatória e no curso do prazo
recursal, uma nova lei processual penal tenha entrado em vigor, com previsão
de prazo para a interposição do recurso diferente do anterior. Nessa situação,
deverá ser obedecido o prazo estabelecido pela lei anterior, porque o ato
processual já estava em curso.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Se quando da entrada em vigor da nova lei processual, houver prazo em curso,
iniciado sob a égide da lei anterior, não se aplicará o princípio do tempus regit
actum, porquanto o ato já se iniciou e a aplicação da nova regra traria
insegurança jurídica.
Gabarito 57: CERTO

58. (CESPE/MPE-PI/Analista Ministerial - Área Processual/2012)


Julgue os itens seguintes, com base no direito processual penal.
A lei processual penal, no tocante à aplicação da norma no tempo, como regra
geral, é guiada pelo princípio da imediatidade, com plena incidência nos
processos em curso, independentemente de ser mais prejudicial ou benéfica ao
réu, assegurando-se, entretanto, a validade dos atos praticados sob a égide da
legislação anterior.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
No que tange à aplicação da lei processual penal no tempo, o princípio aplicado
é o do tempus regit actum, ou princípio da aplicação imediata. Não importa se
a nova lei processual penal traz disposições mais gravosas que a anterior, ela
irá ser aplicada aos atos praticados após sua vigência.

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A aplicação da lei processual é imediata, mas não invalida os atos já praticados,
ou seja, é só anda para frente, não retroage.
Conforme dispõe o art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
A parte grifada expressa que os atos praticados anteriormente continuam
válidos, não sendo afetados pela nova lei processual.
Gabarito 58: CERTO

59. (CESPE/SEGESP-AL/Papiloscopista/2013)
Acerca do processo penal brasileiro, julgue os itens subsecutivos.
A lei processual penal tem aplicação imediata, sem retroagir,
independentemente de seu conteúdo ser mais benéfico para o acusado.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme dispõe o art. 2º do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
A parte grifada expressa que os atos praticados anteriormente continuam
válidos, não sendo afetados pela nova lei processual.
A aplicação da lei processual é imediata, mas não invalida os atos já praticados,
ou seja, é só anda para frente, não retroage.
Gabarito 59: CERTO

60. (CESPE/DPE-BA/Defensor Público/2010)


Considerando o disposto no direito processual penal, julgue o
item subsecutivo.
Aplica-se a lei processual penal brasileira a crime cometido por brasileiro no
exterior, ou por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil. De igual modo, a
CF assegura a retroatividade da lei processual penal que, de qualquer modo,
favoreça ao réu, ainda que os fatos anteriores tenham sido decididos em
sentença condenatória transitada em julgado.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Na hipótese de crime praticado por brasileiro no exterior é possível a aplicação
da lei penal brasileira se preenchidos os requisitos do art. 7º, II, b, c/c art. 7º,

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§ 2º, ambos do Código Penal. Nessa hipótese, o processo será regulado pela lei
processual brasileira, nos termos do art. 1º, caput, do Código de Processo Penal.
Da mesma forma, o crime praticado por estrangeiro contra brasileiro, fora do
Brasil, estará sujeito à lei penal brasileira, nos termos do art. 7º, § 3º, do Código
Penal, aplicando-se quanto à apuração e julgamento o disposto no art. 1º,
caput, do Código de Processo Penal.
Contudo, no que tange à aplicação da lei processual penal no tempo, o princípio
aplicado é o do tempus regit actum, ou princípio da aplicação imediata. Não
importa se a nova lei processual penal traz disposições mais gravosas que a
anterior, ela irá ser aplicada aos atos praticados após sua vigência.
Gabarito 60: ERRADO

61. (CESPE/DPU/Defensor Público/2010)


Acerca da aplicação da lei processual penal no tempo, julgue os itens que se
seguem.
O direito processual brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos
processuais, de maneira que, se uma lei processual penal passa a vigorar
estando o processo em curso, ela será imediatamente aplicada, sem prejuízo
dos atos já realizados sob a vigência da lei anterior.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
Segundo o sistema do isolamento dos atos processuais, deve haver a aplicação
da nova lei aos atos processuais praticados após o início de sua vigência.
Com base no disposto no art. 2º do CPP, podemos concluir que o sistema do
isolamento dos atos foi o adotado pelo Direito Processual Penal pátrio.
Gabarito 61: CERTO

62. (FUNIVERSA/SEAP-DF/Agente de Atividades Penitenciárias/2015)


No que se refere ao direito processual penal, julgue o item, segundo o
entendimento dos tribunais superiores e da doutrina dominante.

A analogia é a ampliação do conteúdo da lei, efetivada pelo aplicador do direito,


nos casos em que a norma diga menos do que deve.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução

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A analogia ocorre quando, por não haver norma reguladora do caso concreto,
deve ser aplicada norma que trata de hipótese semelhante. Nessa hipótese, há
uma lacuna involuntária na legislação, razão pela qual deve ser suprimida tal
falha.
O enunciado traz conceito de interpretação extensiva e não de analogia.
Gabarito 62: ERRADO

63. (MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça - Matutina/2014)


Segundo o Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução
O enunciado está de acordo com o art. 3º do Código de Processo Penal, que
prevê a aplicação da interpretação extensiva, da aplicação analógica e do
suprimento pelos princípios gerais do direito.
Gabarito 63: CERTO

10 Questões da aula (sem comentários)


1. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2018)
Tício está sendo processado pela prática de crime de roubo. Durante o trâmite
do inquérito policial, entra em vigor determinada lei, reduzindo o número de
testemunhas possíveis de serem arroladas pelas partes no procedimento
ordinário.
A respeito do caso descrito, é correto que
a) não se aplica a lei nova ao processo de Tício em razão do princípio da
anterioridade.
b) a lei que irá reger o processo é a lei do momento em que foi praticado o
crime, à vista do princípio tempus regit actum.
c) em razão do sistema da unidade processual, pelo qual uma única lei deve
reger todo o processo, a lei velha continua ultra-ativa e, por isso, não se aplica
a nova lei, mormente por ser esta prejudicial em relação aos interesses do
acusado.
d) não se aplica a lei revogada ao processo de Tício em razão do princípio da
reserva legal.
e) não se aplica a lei revogada porque a instrução ainda não se iniciara quando
da entrada em vigor da nova lei.

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2. (VUNESP/PC-BA/Investigador de Polícia/2018)
Em havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei especial que
contenha normas processuais, a solução será a
a) aplicação da norma que for mais recente, independentemente de eventual
benefício ao réu.
b) aplicação da lei especial e, quando omissa, subsidiariamente do Código de
Processo Penal.
c) aplicação do que for mais favorável ao acusado, independentemente da data
de promulgação.
d) conjugação de ambos os diplomas, aplicando-se as normas que forem mais
benéficas ao acusado.
e) prevalecência da regra geral do Código de Processo Penal, em virtude da
proibição constitucional dos juízos de exceção.

3. (VUNESP/PC-BA/Delegado de Polícia/2018)
Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o , 2o e 3o do
CPP,
a) aos processos de competência da Justiça Militar.
b) ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
c) retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
d) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior.
e) com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir, contudo,
interpretação extensiva e aplicação analógica.

4. (CESPE/PC-MA/Investigador de Polícia/2108)
Acerca da aplicação da lei processual no tempo e no espaço e em relação às
pessoas, julgue os itens a seguir.
I O Brasil adota, no tocante à aplicação da lei processual penal no tempo, o
sistema da unidade processual.
II Em caso de normas processuais materiais — mistas ou híbridas —, aplica-se
a retroatividade da lei mais benéfica.
III Para o regular processamento judicial de governador de estado ou do Distrito
Federal, é necessária a autorização da respectiva casa legislativa — assembleia
legislativa ou câmara distrital.

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Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

5. (COMPERVE/TJ-RN/Juiz Leigo/2018)
O processo penal brasileiro tem um sistema probatório informado por variados
princípios, dentre eles o do contraditório, estabelecendo ciência bilateral que
visa contrariar afirmações por meio da produção de provas e estando
intimamente relacionado à noção de defesa técnica. Nesse contexto, inclui-se o
direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo,
tal como a
a) participação em momento de reconhecimento de pessoas.
b) autorização para realização de exame grafotécnico.
c) participação em reconstituição do crime.
d) condução coercitiva para interrogatório, mesmo para reconhecimento do
acusado.

6. (FCC/MPE-PE/Técnico Ministerial – Administrativa/2018)


O princípio do Direito Processual Penal que impede a criação de tribunais de
exceção refere-se ao princípio
a) do contraditório.
b) da verdade real.
c) da oficiosidade.
d) do juiz natural.
e) da indisponibilidade.

7. (VUNESP/MPE-SP/Analista Jurídico do Ministério Público/2018)


Em relação aos princípios que regem o processo penal, afirma-se corretamente:
a) a Constituição Federal garante expressamente os princípios da independência
e da imparcialidade do juiz.
b) o recurso extraordinário e o recurso especial têm por função assegurar o
duplo grau de jurisdição.

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c) o direito ao julgamento em prazo razoável está previsto na Constituição
Federal e pode ter como termo inicial ato realizado na fase de inquérito policial.
d) sobre o princípio da motivação das decisões judiciais, há previsão no CPP
quanto à denominada motivação per relationem.
e) o art. 20, do CPP, que garante o sigilo das investigações no inquérito policial,
não foi recepcionado pela Constituição Federal, que previu expressamente o
princípio da publicidade.

8. (FGV/AL-RO/Cons. Legislativo/Assessoramento Legislativo/2018)


Analise as assertivas a seguir, que tratam sobre os princípios aplicáveis ao
Direito Processual Penal.
I. Com base no princípio da presunção de inocência, a prisão preventiva deve
ser decretada apenas quando as medidas cautelares alternativas não forem
suficientes, não mais havendo prisão automática em razão de sentença
condenatória de primeira instância; II. Inspirado no princípio de que ninguém é
obrigado a produzir provas contra si, o agente pode se recusar a realizar exame
de etilômetro (bafômetro), podendo, porém, o crime ser demonstrado por
outros meios de prova; III. Com base no princípio da irretroatividade da lei
processual penal, uma lei de conteúdo exclusivamente processual penal, em
sendo mais gravosa ao réu, não poderá retroagir para atingir fatos anteriores a
sua entrada em vigor.
Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, está(ão) correta(s),
apenas, as assertivas previstas nos itens
a) I, II e III.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I.

9. (FGV/TJ-SC/Oficial de Justiça e Avaliador/2018)


Após a prisão em flagrante de Tício pelo crime de tráfico de drogas, já que ele
teria sido encontrado enquanto trazia consigo grande quantidade de drogas, os
policiais militares incentivaram o preso, algemado, no interior da viatura policial,
sem assegurar o direito ao silêncio, a confessar os fatos. Diante do incentivo, o
preso confirmou seu envolvimento com a associação criminosa que dominava o
tráfico da localidade, sendo a declaração filmada pelos policiais sem que Tício
tivesse conhecimento.

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Após denúncia, o Ministério Público acostou ao procedimento o vídeo da
filmagem do celular realizada pelos policiais. Durante a instrução, Tício alegou
que o material entorpecente era destinado ao seu uso.

Diante da situação narrada, o vídeo com a filmagem do celular do policial deve


ser considerado prova:
a) ilícita, gerando como consequência a substituição do juiz que teve acesso a
ela, não sendo necessário, porém, que seja desentranhada dos autos;
b) lícita, sendo a confissão a rainha das provas, de modo que deverá prevalecer
sobre os demais elementos probatórios produzidos durante a instrução;
c) ilícita, devendo ser desentranhada do processo, apesar de os atos anteriores
da prisão em flagrante serem considerados válidos;
d) lícita, mas caberá ao juiz responsável pela sentença atribuir o valor que
entenda adequado a essa prova;
e) ilícita, gerando o reconhecimento da invalidade da prisão em flagrante como
um todo.

10. (CESPE/TJ-CE/Juiz Substituto/2018)


Acerca dos princípios penais constitucionais e dos direitos fundamentais do
cidadão à luz da CF, julgue os itens a seguir.

I São princípios processuais penais expressos na CF a presunção de não


culpabilidade, o devido processo legal e o direito do suspeito ou indiciado ao
silêncio.
II O direito processual penal compreende o conjunto de normas jurídicas
destinadas a regular o modo, os meios e os órgãos do Estado encarregados do
exercício do jus puniendi.
III A CF determina que o Brasil se submeta à jurisdição do Tribunal Penal
Internacional, porém veda absolutamente a entrega de brasileiro naturalizado
a jurisdição estrangeira.
IV De acordo com o princípio da irretroatividade da lei processual penal, a regra
nova não pode retroagir, mesmo quando eventualmente beneficiar o réu.

Estão certos apenas os itens


a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.

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d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

11. (FCC/PC-AP/Oficial de Polícia Civil/2017)


Considere as seguintes situações:
I. Provas de autoria de crime hediondo obtidas mediante interceptação
telefônica determinada por Delegado de Polícia.
II. Provas de prática de crime obtidas mediante cumprimento, durante o dia, de
mandado judicial de busca e apreensão de documentos, executado pela Polícia
Civil, no domicílio de parente do autor do crime.
III. Provas de prática de crime obtidas no âmbito de investigação penal,
mediante quebra de sigilo bancário determinada por ordem judicial.

Consideram-se provas ILÍCITAS, inadmissíveis no processo, as referidas


APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) II.
e) III.

12. (CESPE/PC-MA/Escrivão de Polícia Civil/2018)


A disposição constitucional que assegura ao preso o direito ao silêncio
consubstancia o princípio da
a) inexigibilidade de autoincriminação.
b) verdade real.
c) indisponibilidade.
d) oralidade.
e) cooperação processual.

13. (CESPE/PC-MA/Delegado de Polícia Civil/2018)


O MP de determinado estado ofereceu denúncia contra um indivíduo,
imputando-lhe a prática de roubo qualificado, mas a defesa do acusado negou
a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do feito constatou a insuficiência de
provas capazes de justificar a condenação do acusado.

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Nessa situação hipotética, para fundamentar a decisão absolutória, o juízo


deveria aplicar o princípio do
a) estado de inocência.
b) contraditório.
c) promotor natural.
d) ne eatjudex ultra petita partium.
e) favor rei.

14. (CESPE/STJ/Analista Judiciário/Of. de Justiça Avaliar


Federal/2018)
Com relação à aplicação e à eficácia temporal da lei processual penal, julgue o
item subsequente.

O Código de Processo Penal será aplicado a todas as ações penais e correlatas


que tiverem curso no território nacional, nelas inclusas as destinadas a apurar
crime de responsabilidade cometido pelo presidente da República.
( ) Certo
( ) Errado

15. (CESPE/STJ/ Of. de Justiça Avaliar Federal/2018)


Com relação à aplicação e à eficácia temporal da lei processual penal, julgue o
item subsequente.

Uma nova norma processual penal terá aplicação imediata somente aos fatos
criminosos ocorridos após o início de sua vigência.
( ) Certo
( ) Errado

16. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência – Área 2/2018)


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.

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A lei processual penal vigente à época em que a ação penal estiver em curso
será aplicada em detrimento da lei em vigor durante a ocorrência do fato que
tiver dado origem à ação penal.
( ) Certo
( ) Errado

17. (CESPE/TRF/1ª REGIÃO/Técnico Judiciário/Área Adm./2017)


A respeito dos direitos do acusado, julgue o item seguinte.
A não comunicação ao acusado de seu direito de permanecer em silêncio é causa
de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do
prejuízo.
( ) Certo
( ) Errado

18. (CESPE/TRF/1ª REGIÃO/Técnico Judiciário/Área Admin./2017)


Acerca dos princípios que regem o processo penal brasileiro, julgue o item
subsequente.
Juiz que se utilizar do silêncio do acusado para formar seu próprio
convencimento não incorrerá em ofensa ao princípio processual penal da não
autoincriminação, ainda que a opção do acusado por abster-se de falar não
constitua confissão.
( ) Certo
( ) Errado

19. (CESPE/ ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)


Com relação à licitude de provas e a aspectos relativos a prisão, liberdade
provisória e fiança, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Pretendendo reunir provas para obter vantagens de uma
colaboração premiada, Cláudio, partícipe, junto com Flávio, de organização
criminosa, gravou conversas entre ambos, sem que este tivesse conhecimento
das gravações. Assertiva: Nessa situação, as gravações não poderão ser
usadas como prova em ação penal, porque são provas ilícitas.
( ) Certo
( ) Errado

20. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)

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Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.

O Código de Processo Penal, a jurisprudência e os princípios gerais do direito


são considerados fontes formais diretas do direito processual penal.
( ) Certo
( ) Errado

21. (CESPE/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/Área 2/2018)


Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei processual
penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o item que se segue.
A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são
características marcantes do sistema processual acusatório.
( ) Certo
( ) Errado

22. (CESPE/STM/Analista Judiciário/Área Judiciária/2018)


A respeito dos princípios constitucionais e gerais do direito processual penal,
julgue o item a seguir.

A lei não poderá restringir a divulgação de nenhum ato processual penal, sob
pena de ferir o princípio da publicidade.
( ) Certo
( ) Errado

23. (CESPE/STM/Analista Judiciário/Área Judiciária/2018)


A respeito dos princípios constitucionais e gerais do direito processual penal,
julgue o item a seguir.

A despeito do princípio constitucional da vedação às provas ilícitas, o juiz poderá


considerar uma prova ilícita em qualquer situação, desde que se convença de
sua importância para a condenação do réu.
( ) Certo
( ) Errado

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24. ( VUNESP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2014)
A respeito do direito ao silêncio do acusado no inquérito policial, é correto
afirmar que
a) não importará em confissão, mas em presunção de culpabilidade.
b) importará em confissão.
c) importará em confissão, exceto se o acusado manifestar o direito
constitucional de somente falar em juízo.
d) não importará em confissão, entretanto, poderá constituir elemento para
formação do convencimento do juiz em eventual processo penal.
e) não importará em confissão.

25. ( VUNESP/ PC-SP/Escrivão de Polícia Civil/2013)


Analise as seguintes afirmativas e classifique cada uma como falsa (F) ou
verdadeira (V).
( ) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.
( ) Conceder-se-á mandado de segurança sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
( ) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial.
( ) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.
Assinale a alternativa que corresponde à classificação correta das afirmativas
em ordem de apresentação.
a) F, F, V, V.
b) V, F, V, V.
c) V, F, V, F.
d) V, F, F, V.
e) F, V, F, V.

26. ( VUNESP/ SAP-SP/Analista Administrativo/2011)


A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos, insculpidos na
Constituição da República, pode-se afirmar que

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a) ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.
b) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de livre-arbítrio.
c) ninguém será considerado culpado até a publicação de sentença penal
condenatória de 1.º grau.
d) ninguém será preso por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente.
e) ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei não admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.

27. ( VUNESP/ TJ-SP/Juiz/2013)


A exceção de incompetência constitui meio processual assecuratório da
observância do princípio do(a)
a) oficialidade.
b) juiz natural.
c) publicidade.
d) persuasão racional.

28. ( VUNESP/ TJ-RJ/Juiz/2013)


A doutrina é unânime ao apontar que os princípios constitucionais, em especial
os relacionados ao processo penal, além de revelar o modelo de Estado
escolhido pelos cidadãos, servem como meios de proteção da dignidade
humana. Referidos princípios podem se apresentar de forma explícita ou
implícita, sem diferença quanto ao grau de importância. São princípios
constitucionais explícitos:
a) juiz natural, vedação das provas ilícitas e promotor natural.
b) devido processo legal, contraditório e duplo grau de jurisdição.
c) ampla defesa, estado de inocência e verdade real.
d) contraditório, juiz natural e soberania dos veredictos do Júri.

29. ( VUNESP/ TJ-MS/Juiz Substituto/2015)


Com relação ao Princípio Constitucional da Publicidade, com correspondência no
Código de Processo Penal, é correto afirmar que
a) a publicidade ampla e a publicidade restrita não constituem regras de maior
ou menor valor no processo penal, cabendo ao poder discricionário do juiz a
preservação da intimidade dos sujeitos processuais.

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b) a publicidade restrita tem regramento pela legislação infraconstitucional e
não foi recepcionada pela Constituição Federal, que normatiza a publicidade
ampla dos atos processuais como garantia absoluta do indivíduo.
c) de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, com nova
redação dada pela EC 45/2004, os atos processuais serão públicos, sob pena de
nulidade, cabendo ao juiz limitar a presença, nas audiências, de partes e
advogados.
d) a publicidade restrita é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade ampla é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.
e) a publicidade ampla é regra geral dos atos processuais, ao passo que a
publicidade restrita é exceção e ocorre nas situações expressas em lei,
dependendo de decisão judicial no caso concreto.

30. ( VUNESP/ TJ-PA/Juiz de Direito Substituto/2014)


Em matéria processual penal, o duplo grau de jurisdição
a) não é previsto expressamente pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, mas é pela CR/88.
b) não é previsto expressamente pela CR/88, mas é pela Convenção Americana
de Direitos Humanos
c) não é previsto expressamente nem pela CR/88 nem pela Convenção
Americana de Direitos Humanos.
d) é direito fundamental previsto expressamente tanto pela CR/88 quanto pela
Convenção Americana de Direitos Humanos.
e) é garantia fundamental prevista expressamente tanto pela CR/88 quanto
pela Convenção Americana de Direitos Humanos.

31. (PC-SP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2012)


São sistemas que buscam resolver a questão da sucessão de leis processuais
no tempo:
a) o da supremacia do direito de defesa; o das fases do processo; o da
sistematização processual
b) o da complexidade do processo; o do isolamento dos atos processuais; o da
garantia dá defesa.
c) o da unidade processual; o das fases processuais; o do isolamento dos atos
processuais.
d) o da sistematização processual; o do isolamento dos atos processuais; o da
economia processual

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e) o das fases do processo; o da intangibilidade do direito e defesa; o da
supremacia dos atos praticados.

32. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


No Direito pátrio, o sistema que vige no processo penal é o
a) inquisitivo formal.
b) acusatório formal.
c) inquisitivo.
d) inquisitivo unificador.
e) acusatório.

33. (FGV/TJ-AM/Juiz/ 2013)


Sobre a aplicação da Lei Processual Penal, é correto afirmar que;
a) no Brasil, adota-se integralmente o princípio da irretroatividade da lei
processual penal, que impede que as inovações na norma processual penal
sejam aplicadas de imediato para fatos praticados antes de sua entrada em
vigor.
b) ela admitirá interpretação extensiva e o suplemento de princípios gerais do
direito, mas não a aplicação analógica.
c) o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de
Processo Penal, não havendo qualquer ressalva prevista neste diploma.
d) as normas previstas no Código de Processo Penal de natureza híbrida, ou
seja, com conteúdo de direito processual e de direito material, devem respeitar
o princípio que veda a aplicação retroativa da lei penal, quando seu conteúdo
for prejudicial ao réu.
e) ela admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, mas não o
suplemento dos princípios gerais do direito

34. (FCC/TJ-PE/Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013)


Sobre a aplicação da lei processual penal e a interpretação no processo penal,
é INCORRETO afirmar:
a) A legislação brasileira segue o princípio da territorialidade para a aplicação
das normas processuais penais.
b) O princípio da territorialidade na aplicação da lei processual penal brasileira
pode ser ressalvado por tratados, convenções e regras de direito internacional.

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c) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
d) A norma processual penal mista constitui exceção à regra da irretroatividade
da lei processual penal.
e) No processo penal, assim como no direito penal, é sempre admitida a
interpretação extensiva e aplicação analógica das normas.

35. (FCC/ TJ-AP/Analista Judiciário - Área Judiciária e


Administ./2014)
Em relação à aplicação da lei processual penal no tempo, é correto afirmar:
a) Aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
b) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
c) O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, pelo Código de
Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689/1941).
d) A lei processual penal excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram,
aplica- se ao processo iniciado durante sua vigência.
e) A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

36. (VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


A lei processual penal
a) tem aplicação imediata, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência de
lei anterior.
b) somente pode ser aplicada a processos iniciados sob sua vigência.
c) tem aplicação imediata, devendo ser declarados inválidos os atos praticados
sob a vigência de lei anterior.
d) tem aplicação imediata, devendo ser renovados os atos praticados sob a
vigência da lei anterior.
e) é retroativa aos atos praticados sob a vigência de lei anterior.

37. (PC-SP/PC-SP/Delegado de Polícia/2012)

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Historicamente, o processo penal acusatório distinguia-se do inquisitório porque
enquanto o primeiro era
a) escrito e público, o segundo era oral e sigiloso.
b) escrito e sigiloso, o segundo era oral e público.
c) misto (oral e escrito), o segundo era exclusivamente oral.
d) oral e público, o segundo era escrito e sigiloso.
e) oral e sigiloso, o segunde era escrito e público.

38. ( VUNESP/ MPE-ES/Promotor de Justiça/2013)


Considerando a doutrina prevalente no direito brasileiro e a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa correta a respeito da
inviolabilidade do domicílio.
a) Não configura violação de domicílio a simples entrada, sem autorização do
morador, de funcionários de concessionárias de serviços públicos para leitura
de registros de água ou de luz localizados dentro da casa.
b) A ordem judicial para penetração no domicílio pode ser de cunho geral, para
abranger num único mandado ordem para revistar várias casas de um
logradouro ou vila.
c) Será considerada ilícita e contaminada a prova obtida por particular em
desafio à inviolabilidade do domicílio, ainda que a invasão não tenha sido
praticada por agentes do poder público.
d) Consideram-se abrangidas pela inviolabidade domiciliar as partes abertas às
pessoas em geral em bares e restaurantes.
e) A proteção constitucional do domicílio abrange toda habitação privada de
uso individual ou familiar, excluindo-se, porém, as habitações de uso coletivo
sem caráter definitivo ou habitual

39. ( VUNESP/ TJ-PA/Juiz de Direito Substituto/2014)


O texto constitucional, em seu art. 5.º, caput, prevê expressamente valores ou
direitos fundamentais ao ditar literalmente que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito.
a) à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
b) à vida, à liberdade, à segurança, à intimidade e à dignidade.
c) à vida, à dignidade, à intimidade e à igualdade.
d) à vida, à liberdade, à fraternidade, à dignidade.

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e) à vida, à liberdade e à intimidade.

40. ( VUNESP/ PC-SP/Oficial Administrativo/2014)


Perseu, oficial de justiça, foi cumprir mandado de busca e apreensão na
residência de Hércules. Tendo chegado à casa de Hércules às 20 horas para
cumprir a ordem judicial, este não permitiu que Perseu entrasse em sua
residência. Considerando esses fatos, bem como o que dispõe a Constituição
Federal sobre a inviolabilidade do domicílio, é correto afirmar que:
a) Perseu não poderia, realmente, adentrar ao domicílio de Hércules naquele
horário, já que o domicílio somente pode ser penetrado, à noite, sem o
consentimento do morador, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro.
b) a negativa de Hércules baseia-se na regra de que o domicílio é
absolutamente inviolável, não podendo ser penetrado, sem o consentimento do
morador, de dia ou de noite, em qualquer hipótese.
c) Hércules não poderia impedir a entrada de Perseu em sua casa naquele
horário, tendo em vista que este estava de posse de um mandado judicial.
d) a Constituição não autoriza que o domicílio seja penetrado, sem o
consentimento do morador, para cumprir uma ordem judicial, seja de noite ou
de dia.
e) Perseu poderia, legalmente, adentrar na residência de Hércules, ainda que
sem o seu consentimento, para cumprir o mandado judicial naquele horário.

41. ( VUNESP/ TJ-SP/Titular de Serviços de Notas e de Registros -


Remoção/2014)
A Constituição Federal protege a casa do indivíduo, considerando-a asilo
inviolável, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador.
Tal afirmação está:
a) totalmente correta
b) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial
c) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante relacionado a crime
hediondo ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial.
d) parcialmente correta, visto que a própria Constituição Federal prevê as
seguintes exceções a essa regra: hipóteses de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, inclusive durante a noite, por determinação judicial.

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42. ( VUNESP/ PRODEST-ES/Analista Organizacional - Ciências


Jurídicas/2014)
Segundo a Constituição Federal, a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
a) para prestar socorro no caso de desastre, ou durante o dia ou à noite, para
cumprimento de ordem judicial.
b) em caso de flagrante delito, para prestar socorro durante o dia, ou à noite
por determinação judicial.
c) por autorização judicial, ou por ordem do Promotor de Justiça, durante o dia
ou à noite.
d) para cumprimento de ordem judicial, policial ou do Promotor de Justiça e
para prestar socorro, durante o dia ou à noite.
e) em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial.

43. ( VUNESP/ PC-SP/Atendente de Necrotério Policial/2014)


Estado Democrático de Direito é um sistema institucional
a) em que o poder político não possui limites previstos em lei.
b) em que há previsão e proteção aos direitos fundamentais.
c) em que é necessário que as leis sejam em forma de código.
d) que independe do respeito à dignidade da pessoa humana.
e) em que votam somente as pessoas que possuem nível superior.

44. ( VUNESP/ PC-SP/Delegado de Polícia/2014)


Quanto às garantias constitucionais e à privação da liberdade, assinale a
alternativa correta.
a) Conceder-se-á habeas corpus sempre que a lei admitir a liberdade
provisória.
b) O preso será informado de seus direitos, dentre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a remoção para estabelecimento perto de sua
família.
c) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial, exceto nos crimes inafiançáveis.

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d) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
no primeiro dia útil ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.
e) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.

45. ( VUNESP/ SAP-SP/Analista Administrativo/2011)


Assinale a alternativa correta, a respeito da inviolabilidade de domicílio, no
direito brasileiro.
a) Só se pode adentrar a casa de alguém com o seu consentimento, durante o
dia ou à noite.
b) Pode-se adentrar a casa de alguém, em caso de flagrante delito, apenas
durante o dia.
c) Pode-se adentrar a casa de alguém, mediante determinação judicial, durante
o dia ou à noite.
d) Não se pode adentrar a casa de alguém, durante o dia ou à noite, em caso
de desastre ou para prestar socorro, sem o consentimento do morador.
e) Pode-se adentrar a casa de alguém, mediante determinação judicial, durante
o dia.

46. ( VUNESP/ MPE-ES/Promotor de Justiça/2013)


Segundo o regime constitucional do habeas corpus e o entendimento do
Supremo Tribunal Federal sobre o tema, é correto afirmar que é cabível
o habeas corpus.
a) com o escopo de obter correção da dosimetria da pena imposta pelo
magistrado
b) em favor de preso com o objetivo de afastar decisão que o impede de receber
visitas de familiares.
c) para discutir confisco criminal de bens do réu
d) com a finalidade de atacar afastamento ou a perda do cargo de juiz federal.
e) contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em
curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

47. (FCC/MPE-CE/Promotor de Justiça/2011)


O art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris, aos 10 de dezembro de 1948,
consagra que toda pessoa tem direito, em condições de plena igualdade, de ser

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ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial,
para a determinação de seus direitos e obrigações ou para exame de qualquer
acusação contra ela em matéria penal.
O princípio do processo penal que se adequa a essa redação é o
a) do juiz natural.
b) da ampla defesa.
c) do contraditório.
d) do duplo grau de jurisdição.
e) da publicidade.

48. (FCC/TJ-PE/Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013)


Direito Processual Penal

NÃO representa direito da pessoa acusada em processo criminal, estatuído no


artigo 5º da Constituição da República:
a) a inviolabilidade de domicílio, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
b) permanecer calada em seu interrogatório policial ou judicial, sendo que o
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa.
c) a inadmissibilidade, no processo, das provas obtidas por meios ilícitos.
d) exercer o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.
e) ter a sua prisão comunicada ao juiz competente e à família do preso ou
pessoa por ele indicada.

49. (CESPE/PG-DF/Procurador/2013)
No que se refere à lei processual penal no espaço e no tempo, julgue os itens
que se seguem.
A aplicação do princípio da territorialidade, previsto na lei processual penal
brasileira, poderá ser afastada se, mediante tratado internacional celebrado pelo
Brasil e referendado internamente por decreto, houver disposição que
determine, nos casos que ele indicar, a aplicação de norma diversa.
( ) certo
( ) errado

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50. (CESPE/PG-DF/ Procurador/2013)
No que se refere à lei processual penal no espaço e no tempo, julgue os itens
que se seguem.
A lei processual penal será aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos instrutórios realizados sob a vigência de lei processual anterior, salvo se
esta for, de alguma maneira, mais benéfica ao réu que aquela.
( ) Certo
( ) Errado

51. (CESPE/AGU/Advogado da União/2009)


A respeito da aplicação da lei penal, dos princípios da legalidade
e da anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espaço, julgue os
seguintes itens.
A lei processual penal não se submete ao princípio da retroatividade in mellius,
devendo ter incidência imediata sobre todos os processos em andamento,
independentemente de o crime haver sido cometido antes ou depois de sua
vigência ou de a inovação ser mais benéfica ou prejudicial.
( ) Certo
( ) Errado

52. (CESPE/DEPEN/Agente Penitenciário/2013)


Acerca da aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às
pessoas, julgue o item a seguir.
Em regra, a norma processual penal prevista em tratado e(ou) convenção
internacional, cuja vigência tenha sido regularmente admitida no ordenamento
jurídico brasileiro, tem aplicação independentemente do Código de Processo
Penal.
( ) Certo
( ) Errado

53. (MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça - Matutina/2014)


Analise os enunciados das questões abaixo e assinale se ele é Certo ou Errado.
Segundo o Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica.
( ) Certo
( ) Errado

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54. (CESPE/TJ-DFT/Analista Judiciário - Oficial de Justiça


Avaliador/2013)
As imunidades formais ou processuais estão relacionadas à qualidade do fato
perpetrado pelo agente público detentor de imunidades; por essa razão, no caso
de crimes comuns praticados por essas autoridades, após a diplomação, a
instauração de processo depende de prévia autorização da casa legislativa,
havendo possibilidade de suspensão do processo e do prazo prescricional por
decisão do Senado Federal e da Câmara Federal ou das casas legislativas
estadual e municipal, conforme a autoridade processada.
( ) Certo
( ) Errado

55. (FUNIVERSA/SEAP-DF/Agente de Ativ. Penitenciárias/2015)


No que se refere ao direito processual penal, julgue o item, segundo o
entendimento dos tribunais superiores e da doutrina dominante.
Em regra, a Lei Processual Penal é aplicada tão logo entra em vigor, afetando,
inclusive, atos já realizados sob a vigência de lei anterior
( ) Certo
( ) Errado

56. (CESPE/ TJ-AC/Técnico Judiciário - Auxiliar/2012)


Com base na aplicação e interpretação da lei processual, bem como do inquérito
policial, julgue os itens a seguir.
A lei processual penal não admite interpretação extensiva ou aplicação
analógica, mas pode ser suplementada pelos princípios gerais de direito.
( ) Certo
( ) Errado

57. (CESPE/DEPEN/Agente Penitenciário/2013)


Acerca da aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às
pessoas, julgue o item a seguir.
Considere que, diante de uma sentença condenatória e no curso do prazo
recursal, uma nova lei processual penal tenha entrado em vigor, com previsão
de prazo para a interposição do recurso diferente do anterior. Nessa situação,
deverá ser obedecido o prazo estabelecido pela lei anterior, porque o ato
processual já estava em curso.

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( ) Certo
( ) Errado

58. (CESPE/MPE-PI/Analista Ministerial - Área Processual/2012)


Julgue os itens seguintes, com base no direito processual penal.
A lei processual penal, no tocante à aplicação da norma no tempo, como regra
geral, é guiada pelo princípio da imediatidade, com plena incidência nos
processos em curso, independentemente de ser mais prejudicial ou benéfica ao
réu, assegurando-se, entretanto, a validade dos atos praticados sob a égide da
legislação anterior.
( ) Certo
( ) Errado

59. (CESPE/SEGESP-AL/Papiloscopista/2013)
Acerca do processo penal brasileiro, julgue os itens subsecutivos.
A lei processual penal tem aplicação imediata, sem retroagir,
independentemente de seu conteúdo ser mais benéfico para o acusado.
( ) Certo
( ) Errado

60. (CESPE/DPE-BA/Defensor Público/2010)


Considerando o disposto no direito processual penal, julgue o
item subsecutivo.
Aplica-se a lei processual penal brasileira a crime cometido por brasileiro no
exterior, ou por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil. De igual modo, a
CF assegura a retroatividade da lei processual penal que, de qualquer modo,
favoreça ao réu, ainda que os fatos anteriores tenham sido decididos em
sentença condenatória transitada em julgado.
( ) Certo
( ) Errado

61. (CESPE/DPU/Defensor Público/2010)


Acerca da aplicação da lei processual penal no tempo, julgue os itens que se
seguem.
O direito processual brasileiro adota o sistema do isolamento dos atos
processuais, de maneira que, se uma lei processual penal passa a vigorar

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estando o processo em curso, ela será imediatamente aplicada, sem prejuízo
dos atos já realizados sob a vigência da lei anterior.
( ) Certo
( ) Errado

62. (FUNIVERSA/SEAP-DF/Agente de Atividades


Penitenciárias/2015)
No que se refere ao direito processual penal, julgue o item, segundo o
entendimento dos tribunais superiores e da doutrina dominante.

A analogia é a ampliação do conteúdo da lei, efetivada pelo aplicador do direito,


nos casos em que a norma diga menos do que deve.
( ) Certo
( ) Errado

63. (MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça - Matutina/2014)


Segundo o Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica.
( ) Certo
( ) Errado

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11 Gabarito

Gabarito 1: E Gabarito 23: ERRADO Gabarito 45: E

Gabarito 2: B Gabarito 24: E Gabarito 46: B

Gabarito 3: D Gabarito 25: B Gabarito 47: A

Gabarito 4: B Gabarito 26: A Gabarito 48: B

Gabarito 5: C Gabarito 27: B Gabarito 49: CERTO

Gabarito 6: D Gabarito 28: D Gabarito 50: ERRADO

Gabarito 7: C Gabarito 29: E Gabarito 51: CERTO

Gabarito 8: B Gabarito 30: B Gabarito 52: CERTO

Gabarito 9: C Gabarito 31: C Gabarito 53: CERTO

Gabarito 10: A Gabarito 32: E Gabarito 54: ERRADO

Gabarito 11: C Gabarito 33: D Gabarito 55: ERRADO

Gabarito 12: A Gabarito 34: E Gabarito 56: ERRADO

Gabarito 13: A Gabarito 35: A Gabarito 57: CERTO

Gabarito 14: ERRADO Gabarito 36: A Gabarito 58: CERTO

Gabarito 15: ERRADO Gabarito 37: D Gabarito 59: CERTO

Gabarito 16: CERTO Gabarito 38: C Gabarito 60: ERRADO

Gabarito 17: CERTO Gabarito 39: A Gabarito 61: CERTO

Gabarito 18: ERRADO Gabarito 40: A Gabarito 62: ERRADO

Gabarito 19: ERRADO Gabarito 41: B Gabarito 63: CERTO

Gabarito 20: ERRADO Gabarito 42: E

Gabarito 21: CERTO Gabarito 43: B

Gabarito 22: ERRADO Gabarito 44: E

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12 Referencial bibliográfico
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal. – 9. ed. rev. e atual. – Rio
de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único -5. ed. rev.
ampl. e atual.-Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. – 21. Ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Atlas, 2017.
PACHECO, Denilson Feitoza. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis –
5ª Ed., ver. e atual. com Emenda Constitucional da “Reforma do Judiciário”.
Niterói, RJ: Impetus, 2008.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo/GONÇALVES, Victor Edu ardo Rios.
Coordenador Pedro Lenza. Direito processual penal esquematizado – 2. ed. –
São Paulo: Saraiva, 2013.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. – 16. ed. rev.
e atual. São Paulo, Saraiva, 2013.

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