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Material liberado para vocês se prepararem com questões discursivas para os concursos que
fazem tal exigência, como Delegado PC-DF, MG, PB, PF e outros que estão por sair. Nos meus
cursos, tal como neste material, coloco algumas diretrizes para potencializar o estudo de vocês:
3. Cerca de 1 a 2 meses após o simulado, refaça ele novamente. Isso vai trazer uma
avaliação muito boa sobre a sua capacidade de retenção de conteúdo no médio/longo
prazo. Mas faça isso de forma diferente: em um simulado DE QUESTÕES OBJETIVAS de
múltipla escolha, identifique porque cada assertiva está correta ou errada. No caso de
um simulado DE QUESTÕES DISCURSIVAS, refaça as questões e compare sua evolução.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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QUESTÃO DISSERTATIVA
“Apesar de ter sido extinto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o direito a prisão
especial continua valendo para, ao menos, 2.425.890 brasileiros. Na lista, encontram-
se, por exemplo parlamentares. O levantamento foi feito pelo portal R7 com base em
números informados por órgãos e entidades representativas.” Fonte: portal R7
Sobre o cenário delineado, a notícia informa o fim da prisão especial pelo STF. Discorra
sobre o tema, conceituando “prisão especial” (2,0 pontos). Ademais, ela era capaz de
incidir em prisões cautelares e definitivas? (3,0 pontos) A prisão especial é
constitucional ou inconstitucional? (10,0 pontos) Por fim, como está a situação,
atualmente, em relação aos policiais civis? (5,0 pontos) Todas as respostas devem ser
fundamentadas.
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No Brasil, várias categorias profissionais são contempladas com “prisão especial”, tema que
sempre é objeto de questionamentos quanto a sua constitucionalidade. Entenda que
a prisão especial não é uma nova modalidade de prisão cautelar, mas apenas uma forma
diferenciada de recolhimento da pessoa presa provisoriamente, segregada do convívio com
os demais presos provisórios, até a condenação penal definitiva. O art. 295 do CPP traz um rol
exemplificativo dessas categorias, contemplando as forças policiais, tema que é complementado
pelas Leis nº 4.878/65 e 5350/67.
I - os ministros de Estado;
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
VI - os magistrados;
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VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; (Vide ADPF nº
334)
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em
cela distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
Contudo, em março de 2023, o STF analisou uma dessas prisões especiais na ADPF 334, que teve
como objeto o art. 295, inciso VII (“diplomados por qualquer das faculdades superiores da
República”), do CPP.
No caso, para o Tribunal, existe nítida violação do princípio da igualdade, sendo
tal prisão “verdadeiro privilégio que, em última análise, materializa a desigualdade social e o
viés seletivo do direito penal e malfere preceito fundamental da Constituição que assegura a
igualdade entre todos na lei e perante a lei". Ainda, de acordo com o STF, “trata-se, na
realidade, de uma medida discriminatória, que promove a categorização de presos e que, com
isso, ainda fortalece desigualdades, especialmente em uma nação em que apenas 11,30% da
população geral tem ensino superior completo e em que somente 5,65% dos pretos ou pardos
conseguiram graduar-se em uma universidade”. Em outras palavras, “a legislação beneficia
justamente aqueles que já são mais favorecidos socialmente, os quais já obtiveram um
privilégio inequívoco de acesso a uma universidade”.
Contudo, como colocado, o objeto da ADPF foi somente o art. 295, inciso VII (“diplomados por
qualquer das faculdades superiores da República”), do CPP. Assim continuam plenamente
válidas as outras prisões especiais, pois, como indicou o próprio STF, a prisão especial de
certas categorias (e aqui se inserem policiais, magistrados, promotores, chefes dos poderes,
entre outros) é um fator de discrimine justificado em razão das atividades promovidas e do
risco que pode representar para tais pessoas o contato com o preso comum.
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SUGESTÃO DE RESPOSTA:
No Brasil, várias categorias profissionais são contempladas com a prisão especial, tema que foi
objeto de ação no Supremo Tribunal Federal A prisão especial não é uma nova modalidade
de prisão cautelar, mas apenas uma forma diferenciada de recolhimento da pessoa presa
provisoriamente (prisões cautelares), segregada do convívio com os demais presos
provisórios, até a condenação penal definitiva.
O julgar uma ação, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a prisão especial
daqueles diplomados por qualquer das faculdades superiores da República. Para o Tribunal,
trata-se de uma medida discriminatória, que promove a categorização de presos e que, com
isso, ainda fortalece desigualdades. Em outras palavras, existe verdadeiro privilégio que, em
última análise, materializa a desigualdade social e o viés seletivo do direito penal e malfere
preceito fundamental da Constituição que assegura a igualdade entre todos na lei e perante a
lei.
Contudo, as demais espécies de prisão especial continuam válidas, tal como a prisão
especial dos policiais civis, prevista no art. 295 do CPP e em legislações extravagantes. Isso
ocorre porque a prisão especial de certas categorias é um fator de discrimine justificado em
razão das atividades promovidas e do risco que pode representar para tais pessoas o contato
com o preso comum.
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QUESTÃO DISSERTATIVA
Imagine que, semana passada, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, por iniciativa do
Governador do Estado, aprovou um Projeto de Emenda à Constituição do Estado de São Paulo
com a finalidade de reestruturar a Polícia Civil. A emenda veiculou o seguinte conteúdo:
Art. 140 À Polícia Civil, função essencial à Justiça, dirigida por delegados de polícia de
carreira, bacharéis em Direito, incumbe, ressalvada a competência da União, as funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 1º O Delegado- Geral da Polícia Civil será nomeado pelo Governador do Estado e escolhido
entre os integrantes da última classe da carreira de delegado de polícia.
À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, analise cada um dos dispositivos acima
citados. (20,0 pontos).
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. ADI 5522, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2022.
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Além da chefia da investigação criminal, que é largamente estudada neste livro, ao Delegado
de Polícia também incumbe a organização administrativa da Polícia. Essa questão fica bem nítida,
por exemplo, nas chefias da Polícia Civil e dos Departamentos de Polícia Judiciária. A Autoridade
Policial, portanto, deve gerir a Delegacia na qual trabalha, verificar constantemente a estrutura
física e de pessoal, administrar o depósito de objetos apreendidos e o almoxarifado, entre outras
atribuições.
Como estrutura administrativa mais elevada da Polícia Civil, tem-se o Delegado-Geral da
Polícia Civil. Em relação a essa função comissionada, de acordo com o STF, 2 é constitucional
norma da Constituição do Estado que restringe a escolha do Delegado-Geral da Polícia Civil
aos integrantes da última classe da carreira, desde que previsto pela redação originária da
Constituição Estadual ou eventual Emenda à Constituição Estadual respeite norma de
iniciativa privativa do Governador do Estado.
Ainda sobre o Delegado-Geral da Polícia Civil, é inconstitucional a existência de mandato
para o cargo de Delegado-Geral da Polícia Civil por se tratar de cargo em comissão, violando o
modelo presente na Constituição Federal. 3
Também é inconstitucional norma da Constituição Estadual, de iniciativa parlamentar,
que disponha sobre nomeação, pelo Governador, de ocupante de cargo de Diretor-Geral da
Polícia Civil, a partir de listra tríplice elaborada pelo Conselho Superior de Polícia. A
jurisprudência do STF pacificou-se no sentido de prestigiar a redação do art. 144, § 6º, da
Constituição da República, segundo a qual as forças policiais subordinam-se aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo inconstitucional o esvaziamento desta
norma pela criação de requisitos como a formação de lista tríplice. 4
2
. ADI 3922, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2021.
3
. ADI 4515, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 03/05/2021.
4
. ADI 6923, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 03/11/2022.
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CARREIRA JURÍDICA
O cargo de Delegado de Polícia é uma das poucas carreiras que consegue aglutinar a
necessidade de o seu titular ser, ao mesmo tempo, administrador, policial e operador do Direito.
Com a Constituição Federal de 1988, essa carreira passou por uma grande alteração
paradigmática, uma vez que deixou de ser atrelada a um regime totalitário, tendo como
consequências a necessidade de proteção aos direitos e garantias fundamentais de todas a s pessoas
e o notório processo de qualificação de seus respectivos profissionais.
A função da Autoridade Policial não se restringe a coletar as informações para que o
Ministério Público analise e, se cabível, apresente a denúncia. O inquérito policial é o primeiro
instrumento de justiça social e é essencial para a ação penal, tanto que a quase totalidade das ações
penais são precedidas do inquérito.
A qualidade das investigações criminais está diretamente ligada à atuação do Delegado de
Polícia no curso do inquérito policial. Uma investigação mal-feita, além de poder acarretar
diversas nulidades, contribui diretamente para a falta de elementos de informação para a denúncia
e a consequente irresponsabilidade penal do autor do fato.
É nesse contexto que se insere a necessidade de reconhecer o cargo de Delegado de Polícia
como integrante de uma carreira jurídica. Com efeito, a definição de atividade jurídica é
estabelecida pelo artigo 59, da Resolução nº 75, do Conselho Nacional de Jus tiça:
Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos do art. 58, § 1º, alínea “i”:
I – aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito;
II – o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual
mínima em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei nº 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º)
em causas ou questões distintas;
III – o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico;
IV – o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas
especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 16 (dezesseis)
horas mensais e durante 1 (um) ano;
V – o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios.
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. ADI 3460, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2006.
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tido como equiparável àqueles integrantes das chamadas carreiras jurídicas (...).
Na mesma linha, foi publicada a Lei n° 13.047/14, que alterou a Lei n° 9.266/96 e acrescentou
os seguintes dispositivos legais:
Art. 2º-A, parágrafo único. Os ocupantes do cargo de Delegado de Polícia Federal,
autoridades policiais no âmbito da polícia judiciária da União, são responsáveis pela direção
das atividades do órgão e exercem função de natureza jurídica e policial, essencial e
exclusiva de Estado.
Art. 2º-B. O ingresso no cargo de Delegado de Polícia Federal, realizado mediante concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, é
privativo de bacharel em Direito e exige 3 (três) anos de atividade jurídica ou policial,
comprovados no ato de posse.
6
. ADI 5517, Relator(a): NUNES MARQUES, Tribunal Pleno, julgado em 22/11/2022.
7
. Segue a normativa declarada inconstitucional: “§ 3º No desempenho da atividade de polícia judiciária, instrumental
à propositura das ações penais, a Polícia Civil exerce atribuição essencial à função jurisdicional do Estado e à
defesa da ordem jurídica. § 4º Os Delegados de Polícia integram as carreiras jurídicas do Estado, dispensando-lhes
o mesmo tratamento legal e protocolar, motivo pelo qual se exige para o ingresso na carreira o bacharelado em
Direito e assegura-se a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases do concurso público.”
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Essa decisão tomada pelo STF em face da Constituição do Estado do Espírito Santo é um
reflexo de uma jurisprudência, atualmente já pacífica, que tem incidido sob inúmeras outras
Constituições Estaduais, como de Tocantins e Minas Gerais. De todo modo, ainda se encontram
plenamente vigentes as legislações federais regentes da matéria, quais sejam, a Lei nº 12.830/13 e a
Lei n° 13.047/14.
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
8
. ADI 5579, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 21/06/2021, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-128 DIVULG 29-06-2021.
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. ADPF 779 MC-Ref, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/3/2021.
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Por fim, deve-se colocar que a Lei Orgânica Nacional das PCs, publicada em dezembro de
2023, trouxe em seu corpo a previsão legislativa da autonomia funcional:
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
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QUESTÃO DISSERTATIVA
A regulamentação no Código de Processo Penal da cadeia de custódia inaugurou um novo marco
legal, em muito direcionado às provas físicas. A cadeia de custódia das provas digitais, por
ausência de regulamentação legal, foi alvo de intensa jurisprudência dos Tribunais Superiores.
Sobre o tema, conceitue a cadeia de custódia [valor: 4,0 pontos]. Após, identifique os cuidados
que a polícia deve ter com a prova digital armazenada em um celular, bem como aborde a
nulidade caso o procedimento não seja observado [valor: 10,0 pontos]. Por fim, como se dá a
cadeia de custódia do "print screen” de conversas em aplicativos como Whatsapp [valor: 6,0
pontos].
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OBS para TODOS: A questão não envolve o ACESSO ao celular pela polícia, mas os CUIDADOS
que a polícia deve ter com A PROVA DIGITAL ARMAZENADA NO CELULAR. São temas com
tratamentos diferenciados no STJ. Cuidado!
CADEIA DE CUSTÓDIA
1. Conceito
Nos termos previstos no art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal, a autoridade policial deverá (inciso VII) determinar, se for caso, que se proceda a exame
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
O exame de corpo de delito é considerado um dos principais instrumentos para a
comprovação da materialidade do delito ou de alguma das qualificadoras do crime, sendo
obrigatório quando a infração deixar vestígios, não podendo supri-lo a confissão do acusado
(art. 158 do CPP). Nesse contexto se apresenta a cadeia de custódia, a qual tem por finalidade
garantir a legitimidade do vestígio e a legalidade da prova pericial.
Nos termos do art. 158-A do Código de Processual Penal, considera-se cadeia de custódia o
conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio co5etado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a
partir de seu reconhecimento até o descarte.
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Nessa linha, como bem coloca Geraldo Prado, 10 a cadeia de custódia se apresenta como
relevante instrumento para “assegurar a integridade dos elementos probatórios”, de modo a
garantir a “rastreabilidade probatória” 11 do vestígio.
Observe que, até 2019, o tema possuía uma lacuna no direito brasileiro, sem tratamento legal
específico, cenário que foi alterado em razão da inserção do art. 158-A e seguintes ao Código de
Processo Penal pela Lei nº 13.964/19. Esse marco legislativo possui relevância, pois, de acordo
com o STJ, 12 “não é possível se falar em quebra da cadeia de custódia, por inobservância de
dispositivos legais que não existiam à época”.
10
. PRADO, Geraldo. Prova Penal e Sistema de Controles Epistêmicos: a quebra da cadeia de custódia das provas
obtidas por meios ocultos. São Paulo: Marcial Pons, 2014, p. 80.
11
. EDINGER, Carlos. Cadeia De Custódia, Rastreabilidade Probatória. Revista Brasileira de Ciências Criminais , v.
120, p. 237-257, mai.-jun./2016.
12
. RHC 141.981/RR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
23/03/2021.
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. HC 653.515, Rel. Ministro Rogerio Schietti, julgado em 26/11/2021.
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verificar se alguma informação foi alterada, suprimida ou adicionada após a coleta inicial das
fontes de prova pela polícia.
De acordo com o STJ, 14 o policial responsável deverá utilizar técnicas específicas para
manuseio desses dados e exemplifica com o seguinte procedimento:
• copiar integralmente (bit a bit) o conteúdo do dispositivo, gerando uma imagem dos
dados: um arquivo que espelha e representa fielmente o conteúdo original;
• aplicar uma técnica de algoritmo hash, em que é possível obter uma assinatura
única para cada arquivo – uma espécie de impressão digital ou DNA, por assim
dizer, do arquivo. Esse código hash gerado da imagem teria um valor diferente caso
um único bit de informação fosse alterado em alguma etapa da investigação.
2. No presente caso, não foi verificada a ocorrência de quebra da cadeia de custódia, pois
em nenhum momento foi demonstrado qualquer indício de adulteração da prova, ou de
alteração da ordem cronológica da conversa de WhatsApp obtida através dos prints da tela
do aparelho celular da vítima.
14
. Inf. 763 STJ, segredo de justiça, 07/02/2023.
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5. "Não se verifica a alegada 'quebra da cadeia de custódia', pois nenhum elemento veio
aos autos a demonstrar que houve adulteração da prova, alteração na ordem cronológica
dos diálogos ou mesmo interferência de quem quer que seja, a ponto de invalidar a
prova".15
Na mesma linha, o STF16 pontuou que “as declarações ofensivas à honra podem ser provadas por
qualquer meio, como o whatsapp, sendo desnecessária a vinda aos autos de gravação original ou
de ata notarial".
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
15 AgRg no HC n. 752.444/SC, relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 4/10/2022, DJe
de 10/10/2022.
16 AO 2002, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/02/2016.
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QUESTÃO DISSERTATIVA
Após meses de investigação, o inquérito policial é encaminhado ao Delegado de Polícia
supostamente pronto para ser relatado. Neste momento, o advogado do investigado protocola
uma petição com as seguintes solicitações: (a) a tese central que se coloca em relação ao caso
investigado encontra-se pendente de julgamento no STF com determinação específica de
suspensão dos procedimentos pelo Tribunal, de modo que o advogado solicita o cumprimento
da decisão e a suspensão do inquérito policial; (b) solicita a quebra do sigilo dos dados da
comunicação do Whtasapp de um número de celular de um cidadão foragido a fim de provar a
inocência do seu cliente, em conjunto com pedido de multa diária para o cumprimento pela
mencionada empresa; e (c) alega a inconstitucionalidade da condução coercitiva oposta ao seu
cliente, na linha do que decidido pelo STF, mesmo que o objetivo tenha sido para proceder o
seu reconhecimento pessoal, de modo a solicitar que tal prova seja desconsiderada.
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O Supremo Tribunal Federal já reconheceu, por diversas vezes, a repercussão do novo CPC
no âmbito do processo penal. A questão levantada nesse tópico diz respeito a possibilidade (ou
não) de suspensão dos procedimentos investigativos quando a questão central tiver repercussão
geral reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 1035, § 5ª, do CPC.
O tema foi objeto do RE 966177,17 julgado pelo Pleno do STF em meados de 2017, e
consignou-se que em nenhuma hipótese o sobrestamento dos procedimentos com fundamento no
mencionado artigo abrangeria inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios conduzidos
pelo Ministério Público. Em outras palavras, o reconhecimento da repercussão geral de uma
questão pelo STF não possui qualquer repercussão no trâmite do inquérito policial.
Nos casos em que o acesso direto pelo Delegado de Polícia se mostrar ilegal e demandar uma
autorização judicial, deve-se considerar que muitas dessas redes sociais (v.g. WhatsApp) são
protegidas por criptografia ponta a ponta. Nas palavras do Ministro Ribeiro Dantas, Relator do
RMS 60531 18 :
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. RE 966177, rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 7/6/2017.
18
. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/12/2020.
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Criptografia de ponta a ponta é a proteção dos dados nas duas extremidades do processo,
tanto no polo do remetente quanto no outro polo do destinatário. Nela, “dois tipos de
chaves são usados para cada ponta da comunicação, uma chave pública e uma chave
privada. As chaves públicas estão disponíveis para as ambas as partes e para qualquer
outra pessoa, na verdade, porque todos compartilham suas chaves públicas antes da
comunicação. Cada pessoa possui um par de chaves, que são complementares. [...] O
conteúdo só poderá ser descriptografado usando essa chave pública (...) junto à chave
privada (...). Essa chave privada é o único elemento que torna impossível para qualquer
outro agente descriptografar a mensagem, já que ela não precisa ser compartilhada.
Como essa chave privada se apresenta inacessível, inclusive para a própria rede social, o
STJ compreende ser impossível aplicar multa contra os aplicativos pelo fato de a empresa não
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conseguir interceptar as mensagens trocadas pelos usuários. Nesses cenários, o único modo de
a polícia conseguir acesso a tais mensagens se dá pela apreensão física d o aparelho celular,
seguida da respectiva perícia no seu conteúdo (em regra, mediante prévia autorização judicial).
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
19
. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/12/2020.
20
. ADPF 444, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/06/2018.
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Em relação à segunda solicitação, o argumento do advogado também não está correto. Em razão
da criptografia ponta-a-ponta, não é possível a quebra do sigilo das comunicações do Whatsapp,
de modo que também não é possível a imposição de multas diárias à empresa, pois ela também
não possui acesso às chaves de criptografia.
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DIREITO PENAL
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QUESTÃO DISSERTATIVA
No início deste ano, uma jovem se dirigiu a uma farmácia de seu bairro para aplicação
de medicamento intravenoso, na região do glúteo, em procedimento padrão para esse
tipo de medicamento. Em local resguardado do público na farmácia, o farmacêutico
solicitou que a jovem abaixasse a calça para aplicação do medicamento, que foi
prontamente atendido, mas durante o procedimento o farmacêutico “deu uma
lambida” na região.
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ATENÇÃO: SIM, esse fato é real! A questão foi inspirada na seguinte notícia:
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/03/10/mulher-tem-nadega-
lambida-por-farmaceutico-no-df.htm
A lambida, do modo como executada, sem dúvida, trata-se de um ato libidinoso capaz de
caracterizar a incidência de crime contra a liberdade sexual, já que o farmacêutico buscava
satisfazer desejo de natureza sexual (art. 213 a 216-A do CP). Sendo a vítima maior de idade,
afasta-se eventual crime sexual contra vulnerável (art. 217-A e seguintes do CP).
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Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais
grave.
CRIATIVO 7:
Sobre o caso, alguns me perguntaram: E se a vítima fosse menor de 14 anos, qual seria o
crime?
Seria um caso típico de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), já que a lambida constitui
ato libidinoso. Lembre-se que, em face de menores de 14 anos, não se necessita da violência
ou grave ameaça por ser a violência presumida para o tipo penal.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de
14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
A questão narra um cenário em que uma jovem tem a sua nádega lambida por um farmacêutico
durante um procedimento padrão para aplicação de medicamento. A conduta se qualifica como
um ato libidinoso, uma vez que o autor do fato buscava satisfazer desejo de natureza sexual.
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Por fim, caso a vítima fosse menor de 18 anos, seria o crime de estupro de vulnerável, uma vez
que a lambida constitui ato libidinoso, não se exigindo a violência ou grave ameaça por ser a
violência presumida para o tipo penal. Trata-se de ação penal pública incondicionada e o crime
é admitido na forma tentada.
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QUESTÃO DISSERTATIVA
Policial civil estava chegando em casa com seu filho de meses em seu colo, abrindo o portão
para adentrar ao local. Neste momento, ao olhar para o lado, o policial observa o cachorro do
vizinho correndo em sua direção, animal com quem o policial não tem qualquer contato. Diante
de tal cenário, o policial efetua dois disparos contra o animal, que vem imediatamente a óbito.
Verificou-se, depois, que o cachorro fugiu e que ele era manso, não representando qualquer
risco para o policial civil.
Diante do exposto, analise a conduta do policial. (10,0 pontos) Reanalise o caso, levando em
consideração que o cachorro fosse, realmente, atacar o policial por ordem do vizinho em razão
de desavenças pessoais. (10,0 pontos)
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Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justif icado pelas circunstâncias, supõe
situação de f ato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o
erro deriva de culpa e o f ato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem
o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o f ato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrif ício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enf rentar o
perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrif ício do direito ameaçado, a pena poderá ser
reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima def esa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779)
Estado de Necessidade: é o conflito entre vários bens jurídicos diante de uma situação de perigo.
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• O agente deve ter conhecimento que está diante de um Estado de Necessidade . Esse
requisito decorre da teoria finalista. Ex. médico que convence a amante fazer aborto.
No momento da curetagem, descobre que o aborto era realmente necessário, pois se
tratava de gravidez de alto risco. Responde pelo crime, pois sua intenção não era salvar
a amante (pois que não sabia do risco antes de iniciar o procedimento), mas sim o
aborto.
OBS: é possível estado de necessidade X estado de necessidade? Sim, por ex: naufrágio, onde
ficam 2 pessoas a deriva em um pedaço de madeira.
- Classificação:
Legítima Defesa:
- perigo atual (ou iminente implícito para alguns); - perigo atual ou iminente;
- é o conflito entre vários bens jurídicos diante de - é o conflito entre vários bens jurídicos diante de
uma situação de perigo; ameaça ou ataque a um bem jurídico;
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Bem jurídico tutelado: a legítima defesa tem aplicação na proteção de qualquer bem jurídico
tutelado pela lei, desde que presentes seus requisitos. Ressalta-se que o bem somente será
passível de defesa se não for possível socorrer-se do Estado para a sua proteção. Rogério Greco
defende que não cabe legítima defesa da vítima ameaçada de um mal, futuro, injusto e grave
(ex. ameaça de morte). Há quem abrande tal requisito, afirmando que determinadas ameaças,
por serem de tal grave que legitimariam a ação, tornando-se exclusão da culpabilidade, por
inexigibilidade de conduta diversa. Ex. pessoa ameaçada de morte pelo “Fernandinho Beira-
mar” – controverso.
- Espécies:
OBS: ataque animal espontâneo é Estado de necessidade, mas se o animal atacar por ordem do
dono é legítima defesa.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
Policial civil chegou em casa com seu filho de meses em seu colo, quando visualizou
um cachorro do vizinho correndo em sua direção e, por segurança, o policial efetuou
dois disparos contra o animal, que veio imediatamente a óbito. Contudo, verificou-se,
depois, que o cachorro fugiu e que era manso, não representando qualquer risco para
o policial civil.
Tem-se clara hipótese de estado de necessidade putativo. O estado de necessidade
está caracterizado em razão da necessidade de o policial se salvar e salvar o seu filho
do perigo atual advindo do suposto ataque do cachorro, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar. Ademais, a descriminante putativa está
presente, sendo isento de pena o policial por erro justificado pelas circunstâncias
narradas.
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LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
QUESTÃO DISSERTATIVA
Uma mulher grávida e maior de idade efetivou manobras abortivas por meio de uso de
medicamentos. Contudo, ela passou mal e foi levada ao serviço de emergência do hospital por
vizinhos. O médico tratou a mulher, mas identificou a ocorrência do aborto com a consequente
comunicação do fato à polícia. No curso do inquérito policial, ele foi ouvido como testemunha.
Analise a conduta do médico à luz da jurisprudência do STJ. [valor: 6,0 pontos]. Na sequência,
indique pelo menos 2 hipóteses legais de comunicação obrigatória de crime por médico. [valor:
7,0 pontos]. Por fim, o Delegado de Polícia agiu corretamente ao instaurar o inquérito?
Fundamente a sua resposta [valor: 7,0 pontos].
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A oitiva do médico no curso da investigação criminal, quando decorrência direta da sua atuação
profissional, reclama especial atenção pelo Delegado de Polícia em razão do sigilo legal que ele
possui e das inúmeras limitações daí decorrentes.
Essas limitações decorrem da aplicação do art. 73 do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº
2.217/2018), segundo o qual é vedado ao médico “revelar fato de que tenha conhecimento em
virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento,
por escrito, do paciente”.
Como colocado e à luz do Código de Ética, no âmbito criminal, existem algumas exceções.
Primeira exceção. O sigilo médico pertence única e exclusivamente ao paciente, e não
ao médico. De modo que, se o paciente abrir mão dele (consentimento por escrito), as
documentações relativas poderão ser utilizadas, bem como o médico poderá prestar
depoimento.21
Segunda exceção. Sempre que existir dever legal, caberá ao médico depor sobre o tema,
inclusive, de sua iniciativa, notificar a polícia ou outro órgão indicado por lei sobre o ocorrido.
Tal cenário ocorre nos seguintes casos:
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Imagine um caso concreto em que uma mulher maior de idade estava grávida e efetiva
manobras abortivas (uso de medicamento), mas passa mal e é atendida pelo serviço de
emergência do hospital. O médico que a atendeu identifica a ocorrência do aborto e comunica
o fato à polícia, que é ouvido na qualidade de testemunha.
Um caso similar ao narrado chegou ao STJ. As duas Turmas do Tribunal22 possuem precedentes
o art. 207 do CPP, aliado ao Código de Ética Médico, impede que o médico deponha em tal
procedimento. Para o STJ, médico não pode acionar a polícia para investigar paciente que
procurou atendimento médico-hospitalar por ter praticado manobras abortivas, uma vez que se
mostra como confidente necessário, estando proibido de revelar segredo do qual tem
conhecimento, bem como de depor a respeito do fato como testemunha.
Contudo, como o Delegado de Polícia deve agir ao receber esse tipo de comunicação do médico?
Parágraf o único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor
do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Em tal cenário, para que o Delegado possa instaurar procedimento investigativo, outra pessoa
da família da autora ou mesmo o suposto pai deverá, por iniciativa de um destes (e não do
Delegado), comunicar a ocorrência do fato criminoso. No caso de existência de uma denúncia
anônima sobre o fato, o Delegado de Polícia deverá instaurar uma Verificação Preliminar de
Informações (VPI) para ter informações mínimas para deflagrar um inquérito policial.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:
22HC 783.927/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 14/3/2023. HC n.
516.437/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 12/11/2019.
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O caso narra uma hipótese em que um médico atendeu uma mulher grávida que efetivou
manobras abortivas por meio de uso de medicamentos. Em razão de sua iniciativa, foi
instaurado inquérito policial e ele foi ouvido como testemunha.
De acordo com o CPP, são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho. Nesse contexto, para o STJ, o ordenamento jurídico impede
que o médico comunique o fato à polícia e deponha em eventual procedimento criminal.
Por fim, existem cenários em que a legislação vigente determina a comunicação de um fato pelo
médico. Quando houver suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou
degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente, nos termos do art. 13 do Estatuto
da Criança e do Adolescente. Quando houver suspeita ou confirmação de violência praticada
contra pessoas idosas serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos
e privados à autoridade sanitária, nos termos do art. 19 do Estatuto do Idoso.
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