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AO SR. PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSO DE


INFRAÇÃO DO ________ .

________ , brasileiro (a), RG nº ________ , CNH nº ________ ,


residente e domiciliado na Rua ________ , nº ________ , CEP:
________ , na cidade de ________ , ________ , tendo sido
autuado através do auto de infração em anexo, vem respeitosamente
através do presente, em conformidade com os arts. 280, 281 e 285 do
CTB, Lei Federal 9.784/99, e CF/88, para interpor o presente

RECURSO ADMINISTRATIVO

contra autuação, por legítimo direito de ampla defesa e do exercício


pleno do contraditório.

DA INFRAÇÃO

Infração: ________ Auto de Infração nº ________ Órgão Autuador:


________

DO VEÍCULO

MARCA ________ MODELO ________ , PLACA: ________ , RENAVAM:


________ .
DOS FATOS

O Auto de Infração indica que a ocorrência teria ocorrido às


________ , no ________ . Aplicando a penalidade de multa no valor de R$
________ e perda de ppontos na CNH.

O Autor recebeu a Notificação de Infração em ________ , com


data de expedição em ________ .

Ocorre que ________ , conforme passa a dispor.

DO ENQUADRAMENTO INDEVIDO NA LEI SECA

Conforme notificação recebida, o condutor teria cometido a


infração disposta no art. 165, do Código de Trânsito Brasileiro, segundo o qual o
motorista estaria em estado de embriaguez, ou seja, sob influência de álcool,
conforme a resolução do DENATRAN nº 432, art. 3º, que dispõe:

Art. 3º A confirmação da alteração da capacidade


psicomotora em razão da influência de álcool ou de outra
substância psicoativa que determine dependência dar-se-á
por meio de, pelo menos, um dos seguintes
procedimentos a serem realizados no condutor de
veículo automotor:
I – exame de sangue;
II – exames realizados por laboratórios
especializados, indicados pelo órgão ou entidade de
trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de
consumo de outras substâncias psicoativas que
determinem dependência;
III – teste em aparelho destinado à medição do teor
alcoólico no ar alveolar (etilômetro);
IV – verificação dos sinais que indiquem a
alteração da capacidade psicomotora do condutor.
§ 1º Além do disposto nos incisos deste artigo, também
poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem,
vídeo ou qualquer outro meio de prova em direito
admitido.
§ 2º Nos procedimentos de fiscalização deve-se priorizar a
utilização do teste com etilômetro.
§ 3º Se o condutor apresentar sinais de alteração da
capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja
comprovação dessa situação por meio do teste de
etilômetro e houver encaminhamento do condutor para a
realização do exame de sangue ou exame clínico, não será
necessário aguardar o resultado desses exames para fins
de autuação administrativa.

Ocorre que após análise ao dispositivo de lei, verifica-se que o


condutor não se enquadra em nenhum dos procedimentos mencionados , ou
seja, não há qualquer evidência da embriaguez, não existindo, assim, provas
para que a punição seja aplicada.

Dentre as garantias fundamentais, a Constituição contempla o


direito de não produzir prova contra si (art. 5, LXIII). Na mesma vertente, o
tratado de San José da Costa Rica estabelece em seu art. 8º, inc. II, alínea "g" o
‘’direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se
culpada’’.

Posto isso, considerando que ninguém é obrigado a produzir prova


contra si mesmo, o cidadão ao se negar a se submeter à prova do etilômetro
atesta um mero exercício regular de um direito. Como tal, ato perfeitamente
lícito, a teor do art. 23, III, do Código Penal, não devendo ser punível como
expressa o CTB.

Cabe destacar que no momento da fiscalização o condutor não


apresentou qualquer resistência quanto à fiscalização, tanto é que
no Auto de Infração não consta uma linha sequer sobre a conduto do
Autor.

Ressalta-se ainda, que o condutor apenas recusou-se realizar o


teste do etilômetro, não podendo este ser autuado apenas pela recusa, pois a lei
dispõe que a autuação é nos casos em que o condutor apresente sinais de
embriaguez ao volante ou na condução de veículo automotor, visto que:

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer


outra substância psicoativa que determine dependência:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito de
dirigir por 12 (doze) meses;
Medida Administrativa – retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado e recolhimento do
documento de habilitação.

Ou seja, não se pode concluir que o condutor apresentava estado


de embriaguez sem qualquer meio comprovatório apenas pela recusa do teste do
etilômetro, conforme precedentes jurisprudenciais sobre o tema:

ADMINISTRATIVO. AUTO DE INFRAÇÃO DE


TRÂNSITO. TESTE DO BAFÔMETRO - RECUSA.
INEXISTÊNCIA DE PROVA DA EMBRIAGUEZ POR
OUTROS MEIOS. AUTO DE INFRAÇÃO - NULIDADE. 1.
O art. 277 do CTB dispõe que a verificação do estado de
embriaguez, ao menos para cominação de penalidade
administrativa, pode ser feita por outros meios de prova
que não o teste do etilômetro. 2. A despeito das discussões
acerca do art. 277, § 3º, CTB, a jurisprudência exige que a
embriaguez esteja demonstrada por outros meios de
prova, não podendo ser decorrência automática da recusa
em realizar o teste. 3. Hipótese em que o agente da
fiscalização multou o condutor após sua negativa
em realizar o teste. O referido auto em questão
não descreve minimamente qualquer sinal de
ingestão de bebida alcoólica pelo infrator, razão
porque não prevalece a presunção de legitimidade
do ato administrativo. (TRF-4 - AC:
50046061020154047114 RS 5004606-10.2015.404.7114,
Relator: FERNANDO QUADROS DA SILVA, Data de
Julgamento: 24/01/2017, TERCEIRA TURMA)

ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA.


TRÂNSITO. AUTO DE INFRAÇÃO E NOTIFICAÇÃO DE
AUTUAÇÃO. ART. 165 E 277 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO.
RECUSA EM FAZER O TESTE DO "BAFÔMETRO".
AUSÊNCIA DE SINAIS DE EMBRIAGUEZ. FALTA
DE PROVAS. ANULAÇÃO. 1. Conforme o art. 277, § 2º,
CTB, para o enquadramento do art. 165 do Código de
Trânsito Brasileiro, podem ser utilizados outros meios de
prova além de exames clínicos e testes de medição do teor
alcoólico. No entanto, é necessário que haja alguma
evidência de que o condutor teve seu estado de
consciência alterado pela ingestão de bebida
alcoólica. 2. Anulação da multa aplicada pela não
observância à Legislação de Trânsito.
(APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5016411-
15.2014.404.7107, 4ª TURMA, Des. Federal LUÍS
ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE, POR
UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM
07/10/2014)

Ademais, a conduta descrita no AIT não se enquadra no Art. 306


do CTB:

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade


psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que
determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760,
de 2012)

A redação do referido disposto imputa como infração o


comprometimento da capacidade psicomotora em razão da
influência do álcool, e não a simples indicação da existência de álcool no
sangue.

Trata-se de conclusão lógica, diante da existência de inúmeros


efeitos diferentes para cada pessoa pela mesma quantidade de álcool. Portanto,
não basta a indicação de determinado teor alcoólico no sangue, deve-se exigir a
comprovação de que no caso específico houve a alteração objetiva da capacidade
psicomotora do condutor, sob pena de não se preencherem todos os elementos
da infração.

Para tanto, faz-se necessário que o AIT contenha expressamente


os elementos e provas que levaram à conclusão deste
comprometimento do denunciado, o que não se vislumbra no presente
caso.

Assim, não se pode admitir que o simples resultado positivo no


teste alcoolemia seja prova suficiente de que a sua capacidade psicomotora
tenha sido alterada:

EMENTA - PENAL - PROCESSO PENAL - CRIMES DE


EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E DESACATO -
CONDENAÇÃO - RECURSO DEFENSIVO - PROVA -
PLEITO DE ABSOLVIÇÃO - PENA - REDUÇÃO. (...)Não
podendo ser admitido no direito penal moderno o
chamado crime de perigo abstrato por força do implícito
princípio constitucional da ofensividade, apesar da
redação econômica do artigo 306 do Código de Trânsito
Brasileiro, atento ao princípio da proporcionalidade que
desautoriza que a infração administrativa que é menos
grave exija requisito não previsto na infração penal que é
mais grave ("estar sob a influência de álcool ou qualquer
outra substância"), penso que para o reconhecimento do
crime da lei de trânsito referido não basta que o
motorista esteja com o limite referido pela norma
de concentração de álcool no sangue, impondo-se
a comprovação de que ele estava dirigindo sob a
influência daquela substância, o que se manifesta
numa direção anormal que coloca em risco
concreto a segurança viária que é o bem jurídico
protegido pela norma. Entendimento contrário,
consagra a idéia da adoção pelo Estado de instrumento
simbólico para a conformação de comportamentos
desejáveis, ainda que sem ofensa ao bem jurídico
protegido, com utilização do aparato punitivo como prima
ratio e não como ultima ratio. (...) O juiz possui manifesta
discricionariedade no calibre da pena base, devendo
eventual exacerbação da resposta penal naquele primeiro
momento estar fundamentada nas circunstâncias judiciais
elencadas no artigo 59 do Código Penal, o que
efetivamente ocorreu no caso presente, operada a
substituição da PPL por PRD. (TJ-RJ - APL:
00044728320148190055 RIO DE JANEIRO CABO FRIO 1
VARA CRIMINAL, Relator: MARCUS HENRIQUE PINTO
BASÍLIO, Data de Julgamento: 06/12/2016, PRIMEIRA
CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 12/12/2016)

Portanto, diante da ausência de elementos suficientes na inicial


para fins de indicar de forma clara os elementos típicos da previsão legal
enquadrada, tem-se nula a infração aplicada.

Diante todo o exposto, requer a anulação do auto de infração e o


arquivamento do referido processo administrativo. Não sendo este o caso pugna
pela aplicação de penalidade mínima no que concerne a suspensão do direito de
dirigir.

DA INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

Conforme relatado, era inexigível do condutor que adotasse


conduta diferente daquela tomada, pois as circunstâncias impediam que o
Recorrente pudesse buscar outra alternativa.

Ao lecionar sobre a aplicação de sanções a qualquer cidadão, a


doutrina destaca sobre a necessidade de se avaliar as circunstâncias do ilícito,
uma vez que podem existir requisitos negativos do delito:
"Interpretando as palavras de CARNELUTTI, requisitos
positivos do delito significam prova de que a conduta é
aparentemente típica, ilícita e culpável. Além disso, não
podem existir requisitos negativos do delito, ou seja, não
podem existir (no mesmo nível de aparência) causas de
exclusão da ilicitude (legítima defesa, estado de
necessidade etc) ou de exclusão da culpabilidade
(inexigibilidade de conduta diversa, erro de
proibição etc.)." (LOPES JR, Aury. Direito Processual
Penal. 15ª ed. Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle,
p. 13502)

A inexigibilidade de conduta diversa se configura sempre que


não for possível exigir do agente outra conduta que aquela praticada em
determinada situação de risco ou nas hipóteses de coação moral irresistível,
como se evidencia no presente caso.

Desta forma, evidenciada a circunstância que configura


inexigibilidade de conduta diversa, tem-se por necessária a exclusão da
culpabilidade o Recorrente.

DO ESTADO JUSTIFICANTE

Como relatado, o condutor estava ________ , sendo obrigado a


infringir a norma de trânsito uma vez que ponderado a bem de maior valor, no
caso ________ , conforme provas que junta em a nexo.

Respeitar a norma de trânsito exigida no local seria colocar em


risco ________ , sendo inexigível do condutor, em especial pela forte pressão e
preocupação com a situação que precisava conduzir.
Por tais razões que o Código de Trânsito Brasileiro confere
prioridade e livre circulação aos veículos em estado de urgência:

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
(...)
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de
trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de
trânsito, gozam de livre circulação,
estacionamento e parada, quando em serviço de
urgência (...).

Nestes casos, a ilicitude do fato deve ser afastada, conforme


precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO – ANULATÓRIA – MULTA DE TRÂNSITO –


Ambulância do Município de Santa Lúcia que fora autuada
por transitar em velocidade superior à máxima permitida
para determinada via – Comprovada a prestação de
serviço de emergência no momento da infração –
Descaracterizada a ilicitude do ato, nos termos do
artigo 29, inciso VII, do Código de Trânsito
Brasileiro – Sentença de improcedência ratificada (art.
252, RITJSP) - Recurso não provido. (TJ-SP
00001997720158260040 SP 0000199-77.2015.8.26.0040,
Relator: Ponte Neto, Data de Julgamento: 25/10/2017, 8ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
25/10/2017)

A doutrina ao tratar sobre o tema, esclarece sobre a excludente de


culpabilidade no caso de estado de necessidade justificante:

a) Estado de necessidade justificante — configura-


se quando o bem ou interesse sacrificado for de
menor valor. Nessa hipótese, a ação de salvaguarda será
considerada lícita, justificada, portanto, afastando sua
criminalidade, desde que tenha sido indispensável para a
conservação do bem mais valioso. (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de direito penal: parte geral 1. 24 ed.
Saraiva, 2018. Versão ebook p.p. 9731)

E no presente caso, enquadra-se perfeitamente o estado de


necessidade justificante, uma vez que ao infringir referida regra de trânsito
nenhuma vida foi colocada em risco, o que ocorreria no caso fosse obrigado a
________ .

DO VEÍCULO CLONADO

Pelas circunstâncias evidenciadas no Auto de Infração, bem como


pela reiterada notificação deste infração que não fora cometida, resta uma única
conclusão de que o carro fora clonado, o que, inclusive motivou o proprietário a
registrar Boletim de Ocorrência.

Fatos que por si, devem conduzir à nulidade dos autos de infração
registrados no veículo, conforme precedentes sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –


DECLARAÇÃO DE NULIDADE E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO - ATO ADMINISTRATIVO – MULTAS POR
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO –
INEXIGIBILIDADE – VEÍCULO CLONADO. A fraude no
uso de placas de identificação de veículo, sem a
participação do proprietário, torna inexigíveis e nulas
as multas aplicadas por infração à legislação de
trânsito. Veículo clonado ou dublê. Demonstração.
Pedido procedente. Sentença mantida. Recurso
desprovido. (TJ-SP 10297622620168260053 SP 1029762-
26.2016.8.26.0053, Relator: Décio Notarangeli, Data de
Julgamento: 23/08/2017, 9ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 23/08/2017)

RECURSO INOMINADO. DETRAN/RS.


DESCONSTITUIÇÃO DE MULTAS DE TRÃNSITO
E PONTUAÇÕES APLICADAS A VEÍCULO
CLONADO. SUBSTITUIÇÃO DE PLACAS.
POSSIBILIDADE. 1. Trata-se de ação ordinária em que a
parte autora pretende a desconstituição das autuações,
desconstituição das pontuações geradas e, bem assim, pela
troca da placa do veículo, julgada procedente na origem. 2.
Dos documentos juntados aos autos, resta demonstrado
que efetivamente ocorreu a clonagem da placa
________ , do automóvel de propriedade do autor. A
imagem constante na infração de fl. 17 e fotografias
comparativas de fls. 61/64 comprovam que os veículos
possuem características distintas. 3. Outrossim, correto o
deferimento do pedido de alteração dos caracteres da
placa do veículo de propriedade do autor, sob pena de
permanecer a parte autora desprotegida. 4. Sentença de
procedência confirmada por seus próprios fundamentos,
nos moldes do artigo 46, última figura, da Lei nº 9.099
/95. RECURSO INOMINADO DESPROVIDO. UNÂNIME.
(Recurso Cível Nº 71006328652, Turma Recursal da
Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Volnei dos
Santos Coelho, Julgado em 29/06/2017).

Motivos pelos quais devem conduzir à imediata desconstituição da


multa aplicada e pontos registrados na carteira do proprietário.

DA DUPLA PENALIDADE PELA MESMA INFRAÇÃO

Conforme narrado, o Recorrente foi duplamente penalizado pelo


mesmo ato, como prova ambos Autos de Infração com mínima diferença de
tempo entre eles.

Tal fato acima configura bis in idem, amplamente conhecido como


“princípio da vedação da dupla punição pelo mesmo fato",
ocasionando desta forma uma condenação dupla pela mesma infração.

O que temos, nitidamente no presente caso, é a violação clara do


princípio do ne bis in idem, amplamente vedado pela jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. SISTEMA NACIONAL DE


TRÂNSITO. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. CONDUÇÃO DE
VEÍCULO NA CONTRAMÃO DE DIREÇÃO. ART. 186,
INC. II, DO CTB. LAVRATURA DE DOIS AUTOS DE
INFRAÇÃO EM LAPSO TEMPORAL INFERIOR A DOIS
MINUTOS. BIS IN IDEM CONFIGURADO.
ILEGITMIDADE PASSIVA DO DETRAN. AUTUAÇÃO DO
ÓRGÃO MUNICIPAL. - O DETRAN, embora o
responsável pela instauração de PSDD por excesso de
pontos, não detém gerência sobre as autuações efetuadas
por outros órgãos de trânsito. A retirada de pontos da
CNH do condutor é mera consequência da anulação da
autuação, cuja defesa cabe ao órgão autuador, no caso, o
Município de São Leopoldo. Acolhimento da prefacial da
ilegitimidade passiva suscitada pela autarquia estadual -
No mérito, assiste razão à parte autora/apelada
quanto à duplicidade de multas, pois conforme os
autos de infração, que dizem respeito ao dia 13/02/2012 e
local Avenida Presidente Roosevelt, São Leopoldo/RS, a
infração de dirigir pela contramão se deu nos horários
11h19min e 11h21min, ou seja, na sequência da direção
empreendida pelo autor, tendo sido este abordado após a
segunda constatação de direção irregular pela contramão.
Desse modo, considerando as condições de tempo
e local, caberia uma única autuação do infrator.
Diferente seria o caso de o autor ser autuado após o...
primeiro ato de direção na contramão e depois voltar a
realizar a infração, pois haveria, assim, uma diferença
razoável de tempo a configurar nova infração, além de que
restaria totalmente demonstrada a falta de respeito às
normas de trânsito, eis que o motorista teria sido
advertido de forma clara. Assim, a segunda
penalidade deve ser anulada pela autoridade de
responsável, qual seja, o Município, o que repercutirá na
contagem de pontos e perda da habilitação de
responsabilidade do Detran, conforme art. 256, § 3º, do
Código de Trânsito Brasileiro. Manutenção da sentença.
PROVIDO O APELO DO DETRAN E DESPROVIDO O
APELO DO MUNICÍPIO. (Apelação e Reexame Necessário
Nº 70075868653, Vigésima Segunda Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini,
Julgado em 25/01/2018) (TJ-RS - REEX: 70075868653
RS, Relator: Marilene Bonzanini, Data de Julgamento:
25/01/2018, Vigésima Segunda Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 01/02/2018)
ADMINISTRATIVO. LAVRATURA DE DOIS AUTOS DE
INFRAÇÃO DE TRÂNSITO POR ESTACIONAMENTO
PROIBIDO. MESMO LOCAL E DIA. DUPLICIDADE DE
PENALIDADE PELO MESMO FATO. BIS IN IDEM.
VEDAÇÃO. Os dois autos de infração foram lavrados no
mesmo dia por fiscais distintos com diferença de cerca de
6 horas entre ambos, levando a crer que se referem ao
mesmo fato, de modo que a imposição de ambos
configuraria bis in idem, o que é vedado no ordenamento
jurídico brasileiro. Sentença mantida para anular um dos
autos de infração. (TJ-RO - RI: 00051465920128220601
RO 0005146-59.2012.822.0601, Relator: Juiz Franklin
Vieira dos Santos, Data de Julgamento: 30/08/2013,
Turma Recursal - Porto Velho, Data de Publicação:
Processo publicado no Diário Oficial em 09/09/2013.)

Diante de todo o exposto é inequívoco que houve grave


inobservância aos princípios constitucionais, devendo ser arquivada uma das
infrações.

DAS IRREGULARIDADES DO AUTO DE INFRAÇÃO

Dispõe o Código de Trânsito Brasileiro expressamente sobre os


requisitos a serem observados no preenchimento do Auto de Infração de
Trânsito (AIT), quais sejam:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de


trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do qual constará:

I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua
marca e espécie, e outros elementos julgados necessários à
sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou
agente autuador ou equipamento que comprovar a
infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo
esta como notificação do cometimento da infração.

Ocorre que, em manifesta inobservância à lei, o Auto de Infração


contém ________ que invalidam o AIT, pois ________ .

Ou seja, trata-se de auto de infração insubsistente que deve ser


arquivado nos termos do Art. 281, inc. I do CTB.

Tal irregularidade deve-se ao fato de que, provavelmente, houve


falha no preenchimento do Auto de Infração, com a identificação equivocada do
veículo, gerando uma infração a veículo distinto daquele que efetivamente tenha
realizado a infração.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO –


PROCEDIMENTO COMUM – ANULAÇÃO DE ATO
ADMINISTRATIVO – INFRAÇÃO DE TRÂNSITO –
AUTO DE INFRAÇÃO – AUSÊNCIA DE REQUISITOS –
NULIDADE – ADMISSIBILIDADE. 1. Para a lavratura
de auto de infração de trânsito, é necessária a
observância dos requisitos previstos na legislação
correspondente. 2. Lavratura do auto de infração. Falta
de indicação do local e da tipificação da infração (art. 280,
I e II, CTB). Ausentes informações sobre o aparente estado
de embriaguez do infrator. Auto de infração que não
preenche os requisitos legais. Nulidade. Pedido
procedente. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJ-
SP 00042198420098260602 SP 0004219-
84.2009.8.26.0602, Relator: Décio Notarangeli, Data de
Julgamento: 18/04/2018, 9ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 18/04/2018)

Razões pelas quais devem conduzir à imediata nulidade do auto de


infração, ora impugnado.

DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Diante de tais circunstâncias, fica perfeitamente caracterizada a


inobservância à lei. O princípio da legalidade é a base de todos os demais
princípios, uma vez que instrui, limita e vincula as atividades administrativas,
conforme refere Hely Lopes Meirelles:

"A legalidade, como princípio de administração (CF,


art.37, caput), significa que o administrador público está,
em toda a sua atividade funcional, sujeito aos
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e
deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar
ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar,
civil e criminal, conforme o caso.

A eficácia de toda atividade administrativa está


condicionada ao atendimento da Lei e do Direito. É o que
diz o inc. I do parágrafo único do art. 2º da lei9.784/99.
Com isso, fica evidente que, além da atuação conforme à
lei, a legalidade significa, igualmente, a observância dos
princípios administrativos.

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade


pessoal. Enquanto na administração particular é lícito
fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública
só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o
particular significa ‘poder fazer assim’; para o
administrador público significa ‘deve fazer assim’."(in
Direito Administrativo Brasileiro, Editora Malheiros, 27ª
ed., p. 86),

No mesmo sentido, leciona Diógenes Gasparini:

“O Princípio da legalidade significa estar a


Administração Pública, em toda sua atividade, presa aos
mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob
pena de invalidade do ato e responsabilidade do seu
autor. Qualquer ação estatal sem o correspondente calço
legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é
injurídica e expõe à anulação. Seu campo de ação, como
se vê, é bem menor que o do particular. De fato, este pode
fazer tudo que a lei permite e tudo o que a lei não proíbe;
aquela só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim,
quando e como autoriza. Vale dizer, se a lei nada
dispuser, não pode a Administração Pública agir, salvo
em situação excepcional (grande perturbação da ordem,
guerra)” (in GASPARINI, Diógenes, Direito
Administrativo, Ed. Saraiva, SP, 1989, p.06)
Portanto, uma vez demonstrado o descumprimento ao devido
processo legal e ao princípio da legalidade, tem-se por inequívoco o direito à
nulidade do Auto de Infração.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto REQUER:

1- Seja recebido o presente Recurso, pois atende a todos os requisitos


de sua admissibilidade de acordo com a Res. 299/08 do CONTRAN;

2- Seja julgado PROCEDENTE o presente recurso, e por via de


consequência o cancelamento da multa imposta, conforme preceitua
o art. 281, inciso I do CTB, sendo anulada a pontuação;

3- Seja a decisão devidamente motivada, nos termos do Art. 37 da


Constituição Federal e Lei 9.784/00;

4- Caso o presente recurso não seja julgado em 30 dias, requer desde


já, o efeito suspensivo nos termos do Art. 285, §3º do CTB.

Nestes termos, pede e espera deferimento.


________

ANEXOS:

1.

2.

3.

4.

1. Cópias do processo administrativo com a descrição do AIT

2. Cópia Boletim de ocorrência

3. Cópia de outras infrações

4. Cópia do documento do veículo

5. Cópia do Auto de Infração

6. Infração
7. Cópia da CNH

8. Cópia do do documento do veículo - CRLV

9. Procuração, quando for o caso.

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