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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR PRESIDENTE DA JARI – DETRAN – SP.

Art. 165-A CTB

FRANCISCO GONÇALVES SALGADO FILHO, brasileiro, portador do RG nº


53260785 SSP/SP, do CPF nº 02866930703 e da CNH nº 06456334553, residente e
domiciliado na Travessa Maiami Sal Guerreiro, 19, Jardim Rosana, CEP: 05795210,
SP/SP, vem, respeitosamente, à presença de V. Sa, em conformidade com os artigos 285
e seguintes do CTB, Resolução 619/16 e 299/08 do CONTRAN e da Lei 9784/99 para
interpor

RECURSO CONTRA A APLICAÇÃO DE PENALIDADE DE MULTA, com


pedido de efeito suspensivo,

pelas razões expostas a seguir:

I- DOS FATOS

No dia 03.09.22, às 00:50 hrs, o Requerente foi autuado por, supostamente, ter
infringido a legislação de trânsito, nos termos do Auto de Infração acima especificado.

II. DO DIREITO

A penalidade acabou indevidamente imposta. Com efeito, o artigo 277, do CTB,


discrimina as formas de constatação de embriaguez ou influência de álcool, relacionando
o teste, exame clínico, perícia, imagem, vídeo, sinais que indiquem o estado etílico e
outras provas em Direito admitidas.

O § 3º do dispositivo em comento, reza que "serão aplicadas as penalidades e


medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se
recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. "A
interpretação daí resultante – art. 165-A c/c art. 277 – é que não é a simples recusa do
motorista em submeter-se a qualquer dos procedimentos para verificação de
embriaguez que autoriza a elaboração do auto de infração por violação ao art. 165-A;

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além da recusa, o meio empregado deve confirmar a influência de álcool ou outra
substância psicoativa que determine dependência.

O fundamento, a recusa em produzir prova contra si mesmo é garantia


constitucional, portanto a conduta negativa não pode ser apenada, sob pena de lesão a Lei
Maior.

Nesse sentido é a redação do art. 277, do CBT: “O condutor de veículo automotor


envolvido em acidente ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a
teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou
científicos, na forma disciplinada pelo CONTRAN, permita certificar a influência de
álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência.”

Anoto que, se o Requerente não apresentava nenhum dos sinais típicos da


embriaguez ou influência de álcool no organismo e dirigia normalmente, não havia
sequer motivo para ser convidado a fazer teste de embriaguez.

O que de fato autoriza o convite para submeter-se ao teste etilométrico ou


qualquer ou exame previsto no art. 277 do CTB, bem como a confecção do auto de
infração por violação ao art. 165-A, é a existência inequívoca de sinais de embriaguez
ou, ao menos, indicativo da influência de álcool no organismo do condutor. Aí, sim,
o agente de trânsito está legitimado a convidar o condutor a sujeitar-se a algum dos meios
de verificação do estado de embriaguez.

Inexistindo suspeita de embriaguez é vedado ao agente de trânsito solicitar e


insistir na realização detestes e exames. No caso sob análise, a interação entre o
Requerente e o policial resumiu-se na breve conversa alhures registrada e na entregada
documentação de porte obrigatória. Não estava sob efeito de bebida alcoólica e a prova
documental anexada comprova a veracidade dessa alegação.

Havendo recusa do motorista em submeter-se ao teste do bafômetro, compete ao


agente de trânsito seguir o disposto na Resolução nº 432/2013, do CONTRAN, no
sentido consignar no auto de infração ou em ocorrência apartada, as informações mínimas
acerca do condutor e do fato, a saber: hálito, aparência, atitude, orientação, memória,
elocução, coordenação motora e testes desobriedade. Por evidente, o documento deve ser
assinado pelo infrator e elaborado na presença de testemunhas, como forma de evitar
eventual abuso por parte do agente de trânsito.

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No caso em questão, essa providência NÃO FOI CUMPRIDA, POIS NO
CAMPO OBSERVAÇÕES ENCONTRA-SE EM BRANCO, QUANDO, EM
VERDADE, DEVERIA CONSTAR AO MENOS UM SINAL DE EMBRIAGUEZ
COMO DETERMINA A RESOLUÇAO 432/2013 DO CONTRAN, AINDA EM
VIGOR E, PORTANTO, DEVE SER SEGUIDA!

Significa dizer que o exame NÃO foi feito e a capacidade psicomotora do


Requerente encontrava-se intacta, com a ausência de todos os sinais que revelam a
influência de álcool.

Lembro que, na forma do art. 5º, § 1º, da Resolução 432/2013, para caracterizar a
embriaguez ao volante, são necessários um conjunto de sinais típicos.

E o § 2º desse dispositivo é categórico: os sinais de alteração da capacidade


psicomotora deverão ser descritos no auto de infração ou em termo específico; e
mais, essas informações deverão acompanhar o auto de infração.

Assim temos que, sem a presença de sinais de embriaguez ou influência de álcool,


o convite para submissão ao exame de bafômetro sequer deveria ter sido feito. Daí que,
considerando que o art. 165-A do CTB está atrelado ao art. 165do CTB, o órgão autuador
– o DETRAN –, contraditória e injustamente, impôs penalidade por violação ao art. 165-
A do CTB sem que o condutor apresentasse qualquer sinal de embriaguez!

Oportuno destacar que a autoacusação não é admitida pelo direito brasileiro. Daí
que, perfeitamente lícita a conduta do motorista que se recusa em se submeter a exames
invasivos para constatação de embriaguez, dentre os quais a cessão de material hemático
ou teste do etilômetro.

O motorista não é obrigado a ceder sangue ou assoprando bafômetro. Porém,


deve concordar, se for o caso, em participar de outros testes – não invasivos – para
demonstrar que não estava dirigindo sob influência de álcool. Nessa toada, conversar,
andar, repetir movimentos são naturais formas de evidenciar o estado de lucidez ou
embriaguez.

Não há registro no auto de infração de que o agente de trânsito tenha convidado o


Requerente a realizar outros testes para verificação da embriaguez.

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Não bastassem essas considerações, repisando o acima dito, o art. 277 não
dispensa a certificação sobre a embriaguez ou influência de álcool do condutor. No caso
sub judice, o agente realizou o exame clínico e tampouco preencheu adequadamente o
auto de infração, a fim de declarar ao menos um sinal de embriaguez; e, mesmo assim,
lavrou em seu desfavor o auto de infração por transgressão ao art. 165-A, do CTB.

O TJ/SP, em situação similar, decidiu: “ANULATÓRIA. Multa de trânsito. Recusa


em fazer o teste do ‘bafômetro’. Relato da autoridade de que o condutor não a
presentava sinal de alteração da capacidade psicomotora. Submissão a um dos
procedimentos estabelecidos na Resolução CONTRAN nº 432/13.Inexistência de
elementos que permitam concluir pela infringência do art.165 do CTB, não tendo
ocorrido qualquer acidente. Sanção desarrazoada, consideradas as peculiaridades do
caso concreto. Sentença reformada. Recurso conhecido e provido.” (Apelação
nº1007181-31.2015.8.26.0189 – Relatora Desembargadora Vera Angrisani– 2ª Câmara
de Direito Público – TJ/SP).

Dessa forma, sensato Julgador, inescondível a ofensa ao princípio da presunção da


inocência. O Requerente não pode ser punido baseado na recusa em fazer um dos
exames, se um dos exames foi realizado. A procedência deste recurso é, pois, medida que
se impõe.

III- DA AUSÊNCIA DE PROVA DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E


VIOLAÇÃO À PORTARIA 59/07 DENATRAN – ART. 165-A CTB

Relativo à forma do auto de infração de trânsito, que é a questão principal aqui


versada, o art. 280 do Código de Trânsito Brasileiro prevê as informações que devam
constar no auto de infração, dentre as quais está a tipificação da infração, senão vejamos:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto


de infração, do qual constará:

I - tipificação da infração;

Estabeleceu ainda a Portaria 59/2007 do Denatran que os órgãos e entidades de


trânsito poderão confeccionar e utilizar modelos de Autos de Infração que atendam suas
peculiaridades organizacionais e as características específicas das infrações que
fiscalizam, criando, inclusive, campos e espaços para informações adicionais.

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O Anexo I da Portaria 59/2007 estabelece os campos que devem conter o auto
de infração, sendo que relativo à tipificação da infração prevê o seguinte:

“BLOCO 5 – TIPIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO

CAMPO 3 – ‘DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO’ – campo para descrever de forma


clara a infração cometida. Campo obrigatório.

CAMPO 8 – ‘OBSERVAÇÕES’ – campo destinado ao registro de informações


complementares relacionadas à infração. Campo obrigatório”.

Pelo exposto, verifica-se que os campos destinados à descrição do código da infração,


descrição da infração e, campo observações, onde o agente descreverá de forma clara a
infração cometida conforme anexo IV da Portaria 59/2007, são campos considerados
obrigatórios, sendo necessários o seu preenchimento pelo agente de trânsito a fim de
propiciar ao autuado a ampla defesa e o contraditório.

Antes, entretanto, de ser efetivamente imposta a penalidade de multa, caberá à


autoridade de trânsito, verificar se o auto de infração apresenta a regularidade formal
necessária (O QUE NÃO SE VERIFICA NO PRESENTE CASO, JÁ QUE NÃO SE
DESCREVEU, EM DETALHES, A SITUAÇÃO DE FATO VERIFICADA PELO
AGENTE DE TRÂNSITO, POIS AUSENTE O PREENCHIMENTO DO CAMPO
OBSERVAÇÕES COM DETALHES SOBRE OS SINAIS DE EMBRIAGUEZ QUE
JUSTIFICASSEM A ABORDAGEM).

Nos casos de autuação do artigo 165-A do CTB, introduzido pela lei


13.281/2016, que nada mais é do que a junção do artigo 165 c/c 277, §3º do CTB, os
princípios basilares constitucionais, principalmente, o da legalidade – “bloco de
legalidade”, moralidade, ampla defesa, contraditório e o próprio direito a não
autoincriminação, devem ser respeitados, sem que haja impunidade.

Ora, afirmar que recusar-se ao supracitado teste, por exemplo, por si só, constitui
infração administrativa autônoma, revela-se inconcebível e atentatório ao objetivo
primeiro da norma, além do mais, contraditório ao próprio texto legal.

O artigo 165-A do CTB, consoante se constata no PARECER n.º 328/2017,


emitido pelo Conselho Estadual de Trânsito do estado de Santa Catarina –

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CETRAN/SC1 –, o qual foi elaborado em decorrência de uma consulta formulada pelo
Delegado Regional de Polícia Civil de Caçador acerca do entendimento desse Conselho,
após as inovações trazidas pela Lei 13.281/2016, quanto à aplicação dos artigos 165-
A c/c 277, § 3º do CTB baseada na recusa do condutor em se submeter ao teste do
etilômetro, tem por objetivo coibir a direção veicular sob estado de embriaguez ou de
consciência alterado e, para isso, o agente autuador tem que motivar seu ato
administrativo, comprovando as suspeitas/sinais desses estados psicomotores que o
levaram a submeter o motorista ao referido teste:

“Não obstante, mesmo examinando apenas as disposições dos artigos 277 e 165-
A do CTB, fica evidente que o objetivo da reprimenda não é punir quem, sem externar
nenhum sinal ou sintoma de que esteja sob a influência de álcool ou outra substância
psicoativa, se recuse a se submeter aos testes e exames para apuração de alcoolemia.

O próprio tipo infracional descrito no art. 165-A evidencia isso, senão vejamos:

Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro
procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa,
na forma estabelecida pelo art. 277.

Percebe-se que a transgressão delineada no artigo acima transcrito não


se restringe à mera recusa.

Com efeito, o que o dispositivo em tela condena é a resistência em se


submeter aos procedimentos destinados a CERTIFICAR influência de álcool ou outra
substância psicoativa. Certificar significa dar certeza, convencer, conferir convicção.

Ora, se o procedimento, cuja omissão deliberada sujeita às cominações


em voga, se presta a convencer o examinador de que a pessoa fiscalizada está sob
influência de álcool, isso significa que para o agente fiscalizador somente é lícito lançar
mão desse expediente quando a postura do condutor despertar suspeitas que necessitem
de confirmação/certificação.

1
SANTA CATARINA. Conselho Estadual de Trânsito do Estado de Santa Catarina (CETRAN/SC).
Parecer n.º 328/2017. Conselheiro Relator: José Vilmar Zimmermann. 24 jan. 2017. Disponível em:
<http://www.cetran.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=3658&Itemid=1
34>. Acesso em: 08 ago. 2018.

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Se não há suspeita, não há o que ser certificado, tornando-se arbitrária a
submissão do condutor ao teste e, portanto, incabível a imputação pela infração do art.
165-A do CTB.

Desse modo, considera-se que seja razoável e efetivamente justa a autuação nos
moldes do artigo 165-A do CTB, respaldada na anotação dos sinais ou suspeitas de
embriaguez ou alteração psíquica do condutor, até que, por ventura, esse artigo seja
retirado do nosso ordenamento jurídico por meio de uma ação direta de
inconstitucionalidade”.2

Oportuna a menção de que o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito


determina que no campo de observações deve ser pormenorizada a situação, com os
elementos que demonstrem o verdadeiro estado que em que se encontrava o condutor: se
apresentava sinais de embriaguez na fala, ao andar, de consciência, bem como outros
elementos que conduzam ao entendimento de que a capacidade psicomotora se
encontrava atingida, o que não ocorreu no caso em tela.

Não é outro o entendimento da Resolução 432/13 do CONTRAN:

“Art. 5º Os sinais de alteração da capacidade psicomotora poderão ser


verificados por:
I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito; ou

II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração


da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II.

§ 1º Para confirmação da alteração da capacidade psicomotora pelo agente da


Autoridade de Trânsito, deverá ser considerado não somente um sinal, mas um conjunto
de sinais que comprovem a situação do condutor”.

Frisa-se, ainda, que os sinais de alteração devem ser mencionados no campo de


observação do auto de infração e corresponder aqueles enumerados no anexo II da
Resolução 432/13, o que não ocorreu, vejamos o § 2º do artigo 5º:

2
SANTA CATARINA. Conselho Estadual de Trânsito do Estado de Santa Catarina (CETRAN/SC).
Parecer n.º 328/2017. Conselheiro Relator: José Vilmar Zimmermann. 24 jan. 2017. Disponível em:
<http://www.cetran.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=3658&Itemid=1
34>. Acesso em: 08 ago. 2018.

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“Art. 5º... ...
§ 2º. Os sinais de alteração da capacidade psicomotora de que trata o inciso II
deverão ser descritos no auto de infração ou em termo específico que contenha as
informações mínimas indicadas no Anexo II, o qual deverá acompanhar o auto de
infração.”
Assim, nada impede a autoridade local, responsável pela abordagem, na rua, de
obter outros modos de aferição da embriaguez, ou simples ingestão de bebida alcoólica,
conforme já mencionado anteriormente.

Dessa sorte, especificamente de acordo com o que dispõe a Resolução 432/2013


do CONTRAN, há de se constatar a prova da embriaguez ou de alguma outra substância
psicoativa ou, ao menos, o registro das suspeitas de direção veicular em estado psíquico
anormal.

Isso porque o intuito da autuação nos moldes do artigo 165-A do CTB é, sem
dúvidas, autuar quem efetivamente ofereça risco à segurança viária e consequentemente à
incolumidade pública e/ou privada por causa de direção veicular sob o efeito de álcool ou
outra substância psicoativa que altere a sensopercepção e cognição normais do indivíduo.

Dito de outro modo, nesses casos, o agente de trânsito descumpre o arcabouço


legal e não prova a infração de “dirigir sob a influência de álcool ou outra substância
psicoativa” imputada ao condutor, infringindo, flagrantemente, o artigo 5º, II, § 2º, da
Resolução 432/2013 do CONTRAN, pois não se verifica o Termo de Constatação de
Embriaguez ou anotação de informações relacionadas aos sinais de ebriedade ou
alteração psíquica no campo “observações” do auto de infração.

Sendo assim, se não há suspeita da alteração da capacidade do condutor, não há o


que ser certificado pelo teste, tornando-se arbitrária a submissão do condutor ao teste e,
portanto, incabível a imputação pela infração do art. 165-A do CTB.

Todavia, ainda quanto ao ônus da prova, é bom que se diga que ele não é
absolutamente do condutor. À administração cabe demonstrar o fato constitutivo de seu
direito (materialidade da conduta ilícita praticada pelo agente). A simples lavratura do
auto de infração, que nada mais é que a formalização de uma avaliação subjetiva do
agente, não confere a devida e necessária materialidade ao ato para a justa imposição da
sanção. Eis aí o ponto onde justamente reside a "presunção" dos atos administrativos,

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cujo ônus das provas é do Estado, que não dispensa à administração de produzir provas
que justifiquem seu direito de impor sanções.

IV- AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO VÁLIDA

Deve ser observado que o requerente não recebeu nenhuma notificação referente à
imposição de penalidade de infração de trânsito por recusa ao teste do bafômetro – 165-A
CTB.

A exigência da notificação é indispensável para a defesa do condutor, seja para


indicar um condutor ou promover sua defesa pelos meios administrativos e judiciais. No
entanto, tal fato não foi proferido pela Autoridade de Trânsito, afrontando o artigo 5º,
incisos XXXIII, LIV e LV, bem como o art. 37 da CF.

Sem notificação da instauração do Processo Administrativo de Imposição de


Penalidade de Infração de Trânsito, o mesmo não pode subsistir pela falta de ciência
tempestiva e prévia da autuação para exercício regular do direito de defesa nos termos
dos artigos 281 e 282 do Código de Trânsito Brasileiro.

Como consequência da falta de notificação válida e eficaz, o requerente foi julgado


REVEL pela autoridade de trânsito.

No entanto, sabemos que para seja decretada a REVELIA, é necessário a notificação


válida, esgotando-se todos os meios em direito admitidos a fim de que a mesma seja
inequívoca. Apenas em última instância, pois, é admitida a cientificação ficta.

Desta forma, houve total afronta ao que dispõe a Súmula 312, do STJ.

V - DA IMEDIATA SUSPENSÃO DOS EFEITOS DO AIT

Imperativo que se determine a imediata suspensão de todos os efeitos do AIT ora


questionado, já que questionada a validade do mesmo.

Primeiramente, nos termos do art. 61, parágrafo único, da Lei 9784/99, que assim
dispõe:

Art. 61. “Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação


decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso”.

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Dispõe, por outro lado, o artigo 285 § 3º do CTB:

Art. 285 O recurso previsto no art. 283 será interposto perante a autoridade que
impôs a penalidade, a qual remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até trinta dias.

§ 3º Se, por motivo de força maior, o recurso não for julgado dentro do prazo
previsto neste artigo, a autoridade que impôs a penalidade, de ofício, ou por solicitação
do recorrente, poderá conceder-lhe efeito suspensivo.

Nos termos da Resolução 619/16:

“Art. 12 - Até a data de vencimento expressa na Notificação da Penalidade de


Multa ou enquanto permanecer o efeito suspensivo sobre o Auto de Infração de Trânsito,
não incidirá qualquer restrição, inclusive para fins de licenciamento e transferência, nos
arquivos do órgão ou entidade executivo de trânsito responsável pelo registro do
veículo”.

“Art. 17 - Somente depois de esgotados os recursos, as penalidades aplicadas


poderão ser cadastradas no RENACH”.

VI- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A total procedência do presente recurso, sendo conhecido e apreciado, para


que seja decretada a nulidade do presente AIT e, nos termos do art 281, I do CTB, sendo
o mesmo julgado insubsistente por ser o mesmo irregular, arquivando-se seu registro por
desrespeito à toda legislação de trânsito, nos termos supracitados

b) Seja determinado o efeito suspensivo do referido AIT não seja lançado em


seu prontuário qualquer restrição, enquanto pendente de julgamento administrativo
perante o órgão autuador, nos termos da Resolução 619/16 do Contran e demais
cominações legais acima expostas.

c) - DILIGÊNCIA NECESSÁRIA AO BATALHÃO DA PM DE SP, NOS


TERMOS NO ART. 177, II CTB PARA VERIFICAR-SE DE O DITO APARELHO
REALMENTE ESTAVA DISPONÍVEL NA “BLITZ DA LEI SECA”

São Paulo, 16 de maio de 2023.

_______________

Requerente e CNH

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