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DR. HARDING JORGE LEITE & ASSOCIADOS.

HARDING & ASSOCIADOS


ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA JARI ____ DA SECRETARIA
MUNICIPAL DE TRANSPORTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO.

VERA LUCIA COTRIM DOS SANTOS, brasileira, solteira, profissão corretora,


identificada pela CTPS nº 22413 – Série – 129 - RJ e registrada junto ao Ministério da
Fazenda com o CPF nº 272302527-68, residente e domiciliada a Rua Francisco Sá, nº
100 – Copacabana – RJ - Cep: 22080-010, vem, respeitosamente à presença de vossa
senhoria, com fundamento no artigo 282, parágrafos 4° e 5° da lei nº 9.503/97, interpor
a presente DEFESA PRÉVIA, contra a aplicação de penalidade por suposta infração de
trânsito (dirigir sob influencia de álcool art. 51691 e conduzir veículo sem os
documentos de porte obrigatório - código 69120 - referidos no CTB) na qual lhe é
imputado a infração dos artigos 165 e 232 do Código de Trânsito Brasileiro, conforme
NOTIFICAÇÃO anexa.

Ocorre que o artigo em pauta foi recentemente alterado pela controversa Lei n°
11.705/06 e pela recente Lei 12.760/2012, ocasião na qual exigi a concentração mínima
de seis decigramas por litro de sangue para responsabilizar administrativamente o
condutor surpreendido sob efeito de Álcool.

Até porque não foi realizado o exame solicitado, fato esclarecido por esta
pessoa que foi autuada e multada pelo componentes da Lei seca, a mesma alega que
não se submeteu ao exame supra – citado e nem estava com a devida concentração
mínima alcoólica exigida em conformidades a legislação do CTB porque não havia
ingerido álcool algum.

De acordo com a modificação efetivada pela nova Lei, o artigo 276 do CTB,
passou a versar que “QUALQUER CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL POR LITRO” de
sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no artigo 165 (…)" e
“parágrafo único. O CONTRAN DISCIPLINARÁ AS MARGENS DE TOLERÂNCIA
quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a
legislação metrológica.(grifos nossos).

A Lei n° 11.705/06 e o aumento da penalidade de acordo com a lei 12.760/


2012, apresentam traços nitidamente demagógicos e ofensores ao estado democrático de
direito, não hesitando em ferir diversos princípios constitucionais e direitos
fundamentais em nome de uma rigidez e arbitrariedade recorrentes em regimes
autoritários.

Ao instituir sanção administrativa e penal ao condutor, sem a devida


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comprovação, com a mera suposição, de o condutor ter ingerido álcool, sem efetiva
lesão a quem quer que seja, o legislador fere diretamente os princípios constitucionais
da proporcionalidade e razoabilidade.

De fato, pressupor que a condutora ingeriu quantidade ínfima de bebida


alcoólica, e imputar que seja suficiente para embriagar e tornar potencialmente perigoso
um indivíduo adulto, remete a uma simplificação grosseira da realidade.

Os corolários Constitucionais da proporcionalidade e Razoabilidade são


atacados quando o legislador permite multar administrativamente por suposta infração
de trânsito após a ingestão de quantidade de álcool, sem a devida comprovação.

Ao utilizar medidas administrativas e penais coercitivas como primeira


alternativa do sistema jurídico, a Lei em questão AFRONTA DIRETAMENTE O
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA e o DIFUNDIDO CONCEITO DO DIREITO
PENAL CONHECIDO COMO ULTIMA RATIO (DERRADEIRA HIPÓTESE DE
INTERVENÇÃO ESTATAL).

Porém, a recusa do condutor em utilizar o bafômetro justifica-se plenamente


pelo preceito disposto na carta magna e no artigo 8.º do pacto de “São José da Costa
Rica”, tratado internacional do qual o Brasil é signatário, SEGUNDO O QUAL
NINGUÉM É OBRIGADO A PRODUZIR PROVAS CONTRA SI MESMO, mas, não se
faz a este caso.

Durante toda abordagem, o condutor NÃO DEMONSTROU EM MOMENTO


ALGUM QUALQUER SINAL DE EMBRIAGUEZ OU DEBILIDADE DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS.

O Condutor dirigia de forma perfeitamente habitual e inofensiva, não


oferecendo ameaça a ninguém, e ademais não se encontravam no interior do carro
pessoa alguma, que pudesse apurar farra no interior do veículo.

Também não consta no auto de infração a suposta informação datada de


01/03/2013 "DIRIGIR SOB A INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL", não há anotações e não é
mencionado que o condutor se “recussou-se ao teste do etilômetro, pois, o mesmo NÃO
FOI FEITO, OCORRE QUE NO AUTO DE INFRAÇÃO NÃO CONSTA NENHUMA
INFORMAÇÃO QUE O CONDUTOR APRESENTAVA SINAIS DE SUPOSTA
EMBRIAGUEZ.

Outrossim, segundo a nova Lei 12.760/2012, em seu art. 277 § 2º, a suposta
conduta indisciplinar do condutor poderá ser provada por outros meios de provas , in
verbis:

“2O A infração prevista no art. 165 TAMBÉM PODERÁ SER CARACTERIZADA


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MEDIANTE IMAGEM, VÍDEO, CONSTATAÇÃO DE SINAIS QUE INDIQUEM, NA
FORMA DISCIPLINADA PELO CONTRAN, ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE
PSICOMOTORA OU PRODUÇÃO DE QUAISQUER OUTRAS PROVAS EM DIREITO
ADMITIDAS”.(grifos nossos).

Ocorre que nenhuma destas provas foi produzida no local, portanto a multa
administrativa imposta e ato totalmente arbitrário.

Verifica-se ainda a ilegalidade do auto de infração em anexo ao ser verificado


que o mesmo NÃO FOI ASSINADO POR DUAS TESTEMUNHAS CONFORME
ESTATUI OS PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS LEGAIS, PORTANTO
ILEGAL O AUTO DE INFRAÇÃO.

Sendo assim, sem a comprovação substancial para caracterizar o estado de


embriaguez delimitado pela Lei nº 11.705/06, entende-se inaplicável o artigo nº 165 e
232 do Código de Trânsito Brasileiro, não podendo este se basear em conjecturas
arbitrárias sem qualquer prova ou respaldo técnico.

Ressalta-se que o condutor não apresentava agressividade, ironia, arrogância ou


exaltação. Não se mostrou falante ou disperso. Sabia exatamente onde estava e que
horas eram. Lembrava dos atos cometidos e não apresentava fala alterada . SEU
EQUILÍBRIO E SUA CAPACIDADE MOTORA E VERBAL ERAM PERFEITAS.

O artigo 277 do Código de Trânsito Brasileiro afirma categoricamente que,


caso não seja efetuada a averiguação do teor alcoólico por intermédio do
BAFÔMETRO, o condutor poderá ser submetido a teste, EXAME CLÍNICO, PERÍCIA
ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada
pelo CONTRAN, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa
que determine dependência.

“art. 277. o condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito


ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico,
perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma
disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância
psicoativa que determine dependência”.(grifos nossos).

Porém, ESTES MEIOS DE PROVAR O ALEGADO PELA AUTORIDADE


ADMINISTRATIVA NÃO FORAM OFERECIDOS AO CONDUTOR, sendo estes
inclusive mais eficazes que o bafômetro.

Neste caso, não foi produzida a prova por estes meios, posto que foi verificado
pela autoridade administrativa, que o condutor estava com sua capacidade motora e de
equilíbrio plenas, estando inclusive em plenas condições de dirigir.

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Assim, verifica-se de plano a ilegalidade do ato e da sanção administrativa.

A observação casual e apressada da autoridade Administrativa, avaliando a


existência ou não de embriaguez, sem base científica analisando sob critérios abstratos
em oposição aos exames especificados no diploma legal, caracteriza afronta ao
contraditório e à ampla defesa, BEM COMO TORNA O ATO ADMINISTRATIVO
NULO DE PLENO DIREITO.

O regime democrático, pedra basilar do sistema jurídico nacional, não permite,


em hipótese alguma, que o poder público interfira na esfera individual sob pretexto de
suposições infundadas e total ausência de materialidade.

Trazemos à tona o histórico do condutor , sua primeira habilitação é de


23/11/1972, dirigindo a_41_anos e 7 meses, passando por muitos anos sem ser
multado, dirigindo sempre com a maior prudência possível, nunca se envolveu em
acidente de trânsito e nunca utilizou o seguro de carro, ademais o mesmo não
possui o costume de ingerir bebidas alcoólicas, demonstrando ser um exímio
motorista.

O que ocorreu de fato foi que a condutora estava em uma reunião de amigos de
trabalho, sendo estes procedimentos corriqueiros e de conhecimento de todos, pois
depois de um dia exaustivo, nada mais justo que o desfrute de momentos de
descontração e cordialidade entre funcionários, chegando ao local a condutora bebeu 1
(um guaraná e uma de água), portanto dentro dos padrões da normalidade, podendo
conduzir seu veículo automotor de forma adequada.

O condutor ao requerer e impugnar qualquer ato de infração ocorrida o


agente administrativo, este, mesmo a amedrontou-a, impondo-lhe medo, alegando
que mesmo que a condutora estivesse favorável a lei seca e se pondo disposta a
fazer o teste etílico, porém frisasse que o agente administrativo falou que era
melhor o condutor não fazer o teste.

Demonstra-se assim que é muito mais prático e rentável ao Ente


administrativo, não produzir a prova e multar de forma vultuosa ao Cidadão de forma a
aumentar a receita do Ente Público, dilacerando de forma cabal os princípios
administrativos básicos.

Portando a infração imposta ao condutor deve ser cancelada, visto a sua


ilegalidade flagrante.

Nota-se que NÃO RESTOU PROVADO EM MOMENTO ALGUM


QUALQUER SINAL DE EMBRIAGUEZ OU POTENCIAL PERICULOSIDADE ,
nem mesmo IMAGEM, VÍDEO, CONSTATAÇÃO DE SINAIS QUE INDIQUEM,
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NA FORMA DISCIPLINADA PELO CONTRAN, ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE
PSICOMOTORA OU PRODUÇÃO DE QUAISQUER OUTRAS PROVAS EM
DIREITO ADMITIDAS, SENDO A SANÇÃO IMPOSTA UMA AFRONTA
GRATUITA ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DE UM ESTADO DE
DIREITO.

O escopo e finalidade da lei nº 11.705/06 são, sem sombra de dúvida,


louváveis, porém, suas sanções devem SEGUIR OS PRECEITOS DA LEGALIDADE,
SOB PENA de ABALAR OS PILARES da CARTA MAGNA.

Sendo assim, posto a ilegalidade do ato administrativo, não sendo LAVRADO


SEGUINDO OS DITAMES LEGAIS e as conseqüências de suspensão da habilitação
para o cotidiano pessoal e profissional do autor serem devastadores e injustificados ,
REQUER de plano a efetiva IMPROCEDÊNCIA da infração imputada a condutora,
com o CANCELAMENTO da MULTA, de valor abusivo e impraticável, bem como o não
ocorra a suspensão do direito de conduzir veículo automotor, posto esta ser medida de
JUSTIÇA que se impõe.

NESSES TERMOS,
PEDE DEFERIMENTO.
RIO DE JANEIRO, 31 DE MARÇO DE 2014.

_____________________________________________
VERA LUCIA COTRIM DOS SANTOS.

HARDING JORGE LEITE.


OAB/RJ nº 096.675.

MARCOS ELISES MATOS.


OAB/RJ nº 096.675.

VINÍCIUS SOARES DA COSTA FREITAS.


OAB/RJ nº 164.373.

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