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ILUSTRISSIMO SENHOR PRESIDENTE DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE

RECURSOS DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO – DEPARTAMENTO ESTADUAL DE


TRÂNSITO DO ESTADO DE GOIÁS.

VINICIUS RATES DE OLIVEIRA, Brasileiro, Publicitário, portador do


RG: xxxxxxx e CPF: xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado (a) à xxxxxxxx, CEP xxxxxx,
neste ato representado, vem com o devido respeito a presença de Vossa Senhoria com
fundamento no artigo 285 do Código de Tânsito Brasileiro, apresentar o presente:
DFESA PREVA
Em desfavor de PROCESSO ADMINISTRATIVO SOB Nº
232500000200209, Instaurado pelo Departamento Estadual de Trânsito do Estado de
Goiás, pelos fatos e motivos que passa a expor.
I – TEMPESTIVIDADE
Considerando que o recorrente recebeu o Termo de Instauração e
Notificação de suspensão do direito de dirigir com prazo final pra defesa, o dia
14/01/2023, interpõe-se o presente recurso administrativo dentro do prazo recursal ,
haja vista o o dia 14 se dar em um domingo, dia não utíl. Portanto, deve ser
considerado tempestivo.

II – DOS FATOS
O condutor foi notificado pelo DE TRAN/GO, por ter sido abordado
pela fiscalização de trânsito no dia 11 de março de 2023. Consta na referida notificação
e no auto de infração que o condutor cometeu a infração disposta no artigo 165-A do
CTB, que afirma que o motorista fora atuado por dirigir sob influência de álcool de
acordo co resolução do DENATRAN.
Afirma o condutor que ao ser abordado por uma equipe de
fiscalização de trânsito da Policia Militar, que realizava fiscalização de rotina, na
ocasião foi requerido que o condutor realizasse o teste do etilômetro – conhecido
como “bafômetro”, sendo que o condutor negou-se a realizar o teste.
Informa que embora tenha se reservado ao direito constitucional de
realizar o teste do etilômetro, o condutor apresentou de pronto a documentação
requerida, pelo policial que conduzia a abordagem colaborando com a fiscalização e
que em nenhum momento apresentou qualquer resistência ao que era solicitado, com
exceção do referido teste.
Desta forma, não satisfeito, apresenta defesa prévia contra o referido
Auto de infração que visa apurar a suposta infração cometida bem como aplicar
sanção de suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
III DO DIREITO
O condutor é cidadão de bem, possui residência fixa e trabalho, além
do que é conhecedor de seus direitos e obrigações enquanto cidadão e não apresenta
qualquer óbice quanto aos procedimentos adotados por quaisquer órgãos da
Administração Pública, desde que venham para melhorar a qualidade de vida e
segurança da população.
Noutro giro é importante observar que é conhecedor do Código de
Trânsito Brasileiro, sendo devidamente habilitado para dirigir veículo automotor
conforme faz prova por meio da CNH Nº 029388839535-GO
Neste sentido cabe observar que no momento da fiscalização, o
condutor não apresentou qualquer obstáculo, recusando apenas a fazer o teste do
etilômetro –“bafômetro”, não podendo este ser atuado apenas pela recusa, pois a lei
dispõe que a atuação é nos casos que o condutor apresente sinais de embriaguez ao
volante.
Art. 165 CTB. Dirigir sob a influência de á lcool ou de qualquer outra
substâ ncia psicoativa que determine dependência:
Infraçã o - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensã o do direito de dirigir por 12
(doze) meses.
Sendo assim nã o merece prosperar a referida penalidade pois o artigo
acima transcrito dispõ e que será atuado aquele que dirigir sob
influência de á lcool. No entanto em momento algum fora detectado que
o condutor autuado apresentou sinais de embriaguez ou qualquer outro
sinal que poderia ser detectada por outras diversas formas.

Ademais no próprio CTB é disposto quando da impossibilidade ou no


caso da recusa do teste do etilômetro existem diversos outros meios que venham a
atestar a embriaguez do condutor, por exemplo, exames médicos no IML, que possam
comprovar o estado de embriaguez.
Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de
trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste,
exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos,
na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa que determine dependência.
Observe que o artigo 277, menciona outras possibilidades que não o
teste do etilômetro – “bafômetro” o que não fora oferecido ao condutor no momento
da abordagem.
Ademais a simples recusa em submeter-se ao teste do etilômetro não
pode implicar em punição haja visto que ninguém é obrigado a produzir prova contra
si mesmo, não podendo sofrer sanções por tal ato, sob pena de se ferir princípios e
garantias constitucionais, conforme se verifica no artigo 5º LXIII da CF combinado com
artigo 8ª § 2º g’ do pacto de São José da Costa Rica, a qual o Brasil é signatário:
Art. 5º LXIII da CF - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;
Convençã o Americana de Direitos Humanos de 1969 (Pacto Sã o José da
Costa Rica)
Artigo 8º - Garantias judiciais
...
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocência, enquanto nã o for legalmente comprovada sua culpa. Durante
o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, à s seguintes
garantias mínimas:
...
g) direito de nã o ser obrigada a depor contra si mesma, nem a
confessar-se culpada;

Ressalta ainda que no Termo de Constatação de Alcoolemia ou de


Outra Substância Psicoativa que Determine Dependência, processo administrativo em
questão, não fora detectado sinais de alterações psicomotoras do condutor, tendo
sido constatada suposta embriaguez apenas por vermelhidão nos olhos e odor de
álcool, todavia os demais sinais não condiziam com o de uma pessoa alcoolizada,
carecendo portanto de provas robustas para aplicação de tal sanção, quanto mais em
dias hodiernos, onde a limitação do direito de dirigir quase se equipara a limitação do
direito de ir e vir, pois nas mais das vezes usamos de tal direito para se deslocar para o
trabalho como é o caso do condutor que aqui apresenta sua defesa.
Noutro giro, admitiu o condutor ter bebido por volta das 20:00 hs ou
seja 4:00 hs. e 30 min. antes da abordagem policial, tempo suficiente para se sentir
hábil a dirigir, por estar com suas funções motoras em perfeito estado. Note que no
referido auto de infração em momento algum, seguiu os critérios legais, haja vista que
não foi identificado no auto de infração qualquer outro indício de embriaguez.
Note o que o art. 277 § 2º diz:
§ 2º A infraçã o prevista no art. 165 também poderá ser
caracterizada mediante imagem, vídeo, constataçã o de sinais que
indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteraçã o da
capacidade psicomotora ou produçã o de quaisquer outras provas
em direito admitidas. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012).

Porém ao observer o auto, não for a identificado pelo agente quaisquer sinais que
indiquem embriaguez, indo contra a forma disciplinada pelo Contran. Desta forma,
resta claro que tal processo administrativo é nulo.
IV DO PEDIDO
Isto posto requer, desta junta administrativa a anulação do auto de infração e o
arquivamento do referido processo administrativo.
Não sendo este o caso pugna pela aplicação de penalidade minima, que é apenas a
multa financeira já aplicada.
Goiânia, 14 de Janeiro de 2024
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VINICIUS RATES DE OLIVEIRA

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