Você está na página 1de 7

Defesa Prévia suspensão da CNH

Número do processo: E-16/061/010711/2023

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR/PRESIDENTE DO DEPARTAMENTO


ESTADUAL DE TRÂNSITO-DETRAN, DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO/RJ.

LEONARDO ROISMAN, portador do RG Nº122572134 -IFPRJ, portador da CNH nº


00288192167, inscrito no CPF nº085281117-92, residente e domiciliado na RUA SAMBAÍBA,
173 APT 804 vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, em decorrência de
Processo Administrativo nº E-16/061/007190/2023, apresentar

DEFESA PRÉVIA

com base no artigo 265 do Código de Trânsito Brasileiro, conforme notificação anexa, o que


faz da seguinte forma:

I – Dos Fatos

Trata-se de um procedimento para apuração de eventual medida administrativa de suspensão


da Carteira Nacional de Habilitação do Recorrente com base na Resolução nº 182 do
CONTRAN.

O Recorrente teria supostamente praticado infrações de trânsito, mediante a uma multa por
recusa exame clínico em seu prontuário, o que deu ensejo a instauração deste procedimento
administrativo.

Conforme consta da notificação em anexo, o prontuário de habilitação do Recorrente


contabiliza 7 pontos, decorrentes das autuações abaixo relacionadas:

Com efeito, o Requerente ficou surpreso ao ser notificado pelo DETRAN de que, contra si
havia sido instaurado o Procedimento Administrativo da Suspensão supracitado. Isto porque,
referido procedimento serve para apurar a Suspensão de seu Direito de Dirigir.

Placa /Número Auto/ Data Auto /Pontos/ Situação

Placa: LRY 4037 / C 38963611 / 07/12/2019 / 7/ GRAVISSÍIMO / ATIVOS


Ocorre que o artigo 13 da Resolução 182 do CONTRAN, e também o artigo 15 da portaria 767
do DETRAN, bem como do art. 5º, LV da Constituição Federal, entre outros, estabelecem que
as decisões devem de ser motivadas e fundamentadas, para que o Cidadão não tenha o seu
direito de defender-se prejudicado ou cerceado.

De imediato, importante mencionar que não foi cumprido o requisito citado acima neste
Processo Administrativo nºE-16/061/007190/2023, Portanto, requer-se desde já a
aplicação da nulidade do processo administrativo com sua suspensão do direito de dirigir pela
irregularidade do Processo Administrativo nº E-16/061/007190/2023 , pelas razões de fato
e de direto que serão a seguir expostas.

II.1 Da nulidade pela ausência de notificação

Conforme se aufere da notificação do processo administrativo de suspensão em anexo, há em


nome do Recorrente 01 multas, num período de 12 meses.

Ocorre que todas as multas mencionadas na notificação recebida, que ensejaram o respectivo
processo, não são do conhecimento da Recorrente. Algum erro no envio/entrega das
correspondências certamente ocasionou o não conhecimento por parte do Recorrente das
multas conferidas a sua pessoa, e, pelo fato de não ter conhecimento das multas, não pode
apresentar o recurso cabível no momento oportuno. Abaixo segue o comprovante que a
mesma não foi recebida.

Entretanto, trata-se da notificação pessoal como uma condição necessária para a validade nas
autuações de trânsito, sempre que a residência do infrator for conhecida, como é no presente
caso.

Como é sabido por este órgão de trânsito, bem como foi corroborado pelo Colendo Supremo
Tribunal Federal, este já decidiu que o autor de uma infração de trânsito deve ser notificado
pessoalmente, salvo se sua residência for desconhecida, sob pena da nulidade da penalidade
imposta conforme comprova a seguinte ementa de decisão:
Mandado de Segurança. Renovação de licença. Ocorrência de multa imposta sem notificação
do infrator. II- Não prevalecem até que seja regularmente intimado. Dita intimação é pessoal,
salvo se desconhecida a residência do infrator"(1ª T do STF. Recurso Extraordinário nº
89.072-6. Relator Ministro Carlos Thompson Flores. j. 15.05.79 – DJ de 15.05.79).

Ainda, observe-se que o próprio CTB traz como requisitos de validade dos autos de infração, a
assinatura como demonstração de intimação, conforme o inciso IV do artigo 280:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração, do
qual constará:

[...]

VI – assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do


cometimento da infração.

Como a residência do Recorrente é conhecida no documento de registro do veículo, é


totalmente possível a sua notificação pessoal inclusive com assinatura. Aliás, este é o
entendimento que se subtrai das decisões do STF e STJ, que também entendem pela
necessidade da notificação pessoal do infrator para a validade da aplicação da multa quando a
sua residência for conhecida.

Neste sentido, por incidência do artigo 282 do CTB, em face da ausência de cientificação do


Recorrente das autuações sofridas, impossível lhe impor a penalidade em comento, pois,
como era possível a assinatura do infrator nos termos do artigo 280 do CTB, não há como se
negar a ilegalidade do processo administrativo visto que o Recorrente não foi notificado, por
ter sido o procedimento instaurado com base em ato administrativo nulo, representado em
autuações que não cumpriram as formalidades necessárias para sua validade, pois, estando
viciados os objetos, viciam todo o processo administrativo.

Isso posto, requer seja declarada a anulação do presente Processo Administrativo nº E-


16/061/007190/2023, em face na inexistência de notificação da Recorrente do objeto que
ensejou o referido processo, por manifesto erro do órgão competente quando do envio das
autuações imputadas.

Para comprovar o alegado, o Recorrente requer seja juntado ao processo as cópias dos ARs
(avisos de recebimento) referentes as notificações de todas as multas que ensejaram o
presente processo, pois demonstrado que o CTB estabelece como requisito de validade a
notificação com assinatura, e que deveriam estar na posse do órgão que realizou auferiu as
infrações, veja-se o que dispõe o CTB em seu artigo 325:

Art. 325. As repartições de trânsito conservarão por, no mínimo, 5 (cinco) anos os documentos
relativos à habilitação de condutores, ao registro e ao licenciamento de veículos e aos autos
de infração de trânsito.
Por fim, a inexistência destes comprovantes tem a aptidão para confirmar o fato de que o
Recorrente não foi notificado. E ainda, caso se entenda que equivocadamente este foi
notificado, que se demonstre as notificações recebidas com os devidos requisitos legais
exigidos.

II.2 Do cerceamento de defesa pela ausência de notificação

Em face de o Recorrente não ter sido notificado pela suposta multa de trânsito que levaram a
atingir 7 pontos na CNH, a qual ensejou-se equivocadamente a instauração do processo
administrativo para suspender o seu direito de dirigir, fica visível o cerceamento de defesa que
sofreu o Recorrente, pois nunca teve a oportunidade de recorrer das supostas infrações.

EXCELENTÍSSIMO, o erro da existência desse processo está desde a exaração da multa, um


vez que recordo-me que neste dia ocorreu os seguintes fatos:

Na madrugada do dia 07/12/2019 as 03:15 hs na AVENIDA VISCONDE DE ALBUQUERQUE


NR. 80 - RIO DE JANEIRO, fui abordado por um agente de trânsito do PMERJ para averiguação,
foi entregue ao mesmo os documentos do veículo e meu documento de identificação, quando o
agente me informou que seria atuado por está embriagado eu o argumentei o mesmo dizendo
que tinha saído de um plantão depois de 24hs de trabalho, e agente afirmou que estava com os
olhos vermelhos e com cheiro de álcool me obrigando a fazer exame do bafômetro, me recusei
baseado na lei que segue a abaixo;

Baseado na lei nº 9681 de 12 de maio de 2022, art.1º - incluam-se os


parágrafos 1º e 2º ao artigo 69 da lei nº 5427, de 01 de abril de 2009, nos seguintes
termos:

“Art. 69. (...)


§ 1º É requisito de admissibilidade do processo administrativo sancionatório a
apresentação de prova ou indicativo de prova da infração administrativa quando
a instauração do respectivo procedimento:
§ 2º a condenação em processo administrativo sancionatório não poderá ser feita
apenas com base em mera declaração de único agente público como meio de
prova.”
“Art 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Posteriormente, o Agente da Autoridade de Trânsito tendo supostamente verificando


a incorrência de todos os inventivos e fantasiosos sinais de embriaguez, liberou
imediatamente o condutor para que seguindo seu roteiro, conduzindo o seu veículo
dando continuidade a seu trajeto.
Embora a autuação possua vícios insanáveis de produção, diversos outros fatos notórios
que ensejam no efetivo vício na produção do auto serão devidamente aventados,
conforme demonstrar-se-á a seguir.
II. DO DIREITO
II.I. DA FALTA DE NEGATIVA DO AUTOR EM SUBMETER-SE AO TESTE
DE ALCOOLEMIA
Pretende a Diretoria de Trânsito a imposição e cobrança de multa por infração assim
descrita na Notificação de Infração de Trânsito:

Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico,


perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de
álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art.
277:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por
12 (doze) meses;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação
e retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270.

Conforme a Súmula 212 do Superior Tribunal de Justiça a notificação é dupla, vejamos:

No processo administrativo para imposição de multa de trânsito, são necessárias as


notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração.

As multas cometidas pelo requerente nunca foram notificadas no seu endereço constante no
DETRAN/RJ, estado mesmo atualizado já que a requerente recebeu a notificação do processo
administrativo . Onde se encontra a notificação de que a notificação foi recebida? Por qual
motivo não foi anexada aos autos?

A própria jurisprudência é clara em entender pela necessidade da intimação para


apresentação de defesa, pois caso contrário é o mesmo que cerceamento de defesa, vejamos:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DE


MULTA POR INFRAÇÃO DE TRÂNSITO SEM A INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE
DEFESA PRÉVIA. DESCABIMENTO.

I - É ilegal a aplicação da penalidade de multa ao proprietário do veículo, sem que haja a


notificação para a apresentação da defesa prévia (Resp nº 426.084/RS, Relator Min. Luiz Fux,
DJ de 02/12/2002, p. 242).

II - Recurso especial provido. (STJ. Resp. 540914/RS. Rel. Min. Francisco Falcão. 1ª Turma. J:
25.11.2003).

No mesmo sentido:
RECURSO INOMINADO. SEGUNDA TURMA RECURSAL DA FAZENDA PÚBLICA.
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DO RIO GRANDE DO SUL. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO FORMAL DO INFRATOR. SENTENÇA MANTIDA. Não havendo o DETRAN se
desincumbido de comprovar haver notificado o recorrido, ainda que por edital, há violação do
contraditório e da ampla defesa, merecendo anulação o procedimento administrativo a partir
da sua notificação junto à JARI. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Recurso Cível Nº
71005591920, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator:
Deborah Coleto Assumpção de Moraes, Julgado em 24/02/2016).

Tem-se em vista que, conforme determinação do ordenamento legal o pedido de conversão da


penalidade em questão pode ser feito inclusive em grau de recurso, pois os órgãos recursais
tem competência para modificar ato de autoridade de trânsito, conforme, inclusive, já se
posicionou o próprio CONTRAN:

PROCESSO 014/94; INTERESSADO: Jose Ignácio Sequeira de Almeida - Coordenador da


JARI/SP/SP; Interpretação do artigo 108 do CNT; RELATOR: Senhor Conselheiro: ALFREDO
PERES DA SILVA; o Redator apresentou o Parecer CONTRAN 100/94. Após apresentação do
parecer e do voto do senhor Conselheiro Redator resolve o Plenário, à unanimidade, o
acompanhar decidindo que: a) tanto as JARI's quanto os CETRAN'S tem competência legal
para modificar ato de autoridade de trânsito, incluindo, obviamente, a transformação de multa
em advertência. [...] Dê-se ciência aos interessados e ao CETRAN/SP. (Parecer 100/94,
inserto na Ata da 3.677, da 228ª Reunião daquele órgão, realizada em 11.10.1994 - DOU de
04.11.1994)

Por fim tendo em vista que o requerente nunca recebeu as notificações referentes as
infrações, é evidente que houve ilegalidade, tendo cerceado o direito de apresentar defesa
prévia das mesmas, inclusive a conversão de infração de natureza leve em advertência por
escrito, o que restaria na sua pontuação diminuída.

Assim, cabe ao Requerente a anulação das infrações em que teve cerceado seu direito de
defesa, e, não sendo este Vosso entendimento, requer a abertura de prazo oportunizando ao
Requerente a apresentação de defesa prévia por todas as supostas infrações cometidas, sob
pena de nulidade das infrações por cerceamento de defesa, pois, conforme as decisões acima
mencionadas a presente Defesa Prévia ainda é oportunidade para o Requerente defender-se
das infrações.

II.3 - Da impossibilidade da suspensão do direito de dirigir

Vale mencionar que o Recorrente nunca sofreu processo administrativo levando a suspensão
e cassação da CNH, também possui extrema necessidade do veículo, não apenas para meio
de locomoção próprio, mas também de toda sua família, bem como instrumento de trabalho e
sustento do lar.
Não é possível que o requerente fique sem poder dirigir, pois poderá acarretar na pobreza de
sua família e inviabilizar o sustento transcendem a pessoa do motorista e repercutem na
manutenção de toda a família, bem como para satisfação das suas necessidades locomotivas.

Assim, requer que caso não seja atendida os pedidos anteriores, conceda a suspensão do
processo administrativo, pois conforme artigo 6º da CF, o trabalho é um direito social
resguardado ao cidadão, e tem-se por este o único meio de sobrevivência do Recorrente.

IV – Dos Pedidos

Ante o exposto requer-se:

Requer que as publicações ocorram em nome do requerente, Leonardo Roisman, sob pena de
nulidade do ato praticado;

a) Sucessivamente, o provimento da presente DEFESA PRÉVIA, para declarar a anulação do


presente processo administrativo pela ausência e/ou inexistência de notificação/infração de
trânsito em face da Recorrente;

b) A juntada das notificações realizadas e, em tese, cometidas pelo Recorrente, com fulcro no
art. 325 do CTB, as quais ensejaram a instauração do procedimento administrativo;

c) A declaração de nulidade ou anulação das infrações em que teve cerceado seu direito de
defesa. Sucessivamente, a abertura de prazo para a apresentação de defesa prévia pelas
supostas infrações cometidas.

d) A declaração de nulidade ou anulação deste Processo Administrativo nº E-


16/061/007190/2023, tendo em vista o cerceamento do direito de defesa do Recorrente,
seguido de seu posterior arquivamento.

Pede deferimento.

RIO DE JANEIRO, 15 de MARÇO de 2023

___________________________________________________

LEONARDO ROISMAN

Você também pode gostar