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APRESENTAÇÃO

Olá, amigos!

É com grande prazer que faço parte dessa equipe inovadora e competente
do Curso Exponencial!
Estava na posição de vocês, estudando alucinadamente todos os bons
materiais que via pela frente, “dando o sangue” para alcançar o objetivo de ser
aprovado no concurso para Força Aérea Brasileira. Primeiro ingressei na
Aeronáutica por meio de concurso para o quadro temporário, e servir às Forças
Armadas foi a minha vocação, motivo pelo qual me dediquei para ser aprovado
no concurso para ser militar de carreira.
A vontade de ser aprovado no concurso aumentou depois de ter
ingressado na Força Aérea e ter sentido a vocação de cumprir com o dever de
exercer uma atividade muito específica. Como o tempo passava e a
permanência no serviço ativo era reduzido, a dedicação aos estudos foi total.
Foram dias incansáveis de estudo até ser aprovado e matriculado no Curso de
Formação de Sargentos.
Minha trajetória, posso resumir, foram 4 meses de estudo para o primeiro
concurso, e depois, mais 8 meses para ser aprovado no segundo concurso.
Após concluir o curso de formação, ingressei no curso de direito na
UNISAL. Ao ser graduado bacharel em direito fui designado para atuar na
Assessoria Jurídica da Organização Militar. Na sequência, realizei Curso de
Polícia Judiciária Militar e o Curso de Direito Internacional dos Conflitos Armados
e Direitos Humanos no Centro de Instrução e Especialização da Aeronáutica, no
Rio de Janeiro. E a especialização militar em Polícia Judiciária Militar na
Corregedoria da Polícia Militar Matéria: DIREITO
do Estado de SãoPENAL
Paulo, além de outros cursos
Professor: RODRIGO GONÇALVES
necessário para compreende os demais assuntos no decorrer do curso.
Teoria e Questões comentadas
Prof. Rodrigo Gonçalves

APRESENTAÇÃO

Olá, amigos!
É com grande prazer que faço parte dessa equipe inovadora e competente
do Curso Exponencial!
Estava na posição de vocês, estudando os bons materiais que via pela
frente, “dando o sangue” para alcançar o objetivo de ser aprovado no concurso
para Força Aérea Brasileira.
Primeiro ingressei na Aeronáutica por meio de concurso para o quadro
temporário que havia na naquele tempo, e servir às Forças Armadas é a
realização de um sonho, motivo pelo qual me dediquei para ser aprovado no
concurso para ser militar de carreira.
A vontade de ser aprovado no concurso aumentou depois de ter
ingressado na Força Aérea e ter sentido a vocação de cumprir com o dever de
exercer uma atividade muito específica.
Como o tempo passava e a permanência no serviço ativo era reduzido, a
dedicação aos estudos foi total. Foram dias incansáveis de estudo até ser
aprovado e matriculado no Curso de Formação de Sargentos.
Minha trajetória, posso resumir, foram 4 meses de estudo para o primeiro
concurso, e depois, mais 8 meses para ser aprovado no segundo concurso.
Após concluir o curso de formação, realizei outros cursos militares na
própria Força Aérea (Curso de Polícia Judiciária Militar, Curso de Direito
Internacional dos Conflitos Armados e Direitos Humanos) e na Polícia Militar do
Estado de São Paulo (Curso de Especialização de Polícia Judiciária Militar).
Sou bacharel em Direito pela UNISAL, pós-graduado em Direito Público
pela UNISAL, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela USCS e pós-
graduado em Planejamento, Gestão e Implementação de Educação a Distância
pela UFF.
Servi na Escola de Especialistas de Aeronáutica onde exerci atividades na
área jurídica e a função de instrutor (professor) naquela escola militar.
Atualmente foi cedido para exercer atividades de apoio processual na
Procuradoria Seccional da União de São José dos Campos/SP e na Procuradoria
Seccional da União de Presidente Prudente/SP.
Nossa missão é oferecer um material completo com a máxima
objetividade.
No curso de estudaremos com ênfase os pontos relevantes para o
concurso.
Nos momentos oportunos, serão apresentados exercícios para
complementar as teorias, bem como tabelas e esquemas com o objetivo de

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facilitar o entendimento da matéria e a resolução das questões, principalmente


no momento da prova.
Haverá dinamismo nas nossas aulas, de modo que determinados
assuntos iremos interagir com perguntas e respostas que, apesar de não ser
questão de prova, ajudará a resolver os assuntos cobrados no concurso.
Nesta primeira aula abordaremos aspectos gerais do Direito Penal que é
necessário para compreende os demais assuntos no decorrer do curso.
Não se preocupe, sempre que necessário, voltaremos às definições
julgadas importantes para o nosso estudo. Utilize os canais de comunicação do
curso para eventuais dúvidas ou qualquer outro questionamento, pois o curso
permite interação aluno – professor.
Logo você estará familiarizado com os termos específicos da nossa
disciplina. Mas, em caso de dúvidas, vamos interagir: estarei à disposição no
fórum (nossa sala de aula) para esclarecer qualquer ponto que não tenha ficado
muito claro.
Percorreremos três passos em nosso estudo:

Conhecimento Assimilação Domínio

Contem comigo nesse estudo!


Estarei à disposição sempre!
Acesse o Fórum!
Tire suas dúvidas.
*Confira o cronograma de liberação das aulas no site do Exponencial,
na página do curso.
Finalmente, hora de iniciar nossos estudos! Tenha uma boa aula!

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Aula – Direito Penal

Sumário
1- Aplicação da lei penal .................................................................... 6
1.1- Princípio da legalidade e da anterioridade ......................................................................... 12
1.2- A lei penal no tempo e no espaço ...................................................................................... 13
1.3- Lei excepcional e temporária ............................................................................................. 16
1.4- Tempo e lugar do crime..................................................................................................... 19
1.5- Conflito aparente de normas ............................................................................................. 21
1.6- Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal ........................................................... 31
1.7- Eficácia da sentença estrangeira........................................................................................ 36
1.8- Interpretação da lei penal ................................................................................................. 37
1.9- Analogia ............................................................................................................................ 39
1.10- Contagem de prazo ......................................................................................................... 40
1.11- Legislação especial .......................................................................................................... 41

2- Questões Comentadas ................................................................. 42

3- Questões da aula (sem comentários) ........................................... 59

4- Gabarito...................................................................................... 67

5- Referencial Bibliográfico ............................................................. 67

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1- Aplicação da lei penal


O Direito Penal está interligado a todos os ramos do Direito,
especialmente Direito Constitucional, que se traduz no estatuto máximo de uma
sociedade politicamente organizada.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena eficácia quando
compatível com os Princípios e Normas descritos na Constituição Federal
abstraindo-a como um todo.
O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que obrigatoriamente,
passar pelos princípios constitucionais e assim avançar na nesta disciplina.
Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de todo sistema
normativo, fundamentam todo o sistema de direito e estabelecem os direitos
fundamentais do homem.

O Direito Penal moderno se assenta em determinados princípios


fundamentais, próprios do Estado de Direito democrático, entre os quais
destaca-se o da legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou da
intervenção legalizada, tudo com base constitucional expressa.

Sobre a aplicação da lei da lei penal é necessário compreender as fontes


do direito penal:

Secundum
legem ou
Interpretativo

Contra legem
Constume
ou Negativo

Princípios
Praeter legem
MEDIATAS gerais do
ou Integrativo
Direito

Atos da
FONTES
Administração
FORMAIS
Pública

IMEDIATAS LEI PENAL

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FONTES FORMAIS
MEDIATAS:
a) Costume é a reiteração de uma conduta, de modo constante e
uniforme, por força da convicção de sua obrigatoriedade.
Possui um elemento objetivo, relativo ao fato (reiteração da conduta) e
outro subjetivo, inerente ao agente (convicção da obrigatoriedade). Ambos
devem estar presentes cumulativamente.
No Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado para criar delitos
ou aumentar penas.
Os costumes se dividem:
1) secundum legem ou interpretativo: auxilia o intérprete a
esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias do tipo penal.
No passado, pode ser lembrada a expressão “mulher honesta”, a qual era
compreendida de diversas formas ao longo do território nacional.

2) contra legem ou negativo: também conhecido como desuetudo, é


aquele que contraria a lei, mas não tem o condão de revogá-la.

3) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei e somente pode


ser utilizado na seara das normas penais não incriminadoras, notadamente para
possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitude ou da
culpabilidade.

b) Princípios gerais do Direito são os valores fundamentais que


inspiram a elaboração e a preservação do ordenamento jurídico. Não podem ser
utilizados para tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua atuação se
reserva ao âmbito das normas penais não incriminadoras.

c) Atos da Administração Pública: no Direito Penal, funcionam como


complemento de algumas leis penais em branco.

FONTE FORMAL
IMEDIATA: É a lei penal, uma vez que, por expressa determinação
constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o papel de criar infrações
penais e cominar-lhes as penas respectivas.

A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e


um preceito secundário (pena).

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preceito primário conduta

LEI PENAL

preceito secundário pena

As leis penais podem ser incriminadoras; não incriminadoras


(permissivas, exculpantes; interpretativas; de aplicação, finais ou
complementares; diretivas; integrativas ou de extensão); completas ou
perfeitas; e incompletas ou imperfeitas. A lei penal não é proibitiva, mas
descritiva.

INCRIMINADORA

Norma Penal

NÃO INCRIMINADORA

Incriminadoras quando descrevem crimes e cominam penas.


As não incriminadoras podem ser permissivas ou explicativas, também
chamadas complementares ou finais.
As permissivas podem ser justificantes, quando excluem a
antijuridicidade, e exculpantes, quando excluem a culpabilidade.
As explicativas (complementares ou finais) esclarecem o conteúdo de
outra norma, como no caso do conceito de funcionário público, ou tratam de
regras gerais para aplicação das demais normas, como as que disciplinam a
tentativa e o nexo de causalidade.

Justificantes quando
excluema
antijuridicidade

PERMISSIVAS

Exculpantes
encluem a
NÃO culpabilidade
INCRIMINADORAS

EXPLICATIVAS
Exclarecem o
complementares ou conteúdo da norma
finais

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Normas penais incriminadoras


É fácil.
São aquelas que definem as infrações penais e fixam as respectivas
penas.
São também chamadas de tipos penais.
As normas incriminadoras possuem, necessariamente, duas partes.
A primeira descreve a conduta típica e os demais elementos necessários
para que o fato seja considerado criminoso.
Também chamado de preceito primário da norma incriminadora.

Crime de furto - art. 155, caput, do Código Penal é “subtrair, para si ou


para outrem, coisa alheia móvel”.

Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados


elementos ou elementares e se subdividem em três espécies: elementos
objetivos, subjetivos e normativos.
Os elementos objetivos são os verbos constantes dos tipos penais
(núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos significados não demandam
qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto.
Todos os tipos penais possuem elementos objetivos.
Os elementos subjetivos dizem respeito à especial finalidade do agente
ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos.
O crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, consiste em
“sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate” (art. 159 do CP).
O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter vantagem
como decorrência do sequestro.
Os elementos normativos, por sua vez, são aqueles cujo significado não
se extrai da mera observação, dependendo de uma interpretação, ou seja, de
um juízo de valor.
No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada elemento
normativo, pois só se sabe se um bem é alheio quando se está diante de um
caso concreto e se faz uma análise envolvendo o bem e a pessoa acusada de
tê-lo subtraído.
São poucos os crimes que possuem elemento normativo.
Os tipos penais compostos somente por elementos objetivos são
chamados de normais, e aqueles que também contêm elementos subjetivos ou
normativos são classificados de anormais (por serem exceção).

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FURTO

art. 155, caput, do CP,


“subtrair, para si ou
para outrem, coisa
alheia móvel”

ELEMENTAR OBJETIVO ELEMENTAR


PRECEITO PRIMÁRIO
núcleo do tipo NORMATIVO

art. 155, caput, do CP,


“subtrair, para si ou
SUBTRAIR COISA ALHEIA
para outrem, coisa
alheia móvel”

EXTORÇÃO MEDIANTE
SEQUESTRO

art. 159, do CP, “sequestrar


pessoa com o fim de obter, para
si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou
preço do resgate”.

ELEMENTAR OBJETIVO
PRECEITO PRIMÁRIO ELEMENTAR NORMATIVO ELEMENTAR SUBJETIVO
núcleo do tipo

art. 159, do CP,


“sequestrar pessoa com o
COM O FIM DE OBTER
fim de obter, para si ou SEQUESTRAR PESSOA
VANTAGEM
para outrem, qualquer
vantagem, como condição
ou preço do resgate”.

Na segunda parte da norma incriminadora, a lei prevê a pena a ser


aplicada a quem realizar a conduta típica ilícita.

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No caso do furto, a pena estabelecida é de “reclusão, de um a quatro


anos, e multa”. Esse é o chamado preceito secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as normas incriminadoras
podem ser complementadas na Parte Especial por circunstâncias que tornam a
pena mais grave ou mais branda.

Causas de aumento de pena


As causas de aumento são índices de soma ou multiplicação a serem
aplicados sobre a pena estabelecida na fase anterior.
Continuando no exemplo do crime de furto:
Art. 155, § 1º, do CP, “a pena aumenta-se de 1/3 (um terço) se o crime
é praticado durante o repouso noturno”.

Qualificadoras
As qualificadoras alteram a pena em abstrato (preceito secundário)
como um todo, descrevendo novas penas máxima e mínima.
No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico já mencionado e
descrito no caput do art. 155, existem as qualificadoras (rompimento de
obstáculo, emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes etc.).
Art. 155, § 4º, do CP, “a pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos,
e multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à subtração da coisa;
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalda ou destreza;
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.”

Abrandamento da pena
Há hipóteses de abrandamento da pena, por exemplo, o furto
privilegiado.
Art. 155, § 2º, do CP, “se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de 1 (um) a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de multa”.

Normas penais permissivas


São as que preveem a licitude ou a impunidade de determinados
comportamentos, apesar de se enquadrarem na descrição típica.
São normas permissivas, por exemplo, aquelas que excluem a ilicitude
do aborto provocado por médico quando não há outro meio para salvar a vida
da gestante, ou quando a gravidez resulta de estupro e há consentimento da
gestante (art. 128, do CP), ou, ainda, as hipóteses de isenção de pena
existentes nos crimes contra o patrimônio praticados contra cônjuge ou contra
ascendente sem emprego de violência ou grave ameaça (art. 181, do CP).

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A legislação penal brasileira optou pela proibição indireta, descrevendo o fato


como pressuposto da sanção – técnica legislativa desenvolvida por Karl
Binding e chamada de teoria das normas, segundo a qual é necessária a
distinção entre norma e lei penal.

1.1- Princípio da legalidade e da anterioridade


Quando falamos em princípio da legalidade, vamos além de “para ser
crime tem que estar previsto em lei”.

A dicção do princípio da legalidade tem sentido amplo: não há crime


(infração penal), nem pena ou medida de segurança (sanção penal)
sem prévia lei (stricto sensu).

Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fundamentais:


a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine
lege praevia);
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume (nullum crimen nulla
poena sine lege scripta);
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou
agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta);
d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla
poena sine lege certa).

Proibir a retroatividade da lei penal


(nullum crimen nulla poena sine lege praevia)

Proibir a criação de crimes e penas pelo


costume
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta)
Princípio da
legalidade
Proibir o emprego da analogia para criar
crimes, fundamentar ou agravar penas
(nullum crimen nulla poena sine lege stricta)

Proibir incriminações vagas e


indeterminadas
(nullum crimen nulla poena sine lege certa)

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O princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido


por um fato que, ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente
penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incriminando-o.

O princípio da irretroatividade da lei penal, ressalvada a


retroatividade favorável ao acusado, fundamentam-se a regra geral nos
princípios da reserva legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do
favor libertatis), e a hipótese excepcional em razões de política criminal
(justiça).

Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial na elaboração e


aplicação de lei retroativa prejudicial.
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade
da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde que seja para beneficiar o réu.

1.2- A lei penal no tempo e no espaço


O Código Penal, logo no art. 1º, dispõe que não há crime sem lei anterior
que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado como irretroatividade
da lei penal.
Contudo, exceção à norma.
A Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante sua vigência,
porém, por vezes, verificamos a extratividade da lei penal.
A extratividade da lei penal se manifesta de duas maneiras, ou pela
ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é o seu poder de
regular situações fora de seu período de vigência, podendo ocorrer seja em
relação a situações passadas, seja em relação a situações futuras.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores a sua vigência,
ocorre a denominada retroatividade. Já, se sua aplicação se der para fatos após
a cessação de sua vigência, será chamada ultratividade.

Em se tratando
de extratividade Abolitio criminis – trata-se da supressão da
da lei penal,
observa-se a
figura criminosa
ocorrência das
seguintes Novatio legis in melius ou lex mitior – é a
situações:
lei penal mais benigna

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Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in melius, aplica se o


princípio da retroatividade da Lei penal mais benéfica.

A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou os artigos 217


e 240, do Código Penal, respectivamente, os crimes de “sedução” e “adultério”,
de modo que o sujeito que praticou uma destas condutas em fevereiro de 2006,
por exemplo, não será responsabilizado na esfera penal.
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 de 28 de março de
2006, não descriminalizou o crime de rapto, previsto anteriormente no artigo
219 e seguintes do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade para o
artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”), houve, assim, uma
continuidade normativa atípica.
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e todos os efeitos
penais da sentença.

A Lei 9.099/99 trouxe


novas formas de Novatio legis in pejus – é a lei
substituição de penas e, posterior que agrava a situação
por consequência,
considerando que se
trata de novatio legis in
melius ocorreu Novatio legis incriminadora – é a lei
retroatividade de sua posterior que cria um tipo incriminador,
vigência a fatos
anteriores a sua tornando típica a conduta antes
publicação. considerada irrelevante pela lei penal.

A lei posterior não retroage para atingir os fatos praticados na vigência da lei
mais benéfica (“Irretroatividade da lei penal”). Contudo, haverá extratividade
da lei mais benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vigência
(Ultratividade da Lei Penal).

Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e continuados, aplica-


se a lei nova ainda que mais grave, nos termos da Súmula 711 do STF.
Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade, em que a maioria
dos nossos autores considera o princípio da legalidade sinônimo de reserva
legal.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não haver diferença
conceitual entre legalidade e reserva legal.

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Dissentindo desse entendimento o professor Fernando Capez diz que o


princípio da legalidade é gênero que compreende duas espécies: reserva legal
e anterioridade da lei penal.
Com efeito, o princípio da legalidade corresponde aos enunciados dos
arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém,
nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva legal, reservando para
o estrito campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena (não há
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o da
anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momento da prática da
infração penal (lei anterior e prévia cominação).
Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio da legalidade,
compreende os princípios da reserva legal e da anterioridade.
Não é difícil compreender a lei penal no tempo e no espaço.
Porém, há detalhes que vamos apresentar.
Um dos autores que leciona muito bem sobre a lei penal no tempo é
Damásio Evangelista de Jesus.

Quais os efeitos da lei nova descriminante?


A lei nova descriminante, atuando retroativamente, exclui todos os
efeitos jurídico-penais do comportamento antes considerado infração. Há
extinção do jus puniendi in concreto e do jus punitionis.

Qual a importância prática?


1ª) a persecutio criminis ainda não foi movimentada: o inquérito policial
ou o processo não pode ser iniciado;
2ª) o processo está em andamento: deve ser “trancado” mediante
decretação da extinção da punibilidade;
3ª) já existe sentença condenatória com trânsito em julgado: a pretensão
executória não pode ser efetivada (a pena não pode ser executada);
4ª) o condenado está cumprindo a pena: decretada a extinção da
punibilidade, deve ser solto.

Outra pergunta: como fica o rol dos culpados?


A condenação é registrada e lançado o nome do réu no rol dos culpados,
ato que permite a documentação da decisão condenatória para que produza
seus efeitos secundários.

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Ocorrendo a abolitio criminis, a condenação é declarada inexistente e o


nome do condenado é riscado do rol dos culpados: o comportamento, como
conduta punível, deixa de figurar em sua vida pregressa. Se vier a praticar outra
infração, a conduta anterior, tornada inexistente, não o poderá prejudicar.

E no caso de lei intermediária mais benéfica?


No caso de lei intermediária mais benéfica, pode acontecer que o sujeito
pratique o fato sob o império de uma lei, surgindo, depois, sucessivamente,
duas outras, regulando o mesmo comportamento, sendo a intermediária a mais
benigna.

O que se deve fazer é analisar os efeitos das três leis, veremos que a
primeira é ab-rogada pela intermédia e, sendo mais severa, não tem ultra
atividade; a intermediária, mais favorável que as outras duas, retroage em
relação à primeira e possui ultra atividade em face da terceira; esta, mais
severa, não retroage.

1.3- Lei excepcional e temporária


A lei excepcional e temporária integra o tema lei penal no tempo.
O Código Penal diz o seguinte:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua


duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

Lei excepcional
• é aquela feita para vigorar em épocas especiais, como guerra,
calamidade etc. É aprovada para vigorar enquanto perdurar o período
excepcional.

Lei temporária
• é aquela feita para vigorar por determinado tempo, estabelecido
previamente na própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de
cessação de sua vigência.

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Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que:

Embora cessadas as circunstâncias que a determinaram (lei


excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária),
aplicam se elas aos fatos praticados durante sua vigência.

São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos praticados durante
sua vigência, mesmo após sua revogação.
Vamos seguir os ensinamentos de Damásio Evangelista de Jesus:

Auto revogação:
O término da vigência das leis excepcionais e temporárias não depende
de revogação por lei posterior, fugindo à regra geral. Consumado o lapso da lei
temporária, ou cessadas as circunstâncias determinadoras das excepcionais,
cessa a sua vigência. Fala-se, então, em auto revogação.

Princípio de reserva legal:


As leis temporárias e excepcionais não derrogam o princípio de reserva
legal, pois não se aplicam a fatos ocorridos antes de sua vigência.

Ultra atividade:
As leis de vigência temporária (excepcionais e temporárias) são ultra
ativas, no sentido de continuarem a ser aplicadas aos fatos praticados durante
a sua vigência mesmo depois de sua auto revogação.

Na ultra atividade, se o criminoso soubesse antecipadamente que


estivessem destinadas a desaparecer após um determinado tempo, perdendo a
sua eficácia, lançaria mão de todos os meios para iludir a sanção, principalmente
quando iminente o término de sua vigência pelo decurso de seu período de
duração ou de suas circunstâncias determinadoras.
Se a lei temporária não tivesse eficácia após o decurso do lapso temporal
pré-fixado, todos os que tivessem desobedecido a sua norma nos últimos dias
de vigência ficariam impunes, pois não haveria tempo para o processamento
das ações penais antes da auto revogação.
Tal possibilidade criaria graves injustiças: uns seriam condenados,
outros, não. Só seriam apenados os que tivessem praticado crimes em época
bem anterior ao término de sua vigência.

Hipótese de não se seguir nenhuma lei, após a auto revogação da


temporária ou excepcional, regendo o mesmo fato:
Neste caso, não é mudada a repressão penal. O ordenamento jurídico
renascido (a lei ordinária) não pode ser considerado lei posterior, pois não há
lei alguma mais benigna regulando o fato: a ordem jurídica é a mesma.
Faltam apenas elementos típicos temporais exigidos pela lei intermitente.

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Se não há lei posterior, não há duas leis em conflito. Não há questão de


retroatividade benéfica, pois inexiste o que retroagir. O problema é de ultra
atividade.

Hipótese de seguir-se, à lei de vigência temporária, outra mais


benigna e regendo o mesmo fato:
Ocorre a retroatividade benéfica quando a lei excepcional ou temporária
posterior abrange não somente o comportamento descrito pela figura típica
antiga, mas também as circunstâncias anormais que o tornaram punível ou
merecedor de maior punibilidade.

Alteração do complemento da norma penal em branco:


Normas penais em branco são as de definição típica integradas por outra
norma. Modificada esta, favorecendo o sujeito, não retroagem.
Damásio afirma que, só tem influência a variação da norma
complementar na lei penal em branco quando importe em real modificação da
figura abstrata do Direito Penal, e não quando importe a mera modificação de
circunstância que, na realidade, deixa subsistente a norma.
Assim, a circunstância de que uma norma retire de determinada moeda
a sua natureza nenhuma influência tem sobre as decisões condenatórias
existentes em consequência de falsificação de moeda, pois não houve variação
quanto ao objeto abstrato da proteção penal. A norma penal permanece a
mesma.
Para que a retroatividade benéfica se produzisse, por exemplo, no crime
previsto no art. 173, do CP (“abuso de incapazes”), desde que adotada a tese
dos 21 anos, seria preciso que a menoridade civil fosse alterada: modificada
esta, alterada estaria a idade do “menor” a que faz referência a figura abstrata,
o que realmente veio ocorrer em face do art. 5º, do Código Civil.
Analisando a norma penal em branco, chegamos à conclusão de ser
constituída de duas partes:
1ª) em parte é uma lei com vigência comum;
2ª) na outra deve ser atendida a excepcionalidade ou temporariedade.
A primeira é a disposição a ser completada; a segunda é o complemento.
A primeira não possui excepcionalidade ou temporariedade; a segunda
pode ter aqueles caracteres que lhe dão ultra atividade.
Assim, revogado o art. 269, do CP, que contém uma norma penal em
branco, não se pode falar em ultra atividade em relação aos fatos praticados
durante a sua vigência. É que a conduta deixa de ser considerada ilícita e a
norma, que é em branco, nada tem de temporária ou excepcional.
Pode acontecer, entretanto, que a doença não denunciada pelo médico
seja retirada do elenco complementar, deixando de ser de notificação
compulsória. Neste caso, duas hipóteses podem ocorrer:
1ª) se a doença constava do elenco por motivo de temporariedade ou
excepcionalidade, o caso é de ultra atividade;

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2ª) se a doença fazia parte do elenco complementar por motivo que não
excepcional, o caso é de retroatividade.
No exemplo do médico que não faz comunicação de moléstia legalmente
considerada contagiosa, que depois se verifica não possuir tal característica, é
de aceitar-se a retroatividade. E o motivo da aceitação reside na circunstância
de que a obrigatoriedade da notificação não se fundou na temporariedade ou
excepcionalidade. Se tivesse sido colocada a doença no elenco complementar
por causa de uma calamidade pública, como uma epidemia, a solução seria no
sentido da ultra atividade.

Revogação da portaria sobre tóxico:


Retirada a referência a determinada substância tóxica do elenco da
portaria, a retroatividade benéfica opera a extinção da punibilidade.

1.4- Tempo e lugar do crime


Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 1984)

A respeito do tempo do crime, existem três teorias:

Teoria da Ubiquidade
Teoria da Atividade Teoria do Resultado
ou Mista
• O tempo do crime • O tempo do crime • O tempo do crime
consiste no consiste no consiste no
momento em que momento do momento tanto da
ocorre a conduta resultado advindo conduta como do
criminosa. da conduta resultado que
criminosa. adveio da conduta
criminosa.

O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:


Considera se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado (tempus regit actum).
Assim, aplica se a teoria da atividade, nos termos do sistema
jurídico instituído pelo Código Penal.

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O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal português em


que também é adotada a Teoria da Atividade para o tempo do crime.
Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no momento da
vigência da lei anterior terá direito a aplicação da lei mais benéfica.

O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputável


mesmo que a consumação ocorrer quando tiver completado idade
equivalente a maioridade penal.

E, também, o deficiente mental será imputável, se na época da ação era


consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na época do resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal como o
sequestro, nos quais a ação se prolonga no tempo, de modo que em se tratando
de “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave
será aplicada.

LUGAR DO CRIME

Art. 6º, do CP. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu


a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

O fato mais relevante sobre o tempo e lugar do crime reside no conflito


aparente de normas.
O conflito aparente de normas é o conflito que se estabelece entre duas
ou mais normas aparentemente aplicáveis ao mesmo fato.
Há conflito porque mais de uma pretende regular o fato, mas é aparente,
porque, com efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese.
Fernando Capez nos ensina que para que se configure o conflito
aparente de normas é necessária a presença de certos elementos:

a) unidade do fato (há somente uma infração penal);


b) pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo
regulá-lo);
c) aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência
de todas é apenas aparente);
d) efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é
aplicável, razão pela qual o conflito é aparente).

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A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, ao mesmo


tempo em que afastam as normas não incidentes, apontam aquela que
realmente regulamenta o caso concreto.

1.5- Conflito aparente de normas


O fato mais relevante sobre o tempo e lugar do crime reside no conflito
aparente de normas.
O conflito aparente de normas é o conflito que se estabelece entre duas
ou mais normas aparentemente aplicáveis ao mesmo fato.
Há conflito porque mais de uma pretende regular o fato, mas é aparente,
porque, com efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese.
Fernando Capez nos ensina que para que se configure o conflito aparente
de normas é necessária a presença de certos elementos:
a) unidade do fato (há somente uma infração penal);
b) pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo regulá-lo);
c) aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência de todas
é apenas aparente);
d) efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é aplicável, razão
pela qual o conflito é aparente).
A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, ao mesmo
tempo em que afastam as normas não incidentes, apontam aquela que
realmente regulamenta o caso concreto.
Esses princípios são chamados de “princípios que solucionam o conflito
aparente de normas”.
Quais são esses princípios?
Princípio da:
a) especialidade;
b) subsidiariedade;
c) consunção;
d) alternatividade.

Vamos estudar cada um desses quatro princípios.

Princípio da Especialidade — Lex specialis derogat generali


Norma especial é a que possui todos os elementos da geral e mais alguns,
denominados especializantes, que trazem um minus ou um plus de severidade.

É como se tivéssemos duas caixas praticamente iguais, em que uma se


diferenciasse da outra em razão de um laço, uma fita ou qualquer outro detalhe
que a torne especial.
Entre uma e outra, o fato se enquadra naquela que tem o algo a mais.
O infanticídio tem tudo o que o homicídio tem, e mais alguns elementos
especializantes:

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a vítima não pode ser


o momento do crime
qualquer “alguém”,
deve se dar durante o
mas o próprio filho da
parto ou logo após
autora

a autora deve estar


sob influência do
estado puerperal

O tráfico internacional de drogas se distingue do contrabando porque se


refere, especificamente, a um determinado tipo de mercadoria proibida, qual
seja, a substância entorpecente.
A subtração de incapazes se diferencia do sequestro porque pressupõe
que a vítima seja, especificamente, menor de 18 anos ou interdito, e deve ser
subtraída de quem tem a sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial.
O estupro é o constrangimento ilegal com uma finalidade específica:
submeter a mulher à conjunção carnal (embora também se possa cogitar do
princípio da subsidiariedade nesse caso, como adiante se verá).
Tem-se assim, um único fato, o qual na dúvida entre uma caixa comum
(a norma genérica) e uma com elementos especiais, opta pela última.
A regra é que a lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de incidir
sobre aquela hipótese.
Para se saber qual norma é geral e qual é especial, não é preciso analisar
o fato concreto praticado, sendo suficiente que se comparem abstratamente as
descrições contidas nos tipos penais.
Com efeito, da mera leitura das definições típicas já se sabe qual norma
é especial.
Na arguta observação de Damásio, “...o princípio da especialidade possui
uma característica que o distingue dos demais: a prevalência da norma especial
sobre a geral se estabelece in abstracto, pela comparação das definições
abstratas contidas nas normas, enquanto os outros exigem um confronto em
concreto das leis que descrevem o mesmo fato”.
Outro dado de relevo é o de que a comparação entre as leis não se faz
da mais grave para a menos grave, nem da mais completa para a menos
completa.
A norma especial pode descrever tanto um crime mais leve quanto um
mais grave.
Não é uma relação de parte a todo, de conteúdo para continente, de
menos para mais amplo. É simplesmente de geral para especial, como se

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tivéssemos duas caixas diferenciadas uma da outra apenas por um laço ou


enfeite especializante.
A norma especial não é necessariamente mais grave ou mais ampla que
a geral, ela é apenas especial.

A norma do art. 123, do CP, que trata do infanticídio, prevalece sobre a


do art. 121, que cuida do homicídio, porque possui, além dos elementos
genéricos deste último, os seguintes especializantes: “próprio filho”, “durante o
parto ou logo após” e “sob a influência do estado puerperal”.

O infanticídio não é mais completo nem mais grave, ao contrário, é bem


mais brando do que o homicídio.
É, no entanto, especial em relação àquele.

Sob outro aspecto, na conduta de importar cocaína, aparentemente duas


normas se aplicam: a do art. 334, do CP, definindo o delito de contrabando
(importar mercadoria proibida) e a do art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006
(importar drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização legal ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar).

O tipo incriminador previsto na Lei de Drogas, embora bem mais grave,


é especial em relação ao contrabando. Assim, a importação de qualquer
mercadoria proibida configura o delito de contrabando, mas, se ela for
substância psicotrópica, esse elemento especializante afastará a incidência do
art. 334, do CP.
O tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou privilegiado, também
por força do princípio da especialidade, já que os tipos derivados possuem todos
os elementos do básico, mais os especializantes.
Assim, o furto privilegiado e o qualificado prevalecem sobre o simples.

Princípio da Subsidiariedade — Lex primaria derogat subsidiariae


Subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação de um
mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos grave, o qual,
embora definido como delito autônomo, encontra-se também compreendido em
outro tipo como fase normal de execução de crime mais grave.

Define, portanto, como delito independente conduta que funciona como


parte de um crime maior.

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Dessa forma, se for cometido o fato mais amplo, duas normas


aparentemente incidirão: aquela que define esse fato e a outra que descreve
apenas uma parte ou fase dele.
A norma que descreve o “todo”, isto é, o fato mais abrangente, é
conhecida como primária e, por força do princípio da subsidiariedade, absorverá
a menos ampla, que é a norma subsidiária, justamente porque esta última cabe
dentro dela.
A norma primária não é especial, é mais ampla.

O crime de ameaça (art. 147, do CP) cabe no de constrangimento ilegal


mediante ameaça (art. 146, do CP), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão
(art. 158, do CP).
O sequestro (art. 148, do CP) no de extorsão mediante sequestro (art.
159, do CP).
O disparo de arma de fogo (art. 15, da Lei nº 10.826/2003) cabe no de
homicídio cometido mediante disparos de arma de fogo (art. 121, do CP).

Há um único fato, o qual por ser maior do que a norma subsidiária, só se


pode encaixar na primária.
No entanto, que há casos em que tanto se pode aplicar o princípio da
especialidade quanto o da subsidiariedade.
O roubo e o estupro são especiais em relação ao constrangimento ilegal,
mas também são mais amplos, já que este último cabe tanto num quanto no
outro.
A norma primária prevalece sobre a subsidiária, que passa a funcionar
como um soldado de reserva (expressão de Nélson Hungria, citado por Fernando
Capez).
Tenta-se aplicar a norma primária, e somente quando isso não se ajustar
ao fato concreto, recorre-se subsidiariamente à norma menos ampla.
Não pode ser feita como no caso da especialidade. Em primeiro lugar,
porque, para a aplicação do princípio da subsidiariedade, é imprescindível a
análise do caso concreto, sendo insuficiente a mera comparação abstrata dos
tipos penais.
Com efeito, da mera leitura de tipos não se saberá qual deles deve ser
aplicado ao caso concreto. Antes de mais nada, é necessário verificar qual crime
foi praticado e qual foi a intenção do agente, para só então saber qual norma
incidirá.
Em segundo lugar, na subsidiariedade não existem elementos
especializantes, mas descrição típica de fato mais abrangente e mais grave.
O referencial é, portanto, diferente.
Uma norma é mais ampla do que a outra, mas não necessariamente
especial.

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A comparação se faz de parte a todo, de conteúdo para continente, de


menos para mais amplo, de menos para mais grave, de minus a plus.
Um fato (subsidiário) está dentro do outro (primário).
É como se tivéssemos duas caixas de tamanhos diferentes, uma (a
subsidiária) cabendo na outra (primária).
Por exemplo, o agente efetua disparos de arma de fogo sem, no entanto,
atingir a vítima.
Aparentemente três normas são aplicáveis: o art. 132, do CP (periclitação
da vida ou saúde de outrem); o art. 15 da Lei nº 10.826/2003 (disparo de arma
de fogo); e o art. 121 combinado com o art. 14, II, do CP (homicídio tentado).
O tipo definidor da tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo
e mais grave, dentro do qual cabem os dois primeiros. Assim, se ficar
comprovada a intenção de matar, aplica-se a norma primária, qual seja, a da
tentativa branca de homicídio; não demonstrada a voluntas sceleris (animus
necandi), o agente responderá pelo crime de disparo, o qual é considerado mais
grave do que a periclitação.

Espécies de subsidiária
Expressa ou explícita
A própria norma reconhece expressamente seu caráter subsidiário,
admitindo incidir somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade.
Exemplos: o tipo penal previsto no art. 132, do CP, estabelece sua incidência
“se o fato não constitui crime mais grave”; o art. 129, § 3º, do CP, ao definir a
lesão corporal seguida de morte, afirma incidir se “...as circunstâncias
evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-
lo”; e o art. 21, da Lei das Contravenções Penais, que prevê as vias de fato,
reconhece: “...se o fato não constitui crime”.

Tácita ou implícita
A norma nada diz, mas, diante do caso concreto, verifica-se sua
subsidiariedade. Exemplo: mediante emprego de violência, a vítima é
constrangida a entregar a sua carteira ao autor.
Incidem aparentemente o tipo definidor do roubo (norma primária) e o
do constrangimento ilegal (norma subsidiária).
Da mera comparação entre os tipos, sem que a lei nada diga, resulta,
porém, a prevalência do art. 157 sobre o art. 146. Assim, também, no caso da
ameaça em relação ao constrangimento ilegal.

Qual a diferença entre especialidade e subsidiariedade?


Na especialidade, é como se tivéssemos duas caixas, cuja diferença seria
algum detalhe existente em uma e não constante na outra, tal como um laço
vermelho ou um papel de embrulho; na subsidiariedade há duas caixas
idênticas, só que uma, menor, cabe na outra.

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Princípio da Consunção — Lex consumens derogat consumptae


É o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave consome,
isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase
normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento.

Costuma-se dizer (Fernando Capez): “o peixão (fato mais abrangente)


engole os peixinhos (fatos que integram aquele como sua parte)”.

Qual a diferença entre a Subsidiariedade e a Comparação?


É muito tênue a linha diferenciadora que separa a consunção da
subsidiariedade.

Na verdade, a distinção está apenas no enfoque dado na incidência do


princípio.
Na subsidiariedade, em função do fato concreto praticado, comparam-se
as normas para se saber qual é a aplicável.
Na consunção, sem recorrer às normas, comparam-se os fatos,
verificando-se que o mais grave absorve todos os demais.
O fato principal absorve o acessório, sobrando apenas a norma que o
regula. A comparação, portanto, é estabelecida entre fatos e não entre normas,
de maneira que o mais perfeito, o mais completo, o “todo”, prevalece sobre a
parte.
Aqui, ao contrário da especialidade e da subsidiariedade, não há um fato
único buscando se enquadrar numa ou noutra norma, mas uma sequência de
situações diferentes no tempo e no espaço, ou seja, uma sucessão de fatos, na
qual o fato mais grave absorve o menor.
Vamos ao bordão: o peixão engole o peixe, que engole o peixinho, que
engole o girino.
Desta forma, como todos vão parar na barriga do peixão, só ele e a sua
norma restarão.
Não é a norma que absorve a outra, mas o fato que consome os demais,
fazendo com que só reste uma norma.
Por exemplo, um sujeito dirige perigosamente (direção perigosa) até
provocar, dentro do mesmo contexto fático, um acidente fatal (homicídio
culposo no trânsito).
Observe que neste caso, o peixe “direção perigosa” é absorvido pelo
peixão “homicídio culposo”, restando apenas este último crime e, por
conseguinte, a norma que o define.

Evita-se, assim, o bis in idem, pois o fato menor estaria sendo


punido duas vezes: como parte de um todo (a direção perigosa integrou
a fase de execução do delito culposo contra a vida) e como crime
autônomo.

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Utilizando uma metáfora para melhor explicar: um sujeito, irritado com


um cachorrinho que lhe acena, quer que o rabinho pare de balançar.
Para tanto, saca de sua pistola e estoura os miolos daquele pequeno cão.
Ao matar o cão, matou o seu rabinho, que não vai mais balançar. Assim é a
consunção, punindo o todo, já puniu também a parte.

Continuando com os ensinamentos de Capez, hipóteses em que se


verifica a consunção:

1ª) Crime progressivo


Ocorre quando o agente, objetivando, desde o início, produzir o resultado
mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem
jurídico. Há uma única conduta comandada por uma só vontade, mas
compreendida por diversos atos (crime plurissubsistente).
O último ato, causador do resultado inicialmente pretendido, absorve
todos os anteriores, que acarretaram violações em menor grau.
Por exemplo, revoltado porque sua esposa lhe serviu sopa fria, após um
longo e cansativo dia de trabalho, o marido arma-se de um pedaço de pau e,
desde logo, decidido a cometer o homicídio (uma única vontade), desfere
inúmeros golpes contra a cabeça da vítima até matá-la (vários atos).
Como se nota, há uma única ação, isto é, um único crime (um homicídio),
comandado por uma única vontade (a de matar), mas constituído por vários
atos, progressivamente mais graves.
Aplicando-se o princípio da consunção, temos que o último golpe,
causador do resultado letal, absorve os anteriores (peixão engole peixinhos),
respondendo o agente somente pelo homicídio (as lesões corporais são
absorvidas).

Há quatro elementos:
a) unidade de elemento subjetivo (desde o início, há uma única vontade);
b) unidade de fato (há um só crime, comandado por uma única vontade);
c) pluralidade de atos (se houvesse um único ato, não haveria que se
falar em absorção);
d) progressividade na lesão ao bem jurídico (os atos violam de forma
cada vez mais intensa o bem jurídico, ficando os anteriores absorvidos pelo mais
grave).

O agente só responde pelo resultado mais grave, ficando absorvidas as


lesões anteriores ao bem jurídico.

2ª) Crime complexo


É o que resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que passam
a funcionar como elementares ou circunstâncias no tipo complexo.

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O fato complexo absorve os fatos autônomos que o integram,


prevalecendo o tipo resultante da reunião daqueles.

Latrocínio (constituído pelo roubo + homicídio). Aplica-se o princípio da


consunção, porque os fatos componentes do tipo complexo ficam absorvidos
pelo crime resultante de sua fusão (o autor somente responde pelo latrocínio,
ficando o roubo e o homicídio absorvidos).

3ª) Progressão criminosa


Compreende três subespécies, quais sejam:
a) Progressão criminosa em sentido estrito: nessa hipótese, o agente
deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, decide prosseguir e
reiniciar sua agressão produzindo uma lesão mais grave.
Distingue-se do crime progressivo, porque, enquanto neste há unidade
de desígnios (desde logo o agente já quer o resultado mais grave), na
progressão criminosa ocorre pluralidade de elemento subjetivo, ou seja,
pluralidade de vontades (inicialmente quer um resultado e, após atingi-lo, muda
de ideia e resolve provocar outro de maior gravidade).
No exemplo dado para o crime progressivo, imaginemos que o marido
queira inicialmente ferir sua esposa, isto é, cometer um crime de lesões
corporais.
Posteriormente, com a vítima já prostrada ao solo, surge a intenção de
matá-la, o que acaba sendo feito. Desse modo, no crime progressivo há um só
crime, comandado por uma única vontade, no qual o ato final, mais grave,
absorve os anteriores, ao passo que na progressão criminosa há mais de uma
vontade, correspondente a mais de um crime, ficando o crime mais leve
absorvido pelo de maior gravidade.
Embora haja condutas distintas (cada sequência de atos comandada pela
vontade corresponde a uma conduta, logo, para cada vontade, uma conduta),
o agente só responde pelo fato final, mais grave.
Os fatos anteriores ficam absorvidos.

Elementos da progressão criminosa em sentido estrito:


• Pluralidade de desígnios (o agente inicialmente deseja
praticar um crime e, após cometê-lo, resolve praticar outro de maior
gravidade, o que demonstra existirem duas ou mais vontades).
• Pluralidade de fatos (ao contrário do crime progressivo, em
que há um único fato delituoso composto de diversos atos, na
progressão criminosa existe mais de um crime, correspondente a mais
de uma vontade).
• Progressividade na lesão ao bem jurídico (o primeiro crime,
isto é, a primeira sequência voluntária de atos, provoca uma lesão

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menos grave do que o último e, por essa razão, acaba por ele
absorvido).

b) Fato anterior (ante factum) não punível: sempre que um fato


anterior menos grave for praticado como meio necessário para a realização de
outro mais grave, ficará por este absorvido.
Note que o fato anterior que integra a fase de preparação ou de execução
somente será absorvido se for de menor gravidade (somente o “peixinho” é
engolido pelo “peixão”, e não o contrário).
Exemplo, o agente falsifica uma carteira de identidade e com ela comete
um estelionato. Responde pelos dois crimes, pois o documento falsificado
poderá ser usado em inúmeras outras fraudes.
Se, contudo, falsificasse a assinatura de um fólio de cheque e o passasse
a um comerciante, só responderia pelo estelionato, pois não poderia usar aquela
folha falsa em nenhuma outra fraude.
O que se critica é que o falso, crime mais grave, não poderia ser absorvido
pelo estelionato. Aplicou-se, entretanto, no caso, a progressão criminosa, na
modalidade fato anterior não punível.

c) Fato posterior (post factum) não punível: ocorre quando, após


realizada a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico,
visando apenas tirar proveito da prática anterior.
O fato posterior é tomado como mero exaurimento.
Por exemplo, após o furto, o agente vende ou destrói a coisa.
Há uma regra que auxilia na aplicação do princípio da consunção, segundo
a qual, quando os crimes são cometidos no mesmo contexto fático, opera-se a
absorção do menos grave pelo de maior gravidade.
Sendo destacados os momentos, responderá o agente por todos os
crimes em concurso.
Assim, por exemplo, se o sujeito é agredido em um boteco e, jurando
vingança, dirige-se ao seu domicílio ali nas proximidades, arma-se e retorna ao
local, logo em seguida, para matar seu algoz, não responderá pelo porte ilegal
e disparo da arma de fogo em concurso com o homicídio doloso, já que tudo se
passou na mesma cena, em um mero desdobramento de ações até o resultado
final.
Neste caso, o porte e o disparo integram o homicídio como parte de seu
iter criminis, de maneira que os punir autonomamente implicaria bis in idem
inaceitável, pois já foram punidos como partes de um todo (a ação homicida).
Ao contrário, se um larápio perambula a noite inteira com um revólver
pelas ruas, até que, ao nascer do sol, encontra uma desafortunada vítima, a
qual vem a assaltar, haverá concurso de crimes entre o porte ilegal e o roubo,
dada a diversidade dos momentos consumativos e dos contextos em que os
delitos foram cometidos.

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O mesmo ocorre com a embriaguez ao volante e a direção perigosa em


relação ao subsequente crime culposo de trânsito: se tudo ocorreu na mesma
situação, consunção, caso contrário, concurso material entre as infrações.

Princípio da Alternatividade
Ocorre, ainda seguindo os ensinamentos de Capez, quando a norma
descreve várias formas de realização da figura típica, em que a realização de
uma ou de todas configura um único crime.

São os chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes


de ação múltipla ou de conteúdo variado.

O art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), que descreve


dezoito formas de prática do tráfico ilícito de drogas, mas tanto a realização de
uma quanto a de várias modalidades configurará sempre um único crime.

Não há propriamente conflito entre normas, mas conflito interno na


própria norma. Além do mais, o princípio da consunção resolve com vantagem
o mesmo conflito.
Veja, se o agente importa heroína, transporta maconha e vende ópio, não
resta dúvida de que cometeu três crimes diferentes e vai responder por eles em
concurso material. Não há que se falar em alternatividade.

Por quê?
Porque não existe nexo causal entre as condutas.

Ora, existindo relação de causalidade entre as condutas, como no caso


de um agente que importa, transporta, expõe à venda e vende maconha, haverá
um único crime, não por aplicação do princípio da alternatividade, mas da
consunção.
A alternatividade nada mais representa do que a aplicação do princípio
da consunção, com um nome diferente.
Com efeito, no citado caso do art. 33, caput, da Lei de Drogas (Lei nº
11.343/2006), se o agente importa cocaína, transporta esta droga e depois a
vende, ninguém põe em dúvida tratar-se de um só delito de tráfico, ficando as
figuras posteriores do transporte e da venda absorvidas pela importação (delito
mais grave).
Neste caso, foi o nexo de causalidade entre os comportamentos e a
similitude dos contextos fáticos que caracterizou a absorção dos peixes menores
pelo peixão do tráfico internacional (importação de droga).

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Isto nada mais é do que a incidência da teoria do post factum não punível,
hipótese de consunção.
Em contrapartida, se o agente importa morfina, transporta cocaína e
vende ópio, haverá três crimes diferentes em concurso, tendo em vista que um
nada tem que ver com o outro. Não se opera a consunção, dada a diversidade
de contextos.
Assim, a questão passa a ser puramente terminológica.
Chama-se alternatividade à consunção que se opera dentro de um mesmo
tipo legal entre condutas integrantes de normas mistas. Portanto, a
alternatividade é a consunção que resolve conflito entre condutas previstas na
mesma norma e não um conflito entre normas.

1.6- Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados


e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos


cometidos no Brasil:

territorialidade

territorialidade
Princípio da
absoluta

territorialidade
temperada

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Princípio da Princípio da
Princípio da
territorialidade territorialidade
territorialidade
absoluta temperada

A lei nacional se
aplica aos fatos
praticados em seu
território, mas,
excepcionalmente,
permite-se a
aplicação da lei
estrangeira, quando
A lei penal só tem assim estabelecer
aplicação no algum tratado ou
território do convenção
Só a lei nacional é
Estado que a internacional. Foi
aplicável a fatos
editou, pouco este o princípio
cometidos em seu
importando a adotado pelo art.
território.
nacionalidade do 5º do Código
sujeito ativo ou Penal: Aplica-se a
passivo. lei brasileira, sem
prejuízo de
convenções,
tratados e regras
de direito
internacional, ao
crime cometido
no território
nacional.

O Território nacional abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua


soberania: o solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao
longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo.

Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem ainda que:

"Para os efeitos penais, consideram se como extensão do território nacional


as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se

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achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar"


(§ 1º).

“É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando se
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil" (§ 2º).

Art. 7º, do CP.


Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos criminosos


ocorridos no exterior.

A extraterritorialidade possui os seguintes princípios


norteadores:

Nacionalidade
ativa

Nacionalidade
passiva
Princípio da
EXTRATERRITORIALIDADE Defesa real

Justiça
universal

Representação

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•Aplica-se a lei nacional do autor do


Princípio da
crime, qualquer que tenha sido o local
nacionalidade ativa
da infração

•A lei nacional do autor do crime aplica-


Princípio da se quando este for praticado contra bem
nacionalidade passiva jurídico de seu próprio Estado ou contra
pessoa de sua nacionalidade

•Prevalece a lei referente à nacionalidade


do bem jurídico lesado, qualquer que
tenha sido o local da infração ou a
Princípio da defesa real
nacionalidade do autor do delito. É
também chamado de princípio da
proteção

•Todo Estado tem o direito de punir


qualquer crime, seja qual for a
Princípio da justiça nacionalidade do sujeito ativo e passivo,
universal e o local da infração, desde que o
agente esteja dentro de seu território
(que tenha voltado a seu país, p. ex.)

•A lei nacional é aplicável aos crimes


Princípio da cometidos no estrangeiro em aeronaves
representação e embarcações privadas, desde que não
julgados no local do crime

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Ainda sobre a extraterritorialidade é importante saber:

Os crimes

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;


b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal,
de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil.

Nestas hipóteses, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda


que absolvido ou condenado no estrangeiro.

Os crimes

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;


b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.

Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende do concurso


das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
favorável.

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1.7- Eficácia da sentença estrangeira


Sobre a pena cumprida no estrangeiro, a regra contida no art. 8º, do CP,
estabelece que a pena no estrangeiro será atenua em relação a pena imposta
no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas.

Art. 8º, do CP. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta


no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas.

A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na


espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

"A" condenado a
pena restritiva de
Atenua a pena direitos no
imposta no Brasil estrangeiro. No
pelo mesmo crime Brasil a pena é
quando a pena é privativa de
diversa. liberdade. Atenua a
pena imposta no
Brasil.

Pena cumprida no
estrangeiro

"A"é condenado a
pena privativa de
liberdade: 4 anos,
Computa a pena cumpriu a pena no
imposta no Brasil estrageiro e no
quanda a pena é Brasil a pena é de 8
idêntica. anos. Da pena
imposta no Brasil,
conta-se a aplicada
no estrangeiro

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Art. 9º, do CP. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira


produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil
para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros
efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
-Parágrafo único:
A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o
país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado,
de requisição do Ministro da Justiça.

obriga o
condenado à
reparação do
a pedido da parte
dano, a
interessada.
Homolgação de restituições e a
sentença outros efeitos
estrangeira no civis para os efeitos da
Brasil existência de tratado de
sujeita o extradição com o país de
condenado a cuja autoridade judiciária
medida de emanou a sentença, ou,
segurança na falta de tratado, de
requisição do Ministro da
Justiça.

Súmula 420 do STF: não


Compete ao STJ a A sentença estrangeira
se homologa sentença
homologação de homologada é um título
proferida no
sentenças estrangeiras executiva judicial (art.
estrangeiro sem prova
(art. 105, I, i, da CF). 515, VIII, do CPC).
do trânsito em julgado.

1.8- Interpretação da lei penal


A interpretação é medida necessária para que compreendamos o
verdadeiro sentido da norma e seu alcance.

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Na interpretação, há lei para regular o caso em concreto, assim, apenas


deverá ser extraído do conteúdo normativo sua vontade e seu alcance para que
possa regular o fato jurídico.

INTERPREATAÇÃO QUANTO AO SUJEITO


Autêntica ou legislativa, aquela fornecida pela própria lei.
Exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser considerado funcionário
público para fins penais.
Doutrinária ou científica, aquela aduzida pelo jurista por meio de sua
doutrina.
Jurisprudencial, é o significado da lei dado pelos Tribunais, exemplo,
súmulas.
Ressalta-se que a Exposição dos Motivos do Código Penal configura uma
interpretação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o Código,
ao passo que a Exposição de Motivos do Código de Processo Penal é autêntica
ou legislativa, pois foi criada por lei.

INTERPREATAÇÃO QUANTO AO MODO


Gramatical, filológica ou literal- considera o sentido literal das palavras.
Teleológica, se refere à intenção objetivada pela lei.
Exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmo que a lei se
refira apenas ao aparelho.
Histórica, indaga a origem da lei.
Sistemática, interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com
os princípios gerais do direito.
Progressiva ou evolutiva, busca o significado legal de acordo com o
progresso da ciência.

INTERPREATAÇÃO QUANTO AO RESULTADO


Declarativa ou declaratória, é aquela em que a letra da lei corresponde
exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem restringir ou estender seu sentido.
Restritiva, a interpretação reduz o alcance das palavras da lei para
corresponder à intenção do legislador.
Extensiva, amplia o alcance das palavras da lei para corresponder à sua
vontade.

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INTERPREATAÇÃO QUANTO SUI GENERIS


A interpretação sui generis pode ser exofórica ou endofórica.
Veja:
Exofórica, o significado da norma interpretativa não está no
ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo).
Endofórica, o texto normativo interpretado empresta o sentido de outros
textos do próprio ordenamento jurídico (muito usada nas normas penais em
branco).

INTERPREATAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO


A Constituição Federal informa e conforma as normas hierarquicamente
inferiores. Esta é uma importante forma de interpretação no Estado
Democrático de Direito.

DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E


INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das palavras, a
analógica fornece exemplos encerrados de forma genérica, permitindo
ao juiz encontrar outras hipóteses, funcionando como uma analogia in malan
partem admitida pela lei.
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido amplo, a qual
abrange a interpretação extensiva em sentido estrito e interpretação analógica.

1.9- Analogia
Analogia não é forma de interpretação, mas de integração de lacuna,
ou seja, sendo omissa a lei acerca do tema, ou ainda em caso de a Lei não tratar
do tema em específico o magistrado irá recorrer ao instituto.
São pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação será
favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão
involuntária do legislador).
Dita o Código Penal em seu artigo 2º:

Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.

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O parágrafo único do artigo trata da exceção à regra da irretroatividade


da Lei, ou seja, nos casos de benefício ao réu, ainda que os fatos já tenham
sidos decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroagirá em benefício do
réu.
Frise-se, todavia que tal regra se restringe somente às normas penais.
Em direito penal só pode ser utilizada em relação as leis não
incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal.

Analogia in malam partem


É aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei maléfica ao réu,
disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida face à reserva legal. Ex.:
cola em concursos e estelionato;

Analogia in bonam partem


É aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu,
reguladora de caso semelhante. É possível, em Direito Penal, exceto no que diz
respeito às leis excepcionais pelo seu caráter extraordinário. Ex.: interrupção
de gravidez de aborto de vulnerável;

Analogia legis (legal)


É se aplica o caso omisso, uma lei que trata de caso semelhante; e

Analogia juris (jurídica)


Ao caso omisso se aplica um princípio geral do direito.

1.10- Contagem de prazo


A contagem de prazo no direito penal não se resume apenas em contar
os dias. Por isso, vamos estudar um pouco mais do que isso.
Por quê?
Porque há situações em que precisamos saber como aplicar prazos de
sentenças proferidas em juízos de outros países, assim como nos casos de
aplicações de leis especiais.

Art. 10, do CP. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.

Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.


Frações não computáveis da pena:

Art. 11, do CP. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de
cruzeiro (real).

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Exemplo:
se o prazo é de 5 dias e inicia-se no dia 10,
terminará no dia 14.
Soma-se o número de dias e retira-se um
dia: dia 10 + 5 = 15; 15 - 1 = 14.

O prazo pe fatal e improrrogável: pode ter


início e vencimeto em dia não útil.
Ex: prescrição, decadência, contagem de
pena e da prisão.

1.11- Legislação especial


Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.

O que é legislação especial?


Em regra, são as normas não incriminadoras previstas no Código Penal.
Estão previstas na Parte Geral do Código Penal, mas também há hipóteses
que se encontram na Parte Especial.
Exemplo clássico: conceito de funcionário público (art. 327, do CP).
O art. 12, do CP, indica a adoção do princípio da conveniência das
esferas autônomas, segundo o qual as regras gerais do CP convivem em
sintonia com as previstas na legislação extravagante.
Todavia, caso a lei especial contenha algum preceito geral, também
disciplinado pelo CP, prevalece a orientação da legislação especial, em face do
seu específico campo de atuação (princípio da especialidade).

A Lei nº 9.605/1998 não prevê regras especiais para a prescrição no


tocante aos crimes ambientais nela previstos. Aplicam-se, consequentemente,
as disposições do Código Penal.

Por outro lado, o Código Penal Militar tem regras especiais para a
prescrição nos crimes que tipifica. Aplica-se o CPM, afastando-se a incidência
do Código Penal (Código Penal comum).

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2- Questões Comentadas
1. (CESPE/2018/Polícia Federal/Agente de Polícia) Depois de adquirir um
revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo
municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O
comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial
de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à
delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei
que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação
da lei vigente à época do fato.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Em regra, a lei penal se aplica aos fatos praticados durante o seu período de
vigente.
Excepcionalmente, a lei penal poderá se movimentar no tempo, seja para ser
aplicada a fatos ocorridos no passado, quando retroagirá, seja para ser aplicada
no futuro, mesmo estando revogada, quando irá ultragir.
Nos dois casos, um requisito se faz indispensável: deve ser feito para beneficiar
o agente.
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
Previsão Legal: Artigo 2º, Parágrafo único, do Código Penal.
Gabarito 1: E

2. (CESPE/2018/Polícia Federal/Delegado de Polícia Federal) Em cada


item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos
tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso
de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova
lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi
inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime
praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
Ocorreu ao fato narrado pela alternativa o que se chama de continuidade típico-
normativa, que se dá quando o tipo penal é revogado, mas sua conduta continua
sendo crime, contudo, tipificada em outro tipo penal.

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Exemplo do fato aconteceu quando o tipo penal de atentado violento ao pudor,


antigo artigo 214 do Código Penal, foi revogado, mas a conduta que o
configurava passou a integrar o tipo penal do crime de estupro, artigo 213 do
CPB.
Nas hipóteses de continuidade típico-normativa, não há que se falar em abolitio
criminis.
Gabarito 2: C

3. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se
fala do tempo do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento
da ação ou da omissão.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Em relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou a teoria da atividade,
considerando-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.
Previsão Legal: Artigo 4º do Código Penal.
Fique atento ao esquema:
Lugar do Crime Tempo do Crime Mnemônico
Ubiquidade Atividade LUTA
Gabarito 3: E

4. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em
fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011,
houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido.
Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica
em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
No caso de crimes permanentes ou de crimes continuados, aplicar-se-á a lei
penal vigente ao tempo do término da permanência ou da continuidade, ainda
que seja muito mais gravosa ao agente.
Por exemplo: Se antes de uma vítima de extorsão mediante sequestra ser
colocada em liberdade pelos sequestradores entrar em vigor lei penal que
prejudica o agente, é ela que será aplicada ao caso, já que é anterior ao término
da permanência do crime.
É importante que você conheça a Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito 4: E

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5. (CESPE/2018/EBSERH/Advogado) Com referência à lei penal no tempo,


ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da infração penal,
julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a vigência de lei que
cominava pena de multa para essa conduta. Todavia, no decorrer do processo
criminal, entrou em vigor nova lei, que, revogando a anterior, passou a atribuir
ao referido crime a pena privativa de liberdade. Assertiva: Nessa situação,
dever-se-á aplicar a lei vigente ao tempo da prática do crime.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
A regra no nosso ordenamento jurídico é o princípio do tempus regit actum. A
lei penal irá produzir efeitos durante o seu período de vigência.
Caso uma lei penal seja revogada por outra mais grave (substituiu a multa por
pena privativa de liberdade), a lei revogada continuará a ser aplicada aos fatos
praticados durante a sua vigência, devido a capacidade que tem a lei benéfica
de ser ultrativa.

Capacidade que tem a


lei benéfica de ser
Retroatividade aplicada a fatos
anteriores à sua
vigência

Capacidade que tem a


lei benéfica de ser
aplicada a fatos
Ultratividade
praticados durante a
sua vigência após
ter sido revogada

Previsão Legal: Artigo 2º, Parágrafo único. Do Código Penal.


Gabarito 5: C

6. (CESPE/2018/STJ/Analista Judiciário) Tendo como referência a


jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca
de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
Tratando-se de crimes permanentes, aplica-se a lei penal mais grave se esta
tiver vigência antes da cessação da permanência.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
No caso de crimes permanentes e de crimes continuados, será aplicada a lei
penal vigente ao término da continuidade ou permanência, ainda que seja mais
gravosa.
Gabarito 6: C

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7. (CESPE/2017/TRF - 1ª REGIÃO/Técnico Judiciário) Em sete de janeiro


de 2017, João praticou conduta que, à época, configurava crime punível com
prisão. O resultado desejado pelo autor, no entanto, foi alcançado somente dois
meses depois, ou seja, em sete de março do mesmo ano, momento no qual a
conduta criminosa tinha previsão de ser punida com pena menos grave, de
restrição de direitos.
Nessa situação hipotética, de acordo com a lei penal,
João não poderá ser condenado com a pena de prisão em razão da
retroatividade da lei mais benéfica.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
A João deverá ser aplicada a lei penal mais benéfica. A lei penal que prevê pena
de restrição de direitos é mais benéfica do que aquela que prevê pena privativa
de liberdade. Como a primeira é posterior a prática do fato, deverá retroagir.
É importante mencionar que, para o CPB, para definir o tempo do crime, utiliza-
se a teoria da atividade, considerando-se praticado o crime no momento da ação
ou omissão, independentemente do momento do resultado.
Previsão Legal: Artigo 2º, Parágrafo único.
Gabarito 7: C

8. (CESPE/2015/TJ-DFT/Analista Judiciário) Em relação à aplicação da lei


penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em
continuidade delitiva e sob a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em
processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos, ainda
que seja mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
A alternativa solicita conhecimento sobre a súmula 711 do STF: A lei penal mais
grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Logo, no caso de crime continuado, será aplicada a lei penal vigente quando do
término da continuidade, mesmo que mais grave ao agente.
Gabarito 8: C

9. (CESPE/2015/TJ-DFT/Técnico Judiciário) Acerca do crime e da


aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se segue.
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença
— em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido
revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.

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A ultratividade é a capacidade que tem a lei penal de ser aplicada a fatos


praticados durante o seu período de vigência em julgamento posterior à sua
revogação.

Suponha que Lúcio pratique um crime de


furto na presente data, submetido à pena de reclusão de 1 a 4 anos. Dois anos,
durante o processo de Lúcio, entra em vigor nova lei que pune este crime com
a pena de reclusão de 2 a 6 anos. Neste caso, devido ao princípio da
ultratividade da lei penal benéfica, a Lúcio será aplicada a lei vigente quando
ele praticou o crime, mesmo já estando revogada.
Gabarito 9: C

10. (CESPE/2015/TCE-RN/Assessor Técnico Jurídico) Acerca da


aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento
posterior, julgue o item a seguir.
Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível a aplicação de lei
posterior a fato anterior à edição desta. É exceção ao referido princípio a
possibilidade de retroatividade da lei penal benéfica que atenue a pena ou torne
atípico o fato, desde que não haja trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está errado.
O trânsito em julgado não obsta a aplicação da lei penal benéfica.
É o que estabelece o Artigo 2º, Parágrafo único do Código Penal: A lei posterior,
que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

A abolitio criminis, causa excludente de punibilidade, é a lei posterior que


torna atípica conduta que anteriormente era considerada crime ou
contravenção penal

Previsão Legal: Artigo 2º, Parágrafo único, do Código Penal.


Gabarito 10: E

11. (CESPE/2013/DPF/Departamento de Polícia Federal/Todos os


Cargos) Julgue o item subsequente, relativo à aplicação da lei penal e seus
princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei
apenas durante o seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei
penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-
atividade.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
A extratividade da lei penal se desdobra em: ultratividade e retroatividade.

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Extratividade

Ultratividade Retroatividade

Capacidade que tem a lei de


Capacidade que tem a lei
ser aplicada a fatos
de ser aplicada a fatos
praticados durante a sua
praticados antes de
vigência, mesmo já
sua entrada em vigor
estando revogada.

A lei penal benéfica é extrativa, podendo ultragir ou retroagir.


Gabarito 11: C

12. (CESPE/2015/TRE-GO/Analista Judiciário) No que concerne à lei penal


no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime
impossível, julgue o item a seguir.
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis,
ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma
revogadora.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Se os elementos de um crime passarem a integrar outro tipo penal, criado pela
norma revogadora, ocorrerá o fenômeno conhecido como continuidade típico-
normativa.
Nos casos de continuidade típico-normativa não haverá abolitio criminis.

Aqueles que foram condenados por atentado


violento ao pudor antes de 2009 não foram beneficiados pelo instituto da abolitio
criminis, mesmo o tipo penal tendo sido revogado, porque a conduta continuou
sendo típica, mas passou a integra o tipo penal do crime de estupro.
Gabarito 12: E

13. (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Analista


Legislativo/Consultor Legislativo Área XVII) No que diz respeito ao
sistema penitenciário e à legislação penal e processual penal aplicada à
segurança pública, julgue o item seguinte.
O Código Penal brasileiro, ao tratar da competência criminal quanto ao tempo
do crime, adota a teoria mista ou da ubiquidade, que considera o momento da
ação ou da omissão típica, independentemente do resultado danoso.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.

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Em relação ao tempo do crime, o Código Penal adota a teoria da atividade, que


considera praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
Previsão Legal: Artigo 4º do Código Penal.
Gabarito 13: E

14. (CESPE/2014/Polícia Federal/Agente de Polícia Federal) No que se


refere à aplicação da lei penal o item abaixo apresenta uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a
lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro
foi levado a julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situação, o
magistrado terá de se fundamentar no instituto da retroatividade em benefício
do réu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Há uma pegadinha bastante sútil nesta alternativa.
Lauro irá responder com base na lei X, vigente à época em que praticou o delito,
já que ela é menos gravosa. Contudo, o magistrado irá se fundamentar com
base no instituto da ultratividade (a lei penal revogada será aplicada em
julgamento futuro, mesmo estando revogada).
Não há que se falar em retroatividade da lei penal ao caso narrado pelo item,
já que a lei posterior é mais grave.
Gabarito 14: E

15. (CESPE/2014/TJ-SE/Analista Judiciário) Julgue os itens subsecutivos,


acerca de crime e aplicação de penas.
Na hipótese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicada a lei penal
mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessação da continuidade
ou da permanência.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
No caso de crimes permanentes ou crimes continuados, será aplicada a súmula
711 do STF, que estabelece a aplicação da lei penal vigente quando do término
da permanência ou da continuidade, ainda que a lei seja mais grave ao agente.
Gabarito 15: C

16. (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Analista


Legislativo/Consultor Legislativo Área III) Julgue os itens subsequentes,
relativos ao direito penal.
Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal
adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.

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Tempo do Crime Atividade

Ubiquidade Lugar do Crime

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda


que outro seja o momento do resultado.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado.
Previsão Legal: Artigos 4º e 6º do Código Penal.
Gabarito 16: C

17. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a
serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
Embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem
Território
Brasileiro por
Extensão Aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que
se achem, respectivamente, no espaço
aéreo correspondente ou em alto-mar

Portanto, no caso de embarcação ou aeronave a serviço do governo brasileiro,


será aplicada a lei brasileira, independentemente do local em que elas se
encontrem.
Previsão Legal: Artigo 5º, § 1º, do Código Penal.
Gabarito 17: C

18. (CESPE/2016/TCE-SC/Auditor Fiscal de Controle Externo) Em


relação ao direito penal, julgue o item a seguir.
No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a qual o
lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
Em relação ao lugar do crime, adota-se a teoria da ubiquidade ou mista.
Considera-se praticado o crime no lugar:

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1. Da ação ou omissão;
2. Do resultado;
3. Onde deveria ter sido produzido o resultado.
Chama-se de teoria da ubiquidade ou mista por adotar os critérios da atividade
e do resultado simultaneamente.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado
Previsão Legal: Artigo 6º do Código Penal.
Gabarito 18: C

19. (CESPE/2015/TCE-RN/Assessor Técnico Jurídico) Acerca da


aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento
posterior, julgue o item a seguir.
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no
território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente
seja absolvido naquele país.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
O item apresenta hipótese de extraterritorialidade incondicionada, quando a lei
penal brasileira será aplicada a fatos ocorridos fora do território nacional, ainda
que o agente tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro.

contra a vida ou a liberdade do Presidente


da República

contra o patrimônio ou a fé pública da


União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa
É hipótese de pública, sociedade de economia mista,
extraterritorialidade autarquia ou fundação instituída pelo Poder
incondicionada os Público
crimes
contra a administração pública, por quem
está a seu serviço

de genocídio, quando o agente for


brasileiro ou domiciliado no Brasil

Previsão Legal: Artigo 7º, I, b, do Código Penal.


Gabarito 19: C

20. (CESPE/2013/SEGESP-AL/Papiloscopista) Acerca de aplicação da lei


penal, concurso de crimes e culpabilidade, julgue os próximos itens.
Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em
embarcação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.
( ) Certo ( ) Errado

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Resolução: O item está correto.


A embarcação brasileira mercante que se encontra em alto-mar é considerada
extensão do território brasileiro. Aos crimes cometidos em seu interior, a
exemplo do latrocínio, será aplicada a lei penal brasileira.
CPB, Artigo 5º, § 1 Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública
ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
em alto-mar.
Previsão Legal: Artigo 5º, § 1º, do Código Penal.
Gabarito 20: C

21. (CESPE/2013/TCU/Auditor Federal de Controle Externo) Julgue o


item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no espaço.
Segundo a norma penal vigente, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido em
embarcações brasileiras, sendo elas de natureza pública ou privada, salvo se
essas embarcações não se encontrarem em águas internacionais.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
O item cobra o conhecimento sobre o território brasileiro por extensão.
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional:
I. As embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem;
II. As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
em alto-mar.
As embarcações públicas são consideradas extensão do território brasileiro,
independentemente de onde se encontrem.
Já as embarcações privadas serão consideradas extensão do território brasileiro
apenas se em alto-mar (chamado de águas internacionais).
Previsão Legal: Artigo 5º, 1º, do Código Penal.
Gabarito 21: E

22. (CESPE/2013/TCU/Auditor Federal de Controle Externo) Julgue o


item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no espaço.
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no
estrangeiro são puníveis segundo a lei brasileira se praticados contra a
administração pública quando o agente delituoso estiver a serviço do governo
brasileiro, salvo se já absolvido pela justiça no exterior com relação àqueles
mesmos atos delituosos.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Os crimes contra a administração pública praticados no estrangeiro por quem
esteja a seu serviço são hipóteses de extraterritorialidade incondicionada.

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Neste caso, a lei penal brasileira será aplicada ainda que o agente tenha sido
absolvido ou condenado no estrangeiro.
Previsão Legal: Artigo 7°, I, c e Artigo 7°, § 1º, do Código Penal.
Gabarito 22: E

23. (CESPE/2013/PC-DF/Escrivão de Polícia) Julgue os itens seguintes,


relativos à teoria da norma penal, sua aplicação temporal e espacial, ao conflito
aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro.
Considere a seguinte situação hipotética.
A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território
argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel,
cidadão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contudo, em virtude da
inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão
venezuelano que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência do
princípio da territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
A alternativa apresenta hipótese de território brasileiro por extensão.
Como o crime praticado por Andrés se deu no interior de avião da Força Aérea
Brasileira (avião público), aplicar-se-á a lei brasileiro ao fato,
independentemente do local em que o avião se encontre.
Andrés será responsabilizado pela lei penal do Brasil, como se Daniel tivesse
matado, mesmo tendo atingido Hernando, devido a aplicação do instituto do
erro na execução.
No caso de erro na execução, o agente responderá com base nas características
da pessoa que ele queria atingir (vítima virtual) e não nas da pessoa que ele
efetivamente atingiu (vítima real).
Previsão Legal: Artigo 5°, § 1º e Artigo 73, do Código Penal.
Gabarito 23: C

24. (CESPE/2013/DEPEN/Agente Penitenciário) Acerca dos institutos da


territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no
estrangeiro e da eficácia da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes.
A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração
pública por servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
Os crimes praticados contra a administração pública por quem está a seu
serviço, ainda que cometidos no estrangeiro, serão julgados pela lei brasileira,
mesmo que o agente tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro.
Previsão Legal: Artigo 7º, I, c do Código Penal.
Gabarito 24: C

25. (CESPE/2013/DEPEN/Agente Penitenciário) Acerca dos institutos da


territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no

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estrangeiro e da eficácia da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes.


A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território nacional
ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada
em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Art. 5º, § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada,
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
O Código Penal Brasileiro adota o princípio da territorialidade mitigada,
aplicando-se, como regra, a lei penal brasileira aos crimes cometidos no
território nacional, sem prejuízo de convenções tratados e regras de direito
internacional.
Previsão Legal: Artigo 5º, § 2º, do Código Penal.
Gabarito 25: C

26. (CESPE/2013/PC-BA/Investigador de Polícia) Julgue o item


seguinte, com relação ao tempo, à territorialidade e à extraterritorialidade da
lei penal.
A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada têm como
elemento comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Nos casos de extraterritorialidade incondicionada, não há requisitos que devem
ser preenchidos para a aplicação da lei penal brasileira.
Nos casos de extraterritorialidade condicionada, para a aplicação da lei penal
brasileira, é necessário o cumprimento dos seguintes requisitos:
1. Entrar o agente no território nacional;
2. Ser o fato punível também no país em que foi praticado;
3. Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
4. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
5. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Previsão Legal: Artigo 7°, §§ 1º, 2º e 3º, do Código Penal.
Gabarito 26: E

27. (CESPE/2012/TJ-AC/Técnico Judiciário) Acerca das fontes e dos


princípios do direito penal, da interpretação das leis penais e da sua aplicação,
julgue os itens a seguir.

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Considere que Maria seja condenada ao pagamento de multa por crime


praticado no estrangeiro, e, pelo mesmo delito, seja igualmente condenada no
Brasil a pena privativa de liberdade. Nessa situação, a pena de multa executada
no estrangeiro tem o condão de atenuar a pena imposta pela justiça brasileira.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.

Quando Atenua a pena


diversas imposta no Brasil
Pena cumprida
no estrangeiro
Computa-se na
Quando
pena imposta no
indêntica
Brasil

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo


mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Maria foi condenada a pena de multa no estrangeiro, pena diversa da que foi
condenada no Brasil. Neste caso, a pena estrangeira irá atenuar a pena imposta
no Brasil.
Previsão Legal: Artigo 8º do Código Penal.
Gabarito 27: C

28. (CESPE/2012/TRE-RJ/Analista Judiciário) Julgue os itens a seguir,


que versam sobre a aplicação da lei penal.
Considere que Paul, cidadão britânico domiciliado no Brasil, em visita à
Argentina, tenha praticado o delito de genocídio contra vítimas de nacionalidade
daquele país e fugido, logo em seguida, para o Brasil. Nesse caso, será possível
a aplicação da lei penal brasileira.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item é correto.
No caso de genocídio praticado por brasileiro ou por pessoa domiciliada no Brasil
(caso de Paul, cidadão britânico, com domicílio no Brasil), haverá
hipótese de extraterritorialidade incondicionada, sendo aplicada a lei brasileira
ainda que o agente tenha sido absolvido ou condenado no estrangeiro.
Previsão Legal: Artigo 7°, I, d, do Código Penal.
Gabarito 28: C

29. (CESPE/2008/MPE-RR/Oficial de Promotoria) Acerca do direito penal


e do direito processual penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada que estejam em território
nacional.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está incorreto.
Se a embarcação ou aeronave estrangeira for de propriedade privada e estiver
no território brasileiro, aos crimes praticados em seus interiores, será aplicada
a lei penal brasileira, por expressa previsão do Artigo 5º, § 2º, do Código Penal,

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salvo aplicação do princípio da passagem inocente (casos de mera passagem


pelo território nacional em destino a outros Estados).
Artigo 5º, § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Se a embarcação ou aeronave
estrangeira for de natureza pública, não há que se falar na aplicação da
lei penal brasileira.
Previsão Legal: Artigo 5º, § 2º, do Código Penal.
Gabarito 29: E

30. (CESPE/2011/TRE-ES/Analista Judiciário) Julgue os itens que se


seguem, à luz dos dispositivos do Código Penal (CP).
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele
onde foi praticada a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como aquele
onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o resultado.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução: O item está correto.
O Código Penal, para definir o lugar do crime, adotou a teoria da ubiquidade ou
mista.
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado.

No caso do crime praticado na


modalidade tentada, considerar-se-á o lugar do crime o local onde teria
sido produzido o resultado.
Previsão Legal: Artigo 6° do Código Penal.
Gabarito 30: C

31. (CESPE/2013/PFR/Policial Rodoviário Federal) A extra-atividade da lei


penal constitui exceção à regra geral de aplicação da lei vigente à época dos
fatos.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
A aplicação da lei penal rege-se pela teoria da atividade (tempus regit actum),
segundo a qual aplica-se a lei vigente à época da prática do delito. A teoria da
extra-atividade explicita as exceções à regra da teoria da atividade. Com efeito,
por via de exceção, uma lei posterior pode retroagir para beneficiar o réu
(novatio legis im mellius) (art. 2º do Código Penal), da mesma forma que uma
lei temporária ou excepcional podem ultragir (ultratividade da lei penal), em

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razão de sua essência, conforme preceitua o artigo 3º do Código Penal (Genilson


Campos, Juiz Federal).
Gabarito 31: C

32. (CESPE/2013/PFR/Policial Rodoviário Federal) Havendo conflito aparente


de normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no caso de a
norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a
realização de uma delas para que se configure o crime:
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
O princípio da subsidiariedade é um critério de resolução de conflito aparente
de normas, ao lado do princípio da especialidade e o da consunção ou absorção.
Aplica-se a norma do tipo penal que incide de forma auxiliar, subsidiária ou
residual, mas que é suficiente para proteger o bem jurídico violado e que não é
salvaguardado por outro tipo penal visto como principal e que possui outros
elementos que o dispositivo que incide subsidiariamente não possui. Aplica-se
o tipo penal subsidiário quando a conduta não se subsume perfeitamente ao
tipo penal principal, mais abrangente.
Gabarito 32: E

33. (CESPE/2013/PFR/Policial Rodoviário Federal) O princípio da legalidade


é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os
tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em
sentido estrito:
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
O princípio da legalidade encontra seu fundamento no art. 5º, XXXIX, da CF, e
é previsto no art. 1º, do CP: não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal.
Gabarito 33: C

34. (CESPE/2018/PC-SE/Delegado de Polícia) Julgue o item seguinte, relativo


aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime
deve ser feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra,
a lei em sentido formal.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Reserva legal e estrita legalidade, somente se admite lei em sentido material
(matéria constitucionalmente reservada à lei) e formal (lei editada em
consonância com o processo legislativo previsto na CF), Cleber Masson.
Gabarito 34: E

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35. (CESPE/2018/PF/Agente de Polícia Federal) Tendo como referência essa


situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei
que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação
da lei vigente à época do fato.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Lei penal no tempo, Art. 2º, do CP, e seu parágrafo único, ninguém pode ser
punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. A lei posterior,
que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Gabarito 35: E

36. (CESPE/2018/PF/Delegado de Polícia Federal) Em cada item a seguir, é


apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores
a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova
lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi
inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime
praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Nesta hipótese não ocorreu o aboltio criminis, que seria uma nova lei que
revogaria a lei anterior, ou seja, o fato deixaria de ser considerado incriminador.
Gabarito 36: C

37. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em
fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011,
houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido.
Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica
em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Súmula 711 do STF - Aplica-se a lei mais gravosa ao agente que comete crime
permanente ou continuado, quando a entrada da lei em vigor é anterior a
cessação do crime.
Gabarito 37: E

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38. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
A analogia constitui meio para suprir lacuna do direito positivado, mas, em
direito penal, só é possível a aplicação analógica da lei penal in bonam partem,
em atenção ao princípio da reserva legal, expresso no artigo primeiro do Código
Penal.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Vamos entender. Interpretação analógica é a que se verifica quando a lei
contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica.
É necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e imprevisíveis
casos que as situações práticas podem apresentar. Analogia, cuida-se de
integração ou colmatação do ordenamento jurídico. No direito penal, somente
pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao
princípio da reserva legal. Cleber Masson.
Gabarito 38: C

39. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica)) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a
serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Conforme disposto no Art. 7º, III, c, do CP, ficam sujeitos à lei brasileira,
embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
Gabarito 39: C

40. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica)) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se
fala do tempo do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento
da ação ou da omissão.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
É adotado a teoria da atividade, como dispõe o art. 4º. - Considera-se praticado
o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
Gabarito 40: E

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3- Questões da aula (sem comentários)


1. (CESPE/2018/Polícia Federal/Agente de Polícia) Depois de adquirir
um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo
municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O
comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial
de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à
delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei
que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação
da lei vigente à época do fato.
( ) Certo ( ) Errado

2. (CESPE/2018/Polícia Federal/Delegado de Polícia Federal) Em cada


item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos
tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso
de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova
lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi
inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime
praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
( ) Certo ( ) Errado

3. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se
fala do tempo do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento
da ação ou da omissão.
( ) Certo ( ) Errado

4. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em
fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011,
houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido.
Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica
em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado

5. (CESPE/2018/EBSERH/Advogado) Com referência à lei penal no tempo,


ao erro jurídico-penal, ao concurso de agentes e aos sujeitos da infração penal,
julgue o item que se segue.

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Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a vigência de lei que


cominava pena de multa para essa conduta. Todavia, no decorrer do processo
criminal, entrou em vigor nova lei, que, revogando a anterior, passou a atribuir
ao referido crime a pena privativa de liberdade. Assertiva: Nessa situação,
dever-se-á aplicar a lei vigente ao tempo da prática do crime.
( ) Certo ( ) Errado

6. (CESPE/2018/STJ/Analista Judiciário) Tendo como referência a


jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca
de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
Tratando-se de crimes permanentes, aplica-se a lei penal mais grave se esta
tiver vigência antes da cessação da permanência.
( ) Certo ( ) Errado

7. (CESPE/2017/TRF - 1ª REGIÃO/Técnico Judiciário) Em sete de janeiro


de 2017, João praticou conduta que, à época, configurava crime punível com
prisão. O resultado desejado pelo autor, no entanto, foi alcançado somente dois
meses depois, ou seja, em sete de março do mesmo ano, momento no qual a
conduta criminosa tinha previsão de ser punida com pena menos grave, de
restrição de direitos.
Nessa situação hipotética, de acordo com a lei penal,
João não poderá ser condenado com a pena de prisão em razão da
retroatividade da lei mais benéfica.
( ) Certo ( ) Errado

8. (CESPE/2015/TJ-DFT/Analista Judiciário) Em relação à aplicação da lei


penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em
continuidade delitiva e sob a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em
processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos, ainda
que seja mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado

9. (CESPE/2015/TJ-DFT/Técnico Judiciário) Acerca do crime e da


aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se segue.
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença
— em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido
revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime.
( ) Certo ( ) Errado

10. (CESPE/2015/TCE-RN/Assessor Técnico Jurídico) Acerca da


aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento
posterior, julgue o item a seguir.

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Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível a aplicação de lei


posterior a fato anterior à edição desta. É exceção ao referido princípio a
possibilidade de retroatividade da lei penal benéfica que atenue a pena ou torne
atípico o fato, desde que não haja trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
( ) Certo ( ) Errado

11. (CESPE/2013/DPF/Departamento de Polícia Federal/Todos os


Cargos) Julgue o item subsequente, relativo à aplicação da lei penal e seus
princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei
apenas durante o seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei
penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-
atividade.
( ) Certo ( ) Errado

12. (CESPE/2015/TRE-GO/Analista Judiciário) No que concerne à lei penal


no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e crime
impossível, julgue o item a seguir.
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis,
ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma
revogadora.
( ) Certo ( ) Errado

13. (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Analista


Legislativo/Consultor Legislativo Área XVII) No que diz respeito ao
sistema penitenciário e à legislação penal e processual penal aplicada à
segurança pública, julgue o item seguinte.
O Código Penal brasileiro, ao tratar da competência criminal quanto ao tempo
do crime, adota a teoria mista ou da ubiquidade, que considera o momento da
ação ou da omissão típica, independentemente do resultado danoso.
( ) Certo ( ) Errado

14. (CESPE/2014/Polícia Federal/Agente de Polícia Federal) No que se


refere à aplicação da lei penal o item abaixo apresenta uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.
Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a
lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro
foi levado a julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situação, o
magistrado terá de se fundamentar no instituto da retroatividade em benefício
do réu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.
( ) Certo ( ) Errado

15. (CESPE/2014/TJ-SE/Analista Judiciário) Julgue os itens subsecutivos,


acerca de crime e aplicação de penas.

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Na hipótese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicada a lei penal


mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessação da continuidade
ou da permanência.
( ) Certo ( ) Errado

16. (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Analista


Legislativo/Consultor Legislativo Área III) Julgue os itens subsequentes,
relativos ao direito penal.
Em relação à aplicação da lei penal no tempo e no espaço, no Código Penal
adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade.
( ) Certo ( ) Errado

17. (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário) A respeito da aplicação da lei


penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a
serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado

18. (CESPE/2016/TCE-SC/Auditor Fiscal de Controle Externo) Em


relação ao direito penal, julgue o item a seguir.
No Código Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a qual o
lugar do crime é o da ação ou da omissão, bem como o lugar onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.
( ) Certo ( ) Errado

19. (CESPE/2015/TCE-RN/Assessor Técnico Jurídico) Acerca da


aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento
posterior, julgue o item a seguir.
O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no
território da República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente
seja absolvido naquele país.
( ) Certo ( ) Errado

20. (CESPE/2013/SEGESP-AL/Papiloscopista) Acerca de aplicação da lei


penal, concurso de crimes e culpabilidade, julgue os próximos itens.
Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em
embarcação brasileira mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira.
( ) Certo ( ) Errado

21. (CESPE/2013/TCU/Auditor Federal de Controle Externo) Julgue o


item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no espaço.
Segundo a norma penal vigente, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido em
embarcações brasileiras, sendo elas de natureza pública ou privada, salvo se
essas embarcações não se encontrarem em águas internacionais.

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( ) Certo ( ) Errado

22. (CESPE/2013/TCU/Auditor Federal de Controle Externo) Julgue o


item a seguir elencado, que trata da lei penal no tempo e no espaço.
Segundo a atual redação do Código Penal Brasileiro, os crimes cometidos no
estrangeiro são puníveis segundo a lei brasileira se praticados contra a
administração pública quando o agente delituoso estiver a serviço do governo
brasileiro, salvo se já absolvido pela justiça no exterior com relação àqueles
mesmos atos delituosos.
( ) Certo ( ) Errado

23. (CESPE/2013/PC-DF/Escrivão de Polícia) Julgue os itens seguintes,


relativos à teoria da norma penal, sua aplicação temporal e espacial, ao conflito
aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro.
Considere a seguinte situação hipotética.
A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território
argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel,
cidadão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contudo, em virtude da
inabilidade de Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão
venezuelano que também estava a bordo. Nessa situação, em decorrência do
princípio da territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira.
( ) Certo ( ) Errado

24. (CESPE/2013/DEPEN/Agente Penitenciário) Acerca dos institutos da


territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no
estrangeiro e da eficácia da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes.
A lei penal brasileira será aplicada a crime cometido contra a administração
pública por servidor público em serviço, ainda que seja praticado no estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado

25. (CESPE/2013/DEPEN/Agente Penitenciário) Acerca dos institutos da


territorialidade e extraterritorialidade da lei penal, da pena cumprida no
estrangeiro e da eficácia da sentença estrangeira, julgue os itens seguintes.
A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território nacional
ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada
em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados
e regras de direito internacional.
( ) Certo ( ) Errado

26. (CESPE/2013/PC-BA/Investigador de Polícia) Julgue o item


seguinte, com relação ao tempo, à territorialidade e à extraterritorialidade da
lei penal.
A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada têm como
elemento comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional.
( ) Certo ( ) Errado

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27. (CESPE/2012/TJ-AC/Técnico Judiciário) Acerca das fontes e dos


princípios do direito penal, da interpretação das leis penais e da sua aplicação,
julgue os itens a seguir.
Considere que Maria seja condenada ao pagamento de multa por crime
praticado no estrangeiro, e, pelo mesmo delito, seja igualmente condenada no
Brasil a pena privativa de liberdade. Nessa situação, a pena de multa executada
no estrangeiro tem o condão de atenuar a pena imposta pela justiça brasileira.
( ) Certo ( ) Errado

28. (CESPE/2012/TRE-RJ/Analista Judiciário) Julgue os itens a seguir,


que versam sobre a aplicação da lei penal.
Considere que Paul, cidadão britânico domiciliado no Brasil, em visita à
Argentina, tenha praticado o delito de genocídio contra vítimas de nacionalidade
daquele país e fugido, logo em seguida, para o Brasil. Nesse caso, será possível
a aplicação da lei penal brasileira.
( ) Certo ( ) Errado

29. (CESPE/2008/MPE-RR/Oficial de Promotoria) Acerca do direito penal


e do direito processual penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada que estejam em território
nacional.
( ) Certo ( ) Errado

30. (CESPE/2011/TRE-ES/Analista Judiciário) Julgue os itens que se


seguem, à luz dos dispositivos do Código
Penal (CP).
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele
onde foi praticada a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como aquele
onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o resultado.
( ) Certo ( ) Errado

31- (CESPE/2013/PRF/Policial Rodoviário Federal) A extra-atividade


da lei penal constitui exceção à regra geral de aplicação da lei vigente à época
dos fatos.
( ) Certo ( ) Errado

32- (CESPE/2013/PRF/Policial Rodoviário Federal) Havendo conflito


aparente de normas, aplica-se o princípio da subsidiariedade, que incide no caso
de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando a
realização de uma delas para que se configure o crime:
( ) Certo ( ) Errado

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33- (CESPE/2013/PRF/Policial Rodoviário Federal) O princípio da


legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras,
ou seja, os tipos penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de
lei em sentido estrito:
( ) Certo ( ) Errado

34- (CESPE/2018/PC-SE/Delegado de Polícia) Julgue o item seguinte,


relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias
constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime
deve ser feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra,
a lei em sentido formal.
( ) Certo ( ) Errado

35- (CESPE/2018/PF/Agente de Polícia Federal) Tendo como referência essa


situação hipotética, julgue o item seguinte.
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei
que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação
da lei vigente à época do fato.
( ) Certo ( ) Errado

36- (CESPE/2018/PF/Delegado de Polícia Federal) Em cada item a seguir, é


apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores
a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova
lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi
inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime
praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
( ) Certo ( ) Errado

37- (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em
fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse mesmo ano. Em novembro de 2011,
houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido.
Assertiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica
em atenção ao princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa.
( ) Certo ( ) Errado

38- (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.

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A analogia constitui meio para suprir lacuna do direito positivado, mas, em


direito penal, só é possível a aplicação analógica da lei penal in bonam partem,
em atenção ao princípio da reserva legal, expresso no artigo primeiro do Código
Penal.
( ) Certo ( ) Errado

39- (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a
serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em
território estrangeiro.
( ) Certo ( ) Errado

40- (CESPE/2018/EMAP/Analista Portuário – Área Jurídica) A respeito da


aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se
fala do tempo do crime, ou seja, o crime é considerado praticado no momento
da ação ou da omissão.
( ) Certo ( ) Errado

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4- Gabarito

Gabarito 1: E Gabarito 16: C Gabarito 31: C

Gabarito 2: C Gabarito 17: C Gabarito 32: E

Gabarito 3: E Gabarito 18: C Gabarito 33: C

Gabarito 4: E Gabarito 19: C Gabarito 34: E

Gabarito 5: C Gabarito 20: C Gabarito 35: E

Gabarito 6: C Gabarito 21: E Gabarito 36: C

Gabarito 7: C Gabarito 22: E Gabarito 37: E

Gabarito 8: C Gabarito 23: C Gabarito 38: C

Gabarito 9: C Gabarito 24: C Gabarito 39: C

Gabarito 10: E Gabarito 25: C Gabarito 40: E

Gabarito 11: C Gabarito 26: E

Gabarito 12: E Gabarito 27: C

Gabarito 13: E Gabarito 28: C

Gabarito 14: E Gabarito 29: E

Gabarito 15: C Gabarito 30: C

5- Referencial Bibliográfico
MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 2ª. Ed. São Paulo: Método, 2014.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol. 1, 19ª. Ed. São Paulo: Saraiva,
2016.
JESUS, Damásio de. Código Penal Anotado. 22. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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