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jusbrasil.com.br
5 de Janeiro de 2018
1. TEMPESTIVIDADE
Considerando que o recorrente recebeu o Termo de Instauração e Notificação de
suspensão do direito de dirigir nº .../2017 na data de 10 de setembro de 2017,
interpõe-se o presente recurso administrativo dentro do prazo recursal que é de 45
dias contados a partir do recebimento da notificação, e portanto, deve ser
considerado tempestivo.
2. DOS FATOS
No dia 10/09/2017, o recorrente recebeu notificação de procedimento para
suspensão de sua CNH, instaurado pela Gerente Geral das JARIS e Imposição de
Penalidades do DETRAN/SC (doc. 1), por ter anotado em seu prontuário a soma de
20 pontos, atingidos em consequência de 04 autos de infração, todos detalhados
abaixo.
[Aqui elaborar os fatos de acordo com o seu caso e definir as estratégias. Para
montar as estratégias é preciso que os fatos que deram origem ao recurso estejam
bem especificados e nenhum detalhe pode ser esquecido. Aliás, dê valor aos
detalhes. Por vezes, os pequenos fatos é que desencadeiam consequências maiores.
Ser minucioso e determinado para obter com afinco informações precisas sobre o
assunto é a chave para um bom começo de processo.]
3. DO DIREITO
3.1. Do descumprimento do prazo de 30
(trinta dias) e o princípio da legalidade
A penalidade aplicada ao recorrente em consequência do AIT nº... é nula, por ter a
JARI (autoridade de trânsito de Florianópolis) excedido o prazo determinado no
artigo 285 do Código de Trânsito Brasileiro de 30 (trinta) dias, in verbis:
Art. 285. O recurso previsto no art. 283 será interposto perante a autoridade que
impôs a penalidade, a qual remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta
dias.
§ 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for julgado dentro
do prazo previsto neste artigo, a autoridade que impôs a penalidade,
de ofício, ou por solicitação do recorrente, poderá conceder-lhe efeito
suspensivo.
Basta a mera análise do dispositivo acima transcrito para constatar que a lei é clara
e inequívoca, levando a única conclusão forçosamente: (i) A JARI tem, como
EXPRESSAMENTE assim prevê oCTBB, o prazo de 30 (trinta) dias para julgar o
recurso; (ii) Salvo por foça maior (§ 3º), o recurso poderá não ser julgado no prazo
de 30 (trinta) dias, cabendo então à autoridade competente, conceder-lhe efeito
suspensivo. O termo “poderá” não impõe obrigação, mas caso a autoridade não o
faça, deverá fundamentar porque deixou de aplicar.
Mas mesmo assim, caso houvesse alguma dúvida, a interpretação deveria ser
também favorável ao recorrente. A multa, como forma penal de punir o agente
infrator deve ser interpretada e analisada favoravelmente a este, quando há,
alguma dúvida a sanar. Este princípio fundamental tem aplicação em qualquer lei
nacional, seja a lei penal stricto sensu, seja a lei tributária, seja a lei administrativa,
como se assemelha o CTB.
E ainda,
Note Excelência, que tamanha é a relevância do devido processo legal que nosso
ordenamento o elegeu com “PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL”, o que
denota toda sua carga axiológica, pois se tem, atualmente, o entendimento
uníssono de que princípio constitucional possui normatividade e efetividade
“supra legal”. Nesse sentido, os princípios são verdades jurídicas universais, e,
assim sendo, são consideradas normas primárias, pois são o fundamento da ordem
jurídica, enquanto que as normas que dele derivam possuem caráter secundário.
O capítulo XVIII, artigos 280 – 290 da Lei 9.503/97 que instituiu o Código de
Trânsito Brasileiro – CTB e a Resolução 363/2010 do CONTRAN estabelecem
detalhadamente o procedimento a ser observado com vistas a aplicação das
penalidades previstas no CTB. Tudo isso, evidentemente, em atenção ao supra
invocado PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, em seus principais
desdobramentos, quais sejam, o contraditório e a ampla defesa.
VI. Recurso direcionado à JARI do órgão autuador (artigos 286 e 287 do CTB);
Ao ensejo é imperioso destacar que a violação de princípios é mais grave que violar
uma regra infraconstitucional, ou seja, é desrespeitar todo ordenamento pátrio,
esse e entendimento do Ilustríssimo doutrinado Celso Antônio Bandeira, in verbis:
“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento
obrigatório, mas a todo sistema de comandos. É a mais grave forma de
ilegalidade ou inconstitucionalidade...” (Celso Antônio Bandeira de Melo - Curso
de Direito Administrativo).
Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será aplicada, nos casos
previstos neste Código, pelo prazo mínimo de um mês até o máximo de
um ano e, no caso de reincidência no período de doze meses, pelo prazo mínimo
de seis meses até o máximo de dois anos, segundo critérios estabelecidos pelo
CONTRAN.
[...]
Isso porque, a lei não retroage, salvo se for para beneficiar. Logo, a lei
que deve ser aplicada é aquela vigente à época das infrações.
Já as outras duas infrações, são postas em dúvida, uma vez que, naquela debatida
exaustivamente em recurso administrativo enviado a JARI de Florianópolis (doc.
6), prova-se que o recorrente não a cometeu. E quanto aquela por ultrapassar sinal
vermelho (doc 4), também é estranha ao recorrente, uma vez que houve a falta de
expedição de notificação dentro do prazo legal, e ainda, os escândalos envolvendo a
empresa responsável pelos radares.
4. DO PEDIDO
a) Diante do exposto requer como medida de inteira e pura justiça, que o presente
recurso seja recebido, conhecido e julgado procedente para arquivar o processo
administrativo nº .../2017 instaurado pela Gerente Geral das JARI e Imposição de
Penalidades do DETRAN/SC, sem a imposição de penalidade de suspensão do
direito de dirigir ao recorrente;
b) Requer ainda, que o auto de infração número... (doc. 4) seja arquivado por falta
de notificação dentro do prazo legal, o que impossibilitou o pleno exercício da
ampla defesa e contraditório;
c) Requer quanto ao auto nº... (doc. 5), que também seja arquivado, pois a multa,
como forma penal de punir o agente infrator deve ser interpretada e analisada
favoravelmente ao recorrente/infrator, quando há alguma dúvida a sanar, tendo
sido o recorrente injustiçado na decisão que culminou na aplicação de sanção
diante do recurso administrativo (doc. 6);
d) Caso Vossa Senhoria assim não entenda, requer que a suspensão do direito de
dirigir seja aplicada no seu mínimo legal, conforme a legislação vigente à época das
infrações, posto que, a lei nova não pode ser aplicada às situações constituídas
sobre a vigência da lei revogada ou modificada, conforme aduz o princípio da
irretroatividade legal;
Termos em que,
Pede deferimento.
Recorrente
Assinatura
[1] Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte [...] (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
[2] LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
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