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PROF.

GUSTAVO BICALHO FERREIRA

Administração Financeira
e Orçamentária

AFO
Prof. GUSTAVO BICALHO FERREIRA
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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

SOBRE O PROFESSOR
Gustavo Bicalho Ferreira é bacharel em Administração Pública e de
Empresas, pós-graduado em Marketing com MBA pela Fundação Getulio
Vargas, estudioso na área de Planejamento e Orçamento com diversos
cursos realizados, além de artigos publicados em sites especializados.

É Analista Judiciário, concursado do Superior Tribunal de Justiça - STJ,


tendo obtido a 9ª colocação no referido concurso público. Foi subsecretário
de Execução Orçamentária e Financeira do Conselho da Justiça Federal -
CJF e, atualmente, exerce o cargo de subsecretário de Planejamento e
Acompanhamento do CJF.

É o idealizador e criador do site www.orcamento.org, cujo conteúdo versa


sobre orçamento público. O site tem como missão disponibilizar
informações na área de orçamento público, gerando conhecimento em
benefício da sociedade brasileira. Outro site criado pelo professor é o
www.estudaqui.com.br, cuja missão é proporcionar a democratização do
conhecimento, disponibilizando materiais e informações correlatos à
preparação dos interessados na participação em concursos públicos.

É professor da matéria de Administração Financeira e Orçamentária -


AFO e Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF em cursos preparatórios
para concursos públicos, além de ser professor-colaborador nos seguintes
sites: www.estudaqui.com.br, www.forumconcurseiros.com e
www.cursoaprovacao.com.br.

Os alunos poderão acessar o e-mail professor@bicalhoferreira.com.br para


encaminhar quaisquer dúvidas ou solicitar informações. É o canal aberto
entre os alunos e o professor.

DICAS DE ESTUDO
Primeiramente, você, concurseiro, deve ter em mente que passar em um concurso
público não é uma coisa que acontece da noite para o dia. Que você dorme e
quando acorda já é servidor público. Não, o caminho para se tornar um servidor
público é árduo. Por muitas vezes você terá que deixar de fazer aquelas coisas que
antes fazia com freqüência: sair à noite com amigos, ir ao cinema, ir a um show,
viajar. Não é que para passar em um concurso público você deva ser anti-social.
Não é isso. Porém, o engajamento nos estudos, com disciplina e determinação,
farão a diferença no dia da prova. Todo o sacrifício que foi colocado em questão
terá seu resultado compensado. Você se tornará um SERVIDOR PÚBLICO!

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O sucesso na resolução de uma prova depende de quão hábil você identifica os


erros nos itens das questões formuladas pela banca examinadora.

Um macete é você sempre grifar o que está errado e colocar “entre


parênteses” o acerto. Esse método auxilia o seu cérebro a ficar “atento” aos itens
das questões para melhor “farejar” possíveis erros.

Tente fazer isso e você perceberá uma melhora significativa na identificação dos
erros.

Identifique o erro, grifando-o, e depois acerte-o. Veja como proceder conforme o


exemplo a seguir:

Leis de iniciativa do Poder Legislativo estabelecerão o plano plurianual, as


diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais.(Executivo) - é o correto!

Listo algumas dicas para um início de estudo mais planejado:

 Não tenha UM objetivo. Tenha O objetivo: PASSAR NO CONCURSO.

 Prepare um cronograma de estudos com as matérias que serão objeto da


prova, com horários programados para cada matéria. Você poderá ter noção
dessas matérias, antecipadamente, a partir de editais de concursos
anteriores ou concursos similares. Faça intervalos. Intervalos são
importantes para relaxar. Sugere-se que a cada 3 horas de estudo você
interrompa por 15 minutos. Dê uma andada, faça alongamentos.

 Faça desse cronograma o seu mais importante instrumento de


planejamento. Tenha disciplina para cumpri-lo.

 Procure um local de estudos que possa dar tranqüilidade para concentração


no aprendizado. Lugares barulhentos onde você possa se distrair são
péssimos para o desempenho dos estudos. A nossa casa pode ser um
ambiente perigoso... Caso não haja disciplina, inúmeras vezes você se
levantará da cadeira para ir à geladeira, beber água, falar ao telefone,
brincar com o cachorro. O ideal é que a escolha seja um ambiente onde a
filosofia seja o estudo, como as bibliotecas ou salas de estudos.

 Tenha bons materiais de estudo (livros, apostilas, anotações de sala de


aula, resumos). Bons materiais fazem a diferença. Caso não possa comprar
um livro, pegue emprestado com amigos ou em bibliotecas.

 Faça bastantes exercícios. São eles que darão experiência quanto ao tipo de
questões abordadas e também para treinar o tempo de resposta às
questões.

 Leia o edital atentamente. É nele que se encontram todas as informações


importantes sobre a prova: data, local, horário, matérias, tipo de prova -

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objetiva, discursiva -, peso nas provas, penalização ou não quando o


gabarito discordar do oficial, dentre outras.

 Não desanime caso não seja aprovado nos primeiros concursos públicos. A
persistência, aliada ao correto planejamento nos estudos será essencial ao
bom desempenho nos próximos concursos.

 Lembre-se de Confúcio, filósofo chinês: “Uma caminhada, seja de que


tamanho for, começa com o primeiro passo”.

Bons estudos!

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Orçamento Público
- Princípios Orçamentários
- Orçamento público no Brasil
- Ciclo Orçamentário (Processo Orçamentário)
- Plano Plurianual – PPA
- Orçamento-programa
- Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
- PLOA: elaboração, acompanhamento e aprovação
- Lei Orçamentária Anual - LOA: classificação funcional, estrutura programática e categorias econômicas
- Créditos Adicionais
- Receita Pública
- Despesa Pública

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ORÇAMENTO PÚBLICO

CONCEITO
O orçamento possui inúmeras conceituações. A seguir, destacamos
algumas delas:

Podemos dizer que o orçamento público apresenta a característica de


atender à execução de objetivos variados das diversas políticas que
devem ser implementadas pela administração pública. Dessa forma, a
elaboração do orçamento público constitui o passo inicial do processo de
planejamento do setor público, pois é por meio desse instrumento que
os governantes, de qualquer esfera, poderão apresentar à sociedade os
programas prioritários de governo, com a discriminação da origem e do
montante de recursos a serem obtidos, bem como a realização dos
dispêndios alocados no tempo.

Outro conceito define orçamento público como a materialização de


ação planejada do Estado, quer na manutenção de suas atividades
quer na execução de seus projetos, no qual é o instrumento que dispõe
o Poder Público para expressar, em determinado período de tempo, o
seu programa de ação, discriminando a origem e o montante de
recursos a serem arrecadados, bem como os dispêndios a serem
efetuados.

Também, conceitua-se orçamento público sendo uma lei


constitucionalmente prevista que estima a receita e fixa a
despesa para um exercício.

O artigo 2º da Lei nº 4.320/1964 estabelece que "a lei do orçamento


conterá a discriminação da receita e despesa de forma a
evidenciar a política econômica-financeira e o programa de
trabalho do governo, obedecidos os princípios da unidade,
universalidade e anualidade". Desse modo, legalmente, o orçamento
público é um documento único que considera a previsão de todas as
receitas e despesas do governo para o período de um ano.

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PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
Princípios orçamentários são premissas, linhas norteadoras a serem
observadas na concepção e execução da lei orçamentária.

De acordo com SANCHES (1997), princípio orçamentário é “um conjunto


de proposições orientadoras que balizam os processos e as práticas
orçamentárias, com vistas a dar-lhe estabilidade e consistência,
sobretudo ao que se refere a sua transparência e ao seu controle pelo
Poder Legislativo e demais instituições da sociedade...”.

Segundo alguns doutrinadores, os princípios orçamentários não têm


caráter absoluto ou dogmático, tendo divergências sobre estrutura e
conceitos. Entretanto, abordaremos, a seguir, aqueles aceitos pela
maioria dos doutrinadores.

Princípio da legalidade
Todas as leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são encaminhadas pelo
Poder Executivo para discussão e aprovação pelo Poder Legislativo.

Princípio da anualidade/periodicidade
O orçamento deve ter vigência limitada a um exercício financeiro. Esse
princípio está consagrado na legislação brasileira por meio da
Constituição Federal (art. 165, inciso III) e Lei nº 4.320/64 (arts. 2º e
34). Exceção: Créditos adicionais (especiais e extraordinários) com
vigência plurianual.

Princípio da unidade/totalidade
O orçamento deve ser uno, ou seja, deve haver somente um orçamento
para um exercício financeiro, com todas as receitas e despesas. Esse
princípio está consagrado na legislação brasileira por meio da
Constituição Federal (art. 165, §5º) e Lei nº 4.320/64 (art. 2º).

Princípio da universalidade
O orçamento deve conter todas as receitas e despesas referentes aos
Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta. Esse princípio está consagrado na legislação brasileira
por meio da Constituição Federal (art. 165, §5º) e Lei nº 4.320/64 (art.
2º).

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Princípio da exclusividade/pureza
A lei orçamentária não poderá conter matéria estranha à previsão das
receitas e à fixação das despesas. Exceção se dá para as autorizações
de créditos suplementares e operações de crédito, inclusive ARO. Esse
princípio está consagrado na legislação brasileira por meio da
Constituição Federal (art. 165, §8º) e Lei nº 4.320/64 (art. 7º).

Princípio da especificação/especialização/discriminação
Veda as autorizações de despesas globais. As receitas e despesas
devem ser discriminadas, demonstrando a origem e a aplicação dos
recursos. O §4º do art. 5º da Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF
estabelece a vedação de consignação de crédito orçamentário com
finalidade imprecisa, exigindo a especificação da despesa. As exceções a
esse princípio orçamentário são os programas especiais de trabalho e a
reserva de contingência (art. 5º, III da LRF).

Princípio da publicidade
Esse princípio zela pela garantia da transparência e total acesso a
qualquer interessado às informações necessárias ao exercício da
fiscalização sobre a utilização dos recursos arrecadados dos
contribuintes. Deve ser divulgado por meio de veículos oficiais de
comunicação para conhecimento público e para gerar eficácia de sua
validade enquanto ato oficial de autorização de arrecadação de receitas
e execução de despesas.

Princípio do equilíbrio
Esse princípio visa assegurar que as despesas não serão superiores à
previsão das receitas.
Contabilmente o orçamento está sempre equilibrado, pois se as receitas
esperadas forem inferiores às despesas fixadas, e o governo resolver
não cortar gastos, a diferença deve ser coberta por operações de crédito
que, por lei, devem também constar do orçamento.

Princípio do orçamento bruto


Esse princípio estabelece que todas as receitas e despesas devem
constar do orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo de
dedução, de forma a permitir efetivo controle financeiro do orçamento e
universalidade. Esse princípio está consagrado na legislação brasileira
por meio da Lei nº 4.320/64 (art. 6º).

Princípio da não-afetação (não-vinculação) das receitas


Esse princípio dispõe que nenhuma receita de impostos poderá ser
reservada ou comprometida para atender a certos e determinados

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gastos (CF/88, art. 167, IV). Pretende-se, com isso, evitar que as
vinculações reduzam o grau de liberdade do planejamento. As exceções
estão dispostas nos arts. 158, 159, 198 e 212 da CF/88. Quando as
receitas de impostos são vinculadas a despesas específicas, diz-se, em
geral, que essas despesas são obrigatórias.

Princípio da programação
Esse princípio dispõe que o orçamento deve ter o conteúdo e a forma de
programação.

Princípio da clareza
Esse princípio dispõe que o orçamento deve ser expresso de forma
clara, ordenada e completa, embora diga respeito ao caráter formal,
tem grande importância para tornar o orçamento um instrumento
eficiente de governo e administração.

ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL

IMPÉRIO
# 1788 – 1789 (Tiradentes)
Tiradentes luta contra a arbitrariedade do governo de Portugal
pela cobrança de tributos, a qualquer tempo, do Brasil Colônia.

A Inconfidência Mineira representou verdadeiro marco na luta


pelos direitos civis no orçamento, pois buscava a imposição de limites à
cobrança descontrolada de tributos.

# 1808
D. João VI criação o Erário Público, uma espécie de Ministério da
Fazenda dos dias de hoje, o Conselho da Fazenda e o Banco do Brasil, a
fim de administrar as finanças do país.

# 1821
Criação da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda em
substituição ao Real Erário Público.

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# 1824 (Constituição Imperial de 1824)


A Constituição Imperial estabelece competência ao Executivo para
elaboração da proposta orçamentária e à Assembléia Geral (Câmara dos
Deputados e Senado) para aprovação da proposta. A legislação sobre
impostos fica a cargo da Câmara dos Deputados. De acordo com o
artigo 172 da Constituição de 1824:

"O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos


outros ministros os orçamentos relativos às despesas das
suas repartições, apresentará na Câmara dos Deputados
anualmente, logo que esta estiver reunida, um balanço geral
da receita e despesas do Tesouro Nacional do ano
antecedente, e igualmente o orçamento geral de todas as
despesas públicas do ano futuro e da importância de todas as
contribuições e rendas públicas."

# 1830
Primeiro orçamento aprovado pelo Legislativo.

# 1834
Emenda à Constituição confere às Assembléias Legislativas das
províncias competência para fixar despesas municipais e provinciais.
Determina também a repartição das rendas entre municípios e a
fiscalização da aplicação dos recursos.

REPÚBLICA
# 1891 (1ª Constituição Republicana)
Poder Legislativo elabora o orçamento a partir de proposta do
Executivo. É instituído o Tribunal de Contas como órgão de controle.

“Art 34 - Compete privativamente ao Congresso Nacional:

1º) orçar a receita, fixar a despesa federal anualmente e


tomar as contas da receita e despesa de cada exercício
financeiro;”

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# 1934
A Constituição confere ao Presidente da República competência
para a elaboração do orçamento e ao Legislativo para apreciá-lo.

Da Elaboração do Orçamento

Art 50 - O orçamento será uno, incorporando-se


obrigatoriamente à receita todos os tributos, rendas e
suprimentos dos fundos e incluindo-se discriminadamente na
despesa todas as dotações necessárias ao custeio dos
serviços públicos.

§ 1º - O Presidente da República enviará à Câmara dos


Deputados, dentro do primeiro mês da sessão legislativa
ordinária, a proposta de orçamento.

§ 2º - O orçamento da despesa dividir-se-á em duas


partes, uma fixa e outra variável, não podendo a primeira ser
alterada senão em virtude de lei anterior. A parte variável
obedecerá a rigorosa especialização.

§ 3º - A lei de orçamento não conterá dispositivo


estranho à receita prevista e à despesa fixada para os
serviços anteriormente criados. Não se incluem nesta
proibição:

a) a autorização para abertura de créditos


suplementares e operações de créditos por antecipação de
receita;

b) a aplicação de saldo, ou o modo de cobrir o déficit.

§ 4º - É vedado ao Poder Legislativo conceder créditos


ilimitados.

§ 5º - Será prorrogado o orçamento vigente se, até 3 de


novembro, o vindouro não houver sido enviado ao Presidente
da República para a sanção.

# 1937 (DASP)
Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público -
DASP com atribuições de da elaboração do orçamento e coordenação
das ações de planejamento.

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Art. 67 - Haverá junto à Presidência da República, organizado


por decreto do Presidente, um Departamento Administrativo
com as seguintes atribuições:

a) o estudo pormenorizado das repartições,


departamentos e estabelecimentos públicos, com o fim de
determinar, do ponto de vista da economia e eficiência, as
modificações a serem feitas na organização dos serviços
públicos, sua distribuição e agrupamento, dotações
orçamentárias, condições e processos de trabalho, relações
de uns com os outros e com o público;

b) organizar anualmente, de acordo com as instruções


do Presidente da República, a proposta orçamentária a ser
enviada por este à Câmara dos Deputados;

c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e


na conformidade das suas instruções, a execução
orçamentária.

# 1946
A Constituição confirma competência do Executivo para elaboração
da proposta orçamentária e admite possibilidade de emendas.

# 1964
A Lei nº 4.320 estabelece normais gerais de direito financeiro para
a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, estados,
municípios e Distrito Federal, e institui a metodologia do orçamento-
programa para todas as esferas públicas.

Criação do Ministério Extraordinário de Planejamento e


Coordenação Econômica.

# 1967
É da competência do poder Executivo a iniciativa das leis
orçamentárias, vedado ao Legislativo emendar o orçamento.

O Decreto-lei nº 200, de fevereiro de 1967, disciplina a


organização administrativa da União e define o planejamento como
"princípio fundamental" de administração.

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# 1988
Com a Constituição Federal de 1988, o sistema orçamentário
federal passou a ser regulado por três leis:

 a Lei do Plano Plurinanual (PPA);


 a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO); e
 a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Possibilita também ao Congresso Nacional emendar restritamente


o orçamento.

# 2000
Publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, que dispõe
sobre a responsabilidade na gestão fiscal.

CICLO ORÇAMENTÁRIO NO BRASIL

O processo de elaboração do orçamento público no Brasil obedece a um


“ciclo” integrado ao planejamento de ações, que, de acordo com a
Constituição Federal de 1988, compreende o Plano Plurianual, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual - LOA.

Corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades


típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação
final. Pode ser dividido nas seguintes fases: elaboração, apreciação
legislativa, execução e acompanhamento, controle e avaliação, quando
então se inicia o ciclo seguinte.

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Ciclo orçamentário é diferente de exercício financeiro. Este significa o


período durante o qual se executa o orçamento, correspondendo a uma
das fases do ciclo orçamentário. No caso do Brasil, por força da Lei nº
4.320/64, o exercício financeiro coincide com o ano civil, isto é, começa
em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro de cada ano.

Ciclo orçamentário = processo orçamentário É um processo


contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora, aprova,
executa, controla e avalia a programação de gastos do setor público
nos aspectos físico e financeiro. Corresponde ao período de tempo em
que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde
sua concepção até a apreciação final.

PLANO PLURIANUAL – PPA

O Plano Plurianual – PPA é o instrumento de planejamento estratégico


das ações do Governo para um período de 4 anos.

De acordo com o que dispõe o artigo 165, § 1º, da Constituição Federal,


a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.

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... de forma regionalizada: o planejamento da aplicação de recursos públicos para


diminuir as desigualdades entre as regiões brasileiras.

D..................diretrizes
O..................objetivos
M..................metas

... as diretrizes: princípios que nortearão a captação e o gasto público com vistas a
alcançar os objetivos.

... objetivos: discriminação dos resultados que se quer alcançar com a execução de
ações governamentais.

... metas: quantificação, física ou financeira, dos objetivos.

... as despesas de capital: despesas realizadas com o propósito de formar e/ou


adquirir um bem de capital. Abrangem, entre outras ações, o planejamento e a
execução de obras, a compra de instalações, equipamentos, material permanente.

... outras delas decorrentes: despesas que ocorrem em decorrência das despesas
de capital, tais como despesas de manutenção.

... as relativas aos programas de duração continuada: despesa vinculadas a


programas com duração superior a um exercício financeiro.

O prazo de encaminhamento do projeto do PPA pelo Executivo, para


discussão e aprovação no Congresso Nacional, deve ser feito até quatro
meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial (31/8) e devolvido para sanção presidencial até o

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encerramento da sessão legislativa (22/12), conforme art. 57 da CF/88,


com a nova redação dada pela EC nº 50.

PODER PODER
EXECUTIVO LEGISLATIVO
Presidente da Congresso
República Nacional

Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro


poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei
que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.

MANDATO 1º ANO
CHEFE DO DO
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO
PODER MANDATO
EXECUTIVO SEGUINTE

4º ANO
VIGÊNCIA DO
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO
DO PPA PPA
ANTERIOR

A não-coincidência entre a duração do PPA e o mandato do chefe do


Poder Executivo ocorre para que não haja descontinuidade de
programas governamentais na transição de um governo a outro.

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Programa

Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a


realização dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano
Plurianual – PPA, que, como já vimos, é de quatro anos.

O programa é o instrumento de organização da atuação governamental


que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização
de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores
instituídos no plano, visando a solução de um problema ou o
atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade.

Os Programas para o PPA 2008-2011 são classificados em dois tipos:

I. Programas Finalísticos: dos quais resultam bens ou serviços


ofertados diretamente à sociedade, cujos resultados sejam
passíveis de mensuração;

II. Programas de Apoio às Políticas Públicas e Áreas


Especiais: são programas voltados aos serviços típicos de
Estado, ao planejamento, à formulação de políticas setoriais, à
coordenação, à avaliação ou ao controle dos programas
finalísticos, resultando em bens ou serviços ofertados ao
próprio Estado, podendo ser composto inclusive por despesas
de natureza tipicamente administrativa.

O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento.


A organização das ações do Governo sob a forma de programas visa
proporcionar maior racionalidade e eficiência na administração pública e

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ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios gerados para a


sociedade, bem como elevar a transparência na aplicação dos recursos
públicos.

Cada programa contém objetivo e indicador que quantifica a situação


que o programa tenha como finalidade modificar, bem como os produtos
(bens e serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do
programa são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos
ou operações especiais, especificando os respectivos valores e metas e
as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. A cada
projeto ou atividade só poderá estar associado um produto, que,
quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.

ORÇAMENTO-PROGRAMA
A formatação do orçamento-programa é de um sistema de
planejamento, programação e orçamentação, introduzido nos Estados
Unidos da América, no final da década de 50, sob a denominação de
PPBS (Planning Programning Budgeting System). Tem como principais
características: integração entre planejamento e orçamento;
quantificação de objetivos e fixação de metas; relações insumo-produto;
alternativas programáticas; acompanhamento físico-financeiro;
avaliação de resultados; e gerência por objetivos.

Orçamento que expressa, financeira e fisicamente, os programas de


trabalho do governo, possibilitando: a) a integração do planejamento
com o orçamento; b) a quantificação dos objetivos e a fixação das
metas; as relações insumo-produto; as alternativas programáticas; o
acompanhamento físico-financeiro; a avaliação de resultados; a
gerência por objetivos.

A concepção do orçamento-programa está ligada à idéia de


planejamento. De acordo com ela, o orçamento deve considerar os
objetivos que o Governo pretende alcançar, durante um período
determinado de tempo. Com base nesta característica, o orçamento-
programa ultrapassa a fronteira do orçamento como simples documento
financeiro, aumentando sua dimensão.

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Orçamento-programa é um instrumento de planejamento da ação do governo,


por meio da identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades,
além do estabelecimento de objetivos e metas a serem implementados, bem como
a previsão dos custos relacionados. O programa é o módulo comum integrador
entre o plano e o orçamento.

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS - LDO


A Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO é instrumento de planejamento
de curto prazo e tem como funções básicas:

 estabelecer as metas e prioridades da Administração Pública


federal para o exercício financeiro seguinte;
 orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual - LOA;
 dispor sobre alteração da legislação tributária; e
 estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais
de fomento.

Deve ser elaborada em harmonia com o PPA e orientará a elaboração da


Lei Orçamentária Anual - LOA.

Estabelece as metas e prioridades da Administração, incluindo as


despesas de capital, para o exercício financeiro subseqüente.

M..................metas
P...................prioridades

... metas: quantificação, física ou financeira, dos objetivos.

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... prioridades: são os programas e ações constantes do Anexo I da LDO, os quais


terão precedência na alocação dos recursos no projeto e na Lei Orçamentária Anual e
na sua execução, não se constituindo, todavia, em limite à programação da despesa.

... as despesas de capital: despesas realizadas com o propósito de formar e/ou


adquirir um bem de capital. Abrangem, entre outras ações, o planejamento e a
execução de obras, a compra de instalações, equipamentos, material permanente.

... para o exercício financeiro subseqüente: o exercício financeiro compreende 1º


de janeiro a 31 de dezembro.

O encaminhamento, para discussão e aprovação do Congresso Nacional


do projeto de lei de diretrizes orçamentárias - PLDO, pelo Presidente da
República, deve ser feito até oito meses e meio antes do encerramento
do exercício financeiro (15/4) e devolvido para sanção presidencial até o
encerramento do primeiro período legislativo (17/7). A sessão legislativa
não poderá ser interrompida sem a discussão, votação e aprovação do
projeto de lei de diretrizes orçamentárias, conforme art. 57 da CF/88,
com a nova redação dada pela EC nº 50.

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EXECUTIVO LEGISLATIVO
Presidente da Congresso
República Nacional

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PROJETO DE LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - PLOA

ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA

O processo de elaboração do orçamento público federal começa no


Poder Executivo, com a expedição das regras gerais pela Secretaria de
Orçamento Federal (SOF). O diagrama a seguir ilustra esse trâmite.

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Fonte: Manual Técnico de Orçamento – MTO

A partir disso, os órgãos setoriais (Ministérios da Educação, Saúde,


Agricultura etc.) fazem o levantamento das necessidades de gastos das
áreas que compõem cada ministério e apresentam suas propostas à
SOF, a quem compete compatibilizar as expectativas de gastos com o
nível de receita que o governo espera arrecadar da sociedade. Os

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Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público também elaboram


suas propostas, dentro dos parâmetros fixados pela LDO, e enviam-nas
à SOF para que sejam integradas ao projeto de lei do orçamento.

O governo define no Projeto de Lei Orçamentária Anual, as prioridades


contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. A
Lei Orçamentária disciplina todas as ações do governo federal. Nenhuma
despesa pública pode ser executada fora do Orçamento, mas nem tudo
é feito pelo governo federal.

Uma vez concluída a proposta, ela é encaminhada ao Presidente da


República, juntamente com uma Exposição de Motivos do Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão, onde são apresentadas as
perspectivas da economia e das finanças públicas para o exercício
referido. Estando de acordo, o Presidente da República remete-a, em
forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional, por meio de Mensagem
Presidencial, até o dia 31 de agosto de cada ano. Como co-responsável
e participante na elaboração dos instrumentos de planejamento e
orçamento, cabe ao Congresso Nacional analisar e aprovar os projetos
de leis que compõem o processo orçamentário.

As mensagens do Presidente da República encaminhando os projetos de


lei orçamentária anual e seus créditos adicionais, de lei de diretrizes
orçamentárias, de lei do plano plurianual e suas revisões serão
recebidas pelo Presidente do Senado Federal e encaminhadas à CMO até
48 (quarenta e oito) horas após a comunicação de seu recebimento às
Casas do Congresso Nacional.

Discussão, Votação e Aprovação da Lei Orçamentária

Os projetos relativos ao PPA, à LDO e à LOA são apreciados


conjuntamente pelas duas Casas do Congresso Nacional, cabendo à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO -
examinar e emitir parecer sobre os referidos projetos, também em
sessão conjunta. Essa Comissão é composta por 40 parlamentares,
sendo 10 Senadores e 30 Deputados, com igual número de suplentes,
conforme disposto na Resolução nº 1, de 2006-CN.

A forma constitucional prevista para a atuação do Congresso Nacional,


em sua participação na elaboração dos planos e orçamentos, dá-se por
meio de emendas aos referidos projetos de lei.

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

Nos planos e orçamentos, os parlamentares, por meio das emendas,


procuram aperfeiçoar a proposta encaminhada pelo Poder Executivo,
visando a uma melhor alocação dos recursos públicos. Desse modo,
identificam as localidades onde desejam que sejam executados os
projetos ou inserem novas programações com o objetivo de atender às
demandas das comunidades que representam.

As emendas parlamentares são sujeitas a restrições de diversas ordens.


A norma constitucional, conforme art. 166, § 3º, estabelece as regras
fundamentais para a aprovação de emendas parlamentares ao projeto
de lei orçamentária anual, quais sejam:

I. não pode acarretar aumento na despesa total do orçamento, a menos


que sejam identificados omissões ou erros nas receitas, devidamente
comprovados;

II. é obrigatória a indicação dos recursos a serem cancelados de outra


programação, já que normalmente as emendas provocam a inserção ou
o aumento de uma dotação;

III. não pode ser objeto de cancelamento as despesas com pessoal,


benefícios previdenciários, juros, transferências constitucionais e
amortização de dívida;

IV. é obrigatória a compatibilidade da emenda apresentada com as


disposições do PPA e da LDO.

A harmonização dos relatórios setoriais e sua consolidação são feitas


pelo Relator-Geral, que submete o seu Parecer, com o respectivo
Substitutivo (ou seja, o Projeto de Lei modificado pelas emendas
parlamentares), ao Plenário da CMO. Após a aprovação por esta
Comissão, o substitutivo segue para a apreciação pelo Plenário do
Congresso Nacional.

Uma vez aprovado o substitutivo pelo Plenário do Congresso, agora


chamado de autógrafo, este é enviado ao Presidente da República para
sanção e publicação da lei orçamentária, dentro de um prazo máximo de
quinze dias úteis. Ocorrendo vetos, comunicará, dentro de 48 horas, ao
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. O Congresso terá
trinta dias para apreciá-los, contados de seu recebimento, podendo
torná-los sem efeito, caso seja esta a decisão da maioria absoluta dos
congressistas (deputados e senadores).

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

Fiscalização

Cabe à Comissão Mista de Orçamento exercer o acompanhamento e a


fiscalização orçamentária, sem prejuízo das demais comissões do
Congresso Nacional e de suas Casas, bem como de examinar e emitir
parecer sobre os planos e programas nacionais.

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA


A Lei Orçamentária Anual - LOA discriminará os recursos orçamentários
e financeiros para o atingimento das metas e prioridades estabelecidas
pela Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e compreenderá:

a) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos,


órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público (art. 165, § 5º,
inciso I, da CF/88);

b) o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta


ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto
(art. 165, § 5º, inciso II, da CF/88); e

c) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e


órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público (art.
165, § 5º, inciso III, da CF/88).

Os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social compreenderão a


programação dos Poderes da União, seus fundos, órgãos, autarquias,
inclusive especiais, e fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, bem como das empresas públicas, sociedades de economia
mista e demais entidades em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto e que dela
recebam recursos do Tesouro Nacional.

O Orçamento de Investimento abrangerá as empresas em que a União,


direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
a voto, ressalvadas aquelas que recebam recursos do Tesouro Nacional,
e dele constarão todos os investimentos realizados, independentemente
da fonte de financiamento utilizada.

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

Serão consideradas investimento as despesas com:

I - aquisição do ativo imobilizado, excetuadas as relativas à aquisição de


bens para arrendamento mercantil; e

II - benfeitorias realizadas em bens da União por empresas estatais.

Logo, destaque-se que as receitas e despesas contidas no orçamento de


investimento resultam tão-somente das empresas estatais
“independentes”, ou seja, aquelas estatais em que a União não contribui
com recursos para a manutenção.

As empresas cuja programação conste integralmente no Orçamento


Fiscal ou no da Seguridade Social não integrarão o Orçamento de
Investimento.

A LOA deverá estar compatível com o PPA e a LDO.

O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo


regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia.

Os orçamentos fiscal e de investimento, compatibilizados com o plano


plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-
regionais, segundo critério populacional.

A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da


receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a
autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos
da lei. (Princípio da Exclusividade)

Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do


projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.

De acordo com a LDO, se o projeto de lei orçamentária não for


sancionado pelo Presidente da República até 31 de dezembro, a
programação dele constante poderá ser executada para o atendimento

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

de algumas despesas, tais como: despesas que constituem obrigações


constitucionais ou legais da União e também para outras despesas
correntes de caráter inadiável. As despesas correntes de caráter
inadiável estão limitadas à 1/12 (um doze avos) do total de cada ação
prevista no projeto de lei orçamentária, multiplicado pelo número de
meses decorridos até a sanção da respectiva lei.

Deverá estar compatível com o PPA e a LDO.

Discriminará os recursos orçamentários e financeiros para o atingimento


das metas e prioridades da LDO e compreenderá:

- o orçamento fiscal;

- o orçamento de investimento; e

- o orçamento da seguridade social.

Os orçamentos fiscal e de investimento, compatibilizados com o PPA,


têm entre suas funções a redução das desigualdades inter-regionais,
segundo critério populacional.

Não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da


despesa. Não é incluída nessa proibição a autorização de abertura de
créditos suplementares e operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita (ARO).

O projeto de lei orçamentária deverá ser enviado pelo chefe do Poder


Executivo, ao Congresso Nacional, até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro (31/08) e devolvido para sanção
presidencial até o encerramento da sessão legislativa (22/12), conforme
art. 57 da CF/88, com a nova redação dada pela EC nº 50.

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

PODER PODER
EXECUTIVO LEGISLATIVO
Presidente da Congresso
República Nacional

CRÉDITOS ADICIONAIS

São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou


insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a reforço de dotação


orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja


dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas imprevisíveis e


urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública.

Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e


abertos por decreto executivo.

De acordo com a LDO 2008 (Lei nº 11.514/2007), os créditos adicionais


aprovados pelo Congresso Nacional serão considerados
automaticamente abertos com a sanção e publicação da respectiva lei.

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A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da


existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será
precedida de exposição justificativa.

Consideram-se recursos para o fim de abertura dos créditos


suplementares e especiais, desde que não comprometidos:

I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do


exercício anterior (Lei nº 4.320/64, art.43, §1º, I);

II - os provenientes de excesso de arrecadação (Lei nº 4.320/64,


art.43, §1º, II);

III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações


orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei (Lei nº
4.320/64, art.43, §1º, III);

IV - o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que


juridicamente possibilite ao poder executivo realizá-las (Lei nº 4.320/64,
art.43, §1º, IV); e

V - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição


do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa (CF/88, § 8º do art. 166).

Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo


financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos
créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles
vinculadas.

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Entende-se por excesso de arrecadação o saldo positivo das


diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a
realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.

Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de


arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários
abertos no exercício.

Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder


Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo,
conforme dispõe a Lei nº 4.320/64.

No entanto, a Constituição Federal, em seu artigo 167, §3º, c/c


(combinado com) o art. 62, dispõe que a abertura de crédito
extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção
interna ou calamidade pública, e que em caso de relevância e urgência,

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o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força


de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

Desse modo, na União, a abertura de créditos extraordinários é


realizada por meio de medida provisória, haja vista disposto
constitucional. Porém, nos estados ou municípios em que não haja
dispositivo na constituição estadual ou na lei orgânica (município)
prevendo o instituto da medida provisória para abertura de crédito
extraordinário, deve-se fazer por decreto do executivo.

Em relação aos créditos extraordinários, não há autorização do


Legislativo para a abertura desses créditos (extraordinários) devido à
sua urgência e imprevisibilidade. Além da tradicional reserva de
contingência, os recursos disponíveis decorrentes do superávit
financeiro, do excesso de arrecadação, da anulação parcial ou total de
dotações orçamentárias e de operações de crédito autorizadas são
fontes disponíveis para a abertura dos créditos extraordinários.

Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em


que forem autorizados, salvo expressa disposição legal em contrário,
quanto aos especiais e extraordinários, se o ato de autorização for
promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que,
reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento
do exercício financeiro subseqüente.

A reabertura dos créditos especiais e extraordinários, conforme disposto


no art. 167, § 2º, da CF/88, será efetivada, quando necessária,
mediante ato próprio de cada Poder e do Ministério Público.

Créditos Ilimitados

É vedado pela Constituição Federal, conforme art. 167, VII, a concessão


ou utilização de créditos ilimitados.

Entende-se por crédito ilimitado, a não-indicação de valor para


suplementação ao orçamento, ou seja, a não-limitação dos montantes
de créditos passíveis de abertura de crédito.

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1 - Créditos Suplementares = destinados a reforço de dotação


orçamentária.

São autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

Dependem da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa


e será precedida de exposição justificativa.

2 - Créditos Especiais = destinados a despesas para as quais não haja


dotação orçamentária específica.

São autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

Dependem da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa


e será precedida de exposição justificativa.

3 - Créditos Extraordinários = destinados a despesas imprevisíveis e


urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou
calamidade pública.

Lei nº 4.320/64 = São abertos por decreto do Poder Executivo, que


deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.

União = São abertos por medida provisória, devendo submetê-la de


imediato ao Congresso Nacional (art. 167, §3º, c/c (combinado com)
art. 62 da CF/88).

Não dependem da existência de recursos disponíveis para ocorrer a


despesa, tampouco fase de autorização ao Legislativo.

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RECEITA PÚBLICA
Receita Pública é a soma de ingressos orçamentários (impostos,
taxas, contribuições e outras fontes de recursos) arrecadados para
atender às despesas públicas.

Outro conceito para Receitas Públicas são todos os ingressos de


caráter não devolutivo auferidas pelo poder público para alocação e
cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso
orçamentário constitui uma receita pública, pois tem como finalidade
atender às despesas públicas.

As receitas públicas constituem rendas do Estado e podem ser


originárias ou derivadas (receitas correntes).

a) Receitas Originárias: São aquelas que provêm do próprio


patrimônio do Estado. Resultantes da venda de produtos ou serviços
colocados à disposição dos usuários ou da cessão remunerada de bens e
valores. Ex: Patrimoniais, Agropecuárias, Industriais, de Serviços.

b) Receitas Derivadas: São aquelas obtidas pelo Estado mediante sua


autoridade coercitiva (jus imperii). Dessa forma, o Estado exige que o
particular entregue uma determinada quantia na forma de tributos ou
de multas.

A Lei nº 4.320/64 regulamenta os ingressos de disponibilidades de todos


os entes da federação classificando-os em dois grupos: orçamentários e
extra-orçamentários.

Os ingressos orçamentários são aqueles pertencentes ao ente público


arrecadados exclusivamente para aplicação em programas e ações
governamentais. Estes ingressos são denominados Receita Pública.

Os ingressos extra-orçamentários são aqueles pertencentes a


terceiros arrecadados pelo ente público exclusivamente para fazer face
às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução. Têm
caráter provisório. Esses ingressos são denominados recursos de
terceiros.

De acordo com os conceitos contábeis e orçamentários estabelecidos, a


Receita Pública pode ou não provocar variação na situação patrimonial

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líquida. Conforme os efeitos produzidos ou não no Patrimônio Líquido, a


Receita Pública pode ser efetiva e não-efetiva (por mutação).

A Receita Pública Efetiva é aquela em que os ingressos de


disponibilidades de recursos não constituem obrigações correspondentes
e por isto alteram a situação líquida patrimonial. É aquela proveniente
das funções próprias do setor público enquanto agente arrecadador. São
as receitas correntes, com exceção do recebimento da dívida ativa, e a
receita de capital decorrente do recebimento de transferências de
capital.

A Receita Pública Não-Efetiva (por mutação) é aquela em que os


ingressos de disponibilidades de recursos não alteram a situação líquida
patrimonial. As receitas não-efetivas (por mutação) não partem da
arrecadação. São as receitas de capital, com exceção do recebimento de
transferências de capital, e da receita corrente decorrente do
recebimento da dívida ativa.

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1. Natureza da Receita

Cabe à Secretaria de Orçamento Federal/MP o detalhamento da


classificação da receita a ser utilizado, no âmbito da União, o que é feito
por meio de portaria de classificação orçamentária por natureza de
receita.

A classificação da receita por natureza busca a melhor identificação da


origem do recurso segundo seu fato gerador. Face à necessidade de
constante atualização e melhor identificação dos ingressos aos cofres
públicos, o esquema inicial de classificação foi desdobrado em seis
níveis, que formam o código identificador da natureza de receita,
conforme consta no Manual Técnico do Orçamento – MTO, bem como no
Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias, de 2006, às
páginas 42 e 43.

CORES RUBRAS

C ategoria Econômica
OR igem
ES pécie
RUBR ica
A línea
S ubalínea

O sistema de classificação de receitas obedecia a seguinte codificação:

Com a finalidade de melhorar o entendimento dessa codificação, a


mesma foi substituída pela codificação a seguir:

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Observa-se que esta atual classificação substitui a anterior com relação


aos itens Y e Z, em que esses eram classificados como fonte e subfonte,
respectivamente.

1.1. Categoria Econômica da Receita


A receita é classificada em duas categorias econômicas, com os
seguintes códigos:

1. Receitas Correntes: classifica-se nessa categoria aquelas


receitas oriundas do poder impositivo do Estado - Tributária e de
Contribuições; da exploração de seu patrimônio – Patrimonial; da
exploração de atividades econômicas - Agropecuária, Industrial e
de Serviços; as provenientes de recursos financeiros recebidos de
outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a
atender despesas classificáveis em Despesas Correntes –
Transferências Correntes; e as demais receitas que não se
enquadram nos itens anteriores – Outras Receitas Correntes; e

2. Receitas de Capital: de acordo com o art. 11, § 2º da Lei nº


4.320, de 17 de março de 1964, com redação dada pelo Decreto-
Lei nº 1.939, de 20 de maio de 1982, são as provenientes da
realização de recursos financeiros oriundos de constituição de
dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado,
destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de
Capital e, ainda, o Superávit do Orçamento Corrente. O
Superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento
dos totais das receitas e despesas correntes não constituirá item
de receita orçamentária.

Superávit do orçamento corrente é receita de


CAPITAL, mas NÃO constitui ITEM de receita
orçamentária!!!

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1.2. Origem
A origem refere-se ao detalhamento da classificação econômica das
receitas, ou seja, ao detalhamento das receitas correntes e de capital de
acordo com a Lei nº 4.320, de 1964. A mudança da atual nomenclatura
(de “fonte” para “origem”) deveu-se à imprecisão do conceito existente
entre a fonte a que se refere esse classificador de receitas e a fonte
relacionada com o financiamento das despesas constantes da
programação orçamentária.

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Receitas Correntes

1. Receita Tributária TRIBUTA


2. Receita de Contribuições CON
3. Receita Patrimonial P
4. Receita Agropecuária A
5. Receita Industrial I
6. Receita de Serviços S
7. Transferências Correntes
9. Outras Receitas Correntes

Receitas de Capital

1. Operações de Crédito
2. Alienação de Bens OPERA
3. Amortização de Empréstimos ALI
4. Transferências de Capital AMOR
5. Outras Receitas de Capital

Receitas Correntes

 Receita Tributária
Arrecadação da receita tributária (impostos, taxas e contribuições
de melhoria).

 Receita de Contribuições
Arrecadação de receita de contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas
áreas. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio,
em beneficio destes, de sistemas de previdência e assistência
social.

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 Receita Patrimonial
Arrecadação da receita patrimonial referente ao resultado
financeiro da fruição do patrimônio, seja decorrente de bens
imobiliários ou mobiliários, seja de participação societária.

 Receita Agropecuária
Arrecadação da receita de produção vegetal, animal e derivados e
outros. Receitas decorrentes das seguintes atividades ou
explorações agropecuárias:
a) agricultura (cultivo do solo), inclusive hortaliças e flores;
b) pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de
animais de pequeno porte);
c) atividades de beneficiamento ou transformação de
produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios
estabelecimentos (excetuam-se as usinas de açúcar, fábricas de
polpa, de madeira, serrarias e unidades industriais com produção
licenciada, que são classificadas como industriais).

 Receita Industrial
Arrecadação da receita da indústria de extração mineral, de
transformação, de construção e outros, provenientes das
atividades industriais definidas como tais pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

 Receita de Serviços
Arrecadação da receita originária da prestação de serviços, tais
como: atividades comerciais, financeiras, de transporte, de
comunicação, de saúde, de armazenagem, serviços científicos e
tecnológicos, de metrologia, agropecuários e etc.

 Transferências Correntes
Recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou
privado, independentemente de contraprestação direta de bens e
serviços.

 Outras Receitas Correntes


Arrecadação de outras receitas correntes tais como multas, juros,
restituições, indenizações, receita da dívida ativa, aplicações
financeiras e outras.

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Receitas de Capital

 Operações de Crédito
Receita decorrente da colocação de títulos públicos ou de
empréstimos obtidos junto a entidades estatais ou particulares
internas ou externas.

 Alienação de Bens
Receita decorrente da alienação de bens móveis e imóveis. É o
ingresso proveniente da alienação de componentes do ativo
permanente.

 Amortização de Empréstimos
Receita relativa à amortização de empréstimos concedidos em
títulos e contratos. Ex.: recebimento do principal de um
empréstimo concedido.

 Transferências de Capital
Transferências de capital para outra esfera de governo
(intergovernamentais), instituições privadas, exterior e/ou
pessoas, de convênios, tendo por finalidade concorrer para a
formação de um bem de capital, estando vinculadas à constituição
ou aquisição do mesmo.

 Outras Receitas de Capital


Arrecadação com outras receitas vinculadas ao acréscimo
patrimonial da unidade. Exs.: receita proveniente da
integralização do capital social, do resultado do Banco Central do
Brasil, da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e
outras.

1.3. Espécie
A espécie constitui um maior detalhamento da categoria anterior
(origem). Essa classificação não está relacionada à Lei nº 4.320, de
1964, mas sim à classificação adotada pela SOF/STN (classificação
discricionária). No caso dos tributos, a espécie relaciona os tipos de
tributos previstos na Constituição Federal. A mudança da atual
nomenclatura (de “subfonte” para “espécie”) deveu-se também à
imprecisão daquele conceito, uma vez que alguns entendiam que se
tratava de especificação das fontes de recursos relacionadas ao
financiamento das despesas constantes da programação orçamentária.

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1.4. Rubrica
A rubrica é o nível que detalha a espécie com maior precisão,
especificando a origem dos recursos financeiros. Agrega determinadas
receitas com características próprias e semelhantes entre si.

1.5. Alínea
A alínea é o nível que apresenta o nome da receita propriamente dita e
que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros.

1.6. Subalínea
A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, o qual recebe o
registro de valor, pela entrada do recurso financeiro, quando houver
necessidade de maior detalhamento da alínea.

1.7. Exemplo de Natureza da Receita

2. Classificação da Receita por Fonte de Recursos

A classificação por natureza da receita busca a melhor identificação da


origem do recurso segundo seu fato gerador. No entanto, existe a
necessidade de classificar a receita conforme a destinação legal dos
recursos arrecadados.

Assim, foi instituído pelo Governo Federal um mecanismo denominado


“fontes de recursos”. As fontes de recursos constituem-se de
determinados agrupamentos de naturezas de receitas, atendendo a uma
determinada regra de destinação legal, e servem para indicar como são
financiadas as despesas orçamentárias. Entende-se por fonte de

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

recursos a origem ou a procedência dos recursos que devem ser gastos


com uma determinada finalidade. É necessário, portanto, individualizar
esses recursos de modo a evidenciar sua aplicação segundo a
determinação legal. Atualmente, a classificação de fontes de recursos
consiste de um código de três dígitos:

1º dígito: Grupo de Fonte de Recursos

1 - Recursos do Tesouro – Exercício Corrente;


2 - Recursos de Outras Fontes - Exercício Corrente;
3 - Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores;
6 - Recursos de Outras Fontes - Exercícios Anteriores; e
9 - Recursos Condicionados.

2º e 3º dígito: Especificação das Fontes de Recursos

Exemplos:

Fonte 100 – Recursos do Tesouro - Exercício Corrente (1);


Recursos Ordinários (00);
Fonte 156 – Recursos do Tesouro - Exercício Corrente (1);
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social do
Servidor (56);
Fonte 150 – Recursos do Tesouro – Exercício Corrente (1);
Recursos Próprios Não-Financeiros (50);
Fonte 250 – Recursos de Outras Fontes – Exercício Corrente (2);
Recursos Próprios Não-Financeiros (50);
Fonte 300 – Recursos do Tesouro – Exercícios Anteriores (3); e
Recursos Ordinários (00).
Fonte 900 – Recursos Condicionados – (9); e
Recursos Ordinários (00).

Recursos do Tesouro são aqueles geridos de forma centralizada pelo Poder Executivo
do ente, que detêm a responsabilidade e controle sobre as disponibilidades financeiras.
Essa gestão centralizada se dá, normalmente, através do Órgão Central de
Programação Financeira, que administra o fluxo de caixa, fazendo liberações aos
órgãos e entidades de acordo com a programação financeira com base nas
disponibilidades e os objetivos estratégicos do governo.

Recursos de Outras Fontes são aqueles arrecadados e controlados de forma


descentralizada e cuja disponibilidade está sob responsabilidade desses órgãos e
entidades, mesmo nos casos em que dependam de autorização do Órgão Central de
Programação Financeira para dispor desses valores. De forma geral esses recursos têm

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origem no esforço próprio das entidades, seja pelo fornecimento de bens, prestação de
serviços ou exploração econômica do patrimônio próprio.

Recursos Condicionados são aqueles incluídos na previsão da receita orçamentária,


mas que dependem da aprovação de alterações na legislação para integralização dos
recursos. Quando confirmadas tais proposições os recursos são remanejados para as
destinações adequadas e definitivas.

3. Classificação da Receita por Identificador de Resultado


Primário

A receita é classificada, ainda, como Primária (P) quando seu valor é


incluído na apuração do Resultado Primário no conceito “acima da linha”
(apura o desempenho fiscal do Governo mediante a apuração dos fluxos
de receitas e despesas orçamentárias em determinado período) e Não-
Primária ou Financeira (F) quando não é incluída nesse cálculo. As
receitas financeiras são basicamente as provenientes de operações de
crédito (endividamento), de aplicações financeiras e de juros, em
consonância com o Manual de Estatísticas de Finanças Públicas do Fundo
Monetário Internacional – FMI, de 1986.

As demais receitas, provenientes dos tributos, contribuições,


patrimoniais, agropecuárias, industriais e de serviços são classificadas
como primárias.

O Resultado Primário é o resultado obtido entre receitas fiscais e


despesas fiscais.

As receitas primárias (fiscais ou não-financeiras) correspondem às


receitas provenientes de tributos, receitas patrimoniais, dentre outras.
Ou seja, as receitas fiscais referem-se às receitas “arrecadadas”,
provenientes de atividade fim do Estado.

As receitas não-primárias (não-fiscais ou financeiras) correspondem às


receitas provenientes das receitas de juros que o governo recebe, por
exemplo, como rendimento de aplicações financeiras.

O Resultado Primário não considera a apropriação de juros sobre a


dívida existente. Evidencia o esforço fiscal do setor público em equilibrar
suas contas. Se o setor público gasta menos do que arrecada,
desconsiderando a apropriação de juros sobre a dívida existente, há
superávit primário.

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Demonstrativo da apuração do Resultado Primário

RECEITAS PRIMÁRIAS..................200
DESPESAS PRIMÁRIAS...........(-) 110
_____________
RESULTADO PRIMÁRIO...................90

2. Estágios da Receita

Estágio da receita é cada passo identificado que evidencia o


comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão dos
ingressos de recursos. São estágios da receita:

 Previsão: é a estimativa do que se pretende arrecadar durante o


exercício.

 Lançamento: é a relação individualizada dos contribuintes,


discriminando a espécie, o valor e o vencimento do imposto de
cada um, ou seja, é o assentamento dos débitos futuros dos
contribuintes. Algumas receitas não percorrem o estágio do
lançamento. As receitas originárias, não estão sujeitas a
lançamento e ingressam diretamente no estágio da arrecadação.

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Existem 03 (três) tipos de lançamento:

- Lançamento direto ou de ofício - é de iniciativa do


órgão arrecadador, que adota providências quanto ao
fato gerador e a base de cálculo. Ex: IPTU, IPVA.
- Lançamento por homologação - é feito pelo próprio
contribuinte, sendo posteriormente verificado pela
autoridade fazendária. Ex: pagamento do ICMS, IPI,
ISS, IPI.
- Lançamento por declaração ou misto - é feito pela
autoridade administrativa, com a colaboração do
contribuinte. Ex: ITR.

 Arrecadação: é o momento em que os contribuintes comparecem


perante aos agentes arrecadadores a fim de liquidarem suas
obrigações para com o estado.

 Recolhimento: é a transferência dos valores arrecadados à conta


específica do Tesouro, responsável pela administração e controle
da arrecadação e programação financeira, ou seja, é o ato pelo
qual os agentes arrecadadores entregam diariamente ao Tesouro
público o produto da arrecadação.

Alguns autores classificam os estágios da receita em três: previsão,


incluindo o lançamento como uma etapa dessa previsão, arrecadação e
recolhimento.

Previsão
Lançamento
Arrecadação
Recolhimento

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DESPESA PÚBLICA
1. Estrutura da Programação Orçamentária da Despesa

1.1. Programação Qualitativa

A estruturação atual do orçamento público considera que as


programações orçamentárias estejam organizadas em Programas de
Trabalho, e que esses possuam programação física e financeira. O
Programa de Trabalho, que define qualitativamente a programação
orçamentária, deve responder, de maneira clara e objetiva, às
perguntas clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo, do ponto de
vista operacional composto dos seguintes blocos de informação:
Classificação por Esfera, Classificação Institucional, Classificação
Funcional e Estrutura Programática, conforme detalhado na tabela a
seguir:

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1.2. Programação Quantitativa

A programação física define quanto se pretende desenvolver do produto,


conforme a tabela a seguir:

A programação financeira define o que adquirir, com quais recursos, de


acordo com a tabela a seguir:

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1.3. Estrutura Completa da Programação Orçamentária

Exemplo:

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2. Componentes da Programação Qualitativa – Programa de


Trabalho

2.1. Classificação por Esfera Orçamentária

A esfera orçamentária tem por finalidade identificar se o orçamento é


fiscal (F), da seguridade social (S) ou de investimento das empresas
estatais (I), conforme disposto no § 5º do art. 165 da Constituição:

• o orçamento fiscal: referente aos Poderes da União, seus fundos,


órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

• o orçamento de investimento: orçamento das empresas em que a


União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
direito a voto; e

• o orçamento da seguridade social: abrange todas as entidades e


órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

O § 2º do art. 195 da Constituição estabelece que a proposta de


orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social,
tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

Na base do SIDOR o campo destinado à esfera orçamentária é composto


de dois dígitos e será associado à ação orçamentária, com os seguintes
códigos:

10 - Orçamento Fiscal;
20 - Orçamento da Seguridade Social; ou
30 - Orçamento de Investimento.

2.2. Classificação Institucional

A classificação institucional reflete a estrutura organizacional e


administrativa governamental e está estruturada em dois níveis
hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. As dotações
orçamentárias, especificadas por categoria de programação em seu
menor nível, são consignadas às unidades orçamentárias, que são as

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estruturas administrativas responsáveis pelos recursos financeiros


(dotações) e pela realização das ações.

O código da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo


os dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à
unidade orçamentária.

1º / 2º dígitos: identificam o órgão orçamentário; e


3º / 4º / 5º dígitos: identificam a unidade orçamentária.

Um órgão ou uma unidade orçamentária não corresponde


necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, por
exemplo, com alguns fundos especiais e com os “órgãos”
“Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos
Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”,
“Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva de
Contingência”.

Alguns exemplos de classificação institucional:

2.3. Classificação Funcional da Despesa

A classificação funcional, por funções e subfunções, busca responder


basicamente à indagação “em que” área de ação governamental a
despesa será realizada. Cada atividade, projeto e operação especial
identificará a função e a subfunção às quais se vinculam. A atual
classificação funcional foi instituída pela Portaria nº 42, de 14 de abril de
1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um
rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como agregador
dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de

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Governo. Trata-se de uma classificação independente dos programas, e


de aplicação comum e obrigatória, no âmbito dos Municípios, dos
Estados, do Distrito Federal e da União, o que permite a consolidação
nacional dos gastos do setor público.

2.3.1. Função

A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois


primeiros referem-se à função, que pode ser traduzida como o maior
nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A
função está relacionada com a missão institucional do órgão, por
exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com os
respectivos Ministérios.

A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais


não se pode associar um bem ou serviço a ser gerado no processo
produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e
outras afins, representando, portanto, uma agregação neutra.

2.3.2. Subfunção

A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da classificação


funcional, representa um nível de agregação imediatamente inferior à
função e deve evidenciar cada área da atuação governamental, por
intermédio da agregação de determinado subconjunto de despesas e
identificação da natureza básica das ações que se aglutinam em torno
das funções. As subfunções podem ser combinadas com funções
diferentes daquelas a que estão relacionadas na Portaria nº 42, de
1999. As ações devem estar sempre conectadas às subfunções que
representam sua área específica. Existe também a possibilidade de
matricialidade na conexão entre função e subfunção, ou seja, combinar
qualquer função com qualquer subfunção, mas não na relação entre
ação e subfunção. Deve-se adotar como função aquela que é típica ou
principal do órgão. Assim, a programação de um órgão, via de regra, é
classificada em uma única função, ao passo que a subfunção é escolhida
de acordo com a especificidade de cada ação. A exceção à matricialidade
encontra-se na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções
típicas que só podem ser utilizadas conjugadas.

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Exemplos:

Na base do SIDOR, existem dois campos correspondentes à classificação


funcional, quais sejam:

A seguir encontra-se a íntegra da Portaria nº 42/1999 e se anexo, a


qual atualiza a discriminação da despesa por funções.

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ANEXO

FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

FUNÇÕES SUBFUNÇÕES
031 - Ação Legislativa
01 – Legislativa
032 - Controle Externo
061 - Ação Judiciária
02 – Judiciária
062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário
091 - Defesa da Ordem Jurídica
03 - Essencial à Justiça
092 - Representação Judicial e Extrajudicial
121 - Planejamento e Orçamento
122 - Administração Geral
123 - Administração Financeira
124 - Controle Interno
125 - Normatização e Fiscalização
04 – Administração 126 - Tecnologia da Informação
127 - Ordenamento Territorial
128 - Formação de Recursos Humanos
129 - Administração de Receitas
130 - Administração de Concessões
131 - Comunicação Social
151 - Defesa Área
05 - Defesa Nacional 152 - Defesa Naval
153 - Defesa Terrestre
181 - Policiamento
06 - Segurança Pública 182 - Defesa Civil
183 - Informação e Inteligência
211 - Relações Diplomáticas
07 - Relações Exteriores
212 - Cooperação Internacional
241 - Assistência ao Idoso
242 - Assistência ao Portador de Deficiência
08 - Assistência Social
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
244 - Assistência Comunitária
271 - Previdência Básica
272 - Previdência do Regime Estatutário
09 - Previdência Social
273 - Previdência Complementar
274 - Previdência Especial
301 - Atenção Básica
302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
303 - Suporte Profilático e Terapêutico
10 – Saúde
304 - Vigilância Sanitária
305 - Vigilância Epidemiológica
306 - Alimentação e Nutrição
331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador
332 - Relações de Trabalho
11 – Trabalho
333 - Empregabilidade
334 - Fomento ao Trabalho
361 - Ensino Fundamental
362 - Ensino Médio
363 - Ensino Profissional
12 – Educação 364 - Ensino Superior
365 - Educação Infantil
366 - Educação de Jovens e Adultos
367 - Educação Especial
391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
13 – Cultura
392 - Difusão Cultural
421 - Custódia e Reintegração Social
14 - Direitos da Cidadania 422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
423 - Assistência aos Povos Indígenas

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451 - Infra-Estrutura Urbana


15 – Urbanismo 452 - Serviços Urbanos
453 - Transportes Coletivos Urbanos
481 - Habitação Rural
16 – Habitação
482 - Habitação Urbana
511 - Saneamento Básico Rural
17 – Saneamento
512 - Saneamento Básico Urbano
541 - Preservação e Conservação Ambiental
542 - Controle Ambiental
18 - Gestão Ambiental 543 - Recuperação de Áreas Degradadas
544 - Recursos Hídricos
545 - Meteorologia
571 - Desenvolvimento Científico
19 - Ciência e Tecnologia 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia
573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico
601 - Promoção da Produção Vegetal
602 - Promoção da Produção Animal
603 - Defesa Sanitária Vegetal
20 – Agricultura 604 - Defesa Sanitária Animal
605 - Abastecimento
606 - Extensão Rural
607 - Irrigação
631 - Reforma Agrária
21 - Organização Agrária
632 - Colonização
661 - Promoção Industrial
662 - Produção Industrial
22 – Indústria 663 - Mineração
664 - Propriedade Industrial
665 - Normalização e Qualidade
691 - Promoção Comercial
692 - Comercialização
23 - Comércio e Serviços 693 - Comércio Exterior
694 - Serviços Financeiros
695 - Turismo
721 - Comunicações Postais
24 – Comunicações
722 - Telecomunicações
751 - Conservação de Energia
752 - Energia Elétrica
25 – Energia
753 - Petróleo
754 - Álcool
781 - Transporte Áreo
782 - Transporte Rodoviário
26 – Transporte 783 - Transporte Ferroviário
784 - Transporte Hidroviário
785 - Transportes Especiais
811 - Desporto de Rendimento
27 - Desporto e Lazer 812 - Desporto Comunitário
813 - Lazer
841 - Refinanciamento da Dívida Interna
842 - Refinanciamento da Dívida Externa
843 - Serviço da Dívida Interna
28 - Encargos Especiais
844 - Serviço da Dívida Externa
845 - Transferências
846 - Outros Encargos Especiais

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3. Estrutura Programática

Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a


realização dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano
Plurianual – PPA, que é de quatro anos.

3.1. Programa

O programa é o instrumento de organização da atuação governamental


que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização
de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores
instituídos no plano, visando a solução de um problema ou o
atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade.

O programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento.

A organização das ações do Governo sob a forma de programas visa


proporcionar maior racionalidade e eficiência na administração pública e
ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios gerados para a
sociedade, bem como elevar a transparência na aplicação dos recursos
públicos.

Cada programa contém objetivo e indicador que quantifica a situação


que o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e
serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa são
identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou operações
especiais, especificando os respectivos valores e metas e as unidades
orçamentárias responsáveis pela realização da ação. A cada projeto ou
atividade só poderá estar associado um produto, que, quantificado por
sua unidade de medida, dará origem à meta.

3.2. Ação

Os programas são compostos de ações, que, conforme suas


características, podem ser classificadas como atividades, projetos ou
operações especiais.

Atividade
É um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de
um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam
de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou
serviço necessário à manutenção da ação de Governo.

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Projeto
É um instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de
um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no
tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão
ou o aperfeiçoamento da ação de Governo.

Operação Especial
Enquadram-se nessa classificação as despesas que não contribuem
para a manutenção, a expansão ou o aperfeiçoamento das ações
de Governo Federal, predefinidas na listagem a seguir:

1. Amortização, juros, encargos e rolagem da dívida contratual e


mobiliária;

2. Pagamento de aposentadorias e pensões;

3. Transferências constitucionais ou legais por repartição de receita


(FPM, FPE, Salário-Educação, Compensação de Tributos ou Participações
aos Estados, Distrito Federal e Municípios, Transferências ao GDF);

4. Pagamento de indenizações, ressarcimentos, abonos, seguros,


auxílios, benefícios previdenciários, benefícios de assistência social;

5. Reserva de contingência, inclusive as decorrentes de receitas próprias


ou vinculadas;

6. Cumprimento de sentenças judiciais (precatórios, sentenças de


pequeno valor, sentenças contra empresas, débitos vincendos, etc.);

7. Operações de financiamento e encargos delas decorrentes


(empréstimos, financiamentos diretos, concessão de créditos,
qualizações, subvenções, subsídios, coberturas de garantias, coberturas
de resultados, honras de aval, assistência financeira) reembolsáveis ou
não;

8. Ações de reservas técnicas (centralização de recursos para atender


concursos, provimentos, nomeações, reestruturação de carreiras e etc.);

9. Complementação ou compensação financeira da União;

10. Contraprestação da União nos contratos de Parcerias Público-


Privadas;

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11. Contribuição a organismos e/ou entidades nacionais ou


internacionais;

12. Integralização e/ou recomposição de cotas de capital junto a


entidades internacionais;

13. Contribuição à previdência privada;

14. Contribuição patronal da União ao Regime de Previdência dos


Servidores Públicos;

15. Desapropriação de ações, dissolução ou liquidação de empresas;

16. Encargos financeiros (decorrentes da aquisição de ativos, questões


previdenciárias ou outras situações em que a União assuma garantia de
operação);

17. Operações relativas à subscrição de ações;

18. Indenizações financeiras (anistiados políticos, programas de


garantias de preços, etc.);

19. Participação da União no capital de empresas nacionais ou


internacionais.

A ausência de produto, no caso das operações especiais, deve ser


caracterizada em relação ao ciclo produtivo objeto de orçamentação.

3.3. Estrutura Programática na Base do SIDOR

Programa: Na base do SIDOR, o campo que identifica o Programa


contém quatro (4) dígitos.

1º / 2º / 3º / 4º dígitos determinam um programa.

Ação e Subtítulo (Localizador de Gasto): Na base do SIDOR a Ação é


identificada por um código alfanumérico de 8 dígitos:

1º / 2º dígitos numéricos;

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3º/ 4º dígitos alfanuméricos; e


5º / 8º dígitos numéricos.
1º / 2º / 3º / 4º dígitos determinam uma ação; e
5º / 6º / 7º / 8º dígitos determinam um subtítulo (localizador do gasto).

Quando o 1º dígito for:

• 1, 3, 5 ou 7, a ação corresponde a um projeto;


• 2, 4, 6 ou 8, trata-se de uma atividade;
• 0, refere-se a uma operação especial; e
• 9, corresponde a uma ação não-orçamentária, isto é, ação sem
dotação nos orçamentos da União, mas que participa dos programas do
PPA.

4. Componentes da Programação Física e Financeira

4.1. Programação Física

4.1.1. Meta Física


Meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma
regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para
cada ano. As metas físicas são indicadas em nível de subtítulo e
agregadas segundo os respectivos projetos, atividades ou operações
especiais.

Vale ressaltar que o critério para regionalização de metas é o da


localização dos beneficiados pela ação.

4.2. Componentes da Programação Financeira

4.2.1. Natureza de Despesa


Os arts. 12 e 13 da Lei nº 4.320, de 1964, tratam da classificação da
despesa por categoria econômica e elementos. O conjunto de
informações que formam o código é conhecido como classificação por
natureza de despesa e informa a categoria econômica, o grupo a que
pertence, a modalidade de aplicação e o elemento.

Na base do SIDOR o campo que se refere à natureza de despesa contém


um código composto por seis algarismos:

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1º dígito: categoria econômica da despesa;


2º dígito: grupo de natureza de despesa; e
3º /4º dígitos: modalidade de aplicação; e
5º /6º dígitos: elemento de despesa.

4.2.1.1. Categoria Econômica da Despesa


A despesa, assim como a receita, é classificada em duas categorias
econômicas, com os seguintes códigos:

(3) - Despesas Correntes: classificam-se nessa categoria todas


as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital;

3.x.yy.zz

(4)- Despesas de Capital: classificam-se nessa categoria


aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital.

4.x.yy.zz

De acordo com a classificação da Lei nº 4.320/64, as despesas


correntes são assim classificadas:

 Despesas de Custeio: as dotações para manutenção de serviços


anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras
de conservação e adaptação de bens imóveis.

 Transferências Correntes: as dotações para despesas as quais


não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços,
inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à
manifestação de outras entidades de direito público ou privado.

As subvenções, para os efeitos da Lei nº 4.320/64, são as


transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades
beneficiadas, distinguindo-se como:

I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas


ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;

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Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a


concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços
essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a
suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses
objetivos, revelar-se mais econômica.

O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com


base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à
disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de
eficiência previamente fixados.

Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem


julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão
concedidas subvenções.

II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas


públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou
pastoril.

A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de


natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas
expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da
União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.

Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas:

a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os


preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros
alimentícios ou outros materiais;

b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a


produtores de determinados gêneros ou materiais.

Com relação às despesas de capital, são classificadas assim:

 Investimentos: as dotações para o planejamento e a execução


de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis
considerados necessários à realização destas últimas, bem como
para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações,

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equipamentos e material permanente e constituição ou aumento


do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou
financeiro.

 Inversões Financeiras: as dotações destinadas a:

I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;

II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou


entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não
importe aumento do capital;

III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas


que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações
bancárias ou de seguros.

 Transferências de Capital: as dotações para investimentos ou


inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou
privado devam realizar, independentemente de contraprestação
direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências
auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de
Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as
dotações para amortização da dívida pública.

4.2.1.2. Grupo de Natureza da Despesa


É um agregador de elementos de despesa com as mesmas
características quanto ao objeto de gasto, conforme discriminado a
seguir:

1 - Pessoal e Encargos Sociais;


w.1.yy.zz
2 - Juros e Encargos da Dívida;
3 - Outras Despesas Correntes;
4 - Investimentos; w.3.yy.zz
5 - Inversões Financeiras; w.4.yy.zz
6 - Amortização da Dívida; e w.5.yy.zz
9 - Reserva de Contingência.

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4.2.1.3. Modalidade de Aplicação


A modalidade de aplicação destina-se a indicar se os recursos serão
aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decorrente de
descentralização orçamentária para outras esferas de Governo, seus
órgãos ou entidades, ou diretamente para entidades privadas sem fins
lucrativos e outras instituições; ou, então, diretamente pela unidade
detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no
âmbito do mesmo nível de Governo.

A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, eliminar a dupla


contagem dos recursos transferidos ou descentralizados.

20 -
Transferências à União
30 -
Transferências a Estados e ao Distrito Federal
40 -
Transferências a Municípios w.x.30.zz
50 -
Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos
60 -
Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos w.x.90.zz
70 -
Transferências a Instituições Multigovernamentais
71 -
Transferências a Consórcios Públicos
80 -
Transferências ao Exterior
90 -
Aplicações Diretas
91 -
Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e
Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade
Social
99 - A Definir

4.2.1.4. Elemento de Despesa


Tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como
vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo,
serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais,
obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios,
amortização e outros que a administração pública utiliza para a
consecução de seus fins.

01 - Aposentadorias e Reformas
03 - Pensões w.x.yy.01
04 - Contratação por Tempo Determinado w.x.yy.14
05 - Outros Benefícios Previdenciários w.x.yy.30
06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso w.x.yy.52
07 - Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência w.x.yy.61
08 - Outros Benefícios Assistenciais
09 - Salário-Família

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10 - Outros Benefícios de Natureza Social


11 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil
12 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Militar
13 - Obrigações Patronais
14 - Diárias - Civil
15 - Diárias - Militar
16 - Outras Despesas Variáveis - Pessoal Civil
17 - Outras Despesas Variáveis - Pessoal Militar
18 - Auxílio Financeiro a Estudantes
19 - Auxílio-Fardamento
20 - Auxílio Financeiro a Pesquisadores
21 - Juros sobre a Dívida por Contrato
22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato
23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária
25 - Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita
26 - Obrigações decorrentes de Política Monetária
27 - Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares
28 - Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
30 - Material de Consumo
31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras
32 - Material de Distribuição Gratuita
33 - Passagens e Despesas com Locomoção
34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de
Terceirização
35 - Serviços de Consultoria
36 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física
37 - Locação de Mão-de-Obra
38 - Arrendamento Mercantil
39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
41 - Contribuições
42 - Auxílios
43 - Subvenções Sociais
45 - Equalização de Preços e Taxas
46 - Auxílio-Alimentação
47 - Obrigações Tributárias e Contributivas
48 - Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
49 - Auxílio-Transporte
51 - Obras e Instalações
52 - Equipamentos e Material Permanente
61 - Aquisição de Imóveis
62 - Aquisição de Produtos para Revenda
63 - Aquisição de Títulos de Crédito

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64 - Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado


65 - Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
66 - Concessão de Empréstimos e Financiamentos
67 - Depósitos Compulsórios
71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado
72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
73 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada
74 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada
75 - Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por
Antecipação da Receita
76 - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
77 - Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
81 - Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas
91 - Sentenças Judiciais
92 - Despesas de Exercícios Anteriores
93 - Indenizações e Restituições
94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas
95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
99 - A Classificar

4.2.2. Identificador de Uso - IDUSO


Esse código vem completar a informação concernente à aplicação dos
recursos e destina-se a indicar se os recursos compõem contrapartida
nacional de empréstimos ou de doações ou destinam-se a outras
aplicações, constando da lei orçamentária e de seus créditos adicionais.

0- recursos não destinados à contrapartida;

1- contrapartida – Banco Internacional para a Reconstrução e o


Desenvolvimento - BIRD;

2- contrapartida – Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID;

3- contrapartida de empréstimos com enfoque setorial amplo (significa


apoio financeiro amplo a um setor de governo. Permite o financiamento
de programas de duração continuada e não apenas investimentos. Evita
que o país, para receber empréstimos do banco tenha de criar novos
projetos);

4- contrapartida de outros empréstimos; e

5- contrapartida de doações.

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4.2.3. Identificador de Doação e de Operação de Crédito - IDOC


O IDOC identifica as doações de entidades internacionais ou operações
de crédito contratuais alocadas nas ações orçamentárias, com ou sem
contrapartida de recursos da União. Os gastos referentes à
contrapartida de empréstimos serão programados com o Identificador
de Uso – IDUSO – igual a 1, 2, 3 ou 4 e o IDOC com o número da
respectiva operação de crédito, enquanto que, para as contrapartidas de
doações serão utilizados o IDUSO 5 e respectivo IDOC.

O número do IDOC também será usado nas ações de pagamento de


amortização, juros e encargos contratuais para identificar a operação de
crédito a que se referem os pagamentos.

Quando os recursos não se destinarem à contrapartida nem se referirem


a doações internacionais ou operações de crédito, o IDOC será 9999.

Nesse sentido, para as doações de pessoas, de entidades privadas


nacionais e as destinas ao combate à fome, deverá ser utilizado o IDOC
9999.

4.2.4. Classificação da Despesa por Identificador de Resultado


Primário
O identificador de resultado primário, de caráter indicativo, tem como
finalidade auxiliar a apuração do resultado primário previsto na Lei de
Diretrizes Orçamentárias devendo constar no Projeto de Lei
Orçamentária Anual – PLOA e na respectiva Lei em todos os grupos de
natureza da despesa, identificando, de acordo com a metodologia de
cálculo das necessidades de financiamento, cujo demonstrativo constará
em anexo à Lei Orçamentária.

Nenhuma ação poderá conter, simultaneamente, dotações destinadas a


despesas financeiras e primárias.

O superávit primário será reduzido conforme valores previamente


definidos na LDO para atendimento da programação relativa aos
investimentos governamentais ao Projeto Piloto de Investimentos
Públicos - PPI (gastos em infra-estrutura: portos, aeroportos, estradas e
ferrovias, entre outros).

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0 - financeira;

1 - primária obrigatória, ou seja, aquelas que constituem obrigações


constitucionais ou legais da União;

2 - primária discricionária, assim consideradas aquelas não incluídas no


anexo específico citado no item anterior;

3 - despesas relativas ao Projeto Piloto de Investimentos Públicos – PPI


(projetos de infra-estrutura), conforme artigo disposto na LDO; e

4 - despesas constantes do orçamento de investimento das empresas


estatais que não impactam o resultado primário.

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Demonstrativo da apuração do Resultado Primário

RECEITAS PRIMÁRIAS..................200
DESPESAS PRIMÁRIAS...........(-) 110
_____________
RESULTADO PRIMÁRIO...................90

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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF

Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a


responsabilidade na gestão fiscal.

Abrangência

União
Estados
Distrito Federal
Municípios

I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão


compreendidos:

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os


Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;

b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,


fundações e empresas estatais dependentes(empresa controlada
que receba do ente controlador recursos financeiros para
pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de
capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de
aumento de participação acionária);

Estatais INDEPENDENTES não são


abrangidas pela LRF!!!

II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

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III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União,


Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos
Municípios e Tribunal de Contas do Município.

 TCU: União
 TCE: todos estados e DF
 TC Municípios: BA, CE, PA, GO
 TC Município: SP e RJ

Princípios

 Planejamento;
 Participação popular; 3P
 Preservação do patrimônio público; T
 Transparência; L
 Limitação de despesas; E
 Equilíbrio; CO
 Controle do endividamento público.

A LRF fundamenta-se em princípios como os elencados acima. O


planejamento visa gerar um processo capaz de garantir, no tempo
necessário, os recursos adequados para a execução das ações
administrativas, exigindo que se haja preventivamente, ao invés de
corretivamente. A transparência é o mecanismo que tenta fazer com
que a sociedade tome conhecimento das ações governamentais,
passando pelo fornecimento de informações compreensíveis aos
cidadãos. Ligada à transparência está a participação popular, que tem
nas audiências públicas (art. 48 da LRF) um meio de se tornarem
centros de decisão, ao invés de meras participações em exaustivas
reuniões. O equilíbrio pela prevenção de déficits imoderados e
reiterados. A preservação do patrimônio público impedindo a utilização
da receita de capital decorrente de alienação de bens para
financiamento de despesa corrente e inclusão de novos projetos sem o
atendimento aos em andamento. A limitação de despesas e o controle
do endividamento público na obediência a limites e condições definidas
na LRF.

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Objetivos

 Garantir a gestão pública planejada e transparente;


 Propiciar a prevenção de riscos e correção de desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas;
 Propiciar o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas;
 Estabelecer critérios, condições e limites para a renúncia de
receitas, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito,
inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restos a Pagar;
 Combater o déficit limitando as despesas de pessoal, dificultando
a geração de novas despesas, impondo ajustes de compensação
para a renúncia de receitas; e
 Reduzir o nível da dívida pública induzindo a obtenção de
superávits primários, restringindo o processo de endividamento,
nele incluído o dos Restos a Pagar, requerendo limites máximos,
de observância contínua, para a dívida consolidada.

Receita Corrente Líquida

Receitas Correntes

1. Receita Tributária TRIBUTA


2. Receita de Contribuições CON
3. Receita Patrimonial P
4. Receita Agropecuária A
5. Receita Industrial I
6. Receita de Serviços S
7. Transferências Correntes
9. Outras Receitas Correntes

É o somatório das receitas TRIBUTÁrias, de CONtribuições,


Patrimoniais, Agropecuárias, Industriais, de Serviços, transferências
correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:

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a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por


determinação constitucional ou legal, e as contribuições sociais
do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos a qualquer título, bem como das contribuições
sociais do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social. Também são deduzidos a arrecadação decorrente do PIS
e PASEP;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por


determinação constitucional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos


servidores para o custeio do seu sistema de previdência e
assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira dos diversos regimes de previdência social.

* compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social


e os regimes próprios de previdência social dos servidores da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na
hipótese de contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana.

Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e


dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União
para atendimento das despesas com pessoal.

Ou seja, é a União quem custeia a folha de pessoal do Poder Judiciário,


e do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, bem como
da polícia civil, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal.

Quanto aos servidores públicos federais da administração direta e


indireta, aos servidores municipais e aos integrantes da carreira policial
militar dos ex-Territórios Federais do Amapá e de Roraima, que
comprovadamente encontravam-se no exercício regular de suas funções
prestando serviços àqueles ex-Territórios na data em que foram
transformados em Estados; aos policiais militares que tenham sido
admitidos por força de lei federal, custeados pela União; e, ainda, aos
servidores civis nesses Estados com vínculo funcional já reconhecido
pela União, constituirão quadro em extinção da administração federal,
assegurados os direitos e vantagens inerentes aos seus servidores,

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vedado o pagamento, a qualquer título, de diferenças remuneratórias.


Dessa forma, o custeio da folha de pagamento é realizado pela União.

A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas


arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as
duplicidades.

* duplicidades: da Prefeitura para uma autarquia municipal, uma vez como


receita geral da Prefeitura, outra na autarquia, como receita
transferida.

Mês em
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Referência

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Efeitos no planejamento e no processo orçamentário

O Plano Plurianual (PPA) não é tratado na LRF, tendo em vista que seu
artigo foi vetado pelo presidente da República. Desse modo, somente a
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA)
são tratadas na LRF.

LDO

 Equilíbrio entre receitas e despesas;


 Critérios e forma de limitação de empenho;
 Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos
resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos;
 Demais condições e exigências para transferências de recursos a
entidades públicas e privadas;
 Anexo de Metas Fiscais: estabelece metas anuais, em valores
correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados
nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício
a que se referirem e para os dois seguintes;

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 Anexo de Riscos Fiscais: avaliação dos passivos contingentes e


outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as
providências a serem tomadas, caso se concretizem;
 Apresentará os objetivos das políticas monetária, creditícia e
cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus
principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação,
para o exercício subseqüente.

LOA

 Demonstrativo da compatibilidade da programação dos


orçamentos com os objetivos e metas constantes do anexo de
metas fiscais;
 Demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e
despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios
e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia;
 Medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de
despesas obrigatórias de caráter continuado;
 Conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e
montante são definidas com base na receita corrente líquida;
 Constará todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária
ou contratual, e as receitas que as atenderão;
 Constará separadamente o refinanciamento da dívida pública;
 Vedação quanto à consignação de crédito com finalidade imprecisa
ou com dotação ilimitada;
 Vedação quanto à consignação de dotação para investimento com
duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto
no PPA ou em lei que autorize a sua inclusão.

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Da Execução Orçamentária e Cumprimento das Metas

Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo


estabelecerá a programação financeira e o cronograma de
execução mensal de desembolso.

Caso seja verificado, ao final de um bimestre, que a realização da


receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado
primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os
Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos
montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela
LDO.

CONTINGENCIAMENTO

Se restabelecido a receita prevista, ainda que parcial, a recomposição


das dotações cujos empenhos foram limitados se dará de forma
proporcional às reduções efetivadas.

DESCONTINGENCIAMENTO

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Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações


constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao
pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas na LDO.

Em se tratando dos Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério


Público, caso não promovam a limitação no prazo estabelecido (30 dias
subseqüentes), o Poder Executivo é autorizado a limitar os valores
financeiros segundo os critérios fixados pela LDO.(Adin 2.238 =
medida cautelar suspendendo eficácia)

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Da Receita Pública

A instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos da


competência constitucional do ente da Federação constituem requisitos
essenciais da responsabilidade na gestão fiscal.

É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não


observe esses requisitos, no que se refere aos impostos (excetuam-se
as relativas a ações de saúde, educação e assistência social).

Entende-se como transferências voluntárias a entrega de recursos


correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de
cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de
Saúde (SUS).

As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais,


considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do
índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator

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relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos


últimos três anos, bem como da projeção para os dois seguintes àquele
a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

A reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida


se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

A “Regra de Ouro” dispõe que o montante previsto para as receitas de


operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital
constantes do projeto de lei orçamentária. (Adin 2.238 = medida
cautelar suspendendo eficácia)

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Tem por finalidade impedir o financiamento de despesas com custeio.


Por isso, o montante de operações de crédito não poderá ser superior às
despesas de capital, evitando, dessa forma, a realização de operações
de crédito para financiar as despesas com custeio.

Conforme dispositivo constitucional (art. 167, III), é vedada a realização


de operações de créditos que excedam o montante das despesas de
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por
maioria absoluta.

Desse modo, não é vedação absoluta. Poderá ser autorizada mediante


créditos suplementares e especiais com finalidade precisa, aprovados
pelo Poder Legislativo por maioria absoluta, conforme dispositivo
constitucional.

Renúncia da Receita

No caso de concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de


natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, deverá estar
acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
atendendo ao disposto na LDO e a pelo menos uma das seguintes
condições:

I – demonstração pelo proponente (chefe do Poder Executivo) de


que a renúncia foi considerada na estimativa da receita da lei
orçamentária e que não afetará as metas de resultados fiscais previstas
no anexo próprio da LDO;

II – demonstração pelo proponente (chefe do Poder Executivo) que a


renúncia será compensada por aumento de receita, proveniente da
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou
criação de tributo ou contribuição. Nesse caso, o benefício (renúncia de
receita) só entrará em vigor quando implementadas as medidas de
compensação, ou seja, quando a compensação estiver assegurada pelo
efetivo aumento da receita.

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DA DESPESA PÚBLICA

A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação


governamental que acarrete aumento da despesa será
acompanhado de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes, bem
como declaração do ordenador de despesa de que o aumento tem
adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade com
o PPA e com a LDO, constituindo condição prévia empenho e licitação de
serviços, fornecimento de bens ou execução de obras, bem como
desapropriação de imóveis urbanos.

Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente


derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que
fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período
superior a dois exercícios.

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Em se tratando de despesa obrigatória de caráter


continuado, os atos que o criarem ou aumentarem deverão ser
instruídos com a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes,
devendo, ainda, estar acompanhado de comprovação de que a despesa
criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais
previstas no anexo de metas fiscais, devendo seus efeitos financeiros,
nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa. Somente após a
implementação dessas medidas poderá a despesa ser executada.

Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por


prazo determinado.

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LIMITES PARA DESPESAS DE PESSOAL:

DEFINIÇÃO DOS LIMITES

Entende-se, para efeito da LRF, despesa total com pessoal como sendo
o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, inativos e
os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou
empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer
espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições
recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se


referem à substituição de servidores e empregados públicos serão
contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”.

A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no


mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores,
adotando-se o regime de competência.

Mês em
11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Referência

A despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada


ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita
corrente líquida, a seguir discriminados:

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I – União: 50% (cinqüenta por cento);


II – Estados: 60% (sessenta por cento);
III – Municípios: 60% (sessenta por cento).

Na verificação do atendimento dos limites definidos acima, não serão


computadas as despesas:

I – de indenização por demissão de servidores e empregados;

II – relativas a incentivos à demissão voluntária;

III – derivadas da convocação extraordinária do Congresso Nacional;

IV – decorrentes de decisão judicial e da competência de período


anterior ao da apuração do mês em referência com as dos onze
imediatamente anteriores;

V – com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima,


custeadas com recursos transferidos pela União quanto à organização e
manutenção do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública do DF, bem como a organização e manutenção da polícia civil,
da polícia militar e do corpo de bombeiros militar do DF e, também, para
a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio (FCDF);

VI – com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico,


custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuição de segurados;


b) da compensação financeira que trata da organização da
previdência social sob a forma de regime geral;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo
vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de
bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.

De acordo com a Portaria/STN Nº 574, de 30 de agosto de 2007, que


aprova a 7ª edição do Manual de Elaboração do Anexo de Riscos Fiscais
e do Relatório de Gestão Fiscal, considera-se como dedução as despesas
com pessoal Decorrentes de Decisão Judicial de competência de período
anterior ao da apuração.

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Em atendimento ao disposto no § 2º do art. 19 da LRF, as despesas com


pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do
respectivo Poder ou órgão.

Ou seja, o valor de despesas decorrentes de decisão judicial cujo fato


gerador tenha ocorrido em período anterior ao da apuração serão
deduzidos. Os valores com fato gerador dentro do período de apuração
farão parte do limite do respectivo Poder ou órgão.

Considera-se, também, como dedução, a despesa com pessoal de


exercícios anteriores (DEA) de competência de período anterior ao da
apuração.

Não serão deduzidas das Despesas com Pessoal as relativas à folha de


pagamento, classificadas no elemento de despesa 92 – DEA, que
pertencem (fato gerador) ao período de apuração (mês de referência e
os onze meses anteriores).

A repartição dos limites globais não poderá exceder os seguintes


percentuais:

I – na esfera federal:

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a) 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;


b) 6% para o Judiciário;
c) 40,9% para o Executivo;
d) 0,6% para o Ministério Público da União.

II – na esfera estadual:

a) 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;


b) 6% para o Judiciário;
c) 49% para o Executivo;
d) 2% para o Ministério Público dos Estados.

III – na esfera municipal:

a) 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município,


quando houver;
b) 54% para o Executivo.

50% 60% 60% 60%


Estadual, se
houver Tribunal
Federal Estadual MUNICÍPIOS
de Contas dos
Municípios
Legislativo 2,5% 3% 3,4% 6%
Judicário 6% 6% 6% NÃO HÁ
Executivo 40,9% 49% 48,6% 54%
Ministério Público 0,60% 2% 2% NÃO HÁ

Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios (BA, CE,
PA, GO), os percentuais definidos para o Legislativo e Executivo, na
esfera estadual, serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em
0,4%.

As despesas de pessoal decorrentes da manutenção, pela União, do


Poder Judiciário, do Ministério público e da Defensoria Pública do DF e
dos Territórios, bem como da polícia civil, da polícia militar e do corpo

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de bombeiros militar do DF estão inclusos no percentual do Poder


Executivo (40,9%), destacando-se 3% para essas despesas.

A repartição do limite destacado (3%) está prevista no Decreto nº


3.917/2001, com nova redação dada pelo Decreto nº 6.334/2007.

Os demonstrativos da despesa com pessoal do Ministério Público do


Distrito Federal e dos Territórios e também do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios são divulgados pelos respectivos
órgãos, enquanto que o do AP, RR e DF são divulgados pelo Poder
Executivo (federal).

DESPESA COM PESSOAL CUSTEADA PELA UNIÃO


3% dos 40,9% do Poder Executivo (União)
ENTE/ÓRGÃO LIMITE RCL (%)
DF* 2,200
AMAPÁ** 0,160
RORAIMA** 0,273
2,633

TJDFT 0,275
MPDFT 0,092
0,367

TOTAL 3,000

* PMDF, CBMDF, PCDF, serviços públicos (saúde, educação)


** cargos quando da transformação de Território para Estado

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Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão


repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das
despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida,
verificadas nos três exercícios imediatamente anteriores ao da
publicação da LRF (99, 98, 97).

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ÓRGÃO % LIMITE LEGAL % LIMITE PRUDENCIAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 0,073726 0,070040


CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 0,006000 0,005700
SUPRIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 0,224226 0,213015
JUSTIÇA FEDERAL 1,631968 1,550370
JUSTIÇA MILITAR 0,080726 0,076690
JUSTIÇA ELEITORAL 0,924375 0,878156
JUSTIÇA DO TRABALHO 3,058979 2,906030
TOTAL JUDICIÁRIO 6,000000 5,700000
Fonte: RESOLUÇÃO CNJ Nº 26, de 5/12/2006

CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL

É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com


pessoal e não atenda as seguintes exigências:

 estimativa do impacto orçamentário-financeiro, no exercício em


que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
 declaração do ordenador de despesas de que o aumento tem
adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade
com o PPA e com a LDO;

Também é nulo de pleno direito o ato que resulte aumento da despesa


com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final
de mandato do titular do respectivo Poder ou órgão.

A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos será realizada ao


final de cada quadrimestre.

Caso a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite (limite


prudencial), são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no
excesso:

I – concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de


remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial
ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão geral anual
dos servidores públicos;

II – criação de cargo, emprego ou função;

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III – alteração de estrutura de carreira que implique aumento de


despesa;

IV – provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a


qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V – contratação de hora extra, salvo no caso de convocação


extraordinária do Congresso Nacional.

Se a despesa com pessoal, do Poder ou órgão, ultrapassar os limites


definidos, o percentual excedente deverá ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos 1/3 no primeiro,
adotando-se, entre outras, as seguintes providências:

a) redução em pelo menos 20% das despesas com cargo em


comissão e funções de confiança (de acordo com a LRF, o
objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de
cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles
atribuídos - Adin 2238 = medida cautelar suspendendo
eficácia);

b) exoneração dos servidores não-estáveis;

Consideram-se servidores não-estáveis: 1) aqueles admitidos na


administração direta, autárquica e fundacional sem concurso público de
provas ou de provas e títulos após o dia 5 de outubro de 1983; 2) os que
não completaram os três anos de efetivo exercício público.

c) caso as medidas elencadas anteriormente não forem suficientes


para assegurar o cumprimento da determinação da LRF, o servidor
estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado
de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão
ou unidade administrativa objeto da redução.

A Lei n.º 9.801, de 14 de junho de 1999, dispõe sobre as normas gerais


para a perda de cargo público por servidores estáveis devido ao excesso
de despesas, os quais, de forma impessoal, serão escolhidos dentre
aqueles de: I – menor tempo de serviço público; II – maior remuneração e
III – menor idade.

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É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação


dos vencimentos à nova carga horária. (Adin 2.238 = medida cautelar
suspendendo eficácia)

Quando não alcançada a redução no prazo estabelecido (dois


quadrimestres), e enquanto perdurar o excesso (excesso após os
dois quadrimestres), o ente não poderá: receber transferências
voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; contratar
operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da
dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

Caso a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro


quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou
órgão, as restrições aplicar-se-ão imediatamente.

Da Dívida e do Endividamento

Um dos pontos mais importantes da Lei de Responsabilidade Fiscal –


LRF é o controle da dívida e do endividamento, haja vista que o
descontrole do endividamento pressiona as contas do Governo.
Com a finalidade de os entes públicos controlarem as despesas com a
dívida, a LRF estabelece que os limites estabelecidos serão fixados em

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percentual da Receita Corrente Líquida (RCL), para cada esfera de


Governo, e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a
integrem, constituindo, cada um deles, limites máximos.

Conceitos básicos

 Dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado


sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e
da realização de operações de crédito, para amortização em prazo
superior a doze meses;
 Dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos
emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
Estados e Municípios;
 Operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão
de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso
de derivativos financeiros;
 Concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação
financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou
entidade a ele vinculada;
 Refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para
pagamento do principal acrescido da atualização monetária;
 Receita Corrente Líquida: somatório das receitas tributárias, de
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos: a) na União, os valores transferidos aos
Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e
as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II
do art. 195, e no art. 239 da Constituição; b) nos Estados, as
parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional; c) na União, nos Estados e nos Municípios, a
contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de
previdência e assistência social e as receitas provenientes da
compensação financeira citada no § 9o do art. 201 da
Constituição.

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Limites

No prazo de noventa dias após a publicação da LRF, o Presidente da


República submeterá ao:

 Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da


dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como dispor sobre limites globais e condições para
as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais
entidades controladas pelo Poder Público federal, além de dispor
sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em
operações de crédito externo e interno e também de estabelecer
limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

 Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o


montante da dívida mobiliária federal, acompanhado da
demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida
consolidada da União.

Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o


respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele
reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o
excedente em pelo menos 25% no primeiro.

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Enquanto perdurar o excesso (desde a verificação do excesso), o


ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de
crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita (ARO),
ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida
mobiliária, além da obrigação de obter resultado primário, com limitação
de empenho.

Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite (três quadrimestres),


e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de
receber transferências voluntárias da União ou do Estado.

Caso o montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do


último ano do mandato do chefe do Poder Executivo (janeiro,
fevereiro, março, abril), a obrigação de obtenção de superávit
primário e a vedação de realização de operação de crédito, inclusive
ARO, serão aplicadas imediatamente, haja vista que o Ministério da
Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham
ultrapassado os limites das dívidas consolidada e mobiliária.

Das Operações de Crédito

O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e


condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da
Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou
indiretamente.

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O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer


de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-
benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento
das seguintes condições:

I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação,


no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica;

II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos


provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação
de receita;

III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado


Federal;

IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de


operação de crédito externo;

V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da


Constituição.

Art. 167 São vedados:


........................
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa,
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.

A partir de dois anos após a publicação da LRF o BACEN não mais


emitirá títulos da dívida pública, ficando, assim, a cargo da Secretaria do
Tesouro Nacional – STN.

É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da


Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia,
fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas

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entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação,


refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.

Código Civil - Art. 360. Dá-se a novação:

I. quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II. quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III. quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor
quite com este.

Excetuam-se da vedação as operações entre instituição financeira


estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da
administração indireta, que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição


concedente. (somente é autorizado se o refinanciamento for de
dívidas contraídas da própria instituição)

Não é vedado a Estados e Municípios comprar títulos da dívida da União


como aplicação de suas disponibilidades.

É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal


e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do
empréstimo.

Porém, não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no


mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus
clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de
recursos próprios.

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Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita (ARO)

A operação de crédito por antecipação de receita (ARO) destina-se a


atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro.

Tem com base a receita orçamentária esperada em determinado


período.

Somente poderá ser realizada a partir do décimo dia do início do


exercício, devendo ser liquidada, com juros e outros encargos
incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano.

Não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa
de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa
básica financeira, ou à que vier a esta substituir.

Estará proibida enquanto existir operação anterior da mesma natureza


não integralmente resgatada.

É vedada no último ano de mandato de Presidente, Governador ou


Prefeito Municipal.

Não fará parte do cálculo para atendimento da “Regra de Ouro” desde


que resgatada dentro do mesmo exercício financeiro.

As operações de antecipação de receita orçamentária serão efetuadas


mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora
em processo competitivo eletrônico (leilão) promovido pelo Banco
Central do Brasil.

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Da Garantia e da Contragarantia

Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas


ou externas, observadas as condições estabelecidas, bem como as
normas de contratação (art. 32 LRF) e, no caso da União, também os
limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal.

A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em


valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à adimplência
da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao
garantidor e às entidades por este controladas, observado o seguinte:

I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do


próprio ente;

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou


pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas
tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências
constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e
empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.

No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro


internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento para o
repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a ente que
atenda, além do oferecimento de contragarantia, as exigências legais
para o recebimento de transferências voluntárias.

É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Senado


Federal.

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PROF. GUSTAVO BICALHO FERREIRA

Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia prestada,


a União e os Estados poderão condicionar as transferências
constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.

O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por
Estado, em decorrência de garantia prestada em operação de crédito,
terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a total
liquidação da mencionada dívida.

Dos Restos a Pagar

É vedado ao titular de Poder ou órgão, nos últimos dois quadrimestres


do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser
cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de
caixa para este efeito.

Da Preservação do Patrimônio Público

É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens


e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de
despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência
social, geral e próprio dos servidores públicos.

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Tal medida visa preservar o patrimônio público, impedindo que a receita


de capital seja destinada para despesas de custeio.

Só serão incluídos novos projetos na lei orçamentária e nos créditos


adicionais após adequadamente atendidos os em andamento e
contempladas as despesas de conservação do patrimônio público.

Desse modo, pretende-se impedir a perpetuação de projetos


inacabados, os quais consomem sobremaneira significativa parcela do
patrimônio público.

Mecanismos de transparência fiscal

São mecanismos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada


ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.

A transparência será assegurada também mediante incentivo à


participação popular (orçamento participativo) e a realização de
audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão
dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.

As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão


disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e
no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e
apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro


Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os
empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos
orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências
financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas
atividades no exercício.

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Relatório Resumido da Execução Orçamentária – RREO

Esse relatório abrange todos os Poderes e o Ministério Público, sendo


obrigatório a divulgação até 30 dias após o encerramento de cada
bimestre, e será composto de:

 balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica:


as receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem
como a previsão atualizada; as despesas por grupo de natureza,
discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o
saldo.

O Balanço Orçamentário demonstra as receitas e despesas


previstas em confronto com as realizadas.

 demonstrativos da execução: das receitas, por categoria e fonte;


das despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da
despesa, bem como por função e subfunção.

Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão


destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas
com amortização da dívida.

O descumprimento do prazo previsto (divulgação até 30 dias após


o encerramento de cada bimestre) impedirá, até que a situação seja
regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias
e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

 apuração da receita corrente líquida, sua evolução, assim


como a previsão de seu desempenho até o final do exercício;

 receitas e despesas previdenciárias apresentadas em


demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;

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 resultados nominal e primário;

 Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão, os valores


inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.

O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado


também de demonstrativos:

I – quanto à vedação na realização de operações de créditos que


excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as
autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com
finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria
absoluta;

II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,


geral e próprio dos servidores públicos;

III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e


a aplicação dos recursos dela decorrentes.

Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate


à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de
fiscalização e cobrança.

Relatório de Gestão Fiscal – RGF

Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e


órgãos o Relatório de Gestão Fiscal e assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão


decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Poder Legislativo;

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III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de


Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos
internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela


administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras
definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão.

O relatório será publicado até 30 dias após o encerramento de cada


quadrimestre.

O RGF conterá:

I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar,


dos seguintes montantes:

a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e


pensionistas;
b) dívidas consolidada e mobiliária;
c) concessão de garantias;
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita.

II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se


ultrapassado qualquer dos limites;

III - demonstrativos, no último quadrimestre:


a) do montante das disponibilidades de caixa em 31/12;

b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:

1) liquidadas;

2) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do


saldo da disponibilidade de caixa;

3) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos


empenhos foram cancelados.

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c) do cumprimento de que a ARO deverá ser liquidada, com juros e


outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; e
que não houve ARO no último ano de mandato do Presidente,
Governador ou Prefeito Municipal.

Das Prestações de Contas

As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das


suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer
prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas. (Adin 2.238-5 =
eficácia suspensa)

As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos


Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;

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II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça,


consolidando as dos demais tribunais.

O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido pela


comissão mista permanente (de orçamento) ou equivalente das Casas
Legislativas estaduais e municipais.

Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas,


julgadas ou tomadas.

Adin 2.238-5 - Decisão do STF: O Tribunal, por unanimidade, deferiu a


medida cautelar relativamente ao artigo 56, caput.

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Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as


contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver
estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas
municipais. (Adin 2.238-5 = eficácia suspensa)

No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de


duzentos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.

Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem


contas de Poder ou órgão pendentes de parecer prévio.

A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em


relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da
fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de
recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem
como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de
contribuições.

Adin 2.238-5 - Decisão do STF: O Tribunal, por maioria, deferiu a


cautelar quanto ao artigo 57.

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Da Fiscalização da Gestão Fiscal

O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de


Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério
Público, fiscalizarão o cumprimento das normas da LRF, com ênfase no
que se refere a:

I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes


orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e


inscrição em Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com


pessoal ao respectivo limite;

IV - providências tomadas para recondução dos montantes das


dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,


tendo em vista as restrições constitucionais e da LRF;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos


municipais, quando houver.

Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos quando


constatarem:

a) a possibilidade de ocorrência de que a realização da receita


poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário
ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais;

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b) que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90%


(noventa por cento) do limite;

c) que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das


operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de
90% (noventa por cento) dos respectivos limites;

d) fatos que comprometam os custos ou os resultados dos


programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites


da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão.

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BIBLIOGRAFIA

 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

 Manual Técnico de Orçamento 2008 (SOF/MP).

 Manual de Elaboração do PPA 2008-2011.

 Ementário de Classificação das Receitas Orçamentárias (2006) –


Brasília. Secretaria de Orçamento Federal – SOF.

 Receitas Públicas : manual de procedimentos : aplicado à União,


Estados, Distrito Federal e Municípios / Ministério da Fazenda,
Secretaria do Tesouro Nacional – Brasília : Secretaria do Tesouro
Nacional, Coordenação-Geral de Contabilidade, 2006.

 Lei nº 4.320/64.

 Lei Complementar nº 101/2000 (LRF).

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