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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DR JUIZ,

..., brasileiro, solteiro, estudante, portador do documento de identidade nº..., inscrito


no CPF sob o nº..., portador da Carteira Nacional de Habilitaçã o sob o nº..., residente e
domiciliado na Rua..., nº..., Bairro...,.../SC, CEP..., vem, respeitosamente perante Vossa
Senhoria, por intermédio de seu advogado, nos termos do artigo 285 do Có digo de
Trâ nsito Brasileiro, opor
DEFESA PRÉVIA
em desfavor ao auto de infração nº..., promovido pelo ó rgã o nº..., pelas razõ es de fato
e de direito a seguir aduzidas:
I - DOS FATOS
O condutor, na data de 15 de agosto de 2015, dirigia seu veículo..., placas..., pela
Rodovia..., Km..., sentido..., quando envolveu-se em um acidente de trâ nsito.
Posteriormente foi abordado pelo soldado..., matrícula..., lotado no ó rgã o da Polícia
Militar. Quando da abordagem a autoridade requereu que o condutor fizesse teste de
etilô metro (bafô metro), contudo, o mesmo preferiu recusar-se a fazê-lo.
Imediatamente a autoridade lavrou o auto de infraçã o, ora objeto da presente
impugnaçã o, enquadrando o condutor a infraçã o de trâ nsito descrita como “Dirigir
sob a influência de á lcool”, artigo 165, do Có digo de Trâ nsito Brasileiro, promovendo
em seguida a apreensã o da CNH e o veículo do condutor.
Informa que ao ser indagado sobre a recusa, o policial militar requereu a apresentaçã o
dos documentos do condutor e do veículo. No momento apresentou a documentaçã o
requerida, bem como colaborou com a fiscalizaçã o e que em nenhum momento
apresentou qualquer resistência ao que lhe era solicitado, com exceçã o do referido
teste.
Desta forma, nã o satisfeito, apresenta defesa prévia contra o referido Auto de infraçã o
que visa apurar a suposta infraçã o cometida.
II - DA ABORDAGEM E DO DIREITO
O condutor é cidadã o de bem, pois está inserido na sociedade, possui residência fixa e
trabalho, além do que é conhecedor de seus direitos e obrigaçõ es enquanto cidadã o e
nã o apresenta qualquer ó bice quanto aos procedimentos adotados por quaisquer
ó rgã os da Administraçã o Pú blica.
Insta observar que é conhecedor do Có digo de Trâ nsito Brasileiro e que é habilitado
para dirigir veículo automotor conforme registro CNH nº...
Nesta esfera, cabe dispor que no momento da fiscalizaçã o deste ó rgã o de trâ nsito, o
condutor nã o apresentou qualquer recusa quanto à fiscalizaçã o. Ressalta-se ainda que
o condutor apenas recusou-se a realizaçã o do teste do etilô metro - “bafô metro”, nã o
podendo este ser autuado apenas pela recusa, pois a lei dispõ e que a autuaçã o se dá
nos casos em que o condutor apresente sinais de embriaguez ao volante ou na
conduçã o de veículo automotor.
Senã o, vejamos:
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses;
(Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei
nº 12.760, de 2012)
Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do
documento de habilitação. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o
disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro.
(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
Parágrafo único. A embriaguez também poderá ser apurada na forma do art. 277.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12
(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Verificando o Auto de Constataçã o de Sinais de Embriaguez e/ou Substâ ncia


Psicoativa – ACSE, no tó pico “4 – relato do condutor”, os itens 03, 04, 05 e 06 nã o
foram preenchidos. Portanto, em nenhum momento ficou declarado que o condutor
ingeriu bebida alcoó lica, muito menos que tenha feito uso de substâ ncia tó xica,
entorpecente ou de efeito aná logo. Sequer foi feito, também, exame de sangue para a
exata aferiçã o da quantidade de teor alcoó lico.
Da mesma forma, no tó pico “5.1 – aparência do condutor” nota-se que, pelo policial,
foram assinalados os seguintes sintomas observados: sonolência, olhos vermelhos,
há lito alcoó lico e desordem nas vestes.
No entanto, cumpre ressaltar que alguns desses sintomas apareceram por conta de o
condutor estar em uma festa durante a noite e ter se envolvido no acidente por volta
da 04h00min da manhã . Assim, até que tudo se resolvesse, por volta das 08h00min da
manhã do mesmo dia, foi preciso passar a noite em claro, contribuindo para o
aparecimento da sonolência e dos olhos vermelhos constatados.
Compulsando-se o ACSE, é possível verificar que o condutor tinha consciência de onde
estava e também sabia seu endereço, conforme tó pico “6 – capacidade psicomotora”.
Quanto nã o saber informar horá rio e data, lembrar dos atos cometidos, fala alterada,
estas foram agravadas por estar diante de uma autoridade, situaçã o que o fez ficar
ainda mais nervoso para responder estas perguntas, além do fato de estar sem dormir
há cerca de 24 (vinte e quatro) horas.
No entanto, no item “8 – conclusã o”, o policial nã o preenche o campo onde informa se
a pessoa está ou nã o com a capacidade motora alterada, o que contradiz todas as
opçõ es assinaladas no tó pico 6.
No pró prio CTB é disposto quando da impossibilidade ou no caso da recusa do teste
do etilô metro existem diversos outros meios que venham a atestar a embriaguez do
condutor, por exemplo, exames médicos no IML ou realizaçã o de exame de sangue,
portanto, o policial militar, mesmo possuindo fé pú blica, obtinha de outros meios para
constatar a embriaguez e nã o o fez.
Nã o obstante o art. 277 do CTB dispõ e da seguinte forma:“[...] O que se pode
interpretar que o teste do “bafômetro” – etilômetro, não é o único meio para constatar a
embriaguez do condutor autuado.”
Diante do ocorrido ainda há que ressaltar sobre a vida pregressa do condutor que nos
arquivos desta instituiçã o inexistem fatos que estã o vinculados ao seu registro de
habilitaçã o nacional, ou seja, numa eventual possibilidade pode-se verificar que o
condutor é motorista exemplar e que nunca se encontrou ocorrências em seu registro.
Sobre a aplicaçã o de penalidade e uma possível condenaçã o do condutor em
suspender seu direito de dirigir vale dispor que apenas a recusa ao teste do etilô metro
nã o é crucial para a condenaçã o do condutor. Desta forma vejamos o entendimento
jurisprudencial do Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TRÂNSITO. LESÃO CORPORAL CULPOSA NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR MAJORADA PELA OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 303, C/C ART. 302, INC. III, DO CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO). SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DEFENSIVO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO
DA INÉPCIA PARCIAL DA DENÚNCIA. PEÇA ACUSATÓRIA QUE NÃO DESCREVEU CONDIZENTEMENTE O FATO
DELITUOSO E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS. DESCUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 41 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL. APELO PREJUDICADO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO
BRASILEIRO). AUSÊNCIA DE PROVA TÉCNICA DA CONCENTRAÇÃO IGUAL OU SUPERIOR A 6 (SEIS)
DECIGRAMAS DE ÁLCOOL POR LITRO DE SANGUE. ELEMENTO OBJETIVO DO TIPO INSERIDO PELA LEI N.
11.705/2008 (VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS). IMPRESCINDIBILIDADE DO EXAME DE SANGUE OU DO
ETILÔMETRO. RECUSA DO AGENTE. AUTO DE CONSTATAÇÃO DE SINAIS DE EBRIEDADE INSUFICIENTE A
TANTO. TEOR ALCOÓLICO NÃO EVIDENCIADO. MATERIALIDADE DELITIVA NÃO COMPROVADA.
ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. (TJSC, Apelação Criminal n. 2014.016043-3, de Timbó, rel. Des. Rodrigo
Collaço, j. 24-07-2014). (grifou-se).

Nã o obstante, o referido julgado assemelha-se a este caso, pois nã o consta qualquer


outro tipo de prova que venha comprovar a real situaçã o do condutor, pois a recusa
do teste do bafô metro nã o é meio suficiente para condenar e enquadrá -lo no artigo de
lei.
Observa-se ainda que nã o fora requerido ou questionado qualquer hipó tese de outras
formas para comprovar se o condutor encontrava-se ou nã o em estado de embriaguez.
No entanto, nã o se pode concluir que o condutor apresentava estado de embriaguez
sem qualquer meio comprobató rio apenas pela recusa do teste do etilô metro, sendo a
autuaçã o injusta.
Requer, portanto, a anulaçã o do auto de infraçã o e o arquivamento do referido
processo administrativo. Nã o sendo este o caso, pugna pela aplicaçã o de penalidade
mínima no que concerne a suspensã o do direito de dirigir.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Local, data.
Assinatura do autuado

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