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Apostila concurso

HOSPITAL ESTADUAL
CENTRAL - HEC
Fundação Est. de Saúde iNOVA Capixaba - ES
ENFERMEIRO
Impresso e Digital
Contéudo
+ ▪

Língua Portuguesa
Conhecimento de Saúde Pública
Questões
▪ Informática Básica
▪ Ética e Legislação na Administração
Pública
▪ Conhecimentos específicos

Apostila elaborada conforme


Edital : Nº 1/2022/iNOVA/ES
Apostila versão 01 - 01/08/2022
Apresentação
Fazer parte do serviço público é o objetivo de muitas pessoas.
Nesse sentido, esta apostila reúne os conteúdos cobrado no edital de abertura do concurso.
A Tutoria tem o cuidado de selecionar as informações do conteúdo programático das
disciplinas abordadas. Toda essa disposição de assuntos foi pensada para auxiliar em uma
melhor compreensão e fixação do conteúdo de forma clara e eficaz.
A apostila que você tem em mãos é resultado da experiência e da competência da Tutoria,
que conta com especialistas em cada uma das disciplinas.
Ressaltamos a importância de fazer uma preparação focada e organizada para obter o
desempenho desejado. A apostila da Tutoria será o diferencial para o seu sucesso e na
realização do seu sonho.

Diretor Editorial
William Rezende e Pedro Henrique

Revisão de Texto
Wilza Rezende

Diretor de Arte
William Rezende

Importante
O conteúdo desta apostila tem por objetivo atender às exigências do edital. Assim, recomendamos ampliar seus
conhecimentos em livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios, para sua melhor preparação.
Atualizações legislativas poderão ser encontradas nos sites governamentais.
A presente apostila não está vinculada à instituição pública e à empresa organizadora do concurso público a que
se destina, a sua aquisição não inclui a inscrição do candidato no concurso público e também não garante a sua
aprovação no concurso público.

Proteção de direitos
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução
de qualquer parte deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito pela Tutoria.
Como montar um cronograma
de estudos para concurso
Todo estudante sabe que o sucesso começa bem antes da prova e, sendo assim, é preciso ter um cronogra-
ma de estudos para ajudar a manter o foco, organização e rendimento. Confira as dicas.
Prestar um concurso exige muita dedicação, foco e tempo de estudos. Para conseguir ser bem-sucedido na caminha-
da, é preciso criar um cronograma de estudos para concurso eficaz que se encaixe na sua rotina e nos compromissos
que você tem.
Montar um plano vai te ajudar a se concentrar melhor nos seus afazeres e pode te deixar motivado para cumprir seu
objetivo de passar num concurso público.

Entender a rotina
O primeiro passo para montar um cronograma de estudos para concurso é compreender a sua rotina. É preciso
entender como você gasta as horas dos seus dias, quais atividades tomam mais tempo, quais são indispensáveis e
quando você realiza cada uma. Então, é hora do papel e caneta: anote!
Escreva detalhadamente o que você faz em cada dia da semana:
• Quando acorda;
• Horário de trabalho;
• Seus intervalos;
• Todas as refeições.

Definir horas de estudo


Agora que você já consegue ver sua rotina detalhada, calcule quantas horas você tem de sobra em cada dia.
Vale também calcular o tempo que pode ser retirado de atividades não tão importantes. Por exemplo, 15 minutos da
hora do almoço para estudar, mesmo que pareça pouco tempo, pode ser aproveitado com a técnica correta.
Outra dica é utilizar algum tempo à noite, talvez após o jantar para estudar mais. Mas faça isso apenas se você achar
que é possível! Dormir bem é imprescindível para manter o cérebro aguçado.
Existe uma técnica que consiste em focar 25 minutos seguidos em uma única atividade e tirar um intervalo de 5 a 15
minutos até a próxima tarefa. Se você conseguir deixar isso definido, seu cronograma de estudos para concurso ficará
ainda melhor. No entanto, é necessário lembrar que eventualmente acontecerão imprevistos e seus horários precisa-
rão ser reorganizados.

Definir o que estudar


Você já definiu os horários que terá para estudar, mas o que exatamente você pretende estudar? Para definir isso, é
preciso saber qual concurso você quer prestar. Coloque o nome da seleção como título da planilha.
Existem alguns fatores que precisam ser analisados na hora de priorizar disciplinas:
• Disciplinas que tem maior peso;
• Matérias que você tem mais dificuldade;
• Assuntos que você tem menos conhecimento;
• Recorrência dos temas.
Montar o cronograma de estudos para concurso
Com as disciplinas listadas por nível de prioridade e sabendo quanto tempo terá para estudar, você já pode montar
seu plano diário. Para isso, use um planner ou crie uma planilha no computador. Se o concurso já está marcado,
veja quanto tempo você tem até a data das provas. Novamente: você vai dividir cada disciplina, dessa vez com hora
marcada:
• Começo dos estudos;
• Intervalos;
• Hora de revisar;
• Fechar os cadernos.

Ter comprometimento e regularidade


Independentemente de como foi montado seu cronograma de estudos, é necessário ter comprometimento e regulari-
dade. Estudar todos os dias e intercalar as disciplinas sempre relembrando o que já foi estudado fazem parte de uma
metodologia eficaz. São pontos importantes:
• Não ficar muito tempo sem estudar determinada disciplina;
• Colocar mais tempo às disciplinas que tem mais dificuldade;
• Priorizar também as matérias de maior peso ou que se repetem nas provas;
• Revisar conteúdo de outro dia para não cair no esquecimento.

Conhecer técnicas de estudo


Existem algumas técnicas que você pode adotar no seu cronograma de estudo para aproveitar melhor o seu tempo,
como a criação de resumos e mapas mentais. Na primeira, você anota os pontos importantes que você compreendeu
sobre o assunto. A segunda técnica é quase como um resumo, mas ela é ainda mais simplificada: selecione a ideia
principal/geral e, a partir dela, puxe ramificações para assuntos mais específicos. Você pode também:
• Fazer marcações em textos: isso ajuda nos resumos e mapas mentais, bem como na revisão;
• Intercalar os estudos: num período de quatro horas, você estuda 45 minutos acerca de uma disciplina. Então, faz um
intervalo de 15 minutos e depois estuda mais 45 minutos de outra disciplina;
• Responder questões de provas anteriores e simulados: coloque seus conhecimentos em prática e veja o quanto você
consegue acertar.
Na questão de distribuição de tempo, uma técnica bacana é a de ciclo. Ela funciona da seguinte maneira: vamos
supor que você tenha 20 horas semanais disponíveis para estudar. Distribua este tempo de acordo com a prioridade
das disciplinas e siga seu cronograma normalmente. Caso algum imprevisto aconteça, como precisar ir ao médico, e
isso atrapalhar seu momento de estudo, na próxima oportunidade que tiver para estudar siga de onde você parou.
Não fique fixo ao sistema de escola: hoje é português, amanhã é matemática e toda sexta é Direito Administrativo.
Esse formato pode prejudicar seus estudos, porque se você simplesmente deixar de estudar uma disciplina na sema-
na, na próxima vez ficará atrasado. Já na técnica de ciclo, você pode se recuperar o conteúdo e flexibilizar o cronogra-
ma de estudos para concursos públicos.
Com o tempo, você vai ganhar confiança e internalizará os conteúdos mais rápido. Sendo assim, poderá acrescentar
outras disciplinas complementares ao seu calendário de estudos, bem como fazer outros ajustes possíveis e neces-
sários.

Cuidar com o físico e o psicológico


Estudar para concurso em pouco tempo pode ser um pouco complicado e talvez você até pense em usar seu tempo
de lazer para se focar. Bom, você pode até diminuir esse tempo e utilizar um pouco dele para estudar, mas não redu-
za seus momentos de prazer a zero. Seu corpo e seu cérebro precisam de descanso para conseguir assimilar tudo
que você estudou.
Você também pode assistir a um filme, ver uma série, ligar para um amigo, testar uma receita nova. Qualquer coisa
que te dê prazer e relaxe a mente.
Cronograma de estudos

Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Língua
Portuguesa
Sumário
1. Compreensão e intelecção de textos ....................... 2
2. Interpretação de texto ............................................... 4
3. Tipologia textual ...................................................... 15
4. Figuras de linguagem .............................................. 27
5. Ortografia ................................................................ 31
6. Acentuação gráfica ................................................. 38
7. Emprego do sinal indicativo de crase ..................... 41
8. Formação, classe e emprego de palavras .............. 44
9. Sintaxe da oração e do período .............................. 78
10. Pontuação ............................................................... 94
11. Concordância nominal e verbal............................. 100
12. Colocação pronominal .......................................... 115
13. Regência nominal e verbal .................................... 119
14. Equivalência e transformação de estruturas ......... 126
15. Relações de sinonímia e antonímia....................... 131
Língua Portuguesa

A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos meno-


res, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente,
o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espa-

1.
çamento da margem esquerda.

Compreensão Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou


seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida.

e intelecção de Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asse-


guramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.

textos Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O


fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que o trabalho
não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escre-
ver toma de empréstimo uma série de palavras e expressões
amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma ideia à
Apreensão e Compreensão do Texto e outra. O texto precisa ser coeso e coerente.

Sentido
Coesão
Quando Lula disse a Collor no primeiro debate do segundo
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais
turno das eleições presidenciais de 1989:
elementos de coesão são os conectivos, vocábulos gramati-
“Eu sabia que você era collorido por fora, mas caiado por cais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de
dentro.” uma frase. O texto deve ser organizado por nexos adequados,
com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando
Os brasileiros colocaram essa frase no âmbito dos “discursos
frases e períodos desconexos. Para perceber a falta de coe-
da campanha presidencial” e entenderam não “Você tem co-
são, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto, procurando
res fora, mas é revestido de cal por dentro”, mas “Você apre-
estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam
senta um discurso moderno e de centro-esquerda, mas é um
a oração e as orações que formam o período e, finalmente,
reacionário”.
entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem tra-
Observe que há duas operações diferentes no entendimento do balhado sintática e semanticamente resulta num texto coeso.
texto. A primeira é a apreensão, que é a captação das relações
que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No
entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. Coerência
Uma pessoa que conhecesse todas as palavras da frase acima,
mas não conhecesse o universo dos discursos da campanha A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabe-
presidencial, não entenderia o significado da frase. Por isso, é lecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com que
preciso colocar o texto dentro do universo discursivo a que ele o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência
pertence e no interior do qual ganha sentido. Alguns teóricos será levado em conta o tipo de texto. Em um texto dissertativo,
chamam “conhecimento de mundo” ao universo discursivo. será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos e de
Na frase acima, collorido e caiado não pertencem ao universo organizá-los de forma a extrair deles conclusões apropriadas;
da pintura, mas da vida política: a primeira palavra refere-se a num texto narrativo, será avaliada sua capacidade de construir
Collor e ao modo como ele se apresentava, um político moderno personagens e de relacionar ações e motivações.
e inovador; a segunda diz respeito a Ronaldo Caiado, políti-
co conservador que o apoiava. A essa operação chamamos
compreensão.
Tipos de Composição
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma pessoa,
um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de
pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa,
leitura: informativa e de reconhecimento.
para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundí-
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro vel. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de
contato com o texto, extraindo-se informações e se preparan- captar os traços capazes de transmitir uma impressão autênti-
do para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife pa- ca. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar.
lavras -chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras especí-
à ideia central de cada parágrafo. ficas, exatas.
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou
opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, res- imaginários.
pectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada.
São seus elementos constitutivos: personagens, circunstân-
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia cias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a
a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global pro- distingue da descrição é a presença de personagens atuantes,
posto pelo autor. que estão quase sempre em conflito.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias sele- – A narração envolve:
tas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela 1. Quem? Personagem;
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclu- 2. Quê? Fatos, enredo;
são do texto. 3. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
4. Onde? O lugar da ocorrência;

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Língua Portuguesa

5. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos; como “desvios da normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr
6. Por quê? A causa dos acontecimentos; esses recursos retóricos a serviço de sua concepção estética.
Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer um
ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabele- Sentido Imediato
cer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou
descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata que,
deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fun- com certa reserva, poderia ser chamada de leitura ingênua ou
damentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho. leitura de máquina de ler.
– Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a exis-
Sentidos Próprio e Figurado tência de uma série de premissas que restringem a decodi-
ficação tais como:
Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso têm 1. As frases seguem modelos completos de oração da língua.
sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os exemplos de 2. O discurso é lógico.
tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma flor” 3. Se a forma usada no discurso é a mesma usada para esta-
diz-se que “flor” tem um sentido próprio e um sentido figurado. belecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se,
O sentido próprio é o mesmo do enunciado: “parte do vegetal respectivamente, identidade lógica e atribuição.
que gera a semente”. O sentido figurado é o mesmo de “Ma- 4. Os significados são os encontrados no dicionário.
ria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na acepção tradicional 5. Existe concordância entre termos sintáticos.
não é próprio ao contexto, mas ao termo. 6. Abstrai-se a conotação.
7. Supõe-se que não há anomalias linguísticas.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde
8. Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modi-
ao que definimos aqui como sentido imediato do enunciado.
ficadores do código linguístico.
Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido pre-
9. Supõe-se pertinência ao contexto.
ferencial, o que comumente ocorre.
10. Abstrai-se iconias.
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a metá- 11. Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.
fora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem que se 12. Não se concebe a existência de locuções e frases feitas.
obtém pela decifração da metáfora. 13. Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-se
o uso expressivo, cerimonial.
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência da
leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, mas Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, inin-
nunca mais que esporadicamente. teligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oxímoros, ironias,
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de sentido
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as
próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho de abor-
conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos,
dagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de crítica
editoriais, etc.
é a atribuição de status diferenciado para cada uma das cate-
gorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma cono- Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que se
tação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito de
leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O que
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, poderí-
existe são ocorrências eventuais que se aproximam de uma
amos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido figurado, afi-
leitura imediata, como quando alguém toma o sentido literal
nal, é o sentido figurado que possibilita a correta interpretação
pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica perplexo
do enunciado e não o sentido próprio. Se o sentido figurado
diante de um oxímoro.
é o “verdadeiro” para o enunciado, por que não chamá-lo de
“natural”, “primeiro”? Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de grau
zero da escritura, identificando-a como uma forma mais primi-
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de perspecti-
tiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é apenas
va não é possível, pois o sentido figurado está impregnado de
um pressuposto. Os recursos de Retórica são anteriores a ele.
uma conotação desfavorável. O sentido figurado é visto como
anormal e o sentido próprio, não. Ele carrega uma conotação
positiva, logo, é natural, primeiro. Sentido Preferencial
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e esteti-
zação e até a geração de categorias se ressente disso. Essa Para compreender o sentido preferencial é preciso conceber
tendência para atribuir status às categorias é uma constante o enunciado descontextualizado ou em contexto de dicioná-
do pensamento antigo, cuja índole era hierarquizante, sempre rio. Quando um enunciado é realizado em contexto muito ra-
buscando uma estrutura piramidal para o conhecimento, o que refeito, como é o contexto em que se encontra uma palavra
se estende até hoje em algumas teorias modernas. no dicionário, dizemos que ela está descontextualizada. Nesta
situação, o sentido preferencial é o que, na média, primeiro se
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao impõe para o enunciado. Óbvio, o sentido que primeiro se im-
conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo põe para um receptor pode não ser o mesmo para outro. Por
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações to- isso a definição tem de considerar o resultado médio, o que
talmente externas a ela. não impede que pela necessidade momentânea consideremos
Um exemplo: o significado preferencial para dado indivíduo.

o retórico que tenha para si a convicção de que a qualidade de Algumas regularidades podem ser observadas nos signi-
ficados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial
qualquer discurso se fundamenta na sua novidade, originalida-
da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para
de, imprevisibilidade, tenderá a descrever os recursos retóricos
abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras pala-
vras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se impõe

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Língua Portuguesa

sobre o que teve origem em processos metafóricos, alegóricos, aconteça, pelo menos não tenha preguiça de pensar, refletir,
metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o seguinte formar ideias e escrever quando puder e quiser.
exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido preferencial
Tornar-se, portanto, alguém que escreve e que lê em nosso
para a frase dada é o mesmo de “caminhão carregado com ci-
país é uma tarefa árdua, mas acredite, valerá a pena para sua
mento” e não o de “caminhão construído com cimento”. Neste
vida futura. Mesmo que você diga que interpretar é difícil, você
caso o sentido preferencial é o metonímico, o que contrapõe a
exercita isso a todo o momento. Exercita através de sua leitura
tese que diz que o sentido “figurado” não é o “primeiro signifi-
de mundo. A todo e qualquer tempo, em nossas vidas, inter-
cado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se
pretamos, argumentamos, expomos nossos pontos de vista.
impor sobre o menos usado.
Mas, basta o(a) professor(a) dizer “Vamos agora interpretar
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferen- esse texto” para que as pessoas se calem. Ninguém sabe o
cial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de manga? O de que calado quer, pois ao se calar você perde oportunidades va-
fruto ou de uma parte da roupa? liosas de interagir e crescer no conhecimento. Perca o medo de
expor suas ideias. Faça isso como um exercício diário e verá
que antes que pense, o medo terá ido embora.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas

2.
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir in-

Interpretação de teração comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).


Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em

textos cada uma delas, há certa informação que a faz ligar-se com
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a es-
truturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, as frases é tão grande, que se uma frase for retirada de seu
de qualquer idade, e para qualquer finalidade de compreender contexto original e analisada separadamente, poderá ter um
o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a significado diferente daquele inicial.
importância de entender um texto? Intertexto - comumente, os textos apresentam referências dire-
Quando se fala em texto, pensamos naqueles longos, com in- tas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo
trodução, desenvolvimento e conclusão, onde depois temos de recurso denomina-se intertexto.
que responder uma ou várias questões sobre ele. Na verdade, Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma interpre-
texto pode ser a questão em si, a leitura que fazemos antes de tação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A
resolver o exercício. E como é possível cometer um erro numa partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamenta-
simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que ções, as argumentações ou explicações que levem ao esclare-
se imagina. Se na hora da leitura, deixamos de prestar atenção cimento das questões apresentadas na prova.
numa só palavra, como uma “não”, já muda a interpretação.
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a:
Veja a diferença:
Identificar - reconhecer os elementos fundamentais de uma
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
Qual opção abaixo pertence ao grupo? procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
tempo).
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento,
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode pa- Comparar - descobrir as relações de semelhança ou de dife-
recer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso renças entre as situações do texto.
acontece mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da Comentar - relacionar o conteúdo apresentado com uma rea-
prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse princí- lidade, opinando a respeito.
pio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto
curto, imagine os erros que podemos cometer ao ler um texto Resumir - concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em
maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que um só parágrafo.
é preciso melhorar a capacidade de leitura e compreensão.
Parafrasear - reescrever o texto com outras palavras.
A literatura é a arte de recriar através da língua escrita. Sendo
Exemplo
assim, temos vários tipos de gêneros textuais, formas de escri-
ta. Mas a grande dificuldade encontrada pelas pessoas é a in-
Título do Texto Paráfrases
terpretação de textos. Muitos dizem que não sabem interpretar,
ou que é muito difícil. Se você tem pouca leitura, consequen- “O Homem A integração do mundo.
temente terá pouca argumentação, pouca visão, pouco ponto Unido” A integração da humanidade. A união
de vista e um grande medo de interpretar. A interpretação é do homem.
o alargamento dos horizontes. E esse alargamento acontece Homem + Homem = Mundo. A macaca-
justamente quando há leitura. Somos fragmentos de nossos da se uniu. (sátira)
escritos, de nossos pensamentos, de nossas histórias, muitas
vezes contadas por outros. Condições Básicas para Interpretar
Quantas vezes você não leu algo e pensou: – Faz-se necessário:
1. Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros lite-
“Nossa, ele disse tudo que eu penso”. rários, estrutura do texto), leitura e prática.
Com certeza, várias vezes. Temos aí a identificação de nossos 2. Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
pensamentos com os pensamentos dos autores, mas para que e semântico. Na semântica (significado das palavras) in-
cluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
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Língua Portuguesa

ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- Falou tudo quanto queria (correto).
gem, entre outros. Falou tudo que queria (errado - antes do que, deveria aparecer
3. Capacidade de observação e de síntese. o demonstrativo o).
4. Capacidade de raciocínio. Vícios de Linguagem – há os vícios de linguagem clássicos
Interpretar X Compreender (barbarismo, solecismo, cacofonia...); no dia a dia, porém, exis-
tem expressões que são mal empregadas.
Interpretar Significa Compreender Significa – Por força desse hábito cometem-se erros graves como:
Explicar, comentar, julgar, Intelecção, entendimento, 1. “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de
tirar conclusões, deduzir. atenção ao que realmente morte.
está escrito. 2. “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o prono-
Tipos de enunciados: me oblíquo átono correto é “o”.
Tipos de enunciados: 3. “No bar: Me vê um café”. Além do erro de posição do pro-
através do texto, infere-se
que... o texto diz que... nome, há o mau uso.

é possível deduzir que... é sugerido pelo autor que... – Algumas dicas para interpretar um texto:
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distin-
o autor permite concluir de acordo com o texto, é tos nos trazem diferentes formas de pensar.
que... correta ou errada a 2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões
afirmação... simples, mas que nos ajuda a ter certeza que estamos
qual é a intenção do autor
prestando atenção na leitura.
ao afirmar que... o narrador afirma...
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos
conta, já está no final da página, e nem lembramos o que
Erros de Interpretação lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pou-
co, ou voltar a leitura num ponto que estávamos prestando
– É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
4.
atenção, e reler.
Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto.
de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
Qualquer informação, mínima que seja, nos ajuda a com-
1. Extrapolação (viagem). Ocorre quando se sai do contexto,
preender melhor o assunto do texto.
acrescentado ideias que não estão no texto, quer por co-
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a
nhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
ideia central do texto, e assim, levantar hipóteses e saber
2. Redução. É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape-
sobre o que se fala.
nas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais
junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
detalhada. Assim, você economiza tempo se no meio da
entendimento do tema desenvolvido.
leitura identificar uma possível resposta.
3. Contradição. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas
vem junto com o texto, é para ser usado ao seu favor. Por
e, consequentemente, errando a questão.
isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar
Observação: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a nossa leitura.
ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de con- 8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procu-
curso o que deve ser levado em consideração é o que o autor re a melhor forma para você, pois cada um tem seu jeito de
diz e nada mais. resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio- Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
nam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vo-
outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pro- cabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas
nome relativo, uma conjunção (nexos), ou um pronome oblíquo são uma distração, mas também um aprendizado.
átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre-
já foi dito. São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nos-
eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo
sa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora
átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu ante-
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes,
cedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes
além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de me-
relativos têm cada um valor semântico, por isso a necessidade
mória. Então, foco na leitura, que tudo fica mais fácil!
de adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são mui-
to importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto
traz erros de coesão. Organização do Texto e Ideia Central
– Assim sendo, deve-se levar em consideração que exis- Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e
organizadas, através dos parágrafos, composto pela ideia central,
te um pronome relativo adequado a cada circunstância, a
saber: argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.
1. Que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente.
Mas depende das condições da frase.
– Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:
1. Declaração inicial;
2. Qual (neutro) idem ao anterior. 2. Definição;
3. Quem (pessoa). 3. Divisão;
4. Cujo (posse) - antes dele, aparece o possuidor e depois, o 4. Alusão histórica.
objeto possuído.
5. Como (modo). Onde (lugar). Quando (tempo). Quanto Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os
(montante). diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado
através da mudança de linha e um espaçamento da margem es-
Exemplo: querda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico fra-

5
Língua Portuguesa

sal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida. b) os negros.


Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, assegura- c) os índios.
mos um caminho que nos levará à compreensão do texto. d) tanto os índios quanto aos negros.
e) a miscigenação de portugueses e índios.
Os Tipos de Texto (Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.)

– Basicamente, existem três tipos de texto: Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos ín-
1. Texto narrativo; dios, é possível concluir pelas características apresentadas no
2. Texto descritivo; texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto.
3. Texto dissertativo.
Tome cuidado com as vírgulas.
Cada um desses textos possui características próprias de
construção, que pode ser estudado mais profundamente na Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir:
tipologia textual. 1. Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
2. Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes.
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar 3. Os alunos dedicados passaram no vestibular.
textos. Muitos têm aversão a exercícios nessa categoria. Acham 4. Os alunos, dedicados, passaram no vestibular.
monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o 5. Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
seu próprio entendimento do texto ou cada um interpreta a sua 6. Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi.
maneira. No texto literário, essa ideia tem algum fundamento,
tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, Explicações:
mas em texto não literário isso é um equívoco. Diante desse 1. Diego fez sozinho o trabalho de artes.
problema, seguem algumas dicas para você analisar, compre- 2. Apenas o Diego fez o trabalho de artes.
ender e interpretar com mais proficiência. 3. Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e
1. Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós pas- passaram no vestibular somente os que se dedicaram, res-
samos a gostar de algo, compreendemos melhor seu fun- tringindo o grupo de alunos.
cionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares 4. Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados.
a nós mesmos. Não se deixe levar pela falsa impressão 5. Marcão é chamado para cantar.
de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, 6. Marcão pratica a ação de cantar.
com o tempo você se tornará mais seleto e perceberá que Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele:
algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridícu-
las. Porém elas foram o ponto de partida e o estímulo para “Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adoles-
se chegar a uma leitura mais refinada. Existe tempo para centes com hormônios em ebulição e com o desejo natural da
cada momento de nossas vidas. idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos
2. Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. casos, a relação comercial entre a escola e os pais se sobrepõe
3. Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, à autoridade do professor”.
um bom exercício para ampliar o léxico é fazer palavras Frase para análise.
cruzadas.
4. Faça exercícios de sinônimos e antônimos. Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das es-
5. Leia verdadeiramente. colas privadas. E esse é o grande desafio do professor moderno.
6. Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão - Não é mencionado que a escola seja da rede privada.
pode ser falsa. É preciso paciência para ler outras vezes. - O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez
Antes de responder as questões, retorne ao texto para sa- parte do desafio do magistério. Outra questão é que o gran-
nar as dúvidas. de desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é
7. Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está parte do desafio, há também os hormônios em ebulição que
voltada a uma linha do texto e por isso você deve voltar fazem parte do desafio do magistério.
ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a
questão está voltada à ideia geral do texto. - Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo
8. Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do co- do sentido original).
nhecimento, porque algumas perguntas extrapolam ao que - A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja
está escrito. algumas delas: substituição de locuções por palavras; uso
de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vi-
Veja um exemplo disso: ce-versa; converter a voz ativa para a passiva; emprego de
Texto: antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia;
o povo lusitano = portugueses).
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fa-
tor obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os Observe a mudança de posição de palavras ou de
antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos expressões nas frases. Exemplos:
colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em deter- - Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de pro-
minados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se fessores.
acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige - Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de pro-
a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para fessores.
as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer- se sem
regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. - Os alunos determinados pediram ajuda aos professores.
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores.

– Infere-se do texto que os antigos moradores da terra


Explicações:
eram: - Certos alunos = qualquer aluno.
a) os portugueses.

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Língua Portuguesa

- Alunos certos = aluno correto. CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das
Letras, 2015. p. 40-42.
- Alunos determinados = alunos decididos.
- Determinados alunos = qualquer aluno. 2. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016)
O gênero crônica, em que se enquadra o texto, é frequentemen-
Questões te escrito em primeira pessoa e reflete, muitas vezes, o posicio-
namento pessoal de seu autor. Pode-se afirmar que, na crônica
1. (MPE-SC – Promotor de Justiça – MPE-SC/2016) de Paulo Mendes Campos, o “eu” que fala:
“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao a) confunde-se com o autor, tecendo críticas ao dr. Maynard
ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai, b) distingue-se do autor, mostrando-se crítico e perspicaz
na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é c) distingue-se do autor, mostrando-se ingênuo e alienado
a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A d) confunde-se com o autor, valorizando a divulgação cientí-
negociação para ter a autorização do país começou há mais de fica pelos jornais
três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re- 3. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro– RJ/2016)
as autoridades do país.” Pode-se afirmar que o texto de Paulo Mendes Campos é argu-
(http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe- mentativo, uma vez que se caracteriza por:
la-primeira-vez-na-antartica.html)
a) encadear fatos que envolvem personagens
Para ficar caracterizada a ideia de passado distante, a expres- b) tentar convencer o leitor da validade de uma ideia
são “há mais de três anos” deve ser reescrita: “há mais de três c) caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos
anos atrás”. d) oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação
( ) Certo ( ) Errado 4. (Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ Assistente Adminis-
trativo - Prefeitura do Rio de Janeiro – RJ/2016)
Leia o texto e responda as questões 02, 03 e 05.
Em “Doutrina ainda o nutricionista americano...”, a palavra em
Crônica destaque pode ser substituída, sem
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimen-
prejuízo do sentido, por:
tação! É o que exclamo depois de ler as recomendações
de um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A a) adestra, amestra, amansa
apatia, ou indiferença, é uma das causas principais das die- b) educa, corrige, repreende
tas inadequadas.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma c) catequiza, converte
família nordestina estendida em uma calçada do centro da ci- d) formula, ensina
dade, ali bem pertinho do restaurante Vendôme, mas apática, 5. Prefeitura de Chapecó – SC – Engenheiro de Trânsito –
sem a menor vontade de entrar e comer bem. Ensina ainda o IOBV/2016)
especialista: “Embora haja alimentos em quantidade suficien-
te, as estatísticas continuam a demonstrar que muitas pessoas Por Jonas Valente*, especial para este blog.
não compreendem e não sabem selecionar os alimentos”. É A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Crimes Ciberné-
isso mesmo: quem der uma volta na feira ou no supermercado ticos da Câmara dos Deputados divulgou seu relatório final.
vê que a maioria dos brasileiros compra, por exemplo, arroz, Nele, apresenta proposta de diversos projetos de lei com a
que é um alimento pobre, deixando de lado uma série de ali- justificativa de combater delitos na rede. Mas o conteúdo des-
mentos ricos. Quando o nosso povo irá tomar juízo? Doutrina sas proposições é explosivo e pode mudar a Internet como a
ainda o nutricionista americano: “Uma boa dieta pode ser obti- conhecemos hoje no Brasil, criando um ambiente de censura
da de elementos tirados de cada um dos seguintes grupos de na web, ampliando a repressão ao acesso a filmes, séries e ou-
alimentos: o leite constitui o primeiro grupo, incluindo-se nele tros conteúdos não oficiais, retirando direitos dos internautas e
o queijo e o sorvete”. Embora modestamente, sempre pensei transformando redes sociais e outros aplicativos em máquinas
também assim. No entanto, ali na praia do Pinto é evidente de vigilância.
que as crianças estão desnutridas, pálidas, magras, roídas de
verminoses. Por quê? Porque seus pais não sabem selecionar Não é de hoje que o discurso da segurança na Internet é usa-
o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução lógica do para tentar atacar o caráter livre, plural e diverso da Internet.
seria dar-lhes sorvete, todas as crianças do mundo gostam de Como há dificuldades de se apurar crimes na rede, as soluções
sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do buscam criminalizar o máximo possível e transformar a navega-
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só ção em algo controlado, violando o princípio da presunção da
olhando os adultos que descem dos carros e devoram sorvetes inocência previsto na Constituição Federal. No caso dos crimes
enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilus- contra a honra, a solução adotada pode ter um impacto trágico
tre médico: “A carne constitui o segundo grupo, recomendan- para o debate democrático nas redes sociais – atualmente tão
do-se dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, gali- importante quanto aquele realizado nas ruas e outros locais da
nha, peixe ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros vida off line. Além disso, as propostas mutilam o Marco Civil da
que divulgam as suas palavras redentoras! E dizer que o nosso Internet, lei aprovada depois de amplo debate na sociedade e
povo faz ouvidos de mercador a seus ensinamentos, e continua que é referência internacional.
a comer pouco, comer mal, às vezes até a não comer nada. (*BLOG DO SAKAMOTO, L. 04/04/2016)
Não sou mentiroso e posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui
no Rio, gente que prefere vasculhar uma lata de lixo a entrar em Após a leitura atenta do texto, analise as afirmações feitas:
um restaurante e pedir um filé à Chateaubriand. O dr. Maynard I. O jornalista Jonas Valente está fazendo um elogio à visão
decerto ficaria muito aborrecido se visse um ser humano esco- equilibrada e vanguardista da Comissão Parlamentar que
lher tão mal seus alimentos. Mas nós sabemos que é por causa legisla sobre crimes cibernéticos na Câmara dos Deputa-
dessas e outras que o Brasil não vai pra frente. dos.

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Língua Portuguesa

II. O Marco Civil da Internet é considerado um avanço em Não Literal é o sentido da palavra desviado do usual, isto é,
todos os sentidos, e a referida Comissão Parlamentar está aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro.
querendo cercear o direito à plena execução deste marco.
Exemplo:
III. Há o temor que o acesso a filmes, séries, informações em
geral e o livre modo de se expressar venham a sofrer cen- “As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas
sura com a nova lei que pode ser aprovada na Câmara dos pela mão.”
Deputados.
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que usualmen-
IV. A navegação na internet, como algo controlado, na visão
te indica, mas um insulto, uma ofensa produzida pela boca.
do jornalista, está longe de se concretizar através das leis a
serem votadas no Congresso Nacional.
V. Combater os crimes da internet com a censura, para o Ampliação de Sentido
jornalista, está longe de ser uma estratégia correta, sendo Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a
mesmo perversa e manipuladora. designar uma quantidade mais ampla de objetos ou noções do
Assinale a opção que contém todas as alternativas corretas. que originariamente.
a) I, II, III. “Embarcar”, por exemplo, que originariamente era usada para
b) II, III, IV. designar o ato de viajar em um barco, ampliou consideravel-
c) II, III, V. mente o sentido e passou a designar a ação de viajar em ou-
d) II, IV, V. tros veículos. Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um
passageiro:
Respostas - embarcou num ter.
01. Errado - embarcou no ônibus das dez.
O verbo haver já contém a ideia de passado. A adição do termo - embarcou no avião da força aérea.
“atrás” caracteriza pleonasmo.
- embarcou num transatlântico.
02. (C)
“Alpinista”, na origem, era usado para indicar aquele que esca-
Dentro da crônica existe o “ o Eu” introduzido pelo Autor la os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por amplia-
Paulo Mendes Diferença: ção de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante
“o Eu” se mostra ingênuo (Aquele que é inocente, sincero, sim- do esporte de escalar montanhas.
ples.) e alienado (1-Cedido a outro dono, ou o que enlouque-
ceu, 2-vendido.) Restrição de Sentido
Um exemplo é quando ele diz: “É o que exclamo depois de Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso,
ler as recomendações de um nutricionista americano, o dr. isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais res-
Maynard” trita de objetos ou noções do que originariamente. É o caso,
por exemplo, das palavras que saem da língua geral e passam
O autor não se mostra ingênuo e nem alienado, uma vez que, ele
a ser usadas com sentido determinado, dentro de um universo
mesmo é quem escreve a Crônica.
restrito do conhecimento.A palavra aglutinação, por exemplo,
03. (B) na nomenclatura gramatical, é bom exemplo de especialização
de sentido. Na língua geral, ela significa qualquer junção de
São características de textos:
elementos para formar um todo, porém em Gramática designa
encadear fatos que envolvem personagens - NARRATIVO apenas um tipo de formação de palavras por composição em
que a junção dos elementos acarreta alteração de pronúncia,
tentar convencer o leitor da validade de uma ideia - DISSERTA-
como é o caso de pernilongo (perna + longa).
TIVO ARGUMENTATIVO
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu-
caracterizar a composição de ambientes e de seres vivos
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo,
- DESCRITIVO
que designa uma personagem de desenhos animados, não se
oferecer instruções para o destinatário praticar uma ação - IN- formou por aglutinação, mas por justaposição.
JUNÇÃO/ INSTRUCIONAL
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi-
04. (D) cado das palavras para dar precisão à comunicação.
Doutrina = conjunto coerente de ideias fundamentais a serem A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não
transmitidas, ensinadas. pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira
em torno do Sol: seu sentido sofreu restrição, e ela serve para
05. (C) designar apenas um tipo de flor que tem a propriedade de
acompanhar o movimento do Sol.

Sentido Literal e Sentido Não Literal Há certas palavras que, além do significado explícito, contêm
outros implícitos (ou pressupostos).
Literal é o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, isto Os exemplos são muitos. É o caso do adjetivo outro, por exem-
é, de acordo com o sentido geral que ela tem na maioria dos plo, que indica certa pessoa ou coisa, pressupondo necessa-
contextos em que ocorre. É o sentido próprio da palavra. riamente a existência de ao menos uma além daquela indicada.
Exemplo:
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca
“Uma pedra no meio da rua foi a causa do acidente.” lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal. livro. O uso de outro pressupõe necessariamente ao menos um
livro além daquele que está sendo autografado.

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Língua Portuguesa

Questões c) Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que


na modernidade o narrador da vida desapareceu. (penúlti-
1. (PC-CE – Delegado de Polícia Civil – VUNESP/2015) mo parágrafo).
d) A própria estrutura sobre a qual se funda a experiência mo-
A morte do narrador derna – ciência, técnica, superação de tradição – agrava a
Recentemente recebi um e-mail de uma leitora perguntando a invisibilidade dos mais velhos. (último parágrafo).
razão de eu ter, segundo ela, uma visão tão dura para com os e) Minha leitora entendeu que eu dizia que idosos devem se
idosos. O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de afundar na doença, na solidão e no abandono… (quarto
minhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e vo- parágrafo).
vós, porque estavam todos na academia querendo parecer com 2. (PC-CE – Escrivão de Polícia Civil – VUNESP/2015)
seus netos.
Ficção universitária
Claro, minha leitora me entendeu mal. Mas o fato de ela ter
me entendido mal, o que acontece com frequência quando se Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro
discute o tema da velhice, é comum, principalmente porque o de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito,
próprio termo “velhice” já pede sinônimos politicamente corre- que consta da Constituição, de que pesquisa e ensino são in-
tos, como “terceira idade”, “melhor idade”, “maturidade”, entre dissociáveis. É claro que universidades que fazem pesquisa
outros. tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais ino-
vação e atrair os alunos mais qualificados, tornando-se assim
Uma característica do politicamente correto é que, quando ele instituições que se destacam também no ensino.
se manifesta num uso linguístico específico, é porque esse uso
se refere a um conceito já considerado como algo ruim. A mar- O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cris-
ca essencial do politicamente correto é a hipocrisia articulada talina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de
como gesto falso, ideias bem comportadas. ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão re-
lativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em
Voltando à velhice. Minha leitora entendeu que eu dizia que inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre
idosos devem se afundar na doença, na solidão e no abando- que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja ca-
no, e não procurar ser felizes. Mas, quando eu dizia que eles paz de ensinar.
estão fugindo da condição de avós, usava isso como metáfo-
ra da mentira (politicamente correta) quanto ao medo que te- O gasto médio anual por aluno numa das três universidades
mos de afundar na doença, antes de tudo psicológica, devido ao estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que con-
abandono e à solidão, típicos do mundo contemporâneo. Minha tribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo
crítica era à nossa cultura, e não às vítimas dela. Ela cultua a inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil
juventude como padrão de vida e está intimamente associada (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo
ao medo do envelhecimento, da dor e da morte. Sua opção é algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias fiscais.
pela “negação”, traço de um dos sintomas neuróticos descritos Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país
por Freud. não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de
Walter Benjamim, filósofo alemão do século XX, dizia que na universitários em instituições com o padrão de investimento das
modernidade o narrador da vida desapareceu. Isso quer dizer estaduais paulistas. E o Brasil precisa aumentar rapidamente sua
que as pessoas encarregadas, antigamente, de narrar a vida população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no ní-
e propor sentido para ela perderam esse lugar. Hoje os mais vel superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai.
velhos querem “aprender” com os mais jovens (aprender a Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA
amar, se relacionar, comprar, vestir, viajar, estar nas redes so- (89%) e Finlândia (92%). Em vez de insistir na ficção constitu-
ciais). Esse fenômeno, além de cruel com o envelhecimento, é cional de que todas as universidades do país precisam dedicar-
também desorganizador da própria juventude. Ouço cotidiana- -se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como ele é
mente, na sala de aula, os alunos demonstrarem seu desprezo e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção
por pais e mães que querem aprender a viver com eles. de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil
Alguns elementos do mundo moderno não ajudam a combater tem necessidade de ambas.
essa desvalorização dos mais velhos. As ferramentas de infor- (Hélio Schwartsman. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br, 10.09.2013.
mação, normalmente mais acessíveis aos jovens, aumentam Adaptado)
a percepção negativa dos mais velhos diante do acúmulo de Assinale a alternativa em que a expressão destacada é empre-
conhecimento posto a serviço dos consumidores, que ques- gada em sentido figurado.
tionam as “verdades constituídas do passado”. A própria es- a) ... universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a
trutura sobre a qual se funda a experiência moderna – ciência, nata dos especialistas...
técnica, superação de tradição – agrava a invisibilidade dos b) Os dados do Ranking Universitário publicados em setem-
mais velhos. Em termos humanos, o passado (que “nada” ser- bro de 2013...
ve ao mundo do progresso) tem um nome: idoso. Enfim, resta c) Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber
aos vovôs e vovós ir para a academia ou para as redes sociais. que o país não dispõe de recursos...
(Luiz Felipe Pondé, Somma, agosto 2014, p. 31. Adaptado) d) ... das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de
ensino...
O termo empregado com sentido figurado está em destaque na
e) ... todas as despesas que contribuem direta e indiretamen-
seguinte passagem do texto:
te para a boa pesquisa...
a) Mas o fato de ela ter me entendido mal, o que acontece
com frequência quando se discute o tema da velhice… (se- 3. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP/2014)
gundo parágrafo). Leia o texto para responder a questão.
b) O motivo da sua pergunta era eu ter dito, em uma de mi-
nhas colunas, que hoje em dia não existiam mais vovôs e Um pé de milho
vovós… (primeiro parágrafo).

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Língua Portuguesa

Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido 3. A


pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de
... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é um belo
capim – mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o
gesto da terra. (3º §)
para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas
folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar,
do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenho- (que o vento bate no pé de milho) veio enriquecer nosso can-
samente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com teirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. É
dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana. alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu
pé de milho é um belo gesto da terra. (Como nasce da terra,
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha
para o autor parece um presente desta).
razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas
além do muro – e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor Sentido figurado: A palavra tem valor conotativo quando seu
um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas significado é ampliado ou alterado no contexto em que é em-
de milharais – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em pregada, sugerindo ideias que vão além de seu sentido mais
um anteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – usual.
não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
4. B
Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e
a) Atitudes são o espelho;
verdes nunca estão imóveis.
b) CERTA;
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos c) Pipocavam palavras no texto;
encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pen- d) Choviam risadas;
doou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé e) Sabedoria abre as portas
de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme,
vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso
canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem
bem. É alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e cer- Inferências
teza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não
sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata Com o advento das novas tecnologias a leitura e interpretação
máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de de textos ganham novos significados e dimensões. Se antes
Castilhos. liam-se somente textos literários, hoje é possível encontrar
(Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado) uma imensa gama de diferentes tipos de textos. Assim, o exer-
cício da leitura demanda cada vez mais o levantamento de hi-
Assinale a alternativa em que, nas duas passagens, há termos póteses, comparações, associações e inferências.
empregados em sentido figurado.
a) ... beijado pelo vento do mar (3º §) / Meu pé de milho é De acordo com o dicionário Houaiss o termo “inferir” significa:
um belo gesto da terra. (3º §) concluir pelo raciocínio, a partir de fatos, indícios; deduzir. No
b) Mas ele reagiu. (1º §) / na verdade aquilo era capim. (1º §) contexto de interpretação de textos, a inferência enquadra-se
c) Secaram as pequenas folhas... (1º §) / Sou um ignorante na ação de analisar as informações implícitas e explícitas com
(2º §) o intuito de alcançar conclusões.
d) Ele cresceu, está com dois metros... (2º §) / Tinha visto Segue abaixo uma ilustração para análise exemplificação.
centenas de milharais. (2º §)
e) ... lança as suas folhas além do muro... (2º §) / Há muitas
flores belas no mundo (3º §)
4. (IF-SC – Técnico de Laboratório – IF-SC/2014)
Assinale a opção em que NÃO há palavra usada em sentido
conotativo.
a) Tuas atitudes são o espelho do teu caráter.
b) Regras podem ser estabelecidas para uma convivência
pacífica.
c) Pipocavam palavras no texto, como se fossem rabiscos
coloridos do próprio pensamento
d) Choviam risadas naquela peça de humor.
e) A sabedoria abre as portas do conhecimento.

Respostas
1. D
O sentido figurado ou conotativo, é aquele em que se atribui à
palavra ou expressão, um sentido ampliado, diferente do sen-
tido literal/usual.
Na imagem há uma combinação de linguagem verbal e não
d) A palavra “Indivisibilidade” foi usada com o sentido de “iso- verbal, juntas elas fornecem o insumo necessário para o bom
lamento”, “exclusão” e, portanto, é o gabarito. entendimento e compreensão da temática.
2. A Em uma leitura superficial, uma leitura sem inferências, o leitor
nata:na.ta sf (lat matta) 1 Camada que se forma à superfície do poderia cair no erro de não perceber a intenção real do autor, a
leite; creme. 2 A melhor parte de qualquer coisa, o que há de denúncia sobre a violência. Portanto, para realizar uma boa in-
melhor; a fina flor, o escol. N. da terra: nateiro; terra fértil. terpretação é necessário atentar-se aos detalhes e fazer certos
questionamentos como:

10
Língua Portuguesa

- Por que o Cristo Redentor sente-se “incomodado” e “ex- “Elas estão por cima”, é o que se pensa de quem encontrou
posto a riscos”? seu espacinho sob a aba da aceitação. Porém, é preciso ba-
- O que significam as balas que o cercam por todos os lados? talhar para ter um espaço ali. Esse dragão não aceita qualquer
um; e sua aceitação, como tudo nesta vida, tem um preço.
- Por que o Cristo Redentor está usando colete à prova de
balas? Para ser aceita, em primeiro lugar, você não pode querer des-
truir esse dragão. Óbvio. Você não pode atacá-lo, você não
A partir de questionamentos como os citados acima é possível
pode ridicularizá-lo, você não pode falar para outras pessoas o
adentrar no contexto social, Rio de Janeiro violento, que ins-
quanto seus dentes são perigosos, você não pode sequer fazer
taura críticas e denúncias a determinada realidade.
perguntas constrangedoras a ele.
Portanto, ao inferir, o leitor é capaz de constatar os detalhes ocultos
Faça qualquer uma dessas coisas e você estará para sempre
que transformam a leitura simples em uma leitura reflexiva.
riscada da lista VIP da aceitação. Ou, talvez, se você se humi-
lhar o suficiente, ele consiga se esquecer de tudo o que você
Questões fez e reconsidere o seu pedido por aceitação.
A melhor coisa que você pode fazer para conseguir aceitação é
1. (Pref. De Teresina/PI – Professor Português – NUCE- atacar as pessoas que querem destruir o generoso distribuidor
PE/2016) deste privilégio. Uma boa forma de fazer isso é ridicularizando-
Segundo o Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional), analfa- -as, e pode ser bem divertido fingir que esse dragão sequer
beto funcional é aquele que, mesmo sabendo ler e escrever existe, embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que
frases simples, não possui as habilidades necessárias para é quase como se sua existência estivesse sendo esfregada em
satisfazer as demandas do seu dia a dia e se desenvolver nossas caras.
pessoal e profissionalmente. De acordo com as teorias de Reforçar o discurso desse dragão, ainda que você não saiba
compreensão como atividade inferencial, compreender o texto muito bem do que está falando, é o passo mais importante que
é, essencialmente, uma atividade de relacionar conhecimentos, você pode dar em direção à tão esperada aceitação.
experiências e ações em um movimento interativo e negociado.
Concebendo a compreensão como processo, a leitura realiza- Reproduzir esse discurso é bem simples: basta que a men-
-se a partir de diferentes horizontes. Nesse sentido, é correto sagem principal seja deixar tudo como está e há várias formas
afirmar que o processo inferencial está: de se dizer isso, das mais rudimentares e manjadas às mais ela-
a) no horizonte máximo da leitura. boradas e inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.
b) no horizonte mínimo da leitura. Pode ter certeza que o dragão da aceitação dará cambalhotas
c) na falta de horizonte da leitura. de felicidade. Nada o agrada mais do que ver gente impedindo
d) no horizonte problemático da leitura. que as coisas mudem.
e) no horizonte indevido da leitura.
Uma vez aceita, você estará cercada de outras pessoas tão le-
2. (SEDU/ES – Professor – Língua Portuguesa – FCC/2016) gais quanto você, todas acolhidas nesse lugar quentinho cha-
Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e a ter estratégias de leitura, mado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo,
de modo a perceber que essa depende da articulação de várias como quem coloca óculos escuros para relaxar a vista, e irá
partes que formam um todo. É, então, um pressuposto metodoló- assistir numa boa às pessoas se dando mal lá fora.
gico a ser considerado. O leitor está inserido num contexto e preci- É claro que elas só estão se dando tão mal por causa do tal
sa considerar isso para compreender os textos escritos. Em sala de dragão; mas se você não pode derrotá-lo, una-se a ele, não é
aula, configuram-se como estratégias de preparação para a leitura o que dizem?
as ações de descobrir conhecimentos prévios dos alunos, discutir
o vocabulário do texto, explorar a seleção do tema do texto, do O que ninguém diz quando você tenta a todo custo ser aceita
assunto tratado, levantar palavras-chave ligadas a esse tema/as- é que nem isso torna você imune. Ser aceita não é garantia
sunto, e exercitar inferências sobre o texto. nenhuma de ser poupada.
(Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação. Ensino fundamental: anos Você pode tentar agradar ao dragão, você pode caprichar na
finais: área de Linguagens e Códigos / reprodução e perpetuação do discurso que o mantém acoco-
Secretaria da Educação. Vitória: SEDU, 2009, p. 69. v.1) rado sobre este mundo, você pode até se estirar no chão para
se fazer de tapete de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar,
O ato de “exercitar inferências sobre o texto” pressupõe de- especialmente porque esse discurso só foi feito para destruir
senvolver atividades pedagógicas que permitam ao leitor-aluno você.
a) destacar o que é do seu interesse no texto.
b) localizar informações explícitas no texto. E aí é que a aceitação se revela como uma armadilha. Tudo o
c) apreender informações implícitas no texto. que você faz para ser aceita por aquilo que es- maga as outras
d) produzir novo texto com base no texto lido. sem dó só serve para deixar você mais perto da boca cheia de
e) ler em voz alta o texto de leitura. dentes que ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode
demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse dragão
3. (AL-GO - Analista Legislativo - Analista de Redes e Co- realmente aceita: dominar e oprimir.
municação de Dados – CS-UFG/2015) A armadilha da
aceitação Então, se ele sorrir para você, não se engane: ele não está te
aceitando. Está apenas mostrando os dentes que vai usar para
Existe um lugar quentinho e cômodo chamado aceitação. fazer você em pedaços depois.
Olhando de longe, parece agradável. Mais do que isso, é
VALEK, Aline. Disponível em: < http://www.cartacapital.com.br/blogs/escri-
absolutamente tentador: os que ali repousam parecem con- to- rio-feminista/a-armadilha-da-aceitacao-4820.html >. Acesso: 13 fev. 2015.
fortáveis, acolhidos, até mesmo com um senso de poder, como (Adaptado).
se estivessem tirando um cochilo plácido debaixo das asas de
um dragão. No texto, o uso das palavras “aceita” e “riscada”, no feminino,
conduz à inferência de que:

11
Língua Portuguesa

a) a forma nominal dessas palavras se restringe à flexão no Se ela precisa ser buscada fora, permanentemente, será outra,
feminino provavelmente pior.
b) essas palavras concordam em gênero com palavras a que
Penso no amor, fonte permanente de júbilo e apreensão.
se referem.
c) os interlocutores imediatos do texto são do sexo feminino. Quando ele nos é subtraído, instala-se em nós uma tristeza
d) tais palavras concordam com o sexo da escritora do texto. sem tamanho e sem fim, que tem o rosto de quem nos deixou.
Ela vem de fora, nos é imposta pelas circunstâncias, mas tor-
4. 04. (IF/RJ – Administrador – BIO-RIO/2015)
na-se parte de nós. Um luto encarnado. Um milhão de carna-
Saltando as muralhas da Europa vais seriam incapaz de iluminar a escuridão dessa noite se não
houvesse, dentro de nós, alguma fonte própria de alegria. Nem
De um lado está a Europa da abundância econômica e da esta-
estaríamos na rua, se não fosse por ela. Nem nos animaríamos
bilidade política. De outro, além do Mediterrâneo, uma extensa
a ver de perto a multidão. Ficaríamos em casa, esmagados por
faixa assolada pela pobreza e por violentos conflitos. O pre-
nossa tristeza, remoendo os detalhes do que não mais existe.
cário equilíbrio rompeu-se de uma vez com o agravamento da
Ao longe, ouviríamos a batucada, e ela nos pareceria remota e
guerra civil na Síria. Da Síria, mas também do Iraque e do Afega-
alheia.
nistão, puseram-se em marcha os refugiados. Atrás deles, ou
junto com eles, marcham os migrantes econômicos da África Nossa alegria existe, entretanto. Por isso somos capazes de
e da Ásia. No maior fluxo migratório desde a Segunda Guerra cantar e dançar quando o destino nos atinge.
Mundial, os desesperados e os deserdados saltam as muralhas
Nossa alegria se manifesta como força e teimosia: ela nos
da União Europeia. põe de pé quando nem sairíamos da cama. Ela se expõe
Muralhas? Em tempos normais, os portais da União Europeia como esperança: acreditamos que o mundo nos trará algo
estão abertos para os refugiados, mas fechados para os imi- melhor esta manhã; quem sabe esta noite; domingo, talvez. Ela
grantes. Não vivemos tempos normais. Os países da Europa nos torna sensível à beleza da mulher estranha, ao sorriso feliz
Centro-Oriental, Hungria à frente, fazem eco à xenofobia da do amigo, à conversa simpática de um vizinho, aos problemas
extrema-direita, levantando as pontes diante dos refugiados. do colega de trabalho. Nossa alegria cria interesse pelo mundo
Vergonhosamente, a Grã-Bretanha segue tal exemplo, ainda e nos faz perceber que ele também se interessa por nós.
que com menos impudor. Por mínima que seja, essa fonte de luz e energia é suficiente
A Alemanha, seguida hesitantemente pela França, insiste num para dar a largada e começar do zero.
outro rumo, baseado na lógica demográfica e nos princípios Um dia depois do outro. Todos os dias em que seja necessário.
humanitários. Angela Merkel explica a seus parceiros que a Eu-
ropa precisa agir junta para passar num teste ainda mais difícil Quando se está por baixo, muito caído, não é fácil achar o
que o da crise do euro. “O futuro da União Europeia será mol- interruptor da nossa alegria. A gente tem a sensação de que
alegria se extinguiu e com ela o nosso desejo de transar e
dado pelo que fizermos agora, alerta a primeira-ministra alemã.
de viver, que costumam ser a mesma coisa. Mas a alegria
(Mundo, outubro 2015) está lá - feita de boas memórias, do amor que nos deram,
do carinho que a gente deu aos outros. Existe como presença
De alguns segmentos do texto o leitor pode fazer uma série de
abstrata, mas calorosa, que nos dirige aos outros, que nos faz
inferências. A inferência inadequada
olhar para fora. É isso a alegria: algo de dentro que nos leva ao
do segmento “O precário equilíbrio rompeu-se de uma vez com mundo e nos permite o gozo e a reconhecimento de nós mesmos,
o agravamento da guerra civil na Síria” é: no rosto do outro. Empatia e simpatia. Amor.
a) já havia uma guerra civil na Síria há algum tempo.
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro. Mas seu
b) existia um tênue equilíbrio nas tensões da região.
sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro à música
c) haviam ocorrido rompimentos em países do local referido.
e à dança do mundo, ao encontro de nós mesmos.
d) a guerra civil na Síria envolvia outros países vizinhos.
e) um conflito interno de um país pode afetar nações próxi- Adaptado de http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noti-
cia/2015/02/dentro-de-nos-balegriab.html
mas.
Em relação ao texto, é correto afirmar que:
5. (EBSERH – Advogado - Instituto AOCP/2015)
a) somente por meio de inferência é possível concluir que o
[...] a alegria questionamento inicial do texto é respondido.
b) não há elementos linguísticos no texto que comprovem a
Seu sintoma mais bonito é nos jogar para fora, de encontro ao resposta ao questionamento inicial que o autor faz.
mundo e a nós mesmos c) o questionamento inicial não é respondido no decorrer do tex-
IVAN MARTINS to, propositalmente, ficando como uma reflexão para o leitor.
d) no texto o autor responde explicitamente seu questiona-
A alegria vem de dentro ou de fora de nós? mento inicial.
A pergunta me ocorre no meio de um bloco de carnaval, en- e) não é possível, durante a leitura, definir se o questiona-
quanto berro os versos imortais de Roberto Carlos, cantados mento inicial do texto é respondido.
em ritmo de samba: “Eu quero que você me aqueça neste in-
verno, e que tudo mais vá pro inferno”. Respostas
Estou contente, claro. Ao meu redor há um grupo de amigos e 01. A
uma multidão ruidosa e colorida. Ainda assim, a resposta so- Questão parece difícil pois a redação não é muito boa. Pergun-
bre a alegria me ilude. Meu coração sorri em resposta a essa tando da seguinte forma fica mais fácil de entender: “É possível
festa ou acha nela apenas um eco do seu próprio e inesperado fazer uma conclusão ou uma dedução do texto a partir de”...viu,
contentamento? ficou mais fácil achar a resposta.
Embora simples, a pergunta não é trivial. Se sou capaz de Torna-se óbvio que só podemos deduzir um texto quando le-
achar em mim a alegria, a vida será uma. mos o máximo de seu argumento.

12
Língua Portuguesa

02. C Só o contexto é que determina a significação dos homônimos.


A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é con-
Inferir significa adivinhar, levantar hipóteses sobre determinado
siderada uma deficiência dos idiomas.
assunto. É isso que o aluno fará com o texto.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico
03. C
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
Interlocutor, significa cada uma das pessoas que participam
1. Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes
de uma conversa, de um diálogo. E estas palavras estão no
no timbre ou na intensidade das vogais.
feminino.
- Rego (substantivo) e rego (verbo).
04 D
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
GUERRA CIVIL subentende CONFLITOS INTERNOS, logo, - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
pode-se inferir que “a guerra civil na Síria NÃO envolvia ou-
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
tros países vizinhos”. A alternativa “D” não apresenta este
entendimento. - Para (verbo parar) e para (preposição).
- Providência (substantivo) e providencia (verbo).
A inferência inadequada é dizer que “a guerra civil na Síria en-
volvia outros países vizinhos”. - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o).
05. D
2. Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferen-
Se a alegria vem de dentro ou de fora? De dentro, claro.
tes na escrita.
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
Ponto de Vista do Autor - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de
O Ponto de Vista na literatura é o ângulo sob o qual o autor irá consertar).
narrar sua trama. Existem três formas básicas de mostrar uma - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
narração: primeira pessoa, segunda pessoa e terceira pessoa. - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
Primeira pessoa
- Censo (recenseamento) e senso (juízo).
Quando um personagem narra a história a partir de seu próprio
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
ponto de vista, o escritor está usando a primeira pessoa. Nesse
caso, lemos o livro com a sensação de termos a visão do per- - Paço (palácio) e passo (andar).
sonagem podendo também saber quais são seus pensamen- - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
tos, o que causa uma leitura mais íntima. Da mesma maneira - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
que acontece nas nossas vidas, existem algumas coisas das anular).
quais não temos conhecimento e só descobrimos ao decorrer
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
da história.
(tempo de uma reunião ou espetáculo).

Segunda pessoa 3. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.

Na segunda pessoa, o autor costuma falar diretamente com o - Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
leitor, como um diálogo. É um caso mais raro e faz com que o - Cedo (verbo), cedo (advérbio).
leitor se sinta quase como outro personagem que participa da - Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
história. - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
Terceira pessoa
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
Esse ponto de vista coloca o leitor numa posição externa, como
se apenas observasse a ação acontecer. Os diálogos não são Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia.
como na narrativa em primeira pessoa, já que nesse caso o coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, degradar e
autor relata as frases como alguém que estivesse apenas con- degredar, cético e séptico, prescrever e proscrever, descrição e
tando o que cada personagem disse. discrição, infligir (aplicar) e infringir (transgredir), sede (vontade
de beber) e cede (verbo ceder), comprimento e cumprimen-
to, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
Significação das Palavras divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, corri-
gir), vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e vultuoso
Quanto à significação, as palavras são divididas nas se- (congestionado: rosto vultuoso).
guintes categorias:
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
Exemplos: tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
gado.
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Pena: pluma; peça de metal para escrever; punição; dó.
- Aço (substantivo) e asso (verbo).
- Velar: cobrir com véu; ocultar; vigiar; cuidar; relativo ao véu
do palato.

13
Língua Portuguesa

Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi- Espécie ameaçada de extinção escapa dos caçadores da ma-
cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm de- neira mais radical possível – pelo céu.
zenas de acepções.
Os rinocerontes-negros estão entre os bichos mais visados da
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser África, pois sua espécie é uma das preferidas pelo turismo de
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. caça. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espécimes que ainda
restam na natureza, duas ONG ambientais apelaram para uma
Exemplos:
solução extrema: transportar os rinocerontes de helicóptero.
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio). A ação utilizou helicópteros militares para remover 19 espé-
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado). cimes – com 1,4 toneladas cada um – de seu habitat original,
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). na província de Cabo Oriental, no sudeste da África do Sul,
e transferi-los para a província de Lampopo, no norte do país,
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
a 1.500 quilômetros de distância, onde viverão longe dos ca-
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque çadores. Como o trajeto tem áreas inacessíveis de carro, os
nos seguintes exemplos: rinocerontes tiveram de voar por 24 quilômetros. Sedados e de
- Comprei uma correntinha de ouro. olhos vendados (para evitar sustos caso acordassem), os rino-
cerontes foram içados pelos tornozelos e voaram entre 10 e 20
- Fulano nadava em ouro.
minutos. Parece meio brutal? Os responsáveis pela operação
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim- dizem que, além de mais eficiente para levar os paquidermes a
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, locais de difícil acesso, o procedimento é mais gentil.
real, denotativo. (BADÔ, F. A fuga dos rinocerontes. Superinteressante, nº 229, 2011.)
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder, A palavra radical pode ser empregada com várias acepções,
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui vá- por isso denomina-se polissêmica.
rias conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações
que irradiam da palavra). Assinale o sentido dicionarizado que é mais adequado no con-
texto acima.
a) Que existe intrinsecamente num indivíduo ou coisa.
Questões b) Brusco; violento; difícil.
c) Que não é tradicional, comum ou usual.
1. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo – d) Que exige destreza, perícia ou coragem.
FAEPESUL/2016)
5. (UNESP – Assistente Administrativo I – VUNESP/2016)
Atento ao emprego dos Homônimos, analise as palavras
O gavião
sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA:
a) Ainda vivemos no Brasil a descriminação racial. Isso é crime! Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco
b) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente. voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a lua.
c) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão agora Olhamos todos para o céu em busca de algo mais sensacional e
expiar seus crimes. comovente – o gavião malvado, que mata pombas.
d) Em todos os momentos, para agir corretamente, é preciso
o bom censo. O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à contem-
e) Prefiro macarronada com molho, mas sem estrato de to- plação de um drama bem antigo, e há o partido das pombas
mate. e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros (qualquer
palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar o gavião. Os
2. (Pref. de Cruzeiro/SP – Instrutor de Desenho Técnico e amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na verdade come
Mecânico – Instituto Excelência/2016) a sua pombinha com a mesma inocência com que a pomba
Assinale a alternativa em que as palavras podem servir de come seu grão de milho.
exemplos de parônimos: Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das pombas e
a) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem gentil). também o lance magnífico em que o gavião se despenca sobre
b) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo). uma delas. Comer pombas é, como diria Saint-Exupéry, “a ver-
c) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se senta). dade do gavião”, mas matar um gavião no ar com um belo tiro
d) Nenhuma das alternativas. pode também ser a verdade do caçador.
3. (TJ/MT – Analista Judiciário – Ciências Contábeis – Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o
UFMT/2016) gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, pode
Na língua portuguesa, há muitas palavras parecidas, seja no lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro homem.
modo de falar ou no de escrever. A palavra sessão, por exem- (Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999. Adaptado)
plo, assemelha-se às palavras cessão e seção, mas cada uma
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no texto
apresenta sentido diferente. Esse caso, mesmo som, grafias di-
– … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro
ferentes, denomina-se homônimo homófono. Assinale a alterna-
homem. –, é empregado com sentido
tiva em que todas as palavras se encontram nesse caso.
a) próprio, equivalendo a inspiração.
a) taxa, cesta, assento
b) próprio, equivalendo a conquistador.
b) conserto, pleito, ótico
c) figurado, equivalendo a ave de rapina.
c) cheque, descrição, manga
d) figurado, equivalendo a alimento.
d) serrar, ratificar, emergir
e) figurado, equivalendo a predador.
e)
4. (TJ/MT – Analista Judiciário – Direito – UFMT/2016 ) Respostas
A fuga dos rinocerontes 1. Resposta C

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Língua Portuguesa

a) Discriminação é um substantivo feminino que significa


distinguir ou diferenciar.
b) Eminente é o que se destaca por sua qualidade ou impor-
3. Tipologia textual
tância; excelente, superior. Iminente é o que está prestes
a acontecer. Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que im-
c) Correta plicam no domínio de capacidades linguísticas. Temos dois
d) Bom senso é um conceito usado na argumentação que momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer)
está estritamente ligado às noções de sabedoria e de ra- e o de expressá-los por escrito (o escrever propriamente dito).
zoabilidade. Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas
e) Estrato se refere a uma camada, uma faixa. Extrato se escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre de-
refere, principalmente, a alguma coisa que foi retirada de terminado assunto.
outra, ou seja, extraída de outra. E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de
2. Resposta A expressão escrita: Descrição – Narração – Dissertação.
a) CORRETA. Paronímia “é a relação que se estabelece en-
tre duas ou mais palavras que possuem significados dife- Descrição
rentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita, - Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta
isto é, os parônimos”. uma visão;
Exemplos: Cavaleiro – cavalheiro - É um tipo de texto figurativo;
Absolver – absorver Comprimento – cumprimento. - Retrato de pessoas, ambientes, objetos;
b) INCORRETA. Tais palavras são homófonas e homógra- - Predomínio de atributos;
fas, ou seja, possuem grafia e pronúncia iguais. - Uso de verbos de ligação;
Outro exemplo é: Cura (verbo) e Cura (substantivo). - Frequente emprego de metáforas, comparações e outras fi-
c) INCORRETA. Tais palavras são homófonas, ou seja, ape- guras de linguagem;
sar de possuírem a mesma pronúncia, são diferentes na - Tem como resultado a imagem física ou psicológica.
escrita.
Outro exemplo é: cela (substantivo) e sela (verbo) Narração
3. Resposta A Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta antes,
a) taxa, cesta, assento TAXA/TACHA(verbo) - homônimo ho- durante e
mófono CESTA/SEXTA = homônimo homófono ASSENTO/ depois dos acontecimentos (geralmente);
ACENTO = homônimo homófono
b) conserto, pleito, ótico CONCERTO/CONSERTO = homô- É um tipo de texto sequencial;
nimo homófono PLEITO/PREITO = parônimos (parecidas) Relato de fatos;
ÓTICO/OPTICO = Ótico: relativo aos ouvidos/Óptico: re-
lativo aos olhos = parônimos Presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
c) cheque, descrição, manga CHEQUE/XEQUE = homônimos
Apresentação de um conflito;
homófonos DESCRIÇÃO/DISCRIÇÃO=parônimosMANGA
(roupa)/MANGA(fruta) = homônimos perfeitos Uso de verbos de ação;
d) serrar, ratificar, emergir CERRAR/SERRAR = homônimos
Geralmente, é mesclada de descrições;
homófonos RATIFICAR/RETIFICAR = parônimos EMER-
GIR/IMERGIR = parônimos O diálogo direto é frequente.
4. Resposta C
Dissertação
Polissemia: “Trata da pluralidade significativa de um mesmo - Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
vocábulo, que, a depender do contexto, terá uma significação
- É um tipo de texto argumentativo.
diversa. Em palavras mais simples: a palavra polissêmica é
aquela que, dependendo do contexto, muda de sentido (mas Defesa de um argumento:
não muda de classe gramatical!). “A Gramática para concursos - Apresentação de uma tese que será defendida, Desenvolvi-
públicos, 2º edição, 2015, p. 81) mento ou argumentação,
Os rinocerontes fugiram de helicóptero, concordam que é uma - Fechamento;
maneira incomum? Não é algo que se ver diariamente, por isso - Predomínio da linguagem objetiva;
a alternativa que se encaixa melhor no contexto é a letra “c”.
- Prevalece a denotação.
5. Resposta E
“Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente o Carta
gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, - Esse é um tipo de texto que se caracteriza por envolver um
pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro remetente e um destinatário;
homem.” - É normalmente escrita em primeira pessoa, e sempre visa
O trecho indica que na ausência de um outro predador para o um tipo de leitor;
homem (alguém que lhe mate - ideia substituída no texto pela - É necessário que se utilize uma linguagem adequada com o
associação com o gavião, em sentido figurado), pode aconte- tipo de destinatário e que
cer de ser outro homem o responsável por tal ato. - durante a carta não se perca a visão daquele para quem o
texto está sendo escrito.

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Língua Portuguesa

Descrição lógica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os ele-


mentos são descritos produz determinados efeitos de sentido.
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pa-
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que lavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele,
seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, etc. ou catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito,
em imagens. como este, etc.), que podem perder sua função e assim não
ser compreendidos. Se tomarmos uma descrição como As flo-
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou res manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar,
uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição. Não é ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas
necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do alterações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor.
forma, o que será importante ser analisado para um, não será Como, na versão original, o pronome oblíquo as é um anafórico
para outro. que retoma flores, se alterarmos a ordem das frases ele perderá
A vivência de quem descreve também influencia na hora de o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para a
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, primeira frase e retomá-la com o anafórico elas na segunda.
pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. Por todas essas características, diz-se que o fragmento do
Exemplos: conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em
que se expõem características de seres concretos (pessoas,
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas a objetos, situações, etc.) consideradas fora da relação de ante-
penumbra dos ramos cobria o atalho. Ao seu redor havia ruídos rioridade e de posterioridade.
serenos, cheiro de árvores, pequenas surpresas entre os cipós.
Todo o jardim triturado pelos instantes já mais apressados da Características:
tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? - Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, ções e inúmeros elementos sensoriais;
suave demais, grande demais.” - As personagens podem ser caracterizadas física e psicolo-
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) gicamente, ou pelas ações;
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica- - A descrição pode ser considerada um dos elementos cons-
do, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter titutivos da dissertação e da argumentação;
aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; - é impossível separar narração de descrição;
vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, a capacidade de observação que deve revelar aquele que a
cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois realiza;
do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele
do que conosco. - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974,
págs. 31-32.)
pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda,
sanguínea e fogosa, era um desses exemplares excessivos
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da do sexo que parecem conformados expressamente para es-
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: posas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu);
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que existe relação de anterioridade e posterioridade entre seus
os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo enunciados;
tinha grande medo ao pai);
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser consi- se usem então as formas nominais, o presente e o pretério
derada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos
do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é verbos que indiquem estado ou fenômeno.
cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nível do rela-
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
to, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o
adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
que o escritor quer é explicitar uma característica do meni-
no, e não traçar a cronologia de suas ações); A característica fundamental de um texto descritivo é essa
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas inexistência de progressão temporal. Pode-se apresentar,
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitân- numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que
cia em relação a um marco temporal instalado no texto (no eles sejam sempre simultâneos, não indicando progressão de
caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a escola uma situação anterior para outra posterior. Tanto é que uma
da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transfor- das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos
mação de estado; no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo: o primei-
ro expressa concomitância em relação ao momento da fala; o
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não cor-
reríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológica segundo, em relação a um marco temporal pretérito instalado
- poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri- no texto.
meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre Para transformar uma descrição numa narração, bastaria in-
era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola troduzir um enunciado que indicasse a passagem de um esta-
depois do pai e retirava- se antes... do anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados transformá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem crono- medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...

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Língua Portuguesa

Características Linguísticas: A descrição pode ser apresentada sob duas


formas
O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconteci-
mento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
relação situação inicial e situação final, enquanto que o enun- Descrição Objetiva
ciado descritivo, não tendo transformação, é atemporal.
Quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semân- como realmente são, concretamente.
ticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
Exemplo: “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicado- atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros,
res de propriedades, atitudes, qualidades, usados principal- cabelos negros e lisos”.
mente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar,
haver, situar-se, existir, ficar). Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des- Exemplo: “ A casa velha era enorme, toda em largura, com
crito; porta central que se alcançava por três degraus de pedra e
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-
Exemplo:
-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala- de madeira-de- lei. Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alar- -claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente
gando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte,
tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio
por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela se
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do alinha-
farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava mento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos)
as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas
grandes muito despegadas do crânio.” Descrição Subjetiva
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
Quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o ob-
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, jeto, o ser, a cena, a paisagem são transfigurados pela emoção de
sinestesias). Exemplo: quem escreve, podendo opinar ou expressar seus sentimentos.
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gor- Exemplo: “Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pul-
do, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu so ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito
corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era
que lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um
os olhinhos de azougue.” rei...” (“O Ateneu”, Raul Pompéia)
(José de Alencar - Senhora)
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra esperan-
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: ça maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-frança,
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por lei, de
essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você sobregoverno.”
entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
devia ter uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elemen-
dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas; no tos descritivos:
final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha
que ia dar no quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
lugar da bagunça...” temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente,
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
uma vez que eles indicam propriedades ou características que
ocorrem si-multaneamente.
Recursos No entanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efei-
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. tos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de
do sol. sentido distintos.
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de
concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu Bocage:
sereno, uma pureza de cristal.
Magro, de olhos azuis, carão moreno, bem servido de pés,
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da meão de altura, triste de facha, o mesmo de figura, nariz alto
natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparen- no meio, e não pequeno.
te que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
Incapaz de assistir num só terreno, mais propenso ao furor do
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do tex-
que à ternura; bebendo em níveas mãos por taça escura de
to. Ex.: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pes-
zelos infernais letal veneno.
soal, muito crente.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
O poeta descreve-se das características físicas para as ca-
racterísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria
o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer
relevo.
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Língua Portuguesa

O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar - Características psicológicas (personalidade, temperamento,
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto, caráter, preferências, inclinações, postura, objetivos).
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores,
Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
facilmente identificáveis (descrição objetiva), ou suas caracte-
geral.
rísticas psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
Descrição de pessoas (II):
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer as-
desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever pecto de caráter geral.
seu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando an-
tes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva. Desenvolvimento:
- Análise das características físicas, associadas às caracterís-
Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
ticas psicológicas (1ª parte).
- Introdução: observações de caráter geral referentes à pro-
- Análise das características físicas, associadas às caracterís-
cedência ou localização do objeto descrito.
ticas psicológicas (2ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (compara-
ção com figuras geométricas e com objetos semelhantes); Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) geral.
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/ A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
brilho, textura. estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predomi-
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua nam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descre-
como um todo. ver, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor
Descrição de objetos constituídos por várias partes: de uma descrição focaliza cenas ou imagens, conforme o per-
- Introdução: observações de caráter geral referentes à pro- mita sua sensibilidade.
cedência ou localização do objeto descrito.
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-lite-
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das rária ou literária. Na descrição não- literária, há maior preocu-
partes que compõem o objeto, associados à explicação de pação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por
como as partes se agrupam para formar o todo. ser objetiva, há predominância da denotação.
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textu- Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um tipo
ra, cor e brilho. de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para des-
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua
crever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os com-
utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto
põem, para descrever experiências, processos, etc.
em sua totalidade.
Exemplo:
Descrição de ambientes:
Folheto de propaganda de carro
Introdução: comentário de caráter geral.
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o
Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e
tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat
aroma (se houver).
Variant possuem direção hidráulica e ar condicionado de ele-
Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje- vada capacidade, proporcionando a climatização perfeita do
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, escultu- ambiente.
ras ou quaisquer outros objetos.
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capaci-
Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no dade de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros,
ambiente. Descrição de paisagens: com o encosto do banco traseiro rebaixado.
Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer ou- Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plásti-
tra referência de caráter geral. co reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar
Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação a deformação em caso de colisão.
do que se vê ao longe). Textos descritivos literários: Na descrição literária predomina
Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações
do observador - explicação detalhada dos elementos que com- conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições
põem a paisagem, de acordo com determinada ordem. de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situa-
ções e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também po-
Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca dem ocorrer tanto em prosa como em verso.
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Descrição de pessoas (I):
Narração
Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer as-
pecto de caráter geral. A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictí-
cia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo apre-
Desenvolvimento: senta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
- Características físicas (altura, peso, cor da pele, idade, ca- organizados por uma narração feita por um narrador. É uma
belos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mu-

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Língua Portuguesa

dança de um estado para outro, segundo relações de sequen- Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato Espaço -
cialidade e causalidade, e não simultâneos como na descrição. Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Expressa as relações entre os indivíduos, os conflitos e as li-
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
gações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, utilizando
situações que contêm essa vivência. Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato Resultado
- previsível ou imprevisível.
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem Final - Fechado ou Aberto.
ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de
ação: o texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo,
tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente,
a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto são os
como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de
verbos de ação. O conjunto de ações que compõem o texto
implicação mútua entre eles, para garantir coerência e verossi-
narrativo, ou seja, a história que é contada nesse tipo de texto
milhança à história narrada.
recebe o nome de enredo.
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obriga-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per-
toriamente sempre presentes no discurso, exceto as persona-
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no epi-
gens ou o fato a ser narrado.
sódio que está sendo contado. As personagens são identifica-
das (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos próprios. Exemplo:
Porquinho-da-índia
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações Quando eu tinha seis anos
do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde Ganhei um porquinho-da-índía.
ocorre uma ação ou ações é chamado de espaço, representa- Que dor de coração me dava
do no texto pelos advérbios de lugar. Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da Ele não gostava
narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através Queria era estar debaixo do fogão.
dos tempos verbais, mas principalmente pelos advérbios de Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele
que indica ao leitor “como” o fato narrado aconteceu. - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio,
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte 1973, pág. 110.
inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desen-
volvimento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, Observe que, no texto acima, há um conjunto de transfor-
o “miolo” da narrativa, também chamada de trama) e termina mações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar
com a conclusão da história (é o final ou epílogo). Aquele que da situação de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo
conta a história é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª para a sala ou para outros lugares é passar da situação de ele
pessoa: Eu) ou impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele). estar debaixo do fogão para a de estar em outros lugares; ele
não gostava: “queria era estar debaixo do fogão” implica a
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos volta à situação anterior; “não fazia caso nenhum das minhas
de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e ternurinhas” dá a entender que o menino passava de uma situ-
pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são ação de não ser terno com o animalzinho para uma situação de
os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem
ser; no último verso tem-se a passagem da situação de não ter
as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a
namorada para a de ter.
própria história contada.
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
mudanças de situação. É isso que define o que se chama o
história.
componente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mu-
Elementos Estruturais 1 dança de estado pela ação de alguma personagem, é uma
transformação de situação. Mesmo que essa personagem não
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
apareça no texto, ela está logicamente implícita. Assim, por
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacio- exemplo, se o menino ganhou um porquinho-da-índia, é por-
nam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. Reve- que alguém lhe deu o animalzinho.
lam-se por meio de características físicas ou psicológicas.
Os personagens podem ser lineares (previsíveis), comple- Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em
xos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o por-
tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis quinho-da índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o por-
ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. quinho perdia, a cada vez que o menino o levava para outro
lugar, o espaço confortável de debaixo do fogão). Assim, temos
- Narrador: é quem conta a história.
dois tipos de narrativas: de aquisição e de privação.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação.
Cronológico: o tempo convencional (horas, dias, meses); Existem três tipos de foco narrativo:
Psicológico: o tempo interior, subjetivo. - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem
Elementos Estruturais 2 ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista Acontecimen- - Narrador-observador: é aquele que conta a história como
to - O quê? Fato alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor,
a história é contada em 3ª pessoa.

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Língua Portuguesa

- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e Em 3ª pessoa:


as personagens, revelando seus pensamentos e sentimen-
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa.
tos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes,
Exemplo:
aparece misturada com pensamentos dos personagens
(discurso indireto livre). “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram
de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com
Estrutura ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha
da malha de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o senti-
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da
mento impreciso de ridículo.”
história, como o momento e o lugar onde a ação se desen-
volverá. (Ilka Laurito. Sal do Lírico)

- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria- Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sen-
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, con- do vista por uma câmara ou filmadora.
duzindo ao clímax.
Exemplo:
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. Festa
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o
dos personagens. crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois
meninos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo,
Tipos de Personagens mas ambos com menos de dez anos.
Os personagens têm muita importância na construção de um Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta-
texto narrativo, são elementos vitais. mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que mesas desertas.
desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho-
indiretamente. mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e
A apresentação direta acontece quando o personagem apare- dois pãezinhos.
ce de forma clara no texto, retratando suas características físi- - Duzentos e vinte.
cas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construin-
do a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir - Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai - Como?
fazendo.
Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
Em 1ª pessoa toso. O homem olha para os meninos.
- O preço é o mesmo – informa o rapaz.
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a
história e é o protagonista. Exemplo: - Está certo.

“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Come- O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
cei a andar de um lado para outro, estacando para amparar- guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada
-me, e andava outra vez e estacava.” um. O homem e (mais do que ele) os meninos olham para den-
(Machado de Assis. Dom Casmurro) tro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acredi- Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo
tar, eu estava lá e vi. Exemplo: de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e
morde o primeiro bocado do pão.
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contraban- O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
dista que fez cancha nos banhados do Brocai. teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo ab-
sorvidos com o sanduíche e a bebida.
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E
na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados
que chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por naquela mesa.
alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca (Wander Piroli)
desandou cruzada! ...
(...) Tipos de Discurso
Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele. Ca- Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para
sado ou doutro jeito, afamilhado. Não nos víamos desde muito o personagem, sem a sua interferência.
tempo. (...)
Exemplo:
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança Caso de Desquite
dos leitões e no tiramento dos assados com couro.”
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Veja, doutor, este velho caducando.

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Língua Portuguesa

Bisavô, um neto casado. Agora com mania de mulher. Todo Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do perso-
velho é sem-vergonha. nagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recen-
te. Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não me
pise, fico uma jararaca. A Morte da Porta-Estandarte
Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no pri- segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu...
meiro mês. Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham
paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses
Você desempregado, quem é que fazia roça? tambores? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar...
Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui joga- Por que não está malhando em sua cabeça? ... (...) Ele vai tirar
do na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem Rosinha da cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui ela, para o fundo do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom? (Aníbal Machado)

Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?


Sequência Narrativa
O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordi-
Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... na-se a outra.
Eu arranjo. A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um
cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
me deixar sem nada? - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma com-
petência para fazer algo);
Você tinha a mula e a potranca. A mula vendeu e a potranca,
deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou
e roupa lavada. devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
- uma em que se constata que uma transformação se deu e
Para onde foi a lavadeira?
em que se podem atribuir prêmios ou castigos às persona-
Quem? gens (geralmente os prêmios são para os bons, e os casti-
gos, para os maus).
A mulata.
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
(...)
supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a reali-
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) zação de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetu-
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, a-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la.
sem lhe passar diretamente a palavra. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento:
quando se assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para
Exemplo: isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever com-
Frio prar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou ter
necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).
O menino tinha só dez anos.
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem.
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bam-
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, bu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é
afastou a ideia como se estivesse fazendo uma coisa errada. preciso antes conseguir o dinheiro.
(Nos bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem
que percebesse; e depois? ... Que é que diria a Paraná?) Narrativa e Narração
Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri- Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia fir- um componente narrativo que pode existir em textos que não
me e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por
para nada. exemplo, quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se
Olho vivo – como dizia Paraná. a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que,
no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ia uma mudança de situação: do não incentivo ao incentivo da
pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas imigração européia.
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de
Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. texto, o que é narração? A narração é um tipo de narrativa.
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo Tem ela três características:
jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele - é um conjunto de transformações de situação (o texto de
seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos, mas provavel- Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, pre-
mente faltava mais ou menos uma hora para chegar em casa. enche essa condição);
Os bondes passavam. - é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos
(João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço) concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também
esse requisito);
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Língua Portuguesa

- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal Tipologia da Narrativa Ficcional


que, entre elas, existe sempre uma relação de anteriorida- - Romance
de e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de
ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo do fogão, - Conto
que por sua vez é anterior ao de o menino levá-lo para a - Crônica
sala, que por seu turno é anterior ao de o porquinho-da-índia - Fábula
voltar ao fogão).
- Lenda
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre per- - Parábola
tinente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da
- Anedota
temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no ro-
mance machadiano Memórias póstumas de Brás Cubas, quan- - Poema Épico
do o narrador começa contando sua morte para em seguida
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No en- Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
tanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relações de - Memorialismo
anterioridade e de posterioridade. - Notícias
Resumindo: na narração, as três características explicadas - Relatos
acima (transformação de situações, figuratividade e relações - História da Civilização
de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados)
devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só
Apresentação da Narrativa:
uma ou duas dessas características não é uma narração.
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto drinhos) e desenhos.
narrativo:
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos.
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
aconteceu, quando e onde. - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.

- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos per-


sonagens. Dissertação
- Desenvolvimento: detalhes do fato.
- Conclusão: consequências do fato. Caracterização Formal: A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação
de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema.
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto narrati- Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, cla-
vo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a reza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento
criação e o colorido do contexto estão em função da individuali- de trabalho e uma habilidade de expressão.
dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator,
a narração terá diversas abordagens. Assim é de grande impor- É em função da capacidade crítica que se questionam pon-
tância saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pes- tos da realidade social, histórica e psicológica do mundo e dos
soa. No primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu signi-
há uma inferência do último através da onipresença e onisciência. ficado diz respeito a um tipo de texto em que a exposição de
uma ideia, através de argumentos, é feita com a finalidade de
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico.
acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo
o aspecto linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O Exemplo:
narrador que usa essa técnica (característica comum no cinema Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri-
moderno) demonstra maior criatividade e originalidade, podendo meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como ser-
observar as ações ziguezagueando no tempo e no espaço. vir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segun-
Exemplo - Personagens do, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como
clamar, com zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amân- príncipe discreto prefere nomear os que se valem do último
cio não viu a mulher chegar. desses métodos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os
- Não quer que se carpa o quintal, moço? mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do
amo. Tendo à sua disposição todos os cargos, conservam-se
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es-
no poder esses ministros subordinando a maioria do senado,
calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do
ou grande conselho, e, afinal, por via de um expediente cha-
passado, os olhos).”
mado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se contra
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 5O) futuras prestações de contas e retiram-se da vida pública car-
Exemplo - Espaço regados com os despojos da nação.
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem
Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.” chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a
escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento,
1981, p. 51) justifica esse conselho.
Exemplo - Tempo Observe-se que:
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu-
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem
lher lhe pediu que a chamasse cedo.”
particular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro,
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
22
Língua Portuguesa

mas do homem em geral e de todos os métodos para atingir Características: caracterização de espaços ou aspectos.
o poder);
Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex.: “Em
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu- 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televiso-
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da res. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos
corte no momento em que se tornam primeiros-ministros); receptores instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân- emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repe-
cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar tidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
contra a corrupção da corte implica ser corrupto depois da
Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
nomeação para primeiro-ministro).
Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
Características:
texto. Ex.: “A principal característica do déspota encontra-se
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temá- no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das
tico; regras que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusiva-
mente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de an-
terioridade e de posterioridade dos enunciados não têm Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
maior importância - o que importa são suas relações ló- compõem o texto.
gicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, cor-
respondência, implicação, etc. Interrogação: questionamento. Ex.: “Volta e meia se faz a per-
gunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de
futebol não é uma prova de alienação?”
redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem
características próprias a cada tipo de texto. Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosida-
de do leitor.
Dissertação Expositiva e Argumentativa Comparação: social e geográfica.
A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão
Enumeração: enumerar as informações. Ex.: “Ação à distân-
sendo focados e discutidos pela grande mídia. É um tipo de
cia, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das
acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os deta-
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades
lhes já foram expostos na televisão, rádio e novas mídias.
que marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão doença do século...”
maior sobre os temas. Os pontos de vista devem ser decla-
Narração: narrar um fato.
rados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se
aborda. Tais fatos precisam ser esclarecidos para que o leitor
se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma disser-
Desenvolvimento
tação argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica É a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e pro-
de determinado assunto. A linguagem jamais poderá deixar de gressiva. É a parte maior e mais importante do texto. Podem
ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes. ser desenvolvidos de várias formas:
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este
Conclusão. tipo de abordagem.
Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia
Introdução
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição.
Em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal,
Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações
sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
distintas.
Tipos:
Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos fa-
Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. voráveis e desfavoráveis.
Ex.: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que
olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descre-
ver uma cena.
Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato
presente. Ex.: “A crise econômica que teve início no começo Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
a década colecionou, agravou vários dos históricos problemas resultados.
sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urba-
na, cuja escalada tem sido facilmente identificada pela popu- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apresen-
lação brasileira.” tar questionamento e reflexão.
Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valo-
Proposição: o autor explicita seus objetivos.
res, juízos.
Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa
Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
apresentada no texto. Ex.: Você quer estar “na sua”? Quer se
quês de uma determinada situação.
sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano!
Faça parte desse time de vencedores desde a escolha desse Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
momento!
Exemplificação: dar exemplos.
Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex.: “É
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é
a solução no combate à insegurança.”

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Língua Portuguesa

Conclusão 7º Parágrafo: Conclusão

É uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de Uma possível solução é apresentada.
tudo que se argumentou.
O texto conclui que desigualdade não se casa com
Para ela convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. modernidade.
Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre
Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamen- o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos re-
to ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê. cursos que permite uma segurança maior no momento de dis-
sertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes
Exemplo: que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento
Direito de Trabalho de um texto dissertativo.
Ainda temos:
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por sunto que vai ser abordado.
meio da exclusão. (A)
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido.
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho
automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Ou- com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de
tro fator que também leva ao desemprego de um sem número forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos,
de trabalhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) ou seja, razões a favor ou contra uma determinada tese.

Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
que provém dessa automatização e qualificação, obriga que mente. Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos tra- - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade
balhadores, de que, mesmo que as empresas sejam automati- de pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação;
zadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C) - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema;
Não é uma utopia?! - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go- - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi-
vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do
a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os en- que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original,
tão pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D) nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve ser impes-
soal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de
cabelereiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mer- O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
cado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou
informais. mais frases que explicitem tal ideia.
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda central) porque oculta os problemas
estão desempregados? como vimos no último concurso da
sociais realmente graves. (ideia secundária)”.
prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na
fila de inscrição. (E) Vejamos:
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida
o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que urgentemente.
almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser combatida
de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para combater
urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos
a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daque-
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G)
las que sofrem de problemas respiratórios.
1º Parágrafo – Introdução - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado
muita gente ao vício.
Tema: Desemprego no Brasil.
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação
Contextualização: decorrência de um processo histórico criados pelo homem.
problemático.
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento e hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvi-
do apenas pela polícia.
Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a
uma análise do tema em questão. - O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atual-
mente.
Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie-
realidade. dade brasileira.
Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
propõe soluções.
Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

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Língua Portuguesa

Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de ta e só muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de característi- de massa.
cas, funções, processos, situações, sempre oferecendo o com-
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmi-
plemento necessário à afirmação estabelecida na frase nucle-
dos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte
ar. Pode-se enumerar, seguindo-se os critérios de importância,
decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da
preferência, classificação ou aleatoriamente.
rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões temperadas
Exemplo: e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.
1. O adolescente moderno está se tornando obeso por várias (Melhem Adas)
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios siste-
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se concei-
máticos e demasiada permanência diante de computado-
tuar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais
res e aparelhos de Televisão.
compreensíveis.
2. Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o
número de emissoras que dedicam parte da sua progra- Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do
mação à veiculação de programas religiosos de crenças coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na
variadas. ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém
3. sangue vermelho- vivo, recém-oxigenado. Na artéria pulmonar,
- A Santa Missa em seu lar. porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que
o coração remete para os pulmões para receber oxigênio e li-
- Terço Bizantino.
berar gás carbônico”.
- Despertar da Fé.
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
- Palavra de Vida.
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser
- Igreja da Graça no Lar. enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é
4. a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o gover- seguintes ideias:
no brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilí- - A violência contra os povos indígenas é uma constante na
brios sociológicos e poluição. história do Brasil.
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar - O surgimento de várias entidades de defesa das populações
pelos caminhos do crime. indígenas.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, por- - A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi-
que pode trazer muitas consequências indesejáveis. leiro.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevi- - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
vência no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fa-
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá-
zer a estruturação do texto.
rias categorias.
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da
comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apre- Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida
senta-lhes a semelhança ou dessemelhança. (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
Exemplo: isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para
dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvol-
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve- vimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de
lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.
sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que
a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”. Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda-
mentar a ideia principal que pode vir especificada através da
(Arthur Schopenhauer)
argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon- consequência, das definições, dos dados estatísticos, da orde-
tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motiva- nação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvol-
dor) e, em outras situações, um segmento indicando consequ- vimento são usados tantos parágrafos quantos forem neces-
ências (fatos decorrentes). sários para a completa exposição da ideia. E esses parágrafos
podem ser estruturados das cinco maneiras expostas acima.
Exemplos:
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já
coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação
(um parágrafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o ob-
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre jetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou
nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa so- da tese, acrescida da argumentação básica empregada no
ciedade fria e inamistosa. desenvolvimento.
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos. Injunção
Exemplos: Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o interlocutor,
utilizando verbos no imperativo para atingir seu intuito.
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são:
um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escri- manual de instruções, receitas culinárias, bulas, regulamentos,
editais etc.

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Língua Portuguesa

“[...] Não instale nem use o computador em locais muito quen- Muita gente fala que, com a inflação e a recessão, pode perder
tes, frios, empoeirados, úmidos ou que estejam sujeitos a vi- o emprego ou os clientes. Faltará renda, faltarão consumido-
brações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou res. O ano de 2015 será, mais uma vez, ruim para quem vende.
vibrações, e evite que ele caia, para não prejudicar as peças Será um ano bom para quem pensa em comprar. Estarei atento
internas [...]”. (Manual de instruções de um computador). aos bons negócios para quem tem dinheiro na mão. Se a renda
fixa paga bem, a compra à vista tende a me dar descontos
maiores. É por esse mesmo motivo que, em 2015, evitarei as
Questões dívidas. Os juros estão altos e isso me convida a poupar, e não
a alugar dinheiro dos bancos. Dívidas de longo prazo são cor-
1. (SHDIAS – ANALISTA ADMINISTRATIVO JÚNIOR – rigidas pela inflação, também em alta. Por isso, aproveitarei os
IMA/2015) ganhos extras de fim de ano para liquidar dívidas e me policiar
(...) Há um pôr-do-sol de primavera e uma velha casa abando- para não contrair novas.
nada. Está em ruínas. No ano que começa, também não quero fazer papel de otário
A velha casa não mais abriga vidas em seu interior. Tudo é pas- e deixar nas mãos do governo mais impostos do que preciso.
sado. Tudo é lembrança. Não sonegarei. Mas aproveitarei o fim do ano para organizar
meus papéis e comprovantes, planejar a declaração de Impos-
Hoje, apenas almas juvenis brincam despreocupadas e felizes to de Renda de março e tentar a maior restituição que puder,
entre suas paredes trêmulas. ou o mínimo pagamento necessário. Listarei meus gastos com
Em seu chão, despido da madeira polida que a cobriam, bro- dependentes, educação e saúde, doarei para instituições que
tam ervas daninhas. Entre a vegetação que busca minimizar as fazem o bem, aplicarei num PGBL o que for necessário para o
doces recordações do passado, surge a figura amarela e suave máximo benefício. Entregarei minha declaração quanto antes,
da margarida, flor-mulher. As nuanças de suas cores sorriem e no início de março. Quero ver minha restituição na conta mais
denunciam lembranças de seus ocupantes. cedo, já que 2015 será um ano bom para quem tiver dinheiro
na mão.
A velha casa está em ruínas. Pássaros saltitam e gorjeiam nas
amuradas que a cercam. Seus trinados são melodias no al- Para quem lamenta, recomendo cuidado com o monstro e com
tar do tempo à espera de redentoras orações. Raízes vorazes o governo. Para quem está atento às oportunidades, desejo
de grandes árvores infiltraram-se entre as pedras do alicerce e boas compras.
abalam suas estruturas. (Disponívelem:http://epoca.globo.com/colunas‐e‐blogs/gustavo‐cerbasi/noti-
cia/2015/01/como‐cuidar‐de‐bseu‐dinheirob‐em‐2015.html
Agoniza a velha casa. Agora, somente imagens desfilam, ao
De acordo com a tipologia textual, o objetivo principal do
longo das noites. As janelas são bocas escancaradas. A casa
autor é:
velha em ruínas clama por vozes e movimentos...
a) narrar.
(Geraldo M. de Carvalho) b) instruir.
De acordo com a tipologia textual, o texto acima: c) descrever.
a) é descritivo, com traços dissertativos compondo um am- d) argumentar.
biente nostálgico. 3. (ELETROBRAS – Eletricista/Motorista – IADES /2015)
b) possui descrição subjetiva apenas no trecho “A velha casa
não mais abriga vidas em seu interior. Tudo é passado. Por isso foi à luz de uma vela mortiça Que li, inserto na cama,
Tudo é lembrança.” O que estava à mão para ler -- (...)
c) ocorre uma descrição objetiva narrativa no trecho todo.
Em torno de mim o sossego excessivo de noite de província
d) é formado basicamente de descrições subjetivas.
Fazia um grande Barulho ao contrário,
2. (PREFEITURA DE RIO NOVO DO SUL/ES – AGENTE Dava-me uma tendência do choro para a desolação.
FISCAL – IDECAN/2015)
A “Primeira Epístola aos Coríntios” ...
Como cuidar de seu dinheiro em 2015
Relia-a à luz de uma vela subitamente antiquíssima,
Gustavo Cerbasi.
E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim... Sou
Em 2015, cuidarei bem do meu dinheiro. Organizarei bem os nada...
números e as verbas. Esses números mudarão bastante ao
Sou uma ficção...
longo do ano. Um monstro chamado inflação ronda o país. Só
que, agora, ele usa um manto da invisibilidade, que ganhou Que ando eu a querer de mim ou de tudo neste mundo?
de seu criador, o governo. Quando morder meu bolso, eu nem
“Se eu não tivesse a caridade.”
saberei de onde terá vindo o ataque, não terei tempo de me
defender. Por isso, deixarei boas gorduras no orçamento para E a soberana luz manda, e do alto dos séculos, A grande men-
atirar a ele, quando aparecer. Essas gorduras serão chamadas sagem com que a alma é livre... “Se eu não tivesse a caridade...”
de verba para lazer e reservas de emergência. Meu Deus, e eu que não tenho a caridade.
Em 2015, não farei apostas. Já há gente demais apostando CAMPOS, Álvaro de. (Heterônimo de Fernando Pessoa). Ali não havia eletricida-
de. In: “Poemas”. Disponível em:< http://www.citador.pt/poemas/>. Acesso em:
em imóveis, ações e outros investimentos especulativos. Farei 5 jan. 2015, com adaptações.
escolhas certeiras. Deixarei a maior parte de meu investimento
na renda fixa. Ela está com uma generosidade única no mun- A respeito da tipologia textual, é correto afirmar que o poema
do. Enquanto isso, estudo o desespero de especuladores que representa uma
aguardarão a improvável recuperação dos imóveis, da Petro- a) narração.
bras, da credibilidade dos mercados. Quando esses especula- b) argumentação.
dores jogarem a toalha, usarei parte de minhas reservas para c) (descrição.
fazer investimentos bons e baratos. Mas não na Petrobras. d) caracterização.
e) dissertação.

26
Língua Portuguesa

Respostas relação de semelhança. Todos os significados que a palavra


sangue sugere ao leitor passam também para a palavra verso.
1. Resposta D
Os poetas são mestres na citação de metáforas surpreen-
Objetividade – Análise, crítica imparcial,opinar sem interferir no dentes, ricas em significados. Exemplo:
assunto, linguagem predominantemente dissertativa.
“Ó minha amada Que olhos os teus São cais noturnos Cheios
Subjetividade – Analisar um fato, criticar, escrever sobre algo de adeus.”
emitindo sua opinião pessoal ou seu sentimento sobre o assun-
Vinícius de Moraes
to em questão, o que vem de dentro do narrador.
A metáfora é uma espécie de comparação sem a presença de
2. D
conectivos do tipo como, tal como, assim como etc. Quando
Argumentar é expressar uma convicção, um ponto de vista, esses conectivos aparecem na frase, temos uma comparação
que é desenvolvido e explicado de forma a persuadir o ouvinte/ e não uma metáfora. Exemplo:
leitor. Para isso é necessário que apresentemos um raciocínio
“A felicidade é como a gota de orvalho
coerente e convincente, baseado na verdade, e que influencie
o outro, levando-o a agir/pensar em conformidade com os nos- numa pétala de flor.
sos objetivos.
Brilha tranquila, depois de leve oscila
3. Resposta: A.
e cai como uma lágrima de amor.”
É possível perceber no poema uma sutil ideia de sucessão tem- Vinícius de Moraes
poral, caracterizando-o, assim, como narração.

Comparação

4. Figuras de É a comparação entre dois elementos comuns; semelhantes.


Normalmente se emprega uma conjunção comparativa: como,
tal qual, assim como.
linguagem “Sejamos simples e calmos
Como os regatos e as árvores”
Fernando Pessoa
Também chamadas Figuras de Estilo, são recursos especiais
de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar à expres-
são mais força e colorido, intensidade e beleza. Metonímia
Podemos classificá-las em três tipos:
Consiste no emprego de uma palavra por outra com a qual ela
- Figuras de Palavras (ou tropos);
se relaciona.
- Figuras de Construção (ou de sintaxe);
Ocorre a metonímia quando empregamos:
- Figuras de Pensamento.
- o autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Jorge
Amado (observe que o nome do autor está sendo usado no
lugar de suas obras).
Figuras de Palavra
- o efeito pela causa e vice-versa. Exemplos: Ganho a vida
com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e
Compare estes exemplos:
está sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”);
O tigre é uma fera. (fera = animal feroz: sentido próprio, literal, Vivo do meu trabalho. (o trabalho é causa e está no lugar do
usual) efeito ou resultado, ou seja, o “lucro”).
Pedro era uma fera. (fera = pessoa muito brava: sentido figura- - o continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma cai-
do, ocasional) xa de doces. (a palavra caixa, que designa o continente ou
aquilo que contém, está sendo usada no lugar da palavra
No segundo exemplo, a palavra fera sofreu um desvio na sua doces, que designaria o conteúdo).
significação própria e diz muito mais do que a expressão vul-
- o abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A velhi-
gar “pessoa brava”. Semelhantes desvios de significação a que
ce deve ser respeitada. (o abstrato velhice está no lugar do
são submetidas as palavras, quando se deseja atingir um efei-
concreto, ou seja, pessoas velhas).Ele tem um grande cora-
to expressivo, denminam-se figuras de palavras ou tropos (do
ção. (o concreto coração está no lugar do abstrato, ou seja,
grego trópos, giro, desvio).
bondade).
São as seguintes as figuras de palavras: - o instrumento pela pessoa que o utiliza . Exemplo: Ele é bom
volante. (o termo volante está sendo usado no lugar do ter-
mo piloto ou motorista).
Metáfora
- o lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar um
Consiste em atribuir a uma palavra características de outra, em Porto. (o produto vinho foi substituído pelo nome do lugar
função de uma analogia estabelecida de forma bem subjetiva. em que é feito, ou seja, a cidade do Porto).
- o símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os re-
“Meu verso é sangue” (Manuel Bandeira) volucionários queriam o trono. (a palavra trono, nesse caso,
Observe que, ao associar verso a sangue, o poeta estabele- simboliza o império, o poder).
ceu uma analogia entre essas duas palavras, vendo nelas uma

27
Língua Portuguesa

- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os necessita- A essas construções que se afastam das estruturas regulares
dos. (a parte teto está no lugar do todo, “a casa”). ou comuns e que visam transmitir à frase mais concisão, ex-
- o indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o judas pressividade ou elegância dá-se o nome de figuras de constru-
do grupo. (o nome próprio Judas está sendo usado como ção ou de sintaxe.
substantivo comum, designando a espécie dos homens trai- São as mais importantes figuras de construção:
dores).
- o singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal racio-
nal. (o singular homem está sendo usado no lugar do plural Elipse
homens).
Consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no en-
- o gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais
tanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da
somos imperfeitos. (a palavra mortais está no lugar de “se-
festa, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (ocorre a omis-
res humanos”).
são do verbo haver: No fim da festa havia, sobre as mesas,
- a matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel. (a copos e garrafas vazias).
matéria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é
“moeda”).
Pleonasmo
Observação: Os últimos 5 casos recebem também o nome de
Sinédoque.
Consiste no emprego de palavras redundantes para refor-
çar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
Perífrase Observação: Devem ser evitados os pleonasmos viciosos, que
não têm valor de reforço, sendo antes fruto do desconhecimen-
É a substituição de um nome por uma expressão que facilita a to do sentido das palavras, como por exemplo, as construções
sua identificação. Exemplo: O país do futebol acredita no seu “subir para cima”, “protagonista principal”, “entrar para den-
povo. (país do futebol = Brasil) tro”, etc.
Polissíndeto: consiste na repetição enfática do conectivo, ge-
Sinestesia ralmente o “e”. Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pu-
lavam de alegria, e dançavam pelas ruas...
É a mistura de sensações percebidas por diferentes órgãos do
sentido.
Inversão ou Hipérbato
“O vento frio e cortante balança os trigais dourados e macios
que se estendiam pelo campo.” (frio e cortante = tato / doura- Consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações
dos e macios = visão + tato) com o fim de lhes dar destaque:
“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
Catacrese “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
de Andrade)
Consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de ou-
tra, utilizando-se formas já incorporadas aos usos da língua. “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
Se a metáfora surpreende pela originalidade da associação de sei.” (Graciliano Ramos)
ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que já não chama “Tão leve estou que já nem sombra tenho.” (Mário Quintana)
a atenção por ser tão repetidamente usada. Exemplo: Ele em-
barcou no trem das onze. (originariamente, a palavra embarcar Observação: o termo que desejamos realçar é colocado, em
pressupõe barco e não trem). geral, no início da frase.

Antonomásia Anacoluto

Ocorre quando substituímos um nome próprio pela quali- Consiste na quebra da estrutura sintática da oração. O tipo de
dade ou característica que o distingue. Exemplo: O Poeta anacoluto mais comum é aquele em que um termo parece que
dos Escravos é baiano. (Poeta dos Escravos está no lugar do vai ser o sujeito da oração, mas a construção se modifica e ele
nome próprio Castro Alves, poeta baiano que se distinguiu por acaba sem função sintática. Essa figura é usada geralmente
escrever poemas em defesa dos escravos). para pôr em relevo a ideia que consideramos mais importante,
destacando-a do resto. Exemplo: “Eu, que era branca e linda,
eis-me medonha e escura.” (Manuel Bandeira) (o pronome eu,
Figuras de Construção enunciado no início, não se liga sintaticamente à oração eis-me
medonha e escura.)
Compare as duas maneiras de construir esta frase:
Os homens pararam, o medo no coração. Silepse
Os homens pararam, com o medo no coração. Ocorre quando a concordância de gênero, número ou pessoa
Nota-se que a primeira construção é mais concisa e elegante. é feita com ideias ou termos subentendidos na frase e não cla-
Desvia-se da norma estritamente gramatical para atingir um fim ramente expressos.
expressivo ou estilístico. Foi com esse intuito que assim a redi- A silepse pode ser:
giu Jorge Amado.

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Língua Portuguesa

de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece cansado. (o ad- Anáfora


jetivo cansado concorda não com o pronome de tratamento
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a Consiste na repetição de uma palavra ou de um segmento do
quem esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino). texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de
- de número - Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram construção muito usada em poesia.
correndo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que
Exemplo:
a palavra pessoal sugere).
- de pessoa - Exemplo: Os brasileiros gostamos de futebol. “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
(o sujeito os brasileiros levaria o verbo usualmente para a 3ª Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
pessoa do plural, mas a concordância foi feita com a 1ª pes-
soa do plural, indicando que a pessoa que fala está incluída Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
em os brasileiros). Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade.”

Onomatopeia Paranomásia
Consiste no aproveitamento de palavras cuja pronúncia imita Palavras com sons semelhantes, mas de significados diferen-
o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonêmico ou tes, vulgarmente chamada de trocadilho.
melódico que a língua proporciona ao escritor.
Exemplo: Era iminente o fim do eminente político.
“Pedrinho, sem mais palavras, deu rédea e, lept! lept! arrancou
estrada afora.” (Monteiro Lobato)
“O som, mais longe, retumba, morre.” (Goncalves Dias)
Neologismo
“O longo vestido longo da velhíssima senhora frufrulha no alto Criação de palavras novas. Exemplo: O projeto foi conside-
da escada.” (Carlos Drummond de Andrade) rado imexível.
“Tíbios flautins finíssimos gritavam.” (Olavo Bilac) “Troe e re-
troe a trompa.” (Raimundo Correia) “Vozes veladas, veludosas
vozes, volúpias dos violões, vozes veladas, vagam nos velhos Figuras de Pensamento
vórtices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” (Cruz e
Sousa) São processos estilísticos que se realizam na esfera do pensa-
mento, no âmbito da frase. Nelas intervêm fortemente a emo-
As onomatopeias, como nos três últimos exemplos, podem re-
ção, o sentimento, a paixão.
sultar da Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma
frase ou de um verso). Principais figuras de pensamento:
Repetição: consiste em reiterar (repetir) palavras ou orações
para enfatizar a afirmação ou sugerir insistência, progressão: Antítese
“O surdo pede que repitam, que repitam a última frase.” (Cecília
Meireles) Consiste em realçar uma ideia pela aproximação de palavras
de sentidos opostos.
“Tudo, tudo parado: parado e morto.” (Mário Palmério)
Exemplo:
“Ia-se pelos perfumistas, escolhia, escolhia, saía toda perfuma-
da.” (José Geraldo Vieira) “Morre! Tu viverás nas estradas que abriste!” (Olavo Bilac)

“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-


sona.” (Bernardo Élis) Apóstrofe
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
Consiste na interrupção do texto para se chamar a atenção de
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a após-
trofe corresponde ao vocativo.
Zeugma Exemplo:

Consiste na omissão de um ou mais termos anteriormente “Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
enunciados. Que ninguém mais merece tanto amor e amizade” (Vinícius de
Exemplo: A manhã estava ensolarada; a praia, cheia de gente. Moraes)
(há omissão do verbo estar na segunda oração (...a praia esta-
va cheia de gente)).
Eufemismo

Assíndeto Ocorre quando, no lugar das palavras próprias, são emprega-


das outras com a finalidade de atenuar ou evitar a expressão
Ocorre quando certas orações ou palavras, que poderiam se direta de uma ideia desagradável ou grosseira.
ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Depois de muito sofrimento, ele entregou a alma a
Exemplo: Vim, vi, venci. Deus.

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Língua Portuguesa

Gradação “O país andava numa situação política tão complicada quanto


a de agora. Não, minto. Tanto não.” (Raquel de Queiroz)
Ocorre quando se organiza uma sequência de palavras ou fra- “Tirou, ou antes, foi-lhe tirado o lenço da mão.” (Machado de
ses que exprimem a intensificação progressiva de uma ideia. Assis)
Exemplo: “Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro “Ronaldo tem as maiores notas da classe. Da classe? Do giná-
Lobato) sio!” (Geraldo França de Lima)

Hipérbole Questões
Ocorre quando, para realçar uma ideia, exageramos na sua 1. (IF/PA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016)
representação.
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu
Exemplo: Está muito calor. Os jogadores estão morrendo de sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe.
sede no campo. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”)
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, en-
Ironia contramos a seguinte figura de linguagem:
a) antítese.
É o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido oposto ao b) eufemismo.
que querem dizer. É usada geralmente com sentido sarcástico. c) ironia
d) metáfora
Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e
e) silepse.
apagou o que estava gravado?
2. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem –
IDHTEC/2016)
Paradoxo
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
É o encontro de ideias que se opõem; ideias opostas. Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de
Exemplo: carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz
“É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe pois sem da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poe-
você meu mundo é diferente minha alegria é triste.” (Roberto sia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
Carlos e Erasmo) gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semo-
(a alegria e a tristeza se opõem, se a alegria é triste, ela tem ventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada
uma qualidade que é antagônica). é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus
olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-pos-
to, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
Consiste em atribuir características humanas a outros seres. firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, geran-
do, formando, anunciando - o dia da humanidade.
Exemplo:
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
“Ah! cidade maliciosa de olhos de ressaca
O poema, Mamã Negra:
que das índias guardou a vontade de andar nua.” (Ferreira a) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um país
Gullar) africano que foi colonizado e teve sua população escravi-
zada.
b) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da escravi-
Reticência zação dos povos africanos.
c) É a referência resumida a todo o povo que compõe um país
Consiste em suspender o pensamento, deixando-o meio libertado depois de séculos de escravidão.
velado. d) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na
Exemplo: terra e teve seus filhos levados pelo colonizador.
e) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o poder
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra.
sei se digo.” (Machado de Assis)
3. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FEPE-
“Quem sabe se o gigante Piaimã, comedor de gente...” (Mário SE/2016)
de Andrade)
Analise as frases abaixo:
1. ” Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”
Retificação 2. A mulher conquistou o seu lugar!
3. Todo cais é uma saudade de pedra.
Como a palavra diz, consiste em retificar uma afirmação 4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
anterior. Exemplos: É uma joia, ou melhor, uma preciosidade,
esse quadro. Assinale a alternativa que corresponde correta e sequen-
cialmente às figuras de linguagem apresentadas:
O síndico, aliás, uma síndica muito gentil não sabia como re- a) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia
solver o caso. b) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora

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Língua Portuguesa

c) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia B - Metonímia. Substitui um ser por outro com alguma relação
d) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora de significa. Exemplo: O bonde passa cheio de pernas. [Pernas
e) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora = pessoas].
4. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho – Com isso vamos analisar as alternativas:
IBFC/2016) a) ” Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.” - cal-
ções = jogadores. Metonímia
Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que indica a
b) A mulher conquistou o seu lugar! - mulher = mulheres [re-
figura de linguagem presente no texto:
presentando todas as classes de mulheres]. Metonímia.
Amor é fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se c) Todo cais é uma saudade de pedra. Comparação do cais
ver; É ferida que dói e não se sente; com uma saudade de pedra. Metáfora.
d) Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
É um contentamento descontente; É dor que desatina sem
[Microfones = os críticos] Metonímia.
doer;
(Camões) 3. Resposta B
a) Onomatopeia METÁFORA: Apresenta uma palavra utilizada em sentido figu-
b) Metáfora rado, uma palavra utilizada fora da sua acepção real, em vir-
c) Personificação tude de uma semelhança submetida. É uma comparação sem
d) Pleonasmo elementos comparativos.
5. (Prefeitura de Chapecó/SC - Engenheiro de Trânsito – 4. Resposta D
IOBV/2016)
Dia mundial da água: Dia de comemorar
O OUTRO LADO
Porém, não há tanto o que comemorar diante de tantos fatos
só assim o poema se constrói: quando o desejo tem forma de “ruins” ocorridos com a água. Logo, uma ironia.
ilha e todos os planetas são luas, embriões da magia então po-
demos atravessar as chamas sentir o chão respirar ver a dança 5. Resposta C
da claridade ouvir as vozes das cores fruir a liberdade animal Sinestesia ocorre quando há uma combinação de diversas
de estarmos soltos no espaço ter parte com pedra e vento se- impressões sensoriais (visuais, auditivas, olfativas, gustativas
guir os rastros do infinito entender o que sussurra o vazio – e e táteis) entre si, e também entre as referidas sensações e
tudo isso é tão familiar para quem conhece a forma do sonho. sentimentos.
(WILLER, Claudio, Estranhas experiências, 2004, p. 46)

No poema acima, do poeta paulista Claudio Willer (1940), no

5.
verso “ouvir as vozes das cores”, entre outros versos, é ex-
pressa uma figura de linguagem. Esta pode ser assim definida:
“Figura que consiste na utilização simultânea de alguns dos Ortografia
cinco sentidos”
(CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Literatura, produção de textos & gramática.
São Paulo, Saraiva, 1998, p. 616). A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto
“correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras
Como é denominada esta figura de linguagem? da língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de crité-
a) Eufemismo. rios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos
b) Hipérbole. (ligados aos fonemas representados).
c) Sinestesia.
d) Antítese. Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra-
zendo a memorização da grafia correta.
Respostas Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente
1. Resposta D um dicionário.

“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu


sou de lá / Terra morena que eu Alfabeto
amo tanto, meu Pará.”
Comparação implícita O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”,
“w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (ago-
Metáfora - Figura de Palavra. ra são). Essas letras são usadas em unidades de medida, no-
Antítese, Eufemismo, Ironia - Figura de Pensamento. Silepse - mes próprios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral.
Figura de Construção. Exemplos: km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.

2. Resposta C Vogais: a, e, i, o, u, y, w.

Note que ambas são figuras de linguagem, e cada uma tem Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,z.
suas características: Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z.
A - Metáfora. Comparação implícita entre seres que nós fa- Observações:
zemos. Nessa comparação não usamos a palavra ‘como’.
Exemplo: Meu cartão de crédito é uma navalha. [Navalha = no A letra “Y” possui o mesmo som que a letra “I”, portanto, ela é
sentido que corta profundo, cartão como navalha significa que classificada como vogal.
prejudica muito a vida financeiro]. Outro exemplo: Essa mulher A letra “K” possui o mesmo som que o “C” e o “QU” nas pala-
é uma cobra [cobra = sentido de perigosa, astuta] vras, assim, é considerada consoante.

31
Língua Portuguesa

Exemplo: Kuait / Kiwi. Emprega-se a letra I:


Já a letra “W” pode ser considerada vogal ou consoante, de- - Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–
pendendo da palavra em questão, veja os exemplos: oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc.

No nome próprio Wagner o “W” possui o som de “V”, logo, - Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaé-
é classificado como consoante. Já no vocábulo “web” o “W” reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
possui o som de “U”, classificando-se, portanto, como vogal. - Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício,
artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio,
criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipe-
Emprego da letra H la, escárnio, feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar,
incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, peni-
cilina, pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola,
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.
conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta
palavra vem do latim hodie.
Emprega-se a letra O
Abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, cho-
Emprega-se o H ver, cobiça, concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mo-
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, cambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa, óbolo, ocor-
hesitar, haurir, etc. rência, rebotalho, Romênia, tribo.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave,
boliche, telha, flecha, companhia, etc. Emprega-se com a letra U
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, Bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpu-
etc. la, curtume, cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo,
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo- Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante, trégua,
nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hema- urtiga.
toma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam
homenagear, hera, húmus; pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/.
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baia- Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:
nada, etc. área = superfície
ária = melodia, cantiga
Não se usa H arrear = pôr arreios, enfeitar
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimo- arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido = longo
lógico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram
cumprido = particípio de cumprir
na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e comprimento = extensão
Espanha, respectivamente do latim, herba, hibernus e His- cumprimento = saudação, ato de cumprir
pania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: costear = navegar ou passar junto à costa
herbívoro, herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc. custear = pagar as custas, financiar
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
Emprego das letras E, I, O e U delatar = denunciar
dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, discrição = qualidade de quem é discreto
/o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que emergir = vir à tona
nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, imergir = mergulhar
intitular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais. emigrar = sair do país
imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
Escreve-se com a letra E: imigrante = que ou quem imigra
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: eminente = elevado, ilustre
continue, habitue, pontue, etc. iminente = que ameaça acontecer
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: recrear = divertir
recriar = criar novamente
abençoe, magoe, perdoe, etc.
soar = emitir som, ecoar, repercutir
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): suar = expelir suor pelos poros, transpirar
antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, sortir = abastecer
etc. surtir = produzir (efeito ou resultado)
sortido = abastecido, bem provido, variado
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro,
surtido = produzido, causado
Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Desti- vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
lar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, La- vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
crimogêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase,
Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Emprego das letras G e J
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Gra-
fa-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de

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Língua Portuguesa

acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego - - SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
gypsos), jeito (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep). consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, discipli-
na, discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível,
Escrevem-se com G: néscio, oscilar, piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível,
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara- suscetibilidade, suscitar, víscera.
gem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanu- - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximida-
gem. Exceção: pajem de, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: - XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente,
contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio. excelso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exce-
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: mas- to, excitar, etc.
sagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferrugino-
so (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe),
selvageria (de selvagem), etc. Homônimos
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, acento = inflexão da voz, sinal gráfico
estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, assento = lugar para sentar-se
hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, sugestão, acético = referente ao ácido acético (vinagre)
tangerina, tigela. ascético = referente ao ascetismo, místico
cesta = utensílio de vime ou outro material
Escrevem-se com J: sexta = ordinal referente a seis
círio = grande vela de cera
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (la- sírio = natural da Síria
ranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), cismo = pensão
gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sar- sismo = terremoto
jeta), cereja (cerejeira). empoçar = formar poça
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em empossar = dar posse a
incipiente = principiante
–jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear
insipiente = ignorante
(gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo). intercessão = ato de interceder
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: interseção = ponto em que duas linhas se cruzam
laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, ruço = pardacento
rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito). russo = natural da Rússia
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani)
ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, ji-
boia, jiló, jirau, pajé, etc. Emprego de S com valor de Z
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste,
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gra-
cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo,
cioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjeri-
cão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, - Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, por-
varejista. tuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc.
- Atenção: Moji, palavra de origem indígena, deve ser escrita - Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa:
com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa,
a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mo- camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
gi-Mirim. - Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s:
analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás),
extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados:
Representação do fonema /S/ pus, pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc.
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Balta-
sar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís,
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás,
por: Valdês.
- C e Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, ci- - Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis,
mento, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés,
Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, mu- cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, es-
çulmano, muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça, suíço, pontâneo, evasiva, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás,
vicissitude. groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obsé-
quio, obus, paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa,
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, des-
presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa, re-
cansar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hor-
quisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro,
tênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo,
três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita.
tenso, utensílio.
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, car-
rossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso,
essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massa-
Emprego da letra Z
gista, missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego,
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafe-
procissão, profissão, profissional, ressurreição, sessenta,
zal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.
sossegar, sossego, submissão, sucessivo.
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Língua Portuguesa

- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzei- Emprego do X


ro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas:
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. Esta letra representa os seguintes fonemas:
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e Ch – xarope, enxofre, vexame, etc. CS – sexo, látex, léxico,
denotando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), tóxico, etc. Z – exame, exílio, êxodo, etc.
limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.
SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, ami-
zade, aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, oje- S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
riza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exce-
der, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inex-
Sufixo –ÊS e –EZ cedível, etc.
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes subs- - Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar,
tantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.
monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa,
montanha), francês (de França), chinês (de China), etc. baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Exce-
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos deriva- tuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recau-
dos de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapi- chutagem. Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada,
dez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) enxame, enxamear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto,
avidez (de ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc. enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente,
grafam-se com ch: encharcar (de charco), encher e seus de-
Sufixo –ESA e –EZA rivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chu-
maço), enfim, toda vez que se trata do prefixo en- + palavra
Usa-se –esa (com s):
iniciada por ch. Em vocábulos de origem indígena ou africa-
- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos termina- na: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe, etc.
dos em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa,
(despender), represa (prender), empresa (empreender), sur- lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe,
presa (surpreender), etc. vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
- Nos substantivos femininos designativos de títulos nobi-
liárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, prince-
sa, consulesa, prioresa, etc. Emprego do dígrafo CH
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: bur-
guesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de cam- Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu-
ponês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc. cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo,
- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turque-
sa, etc. Homônimos
Bucho = estômago
Usa-se –eza (com z): Buxo = espécie de arbusto
- Nos substantivos femininos abstratos derivados de ad- Cocha = recipiente de madeira
jetivos e denotando qualidade, estado, condição: beleza Coxa = capenga, manco
(de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar-
ga e chata, caldeira
(de leve), etc.
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR ou de outras plantas
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes corres-
Cheque = ordem de pagamento
pondentes termina em –s. Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por
Se o radical não terminar em –s, grafa-se –izar (com z): avisar uma peça adversária
(aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar
(bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar),
paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa + ar), pisar, re- Consoantes dobradas
pisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar
(anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), - Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C,
amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar R, S.
(vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + - Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes
izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), matizar soam distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção,
(matiz + izar). friccionar, facção, sucção, etc.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervo-
cálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, res-
pectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando
a um elemento de composição terminado em vogal seguir,
sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/:
arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, girassol, mi-
nissaia, etc.

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Língua Portuguesa

CÊ - cedilha Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificul-


dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou re-
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som digir português culto. Esta é uma oportunidade para você aper-
de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, for- feiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais
ça, frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, palavras certas em situações apropriadas.
raça.
A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Europa.
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus
derivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi-
O Ç só é usado antes de A, O, U. dade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de
uma solução melhor.
Emprego das iniciais maiúsculas Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resolve-
mos este caso.
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio
árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao
versos que não abrem período é facultativo o uso da letra encontro da verdade.
maiúscula.
De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opiniões
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, vão de encontro às suas.
nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiraden-
tes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a fim
Tupã, Minerva, Via- Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. de visitá-la.
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos
festas religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário almas afins.
da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das
Mães, etc. Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar come-
çou a chorar (oposição).
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da
República, etc. Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, -me, ficou só.
Nação, Estado, Pátria, União, República, etc. Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando!
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos,
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer
agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Pra-
“no lugar de”!
ça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil,
Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés”
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísti- significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente er-
cas, literárias e científicas, títulos de jornais e revistas: rado escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido
Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário de “em lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”.
Geográfico Brasileiro, Correio da Manhã, Manchete, etc. Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a es-
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presi- cola inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora
dente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. ao invés de ficar e discutir o caso. (ao contrário de)
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrário
Os povos do Oriente, o falar do Norte. de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”.
- Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de” ou
- Nomes comuns, quando personificados ou individua-
“em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao
dos: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o
contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.

Emprego das iniciais minúsculas A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das
boas notícias.
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre valo-
gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, ba- res financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par.
canais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a
empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro lição.
papa. Todos amam sua pátria. Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográfi- menino.
cos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Ne-
blina, etc. À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmen-
te, sem razão): Andava à toa pela rua.
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de cita-
ção direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Che- À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale a
gam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até
mirra”. 01/01/2009 era grafada: à-toa)
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a,
com, de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.

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Língua Portuguesa

Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as
funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos su- compras a domicílio.
permercados. Vamos comemorar, pessoal!
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio”
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os pos- são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televi-
tos (sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) sa, no outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Con-
da gasolina. vivem juntas sem problemas maiores porque são entendidas
da mesma forma, com um mesmo sentido. No entanto, quan-
Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebe-
do falamos de gramática normativa, temos que ter cuidado,
dor de vinho.
pois “a domicílio” não é aceita. Por quê? A regra estabelece
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro que esta última locução adverbial deve ser usada nos casos de
está funcionando bem. verbos que indicam movimento, como: levar, enviar, trazer, ir,
conduzir, dirigir-se.
Bem-Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem vin-
do aqui, jovem. Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto.
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe.
sem noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente):
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movimen-
Vivia na boêmia/boemia. Botijão/Bujão de gás: ambas formas
to? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
corretas: Comprei um botijão/bujão de gás.
entrega, entrega algo em algum lugar.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os
vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim mo-
Municipal. vimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro.

Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câ- Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar
mera japonesa. “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a fina-
lidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de
Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/cham- uma pessoa.
panhe está bem gelado.
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se
Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a fartaram da apresentação.
cessão do terreno.
Expectador: é aquele que está na expectativa, que espe-
Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A ra alguma coisa: O expectador aguardava o momento da
sessão do filme durou duas horas. chamada.
Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A es-
a seção de esportes. tada dela aqui foi gratificante.
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios
intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês ou veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algu-
falam demais, caras! mas semanas.
Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo, Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no
equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os de- escuro: Este material é fosforescente.
mais devem aguardar. Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, re-
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se fere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca
sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de do carro era fluorescente.
mais em sua decisão.
Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido.
Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que
Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas.
(até 01/01/2009, era grafado dia-a-dia) Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular.
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do
O álcool aumenta dia a dia. Pode isso? singular.
Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha-
foi descriminado; pra sorte dele. do, levantou sozinho a tampa do poço.

Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e,
impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre dirigiram-se ao aeroporto.
discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto
são discriminados. de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfer-
Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi midade; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A
perfeita. comida fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção
subordinativa temporal, equivale a assim que, logo que: Mal
Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado: chegou começou a chorar desesperadamente.
Você foi muito discreto.
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus;
Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os
domicílio. maus nunca vencem.

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Língua Portuguesa

Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a porém, Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não compare-
contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. ceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
Há mais flores perfumadas no campo. pouco esta semana.
Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
“um” expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu
Traz - do verbo trazer.
para ajudá-la.
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número;
vem antes de um substantivo, é oposto de algum. Nenhum jor- Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está vul-
nal divulgou o resultado do concurso. tuosa e deformada.

Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu


mesma, eu própria.
Questões
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mes-
mo, eu próprio. 1. (TCM-RJ – Técnico de Controle Externo – IBFC/2016)
Onde: indica o lugar em que se está; refere-se a verbos que expri- Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V)
mem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxima? ou Falso (F) quanto ao emprego do acento circunflexo
estabelecido pelo Novo Acordo Ortográfico.
Aonde: ideia de movimento; equivale (para onde) somente com
verbo de movimento desde que indique deslocamento, ou seja, ( ) O acento permanece na grafia de ‘pôde’ (o verbo conjugado
a+onde. Aonde vão com tanta pressa? no passado) para diferenciá -la de ‘pode’ (o verbo conjugado
no presente).
Por ora: equivale a “por este momento”, “por enquanto”: Por
ora chega de trabalhar. ( ) O acento circunflexo de ‘pôr’ (verbo) cai e a palavra terá a
mesma grafia de ‘por’ (preposição), diferenciando-se pelo con-
Por hora: locução equivale a “cada sessenta minutos”: Você
texto de uso.
deve cobrar por hora.
( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do
plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter, vir
Emprego do Porquê e seus derivados.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
Orações Interrogativas Exemplo: Por que devemos cima para baixo.
(pode ser substituído nos preocupar com o meio
por: por qual motivo, a) V F F
ambiente?
por qual razão) b) F V F
Por Que
c) F F V
Equivalendo a “pelo Exemplo: Os motivos por d) F V V
qual” que não respondeu são
desconhecidos. 2. (Pref. De Biguaçu-SC – Professor III – Inglês/2016) De
Final de frases e segui- Exemplos: Você ainda tem co- acordo com a Língua Portuguesa culta, assinale a al-
Por Quê dos de pontuação ragem de perguntar por quê? ternativa cujas palavras seguem as regras de ortogra-
Você não vai? Por quê? fia:
Não sei por quê
a) Preciso contratar um eletrecista e um encanador para o
Conjunção que indica Exemplos: A situação agra- final da tarde.
explicação ou causa vou-se porque ninguém recla- b) O trabalho voluntário continua sendo feito prazerosamente
mou./ Ninguém mais o espera,
porque ele sempre seatrasa. pelos alunos.
Porque c) Ainda não foram atendidas as reinvindicações dos profes-
Conjunção de Finalida- Exemplos: Não julgues por-
sores em greve.
de – equivale a “para que não te julguem.
d) Na lista de compras, é preciso descriminar melhor os pro-
que”, “a fim de que”.
dutos em falta.
Função de substan- Exemplos: Não é fácil encontrar e) Passou bastante desapercebido o caso envolvendo um
tivo – vem acompa- o porquê de toda confusão.
Porquê nhado de artigo ou
juiz federal.
Dê-me um porquê de sua saída.
pronome 3. (UFAM – Auxiliar em Administração – COMVEST-U-
1. Por que (pergunta) FAM/2016)
2. Porque (resposta) Leia o texto a seguir:
3. Por quê (fim de frase: motivo)
4. O Porquê (substantivo) Foi na minha última viagem ao Perú que entrei em uma baiúca
muito agradável. Apesar de simples, era bem frequentada. Isso
podia ser constatado pelas assinaturas (ou simples rúbricas)
Emprego de outras palavras dispostas em quadros afixados nas paredes do estabelecimen-
to, algumas delas de pessoas famosas. Insisti com o garçom
para também colocar a minha assinatura, registrando ali a mi-
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa nha presença. No final, o ônus foi pesado: a conta veio muito
nenhuma senão criticar. salgada. Tudo seria perfeito se o tempo ali passado, por algum
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais milagre, tivesse sido gratuíto.
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá
desta situação crítica.

37
Língua Portuguesa

Assinale a alternativa que apresenta palavra em que a


acentuação está CORRETA, de acordo com a Reforma Or-

6.
tográfica em vigor:
a) gratuíto
b) Perú
c) ônus
Acentuação
d) rúbricas
e) baiúca
gráfica
4. 4. (Pref. De Quixadá-CE – Agente de Combate às Ende-
mias – Serctam/2016) Marque a opção em que TODOS
os vocábulos se completam com a letra “s”:
a) pesqui__a, ga__olina, ali__erce. Tonicidade
b) e__ótico, talve__, ala__ão.
c) atrá__ , preten__ão, atra__o. Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma
d) bati__ar, bu__ina, pra__o. que se destaca por ser proferida com mais intensidade que
e) valori__ar, avestru__ , Mastru__ . as outras: é a sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, tam-
bém chamado acento de intensidade ou prosódico. Exem-
Respostas plos: café, janela, médico, estômago, colecionador.

1. (A) O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido


com o acento gráfico (agudo ou circunflexo) que às vezes o as-
Permanecem os acentos diferenciais pode/pôde; por/pôr; tem/ sinala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente.
têm; vem/vêm. Então o primeiro item está certo e o segundo, Exemplo: cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri,
errado. Creem, deem, leem, de fato, não são mais acentuados. abacaxis.
Porém, permanece o acento diferencial de terceira pessoa do
plural em tem/têm; vem/vêm. As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas), e
podem ser pretônicas ou postônicas, conforme apareçam an-
Assim, temos V, F, F. tes ou depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente,
heroizinho.
2. (B)
a) eletricista De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com
b) correta mais de uma sílaba classificam-se em:
c) Reivindicações
d) discriminar
e) despercebido Oxítonos
3. (C) Quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, escritor,
Gra – tui – to - Paroxítona – Não acentua paroxítona em O. maracujá.

Pe – ru - Oxítona – Não acentua oxítona terminada em U.


ô – nus – Paroxítona – Acentua paroxítona terminada em u, us,
Paroxítonos
um, uns, on, ons.
Quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lápis, monta-
Ru – bri – ca – Paroxítona – Não acentua paroxítona terminada nha, imensidade.
em A.
Bai – u – ca – Não acentua hiato ( U ) em paroxítonas precedi- Proparoxítonos
das de ditongo.
4. (C) Quando a sílaba tônica é a antepenúltima: árvore, quilôme-
a) pesquisa, gasolina, alicerce. tro, México.
b) exótico, talvez, alazão.
c) atrás, pretensão, atraso.
d) batizar, buzina, prazo.
Monossílabos
e) valorizar, avestruz, Mastruz.
São palavras de uma só sílaba, conforme a intensidade com
que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.

Monossílabos tônicos
São os que têm autonomia fonética, sendo proferidos for-
temente na frase em que aparecem: é, má, si, dó, nó, eu, tu,
nós, ré, pôr, etc.

Monossílabos átonos
São os que não têm autonomia fonética, sendo proferidos
fracamente, como se fossem sílabas átonas do vocábulo
a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como ar-
tigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposi-
ções, conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos,
de, em, e, que.

38
Língua Portuguesa

Acentuação dos Vocábulos Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não
são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia,
Proparoxítonos platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia,
apóio, heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia,
Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vo- ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, he-
gal tônica: roico, paranoico, etc.
- Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em
abertos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, désse- éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói,
mos, lógico, binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.
etc.
- Com acento circunflexo se a vogal tônica for fechada ou
nasal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, Acentuação dos Hiatos
estômago, sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc.
A razão do acento gráfico é indicar hiato, impedir a ditongação.
Compare: caí e cai, doído e doido, fluído e fluido.
Acentuação dos Vocábulos - Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vo-
Paroxítonos gal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhas ou com s:
saída (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta,
heroína, caí, Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína,
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos
baú, baús, Grajaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proí-
terminados em:
bem, influí, destruí-lo, instruí-la, etc.
Paroxítonas terminadas em ditongo oral crescente e ditongo - Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha,
oral decrescente são acentuadas. moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra
Ditongo oral crescente: ânsia(s), série(s), régua(s). que não seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diur-
no, Raul, ruim, cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu,
Ditongo oral decrescente: jóquei(s), imóveis, fôsseis (verbo). etc.
Ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, pla- De acordo com as novas regras da Língua Portuguesa não se
nície, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc. acentua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem
- i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei, depois de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva,
vôlei, fáceis, etc. etc. Ficaram: baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.
- l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps, Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo,
etc. perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem.
- ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, Ficaram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem,
enxáguam, enxáguem, etc. leem, veem, releem.
Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é
aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráfico.
Acento Diferencial
Exemplo: cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro,
pessoa, dores, flores, solo, esforços.
Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocá-
bulos homógrafos, nos seguintes casos:
- pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição).
Acentuação dos Vocábulos Oxítonos
- verbo poder (pôde, quando usado no passado)
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos - é facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
terminados em: palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento
deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma
- a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês,
do bolo?
vovô, avós, etc. Seguem esta regra os infinitivos seguidos
de pronome: cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc. - Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não exis-
te mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia
- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele igual, som e sentido diferentes) como:
convém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm,
- côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com
etc.
+ a, com + as);
- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do
Acentuação dos Monossílabos verbo parar) - para diferenciar de para (preposição);
- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de
pela (combinação da antiga preposição per com os artigos
Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou
ou pronomes a, as);
não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.
- - pêlo (substantivo) e pélo (v. pelar) - para diferenciar de pelo
(combinação da antiga preposição per com os artigos o, os);
Acentuação dos Ditongos - péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma
arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo);
Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando - pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação
tônicos. popular regional de por com os artigos o, os);

39
Língua Portuguesa

- pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) ( ) Certo ( ) Errado


- para diferenciar de polo (combinação popular regional de
4. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016)
por com os artigos o, os);
“A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao
ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai,
Emprego do Til na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é
a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A
negociação para ter a autorização do país começou há mais de
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal.
três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
Pode figurar em sílaba:
to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re-
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc; cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com
- pretônica: ramãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc; as autoridades do país.”
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc. (http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe-
la-primeira-vez-na-antartica.html)

Apesar de o trema ter desaparecido da língua portuguesa, ele


Trema (o trema não é acento gráfico) se conserva em nomes estrangeiros, como em Schürmann.
( ) Certo ( ) Errado
Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do por-
tuguês: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. 5. (Pref. De Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPE-
Exceto em palavras de línguas estrangeiras: Günter, Gisele SUL/2016)
Bündchen, müleriano. Analise atentamente a presença ou a ausência de acento
gráfico nas palavras abaixo e indique a alternativa em que
não há erro:
Questões a) ruím - termômetro - táxi – talvez.
b) flôres - econômia - biquíni - globo.
1. (Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscaliza- c) bambu - através - sozinho - juiz
ção - CETREDE/2016) d) econômico - gíz - juízes - cajú.
Indique a alternativa em que todas as palavras devem receber e) portuguêses - princesa - faísca.
acento. 6. (INSTITUTO CIDADES – Assistente Administrativo VII –
a) virus, torax, ma. CONFERE/2016)
b) caju, paleto, miosotis .
c) refem, rainha, orgão. Marque a opção em que as duas palavras são acentuadas
d) papeis, ideia, latex. por obedecerem à regras distintas:
e) lotus, juiz, virus. a) Catástrofes – climáticas.
b) Combustíveis – fósseis.
2. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016) c) Está – país.
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado- d) Difícil – nível.
res europeus reconheceram a importância dos portos de São 7. (IF-BA - Administrador – FUNRIO/2016)
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram Assinale a única alternativa que mostra uma frase escrita in-
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de teiramente de acordo com as regras de acentuação gráfica
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im- vigentes.
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam a) Nas aulas de Ciências, construí uma mentalidade ecológi-
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de ca responsável.
Magalhães.” b) Nas aulas de Inglês, conheci um pouco da gramática e da
cultura inglêsa.
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de c) Nas aulas de Sociologia, gostei das idéias evolucionistas e
Santa Catarina. Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.) de estudar ética.
No texto acima aparecem as palavras Atlântico, época, Pacífi- d) Nas aulas de Artes, estudei a cultura indígena, o barrôco e
co, acentuadas graficamente por serem proparoxítonas. o expressionismo
e) Nas aulas de Educação Física, eu fazia exercícios para glu-
( ) Certo ( ) Errado teos, adutores e tendões.
3. (MPE/SC – Promotor de Justiça- MPE/SC / 2016)
Respostas
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado-
res europeus reconheceram a importância dos portos de São 1. Resposta A
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações As paroxítonas terminadas em “n” são acentuadas, mas as que
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram acabam em “ens”, não (hifens, jovens), assim como os prefixos
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de terminados em “i “e “r” (semi, super). Porém, acentuam-se as
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im- paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: várzea, má-
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam goa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início.
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de
Magalhães.” 2. Resposta ”CERTO”
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de Santa Catarina. Todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente:
Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.)
abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, po-
O acento gráfico em navegação, através e Magalhães obedece lítica, relâmpago, têmpora etc.
à mesma regra gramatical.

40
Língua Portuguesa

3. Resposta “ERRADO”
O til não é acento.
Os acentos (agudo e circunflexo) só podem recair sobre a síla-
ba tônica da palavra; ora, como o til não é acento, mas apenas
um sinal indicativo de nasalização, ele tem um comportamento
7. Emprego do
que os acentos não têm:
a) ele pode ficar sobre sílaba átona (órgão, sótão),
sinal indicativo
b) pode aparecer várias vezes num mesmo vocábulo (pão-
zão, alemãozão, por exemplo) e
c) não é eliminado pela troca de sílaba tônica causada pelo
de crase
acréscimo de –zinho e de -mente: rápido, rapidamente;
café, cafezinho — mas irmã, irmãzinha; cristã, cristãmente; Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição
e assim por diante. “a” e o artigo a(s), podendo ser também a preposição “a” e o
pronome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial
4. Resposta “CERTO”
dos pronomes demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo.
Trema Essa superposição é marcada por um acento grave (`).
Linguiça, bilíngue, consequência, sequestro, pinguim, sagui, Assim, em vez de escrevermos “entregamos a mercadoria a a
tranquilidade... O trema acaba de ser suprimido dos grupos de vendedora”, “esta blusa é igual a a que compraste” ou “eles
letras GUI, GUE, QUI e QUE, nos quais indicava a pronúncia deveriam ter comparecido a aquela festa”, devemos sobrepor
átona (fraca) da letra “u”. os dois “a” e indicar esse fato com um acento grave: “Entre-
gamos a mercadoria à vendedora”. “Esta blusa é igual à que
Entretanto, não pose-se dizer que o trema desapareceu de to-
compraste”. “Eles deveriam ter comparecido àquela festa.”
das as palavras da língua portuguesa. Isso porque será manti-
do nos nomes estrangeiros e nos termos deles derivados. As- O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois,
sim: Müller e mülleriano, por exemplo. a crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter havido a
união de dois “a” (crase).
5. Resposta C
Para haver crase, é indispensável a presença da preposição
Erros das alternativas:
“a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto mais
a) ruim
conhecer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será
b) flores, economia
para ele ter o domínio sobre a crase.
c) ok
d) Giz e caju
e) Portugueses
Não existe Crase
6. 06. Resposta C
Está - São acentuadas oxitonas terminadas em O,E ,A, EM, - Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho;
ENS País - São acentuados hiatos I e U seguidos ou não de S Vieram a pé; Vende-se a prazo.
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter
7. Resposta A alucinações.
a) Correta
b) Erro: Inglêsa > Correta: Inglesa. - Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma
c) Erro: Idéias > Correta: Ideias firma; Refiro-me a uma pessoa educada.
d) Erro: Barrôco > Correta: Barroco - Antes de expressão de tratamento introduzida pelos
e) Erro: Gluteos > Correta: Glúteos pronomes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da ex-
pressão Você, forma reduzida de Vossa Mercê: Enviei
dois ofícios a Vossa Senhoria; Traremos a Sua Majestade, o
rei Hubertus, uma mensagem de paz; Eles queriam oferecer
flores a você.
- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não
me refiro a esta carta; Os críticos não deram importância a
essa obra.
- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-
-se a mim com ironia.
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra:
Direi isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a toda pes-
soa estranha. Com o pronome indefinido outra(s), pode ha-
ver crase porque ele, às vezes, aceita o artigo definido a(s):
As cartas estavam colocadas umas às outras (no masculino,
ficaria “os cartões estavam colocados uns aos outros”).
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte
estiver no plural: Falei a vendedoras desta firma; Refiro-me
a pessoas curiosas.
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compare-
ceu perante a direção da empresa; Os papéis estavam sob
a mesa. Exceção feita, às vezes, para até, por motivo de
clareza: A água inundou a rua até à casa de Maria (= a água

41
Língua Portuguesa

chegou perto da casa); se não houvesse o sinal da crase, tivos e indicar o fenômeno mediante um acento grave: Enviei
o sentido ficaria ambíguo: a água inundou a rua até a casa convites àquela sociedade (= a + aquela); A solução não se
de Maria (= inundou inclusive a casa). Quando até significa relaciona àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção
“perto de”, é preposição; quando significa “inclusive”, é par- àquilo (= a + aquilo). A simples interpretação da frase já nos faz
tícula de inclusão. concluir se o “a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo.
- Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a Entretanto, para maior segurança, podemos usar o seguinte
gota; Enfrentaram-se cara a cara. artifício: Substituir os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aqui-
lo pelos demonstrativos este(s), esta(s), isto, respectivamente.
- Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O
Se, antes destes últimos, surgir a preposição “a”, estará com-
doente foi submetido a dieta leve (no masc. = foi submetido
provada a hipótese do acento de crase sobre o “a” inicial dos
a repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a
pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. Se não surgir a prepo-
saia e blusa (no masc.= prefiro terninho a vestido).
sição “a”, estará negada a hipótese de crase. Enviei cartas
- Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que àquela empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A solução não
artista te referes? se relaciona àqueles problemas./ A solução não se relaciona a
- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacri- estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção a
fício, o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solução era
definido: Parodiando Fernando Pessoa, tudo vale a pena esta apresentada ontem.
quando a alma não é pequena... - Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”,
“domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou locução
adjetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que
A Crase é Facultativa saiu do escritório, dirigiu- se a casa; Iremos a casa à noiti-
nha. Mas, se a palavra casa estiver modificada por adjetivo
- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegra- ou locução adjetiva, então haverá crase: Levaram-me à casa
ma à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em portu- de Lúcia; Dirigiram-se à casa das máquinas; Iremos à en-
guês, antes de um nome de pessoa, pode-se ou não empre- cantadora casa de campo da família Sousa.
gar o artigo “a” (“A Marisa é uma boa menina”. Ou “Marisa é
- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra signifi-
uma boa menina”). Por isso, mesmo que a preposição esteja
ca o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinheiros ficaram
presente, a crase é facultativa.
felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a
- Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma terra na hora prevista. Há crase, quando a palavra significa
expressão que o determine, haverá crase porque o artigo “solo”, “planeta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono
definido estará presente. Dedico esta canção à Candinha dedicou à terra os melhores anos de sua vida; Voltei à terra
do Major Quevedo. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é onde nasci; Viriam à Terra os marcianos?
fanática por seresta.]
- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra dis-
- Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singu- tância, a menos que se trate de distância determinada: Via-
lar: Pediu informações à minha secretária; Pediu informa- -se um monstro marinho à distância de quinhentos metros;
ções a minha secretária. A explicação é idêntica à do item Estávamos à distância de dois quilômetros do sítio, quando
anterior: o pronome adjetivo possessivo aceita artigo, mas aconteceu o acidente. Mas: A distância, via-se um barco
não o exige (“Minha secretária é exigente.” Ou: “A minha pesqueiro; Olhava-nos a distância.
secretária é exigente”). Portanto, mesmo com a presença da
- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um substan-
preposição, a crase é facultativa.
tivo (expresso ou implícito) como antecedente. Para saber se
existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se
substituir esse antecedente por um substantivo masculino. Se
Casos Especiais o “a” se transforma em “ao”, há crase diante do relativo. Mas,
se o “a” permanece inalterado ou se transforma em “o”, então
- Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que admi- não há crase: é preposição pura ou pronome demonstrativo: A
tem artigo antes de si e as que não o admitem. Por aí se deduz fábrica a que me refiro precisa de empregados. (O escritório a
que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença que me refiro precisa de empregados.); A carreira à qual aspiro
de preposição, pode ocorrer crase; diante das segundas, não. é almejada por muitos. (O trabalho ao qual aspiro é almejado
Para se saber se o nome de uma localidade aceita artigo, de- por muitos.). Na passagem do antecedente para o masculino,
ve-se substituir o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se o pronome relativo não pode ser substituído, sob pena de fal-
ocorrer a combinação “na” com o verbo estar ou “da” com o sear o resultado: A festa a que compareci estava linda (no mas-
verbo vir, haverá crase com o “a” da frase original. Se ocorrer culino = o baile a que compareci estava lindo). Como se viu,
“em” ou “de”, não haverá crase: Enviou seus representantes à substituímos festa por baile, mas o pronome relativo que não
Paraíba (estou na Paraíba; vim da Paraíba); O avião dirigia- se foi substituído por nenhum outro (o qual etc.).
a Santa Catarina (estou em Santa Catarina; vim de Santa Ca-
tarina); Pretendo ir à Europa (estou na Europa; vim da Europa).
Os nomes de localidades que não admitem artigo passarão
a admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre inde-
A Crase é Obrigatória
terminadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre (estou
- Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locu-
em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acompanhando-se ções adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham
de uma expressão que a determine, passará a admiti-lo: Vou como núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa,
à grande Porto Alegre (estou na grande Porto Alegre; vim da à maneira de, às cegas, à noite, às tontas, à força de, às
grande Porto Alegre); Iríamos a Madri para ficar três dias; Iría- vezes, às escuras, à medida que, às pressas, à custa de,
mos à Madri das touradas para ficar três dias. à vontade (de), à moda de, às mil maravilhas, à tarde, às
- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: quando oito horas, às dezesseis horas, etc. É bom não confundir a
a preposição “a” surge diante desses demonstrativos, deve- locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes
mos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstra- de, em que não há crase porque o “as” é artigo definido

42
Língua Portuguesa

puro: Ele se aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de
quando); Quando o maestro falta ao ensaio, o violinista faz carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
as vezes de regente (= o violinista substitui o maestro). Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz
- Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poe-
determinada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos; Che- sia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras
gamos à uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semo-
com a expressão uma hora: Disseram-me que, daqui a uma ventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada
hora, Teresa telefonará de São Paulo (= faltam 60 minutos é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus
para o telefonema de Teresa); Paula saiu daqui à uma hora; olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-pos-
duas horas depois, já tinha mudado todos os seus planos (= to, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas
quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora); Pedro saiu daqui vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende
há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu). demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente
- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, geran-
estiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a palavra do, formando, anunciando - o dia da humanidade.
subsequente seja masculina, haverá crase: No banquete, (Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império)
serviram lagosta à Termidor; Nos anos 60, as mulheres se
Em qual das alternativas o acento grave foi mal empregado,
apaixonavam por homens que tinham olhos à Alain Delon.
pois não houve crase?
- Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, a) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da escola
etc. estiverem subentendidas: Dirigiu- se à Marechal Flo- de samba Império Serrano, na Zona Norte do Rio.”
riano (= dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner b) “Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos
(fomos à loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefonem à direitos à moradia, a um trabalho digno, à integridade cul-
rádio Guaíba). tural, a vida e ao território.”
- Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião c) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte do
é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus). Moa no dia 11 de maio.”
- Com o pronome substantivo possessivo feminino no sin- d) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às custas
gular ou plural, o uso de acento indicativo de crase não é da entidade.”
facultativo (conforme o caso será proibido ou obrigató- e) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a
rio): A minha cidade é melhor que a tua. O acento indicativo chegada de Edgardo Bauza no fim do ano passado.”
de crase é proibido porque, no masculino, ficaria assim: O
meu sítio é melhor que o teu (não há preposição, apenas o 2. (Pref. De Itaquitinga/PE – Assistente Administrativo –
artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O acen- IDHTEC/2016)
to indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, Em qual dos trechos abaixo o emprego do acento grave foi
ficaria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença omitido quando houve ocorrência de crase?
de preposição + artigo definido). a) “O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco decidiu
- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira ex- suspender a paralisação que faria a partir das 16h desta
pressão pede preposição “a”, havendo crase antes de palavra quarta-feira.”
feminina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão b) “Pela manhã, em nota, a categoria informou que cruzaria
de ontem, houve um mal-estar no ambiente (= devido ao baru- os braços só retornando às atividades normais as 5h desta
lho de ontem, houve...); A segunda expressão não aceita pre- quinta-feira.”
posição “a” (o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, c) “Nesta quarta-feira, às 21h, acontece o “clássico das mul-
pois, crase): Dada a questão primordial envolvendo tal fato (= tidões” entre Sport e Santa Cruz, no Estádio do Arruda.”
dado o problema primordial...); Dadas as respostas, o aluno d) “Após a ameaça de greve, o sindicato foi procurado pela
conferiu a prova (= dados os resultados...). CBTU e pela PM que prometeram um reforço no esquema
- Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos de segurança.”
anteriores, devemos substituir a palavra feminina por ou- e) “A categoria se queixa de casos de agressões, vandalismo
tra masculina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” e depredações e da falta de segurança nas estações.”
no masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” 3. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. O
problema, para muitos, consiste em descobrir o masculino de Em relação ao emprego do sinal de crase, estão corretas
certas palavras como “conclusão”, “vezes”, “certeza”, “morte”, as frases:
etc. É necessário então frisar que não há necessidade alguma a) Solicito a Vossa Excelência o exame do presente documento.
de que a palavra masculina tenha qualquer relação de sentido b) A redação do contrato compete à Diretoria de Orçamento
com a palavra feminina: deve apenas ter a mesma função sin- e Finanças.
tática: Fomos à cidade comprar carne. (ao supermercado); Pe- ( ) Certo ( ) Errado
dimos um favor à diretora. (ao diretor); Muitos são insensíveis
à dor alheia. (ao sofrimento); Os empregados deixam a fábrica. 4. (MPE/SC – Promotor de Justiça – MPE/SC/2016)
(o escritório); O perfume cheira a rosa. (a cravo); O professor “O americano Jackson Katz, 55, é um homem feminista – defi-
chamou a aluna. (o aluno). nição que lhe agrada. Dedica praticamente todo o seu tempo a
combater a violência contra a mulher e a promover a igualdade
entre os gêneros. (...) Em 1997, idealizou o primeiro projeto de
Questões
prevenção à violência de gênero na história dos marines ameri-
canos. Katz – casado e pai de um filho – já prestou consultoria
1. (Pref. De Itaquitinga/PE – Técnico em Enfermagem –
à Organização Mundial de Saúde e ao Exército americano.”
IDHTEC/2016)
(In: Veja, Rio de Janeiro: Abril, ano 49, n.2, p. 13, jan. 2016.)
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)
No texto acima, o sinal indicativo de crase foi empregado cor-
retamente, em todas as situações. Poderia ter ocorrido tam-

43
Língua Portuguesa

bém diante dos verbos combater e promover, uma vez que o


emprego desse acento é facultativo antes de verbos.
( ) Certo ( ) Errado

8.
5. (Pref. De Criciúma/SC – Engenheiro Civil – FEPE-

Formação,
SE/2016)
Analise as frases quanto ao uso correto da crase.

classe e
1. O seu talento só era comparável à sua bondade.
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefeitura.
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação local
de provas.
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apresenta. emprego de
palavras
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me
aguardarem.
a) São corretas apenas as frases 1 e 4.
b) São corretas apenas as frases 3 e 4.
c) São corretas apenas as frases 1, 2 e 3. As Classes de Palavras possuem vários outros nomes... por
d) São corretas apenas as frases 2, 3 e 4. exemplo: Classes Gramaticais, Classes Morfológicas e Mor-
e) São corretas apenas as frases 2, 4 e 5. fossintaxe. Porém, o que todas estudam são as dez classes
que existem. São elas: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo,
Respostas conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome.
Estudaremos a seguir, o emprego de cada uma. Vamos lá!?
1. Resposta E
Às vezes / As vezes
Ocorrerá a crase somente quando “às vezes” for uma locução Artigo
adverbial de tempo (= de vez em quando, em algumas vezes).
Quando a expressão “as vezes” não trouxer o significado cita-
do não acontecerá crase. Artigo é a palavra que acompanha o substantivo, indicando-lhe
o gênero e o número, determinando-o ou generalizando-o. Os
2. Resposta B artigos podem ser: Definidos e Indefinidos.
Indicação de horas especificadas ocorre crase: Chegare-
mos às sete horas
Saímos às dez horas
Definidos: o, a, os, as
3. Certo Determinam os substantivos, trata de um ser já conhecido;
denota familiaridade: “A grande reforma do ensino superior é a
Em relação ás assertivas:
reforma do ensino fundamental e do médio.” (Veja – maio de 2005)
a) Não se emprega o sinal da crase antes de pronomes de
tratamento, salvo: senhora, senhorita e dona.
b) A redação do contrado compete á diretoria de orçamentos
Usa-se o artigo definido:
e finanças. - com a palavra ambos: falou-nos que ambos os culpados
foram punidos.
Ao trocar-mos o substantivo feminino: diretoria pelo substan-
- com nomes próprios geográficos de estado, pais, ocea-
tivo masculino Diretor: Compete ao diretor de orçamentos e
no, montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a Argen-
finaças. ( a=preposição + o=artigo)
tina, o oceano Pacífico, a Suíça, o Pará, a Bahia. / Conheço
4. Errado o Canadá mas não conheço Brasília.
NÃO se usa crase antes de verbo! - com nome de cidade se vier qualificada: Fomos à histó-
rica Ouro Preto.
5. Resposta C
- depois de todos/todas + numeral + substantivo: Todos os
1. O seu talento só era comparável à sua bondade. vinte atletas participarão do campeonato.
Nos casos de pronome possessivo, a crase é FACULTATIVA. - com toda a/todo o, a expressão que vale como totalidade,
2. Não pôde comparecer à cerimônia de posse na Prefeitura. inteira. Toda cidade será enfeitada para as comemorações
Não há o que discutir: quem comparece, comparece a algo. de aniversário. Sem o artigo, o pronome todo/toda vale
Logo, VTI, exige crase. como qualquer. Toda cidade será enfeitada para as come-
morações de aniversário. (Qualquer cidade)
3. Quem se vir em apuros, deve recorrer à coordenação local
de provas. - com o superlativo relativo: Mariane escolheu as mais lin-
O mesmo caso do item anterior, VTI. Quem recorre, recorre a das flores da floricultura.
algo ou a alguém. - com a palavra outro, com sentido determinado: Marcelo
4. Dia a dia, vou vencendo às batalhas que a vida me apresenta. tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é atlético e sim-
Uso incorreto da crase, pois quem vence, vence algo e não a pático.
algo. Logo, é VTD, não exigindo crase. - antes dos nomes das quatro estações do ano: Depois da
primavera vem o verão.
5. Daqui à meia hora, chegarei a estação; peça para me
aguardarem. - com expressões de peso e medida: O álcool custa um real
Não confundir com exemplos como “às 13 horas”, semelhante o litro. (=cada litro)
a “ao meio dia”. Neste caso, usando-se o bizu da substituição
fica: “daqui a 10 minutos”. Vê-se que a crase é desnecessária.

44
Língua Portuguesa

Não se usa o artigo definido O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra transfor-
- antes de pronomes de tratamento iniciados por posses- ma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto do ler e do
sivos: escrever.

Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa


Alteza. Questões
Vossa Alteza estará presente ao debate?
1. (Pref. do Rio de Janeiro/RJ – Assistente Administrativo
“Nosso Senhor tinha o olhar em pranto / Chorava Nossa – Pref. do Rio de Janeiro/2016)
Senhora.”
Crônica
- antes de nomes de meses:
Como o povo brasileiro é descuidado a respeito de alimen-
O campeonato aconteceu em maio de 2002. Mas: O campeo- tação! É o que exclamo depois de ler as recomendações de
nato aconteceu no inesquecível maio de 2002. um nutricionista americano, o dr. Maynard. Diz este: “A apatia,
- alguns nomes de países, como Espanha, França, Inglaterra, ou indiferença, é uma das causas principais das dietas inadequa-
Itália podem ser construídos sem o artigo, principalmente das.” Certo, certíssimo. Ainda ontem, vi toda uma família nordes-
quando regidos de preposição. tina estendida em uma calçada do centro da cidade, ali bem perti-
nho do restaurante Vendôme, mas apática, sem a menor vontade
“Viveu muito tempo em Espanha.” / “Pelas estradas líricas de de entrar e comer bem. Ensina ainda o especialista: “Embora haja
França.” Mas: Sônia Salim, minha amiga,visitou a bela Veneza. alimentos em quantidade suficiente, as estatísticas continuam a
- antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos quatro, demonstrar que muitas pessoas não compreendem e não sabem
amigos de João Luís e Laurinha. Mas: Todos os três irmãos selecionar os alimentos”. É isso mesmo: quem der uma volta na
eu vi nascer. (O substantivo está claro) feira ou no supermercado vê que a maioria dos brasileiros com-
- antes de palavras que designam matéria de estudo, em- pra, por exemplo, arroz, que é um alimento pobre, deixando de
pregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar, ensi- lado uma série de alimentos ricos. Quando o nosso povo irá to-
nar: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês. mar juízo? Doutrina ainda o nutricionista americano: “Uma boa
dieta pode ser obtida de elementos tirados de cada um dos se-
O uso do artigo é facultativo: guintes grupos de alimentos: o leite constitui o primeiro grupo,
incluindo-se nele o queijo e o sorvete”. Embora modestamente,
- antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompetência
sempre pensei também assim. No entanto, ali na praia do Pinto
é irritante.
é evidente que as crianças estão desnutridas, pálidas, magras,
- antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou Lu- roídas de verminoses. Por quê? Porque seus pais não sabem se-
ciana / a Luciana? lecionar o leite e o queijo entre os principais alimentos. A solução
- “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (Para a frente: lógica seria dar-lhes sorvete, todas as crianças do mundo gostam
exige a preposição) de sorvete. Engano: nem todas. Nas proximidades do Bob´s e do
Morais há sempre bandos de meninos favelados que ficam só
Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o = ao
olhando os adultos que descem dos carros e devoram sorvetes
/ de + o, a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = pelo, pela.
enormes. Crianças apáticas, indiferentes. Citando ainda o ilustre
médico: “A carne constitui o segundo grupo, recomendando-se
Indefinidos: um, uma, uns, umas; estes; dois ou mais pratos diários de bife, vitela, carneiro, galinha, peixe
ou ovos”. Santo Maynard! Santos jornais brasileiros que divulgam
Trata-se de um ser desconhecido, dá ao substantivo valor as suas palavras redentoras! E dizer que o nosso povo faz ouvidos
vago: “...foi chegando um caboclinho magro, com uma taquara de mercador a seus ensinamentos, e continua a comer pouco,
na mão.” (A. Lima) comer mal, às vezes até a não comer nada. Não sou mentiroso e
posso dizer que já vi inúmeras vezes, aqui no Rio, gente que pre-
fere vasculhar uma lata de lixo a entrar em um restaurante e pedir
Usa-se o artigo indefinido:
um filé à Chateaubriand. O dr. Maynard decerto ficaria muito abor-
- para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter uns recido se visse um ser humano escolher tão mal seus alimentos.
oito anos / Não o vejo há uns meses. Mas nós sabemos que é por causa dessas e outras que o Brasil
- antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em não vai pra frente.
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas.
CAMPOS, Paulo Mendes. De um caderno cinzento. São Paulo: Companhia das
- em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela é Letras, 2015. p. 40-42.
uma meiguice só. A construção “... todas as crianças do mundo gostam de sor-
- para comparar alguém com um personagem célebre: vete.” segue a norma padrão da língua quanto ao emprego do
Luís August é um Rui Barbosa. artigo definido após os pronomes indefinidos todos e todas.
De acordo com a norma padrão, NÃO cabe o artigo definido
O artigo indefinido não é usado: na seguinte frase:
- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte, a) Todos __ dias a mesma família está ali na calçada.
gente, quantidade: Reservou para todos boa parte do lucro. b) Essas pessoas são todas __ inconsequentes.
- com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente: Não c) Com os ensinamentos do especialista, todos __ seus pro-
há suficiente espaço para todos. blemas se acabam.
d) Todas __ segundas-feiras ele inicia uma nova dieta.
- com substantivo que denota espécie: Cão que ladra não
morde. 2. (IF-AP – Auxiliar em Administração – FUNIVERSA/2016).

Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e No segundo quadrinho, correspondem, respectivamente, a


em + um, uma = num, numa, dum, duma. substantivo, pronome, artigo e advérbio:
a) “guerra”, “o”, “a” e “por que”.
b) “mundo”, “a”, “o” e “lá”.

45
Língua Portuguesa

c) “quando”, “por que”, “e” e “lá”. três vezes maiores que a do som. Nesse item dos supersôni-
d) “por que”, “não”, “a” e “quando”. cos, _8_ estrelas internacionais foram o Concorde (franco-bri-
e) “guerra”, “quando”, “a” e “não”. tânico) e o Tupolev (russo), que transportavam 144 passageiros
e voaram até os anos 90, mas, devido aos elevados custos de
3. (Ceron/RO - Direito – EXATUS/2016)
manutenção, passagens e combustíveis, eles acabaram por ter
A lição do fogo as suas produções suspensas.
1º Um membro de determinado grupo, ao qual prestava servi- < http://www.portalbrasil.net/aviacao_historia.htm>. Acesso em:13/12/2015
(com adaptações).
ços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar de
a) 1 - a / 2 - à / 3 - a / 4 - a 5 - a / 6 - a / 7- à / 8 - às
suas atividades.
b) 1 - a / 2 - a / 3 - a / 4 - à / 5 - à / 6 - a / 7- a / 8 - as
2º Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu vi- c) 1 - à / 2 - a / 3 - à / 4 - à / 5 - a / 6 - à / 7- à / 8 - às
sitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem d) 1 - a / 2 - à / 3 - à / 4 - a / 5- à / 6 - a / 7- à / 8 - às
em casa sozinho, sentado diante lareira, onde ardia um fogo e) 1 - a / 2 - a / 3 - à / 4 - a / 5- a / 6 - a / 7- a / 8 - as
brilhante e acolhedor.
3º Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas
Respostas
ao líder, conduziu-o a uma cadeira perto da lareira e ficou quie- 1. Resposta B
to, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local a) OS (Artigo definido)
indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, b) UMAS (Pronome indefinido, pois está substituindo a pala-
apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas vra “pessoas”) Caberia no máximo um pronome indefinido.
da lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder exa- Mas não um artigo.
minou as brasas que se formaram. Cuidadosamente, selecionou c) OS (Artigo definido)
uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a d) AS (Artigo definido)
lado. Voltou, então, a sentar-se, permanecendo silencioso e imó-
2. Resposta E
vel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos
poucos, a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um Substantivo: Sempre PODE vir antecedido de artigo. “A
brilho momentâneo e seu fogo se apagou de vez. GUERRA...”
4º Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz Pronome Relativo: Função coesiva, sempre anafórico (reto-
agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de car- mada de uma informação), referem-se a um substantivo ou
vão recoberto uma espessa camada de fuligem acinzentada. pronome substantivo. “ E QUANDO...”
Nenhuma palavra tinha sido dita antes desde o protocolar
Artigo: é uma palavra que se antepõe ao substantivo, serve
cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se
para determiná-lo. É variável em gênero e número.
preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil,
colocando-o de volta ao meio do fogo. Quase que imediata- Artigo definido: o, a, os, as, esses determinam o substantivo
mente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor com precisão.
dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a
Advérbio: Invariável, refere-se a verbo exprimindo uma cir-
porta para partir, seu anfitrião disse:
cunstância ou modifica o adjetivo ou outro advérbio. “...NÃO
5º – Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou SEI...”
voltando ao convívio do grupo.
3. Resposta B
RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de todos
[...]sentado diante da lareira[...]; [...]empurrando-a para o lado;
os tempos –Vol. II.Belo Horizonte: Leitura, 2004.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as la- [...]pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada[...];
cunas do texto: 4. Resposta E
a) a – ao – por.
b) da – para o – de. 1- “O transporte passou A ser considerado...” Este A é ape-
c) à – no – a. nas PREPOSIÇÃO; 2- ‘A introdução dos motores A JATO “-
d) a – de – em. Jato é palavra masculina, por isso não há crase. 3-” ...deu
maior impulso ( A) _À ___ (A) aviação.. “ 4-” ..começaram A
4. 03. (ANAC - Analista Administrativo – ESAF/2016) ser usados...”.Este A é apenas preposição.. 5-” ..Passaram A
Assinale a opção que preenche as lacunas do texto de forma estudar....”.Este A é apenas preposição.. 6- ..” A dos chamados
que o torne coeso, coerente e gramaticalmente correto. “ supersônicos”..”. Este A é apenas preposição...7-” A velo-
cidades duas ou três vezes maiores que...” Este A também é
O transporte internacional passou _1_ ser utilizado em larga apenas preposição, além disso está diante de uma palavra no
escala depois da II Guerra Mundial, por aviões cada vez maio- plural: VELOCIDADES= crase.
res e mais velozes. A introdução dos motores _2_ jato, usados
pela primeira vez em aviões comerciais (Comet), em 1952, pela
BOAC (empresa de aviação comercial inglesa), deu maior im- Substantivo
pulso _3_ aviação como meio de transporte. No final da década
de 1950, começaram _4_ ser usados os Caravelle, de fabri-
Substantivo é a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os
cação francesa (Marcel Daussaud/ Sud Aviation). Nos Estados nomes de pessoas, de lugares, coisas, entes de nature-
Unidos, entravam em serviço em 1960 os jatos Boeing 720 e za espiritual ou mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo,
707 e dois anos depois o Douglas DC-8 e o Convair 880. Em árvore, passarinho, abraço, quadro, universidade, saudade,
seguida apareceram os aviões turbo-hélices, mais econômicos amor, respeito, criança.
e de grande potência. Soviéticos, ingleses, franceses e nor-
te-americanos passaram _5_ estudar a construção de aviões Os substantivos exercem, na frase, as funções de: sujeito,
comerciais cada vez maiores, para centenas de passageiros, predicativo do sujeito, objeto direto, objeto indireto, comple-
e _6_ dos chamados “supersônicos”, _7_ velocidades duas ou

46
Língua Portuguesa

mento nominal, adjunto adverbial, agente da passiva, aposto


Antologia de textos Conclave de cardeais
e vocativo. escolhidos

Arquipélago ilhas Cordilheira de montanhas


Classificação
Assembleia pessoas, Cortejo acompanhantes
professores em comitiva
Comuns Atlas cartas Hemeroteca de jornais,
Nomeiam os seres da mesma espécie: menina, piano, estre- geográficas revistas
la, rio, animal, árvore. Bando de aves, de Iconoteca de imagens
crianças
Próprios
Baixela utensílios de Miríade de muitas estre-
Referem-se a um ser em particular: Brasil, América do Norte, mesa las, insetos
Deus, Paulo, Lucélia. Banca de Nuvem de gafanhotos
examinadores
Concretos
Biênio dois anos Panapaná de borboletas em
São aqueles que têm existência própria; são independen- bando
tes; reais ou imaginários: mãe, mar, água, anjo, mulher, alma,
Bimestre dois meses Penca de frutas
Deus, vento, DVD, fada, criança, saci.
Cacho de uva Pinacoteca de quadros
Abstrato
Cáfila camelos Piquete de grevistas
São os que não têm existência própria; depende sempre
de um ser para existir: é necessário alguém ser ou estar tris- Caravana viajantes Plêiade de pessoas notá-
veis, sábios
te para a tristeza manifestar-se; é necessário alguém beijar ou
abraçar para que ocorra um beijo ou um abraço; designam Cambada de vadios, Resma de quinhentas
qualidades, sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doen- malvados folhas de papel
ça, amor, fé, beijo, abraço, juventude, covardia, coragem, jus-
Cancioneiro de canções Sextilha de seis versos
tiça. Os substantivos abstratos podem ser concretizados de-
pendendo do seu significado: Levamos a caça para a cabana. Cardume de peixes Tropilhas de trabalhadores,
(Caça = ato de caçar, substantivo abstrato; a caça, neste caso, alunos
refere-se ao animal, portanto, concreto). Código de leis Xiloteca de amostras de
tipos de madeiras
Simples
Como o nome diz, são aqueles formados por apenas um
radical: chuva, tempo, sol, guarda, pão, raio, água, ló, terra, Reflexão do Substantivo
flor, mar, raio, cabeça. “Na feira livre do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor
Compostos - O melhor divertimento para crianças!
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
são os que são formados por mais de dois radicais: guarda- Fitando com olhos muito redondos os grandes
-chuva, girassol, água-de- colônia, pão-de-ló, para-raio, sem- Balõezinhos muito redondos.” (Manoel Bandeira)
-terra, mula-sem-cabeça.
Observe que o poema apresenta vários substantivos e apre-
sentam variações ou flexões de gênero (masculino/feminino),
Primitivos de número (plural/singular) e de grau (aumentativo/diminutivo).
são os que não derivam de outras palavras; vieram primeiro, Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e femini-
deram origem a outras palavras: ferro, Pedro, mês, queijo, cha- no. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por a, ou
ve, chuva, pão, trovão, casa. o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra.

Derivados Formação do Feminino


São formados de outra palavra já existente; vieram depois: O feminino se realiza de três modos:
ferradura, pedreiro, mesada, requeijão, chaveiro, chuveiro, pa-
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha /
deiro, trovoada, casarão, casebre.
mestre, mestra / leão, leoa;
Coletivos - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um su-
fixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul, consulesa
Os substantivos comuns que, mesmo no singular, desig- / cantor, cantora / reitor, reitora.
nam um conjunto de seres de uma mesma espécie: bando,
- Utilizando-se uma palavra feminina com radical diferen-
povo, frota, batalhão, biblioteca, constelação.
te: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro, ovelha
Eis alguns substantivos coletivos: / cavalo, égua.
Observe como são formados os femininos:
Álbum de fotografias Colmeia de abelhas
parente, parenta
Alcateia de lobos Concílio de bispos em hóspede, hospeda
assembleia monge, monja
presidente, presidenta

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Língua Portuguesa

gigante, giganta trema, o eczema, o edema, o enfisema, o fonema, o anátema, o


guardião, guardiã tracoma, o hematoma, o glaucoma, o aneurisma, o telefonema,
escrivão, escrivã o estratagema.
papa, papisa
imperador, imperatriz São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a aná-
profeta, profetisa lise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença), a
abade, abadessa cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês,
perdigão, perdiz a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama,
ateu, ateia a Xerox, a aguardente.
réu, ré
frade, freira
cavalheiro, dama Plural dos Substantivos
zangão, abelha
Há várias maneiras de se formar o plural dos substantivos:
Acrescentam-se:
Substantivos Uniformes
- S - aos substantivos terminados em vogal ou ditongo:
Os substantivos uniformes apresentam uma única forma povo, povos / feira, feiras / série, séries.
para ambos os gêneros: dentista, vítima. Os substantivos uni- - S - aos substantivos terminados em N: líquen, liquens /
formes dividem-se em: abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: líquenes, ab-
dômenes, hífenes.
Epicenos - ES - aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, car-
Designam certos animais e têm um só gênero, quer se refiram tazes / motor, motores / mês, meses. Alguns terminados em
ao macho ou à fêmea. – R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / cará-
ter, caracteres / sênior, seniores.
jacaré macho ou fêmea / a cobra macho ou fêmea / a formiga
- IS - aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal,
macho ou fêmea.
jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis. Exceções:
mal, males / cônsul, cônsules / real, réis (antiga moeda por-
Comuns de dois gêneros tuguesa).
Apenas uma forma e designam indivíduos dos dois sexos. - ÃO - aos substantivos terminados em ão, acrescenta S:
São masculinos ou femininos. A indicação do sexo é feita cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
com uso do artigo masculino ou feminino: o, a intérprete / o,
a colega / o, a médium / o, a personagem / o, a cliente / o, a fã
/ o, a motorista / o, a estudante / o, a artista / o, a repórter / o,
Trocam-se
a manequim / o, a gerente / o, a imigrante / o, a pianista / o, a ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões /
rival / o a jornalista. mamão, mamões
ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão, alemães
Sobrecomuns / cão, cães
Designam pessoas e têm um só gênero para homem ou a il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis / pernil,
mulher: a criança (menino, menina) / a testemunha (homem, pernis
mulher) / a pessoa (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mu-
lher) / o guia (homem, mulher) / o ídolo (homem, mulher). e por EIS (Paroxítonas): fóssil,fósseis / réptil, répteis / projétil,
projéteis
Substantivos que mudam de sentido, quando m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs / atum,
se troca o gênero atuns
o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar);
o capital (dinheiro) - a capital (cidade); zito, zinho:
o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo);
o guia (acompanhante) - a guia (documentação); 1º coloca-se o substantivo no plural: balão, balões;
o moral (ânimo) - a moral (ética); 2º elimina-se o S + zinhos
o grama (peso) - a grama (relva);
o caixa (atendente) - a caixa (objeto); Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos; Papel – pa-
o rádio (aparelho) - a rádio (emissora); péis – papel + zinhos: papeizinhos;
o crisma (óleo salgado) - a crisma (sacramento);
o coma (perda dos sentidos) - a coma (cabeleira); Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos
o cura (vigário) - a cura; (ato de curar); Alguns substantivos terminados em X são invariáveis (valor fo-
o lente (prof. Universitário) - a lente (vidro de aumento); nético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a fênix, as fênix
o língua (intérprete) - a língua (órgão, idioma); / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
o voga (o remador) - a voga (moda).
Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma
Alguns substantivos oferecem dúvida quanto ao gênero.
no plural:
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o cham- aldeão, aldeões, aldeãos;
panha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete, o verão, verões, verãos;
Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, anão, anões, anãos;
o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o formici- guardião, guardiões, guardiães;
da, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o plasma, o corrimão, corrimãos, corrimões;
estigma. ancião, anciões, anciães, anciãos;
ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos.
São geralmente masculinos os substantivos de origem gre- A tendência é utilizar a forma em ÕES
ga terminados em – ma: o dilema, o teorema, o emblema, o

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Língua Portuguesa

Há substantivos que mudam o timbre da vogal tônica, no plu- - substantivo composto de três ou mais elementos não
ral. Chama-se metafonia. Apresentam o “o” tônica fechado no ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-
singular e aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô), -queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os
impostos (ó) / forno (ô), fornos (ó) / miolo (ô), miolos (ó) / poço sem-terra / o fora-da-lei = os fora- da-lei / o João-ninguém
(ô), poços (ó) / olho (ô), olhos (ó) / povo (ô), povos (ó) / corvo = os joões-ninguém / o ponto-e-vírgula = os ponto-e-vírgula
(ô), corvos (ó). Também são abertos no plural (ó): fogos, ovos, / o bumba-meu-boi = os bumba-meu-boi.
ossos, portos, porcos, postos, reforços. Tijolos, destroços. - quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel:
Há substantivos que mudam de sentido quando usados no grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-pra-
plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens. zer = bel-prazeres.
(Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram
maravilhosas. (Descanso); Sua honra foi exaltada. (Dignidade); Somente o primeiro elemento vai para o plural
Recebeu honras na solenidade. (Homenagens); Outros: bem = - substantivo + preposição + substantivo: água de colônia
virtude, benefício / bens = valores / costa = litoral / costas = = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabe-
dorso / féria = renda diária / férias = descanso / vencimento ça / pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz.
= fim / vencimento = salário / letra = símbolo gráfico / letras = - quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá ideia
literatura. de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo / pom-
Substantivos empregados somente no plural: Arredores, be- bo-correio = pombos-correio / salário-família = salários-fa-
las-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias, mília / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = va-
férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames, vi- les-refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador)
veres, idos, afazeres, algemas. A tendência na língua portuguesa atual é pluralizar os dois
A forma singular das palavras ciúme e saudade são também elementos: bananas-maçãs / couves-flores / peixes-bois /
usadas no plural, embora a forma singular seja preferencial, já saias-balões.
que a maioria dos substantivos abstratos não se pluralizam.
Aceita-se os ciúmes, nunca o ciúmes. Os dois elementos ficam invariáveis quando
houver
“Quando você me deixou, - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o
meu bem, cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
me disse pra eu ser feliz e passar bem - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
= os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva- e-traz / o vai-e-vol-
mas depois, como era
de costume, obedeci” (gravado por Maria Bethânia) ta = os vai-e-volta.

Os dois elementos, vão para o plural


“Às vezes passo dias inteiros
imaginando e pensando em você - substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis
e eu fico com tanta saudade / abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós /
que até parece que eu posso morrer. tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = re-
Pode creditar em mim. datores-chefes. Coloque entre dois elementos a conjunção
Você me olha, eu digo sim...” (Fernanda Abreu) e, observe se é possível a pessoa ser o redator e chefe ao
mesmo tempo / cirurgião e dentista / tia e avó / decreto e lei
/ abelha e mestra.
Termos no singular com valor de plural: - substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-perfeitos /
Muito negro ainda sofre com o preconceito social. Tem morrido capitão-mor = capitães-mores / carro- forte = carros-fortes /
muito pobre de fome. obra-prima = obras-primas / cachorro-quente = cachorros-
-quentes.
- adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta-me-
Plural dos Substantivos Compostos tragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas /
- numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = segundas-
Não é muito fácil a formação do plural dos substantivos -feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
compostos.
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se for
Somente o segundo (ou último) elemento vai pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda-florestal
para o plural = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / guarda-ma-
rinha = guardas-marinha.
- Palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol =
girassóis / autopeça = autopeças. Plural das palavras de outras classes gramaticais usadas como
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha- substantivo (substantivadas), são flexionadas como substanti-
-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa vos: Gritavam vivas e morras; Fiz a prova dos noves; Pesei bem
= guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição os prós e contras.
= vale-refeições. Numerais substantivos terminados em s ou z não variam no
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = plural. Este semestre tirei alguns seis e apenas um dez.
sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo- assinados / re- Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas / os
cém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os Silvas.
auto-escola = auto-escolas.
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-tico Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs / DVDs /
= os tico-ticos / o corre-corre = os corre- corres. ONGs / PMs / Ufirs.

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Língua Portuguesa

Grau do Substantivo 3. A palavra livro é um substantivo


a) próprio, concreto, primitivo e simples.
Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir b) comum, abstrato, derivado e composto.
intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações c) comum, abstrato, primitivo e simples.
é que damos o nome de grau do substantivo. São dois os d) comum, concreto, primitivo e simples.
graus dos substantivos: aumentativo e diminutivo.
4. Assinale a alternativa em que todos os substantivos
Os graus aumentativos e diminutivos são formados por são masculinos:
dois processos: a) enigma – idioma – cal;
b) pianista – presidente – planta;
Sintético c) champanha – dó(pena) – telefonema;
d) estudante – cal – alface;
Com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou diminutivo:
e) edema – diabete – alface.
peixe – peixão (aumentativo sintético); peixe-peixinho (diminu-
tivo sintético); sufixo inho ou isinho. 5. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm
um significado; e no feminino têm outro, diferente. Mar-
Analítico que a alternativa em que há um substantivo que não
corresponde ao seu significado:
Formado com palavras de aumento: grande, enorme, imen-
sa, gigantesca: obra imensa / lucro enorme / carro grande a) O capital=dinheiro; A capital=cidade principal;
/ prédio gigantesco; e formado com as palavras de dimi- b) O grama=unidade de medida; A grama=vegetação rasteira;
nuição: diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena, peça c) O rádio=aparelho transmissor; A rádio=estação geradora;
minúscula / saia diminuta. d) O cabeça=o chefe; A cabeça = parte do corpo;
e) A cura = o médico. O cura = ato de curar.
- Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns substanti-
vos exprimem também desprezo, crítica, indiferença em
relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo, Respostas
narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco. 1. Resposta C
- Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho,
A palavra “balão” tem seu plural em “ões”.
Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns subs- O plural do vocábulo “caneta-tinteiro” é “canetas-tinteiro”, em
tantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram que se é pluralizado apenas o primeiro
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhi-
elemento, já que o segundo determina, indicando a funcionali-
nha (calendário).
dade, do primeiro.
- As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em sí-
labas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufi- Alternativa A: vulcão-vulcões / abaixo-assinado-abaixo-
xo zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão -assinados Alternativa B: irmão irmãos / salário-família sa-
(sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú lários-família Alternativa C (correta): questão questões /
(hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho. manga-rosa mangas-rosa Alternativa D: bênção bênçãos / pa-
pel-moeda papéis-moeda Alternativa E: razão razões / guarda-
- As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas
-chuva guarda-chuvas
consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho:
país = paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza 2. Resposta E
= belezinha.
Alternativa A: cadáver – cadáveres Alternativa B: gavião -
- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por prefi- gaviões Alternativa C: fuzil - fuzis Alternativa D: mal – males
xação: minissaia, maxissaia, supermercado, minicalculadora. Alternativa E: correta
3. Resposta D
Substantivo caracterizador de adjetivo
Os adjetivos referentes a cores podem ser modificados por 4. Resposta C
um substantivo: verde piscina, azul petróleo, amarelo ouro, Alternativa A: A cal Alternativa B: O/A presidente Alternativa
roxo batata, verde garrafa. C: correta
Alternativa D: O/A estudante – A cal Alternativa E: A alface
Questões 5. Resposta E
1. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da mes- O cura = sacerdote
ma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
a) vulcão, abaixo-assinado;
b) irmão, salário-família; Adjetivo
c) questão, manga-rosa;
d) bênção, papel-moeda;
e) razão, guarda-chuva. Não digas: “o mundo é belo.”
Quando foi que viste o mundo?
2. Assinale a alternativa em que está correta a formação Não digas: “o amor é triste.”
do plural: Que é que tu conheces do amor?
a) cadáver – cadáveis; Não digas: “a vida é rápida.”
b) gavião – gaviães; Com foi que mediste a vida? (Cecília Meireles)
c) fuzil – fuzíveis; Os adjetivos belo, triste e rápida expressa uma qualidade
d) mal – maus; dos sujeitos: o mundo, o amor, a vida.
e) atlas – os atlas.

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Língua Portuguesa

Adjetivo é a palavra variável em gênero, número e grau que mo- Cidade, Estado, País e Adjetivo Pátrio:
difica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, estado, Amapá: amapaense;
ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo; cavalo
Amazonas: amazonense ou baré;
baio; comida saudável; político honesto; professor competen-
te; funcionário consciente; pais responsáveis. Anápolis: anapolino;
Angra dos Reis: angrense;
Aracajú: aracajuano ou aracajuense;
Classificação Bahia: baiano;
Bélgica: belga;
Simples
Belo Horizonte: belo-horizontino;
Apresentam um único radical, uma única palavra em sua Brasil: brasileiro;
estrutura: alegre, medroso, simpático, covarde, jovem, exube-
Brasília: brasiliense;
rante, teimoso;
Buenos Aires: buenairense ou portenho ou bonairense ou
bonarense;
Compostos
Cairo: cairota;
Apresentam mais de um radical, mais de duas palavras em Cabo Frio: cabo-friense;
sua estrutura: estrelas azul- claras; sapatos marrom-escuros;
Campo Grande: campo-grandense;
garoto surdo-mudo1.
Ceará: cearense;
Primitivos Curitiba: curitibano;
Distrito Federal: candango ou brasiliense;
são os que vieram primeiro; dão origem a outras palavras: atu-
Espírito Santo: espírito-santense ou capixaba;
al, livre, triste, amarelo, brando, amável, confortável.
Estados Unidos: estadunidense ou norte americano;
Derivados: Florianópolis: florianopolitano;
São aqueles formados por derivação, vieram depois dos Florença: florentino;
primitivos: amarelado, ilegal, infeliz, desconfortável, entriste- Fortaleza: fortalezense;
cido, atualizado.
Goiânia: goianiense;
Goiás: goiano;
Pátrios
Japão: japonês ou nipônico;
Indicam procedência ou nacionalidade, referem-se a cidades, João Pessoa: pessoense;
estados, países.
Londres: londrino;
Maceió: maceioense;
Locução Adjetiva Manaus: manauense ou manauara;
Maranhão: maranhense;
É a expressão que tem o mesmo valor de um adjetivo. A locu- Mato Grosso: mato-grossense;
ção adjetiva é formada por preposição + um substantivo.
Mato Grosso do Sul: mato-grossense-do-sul;
Vejamos algumas locuções adjetivas: Minas Gerais: mineiro;
Natal: natalense ou papa-jerimum;
Angelical de anjo Etário de idade
Nova Iorque: nova-iorquino;
Abdominal de abdômen Fabril de fábrica Niterói: niteroiense;
Novo Hamburgo: hamburguense;
Apícola de abelha Filatélico de selos
Palmas: palmense;
Aquilino de águia Urbano da cidade Pará: paraense;
Argente de prata Gástrica do estômago Paraíba: paraibano; Paraná: paranaense;
Pernambuco: pernambucano;
Áureo de ouro Hepático do fígado
Petrópolis: petropolitano; Piauí: piauiense;
Auricular da orelha Matutino da manhã Porto Alegre: porto-alegrense;
Bucal da boca Vespertino da tarde Porto Velho: porto-velhense;
Recife: recifense;
Bélico de guerra Inodoro sem cheiro Rio Branco: rio-branquense;
Cervical do pescoço Insípido sem gosto Rio de Janeiro: carioca/ fluminense (estado);
Rio Grande do Norte: rio-grandense-do-norte ou potiguar;
Cutâneo de pele Pluvial da chuva
Rio Grande do Sul: rio-grandense ou gaúcho;
Discente de aluno Humano do homem Rondônia: rondoniano;
Docente de professor Umbilical do umbigo Roraima: roraimense;
Salvador: soteropolitano;
Estelar de estrela Têxtil de tecido
Santa Catarina: catarinense ou barriga-verde;
Algumas locuções adjetivas não possuem adjetivos cor- São Paulo: paulista/paulistano (cidade);
respondentes: lata de lixo, sacola de papel, parede de tijolo, São Luís: são-luisense ou ludovicense;
folha de papel, e outros. Sergipe: sergipano;

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Língua Portuguesa

Teresina: teresinense; exemplo útil = exemplos úteis


Tocantins: tocantinense; - quando os dois elementos formadores são adjetivos, só
Três Corações: tricordiano; o segundo vai para o plural: questões político- partidárias,
Três Rios: trirriense; olhos castanho-claros, senadores democrata-cristãos
Vitória: vitoriano. - Composto formado de adjetivo + substantivo referindo-
-se a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem
- pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como: invariáveis, não vão para o plural: terno azul-petróleo =
afro-brasileiro; Anglo-americano, franco- italiano, sino-japo- ternos azul-petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo);
nês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira; nipo- saia amarelo-canário = saias amarelo-canário (adjetivo,
-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos (alemão). amarelo; substantivo canário).
- “O professor fez uma simples observação”. O adjetivo, sim- - As locuções adjetivas formadas de cor + de + substan-
ples, colocado antes do substantivo observação, equivale tivo, ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-
à banal. -rosa / olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
- “O professor fez uma observação simples”. O adjetivo sim- - São invariáveis os adjetivos: raios ultravioleta / alegrias
ples colocado depois do substantivoobservação, equivale sem-par, piadas sem-sal.
à fácil.

Grau do Adjetivo
Flexões do Adjetivo
Grau comparativo de: igualdade, superioridade (Analítico e
O adjetivo, como palavra variável, sofre flexões de: gênero, nú- Sintético) e Inferioridade; Grau superlativo: absoluto (analítico e
mero e grau. sintético) ou relativo (superioridade e inferioridade).

Gênero do Adjetivo O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades dos


seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau: compara-
Quanto ao gênero os adjetivos classificam-se em: tivo e superlativo.
- uniformes: têm forma única para o masculino e o feminino.
O grau comparativo é usado para comparar uma qualidade
Funcionário incompetente = funcionária incompetente.
entre dois ou mais seres, ou duas ou mais qualidades de um
- biformes: troca-se a vogal o pela vogal a ou com o acrésci- mesmo ser.
mo da vogal a no final da palavra: ator famoso = atriz famosa
/ jogador brasileiro = jogadora brasileira. O comparativo pode ser:

Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina ape-


nas no segundo elemento: sociedade luso- brasileira / festa de igualdade
cívico-religiosa / saia verde-escura. Vejamos alguns adjetivos Iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou tão alto quão /
biformes que apresentam uma flexão especial: ateu – ateia / quanto / como você. (As duas pessoas têm a mesma altura)
europeu – europeia / glutão – glutona / hebreu – hebreia / Ju-
deu – judia / mau – má / plebeu – plebeia / são – sã / vão – vã. de superioridade
Atenção Iguala duas pessoas / coisas sendo que uma é mais do que
Às vezes, os adjetivos são empregados como substanti- a outra: Minha amiga Manu é mais elegante do que / que eu.
vos ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (Adjetivo (Das duas, a Manu é mais)
como substantivo: acompanha um artigo). O grau comparativo de superioridade possui duas formas:
A cerveja que desce redondo. (Adjetivo como advérbio: Analítica: mais bom / mais mau / mais grande / mais peque-
redondamente). no: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário pe-
Substantivos que funcionam como adjetivos, num pro- queno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um
cesso de derivação imprópria, isto é, palavra que tem mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau,
o valor de outra classe gramatical, que não seja a sua: mais bom, mais pequeno.
Alguns brasileiros recebem um salário- família. (Substantivo Sintética: bom, melhor / mau, pior / grande, maior / peque-
com valor de adjetivo). no, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela.
Substituto do adjetivo: palavras / expressões de outra
classe gramatical podem caracterizar o substantivo, ficando de inferioridade
a ele subordinadas na frase. Um elemento é menor do que outro: Somos menos passivos
Semântica e sintaticamente falando, valem por adjetivos. do que / que tolerantes.

Vale associar ao substantivo principal outro substantivo O grau superlativo


em forma de aposto. O rio Tietê atravessa o estado de São
Paulo. A característica do adjetivo se apresenta intensificada: O su-
perlativo pode ser absoluto ou relativo.

Plural do Adjetivo Superlativo Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta.


Pode ser:
o plural dos adjetivos simples flexionam de acordo com o subs- - Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente,
tantivo a que se referem: bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo: Ni-
menino chorão = meninos chorões cola é extremamente simpático.
garota sensível = garotas sensíveis
vitamina eficaz = vitaminas eficazes

52
Língua Portuguesa

- Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo: Minha coma- Emprego Adverbial do Adjetivo
dre Mariinha é agradabilíssima;
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos terminados O menino dorme tranquilo. / As meninas dormem tranquilas.
em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer(magro) = macér- Em ambas as frases o adjetivo concorda em gênero e número
rimo; com o sujeito.
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo: po- O menino dorme tranquilamente. / As meninas dormem tran-
bríssimo; quilamente. O adjetivo assume um valor adverbial, com o
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável = ama- acréscimo do sufixo mente, sendo, portanto, invariável, não vai
bilíssimo; para o plural.
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo ape- Sorriu amarelo e saiu. / Ficou meio chateada e calou-se. O ad-
nas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo; jetivo amarelo modificou um verbo, portanto, assume a fun-
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em ção de advérbio; o adjetivo meio + chateada (adjetivo) assume,
iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo / também, a função de advérbio.
frio = friíssimo.
Algumas formas do superlativo absoluto sintético erudito
(culto):
Questões
ágil = agílimo; 1. (COMPESA - Analista de Gestão – Advogado – FGV/2016)
agradável = agradabilíssimo; agudo = acutíssimo;
amargo = amaríssimo; amigo = amicíssimo; antigo = antiquíssi- A substituição da oração adjetiva por um adjetivo de valor equi-
mo; áspero = aspérrimo; atroz = atrocíssimo; valente está feita de forma inadequada em:
benévolo = benevolentíssimo; bom = boníssimo, ótimo; capaz a) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por mais
= capacíssimo; improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante
célebre = celebérrimo; cruel = crudelíssimo; difícil = dificílimo; b) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorân-
doce = dulcíssimo; eficaz = eficacíssimo; fácil = facílimo; cia”. / consciente dos limites da própria] ignorância.
feliz = felicíssimo; c) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indife-
fiel = fidelíssimo; frágil = fragílimo; rente
frio = frigidíssimo, friíssimo; geral = generalíssimo; humilde = d) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as pessoas”.
humílimo; incrível = incredibilíssimo; inimigo = inimicíssimo; jo- / insuportável
vem = juvenilíssimo; livre = libérrimo; e) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas pelos
magnífico = magnificentíssimo; magro = macérrimo, magérri- que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. /
mo; mau = péssimo; falecidos
miserável = miserabilíssimo; negro = nigérrimo, negríssimo; no- 2. (Pref. de Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo –
bre = nobilíssimo; FGV/2016)
pessoal = personalíssimo;
pobre = paupérrimo, pobríssimo; sábio = sapientíssimo; “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao menos crer
sagrado = sacratíssimo; simpático = simpaticíssimo; simples = na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações científicas.”
simplíssimo; tenro = tenríssimo; (Machado de Assis)
terrível = terribilíssimo; No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados possuem,
veloz = velocíssimo. respectivamente, os valores de
Usa-se também, no superlativo: a) qualidade e estado.
b) estado e relação.
- prefixos: maxinflação / hipermercado / ultrassonografia / c) relação e característica.
supersimpática. d) característica e qualidade.
- expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem e) qualidade e relação.
sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena.
3. (Pref. de Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo –
- adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) / linda, lin- FGV/2016)
da (=lindíssima).
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha / gran- Entre as frases de Machado de Assis a seguir, assinale a aquela
dalhão / gostosão / bonitão. em que a locução adjetiva sublinhada mostra uma substituição
inadequada.
- linguagem informa, sufixo érrimo, em vez de íssimo: chi-
a) “A fantasia é um vidro de cor, porém mentiroso.” / colorido
quérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo.
b) “Sem ter passado por provas da experiência, é muito raro
Superlativo Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre dizer coisa com coisa.” / experientes
muitos, com a mesma qualidade. c) “Admiremos os diplomatas que sabem guardar consigo os
segredos dos governos.” / governamentais
Pode ser:
d) “Amor ou eleições, não falta matéria às discórdias dos ho-
Superlativo Relativo de Superioridade: Wilma é a mais pren- mens.” / humanas
dada de todas as suas amigas. (Ela é a mais de todas) e) “A tática do parlamento de tomar tempo com discursos até
o fim das sessões não é nova.” / parlamentar
Superlativo Relativo de Inferioridade: Paulo César é o menos
tímido dos filhos. 4. (Pref. de São Gonçalo/RJ - Analista de Contabilidade –
BIO-RIO/2016)
Texto

ÉDIPO-REI

53
Língua Portuguesa

Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoe- Significado de Paupérrimo


lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mão um ramo
adj. Característica de algo ou alguém extremamente pobre,
de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
sem recursos financeiros, sem dinheiro ou bens materiais: mo-
(Édipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013) rava num barraco paupérrimo; era um sujeito paupérrimo.
Numa descrição, os adjetivos indicam estados, qualidades, 2. Resposta E
características e relações dos substantivos por eles deter-
minados. O adjetivo abaixo que indica uma qualidade do Qualidade - necessita que se faça uma análise subjetiva da
substantivo é: questão, não é uma característica física por exemplo;
a) ramo murcho.
Relação - Um adjetivo de relação (ou relacional) é aquele que
b) cena interessante.
é derivado de um substantivo por derivação sufixal e não varia
c) palavras sacerdotais.
em grau. - de Ciências ficou científicas;
d) palácio amarelo.
e) crianças alvoroçadas. 3. Resposta B
5. (CISMEPAR/PR - Técnico Administrativo – FAUEL/2016) De experiência - o correto seria experimentais;
Leia o texto e responda as questões abaixo: 4. Resposta B
a) ramo murcho = característica
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade
b) cena interessante = qualidade
e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir
c) palavras sacerdotais = relação
uns para com os outros em espírito de fraternidade. Todo in-
d) palácio amarelo = característica
divíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
e) crianças alvoroçadas = estado
Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do tra-
balho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 5. Resposta A
proteção contra o desemprego”. a) Gabarito - Livres(adjetivo); iguais (adjetivo); equitativas(ad-
jetivo); Satisfatórias(adjetivo)
De acordo com a gramática da língua portuguesa, adjetivo é a
b) Errado. Todos (pronome indefinido); dever(verbo); Fraterni-
palavra que qualifica um substantivo.
dade(substantivo); liberdade (substantivo
Aponte a afirmativa que contenha somente adjetivos retirados c) Errado. Trabalho(substantivo); ter(verbo); direito(substanti-
do texto. vo); desemprego(substantivo)
a) livres, iguais, equitativas, satisfatórias. d) Errado. Espírito(substantivo); Seres(substantivo); Nascer(-
b) todos, dever, fraternidade, liberdade. verbo); livre(adjetivo)
c) trabalho, ter, direito, desemprego.
6. Resposta C
d) espírito, seres, nascer, livre.
Pois dentre as alternativas a única que não caracteriza os subs-
6. (Consurge/MG - Técnico Administrativo – Gestão Con-
tantivos é a C. Legume é um substantivo.
curso/2016)
Tomate é fruta?
Sim, ele é. Não só o tomate é fruta, como a berinjela, a abobri- Numeral
nha, o pepino, o pimentão e outros alimentos que nós chama-
mos de legumes também são. Fruta é o ovário amadurecido Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série,
de uma planta, onde ficam as sementes. A confusão acontece multiplicação e divisão. Daí a sua classificação, respectiva-
porque nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas mente, em: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
de legumes. Se você acha que sua vida foi uma mentira até
Cardinal: indica número, quantidade: um, dois, três, oito, vin-
agora, saiba que também existem alimentos que nós chama-
te, cem, mil;
mos de fruta, mas não são. Trata-se dos pseudofrutos – es-
truturas suculentas que têm cara e jeito de fruto, mas não se Ordinal: indica ordem ou posição: primeiro, segundo, tercei-
desenvolvem a partir do ovário da planta, como as frutas reais. ro, sétimo, centésimo;
É o caso do morango, do caju, da maçã, da pera e do abacaxi,
Fracionário: indica uma fração ou divisão: meio, terço, quar-
entre outros.
to, quinto, um doze avos;
HAICK, Sabrina. Tomate é fruta? Mundo Estranho. Ed. 177. Disponível em:
<http://zip.net/bys0Dt>. Acesso em: 8 mar. 2016 (Adaptação).
Multiplicativo: indica a multiplicação de um número: duplo,
dobro, triplo, quíntuplo.
Assinale a alternativa cuja palavra destacada não desempenha
Os numerais que indicam conjunto de elementos de quan-
uma função adjetival.
tidade exata são os coletivos:
a) “Fruta é o ovário amadurecido de uma planta [...].”
Bimestre: período de dois meses
b) “[...] não se desenvolvem a partir do ovário da planta, como
Centenário: período de cem anos
as frutas reais.”
Decálogo: conjunto de dez leis
c) “[...] nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas
Decúria: período de dez anos
de legumes.”
Dezena: conjunto de dez coisas
d) “[...] estruturas suculentas que têm cara e jeito de fruto
Dístico: dois versos
[...].”
Dúzia: conjunto de doze coisas
Grosa: conjunto de doze dúzias
Respostas Lustro: período de cinco anos
1. Resposta C Milênio: período de mil anos
Milhar: conjunto de mil coisas
“A única coisa que vem sem esforço é a idade”. / indiferente Novena: período de nove dias
Que vem sem esforço = fácil Quarentena: período de quarenta dias

54
Língua Portuguesa

Quinquênio: período de cinco anos - o fracionário meio concorda em gênero e número com
Resma: quinhentas folhas de papel o substantivo no qual se refere: O início do concurso será
Semestre: período de seis meses meio-dia e meia. (Hora) / Usou apenas meias palavras.
Septênio: período de sete anos
Sexênio: período de seis anos Número
Terno: conjunto de três coisas - os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros,
Trezena: período de treze dias variam em número: Venderam um milhão de ingressos para
Triênio: período de três anos a festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros.
Trinca: conjunto de três coisas
- os numerais ordinais variam em número: As segundas
Algarismos: Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, colocadas disputarão o campeonato.
2-II, 3-III, 4-IV, 5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-XII, - os numerais multiplicativos são invariáveis quando usa-
13-XIII, 14-XIV, 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, dos com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro da
30-XXX, 40-XL, 50- L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, sua. (Valor de substantivo – invariável)
200-CC, 300-CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-
- os numerais multiplicativos variam quando usados como
DCCC, 900-CM, 1.000-M.
adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (Valor de adjetivo
Numerais Cardinais: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, - variável)
oito, nove, dez, onze, doze, treze, catorze ou quatorze, quinze, - os numerais fracionários variam em número, concordando
dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte..., trinta..., qua- com os cardinais que indicam números das partes.
renta..., cinquenta..., sessenta..., setenta..., oitenta..., noven-
- Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos equivalem
ta..., cem..., duzentos..., trezentos..., quatrocentos..., quinhen-
a 750 ml.
tos..., seiscentos..., setecentos..., oitocentos..., novecentos...,
mil.
Grau
Numerais Ordinais: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quin-
Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos nu-
to, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, décimo primeiro, déci-
merais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão é um
mo segundo, décimo terceiro, décimo quarto, décimo quinto,
“gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola.
décimo sexto, décimo sétimo, décimo oitavo, décimo nono,
vigésimo..., trigésimo..., quadragésimo..., quinquagésimo...,
sexagésimo..., septuagésimo..., octogésimo..., nonagésimo..., Emprego dos Numerais
centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., quadringentési-
mo..., quingentésimo..., sexcentésimo..., septingentésimo..., - para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos (na
octingentésimo..., nongentésimo..., milésimo. poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo: João
Paulo II (segundo). Canto X (décimo) / Luís IV (nono); os car-
Numerais Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo,
dinais para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis); Século
sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, nônuplo, décuplo, undécuplo, duo-
XXI (vinte e um).
décuplo, cêntuplo.
- se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o ordinal. O
Numerais Fracionários: meia, metade, terço, quarto, quinto, XX século foi de descobertas científicas. (Vigésimo século)
sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, onze avos, doze avos, tre- - com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o nume-
ze avos, catorze avos, quinze avos, dezesseis avos, dezessete ral ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia
avos, dezoito avos, dezenove avos, vinte avos..., trinta avos..., primeiro.
quarenta avos..., cinquenta avos..., sessenta avos..., setenta
- na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares,
avos..., oitenta avos..., noventa avos..., centésimo..., ducenté-
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral
simo..., trecentésimo..., quadringentésimo..., quingentésimo...,
ordinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria
sexcentésimo..., septingentésimo..., octingentésimo..., non-
8ª. (portaria oitava)
gentésimo..., milésimo.
- emprega-se o numeral cardinal, a partir de dez: O artigo
16 não foi justificado. (Artigo dezesseis)
Flexão dos Numerais - enumeração de casa, páginas, folhas, textos, aparta-
mentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral car-
dinal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está
Gênero na página sessenta e cinco.
- os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir
- se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o ordi-
de duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e
nal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (Sétima)
uma menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gra-
mas de presunto e duzentas rosquinhas. - não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos
reais é muito para mim.
- os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a
nona colocada no vestibular. - o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão, mi-
lhar e bilhão, devem concordar no masculino: quando o
- os numerais multiplicativos, quando usados com o valor
sujeito da oração é milhões + substantivo feminino plural, o
de substantivos, são variáveis: A minha nota é o triplo da
particípio ou adjetivo podem concordar, no masculino, com
sua. (Triplo – valor de substantivo)
milhões, ou com o substantivo, no feminino. Dois milhões de
- quando usados com valor de adjetivo, apresentam fle- notas falsas serão resgatados ou serão resgatadas (milhões
xão de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na loto fácil. (Tri- resgatados / notas resgatadas)
plas valor de adjetivo)
- os numerais multiplicativos quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo
- os numerais fracionários concordam com os cardinais e óctuplo valem como substantivos para designar pes-
que indicam o número das partes: Dois terçosdos alunos soas nascidas do mesmo parto: Os sêxtuplos, nascidos
foram contemplados. em Lucélia, estão reagindo bem.

55
Língua Portuguesa

- emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada Respostas


unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou
ponto: 10h20min – dez horas, vinte minutos. 1. Resposta A
- não se emprega a conjunção e entre os milhares e as O numeral quando for usado para designar Papas, reis, sécu-
centenas: mil oitocentos e noventa e seis. Mas 1.200 – mil e los, capítulos etc., usam-se: Os ordinais de 1 a 10; Os cardinais
duzentos (o número termina numa centena com dois zeros) de 11 em diante.
Logo, a letra A está incorreta por estar grafado século três,
Questões quando o correto é século terceiro.
2. Resposta B
1. Marque o emprego incorreto do numeral:
a) século III (três) Está corretamente grafado parágrafo nono e parágrafo dez na
b) página 102 (cento e dois) alternativa B, pois os numerais ordinais são de 1 a 09. De 10 em
c) 80º (octogésimo) diante usamos os cardinais.
d) capítulo XI (onze) 3. Resposta A
e) X tomo (décimo)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos se-
2. Indique o item em que os numerais estão corretamente res, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada.
empregados: Por exemplo: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
a) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro.
b) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. Numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em
c) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro. funções substantivas:
d) antes do artigo décimo vem o artigo nono. Por exemplo:
e) o artigo vigésimo segundo foi revogado.
Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo de produção.
3. (Pref. de Chapecó/SC - Procurador Municipal –
IOBV/2016) Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexio-
nam-se em gênero e número:
Quanto à classificação dos numerais, os que indicam o au-
mento proporcional de quantidade, podendo ter valor de Por exemplo:
adjetivo ou substantivo são os numerais: Teve de tomar doses triplas do medicamento.
a) Multiplicativos
b) Ordinais 4. Resposta C
c) Cardinais Sempre que um numeral preceder um substantivo, usa-se
d) Fracionários como ordinal. Exemplo:
4. (Prefeitura de Barra de Guabiraba/PE - Nível Funda- XX Festa do Morango (Vigésima).
mental Completo – IDHTEC/2016)
No caso de designação de reis, papas, capítulos de obras, os
Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por
ordinais são usados de 1 até 10. A partir de então, são usados
extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na
os cardinais.
frase:
a) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP), temem Exemplos:
que suas casas desabem após uma cratera se abrir na
João Paulo II (segundo); João XXIII (vinte e Três).
Avenida Papa Pio X. (DÉCIMA)
b) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401 (QUA- 5. Resposta B
TROCENTAS E UMA)
c) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve a Alguns exemplos:
sua página Classitêxtil reformulada. (VIGÉSIMA SEGUNDA) 30.º – trigésimo;
d) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci-
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em 40.º – quadragésimo; 50.º – quinquagésimo; 60.º – sexagésimo;
erro, mediante artifício, ardil. (CENTÉSIMO SETÉSIMO 70.º – septuagésimo ou setuagésimo; 80.º – octogésimo;
PRIMEIRO)
e) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do século 90.º – nonagésimo; 100.º – centésimo; 200.º – ducentésimo;
XX. (SÉCULO DUCENTÉSIMO) 300.º - trecentésimo ou tricentésimo.
5. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
O SBT fará uma homenagem digna da história de seu proprie- Pronome
tário e principal apresentador: no próximo dia 12 [12.12.2015]
colocará no ar um especial com 2h30 de duração em home-
nagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de 85 anos. É a palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-
-o a uma das três pessoas do discurso.
(http://tvefamosos.uol.com.br/noticias)

As informações textuais permitem afirmar que, em 12.12.2015,


Sílvio Santos completou seu octogenário quinquagésimo As três pessoas do discurso
aniversário.
a) octogésimo quinto aniversário. 1ª pessoa
b) octingentésimo quinto aniversário.
c) otogésimo quinto aniversário. eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou emissor;
d) oitavo quinto aniversário.

56
Língua Portuguesa

2ª pessoa - as formas conosco e convosco são substituídas por:


com + nós, com + vós. seguidos de: ambos, todos, pró-
tu (singular) vós (plural): aquela com quem se fala ou receptor; prios, mesmos, outros, numeral: Marianne garantiu que via-
jaria com nós três.
3ª pessoa - o pronome oblíquo funciona como sujeito com os ver-
ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de quem se fala ou bos: deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver+verbo no infi-
referente. nitivo. Deixe-me sentir seu perfume. (Deixe que eu sinta seu
perfume me-- sujeito do verbo deixar - Mandei-o calar. (=
Dependendo da função de substituir ou acompanhar o
Mandei que ele calasse), o= sujeito do verbo mandar.
nome, o pronome é, respectivamente: pronome substantivo
ou pronome adjetivo. - os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o
nome de pronomes recíprocos quando expressam uma
ação mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocio-
Classificação nados. (pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu
se apavorei. / Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me
Pessoais, de tratamento, possessivos, demonstrativos, indefi- arrumei. (certos)
nidos, interrogativos e relativos. - Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos
por mim e ti após prepõsição: O segredo ficará somente
Pronomes Pessoais entre mim e ti.
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu,
Os pronomes pessoais dividem-se em:
quando funcionarem como Sujeito: Todos pediram para
Retos eu relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo
no infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve,
Exercem a função de sujeito da oração: eu, tu, ele, nós, não compra, não anda. Somente o Tarzã e o Capitão Caver-
vós, eles: na dizem: mim gosta / mim tem / mim faz. / mim quer.
Oblíquos - As formas oblíquas o, a, os, as são sempre emprega-
das como complemento de verbos transitivos diretos
Exercem a função de complemento do verbo - objeto direto ao passo que as formas lhe, lhes são empregadas como
e objeto indireto - ou as, lhes: Ela não vai conosco. (ela-pro- complementos de verbos transitivos indiretos: Dona
nome reto / vai-verbo / conosco complemento nominal. Cecília, querida amiga, chamou-a. (verbo transitivo direto,
VTD); Minha saudosa comadre, Nircléia, obedeceu-lhe. (ver-
São: tônicos com preposição: mim, comigo, ti, contigo,si,
bo transitivo indireto,VTI)
consigo, conosco, convosco; átonos sem preposição: me, te,
se, o, a, lhe, nos, vos, os,-pronome oblíquo) - Eu dou atenção - É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo
a ela. (eu-pronome reto / dou-verbo / atenção-nome / ela-pro- a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente
nome oblíquo) deve fazer caridade com os mais necessitados.
- Os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas, nós e vós
Saiba mais sobre os Pronomes Pessoais serão pronomes pessoais oblíquos quando empregados
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª como complementos de um verbo e vierem precedidos de
pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi preposição. O conserto da televisão foi feito por ele. (ele=
saindo do teatro. pronome oblíquo)
- Os pronomes pessoais ele, eles e ela, elas podem se
- As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os prono-
contrair com as preposições de e em: Não vejo graça
mes pessoais do caso reto: - Eu vi só ele ontem.
nele./ Já frequentei a casa dela.
- Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da
- Se os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas esti-
3ª pessoa apresentam as formas: o, a, os, as: se o verbo
verem funcionando como sujeito, e houver uma preposi-
terminar em vogal ou ditongo oral: Encontrei-a sozinha. Ve-
ção antes deles, não poderá haver uma contração: Está
jo-os diariamente.
na hora de ela decidir seu caminho. (ela -sujeito de decidir;
- o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z, sempre com verbo no infinitivo)
assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, consequente-
- Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os prono-
mente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao verdureiro.
mes pessoais que se referem ao sujeito: Eu me feri com
= pagá-lo; Fiz os exercícios a lápis. = Fi-los a lápis.
o canivete. (eu - 1ª pessoa- sujeito / me- pronome pessoal
- lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos - Eis a reflexivo)
prova do suborno. = Ei-la; O tempo nos dirá. = no-lo dirá. - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem
(eis, nos, vos perdem o S) ser empregados somente como pronomes pessoais re-
- no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, flexivos e funcionam como complementos de um verbo
ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. na 3ª pessoa, cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole
- lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plu- levantou-se com elegância e levou consigo (com ela própria)
ral, terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe todos os olhares. (Nicole-sujeito, 3ª pessoa/ levantou -verbo
a cópia do contrato. (o S permanece) 3ª pessoa / se- complemento 3ª pessoa / levou- verbo- 3ª
pessoa / consigo - complemento 3ª pessoa)
- nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, per-
de o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. - O pronome pessoal oblíquo não funciona como reflexivo
se não se referir ao sujeito: Ela me protegeu do acidente.
- me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos tran-
(ela - sujeito 3ª pessoa me complemento 1ª pessoa)
sitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo a
meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a - Você é segunda ou terceira pessoa? Na estrutura da fala,
esperança. (sua, dele, dela possessivo) você é a pessoa a quem se fala e, portanto, da 2ª pessoa.
Por outro lado, você, como os demais pronomes de trata-

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Língua Portuguesa

mento - senhor, senhora, senhorita, dona, pede o verbo na No caso, usa-se o pronome dele, dela para desfazer a am-
3ª pessoa, e não na 2ª. biguidade.
- Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de - Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações
objeto indireto, 0I) juntam-se a o, a, os, as (formas de objeto numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus
direto), assim: me+o: mo/+a: ma/+ os: mos/+as: mas: - Re- trinta anos.
cebi a carta e agradeci aojovem, que ma trouxe. nos +o: - Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu
no-lo / + a: no-la / + os: no-los / +as: no-las: -Venderíamos Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma
a casa, se no-la exigissem. te+ o: to/+ a: ta/+ os: tos/+ as: alteração fonética da palavra senhor
tas: -Dei-te os meus melhores dias. Dei-tos. lhe+ o: lho/+ - Os pronomes possessivos podem ser substantivados:
a: lha/+ os: lhos/+ as:lhas: -Ofereci -lhe flores. Ofereci-lhas. Dê lembranças a todos os seus.
vos+ o: vo-lo/+ a: vo-la/+ os: vo-los/+ as: vo-las: - Pedi-vos
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
conselho. Pedi vo-lo.
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, anotações.
lho, nolo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais - Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me,
sofisticados. te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe
os passos. (os seus passos)
Pronomes de Tratamento - Deve-se observar as correlações entre os pronomes pes-
São usados no trato com as pessoas. soais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário,
apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns;
Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu car-
Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu amigo que
go, idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonio-
te preza.”
so: Vossa Alteza-V.A.- príncipes, duques; Vossa Eminência-V.
Ema-cardeais; Vossa Excelência-V.Ex.a-altas autoridades, - Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando
presidente, oficiais; Vossa Magnificência-V.Mag.a-reitores de se trata de parte do corpo. Veja: “Um cavaleiro todo vestido
universidades; Vossa Majestade-V.M.-reis, imperadores; Vos- de negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma
sa Santidade-V.S.-Papa; Vossa Senhoria-V.Sa-tratamento espada em sua, mão”. (usa-se: no ombro; na mão)
cerimonioso.
- São também pronomes de tratamento: o senhor, a senho- Pronomes Demonstrativos
ra, a senhorita, dona, você.
Indicam a posição dos seres designados em relação às
- Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
pessoas do discurso, situando-os no espaço ou no tempo.
Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente
Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
dois fechos:
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive Em relação ao espaço:
para o presidente da República. Este (s), esta (s), isto: indicam o ser ou objeto que está próxi-
Atenciosamente: para autoridades de mesmahierarquia mo da pessoa que fala. Exemplo: Este é o meu primeiro celular,
oude hierarquia inferior. amigos.
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando Esse (s), essa (s), isso: designam a pessoa ou a coisa próxima
se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não compare- daquela com quem falamos ou para quem escrevemos. Exem-
ceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa). plo: Senhor, quanto custa esse pacote de milho?
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando se
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam o ser ou objeto que está
fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajouparaum
longe de quem fala e da pessoa de quem se fala (3ª pessoa).
Congresso. (falando a respeito do cardeal)
Exemplo: Você pode me emprestar aquele livro de matemática?
- Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª Observação
pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e Os pronomes “Aquele(s)”, “Aquela(s)” também podem indi-
o verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe car afastamento temporal. Exemplos: Aqueles belos tempos
que seus ministros o apoiarão. que não voltam mais.

Pronomes Possessivos Naquela época eram todas unidas.

São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas Em relação ao tempo:


da fala. Este (s), esta (s), isto: indicam o tempo presente em relação
Singular: 1ª pessoa: meu, meus, minha, minhas; 2ª pessoa: ao momento em que se fala. Exemplo: Este mês termina o pra-
teu, teus, tua, tuas; 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas; zo das inscrições para o vestibular da FAL.
Plural: 1ª pessoa: nosso/os nossa/as, 2ª pessoa: vosso/os Esse (s), essa (s), isso: designam tempo no passado ou no
vossa/as. 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas. futuro. Exemplos: Onde você esteve essa semana toda? / Sei
que serei aprovado e, quando chegar esse momento, serei feliz!
Emprego dos Pronomes Possessivos
Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam um tempo distante em
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode provocar,
relação ao momento em que se fala.
às vezes, a ambiguidade da frase. João Luís disse que Lau-
rinha estava trabalhando em seu consultório. Exemplo: Bons tempos aqueles em que brincávamos descal-
- O pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir - ços na rua...
se tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. - dependendo do contexto, também são considerados pro-
nomes demonstrativos o, a, os, as, mesmo, próprio, seme-

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Língua Portuguesa

lhante, tal, equivalendo a aquele, aquela, aquilo. O próprio Locuções Pronominais Indefinidas
homem destrói a natureza; Depois de muito procurar, achei
São locuções pronominais indefinidas duas ou mais pala-
o que queria; O professor fez a mesma observação; Estra-
vras que equiva em ao pronome indefinido: cada qual / cada
nhei semelhante coincidência; Tal atitude é inexplicável.
um / quem quer que seja / seja quem for / qualquer um / todo
- para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e aquele que / um ou outro / tal qual (=certo) / tal e, ou qual /
variações) para o elemento que foi referido em 1º Iugar e
este (e variações) para o que foi referido em último lugar. Pronomes Relativos
Pais e mães vieram à festa de encerramento; aqueles, sérios
e orgulhosos, estas, elegantes e risonhas. São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma palavra
que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da oração an-
- dependendo do contexto os demonstrativos também ser-
terior chama-se antecedente: Comprei um carro que é movido
vem como palavras de função intensificadora ou deprecia-
a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o pronome
tiva. Júlia fez o exercício com aquela calma! (=expressão
relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso a palavra
intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma tranqueira!
que é um pronome relativo. Dica: substituir que por o, a, os, as,
(=expressão depreciativa)
qual / quais.
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de en-
tão ou nesse momento. A festa estava desanimada; nisso, a Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e
orquestra tocou um samba e todos caíram na dança. invariáveis.
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
elemento anteriormente expresso. cujas, quanto, quantos;
- Ninguém ligou para o incidente, mas os pais, esses resolve-
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
ram tirar tudo a limpo.
Emprego dos Pronomes Relativos
Pronomes Indefinidos - O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de relativo
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de universal. Ele pode ser empregado com referência à pessoa
modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo ou coisa, no plural ou no singular: Este é o CD novo que
César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus.
em gênero e número; outros são invariáveis. - O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome
demonstrativo o, a, os, as: Não entendi o que você quis
Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo,
dizer. (o que = aquilo que).
vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre prece-
Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, nada, dido de preposição: Marco Aurélio é o advogado a quem
cada, mais, menos, demais. eu me referi.
Emprego dos Pronomes Indefinidos - O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual,
de quem e estabelecem relação de posse entre o antece-
Não sei de pessoa alguma capaz de convencê-lo. (alguma, dente e o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois
equivale a nenhum) substantivos)
- Em frases de sentido negativo, nenhum (e variações) equi- - O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, explíci-
vale ao pronome indefinido um: Fiquei sabendo que ele não to; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e não
é nenhum ignorante. vem precedido de preposição: Quem casa quer casa; Feliz o
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as pessoas
um substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam de cujos nomes nunca vou me esquecer.
cem dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares - Só se usa o relativo cujo quando o conseqüente é dife-
cada.) rente do antecedente: O escritor cujo livro te falei é pau-
- Colocados depois do substantivo, os pronomes algum/algu- lista.
ma ganham sentido negativo. Este ano, funcionário público - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
algum terá aumento digno. de si.
- Colocados antes do substantivo, os pronomes algum/algu- - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a:
ma ganham sentido positivo. Devemos sempre ter alguma em que, no qual: Desconheço o lugar onde vende tudo mais
esperança. barato. (= lugar em que)
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefini- - Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados
dos quando colocados antes do substantivo e adjetivos, depois de tudo, todos, tanto: Naquele momento, a querida
quando colocados depois do substantivo: Certo dia perdi comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.
o controle da situação. (antes do substantivo= indefinido);
Eles voltarão no dia certo. (depois do substantivo=adjetivo). Pronomes Interrogativos
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
São os pronomes em frases ínterrogativas diretas ou in-
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser; indeter-
diretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual,
mina, generaliza).
quanto:
- Outrem significa outra pessoa: Nunca se sabe o pensa-
- Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interrogativa
mento de outrem.
direta, com o ponto de interrogação)
- Qualquer, plural quaisquer: Fazemos quaisquer negócios.
- Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade.
(interrogativa indireta, sem a interrogação)

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Língua Portuguesa

Questões 4. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FEPE-


SE/2016)
1. (IF-PA - Auxiliar em Administração – FUNRIO/2016) Analise a frase abaixo:
O emprego do pronome relativo está de acordo com as normas “O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença
da língua-padrão em: entre .........e ........ .
a) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto por ele.
b) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas
direito. do texto.
c) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator apre- a) com nós - eu - ti
sentou ontem. b) conosco - eu - tu
d) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros nos c) conosco - mim - ti
orgulhamos. d) conosco - mim - tu
e) eNa política, às vezes acontecem traições onde mostram e) com nós - mim - ti
muita sordidez. 5. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho –
2. 0(ELETROBRAS-ELETROSUL - Técnico de Segurança IBFC/2016)
do Trabalho – FCC/2016) Abu Dhabi constrói cidade do Das opções abaixo, assinale a única que apresenta correta-
futuro, com tudo movido a energia solar mente a colocação do pronome.
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo. a) Esqueci de te contar que vi ele na rua.
Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente b) Nunca pode-se falar mal de quem não conhece-se
por causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais.
uma das maiores usinas de energia solar do mundo. d) Precisa-se de bons funcionários.

Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas re- 6. 06. (MPE-RS - Agente Administrativo – MPE-RS/2016)
nováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente
por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar as lacunas dos enunciados abaixo.
e poluir menos. Uma aposta no futuro. 1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do papel deverá __ que ainda não há disponibilidade de recursos.
a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do planejado 2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste
está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os car- tipo de situação, a gravidade da ocorrência __, sem dúvida.
ros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas são bem 3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não __.
estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É perfeito d) informar-lhe – a justificaria – revogam-na
para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o calor. e) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam
E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores de f) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam
brisa. g) informá-lo – a justificaria – lhe revogam
(Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a energia
h) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na
solar”. Disponível em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-
-dhabi-constroi-cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html) Respostas
Considere as seguintes passagens do texto: 1. Resposta C
I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi cons- a) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto por ele.
truída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia Quem luta, luta por algo.
solar do mundo. (1º parágrafo)
II. INão vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por Forma correta: Finalmente aprovaram o decreto pelo qual lu-
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo) tamos tanto.
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de b) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho
fora. (3º parágrafo) direito. Tem direito a algo.
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça sombra Forma correta: Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo
no outro. (3º parágrafo) a que tenho direito.
O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o qual” c) (GABARITO) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o
APENAS em relator apresentou ontem. Apresentar: VTD.
e) I e II. d) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros nos
f) II e III. orgulhamos. Orgulhar de algo ou de alguém.
g) I, II e IV. Forma correta: Existe um escritor brasileiro do qual todos os
h) I e IV. brasileiros nos orgulhamos.
i) III e IV. e) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
3. (Pref. de Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo – muita sordidez.
IDHTEC/2016) Onde é usado para substituir termos que contenham a noção
O emprego do pronome “aquela” na charge: de lugar. Nesse caso não deveria ser usado onde e sim as
a) Dá uma conotação irônica à frase. quais, concordando com traições.
b) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal. Forma correta: Na política, às vezes acontecem traições as
c) Permite situar no espaço aquilo a que se refere. quais mostram muita sordidez.
d) Indica posse do falante.
e) Evita a repetição do verbo. 2. Resposta B
QUE = o qual(s) a qual(s), é pronome relativo.

60
Língua Portuguesa

I. E foi justamente por causa da temperatura O QUAL foi Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
construída... (errado, a temperatura A qual) natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em número
II. Não vão substituir o petróleo, O QUAL eles têm de sobra... (singular e plural), pessoa (primeira, segunda e terceira), modo
(certo, o petróleo tem de sobra, o qual) (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerún-
III. Um traçado urbanístico ousado, O QUAL deixa os carros... dio, infinitivo e particípio), tempo (presente, passado e futuro) e
(certo, o traçado deixa os carros, o qual) apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva).
IV. As ruas são bem estreitas para ISSO (Conjunção inte-
De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupa-
grante).
dos em três conjugações:
3. Resposta C
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.
“O pronome demonstrativo é utilizado em três situações. Pode
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.
se referir a espaço, ideias ou elementos”.
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.
Exemplos de pronomes demonstrativos:
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor,
Primeira pessoa: este, estes, estas (variáveis); isto (invariável).
impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua origem la-
Segunda pessoa: esse, essa, esses, essas (variáveis); isso (in-
tina poer.
variável). Terceira pessoa: aquele, aquela, aquelas (variáveis);
aquilo (invariável).
Elementos Estruturais do Verbo:
4. Resposta E
As formas verbais apresentam três elementos em sua es-
Os pronomes conosco e convosco devem ser substituídos trutura: Radical, Vogal Temática e Tema.
por com nós e com vós, respectivamente, quando apare-
cem seguidos de palavras enfáticas como mesmos, pró- Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o signi-
prios, todos, outros, ambos, ou de numeral: ficado essencial do verbo. Observe as formas verbais da 1ª
conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses ver-
O diretor implicou com nós dois. bos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela está
Senhores deputados, quero falar com vós mesmos. o significado real do verbo.

O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na for- cont é o radical do verbo contar; esper é o radical do verbo
ma oblíqua. Assim, é correto dizer entre mim e ele, entre ela e esperar; brinc é o radical do verbo brincar.
ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo Se tiramos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos,
funcionam como complementos: Isso não convém a mim, Fo- teremos o radical desses verbos. Também podemos antepor
ram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais do prefixos ao radical: des nutr ir / re conduz ir.
caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma,
os pronomes eu e tu estão empregados corretamente nos se- Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual
conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª
guintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só
conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.
quando tu partires, Trouxeram o documento para eu assinar.
Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal
5. Resposta D
temática: contar: -cont (radical) + a (vogal temática) = tema.
a) Esqueci - me de te contar que vi ele na rua. - Estaria COR-
Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical:
RETO
contei = cont ei.
b) Nunca SE pode falar mal de quem não conhece-se. Estaria
CORRETO Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao
c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais. ERRADO! tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências
d) Esta situação REFERE-SE a assuntos empresariais. Estaria modo temporais e desinências número pessoais.
CORRETO!
Contávamos
e) Precisa-se de bons funcionários. A colocação do pronome
está correta de acordo com a regra. Cont = radical
6. Resposta B a = vogal temática
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria de-
va = desinência modo temporal
verá INFORMAR-LHE que ainda não há disponibilidade de
recursos. O pronome LHE caracteriza um objeto indireto, mos = desinência número pessoal
que no caso é o Senhor Secretário; o objeto direto é:”que
ainda não há disponibilidade de recursos”. Flexões Verbais:
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância
neste tipo de situação, a gravidade da ocorrência JUS- Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o
TIFICÁ-LA-IA, sem dúvida. Se o verbo estiver no futuro do número e a pessoa.
presente ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, - eu estudo – 1ª pessoa do singular;
desde que não haja palavra atrativa Ex: “a gravidade da
ocorrência NÃO A justificaria”. - nós estudamos – 1ª pessoa do plural;
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não - tu estudas – 2ª pessoa do singular;
A revogam. O advérbio de negação NÃO atrai o pronome
oblíquo A causando uma próclise. - vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular;

Verbo - eles estudam – 3ª pessoa do plural.

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Língua Portuguesa

- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma 1ª Conjugação: -AR


diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou
seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, Presente danço, danças, dança, dançamos,
tu tens. O pronome vós aparece somente em textos literá- dançais, dançam.
rios ou bíblicos. Os pronomes: você, vocês, que levam o
verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil. Pretérito Perfeito dancei, dançaste, dançou, dança-
- Flexão de tempo e de modo – os tempos situam o fato ou mos, dançastes, dançaram.
a ação verbal dentro de determinado momento; pode estar Pretérito Imperfeito dançava, dançavas, dançava, dan-
em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três çávamos, dançáveis, dançavam.
possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente, pre-
térito, futuro. Pretérito Mais- dançara, dançaras, dançara, dançá-
Que-Perfeito ramos, dançáreis, dançaram.

Modo verbais Futuro do Presente dançarei, dançarás, dançará, dan-


çaremos, dançareis, dançarão.
O modo indica as diversas atitudes do falante com relação ao Futuro do Pretérito dançaria, dançarias, dançaria, dan-
fato que enuncia. çaríamos, dançaríeis, dançariam.

São três os modos:


2ª Conjugação: -ER
Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza, precisão:
o fato é ou foi uma realidade; Apresenta presente, pretérito per- Presente como, comes, come, comemos, co-
feito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do presente e futuro meis, comem.
do pretérito.
Pretérito Perfeito comi, comeste, comeu, comemos,
Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de dú- comestes, comeram.
vida, exprime uma possibilidade; O subjuntivo expressa uma
incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta presente, Pretérito Imperfeito comia, comias, comia, comíamos,
pretérito imperfeito e futuro. Ex.: Tenha paciência, Lourdes; Se comíeis, comiam.
tivesse dinheiro compraria um carro zero; Quando o vir, dê lem-
Pretérito Mais- comera, comeras, comera, comêra-
branças minhas.
Que-Perfeito mos, comêreis, comeram.
Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um dese-
jo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um pedi- Futuro do Presente comerei, comerás, comerá, come-
do, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e imperativo remos, comereis, comerão.
negativo Futuro do Pretérito comeria, comerias, comeria, come-
ríamos, comeríeis, comeriam.
Emprego dos Tempos do Indicativo
3ª Conjugação: -IR
Presente do Indicativo: Para enunciar um fato momentâ-
neo. Ex: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que ocor- Presente parto, partes, parte, partimos, partis,
re com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de partem.
minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes,
verdades universais. Ex: A água é incolor, inodora, insípida. Pretérito Perfeito parti, partiste, partiu, partimos, par-
tistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: Para expressar um fato passado, não
concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava mui- Pretérito partia, partias, partia, partíamos,
to bem. Imperfeito partíeis, partiam.

Pretérito Perfeito: É usado na indicação de um fato passado Pretérito Mais- partira, partiras, partira, partíramos,
concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi... Que-Perfeito partíreis, partiram.

Pretérito Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato passado ante- Futuro do partirei, partirás, partirá, partiremos,
rior a outro acontecimento passado. Ex.: Nós cantáramos no Presente partireis, partirão.
congresso de música.
Futuro do Pretérito partiria, partirias, partiria, partiría-
Futuro do Presente: Na indicação de um fato realizado num mos, partiríeis, partiriam.
instante posterior ao que se fala. Ex.: Cantarei domingo no coro
da igreja matriz.
Futuro do Pretérito: Para expressar um acontecimento pos-
Emprego dos Tempos do Subjuntivo
terior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria um
Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou du-
carro se tivesse dinheiro
vidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição: Du-
vido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
políticos.
Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma
condição ou hipótese: Se recebesse o prêmio, voltaria à
universidade.

62
Língua Portuguesa

Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético, pode ou Imperativo Negativo


não acontecer. Quando/Se você fizer o trabalho, será genero- - É formado através do presente do subjuntivo sem a primeira
samente gratificado. pessoa do singular.
- Não retira os “s” do tu e do vós.
1ª Conjugação –AR
Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
Presente que eu dance, que tu dances, que ele dan- ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
ce, que nós dancemos, que vós danceis, que Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não
eles dancem. amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Pretérito se eu dançasse, se tu dançasses, se ele dan- Além dos três modos citados, os verbos apresentam ainda
Imperfeito çasse, se nós dançássemos, se vós dançás- as formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio
seis, se eles dançassem. e particípio.
Futuro quando eu dançar, quando tu dançares,
quando ele dançar, quando nós dançar- Infinitivo Impessoal
mos, quando vós dançardes, quando eles Exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido,
dançarem. podendo ter valor e função de substantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrup-
2ª Conjugação -ER ção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma
Presente que eu coma, que tu comas, que ele coma, simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: É pre-
que nós comamos, que vós comais, que eles ciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.
comam.
Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal,
Pretérito se eu comesse, se tu comesses, se ele co- isso significa que ele apresenta sentido genérico ou inde-
Imperfeito messe, se nós comêssemos, se vós comês- finido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é
seis, se eles comessem. invariável. Assim, considera- se apenas o processo verbal.
Por exemplo: Amar é sofrer; O infinitivo pessoal, por sua vez,
Futuro quando eu comer, quando tu comeres, quan- apresenta desinências de número e pessoa.
do ele comer, quando nós comermos, quan-
do vós comerdes, quando eles comerem. Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pes-
soas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo im-
pessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas
3ª conjugação – IR do discurso (o que será esclarecido apenas pelo contexto da
frase). Por exemplo: Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª
Presente que eu parta, que tu partas, que ele parta, pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)
que nós partamos, que vós partais, que eles
partam. As regras que orientam o emprego da forma variável ou invari-
ável do infinitivo não são todas perfeitamente definidas. Por ser
Pretérito se eu partisse, se tu partisses, se ele partis- o infinitivo impessoal mais genérico e vago, e o infinitivo pesso-
Imperfeito se, se nós partíssemos, se vós partísseis, se al mais preciso e determinado, recomenda-se usar este último
eles partissem. sempre que for necessário dar à frase maior clareza ou ênfase.
Futuro quando eu partir, quando tu partires, quando O Infinitivo Impessoal é usado
ele partir, quando nós partirmos, quando vós
- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a
partirdes, quando eles partirem.
um sujeito determinado;
Por exemplo:
Emprego do Imperativo Querer é poder; Fumar prejudica a saúde; É proibido colar car-
tazes neste muro.
Imperativo Afirmativo Quando tiver o valor de Imperativo; Por exemplo: Soldados,
- Não apresenta a primeira pessoa do singular. marchar! (= Marchai!)
- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do - Quando é regido de preposição e funciona como comple-
subjuntivo. mento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração an-
- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”. terior; Por exemplo: Eles não têm o direito de gritar assim;
As meninas foram impedidas de participar do jogo; Eu os
- - O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.
convenci a aceitar.
Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós ama-
No entanto, na voz passiva dos verbos “contentar”, “tomar” e
mos, vós amais, eles amam.
“ouvir”, por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) deve ser flexio-
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele nado. Por exemplo: Eram pessoas difíceis de serem contenta-
ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem. das; Aqueles remédios são ruins de serem tomados; Os CDs
que você me emprestou são agradáveis de serem ouvidos.
Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos nós,
amai vós, amem vocês. Nas locuções verbais

Por exemplo:
- Queremos acordar bem cedo amanhã.

63
Língua Portuguesa

- Eles não podiam reclamar do colégio. irem primeiro; O bom é sempre lembrarmos desta regra (su-
- Vamos pensar no seu caso. jeito desinencial, sujeito implícito = nós).
- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal;
Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração
Por exemplo: O professor deu um prazo de cinco dias para
anterior;
os alunos estudarem bastante para a prova; Perdoo-te por
Por exemplo: me traíres; O hotel preparou tudo para os turistas ficarem
- Eles foram condenados a pagar pesadas multas. à vontade; O guarda fez sinal para os motoristas pararem.
- Devemos sorrir ao invés de chorar. - Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na tercei-
ra pessoa do plural); Por exemplo: Faço isso para não me
- Tenho ainda alguns livros por (para) publicar.
acharem inútil; Temos de agir assim para nos promoverem;
Quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou estiver Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua
distante do verbo da oração principal (verbo regente), pode ser conduta.
flexionado para melhor clareza do período e também para se - Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação;
enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal. Por exemplo: Por exemplo: Vi os alunos abraçarem- se alegremente; Fi-
- Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. zemos os adversários cumprimentarem-se com gentileza;
- Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem futebol. Mandei as meninas olharem-se no espelho.
- Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. Como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexionado é
- Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito) da ação
crianças. expressa pelo verbo.
- Se o infinitivo de um verbo for escrito com “j”, esse “j” apa-
Com os verbos causativos “deixar”, “mandar” e “fazer” e seus
recerá em todas as outras formas.
sinônimos que não formam locução verbal com o infinitivo que
os segue; Por exemplo: Deixei-os sair cedo hoje. Por exemplo:
Com os verbos sensitivos “ver”, “ouvir”, “sentir” e sinônimos, Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enferrujarão,
deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. Por exemplo: enferrujassem, etc. (Lembre-se, contudo, que o substantivo
Vi-os entrar atrasados; Ouvi-as dizer que não iriam à festa. ferrugem é grafado com “g”.).
É inadequado o emprego da preposição “para” antes dos obje- Viajar: viajou, viajaria, viajem (3ª pessoa do plural do presente
tos diretos de verbos como “pedir”, “dizer”, “falar” e sinônimos; do subjuntivo, não confundir com o substantivo viagem) viaja-
- Pediu para Carlos entrar (errado), rão, viajasses, etc.
- Pediu para que Carlos entrasse (errado). - Quando o verbo tem o infinitivo com “g”, como em “dirigir”
e “agir” este “g” deverá ser trocado por um “j” apenas na
- Pediu que Carlos entrasse (correto).
primeira pessoa do presente do indicativo. Por exemplo: eu
Quando a preposição “para” estiver regendo um verbo, como dirijo/ eu ajo
na oração “Este trabalho é para eu fazer”, - O verbo “parecer” pode relacionar-se de duas maneiras dis-
pede-se o emprego do pronome pessoal “eu”, que se revela, tintas com o infinitivo. Quando “parecer” é verbo auxiliar de
neste caso, como sujeito. Outros exemplos: um outro verbo: Elas parecem mentir. Elas parece mentirem.
Neste exemplo ocorre, na verdade, um período composto.
- Aquele exercício era para eu corrigir.
“Parece” é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a
- Esta salada é para eu comer? oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infini-
- Ela me deu um relógio para eu consertar. tivo “elas mentirem”. Como desdobramento dessa reduzida,
podemos ter a oração “Parece que elas mentem.”
Em orações como “Esta carta é para mim!”, a preposição está
ligada somente ao pronome, que deve se apresentar oblíquo
tônico. Gerúndio
Infinitivo Pessoal
O gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (Função de
advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (Função
Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, as-
adjetivo)
sumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona
-se da seguinte maneira: Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em cur-
so; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
2ª pessoa do singular: Radical + ES. Ex.: teres (tu) 1ª pessoa
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado,
do plural: Radical + mos. Ex.: termos (nós) 2ª pessoa do plural:
aprendeu o valor do dinheiro.
Radical + dês. Ex.: terdes (vós) 3ª pessoa do plural: Radical +
em. Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa Particípio:
colocação.
Quando não é empregado na formação dos tempos compos-
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso tos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação ter-
significa que ele atribui um agente ao processo verbal, minada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exem-
flexionando-se. plo: Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos: particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação tem-
poral, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
- Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso; verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar
Por exemplo: Se tu não perceberes isto...; Convém vocês a escola.

64
Língua Portuguesa

1ª Conjugação –AR Futuro do Futuro do Futuro do


Pretérito Pretérito Presente
Infinitivo dançar. Simples Composto
Impessoal
EU seria terei sido serei
Infinitivo dançar eu, dançares tu; dançar ele, dançar-
TU serias terias sido serás
Pessoal mos nós, dançardes vós,dançarem eles.
ELE seria teria sido será
Gerúndio dançando.
NÓS seríamos teríamos sido seremos
Particípio dançado.
VÓS seríeis teríeis sido sereis
2ª Conjugação –ER ELES seriam teriam sido serão

Infinitivo comer. Modo Subjuntivo


Impessoal
Presente Pretérito Pretérito Mais
Infinitivo comer eu, comeres tu, comer ele, comermos Imperfeito
Pessoal nós, comerdes vós, comerem eles.
EU Que eu seja Se eu fosse Se eu tivesse sido
Gerúndio comendo.
TU Que tu sejas Se tu fosses Se tu tivesses sido
Particípio comido.
ELE Que ele seja Se ele fosse Ser ele tivesse
3ª Conjugação –IR NÓS Que nós Se nós Se nós tivéssemos
sejamos fôssemos sido
Infinitivo partir.
VÓS Que vós Se vós Se vós tivésseis
Impessoal
sejais fôsseis
Infinitivo partir eu, partires tu, partir ele, partirmos nós,
Pessoal ELES Que eles Se eles Se eles tivessem
partirdes vós, partirem eles.
sejam fossem sido
Gerúndio partindo.
Particípio partido. Futuro Simples Futuro Composto
EU Quando eu for Quando eu tiver sido
Verbos auxiliares: ser, estar, ter, haver
TU Quando tu fores Quando tu tiveres sido

Ser ELE Quando ele for Quando ele tiver sido


Modo Indicativo NÓS Quando nós formos Quando nós tivermos sido
VÓS Quando vós fordes Quando vós tiverdes sido
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
perfeito Perfeito Perf. ELES Quando eles forem Quando eles tiverem sido
Simples Composto
EU sou era fui tenho sido Modo Imperativo
TU és eras foste tens sido
Imperativo Imperativo Infinitivo
ELE é era foi tem sido Afirmativo Negativo Pessoal

NÓS somos éramos fomos temos sido EU ------ ------ Por ser eu
VÓS sois éreis fostes tendes sido TU Sê tu Não sejas tu Por seres tu
ELES são eram foram têm sido ELE Seja ele Não sejas ele Por ser ele
NÓS Sejamos nós Não sejamos nós Por sermos nós
Pret.Mais que Pret. Mais que Perfeito
Perfeito Simples Composto VÓS Sedes vós Não sejais vós Por serdes vós

EU fora tinha sido ELES Sejam eles Não sejam eles Por serem eles

TU foras tinhas sido


Formas Nominais
ELE fora tinha sido Infinitivo: ser
NÓS fôramos tínhamos sido Gerúndio: sendo
VÓS fôreis tínheis sido Particípio: sido

ELES foram tinham sido

65
Língua Portuguesa

Estar VÓS Que vós estejais Se vós Se vós tivésseis


Modo Indicativo estivésseis estado

ELES Que eles Se eles Se eles tivessem


Presente Pretérito Pretérito Pretérito estejam estivessem estado
Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto

EU estou estava estive tenho estado Futuro Simples Futuro Composto


TU estás estavas estiveste tens estado
EU Quando eu estiver Quando eu tiver estado
ELE está estava esteve tem estado
TU Quando tu estiveres Quando tu tiveres estado
NÓS estamos estávamos estivemos temos
ELE Quando ele estiver Quando ele tiver estado
estado
NÓS Quando nós estivermos Quando nós tivermos estado
VÓS estais estáveis estivestes tendes
estado VÓS Quando vós estiverdes Quando vós tiverdes estado

ELES estão estavam estiveram têm estado ELES Quando eles estiverem Quando eles tiverem estado

Imperativo
Pret. Pret. Mais Futuro do Futuro do
Mais que que Perfeito Presente Presente
Perfeito Composto Simples Composto Imperativo Imperativo Infinitivo
Simples Afirmativo Negativo Pessoal
EU estivera tinha estado estarei terei estado
EU ----- ------ Por estar eu
TU estiveras tinhas estarás terás estado
estado
TU está tu Não estejas tu Por estares tu

ELE estivera tinha estado estará terá estado ELE esteja ele Não esteja ele Por estar ele

NÓS estivéra- tínhamos estaremos teremos NÓS estejamos Não estejamos Por estarmos nós
mos estado estado nós nós

VÓS estivéreis tínheis estareis tereis estado VÓS estai vós Não estejais vós Por estardes vós
estado
ELES estejam eles Não estejam eles Por estarem eles
ELES estiveram tinham estarão terão estado
estado
Formas Nominais
Infinitivo: estar
Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
Gerúndio: estando
EU estaria teria estado Particípio: estado

TU estarias terias estado


TER
ELE estaria teria estado Modo Indicativo
NÓS estaríamos teríamos estado
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
VÓS estaríeis teríeis estado Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto
ELES estariam teriam estado
EU tenho tinha tive Tenho tido

Modo Subjuntivo TU tens tinhas tiveste tens tido

ELE tem tinha teve tem tido


Presente Pretérito Pretérito Mais
Imperfeito que Perfeito NÓS temos tínhamos tivemos temos tido
Composto
VÓS tendes tínheis tivestes tendes tido
EU Que eu esteja Se eu estivesse Se eu tivesse
estado ELES têm tinham tiveram têm tido

TU Que tu estejas Se tu estivesses Se tu tivesses


estado Pret. Mais Pret. Mais Futuro do
que Perfeito que Perfeito Presente Simples
ELE Que ele esteja Se ele estivesse Ser ele tivesse Simples Composto
estado
EU tivera tinha tido terei
NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse-
TU tiveras tinhas tido terás
estejamos estivéssemos mos estado
ELE tivera tinha tido terá

66
Língua Portuguesa

NÓS tivéramos tínhamos tido teremos


Formas Nominais
Infinitivo: ter
VÓS tivéreis tínheis tido tereis Gerúndio: tendo
Particípio: tido
ELES tiveram tinham tido terão

HAVER
Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
Modo Indicativo
EU teria teria tido
Presente Pretérito Pretérito Pretérito
TU terias terias tido Imperfeito Perf. Perf.
Simples Composto
ELE teria teria tido
EU hei havia houve tenho havido
NÓS teríamos teríamos tido
TU hás havias houveste tens havido
VÓS teríeis teríeis tido
ELE há havia houve tem havido
ELES teriam teriam tido
NÓS havemos havíamos houvemos temos
Modo Subjuntivoi havido

Presente Pretérito Pretérito Mais VÓS haveis havíeis houvestes tendes


Imperfeito que Perfeito havido
Composto
ELES hão haviam houveram têm havido
EU Que eu tenha Se eu tivesse Se eu tivesse
tido
Pret. Pret. Mais Futuro do Futuro do
TU Que tu tenhas Se tu tivesses Se tu tivesses Mais que que Perfeito Presente Presente
tido Perfeito Composto Simples Composto
Simples
ELE Que ele tenha Se ele tivesse Ser ele tivesse
tido EU houvera tinha havido haverei terei havido

NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse- TU houveras tinhas haverás terás havido
tenhamos tivéssemos mos tido havido

VÓS Que vós tenhais Se vós tivésseis Se vós tivésseis ELE houvera tinha havido haverá terá havido
tido
NÓS houvéra- tínhamos haveremos teremos
ELES Que eles tenham Se eles Se eles tivessem mos havido havido
tivessem tido
VÓS houvéreis tínheis havereis tereis havido
havido

Futuro Simples Futuro Composto ELES houveram tinham haverão terão havido
havido
EU Quando eu tiver Quando eu tiver tido

TU Quando tu tiveres Quando tu tiveres tido Futuro do Pret. Simples Futuro do Pret. Composto
ELE Quando ele tiver Quando ele tiver tido
EU haveria teria havido
NÓS Quando nós tivermos Quando nós tivermos tido
TU haverias terias havido
VÓS Quando vós tiverdes Quando vós tiverdes tido
ELE haveria teria havido
ELES Quando eles tiverem Quando eles tiverem tido
NÓS haveríamos teríamos havido
Modo Imperativo
VÓS haveríeis teríeis havido

Imperativo Imperativo Infinitivo ELES haveriam teriam havido


Afirmativo Negativo Pessoal
Modo Subjuntivo
EU ----- ------ Por ter eu

TU tem tu Não tenhas tu Por teres tu Presente Pretérito Pretérito Mais


Imperfeito que Perfeito
ELE tenha ele Não tenha ele Por ter ele Composto

NÓS tenhamos Não tenhamos Por termos nós EU Que eu haja Se eu houvesse Se eu tivesse
nós nós havido

VÓS tende vós Não tenhais vós Por terdes vós TU Que tu hajas Se tu houvesses Se tu tivesses
havido
ELES tenham eles Não tenham eles Por terem eles

67
Língua Portuguesa

ELE Que ele haja Se ele houvesse Ser ele tivesse


ANÔMALOS
havido
São aqueles que têm uma anomalia no radical. Ser, Ir.
NÓS Que nós Se nós Se nós tivésse-
hajamos houvéssemos mos havido IR
VÓS Que vós hajais Se vós Se vós tivésseis Modo Indicativo
houvésseis havido

ELES Que eles hajam Se eles Se eles tivessem Presente Pretérito Pretérito Pretérito
Imperfeito Perfeito Perfeito
houvessem havido
EU vou ia fui fora

Futuro Simples Futuro Composto TU vais ias foste foras

EU Quando eu houver Quando eu tiver havido ELE vai ia foi fora

TU Quando tu houveres Quando tu tiveres havido NÓS vamos íamos fomos fôramos

ELE Quando ele houver Quando ele tiver havido VÓS ides íeis fostes fôreis

NÓS Quando nós houvermos Quando nós tivermos havido ELES vão iam foram foram

VÓS Quando vós houverdes Quando vós tiverdes havido


Futuro do Presente Futuro do Pretérito
ELES Quando eles houverem Quando eles tiverem havido
EU irei iria
Imperativo
TU irás irias
Imperativo Imperativo Infinitivo ELE irá iria
Afirmativo Negativo Pessoal
NÓS iremos iríamos
EU ----- ------ Por haver eu
VÓS ireis iríeis
TU há tu Não hajas tu Por haveres tu
ELES irão iriam
ELE haja ele Não haja ele Por haver ele
NÓS hajamos nós Não hajamos nós Por havermos nós Modo Subjuntivo
VÓS havei vós Não hajais vós Por haverdes vós
Presente Pretérito Futuro
ELES hajam eles Não hajam eles Por haverem eles Imperfeito

EU Que eu vá Se eu fosse Quando eu for


Formas Nominais
Infinitivo: haver TU Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Gerúndio: havendo ELE Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Particípio: havido
NÓS Que nós vamos Se nós Quando nós
fôssemos formos
VERBOS REGULARES:
VÓS Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós
Não sofrem modificação no radical durante toda conjugação fordes
(em todos os modos) e as desinências seguem as do verbo ELES Que eles vão Se eles fossem Quando eles
paradigma (verbo modelo) forem
AMAR: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei, Ama- Imperativo
ria, Ame, Amasse, Amar.
Imperativo Imperativo Infinitivo
COMER: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Come-
Afirmativo Negativo Pessoal
rei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.
PARTIR: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Par- EU ----- ------ Para ir eu
tiria, Parta, Partisse, Partir. TU vai tu Não vás tu Para ires tu
ELE vá ele Não vá ele Para ir ele
VERBOS IRREGULARES
NÓS vamos nós Não vamos nós Para irmos nós
São os verbos que sofrem modificações no radical ou em suas
VÓS ide vós Não vades vós para irdes vós
desinências.
DAR: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, der ELES vão eles Não vão eles para irem eles
CABER: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia, caiba, Formas Nominais
coubesse, couber.
Infinitivo: ir
AGREDIR: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei, agredi- Gerúndio: indo
ria, agrida, agredisse, agredir. Particípio: ido

68
Língua Portuguesa

VERBOS DEFECTIVOS Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as


frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você” pra-
São aqueles que possuem um defeito. Não têm todos os mo- ticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo,
dos, tempos ou pessoas. primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”.
Assim, observe que o mesmo ocorre nas frases a seguir:
Verbo Pronominal: É aquele que é conjugado com o prono-
me oblíquo. Ex: Eu me despedi de mamãe e parti sem olhar Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel.
para o passado. Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a
Manuel.
Verbos Abundantes: “São os verbos que têm duas ou mais
formas equivalentes, geralmente de particípio.” (Sacconi) Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução verbal
com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o
Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Emergir,
principal no particípio, indicando ação passada em relação ao
Expelir.
momento da fala. Por exemplo - Para você ter comprado esse
Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, Desenvolvi- carro, necessitou de muito dinheiro
do, Emergido, Expelido.
Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvolto, Emer- Questões
so, Expulso.
Tempos Compostos: São formados por locuções verbais 1. (Copergás/PE - Analista Administrador – FCC/2016)
que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como prin- A música relativa
cipal, qualquer verbo no particípio. São eles:
- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a formação Parece existir uma série enorme de mal-entendidos em torno
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do lugar-comum que afirma ser a música uma linguagem uni-
do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que versal, passível de ser compreendida por todos. “Fenômeno
tem ocorrido com frequência ultimamente. Por exemplo: Eu universal” − está claro que sim; mas “linguagem universal” −
tenho estudado demais ultimamente. até que ponto?
- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação Ao que tudo indica, todos os povos do planeta desenvolvem
de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do manifestações sonoras. Falo tanto dos povos que ainda se en-
Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de contram em estágio dito “primitivo” − entre os quais ela con-
que algo já tenha ocorrido. Por exemplo: Espero que você tinua a fazer parte da magia − como das civilizações tecnica-
tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação. mente desenvolvidas, nas quais a música chega até mesmo a
- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: É a possuir valor de mercadoria, a propiciar lucro, a se propagar
formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no em escala industrial, transformando-se em um novo fetiche.
Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, Contudo, se essa tendência a expressar-se através de sons dá
tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-Perfeito do mostras de ser algo inerente ao ser humano, ela se concretiza
Indicativo simples. Por exemplo: Eu já tinha estudado no de maneira tão diferente em cada comunidade, dá-se de forma
Maxi, quando conheci Magali. tão particular em cada cultura que é muito difícil acreditar que
- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É cada uma de suas manifestações possua um sentido univer-
a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no sal. Talvez seja melhor dizer que a linguagem musical só existe
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, concretizada por meio de “línguas” particulares ou de “falas”
tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjunti- determinadas; e que essas manifestações podem até, em par-
vo simples. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não te, ser compreendidas, mas nunca vivenciadas em alguns de
me tivesse mudado de cidade. Perceba que todas as frases seus elementos de base por aqueles que não pertençam à cul-
remetem a ação obrigatoriamente para o passado. A frase tura que as gerou.
Se eu estudasse, aprenderia é completamente diferente de (Adaptado de: MORAES, J. Jota de. O que é música. São Paulo: Brasiliense,
Se eu tivesse estudado, teria aprendido. 2001, p.12-14)
- Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a forma- Está plenamente adequada a correlação entre tempos e
ção de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro modos verbais na frase:
do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, a) Não seria de se esperar que todas as músicas alcançaram
tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do igual repercussão onde quer que se produzissem.
Indicativo. Por exemplo: Amanhã, quando o dia amanhecer, b) Se todos os povos frequentassem a mesma linguagem
eu já terei partido. musical, a universalidade de sentido terá sido indiscutível.
- Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a forma- c) A cada vez que se propaga em escala industrial, a música
ção de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro poderia se transformar num fetiche do mercado.
do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, d) Dado que as culturas são muito diferentes, é de se esperar
tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do que as linguagens da música também o sejam.
Indicativo. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não e) As diferentes manifestações musicais trariam consigo lin-
me tivesse mudado de cidade. guagens que se marcarão como particulares.
- Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução
2. (Pref. de Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo –
verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo
IDHTEC/2016)
simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que
o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quando você Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi não c u l p a
tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. pelo acidente. Em entrevista, Philippe Bianchi afirma que a
Veja os exemplos: verdade nunca vai aparecer, pois os pilotos medo de falar.
Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel. Quan- “Um piloto não vai dizer nada se existir uma câmera, mas
do você chegar à minha casa, já terei telefonado a Manuel. quando não existem câmeras, todos até mim e me dizem. Ju-

69
Língua Portuguesa

les Bianchi bateu com seu carro em um trator durante um GP, Respostas
aquaplanou e não conseguiu para evitar o choque.
1. Resposta D
(http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-temmedo-de-
-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi) Nesse tipo de questão é necessário fazer a concordância entre
o tempo verbal dos verbos presentes na frase.
Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
a) Não seria de se esperar que todas as músicas ALCAN-
modo e pessoa corretos:
ÇASSEM igual repercussão onde quer que se produzis-
a) Tem – tem – vem - freiar
sem. (alcançassem - produzissem)
b) Tem – tiveram – vieram - frear
b) Se todos os povos frequentassem a mesma linguagem
c) Teve – tinham – vinham – frenar
musical, a universalidade de sentido SERIA indiscutível.
d) Teve – tem – veem – freiar
(frequentassem - seria)
e) Teve – têm – vêm – frear
c) A cada vez que se propaga em escala industrial, a música
3. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala – FE- PODE se transformar num fetiche do mercado. (propaga
PESE/2016) - pode)
d) As diferentes manifestações musicais trariam consigo lin-
Assinale a alternativa em que está correta a correlação entre os
guagens que se MARCARIAM como particulares. (trariam
tempos e os modos verbais nas frases abaixo.
- marcariam)
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendi-
mento que o outro tem do assunto tratado e reforçaria a 2. Resposta E
nossa persuasão.
Teve - Pretérito perfeito do indicativo Têm - Presente do
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
Indicativo
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
apresentação. Vêm - ( verbo vir) – Presente do Indicativo Frear - Infinitivo
c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público,
3. Resposta B
teria dependido dos bons ensinamentos da escola.
a) A entonação correta ao falarmos colabora com o entendi-
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os
mento que o outro tem do assunto tratado e REFORÇA a
da geração passada, haveria de concluir que os jovens de
nossa persuasão. Errada.
hoje leem muito menos.
b) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
e) O contato visual também é importante ao falar em público.
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
Passa empatia e envolveria o outro.
apresentação. Gabarito
4. (Pref. de Caucaia/CE - Agente de Suporte a Fiscaliza- c) A capacidade de os adolescentes virem a falar em público,
ção – CETREDE/2016) TEM dependido dos bons ensinamentos da escola. Errado.
d) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os da
Em “Conheço uma moça... Se alguém contasse sua história,
geração passada, HAVERÁ de concluir que os jovens de
fariam como o senhor...” há verbos empregados respectiva-
hoje leem muito menos. Errada.
mente no presente do indicativo, no
e) O contato visual também é importante ao falar em público.
a) pretérito imperfeito do subjuntivo, no futuro do pretérito do
Passa empatia e ENVOLVE o outro. Errada.
indicativo.
b) pretérito imperfeito do indicativo, no futuro do pretérito do 4. Resposta A
indicativo.
contasse - indica modo pretérito imperfeito do subjuntivo
c) futuro do pretérito do indicativo, no pretérito imperfeito do
subjuntivo. fariam - indica modo futuro do pretérito do indicativo.
d) futuro do pretérito do indicativo, no pretérito imperfeito do
5. Certo
indicativo.
e) futuro do pretérito do subjuntivo, no pretérito imperfeito do O pretérito perfeito consiste num processo verbal que exprime
subjuntivo. um fato passado não habitual; ao passo que o imperfeito expri-
me um fato habitual, rotineiro. A título de ilustração, analisemos:
5. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-
-SC/2016) Sempre que a encontrava revivia os bons tempos. (pretérito im-
perfeito) Sempre que a encontrei revivi os bons tempos. (pre-
“Desde as primeiras viagens ao Atlântico Sul, os navegado-
térito perfeito)
res europeus reconheceram a importância dos portos de São
Francisco, Ilha de Santa Catarina e Laguna, para as “estações O pretérito perfeito, diferenciando-se do imperfeito, indica a
da aguada” de suas embarcações. À época, os navios eram ação momentânea, determinada no tempo.
impulsionados a vela, com pequeno calado e autonomia de
Já o imperfeito expressa uma ação durativa, não limitada no
navegação limitada. Assim, esses portos eram de grande im-
tempo.
portância, especialmente para os navegadores que se dirigiam
para o Rio da Prata ou para o Pacífico, através do Estreito de Assim, no intento de constatarmos tais diferenças, atentemo-
Magalhães.” -nos aos exemplos que seguem:
(Adaptado de SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de Colocava em prática todo o aprendizado que adquiria median-
Santa Catarina. Florianópolis: edição do Autor, 1977, p. 43.) te as aulas a que assistia. (pretérito imperfeito)
Em “os navegadores europeus reconheceram” a forma verbal Colocou em prática todo o aprendizado que adquiriu mediante
encontra-se no pretérito perfeito do indicativo, tempo que in- as aulas a que assistiu. (pretérito perfeito)
dica ação ocorrida e concluída em determinado momento do
passado.
( ) Certo ( ) Errado

70
Língua Portuguesa

Advérbio Analítico: mais do que: Raquel é mais elegante do que eu.


Sintético: melhor, pior que: Amanhã será melhor do que hoje.
Advérbio é a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou Inferioridade
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo (Esta-
va muito bonita). De acordo com a circunstância que exprime, Menos do que: Falei menos do que devia.
o advérbio pode ser de:
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde (=sempre), Superlativo Absoluto:
amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente, depois, de- Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato defendeu-
pressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo, novamente, -se muito mal.
outrora.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo.
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além, al-
gures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar),
aquém,dentro, defronte, fora, longe, perto. Palavras e Locuções Denotativas:
Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ), devagar, São palavras semelhantes a advérbios e que não possuem
mal, melhor pior, e a maior parte dos advérbios que termina em classificação especial. Não se enquadram em nenhuma
mente: calmamente, suavemente, rapidamente, tristemente. das dez classes de palavras. São chamadas de denotativas
Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente, real- e exprimem:
mente, sim, seguramente. Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem: Ainda bem
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito nenhum, que você veio.
nem, não, tampouco (=também não). Designação, Indicação: eis: Eis aqui o herói da turma.
Intensidade: apenas, assaz bastante bastante, bem, de- Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, se-
mais,mais, meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, quer: Não me disse sequer uma palavra de amor.
pouco.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso,
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá, possivel- de mais a mais: Também há flores no céu.
mente, talvez.
Limitação: só, apenas, somente, unicamente: Só Deus é
perfeito.
Advérbios Interrogativos Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo: Sei lá o que ele
quis dizer!
São empregados em orações interrogativas diretas ou indi-
retas. Podem exprimir: lugar, tempo, modo, ou causa. Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes: Irei à Bahia na
- Onde fica o Clube das Acácias ? (direta) próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
- Preciso saber onde fica o Clube das Acássias. (indireta) Explicação: por exemplo, a saber: Você, por exemplo, tem
- Quando minha amiga Delma chegará de Campinas? (direta) bom caráter.
- Gostaria de saber quando minha amiga Delma chegará de
Campinas. (indireta) Emprego do Advérbio
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do
Locuçoes Adverbiais sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de super-
lativo sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho,
São duas ou mais palavras que têm o valor de advérbio: às depressinha, rapidinho (bem rápido): Rapidinho chegou a
cegas, às claras, às toa, às pressas, às escondidas, à noite, casa; Moro pertinho da universidade.
à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de chofre, de cor, de - Frequenternente empregamos adjetivos com valor de
improviso, de propósito, de viva voz, de medo, com certeza, advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente)
por perto, por um triz, de vez em quando, sem dúvida, de forma - Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai
alguma, em vão, por certo, à esquerda, à direta, a pé, a esmo, para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bas-
por ali, a distância. tante simpáticas e gentis.
- De repente o dia se fez noite. - Bastante, antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai para
- Por um triz eu não me denunciei. o plural, equivale a muitos / as: Contei
- Sem dúvida você é o melhor. - bastantes estrelas no céu.
- Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau (ad-
Graus dos Advérbios jetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei- a de
mau humor.
O advérbio não vai para o plural, são palavras invariáveis, mas - Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal:
alguns admitem a flexão de grau: comparativo e superlativo. Ficamos mais bem informados depois do
- noticiário notumo.
Comparativo de: - Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não
Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz se fazem professores como antigamente. (=não se fazem
quanto / como você. mais)

Superioridade

71
Língua Portuguesa

- Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o par- mais gélido será o gabinete da autoridade. Mas a maneira de
ticípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide conquistar esse conforto térmico tende a ser equivocada.
emagrecia a olhos vistos.
Estive em um hotel do Nordeste amplamente servido pela agra-
- Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas dável brisa do mar e cuja propaganda é ser “ecológico”. No
no último permanece mente: Educada e pacientemente, entanto, é ar condicionado dia e noite, pois a arquitetura não
falei a todos. permite a circulação natural do ar. Pior, como na maioria das
- A repetição de um mesmo advérbio assume o valor su- nossas edificações, o isolamento é péssimo. Um minuto des-
perlativo: Levantei cedo, cedo. ligado, e quase sufocamos de calor. Uma parede comum de
alvenaria tem um décimo da resistência térmica recomendada
pela Comunidade Europeia. E do excesso de vidros, nem falar!
Questões
A terceira é uma birra pessoal, já que minha profissão me leva a
1. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio: falar em público. Os arquitetos não descobriram que o Power-
a) Só quero meio quilo. Point requer uma sala que escureça e uma iluminação que não
b) Achei-o meio triste. vaze na tela. Sem isso, ou a projeção fica esmaecida ou, se é
c) Descobri o meio de acertar. apagada a luz, do professor só se vê o vulto. A solução é ridi-
d) Parou no meio da rua. culamente simples: um spot no conferencista.
e) Comprou um metro e meio.
E assim vamos, aos encontrões com o desconforto, em recor-
2. Só não há advérbio em: rente zigue-zague.
a) Não o quero. (CASTRO, Cláudio de Moura. Veja, 11/02/2015,p.18,fragmento)
b) Ali está o material.
c) Tudo está correto. Qual o advérbio ou expressão adverbial que marca a aprecia-
d) Talvez ele fale. ção do autor sobre o conteúdo da oração?
e) Já cheguei. a) Até o meio século passado (3º§).
b) Hoje (3º§).
3. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo? c) Assim (6º§).
a) Realmente ela errou. d) Ridiculamente (5º§).
b) Antigamente era mais pacato o mundo. e) Em muitos (2º§).
c) Lá está teu primo.
d) Ela fala bem. 6. (MPE-SC - Promotor de Justiça – Vespertina – MPE-
e) Estava bem cansado. -SC/2016)

4. Classifique a locução adverbial que aparece em “Ma- “A Família Schürmann, de navegadores brasileiros, chegou ao
chucou-se com a lâmina”. ponto mais distante da Expedição Oriente, a cidade de Xangai,
a) modo na China. Depois de 30 anos de longas navegações, essa é
b) instrumento a primeira vez que os Schürmann aportam em solo chinês. A
c) causa negociação para ter a autorização do país começou há mais de
d) concessão três anos, quando a expedição estava em fase de planejamen-
e) fim to. Essa também é a primeira vez que um veleiro brasileiro re-
cebe autorização para aportar em solo chinês, de acordo com
5. (UFCG - Administrador – UFCG/2016) as autoridades do país.”
Os zigue-zagues do conforto (http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/03/bfamilia-schurmannb-navega-pe-
la-primeira-vez-na-antartica.html)
Hoje, a ideologia do conforto varreu nossa sociedade. É um
Em “Essa também é a primeira vez” há ideia de inclusão.
grande motor da publicidade e do consumismo. Contudo,
o avanço não é linear, havendo atrasos técnicos e retroces- ( ) Certo ( ) Errado
sos. Em três áreas enguiçadas, o conforto e desconforto se
embaralham. Respostas
A primeira é o conforto acústico. Raras salas de aula oferecem 1. Resposta B
um mínimo de condições. Padecem os professores, pois só
berrando podem ser ouvidos. Uma conversa tranquila é impos- Alternativa A: meio quilo = quantidade
sível na maioria dos restaurantes. Em muitos, não pode haver Alternativa B (correta): meio triste = advérbio de intensidade
conversa de espécie alguma. O bê-á-bá do tratamento acústi-
co é trivial. Por que temos de ser torturados por tantos decibéis Alternativa C: descobri o meio = jeito, maneira
malvados? Alternativa D: meio da rua = metade
A segunda é o conforto térmico. Quem gosta de sentir frio ou Alternativa E: um metro e meio = quantidade
calor? Na verdade, não se trata de gostar, mas de ser atropela-
do por imperativos culturais. Por não precisarem se impor pela 2. Reposta C
vestimenta, oficiais britânicos usavam bermudas e camisas de Alternativa A: Não – advérbio de negação
mangas curtas nos trópicos. Mas no Rio de Janeiro, a aristo-
cracia do Segundo Império não saía de casa sem terno, colete Alternativa B: Ali – advérbio de lugar
e sobrecasaca, todos de espessa casimira inglesa. E mais: gra- Alternativa D:Talvez – advérvio de dúvida Alternativa E: Já –
vata, camisa de peito duro, cartola e luvas. E se assim fazia a advérbio de tempo
nobreza, o povaréu tentava imitar. Até o meio século passado,
as elegantes usavam casaco de pele na capital. Hoje, a moda 3. Resposta D
deu cambalhota, o chique é sentir frio. Quanto mais importante, Alternativa A: Realmente – advérbio de afirmação
Alternativa B: Antigamente – advérbio de tempo
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Língua Portuguesa

Alternativa C: Lá – advérbio de lugar Combinações e Contrações


Alternativa D (correta): Bem – advérbio de modo / modifica a
Combinação: ocorre combinação quando não há perda de
maneiro com que ela fala.
fonemas: a+o,os= ao, aos / a+onde = aonde.
Alternativa E: Bem- advérbio de intensidade
Contração: ocorre contração quando a preposição perde
4. Resposta B fonemas: de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos,
desta, deste, disto.
“Com a lâmina” = instrumento
- em+ um, uma, uns, umas,isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
5. Resposta D aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso,
Sufixo “MENTE” ,em sua maioria, é advérbio de modo. naquilo, naquele, naquela, naqueles.
- de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele, daquela,
6. Certo daquilo.
Palavras e Locuções Denotativas. - para+ a = pra.
Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive, etc. A contração da preposição a com os artigos ou pronomes de-
monstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de
crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando as-
Preposição sim: à, às, àquele, àquela, àquilo.

É a palavra invariável que liga um termo dependente a um ter-


Valores das Preposições
mo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As pre-
posições podem ser: essenciais ou acidentais. As preposições
A (movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os Anos
essenciais atuam exclusivamente como preposições. São: a,
Dourados. modo: Partiu às pressas. tempo: Iremos nos ver ao
ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, pe-
entardecer. Apreposição a indica deslocamento rápido: Vanios
rante, por, sem, sob, sobre, trás. Exemplos: Não dê atençâo a
à praia. (ideia de passear)
fofocas; Perante todos disse, sim.
Ante (diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tanta era a
As preposições acidentais são palavras de outras classes
emoção. tempo (substituída por antes de): Preciso chegarao
que atuam eventualmente como preposições. São: como
encontro antes das quatro horas.
(=na qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante,
exceto, mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante: Agia Após (depois de): Após alguns momentos desabou num choro
conforme sua vontade. (= de acordo com) arrependido.
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de Até (aproximação): Correu até mim. tempo: Certamente tere-
um substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, mos o resultado do exame até a semana que vem. Atenção: Se
as árvores, a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai a preposição até equivaler a inclusive, será palavra de inclusão
para o plural e não estabelece concordância com o substan- e não preposição. Os sonhadores amam até quem os despre-
tivo. Exemplo: Fiz todo o percurso a pé. (não há concordân- za. (inclusive)
cia com o substantivo masculino pé)
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade; deve-se
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim rapida- rir com alguém. causa: A cidade foi destruída com o temporal.
mente. Não vá sem mim. instrumento: Feriu-se com as próprias armas. modo: Marfinha,
minha comadre, veste-se sempre com elegância.
Contra (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão
Locuções Prepositivas
do tribunal. direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
É o conjunto de duas ou mais palavras que têm o valor de uma De (origem): Descendi de pais trabalhadores e honestos. lu-
preposição. A última palavra é sempre uma preposição. Veja gar: Os corruptos vieram da capital. causa: O bebé chorava de
quais são: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a res- fome. posse: Dizem que o dinheiro do povo sumiu. assunto:
peito de, de acordo com, dentro de, embaixo de, em cima de, Falávamos do casamento da Mariele. matéria: Era uma casa de
em frente a, em redor de, graças a, junto a, junto de, perto de, sapé. A preposição de não deve contrair-se com o artigo, que
por causa de, por cima de, por trás de, a fim de, além de, antes precede o sujeito de um verbo. É tempo de os alunos estuda-
de, a par de, a partir de, apesar de, através de, defronte de, em rem. (e não: dos alunos estudarem)
favor de, em lugar de, em vez de, (=no lugar de), ao invés de
Desde (afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina
(=ao contrário de), para com, até a.
vem desde São Paulo. tempo: Desde o ano passado quero
- Não confunda locução prepositiva com locução adverbial. mudar de casa.
Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e
sim no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”. Em (lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos. matéria: As
(locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier. queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em Curitiba. espe-
(locução prepositiva) cialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras. tempo:
Tudo aconteceu em doze horas.
- Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com
outra preposição: Abola passou por entre as pernas do go- Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro entre
leiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até dois suportes.
18 anos; Financiamento em até 24 meses.
Para direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa. tem-
po. Pretendo vê-lo lá para o final da semana. finalidade: Lute
sempre para viver com dignidade. Apreposição para indica de
permanência definitiva. Vou para o litoral. (ideia de morar)

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Língua Portuguesa

Perante (posição anterior): Permaneceu calado perante todos. 5. Classifique a palavra como nas construções seguintes,
numerando, convenientemente, os parênteses. A se-
Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas desconheci-
guir, assinale a alternativa correta:
das. causa: Por ser muito caro, não compramos um DVD novo.
1. Preposição
espaço: Por cima dela havia um raio de luz.
2. Conjunção Subordinativa Causal
Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento. 3. Conjunção Subordinativa Conformativa
4. Conjunção Coordenativa Aditiva
Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar. Viveu,
5. Advérbio Interrogativo de Modo
sob pressão dos pais.
( ) Perguntamos como chegaste aqui.
Sobre (em cima de, com contato): Colocou ás taças de cristal
sobre a toalha rendada. assunto: Conversávamos sobre políti- ( ) Percorrera as salas como eu mandara.
ca financeira.
( ) Tinha-o como amigo.
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É substituí-
( ) Como estivesse muito frio, fiquei em casa.
da por atrás de, depois de): Por trás desta carinha vê-se muita
falsidade. ( ) Tanto ele como o irmão são meus amigos.
Curiosidade: O símbolo @ (arroba) significa AT em Inglês, a) 2-4-5-3–1
que em Português significa em. Portanto, o nome está at, b) 4 -5 - 3 - 1 – 2
em algum provedor. c) 5-3-1-2–4
d) 3-1-2-4–5
e) 1-2-4-5-3
Questões
Respostas
1. Assinale a alternativa em que a preposição destacada
estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase ma- 1. Resposta C
triz: Criaram-se a pão e água. Na frase matriz, a preposição “a” estabelece a ideia de instru-
a) Desejo todo o bem a você. mento, ou seja, daquilo que foi usado para que se praticasse
b) A julgar por esses dados, tudo está perdido. uma ação.
c) Feriram-me a pauladas.
d) Andou a colher alguns frutos do mar. Na alternativa C, a preposição “a” estabelece o mesmo tipo de
e) Ao entardecer, estarei aí. relação.

2. Assinale a alternativa que indique a definição correta 2. Resposta A


de preposição: A preposição é chamada de palavra invariável por não apresen-
a) Preposição é a palavra invariável que liga duas outras pa- tar formas variadas e por ser desprovida de independência, isto
lavras, estabelecendo entre elas determinadas relações de é, não aparece sozinha no discurso.
sentido e de dependência.
b) Preposição é a palavra invariável que liga duas orações ou 3. Resposta D
duas palavras de mesma função em uma oração. 4. Resposta B
c) Preposição é a palavra ou conjunto de palavras que expri-
mem sentimentos, emoções e reações psicológicas. 5. Resposta C
d) (Preposição é a palavra cuja função principal é indicar o
posicionamento, o lugar de um ser, relativamente à posi-
ção ocupada por uma das três pessoas gramaticais. Interjeição
e) Preposição é a palavra que exprime uma quantidade de-
finida, exata de seres (pessoas, coisas etc.), ou a posição É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, esta-
que um ser ocupa em determinada sequência. dos de espírito ou apelos: As interjeições são como que frases
3. Assinale a alternativa que indica corretamente o valor resumidas: Ué ! =Eu não esperava essa! São proferidas com
semântico das preposições em destaque nas frases: entonação especial, que se representa, na escrita, com o ponto
I. Ele sempre cuidou da família com muita dedicação. de exclamação(!)
II. Com a doença do pai, ela voltou para a cidade natal.
III. Desde pequenos, os príncipes eram preparados para a li-
Locução Interjetiva
derança.
IV. A pequena casa de madeira foi destruída a machado.
É o conjunto de duas ou mais palavras com valor de uma inter-
a) modo – companhia – modo – modo jeição: Muito bem!
b) causa – modo – finalidade – instrumento
c) modo – modo – causa – causa Que pena! Quem me dera! Puxa, que legal!
d) modo – causa – finalidade – instrumento
e) companhia – causa – semelhança – modo Classificaçao das Interjeições e Locuções
Interjetivas
4. Assinale a alternativa em que ocorre combinação de
uma preposição com um pronome demonstrativo: As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas,’de
a) Estou na mesma situação. acordo com o sentido que elas expressam em determinado
b) Neste momento, encerramos nossas transmissões. contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode ex-
c) Daqui não saio. primir emoções variadas.
d) Ando só pela vida.
Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu
e) Acordei num lugar estranho.
Deus!, Céus!

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Língua Portuguesa

Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!, Olha lá! Respostas


Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!; 01. (C) / 02. (E) / 03. (D) / 04. (E) / 05. (B)
Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca!
Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem! Conjunções
Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit! Aversão: Droga!, Raios!,
Xi!, Essa não!, lh! Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai! As Conjunções exercem a função de conectar as palavras den-
tro de uma oração.
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!, Chega!,
Basta! Desta forma, elas estabelecem uma relação de coordenação
ou subordinação e são classificadas em: Conjunções Coorde-
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!
nativas e Conjunções Subordinativas.
Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me dera! Conjunções Coordenativas
Observe na relação acima, que as interjeições muitas ve-
zes são formadas por palavras de outras classes grama-
ticais: Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo).
Aditivas (Adição)
E
Nem
Não só... Mas também
Questões Mas ainda
Senão
1. Observe as palavras grifadas da seguinte frase: “En-
caminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº Exemplos:
19/82.” Elas são, respectivamente: Viajamos e descansamos. Essa tarefa não ate nem desta.
a) verbo, substantivo, substantivo Eu não só estudo, mas também trabalho.
b) verbo, substantivo, advérbio
c) verbo, substantivo, adjetivo Adversativas (Posição Contrária)
d) pronome, adjetivo, substantivo Mas
e) pronome, adjetivo, adjetivo Porém
Todavia
2. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor Entretanto
adjetivo: No entanto
a) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a utilizar Exemplos:
com receio.” Ela era explorada, mas não se queixava.
b) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.” Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as notas
c) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.” necessárias.
d) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...”
e) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem escrúpulos não Alternativas (Alternância)
se apoderassem do que era delas.” Ou, ou
Ora, ora
3. O “que” está com função de preposição na alternativa: Quer, quer
a) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga! Já, já
b) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és.
c) João não estudou mais que José, mas entrou na Facul- Exemplos:
dade. Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos.
d) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro.
e) Não chore que eu já volto. Ora chovia, ora fazia sol.

4. “Saberão que nos tempos do passado o doce amor era


Conclusivas (Conclusão)
julgado um crime.” Logo
a) 1 preposição Portanto
b) 3 adjetivos Por conseguinte
c) 4 verbos Pois (após o verbo)
d) 7 palavras átonas
e) 4 substantivos Exemplos:
O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado!
5. As expressões em negrito correspondem a um adjeti- Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados.
vo, exceto em:
a) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. Explicativas (Explicação)
b) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. Que
c) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira. Porque
d) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga Porquanto
sem fim. Pois (antes do verbo)
e) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. Exemplos:
Não leia no escuro, que faz mal à vista.
Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.

75
Língua Portuguesa

Conjunções Subordinativas Concessivas (Concessão)


Embora / Conquanto / Ainda que / Mesmo que / Por mais que
Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa, com
verbo flexionado. Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito.
Integrantes Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.

Iniciam a oração subordinada substantiva – Que / Se / Como


Questões
Exemplos:
Todos perceberam que você estava atrasado.
Aposto como você estava nervosa. 1. (Prefeitura de Trindade/GO - Auxiliar Administrativo –
FUNRIO/2016)
Temporais (Tempo) Texto I
Quando / Enquanto / Logo que / Assim que / Desde que OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal por dia
Exemplos: Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a comida
Logo que chegaram, a festa acabou. com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes. A Orga-
Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou. nização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quinta-feira
que um adulto consuma por dia menos de dois gramas de só-
Finais (Finalidade) dio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para reduzir os
níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
Para que / A fim de que
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para as
Exemplo:
Foi embora logo, a fim de que ninguém o perturbasse. crianças com mais de dois anos de idade, para que as doen-
ças relacionadas com a alimentação não se tornem crônicas
na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores devem
Proporcionais (Proporcionalidade)
ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio, de-
À proporção que / À medida que / Quanto mais ... mais / Quan- vendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e as
to menos... menos necessidades energéticas.
Exemplos: Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia
À medida que se vive, mais se aprende.
Quanto mais se preocupa, mais se aborrece. Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doen-
ças cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte
significado:
Causais (Causa) a) oposição
Porque / Como / Visto que / Uma vez que Exemplo: Como b) finalidade
estivesse doente, não pôde sair. c) causalidade
d) comparação
Condicionais (Condição) e) temporalidade

Se / Caso / Desde que 2. (IF-PE - Técnico em Enfermagem – IF-PE/2016) TEXTO


04
Exemplos:
Comprarei o livro, desde que esteja disponível. Crônica da cidade do Rio de Janeiro
Se chover, não poderemos ir.
No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o Cris-
to Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os ne-
Comparativas (Comparação) tos dos escravos encontram amparo.
Como / Que / Do que / Quanto / Que nem Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e apontan-
Exemplos: do seu fulgor, diz, muito tristemente:
Os filhos comeram como leões. A luz é mais veloz do que o - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
som. Ele daí.
- Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se preo-
Conformativas (Conformidade) cupe: Ele volta.
Como / Conforme / Segundo A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na ci-
Exemplos: dade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
As coisas não são como parecem. ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses africa-
Farei tudo, conforme foi pedido. nos. Cristo sozinho não basta.
(GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.)
Consecutivas (Consequência)
Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata
Que (precedido dos termos: tal, tão, tanto...) / De forma que a economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
Exemplos: orações,
A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola. a) uma relação de adição.
Ontem estive viajando, de forma que não consegui participar b) uma relação de oposição.
da reunião. c) uma relação de conclusão.
d) uma relação de explicação.
e) uma relação de consequência.

76
Língua Portuguesa

3. (TRF - 3ª Região - Analista Judiciário – Biblioteconomia 4. (IF-PE - Auxiliar em Administração – IF-PE/2016)


– FCC/2016)
TEXTO 02
Sem exceção, homens e mulheres de todas as idades, cultu-
A fome/2
ras e níveis de instrução têm emoções, cultivam passatempos
que manipulam as emoções, atentam para as emoções dos ou- Um sistema de desvinculo: Boi sozinho se lambe melhor... O
tros, e em grande medida governam suas vidas buscando uma próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro
emoção, a felicidade, e procurando evitar emoções desagra- é um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou
dáveis. À primeira vista, não existe nada caracteristicamente uma coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tam-
humano nas emoções, pois numerosas criaturas não humanas pouco dá de amar: condena muitos à fome de pão e muitos
têm emoções em abundância; entretanto, existe algo acentu- mais à fome de abraços.
adamente característico no modo como as emoções vincula- (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009, p. 81.)
ram-se a ideias, valores, princípios e juízos complexos que só
os seres humanos podem ter. De fato, a emoção humana é No trecho “O sistema, que não dá de comer, tampouco dá de
desencadeada até mesmo por uma música e por filmes banais amar”, a conjunção destacada estabelece, entre as orações, a
cujo poder não devemos subestimar. relação de
a) conclusão.
Embora a composição e a dinâmica precisas das reações emo- b) adversidade.
cionais sejam moldadas em cada indivíduo pelo meio e por um c) adição.
desenvolvimento único, há indícios de que a maioria das reações d) explicação.
emocionais, se não todas, resulta de longos ajustes evolutivos. e) alternância.
As emoções são parte dos mecanismos biorreguladores com os
quais nascemos, visando à sobrevivência. Foi por isso que Darwin 5. 06. (TJ-MT - Técnico Judiciário – UFMT/2016)
conseguiu catalogar as expressões emocionais de tantas espé- Data show
cies e encontrar consistência nessas expressões, e é por isso que
em diferentes culturas as emoções são tão facilmente reconheci- Sempre que vou falar em algum lugar, o pessoal técnico me
das. É bem verdade que as expressões variam, assim como varia pergunta, com antecedência, se vou usar data show. Se você
a configuração exata dos estímulos que podem induzir uma emo- não sabe, data show é uma expressão americana. Falar inglês
ção. Mas o que causa admiração quando se observa o mundo do é mais adequado tecnologicamente. Show quer dizer mostrar.
alto é a semelhança, e não a diferença. Aliás, é essa semelhança E data quer dizer dados. Trata-se de um artifício para mos-
que permite que a arte cruze fronteiras. trar dados, que são projetados em uma tela numa sala escura.
Acho que o data show pode ser útil para mostrar dados. Mas
As emoções podem ser induzidas indiretamente, e o indutor pode o uso que dele se faz é horrível: os palestrantes o usam para
bloquear o progresso de uma emoção que já estava presente. O projetar na tela o esboço da sua fala, eliminando dela qualquer
efeito purificador (catártico) que toda boa tragédia deve produzir, surpresa, pois é claro que os ouvintes, de saída, leem o esboço
segundo Aristóteles, tem por base a suspensão de um estado sis- até o fim. É como contar o fim da piada no início... Apagam-se
tematicamente induzido de medo e compaixão. as luzes, o palestrante e os ouvintes olham todos para a tela, e
Não precisamos ter consciência de uma emoção, com frequência ele vai falando. Ninguém presta atenção. Mas todos acham que
não temos e somos incapazes de controlar intencionalmente as usar data show é prova de ser avançado, tecnologicamente.
emoções. Você pode perceber-se num estado de tristeza ou de Quem não usa é atrasado. Quem leva suas notas num cader-
felicidade e ainda assim não ter ideia dos motivos responsáveis ninho é como alguém que anda de carro de boi num mundo
por esse estado específico. Uma investigação cuidadosa pode de Fórmula Um. Assim vão os palestrantes, todos com seus
revelar causas possíveis, porém frequentemente não se consegue laptops, para a sessão de cineminha sem graça. Falando so-
ter certeza. O acionamento inconsciente de emoções também bre isso, uma mulher que trabalha numa firma promotora de
explica por que não é fácil imitá-las voluntariamente. O sorriso eventos contou-me qual a maior vantagem dos data show, uma
nascido de um prazer genuíno é produto de estruturas cerebrais coisa em que eu não havia pensado: com as luzes apagadas,
localizadas em uma região profunda do tronco cerebral. A imita- longe do olhar do palestrante, os ouvintes podem dormir à von-
ção voluntária feita por quem não é um ator exímio é facilmente tade. Contou-me de uma ocasião em que um homem dormiu e
detectada como fingimento – alguma coisa sempre falha, quer na roncou tão alto que chegou a perturbar palestrante e ouvintes.
configuração dos músculos faciais, quer no tom de voz. Todo mundo se pôs a rir. Barulho de ronco é muito divertido...
Mas ela foi obrigada a tomar providências. E o que ela fez, sá-
(Adaptado de: DAMÁSIO, Antônio. O mistério da consciência. Trad. Laura Teixei-
dica e humoristicamente, foi colocar um microfone perto da
ra Motta. São Paulo, Cia das letras, 2015, 2.ed, p. 39-49)
boca do roncador. Aí ele acordou-se a si mesmo.
No texto, identifica-se relação de causa e consequência, res-
(Ostra feliz não faz pérolas. São Paulo: Planeta, 2008.)
pectivamente, entre:
a) processos evolutivos de adaptação que remontam a épo- No trecho É como contar o fim da piada no início, a palavra
cas distantes e grande parte das reações emocionais. como contribui para estabelecer sentido de comparação. As-
b) a suscitação de uma emoção imprevista e a estratégia por sinale a afirmativa em que essa palavra NÃO apresenta esse
trás de uma obra de arte vulgar feita para agradar o público sentido.
em geral. a) O governante que despreza as leis do país é como o assal-
c) o fato de Darwin ter sido bem-sucedido ao catalogar as ex- tante que não respeita a propriedade alheia.
pressões emocionais de diversas espécies e a existência b) Como as ondas do mar, fogem meus sonhos de menina
de emoções inerentes à regulação dos organismos. sem deixar vestígios no tempo.
d) nossa incapacidade de dissimular as emoções e o fato de c) A busca da vitória na vida profissional exige competência e
que não precisamos ter consciência de uma emoção para trabalho, como qualquer outra busca.
que ela aconteça. d) dO fato, como o candidato esbravejou em seu discurso,
e) a capacidade da arte de cruzar fronteiras culturais e o fato não passa de intriga de campanha eleitoral.
das reações emocionais serem moldadas por uma compo-
sição complexa única e exclusiva a cada indivíduo.

77
Língua Portuguesa

Respostas Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como


partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos
1. Resposta B ou as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração
desempenha uma função sintática. Geralmente apresen-
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta quin-
tam dois grupos de palavras: um grupo sobre o qual se de-
ta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois gramas
clara alguma coisa (o sujeito), e um grupo que apresenta uma
de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para reduzir
declaração (o predicado), e, excepcionalmente, só o predicado.
os níveis de pressão arterial e as doenças cardiovasculares.
Exemplo:
É recomendado diminuir a ingestão de sal...
A menina banhou-se na cachoeira.
... a fim de reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças A menina – sujeito
cardiovasculares. banhou-se na cachoeira – predicado
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
... com a finalidade de reduzir os níveis de pressão arterial e as
doenças cardiovasculares. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara
2. Resposta B algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. O predicado é a parte da oração que contém “a informação
A polícia mata muitos, se bem que a economia ainda mata nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito,
mais. (Conjunção concessiva / oposição) constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.

3. Resposta A Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se de-


clara algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente à “o
Grande parte das reações emocionais surgiram por consequ- amor”, ou seja, o predicado, é “é eterno”.
ência do processo evolutivo de adaptação que remontam épo-
cas distantes. Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os ra-
pazes”, que identificamos por ser o termo que concorda em
4. Resposta C número e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jo-
Tampouco é uma conjunção coordenada aditiva com o sentido gam futebol”.
de “nem”. Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um
5. Resposta D substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de sua
significação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e re-
O termo “como” utilizado na letra “D” expressa maneira, ou vestiu são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente:
seja, o modo. Nas demais alternativas o emprego do termo ex-
pressa comparação como no exemplo dado pelo enunciado “O amigo retardatário do presidente prepara-se para desem-
da questão. barcar.” (Aníbal Machado)
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas.
Os termos da oração da língua portuguesa são classifica-
dos em três grandes níveis:
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado.

9.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal

Sintaxe da e Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e


Agente da Passiva).
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjun-
oração e do to Adverbial, Aposto e Vocativo.

período Termos Essenciais da Oração


São dois os termos essenciais (ou fundamentais) da oração:
sujeitoe predicado.
Exemplos:
Sujeito Predicado
Oração Pobreza não é vileza.
Os sertanistas capturavam os índios.
É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há, ne- Um vento áspero sacudia as árvores.
cessariamente, a presença do verbo. A oração encerra uma fra- Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pra-
se (ou segmento de frase), várias frases ou um período, com- tica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma
pletando um pensamento e concluindo o enunciado através coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto
de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, semântico do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto
através de reticências. estilístico (o tópico da sentença). Já que o sujeito é depreendi-
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elíp- do de uma análise sintática, vamos restringir a definição ape-
ticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, nas ao seu papel sintático na sentença: aquele que estabelece
não podem ser analisadas sintaticamente frases como: concordância com o núcleo do predicado. Quando se trata de
predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo; sendo um pre-
Socorro! Com licença! dicado nominal, o núcleo é sempre um nome. Então têm por
Que rapaz impertinente! Muito riso, pouco siso. características básicas:
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
“A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)

78
Língua Portuguesa

- apresentar-se como elemento determinante em relação ao Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
predicado;
Isto não me agrada.
- constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou,
ainda, qualquer palavra substantivada. O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um substan-
tivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer palavras
Exemplos: secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.).
A padaria está fechada hoje. Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz
está fechada hoje: predicado nominal fechada: nome adjetivo para a selvagem filha do sertão.” (Joséde Alencar)
= núcleo do predicado a padaria: sujeito padaria: núcleo do O sujeito pode ser:
sujeito - nome feminino singular
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espi-
Nós mentimos sobre nossa idade para você. nhos; “Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila
mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal men- indiana.”
timos: verbo = núcleo do predicado nós: sujeito Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o
cavalo nadavam ao lado da canoa.”
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinan-
te, ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei
posição de determinante do sujeito em relação ao predicado amanhã.
adquire sentido com o fato de ser possível, na língua portugue-
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não
sa, uma sentença sem sujeito, mas nunca uma sentença sem
está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. (su-
predicado.
jeito: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado
Exemplos: saltou para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está
expresso na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) apro-
As formigas invadiram minha casa.
ximou-se.); Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito: vocês)
as formigas: sujeito = termo determinante Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O
invadiram minha casa: predicado = termo determinado Nilo fertiliza o Egito.

Há formigas na minha casa. Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação ex-
pressa pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo
há formigas na minha casa: predicado = termo determinado remorso; Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Cons-
sujeito: inexistente truíram-se açudes. (= Açudes foram construídos.)
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal, Agente e Paciente: quando o sujeito realiza a ação expres-
isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se sa por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os
refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é efeitos dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho;
representado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, Regina trancou-se no quarto.
ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa,
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação ver-
sua representação pode ser feita através de um substantivo, de
bal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou a
um pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se
cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
bem naquele restaurante.
Exemplos:
Observações:
Eu acompanho você até o guichê.
Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa - Sujeito formado por pronome indefinido não é indeter-
Vocês disseram alguma coisa? minado, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho.
Ninguém lhe telefonou.
vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa - Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o
Marcos tem um fã-clube no seu bairro. Marcos: sujeito = subs- verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer
tantivo próprio Ninguém entra na sala agora. ninguém: sujeito agente já expresso nas orações anteriores: Na rua olha-
= pronome substantivo O andar deve ser uma atividade diária. vam-no com admiração; “Bateram palmas no portãozinho
da frente.”; “De qualquer modo, foi uma judiação matarem
o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração a moça.”
Além dessas formas, o sujeito também pode se consti- - Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo
tuir de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O
nome de oração substantiva subjetiva: pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do su-
jeito. Pode ser omitido junto de infinitivos.
É difícil optar por esse ou aquele doce...
Aqui vive-se bem. Devagar se vai ao longe.
É difícil: oração principal
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz.
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar.
O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou por
uma palavra ou expressão substantivada. - Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o
verbo no infinitivo impessoal: Era penoso
Exemplos:
carregar aqueles fardos enormes; É triste assistir a estas cenas
O sino era grande. repulsivas.
Ela tem uma educação fina.

79
Língua Portuguesa

Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a pos- Exemplos:


posição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa língua.
Minha empregada é desastrada.
Exemplos:
predicado: é desastrada
É fácil este problema!
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito tipo de
Vão-se os anéis, fiquem os dedos. predicado: nominal
“Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.” O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do su-
(José de Alencar) “Foi ouvida por Deus a súplica do condena- jeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou característica.
do.” (Ramalho Ortigão) Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como
um elo entre o sujeito e o predicado.
“Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Castelo
Branco) A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta predicado: demoliu nosso antigo prédio
de um fato, através do predicado; o conteúdo verbal não
é atribuído a nenhum ser. São construídas com os verbos núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o sujei-
impessoais, na 3ª pessoa do singular: Havia ratos no porão; to tipo de predicado: verbal
Choveu durante o jogo. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos predicado: desciam a rua desesperados
de existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser
e estar, com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o
relampejar, amanhecer, anoitecer e outros que exprimem fenô- sujeito; desesperados = atributo do sujeito tipo de predicado:
menos meteorológicos. verbo-nominal

Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um segmento Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é respon-
extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, sável também por definir os tipos de elementos que apare-
por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o pre- cerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta
dicado é sintaticamente o segmento linguístico que estabelece para compor o predicado (verbo intransitivo). Em outros casos
concordância com outro termo essencial da oração, o sujeito, é necessário um complemento que, juntamente com o verbo,
sendo este o termo determinante (ou subordinado) e o predi- constituem a nova informação sobre o sujeito. De qualquer for-
cado o termo determinado (ou principal). Não se trata, portan- ma, esses complementos do verbo não interferem na tipologia
to, de definir o predicado como “aquilo que se diz do sujeito” do predicado.
como fazem certas gramáticas da língua portuguesa, mas sim Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
estabelecer a importância do fenômeno da concordância entre quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
esses dois termos essenciais da oração. Então têm por carac- estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
terísticas básicas: apresentar-se como elemento determinado
em relação ao sujeito; apontar um atributo ou acrescentar nova “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
informação ao sujeito. inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo
é depois de algozes)
Exemplos:
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
Carolina conhece os índios da Amazônia. Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)
sujeito: Carolina = termo determinante “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povina
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)

Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João. Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma
o predicado.
sujeito: todos nós = termo determinante
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, poden-
predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo do, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos de
determinado predicação completa denominados intransitivos. Exemplo:
Nesses exemplos podemos observar que a concordância é As flores murcharam. Os animais correm.
estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos
essenciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; As folhas caem.
no segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá por- “Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos)
que a concordância é centrada nas palavras que são núcleos,
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o pre-
isto é, que são responsáveis pela principal informação naque-
dicado necessitam de outros termos: são os verbos de pre-
le segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos:
dicação incompleta, denominados transitivos. Exemplos:
um nome, quase sempre um atributo que se refere ao sujeito
da oração, ou um verbo (ou locução verbal). No primeiro caso, João puxou a rede.
temos um predicado nominal (seu núcleo significativo é um
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Resende)
nome, substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um
verbo de ligação) e no segundo um redicado verbal (seu núcleo “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” (Cami-
é um verbo, seguido, ou não, de complemento(s) ou termos lo Castelo Branco)
acessórios). Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou,
são de igual importância, ambos constituem o núcleo do predi-
invejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas:
cado e resultam no tipo de predicado verbo-nominal (tem dois
puxou o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a quê?
núcleos significativos: um verbo e um nome).

80
Língua Portuguesa

Os verbos de predicação completa denominam-se intransitivos da faca; pegar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir com
e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transiti- o dever; Alguns verbos transitivos diretos: abençoar, achar,
vos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos colher, avisar, abraçar, comprar, castigar, contrariar, convidar,
e transitivos diretos e indiretos (bitransitivos). desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer, encontrar, ferir,
imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, socorrer, ter,
Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
unir, ver, etc.
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de
ligação, verbos que entram na formação do predicado nominal, Transitivos Indiretos
relacionando o predicativo com o sujeito.
São os que reclamam um complemento regido de preposição,
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: chamado objeto indireto.
Intransitivos Exemplos:

São os que não precisam de complemento, pois têm sentido “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma ado-
completo. lescente.” (Ciro dos Anjos) “Populares assistiam à cena apa-
rentemente apáticos e neutros.” (Érico Veríssimo) “Lúcio não
“Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis) “Os atinava com essa mudança instantânea.” (José Américo)
guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.” (Mar- (José Geraldo Vieira)
quês de Maricá)
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanha- distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos
dos de um adjunto adverbial e mesmo de um predicativo (qua- lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a:
lidade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Che- agradar-lhe, agradeço- lhe, apraz-lhe, bate-lhe, desagrada-lhe,
guei atrasado; Entrei em casa aborrecido. As orações formadas desobedecem-lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos
com verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para importa distinguir os que não admitem para objeto indireto as
a voz passiva. Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a formas oblíquas lhe, lhes, construindo -se com os pronomes
transitivos quando construídos com o objeto direto ou indireto. retos precedidos de preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir
- “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento) a ela, atentar nele, depender dele, investir contra ele, não ligar
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim) para ele, etc.

- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias) Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo que forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e pou-
já morreu...” (Ciro dos Anjos) co mais, usados também como transitivos diretos: João paga
(perdoa, obedece) o médico. O médico é pago (perdoado, obe-
Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, cres- decido) por João. Há verbos transitivos indiretos, como atirar,
cer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, chegar, investir, contentar-se, etc., que admitem mais de uma prepo-
vir, mentir, suar, adoecer, etc. sição, sem mudança de sentido. Outros mudam de sentido
Transitivos Diretos com a troca da preposição, como nestes exemplos: Trate de
sua vida. (tratar=cuidar). É desagradável tratar com gente gros-
São os que pedem um objeto direto, isto é, um comple- seira. (tratar=lidar). Verbos como aspirar, assistir, dispor, ser-
mento sem preposição. Pertencem a esse grupo: julgar, vir, etc., variam de significação conforme sejam usados como
chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, transitivos diretos ou indiretos.
declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
Transitivos Diretos e Indiretos
Comprei um terreno e construí a casa.
São os que se usam com dois objetos: um direto, outro indi-
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de reto, concomitantemente.
Maricá)
Exemplos:
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.”
(Guedes de Amorim) No inverno, Dona Cléia dava roupas aos pobres. A empresa
fornece comida aos trabalhadores.
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com Oferecemos flores à noiva.
o complemento acompanhado de predicativo. Exemplos:
Ceda o lugar aos mais velhos.
Consideramos o caso extraordinário. Inês trazia as mãos sem- De Ligação
pre limpas.
O povo chamava-os de anarquistas. Os que ligam ao sujeito uma palavra ou expressão chamada
predicativo. Esses verbos, entram na formação do predicado
Julgo Marcelo incapaz disso. nominal.
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, po- Exemplos:
dem ser usados também na voz passiva; Outra caracterís-
tica desses verbos é a de poderem receber como objeto A Terra é móvel. A água está fria.
direto, os pronomes o, a, os, as: convido-o, encontro-os, in-
O moço anda (=está) triste. Mário encontra-se doente.
comodo-a, conheço-as; Os verbos transitivos diretos podem
ser construídos acidentalmente com preposição, a qual lhes A Lua parecia um disco.
acrescenta novo matiz semântico: arrancar da espada; puxar Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de
anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os
quais se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O ver-
bo ser, por exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo

81
Língua Portuguesa

estar, aspecto transitório: Ele é doente. (aspecto permanen- Termos Integrantes da Oração
te); Ele está doente. (aspecto transitório). Muitos desses ver-
bos passam à categoria dos intransitivos em frases como: Era Chamam-se termos integrantes da oração os que completam a
=existia) uma vez uma princesa.; Eu não estava em casa.; Fi- significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram,
quei à sombra.; Anda com dificuldades.; Parece que vai chover. completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável
Os verbos, relativamente à predicação, não têm classifica- à compreensão do enunciado.
ção fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que São os seguintes:
apresentam na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto);
a outro. Exemplos: Complemento Nominal;
O homem anda. (intransitivo) Agente da Passiva.
O homem anda triste. (de ligação)
O cego não vê. (intransitivo) Objeto Direto
O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
É o complemento dos verbos de predicação incompleta, não
Deram 12 horas. (intransitivo) regido, normalmente, de preposição. Exemplos:
A terra dá bons frutos. (transitivo direto)
As plantas purificaram o ar.
Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto) “Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro)

Predicativo Procurei o livro, mas não o encontrei. Ninguém me visitou.


O objeto direto tem as seguintes características:
Há o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto.
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
Predicativo do Sujeito
- Normalmente, não vem regido de preposição;
É o termo que exprime um atributo, um estado ou modo de - Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um
ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de ligação, no verbo ativo: Caim matou Abel.
predicado nominal.
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto
Exemplos: por Caim.
A bandeira é o símbolo da Pátria.
A mesa era de mármore. O objeto direto pode ser constituído:
O mar estava agitado. - Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavra-
A ilha parecia um monstro.
dor cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável.
Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na cons- - Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos,
tituição do predicado verbo-nominal. vos: Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se
ao espelho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo
Exemplos:
O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.) a tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos
O menino abriu a porta ansioso. Todos partiram alegres. amo.; “Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a fi-
Marta entrou séria. car quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.”
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está prepo-
sicionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até mes- loja.; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de
mo ao verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda estava plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as fo-
Amélia!; Completamente feliz ninguém é.; Raros são os verda- lhas do livro, ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem
deiros líderes.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, os percebido nos meus escritos?”
retirantes iam passando.; Novo ainda, eu não entendia certas Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-
coisas.; Onde está a criança que fui? -se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma
Predicativo do Objeto: esfera semântica:

É o termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo. “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” (Vivaldo
Coaraci)
Exemplos:
O juiz declarou o réu inocente. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal Machado)
O povo elegeu-o deputado. “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado de
As paixões tornam os homens cegos. Nós julgamos o fato
Assis)
milagroso.
Em tais construções é de rigor que o objeto venha acompanha-
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos exem-
do de um adjunto.
plos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em cer-
tos casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente se Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
refere ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se ao direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos,
objeto indireto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; Pode- vem precedido de preposição, geralmente a preposição a.
mos antepor o predicativo a seu objeto: O advogado consi- Isto ocorre principalmente:
derava indiscutíveis os direitos da herdeira.; Julgo inoportuna - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
essa viagem.; “E até embriagado o vi muitas vezes.”; “Tinha Deste modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina
estendida a seus pés uma planta rústica da cidade.”; “Sentia amava mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me
ainda muito abertos os ferimentos que aquele choque com o que Roberto hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricar-
mundo me causara.” dina lastimava o seu amigo como a si própria.”; “Amava-a
tanto como a nós”.

82
Língua Portuguesa

- Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Se- O objeto indireto completa a significação dos verbos:
veriano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos;
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvi-
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma.
mento das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar
com ele, com aquele homem a quem na realidade também - Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva):
temia, como todos ali”. Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou
sua vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evi-
tando que o objeto direto seja tomado como sujeito, im- (Disse a verdade ao moço.)
pedindo construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ca-
o filho amado.; “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem tegorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente
cerimônia, como a um irmão.”; A qual delas iria homenagear transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta;
o cavaleiro? Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe con-
- Em expressões de reciprocidade, para garantir a clare- vém; A proposta pareceu-lhe aceitável.
za e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam- se uns
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois
aos outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a
outras.”; “Era o abraço de duas criaturas que só tinham uma
Deus por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para
à outra”.
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto
- Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, com o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em
principalmente na expressão dos sentimentos ou por frases como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é
amor da eufonia da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a impossível”, os pronomes em destaque podem ser considera-
Deus sobre todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é dos adjuntos adverbiais.
a Pedro.”; “O estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o ob- O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa
jeto direto para dar-lhe realce: A você é que não enga- ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes obje-
nam!; Ao médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A tivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exem-
este confrade conheço desde os seus mais tenros anos”. plos: Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto
pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço-
- - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
-vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a preposição
caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
é expressa, como característica do objeto indireto: Recorro a
ambos...”.
Deus.; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com pouco.; Ele
- Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Conto com
a pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti agradou ao pú-
odeias a outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes blico.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de que mais gos-
também aos outros.; A quantos a vida ilude!. to é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a conhece.; Os
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar) obstáculos contra os quais luto são muitos.; As pessoas com
da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com quem conto são poucas.
os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é repre-
fino...”; “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
sentado pelos substantivos (ou expressões substantivas) ou
agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha e entrou
pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a,
a coser.”; “Imagina-se a consternação de Itaguaí, quando
com, contra, de, em, para e por.
soube do caso.”
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a pre-
objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase.
posição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição
do objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, Exemplos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa
quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, lhes: a mim o destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, in-
amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê- lo); O capazes de se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
objeto direto preposicionado, é obvio, só ocorre com verbo
Complemento Nominal
transitivo direto; Podem resumir-se em três as razões ou finali-
dades do emprego do objeto direto preposicionado: a clareza É o termo complementar reclamado pela significação transitiva,
da frase; a harmonia da frase; a ênfase ou a força da expressão. incompleta, de certos substantivos, adjetivos e advérbios. Vem
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque sempre regido de preposição. Exemplos: A defesa da pátria;
ou ênfase à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no iní- Assistência às aulas; “O ódio ao mal é amor do bem, e a ira
cio da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah, não fosse ele surdo à
pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal minha voz!”
chama-se pleonástico, enfático ou redundante. Observações: O complemento nominal representa o rece-
bedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
Exemplos:
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor de
“Seus cavalos, ela os montava em pelo.” (Jorge Amado) músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no
objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de com-
Objeto Indireto plementar verbos, complementa nomes (substantivos, adjeti-
vos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que requerem
É o complemento verbal regido de preposição necessária e complemento nominal correspondem, geralmente, a verbos de
sem valor circunstancial. Representa, ordinariamente, o ser a mesmo radical: amor ao próximo, amar o próximo; perdão das
que se destina ou se refere à ação verbal: “Nunca desobedeci injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos pais, obedecer aos
a meu pai”. pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.

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Língua Portuguesa

Agente da Passiva Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado


por locução adjetiva com complemento nominal. Este re-
É o complemento de um verbo na voz passiva. Representa o presenta o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a
ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. Vem regi- eleição do presidente, aviso de perigo, declaração de guer-
do comumente pela preposição por, e menos frequentemente ra, empréstimo de dinheiro, plantio de árvores, colheita de
pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; A cidade trigo, destruidor de matas, descoberta de petróleo, amor
estava cercada pelo exército romano; “Era conhecida de todo ao próximo, etc. O adjunto adnominal formado por locução
adjetiva representa o agente da ação, ou a origem, perten-
mundo a fama de suas riquezas.”
ça, qualidade de alguém ou de alguma coisa: o discurso do
O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou presidente, aviso de amigo, declaração do ministro, emprésti-
pelos pronomes: As flores são umedecidas pelo orvalho. mo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de árvores, farinha
de trigo, beleza das matas, cheiro de petróleo, amor de mãe.
A carta foi cuidadosamente corrigida por mim. Muitos já esta-
vam dominados por ele.
Adjunto adverbial
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
ativa: É o termo que exprime uma circunstância (de tempo, lugar,
modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica o sentido de
A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva) um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas numa tarde
A multidão aclamava a rainha. (voz ativa) Ele será acompanha- brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial é expresso:
do por ti. (voz passiva) Tu o acompanharás. (voz ativa) Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Maria é mais
alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala bem, fala
Observações: Frase de forma passiva analítica sem com- corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja enganado.;
plemento agente expresso, ao passar para a ativa, terá su- Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes viajava de
jeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu pai.; Júlio resi-
expulso da cidade. de em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de repente.
(Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas. (De- Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
vastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não
o agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos pe- dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No
destres. (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
pelos pedestres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de
ruas. (certo) acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial
de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, companhia, meio,
assunto, negação, etc. É importante saber distinguir adjunto
Termos Acessórios da Oração adverbial de adjunto adnominal, de objeto indireto e de com-
plemento nominal: sair do mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.);
Termos acessórios são os que desempenham na oração uma
gosta do mar (obj.indir.); ter medo do mar (compl.nom.).
função secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determi-
nar os substantivos, exprimir alguma circunstância.
Aposto
São três os termos acessórios da oração: adjunto adnomi-
nal, adjunto adverbial e aposto. É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desen-
volve ou resume outro termo da oração. Exemplos:
Adjunto adnominal D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.
É o termo que caracteriza ou determina os substantivos. “Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.”
Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu determina o (Carlos Drummond de Andrade) “No Brasil, região do ouro e
substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas caracte- dos escravos, encontramos a felicidade.” (Camilo Castelo
riza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal). Branco) “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói
de nossa gente.” (Mário de Andrade)
O adjunto adnominal pode ser expresso:
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome
Pelos adjetivos: água fresca, terras férteis, animal feroz; substantivo:
Pelos artigos: o mundo, as ruas, um rapaz; Foram os dois, ele e ela.
Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar, pouco sal, Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
muitas rãs, país cuja história conheço, que rua?; Pelos nume-
rais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar em casa.
expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases
fim ou outra especificação: seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do
- presente de rei (=régio): qualidade sujeito:
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
- fio de aço, casa de madeira: matéria cores.
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo
- criança com febre (=febril): característica pausa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
- aviso do diretor: agente Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tróia; o
rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc.

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Língua Portuguesa

“Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (Graci- Questões


liano Ramos)
O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às 1. (Pref. De Caucaia/CE – Agente de Suporte e Fiscaliza-
vezes, está elíptico. Exemplos: ção – CETREDE/2016)

Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. TEXTO II

Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da alma Dos rituais


humana. No primeiro contato com os selvagens, que medo nos dá de
“Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os rochedos infringir os rituais, de violar um tabu! É todo um meticuloso ce-
ásperos.” (Cabral do Nascimento) (refere-se ao sujeito oculto rimonial, cuja infração eles não nos perdoam.
eu). Eu estava falando nos selvagens? Mas com os civilizados é o
O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. mesmo. Ou pior até.

Exemplos: Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, Quando você estiver metido entre grã-finos, é preciso ter mui-
sinal de tempestade iminente. O espaço é incomensurável, fato to, muito cuidado: eles são tão primitivos!
que me deixa atônito. Mário Quintana

Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua Em relação à oração “eles são tão primitivos!”, assinale o item
companhia. INCORRETO.
Um aposto pode referir-se a outro aposto: a) Refere-se a grã-finos.
a) O sujeito é indeterminado.
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do velho
a) O predicado é nominal.
coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)
a) Tem verbo de ligação
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas
isto é, a saber, ou da preposição acidental como: a) Apresenta predicativo do sujeito.
2. (CISMEPAR/PR – Advogado – FAUEL/2016).
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, não
são banhados pelo mar. Este escritor, como romancista, nunca O assassino era o escriba
foi superado.
Paulo Leminsky
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nominal
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
inexistente.
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das coisas.” como um paradigma da 1ª conjugação. Entre uma oração su-
(Raquel Jardim) bordinada e um adjunto adverbial,
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito assindético de
nos torturar com um aposto.
Vocativo: (do latim vocare = chamar)
Casou com uma regência.
É o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou inter- Foi infeliz.
pelar a pessoa, o animal ou a coisa personificada a que nos Era possessivo como um pronome.
dirigimos: E ela era bitransitiva. Tentou ir para os EUA. Não deu.
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria de Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
Lourdes Teixeira) “A ordem, meus amigos, é a base do gover-
no.” (Machado de Assis) conectivos e agentes da passiva, o tempo todo. Um dia, matei-
-o com um objeto direto na cabeça.
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela) “Ei-lo,
o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal) Na frase “Entre uma oração subordinada e um adjunto adver-
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamati- bial”, o autor faz referência à oração subordinada. Assinale a
va. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os alternativa que NÃO corresponde corretamente à compreensão
pontos interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e da relação entre orações:
prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do dis- a) Oração subordinada é o nome que se dá ao tipo de ora-
curso, que pode ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ção que é indispensável para a compreensão da oração
ou entidade abstrata personificada. Podemos antepor-lhe uma principal.
interjeição de apelo (ó, olá, eh!): b) Diferentemente da coordenada, a oração subordinada é a
que complementa o sentido da oração principal, não sen-
“Tem compaixão de nós, ó Cristo!” (Alexandre Herculano) do possível compreender individualmente nenhuma das
orações, pois há uma relação de dependência do sentido.
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Graciliano
c) Subordinação refere-se a “estar ordenado sob”, sendo in-
Ramos) “Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Ca-
diferente a classificação de uma oração
milo Castelo Branco)
d) coordenada ou subordinada, pois as duas têm a mesma
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da validade.
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. e) A oração principal é aquela rege a oração subordinada, não
sendo possível seu entendimento sem o complemento.
3. (EMSERH – Auxiliar Operacional de Serviços Gerais –
FUNCAB/2016)

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Língua Portuguesa

A carta de amor O embondeiro que sonhava pássaros


No momento em que Malvina ia pôr a frigideira no fogo, entrou Esse homem sempre vai ficar de sombra: nenhuma memória
a cozinheira com um envelope na mão. Isso bastou para que será bastante para lhe salvar do escuro. Em verdade, seu astro
ela se tornasse nervosa. Seu coração pôs-se a bater precipi- não era o Sol. Nem seu país não era a vida. Talvez, por razão
tadamente e seu rosto se afogueou. Abriu-o com gesto deci- disso, ele habitasse com cautela de um estranho. O vendedor
sivo e extraiu um papel verde-mar, sobre o qual se liam, em de pássaros não tinha sequer o abrigo de um nome. Chama-
caracteres energéticos, masculinos, estas palavras: “Você será vam-lhe o passarinheiro.
amada...”.
Todas manhãs ele passava nos bairros dos brancos carre-
Malvina empalideceu, apesar de já conhecer o conteúdo dessa gando suas enormes gaiolas. Ele mesmo fabricava aque-
carta verde-mar, que recebia todos os dias, havia já uma sema- las jaulas, de tão leve material que nem pareciam servir de
na. Malvina estava apaixonada por um ente invisível, por um prisão. Parecia eram gaiolas aladas, voláteis. Dentro delas,
os pássaros esvoavam suas cores repentinas. À volta do
papel verde-mar, por três palavras e três pontos de reticências:
vendedeiro, era uma nuvem de pios, tantos que faziam me-
“Você será amada...”. Há uma semana que vivia como ébria.
xer as janelas:
Olhava para a rua e qualquer olhar de homem que se cru-
zasse com o seu, lhe fazia palpitar tumultuosamente o - Mãe, olha o homem dos passarinheiros!
coração. Se o telefone tilintava, seu pensamento corria E os meninos inundavam as ruas. As alegrias se intercambia-
célere: talvez fosse “ele”. Se não conhecesse a causa desse vam: a gritaria das aves e o chilreio das crianças. O homem
transtorno, por certo Malvina já teria ido consultar um médico puxava de uma muska e harmonicava sonâmbulas melodias. O
de doenças nervosas. Mandara examinar por um grafólogo a mundo inteiro se fabulava.
letra dessa carta. Fora em todas as papelarias à procura desse
papel verde-mar e, inconscientemente, fora até o correio ver Por trás das cortinas, os colonos reprovavam aqueles
abusos. Ensinavam suspeitas aos seus pequenos filhos -
se descobria o remetente no ato de atirar o envelope na caixa.
aquele preto quem era? Alguém conhecia recomendações
Tudo em vão. Quem escrevia conseguia manter-se incógnito. dele? Quem autorizara aqueles pés descalços a sujarem o
Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. Nenhum empeci- bairro? Não, não e não. O negro que voltasse ao seu devido
lho para com o desconhecido. Mas para que ela pudesse re- lugar. Contudo, os pássaros tão encantantes que são - in-
alizar o seu sonho, era preciso que ele se tornasse homem de sistiam os meninos. Os pais se agravavam: estava dito.
carne e osso. Malvina imaginava-o alto, moreno, com grandes Mas aquela ordem pouco seria desempenhada. [...]
olhos negros, forte e espadaúdo.
O homem então se decidia a sair, juntar as suas raivas com
O seu cérebro trabalhava: seria ele casado? Não, não o era. os demais colonos. No clube, eles todos se aclamavam: era
Seria pobre? Não podia ser. Seria um grande industrial? Quem preciso acabar com as visitas do passarinheiro. Que a medida
sabe? não podia ser de morte matada, nem coisa que ofendesse a
As cartas de amor, verde-mar, haviam surgido na vida de Malvi- vista das senhoras e seus filhos. 6 remédio, enfim, se haveria
na como o dilúvio, transformando-lhe o cérebro. de pensar.

Afinal, no décimo dia, chegou a explicação do enigma. Foi uma No dia seguinte, o vendedor repetiu a sua alegre invasão.
Afinal, os colonos ainda que hesitaram: aquele negro trazia
coisa tão dramática, tão original, tão crível, que Malvina não
aves de belezas jamais vistas. Ninguém podia resistir às
teve nem um ataque de histerismo, nem uma crise de cólera. suas cores, seus chilreios. Nem aquilo parecia coisa deste
Ficou apenas petrificada. verídico mundo. O vendedor se anonimava, em humilde de-
“Você será amada... se usar, pela manhã, o creme de beleza saparecimento de si:
Lua Cheia. O creme Lua Cheia é vendido em todas as farmá- - Esses são pássaros muito excelentes, desses com as asas
cias e drogarias. Ninguém resistirá a você, se usar o creme Lua todas de fora.
Cheia.
Os portugueses se interrogavam: onde desencantava ele tão
Era o que continha o papel verde-mar, escrito em enérgicos maravilhosas criaturas? onde, se eles tinham já desbravado os
caracteres masculinos. Ao voltar a si, Malvina arrastou-se até mais extensos matos?
o telefone:
O vendedor se segredava, respondendo um riso. Os senhores
-Alô! É Jorge quem está falando? Já pensei e resolvi casar-me receavam as suas próprias suspeições.
com você. Sim, Jorge, amo-o! Ora, que pergunta! Pode vir. - teria aquele negro direito a ingressar num mundo onde eles
A voz de Jorge estava rouca de felicidade! E nunca soube a que careciam de acesso? Mas logo se aprontavam a diminuir-lhe
devia tanta sorte! os méritos: o tipo dormia nas árvores, em plena passarada.
Eles se igualam aos bichos silvestres, concluíam.
André Sinoldi
Fosse por desdenho dos grandes ou por glória dos pequenos,
Se a oração escrita na carta estivesse completa, como em
a verdade é que, aos pouco-poucos, o passarinheiro foi viran-
“Você será amada POR MIM”, o termo
do assunto no bairro do cimento. Sua presença foi enchendo
destacado funcionaria como: durações, insuspeitos vazios. Conforme dele se comprava, as
a) complemento nominal. casas mais se repletavam de doces cantos. Aquela música se
b) objeto direto. estranhava nos moradores, mostrando que aquele bairro não
c) agente da passiva. pertencia àquela terra. Afinal, os pássaros desautenticavam os
d) objeto indireto. residentes, estrangeirando-lhes? [...] O comerciante devia sa-
e) adjunto nominal. ber que seus passos descalços não cabiam naquelas ruas. Os
brancos se inquietavam com aquela desobediência, acusando
4. (EMSERH – Enfermeiro – FUNCAB/2016)
o tempo. [...]
Assinale a alternativa correspondente ao período onde há
predicativo do sujeito:

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Língua Portuguesa

As crianças emigravam de sua condição, desdobrando-se em só ano a mais, saúde a mais, brinquedinhos a mais. Seremos
outras felizes existências. E todos se familiavam, parentes apa- uns robôs cinzentos e sem graça!
rentes. [...] Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24
Os pais lhes queriam fechar o sonho, sua pequena e infini- A conjunção destacada em: “Quem sabe nos mataremos me-
ta alma. Surgiu o mando: a rua vos está proibida, vocês não nos, SE as drogas forem controladas e a miséria extinta.” intro-
saem mais. Correram-se as cortinas, as casas fecharam suas duz uma oração que expressa ideia de:
pálpebras. a) causa.
COUTO, Mia. Cada homem é uma raça: contos/ Mia Couto - 1ª ed. - São Paulo: b) comparação.
Companhia das Letras, 2013. p.63 - 71. (Fragmento).
c) condição.
Sobre os elementos destacados do fragmento “Em verdade, d) conformidade
seu astro não era o Sol. Nem seu país não era a vida.”, leia as e) consequência.
afirmativas. Respostas
I. A expressão EM VERDADE pode ser substituída, sem alte-
ração de sentido por COM EFEITO. 1. Reposta B
II. ERA O SOL formam o predicado verbal da primeira oração. A - C=> Refere-se a grã-finos B - E => O sujeito é grã finos
III. NEM, no contexto, é uma conjunção coordenativa. C - O predicado está ligado ao nome.
D - Verbos de ligação: Ser, estar, parecer... E - Primitivos carac-
Está correto apenas o que se afirma em: teriza o sujeito.
d) I e III.
2. Resposta C
e) III.
f) I e II. Como a própria resposta diz, Subordinação refere-se a “estar
g) I. ordenado sob”.
h) II e III.
3. Resposta: C
5. (EMSERH – Auxiliar Administrativo – FUNCAB/2016)
Vamos lá:
Como seremos amanhã? - O agente da passiva é um termo preposicionado (por, pelo, de).
Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é mor- - Só ocorre na voz passiva; em caso de dúvida é só transfor-
rer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes aju- mar na voz ativa.
da a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, - Se relaciona com o particípio (tanto o regular, quanto o irre-
correndo o perigo de confusões ou ridículo. gular). Voz ativa: Eu amarei você.
Sempre me fascinaram as mudanças - às vezes avanço, às Voz passiva: Você será amada (particípio) por mim (agente da
vezes retorno à caverna. Hoje andam incrivelmente rápi-
passiva. Note que está preposicionado)
das, atingindo usos e costumes, ciência e tecnologia, com
reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com 4. Resposta A
que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas
penso que não no mesmo ritmo; então, de vez em quando 1) A locução “Em verdade” tem sentido equivalente a expres-
nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto são “Com efeito”, ambas significam ‘De modo efetivo’. Vejam
tempo atrás: “Nossa! Como tudo mudou!” como faz sentido:
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos afeta a todos: De modo efetivo, seu astro não era o Sol (...)”. Logo concluímos
crianças muito precocemente sexualizadas pela moda, pela te- que a substituição de uma pela outra está correta.
levisão, muitas vezes por mães alienadas. [...]
2) O termo “nem”, no contexto em que está inserido, é sem
Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma infância sem anti- dúvida uma conjunção coordenativa, pois, lembremos, as ora-
bióticos. A gente sobrevivia sob os cuidados de mãe, pai, avó, ções coordenadas, cada uma, separadamente, possuem sen-
médico de família, aquele que atendia do parto à cirurgia mais tido completo, assim determina a gramática normativa de LP.
complexa para aqueles dias. Dieta, que hoje se tornou obses- Vejamos o desmembramento delas, nesse caso:
são, era impensável, sobretudo para crianças, e eu pré- ado- - “seu astro não era o Sol” (Oração 1)
lescente gordinha, não podia nem falar em “regime” que minha
- “seu país não era a vida” (Oração 2)
mãe arrancava os cabelos e o médico sacudia a cabeça: “Nem
pensar”. Notem que ambas, quando separadas, continuam possuindo
um sentido (significado) completo.
Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco e chips
vão nos consertar de imediato, ou evitar os males. Teremos de Trazem informações inteligíveis para que as leem.
descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos
será concedido... [...] O que não acontece com as orações SUBORDINADAS que,
como o próprio nome prenuncia, tem seu prejudicado caso
Quem sabe nos mataremos menos, se as drogas forem con- seja separada.
troladas e a miséria extinta. Não creio em igualdade, mas em
dignidade para todos. Talvez haja menos guerras, porque de Aquilo que é subordinado não “sobrevive” separadamente,
alguma forma seremos menos violentos.[...] lembrem-se disso.

As crianças terão outras memórias, outras brincadeiras, As coordenadas sim, elas apenas estão interligadas para com-
outras alegrias; os adultos, novas sensações e possibili- porem juntas um sentido maior.
dades. Mas as emoções humanas, estas eu penso que vão 5. Resposta C
demorar a mudar. Todos vão continuar querendo mais ou
menos o mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria. “Quem sabe nos mataremos menos, SE as drogas forem con-
Desta, por mais modernos, avançados, biônicos, quânticos, in- troladas e a miséria extinta.” “Quem sabe nos mataremos me-
críveis, não podemos esquecer. Ou não valerá a pena nem um

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Língua Portuguesa

nos, CASO as drogas forem controladas e a miséria extinta.” se As orações coordenadas são sindéticas - OCS: quando vêm
(caso) a troca dê certo = condicional introduzidas por conjunção coordenativa.
Exemplo:

Período O homem saiu do carro / e entrou na casa.


OCA OCS
Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, que As orações coordenadas sindéticas são classificadas de
se encerra com ponto de exclamação, ponto de interrogação acordo com o sentido expresso pelas conjunções coorde-
ou com reticências. nativas que as introduzem. Pode ser:

O período é simples quando só traz uma oração, chamada ab- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
soluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. mas também, não só... mas ainda.

Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração ab- Saí da escola / e fui à lanchonete.
soluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) OCA OCS Aditiva

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num que expressa ideia de acréscimo ou adição com referência
período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
locuções verbais nele existentes. aditiva.

Exemplos: A doença vem a cavalo e volta a pé.


Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) As pessoas não se mexiam nem falavam.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração) “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções nhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Macha-
verbais, duas orações) do de Assis)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo todavia, contudo, entretanto, no entanto.
tempo (também chamada de misto).
Estudei bastante / mas não passei no teste.
OCA OCS Adversativa
Período Composto por Coordenação – Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Orações Coordenadas que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por
uma conjunção coordenativa adversativa.
Considere, por exemplo, este período composto:
A espada vence, mas não convence.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
de infância. Tens razão, contudo não te exaltes.
Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
1ª oração: Passeamos pela praia
Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
2ª oração: brincamos isso, pois, logo.
3ª oração: recordamos os tempos de infância Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
As três orações que compõem esse período têm sentido OCA OCS Conclusiva
próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sin- Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que
tática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma re- expressa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração an-
lação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende terior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
da outra sintaticamente. Vives mentindo; logo, não mereces fé.
As orações independentes de um período são chamadas de Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou,
As orações coordenadas são classificadas em ora... ora, seja... seja, quer... quer.
assindéticas e sindéticas. Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
OCA OCS Alternativa
As orações coordenadas são assindéticas - OCA: quando
não vêm introduzidas por conjunção. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que estabelece uma relação de alternância ou escolha com re-
Exemplo:
ferência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coorde-
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. nativa alternativa.
OCA OCA OCA Venha agora ou perderá a vez.
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de Assis) Assis)
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (Antô- “Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço muito
nio Olavo Pereira) caro.” (Renato Inácio da Silva)
“A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coelho (Luís Jardim)
Neto)
Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
pois, porquanto.

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Língua Portuguesa

Vamos andar depressa / que estamos atrasados. “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
OCA OCS Explicativa Andrade)
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação nha êxito.
à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
explicativa. Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. principal, sem, no entanto, impedir sua realização.
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por
Veríssimo) mais que, mesmo que.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben-
çoo.” (Fernando Sabino) Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
O cavalo estava cansado, pois arfava muito. OP OSA Concessiva
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Período Composto por Subordinação se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Observe os termos destacados em cada uma destas
arriscou uma opinião.
orações:
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Todos querem sua participação. (objeto direto)
Por mais que gritasse, não me ouviram.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em outro.
orações com a mesma função sintática:
Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
função de adjunto adnominal) OP OSA Conformativa
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com O homem age conforme pensa.
função de objeto direto)
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina-
da com função de adjunto adverbial de causa) Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.

Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subor- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
dinada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos foi expresso na oração principal.
um conjunto de duas orações em que uma delas (a subordina-
da) depende sintaticamente da outra (principal), ele é classifi- Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre
cado como período composto por subordinação. As orações que, depois que, mal (=assim que).
subordinadas são classificadas de acordo com a função que Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas. OP OSA Temporal

Orações Subordinadas Adverbiais Formiga, quando quer se perder, cria asas.

As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva-
exercem a função de adjunto adverbial da oração principal ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
(OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordina- “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
tiva que as introduz: de Maricá)
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
Enquanto foi rico, todos o procuravam.
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois
que, visto que. Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun-
ciado na oração principal.
Não fui à escola / porque fiquei doente.
OP OSA Causal Conjunções: para que, a fim de que, porque (=para que), que.
O tambor soa porque é oco. Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. OP OSA Final
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa) “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar-
quês de Maricá)
Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor-
rência do que foi enunciado na principal. Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.

Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para
desde que. que)

Irei à sua casa / se não chover. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as recep-
OP OSA Condicional ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que
não deixasse)
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
Se o conhecesses, não o condenarias. Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia-
do na oração principal.

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Língua Portuguesa

Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que. Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aque-
la que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
principal.
OP OSA Consecutiva
Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
Necessito / de que você me ajude.
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
OP OSS Objetiva Indireta
J. Veiga)
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
viagem.)
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon- Aconselha-o a que trabalhe mais.
gar minha viagem. Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve.
Comparativas: Expressam ideia de comparação com referên-
cia à oração principal. Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.
Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... como, tanto
como, tal qual, que (combinado com menos ou mais). Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)

Ela é bonita / como a mãe. É importante / que você colabore.


OP OSA Comparativa OP OSS Subjetiva

A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” A oração subjetiva geralmente vem:
(Marquês de Maricá) - depois de um verbo de ligação + predicativo, em constru-
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. ções do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É
certo que ele voltará amanhã.
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz -se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
daquele olhar. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
Observação: As orações comparativas nem sempre apre- rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e segui-
sentam claramente o verbo, como no exemplo acima, em dos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos par-
que está subentendido o verbo ser (como a mãe é). ticipem da reunião.

Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona propor- É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é
cionalmente ao que foi enunciado na principal. necessária.)

Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, Parece que a situação melhorou.
quanto mais, quanto menos. Aconteceu que não o encontrei em casa.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. Importa que saibas isso bem.
OSA Proporcional OP
Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
À medida que se vive, mais se aprende. aquela que exerce a função de complemento nominal de um
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando. termo da oração principal.

O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai Observe: Estou convencido de sua inocência. (complemento
diminuindo. nominal)
Estou convencido / de que ele é inocente.
Orações Subordinadas Substantivas OP OSS Completiva Nominal
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas que, Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão dele.)
num período, exercem funções sintáticas próprias de substan-
Estava ansioso por que voltasses.
tivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integran-
tes que e se. Sê grato a quem te ensina.
Elas podem ser: “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aque- (Graciliano Ramos)
la que exerce a função de objeto direto do verbo da oração Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que
principal. exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto) vindo sempre depois do verbo ser.

O grupo quer / que você ajude. Observe: O importante é sua felicidade. (predicativo)
OP OSS Objetiva Direta O importante é / que você seja feliz.
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre OP OSS Predicativa
exigia a presença de todos.) Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse.
Mariana esperou que o marido voltasse.
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. Não sou quem você pensa.

O fiscal verificou se tudo estava em ordem. Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que
exerce a função de aposto de um termo da oração principal.

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Língua Portuguesa

Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício OP OSA Explicativa OP


do país. (aposto)
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do país. Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
OP OSS Apositiva
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coisa: Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
a sua felicidade)
Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
Orações Reduzidas
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) As orações reduzidas são caracterizadas por possuírem o ver-
bo nas formas de gerúndio, particípio ou infinitivo. Ao contrário
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo
das demais orações subordinadas, as orações reduzidas não
oculto?” (Machado de Assis)
são ligadas através dos conectivos
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-
Há três tipos de orações reduzidas:
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à ora-
ção principal. - Orações reduzidas de infinitivo
- Orações reduzidas de gerúndio
Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde, tor-
nou-se realidade. - Orações reduzidas de particípio
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
orações substantivas podem ser introduzidas por outros co-
Orações Reduzidas de Infinitivo
nectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir.
Exemplos: Reduzida: É preciso comer frutas e legumes.
Desenvolvida: É preciso que se coma frutas e legumes. (Ora-
Não sei quando ele chegou. ção Subordinada Substantiva Subjetiva)
Diga-me como resolver esse problema. Reduzida: Meu desejo era ganhar uma viagem.
Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse uma viagem.
Orações Subordinadas Adjetivas (Oração Subordinada Substantiva Predicativa)
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a função
de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. Ob-
Orações Reduzidas de Particípio
serve como podemos transformar um adjunto adnominal em Particípio: terminações –ado, -ido.
oração subordinada adjetiva:
Reduzida: Temos apenas um filho, criado com muito amor.
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) Desenvolvida: Temos apenas um filho, que criamos com muito
amor. (Oração Subordinada Adjetiva Explicativa)
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)
Reduzida: A criança sequestrada foi resgatada.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas Desenvolvida: A criança que sequestraram foi resgatada. (Ora-
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem ção Subordinada Adjetiva Restritiva)
ser classificadas em:
Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quan- Orações Reduzidas de Gerúndio
do restringem ou especificam o sentido da palavra a que se
Gerúndio: terminação –ndo.
referem.
Reduzida: Não enviando o relatório a tempo, perdeu a bolsa
Exemplo:
de estudos.
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. Desenvolvida: Porque não enviou o relatório a tempo, perdeu
OP OSA Restritiva
a bolsa de estudos. (Oração Subordinada Adverbial Causal)
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o
Reduzida: Respeitando as normas, não terão problemas.
sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º Desenvolvida: Desde que respeitem as normas, não terão pro-
lugar. blemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional)

Pedra que rola não cria limo. O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal.
Os animais que se alimentam de carne chamam-se carnívoros.
Exemplos:
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
escreveram. Preciso terminar este exercício.

“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ele está jantando na sala.
Mariano)
Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quan- Questões
do apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem 1. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Adminis-
restringi-lo ou especificá-lo. trativa - FCC/2016)
Exemplo: Depois que se tinha fartado de ouro, o mundo teve fome de
açúcar, mas o açúcar consumia escravos. O esgotamento das
O escritor Jorge Amado,/que mora na Bahia,/ ançou um novo livro.
91
Língua Portuguesa

minas − que de resto foi precedido pelo das florestas que for- políticas são apagadas. A violência de que participavam, ou que
neciam o combustível para os fornos −, a abolição da escra- combatiam, é esquecida. O museu parece assim desempenhar
vatura e, finalmente, uma procura mundial crescente, orientam um papel de pacificação social. A guerra das imagens extingue-se
São Paulo e o seu porto de Santos para o café. De amarelo, na pacificação dos museus.
passando pelo branco, o ouro tornou-se negro.
Todos os objetos reunidos ali têm como princípio o fato de terem
Mas, apesar de terem ocorrido essas transformações que tor- sido retirados de seu contexto. Desde então, dois pontos de vista
naram Santos num dos centros do comércio internacional, o concorrentes são possíveis. De acordo com o primeiro, o museu é
local conserva uma beleza secreta; à medida que o barco pe- por excelência o lugar de advento da Arte enquanto tal, separada
netra lentamente por entre as ilhas, experimento aqui o primei- de seus pretextos, libertada de suas sujeições. Para o segundo,
ro sobressalto dos trópicos. Estamos encerrados num canal e pela mesma razão, é um “depósito de despojos”. Por um lado,
verdejante. Quase podíamos, só com estender a mão, agarrar o museu facilita o acesso das obras a um status estético que as
essas plantas que o Rio ainda mantinha à distância nas suas exalta. Por outro, as reduz a um destino igualmente estético, mas,
estufas empoleiradas lá no alto. Aqui se estabelece, num palco desta vez, concebido como um estado letárgico.
mais modesto, o contato com a paisagem.
A colocação em museu foi descrita e denunciada frequente-
O arrabalde de Santos, uma planície inundada, crivada de mente como uma desvitalização do simbólico, e a musealiza-
lagoas e pântanos, entrecortada por riachos estreitos e canais, ção progressiva dos objetos de uso como outros tantos es-
cujos contornos são perpetuamente esbatidos por uma bruma cândalos sucessivos. Ainda seria preciso perguntar sobre a
nacarada, assemelha - se à própria Terra, emergindo no come- razão do “escândalo”. Para que haja escândalo, é necessário
ço da criação. As plantações de bananeiras que a cobrem são que tenha havido atentado ao sagrado. Diante de cada crítica
do verde mais jovem e terno que se possa imaginar: mais agu- escandalizada dirigida ao museu, seria interessante desvendar
do que o ouro verde dos campos de juta no delta do Bramapu- que valor foi previamente sacralizado. A Religião? A Arte? A
tra, com o qual gosto de o associar na minha recordação; mas singularidade absoluta da obra? A Revolta? A Vida autêntica?
é que a própria fragilidade do matiz, a sua gracilidade inquieta, A integridade do Contexto original? Estranha inversão de pers-
comparada com a suntuosidade tranquila da outra, contribuem pectiva. Porque, simultaneamente, a crítica mais comum con-
para criar uma atmosfera primordial. tra o museu apresenta-o como sendo, ele próprio, um órgão
de sacralização. O museu, por retirar as obras de sua origem,
Durante cerca de meia hora, rolamos por entre bananeiras,
é realmente “o lugar simbólico onde o trabalho de abstração
mais plantas mastodontes do que árvores anãs, com troncos
assume seu caráter mais violento e mais ultrajante”. Porém,
plenos de seiva que terminam numa girândola de folhas elás-
esse trabalho de abstração e esse efeito de alienação operam
ticas por sobre uma mão de 100 dedos que sai de um enorme
em toda parte. É a ação do tempo, conjugada com nossa ilusão
lótus castanho e rosado. A seguir, a estrada eleva-se até os 800
da presença mantida e da arte conservada.
metros de altitude, o cume da serra. Como acontece em toda
parte nessa costa, escarpas abruptas protegeram dos ataques (Adaptado de: GALARD, Jean. Beleza Exorbitante. São Paulo, Fap.-Unifesp,
2012, p. 68-71)
do homem essa floresta virgem tão rica que para encontrarmos
igual a ela teríamos de percorrer vários milhares de quilômetros Na frase Diante de cada crítica escandalizada dirigida ao mu-
para norte, junto da bacia amazônica. seu, seria interessante desvendar que valor foi previamente
sacralizado (3°parágrafo), a oração sublinhada complementa o
Enquanto o carro geme em curvas que já nem poderíamos qua-
sentido de
lificar como “cabeças de alfinete”, de tal modo se sucedem
a) um substantivo, e pode ser considerada como interroga-
em espiral, por entre um nevoeiro que imita a alta montanha
tiva indireta.
de outros climas, posso examinar à vontade as árvores e as
b) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa di-
plantas estendendo-se perante o meu olhar como espécimes
reta.
de museu.
c) um verbo, e pode ser considerada como interrogativa in-
(Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Coimbra, Edições 70, direta.
1979, p. 82-3)
d) um substantivo, e pode ser considerada como interroga-
No primeiro período do segundo parágrafo, as duas ora- tiva direta.
ções que não se subordinam a nenhuma outra contêm os e) um advérbio, e pode ser considerada como interrogativa
seguintes verbos: indireta.
a) conserva − experimento
b) terem ocorrido − conserva 3. (ANAC – Analista Administrativo – ESAF/2016)
c) tornaram − penetra Assinale a opção que apresenta explicação correta para a in-
d) tornaram − experimento serção de “que é” antes do segmento grifado no texto.
e) conserva − penetra
A Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República di-
2. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário – Área Adminis- vulgou recentemente a pesquisa O Brasil que voa – Perfil dos
trativa - FCC/2016) Passageiros, Aeroportos e Rotas do Brasil, o mais completo
O museu é considerado um instrumento de neutralização – e tal- levantamento sobre transporte aéreo de passageiros do País.
vez o seja de fato. Os objetos que nele se encontram reunidos Mais de 150 mil passageiros, ouvidos durante 2014 nos 65
trazem o testemunho de disputas sociais, de conflitos políticos aeroportos responsáveis por 98% da movimentação aérea do
e religiosos. Muitas obras antigas celebram vitórias militares e País, revelaram um perfil inédito do setor.
conquistas: a maior parte presta homenagem às potências domi- <http://www.anac.gov.br/Noticia.aspx?ttCD_CHAVE=1957&slCD_ ORI-
GEM=29>. Acesso em: 13/12/2015 (com adaptações).
nantes, suas financiadoras. As obras modernas são, mais gene-
ricamente, animadas pelo espírito crítico: elas protestam contra a) Prejudica a correção gramatical do período, pois provoca
os fatos da realidade, os poderes, o estado das coisas. O museu truncamento sintático.
reúne todas essas manifestações de sentido oposto. Expõe tudo b) Transforma o aposto em oração subordinada adjetiva ex-
junto em nome de um valor que se presume partilhado por elas: a plicativa.
qualidade artística. Suas diferenças funcionais, suas divergências c) Altera a oração subordinada explicativa para oração res-
tritiva.

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Língua Portuguesa

d) Transforma o segmento grifado em oração principal do pe- Do rio da minha aldeia.


ríodo.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
e) Corrige erro de estrutura sintática inserido no período.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
4. (TRE/RR - Técnico Judiciário - Operação de Computa- (Alberto Caeiro)
dores - FCC/2015)
E o Tejo entra no mar em Portugal
É indiscutível que no mundo contemporâneo o ambiente do
futebol é dos mais intensos do ponto de vista psicológico. Nos O elemento que exerce a mesma função sintática que o subli-
estádios a concentração é total. Vive-se ali situação de inces- nhado acima encontra-se em
sante dialética entre o metafórico e o literal, entre o lúdico e o a) a fortuna. (4a estrofe)
real. O que varia conforme o indivíduo considerado é a pas- b) A memória das naus. (2a estrofe)
sagem de uma condição a outra. Passagem rápida no caso c) grandes navios. (2a estrofe)
do torcedor, cuja regressão psíquica do lúdico dura algumas d) menos gente. (3a estrofe)
horas e funciona como escape para as pressões do cotidiano. e) a América. (4a estrofe)
Passagem lenta no caso do futebolista profissional, que vive
quinze ou vinte anos em ambiente de fantasia, que geralmente Respostas
torna difícil a inserção na realidade global quando termina a 1. Resposta A
carreira. A solução para muitos é a reconversão em técnico,
que os mantém sob holofote. Lothar Matthäus, por exemplo, No primeiro período do segundo parágrafo, as duas orações
recordista de partidas em Copas do Mundo, com a seleção ale- que não se subordinam (são orações principais, ou seja, não
mã, Ballon d’Or de 1990, tornou-se técnico porque “na verda- possuem conjunção, nem pronome relativo) a nenhuma outra
de, para mim, o futebol é mais importante do que a família”. [...] contêm os seguintes verbos:

Sendo esporte coletivo, o futebol tem implicações e significa- Mas, apesar de terem ocorrido essas transformações (oração su-
ções psicológicas coletivas, porém calcadas, pelo menos em bordinada) / que (pronome relativo - oração subordinada adjetiva)
parte, nas individualidades que o compõem. O jogo é coleti- tornaram Santos num dos centros do comércio internacional,
vo, como a vida social, porém num e noutra a atuação de um o local conserva uma beleza secreta (oração principal);
só indivíduo pode repercutir sobre o todo. Como em qualquer à medida que o barco penetra lentamente por entre as ilhas
sociedade, na do futebol vive-se o tempo inteiro em equilí- (oração subordinada), experimento aqui o primeiro sobressalto
brio precário entre o indivíduo e o grupo. O jogador busca o dos trópicos (oração principal).
sucesso pessoal, para o qual depende em grande parte dos
companheiros; há um sentimento de equipe, que depende das 2. Resposta C
qualidades pessoais de seus membros. O torcedor lúcido bus- A oração sublinhada realmente é uma Oração Sub. Substantiva
ca o prazer do jogo preservando sua individualidade; todavia, Subjetiva (pois tem função de sujeito), porém ela completa o
a própria condição de torcedor acaba por diluí- lo na massa. sentido do verbo “desvendar” e é uma interrogativa indireta,
(JÚNIOR, Hilário Franco. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. São pois não há interrogação.
Paulo: Companhia das letras, 2007, p. 303-304, com adaptações)
3. Resposta B
*Ballon d’Or 1990 - prêmio de melhor jogador do ano O jogador
busca o sucesso pessoal... Do modo como está, trata-se de um aposto explicativo, aquele
que explica ou esclarece algo; no caso explicando o que é a
A mesma relação sintática entre verbo e complemento, subli- pesquisa O Brasil que voa.
nhados acima, está em:
a) É indiscutível que no mundo contemporâneo... Se colocarmos um QUE É antes, ficaria assim: A Secretaria
b) ...o futebol tem implicações e significações psicológicas de Aviação Civil da Presidência da República divulgou recen-
coletivas... temente a pesquisa O Brasil que voa – Perfil dos Passageiros,
c) ...e funciona como escape para as pressões do cotidiano. Aeroportos e Rotas do Brasil, que é o mais completo levanta-
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico... mento sobre transporte aéreo de passageiros do País.
e) ...que depende das qualidades pessoais de seus membros.
Logo, a oração em destaque é uma oração subordinada adje-
5. 05. (MPE/PB - Técnico ministerial - diligências e apoio tiva EXPLICATIVA, que é aquela isolada por vírgula e que tem
administrativo - FCC/2015) valor de adjetivo.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Outro exemplo: Meu irmão, que sempre aprontou, casou-se.
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha
aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 4. Resposta B
O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, O jogador busca o sucesso pessoal ... SUJEITO - VERBO
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está, A memória TRANSITIVO DIRETO - OBJETO DIRETO
das naus. a) É indiscutível que no mundo contemporâneo... VERBO DE
O Tejo desce de Espanha LIGAÇÃO - PREDICATIVO DO SUJEITO - SUJEITO ORA-
E o Tejo entra no mar em Portugal CIONAL.
Toda a gente sabe isso. b) ... o futebol tem implicações e significações psicológicas
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia coletivas ... SUJEITO - VERBO TRANST. DIRETO - OBJE-
E para onde ele vai TO DIRETO.
E donde ele vem
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram
Ninguém nunca pensou no que há para além

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Língua Portuguesa

Vocativos, Apostos
Vocativos: Queridos ouvintes, nossa programação passará por
pequenas mudanças.

c) e funciona como escape para as pressões do cotidiano. Apostos: É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
SUJEITO - VERBO TRANS. INDIRETO - OBJETO INDIRETO
d) A solução para muitos é a reconversão em técnico ... SU- Omissões de Termos
JEITO - VERBO DE LIGAÇÃO - Elipse: A praça deserta, ninguém àquela hora na rua. (Omi-
e) que depende das qualidades pessoais de seus membros. tiu-se o verbo “estava” após o vocábulo “ninguém”, ou seja,
SUJEITO - VERBO TRANS. INDIRETO - OBJ. INDIRETO ocorreu elipse do verbo estava)
5. Resposta B Zeugma: Na classe, alguns alunos são interessados; outros,
“O fragmento O TEJO TEM GRANDES NAVIOS E NAVEGA (são) relapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo
NELE AINDA, PARA AQUELES QUE “relapsos”)

VEEM EM TUDO O QUE LÁ NÃO ESTÁ, A MEMÓRIA DAS Termos Repetidos


NAUS está em ordem indireta. Ao inserir A MEMÓRIA DAS
NAUS entre a conjunção E e o verbo NAVEGA, tem-se: O TEJO Exemplo: Nada, nada há de me derrotar.
TEM GRANDES NAVIOS E A MEMÓRIA DAS NAUS NAVEGA
NELE AINDA. Constrói-se, pois, a função sintática de sujeito.” Sequência de Adjuntos Adverbiais
Exemplo: Saíram do museu, ontem, por voltas das 17h.

Vírgula Proibida

10. Pontuação Não se separa por vírgula:


- sujeito de predicado;
- objeto de verbo;
Para a elaboração de um texto escrito deve-se considerar o - adjunto adnominal de nome;
uso adequado dos sinais gráficos como: espaços, pontos, vír-
- complemento nominal de nome;
gula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reti-
cências, aspas e etc. - oração principal da subordinada substantiva (desde que
esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utiliza-
dos corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do
texto.
Dois Pontos :
Vírgula , Usos dos Dois Pontos

Aplicação da Vírgula Antes de enumerações.


Exemplo: Compre três frutas hoje: maçã, uva e laranja.
A vírgula marca uma breve pausa e é obrigatória nos seguintes
casos:
Iniciando citações.
1° Inversão de Termos Exemplo: “Segundo o folclórico Vicente Mateus: ‘Quem está
na chuva é para se queimar’”4.
Exemplo: Ontem, à medida que eles corrigiam as questões, eu
me preocupava com o resultado da prova.
Antes de orações que explicam o enunciado
2° Intercalações de Termos anterior
Exemplo: Não foi explicado o que deveríamos fazer: o que
Exemplo: A distância, que tudo apaga, há de me fazer
nos deixa insatisfeitos.
esquecê-lo.

Inspeção de Simples Juízo Depois de verbos que introduzem a fala.


Exemplo: “(...) e disse: aqui não podemos ficar!”
Exemplo: “Esse homem é suspeito”, dizia a vizinhança.

Enumerações
Sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos.2
Com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor
da despedida.

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Língua Portuguesa

Ponto e Vírgula ; Travessão —


Usos do Ponto e Vírgula Usos do Travessão

Este sinal gráfico é utilizado para anunciar pausas mais fortes, - Nos diálogos, para marcar a fala das personagens. Exem-
para separar orações adversativas (enfatizando o contraste de plo: As meninas gritaram: — Venham nos buscar!
ideias) e para separar os itens de enunciados. - No meio de sentenças, para dar ênfase em informações.
Exemplos: Exemplo: O garçom — creio que já lhe falei — está muito bem
no novo serviço - é o que ouvi dizer.
Os dois rapazes estavam desesperados por dinheiro; Ernesto
não tinha dinheiro nem crédito. (pausa longa)
Sonhava em comprar todos os sapatos da loja; comprei, po-
rém, apenas um par. (separação da oração adversativa na qual
Ponto de Exclamação !
a conjunção - porém - aparece no meio da oração)
Enumeração com explicitação - Comprei alguns livros: de Usos do Ponto de Exclamação
matemática, para estudar para o concurso; um romance, para
me distrair nas horas vagas; e um dicionário, para enriquecer - Após vocativos. Exemplo: Vem, Fabiano!
meu vocabulário. - Após imperativos. Exemplo: Corram!
Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para - Após interjeição. Exemplos: Ai! / Ufa!
marcar distribuição - Comprei os produtos no supermerca- - Após expressões ou frases de caráter emocional. Exemplo:
do: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para o Quantas pessoas!
café da manhã.

Parênteses ( ) Aspas
“”
Aplicação das Aspas
Usos dos Parênteses
- Isolam termos distantes da norma culta, como gírias, neolo-
gismos, arcaísmos, expressões populares entre outros.
Isolar datas
Exemplo: Eles tocaram “flashback”, “tipo assim” anos 70 e 80.
Exemplo: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial
Foi um verdadeiro “show”.
(1914-1918).
- Delimitam transcrições ou citações textuais
Isolar siglas. Exemplo: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.”
Exemplo: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da popula- - Isolam estrangeirismos.
ção economicamente ativa (PEA)... Exemplo: Os restaurantes “fast food” têm reinado na cidade.

Isolar explicações ou retificações


Exemplo: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de
minha preocupação.
Ponto .
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito
bem dele.
Reticências ... - separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora.
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª

Aplicação das Reticências


- Indicam a interrupção de uma frase, deixando-a com senti-
Ponto de Interrogação ?
do incompleto. Exemplo: Não consegui falar com a Laura... - Em perguntas diretas: Como você se chama?
Quem sabe se eu ligar mais tarde... - Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem
- Sugerem prolongamento de ideias. ganhou na loteria? Você. Eu?!
Exemplo: “Sua tez, alva e pura como um floco de algodão, tin-
gia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (José de Alencar)
- Indicam dúvida ou hesitação.
Parágrafo
Exemplo: Não sei... Acho que... Não quero ir hoje. Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; co-
- Indicam omissão de palavras ou frases no período. meça por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que
começam as outras linhas.
Exemplo: “Se o lindo semblante não se impregnasse constante-
mente, (...) ninguém veria nela a verdadeira fisionomia de Aurélia, e
sim a máscara de alguma profunda decepção.” (José de Alencar)

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Língua Portuguesa

Colchetes [ ] 4. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – Pedagogo –


FCC/2016)
Utilizados na linguagem científica. A maioria das pessoas pensa que vai se aposentar cedo e des-
frutar da vida, mas um estudo sugere que estamos fadados a

*
nos aposentar cada vez mais tarde se quisermos manter um
Asterisco padrão de vida razoável.
Em 2009, pesquisadores publicaram um estudo na revista Lan-
Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota cet e afirmaram que metade das pessoas nascidas após o ano
(observação). 2000 vai viver mais de 100 anos e três quartos vão comemorar
seus 75 anos.

Barra /
Até 2007 acreditávamos que a expectativa de vida das pessoas
não passaria de 85 anos. Foi quando os japoneses ultrapassa-
ram a expectativa para 86 anos. Na verdade, a expectativa de
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. vida nos países desenvolvidos sobe linearmente desde 1840,
indicando que ainda não atingimos um limite para o tempo de
vida máximo para um ser humano.
Hífen - No início do século XX, as melhorias no controle das doenças
infecciosas promoveram um aumento na sobrevida dos huma-
Usado para ligar elementos de palavras compostas e para nos, principalmente das crianças. E, depois da Segunda Guer-
unir pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa ra Mundial, os avanços da medicina no tratamento das enfer-
midades cardiovasculares e do câncer promoveram um ganho
para os adultos. Em 1950, a chance de alguém sobreviver dos
Questões 80 aos 90 anos era de 10%; atualmente excede os 50%.

1. (IF-TO – Auditor – IFTO/2016) Marque a alternativa em O que agora vai promover uma sobrevida mais longa e com
que a ausência de vírgula não altera o sentido do enun- mais qualidade será a mudança de hábitos. A Dinamarca era
ciado. em 1950 um dos países com a mais longa expectativa de vida.
a) O professor espera um, sim. Porém, em 1980 havia despencado para a 20a posição, devido
b) Recebo, obrigada. ao tabagismo.
c) Não, vá ao estacionamento do campus. O controle da ingestão de sal e açúcar, e a redução dos vícios
d) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. como cigarro e álcool, além de atividade física, vão determinar
e) Hoje, podem ser adquiridas as impressoras licitadas. uma nova onda do aumento de expectativa de vida. A própria
2. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) Assina- qualidade de vida, medida por anos de saúde plena, deve mu-
le a alternativa correta quanto ao uso da pontuação. dar para melhor nas próximas décadas.
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma O próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para
extensão de nossa personalidade. as últimas décadas de vida: estamos nos aposentando muito
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, cedo e o que juntamos não será o suficiente. Precisamos guar-
são as principais causas da ira de trânsito. dar 10% do salário anual e nos aposentar aos 80 anos para
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os que a independência econômica acompanhe a independência
níveis de estresse em alguns motoristas. física na aposentadoria.
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque
você está junto; com os outros motoristas cujos comporta- Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria
mentos, são desconhecidos. seja alongada e que os sexagenários mudem seu raciocí-
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- nio: em vez de pensar na aposentadoria, que passem a mirar
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. uma promoção.
(Adaptado de: TUMA, Rogério. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/
3. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – FCC/2016) A frase revista/911/o-contribuinte-secular)
escrita com correção é:
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e me- Atente para as afirmações abaixo.
morialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto de Campos I. Sem prejuízo para a correção, o sinal de dois-pontos pode
no Maranhão, em 1886, e falesceu, no Rio de Janeiro em ser substituído por “visto que”, precedido de vírgula, em: O
1934. próximo problema a ser enfrentado é a falta de dinheiro para
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro as últimas décadas de vida: estamos nos aposentando muito
que veio à ser considerado, o mais celebre de sua obra: cedo e o que juntamos não será o suficiente. (7o parágrafo)
Memórias, crônica dos começos de sua vida. II. No segmento A própria qualidade de vida, medida por
c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio anos de saúde plena, deve mudar para melhor..., as vírgu-
de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na fase em que ali las podem ser corretamente substituídas por travessões.
encontrava-se um grupo de eximios escritores. (6º parágrafo)
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto III. Haverá prejuízo para a correção caso uma vírgula seja
de Campos, começou a trabalhar cedo no comércio, como colocada imediatamente após “alongada” no segmento:
meio de subsistencia. Os pesquisadores propõem que a idade de aposentadoria
e) Humberto de Campos publicou seu primeiro livro em 1910, seja alongada e que os sexagenários mudem seu raciocí-
a coletânea de versos intitulada Poeira; em 1920, já mem- nio... (último parágrafo)
bro da Academia Brasileira de Letras, foi eleito deputado Está correto o que se afirma APENAS em:
federal pelo Maranhão.
a) I e II.

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Língua Portuguesa

b) I e III. Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que


c) II e III. lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
d) II. b) Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o
e) I. Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que
lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai.
5. (EBSERH – Técnico em Enfermagem (HUAP-UFF) –
c) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o
IBFC/2016)
Raimundo não o tendo aprendido, recorria a um meio que
Texto lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
d) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que, o
Setenta anos, por que não?
Raimundo, não o tendo aprendido, recorria; a um meio
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo que, lhe pareceu útil, para escapar ao castigo do pai.
como lidamos com a vida. Se a gente a considera uma ladeira e) Compreende-se que: o ponto da lição era difícil e que o
que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barrigui- Raimundo, não o tendo aprendido, recorria; a um meio que
nha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba lhe pareceu útil: para escapar ao castigo do pai.
na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença
8. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016)
crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem
fica animado? Quem não se amargura? TEXTO I
[...] Das vantagens de ser bobo
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre — O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para
de livro na mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos ver, ouvir e tocar no mundo.
discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais
— O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por
festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70
duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, res-
estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente
ponde: “Estou fazendo. Estou pensando.”
à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao
cinema, indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esqui- — Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os
na), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o
risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a
ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer — O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos
sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga. não veem.

[...] — Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias


que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto simples pessoas humanas.
de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo todo, ven-
do só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria — O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.
família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores,
— O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes
acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
o bobo é um Dostoievski.
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir,
se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos — Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo,
com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era
A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea
afetos. Precisa acreditar em alguma coisa. onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê -lo se-
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16) quer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião
deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o con-
As aspas empregadas em “dos remendos e intervenções para serto seria caríssimo: mais valia comprar outro.
manter ou recuperar a “beleza” ” (3º§)
— Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé,
permitem a leitura de uma crítica à ideia de que: não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto
a) cada idade tem sua beleza própria não dorme à noite com medo de ser ludibriado.
b) a beleza só está associada à juventude
c) a beleza interior deve valer mais do que a exterior — O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota
d) o conceito de beleza é subjetivo, bastante relativo que venceu.
e) trabalhando a mente, o corpo fica belo — Aviso: não confundir bobos com burros.
6. (TCM-RJ – Técnico de Controle Externo – IBFC/2016) — Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem me-
Assinale a alternativa cuja frase está corretamente nos espera. E uma das tristezas que o bobo não prevê. César
pontuada. terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?”
a) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu.
b) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho — Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
estranho. — Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.
c) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja.
d) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. — Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

7. (MPE-GO – Secretário Auxiliar – MPE-GO/2016) O pe- —O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fa-
ríodo abaixo foi escrito por Machado de Assis em seu zem passar por bobos.
Conto de Escola. A alternativa que apresenta a pontua-
ção de acordo com a norma culta é:
a) Compreende-se que o ponto da lição era difícil e que o

97
Língua Portuguesa

— Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difici- emocional, sem uma escola que estimule seu potencial, sem
lão, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar ter o que fazer com seu tempo livre, sem enxergar uma luz no
por bobos. fim do túnel, ela fica muito mais perto da droga, do tráfico, do
delito, da violência e da gestação na adolescência. É nessa
— Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bo-
mesma família, sem pai à vista, de baixa renda, longe da sala
bos ganham vida.
de aula, nas periferias, que pipocam os quase 15% das jovens
— Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que nin- que são mães na adolescência, taxa alarmante que resiste a
guém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles baixar nas regiões mais carentes.
sabem.
E o que acontece com essa menina que engravida porque en-
— Piá lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não xerga na maternidade um papel social, uma forma de justificar
confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, sua existência no mundo? Iludidas com a perspectiva de esta-
por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não bilizar um relacionamento (a família estruturada que não têm?),
nascer em Minas! elas ficam, usualmente, sozinhas, ainda mais distantes da es-
cola e de seu projeto de vida. O pai da criança some no mundo,
— Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima
e são elas que arcam com o ônus do filho, sobrecarregando
das casas.
um lar que já vivia no limite. Segue-se um ciclo que parece não
— E quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo ter fim. Sem políticas públicas que foquem nessa família mais
provoca. E que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o vulnerável, no apoio emocional e social para esses jovens, em
amor faz o bobo. uma escola mais atraente, em projetos de vida, em alternativas
(Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, de lazer, a realidade diária na vida desses jovens continuará a
1984.) ser a gravidez na adolescência, a violência e a criminalidade.
“O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fa- BOUER, Jairo. A importância da família estruturada. 11 jul. 2016. Época. Dispo-
nível em: Acesso em: 19 jul. 2016 (Adapt.)
zem passar por bobos.” A assertiva que
Releia o trecho a seguir.
apresenta análise correta em relação ao parágrafo transcrito é:
a) Há três adjetivos em função predicativa. A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez
b) Fazer foi usado como verbo impessoal. mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses re-
c) O verbo haver está na terceira pessoa do singular porque quisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela
é impessoal. rotina dura.
d) A forma verbal fazem concorda com o pronome relativo que.
Em relação ao uso das aspas nesse trecho, assinale a alterna-
e) A oração que se fazem passar por bobos deveria estar pre-
tiva CORRETA.
cedida de vírgula porque explica o termo espertos.
a) Relativizam um conceito.
9. (IFN-MG – Psicólogo - FUNDEP (Gestão de Concursos) b) Marcam uma transcrição.
/2016) c) Sinalizam ironia por parte do autor.
d) Destacam uma pausa no texto.
A importância da família estruturada
10. (SEGEP-MA – Analista Ambiental – Pedagogo –
Um levantamento do Ministério Público de São Paulo traz
FCC/2016)
um dado revelador: dois terços dos jovens infratores da capi-
tal paulista fazem parte de famílias que não têm um pai dentro Será que a internet está a matar a democracia? Vyacheslav W.
de casa. Além de não viverem com o pai, 42% não têm contato Polonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa
algum com ele e 37% têm parentes com antecedentes crimi- pergunta na revista Newsweek. E oferece argumentos a respei-
nais. Ajudam a engrossar essas estatísticas os garotos Waldik to que desaguam em águas tenebrosas.
Gabriel, de 11 anos, morto em Cidade Tiradentes, Zona Leste
A internet oferece palco político para os mais motivados (e
de São Paulo, depois de fugir da Guarda Civil Metropolitana, e
despreparados). Antigamente, o cidadão revoltado podia ter
Italo, de 10 anos, envolvido em três ocorrências de roubo só
as suas opiniões sobre os assuntos do mundo. Mas, tirando
em 2016, morto pela Polícia Militar no início de junho, depois
o boteco, ou o bairro, ou até o jornal do bairro, essas opiniões
de furtar um carro na Zona Sul da cidade. O pai de Waldik é
nasciam e morriam no anonimato.
caminhoneiro e não vivia com a mãe. O de Italo está preso por
tráfico. A mãe já cumpriu pena por furto e roubo. Hoje, é possível arregimentar dezenas, ou centenas, ou milha-
res de “seguidores” que rapidamente espalham a mensagem
É certo que um pai presente e próximo ao filho faz diferen-
por dezenas, ou centenas, ou milhares de novos “seguido-
ça. Mas, mais que a figura masculina propriamente dita, faz
res”. Quanto mais radical a mensagem, maior será o sucesso
falta uma família estruturada, independentemente da configu-
cibernauta.
ração, que dê atenção, carinho, apoio, noções de continên-
cia e limite, elementos que protegem os jovens em fase de Mas a internet não é apenas um paraíso para os politicamente
desenvolvimento. motivados (e despreparados). Ela tende a radicalizar qualquer
opinião sobre qualquer assunto.
A mãe e a avó, nessa família brasileira que cresce cada vez
mais matriarcal, desdobram-se para tentar cumprir esses re- A ideia de que as redes sociais são uma espécie de “ágora mo-
quisitos e preencher as lacunas, mas são “atropeladas” pela derna”, onde existem discussões mais flexíveis e pluralistas,
rotina dura. Muitas vezes, não têm tempo, energia, dinheiro e não passa de uma fantasia. A internet não cria debate. Ela cria
voz para lidar com esses garotos e garotas que crescem na trincheiras entre exércitos inimigos.
rua, longe da escola, em bairros sem equipamentos de esporte (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. Disponível em: http://www1.folha.uol.
e cultura, próximos de amigos e parentes que podem estar en- com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2016/08/1801611)
volvidos com o crime.
Atente para as afirmações abaixo a respeito do 1‘ parágrafo
A criança precisa ter muita autoestima e persistência para bus- do texto.
car nesse horizonte nebuloso um projeto de vida. Sem apoio

98
Língua Portuguesa

I. O ponto de interrogação pode ser excluído, sem prejuízo mos nos aposentando muito cedo e o que juntamos não
para a correção e o sentido, por se tratar de pergunta re- será o suficiente.
tórica. II. Correto: No segmento A própria qualidade de vida - me-
II. As vírgulas isolam o aposto. dida por anos de saúde plena - deve mudar para melhor...
III. Na última frase do parágrafo, o pronome “que” retoma “ar- III. NÃO Haverá prejuízo para a correção. Os pesquisadores
gumentos”. (sujeito) propõem que a idade de aposentadoria seja alon-
IV. No contexto, o verbo “desaguar” está empregado em sen- gada, e que os sexagenários (sujeito) mudem seu raciocí-
tido figurado. nio...
Está correto o que se afirma APENAS em: 5. (B)
e) I e II.
Esta é a ideia a qual a autora se mostra contrária, a de que não
f) II, III e IV.
há beleza ou felicidade depois da juventude.
g) II e III.
h) I e IV. 6. 6. (D)
a) A vírgula não pode separar o sujeito (o bolo...) do verbo
Respostas (sumiu). Incorreta.
b) Há vírgula entre o sujeito (ele) e o verbo (retirou). Incorreta.
1. (E) c) O ponto e vírgula está separando um aposto explicativo,
a) O professor espera um, sim. O PROF. ESTA ESPERANDO quando na verdade deveria haver um sinal de dois-pontos.
UM ALGO, QUANDO TIRO A VIRGULA ELE FICA ‘’ESPE- d) Essa é a vírgula que marca termo omitido (Zeugma).
RANDO UM SIM’’.
b) Recebo, obrigada. A PESSOA RECEBE E DIZ OBRIGADO, Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. (preten-
QUANDO TIRO A VIRGULA ELE PASSA A RECEBER É UM de cursar)
OBRIGADO. 7. (B)
c) Não, vá ao estacionamento do campus. ‘’VÁ AO ESTACIO-
NAMENTO’’, QUANDO TIRO A VIRGULA PASSA A ‘’NÃO A alternativa A tem dois pontos que não deveriam aparecer
VÁ AO ESTACIONAME...’’ na oração.
d) Não, quero abandonar minha funções no trabalho. EU 8. (C)
QUERO ABANDONAR, QUANDO TIRO A VIRGULA FICA a) Errada. Há apenas um adjetivo em função de predicativo
NEGADO ‘’NÃO QUERO...’’ do sujeito, que é o termo “simpático”. Repare que está
e) Todas mudaram de sentido, menos a última. qualificando o sujeito “Bobo” e se relacionam através de
2. (E) um verbo de ligação.
“O bobo (sujeito) é (verbo de ligação) sempre tão simpático
Conferindo as demais: (predicativo do sujeito)
a) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma b) Errada. O verbo não foi usado de forma impessoal pois é
extensão de nossa personalidade. NÃO SE SEPARA SU- possível achar seu agente. Quem se faz passar por bobos?
JEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA. Os espertos.
b) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, c) Gabarito. Sem comentários. Perfeita. Está no presente do
são as principais causas da ira de trânsito. NÃO SE SEPA- indicativo na terceira pessoa do singular.
RA SUJEITO DO PREDICADO POR VÍRGULA. d) Errada. A forma verbal “fazem” concorda com “espertos”.
c) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os e) Errada. A frase está perfeita, em ordem direta e não caberia
níveis de estresse em alguns motoristas. NÃO SE SEPARA vírgula nesse trecho.
POR VÍRGULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO (no caso
‘ocasionar’ sendo VTD e acidentes OD) 9. (A)
d) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque O palavra “atropelar” foi colocada entre aspas para que o in-
você está junto; com os outros motoristas cujos comporta- terlocutor conceitue de forma conotativa, ou seja, um conceito
mentos, são esconhecidos. ** NÃO SE SEPARA POR VÍR- diferente. Nesse caso, o termo “atropelar” foi usado no sentido
GULA VERBO DE SEU COMPLEMENTO de não conseguirem por causa da rotina dura.
e) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns-
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. Exemplo: Levei um “bolo” no encontro com aquela mulher
(Correta) - Aqui o termo “bolo” não está no seu sentido denotativo,
está com conceito diferente, de que não cumpriram com o
3. (E) compromisso.
a) Humberto de Campos, jornalista, critico, contista, e memo-
rialista nasceu, em Miritiba, hoje Humberto de Campos no 10. (B)
Maranhão, em 1886, e FALECEU, no Rio de Janeiro em 1934. Item I = ERRADO.
b) O escritor Humberto de Campos, em 1933, publicou o livro
que veio à ser considerado, o mais celebre de sua obra:
Memórias, crônica DO COMEÇO de sua vida.
c) Em 1912, Humberto de Campos, transferiu-se para o Rio
de Janeiro, e entrou para O Imparcial, na fase em que ali
encontrava-se um grupo de exÍmios escritores.
d) De infância pobre e orfão de pai aos seis anos; Humberto
de Campos, começou a trabalhar cedo no comércio, como
meio de subsistÊncia.
4. (A)
I. Correto: O próximo problema a ser enfrentado é a falta de
dinheiro para as últimas décadas de vida, visto que esta-

99
Língua Portuguesa

Caso o ponto de interrogação for excluído, a frase (Será que a O adjetivo que se refere a mais de um substan-
internet está a matar a democracia?) tivo de gênero ou número diferentes, quando
perde o caráter de pergunta, de reflexão e passa a ser uma posposto, poderá concordar no masculino plu-
afirmação. A correção vai se prejudicar. ral (concordância mais aconselhada), ou com o
substantivo mais próximo.
Item II = CERTO. As vírgulas isolam o aposto.
Exemplo:
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo
ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem se- No masculino plural
parado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos
ou travessão. “Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves-
tidos decotados.” (Machado de Assis)
O aposto se revela na seguinte passagem: Vyacheslav W. Po-
lonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa per- “Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
gunta na revista Newsweek. (Herman Lima)

Item III = CERTO. Na última frase do parágrafo, o pronome “Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca-
“que” retoma “argumentos”. dos.” (Carlos Povina Cavalcânti)

A finalidade do pronome relativo é evitar a repetição do termo “...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Érico
antecedente na oração em que ocorre. Veríssimo)
Com o substantivo mais próximo
Item IV = CERTO. No contexto, o verbo “desaguar” está empre-
gado em sentido figurado. A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Desaguar = Drenar, Enxugar, Lançar as águas em (falando do Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
curso dos rios).
“...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro fres-
co.” (Humberto de Campos)

11. Concordância
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava
dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)

Anteposto aos substantivos, o adjetivo concor-


nominal e verbal da, em geral, com o mais próximo
“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras a “...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras de-
pendentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
de que dependem.
Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade,
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na con- sexo e profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que ambições.; Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe
compõem a frase devem estar em consonância uns com os e filhos”.
outros.
Muitas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concor-
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- dância, mas em todos os casos deve subordinar-se às exigên-
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa cias da eufonia, da clareza e do bom gosto.
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos,
com valor estilístico). Quando dois ou mais adjetivos se referem ao
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os mesmo substantivo determinado pelo artigo,
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). ocorrem dois tipos de construção, um e outro
legítimos.
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao
número e à pessoa do sujeito. Exemplos:
Estudo as línguas inglesa e francesa.

Concordância Nominal Estudo a língua inglesa e a francesa.


Os dedos indicador e médio estavam feridos.
O dedo indicador e o médio estavam feridos.
Concordância do adjetivo adjunto adnominal
Os adjetivos regidos da preposição de, que se
A concordância do adjetivo, com a função de adjunto adnomi- referem a pronomes neutros indefinidos (nada,
nal, efetua-se de acordo com as seguintes regras gerais:
muito, algo, tanto, que, etc.), normalmente fi-
cam no masculino singular
O adjetivo concorda em gênero e número com
o substantivo a que se refere. Sua vida nada tem de misterioso.

Exemplo: O alto ipê cobre-se de flores amarelas. Seus olhos têm algo de sedutor.

100
Língua Portuguesa

Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o Tomar hormônios às refeições não é mau.
substantivo (ou pronome) sujeito: “Elas nada tinham de ingê-
É necessário ter muita fé.
nuas.” (José Gualda Dantas)
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o
predicativo, efetua-se a concordância normalmente:
Concordância do adjetivo predicativo com o
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável)
sujeito
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.”
A concordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se (Eça de Queirós)
consoante as seguintes normas: “Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado)

O predicativo concorda em gênero e número “São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos
com o sujeito simples de Laet)

A ciência sem consciência é desastrosa.


Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas. Concordância do predicativo com o
É proibida a caça nesta reserva. objeto
Quando o sujeito é composto e constituído por A concordância do adjetivo predicativo com o objeto direto ou
substantivos do mesmo gênero, o predicativo indireto subordina-se às seguintes regras gerais:
deve concordar no plural e no gênero deles
O mar e o céu estavam serenos.
O adjetivo concorda em gênero e número com
o objeto quando este é simples
A ciência e a virtude são necessárias.
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos.
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens
sem disciplina,” (Alexandre Herculano) “Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Carlos
de Laet)
Sendo o sujeito composto e constituído por O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-prefeito.
substantivos de gêneros diversos, o predicativo A noite torna visíveis os astros no céu límpido.
concordará no masculino plural
O vale e a montanha são frescos. Quando o objeto é composto e constituído por
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de Assis)
elementos do mesmo gênero, o adjetivo se fle-
xiona no plural e no gênero dos elementos
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro.
A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto)
Deixe bem fechadas a porta e as janelas.
Se o sujeito for representado por um pronome
de tratamento, a concordância se efetua com o Sendo o objeto composto e formado de ele-
sexo da pessoa a quem nos referimos mentos de gênero diversos, o adjetivo predica-
tivo concordará no masculino plural
Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto.
Tomei emprestados a régua e o compasso.
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano
Suassuna) Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha.

Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de “Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias)
nossa confiança. Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas.
Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um príncipe)
Se anteposto ao objeto, poderá o predicati-
O predicativo aparece às vezes na forma do vo, neste caso, concordar com o núcleo mais
masculino singular nas estereotipadas locu- próximo
ções é bom, é necessário, é preciso, etc., em- É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
bora o sujeito seja substantivo feminino ou
plural Segue as mesmas regras o predicativo expres-
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. so pelos substantivos variáveis em gênero e
número
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis)
Temiam que as tomassem por malfeitoras;
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas-
telo Branco) Considero autores do crime o comerciante e sua empregada.

“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado)


Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical
da palavra, mas com o fato que se tem em mente:

101
Língua Portuguesa

Concordância do particípio passivo “Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espírito.”


(Alexandre Herculano)
Na voz passiva, o particípio concorda em gênero e número com Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por interesse.
o sujeito, como os adjetivos.
A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen-
Foi escolhida a rainha da festa. tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro
escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro
Foi feita a entrega dos convites. agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Ma-
Os jogadores tinham sido convocados. chado de Assis)

O governo avisa que não serão permitidas invasões de O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou-
propriedades. tro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Nem um nem outro livro me agradaram.
Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância
Outros casos de concordância nominal
com o substantivo que o acompanha:
Registramos aqui alguns casos especiais de concordância
Centenas de rapazes foram vistos pedalando nas ruas; nominal:
Dezenas de soldados foram feridos em combate. Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o
Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferentes, substantivo em gênero e número:
o particípio concordará no masculino plural: Anexa à presente, vai a relação das mercadorias.
Atingidos por mísseis, a corveta e o navio foram a pique; Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
“Mas achei natural que o clube e suas ilusões fossem leiloa- Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato.
dos.” (Carlos Drummond de Andrade)
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo.
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte.
Concordância do pronome com o
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria.
nome Observação: Evite a locução em anexo.
A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa
O pronome, quando se flexiona, concorda em visivelmente.
gênero e número com o substantivo a que se
refere “Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto)

“Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e dei- “Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)
tou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar) Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em
número com o substantivo.
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alencar)
Como palavra denotativa de limitação, equivalente de apenas,
O pronome que se refere a dois ou mais subs- somente, é invariável.
tantivos de gêneros diferentes, flexiona-se no
Eles estavam sós, na sala iluminada.
masculino plural
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre.
“Salas e coração habita-os a saudade” (Alberto de Oliveira)
Elas só passeiam de carro.
“A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
Só eles estavam na sala.
a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]
Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os
quais fiz boas amizades. Estávamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte
“Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiarmen- para orar a sós.
te, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos) Possível. Usado em expressões superlativas, este
adjetivo ora aparece invariável, ora flexionado.
Os substantivos sendo sinônimos, o pronome
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais
concorda com o mais próximo
requintados possível.” (Maria Helena Cardoso)
“Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!” (Manuel
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
Bernardes)
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais gro-
Os pronomes um... outro, quando se referem a tescos possíveis.” (ledo Ivo)
substantivos de gênero diferentes, concordam “... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimentos
no masculino os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda)
Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no por-
ao outro. tuguês de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível
no plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa
inicia com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.)

102
Língua Portuguesa

Os prédios devem ficar o mais afastados possível. As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso. Os
emissários voltaram bastante otimistas.
Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível. O
médico atendeu o maior número de pacientes possível. “Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se aproxi-
mam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde)
Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério,
claro, caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com Menos. É palavra invariável
a função de advérbios terminados em – mente, ficam
invariáveis. Gaste menos água.

Vamos falar sério. [sério = seriamente] Penso que falei bem À noite, há menos pessoas na praça.
claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato] Questões
Estas aves voam alto. [ou baixo]
Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como 1. (Pref. de Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo –
advérbios. FAEPESUL/2016)
Marque a alternativa em que a concordância nominal este-
“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro) ja CORRETA:
“Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá punições as ins-
Dourado). “Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda tituições que não respeitarem a lei vigente.
Dantas) b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacio-
nais, será anunciado na próxima semana.
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Guimarães) c) Foi inaugurada ontem, depois de vários cancelamentos,
- Todo. No sentido de inteiramente, completamente, novas obras da administração local.
costuma-se flexionar, embora seja advérbio. d) Prossegue implacável as denúncias contra governantes e
empreiteiros do nosso país.
Esses índios andam todos nus. e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a
Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca. realização das provas.
As meninas iam todas de branco. 2. (Pref. de Nova Veneza/SC – Psicólogo – FAEPE-
A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam toda. SUL/2016)

Mas admite-se também a forma invariável: A alternativa que está coerente com as regras da concordância
nominal é:
Fiquei com os cabelos todo sujos de terá. Suas mãos estavam a) Ternos marrons-claros.
todo ensanguentadas. b) Tratados lusos-brasileiros.
Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão, c) Aulas teórico-práticas.
em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, invariável d) Sapatos azul-marinhos.
e) Camisas verdes-escuras.
Estamos alerta.
3. (SAAEB – Engenheiro de Segurança do Trabalho – FA-
Os soldados ficaram alerta. FIPA/2016)
“Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de Indique a alternativa que NÃO apresenta erro de concordância
Andrade) nominal.
a) O acontecimento derrubou a bolsa brasileira, argentina e
“Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
a espanhola.
(Martins de Aguiar)
b) Naquele lugar ainda vivia uma pseuda-aristocracia.
Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como c) Como não tinham outra companhia, os irmãos viajaram só.
adjetivo, sendo, por isso, flexionada no plural: Nossos che- d) Simpáticos malabaristas e dançarinos animavam a festa.
fes estão alertas. (=vigilantes)
4. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas. AOCP/2016)
“Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos alertas, es- “Estamos Enlouquecendo Nossas Crianças!
perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)
Estímulos Demais... Concentração de Menos”
Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco,
31 Maio 2015 em Bem-Estar, filhos
esta palavra é invariável.
Vivemos tempos frenéticos. A cada década que passa o
Exemplos: A porta estava meio aberta. modo de vida de 10 anos atrás parece ficar mais distante:
10 anos viraram 30, e logo teremos a sensação de ter se
As meninas ficaram meio nervosas.
passado 50 anos a cada 5. E o mundo infantil foi atingido
Os sapatos eram meio velhos, mas serviam. em cheio por essas mudanças: já não se educa (ou brinca,
alimenta, veste, entretêm, cuida, consola, protege, ampara e
Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente
satisfaz) crianças como antigamente!
Não havia provas bastantes para condenar o réu. O iPad, por exemplo, já é companheiro imprescindível nas re-
Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz. feições de milhares de crianças. Em muitas casas a(s) TV(s)
fica(m) ligada(s) o tempo todo na programação infantil – naque-
Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica les canais cujo volume aumenta consideravelmente durante os
um adjetivo. comerciais – mesmo quando elas estão comendo com o iPad
à mesa.

103
Língua Portuguesa

Muitas e muitas crianças têm atividades extracurriculares pelo No sintagma “uma boa competitividade”, a concordância no-
menos três vezes por semana, algumas somam mais de 50 ho- minal se dá porque.
ras semanais de atividades, entre escola, cursos, esportes e a) temos uma preposição seguida de dois substantivos femi-
reforços escolares. ninos singulares.
b) temos uma preposição, um advérbio e um substantivo
Existe em quase todas as casas uma profusão de brinquedos,
masculino singular.
aparelhos, recursos e pessoas disponíveis o tempo todo para
c) temos um artigo definido feminino singular, um adjetivo fe-
garantir que a criança “aprenda coisas” e não “morra de tédio”.
minino singular e um substantivo masculino singular.
As pré- escolas têm o mesmo método de ensino dos cursos
d) temos um artigo definido feminino singular, um adjetivo fe-
pré-vestibulares.
minino singular e um substantivo feminino singular.
Tudo está sendo feito para que, no final, possamos ocupar, e) temos um artigo indefinido feminino singular, um adjetivo
aproveitar, espremer, sugar, potencializar, otimizar e, finalmen- feminino singular e um substantivo feminino singular.
te, capitalizar todo o tempo disponível para impor às nossas
5. (CISMEPAR/PR – Advogado – FAUEL/2016)
crianças uma preparação praticamente militar, visando seu
“sucesso”. O ar nas casas onde essa preocupação é latente A respeito de concordância verbal e nominal, assinale a alter-
chega a ser denso, tamanha a pressão que as crianças sofrem nativa cuja frase NÃO realiza a concordância de acordo com a
por desenvolver uma boa competitividade. Porém, o excesso norma padrão da Língua Portuguesa:
de estímulos sonoros, visuais, físicos e informativos impedem a) Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa
que a criança organize seus pensamentos e atitudes, de ver- meia honesta é pior que uma mentirosa inteira.
dade: fica tudo muito confuso e nebuloso, e as próprias in- b) Sonhar, plantar e colher: eis o segredo para alcançar seus
formações se misturam fazendo com que a criança mal saiba objetivos.
descrever o que acabou de ouvir, ver ou fazer. c) Para o sucesso, não há outro caminho: quanto mais dis-
tante o alvo, maior a dedicação.
Além disso, aptidões que devem ser estimuladas estão
d) Não é com apenas uma tentativa que se alcança o que se
sendo deixadas de lado: Crianças não sabem conversar. Não
quer.
olham nos olhos de seus interlocutores. Não conseguem focar
em uma brincadeira ou atividade de cada vez (na verdade a
maioria sequer sabe brincar sem a orientação de um adulto!). Respostas
Não conseguem ler um livro, por menor que seja. Não aceitam 1. Resposta E
regras. Não sabem o que é autoridade. Pior e principalmente: a) Desde que comprovadas as faltas, sofrerá (sofrerão) puni-
não sabem esperar. ções as instituições que não respeitarem a lei vigente.
Todas essas qualidades são fundamentais na construção de b) Novas taxas de juro, segundo os economistas internacio-
um ser humano íntegro, independente e pleno, e devem ser nais, será (serão)anunciadas na próxima semana.
aprendidas em casa, em suas rotinas. c) Foi (foram)inaugurada ontem, depois de vários cancela-
mentos, novas obras da administração local.
Precisamos pausar. Parar e olhar em volta. Colocar a mão na d) Prossegue (Prosseguem implacáveis) implacável as de-
consciência, tirá-la um pouco da carteira, do telefone e do vo- núncias contra governantes e empreiteiros do nosso país.
lante: estamos enlouquecendo nossas crianças, e as estamos e) Não estão previstas, até o momento, novas datas para a
impedindo de entender e saber lidar com seus tempos, seus realização das provas.
desejos, suas qualidades e talentos. Estamos roubando o tem-
po precioso que nossos filhos tanto precisam para processar 2. Resposta C
a quantidade enorme de informações e estímulos que nós e o Quanto à letra “e”, tem-se que o primeiro elemento do adjeti-
mundo estamos lhes dando. vo composto permanecerá invariável: Camisa verde-escura,
Calma, gente. Muita calma. Não corramos para cima da criança então observe: plural do substantivo camisa é camisas verde
com um iPad na mão a cada vez que ela reclama ou achamos é adjetivo, como se trata de adjetivo composto, no caso ver-
que ela está sofrendo de “tédio”. Não obriguemos a babá a ter de-escura, apenas o segundo adjetivo, vai ao plural. Ficando
um repertório mágico, que nem mesmo palhaços profissionais assim: Camisas verde - escuras.
têm, para manter a criança entretida o tempo todo. O “tédio” 3. Resposta D
nada mais é que a oportunidade de estarmos em contato co- a) Errado - A bolsa brasileira, A argentina e A espanhola
nosco, de estimular o pensamento, a fantasia e a concentração. b) Errado - Pseuda-aristocracia, deveria ser Pseudo
Sugiro que leiamos todos, pais ou não, “O Ócio Criativo” de c) Errado - Os irmãos viajaram Sós.
Domenico di Masi, para que entendamos a importância do uso d) Correta - A concordância deste adjetivo poderá ser com
consciente do nosso tempo. mais próximo ou com os dois

E já que resvalamos o assunto para a leitura: nossas crianças 4. Resposta E


não leem mais. Muitos livros infantis estão disponíveis para ta- UMA - Artigo Indefinido feminino singular
BOA - Adjetivo feminino singular
blets e iPads, cuja resposta é imediata ao menor estímulo e
COMPETITIVIDADE - Substantivo feminino singular
descaracteriza a principal função do livro: parar para ler, para
fazer a mente respirar, aprender a juntar uma palavra com ou- 5. Resposta A
tra, paulatinamente formando frases e sentenças, e, finalmente,
‘’Meias verdades’’ está correto, pois a palavra ‘’meia’’ está
concluir um raciocínio ou uma estória.
concordando com o substantivo ‘’verdades’’. Porém, no trecho
Cerquem suas crianças de livros e leiam com elas, por amor. ‘’pessoa meia honesta’’ está incorreto o emprego, posto que
Deixem que se esparramem em almofadas e façam sua imagi- a palavra ‘’meia’’ é invariável diante de um adjetivo. O correto,
nação voar! portanto, seria:
(Fonte: http://www.saudecuriosa.com.br/estamos-enlouquecendo-nossas-crian- ‘’Meias verdades são como mentiras inteiras: uma pessoa meio
cas-estimulos-demais-concentracao-de-menos/)
honesta é pior que uma mentirosa inteira.’’’

104
Língua Portuguesa

Concordância Verbal Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural.

O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguin- O sujeito é composto e de pessoas
tes regras gerais:
diferentes

O sujeito é simples Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se fle-


xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa
O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em nú- prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevalece sobre a 3ª):
mero e pessoa. “Foi o que fizemos Capitu e eu.
Exemplos: ” (Machado de Assis) (ela e eu = nós)

Verbo depois do sujeito “Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós)

“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti) Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele = vocês)

“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco) Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:
Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próxi-
“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo) mo, quando este se pospõe ao verbo:
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas-
Verbo antes do sujeito telo Branco)
Acontecem tantas desgraças neste planeta!
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar. filhos.” (Machado de Assis)
A quem pertencem essas terras? Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu + ele =
vocês em vez de tu + ele = vós):

O sujeito é composto e da 3ª pessoa “...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)


“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral-
mente este para o plural. Exemplos As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor
relativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordân-
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) cia depende, frequentemente, do contexto, da situação e do
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) clima emocional que envolvem o falante ou o escrevente.
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma
fonte perene.” (Machado de Assis)
Núcleos do sujeito unidos por ou
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no Há duas situações a considerar
singular
Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos Se a conjunção ou indicar exclusão “ou” reti-
ficação, o verbo concordará com o núcleo do
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto)
sujeito mais próximo
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...”
Paulo ou Antônio será o presidente.
(Camilo Castelo Branco)
O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se-
renidade?” (Graciliano Ramos) Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
Quando os núcleos do sujeito formam sequência
gradativa O verbo irá para o plural se a ideia por ele ex-
pressa se referir ou puder ser atribuída a todos
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina começou a os núcleos do sujeito
me apertar à alma.
“Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte a
Sendo o sujeito composto e posposto ao ver- atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
grito, como uma gargalhada, atravessavam a cidade.)
bo, este poderá concordar no plural ou com o
substantivo mais próximo “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-
-lhe.” (Camilo Castelo Branco)
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Elisa?”
(Jorge Amado) Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no
singular:
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.”
(Ricardo Ramos) “A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos individu-
ais.” (Vivaldo Coaraci)
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina
Cavalcânti) “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus
ministros.” (Carlos de Laet) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso dote.”
(Viriato Correia)

105
Língua Portuguesa

Núcleos do sujeito unidos pela preposição com “Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de ami-
zade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé)
Usa-se mais frequentemente o verbo no plural quando se atri-
bui a mesma importância, no processo verbal, aos elementos “Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o
do sujeito unidos pela preposição com. demovem do seu objetivo.” (CassianoRicardo)

Exemplos:
Manuel com seu compadre construíram o barracão.
Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém
“Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Castelo Quando o sujeito composto vem resumido por um dos prono-
Branco) “Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo mes, tudo, nada, ninguém, etc. o verbo concorda, no singular,
Castelo Branco) com o pronome resumidor.
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar Exemplos:
relevância ao primeiro elemento do sujeito e também
quando o verbo vier antes deste. Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.

Exemplos: “O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es-


touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Macha-
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa. do de Assis)
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde. Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo.
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com
toda a corte.” (Luís de Camões)

Núcleos do sujeito designando a mesma


Núcleos do sujeito unidos por nem
pessoa ou coisa
Quando o sujeito é formado por núcleos no singular unidos
O verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito
pela conjunção nem, usa-se, comumente, o verbo no plural.
designam a mesma pessoa ou o mesmo ser.
Exemplos:
Exemplos:
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos.
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-nin-
Nem eu nem ele o convidamos. guém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond
Andrade)
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger a
tanto.” (Alexandre Herculano) “Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o
registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar
Andrade)
alto.” (Eça de Queirós)
Advogado e membro da instituição afirma que ela é corrupta.
É preferível a concordância no singular
Quando o verbo precede o sujeito Núcleos do sujeito são infinitivos
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, nem
O verbo concordará no plural se os infinitivos forem determina-
a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis)
dos pelo artigo ou exprimirem ideias opostas; caso contrário,
Não o convidei eu nem minha esposa. tanto é lícito usar o verbo no singular como no plural. Exemplos:
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinheiro, O comer e o beber são necessários.
nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa)
Rir e chorar fazem parte da vida.
Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser
atribuído a um dos elementos do sujeito Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino.
“Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava trabalho.”
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só
(Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
uma cidade pode sediar a Olimpíada.) Nem Paulo nem João
será eleito governador do Acre. (Só um candidato pode ser
eleito governador.) Sujeito oracional

Núcleos do sujeito correlacionados Concorda no singular o verbo cujo sujeito é


uma oração
O verbo vai para o plural quando os elementos do sujeito com-
posto estão ligados por uma das expressões correlativas não Ainda falta / comprar os cartões.
Predicado Sujeito Oracional
só... mas também, não só como também, tanto...como, etc.
Estas são realidades que não adianta esconder. Sujeito de
Exemplos:
adianta: esconder que (as realidades)
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.”
(Alexandre Herculano)
Sujeito Coletivo
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen-
tes.” (Alexandre Herculano) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo no singular.

106
Língua Portuguesa

Exemplos: A multidão vociferava ameaças. Um e outro, nem um nem outro


O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro. O sujeito sendo uma dessas expressões, o ver-
bo concorda, de preferência, no plural.
Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
Exemplos:
Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o especifi-
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her-
que e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
nâni Cidade)
se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indiví-
duos, efetuando-se uma concordância não gramatical, mas “Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma-
ideológica: chado de Assis)
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio.
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres pe-
netraram na caverna...” (Alexandre Herculano) “Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálo-
go.” (Fernando Namora)
“Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão
no mar” (Camilo Castelo Branco)
“Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
Um ou outro
ar.” (Machado de Assis)
“Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse O verbo concorda no singular com o sujeito um
divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina ou outro
Cavalcânti) “Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Macha-
do de Assis)
A maior parte de, grande número de, etc.: “Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado
de Assis)
Sendo o sujeito uma das expressões quantitati- “Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel
vas a maior parte de, parte de, a maioria de, gran- de Queirós)
de número de, etc., seguida de substantivo ou
pronome no plural, o verbo, quando posposto ao Um dos que, uma das que
sujeito, pode ir para o singular ou para o plural,
conforme se queira efetuar uma concordância
estritamente gramatical (com o coletivo singular) Quando, em orações adjetivas restritivas, o
ou uma concordância enfática, expressiva, com a pronome que vem antecedido de um dos ou
ideia de pluralidade sugerida pelo sujeito. expressão análoga, o verbo da oração adjetiva
flexiona-se, em regra, no plural
Exemplos:
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Alexan-
A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto dre Herculano)
Freire)
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito nós.” (Machado de Assis)
juízo.” (Machado de Assis)
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que
“A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de viviam em Roma.” (Moacyr Scliar)
carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão)
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana.
“A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido
definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto) Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es-
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao
Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos rigor da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no
exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê singular (fazendo-o concordar com a palavra um), quando se
dos exemplos supracitados, as duas concordâncias são igual- deseja destacar o indivíduo do grupo, dando-se a entender que
mente legítimas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem ele sobressaiu ou sobressai aos demais:
fala ou escreve escolher a que julgar mais adequada à situ-
ação. Pode-se, portanto, no caso em foco, usar o verbo no Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros.
plural, efetuando a concordância não com a forma gramatical “Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originali-
das palavras, mas com a ideia de pluralidade que elas encer- dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro)
ram e sugerem à nossa mente. Essa concordância ideológica
é bem mais expressiva que a gramatical, como se pode perce- Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coe-
ber relendo as frases citadas de Machado de Assis, Ramalho rência, deveriam condenar também a comumente aceita
Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda, e cote- em construções anormais do tipo:
jando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular. Quais de vós sois isentos de culpa?
Quantos de nós somos completamente felizes?
O verbo fica obrigatoriamente no singular quando se aplica
apenas ao indivíduo de que se fala, como no exemplo:
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o
único empregado que não sabe ler.)

107
Língua Portuguesa

Ressalte-se, porém, que nesse caso é preferível construir a fra- Nenhum de vós a viu?
se de outro modo:
Jairo é um empregado meu que não sabe ler. Qual de nós falará primeiro?
Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em Pronomes quem, que, como sujeitos
foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração
adjetiva: O verbo concordará, em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia. quem e que, em frases como estas:

Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz. Sou eu quem responde pelos meus atos.

O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as Somos nós quem leva o prejuízo.
secas. Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar a “Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins)
crise.
Todavia, a linguagem enfática justifica a con-
Embora o caso seja diferente, é oportuno lem- cordância com o sujeito da oração principal
brar que, nas orações adjetivas explicativas,
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias)
nas quais o pronome que é separado de seu an-
tecedente por pausa e vírgula, a concordância “Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo
é determinada pelo sentido da frase Ramos)
Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha- “És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias)
mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas-
Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefa- telo Branco)
tos, soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens as-
sistiam à cena.) A concordância do verbo precedido do prono-
me relativo que far-se-á obrigatoriamente com
o sujeito do verbo (ser) da oração principal, em
Mais de um
frases do tipo
O verbo concorda, em regra, no singular. O plural será de rigor Sou eu que pago.
se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral for superior
És tu que vens conosco?
a um.
Somos nós que cozinhamos.
Exemplos:
Eram eles que mais reclamavam.
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto. e a palavra que como elementos expletivos ou enfatizan-
Devem ter fugido mais de vinte presos. tes, portanto não necessários ao enunciado. Assim:
Sou eu que pago. (=Eu pago)
Quais de vós? Alguns de nós Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a
Sendo o sujeito um dos pronomes interrogati- salvaram.)
vos quais? quantos? Ou um dos indefinidos al- Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste
guns, muitos, poucos, etc., seguidos dos pro- caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o
nomes nós ou vós, o verbo concordará, por pronome ou substantivo que precede a palavra que.
atração, com estes últimos, ou, o que é mais
lógico, na 3ª pessoa do plural
Concordância com os pronomes de
“Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César
Cerqueira) tratamento
“Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre
Herculano) Os pronomes de tratamento exigem o verbo
na 3ª pessoa, embora se refira à 2ª pessoa do
“...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
do?” (José de Alencar)
discurso
Vossa Excelência agiu com moderação.
Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo.
Estando o pronome no singular (3ª pessoa) fi- “Espero que V.S.ª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)
cará o verbo
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem
Qual de vós testemunhou o fato? o tempo e os vassalos.” (Rebelo da
Nenhuma de nós a conhece. Silva)

108
Língua Portuguesa

Concordância com certos substantivos “Em Santarém há poucas casas particulares que verdadeira-
mente antigas.” (AlmeidaGarrett)
próprios no plural
Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a ora-
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados ção iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há locução verbal
Unidos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
o plural quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo
Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
concorda no singular.
res; predicado: não se pode)
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduardo
Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado: deve-se)
Prado)
Em síntese: de acordo com a interpretação que se esco-
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. lher, tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. plural. Portanto:

Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.

Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular:
“Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de Assis)
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de-
Verbos impessoais
trás do mago.” (Paulo Coelho)
“Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso Luft) Os verbos haver, fazer (na indicação do tempo), passar de (na
indicação de horas), chover e outros que exprimem fenômenos
A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica,
meteorológicos, quando usados como impessoais, ficam na 3ª
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias
pessoa do singular:
de El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Res-
salte-se, porém, que é também correto usar o verbo no plural: “Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato)
“Havia já dois anos que nós não nos víamos.” (Machado de
As Valkírias mostram claramente o homem...
Assis)
“Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e
“Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco)
de protesto.” (Alfredo Bosi)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal malva-
do...” (Camilo Castelo Branco)
Concordância do verbo passivo - Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que
forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer:
Quando apassivado pelo pronome apassivador se, Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio.
o verbo concordará normalmente com o sujeito
Vai haver grandes festas.
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei-
Gastaram-se milhões, sem que se vissem resultados concretos. tar o cargo.
“Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva) Começou a haver abusos na nova administração.
“Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá- O verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em
rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco) grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto
concordará com o sujeito:
Na literatura moderna há exemplos em contrá- Choviam pétalas de flores.
rio, mas que não devem ser seguidos
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri-
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricardo bes.” (Carlos de Laet)
Ramos)
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de
“Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga) Andrade)

Nas locuções verbais formadas com os verbos “E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.”
auxiliares poder e dever, na voz passiva sinté- (Raquel de Queirós)
tica, o verbo auxiliar concordará com o sujeito. - Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter,
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em
Exemplos: escritores modernos:
Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução “No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um
verbal: podem cortar) banco embaixo.” (José Geraldo Vieira)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos
Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (sujei-
Drummond de Andrade)
to: livros; locução verbal: devem-se ler)
- Existir não é verbo impessoal. Portanto:
“Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas memoráveis
como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de Holanda) Nesta cidade existem (e não existe) bons médicos.
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas.

109
Língua Portuguesa

Concordância do verbo ser “Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” (Fernando
Namora)
O verbo de ligação ser concorda com o predicativo nos seguin- “Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
(Camilo Castelo Branco)
tes casos:
Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é
isto, isso, ou aquilo demais, é mais que (ou do que), é menos que
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) (ou do que), etc., cujo sujeito exprime quantida-
de, preço, medida, etc.
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis)
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
Na mocidade tudo são esperanças. Dois mil dólares é pouco.
Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil
Doze metros de fio é demais.
e Estados Unidos.” (Viana Moog)
Na indicação das horas, datas e distância o ver-
A concordância com o sujeito, embora menos
bo ser é impessoal (não tem sujeito) e concor-
comum, é também lícita
dará com a expressão designativa de hora, data
“Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias) ou distância
“O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha coroa.” Era uma hora da tarde.
(Camilo Castelo Branco) “Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós)
“Seriam seis e meia da tarde.” (Raquel de Queirós)
O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado de “Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)
dois núcleos no singular:
Observações:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)
Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o
verbo no singular, concordando com a ideia implícita de
Quando o sujeito é um nome de coisa, no sin- “dia”:
gular, e o predicativo um substantivo plural “Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia
“A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco) seis de março.) “Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft)
“A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis) Estando a expressão que designa horas precedida da locu-
“Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós) ção perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular.
Sua salvação foram aquelas ervas.
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis)
O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará o
verbo ser: “Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Macha-
do de Assis) “...era perto das cinco quando saí.” (Eça de
Emília é os encantos de sua avó. Queirós)
Abílio era só problemas. O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do
Dá-se também a concordância no singular com o sujeito singular, em frases como: Quando o trem chegou, pas-
que: sava das sete horas.

“Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário que Locução de realce é que
breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo Branco)
O verbo ser permanece invariável na expressão expletiva ou de
realce é que:
Quando o sujeito é uma palavra ou expressão Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a
de sentido coletivo ou partitivo, e o predicativo ordem aqui.)
um substantivo no plural Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem
“A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado) educá-los.)
A maior parte eram famílias pobres. Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guiavam.)
O resto (ou o mais) são trastes velhos.
“A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de Queirós)
Da mesma forma se diz, com ênfase
Quando o predicativo é um pronome pessoal “Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós)
ou um substantivo, e o sujeito não é pronome “Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira jun-
pessoal reto to do palco.” (Graciliano Ramos)
“Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos)
“O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
“Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano) Observação:
“O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali) O verbo ser é impessoal e invariável em construções enfá-
“...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco) ticas como:
Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoita-
Quando o predicativo é o pronome demonstra- vam os escravos.)
tivo o ou a palavra coisa Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois
Divertimentos é o que não lhe falta. se desentenderam.)
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)

110
Língua Portuguesa

Era uma vez “Bateram quatro da manhã em três torres há um tempo...”


(Mário Barreto)
Por tradição, mantém-se invariável a expressão inicial de histó-
rias era uma vez, ainda quando seguida de substantivo plural: “Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
Era uma vez dois cavaleiros andantes. nes.” (Machado de Assis)
“Deu uma e meia.” (Said Ali)
A não ser
Passar, com referência à horas, no sentido de ser mais de,
É geralmente considerada locução invariável, equivalente a ex- é verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular:
ceto, salvo, senão. Quando chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Va-
Exemplos: mos, já passa das oito horas – disse ela ao filho.

Nada restou do edifício, a não ser escombros.


Concordância do verbo parecer
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia.
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não Em construções com o verbo parecer seguido de infiniti-
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) vo, pode- se flexionar o verbo parecer ou o infinitivo que o
acompanha:
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
da oração infinitiva. As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
Exemplos: Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pa-
“As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e redes estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
desgostos.” (Machado de Assis) Outros exemplos:
“A não serem os antigos companheiros de mocidade, ninguém “Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins) nando Namora)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia “Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o proce-
hoje... aquela obra.” (Latino Coelho) dimento do soberano.” (Latino Coelho)
“As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosseguir.”
Haja vista
(Alexandre Herculano)
A expressão correta é haja vista, e não haja visto. Pode ser
“...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminharem
construída de três modos:
no céu.” (Graça Aranha)
Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja) Usando-se a oração desenvolvida, parecer
concordará no singular
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se
para os livros) “Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília Meireles)

A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste modo. “Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam
Sujeito: os livros; verbo hajam (= tenham); objeto direto: vista. com a enxada.” (José Américo)

A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado. “As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto é:
Parece que as notícias têm asas.)
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupan- Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo
te; haja vista o incidente de sábado. ver na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou
“Via-se entrarem mulheres e crianças.”
Bem haja e Mal haja
Concordância com o sujeito oracional
Bem haja e mal haja usam-se em frases optativas e imprecati-
vas, respectivamente. O verbo concordará normalmente com o O verbo cujo sujeito é uma oração concorda obrigatoriamente
sujeito, que vem sempre posposto: na 3ª pessoa do singular:

“Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco) Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
Verbo sujeito (oração subjetiva)
Bem hajam os promovedores dessa campanha!
Faltava / dar os últimos retoques.
“Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo Verbo sujeito (oração subjetiva)
Branco)
Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque:
Não me interessa ouvir essas parlendas.
Concordância dos verbos bater, dar e soar
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os livros)

Referindo-se às horas, os três verbos acima con- Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los.
cordam regularmente com o sujeito, que pode ser São viáveis as reformas que se intenta implantar?
hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou relógio
“Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
Branco)

111
Língua Portuguesa

Concordância com sujeito indeterminado Foram destruídos 20% da mata.


“Cerca de 40% do território ficam abaixo de 200 metros.” (An-
O pronome se pode funcionar como índice de indeterminação tônio Hauaiss)
do sujeito. Nesse caso, o verbo concorda obrigatoriamente na
3ª pessoa do singular. Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres),
Exemplos: ou, seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a
porcentagem um conjunto numérico invariável em gênero.
Em casa, fica-se mais à vontade.
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.
Concordância com o pronome nós
Acabe-se de vez com esses abusos!
subentendido
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas.
O verbo concorda com o pronome subentendido nós em frases
do tipo:
Concordância com os numerais milhão,
Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
bilhão e trilhão
preocupados.)
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substanti- Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
vo no plural, levam, de preferência, o verbo ao plural.
“Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Exemplos: Drummond de Andrade)
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão.
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu- Não restam senão ruínas:
tenção de cada Ciep.
Em frases negativas em que senão equivale a mais que, a não
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. ser, e vem seguido de substantivo no plural, costuma-se usar
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os o verbo no plural, fazendo-o concordar com o sujeito oculto
mártires da resistência. outras coisas.

Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por isso, Exemplos:


devem concordar no masculino os artigos, numerais e prono- Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
mes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três restam outras coisas senão ruínas.)
milhares de plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões
de criaturas, etc. Da velha casa não sobraram senão escombros.

Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjetivo “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
podem concordar, no masculino, com milhões, ou, por atração, queimados.” (Alexandre Herculano)
no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões “Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
de sacas de soja estão ali armazenados (ou armazenadas) no (Rebelo da Silva)
próximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de trigo.
Os dois milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas.
Concordância com formas gramaticais
Concordância com numerais fracionários Palavras no plural com sentido gramatical e função de su-
jeito exigem o verbo no singular:
De regra, a concordância do verbo efetua-se com o numerador.
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome
Exemplos: pessoal.)
“Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou atocaiado Na placa estava “veiculos”, sem acento.
perto...” (Autran Dourado)
“Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.” (Ma-
“Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)
chado de Assis)
Dois terços da população vivem da agricultura.
Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural,
quando o número fracionário, seguido de substantivo no plural, Mais de, menos de
tem o numerador 1, como nos exemplos:
O verbo concorda com o substantivo que se segue a essas
Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul
expressões: Mais de cem pessoas perderam suas casas, na
do Pará.
enchente.
Um quinto dos homens eram de cor escura.
Sobrou mais de uma cesta de pães.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta.
Concordância com percentuais
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas.
O verbo deve concordar com o número expresso na porcentagem:
Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.

112
Língua Portuguesa

Questões a) Acaba por se constituir numa grande hipocrisia as atitudes


de quem se diz reger por determinada moral e pratica ou-
1. (TRF – 3ª Região – Analista Judiciário-Área Administra- tra, inteiramente diversa.
tiva – FCC/2016) b) É comum que aos homens ocorra estar no exercício de
um direito quando, em suas práticas amorosas, impõem às
A respeito da concordância verbal, é correto afirmar: mulheres o que as humilha e as desonra.
a) Em “A aquisição de novas obras devem trazer benefícios a c) Couberam às mulheres americanas, cansadas de se sub-
todos os frequentadores”, a concordância está correta por meterem aos machistas, travar duras lutas contra o assé-
se tratar de expressão partitiva. dio sexual e outras práticas que as vitimam.
b) Em “Existe atualmente, no Brasil, cerca de 60 museus”, a d) A maioria dos homens não costuma levar a sério o “não”
concordância está correta, uma vez que o núcleo do sujei- que, saindo das bocas das namoradas, ressoam como se
to é “cerca”. fosse tão somente uma fingida evasiva.
c) Na frase “Hão de se garantir as condições necessárias à
conservação das obras de arte”, o verbo “haver” deveria 3. (MPE-SP – Oficial de Promotoria I – VUNESP/2016)
estar no singular, uma vez que é impessoal. Fora do jogo
d) Em “Acredita-se que 25% da população frequentem am-
bientes culturais”, a concordância está correta, uma vez Quando a economia muda de direção, há variáveis que logo se
que a porcentagem é o núcleo do segmento nominal. alteram, como o tamanho das jornadas de trabalho e o paga-
e) Na frase “A maioria das pessoas não frequentam o mu- mento de horas extras, e outras que respondem de forma mais
seu”, o verbo encontra-se no plural por concordar com lenta, como o emprego e o mercado de crédito. Tendências
“pessoas”, ainda que pudesse, no singular, concordar com negativas nesses últimos indicadores, por isso mesmo, costu-
“maioria”. mam ser duradouras.

2. (TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Ofi- Daí por que são preocupantes os dados mais recentes da As-
cial de Justiça Avaliador Federal – FCC/2016) sociação Nacional dos Birôs de Crédito, que congrega empre-
sas do setor de crédito e financiamento.
Revolução
Segundo a entidade, havia, em outubro, 59 milhões de consu-
Notícias de homens processados nos Estados Unidos por as- midores impedidos de obter novos créditos por não estarem
sédio sexual quando só o que fizeram foi uma gracinha ou um em dia com suas obrigações. Trata-se de alta de 1,8 milhão em
gesto são vistas aqui como muito escândalo por pouca coisa e dois meses.
mais uma prova da hipocrisia americana em matéria de sexo. A
hipocrisia existe, mas o aparente exagero tem a ver com a luta Causa consternação conhecer a principal razão citada pe-
da mulher americana para mudar um quadro de pressupostos los consumidores para deixar de pagar as dívidas: a perda
e tabus tão machistas lá quanto em qualquer país latino, e que de emprego, que tem forte correlação com a capacidade de
só nos parece exagerada porque ainda não chegou aqui com pagamento das famílias.
a mesma força. As mulheres americanas não estão mais para Até há pouco, as empresas evitavam demitir, pois tendem a
brincadeira, em nenhum sentido. perder investimentos em treinamento e incorrer em custos tra-
A definição de estupro é a grande questão atual. Discute-se, balhistas. Dado o colapso da atividade econômica, porém, jo-
por exemplo, o que chamam de date rape, que não é o ataque garam a toalha.
sexual de um estranho ou sexo à força, mas o programa entre O impacto negativo da disponibilidade de crédito é imediato. O
namorados ou conhecidos que acaba em sexo com o consen- indivíduo não só perde a capacidade de pagamento mas tam-
timento relutante da mulher. Ou seja, sedução também pode bém enfrenta grande dificuldade para obter novos recursos,
ser estupro. Isso não é apenas uma novidade, é uma revolução. pois não possui carteira de trabalho assinada.
O homem que se criou convencido de que a mulher resiste
apenas para não parecer “fácil” não está preparado para acei- Tem-se aí outro aspecto perverso da recessão, que se soma às
tar que a insistência, a promessa e a chantagem sentimental muitas evidências de reversão de padrões positivos da última
ou profissional são etapas numa escalada em que o uso da década – o aumento da informalidade, o retorno de jovens ao
força, se tudo o mais falhar, está implícito. E que muitas vezes mercado de trabalho e a alta do desemprego.
ele está estuprando quem pensava estar convencionalmente (Folha de S.Paulo, 08.12.2015. Adaptado)
conquistando. No dia em que o homem brasileiro aceitar isso,
Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal.
a revolução estará feita e só teremos de dar graças a Deus por
a) A mudança de direção da economia fazem com que se
ela não ser retroativa.
altere o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
A verdadeira questão para as mulheres americanas é que o ho- b) Existe indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
mem pode recorrer a tudo na sociedade enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
- desde a moral dominante até as estruturas corporativas e c) Os investimentos realizados e os custos trabalhistas fize-
de poder − para seduzi-las, que toda essa civilização é no ram com que muitas empresas optassem por manter seus
fundo um álibi montado para o estupro, e que elas só con- funcionários.
tam com um “não” desacreditado para se defender. Estão d) São as dívidas que faz com que grande número dos consu-
certas. midores não estejam em dia com suas obrigações.
e) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de Cré-
(VERISSIMO, Luis Fernando. Sexo na cabeça. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002,
p. 143) dito mostra que 59 milhões de consumidores não pode
obter novos créditos.
As exigências quanto à concordância verbal estão plena-
mente atendidas na frase: 4. (CONFERE – Assistente Administrativo VII – INSTITUTO
CIDADES/2016)
a) A muitos poderá parecer um excesso as lutas trava-
das pelas mulheres americanas contra a prática de graves ati- AQUECIMENTO GLOBAL (com adaptações)
tudes machistas.

113
Língua Portuguesa

Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revis- b) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona”
tas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocor- como uma espécie de última fronteira para anúncios, men-
rendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças sagens subliminares e patrocínios, já que uma série de me-
tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos didas em diversos países passou a restringir a publicidade
últimos anos. do tabaco.
c) E 90% dos filmes argentinos também exibiu imagens de
A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus
fumo em filmes para jovens.
centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa
d) Os especialistas da organização citam estudos que mos-
sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, for-
tram que quatro em cada dez crianças começa a fumar
tes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do
depois de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos
planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode
filmes.
ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O
que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unâ-
nimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a Respostas
todos estes acontecimentos. 1. Resposta E
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimen- Aqui temos um caso de coletivo partitivo, ou seja, quando o
to global está ocorrendo em função do aumento da emissão sujeito é um coletivo ou partitivo (exército, alcateia, rebanho,
de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de a maior parte de, a maioria dos etc.) seguido de complemento
combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.), na atmosfera. Es- plural, a concordância verbal pode ser feita com o verbo no
tes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso singular (concordando com o núcleo do coletivo partitivo) ou no
e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, plural (concordando com o complemento). ex: A maioria dos vi-
de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fe- ciados não consegue/conseguem libertar-se da dependência.
nômeno ocorre, pois estes gases absorvem grande parte da
radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dis- 2. Resposta C
persão do calor. a) (INCORRETO): A muitos poderá (PODERÃO) parecer um
excesso as lutas travadas pelas mulheres americanas con-
O desmatamento e a queimada de florestas e matas também tra a prática de graves atitudes machistas.
colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e b) (INCORRETO): Acaba (ACABAM) por se constituir numa
irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes grande hipocrisia as atitudes de quem se diz reger por de-
dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da tem- terminada moral e pratica outra, inteiramente diversa.
peratura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais c) (GABARITO): É comum que aos homens ocorra estar no
evidente nas grandes cidades, já se verificam suas consequên- exercício de um direito quando, em suas práticas amoro-
cias em nível global. (...) sas, impõem às mulheres o que as humilha e as desonra.
O protocolo de Kioto é um acordo internacional que visa à re- d) (INCORRETA): Couberam (COUBE) às mulheres america-
dução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa nas, cansadas de se submeterem aos machistas, travar
no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O princi- duras lutas contra o assédio sexual e outras práticas que
pal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global as vitimam.
nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que e) (INCORRETA): A maioria dos homens não costuma levar a
mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois sério o “não” que, saindo das bocas das namoradas, res-
afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do soam (RESSOA) como se fosse tão somente uma fingida
país. (...) evasiva.

(http://www.suapesquisa.com/geografia/aquecimento_global.htm) 3. Resposta C
a) A mudança de direção da economia FAZ com que se altere
Marque a opção em que há total observância às regras de
o tamanho das jornadas de trabalho, por exemplo.
concordância verbal:
b) EXISTEM indivíduos que, sem carteira de trabalho assinada,
a) “Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aque-
enfrentam grande dificuldade para obter novos recursos.
cimento global está ocorrendo em função”
c) São as dívidas que FAZEM com que grande número dos
b) “Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devas-
consumidores não estejam em dia com suas obrigações.
tadores”
d) Dados recentes da Associação Nacional dos Birôs de
c) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
Crédito MOSTRAM que 59 milhões de consumidores não
bém colabora para este processo”
pode obter novos créditos.
d) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
luentes no mundo, não aceitou o acordo” 4.
a) Correta
5. (COPEL – Contador Júnior - NC-UFPR/2016)
b) “Nunca se VIRAM mudanças tão rápidas e com efeitos de-
Assinale a alternativa em que os verbos sublinhados estão cor- vastadores” (Mudanças são vistas)
retamente flexionados quanto à concordância verbal c) “O desmatamento e a queimada de florestas e matas tam-
bém colaboram para este processo”
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente
d) “Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite po-
a nova edição do relatório Smoke- free movies (Filmes sem ci-
luentes no mundo, não ACEITARAM o acordo” (OS ESTA-
garro), em que recomenda que os filmes que exibem imagens
DOS UNIDOS).
de pessoas fumando deveria receber classificação indicativa
para adultos. Com artigo no singular ou SEM ARTIGO > SINGULAR.
a) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis pa- EX: Minas Gerais é um lindo estado!
íses europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (in- Com artigo plural, o verbo fica no plural:
cluindo alemães, ingleses e italianos), continha cenas de EX: Os Estados Unidos aceitaram o acordo.
pessoas fumando em filmes classificados para menores de 5. Resposta C
18 anos. a) A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recente-

114
Língua Portuguesa

mente a nova edição do relatório Smoke- free movies (Fil- - Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se
mes sem cigarro), em que recomenda que os filmes que acharem infalíveis, caíram no ridículo.
exibem imagens de pessoas fumando deveriam receber
classificação indicativa para adultos.
b) Pesquisas mostram que os filmes produzidos em seis paí- Mesóclise
ses europeus, que alcançaram bilheterias elevadas (incluindo
alemães, ingleses e italianos), continham cenas de pessoas Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o
fumando em filmes classificados para menores de 18 anos. futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não
c) Para ela, a indústria do tabaco está usando a “telona” vierem precedidos de palavras atrativas.
como uma espécie de última fronteira para anúncios, men- Exemplos:
sagens subliminares e patrocínios, já que uma série de
medidas em diversos países passou a restringir a publi- Confrontar-se-ão os resultados.
cidade do tabaco. Confrontar-se-iam os resultados.
d) E 90% dos filmes argentinos também exibiram imagens de
Mas:
fumo em filmes para jovens.
e) Os especialistas da organização citam estudos que mostram Não se confrontarão os resultados.
que quatro em cada dez crianças começam a fumar depois Não se confrontariam os resultados.
de ver atores famosos dando suas “pitadas” nos filmes.
Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o
futuro do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à
norma culta escrita, portanto, uma colocação do tipo:
Diria-se que as coisas melhoraram. (errado)

12. Colocação Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto)

pronominal Ênclise

Usa-se a ênclise nos seguintes casos


Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação - Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus
dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em compromissos.
três posições: - Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícula
- Antes do verbo (próclise): Não te conheço. negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito.
- No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei. Mas
- Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor. Em se plantando no Brasil, tudo dá.
Não se falando em futebol, ninguém briga.
Próclise Ninguém me provocando, fico em paz.
- Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te.
Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto
das seguintes partículas atrativas: a próclise quanto a ênclise.
- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim. Espero com isto não te magoar.
- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na Espero com isto não magoar-te.
escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: - No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis,
Agora, negam-se a depor. ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante
- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que culta escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono.
se identificaram com rapidez. Causou-me surpresa a tua reação.
- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.
O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções
- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a au-
torização solicitada.
Verbais
- Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada Com palavras atrativas:
pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome. Quando a locução vem precedida de palavra atrativa, o pro-
Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso? nome se coloca antes do verbo auxiliar ou depois do verbo
Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse pro- principal.
cedimento! Exemplo: Nunca te posso negar isso; Nunca posso negar-te
Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. isso. É possível, nesses casos, o uso da próclise antes do ver-
Se, nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, bo principal. Nesse caso, o pronome não se liga por hífen ao
usa-se a ênclise: Proteja-nos Deus. verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.
Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também No início da oração ou depois de pausa:
pela forma verbal a que se prende o pronome.
Quando a locução se situa no início da oração, não se usa o
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de nega-
pronome antes do verbo auxiliar.
ção: Em se ausentando, complicou-se; Não se satisfazen-
do com os resultados, mudou de método. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe garan-
tia total.

115
Língua Portuguesa

A mesma norma é válida para os casos em que a locução ver- Emprego Proibido
bal vem precedida de pausa. - Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um
Exemplo: Em dias de lua cheia, pode-se ver a estrada mesmo copo d’água; Permita-me fazer uma observação.);
com faróis apagados; Em dias de lua cheia, pode ver-se a es- - Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro
trada mesmo com os faróis apagados. do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise
Sem atração nem pausa: (desde que não caia na proibição acima), modifica-se a es-
trutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros,
Quando a locução verbal não vem precedida de palavra atrati- emprega-se o pronome em mesóclise. Exemplos: “Conce-
va nem de pausa, admite-se qualquer colocação do pronome. dida a mim a licença, pude começar a trabalhar.” (Não po-
deria ser “concedida-me” – após particípio é proibido - nem
Exemplos:
A vida lhe pode trazer surpresas. “me concedida” – iniciar período com pronome é proibido).
A vida pode-lhe trazer surpresas. “Recolher-me-ei à minha insignificância” (Não poderia ser
A vida pode trazer-lhe surpresas. “recolherei-me” nem “Me recolherei”).
Observações
- Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver Questões
no futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pro-
nome pode vir em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia 1. (Pref. de Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC/2016)
aconselhado a partir. “A tragédia que iniciou com o rompimento da barragem de re-
- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo áto- jeitos de minérios em Mariana-MG e se estendeu até o Leste do
no depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Espírito Santo, mar adentro, nos faz refletir quais ações pode-
Não haviam convidado-o. (errado). riam ter sido executadas para evitar esse desastre.
- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos li-
A maioria dos especialistas afirma que rompimentos de barra-
terários, que deve ser conhecida: Há males que se não
gens são eventos muito lentos, que sinais já haviam sido detec-
curam com remédios. Quando há duas partículas atraindo
tados sobre o problema em Mariana. Todos dizem que houve
o pronome oblíquo átono, este pode vir entre elas. Pode-
negligência e consequentemente o desastre; agora, a maioria
ríamos dizer também: Há males que não se curam com re-
das informações sobre o que realmente aconteceu não foram
médios.
ainda disponibilizadas, mesmo após tantos dias.
- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em
casos como estes: Ao olharmos para o estado da Bahia, temos vinte e quatro bar-
ragens de rejeitos semelhantes à Barragem do Fundão. E com
me + o/a = mo/ma te + o/a = to/ta
informações de que quatro delas apresentam dano potencial
lhe + o/a = lho/lha elevado, sendo duas localizadas no município de Jacobina e
nos + o/a = no-lo/no-la vos + o/a = vo-lo/vo-la duas em Santa Luz, estando todas sob constante vigilância da
Tais combinações podem vir: Departamento Nacional de Produção Mineral.”
Proclítica: Eu não vo-lo disse? (http://www.tribunafeirense.com.br/noticias/11162/por-pedroamerico-lopes-e-
-preciso-aprender-com-os-desastres.html)
Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.
Em qual das alternativas houve erro na colocação pronominal
Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tem-
a) “Desconhecido pela maioria dos turistas, um impressio-
po.
nante caldeirão de chamas amarelo brilhante e sem fuma-
Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pro- ça nunca se apaga.”
nome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde b) “Delicadeza é aquilo que nos alcança sem nos tocar. É a
essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise melodia que nos embala mesmo em silêncio. É quando a
é mais frequente, por apresentar maior informalidade. Mas, boca empresta um sorriso aos olhos sem que nenhuma
como devemos abordar os aspectos formais da língua, a
cobrança seja feita.”
regra será ênclise, usando próclise em situações excepcio-
c) “Concentre-se naquilo que você é bom, delegue todo o
nais, que são:
resto.”
Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjunção) d) “Ao final, se chegou ao livro digital, com textos e dezenas
atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos os de imagens coloridas.”
advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se flexio- e) “Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimo-
nam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos niais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto. adolescente restitua a coisa”
Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise
2. (Pref. de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala – FEPE-
obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se en-
SE/2016)
contra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obriga-
tória por força da conjunção; Analise a frase abaixo:
Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam de- “O professor discutiu............mesmos a respeito da desavença
sejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – prócli- entre .........e ........ .
se obrigatória.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas
Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua o do texto.
pensador político” – uma oração subordinada causal, como a a) com nós - eu - ti
da questão, exige a próclise.). b) conosco - eu - tu
c) conosco - mim - ti
d) conosco - mim - tu
e) com nós - mim - ti

116
Língua Portuguesa

3. (Transpetro – Auditor Júnior – CESGRANRIO/2016) outro lado, o preconceito existente, antes disfarçado, deixou
de ser tímido e passou a se manifestar de forma aberta e hostil.
A função da arte
Comparado a outros países, o Brasil não recebe um núme-
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o ro elevado de refugiados, e a maioria da sociedade brasileira
para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, aceita-os, acreditando que é possível fazer algo para ajudá-los,
estava do outro lado das dunas altas, esperando. mesmo diante do momento crítico da economia e da política.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de Diante desse cenário, destacam-se as iniciativas de solidarie-
areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus dade, de forma objetiva e praticada por jovens estudantes de
olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que nossas universidades. Com a cabeça aberta e o respeito ao
o menino ficou mudo de beleza. diferente, muitos deles manifestam uma visão de mundo que
permite acreditar em transformações sociais de base.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando,
pediu ao pai: - Me ajuda a olhar! (Soraia Smaili, Refugiados no Brasil: entre o exílio e a solidariedade. Em: carta-
capital.com.br. 02.02.2016. Adaptado)
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:L&PM, 2002. P.12.
Assinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal,
No que se refere à colocação pronominal, respeita-se a norma- conforme a norma-padrão.
-padrão em: a) Quando dão-se conta da situação dos refugiados, as pes-
a) Queria que admira-me-ssem na velhice. soas já põem-se a acolhê-los sem discriminação.
b) Me seduziria poder ser jovem a vida toda. b) No Brasil, vê-se que o número de refugiados não é tão
c) A aposentadoria, esperarei-a com ansiedade. grande. Aceita-os, sem restrição, boa parte da população.
d) Nunca senti-me tão velho como hoje. c) Se veem imagens dramáticas dos refugiados na TV. Não
e) Ninguém o observava com a mesma atenção que eu. trata-se de ficção: é a pura realidade.
4. (Pref. de Caucaia/CE – Agente de Suporte a Fiscaliza- d) Têm visto-se turbilhões de refugiados. O mundo os vê se
ção – CETREDE/2016) deslocarem em busca de uma vida melhor.
e) Os refugiados buscam uma vida melhor. Discriminaria-os
Marque a opção em que ocorre ênclise. aqueles que desconhecem a solidariedade.
a) Disseram-me a verdade.
b) Não nos comunicaram o fato. 7. (Câmara de Marília/SP – Procurador Jurídico – VU-
c) Dir-se-ia que tal construção não é correta. NESP/2016)
d) A moça se penteou. Uma noite no mar Cáspio
e) Contar-me-ão a verdade?
Na semana passada, uma aluna da Sorbonne foi encarrega-
5. (MPE/RS – Agente Administrativo – MPE-RS/2016) da de fazer um estudo sobre a literatura latino-americana, mal
informada de tudo, inclusive sobre a América Latina. Veio en-
Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente trevistar algumas pessoas e, não sei por que, pediu-me que a
as lacunas dos enunciados abaixo. recebesse para uma conversa que pudesse explicar o Brasil
1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria com apenas um título que serviria de roteiro para o trabalho
deverá ____ que ainda não há disponibilidade de recursos. que deveria apresentar.
2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste tipo
de situação, a gravidade da ocorrência ____, ____ sem dúvida. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei ou-
3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não tras. Aleguei minha incompetência para titular qualquer coisa.
____. Mas não quis decepcionar a moça. Pensando na atual crise
a) informar-lhe – a justificaria – revogam-na política, sugeri “Garruchas e punhais” – era o nome da briga
b) informar-lhe – justificá-la-ia – a revogam entre os meninos da rua Cabuçu contra os meninos da rua Lins
c) informá-lo – justificar-lhe-ia – a revogam de Vasconcelos. Morei nas duas e era considerado um espião
d) informá-lo – a justificaria – lhe revogam a soldo de uma ou de outra. O que no fundo era verdade, con-
e) informar-lhe – justificá-la-ia – revogam-na siderava idiotas os dois lados.
A moça riu mas não gostou. Todos os países têm garruchas e
6. 06. (Pref. de São Paulo/SP – Analista Fiscal de Servi- punhais. Dei outra sugestão: “O mosteiro de tijolos de feltro”.
ços VUNESP/2016) Ela não gostou – nem eu. Parti então para uma terceira via, por
O mundo vive hoje um turbilhão de sentimentos e reações no sinal, a mais estúpida. Pensou um pouco, inicialmente recusou.
que diz respeito aos refugiados. Trata-se de uma enorme tra- Olhou bem para mim e aprovou: “Uma noite no mar Cáspio”.
gédia humana, à qual temos assistido pela TV no conforto de Para meu espanto, ela aceitou.
nossas casas. Acredito que os professores da Sorbonne também gostarão. E
Imagens dramáticas mostram famílias inteiras, jovens, crianças eu nem sei onde fica o mar Cáspio, embora também não saiba
e idosos chegando à Europa em busca de um lugar suposta- onde fica o Brasil.
mente mais seguro para viver. Embora os refugiados da Síria (Carlos Heitor Cony. Folha de S.Paulo, 26.01.2016. Adaptado)
tenham ganhado maior destaque, existem ainda os refugiados
africanos e os latino-americanos. ________ uma aluna da Sorbonne que a recebesse para uma
Dentro da América Latina, vemos grandes migrações, uma conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título
marcha de pessoas que buscam o refúgio, mas que terminam que ________ de roteiro para o trabalho que deveria apresentar.
em uma espécie de exílio. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas, aceitei
outras. Mas não ________.
O Brasil, que sempre se destacou por sua capacidade de aco-
lher diferentes culturas, apresenta uma das sociedades com Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas da frase
maior diversidade. Podemos afirmar nossa capacidade de lidar devem ser preenchidas, respectivamente, com:
com o multiculturalismo com bastante naturalidade, embora, a) Pediu-me … serviria-lhe … lhe quis decepcionar
muitas vezes, a questão seja tratada de maneira superficial. Por b) Me pediu … servir-lhe-ia … quis decepcioná-la
c) Pediu-me … lhe serviria … a quis decepcionar

117
Língua Portuguesa

d) Me pediu … o serviria … quis decepcionar-lhe mesóclise.


e) Pediu-me … serviria-o … quis decepcioná-la c) A aposentadoria, esperar -LA-ei com ansiedade. No futuro
deve se usar a mesóclise
8. (IPSMI – Procurador – VUNESP/2016)
d) Nunca (PA) ME senti tão velho como hoje.
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal e a con- e) Ninguém (PA) o observava com a mesma atenção que eu.
jugação dos verbos estão de acordo com a norma-padrão. CERTO
a) Eles se disporão a colaborar comigo, se verem que não
4. Resposta A
prejudicarei-os nos negócios.
b) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse calado. Não se usa ênclise com verbos: no particípio e com verbos
c) Tendo avisado-as do perigo que corriam, esperava que nos futuros do presente e do pretérito. LEMBRANDO
elas se contessem ao dirigir na estrada.
Próclise: antes Mesóclise: no meio Ênclise: na frente
d) Todos ali se predisporam a ajudar-nos, para que nos sen-
tíssemos à vontade. 5. Resposta B
e) Os que nunca enganaram-se são poucos, mas gostam de 1. Quanto ao pedido do Senhor Secretário, a secretaria de-
que se alardeiem seus méritos. verá INFORMAR-LHE que ainda não há disponibilidade de
recursos. O pronome LHE caracteriza um objeto indireto,
9. (BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais -
que no caso é o Senhor Secretário; o objeto direto é:”que
Administração e Psicologia – IESES/2016)
ainda não há disponibilidade de recursos”.
Assinale a opção em que a colocação dos pronomes áto- 2. Apesar de o regimento não exigir uma sindicância neste
nos está INCORRETA: tipo de situação, a gravidade da ocorrência JUSTIFICÁ-
a) Não considero-me uma pessoa de sorte; me considero -LA-IA, sem dúvida. Se o verbo estiver no futuro do presen-
uma pessoa que trabalha para se sustentar e esforça-se te ou no futuro do pretérito, ocorrerá a mesóclise, desde
para se colocar bem na vida. que não haja palavra atrativa Ex:”a gravidade da ocorrên-
b) Pagar-lhes-ei tudo o que lhes devo, mas no devido tempo cia NÃO A justificaria”.
e na devida forma. 3. Embora os novos artigos limitem o alcance da lei, eles não
c) A situação não é melhor na Rússia, onde os antigos servos A revogam. O advérbio de negação NÃO atrai o pronome
tornaram-se mujiques famintos, nem nos países mediter- oblíquo A causando uma próclise.
râneos, onde os campos sobrecarregados de homens são
incapazes de alimentá-los. 6. Resposta B
d) Deus me livre desse maldito mosquito! Nem me falem nes- a) Quando dão-se conta da situação dos refugiados, as pes-
sas doenças que ele transmite! soas já põem-se a acolhê-los sem discriminação.
e) Pede a Deus que te proteja e dê muita vida e saúde a teus ERRADA: Conjunções subordinativas (quando) e advér-
pais. bios (já) são palavras atrativas que obrigam a próclise.
b) No Brasil, vê-se que o número de refugiados não é tão
10. (TRT – 14ª Região – Técnico Judiciário – Área Adminis- grande. Aceita-os, sem restrição, boa parte da população.
trativa – FCC/2016)
CORRETA
No que se refere ao emprego do acento indicativo de crase e c) Se veem imagens dramáticas dos refugiados na TV. Não
à colocação do pronome, a alternativa que completa correta- trata-se de ficção: é a pura realidade.
mente a frase O palestrante deu um conselho... é: ERRADA: Não se usa pronome oblíquo átono no início de
a) à alguns jovens que escutavam-no. frase (SE) e palavras de sentido negativo (não) obrigam a
b) à estes jovens que o escutavam. próclise.
c) àqueles jovens que o escutavam d) Têm visto-se turbilhões de refugiados. O mundo os vê se
d) à juventude que escutava-o. deslocarem em busca de uma vida melhor.
e) à uma porção de jovens que o escutava.
ERRADA: Não se usa ênclise com verbos no particípio (visto).
e) Os refugiados buscam uma vida melhor. Discriminaria-os
Respostas aqueles que desconhecem a solidariedade.
1. Resposta D ERRADA: Não se usa ênclise com verbos no futuro do pre-
O correto seria: “Ao final, chegou-se ao livro digital, com textos térito (discriminaria).
e dezenas de imagens coloridas. ” 7. Resposta C
2. Resposta E ___1___ uma aluna da Sorbonne que a recebesse para uma
O pronome regido pela preposição entre deve aparecer na for- conversa que pudesse explicar o Brasil com apenas um título
ma oblíqua. Assim, é correto dizer entre mim e ele, entre ela que ___2___ de roteiro para o trabalho que deveria apresen-
e ti, entre mim e ti. Os pronomes pessoais do caso oblíquo tar. Já me pediram coisas extravagantes, recusei algumas,
funcionam como complementos: Isso não convém a mim, Fo- aceitei outras. Mas não ___3___ .
ram embora sem ti, Olhou para mim. Os pronomes pessoais do 1. não se inicia frase com pronome oblíquo átono - erradas
caso reto exercem a função de sujeito na oração. Dessa forma, letra b e d.
os pronomes eu e tu estão empregados corretamente nos se- 2. o “que” atrai o pronome oblíquo, ou seja, a próclise irá pre-
guintes casos: Pediu que eu fizesse as compras, Saberão só valecer mesmo que o verbo esteja no futuro. Errada letra a.
quando tu partires, Trouxeram o documento para eu assinar. 3. o “não” é palavra atrativa assim cabe próclise obrigatória.
Diante de palavra atrativa não caberá ênclise. Errada letra e.
3. Resposta E a) Pediu-me … serviria-lhe (errado ) … lhe quis decepcionar
PA- palavra atrativa (invariável) - atrai o pronome b) Me pediu(errado) … servir-lhe-ia (errado)… quis decepcio-
a) Queria que (PA) ME admirassem na velhice. ná-la
b) seduzir - ME - ia poder ser jovem a vida toda. Não se inicia c) Pediu-me … lhe serviria … a quis decepcionar - CERTA
a frase com pronome obliquo, e no futuro deve se usar a d) Me pediu (errado) … o serviria … quis decepcionar-lhe
e) Pediu-me … serviria-o … quis decepcioná-la (errada)

118
Língua Portuguesa

8. Resposta B No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que


a) Eles se DISPUSERAM a colaborar comigo, se VIREM que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos
não (PALAVRA ATRATIVA) OS prejudicarei nos negócios. verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo sig-
b) Propusemo-nos ajudá-lo, desde que se mantivesse cala- nifica, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
do. (CORRETO)
Observe o exemplo:
c) Tendo AS avisado (proibido após particípio) do perigo que
corriam, esperava que elas se CONTIVESSEM ao dirigir na Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
estrada. complementos introduzidos pela preposição “a”.
d) Todos ali se PREDISPUSERAM a ajudar-nos, para que nos
Obedecer a algo/ a alguém.
sentíssemos à vontade.
e) Os que nunca (palavra atrativa) SE enganaram são poucos, Obediente a algo/ a alguém.
mas gostam de que se alardeiem seus méritos. .
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
9. Resposta A posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamen-
te e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre
Usamos a regra da próclise, pois não é uma palavra atrativa.
si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
10. Resposta C
Acessível A Este cargo não é acessí-
A) Errado:
vel a todos
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes
de pronomes indefinidos; Coloc. pronominal - apresenta erro, Acesso A / PARA O acesso para a região fi-
pois o pronome relativo “QUE” atrai o pronome oblíquo. cou impossível

B) Errado: Acostuma- A / COM Todos estavam acostu-


do mados a ouví-lo
Crase - apresenta erro, pois não há ocorrência de crase antes
de pronomes demonstrativos; Coloc. pronominal - correto. Adaptado A Foi difícil adaptar-me a
esse clima
C) Correto:
Afável COM / PARA Tinha um jeito afável para
Crase - correto - o termo regente exige preposição (A) e o termo COM com os turistas
regido (AQUELES) é um pronome demonstrativo admite crase.
Aflito COM / POR Ficaram aflitos com o re-
Coloc. pronominal - correto - o pronome relativo “QUE” atrai o
sultado do teste
pronome oblíquo.
D) Errado: Agradável A / DE Sua saída não foi agradá-
vel à equipe
Crase - correto;
Alheio A / DE Estavam alheios às
Coloc. pronominal - apresenta erro, pois o pronome relativo críticas
“QUE” atrai o pronome oblíquo.
Aliado A / COM O rústico aliado com o
E) Errado: moderno
Crase - apresenta erro, pois não há crase antes de artigo inde-
Alusão A O professor fez alusão à
finido; Coloc. pronominal - correto.
prova final
Amor A / POR Ele demonstrava grande
amor à namorada

13. Regência
Antipatia A / POR Sentia antipatia por ela
Apto A / PARA Estava apto para ocupar
o cargo

nominal e verbal Aversão A / POR Sempre tive aversão à


política
Certeza DE / EM A certeza de encontrá-lo
novamente a animou
Regência Nominal Coerente COM O projeto está coerente
com a proposta
Regência nominal é a relação de dependência que se estabe-
Compatível COM Essa nova versão é com-
lece entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo
patível com meu aparelho
por ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais
de uma regência. Na regência nominal o principal papel é de- Equivalente A Um quilo equivale a mil
sempenhado pela preposição. gramas
Favorável A Sou favorável à sua
candidatura

119
Língua Portuguesa

um texto que focalize aspectos específicos sem terem a neces-


Gosto DE / EM Tenho muito gos- sidade de apresentar informações prévias.
to em participar desta
brincadeira Isso não acontece com relatórios de circulação mais ampla.
Nesse caso, os autores do relatório devem levar em considera-
Grato A Grata a todos que me en- ção o fato de terem como interlocutores pessoas que se inte-
sinaram a ensinar ressam pelo assunto abordado, mas não têm qualquer conhe-
Horror A / DE Tinha horror a quiabo cimento sobre ele. No momento de elaborar o relatório, será
refogado preciso levar esse fato em consideração e introduzir, no texto,
todas as informações necessárias para garantir que os leitores
Necessário A / PARA A medida foi necessária possam acompanhar os dados apresentados, a análise feita e
para acabar com tanta a conclusão decorrente dessa análise.
dúvida
“Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de per-
Passível DE As regras são passíveis fil bem específico”.
de mudanças
No caso desse segmento do texto, a preposição a é de uso
Preferível A Tudo era preferível à sua gramatical, pois é exigida pela regência do verbo dirigir.
queixa Assinale a opção que indica a frase em que a preposição “a”
Próximo A / DE Os vencedores estavam introduz um adjunto e não um complemento.
próximos dos fãs a) O Brasil dá Deus a quem não tem nozes, dentes etc.
b) É preciso passar o Brasil a limpo.
Residente EM Eles residem em minha c) Um memorando serve não para informar a quem o lê, mas
cidade para proteger quem o escreve.
d) Quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o
Respeito A / COM É necessário o respeito
carregue.
às leis
e) O desenvolvimento é uma receita dos economistas para
DE / ENTRE / promover os miseráveis a pobres – e, às vezes, vice-versa.
PARA COM /
POR 2. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto
simpatia.
Satisfeito COM / DE / EM Ficaram satisfeitos com o a) a, por, menos
/ POR esempenho do jogador b) do que, por, menos
c) a, para, menos
Semelhante A Essa questão é semelhan- d) do que, com, menos
te à outra e) do que, para, menos
Sensível A Pessoas que sofrem com 3. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser
insônia podem ser mais seguidos pela mesma preposição:
sensíveis à dor a) ávido, bom, inconsequente
Situado EM Minha casa está situada b) indigno, odioso, perito
na Avenida Internacional c) leal, limpo, oneroso
d) orgulhoso, rico, sedento
Suspeito DE O suspeito do furto foi e) oposto, pálido, sábio
preso
4. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colo-
Útil A / PARA Esse livro é útil para os rir Aracaju,........coração bate de noite, no silêncio”. A
estudos opção que completa corretamente as lacunas da frase
acima é:
Vazio DE Minha vida está vazia de a) as quais, de cujo
sonhos b) a que, no qual
c) de que, o qual
d) às quais, cujo
Questões e) que, em cujo

1. (CODEBA – Analista Portuário – Administrador – 5. (Prefeitura de Florianópolis/SC – Auxiliar de Sala - FE-


FGV/2016) PESE/2016)

Texto II A linguagem poética

Relatórios Em relação à prosa comum, o poema se define de certas res-


trições e de certas liberdades. Frequentemente se confunde a
Relatórios de circulação restrita são dirigidos a leitores de perfil poesia com o verso. Na sua origem, o verso tem uma função
bem específico. Os relatórios de inquérito, por exemplo, são mneumotécnica (= técnica de memorizar); os textos narrativos,
lidos pelas pessoas diretamente envolvidas na investigação de líricos e mesmo históricos e didáticos eram comunicados oral-
que tratam. Um relatório de inquérito criminal terá como leito- mente, e os versos – repetição de um mesmo número de síla-
res preferenciais delegados, advogados, juízes e promotores. bas ou de um número fixo de acentos tônicos e eventualmente
Autores de relatórios que têm leitores definidos podem pres- repetição de uma mesma sonoridade (rima) – facilitavam a me-
supor que compartilham com seus leitores um conhecimento morização. Mais tarde o verso se tornou um meio de enfeitar
geral sobre a questão abordada. Nesse sentido, podem fazer o discurso, meio que se desvalorizou pouco a pouco: a poesia
contemporânea é rimada, mas raramente versificada. Na ver-
dade o valor poético do verso decorre de suas relações com o
120
Língua Portuguesa

ritmo, com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das c) Um memorando serve não para informar a quem o lê, mas
palavras. O poema é um todo. (…) para proteger quem o escreve.COMPLEMENTA O VERBO
d) Quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o
Os poetas enfraquecem a sintaxe, fazendo-a ajustar-se às exi-
carregue.COMPLEMENTA O VERBO
gências do verso e da expressão poética.
e) O desenvolvimento é uma receita dos economistas para
Sem se permitir verdadeiras incorreções gramaticais, eles se promover os miseráveis a pobres – e, às vezes, vice-versa.
permitem “licenças poéticas”. COMPLEMENTA O VERBO
Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em dire- 2. 02. Resposta A
ções contrárias: seja dando a certos termos uma extensão ou
O verbo preferir é acompanhado pela preposição “A”.
uma indeterminação inusitadas; seja utilizando sentidos raros,
em desuso ou novos; seja criando novas palavras. 3. Resposta D Orgulhoso por Rico por Sedento por
Tais liberdades aparecem mais particularmente na utilização de 4. Resposta D
imagens. Assim, Jean Cohen, ao estudar o processo de fabrica-
ção das comparações poéticas, observa que a linguagem cor- “Às quais” retoma o termo “as mulheres”.
rente faz espontaneamente apelo a comparações “razoáveis” “Cujo” – pronome utilizado no sentido de posse, fazendo re-
(pertinentes) do tipo “a terra é redonda como uma laranja” (a ferência ao termo antecedente e ao substantivo subsequente.
redondeza é efetivamente uma qualidade comum à terra e a uma
laranja), ao passo que a linguagem poética fabrica comparações 5. Resposta A
inusitadas tais como: “Belo como a coisa nova/Na prateleira até a) Chamaram Jean de poeta. Correto.
então vazia” (João Cabral de Melo Neto). Ou, então estranhas b) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. Não
como: “A terra é azul como uma laranja” (Paul Éluard). obedeço à rima.
c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica. Pre-
Francis Vanoye
ferem o elogio à crítica.
Assinale a alternativa correta quanto à regência verbal. d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto
a) Chamaram Jean de poeta. muito. Poeta de que gosto muito.
b) “Não obedeço a rima das estrofes”, disse o poeta. e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. Eu
c) Todos os escritores preferem o elogio do que a crítica me lembrei dos dias OU eu lembrei os dias.
d) Passou no cinema o filme sobre aquele poeta que gosto 6. Resposta A
muito.
e) Eu me lembrei os dias da leitura de poesia na escola. Frase incorreta: I. Visando apenas os seus próprios interes-
ses, ele, involuntariamente, prejudicou toda uma família.
6. Assinale a alternativa que contém as respostas corre-
tas. Correção: I. Visando apenas Aos seus próprios interesses, ele,
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta- involuntariamente, prejudicou toda uma família.
riamente, prejudicou toda uma família. 7. Resposta C
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a acei-
tar qualquer ajuda do sogro. Correção: Ele foi acusado de roubar aquela maleta.08. Res-
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de desta- posta C
que, embora fosse tão humilde. Alternativa A: digno DE
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeita-
vam a sala, desmaiou. Alternativa B: baseado EM/SOBRE Alternativa D: especialista
e) II, III, IV EM Alternativa E: favorável A
f) I, II, III
g) I, III, IV
h) I, III Regência Verbal
i) I, II
7. Assinale o item em que há erro quanto à regência: A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
a) São essas as atitudes de que discordo. verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
b) Há muito já lhe perdoei. objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O es-
c) Ele foi acusadso por roubar aquela maleta. tudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade
d) Costumo obedecer a preceitos éticos. expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as di-
e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente. versas significações que um verbo pode assumir com a sim-
ples mudança ou retirada de uma preposição.
8. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a re-
gência nominal correta. Assinale-a: A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, contentar)
a) Ele não é digno a ser seu amigo. A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agrado ou
b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença. prazer”, satisfazer)
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos. Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
e) A equipe foi favorável por sua candidatura. a alguém”.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
Respostas aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e tam-
bém nominal). As preposições são capazes de modificar com-
1. Resposta B
pletamente o sentido do que se está sendo dito.
a) O Brasil dá Deus a quem não tem nozes, dentes etc. COM-
PLMENTA O VERO Cheguei ao metrô.
b) É preciso passar o Brasil a limpo. NÃO COMPLEMEN-
TA O VERBO. É O GABARITO. Cheguei no metrô.

121
Língua Portuguesa

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo Foi logo batendo à porta; (bater junto à porta, para alguém
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Che- abrir); Para que ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de
guei no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a seu quarto; (dar pancadas).
que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente.
Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige complemen-
Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência
to). Você é realmente digno de casar com minha filha. (VTI com
coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
preposição). Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre-
Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode posição). O verbo casar pode vir acompanhado de pronome
ser intransitivo (VI - não exige complemento) / transitivo direto reflexivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou-se
(TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdicou com seu grande amor.
em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha.
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convocar;
(VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI)
O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD). Emprega-se com ou
Abraçar: emprega-se sem preposição no sentido de apertar sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construido
nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abraçou-se com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-
a mim, chorando. (VTI) -o de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe
de covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos dificeis.
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten-
(VTI).
tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens.
(VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mi- Chegar: o verbo chegar exige a preposição a quando indica
mar: Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD) lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada. Como transitivo
direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de aproximar; Che-
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa:
guei-me a ele.
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD)
Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em:
com preposição: Na conversa aludiu Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me em aplaudir
daqui.
vagamente ao seu novo projeto. (VTI)
Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser caro.
Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar mal- Este computador custa muito caro. (VTD). No sentido de ser
-estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se difícil é TI. É conjugado como verbo reflexivo, na 3ª pessoa do
com preposição no sentido de desejar ardentemente por: An- singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo: Cus-
siava por vê-lo novamente. (VTI) tou-me pegar um táxi; O carro custou-me todas as economias.
Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar, É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar: A
cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Empre- imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI).
ga-se com preposição no sentido de querer muito, ter por ob- Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi-
jetivo: Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. nha mãe ensina na FAI. (VTI). É transitivo direto no sentido de
(VTI) educar: Nem todos ensinam as crianças. (VTD). É transitivo di-
reto e indireto no sentido de dar ínstrução sobre: Ensino os
Assistir: emprega-se com preposição no sentido de ver, pre-
exercícios mais dificeis aos meus alunos. (VTDI).
senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nes-
se caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições: a,
pronomes pessoais retos + preposição: O filme é ótimo. Todos com, em: Entretínhamo-nos em recordar o passado.
querem assistir a ele. (VTI). Emprega-se sem / com preposição
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as constru-
no sentido de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os
ções: Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante;
alunos com carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos
Esqueci-me do endereço dele; Lembrei-me de um caso inte-
alunos com carinho. (VTI). Emprega-se com preposição no
ressante. Esqueceu-me seu endereço; Lembra-me um caso
sentido de caber, ter direito ou razão: O direito de se defender
interessante. Você pode observar que no 1º exemplo tanto o
assiste a todos. (VTI). No sentido de morar, residir é intransitivo
verbo esquecer como lembrar, não são pronominais, isto é, não
e exige a preposição em: Assiste em Manaus por muito tempo.
exigem os pronomes me, se, lhe, são transitivos diretos (TD).
(VI).
Nos outros exemplos, ambos os verbos, esquecer e lembrar,
Atender: empregado sem preposição no sentido de rece- exigem o pronome e a preposição de; são transitivos indiretos
ber alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacien- e pronominais. No exemplo o verbo esquecer está emprega-
temente. (VTD). No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu do no sentido de apagar da memória e o verbo lembrar está
minhas preces. (VTD); Atenderemos quaisquer pedido via inter- empregado no sentido de vir à memória. Na língua culta, os
net. Emprega-se com preposição no sentido de dar atenção a verbos esquecer e lembrar quando usados com a preposição
alguém: Lamento não poder atender à solicitação de recursos. de, exigem os pronomes.
(VTI). Emprega-se com preposição no sentido de ouvir com
Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im-
atenção o que alguém diz: Atenda ao telefone, por favor; Aten-
plicância com alguém: Nunca implico com meus alunos. (VTI).
da o telefone. (preferência brasileira).
Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, envolver:
Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os A queda do dólar implica corrida ao over. (VTD); O desestímu-
funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); lo ao álcool combustível implica uma volta ao passado. (VTD).
Avisaremos os clientes da mudança de endereço. (VTD). Já tem Emprega-se sem preposição no sentido de embaraçar, com-
tradição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de prometer: O vizinho implicou-o naquele caso de estupro. (VTD).
coisa; Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo É inadequada a regência do verbo implicar em: - Implicou em
endereço. confusão.
Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca- Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD
das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe
Nervoso, entrou em casa e bateu a porta; (fechou com força);

122
Língua Portuguesa

que sua aposentaria saiu. (VTI); Informou-se das mudanças linguagem formal, culta, é inadequado usar este verbo reforça-
logo cedo. (inteirar-se, verbo pronominal) do pelas palavras ou expressões: antes, mais, muito mais, mil
vezes mais, do que.
Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no sen-
tido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião. Em- Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto, com
pregado como verbo transitivo direto e índireto, no sentido de a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu a
dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora. sessão.
(VTDI). Emprega-se sem preposição no sentido também de
Prevenir: admite as construções: - A paciência previne dissa-
empregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em
bores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos
pesquisas científicas. (VTD).
para o exame final.
Morar: antes de substantivo rua, avenida, usa-se morar com
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de
a preposição em: D. Marina Falcão mora na Rua Dorival de
ter fundamento: Sua tese não procede. (VI). Emprega-se com
Barros.
a preposição de no sentido de originar-se, vir de: Muitos ma-
Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém les da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.
e NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo César, namora Emprega-se como transitivo indireto com a preposição a, no
Cristiane. Marcelo namora Raquel. sentido de dar início: Procederemos a uma investigação rigo-
Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire- rosa. (VTI)
to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Ne- Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar:
cessitávamos de seu apoio. (VTDI). Quero vê-lo ainda hoje. (VTD). Emprega-se com preposição no
Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas
direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às cunhadas Vera e Ceiça.
irmãs e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito. Residir: como o verbo morar, o verbo responder, constrói-se
Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coisa, com a preposição em: Residimos em Lucélia, na Avenida In-
é VTI: Cida pagou o pão; Paguei a costura. Emprega-se com ternacional. Residente e residência têm a mesma regencia de
preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida pa- residir em.
gou ao padeiro; Paguei à costureira. Emprega-se como verbo Responder: emprega-se no sentido de responder alguma coi-
transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa a alguém: Cida sa a alguém: O senador respondeu ao jornalista que o projeto
pagou a carne ao açougueiro. Por alguma coisa: Quanto pagou do rio São Francisco estava no final. (VTDI). Emprega-se no
pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos jogos sem pagar. sentido de responder a uma carta, a uma pergunta: Enrolou,
enrolou e não respondeu à pergunta do professor.
Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o para,
puder colocar a palavra licença. Caso contrário, díz-se pedir Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar ao esta-
que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); do primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à ativa. Empre-
A direção pediu que todos os funcionários comparecessem à ga-se no sentido de voltar para a posse de alguém: As jóias
reunião. reverterão ao seu verdadeiro dono. Emprega-se no sentido de
destinar-se: A renda da festa será revertida em beneficio da
Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar
Casa da Sopa.
coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD). Emprega-se
com preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a preposição
TI: Perdoemos aos nossos inimigos. (VTI). Emprega-se como com: Sempre simpatizei com pessoas negras; Antipatizei com
verbo transitivo direto e indireto no sentido de ter necessidade: ela desde o primeiro momento. Estes verbos não são pro-
A mãe perdoou ao filho a mentira. (VTDI). Admite voz passiva: nominais, isto é, não exigem os pronomes me, se, nos, etc:
Todos serão perdoados pelos pais. Simpatizei-me com você. (inadequado); Simpatizei com você.
(adequado)
Permitir: empregado com preposição, exige objeto indireto
de pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI). Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Subir ao
Constrói-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu- poder. Essas expressões exigem a preposição a.
-lhe que entrasse. Não se usa a preposição de antes de oração
Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido de subs-
infinitiva: Os pais não lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e
tituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho.
não de ir sozinha).
Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o continen- Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar alguém, to-
te brasileiro. (não exige a preposição no). car em alguém: Não deixava tocar o / no gato doente. Empre-
ga-se no sentido de comover, sensibilizar, usa-se com OD: O
Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter ne- nascimento do filho tocou-o profundamente. Emprega-se no
cessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor sentido de caber por sorte, herança, é OI: Tocou-lhe, por he-
atendimento médico. (VTI). Quando o verbo precisar vier rança, uma linda fazenda. Emprega-se no sentido de ser da
acompanhado de infinítivo, pode-se usar a preposição de; a competência de, caber: Ao prefeito é que toca deferir ou inde-
língua moderna tende a dispensá-la: Você é rico, não precisa ferir o projeto.
trabalhar muito. Usa-se, às vezes na voz passiva, com sujeito
indeterminado: Precisa-se de funcionários competentes. (sujei- Visar: emprega-se sem preposição, como VTD, no sentido de
to indeterminado). Emprega-se sem preposição no sentido de apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente passarinho;
indicar com exatidão: Perdeu muito dinheiro no jogo, mas não O gerente visou a correspondência. Emprega-se com preposi-
sabe precisar a quantia. (VTD). ção, como VTI, no sentido de desejar, pretender: Todos visam
ao reconhecimento de seus esforços.
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter pre-
ferência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes. (VTD). Pre-
ferir - VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição
a: Prefiro dançar a nadar; Prefiro chocolate a doce de leite. Na

123
Língua Portuguesa

Casos Especiais Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou im-


posição da morte, é afastado de nós, ficam dele, em nossa
Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as constru- consciência, seus valores, seus juízos, suas percepções. Per-
ções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-se ao traba- guntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria ele
lho de responder tudo em Inglês. O mesmo se dá com: dar-se com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que
ao / o incômodo; poupar- se ao /o trabalho; dar-se ao /o luxo. se fixaram e continuam a agir como um parâmetro vivo e impor-
Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa? Propor- tante. As marcas da amizade não desaparecem com a ausên-
-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode vir com ou cia do amigo, nem se enfraquecem como memórias pálidas:
sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a levá-lo ao circo. continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)
Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão corretas,
porém a segunda construção é mais frequente: O presidente Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
passou a tropa em revista. o texto:
a) Sendo falíveis, somos também sujeitos à toda sorte de im-
Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda
perfeições, inclusive a própria amizade não se furta aquela
que custe a, apesar de, não obstante:
verdade.
“Em que pese aos inimigos do paraense, sinceramente confes- b) (B) O autor do texto considera que, por maior e mais leal
so que o admiro.” (Graciliano Ramos) que seja, uma amizade tem de contar com os limites da
afetividade humana.
Observações Finais c) A prática das grandes amizade supõem que os amigos in-
terajam através de sentimentos leais, de cujo valor não é
Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obedecer), fácil discernir.
não admitem voz passiva. Os exemplos citados abaixo são d) Não se devem imaginar que os nossos defeitos escapem
considerados inadequados. na observação do amigo, por onde, aliás, devemos ter
O filme foi assistido pelos estudantes; O cargo era visado por boas expectativas.
todos; Os estudantes assistiram ao filme; Todos visavam ao e) Requer muita paciência e muita compreensão os momen-
cargo. tos em que nosso amigo surpreende-nos os defeitos que
imaginávamos ocultos.
Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de regên-
cias diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e gostei 2. 02. Assinale a opção em que o verbo chamar é
da peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; Assisti à empregado com o mesmo sentido que apresenta
peça e gostei dela. em “No dia em que o chamaram de Ubirajara, Quares-
ma ficou reservado, taciturno e mudo”:
As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como complemen- a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria;
to de verbos transitivos diretos, enquanto as formas lhe, lhes b) bateram à porta, chamando Rodrigo;
funcionam como transitivos indiretos que exigem a preposi- c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo;
ção a. Convidei as amigas. Convidei-as; Obedeço ao mestre. d) o chefe chamou-os para um diálogo franco;
Obedeço- lhe. e) mandou chamar o médico com urgência.
3. (Prefeitura de São José do Cerrito – SC - Técnico em
Questões Enfermagem – IESES/2017) Ler e escrever no papel faz
bem para o cérebro, diz estudo
1. (TRE-SP - Analista Judiciário - Área Judiciária – FCC/2017)
23 fev 2015 Adaptado de: http://www.soportugues.com.br/se-
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo. coes/artigo.php?indice=116 Acesso em: 17 janeiro 2015
Amizade Há óbvias vantagens em ler um livro num smartphone, tablet
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente ou e-reader em vez de lê-lo no papel. No livro digital, é fácil
desejo de expansão. Por mais completa que pareça ser uma buscar uma palavra qualquer ou consultar seu significado num
relação de amizade, ela vive também do que lhe falta e da dicionário, por exemplo.
esperança de que um dia nada venha a faltar. Com o tempo, Um e-reader que pesa apenas 200 gramas pode conter mi-
aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude lhares de livros digitais que seriam pesados e volumosos se
dos sentimentos nossos e alheios, embora no fundo de nós fossem de papel. Além disso, um e-book é geralmente mais
ainda esperemos a súbita novidade que o amigo saberá revelar. barato que seu equivalente impresso.
Sendo um exercício bem-sucedido de tolerância e paciência –
amplamente recompensadas, diga-se – a amizade é também a Mas a linguista americana Naomi Baron descobriu que ler e es-
ansiedade e a expectativa de descobrirmos em nós, por inter- crever no papel é quase sempre melhor para o cérebro. Naomi
médio do amigo, uma dimensão desconhecida do nosso ser. estudou os hábitos de leitura de 300 estudantes universitários
em quatro países – Estados Unidos, Alemanha, Japão e Es-
Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular lováquia. Ela reuniu seus achados no livro “Words Onscreen:
nossas melhores qualidades. Mas por que não esperar que o The Fate of Reading in a Digital World” (“Palavras na Tela: O
valor maior da amizade está em ser ela um necessário e fiel Destino da Leitura num Mundo Digital” – ainda sem edição em
espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com o amigo português). 92% desses estudantes dizem que é mais fácil se
para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? concentrar na leitura ao manusear um livro de papel do que
Não cabe ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa fa- ao ler um livro digital. Naomi detalha, numa entrevista ao site
lha, pela esperança de que venhamos a corrigi-la? Se o nos- New Republic, o que os estudantes disseram sobre a leitura
so adversário aponta nossas faltas no tom destrutivo de uma em dispositivos digitais: “A primeira coisa que dizem é que se
acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos distraem mais facilmente, eles são levados a outras coisas. A
compreendamos melhor. segunda é que há cansaço visual, dor de cabeça e desconforto
físico.”

124
Língua Portuguesa

Esta última reclamação parece se referir principalmente à lei- Respostas


tura em tablets e smartphones, já que os e-readers são geral-
mente mais amigáveis aos olhos. 1. Resposta B
a) ERRADA. Sendo falíveis, somos também sujeitos à toda
Segundo Naomi, embora a sensação subjetiva dos estu- sorte de imperfeições, inclusive a própria amizade não se
dantes seja de que aprendem menos em livros digitais, tes- furta aquela verdade. [a / aquela]
tes não confirmam isso: “Se você aplica testes padronizados b) CORRETA. O autor do texto considera que, por maior e
de compreensão de passagens no texto, os resultados são mais leal que seja, uma amizade tem de contar com os
mais ou menos os mesmos na tela ou na página impressa”, limites da afetividade humana.
disse ela ao New Republic. c) ERRADA. A prática das grandes amizade supõem que os
Mas há benefícios observáveis da leitura no papel. Quem lê amigos interajam através de sentimentos leais, de cujo va-
um livro impresso, diz ela, tende a se dedicar à leitura de forma lor não é fácil discernir. [amizades / supõe]
mais contínua e por mais tempo. Além disso, tem mais chances d) ERRADA. Não se devem imaginar que os nossos defeitos
de reler o texto depois de tê-lo concluído. escapem na observação do amigo, por onde, aliás, deve-
mos ter boas expectativas. [deve]
Uma descoberta um pouco mais surpreendente é que escrever e) ERRADA. Requer muita paciência e muita compreensão os
no papel – um hábito cada vez menos comum – também traz momentos em que nosso amigo surpreende-nos os defei-
benefícios. Naomi cita um estudo feito em 2012 na Universi- tos que imaginávamos ocultos. [requerem]
dade de Indiana com crianças em fase de alfabetização. Os
pesquisadores de Indiana descobriram que crianças que es- 2. Resposta A
crevem as letras no papel têm seus cérebros ativados de forma Tanto no enunciado, quanto na alternativa “A”, o verbo chamar
mais intensa do que aquelas que digitam letras num computa- foi empregado no sentido de “nomear”.
dor usando um teclado. Como consequência, o aprendizado é
mais rápido para aquelas que escrevem no papel. 3. Resposta C
a) Quem se refere , refere-se a (VTD) = Correto
Assinale a alternativa em que há ERRO na regência verbal. b) Aspirar no sentido de desejar é VTI ,regendo a preposição
a) O livro a que me referia é este da vitrine. a = Correto.
b) Nunca aspirou ao cargo de gerência. c) O verbo falar admite várias transitividades :
c) A pasta que te falei está vazia.
Ex 1 : Pedro falou com os amigos. Nesse caso é VTI.
d) Desobedeceu às leis e foi multado.
Essa é a situação acima, Ele Falou SOBRE (Preposição) a
4. 04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi em- pasta. Ele te falou da ( de + a) [Preposição
pregado com regência certa, exceto em:
+ artigo] pasta.
a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera.
b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. Logo Essa foi a pasta que te falei está ERRADO, deve-
c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; ria ser : Essa foi a pasta de que te falei. Da qual falei.
d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do Ex 2 : Pedro falou bobagens. Pedro falou (Algo) ; Nesse
mágico; caso é VTD e bobagens (OD). Ex 3: Pedro falou bobagens
e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. ao professor (VTDI); falou algo a alguém.
d) Desobedecer ( VTI) ; Desobedece a.
5. (TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciário – VU-
NESP/2017) 4. Resposta B
Uma frase escrita em conformidade com a norma-padrão da O verbo “aspirar” é utilizado no sentido de “querer / ter por
língua é: objetivo”, assim, ele precisa ser procedido pela preposição “A”.
a) O pai alegou em que tinha sobrevivido dois anos com sua
5. Resposta B
própria comida.
a) O pai alegou em que tinha sobrevivido dois anos com sua
b) O pai tentou persuadir o filho de que era capaz de cozinhar.
própria comida. quem alega, alega algo - VTD - (o pai ale-
c) O pai não conseguiu convencer o filho que estava apto
gou que)
com cozinhar.
b) O pai tentou persuadir o filho de que era capaz de cozinhar.
d) O pai acabou revelando de que não estava preparado de
quem persuade , persuade alguém de algo - VTDI - (COR-
cozinhar.
RETA)
e) O pai aludiu da época que tinha sobrevivido com sua pró-
c) O pai não conseguiu convencer o filho que estava apto
pria comida.
com cozinhar.
6. A regência verbal está correta em: d) quem convence, convence alguém de algo - VTDI - (con-
a) A funcionária aspirava ao cargo de chefia. vencer o filho de que estava)
b) Custo a crer que ela ainda volte. e) O pai acabou revelando de que não estava preparado de
c) Sua atitude implicará em demissão
d) Prefiro mais trabalhar que estudar.
7. (Prefeitura de Piraúba – MG – Enfermeiro – MS Concur-
sos/2017)
Quanto à regência verbal, assinale a alternativa correta:
a) Resido na Rua Monte Castelo.
b) Ele sempre aspirou o cargo de diretor executivo.
c) A peça não agradou os críticos.
d) Adoro aspirar ao perfume das flores.

125
Língua Portuguesa

A Ordem dos Termos na Frase

Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é or-


cozinhar. quem revela, revela algo - VTD - (o pai acabou ganizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia, há
revelando que) diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal frase,
f) O pai aludiu da época que tinha sobrevivido com sua pró- tudo depende da necessidade ou da vontade do redator em
pria comida. quem faz alusão, faz alusão a - VI - (o pai manter o sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a
aludiu à epoca) algum dos seus termos. Significa dizer que, ao escrever, pode-
mos fazer uma série de inversões e intercalações em nossas
6. Resposta A
frases, conforme a nossa vontade e estilo. Tudo depende da
O verbo “aspirar” com o sentido de almejar é transitivo indireto maneira como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
e pede a preposição “A”. Correções: Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase 2 da
seguinte maneira:
Custa-me crer; implicará demissão; prefiro trabalhar a estudar.
- No Brasil e na América Latina, a globalização está causando
7. Resposta A desemprego.
a) Resido na Rua Monte Castelo. (CORRETO )
b) Ele sempre aspirou Ao cargo de diretor executivo. (ERRADO) Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, apenas
c) A peça não agradou Aos críticos. (ERRADO) mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns ter-
d) Adoro aspirar (a)o perfume das flores. (ERRADO) mos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para obter
e) a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que
mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as

14. Equivalência e
boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a
não “embolar” o sentido quando produzimos frases comple-
xas. Com isto, “entregamos” frases bem organizadas aos nos-
sos leitores.
transformação O básico para a organização sintática das frases é a ordem
direta dos termos da oração.
de estruturas Os gramáticos estruturam tal ordem da seguinte maneira:
sujeito + verbo + complemento verbal + circunstâncias
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva- A globalização + está causando + desemprego + no Brasil nos
-nos a refletir sobre a organização5 das ideias em um texto. dias de hoje.
Significa dizer que, antes da redação, naturalmente devemos
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas
dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, posteriormente, contêm todos estes elementos, portanto cabem algumas
planejar o modo como iremos expô-lo, do contrário haverá difi- observações:
culdade em transmitir ideias bem acabadas. Portanto, a leitura,
a interpretação de textos e a experiência de vida antecedem o As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) normalmen-
ato de escrever. te são representadas por adjuntos adverbiais de tempo, lugar,
etc. Note que, no mais das vezes, quando queremos recordar
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos escre- algo ou narrar uma história, existe a tendência a colocar os
ver, feito o esquema de exposição da matéria, é necessário sa- adjuntos nos começos das frases:
ber ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, não
basta conhecer bem um determinado assunto, temos que o “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas minhas
transmitir de maneira clara aos leitores. férias…”, “No Brasil…”. E logo depois os verbos e outros ele-
mentos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado para
organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para tanto, Observações
é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”, confor- a) tais construções não estão erradas, mas rompem com a
me o dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que estuda a ordem direta;
disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas fra-
bem como a relação lógica das frases entre si”; ou em outras ses que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo:
palavras, sintaxe quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São
palavras de maneira a produzirem um sentido evidente para os quatro horas agora;
receptores das nossas mensagens. c) Outras frases são construídas com verbos intransitivos,
Observe: que não têm complemento: O menino morreu na Alema-
1. A desemprego globalização no Brasil e na está Latina nha, (sujeito +verbo+ adjunto adverbial)
América causando. d) A globalização nasceu no século XX. (Idem)
2. A globalização está causando desemprego no Brasil e na e) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: cada
América Latina. macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta
faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos existen-
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma frase, as tes nelas.
palavras estão amontoadas sem a realização de “uma sintaxe”,
Levando em consideração a ordem direta, podemos esta-
não há um contexto linguístico nem relação inteligível com a
belecer três regras básicas para o uso da vírgula:
realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de maneira perfeita e o
sentido está claro para receptores de língua portuguesa inteira- Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá a
dos da situação econômica e cultural do mundo atual. necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo disto:

126
Língua Portuguesa

- A globalização está causando desemprego no Brasil e na Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se dá
América Latina. com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Trata-
-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, são
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração por
três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula, mes- representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes, elas
mo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra são colocadas em orações chamadas adverbiais que têm uma
básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: função semelhante à dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam
tempo, lugar, etc.
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” causam
desemprego… Exemplos:

(Três núcleos do sujeito) Quando o século XX estava terminando, a globalização come-


çou a causar desemprego.
A globalização causa desemprego no Brasil, na América Latina
e na África. (Três adjuntos adverbiais) Enquanto os países portadores de alta tecnologia desenvol-
vem-se, a globalização causa desemprego nos países pobres.
A globalização está causando desemprego, insatisfação e su-
cateamento industrial no Brasil e na América Latina. (Três com- Durante o século XX, a Globalização causou desemprego no
plementos verbais) Brasil.

Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar com vír- Observações alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo,
consideram que as orações subordinadas adverbiais de-
gula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu complemento,
vem ser isoladas pela vírgula também quando colocadas
nem o complemento e as circunstâncias, ou seja, não devemos após as suas orações principais, mas só quando a) a ora-
separar com vírgula os termos da oração. ção principal tiver uma extensão grande:
Veja exemplos de tal incorreção: Exemplo: A globalização causa… , enquanto os países…(vide
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. frase acima); b) Se houver uma outra oração após a principal e
antes da oração adverbial: A globalização causa desemprego
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os
no Brasil e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto
termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, as-
sim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é a re- nos países portadores de alta tecnologia…
gra básica nº2 para a colocação da vírgula. Dito em outras Quando os adjuntos adverbiais são mínimos, isto é, têm
palavras: quando intercalamos expressões e frases entre apenas uma ou duas palavras não há necessidade do uso
os termos da oração, devemos isolar os mesmos com vír- da vírgula:
gulas. Vejamos:
Hoje a globalização causa desemprego no Panamá.
A globalização, fenômeno econômico deste fim de século XX, Ali a globalização também causou…
causa desemprego no Brasil. Aqui um aposto à globalização foi A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globalização…
intercalado entre o sujeito e o verbo.
Na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a ordem in-
versa, emprestamos ênfase aos termos que principiam as
Outros exemplos frases. Veja este exemplo de Rui Barbosa destacado por
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural, está Garcia:
causando desemprego no Brasil e na América Latina. “A mim, na minha longa e aturada e continua prática do escre-
Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada. ver, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de considerar
por muito tempo necessária e insuprível uma locução nova, en-
As orações adjetivas explicativas desempenham frequente- contrar vertida em expressões antigas mais clara, expressiva e
mente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por isto elegante a mesma ideia.”
são também isoladas por vírgula.
Estas três regras básicas não solucionam todos os proble-
A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil… mas de organização das frases, mas já dão um razoável
suporte para que possamos começar a ordenar a expres-
Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu são das nossas ideias. Em suma: o importante é não separar
complemento. os termos básicos das orações, mas, se assim o fizermos, seja
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no Brasil… intercalando ou invertendo elementos, então devemos usar a
vírgula.
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não pertence ao
assunto: globalização, da frase principal, tal oração é apenas um Observação: quanto à equivalência e transformação de es-
comentário à parte entre o complemento verbal e os adjuntos. truturas, outro exemplo muito comum cobrado em provas é o
enunciado trazer uma frase no singular, por exemplo, e pedir
Observação: a simples negação em uma frase não exige
que o aluno passe a frase para o plural, mantendo o sentido.
vírgula:
Outro exemplo é o enunciado dar a frase em um tempo verbal,
A globalização não causou desemprego no Brasil e na América e pedir para que o aluno passe-a para outro tempo verbal.
Latina.
Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal quebra Questões
torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da colocação da
vírgula. 1. (MRE - Oficial de Chancelaria – FGV/2016)
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando Texto 1 – Um país em berço de sangue
desemprego…
O maior país da América Latina, com a maior população ca-
No fim do século XX, a globalização causou desemprego no tólica do mundo, não nasceu de forma tranquila. Neste livro,
Brasil… com o realismo dos documentos originais, vemos claramente a
brutalidade do extermínio dos índios na costa brasileira, berço

127
Língua Portuguesa

de sangue cujo marco determinante é a fundação da cidade do que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e
Rio de Janeiro. apresentam elevados índices de violência.
O Brasil real começou a ser construído por homens como o A especulação imobiliária também acentua um problema cada
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas ci-
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- dades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da popu-
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega, lação que possui terrenos, mas que não possui condições de
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci- construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde- que esses se tornem mais caros para uma venda posterior.
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po- acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de
der devorar carne humana porque era “um jaguar”. doenças, como a dengue.
Incluindo protestantes franceses, que se aliaram aos índios PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”;
para escapar dos portugueses e da Inquisição, além de ma- Brasil Escola. Disponível em
melucos, os primeiros brasileiros verdadeiramente ligados à http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-
terra, que falavam tupi tanto quanto o português e partiram do -urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de 2016.
planalto de Piratininga para caçar índios e estenderam a colô-
A estruturação do texto 1 é feita do seguinte modo:
nia sertão adentro, surge um povo que desde a origem nada
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e
tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
(Texto da orelha do livro A conquista do Brasil, de Thales Guaracy, Planeta, Rio b) uma abordagem direta dos problemas com seleção e ex-
de Janeiro, 2015)
plicação de um deles, visto como o mais importante;
O texto 1 tem como marca estrutural ou temática: c) uma apresentação de caráter histórico seguida da expli-
a) uma rigorosa sucessão cronológica de fatos históricos; citação de alguns problemas ligados às grandes cidades;
b) a evolução de fatos que comprovam a aquisição de nossa d) uma referência imediata a um dos problemas sociais urba-
“cordialidade”; nos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo
c) a progressiva inclusão histórica de diferentes seres humanos; problema;
d) uma contínua preocupação com a nossa formação religiosa; e) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de
e) a finalidade de chegar-se a personagens brasileiros. sua explicação histórica, motivo de crítica às atuais auto-
ridades.
2. (Pref. de Mangaratiba/RJ - Assistente Social – BIO-
-RIO/2016) 4. (Prefeitura de São Gonçalo/RJ - Analista de Contabili-
dade – BIO-RIO/2016)
Entre os pensamentos abaixo, aquele que NÃO apresenta
uma estrutura comparativa é: Texto
a) “A arte vence a monotonia das coisas, assim como a espe-
rança vence a monotonia dos dias”.(Chesterton) ÉDIPO-REI
b) “Muita luz é como muita sombra: não deixa ver”. (Carlos Diante do palácio de Édipo. Um grupo de crianças está ajoe-
Castañeda) lhado nos degraus da entrada. Cada um tem na mão um ramo
c) “O bem é aquele que trabalha pela unidade, o mal é aquele de oliveira. De pé, no meio delas, está o sacerdote de Zeus.
que trabalha pela separação”. (A. Huxley) (Edipo-Rei, Sófocles, RS: L&PM, 2013)
d) “Bons julgamentos vêm da experiência e, frequentemente,
a experiência vem de maus julgamentos”. (Rita Mae Brown) A mesma estrutura de “grupo de crianças” ocorre em:
e) “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele a) descrição de uma cena.
mude e o realista ajusta as velas”. (William George Ward) b) presença de um sacerdote.
c) montão de gente.
3. (MPE/RJ - Analista do Ministério Público – Processual d) casa de Édipo.
– FGV/2016) e) ramo de oliveira.
Texto 1 – Problemas Sociais Urbanos 5. (UFCG - Assistente em Administração – UFCG/2016)
Brasil escola Texto 1
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a Mobilidade urbana no Brasil
questão da segregação urbana, fruto da concentração de ren-
da no espaço das cidades e da falta de planejamento público Nos últimos anos, o debate sobre a mobilidade urbana no Bra-
que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento sil vem se acirrando cada vez mais, haja vista que a maior parte
desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece das grandes cidades do país vem encontrando dificuldades em
o encarecimento dos locais mais próximos dos grandes cen- desenvolver meios para diminuir a quantidade de congestio-
tros, tornando-os inacessíveis à grande massa populacional. namentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em áre-
Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes as centrais dos espaços urbanos. Trata-se, também, de uma
eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o que questão ambiental, pois o excesso de veículos nas ruas gera
contribui para que a grande maioria da população pobre bus- mais poluição, interferindo em problemas naturais e climáticos
que por moradias em regiões ainda mais distantes. em larga escala e também nas próprias cidades, a exemplo do
aumento do problema das ilhas de calor.
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de
residência com os centros comerciais e os locais onde traba- A principal causa dos problemas de mobilidade urbana no Bra-
lham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sil relaciona-se ao aumento do uso de transportes individuais
sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos sa- em detrimento da utilização de transportes coletivos, embora
lários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte esses últimos também encontrem dificuldades com a superlo-
público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, tação. Esse aumento do uso de veículos como carros e motos

128
Língua Portuguesa

deve-se a, pelo menos, cinco fatores: má qualidade do trans- do Taiti, de Paul Gauguin, é um dos quadros da última parte
porte público no Brasil; aumento da renda média do brasileiro da mostra, chamada de A Cor em Liberalidade, que tem como
nos últimos anos; redução de impostos por parte do Governo marca justamente a inspiração que artistas como Gauguin e
Federal sobre produtos industrializados (o que inclui os carros); Paul Cézanne buscaram na natureza tropical. A pintura é um
concessão de mais crédito ao consumidor; e, por fim, herança dos primeiros trabalhos de Gauguin desenvolvidos na primeira
histórica da política rodoviária do país. temporada que o artista passou na ilha do Pacífico, onde duas
mulheres aparecem sentadas a um fundo verde-esmeralda,
Entre as principais soluções para o problema da mobilidade
que lembra o oceano.
urbana, na visão de muitos especialistas, estaria o estímulo
aos transportes coletivos públicos, através da melhoria de suas A exposição vai até o dia 7 de julho, com entrada franca.
qualidades e eficiências e do desenvolvimento de um trânsito Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2016-05/mostra-otriun-
focado na circulação desses veículos, e a diversificação dos fo-da-cor-traz-grandes-nomes-do-pos-impressionismo-para-sp Acesso em:
modais de transporte. Ao longo do século XX, o Brasil foi es- 29/05/2016.

sencialmente rodoviarista, em detrimento do uso de trens, me- A partir das características estruturais desse texto, é possível
trôs e outros. A ideia é investir mais nesses modos alternativos, afirmar que ele pertence ao gênero textual:
o que pode atenuar os excessivos números de veículos transi- a) Notícia, em virtude de ser impessoal e narrar um evento
tando nas ruas das grandes cidades do país. recente.
De toda forma, é preciso ampliar os debates, regulamentando b) Reportagem, uma vez que apresenta um evento de manei-
ações públicas para o interesse da questão, tais como a difu- ra refletida.
são dos fóruns de mobilidade urbana e a melhoria do Estatuto c) Artigo de Opinião, pois está em primeira pessoa e defende
das Cidades, com ênfase na melhoria da qualidade e da efici- uma ideia.
ência dos deslocamentos por parte das populações. d) Editorial de arte, por ter um autor que opina a um interlo-
cutor explícito.
(PENA, Rodolfo F. Alves. “Mobilidade urbana no Brasil”. Disponível em <http://
brasilescola.uol.com.br/geografia/mobilidade-urbanano-brasil.htm>. Acesso em 7. (Copergás/PE - Analista Administrador – FCC/2016)
25/03/2016. Adaptado).
Idades e verdades
Analisando-se a estrutura do texto, conclui-se que se trata de
um / uma: O médico e jornalista Dráuzio Varella escreveu outro dia no jornal uma crônica
muito instigante.
a) Depoimento
b) Debate Destaco este trecho:
c) Notícia
“Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem
d) Artigo de opinião
‘cabeça de jovem’. É considerá-lo mais inadequado do que o
e) Reportagem
rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez. Ainda
6. (Prefeitura de Natal/RN - Agente Administrativo – CKM que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceita-
Serviços/2016) ção das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre
espaço para uma diversidade de experiências com as quais
Mostra O Triunfo da Cor traz grandes nomes do pós-impres-
nem sonhávamos anteriormente. ”
sionismo para SP Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil A
exposição O Triunfo da Cor traz grandes nomes da arte moder- Tomo a liberdade de adicionar meu comentário de velho:
na para o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo. São não preciso que os jovens acreditem em mim, tampouco
75 obras de 32 artistas do final do século 19 e início do 20, estou aberto para receber lições dos mocinhos. Nossa al-
entre eles expoentes como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lau- ternativa: ao nos defrontarmos com uma questão de comum
trec, Cézanne, Seurat e Matisse. Os trabalhos fazem parte dos interesse, discutirmos honestamente que sentido ela tem para
acervos do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, ambos nós. O que nos unirá não serão nossas diferenças, mas o que
de Paris. nos desafia.
(LAMEIRA, Viriato, inédito)
A mostra foi dividida em quatro módulos que apresentam os
pintores que sucederam o movimento impressionista e recebe- É preciso corrigir, por apresentar em sua construção uma defi-
ram do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressio- ciência estrutural, a redação da seguinte frase:
nistas. Na primeira parte, chamada de A Cor Cientifica, podem a) A muita gente ocorre que os velhos estimem ser tratados
ser vistas pinturas que se inspiraram nas pesquisas científicas como jovens, em vez de serem valorizados pelos ganhos
de Michel Eugene Chevreul sobre a construção de imagens obtidos em sua longa experiência de vida.
com pontos. b) Imagina-se que a ingenuidade de uma criança ou o caráter
aventureiro de um jovem possam ser atributos positivos
Os estudos desenvolvidos por Paul Gauguin e Émile Bernard
invejados pelos velhos, quando não o são.
marcam a segunda parte da exposição, chamada de Núcleo
c) Os jovens, presumivelmente, não deverão considerar-se
Misterioso do Pensamento. Entre as obras que compõe esse
criaturas privilegiadas se alguém os julga tão ativos e in-
conjunto está o quadro Marinha com Vaca, em que o animal
ventivos quanto costumam ser as crianças de dez anos.
é visto em um fundo de uma passagem com penhascos que
d) Ao comentar a afirmação de Dráuzio Varella, o autor do
formam um precipício estreito. As formas são simplificadas, em
texto não se mostra disposto nem a aprender algo com os
um contorno grosso e escuro, e as cores refletem a leitura e
jovens, nem a esperar que estes acreditem nele.
impressões do artista sobre a cena.
e) Conquanto os velhos pareçam injustiçados, razão pela qual
O Autorretrato Octogonal, de Édouard Vuillard, é uma das pin- as pessoas tendem a consolá-los atribuindo-lhes juventude,
turas de destaque do terceiro momento da exposição. Intitula- há por isso mesmo como valorizar sua experiência.
da Os Nabis, Profetas de Uma Nova Arte, essa parte da mostra
8. (MRE - Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Texto 1 – Um
também reúne obras de Félix Vallotton e Aristide Maillol. No
país em berço de sangue
autorretrato, Vuillard define o rosto a partir apenas da aplica-
ção de camadas de cores sobrepostas, simplificando os tra- O maior país da América Latina, com a maior população ca-
ços, mas criando uma imagem de forte expressão. O Mulheres tólica do mundo, não nasceu de forma tranquila. Neste livro,

129
Língua Portuguesa

com o realismo dos documentos originais, vemos claramente a plenos e tinha simpatias pela Ku Klux Klan. Merece ter seu
brutalidade do extermínio dos índios na costa brasileira, berço nome cassado?
de sangue cujo marco determinante é a fundação da cidade do
A resposta é, obviamente, “tanto faz”. Um nome é só um nome
Rio de Janeiro.
e, para quem já morreu, homenagens não costumam mesmo
O Brasil real começou a ser construído por homens como o fazer muita diferença. De resto, discussões sobre racismo são
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para bem‐vindas. Receio, porém, que a demanda dos alunos ca-
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- minhe perigosamente perto do anacronismo. Sim, Wilson era
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; racista, mas não podemos esquecer que a época também o
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega, era. O 28º presidente dos EUA não está sozinho.
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci-
“Não sou nem nunca fui favorável a promover a igualdade so-
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde-
cial e política das raças branca e negra... há uma diferença fí-
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente
sica entre as raças que, acredito, sempre as impedirá de viver
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po-
juntas como iguais em termos sociais e políticos. E eu, como
der devorar carne humana porque era “um jaguar”.
qualquer outro homem, sou a favor de que os brancos mante-
Incluindo protestantes franceses, que se aliaram aos índios nham a posição de superioridade.” Essa frase, que soa parti-
para escapar dos portugueses e da Inquisição, além de ma- cularmente odiosa a nossos ouvidos modernos, é de Abraham
melucos, os primeiros brasileiros verdadeiramente ligados à Lincoln, que, não obstante, continua sendo considerado um
terra, que falavam tupi tanto quanto o português e partiram do campeão dos direitos civis.
planalto de Piratininga para caçar índios e estenderam a colô-
O problema são os americanos; eles são atavicamente racis-
nia sertão adentro, surge um povo que desde a origem nada
tas, dirá o observador anti-imperialista. Talvez não. “O negro
tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
é indolente e sonhador, e gasta seu dinheiro com frivolidades
(Texto da orelha do livro A conquista do Brasil, de Thales Guaracy, Planeta, Rio e bebida”. Essa pérola é de Che Guevara. Alguns dizem que,
de Janeiro, 2015)
depois, mudou de opinião. Quem não for prisioneiro de seu
O “Brasil real”, segundo o texto 1, foi: próprio tempo que atire a primeira pedra.
a) construído por atos de violência; (SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de S. Paulo, 13 de dezembro de 2015.)
b) formado a partir da participação estrangeira;
c) estruturado a partir da ação católica; De acordo com a estrutura e os recursos textuais apresenta-
d) estabelecido com base em atos ilegais; dos, é correto afirmar acerca do texto em análise que sua prin-
e) organizado apesar das contradições internas. cipal finalidade é
a) desenvolver o conceito de racismo relacionado a épocas
9. (TER/PI - Conhecimentos Gerais para os Cargos 1, 2 e diferentes.
4 – CESPE/2016) b) oferecer esclarecimentos sobre o fato motivador para o de-
Em relação à conceituação, à finalidade e aos aspectos estru- senvolvimento do texto.
turais e linguísticos das correspondências oficiais, assinale a c) apresentar opinião pessoal para um debate público acerca
opção correta. de uma questão de caráter social.
a) O memorando é um expediente oficial de circulação inter- d) buscar, através do discurso social, a expressão da subjeti-
na ou externa. vidade utilizando uma linguagem amplamente metafórica.
b) Como não existe padrão definido para a estrutura das
mensagens enviadas por meio de correio eletrônico, não Respostas
há orientações acerca da linguagem a ser empregada nes- 1. Resposta C
sas comunicações. a) uma rigorosa sucessão cronológica de fatos históricos;
c) Informar o destinatário sobre determinado assunto, propor errada. não faz qualquer referência cronológica, exceto o
alguma medida e submeter projeto de ato normativo à con- surgimento do brasil, mas não se pode falar em sucessão
sideração desse destinatário são alguns dos propósitos cronológica.
comunicativos da mensagem. b) a evolução de fatos que comprovam a aquisição de nossa
d) A exposição de motivos varia estruturalmente conforme “cordialidade”; errada urge um povo que desde a origem
sua finalidade comunicativa. nada tem da autoimagem do “brasileiro cordial”.
e) A situação comunicativa mediada pelo ofício é restrita aos c) a progressiva inclusão histórica de diferentes seres huma-
ministros de Estado, estejam eles no papel de remetente nos; certa. Tem o jesuíta Manoel da Nóbrega; o Aimberê,
ou de destinatário. ex-escravo; tem o Cunhambebe...
10. (SEARH/RN - Professor de Ensino Religioso – IDE- d) uma contínua preocupação com a nossa formação religio-
CAN/2016) sa; errada. Apesar de fazer várias referências religiosas (je-
suítas, catequizar, hereges, igreja católica...) não demostra
Texto I para responder à questão. uma preocupação com a formação religiosa.
Caça aos racistas e) a finalidade de chegar-se a personagens brasileiros; errada. A
finalidade de mostrar a formação do Brasil, através de perso-
Alunos da Universidade Princeton querem tirar o nome de nagens brasileiros (índios) e estrangeiros (colonizadores). (não
Woodrow Wilson de uma das mais importantes faculdades da sei se está certa a análise, mas foi assim que resolvi)
instituição, a Woodrow Wilson School of Public and Internatio-
nal Affairs. O motivo, é claro, é o racismo. 2. Resposta D
a) comparação entre arte e esperança;
Thomas Woodrow Wilson (1856‐1924) ocupou a Presidência b) comparação entre luz e sombra;
dos EUA por dois mandatos (1913‐1921). Era membro do Par- c) comparação entre bem e mal;
tido Democrata, levou o Nobel da Paz em 1919 e foi reitor da d) não há comparação entre os elementos;
própria universidade. Mas Wilson era inapelavelmente racista. e) comparação entre pessimista e otimista.
Achava que negros não deveriam ser considerados cidadãos
3. Resposta B

130
Língua Portuguesa

FGV costuma usar paralelismo entre as alternativas e a geral- alguma medida e submeter projeto de ato normativo à con-
mente a alternativa que sobra é o gabarito. Não são todas as sideração desse destinatário são alguns dos propósitos
questões que possuem paralelismo. comunicativos da exposição de motivos.
d) Certo. A exposição de motivos varia estruturalmente con-
a) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos
forme sua finalidade comunicativa. (Para apenas informar
e um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
não precisa ter arquivos anexos, já nos outros casos têm
d) uma referência imediata a um dos problemas sociais ur- que conter)
banos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo e) A situação comunicativa mediada pelo aviso é restrita aos
problema; ministros de Estado, estejam eles no papel de remetente
ou de destinatário.
c) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicita-
ção de alguns problemas ligados às grandes cidades; 10. Resposta C
e)um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua Desenvolver o conceito de racismo relacionado a épocas di-
explicação histórica, motivo de crítica às atuais autoridades. ferentes. O conceito é sempre o mesmo, o que acontece é a
apresentação de citações controversas de personagens histó-
4. Resposta C
ricos considerados heróis;
5. Resposta D
Oferecer esclarecimentos sobre o fato motivador para o de-
Questão que envolve o assunto de Gênero Textual. senvolvimento do texto. O texto explicando o texto? Seria a
metalinguagem;
Nesses tipos de questões devemos observar “sempre” a fonte
do texto, que fica ou no início ou no final dele. Apresentar opinião pessoal para um debate público acerca de
uma questão de caráter social. Por enquanto esta, sugestiva,
Artigo de opinião:
simplista, mas, vamos à frente;
Contém assinatura.
Buscar, através do discurso social, a expressão da sub-
São textos autorais, cuja opinião é da inteira responsabilidade jetividade utilizando uma linguagem amplamente metafórica.
de quem o escreveu. Seu objetivo é do de persuadir o leitor. O tal amplamente não acontece, e metáforas não, não para um
texto informativo;
6. Resposta B
A reportagem é um dos gêneros textuais do universo jornalís-

15. Relações de
tico, e todos os textos que habitam nesse universo têm como
principal missão informar. Por cumprir uma tarefa tão impor-
tante, a reportagem desempenha uma função social e deve es-
tar sempre a serviço da comunicação. Diferentemente do que
acontece com a notícia, cujas características formam outro gê-
nero textual, a reportagem não tem como objetivo noticiar um
sinonímia e
antonímia
assunto pontual, algo que esteja acontecendo, por exemplo,
no dia de hoje. A reportagem pode escolher como tema um
assunto que faça parte da realidade das pessoas e que seja de
interesse de uma comunidade.
7. Resposta E
Oração adverbial Concessivas: exprimem um fato que se Sinônimos
concede, que se admite, em oposição ao da oração principal.
As conjunções são: embora, conquanto, que, ainda que,
mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por São palavras de sentido igual ou
mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que aproximado.
(pese), nem que, dado que, sem que (=embora não).
8. Resposta A Exemplo:

O Brasil real começou a ser construído por homens como o - Alfabeto, abecedário.
degredado João Ramalho, que raspava os pelos do corpo para - Brado, grito, clamor.
se mesclar aos índios e construiu um exército de mestiços ca- - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
çadores de escravos mais poderoso que o da própria Coroa; - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
personagens improváveis como o jesuíta Manoel da Nóbrega,
padre gago incumbido de catequizar um povo de língua indeci- Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo
frável, esteio da erradicação dos “hereges” antropófagos; líde- outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos
res implacáveis como Aimberê, ex-escravo que tomou a frente diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de sig-
da resistência e Cunhambebe, cacique “imortal”, que dizia po- nificação e certas propriedades que o escritor não pode des-
der devorar carne humana porque era “um jaguar”. conhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles,
mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios da fala
9. Resposta D corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem à es-
a) O memorando é um expediente oficial de circulação interna fera da linguagem culta, literária, científica ou poética (orador e
b) Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida
para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de lin-
guagem incompatível com uma comunicação oficial.
c) Informar o destinatário sobre determinado assunto, propor

131
Língua Portuguesa

A contribuição Greco-latina é responsável pela crescente de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo
existência, em nossa língua, de numerosos pa- móvel ou quando ficam sem conexão com a Internet. Essa in-
res de sinônimos. formação, como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir
os poros da sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto
Exemplos: um veneno para o espírito.
- Adversário e antagonista. (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes. Revista USP, no 92.
Adaptado)
- Translúcido e diáfano.
- Semicírculo e hemiciclo. As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho
/ estimar parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
- Contraveneno e antídoto.
adequados respectivamente em:
- Moral e ética. a) procurar / gostar de / ilustrar
- Colóquio e diálogo. b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
- Transformação e metamorfose. c) interferir / propor / embrutecer
d) intrometer-se / prezar / esclarecer
- Oposição e antítese.
e) contrapor-se / consolidar / iluminar
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia,
2. (Pref. de Itaquitinga/PE – Psicólogo – IDHTEC/2016)
palavra que também designa o emprego de sinônimos.
A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os combaten-
tes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-se; co-
Antônimos moviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante, naquele
armistício transitório, uma legião desarmada, mutilada famin-
ta e claudicante, num assalto mais duro que o das trincheiras
em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela gente inútil e
São palavras de significação oposta. frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres bombardeados
durante três meses. Contemplando-lhes os rostos baços, os
Exemplos: arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos em tiras não
- Ordem e anarquia. encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória tão longa-
- Soberba e humildade. mente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo.
Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente compensa-
- Louvar e censurar.
ção a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de mi-
- Mal e bem. lhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana –
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda,
ou negativo. Exemplos: bendizer/maldizer, simpático/antipáti- passando- lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e
co, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, molambos...
ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender uma
simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós- nupcial. arma, nem um peito resfolegante de campeador domado:
mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, moças
envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma fealdade,
Questões escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris desnal-
gados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos aos
1. (MPE/SP – Biólogo – VUNESP/2016) peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando;
McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das mídias crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de ve-
eletrônicas não implica necessariamente harmonia, implica, lhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e mor-
sim, que cada participante das novas mídias terá um envol- tas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante.
vimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá a (CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição Especial. Rio
chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que de Janeiro: Francisco Alves, 1980.)
quiser das informações que conseguir. A aclamada transparên- Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos?
cia da coisa pública carrega consigo o risco de fim da priva- a) Armistício – destruição
cidade e a superexposição de nossas pequenas ou grandes b) Claudicante – manco
fraquezas morais ao julgamento da comunidade de que esco- c) Reveses – infortúnios
lhemos participar. d) Fealdade – feiura
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas e) Opilados – desnutridos
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos
usuários de distinguir essas variações como relevantes no con- Respostas
junto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para 1. Resposta B
achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuá-
rios precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâme- Imiscuir: tomar parte em, dar opinião sobre (algo) que não lhe
tros, aprender a extrair informações relevantes de um conjunto diz respeito; intrometer-se, interferir Embotar: tirar ou perder o
finito de observações e reconhecer a organização geral da rede vigor; enfraquecer(-se).
de que participam.
2. Resposta A
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes so-
Armistício é um acordo formal, segundo o qual, partes envolvi-
ciais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
das em conflito armado concordam em parar de lutar. Não ne-
recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
cessariamente é o fim da guerra, uma vez que pode ser apenas
a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar
um cessar-fogo enquanto tenta-se realizar um tratado de paz.
sem conexão no telefone celular”), descrito como a ansieda-
de e o sentimento de pânico experimentados por um número

132
Conhecimentos
Gerais em Saúde Pública
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Legislação e Princípios do
Sistema Único de Saúde - SUS

Centro de Formação de Recursos Humanos para o SUS/SP


“Dr. Antonio Guilherme de Souza”

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS

• INSTITUÍDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

• LEI ORGÂNICA 8080 E 8142 DE 1990

• NORMATIZADO PELAS NOBs 1991/3/6 E NOAS 2001/2

• PACTO PELA SAUDE 2006

• DECRETO 7508 DE 2011

2
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Capítulo II
Da Seguridade Social
Seção I
Disposições Gerais

• Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações


de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

• Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar


a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

Seção II
Da Saúde

• Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.

• Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução
ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física
ou jurídica de direito privado.

3
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma


rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I. descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II. atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas,


sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III. participação da comunidade.

• Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º – As instituições privadas poderão participar de forma complementar


do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º – É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios


ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º – É vedada a participação direta ou indireta de empresas
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo
nos casos previstos em lei.

§ 4º – A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção


de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante,
pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento
e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo
de comercialização.

4
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,


nos termos da lei:

I. controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias


de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II. executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,


bem como as de saúde do trabalhador;

III. ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV. participar da formulação da política e da execução das ações


de saneamento básico;

V. incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico


e tecnológico;

VI. fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor


nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII. participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda


e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII. colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido


o do trabalho.

5
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Seção III
Da Previdência Social

• Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I. cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II. proteção à maternidade, especialmente à gestante;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Seção IV
Da Assistência Social
• Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I. a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
e à velhice;
II. o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III. a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV. a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência
e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V. a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.

6
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS

• INSTITUÍDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

• LEI ORGÂNICA 8080 E 8142 DE 1990

• NORMATIZADO PELAS NOBs 1991/3/6 E NOAS 2001/2

• PACTO PELA SAUDE 2006

• DECRETO 7508 DE 2011

7
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990


Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências.

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado


prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de
riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
empresas e da sociedade.

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre


outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a
organização social e econômica do País.
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força
do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:


I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da
saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção
e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e
das atividades preventivas.

8
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde


(SUS):

I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

II - a participação na formulação da política e na execução de ações de


saneamento básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do


trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,


imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de


interesse para a saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para


consumo humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte,


guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico


e tecnológico;

XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados

9
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO SUS (Art 198):

DOUTRINÁRIOS: UNIVERSALIDADE, INTEGRALIDADE E EQUIDADE

CONCEITO DE SAÚDE AMPLIADO + DIREITO DE CIDADANIA

ORGANIZATIVOS: PARTICIPAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO


COMANDO UNICO, HIERARQUIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA + FEDERALISMO + INCLUSÃO

• DOUTRINÁRIOS:

• UNIVERSALIDADE: “A saúde é um direito de todos e dever do


Estado” – obrigação de prover atenção a saúde.

• INTEGRALIDADE: A atenção à saúde inclui tanto os meios


curativos como os preventivos; tanto os individuais quanto
os coletivos.

• EQUIDADE: Igualdade real e não apenas formal na utilização


e acesso ao sistema de saúde dada as disparidades
históricas, sociais e regionais brasileiras.

10
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

EQUIDADE IGUALDADE

EQUIDADE É UM PRINCÍPIO DE JUSTIÇA SOCIAL

DIFERENÇAS = INDIVIDUAIS OU GRUPAIS

DESIGUALDADES = REGIONAIS OU SOCIAIS

11
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• DESCENTRALIZAÇÃO: Organização e gestão em três esferas de


governos: nacional, estadual e municipal com comando único
e atribuições próprias.
• HIERARQUIZAÇÃO & REGIONALIZAÇÃO: Níveis de
complexidade:
• Primário ou Atenção Básica = Tecnologias de elevada
complexidade –saberes, envolvimento e trabalho em equipe –
mas de baixa densidade tecnológica: problemas de saúde de
maior frequência e relevância território.
• Secundário e Terciário: estruturar o fluxo de referência e
contra-referência entre os serviços e equipamentos de saúde,
melhor a eficiência e eficácia dos mesmos.
• Regulação de serviços conveniado e contratados.
• Territorialização: Mapa da Saúde e Decreto 7508/2011.

• PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE & CONTROLE SOCIAL:


LEI Nº. 8.142 DE 1990.

• Gestão tripartite do SUS por meio das:

• Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em


todas as esferas, e dos:

• Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados também em


todos as esferas e níveis.

• Plano Municipal de Saúde e Relatório de Gestão


• Financiamento Fundo a Fundo

12
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Sistema Único de Saúde – SUS


Quando se fala em SUS, Sistema Único de Saúde, há certo déficit na abordagem do tema durante a
graduação, o que leva muita gente a crer que não há muito o que se saber, ou que não precisará
tanto desses conhecimentos para sua vida.

Esse é um erro gravíssimo por vários motivos: O SUS é referência mundial de Saúde Pública;
Legislação do SUS é o assunto que mais cai nos Conhecimentos Gerais de provas de concursos e
residências em saúde; durante a Residência os conhecimentos de Legislação serão imprescindíveis
para um bom desempenho; se você for trabalhar na rede pública, esse tema estará
completamente atrelado ao seu dia a dia.

Por sabermos da tamanha importância que esse tema possui para o profissional da saúde,
reunimos neste artigo TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE LEGISLAÇÃO DO SUS! Você vai
encontrar:

1. Estrutura do Sistema Único de Saúde – SUS


2. Qual a importância da Legislação do SUS?
3. Assuntos mais cobrados de Legislação do SUS
4. Questões comentadas de Legislação do SUS

Estrutura do Sistema Único de Saúde – SUS


O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma referência mundial entre programas de saúde pública no
mundo.

Criado em 22 de setembro de 1988, o SUS garante que todos os brasileiros tenham acesso
universal ao sistema público de saúde, existindo há mais de 30 anos.

Segundo a Constituição Federal de 88, o SUS é composto pelo:

1. Ministério da Saúde,
2. Estados (Secretaria Estadual de Saúde – SES);
3. Municípios (Secretaria Municipal de Saúde – SMS).

Cada segmento desse tem suas próprias responsabilidades e são regidos por uma legislação bem
definida. Devido a sua alta complexidade e importância, a Legislação do SUS é um dos assuntos
mais cobrados tanto em provas de concursos e residências, quanto no cotidiano no profissional
da saúde.

O SUS contrata seus funcionários do quadro efetivo de cada um dos órgãos através da realização
de concursos públicos. Além disso, para suprir necessidades temporárias são realizados diversos
processos seletivos.

13
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Além da estabilidade garantida, os salários oferecidos pelo SUS constituem um dos principais
atrativos dos concursos. A remuneração pode ultrapassar R$ 10 mil, para além do acréscimo de
vários benefícios e gratificações.

Porém, para passar em qualquer concurso na área da Saúde, você precisará entender
profundamente sobre a Legislação do Sistema Único de Saúde.

Qual a importância da Legislação do SUS?


A Legislação do SUS é o conjunto de regulamentos e leis que determinam as formas de agir dos
três segmentos ligados ao Sistema Único de Saúde.

Nessa legislação há desde a definição do SUS, suas diretrizes e propósitos, até a estrutura de ação,
forma de organização e condutas do Sistema.

Considerado como um dos maiores sistemas públicos de saúde existentes, o SUS é descrito pelo
Ministério da Saúde como “um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e
igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de
órgãos”.

Conforme dados divulgados pelo Portal da Saúde do Governo Federal em 2013, 152 milhões de
pessoas dependem exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde (80% do total da
população brasileira).

São realizados cerca de 2,8 bilhões de procedimentos ambulatoriais, anualmente, 9,7 milhões
procedimentos de quimioterapia e radioterapia, 236 mil cirurgias cardíacas e 19 mil transplantes.

Para fazer parte dessa rede tão especial da saúde, ajudar a aprimorá-la e fazer verdadeira
diferença na saúde pública do país, a Legislação do SUS precisará ser sua melhor amiga.

Além da aplicação diária, no caso de quem já trabalha nessa área, para quem quer passar em
qualquer concurso público ou residência, será primordial a compreensão aprofundada da
Legislação.

Mesmo após passar na Residência, o conhecimento de SUS será necessário para que tenha um
bom desempenho durante os 2 ou 3 anos como residente.

Tirando apenas aqueles que não pretendem trabalhar no Brasil e não têm pretensão de levar os
conhecimentos gerados por um dos sistemas públicos de saúde mais importantes do mundo para
fora, todos precisam conhecer o assunto. Estamos aqui para te ajudar nessa!

Assuntos mais cobrados de Legislação do SUS

14
Tirando apenas aqueles que não pretendem trabalhar no Brasil e não têm pretensão de levar os
conhecimentos gerados por um dos sistemas públicos de saúde mais importantes do mundo para
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública
fora, todos precisam conhecer o assunto. Estamos aqui para te ajudar nessa!

Assuntos mais cobrados de Legislação do SUS

Os concursos e residências, apesar de terem as mais variadas bancas e serem direcionados a


setores distintos da sociedade, costumam ter cobranças bastante interseccionadas.

A Legislação do SUS, sem a menor dúvida, deve dar o ar da graça em sua prova. Por isso, e por
todos os outros motivos que já trouxemos neste artigo, selecionamos os principais assuntos de
Legislação que mais caem nas provas de concursos e residências!

Constituição Federal – Artigos 196 a 200

Nos artigos 196, 197, 198, 199 e 200 da Constituição Federal de 1988 encontraremos a obrigação
do Estado em prover o acesso às ações e serviços de saúde, como o sistema deve ser organizado,
as diretrizes, a participação complementar da rede privada e algumas das atribuições do Sistema
Único de Saúde. É a partir daqui que a saúde passa a ser includente, ou seja, aqui nasce o SUS.

Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080/90

Esse é outro tema praticamente obrigatório para estudar pra concursos! A lei 8080 de 19 de
setembro de 1990 também é conhecida como “Lei Orgânica da Saúde” e fala sobre as condições
de promoção, proteção e recuperação da saúde, da organização e do funcionamento dos serviços.

“A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições


indispensáveis ao seu pleno exercício.” (Lei 8080, Art. 2º)

A Lei determina que todos têm direito à Saúde, por isso, o SUS é universal. Para que o Estado
garanta essa Saúde, ele precisa desenvolver, formular e executar políticas econômicas e sociais
que abranja a todos de modo justo.

A Lei também relaciona fatores Determinantes e Condicionantes da Saúde, como: educação, lazer,
moradia, saneamento, transporte e outros. Assim, a saúde passa a ser entendida não mais como
ausência de doença, mas como uma série de fatores que, integrados, promovem o bem-estar.

Decreto 7.508 de 2011

O Decreto 7.508 de 28 de Junho de 2011 é a legislação mais nova do Sistema Único de Saúde que
regulamenta a Lei 8.080/90. Ele traz novos termos e resgata outros já existentes que precisam ser
fortalecidos.

O decreto dispõe acerca de: região de saúde, contrato organizativo de ação pública, portas de
entrada, comissões intergestores, mapa da saúde, rede de atenção à saúde, serviços especiais de
acesso aberto, protocolo clínico e diretriz terapêutica, Relação Nacional de Ações e Serviços de
Saúde (RENASES), e Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Questões comentadas de Legislação do SUS


1. (2011-FUNCAB- Pref. Serra/ES) À direção municipal do Sistema Único de Saúde NÃO compete:

A) participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições de trabalho.

B) formar consórcios administrativos intermunicipais.

C) colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que repercutam sobre a saúde.

D) estabelecer normas para a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras.

E) gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros.

COMENTÁRIOS:

As competências estão descritas na seção II, lei 8.080/90 nos artigos: 16, 17, 18. As competências
da direção municipal estão descritas no artigo 18.

Vamos relembrar:

“Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:

I – planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os


serviços públicos de saúde;

II – participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada


do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual;

III – participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos
ambientes de trabalho;

IV – executar serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição;

d) de saneamento básico; e

e) de saúde do trabalhador;

V – dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde;

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

VI – colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a
saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para
controlá-las;

VII – formar consórcios administrativos intermunicipais;

VIII – gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

IX – colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos


e fronteiras;

X – observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades
prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;

XI – controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;

XII – normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de


atuação.”

Logo, a única assertiva que não se encontra dentre as atribuições dos municípios é a de
estabelecer normas para a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, que é uma
atribuição da União.

GABARITO: D

2. (FUNCAB-Pref. Vila Velha/ES-2012) O princípio da descentralização político-administrativa


inclui:

A) o acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.

B) a preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física.

C) a integração em nível executivo das ações de saúde e meio ambiente.

D) a regionalização e a hierarquização da rede de serviços de saúde.

E) a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades na saúde.

COMENTÁRIOS:

A descentralização é uma diretriz e princípio organizativo do SUS, prevista na CF/88 e na LOS


8.080/90. A LOS 8080/90, traz em seu art. 7º, inciso X, alínea b:

“IX – descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:

1. a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;


2. b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde”

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

GABARITO: D

3. (RESIDÊNCIA – UFG 2013) Um paciente portador de diabetes mellitus do tipo 2 procurou uma
unidade básica de saúde, a fim de receber o hipoglicemiante oral, visto que seu plano de saúde
privado não fornece tal medicamento. O princípio do Sistema Único de Saúde, que respalda e
garante o acesso desse paciente, bem como de qualquer indivíduo aos serviços públicos de
saúde, é:

A) participação da comunidade.
B) universalização.
C) regionalização.
D) equidade.

COMENTÁRIO:

O princípio da Universalidade vem afirmar que a Saúde é um direito de todos e dever do Estado.
Logo, o paciente do caso hipotético, bem como qualquer outro, sem distinção de raça, cor, religião
ou preconceito de quaisquer tipos deverá ter acesso aos serviços do SUS.

GABARITO: B

1. Constituição Federal – Arts 196 a 200


Nos artigos 196, 197, 198, 199 e 200 da Constituição Federal de 1988 encontraremos a obrigação
do Estado em prover o acesso às ações e serviços de saúde, como o sistema deve ser organizado,
as diretrizes, a participação complementar da rede privada e algumas das atribuições do Sistema
Único de Saúde. É a partir daqui que a saúde passa a ser includente, ou seja, aqui nasce o SUS.

(IF-PE/2016) Analise o texto abaixo e assinale a alternativa que representa os princípios


doutrinários do SUS: “Todo cidadão brasileiro deve ter acesso às ações e serviços de saúde
oferecidos pelo SUS, independentemente de sua raça, posição social ou crença… Deve ser
atendido conforme suas necessidades, reconhecendo as diferenças entre as populações e
trabalhar para cada necessidade, oferecendo mais a quem mais precisa, diminuindo, assim, as
desigualdades existentes”.

• Universalidade e equidade.
• Integralidade e hierarquização/regionalização.
• Universalidade e integralidade.
• Equidade e Hierarquização.
• Controle Social e preservação da autonomia.

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

2. Lei Orgânica 8080 de 1990


Esse é outro tema praticamente obrigatório para estudar pra concursos! A lei 8080 de 19 de
setembro de 1990 também é conhecida como “Lei Orgânica da Saúde” e fala sobre as condições
de promoção, proteção e recuperação da saúde, da organização e do funcionamento dos serviços.

“A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições


indispensáveis ao seu pleno exercício.” (Lei 8080, Art. 2º)

A Lei determina que todos têm direito à Saúde, por isso, o SUS é universal. Para que o Estado
garanta essa Saúde, ele precisa desenvolver, formular e executar políticas econômicas e sociais
que abranja a todos de modo justo.

A Lei também relaciona fatores Determinantes e Condicionantes da Saúde, como: educação, lazer,
moradia, saneamento, transporte e outros. Assim, a saúde passa a ser entendida não mais como
ausência de doença, mas como uma série de fatores que, integrados, promovem o bem-estar.

(FUNCAB/PREF.CACOAL-RO/ENFERMEIRO, 2013) A Constituição brasileira estabelece que a saúde


é um dever do Estado e a Lei nº 8080/90 dispõe sobre as atribuições e competências de cada ente
da federação. Marque a alternativa que corresponde a uma competência dos municípios, de
acordo com a Lei Orgânica da Saúde.

• Coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica.


• Acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do SUS.
• Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde.
• Definir e coordenar os sistemas de vigilância epidemiológica.
• Fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde.

3. Decreto 7.508 de 2011


O Decreto 7.508 de 28 de Junho de 2011 é a legislação mais nova do Sistema Único de Saúde que
regulamenta a Lei 8.080/90. Ele traz novos termos e resgata outros já existentes que precisam ser
fortalecidos.

O decreto dispõe acerca de: região de saúde, contrato organizativo de ação pública, portas de
entrada, comissões intergestores, mapa da saúde, rede de atenção à saúde, serviços especiais de
acesso aberto, protocolo clínico e diretriz terapêutica, Relação Nacional de Ações e Serviços de
Saúde (RENASES), e Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).

(GESTÃO DE CONCURSOS/SAMU-MG/ENFERMAGEM,2013) O acesso universal, igualitário e


ordenado às ações e serviços de saúde inicia-se pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na
rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a complexidade do serviço. Sobre as Portas de
Entrada do SUS, é incorreto afirmar que

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

• são consideradas como portas de entrada as ações e os serviços de saúde nas Redes de
Atenção à Saúde: atenção primária, atenção de urgência e emergência, atenção
psicossocial, especiais de acessos aberto.
• mediante justificativa técnica e de acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores, os
entes federativo poderão criar novas Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde,
considerando as características da Região de Saúde.
• os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, entre outros de maior
complexidade e densidade tecnológica.
• o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será ordenado pela
atenção primária e deve ser fundado na avaliação da gravidade do risco individual e
coletivo e no critério cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas
com proteção especial, conforme legislação vigente.

4. Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)


A Atenção Básica – AB, é o primeiro nível do sistema, considerada porta preferencial de entrada,
centro de comunicação e ordenadora da Rede de Atenção à Saúde -RAS. Deve ser desenvolvida
com base territorial e população definida (adscrita), onde os indivíduos, família e coletividade têm
acesso a equipes multiprofissionais, que desenvolverão suas ações seguindo os princípios e
diretrizes do SUS, além dos específicos descritos na portaria que dispões sobre a AB.

As ações da AB são longitudinais, ou seja, os indivíduos devem ser acompanhados em todo seu
ciclo de vida. No entanto, os problemas agudos não são o foco do primeiro nível do sistema, e sim
os problemas e as situações crônicas. Isso não quer dizer que os casos de urgência/emergência
não serão atendidos nas unidades de saúde, mas devem ser referenciados para as instituições que
darão resolutividade a estas situações.

Em 2017, depois de ampla discussão, foi aprovada a NOVA POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO
BÁSICA, através da Portaria 2436 de 21 de setembro de 2017. Muitas mudanças, principalmente
no que tange à conformação de novas estruturas (equipes) para operacionalizar as ações deste
nível do sistema, às atribuições, papel e conformação das equipes, principalmente o ACS – Agente
Comunitário de Saúde. Por isso, é preciso ficar MUITO atento à todas essas mudanças.

(RESIDÊNCIA-SEP-2018) Segundo a Política Nacional de Atenção Básica, em situações específicas, a


responsabilidade pela atenção à saúde da população em situação de rua é das equipes dos
Consultórios na Rua, que são equipes de atenção básica que desenvolvem suas atividades de
forma itinerante

• Utilizando instalações específicas sem vincular-se a qualquer unidade básica de saúde.


• Articulando-se e desenvolvendo ações em parceria com as demais equipes de atenção
básica do território.
• Vinculando-se exclusivamente aos Centros de Atenção Psicossocial.
• Subordinando-se diretamente à unidade hospitalar mais próxima do território de atuação
• Alternando o atendimento entre a rua e o serviço de saúde, assumindo neste,
integralmente, o tratamento do atendido.

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

5. Política Nacional de Humanização (PNH)


A Política Nacional de Humanização existe desde 2003 para garantir os princípios do SUS no
cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e incentivando
trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários.

A PNH deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. Promover
a comunicação entre estes três grupos pode provocar uma série de debates em direção a
mudanças que proporcionem melhor forma de cuidar e novas formas de organizar o trabalho.

A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de


saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar uma maior autonomia, a ampliação da sua capacidade
de transformar a realidade em que vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação
de vínculos solidários, da participação coletiva nos processos de gestão e de produção de saúde.

Vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, a PNH conta com um núcleo
técnico sediado em Brasília – DF e equipes regionais de apoiadores que se articulam às secretarias
estaduais e municipais de saúde. A partir desta articulação se constroem, de forma compartilhada,
planos de ação para promover e disseminar inovações em saúde.

As diretrizes da PNH são Acolhimento, Gestão participativa e cogestão, Ambiência, Clínica


ampliada e compartilhada, Valorização do trabalhador e Defesa dos direitos dos usuários. Já seus
princípios são compostos por Transversalidade, Indissociabilidade entre atenção e gestão e
Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.

(PREF.IBIAÍ/MG-COTEC/UNIMONTES-2015) A implementação da PNH (Política Nacional de


Humanização) pressupõe a atuação em vários eixos, que objetivam a institucionalização, difusão
dessa estratégia e, principalmente, a apropriação de seus resultados pela sociedade. Marque a
alternativa correta.

• No eixo do financiamento, propõe-se a integração de recursos vinculados a programas


específicos de humanização e outros recursos de subsídio ao atendimento, unificando-os e
repassando-os, fundo a fundo, mediante o compromisso do prefeito com a PNH.
• No eixo da atenção, propõe-se uma política investigadora do protagonismo dos sujeitos e
da ampliação da atenção integral à saúde, promovendo a verticalidade entre os gestores.
• No eixo da educação permanente, indica-se que a PNH componha o conteúdo
profissionalizante no nível médio e fundamental, vinculando-a aos Polos de Educação
permanente e às instituições formadoras.
• No eixo da gestão do trabalho, propõe-se a promoção de ações que assegurem a
participação dos trabalhadores nos processos de discussão e decisão, fortalecendo e
valorizando os trabalhadores, sua motivação e crescimento profissional.

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Hierarquia da saúde pública no Brasil


Para que garantir um melhor funcionamento dos serviços de saúde há uma hierarquização dos
serviços do SUS. Essa classificação é feita de acordo com a complexidade do caso a ser atendido e
é dividida em quatro níveis:

• Atenção Básica: engloba os atendimentos e ações de promoção, prevenção e recuperação


do estado da saúde,
contemplando consultas, vacinação e outras ações. Os atendimentos a famílias também se
encaixam aqui, como gestão materna, saúde do idoso, da criança e do adolescente.

• Atenção secundária: estágio em que alguma doença já foi identificada e demanda


acompanhamento especializado de oftalmologistas e cardiologistas, por exemplo.

• Atenção terciária: para pacientes com um quadro mais grave, que precisam ser internados
para melhor acompanhamento (por exemplo, nas Unidades de Tratamento Intensivo –
UTI).

• Reabilitação: seria uma quarta fase para casos em que o paciente teve alta, mas ainda
demanda um acompanhamento posterior – como fisioterapia, por exemplo.

Com base nessa classificação, o SUS definiu as unidades de atendimentos de saúde e quais casos
cada uma delas pode e deve atender. As principais opções são:

• Posto de Saúde: presta assistência à população de uma determinada área (por exemplo
um bairro), com agendamentos de consultas ou não. O atendimento é realizado por
profissionais da saúde como enfermeiros e auxiliares e pode, ou não, contar com a
presença de um médico.

• Unidade Básica de Saúde (UBS): realiza atendimentos de atenção básica e integral, como
curativos. Os atendimentos englobam especialidades fundamentais, podendo também
oferecer serviços odontológicos. A assistência deve ser permanente e prestada por médico
generalista ou especialistas nas áreas oferecidas – o que pode variar de uma UBS para
outra. Além dos médicos, os enfermeiros também desempenham um papel fundamental.
Confira aqui algumas de suas funções.

• Unidade de Pronto-Atendimento (UPA): consiste em unidades de urgência e emergência


abertas 24 horas. Por contar com mais recursos do que um posto de saúde, é capacitada a
atender serviços de média a alta complexidade, como casos de pressão alta, infarto,
fraturas ou derrame. Na UPA, é o grau de emergência que define a ordem dos
atendimentos.

• Hospital (incluindo o hospital universitário): destinada ao atendimento dos casos de


atenção terciária. Geralmente os pacientes são encaminhados ao hospital pelos níveis
anteriores, ou ainda em ambulância. Por contar com maior quantidade de recursos
tecnológicos, também são responsáveis por atendimento clínico geral em diversas

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Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

especialidades. Os hospitais atendem casos de enfermidades que ameacem a vida dos


pacientes – como câncer – e realizam cirurgias, entre várias outras funções.

A função dos postos de atendimento – em especial dos citados acima – deve estar muito clara
para a população. Afinal, as filas seriam reduzidas e o serviço médico agilizado se os civis
soubessem a qual forma de atendimento recorrer em cada ocasião. É necessária a
preocupação em educar a população, pois esse fator por si só já auxiliaria na melhoria dos
atendimentos públicos. Em Joinville, por exemplo ,a prefeitura distribui uma cartilha que informa
sobre as funções dos diferentes postos de atendimento.

Além dos estabelecimentos destacados anteriormente, outros ainda integram a rede de


atendimento do SUS, como os hemocentros (bancos de sangue), os laboratórios – onde são
realizados exames – e os institutos de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz, vinculado ao
Ministério da Saúde.

Dentre tais serviços, as farmácias merecem um destaque. É nesses estabelecimentos que


acontece a distribuição de medicamentos básicos e essenciais – por meio do Programa Farmácia
Popular – que também engloba redes privadas de farmácias parceiras – e medicamentos
excepcionais, geralmente de alto custo, considerados essenciais pela Política Nacional de
Assistência Farmacêutica.

Além das farmácias, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é de grande


importância para o funcionamento das complexas políticas públicas de saúde. Cabe a esse serviço
chegar rapidamente às vítimas em situação de urgência e emergência, como aquelas envolvidas
em acidentes de trânsito. O SAMU consiste em um serviço pré-hospitalar que faz a conexão entre
as vítimas e os recursos necessários para um atendimento completo.

Profissionais que integram o Sistema Único de Saúde


Você já percebeu que o sistema de saúde pública no Brasil é bem complexo e vai muito além do
diagnóstico de doenças. Como o SUS tem que lidar com uma série de questões que, de forma
direta ou indireta, dizem respeito à saúde, isso significa que é preciso contar com uma gama
muito variada de profissionais.

O artigo 13 da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) destaca algumas
das atividades essenciais para o funcionamento do Sistema Único de Saúde:

• Alimentação e nutrição;
• Saneamento e meio ambiente;
• Vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
• Recursos humanos;
• Ciência e tecnologia;
• Saúde do trabalhador.

23
Conhecimentos Gerais em Saúde Pública

Por conta disso, para que uma equipe da saúde seja constituída, é necessário contratar muito mais
do que profissionais específicos de cada área , como médicos, enfermeiros, parteiros, entre
outros. Administradores, gestores, biólogos, assistentes sociais são alguns dos vários profissionais
essenciais para o funcionamento do Sistema Único de Saúde.

Uma das maneiras de conseguir contratar mais profissionais é por meio da candidatura dos postos
de atendimento para bolsas oferecidas pelo Ministério da Saúde. São exemplos dessas bolsas a
Pró-residência em Saúde e a Pró-residência Médica. A primeira inclui os profissionais de saúde,
com a exceção de médicos, que se encaixam na segunda categoria de bolsa.

Nesses dois programas, os requisitos para aplicação são decididos nos editais. Os documentos
informam sobre quais postos de atendimento podem se candidatar, assim como quais as regiões
prioritárias e as áreas de atuação dos profissionais a serem contratados. Com base nisso, postos
de atendimento especificam – em uma proposta que é enviada para avaliação no órgão
competente – quais as áreas e a quantidade de profissionais que desejam contratar, entre outros
detalhes exigidos.

QUAIS AS METAS DE SAÚDE QUE UM MUNICÍPIO DEVE


CUMPRIR?
Esse comando vem diretamente do Ministério da Saúde, que transfere o recurso e decide em
quais fins esse dinheiro será investido. Entretanto, tal estratégia apresenta alguns problemas.

O primeiro deles acontece porque as metas – como o número de novas UPAs a serem construídas
em uma dada região – são determinadas com base na quantidade de pessoas. Contudo, esse valor
populacional é dado pelo IBGE e não reflete a realidade.

Essa falha acontece por razões como o constante dinamismo dos cidadãos, que se mudam de um
bairro para o outro de forma mais rápida do que o censo demográfico consegue acompanhar.
Além disso, é difícil prever o número de gestantes que uma cidade terá em um ano. O mesmo
acontece com a quantidade de idosos e de pessoas com doenças crônicas – aquelas que se
desenvolvem em um curto período de tempo.

Por conta desse cenário é possível compreender a importância de os municípios realizarem os


próprios censos e cadastramentos. Afinal, a gestão dos recursos enviados ao município pode ser
melhor se os governantes tiverem uma melhor noção do número de pessoas que se encaixam em
diversas categorias.

24
Básico
de Informática
Sumário
1. Windows 10................................................................................... 2
2. MS Office 2016 ........................................................................... 10
3. Plataforma Google (Sala de aula, Documentos e Planilhas ........ 55
Básico de Informática

1. Windows 10NOÇÕES DE INFORMÁTICA


Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem Com ele os usuários também poderão fazer anotações
fixar tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
disponibilizados através da Windows Store. tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue
O menu também pode ser expandido automaticamente na Web com você e assim encontre informações úteis que
no modo Tablet para se comportar como a tela inicial do podem te ajudar.
Windows 8 e 8.1.

Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a


Cortana Cortana encontrará informações como horários de funcio-
A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Micro- namento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
soft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela tam- Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
bém estará presente nos PCs. durante a navegação.
A Cortana permitirá que os usuários façam chamadas
no Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem Áreas de trabalho virtuais
compromissos agendados, definam lembretes, configurem O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das 10
o alarme, tomem notas e muito mais. novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com este
Infelizmente, sua disponibilidade no lançamento do recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas de tra-
Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar dependen- balho com programas específicos abertos em cada uma de-
do da região. las. Por exemplo, você pode deixar uma janela do Internet
Explorer visível em uma área de trabalho enquanto trabalha
no Word em outra.
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win-
dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desktop
Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta no má-
ximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto que no
Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este modo
o usuário pode alternar facilmente entre o uso do híbrido
como tablet e como notebook, basicamente combinando a
simplicidade do tablet com a experiência de uso tradicional.

Microsoft Edge
A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão do
Windows.
O novo navegador foi desenvolvido como um app Uni-
versal e receberá novas atualizações através da Windows
Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de
páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui suporte
para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta melhor a
diferentes tamanhos de tela.

25

2
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavillion


x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10 pode
ser configurado para que entre no modo Tablet automati-
camente. Com isso não é necessário perder tempo mexen-
do nas configurações quando for necessário usar o híbrido
como tablet ou como notebook.
O modo Continuum também estará presente no Win-
dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração em abril, a Microsoft co-
nectou um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado
Bluetooth para usar o aparelho em um modo que oferece
mais produtividade. Com isso o smartphone basicamente se
transformou em um PC com área de trabalho e tudo.

Nova Windows Store


Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a nova Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais in-
Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A Microsoft tuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que o
também já confirmou que ela também oferecerá aplicativos usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/sema-
Win32 tradicionais. na/mês mais facilmente.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Business”,
que oferecerá aplicativos para usuários finais e aplicativos
privados voltados para ambientes corporativos e organiza-
ções.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
específico de aplicativos que serão instalados nos computa-
dores disponíveis para os alunos.

08 – Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações
do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de
Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso rá-
pido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação e
VPN.

Novo Painel de Controle moderno


A última das 10 novidades no Windows 10 listadas nes-
te artigo é o novo Painel de Controle moderno do sistema
operacional. Ele oferece bem mais opções que a versão mo-
derna presente no Windows 8.1, o que é uma boa notícia
para os usuários.

Novos aplicativos Email e Calendário


Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma
interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
atuais versões para Windows 8.1.
No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor de
texto mais rico baseado no app Universal do Word para Win-
dows 10 e também permite que o usuário utilize um plano
de fundo personalizado para o app.

26

3
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows


que permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial, você
vai descobrir como usar esse recurso dentro do Windows 10,
a versão mais recente do sistema operacional, vendo o que
mudou e o que permaneceu o mesmo no mais novo sistema
operacional da Microsoft.

File Explorer - Explorando Arquivos no Windows 10

No topo da janela do Explorador de Arquivos há vários


menus e controles úteis. Os controles avançar e voltar, re-
presentados por uma seta para a frente ou para trás, podem
levá-lo de volta para a tela anterior ou seguinte.
Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do Ex-
plorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa opção
vai levá-lo um nível acima. Vamos supor que você esteja na
pasta de Trabalho, dentro da pasta Documentos. Clicar nes-
se botão vai levá-lo à pasta Documentos, mesmo que não
estivesse nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite nele
Comece abrindo o Explorador de Arquivos através do para procurar arquivos em qualquer lugar do seu computa-
atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone de dor ou dentro das pastas que você estiver explorando.
pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Windows 10.
A janela que vai se abrir é dividida em duas áreas. A área da
esquerda permite navegar entre várias pastas, como down-
loads, fotos ou músicas do seu sistema operacional. A pasta
Documentos é onde a maioria dos seus arquivos estará gra-
vado.

Você irá notar que alguns comandos mudam, depen-


dendo do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você
abre a pasta Música, o menu se adapta para trazer as opções
de reproduzir um arquivo ou reproduzir todos.
Na barra de endereços também há atalhos para mudar
Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo nome de uma pasta para outras. Na frente de cada “passo” do en-
do Meu Computador. Então, uma lista de subpastas vai se dereço você poderá ver uma setinha. Clique nela para abrir
abrir. Selecione Documentos. Para selecionar qualquer pasta um menu suspenso com outras pastas que você pode abrir
na área de navegação, basta clicar uma vez. Para abrir pastas diretamente.
e arquivos na área principal, clique duas vezes.

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4
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de previ-


sualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direita do
Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos antes
de abri-los. Essa opção funciona principalmente para ima-
gens ou arquivos em PDF.
A opção Painel de Visualização permite ver apenas uma
miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Painel de De-
talhes inclui também muitas informações sobre os arquivos.
Clique em cima de alguns desses detalhes, como autor ou
artista, para editar as informações diretamente.

Você pode controlar a maneira como os ícones são exi-


bidos na área principal do Explorador de Arquivos. Essa op-
ção fica no menu Exibir. As formas de visualização incluem
ícones extra-grandes, grandes, médios, pequenos, lista, con-
teúdos e detalhes. Basta colocar o mouse sobre cada uma Onde ficam os documentos?
Qualquer coisa que exista no seu computador está ar-
para ver um preview. mazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. Em
cima de tudo, estão os dispositivos que são, basicamente,
qualquer peça física passível de armazenar alguma coisa. Os
principais dispositivos são o disco rígido; CD; DVD; cartões
de memória e pendrives.
Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dispo-
nível limitada, que pode ser dividida em pedaços chama-
dos partições. Assim, cada uma destas divisões é exibida
como umaunidade diferente no sistema. Para que a ideia
fique clara, o HD é um armário e aspartições são as gavetas:
não aumentam o tamanho do armário, mas permitem guar-
dar coisas de forma independente e/ou organizada.
Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, con-
tém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter
mais arquivos... e assim, sucessivamente. A organização de
tudo isso é assim:

A visualização em detalhes permite enxergar facilmente


diversas informações sobre os arquivos e partas – por exem-
plo, data de modificação, tipo de arquivo, tamanho e outros.
Quando estiver usando a visualização em detalhes, você
pode personalizar as informações que são exibidas. Clique
com o botão direito sobre uma coluna para exibir um menu
suspenso com diversas opções de dados; para acrescentar ou
retirar um, clique sobre ele. A opção “More”, no final da lista,
traz centenas de outros metadados. É claro que alguns po-
dem não estar disponíveis, dependendo do tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhendo
qual vai ser o critério de organização; por exemplo, data
de criação. Então, clique sobre o título da coluna de dados
correspondente, e todos os itens serão organizados. Ao
lado do título da coluna surgirá uma seta: se ela apontar
para cima, a organização será crescente, e se apontar para
baixo, será decrescente.

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5
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Dispositivos

São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar


dados. Existem dezenas deles e os principais são:
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está
e etc. particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma partição
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de um
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo mos-
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia. tra a divisão de espaço entre três partições diferentes:
CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar
vídeos e com um espaço disponível menor.
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de arma-
zenamento.
Cartões de Memória: como o próprio nome diz, são pe-
quenos cartões em que você grava dados e são praticamen-
te iguais aos Pendrives. São muito usados em notebooks, câ-
meras digitais, celulares, MP3 players e ebooks. Para acessar
o seu conteúdo é preciso ter um leitor instalado na máquina.
Os principais são os cartões SD, Memory Stick, CF ou XD. 3. Pastas
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis, que As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di-
se conectam ao PC por meio de entrada USB (geralmente) e retórios - não contém informação propriamente dita e sim
têm uma grande capacidade de armazenamento. arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O dis- tudo o que está dentro de cada unidade.
quete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a arma-
zenamento de dados. Eram São pouco potentes e de curta
durabilidade.

2. Unidades e Partições
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são 4. Arquivos
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o lei- Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos.
tor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras podem Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente.
variar de um computador para outro. Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, programas,
Você acessa cada uma destas unidades em “Este Com- músicas e etc.
putador”, como na figura abaixo: Também há arquivos que não nos dizem muito como,
por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas que
são muito importantes porque fazem com que o Windows
funcione. Neste caso, são como as peças do motor de um
carro: elas estão lá para que o carango funcione bem.

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6
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do Windows, clicando a se-
quência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você locali-
zará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador Internet Explorer é um exemplo. Além
5. Atalhos dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista de
aplicativos.

O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de


abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim? Um
atalho não tem conteúdo algum e sua única função é “cha-
mar o arquivo” que realmente queremos e que está armaze-
nado em outro lugar.
Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa se
tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha uma
ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglomerado
de atalhos.
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo Principais Acessórios do Windows 10
original fica intacto.
Existem outros, outros poderão ser lançados e incre-
6. Bibliotecas do Windows 7
mentados, mas os relacionados a seguir são os mais popu-
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá-
lares:
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem apenas
- Assistência Rápida
para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas.
- Bloco de Notas
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\
Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi- - Calculadora
blioteca de música. - Ferramenta de Captura
- Internet Explorer
- Mapa de Caracteres
- Paint
- Windows Explorer
- WordPad

Vantagens dos Acessórios do Windows


Algumas pessoas desprezam esses programas por acha-
rem que são muito simples. Na verdade, trata-se de precon-
ceito por falta de capacitação adequada.
São fáceis de aprender
Acessórios do Windows são aplicativos Rápidos para carregar
Como pôde ver, computadores necessitam de Sistema De excelente qualidade
Operacional para funcionar. Porém, sem softwares aplicati- Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, postits
vos de nada serviriam. Se você adquirisse um computador e outros itens que você encontra numa mesa de escritório.
com Windows, mas não adquirisse nenhum software aplica- São encontrados em quaisquer computadores com
tivo (processador de textos, planilha eletrônica, ....), seu com- Windows.
putador seria totalmente inútil.
Assim, para que um consumidor não fique decepcio-
nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu
alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles não
são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Operacional
Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi dado o nome
de Acessórios do Windows.

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7
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bloco de Notas É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu-
mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha
sido criado originalmente no Word.
Muitos concursos e exames de progressão exigem o co-
nhecimento do WordPad

Ferramenta de Captura

O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem


Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni-
formatação (significa que você não poderá sublinhar, inserir
pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema-
imagens e outros recursos).
mente útil.
Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tornan- Com a Ferramenta de Captura você copia e salva
do-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em chats, qualquer parte da sua tela, transformando num arqui-
usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não disponibili- vo png ou jpg, por exemplo.
za um recurso para salvar).
Também funciona para editar programas de computa- Área de transferência
dor, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc. Área de transferência (conhecida popularmente como
copiar e colar) é um recurso utilizado por um sistema ope-
WordPad racional para o armazenamento de pequenas quantidades
de dados para transferência entre documentos ou aplicati-
vos, através das operações de cortar, copiar e colar bastan-
do apenas clicar com o botão direito do mouse e selecionar
uma das opções. O uso mais comum é como parte de uma
interface gráfica, e geralmente é implementado como blo-
cos temporários de memória que podem ser acessados pela
maioria ou todos os programas do ambiente. Implementa-
ções antigas armazenavam dados como texto plano, sem
meta informações como tipo de fonte, estilo ou cor. As mais
recentes implementações suportam múltiplos formatos de
dados, que variam entre RTF e HTML, passando por uma va-
riedade de formatos de imagens como bitmap e vetor até
chegar a tipos mais complexos como planilhas e registros
de banco de dados.
Ctrl+C para copiar informação para a Área de Transfe-
rência
Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto do Wri- Ctrl+X para cortar informação para a Área de Transfe-
te) é um editor de textos mais sofisticado. Podemos dizer, uma rência
“miniatura do Word”, inclusive, com muitas compatibilidades. Ctrl+V para colar informação da Área de Transferência

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8
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Integração do office 2016 com Windows 10 Comentários: Para desinstalar um programa de forma
O Office 2016 é a primeira versão do programa desde segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou re-
o lançamento do Windows 10, com alguns truques incorpo- mover programas
rados a ele como o Windows Hello que é um acumulado de Resposta – Letra A
identificadores biométricos que podem ou não estar pre-
sentes na máquina, como leitores digitais e íris. O outro é o 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as infor-
assistente digital da Microsoft (Cortana), porem ainda não mações estão contidas em arquivos de vários formatos, que
está disponível no Brasil. são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias
removíveis do computador, organizados em:
(A) telas.
(B) pastas.
(C) janelas.
(D) imagens.
(E) programas.

Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma


bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada mais
são do que compartimentos que ajudam a organizar os ar-
quivos em endereços específicos, como se fosse um sistema
de armário e gavetas.
Resposta: Letra B
O Office 2016 (que também é compatível com as ver-
sões 7 e 8 do Windows), está completamente otimizado 3- Um item selecionado do Windows pode ser excluído
para extrair o máximo do Windows 10, criando uma solução permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-
ideal de produtividade. Uma das possibilidades está com o -se simultaneamente as teclas
novo recurso Windows Hello, que facilita o processo de lo- (A) Ctrl + Delete.
gin no computador por meio de reconhecimento facial, da (B) Shift + End.
íris ou da impressão digital. Ele pode ser usado também para (C) Shift + Delete.
acessar o Office de forma segura e simples (mas exige uma (D) Ctrl + End.
câmera especial para isso). (E) Ctrl + X.
Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Office
para mobile contam com uma interface ótima para telas de Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
toque e são universais, o que os torna excelentes para o re- mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
curso Continuum do sistema operacional. A função permite para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto
que novos smartphones com o sistema da Microsoft pos- com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem do
sam ser utilizados como PCs por meio de um dock específico tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanentemente
para conectá-lo a um monitor, permitindo a liberdade que o este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja en-
teclado e mouse proporcionam – mas ainda não foi oficial- viar este arquivo para a lixeira?”.
mente lançado. Resposta: C
Questões comentadas
4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de ar-
1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- quivos, sem que haja perda de informação?
nale a opção correta. (A) Compactação
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve (B) Deleção
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle, (C) Criptografia
de modo a garantir a correta remoção dos arquivos rela- (D) Minimização
cionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional. (E) Encolhimento adaptativo
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e
DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica
diretórios de programas instalados na máquina em uso. amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados po-
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de dem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha de programas compactadores são o WinZip, WinRar, Solus-
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá- Zip, etc.
rios possivelmente cadastrados nessa máquina. Resposta: A
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios dis-
poníveis por meio da instalação do pacote Office, entre eles, 05- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. reta.
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo- (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas-
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão
máquina e, em seguida, desligar o computador. Iniciar do Windows.

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9
Básico de Informática

2. MS Office 2016
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ideias para o trabalho que está realizando


A Pesquisa Inteligente da plataforma Bing apresenta as
pesquisas diretamente no Word 2016. Quando você selecio-
na uma palavra ou frase, clica com o botão direito do mouse
sobre ela e escolhe Pesquisa Inteligente, o Painel de ideias
é exibido com as definições, os artigos Wiki e as principais
pesquisas relacionadas da Web.

Trabalhe em grupo em tempo real


Ao armazenar um documento online no OneDrive ou no
SharePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word
2016 ou Word Online, vocês podem ver as alterações uns
dos outros no documento durante a edição. Após salvar o
documento online, clique em Compartilhar para gerar um
link ou enviar um convite por email. Quando seus colegas
abrem o documento e concordam em compartilhar automa-
ticamente as alterações, você vê o trabalho em tempo real.

Equações à tinta
Incluir equações matemáticas ficou muito mais fácil. Vá
até Inserir > Equação > Equação à Tinta sempre que desejar
incluir uma equação matemática complexa em um docu-
mento. Se tiver um dispositivo sensível ao toque, use o dedo
ou uma caneta de toque para escrever equações matemá-
ticas à mão, e o Word 2016 vai convertê-las em texto. Caso
não tenha um dispositivo sensível ao toque, use o mouse
para escrever. Você pode também apagar, selecionar e fazer
correções à medida que escreve.

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10
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Histórico de versões melhorado


Vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento e para acessar versões
anteriores.

Compartilhamento mais simples


Clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no OneDrive ou no One-
Drive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de email diretamente do Word.

Formatação de formas mais rápida


Quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de preenchimentos predefinidos
e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.

Interface

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Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela de trabalho do MS Word


No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do documento , que
como é um novo documento apresenta como título “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra, clicando
no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.

Mais à esquerda tem a ABA Arquivo.

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar o
documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

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12
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemento
selecionado.

Explore a galeria de documentos

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Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A galeria de documentos é o local onde você pode criar um documento em branco ou usar um modelo predefinido. A
galeria fica disponível ao abrir o Word ou você pode acessá-la escolhendo Arquivo > Novo se estiver trabalhando em um
documento existente.

Explorar a faixa de opções

Saiba mais sobre a caixa Diga-me

Diga-Me é uma nova ferramenta de pesquisa e está disponível no Word, no PowerPoint e no Excel 2016. Ela exibe os co-
mandos necessários quando você digita o que deseja fazer. Por exemplo, digite “configurações de fonte” na janela Diga-me
o que você quer fazer. Em seguida, escolha uma das sugestões exibidas ou escolha Obter Ajuda sobre “configurações de
fonte” para abrir o visualizador da Ajuda.

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14
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Faça um tour do Word 2016

Quando o Word abrir, clique em Faça um tour ou digite “Bem-vindo ao Word” na caixa Pesquisar modelos online. O mo-
delo Bem-vindo ao Word é aberto.
Este documento permite que você explore cinco áreas:
- Usar guias dinâmicas de layout e alinhamento
- Colaborar no Modo de Exibição Marcação Simples
- Inserir Imagens e Vídeos Online
- Desfrutar da Leitura
- Editar conteúdo em PDF no Word

Criando um documento

Quando você abre o Word, a galeria de documentos é exibida, permitindo que você escolha o modelo de documento em
branco ou um dos vários outros modelos.

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15
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilizando um modelo

Quando você inicia um aplicativo do Office, como o Word, o Excel, o PowerPoint, o Visio ou o Access, a primeira coisa que
você vê é uma lista de modelos que podem ser usados para criar seus arquivos e documentos.
Para encontrar modelos para os aplicativos do Office a qualquer momento, selecione Arquivo > Novo. Veja um exemplo
de como isso é exibido no Word:

Insira uma pesquisa para o tipo de modelo que você está procurando na caixa de pesquisa que diz Procurar modelos on-
line. Para navegar pelos tipos de modelos populares, selecione qualquer uma das palavras-chave abaixo da caixa de pesquisa.

Selecione a miniatura de um modelo para ver uma visualização maior de como ele é. Você pode usar as setas em ambos
os lados da visualização para rolar pelos modelos relacionados. Depois de encontrar um modelo de que você gosta, selecio-
ne Criar.

DICA : Se você usa um modelo com frequência, pode fixá-lo para que esteja sempre à mão quando você inicia o aplicativo
do Office. Basta selecionar o ícone de pino que aparece abaixo da miniatura na lista de modelos.
Modos de documento e compatibilidade
Quando você abre um documento no Word 2016, ele se encontra em um destes modos:
- Modo Word 2013-2016
- Modo de Compatibilidade do Word 2010
- Modo de Compatibilidade do Word 2007
- Modo de Compatibilidade do Word 97-2003

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Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caso você veja o Modo de Compatibilidade na barra de título, saiba como descobrir em que modo você está:
- Clique em Arquivo > Informações.
- Na seção Inspecionar Documento, clique em Verificar Problemas e em Verificar Compatibilidade.
Clique em Selecionar versões a exibir para verificar se há uma marca de seleção exibida ao lado do nome do modo em
que o documento se encontra.

Ajustar recuos e espaçamento no Word


Quando você quiser fazer alterações precisas nos recuos e no espaçamento ou quando quiser fazer várias alterações de
uma só vez, use as configurações na guia Recuos e Espaçamento na caixa de diálogo Parágrafo.
Selecione o texto que deseja ajustar.
Clique em Layout e clique na seta para o iniciador da caixa de diálogo no grupo Parágrafo.

Na guia Recuos e Espaçamento, escolha as configurações (veja abaixo os detalhes de cada configuração) e clique em OK.
Opções da caixa de diálogo Parágrafo
Escolha uma destas opções na caixa de diálogo Parágrafo. Na parte inferior da caixa de diálogo, a caixa Visualização mos-
tra a aparência das opções antes que você as aplique.

Geral
Escolha À Esquerda para alinhar o texto à esquerda com uma margem
Alinhamento
direita irregular (ou use o atalho de teclado CTRL+L).
EscolhaCentralizar para centralizar o texto com uma borda esquerda e
direita irregulares (CTRL+E).
EscolhaÀ Direita para alinhar o texto à direita com uma margem esquerda
irregular (CTRL+R).
EscolhaJustificar para alinhar o texto à esquerda e à direita, adicionando
espaço entre as palavras (CTRL+J).
O nível no qual o parágrafo aparece no modo de exibição de Estrutura
Nível da estrutura de tópicos
de Tópicos.
Escolha Recolhido por padrão se quiser que o documento seja aberto
com os títulos recolhidos por padrão.

Recuo
Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que
Para a Esquerda
você escolher.
Move-se no lado direito do parágrafo de acordo com quantidade que você
Para a Direita
escolher.
Especial Escolha Primeira linha > Por para recuar a primeira linha de um parágrafo.
Escolha Deslocamento > Por para criar um recuo deslocado.
Quando você escolher isso, Esquerda e Direita tornam-se Dentro e Fora.
Espelhar recuos
Isso é para impressão de estilo de livro.
Espaçamento
Antes Ajusta a quantidade de espaço antes de um parágrafo.
Depois Ajusta a quantidade de espaço após um parágrafo

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Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Recuo
Move-se no lado esquerdo do parágrafo de acordo com quantidade que
Para a Esquerda
você escolher.
Espaçamento entre linhas Escolha Simples para texto com espaçamento simples.
Escolha 1,5 linhas para definir o espaçamento do texto uma vez e meia o do
espaçamento único.
Escolha Duplo para texto com espaçamento duplo.
Escolha Pelo menos > Em para definir a quantidade mínima de espaçamento
necessário para acomodar a maior fonte ou gráfico na linha.
Escolha Exatamente > Em para definir o espaçamento de linha fixa, expresso
em pontos. Por exemplo, se o texto estiver em fonte de 10 pontos, você pode
especificar 12 pontos como o espaçamento entre linhas.
EscolhaMúltiplo > Em para definir o espaçamento de linha como um múltiplo
expresso em números maiores que 1. Por exemplo, definir o espaçamento
entre linhas como 1,15 aumentará o espaço em 15% e definir o espaçamento
entre linhas como 3 aumentará o espaço em 300% (espaçamento triplo).
Escolha Não adicionar espaço entre parágrafos do mesmo estilo quando não
Não adicionar …
quiser espaço adicional entre os parágrafos.

Se você quiser salvar as configurações como padrão, clique em Definir como padrão.

Clicar em Guias… abre a caixa de diálogo Guias, onde você pode definir precisamente as guias.

Inserir imagens
As imagens podem ser inseridas (ou copiadas) a partir de vários locais diferentes, inclusive de um computador, de uma
fonte online como o Bing.com ou de uma página da Web.
Inserir uma imagem a partir de um computador
Clique no local em que deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens.

Navegue até a imagem que você deseja inserir, selecione-a e clique em Inserir.

OBSERVAÇÃO: Por padrão, o Word insere a imagem em um documento. Mas você pode, de forma alternativa, vincular
seu documento à imagem para reduzir seu tamanho. Para fazê-lo, na caixa de diálogo Inserir Imagem, clique na seta ao lado
de Inserir e clique em Vincular ao Arquivo.
Inserir imagem a partir de uma fonte online
Caso não tenha uma imagem ideal no seu computador, experimente inserir uma a partir de uma fonte online, como o
Bing ou o Flickr.
Clique no local onde deseja inserir a imagem no documento.
Clique em Inserir > Imagens Online.

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Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa de pesquisa, digite uma palavra ou frase que descreva a imagem desejada e pressione Enter.
Na lista de resultados, clique na imagem desejada e em Inserir.
Inserir uma imagem a partir de uma página da Web
Abra seu documento.
Na página da Web, clique com o botão direito do mouse na imagem que deseja e clique em Copiar.
No seu documento, clique com o botão direito do mouse no local que deseja inserir a imagem e clique em Colar.

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número cor-
reto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em uma
tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferentes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma página ou
remover bordas de uma tabela. Você pode até mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma coluna ou linha de
números em uma tabela.
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabela, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamentos de largura personalizada
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as colunas, use o comando Inserir Tabela.

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19
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Projetar sua própria tabela


Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e
linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica,
a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamente
a tabela que você deseja.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez


colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de
largura das colunas.
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela.
Defina o número de colunas e linhas.

Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células


dentro das células.
Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pontei-
ro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do
retângulo.

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
automaticamente a largura das colunas com Automático ou
pode definir uma largura específica para todas as colunas.
Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria co-
lunas muito estreitas que são expandidas conforme você
adiciona conteúdo.
Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará auto-
maticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se ao
tamanho de seu documento.
Se quiser que as tabelas criadas tenham uma aparência Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferra-
semelhante à da tabela que você está criando, marque a cai- mentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que
xa Lembrar dimensões para novas tabelas. você quer apagar.

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20
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Verificar a ortografia e a gramática ao mesmo tempo


Verificar a ortografia e a gramática no seu documento é útil quando você quer revisar rapidamente seu texto. Você pode
verificar a existência de possíveis erros e então decidir se concorda com o verificador ortográfico e gramatical.
Clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou pressione F7) para iniciar o verificador ortográfico e gramatical e veja os
resultados nos painéis de tarefas de Ortografia e Gramática.

Se o Word encontrar um possível erro, um painel de tarefas será aberto e mostrará as opções de ortografia e gramática:

Para corrigir um erro, siga um destes procedimentos:


Use uma das sugestões Para usar uma das palavras sugeridas, selecione a palavra na lista de sugestões e clique em Alterar.
(Você também pode clicar em Alterar tudo, se souber que usou essa palavra incorretamente em todo o documento, para não
precisar corrigi-la toda vez que ela aparecer.)
Adicionar uma palavra ao dicionário Se a palavra estiver correta e se for uma que você deseja que o Word e TODOS
os programas do Office reconheçam, clique em Adicionar para adicioná-la ao dicionário. Isso só funciona para palavras com
grafia incorreta. Não é possível adicionar uma gramática personalizada ao dicionário.
Ignorar a palavra Clique em Ignorar para ignorar apenas aquela ocorrência ou clique em Ignorar Tudo para ignorar todas
as ocorrências da palavra.
Depois de corrigir ou ignorar algo marcado como um possível erro, o Word passa para o próximo. Quando o Word con-
cluir a revisão do documento, você verá uma mensagem informando que a verificação ortográfica ou gramatical foi concluída.
Clique em OK para retornar ao documento.
Verificar novamente problemas de ortografia e gramática
Você também pode forçar uma nova verificação das palavras e da gramática que anteriormente foram ignoradas.
Abra o documento que você deseja verificar novamente.
Clique em Arquivo> Opções> Revisão de Texto.
Em Ao corrigir ortografia e a gramática no Word, clique em Verificar Documento Novamente.
Quando você vir uma mensagem, clique em Sim e clique em OK para fechar a caixa de diálogo Opções do Word.
Em seguida, no seu documento, clique em Revisão > Ortografia e Gramática (ou pressione F7).

66

21
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PLANILHA ELETÔNICA MS EXCEL 2016 Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
em AutoSoma no grupo Edição.
Tarefas básicas no Excel2

O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para


tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas ele
também funciona muito bem para cálculos simples e para
rastrear de quase todos os tipos de informações. A chave
para desbloquear todo esse potencial é a grade de células.
As células podem conter números, texto ou fórmulas. Você
insere dados nas células e as agrupa em linhas e colunas.
Isso permite que você adicione seus dados, classifique-os e
filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos incríveis. Veja-
mos as etapas básicas para você começar.

Criar uma nova pasta de trabalho A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na
Os documentos do Excel são chamados de pastas de célula selecionada.
trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor- Criar uma fórmula simples
malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar Somar números é uma das coisas que você poderá fazer,
quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode mas o Excel também pode executar outras operações mate-
criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se- máticas. Experimente algumas fórmulas simples para adicio-
paradamente. nar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores.
Clique em Arquivo e em Novo. Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fór-
mula.
Digite uma combinação de números e operadores de
cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de
menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação
ou a barra (/) para divisão.
Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Pressione Enter.
Isso executa o cálculo.
Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você dese-
ja que o cursor permaneça na célula ativa).
Aplicar um formato de número
Para distinguir entre os diferentes tipos de números, adi-
cione um formato, como moeda, porcentagens ou datas.
Selecione as células que contêm números que você de-
seja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As célu-
las são referenciadas por sua localização na linha e na coluna
da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira linha da
coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
guinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje somá-
-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
você deseja adicionar.
2 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

73

22
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione um formato de número Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-
la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
tão Tabela.

Clique na seta no cabeçalho da tabela de uma co-


luna.
Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-
lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você
deseja mostrar na tabela.

Caso você não veja o formato de número que está pro-


curando, clique em Mais Formatos de Número.

Inserir dados em uma tabela


Um modo simples de acessar grande parte dos recursos
do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso permite que
você filtre ou classifique rapidamente os dados.
Selecione os dados clicando na primeira célula e arrastar
a última célula em seus dados.
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressiona-
da ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção
para selecionar os dados.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
direito da seleção.

Para classificar os dados, clique em Classificar de A a


Z ou Classificar de Z a A.

74

23
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Explore as opções nas guias Formatação e Minigráfi-


cos para ver como elas afetam os dados.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale-


ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média
e baixa.

Quando gostar da opção, clique nela.

Mostrar os dados em um gráfico


A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico corre-
to para seus dados e fornece uma apresentação visual com
Clique em OK. apenas alguns cliques.
Selecione as células contendo os dados que você quer
Mostrar totais para os números mostrar em um gráfico.
As ferramentas de Análise Rápida permitem que você Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média direito da seleção.
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números. mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
Selecione as células que contêm os números que você dados e clique no que desejar.
somar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão
para aplicar os totais.

OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nes-


ta galeria, dependendo do que for recomendado para seus
dados.

Salvar seu trabalho


Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de
Adicionar significado aos seus dados Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
A formatação condicional ou minigráficos podem des-
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
ção Dinâmica para experimentar.
Selecione os dados que você deseja examinar mais de- Se você salvou seu trabalho antes, está pronto.
talhadamente. Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo:
Clique no botão Análise Rápida no canto inferior Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra-
direito da seleção. balho e navegue até uma pasta.

75

24
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pasta Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na caixa Pes-
de trabalho. quisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas.
Clique em Salvar. Para procurar dados com detalhes específicos, na cai-
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários.
Imprimir o seu trabalho OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comentá-
Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Imprimir ou rios só estão disponíveis na guia Localizar, e somente Fórmu-
pressione Ctrl+P. las está disponível na guia Substituir.
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági- Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de mi-
na e Página Anterior.
núsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiúsculas
de minúsculas.
Para procurar células que contenham apenas os carac-
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa de
A janela de visualização exibe as páginas em preto e seleção Coincidir conteúdo da célula inteira.
branco ou colorida, dependendo das configurações de sua Se você deseja procurar texto ou números que também
impressora. tenham uma formatação específica, clique em Formato e
Se você não gostar de como suas páginas serão impres- faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar Formato.
sas, você poderá mudar as margens da página ou adicionar DICA: Se você deseja localizar células que correspondam
quebras de página. a uma formato específico, exclua qualquer critério da cai-
Clique em Imprimir. xa Localizar e selecione a célula que contenha a formatação
que você deseja localizar. Clique na seta ao lado de Formato,
Localizar ou substituir texto e números em uma pla- clique em Escolher formato da célula e, em seguida, clique
nilha do Excel 2016 para Windows na célula que possui a formatação a ser pesquisada.
Localize e substitua textos e números usando curingas Siga um destes procedimentos:
ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas, Para localizar texto ou números, clique em Localizar
colunas ou pastas de trabalho. Tudo ou Localizar Próxima.
Em uma planilha, clique em qualquer célula. DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as
Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Loca-
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão
lizar e Selecionar.
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui-
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique
em Localizar ou Localizar Tudo.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis-
Siga um destes procedimentos: ponível, clique na guia Substituir.
Para localizar texto ou números, clique em Localizar. Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em
Para localizar e substituir texto ou números, clique andamento pressionando ESC.
em Substituir. Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor-
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que rências dos caracteres encontrados, clique em Substi-
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e, tuir ou Substituir tudo.
em seguida, clique em uma pesquisa recente na lista. DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formata-
Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco ção que você define. Se você pesquisar dados na planilha
(*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa: novamente e não conseguir encontrar caracteres que você
Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de carac-
sabe que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções
teres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.
de formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Lo-
Use o ponto de interrogação para localizar um único ca-
calizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois em Op-
ractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”.
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de inter- ções para exibir as opções de formatação. Clique na seta ao
rogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha prece- lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.
dendo-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para
localizar dados que contenham “?”, use ~? como critério de Alterar a largura da coluna e a altura da linha
pesquisa. Em uma planilha, você pode especificar uma largura de
Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o número de
siga um destes procedimentos: caracteres que podem ser exibidos em uma célula forma-
Para procurar dados em uma planilha ou em uma pasta tada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de coluna
de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha ou Pasta padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for definida
de Trabalho. como 0 (zero), a coluna ficará oculta.

76

25
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a


409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1
ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm).
A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente
1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
(zero), a linha ficará oculta.
Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão
é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou
milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na Fazer com que a largura da coluna corresponda à de
categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na lis- outra coluna
ta Unidades da Régua). Selecione uma célula da coluna com a largura desejada.
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no gru-
Definir uma coluna com uma largura específica po Área de Transferência, clique em Copiar.
Selecione as colunas a serem alteradas.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
matar.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna. Clique com o botão direito do mouse na coluna de des-
Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado. tino, aponte paraColar Especial e clique no botão Manter
Clique em OK. Largura da Coluna Original
DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna se-
lecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor dese- Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma
jado e clique em OK. planilha ou pasta de trabalho
Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica- O valor da largura de coluna padrão indica o número
médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma cé-
mente ao conteúdo (AutoAjuste)
lula. É possível especificar outro valor de largura de coluna
Selecione as colunas a serem alteradas. padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- Siga um destes procedimentos:
matar. Para alterar a largura de coluna padrão de uma planilha,
clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de tra-
balho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma
guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas
as Planilhas no menu de atalhoTE000127572.

Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da Co-


luna Automaticamente.
OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma
rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele- Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer matar.
limite entre dois títulos de coluna.

77

26
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão. Selecione as linhas a serem alteradas.


Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova me- Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
dida e clique em OK. matar.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas
as novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar
um modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo
como base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.

Alterar a largura das colunas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite do
lado direito do título da coluna até que ela fique do tamanho Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura
desejado. da Linha.
DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápida to-
das as linhas da planilha, clique no botão Selecionar Tudo e,
em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de um dos
títulos de linha.

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as co-


lunas desejadas e arraste um limite à direita do título de co-
luna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas ve-
zes no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha, cli-
que no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qualquer
título de coluna. Alterar a altura das linhas com o mouse
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abaixo
do título da linha até que ela fique com a altura desejada.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas


desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de linha
Definir uma linha com uma altura específica selecionados.
Selecione as linhas a serem alteradas. Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, clique
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de qual-
matar. quer título de linha.

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha.


Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja e,
em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo

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27
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con- Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda desejado.
teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha. OBSERVAÇÃO: Se desejar exibir um valor monetário sem
um símbolo de moeda, clique em Nenhum.
Formatar números como moeda no Excel 2016 Na caixa Casas decimais, insira o número de casas deci-
Para exibir números como valores monetários, forma- mais desejadas para o número.
te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo-
número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar. car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas decimais.
As opções de formatação de número estão disponíveis na Conforme você faz alterações, preste atenção ao número na
guia Página Inicial, no grupo Número. caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das casas deci-
mais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exibi-
ção que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.
OBSERVAÇÃO: A caixa Números negativos não está dis-
Formatar números como moeda ponível para o formato de número Contábil. O motivo disso
Você pode exibir um número com o símbolo de moe- é que constitui prática contábil padrão mostrar números ne-
da padrão selecionando a célula ou o intervalo de células e gativos entre parênteses.
clicando em Formato de Número de Contabilização no Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique
grupo Número da guia Página Inicial. (Se desejar aplicar em OK.
o formato Moeda, selecione as células e pressione Ctr- Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você
l+Shift+$.) aplicar formatação de moeda em seus dados, isso significará
Alterar outros aspectos de formatação que talvez a célula não seja suficientemente larga para exi-
Selecione as células que você deseja formatar. bir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique duas
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de vezes no limite direito da coluna que contém as células com
Diálogo ao lado deNúmero. o erro #####. Esse procedimento redimensiona automati-
camente a coluna para se ajustar ao número. Você também
pode arrastar o limite direito até que as colunas fiquem com
o tamanho desejado.

DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir a


caixa de diálogoFormatar Células.

Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Categoria,


clique em Moedaou Contábil.
Remover formatação de moeda
Selecione as células que têm formatação de moeda.
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na caixa
de listagem Geral.
As células formatadas com o formato Geral não têm um
formato de número específico.

Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fácil


e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos
mais complexos e vários valores. Existem funções para os
cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exem-
plo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+A
2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a função
o processo passa a ser mais fácil. Ainda conforme o exemplo
pode-se observar que é necessário sempre iniciar um cálculo
com sinal de igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de
células (A1) e não somente valores.

79

28
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A quantidade de argumentos empregados em uma fun- Dados


ção depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumen-
2
tos podem ser números, textos, valores lógicos, referências,
etc... 5
Fórmula Descrição Resultado
Operadores Adiciona os valores nas
‘=A2+A3 =A2+A3
células A1 e A2
Operadores são símbolos matemáticos que permitem Subtrai o valor na célula
fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado- ‘=A2-A3 =A2-A3
A2 do valor em A1
res são: Divide o valor na célula
‘=A2/A3 =A2/A3
A1 pelo valor em A2
Multiplica o valor na cé-
‘=A2*A3 =A2*A3
lula A1 pelo valor em A2
Eleva o valor na célula
‘=A2^A3 A1 ao valor exponencial =A2^A3
especificado em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
Criar uma fórmula simples
Eleva 5 à segunda po-
Você pode criar uma fórmula simples para adicionar, ‘=5^2 =5^2
tência
subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fór-
mulas simples sempre começam com um sinal de igual (=), Usar referências de célula em uma fórmula
seguido de constantes que são valores numéricos e opera- Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa
dores de cálculo como os sinais de mais (+), menos (-), aste- uma função, você pode fazer referência aos dados das cé-
risco (*) ou barra (/). lulas de uma planilha incluindo referências de célula nos ar-
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o gumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou
Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o seleciona a referência de célula A2, a fórmula usa o valor
primeiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão dessa célula para calcular o resultado. Você também pode
das operações matemáticas, a multiplicação e executada an- fazer referência a um intervalo de células.
tes da adição. Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir
a fórmula. Na barra de fórmulas , digite = (sinal de
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos igual).
operadores que você deseja usar no cálculo. Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor
Você pode inserir quantas constantes e operadores fo- desejado ou digite sua referência de célula.
rem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres. Você pode fazer referência a uma única célula, a um in-
tervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmula,
em outra pasta de trabalho.
você pode selecionar as células que contêm os valores que Ao selecionar um intervalo de células, você pode arras-
deseja usar e inserir os operadores entre as células da sele- tar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou
ção. arrastar o canto da borda para expandir a seleção.
Pressione Enter.
Para adicionar valores rapidamente, você pode usar
a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente
(guia Página Inicial, grupo Edição ).
Para avançar mais uma etapa, você pode usar as refe-
rências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma
fórmula simples.
Exemplos
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os
na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas 1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressio- intervalo de células tem uma borda azul com cantos qua-
ne Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das co- drados.
lunas para ver todos os dados. 2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde
e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos
quadrados.

80

29
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em


uma borda codificada por cor, significa que a referência está
relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA : Você também pode inserir uma referência a um
intervalo ou célula nomeada.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e
pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras
das colunas para ver todos os dados. Use o comando Definir
Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir
“Ativos” (B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000 Se você estiver familiarizado com as categorias de fun-
Fórmula Descrição Resultado ção, também poderá selecionar uma categoria.
Retorna o to- Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá
tal de ativos digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na
dos três de- caixa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar nú-
partamentos meros” retorna a função SOMA).
no nome defi- Na caixa Selecione uma função, selecione a função que
‘=SOMA(Ativos) nido “Ativos”, =SOMA(Ativos) deseja utilizar e clique em OK.
que é defi- Nas caixas de argumento que forem exibidas para a fun-
nido como o ção selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres
intervalo de de texto ou referências de célula desejadas.
células B2:B4. Em vez de digitar as referências de célula, você também
(385000) pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em
Subtrai a para expandir novamente a caixa de diálogo.
soma do Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique
nome defini- em OK.
‘=SOMA(Ativos)- do “Passivos” =SOMA(Ativos) DICA : Se você usar funções frequentemente, poderá
-SOMA(Passivos) da soma do -SOMA(Passivos) inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de di-
nome defini- gitar o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter
do “Ativos”. informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da
(293000) função pressionando F1.
Exemplos
Criar uma fórmula usando uma função Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em
Você pode criar uma fórmula para calcular valores na branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fór-
planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas =SO- mulas que usam funções.
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para
adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre Dados
começam com um sinal de igual (=)
5 4
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir 2 6
Função . 3 8
O Excel insere o sinal de igual (=) para você. 7 1
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo. Fórmula Descrição Resultado
Adiciona todos
‘=SOMA(A:A) os números na =SOMA(A:A)
coluna A

81

30
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dados Usando o Assistente de AutoSoma


A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma
Calcula a mé-
à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione
dia de todos
uma célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo
‘=MÉDIA(A1:B4) os números =MÉDIA(A1:B4)
que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula na
no intervalo
faixa de opções, pressione AutoSoma > soma. O Assistente
A1:B4
de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo para ser
Função Soma somados e criar a fórmula para você. Ele também pode tra-
A função soma , uma das funções matemáticas e trigo- balhar horizontalmente se você selecionar uma célula para a
nométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores esquerda ou à direita do intervalo a serem somados.
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mis-
tura de todos os três.
Este vídeo faz parte de um curso de treinamento chama-
do Adicionar números no Excel 2013.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SUM(A2:A10)
= SUM(A2:A10, C2:C10)

Nome do
Descrição
argumento
O primeiro número que você
deseja somar. O número pode
número1
ser como “4”, uma referência de
(Obrigatório)
célula, como B6, ou um intervalo
de células, como B2:B8.
Este é o segundo número que
número2-255 você deseja adicionar. Você pode
(Opcional) especificar até 255 números des-
sa forma.
Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os in-
Soma rápida com a barra de Status tervalos contíguos de soma
Se você quiser obter rapidamente a soma de um inter- A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que
valo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o você selecione outras funções comuns, como:
intervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel. Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções

Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre
tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula
ou várias células. Se você com o botão direito na barra de
Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out exi-
bindo todas as opções que você pode selecionar. Observe
que ele também exibe valores para o intervalo selecionado
se você tiver esses atributos marcados.

82

31
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

AutoSoma verticalmente Você pode selecionar rapidamente vários intervalos


O Assistente de AutoSoma detectou automaticamente não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
células B2: B5 como o intervalo a serem somados. Tudo o (“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
que você precisa fazer é pressione Enter para confirmá-la. tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
Se você precisar adicionar/excluir mais células, você pode você. Pressione enter quando terminar.
manter a tecla Shift > tecla de direção da sua escolha até Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapidamen-
que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter te a função soma para uma célula. Tudo o que você precisa
quando terminar. fazer é selecionar o intervalo (s).
Guia de função Intellisense: a soma (Número1, [núm2]) Observação: você pode perceber como o Excel tem real-
flutuantes marca abaixo a função é o guia de Intellisense. Se çado os intervalos de função diferente por cor, e eles corres-
você clicar no nome de função ou soma, ele se transformará pondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3 é azul
em um hiperlink azul, que o levará para o tópico de ajuda e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as funções, a
para essa função. Se você clicar nos elementos de função menos que o intervalo referenciado esteja em uma planilha
individual, as peças representantes na fórmula serão real- diferente ou em outra pasta de trabalho. Para acessibilidade
çadas. Nesse caso somente B2: B5 seria realçadas como há aprimorada com tecnologia assistencial, você pode usar in-
apenas uma referência numérica nesta fórmula. A marca de tervalos nomeados, como “Semana1”, “Semana2”, etc. e, em
Intellisense será exibido para qualquer função. seguida, fazer referência a eles, sua fórmula:
=SUM(Week1,Week2)
Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente
Práticas Recomendadas
Esta seção aborda algumas práticas recomendadas para
trabalhar com as funções soma. Grande parte desse pode
ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados to-
talmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros por
vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim:
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23

Em seguida, tente validar se suas entradas estão corre-


AutoSoma horizontalmente tas. É muito mais fácil colocar esses valores em células indi-
Exemplo 4 – somar células não-contíguas viduais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você pode
formatar os valores quando eles estão nas células, tornan-
do-as muito mais legível e quando ela estiverem em uma
fórmula.

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele- #VALUE! erros de referência de texto em vez de números.
ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um Se você usar um fórmula como:
por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4, o = A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3
Excel seria gerar =SUM(C2:C6) desde que ele reconheça um
intervalo contíguo.

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32
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

= Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar


linhas ou colunas
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será
atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma função
soma atualizará automaticamente (contanto que você não
estiver fora do intervalo referenciado na fórmula). Isso é es-
pecialmente importante se você esperar sua fórmula para
atualizar e não, como ele deixará incompletos resultados
que você não pode capturar.
Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B
Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor-
narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e
lhe dar a soma dos valores numéricos.

SOMA com referências de célula individuais versus in-


tervalos

Usando uma fórmula como:


=SUM(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
SOMA ignora valores de texto dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
#REF! Erro de excluir linhas ou colunas muito melhor usar intervalos individuais, como:

=SUM(A1:A3,B1:B3)
Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.
Usando operadores matemáticos com soma
Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de
desconto para um intervalo de células que você já somados.

Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não serão


atualizados para excluir a linha excluída e retornará um #REF!
erro, onde uma função soma atualizará automaticamente.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas

= SUM(A2:A14) *-25%
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto, que
rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil encontrar

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33
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor colocar os = SUM(‘January Sales:December Sales’! A2)
25% em uma célula e referenciando que em vez disso, onde SOMA com outras funções
ele está check-out em Abrir e facilmente alterados, assim: Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
= SUM(A2:A14) * E2 ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente substi- mensal:
tua a “*” com “/”: = SUM(A2:A14)/E2
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma
soma usando + ou - assim:
= SUM(A1:A10) + E2
= SUM(A1:A10)-E2

SOMA 3D
Às vezes você precisa somar uma determinada célula em
várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada planilha e
a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a célula =SUM(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
valores, mas que é entediante e pode ser propensa, muito Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
mais assim que apenas tentando construir uma fórmula que células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
faz referência apenas uma única folha. branco).
i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1
Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou Função SE
soma 3 dimensionais: A função SE é uma das funções mais populares do Ex-
cel e permite que você faça comparações lógicas entre um
valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais simples,
a função SE diz:
SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
faça outra coisa)
Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados. O
primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o se-
gundo se a comparação for Falsa.

Exemplos de SE simples

= SUM(Sheet1:Sheet3! A1)
Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da plani-
lha 1 para a planilha 3.
Isso é especialmente útil em situações em que você tem
uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro) e você
precisa total-las em uma planilha de resumo.

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
mula retorna um 1 ou um 2)

= SUM(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a de-
zembro.

Observação: se suas planilhas tem espaços em seus


nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:

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34
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=SE(C2=1;”Sim”;”Não”) Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado de


Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula em
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não) E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor orçado,
Como você pode ver, a função SE pode ser usada para subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário, não re-
avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada para ava- torne nada).
liar erros. Você não está limitado a verificar apenas se um
valor é igual a outro e retornar um único resultado; você
também pode usar operadores matemáticos e executar cál-
culos adicionais dependendo de seus critérios. Também é
possível aninhar várias funções SE juntas para realizar várias
comparações.
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”).
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel
reconhece automaticamente.

Introdução
A melhor maneira de começar a escrever uma instrução
SE é pensar sobre o que você está tentando realizar. Que
comparação você está tentando fazer? Muitas vezes, escre-
ver uma instrução SE pode ser tão simples quanto pensar
na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se essa con-
dição fosse atendida vs. o que aconteceria se não fosse?”
Você sempre deve se certificar de que suas etapas sigam
uma progressão lógica; caso contrário, sua fórmula não exe- =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
cutará aquilo que você acha que ela deveria executar. Isso é Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
especialmente importante quando você cria instruções SE “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
complexas (aninhadas). nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)

Mais exemplos de SE Práticas Recomendadas - Constantes


No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de Im-
posto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na fór-
mula. Geralmente, não é recomendável colocar constantes
literais (valores que talvez precisem ser alterados ocasional-
mente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem ser difí-
ceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor colocar
constantes em suas próprias células, onde elas ficam fora
das constantes abertas e podem ser facilmente encontra-
das e alteradas. Nesse caso, tudo bem, pois há apenas uma
função SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas raramente será
alterada. Mesmo se isso acontecer, será fácil alterá-la na fór-
=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça- mula.
mento”) Usar SE para verificar se uma célula está em branco
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen- Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran-
do SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”, co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”) exiba um resultado sem entrada.

= SE(C2>B2,C2-B2,0)

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35
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA: Por exemplo:


=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em branco”) =CONT.SE(A2:A5;”maçãs”)
Que diz SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”, =CONT.SE(A2:A5,A4)
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você também
poderia facilmente usar sua própria fórmula para a condição Nome do argumento Descrição
“Não está em branco”. No próximo exemplo usamos “” em O grupo de células que
vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa “nada”. você deseja contar. Inter-
valo pode conter números,
matrizes, um intervalo no-
intervalo
meado ou referências que
(obrigatório)
contenham números. Valo-
res em branco e texto são
ignorados.

Um número, expressão, re-


ferência de célula ou cadeia
de texto que determina
quais células serão conta-
das.
Por exemplo, você pode
usar um número como 32,
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) critérios (obrigatório)
uma comparação, como “>
Essa fórmula diz SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, caso
32”, uma célula como B4 ou
contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um exemplo
uma palavra como “maçãs”.
de um método muito comum de usar “” para impedir que
CONT.SE usa apenas um
uma fórmula calcule se uma célula dependente está em
único critério. Use CONT.
branco:
SES se você quiser usar vá-
=SE(D3=””;””;SuaFórmula())
rios critérios.
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua
fórmula). Função SOMASE
Exemplo de SE aninhada Você pode usar a função SOMASE para somar os valo-
res em uma intervalo que atendem aos critérios que você
especificar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que
contém números, você quer somar apenas os valores que
são maiores do que 5. Você pode usar a seguinte fórmula: =
SOMASE (B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argu-
mentos:
intervalo Necessário. O intervalo de células a ser ava-
Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois liada por critérios. Células em cada intervalo devem ser nú-
resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas SE meros ou nomes, matrizes ou referências que contenham
podem ter de 3 a 64 resultados. números. Valores em branco e texto são ignorados. O inter-
=SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”)) valo selecionado pode conter datas no formato padrão do
Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual Excel (exemplos abaixo).
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne critérios Obrigatório. Os critérios na forma de um nú-
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”). mero, expressão, referência de célula, texto ou função que
define quais células serão adicionadas. Por exemplo, os cri-
CONT.SE térios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”, “ma-
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para contar çãs” ou HOJE().
o número de células que atendem a um critério; por exem- IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer
plo, para contar o número de vezes que uma cidade especí- critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve
fica aparece em uma lista de clientes. estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéricos,
as aspas duplas não serão necessárias.
Sintaxe intervalo_soma Opcional. As células reais a se-
CONT.SE(intervalo, critério) rem adicionadas, se você quiser adicionar células di-
ferentes das especificadas no argumento intervalo. Se

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36
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o argumento intervalo_soma for omitido, o Excel adicionará Se você deseja incluir valores lógicos e representações
as células especificadas no argumento intervalo (as mesmas de texto dos números em uma referência como parte do
células às quais os critérios são aplicados). cálculo, utilize a função MÁXIMOA.
Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de in- Exemplo
terrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os
O ponto de interrogação corresponde a qualquer caractere na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de ca- mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressio-
racteres. Para localizar um ponto de interrogação ou asteris- ne Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das co-
co real, digite um til (~) antes do caractere. lunas para ver todos os dados.
Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando Dados
você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com 10
mais de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VA-
7
LOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo 9
tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais 27
adicionadas são determinadas pelo uso da célula na extremi- 2
dade superior esquerda do argumentointervalo_soma como Fórmula Descrição Resultado
a célula inicial e, em seguida, pela inclusão das células cor- Maior valor no
respondentes em termos de tamanho e forma no argumen- =MÁXIMO(A2:A6) 27
intervalo A2:A6.
to intervalo. Por exemplo: Maior valor no
=MÁXIMO(A2:A6;
intervalo A2:A6 e 30
Se o intervalo e intervalo_ Então, as células 30)
o valor 30.
for soma for reais serão
A1:A5 B1:B5 B1:B5 MÍNIMO (Função MÍNIMO)
A1:A5 B1:B3 B1:B5 Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.
A1:B4 C1:D4 C1:D4
Sintaxe
A1:B4 C1:C2 C1:D4 MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argu-
Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_ mentos:
soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de Núm1, núm2,... Núm1 é obrigatório, números subse-
células, o recálculo da planilha pode levar mais tempo do quentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor MÍNI-
que o esperado. MO você deseja saber.
Comentários
MÁXIMO (Função MÁXIMO) Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
Descrição ou referências que contenham números.
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores. Os valores lógicos e representações em forma de texto
Sintaxe de números digitados diretamente na lista de argumentos
MÁXIMO(número1, [número2], ...) são contados.
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argu- Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas
mentos: os números daquela matriz ou referência poderão ser usa-
Núm1, núm2,... Núm1 é obrigatório, números subse- dos. Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na ma-
quentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor máxi- triz ou referência serão ignorados.
mo você deseja saber. Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO
Comentários retornará 0.
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes Os argumentos que são valores de erro ou texto que
ou referências que contenham números. não podem ser traduzidos em números causam erros.
Os valores lógicos e representações em forma de texto Se você deseja incluir valores lógicos e representações
de números digitados diretamente na lista de argumentos de texto dos números em uma referência como parte do
são contados. cálculo, utilize a função MÍNIMOA.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas Exemplo
os números nesta matriz ou referência serão usados. Células Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os
vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou referência serão na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
ignorados. mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressio-
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO ne Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das co-
retornará 0. lunas para ver todos os dados.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que
não podem ser traduzidos em números causam erros.

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37
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, ve-
O menor dos rifique se você não está editando uma célula e se as células
=MÍNIMO(A2:A6) números no 2 que você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
intervalo A2:A6. DICA : Para mesclar células sem centralizar, clique na
O menor dos seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
=MIN(A2:A6;0) números no 0 Através ou Mesclar Células.
intervalo A2:A6 e 0. Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que
foram mescladas.
Média
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. Criar um gráfico no Excel 2016 para Windows
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de Use o comando Gráficos Recomendados na guia Inse-
idade na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados.
função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscan- Selecione os dados que você deseja incluir no seu grá-
do no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo fico.
encontrado. Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.

Mesclar células
A mesclagem combina duas ou mais células para criar
uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de
criar um rótulo que se estende por várias colunas. Por exem-
plo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas para criar
o rótulo “Vendas Mensais” e descrever as informações nas
linhas de 2 a 7.

Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-


pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
seus dados aparecem naquele formato.

Selecione duas ou mais células adjacentes que você de-


seja mesclar.
IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
agrupar na célula mesclada estão contidos na célula superior
esquerda. Os dados nas outras células mescladas serão ex-
cluídos. Para preservar os dados das outras células, copie-os
em outra parte da planilha antes de fazer a mesclagem.
Clique em Início > Mesclar e Centralizar.

89

38
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você, clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de gráfico
disponíveis.
Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, clique nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfico e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do gráfico
para adicionar elementos de gráfico como títulos de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência do seu gráfi-
co ou alterar os dados exibidos no gráfico.

DICAS :
Use as opções nas guias Design e Formatar para personalizar a aparência do gráfico.

Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas de gráfico à faixa de opções clicando em qualquer lugar no gráfico.

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel 2016 para analisar dados da planilha
A capacidade de analisar todos os dados da planilha pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores. Porém, às
vezes é difícil saber por onde começar, especialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar, recomendando e, em
seguida, criando automaticamente Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para resumir, analisar, explorar e apre-
sentar dados. Por exemplo, veja uma lista simples de despesas:

90

39
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das células DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemente,
É possível realçar dados em células utilizando Cor de clique em Cor de Preenchimento . Você também encon-
preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de trará até 10 cores personalizadas selecionadas mais recente-
fundo ou padrão das células. Veja como: mente em Cores recentes.
Selecione as células que deseja realçar. Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento.
DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para Quando você deseja algo mais do que apenas um preen-
a planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso irá chimento de cor sólida, experimente aplicar um padrão ou
ocultar as linhas de grade, mas é possível melhorar a legi- efeitos de preenchimento.
bilidade da planilha exibindo bordas ao redor de todas as Selecione a célula ou intervalo de células que deseja for-
células. matar.
Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo-
go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.

Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preen-


chimento .
Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a
cor desejada.

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor de-


sejada.

Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma


cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um pa-
drão na caixa Estilo do Padrão.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
opções desejadas.

DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano


de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecio-
nados.

Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais


Cores, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione
a cor desejada.

95

40
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha
preenchimento contiver dados, este comando seleciona a região atual. Pres-
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou sionar CTRL+A novamente seleciona a região atual e suas
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná-las. linhas de resumo. Pressionar CTRL+A novamente seleciona
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchi- a planilha inteira.
mento, e então selecione Sem Preenchimento. CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do
argumento quando o ponto de inserção está à direita de um
nome de função em uma fórmula.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito.
CTRL+C — Copia as células selecionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área de
Transferência.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para co-
piar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um
intervalo selecionado nas células abaixo.
Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen- CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substituir
chimento em cores com a guia Localizar selecionada.
Se as opções de impressão estiverem definidas SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIF-
como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja pro- T+F4 repete a última ação de Localizar.
positalmente ou porque a pasta de trabalho contém plani- CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar Cé-
lhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram na ati- lulas com a guia Fonte selecionada.
vação automática do modo de rascunho — não será possível CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 também
imprimir as células em cores. Veja aqui como resolver isso: exibe essa caixa de diálogo.)
Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá- CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi-
logo Configurar Página. tuir com a guia Substituir selecionada.
CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico.
CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink para
novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink para
os hiperlinks existentes que estão selecionados.
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou
localizar um arquivo.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que con-
têm comentários.
Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de se- CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.
leção Preto e branco e Qualidade de rascunho. CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar Cé-
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua pla- lulas com a guia Fonte selecionada.
nilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contraste. Se CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para co-
não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir, talvez piar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda de
nenhuma impressora colorida esteja selecionada. um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de ar-
Principais atalhos quivo, local e formato atual.
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir para CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
excluir as células selecionadas. CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+; — Insere a data atual. CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redução
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célula da barra de fórmulas.
e a exibição de fórmulas na planilha. CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Disponí-
da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas. vel somente depois de ter recortado ou copiado um objeto,
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células. texto ou conteúdo de célula.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito. CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial,
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico. disponível somente depois que você recortar ou copiar um
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado. objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou em
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado. outro programa.
CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos e CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho sele-
exibir espaços reservados para objetos. cionada.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura de CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
tópicos. CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se possível.
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas. CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o últi-
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas. mo comando ou excluir a última entrada digitada.

96

41
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer para reverter ou restaurar a correção automática quando Marcas
Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas dentro da seleção.
CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células selecionadas.
CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células selecionadas.
CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem casas decimais.
CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Exponencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês e ano.
CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora e os minutos, AM ou PM.
CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-) para va-
lores negativos.
CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e colunas
vazias).
CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inserir para inserir células em branco.

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é diferente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Para aplicar a fórmula
=SOMA(A1;A2).
de soma você preci-
Dica: Sempre separe a
sa, apenas, selecionar
indicação das células
as células que estarão
com ponto e vírgula (;).
Adição =SOMA(célulaX;célula Y) envolvidas na adição,
Dessa forma, mesmo as
incluindo a sequência
que estiverem em loca-
no campo superior do
lizações distantes serão
programa junto com o
consideradas na adição
símbolo de igual (=)
Segue a mesma lógica
da adição, mas des-
sa vez você usa o sinal
correspondente a con-
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
ta que será feita (-) no
lugar do ponto e vírgu-
la (;), e retira a palavra
“soma” da função
Use o asterisco (*) para
Multiplicação = (célulaX*célulaY) indicar o símbolo de = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a
barra de divisão (/) en-
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
tre as células e sem pa-
lavra antes da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e
mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

97

42
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo


Você deve usar a palavra
“media” antes das células
indicadas, que são sempre
Média =MEDIA(célula X:célulaY) separadas por dois pontos =MEDIA(A1:A10)
(:) e representam o grupo
total que você precisa cal-
cular
Segue a mesma lógica, mas
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
usa a palavra “max”
Dessa vez, use a expressão
Mínima =MIN(célula X:célulaY) =MIN(A1:A10)
“min”

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa saber
se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo


Função =se(célulaX<=0 ; “O que =se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)
Se precisa saber 1” ; “o que Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1 é menor ou
precisa saber 2”) igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser enviado” na célula que
contem a fórmula. Caso o conteúdo seja maior que zero, a mensagem
que aparecerá é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
-vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

APRESENTAÇÃO DE SLIDES MS POWERPOINT 20163

As apresentações do PowerPoint funcionam como apresentações de slide. Para transmitir uma mensagem ou uma histó-
ria, você a divide em slides. Considere cada slide com uma tela em branco para as imagens, palavras e formas que ajudarão
a criar sua história.
Escolha um tema
Ao abrir o PowerPoint, você verá alguns modelos e temas internos. Um tema é um design de slide que contém correspon-
dências de cores, fontes e efeitos especiais como sombras, reflexos, dentre outros recursos.
Escolher um tema.
Clique em Criar ou selecione uma variação de cor e clique em Criar.

3 Fonte: https://support.office.com/pt-br/powerpoint

98

43
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar cor e design aos meus slides com temas


Você não é um designer profissional, mas você quiser sua apresentação pareça que você está. “Temas” tudo o que fazer
para você — você apenas escolha um e crie!
Quando você abre o PowerPoint, vê os designs de slide coloridos internos (ou ‘temas’) que pode aplicar às apresentações.
Escolher um tema quando você abre o PowerPoint
Escolha um tema.

DICA : Esses temas internos são ótimos para widescreen (16:9) e apresentações de tela padrão (4:3).

Escolha uma variação de cor e clique em Criar.

Alterar o tema ou variação da sua apresentação


Se você mudar de ideia, poderá sempre alterar o tema ou variação na guia Design.
Na guia Design, escolha um tema com as cores, as fontes e os efeitos desejados.
DICA : Para visualizar a aparência que o slide terá com um tema aplicado, coloque o ponteiro do mouse sobre a miniatura
de cada tema.
Para aplicar uma variação de cor diferente a um tema específico, no grupo Variantes, selecione uma variante.
O grupo de variantes aparece à direita do grupo temas e as opções variam dependendo do tema que você selecionou.

99

44
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OBSERVAÇÃO : Se você não vir quaisquer variantes,


pode ser porque você está usando um tema personalizado,
um tema mais antigo projetado para versões anteriores do
PowerPoint, ou porque você importou alguns slides de outra
apresentação com um tema personalizado ou mais antigo.
Criar e salvar um tema personalizado
Você pode criar um tema personalizado modificando
um tema existente ou começar do zero com uma apresen-
tação em branco.
Clique primeiro slide e, em seguida, na guia Design, cli-
que na seta para baixo no grupo variantes.
Clique em cores, fontes, efeitos ou Estilos de plano de Na galeria de layouts, clique no layout desejado para o
fundo e escolha uma das opções internas ou personalizar o seu novo slide. Cada opção na galeria é um layout de slide
seu próprio. diferente que pode conter espaços reservados para texto,
Quando terminar de personalizar estilos, clique na seta vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, uma tela de fundo e
para baixo no grupo temas e clique em Salvar tema atual. formatação de temas, como cores, fontes e efeitos.
Dê um nome para seu tema e clique em Salvar. Por pa- Seu novo slide é inserido, e você pode clicar dentro de
drão, ele é salvar com seus outros temas do PowerPoint e um espaço reservado para começar a adicionar conteúdo.
estará disponível no grupo temas em um cabeçalho perso-
nalizado Reorganizar a ordem dos slides
No painel à esquerda, clique na miniatura do slide que
Adicionar um novo slide deseja mover e então arraste-o para o novo local.
Na guia Exibir, clique em Normal.

No painel de miniaturas de slides à esquerda, clique no


slide depois do qual deseja adicionar o novo slide.
Na guia Início, clique em Novo Slide.

100

45
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DICA : Para selecionar vários slides, pressione e mantenha


pressionada a tecla CTRL enquanto clica em cada slide que
deseja mover e arraste-os como um grupo para o novo local.

Excluir um slide
No painel à esquerda, clique com o botão direito do
mouse na miniatura de slide que você deseja excluir (mante-
nha pressionada a tecla CTRL para selecionar vários slides) e
então clique em Excluir Slide.

DICA : Salve o trabalho à medida que o fizer. Pressio-


ne CTRL + S com frequência.

Adicionar texto
Selecione um espaço reservado para texto e comece a
digitar.

Salvar a sua apresentação Formatar seu texto


Na guia Arquivo, escolha Salvar. Selecione o texto.
Selecionar ou navegar até uma pasta. Em Ferramentas de desenho, escolha Formatar.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a apre-
sentação e escolha Salvar.
OBSERVAÇÃO : Se você salvar arquivos com frequência
em uma determinada pasta, você pode ‘fixar’ o caminho
para que ele fique sempre disponível (conforme mostrado
abaixo).

Siga um destes procedimentos:


Para alterar a cor de seu texto, escolha Preenchimento
de Texto e escolha uma cor.
Para alterar a cor do contorno de seu texto, escolha Con-
torno do Texto e, em seguida, escolha uma cor.
Para aplicar uma sombra, reflexo, brilho, bisel, rotação
3D, uma transformação, escolha Efeitos de Texto e, em se-
guida, escolha o efeito desejado.

101

46
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar imagens
Na guia Inserir, siga um destes procedimentos:
Para inserir uma imagem que está salva em sua unidade local ou em um servidor interno, escolha Imagens, procure a
imagem e escolha Inserir.
Para inserir uma imagem da Web, escolha Imagens Online e use a caixa de pesquisa para localizar uma imagem.

Escolha uma imagem e clique em Inserir.


Adicionar anotações do orador
Os slides ficam melhores quando você não insere informações em excesso. Você pode colocar fatos úteis e anotações nas
anotações do orador e consultá-los durante a apresentação.

Para abrir o painel de anotações, na parte inferior da janela, clique em Anotações .

Clique no painel de Anotações abaixo do slide e comece a digitar suas anotações.

102

47
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fazer sua apresentação


Na guia Apresentação de Slides, siga um destes procedimentos:
Para iniciar a apresentação no primeiro slide, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo.

Se você não estiver no primeiro slide e desejar começar do ponto onde está, clique em Do Slide Atual.
Se você precisar fazer uma apresentação para pessoas que não estão no local onde você está, clique em Apresentar Online
para configurar uma apresentação pela Web e escolher uma das seguintes opções:
Apresentar-se online usando o Office Presentation Service
Iniciar uma apresentação online no PowerPoint usando o Skype for Business

Sair da exibição Apresentação de Slides


Para sair da exibição de Apresentação de Slides a qualquer momento, pressione a tecla Esc do teclado.

O que é um layout de slide?


Cada layout de slide contém espaços reservados para texto, vídeos, fotos, gráficos, formas, clip-art, um plano de fundo e
muito mais, contendo também a formatação, como cores de tema, fontes e efeitos para esses objetos.
Cada tema (paleta de cores, fontes e efeitos especiais) que você usa em sua apresentação inclui um slide mestre e um
conjunto de layouts relacionados. Se usar mais de um tema na apresentação, você terá mais de um slide mestre e vários con-
juntos de layouts.
Você alterar os layouts de slide que são criados para o PowerPoint no modo de exibição de Slide mestre. A imagem abaixo
mostra o slide mestre e dois dos dez layouts do tema base no modo de exibição de Slide mestre.

Em seguida, ao incluir conteúdo nos slides, você pode escolher os layouts de slide mais adequados ao conteúdo, como
mostrado aqui no Modo de Exibição Normal.

103

48
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O diagrama a seguir mostra as várias partes de um layout que você pode incluir em um slide do PowerPoint.

O que é um slide mestre?


Slides mestres foram projetados para ajudá-lo a criar apresentações com ótima aparência em menos tempo, sem muito
esforço. Quando desejar que todos os slides para conter as mesmas fontes e imagens (como logotipos), você poderá fazer
essas alterações no Slide mestre e elas vai ser aplicadas a todos os slides.

104

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Básico de Informática

Para acessar o modo de exibição de Slide mestre, na guia Exibir, selecione Mestre de lado. O slide mestre é o slide superior
no painel de teclado polegar no lado esquerdo da tela. Os layouts de slide relacionados aparecem logo abaixo do slide mestre.

Quando você edita o slide mestre, todos os slides que seguem aquele mestre conterá essas alterações. No entanto, a
maioria das alterações feitas serão provavelmente ser os layouts de slide relacionada ao mestre.
Quando fizer alterações em layouts e o slide mestre no modo de exibição de Slide mestre, outras pessoas que trabalham
na sua apresentação (no modo de exibição Normal) não podem excluir acidentalmente ou editar que você já fez.
Dica final: é recomendável editar o slide mestre e os layouts antes de começar a criar os slides individuais. Dessa maneira,
todos os slides adicionados à sua apresentação se basearão em suas edições personalizadas. Se você editar o slide mestre
ou os layouts após criar cada slide, precisará aplicar novamente os layouts alterados aos slides da apresentação no modo de
exibição Normal. Caso contrário, as alterações não aparecerão nos slides.

Temas
Um tema é uma paleta de cores, fontes e efeitos especiais (como sombras, reflexos, efeitos 3D e muito mais) que com-
plementar uns com os outros. Um designer competente criado cada tema no PowerPoint. Podemos disponibilizar esses temas
predefinidos na guia Design na exibição Normal.
Todos os temas usados em sua apresentação NOÇÕES DE slide
incluem um INFORMÁTICA
mestre e um conjunto de layouts relacionados. Se você
usar mais de um tema na apresentação, terá mais de um slide mestre e vários conjuntos de layouts.

105

50
Layouts de Slide
Altere e gerenciar layouts de slide no modo de exibição de Slide mestre. Para acessar o modo de exibição de Slide mestre,
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para adicionar um novo slide que contém o layout (com OUTLOOK


os recém-adicionado espaços reservados), na guia página
inicial, clique em Novo Slide e, em seguida, selecione o la- O Microsoft Outlook é um software de automação de
yout revisado do slide. escritório e cliente de correio electrónico que faz parte do
Você pode alterar um espaço reservado para redimen- pack Microsoft Office. Mas não é apenas um gerenciador de
sioná-lo, reposicione, ou alterando a fonte, o tamanho, o e-mails, o Outlook possui funcionalidades de grupos de dis-
caso, a cor ou o espaçamento do texto dentro dele. Você cussão com base em padrões avançados de internet, além
também pode excluir um espaço reservado de um layout de de possuir calendário integral e gerenciamento de tarefas e
slide ou um slide individual selecionando-a e pressionando de contatos. Além disso, possui capacidades de colaboração
Delete. em tempo de execução e em tempo de criação robustos e
integrados.
Atalhos usados com frequência
A tabela a seguir relaciona os atalhos mais usados no Configurando uma conta4
PowerPoint. Em muitos casos, o Outlook pode configurar a sua conta
para você apenas com um endereço de email e uma senha.
Ao iniciar o Outlook pela primeira vez, o Assistente Automá-
Para Pressione tico de Conta é iniciado.
Aplicar negrito ao texto
Ctrl+B
selecionado. Para configurar uma conta automaticamente
Altere o tamanho Abra o Outlook e, quando o Assistente Automático de
ALT + C, F e, em seguida,
da fonte do texto Conta for aberto, escolha Avançar.
S
selecionado. Observação : Se o Assistente não abrir ou se você quiser
Altere o zoom do slide. ALT + W, P adicionar uma outra conta de email, na barra de ferramen-
Recorte o texto tas, escolha a guia Arquivo.
selecionado, objeto ou Ctrl+X
slide.
Copie o texto
selecionado, objeto ou Ctrl+C
slide.
Colar recortado ou
copiado texto, objetos ou Ctrl+V
slide.
Desfazer a última ação. Ctrl+Z
Salve a apresentação. Ctrl+B
Inserir uma imagem. ALT + N, P
Inserir uma forma. ALT + H, S e H Na página Contas de Email, escolha Avançar > Adicionar
Selecione um tema. ALT + G, H Conta.
Selecione um layout de
ALT + H, L
slide.
Ir para o próximo slide. Page Down
Vá para o slide anterior. Page Up
Vá para a guia página
Alt+C
inicial.
Mover para a guia Inserir. ALT+T
Inicie a apresentação de
ALT + S, B
slides.
Painel com scorecard
Encerre a apresentação
e mapa estratégico;
de slides.
perguntas
Feche o PowerPoint. ALT + F, X

*Fonte: Ajuda do MS Office

Na página Configuração Automática de Conta, insira o


seu nome, endereço de email e senha e escolha Avançar.
4 Fonte: Ajuda do MSOutlook

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51
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação : Se você receber uma mensagem de erro


após escolher Avançar, verifique novamente seu endere-
ço de email e senha. Se ambos estiverem corretos, escolha
Configuração manual ou tipos de servidor adicionais..
Escolha Concluir.

A configuração automática não funcionou


Se a instalação não tiver sido concluída, o Outlook pode
solicitar que você tente novamente usando uma conexão
não criptografada com o servidor de email. Se isso não fun-
cionar, escolha Configuração manual ou tipos de servidor
adicionais.
Observações: Se estiver usando o Outlook 2016, você
não poderá usar o tipo de configuração manual para as
contas do Exchange. Contate o seu administrador se houver
falha na configuração automática de conta. Ele informará a
você o nome do Exchange Server para seu email e o ajudará
a configurar o Outlook.
Se você atualizar para o Outlook 2016 a partir de uma
versão anterior e receber mensagens de erro informando
que não é possível fazer logon ou iniciar o Outlook, é por-
que o serviço Descoberta Automática do Exchange não foi
configurado ou não está funcionando corretamente. Na lista de contas de email, selecione a conta que deseja
Para configurar uma conta manualmente
excluir e escolha Remover.
Escolha Configuração manual ou tipos de servidor adi-
cionais > Avançar.

Selecione o tipo de conta desejado e escolha Avançar.


Preencha as seguintes informações:
Seu Nome, Endereço de Email, Tipo de Conta, Servidor Obs.: Microsoft Exchange Server é uma aplicação ser-
de Entrada de Emails, Servidor de Saída de Emails, Nome de vidora de e-mails de propriedade da Microsoft Corp e que
Usuário e Senha. pode ser instalado somente em plataformas da família Win-
Escolha Testar Configurações da Conta para verificar as dows Server.
informações inseridas.
Observação : Se o teste falhar, escolha Mais Configura- Criar uma mensagem de email
ções. O administrador poderá solicitar que você faça outras Clique em Novo Email, ou pressione Ctrl + N.
alterações, incluindo inserir portas específicas para o servidor
de entrada (POP3 ou IMAP) ou o servidor de saída (SMTP).
Escolha Avançar > Concluir.

Excluir uma conta de email


Para excluir uma conta de email
No painel direito da guia Arquivo, selecione Configura-
ções de Conta > Configurações de Conta.

111

52
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se várias contas de email configuradas no Microsoft Enviado para – para localizar emails enviados a você,
Outlook, o botão de aparece e a conta que enviará a mensa- não enviados diretamente a você ou enviados por outro
gem é mostrada. Para alterar a conta, clique em de. destinatário
Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. Sinalizado – para localizar emails sinalizados por você
Insira os endereços de email dos destinatários ou os no- apenas
mes na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários Importante – para localizar somente emails rotulados
com um ponto e vírgula. como importantes
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista
no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e cli- EXERCÍCIOS
que nos nomes desejados.
Não vejo a caixa Cco. Como posso ativá-lo? 1) (LIQUIGÁS 2012 - CESGRANRIO - ASSISTENTE AD-
Para exibir a caixa Cco para esta e todas as mensagens MINISTRATIVO) Um computador é um equipamento capaz
futuras, clique em Opções e, no grupo Mostrar Campos, cli- de processar com rapidez e segurança grande quantidade
que em Cco. de informações.
Clique em Anexar arquivo para adicionar um anexo. Ou Assim, além dos componentes de hardware, os compu-
clique em Anexar Item para anexar itens do Outlook, como tadores necessitam de um conjunto de softwares denomi-
mensagens de email, tarefas, contatos ou itens de calendário. nado:
a. arquivo de dados.
b. blocos de disco.
c. navegador de internet.
d. processador de dados.
e. sistemaoperacional.

2) (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO – AD-


Dica : Se você não gostar a fonte ou o estilo do seu email, MINISTRATIVA) As características básicas da segurança da
você pode alterar sua aparência. Também é uma boa ideia informação — confidencialidade, integridade e disponibili-
dade — não são atributos exclusivos dos sistemas compu-
Verificar a ortografia em sua mensagem antes de enviar.
tacionais.
Após terminar de redigir sua mensagem, clique em Enviar.
a. Certo
Observação : Se você não consegue encontrar o botão
b. Errado
Enviar, talvez você precise configurar uma conta de email.
3) (TRE/CE 2012 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – JURÍ-
Pesquisar email
DICA) São ações para manter o computador protegido, EX-
Da Caixa de Entrada, ou de qualquer outra pasta de
CETO:
email, localize a caixa Pesquisar na parte superior de suas
a. Evitar o uso de versões de sistemas operacionais
mensagens. ultrapassadas, como Windows 95 ou 98.
Para encontrar uma palavra que você sabe que está em b. Excluir spams recebidos e não comprar nada anun-
uma mensagem ou uma mensagem de uma pessoa em par- ciado através desses spams.
ticular, digite a palavra ou o nome da pessoa na caixa Pes- c. Não utilizar firewall.
quisar. Mensagens que contenham a palavra ou o nome que d. Evitar utilizar perfil de administrador, preferindo
você especificou serão exibidas com o texto de pesquisa sempre utilizar um perfil mais restrito.
destacado nos resultados. e. Não clicar em links não solicitados, pois links estra-
nhos muitas vezes são vírus.
Restrinja os resultados de pesquisa
No grupo Escopo na faixa de opções, escolha onde 4) (Copergás 2016 - FCC – Técnico Operacional Seguran-
você deseja pesquisar: Todas as Caixas de Correio, Caixa de ça do Trabalho) A ferramenta Outlook :
Correio Atual, Pasta Atual, Subpasta ou Todos os Itens do a) é um serviço de e-mail gratuito para gerenciar todos
Outlook. os e-mails, calendários e contatos de um usuário.
No grupo Refinar na faixa de opções, escolha se você b) 2016 é a versão mais recente, sendo compatível com
está procurando pela pessoa que enviou a mensagem ou o Windows 10, o Windows 8.1 e o Windows 7.
pelo assunto. c) permite que todas as pessoas possam ver o calendário
Você pode filtrar ainda mais os resultados da pesquisa de um usuário, mas somente aquelas com e-mail Outlook.
ao selecionar: com podem agendar reuniões e responder a convites.
Com Anexos – para localizar somente emails com anexos d) funciona apenas em dispositivos com Windows, não
Categorizado – para localizar emails que tenham sido funcionando no iPad, no iPhone, em tablets e em telefones
atribuídos a uma categoria específica com Android.
Esta Semana – para pesquisar quando o email foi re- e) versão 2015 oferece acesso gratuito às ferramentas
cebido. Há vários períodos de tempo para escolher (Hoje, do pacote de webmail Office 356 da Microsoft.]
Ontem, Mês Passado, etc.)

112

53
Básico de Informática

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5) (CRM-PI 2016 - Quadrix – Médico Fiscal) Em um com- a) Backup incremental


putador com o sistema operacional Windows instalado, um b) Backup diferencial
funcionário deseja enviar 50 arquivos, que juntos totalizam 2 c) Backup completo
MB de tamanho, anexos em um e-mail. Para facilitar o envio, d) Backup Normal
resolveu compactar esse conjunto de arquivos em um único e) Backup diário
arquivo utilizando um software compactador. Só não poderá
ser utilizado nessa tarefa o software: 10) (CRO-PR 2016 - Quadrix - Auxiliar de Departamento)
a) 7-Zip. Como é chamado o backup em que o sistema não é inter-
b) WinZip. rompido para sua realização?
c) CuteFTP. a) Backup Incremental.
d) jZip. b) Cold backup.
e) WinRAR. c) Hot backup.
d) Backup diferencial.
6) (MPE-CE 2013 - FCC - Analista Ministerial - Direito) e) Backup normal
Sobre manipulação de arquivos no Windows 7 em portu-
guês, é correto afirmar que,
a) para mostrar tipos diferentes de informações sobre
cada arquivo de uma janela, basta clicar no botão Classificar
na barra de ferramentas da janela e escolher o modo de exi-
bição desejado. GABARITO
b) quando você exclui um arquivo do disco rígido, ele é
apagado permanentemente e não pode ser posteriormente 1-E/ 2-A/ 3- C/ 4- B/ 5-C/ 6-E / 7-A / 8-C / 9-A /
recuperado caso tenha sido excluído por engano. 10-C/1
c) para excluir um arquivo de um pen drive, basta clicar
com o botão direito do mouse sobre ele e selecionar a op-
ção Enviar para a lixeira.
d) se um arquivo for arrastado entre duas pastas que
estão no mesmo disco rígido, ele será compartilhado entre
todos os usuários que possuem acesso a essas pastas.
e) se um arquivo for arrastado de uma pasta do disco
rígido para uma mídia removível, como um pen drive, ele
será copiado.

7) (SUDECO 2013 - FUNCAB - Contador) No sistema


operacional Linux,o comando que NÃO está relacionado a
manipulação de arquivos é:
a) kill
b) cat
c) rm
d) cp
e) ftp

8) (IBGE 2016 - FGV - Analista - Análise de Sistemas -


Desenvolvimento de Aplicações - Web Mobile) Um desen-
volvedor Android deseja inserir a funcionalidade de backup
em uma aplicação móvel para, de tempos em tempos, ar-
mazenar dados automaticamente. A classe da API de Backup
(versão 6.0 ou superior) a ser utilizada é a:
a) BkpAgent;
b) BkpHelper;
c) BackupManager;
d) BackupOutputData;
e) BackupDataStream.

9) (Prefeitura de Cristiano Otoni 2016 - INAZ do Pará -


Psicólogo) Realizar cópia de segurança é uma forma de pre-
venir perda de informações. Qual é o Backup que só efetua
a cópia dos últimos arquivos que foram criados pelo usuário
ou sistema?

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54
Básico de Informática

3. Plataforma Google
GOOGLE CLASSROOM: Criando uma sala de aula online

1. Introdução

O Google Classroom é uma ferramenta de sala de aula online e gratuita. Para ter acesso ao recurso,
acesse o seguinte endereço: https://classroom.google.com/

2. Criando uma turma

 Para utilizar a ferramenta, é necessário possuir uma conta do Google. Para tanto, acesse o
endereço do Google Classroom fornecido previamente e clique em Sign in.

 Em seguida, acesse sua conta do Google e clique em Continuar.

 Na tela seguinte, você poderá escolher participar de uma turma ou criar uma turma. Para tanto,
clique no ícone ( ) e selecione a opção que mais se adequa ao seu objetivo.

55
Básico de Informática

Nesse tutorial, a opção é criar uma turma. Para tanto, clique em Criar turma.

 Em seguida será exibida a mensagem abaixo. Selecione a opção “Eu li e entendi...” e clique em
Continuar.

 Logo após, preencha os dados solicitados e clique em Criar.

56
Básico de Informática

Obs: O nome da turma é a única informação obrigatória para a criação da turma. Os outros
dados solicitados são opcionais e referem-se a:
o Seção: informações básicas da turma, como o horário ou série/ano.
o Assunto: disciplina ou área do conhecimento que se destina a turma.
o Sala: localização da turma.

 Após preencher os dados solicitados, a sala de aula será criada.

Obs: Após a criação da turma, o Google Classroom cria automaticamente um código para a turma. Com
esse código é possível convidar alunos e/ou professores para participar da sala de aula.

3. Editando uma turma

 Após a criação da turma, você poderá personalizar sua sala de aula. Para alterar a imagem padrão
exibida na parte superior do mural, clique em Selecionar tema, para escolher entre uma variedade
de modelos de temas disponíveis pela ferramenta, ou clique em Fazer upload da foto, para
importar imagens do seu próprio computador.

57
Básico de Informática

 Para editar as informações e configurações da turma, clique no ícone de engrenagem no canto


superior direito da tela, preencha as informações e clique em salvar.

4. Criando atividades

 Para criar atividades em sua sala de aula, acesse a guia Atividades na parte superior da tela da sua
turma.

58
Básico de Informática

 Em seguida, clique em Criar e escolha a atividade que se deseja criar. Para isso, selecione a opção
que mais se adequa ao seu objetivo.

Veja a seguir cada uma dessas opções:

 Para criar uma tarefa, clique na opção Tarefa e insira o título e as instruções da atividade. Nesta
opção é possível inserir arquivos, vídeos e/ou links, atribuir nota e prazo de entrega.

 Além disso, você poderá postar a tarefa imediatamente, salvar um rascunho ou programar a
postagem para depois. Para tanto, após preencher todas as informações da atividade, clique na
seta ao lado da opção “Criar tarefa” e escolha a opção que mais se adequa ao seu objetivo.

59
Básico de Informática

 A atividade Tarefa com teste possui as mesmas funcionalidades da “Tarefa”. No entanto, nessa
opção é possível utilizar o Formulário Google para a realização da atividade.

 Em Pergunta, você poderá criar perguntas para respostas curta ou de múltipla escolha. Para tanto,
digite o enunciado da pergunta, preencha as instruções, se necessário, e escolha o tipo resposta,
conforme indicado na imagem abaixo.

60
Básico de Informática

 Nas perguntas para resposta curta, os alunos podem responder uns aos outros e editar a própria
resposta depois de enviá-la. Para tanto, é necessário ativar ou desativar as interações entre
respostas, basta escolher a opção que mais se adequa ao seu objetivo.

 Na opção Material é possível carregar na sala de aula, os materiais a serem utilizados pela turma.

61
Básico de Informática

 Em Reutilizar postagem, caso você tenha outras turmas criadas na ferramenta, você poderá
reutilizar as postagens já feitas nestas turmas. Para tanto, basta selecionar a turma e, em seguida, a
postagem e clicar em Reutilizar.

 A opção Tópico refere-se à organização das atividades de sua sala de aula em módulos ou unidades.
Para tanto, clique em Tópico, digite um nome para o módulo ou unidade e clique em Adicionar.

62
Básico de Informática

 Para comunicar-se com a sua turma, você poderá compartilhar avisos e informações no mural da
turma. Para tanto, acesse o Mural da sala de aula e clique no campo “Compartilhe algo com sua
turma...”, conforme indicado na imagem abaixo.

5. Convidando os alunos

 Para que os alunos tenham acesso à sala de aula, você deverá convidá-los ou fornece-lhes o código
da turma para que eles se adicionem. Para convidar os alunos, acesse a guia Pessoas na parte
superior da tela da sua turma e, em seguida, clique no ícone ( ) – “Convidar alunos”.

63
Básico de Informática

 Logo após, digite os nomes ou endereços de e-mail dos alunos e clique em Convidar.

 Para que os alunos adicionem a si mesmos, basta fornece-lhes o código da turma. Para isso, acesse
o Mural da turma, copie o código e envie aos alunos.

Tutorial Google Classroom: Criando uma sala de aula online de Jessica Aparecida de Oliveira está
licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

64
Básico de Informática

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65
Básico de Informática

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66
Básico de Informática

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*Crie uma Pasta, um Documento, uma Planilha, Drive
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Novo Documento Criado

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que fica salvo no seu Drive, e possibilidade de compartilhamento
para construção coletiva.

67
Básico de Informática

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(Ver, Editar ou Comentar)

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Básico de Informática

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*Crie uma Pasta, um Documento, uma Planilha, Drive
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arquivos ou pastas do computador.

70
Básico de Informática

Nova Planilha Criada

Nomear
arquivo

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semelhante ao Excel

Obs: Salvamento automático de qualquer alteração na planilha, que fica


salva no seu Drive, e possibilidade de compartilhamento para
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Nova Planilha Criada


Compartilhamento

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(Ver, Editar ou Comentar)

71
Básico de Informática

Nova Planilha Criada: Inserindo dados e Gráficos

Insira
Gráficos

Insira
Dados

Nova Planilha Criada: Inserindo dados e Gráficos

72
Ética no
Serviço Público
Ética no Serviço Público

Sumário
1. Ética, Moral e Cidadania............................................ 3
2. Ética no Serviço Público.......................................... 14
3. Decreto nº 1.171/1994............................................. 14
4. Decreto Nº 6.029/2007............................................. 18
5. Questões.................................................................. 23

2
Ética no Serviço Público

Ética, Moral e Cidadania

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da


investigação do comportamento humano ao tentar explicar
as regras morais de forma racional, fundamentada,
científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.

Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e


usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras
orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os
seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou
errado, bom ou mau.

Cidadania vem do latim civitas, que quer dizer cidade.


Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos
civis e políticos de um Estado. Em um conceito mais
amplo, cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão, e
consequentemente sujeito de direitos e deveres.
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis,
políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um
país.

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes


significados. A ética está associada ao estudo
fundamentado dos valores morais que orientam o
comportamento humano em sociedade, enquanto a moral
são os costumes, regras, tabus e convenções
estabelecidas por cada sociedade.

Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra


“ética” vem do grego “ethos” que significa “modo de ser”
ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo
latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.

3
Ética no Serviço Público

No sentido prático, a finalidade da ética e da


moral é muito semelhante. São ambas
responsáveis por construir as bases que vão
guiar a conduta do homem, determinando o
seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar
a melhor forma de agir e de se comportar em
sociedade.

Moral é o conjunto de regras adquiridas através da


cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que
orientam o comportamento humano dentro de uma
sociedade.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir
das pessoas, sendo uma palavra relacionada com a
moralidade e com os bons costumes. Está associada aos
valores e convenções estabelecidos coletivamente por
cada cultura ou por cada sociedade a partir da
consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a
violência dos atos de paz e harmonia.

Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o


respeito, a virtude, etc., determinam o sentido moral de
cada indivíduo. São valores universais que regem a
conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas.

A moral orienta o comportamento do homem diante das


normas instituídas pela sociedade ou por determinado
grupo social. Diferencia-se da ética no sentido de que
esta tende a julgar o comportamento moral de cada
indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o
bem-estar social.

4
Ética no Serviço Público

MORAL NA FILOSOFIA

Na filosofia, moral tem uma significação mais abrangente


que ética e que define as "ciências do espírito", que
contemplam todas as manifestações que não são
expressamente físicas no ser humano.

Hegel fez a diferenciação entre a moral objetiva, que


remete para a obediência às leis morais (estabelecidas
pelos padrões, leis e tradições da sociedade); e a moral
subjetiva, que aborda o cumprimento de um dever pelo
ato da sua própria vontade.

MORAL DA HISTÓRIA

Esta expressão normalmente é utilizada depois de uma


história que indica a lição que se é possível aprender com
essa narrativa. É uma expressão bastante comum em
fábulas e contos populares.

Na literatura, particularmente na literatura infantil, a moral


se resume a uma conclusão da história narrada cujo
objetivo é transmitir valores morais (certo e errado, bom e
mau, bem ou mal, etc.) Que possam ser aplicados nas
relações sociais.

O QUE É ÉTICA PROFISSIONAL:

Ética Profissional é o conjunto de normas éticas que


formam a consciência do profissional e representam
imperativos de sua conduta, podemos citar como exemplo a
conduta ética dentro do Legislativo Municipal.

Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa


propriedade do caráter. Ser ético é agir dentro dos padrões
convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo.
Ser ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade
em que se vive.

5
Ética no Serviço Público

Ter ética profissional é fundamental para o indivíduo que


representa a sociedade como um vereador(a) cumpridor de
todas as atividades de sua função, seguindo os princípios
determinados pela sociedade, que democraticamente os
elegeram para exercer o seu trabalho nesta Casa de Leis.

Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode


variar ligeiramente, graças a diferentes áreas de atuação. No
entanto, há elementos da ética profissional que são
universais e por isso aplicáveis a qualquer atividade
profissional, como a honestidade, responsabilidade,
competência, etc.

IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES


HUMANAS NA ÉTICA PROFISSIONAL
Estimulam o respeito, a harmonia entre as pessoas
que trabalham no Legislativo Municipal;

Auxiliam nas atividades dos servidores na


compreensão um dos outros, independente da sua
ideologia política, que passado o calor dos embates
na tribuna, todos possam se harmonizar;

As experiências e pesquisas tem comprovado que as


pessoas podem aprender a aperfeiçoar sua
habilidade em compreender os outros e a si próprias,
adquirindo mais preparo nas Relações Interpessoais.

6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ética no Serviço Público

o o o
o
o o o pe o e a r·
O C0 fo o
o e v·d , r
X

o g ••
cul u d g co
ied d

7
Ética no Serviço Público

Iniciando o assunto

O ser humano vive em sociedade, convive com outros seres humanos e,


portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir
perante os outros?” Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil
de ser respondida.

ConceitoNo dia-a-dia nos deparamos com diversas situações que exigem uma decisão
pessoal. Toda vez que isso ocorre estamos diante de uma decisão que envolve jul-
Ética, Moral
gamento moral da realidade e decidimos com base no que consideramos bom,
justo ou moralmente correto. Você já deve ter ouvido sobre “moral” e “ética”, mas
será que estes termos têm o mesmo significado? Acompanhe...

6.1 Conceito de Moral e Ética

Ética é uma palavra de origem grega com duas interpretações possíveis. A


primeira é a palavra grega éthos, com “e” curto, que pode ser traduzida por cos-
tume. A segunda também se escreve éthos, porém com “e” longo, que significa
propriedade do caráter. A primeira serviu de base na tradução pelos romanos
para a palavra latina mores e que deu origem à palavra Moral, enquanto que a
segunda orienta a utilização atual que damos à palavra Ética.

Talvez esteja aí a origem da costumeira confusão que se faz sobre moral e ética.
Embora os dois termos estejam inseridos na área do comportamento humano, eles
não são termos equivalentes sendo um erro utilizá-los como se fossem sinônimos.

Segundo Cotrim (2002) a Moral é o conjunto de normas, princípios e cos-


tumes que orientam o comportamento humano, tendo como base os valo-
res próprios a uma dada comunidade ou grupo social.

EaD UNIVALI/EDUCON • SUPERIOR DE TECNOLOGIA 87

8
AULA 6 • INFORMÁTICA E SOCIEDADE
Ética no Serviço Público

A moral é normativa a partir de um conjunto de regras, valores, proibições


e tabus que provêm de fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou im-
postos pela política, costumes sociais, religiões ou ideologias.

Como as comunidades ou grupos sociais são distintos entre si, tanto no espa-
ço (região geográfica) quanto no tempo (época), os valores também podem ser
distintos dando origem a códigos morais diferentes. Assim, a moral é mutável e
está diretamente relacionada com práticas culturais. Exemplo: o homem ter
mais de uma esposa é moral em algumas sociedades, mas em outras não.

Para Cotrim (2002) a ética é um estudo reflexivo das diversas morais, no


sentido de explicitar os seus pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser
humano e a existência humana que sustentam uma determinada moral.

Segundo Cordi (2003, p.62), “ética é uma reflexão sistemática sobre o


comportamento moral. Ela investiga, analisa e explica a moral de uma
determinada sociedade”.

A ética, então, pode ser o regimento, a lei do que seja ato moral, o controle
de qualidade da moral. Daí os códigos de ética que servem para as diferentes
micro-sociedades dentro do sistema maior.
Anotações
A ética define-se como o conhecimento, a teoria ou a ciência do comportamen-
to moral. É através da ética que compreendemos, explicamos, justificamos, ana-
lisamos criticamos e, se assim quisermos, aprimoramos a moral da sociedade. A
ética, em última análise, é a definidora dos valores e juízos que norteiam a moral.

Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção en-


tre comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da responsabili-
dade e de questões como a prática do aborto, da eutanásia e da pena de morte.
Conforme Cordi (2003) a ética não diz o que deve e o que não deve ser feito em
cada caso concreto, isso é da competência da moral. A partir dos fatos morais a
ética tira conclusões elaborando princípios sobre o comportamento moral.

Podemos afirmar que o conceito de Ética é mais amplo e rico do que o de


Moral. Ética implica em reflexão teórica sobre moral e revisões racionais e críticas
sobre a validade da conduta humana, sendo o estudo geral do que é bom ou
mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, indepen-
dentemente das práticas culturais.

6.2 O indivíduo e os aspectos da moral

Para Cordi (2003, p.64), “a moral é tanto um conjunto de normas que


determinam como deve ser o comportamento quanto ações realizadas de
acordo ou não com tais normas”.

88 SUPERIOR DE TECNOLOGIA• EaD UNIVALI/EDUCON

9
Ética no Serviço Público

AULA 6 • INFORMÁTICA E SOCIEDADE

Segundo o autor desde a infância a pessoa está sujeita à influência


do meio social por intermédio da família, da escola, dos amigos e dos
meios de comunicação de massa (principalmente a televisão). Assim,
ela vai adquirindo aos poucos princípios morais. Portanto, ao nascer o
sujeito se depara com um conjunto de normas já estabelecidas e aceitas
pelo meio social. Este é o aspecto social da moral.

Mas a moral não se reduz ao aspecto social. À medida que o indivíduo


desenvolve a reflexão crítica, os valores herdados passam a ser colocados
em questão. Ele reflete sobre as normas e decide aceitá-las ou negá-las. A
decisão de acatar uma norma é fruto de uma reflexão pessoal consciente
que se chama interiorização. Essa interiorização da norma é que qualifica
o ato como moral. Caso não seja interiorizado, o ato não é considerado mo-
ral, é apenas um comportamento determinado pelos instintos, pelos hábitos ou
pelos costumes.


A maneira como a consciência individual vai reagir diante das normas de-
pende tanto de elementos referentes à pessoa (formação pessoal, caráter, tempe- Essa
ramento) quanto de fatores e instituições sociais (regime político, organização so- interiorização
cial, sistema econômico, instituições culturais, meios de comunicação em massa)
da norma é
que podem criar possibilidades ou impor obstáculos à realização da moral.
que qualifica
Acompanhe o seguinte exemplo que ilustra o conceito de interiorização de o ato como
normas: se o condutor de um veículo numa via urbana parar antes da faixa de moral.”
segurança de maneira espontânea e permitir que os pedestres atravessem a rua
estará respeitando as pessoas e o Código de Trânsito Brasileiro, sendo, portanto,
um comportamento moral. Entretanto, se ele parar o veículo simplesmente por-
que tem receio de receber uma multa, seu comportamento se limita apenas ao
comprimento da lei.

No comportamento moral a pessoa sabe aquilo que precisa ser feito, in-
dependentemente das vantagens ou prejuízos que possa trazer. Assim, quando
praticamos um ato moral, poderemos até sofrer conseqüências negativas, pois o
que é moral para uns pode ser amoral ou imoral para outros. O sujeito amoral é
aquele que desconsidera as regras ou normas morais, já o sujeito imoral é aque-
le que conhece as regras ou normas, mas é contra elas.

Podemos dizer que pertence ao vasto campo da moral a reflexão sobre per-
guntas fundamentais como:

• O que devo fazer para ser justo?


• Quais valores devo escolher para guiar minha vida?
• Há uma hierarquia de valores que deve ser seguida?
• Que tipo de ser humano devo ser nas minhas relações comigo mesmo,
com meus semelhantes e com a natureza?
• Que tipo de atitudes devo praticar como pessoa e cidadão?

EaD UNIVALI/EDUCON • SUPERIOR DE TECNOLOGIA 89


10
Ética no Serviço Público

AULA 6 • INFORMÁTICA E SOCIEDADE

www.sxc.hu

Segundo Chauí (2003) para que haja conduta moral é


preciso que exista uma pessoa (sujeito, agente) consciente,
isto é, que conhece a diferença entre o bem e o mal, certo
e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciên-
cia moral não só conhece tais diferenças, mas também se
reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e das con-
dutas e de agir em conformidade com os valores morais,
sendo por isso responsável por suas ações e sentimentos,
bem como pelas conseqüências do que faz e sente. Cons-
ciência e responsabilidade são condições indispensáveis da
vida ética.

A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na ca-


pacidade para deliberar diante das alternativas possíveis,
decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na
Figura 1 - Interiorização. ação. Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações
pessoais, as exigências feitas pela situação, as conseqüên-
cias para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins (empregar


meios imorais para alcançar fins morais é impossível), a obrigação de res-
peitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou
Consciência e injusto).
responsabilidade
O sujeito moral ou ético, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher
são condições as seguintes condições, conforme Chauí (2003):
indispensáveis
da vida ética.” • Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de
reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele.
• Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orien-
tar desejos, impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em
conformidade com a consciência) e de capacidade para deliberar e
decidir entre as diversas alternativas possíveis.
• Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar
os efeitos e conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la
bem como às suas conseqüências, respondendo por elas.
• Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus
sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes
externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer al-
guma coisa. A liberdade não é tanto para escolher entre alternativas
possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as
regras de conduta.

Se todos os seres humanos reunissem essas condições de forma plena, cer-


tamente teríamos um mundo melhor. Mas, como isso não ocorre de maneira es-
pontânea, em muitas situações é necessário formalizar certas normas de conduta
social. É aí que entra o papel do Direito em dar garantias à moral.

90 SUPERIOR DE TECNOLOGIA• EaD UNIVALI/EDUCON

11
Ética no Serviço Público
AULA 6 • INFORMÁTICA E SOCIEDADE

6.3 Moral e Direito

Segundo Cotrim (2002) as normas morais e as normas jurí-


dicas são estabelecidas pelos membros da sociedade e ambas
se destinam a regulamentar as relações humanas. Há vários as-
pectos comuns a estas duas esferas, pois ambas:

• Apresentam-se como imperativos, ou seja, normas que


devem ser seguidas por todos.
• Buscam propor, por meio de normas, uma melhor convi-
vência entre os indivíduos.
• Orientam-se pelos valores próprios a uma determinada
sociedade.
• Têm o caráter histórico, isto é, mudam de acordo com as
transformações histórico-sociais.

No entanto, o ator descreve diferenças fundamentais entre a


moral e o direito:
• As normas morais são cumpridas a partir de uma convicção íntima de
cada indivíduo, enquanto as normas jurídicas devem ser cumpridas, ha- Todos os
vendo ou não adesão do indivíduo a elas, sob pena de punição do Estado seres
em casos de desobediência. humanos são
• A punição, no campo do direito, está prevista na legislação, ao passo
que, no campo da moral pode variar bastante, pois depende fundamen-
iguais perante
talmente da consciência moral do sujeito que infringe a norma. Deus é uma
• A esfera da moral é ampla, atingindo diversos aspectos da vida humana, afirmação
enquanto que a esfera do direito se restringe a questões específicas nasci-
ética, um
das de interferência de condutas sócias.
• A moral não necessariamente se traduz em um código formal, enquanto princípio
o direito sim. universal.“
• O direito mantém uma relação estreita com o Estado, enquanto a moral
não apresenta esta vinculação.

As leis estão no campo da moral e devem ser avaliadas a partir de seus pres-
supostos éticos. Para que você entenda melhor vamos exemplificar. A afirmação
de que todos os seres humanos são iguais perante Deus é uma afirmação ética,
um princípio universal. A lei que considera crime a segregação racial é uma apli-
cação moral, bem como a lei que condena a escravidão.

A ética deve ser, portanto, aplicada moralmente através dos códigos legais.
As leis são instrumentos de regulamentação social.

Uma outra forma de normatizar o que é ou não moral nas sociedades são os
códigos de ética. Pode ser documentado com parágrafos e capítulos ou pode ser,
no caso de algumas culturas, uma forma de viver aceita pelos seus membros.

Quando usado na expressão “ética profissional” o termo “ética” significa o conjun-

EaD UNIVALI/EDUCON • SUPERIOR DE TECNOLOGIA 91

12
Ética no Serviço Público
AULA 6 • INFORMÁTICA E SOCIEDADE

to de princípios a serem observados pelos indivíduos no exercício de sua profissão. É


assim que se fala, por exemplo, da ética dos jornalistas, dos advogados, dos médicos,
e que também se aplica aos profissionais da área de Computação e Informática.

Atenção
Você já estudou os impactos positivos e negativos das Tecnologias de
Informação e Comunicação para a sociedade. Questões como invasão de
privacidade, acesso não-autorizado a sistemas, roubo de dados, pirataria
de software, disseminação de vírus de computador, envio de mensagens
não-solicitadas, pedofilia, entre outros crimes estão sujeitos a penalida-
des previstas em leis. Essas penalidades se aplicam a todos os cidadãos,
sendo que o profissional da área de Computação e Informática deve ter
ainda mais responsabilidade no seu comportamento moral e ético, ser
ainda mais responsável pelos seus atos.

Anotações 6.4 Ética Profissional

A reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão, ou seja,


sobre a ética profissional, deve iniciar bem antes da prática profissional.

Segundo Glock e Goldim (2003) a fase da escolha profissional, ainda du-


rante a adolescência muitas vezes, já deve ser permeada por esta reflexão. A
escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres
profissionais passa a ser obrigatório. Geralmente, quando você é jovem escolhe
sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que está preste ao assumir, tor-
nando-se parte daquela categoria que escolheu.

Toda a fase de formação profissional, isto é, o aprendizado das habilidades


e competências referentes à prática específica numa determinada área, deve in-
cluir a reflexão antes mesmo do início de qualquer atividade que irá realizar. Ao
completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento que significa
sua adesão e comprometimento com a categoria profissional onde formalmente
ingressa. Isto caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, esta
adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais
adequadas para o seu exercício.

Mas pode ser que você precise começar a trabalhar antes de estudar ou
paralelamente aos estudos e inicia uma atividade profissional sem completar os
estudos ou em área que nunca estudou, aprendendo na prática. Isto não exime
você da responsabilidade assumida ao iniciar esta atividade! O fato de uma pes-
soa trabalhar numa área que não escolheu livremente, o fato de “pegar o que
apareceu” como emprego por precisar trabalhar, o fato de exercer atividade re-
munerada onde não pretende seguir carreira, não isenta da responsabilidade de
pertencer, mesmo que temporariamente, a uma classe, e há deveres a cumprir.

Um jovem que, por exemplo, exerce a atividade de auxiliar de almoxarifado

92 SUPERIOR DE TECNOLOGIA• EaD UNIVALI/EDUCON

13
Ética no Serviço Público

Ética no Serviço Público

DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994

Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor ANEXO


Público Civil do Poder Executivo Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das
atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37
da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117
da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e
nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, DECRETA: CAPÍTULO I
Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética
Seção I
Profissional do Servidor Público Civil do Poder DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
Executivo Federal, que com este baixa.
A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração e a consciência dos princípios morais são
Pública Federal direta e indireta implementarão, primados maiores que devem nortear
em sessenta dias, as providências necessárias o servidor público, seja no exercício do
à plena vigência do Código de Ética, inclusive cargo ou função, ou fora dele, já que
mediante a Constituição da respectiva refletirá o exercício da vocação do próprio
Comissão de Ética, integrada por três servidores poder estatal. Seus atos, comportamentos
ou empregados titulares de cargo efetivo ou e atitudes serão direcionados para a
emprego permanente. preservação da honra e da tradição dos
Parágrafo único. A constituição da Comissão serviços públicos.
de Ética será comunicada à Secretaria da O servidor público não poderá jamais
Administração Federal da Presidência da desprezar o elemento ético de sua conduta.
República, com a indicação dos respectivos Assim, não terá que decidir somente entre
membros titulares e suplentes. o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de e o inoportuno, mas principalmente entre
sua publicação. o honesto e o desonesto, consoante as
Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da
Independência e 106º da República. Constituição Federal.
A moralidade da Administração Pública
ITAMAR FRANCO não se limita à distinção entre o bem e o
Romildo Canhim mal, devendo ser acrescida da ideia de que
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
Este texto não substitui o publicado no DOU de entre a legalidade e a finalidade, na conduta
23.06.1994. do servidor público, é que poderá consolidar
a moralidade do ato administrativo.

14
9
Ética no Serviço Público

A remuneração do servidor público dano moral. Da mesma forma, causar dano


é custeada pelos tributos pagos direta ou a qualquer bem pertencente ao patrimônio
indiretamente por todos, até por ele próprio, público, deteriorando-o, por descuido ou
e por isso se exige, como contrapartida, que má vontade, não constitui apenas uma
a moralidade administrativa se integre no ofensa ao equipamento e às instalações ou
Direito, como elemento indissociável de sua ao Estado, mas a todos os homens de boa
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, vontade que dedicaram sua inteligência,
como consequência, em fator de legalidade. seu tempo, suas esperanças e seus esforços
O trabalho desenvolvido pelo servidor para construí-los.
público perante a comunidade deve ser Deixar o servidor público qualquer
entendido como acréscimo ao seu próprio pessoa à espera de solução que compete
bem-estar, já que, como cidadão, integrante ao setor em que exerça suas funções,
da sociedade, o êxito desse trabalho permitindo a formação de longas filas,
pode ser considerado como seu maior ou qualquer outra espécie de atraso na
patrimônio. prestação do serviço, não caracteriza
A função pública deve ser tida como apenas atitude contra a ética ou ato de
exercício profissional e, portanto, se integra desumanidade, mas principalmente grave
na vida particular de cada servidor público. dano moral aos usuários dos serviços
Assim, os fatos e atos verificados na conduta públicos.
do dia-a-dia em sua vida privada poderão O servidor deve prestar toda a sua
acrescer ou diminuir o seu bom conceito na atenção às ordens legais de seus superiores,
vida funcional. velando atentamente por seu cumprimento,
Salvo os casos de segurança nacional, e, assim, evitando a conduta negligente.
investigações policiais ou interesse Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo
superior do Estado e da Administração de desvios tornam-se, às vezes, difíceis
Pública, a serem preservados em processo de corrigir e caracterizam até mesmo
previamente declarado sigiloso, nos imprudência no desempenho da função
termos da lei, a publicidade de qualquer pública.
ato administrativo constitui requisito Toda ausência injustificada do
de eficácia e moralidade, ensejando sua servidor de seu local de trabalho é fator
omissão comprometimento ético contra o de desmoralização do serviço público, o
bem comum, imputável a quem a negar. que quase sempre conduz à desordem nas
Toda pessoa tem direito à verdade. relações humanas.
O servidor não pode omiti-la ou falseá- O servidor que trabalha em harmonia
la, ainda que contrária aos interesses com a estrutura organizacional, respeitando
da própria pessoa interessada ou da seus colegas e cada concidadão, colabora e
Administração Pública. Nenhum Estado de todos pode receber colaboração, pois sua
pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder atividade pública é a grande oportunidade
corruptivo do hábito do erro, da opressão para o crescimento e o engrandecimento da
ou da mentira, que sempre aniquilam até Nação.
mesmo a dignidade humana quanto mais a
de uma Nação. Seção II
A cortesia, a boa vontade, o cuidado DOS PRINCIPAIS DEVERES DO
e o tempo dedicados ao serviço público SERVIDOR PÚBLICO
caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
mal uma pessoa que paga seus tributos São deveres fundamentais do servidor
direta ou indiretamente significa causar-lhe público:

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Ética no Serviço Público

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do ser assíduo e frequente ao serviço,


cargo, função ou emprego público de que na certeza de que sua ausência provoca
seja titular; danos ao trabalho ordenado, refletindo
b) exercer suas atribuições com rapidez, negativamente em todo o sistema;
perfeição e rendimento, pondo fim ou m) comunicar imediatamente a seus
procurando prioritariamente resolver superiores todo e qualquer ato ou fato
situações procrastinatórias, principalmente contrário ao interesse público, exigindo as
diante de filas ou de qualquer outra espécie providências cabíveis;
de atraso na prestação dos serviços pelo n) manter limpo e em perfeita ordem o local
setor em que exerça suas atribuições, com o de trabalho, seguindo os métodos mais
fim de evitar dano moral ao usuário; adequados à sua organização e distribuição;
c) ser probo, reto, leal e justo,
o) participar dos movimentos e estudos que
demonstrando toda a integridade do seu
se relacionem com a melhoria do exercício
caráter, escolhendo sempre, quando estiver
de suas funções, tendo por escopo a
diante de duas opções, a melhor e a mais
realização do bem comum;
vantajosa para o bem comum;
p) apresentar-se ao trabalho com
d) jamais retardar qualquer prestação de
contas, condição essencial da gestão dos vestimentas adequadas ao exercício da
função;
bens, direitos e serviços da coletividade a
seu cargo; q) manter-se atualizado com as instruções,
e) tratar cuidadosamente os usuários dos as normas de serviço e a legislação
serviços aperfeiçoando o processo de pertinentes ao órgão onde exerce suas
comunicação e contato com o público; funções;
f) ter consciência de que seu trabalho r) cumprir, de acordo com as normas do
é regido por princípios éticos que se serviço e as instruções superiores, as tarefas
materializam na adequada prestação dos de seu cargo ou função, tanto quanto
serviços públicos; possível, com critério, segurança e rapidez,
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade mantendo tudo sempre em boa ordem.
e atenção, respeitando a capacidade e as facilitar a fiscalização de todos atos ou
limitações individuais de todos os usuários serviços por quem de direito;
do serviço público, sem qualquer espécie t) exercer com estrita moderação as
de preconceito ou distinção de raça, sexo, prerrogativas funcionais que lhe sejam
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
político e posição social, abstendo-se, dessa contrariamente aos legítimos interesses
forma, de causar-lhes dano moral; dos usuários do serviço público e dos
h) ter respeito à hierarquia, porém sem jurisdicionados administrativos;
nenhum temor de representar contra u) abster-se, de forma absoluta, de exercer
qualquer comprometimento indevido da sua função, poder ou autoridade com
estrutura em que se funda o Poder Estatal; finalidade estranha ao interesse público,
i) resistir a todas as pressões de superiores mesmo que observando as formalidades
hierárquicos, de contratantes, interessados legais e não cometendo qualquer violação
e outros que visem obter quaisquer favores, expressa à lei;
benesses ou vantagens indevidas em v) divulgar e informar a todos os integrantes
decorrência de ações imorais, ilegais ou da sua classe sobre a existência deste
aéticas e denunciá-las; Código de Ética, estimulando o seu integral
j) zelar, no exercício do direito de greve, cumprimento.
pelas exigências específicas da defesa da
vida e da segurança coletiva;

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16
Ética no Serviço Público

Seção III retirar da repartição pública, sem


DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR estar legalmente autorizado, qualquer
documento, livro ou bem pertencente ao
PÚBLICO patrimônio público;
E vedado ao servidor público; m) fazer uso de informações privilegiadas
obtidas no âmbito interno de seu serviço,
a) o uso do cargo ou função, facilidades, em benefício próprio, de parentes, de
amizades, tempo, posição e influências, amigos ou de terceiros;
para obter qualquer favorecimento, para si n) apresentar-se embriagado no serviço ou
ou para outrem; fora dele habitualmente;
b) prejudicar deliberadamente a reputação o) dar o seu concurso a qualquer instituição
de outros servidores ou de cidadãos que que atente contra a moral, a honestidade
deles dependam; ou a dignidade da pessoa humana;
c) ser, em função de seu espírito de p) exercer atividade profissional aética ou
solidariedade, conivente com erro ou ligar o seu nome a empreendimentos de
infração a este Código de Ética ou ao Código cunho duvidoso.
de Ética de sua profissão;
d) usar de artifícios para procrastinar ou
dificultar o exercício regular de direito por CAPÍTULO II
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral DAS COMISSÕES DE ÉTICA
ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos Em todos os órgãos e entidades
e científicos ao seu alcance ou do seu da Administração Pública Federal direta,
conhecimento para atendimento do seu indireta autárquica e fundacional, ou em
mister; qualquer órgão ou entidade que exerça
f) permitir que perseguições, simpatias, atribuições delegadas pelo poder público,
antipatias, caprichos, paixões ou interesses deverá ser criada uma Comissão de Ética,
de ordem pessoal interfiram no trato encarregada de orientar e aconselhar
com o público, com os jurisdicionados sobre a ética profissional do servidor,
administrativos ou com colegas no tratamento com as pessoas e com
hierarquicamente superiores ou inferiores; o patrimônio público, competindo-lhe
conhecer concretamente de imputação ou
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou
de procedimento susceptível de censura.
receber qualquer tipo de ajuda financeira,
gratificação, prêmio, comissão, doação À Comissão de Ética incumbe
ou vantagem de qualquer espécie, para fornecer, aos organismos encarregados
si, familiares ou qualquer pessoa, para da execução do quadro de carreira
o cumprimento da sua missão ou para dos servidores, os registros sobre sua
influenciar outro servidor para o mesmo conduta ética, para o efeito de instruir e
fim; fundamentar promoções e para todos os
demais procedimentos próprios da carreira
h) alterar ou deturpar o teor de documentos
do servidor público.
que deva encaminhar para providências;
A pena aplicável ao servidor público
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa
pela Comissão de Ética é a de censura e
que necessite do atendimento em serviços
sua fundamentação constará do respectivo
públicos;
parecer, assinado por todos os seus
j) desviar servidor público para atendimento integrantes, com ciência do faltoso.
a interesse particular;

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12
Ética no Serviço Público

Para fins de apuração do direta ou indiretamente a qualquer órgão


comprometimento ético, entende-se por do poder estatal, como as autarquias,
servidor público todo aquele que, por força as fundações públicas, as entidades
de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, paraestatais, as empresas públicas e as
preste serviços de natureza permanente, sociedades de economia mista, ou em
temporária ou excepcional, ainda que sem qualquer setor onde prevaleça o interesse
retribuição financeira, desde que ligado do Estado.

Vide RES/CEP/Casa Civil, de 2008 as Comissões de Ética de que trata o


Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994; e
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder
Executivo Federal, e dá outras providências. as demais Comissões de Ética e
equivalentes nas entidades e órgãos do
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da
Poder Executivo Federal.
atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea a, da Constituição, DECRETA: Art. 3º A CEP será integrada por sete brasileiros
que preencham os requisitos de idoneidade
Art. 1º Fica instituído o Sistema de Gestão
moral, reputação ilibada e notória experiência
da Ética do Poder Executivo Federal com a
em administração pública, designados pelo
finalidade de promover atividades que dispõem
Presidente da República, para mandatos de três
sobre a conduta ética no âmbito do Executivo
anos, não coincidentes, permitida uma única
Federal, competindo-lhe:
recondução.
integrar os órgãos, programas e ações
§ 1º A atuação no âmbito da CEP não
relacionadas com a ética pública;
enseja qualquer remuneração para seus
contribuir para a implementação de membros e os trabalhos nela desenvolvidos
políticas públicas tendo a transparência e são considerados prestação de relevante
o acesso à informação como instrumentos serviço público.
fundamentais para o exercício de gestão da
§ 2º O Presidente terá o voto de qualidade
ética pública;
nas deliberações da Comissão.
promover, com apoio dos segmentos
§ 3º Os mandatos dos primeiros membros
pertinentes, a compatibilização e interação
serão de um, dois e três anos, estabelecidos
de normas, procedimentos técnicos e de
no decreto de designação.
gestão relativos à ética pública;
Art. 4º À CEP compete:
articular ações com vistas a estabelecer
e efetivar procedimentos de incentivo e I – atuar como instância consultiva do
incremento ao desempenho institucional na Presidente da República e Ministros de
gestão da ética pública do Estado brasileiro. Estado em matéria de ética pública;
Art. 2º Integram o Sistema de Gestão da Ética II – administrar a aplicação do Código de
do Poder Executivo Federal: Conduta da Alta Administração Federal,
devendo:
instituída pelo Decreto de 26 de maio de a) submeter ao Presidente da República
1999; medidas para seu aprimoramento;

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18
Ética no Serviço Público

b) dirimir dúvidas a respeito de Art. 7º Compete às Comissões de Ética de que


interpretação de suas normas, deliberando tratam os incisos II e III do art. 2º:
sobre casos omissos;
atuar como instância consultiva de
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, dirigentes e servidores no âmbito de seu
condutas em desacordo com as normas respectivo órgão ou entidade;
nele previstas, quando praticadas pelas
autoridades a ele submetidas; aplicar o Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo
dirimir dúvidas de interpretação sobre Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171 de
as normas do Código de Ética Profissional 1994, devendo:
do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal de que trata o Decreto nº 1.171, de a) submeter à Comissão de Ética Pública
1994; propostas para seu aperfeiçoamento;

coordenar, avaliar e supervisionar o b) dirimir dúvidas a respeito da


Sistema de Gestão da Ética Pública do Poder interpretação de suas normas e deliberar
Executivo Federal; sobre casos omissos;

aprovar o seu regimento interno; e c) apurar, mediante denúncia ou de ofício,


conduta em desacordo com as normas
escolher o seu Presidente. éticas pertinentes; e
Parágrafo único. A CEP contará com d) recomendar, acompanhar e avaliar, no
uma Secretaria-Executiva, vinculada à âmbito do órgão ou entidade a que estiver
Casa Civil da Presidência da República, à vinculada, o desenvolvimento de ações
qual competirá prestar o apoio técnico e objetivando a disseminação, capacitação
administrativo aos trabalhos da Comissão. e treinamento sobre as normas de ética e
disciplina;
Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata
o Decreto nº 1.171 de 1994, será integrada representar a respectiva entidade ou
por três membros titulares e três suplentes, órgão na Rede de Ética do Poder Executivo
escolhidos entre servidores e empregados do Federal a que se refere o art. 9º; e
seu quadro permanente, e designados pelo
dirigente máximo da respectiva entidade ou supervisionar a observância do Código
órgão, para mandatos não coincidentes de três de Conduta da Alta Administração Federal
anos. e comunicar à CEP situações que possam
configurar descumprimento de suas
Art. 6º É dever do titular de entidade ou órgão normas.
da Administração Pública Federal, direta e
indireta: § 1º Cada Comissão de Ética contará
com uma Secretaria-Executiva, vinculada
I – assegurar as condições de trabalho para administrativamente à instância máxima
que as Comissões de Ética cumpram suas da entidade ou órgão, para cumprir plano
funções, inclusive para que do exercício das de trabalho por ela aprovado e prover o
atribuições de seus integrantes não lhes apoio técnico e material necessário ao
resulte qualquer prejuízo ou dano; cumprimento das suas atribuições.
II – conduzir em seu âmbito a avaliação § 2º As Secretarias-Executivas das Comissões
da gestão da ética conforme processo de Ética serão chefiadas por servidor ou
coordenado pela Comissão de Ética Pública. empregado do quadro permanente da
entidade ou órgão, ocupante de cargo de

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19
Ética no Serviço Público

direção compatível com sua estrutura, da CEP ou de Comissão de Ética, visando à


alocado sem aumento de despesas. apuração de infração ética imputada a agente
público, órgão ou setor específico de ente
Art. 8º Compete às instâncias superiores dos estatal.
órgãos e entidades do Poder Executivo Federal,
abrangendo a administração direta e indireta: Parágrafo único. Entende-se por agente
público, para os fins deste Decreto, todo
observar e fazer observar as normas de aquele que, por força de lei, contrato
ética e disciplina; ou qualquer ato jurídico, preste serviços
constituir Comissão de Ética; de natureza permanente, temporária,
excepcional ou eventual, ainda que sem
garantir os recursos humanos, materiais retribuição financeira, a órgão ou entidade
e financeiros para que a Comissão cumpra da administração pública federal, direta e
com suas atribuições; e indireta.
atender com prioridade às solicitações Art. 12. O processo de apuração de prática de
da CEP. ato em desrespeito ao preceituado no Código
de Conduta da Alta Administração Federal e
Art. 9º Fica constituída a Rede de Ética do
Poder Executivo Federal, integrada pelos no Código de Ética Profissional do Servidor
representantes das Comissões de Ética de que Público Civil do Poder Executivo Federal será
instaurado, de ofício ou em razão de denúncia
tratam os incisos I, II e III do art. 2º, com o
objetivo de promover a cooperação técnica e a fundamentada, respeitando-se, sempre, as
avaliação em gestão da ética. garantias do contraditório e da ampla defesa,
pela Comissão de Ética Pública ou Comissões de
Parágrafo único. Os integrantes da Rede Ética de que tratam o incisos II e III do art. 2º,
de Ética se reunirão sob a coordenação conforme o caso, que notificará o investigado
da Comissão de Ética Pública, pelo menos para manifestar-se, por escrito, no prazo de dez
uma vez por ano, em fórum específico, dias.
para avaliar o programa e as ações para
a promoção da ética na administração § 1º O investigado poderá produzir prova
pública. documental necessária à sua defesa.
§ 2º As Comissões de Ética poderão
Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais
requisitar os documentos que entenderem
Comissões de Ética devem ser desenvolvidos necessários à instrução probatória e,
com celeridade e observância dos seguintes também, promover diligências e solicitar
princípios: parecer de especialista.
proteção à honra e à imagem da pessoa § 3º Na hipótese de serem juntados aos
investigada; autos da investigação, após a manifestação
referida no caput deste artigo, novos
proteção à identidade do denunciante, elementos de prova, o investigado será
que deverá ser mantida sob reserva, se este notificado para nova manifestação, no
assim o desejar; e prazo de dez dias.
independência e imparcialidade dos § 4º Concluída a instrução processual,
seus membros na apuração dos fatos, com as Comissões de Ética proferirão decisão
as garantias asseguradas neste Decreto. conclusiva e fundamentada.

Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, § 5º Se a conclusão for pela existência de
pessoa jurídica de direito privado, associação ou falta ética, além das providências previstas
no Código de Conduta da Alta Administração
entidade de classe poderá provocar a atuação

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20
Ética no Serviço Público

Federal e no Código de Ética Profissional do teor da acusação e de ter vista dos autos, no
Servidor Público Civil do Poder Executivo recinto das Comissões de Ética, mesmo que
Federal, as Comissões de Ética tomarão as ainda não tenha sido notificada da existência do
seguintes providências, no que couber: procedimento investigatório.
encaminhamento de sugestão de Parágrafo único. O direito assegurado neste
exoneração de cargo ou função de confiança artigo inclui o de obter cópia dos autos e de
à autoridade hierarquicamente superior ou certidão do seu teor.
devolução ao órgão de origem, conforme o
caso; Art. 15. Todo ato de posse, investidura em
função pública ou celebração de contrato
encaminhamento, conforme o caso, de trabalho, dos agentes públicos referidos
para a Controladoria-Geral da União ou no parágrafo único do art. 11, deverá ser
unidade específica do Sistema de Correição acompanhado da prestação de compromisso
do Poder Executivo Federal de que trata o solene de acatamento e observância das regras
Decreto nº 5.480, de 30 de junho de 2005, estabelecidas pelo Código de Conduta da Alta
para exame de eventuais transgressões Administração Federal, pelo Código de Ética
disciplinares; e Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal e pelo Código de Ética do
recomendação de abertura de órgão ou entidade, conforme o caso.
procedimento administrativo, se a
gravidade da conduta assim o exigir. Parágrafo único. A posse em cargo ou
função pública que submeta a autoridade
Art. 13. Será mantido com a chancela de às normas do Código de Conduta da Alta
“reservado”, até que esteja concluído, qualquer Administração Federal deve ser precedida
procedimento instaurado para apuração de de consulta da autoridade à Comissão de
prática em desrespeito às normas éticas. Ética Pública acerca de situação que possa
§ 1º Concluída a investigação e após a suscitar conflito de interesses.
deliberação da CEP ou da Comissão de Art. 16. As Comissões de Ética não poderão
Ética do órgão ou entidade, os autos do escusar-se de proferir decisão sobre matéria de
procedimento deixarão de ser reservados. sua competência alegando omissão do Código
§ 2º Na hipótese de os autos estarem de Conduta da Alta Administração Federal, do
instruídos com documento acobertado Código de Ética Profissional do Servidor Público
por sigilo legal, o acesso a esse tipo de Civil do Poder Executivo Federal ou do Código
documento somente será permitido a de Ética do órgão ou entidade, que, se existente,
quem detiver igual direito perante o órgão será suprida pela analogia e invocação aos
ou entidade originariamente encarregado princípios da legalidade, impessoalidade,
da sua guarda. moralidade, publicidade e eficiência.

§ 3º Para resguardar o sigilo de documentos § 1º Havendo dúvida quanto à legalidade, a


que assim devam ser mantidos, as Comissões Comissão de Ética competente deverá ouvir
de Ética, depois de concluído o processo de previamente a área jurídica do órgão ou
investigação, providenciarão para que tais entidade.
documentos sejam desentranhados dos § 2º Cumpre à CEP responder a consultas
autos, lacrados e acautelados. sobre aspectos éticos que lhe forem
Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo dirigidas pelas demais Comissões de Ética
investigada é assegurado o direito de saber o e pelos órgãos e entidades que integram
que lhe está sendo imputado, de conhecer o o Executivo Federal, bem como pelos
cidadãos e servidores que venham a ser

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21
Ética no Serviço Público

indicados para ocupar cargo ou função e III do art. 2º e de suas próprias sanções, para
abrangida pelo Código de Conduta da Alta fins de consulta pelos órgãos ou entidades da
Administração Federal. administração pública federal, em casos de
nomeação para cargo em comissão ou de alta
Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que relevância pública.
constatarem a possível ocorrência de ilícitos
penais, civis, de improbidade administrativa Parágrafo único. O banco de dados referido
ou de infração disciplinar, encaminharão neste artigo engloba as sanções aplicadas a
cópia dos autos às autoridades competentes qualquer dos agentes públicos mencionados
para apuração de tais fatos, sem prejuízo das no parágrafo único do art. 11 deste Decreto.
medidas de sua competência.
Art. 23. Os representantes das Comissões de
Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2º
na análise de qualquer fato ou ato submetido atuarão como elementos de ligação com a
à sua apreciação ou por ela levantado, serão CEP, que disporá em Resolução própria sobre
resumidas em ementa e, com a omissão dos as atividades que deverão desenvolver para o
nomes dos investigados, divulgadas no sítio do cumprimento desse mister.
próprio órgão, bem como remetidas à Comissão
de Ética Pública. Art. 24. As normas do Código de Conduta da
Alta Administração Federal, do Código de Ética
Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
de que tratam os incisos II e III do art. 2º são Executivo Federal e do Código de Ética do órgão
considerados relevantes e têm prioridade ou entidade aplicam-se, no que couber, às
sobre as atribuições próprias dos cargos dos autoridades e agentes públicos neles referidos,
seus membros, quando estes não atuarem com mesmo quando em gozo de licença.
exclusividade na Comissão.
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX,
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração XXI, XXIII e XXV
Pública Federal darão tratamento prioritário
às solicitações de documentos necessários à Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22
instrução dos procedimentos de investigação de junho de 1994, os arts. 2º e 3º do Decreto
instaurados pelas Comissões de Ética. de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de
§ 1º Na hipótese de haver inobservância Decretos de 30 de agosto de
do dever funcional previsto no caput, a 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem
Comissão de Ética adotará as providências
previstas no inciso III do § 5º do art. 12. Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da
§ 2º As autoridades competentes não sua publicação.
poderão alegar sigilo para deixar de prestar
informação solicitada pelas Comissões de
Ética.
Art. 21. A infração de natureza ética cometida
por membro de Comissão de Ética de que
tratam os incisos II e III do art. 2º será apurada
pela Comissão de Ética Pública.
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá
banco de dados de sanções aplicadas pelas
Comissões de Ética de que tratam os incisos II

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22
Ética no Serviço Público

Questões

1. serviço público, pois envolve uma atividade


2008) Considerando o padrão ético a ser que não guarda relação direta com as
observado pelo servidor público do Poder atribuições de seu cargo.
Executivo Federal, pode-se afirmar que a II – Marcos é servidor público e, todos os
esse dias, sai para bares com amigos e ingere
grande quantidade de bebida alcoólica.
qualquer favorecimento, para si ou para Por conta disso, Marcos é conhecido por
outrem; embriagar-se habitualmente, e, ainda que
isso não interfira na sua assiduidade ao
serviço, tem afetado reiteradamente a sua
atos, por quem de direito; pontualidade, situação que Marcos busca
compensar trabalhando além do horário de
pessoais interfiram no trato com o público; expediente Nesse caso, o comportamento
de Marcos não pode ser considerado
as instruções recebidas de seus superiores incompatível com o serviço público.
hierárquicos, ainda que, segundo seu III – Há algum tempo, Bruno, servidor
julgamento, sejam estas contrárias às público responsável pelo controle do
normas legais. material de expediente do setor em que
Estão corretas as afirmativas:
pública lotada nesse mesmo setor, utiliza
a) I e III, apenas. recursos materiais da repartição em
b) II e III, apenas. atividades particulares. Em razão de seu
c) I, II e III, apenas. espírito de solidariedade e da amizade que
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV. ao conhecimento do chefe do setor os
atos praticados por sua colega de trabalho.
2. Nessa situação, Bruno age de forma correta,
servidor público deve ter consciência de pois compete ao chefe detectar, por si
que seu trabalho é regido por princípios mesmo, quaisquer irregularidades no setor,
éticos que se materializam na adequada caracterizando ofensa à ética o servidor
prestação dos serviços públicos. Em cada público denunciar colega de trabalho.
item a seguir é apresentada uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva que IV – Ricardo, servidor público, enquanto
deve ser julgada em (C) CERTO ou (E) participava da preparação de um edital de
ERRADO, considerando os princípios éticos licitação para contratação de fornecimento
do serviço público. de refeições para o órgão em que trabalha,
antecipou algumas das regras que iriam
I – Cláudio é servidor público e, para fazer parte do edital para Carlos, dono
aumentar a sua renda, comercializa, em seu de uma empresa de fornecimento de
ambiente de trabalho, mas fora do horário marmitas, famosa pela boa qualidade e
normal de expediente, cópias de CDs e ótimos preços dos seus produtos, a fim
DVDs. Nessa situação, a conduta de Cláudio de que esse pudesse adequar alguns
não pode ser considerada imprópria ao procedimentos de sua empresa ao edital.

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19
Ética no Serviço Público

A iniciativa de Ricardo deveu-se somente III – O servidor não deve se ausentar


ao fato de ele conhecer bem os produtos injustificadamente de seu local de trabalho,
da empresa de Carlos, não lhe trazendo podendo assim, causar desordens nas
qualquer vantagem pecuniária. relações humanas.
Nessa situação, é correto afirmar que a)
Ricardo agiu em prol do interesse coletivo e b)
que a sua atitude não fere a ética no serviço c)
público. d)
a) e)
b)
c) 5. Em cada um dos itens a seguir, é
d) apresentada uma situação hipotética acerca
e) da ética no serviço público, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
3 . (CEF/2008) Considerando o padrão ético I – Tadeu, funcionário de um órgão de
a ser observado pelo servidor público do atendimento ao público, exerce suas
Poder Executivo Federal, pode-se afirmar atribuições com agilidade e correção e
que a esse: procura prioritariamente atender aqueles
usuários mais necessitados, conforme sua
qualquer favorecimento, para si ou para avaliação. Nessa situação Tadeu apresenta
outrem; comportamento antiético, pois privilegia
o atendimento de uns em detrimento de
outros.
atos, por quem de direito;
II – Maria das Graças, no exercício do
cargo de gerência pública distrital, atenta
pessoais interfiram no trato com o público; às ordens de seus superiores, dá pronto
atendimento a elas, mesmo tendo de
as instruções recebidas de seus superiores estabelecer prazos inexequíveis para a
hierárquicos, ainda que, segundo seu execução das tarefas, impondo sobrecarga
julgamento, sejam essas contrárias às de trabalho a sua equipe. Nessa situação,
normas legais. Maria das Graças cumpre com ética o
desempenho da função pública.
Estão corretas as afirmativas:
III – Márcio, servidor público, na certeza
a) I e III, apenas. de que a sua ausência provoca danos ao
b) II e III, apenas. trabalho e reflete negativamente em todo
c) I, II e III, apenas. o sistema do órgão, é assíduo, pontual
d) I, III e IV, apenas. e produtivo. Nessa situação, Márcio
apresenta conduta ética adequada ao
4. serviço público.
(C) CERTO ou (E) ERRADO.
IV – Francisco, no exercício de cargo público,
I – O servidor deve estar atento para que os presenciou fraude praticada por seu chefe
fatos de sua vida particular não influenciem imediato no ambiente organizacional.
o seu bom conceito na vida funcional. Nessa situação, por ter consciência de que
II – Todo servidor tem o dever de dizer seu trabalho é regido por princípios éticos,
a verdade, exceto se a informação for Francisco agiu corretamente ao delatar seu
contrária ao interesse público. chefe aos superiores.

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20
Ética no Serviço Público

V – Adriana, competente nos 9. Na estrutura da administração, os


aspectos técnicos e comportamentais, integrantes de comissão de ética pública
frequentemente utiliza as prerrogativas de têm cargo equivalente ao de ministro de
seu cargo público em razão de interesses Estado no que se refere a hierarquia e
pessoais. Nessa situação, Adriana faz uso remuneração.
dos direitos do funcionalismo público e age
eticamente. ( ) Certo ( ) Errado

a) C – E – C – C – E.
b) C – E – E – E – C. 10. Caso um servidor público tenha cometido
c) C – E – E – C – E. pequenos deslizes de conduta comprovados
d) C – E – C – E – E. por comissão de sindicância que recomende
e) E – E – E – E – E. a pena de censura, o relatório da comissão
de sindicância deve ser encaminhado
Acerca do Código de Ética Profissional do para a comissão de ética, pois é esta que
Servidor Público Civil do Poder Executivo tem competência para aplicar tal pena ao
Federal, julgue os próximos itens. servidor.
( ) Certo ( ) Errado
6. O código de ética se caracteriza como
decreto autônomo no que concerne à 11. (INSS Analista do Seguro Social 2012)
lealdade à instituição a que o indivíduo Manoel, servidor público civil do Poder
serve. Executivo Federal, está sendo investigado
( ) Certo ( ) Errado para apuração de eventual infração ética.
Nos termos do Decreto nº 6.029/2007,
Manoel tem o direito de saber o que lhe
7. Órgãos que exercem atribuições delegadas está sendo imputado, de conhecer o teor da
do poder público devem criar comissões de acusação e de ter vista dos autos,
ética.
a) no recinto da Comissão de Ética, mesmo
( ) Certo ( ) Errado que ainda não tenha sido notificado
da existência do procedimento
8. Age de modo equivocado o servidor investigatório.
público que, ao reunir documentos para b) no recinto da Comissão de Ética,
fundamentar seu pedido de promoção, porém, apenas se tiver sido
solicita a seu chefe uma declaração que devidamente notificado da existência
ateste a lisura de sua conduta profissional. do procedimento investigatório.
O equívoco refere-se ao fato de que, nessa c) dentro ou fora da Comissão de
situação, o pedido deveria ser feito não ao Ética, mesmo que ainda não tenha
chefe, mas à comissão de ética, que tem a sido notificado da existência do
incumbência de fornecer registros acerca procedimento investigatório.
da conduta ética de servidor para instruir d) dentro ou fora da Comissão de
sua promoção. Ética, porém, apenas se tiver sido
devidamente notificado da existência
( ) Certo ( ) Errado do procedimento investigatório.
e) no recinto da Comissão de Ética, não
estando, no entanto, incluído em tal
direito o de obter cópia dos autos.

21

25
Ética no Serviço Público

12. (INSS Analista do Seguro Social 2012) No o fato narrado no item I não implica
que concerne à Comissão de Ética Pública vedação, vez que a lei veda embriaguez
– CEP, consoante as disposições previstas apenas no local do serviço.
no Decreto nº 6.029/2007, pode-se afirmar c) apenas o fato descrito no item I
que constitui vedação ao servidor público,
desde que ele seja efetivo.
a) contará com uma Secretaria-Executiva, d) ambos os fatos não constituem
vedações ao servidor público, embora
qual competirá prestar o apoio técnico possam ter implicações em outras
e administrativo aos trabalhos da searas do Direito.
Comissão. e) ambos os fatos constituem vedações ao
b) seus integrantes serão designados servidor público.
para mandatos de três anos,
não coincidentes, sendo vedada 14. (INSS Analista do Seguro Social 2012)
recondução. Nos termos do Decreto nº 1.171/1994,
c) a atuação no âmbito da CEP enseja a pena aplicável ao servidor público pela
remuneração a seus membros e os Comissão de Ética é a de censura e sua
trabalhos nela desenvolvidos são fundamentação.
considerados prestação de relevante
serviço público. a) não é necessária para a aplicação da
d) compete-lhe, dentre outras atribuições, pena; no entanto, exige-se ciência do
dirimir dúvidas a respeito de faltoso.
interpretação das normas do Código de b) constará do respectivo parecer,
Conduta da Alta Administração Federal, assinado por todos os seus integrantes,
deliberando sobre casos omissos. com ciência do faltoso.
e) deve observar, dentre outros c) constará do respectivo parecer,
princípios, a proteção à identidade do assinado apenas pelo Presidente da
denunciante, que deverá sempre ser Comissão, com ciência do faltoso.
mantida sob reserva. d) não é necessária para a aplicação da
pena, sendo dispensável também a
13. (INSS Analista do Seguro Social 2012) ciência do faltoso.
Considere duas hipóteses: e) constará do respectivo parecer,
assinado apenas pelo Presidente da
Comissão, sendo dispensável a ciência
Poder Executivo Federal, tem sido vista do faltoso.
embriagada, habitualmente, em diversos
locais públicos, como eventos, festas e 15. (INSS Analista do Seguro Social 2012)
reuniões. Nos termos do Decreto nº 6.029/2007, o
procedimento para a apuração de infração
ética deve ser mantido com a chancela de
do Poder Executivo Federal, alterou o teor “reservado”. Sobre o prazo em que deve ser
de documentos que deveria encaminhar mantida tal chancela, pode-se afirmar que
para providências.
a) após a apresentação da defesa pelo
Nos termos do Decreto nº 1.171/1994, investigado, é possível a supressão da
a) ambas as servidoras públicas não se chancela de “reservado”.
sujeitam às disposições previstas no b) é possível que, a qualquer momento,
Decreto nº 1.171/1994. ainda que antes da conclusão do
b) apenas o fato descrito no item II procedimento, seja retirada tal
constitui vedação ao servidor público; chancela.

22
26
Ética no Serviço Público

c) a condição de reservado deve 17. (INSS técnico do Seguro Social 2012) Sérgio,
ser mantida até a conclusão do servidor público federal, teve ciência
procedimento e deliberação da de irregularidades ocorridas no âmbito
respectiva Comissão de Ética do órgão da Administração Pública Federal, em
ou entidade ou da CEP. razão do cargo que ocupa. Por medo de
d) tal condição deve ser mantida até retaliação, não relatou os fatos de que teve
a conclusão do procedimento, conhecimento.
independentemente de qualquer
deliberação da respectiva Comissão de Nos termos da Lei nº 8.112/1990, Sérgio
Ética do órgão ou entidade ou da CEP. a) não descumpriu dever legal.
e) após concluída a fase probatória, é b) deveria ter levado os fatos ao
possível a supressão da chancela de conhecimento da autoridade superior.
“reservado”. c) agiu corretamente, pois omitiu-se para
a salvaguarda de seus direitos.
16. d) deveria obrigatoriamente ter levado
servidor público federal, é membro de os fatos ao conhecimento do Poder
Comissão de Ética de determinado órgão
do Poder Executivo Federal e foi acusado e) agiu expressamente nos termos da lei.
do cometimento de infração de natureza
ética. Nesta hipótese, a infração ética será
apurada
a)
b) pelo Presidente da República.
c) pelo Ministro Chefe da Casa Civil.
d) pela Comissão de Ética Pública.
e) pela própria Autarquia Federal a que
está vinculado.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. B

23

27
Conhecimentos
Específicos
Enfermeiro
Conhecimentos Específicos Enfermeiro

ÍNDICE
Sumário
Conhecimentos Específicos
1. Sistema Único de Saúde (SUS – Leis nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990). princípios, diretrizes, estrutura e organização. Políticas de saúde.
Estrutura e funcionamento das instituições e suas relações com os serviços de saúde.Sistema de planejamento do SUS. Planejamento
estratégico e normativo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Níveis progressivos de assistência à saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Direitos dos usuários do SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Participação e controle social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5. Ações e programas do SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Legislação básica do SUS.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Vigilância epidemiológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
8. Vigilância em saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
9. Programas de prevenção e controle de doenças transmissíveis prevalentes no cenário epidemiológico brasileiro. . . . . . . . . . . . . . 39
10. Doenças e agravos não-transmissíveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
11. Programa Nacional de Imunizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
12. Teorias e processo de enfermagem. Taxonomias de diagnósticos de enfermagem.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
13. Procedimentos técnicos em enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
14. Assistência de enfermagem perioperatória.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
15. Assistência de enfermagem a pacientes com alterações de funções. Cardiovascular e circulatória. Digestiva e gastrointestinal. Me-
tabólica e endócrina. Renal e do trato urinário. Reprodutiva. Tegumentar. Neurológica. Musculoesquelética. . . . . . . . . . . . . . . . . 72
16. Assistência de enfermagem aplicada à saúde sexual e reprodutiva da mulher com ênfase nas ações de baixa e média complexidade.
Assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
17. Assistência de enfermagem ao recém-nascido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
18. Assistência de enfermagem à mulher no climatério e menopausa e na prevenção e no tratamento de ginecopatias. . . . . . . . . . . 133
19. Assistência de enfermagem à criança sadia (crescimento, desenvolvimento, aleitamento materno, alimentação) e cuidado nas doenças
prevalentes na infância (diarreicas e respiratórias). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
20. Atendimento a pacientes em situações de urgência e emergência. Estrutura organizacional do serviço de emergência hospitalar e
pré-hospitalar. Suporte básico de vida em emergências. Suporte avançado de vida. Atendimento inicial ao politraumatizado. Atendi-
mento na parada cardiorrespiratória. Assistência de enfermagem ao paciente crítico com distúrbios hidroeletrolíticos, acidobásicos,
insuficiência respiratória e ventilação mecânica. Insuficiência renal e métodos dialíticos. Insuficiência hepática. Avaliação de consciên-
cia no paciente em coma. Doação, captação e transplante de órgãos. Enfermagem em urgências. Violência, abuso de drogas, intoxi-
cações, emergências ambientais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
21. Gerenciamento de enfermagem em serviços de saúde. Gerenciamento de recursos humanos. Dimensionamento, recrutamento e
seleção, educação em procedimentos e métodos diagnósticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
22. Agravos à saúde relacionados ao trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
23. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
24. Pressupostos teóricos e metodológicos da pesquisa em saúde e enfermagem.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
25. Central de material e esterilização. Processamento de produtos para saúde. Processos de esterilização de produtos para saúde.Con-
trole de qualidade e validação dos processos de esterilização de produtos para saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
26. Práticas de biossegurança aplicadas ao processo de cuidar. Risco biológico e medidas de precauções básicas para a segurança indi-
vidual e coletiva no serviço de assistência à saúde. Precaução padrão e precauções por forma de transmissão das doenças. Definição,
indicações de uso e recursos materiais. Medidas de proteção cabíveis nas situações de risco potencial de exposição. . . . . . . . . . 210
27. Controle de infecção hospitalar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
28. Código de ética dos profissionais de enfermagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Conselhos de Saúde
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS – LEIS Nº 8.080/1990 E
Nº 8.142/1990).PRINCÍPIOS, DIRETRIZES, ESTRUTURA O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
E ORGANIZAÇÃO. POLÍTICAS DE SAÚDE. ESTRUTURA dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES E SUAS RELA- colegiado composto por representantes do governo, prestadores
ÇÕES COM OS SERVIÇOS DE SAÚDE. SISTEMA DE PLA- de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
NEJAMENTO DO SUS. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
NORMATIVO instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? legalmente constituído em cada esfera do governo.
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com- que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com fins lucrativos.
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu-
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
da saúde.
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi- Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede-
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona-
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente sems)
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben-
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas. Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar
de matérias referentes à saúde
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição São reconhecidos como entidades que representam os entes
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Ministério da Saúde forma que dispuserem seus estatutos.

Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional União
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da
Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública
federais. de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de
todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil,
Secretaria Estadual de Saúde (SES) e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta-
de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos,
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações,
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor-
implementar o plano estadual de saúde. mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços


de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.

1
Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estados e Distrito Federal Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-


zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados,
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- uma política de recursos humanos.
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
à saúde em seu território. mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
Municípios Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
todos e dever do Estado” (art. 196).
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recur- litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município quização, descentralização com direção única em cada esfera de
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú- prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a assistenciais.
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
pode oferecer. nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).

História do sistema único de saúde (SUS) Princípios do SUS

As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- 8.080/1990. Os principais são:
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80,
o país passou por grave crise na área econômico-financeira. Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade sem qualquer custo;
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú-
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra-
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de
à Saúde. complexidade;
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. maior atenção aos que mais necessitam;
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
saúde e alguns parlamentares. ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- Descentralização: é o processo de transferência de responsabi-
trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática, lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações
considerando a descentralização, universalização e unificação como constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui-
elementos essenciais para a reforma do setor. ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- Distrito Federal e aos municípios.
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro- Principais leis
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
em 1976. Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder
mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983. Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar-
processo de descentralização da saúde. quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes,
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a
1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre- participação da iniciativa privada.
conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.

2
Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com-
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como Instâncias de Pactuação
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
área da saúde e dá outras providências. Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
ção social em cada esfera de governo. A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Responsabilização Sanitária existentes no País.

Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do
apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
processo de pactuação, no âmbito regional.
tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
Responsabilização Macrossanitária
nesse espaço.
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus-
pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a
necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações cíficas em saúde existentes nas regiões.
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ-
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção Descentralização
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe-
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para
buições de gestão, incluindo: a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa-
pal; dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror-
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra-
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
das no Plano Municipal de Saúde; para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- financeira para o processo de municipalização.
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi- viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
ços de maior complexidade, não disponíveis no município. municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer
Responsabilização Microssanitária serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território polos regionais que garantem o atendimento da sua população e
sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de- de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre-
vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas
ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te- de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá
abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá- ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de
rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando atendimento e o processo de descentralização.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
atendimento em um nível mais primário. se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
porque possibilita melhor organização e funcionamento também
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo dos serviços de média e alta complexidade.
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
a atender as necessidades da população de seu município com efici- corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é
dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde
em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re-
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da
cursos existentes.
análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como
dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos os princi- Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
pais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os objetivos e reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cro- específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
nogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
resultados. gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações também das condições sociais, ambientais e econômicas em que
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti-
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza-
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. os resultados obtidos.
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú- a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten-
de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple-
dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é
das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém,
verdade.
desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os
saúde deve ser integral. desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa-
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten- dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e
ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos-
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De- sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais
senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá- envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo-
ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais,
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res- entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas
ponsabilidade. histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio-
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores mais, um projeto que defenda e promova a vida.
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá-
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
realização de ações conjuntas. condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose inventivas e capacidade de governo.
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação
suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de versal e igualitário às ações e serviços de saúde.
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú- que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri-
de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe-
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
em saúde e a análise de situação de saúde. Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
Competências municipais na vigilância em saúde nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, políticas e ações em cada Subsistema.
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água tes na União, nos Estados e Municípios.
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- Níveis de Gestão do SUS
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá- Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formu-
em saúde e capacitação de recursos. lação da política municipal de saúde e a provisão das ações e ser-
viços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis- pelo gestor federal e/ou estadual do SUS.
lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For-
sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe- mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza-
lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento
Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es- das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de
fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans- recursos públicos arrecadados.
ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res- Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que
ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de
deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen- Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como
tais, resguardando suas características, atribuições e competências. setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a
O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso
que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi- seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério
to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e
cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar econômica protetivas da saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun-
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre-
área de atuação do Sistema Único de Saúde. ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse-
serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi- lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina-
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias).
e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos
de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema
Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva- De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti- Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que causas.
compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen- Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que
te nos arts. 198 e 200. visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela,
a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF
todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga- Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
200 e leis específicas. Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode- devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem,
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
também, de lei para a sua exequibilidade.
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90,
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação
tido os incisos daquele artigo, tão somente).
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua
São objetivos do SUS: a) a identificação e divulgação dos fato-
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que
res condicionantes e determinantes da saúde; b) a formulação de venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia-
políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
e social, a redução de riscos de doenças e outros agravos; e c) exe- DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde.
cução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar
integrando as ações assistenciais com as preventivas, de modo a o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087-
garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde. 6/600-RJ, aqui mencionado.
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03,
de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos. instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, de-
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do terminando que suas atividades correrão à conta do orçamento do
disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de Fundo Estadual da Saúde [13], vinculado à Secretaria de Estado da
que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam- recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade
pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com
e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá pedido de cautelar.
sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou
a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta-
ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico. ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen-
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob- tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a
vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú- necessidade básica de alimentar-se.
de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis-
humana. tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si.
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o
n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu- saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda
lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer 8.080/90 [14].

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar [15], ativi- devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
dades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e não podem ser prejudicadas.
simples, de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios
forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o
da assistência social ou de outras áreas da Administração Pública conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricio- curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos
nal deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos os níveis de complexidade do sistema”.
e setores governamentais em razão de sua interface com a saúde. A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões interse- a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
toriais previstas na Lei n. 8.080/90. as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da Re- do sistema.
pública, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério da Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
Saúde: completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
a) política nacional de saúde; necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe- dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
e dos índios; individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
d) informações em saúde; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
e) insumos críticos para a saúde; los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de A integralidade da assistência é interdependente; ela não se
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho
camentos e alimentos; traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde. Ao Mi- da assistência
nistério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos (registro, E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe-
fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de serviços deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda. assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá- Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da
Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual
de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas
da assistência social [16] ou de outro setor da Administração Pú- na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts.
blica e com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos 7º VII e 37) [18]. O plano de saúde deve ser a referência para a de-
mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interes- marcação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas
sa à saúde, mas não está em seu âmbito de atuação. dos entes políticos.
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe- Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes
leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergover-
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos namentais trilaterais [19], principalmente no que se refere à divisão
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e
da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando
intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com- gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da
preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13, União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes
destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art.
“alimentação e nutrição”. 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri- Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação
buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe- de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto
cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal-
nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
considerados como competência dos órgãos e entidades que com- da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes
põe o Sistema Único de Saúde. governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre-
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos.
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente,
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que
saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover-
organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen- namentais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, TÍTULO II
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser- Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po-
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de- § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
que não contrariem a lei. pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente Saúde (SUS), em caráter complementar.
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar CAPÍTULO I
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
em instrumentos jurídicos competentes [21].
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui- Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi- terminantes da saúde;
dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer- II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale- do art. 2º desta lei;
mos dela no tópico seguinte. III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. das ações assistenciais e das atividades preventivas.
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu- Único de Saúde (SUS):
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
I - a execução de ações:
correspondentes e dá outras providências. O PRESIDENTE DA RE-
a) de vigilância sanitária;
PÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
b) de vigilância epidemiológica;
ciono a seguinte lei:
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
II - a participação na formulação da política e na execução de
ações de saneamento básico;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de saúde;
direito Público ou privado. IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
TÍTULO I endido o do trabalho;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos,
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- participação na sua produção;
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân-
exercício. cias de interesse para a saúde;
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula- VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas
ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu- para consumo humano;
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento IX - a participação no controle e na fiscalização da produção,
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati-
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. vos, tóxicos e radioativos;
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento
empresas e da sociedade. científico e tecnológico;
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco- XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de-
nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan- rivados.
tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re- nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ-
dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013) ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, saúde, abrangendo:
por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen-
pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e
social. processos, da produção ao consumo; e

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta VIII - participação da comunidade;


ou indiretamente com a saúde. IX - descentralização político-administrativa, com direção única
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de em cada esfera de governo:
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e de;
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, biente e saneamento básico;
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi- XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi- Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos pulação;
advindos das condições de trabalho, abrangendo: XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho de assistência; e
ou portador de doença profissional e do trabalho; XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único cidade de meios para fins idênticos.
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos XIV – organização de atendimento público específico e especia-
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
balho; garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427,
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- de 2017)
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; CAPÍTULO III
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-
cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re-
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
blicas e privadas; exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva
das entidades sindicais; e Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou Saúde ou órgão equivalente.
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de-
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes
correspondam.
CAPÍTULO II § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo-
rão sobre sua observância.
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri- § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po-
vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur-
de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre- sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de
vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos saúde.
seguintes princípios: Art. 11. (Vetado).
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
níveis de assistência; nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar- Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, da sociedade civil.
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de complexidade do sistema; de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
integridade física e moral; Único de Saúde (SUS).
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri- Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das
vilégios de qualquer espécie; comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; vidades:
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi- I - alimentação e nutrição;
ços de saúde e a sua utilização pelo usuário; II - saneamento e meio ambiente;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; IV - recursos humanos;

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V - ciência e tecnologia; e V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-


VI - saúde do trabalhador. drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- sistência à saúde;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
sional e superior. drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- VII - participação de formulação da política e da execução das
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de ção do meio ambiente;
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. IX - participação na formulação e na execução da política de
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de XII - realização de operações externas de natureza financeira de
2011). interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
2011). bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- -lhes assegurada justa indenização;
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen-
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à tes e Derivados;
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos
Lei nº 12.466, de 2011). internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote-
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais ção e recuperação da saúde;
aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en- XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do
tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). exercício profissional e outras entidades representativas da socie-
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co- dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes-
nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde quisa, ações e serviços de saúde;
(Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza-
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de ção inerentes ao poder de polícia sanitária;
2011). XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es-
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
tratégicos e de atendimento emergencial.
geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
SEÇÃO II
convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
DA COMPETÊNCIA
§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS)
nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
compete:
saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
de 2011). II - participar na formulação e na implementação das políticas:
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
CAPÍTULO IV b) de saneamento básico; e
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
SEÇÃO I III - definir e coordenar os sistemas:
DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;
b) de rede de laboratórios de saúde pública;
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios c) de vigilância epidemiológica; e
exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições: d) vigilância sanitária;
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação IV - participar da definição de normas e mecanismos de con-
e de fiscalização das ações e serviços de saúde; trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele
II - administração dos recursos orçamentários e financeiros decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
destinados, em cada ano, à saúde; V - participar da definição de normas, critérios e padrões para
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar
da população e das condições ambientais; a política de saúde do trabalhador;
IV - organização e coordenação do sistema de informação de VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
saúde; epidemiológica;

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VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu-
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; al e regional;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga-
consumo e uso humano; nização administrativa;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con-
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- trole e avaliação das ações e serviços de saúde;
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple-
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a e substâncias de consumo humano;
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência de portos, aeroportos e fronteiras;
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica-
à saúde; dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com-
cias de interesse para a saúde; pete:
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
atuação institucional; II - participar do planejamento, programação e organização
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis- (SUS), em articulação com sua direção estadual;
tência à saúde; III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe-
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
rentes às condições e aos ambientes de trabalho;
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
IV - executar serviços:
mente, de abrangência estadual e municipal;
a) de vigilância epidemiológica;
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
b) vigilância sanitária;
nal de Sangue, Componentes e Derivados;
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de c) de alimentação e nutrição;
saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais; d) de saneamento básico; e
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito e) de saúde do trabalhador;
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis- V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e
trito Federal; equipamentos para a saúde;
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos
em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede- municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las;
ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995) VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân-
ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra-
que representem risco de disseminação nacional. tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
compete: XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva-
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços dos de saúde;
e das ações de saúde; XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi-
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do cos de saúde no seu âmbito de atuação.
Sistema Único de Saúde (SUS); Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu- das aos Estados e aos Municípios.
tar supletivamente ações e serviços de saúde;
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e CAPÍTULO V
serviços: DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
a) de vigilância epidemiológica;
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999)
b) de vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição; e
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
d) de saúde do trabalhador;
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In-
VI - participar da formulação da política e da execução de ações cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
de saneamento básico; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
e dos ambientes de trabalho; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; 9.836, de 1999)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan- CAPÍTULO VII
ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O
nº 9.836, de 1999) TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005)
tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde -
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa- SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a
mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen- presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante
te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
1999) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a § 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será
realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que § 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di-
se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem- reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a
plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu- ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído
trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação pela Lei nº 11.108, de 2005)
sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de § 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em
1999) local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de
ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado. 2013)
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO VIII
9.836, de 1999)
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011)
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po- INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
Lei nº 9.836, de 1999) a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao 12.401, de 2011)
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
CAPÍTULO VI das as seguintes definições:
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
E INTERNAÇÃO DOMICILIAR coletoras e equipamentos médicos;
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002) II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
pela Lei nº 10.424, de 2002) das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
de 2002) vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu- Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS:
tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
2011) I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
2011) so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma na Anvisa.”
suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci- medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
pela Lei nº 12.401, de 2011) tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu- TÍTULO III
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, CAPÍTULO I
de 2011) DO FUNCIONAMENTO
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- promoção, proteção e recuperação da saúde.
do pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista condições para seu funcionamento.
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- 2015)
do pela Lei nº 12.401, de 2011) I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- 2015)
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nº 13.097, de 2015)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- Lei nº 13.097, de 2015)
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no 13.097, de 2015)
que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, pela Lei nº 13.097, de 2015)
de 2011)
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, CAPÍTULO II
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art.
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- serviços ofertados pela iniciativa privada.
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei das, a respeito, as normas de direito público.
nº 12.401, de 2011) Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Sistema Único de Saúde (SUS).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços I - (Vetado)


e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no tência à saúde;
Conselho Nacional de Saúde. III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
lidade de execução dos serviços contratados. § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único será destinada à recuperação de viciados.
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do § 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
contrato. (SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
§ 3° (Vetado). tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- § 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia-
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
TÍTULO IV da Habitação (SFH).
DOS RECURSOS HUMANOS § 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- externa e receita própria das instituições executoras.
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 6º (Vetado).
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
pessoal; CAPÍTULO II
II - (Vetado) DA GESTÃO FINANCEIRA
III - (Vetado)
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Único de Saúde (SUS). (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e lhos de Saúde.
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
com o sistema educacional.
Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora-
além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser
de, através do Fundo Nacional de Saúde.
exercidas em regime de tempo integral.
§ 2º (Vetado).
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou
§ 3º (Vetado).
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe-
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
Art. 29. (Vetado). nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
entidades profissionais correspondentes único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
TÍTULO V e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
DO FINANCIAMENTO Saúde (SUS).
CAPÍTULO I Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
DOS RECURSOS Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos e projetos:
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- I - perfil demográfico da região;
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
nientes de: na área;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
anterior; mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta- e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
duais e municipais; Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede; cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
outras esferas de governo. médico-hospitalares.
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- Art. 40. (Vetado)
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
cional, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 3º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 4º (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§ 5º (Vetado). Art. 42. (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
na gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44. (Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e
de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União.
do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra-
bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS),
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen-
ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária.
Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento
esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
função das características epidemiológicas e da organização dos das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
serviços em cada jurisdição administrativa. nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lucrativa. no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS epidemiológicas e de prestação de serviços.
Art. 48. (Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 49. (Vetado).
§ 1º (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 2º (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§ 3º (Vetado). zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 4º (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 51. (Vetado).
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53. (Vetado).
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
mediante simples termo de recebimento. pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
§ 7º (Vetado). de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de Envolve ainda a assistência em cirurgia reparadora (de muti-
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições lações, traumas ou queimaduras graves), cirurgia bariátrica (para
em contrário. os casos de obesidade mórbida), cirurgia reprodutiva, reprodução
assistida, genética clínica, terapia nutricional, distrofia muscular
progressiva, osteogênese imperfeita (doença genética que provoca
NÍVEIS PROGRESSIVOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE a fragilidade dos ossos) e fibrose cística (doença genética que aco-
mete vários órgãos do corpo causando deficiências progressivas).
Para ofertar uma atenção em saúde mais específica e adequa-
da à saúde foi descentralizada para melhor triar os casos e desafo- Entre os procedimentos ambulatoriais de alta complexidade
gar centros especializados de alta complexidade de casos de menor estão a quimioterapia, a radioterapia, a hemoterapia, a ressonância
urgência ou de fácil resolução. magnética e a medicina nuclear, além do fornecimento de medi-
Dessa forma, a oferta de saúde passou a ser a nível Primário, camentos excepcionais, tais como próteses ósseas, marca-passos,
Secundário e Terciário, com alguns hospitais já se enquadrando stendt cardíaco, etc.
como de nível Quaternário.
Classificam-se como de Nível Primário, as Unidades Básicas de
Saúde, ou Postos de Saúde, onde se configura a porta de entrada
do Sistema Único de Saúde. Nesse nível de atenção são marcados DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS
exames e consultas além da realização de procedimentos básicos
como troca de curativos.
A carta que você tem nas mãos baseia-se em seis princípios
Como Nível Secundário, estão as Clínicas e Unidades de Pronto
básicos de cidadania. Juntos, eles asseguram ao cidadão o direito
Atendimento, bem como Hospitais Escolas. Nesses são realizados
básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde, sejam eles públicos
procedimentos de intervenção bem como tratamentos a casos crô-
ou privados. A carta é também uma importante ferramenta para
nicos e agudos de doenças.
Nos níveis Terciários, como os Hospitais de Grande Porte, se- que você conheça seus direitos e possa ajudar o Brasil a ter um sis-
jam mantidos pelo estado seja pela rede privada, são realizadas tema de saúde com muito mais qualidade.
manobras mais invasivas e de maior risco à vida, bem como são
realizadas condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte PRINCÍPIOS DESTA CARTA*
básico à vida. Nesses hospitais, também podem funcionar serviços
Quaternários, de transplante de tecidos, como Pulmão, Cora- 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado
ção, Fígado, Rins, dentre outros. aos sistemas de saúde.
Dessa maneira seccionada, pelo menos em tese, a garantia ao 2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo
acesso em consonância com a gravidade e urgência ficam garanti- para seu problema.
dos ao usuário. 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, aco-
lhedor e livre de qualquer discriminação.
O QUE É ATENÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua
pessoa, seus valores e seus direitos.
A Atenção Primária é constituída pelas Unidades Básicas de 5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu
Saúde (UBS), pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pela tratamento aconteça da forma adequada.
Equipe de Saúde da Família (ESF) e pelo Núcleo de Apoio à Saúde 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores
da Família (NASF) enquanto o nível intermediário de atenção fica a da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos.
encargo do SAMU 192 (Serviço de Atendimento Móvel as Urgência),
das Unidades de Pronto Atendimento (UPA), e o atendimento de Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde
média e alta complexidade feito nos hospitais.
Considerando o art. 196 da Constituição Federal, que garante
A Atenção Secundária é formada pelos serviços especializados o acesso universal e igualitário a ações e serviços para promoção,
em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica in- proteção e recuperação da saúde.
termediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
interpretada como procedimentos de média complexidade. Esse ní-
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera-
vel compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnós-
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor-
tico e terapêutico e atendimento de urgência e emergência.
respondentes.
Considerando a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que
A Atenção Terciária ou alta complexidade designa o conjunto
de terapias e procedimentos de elevada especialização. Organiza dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamen-
custo, como oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, par- tais de recursos financeiros na área da saúde.
to de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise (para pa- Considerando a necessidade de promover mudanças de atitu-
cientes com doença renal crônica), otologia (para o tratamento de de em todas as práticas de atenção e gestão que fortaleçam a auto-
doenças no aparelho auditivo). nomia e o direito do cidadão.
O Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Saúde e a Co-
missão Intergestora Tripartite apresentam a Carta dos Direitos dos
Usuários da Saúde e convidam todos os gestores, profissionais de
saúde, organizações civis, instituições e pessoas interessadas para
que promovam o respeito destes direitos e assegurem seu reconhe-
cimento efetivo e sua aplicação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O PRIMEIRO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o acesso ordena- g) no caso de procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva-
do e organizado aos sistemas de saúde, visando a um atendimento sivos ou cirúrgicos, a necessidade ou não de anestesia e seu tipo
mais justo e eficaz. e duração, partes do corpo afetadas pelos procedimentos, instru-
Todos os cidadãos têm direito ao acesso às ações e aos serviços mental a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos ou consequências
de promoção, proteção e recuperação da saúde promovidos pelo indesejáveis, duração prevista dos procedimentos e tempo de re-
Sistema Único de Saúde: cuperação;
I. O acesso se dará prioritariamente pelos Serviços de Saúde da h) finalidade dos materiais coletados para exames;
Atenção Básica próximos ao local de moradia. i) evolução provável do problema de saúde;
II. Nas situações de urgência/emergência, o atendimento se j) informações sobre o custo das intervenções das quais se be-
dará de forma incondicional, em qualquer unidade do sistema. neficiou o usuário.
III. Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser assegu- III. Registro em seu prontuário, entre outras, das seguintes in-
rada a remoção do usuário em condições seguras, que não implique formações, de modo legível e atualizado:
maiores danos, para um estabelecimento de saúde com capacidade a) motivo do atendimento e/ou internação, dados de observa-
para recebê-lo. ção clínica, evolução clínica, prescrição terapêutica, avaliações da
IV. O encaminhamento à Atenção Especializada e Hospitalar equipe multiprofissional, procedimentos e cuidados de enferma-
será estabelecido em função da necessidade de saúde e indicação gem e, quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestésicos,
clínica, levando-se em conta critérios de vulnerabilidade e risco com odontológicos, resultados de exames complementares laboratoriais
apoio de centrais de regulação ou outros mecanismos que facilitem e radiológicos;
o acesso a serviços de retaguarda. b) registro da quantidade de sangue recebida e dados que per-
V. Quando houver limitação circunstancial na capacidade de mitam identificar sua origem, sorologias efetuadas e prazo de vali-
atendimento do serviço de saúde, fica sob responsabilidade do ges- dade;
tor local a pronta resolução das condições para o acolhimento e c) identificação do responsável pelas anotações.
IV. O acesso à anestesia em todas as situações em que for indi-
devido encaminhamento do usuário do SUS, devendo ser prestadas
cada, bem como a medicações e procedimentos que possam aliviar
informações claras ao usuário sobre os critérios de priorização do
a dor e o sofrimento.
acesso na localidade por ora indisponível. A prioridade deve ser ba-
V. O recebimento das receitas e prescrições terapêuticas, que
seada em critérios de vulnerabilidade clínica e social, sem qualquer
devem conter:
tipo de discriminação ou privilégio. a) o nome genérico das substâncias prescritas;
VI. As informações sobre os serviços de saúde contendo crité- b) clara indicação da posologia e dosagem;
rios de acesso, endereços, telefones, horários de funcionamento, c) escrita impressa, datilografadas ou digitadas, ou em caligra-
nome e horário de trabalho dos profissionais das equipes assisten- fia legível;
ciais devem estar disponíveis aos cidadãos nos locais onde a assis- d) textos sem códigos ou abreviaturas;
tência é prestada e nos espaços de controle social. e) o nome legível do profissional e seu número de registro no
VII. O acesso de que trata o caput inclui as ações de proteção e órgão de controle e regulamentação da profissão;
prevenção relativas a riscos e agravos à saúde e ao meio ambiente, f) a assinatura do profissional e data.
as devidas informações relativas às ações de vigilância sanitária e VI. O acesso à continuidade da atenção com o apoio domiciliar,
epidemiológica e os determinantes da saúde individual e coletiva. quando pertinente, treinamento em autocuidado que maximize sua
VIII. A garantia à acessibilidade implica o fim das barreiras ar- autonomia ou acompanhamento em centros de reabilitação psicos-
quitetônicas e de comunicabilidade, oferecendo condições de aten- social ou em serviços de menor ou maior complexidade assistencial.
dimento adequadas, especialmente a pessoas que vivem com defi- VII. Encaminhamentos para outras unidades de saúde, obser-
ciências, idosos e gestantes. vando:
O SEGUNDO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o tratamento ade- a) caligrafia legível ou datilografados/digitados ou por meio
quado e efetivo para seu problema, visando à melhoria da qualida- eletrônico;
de dos serviços prestados. b) resumo da história clínica, hipóteses diagnósticas, tratamen-
É direito dos cidadãos ter atendimento resolutivo com qualida- to realizado, evolução e o motivo do encaminhamento;
de, em função da natureza do agravo, com garantia de continuidade c) a não utilização de códigos ou abreviaturas;
da atenção, sempre que necessário, tendo garantidos: d) nome legível do profissional e seu número de registro no ór-
I. Atendimento com presteza, tecnologia apropriada e condi- gão de controle e regulamentação da profissão, assinado e datado;
ções de trabalho adequadas para os profissionais da saúde. e) identificação da unidade de referência e da unidade refe-
II. Informações sobre o seu estado de saúde, extensivas aos renciada.
seus familiares e/ou acompanhantes, de maneira clara, objetiva, O TERCEIRO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o atendimento
acolhedor e livre de discriminação, visando à igualdade de trata-
respeitosa, compreensível e adaptada à condição cultural, respei-
mento e a uma relação mais pessoal e saudável.
tados os limites éticos por parte da equipe de saúde sobre, entre
É direito dos cidadãos atendimento acolhedor na rede de ser-
outras:
viços de saúde de forma humanizada, livre de qualquer discrimi-
a) hipóteses diagnósticas;
nação, restrição ou negação em função de idade, raça, cor, etnia,
b) diagnósticos confirmados; orientação sexual, identidade de gênero, características genéticas,
c) exames solicitados; condições econômicas ou sociais, estado de saúde, ser portador de
d) objetivos dos procedimentos diagnósticos, cirúrgicos, pre- patologia ou pessoa vivendo com deficiência, garantindo-lhes:
ventivos ou terapêuticos; I. A identificação pelo nome e sobrenome, devendo existir em
e) riscos, benefícios e inconvenientes das medidas diagnósticas todo documento de identificação do usuário um campo para se re-
e terapêuticas propostas; gistrar o nome pelo qual prefere ser chamado, independentemente
f) duração prevista do tratamento proposto; do registro civil, não podendo ser tratado por número, nome da do-
ença, códigos, de modo genérico, desrespeitoso ou preconceituoso.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II. Profissionais que se responsabilizem por sua atenção, iden- VIII. Receber ou recusar assistência religiosa, psicológica e so-
tificados por meio de crachás visíveis, legíveis ou por outras formas cial.
de identificação de fácil percepção. IX. Ter liberdade de procurar segunda opinião ou parecer de
III. Nas consultas, procedimentos diagnósticos, preventivos, ci- outro profissional ou serviço sobre seu estado de saúde ou sobre
rúrgicos, terapêuticos e internações, o respeito a: procedimentos recomendados, em qualquer fase do tratamento.
a) integridade física; X. Ser prévia e expressamente informado quando o tratamento
b) privacidade e conforto; proposto for experimental ou fizer parte de pesquisa, decidindo de
c) individualidade; forma livre e esclarecida, sobre sua participação.
d) seus valores éticos, culturais e religiosos; XI. Saber o nome dos profissionais que trabalham nas unidades
e) confidencialidade de toda e qualquer informação pessoal de saúde, bem como dos gerentes e/ou diretores e gestor respon-
f) segurança do procedimento; sável pelo serviço.
g) bem-estar psíquico e emocional. XII. Ter acesso aos mecanismos de escuta para apresentar su-
IV. O direito ao acompanhamento por pessoa de sua livre esco- gestões, reclamações e denúncias aos gestores e às gerências das
lha nas consultas, exames e internações, no momento do pré-parto, unidades prestadoras de serviços de saúde e às ouvidorias, sendo
parto e pós-parto e em todas as situações previstas em lei (criança, respeitada a privacidade, o sigilo e a confidencialidade.
adolescente, pessoas vivendo com deficiências ou idoso). Nas de- XIII. Participar dos processos de indicação e/ou eleição de seus
mais situações, ter direito a acompanhante e/ou visita diária, não representantes nas conferências, nos conselhos nacional, estadual,
inferior a duas horas durante as internações, ressalvadas as situa- do Distrito Federal, municipal e regional ou distrital de saúde e con-
ções técnicas não indicadas. selhos gestores de serviços.
V. Se criança ou adolescente, em casos de internação, conti- O QUINTO PRINCÍPIO assegura as responsabilidades que o ci-
nuidade das atividades escolares, bem como desfrutar de alguma dadão também deve ter para que seu tratamento aconteça de for-
forma de recreação. ma adequada.
VI. A informação a respeito de diferentes possibilidades tera- Todo cidadão deve se comprometer a:
pêuticas de acordo com sua condição clínica, considerando as evi- I. Prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas con-
sultas e nas internações sobre queixas, enfermidades e hospitali-
dências científicas e a relação custo-benefício das alternativas de
zações anteriores, história de uso de medicamentos e/ou drogas,
tratamento, com direito à recusa, atestado na presença de teste-
reações alérgicas e demais indicadores de sua situação de saúde.
munha.
II. Manifestar a compreensão sobre as informações e/ou orien-
VII. A opção pelo local de morte.
tações recebidas e, caso subsistam dúvidas, solicitar esclarecimen-
VIII. O recebimento, quando internado, de visita de médico de
tos sobre elas.
sua referência, que não pertença àquela unidade hospitalar, sendo
III. Seguir o plano de tratamento recomendado pelo profissio-
facultado a esse profissional o acesso ao prontuário.
nal e pela equipe de saúde responsável pelo seu cuidado, se com-
O QUARTO PRINCÍPIO assegura ao cidadão o atendimento que
preendido e aceito, participando ativamente do projeto terapêuti-
respeite os valores e direitos do paciente, visando a preservar sua co.
cidadania durante o tratamento. IV. Informar ao profissional de saúde e/ou à equipe responsável
O respeito à cidadania no Sistema de Saúde deve ainda obser- sobre qualquer mudança inesperada de sua condição de saúde.
var os seguintes direitos: V. Assumir responsabilidades pela recusa a procedimentos ou
I. Escolher o tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, de tratamentos recomendados e pela inobservância das orientações
acordo com as exigências mínimas constantes na legislação, e ter fornecidas pela equipe de saúde.
sido informado pela operadora da existência e disponibilidade do VI. Contribuir para o bem-estar de todos que circulam no am-
plano referência. biente de saúde, evitando principalmente ruídos, uso de fumo, de-
II. O sigilo e a confidencialidade de todas as informações pes- rivados do tabaco e bebidas alcoólicas, colaborando com a limpeza
soais, mesmo após a morte, salvo quando houver expressa autori- do ambiente.
zação do usuário ou em caso de imposição legal, como situações de VII. Adotar comportamento respeitoso e cordial com os demais
risco à saúde pública. usuários e trabalhadores da saúde.
III. Acesso a qualquer momento, do paciente ou terceiro por VIII. Ter sempre disponíveis para apresentação seus documen-
ele autorizado, a seu prontuário e aos dados nele registrados, bem tos e resultados de exames que permanecem em seu poder.
como ter garantido o encaminhamento de cópia a outra unidade de IX. Observar e cumprir o estatuto, o regimento geral ou outros
saúde, em caso de transferência. regulamentos do espaço de saúde, desde que estejam em conso-
IV. Recebimento de laudo médico, quando solicitar. nância com esta carta.
V. Consentimento ou recusa de forma livre, voluntária e es- X. Atentar para situações da sua vida cotidiana em que sua saú-
clarecida, depois de adequada informação, a quaisquer procedi- de esteja em risco e as possibilidades de redução da vulnerabilidade
mentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo se isso ao adoecimento.
acarretar risco à saúde pública. O consentimento ou a recusa da- XI. Comunicar aos serviços de saúde ou à vigilância sanitária ir-
dos anteriormente poderão ser revogados a qualquer instante, por regularidades relacionadas ao uso e à oferta de produtos e serviços
decisão livre e esclarecida, sem que lhe sejam imputadas sanções que afetem a saúde em ambientes públicos e privados.
morais, administrativas ou legais. XII. Participar de eventos de promoção de saúde e desenvolver
VI. Não ser submetido a nenhum exame, sem conhecimento hábitos e atitudes saudáveis que melhorem a qualidade de vida.
e consentimento, nos locais de trabalho (pré-admissionais ou pe- O SEXTO PRINCÍPIO assegura o comprometimento dos gestores
riódicos), nos estabelecimentos prisionais e de ensino, públicos ou para que os princípios anteriores sejam cumpridos.
privados. Os gestores do SUS, das três esferas de governo, para obser-
VII. A indicação de um representante legal de sua livre escolha, vância desses princípios, se comprometem a:
a quem confiará a tomada de decisões para a eventualidade de tor- I. Promover o respeito e o cumprimento desses direitos e de-
nar-se incapaz de exercer sua autonomia. veres com a adoção de medidas progressivas para sua efetivação.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II. Adotar as providências necessárias para subsidiar a divulga- 2 – Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
ção desta carta, inserindo em suas ações as diretrizes relativas aos cias de interesse para a saúde.
direitos e deveres dos usuários, ora formalizada. 3 – Formular, avaliar e apoiar políticas nacionais no campo da
III. Incentivar e implementar formas de participação dos traba- saúde.
lhadores e usuários nas instâncias e nos órgãos de controle social 4 – Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de alta
do SUS. complexidade de rede de laboratórios de saúde pública, de vigilân-
IV. Promover atualizações necessárias nos regimentos e estatu- cia sanitária e epidemiológica.
tos dos serviços de saúde, adequando-os a esta carta. 5 – Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de por-
V. Adotar formas para o cumprimento efetivo da legislação e tos, aeroportos e fronteiras em parceria com estados e municípios.
normatizações do sistema de saúde. 6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica bá-
sica e adquirir e distribuir para os estados os medicamentos de alto
Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde custo.
7 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes
I – RESPONSABILIDADE PELA SAÚDE DO CIDADÃO e Derivados juntamente com estados e municípios.
Compete ao município “prestar, com a cooperação técnica e 8 – Participar na implementação das políticas de controle das
financeira da União e do estado, serviços de atendimento à saúde agressões ao meio ambiente, de saneamento básico e relativas às
da população” – Constituição da República Federativa do Brasil, art. condições e aos ambientes de trabalho.
30, item VII. 9 – Elaborar normas para regular as relações entre o SUS e os
II – RESPONSABILIDADES PELA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE serviços privados contratados de assistência à saúde.
SAÚDE – LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 10 – Auditar, acompanhar, controlar e avaliar as ações e os
serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e muni-
A. DOS GOVERNOS MUNICIPAIS E DO DISTRITO FEDERAL: cipais.

1 – Gerenciar e executar os serviços públicos de saúde. PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009


2 – Celebrar contratos com entidades prestadoras de serviços
privados de saúde, bem como avaliar sua execução. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde.
3 – Participar do planejamento, programação e organização do
SUS em articulação com o gestor estadual. O Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições prevista
4 – Executar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, no inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e conside-
de alimentação e nutrição, de saneamento básico e de saúde do rando os arts. 6º e 196 da Constituição Federal;
trabalhador. Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
5 – Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros. dispõe sobre as condições para a promoção, a proteção e a recu-
6 – Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
de serviços privados de saúde, assim como controlar e avaliar sua correspondentes;
execução. Considerando a Política Nacional de Humanização da Atenção e
7 – Participar do financiamento e garantir o fornecimento de da Gestão do SUS, de 2003, do Ministério da Saúde; e
medicamentos básicos. Considerando a Política Nacional de Gestão Estratégica e Parti-
cipativa no SUS, de 2007, do Ministério da Saúde, resolve:
B. DOS GOVERNOS ESTADUAIS E DO DISTRITO FEDERAL: Art. 1º Dispor sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde
nos termos da legislação vigente.
1 – Acompanhar, controlar e avaliar as redes assistenciais do Art. 2º Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e serviços
SUS. ordenados e organizados para garantia da promoção, prevenção,
2 – Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios. proteção, tratamento e recuperação da saúde.
3 – Executar diretamente ações e serviços de saúde na rede § 1º O acesso será preferencialmente nos serviços de Atenção
própria. Básica integrados por centros de saúde, postos de saúde, unidades
4 – Gerir sistemas públicos de alta complexidade de referência de saúde da família e unidades básicas de saúde ou similares mais
estadual e regional. próximos de sua casa
5 – Acompanhar, avaliar e divulgar os seus indicadores de mor- § 2º Nas situações de urgência/emergência, qualquer serviço
bidade e mortalidade. de saúde deve receber e cuidar da pessoa, bem como encaminhá-la
6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica bá- para outro serviço em caso de necessidade.
sica e adquirir e distribuir os medicamentos de alto custo em parce- § 3º Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser as-
ria com o governo federal. segurada a remoção do usuário, em tempo hábil e em condições
7 – Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e seguras, para um serviço de saúde com capacidade para resolver
serviços de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, alimenta- seu tipo de problema.
ção e nutrição e saúde do trabalhador. § 4º O encaminhamento às especialidades e aos hospitais, pela
8 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes Atenção Básica, será estabelecido em função da necessidade de
e Derivados juntamente com a União e municípios. saúde e indicação clínica, levando-se em conta a gravidade do pro-
9 – Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública blema a ser analisado pelas centrais de regulação.
e hemocentros. § 5º Quando houver alguma dificuldade temporária para aten-
der às pessoas, é da responsabilidade da direção e da equipe do
C. DO GOVERNO FEDERAL: serviço acolher, dar informações claras e encaminhá-las sem discri-
minação e privilégios.
1 – Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, muni- Art. 3º Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no
cípios e Distrito Federal. tempo certo para resolver o seu problema de saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. É direito da pessoa ter atendimento adequa- VIII – o acesso à continuidade da atenção no domicílio, quando
do, com qualidade, no tempo certo e com garantia de continuidade pertinente, com estímulo e orientação ao autocuidado que fortale-
do tratamento, e para isso deve ser assegurado: ça sua autonomia, e a garantia de acompanhamento em qualquer
I – atendimento ágil, com tecnologia apropriada, por equipe serviço que for necessário;
multiprofissional capacitada e em condições adequadas de atendi- IX – o encaminhamento para outros serviços de saúde deve ser
mento; por meio de um documento que contenha:
II – informações sobre o seu estado de saúde, de maneira clara, a) caligrafia legível ou datilografada, ou digitada, ou por meio
objetiva, respeitosa e compreensível quanto a: eletrônico;
a) possíveis diagnósticos; b) resumo da história clínica, possíveis diagnósticos, tratamen-
b) diagnósticos confirmados; to realizado, evolução e o motivo do encaminhamento;
c) tipos, justificativas e riscos dos exames solicitados; c) linguagem clara, evitando-se códigos ou abreviaturas;
d) resultados dos exames realizados; d) nome legível do profissional e seu número de registro no
e) objetivos, riscos e benefícios de procedimentos diagnósti- conselho profissional, assinado e datado;
cos, cirúrgicos, preventivos ou de tratamento; e) identificação da unidade de saúde que recebeu a pessoa,
f) duração prevista do tratamento proposto; assim como da unidade para a qual está sendo encaminhada.
g) procedimentos diagnósticos e tratamentos invasivos ou ci- Art. 4º Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado
rúrgicos; e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente
h) necessidade ou não de anestesia e seu tipo e duração; limpo, confortável e acessível a todos.
i) partes do corpo afetadas pelos procedimentos, instrumental Parágrafo único. É direito da pessoa, na rede de serviços de
saúde, ter atendimento humanizado, acolhedor, livre de qualquer
a ser utilizado, efeitos colaterais, riscos ou consequências indese-
discriminação, restrição ou negação em virtude de idade, raça, cor,
jáveis;
etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero, condições
j) duração prevista dos procedimentos e tempo de recupera-
econômicas ou sociais, estado de saúde, de anomalia, patologia ou
ção;
deficiência, garantindo-lhe:
k) evolução provável do problema de saúde; I – identificação pelo nome e sobrenome civil, devendo existir,
l) informações sobre o custo das intervenções das quais a pes- em todo documento do usuário e usuária, um campo para se re-
soa se beneficiou; gistrar o nome social, independentemente do registro civil, sendo
m) outras informações que forem necessárias. assegurado o uso do nome de preferência, não podendo ser iden-
III – toda pessoa tem o direito de decidir se seus familiares e tificado por número, nome ou código da doença, ou outras formas
acompanhantes deverão ser informados sobre seu estado de saú- desrespeitosas, ou preconceituosas;
de; II – a identificação dos profissionais, por crachás visíveis, legí-
IV – registro atualizado e legível no prontuário das seguintes veis e/ou por outras formas de identificação de fácil percepção;
informações: III – nas consultas, nos procedimentos diagnósticos, preventi-
a) motivo do atendimento e/ou internação; vos, cirúrgicos, terapêuticos e internações, o seguinte:
b) dados de observação e da evolução clínica; a) à integridade física;
c) prescrição terapêutica; b) à privacidade e ao conforto;
d) avaliações dos profissionais da equipe; c) à individualidade;
e) procedimentos e cuidados de enfermagem; d) aos seus valores éticos, culturais e religiosos;
f) quando for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestésicos, e) à confidencialidade de toda e qualquer informação pessoal;
odontológicos, resultados de exames complementares laboratoriais f) à segurança do procedimento;
e radiológicos; g) ao bem-estar psíquico e emocional.
g) a quantidade de sangue recebida e dados que garantam a IV – o atendimento agendado nos serviços de saúde, preferen-
qualidade do sangue, como origem, sorologias efetuadas e prazo cialmente com hora marcada;
de validade; V – o direito a acompanhante, pessoa de sua livre escolha, nas
h) identificação do responsável pelas anotações; consultas e exames;
i) outras informações que se fizerem necessárias. VI – o direito a acompanhante, nos casos de internação, nos
V – o acesso à anestesia em todas as situações em que for indi- casos previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia
cada, bem como a medicações e procedimentos que possam aliviar da pessoa estiver comprometida;
VII – o direito à visita diária, não inferior a duas horas, preferen-
a dor e o sofrimento;
cialmente aberta, em todas as unidades de internação, ressalvadas
VI – o recebimento das receitas e as prescrições terapêuticas
as situações técnicas não indicadas;
devem conter:
VIII – a continuidade das atividades escolares, bem como o es-
a) o nome genérico das substâncias prescritas;
tímulo à recreação, em casos de internação de criança ou adoles-
b) clara indicação da dose e do modo de usar; cente;
c) escrita impressa, datilografada ou digitada, ou em caligrafia IX – a informação a respeito de diferentes possibilidades tera-
legível; pêuticas, de acordo com sua condição clínica, baseado nas evidên-
d) textos sem códigos ou abreviaturas; cias científicas, e a relação custo-benefício das alternativas de trata-
e) o nome legível do profissional e seu número de registro no mento, com direito à recusa, atestado na presença de testemunha;
conselho profissional; X – a escolha do local de morte;
f) a assinatura do profissional e a data. XI – o direito à escolha de alternativa de tratamento, quando
VII – recebimento, quando prescritos, dos medicamentos que houver, e à consideração da recusa de tratamento proposto;
compõem a farmácia básica e, nos casos de necessidade de me- XII – o recebimento de visita, quando internado, de outros pro-
dicamentos de alto custo, deve ser garantido o acesso conforme fissionais de saúde que não pertençam àquela unidade hospitalar,
protocolos e normas do Ministério da Saúde; sendo facultado a esse profissional o acesso ao prontuário;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XIII – a opção de marcação de atendimento por telefone para XII – a participação nos processos de indicação e/ou eleição de
pessoas com dificuldade de locomoção; seus representantes nas conferências, nos conselhos de saúde e
XIV – o recebimento de visita de religiosos de qualquer credo, nos conselhos gestores da rede SUS.
sem que isso acarrete mudança da rotina de tratamento e do es- Art. 6º Toda pessoa tem responsabilidade para que seu trata-
tabelecimento e ameaça à segurança ou perturbações a si ou aos mento e recuperação sejam adequados e sem interrupção.
outros; Parágrafo único. Para que seja cumprido o disposto no caput
XV – a não-limitação de acesso aos serviços de saúde por bar- deste artigo, as pessoas deverão:
reiras físicas, tecnológicas e de comunicação; I – prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas
XVI – a espera por atendimento em lugares protegidos, limpos consultas e nas internações sobre:
e ventilados, tendo à sua disposição água potável e sanitários, e a) queixas;
devendo os serviços de saúde se organizar de tal forma que seja b) enfermidades e hospitalizações anteriores;
evitada a demora nas filas. c) história de uso de medicamentos, drogas, reações alérgicas;
Art. 5º Toda pessoa deve ter seus valores, cultura e direitos res- d) demais informações sobre seu estado de saúde.
peitados na relação com os serviços de saúde, garantindo-lhe: II – expressar se compreendeu as informações e orientações
I – a escolha do tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, recebidas e, caso ainda tenha dúvidas, solicitar esclarecimento so-
de acordo com as exigências mínimas constantes na legislação, e a bre elas;
informação, pela operadora, sobre a cobertura, custos e condições III – seguir o plano de tratamento proposto pelo profissional ou
do plano que está adquirindo; pela equipe de saúde responsável pelo seu cuidado, que deve ser
II – o sigilo e a confidencialidade de todas as informações pes- compreendido e aceito pela pessoa que também é responsável pelo
soais, mesmo após a morte, salvo nos casos de risco à saúde públi- seu tratamento;
ca; IV – informar ao profissional de saúde ou à equipe responsável
III – o acesso da pessoa ao conteúdo do seu prontuário ou de sobre qualquer fato que ocorra em relação a sua condição de saúde;
pessoa por ele autorizada e a garantia de envio e fornecimento de V – assumir a responsabilidade pela recusa a procedimentos,
cópia, em caso de encaminhamento a outro serviço ou mudança exames ou tratamentos recomendados e pelo descumprimento das
de domicilio; orientações do profissional ou da equipe de saúde;
IV – a obtenção de laudo, relatório e atestado médico, sempre VI – contribuir para o bem-estar de todos nos serviços de saú-
que justificado por sua situação de saúde; de, evitando ruídos, uso de fumo e derivados do tabaco e bebidas
V – o consentimento livre, voluntário e esclarecido a quaisquer alcoólicas, colaborando com a segurança e a limpeza do ambiente;
procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo nos VII – adotar comportamento respeitoso e cordial com as de-
casos que acarretem risco à saúde pública, considerando que o con- mais pessoas que usam ou que trabalham no estabelecimento de
sentimento anteriormente dado poderá ser revogado a qualquer saúde;
instante, por decisão livre e esclarecida, sem que sejam imputadas VIII – ter em mão seus documentos e, quando solicitados, os
à pessoa sanções morais, financeiras ou legais; resultados de exames que estejam em seu poder;
VI – a não-submissão a nenhum exame de saúde pré-admissio- IX – cumprir as normas dos serviços de saúde, que devem res-
guardar todos os princípios desta Portaria;
nal, periódico ou demissional, sem conhecimento e consentimento,
X – ficar atento às situações de sua vida cotidiana que colo-
exceto nos casos de risco coletivo;
quem em risco sua saúde e a da comunidade, e adotar medidas
VII – a indicação, de sua livre escolha, a quem confiará a toma-
preventivas;
da de decisões para a eventualidade de tornar-se incapaz de exer-
XI – comunicar aos serviços de saúde, às ouvidorias ou à Vigi-
cer sua autonomia;
lância Sanitária irregularidades relacionadas ao uso e à oferta de
VIII – o recebimento ou a recusa à assistência religiosa, psico-
produtos e serviços que afetem a saúde em ambientes públicos e
lógica e social;
privados;
IX – a liberdade, em qualquer fase do tratamento, de procurar XII – desenvolver hábitos, práticas e atividades que melhorem
uma segunda opinião, ou o parecer de outro profissional ou serviço sua saúde e a qualidade de vida;
sobre seu estado de saúde, ou sobre procedimentos recomenda- XIII – comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de
dos; caso de doença transmissível, quando a situação requerer isola-
X – a não-participação em pesquisa que envolva, ou não, tra- mento ou quarentena da pessoa ou quando a doença constar da
tamento experimental sem que tenha garantias claras da sua liber- relação do Ministério da Saúde;
dade de escolha e, no caso de recusa em participar ou continuar XIV – não dificultar a aplicação de medidas sanitárias, bem
na pesquisa, não poderá sofrer constrangimentos, punições ou san- como as ações de fiscalização sanitária.
ções pelos serviços de saúde, sendo necessário, para isso: Art. 7º Toda pessoa tem direito à informação sobre os serviços
a) que o dirigente do serviço cuide dos aspectos éticos da pes- de saúde e aos diversos mecanismos de participação.
quisa e estabeleça mecanismos para garantir a decisão livre e escla- § 1º O direito previsto no caput deste artigo, inclui a informa-
recida da pessoa; ção, com linguagem e meios de comunicação adequados, sobre:
b) que o pesquisador garanta, acompanhe e mantenha a inte- I – o direito à saúde, o funcionamento dos serviços de saúde
gridade da saúde dos participantes de sua pesquisa, assegurando- e o SUS;
-lhes os benefícios dos resultados encontrados; II – os mecanismos de participação da sociedade na formula-
c) que a pessoa assine o termo de consentimento livre e escla- ção, acompanhamento e fiscalização das políticas e da gestão do
recido. SUS;
XI – o direito de se expressar e de ser ouvido nas suas quei- III – as ações de vigilância à saúde coletiva, compreendendo a
xas, denúncias, necessidades, sugestões e outras manifestações por vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental;
meio das ouvidorias, urnas e qualquer outro mecanismo existente, IV – a interferência das relações e das condições sociais, eco-
sendo sempre respeitado na privacidade, no sigilo e na confiden- nômicas, culturais, e ambientais na situação da saúde das pessoas
cialidade; e da coletividade.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º Os órgãos de saúde deverão informar às pessoas sobre LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.
a rede SUS pelos diversos meios de comunicação, bem como nos
serviços de saúde que compõem essa rede de participação popular Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
em relação a: Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
I – endereços; namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
II – telefones; providências.
III – horários de funcionamento;
IV – ações e procedimentos disponíveis. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
§ 3º Em cada serviço de saúde deverá constar, em local visível cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
à população:
I – o nome do responsável pelo serviço; Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
II – os nomes dos profissionais; 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
III – o horário de trabalho de cada membro da equipe, inclusive verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
do responsável pelo serviço; guintes instâncias colegiadas:
IV – as ações e procedimentos disponíveis. I - a Conferência de Saúde; e
§ 4º As informações prestadas à população devem ser claras II - o Conselho de Saúde.
para propiciar sua compreensão por toda e qualquer pessoa. § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
§ 5º Os conselhos de saúde deverão informar à população so- com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
bre: tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
I – formas de participação; de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
II – composição do conselho de saúde; tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
III – regimento interno dos conselhos; § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
IV – conferências de saúde; rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
V – data, local e pauta das reuniões; prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
VI – deliberações e ações desencadeadas. formulação de estratégias e no controle da execução da política de
§ 6º O direito previsto no caput desse artigo inclui a participa- saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
ção de conselhos e conferências de saúde e o direito de representar micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
e ser representado em todos os mecanismos de participação e de do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
controle social do SUS.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Art. 8º Toda pessoa tem direito a participar dos conselhos e
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
conferências de saúde e de exigir que os gestores cumpram os prin-
terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
cípios anteriores.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Con-
Parágrafo único. Os gestores do SUS, nas três esferas de gover-
ferências será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.
no e para observância desses princípios, comprometem-se a:
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
I – promover o respeito e o cumprimento desses direitos e de-
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
veres, com a adoção de medidas progressivas para sua efetivação;
II – adotar as providências necessárias para subsidiar a divul- to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
gação desta Portaria, inserindo em suas ações as diretrizes relativas Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
aos direitos e deveres das pessoas; alocados como:
III – incentivar e implementar formas de participação dos tra- I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
balhadores e usuários nas instâncias, e participação de controle so- órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
cial do SUS; II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
IV – promover as atualizações necessárias nos regimentos e es- Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
tatutos dos serviços de saúde, adequando-os a esta Portaria; III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
V – adotar estratégias para o cumprimento efetivo da legisla- da Saúde;
ção e das normatizações do SUS; IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
VI – promover melhorias contínuas na rede SUS, como a infor- mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
matização, para implantar o Cartão SUS e o Prontuário eletrônico, Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
com os objetivos de: go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
a) otimizar o financiamento; assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
b) qualificar o atendimento aos serviços de saúde; Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se-
c) melhorar as condições de trabalho; rão repassados de forma regular e automática para os Municípios,
d) reduzir filas; Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no
e) ampliar e facilitar o acesso nos diferentes serviços de saúde. art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Art. 9º Os direitos e deveres dispostos nesta Portaria consti- § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
tuem a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde. previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
Parágrafo único. A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
deverá ser disponibilizada a todas as pessoas, por meios físicos e na estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
internet, no seguinte endereço eletrônico: www.saude.gov.br. § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
Art. 10. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
Art. 11. Fica revogada a Portaria nº 675, de 30 de março de aos Estados.
2006, publicada no Diário Oficial da União nº 63, de 31 de março de § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
2006, Seção 1, página 131.. ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta No Brasil, o controle social se refere à participação da comu-
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar nidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao contro-
com: le sobre a ação do Estado (ARANTES et al., 2007). Nesse contex-
I - Fundo de Saúde; to, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas
III - plano de saúde; priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a par-
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o ticipação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL, 2006).
§ 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar cons-
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- titucionalmente a participação popular como um de seus princí-
mento; pios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob as
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa- práticas de saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. exercício através de outros espaços institucionalizados em seu arca-
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos bouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste de n° 8.142/90, os conselhos e as conferências de saúde. Destaca,
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais (CONASS, 2003;
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro BARBOSA, 2009; COSSETIN, 2010).
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece
lei. em seu art. 12 a criação de comissões intersetoriais subordinadas
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. políticas públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.°
8.142/1990 que dispõe sobre a participação social no SUS, definin-
do que a participação popular estará incluída em todas as esferas
PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
de gestão do SUS. Legitimando assim os interesses da população no
exercício do controle social (BRASIL, 2009).
Participação e Controle Social no SUS Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avança-
das de democracia, pois determina uma nova relação entre o Es-
Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na tado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na
busca por um Estado democrático aos serviços de saúde impulsio- saúde deverão ser negociadas com os representantes da sociedade,
naram a modificação do modelo vigente de controle social da época uma vez que eles conhecem a realidade da saúde das comunidades.
que culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Fede- Amiúde, as condições necessárias para que se promova a de-
rativa de 1988. mocratização da gestão pública em saúde se debruça com a discus-
O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de são em torno do controle social em saúde.
participação popular e controle social no SUS, bem como favorecer O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do
reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pes- modelo vigente de participação popular e controle social no SUS e
quisa narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a partici-
Brasil nos últimos 11 anos. pação e o controle social, bem como favorecer algumas reflexões a
É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso todos os atores envolvidos no cenário do SUS.
que este aconteça na prática. Entretanto, a sociedade civil, ainda Participação e Controle Social
não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação. Após um longo período no qual a população viveu sob um es-
O processo de criação do SUS teve início a partir das defini- tado ditatorial, com a centralização das decisões, o tecnicismo e
ções legais estabelecidas pela nova Constituição Federal do Brasil o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura
de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas democrática que reconhece a necessidade de revisão do modelo
da Saúde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nes- de saúde vigente na época, com propostas discutidas em ampliar a
tas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde, participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública
bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamen- em saúde, com vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidia-
to, critérios de repasses para os estados e municípios além de disci- no dos cidadãos brasileiros (DALLARI, 2000; SCHNEIDER et al., 2009;
plinar o controle social no SUS em conformidade com as represen- VANDERLEI; ALMEIDA, 2007).
tações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FINKELMAN, Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância es-
2002; FARIA, 2003; SOUZA, 2003). sencial para a compreensão do controle social, o que pode provocar
O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente
coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, ser- exercido pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na
viços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princí- época da ditadura militar.
pios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde; É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui
Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político- será dada refere-se às ações que os cidadãos exercem para moni-
-administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hie- torar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso.
rarquização (REIS, 2003). A participação popular e o controle social Pois, como vimos, também denominam-se controle social as ações
em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), do Estado para controlar a sociedade, que se dá por meio da legisla-
destacam-se como de grande relevância social e política, pois se ção, do aparato institucional ou mesmo por meio da força.
constituem na garantia de que a população participará do processo
de formulação e controle das políticas públicas de saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A organização e mobilização popular realizada na década de 80, • identifi car as parcerias a serem envolvidas, como: universida-
do século XX, em prol de um Estado democrático e garantidor do des, núcleos de saúde, escolas de saúde pública, técnicos e especia-
acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibi- listas autônomos ou ligados a instituições, entidades dos segmentos
lidade de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de sociais representados nos Conselhos, Organização Pan-Americana
um controle da sociedade civil sobre o Estado, sendo incorporada da Saúde (Opas), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-
pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação cef), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
do SUS (CONASS, 2003). a Cultura (Unesco), Instituto Brasileiro de Administração Municipal
A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Cons- (Ibam), Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
tituição Federal de 1998, em seu artigo 198, que trata das diretrizes (Abrasco) e outras organizações da sociedade que atuem na área
do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comuni- de saúde. Na identifi cação e articulações das parcerias, deve fi car
dade. Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do clara a atribuição dos conselhos, conselheiros e parceiros;
sistema, com o intuito de torná-lo mais adequado a atender às ne- • realizar as atividades de educação permanente para os con-
cessidades da população brasileira (BRASIL, 2006; WENDHAUSEN; selheiros e os demais sujeitos sociais de acordo com a realidade
local, garantindo uma carga horária que possibilite a participação e
BARBOSA; BORBA, 2006; OLIVEIRA, 2003).
a ampla discussão dos temas, democratização das informações e a
A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Cons-
utilização de técnicas pedagógicas para o controle social que facili-
tituição se expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por
tem a construção dos conteúdos teóricos e, também, a interação do
meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços ins-
grupo. Sugere-se que as atividades de educação permanente para
titucionais que garantem a participação da sociedade civil organiza- o controle social no SUS sejam enfocadas em dois níveis: um geral,
da na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo. garantindo a representação de todos os segmentos, e outro específi
Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente co, que poderá ser estruturado e oferecido de acordo com o inte-
para caracterizar a participação popular na gestão pública de saú- resse ou a necessidade dos segmentos que compõem os Conselhos
de, a que consta em nossa Carta Magna e o termo ‘participação da de Saúde e os demais órgãos da sociedade.
comunidade na saúde’. Porém, iremos utilizar aqui o termo mais Para promover o alcance dos objetivos do processo de edu-
comum em nosso meio: ‘controle social’. Sendo o controle social cação permanente para o controle social no SUS, recomenda-se a
uma importante ferramenta de democratização das organizações, utilização de metodologias que busquem a construção coletiva de
busca-se adotar uma série de práticas que efetivem a participação conhecimentos, baseada na experiência do grupo, levando-se em
da sociedade na gestão (GUIZARDI et al ., 2004). consideração o conhecimento como prática concreta e real dos su-
Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consi- jeitos a partir de suas vivências e histórias. Metodologias essas que
deramos que se trata de um reducionismo, uma vez que este não ultrapassem as velhas formas autoritárias de lidar com a aprendiza-
traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição gem e muitas vezes utilizadas como, por exemplo, a da comunica-
Federal de 1988, que permite não só o controle e a fiscalização ção unilateral, que transforma o indivíduo num mero receptor de
permanente da aplicação de recursos públicos. Este também se teorias e conteúdos.
manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel Recomenda-se, também, a utilização de dinâmicas que propi-
social a desempenhar através da execução de suas funções, ou ain- ciem um ambiente de troca de experiências, de refl exões pertinen-
da através da proposição, onde cidadãos participam da formulação tes à atuação dos Conselheiros de Saúde e dos sujeitos sociais e de
de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração técnicas que favoreçam a sua participação e integração, como, por
Pública quanto às melhores medidas a serem adotadas com objeti- exemplo, reuniões de grupo, plenárias, estudos dirigidos, seminá-
vo de atender aos legítimos interesses públicos (NOGUEIRA, 2004; rios, ofi cinas, todos envolvendo debates.
BRASIL, 2011b; MENEZES, 2010). A 12.ª Conferência Nacional de Saúde (CONFERÊNCIA..., 2005)
Fonte: http://cebes.org.br/2013/05/participacao-popular-e-o- recomendou a realização de ações para educação permanente e
-controle-social-como-diretriz-do-sus-uma-revisao-narrativa/ propôs que as atividades do Conselheiro de Saúde fossem consi-
deradas de relevância pública. Essa proposição foi contemplada na
Resolução n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c), aprovada pelo Conselho
Estratégias operacionais e metodológicas
Nacional de Saúde, que garante ao Conselheiro de Saúde a dis-
para o controle social
pensa, sem prejuízo, do seu trabalho, para participar das reuniões,
eventos, capacitações e ações específi cas do Conselho de Saúde.
Recomenda-se que o processo de educação permanente para Assim, o processo proposto, especialmente, no que diz respei-
o controle social no SUS ocorra de forma descentralizada, respei- to aos Conselhos de Saúde deve dar conta da intensa renovação de
tando as especifi cidades e condições locais a fim de que possa ter Conselheiros de Saúde, que ocorre em razão do final dos manda-
maior efetividade. tos, ou por decisão da instituição ou entidade de substituir o seu
Considerando que os membros do Conselho de Saúde reno- representante. Isto requer, no mínimo, a oferta de material básico
vam-se periodicamente e outros sujeitos sociais alternam-se em informativo, uma capacitação inicial promovida pelo Conselho de
suas representações, e o fato de estarem sempre surgindo novas Saúde e a garantia de mecanismos que disponibilizem informações
demandas oriundas das mudanças conjunturais, torna-se necessá- aos novos Conselheiros.
rio que o processo de educação permanente para o controle social Sugestões de material de apoio:
esteja em constante construção e atualização. • Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU);
A operacionalização do processo de educação permanente • Declaração dos Direitos da Criança e Adolescente (Unicef);
para o controle social no SUS deve considerar a seleção, preparação • Declaração de Otawa, Declaração de Bogotá e outras;
do material e a identifi cação de sujeitos sociais que tenham condi- • Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2003) – Capítulo da
ções de transmitir informações e possam atuar como facilitadores Ordem Social;
e incentivadores das discussões sobre os temas a serem tratados. • Leis Federais: 8.080/90 (BRASIL, 1990a), 8.142/90 (BRASIL,
Para isso é importante: 1990b), 8.689/93 (BRASIL, 1993), 9.656/98 (BRASIL, 1998) e respec-
tivas Medidas Provisórias;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde; c) Instituir mecanismos de divulgação e troca de experiências
• Normas Operacionais do SUS; sobre o processo de educação permanente para o controle social
• Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho (NOB/ RH no SUS de conselheiros, por meio de:
– SUS), 2005 (BRASIL, 2005), Diretrizes e Competências da Comis- • espaço na página do Conselho Nacional de Saúde na internet;
são Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras Bipartites • espaço no Jornal do Conselho Nacional de Saúde;
(CIBs) e das Condições de Gestão dos Estados e Municípios; • relatos de experiências apresentados em diversos eventos
• Constituição do Estado e Leis Orgânicas do Estado, do Distrito nacionais de saúde;
Federal e Município; • apoio à realização de Plenárias Nacionais de Conselhos de
• Seleção de Deliberações do Conselho Estadual de Saúde Saúde, Encontros Nacionais de Conselheiros de Saúde, bem como
(CES), Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pactuações das Comis- impressão e distribuição dos seus documentos, relatórios ou anais;
sões Intergestoras Tripartite e Bipartite; • promoção de cursos, seminários e eventos relacionados ao
• Resoluções e deliberações do Conselho de Saúde relaciona- controle social e democracia participativa; e
das à Gestão em Saúde: Plano de Saúde, Financiamento, Normas, • divulgação de experiências exitosas sobre controle social.
Direção e Execução, Planejamento – que compreende programa- d) Aprovar os materiais didáticos destinados às atividades de
ção, orçamento, acompanhamento e avaliação; educação permanente para o controle social no SUS;
• Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003 e) Propor, em conjunto com os Conselhos Estaduais e Munici-
(BRASIL, 2003c), Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolu- pais de Saúde, e Conselho de Saúde do Distrito Federal, mecanis-
ção n.º 196/96 (BRASIL, 1996) e outras correspondentes com mes- mos de acompanhamento e avaliação que permitam a consolidação
mo mérito, e deliberações no campo do controle social – formula- de resultados e estudos comparativos de experiências de educação
ção de estratégias e controle da execução pelos Conselhos de Saúde permanente desenvolvidos nos estados, municípios e Distrito Fe-
e pela sociedade. deral;
A defi nição dos conteúdos básicos de educação permanente f) Acompanhar, monitorar e avaliar, com os Conselhos Estadu-
para o controle social no SUS deve ser objeto de deliberação pelos ais de Saúde, Conselho de Saúde do Distrito Federal e Conselhos
plenários dos Conselhos de Saúde nas suas respectivas esferas go- Municipais de Saúde, o processo de educação permanente desen-
vernamentais. volvidos no País.
Recomenda-se que, para esse processo, seja prevista a criação
de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito
das atividades Federal

Responsabilidades a) Viabilizar, no âmbito de sua esfera de governo, recursos fi


Esferas governamentais nanceiros, materiais e humanos para a execução das atividades re-
lacionadas com a educação permanente para o controle social no
Compete ao Estado, nas três esferas do governo: SUS;
a) Oferecer todas as condições necessárias para que o processo b) Apoiar fi nanceira e tecnicamente a realização e a participa-
de educação permanente para o controle social ocorra, garantindo ção de conselheiros de saúde em eventos sobre o controle social
o pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde e a realização das no SUS.
ações para a educação permanente e controle social dos demais
sujeitos sociais. Conselhos de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito
b) Promover o apoio à produção de materiais didáticos desti- Federal
nados às atividades de educação permanente para o controle social
no SUS, ao desenvolvimento e utilização de métodos, técnicas e fo- a) Elaborar, em conjunto com a Secretaria de Saúde, a política e
mento à pesquisa que contribuam para esse processo. o plano de ação do processo de educação permanente para o con-
trole social no SUS, e deliberar sobre a respectiva política e plano de
Ministério da Saúde ação, em sintonia com política nacional, com defi nição de valores
orçamentários e sistemas de monitoramento e avaliação;
a) Incentivar e apoiar, inclusive nos aspectos fi nanceiros e téc- b) Desenvolver o processo de educação permanente para o
nicos, as instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal para controle social no SUS, considerando as especifi cidades locais;
o processo de elaboração e execução da política de educação per- c) Estabelecer, parcerias com instituições e entidades locais,
manente para o controle social no SUS; para a realização do processo de educação permanente para o con-
b) Manter disponível e atualizado o acervo de referências sobre trole social no SUS, em conformidade com estas diretrizes;
saúde e oferecer material informativo básico e audiovisual que pro- d) Promover, com instituições e entidades, processo
picie a veiculação de temas de interesse geral em saúde, tais como: de comunicação, informação e troca de experiências sobre
legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial, mo- educação permanente para o controle social no SUS;
delo de gestão e outros. e) Viabilizar a realização de eventos sobre o controle social no
SUS; e
Conselho Nacional de Saúde f) garantir a participação de conselheiros de Saúde em eventos
do controle social.
a) Elaborar, em conjunto com o Ministério da Saúde, a política Destaca-se que os processos autônomos de educação perma-
nacional e o plano de ação sobre o processo de educação perma- nente para o controle social do SUS e a mobilização de represen-
nente para o controle social no SUS e deliberar sobre a respectiva tantes, por parte das entidades com participação no Conselho de
política e plano de ação, com defi nição de valores orçamentários e Saúde, devem ser reconhecidos e incentivados.
sistemas de monitoramento e avaliação;
b) Manter disponível e atualizado, na sua sede, o acervo de re-
ferências sobre o controle social;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Rede Cegonha
AÇÕES E PROGRAMAS DO SUS
Estratégia reúne um pacote de ações para garantir o atendi-
Cartão Nacional de Saúde (CNS) mento de qualidade, seguro e humanizado para mulheres, da gravi-
dez até os dois primeiros anos de vida da criança.
O Cartão Nacional de Saúde (CNS) é o documento de identifi-
cação do usuário do SUS. Este contém as informações como dados Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
pessoais, contatos, além de RG e CPF.
Modelo propõe um novo modelo de atenção em saúde mental,
DigiSUS - Estratégia de Saúde Digital para o Brasil a partir do acesso e a promoção de direitos das pessoas, baseado na
convivência dentro da sociedade.
Estratégia de incorporação da saúde digital (e-Saúde) no SUS,
visando à melhoria da qualidade dos serviços, dos processos e da SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
atenção à saúde, por meio da disponibilização e uso de informação
abrangente, precisa e segura. Serviço disponibiliza atendimento pré-hospitalar a vítimas em
situação de urgência ou emergência, que possam levar a sofrimen-
Estratégia Saúde da Família (ESF) to, a sequelas ou mesmo à morte.

O projeto propõe a reorganização da atenção básica no País, de UPA 24h - Unidade de Pronto Atendimento
acordo com os preceitos do SUS, a partir da expansão, qualificação
e consolidação do atendimento prestado. Serviço concentra atendimentos de saúde de complexidade in-
termediária, compondo uma rede organizada em conjunto com a
HumanizaSUS Atenção Básica e a Atenção Hospitalar.

A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde 2003 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA
para efetivar os princípios do SUS nas práticas de atenção e gestão, O Programa Saúde na Escola (PSE) visa à integração e articula-
qualificando a saúde pública no Brasil. ção permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria
da qualidade de vida da população brasileira. Como consolidar essa
Melhor em Casa - Serviço de Atenção Domiciliar atitude dentro das escolas? Essa é a questão que nos guiou para
elaboração da metodologia das Agendas de Educação e Saúde, a
Serviço presta atenção à saúde na moradia do paciente, ofere- serem executadas como projetos didáticos nas Escolas.
cendo prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, a fim de O PSE tem como objetivo contribuir para a formação integral
garantir a continuidade do cuidado pelo SUS. dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e aten-
Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente) ção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que
comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da
Política reúne uma série de medidas para garantir ações de rede pública de ensino.
promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal dos brasileiros. O público beneficiário do PSE são os estudantes da Educação
Básica, gestores e profissionais de educação e saúde, comunidade
Programa Farmácia Popular do Brasil
escolar e, de forma mais amplificada, estudantes da Rede Federal
de Educação Profissional e Tecnológica e da Educação de Jovens e
O Programa foi criado com o objetivo de oferecer o acesso da
Adultos (EJA).
população aos medicamentos considerados essenciais, como parte
As atividades de educação e saúde do PSE ocorrerão nos Terri-
da Política Nacional de Assistência Farmacêutica.
tórios definidos segundo a área de abrangência da Estratégia Saú-
de da Família (Ministério da Saúde), tornando possível o exercício
Programa Nacional de Controle do Tabagismo
de criação de núcleos e ligações entre os equipamentos públicos
O Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fu- da saúde e da educação (escolas, centros de saúde, áreas de lazer
mantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consu- como praças e ginásios esportivos, etc).
mo de derivados do tabaco. No PSE a criação dos Territórios locais é elaborada a partir das
estratégias firmadas entre a escola, a partir de seu projeto político-
Programa Mais Médicos -pedagógico e a unidade básica de saúde. O planejamento destas
ações do PSE considera: o contexto escolar e social, o diagnóstico
O projeto propõe a melhoria do atendimento aos usuários do local em saúde do escolar e a capacidade operativa em saúde do
SUS, levando médicos para regiões onde há escassez ou ausência escolar.
desses profissionais. A Escola é a área institucional privilegiada deste encontro da
educação e da saúde: espaço para a convivência social e para o es-
Programa Nacional de Segurança do Paciente tabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde pelo
viés de uma Educação Integral.
O PNSP objetiva contribuir para a qualificação do cuidado em Para o alcance dos objetivos e sucesso do PSE é de fundamental
saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacio- importância compreender a Educação Integral como um conceito
nal. que compreende a proteção, a atenção e o pleno desenvolvimento
da comunidade escolar. Na esfera da saúde, as práticas das equipes
de Saúde da Família, incluem prevenção, promoção, recuperação e
manutenção da saúde dos indivíduos e coletivos humanos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para alcançar estes propósitos o PSE foi constituído por cinco Saúde e Doença
componentes:
a) Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescen- Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/
tes e jovens que estão na escola pública; ausência, é uma forma simplista para algo bem mais complexo. O
b) Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção; que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evo-
c) Educação Permanente e Capacitação dos Profissionais da lutivo entre saúde e doença que, dependendo de cada paciente,
Educação e da Saúde e de Jovens; poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites
d) Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes; entre um e outro são precisos.
e) Monitoramento e Avaliação do Programa. 1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de
Mais do que uma estratégia de integração das políticas seto- 10% dos pacientes portadores de trombose venosa profunda aca-
riais, o PSE se propõe a ser um novo desenho da política de educa- bam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo
ção e saúde já que: pulmonar, e que 10% desses vão ao óbito (Moser, 1990).
(1) trata a saúde e educação integrais como parte de uma for- 2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação.
mação ampla para a cidadania e o usufruto pleno dos direitos hu- Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na comunidade, com
manos; quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma sema-
(2) permite a progressiva ampliação das ações executadas pe- na, inicia com febre, tosse produtiva com expectoração purulenta,
los sistemas de saúde e educação com vistas à atenção integral à dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia de tórax.
saúde de crianças e adolescentes; e Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e tratamento com
(3) promove a articulação de saberes, a participação de estu- beta-lactâmicos, o paciente repete a radiografia e não se observa
dantes, pais, comunidade escolar e sociedade em geral na constru- sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já que a de-
ção e controle social da política pública. finição de pneumonia implica recuperação do parênquima pulmo-
nar).
Nos quadros a seguir, estão expostos os tópicos principais do
3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: a
Projeto Municipal, elaborado no processo de adesão ao PSE pelo
chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é reconhecida pelos linfó-
Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI) e, na seqüência, a proposta da
citos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e
Agenda de Educação e Saúde, como estratégia de implementação
provocam uma reação específica com formação de granuloma; as-
nos territórios da escola.
sim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima
pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção
LEGISLAÇÃO BÁSICA DO SUS tuberculosa adquire uma forma subclínica sem que o doente se-
quer percebe sintomas de doença.
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
tópicos anteriores. prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática que geralmente tem
um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência respi-
ratória e hipoxemia severa. As maiores séries da literatura (Turner-
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA -Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimento
dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns
A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocor- pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12 meses (Stack, 1972).
rência de doenças em populações humanas e os fatores determi- Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução pro-
nantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda gressiva e óbito em longo prazo, dependendo fundamentalmente
a doença em nível individual, a epidemiologia aborda o processo da continuidade ou não do vício do tabagismo.
saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de peque- 5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerba-
nos grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por ções. Exemplo: a asma brônquica é um dos exemplos clássicos, com
muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde, períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, sabe-se
deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição que, apesar dessa evolução, a função pulmonar de alguns pacientes
de saúde. asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade (Pizzichini,
2001).
Usos da Epidemiologia Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da inter-
ferência médica, pode ser subdividida em quatro fases:
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia a) Fase inicial ou de susceptibilidade.
restringia-se ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis. b) Fase patológica pré-clínica.
Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento c) Fase clínica.
relacionado à saúde (ou doença) da população. d) Fase de incapacidade residual.
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de
saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que a
doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação favoreçam. Dependendo da existência de fatores de risco ou de pro-
de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluin- teção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a deter-
do custos de assistência. minadas doenças do que outros. Exemplo: crianças que convivem
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendi- com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações por
mento da saúde da população - partindo do conhecimento dos fa- IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fumantes
tores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios (Macedo, 2000).
para a prevenção das doenças.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na fase patológica pré-clínica, a doença não é evidente, mas Por exemplo, fatores biológicos, hereditários e socioeconômicos
já há alterações patológicas, como acontece no movimento ciliar podem ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a
da árvore brônquica reduzido pelo fumo e contribuindo, posterior- distância que, através de sua atuação em outros fatores, podem
mente, para o aparecimento da DPOC. A fase clínica corresponde contribuir para o aparecimento da doença. Por outro lado, alguns
ao período da doença com sintomas. Ainda no exemplo da DPOC, fatores chamados determinantes intermediários podem sofrer
a fase clínica varia desde os primeiros sinais da bronquite crônica tanto a influência dos determinantes distais como estar agindo em
como aumento de tosse e expectoração até o quadro de cor pulmo- fatores próximos à doença, como seria o caso dos fatores gesta-
nale crônico, na fase final da doença. cionais, ambientais, alérgicos e nutricionais na determinação da
Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi cura- asma; os fatores que estão próximos à doença os determinantes
da, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja, aquele paciente que proximais, por sua vez, também podem sofrer a influência daque-
iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de DPOC, les fatores que estão em nível hierárquico superior (determinantes
evoluiu para a insuficiência respiratória devido à hipoxemia e pas- distais e intermediários) ou agirem diretamente na determinação
sará a apresentar severa limitação funcional fase de incapacidade da doença. No exemplo da asma, o determinante proximal pode ser
residual. um evento infeccioso prévio.
Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história na-
tural da doença, poder-se-á modificar o curso da mesma; isso en- Determinação de causalidade na asma brônquica.
volve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as Critérios de causalidade de Hill
- Força da associação
terciárias, para combater a fase da incapacidade residual.
- Consistência
- Especificidade
Prevenção
- Sequência cronológica
- Efeito dose–resposta
As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou ma- - Plausibilidade biológica
nutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravidez se- - Coerência
ria uma importante medida de ação primária, já que mães fuman- - Evidências experimentais
tes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes - Analogia
maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intraute- Somente os estudos experimentais estabelecem definitivamen-
rino e baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinantes mais te a causalidade, porém a maioria das associações encontradas nos
importantes de mortalidade infantil (Horta, 1997). Após a instala- estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra os nove
ção do período clínico ou patológico das doenças, as ações secun- critérios para estabelecer causalidade segundo trabalho clássico de
dárias visam a fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão para Sir Austin Bradford Hill.
o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a medi-
com RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura da de efeito, maior a plausibilidade de que a relação seja causal. Por
da doença e impede sequelas importantes como fibrose pulmonar, exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes mostrou
ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento de primeira que a força da associação entre o fumo do adolescente e a presença
linha e a transmissão da doença para o resto da população. A pre- do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vezes; ou seja,
venção através das ações terciárias procura minimizar os danos já adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes maior
ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente risco para serem fumantes do que aqueles sem amigos fumantes
é um resíduo da tuberculose e pode provocar hemoptises severas, (Malcon, 2000).
tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001). Consistência da associação. A associação também é observa-
da em estudos realizados em outras populações ou utilizando di-
Causalidade em Epidemiologia ferentes metodologias? É possível que, simplesmente por chance,
tenha sido encontrada determinada associação? Se as associações
A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores não
seu papel definido na gênese das doenças, em substituição à teoria deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, senão
da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria a totalidade dos estudos sobre câncer de pulmão, detectou o fumo
como um dos principais fatores associados a esta doença. Especi-
das doenças advém de uma combinação de fatores que interagem
ficidade. A exposição está especificamente associada a um tipo de
entre si e acabam desempenhando importante papel na determi-
doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode ser ques-
nação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chama-
tionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos nódulos
das causas contribuintes citaremos o câncer de pulmão. Nem todo
fibrosos no pulmão (silicose).
fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede
causas contribuindo para o aparecimento dessa doença. Estudos o efeito? A exposição ao fator de risco antecede o aparecimento
mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com da doença e é compatível com o respectivo período de incubação?
câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a do- Nem sempre é fácil estabelecer a seqüência cronológica, nos estu-
ença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há dos realizados quando o período de latência é longo entre a expo-
uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão. sição e a doença.
Ativação dos oncogenes dominantes e inativação de oncogenes su-
pressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas no Critérios de causalidade de Hill
DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de - Força da associação
determinantes genéticos nesta doença (Srivastava, 1995). - Consistência
A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos - Especificidade
distintos, sendo que alguns desses fatores causais estão mais pró- - Sequência cronológica
ximos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. - Efeito dose–resposta

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Plausibilidade biológica Indicadores de Saúde


- Coerência
- Evidências experimentais Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações
- Analogia na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem re-
fletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional.
Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo au- É interessante observar que, apesar desses indicadores serem
mentou significativamente durante a primeira metade do século, chamados “Indicadores de Saúde”, muitos deles medem doenças,
mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às ve-
número de mortes por câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo, zes, medir doença do que medir saúde, como já foi mencionado
o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em ter-
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o mos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se
aumento da mortalidade ocorreu após várias décadas. incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os da-
Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente dos mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na
no sexo masculino, só que com um intervalo de tempo de 40 anos: monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente
o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952, em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão
quatro em 1972, atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto, restritas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que
são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade de a estrutura populacional é estável e, assim, usar valores absolutos.
0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre dife-
de mortes, por ano, quando esses homens atingirem idades mais rentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a
avançadas (Liu, 1998). serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando
Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um au- os dados em forma de taxas ou coeficientes.
mento do efeito? Sendo positiva essa relação, há mais um indício do
fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill (Doll, Indicadores de saúde
1994) sobre a mortalidade por câncer de pulmão e fumo, nos mé- - Mortalidade/sobrevivência
dicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-1991). As - Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito dose-res- - Nutrição/crescimento e desenvolvimento
posta do fumo na mortalidade por câncer de pulmão; os resultados - Aspectos demográficos
finais desse acompanhamento revelavam que fumantes de 1 a 14 - Condições socioeconômicas
cigarros/dia, de 15 a 24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/dia - Saúde ambiental
morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 vezes
- Serviços de saúde
mais do que os não-fumantes, respectivamente.
Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da
conhecimentos? É preciso alguma coerência entre o conhecimento
ocorrência das doenças em uma determinada população e período.
existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e
Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número
câncer de pulmão é um dos exemplos da plausibilidade biológica.
de casos está relacionado ao tamanho da população que lhes deu
Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na urina
origem. O numerador refere-se ao número de casos detectados que
de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco
A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fuman-
etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de sofrer
tes e o número de cigarros fumados e anos de exposição do fuman-
te é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hirayama, aquele evento - é a chamada população em risco. O denominador,
1981). portanto, reflete o número de casos acrescido do número de pes-
Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendên- soas que poderiam tornar-se casos naquele período de tempo. Às
cias temporais, padrões geográficos, distribuição por sexo, estudos vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algumas
em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição pessoas do denominador. Por exemplo, ao calcular-se o coeficien-
resultam em mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se te de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem ser
que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem ser promoto- excluídas do denominador, pois não estão expostas ao risco de ad-
res, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afastamento quirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização desses coefi-
do paciente asmático desses alergênios é capaz de alterar a hiper- cientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos:
responsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença ou a - Escolha da constante (denominador).
precipitação da crise. - Intervalo de tempo.
Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra - Estabilidade dos coeficientes.
doença ou exposição. Exemplo: é bem reconhecido o fato de que a - População em risco.
imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte
associação entre AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imunida- Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para
de está diminuída. evitar que o resultado seja expresso por um número decimal de difí-
Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma cil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplicação da
determinada associação. A pergunta-chave nessa questão da cau- fração por uma constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A decisão
salidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois depende
ou apenas associação? O critério de temporalidade, sem dúvida, é da grandeza dos números decimais; entretanto, para muitos dos in-
indispensável para a causalidade; se a causa não precede o efeito, a dicadores, essa constante já está uniformizada. Por exemplo: para
associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a constante
a inferência da causalidade, mas não necessariamente determinam de 1.000 nascidos vivos.
a causalidade da associação.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se re- Medida da incidência: a incidência mede o número de casos
ferem os coeficientes estudados. Nas estatísticas vitais, esse tempo novos de uma doença, episódios ou eventos na população dentro
é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verifica- de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos
ção contínua dos fatores que determinam a ocorrência e a distri- melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuin-
buição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um do, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número
período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo. de pessoas da população que passou de um estado de não-doente
Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coeficien- para doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o número
te para tempos curtos ou para populações reduzidas, os coeficien- de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade,
tes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gutierrez, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao
no capítulo da epidemiologia da tuberculose, exemplifica de que risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação
forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar, con- por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o
forme o tamanho da população. Para contornar esse problema, é coeficiente de prevalência. A incidência é útil para medir a frequên-
possível aumentar o período de observação (por exemplo, ao invés cia de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo,
de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três anos), a pneumonia, ou doença de duração longa. A incidência pode ser
aumentar o tamanho da amostra (observar uma população maior) cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência.
ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes.
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde
População em risco: refere-se ao denominador da fração para não há entrada de novos casos naquele determinando período. Por
o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil saber o número exato exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, al-
desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no lu- guns desenvolveram câncer de pulmão em um período de tempo
gar de números exatos. especificado. No denominador do cálculo da incidência cumulati-
va, estão incluídos aqueles que, no início do período, não tinham
a doença.
Morbidade
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo
A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sen-
dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto durante um ano. Inci-
do um dos mais citados coeficientes ao longo desse livro. Muitas
dência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 habi-
doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, tantes em 1 ano.
como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expres-
o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à sa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc. (o numerador está
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prog-
sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas as limitações que contri- nósticos em nível individual, pois indica a probabilidade de desen-
buem para essa dificuldade. volver uma doença dentro de um determinado período.

Medidas da morbidade Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma


medida de velocidade (ou densidade). Seu denominador é expresso
Para que se possa acompanhar a morbidade na população e em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida
traçar paralelos entre a morbidade de um local em relação a outros, que as pessoas, inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que
é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas não acontece com a incidência cumulativa).
de morbidade mais utilizadas são as que se seguem:
- Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número to- Relação entre incidência e prevalência
tal de casos, episódios ou eventos existentes em um determinado A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma
ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a relação (quanto maior for a ocorrência de casos novos, maior será o nú-
entre o número de casos existentes de uma determinada doença e mero de casos existentes), como também da duração da doença. A
o número de pessoas na população, em um determinado período. mudança da prevalência pode ser afetada tanto pela velocidade da
Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, as- incidência como pela modificação da duração da doença. Esta, por
sim, torna-se um número inteiro fácil de interpretar (essa constante sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência.
pode ser 100, 1.000 ou 10.000). O termo prevalência refere-se à A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fór-
prevalência pontual ou instantânea. Isso quer dizer que, naquele mula (Vaughan, 1992):
particular ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da coleta, por
exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, por exemplo. Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença
Mortalidade
Na interpretação da medida da prevalência, deve ser lembrado que
O número de óbitos (assim como o número de nascimentos)
a mesma depende do número de pessoas que desenvolveram a do-
é uma importante fonte para avaliar as condições de saúde da po-
ença no passado e continuam doentes no presente. Assim, como
pulação.
já foi descrito no início do capítulo, o denominador é a população
em risco. Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são
os mais tradicionais indicadores de saúde.
Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos Principais coeficientes de mortalidade:
da zona urbana de Pelotas, em 1991, detectaram-se 135 casos de - Coeficiente de mortalidade geral
bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica, se- - Coeficiente de mortalidade infantil
guindo a equação abaixo, foi de (Menezes, 1994): - Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
- Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
- Coeficiente de mortalidade perinatal
- Coeficiente de mortalidade materna

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Coeficiente de mortalidade específico por doença Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os coe-
ficientes específicos por idade da população que se quer estudar
Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do nú- não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Em-
mero total de óbitos por todas as causas em um ano pelo número pregando-se uma segunda população (padrão) - semelhante à po-
da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no RS, pulação que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhecidos,
houve 63.961 óbitos e a população estimada era de 9.762.110; por- multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo
tanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de 6,55 número de óbitos de cada categoria de idade, chegando, assim, ao
(Estatísticas de Saúde). número de mortes que seria esperado na população que está sendo
estudada. O número total de mortes esperado dessa população é
Coeficiente de mortalidade específico por doenças respirató- confrontado com o número de mortes efetivamente ocorridas nes-
rias. É possível obterem-se os coeficientes específicos por determi- sa população, resultando no que se convencionou chamar de razão
nada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas, padronizada de mortalidade (RPM).
por doenças infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose, Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados
dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os coeficientes
conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer im- A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais
portantes dados sobre a saúde de um país, e, ao mesmo, tempo ou menos mortes do que o esperado, respectivamente. Resumin-
fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente do, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente dispo-
de mortalidade por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 ha- níveis; entretanto são medidas difíceis de interpretar e de serem
bitantes. comparadas com outras populações, pois dependem das variações
O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas li-
crianças menores de um ano e é um dos mais importantes indica- mitações, entretanto são fictícias e sua magnitude depende da po-
dores de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreende pulação selecionada.
os óbitos fetais (a partir de 28 semanas de gestação) mais os neo-
natais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro Tipologia dos Estudos Epidemiológicos
importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado,
nos últimos anos, é o coeficiente de mortalidade materna, que diz Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método
respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde). para colher informações adicionais não-disponíveis a partir dos
sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os
Letalidade estudos descritivos são aqueles em que o observador descreve as
A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portadores características de uma determinada amostra, não sendo de grande
de uma determinada doença, em um certo período de tempo, di- utilidade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um trata-
vidida pela população de doentes. É importante lembrar que, na mento, porque não há um grupo-controle para permitir inferências
letalidade, o denominador é o número de doentes. causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos em
Padronização dos coeficientes que as características de um grupo de pacientes são descritas. En-
tretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos e de
Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de uma baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um outro
doença varia com o sexo e o grupo etário, a comparação das taxas tipo de estudo epidemiológico. Sua grande limitação é o fato de não
brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a distribuição haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados serem
por sexo e idade das mesmas for bastante próxima. Sendo essa uma comparados com os de uma outra população. É possível que alguns
situação absolutamente excepcional, o pesquisador frequentemen- desses achados aconteçam simplesmente por chance e, portanto,
te vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou ajustamento), também aconteceriam no grupo-controle.
a fim de eliminar os efeitos da estrutura etária ou do sexo sobre as Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo
taxas a serem analisadas. de referência, o que permite estabelecer comparações. Estes, por
Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo, os sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
índices de mortalidade da França e do México. Caso a análise li- - Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia
mite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 ha- clínica).
bitantes/ano, respectivamente, pode parecer que há uma grande - Observacionais.
diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entre- Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada
tanto, ao considerar-se a grande diferença na distribuição etária exposição está fora do controle do pesquisador (por exemplo, ex-
dos mesmos, com o predomínio no México de grupos com menor posição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada - Estudo transversal.
a padronização por idade, o contraste entre os dois países desapa- - Estudo de coorte.
rece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano, - Estudo de caso-controle.
respectivamente. - Estudo ecológico.
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se
somente para fins de comparação. Há duas maneiras de realizar-se
a padronização.

Método direto: este método exige uma população padrão que


poderá ser a soma de duas populações a serem comparadas (A e
B) ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribui-
ção da população padrão conforme a idade pelos coeficientes de
mortalidade (por exemplo) de cada uma das populações a serem
estudadas (A e B).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus A essa nova forma de desenvolvimento, damos o nome de
principais pontos. desenvolvimento sustentável. Ele tem como conceito clássico ser
aquele que atende às necessidades do presente sem comprome-
Estudo Transversal (Cross-Sectional) ter a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades.
É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determi- Para que o desenvolvimento sustentável seja uma realidade é
nado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-se, parti- necessário o envolvimento de todas as pessoas e nações do planeta.
cularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa. As ações vão desde atitudes individuais até acordos internacionais.
Envolve um grupo de pessoas expostas e não expostas a determi- Meio Ambiente no Brasil
nados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão o No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938,
desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo de 31 de Agosto de 1981, define os instrumentos para proteção do
transversal é que a prevalência da doença deverá ser maior entre os meio ambiente. É considerada o marco inicial das ações para con-
expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que aquele servação ambiental no Brasil.
fator de risco causa a doença. Através dela, o meio ambiente é definido como:
As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo, “o conjunto de condições, leis, influências e interações de or-
a identificação de casos e a detecção de grupos de risco. Entretanto dem física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas
algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade as suas formas”.
reversa – exposição e desfecho são coletados simultaneamente e
frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro. Nesse A Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo a pre-
tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão so- servação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
bre-representados e doenças com duração curta estão sub-repre- à vida.
sentadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem é Também visa assegurar condições ao desenvolvimento socio-
que se a prevalência da doença a ser avaliada for muito baixa, o econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
número de pessoas a ser estudado precisará ser grande. dignidade da vida humana.
A Constituição Federal Brasileira também possui um artigo que
O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra,
trata exclusivamente do Meio Ambiente. O artigo 225 cita que:
ou seja, é a natureza com todos os seres vivos e não vivos que nela
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-
habitam e interagem.
brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vi-
de vida...”
vos e não-vivos que estão relacionados com a vida na Terra. É tudo
Outras leis ambientais importantes que protegem os recursos
aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os
naturais brasileiros e promovem ações voltadas à conservação e
animais, os seres humanos, dentre outros.
melhoria da qualidade de vida são:
Planeta Terra
Preservação Ambiental
Política Nacional da Educação Ambiental - Lei nº 9.795 de 1999.
A preservação do meio ambiente faz parte dos temas transver- Lei de Crimes Ambientais - Lei n.º 9.605 de 1998.
sais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei nº 9.433 de 1997.
O seu objetivo é incitar nos estudantes a importância de pre- O órgão responsável pelas ações e políticas ambientais no Bra-
servar o meio ambiente e os problemas causados pela intervenção sil é o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
humana na natureza.
Qual a diferença entre Preservação e Conservação Ambiental? Acordos Internacionais
Os termos preservação e conservação ambiental são constan- Dada a urgência e a preocupação mundial com os problemas
temente confundidos. Porém, cada um deles possui um significado ambientais e os impactos dele decorrentes, surgiram vários acordos
e objetivos diferentes. e tratados internacionais. Eles propõem novos modelos de desen-
Preservação Ambiental: É a proteção sem a intervenção huma- volvimento, redução da emissão de gases poluentes e conservação
na. Significa a natureza intocável, sem a presença do homem e sem ambiental.
considerar o valor utilitário e econômico que possa ter. A preocupação ambiental vem sendo tratada no âmbito inter-
Conservação Ambiental: É a proteção com uso racional da na- nacional desde a realização da Conferência de Estocolmo, em 1972.
tureza, através do manejo sustentável. Permite a presença do ho- Após isso, ganhou novamente destaque na Conferência das Nações
mem na natureza, porém, de maneira harmônica. Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92 ou ECO-
Um exemplo de áreas de conservação ambiental são as unida- 92), com a aprovação da Agenda 21.
des de conservação. Elas representam espaços instituídos por lei Outros importantes tratados e acordos internacionais voltados
que objetivam proteger a biodiversidade, restaurar ecossistemas, ao meio ambiente são:
resguardar espécies ameaçadas de extinção e promover o desen- Protocolo de Montreal: objetivo de reduzir a emissão de pro-
volvimento sustentável. dutos que causam danos à camada de ozônio
Meio Ambiente e Sustentabilidade Protocolo de Kyoto: objetivo de mitigar o impacto dos proble-
Atualmente, as questões ambientais envolvem a sustentabili- mas ambientais, por exemplo, das mudanças climáticas do planeta
dade. A sustentabilidade é um termo abrangente, que envolve tam- terra.
bém o planejamento da educação, economia e cultura para organi- Rio +10 - Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentá-
zação de uma sociedade forte, saudável e justa. vel: definição de ações voltadas para a preservação ambiental e as-
A sustentabilidade econômica, social e ambiental é um dos pectos sociais, especialmente de países mais pobres.
grandes desafios da humanidade. Rio +20 - Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sus-
O termo sustentabilidade surge da necessidade de aliar o cres- tentável: reafirmação do desenvolvimento sustentável aliado à pre-
cimento econômico com a preservação ambiental. servação ambiental.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Acordo de Paris: objetivo de conter o aquecimento global e re- A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros problemas
duzir as emissões de gases do efeito estufa. de saúde. Portanto, o conjunto de fatores que reúnem o saneamen-
Agenda 2030: objetiva orientar as nações do planeta rumo ao to levam a uma melhoria de vida na população na medida que con-
desenvolvimento sustentável, além de erradicar a pobreza extrema trola e previne doenças, combatendo muitos vetores.
e reforçar a paz mundial. Nesse caso, podemos pensar num dos maiores problemas en-
Educação Ambiental frentados pela população brasileira atualmente com a dissemina-
A educação ambiental corresponde aos processos por meio ção do mosquito da dengue os quais se proliferam mediante a água
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, parada.
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas à Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos higiênicos
conservação do meio ambiente. e controla a poluição ambiental, melhorando assim, a qualidade de
O seu objetivo é a compreensão de conceitos sobre o meio am- vida da população.
biente, sustentabilidade, preservação e conservação. Outras doenças que podem estar relacionadas com a falta de
Além da construção de novos valores sociais, aquisição de co- saneamento básico são:
nhecimentos, atitudes, competências e habilidades para a conquis- • disenteria
ta e a manutenção do direito ao meio ambiente equilibrado. • giardíase
Problemas Ambientais • amebíase
Nas últimas décadas, o meio ambiente vem sofrendo cada vez • gastroenterite
mais com a ação humana, uma delas é a prática da queimada. Como • leptospirose
essa intervenção nem sempre é harmônica e de forma sustentável, • peste bubônica
surgem os problemas ambientais. • cólera
Os principais problemas ambientais da atualidade são: • poliomielite
Mudanças Climáticas • hepatite infecciosa
Efeito Estufa • febre tifoide
Aquecimento Global • malária
Poluição da água • ebola
Poluição do ar • sarampo
Destruição da Camada de Ozônio Saneamento Ambiental
Extinção de espécies O saneamento ambiental é um conceito que está intimamente
Chuva Ácida associado à sustentabilidade, ou seja, à conservação e melhoria do
Desflorestação meio ambiente a partir do impacto ambiental gerado.
Desertificação Ele reúne um conjunto de procedimentos que visam a qualida-
Poluição de da população, sobretudo na infraestrutura das cidades, as quais
Conceitos Relacionados ao Meio Ambiente geram poluição do ar, da água e do solo.
Alguns conceitos importantes relacionados ao meio ambiente Uma importante medida adotada por programas de sanea-
são: mento ambiental é a conscientização e educação da população em
Ecossistema: Conjuntos de seres vivos (Bióticos) e não vivos geral com o intuito de alertar para a importância da conservação
(Abióticos). ambiental.
Seres Bióticos: Seres autótrofos (produtores) e heterótrofos
(consumidores), ou seja, as plantas, os animais e os microrganis-
mos. VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Seres Abióticos: São os fatores físico-químicos presentes num
ecossistema, como a água, os nutrientes, a umidade, o solo, os raios A Atenção Básica (AB), como primeiro nível de atenção do
solares, ar, gases, temperatura, etc. Sistema Único de Saúde (SUS), caracteriza-se por um conjunto de
Biomas: Conjunto de Ecossistemas. Vale lembrar que os bio-
ações no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e
mas que compõem o Brasil são: Biomas Amazônia, Bioma Caatinga,
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tra-
Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica, Bioma Pantanal e o Bioma
tamento, a reabilitação e visa à manutenção da saúde. Deve ser
dos Pampas.
desenvolvida por equipes multiprofissionais, de maneira a desen-
Fonte: https://www.todamateria.com.br/tudo-sobre-meio-
volver responsabilidade sanitária sobre as diferentes comunidades
-ambiente/
adscritas à territórios bem delimitados, deve considerar suas carac-
terísticas sócio-culturais e dinamicidade e, de maneira programada,
Saneamento básico é um conceito que está relacionado com
organizar atividades voltadas ao cuidado longitudinal das famílias
o controle e distribuição dos recursos básicos (abastecimento, tra-
da comunidade.
tamento e distribuição de água, esgoto sanitário, coleta e destino
adequado do lixo, limpeza pública) tendo em conta o bem-estar fí- A Saúde da Família é a estratégia para organização da Atenção
sico, mental ou social da população. Básica no SUS.
No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº. Propõe a reorganização das práticas de saúde que leve em con-
11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Constituição a par- ta a necessidade de adequar as ações e serviços à realidade da po-
tir de investimentos públicos na área. Segundo a Organização Mun- pulação em cada unidade territorial, definida em função das carac-
dial de Saúde (OMS): terísticas sociais, epidemiológicas e sanitárias. Busca uma prática de
“Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais que saúde que garanta a promoção à saúde, à continuidade do cuidado,
podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e a integralidade da atenção, a prevenção e, em especial, a respon-
social dos indivíduos”. sabilização pela saúde da população, com ações permanentes de
Saneamento Básico e Saúde vigilância em saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na Saúde da Família, os profissionais realizam o cadastramento Vigilância Epidemiológica é um “conjunto de ações que pro-
domiciliar, diagnóstico situacional e ações dirigidas à solução dos porciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer
problemas de saúde, de maneira pactuada com a comunidade, bus- mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde in-
cando o cuidado dos indivíduos e das famílias. A atuação desses dividual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as
profissionais não está limitada à ação dentro da Unidade Básica de medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.
Saúde (UBS), ela ocorre também nos domicílios e nos demais espa- O propósito da Vigilância Epidemiológica é fornecer orientação
ços comunitários (escolas, associações, entre outros). técnica permanente para os que têm a responsabilidade de decidir
A Vigilância em Saúde, entendida como uma forma de pensar e sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos. Sua
agir, tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde operacionalização compreende um ciclo completo de funções espe-
da população e a organização e execução de práticas de saúde ade- cíficas e articuladas, que devem ser desenvolvidas de modo contí-
quadas ao enfrentamento dos problemas existentes. nuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comportamento epi-
É composta pelas ações de vigilância, promoção, prevenção e demiológico da doença ou agravo escolhido como alvo das ações,
controle de doenças e agravos à saúde, devendo constituir-se em para que as intervenções pertinentes possam ser desencadeadas
um espaço de articulação de conhecimentos e técnicas vindos da com oportunidade e efetividade.
epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais, é, pois, refe- Tem como função coleta e processamento de dados; análise e
rencial para mudanças do modelo de atenção. Deve estar inserida interpretação dos dados processados; investigação epidemiológica
cotidianamente na prática das equipes de saúde de Atenção Básica. de casos e surtos; recomendação e promoção das medidas de con-
As equipes Saúde da Família, a partir das ferramentas da vigilância, trole adotadas, impacto obtido, formas de prevenção de doenças,
dentre outras. Corresponde à vigilância das doenças transmissíveis
desenvolvem habilidades de programação e planejamento, de ma-
(doença clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resul-
neira a organizar ações programadas e de atenção a demanda es-
tante de uma infecção) e das doenças e agravos não transmissíveis
pontânea, que garantam o acesso da população em diferentes ativi-
(não resultante de infecção). É na Atenção Básica / Saúde da Família
dades e ações de saúde e, desta maneira, gradativamente impacta
o local privilegiado para o desenvolvimento da vigilância epidemio-
sobre os principais indicadores de saúde, mudando a qualidade de lógica. A Vigilância da Situação de Saúde desenvolve ações de mo-
vida daquela comunidade. nitoramento contínuo do país/estado/região/município/equipes,
O conceito de Vigilância em Saúde inclui: a vigilância e contro- por meio de estudos e análises que revelem o comportamento dos
le das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos principais indicadores de saúde, dando prioridade a questões rele-
não transmissíveis; a vigilância da situação de saúde, vigilância am- vantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais abran-
biental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância gente.
sanitária. As ações de Vigilância em Saúde Ambiental, estruturadas a par-
Este conceito procura simbolizar, na própria mudança de de- tir do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, estão
nominação, uma nova abordagem, mais ampla do que a tradicio- centradas nos fatores não-biológicos do meio ambiente que pos-
nal prática de vigilância epidemiológica, tal como foi efetivamente sam promover riscos à saúde humana: água para consumo huma-
constituída no país, desde a década de 70. Em um grande número no, ar, solo, desastres naturais, substâncias químicas, acidentes com
de doenças transmissíveis, para as quais se dispõe de instrumentos produtos perigosos, fatores físicos e ambiente de trabalho. Nesta
eficazes de prevenção e controle, o Brasil tem colecionado êxitos estrutura destaca-se:
importantes. (1) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade
Esse grupo de doenças encontra-se em franco declínio, com re- da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) consiste no conjunto
duções drásticas de incidência. Entretanto, algumas dessas doenças de ações adotadas continuamente pelas autoridades de saúde pú-
apresentam quadro de persistência, ou de redução, ainda recente, blica para garantir que a água consumida pela população atenda
configurando uma agenda inconclusa nessa área, sendo necessário ao padrão e às normas estabelecidas na legislação vigente e para
o fortalecimento das novas estratégias, recentemente adotadas, avaliar os riscos que a água consumida representa para a saúde hu-
que obrigatoriamente impõem uma maior integração entre as áre- mana. Suas atividades visam, em última instância, a promoção da
as de prevenção e controle e à rede assistencial. Um importante saúde e a prevenção das doenças de transmissão hídrica;
foco da ação de controle desses agravos está voltado para o diag- (2) À Vigilância em Saúde Ambiental de Populações Potencial-
nóstico e tratamento das pessoas doentes, visando à interrupção da mente Expostas a Solo Contaminado (VIGISOLO) compete recomen-
cadeia de transmissão, onde grande parte das ações encontra-se no dar e adotar medidas de promoção à saúde ambiental, prevenção
e controle dos fatores de risco relacionados às doenças e outros
âmbito da Atenção Básica/Saúde da Família. Além da necessidade
agravos à saúde decorrentes da contaminação por substâncias quí-
de promover ações de prevenção e controle das doenças transmis-
micas no solo;
síveis, que mantém importante magnitude e/ou transcendência em
(3) A Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade
nosso país, é necessário ampliar a capacidade de atuação para no-
do Ar (VIGIAR) tem por objetivo promover a saúde da população ex-
vas situações que se colocam sob a forma de surtos ou devido ao posta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmosfé-
surgimento de doenças inusitadas. Para o desenvolvimento da pre- ricos - provenientes de fontes fixas, de fontes móveis, de atividades
venção e do controle, em face dessa complexa situação epidemio- relativas à extração mineral, da queima de biomassa ou de incên-
lógica, têm sido fortalecidas estratégias específicas para detecção e dios florestais - contemplando estratégias de ações intersetoriais.
resposta às emergências epidemiológicas.
Outro ponto importante está relacionado às profundas mudan-
ças nos perfis epidemiológicos das populações ao longo das últimas
décadas, nos quais se observa declínio das taxas de mortalidade por
doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento das mortes
por causas externas e pelas doenças crônico-degenerativas, levan-
do a discussão da incorporação das doenças e agravos não-trans-
missíveis ao escopo das atividades da vigilância epidemiológica.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Outra área que se incorpora nas ações de vigilância em saúde O Caderno de Atenção Básica Vigilância em Saúde Volume1,
é a saúde do trabalhador que entende-se como sendo um conjunto visa contribuir para a compreensão da importância da integração
de atividades que se destina, através das ações de vigilância epide- entre as ações de Vigilância em Saúde e demais ações de saúde,
miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde universo do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica/
dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da Saúde da Família, visando a garantia da integralidade do cuidado.
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos São enfocadas ações de vigilância em saúde na Atenção Básica, no
das condições de trabalho, abrangendo entre outros: (1) assistên- tocante aos agravos: dengue, esquistossomose, hanseníase, malá-
cia ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de ria, tracoma e tuberculose.
doença profissional e do trabalho; (2) participação em estudos, pes-
quisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde 1.1 Processo De Trabalho Da Atenção Básica
existentes no processo de trabalho; (3) informação ao trabalhador e E Da Vigilância Em Saúde
à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de
acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como Apesar dos inegáveis avanços na organização da Atenção Bá-
os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de sica ocorrida no Brasil na última década e a descentralização das
saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os pre- ações de Vigilância em Saúde, sabe-se que ainda persistem vários
ceitos da ética profissional. problemas referentes à gestão e organização dos serviços de saúde
Outro aspecto fundamental da vigilância em saúde é o cuida- que dificultam a efetiva integração da Atenção Básica e a Vigilância
do integral à saúde das pessoas por meio da Promoção da Saúde. em Saúde, comprometendo a integralidade do cuidado.
A Promoção da Saúde é compreendida como estratégia de articu- Para qualificar a atenção à saúde a partir do princípio da inte-
lação transversal, à qual incorpora outros fatores que colocam a gralidade é fundamental que os processos de trabalho sejam orga-
saúde da população em risco trazendo à tona as diferenças entre nizados com vistas ao enfrentamento dos principais problemas de
necessidades, territórios e culturas presentes no país. Visa criar me- saúde-doença da comunidade, onde as ações de vigilância em saú-
canismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam a de devem estar incorporadas no cotidiano das equipes de Atenção
equidade e incorporem a participação e o controle social na gestão Básica/Saúde da Família.
das políticas públicas. Um dos sentidos atribuídos ao princípio da Integralidade na
Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde prevê construção do SUS refere ao cuidado de pessoas, grupos e coletivi-
que a organização da atenção e do cuidado deve envolver ações dades, percebendo-os como sujeitos históricos, sociais e políticos,
e serviços que operem sobre os determinantes do adoecer e que articulados aos seus contextos familiares, ao meio-ambiente e a so-
vão além dos muros das unidades de saúde e do próprio sistema ciedade no qual se inserem. (NIETSCHE EA, 2000)
de saúde. O objetivo dessa política é promover a qualidade de vida Para a qualidade da atenção, é fundamental que as equipes
e reduzir a vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus busquem a integralidade nos seus vários sentidos e dimensões,
determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de como: propiciar a integração de ações programáticas e demanda
trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a espontânea; articular ações de promoção à saúde, prevenção de
bens e serviços essenciais. Tem como ações específicas: alimenta- agravos, vigilância à saúde, tratamento, reabilitação e manutenção
ção saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e contro- da saúde; trabalhar de forma interdisciplinar e em equipe; coor-
le do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do denar o cuidado aos indivíduos-família-comunidade; integrar uma
uso de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por rede de serviços de maior complexidade e, quando necessário, co-
acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura ordenar o acesso a esta rede.
da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável. Para a integralidade do cuidado, fazem-se necessárias mudan-
Pensar em Vigilância em Saúde pressupõe a não dissociação ças na organização do processo de trabalho em saúde, passando a
com a Vigilância Sanitária. A Vigilância Sanitária é entendida como Atenção Básica/Saúde da Família a ser o lócus principal de desen-
um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir ris- volvimento dessas ações.
cos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do
meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de 1.2 O Território
serviços de interesse da saúde. (BRASIL, 1990)
Os sistemas de saúde devem se organizar sobre uma base terri-
Abrange: torial, onde a distribuição dos serviços segue uma lógica de delimi-
(1) o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- tação de áreas de abrangência.
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e O território em saúde não é apenas um espaço delimitado ge-
processos, da produção ao consumo; ograficamente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, esta-
(2) o controle da prestação de serviços que se relacionam dire- belecem suas relações sociais, trabalham e cultivam suas crenças e
ta ou indiretamente com a saúde. cultura. A territorialização é base do trabalho das Equipes de Saú-
Neste primeiro caderno, elegeu-se como prioridade o fortaleci- de da Família (ESF) para a prática da Vigilância em Saúde. O fun-
mento da prevenção e controle de algumas doenças de maior pre- damental propósito deste processo é permitir eleger prioridades
valência, assim como a concentração de esforços para a eliminação para o enfrentamento dos problemas identificados nos territórios
de outras, que embora de menor impacto epidemiológico, atinge de atuação, o que refletirá na definição das ações mais adequadas,
áreas e pessoas submetidas às desigualdades e exclusão. contribuindo para o planejamento e programação local. Para tal, é
necessário o reconhecimento e mapeamento do território: segun-
do a lógica das relações e entre condições de vida, saúde e acesso
às ações e serviços de saúde. Isso implica um processo de coleta
e sistematização de dados demográficos, socioeconômicos, políti-
co-culturais, epidemiológicos e sanitários que, posteriormente, de-
vem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe de
saúde.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Integrar implica discutir ações a partir da realidade local; lamentado por meio da Portaria GM/MS nº. 1.882, de 18 de dezem-
aprender a olhar o território e identificar prioridades assumindo o bro de 1997, quando se tornou obrigatória a alimentação regular da
compromisso efetivo com a saúde da população. Para isso, o ponto base de dados nacional pelos municípios, estados e Distrito Federal,
de partida é o processo de planejamento e programação conjunto, e o Ministério da Saúde foi designado como gestor nacional do sis-
definindo prioridades, competências e atribuições a partir de uma tema.
situação atual reconhecida como inadequada tanto pelos técnicos O Sinan é atualmente alimentado, principalmente, pela noti-
quanto pela população, sob a ótica da qualidade de vida. ficação e investigação de casos de doenças e agravos que constam
da Lista Nacional de Doenças de Notificação Compulsória em todo
1.3 Planejamento E Programação Território Nacional - LDNC, conforme Portaria SVS/MS nº. 05, de
21/02/2006, podendo os estados e municípios incluir outros pro-
Planejar e programar em um território específico exige um blemas de saúde pública, que considerem importantes para a sua
conhecimento das formas de organização e de atuação dos órgãos região.
governamentais e não-governamentais para se ter clareza do que é
necessário e possível ser feito. É importante o diálogo permanente 1.5 Ficha De Notificação Individual
com os representantes desses órgãos, com os grupos sociais e mo-
radores, na busca do desenvolvimento de ações intersetoriais opor- É o documento básico de coleta de dados, que inclui dados
tunizando a participação de todos. Isso é adotar a intersetorialidade sobre a identificação e localização do estabelecimento notificante,
como estratégia fundamental na busca da integralidade da atenção. identificação, características socioeconômicas, local da residência
Faz-se necessário o fortalecimento das estruturas gerenciais do paciente e identificação do agravo notificado.
dos municípios e estados com vistas não só ao planejamento e pro- Essa ficha é utilizada para notificar um caso a partir da suspei-
gramação, mas também da supervisão, seja esta das equipes, dos ção do agravo, devendo ser encaminhada para digitação após o seu
municípios ou regionais. Instrumentos de gestão como processos preenchimento, independentemente da confirmação do diagnósti-
de acompanhamento, monitoramento e avaliação devem ser ins- co, por exemplo: notificar um caso de dengue a partir da suspeita
titucionalizados no cotidiano como reorientador das práticas de de um caso que atenda os critérios estabelecidos na definição de
saúde. caso.
Os Sistemas de Informações de Saúde desempenham papel re- A ficha de investigação contém, além dos dados da notificação,
levante para a organização dos serviços, pois os estados e os muni- dados referentes aos antecedentes epidemiológicos, dados clínicos
cípios de posse das informações em saúde têm condições de adotar e laboratoriais específicos de cada agravo e dados da conclusão da
de forma ágil, medidas de controle de doenças, bem como planejar investigação.
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, subsidiando
A impressão, controle da pré-numeração e distribuição das
a tomada de decisões.
fichas de notificação e de investigação para os municípios são de
É fundamental o uso de protocolos assistenciais que prevejam
responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, podendo ser de-
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, que são
legada à Secretaria Municipal de Saúde.
dirigidos aos problemas mais frequentes da população. Tais proto-
Os instrumentos de coleta padronizados pelo Ministério da
colos devem incluir a indicação da continuidade da atenção, sob a
Saúde são específicos para cada agravo de notificação compulsória,
lógica da regionalização, flexíveis em função dos contextos estadu-
e devem ser utilizados em todas as unidades federadas.
ais, municipais e locais. Alia-se a importância de adotar o processo
de Educação Permanente em Saúde na formação e qualificação das Para os agravos hanseníase e tuberculose são coletados ainda
equipes, cuja missão é ter capacidade para resolver os problemas dados de acompanhamento dos casos. As notificações de malária
que lhe são apresentados, ainda que a solução extrapole aquele ní- e esquistossomose registradas no Sinan correspondem àquelas
vel de atenção (da resolubilidade, da visão das redes de atenção) identificadas fora das respectivas regiões endêmicas. Esses agravos
e a necessidade de criar mecanismos de valorização do trabalho quando notificados em local onde são endêmicos devem ser regis-
na atenção básica seja pelos incentivos formais, seja pela co-gestão trados em sistemas específicos.
(participação no processo decisório). Dados dos Inquéritos de Tracoma, embora não seja doença de
Finalmente, como forma de democratizar a gestão e atender notificação compulsória no país devem ser registrados no Sinan -
as reais necessidades da população é essencial a constituição de versão NET, por ser considerada de interesse nacional.
canais e espaços que garantam a efetiva participação da população A população sob vigilância corresponde a todas as pessoas
e o controle social. residente no país. Cada município deve notificar casos detectados
em sua área de abrangência, sejam eles residentes ou não nesse
1.4 Sistema De Informação De Agravos De Notificação – município.
Sinan As unidades notificantes são, geralmente, aquelas que prestam
atendimento ao Sistema Único de Saúde, incluindo as Unidades
A informação é instrumento essencial para a tomada de deci- Básicas de Saúde/Unidades de Saúde da Família. Os profissionais
sões, ferramenta imprescindível à Vigilância em Saúde, por ser o de saúde no exercício da profissão, bem como os responsáveis por
fator desencadeador do processo “informação-decisão-ação”. organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) foi e ensino, têm a obrigação de comunicar aos gestores do Sistema
desenvolvido no início da década de 90, com objetivo de padronizar Único de Saúde a ocorrência de casos suspeito/confirmados dos
a coleta e processamento dos dados sobre agravos de notificação agravos listados na LNDC.
obrigatória em todo o território nacional. Construído de maneira
hierarquizada, mantendo coerência com a organização do SUS, pre- O Sinan permite a coleta, processamento, armazenamento e
tende ser suficientemente ágil na viabilização de análises de situa- análise dos dados desde a unidade notificante, sendo adequado à
ções de saúde em curto espaço de tempo. O Sinan fornece dados descentralização de ações, serviços e gestão de sistemas de saúde.
para a análise do perfil da morbidade e contribui para a tomada de Se a Secretaria Municipal de Saúde for informatizada, todos os ca-
decisões nos níveis municipal, estadual e federal. Seu uso foi regu- sos notificados pelo município devem ser digitados, independente

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do local de residência. Contudo, caso as unidades de saúde não dis- Outras rotinas, como o fluxo de retorno, serão implementa-
ponham de microcomputadores, o sistema informatizado pode ser das, permitindo que o município de residência tenha na sua base
operacionalizado a partir das secretarias municipais, das regionais de dados todos os casos, independentemente do local onde foram
e da secretaria de estado de saúde. notificados. A base de dados foi preparada para georreferenciar os
As unidades notificantes enviam semanalmente as fichas de casos notificados naqueles municípios que desejem trabalhar com
notificação/ investigação ou, se for informatizada, o arquivo de geoprocessamento de dados.
transferência de dados por meio eletrônico para as secretarias mu- A utilização efetiva do Sinan possibilita a realização do diagnós-
nicipais de saúde, que enviam os arquivos de transferência de da- tico dinâmico da ocorrência de um evento na população; podendo
dos, pelo menos uma vez por semana, à regional de saúde ou Secre- fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notifica-
taria de Estado da Saúde. Os municípios que não têm implantado ção compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas
o processamento eletrônico de dados pelo Sinan encaminham as estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade
fichas de notificação/investigação e seguem o mesmo fluxo descrito epidemiológica de determinada área geográfica.
anteriormente. A SES envia os dados para o Ministério da Saúde, O desafio não só para o Sinan, mas para todos os demais sis-
por meio eletrônico, pelo menos uma vez por semana. temas de informação de saúde no Brasil, é criar uma interface de
Dentre as atribuições de cada nível do sistema cabe a todos comunicação entre si descaracterizando-os como um sistema car-
efetuar análise da qualidade dos dados, como verificar a duplicida- torial de registro, para se transformar em sistemas ágeis que per-
de de registros, completitude dos campos e consistência dos dados, mitam desencadear ações imediatas e realizar análises em tempo
análises epidemiológicas e divulgação das informações. No entanto, oportuno.
cabe somente ao primeiro nível informatizado a complementação O uso sistemático dos dados gerados pelo Sistema, de forma
de dados, correção de inconsistências e vinculação/exclusão de du- descentralizada, contribui para a democratização da informação,
plicidades e exclusão de registros. permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso à
As bases de dados geradas pelo Sinan são armazenadas pelo informação e a disponibilize para a comunidade. É, portanto, um
gerenciador de banco de dados PostgreSQL ou Interbase. Para ana- instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, defi-
lisá-las utilizando programas informatizados tais como o SPSS, o nir prioridades de intervenção, além de possibilitar que sejam ava-
Tabwin e o Epi Info, é necessário exportá-las para o formato DBF. liados os impactos das intervenções.
Esse procedimento é efetuado em todos os níveis, utilizando rotina
própria do sistema. 1.7 O Trabalho Da Equipe Multiprofissional
Com o objetivo de divulgar dados, propiciar a análise da sua
qualidade e o cálculo de indicadores por todos os usuários do siste- Os diferentes profissionais das equipes de saúde da Atenção
ma e outros interessados, a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS Básica/Saúde da Família têm importante papel e contribuição nas
do Ministério da Saúde criou um site do Sinan que pode ser acessa- ações de Vigilância em Saúde. As atribuições específicas dos profis-
do pelo endereço www.saude.gov.br/svs - sistemas de informações sionais da Atenção Básica, já estão definidas na Política Nacional de
ou www.saude.gov.br/sinanweb. Nessa página estão disponíveis: Atenção Básica (PNAB).
• Relatórios gerenciais; Como atribuição comum a todos os profissionais das equipes,
• Relatórios epidemiológicos por agravo; descreve-se:
• Documentação do sistema (Dicionários de dados - descrição • Garantir atenção integral e humanizada à população adscrita;
dos campos das fichas e das características da variável correspon- • Realizar tratamento supervisionado, quando necessário;
dente nas bases de dados); • Orientar o usuário/família quanto à necessidade de concluir
• Fichas de notificação e de investigação de cada agravo; o tratamento;
• Instrucionais para preenchimento das Fichas; • Acompanhar os usuários em tratamento;
• Manuais de uso do sistema; • Prestar atenção contínua, articulada com os demais níveis de
• Cadernos de análise da qualidade das bases de dados e cálcu- atenção, visando o cuidado longitudinal (ao longo do tempo);
lo de indicadores epidemiológicos e operacionais; • Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, no âm-
• Produção - acompanhamento do recebimento pelo Ministé- bito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços co-
rio da Saúde dos arquivos de transferência de cada UF; munitários (escolas, associações, entre outros), quando necessário;
• Base de dados - uso da ferramenta TabNet para tabulação de • Construir estratégias de atendimento e priorização de popu-
dados de casos confirmados notificados no Sinan a partir de 2001. lações mais vulneráveis, como exemplo: população de rua, ciganos,
quilombolas e outras;
1.6 Sinan NET • Realizar visita domiciliar a população adscrita, conforme pla-
nejamento assistencial;
Novo aplicativo desenvolvido pela SVS/MS em conjunto ao DA- • Realizar busca ativa de novos casos e convocação dos falto-
TASUS, objetiva modificar a lógica de produção de informação para sos;
a de análise em níveis cada vez mais descentralizados do sistema • Notificar casos suspeitos e confirmados, conforme fichas ane-
de saúde. Subsidia a construção de sistemas de vigilância epide- xas;
miológica de base territorial, que esteja atento ao que ocorre em • Preencher relatórios/livros/fichas específicos de registro e
toda sua área de atuação. Possibilita ao município que estiver inter- acompanhamento dos agravos/doenças, de acordo com a rotina da
ligado à internet, a transmissão dos dados das fichas de notificação UBS;
diariamente às demais esferas de governo, fazendo com que esses • Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em
dados estejam disponíveis em tempo oportuno, às três esferas de Saúde – Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), Sistema
governo. de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de
Já os dados das fichas de investigação somente serão transmiti- Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de No-
dos quando for encerrado o processo de investigação, conseguindo tificação (Sinan) e outros para planejar, programar e avaliar as ações
dessa forma, separar essas duas etapas. de vigilância em saúde;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Desenvolver ações educativas e de mobilização da comu- serviços de saúde, e definir suas bases territoriais, de acordo com
nidade relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de sua realidade, perfil epidemiológico, aspectos geográficos, culturais
abrangência; e sociais, entre outros.
• Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote-
ção individual e familiar para a prevenção de doenças/agravos; 1.8 Atribuições Específicas Dos Profissionais Da Atenção Bási-
• Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples ca/Saúde Da Família
de manejo ambiental para o controle de vetores;
• Articular e viabilizar as medidas de controle vetorial e outras 1.8.1 Agente Comunitário de Saúde – ACS
ações de proteção coletiva; - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami-
• Identificar possíveis problemas e surtos relacionados à qua- nhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
lidade da água, em nível local como a situação das fontes de abas- - Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-lo quanto à
tecimento e de armazenamento da água e a variação na incidência necessidade de sua conclusão;
de determinadas doenças que podem estar associadas à qualidade - Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
da água; dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de
• Identificar a disposição inadequada de resíduos, industriais abrangência;
ou domiciliares, em áreas habitadas; a armazenagem inadequada - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote-
de produtos químicos tóxicos (inclusive em postos de gasolina) e a ção individual e familiar para a prevenção de doença;
variação na incidência de doenças potencialmente relacionadas a - Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de
manejo ambiental para o controle de vetores;
intoxicação;
- Planejar/programar as ações de controle das doenças/agravos
• Identificar a poluição do ar derivada de indústrias, automó-
em conjunto ao ACE e equipe da Atenção Básica/Saúde da Família.
veis, queimadas, inclusive nas situações intra-domiciliares (fumaça
e poeira) e as variações na incidência de doenças, principalmente
1.8.2 Agente de Controle de Endemias – ACE
as morbidades respiratórias e cardiovasculares, que podem estar
associadas à poluição do ar. - Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami-
Na organização da atenção, o Agente Comunitário de Saúde nhar os casos suspeitos para a Unidade de Saúde;
(ACS) e o Agente de Controle de Endemias (ACE) desempenham - Acompanhar os usuários em tratamento e orientá-los quanto
papéis fundamentais, pois se constituem como elos entre a comu- à necessidade de sua conclusão;
nidade e os serviços de saúde. Assim como os demais membros da - Desenvolver ações educativas e de mobilização da comuni-
equipe, tais agentes devem ter co-responsabilização com a saúde dade relativas ao controle das doenças/agravos, em sua área de
da população de sua área de abrangência. Por isso, devem desen- abrangência;
volver ações de promoção, prevenção e controle dos agravos, sejam - Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote-
nos domicílios ou nos demais espaços da comunidade, e embora ção individual e familiar para a prevenção de doenças;
realizem ações comuns, há um núcleo de atividades que é específi- - Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de
co a cada um deles. manejo ambiental para o controle de vetores;
No processo de trabalho, estes dois atores, ACS e ACE, devem - Realizar, quando indicado a aplicação de larvicidas/molusco-
ser coresponsáveis pelo controle das endemias, integrando suas ati- cidas químicos e biológicos; a borrifação intradomiciliar de efeito
vidades de maneira a potencializar o trabalho e evitar a duplicidade residual; e a aplicação espacial de inseticidas por meio de nebuliza-
das ações que, embora distintas, se complementam. ções térmicas e ultra-baixo-volume;
Os gestores e as equipes de saúde devem definir claramente os - Realizar atividades de identificação e mapeamento de cole-
papéis, competências e responsabilidades de cada um destes agen- ções hídricas de importância epidemiológica;
tes e, de acordo com a realidade local, definir os fluxos de trabalho. - Planejar/programar as ações de controle das doenças/agravos
Cada ACE deverá ficar como referência para as ações de vigilância em conjunto ao ACS e equipe da Atenção Básica/Saúde da Família.
de um número de ACS. Esta relação entre o número de ACE e de
ACS será variável, pois, se baseará no perfil epidemiológico e nas 1.8.3 Médico
demais características locais (como geografia, densidade demográ-
fica e outras). - Diagnosticar e tratar precocemente os agravos/doenças, con-
forme orientações, contidas neste caderno;
Na divisão do trabalho entre os diferentes agentes, o ACS, após
- Solicitar exames complementares, quando necessário;
as visitas domiciliares e identificação dos problemas que não pode-
- Realizar tratamento imediato e adequado, de acordo com es-
rão ser resolvidos por ele, deverá transmití-las ao ACE, seu parceiro,
quema terapêutico definido neste caderno;
que planejará conjuntamente as ações de saúde caso a caso como,
- Encaminhar, quando necessário, os casos graves para a uni-
por exemplo, quando o ACS identificar uma caixa d’água de difícil dade de referência, respeitando os fluxos locais e mantendo-se res-
acesso ou um criadouro que necessite da utilização de larvicida. ponsável pelo acompanhamento;
O ACE deve ser incorporado nas atividades das equipes da - Realizar assistência domiciliar, quando necessário;
Atenção Básica/Saúde da Família, tomando como ponto de partida - Orientar os Auxiliares e técnicos de enfermagem, ACS e ACE
sua participação no processo de planejamento e programação. É para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen-
importante que o ACE esteja vinculado a uma Unidade Básica de to supervisionado;
Saúde, pois a efetiva integração das ações de controle está no pro- - Contribuir e participar das atividades de educação permanen-
cesso de trabalho realizado cotidianamente. te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata-
Um dos fatores fundamentais para o êxito do trabalho é a in- mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças;
tegração das bases territoriais de atuação dos Agentes Comunitá- - Enviar mensalmente ao setor competente as informações epi-
rios de Saúde (ACS) e Agentes de Controle de Endemias (ACE). O demiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação da
gestor municipal, junto às equipes de saúde, deve organizar seus UBS, analisar os dados para propor possíveis intervenções.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.8.4 Enfermeiro Com a atuação do SUS, o acesso universal e gratuito à vacina-


ção foi garantido, a cobertura da atenção primária à saúde foi am-
- Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames comple- pliada, e as estratégias de vigilância e controle das doenças trans-
mentares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras missíveis foram reestruturadas. A morbimortalidade por doenças
normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observa- transmissíveis apresentou redução importante. Entre 1930 e 2007,
das as disposições legais da profissão; a mortalidade proporcional por doenças transmissíveis declinou de
- Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvi- 50% para 5%, contudo, estas ainda constituem importante proble-
das pelos ACS; ma de saúde pública no Brasil (Barreto et al., 2011).
- Realizar assistência domiciliar, quando necessário; No país, observa-se a persistência de diversas doenças trans-
- Enviar mensalmente ao setor competente as informações epi- missíveis, especialmente daquelas relacionadas à pobreza, também
demiológicas referentes às doenças/agravo na área de atuação da consideradas negligenciadas, por não apresentarem atrativos eco-
UBS e analisar os dados para possíveis intervenções; nômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja por sua
- Orientar os auxiliares/técnicos de enfermagem, ACS e ACE baixa prevalência, ou por atingir populações socialmente desfa-
para o acompanhamento dos casos em tratamento e/ou tratamen- vorecidas (Anvisa, 2007). Estas doenças não apenas ocorrem com
to supervisionado; maior frequência em regiões empobrecidas, como também são
- Contribuir e participar das atividades de educação permanen- condições promotoras de pobreza (Hotez et al., 2006a).
te dos membros da equipe quanto à prevenção, manejo do trata- As doenças transmissíveis permanecem como agentes impor-
mento, ações de vigilância epidemiológica e controle das doenças. tantes da pobreza debilitante no mundo. A cada ano, essas doenças
matam quase nove milhões de pessoas, muitas delas crianças com
1.8.5 Auxiliar/Técnico de Enfermagem menos de cinco anos de idade, além de causar grande carga de in-
capacidade por toda a vida. Estas podem prejudicar o crescimento
- Participar das atividades de assistência básica, realizando pro- infantil e o desenvolvimento intelectual, bem como a produtividade
do trabalho. Esforços de pesquisa voltados para sua prevenção po-
cedimentos regulamentados para o exercício de sua profissão;
dem ter um impacto enorme na redução da pobreza (OMS, 2012).
- Realizar assistência domiciliar, quando necessária;
A pobreza cria condições que favorecem a disseminação de do-
- Realizar tratamento supervisionado, quando necessário, con-
enças transmissíveis e impede que as pessoas afetadas obtenham
forme orientação do enfermeiro e/ou médico.
acesso adequado à prevenção e à assistência. As doenças transmis-
síveis relacionadas à pobreza afetam desproporcionalmente pesso-
1.8.6 Cirurgião Dentista, Técnico em Higiene Dental – THD e as que vivem em comunidades pobres ou marginalizadas. Fatores
Auxiliar de Consultório Dentário – ACD econômicos, sociais e biológicos interagem para formar um ciclo vi-
cioso de pobreza e doença do qual, para muitas pessoas, não existe
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e encami- escapatória (OMS, 2012).
nhar os casos suspeitos para consulta; Tendo em vista a relevância das doenças transmissíveis rela-
- Desenvolver ações educativas e de mobilização da comunida- cionadas à pobreza sobre a saúde no mundo e no Brasil, o controle
de relativas ao controle das doenças/agravos em sua área de abran- destas pode promover um impacto positivo não apenas sobre os
gência; indicadores relacionados diretamente à saúde, mas também sobre
- Participar da capacitação dos membros da equipe quanto à aqueles relacionados à pobreza e à educação (Hotez et al., 2006b).
prevenção, manejo do tratamento, ações de vigilância epidemioló- Nesse contexto, estudos sobre desigualdades em saúde são de
gica e controle das doenças; grande interesse, visando subsidiar políticas públicas necessárias
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de prote- para superar a distribuição desigual da saúde na sociedade (OMS,
ção individual e familiar para a prevenção de doenças 2011). O uso dos determinantes sociais como fatores analíticos
privilegiados permite a identificação de padrões de agregação geo-
gráfica e sobreposição espacial das doenças transmissíveis. A partir
desta perspectiva, podem ser vislumbradas estratégias alternativas
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOEN- visando à prevenção e ao controle dessas doenças. Além disso,
ÇAS TRANSMISSÍVEIS PREVALENTES NO CENÁRIO EPI- quando as doenças estão agrupadas geograficamente, o custo-efe-
DEMIOLÓGICO BRASILEIRO tividade das ações pode ser melhorado (OMS, 2011).
O espaço, enquanto território usado, é, simultaneamente, pro-
Doenças transmissíveis mais prevalentes no Brasil duto e produtor de diferenciações sociais e ambientais, com refle-
xos importantes sobre a saúde dos grupos populacionais envolvi-
Melhorias nas condições de vida da população, aliadas a ini- dos. A análise da situação de saúde, como vertente da vigilância em
saúde, prioriza o estudo de grupos populacionais definidos segundo
ciativas de saúde pública, como a imunização e o tratamento com
suas condições de vida (Barcellos, 2002). Estudos que envolvem a
antibióticos, contribuíram para a redução da morbimortalidade por
análise da situação de saúde, incorporando elementos espaciais,
doenças transmissíveis no Brasil e no mundo (Silva Jr., 2009; Bar-
podem contribuir para a identificação, formulação, priorização e
reto et al., 2011). Entretanto, apesar da erradicação da varíola, e
explicação de problemas de saúde da população que vive em um
da eliminação ou controle de várias doenças transmissíveis, não se território usado.
concretizou a expectativa de que essas doenças perderiam sua im- Assim, análises que possibilitem a identificação das áreas de
portância na saúde pública (Silva Jr., 2009). concentração e sobreposição de doenças transmissíveis, possivel-
Na década de 1980, época da criação do Sistema Único de Saú- mente associadas a condições de vida precárias, constituem-se
de (SUS) do Brasil, constatava-se, além do surgimento da epidemia ferramentas fundamentais da vigilância em saúde, uma vez que
do HIV/aids, a persistência de algumas doenças transmissíveis, bem fornecem subsídios para o planejamento das ações e para a deter-
como a emergência ou reemergência de outras, como a dengue e a minação de prioridades de ação das ações de vigilância em saúde,
cólera (Luna, 2002; Tauil, 2006; Silva Jr., 2009). assistência em saúde, bem como de políticas sociais.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Raiva Tuberculose

As ações que o Brasil desenvolve para controle da raiva envol- No Brasil, ocorreu redução de 22,7% no número de casos novos
vem vacinação de animais de produção (ciclo rural), de animais do- de tuberculose notificados em 2016 (66.796 casos; 32,4 /100.000
mésticos (ciclo urbano), bem como tratamento antirrábico humano habitantes) quando comparado com 1981 (86.411; 71,3/100.000
pós-exposição. Estas intervenções vêm propiciando acentuada re- habitantes). Contudo, esta queda não foi linear, em parte devido
dução de casos humanos desta doença, cuja letalidade atinge 100%. ao recrudescimento desta doença no curso da epidemia de aids e
Assim, enquanto de 1981 a 1990 foram confirmados em média 76,4 das dificuldades para detecção e tratamento de todos os casos, de
casos por ano (máximo de 139 e mínimo de 39), na década seguinte modo que nos anos 1990 a incidência ainda se manteve elevada,
esta média foi de 36,4 (redução de 52,4%) e entre 2001 e 2010 foi variando de 58,4 a 49,3/100.000 habitantes (1995 e 1994, respecti-
de 14 casos (redução de 81,7%). Entre 2007 e 2010 o número máxi- vamente). No que se refere à mortalidade, enquanto em 1998 ocor-
mo de casos de raiva humana foi 3 e de 2011 a 2017 variou de 0 a 6. reram 6.029 óbitos (3,7/100.000 habitantes), em 2015 foram regis-
Observe-se que enquanto no início desta série a maioria dos casos trados 4.543 óbitos (2,2/100.000 habitantes), redução em torno de
ocorria em consequência de agressões de cães e gatos domésticos 40%4. Recentemente, o SUS adotou um esquema terapêutico para
ou errantes (ciclo urbano), nos últimos anos tem sido após agressão esta doença que inclui a formulação de quatro drogas em uma úni-
de morcegos, reservatório silvestre do vírus rábico (ciclo aéreo), di- ca cápsula que vem trazendo enormes avanços ao seu controle na
fíceis de serem evitadas por ação do setor saúde. medida em que aumentou a adesão dos pacientes ao tratamento,
e consequentemente o percentual de cura e a redução das fontes
Hanseníase de infecção.

Reconhecendo que o Brasil é o segundo país mais endêmico do HIV/Aids


mundo em hanseníase, grandes investimentos foram feitos no seu
controle desde a instalação do SUS. Em 1987, havia cerca de 450 mil A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que mar-
doentes no registro ativo do país, com tendência temporal de en- cou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada letali-
demia em ascensão. Cerca de 166 mil profissionais de saúde foram dade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitude
capacitados e uma campanha de divulgação sobre sinais e sintomas crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo após
precoces da doença foi realizada em veículos de comunicação de a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diagnostica-
massa. Essas ações foram efetivas para evidenciar a endemia ocul- dos 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residentes nos
ta, de modo que a detecção aumentou de 15 mil para 45 mil casos grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalência conti-
novos, em apenas um ano, possibilitando tratar os doentes que an- nuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do país, de
tes não tinham diagnóstico e/ou acesso aos serviços de saúde. modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456 casos no-
O Brasil, entre 1990 e 2016, reduziu em 94,3% a prevalên- vos. Embora o número de casos na década seguinte tenha aumen-
cia desta doença, passando de 19,5/10 mil habitantes para 1,1 tado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo confirma-
casos/10.000 habitantes. Isso correspondeu a uma redução de dos em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007 e 2016,
281.605 em tratamento para 22.631 casos. Nesse mesmo perío- houve pouca variação no número de casos, em torno de 32.321,
do, a taxa de detecção geral decresceu 38,7% (de 19,96, em 1990 de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média de
para 12,23 p/100.000 habitantes, em 2016). Em relação à taxa de 20,7/100.000 habitantes.
detecção em menores de 15 anos observa-se uma diminuição de O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
36,7%, no período de 1994 a 2016, o que corresponde a uma taxa virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
de detecção de 5,74 para 3,63/100.000 habitantes. Certamente, a iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
descentralização das ações de vigilância, controle e tratamento da demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
hanseníase para a rede de atenção básica contribuiu para o deli- de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
neamento deste novo cenário. Em 2016, 71,1% dos casos novos mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram
(17.935) foram notificados pelos serviços de atenção básica, a aten- evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
ção secundária 19,9% (5.018) dos casos novos e a terciária 9,0% haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
(2.265). DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
A introdução, em 1990, do esquema de associação de medi- premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
camentos (multidrogaterapia/MDT), com redução progressiva no em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com
tempo de tratamento, foi fator determinante na queda da preva- HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de
lência. Mas, a MDT, em que pese trazer a cura da hanseníase, não carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos
interrompeu a transmissão da doença, e, consequentemente, não uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850)
houve impacto na taxa de detecção de casos novos. Em parte, isso estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este
se deve a quebra do paradigma de que paciente de hanseníase não programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e
se reinfectava, pois a decodificação do genoma completo do M. le- controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de
prae isolados de doentes com recrudescimento da doença revelou gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so-
que, um mesmo doente se infecta em momentos distintos, com rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes);
cepas distintas deste bacilo. Seguindo o racional do tratamento da inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
tuberculose, um novo esquema terapêutico único (MDT-U) para cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento
hanseníase será adotado em 2018, que inclui três medicamentos, (CTA), dentre outras.
para todos os pacientes independente da classificação clínica, por
um período de apenas seis meses.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esquistossomose mansônica Malária

Nas últimas três décadas tem havido importante redução nos No Brasil, a malária é causada pelo Plasmodium vivax, o Plas-
indicadores de prevalência de infecção, morbidade e mortalidade modium falciparum e o Plasmodium malariae, sendo os dois pri-
por esquistossomose mansônica, no que pese ainda se encontrar meiros de importância epidemiológica. Esta protozoose é endêmica
municípios endêmicos situados nos bolsões de pobreza do Nordes- na região da Amazônia, abrangendo 808 municípios, onde são de-
te e Sudeste. Mesmo considerando as diferenças metodológicas tectados aproximadamente 95% dos casos do país.
dos inquéritos coproscópicos realizados no Brasil, não se pode igno- Os dados disponíveis sobre esta doença, até o final dos anos de
rar que no final dos anos de 1940 a prevalência de exames positivos 1990, referiam-se ao número de lâminas positivas para plasmódio,
para esquistossomose foi de 9,9%, na segunda metade da década não correspondendo portanto a casos novos, conforme passaram
de 1970 era 6,6% enquanto em 2011-2015 encontrou-se positivi- a ser registrados a partir do ano 2000. Assim sendo, não é possível
dade de 0,99% (população de 7 a 14 anos). O recente inquérito na- estabelecer comparações entre estes períodos. Entre 2005 e 2012,
cional permitiu ainda uma estimativa mais precisa do número de o número de casos detectados de malária reduziu de 606.069 para
portadores da infecção em todo o país (2 milhões), muito inferior às 241.806 (queda de 60,1%). Este decréscimo ocorreu em maior in-
estimativas anteriores (superior a 7 milhões, em 2006). O declínio tensidade para a malária pelo P. falciparum (77,2%), responsável
desta prevalência vem resultando em redução da morbidade hospi- pelas formas mais graves da doença, com consequente diminuição
talar, de 2,5/100.000 para 0,08/100.000 habitantes, respectivamen- no número de internações (74,6%) e nos óbitos (54,4%) por esta
te, em 1988 e 2013, especialmente pelas formas digestivas graves. doença21. Este impacto vem sendo obtido por meio da detecção e
Da mesma forma, a mortalidade passou de 0,5/100.000 habitantes tratamento precoce dos portadores, além de medidas que visam à
em 1987 para 0,2 por 100.000 habitantes em 2012 redução da transmissão pelos vetores (borrifação, uso de telas im-
Uma redução mais sustentável na transmissão da esquistosso- pregnadas por inseticidas, educação comunitária, etc). Assim, uma
mose depende da melhoria das condições de saneamento das po- melhor efetividade das ações de prevenção e controle da malária
pulações expostas ao risco de ser infectado, além das intervenções vem sendo alcançada nos municípios que possuem boa cobertura
estritas ao setor saúde. No âmbito da saúde, vem sendo desenvolvi- na atenção primária, de forma integrada entre as ESF e os agentes
da pela Fiocruz uma vacina contra a esquistossomose que se encon- de controle de endemias, permitindo uma detecção e tratamento
tra em fase II de estudos clínicos. O SUS, por meio das Secretarias mais oportuno, fundamental para interromper a transmissão. O
Municipais de Saúde, desenvolve ações de educação comunitária e SUS ainda precisa enfrentar alguns desafios para alcançar a elimina-
detecção de casos mediante realização de inquéritos coproscópicos ção da malária, conforme estabelecido nas metas para os Objetivos
e tratamento dos portadores visando controlar esta doença. A des- do Desenvolvimento Sustentável.
centralização dessas atividades de controle, que até 1999 eram re-
alizadas pela Fundação Nacional de Saúde, ampliou a abrangência Arboviroses emergentes e reemergentes
deste programa que passou a contar com a participação dos agen-
tes de endemias, agentes comunitários de saúde e profissionais da Dentre as doenças emergentes e reemergentes, as arboviro-
Estratégia Saúde da Família (ESF), permitindo sua sustentabilidade ses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes (principalmente
e alcance do impacto que vem apresentando sobre os indicadores Aedes aegypti) têm se caracterizado por persistirem como impor-
de morbimortalidade. tantes problemas de saúde pública, devido à produção de repetidas
Doença de Chagas epidemias de grande magnitude, em várias regiões do mundo. Den-
gue, é um dos exemplos mais emblemáticos neste grupo de viroses,
O programa de eliminação da transmissão vetorial da Doença pois modificou a tendência de decréscimo da morbidade por DT.
de Chagas do Brasil obteve, em 2006, o certificado de eliminação Estima-se que a cada ano o vírus do dengue (DENV) produz cerca
do T. Infestans, principal vetor intradomiciliar desta protozoose, de 390 milhões de infecções em 128 países e aproximadamente 96
que resultou em drástica redução de novas infecções pelo T. cruzi milhões de indivíduos apresentam manifestações clínicas, de maior
em humanos. De fato, inquérito sorológico nacional realizado en- ou menor gravidade.
tre 1975 e 1980, revelou que 4,2% dos brasileiros residentes nas No Brasil, o DENV1 reemergiu na década de 1980 e, desde en-
áreas rurais consideradas de transmissão natural do T. cruzi encon- tão, tem sido responsável por sucessivas epidemias produzidas pe-
travam-se infectados por este protozoário. Um segundo inquérito los seus 4 sorotipos. Atualmente, 90% dos municípios brasileiros es-
nacional, conduzido de 2001 a 2008, evidenciou soroprevalência tão infestados pelo Ae. aegypti favorecendo a intensa circulação do
de 0,03% em crianças menores de cinco anos, também residentes DENV, e a emergência dos vírus chikungunya (CHIKV) e Zika (ZIKV).
em área rural, sendo que 0,02% delas eram filhos de mães tam- Apesar dos esforços empreendidos para o controle deste vetor, não
bém positivas, indicando que a maioria das infecções havia sido se tem alcançado êxito, tanto no Brasil como em outros países das
por transmissão congênita. A mortalidade pela forma crônica desta Américas e de outras regiões do mundo. Uma vacina tetravalente
protozoose vem declinando ao longo das duas últimas décadas. No foi licenciada, contudo ao ser utilizada em populações observou-
Brasil, o T. infestans não é o único vetor do T. cruzi, e assim em -se aumento do risco de hospitalizações por dengue, nos indivíduos
algumas áreas, principalmente na Amazônia Legal, ainda ocorrem que nunca haviam sido infectados previamente pelo DENV selva-
casos de transmissão natural por triatomíneos extradomiciliares. A gem, razão pela qual a OMS contraindicou o uso desta vacina para
transmissão por transfusão sanguínea também está interrompida, os indivíduos naives. Assim, até o momento, não se dispõe de dro-
no entanto atualmente tem ocorrido surtos esporádicos de doença gas antivirais nem vacinas, seguras e eficazes, para nenhuma destas
de Chagas aguda, em consequência da transmissão por alimentos viroses. A vigilância e o controle têm efetividade muito limitada,
contaminados, tais como caldo de cana e açaí. na medida em que se restringe ao controle vetorial, centrado em
produtos químicos e eliminação de potenciais criadouros larvários.
Embora promissoras, as novas tecnologias que vêm sendo testadas,
reduzem os níveis de infestação do A. aegypti, contudo, ainda não
há comprovação de que sejam eficazes e efetivas para impedir a
emergência e/ou o risco de transmissão dos arbovírus de interesse.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A dengue, a chikungunya e a Zika vêm influenciando o perfil do conjunto das três arboviroses foi de 1016,4/100.000 habitantes,
de morbidade das DT no Brasil, modificando a trajetória de declí- representando 24 vezes o valor deste indicador para o conjunto das
nio que este grupo de doenças vinha apresentando desde 1987. A demais 12 DT analisadas. Ou seja, fica evidente que a baixa efe-
introdução do DENV1, em 1986, no Rio de Janeiro e a seguir sua tividade ou inexistência de instrumentos de prevenção para estas
disseminação para outras áreas metropolitanas do país, produziu arboviroses, impede a manutenção das DT sob controle.
47.370 casos (35,3/100.000 habitantes) desta doença, contribuin-
do com 15,1% das notificações de um conjunto de 12 importantes Febre amarela
DT de notificação compulsória e, no ano seguinte, esta proporção
alcançou 46,7% (65,4/100.000 habitantes). Os anos de 1990 des- Poucos casos de febre amarela silvestre (FAS)vinham sendo
pontaram com a emergência do DENV2 e, a partir de 1994, a circu- confirmados no Brasil desde a década de 1980. Há cada ciclo de
lação deste sorotipo e do DENV1 foi produzindo epidemias de gran- cinco a sete anos se observava epidemias com transmissão na área
de magnitude em inúmeros centros urbanos brasileiros, de modo epizoótica, inclusive em 1999/2000 (76 e 85 casos, respectivamen-
que ao final daquela década quase 1,5 milhões de casos de dengue te) e 2008/2009 (46 e 47 casos, respectivamente) casos humanos
foram registrados. Só em 1998, ano da maior epidemia desse perí- foram confirmados em espaços urbanos, muito embora o ciclo de
odo, o número de casos de dengue foi mais de três vezes superior transmissão tenha sido silvestre. Contudo, em 2017, ocorreu uma
(352,4/100.000 habitantes) à do conjunto de 12 DT (105,0/100.000 epidemia de grande magnitude, quando foram confirmados 776
habitantes). Esta situação foi se agravando no decorrer do século casos humanos e observou-se grande expansão da área de trans-
XXI, pois além das epidemias, passou a ocorrer centenas de casos missão desta virose, com ocorrências em várias áreas urbanas. Em
da Febre Hemorrágica do Dengue/FHD de elevada letalidade, logo 2018, vem sendo confirmados casos de FAS nas mesmas áreas. As
após a introdução do DENV3. Por exemplo, em 2002 a incidência de razões para esta expansão ainda são desconhecidas, porém este
dengue alcançou 401,6/100.000 habitantes e foram diagnosticados evento vem impondo a realização de campanhas em massa de va-
2608 casos de FHD e 121 óbitos. Em 2010, o DENV4 também passou cinação contra a febre amarela das populações de grandes centros
a circular intensamente, e assim se estabeleceu a cocirculação dos urbanos a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, com
quatro sorotipos, e a incidência vem se mantendo em patamares utilização, pela primeira vez no país, de dose fracionada da vacina.
elevados, destacando-se que não tem havido períodos com decrés-
cimo de incidência conforme era observado nas décadas anteriores DST/AIDS

Com a emergência de mais dois arbovírus transmitidos pelo Ae. Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro-
aegypti, o CHIKV em 2014 e o ZIKV, identificado laboratorialmen- me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença
te em 2015 (embora haja evidências de que já estava circulando crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico
anteriormente), houve agravamento do quadro epidemiológico do e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infecções
país. A Zika era considerada uma doença branda, autolimitada, sem (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre outras). A
complicações associadas. Contudo, após circulação intensa do ZIKV Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de câncer, como
em cidades do Nordeste brasileiro, uma epidemia inesperada de sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda de peso e
microcefalia, posteriormente identificada como uma síndrome cau- diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, atualmen-
sada pela transmissão vertical deste agente, vitimou milhares de te há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a expectativa de
crianças. Esta Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional e vida dos soropositivos.
Internacional foi seguida de investigação e resposta oportuna, que
mobilizou profissionais e dirigentes das três esferas de gestão do
SUS. No que pese as medidas vigilância e controle do vetor terem DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS
sido prontamente desenvolvidas, mais de 3000 casos de Síndrome
Congênita do Zika já foram confirmados desde então. Protocolos e As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil
serviços de atenção especial à saúde das crianças acometidas foram durante o século passado provocaram mudanças importantes no
implementadas pelo SUS, desde o início da detecção desta epide- perfil de ocorrência das doenças de nossa população.
mia. Os primeiros casos de chikungunya foram detectados simulta- Na primeira metade do século 20, as Doenças Infecciosas
neamente na Bahia e Amapá, e desde então, houve expansão desta Transmissíveis eram as mais frequentes causas de mortes. A partir
doença para muitos municípios do país, especialmente da região dos anos 60, as Doenças e Agravos Não Transmissíveis - as DANT -
Nordeste. Embora apresente, nas formas leves, sintomas semelhan- tomaram esse papel. Entre os fatores que contribuíram para essa
tes ao da dengue, a maior relevância desta doença se dá pelas mani- transição epidemiológica estão: o processo de transição demográ-
festações clínicas persistentes na fase crônica (que pode acometer fica, com queda nas taxas de fecundidade e natalidade e um pro-
até metade dos pacientes), principalmente com comprometimento gressivo aumento na proporção de idosos, favorecendo o aumen-
das articulações que interfere negativamente na qualidade de vida to das Doenças Crônico-degenerativas (Doenças Cardiovasculares,
dos pacientes. Ademais ocorrem formas atípicas e graves com com- Câncer, Diabetes, Doenças Respiratórias); e a transição nutricional,
prometimento do sistema nervoso. As manifestações atípicas e a com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do número
presença de doenças concorrentes, especialmente em idosos, tem de pessoas com excesso de peso (Sobrepeso e Obesidade). Somam-
sido relacionada a uma maior letalidade da Chikungunya no Brasil. -se a isso o aumento dos traumas decorrentes das Causas Externas
A partir de 2014, os dados epidemiológicos destas três arbo- (Violências, Acidentes e Envenenamentos, etc.).
viroses registrados no Brasil, são de difícil interpretação dado que Projeções para as próximas décadas apontam para um cresci-
incialmente chikungunya e Zika não foram incluídas no sistema de mento epidêmico das DANT na maioria dos países em desenvolvi-
notificação universal e, como as mesmas apresentam caracterís- mento, em particular das Doenças Cardiovasculares, Neoplasias e
ticas clínicas na fase aguda muito semelhantes ao dengue, parte Diabetes tipo 2. As Doenças e Agravos Não Transmissíveis respon-
dos casos foram notificados como esta enfermidade. Em vista disso, dem pelas maiores taxas de Morbimortalidade e por cerca de mais
no Gráfico 2 a incidência foi calculada para o conjunto das notifica- 70% dos gastos assistenciais com a saúde no Brasil, com tendência
ções destas três doenças. Observe-se, que em 2016, a incidência crescente.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essa transição do quadro epidemiológico tem impactado a área Estas mudanças configuram novos desafios para a saúde públi-
de saúde pública no Brasil e o desenvolvimento de estratégias para ca de encontrar mecanismos para o enfrentamento das DANT mar-
o controle das DANT se tornou uma prioridade para o Sistema Úni- cadas pela complexa relação entre a saúde e seus determinantes,
co de Saúde (SUS). A vigilância epidemiológica das DANT e dos seus considerando que essas doenças têm um forte impacto na qualida-
Fatores de Risco é de fundamental importância para a implemen- de de vida dos indivíduos afetados, causa morte prematura e geram
tação de políticas públicas voltadas para a prevenção, o controle grandes e subestimados efeitos econômicos adversos para as famí-
dessas doenças e a promoção geral da saúde. lias, comunidades e sociedade em geral.
A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), por meio da Coorde- Portanto, a prevenção e controle das DANT e seus fatores de
naçãoGeral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis - risco são fundamentais para evitar o crescimento epidêmico dessas
CGDANT -, tem trabalhado para coordenar, fomentar e desenvolver doenças e suas consequências nefastas para a qualidade de vida e a
estudos e pesquisas para identificação e monitoramento de fatores sistema de saúde no país.
de risco, análise e avaliação das ações de promoção da saúde, pre- Diante desse cenário epidemiológico o Ministério da Saúde
venção e controle das DANT. Fazem parte das suas atribuições: tem desenvolvido ações que visam reduzir o impacto dessas do-
- Cooperar com programas e ações nas áreas de promoção enças, por meio do monitoramento da morbimortalidade e seus
da saúde, prevenção dos fatores de risco e redução de danos das fatores de risco, analise de acesso e utilização de serviços de saúde,
DANT; indução e apoio a ações de promoção à saúde, prevenção e contro-
- Coordenar, normatizar e supervisionar o Sistema Nacional de le, avaliação das ações, programas e políticas.
Vigilância de DANT; Contudo, consolidar o sistema de vigilância em doenças e agra-
- Supervisionar a execução das ações relacionadas à vigilância
vos não transmissíveis (DANT) em todas as esferas do Sistema Único
de DANT;
de Saúde, em todas as unidades da Federação é de grande relevân-
- Prestar assessoria técnica a Estados, municípios e ao Distrito
cia nacional, considerando que suas ações possibilitaram conhecer
Federal na área de vigilância de DANT;
a distribuição, magnitude e tendência dessas doenças e de seus
- Fomentar a capacitação de recursos humanos para atuar na
vigilância de DANT; fatores de risco na população, identificando seus condicionantes
- Subsidiar estudos, pesquisas, análises e outras atividades téc- sociais, econômicos e ambientais, com o objetivo de subsidiar o
nico-científicas relacionadas às DANT. planejamento, execução e avaliação da prevenção e controle das
A CGDANT, para desenvolver suas atribuições, está estruturada mesmas.
com as seguintes áreas:
» Doenças e Agravos Não Transmissíveis
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES
» Violências e Acidentes
» Promoção da Saúde
As doenças e agravos não transmissíveis - DANT (doenças car- Conceito e Tipo de Imunidade
diovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas, diabetes Programa de Imunização
e doenças musculoesqueléticas, entre outras) são doenças multifa-
toriais e têm em comum fatores comportamentais de risco modifi- Programa de imunização e rede de frios, conservação de
cáveis e não modificáveis. Dentre os fatores comportamentais de vacinas
risco modificáveis destacam-se o tabagismo, o consumo excessivo
de bebidas alcoólicas, a obesidade, as dislipidemias (determinadas PNI: essas três letras inspiram respeito internacional entre es-
principalmente pelo consumo excessivo de gorduras saturadas de pecialistas de saúde pública, pois sabem que se trata do Programa
origem animal), a ingestão insuficiente de frutas e hortaliças e a Nacional de Imunizações, do Brasil, um dos países mais populosos
inatividade física. e de território mais extenso no mundo e onde nos últimos 30 anos
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam foram eliminadas ou são mantidas sob controle as doenças prevení-
que as DANTs já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes veis por meio da vacinação.
ocorridas no mundo e por45,9% da carga global de doença, consti- Na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Or-
tuindo um sério problema de saúde pública, tanto nos países ricos ganização Mundial de Saúde (OMS), o PNI brasileiro é citado como
quanto nos de média e baixa renda. referência mundial. Por sua excelência comprovada, o nosso PNI or-
O Brasil seguindo essa tendência mundial tem passado pelos ganizou duas campanhas de vacinação no Timor Leste, ajudou nos
processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional
programas de imunizações na Palestina, na Cisjordânia e na Faixa
desde a década de 60. Destacamos a queda da mortalidade e da
de Gaza. Nós, os brasileiros do PNI, fomos solicitados a dar cursos
fecundidade aumento do número de idosos, particularmente, o
no Suriname, recebemos técnicos de Angola para serem capacita-
grupo com mais de 80 anos. De 1980 a 2000, a população de idosos
dos aqui. Estabelecemos cooperação técnica com Estados Unidos,
cresceu 107%, enquanto a população até 14 anos cresceu apenas
14%. Nos próximos 20 anos, projeções apontam para a duplicação México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela,
da população idosa no Brasil, de 8 para 15%. O envelhecimento está Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola, Filipinas. Fizemos doações
associado ao aumento da incidência e prevalência de DANT. As do- para Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina.
enças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas, A razão desse destaque internacional é o Programa Nacional
diabetes e doenças musculoesqueléticas, entre outras respondem de Imunizações, nascido em 18 de setembro de 1973, chega aos 30
pela maior parcela dos óbitos no país e de despesas com assistência anos em condições de mostrar resultados e avanços notáveis. O que
hospitalar no SUS, totalizando cerca de 75% dos gastos com aten- foi alcançado pelo Brasil, em imunizações, está muito além do que
ção à saúde. foi conseguido por qualquer outro país de dimensões continentais
e de tão grande diversidade socioeconômica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No campo das imunizações, somos vistos com respeito e admi- - fim da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV) no Brasil,
ração até por países dotados de condições mais propícias para esse com a certificação de desaparecimento da doença por comissão da
trabalho, por terem população menor e ou disporem de espectro OMS;
social e econômico diferenciado. Desde as primeiras vacinações, - a atuação da Ceme, criada em 1971, voltada para a organiza-
em 1804, o Brasil acumulou quase 200 anos de imunizações, sendo ção de um sistema de produção nacional e suprimentos de medica-
que nos últimos 30 anos, com a criação do PNI, desenvolveu ações mentos essenciais à rede de serviços públicos de saúde;
planejadas e sistematizadas. Estratégias diversas, campanhas, var- - recomendações do Plano Decenal de Saúde para as Améri-
reduras, rotina e bloqueios erradicaram a febre amarela urbana em cas, aprovado na III Reunião de Ministros da Saúde (Chile, 1972),
1942, a varíola em 1973 e a poliomielite em 1989, controlaram o com ênfase na necessidade de coordenar esforços para controlar,
sarampo, o tétano neonatal, as formas graves da tuberculose, a dif- no continente, as doenças evitáveis por imunização.
teria, o tétano acidental, a coqueluche. Mais recentemente, imple- Torna-se cada vez mais evidente, no Brasil, que a vacina é o
mentaram medidas para o controle das infecções pelo Haemophilus único meio para interromper a cadeia de transmissão de algumas
influenzae tipo b, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, doenças imuno preveníveis. O controle das doenças só será obti-
da hepatite B, da influenza e suas complicações nos idosos, também do se as coberturas alcançarem índices homogêneos para todos os
das infecções pneumocócicas. subgrupos da população e em níveis considerados suficientes para
Hoje, os quase 180 milhões de cidadãos brasileiros convivem reduzir a morbimortalidade por essas doenças. Essa é a síntese do
num panorama de saúde pública de reduzida ocorrência de óbitos Programa Nacional de Imunizações, que na realidade não pertence
por doenças imuno preveníveis. O País investiu recursos vultosos na a nenhum governo, federal, estadual ou municipal. É da sociedade
adequação de sua Rede de Frio, na vigilância de eventos adversos brasileira. Novos desafios foram sucessivamente lançados nestes 30
pós-vacinais, na universalidade de atendimento, nos seus sistemas anos, o maior deles sendo a difícil tarefa de manejar um programa
de informação, descentralizou as ações e garantiu capacitação e que trabalha articulado com os 26 estados, o Distrito Federal e os
atualização técnico-gerencial para seus gestores em todos os âm- 5.560 municípios, numa vasta extensão territorial, cobrindo uma
bitos. As campanhas nacionais de vacinação, voltadas em cada oca- população de 174 milhões de habitantes, entre crianças, adolescen-
sião para diferentes faixas etárias, proporcionaram o crescimento tes, mulheres, adultos, idosos, indígenas e populações especiais.
da conscientização social a respeito da cultura em saúde. Enquanto diversidades culturais, demográficas, sociais e am-
Antes, no Brasil, as ações de imunização se voltavam ao contro- bientais são suplantadas para a realização de atividades de vacina-
le de doenças específicas. Com o PNI, passou a existir uma atuação ção de campanha e rotina, novas iniciativas e desafios vão sendo
abrangente e de rotina: todo dia é dia de estar atento à erradicação lançados. Desses, vale a pena citar alguns: Programas regionais do
e ao controle de doenças que sejam possíveis de controlar e erra- continente americano – Os programas de erradicação da poliomie-
dicar por meio de vacina, e nas campanhas nacionais de vacinação lite, eliminação do sarampo, controle da rubéola e prevenção da
essa mentalidade é intensificada e dirigida à doença em foco. O síndrome da rubéola congênita e a prevenção do tétano neonatal
objetivo prioritário do PNI, ao nascer, era promover o controle da são programas regionais que requerem esforços conjuntos dos pa-
poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da difteria, do tétano, da íses da região, com definição de metas, estratégias e indicadores,
coqueluche e manter erradicada a varíola. envolvendo troca contínua e oportuna de informações e realização
Hoje, o PNI tem objetivo mais abrangente. Para os próximos periódica de avaliações das atividades em âmbito regional.
cinco anos, estão fixadas as seguintes metas: O PNI tem desempenhado papel de destaque, sendo pioneiro
- ampliação da auto-suficiência nacional dos produtos adquiri- na implementação de estratégias como a vacinação de mulheres
dos e utilizados pela população brasileira; em idade fértil contra a rubéola e o novo plano de controle do téta-
- produção da vacina contra Haemophilus influenzae b, da va- no neonatal. Além disso, em 2003 foi iniciada a estratégia de multi-
cina combinada tetravalente (DTP + Hib), da dupla viral (contra sa- vacinação conjunta por todos os países da América do Sul, durante
rampo e rubéola) e tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxum- a Semana Sul-Americana de Vacinação. Atividades de busca ativa de
ba), da vacina contra pneumococos e da vacina contra influenza e casos, vigilância epidemiológica e vacinação nas fronteiras de todo
da vacina antirrábica em cultivo celular. o Brasil foram executadas com sucesso. Essa iniciativa se repetirá
nos próximos anos, contando já com a participação de um núme-
As competências do Programa, estabelecidas no Decreto nº ro ainda maior de países da América Central, América do Norte e
78.231, de 12 de agosto de 1976 (o mesmo que o institucionalizou), Espanha.
são ainda válidas até hoje:
- implantar e implementar as ações relacionadas com as vaci- Quantidades de imuno biológicos: A cada ano são incorpora-
nações de caráter obrigatório; dos novos imuno biológicos ao calendário do PNI, que são ofere-
- estabelecer critérios e prestar apoio técnico a elaboração, im- cidos gratuitamente à população, durante campanhas ou na rotina
plantação e implementação dos programas de vacinação a cargo do programa, prezando pelos princípios do SUS de universalidade,
das secretarias de saúde das unidades federadas; equidade e integralidade.
- estabelecer normas básicas para a execução das vacinações; Campanhas de vacinação: São extremamente complexas a co-
- supervisionar, controlar e avaliar a execução das vacinações ordenação e a logística das campanhas de vacinação. As campanhas
no território nacional, principalmente o desempenho dos órgãos anuais contra a poliomielite conseguem o feito de vacinar 15 mi-
das secretarias de saúde, encarregados dos programas de vacina- lhões de crianças em um único dia. A campanha de vacinação de
ção; mulheres em idade fértil conseguiu vacinar mais de 29 milhões de
- centralizar, analisar e divulgar as informações referentes ao mulheres em idade fértil em todo o País, objetivando o controle da
PNI. rubéola e a prevenção da síndrome da rubéola congênita.
Rede de Frio: A rede de frio do Brasil interliga os municípios
A institucionalização do Programa se deu sob influência de vá- brasileiros em uma complexa rede de armazenamento, distribuição
rios fatores nacionais e internacionais, entre os quais se destacam e manutenção de vacinas em temperaturas adequadas nos níveis
os seguintes: nacional, estadual e municipal e local.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Autossuficiência na produção de imuno biológicos: O PNI pro- e do gelo, os recursos eram a salmoura e o ato de curar os alimen-
duz grande parte das vacinas utilizadas no País e ainda fornece va- tos. Também havia as loucas de barro que mantinham a frescura
cinas com qualidade reconhecida e certificada internacionalmente dos alimentos e da água, fato este já observado pelos egípcios antes
pela Organização Mundial da Saúde, com grande potencial de ex- de Cristo. Mas as dificuldades para obtenção de gelo na natureza
portação de um número maior de vacinas produzidas no País. O criava a necessidade do desenvolvimento de técnicas capazes de
Brasil tem a meta ousada de ter auto-suficiência na produção de produzi-lo artificialmente.
imuno biológicos para uso na população brasileira. Apenas em 1824, o físico e químico Michael Faraday descobriu
Cooperação internacional: O PNI provê assistência técnica com a indução eletromagnética – o princípio da refrigeração. Esse prin-
envio de profissionais para apoiar atividades de imunizações e vi- cípio seria utilizado dez anos depois, nos Estados Unidos, para fabri-
gilância epidemiológica em outros países das Américas. Ainda, por car gelo artificialmente e, na Alemanha em 1855.
meio da OPAS, são inúmeros os termos de cooperação entre países Mesmo com o sucesso desses modelos experimentais, a pos-
do qual o Brasil participa, firmados com o intuito de transferir expe- sibilidade de produção do gelo para uso doméstico ainda era um
riências e conhecimentos entre os países. sonho distante.
Sendo assim, um dos programas de imunizações mais ativos na Enquanto isso não ocorria, a única possibilidade de utilização
região das Américas, o PNI brasileiro tem exportado iniciativas, his- do frio era tentando ampliar ao máximo a durabilidade do gelo na-
tórias de sucesso e experiência para diversos países do mundo. É, tural. No início do século XIX, surgiram, assim, as primeiras “geladei-
portanto, um exemplo a ser seguido, de ousadia, de determinação ras” – apenas um recipiente isolado por meio de placas de cortiça,
onde eram colocadas pedras de gelo. Essa geladeira ganhou ares
e de sucesso.”
domésticos em 1913.
Em 1918, após a invenção da eletricidade, a Kelvinator Co. in-
Rede de Frio
troduziu no mercado o primeiro refrigerador elétrico com o nome
de Frigidaire. Esses primeiros produtos foram vendidos como apa-
A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de recebimento, relhos para serem colocados dentro das “caixas de gelo”.
armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e trans- Uma das vantagens era não precisar tirar o gelo derretido. O
porte dos imuno biológicos do Programa Nacional de Imunizações e slogan do refrigerador era “mais frio que o gelo”. Na conservação
devem ser mantidos em condições adequadas de refrigeração, des- dos alimentos, a utilização da refrigeração destina-se a impedir a
de o laboratório produtor até o momento de sua utilização. multiplicação de microrganismos e sua atividade metabólica, redu-
O objetivo da Rede de Frio é assegurar que todos os imuno zindo, consequentemente, à taxa de produção de toxinas e enzimas
biológicos mantenham suas características iniciais, para conferir que poderiam deteriorar os alimentos, mantendo, assim, à qualida-
imunidade. de dos mesmos.
Imuno biológicos são produtos termolábeis, isto é, se deterio- Com a criação do Programa Nacional de Imunizações no Brasil
ram depois de determinado tempo quando expostos a temperatu- surge a necessidade de equipamento de refrigeração para a con-
ras inadequadas (inativação dos componentes imunogênicos). O servação dos imuno biológicos e inicia-se o uso do refrigerador
manuseio inadequado, equipamentos com defeito ou falta de ener- doméstico para este fim, adotando-se algumas adaptações e/ou
gia elétrica podem interromper o processo de refrigeração, com- modificações que serão demonstradas no capítulo referente aos
prometendo a potência e eficácia dos imuno biológicos. equipamentos da rede de frio.
São componentes da Rede de Frio: equipe qualificada e equi- Para os imuno biológicos, a refrigeração destina-se exclusiva-
pamentos adequados. mente à conservação do seu poder imunogênico, pois são produtos
Sistema de Refrigeração: é composto por um conjunto de com- termolábeis, isto é, que se deterioram sob a influência do calor.
ponentes unidos entre si, cuja finalidade é transferir calor de um
espaço, ou corpo, para outro. Esse espaço pode ser o interior de Princípios Básicos de Refrigeração
uma câmara frigorífica de um refrigerador, ou qualquer outro espa-
ço fechado onde haja a necessidade de se manter uma temperatura Calor: é uma forma de energia que pode ser transmitida de
mais baixa que a do ambiente que o cerca. um corpo a outro em virtude da diferença de temperatura existente
O primeiro povo a utilizar a refrigeração foi o chinês, muitos entre eles. A transmissão da energia se dá a partir do corpo com
anos antes de Cristo. Os chineses colhiam o gelo nos rios e lagos maior temperatura para o de menor temperatura. Um corpo, ao
receber ou ceder calor, pode sofrer dois efeitos diferentes: variação
durante a estação fria e o conservavam em poços cobertos de palha
de temperatura ou mudança de estado físico (fase). A quantidade
durante as estações quentes.
de calor recebida ou cedida por um corpo que sofre uma variação
Este primitivo sistema de refrigeração foi também utilizado de
de temperatura é denominada calor sensível. E, se ocorrer uma mu-
forma semelhante por outros povos da antiguidade. Servia basica-
dança de fase, o calor é chamado latente (palavra derivada do latim
mente para deixar as bebidas mais saborosas. Até pelo menos o fim que significa escondido).
do século XVII, esta seria a única aplicação do gelo para a humani- Diz-se que um corpo é mais frio que o outro quando possui
dade. menor quantidade de energia térmica ou, temperatura inferior ao
Em 1683, Anton Van Leeuwenhoek, um comerciante de tecidos outro. Com base nesses princípios são, a seguir, apresentadas algu-
e cientista de Delft, nos Países Baixos, que muito contribuiu para o mas experiências onde os mesmos são aplicados à conservação de
melhoramento do microscópio e para o progresso da biologia ce- imuno biológicos.
lular, detectou microrganismos em cristais de gelo e a partir dessa
observação constatou-se que, em temperaturas abaixo de +10ºC, Transferência de Calor: É a denominação dada à passagem da
estes microrganismos não se multiplicavam, ou o faziam mais vaga- energia térmica (que durante a transferência recebe o nome de ca-
rosamente, ocorrendo o contrário acima dessa temperatura. lor) de um corpo com temperatura mais alta para outro ou de uma
A observação de Leeuwenhoek continuou sendo alvo de pes- parte para outra de um mesmo corpo com temperatura mais baixa.
quisa no meio científico e no século 18, descobertas científicas rela- Essa transmissão pode se processar de três maneiras diferentes:
cionaram o frio à inibição do processo dos alimentos. Além da neve condução, convecção e radiação.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Condução: É o processo de transmissão de calor em que a Convecção Natural – Densidade: Uma mesma substância, em
energia térmica passa de um local para outro através das partículas diferentes temperaturas, pode ficar mais ou menos densa. O ar
do meio que os separa. Na condução a passagem da energia de uma quente é menos denso que o ar frio. Assim, num espaço determi-
local para outro se faz da seguinte maneira: no local mais quente, as nado e limitado, ocorre sempre uma elevação do ar quente e uma
partículas têm mais energia, vibrando com mais intensidade; com queda (precipitação) do ar frio. Sob tal princípio, uma caixa térmica
esta vibração cada partícula transmite energia para a partícula vizi- horizontal aberta, contendo bobinas de gelo reutilizável ou outro
nha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia produto em baixa temperatura, só estará recebendo calor do am-
para a seguinte e assim sucessivamente. biente através da radiação e não pela saída do ar frio existente, uma
vez que este, sendo mais denso, permanece no fundo da caixa.
Convecção: Consideremos uma sala na qual se liga um aque- Ao se abrir a porta de uma geladeira vertical ocorrerá a saída
cedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do aquecedor é de parte do volume de ar frio contido dentro da mesma, com sua
aquecido, tornando-se menos denso. Com isso, o ar aquecido sobe consequente substituição por parte do ar quente situado no am-
e o ar frio que ocupa a parte superior da sala, e portanto, mais dis- biente mais próximo do refrigerador. O ar frio, por ser mais denso,
tante do aquecedor, desce. A esse movimento de massas de fluido sai por baixo, permitindo a penetração do ar ambiente (com calor
chamamos convecção e as correntes de ar formadas são correntes e umidade). Os equipamentos utilizados para a conservação de
de convecção. Portanto, convecção é um movimento de massas de sorvetes e similares são predominantemente freezers horizontais,
fluido, trocando de posição entre si. Notemos que não tem signifi- com várias aberturas pequenas na parte superior, visando a maior
cado falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é, convec- eficiência na conservação de baixas temperaturas. Um exemplo do
ção só ocorre nos fluidos. Exemplos ilustrativos: princípio da densidade é observado quando os evaporadores ou
- Os aparelhos condicionadores de ar devem sempre ser insta- congeladores dos refrigeradores, os aparelhos de ar-condicionado
lados na parte superior do recinto a ser resfriado, para que o ar frio e centrais de refrigeração são instalados na parte superior do local
refrigerado, sendo mais denso, desça e force o ar quente, menos a ser refrigerado Assim o ar frio desce e refrigera todo o ambiente
denso, para cima, tornando o ar de todo o ambiente mais frio e mais rapidamente. Já os aquecedores devem ser instalados na par-
mais uniforme. te inferior. Desta forma, o ar quente sobe e aquece o local de forma
- Os aparelhos condicionadores de ar modernos possuem refri- mais rápida. Agindo destas formas, garantimos o desempenho cor-
geração e aquecimento, mas também devem ser instalados na par- reto dos aparelhos e economizamos energia através da utilização da
te superior da sala, pois o período de tempo de maior uso será no convecção natural
modo ‘refrigeração’, ou seja, no período de verão. Contudo, quando
o equipamento for utilizado no modo ‘aquecimento’, durante o in- Temperatura: O calor é uma forma de energia que não pode ser
verno, as aletas do equipamento deverão estar direcionadas para medida diretamente. Porém, por meio de termômetro, é possível
baixo, forçando o ar quente em direção ao solo. medir sua intensidade. A temperatura de uma substância ou de um
- Os aquecedores de ar, por sua vez, deverão ser sempre insta- corpo é a medida de intensidade do calor ou grau de calor existente
lados na parte inferior do recinto a ser aquecido, pois o ar quente, em sua massa. Existem diversos tipos e marcas de indicadores de
por ser menos denso, subirá e o ar que está mais frio na parte supe- temperatura. Para seu funcionamento, aproveita-se a proprieda-
rior desce e sofre aquecimento por convecção. de que alguns corpos têm para dilatar-se ou contrair-se conforme
ocorra aumento ou diminuição da temperatura. Para esse funcio-
Radiação: É o processo de transmissão de calor através de on-
namento utilizam-se, também, as variações de pressão que alguns
das eletromagnéticas ondas de calor). A energia emitida por um
fluidos apresentam quando submetidos a variações de temperatu-
corpo (energia radiante) se propaga até o outro, através do espaço
ra. Os líquidos mais comumente utilizados são o álcool e o mercú-
que os separa. Raios infravermelhos; Sol; Terra; O Sol aquece a Terra
rio, principalmente por não se congelarem a baixas temperaturas.
através dos raios infravermelhos. Sendo uma transmissão de calor
Existem várias escalas para medição de temperatura, sendo
através de ondas eletromagnéticas, a radiação não exige a presença
que as mais comuns são a Fahrenheit (ºF), em uso nos países de
do meio material para ocorrer, isto é, a radiação ocorre no vácuo e
língua inglesa, e a Celsius (ºC), utilizada no Brasil.
também em meios materiais.
Nos termômetros em escala Celsius (ºC) ou Centígrados, o pon-
Nem todos os materiais permitem a propagação das ondas de
calor através dele com a mesma velocidade. A caixa térmica, por to de congelamento da água é 0ºC e o seu ponto de ebulição é de
exemplo, por ser feita de material isolante, dificulta a entrada do 100ºC, ambos medidos ao nível do mar e à pressão atmosférica.
calor e o frio em seu interior, originário das bobinas de gelo reutili- Fatores que interferem na manutenção da temperatura no in-
zável, é conservado por mais tempo. Toda energia radiante, trans- terior das caixas térmicas:
portada por onda de rádio, infravermelha, ultravioleta, luz visível, - Temperatura ambiente: Quanto maior for a temperatura am-
raios X, raio gama, etc, pode converter-se em energia térmica por biente, mais rapidamente a temperatura do interior da caixa tér-
absorção. Porém, só as radiações infravermelhas são chamadas de mica se elevará, em virtude da entrada de ar quente pelas paredes
ondas de calor. Um corpo bom absorvente de calor é um mal refle- da caixa.
tor. Um corpo bom refletor de calor é um mal absorvente. Exemplo: - Material isolante: O tipo, a qualidade e a espessura do mate-
Corpos de cor negra são bons absorventes e corpos de cores claras rial isolante utilizado na fabricação da caixa térmica interferem na
são bons refletores de calor. penetração do calor. Com paredes mais grossas, o calor terá maior
Relação entre temperatura e movimento molecular: Inde- dificuldade para atravessá-las. Com paredes mais finas, o calor pas-
pendentemente do seu estado, as moléculas de um corpo encon- sará mais facilmente. Com material de baixa condutividade térmica
tram-se em movimento contínuo. Na figura a seguir, verifica-se o (exemplo: poliuretano ao invés de poliestireno expandido), o calor
comportamento das moléculas da água nos estados sólido, líquido não penetrará na caixa com facilidade.
e gasoso. À medida que sofrem incremento de temperatura, essas - Bobinas de Gelo Reutilizável – Quantidade e Temperatura: A
moléculas movimentam-se com maior intensidade. A liberdade quantidade de bobinas de gelo reutilizável colocada no interior da
para se movimentarem aumenta conforme se passa do estado sóli- caixa é importante para a correta conservação. A transferência do
do para o líquido; e deste, para o gasoso calor recebido dos imuno biológicos, do ar dentro da caixa e atra-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vés das paredes fará com que o gelo derreta (temperatura próxima Compressor: É um conjunto mecânico constituído de um motor
de 0ºC, no caso de as bobinas de gelo serem constituídas de água elétrico e pistão no interior de um cilindro. Sua função é fazer o flui-
pura). Otimizar o espaço interno da caixa para a acomodação de do refrigerante circular dentro do sistema de refrigeração.. Durante
maior quantidade de bobinas de gelo fará com que a temperatura o processo de compressão, a pressão e a temperatura do fluido re-
interna do sistema permaneça baixa por mais tempo. Dispor as bo- frigerante se elevam rapidamente
binas de gelo reutilizável nos espaços vazios no interior da caixa, de
modo que circundem os imuno biológicos serve ao propósito men- Condensador: É o elemento do sistema de refrigeração que se
cionado acima. Ao dispor de certa quantidade de bobinas de gelo encontra instalado e conectado imediatamente após o ponto de
reutilizável nas paredes laterais da caixa térmica, formamos uma descarga do compressor. Sua função é transformar o fluido refri-
barreira para diminuir a velocidade de entrada de calor, por um pe- gerante em líquido. Devido à redução de sua temperatura, ocorre
ríodo de tempo. O calor vai continuar atravessando as paredes, e mudança de estado físico, passando de vapor superaquecido para
isso ocorre porque não existe material perfeitamente isolante. Con- líquido saturado. São constituídos por tubos metálicos (cobre, alu-
tudo, o calor que adentra a caixa atinge primeiro as bobinas de gelo mínio ou ferro) dispostos sobre chapas ou fixos por aletas (arame
reutilizável, aumentando inicialmente sua temperatura, e, somente de aço ou lâminas de alumínio), tomando a forma de serpentina.
depois, altera a temperatura do interior da caixa. A circulação do ar através do condensador pode se dar de duas
A temperatura das bobinas de gelo reutilizável também deve maneiras: a) Por circulação natural (sistemas domésticos) b) Por cir-
ser rigorosamente observada. Caso sejam utilizadas bobinas de culação forçada (sistemas comerciais de grande capacidade). Como
gelo reutilizável, em temperaturas muito baixas (-20ºC) e em gran- o condensador está exposto ao ambiente, cuja temperatura é infe-
de quantidade, há o risco de, em determinado momento, que a rior à temperatura do refrigerante em circulação, o calor vai sendo
temperatura dos imuno biológicos esteja próxima à dessas bobinas. dissipado para esse mesmo ambiente. Assim, na medida em que o
Por consequência, os imuno biológicos serão congelados, o que fluido refrigerante perde calor ao circular pelo condensador, ele se
para alguns tipos, pode comprometer a qualidade, por exemplo: a converte em líquido.
vacina contra DTP. Nos refrigeradores tipo doméstico e freezers utilizados pelo
Além desses fatores, as experiências citadas permitem lembrar PNI, são predominantemente utilizados os condensadores estáti-
alguns pontos importantes: cos, nos quais o ar e a temperatura ambiente são os únicos fatores
- o calor, decorrido algum tempo, passará através das paredes de interferência. As placas, ranhuras e pequenos tubos incorpora-
da caixa com maior ou menor facilidade, em função das caracterís- dos aos condensadores, visam exclusivamente facilitar a dissipação
ticas do material utilizado e da espessura das mesmas; do calor, aumentando a superfície de resfriamento.
- a temperatura no interior da caixa nem sempre é uniforme. Olhando-se lateralmente um refrigerador tipo doméstico verifi-
Num determinado momento podemos encontrar temperaturas di- ca-se que o condensador está localizado na parte posterior, afasta-
ferentes em vários pontos (a, b e c). O procedimento de envolver do do corpo do refrigerador. O calor é dissipado para o ar circulante
os imuno biológicos com bobinas de gelo reutilizável é entendido que sobe em corrente, dos lados do evaporador. Para que este ciclo
como uma proteção ao avanço do calor, que parte sempre do mais seja completado com maior facilidade e sem interferências desfavo-
quente para o mais frio, mas que afeta a temperatura dos corpos ráveis, o equipamento com sistema de refrigeração por compressão
pelos quais se propaga; (geladeira, freezers, etc.) deve ficar afastado da parede, instalado
- no acondicionamento de imuno biológicos em caixas térmicas em lugar ventilado, na sombra e longe de qualquer fonte de calor,
é possível manter ou reduzir a temperatura das mesmas durante para que o condensador possa ter um rendimento elevado. Não co-
um tempo determinado utilizando-se, para tal, bobinas de gelo reu- locar objetos sobre o condensador. Periodicamente, limpar o mes-
tilizável em diferentes temperaturas e quantidade. mo para evitar acúmulo de pó ou outro produto que funcione como
isolante.
Tipos de Sistema Alguns equipamentos (geladeiras comerciais, câmaras frigorífi-
cas, etc.) utilizam o conjunto de motor, compressor e condensador,
Compressão: São sistemas que utilizam a compressão e a ex- instalado externamente.
pansão de uma substância, denominada fluido refrigerante, como
meio para a retirada de energia térmica de um corpo ou ambiente. Filtro desidratador: Está localizado logo após o condensador.
Esses sistemas são normalmente alimentados por energia elétrica Consiste em um filtro dotado de uma substância desidratadora que
proveniente de centrais hidrelétricas ou térmicas. Alternativamen- retém as impurezas ou substâncias estranhas e absorve a umidade
te, em regiões remotas, tem-se usado o sistema fotovoltaico como residual que possa existir no sistema.
fonte geradora de energia elétrica.
Controle de expansão do fluido refrigerante: A seguir está lo-
Componentes e elementos do sistema de refrigeração por calizado o controlador de expansão do fluido refrigerante. Sua fina-
compressão: Componentes: compressor, condensador e controle lidade é controlar a passagem e promover a expansão (redução da
do líquido refrigerante. Elementos: evaporador, filtro desidratador, pressão e temperatura) do fluido refrigerante para o evaporador.
gás refrigerante e termostato. Os componentes acima descritos es- Este dispositivo, em geral, pode ser um tubo capilar usado em pe-
tão unidos entre si por meio de tubulações, dentro das quais cir- quenos sistemas de refrigeração ou uma válvula de expansão, usual
cula um fluido refrigerante ecológico (R-134a - tetrafluoretano, é o em sistemas comerciais e industriais.
mais comum). A compressão e a expansão desse fluido refrigerante,
dentro de um circuito fechado, o torna capaz de retirar calor de Evaporador: É a parte do sistema de refrigeração no qual o
um ambiente. Esse circuito deve estar hermeticamente selado, não fluido refrigerante, após expandir-se no tubo capilar ou na válvula
permitindo a fuga do refrigerante. Nos refrigeradores e freezers, de expansão, evapora-se a baixa pressão e temperatura, absorven-
o compressor e o motor estão hermeticamente fechados em uma do calor do meio. Em um sistema de refrigeração, a finalidade do
mesma carcaça evaporador é absorver calor do ar, da água ou de qualquer outra

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

substância que se deseje baixar a temperatura. Essa retirada de Funcionamento do sistema por absorção: A água tem a pro-
calor ou esfriamento ocorre em virtude de o líquido refrigerante, priedade de absorver amônia (NH3) com muita facilidade e através
a baixa pressão, se evaporar, absorvendo calor do conteúdo e do desta, é possível reduzir e manter baixa a temperatura nos sistemas
ambiente interno do refrigerador. À medida que o líquido vai se de absorção. A aplicação de calor ao sistema faz com que a solubi-
evaporando, deslocando-se pelas tubulações, este se converte em lidade da amônia na água, libere o gás da solução. Assim, a amônia
vapor, que será aspirado pelo compressor através da linha de baixa purificada, em forma gasosa, se desloca do separador até o con-
pressão (sucção). Posteriormente, será comprimido e enviado pelo densador, que é uma serpentina de tubulações com um dispositivo
compressor ao condensador fechando o ciclo. de aletas situado na parte superior do circuito. Nesse elemento, a
amônia se condensa e, em forma líquida, desce por gravidade até
Alimentação elétrica dos sistemas de refrigeração por com- o evaporador, localizado abaixo do condensador e dentro do gabi-
pressão: Pode ser convencional, quando é proveniente de centrais nete.
hidrelétricas ou térmicas, ou fotovoltaica, quando utiliza a energia O esfriamento interno do equipamento ocorre pela perda de
solar. A alimentação elétrica convencional dispensa maiores co- calor para a amônia, que sofre uma mudança de fase da amônia,
mentários, pois é de uso muito comum e conhecida por todos. passando do estado líquido para o gasoso.
Atualmente, muitos países em desenvolvimento estão usando A presença do hidrogênio mantém uma pressão elevada e uni-
o sistema fotovoltaico na rede de frio para conservação de imuno- forme no sistema. A mistura amônia-hidrogênio varia de densidade
biológicos. É, algumas vezes, a única alternativa em áreas onde não ao passar de uma parte do sistema para outra, o que resulta em
existe disponibilidade de energia elétrica convencional confiável. um desequilíbrio que provoca a movimentação da amônia até o
A geração de energia elétrica provém de células fotoelétricas ou componente absorvente (água). Ao sair do evaporador, a mistura
fotovoltaicas, instaladas em painéis que recebem luz solar direta, amônia-hidrogênio passa ao absorvedor, onde somente a amônia é
armazenando-a em baterias próprias através do controlador de car- retida. Nesse ponto, o calor aplicado permitirá novamente a libera-
ção da amônia até o condensador, fechando o ciclo continuamente.
ga para a manutenção do funcionamento do sistema, inclusive no
Os sistemas de absorção apresentam algumas desvantagens:
período sem sol.
- os equipamentos que utilizam combustível líquido na alimen-
tação apresentam irregularidade da chama e acúmulo de carvão ou
O sistema utilizado em refrigeradores para conservação de
fuligem, necessitando regulagem sistemática e limpeza periódica
imuno biológicos é dimensionado para operação contínua do equi- dos queimadores;
pamento (carregado e incluindo as bobinas de gelo reutilizável) - a manutenção do equipamento em operação satisfatória
durante os períodos de menor insolação no ano. Se outras cargas, apresenta maior grau de complexidade em relação aos sistemas de
como iluminação, forem incluídas no sistema, elas devem operar compressão;
através de um banco de baterias separado, independente do que - a qualidade e o abastecimento constante dos combustíveis
fornece energia ao refrigerador. O projeto do sistema deve permitir dificulta o uso de tal equipamento.
uma autonomia de, no mínimo, sete dias de operação contínua.
Controle de temperatura conforme o tipo de sistema, proce-
Em ambientes com temperaturas médias entre +32ºC e +43ºC, der das seguintes maneiras: a) aqueles que funcionam com com-
a temperatura interna do refrigerador, devidamente carregado, bustíveis líquidos. O controle é efetuado através da diminuição ou
quando estabilizada, não deve exceder a faixa de +2ºC a +8ºC. A aumento da chama utilizada no aquecimento do sistema, por meio
carga recomendada de bobinas de gelo reutilizável contendo água a de um controle que movimenta o pavio do queimador; b) aqueles
temperatura ambiente deve ser aquela que o equipamento é capaz que funcionam com combustíveis gasosos. Nestes sistemas, o con-
congelar em um período de 24 horas. trole é feito por um elemento termostático que permite aumentar
Em virtude de seu alto custo e necessidade de treinamento ou diminuir a vazão do gás que alimentará a chama do queimador,
especializado dos responsáveis pela manutenção, alguns critérios provocando as alterações de temperatura desejadas; c) aqueles
são observados para a escolha das localidades para instalação desse que funcionam com eletricidade. O controle é feito através de um
tipo de equipamento: termostato para refrigeração simples, que conecta ou desconecta
- remotas e de difícil acesso, isoladas com inexistência de fonte a alimentação da resistência elétrica, do mesmo tipo utilizado nos
de energia convencional; refrigeradores à compressão.
- que por razões logísticas se necessite dispor de um refrigera-
dor para armazenamento; Temperatura: controle e monitoramento
- que, segundo o Ministério de Minas e Energia, não serão al-
cançadas pela rede elétrica convencional em, pelo menos, 5 anos; O controle diário de temperatura dos equipamentos da Rede
de Frio é imprescindível em todas as instâncias de armazenamento
para assegurar a qualidade dos imuno biológicos. Para isso, utili-
Absorção: Funciona alimentado por uma fonte de calor que
zam-se termômetros digitais ou analógicos, de cabo extensor ou
pode ser uma resistência elétrica, gás ou querosene. Em opera-
não. Quando for utilizado o termômetro analógico de momento,
ção com gás ou eletricidade, a temperatura interna é controlada
máxima e mínima, a leitura deve ser rápida, a fim de evitar variação
automaticamente por um termostato. Nos equipamentos a gás, o de temperatura no equipamento. O termômetro de cabo extensor
termostato dispõe de um dispositivo de segurança que fecha a pas- é de fácil leitura e não contribui para essa alteração porque o visor
sagem deste quando a chama se apaga; com querosene, a tempe- permanece fora do equipamento.
ratura é controlada manualmente através do ajuste da chama do
querosene. O sistema por absorção não é tão eficiente e difere da Termômetro digital de momento, máxima e mínima: É um equi-
configuração do sistema por compressão. Seu funcionamento de- pamento eletrônico de precisão constituído de um visor de cristal
pende de uma mistura de água e amoníaco, em presença de um líquido, com cabo extensor, que mensura as temperaturas (do mo-
gás inerte (hidrogênio). Requer atenção constante para garantir o mento, a máxima e a mínima), através de seu bulbo instalado no
desempenho adequado. interior do equipamento, em um período de tempo. Também existe

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

disponível um modelo deste equipamento que permite a leitura das No quadro de distribuição de energia elétrica da Instituição,
temperaturas de momento, máxima, mínima e do ambiente exter- é importante identificar a chave especifica do circuito da Rede de
no, com dispositivo de alarme que é acionado quando a variação Frio e/ou sala de vacinação e colocar um aviso em destaque - “Não
de temperatura ultrapassa os limites configurados, ou seja, +2º e Desligar”. Estabelecer uma parceria com a empresa local de energia
+ 8º C (set point) ou sem alarme. Constituído por dois visores de elétrica, a fim de ter informação prévia sobre interrupções progra-
cristal líquido, um para temperatura do equipamento e outro para a madas no fornecimento. Nas situações de emergência é necessário
temperatura do ambiente que a unidade comunique a ocorrência à instância superior imedia-
Termômetro analógico de momento, máxima e mínima (Ca- ta para as devidas providências.
pela): Este termômetro apresenta duas colunas verticais de mer- Observação: Recomenda-se a orientação dos agentes respon-
cúrio com escalas inversas e é utilizado para verificar as variações sáveis pela vigilância e segurança das centrais de rede de frio na
de temperatura ocorridas em determinado ambiente, num período identificação de problemas que possam comprometer a qualidade
de tempo, fornecendo três tipos de informação: a mais fria; a mais dos imuno biológicos, comunicando imediatamente o técnico res-
quente e a do momento. ponsável, principalmente durante finais de semana e feriados.
Termômetro linear: Esse tipo de termômetro só nos dá a tem-
peratura do momento, por isso seu uso deve ser restrito às caixas Equipamentos da Rede de Frio
térmicas de uso diário.
Colocá-lo no centro da caixa, próximo às vacinas e tampá-la; O PNI utiliza equipamentos que garantem a qualidade dos imu-
no biológicos: câmara frigorífica, freezers ou congeladores, refri-
aguardar meia hora para fazer a leitura da temperatura, verificando
geradores tipo doméstico ou comercial, caminhão frigorífico entre
a extremidade superior da coluna.
outros. Considerando as atividades executadas no âmbito da cadeia
- Na caixa térmica da sala de vacina ou para o trabalho extra-
de frio de imuno biológicos, algumas delas podem apresentar um
muro, a temperatura deverá ser controlada com frequência, subs-
potencial de risco à saúde do trabalhador. Neste sentido, a legisla-
tituindo-se as bobinas de gelo reutilizável quando a temperatura ção trabalhista vigente determina o uso de Equipamentos de Pro-
atingir +8ºC. tecão Individual (EPI), conforme estabelece a Portaria do Ministério
- O PNI não recomenda a compra deste modelo de termôme- do Trabalho e Emprego n. 3.214, de 08/06/1978 que aprovou, den-
tro, porém onde tre outras normas, a Norma Regulamentadora nº 06 - Equipamento
- O PNI espera cada vez mais que todas as instâncias invistam de Proteção Individual - EPI. Segundo esta norma, considera-se EPI,
na aquisição de termômetros mais precisos e de melhor qualidade “todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
(digital de momento, máxima e mínima). balhador, destinado á proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho”.
Termômetro analógico de cabo extensor: Este tipo de termô-
metro é utilizado para verificar a temperatura do momento, no Câmaras Frigoríficas: Também denominadas câmaras frias. São
transporte, no uso diário da sala de vacina ou no trabalho extra- ambientes especialmente construídos para armazenar produtos em
muro. baixas temperaturas, tanto positivas quanto negativas e em gran-
des volumes. Para conservação dos imuno biológicos essas câmaras
Termômetro a laser: É um equipamento de alta tecnologia, uti- funcionam em temperaturas entre +2ºC e +8ºC e -20°C, de acordo
lizado principalmente para a verificação de temperatura dos imuno com a especificação dos produtos. Na elaboração de projetos para
biológicos nos volumes (caixas térmicas), recebidos ou expedidos construção, ampliação ou reforma, é necessário solicitar assessoria
em grandes quantidades. Tem a forma de uma pistola, com um ga- do PNI considerando a complexidade, especificidade e custo deste
tilho que ao ser pressionado aciona um feixe de raio laser que ao equipamento.
atingir a superfície das bobinas de gelo, registra no visor digital do O seu funcionamento de uma maneira geral obedece aos prin-
aparelho a temperatura real do momento. Para que seja obtido um cípios básicos de refrigeração, além de princípios específicos, tais
registro de temperatura confiável é necessário que sejam observa- como:
dos os procedimentos descritos pelo fabricante quanto à distância - paredes, piso e teto montados com painéis em poliuretano
e ao tempo de pressão no gatilho do termômetro injetado de alta densidade revestido nas duas faces em aço inox/
alumínio;
- sistema de ventilação no interior da câmara, para facilitar a
Situações de Emergência
distribuição do ar frio pelo evaporador;
- compressor e condensador dispostos na área externa à câma-
Os equipamentos de refrigeração podem deixar de funcionar
ra, com boa circulação de ar;
por vários motivos. Assim, para evitar a perda dos imuno biológicos,
- antecâmara (para câmaras negativas), com temperatura de
precisamos adotar algumas providencias. Quando ocorrer interrup- +4°C, objetivando auxiliar o isolamento do ambiente e prevenir a
ção no fornecimento de energia elétrica, manter o equipamento ocorrência de choque térmico aos imuno biológicos;
fechado e monitorar, rigorosamente, a temperatura interna com - alarmes audiovisual de baixa e alta temperaturas para aler-
termômetro de cabo extensor. Se não houver o restabelecimento tar da ocorrência de oscilação na corrente elétrica ou de defeito no
da energia, no prazo máximo de 2 horas ou quando a temperatura equipamento de refrigeração;
estiver próxima a + 8 C proceder imediatamente a transferência dos - alarme audiovisual indicador de abertura de porta;
imuno biológicos para outro equipamento com temperatura reco- - dois sistemas independentes de refrigeração instalados: um
mendada (refrigerador ou caixa térmica). em uso e outro em reserva, para eventual defeito do outro;
O mesmo procedimento deve ser adotado em situação de falha - sistema eletrônico de registro de temperatura (data loggers);
no equipamento. - Lâmpada de cor amarela externamente à câmara, com acio-
O serviço de saúde deverá dispor de bobinas de gelo reutilizá- namento interligado à iluminação interna, para alerta da presença
vel congeladas para serem usadas no acondicionamento dos imuno de pessoal no seu interior e evitar que as luzes internas sejam dei-
biológicos em caixas térmicas. xadas acesas desnecessariamente.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Algumas câmaras, devido ao seu nível de complexidade e di- Freezers ou Congeladores: São equipamentos destinados, pre-
mensões utilizam sistema de automação para controle de tempera- ferencialmente, a estocagem de imuno biológicos em temperaturas
tura, umidade e funcionamento. negativas (aproximadamente a -20ºC), mais eficientes e confiáveis,
Organização Interna: As câmaras são dotadas de prateleiras va- principalmente aquele dotado de tampas na parte superior. Estes
zadas, preferencialmente metálicas, em aço inox, nas quais os imu- equipamentos devem ser do tipo horizontal, com isolamento de
no biológicos são acondicionados de forma a permitir a circulação suas paredes em poliuretano, evaporadores nas paredes (contato
de ar entre as mesma e organizados de acordo com a especificação interno) e condensador/compressor em áreas projetadas no corpo,
do produto laboratório produtor, número do lote, prazo de validade abaixo do gabinete. São também utilizados para congelar as bobi-
e apresentação. nas de gelo reutilizável e nesse caso, a sua capacidade de armaze-
As prateleiras metálicas podem ser substituídas por estrados namento é de até 80%.
de plástico resistente (paletes), em função do volume a ser armaze- Não utilizar o mesmo equipamento para o armazenamento
nado. Os lotes com menor prazo de validade devem ter prioridade concomitante de imuno biológicos e bobinas de gelo reutilizável.
na distribuição, Cuidados básicos para evitar perda de imuno bio- Instalar em local bem arejado, sem incidência da luz solar direta
lógicos: e distante, no mínimo, 40cm de outros equipamentos e 20cm de
- na ausência de controle automatizado de temperatura, reco- paredes, uma vez que o condensador necessita dissipar calor para o
menda-se fazer a leitura diariamente, no início da jornada de traba- ambiente. Colocar o equipamento sobre suporte com rodinhas para
evitar a oxidação das chapas da caixa em contato direto com o piso
lho, no início da tarde e no final do dia, com equipamento disponí-
úmido e facilitar sua limpeza e movimentação.
vel e anotar em formulário próprio;
- testar os alarmes antes de sair, ao final da jornada de traba-
Programa Nacional de Imunização
lho;
Vacinação e atenção básica
- usar equipamento de proteção individual;
- não deixar a porta aberta por mais de um minuto ao colocar A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006,
ou retirar imuno biológico e somente abrir a câmara depois de fe- caracteriza a atenção básica como “um conjunto de ações de saúde,
chada a antecâmara; no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a prote-
- somente entrar na câmara positiva se a temperatura interna ção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento,
registrada no visor externo estiver ≤+5ºC. Essa conduta impede que a reabilitação e a manutenção da saúde”. A Estratégia de Saúde da
a temperatura interna da câmara ultrapasse +8ºC com a entrada de Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adota-
ar quente durante a abertura da porta; da na perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de
- verificar, uma vez ao mês, se a vedação da porta da câmara atenção, organizando os serviços e orientando a prática profissional
está em boas condições, isto é, se a borracha (gaxeta) não apresen- de atenção à família. No contexto da vacinação, a equipe da ESF re-
ta ressecamento, não tem qualquer reentrância, abaulamento em aliza a verificação da caderneta e a situação vacinal e encaminha a
suas bordas e se a trava de segurança está em perfeito funciona- população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema
mento. O formulário para registro da revisão mensal encontra-se vacinal, conforme os calendários de vacinação. É fundamental que
em manual específico de manutenção de equipamentos; haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais
- observar para que a luz interna da câmara não permaneça equipes de saúde, no sentido de evitar as oportunidades perdidas
acesa quando não houver pessoas trabalhando em seu interior. A de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo ser aten-
luz é grande fonte de calor; dido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada
- ao final do dia de trabalho, certificar-se de que a luz interna sua situação vacinal ou haja encaminhamento à sala de vacinação.
foi apagada; de que todas as pessoas saíram e de que a porta da
câmara foi fechada corretamente; Calendário Nacional de Vacinação
- a limpeza interna das câmaras e prateleiras é feita sempre
com pano úmido, e se necessário, utilizar sabão. Adotar o mesmo As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são defi-
procedimento nas paredes e teto e finalmente secá-los. Remover nidas nos calendários de vacinação, nos quais estão estabelecidos:
as estruturas desmontáveis do piso para fora da câmara, lavar com • os tipos de vacina;
• o número de doses do esquema básico e dos reforços;
água e sabão, enxaguar, secar e recolocar. Limpar o piso com pano
• a idade para a administração de cada dose; e
úmido (pano exclusivo) e sabão, se necessário e secar. Limpar as
• o intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobioló-
luminárias com pano seco e usando luvas de borracha para preven-
gico cuja proteção exija mais de uma dose. Considerando o risco, a
ção de choques elétricos. Recomenda-se a limpeza antes da repo-
vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendá-
sição de estoque. rios de vacinação com orientações específicas para crianças, adoles-
- recomenda-se, a cada 6 (seis) meses, proceder a desinfecção centes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. As vacinas recomen-
geral das paredes e teto das câmaras frias; dadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais
- semanalmente a Coordenação Estadual receberá do respon- precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no
sável pela Rede de Frio o gráfico de temperatura das câmaras e dará primeiro ano de vida e os reforços e as demais vacinações nos anos
o visto, após análise dos mesmos. posteriores.
A manutenção preventiva e corretiva é indispensável para
a garantia do bom funcionamento da câmara. Manter o contrato Os calendários de vacinação estão regulamentados pela Por-
atualizado e renovar com antecedência prevenindo períodos sem taria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, no âmbito do
cobertura. As orientações técnicas e formulários estão descritos no Programa Nacional de Imunizações (PNI), em todo o território na-
manual específico de manutenção de equipamentos. cional, sendo atualizados sistematicamente por meio de informes e
notas técnicas pela CGPNI. Nas unidades de saúde, os calendários e
os esquemas vacinais para cada grupo-alvo devem estar disponíveis
para consulta e afixados em local visível.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fatores que influenciam a resposta imune • Equipamentos de refrigeração utilizados exclusivamente para
Fatores relacionados ao vacinado conservação de vacinas, soros e imunoglobulinas, conforme as nor-
mas do PNI nas três esferas de gestão.
-Idade • Equipamentos de refrigeração protegidos da incidência de
-Gestação luz solar direta.
-Amamentação • Sala de vacinação mantida em condições de higiene e lim-
-Reação Anafilática peza.
-Paciente Imunodeprimido
-Uso de Antitérmico Profilático. Administração dos imunobiológicos
Equipe de vacinação e funções básicas
Na administração dos imunobiológicos, adote os seguintes pro-
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equi- cedimentos:
pe de enfermagem treinada e capacitada para os procedimentos de • Verifique qual imunobiológico deve ser administrado, confor-
manuseio, conservação, preparo e administração, registro e descar- me indicado no documento pessoal de registro da vacinação (cartão
te dos resíduos resultantes das ações de vacinação. ou caderneta) ou conforme indicação médica.
A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo téc- • Higienize as mãos antes e após o procedimento
nico ou auxiliar de enfermagem, sendo ideal a presença de dois
vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe Examine o produto, observando a aparência da solução, o esta-
depende do porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da do da embalagem, o número do lote e o prazo de validade.
população do território sob sua responsabilidade.
Tal dimensionamento também pode ser definido com base na Cuidados com os resíduos da sala de vacinação
previsão de que um vacinador pode administrar com segurança cer-
ca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas adminis- O resíduo infectante deve receber cuidados especiais nas fases
tradas pela via oral por hora de trabalho. de segregação, acondicionamento, coleta, tratamento e destino fi-
A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da si- nal. Para este tipo de resíduo, o trabalhador da sala de vacinação
tuação epidemiológica da área de abrangência na qual o serviço de deve:
vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a • Acondicionar em caixas coletoras de material perfurocortan-
te os frascos vazios de imunobiológicos, assim como aqueles que
alocação de recursos e a orientação programática, quando neces-
devem ser descartados por perda física e/ou técnica, além dos ou-
sário.
tros resíduos perfurantes e infectantes (seringas e agulhas usadas).
O enfermeiro é responsável pela supervisão ou pelo monito-
O trabalhador deve observar a capacidade de armazenamento da
ramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo pro-
caixa coletora, definida pelo fabricante, independentemente do nú-
cesso de educação permanente da equipe.
mero de dias trabalhados.
• Acondicionar as caixas coletoras em saco branco leitoso.
Organização e funcionamento da sala de vacinação
• Encaminhar o saco com as caixas coletoras para a Central de
Material e Esterilização (CME) na própria unidade de saúde ou em
Especificidades da sala de vacinação outro serviço de referência, conforme estabelece a Resolução nº
358/2005 do Conama, a fim de que os resíduos sejam inativados
A sala de vacinação é classificada como área semicrítica. Deve • A Rede de Frio refere-se à estrutura técnico-administrativa
ser destinada exclusivamente à administração dos imunobiológicos, (normatização, planejamento, avaliação e financiamento) direcio-
devendo-se considerar os diversos calendários de vacinação exis- nada para a manutenção adequada da Cadeia de Frio. Esta, por sua
tentes. Na sala de vacinação, é importante que todos os procedi- vez, representa o processo logístico (recebimento, armazenamento,
mentos desenvolvidos promovam a máxima segurança, reduzindo distribuição e transporte) da Rede de Frio. A sala de vacinação é a
o risco de contaminação para os indivíduos vacinados e também instância final da Rede de Frio, onde os procedimentos de vacina-
para a equipe de vacinação. Para tanto, é necessário cumprir as se- ção propriamente ditos são executados mediante ações de rotina,
guintes especificidades e condições em relação ao ambiente e às campanhas e outras estratégias. • Na sala de vacinação, todas as va-
instalações: cinas devem ser armazenadas entre +2ºC e +8ºC, sendo ideal +5ºC.
• Sala com área mínima de 6 m2 . Contudo, recomenda-se uma
área média a partir de 9 m2 para a adequada disposição dos equi- Organização dos imunobiológicos na câmara refrigerada
pamentos e dos mobiliários e o fluxo de movimentação em condi-
ções ideais para a realização das atividades. O estoque de imunobiológicos no serviço de saúde não deve
• Piso e paredes lisos, contínuos (sem frestas) e laváveis. ser maior do que a quantidade prevista para o consumo de um mês,
• Portas e janelas pintadas com tinta lavável. a fim de reduzir os riscos de exposição dos produtos a situações que
• Portas de entrada e saída independentes, quando possível. possam comprometer sua qualidade. Os imunobiológicos devem
• Teto com acabamento resistente à lavagem. ser organizados em bandejas sem que haja a necessidade de dife-
• Bancada feita de material não poroso para o preparo dos in- renciá-los por tipo ou compartimento, uma vez que a temperatura
sumos durante os procedimentos. se distribui uniformemente no interior do equipamento. Entretan-
• Pia para a lavagem dos materiais. to, os produtos com prazo de validade mais curto devem ser dispos-
• Pia específica para uso dos profissionais na higienização das tos na frente dos demais frascos, facilitando o acesso e a otimização
mãos antes e depois do atendimento ao usuário. da sua utilização. Orientações complementares sobre a organização
• Nível de iluminação (natural e artificial), temperatura, umida- dos imunobiológicos na câmara refrigerada constam no Manual de
de e ventilação natural em condições adequadas para o desempe- Rede de Frio (2013). Abra o equipamento de refrigeração com a
nho das atividades. menor frequência possível.
• Tomada exclusiva para cada equipamento elétrico

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Procedimentos segundo as vias de administração dos imuno- Via intramuscular (IM) Na utilização da via intramuscular, o
biológicos imunobiológico é introduzido no tecido muscular, sendo apropria-
do para a administração o volume máximo até 5 mL. São exemplos
Os imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria,
custo-efetivos em saúde pública. Sua eficácia e segurança, entretan- tétano, pertussis, Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepa-
to, estão fortemente relacionadas ao seu manuseio e à sua adminis- tite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano adulto;
tração. Portanto, cada imunobiológico demanda uma via específica vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina
para a sua administração, a fim de se manter a sua eficácia plena. pneumocócica 10 valente (conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e
Via oral A via oral é utilizada para a administração de substân- 3 (inativada). As regiões anatômicas selecionadas para a injeção in-
cias que são absorvidas no trato gastrintestinal com mais facilidade tramuscular devem estar distantes dos grandes nervos e de vasos
e são apresentadas, geralmente, em forma líquida ou como dráge- sanguíneos, sendo que o músculo vasto lateral da coxa e o músculo
as, cápsulas e comprimidos. O volume e a dose dessas substâncias deltoide são as áreas mais utilizadas.
são introduzidos pela boca. São exemplos de vacinas administradas Notas: • A região glútea é uma opção para a administração de
por tal via: vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) e vacina rotavírus determinados tipos de soros (antirrábico, por exemplo) e imunoglo-
humano G1P1[8] (atenuada). bulinas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos). • A área ven-
troglútea é uma região anatômica alternativa para a administração
Via parenteral A maior parte dos imunobiológicos ofertados de imunobiológicos por via intramuscular, devendo ser utilizada por
pelo PNI é administrada por via parenteral. As vias de administração profissionais capacitados.
parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o imuno-
biológico será administrado. Tais vias são as seguintes: intradérmi- Calendários de Vacinação
ca, subcutânea, intramuscular e endovenosa.
Esta última é exclusiva para a administração de determinados O Calendário de vacinação brasileiro é aquele definido pelo
tipos de soros. Para a administração de vacinas, não é recomendada Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/
a assepsia da pele do usuário. Somente quando houver sujidade MS) e corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interes-
perceptível, a pele deve ser limpa utilizando-se água e sabão ou se prioritário à saúde pública do país. Atualmente é constituído por
12 produtos recomendados à população, desde o nascimento até a
álcool a 70%, no caso de vacinação extramuros e em ambiente hos-
terceira idade e distribuídos gratuitamente nos postos de vacinação
pitalar
da rede pública.
Nota: • Quando usar o álcool a 70% para limpeza da pele, fric-
cione o algodão embebido por 30 segundos e, em seguida, espere
Lembramos que estes calendários de vacina são do Ministério
mais 30 segundos para permitir a secagem da pele, deixando-a sem da Saúde e corresponde a todo o Território Nacional. Mas determi-
vestígios do produto, de modo a evitar qualquer interferência do nados Estados do Brasil, acrescentam outras vacinas e outras doses,
álcool no procedimento. devido a necessidade local.
A administração de vacinas por via parenteral não requer para-
mentação especial para a sua execução. A exceção se dá quando o Calendário Nacional de Vacinação
vacinador apresenta lesões abertas com soluções de continuidade
nas mãos. Excepcionalmente nesta situação, orienta-se a utilização Criança
de luvas, a fim de se evitar contaminação tanto do imunobiológico
quanto do usuário.

Nota:
• A administração de soros por via endovenosa requer o uso
de luvas, assim como a assepsia da pele do usuário.

Via intradérmica (ID) Na utilização da via intradérmica, a vacina


é introduzida na derme, que é a camada superficial da pele. Esta
via proporciona uma lenta absorção das vacinas administradas. O
volume máximo a ser administrado por esta via é 0,5 mL. A vacina Para vacinar, basta levar a criança a um posto ou Unidade Bási-
BCG e a vacina raiva humana em esquema de pré-exposição, por ca de Saúde (UBS) com o cartão/caderneta da criança. O ideal é que
exemplo, são administradas pela via intradérmica. Para facilitar a cada dose seja administrada na idade recomendada. Entretanto, se
identificação da cicatriz vacinal, recomenda-se no Brasil que a vaci- perdeu o prazo para alguma dose é importante voltar à unidade de
na BCG seja administrada na inserção inferior do músculo deltoide saúde para atualizar as vacinas. A maioria das vacinas disponíveis
direito. Na impossibilidade de se utilizar o deltoide direito para tal no Calendário Nacional de Vacinação é destinada a crianças. São 15
procedimento, a referida vacina pode ser administrada no deltoide vacinas, aplicadas antes dos 10 anos de idade.
Ao nascer
esquerdo.
Via subcutânea (SC) Na utilização da via subcutânea, a vacina é
BCG (Bacilo Calmette-Guerin) – (previne as formas graves de
introduzida na hipoderme, ou seja, na camada subcutânea da pele.
tuberculose, principalmente miliar e meníngea) - dose única - dose
O volume máximo a ser administrado por esta via é 1,5 mL. São
única
exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, Hepatite B–(previne a hepatite B) - dose ao nascer
caxumba e rubéola e vacina febre amarela (atenuada). Alguns locais 2 meses
são mais utilizados para a vacinação por via subcutânea: a região do
deltoide no terço proximal; ▶ a face superior externa do braço; ▶ a
face anterior e externa da coxa; e ▶ a face anterior do antebraço.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- Atenção: Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos 11 meses e 29
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 1ª dose dias) de idade deverão tomar uma ou duas doses da vacina influen-
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- za durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.
mielite) – 1ª dose
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne a pneumonia, Adolescente
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª
dose
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
3 meses

Meningocócica C (conjugada) - (previne Doença invasiva causa-


da pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 1ª dose
4 meses

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- A caderneta de vacinação deve ser frequentemente atualiza-
ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 2ª dose da. Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) (previne a polio- precisam de reforço nessa faixa etária. Além disso, doses atrasadas
mielite) – 2ª dose também podem ser colocadas em dia. Veja as vacinas recomenda-
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) (previne pneumonia, das a adolescentes:
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª
dose Meninas 9 a 14 anos
Rotavírus humano (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
5 meses verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada Meninos 11 a 14 anos


pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – 2ª dose
HPV (previne o papiloma, vírus humano que causa cânceres e
6 meses verrugas genitais) - 2 doses (seis meses de intervalo entre as doses)

Penta (previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infec- 11 a 14 anos


ções causadas pelo Haemophilus influenzae B) – 3ª dose
Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) - (VIP) - (previne polio- Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada
mielite) – 3ª dose por Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Dose única ou reforço
(a depender da situação vacinal anterior)
9 meses
10 a 19 anos
Febre Amarela – uma dose (previne a febre amarela)
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
12 meses Febre Amarela – 1 dose (a depender da situação vacinal ante-
rior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
Pneumocócica 10 Valente (conjugada) - (previne pneumonia, 10 anos
otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses
Reforço (de acordo com a situação vacinal anterior)
Meningocócica C (conjugada) (previne doença invasiva causada Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C) – Reforço gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (a de-
pender da situação vacinal anterior) - (está indicada para população
15 meses indígena e grupos-alvo específicos)

DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço Adulto


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) - (previne poliomie-
lite) – 1º reforço
Hepatite A – uma dose
Tetra viral – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/ca-
tapora) - Uma dose

4 anos

DTP (Previne a difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço


Vacina Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – (previne poliomie-
lite) - 2º reforço
Varicela atenuada (previne varicela/catapora) – uma dose

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É muito importante que os adultos mantenham suas vacinas Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
em dia. Além de se proteger, a vacina também evita a transmissão Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – 3 doses (a de-
para outras pessoas que não podem ser vacinadas. Imunizados, fa- pender da situação vacinal anterior)
miliares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não dTpa (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne dif-
estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de ou- teria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada gestação a partir da
tras pessoas que não estão protegidas. Veja lista de vacinas disponi- 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).
bilizadas a adultos de 20 a 59 anos: Influenza – Uma dose (anual)
20 a 59 anos
Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas
Hepatite B - 3 doses (a depender da situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (a depender da situação vacinal Criança
anterior)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – Verificar
a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber 2 doses (20
a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
Dupla adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose (Está
indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)

Idoso
Ao nascer

BCG – dose única - (previne as formas graves de tuberculose,


principalmente miliar e meníngea)
Hepatite B – dose única

2 meses

Pentavalente (Previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e Meningite e infecções por HiB) – 1ª dose
São quatro as vacinas disponíveis para pessoas com 60 anos ou Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (poliomielite ou paralisia in-
mais, além da vacina anual contra a gripe: fantil) – 1ª dose
Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
60 anos ou mais te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 1ª dose
Hepatite B - 3 doses (verificar situação vacinal anterior)
Febre Amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior) 3 meses
Dupla Adulto (dT) - (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
10 anos Meningocócica C (previne a doença meningocócica C) – 1ª dose
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, menin-
gite e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço (a de- 4 meses
pender da situação vacinal anterior) - A vacina está indicada para
população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com Pentavalente (previne difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B
60 anos e mais não vacinados que vivem acamados e/ou em insti- e Meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B) – 2ª
tuições fechadas. dose
Influenza – Uma dose (anual) Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
fantil) – 2ª dose
Gestante Pneumocócica 10 Valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 2ª dose
Rotavírus (previne diarreia por rotavírus) – 2ª dose

5 meses

Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – 2ª dose


6 meses

Pentavalente (previne Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B


e meningite e infecções por HiB) – 3ª dose
A vacina para mulheres grávidas é essencial para prevenir do- Vacina Inativada Poliomielite (VIP) (Poliomielite ou paralisia in-
enças para si e para o bebê. Veja as vacinas indicadas para gestan- fantil) – 3ª dose
tes.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9 meses Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-


te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
Febre Amarela – dose única (previne a febre amarela) der da situação vacinal
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
12 meses anos
Hepatite B – (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose situação vacinal
Pneumocócica 10 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – Reforço Adulto
Meningocócica C (previne doença meningocócica C) – reforço
20 a 59 anos
15 meses
Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
DTP (Difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço tuação vacinal
Vacina Oral Poliomielite (VOP) - (poliomielite ou paralisia infan- Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
til) – 1º reforço situação vacinal
Hepatite A – dose única Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca
Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéo- vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);
la, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – 1 dose a depen-
4 anos der da situação vacinal
Dupla adulto (DT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada
DTP (previne difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço 10 anos
Vacina Oral Poliomielite (VOP) – (poliomielite ou paralisia in-
fantil) - 2º reforço Idoso
Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose

5 anos

Pneumocócica 23 v – uma dose – A vacina está indicada para


grupos-alvo específicos, como a população indígena a partir dos 5
(cinco) anos de idade

9 anos
60 anos ou mais
HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
anos) tuação vacinal
Febre Amarela (previne febre amarela) – dose única, verificar
Adolescente situação vacinal
Pneumocócica 23 valente (previne pneumonia, otite, meningi-
te e outras doenças causadas pelo Pneumococo) – reforço a depen-
der da situação vacinal - A vacina está indicada para grupos-alvo
específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinados que
vivem acamados e/ou em instituições fechadas.
Dupla Adulto (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10
anos

Gestante

10 e 19 anos

Meningocócica C (doença invasiva causada por Neisseria me-


ningitidis do sorogrupo C) – 1 reforço ou dose única de 12 a 13 anos
- verificar a situação vacinal
Febre Amarela – dose única (verificar a situação vacinal)
Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a
depender da situação vacinal anterior Hepatite B (previne hepatite B) - 3 doses, de acordo com a si-
HPV (Papiloma vírus humano que causa cânceres e verrugas tuação vacinal
genitais) – 2 doses (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 Dupla Adulto (DT) (previne difteria e tétano) – 3 doses, de acor-
anos) do com a situação vacinal
dTpa (previne difteria, tétano e coqueluche) – Uma dose a cada
gestação a partir da 20ª semana

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. Planejamento de Enfermagem
TEORIAS E PROCESSO DE ENFERMAGEM. TAXONO- De acordo com a SAE, que organiza o trabalho profissional
MIAS DE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM quanto ao método, pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfer-
meiros possam atuar para prevenir, controlar ou resolver os proble-
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) mas de saúde.
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma No planejamento de enfermagem, são determinados os resul-
metodologia que organiza toda a operacionalização do Processo de tados esperados e quais ações serão necessárias. Isso será realizado
Enfermagem. A SAE planeja o trabalho da equipe e os instrumen- a partir dos dados coletados e diagnósticos de enfermagem com
tos que serão utilizados, de acordo com o procedimento que será base dos momentos de saúde do paciente e suas intervenções. São
realizado. informações que, igualmente, devem ser registradas no prontuá-
O objetivo da metodologia é garantir a precisão e a coesão no rio do paciente, incluindo as prescrições checadas e o registro das
cumprimento do processo de enfermagem e de atendimento aos ações que foram executadas, por exemplo.
pacientes. Neste artigo, vamos mostrar como o processo funciona e
como é aplicado dentro das instituições de saúde. 4. Implementação
O que é a sistematização da assistência de enfermagem? Em seguida, a partir das informações obtidas e focadas na
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma abordagem da SAE, a equipe realizará as ações ou intervenções de-
metodologia desenvolvida a partir da prática do enfermeiro para terminadas na etapa do Planejamento de Enfermagem.
sustentar a gestão e o cuidado no processo de enfermagem. O mé- São atividades que podem ir desde uma administração de me-
todo é organizado em cinco etapas, que ajudam a fortalecer o jul- dicação até auxiliar ou realizar cuidados específicos, como os de
gamento e a tomada de decisão clínica assistencial do profissional higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais vitais específicos e
de enfermagem. acrescentá-los no prontuário, por exemplo.
Dessa forma, o profissional consegue agir de acordo com a Outro aspecto relevante é o uso de dispositivos que otimizam
priorização, a delegação, gestão do tempo e contextualização do o registro destas informações para dentro no Prontuário Eletrônico
ambiente cultural do cuidado prestado. do Paciente (PEP), tal como o uso do aplicativo Beira-Leito.
Com a utilização dessa metodologia, é possível analisar as in- O aplicativo permite que os dados sejam registrados assim que
formações obtidas, definir padrões e resultados decorrentes das mensurados ou executados ainda à beira leito do paciente. Dessa
condutas definidas. Lembrando que, todos esses dados deverão ser forma, o recurso ajuda na coleta de dados, aferir dados vitais do
devidamente registrados no prontuário do paciente. paciente, checar prescrições e medicações etc. Isso tudo e outras
O processo é organizado em cinco etapas relacionadas, inter- atividades, via smartphones e tablets.
dependentes e recorrentes. Para entender melhor, vamos explicar
a seguir como funciona a metodologia. 5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma- Prontuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática
gem e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a bus- determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
ca por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe ram o resultado esperado.
de enfermagem. A etapa faz parte de um processo deliberado, sis- Com essas informações, a enfermeira terá como verificar a ne-
temático e contínuo, na qual haverá a coleta de dados. As infor- cessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de
mações podem ser passadas pelo próprio paciente, pela família ou Enfermagem. Além de proporcionar informações que irão auxiliar
então, por outras pessoas envolvidas. as demais equipes multidisciplinares na tomada de decisão de con-
Assim, as informações proporcionarão maior precisão de dados dutas, como no próprio processo de alta.
ao Processo de Enfermagem dentro da abordagem da SAE. Nesse O uso da tecnologia na Sistematização da Assistência de Enfer-
momento, são abordadas as informações sobre alergias, histórico magem
de doenças e até mesmo questões psicossociais, como, por exem- Não há como falar em sistematização da assistência de enfer-
plo, a religião, que pode alterar de forma contundente os cuidados magem sem citar a tecnologia. Isso porque, os recursos tecnoló-
prestados ao paciente. gicos prestam suporte para que a metodologia seja realizada com
O processo pode ser otimizado com a utilização de Prontuário efetividade. A integração dos dados e a possibilidade de estar a par
Eletrônico do Paciente (PEP), com formulários específicos que di- de todo atendimento ao paciente de forma remota, auxiliam o pro-
recionam o questionamento da enfermeira e o registro online dos cesso, aumentam a segurança e o cuidado com o paciente.
dados, que podem ser acessados por todos da instituição, inclusive
de forma remota. Dessa forma, é possível realizar as intervenções Confira, a seguir dois sistemas essenciais para garantir a segu-
necessárias para prestação dos cuidados ao paciente, com maior rança e eficiência da SAE:
segurança e agilidade. Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)
2. Diagnóstico de Enfermagem O uso de recursos totalmente manuais e por meio de docu-
O diagnóstico de enfermagem é o processo de interpretação e mentos físicos, como papéis, fragilizam a comunicação e o compar-
agrupamento dos dados coletados. Essa etapa conduz a tomada de tilhamento de informações do paciente.
decisão sobre os diagnósticos de enfermagem, que irão representar Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM
as ações e intervenções, para alcançar os resultados esperados. 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um
Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do pacien-
levantados no histórico de enfermagem. Dessa forma, se faz a ela- te e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científi-
boração de um plano assistencial adequado e único para cada pes- co, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multi-
soa. Portanto, tudo que for definido deve ser registrado no pron- profissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”.
tuário do paciente, revisitado e atualizado sempre que necessário.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O prontuário do paciente pode ser em papel ou digital. Con- Cada profissão na área da saúde tem uma maneira de descre-
tudo, a metodologia em papel não garante uniformidade nas in- ver “o que” conhece e “como” age em relação ao que conhece.
formações e permite possíveis quebras de condutas, além de ser Este material concentra-se, basicamente, em “o que” a profissão
oneroso na questão do seu armazenamento, bem como na questão conhece. Uma profissão pode ter uma linguagem comum empre-
da sustentabilidade. A atenção com a segurança do paciente é uma gada para descrever e codificar seus conhecimentos. Os médicos
necessidade crescente nas instituições. Por isso, o Prontuário Ele- tratam doenças e usam a taxonomia da Classificação Internacional
trônico do Paciente (PEP) é visto como uma solução que auxilia a: de Doenças (CID) para a representação e a codificação dos proble-
- Ampliar o acesso às informações legíveis dos pacientes de for- mas médicos de que tratam. Psicólogos, psiquiatras e outros pro-
ma ágil e atualizada; fissionais de saúde mental tratam os transtornos mentais e usam o
- Criar alertas sobre interações medicamentosas, alergia e in- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Os
consistências; enfermeiros tratam as respostas humanas a problemas de saúde e/
- Estabelecer padrões para conclusões diagnósticas e planos ou processos da vida e usam a Taxonomia de diagnósticos de enfer-
terapêuticos; magem da NANDA International, Inc. (NANDA-I). A Taxonomia dos
- Realizar análises gerenciais de resultados, indicadores de ges- diagnósticos de enfermagem e o processo de como utilizá-la serão
tão e assistenciais. descritos com mais detalhes.
A Taxonomia da NANDA-I oferece uma maneira de classificar
Diagnóstico de Enfermagem com base na Taxonomia da e categorizar áreas de preocupação de um enfermeiro (i.e., os fo-
“Associação Norte-Americana de Diagnóstico em Enfermagem” cos dos diagnósticos). Ela possui 244 diagnósticos de enfermagem,
(NANDA), Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC) e agrupados em 13 domínios e 47 classes.
Avaliação da Assistência de Enfermagem (NOC), documentação e De acordo com o Cambridge Dictionary On-Line (2017), um
registro. domínio é “uma área de interesse”; exemplos de domínios na Ta-
xonomia da NANDA-I incluem Atividade/repouso, Enfrentamento/
Associação Norte-Americana de Diagnóstico em Enfermagem tolerância ao estresse, Eliminação e troca e Nutrição. Os domínios
- NANDA dividem-se em classes, que são agrupamentos com atributos co-
Os cuidados de saúde são realizados por vários tipos de profis- muns.
sionais da área, incluindo enfermeiros, médicos e fisioterapeutas, Os enfermeiros lidam com respostas a problemas de saúde/
entre outros. Isso se dá em hospitais e outros locais na cadeia de processos da vida entre indivíduos, famílias, grupos e comunidades.
cuidados (p. ex., clínicas, atendimento domiciliar, instituições de Essas respostas são a preocupação central dos cuidados de enfer-
atendimento de longo prazo, igrejas, prisões). Cada disciplina de magem e ocupam o círculo atribuído à profissão na Figura 1. Um
cuidados de saúde traz um conjunto de conhecimentos único para diagnóstico de enfermagem pode ser focado em um problema, um
o atendimento ao paciente. Na verdade, um conjunto de conheci- estado de promoção da saúde ou um risco potencial.
mentos único é uma característica fundamental para uma profissão.
.Ocorre cooperação e, algumas vezes, sobreposição, entre os Diagnóstico com foco no problema – um julgamento clínico a
profissionais de atendimento de saúde. Por exemplo, o médico de respeito de uma resposta humana indesejável a uma condição de
um hospital pode instruir o paciente a caminhar duas vezes ao dia. saúde/processo da vida que existe em um indivíduo, família, grupo
O fisioterapeuta concentra-se nos músculos e movimentos princi- ou comunidade.
pais necessários para caminhar. Pode haver envolvimento de um
terapeuta respiratório se for usada oxigenoterapia para tratamento Diagnóstico de risco – um julgamento clínico a respeito da sus-
de uma condição respiratória. O enfermeiro tem uma visão holística cetibilidade de um indivíduo, família, grupo ou comunidade para o
do paciente, incluindo equilíbrio e força muscular associados ao ca- desenvolvimento de uma resposta humana indesejável a uma con-
minhar, bem como confiança e motivação. O assistente social pode dição de saúde/processo da vida.
se envolver com o plano de saúde para ajudar com a cobertura de
algum equipamento necessário. Diagnóstico de promoção da saúde – um julgamento clínico a
respeito da motivação e do desejo de aumentar o bem-estar e al-
cançar o potencial humano de saúde. Essas respostas são expressas
por uma disposição para melhorar comportamentos de saúde es-
pecíficos, podendo ser usadas em qualquer estado de saúde. Em
pessoas incapazes de expressar sua própria disposição para me-
lhorar comportamentos de saúde, o enfermeiro pode determinar
a existência de uma condição para promoção da saúde e agir em
benefício do indivíduo. As respostas de promoção da saúde podem
manifestar-se em um indivíduo, família, grupo ou comunidade.
Embora em número limitado na Taxonomia da NANDA-I, uma
síndrome pode estar presente. Uma síndrome é um julgamento
clínico relativo a um determinado agrupamento de diagnósticos
de enfermagem que ocorrem juntos, sendo mais bem tratado por
meio de intervenções similares. Um exemplo disso é a síndrome da
dor crônica (00255). A dor crônica é uma dor recorrente ou persis-
tente, que dura no mínimo três meses e afeta significativamente o
funcionamento ou bem-estar diário. Essa síndrome se distingue da
dor crônica pelo fato de causar também um impacto importante
em outras respostas humanas, incluindo, assim, outros diagnós-
Figura 1: Exemplo de uma equipe de atendimento de saúde co- ticos, como distúrbio no padrão de sono (00198), fadiga (00093),
operativa. mobilidade física prejudicada (00085) ou isolamento social (00053).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Diagnóstico de enfermagem
Um diagnóstico de enfermagem é um julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos da vida, ou
uma vulnerabilidade a tal resposta, de um indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade (NANDA-I, 2013). O diagnóstico de enfer-
magem costuma ter duas partes: (1) descritor ou modificador e (2) foco do diagnóstico ou conceito-chave do diagnóstico (Tab. 1). Existem
algumas exceções em que um diagnóstico de enfermagem é tão somente uma palavra, como em ansiedade (00146), constipação (00011),
fadiga (00093) e náusea (00134). Nesses diagnósticos, modificador e foco são inerentes a um só termo.

Tabela 1: Partes do título de um diagnóstico de enfermagem

Os enfermeiros diagnosticam problemas de saúde, estados de risco e disposição para a promoção da saúde. Diagnósticos com foco
no problema não devem ser entendidos como mais importantes que os de risco. Por vezes, um diagnóstico de risco pode ser o de maior
prioridade para um paciente. Um exemplo pode ser um paciente com diagnósticos de enfermagem de intolerância à atividade (00092),
memória prejudicada (00131), disposição para controle da saúde melhorado (00162) e risco de quedas (00155), além do fato de ter sido
recentemente admitido em uma instituição de cuidados especiais. Embora intolerância à atividade e memória prejudicada sejam os diag-
nósticos com foco no problema, risco de quedas pode ser, para o paciente, o diagnóstico prioritário, em especial quando a pessoa precisa
se adaptar a um novo ambiente. Tal situação pode ser especialmente verdadeira quando identificados fatores de risco na avaliação (p. ex.,
visão prejudicada, dificuldades na marcha, história de quedas e aumento da ansiedade com a mudança de ambiente).
Cada diagnóstico de enfermagem tem um título e uma definição clara. É importante informar que apenas o título ou uma lista de
títulos é insuficiente. O fundamental é que os enfermeiros conheçam as definições dos diagnósticos normalmente utilizados. Além disso,
devem conhecer os “indicadores diagnósticos” – informações usadas para diagnosticar e distinguir um diagnóstico do outro. Esses indica-
dores diagnósticos incluem características definidoras e fatores relacionados ou de risco (Tab. 2).
As características definidoras são indicadores/inferências observáveis que se agrupam como manifestações de um diagnóstico (p. ex.,
sinais ou sintomas). Uma avaliação que identifique a presença de uma quantidade de características definidoras dá suporte à precisão do
diagnóstico de enfermagem. Os fatores relacionados são um componente que integra todos os diagnósticos de enfermagem com foco
no problema. Incluem etiologias, circunstâncias, fatos ou influências que têm certo tipo de relação com o diagnóstico de enfermagem (p.
ex., causa, fator contribuinte). Uma análise da história do paciente costuma ser útil à identificação de fatores relacionados. Sempre que
possível, as intervenções de enfermagem devem voltar-se a esses fatores etiológicos para a remoção da causa subjacente do diagnóstico
de enfermagem. Os fatores de risco são influências que aumentam a vulnerabilidade de indivíduos, famílias, grupos ou comunidades a um
evento não saudável (p. ex., ambiental, psicológico, genético).
Nesta nova edição do Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I, as categorias “populações em risco” e “condições associadas” são
novidades nos diagnósticos de enfermagem onde tais categorias se aplicam (Tab. 2). As populações em risco são grupos de pessoas que
compartilham características que levam cada uma delas a ser suscetível a determinada resposta humana. Por exemplo, pessoas com extre-
mos de idade pertencem a uma população em risco que compartilha maior suscetibilidade a volume de líquidos deficiente. As condições
associadas são diagnósticos médicos, lesões, procedimentos, dispositivos médicos ou agentes farmacêuticos. São condições não passíveis
de alteração independente por um enfermeiro. Exemplos de condições associadas incluem infarto do miocárdio, agentes farmacêuticos
ou procedimento cirúrgico. Os dados das categorias populações em risco e condições associadas são importantes, sendo geralmente co-
letados durante a avaliação, e podem auxiliar o enfermeiro a analisar e confirmar diagnósticos potenciais. Porém, elas não têm o mesmo
objetivo que as características definidoras ou os fatores relacionados, uma vez que os enfermeiros não podem alterar ou impactar essas
categorias de forma independente.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tabela 2: Resumo de termos-chave

Um diagnóstico de enfermagem não precisa conter todos os tipos de indicadores diagnósticos (i.e., características definidoras, fatores
relacionados e/ou fatores de risco). Diagnósticos com foco no problema contêm características definidoras e fatores relacionados. Os diag-
nósticos de promoção da saúde costumam ter apenas as características definidoras, ainda que possam ser usados fatores relacionados, se
eles facilitarem a compreensão do diagnóstico. Fatores de risco existem apenas em diagnósticos de risco.
Um formato comumente usado quando se aprende o diagnóstico de enfermagem inclui__________ [diagnóstico de enfermagem] re-
lacionado a ___________ [causa/fatores relacionados] evidenciado por ___________ [sintomas/características definidoras]. Por exemplo,
tensão do papel de cuidador relacionado a responsabilidades de cuidados 24 horas por dia, complexidade das atividades de cuidado e
condição de saúde instável do receptor de cuidados evidenciado por dificuldade para realizar as atividades necessárias, preocupação com
a rotina de cuidados, fadiga e alteração no padrão de sono. Dependendo do prontuário eletrônico de determinada instituição de saúde,
os componentes “relacionado a” e “evidenciado por” podem não estar incluídos. Essas informações, todavia, devem ser reconhecidas nos
dados coletados e registradas no prontuário do paciente para que seja oferecido apoio ao diagnóstico de enfermagem. Sem esses dados,
é impossível confirmar a precisão do diagnóstico, o que coloca em dúvida a qualidade do atendimento de enfermagem.

Uso de um diagnóstico de enfermagem


Esta descrição dos fundamentos do diagnóstico de enfermagem, ainda que voltada a alunos de enfermagem e enfermeiros no início
da carreira que estão aprendendo a usar um diagnóstico, pode beneficiar a todos os profissionais, pois destaca etapas críticas do uso do
diagnóstico e oferece exemplos de áreas em que pode ocorrer um diagnóstico impreciso. Uma das áreas que precisa ser continuamente
enfatizada, por exemplo, inclui o processo de vincular conhecimentos dos conceitos subjacentes da enfermagem à avaliação e, então, ao
diagnóstico de enfermagem. O quanto o enfermeiro entende dos conceitos-chave (ou focos dos diagnósticos) direciona o processo de
avaliação do paciente e a interpretação dos dados obtidos.
Da mesma forma, enfermeiros diagnosticam problemas, estados de risco e disposição para a promoção da saúde. Qualquer um desses
tipos de diagnósticos pode ser o prioritário, e o enfermeiro faz esse julgamento clínico.
Representando os conhecimentos da ciência da enfermagem, a Taxonomia oferece a estrutura para uma linguagem padronizada de
comunicação dos diagnósticos de enfermagem. Usando a terminologia da NANDA-I (i.e., os próprios diagnósticos), os enfermeiros conse-
guem se comunicar uns com os outros e com profissionais de outras disciplinas de atendimento de saúde sobre “o que” torna a enferma-
gem singular. O uso de diagnósticos de enfermagem em nossas interações com o paciente ou com a família pode ajudá-los a compreender
os assuntos que são o foco da enfermagem e envolver os indivíduos nos próprios cuidados. A terminologia proporciona uma linguagem
compartilhada para os enfermeiros abordarem os problemas de saúde, os estados de risco e a disposição para a promoção da saúde.
Os diagnósticos de enfermagem da NANDA-I são usados internacionalmente, com tradução em cerca de 20 idiomas. Em um mundo
cada vez mais globalizado e eletrônico, a NANDA-I também possibilita aos enfermeiros envolvidos com pesquisa acadêmica que se comu-
niquem sobre fenômenos que preocupam a área, em textos e conferências, de modo padronizado, levando a ciência da enfermagem a
evoluir. Os diagnósticos de enfermagem são revisados por pares e enviados para aceitação/revisão à NANDA-I por enfermeiros da prática
clínica, enfermeiros educadores e pesquisadores do mundo inteiro. A submissão de novos diagnósticos e/ou de revisões de diagnósticos
existentes continuou a crescer em quantidade ao longo de mais de 40 anos da terminologia dos diagnósticos de enfermagem da NANDA-I.
A manutenção do processo de submissão (e de revisão) à NANDA-I fortalecerá ainda mais o alcance, a amplitude e as evidências de apoio
à terminologia.

Classificação de Intervenções de Enfermagem - NIC


Existe um consenso dentro da profissão de enfermagem sobre a necessidade das classificações dos diagnósticos, intervenções, e
resultados de enfermagem para que os vários elementos da prática de enfermagem sejam documentados e estudados (McCLOSKEY; BU-
LECHEK, 1996).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Com a expansão dos diagnósticos de enfermagem e o desen- Para BULECHEK; McCLOSKEY (1985) intervenção de enferma-
volvimento de sistemas de classificação, surgiu a necessidade de gem trata-se de uma ação autônoma da enfermeira, baseada em
resgatar as informações sobre as respostas humanas tratáveis pela regras cientificas, que são executadas para beneficiar o cliente, se-
enfermagem, isto é, classificar as intervenções de enfermagem. Esta guindo o caminho predito pelo diagnóstico de enfermagem com
necessidade decorre da exigência moderna da prática, de comuni- o estabelecimento de metas a serem alcançadas. Para as autoras,
car informações de enfermagem para outros elementos da equipe intervenções constituem-se em tratamentos para os diagnósticos
de saúde ou da equipe de enfermagem. Soma-se a isso, “vontade de enfermagem.
da profissão em acompanhar parepassu os avanços da área tecno- Em 1996, a NIC define intervenção de enfermagem como qual-
lógica sob a pena de ficar a margem da história e sem as benesses quer tratamento, que tenha por base o julgamento clínico e o co-
da informática” (SILVA; NÓBREGA, 1992). nhecimento, que a enfermeira execute para melhorar os resultados
Na opinião de McCLOSKEY; BULECHEK (1996), a padronização do paciente. As intervenções de enfermagem incluem cuidado dire-
da linguagem dos problemas e tratamentos de enfermagem tem to e indireto; os tratamentos podem ser iniciados pela enfermeira,
sido desenvolvida para esclarecer e comunicar regras. Apesar deste médico, ou outro agente provedor. A Intervenção de cuidado direto
esforço, ainda existem muitos problemas e tratamentos de enfer- incluem ambas as ações de enfermagem fisiológicas e psicológicas.
magem não padronizados, limitando a habilidade das enfermeiras A Intervenção de cuidado indireto inclui tratamento realizado lon-
para examinar as tendências de sua prática e avaliar a qualidade de ge do paciente, mas favorecendo-o ou ao grupo de pacientes. In-
cuidados prestados aos pacientes. cluem ações dirigidas ao gerenciamento do ambiente de cuidado
Haja visto a quantidade de termos que têm sido citados na li- do paciente e colaboração multidisciplinar. O tratamento iniciado
teratura de enfermagem para os tratamentos dos diagnósticos de pela enfermeira consiste em uma intervenção em resposta ao diag-
enfermagem como: ações, atividades, intervenções, terapêuticas, nóstico de enfermagem; uma ação autônoma baseada no raciocínio
ordens, prescrições, condutas, (BARROS, 1998; BULECHEK; Mc- científico (McCLOSKEY; BULECHEK, 1996).
CLOSKEY, 1985, 1992; MARIA, 1989; CASTILHO, 1991; CAMPBELL,
1978; FARO, 1995; IYER; TAPTICH; BERNOCCHI-LOSEY, 1993; PEREI- Razões para o Desenvolvimento de uma Classificação Padroni-
RA, 1997). zada das Intervenções de Enfermagem
SILVA; NÓBREGA, (1992); BARROS, (1998) relatam que uma ta- As classificações sempre existiram e podemos relembrar al-
xonomia para as intervenções traria benefícios a todos os níveis da gumas delas como as escalas musicais, os símbolos dos elemen-
prática da enfermeira, ou seja assistência, ensino e pesquisa. Além tos químicos, categorias biológicas. Estas auxiliam no avanço dos
disso, facilitaria a comunicação, ao proporcionar uma terminologia conhecimentos e descoberta dos princípios que governam aquilo
comum para a troca de informações de todas as áreas da enferma- que é conhecido; também identificam as lacunas do conhecimen-
gem. to abordado nas pesquisas, e facilitam a sua compreensão (Mc-
Por sua vez TITLER et al. (1991) afirmam que um sistema de CLOSKEY; BULECHEK, 1996).
classificação das intervenções de enfermagem é essencial em vir- A NIC lista 8 razões para o desenvolvimento de uma classifica-
tude de: 1) delinear o corpo de conhecimento único para a enfer- ção padronizada para intervenções de enfermagem (McCLOSKEY;
magem, 2) determinar o conjunto de serviços de enfermagem, 3) BULECHEK, 1996).
desenvolver um sistema de informação, 4) refinar o sistema de
classificação do paciente, 5) ser um elo entre os diagnósticos de Padronização da Nomenclatura dos Tratamentos de Enferma-
enfermagem e os resultados esperados, 6) alocar recursos para os gem
planos de enfermagem, e 7) articular outros profissionais na função O fenômeno de interesse das intervenções de enfermagem é
específica da enfermagem. a conduta de enfermagem ou atividade de enfermagem. Este fenô-
Existem nove sistemas de classificação de intervenções de en- meno difere do diagnóstico de enfermagem ou resultados do pa-
fermagem realizados por enfermeiros de vários países a saber: AM- ciente. A classificação das intervenções de enfermagem padroniza
BULATORY CARE, AUSTRALIAN, BELGIAN, NURSING LEXICONS TAXO- a linguagem usada pelas enfermeiras na descrição suas condutas
NOMY, NURSING MINIMUM DATA SET, OMAHA; SABA; SWEDISH; específicas, quando prestam o cuidado. As intervenções devem ser
IOWA (ICN 1993). Além da Classificação Internacional para a Prática conceitualizadas num nível que inclua um agrupamento ou con-
de Enfermagem (CIPE) que está sendo desenvolvida pelo ICN Inter- junto de condutas ou atividades separadas. Algumas instituições
national Council of Nursing que contém diagnóstico intervenções e ilustram a necessidade de determinar a efetividade da prática de
resultados (NÓBREGA; GUTIERREZ, [org.] 1993). enfermagem e assim sendo a natureza das intervenções devem ser
A Nursing Interventions Classification (NIC) é um projeto que também determinadas. Esta tarefa é prejudicada por 4 fatores: 1)
foi iniciado em 1987 por um grupo de pesquisadoras da College of múltiplos termos usados para a intervenção; 2) confusão na inter-
Nursing University of Iowa, e desde então, vem sendo desenvolvi- venção; 3) falta de conceitualização; 4) pouca documentação sobre
dos inúmeros estudos relativos às intervenções de enfermagem, no a história das decisões tomadas pelas enfermeiras na seleção das
sentido de construir uma linguagem padronizada para descrever as intervenções. No estudo realizado pela NIC, os termos “interven-
atividades que as enfermeiras executam quando prestam tratamen- ções e tratamentos” são usados inter-relacionadamente. Vários
tos de enfermagem. exemplos mostram que as intervenções foram consideradas como
O termo Classificação das Intervenções de Enfermagem com- ações separadas, porém os rótulos de intervenções da NIC são con-
preende “o ordenamento ou arranjo das atividades de enfermagem ceitos implementados por meio de um conjunto de atividades de
dentro de um grupo ou dispostas numa base de relações e a deter- enfermagem (ações) direcionadas à resolução dos problemas re-
minação dos níveis de intervenções para estes grupos”, enquanto a ais ou potenciais da saúde do paciente. A enfermeira prescreve o
Taxonomia das Intervenções de Enfermagem significa “a organiza- cuidado a qualquer paciente usando apenas alguns rótulos. Como
ção sistemática dos níveis de intervenção baseada em semelhan- profissão, a Enfermagem não estabeleceu prioridades entre as in-
ças dentro da qual pode ser considerada uma estrutura conceitual” formações; as enfermeiras aprendem e acreditam que “devem fa-
(McCLOSKEY; BULECHEK, 1996). zer tudo”. As enfermeiras decidem a prioridade, mas suas decisões

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

não foram ainda sistematicamente descritas. A falta de pesquisas Para se atingir a excelência da qualidade assistencial nos servi-
nesta área contribui para o problema de não saber qual o melhor ços de saúde, um dos grandes desafios que o profissional da área
tipo de intervenção para determinado diagnóstico ou determinado enfrenta é a avaliação dos resultados dos serviços oferecidos à co-
contexto do paciente. munidade, sendo que os resultados são indicadores da qualidade
da assistência prestada.
Expansão do Conhecimento de Enfermagem sobre os vínculos O emprego de resultados para avaliar a assistência teve início
entre Diagnósticos, Tratamentos e Resultados em meados da década 60. A partir de então, a literatura tem con-
Muitos profissionais e serviços usam a lista de diagnósticos da tribuído com medidas de resultados validadas para avaliar a qua-
NANDA para descrever os fenômenos das condições de saúde que lidade dos cuidados de enfermagem, bem como os efeitos das in-
as enfermeiras diagnosticam e tratam. O uso difundido da lingua- tervenções, evidenciando a importância de seu emprego na prática
gem dos diagnósticos de enfermagem aumentou a necessidade de de enfermagem. Assim, a ideia de uma classificação que pudesse
classificações padronizadas nas áreas de intervenções e resultados. expressar o conhecimento da prática de enfermagem surgiu como
Diretrizes foram desenvolvidas para determinar as intervenções que um desafio para o Conselho Internacional de Enfermagem que a
seriam mais eficazes para pacientes com determinado diagnóstico partir de 1989 desencadeou um projeto com esta finalidade, que
ou um conjunto de diagnósticos. A medicina tem usado bancos de resultou no desenvolvimento da Classificação Internacional das Prá-
dados para rotineiramente coletar grandes quantidades de dados ticas de Enfermagem (CIPE), que engloba fenômenos, intervenções
clínicos informatizados, e a partir destes dados, começou a explorar ou ações e resultados de enfermagem.
os resultados como função das intervenções médicas. Em contras- Foram propostas outras classificações de resultados, dentre
te, o conhecimento da enfermeira sobre a efetividade do cuidado elas e mais recentemente a Classificação dos Resultados de Enfer-
de enfermagem é limitado. A enfermeira deve usar terminologias magem (NOC), que enfatiza o uso de uma linguagem clara e útil, ca-
padronizadas nas áreas dos diagnósticos, intervenções e resulta- paz de avaliar os cuidados por meio do emprego dos resultados de
dos, para assim construir grandes bancos de dados que auxiliarão enfermagem. A NOC foi desenvolvida com o propósito de conceitu-
na determinação das vinculações entre estas variáveis. Quando as alizar, rotular, definir e classificar os resultados e indicadores sensí-
enfermeiras usarem uma linguagem padronizada comum para do- veis aos cuidados de enfermagem. Esta classificação é resultante de
cumentar sistematicamente os diagnósticos dos seus pacientes, os um extenso trabalho de pesquisa que teve seu início em 1991 sob
• tratamentos realizados e a evolução do paciente, poderemos, en- a condução de uma equipe da Escola de Enfermagem da Universi-
tão, determinar quais as intervenções de enfermagem que melhor dade de Iowa, nos Estados Unidos. Uma das motivações para seu
funcionam para determinado diagnóstico ou população. desenvolvimento foi a existência da classificação de diagnósticos
de enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association
Desenvolvimento da Enfermagem e Sistemas Informatizados (NANDA), que resultou na ideia da criação de outras duas classifica-
no Cuidado à Saúde ções, uma de intervenções e outra de resultados de enfermagem,
A documentação do cuidado de enfermagem está cada vez que poderiam ser utilizadas de forma interligada.
mais sendo informatizada. Somente após o desenvolvimento da NIC A NOC contém resultados para indivíduos, cuidadores familia-
o sistema avançou. Serviços individuais desenvolveram seus pró- res, família e comunidade que podem ser usados em diferentes lo-
prios conjuntos de prescrições de enfermagem ou ações, usando cais e especialidades clínicas. Esse sistema de classificação tem sido
listas de prescrições que haviam sido geradas a partir dos planos de desenvolvido em fases que visam o seu aperfeiçoamento e incluem
cuidados usados na instituição. Como as intervenções de enferma- o trabalho piloto e teste da metodologia, construção dos resulta-
gem foram tradicionalmente consideradas como sendo uma série dos, da taxonomia e testes clínicos, avaliação das escalas de me-
de ações separadas, uma lista computadorizada sem os resultados dida, e refinamento e uso clínico da taxonomia. Atualmente, está
da NIC em milhares de itens, o plano de cuidados de enfermagem em sua terceira edição traduzida para o português e consta de uma
do paciente poderia ter até 75 “intervenções”. Em 1983, concluiu- lista com 330 resultados com definições, indicadores e escalas de
-se que embora as enfermeiras “gastem muito tempo documen- medida. Os resultados estão organizados em sete domínios e trinta
tando, esta documentação não é sistematicamente organizada, a e duas classes. Esta classificação está na quarta edição, disponível,
ponto de aumentar o conhecimento de enfermagem, desenvolver a no momento, apenas em inglês. Sua atualização é possível graças à
prática de enfermagem, ou melhorar o cuidado ao paciente”. Ziels- estrutura estável que permite a inserção de resultados, ao longo do
torff citado por McCloskey; Bulechek em 1996 afirmaram que “o tempo, conforme forem desenvolvidos.
maior impedimento ao desenvolvimento de sistemas informatiza- Os enfermeiros vêm documentando os resultados de suas in-
dos de enfermagem é a base deficiente do conhecimento de enfer- tervenções há décadas, mas a falta de uma linguagem comum e
magem”. A NIC, em conjunto com as classificações dos diagnósticos de medidas associadas para os resultados impede a agregação dos
e resultados dos pacientes, desenvolveu um registro automatizado dados, a análise e a síntese de informações sobre os efeitos das
do paciente para assim prover a enfermeira com os dados dos ele- intervenções e da prática de enfermagem.
mentos clínicos. Neste contexto, tendo em vista a importância da utilização de
uma linguagem padronizada e da incorporação de medidas de re-
Avaliação da Assistência de Enfermagem - NOC sultados referentes ao cuidado de enfermagem como uma maneira
A enfermagem é uma profissão que tem ao longo do tempo de avaliar a assistência de enfermagem prestada, julgamos perti-
buscado sua consolidação enquanto ciência. Para o alcance deste nente conhecer como vem ocorrendo a difusão do conhecimento
objetivo um caminho árduo tem sido percorrido na procura de es- trazido pela NOC e o que tem sido produzido a respeito desta clas-
tratégias que visam alicerçar esta prática e, dentre elas, encontra-se sificação.
a necessidade de estabelecer uma linguagem comum que seja utili-
zada universalmente pelos profissionais, adaptada às mais variadas Utilização da taxonomia na prática assistencial
culturas e contextos. O crescente interesse na utilização da NOC na prática clínica de-
Uma linguagem comum auxilia a captar o valor econômico dos ve-se à necessidade de avaliar a qualidade do cuidado prestado aos
serviços prestados e favorece a comunicação entre os profissionais, clientes, além de ser uma exigência do sistema de saúde em decor-
clientes e equipe. rência dos custos cada vez mais elevados envolvidos nos cuidados.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Observou-se que alguns trabalhos (40%) contemplaram a utili- Tradução e validação da taxonomia
zação da NOC na assistência. O primeiro estudo teve como objetivo Esta categoria trata da tradução e validação da NOC em dife-
desenvolver um mapeamento para documentar a prática de enfer- rentes línguas e contextos. A NOC foi desenvolvida nos Estados Uni-
magem em saúde pública baseada em uma linguagem padroniza- dos por enfermeiras que falam a língua inglesa, portanto, traduções
da. Intervenções de enfermagem foram aplicadas a um grupo de precisam ser realizadas antes da implementação em outras línguas
famílias incluídas em um programa de saúde pública levando-se e culturas.
em consideração 65 diagnósticos da NANDA, edição de 1996, con- Uma vez que a NOC vem sendo muito difundida como meio de
siderados apropriados para a área de saúde pública. Um ano após, avaliação da qualidade do cuidado de enfermagem e a importância
os resultados foram incluídos e a equipe passou a realizar estudos de seu uso tem sido cada vez mais crescente, grupos de pesqui-
sobre os componentes das escalas de medidas, buscando um con- sadores têm se empenhado na tradução desta taxonomia para a
senso quanto ao seu uso, para posterior treinamento e utilização do língua de seus países de origem a fim de viabilizar a realização de
modelo na prática. estudos e sua utilização na prática clínica.
Trabalho desenvolvido por pesquisadores coreanos identificou Nesta categoria, foi incluído um estudo. Na Islândia, um gru-
os diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem utili- po de pesquisadores realizou a tradução dos rótulos e definições
zados em pacientes submetidos a cirurgia abdominal visando ao da segunda edição da NOC do inglês para o islandês. A validação
desenvolvimento de um sistema computadorizado para integração foi realizada especificamente para cuidados agudos, sendo uma re-
das taxonomias. Foram identificados 48 diagnósticos diferentes na comendação dos autores que seja realizada a validação em locais
revisão de prontuários de 60 pacientes. Para cada diagnóstico, foi que ofertam cuidados básicos de enfermagem, uma vez que esta foi
elaborada uma listagem com as intervenções instituídas e resulta- realizada somente em hospitais. Os testes demonstraram confiabili-
dos esperados. A maioria das ligações NANDA-NIC (Nursing Inter- dade e consistência interna aceitáveis.
ventions Classification) e NANDA-NOC sugeridas foi encontrada,
mas alguns resultados e intervenções ainda devem ser considera- Emprego da NOC em sistemas informatizados
dos para inclusão. As classificações de diagnósticos de enfermagem da NANDA,
Outro trabalho avaliou a ocorrência do resultado de Comporta- de intervenções e de resultados atualmente são interligadas e es-
mento de busca de saúde em cinco clínicas dirigidas por enfermei- truturadas de forma a favorecer seu emprego por enfermeiras, em
ros. Uma escala de medida foi aplicada e os escores variaram des- diferentes campos do cuidado e especialidades. Estas estruturas
de o mínimo até o máximo possível, sendo que alguns indicadores possibilitam construção de instrumentos de coleta de dados, pla-
apareceram com maior frequência. As avaliações mostraram que nejamento e implementação da assistência e estabelecimento dos
este resultado parece estar sendo realizado de maneira moderada resultados de enfermagem obtidos. Facilitam o julgamento clínico
em todas as clínicas.Um dos estudos descreveu a sistematização da pelas enfermeiras conduzindo-as à escolha de diagnósticos, inter-
assistência a um portador de cirrose hepática utilizando a NANDA, venções e resultados num processo contínuo de retroalimentação
NIC e NOC. Foram implementadas intervenções propostas pela NIC destas fases, favorecendo a eficácia do cuidado.
para 13 diagnósticos identificados, e os resultados avaliados utili- Estudos têm sido realizados visando estabelecer estratégias
zando-se a NOC. Concluiu-se que a assistência sistematizada e in- para o desenvolvimento de sistemas informatizados. Nesta catego-
dividualizada permitiu melhor organização do trabalho e dos cui- ria, foram incluídos dois (13,3%) estudos. O primeiro relata a impor-
dados dispensados, proporcionando a avaliação dos resultados e, tância do uso de sistemas informatizados e fala sobre a introdução
quando necessária, a modificação ou finalização das intervenções. de um sistema de dados sobre o cuidado do paciente. Dentre esses
Foram analisados ainda dois trabalhos com pacientes diabéti- dados estão os resultados do paciente, definidos como resultado do
cos. No primeiro, foram identificados os diagnósticos de enferma- tratamento médico.
gem em um paciente diabético e selecionados os resultados es- Os autores consideram que esta categoria deve ser revisada a
perados e intervenções. Os resultados foram avaliados quanto às fim de englobar os resultados do trabalho de outros provedores de
mudanças sem a utilização de escalas de medida. saúde. Outro trabalho, desenvolvido na Noruega teve como propos-
Embora não seja realizada discussão mais aprofundada quanto ta construir uma estrutura abrangente composta pelas taxonomias
aos resultados identificados, os autores concluem que a utilização NANDA, NIC e NOC a fim de disponibilizar uma fonte de conheci-
da Teoria de Autocuidado de Orem e de linguagens padronizadas mentos e aumentar a eficiência do uso conjunto destas taxonomias
realça a comunicação entre enfermeiros e melhora a habilidade em um registro eletrônico de dados do paciente. Após análise te-
dos pacientes com doenças crônicas em relação ao autocuidado. O órica das terminologias, foi construída uma estrutura preliminar
segundo trabalho avaliou o comportamento de promoção da saú- integrando-as e realizada validação clínica. O produto final foi o
de de 84 portadores de diabetes de acordo com os indicadores da desenvolvimento de um sistema eletrônico para registro de dados
NOC, sendo incluídos resultados relativos ao autocuidado dos pa- do paciente abrangendo as três taxonomias organizadas em oito
cientes citados anteriormente. domínios e 29 classes.
Observa-se que esforços têm sido feitos na tentativa de imple- Terminologias organizadas em sistemas de classificação podem
mentar resultados na prática clínica, porém esta utilização ainda é aumentar a qualidade da documentação de enfermagem e realçar a
bastante incipiente. Os estudos são desenvolvidos com resultados garantia da qualidade e de decisões apoiadas nestes sistemas. Uma
específicos, em populações diversas e com amostras pequenas. Os linguagem padronizada armazenada em um programa de computa-
dados apresentados, embora importantes, ainda não são suficien- dor facilita a análise dos dados em qualidade e efetividade.1
tes para serem utilizados como modelo, e os próprios autores con-
sideram que mais estudos necessitam ser desenvolvidos.

1Fonte: www.pixeon.com/www.nascecme.com.br/www.
ee.usp.br/www.seer.ufrgs.br

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Segundo o Ministério da Saúde, hospital é definido como esta-


PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM ENFERMAGEM belecimento de saúde destinado a prestar assistência sanitária em
regime de internação a uma determinada clientela, ou de não-inter-
Fundamentos de Enfermagem nação, no caso de ambulatório ou outros serviços.
Para se avaliar a necessidade de serviços e leitos hospitala-
A assistência da Enfermagem baseia-se em conhecimentos res numa dada região faz-se necessário considerar fatores como
científicos e métodos que definem sua implementação. Assim, a a estrutura e nível de organização de saúde existente, número de
sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é uma forma habitantes e frequência e distribuição de doenças, além de outros
planejada de prestar cuidados aos pacientes que, gradativamente, eventos relacionados à saúde. Por exemplo, é possível que numa
vem sendo implantada em diversos serviços de saúde. Os compo- região com grande população de jovens haja carência de leitos de
nentes ou etapas dessa sistematização variam de acordo com o maternidade onde ocorre maior número de nascimentos. Em outra,
método adotado, sendo basicamente composta por levantamento onde haja maior incidência de doenças crônico-degenerativas, a ne-
de dados ou histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, cessidade talvez seja a de expandir leitos de clínica médica.
plano assistencial e avaliação. De acordo com a especialidade existente, o hospital pode ser
Interligadas, essas ações permitem identificar as necessidades classificado como geral, destinado a prestar assistência nas quatro
de assistência de saúde do paciente e propor as intervenções que especialidades médicas básicas, ou especializado, destinado a pres-
melhor as atendam - ressalte-se que compete ao enfermeiro a res- tar assistência em uma especialidade, como, por exemplo, materni-
ponsabilidade legal pela sistematização; contudo, para a obtenção dade, ortopedia, entre outras.
de resultados satisfatórios, toda a equipe de enfermagem deve en- Um outro critério utilizado para a classificação de hospitais é
volver-se no processo. o seu número de leitos ou capacidade instalada: são considerados
Na fase inicial, é realizado o levantamento de dados, mediante como de pequeno porte aqueles com até 50 leitos; de médio porte,
entrevista e exame físico do paciente. Como resultado, são obtidas de 51 a 150 leitos; de grande porte, de 151 a 500 leitos; e de porte
importantes informações para a elaboração de um plano assisten- especial, acima de 500 leitos.
cial e prescrição de enfermagem, a ser implementada por toda a Conforme as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), os
equipe. serviços de saúde em uma dada região geográfica - desde as unida-
A entrevista, um dos procedimentos iniciais do atendimento, é des básicas até os hospitais de maior complexidade - devem estar
o recurso utilizado para a obtenção dos dados necessários ao tra- integrados, constituindo um sistema hierarquizado e organizado de
tamento, tais como o motivo que levou o paciente a buscar aju- acordo com os níveis de atenção à saúde. Um sistema assim cons-
da, seus hábitos e práticas de saúde, a história da doença atual, de tituído disponibiliza atendimento integral à população, mediante
doenças anteriores, hereditárias, etc. Nesta etapa, as informações ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú-
consideradas relevantes para a elaboração do plano assistencial de de.
enfermagem e tratamento devem ser registradas no prontuário, As unidades básicas de saúde (integradas ou não ao Progra-
tomando-se, evidentemente, os cuidados necessários com as con- ma Saúde da Família) devem funcionar como porta de entrada para
sideradas como sigilosas, visando garantir ao paciente o direito da o sistema, reservando-se o atendimento hospitalar para os casos
privacidade. mais complexos - que, de fato, necessitam de tratamento em regi-
O exame físico inicial é realizado nos primeiros contatos com o me de internação.
paciente, sendo reavaliado diariamente e, em algumas situações, De maneira geral, o hospital secundário oferece alto grau de
até várias vezes ao dia. resolubilidade para grande parte dos casos, sendo poucos os que
Como sua parte integrante, há a avaliação minuciosa de todas acabam necessitando de encaminhamento para um hospital terci-
as partes do corpo e a verificação de sinais vitais e outras medidas, ário. O sistema de saúde vigente no Brasil agrega todos os serviços
como peso e altura, utilizando-se técnicas específicas. públicos das esferas federal, estadual e municipal e os serviços pri-
Na etapa seguinte, faz-se a análise e interpretação dos dados vados, credenciados por contrato ou convênio. Na área hospitalar,
coletados e se determinam os problemas de saúde do paciente, 80% dos estabelecimentos que prestam serviços ao SUS são priva-
formulados como diagnóstico de enfermagem. Através do mesmo dos e recebem reembolso pelas ações realizadas, ao contrário da
são identificadas as necessidades de assistência de enfermagem e a atenção ambulatorial, onde 75% da assistência provém de hospitais
elaboração do plano assistencial de enfermagem. públicos.
O plano descreve os cuidados que devem ser dados ao pacien- Na reorganização do sistema de saúde proposto pelo SUS o
te (prescrição de enfermagem) e implementados pela equipe de hospital deixa de ser a porta de entrada do atendimento para se
enfermagem, com a participação de outros profissionais de saúde, constituir em unidade de referência dos ambulatórios e unidades
sempre que necessário. básicas de saúde. O hospital privado pode ter caráter beneficente,
Na etapa de avaliação verifica-se a resposta do paciente aos filantrópico, com ou sem fins lucrativos. No beneficente, os recur-
cuidados de enfermagem a ele prestados e as necessidades de mo- sos são originários de contribuições e doações particulares para a
dificar ou não o plano inicialmente proposto. prestação de serviços a seus associados - integralmente aplicados
O hospital, a assistência de enfermagem e a prevenção da in- na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais. O hos-
fecção pital filantrópico reserva serviços gratuitos para a população caren-
O termo hospital origina-se do latim hospitium, que quer dizer te, respeitando a legislação em vigor. Em ambos, os membros da
local onde se hospedam pessoas, em referência a estabelecimentos diretoria não recebem remuneração.
fundados pelo clero, a partir do século IV dC, cuja finalidade era Para que o paciente receba todos os cuidados de que necessi-
prover cuidados a doentes e oferecer abrigo a viajantes e peregri- ta durante sua internação hospitalar, faz-se necessário que tenha à
nos. sua disposição uma equipe de profissionais competentes e diversos
serviços integrados - Corpo Clínico, equipe de enfermagem, Serviço
de Nutrição e Dietética, Serviço Social, etc., caracterizando uma ex-
tensa divisão técnica de trabalho.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para alcançar os objetivos da instituição, o trabalho das equi- Embora lenta e gradual, a própria conscientização do paciente
pes, de todas as áreas, necessita estar em sintonia, haja vista que a respeito de seus direitos tem contribuído para tal intento. Fortes
uma das características do processo de produção hospitalar é a in- aponta a responsabilidade institucional como um aspecto impor-
terdependência. Uma outra característica é a quantidade e diversi- tante, ao afirmar que existe um componente de responsabilidade
dade de procedimentos diariamente realizados para prover assis- dos administradores de saúde na implementação de políticas e
tência ao paciente, cuja maioria segue normas rígidas no sentido ações administrativas que resguardem os direitos dos pacientes.
de proporcionar segurança máxima contra a entrada de agentes Assim, questões como sigilo, privacidade, informação, aspectos que
biológicos nocivos ao mesmo. o profissional de saúde tem o dever de acatar por determinação
O ambiente hospitalar é considerado um local de trabalho in- do seu código de ética, tornam-se mais abrangentes e eficazes na
salubre, onde os profissionais e os próprios pacientes internados medida em que também passam a ser princípios norteadores da
estão expostos a agressões de diversas naturezas, seja por agentes organização de saúde.
físicos, como radiações originárias de equipamentos radiológicos e Tudo isso reflete as mudanças em curso nas relações que se
elementos radioativos, seja por agentes químicos, como medica- estabelecem entre o receptor do cuidado, o paciente, e o profis-
mentos e soluções, ou ainda por agentes biológicos, representados sional que o assiste, tendo influenciado, inclusive, a nomenclatura
por microrganismos. tradicionalmente utilizada no meio hospitalar.
No hospital concentram-se os hospedeiros mais susceptíveis, O termo paciente, por exemplo, deriva do verbo latino patisce-
os doentes e os microrganismos mais resistentes. O volume e a re, que significa padecer, e expressa uma conotação de dependên-
diversidade de antibióticos utilizados provocam alterações impor-
cia, motivo pelo qual cada vez mais se busca outra denominação
tantes nos microrganismos, dando origem a cepas multirresisten-
para o receptor do cuidado. Há crescente tendência em utilizar o
tes, normalmente inexistentes na comunidade. A contaminação de
termo cliente, que melhor reflete a forma como vêm sendo estabe-
pacientes durante a realização de um procedimento ou por inter-
lecidos os contatos entre o receptor do cuidado e o profissional, ou
médio de artigos hospitalares pode provocar infecções graves e de
difícil tratamento. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos inva- seja, na base de uma relação de interdependência e aliança. Outros
sivos, como diálise peritonial, hemodiálise, inserção de cateteres e têm manifestado preferência pelo termo usuário, considerando que
drenos, uso de drogas imunossupressoras, são fatores que contri- o receptor do cuidado usa os nossos serviços. Entretanto, será man-
buem para a ocorrência de infecção. tida a denominação tradicional, porque ainda é dessa forma que a
Ao dar entrada no hospital, o paciente já pode estar com uma maioria se reporta ao receptor do cuidado.
infecção, ou pode vir a adquiri-la durante seu período de interna- Ao receber o paciente na unidade de internação, o profissional
ção. Seguindo-se a classificação descrita na Portaria no 2.616/98, de enfermagem deve providenciar e realizar a assistência neces-
do Ministério da Saúde, podemos afirmar que o primeiro caso re- sária, atentando para certos cuidados que podem auxiliá-lo nessa
presenta uma infecção comunitária; o segundo, uma infecção hos- fase. O primeiro contato entre o paciente, seus familiares e a equipe
pitalar que pode ter como fontes a equipe de saúde, o próprio pa- é muito importante para a adaptação na unidade. O tratamento re-
ciente, os artigos hospitalares e o ambiente. alizado com gentileza, cordialidade e compreensão ajuda a desper-
Visando evitar a ocorrência de infecção hospitalar, a equipe tar a confiança e a segurança tão necessárias. Assim, cabe auxiliá-lo
deve realizar os devidos cuidados no tocante à sua prevenção e a se familiarizar com o ambiente, apresentando-o à equipe presen-
controle, principalmente relacionada à lavagem das mãos, pois os te e a outros pacientes internados, em caso de enfermaria, acom-
microrganismos são facilmente levados de um paciente a outro ou panhando-o em visita às dependências da unidade, orientando-o
do profissional para o paciente, podendo causar a infecção cruzada. sobre o regulamento, normas e rotinas da instituição. É também
importante solicitar aos familiares que providenciem objetos de uso
Atendendo o paciente no hospital pessoal, quando necessário, bem como arrolar roupas e valores nos
casos em que o paciente esteja desacompanhado e seu estado indi-
O paciente procura o hospital por sua própria vontade (neces- que a necessidade de tal procedimento.
sidade) ou da família, e a internação ocorre por indicação médica É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, a
ou, nos casos de doença mental ou infectocontagiosa, por processo pessoa continua de posse de seus direitos: ao respeito de ser cha-
legal instaurado. mado pelo nome, de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cui-
A internação é a admissão do paciente para ocupar um leito dados, de ser informado sobre os procedimentos e tratamento que
hospitalar, por período igual ou maior que 24 horas. Para ele, isto
lhe serão dispensados, e a que seja mantida sua privacidade física e
significa a interrupção do curso normal de vida e a convivência tem-
o segredo sobre as informações confidenciais que digam respeito à
porária com pessoas estranhas e em ambiente não-familiar. Para a
sua vida e estado de saúde.
maioria das pessoas, este fato representa desequilíbrio financeiro,
O tempo de permanência do paciente no hospital dependerá
isolamento social, perda de privacidade e individualidade, sensação
de insegurança, medo e abandono. A adaptação do paciente a essa de vários fatores: tipo de doença, estado geral, resposta orgânica
nova situação é marcada por dificuldades pois, aos fatores acima, ao tratamento realizado e complicações existentes. Atualmente, há
soma-se a necessidade de seguir regras e normas institucionais uma tendência para se abreviar ao máximo o tempo de internação,
quase sempre bastante rígidas e inflexíveis, de entrosar-se com a em vista de fatores como altos custos hospitalares, insuficiência de
equipe de saúde, de submeter-se a inúmeros procedimentos e de leitos e riscos de infecção hospitalar. Em contrapartida, difundem-
mudar de hábitos. -se os serviços de saúde externos, como a internação domiciliar, a
O movimento de humanização do atendimento em saúde pro- qual estende os cuidados da equipe para o domicílio do doente,
cura minimizar o sofrimento do paciente e seus familiares, buscan- medida comum em situações de alta precoce e de acompanhamen-
do formas de tornar menos agressiva a condição do doente institu- to de casos crônicos - é importante que, mesmo neste âmbito, se-
cionalizado. jam também observados os cuidados e técnicas utilizadas para a
prevenção e controle da infecção hospitalar e descarte adequado
de material perfurocortante.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O período de internação do paciente finaliza-se com a alta hos- As informações do paciente, geradas durante seu período de
pitalar, decorrente de melhora em seu estado de saúde, ou por mo- internação, constituirão o documento denominado prontuário,
tivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada por motivos o qual, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução nº
tais como: a pedido do paciente ou de seu responsável; nos casos 1.331/89), consiste em um conjunto de documentos padronizados
de necessidade de transferência para outra instituição de saúde; e ordenados, proveniente de várias fontes, destinado ao registro
na ocorrência de o paciente ou seu responsável recusar(em)-se a dos cuidados profissionais prestados ao paciente.
seguir o tratamento, mesmo após ter(em) sido orientado(s) quan- O prontuário agrega um conjunto de impressos nos quais são
to aos riscos, direitos e deveres frente à terapêutica proporcionada registradas todas as informações relativas ao paciente, como histó-
pela equipe. rico da doença, antecedentes pessoais e familiares, exame físico,
Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessi- diagnóstico, evolução clínica, descrição de cirurgia, ficha de anes-
tar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso, tesia, prescrição médica e de enfermagem, exames complemen-
atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos, tares de diagnóstico, formulários e gráficos. É direito do paciente
momento em que a participação da equipe multiprofissional é im- ter suas informações adequadamente registradas, como também
portante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas. acesso - seu ou de seu responsável legal - às mesmas, sempre que
Após a saída do paciente, há necessidade de se realizar a limpe- necessário.
za da cama e mobiliário; se o mesmo se encontrava em isolamento, Legalmente, o prontuário é propriedade dos estabelecimentos
deve-se também fazer a limpeza de todo o ambiente (limpeza ter- de saúde e após a alta do paciente fica sob os cuidados da institui-
minal): teto, paredes, piso e banheiro. ção, arquivado em setor específico. Quanto à sua informatização,
As rotinas administrativas relacionadas ao preenchimento e há iniciativas em andamento em diversos hospitais brasileiros, haja
encaminhamento do aviso de alta ao registro, bem como às per- vista que facilita a guarda e conservação dos dados, além de agilizar
tinentes à contabilidade e apontamento em censo hospitalar, de-
informações em prol do paciente. Devem, entretanto, garantir a pri-
veriam ser realizadas por agentes administrativos. Na maioria das
vacidade e sigilo dos dados pessoais.
instituições hospitalares, porém, estas ações ainda ficam sob o en-
cargo dos profissionais de enfermagem.
Sistema de informação em enfermagem
O paciente poderá sair do hospital só ou acompanhado por fa-
miliares, amigos ou por um funcionário (assistente social, auxiliar,
técnico de enfermagem ou qualquer outro profissional de saúde Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro, no
que a instituição disponibilize); dependendo do seu estado geral, prontuário do paciente, de todas as observações e assistência pres-
em transporte coletivo, particular ou ambulância. Cabe à enfer- tada ao mesmo, ato conhecido como anotação de enfermagem. A
magem registrar no prontuário a hora de saída, condições gerais, importância do registro reside no fato de que a equipe de enferma-
orientações prestadas, como e com quem deixou o hospital. gem é a única que permanece continuamente e sem interrupções
Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas as ocor-
outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição. rências clínicas. Para maior clareza, recomenda-se que o registro
Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo das informações seja organizado de modo a reproduzir a ordem
ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é impor- cronológica dos fatos, isto permitirá que, na passagem de plantão,
tante. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o pa- a equipe possa acompanhar a evolução do paciente.
ciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto Um registro completo de enfermagem contempla as seguintes
com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enferma- informações:
gem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, en- - Observação do estado geral do paciente, indicando manifesta-
viar os relatórios médico e de enfermagem. ções emocionais como angústia, calma, interesse, depressão, eufo-
ria, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alterações
Sistema de informação em saúde relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade cutâ-
neo-mucosa, oxigenação, postura, sono e repouso, eliminações,
Um sistema de informação representa a forma planejada de re- padrão da fala, movimentação; existência e condições de sondas,
ceber e transmitir dados. Pressupõe que a existência de um número drenos, curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
cada vez maior de informações requer o uso de ferramentas (inter- - A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para
net, arquivos, formulários) apropriadas que possibilitem o acesso verificação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de de-
e processamento de forma ágil, mesmo quando essas informações terminado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo:
dependem de fontes localizadas em áreas geográficas distantes. alergia após a administração de medicamentos, diminuição da tem-
No hospital, a disponibilidade de uma rede integrada de infor-
peratura corporal após banho morno, melhora da dispneia após a
mações através de um sistema informatizado é muito útil porque
instalação de cateter de oxigênio;
agiliza o atendimento, tornando mais rápido o processo de ad-
- A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que
missão e alta de pacientes, a marcação de consultas e exames, o
permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa-
processamento da prescrição médica e de enfermagem e muitas
outras ações frequentemente realizadas. Também influencia favo- ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso
ravelmente na área gerencial, disponibilizando em curto espaço de o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
tempo informações atualizadas de diversas naturezas que subsi- por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re-
diam as ações administrativas, como recursos humanos existentes gistrar esse fato e o motivo da negação. Procedimentos rotineiros
e suas características, dados relacionados a recursos financeiros e também devem ser registrados, como a instalação de solução ve-
orçamentários, recursos materiais (consumo, estoque, reposição, nosa, curativos realizados, colheita de material para exames, enca-
manutenção de equipamentos e fornecedores), produção (número minhamentos e realização de exames externos, bem como outras
de atendimentos e procedimentos realizados) e aqueles relativos à ocorrências atípicas na rotina do paciente;
taxa de nascimentos, óbitos, infecção hospitalar, média de perma-
nência, etc.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências - organizar a anotação de maneira a reproduzir a ordem em


observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- que os fatos se sucedem. Utilizar a expressão, entrada tardia. Ou
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de em tempo, para acrescentar informações que porventura tenham
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- sido anteriormente omitidas;
tadas ao paciente e familiares; - utilizar a terminologia técnica adequada, evitando abreviatu-
- As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da ras, exceto as padronizadas institucionalmente. Por exemplo: Apre-
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o senta dor de cabeça cont..... por, Apresenta cefaléia contínua ....;
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde. - evitar anotações e uso de termos gerais como, segue em ob-
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua servação de enfermagem, ou, sem queixas, que não fornecem ne-
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. Para o registro nhuma informação relevante e não são indicativos de assistência
das informações no prontuário, a enfermagem geralmente utiliza prestada;
um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por ser um impor- - realizar os registros com frequência, pois se decorridas várias
tante instrumento de comunicação para a equipe, as informações horas nenhuma anotação foi feita pode-se supor que o paciente fi-
devem ser objetivas e precisas de modo a não darem margem a cou abandonado e que nenhuma assistência lhe foi prestada;
interpretações errôneas. Considerando-se sua legalidade, faz-se - registrar todas as medidas de segurança adotadas para prote-
necessário ressaltar que servem de proteção tanto para o paciente ger o paciente, bem como aquelas relativas à prevenção de compli-
como para os profissionais de saúde, a instituição e, mesmo, a so- cações, por exemplo: Contido por apresentar agitação psicomotora;
ciedade. - assinar a anotação e apor o número de inscrição do Conselho
Regional de Enfermagem (em cumprimento ao art. 76, Cap. VI do
A seguir, destacamos algumas significativas recomendações Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem).
para maior precisão ao registro das informações:
- os dados devem ser sempre registrados a caneta, em letra le- Assistência de enfermagem aos pacientes graves e agonizan-
gível e sem rasuras, utilizando a cor de tinta padronizada no estabe- tes e preparo do corpo pós morte
lecimento. Em geral, a cor azul é indicada para o plantão diurno; a
vermelha, para o noturno. Não é aconselhável deixar espaços entre O paciente pode passar por cinco estágios psicológicos em pre-
um registro e outro, o que evita que alguém possa, intencionalmen- paração para morte. Apesar de serem percebidos de forma diferen-
te, adicionar informações. Portanto, recomenda-se evitar pular li- te em cada paciente, e não necessariamente na ordem mostrada
nha(s) entre um registro e outro, deixar parágrafo ao iniciar a frase, o entendimento de tais sentimentos pode ajudar a satisfação dos
manter espaço em branco entre o ponto final e a assinatura; pacientes. As etapas do ato de morrer são:
- verificar o tipo de impresso utilizado na instituição e a rotina Negação: quando o paciente toma conhecimento pela primeira
que orienta o seu preenchimento; identificar sempre a folha, preen- vez de sua doença terminal, pode ocorrer uma recusa em aceitar o
chendo ou completando o cabeçalho, se necessário; diagnóstico.
- indicar o horário de cada anotação realizada;
- ler a anotação anterior, antes de realizar novo registro;
Ira: uma vez que o paciente parando de negar a morte, é possí-
- como não se deve confiar na memória para registrar as infor-
vel que apresente um profundo ressentimento em relação aos que
mações, considerando-se que é muito comum o esquecimento de
continuarão vivos após a morte, ao pessoal do hospital, a sua pró-
detalhes e fatos importantes durante um intensivo dia de trabalho,
pria família etc.
o registro deve ser realizado em seguida à prestação do cuidado,
Barganha: apesar de haver uma aceitação da morte por parte
observação de intercorrências, recebimento de informação ou to-
do paciente, pode haver uma tentativa de negociação de mais tem-
mada de conduta, identificando a hora exata do evento;
po de vida junto a Deus ou com o seu destino.
- quando do registro, evitar palavras desnecessárias como, pa-
Depressão: é possível que o paciente se afaste dos amigos, da
ciente, por exemplo, pois a folha de anotação é individualizada e,
família, dos profissionais de saúde. È possível que venha sofrer de
portanto, indicativa do referente;
- jamais deve-se rasurar a anotação; caso se cometa um en- inapetência, aumento da fadiga e falta de cuidados pessoais.
gano ao escrever, não usar corretor de texto, não apagar nem ra- Aceitação: Nessa fase, o paciente aceita a inevitabilidade e
surar, pois as rasuras ou alterações de dados despertam suspeitas a iminência de sua morte. È possível que deseje simplesmente o
de que alguém tentou deliberadamente encobrir informações; em acompanhamento de um membro da família ou um amigo
casos de erro, utilizar a palavra, digo, entre vírgulas, e continuar a
informação correta para concluir a frase, ou riscar o registro com Semiologia e Semiotécnica aplicadas em Enfermagem
uma única linha e escrever a palavra, erro; a seguir, fazer o registro
correto - exemplo: Refere dor intensa na região lombar, administra- A Semiologia da enfermagem pode ser chamada também de
da uma ampola de Voltaren IM no glúteo direito, digo, esquerdo.. propedêutica, que é o estudo dos sinais e sintomas das doenças
Ou: .... no glúteo esquerdo; em caso de troca de papeleta, riscar um humanas. A palavra vem do grego semeion = sinal + lógos = tratado,
traço em diagonal e escrever, Erro, papeleta trocada; estudo). A semiologia é muito importante para o diagnóstico e pos-
- distinguir na anotação a pessoa que transmite a informação; teriormente a prescrição de patologias.
assim, quando é o paciente que informa, utiliza-se o verbo na ter- A semiologia, base da prática clínica requer não apenas habili-
ceira pessoa do singular: Informa que ...., Refere que ...., Queixa-se dades, mas também ações rápidas e precisas. A preparação para o
de ....; já quando a informação é fornecida por um acompanhante exame físico, a seleção de instrumentos apropriados, a realização
ou membro da equipe, registrar, por exemplo: A mãe refere que a das avaliações, o registro de achados e a tomada de decisões tem
criança .... ou Segundo a nutricionista ....; papel fundamental em todo o processo de assistência ao cliente.
- atentar para a utilização da sequência céfalo-caudal quando A equipe de enfermagem deve utilizar todas as informações dis-
houver descrições dos aspectos físicos do paciente. Por exemplo: o poníveis para identificar as necessidades especiais em um conjunto
paciente apresenta mancha avermelhada na face, MMSS e MMII; variado de clientes portadores de diversas patologias.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A semiologia geral da enfermagem busca é ensinar aos alunos É aqui que se determinam os resultados esperados e quais ações
as técnicas (semiotécnicas) gerais que compõem o exame físico. serão necessárias. Isso será realizado a partir nos dados coletados
O exame físico, por sua vez, compõe-se de partes que incluem a e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos de saúde
anamnese ou entrevista clínica, o exame físico geral e o exame físico do paciente e suas intervenções. São informações que, igualmente,
especializado. devem ser registradas no PEP, incluindo as prescrições checadas e o
O exame físico é a parte mais importante na obtenção do diag- registro das ações que foram executadas.
nóstico. Alguns autores estimaram que 70 a 80 % do diagnóstico se
baseiam no exame clínico bem realizado. 4. Implementação
Cumprir todas essas etapas com resolutividade, mantendo o A partir das informações obtidas e focadas na abordagem da
foco nas necessidades do cliente é realmente um desafio. Esses Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a equipe re-
fatores, a complexidade que cerca a semiologia e muitas decisões alizará as ações ou intervenções determinadas na etapa do Plane-
que precisam ser tomadas torna necessário que o enfermeiro tenha jamento de Enfermagem. São atividades que podem ir desde uma
domínio de diversas informações. administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados espe-
Semiotécnica é um campo de estudo onde estão inseridas as cíficos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais
mais diversas técnicas realizadas pelo enfermeiro, técnico de enfer- vitais específicos e acrescentá-los no Prontuário Eletrônico do Pa-
magem e auxiliar de enfermagem. ciente (PEP).
Procedimentos como: realização de curativos, sondagens ve-
sical e gástrica, preparo dos mais diversos tipos de cama, aspira- 5. Avaliação de Enfermagem (Evolução)
ção entre outras. A fundamentação científica na aplicação de cada Por fim, a equipe de enfermagem irá registrar os dados no Pron-
técnica é muito importante, inclusive para noções de controle de tuário Eletrônico do Paciente de forma deliberada, sistemática e
infecções. contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcança-
As cinco etapas do processo de Enfermagem dentro da Siste- ram o resultado esperado. Com essas informações, a Enfermeira
matização da Assistência de Enfermagem: terá como verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas
etapas do Processo de Enfermagem. Além de proporcionar infor-
1. Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enferma- mações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na
gem tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta.
O primeiro passo para o atendimento de um paciente é a busca
por informações básicas que irão definir os cuidados da equipe de Sistema de informação em enfermagem (Registro em Enfer-
enfermagem. É uma etapa de um processo deliberado, sistemático magem)
e contínuo na qual haverá a coleta de dados que serão passados pe-
los próprio paciente ou pela família ou outras pessoas envolvidas. Uma das tarefas do profissional de enfermagem é o registro,
Essas informações trarão maior precisão de dados ao Processo de no prontuário do paciente, de todas as observações e assistência
Enfermagem dentro da abordagem da Sistematização da Assistên- prestada ao mesmo - ato conhecido como anotação de enferma-
cia de Enfermagem (SAE). gem. A importância do registro reside no fato de que a equipe de
Por isso, serão abordadas: alergias, histórico de doenças e até enfermagem é a única que permanece continuamente e sem inter-
mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, que rupções ao lado do paciente, podendo informar com detalhes todas
pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao pa- as ocorrências clínicas.
ciente. Este processo pode ser otimizado com a utilização de PEP,
com formulários específicos que direcionam o questionamento da Para maior clareza, recomenda-se que o registro das informa-
enfermeira e o registro online dos dados, que podem ser acessa- ções seja organizado de modo a reproduzir a ordem cronológica dos
dos por todos da Instituição, até mesmo de forma remota. Assim, fatos isto permitirá que, na passagem de plantão, a equipe possa
é possível realizar as intervenções necessárias para prestação dos acompanhar a evolução do paciente. Um registro completo de en-
cuidados ao paciente, com maior segurança e agilidade. fermagem contempla as seguintes informações:
Observação do estado geral do paciente, indicando manifes-
2.Diagnóstico de Enfermagem tações emocionais como angústia, calma, interesse, depressão,
Nesta etapa, se dá o processo de interpretação e agrupamen- euforia, apatia ou agressividade; condições físicas, indicando alte-
to dos dados coletados, conduzindo a tomada de decisão sobre os rações relacionadas ao estado nutricional, hidratação, integridade
diagnósticos de enfermagem que mais irão representar as ações e cutâneo-mucosa, oxigenação, postura
intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados espe- Ordem cronológica – seqüência em que os fatos acontecem,
rados. Para isso, utilizam-se bibliografias específicas que possuem a correlacionados com o tempo, sono e repouso, eliminações, padrão
taxonomia adequada, definições e causas prováveis dos problemas da fala, movimentação; existência e condições de sondas, drenos,
levantados no histórico de enfermagem. Com isso, se faz a elabora- curativos, imobilizações, cateteres, equipamentos em uso;
ção de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. A ação de medicamentos e tratamentos específicos, para veri-
Tudo que for definido deve ser registrado no Prontuário Eletrônico ficação da resposta orgânica manifesta após a aplicação de determi-
do Paciente (PEP), revisitado e atualizado sempre que necessário. nado medicamento ou tratamento, tais como, por exemplo: alergia
após a administração de medicamentos, diminuição da temperatu-
3. Planejamento de Enfermagem ra corporal após banho morno, melhora da dispnéia após a instala-
De acordo com a Sistematização da Assistência de Enferma- ção de cateter de oxigênio;
gem (SAE), que organiza o trabalho profissional quanto ao método,
pessoal e instrumentos, a ideia é que os enfermeiros possam atuar
para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A realização das prescrições médicas e de enfermagem, o que Fatores Patológicos:


permite avaliar a atuação da equipe e o efeito, na evolução do pa- Febre - doenças agudas (aceleram)
ciente, da terapêutica medicamentosa e não-medicamentosa. Caso Choque - colapso (diminuem)
o tratamento não seja realizado, é necessário explicitar o motivo,
por exemplo, se o paciente recusa a inalação prescrita, deve-se re- Regularidade:
gistrar esse fato e o motivo da negação. Rítmico - bate com regularidade
Procedimentos rotineiros também devem ser registrados, Arrítmico - bate sem regularidade
como a instalação de solução venosa, curativos realizados, colheita O intervalo de tempo entre os batimentos em condições nor-
de material para exames, encaminhamentos e realização de exames mais é igual e o ritmo nestas condições é denominado normal ou
externos, bem como outras ocorrências atípicas na rotina do pa- sinusal. O pulso irregular é chamado arrítmico.
ciente; n A assistência de enfermagem prestada e as intercorrências
observadas. Incluem-se neste item, entre outros, os dados referen- Tipos de Pulso:
tes aos cuidados higiênicos, administração de dietas, mudanças de Bradisfigmico – lento
decúbito, restrição ao leito, aspiração de sondas e orientações pres- Taquisfígmico – acelerado
tadas ao paciente e familiares; Dicrótico - dá a impressão de dois batimentos
As ações terapêuticas aplicadas pelos demais profissionais da
equipe multiprofissional, quando identificada a necessidade de o Volume: cheio ou filiforme.
paciente ser atendido por outro componente da equipe de saúde.
Nessa circunstância, o profissional é notificado e, após efetivar sua Observação: o volume de cada batimento cardíaco é igual em
visita, a enfermagem faz o registro correspondente. condições normais. Quando se exerce uma pressão moderada so-
Para o registro das informações no prontuário, a enfermagem bre a artéria e há certa dificuldade de obliterar a artéria, o pulso
geralmente utiliza um roteiro básico que facilita sua elaboração. Por é denominado de cheio. Porém se o volume é pequeno e a artéria
ser um importante instrumento de comunicação para a equipe, as fácil de ser obliterada tem-se o pulso fino ou filiforme.
informações devem ser objetivas e precisas de modo a não darem
margem a interpretações errôneas. Tensão ou compressibilidade das artérias
Considerando-se sua legalidade, faz-se necessário ressaltar Macio – fraco
que servem de proteção tanto para o paciente como para os profis- Duro – forte
sionais de saúde, a instituição e, mesmo, a sociedade.
Terminologia:
Sinais Vitais - Nomocardia: frequência normal
- Bradicardia: frequência abaixo do normal
Pulso - Bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico
- Taquicardia: frequência acima do normal
São sinais de vida: Normalmente, a temperatura, pulso e respi- - Taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico
ração permanecem mais ou menos constantes. São chamados “Si-
nais Vitais”, porque suas variações podem indicar enfermidade. De- Material para verificação do pulso:
vido à importância dos mesmos a enfermagem deve ser bem exata - Relógio com ponteiro de segundos.
na sua verificação e anotação.
Procedimento:
Pulso: É o nome que se dá à dilatação pequena e sensível das - Lavar as mãos;
artérias, produzida pela corrente circulatória. Toda vez que o san- - Explicar o procedimento ao paciente;
gue é lançado do ventrículo esquerdo para a aorta, a pressão e o - Colocá-lo em posição confortável, de preferência deitado ou
volume provocam oscilações ritmadas em toda a extensão da pa- sentado com o braço apoiado e a palma da mão voltada pra baixo.
rede arterial, evidenciadas quando se comprime moderadamente a - Colocar as polpas dos três dedos médios sobre o local escolhi-
artéria contra uma estrutura dura. do pra a verificação;
Locais onde pode ser verificado: Normalmente, faz-se a veri- - Pressionar suavemente até localizar os batimentos;
ficação do pulso sobre a artéria radial. Quando o pulso radial se - Procurar sentir bem o pulso, pressionar suavemente a artéria
apresenta muito filiforme, artérias mais calibrosas como a carótida e iniciar a contagem dos batimentos;
e femoral poderão facilitar o controle. Outras artérias, como a bra- - Contar as pulsações durante um minuto (avaliar frequência,
quial, poplítea e a do dorso do pé (artéria pediosa) podem também tensão, volume e ritmo);
ser utilizadas para a verificação. - Lavar as mãos;
- Registrar, anotar as anormalidades e assinar.
Frequência Fisiológica:
Homem 60 a 70 Pulso apical: Verifica-se o pulso apical no ápice do coração à
Mulher 65 a 80 altura do quinto espaço intercostal.
Crianças 120 a 125
Lactentes 125 a 130 Observações importantes:
Observação: Existem fatores que alteram a frequência normal - Evitar verificar o pulso em membros afetados de paciente com
do pulso: lesões neurológicas ou vasculares;
- Não verificar o pulso em membro com fístula arteriovenosa;
Fatores Fisiológicos: - Nunca usar o dedo polegar na verificação, pois pode confun-
Emoções - digestão - banho frio - exercícios físicos (aceleram) dir a sua pulsação com a do paciente;
Certas drogas como a digitalina (diminuem) - Nunca verificar o pulso com as mãos frias;
- Em caso de dúvida, repetir a contagem;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir Respiração
de sentir o batimento do pulso.
Por meio da respiração é que se efetua a troca de gases dos
Temperatura alvéolos, transformando o sangue venoso rico em dióxido de carbo-
no e o sangue arterial rico em oxigênio. O tronco cerebral é a sede
A temperatura corporal é proveniente do calor produzido pela do controle da respiração automática, porém recebe influencias
atividade metabólica. Vários processos físicos e químicos promo- do córtex cerebral, possibilitando também, em parte, um controle
vem a produção ou perda de calor, mantendo o nosso organismo voluntário. Certos fatores, como exercícios físicos, emoções, choro,
com temperatura mais ou menos constante, independente das va- variações climáticas, drogas podem provocar alterações respirató-
riações do meio externo. O equilíbrio entre a produção e a perda rias.
de calor é controlado pelo hipotálamo: quando há necessidade de
perda de calor, impulsos nervosos provocam vasodilatação perifé- Valores Normais
rica com aumento do fluxo sanguíneo na superfície corporal e esti- Recém nascido: 30 a 40 por minuto
mulação das glândulas sudoriporas, promovendo a saída de calor. Adulto: 14 a 20 por minuto
Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos nervosos
provocam vaso constrição periférica com diminuição do sangue cir- Terminologia
culante local e, portanto, menor quantidade de calor é transporta- - bradpneia: frequência respiratória abaixo do normal;
da e perdida na superfície corpórea. - taquipneia: frequência respiratória acima do normal;
- dispneia: dificuldade respiratória;
Alterações Fisiológicas da Temperatura - ortopneia: respiração facilitada em posição vertical;
- apneia: parada respiratória;
Fatores que reduzem ou aumentam a taxa metabólica levam
- respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gra-
respectivamente a uma diminuição ou aumento da temperatura
dual na profundidade, seguido por decréscimo gradual na profundi-
corporal:
dade das respirações e, após, segue-se um período de apneia.
- sono e repouso
- idade - respiração estertorosa: respiração ruidosa.
- exercícios físicos
- emoções Pressão Arterial
- fator hormonal
- em jovens, observam-se níveis aumentados de hormônios. A pressão arterial reflete a tensão que o sangue exerce nas
- desnutrição paredes das artérias. A medida da pressão arterial compreende a
- banhos a temperaturas muito quentes ou frias podem provo- verificação da pressão máxima ou sistólica e a pressão mínima ou
car alterações transitórias da temperatura diastólica.
- agasalhos A pressão sistólica é a maior força exercida pelo batimento car-
- fator alimentar díaco; e a diastólica, a menor.

Temperatura Corporal Normal: Em média, considera-se a tem- A Pressão Arterial depende de:
peratura oral como a normal 37ºC, sendo a temperatura axilar - Débito cardíaco: representa a quantidade de sangue ejetado
0,6ºC mais baixa e a temperatura retal 0,6ºC mais alta. do ventrículo esquerdo para o leito vascular em um minuto.
- Resistência vascular periférica: determinada pelo lúmen (cali-
Terminologia: bre), pela elasticidade dos vasos e pela viscosidade sanguínea.
Hipotermia: temperatura abaixo do valor normal. Caracteriza- - Viscosidade do sangue: decorre das proteínas e elementos
-se por pele e extremidades frias, cianoses e tremores; figurados do sangue.
A pressão sanguínea varia ao longo do ciclo vital, assim como
ocorre com a respiração, temperatura e pulso.
Hipertermia: aumento da temperatura corporal. É uma condi-
ção em que se verifica: pele quente e seca, sede, secura na boca, Valores Normais
calafrios, dores musculares generalizadas, sensação de fraqueza, Em indivíduo adulto, são considerados normais os seguintes
taquicardia, taquipneia, cefaleia, delírios e até convulsões. parâmetros:
Avaliação da Temperatura Corporal: O termômetro deve ser
- pressão sistólica: de 90 a 140 mmhg
colocado em local onde existam rede vascular intensa ou grandes
- pressão diastólica: de 60 a 90 mmhg
vasos sanguíneos, e mantido por tempo suficiente para a correta
Terminologia
leitura da temperatura. Os locais habitualmente utilizados para a
- hipertensão arterial: significa pressão arterial elevada;
verificação são: cavidade oral, retal e a região axilar.
Tempo de Manutenção do Termômetro no Paciente - hipotensão arterial: pressão arterial abaixo do normal
- oral: 3 minutos
- axilar: 03 a 05 minutos Locais para verificação da Pressão Arterial
- retal: 3 minutos - nos membros superiores, através da artéria braquial;
- nos membros inferiores, através da artéria poplítea.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Mensuração da Altura e do Peso Algor mortis (frigor mortis, frio da morte): é o resfriamento
do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda
A altura e o peso normalmente são verificados quando existe progressiva das fontes energéticas.
solicitação médica, não sendo incluídos como medidas de rotina na Livor Mortis (livores ou manchas cadavéricas): é o apareci-
maioria das unidades de internação. A verificação da altura e do mento de manchas inicialmente rosadas ou violetas pálidas, tor-
peso é muito importante, em pediatria, endocrinologia, nefrologia. nando-se progressivamente arroxeadas.
Em certas condições patológicas, como no edema, o controle de Putrefação: Estado de grande proliferação bacteriana (putrefa-
peso é fundamental para subsidiar a conduta terapêutica. ção). Há liberação de enzimas proteolíticas produzidas pelas bacté-
rias. Os órgãos irão apresentar como uma massa semissólida, odor
Terminologia muito forte e mudanças de coloração.
Redução esquelética: nela há a completa destruição da pele e
Obesidade: aumento de tecido adiposo devido ao excessivo ar- musculatura, ficando somente ossos.
mazenamento de gordura;
- caquexia: estado de extrema magreza, desnutrição. Assistência de enfermagem a pacientes graves e agonizantes:
Observações A assistência de enfermagem são as mesmas medidas do paciente
- pesar, de preferência sempre no mesmo horário; em estado de coma.
- pesar com mínimo de roupa;
- pesar, se possível, antes do desjejum.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PERIOPERATÓRIA
Sinais Iminentes de Falecimentos:
- Sistema Circulatório: hipotensão, extremidades frias, pulso ir- Assistência de Enfermagem perioperatória
regular, pele fria e úmida, hipotermia, cianose, sudorese, sudorese
abundante; O termo Peri operatório é empregado para descrever todo o
- Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, a respiração período da cirurgia, incluindo antes e após a cirurgia em si. As três
torna-se ruidosa (estertor da morte), causada pelo acúmulo de se- fases dos cuidados Peri operatórios são: Pré-operatório, Transope-
creção; ratório e Pós-operatório.
- Sistema Digestório: diminuição das atividades fisiológicas e Pré-Operatório: esse período tem início desde o momento em
do reflexo de deglutição para o perigo de regurgitação e aspiração, que o paciente recebe a indicação da operação e se estende até
incontinência fecal e constipação. a sua entrada no centro cirúrgico. Esse período se divide em duas
- Sistema Locomotor: ausência total da coordenação dos mo- fases: pré-operatório mediato e pré-operatório imediato.
vimentos; Pré-operatório Mediato: começa no momento da indicação da
- Sistema Urinário: retenção ou incontinência urinária; operação e termina 24 horas antes do seu início. Geralmente, nesse
- Sistema Neurológico: diminuição dos reflexos até o desapare- período o paciente ainda não se encontra internado.
cimento total, sendo que a audição é o último a desaparecer. Neste período mediato, sempre que possível, o cirurgião faz
- Face: pálida ou cianótica, olhos e olhar fixo, presença de lágri- uma avaliação do estado geral do paciente através de exame clínico
ma, que significa perda do tônus muscular. detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X,
eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliação tem o objetivo de
Sinais Evidentes: identificar e corrigir distúrbios que possam aumentar o risco cirúr-
Talvez seja mais sensato caracterizar a morte pelo somatório de gico.
uma série de fenômenos: Tratando-se de cirurgias eletivas, onde há previsão de trans-
- Perda da consciência; fusão sanguínea, muitas vezes é solicitado ao paciente para provi-
- Ausência total de movimentos; denciar doadores saudáveis e compatíveis com seu tipo sanguíneo.
- Parada Cardíaca e respiratória sem possibilidades de ressus- Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue dis-
citação; ponível e aumentar a quantidade de estoque existente nos hemo-
- Perda da ação reflexiva a estímulos; centros, evitando sua comercialização.
- Parada das funções cerebrais; Os cuidados de enfermagem aqui neste período compreendem
- Pupilas dilatadas (midríase) não reagindo à presença da luz. os preparos psicoespiritual e o preparo físico.
Consentimento cirúrgico: Antes da cirurgia, o paciente deve
Como esses fatos podem ocorrer isoladamente é fundamental assinar um formulário de consentimento cirúrgico ou permissão
a coincidência deles para se confirmar à morte. Como após a morte, para realização da cirurgia. Quando assinado, esse formulário indica
alguns tecidos podem manter a vitalidade e mesmo servirem para que o paciente permite a realização do procedimento e compreen-
transplantes, exige-se hoje, como prova clínica definitiva da morte, de seus riscos e benefícios, explicados pelo cirurgião. Se o paciente
a parada definitiva das funções cerebrais, documentada clinicamen- não compreender as explicações, o enfermeiro notifica ao cirurgião
te e por eletroencefalograma. antes que o paciente assine o formulário de consentimento.
Os pacientes devem assinar um formulário de consentimento
A tanatologia é o ramo da patologia que estuda a morte. para qualquer procedimento invasivo que exija anestesia e compor-
Morte Aparente: O termo morte aparente é a denominação te risco de complicações.
aplicada ao corpo, o qual parece morto, mas tem condições de ser Quando um paciente adulto está confuso, inconsciente ou não
reanimado. é mentalmente competente, um familiar ou um tutor deve assinar
Alterações cadavéricas: São alterações que ocorrem após a o formulário de consentimento. Quando o paciente tem menos de
constatação da sua morte clínica. Após a morte existe uma série 18 anos de idade, um dos pais ou um tutor legal deve assinar o
de alterações sequenciais previstas que podem ser modificadas nas formulário.
dependências das condições fisiológicas pré-morte, das condições
ambientais e do tipo morte, se intencional, natural ou acidental.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pessoas com menos de 18 anos de idade, que vivem longe de - Providenciar e/ou preparar o paciente para exames labora-
casa e sustentam-se por conta própria, são considerados menores toriais e outros exames auxiliares no diagnóstico; − Iniciar o jejum
emancipados e assinam o formulário de consentimento. Numa após o jantar ou ceia;
emergência, o cirurgião pode ter que operar sem consentimento. - Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocorre-
No entanto, a equipe de saúde deve se esforçar ao máximo para ram sinais ou sintomas de anormalidade ou alteração dos sinais vitais;
obter o consentimento por telefone, telegrama ou fax. Todo enfer- - Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de rou-
meiro deve estar familiarizado com as normas da instituição e com pa, cortar as unhas e mantê-las limpas e fazer a barba;
as leis estatais relacionadas aos formulários de consentimento ci- − Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita; − Reali-
rúrgico. zar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com água e sabão,
Os pacientes devem assinar o formulário de consentimento an- passar anti-séptico local e enfaixar (se necessário) com bandagens
tes que lhes seja administrado qualquer sedativo pré-operatório. estéreis;
Quando o paciente ou a pessoa designada tiver assinado a permis- - Remover próteses, jóias, lentes de contato ou óculos, prende-
são, uma testemunha adulta também assina para confirmar que o dores de cabelo e roupas íntimas;
paciente ou o indivíduo designado assinou voluntariamente. Em - Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apro-
geral, a testemunha é um membro da equipe de saúde ou um em-
priada (camisola, toucas),transportá-lo na maca até o centro cirúrgi-
pregado do setor de admissão. É responsabilidade do enfermeiro
co com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).
assegurar que todas as assinaturas necessárias figurem no formu-
lário de consentimento, e que este se encontre no prontuário do
Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior
paciente antes que ele seja encaminhado ao centro cirúrgico (CC).
e pé:
Assistência de enfermagem em centro cirúrgico e centro de − Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integri-
material esterilizado dade da pele (deverá estar hidratada e lubrificada);
− Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações
Os cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico variam de hansênicas;
acordo com o tipo de cirurgia e de paciente para paciente, aten- − Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fi-
dendo suas necessidades básicas e suas reações psíquicas e físicas siológica ou água e sabão e ocluir com gaze e atadura de crepe.
manifestadas durante este período. Neste capítulo iremos abordar − Observar perfusão periférica do membro a ser operado;
os cuidados gerais indispensáveis a todos os tipos de cirurgia e os - No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora
cuidados específicos voltados para cirurgias de mão e membro su- deverá estar hidratada e lubrificada. Este procedimento inicia-se
perior e de pé e membro inferior. alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a
A assistência pré-operatória tem como objetivo proporcionar tricotomia e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o
uma recuperação pós-operatória mais rápida, reduzir complica- quarto do paciente deverá estar pronto para recebê-lo, equipado
ções, diminuir o custo hospitalar e o período de hospitalização que com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infu-
se inicia na admissão e termina momentos antes da cirurgia, devol- são, travesseiros para elevação do membro operado, cobertores,
vendo o paciente o mais rápido possível ao meio familiar. comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro, termômetro, e de-
mais equipamentos necessários.
1- Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o
preparo sócio-psíquico-espiritual e o preparo físico. 2 - Assistência pós-cirúrgica geral:
Inicia-se no momento em que o paciente sai do centro cirúrgico
Preparo sócio-psíquico-espiritual: e retorna à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo detectar
− Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, au- e prevenir a instalação de complicações pós-operatória e conse-
torizando o hospital a realizar o procedimento quentemente obter urna rápida recuperação
− Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o pa- . A assistência pós-cirúrgica consiste em:
ciente retornará da sala operatória e a importância em apoiá-lo
− Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de
nesse período;
acordo com o tipo de cirurgia a que foi submetido e com o membro
− Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os
operado elevado;
exames que porventura forem necessários, salientar a importância
− Aquecê-lo, se necessário;
de sua colaboração durante os procedimentos;
− Tranqüilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido − Manter a função respiratória;
e de destruição da auto-imagem, ouvir atentamente seu discurso, − Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agita-
dar importância às queixas e seus relatos; ção e outros comprometimentos neurológicos;
- Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se − Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e pre-
acordado, com ou sem gesso, etc.) e assegurar que terá sempre um sença de sangramento;
profissional da enfermagem para atendê-lo; − Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e co-
- Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hos- nectá-los às extensões;
pitalar, esclarecer sobre normas e rotinas do local, e proporcionar − Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de
um ambiente calmo e tranqüilo e soro, sangue ou derivados; - Verificar anotações do centro cirúrgico)
- Providenciar ou dar assistência religiosa, caso seja solicitada. e executar a prescrição médica;
− Promover conforto e segurança através de meio ambiente
Preparo físico: adequado, uso de grades na cansa, imobilização de mãos (se agi-
− Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as con- tado);
dições que podem atuar negativamente na cirurgia e reforçando as − Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os
positivas; líquidos eliminados por sondas, drenos, etc; - Realizar mudança de
decúbito de acordo com a evolução clínica;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

− Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada; Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de membro
− Promover movimentação ativa, passiva e deambulação precoces inferior:
se forem permitidas e houver condições físicas; - Promover o alívio da dor se houver;
- Trocar curativos; − Os amputados experimentam com freqüência dor fantasma
- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância ou sensação fantasma. Tais sensações são reais e devem ser aceitas
do retomo médico para controle e cuidados a serem dispensados pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência.
no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada; − Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução,
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV a mesma altera a imagem corporal do paciente. O enfermeiro deve-
rá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o
Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior: paciente a olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o
- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 apto e participante ativo no autocuidado;
graus, apoiados em travesseiros, quando estiver em decúbito hori- − Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas,
zontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipóia e mão elevada acima coloração, temperatura e aspecto da cicatrização;
do tórax; − Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e
− Observar edema, palidez, cianose ou alteração da temperatu- não deixar o membro residual pendurado. A pressão excessiva so-
ra em extremidades das mãos; bre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a
− Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços inter- cicatrização da incisão cirúrgica;
digitais − O membro residual não deverá ser apoiado sobre o traves-
- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: lim- seiro, o que pode resultarem contratura e flexão do quadril. Uma
peza com solução fisiológica a 0,9%, aplicação tópica de rifocina contratura da próxima articulação acima da amputação constitui
spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto complicação freqüente. De acordo com a preferência do cirurgião, o
cutâneo, a frequência da troca do curativo da área doadora será es- membro residual poderá ser posicionado em extensão ou elevação
tabelecida conforme a necessidade, isto é, quando houver extrava- por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desestimular a
samento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da posição sentada por períodos prolongados para evitar as contratu-
área receptora será realizado pelo médico responsável, geralmente ras em flexão de quadril e de joelho;
após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se algum produto − Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O
não aderente; paciente pode utilizar um trapézio acima da cabeça ou um lençol
− Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a tala amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição
ou faixa para curativos, tomando o cuidado de manter o mesmo e fortalecer o bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia
alinhamento do membro superior e mão durante o procedimento e sobre a adequação dos exercícios ao paciente.
recolocar a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem de início
da região distal para a proximal;
− Movimentar passivamente e delicadamente as articulações ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM
não gessadas; ALTERAÇÕES DE FUNÇÕES.CARDIOVASCULAR E CIRCU-
− Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não mo- LATÓRIA. DIGESTIVA E GASTROINTESTINAL. METABÓ-
lhá-lo (durante o banho, protegê-lo coin material plástico, um sani- LICA E ENDÓCRINA. RENAL E DO TRATO URINÁRIO. 6.5
to, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo REPRODUTIVA. TEGUMENTAR. NEUROLÓGICA. MUS-
superior); observar sinais de garroteamento como edema e palidez CULOESQUELÉTICA
ou gesso apertado; ausência ou diminuição da sensibilidade ou mo-
tricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no
aparelho gessado e odor desagradável; Pacientes com Problemas Neurológicos
− Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de pru-
rido e não retirar algodão do gesso As doenças neurológicas podem ter diferentes origens: here-
ditária/genética ou congênita, ou seja, dependente de um distúr-
Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferiores: bio do desenvolvimento embrionário ou fetal do sistema Nervoso
− Realizar cuidados acima citados Central ou Periférico; adquirida ao longo dos diferentes períodos da
− Manter repouso absoluto do membro inferior e posiciona- vida, desde a fase neonatal até à velhice.
mento elevado, geralmente acima do nível do corpo. Ao encami- Segundo O’Sullivan e Schmitz, (2004 apud ANDRADE et al.,
nhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadei- 2010, p. 156), o “paciente com sequelas neurológicas apresenta
ras adequadas; uma série de alterações orgânicas e psíquicas em decorrência da
− Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a seca- não aceitação da doença e, consequente, não aceitação do seu cor-
gem adequada e a liberação para a deambulação, conforme orien- po, visualizado como representante desta condição”.
tação médica, alternando a deambulação e o repouso com elevação Os distúrbios neurológicos comumente causam lesões tempo-
do membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado não conte- rárias ou permanentes que prejudicam o individuo em suas funções
nha salto, isso é indicativo de que a deambulação é proibida; tornando-o um dependente parcial ou total de outras pessoas. Eles
− Não fletir o membro durante a secagem do gesso; podem limitar de modo significativo o desempenho funcional do
− Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias indivíduo, com consequências negativas nas relações pessoais, fa-
ou depois da retirada do aparelho gessado. miliares, sociais e, sobretudo na qualidade de vida.
Para Oliveira (2004 apud RESENDE et al., 2007 p. 165), as inca-
pacidades funcionais podem “desestruturar as bases do indivíduo,
interferir no desempenho de regras e papéis sociais, na indepen-
dência e habilidade para realizar tarefas essenciais à sua vida, na ca-
pacidade afetiva e capacidade de realizar atividades profissionais”.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Leva-se em consideração que a neurocirurgia também é um As intervenções de Enfermagem para tratar a PIC elevada in-
dos fatores que colaboram para o agravamento dessas incapacida- cluem a manutenção do alinhamento corporal, evitar mudar a posi-
des. Fitzsimmon et al. (2007, p. 809) afirmam que “durante o curso ção lateral da cabeça de forma brusca e a flexão ostensiva do qua-
da doença, muitos pacientes com afecções neurológicas exigem tra- dril, para evitar o aumento da pressão intra-abdominal. A rotação
tamento em ambiente de cuidados críticos”. Estes procedimentos lateral da cabeça também pode causar compressão da veia jugular
neurocirúrgicos envolvem uma internação de duração curta na Uni- diminuindo ou cessando a drenagem do sangue venoso.
dade de terapia Intensiva (UTI). O enfermeiro ao cuidar do paciente neurológico deve estar
A cirurgia neurológica é indicada para diversos distúrbios neu- sempre atento, pois o seu quadro pode alterar rapidamente e ele
rológicos. Ela é parte integrante do tratamento de pacientes neuro- deve saber lidar com as intercorrências, não pode estar só atento
lógicos, dentre eles: tumores cerebrais, malformações arterioveno- ao monitor. O enfermeiro deve ter o cuidado com a elevação da
sas e aneurismas. cabeceira do paciente, com o período de troca dos cateteres, com as
Para uma assistência de qualidade na Unidade de Terapia In- anotações dos parâmetros registrados (PAM, PIC, Relação P / F, entre
tensiva, o enfermeiro se faz necessário, já que segundo o Conselho outros) pelos equipamentos, assim como os horários e aprazamentos
Federal de Enfermagem (COFEN, 2004), existe a “obrigatoriedade dos medicamentos administrados ao paciente, sem esquecer-se das
de haver Enfermeiros em todas as unidades de serviços nos quais coletas de sangue para gasometria e principalmente oferecer uma as-
são desenvolvidas ações de Enfermagem que envolvam procedi- sistência humanizada, sem medos e receios de complicações, mas com
mentos de alta complexidade, comuns na assistência a pacientes confiança e conhecimento para enfrenta-las.
críticos/potencialmente críticos”. Os pacientes com lesões neurológicas podem apresentar os
O enfermeiro que possui conhecimento técnico-científico distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico por diversos motivos,
possui autonomia para lidar com o paciente neurológico e através como administração de diuréticos osmóticos, aumento da perda hí-
desta pode tomar decisões, realizar intervenções e diagnósticos de drica insensível e disfunção pituitária, gerando distúrbios de sódio.
enfermagem. Ele se vê diante de situações que requerem o mínimo A enfermeira de cuidados críticos deve levar em consideração todas
de raciocínio clínico para solucionar problemáticas. Por assim dizer, as variáveis quando examina o paciente. Ela deve observar e avaliar
o enfermeiro necessita sempre buscar aprofundar e ampliar, seus constante os níveis de oxigenação para que o paciente aumente os
conhecimentos na sua área de atuação, sem esquecer o enfoque níveis de oxigenação sanguínea e cerebral, a perfusão para perce-
interdisciplinar e/ou multidimensional. ber se há isquemia miocárdica, a PIC, a PAM e a PPC para prevenir
Fitzsimmon et al., (2007, p. 798) dizem que “como parte da lesões cerebrais, monitorar os níveis de eletrólitos séricos e regis-
equipe multidisciplinar, a enfermeira desempenha um papel central trar rigorosamente a ingesta e o débito do paciente com intuito de
no cuidado ao paciente durante a doença. Ela participa no diagnós- mantê-los dentro do nível de estabilidade pré-estabelicido (ZINK,
tico, tratamento e cuidado de acompanhamento do paciente”. 2007, p. 865).
A prevenção do aumento da PIC, ou hipertensão intracrania-
Pacientes com Problemas Respiratórios
na, é uma função de primordial importância para a enfermagem ao
cuidar de um paciente com lesão neurológica. Em primeiro lugar, é
Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Te-
essencial que a enfermeira realize uma avaliação neurológica basal
rapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiência no sistema respi-
no paciente, sobre a qual possa ser analisado se houver uma pio-
ratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas Unidades de Terapia
ra adicional. Em termos gerais, o aumento da PIC manifesta-se por
Intensiva, de pacientes com insuficiência respiratória como causa
comprometimento geral de todos os aspectos da função neurológi-
primária da internação, ou secundária em pacientes já internados
ca (HILTON, 2007, p. 775). devido a outras afecções.
O nível de consciência diminui à medida que a PIC se eleva. Insuficiência Respiratória existe quando um paciente não é
Inicialmente, o paciente pode evidenciar inquietação, confusão e capaz de manter as tensões de seus gases sanguíneos dentro dos
combatividade. Isso descompensa, então, os níveis inferiores de limites normais.
consciência, variando da letargia até a obnubilação e ao coma. As O tipo de insuficiência respiratória encontrada em UTI tem
reações pupilares começam a diminuir, com pupilas lentamente evolução relativamente rápida, ao contrário da deterioração gradu-
reativas até chegarem a pupilas fixas e dilatadas. O exame pupilar al das doenças respiratórias crônicas. Ela resulta da incapacidade
deve ser realizado e deve incluir o tamanho e simetria (comparação progressiva do sistema respiratório remover dióxido de carbono do
do lado Direito e Esquerdo), fotorreação e simetria. A agitação, as sangue venoso e de adicionar oxigênio a ele, por um período que
contraturas musculares, os tremores e relacionar a presença de ce- varia desde alguns momentos até alguns dias.
faleia com variações de PA. Alguns fatores podem ser considerados como predisponentes à
A função motora também declina e o paciente começará a insuficiência respiratória: obesidade, idade avançada e exacerbação
mostrar atividade motora anormal, presença de flexão ou exten- da doença pulmonar crônica (enfisema, bronquite crônica). Estas
são anormal. Os achados tardios são alterações nos sinais vitais. As causas primárias são agravadas pelo uso de drogas anestésicas, por
variações nos padrões respiratórios são evidenciadas, mais tarde lesão da caixa torácica ou distensão abdominal, levando a altera-
como apneia total. A tríade de Cushing “descreve os três sinais tar- ções ventilatórias. Além disso, a dor e a imobilização contribuem
dios da herniação: aumento da Pressão Arterial Sistólica, redução muito para a instalação do processo de atelectasia.
da frequência cardíaca e um padrão respiratório irregular. O alar- A Abordagem de vias aéreas pela Cânula orofaríngea É um mé-
gamento da pressão de pulso também está associado à herniação” todo rápido e prático de se manter a via aérea aberta, podendo ser
(ZINK, 2007, p. 856). utilizado temporariamente em conjunto com ventilação com más-
cara, enquanto se aguarda um método definitivo, como por exem-
Outro item a ser avaliado é a presença de convulsões, pois es- plo a intubação endotraqueal.
tas indicam inicio das alterações agudas no SNC. Elas devem ser ob-
servadas e acompanhadas quanto à hora de início e término, onde
começaram os movimentos ou rigidez, tipo de movimento da parte
comprometida.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A cânula de Guedel tem forma semicircular, geralmente é de além de treinamentos para que o paciente aprenda a cuidar de si
material plástico e descartável e, quando apropriadamente colo- mesmo em sua residência. O paciente e seus familiares precisam
cada, desloca a língua da parede posterior da faringe, mantendo de suporte, de apoio para a prevenção ou administração eficaz dos
a via respiratória aberta. Pode também ser utilizada no paciente eventos crônicos4
com tubo traqueal, evitando que o reflexo de morder cause dano Diante do exposto, optou-se por investigar como os enfermei-
ao tubo. ros conduzem a prática de cuidar ao portador de doença crônica
O paciente nunca deve ser deixado sozinho e deve estar loca- cardíaca, a partir da composição de seu método de cuidar. Para
lizado de forma a ser visualizado continuamente, pois alterações atender esse questionamento, os objetivos da pesquisa foram:
súbitas podem ocorrer, levando à necessidade de ser reavaliada a identificar os elementos do processo de cuidar realizado pelo en-
modalidade respiratória à qual o mesmo está sendo submetido. fermeiro ao portador de doença crônica cardíaca e descrever os
O paciente entubado perde suas barreiras naturais de defesa elementos evidenciados no processo de cuidar em enfermagem ao
das vias aéreas superiores. Além disso, a equipe de saúde, através portador de doença crônica cardíaca.
das suas mãos e do equipamento respiratório, constitui a maior fon-
te de contaminação exógena. Pacientes com Problemas Digestórios

Pacientes com Problemas Cardiovasculares O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento
total) que se estende da boca através do esôfago, estômago, intes-
O cuidado faz parte da vida do ser humano desde os primór- tino e ânus.
dios da humanidade, como resposta ao atendimento às suas ne- • Anexos: glândulas salivares (amilase), pâncreas (suco pancre-
cessidades. Para realizar o cuidado, o enfermeiro, como membro ático) e fígado (bile);
integrante da equipe multidisciplinar, utiliza um conjunto de conhe- • Esôfago 25 cm de comprimento;
cimentos que possibilita a busca de resolutividade às respostas dos • Estômago capacidade aproximadamente 1.500 ml (cárdia,
fenômenos de saúde, definidos pelo Internacional Council of Nur- fundo, corpo, piloro) - esfíncter esofagiano inferior ou esfíncter car-
ses1 como aspectos de saúde relevantes à prática de Enfermagem. díaco (entrada) e esfíncter pilórico (saída);
O instrumento para a realização do cuidado é o processo de • Intestino delgado maior segmento 2/3 do total do compri-
cuidar2, mediante uma ação interativa entre o enfermeiro e o pa- mento do trato GI;
ciente. Nele, as atividades do profissional são desenvolvidas “para” • Duodeno parte superior (esvaziamento da bile e secreções
e “com” o paciente, ancoradas no conhecimento científico, habili- pancreáticas através do canal biliar comum na ampola de Vater);
dade, intuição, pensamento crítico e criatividade e acompanhadas • Jejuno: parte mediana;
• Íleo: parte inferior;
de comportamentos e atitudes de cuidar/cuidado no sentido de
• Ceco junção entre o intest. delgado e grosso (porção inferior
promover, manter e/ou recuperar a totalidade e a dignidade hu-
direita do abd), onde se encontra a válvula íleocecal q/ funciona no
mana.
controle da passagem dos conteúdos intestinais no intest. grosso e
O desenvolvimento do cuidado ocorre nas suas mais diferentes
previne o refluxo de bactérias p/ o intest. delgado. É nesta área q/ o
especialidades e, neste estudo, abordará o processo de cuidar ao
apêndice vermiforme está localizado;
paciente crônico cardíaco.
• Intestino Grosso Ascendente / Transverso / Descendente /
O paciente adulto crônico cardíaco apresenta comprometi-
cólon sigmóide / reto;
mento de seu todo harmônico, seu estado de saúde está alterado,
• Ânus esfíncter anal interno e externo.
pois começa a sentir que a força física e a força do coração estão
diminuídas. Surge a aterosclerose nos vasos sanguíneos, ocorre a O trato GI recebe o suprimento sanguíneo de muitas artérias
perda do tecido ósseo, e há carência na autoestima3. Nessa fase, o que se originam ao longo de toda a extensão da aorta torácica e ab-
doente pode apresentar limitações emocionais, financeiras, perdas dominal. As principais são a artéria gástrica (estômago) e as artérias
pessoais e sociais e precisará aprender a administrar o seu trata- mesentéricas superior e inferior (intestino).
mento efetivo. Nessas circunstâncias, quando ele se encontra fra- O sangue é drenado desses órgãos pelas veias que se fundem
gilizado, é que o enfermeiro assume um papel importante e muito com outras no abdômen para formar um grande vaso, chamado
expressivo para com ele, no sentido de ajudá-lo não só a enfrentar veia porta. É um sangue rico em nutrientes que é levado ao fígado.
as dificuldades em torno da doença, mas também de cuidá-lo nas O fluxo sanguíneo para todo o trato GI é cerca de 20% de todo o
suas necessidades de segurança, carinho e autoconfiança. Desse débito cardíaco e aumenta significativamente após a alimentação.
modo, é importante que o enfermeiro compreenda que os pacien- O TGI é inervado pelo SNA simpático e parassimpático.
tes portadores de doença crônica requerem, do profissional, um SNA parassimpático - libera acetilcolina que: aumenta ativida-
raciocínio clínico e crítico constante, pois uma simples preocupação de do TGI, aumenta movimentos peristálticos, aumenta tônus.
que apresentem pode colocar em risco suas vidas. SNA simpático - libera noradrenalina que: diminui atividade do
O enfermeiro tem uma função fundamental na equipe de saú- TGI, diminui movimentos peristálticos, diminui tônus.
de, já que, por meio da avaliação clínica diária do paciente, poderá
realizar o levantamento dos vários fenômenos, seja na aparência O processo digestivo
externa ou na subjetividade da multidimensionalidade do ser hu-
mano. Igualmente poderá providenciar para que o paciente seja Todas as células do organismo requerem nutrientes. Esses nu-
atendido nos mais diferentes segmentos da equipe de saúde e/ou trientes derivam da ingesta alimentar contendo: proteína, gordura,
de enfermagem. carboidratos, vitaminas e minerais, assim como fibras de celulose e
A Organização Mundial de Saúde, em seu documento “Cuida- outras matérias vegetais sem valor nutricional.
dos inovadores para as condições crônicas”, enfatiza que o paciente As principais funções digestivas do trato GI são especificamen-
portador de doença crônica carece de cuidados planejados, capazes te para fornecer estas necessidades do corpo:
de prever suas necessidades básicas e proporcionar atenção inte- • Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a
grada. Essa atenção envolve tempo, cenário da saúde e cuidadores, digestão;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas; Substâncias químicas formadas pelas bactérias intestinais são
• Eliminar restos alimentares não digeridos e não absorvidos e responsáveis, em grande parte, pelo odor fecal. Os gases formados
outros produtos tóxicos nocivos ao corpo. contém metano, sulfeto de hidrogênio e amônia, entre outros. O
trato GI normalmente contém cerca de 150 ml desses gases, q/ são
Ação gástrica - O estômago secreta um líquido ácido em res- ou absorvidos na circulação porta e detoxificados pelo fígado, ou
posta à presença de alimento ou à sua ingesta antecipada. Este expelidos pelo reto (flatos). Pacientes c/ dça hepática frequente-
líquido deriva sua acidez do ácido hidroclorídrico secretado pelas mente são tratados c/ antibióticos p/ reduzir o nº de bactérias colô-
glândulas do estômago. Esta secreção tem dupla função: reduzir o nicas e, desta forma, inibir a produção de gases tóxicos.
alimento a componentes mais absorvíveis e ajudar na destruição de
bactérias ingeridas. O estômago pode produzir cerca de 2,4 litros/ Respostas fisiológicas às disfunções gastrintestinais
dia dessas secreções gástricas. 1.Halitose: mau hálito, pode indicar um processo periodôntico
As secreções gástricas também contêm a enzima pepsina, im- ou infecção oral;
portante para iniciar a digestão de proteínas.
2. Disfagia: dificuldade de engolir, pode resultar de um proble-
Hormônios, neurorreguladores e reguladores locais encontra-
ma mecânico (neoplasia, cirurgia) ou ocorrer secundariamente a
dos nas secreções gástricas controlam a taxa das secreções gástri-
um dano neurológico (AVC);
cas e influenciam a motilidade gástrica.
3. Odinofagia: deglutição dolorosa (infecção ou doença);
O fator intrínseco também é secretado pela mucosa gástrica.
Este componente combina-se com a vitamina B12 da dieta de for- 4. Pirose: sensação de queimação na área médio esternal, cau-
ma que essa vitamina possa ser absorvida no íleo (na ausência do sada pelo refluxo dos conteúdos gástricos para o esôfago;
fator intrínseco a vitamina B12 não pode ser absorvida, resultando 5. Dispepsia: sensação de desconforto durante o processo di-
na anemia perniciosa). O alimento permanece no estômago por um gestivo; dys = mal pepsia = digestão
tempo variado, de meia hora até muitas horas, dependendo do ta- 6. Anorexia: perda de apetite;
manho das partículas alimentares, composição da refeição e outros 7. Náuseas: sensação de desconforto gástrico caracterizada por
fatores. vontade de vomitar;
Ação do intestino delgado - O processo digestivo continua no 8. Vômitos: expulsão dos conteúdos gástricos, em geral após
duodeno. As secreções duodenais procedem: uma sensação de náuseas;
• Do pâncreas (suco pancreático 1 litro/dia): enzimas digesti- 9. Câimbras abdominais: contração muscular espasmódica in-
vas, incluindo a tripsina q/ ajuda na digestão de proteínas, a amilase voluntária que causa desconforto e dor:
q/ ajuda na digestão do amido e a lipase q/ ajuda na digestão das 10. Distensão abdominal: expansão do abdome notada por ob-
gorduras. A secreção pancreática tem um pH alcalino devido à sua servação, percussão ou palpação (aumento da quantidade de ar ou
alta concentração de bicarbonato; líquidos ou presença de massa abdominal);
• Do fígado (500 ml/dia de bile): a bile secretada pelo fígado e 11. Má absorção: incapacidade de absorver nutrientes secun-
armazenada na vesícula biliar ajuda na emulsificação das gorduras dária a um distúrbio GI;
ingeridas, facilitando a sua digestão e absorção; 12. Dor: sensação de desconforto que varia em gravidade;
• Das glândulas intestinais (3 litros/ dia secreção das glândulas 13. Diarreia: expulsão excessiva de fezes aquosas em grande
intestinais): as secreções consistem em muco, que recobre as cs e vol. ou c/ frequência maior.
protege a mucosa do ataque do ácido hidroclorídrico, hormônios, 14. Constipação: frequência diminuída de evacuação fecal, le-
eletrólitos e enzimas. Os hormônios, neurorreguladores e regula- vando à impactação intestinal; a consistência das fezes é mais co-
dores locais encontrados nessas secreções intestinais controlam a mumente seca e dura, entretanto ela pode ser mole e formada se
taxa de secreção intestinal e também influenciam a motilidade GI. estiverem presentes distúrbios de motilidade;
15. Sons intestinais alterados: os sons intestinais ouvidos na
Ação colônica - Cerca de 4 hs após a alimentação, o material
ausculta indicam a passagem de ar e líquidos no trato GI, a faixa
residual passa pelo íleo terminal e, lentamente, pela porção termi-
de frequência normal é de aproximadamente 5 a 25 por minuto;
nal do cólon, através da válvula íleocecal. A cada onda peristáltica
os sons intestinais podem estar diminuídos ou ausentes após uma
do intestino delgado, a válvula se abre rapidamente permitindo q/
cirurgia abdm., ou ser hiperativos ou de som agudo (borborigmos)
um pouco do conteúdo passe para o cólon. A população bacteria-
na é o principal componente do conteúdo do intestino grosso. As como resultado de hipermotilidade do trato GI;
bactérias ajudam no término da degradação do material residual e 16. Melena: fezes escuras indicando a presença de sangue (san-
sais biliares. gramento ou hemorragia);
Uma atividade peristáltica fraca impulsiona o conteúdo colô- 17. Perda de peso: sintoma comum geral// indicando ingestão
nico lentamente ao longo do trato. Este lento transporte permite inadequada ou má absorção.
uma eficiente absorção de água e eletrólitos. O material residual de
uma refeição eventualmente atinge e distende o reto, geralmente Pacientes com Problemas Renal
em cerca de 12 horas. Cerca de 1/4 do material residual de uma
refeição pode permanecer no reto três dias após a refeição ter sido A insuficiência renal aguda é uma síndrome caracterizada pela
ingerida. redução aguda da função renal, em horas ou dias, com conseqüente
As fezes se compõem de resíduos alimentares não digeridos, retenção sérica de produtos nitrogenados, tendo caráter reversível.
materiais inorgânicos, água e bactérias. A matéria fecal tem cerca Refere-se principalmente, à diminuição do ritmo de filtração glo-
de 75% de líquido e 25% de material sólido. A cor marrom das fezes merular e/ou do volume urinário, mas, ocorrem também distúrbios
é devida à degradação da bile pela bactéria intestinal. no controle do equilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia(5), na litera-
tura existem mais de 30 definições de IRA. A utilização de diferen-
tes definições dificulta a comparação de estudos. Recentemente, o
grupo internacional e multidisciplinar Acute Kidney Injury Network

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(AKIN) propôs uma nova definição e classificação da IRA, a fim de Abdome


uniformizar este conceito para efeitos de estudos clínicos e, princi-
palmente, prevenir e facilitar o diagnóstico desta síndrome. A AKIN Abaulamento visível do abdome superior é um achado extre-
propõe o diagnóstico e a classificação da insuficiência renal aguda mamente raro e inespecífico de hidronefrose ou massa renal ou ab-
baseada na dosagem sérica da creatinina e no volume urinário em dominal. Som maciço à percussão no abdome inferior indica disten-
um período de 48 horas. são vesical; normalmente, mesmo uma bexiga cheia não pode ser
percutida acima da sínfise púbica. A palpação da bexiga, algumas
A IRA induzida por contraste, na maioria das vezes, é assinto- vezes, é utilizada para confirmar distensão e retenção urinária.
mática, não oligúrica e os níveis séricos usualmente aumentam em Reto
24 a 72 horas após a exposição, alcançando seu valor máximo em
3 a 5 dias. Durante o toque retal, pode-se detectar prostatite através do
A insuficiência renal aguda, apesar de sua característica reversí- encontro de uma próstata dolorosa e edemaciada. Nódulos focais e
vel, ainda apresenta um prognóstico com índice de mortalidade de áreas pouco endurecidas devem ser distinguidas de câncer da prós-
aproximadamente 50%. Este prognóstico na IRA tem sido associado tata. A próstata pode estar simetricamente aumentada, fibroelásti-
a alguns fatores como oligúria persistente (refratária a volume), fa- ca e não dolorosa na hipertrofia benigna da próstata.
lência de múltiplos órgãos e septicemia. Esta alta mortalidade re-
força ainda mais a necessidade da sua prevenção e a importância Região inguinal e genitais
da atuação do enfermeiro na identificação dos fatores de risco e na
detecção precoce da IRA. O exame inguinal e genital deve ser realizado com o paciente
O contraste iodado é substância radiopaca empregada em exa- em pé. A presença de hérnia inguinal ou adenopatia pode explicar
mes radiológicos, como o cateterismo cardíaco, amplamente utili- dor escrotal ou inguinal. Assimetria grosseira, edema, eritema ou
zado para fins diagnósticos e terapêuticos. Tal substância, apesar de
pigmentação dos testículos podem indicar infecção, torção, tumor
melhorar a visualização das artérias e de outras estruturas anatômi-
ou outras massas. A horizontalização do testículo pode indicar ris-
cas durante o exame, pode provocar reações adversas indesejáveis
co de torção testicular. A elevação de um testículo (normalmente o
que se devem, principalmente, à alta osmolaridade do contraste
esquerdo é mais baixo) pode ser sinal de torção testicular. O pênis
em relação ao sangue.
é examinado com e sem retração do prepúcio. A inspeção do pênis
pode detectar
Pacientes com Problemas urológico
• Hipospádias ou epispádias em meninos ou adultos jovens
• Doença de Peyronie em homens
Dor originada nos rins ou ureteres; em geral, é vagamente lo-
• Priapismo, úlceras e corrimento em todos os grupos
calizada nos flancos ou na região lombar baixa e pode irradiar-se
para fossa ilíaca ipsolateral, coxa superior, testículos ou grandes lá-
bios. Tipicamente, a dor causada por cálculos é em cólica e pode A palpação pode revelar hérnia inguinal. O reflexo cremastérico
ser muito significativa; é mais constante se causada por infecção. A pode estar ausente na torção testicular. A localização das massas
retenção urinária aguda distal à bexiga causa dor suprapúbica ago- em relação aos testículos e o grau e a localização do dolorimento
nizante; a retenção urinária crônica causa menos dor e pode ser podem auxiliar a diferenciar massas testiculares (p. ex., esperma-
assintomática. Disúria é um sintoma de irritação vesical ou uretral. toceles, epididimite, hidroceles, tumores). Em caso de edema, a
A dor prostática manifesta-se como desconforto vago ou sensação área deve ser transiluminada para auxiliar a detectar se o aumento
de peso nas regiões perineal, retal ou suprapúbica. é cístico ou sólido. Placas fibrosas na haste do pênis são sinais de
Os sintomas de obstrução vesical em homens incluem hesita- doença de Peyronie.
ção, força para urinar, diminuição da força e do calibre do jato uri-
nário e gotejamento terminal. Incontinência tem várias formas. A Exames
enurese após os 3 ou 4 anos de idade pode ser um sintoma de este-
nose uretral em meninas, válvulas de uretra posterior em meninos, Exame de urina é fundamental para a avaliação de doenças uro-
alteração psicológica ou, se de início súbito, infecção. lógicas. Os exames de imagem (p. ex., ultrassonografia, tomografia
A pneumatúria (passagem de ar na urina) sugere fístula vesico- computadorizada, ressonância nuclear magnética) são solicitados
vaginal, vesicoentérica ou ureteroentérica; as duas últimas podem com frequência. Para análise do sêmen, Alterações espermáticas.
ser causadas por diverticulite, doença de Crohn, abscesso ou câncer O teste de antígeno do tumor de bexiga para carcinoma de cé-
de cólon. A pneumatúria também pode ser causada por pielonefrite lulas transicionais do trato urinário é mais sensível que a citologia
enfisematosa. urinária para detectar cânceres de baixo grau; não é sensível o sufi-
ciente para substituir o exame endoscópico. A citologia urinária é o
Exame físico melhor exame para detectar câncer de alto grau.
O antígeno prostático específico (PSA, prostate-specific anti-
O exame físico é dirigido aos ângulos costovertebrais, abdome, gen) é uma glicoproteína de função desconhecida produzida pelas
reto, região inguinal e genitais. Em mulheres com sintomas uriná- células epiteliais prostáticas. Os níveis podem estar elevados em
rios, geralmente é feito exame pélvico. câncer de próstata e em algumas doenças comuns não neoplásicas
(p. ex., hipertrofia benigna da próstata, infecção, trauma). Mede-se
Ângulo costovertebral o PSA para detectar recidiva de câncer após tratamento; seu uso
generalizado para a triagem de câncer é controverso.
A dor surgida após percussão com o punho na região lombar,
flancos e no ângulo formado pelo 12º arco costal e espinha lombar
(dolorimento costovertebral) pode indicar pielonefrite, cálculos ou
obstrução do trato urinário.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pacientes com Problemas ginecológico • Acromegalia


• Baixa estatura em crianças
O câncer de colo uterino representa um grande problema de • Diabetes
saúde pública no Brasil. Pesquisa recente em um hospital escola do • Distúrbios da puberdade e da função reprodutiva
Triângulo Mineiro identificou que os cânceres ginecológicos em 321
casos, foram 15 casos (15,63%) dos cânceres de colo de útero (SOA- Os médicos costumam medir os níveis de hormônios no sangue
RES; SILVA, 2010).Segundo dados do instituto nacional de câncer, o para dizer como a glândula endócrina está funcionando. Às vezes,
câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na popu- os níveis sanguíneos sozinhos não fornecem informações suficien-
lação feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer tes sobre a função da glândula endócrina; por isso, os médicos me-
no Brasil (INCA,2014 ).O câncer do colo do útero é caracterizado dem os níveis hormonais depois de dar um estímulo (tal como uma
pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, bebida contendo açúcar, um medicamento ou um hormônio que
comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir possa desencadear a liberação hormonal) ou depois de o paciente
estruturas e órgãos vizinhos ou à distância. (BRASIL, 2013). Conside- ter exercido uma ação (tal como jejum).
ra-se que a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) representa
o principal fator de risco para o câncer de colo do útero. Outros fa- As doenças endócrinas costumam ser tratadas ao repor o hor-
tores foram identificados como de risco, como os socioeconômicos mônio, cujo nível é insuficiente. Contudo, às vezes, a causa da do-
e ambientais e os hábitos de vida (FRIGATO; HOG, 2003). ença é tratada. Por exemplo, se houver um tumor em uma glândula
Segundo o Ministério da Saúde além da importância de reali- endócrina, é possível que ele seja removido.
zar o exame periodicamente, torna-se relevante evidenciar que, ao
longo da vida, a mulher pode estar exposta a fatores de risco para Pacientes com Problemas musculoesquelético e
o câncer de colo uterino, como: idade precoce da primeira relação dermatológico
sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, lesão genital por HPV,
tabagismo, multiparidade, entre outros (BRASIL,2013). As ações Pacientes com Problemas musculoesquelético
de prevenção da saúde são estratégias fundamentais, não só para
aumentar a frequência e adesão das mulheres aos exames, como O sistema osteomuscular compreende principalmente a dois
para reforçar sinais e sintomas de alerta, que devem ser observados sistemas da fisiologia humana: o sistema ósseo e o sistema mus-
pelas usuárias. É fundamental que os processos educativos ocor- cular. A função do sistema ósseo é de proteger, sustentar, armaze-
ram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando- nar e liberar os íons de cálcio e potássio, permitir o deslocamento
-a a realizar os exames de acordo com a indicação (BRASIL, 2013). do corpo servindo como alavanca e de produzir certas células do
Considerando tais dados verifica-se a importância de uma atenção sangue. Os ossos trabalham em conjunto com os músculos que são
voltada para saúde da mulher, oferecendo além dos procedimen- responsáveis pelo movimento.
tos básicos, cuidados especiais que possam prevenir complicações No sistema muscular existe a divisão dos músculos que são
físicas e emocionais. Entende-se que a consulta de enfermagem é lisos e estriados. O músculo liso não faz parte do aparelho loco-
extremamente importante, pois propicia o trabalho do enfermeiro motor, pois eles são responsáveis pela formação de órgãos como o
no desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, bem estomago, intestinos, artérias, etc. O músculo estriado pode ser do
como a atenção ginecológica. tipo músculo esquelético e músculo cardíaco. Os músculos estria-
dos esquelético fazem parte do aparelho locomotor sendo um tipo
Pacientes com Problemas endócrino, hematológico de músculo voluntário.
Os músculos esqueléticos ficam ligados aos ossos pelos ten-
O sistema endócrino é composto por um grupo de glândulas e dões que são formados por tecido conjuntivo altamente denso rico
órgãos que regulam e controlam várias funções do corpo por meio em colágeno no qual se liga de um lado ao periósteo, camada de
da produção e secreção de hormônios. Os hormônios são substân- tecido conjuntivo presente nos ossos e do outro as camadas de te-
cias químicas que afetam a atividade de outra parte do corpo. Em cidos conjuntivos que revestem o ventre muscular ou músculo pro-
essência, os hormônios atuam como mensageiros que controlam e priamente dito, os fascículos e as fibras. E a ligação de um osso a
coordenam as atividades em todo o corpo. outro ou outros é chamado de juntas ou articulações.
As doenças endócrinas dizem respeito a Os ossos se classificam como longo, plano, curto, irregular,
• Uma secreção hormonal excessiva ou pneumático e sesanoides.
• Uma secreção hormonal insuficiente O sistema muscular é composto pelo conjunto de músculos do
corpo humano, são encontrados cerca de 600 músculos no corpo
As doenças podem ser o resultado de um problema na própria humano e eles representam cerca de 40 a 50% do peso total de
glândula ou porque o eixo hipotálamo-hipófise (a interação dos si- uma pessoa. Os músculos têm a capacidade de contrair ou relaxar e
nais hormonais entre o hipotálamo e a hipófise) está fornecendo proporcionam movimentos que permitem que a pessoa ande, cor-
estímulo excessivo ou insuficiente. Dependendo do tipo de célula ra, salte, etc.
da qual são originados, os tumores podem produzir hormônios em
excesso ou destruir o tecido glandular normal, diminuindo a produ- Ortopedia
ção hormonal. Às vezes, o sistema imunológico do organismo ataca
uma glândula endócrina (uma doença autoimune), o que diminui a A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e
produção hormonal. deformidades relacionadas aos elementos do aparelho locomotor,
Exemplos de doenças endócrinas incluem como ossos, músculos, ligamentos e articulações. A traumatologia
• Hipertireoidismo é a especialidade médica que lida com o trauma do aparelho mús-
• Hipotireoidismo culo-esquelético.
• Doença de Cushing No Brasil as especialidades são unificadas, recebendo o nome
• Doença de Addison de “Ortopedia e Traumatologia”.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dentro dos órgãos/ossos do corpo humanos tratados pela or- sas habilitações desempenha na atenção à saúde e na qualificação
topedia temos: Coluna, Joelho, Quadril, Ombro e Cotovelo, Mão, Pé técnica exigida para o atendimento dos usuários, e ainda, orienta o
e Tornozelo. gestor quanto aos requisitos mínimos, para se habilitar um estabe-
As causas das principais lesões ortopédicas são: Artralgia, Ar- lecimento em alta complexidade em Ortopedia.
trose. Artrose Joelho, Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA), Tanto os Centros de Referência de Alta Complexidade em Trau-
Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP), Lesão do Ligamento matologia e Ortopedia quanto às Unidades de Assistência em Alta
Colateral, Lesão Meniscal, Mialgia, Lesões Musculares, Lombalgia, Complexidade em Ortopedia estão aptos a realizar qualquer pro-
Síndrome do Manguito Rotador; Tendinites, Síndrome Patelo Femo- cedimento traumato-ortopédico, independentemente da comple-
ral e Cervicalgia. xidade em que este procedimento se insere. A diferença básica en-
A traumatologia dedica-se ao estudo e ao tratamento das dife- tre as duas habilitações está no papel de formar e qualificar novos
rentes lesões que se podem produzir nas extremidades e na coluna. profissionais na área desempenhada pelos Centros. (Relatório de
Na sua órbita de ação entram as fraturas ósseas, as luxações e dife- Gestão SAS 2016)
rentes classes de contusões.
Os tratamentos da traumatologia podem ser diversos. Alguns Pacientes com problemas dermatológicos
são conservadores, como a implementação de ligaduras ou a colo-
cação de um gesso. Outros tratamentos são mais invasivos, como A pele constitui o maior órgão do corpo humano, envolven-
as intervenções cirúrgicas que são utilizadas para instalar parafusos, do-o e protegendo-o por completo. Montagu (1988, p.30) fala da
placas e outros elementos no interior do corpo. A escolha de um pele como o espelho do funcionamento do organismo: sua cor,
ou outro tratamento é realizada pelo profissional de acordo com o textura, umidade, secura, e cada um de seus demais aspectos re-
tipo de lesão. fletem nosso estado de ser, psicológico e também fisiológico ..., é
Embora a traumatologia ortopédica pareça ser o estudo de espelho de nossas paixões e emoções, sendo como uma roupagem
todo tipo de trauma, ela lida apenas com as lesões ósseas e mus- contínua e flexível, além de ter a mesma origem embrionária que
culares tendinosas dos membros superiores, inferiores, bacia e co- o sistema nervoso. Reveste e limita o organismo, protegendo-o de
luna. O trauma abdominal é avaliado pelo cirurgião geral; o trauma agentes externos, e é importante na manutenção do equilíbrio do
craniano pelo neurocirurgião; o trauma de tórax é avaliado pelo meio interno (Souza et al., 2005). Por configurar o órgão de limi-
cirurgião do trauma ou cirurgião torácico. Erro muito comum é o te entre mundo interno e externo, a pele, quando lesionada, pode
encaminhamento de vítimas de trauma torácico e facial para o orto- trazer constrangimento ao indivíduo. Nesse sentido, Strauss (1989,
pedista, o qual trata do esqueleto axial (coluna) e membros. p.1221) refere que “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fa-
chada que nos expõe”.
Sobre as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético Alguns autores sugerem dificuldades quando da exposição das
lesões de pele, como Fonseca e Campos (2003), ao mencionar que
lesões visíveis causam constrangimento nos pacientes, e Azulay R.
As afecções músculo-esqueléticas representam uns dos princi-
D. e Azulay D. R. (1992), que postulam que “convém lembrar que o
pais agravos à saúde no Brasil. Trata-se de distúrbios de importância
indivíduo com a pele comprometida, sobretudo em áreas desco-
crescente em vários países do mundo, com dimensões epidêmicas
bertas, dificilmente deixa de ficar envergonhado, ansioso e triste”.
em diversas categorias profissionais, principalmente na Traumato-
Nadelson (1978) complementa esta idéia, referindo que a doença
-Ortopedia. Na traumatologia, o crescente problema da violência,
de pele, na mente popular, pode muitas vezes estar ligada à idéia
das doenças ocupacionais, dos acidentes de trânsito e causas ex-
de sujo, feio e contagioso, devendo permanecer afastado. Nesse
ternas, que perfazem mais de 90% dos atos médicos destinados ao
sentido, está implicada a relação entre doenças de pele e aspectos
tratamento das afecções do sistema músculo-esqueléticos, é de ex-
emocionais, mais especificamente o stress, neste estudo. Frente a
trema preocupação, tanto do ponto de vista epidemiológico quan- dados como esses, percebe-se a importância de pesquisas nesta
to da gestão, pelo elevado número de procedimentos realizados e área, explorando as repercussões dos problemas dermatológicos e
pelo alto valor de recursos financeiros envolvidos. buscando sensibilizar a população em geral, assim como os profis-
sionais que trabalham com esses pacientes, para que o atendimen-
SUS e as Afecções Osteomusculares/Músculo Esquelético to abarque as diferentes dimensões do ser humano.
Embora a existência de uma relação entre as alterações psico-
O Sistema Único de Saúde − SUS oferta diversos tratamentos lógicas e as doenças dermatológicas não seja um tema novo, ainda
clínicos, cirúrgicos e de reabilitação na área de ortopedia. Os pro- não é possível definir com clareza que alterações psicológicas são
cedimentos relacionados a essas especialidades estão incluídos em capazes de causar alterações dermatológicas, ou se as enfermida-
várias ações e políticas do Ministério da Saúde. Todos os procedi- des cutâneas crônicas carregam, necessariamente, como qualquer
mentos podem ser consultados no Sistema de Gerenciamento da outro transtorno com essas características, alterações psicopatoló-
Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do Sistema Único gicas significativas (Grimalt, Peri & Torres, 2002). Talvez essa seja
de Saúde (SIGTAP/SUS). uma das razões pelas quais muitas vezes o atendimento ao paciente
Especificamente sobre a atenção especializada no SUS, a área aconteça de forma dissociada, ou seja, o dermatologista se respon-
de ortopedia recebeu atenção especial, principalmente no que dis- sabiliza somente pela dimensão orgânica, a pele, e o psicólogo, pe-
pensa a utilização de alta tecnologia/alta complexidade, com a pu- los aspectos emocionais, de forma isolada.
blicação da Portaria GM/MS nº 221, de 15 de fevereiro de 2005, que Segundo Mingorance, Loureiro, Okino e Foss (2001), muitos es-
instituí a Política de Alta Complexidade em Traumatologia e Ortope- tudos têm sido realizados associando o funcionamento mental do
dia Instituída no SUS. Tal política é regimentada pela Portaria SAS/ paciente com psoríase a correlatos psíquicos: o impacto emocional
MS nº 90, publicada em 27 de março de 2009. Esta Portaria concei- da doença, o aumento de preocupações e a ansiedade estão asso-
tua Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Traumatolo- ciados à piora das lesões, o alto nível de depressão, à presença de
gia e Ortopedia e Centro de Referência de Alta Complexidade em distúrbios no ambiente familiar e outros. Os temas das pesquisas
Traumatologia e Ortopedia, orientando o papel que cada uma des- revelam que a dermatose não está relacionada somente à pele, às

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

questões orgânicas, mas que influencia e é influenciada por outros Além disso, Azambuja (2000) refere a insustentabilidade da
aspectos da vida do indivíduo, tanto questões emocionais quanto o concepção cartesiana de mente e corpo, falando do campo da psi-
próprio contexto em que vive. coneuroimunologia, que “cria um novo contexto em que não exis-
De acordo com Sampaio e Rivitti (2001), é indiscutível que os tem partes separadas, e tudo influencia tudo, tornando-se absurdo
fatores emocionais influenciam inúmeras dermatoses que, de ou- enfocar a patologia e o tratamento unicamente do corpo e, pior
tro lado, atuam no estado mental. A partir da idéia de que toda ainda, de uma de suas partes sem considerar o funcionamento ge-
doença humana é psicossomática, pois incide em um ser provido ral” (p.407).
de soma e psique, inseparáveis anatômica e funcionalmente (Mello No que tange à localização das lesões de pele, a maior parte
Filho, 2002), o adoecimento (neste caso, da pele), pode repercutir dos estudos avalia qualidade de vida. Schmid, Jaeger e Lampre-
em diversos âmbitos da vida do indivíduo. cht (1996) mencionam que os pacientes com lesões na região do
Quando se pensa na inseparabilidade da psique e do corpo, ou baixo ventre e genital relatam sentimentos de estigmatização com
das emoções e da pele, o stress é uma variável importante. Des- maior intensidade do que pacientes acometidos em outras áreas do
de os estudos de Selye, em 1936, o stress é um fator que está re- corpo. Quando se discute local da lesão, está implicada a questão
lacionado ao surgimento e desenvolvimento de doenças. Vivas e da aparência física. No estudo de Mingnorance, Loureiro e Okino
Serritiello (2002) referem que extensos estudos indicam que o (2002), os pacientes que relataram insatisfação quanto à aparência
stressemocional pode exacerbar alguns eventos, como na psoría- física, quando comparados ao grupo com percepção satisfatória da
se, por exemplo. Steiner e Perfeito (2003) corroboram esta idéia, aparência, apresentaram prejuízo significativamente maior nas ati-
mencionando que “o stress físico ou emocional tem repercussões vidades rotineiras (p<0,05) e na qualidade de vida geral (p<0,01).
em inúmeras dermatoses e estas, indiscutivelmente, também são No estudo de Ludwig e Oliveira (2007), que avaliou qualidade
geradoras de stress” (p.113). de vida e localização da lesão dermatológica, não foram encontra-
A literatura, de modo geral, enfoca a influência do stress no das diferenças significativas na comparação entre dois grupos (ros-
desenvolvimento das dermatoses (Asadi & Usman, 2001; Picardi, to e/ou mãos; outras partes do corpo), sendo o número de associa-
Porcelli, Pasquini & Fassoni, 2006; Taborda, Weber & Freitas, 2005), ções entre os instrumentos de qualidade de vida SF-36 (qualidade
e poucos são os estudos que avaliam o contrário, ou seja, o quanto de vida geral) e DLQI-BRA (qualidade de vida específica) muito su-
a lesão de pele interfere no grau de stress do indivíduo. Lipp (1996) perior no grupo com lesões em rosto e/ou mãos. Quando se fez a
refere as doenças relacionadas ao stress e cita a psoríase entre as divisão mais detalhada da localização da lesão, em cinco grupos,
mais estudadas, sugerindo que «doenças relacionadas ao stress se- houve diferenças significativas, sendo o grupo com a maior media-
jam classificadas como psicofisiológicas, termo este que enfatiza a na aquele com lesões generalizadas (rosto e mãos e outras). As au-
correlação entre aspectos físicos e psicológicos que se manifestam toras inferem que, independentemente da localização da lesão no
de modo quase que inseparável durante a resposta ao stress”. corpo, o sentimento de exposição e os prejuízos a que fica subme-
Hoffmann, Zogbi, Fleck e Müller (2005) mencionam que o viti- tido o paciente dermatológico são semelhantes, seja a lesão mais
ligo está associado a fatores psicológicos, visto que, no estudo de exposta ou menos exposta ao olhar do outro.
Müller (2005), o aparecimento da doença se deu após situação de Kadyk, McCarter e Achen (2003) estudaram qualidade de vida
stress emocional. O’leary, Creamer, Higgins e Weinman (2004) estu-
em pacientes com dermatite de contato, encontrando um escore
daram as causas atribuídas pelos pacientes psoriáticos à sua doen-
significativamente pior no item relacionado à aparência da pele,
ça, e encontraram uma grande proporção dos pacientes referindo o
em comparação aos que não têm a face acometida. Além disso, pa-
stress como a causa da sua doença. Esta crença está associada a um
cientes com a face afetada sentem um maior grau de prejuízo, que
baixo bem-estar psicológico e à percepção de que a psoríase tem
tende a ser significativo, e apresentam escores melhores do que
um impacto emocional muito grande. Apesar da prevalência desta
aqueles sem acometimento da face em duas questões: medo de ser
crença, os níveis de stress, mesmo fortemente associados ao humor
despedido e dificuldade de usar as mãos no trabalho.
e à qualidade de vida, não foram associados com a severidade da
psoríase. Não houve diferenças significativas, nas escalas de sintomas ou
O stress psicológico e a ansiedade têm sido reconhecidos clini- emoções, entre ter ou não as mãos afetadas, no mesmo estudo. Os
camente pelos dermatologistas como fatores relacionados à piora autores da pesquisa referem diversos relatos de que a dermatite de
das lesões de pele (Fortune, Main, O’Sullivan & Griffiths, 1997). No contato nas mãos afeta negativamente as habilidades para traba-
estudo de Amorim-Gaudêncio, Roustan e Sirgo (2004), que avaliou lhar e continuar as atividades diárias normais.
dois grupos, um com e outro sem dermatoses, foram encontradas Também M.A. Gupta e A.K. Gupta (2003) e Hautman e Panco-
associações entre altos níveis de ansiedade e stress em pessoas que nesi (1997) apontam a importância de considerações sobre o tema
sofrem de dermatoses inflamatórias crônicas. da localização da lesão, referindo que até mesmo uma doença be-
Panconesi e Hautmann (1996), em um artigo sobre a psicofisio- nigna em partes do corpo “carregadas de emoção” (por exemplo, o
logia do stress na dermatologia, referem que os fatores genéticos e rosto, a cabeça e o pescoço) pode debilitar particularmente o pa-
de percepção podem influenciá-lo, sendo a percepção do indivíduo ciente.
sobre o desafio que o estímulo específico implica o fator mais im-
portante. Assistência de Enfermagem em UTI.
Em relação aos problemas dermatológicos, Azambuja (2000)
menciona que existem íntimas ligações entre o sistema nervoso e UTI’s podem ser classificadas em Adulto, Pediátrica, Pediátrica
a pele, o que a torna extremamente sensível a emoções, de forma Mista (Pediátrica e Neonatal), Neonatal e as UTI’s Especializadas,
que qualquer problema de pele, independentemente de sua causa, dentre elas destacamse: Cardiológica ou Coronariana, Cirúrgica,
tem impacto emocional. O autor discorre ainda que o stress, seja Neurológica, Transplante, dentre outras.
físico, psicológico ou ambiental, provoca no indivíduo reações como Este é o local no hospital destinado à oferta do SAV – Supor-
taquicardia, diminuição da temperatura do corpo, entre outras, e te Avançado de Vida ao paciente agudamente enfermo que tenha
que atualmente um número crescente de cientistas tem aceitado o chances de sobreviver; e essa definição nos traz algumas reflexões e
stress como fator precipitante de qualquer doença, não apenas das questionamentos, principalmente na falta de critérios para internar
psicossomáticas. pacientes em UTI.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não muito raro, observamos em nosso cotidiano profissional Observa-se ainda, que, em sua grande maioria, o trabalho nas
e acadêmico, diversos pacientes fora destes critérios que eu citei UTIs está voltado para a assistência norteada pelo modelo biomé-
acima hospitalizados nesta área: pacientes crônicos e sem qualquer dico, ou seja, para o corpo do paciente e para as patologias, muitas
prognóstico, sem mais condições terapêuticas, sem nenhum esfor- vezes, esquecendo-se de outros aspectos que também compõem e
ço ou tecnologia disponível que possa reverter o quadro terminal interferem na evolução de uma doença.
de saúde, causando apenas um prolongamento do estado de termi- Para se atingir a assistência humanizada é preciso criar a pos-
nalidade desses indivíduos em especial. sibilidade da existência desses outros fatores que fazem parte da
Esse é um exemplo, mas ainda vale destacar uma ocorrência vida do ser humano, sua história, seus sentimentos, sua cultura,
também muito comum, que é a internação de pacientes submetidos seu modo de viver. Dessa forma, considera-se importante que toda
a algum procedimento cirúrgico, que poderiam ser monitorados no equipe de saúde que trabalha em UTI reflita sobre os princípios
próprio Centro Cirúrgico, nas salas de Recuperação PósAnestésica e, direcionadores da assistência. Nesse sentido, é relevante compre-
logo que devidamente despertos e estáveis, seriam encaminhados ender os próprios sentimentos enquanto profissionais da área da
para as Unidades de Internação (quartos/enfermarias), mas infeliz- saúde nessa unidade, para conseguir acolher os sentimentos dos
mente, em muitos casos, ainda são direcionados às UTI, fato este pacientes e de seus familiares.
que além de aumentar o tempo de internação desses pacientes, Observa-se que muitos sentimentos dos profissionais de saúde
ainda os colocam em maior risco de infecções, pois a unidade de são negados ou velados, ignorando-se a complexidade do ambiente
terapia intensiva é um ambiente de alta complexidade. estressante em que atuam.
Outro fato que vale ressaltar é a ocupação de um leito de UTI Diante do exposto interroga-se: como é trabalhar em uma
com pacientes não elegíveis para tal, isto acontece muitas vezes UTI? Como será que o trabalhador técnico de enfermagem se sente
por falta de disponibilidade de leitos comuns. Isso pode gerar um
nessa unidade, convivendo com a iminência da morte? Que senti-
problema para pacientes dentro dos critérios (ou seja, pacientes
mentos surgem ao trabalhar nessa unidade? Como lidam com esses
agudamente enfermos que tenham chances de sobreviver), que
sentimentos?
acabam às vezes agravando sua situação de saúde ou até levandoos
a óbito por falta de leito de UTI.
Diante dessas interrogações, o presente estudo teve como ob-
jetivo identificar os significados atribuídos pelos técnicos de enfer-
Fonte: https://www.iespe.com.br/blog/oqueeunidadedete-
magem ao vivenciarem o processo de trabalho na UTI.
rapiaintensiva/
Acredita-se que é um desafio aprofundar esse tema, mas é de
importância ímpar, pois pode contribuir para revelar os sentimen-
ENFERMAGEM EM UTI ADULTO
tos vivenciados pelos técnicos de enfermagem de UTI, contribuindo
Nas instituições de saúde e, principalmente, nos hospitais, o para que os enfermeiros, gerentes do processo de trabalho nesse
serviço de enfermagem representa papel fundamental no processo local, conheçam as reais necessidades desse profissional. Assim, o
assistencial em qualquer unidade. Em se tratando de pacientes em enfermeiro pode planejar medidas visando adequar as condições
estado crítico em unidades de terapia intensiva (UTIs) essa assistên- laborais de acordo com os recursos disponíveis, aumentando a
cia é tida como complexa e especial. atenção à saúde do trabalhador, bem como propiciar melhora efeti-
No Brasil, as primeiras UTIs foram implantadas na década de va na assistência ao paciente, familiares e comunidade.
1970 e se tornaram unidades especializadas e consideradas como Da análise das unidades de significados interpretadas de cada
de alta complexidade. Foi necessário a aquisição de equipamentos um dos discursos foram obtidas cinco categorias que, conjuntamen-
cada vez mais sofisticados para se manter ou prolongar a vida das te, revelaram o fenômeno: o que significa trabalhar na UTI para os
pessoas. Houve, também, necessidade de aperfeiçoamento dos re- técnicos de enfermagem.
cursos humanos que ali desempenham suas atividades continua- A primeira categoria foi denominada: o cuidado ao ser humano
mente. como finalidade do trabalho dos técnicos de enfermagem. Foi evi-
As UTIs configuram-se como locais que têm por finalidade o denciada nos depoimentos a seguir.
tratamento dos doentes considerados graves e de alto risco, deven- (.....) onde você tem a oportunidade de estar cuidando do ser
do dispor de recursos materiais e humanos que possibilitem vigilân- humano, do seu próximo, é diferente de mexer com exames de la-
cia constante, atendimento rápido e eficaz, baseados no objetivo boratórios, com pipetas, é outro tipo de sentimento. A gente aqui
comum que é a recuperação dos indivíduos(1). mexe com o ser humano.
A importância do trabalho em equipe de enfermagem e de A gente administra as drogas necessárias, aspira, conversa (....)
saúde na UTI é imprescindível para a efetiva qualidade da assis- busca atender a pessoa na íntegra, a enfermagem é continuidade, é
tência ao paciente e seus familiares. Os trabalhadores enfrentam nossa responsabilidade cuidar dos pacientes (E1).
cotidianamente as diversas dificuldades relacionadas à complexida- Aqui você trabalha com tudo, tudo que é tipo de doença, de
de técnica da assistência a ser prestada, às exigências e cobranças paciente. A experiência é boa, você sabe que a pessoa depende de
dos pacientes, familiares, muitas vezes dos médicos, da instituição, você. (....) você sabe que praticamente todos os pacientes depen-
dentre outros. dem dos cuidados que você faz, é assim eles dependem exclusiva-
Na maioria das instituições de saúde, o enfermeiro freqüen- mente dos cuidados da gente é cuidar do paciente como um todo.
temente assume as atividades de gerenciamento e supervisão das (....) então se você não fizer é lógico que vai prejudicar, a medicação
atividades e a grande parcela dos cuidados diretos ao paciente é tem que ser na hora certa, virar o paciente, aspirar e todos os ou-
realizado por técnicos de enfermagem. São esses técnicos que exe- tros cuidados, é você cuidar da pessoa como um todo é você que
cutam as atividades consideradas mais pesadas, cansativas e indis- tem a responsabilidade do doente (E3).
pensáveis à assistência dos pacientes como higiene, alimentação, As falas demonstram que o significado de cuidado ao paciente
terapêutica medicamentosa, realização de curativos, entre outras é importante para os técnicos de enfermagem, devendo buscar a
atividades consideradas essencialmente manuais. assistência contínua e individualizada. A finalidade de cuidar é vista
como integral, assumindo isso como uma responsabilidade.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O cuidado é uma constituição ontológica sempre subjacente a A terceira categoria que emergiu foi designada: vivenciado o
tudo que o ser humano empreende, projeta e faz. É reconhecido trabalho em equipe. Esse fato foi apontado nos discursos dos en-
como o modo de existir essencial ao ser humano. Considerando o trevistados, os quais entendem que o trabalho na UTI é realizado
cuidado enquanto essência do homem, ele diz respeito à própria através da união da equipe, tendo por características o companhei-
formação do indivíduo; o que une o espírito é o cuidado. A pessoa, rismo, a colaboração, a humanização, a compreensão e também as
através do cuidado, expressa o que sente, pensa e acredita. É pelo relações de hierarquia entre seus integrantes. Os depoimentos a
cuidado que ele constrói o mundo e sua história. seguir mostram essa realidade.
A enfermagem tem sido descrita como a ciência do cuidado e (.....) é a união, a gente tem que trabalhar com o paciente da
os cuidados são realizados, na grande maioria das vezes, por auxi- gente como também auxiliar o companheiro tem que ser uma equi-
liares e técnicos de enfermagem preparados para essa função(7-8). pe(E1).
É possível cuidar do paciente de forma integral, como um indi- Você tem respaldo da chefia em tudo é um trabalho hierarqui-
víduo em toda sua complexidade, com determinantes biológicos, zado e em equipe (E2).
sociais, psicológicos, familiares, culturais e ambientais, pois o cerne O trabalho aqui é em equipe, mas o que diferenciou para mim
do trabalho de enfermagem não deve ser apenas o corpo biológico, de outros locais foi a humanização das pessoas, principalmente dos
mas, sim, o ser humano em todos os seus aspectos(7-8). funcionários, o companheirismo, a solidariedade, muito compa-
O trabalhador de enfermagem almeja ser responsável em suas nheiro mesmo, o colega pergunta o que você tem hoje? Ele compre-
ações de cuidado, uma vez que os pacientes estão sob sua respon- ende que você não está bem, não te cobra, procura entende (E4).
sabilidade e necessitam de assistência para a recuperação da saúde Trabalhar em equipe é fundamental na dinâmica das inter-re-
É fundamental para o trabalhador de enfermagem estar preo- lações e no vínculo entre os componentes. Trabalhar em grupo po-
cupado com o cuidado ao paciente, pois quem presta o cuidado ex-
tencializa a realização do trabalho e, como conseqüência, há aten-
pressa ou não a solidariedade, o compromisso, a dedicação, dentre
dimento com maior qualidade aos pacientes.
outros atributos necessários para os pacientes e familiares.
A forma mais democrática, produtiva e humanizada de se efe-
A segunda categoria foi nomeada: vivenciando o desgaste no
tuar o trabalho em saúde tem sido a organização baseada na for-
cotidiano do processo de trabalho dos técnicos de enfermagem. Os
trabalhadores entrevistados expuseram a sobrecarga de trabalho mação de equipes. O labor transcorre com mais tranqüilidade e as
e o ambiente pesado da UTI que gera cansaço, estresse, desgaste relações em grupo passam da formalidade para a informalidade por
físico e mental, conforme foi percebido nos depoimentos que se alguns momentos, no sentido de os membros dessa equipe terem
seguem. liberdade de expor seus problemas relacionados ao ambiente de
(...) É também um ambiente pesado, cansativo, torna-se can- trabalho, bem como os pessoais.
sativo porque você tem dois ou três pacientes para você às vezes Quando há espaço que favorece a interação e a integração en-
tocar, porque o número de funcionários às vezes não é grande e a tre os membros da equipe de enfermagem e, também, o trabalho
demanda dos paciente é sempre grande (....) É estressante porque a ser desenvolvido é planejado e realizado dentro da competência
você trabalha com paciente entubado, totalmente inconsciente, de cada um ocorre o envolvimento de todos, favorecendo o com-
totalmente dependente da enfermagem, você tem que fazer tudo prometimento e a implementação das atividades conjuntamente.
por ele, e as vezes você fica estressado, fica cansado no físico e no Nos depoimentos dos entrevistados, eles reconhecem que há
mental (E1). uma hierarquia estruturada, mas pautada na flexibilidade, na ajuda,
(....) mas, às vezes, dependendo do período é bem desgastante, no estar sempre presente nos momentos em que necessitam de
quando falta um funcionário mesmo você tem que assumir o lugar auxílio.
do outro colega que não veio, você assume mais de dois pacientes, A postura autoritária dos supervisores, coordenadores e/ou
eu acho muito corrido, cansativo, e acaba estressando a gente, é chefes de enfermagem não contribui para o bom desempenho dos
também um cansaço porque você percebe que o paciente veio aqui membros da equipe, ao contrário, provoca distanciamento entre
para morrer e um desgaste mental (E2). todos, inclusive dos pacientes. Quando há proximidade entre os
O trabalho de enfermagem na UTI desenvolve-se em um ce- indivíduos da equipe, ocorre facilidade no trabalho e até mesmo
nário do qual fazem parte pacientes em estado crítico de saúde, troca de conhecimentos.
dependentes da assistência, transformando esse ambiente em um Os discursos dos técnicos de enfermagem desvelam que os en-
lugar estressante, cansativo e com sobrecarga de trabalho. fermeiros estão adotando postura norteada pela gerência participa-
O labor em UTI, por ser uma unidade complexa e com muitas tiva, flexível, preservando o compromisso com todos os integrantes
atividades no cotidiano dos trabalhadores, pode levá-los a desenca- da equipe e com a assistência aos pacientes, tornando o ambiente
dear o estresse ocupacional.
de trabalho harmonioso e com características de equipe em que
Trabalhar em unidades críticas é deparar-se com a morte imi-
todos se ajudam mutuamente.
nente constantemente, com o sofrimento de quem está sendo cui-
A quarta categoria foi nominada: vivenciando o trabalho como
dado e também dos familiares desse cliente, sendo que tais fatores
uma experiência que traz sentimentos ambíguos. No cotidiano do
podem levar ao estresse.
O conhecimento do sofrimento mental na saúde é antigo, po- trabalho na UTI, foi identificado que os técnicos de enfermagem
rém, constitui-se em desafios para os profissionais que desenvol- vivenciam muitos sentimentos paradoxais. Nos discursos verificou-
vem atividades específicas de saúde mental para os indivíduos em -se que caminham juntos: alegria e tristeza, sofrimento e prazer,
qualquer ambiente. estresse e gratificação, realização pessoal e impotência, conforme
É de importância ímpar criar espaço para ouvir e ser ouvido, demonstram os relatos a seguir.
compartilhar os sentimentos vivenciados, contribuindo para am- Então existem os dois lados, o estressante e o gratificante. Tem
pliar a consciência de todos sobre o que está acontecendo com um sentimento de perda também, quando você se aproxima muito
cada um dos trabalhadores em seus diversos aspectos(13). É neces- das pessoas, ganha carinho da pessoa e retribui quando o paciente
sário, no entanto, o acompanhamento de profissionais especialistas está consciente e de repente ele falece [ ] então você sente aquela
para que se desenvolva um trabalho específico, a fim de ser evitado perda também (E1).
ou diminuído o estresse e o sofrimento vivenciados.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(...) Às vezes me pergunto será que eu podia ter feito mais algu- A construção da identidade profissional mobiliza um processo
ma coisa, a gente se sente meio impotente com esse tipo de situa- de retribuição simbólica de reconhecimento do trabalhador em sua
ção, mas por outro lado, há momentos de prazer quando o paciente singularidade pelo outro, por meio das suas contribuições à orga-
recupera, quando tem alta, quando você vai insistindo e vê que va- nização do trabalho. A identidade é mediada, então, pela atividade
leu a pena investir no paciente (E2). do trabalho que envolve o julgamento dos pares. O coletivo surge
(....) Também a gente fica estressada e triste porque o pacien- como uma ligação de fundamental importância e é o ponto sensível
te fica muito tempo com a gente, você trabalha em cima dele e da dinâmica intersubjetiva da identidade no trabalho.
vê que não adiantou, ele faleceu (....) o sentimento de impotência, A identidade representa a abertura que cada um, em um deter-
será que fiz tudo que foi necessário? Mas tem o lado da gratificação minado momento, consegue ter diante do mundo no qual está. Em
quando você investe e vê que o paciente dia-a-dia vai se recuperan- toda parte, onde quer que se mantenha qualquer tipo de relação,
do até ter alta, é muito prazeroso a gente se realiza como pessoa e com qualquer tipo de ser no mundo, há a interpelação pela iden-
profissional (E3). tidade. Em cada identidade reside uma relação, uma ligação, uma
Os achados do presente estudo são semelhantes aos encon- união. Dessa forma, a identidade surge na história com o caráter da
trados em pesquisa realizada com equipe multiprofissional de uma unidade.
UTI, na qual os resultados revelaram que, para os membros da equi- Em um estudo com professores passando por transformações
pe, a morte representa o sofrimento, a perda e o sentimento de curriculares intensas, observou-se inicialmente a perda da identida-
impotência desses profissionais. de profissional e, somente com a vivência do processo, o confronto
A morte é capaz de provocar para o trabalhador de enferma- com as dificuldades e após o ganho da familiaridade da nova ação é
gem e saúde a vivência de sentimentos de sofrimento, questionan- que a identidade profissional foi ressignificada.
do sobre o que poderia e que deixou de ser feito para manter ou A experiência de ser trabalhador técnico de enfermagem na
recuperar a vida do paciente sob seus cuidados. UTI leva-o a ampliar suas percepções sobre si mesmos, contribuin-
Em síntese, a morte de um paciente na UTI é sempre uma do com o seu aprendizado para o aprimoramento profissional e a
possibilidade de situação geradora de sofrimento para os trabalha- vivência de forma mais autêntica, participando dessa realidade e
dores de enfermagem e de saúde, pois vivenciam sentimentos de crescendo com ela.
impotência, fracasso profissional e os vínculos que foram estabele- Este estudo não teve a pretensão de esgotar essa temática,
cidos são rompidos, às vezes, abruptamente. principalmente considerando as limitações quando se estuda um
tema que envolve a subjetividade dos indivíduos. Porém, pode-se
Por outro lado, há o sentimento de gratificação, de prazer, de dizer que esses resultados mostram a realidade vivenciada em uma
realização pessoal e profissional quando o paciente recebe alta. É o UTI.
sentimento de se ter cumprido com a sua missão que é o cuidar, ou
seja, o salvar vidas, sentir-se útil. Descrição sumária
Quando o paciente se recupera, o trabalhador de enfermagem
sente-se vitorioso e desfruta de sentimentos de prazer. Consegue Orientar e executar o trabalho técnico de enfermagem, partici-
perceber que os resultados de seus esforços valeram à pena. Vi- pando da elaboração do plano de assistência de enfermagem, em
vencia a sensação de que colaborou para que o paciente grave se
conformidade com as normas e procedimentos de biossegurança.
recuperasse e sente que conquistou uma nova vida.
A quinta categoria foi identificada como:criando uma identida-
Descrição detalhada
de com a UTI. É demonstrada nas expressões dos sujeitos que, mes-
1. Executar ações assistenciais de enfermagem, sob supervisão,
mo reconhecendo o processo de trabalho na UTI como desgastante,
observando e registrando sinais e sintomas apresentados pelo do-
estressante e que pode levá-los a viver momentos de tristeza, os en-
ente, fazendo curativos, ministrando medicamentos e outros.
trevistados aprenderam a lidar com essas situações, acostumando-
2. Executar controles relacionados à patologia de cada pacien-
-se com a rotina da unidade e criando laços fortes de identificação
te.
com a mesma, como é constatado nos discursos a seguir.
Mas a gente acaba se acostumando com a rotina, com o tempo. 3. Coletar material para exames laboratoriais.
Você vai ficando mais embrutecida. Você acostuma com os cole- 4. Auxiliar no controle de estoque de materiais, equipamentos
gas, com a rotina, com tudo (....) e aí quero é ficar aqui mesmo. Eu e medicamentos.
aprendi muita coisa é claro que aqui (E2). 5. Operar aparelhos de eletrodiagnóstico.
(...) a gente aprende a lidar com as coisas aqui dentro, porque 6. Cooperar com a equipe de saúde no desenvolvimento das
acontece constantemente e vemos que somos úteis, não quero ir tarefas assistenciais, de ensino, pesquisa e de educação sanitária.
para outra unidade aprendi muito aqui e continuo a aprender (E3). 7. Fazer preparo pré e pós operatório e pré e pós parto.
Quando eu estava querendo desistir dessa área, porque sem- 8. Auxiliar nos atendimentos de urgência e emergência.
pre trabalhei no comércio eu vim para cá, e agradeço a Deus por ter 9. Circular salas cirúrgicas e obstétricas, preparando a sala e o
passado no concurso, no começo fiquei chocada, mas vi que existia instrumental cirúrgico, e instrumentalizando nas cirurgias quando
outro lado. Eu não saio daqui para outro setor de maneira nenhu- necessário.
ma, aqui eu aprendi muito e tenho aprendido todos os dias (E4). 10. Realizar procedimentos referentes à admissão, alta, trans-
Os depoimentos indicam que os trabalhadores, ao se familiari- ferência e óbitos.
zarem com o cotidiano da UTI, se fortalecem para o enfrentamento 11. Manter a unidade de trabalho organizada, zelando pela sua
dos sofrimentos e conseguem, com maior freqüência, utilizar estra- conservação comunicando ao Enfermeiro eventuais problemas.
tégias defensivas conscientes ou não. A partir disso, criam identi- 12. Auxiliar em serviços de rotina da Enfermagem.
ficação com o seu local de trabalho e não querem ser transferidos 13. Colaborar no desenvolvimento de programas educativos,
para outras unidades. atuando no ensino de pessoal auxiliar de atividades de enfermagem
e na educação de grupos da comunidade.
14. Verificar e controlar equipamentos e instalações da unida-
de, comunicando ao responsável.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

15. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle das doenças Um centro criado em 1947 na Universidade do Colorado , além
transmissíveis em geral, em programas de vigilância epidemiológica dos cuidados prestados aos prematuros, possuía leitos para mães
e no controle sistemático da infecção hospitalar. com gravidez de risco para parto prematuro e programas de treina-
16. Auxiliar o Enfermeiro na prevenção e controle sistemático mento para serem ministrados em todo o Colorado.
de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a Arvo Ylppo, pediatra finlandês, publicou monografia sobre
assistência de saúde. patologia, fisiologia, clínica, crescimento e prognóstico de recém-
17. Desempenhar tarefas relacionadas a intervenções cirúr- -nascidos, relatos que serviram como ponto inicial para pediatras
gicas médico-odontológicas, passando-o ao cirurgião e realizando clínicos, professores e investigadores . Em 1924, o pediatra Albert
outros trabalhos de apoio. Peiper, interessou-se pela maturação neurológica de prematuros.
18. Conferir qualitativa e quantitativamente os instrumentos Silverman foi pioneiro em estabelecer o uso de processos cuidado-
cirúrgicos, após o término das cirurgias. samente controlados em berçário de prematuros. O interesse da
19. Orientar a lavagem, secagem e esterilização do material ci- Dra. Dunhan sobre problemas clínicos dos recém-nascidos levou-
rúrgico. -a enfatizar a importância do controle contínuo dos dados federais
20. Zelar, permanentemente, pelo estado funcional dos apa- sobre a mortalidade de recém-nascidos. Isto serviu de base para
relhos que compõe as salas de cirurgia, propondo a aquisição de a política federal, aumento do interesse nos serviços de cuidados
novos, para reposição daqueles que estão sem condições de uso. materno-infantis assim como nas pesquisa peri e neonatais.
21. Preparar pacientes para exames, orientando-os sobre as Ainda segundo AVERY (1984), o termo Neonatologia foi estabe-
condições de realização dos mesmos. lecido por Alexander Schaffer cujo livro sobre o assunto, “Diaseases
22. Registrar os eletrocardiogramas efetuados, fazendo as ano- of the Newborn”, foi publicado primeira vez em 1960 , esse livro
tações pertinentes a fim de liberá-los para os requisitantes e possi- junto com o “Physiology of the Newborn Infant”, de Clement Smint,
bilitar a elaboração de boletins estatísticos. constituem a base do novo campo.
23. Auxiliar nas atividades de radiologia, quando necessário. O trabalho da enfermagem é muito importante na Neonato-
24. Executar tarefas pertinentes à área de atuação, utilizando- logia, pois a enfermeira pode acompanhar o desenvolvimento da
-se de equipamentos e programas de informática. criança antes, durante e depois do nascimento, prestando assistên-
25. Executar outras tarefas para o desenvolvimento das ativida- cia à gestante, à parturiente, à puérpera e ao recém-nascido.
des do setor, inerentes à sua função. O nascimento de uma criança hígida e sadia, a sua sobrevivên-
cia e desenvolvimento normal constituem o objetivo da Enferma-
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi- gem Perinatal (FONTES et al., 1984). O trabalho da enfermagem é
d=S1806-69762008000200007 muito importante na Neonatologia, pois a enfermeira pode acom-
http://www.drh.uem.br/Proposta/Cargos/suporte/descricao- panhar o desenvolvimento da criança antes, durante e depois do
sup/tecnico_de_enfermagem.htm nascimento, prestando assistência à gestante, à parturiente, à puér-
pera e ao recém-nascido.
A Enfermeira Neonatal trabalha em dois setores de fundamen-
ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL, MATERNO INFANTIL E
tal importância: alojamento conjunto e unidade de cuidados inten-
PEDIATRA
sivos neonatais.
O alojamento conjunto, conceituado por Pizzato (apud FONTES
A Neonatologia é um campo vasto em desenvolvimento e re-
et al., 1984), é um sistema especial de instalações em maternidade
presenta hoje um grande campo de pesquisa e assistência. É um
, no qual a mãe e o filho podem conviver na mesma área, favore-
campo jovem, uma sub-especialidade da pediatria que se ocupa do
cendo, através desta aproximação e do contato físico, atendimento
recém-nascido, ou seja, do ser humano nas primeiras quatro sema-
às necessidades afetivas, sociais e biológicas da criança e de sua
nas de vida (VIEGAS et al.,1991). Tem por finalidade a assistência ao mãe. A enfermeira é responsável pela elaboração e manutenção de
recém-nascido, bem como a pesquisa clínica, sendo sua principal um plano educacional, organização, administração da assistência de
meta a redução da mortalidade e morbilidade perinatais e a pro- enfermagem ao recém-nascido e a mãe, coordenação dessa assis-
cura da sobrevivência do recém-nascido nas melhores condições tência, desenvolvimento de atividades no campo multidisciplinar,
funcionais possíveis (MARCONDES et al., 1991). orientação, ensino e supervisão dos cuidados de enfermagem pres-
tados, entre outras (VIEGAS,1986).
HISTÓRICO Na unidade de cuidados intensivos neonatais são internados os
recém-nascidos prematuros, que correm risco de vida e necessitam
A história do surgimento da Neonatologia é relatada por AVERY de cuidados 24h por dia. Além das responsabilidade já citadas, a
(1984) em seu livro “Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Re- enfermeira deve promover adaptação do recém-nascido ao meio
cém-Nascido”. Segundo esse autor, a Neonatologia, como especia- externo (manutenção do equilíbrio térmico adequado, quantidade
lidade, surgiu na França. Um obstetra, Dr Pierre Budin, resolveu ideal de umidade, luz, som e estimulo cutâneo), observar o qua-
estender suas preocupações além da sala de parto e criou o Ambu- dro clínico (monitorização de sinais vitais e emprego de procedi-
latório de Puericultura no Hospital Charité de Paris, em 1882. Pos- mentos de assistência especiais), fornecer alimentação adequada
teriormente, chefiou um Departamento Especial para Debilitados para suprir as necessidades metabólicas dos sistemas orgânicos em
estabelecido na Maternidade por Madame Hery , antiga parteira desenvolvimento (se possível, através de aleitamento materno),
chefe . Em 1914, foi criado por um pediatra, Dr Julius Hess, o primei- realizar controle de infecções, estimular o recém-nascido, educar
ro centro de recém-nascidos prematuros no Hospital Michel Reese, os pais, estimular visitas dos familiares, dentre outras atividades
em Chicago. Depois disso, foram criados vários outros centros, que (FONTES,1984).
seguiram os princípios de um obstetra, Dr Budin e de um pediatra
,Dr Hess, para a segregação dos recém-nascidos prematuros com a Fonte: http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/neo.htm
finalidade de lhes assegurar enfermeiras treinadas com dispositivos
próprios, incluindo incubadoras e procedimentos rigorosos para a
prevenção de infeções.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O enfermeiro ao longo dos anos vem buscando um saber em- - O enfermeiro deve promover um ambiente saudável à criança
basado técnica e cientificamente para a realização de um cuidado e de interação buscando a cooperação da criança;
eficaz e consequentemente uma melhor qualidade de vida ao pa- - Para o enfermeiro é necessário conhecer o Estatuto da Crian-
ciente e ao próprio profissional de saúde, a partir da satisfação pro- ça e do Adolescente e agir sempre na intenção de cumpri-lo;
fissional. - O enfermeiro tem responsabilidade de promover a segurança
Com o objetivo principal de manter o bem-estar da criança e no atendimento à criança em todas as suas fases, por meio de pro-
sua reabilitação, a enfermagem vem desenvolvendo uma nova con- cedimentos técnicos isentos de riscos e manutenção da criança em
cepção de assistência integral, com inserção de novas responsabi- ambiente seguro quando nos momentos de consulta de enferma-
lidades ao pessoal de enfermagem, aperfeiçoando os métodos de gem e internação hospitalar;
trabalho, técnicas, normas e rotinas (CAMPESTRINI, 1991). - Cabe ao enfermeiro manter sua equipe de atendimento ca-
Com o decorrer dos anos, a preocupação com a saúde das pacitada para a prestação da assistência de enfermagem infantil,
crianças vem aumentando em todas as potências mundiais, mesmo construindo em conjunto com os demais profissionais da especia-
em países subdesenvolvidos, onde as taxas de morbimortalidade lidade pediátrica protocolos de atendimento, maneiras de relacio-
infantil destacam-se. namento entre a equipe, criança e pais; capacitação e atualização
Criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, houve a re- técnica diante de todos os procedimentos realizados em seu local
pressão do trabalho infantil, acelerou-se a fiscalização sobre a vio- de trabalho, entre outros;
lência e abuso sexual na infância, destaca-se em várias campanhas - O enfermeiro em sua atuação no atendimento infantil deverá
educativas a prevenção de acidentes na infância, estimula-se a contribuir para a adaptação da criança ao meio, na consulta ou na
criança a frequentar a escola, as políticas de saúde na atenção à internação hospitalar.
criança baseiam-se na prevenção educativa entre pais e filhos, en-
fim, várias ações são implementadas no cotidiano das crianças para Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
que se tornem adultos mais saudáveis física e psicologicamente. enfermagem/atribuicoes-do-enfermeiro-em-pediatria/11742
A Lei nº 8.069 de 1990 institui o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente (ECA), regulamentando os direitos das crianças e adoles-
centes a partir das diretrizes contidas na Constituição Federal de
1988, e na inter-relação de algumas normativas internacionais ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM APLICADA À SAÚDE
como: Declaração dos Direitos da Criança (Resolução 1.386 da ONU SEXUAL E REPRODUTIVA DA MULHER COM ÊNFASE
– 20 de novembro de 1959), Regras Mínimas das Nações Unidas NAS AÇÕES DE BAIXA E MÉDIA COMPLEXIDADE.ASSIS-
para a administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras TÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE, PARTURIENTE
de Beijing Resolução 40/33 da ONU – 29 de novembro de 1985) E PUÉRPERA
e Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência
Juvenil (Diretriz de Riad – ONU 1º de março de 1988). SAÚDE DA MULHER
Mesmo diante de todas as ações e organizações que estimulam
direta ou indiretamente o cuidado, ainda é espantoso algumas esta- Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
tísticas apresentadas relacionadas com: morbimortalidade infantil; Mulher
pedofilia; trabalho infantil; violência física e sexual; uso de drogas
na infância; abandono da criança pelos pais; acidentes de trânsito – O Sistema Único de Saúde deve estar orientado e capacitado
que envolvem crianças; entre tantos outros. para a atenção integral à saúde da mulher, numa perspectiva que
Desta forma, é imprescindível a atenção continuada sobre a contemple a promoção da saúde, as necessidades de saúde da po-
situação das crianças, no intuito de buscar diariamente uma me- pulação feminina, o controle de patologias mais prevalentes nesse
lhor qualidade de vida a elas por meio da prevenção de doenças grupo e a garantia do direito à saúde.
e agravos. O enfermeiro enquanto agente de promoção e preven- – A Política de Atenção à Saúde da Mulher deverá atingir as mu-
ção da saúde da criança é ligado diretamente a todas as situações lheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades
cotidianas da vida da criança, talvez este seja um dos motivos tão das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais
peculiares de trabalhar com este público. (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais,
O trabalho de enfermagem com crianças vai além de uma mera residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidi-
observação e avaliação física, já que quaisquer situações sociais e/ árias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras).
ou ambientais que a criança estiver exposta terão reflexo na evolu- – A elaboração, a execução e a avaliação das políticas de saúde
ção do crescimento e desenvolvimento, tendo o enfermeiro a res- da mulher deverão nortear-se pela perspectiva de gênero, de raça e
ponsabilidade investigativa das causas dos déficits detectados. de etnia, e pela ampliação do enfoque, rompendo-se as
Diante disso, podem-se descrever como principais habilidades fronteiras da saúde sexual e da saúde reprodutiva, para alcan-
e atribuições do enfermeiro em pediatria as seguintes: çar todos os aspectos da saúde da mulher.
- O enfermeiro deve conhecer todo o processo de Crescimento e – A gestão da Política de Atenção à Saúde deverá estabelecer
Desenvolvimento da Criança, para realização de uma avaliação eficiente; uma dinâmica inclusiva, para atender às demandas emergentes ou
- O enfermeiro deve interagir sempre com a criança e a família, uma vez demandas antigas, em todos os níveis assistenciais.
que todos os processos ambientais e sociais que interferem no desenvolvi- – As políticas de saúde da mulher deverão ser compreendidas
mento normal de uma criança podem estar ligados ao convívio familiar ou em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação
social;- O enfermeiro necessita ser conhecedor de todas as políticas de saúde das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja
de atenção à criança e a operacionalização das mesmas, para que consiga no âmbito do SUS, seja na atuação em parceria do setor Saúde com
sempre em sua atuação realizar os encaminhamentos necessários; outros setores governamentais, com destaquepara a segurança, a
- O enfermeiro precisa buscar ferramentas na comunicação justiça, trabalho, previdência social e educação.
com a criança, interação, tornando assim a informação um processo
presente e a relação com a equipe de enfermagem satisfatória para
busca de bons resultados;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto Objetivos Gerais da Política Nacional de Atenção Integral à
de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saú- Saúde da Mulher
de, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde (da básica
à alta complexidade). – Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mu-
– O SUS deverá garantir o acesso das mulheres a todos os níveis lheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente cons-
de atenção à saúde, no contexto da descentralização, hierarquiza- tituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção,
ção e integração das ações e serviços. Sendo responsabilidade dos prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território
três níveis gestores, de acordo com as competências de cada um, brasileiro.
garantir as condições para a execução da Política de Atenção à Saú- – Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femi-
de da Mulher. nina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ci-
– A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendi- clos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação
mento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contex- de qualquer espécie.
to de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, – Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da
assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto su- mulher no Sistema Único de Saúde.
jeito capaz e responsável por suas escolhas.
– A atenção integral à saúde da mulher implica, para os pres- Objetivos Específicos e Estratégias da Política
tadores de serviço, no estabelecimento de relações com pessoas Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
singulares, seja por razões econômicas, culturais, religiosas, raciais,
de diferentes orientações sexuais, etc. O atendimento deverá nor- Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive
tear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST:
qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. – fortalecer a atenção básica no cuidado com a mulher;
Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibiliza- – ampliar o acesso e qualificar a atenção clínico- ginecológica
ção e capacitação para humanização das práticas em saúde. na rede SUS. Estimular a implantação e implementação da assistên-
– As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da cia em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e
humanização, aqui compreendido como atitudes e comportamen- adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde:
tos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter – ampliar e qualificar a atenção ao planejamento familiar, in-
da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informa- cluindo a assistência à infertilidade;
ção das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saú- – garantir a oferta de métodos anticoncepcionais para a popu-
de, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu lação em idade reprodutiva;
contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das de- – ampliar o acesso das mulheres às informações sobre as op-
mandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem ções de métodos anticoncepcionais;
o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o – estimular a participação e inclusão de homens e adolescen-
interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado tes nas ações de planejamento familiar. Promover a atenção obsté-
ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. trica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência
– No processo de elaboração, execução e avaliação das Política ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adoles-
de Atenção à Saúde da Mulher deverá ser estimulada e apoiada a centes:
participação da sociedade civil organizada, em particular do movi- – construir, em parceria com outros atores, um Pacto Nacional
mento de mulheres, pelo reconhecimento de sua contribuição téc- pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal; – qualificar a
nica e política no campo dos direitos e da saúde da mulher. assistência obstétrica e neonatal nos estados e municípios;
– Compreende-se que a participação da sociedade civil na im- -organizar rede de serviços de atenção obstétrica e neonatal,
plementação das ações de saúde da mulher, no âmbito federal, es- garantindo atendimento à gestante de alto risco e em situações de
tadual e municipal requer urgência/emergência, incluindo mecanismos de referência e con-
– cabendo, portanto, às instânciasgestoras – melhorar e quali- tra-referência; – fortalecer o sistema de formação/capacitação de
ficar os mecanismos de repasse de informações sobre as políticas pessoal na área de assistência obstétrica e neonatal; – elaborar e/
de saúde da mulher e sobre os instrumentos de gestão e regulação ou revisar, imprimir e distribuir material técnico e educativo
do SUS. – qualificar e humanizar a atenção à mulher em situação de
abortamento;
– No âmbito do setor Saúde, a execução de ações será pactua- – apoiar a expansão da rede laboratorial; – garantir a oferta de
da entre todos os níveis hierárquicos, visando a uma atuação mais ácido fólico e sulfato ferroso para todas as gestantes;
abrangente e horizontal, além de permitir o ajuste às diferentes re- – melhorar a informação sobre a magnitude e tendência da
alidades regionais. mortalidade materna
– As ações voltadas à melhoria das condições de vida e saúde -Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação
das mulheres deverão ser executadas de forma articulada com se- de violência doméstica e sexual:
tores governamentais e não-governamentais; condição básica para – organizar redes integradas de atenção às mulheres em situa-
a configuração de redes integradas de atenção à saúde e para a ob- ção de violência sexual e doméstica;
tenção dos resultados esperados. – articular a atenção à mulher em situação de violência com
ações de prevenção de DST/aids
– promover ações preventivas em relação à violência domés-
tica e sexual.

Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o


controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo
HIV/aids na população feminina:
– prevenir as DST e a infecção pelo HIV/aids entre mulheres;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

– ampliar e qualificar a atenção à saúde das mulheres vivendo Durante muitos anos, a amamentação representou uma alter-
com HIV e aids. Reduzir a morbimortalidade por câncer na popula- nativa exclusiva e eficaz de espaçar as gestações, pois as mulheres
ção feminina: apresentam sua fertilidade diminuída neste período, considerando
– organizar em municípios pólos de microrregiões redes de re- que, quanto mais frequentes são as mamadas, mais altos são os ní-
ferência e contra-referência para o diagnóstico e o tratamento de veis de prolactina e consequentemente menores as possibilidades
câncer de colo uterino e de mama; de ovulação.
– garantir o cumprimento da Lei Federal que prevê a cirurgia de Os fatores que determinam o retorno da ovulação não são pre-
reconstrução mamária nas mulheres que realizaram mastectomia; cisamente conhecidos, de modo que, mesmo diante dos casos de
– oferecer o teste anti-HIV e de sífilis para as mulheres incluídas aleitamento exclusivo, a partir do 3º mês é recomendada a utiliza-
no Programa Viva Mulher, especialmente aquelas com diagnóstico ção de um outro método. Até o 3º mês, se o aleitamento é exclusivo
de DST, HPV e/ou lesões intra-epiteliais de alto grau/ câncer invasor. e ainda não ocorreu menstruação, as possibilidades de gravidez são
Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob mínimas.
o enfoque de gênero: Atualmente, com a descoberta e divulgação de novas tecnolo-
– melhorar a informação sobre as mulheres portadoras de gias contraceptivas e a mudança nos modos de viver das mulheres
transtornos mentais no SUS; em relação a sua capacidade de trabalho, o seu desejo de materni-
– qualificar a atenção à saúde mental das mulheres; – incluir o dade, a forma como percebe seu corpo como fonte de prazer e não
enfoque de gênero e de raça na atenção às mulheres portadoras de apenas de reprodução foram fatores que incentivaram o abandono
transtornos mentais e promover a integração com setores não-go- e o descrédito do aleitamento como método capaz de controlar a
fertilidade.
vernamentais, fomentando sua participação nas definições da polí-
Outro método é o coito interrompido, sendo também uma
tica de atenção às mulheres portadoras de transtornos mentais. Im-
maneira muito antiga de evitar a gravidez. Consiste na retirada do
plantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério:
pênis da vagina e de suas proximidades, no momento em que o ho-
– ampliar o acesso e qualificar a atenção às mulheres no cli-
mem percebe que vai ejacular. Desta forma, evitando o contato do
matério na rede SUS. Promover a atenção à saúde da mulher na sêmen com o colo do útero é que se impede a gravidez.
terceira idade: Seu uso está contraindicado para os homens que têm ejacu-
– incluir a abordagem às especificidades da atenção a saúde da lação precoce ou não conseguem ter controle sobre a ejaculação.
mulher na Política de Atenção à Saúde do Idoso no SUS; – incentivar a
incorporação do enfoque de gênero na Atenção à Saúde do Idoso no Os métodos naturais ou de abstinência periódica são aqueles
SUS. Promover a atenção à saúde da mulher negra: que utilizam técnicas para evitar a gravidez e se baseiam na auto-
– melhorar o registro e produção de dados; – capacitar pro- -observação de sinais ou sintomas que ocorrem fisiologicamente no
fissionais de saúde; – implantar o Programa de Anemia Falciforme organismo feminino, ao longo do ciclo menstrual, e que, portanto,
(PAF/MS), dando ênfase às especificidades das mulheres em idade ajudam a identificar o período fértil.
fértil e no ciclo gravídico-puerperal; – incluir e consolidar o recorte Quem quer ter filhos, deve ter relações sexuais nos dias férteis,
racial/étnico nas ações de saúde ; e quem não os quer, deve abster-se das relações sexuais ou nestes
-estimular e fortalecer a interlocução das áreas de saúde da dias fazer uso de outro método – os de barreira, por exemplo.
mulher das SES e SMS com os movimentos e entidades relaciona- A determinação do período fértil baseia-se em três princípios
dos à saúde da população negra. científicos, a saber:
A ovulação costuma acontecer 14 dias antes da próxima menstru-
Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade: ação (pode haver uma variação de 2 dias, para mais ou para menos);
– implementar ações de vigilância e atenção à saúde da traba- O óvulo, após a ovulação, tem uma vida média de 24 horas;
lhadora da cidade e do campo, do setor formal e informal; O espermatozoide, após sua deposição no canal vaginal, tem
– introduzir nas políticas de saúde e nos movimentos sociais a capacidade para fecundar um óvulo até o período de 48-72 horas.
noção de direitos das mulheres trabalhadoras relacionados à saúde. Os métodos naturais, de acordo com o Ministério da Saúde,
Promover a atenção à saúde da mulher indígena: são:
– ampliar e qualificar a atenção integral à saúde da mulher in-
dígena. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de a) Método de Ogino-Knaus
prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle Esse método é também conhecido como tabela, que ajuda a
mulher a descobrir o seu período fértil através do controle dos dias
de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids
do seu ciclo menstrual. Logo, cada mulher deverá elaborar a sua
nessa população:
própria tabela.
– ampliar o acesso e qualificar a atenção à saúde das presidi-
Sabemos que a tabela foi vulgarizada, produzindo a formulação
árias. Fortalecer a participação e o controle social na definição e
de tabelas únicas que supostamente poderiam ser utilizadas por
implementação das políticas de atenção integral à saúde das mu- qualquer mulher. Isto levou a um grande número de falhas e con-
lheres: sequente descrédito no método, o que persiste até os dias de hoje.
– promover a integração com o movimento de mulheres femi- Para fazer a tabela deve-se utilizar o calendário do ano, anotan-
nistas no aperfeiçoamento da política de atenção integral à saúde do em todos os meses o 1º dia da menstruação. O ciclo menstrual
da mulher, no âmbito do SUS; começa no 1º dia da menstruação e termina na véspera da mens-
truação seguinte, quando se inicia um novo ciclo.
Assistência aos Casais Férteis A primeira coisa a fazer é certificar-se de que a mulher tem os
ciclos regulares. Para tal é preciso que se tenha anotado, pelo me-
É o acompanhamento dos casais que não apresentam dificul- nos, os seis últimos ciclos.
dades para engravidar, mas que não o desejam. Desta forma, estu-
daremos os métodos contraceptivos mais conhecidos e os ofereci-
dos pelas instituições.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como identificar se os ciclos são regulares ou não? A temperatura deve ser verificada sempre no mesmo local: na
Depois de anotados os seis últimos ciclos, deve-se contá-los, boca, no reto ou na vagina. A temperatura oral deve ser verificada
anotando quantos dias durou cada um. Selecionar o maior e o me- em um tempo mínimo de 5 minutos e as temperaturas retal e vagi-
nor dos ciclos. nal, no mínimo 3 minutos, observando-se sempre o mesmo horário
Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for igual para que não haja alteração do gráfico de temperatura.
ou superior a 10 dias, os ciclos desta mulher serão considerados Caso a mulher esqueça-se de verificar a temperatura um dia,
irregulares e, portanto, ela não deverá utilizar este método. Além deve recomeçar no próximo ciclo.
do que, devem procurar um serviço de saúde, pois a irregularidade Registrar a temperatura a cada dia do ciclo em um papel qua-
menstrual indica um problema ginecológico que precisa ser inves- driculado comum, em que as linhas horizontais referem-se às tem-
tigado e tratado. peraturas, e as verticais, aos dias do ciclo. Após a marcação, ligar os
Se a diferença entre eles for inferior a 10 dias, os ciclos são pontos referentes a cada dia, formando uma linha que vai do1º ao
considerados regulares e esta mulher poderá fazer uso da tabela. 2º, do 2º ao 3º, do 3º ao 4ºdia e daí por diante.
Em seguida, verificar a ocorrência de um aumento persistente
Como fazer o cálculo para identificar o período fértil? da temperatura basal por 3 dias seguidos, no período esperado da
Subtrai-se 18 dias do ciclo mais curto e obtém-se o dia do início ovulação.
do período fértil. O aumento da temperatura varia entre 0,2ºC a 0,6ºC. A diferen-
Subtrai-se 11 dias do ciclo mais longo e obtém-se o último dia ça de no mínimo 0,2ºC entre a última temperatura baixa e as três
do período fértil. temperaturas altas indica que a ovulação ocorreu e a temperatura
Após a determinação do período fértil, a mulher e seu compa- se manterá alta até a época da próxima menstruação.
nheiro que não desejam obter gravidez, devem abster-se de rela- O período fértil termina na manhã do 3º dia em que for obser-
vada a temperatura elevada. Portanto, para evitar gravidez, o casal
ções sexuais com penetração, neste período, ou fazer uso de outro
deve abster-se de relações sexuais, com penetração, durante toda
método. Caso contrário, devem-se intensificar as relações sexuais
a primeira fase do ciclo até a manhã do 3º dia de temperatura ele-
neste período.
vada.
Após 3 meses de realização do gráfico da temperatura, pode-se
Recomendações Importantes: predizer a data da ovulação e, a partir daí, a abstinência sexual po-
O parceiro deve sempre ser estimulado a participar, ajudando derá ficar limitada ao período de 4 a 5 dias antes da data prevista da
com os cálculos e anotações. ovulação até a manhã do 3º dia de temperatura alta. Os casais que
Após a definição do período fértil, a mulher deverá continuar quiserem engravidar devem manter relações sexuais neste período.
anotando os seus ciclos, pois poderão surgir alterações relativas ao ta- Durante estes 3 meses, enquanto estiver aprendendo a usar a
manho do maior e menor ciclo, mudando então o período fértil, bem tabela da temperatura, deverá utilizar outro método contraceptivo,
como poderá inclusive surgir, inesperadamente, uma irregularidade com exceção do contraceptivo hormonal.
menstrual que contraindique a continuidade do uso do método. A ocorrência de qualquer fator que pode vir a alterar a tempe-
Não se pode esquecer que o dia do ciclo menstrual não é igual ratura deve ser anotada no gráfico. Como exemplo, tem-se: mudan-
ao dia do mês. ça no horário de verificação da temperatura; perturbações do sono
Cada mulher deve fazer sua própria tabela e a tabela de uma e/ou emocionais; algumas doenças que podem elevar a temperatu-
mulher não serve para outra. ra; mudanças de ambiente e uso de bebidas alcoólicas.
No período de 6 meses em que a mulher estiver fazendo as Esse método é contraindicado em casos de irregularidades
anotações dos ciclos, ela deverá utilizar outro método, com exceção menstruais, amenorreia, estresse, mulheres com períodos de sono
da pílula, pois esta interfere na regularização dos ciclos. irregular ou interrompido (por exemplo, trabalho noturno).
Os ciclos irregulares e a lactação são contraindicações no uso Assim como no método do calendário, para a construção do
desse método. gráfico ou tabela de temperatura, a mulher e/ou casal deverá con-
Os profissionais de saúde deverão construir a tabela junto com tar com a orientação de profissionais de saúde e neste caso em
a mulher e refazer os cálculos todas as vezes que forem necessárias, especial, no decorrer dos três primeiros meses de uso, quando, a
até que a mulher se sinta segura para tal, devendo retornar à unida- partir daí, já se poderá predizer o período da ovulação. O retorno
de dentro de 1 mês e, depois, de 6 em 6 meses. da cliente deverá se dar, pelo menos, em seis meses após o início do
uso do método. Em seguida, os retornos podem ser anuais.
b) Método da Temperatura Basal Corporal
É o método que permite identificar o período fértil por meio c) Método da ovulação ou do muco cervical ou Billings
É o método que indica o período fértil por meio das caracterís-
das oscilações de temperatura que ocorrem durante o ciclo mens-
ticas do muco cervical e da sensação de umidade por ele provocada
trual, com o corpo em repouso.
na vulva.
Antes da ovulação, a temperatura do corpo da mulher perma-
O muco cervical é produzido pelo colo do útero, tendo como
nece em nível mais baixo. Após a ovulação, com a formação do cor-
função umidificar e lubrificar o canal vaginal. A quantidade de muco
po lúteo e o consequente aumento da produção de progesterona, produzida pode oscilar ao longo dos ciclos
que tem efeito hipertérmico, a temperatura do corpo se eleva ligei- Para evitar a gravidez, é preciso conhecer as características do
ramente e permanece assim até a próxima menstruação. muco. Isto pode ser feito observando-se diariamente a presença ou
ausência do muco através da sensação de umidade ou secura no
Como construir a Tabela ou Gráfico de Temperatura? canal vaginal ou através da limpeza da vulva com papel higiênico,
A partir do 1º dia do ciclo menstrual, deve-se verificar e anotar antes e após urinar. Esta observação pode ser feita visualizando-se a
a temperatura todos os dias, antes de se levantar da cama, depois presença de muco na calcinha ou através do dedo no canal vaginal.
de um período de repouso de 3 a 5 horas, usando-se sempre o mes- Logo após o término da menstruação, tem-se, em geral, uma
mo termômetro. fase seca (fase pré-ovulatória). Quando aparece muco nesta fase,
geralmente é opaco e pegajoso.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na fase ovulatória, o muco, que inicialmente era esbranqui- e) Condom Masculino


çado, turvo e pegajoso, vai-se tornando a cada dia mais elástico e Também conhecido como camisinha, camisa de vênus ou pre-
lubrificante, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio. servativo, é uma capa de látex bem fino, porém resistente, descar-
Isto ocorre porque neste período os níveis de estrogênio estão ele- tável, que recobre o pênis completamente durante o ato sexual.
vados e é nesta fase que o casal deve abster-se de relações sexuais, Evita a gravidez, impedindo que os espermatozoides penetrem
com penetração, pois há risco de gravidez. no canal vaginal, pois retém o sêmen ejaculado. O condom protege
O casal que pretende engravidar deve aproveitar este período contra as doenças sexualmente transmissíveis e por isso seu uso
para ter relações sexuais. deve ser estimulado em todas as relações sexuais.
O último dia de muco lubrificante, escorregadio e com elastici- Deve ser colocado antes de qualquer contato do pênis com os
dade máxima, chama-se dia ápice, ou seja, o muco com a máxima genitais femininos, porque alguns espermatozoides podem escapar
capacidade de facilitar a espermomigração. Portanto, o dia ápice só antes da ejaculação.
pode ser identificado a posteriori e significa que em mais ou menos Deve ser colocado com o pênis ereto, deixando um espaço de
48 horas a ovulação já ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer. aproximadamente 2 cm na ponta, sem ar, para que o sêmen seja
Na fase pós-ovulatória, já com o predomínio da progesterona, depositado sem que haja rompimento da camisinha.
o muco forma uma verdadeira rolha no colo uterino, impedindo As camisinhas devem ser guardadas em lugar fresco, seco e de
que os espermatozoides penetrem no canal cervical. É um muco fácil acesso ao casal. Não deve ser esticada ou inflada, para efeito
pegajoso, branco ou amarelado, grumoso, que dá sensação de se- de teste. Antes de utilizá-la, certifique-se do prazo de validade. Mes-
cura no canal vaginal. mo que esteja no prazo, não utilizá-la quando perceber alterações
No 4º dia após o dia ápice, a mulher entra no período de infer- como mudanças na cor, na textura, furo, cheiro diferente, mofo ou
tilidade. outras. A camisinha pode ou não já vir lubrificada de fábrica.
As relações sexuais devem ser evitadas desde o dia em que A colocação pode ser feita pelo homem ou pela mulher. Sua
aparece o muco grosso até quatro dias depois do aparecimento do manipulação deve ser cuidadosa, evitando-se unhas longas que po-
muco elástico. dem danificá-la. Deve-se observar se o canal vaginal está suficien-
No início, é bom examinar o muco mais de uma vez ao dia, fa- temente úmido para permitir uma penetração que provoque pouca
zendo o registro à noite, preferencialmente, no mesmo horário. É fricção, evitando- se assim que o condom se rompa.
importante anotar as características do muco e os dias de relações Lubrificantes oleosos como a vaselina não podem ser utiliza-
sexuais. dos. Caso necessário, utilizar lubrificantes a base de água. Cremes,
Quando notar, no mesmo dia, mucos com características dife- geleias ou óvulos vaginais espermicidas podem ser utilizados em
rentes, à noite, na hora de registrar, deve considerar o mais indica- associação com a camisinha. Após a ejaculação, o pênis deve ser re-
tivo de fertilidade (mais elástico e translúcido). tirado ainda ereto. As bordas da camisinha devem ser pressionadas
No período de aprendizagem do método, para identificar os com os dedos, ao ser retirado, para evitar que o sêmen extravase
dias em que pode ou não ter relações sexuais, o casal deve observar ou que o condom se desprenda e fique na vagina. Caso isto ocorra,
as seguintes recomendações: é só puxar com os dedos e colocar espermaticida na vagina, com
Só deve manter relações sexuais na fase seca posterior à mens- um aplicador. Caso não consiga retirar a camisinha, coloque esper-
truação e, no máximo, dia sim, dia não, para que o sêmen não in- micida e depois procure um posto de saúde para que a mesma seja
terfira na avaliação. retirada. Nestes casos, não faça lavagem vaginal pois ela empurra
Evitar relações sexuais nos dias de muco, até três dias após o ainda mais o espermatozoide em direção ao útero. Após o uso, de-
dia ápice. ve-se dar um nó na extremidade do condom para evitar o extrava-
É importante ressaltar que o muco não deve ser examinado no samento de sêmen e jogá-lo no lixo e nunca no vaso sanitário. O uso
dia em que a mulher teve relações sexuais, devido à presença de do condom é contraindicado em casos de anomalias do pênis e de
esperma; depois de utilizar produtos vaginais ou duchas e lavagens alergia ao látex.
vaginais; durante a excitação sexual; ou na presença de leucorreias.
É recomendável que durante o 1º ciclo, o casal se abstenha f) Condom feminino ou camisinha feminina
de relações sexuais. Os profissionais de saúde devem acompa- Feita de poliuretano, a camisinha feminina tem forma de saco,
nhar semanalmente o casal no 1º ciclo e os retornos se darão, de aproximadamente 25 cm de comprimento, com dois anéis flexí-
no mínimo, uma vez ao mês do 2º ao 6º ciclo e semestral a partir veis, um em cada extremidade. O anel menor fica na parte fechada
daí. do saco e é este que, sendo introduzido no canal vaginal, irá se en-
caixar no colo do útero. O anel maior fica aderido às bordas do lado
d) Método sinto-térmico aberto do saco e ficará do lado de fora, na vulva. Deste modo, a ca-
Baseia-se na combinação de múltiplos indicadores de ovula- misinha feminina se adapta e recobre internamente toda a vagina.
ção, conforme os anteriormente citados, com a finalidade de deter- Assim, impede o contato com o sêmen e consequentemente
minar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. tem ação preventiva contra as DST.
Associa a observação dos sinais e sintomas relativos à tempera- Já está sendo disponibilizada em nosso meio. Sua divulgação
tura basal corporal e ao muco cervical, levando em conta parâme- tem sido maior em algumas regiões do país, sendo ainda pouco co-
tros subjetivos (físicos ou psicológicos) que possam indicar ovula- nhecida em outras.
ção, tais como sensação de peso ou dor nas mamas, dor abdominal,
variações de humor e da libido, náuseas, acne, aumento de apetite, g) Espermaticida ou Espermicida
ganho de peso, pequeno sangramento intermenstrual, dentre ou- São produtos colocados no canal vaginal, antes da relação
tros. sexual. O espermicida atua formando uma película que recobre o
Os métodos de barreira são aqueles que não permitem à entra- canal vaginal e o colo do útero, impedindo a penetração dos esper-
da de espermatozoides no canal cervical. matozoides no canal cervical e, bioquimicamente, imobilizando ou
destruindo os espermatozoides, impedindo desta forma a gravidez.
Podem se apresentar sob a forma de cremes, geleias, óvulos e
espumas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cada tipo vem com suas instruções para uso, as quais devem O diafragma só deverá ser retirado de 6 a 8 horas após a última
ser seguidas. Em nosso meio, a geleia espermicida é a mais conheci- relação sexual, evitando-se o uso de duchas vaginais neste período.
da. A geleia espermicida deve ser colocada na vagina com o auxílio O período máximo que o diafragma pode permanecer dentro do ca-
de um aplicador. A mulher deve estar deitada e após a colocação nal vaginal é de 24 horas. Mais que isto, poderá favorecer infecções.
do medicamento, não deve levantar-se mais, para evitar que esta Após o uso, deve-se lavá-lo com água fria e sabão neutro, enxá-
escorra. O aplicador, contendo o espermaticida, deve ser inserido guar bem, secar com um pano macio e polvilhar com amido ou talco
o mais profundamente possível no canal vaginal. Da mesma forma, neutro. Não usar água quente. Guardá-lo em sua caixinha, longe do
quando os espermaticidas se apresentarem sob a forma de óvulos, calor e da luz.
estes devem ser colocados com o dedo ou com aplicador próprio no Será necessário reavaliar o tamanho do diafragma depois de
fundo do canal vaginal. É recomendável que a aplicação da geleia gravidez, aborto, ganho ou perda de peso (superior a 10 kg) e cirur-
seja feita até, no máximo, 1 hora antes de cada relação sexual, sen- gias de períneo. Deverá ser trocado rotineiramente a cada 2 anos.
do ideal o tempo de 30 minutos para que o agente espermaticida As contraindicações para o uso desse método ocorrem no
se espalhe adequadamente na vagina e no colo do útero. Deve-se caso de mulheres que nunca tiveram relação sexual, configuração
seguir a recomendação do fabricante, já que pode haver recomen- anormal do canal vaginal, prolapso uterino, cistocele e/ou retocele
dação de tempos diferentes de um produto para o outro. Os es- acentuada, anteversão ou retroversão uterina acentuada, fístulas
permicidas devem ser colocados de novo, se houver mais de uma vaginais, tônus muscular vaginal deficiente, cervicites e outras pato-
ejaculação na mesma relação sexual. Se a ejaculação não ocorrer
logias do colo do útero, leucorreias abundantes, alterações psíqui-
dentro do período de segurança garantido pelo espermicida, deve
cas graves, que impeçam o uso correto do método.
ser feita outra aplicação. Deve-se evitar o uso de duchas ou lava-
gens vaginais pelo menos 8 horas após o coito. Caso se observe
i) Os contraceptivos hormonais orais
algum tipo de leucorréia, prurido e ardência vaginal ou peniana,
interromper o uso do espermaticida. Este é contraindicado para Constituem um outro método muito utilizado pela mulher bra-
mulheres que apresentem alto risco gestacional sileira; são hormônios esteroides sintéticos, similares àqueles pro-
duzidos pelos ovários da mulher.
h) Diafragma Quando a mulher faz opção pela pílula anticoncepcional, ela
É uma capa de borracha que tem uma parte côncava e uma deve ser submetida a uma criteriosa avaliação clínico-ginecológica,
convexa, com uma borda de metal flexível ou de borracha mais durante a qual devem ser realizados e solicitados diversos exames,
espessa que pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo para avaliação da existência de possíveis contraindicações.
necessária avaliação pelo médico e/ou enfermeiro, identificando a O contraceptivo hormonal oral só impedirá a gravidez se toma-
medida adequada a cada mulher do adequadamente. Cada tipo de pílula tem uma orientação espe-
A própria mulher o coloca no canal vaginal, antes da relação cífica a considerar.
sexual, cobrindo assim o colo do útero, pois suas bordas ficam situ-
adas entre o fundo de saco posterior da vagina e o púbis. j) DIU (Dispositivo Intrauterino)
Para ampliar a eficácia do diafragma, recomenda-se o uso as- É um artefato feito de polietileno, com ou sem adição de subs-
sociado de um espermaticida que deve ser colocado no diafragma tâncias metálicas ou hormonais, que tem ação contraceptiva quan-
em quantidade correspondente a uma colherinha de café no fundo do posto dentro da cavidade uterina.
do mesmo, espalhando-se com os dedos. Depois, colocar mais um Também podem ser utilizados para fins de tratamento, como é
pouco por fora, sobre o anel. o caso dos DIUs medicados com hormônios.
O diafragma impedirá, então, a gravidez por meio da barreira Podem ser classificados em DIUs não medicados aqueles que
mecânica e, ainda assim, caso algum espermatozoide consiga esca- não contêm substâncias ativas e, portanto, são constituídos apenas
par, se deparará com a barreira química, o espermaticida. de polietileno; DIUs medicados que além da matriz de polietileno
Para colocar e retirar o diafragma, deve-se escolher uma posição possuem substâncias que podem ser metais, como o cobre, ou hor-
confortável (deitada, de cócoras ou com um pé apoiado sobre uma su- mônios.
perfície qualquer), colocar o espermaticida, pegar o diafragma pelas bor- Os DIUs mais utilizados são os T de cobre (TCu), ou seja, os DIUs
das e apertá-lo no meio de modo que ele assuma o formato de um 8. que têm o formato da letra T e são medicados com o metal cobre.
Com a outra mão, abrir os lábios da vulva e introduzi-lo profun-
O aparelho vem enrolado em um fio de cobre bem fino.
damente na vagina. Após, fazer um toque vaginal para verificar se
A presença do DIU na cavidade uterina provoca uma reação in-
está bem colocado, ou seja, certificar-se de que está cobrindo todo
flamatória crônica no endométrio, como nas reações a corpo estra-
o colo do útero.
nho. Esta reação provavelmente determina modificações bioquími-
Se estiver fora do lugar, deverá ser retirado e recolocado até
acertar. Para retirá-lo, é só encaixar o dedo na borda do diafragma e cas no endométrio, o que impossibilita a implantação do ovo. Outra
puxá-lo para fora e para baixo. ação do DIU é o aumento da contratilidade uterina, dificultando o
É importante observar os seguintes cuidados, visando o melhor encontro do espermatozoide com o óvulo. O cobre presente no dis-
aproveitamento do método: urinar e lavar as mãos antes de colocar positivo tem ação espermicida.
o diafragma (a bexiga cheia poderá dificultar a colocação); antes do A colocação do DIU é simples e rápida. Não é necessário anes-
uso, observá-lo com cuidado, inclusive contra a luz, para identificar tesia. É realizada em consultório e para a inserção é utilizado técni-
possíveis furos ou outros defeitos; se a borracha do diafragma ficar ca rigorosamente asséptica.
enrugada, ele deverá ser trocado imediatamente. A mulher deve estar menstruada. A menstruação, além de ser
O espermaticida só é atuante para uma ejaculação. Caso acon- uma garantia de que não está grávida, facilita a inserção, pois neste
teça mais de uma, deve-se fazer uma nova aplicação do espermati- período o canal cervical está mais permeável. Após a inserção, a
cida, por meio do aplicador vaginal, sem retirar o diafragma. mulher é orientada a verificar a presença dos fios do DIU no canal
vaginal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na primeira semana de uso do método, a mulher não deve ter A infertilidade é a dificuldade de o casal chegar ao final da gra-
relações sexuais. O Ministério da Saúde recomenda que após a in- videz com filhos vivos, ou seja, conseguem engravidar, porém as
serção do DIU a mulher deva retornar ao serviço para revisões com gestações terminam em abortamentos espontâneos ou em nati-
a seguinte periodicidade: 1 semana, 1 mês, 3 meses, 6 meses e 12 mortos.
meses. A partir daí, se tudo estiver bem, o acompanhamento será A infertilidade também pode ser classificada em primária ou
anual, com a realização do preventivo. secundária. A infertilidade primária é quando o casal não conseguiu
O DIU deverá ser retirado quando a mulher quiser, quando ti- gerar nenhum filho vivo. A secundária é quando as dificuldades em
ver com a validade vencida ou quando estiver provocando algum gerar filhos vivos acontecem com casais com filhos gerados ante-
problema. riormente.
A validade do DIU varia de acordo com o tipo. A validade do DIU De acordo com o Ministério da Saúde, para esta classificação
Tcu, disponibilizado pelo Ministério da Saúde, varia de 3 a 7 anos. não são consideradas as gestações ou os filhos vivos que qualquer
Os problemas que indicam a retirada do DIU são dor severa, dos membros do casal possa ter tido com outro(a) parceiro(a).
sangramento intenso, doença pélvica inflamatória, expulsão par- A esterilidade/infertilidade, com frequência, impõe um estres-
cial, gravidez (até a 12ª semana de gravidez, se os fios estiverem se e tensão no inter-relacionamento. Os clientes costumam admitir
visíveis ao exame especular, pois indica que o saco gestacional está sentimentos de culpa, ressentimentos, suspeita, frustração e ou-
acima do DIU, e se a retirada não apresentar resistência). tros. Pode haver uma distorção da autoimagem, pois a mulher pode
considerar-se improdutiva e o homem desmasculinizado.
Assistência aos Casais Portadores Portanto, na rede básica caberá aos profissionais de saúde dar
de Esterilidade eInfertilidade orientações ao casal e encaminhamento para consulta no decorrer
da qual se iniciará a investigação diagnóstica com posterior encami-
nhamento para os serviços especializados, sempre que necessário.
A esterilização cirúrgica foi maciçamente realizada nas mulhe-
res brasileiras, a partir das décadas de 60 e 70, por entidades que
Assistência de Enfermagem á Gestante
sob o rótulo de “planejamento familiar” desenvolviam programas
de controle da natalidade em nosso país. O reconhecimento da im-
Diagnosticando á Gravidez
portância e complexidade que envolve as questões relativas à este-
rilização cirúrgica tem se refletido no âmbito legal. A Lei do Planeja- Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, mais
mento Familiar de 1996 e as Portarias 144/97 e 48/99 do Ministério fácil será o acompanhamento do desenvolvimento do embrião/feto e
da Saúde normatizam os procedimentos, permitindo que o Sistema das alterações que ocorrem no organismo e na vida da mulher, possi-
Único de Saúde (SUS)os realize, em acesso universal. Os critérios bilitando prevenir, identificar e tratar eventuais situações de anorma-
legais para a realização da esterilização cirúrgica pelo SUS são: ter lidades que possam comprometer a saúde da grávida e de sua criança
capacidade civil plena; ter no mínimo 2 filhos vivos ou ter mais de (embrião ou feto), desde o período gestacional até o puerpério.
25 anos de idade, independente do número de filhos; manifestar, Este diagnóstico também pode ser feito tomando-se como
por escrito, a vontade de realizar a esterilização, no mínimo 60 dias ponto de partida informações trazidas pela mulher. Para tanto, fa-
antes da realização da cirurgia; ter tido acesso a serviço multidis- z-se importante sabermos se ela tem vida sexual ativa e se há refe-
ciplinar de aconselhamento sobre anticoncepção e prevenção de rência de amenorreia (ausência de menstruação). A partir desses
DST/AIDS, assim como a todos os métodos anticoncepcionais rever- dados e de um exame clínico são identificados os sinais e sintomas
síveis; ter consentimento do cônjuge, no caso da vigência de união físicos e psicológicos característicos, que também podem ser iden-
conjugal. tificados por exames laboratoriais que comprovem a presença do
No caso do homem, a cirurgia é a vasectomia, que interrompe hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos espe-
a passagem, pelos canais deferentes, dos espermatozoides produ- cíficos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
zidos nos testículos, impedindo que estes saiam no sêmen. Na mu- Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três catego-
lher, é a ligadura de trompas ou laqueadura tubária que impede o rias que, quando positivas, confirmam o diagnóstico. É importante
encontro do óvulo com o espermatozoide. lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem
O serviço que realizar o procedimento deverá oferecer todas também aparecer em outras circunstâncias. Visando seu maior co-
as alternativas contraceptivas visando desencorajar a esterilização nhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacio-
precoce. nais mais comuns e que auxiliam o diagnóstico.
Deverá, ainda, orientar a cliente quanto aos riscos da cirurgia,
efeitos colaterais e dificuldades de reversão. A lei impõe restrições Sinais de presunção – são os que sugerem gestação, decorren-
tes, principalmente, do aumento da progesterona:
quanto à realização da laqueadura tubária por ocasião do parto ce-
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal que alerta
sáreo, visando coibir o abuso de partos cirúrgicos realizados exclu-
para uma possível gestação. É uma indicação valiosa para a mulher
sivamente com a finalidade de realizar a esterilização.
que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser re-
A abordagem desta problemática deve ser sempre conjugal.
sultado de condições como, por exemplo, estresse emocional, mu-
Tanto o homem quanto a mulher podem possuir fatores que contri- danças ambientais, doenças crônicas, menopausa, uso de métodos
buam para este problema, ambos devem ser investigados. contraceptivos e outros;
A esterilidade é a incapacidade do casal obter gravidez após b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais
pelo menos um ano de relações sexuais frequentes, com ejaculação frequente pela manhã, é denominada “enjoo matinal”, mas pode
intravaginal, sem uso de nenhum método contraceptivo. Pode ser clas- ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e,
sificada em primária ou secundária. A esterilidade primária é quando normalmente, não persiste após 16 semanas;
nunca houve gravidez. Já a secundária, é quando o casal já conseguiu c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da
obter, pelo menos, uma gravidez e a partir daí passou a ter dificuldades sensibilidade, sensação de peso, latejamento e aumento da pig-
para conseguir uma nova gestação. mentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as ma-
mas começam a aumentar de tamanho;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravi- Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais
dez, especialmente no primeiro e terceiro trimestre, dá-se o preen- intensa; outras, de forma mais leve - o que pode estar associado às
chimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
pressiona a bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a observar as perversões alimentares decorrentes de carência de mi-
função de reservatório. A esta alteração anatômica soma-se a alte- nerais no organismo (ferro, vitaminas), tais como o desejo de ingerir
ração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca barro, gelo ou comidas extravagantes.
um relaxamento da musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua ca- Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar
pacidade de armazenamento; a evolução da gestação por meio do pré-natal, identificando e anali-
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para sando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repas-
descrever o reconhecimento dos primeiros movimentos do feto, sando informações que podem indicar mudanças próprias da gravi-
pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. dez. Nos casos em que esta sintomatologia se intensificar, indica-se
Por serem delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundi- a referência a algumas medidas terapêuticas.
dos com gases intestinais.
Sinais de probabilidade – são os que indicam que existe uma Assistência Pré-Natal
provável gestação:
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero
A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da
e da placenta;
gestação, parto e nascimento saudável e humanizado. Todas as
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva
mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e
como o canal vaginal torna-se bastante vascularizados, o que altera
informações sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como mi-
sua coloração de rosa avermelhado para azul escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo nimizar os desconfortos provenientes das alterações gravídicas, co-
na região pélvica, o colo uterino torna-se mais amolecido e embe- nhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando
bido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, en- a eles estiver exposta.
rugadas, amolecidas e embebidas. O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe
d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina a relação de respeito que os profissionais de saúde estabelecem
coriônica é produzido durante a implantação do ovo no endomé- com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturi-
trio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hor- ção e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimen-
mônio aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecunda- tos e atitudes que permitem à mulher expressar livremente seus
ção, podendo ser identificado mediante exame específico; sentimentos.
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um
examinador, após ser empurrado para cima, quando da realização parto e nascimento saudáveis como prevenir qualquer intercorrên-
de exame ginecológico (toque) ou abdominal; cia clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas in- e perinatal.
dolores, que começam no início da gestação, tornando-se mais no- A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de pro-
táveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um mover a saúde no período reprodutivo; prevenir a ocorrência de
aperto no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresenta-
podendo ser confundidas com as contrações do parto. dos pela mulher, garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento.
Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro atendimento
Sinais de certeza – são aqueles que efetivamente confirmam no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e
a gestação: resolvidas, tais como, dentre outras: a certeza de que está grávi-
a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscó- da o que pode ser comprovado por exame clínico e laboratorial;
pio de Pinard, pode ser ouvido, frequentemente, por volta da 18a inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a
semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador inscrição no pré-natal e encaminhamento ao serviço de nutrição,
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência odontologia e a outros como psicologia e assistência social, quando
cardíaca fetal é rápida e oscila de 120 a 160 batimentos por minuto;
necessários.
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, fre-
Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode mini-
quentemente após a 20ª semana de gestação, identificamos algu-
mizar-lhe a ansiedade e/ou temores fazendo com que a mulher, seu
mas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
companheiro e/ou família participem ativamente do processo, em to-
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade
fetal pode ser percebida a partir da 18ª/20ª semana de gestação. dos os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento. Visando
A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce promover a compreensão do processo de gestação, informações sobre
desses movimentos; as diferentes vivências devem ser trocadas entre as mulheres e os pro-
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia – fissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que as ações educativas
pode mostrar o produto da concepção (embrião) com quatro se- devem ser prioridades da equipe de saúde.
manas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa
mesma época. Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia Durante o pré-natal, os conteúdos educativos importantes
apresenta grande precisão diagnóstica. Durante a evolução da ges- para serem abordados, desde que adequados às necessidades das
tação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que gestantes, são:
indicam alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos - Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância,
já descritos, frequentemente encontrados no primeiro trimestre objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas e ansiedades das mulheres;
gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialor-
reia) e sangramentos gengivais, decorrentes do edema da mucosa
gengival, em vista do aumento da vascularização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emo- Quando a data da Última Menstruação é Desconhecida pela
cionais, orgânicas e da autoimagem; hábitos saudáveis como ali- Gestante
mentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas, Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade
sono e repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e gestacional é a verificação da altura uterina, ou a realização de ul-
sexual; direitos da mulher grávida/direitos reprodutivos – no Siste- trassonografia.
ma de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas ges-
e preconceitos relacionados à gestação, parto e maternidade – es- tacionais, mas só deve ser considerada a partir de um exame obs-
clarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem ser evitados tétrico detalhado.
durante a gravidez; preparo para a amamentação; Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da
Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; gestante. Sua imunização com vacina antitetânica é rotineiramente
exercícios para fortalecer o corpo na gestação e para o parto; pre- feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
paro psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto
de parto, etapas e cuidados; contra o tétano neonatal - pois a infecção do bebê pelo Clostridium
-Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/ tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período
paternidade – importância para o desenvolvimento saudável da de cicatrização do coto umbilical, se não forem observados os ade-
criança; quados cuidados de assepsia.
-Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano
crescimento e desenvolvimento e medidas preventivas e aleita- na mãe, já que a mesma pode vir a infectar-se por ocasião da epi-
mento materno; siotomia ou cesariana.
-Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla
na amamentação – novas condutas e encaminhamentos. tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com o toxóide tetânico (TT).
Gestante Vacinada
O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fa-
ses: a gestação, o parto e o puerpério. Cada uma das quais possui Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas doses da
vacina contra o tétano (DPT, TT, dT, ou DT), deverão ser aplicadas mais
peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e psi-
uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, o
cológicas da mulher.
toxoide tetânico (TT), para se completar o esquema básico de três doses.
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser an-
O Primeiro Trimestre da Gravidez
tecipada se, após a aplicação da última dose, ocorrer nova gravidez
em cinco anos ou mais.
No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e an-
O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o sur-
seios em relação às condições sociais. Será que conseguirei criar
gimento das reações adversas mais comuns, como dor, calor, rubor
este filho?
e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou rea-
Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei ções adversas significativas, encaminhar para consulta médica.
conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação ana-
esta gravidez será aceita por meu companheiro e/ou minha famí- filática à aplicação de dose anterior da vacina. Tal fato mostra a im-
lia?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação portância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbaliza-
no comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido, da pela cliente.
ou alteração da autoestima, frente ao corpo modificado. Na gestação, a mulher tem garantida a realização de exames
Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam laboratoriais de rotina, dos quais os mais comuns são:
de acompanhamento específico (psicólogo, psiquiatra, assistente Segundo o Ministério da Saúde, os exames laboratoriais abai-
social). xo devem ser solicitados de rotina no pré-natal de baixo risco para
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da ges- todas as gestantes, não fazendo distinção em suas recomendações
tante através da inscrição no pré-natal, com o preenchimento do entre a gestante atendida no setor público ou privado (1):
cartão, onde são registrados seus dados de identificação e socio- - Tipagem sanguínea: Solicitar na primeira consulta. Quando o pai é
econômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso, Rh positivo e a mãe é Rh-negativo, deve-se solicitar Coombs indireto na
altura), sinais vitais e dados da gestação atual. primeira consulta e mensalmente a partir de 24 semanas. A positivação
Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto(- do teste de Coombs requer manejo em serviço de referência.
DPP), pergunta-se à gestante qual foi à data de sua última menstru- - Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht): na primeira consulta.
ação.(DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida. - VDRL: na primeira consulta (repetir no terceiro trimestre).
Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional, - Glicemia de jejum: solicitar na primeira consulta de pré-natal
considerando-se ou não o conhecimento da data da última mens- (se normal, repetir na 20ª semana).
truação. - EQU e urocultura: solicitar na primeira consulta (repetir na
30ª semana).
Quando a data da Última Menstruação é Conhecida pela Ges- -Anti-HIV: deve ser oferecido na primeira consulta pré-natal
tante. (realizar aconselhamento pré e pós-teste). Quando o resultado é
a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a negativo e a paciente se enquadra em uma situação de risco (por-
partir do 1º dia da última menstruação até a data da consulta. A tadora de alguma DST, prática de sexo inseguro, usuária ou parceira
data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana, con- de usuário de drogas injetáveis), o exame deve ser repetido no in-
tada a partir do 1º dia da última menstruação; tervalo de três meses.
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro - HBsAg: deve ser realizado na primeira consulta para possibi-
dia da última menstruação e adicionar nove meses ao mês em que litar a identificação das gestantes soropositivas cujos bebês, logo
ela ocorreu. após o nascimento, podem se beneficiar do emprego profilático de
imunoglobulina e vacina específica.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Sorologia para toxoplasmose: na primeira consulta, IgM para d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se
todas as gestantes e IgG, quando houver disponibilidade para rea- mais úmida em virtude do aumento da vascularização. Na ocorrên-
lização. cia de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com
- Citopatológico de colo uterino: deve ser colhido, quando não prurido ou não, agendar consulta médica ou de enfermagem. Nessa
foi realizado durante o ano precedente. circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Con-
trole de Doenças Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;
Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importân-
de gravidez, objetivam avaliar as condições de saúde da gestante, cia da higiene íntima; agendar consulta médica ou de enfermagem
ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a trans- caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina),
missão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja acompanhada ou não de febre;
precocemente tratada de qualquer anormalidade que possa vir a f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de
apresentar. dente macia e realizar massagem na gengiva. Agendar atendimento
A enfermagem deve informar acerca da importância de uma odontológico, sempre que possível.
alimentação balanceada e rica em proteínas, vitaminas e sais mi-
nerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante,
castanhas, peixes, carnes e leite - elementos importantes no supri- podem transpor a barreira placentária e infectar o concepto são:
mento do organismo da gestante e na formação do novo ser. -vírus: principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o
A higiene corporal e oral deve ser incentivada, pois existe o risco vírus da rubéola pode comprometer o embrião, causando má for-
de infecção urinária, gengivite e dermatite. Se a gestante apresen- mação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepati-
tar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante, te, encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar
entre outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mes- o feto são os da varicela, da varíola, do herpes, da hepatite, do sa-
mo água e bucha, conforme permitam suas condições financeiras. rampo e da AIDS;
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das -bactérias: as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção
mamas para o aleitamento materno, banho de sol nas mamas é ocorra a partir do quinto mês de gestação, há o risco de óbito fetal,
uma orientação eficaz. aborto e parto prematuro;
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias mais -protozoários:causadores da toxoplasmose congênita. A dife-
comuns, a seguir relacionadas, que a gestante pode apresentar no pri- rença da toxoplasmose para a rubéola e sífilis é que, independente-
meiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser realizadas. mente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto,
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas os danos podem ser irreparáveis.
são manifestações ocasionais e transitórias, não refletindo doenças Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância
clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui dos exames sorológicos pré-nupcial e pré-natal, que permitem o
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utiliza- diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência
dos apenas com prescrição. imediata.

a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito O segundo trimestre da gravidez
comuns no início da gestação. Para diminuí-los, orientar que a dieta
seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana
frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, de gestação, a grande maioria dos problemas de aceitação da gra-
bem como a ingestão de líquidos durante as refeições (os quais de- videz foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família
vem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bola- entram na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a
chas secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada preparação do enxoval.
com algumas gotas de limão, ou ainda chupar laranja, ameniza os Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e
enjoos. encontra- se com mais harmonia e equilíbrio. Os questionamen-
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou tos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou
de enfermagem para avaliar a necessidade de usar medicamentos; menina?”) e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será
b) Sialorreia – é a salivação excessiva, comum no início da ges- perfeito?”).
tação. A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já po-
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náu- dem ser confirmados no exame obstétrico realizado pelo enfermei-
seas e vômitos; que é importante tomar líquidos (água, sucos) em ro ou médico.
abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard,
ser deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos pode-se auscultar os batimentos fetais (BCF). Nesse momento, o
alimentos; auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do
c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e fre- futuro papai ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao
quência alimentar; orientar quanto à dieta fracionada e o uso de escutar pela primeira vez o coração do bebê é sempre muito gran-
chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam de, pois confirma-se a geração de uma nova vida.
contraindicados; evitar ambientes mal ventilados, mudanças brus- A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão di-
cas de posição e inatividade. Explicar que sentar- se com a cabeça ferenciados e o feto começa o amadurecimento de seus sistemas.
abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e Reagem ativamente aos estímulos externos, como vibrações, luz
pausadamente, minimiza o surgimento dessas sensações; forte, som e outros.
Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante –
aumento das mamas, produção de colostro e aumento do abdome
- a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai
voltar ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse
sexual por mim?

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetra- Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de
ção do pênis machucará a criança?”. Nessas circunstâncias, a equi- enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial
pe deve proporcionar- lhe o apoio devido, orientando-a, esclare- e pré-eclâmpsia (principalmente se mais de 24 semanas de gesta-
cendo-a e, principalmente, ajudando-a a manter a autoestima. ção);
A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas, h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito
a gestante pode ter seu equilíbrio emocional e físico comprometi- tempo em pé ou sentada e que repouse por 20 minutos, várias ve-
dos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias zes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e
mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar nem ligas nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica
queixas frequentes no segundo (abaixo listadas) e até mesmo no especial para gestante;
terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orien- i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens
tações e condutas terapêuticas são de grande importância no senti- no músculo contraído e dolorido, mediante aplicação de calor local,
do de minimizar essas dificuldades. e evite excesso de exercícios;
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito co-
frituras, café, qualquer tipo de chá, refrigerantes, doces, álcool e mum na gestação mas costuma diminuir ou desaparecer, em tempo
fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no
de medicamentos; rosto (cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escureci-
b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cóli- mento da linha alva (linha nigra). Para minimizar o cloasma gravídi-
cas – nos casos de flatulências (gases) e/ou constipação intestinal, co, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de
orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermenta- protetor solar e chapéu;
ção, e recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos
Adicionalmente, estimular a gestante a fazer caminhadas, movi- e que não existe método eficaz de prevenção, sendo comum no ab-
mentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao dome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no
banheiro, um horário que considere ideal para sua rotina. Agendar início apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de
consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez da pa- cor semelhante à da pele;
rede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placen-
em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de ta, líquido amniótico e feto) e da pressão que o útero aumentado
medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas si- exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante
comum nos membros inferiores. Podem ser detectados quando,
tuações em que a dor abdominal ou cólica for persistentes e o ab-
com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias, se pres-
dome gravídico apresentar-se endurecido e dolorido, encaminhar
siona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna,
para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível;
no nível do seu terço médio, na face anterior (região prétibial).
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em
O edema fica evidenciado mediante presença de uma depres-
fibras, visando evitar a constipação intestinal, não usar papel higi- são duradoura (cacifo) no local pressionado. Nesses casos, reco-
ênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e mendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos
realizar após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. 20 minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia
Agendar consulta médica caso haja dor ou sangramento anal per- elástica apropriada.
sistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o
nutricionista; O terceiro trimestre da gravidez
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na
gestação, em decorrência do aumento do útero que impede a ex- Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precoce-
pansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou mente devido a vários fatores (social, econômico, biológico, psicoló-
ansiedade da gestante. Nesses casos, recomendar repouso em de- gico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos
cúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de travesseiros altos que de ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio
possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. ao aleitamento (creches, tempo de licença-aleitamento) e mitos ou
Ouvir a gestante e conversar sobre suas angústias, agendando con- ausência de informação.
sulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento para asso- Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no
ciação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, pré-natal, que pode ser desenvolvido individualmente ou em gru-
cianose de mucosas) ou agravamento da dificuldade em respirar, po. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento
pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca ou para a mãe (prático, econômico e não exige preparo), relacionadas
respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de à involução uterina (retorno e realinhamento das fibras musculares
enfermagem imediata; da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afeti-
e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de su- va entre mãe-filho. Para o bebê, as vantagens relacionam-se com
tiã, com boa sustentação; persistindo a dor, encaminhar para con- a composição do leite, que atende a todas as suas necessidades
sulta médica ou de enfermagem; nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e
f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se propicia a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe;
e ao andar, bem como o uso de sapatos com saltos baixos e confor- além disso, o ato de sugar auxilia a formação da arcada dentária, o
que facilitará, posteriormente, a fala.
táveis.
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias
A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
orientações: este deve ocorrer sempre que a criança tiver fome e
recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode
durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização,
fazer uso de medicamentos;
a mãe deve procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a
g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, con- criança da forma mais cômoda - de forma que lhe permita a aboca-
flitos e temores, agendando consulta com o psicólogo, se necessá- nhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz
rio. da criança com o auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em cada mamada, começando sempre pelo que foi oferecido por Para tanto, algumas orientações importantes devem ser ofere-
último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior cidas, como:
produção de leite, bem como o fornecimento de quantidade cons- -a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de
tante de gordura em todas as mamadas). líquido amniótico) pode ou não romper-se;
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode cau- -a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo
sar rachadura ou fissura. Como prevenção, deve-se orientar a mãe cólica que a fará endurecer e que será intermitente, iniciando com
a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo, intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de
soltar o mamilo. parto;
Em virtude da proximidade do término da gestação, as expec- -no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do
tativas estão mais voltadas para os momentos do parto (“Será que parto, ocorre a saída de um muco branco (parecendo “catarro”) o
vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é per- chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no mo-
feito?”). mento do trabalho de parto;
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da ges- -a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração pro-
tante. funda e expiração soprando o ar).
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sis-
temas cardiovascular, respiratório e locomotor desencadeiam alte- A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a pro-
rações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor curar um serviço de saúde imediatamente ao perceberem qualquer
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e sur- intercorrência durante o período gestacional, como, por exemplo,
gem as dificuldades para movimentar-se e dormir. perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e consti- de dores abdominais, principalmente tipo cólicas, ou dores locali-
pação intestinal, decorrentes tanto da diminuição da área gástrica zadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico); parada
quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e
os intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intesti- superiores (mãos); ganho de peso exagerado; visão turva e presen-
no, o que colabora para o surgimento de hemorroidas. É comum ça de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pe- Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher
sados. Portanto, é importante orientar dieta fracionada, rica em pode apresentar um quadro denominado “falso trabalho de parto”,
verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam a diges- caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), per-
tão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos manecendo, entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
alimentos, e não sua quantidade. Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contu-
do, cessam em seguida, e a cérvice uterina não apresenta alterações
(amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da
grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sen-
gestação, em virtude do encaixamento da cabeça do feto na cavi-
do um dos principais motivos que levam as gestantes a procurar o
dade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ame-
hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar
niza. Entretanto, enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não
atento para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão pre-
acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez pode ser
coce, intervenções desnecessárias e estresse familiar, ocasionando
amenizado adotando a posição de semi fowler durante o descanso.
uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento.
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes
e edema de membros inferiores, tanto pela compressão do útero Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos
sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por orientar a parturiente para que realize exercícios respiratórios, de
efeitos climáticos, principalmente climas quentes. É importante ob- relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e
servar a evolução do edema, pesando a gestante e, procurando evi- facilitarão maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios
tar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito proporcionam melhor rendimento no trabalho de parto, pois pro-
lateral esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente piciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as
mencionadas. metrossístoles.
Destacamos que no final desse período o feto diminui seus mo- Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspira-
vimentos pois possui pouco espaço para mexer-se. Assim, a mãe ção abdominal lenta e profunda, e uma expiração como se a ges-
deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar dia- tante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente
riamente os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos durante as metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto,
uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente durante o período são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos da musculatura
de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar abdominal.
com urgência.
Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais Assistência de Enfermagem
de trabalho de parto? O que fazer? Essas são algumas das pergun- em Situações Obstétricas de Risco
tas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando
aproxima-se a data provável do parto. Na América Latina, o Brasil é o quinto país com maior índice de
A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de mortalidade materna, estimada em 134 óbitos para 100.000 nasci-
início do trabalho de parto. O preparo abrange um conjunto de cui- dos vivos.
dados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a No Brasil, as causas de mortalidade materna se caracterizam
mulher vivencie a experiência do parto e nascimento como um pro- por elevadas taxas de toxemias, outras causas diretas, hemorragias
cesso fisiológico e natural. (durante a gravidez, descolamento prematuro de placenta), compli-
A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser cações puerperais e abortos. Essas causas encontram-se presentes
orientada para identificar os sinais que indicam o início do trabalho em todas as regiões, com predominância de incidência em diferen-
de parto. tes estados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A consulta de pré-natal é o espaço adequado para a prevenção Pode ser subdivido em aborto completo (quando o feto e todos
e controle dessas intercorrências, como a hipertensão arterial asso- os tecidos a ele relacionados são eliminados) e aborto incompleto
ciada à gravidez (toxemias), que se caracteriza por ser fator de risco (quando algum tecido permanece retido no interior do útero);
para eclampsia e outras complicações. -Habitual: quando a mulher apresenta abortamentos repetidos
Denomina-se fator de risco aquela característica ou circunstân- (três ou mais) de causa desconhecida;
cia que se associa à probabilidade maior do indivíduo sofrer dano -Terapêutico: é a intervenção médica aprovada pelo Código Pe-
à saúde. Os fatores de risco são de natureza diversa, a saber: bioló- nal Brasileiro (art. 128), praticado com o consentimento da gestante
gicos (idade – adolescente ou idosa; estatura - baixa estatura; peso ou de seu representante legal e realizado nos casos em que há risco
– obesidade ou desnutrição), clínicos (hipertensão, diabetes), am- de vida ou gravidez decorrente de estupro;
bientais (abastecimento deficiente de água, falta de rede de esgo- -Infectado: quando ocorre infecção intra-útero por ocasião do
tos), relacionados à assistência (má qualidade da assistência, cober- abortamento. Acontece, na maioria das vezes, durante as manobras
tura insuficiente ao pré-natal), socioculturais (nível de formação) e para interromper uma gravidez. A mulher apresenta febre em grau
econômicos (baixa renda). variável, dores discretas e contínuas, hemorragia com odor fétido
Esses fatores, associados a fatores obstétricos como primeira e secreção cujo aspecto depende do microrganismo, taquicardia,
gravidez, multiparidade, gestação em idade reprodutiva precoce ou desidratação, diminuição dos movimentos intestinais, anemia, peri-
tardia, abortamentos anteriores e desnutrição, aumentam a proba- tonite, septicemia e choque séptico.
bilidade de morbimortalidade perinatal. Podem ocorrer endocardite, miocardite, tromboflebite e em-
Devemos considerar que a maioria destas mortes maternas e bolia pulmonar;
fetais poderiam ter sido prevenidas com uma assistência adequada
ao pré-natal, parto e puerpério - “98% destas mortes seriam evi- Provocado - é a interrupção ilegal da gravidez, com a morte do
tadas se as mulheres tivessem condições dignas de vida e atenção produto da concepção, haja ou não a expulsão, qualquer que seja o
à saúde, especialmente pré-natal realizado com qualidade, assim seu estado evolutivo. São praticados na clandestinidade, em clínicas
como bom serviço de parto e pós-parto”. privadas ou residências, utilizando-se métodos anti-higiênicos, ma-
Entretanto, há uma pequena parcela de gestantes que, por teriais perfurantes, medicamentos e substâncias tóxicas. Pode levar
terem algumas características ou sofrerem de alguma patologia, à morte da mulher ou evoluir para um aborto infectado;
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tan- Retido – é quando o feto morre e não é expulso, ocorrendo
to para elas como para o feto. Essa parcela é a que constitui o grupo a maceração. Não há sinais de abortamento, porém pode ocorrer
chamado de gestantes de risco. mal-estar geral, cefaleia e anorexia.
Dentre as diversas situações obstétricas de risco gestacional, O processo de abortamento é complexo e delicado para uma
destacam-se as de maior incidência e maior risco, como aborta- mulher, principalmente por não ter podido manter uma gravidez,
mento, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) e sofri- sendo muitas vezes julgada e culpabilizada, o que lhe acarreta um
mento fetal. estigma social, afetando-lhe tanto do ponto de vista biológico como
Abortamento psicoemocional.

Conceitua-se como abortamento a morte ovular ocorrida an- Independente do tipo de aborto, cada profissional tem papel
tes da 22ª semana de gestação, e o processo de eliminação deste importante na orientação, diálogo e auxílio a essa mulher, diante
produto da concepção é chamado de aborto. O abortamento é dito de suas necessidades. Assim, não deve fazer qualquer tipo de jul-
precoce quando ocorre até a 13ª semana; e tardio, quando entre a gamento e a assistência deve ser prestada de forma humanizada e
13ª e 22ª semanas. com qualidade - caracterizando a essência do trabalho da enferma-
Algumas condições favorecem o aborto, entre elas: fatores gem, que é o cuidar e o acolher, independente dos critérios pesso-
ovulares (óvulos ou espermatozoides defeituosos); diminuição do ais e julgamentos acerca do caso clínico.
hormônio progesterona, resultando em sensibilidade uterina e con- Devemos estar atentos para os cuidados imediatos e media-
trações que podem levar ao aborto; infecções como sífilis, rubéola, tos, tais como: controlar os sinais vitais, verificando sinais de cho-
toxoplasmose; traumas de diferentes causas; incompetência istmo que hipovolêmico, mediante avaliação da coloração de mucosas,
cervical; mioma uterino; “útero infantil”; intoxicações (fumo, álco- hipotensão, pulso fraco e rápido, pele fria e pegajosa, agitação e
ol, chumbo e outros); hipotireoidismo; diabetes mellitus; doenças apatia; verificar sangramento e presença de partes da placenta ou
hipertensivas e fatores emocionais. embrião nos coágulos durante a troca dos traçados ou absorventes
Os tipos de aborto são inúmeros e suas manifestações clínicas colocados na região vulvar (avaliar a quantidade do sangramento
estão voltadas para a gravidade de cada caso e dependência de pelo volume do sangue e número de vezes de troca do absorvente);
uma assistência adequada à mulher. Os tipos de aborto são11: controlar o gotejamento da hidratação venosa para reposição de
-Ameaça de aborto: situação em que há a probabilidade do líquido ou sangue; administrar medicação (antibioticoterapia, soro
aborto ocorrer. Geralmente, caracteriza-se por sangramento mo- antitetânico, analgésicos ou antiespasmódicos, ocitócicos) confor-
derado, cólicas discretas e colo uterino com pequena ou nenhuma me prescrição médica; preparar a paciente para qualquer procedi-
dilatação; mento (curetagem, microcesariana, e outros); prestar os cuidados
-Espontâneo: pode ocorrer por um ovo defeituoso e o subse- após os procedimentos pós-operatórios; procurar tranquilizar a
quente desenvolvimento de defeitos no feto e placenta. Dependen- mulher; comunicar qualquer anormalidade imediatamente à equi-
do da natureza do processo, é considerado: pe de saúde.
a) Evitável: o colo do útero não se dilata, sendo evitado através Nosso papel é orientar a mulher sobre os desdobramentos do
de repouso e tratamento conservador; pós-aborto, como reposição hídrica e nutricional, sono e repouso,
b) Inevitável: quando o aborto não pode ser prevenido, acon- expressão dos seus conflitos emocionais e, psicologicamente, faze-
tecendo a qualquer momento. Apresenta-se com um sangramento -la acreditar na capacidade de o seu corpo viver outra experiência
intenso, dilatação do colo uterino e contrações uterinas regulares. reprodutiva com saúde, equilíbrio e bem-estar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É fundamental a observação do sangramento vaginal, atentan- A DHEG aparece após a 20a semana de gestação, como um
do para os aspectos de quantidade, cor, odor e se está acompanha- quadro de hipertensão arterial, acompanhada ou não de edema
do ou não de dor e alterações de temperatura corporal. As mamas e proteinúria (pré-eclâmpsia), podendo evoluir para convulsão e
precisarão de cuidados como: aplicar compressas frias e enfaixá-las, coma (DHEG grave ou eclampsia).
a fim de prevenir ingurgitamento mamário; não realizar a ordenha Durante uma gestação sem intercorrências, a pressão perma-
nem massagens; administrar medicação para inibir a lactação de nece normal e não há proteinúria. É comum a maioria das gestantes
acordo com a prescrição médica. apresentarem edema nos membros inferiores, devido à pressão do
No momento da alta, a cliente deve ser encaminhada para útero grávido na veia cava inferior e ao relaxamento da musculatura
acompanhamento ginecológico com o objetivo de fazer a revisão lisa dos vasos sanguíneos, não sendo este um sinal diferencial.
pós-aborto; identificar a dificuldade de se manter a gestação se for Já o edema de face e de mãos é um sinal de alerta diferencial,
o caso; e receber orientações acerca da necessidade de um período pois não é normal, podendo estar associado à elevação da pressão
de abstinência sexual e, antes de iniciar sua atividade sexual, esco- arterial. Um ganho de peso de mais de 500 g por semana deve ser
lher o método contraceptivo que mais se adeque à sua realidade. observado e analisado como um sinal a ser investigado.
O exame de urina, cujo resultado demonstre presença de pro-
Placenta Prévia (PP) teína, significa diminuição da função urinária. A elevação da pres-
são sistólica em mais de 30 mmhg, ou da diastólica em mais de 15
É uma intercorrência obstétrica de risco caracterizada pela im- mmhg, representa outro sinal que deve ser observado com aten-
plantação da placenta na parte inferior do útero. Com o desenvol- ção. A gestante o companheiro e a família devem estar convenien-
vimento da gravidez, a placenta evolui para o orifício do canal de temente orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG.
parto. Todos esses sinais são motivos de preocupação, devendo ser
pesquisados e avaliados através de marcação de consultas com
Pode ser parcial (marginal), quando a placenta cobre parte do
maior frequência, para evitar exacerbação dessa complicação em
orifício, ou total (oclusiva), quando cobre totalmente o orifício. Am-
uma gravidez de baixo risco, tornando-a de alto risco – o que fará
bas as situações provocam risco de vida materna e fetal, em vista da
necessário o encaminhamento e acompanhamento pelo pré-natal
hemorragia – a qual apresenta sangramento de cor vermelho vivo,
de alto risco.
indolor, constante, sem causa aparente, aparecendo a partir da 22a A pré-eclâmpsia leve é caracterizada por edema e/ou proteinú-
semana de gravidez. ria, e mais hipertensão. À medida que a doença evolui e o vaso es-
Após o diagnóstico de PP, na fase crítica, a internação é a con- pasmo aumenta, surgem outros sinais e sintomas. O sistema ner-
duta imediata com a intenção de promover uma gravidez a termo voso central (SNC) sofre irritabilidade crescente, surgindo cefaleia
ou o mais próximo disso. A supervisão deve ser constante, sendo a occipital, tonteiras, distúrbios visuais (moscas volantes). As mani-
gestante orientada a fazer repouso no leito com os membros discre- festações digestivas - dor epigástrica, náuseas e vômitos - são sinto-
tamente elevados, evitar esforços físicos e observar os movimentos mas que revelam comprometimento de outros órgãos.
fetais e características do sangramento (quantidade e frequência). Com a evolução da doença pode ocorrer a convulsão ou coma,
A conduta na evolução do trabalho de parto dependerá do quadro caracterizando a DHEG grave ou eclampsia, uma das complicações
clínico de cada gestante, avaliando o bem-estar materno e fetal. obstétricas mais graves. Nesta, a proteinúria indica alterações re-
nais, podendo ser acompanhada por oligúria ou mesmo anúria.
Com o vaso espasmo generalizado, o miométrio torna-se hi-
Prenhez Ectópica ou Extrauterina pertônico, afetando diretamente a placenta que, dependendo da
intensidade, pode desencadear seu deslocamento prematuro. Tam-
Consiste numa intercorrência obstétrica de risco, caracterizada bém a hipertensão materna prolongada afeta a circulação placen-
pela implantação do ovo fecundado fora do útero, como, por exem- tária, ocorrendo o rompimento de vasos e acúmulo de sangue na
plo, nas trompas uterinas, ovários e outros. parede do útero, representando outra causa do deslocamento da
Como sinais e sintomas, tal intercorrência apresenta forte dor placenta.
no baixo ventre, podendo estar seguida de sangramento em grande Um sinal expressivo do descolamento da placenta é a dor ab-
quantidade. dominal súbita e intensa, seguida por sangramento vaginal de co-
O diagnóstico geralmente ocorre no primeiro trimestre gesta- loração vermelha-escuro, levando a uma movimentação fetal au-
cional, através de ultrassonografia. A equipe de enfermagem de- mentada, o que indica sofrimento fetal por diminuição de oxigênio
verá estar atenta aos possíveis sinais de choque hipovolêmico e de (anoxia) e aumento excessivo das contrações uterinas que surgem
infecção. como uma defesa do útero em cessar o sangramento, agravando o
estado do feto. Nesses casos, indica-se a intervenção cirúrgica de
A conduta obstétrica é cirúrgica.
emergência – cesariana -, para maior chance de sobrevivência ma-
terna e fetal.
Doenças Hipertensivas Específicas da Gestação (DHEG)
Os fatores de risco que dificultam a oxigenação dos tecidos e,
principalmente, o tecido uterino, relacionam-se à: superdistensão
A hipertensão na gravidez é uma complicação comum e poten- uterina (gemelar, polidrâmnia, fetos grandes); aumento da tensão
cialmente perigosa para a gestante, o feto e o próprio recém-nasci- sobre a parede abdominal, frequentemente observado na primeira
do, sendo uma das causas de maior incidência de morte materna, gravidez; doenças vasculares já existentes, como hipertensão crô-
fetal e neonatal, de baixo peso ao nascer e prematuridade. Pode nica, neuropatia; estresse emocional, levando à tensão muscular;
apresentar-se de forma leve, moderada ou grave. alimentação inadequada.
Existem vários fatores de risco associados com o aumento da A assistência pré-natal tem como um dos objetivos detectar
DHEG, tais como: adolescência/idade acima de 35 anos, conflitos precocemente os sinais da doença hipertensiva, antes que evolua.
psíquicos e afetivos, desnutrição, primeira gestação, história fa- A verificação do peso e pressão arterial a cada consulta servirá para
miliar de hipertensão, diabetes mellitus, gestação múltipla e poli- a avaliação sistemática da gestante, devendo o registro ser feito no
drâmnia. Cartão de Pré-Natal, para acompanhamento durante a gestação e

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parto. O exame de urina deve ser feito no primeiro e terceiro tri- balanço hídrico; manutenção de acesso venoso para hidratação e
mestre, ou sempre que houver queixas urinárias ou alterações dos administração de terapia medicamentosa (anti-hipertensivo, anti-
níveis da pressão arterial. convulsivos, antibióticos, sedativos) e de urgência; colheita de exa-
A equipe de enfermagem deve orientar a gestante sobre a im- mes laboratoriais de urgência; instalação de oxigeno terapia confor-
portância de diminuir a ingesta calórica (alimentos ricos em gordu- me prescrição médica, caso a gestante apresente cianose.
ra, massa, refrigerantes e açúcar) e não abusar de comidas salgadas, Com a estabilização do quadro e as convulsões controladas,
bem como sobre os perigos do tabagismo, que provoca vasoconstri- deve-se preparar a gestante para a interrupção da gravidez (cesá-
ção, diminuindo a irrigação sanguínea para o feto, e do alcoolismo, rea), pois a conduta mais eficaz para a cura da DHEG é o término
que provoca o nascimento de fetos de baixo peso e abortamento da gestação, o que merece apreciação de todo o quadro clínico e
espontâneo. condição fetal, considerando-se a participação da mulher e família
O acompanhamento pré-natal deve atentar para o apareci- nesta decisão.
mento de edema de face e dos dedos, cefaleia frontal e occipital e É importante que a puérpera tenha uma avaliação contínua
outras alterações como irritabilidade, escotomas, hipersensibilida- nas 48 horas após o parto, pois ainda pode apresentar risco de
de a estímulos auditivos e luminosos. A mulher, o companheiro e a vida.
família devem ser orientados quanto aos sinais e sintomas da DHEG
e suas implicações, observando, inclusive, a dinâmica da movimen- Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
tação fetal.
A gestante deve ser orientada quanto ao repouso no leito em O sofrimento fetal agudo (SFA) indica que a saúde e a vida do
decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação, tanto renal feto estão sob-risco, devido à asfixia causada pela diminuição da
quanto placentária, reduzindo também o edema e a tensão arterial, chegada do oxigênio ao mesmo, e à eliminação do gás carbônico.
bem como ser encorajada a exteriorizar suas dúvidas e medos, vi- As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno e o
sando minimizar o estresse. fetal, realizadas pela circulação placentária, são indispensáveis para
As condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldade de manter o bem-estar do feto. Qualquer fator que, por um período
acesso aos serviços de saúde, hábitos alimentares inadequados, provisório ou permanente de carência de oxigênio, interfira nessas
entre outros, são fatores que podem vir a interferir no acompanha- trocas será causa de SFA.
mento ambulatorial. Sendo específicos à cada gestante, fazem com O sofrimento fetal pode ser diagnosticado através de alguns
que a eclampsia leve evolua, tornando a internação hospitalar o tra- sinais, como frequência cardíaca fetal acima de 160 batimentos ou
tamento mais indicado. abaixo de 120 por minuto, e movimentos fetais inicialmente au-
mentados e posteriormente diminuídos.
Durante a internação hospitalar a equipe de enfermagem deve Durante essa fase, o auxiliar de enfermagem deve estar atento
estar atenta aos agravos dos sinais e sintomas da DHEG. Portanto, aos níveis pressóricos da gestante, bem como aos movimentos fe-
deve procurar promover o bem-estar materno e fetal, bem como tais. Nas condutas medicamentosas, deve atuar juntamente com a
proporcionar à gestante um ambiente calmo e tranquilo, manter a equipe de saúde.
supervisão constante e atentar para o seu nível de consciência, já Nos casos em que se identifique sofrimento fetal e a gestante
que os estímulos sonoros e luminosos podem desencadear as con- esteja recebendo infusão venosa contendo ocitocina, tal fato deve
vulsões, pela irritabilidade do SNC. Faz-se necessário, também, con- ser imediatamente comunicado à equipe e a solução imediatamen-
trolar a pressão arterial e os batimentos cardiofetais (a frequência te suspensa e substituída por solução glicosada ou fisiológica pura.
será estabelecida pelas condições da gestante), bem como pesar a A equipe responsável pela assistência deve tranquilizar a ges-
gestante diariamente, manter-lhe os membros inferiores discreta- tante, ouvindo-a e explicando - a ela e à família - as característi-
mente elevados, providenciar a colheita dos exames laboratoriais cas do seu quadro e a conduta terapêutica a ser adotada, o que
solicitados (sangue, urina), observar e registrar as eliminações fisio- a ajudará a manter o controle e, consequentemente, cooperar. A
lógicas, as queixas álgicas, as perdas vaginais e administrar medica- transmissão de calma e a correta orientação amenizarão o medo e
ções prescritas, observando sua resposta. a ansiedade pela situação.
Além disso, deve-se estar atento para possíveis episódios de A gestante deve ser mantida em decúbito lateral esquerdo,
crises convulsivas, empregando medidas de segurança tais como com o objetivo de reduzir a pressão que o feto realiza sobre a veia
cava inferior ou cordão umbilical, e melhorar a circulação mater-
manter as grades laterais do leito elevadas (se possível, acolcho-
no-fetal. Segundo prescrição, administrar oxigênio (O2 úmido) para
adas), colocar a cabeceira elevada a 30° e a gestante em decúbi-
melhorar a oxigenação da gestante e do feto e preparar a parturien-
to lateral esquerdo (ou lateralizar sua cabeça, para eliminação das
te para intervenção cirúrgica, de acordo com a conduta indicada
secreções); manter próximo à gestante uma cânula de borracha
pela equipe responsável pela assistência.
(Guedel), para colocar entre os dentes, protegendo- lhe a língua de
um eventual traumatismo. Ressalte-se que os equipamentos e me-
Parto e Nascimento Humanizado
dicações de emergência devem estar prontos para uso imediato, na
proximidade da unidade de alto risco.
Até o século XVIII, as mulheres tinham seus filhos em casa; o
Gestantes que apresentam DHEG moderada ou grave devem
parto era um acontecimento domiciliar e familiar. A partir do mo-
ser acompanhadas em serviços de obstetrícia, por profissional mé- mento em que o parto tornou-se institucionalizado (hospitalar) a
dico, durante todo o período de internação. Os cuidados básicos in- mulher passou a perder autonomia sobre seu próprio corpo, dei-
cluem: observação de sinais de petequeias, equimoses e/ou sangra- xando de ser ativa no processo de seu parto.
mentos espontâneos, que indicam complicação séria causada por Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que ape-
rompimento de vasos sanguíneos; verificação horária de pressão nas 10% a 20% dos partos têm indicação cirúrgica. Isto significa que
arterial, ou em intervalo menor, e temperatura, pulso e respiração deveriam ser indicados apenas para as mulheres que apresentam
de duas em duas horas; instalação de cateterismo vesical, visando problemas de saúde, ou naqueles casos em que o parto normal tra-
o controle do volume urinário (diurese horária); monitoramento de ria riscos ao recém-nascido ou a mãe. Entretanto, o que verificamos

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é a existência de um sistema de saúde voltado para a atenção ao ao estado geral da cliente e sua reserva orgânica para atender ao
parto e nascimento pautado em rotinas de intervenções, que favo- esforço do trabalho de parto; e à situação e apresentação fetais
rece e conduz ao aumento de cesáreas e de possíveis iatrogenias (transversa, acromial, pélvica e de face).
que, no pós-parto, geram complicações desnecessárias.
Nós, profissionais de saúde, devemos entender que o parto Admitindo a Parturiente
não é simplesmente “abrir uma barriga”, “tirar um recém-nascido
de dentro”, afastá-lo da “mãe”para colocá-lo num berço solitário, O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma ma-
enquanto a mãe dorme sob o efeito da anestesia. ternidade deve ter como preocupação principal uma recepção aco-
A enfermagem possui importante papel como integrante da lhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assis-
equipe, no sentido de proporcionar uma assistência humanizada e tência na maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento:
qualificada quando do parto, favorecendo e estimulando a partici- acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao pré-parto; colher os
pação efetiva dos principais atores desse fenômeno – a gestante, exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exa-
seu acompanhante e seu filho recém-nascido. mes, caso não os tenha realizado durante o pré-natal); promover
Precisamos valorizar esse momento pois, se vivenciado har- um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a evolução do
moniosamente, favorece um contato precoce mãe-recém-nasci- trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.
do, estimula o aleitamento materno e promove a interação com o
acompanhante e a família, permitindo à mulher um momento de
Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural
conforto e segurança, com pessoas de seu referencial pessoal.
Os profissionais devem respeitar os sentimentos, emoções, ne-
O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto
cessidades e valores culturais, ajudando-a a diminuir a ansiedade e
percorre ao nascer, desde o útero à abertura vulvar. É formado pelo
insegurança, o medo do parto, da solidão do ambiente hospitalar e
dos possíveis problemas do bebê. conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a peque-
A promoção e manutenção do bem-estar físico e emocional ao na bacia pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos te-
longo do processo de parto e nascimento ocorre mediante informa- cidos moles (parte inferior do útero, colo uterino, canal vaginal e
ções e orientações permanentes à parturiente sobre a evolução do períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de
trabalho de parto, reconhecendo-lhe o papel principal nesse pro- trajeto mole.
cesso e até mesmo aceitando sua recusa a condutas que lhe cau- No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do
sem constrangimento ou dor; além disso, deve-se oferecer espaço útero; amolecimento do colo para a dilatação e apagamento; hiper-
e apoio para a presença do(a) acompanhante que a parturiente vascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando
deseja. sua distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o tra-
Qualquer indivíduo, diante do desconhecido e sozinho, tende jeto do parto.
a assumir uma postura de defesa, gerando ansiedade e medos. A No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilida-
gestante não preparada desconhece seu corpo e as mudanças que de nas articulações (sacroilíaca, sacrococcígea, lombo-sacral, sínfise
o mesmo sofre. púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
O trabalho de parto é um momento no qual a mulher se sente O feto tem importante participação na evolução do trabalho
desprotegida e frágil, necessitando apoio constante. de parto: realiza os mecanismos de flexão, extensão e rotação, per-
O trabalho de parto e o nascimento costumam desencadear mitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno
excitação e apreensão nas parturientes, independente do fato de a facilitado pelo cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a
gestante ser primípara ou multípara. É um momento de grande ex- redução do diâmetro da cabeça e facilitando a passagem pela pelve
pectativa para todos, gestante, acompanhante e equipe de saúde. materna.
O início do trabalho de parto é desencadeado por fatores ma-
ternos, fetais e placentários, que se interagem. O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação
Os sinais do desencadeamento de trabalho de parto são:
- eliminações vaginais, discreto sangramento, perda de tampão Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as con-
mucoso, eliminação de líquido amniótico, presente quando ocorre trações uterinas progridem e aos poucos aumentam a intensidade,
a ruptura da bolsa amniótica - em condições normais, apresenta- se
o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino.
claro, translúcido e com pequenos grumos semelhantes a pedaços
Como resultado, a cabeça do feto vai gradualmente descendo no
de leite coalhado (vérnix);
canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente. Essa descida,
- contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena inten-
auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão
sidade, com duração variável de 20 a 40 segundos, podendo chegar
a duas ou mais em dez minutos; maior da cabeça sobre o colo uterino, que vai se apagando. Para
- desconforto lombar; possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por volta de
- alterações da cérvice, amolecimento, apagamento e dilatação 9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o pe-
progressiva; ríodo em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações
- diminuição da movimentação fetal. dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como exaustão,
impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
A duração de cada trabalho de parto está associada à parida- Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar
de (o número de partos da mulher), pois as primíparas demandam do trabalho de parto, o feto também se adapta a esse processo: sua
maior tempo de trabalho de parto do que as multíparas; à flexibili- cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo
dade do canal de parto, pois as mulheres que exercitam a muscula- entrar dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna
tura pélvica apresentam maior flexibilidade do que as sedentárias; com mais mobilidade.
às contrações uterinas, que devem ter intensidade e frequência Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam
apropriadas; à boa condição psicológica da parturiente durante o uns dos outros e podem acavalar, reduzindo o tamanho do crânio e,
trabalho de parto, caso contrário dificultará o nascimento do bebê; assim, facilitar a passagem pela pelve materna.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alternati- Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias
vas que possam amenizar-lhe o desconforto. O cuidar envolve presen- cinco contrações num período de 10 minutos e com intensidade
ça, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente, estimu- de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
lando- a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, de joelho a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as
sobre a cama ou deambular. Essas posições, desde que escolhidas pela contrações, repousando nos intervalos para conservar as energias.
mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero, tornam as contra- Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante
ções mais eficazes, ampliam o canal do parto e facilitam a descida do assistir ao desprendimento fetal espontâneo. Caso esse desprendi-
feto pela ação da gravidade. mento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da ca-
chuveiro, bem como estimulada a fazer uma respiração profunda, beça e ombros, o corpo desliza facilmente, acompanhado de um
realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido,
tensão muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do com boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o
feto na bacia materna. faça, se a posição do parto favorecer esta prática. Neste momento,
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do
enfermeiro ou médico, a ausculta dos batimentos cardiofetais, sem- recém-nascido.
pre que houver avaliação da dinâmica uterina (DU) antes, durante O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o
e após a contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é recém-nascido estiver respirando. A laqueadura é feita com mate-
contínuo e importante para a detecção precoce de qualquer altera- rial adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importan-
ção. A verificação dos sinais vitais pode ser realizada de quatro em te manter o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/
quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequen- campo – o que previne a ocorrência de hipotermia. A mulher deve
temente, se indicado. ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, o parto, o que facilita a saída da placenta e estimula a involução do
e tem a finalidade de verificar a dilatação e o apagamento do colo útero, diminuindo o sangramento pós-parto.
uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a
realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve prepa- O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação
rar o material necessário para o exame, que inclui luvas, gazes com
solução anti séptica e comadre. Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da pla-
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o centa e membranas (amniótica e coriônica). Recebe o nome de de-
exame. livramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é
permanecer no leito durante o trabalho de parto, devido às compli- importante atentar para as perdas sanguíneas, que não devem ser
cações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição superiores a 500 ml.
de decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível. As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor
quantidade e intensidade. A placenta deve ser examinada com re-
O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão lação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção
do cordão, bem como verificação do número de vasos sanguíneos
O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e tumorações. Exami-
colo uterino e termina com o nascimento do bebê. na-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangra- vistas à identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido re-
alizada episiotomia, proceder à sutura do corte (episiorrafia) e/ou
mento aumenta com a laceração dos capilares no colo uterino. Náu-
das lacerações.
seas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A partu-
riente refere pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde
dos músculos perineais e abaulamento do períneo (solicitação do
ocorrerão contrações que permitirão reduzir o volume uterino,
períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que
Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo au-
irrigavam a placenta.
xiliar de enfermagem e comunicados à enfermeira obstétrica e ao
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve veri-
obstetra. ficar a tensão arterial da puérpera, identificando alterações ou não
O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
total, o auxiliar de enfermagem deve encaminhar a parturiente à Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se,
sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando. utilizando luvas estéreis, realizar-lhe antissepsia da área pubiana,
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturien- massagear-lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um
te deve ser orientada para respirar tranquilamente e não fazer for- absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou en-
ça. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com se- fermeiro avalie que a puérpera esteja em boas condições clínicas,
gurança e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical, será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o aloja-
semiverticalizada ou horizontal. Qualquer procedimento realizado mento conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições
deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante. e pertences pessoais.
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável
pela condução do parto deve fazer a escovação das mãos e se pa-
ramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antis-
sepsia vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterili-
zados sobre a parturiente. Na necessidade de episiotomia, indica-se
a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar
de enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg segurança da parturiente e, juntamente com o anestesista, ajudá-
-la a se posicionar para o processo cirúrgico, controlando também
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que a tensão arterial. No parto, o auxiliar de enfermagem desenvolve
ocorre a loquiação e se avalia a involução uterina e recuperação ações de circulante ou instrumentador. Após o nascimento, presta
da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido os primeiros cuidados ao bebê e encaminha-o ao berçário.
ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no A seguir, o auxiliar de enfermagem deve providenciar a transfe-
centro obstétrico, para criterioso acompanhamento. rência da puérpera para a sala de recuperação pós-anestésica, pres-
tando- lhe os cuidados relativos ao processo cirúrgico e ao parto.
Assistência de Enfermagem Durante o Parto Cesáreo
Puerpério e suas Complicações
O parto cesáreo ou cesariana é um procedimento cirúrgico, in-
vasivo, que requer anestesia. Nele, realiza-se uma incisão no abdo- Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações
me e no útero, com exposição de vísceras e perda de sangue, por gradativas - as mais marcantes envolvem o órgão reprodutor. O
onde o feto é retirado. Ressalte-se que esse procedimento expõe puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fi-
o organismo às infecções, tanto pela queda de imunidade em vista siologia materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode
das perdas sanguíneas como pelo acesso de microrganismos atra- perdurar por 6 semanas ou ter duração variável, principalmente nas
vés da incisão cirúrgica (porta de entrada), além de implicar maior mulheres que estiverem amamentando.
tempo de recuperação. O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico
A realização do parto cesáreo deve ser baseada nas condições e psicológico.
clínicas - da gestante e do feto - que contraindiquem o parto normal, A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras
tais como desproporção cefalopélvica, discinesias, apresentação condições desencadeadas pelo nascimento podem causar compli-
anômala, descolamento prematuro da placenta, pós-maturidade, cações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser
diabete materno, sofrimento fetal agudo ou crônico, placenta pré- prestada.
via total ou parcial, toxemia gravídica, prolapso do cordão umbilical. Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período
Caso ocorra alguma intercorrência obstétrica (alteração do de transição, ficando vulnerável às pressões emocionais. Problemas
BCF; a dinâmica uterina, dos sinais vitais maternos; perda trans- que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la ansio-
vaginal de líquido com presença de mecônio; período de dilatação sa em vista das responsabilidades com o novo membro da famí-
cervical prolongado) que indique necessidade de parto cesáreo, a lia (“Será que vou conseguir amamentá-lo? Por que o bebê chora
equipe responsável pela assistência deve comunicar o fato à mu- tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
lher/ família, e esclarecer- lhes sobre o procedimento. bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir
Nesta intervenção cirúrgica, as anestesias mais utilizadas são a a atenção entre ele e o bebê?”) e a família (“Como dividir a atenção
raquidiana e a peridural, ambas aplicadas na coluna vertebral. com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
A anestesia raquidiana tem efeito imediato à aplicação, levan- Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional,
do à perda temporária de sensibilidade e movimentos dos mem- somada à exaustão física, pode surgir um quadro de profunda tris-
bros inferiores, que retornam após passado seu efeito. Entretanto, teza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e
tem o inconveniente de apresentar como efeito colateral cefaleia de si mesma - que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas
intensa no período pós-anestésico - como prevenção, deve-se man- manifestações podem acontecer sem causa aparente, com dura-
ter a puérpera deitada por algumas horas (com a cabeceira a zero ção temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno
grau e sem travesseiro), orientando- a para que não eleve a cabeça requer a intervenção de profissionais capazes de sua detecção e
e estimulando-a à ingestão hídrica. tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera e
A anestesia peridural é mais empregada, porém demora mais proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando
tempo para fazer efeito e não leva à perda total da sensibilidade orientações à família acerca da importância de seu apoio na supe-
dolorosa, diminuindo apenas o movimento das pernas – como van- ração deste quadro.
tagem, não produz o incômodo da dor de cabeça. De acordo com as alterações físicas, o puerpério pode ser clas-
Na recuperação do pós-parto normal, a criança pode, nas pri- sificado em quatro fases distintas: imediato (primeiras 2 horas pós-
meiras horas, permanecer com a mãe na sala de parto e/ou alo- -parto); mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto); tardio (do 11º
jamento conjunto- dependendo da recuperação, a mulher pode dia até o 42º dia pós-parto) e remoto (do 42º dia em diante).
deambular, tomar banho e até amamentar. Tal situação não aconte- O puerpério imediato, também conhecido como quarto perío-
cerá nas puérperas que realizaram cesarianas, pois estarão com hi- do do parto, inicia-se com a involução uterina após a expulsão da
dratação venosa, cateter vesical, curativo abdominal, anestesiadas, placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e
sonolentas e com dor – mais uma razão que justifica a realização do infecção.
parto cesáreo apenas quando da impossibilidade do parto normal. A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes
A equipe deve esclarecer as dúvidas da parturiente com relação complicações.
aos procedimentos pré-operatórios, tais como retirada de próteses O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resis-
e de objetos (cordões, anéis, roupa íntima), realização de tricoto- tência à infecção causada por microrganismos encontrados no cor-
mia em região pubiana, manutenção de acesso venoso permeável, po.
realização de cateterismo vesical e colheita de sangue para exames Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de in-
laboratoriais (solicitados e de rotina). fecções: o trabalho de parto prolongado com a bolsa amniótica
Após verificação dos sinais vitais, a parturiente deve ser enca- rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioe-
minhada à sala de cirurgia, onde será confortavelmente posicio- conômicas desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e
nada na mesa cirúrgica, para administração da anestesia. Durante história de doenças sexualmente transmissível não tratada. O parto
toda a técnica o auxiliar de enfermagem deve estar atento para a cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal,

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pois durante seu procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguí- Complementando esta avaliação, também há verificação dos
neos, linfáticos e peritônio estão expostos às bactérias existentes sinais vitais, considerando-se que a frequência cardíaca diminui
na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto,
consequente diminuição da resistência favorecem o surgimento de em vista da redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode
infecções. indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor e até ansiedade.
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode
infecção, porém a hipertermia é frequente - em torno de 38º C ou estar relacionada à perda de sangue excessivo e seu aumento é su-
mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não involução ute- gestivo de hipertensão. É também importante observar o nível de
rina e alteração das características dos lóquios, com eliminação de consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
secreção purulenta e fétida, e diarreia. Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avalian-
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva do a integridade, o edema e a episiorrafia; aplicar compressas de
identificar restos ovulares; nos casos necessários, deve-se proceder gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo
à curetagem. o edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da membros inferiores (edema e varizes) e oferecer líquidos e alimen-
puérpera, bem como orientá-la sobre a técnica correta de lavagem tos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um
Além disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias parto normal e mais os cuidados de um pós-operatório, observando
presentes no reto, a puérpera deve ser orientada a lavar as regiões as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/
da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido ou queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
da vulva para o ânus. No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento
Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a conjunto até a alta hospitalar. Neste setor, inicia os cuidados com o
puérpera a limpar a região com antisséptico, bem como estimular- bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme pres- que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
crição, visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de
de curetagem, preparar a sala para o procedimento. enfermagem baseia-se em observar e registrar o estado geral da
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério
perda sanguínea. Nesse período, é comum a mulher referir cólicas. imediato, em intervalos mais espaçados. Deve também estimular
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro a deambulação precoce e exercícios ativos no leito, bem como ob-
e globoide pela contração, formando o globo de segurança de Pi- servar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido
nard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. (incentivando o aleitamento materno), a aceitação da dieta e as ca-
A total involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rá- racterísticas das funções fisiológicas, em vista da possibilidade de
pida na mulher sadia que teve parto normal e está em processo de retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da
amamentação.
higiene íntima após cada eliminação e enfatizando a importância
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou
da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne in-
pequeno), aspecto (coloração, presença de coágulos, restos placen-
fecções.
tários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação
de enfermagem desenvolver ações educativas, buscando valorizar
e deambulação precoces.
as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando
De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados
atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa
como sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias);
serosanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias) e serosos (seme- metodologia propicia a detecção de problemas diversos (emocio-
lhantes à “salmoura” – uma a três semanas). nais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera
A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência e/ou família para uma tentativa de solução.
de mortalidade materna, tendo como causas a atonia uterina, la- O profissional deve abordar assuntos com relação ao relaciona-
cerações do canal vaginal e retenção de restos placentários. É im- mento mãe-filho-família; estímulo à amamentação, colocando em
portante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do
em quinze minutos – e avaliar rotineiramente a involução uterina bebê; curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimen-
através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa tação e hidratação adequada para a nutriz; uso de medicamentos
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; im-
lóquios em quantidades excessivas (contendo coágulos e escorren- portância da deambulação para a involução uterina e eliminação de
do num fio constante) e aumento das frequências respiratória e car- flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
díaca, com hipotensão. A mama é o único órgão que após o parto não involui, enchen-
do- se de colostro até trinta horas após o parto. A apojadura, que
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto.
deve avisar imediatamente a equipe, auxiliando na assistência para A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos
reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilida- mamilos pelo bebê.
de de choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso As mamas também podem apresentar complicações:
venoso permeável para a administração de infusão e medicações; -ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto,
bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massa- a produção láctea está no auge, ocasionando o ingurgitamento ma-
geando-o suavemente para estimular as contrações, colher sangue mário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguin-
para exames laboratoriais e prova cruzada, certificar-se de que no tes condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição
banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o adequada do recém-nascido durante a mamada; o uso do sutiã fir-
da mulher - em caso de reposição - e preparar a puérpera para a me e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre
intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário. que as mamas estiverem cheias;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias Classificação de Acordo com a IG
de amamentação, levando a nutriz a parar de amamentar.
Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem até o nascimento, medido pelo número de semanas entre o primei-
deve orientar a mãe a manter a amamentação; incentivá-la a não ro dia da última menstruação e a data do parto.
usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação
ao sol por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 até seu término é de 40 semanas. Sendo assim, considera-se:
horas); e a alternar as mamas em cada mamada, retirando cuidado- a) RN prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas
samente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas con- de gestação;
dutas adotadas para o ingurgitamento mamário. b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de
-mastite - é um processo inflamatório que costuma se desen- gestação;
volver após a alta e no qual os microrganismos penetram pelas c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de
rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é gestação.
dor, hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A
puérpera deve ser orientada a realizar os mesmos cuidados adota- Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e
dos nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras. a necessidade de cuidados neonatais adequados.
Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde
Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada dos bebês, o nascimento pós-termo também. Após o período de
às orientações sobre o retorno à atividade sexual, planejamento gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da
familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua
oferta de oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 se-
vínculo empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-
manas de gestação podem apresentar complicações respiratórias e
-natal e puericultura.
nutricionais importantes no período neonatal.
A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencial-
mente, junto com a primeira avaliação da criança na unidade de
saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou a as- Classificação de Acordo com a Relação Peso/IG
sistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.
Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrau-
feto com base nos conhecimentos acumulados nos campos da obs- terino, uma vez que de acordo com a relação entre o peso e a IG os
tetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessá- bebês são classificados como:
rios os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia. a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram entre as duas
definida como um ramo da medicina especializado no diagnóstico curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos
e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange são de bebês adequados para a IG;
mais do que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos
dos neonatos e de suas características. cujas linhas referentes a peso e a IG se encontram abaixo da primei-
ra curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
Classificação dos Recém-Nascidos (RNS) importante, em geral como consequência de doenças ou desnutri-
ção maternas.
Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos
gestacional (IG) ao nascer e com a relação entre um e outro. cujas linhas referentes ao peso e a IG se encontram acima da se-
gunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a
A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao IG são filhos de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibili-
permitir a antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à zadas.
IG quando do nascimento, possibilita o planejamento dos cuidados
e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da as- Características Anatomofisiológicas dos RNS
sistência.
Os RNs possuem características anatômicas e funcionais pró-
Classificação de Acordo com o Peso prias.
O conhecimento dessas características possibilita que a assis-
A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-pe-
tência aos neonatos seja planejada, executada e avaliada de for-
so todo bebê nascido com peso igual ou inferior a 2.500 gramas.
ma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também
Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tan-
permite a orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado
to os bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
após a alta.
Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso O peso dos bebês é influenciado por diversas condições asso-
igual ou inferior a 2.500 gramas - baixo peso ao nascimento - cons- ciadas à gestação, tais como fumo, uso de drogas, paridade e ali-
titui- se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um ele- mentação materna.
vado percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não dis-
ponibilidade de assistência adequada durante o pré-natal, o parto e Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida
o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da uma diminuição de 5 a 10% do seu peso ao nascimento, chamada
família, o que pode acarretar graves consequências sociais. de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de
líquidos e reduzida ingesta.. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs
prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem recuperar o peso de
nascimento.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés)
brasileiros, indicam as seguintes médias no caso dos neonatos a ter- e/ ou na região perioral e presente nas primeiras horas de vida, é
mo: 3.500g/ 50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,- considerada como um achado normal, em função da circulação pe-
6cm para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que riférica, mais lenta nesse período. Pode também ser causada por
a média do perímetro cefálico dos RNs a termo é de 34-35 cm. Já hipotermia, principalmente em bebês prematuros. Quando genera-
o perímetro torácico deve ser sempre 2- 3cm menor que o cefálico lizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúr-
(Navantino, 1995). bios respiratórios e/ou cardíacos.
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos be- f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evo-
bês, ou seja, o bom funcionamento dos seus sistemas respiratório, lui no sentido craniocaudal, que pode ter significado fisiológico ou
cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estive- patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições
rem dentro dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de associadas. As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em
que a criança se encontra em boas condições no que se refere a geral patológicas e as surgidas após esse período são chamadas de
esses sistemas. fisiológicas ou próprias do RN.
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificulda- g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encon-
de de manter estável a temperatura corporal, perdendo rapidamente trado com frequência em bebês prematuros, devido as suas limi-
calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado ou tações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos.
em contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corporal dos
O edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência
bebês é relativamente grande em relação ao seu peso e eles têm uma
cardíaca, insuficiência renal e distúrbios metabólicos.
capacidade limitada para produzir calor.
A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, re-
Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos;
fletem a posição em que se encontravam no útero materno. Por
exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a já nos prematuros são muitas vezes escassos, finos e algodoados.
manter-se na posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tron- A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar
co, mãos fechadas, braços flexionados, pernas fletidas sobre as co- associada à presença de malformações cromossômicas.
xas e coxas, sobre o abdômen. Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais fre-
A avaliação da pele do RN fornece importantes informações quentemente observada em bebês prematuros.
acerca do seu grau de maturidade, nutrição, hidratação e sobre a As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são
presença de condições patológicas. incompletas e até ausentes nos prematuros.
A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completa-
hidratação e nutrição, tem aspecto sedoso, coloração rosada (nos mente soldados e são separados por estruturas membranosas de-
RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), tur- nominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos
gor normal e é recoberta por vernix caseoso. parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a
Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês lambdoide (separa os parietais do occipital).
nascidos pós-termo, grossa e apergaminhada, com presença de Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande
descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos fontanela ou fontanela bregmática, que tem tamanho variável e só
pés — e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído. se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fonta-
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs desta- nela, a lambdoide ou pequena fontanela, situada entre as suturas
camos as que se apresentam com maior frequência e sua condição lambdoide e sagital. É uma fontanela de pequeno diâmetro, que em
ou não de normalidade. geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas, A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça
emelhantes a picadas de insetos, que aparecem em geral após o 2º do feto durante sua passagem no canal do parto. Esta moldagem
dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utiliza- alterações podem aparecer na cabeça dos bebês como consequên-
dos para a higienização dos bebês. cia de sua passagem pelo canal de parto. Dentre elas temos:
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem es- a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função do
tar presentes na face, nariz, testa e queixo sob a forma de pequenos
Rompimento de vasos pela pressão dos ossos cranianos contra
pontos brancos.
a
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que apa-
Estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amoleci-
recem nas regiões glútea e lombossacra. De origem racial – apare-
da com a sensação de presença de líquidos), volume variável e não
cem em crianças negras, amarelas e índias - costumam desaparecer
com o decorrer dos anos. atravessa as linhas das suturas, ficando restrito ao osso atingido.
d) Petequeias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos
fragilidade capilar e rompimento de pequenos vasos. Podem apare- à palpação e podem levar semanas para ser reabsorvidos.
cer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal
do parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na re- b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro ca-
gião do pescoço. Estão também associadas a condições patológicas, beludo, com sinal de cacifo positivo cujos limites são indefinidos,
como septicemia e doenças hemolíticas graves. não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos pri-
meiros dias de vida.
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior signi-
ficado, tais como hemorragias conjuntivais e assimetrias pupilares.
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação
que deve ser na linha dos olhos. Implantação baixa de orelhas é um
achado sugestivo de malformações cromossômicas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz res-
atresia de coanas, que acarreta insuficiência respiratória grave. A peito à permeabilidade do orifício. Essa avaliação pode ser realizada
passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de me-
possibilidade. cônio nas primeiras horas após o nascimento. Outro ponto impor-
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de tante refere-se às eliminações vesicais e intestinais. O RN elimina
dentes precoces, fissura labial e/ou fenda palatina. urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobi- completadas as primeiras 24 horas de vida, apresentando, como
lidade. características, grande volume e coloração amarelo-clara. As pri-
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam pato- meiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, forma-
logia, o que requer uma avaliação mais detalhada. do intrauterinamente, que apresenta consistência espessa e colo-
O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais ração verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras
um apêndice xifoide muito proeminente e a pequena espessura de 48 horas de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse
sua parede. período é preciso uma avaliação mais rigorosa pois a ausência de
Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia eliminação de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode es-
das glândulas mamárias, como consequência da estimulação hor- tar associada a condições anormais (presença de rolha meconial,
monal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral. obstrução do reto).
Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo
geral é consequência de uma infecção por estafilococos. as características do que se costuma denominar fezes lácteas ou
fezes do leite.
O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que
é 2-3 cm menor que o perímetro cefálico. Em geral, é globoso e suas
pode variar do verde, para o amarelo esverdeado, até a coloração
paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias
amarelada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimen-
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão cho-
rando e nos períodos após a alimentação. tação.
A distensão abdominal é um achado anormal e quando ob-
servada deve ser prontamente comunicada, pois está comumente Referência:Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
associada a condições graves como septicemia e obstruções intes- do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da
tinais. Educação na Saúde. Projeto de profissionalização dos Trabalha-
O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apre- dores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de
senta- se com as mesmas características do nascimento - coloração enfermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da criança e do
branca- azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se adolescente / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Traba-
o processo de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa lho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educa-
a apresentar uma coloração escurecida. A queda do coto umbilical ção na Saúde, Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da
ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida. Área de Enfermagem. - 2. Ed., 1.a reimpr. - Brasília: Ministério da
A observação do abdômen do bebê permite também a avalia- Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
ção do seu padrão respiratório, uma vez que a respiração do RN é
do tipo abdominal. Cadernos de Atenção Básica
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama
da parede abdominal, com breves períodos em que há ausência de
movimentos. CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um acha-
do normal, pois a respiração dos neonatos tem um ritmo irregular. Anatomia e Fisiologia do Útero
Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à pas- O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está
sagem de hormônios maternos pela placenta que ocasionam, com situado no abdome inferior, por trás da bexiga e na frente do reto
frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até e é dividido em corpo e colo. Essa última parte é a porção inferior
vários meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo do útero e se localiza dentro do canal vaginal.
de tratamento.
O colo do útero apresenta uma parte interna, que constitui o
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos
chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido por uma
testículos, pois podem se encontrar nos canais inguinais. A glande
camada única de células cilíndricas produtoras de muco - epité-
está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma con-
lio colunar simples. A parte externa, que mantém contato com a
dição normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário
no momento da micção. vagina, é chamada de ectocérvice e é revestida por um tecido de
A transferência de hormônios maternos durante a gestação várias camadas de células planas – epitélio escamoso e estratifica-
também é responsável por várias alterações na genitália feminina. do. Entre esses dois epitélios, encontra-se a junção escamocolu-
A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela esti- nar – JEC -, que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na
mulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se endocérvice, dependendo da situação hormonal da mulher.
hipertrofiados ao nascimento não sendo recobertos pelos grandes Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a JEC
lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prema- situa-se dentro do canal cervical.
turos. No período da menacme, fase reprodutiva da mulher, geral-
É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de mente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora des-
aspecto mucoide e leitoso. Em algumas crianças pode ocorrer tam- se – ectopia ou eversão.
bém sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal Vale ressaltar que a ectopia é uma situação fisiológica e por
ou pseudomenstruação. isso a denominação de “ferida no colo do útero” é inapropriada.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nessa situação, o epitélio colunar fica em contato com um ambiente vaginal ácido, hostil à essas células. Assim, células subcilíndri-
cas, de reserva, bipotenciais, por meio de metaplasia, se transformam em células mais adaptadas – escamosas –, dando origem a um
novo epitélio, situado entre os epitélios originais, chamado de terceira mucosa ou zona de transformação. Nessa região, pode ocorrer
obstrução dos ductos excretores das glândulas endocervicais subjacentes, dando origem a estruturas císticas sem significado patológico,
chamadas de Cistos de Naboth. É nessa zona em que se localizam mais de 90% das lesões cancerosas do colo do útero.

História Natural da Doença

O câncer do colo do útero é uma afecção progressiva iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para
um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos.
O colo do útero é revestido por várias camadas de células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma bastante ordenada. Essa de-
sordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão
celular. Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial
Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana).
Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana estamos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC II – Alto
Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III – Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a
membrana basal.
A coilocitose, alteração que sugere a infecção pelo HPV, pode estar presente ou não. Quando as alterações celulares se tornam mais
intensas e o grau de desarranjo é tal que as células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, temos o carcinoma
invasor. Para chegar a câncer invasor, a lesão não tem, obrigatoriamente, que passar por todas essas etapas.

Fatores de Risco Associados ao Câncer do Colo do Útero

Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento do câncer do colo do útero são:
• Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo esse o principal fator de risco;
• Início precoce da atividade sexual;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de cigarros fumados;
• Baixa condição sócio-econômica;
• Imunossupressão;
• Uso prolongado de contraceptivos orais;
• Higiene íntima inadequada

Manifestações Clínicas
• O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso;
• Existe uma fase pré-clínica, sem sintomas, com transformações intra-epiteliais progressivas importantes, em que a detecção de
possíveis lesões precursoras são por meio da realização periódica do exame preventivo do colo do útero.
• Progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, se não impossível.
Nessa fase os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.

Linha de Cuidado

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Promoção Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou-se


um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, que
Incentivo à mulher a adotar hábitos saudáveis de vida, ou seja, passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e indepen-
estímulo à exposição aos fatores de proteção. Dicas que podem aju- dência. Isso fez e continua fazendo com que o número de fumantes,
dar na prevenção de várias doenças, inclusive do câncer: principalmente entre o sexo feminino, aumente na América Latina.
• Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer
em pelo menos 40%. Comer mais frutas, legumes, verduras, cere- de colo de útero, menopausa precoce, em média dois anos antes,
ais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. A dieta dismenorréia e irregularidades menstruais.
deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas,
verduras e legumes. Dar preferência às gorduras de origem vegetal O que acontece?
como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, Estatísticas revelam que os fumantes comparados aos não fu-
lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperatu- mantes apresentam um risco de:
ras. Evitar gorduras de origem animal – leite e derivados, carne de • 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão;
porco, carne vermelha, pele de frango, entre outros – e algumas • 5 vezes maior de sofrer infarto;
gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada. • 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar;
• Atividade física regular, qualquer atividade que movimente • 2 vezes maior de sofrer derrame cerebral.
seu corpo;
• Evitar ou limitar a ingestão de bebidas alcoólicas; Além desses riscos as mulheres fumantes devem saber que:
• Parar de fumar! O uso de anticoncepcionais associado ao cigarro aumenta em
10 vezes o risco de sofrer derrame cerebral e infarto.
Tabagismo e a mulher
Grávidas fumantes aumentam o risco de:
Uma das principais causas de mortes prematuras e incapacida- • Ter aborto espontâneo em 70%;
des, o tabagismo representa um problema de saúde pública, não • Perder o bebê próximo ou depois ao parto em 30%;
somente nos países desenvolvidos como também em países em de- • O bebê nascer prematuro em 40%;
senvolvimento, como o Brasil. • Ter um bebê com baixo peso em 200%.
O tabaco, em todas as suas formas, aumenta o risco de mortes
prematuras e limitações físicas por doença coronariana, hiperten- Mais informações sobre Tabagismo está disponível na página
são arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e eletrônica do Instituto Nacional de Câncer - INCA (www.inca.gov.
câncer. br/tabagismo).
Entre os tipos de câncer relacionados ao uso do tabaco in-
cluem-se os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, Detecção Precoce/Rastreamento
fígado, pâncreas, bexiga, rim e colo de útero.
Nascimento No Brasil, a principal estratégia utilizada para detecção preco-
Promoção ce/rastreamento do câncer do colo do útero é a realização da coleta
Rastreamento, de material para exames citopatológicos cervico-vaginal e microflo-
Diagnóstico e ra, conhecido popularmente como exame preventivo do colo do
Tratamento útero; exame de Papanicolaou; citologia oncótica; PapTest.
Precoces A efetividade da detecção precoce associado ao tratamento
Diagnóstico em seus estádios iniciais tem resultado em uma redução das taxas
Tratamento e de incidência de câncer invasor que pode chegar a 90%. De acor-
Reabilitação do com a OMS, quando o rastreamento apresenta boa cobertura
Cuidados Paliativos – 80% – e é realizado dentro dos padrões de qualidade, modifica
Exposição efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por esse câncer.
Amiental Apesar das ações de prevenção e detecção precoce desenvolvi-
Fase das no Brasil, dentre elas o Programa Viva Mulher-Programa Nacio-
Pré-clínica nal de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama, as taxas de
Fase incidência e mortalidade têm-se mantido praticamente inalteradas
Clínica ao longo dos anos. Parte da manutenção das taxas podem estar as-
DESFECHO sociadas ao aumento e a melhoria do diagnóstico que melhora a
Cura qualidade da informação e dos atestados de óbitos. Por sua vez,
Sequela dentre as causas, o diagnóstico tardio pode estar relacionado com:
Morte 1. A dificuldade de acesso da população feminina aos serviços
de saúde;
Informação e comunicação 2. A baixa capacitação de recursos humanos envolvidos na
atenção oncológica, principalmente em municípios de pequeno e
Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de médio porte;
trabalho seu papel social também foi se alterando rapidamente. A 3. A capacidade do sistema público em absorver a demanda
mulher passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de deci- que chega as unidades de saúde;
são, dentro da própria sociedade, onde já exercia um papel funda- 4. A dificuldade dos gestores municipais e estaduais em definir
mental de modelo de comportamento para seus filhos. e estabelecer uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis
de atenção - atenção básica, média complexidade e alta complexi-
dade – e de atendimento - promoção, prevenção, diagnóstico, tra-
tamento, reabilitação e cuidados paliativos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Faixa Etária e Periodicidade para Realização do Exame Preventivo do Colo do Útero

A periodicidade de realização do exame preventivo do colo do útero, estabelecida pelo Ministério da Saúde do Brasil, em 1988, per-
manece atual e está em acordo com as recomendações dos principais programas internacionais.
O exame citopatológico deve ser realizado em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois exames anuais con-
secutivos negativos, a cada três anos.
Essa recomendação apóia-se na observação da história natural do câncer do colo do útero, que permite a detecção precoce de lesões
pré-malignas ou malignas e o seu tratamento oportuno, graças à lenta progressão que apresenta para doença mais grave.

Os estudos têm demonstrado que, na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvimento
de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral, estima-se que
a maior parte das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evolui-
rão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que
somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído
decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento.
Segundo a OMS, estudos quantitativos têm demonstrado que, nas mulheres entre 35 a 64 anos, depois de um exame citopatológico
do colo do útero negativo, um exame subseqüente pode ser realizado a cada três anos, com a mesma eficácia da realização anual. Con-
forme apresentado abaixo, a expectativa de redução percentual no risco cumulativo de desenvolver câncer, após um resultado negativo,
é praticamente a mesma, quando o exame é realizado anualmente – redução de 93% do risco – ou quando ele é realizado a cada 3 anos
– redução de 91% do risco.
Efeito protetor do rastreamento para câncer do colo do útero de acordo com o intervalo entre os exames, em mulheres de 35 a 64
anos.

No Brasil observa-se que, a maior parte do exame preventivo do colo do útero, é realizada em mulheres com menos de 35 anos, pro-
vavelmente naquelas que comparecem aos serviços de saúde para cuidados relativos à natalidade. Isso leva a subaproveitar a rede, uma
vez que não estão sendo atingidas as mulheres na faixa etária de maior risco.
A identificação das mulheres na faixa etária de maior risco, especialmente aquelas que nunca realizaram exame na vida, é o objetivo
da captação ativa. As estratégias devem respeitar as peculiaridades regionais envolvendo lideranças comunitárias, profissionais de saúde,
movimentos de mulheres, meios de comunicação entre outros.
Em relação às mulheres acima da faixa etária recomendada, torna–se imperativo que sejam levados em consideração: (1) os fatores
de risco, (2) a freqüência de realização dos exames, (3) os resultados dos exames anteriores. A freqüência do rastreamento deverá ser para
cada caso individualizado. É fundamental que a equipe de saúde incorpore na atenção às mulheres no climatério, orientação sobre o que
é e qual a importância do exame preventivo do colo do útero, pois a sua realização periódica permite reduzir a mortalidade por câncer do
colo do útero na população de risco.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Idade média da incidência máxima das lesões

Situações Especiais

Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a realização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer período da ges-
tação, preferencialmente até o 7º mês. Não está contra-indicada a realização do exame em mulheres grávidas, a coleta deve ser feita com
a espátula de Ayre e não usar escova de coleta endocervical. Mulheres virgens: a coleta em virgens não deve ser realizada na rotina. A
ocorrência de condilomatose genitália externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da necessidade de realização do exame do
colo, devendo-se ter o devido cuidado e respeitando a vontade da mulher.

Mulheres submetidas a histerectomia:


• Histerectomia total recomenda–se a coleta de esfregaço de fundo de saco vaginal.
• Histerectomia subtotal: rotina normal

Mulheres com DST: devem ser submetidas à citopatologia mais frequentemente pelo seu maior risco de serem portadoras do câncer
do colo do útero ou de seus precursores. Já as mulheres com condilomas em genitália externa não necessitam de coletas mais freqüentes
do que as demais, salvo em mulheres imunossuprimidas.
Nas ocasiões em que haja mais de 12 meses do exame citopatológico:
• A coleta deverá ser realizada assim que a DST for tratada;
• A coleta também deve ser feita quando a mulher não souber informar sobre o resultado do exame anterior, seja por desinformação
ou por não ter buscado seu resultado. Se possível, fornecer cópia ou transcrição do resultado desse exame à própria mulher. Nos casos
dos serviços que dispuserem de documentos específicos como a Agenda da Mulher, os resultados devem ser registrados nos espaços
indicados.

É necessário ressaltar que a presença de colpites, corrimentos ou colpocervicites pode comprometer a interpretação da citopatologia.
Nesses casos, a mulher deve ser tratada e retornar para coleta do exame preventivo do câncer do colo do útero (conforme exposto na
abordagem sobres as DST).
Se for improvável o seu retorno, a oportunidade da coleta não deve ser desperdiçada. Nesse caso, há duas situações:
1. Quando é possível a investigação para DST, por meio do diagnóstico bacteriológico, por exemplo bacterioscopia, essa deve ser feita
inicialmente. A coleta para exame citopatológico deve ser feita por último.

2. Nas situações em que não for possível a investigação, o excesso de secreção deve ser retirado com algodão ou gaze, embebidos em
soro fisiológico e só então deve ser procedida a coleta para o exame citopatológico.

A presença do processo inflamatório intenso prejudica a qualidade da amostra. O tratamento dos processos inflamatórios/DST dimi-
nuem o risco de insatisfatoriedade da lâmina.

Coleta do Material para o Exame Preventivo do Colo


do Útero

É uma técnica de coleta de material citológico do colo do útero, sendo coletada uma amostra da parte externa, ectocérvice, e outra
da parte interna, endocérvice. Para a coleta do material, é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da
superfície externa e interna do colo por meio de uma espátula de madeira e de uma escovinha endocervical.
Uma adequada coleta de material é de suma importância para o êxito do diagnóstico. O profissional de saúde deve assegurar–se de
que está preparado para realizá-lo e de que tem o material necessário para isso. A garantia da presença de material em quantidades sufi-
cientes é fundamental para o sucesso da ação.

Recomendações prévias a mulher para a realização da coleta do exame preventivo do colo de útero

Para realização do exame preventivo do colo do útero e a fim de garantir a qualidade dos resultados recomenda-se:
• Não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames intravaginais, como por exemplo a ultrassonografia, durante 48 horas
antes da coleta;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Evitar relações sexuais durante 48 horas antes da coleta; • Lápis grafite ou preto nº2;
• Anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anterio- • Avental/ camisola para a mulher. Os aventais devem ser, pre-
res ao exame. ferencialmente, descartáveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser
• O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a pre- desprezadas em local apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser
sença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Aguar- encaminhados à rouparia para lavagem, segundo rotina da Unidade
da o 5° dia após o término da menstruação. Em algumas situações Básica de Saúde;
particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser • Lençóis: Os lençóis devem ser preferencialmente descar-
realizada. táveis. Nesse caso, após o uso, deverão ser desprezados em local
apropriado. Caso seja reutilizável, devem ser encaminhados à rou-
paria para lavagem e esterilização;
Por vezes, em decorrência do déficit estrogênico, a visibiliza-
ção da junção escamo-colunar e da endocérvix pode encontrar-se b) Preenchimento dos dados nos formulários para requisição de
prejudicada, assim como pode haver dificuldades no diagnóstico ci- exame citopatológico – colo do útero
topatológico devido à atrofia do epitélio. Uma opção seria o uso de É de fundamental importância o correto preenchimento do for-
cremes de estrogênio intravaginal, de preferência o estriol, devido mulário de requisição do exame citopatológico – colo do útero, pois
à baixa ocorrência de efeitos colaterais, por 07 dias antes do exame, a falta ou os dados incompletos poderá comprometer por completo
aguardando um período de 3 a 7 dias entre a suspensão do creme e a coleta do material, o acompanhamento, o tratamento e outras
a realização do preventivo. ações de controle do câncer do colo do útero, conforme anexo 4.
Na impossibilidade do uso do creme, a estrogenização pode ser
por meio da administração oral de estrogênios conjugados por 07 a c) Preparação da Lâmina
14 dias - 0,3 mg /dia -, a depender da idade, inexistência de contra- A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o material
-indicações e grau de atrofia da mucosa. a ser examinado devem ser preparados previamente:
• O uso de lâmina com bordas lapidadas e extremidade fosca
Fases que antecedem a coleta é obrigatório;
a) Organização do material, ambiente e capacitação da equipe • Identificar a lâmina escrevendo as iniciais do nome da mulher
de saúde: e o seu número de registro daUnidade, com lápis preto nº2 ou gra-
fite, na extremidade fosca, previamente a coleta;
Equipe de Saúde capacitada • Identificar a caixa do porta-lâmina.
• Não usar caneta hidrográfica, esferográfica, etc., pois leva à
Além da preocupação inicial com o acolhimento, é fundamen- perda da identificação do material. Essas tintas se dissolvem duran-
tal a capacitação da equipe de saúde para a realização da coleta e te o processo de coloração das lâminas no laboratório
no fornecimento das informações pertinentes às ações do controle
do câncer do colo do útero. Manter os frascos de acondicionamentos, fechados permanen-
Consultório equipado para a realização do exame ginecológico: temente a não ser na hora de inserir as lâminas. No preparo da
• Mesa ginecológica; lâmina ver se ela está limpa sem a presença de artefatos, caso ne-
• Escada de dois degraus; cessário limpar com gaze.
• Mesa auxiliar;
• Foco de luz com cabo flexível; CONTROLE DO CÂNCER DA MAMA
• Biombo ou local reservado para troca de roupa;
• Cesto de lixo; As mamas são constituídas de gordura, tecido conectivo e te-
• Espaço físico adequado. cido glandular que contém lóbulos e ductos. Os lóbulos são as es-
truturas anatômicas onde o leite é produzido. Uma rede de ductos
Material necessário para coleta conecta os lóbulos ao mamilo.

Espéculo de tamanhos variados - pequeno, médio, grande e


para virgem - devem ser preferencialmente descartáveis - instru-
mental metálico deve ser esterilizado de acordo com as normas
vigentes;
• Balde com solução desincrostante em caso de instrumental
não descartável;
• Lâminas de vidro com extremidade fosca;
• Espátula de Ayre
• Escova endocervical
• Par de luvas para procedimento;
• Pinça de Cherron;
• Solução fixadora, álcool a 96% ou Polietilenoglicol líquido ou
Spray de Polietilenoglicol;
• Gaze;
• Recipiente para acondicionamento das lâminas, mais ade-
quado para o tipo de solução fixadora adotada pela Unidade, tais
como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou Raramente uma mama é do mesmo tamanho da outra, po-
plástica para transporte de lâminas; dendo apresentar-se de forma diferente de acordo com o período
• Formulários de requisição do exame citopatológico; menstrual. O tecido mamário se estende (sob a pele) até a região
• Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos; da axila.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um sistema de linfonodos é responsável pela drenagem lin- São definidos como grupos populacionais com risco elevado
fática da mama, principalmente os linfonodos axilares e da cadeia para o desenvolvimento do câncer de mama:
mamária interna. • Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
Câncer da Mama mama, abaixo dos 50 anos de idade;
• Mulheres com história familiar de pelo menos um parente
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mu- de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
lheres, devido à sua alta frequência e, sobretudo pelos seus efeitos mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria • Mulheres com história familiar de câncer de mama mascu-
imagem pessoal. lino;
• Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária
Esse tipo de câncer representa nos países ocidentais, uma das proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o
aumento de sua frequência tantos nos países desenvolvidos quanto Sintomas
nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumen- Os sintomas do câncer de mama palpável são o nódulo ou tu-
to de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Re- mor no seio, acompanhado ou não de dor mamária. Podem surgir
gistros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. O alterações na pele que recobre a mama, como abaulamentos ou re-
câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais trações ou um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem
frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres. também surgir nódulos palpáveis na axila.
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom
prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas Prevenção Primária
de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil,
muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em Embora tenham sido identificados alguns fatores ambientais
estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após ou comportamentais associados a um risco aumentado de desen-
cinco anos é de 61%. volver o câncer de mama, estudos epidemiológicos não fornecem
evidências conclusivas que justifiquem a recomendação de estraté-
. História Natural gias específicas de prevenção. É recomendável que alguns fatores
de risco, especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de
Desde o início da formação do câncer até a fase em que ele ações visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças crô-
pode ser descoberto pelo exame físico (tumor subclínico) isto é, a nicas não transmissíveis, em geral.
partir de 1 cm de diâmetro, passam-se, em média,10 anos. Não há consenso de que a quimioprofilaxia deva ser recomen-
Estima-se que o tumor de mama duplique de tamanho a cada dada às mulheres assintomáticas, independente de pertencerem
período de 3-4 meses. No início da fase subclínica (impalpável), a grupos com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de
tem-se a impressão de crescimento lento, porque as dimensões das mama.
células são mínimas. Porém, depois que o tumor se torna palpável,
a duplicação é facilmente perceptível. Se não for tratado, o tumor Detecção Precoce
desenvolve metástases (focos de tumor em outros órgãos), mais
comumente para os ossos, pulmões e fígado. Em 3-4 anos do des- Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de câncer maior a
cobrimento do tumor pela palpação, ocorre o óbito. probabilidade de cura. Rastreamento significa detectar a doen-
ça em sua fase pré-clínica enquanto diagnóstico precoce significa
Fatores de Risco identificar câncer da mama em sua fase clínica precoce. As ações
• História familiar é um importante fator de risco para o câncer de diagnóstico precoce consistem no exame clínico da mama por
de mama, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau um profissional de saúde treinado. As ações de rastreamento im-
(mãe ou irmã) foram acometidas antes dos 50 anos de idade; plementadas no País preconizam a mamografia bilateral em deter-
Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde minados grupos de mulheres.
a aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama;
• A idade constitui um outro importante fator de risco, haven- Recomendações para Detecção Precoce
do um aumento rápido da incidência com o aumento da idade;
• A menarca precoce (idade da primeira menstruação); Recomendações para o rastreamento de mulheres assintomá-
• A menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade); ticas
• A ocorrência da primeira gravidez após os 30 anos; • Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir
• A nuliparidade; dos 40 anos de idade, com periodicidade anual.
• Ainda é controvertida a associação do uso de contraceptivos Esse procedimento é ainda compreendido como parte do aten-
orais com o aumento do risco para o câncer de mama, apontando dimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado em to-
para certos subgrupos de mulheres como as que usaram contracep- das as consultas clínicas, independente da faixa etária.
tivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, as que fizeram uso • Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de
da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames.
em idade precoce, antes da primeira gravidez. • Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para mulhe-
res a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos populacio-
nais com risco elevado de desenvolver câncer de mama.
• Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Exame Clínico das Mamas (ECM) De uma forma geral, os resultados do ECM podem ser interpre-
tados de duas formas: normal ou negativo, caso nenhuma anorma-
Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado lidade seja identificada pela inspeção visual e palpação, e anormal,
por um médico ou enfermeiro treinado para esta ação. No exame caso achados assimétricos necessitem de avaliação posterior e pos-
podem ser identificadas alterações na mama e, se for indicado, se- sível encaminhamento para especialista (referência). A descrição
rão realizados exames complementares. O ECM é realizado com a do ECM deve seguir o mesmo roteiro do exame propriamente dito:
finalidade de detectar anormalidades na mama ou avaliar sintomas inspeção, palpação dos linfonodos e palpação das mamas.
referidos por pacientes e assim encontrar cânceres da mama pal-
páveis num estágio precoce de evolução. Alguns estudos científicos Mamografia
mostram que 5% dos cânceres da mama são detectados por ECM
em pacientes com mamografia negativa, benigna ou provavelmente A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção
benigna. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissio- precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase inicial,
nal de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama, muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de
seus sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a compo- raio X apropriado, chamado mamógrafo. Nele, a mama é compri-
sição e variabilidade da mama normal. mida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor
As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é discreto e
detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a pal- suportável.
pação das mamas e dos linfonodos (axilares e supraclaviculares). Estudos sobre a efetividade da mamografia sempre utilizam o
Ao contrário das recomendações de como realizar um ECM, poucos exame clínico como exame adicional, o que torna difícil distinguir a
estudos analisam como reportar os achados dos exames. sensibilidade do método como estratégia isolada de rastreamento.
A inspeção visual pretende identificar sinais de câncer da A sensibilidade varia de 46% a 88% e depende de fatores tais como:
mama. Sinais precoces do câncer da mama são achatamentos dos tamanho e localização da lesão, densidade do tecido mamário (mu-
contornos da mama, abaulamentos ou espessamentos da pele das lheres mais jovens apresentam mamas mais densas), qualidade dos
mamas. recursos técnicos e habilidade de interpretação do radiologista. A
É importante o examinador comparar as mamas para identificar especificidade varia entre 82%, e 99% e é igualmente dependente
grandes assimetrias e diferenças na cor da pele, textura, tempera- da qualidade do exame.
tura e padrão de circulação venosa. O acrônimo BREAST (em inglês) Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam
significando B – massa na mama (breast mass), R – retração (re- a mortalidade em mulheres convidadas para rastreamento mamo-
traction), E-edema (edema), A-linfonodos axilares (axillary nodes), gráfico com mulheres não submetidas a nenhuma intervenção são
S-ferida no mamilo (scaly nipple) e T-sensibilidade na mama (tender favoráveis ao uso da mamografia como método de detecção preco-
breast) podem ajudar na memorização das etapas na inspeção visu- ce capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama.
al. A mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao As conclusões de estudos de meta-análise demonstram que os
lado do corpo, com os braços levantados sobre a cabeça ou com as benefícios do uso da mamografia se referem, principalmente, a cer-
palmas das mãos comprimidas umas contra as outras (inspeção di- ca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos
nâmica). Alguns autores recomendam que se faça a inspeção visual 50 anos, depois de sete a nove anos de implementação de ações
ao mesmo tempo em que se realiza a palpação das mamas. organizadas de rastreamento.
A palpação consiste em utilizar os dedos para examinar todas
as áreas do tecido mamário e linfonodos. Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS
Para palpar os linfonodos axilares e supraclaviculares a pacien-
te deverá estar sentada. Para palpar as mamas é necessário que a O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos laudos
paciente esteja deitada (decúbito dorsal). Na posição deitada a mão mamográficos levando em consideração a evolução diagnóstica e
correspondente a mama a ser examinada deve ser colocada sobre a ca- a recomendação da conduta, não devendo se esquecer da história
beça de forma a realçar o tecido mamário sobre o tórax. Toda a mama clínica e do exame físico da mulher.
deve ser palpada utilizando-se de um padrão vertical de palpação. No Congresso Americano de Radiologia, em dezembro de 2003
A palpação deve ser iniciada na axila. No caso de uma mulher (RSNA), em Chicago, foi divulgado a 4ª edição do BI-RADS (Breast
mastectomizada a palpação deve ser feita na parede do tórax, pele Imaging and Reporting Data System Mammography). O BI-RADS
e incisão cirúrgica é um trabalho entre membros de vários Departamentos do Insti-
Cada área de tecido deve ser examinada e três níveis de pres- tuto Nacional do Câncer, de Centros de Controle e Prevenção da
são devem ser aplicados em sequência: leve, média e profunda, cor- Patologia Mamária, da Administração de Alimentos e Drogas, da
respondendo ao tecido subcutâneo, ao nível intermediário e mais Associação Medica Americana, do Colégio Americano de Radiolo-
profundamente à parede torácica. Devem-se realizar movimentos gia, do Colégio Americano de Cirurgiões e do Colégio Americano de
circulares com as polpas digitais do 2º, 3º e 4º dedos da mão como Patologistas, por conseguinte todas essas Instituições ajudaram na
se tivesse contornando as extremidades de uma moeda. A região elaboração do BI-RADS.
da aréola e da papila (mamilo) deve ser palpada e não comprimida.
Somente descarga papilar espontânea merece ser investigada. Níveis de Atendimento
Duas características fundamentais do ECM são a interpretação
e a descrição dos achados encontrados. Assim como a realização do Unidade Básica de Saúde
ECM, não existe um padrão para interpretar e descrever os acha-
dos do ECM. Esta não uniformização da interpretação e descrição A Unidade Básica de Saúde deve estar organizada para receber
dos achados limitam o seu potencial em direcionar para novas ava- e realizar o exame clínico das mamas das mulheres, solicitar exames
liações e proporcionar o tratamento precoce do câncer da mama. mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resul-
Como aconteceu com a mamografia, a padronização da interpre- tados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico ou cujo
tação e descrição dos achados pode resultar em efeitos positivos exame clínico indiquem necessidade de maior investigação.
para o ECM.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As atividades abaixo descritas devem ser também realizadas nesse nível de atendimento pela equipe de saúde:
• Reuniões educativas sobre câncer, visando à mobilização e conscientização para o cuidado com a própria saúde; à importância da
prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama; à quebra dos preconceitos; à diminuição do medo da doença e à importância de
todas as etapas do processo de detecção precoce; não deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos necessários;
• Busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca realizaram o ECM;
• Busca ativa na população alvo, de mulheres para a realização de mamografia;
• Encaminhamento a Unidade de Referência dos casos suspeitos de câncer de mama;
• Encaminhamento das mulheres com exame clínico das mamas alterado, para Unidade de Referência;
• Busca ativa das mulheres que foram encaminhadas a Unidade de Referência e não compareceram para o tratamento;
• Busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamográfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o resul-
tado;
• Orientação das mulheres com exame clínico das mamas normal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina.

Unidade de Referência de Média Complexidade

É a unidade de média complexidade no SUS e funciona como referência para o encaminhamento das mulheres com resultados al-
terados. Este nível exige a presença de profissionais treinados para realizarem a investigação diagnóstica dos casos suspeitos de câncer
de mama, tais como, mamografia, biópsia por agulha grossa, punção por agulha fina. Assim como para o tratamento de lesões benignas
mamárias.

Unidade de Alta Complexidade - UNACON ou CACON

É a unidade de alta complexidade no SUS que realiza exames e tratamentos especializados. Neste nível é realizado o tratamento das
mulheres diagnosticadas com câncer de mama, assim como o tratamento do câncer em estágios que envolvam procedimentos cirúrgicos,
radioterápicos e quimioterápicos.
Com base nas Portarias MS/GM nº 2439 de 08 de dezembro de 2005 que institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e a Por-
taria MS/SAS nº 741 de 19 de dezembro de 2005 que defini as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON),
os Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) e os Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia e
suas aptidões e qualidades.
Considerações Sobre:

Auto-Exame das Mamas (AEM)

O Auto-exame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efetivo em diminuir a mortalidade nos programas de detecção precoce quan-
do utilizado isoladamente. Este exame, entretanto, ajuda a mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observada alguma
alteração, a mulher deverá procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência para ser avaliada por um profissional de saúde.
O AEM sistemático das mamas tem sido recomendado desde a década de 30 e foi incorporado nas políticas da saúde pública norte
– americanas desde os anos 50. Considerando-se que até 90% dos casos de câncer de mama são detectados pelas próprias mulheres,
pode-se deduzir que a promoção do AEM seja uma estratégia eficaz para sua detecção.
Embora já tenham sido realizados mais de 30 estudos não randomizados sobre o uso do AEM para o rastreamento do câncer de
mama, não há evidências científicas incontestáveis de que sua prática promova a redução da mortalidade por este câncer. Diversos estudos
de tipo caso-controle apontaram para uma leve redução na mortalidade em pacientes submetidas ao AEM, enquanto estudos de coorte e
ensaios clínicos não suportaram esses achados.
Em um ensaio clínico não randomizado, iniciado em 1973 na Inglaterra pelo “UK Early Detection of Breast Câncer Study Group”, não
foi constatada redução nas taxas de mortalidade por este câncer. Há apenas dois ensaios clínicos randomizados que avaliariam o impacto
do AEM sobre a mortalidade por câncer de mama. O primeiro foi iniciado em 1985, em Moscou e São Petersburgo, enquanto o segundo
teve início em 1989, em Xangai.
Ambos envolveram um grande número de mulheres que foram meticulosamente treinadas e receberam reforços para garantir o
aprendizado da técnica. Após um seguimento de 5 a 10 anos, ambos apontaram para a ineficácia do AEM em reduzir a mortalidade pelo
câncer de mama. Em outubro de 2002, a publicação dos resultados finais deste último ensaio clínico confirmou as observações anteriores,
concluindo-se pela incapacidade do AEM em alterar as taxas de mortalidade pelo câncer de mama.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma síntese destes estudos é apresentada na tabela.

Síntese dos estudos experimentais sobre a eficácia do AEM na redução da mortalidade por câncer de mama:

Embora a sensibilidade do AEM nunca tenha sido formalmente avaliada, estimativas indicam que cada 100 casos de câncer de mama,
o AEM detecta 26, o ECM (Exame Clínico das Mamas) detecta 45 e a MMG (Mamografia) 71.
Apesar de não haver evidência direta de que o AEM efetivamente reduza a mortalidade por câncer de mama, é importante que as
mulheres mantenham-se atentas às alterações em suas mamas e reportem qualquer alteração ao profissional de saúde. Recomenda-se,
desta forma, a efetividade potencial do estímulo à sua prática como estratégia complementar.
Embora as mulheres, individualmente, possam ver a realização do AEM como parte de seu autocuidado, as recomendações para
profissionais de saúde devem enfatizar que não há evidências científicas de que o AEM reduza a mortalidade por câncer de mama e que
do ponto de vista ético deve-se otimizar a utilização dos recursos públicos em ações coletivas de eficácia comprovada”- (Revista Brasileira
de Cancerologia, 2003, 49 (4): 227-238).

Linfedema

O linfedema é a principal complicação decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de mama, acarretando importantes altera-
ções físicas, psicológicas e sociais, que comprometem a qualidade de vida das mulheres. Pode ser definido como todo e qualquer acúmulo
de líquido, altamente protéico, nos espaços interticiais, seja ele devido à falhas de transporte, por alterações da carga linfática, por defici-
ência de transporte ou por falha da proteólise extralinfática (Mayall,2000).
Local do Estudo
Ano do Início Faixa Etária Número de
Mulheres % de Participação
Tempo de Seguimento
RR de morte por Câncer de mama (IC 95%)
INGLATERRA 1979 45-64 anos 253.219 30-53% 9 a 9,8 anos 1,07 (0,93-1,22)
XANGAI 1989 31-64 anos 266.064 98% 5 anos 1,04 (0,82-1,33)
RÚSSIA 1985 40-64 anos 120.310 76,4% 10 anos 0,95 (0,76 – 1,19)
Prevenção

A prevenção do linfedema pode ser conseguida por meio de uma série de cuidados, que se iniciam a partir do diagnóstico de câncer
de mama. As cirurgias devem ser o mais conservadoras possíveis, e o linfonodo sentinela pode representar um importante aliado na di-
minuição do linfedema. A radioterapia axilar deve ser restrita a casos em que há um extenso comprometimento ganglionar, sendo a dose
limitada a 45 – 50 Gy. As pacientes obesas devem ser incentivadas a restringir o peso corporal.
Após o tratamento cirúrgico, as pacientes devem ser orientadas sobre os cuidados com a pele e o membro superior homolateral ao
câncer de mama, a fim de evitar possíveis traumas e ferimentos. Os cuidados, entretanto, devem ser repassados de forma bastante tran-
qüila para que não haja um sentimento de incapacidade e impotência física. As orientações com relação à vida doméstica, a profissional
e de lazer devem ser direcionadas às rotinas das pacientes e condutas alternativas devem ser ensinadas quando forem realmente neces-
sárias.
As mulheres devem ter conhecimento sobre os sinais e sintomas iniciais dos processos infecciosos e do linfedema, para que comuni-
quem o profissional assistente e uma correta conduta terapêutica seja implantada. A equipe de saúde deve estar preparada para diagnos-
ticar e intervir precocemente.

Orientações após linfadenectomia axilar

As mulheres devem ser informadas em relação aos cuidados com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir qua-
dros infecciosos e linfedema. Entretanto, deve-se tomar o cuidado para não provocar sensação de incapacidade e impotência funcional.
Elas devem ser encorajadas a retornarem as atividades de vida diária e devem ser informadas sobre as opções para os cuidados pessoais.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Recursos fisioterapêuticos que produzam calor, tais como in- SAÚDE DO HOMEM
fravermelho, ultra-som, ondas curtas, microondas, forno de Bier,
compressas quentes, turbilhão, parafina entre outros, devem ser Diferentemente das mulheres, os homens não costumam pro-
evitados nas áreas de drenagem para a axila homolateral, devido ao curar os serviços de saúde. A baixa procura tem o fator cultural
aumento do risco de desenvolvimento de linfedema. Nas regiões como uma das explicações: o homem é criado para ser provedor,
distantes, desde que não haja neoplasia em atividade, os recursos ser forte, não chorar, não adoecer. Para muitos, doença é sinal de
podem ser realizados seguindo as devidas precauções. fragilidade, de fraqueza. Isso faz com que não busquem antecipada-
mente ajuda nos serviços de saúde, levando-os à morte por doen-
Procedimentos após linfadenectomia axilar ças que, se diagnosticadas mais cedo, poderiam ser evitadas.
É importante reverter o preconceito e sensibilizar os homens
EVITAR para a mudança dessa forma de pensar e agir.
• Micoses nas unhas e no braço; Os homens estão mais expostos aos riscos de adoecerem por
• Traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de inseto, problemas relacionados à falta de exercícios físicos, alimentação
queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila); com excesso de gordura, aumento de peso e à violência por cau-
• Banheiras e compressas quentes, saunas e exposição solar; sas externas (brigas, acidentes no trânsito, assassinatos, homicídios
• Apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; reló- etc.).
gios, anéis e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial); É preciso que você os oriente a procurar a UBS para prevenir e
• Receber medicações por via subcutânea, intramuscular e en- tratar doenças como pressão alta, alteração do colesterol, diabetes,
dovenosa e coleta de sangue; doenças sexualmente transmissíveis e Aids, infarto, derrame, pro-
• Movimentos bruscos, repetidos e de longa duração; blemas respiratórios, câncer, uso de álcool, tabaco e outras drogas,
• Carregar objetos pesados no lado da cirurgia. entre outras.
• Deitar sobre o lado operado Orientar sobre a sexualidade saudável, sem riscos de adquirir
doenças sexualmente transmissíveis.
FAZER Orientar sobre a paternidade responsável, estimulando para
• Manter a pele hidratada e limpa; que ele participe do pré-natal, do parto, do pós-parto e nas visitas
• Usar luvas de proteção ao fazer as atividades do lar (cozinhar, ao pediatra e na criação dos filhos.
jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos); O ACS, juntamente com a equipe de saúde, deve realizar ações
• Durante a execução de atividades, promova intervalos para (por exemplo: semana de promoção da saúde do homem, campa-
descanso; nhas voltadas para esse público, distribuição de cartilhas informa-
• Ao fazer a unha do lado operado, utilize removedor de cutí- tivas, reuniões com os homens, entre outras estratégias) que esti-
culas; mulem o homem a se cuidar e a buscar uma vida mais saudável,
• Para retirada de pelo da axila do lado operado, utilize cremes enfrentando principalmente o alcoolismo, o tabagismo, a hiperten-
depilatórios, tesoura ou máquina de cortar cabelo; são e a obesidade.
• Ficar atenta aos sinais de infecção no braço (vermelhidão, in- Devem também ser buscadas estratégias para um melhor aco-
chaço, calor local); lhimento aos homens nas UBS.
• Durante viagens aéreas, usar malha compressiva. A visita domiciliar às famílias onde há homens deve contemplar
principalmente orientações sobre:
Diagnóstico 1. Os hábitos alimentares;
2. Atividade física;
Na maioria das vezes, a presença do linfedema é verificada por 3. Vacinas preconizadas para a sua faixa etária
intermédio do diagnóstico clínico. 4. O consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas;
Os exames complementares como tonometria, ressonância 5. Os problemas de saúde (manchas de pele, tosse, pressão
magnética, ultra-sonografia e linfocintigrafia, são utilizados quando alta, diabetes);
se objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para analisar pa- 6. Rotina: procurar a UBS para avaliação médica e odontológi-
tologias associadas. ca;
7. Alguma doença crônica, se necessário.
Tratamento fisioterapêutico
Problemas de saúde específicos da saúde do homem
O tratamento do linfedema está baseado em técnicas já bem
aceitas e descritas na literatura mundial. Disfunção erétil:
Este tratamento consiste de várias técnicas que atuam con- Também popularmente conhecida como impotência sexual, a
juntamente, dependendo da fase em que se encontra o linfedema, disfunção erétil pode ser de grande importância, pois pode reper-
incluindo: cuidados com a pele, drenagem linfática manual (DLM), cutir na vida familiar e no convívio social do indivíduo, muitas vezes
contenção na forma de enfaixamento ou por luvas/braçadeiras e sendo causa de sofrimento psíquico para ele.
cinesioterapia específica. Outros tratamentos têm sido descritos A disfunção erétil afeta principalmente homens de faixa etária
na literatura, porém, seus resultados não são satisfatórios quando mais elevada, mas pode também estar presente em indivíduos mais
comparados ao tratamento supra citado: jovens.
Estudos apontam que mais de 10% dos homens com idade su-
perior a 40 anos apresentam alguma forma de disfunção erétil, mas
poucos deles procuram auxílio nos serviços de saúde.
A disfunção erétil pode estar relacionada a causas orgânicas e
psicológicas, dentro destas destacamos:
- Psicológicas: ansiedade, depressão, culpa.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Orgânicas: hipertensão, diabetes, alterações hormonais, uso No Brasil, o tumor representa 2% de todos os casos de câncer
de drogas (fumo, álcool, antidepressivos, maconha, heroína, coca- no homem, sendo mais frequente nas Regiões Norte e Nordeste do
ína e outros). que nas Regiões Sul e Sudeste. Nas regiões de maior incidência, o
Hoje em dia existem boas opções de tratamento para esse pro- câncer de pênis supera os casos de câncer de próstat a e de bexiga.
blema, o seu papel como ACS é orientar o paciente sobre quando é
possível evitar ou controlar os fatores anteriormente citados e pro- Seu papel como ACS:
curar a UBS de referência para avaliação. Promover reuniões para discutir o tema, desmistificando a re-
alização do exame de toque, que será necessário em alguns casos.
Detecção precoce do câncer de próstata Discutir também o tema com as mulheres para que possam
conversar com seus parceiros, companheiros, irmãos.
O que é próstata? Orientar para que os homens com mais de 50 anos fiquem
A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do atentos a sintomas urinários.
abdômen, no homem. Ela é um órgão muito pequeno, tem a forma Orientar para que os homens com mais de 50 anos com históri-
de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e adiante do reto. co familiar de câncer de próstata procurem a UBS.
Conscientizar os homens de que diante de algum problema uri-
A próstata produz parte do sêmen, um líquido espesso que nário seja procurada a unidade.
contém os espermatozoides produzidos pelos testículos e que é eli-
minado durante o ato sexual.

Como surge o câncer de próstata? ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO


O câncer da próstata surge quando, por razões ainda não co-
nhecidas pela ciência, as células da próstata passam a se dividir e Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um
tumor. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, es- A PNAISC está estruturada em princípios, diretrizes e eixos
palhando-se para outros órgãos do corpo e podendo levar à morte. estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da
Uma grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta que criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados in-
não chega a dar sintomas durante a vida e nem a ameaçar a saúde tegrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com espe-
do homem. cial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnera-
bilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente
Como prevenir o câncer de próstata? facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno de-
Até o presente momento, não são conhecidas formas específi- senvolvimento.
cas de prevenção do câncer da próstata. No entanto, sabe-se que a Os princípios que orientam esta política afirmam a garantia do
adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o desenvolvi- direito à vida e à saúde, o acesso universal de todas as crianças à
mento de certas doenças, entre elas o câncer. saúde, a equidade, a integralidade do cuidado, a humanização da
atenção e a gestão participativa. Propõe diretrizes norteadoras para
Quem apresenta mais risco de contrair câncer de próstata? a elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças,
Os dois únicos fatores confirmadamente associados a um au- como a gestão interfederativa, a organização de ações e os servi-
mento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a ida- ços de saúde ofertados pelos diversos níveis e redes temáticas de
de e história familiar. A maioria dos casos ocorre em homens com atenção à saúde; promoção da saúde, qualificação de gestores e
idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão trabalhadores; fomento à autonomia do cuidado e corresponsabili-
com câncer de próstata antes do 60 anos. Alguns outros fatores, zação de trabalhadores e familiares; intersetorialidade; pesquisa e
como a dieta, estão sendo estudados, mas ainda não há confirma- produção de conhecimento e monitoramento e avaliação das ações
ção científica. Não é necessária a realização de exames de labora- implementadas. Os sete eixos estratégicos que compõem a políti-
tório ou o toque retal em pessoas que não têm nenhum sintoma ca têm a finalidade de orientar gestores e trabalhadores sobre as
urinário ou histórico familiar. Portanto, somente diante de sintomas ações e serviços de saúde da criança no território, a partir dos de-
como dificuldade ou dor ao urinar, ou urinar muitas vezes, inclusive terminantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e
à noite, perda espontânea de urina e urgência para urinar é que se à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam a integrali-
deve recomendar procurar a UBS para realização de avaliação. Tam- dade da atenção e o pleno desenvolvimento da criança e a redução
bém é recomendada a avaliação para aqueles quem têm ou tiveram de vulnerabilidades e riscos. Suas ações se organizam a partir das
familiares com problemas na próstata. Redes de Atenção à Saúde (RAS), com ênfase para as redes temá-
ticas, em especial à Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil
Câncer de pênis e tendo a Atenção Básica (AB) como ordenadora e coordenadora
das ações e do cuidado no território, e servirão de fio condutor do
O pênis é o órgão sexual masculino. Em sua extremidade existe cuidado, transversalizando a Rede de Atenção à Saúde, com ações e
uma região mais volumosa chamada glande (“cabeça” do pênis), estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade, por meio
que é coberta por uma pele fina e elástica, denominada prepúcio. de linhas de cuidado e metodologias de intervenção, o que pode
O câncer que atinge o pênis está muito ligado às condições de hi- se constituir em um grande diferencial a favor da saúde da criança.
giene íntima do indivíduo, sendo o estreitamento do prepúcio (fi- A normativa busca integrar diversas ações já existentes para
mose) um fator predisponente. O câncer de pênis é um tumor raro, atendimento a essa população. O objetivo é promover o aleitamen-
com maior incidência em indivíduos a partir dos 50 anos de idade, to materno e a saúde da criança, a partir da gestação aos nove anos
muito embora tumores malignos do pênis possam ser encontrados de vida, com especial atenção à primeira infância (zero a cinco anos)
em indivíduos jovens. Está relacionado às baixas condições socioe- e às populações de maior vulnerabilidade, como crianças com defi-
conômicas e de instrução, à má higiene íntima e a indivíduos não ciência, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, e em situação de rua.
circuncidados.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da pesquisadores e lideranças de movimentos sociais (BRASIL, 2005a;
Criança BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DE
SAÚDE, 2009).
Os sete eixos estratégicos da Política são: atenção humanizada 6) Ambiente facilitador à vida – Princípio que se refere ao es-
e qualificada à gestação, parto, nascimento e recém-nascido; aleita- tabelecimento e à qualidade do vínculo entre criança e sua mãe/
mento materno e alimentação complementar saudável; promoção família/cuidadores e também destes com os profissionais que atu-
e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; am em diferentes espaços que a criança percorre em seus territó-
atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com do- rios vivenciais para a conquista do desenvolvimento integral (PE-
enças crônicas; atenção à criança em situação de violências, pre- NELLO, 2013). Esse ambiente se constitui a partir da compreensão
venção de acidentes e promoção da cultura de paz; atenção à saúde da relação entre indivíduo e sociedade, interagindo por um desen-
de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulne- volvimento permeado pelo cuidado essencial, abrangendo toda
rabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno. a comunidade em que vive. Este princípio é a nova mentalidade
A Política considera como criança a pessoa na faixa etária de que aporta, sustenta e dá suporte à ação de todos os implicados na
zero a nove anos e a primeira infância, de zero a cinco anos. Para Atenção Integral à Saúde da Criança.
atendimento em serviços de pediatria no Sistema Único de Saúde 7) Humanização da atenção – Princípio que busca qualificar as
(SUS), são contempladas crianças e adolescentes menores de 16 práticas do cuidado, mediante soluções concretas para os proble-
anos, sendo que este limite etário pode ser alterado conforme as mas reais vividos no processo de produção de saúde, de forma cria-
normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo tiva e inclusiva, com acolhimento, gestão participativa e cogestão,
atendimento. clínica ampliada, valorização do trabalhador, defesa dos direitos dos
usuários e ambiência, estabelecimento de vínculos solidários entre
Dos princípios: humanos, valorização dos diferentes sujeitos implicados, desde eta-
1) Direito à vida e à saúde – Princípio fundamental garantido pas iniciais da vida, buscando a corresponsabilidade entre usuários,
mediante o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços trabalhadores e gestores neste processo, a construção de redes de
para a promoção, proteção integral e recuperação da saúde, por cooperação e a participação coletiva, fomentando a transversalida-
meio da efetivação de políticas públicas que permitam o nascimen- de e a grupalidade, assumindo a relação indissociável entre atenção
to, crescimento e desenvolvimento sadios e harmoniosos, em con- e gestão no cuidado em saúde (BRASIL, 2006a).
dições dignas de existência, livre de qualquer forma de violência 8) Gestão participativa e controle social – Preceito constitucio-
(BRASIL, 1988; 1990b). nal e um princípio do SUS, com o papel de fomentar a democracia
2) Prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que representativa e criar as condições para o desenvolvimento da cida-
compreende a primazia da criança de receber proteção e cuidado dania ativa. São canais institucionais, de diálogo social, as audiên-
em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos cias públicas, as conferências e os conselhos de saúde em todas as
serviços de saúde e preferência nas políticas sociais e em toda a esferas de governo que conferem à gestão do SUS realismo, trans-
rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim parência, comprometimento coletivo e efetividade dos resultados.
como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas No caso da saúde da criança, o Brasil possui um extenso leque de
públicas (BRASIL, 1988; 1990b). entidades da sociedade civil que militam pela causa da infância e do
3) Acesso universal à saúde – Direito de toda criança receber aleitamento materno e que podem potencializar a implementação
atenção e cuidado necessários e dever da política de saúde, por deste princípio (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS
meio dos equipamentos de saúde, de atender às demandas da MUNICIPAIS DE SAÚDE, 2009; MARTINS, 2010).
comunidade, propiciando o acolhimento, a escuta qualificada dos
problemas e a avaliação com classificação de risco e vulnerabilida- Das Diretrizes:
des sociais, propondo o cuidado singularizado e o encaminhamento 1) Gestão interfederativa das ações de saúde da criança – Fo-
responsável, quando necessário, para a rede de atenção (BRASIL, mento à gestão para implementação da Pnaisc, por meio da viabili-
2005a). zação de parcerias e articulação interfederativa, com instrumentos
4) Integralidade do cuidado – Princípio do SUS que trata da necessários para fortalecer a convergência dela com os planos de
atenção global da criança, contemplando todas as ações de promo- saúde e os planos intersetoriais e específicos que dizem respeito à
ção, de prevenção, de tratamento, de reabilitação e de cuidado, de criança.
modo a prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não 2) Organização das ações e dos serviços em Redes de Atenção
se restringindo apenas às demandas apresentadas. Compreende, à Saúde – Fomento e apoio à organização de ações e aos serviços
ainda, a garantia de acesso a todos os níveis de atenção, mediante da Rede de Atenção à Saúde, com a articulação de profissionais e
a integração dos serviços, da Rede de Atenção à Saúde, coordenada serviços de saúde, mediante estratégias como o estabelecimento
pela Atenção Básica, com o acompanhamento de toda a trajetória de linhas de cuidado, a troca de informações e saberes, a tomada
da criança em uma rede de cuidados e proteção social, por meio de horizontal de decisões, baseada na solidariedade e na colaboração,
estratégias como linhas de cuidado e outras, envolvendo a família e garantindo a continuidade do cuidado com a criança e a completa
as políticas sociais básicas no território (BRASIL, 2005a). resolução dos problemas colocados, de forma a contribuir para a
5) Equidade em saúde – Igualdade da atenção à saúde, sem integralidade da atenção e a proteção da criança.
privilégios ou preconceitos, mediante a definição de prioridades
de ações e serviços de acordo com as demandas de cada um, com 3) Promoção da Saúde – Reconhecimento da Promoção da
maior alocação dos recursos onde e para aqueles com maior neces- Saúde como conjunto de estratégias e forma de produzir saúde na
sidade. Dá-se por meio de mecanismo de indução de políticas ou busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e saúde, com
programas para populações vulneráveis, em condição de iniquida- ações intrassetoriais e intersetoriais, voltadas para o desenvolvi-
des em saúde, por meio do diálogo entre governo e sociedade ci- mento da pessoa humana, do ambiente e hábitos de vida saudáveis
vil, envolvendo integrantes dos diversos órgãos e setores da Saúde, e o enfrentamento da morbimortalidade por doenças crônicas não

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

transmissíveis, envolvendo o trabalho em rede em todos os espaços ― o desenvolvimento psicossocial – e, de fato a integração
de produção de saberes e práticas do cuidado nas dimensões indivi- do aspecto humano – o ser aprende a interagir e mover, respeitar
duais, coletivas e sociais (BRASIL, 2014h). as regras da sociedade, a rotina diária –praticamente, a criança vai
4) Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família – seguir os passos que vão ter como finalidade a convivência com a
Fomento à autonomia e corresponsabilidade da família, princípio sociedade cuja pertence.
constitucional, que deve ser estimulado e apoiado pelo poder pú-
blico, com informações qualificadas sobre os principais problemas O recém-nascido e a criança hospitalizada
de saúde e orientações sobre o processo de educação dos filhos,
o estabelecimento de limites educacionais sem violência e os cui- As crianças tendem a responder à hospitalização com um dis-
dados com a criança, com especial foco nas etapas iniciais da vida, túrbio emocional, estas respostas geralmente manifestam-se atra-
para a efetivação de seus direitos. vés de comportamentos agressivos, como choro, retraimento, chu-
5) Qualificação da força de trabalho – Qualificação da força de te, mordida, tapas, resistência física aos procedimentos, ou ignora
trabalho para a prática de cuidado, da cogestão e da participação as solicitações. As internações são consideradas ameaças ao desen-
nos espaços de controle social, do trabalho em equipe e da arti- volvimento da criança e a união familiar.
culação dos diversos saberes e intervenções dos profissionais, efe-
tivando-se o trabalho solidário e compartilhado para produção de Vários são os sinais dos transtornos que a criança possa apre-
resposta qualificada às necessidades em saúde da família. sentar dentre eles destacam-se: Ansiedade de Separação; Perda de
6) Planejamento no desenvolvimento de ações – Aperfeiçoa- controle e Medos.
mento das estratégias de planejamento na execução das ações da A unidade de internação é um ambiente ocupado e barulhento,
Pnaisc, a partir das evidências epidemiológicas, definição de indi- cheio de eventos imprevistos e geralmente sem prazer para crianças
cadores e metas, com articulação necessária entre as diversas po- e seus pais. É responsabilidade de todos os membros da equipe de
líticas sociais, iniciativas de setores e da comunidade, de forma a saúde estar atenta e sensível a esses problemas em geral. O profis-
tornar mais efetivas as intervenções no território, que extrapolem sional bem treinado pode fazer avaliações e elaborar intervenções
as questões específicas de saúde. durante a experiência da internação. O uso do brincar terapêutico,
atividades de recreação, atividades escolares, visitas hospitalares
7) Incentivo à pesquisa e à produção de conhecimento – Incenti-
e grupos de apoio podem fornecer medidas criativas para guiar a
vo à pesquisa e à produção de conhecimento para o desenvolvimen-
criança e a família para longe da experiência negativa e em direção
to de conhecimento com apoio à pesquisa, à inovação e à tecnologia
à experiência benéfica. (BOWDEN; GREENBERG, 2005)
no campo da Atenção Integral à Saúde da Criança, possibilitando a
geração de evidências e instrumentos necessários para a implemen-
Cuidados com as medicações
tação da Pnaisc, sempre respeitando a diversidade étnico-cultural,
aplicada ao processo de formulação de políticas públicas.
Medicamento é toda a substância que, introduzida no organis-
8) Monitoramento e avaliação – Fortalecimento do monitora-
mo, previne e trata doenças, alivia e auxilia no diagnóstico. As ações
mento e avaliação das ações e das estratégias da Pnaisc, com apri- de enfermagem relativas aos medicamentos dizem respeito ao pre-
moramento permanente dos sistemas de informação e instrumentos paro, à administração e a observação das reações da criança que se
de gestão, que garantam a verificação a qualquer tempo, em que submeteu a este procedimento.
medida os objetivos estão sendo alcançados, a que custo, quais os Considerar os seis certos tradicionais da administração de me-
processos ou efeitos (previstos ou não, desejáveis ou não), indicando dicamentos (registro certo, dose certa, via certa, droga certa, hora
novos rumos, mais efetividade e satisfação. certa e paciente certo) e de checar o procedimento realizado, em
9) Intersetorialidade – Promoção de ações intersetoriais para a su- pediatria a equipe de enfermagem tem de levar em consideração
peração da fragmentação das políticas sociais no território, mediante certas peculiaridades durante o procedimento, tais como, a criança
a articulação entre agentes, setores e instituições para ampliar a inte- sentir-se insegura durante a hospitalização e ter medo do que lhe
ração, favorecendo espaços compartilhados de decisões, que gerem vai acontecer, não aceitando, muitas vezes, as medicações, princi-
efeitos positivos na produção de saúde e de cidadania. palmente as injetáveis. (COLLET; OLIVEIRA, 2002)
Observam-se os seguintes cuidados para administração do me-
Marcos do crescimento e do desenvolvimento dicamento em pediatria segundo Collet e Oliveira 2002:
- ler cuidadosamente os rótulos dos medicamentos;
O desenvolvimento da criança é o aumento da capacidade do -questionar a administração de vários comprimidos ou frascos
indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas. Para para uma única dose;
uma definição mais completa e necessário diferenciar as noções re- -estar alerta para medicamentos similares;
ferentes ao crescimento e desenvolvimento: -verificar a vírgula decimal;
― crescimento e o aumento do corpo, de ponto de vista fí- -questionar aumento abrupto e excessivo nas doses;
sico. Ele pode ser aumento de estatura ou de peso. A unidade de -quando um medicamento novo for prescrito, buscar informa-
medida dele vai ser o cm ou a grama. Os processos básicos dele: ções sobre ele;
aumento de tamanho celular (chamado de hipertrofia) ou aumento -não administrar medicamentos prescritos por meio de apeli-
do numero das células (hiperplasia); dos ou símbolos;
― maturação e uma noção bem diferente – nesse caso, tra- -não tentar decifrar letras ilegíveis;
ta-se de organização progressiva das estruturas morfológicas. Aqui -procurar conhecer crianças que tem o mesmo nome ou so-
entra: crescimento e diferenciação celular, mielinização, especiali- brenome.
zação dos aparelhos e sistemas;
― desenvolvimento: e um ponto de visto holístico, integran- Cuidados prévios para a administração de medicamentos:
te dos processos do crescimento e maturação, mas que junta a isto - orientar a criança e a mãe/acompanhante por meio do brin-
o impacto e o aprendizagem sobre cada evento, e, também, a inte- quedo terapêutico;
gração psíquicos e sociais; -lavar as mãos;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-reunir o material; - A albumina fetal no período imediato após o parto tem a ca-
-lero rótulo da medicação (observar validade, cor, aspecto, do- pacidade de ligação a drogas limitada.
sagem) - Uma barreira hemato-encefálica imatura durante o período
-preparar o medicamento na dose certa; logo após o parto pode levar a altas concentrações de medicamen-
-identificar a medicação a ser ministrada – nome da criança, tos no cérebro do que em outras idades.
nº do leito, nome da medicação, a via de administração, a dose e o
horário e a assinatura de quem prepararam; Fatores que Afetam o Metabolismo
-não deixar ao alcance das crianças os medicamentos; - O sistema microssomal enzimático do recém-nascido é menos
-explicar a criança que entende a relação do medicamento com eficaz.
a doença; - A maturação varia entre as pessoas; cada enzima hepática tor-
-restringir a criança quando necessário, para garantir a admi- na-se funcional a uma frequência diferente.
nistração correta e segura.
Fatores que Afetam a Eliminação
FARMACOCINETICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL - A filtração glomerular e a secreção tubular estão reduzidas no
nascimento.
Fatores que Afetam a Absorção dos Medicamentos - Existe um aumento gradual na função renal, com os valores
de adultos sendo alcançados nos(s) primeiro(s) 1-2 anos de vida.
- Gastrintestinal
O pH gástrico é alto em neonatos, atingindo os valores de adul- Vias de Administração de Medicação Infantil
to por volta da idade de 2 anos. Os medicamentos ácidos são mais
biodisponíveis; os medicamentos-base apresentam menor biodis- Via Oral: Formas Farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, xaro-
ponibilidade. pes e drágeas.
A motilidade gástrica e intestinal (tempo de transito) esta dimi- A administração de medicamentos por via oral consiste no pre-
nuída nos neonatos e lactentes menores, mas aumenta nos lacten- paro ideal, escolher o material de administração de acordo com a
tes maiores e crianças. idade da criança (colher ou copo de medidas, conta-gotas, seringa,
A quantidade de ácido biliar e o funcionamento estão diminu- copo descartável, fita crepe ou etiqueta de identificação); orien-
ídos nos recém-nascidos e atingem a sua capacidade máxima ao tar a criança e o acompanhamento se preciso por intermédio do
longo dos primeiros meses de vida. brinquedo terapêutico, sentar a criança semi-sentada no colo do
acompanhante ou decúbito dorsal elevado no leito; administra-se
- Retal o medicamento certificando-se de que a criança engoliu; oferecer
Somente alguns medicamentos são adequados para adminis- líquidos após o medicamento, registrar aceitação e se houver rea-
tração retal. Além disso, o tamanho da exposição na mucosa retal ção comunicar.
afeta a absorção.
Vantagens:
- Intramuscular ― Autoadministração, econômica e fácil;
Variável no grupo pediátrico secundário a (a) fluxo sanguíneo e ― Confortável, indolor;
instabilidades vasomotoras, (b) contração e tônus muscular insufi- ― Forma Farmacêutica de fácil conservação
cientes e (c) oxigenação muscular diminuída. ― Possibilidade de remover o medicamento

- Percutâneo Desvantagens:
Diminuído com espessura aumentada do estrato córneo e dire- ― Absorção variável;
tamente relacionado à hidratação da pele. ― Período de latência médio a longo;
Os neonatos e os lactentes tem a permeabilidade da pele au- ― Ação dos sucos digestivos;
mentada, permitindo maior penetração da medicação e uma rela- ― Interação com alimentos;
ção maior de área de superfície – peso corporal com potencial para ― Pacientes não colaboradores (inconscientes), com náuse-
toxicidade. as e vômitos o incapazes de engolir;
- Intraocular ― pH do trato gastrintestinal
As mucosas de neonatos e lactentes são particularmente finas;
os medicamentos oftalmológicos podem causar efeitos sistêmicos Via Retal: A administração consiste na administração de medi-
nos recém-nascidos e nas crianças jovens. camentos do tipo supositório ou enema no reto. O volume de líqui-
do a ser administrado varia conforme a idade da criança: em lacten-
Fatores que Afetam a Distribuição tes, de 150 a 250 ml; em pré-escolar, de 250 a 350ml; em escolar, de
- Os neonatos têm uma maior proporção de água corporal total 350 a 500ml e em adolescentes, de 500 a 750ml.
que rapidamente de reduz durante o primeiro ano de vida. Valores
de adultos são gradualmente alcançados por volta de 12 anos de Vantagens:
idade. Este fator é uma consideração importante relacionado à so- ― Fármacos não são destruídos ou desativados no Trato
lubilidade do medicamento na água. Gastro Intestinal-TGI;
- As crianças têm uma proporção mais baixa de gordura corpo- ― Preferível quando a VIA ORAL está comprometida
ral que os adultos. ― Pacientes que não cooperam, inconscientes ou incapazes
- A capacidade de ligação das proteínas depende da idade. de aceitar medicação por via oral .
A concentração de proteína total ao nascimento corresponde Desvantagens:
a somente 80% dos valores de um adulto, o que leva a uma maior ― Lesão da mucosa ;
fração livre ou ativa da droga na circulação com um maior potencial ― Incômodo
para toxicidade. ― Expulsão

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

― Absorção irregular e incompleta Preparo do medicamento em ampola:


― Adesão ― Abrir a embalagem da seringa;
― Adaptar a agulha ao bico da seringa, zelando para não
Via oftalmológica: A administração de medicamentos nos contaminar as duas partes;
olhos se dá na presença de infecções oculares ou para realizações ― Certificar-se do funcionamento da seringa, verificando se
de exames de pequenas cirurgias. Deixar a criança em decúbito dor- a agulha está firmemente adaptada;
sal elevado; realizar higiene ocular com gaze estéril e soro fisiológi- ― Manter a seringa com os dedos polegar e indicador e se-
co; separar as pálpebras para expor o saco conjuntival e instilar as gurar a ampola entre os dedos médio e indicador da outra mão;
gotas prescritas neste local, mantendo-se o conta-gotas a 3 cm de ― Introduzir a agulha na ampola e proceder a aspiração do
distância e soltar as pálpebras, secando-se a medicação excedente conteúdo, invertendo lentamente a agulha, sem encostá-la na bor-
no sentido do canto interno para o externo e de cima para baixo. da da ampola;
― Virar a seringa com a agulha para cima, em posição verti-
ATENÇÃO: Ao utilizar mais de um tipo de colírio no mesmo olho cal e expelir o ar que tenha penetrado;
é necessário aguardar pelo menos 10 minutos entre as aplicações. ― Desprezar a agulha usada para aspirar o medicamento;
― Escolher, para a aplicação, uma agulha de calibre apropria-
Via Inalatória: Este método utiliza o trato respiratório para do à solubilidade da droga e à espessura do tecido subcutâneo do
transportar o medicamento através da inalação ou da administra- indivíduo;
ção direta para dentro da árvore respiratória através do tubo endo- ― Manter a agulha protegida com protetor próprio.
traqueal. O medicamento, depois de inalado ou infundido, se move
para dentro dos brônquios e, em seguida, atinge os alvéolos do Via Intradérmica: Consiste na aplicação de solução na der-
paciente, sendo difundidos para os capilares pulmonares. Os me- me(área localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo) Via uti-
dicamentos fornecidos através da via respiratória podem produzir lizada para realizar testes de sensibilização e vacina BCG é de fácil
efeitos locais ou sistêmicos. acesso, restrita a pequenos volumes
Os efeitos adversos da injeção intradérmica são decorrentes
Vantagens de: falha na administração como aplicação profunda subcutânea;
― Rápido contato com o fármaco. da dosagem incorreta com maior volume que o necessárioe con-
― Utilizada principalmente por pacientes com distúrbios taminação.
respiratórios
― Pode ser administrada em pacientes inconscientes. Via subcutânea: Consiste na aplicação de solução na tela sub-
― A principal vantagem é administrar pequenas doses para cutânea, na hipoderme (tecido adiposo abaixo da pele), Via utili-
ação rápida e minimizar os efeitos adversos sistêmicos zada principalmente para drogas que necessitam ser lentamente
absorvidas, vacinas como a antirrábica, a insulina têm indicação es-
Via Tópica: É a via através da qual os medicamentos são admi- pecífica para esta via. Os locais recomendados para aplicação são:
nistrados e absorvidos através da pele ou mucosas. parede abdominal (hipocôndrio, face anterior e externa da coxa,
face anterior e externa do braço, a região glútea, e a região dorsal,
Vantagens: abaixo da cintura)
― É uma via prática; Via intramuscular: Consiste na aplicação de solução no tecido
― Não é dolorosa; muscular. Procedimento muito comum 46% dos casos atendidos no
― É a única via que pode garantir o efeito apenas no local da PS e no ambulatório resultam em administração de medicamentos
aplicação (evita efeito sistêmico). Ex.: Uso de pomada ou gel. por esta via. A escolha do local deve respeitar os seguintes critérios:
- Quantidade e característica da droga
- Condição da massa muscular
Desvantagens:
- Quantidade de injeções prescritas
― Pode causar irritação na pele ou mucosas;
- Locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superfi-
― Estímulo a automedicação;
ciais
― Ocorre perda do medicamento para o meio ambiente
- Acesso ao local e risco de contaminação
-Inserção, tamanho da agulha e ângulo apropriado para apli-
Via Parenteral (injetáveis): Este tipo de procedimento é consi-
cação.
derado pela criança como um ato agressivo contra si, pois na maio- Locais de aplicação ,os mesmos do adulto : Vasto lateral; Ven-
ria das vezes é acompanhado de dor ou medo, o que se traduz no troglútea; Dorsoglútea; Deltoide.
choro e na ansiedade. Existem quatro meios comuns para adminis- O risco da aplicação intramusculares em Pediatria: Trauma ou
trar medicamentos por esta via: via endovenosa; via subcutânea; a compressão aacidental de nervos; Injeção acidental em veia ou
intradérmica e a intramuscular. artéria; Injeção em músculo contraído; Lesão do músculo por so-
luções irritantes; Pode provocar dano celular, abscessos e alergias.
Vantagens:
― Efeito farmacológico imediato; Via endovenosa: Via de ação rápida, pois o medicamento é mi-
― Evitar a inativação por ação enzimática; nistrado diretamente no plasma,com ação imediata.
― Administração a pacientes inconscientes Tipo de medicamento injetado na veia: Solução solúvel no san-
gue; Não oleosos;Não devem conter cristais visíveis.
Desvantagens:
― Toxicidade local ou sistêmica (alergias, erros) A administração da medicação ocorre por meio de um dispo-
― Resistência do paciente (Psicológico) sitivo intravenoso instalado por punção,podendo ser um procedi-
― Pureza e esterilidade dos medicamentos (Custo) mento repetitivo,no qual a criança revive as angústias geradas por
essa experiência,que pode resultar em traumas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A equipe deve preparar adequadamente a criança para esse - Selecionar o dispositivo para punção;
procedimento para minimizar as consequências e os traumas gera- - Preparar todo material (soro, equipo ou bureta, cateter de
das pela hospitalização. dupla via) e retirar o ar do equipo;
- Utilizar foco de 30cm de distância do local da punção para
Locais mais utilizados: Dorso da mão (veias metacarpianas facilitar a visualização epromover a vasodilatação;
dorsais, arco venoso dorsal) Antebraço (cefálica acessória, cefálica
e basílica), Braço (mediana cubital, mediana antebraqueal, basíli- Não golpear o local da punção, pode causar dor e medo
ca e cefálica),Dorso do pé: último recurso devido às complicações - Garrotear o local;
tromboembólicas (arco venoso dorsal, mediana marginal),tornoze- - Fazer antissepsia do local com álcool 70%,seguindo a direção
lo (safena interna), Pescoço (jugular externa e interna). da corrente sanguínea;
As Indicações para administração endovenosas: - Solicitar ajuda para restrição dos movimentos;
- Manter e repor eletrólitos, vitaminas e líquidos; - Fazer tricotomia;
- Restabelecer o equilíbrio ácido-básico; - Preparar material para fixação (micropore,esparadrapo e
- Restabelecer o volume sanguíneo; tala);
- Ministrar medicamentos;
- Induzir e manter sedações e bloqueios neuromusculares; Distender a pele com uma das mãos e com a outra introduzir
- Manter estabilidade hemodinâmica por infusões contínuas de a agulha com o bisel voltado pra cima e paralelo à veia; Verificar
drogas vasoativas refluxo de sangue
- Retirar o garrote
As soluções utilizadas: - Conectar equipo de soro, verificar o fluxo do gotejamento
- Isotônicas-concentração semelhante ao plasma(S.G.5% e - Fixar e imobilizar a extremidade com tal;
S.F.0,9%) fornecem água e calorias utilizadas para repor perdas - Controlar gotejamento
anormais e corrigir desidratação; -Identificar na fixação a data da punção, o horário e o nome do
- Hipertônicas-concentração maior que a do plasma (S.G.10 % responsável;
,25% e 50%) indicado para hipoglicemia, combate ao edema e ao - Encaminhar a criança para o leito, organizar o ambiente;
aumento da pressão intracraniana; - Observar e anotar a normalidade da infusão e o local, estar
- Hipotônicas-concentração menor que a do plasma(ringer lac- atento aos sinais flogísticos, obstrução e presença de ar no equipo;
tato) indicado para tratamento de desidratação, alcalose branda,hi- - Trocar o equipo de acordo com as normas da instituição 24
pocloremia,correção de desidratação; a 72h;
- Fluidos derivados do sangue: sangue total,plasma,papa de he- - Fazer anotações sobre o procedimento, o local e as ocorrên-
mácias,expansoresplasmáticos; cias.
- Nutrição parenteral.
Contenção para procedimentos: É necessária para garantir
As complicações causadas pela administração de medicamen- segurança à criança e facilitar o procedimento, podendo ser feita
tos por via endovenosa: Infiltrações locais; Reações pirogênicas; manualmente ou com dispositivos físicos. Os pais e a criança devem
trombose venosa e flebite (ações irritantes dos medicamentos ou ser orientados sobre a sua finalidade e objetivo. Pode ser manual,
formação de coágulos); Hematomas e necrose. executada com o auxílio de outra pessoa ou com a ajuda de lençóis
e faixas de contenção.
Fatores Contribuintes para extravasamento ou infiltração En-
dovenosa: Sinais Vitais
― Má perfusão periférica-propicia o extravasamento da so-
lução; Sinais Vitais: Avaliação da Dor
― Visualização inadequada do local da inserção do cateter;
― Não observação de sinais flogísticos precoce e frequente- Diretrizes Clínicas
mente - Avaliar o nível de dor na primeira hora após a internação na
unidade de cuidados agudos ou durante a consulta ambulatorial,
Sinais de Extravasamento ou Infiltração: para obter dados de referencia sobre o conforto da criança.
― Edema local que pode se estender por toda extremidade - No caso de uma criança com dor crônica, a frequência de ava-
afetada; liações da dor baseia-se na condição da criança, mas é realizado ao
― Perfusão local diminuída menos uma vez por mês.
― Extremidades afetadas frias - Avaliar o nível da dor a cada 8 a 12 horas em uma criança com
― Coloração da pele alterada(escura sugere necrose) doença aguda e com maior frequência, segundo a indicação clinica.
― Bolhas no local. A avaliação da dor é um processo continuo; cada cuidador realiza
uma avaliação ampla da dor ao assumir os cuidados com a criança.
Cuidados importantes: Antes da infusão, verificar a permea- Após a avaliação inicial, se a condição da criança mudar, se a crian-
bilidade do acesso; Não infundir medicação associada a hemode- ça apresentar sinais de dor ou for submetida a um procedimento
rivados; Fazer controle de gotejamento, respeitando o tempo e o provavelmente doloroso, ou se houver modificação da velocidade
volume prescritos. de infusão de medicamentos sedativos, analgésicos ou anestésicos,
realizar outra avaliação ampla da dor. Se a criança estiver confortá-
vel, não é necessário realizar uma avaliação ampla da dor com cada
Técnica e procedimento de cateterização venosa periférica: grupo de sinais vitais; entretanto, procure conhecer a legislação do
- Realizar a seleção da veia; seu estado, porque alguns exigem que a avaliação da dor seja regis-
- Escolher uma veia visível e que permita a mobilidade da crian- trada toda vez que são registrados os sinais vitais.
ça

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Avaliar o nível de dor dentro de 1 hora antes e após as inter- - Após implementação de intervenções para alivio da dor, com
venções para seu alivio em criança com doença aguda (o intervalo modificação da velocidade de infusão de medicamentos sedativos,
depende da intervenção especifica) para avaliar a resposta aos es- analgésicos ou anestésicos; a avaliação deve ser realizada em 1 hora
quemas de tratamento. após a intervenção, mas pode ser realizada mais cedo dependendo
- Os profissionais são responsáveis pela avaliação da dor. da intervenção (p. ex., 5 a 20 minutos após injeção em bolo intra-
- O médico, a enfermaria, a técnica ou auxiliar de enfermagem venosa).
podem obter relatos subjetivos de dor. Quando a determinação é - Lavar as mãos.
realizada por técnico ou auxiliar, qualquer variação em relação aos
valores de referencia deve ser comunicada ao profissional. Dicas para verificação dos Sinais Vitais na Pediatria

Procedimento Ordem para Verificação dos Sinais Vitais:

Passos Frequência Respiratória – FR: Uma maneira prática para se ve-


- Rever a história da dor inicial da criança e o nível anterior de rificar a frequência respiratória é colocando-se a mão levemente
dor, quando possível. sobre o tórax da criança e contando quantas vezes a mão sobe du-
- Observar o diagnóstico médico e a história de eventos consi- rante um minuto.
derados dolorosos ou causadores de traumatismo tecidual. Frequência cardíaca – FC: Procure verificar a FC , quando a
- Determinar se a criança esta tomando quaisquer medicamen- criança estiver dormindo ou em repouso. Quando o paciente for
tos que possam afetar a percepção da dor ou a capacidade de co- lactente, dê preferência ao pulso apical. A frequência apical é ve-
municar que esta com dor. rificada colocando-se o estetoscópio próximo ao mamilo esquerdo
- Lavar as mãos. por um minuto.
- Avaliar a presença de indicadores de dor, considerando a ida- Temperatura – T – considera-se febre: acima de 37,8ºC
de da criança e o estado de sono: Pressão arterial – PA – a PA deverá estar solicitada na prescri-
ção médica e verificada quando necessário.
Dor Aguda Variação Normal dos Sinais Vitais em Crianças
- Subjetiva: declaração de dor; se for incapaz de relatar, per-
guntar aos pais. Frequência da Pulsação, Respiração
- Fisiológica: aumento da frequência respiratória ou frequência
cardíaca, respirações superficiais, diminuição da saturação de oxi- Idade Pulso Respiração
gênio, diaforese, dilatação da pupila.
- Comportamental: choro, gemido, inquietação, ansiedade, Recém-natos 70 -170 30 – 50
raiva, diminuição do nível de atividade, alteração do sono, posição 11 meses 80 -160 26 – 40
assumida pela criança (p. ex., deitada imóvel, posição fetal, mem- 2 anos 80 -130 20 – 30
bro fletido ou rígido) careta facial, posição antálgica, tocar a área
dolorosa. 4 anos 80 -120 20 – 30
6 anos 75 -115 20 – 26
Dor Crônica 8 anos 70 -110 18 – 24
- Sinais vitais estáveis.
- Interrupção do sono. 10 anos 70 -110 18 – 24
- Regressão do desenvolvimento. Adolescentes 60 -120 12 – 20
- Alteração dos padrões alimentares.
- Problemas de comportamento ou escolares. Pressão Arterial
- Afastamento de atividades em grupo.
- Depressão. Idade Pressão Pressão
- Agressão. Sistólica Diastólica
No caso de uma criança submetida a bloqueio neuromuscu- 6m - 1 ano 90 61
lar: 2 - 3 anos 95 61
- Avaliar parâmetros fisiológicos.
4 - 5 anos 99 65
- Avaliar o tamanho da pupila.
- Interromper agentes paralisantes por um curto período para 6 anos 100 65
avaliar os comportamentos da dor. 8 anos 105 57
- Avaliar o nível de dor utilizando um instrumento de avaliação
valido, apropriado para o desenvolvimento; usar sempre o mesmo 10 anos 109 58
instrumento para comparar a adequação do controle da dor (p. ex., 12 anos 113 59
o mesmo instrumento ensinado previamente à criança e à família).
- Realizar o exame físico da área dolorosa. Temperatura (T)
- Determinar o nível de dor da criança e as intervenções apro- Oral 35,8º - 37,2º C
priadas; considerar a situação especifica (idade, estilo de adapta- Retal 36,2º C – 38º C
ção, ambiente) e o tipo e a intensidade da dor. Implementar inter- Axilar 35,9º C – 36.7º C
venções de controle da dor.
- Realizar ampla reavaliação do nível da dor:
- Se houver indicadores clínicos de dor.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sinais Vitais: Frequência Cardíaca - Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e
multiplicar por 2. Se for irregular, contar durante 1 minuto comple-
Diretrizes clínicas to.
- A frequência cardíaca é determinada para avaliar o estado ge- - Lavar as mãos.
ral de cada paciente na primeira hora após a internação na unidade - Registrar a frequência cardíaca, a região usada e o nível de
de cuidados agudos. atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta)
- Monitorar a frequência cardíaca a cada 4 a 8 horas durante no prontuário.
a fase aguda da doença se o paciente estiver na unidade de inter-
nação clínica e a cada 1 a 2 horas na unidade de terapia intensiva. Sinais Vitais: Frequência Respiratória
- A frequência cardíaca é reavaliada para monitorar a resposta
aos esquemas de tratamento e conforme indicado pela avaliação de Diretrizes clínicas
enfermagem ou médica. - Os movimentos respiratórios são medidos inicialmente para
- O técnico ou auxiliar de enfermagem e/ou a enfermeira po- se obter os dados de referência para avaliar o estado geral de cada
dem verificar a frequência cardíaca. Quando a frequência cardíaca
paciente dentro da primeira hora da admissão em um ambiente de
é verificada pelo auxiliar, qualquer variação em relação a medidas
cuidado agudo.
anteriores deve ser comunicada à enfermeira.
- As respirações são medidas antes e imediatamente após as
intervenções respiratórias para avaliar a resposta aos esquemas te-
Determinação da Frequência Cardíaca
rapêuticos.
Passos - A mensuração das respirações é feita a cada 4 ou 8 horas em
- Rever no prontuário do paciente os dados de referencia sobre uma criança agudamente doente e mais frequentemente conforme
a frequência de pulso conhecer a variação para a idade. indicado clinicamente.
- Determinar o pulso: - Uma auxiliar ou técnica de enfermagem ou enfermeira podem
- Nas crianças com menos de 2 anos de idade, é mais fácil rea- verificar a frequência respiratória. Quando a mensuração é encami-
lizar a ausculta apical. nhada à enfermeira ou ao médico.
- Em crianças maiores, pode ser realizada ausculta apical ou
palpado o pulso periférico. Verificação da Frequência Respiratória
- Acalmar a criança, se necessário. Sempre que possível, fazer a
medida quando a criança estiver tranquila. Passos
- Lavar as mãos. - Rever a frequência respiratória anterior da criança, quando
possível.
Determinação da Frequência Cardíaca - Observar o diagnostico médico da criança e a historia de pro-
por Ausculta do Pulso Apical blemas e dificuldades respiratórias.
- Determinar se a criança esta tomando alguma medicação que
Passos possa afetar a frequência e a profundidade respiratória.
- Limpar o diafragma e as olivas do estetoscópio com um lenço - Lavar as mãos.
embebido em álcool antes e depois do exame. - Contar as respirações:
- Introduzir os olivas nos ouvidos com as extremidades curvas - Observar o movimento abdominal quando for lactentes e
para a frente em direção à face. crianças pequena.
- Identificar o pulso. Palpar a parede torácica para determinar o - Observar os movimentos torácicos nas crianças mais velhas.
ponto de impulso máximo (PIM): - Se as respirações forem regulares, contar o numero de res-
- Em crianças menores de 7 anos – imediatamente à esquerda pirações em 30 segundos e multiplicar por dois. Se as respirações
da linha hemiclavicular no quarto espaço intercostal.
forem irregulares, contar o numero de respirações em um minuto
- Em crianças maiores de 7 anos – linha hemiclavicular esquer-
inteiro. Contar as respirações nos lactentes durante 1 minuto.
da no quinto espaço intercostal.
- Observar a profundidade e o padrão das respirações, ocor-
- Colocar o diafragma do estetoscópio sobre o PIM e contar a
rência de ansiedade, irritabilidade e posição de conforto. Observar
FC:
- Se o pulso da criança for regular, contar por 30 segundos e a coloração da criança, incluindo extremidades.
multiplicar por 2. - Lavar as mãos.
- Se o pulso for irregular, contar por 1 minuto completo. - Registrar os resultados; a frequência respiratória é registrada
- Lavar as mãos. por respirações por minuto.
- Registrar a frequência cardíaca, o pulso usado e o nível de
atividade da criança (p. ex., adormecida, calma, chorando, inquieta) Sinais Vitais: Pressão Arterial
no prontuário.
Diretrizes clínicas
Determinação da Frequência Cardíaca por Palpação de Pul- - A pressão arterial é verificada inicialmente para se obter um
sos Periféricos dado de referencia para avaliar o estado hemodinâmico geral de
cada paciente dentro da primeira hora de admissão em um ambien-
Passos te de cuidado agudo.
- Identificar o local; os pulsos radial e branquial são usados com - A pressão arterial é verificada para avaliar a resposta aos es-
maior frequência. quemas terapêuticos.
- Localizar o pulso da criança e palpar com seus dois ou três - Durante a doença aguda, verifique a pressão arterial a cada
primeiros dedos; não usar pressão excessiva. Observar o ritmo. 4 ou 8 horas, ou mais frequentemente se houver indicação clínica.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Nos neonatos, verifique a pressão arterial se houver suspeita - Abafamento do som, se aplicado.
de doença renal ou coarctação da aorta ou se estiverem presentes - Desaparecimento do som.
sinais clínicos de hipotensão. Não é recomendada uma triagem uni- - Não inflar novamente o manguito durante a desinsuflação.
versal dos neonatos. Dar alguns minutos entre as verificações da PA.
- Para a manutenção da saúde, a pressão arterial deveria ser - Desinflar o manguito completamente e removê-lo do braço.
verificada: - Lavar as mãos.
- Uma vez ao ano nas crianças com idade superior a 3 anos. - Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
- Em criança de qualquer idade com sintomas de hipertensão, também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
hipotensão, ou doença renal ou cardíaca. nho do manguito, nível de atividade (p. ex., 90/50 mmHg, supina,
- Um técnico ou auxiliar de enfermagem ou uma enfermeira braço direito, branquial, manguito infantil, calma). Se a PA estiver
podem verificar a pressão arterial. Quando a pressão arterial for ve- muito alta ou baixa, verificar também a frequência cardíaca.
rificada por um auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer varia-
ção das medidas anteriores é informada ao enfermeiro ou médico. Método com Equipamento Automático
- Use o braço direito sempre que possível para haver consistên-
cia das aferições e comparação com as normas padronizadas. Passos
- A ausculta é o método de escolha para a verificação da pressão - Seguir os 6 primeiros itens no procedimento anterior (Método de
arterial nas crianças, porque é necessária uma frequente calibração Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e colocação.
dos equipamentos automáticos e existe uma falta de padrões de - Seguir as instruções do fabricante para o uso da maquina.
referencia estabelecidos para as crianças. Os equipamentos auto- - Estabilizar a extremidade durante a verificação.
máticos são aceitos quando a ausculta for difícil (p.ex., em crianças - Lavar as mãos.
pequenas) ou quando forem necessárias verificações frequentes. - Registrar os achados no prontuário do paciente. Registrar
também a posição da criança, extremidade e local utilizado, tama-
Método de Ausculta nho do manguito, nível de atividade.

Passos Método da Palpação


- Rever as leituras da pressão arterial prévias da criança, se dis-
poníveis. Passos
- Analisar o diagnostico da criança e as medições atuais que - Seguir os 7 primeiros itens no procedimento anterior (Método de
provocam efeito sobre a pressão arterial. Ausculta) para localização da artéria, seleção do manguito e colocação.
- Lavar as mãos. Limpar o diafragma do estetoscópio. - Palpar a artéria à medida que infla o manguito.
- Selecionar o local: - Inflar o manguito 30mmHg acima do ponto em que você per-
- Usar o braço direito quando possível. cebeu o pulso da ultima vez.
- Verificar no mesmo local e posição das verificações anterio- - Lentamente desinflar o manguito e perceber o ponto em que
res, quando possível.
o pulso volta a ser sentido.
- Não usar a extremidade que tiver uma lesão ou equipamen-
- Desinflar completamente o manguito e removê-lo da extre-
tos estranhos (p. ex., punção venosa, fistula de diálise arterioveno-
midade.
sa ou renal).
- Lavar as mãos.
- Não usar a extremidade com circulação alterada (p. ex., deri-
- Registrar os achados no prontuário do paciente como leitura
vação de Blalock-Taussig, coarctação).
da sistólica por palpação (p. ex., 100/p). Registrar também a posi-
- Selecionar manguito de tamanho apropriado:
ção da criança, extremidade e local utilizado, tamanho do mangui-
- A largura da câmara deve ser cerca de 40% da circunferência do braço
to, nível de atividade.
e estar a meio caminho entre o olecrânio (cotovelo) e o acrômio (ombro).
- geralmente isto corresponde a um manguito que cobre cerca
de 80% a 100% da circunferência do braço. Sinais Vitais: Temperatura
- Usar a linha do manguito do fabricante como um guia para a
seleção do manguito. Diretrizes clínicas
- Se não for possível obter o manguito do tamanho apropriado, - A temperatura é verificada para avaliar o estado de referencia
escolha um que seja maior, em vez de um muito pequeno. de cada paciente dentro da primeira hora após a admissão e para
- Centralizar a câmara do manguito na extremidade proximal detectar a mudança no estado do paciente (p. ex., hipotermia, pre-
do pulso (p, ex., na área branquial, posição cerca de 2,5 a 5 cm aci- sença de infecção, ou outras mudanças na condição do paciente).
ma da fossa antecubial), e prender o manguito de forma bem justa. - A temperatura é avaliada de novo 30 minutos a 1 hora após a
Não posicionar o manguito sobre a roupa. intervenção para medir a resposta ao esquema terapêutico.
- Verificar a PA após 3 a 5 minutos de repouso, quando possí- - A temperatura deve ser verificada a cada 4 ou 8 horas, ou
vel. Posicionar o braço (extremidade) da criança ao nível do coração mais frequentemente quando instável ou quando a criança estiver
durante o repouso. agudamente doente ou com problemas de termorregulação.
- Localizar a posição exata do pulso. Coloque o diafragma do - Quando utilizar um equipamento para regular a temperatura (p.
estetoscópio onde o pulso é sentido, abaixo da borda do manguito. ex., incubadora, cobertor para hipotermia, luz de aquecimento suspen-
- Fechar a válvula do diafragma e inflar o manguito a uma pres- so), a temperatura da criança deve ser verificada a cada 1 a 3 horas.
são de 30mmHg acima do ponto em que a pulsação da artéria é - Os termômetros de mercúrio não devem ser usados (Gold-
obstruída. Estabilizar a extremidade durante a verificação. man, Shannon & o Committe on Environmental Health, 2001).
- Desinflar o manguito a uma velocidade de 2 a 3 mmHg por - A via oral deve ser usada em crianças com idade superior a 5
segundo. anos a não ser que seja contraindicado pelas condições médicas ou
- Observe os sons de Korotkoff: de desenvolvimento (convulsões, atraso no desenvolvimento, nível
- Inicio do som de pancada. de consciência alterado).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- A mensuração timpânica (infravermelha) não é recomendada - Lavar as mãos.


para ser usada em crianças com idade inferior a 3 meses. Os estu-
dos mostram que as mensurações timpânicas não são tão exatas Verificação da Temperatura Retal com Termômetro
quanto outras formas de mensuração de temperatura e mostram Eletrônico
uma grande variedade.
- Os termômetros descartáveis (p. ex., Tempa – DOT) são mais Passos
exatos para as crianças com idade inferior a 5 anos. - Lavar as mãos, colocaras luvas de procedimento.
- verificar a temperatura retal dos lactentes após o parto ime- - Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
diato. Após essa verificação de temperatura retal, usar a via axilar mostrador se o termômetro está carregado.
nos lactentes e nas crianças pequenas. A temperatura retal está - Selecionar o cabo apropriado: vermelho-retal.
contraindicada nas crianças que se submeteram a cirurgia retal e - Colocar o protetor do cabo no cabo.
intestinal, com neutropenia, ou trompocitopenia. - Lubrificar a ponta com gel hidrossolúvel.
- O auxiliar ou técnico de enfermagem ou a enfermeira podem - Gentilmente abra as pregas interglúteas da criança e introdu-
verificar a temperatura. Quando a temperatura for verificada pelo za o cabo 1,7 cm no lactente e 2,5 cm na criança maior.
auxiliar ou técnico de enfermagem, qualquer variação do referen- - Manter as pregas interglúteas fechadas com uma das mãos e
cial, ou desvio da mensuração anterior, deve ser relatada ao médico manter o cabo no lugar com a outra.
ou enfermeira. - Monitorar a mudança de temperatura no mostrador até que a
unidade emita um som. Observar a temperatura no mostrador e se
Verificação da Temperatura Corporal a mensuração é em Celsius ou Fahrenheit.
- Jogue fora o protetor do cabo apertando o botão de liberar.
Passos - Retornar a unidade para carregar na base.
- Rever o prontuário da criança quanto a: - Lavar as mãos.
- Sinais vitais das ultimas 24 horas.
- Avaliação dos problemas médicos atuais. Verificação da Temperatura Axilar com Termômetro
- Parâmetros de temperatura desejados Eletrônico

Verificação da Temperatura Oral de uma Criança com Idade Passos


Superior a 5 Anos com Termômetro Eletrônico - Lavar as mãos.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no
Passos mostrador se o termômetro esta carregado.
- Lavar as mãos - Selecionar o cabo apropriado: azul-oral.
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no - Colocar o protetor do cabo no cabo.
mostrador se o termômetro esta carregado. - Colocar o cabo protegido na axila da criança e segurar o braço
- Selecionar o cabo apropriado: azul-oral. dela firmemente na lateral.
- Colocar o protetor do cabo no cabo. - Observar a temperatura quando o mostrador digital estabili-
- Gentilmente inserir o cabo com o protetor no saco sublingual zou e a unidade emitiu um som; observar se a mensuração foi em
posterior da criança até que a unidade emita um sinal. Celsius ou Fahrenheit.
- Remover o cabo da boca e observar a temperatura do mostra- - Retornar a unidade para carregar na base.
dor; observar se é em Celsius ou Fahrenheit. - Lavar as mãos.
- Jogue fora o protetor do cabo.
- Retornar a unidade para carregar na base. Verificação da Temperatura com Termômetro Descartável
- Lavar as mãos.
Passos
Verificação da Temperatura Timpânica em Criança com Idade - Lavar as mãos.
Superior a 3 meses - Remover uma única unidade do pacote.
- Retirar a fita protetora do termômetro descartável.
Passos - Colocar a fita de temperatura segundo as instruções de uso
- Lavar as mãos. do fabricante:
- Remover o cabo do local onde fica guardado e observar no - Pressionar a fita firmemente na testa ou axila da criança.
mostrador se a unidade está carregada. - Colocar no saco sublingual.
- Garantir que o mostrador indica modo timpânico (as unidades - Usar a fita para monitorar a temperatura assim que a cor para
podem avaliar temperatura de superfície, retal, central e timpâni- de mudar.
ca). - Ler a temperatura de acordo com as instruções do fabricante,
- Colocar o protetor descartável na ponta do cabo. por exemplo:
- Puxar a orelha – retrair a pina posteriormente (empurrar para - Ler o bloco indicado pela mudança de cor; verde indica tem-
cima e para trás). peratura registrada. Se o verde não aparecer, a temperatura está a
- Inserir o cabo no conduto auditivo enquanto pressiona o bo- meio caminho entre o indicado pelo marrom e o azul.
tão do scan; cheque para garantir que o conduto auditivo esteja - O numero de pontos que mudaram de cor.
fechado. - Se for registrada uma temperatura acima de 37°C, confirmar
- Liberar o botão do scan. com a temperatura oral ou retal.
- Remover o cabo quando o termômetro emitir sinal. Observar - Lavar as mãos.
o mostrador de leitura se a leitura é em Celsius ou Fahrenheit.
- Jogar fora o protetor do cabo pressionando o botão de liberar.
- Retornar a unidade para carregar na base.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Medidas Antropométricas COLLET, N.; OLIVEIRA, B.R.G. Manual de Enfermagem em Pedia-


tria.Goiania:AB Editora, 2002.
A antropometria é importante ferramenta para avaliação do
crescimento infantil e aceita universalmente. Vantagens como baixo Higiene
custo, facilidade de execução e relativa sensibilidade e especificida-
de levam à elaboração de índices de crescimento fáceis de serem A higiene da criança hospitalizada é um cuidado de necessi-
avaliados. Esse método pode ser aplicado em todas as fases do ciclo dade básica, objetiva-se prevenir doenças, proporcionar conforto
de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo e bem estar a criança e ainda provocar a recuperação de sua en-
seu estado nutricional. fermidade.
As medidas antropométricas consistem nos dados sobre peso, Possibilita a avaliação do exame físico e promove a educação
altura, perímetros cefálico e torácico. Sua verificação objetiva o em saúde aos acompanhantes.
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, Entre os procedimentos de higiene os mais utilizados são: ba-
vem como a base para a prescrição médica e de enfermagem. nho; higiene das unhas; troca de fraldas; higiene oral e nasal e hi-
É importante que o enfermeiro ao participar do processo de giene perineal.
avaliação do crescimento da criança tenha o conhecimento de que
os principais aspectos que englobam uma avaliação eficiente e efi- Banho: È um procedimento de rotina no momento da admis-
caz ao paciente são: são, diariamente e sempre que necessário. O banho diário é indis-
-Medição dos valores antropométricos de maneira padroniza- pensável a saúde, proporciona bem-estar, estimula a circulação san-
da; guínea e protege a pele contra diversas doenças.
-Relação dos valores encontrados conforme o sexo e a idade, O momento do banho deve ser aproveitado para estimular a
comparando-os com os valores da população de referência; criança com (ou através de) estímulos psicoemocionais (acariciar),
-Verificação da normalidade dos valores encontrados. auditivos (conversar e cantar) e psicomotores (inclusive movimen-
tos ativos com os membros).
1 – Peso/Idade: as relações entre o peso da criança e sua idade - Banho: neste momento pode-se estimular o sistema senso-
são de vital importância para uma identificação precoce de casos rial, afetivo da criança. Nele deve-se conversar, dar-lhe brinquedos,
de desnutrição ou obesidade, ou riscos para ambos. Esta relação estimular o tato e sempre incentivando o acompanhante a acompa-
também poderá alertar o enfermeiro quanto a outros problemas nhar este momento. Existem vários tipos de banhos: o de chuveiro,
relacionados que estejam ocasionando tais perdas ou ganhos anor- de leito e de banheira.
mais de peso.
2 – Estatura/Idade: a mensuração da estatura da criança é de Tipos de Banho:
suma importância para o acompanhamento do crescimento consi-
derado dentro dos padrões da normalidade; como foi visto anterior- Banho de chuveiro: Normalmente é indicado para crianças na
mente nos fatores que influenciam o crescimento é possível verificar faixa etária pré-escolar, escolar e adolescente, que consigam deam-
que o déficit de crescimento pode estar associado a problemas como bular, sem exceder sua capacidade em situação de dor. Sempre que
a desnutrição e/ou socioeconômicos, entretanto quando estes défi- possível incentivar a criança a banhar-se sozinha, sob supervisão,
cits tornarem-se muito elevados é importante a investigação de um em caso de adolescentes permitir que tomem banho sozinhos.
especialista para detectar a real causa.
3 – Peso/Estatura: a relação entre o peso e a estatura da crian- Incentivar a criança a banhar-se sob supervisão ou, em caso de
ça é utilizada e recomendada pela Organização Mundial da Saúde adolescente, que queiram privacidade, permitir que tome banho
para detectar sobrepeso; também deve ser utilizado para detectar sozinho.
precocemente perdas de peso que indiquem a desnutrição aguda, - Quando for possível, ao término, verificar a limpeza da região
ou o risco desta. atrás do pavilhão auditivo, mãos, pés e genitais.
O enfermeiro enquanto integrante da equipe de saúde par-
ticipa do processo de avaliação do crescimento da criança, sendo Higiene do Coto Umbilical
importante salientar que todas as funções do processo avaliativo
são delegadas a diferentes profissionais, conforme a especialidade Tem como objetivo prevenir infecções e hemorragias, além de
de cada um. acelerar o processo de cicatrização.
Desta forma, quando se fala em desnutrição e/ou obesidade e -Manter o coto posicionado para cima, evitando contato com
obtenção de valores fidedignos é sempre de grande valia a inserção fezes e urina; efetuar higiene na inserção e em toda extensão do
do nutricionista, já que o mesmo possui a responsabilidade de ins- coto umbilical, evitando que o excesso de álcool escorra pelo ab-
truir sobre a alimentação da criança e realizar demais testes antro- dômen.
pométricos necessários para uma análise mais detalhada. -Fazer curativo com álcool a 70% até a queda do coto umbilical
ou de acordo coma rotina da unidade.
Referências: -Observar e registrar as condições do coto (presença de secre-
ORLANDI, O. V.; SABRÁ, A. O Recém-Nascido a Termo. In: FILHO, ção ou sangramento) e região peri umbilical (hiperemia e calor .).
J. R. Obstetrícia. 10º ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2005
FERNANDES, K.; KIMURA, A. F. Práticas assistenciais em reani- Higiene Nasal
mação do recém-nascido no contexto de um centro de parto nor-
mal. Rev. Esc. Enferm. USP, São É a remoção de excesso de secreção (cerúmen) do conduto au-
Paulo, v.39.n.º 4, p.383-390, 2005. ditivo externo e a remoção da sujeira do pavilhão auricular.
WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica elementos essências à in- Fazer higiene com cotonete embebido em SF 0,9% ou água des-
tervenção efetiva. 5ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999 tilada, observar e registrar o aspecto da secreção retirada.
BOWDEN, V. R.; GREENBERG, C. S. Procedimentos de enferma-
gem pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Higiene Ocular É importante que a mãe seja orientada sobre:


O leite materno contém a quantidade de água suficiente para
É a retirada de secreções localizadas na face interna do globo as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes.
ocular. A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou
-Fazer higiene ocular com SF 0,9 % ou água destilada, observar líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o
e registrar o aspecto da secreção retirada. volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo.
-Proceder à limpeza do ângulo interno do olho ao externo, uti- O tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê;
lizando o lado do cotonete somente uma vez. há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o
faz em trinta minutos ou mais.
Aleitamento Materno Ao amamentar:
a) a mãe deve escolher uma posição confortável, podendo
Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem sucedi- apoiar as costas em uma cadeira confortável, rede ou sofá e o bebê
do é importante que a mãe esteja motivada e, além disso, que o deve estar com o corpo bem próximo ao da mãe, todo voltado para
profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para ela. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil;
resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a b) ela não deve sentir dor, se isso estiver ocorrendo, significa
amamentação. que a pega está errada.
Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Por-
que acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas, A mãe que amamenta precisa ser orientada a beber no mínimo
para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que um litro de água filtrada e fervida, além da sua ingestão habitual
seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamen- diária, considerando que são necessários aproximadamente 900 ml
te a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não es- de água para a produção do leite. É importante também estimular
tão tranquilas quanto a sua capacidade para amamentar. É preciso o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive du-
orientá-las: rante a noite)
-Que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colostro,
é produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos primeiros Sinais indicativos de que a criança está mamando de forma
dias de vida, inclusive para bebês prematuros, pelo seu alto teor de adequada
proteínas.
- Que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até o Boa posição:
6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos e água - O pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás,
é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazendo com semestar distendido
que ele mame menos leite materno, pois o volume desses líquidos - A boca está bem aberta
irá substituí-lo. Água, chá e suco representam um meio de contami- - O corpo da criança está voltado para o corpo da mãe
nação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta desses líqui- - A barriga do bebê está encostada na barriga da mãe
dos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais - Todo o corpo do bebê recebe sustentação
ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de - O bebê e a mãe devem estar confortáveis
gases, e consequentemente, cólicas no bebê. Além disso, pode-se
instalar a confusão de bicos, dificultando a pega correta da mama Boa pega:
e aumentar os riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiólogos. - O queixo toca a mama
-A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama, - O lábio inferior está virado para fora
impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da ma- - Há mais aréola visível acima da boca do que abaixo
mada) que é rico em gordura, interferindo na saciedade e encurtan- - Ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo
do os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que
seu leite é insuficiente e fraco. Produção versus ejeção do leite materno
-Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam in-
gurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre A produção adequada de leite vai depender, predominante-
devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da mente, da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas),
produção de leite. que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela
-Em média a produção de leite é de um litro por dia, assim é produção do leite).
necessário que a mãe reponha em seu organismo a água utilizada Entretanto, a produção de ocitocina, hormônio responsável
no processo de lactação. É importante que a mãe tome mais água pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emo-
(filtrada e fervida) e evite a ingestão de líquidos com calorias como cional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com
refrigerantes e refrescos. pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20 g
-As mulheres que precisam se ausentar por determinados perí- e molha menos de seis fraldas por dia. O profissional de saúde pode
odos, por exemplo, para o trabalho ou lazer, devem ser incentivadas contribuir para reverter essa situação orientando a mãe a colocar
a realizar a ordenha do leite materno e armazená-lo em frasco de a criança mais vezes no peito para amamentar inclusive durante a
vidro, com tampa plástica de rosca, lavado e fervido. Na geladeira, noite, observando se a pega do bebê está correta.
pode ser estocado por 12 horas e no congelador ou freezer por no
máximo 15 dias. O leite materno deve ser descongelado e aquecido
em banho Maria e pode ser oferecido ao bebê em copo ou xícara,
pequenos. O leite materno não pode ser descongelado em micro-
-ondas e não deve ser fervido.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Puericultura Rubéola

Puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crian- Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
ças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança contaminadas
como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. É Período de Incubação: 14 a 21 dias
uma especialidade médica contida na Pediatria que leva em conta Manifestações Prodrômicas: em crianças não existem pródro-
a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico- mos da doença, mas em adolescentes e adultos, o exantema pode
-sócio-cultural. ser precedido por 1 ou 2 dias de mal-estar, febre baixa, dor de gar-
Nas consultas periódicas, o pediatra observa a criança, inda- ganta e coriza discreta.
ga aos pais sobre as atividades do filho, reações frente a estímulos Manifestações Clínicas: 7 dias antes da erupção cutânea, perce-
e realiza o exame clínico. Quanto mais nova a criança, mais frágil be-se um aumento dos gânglios cervicais, retroauriculares e occip-
e vulnerável, daí a necessidade de consultas mais frequentes. Em tais. As lesões cutâneas são máculo-papulosas, de coloração rósea
cada consulta o pediatra vai pedir informações de como a criança se e às vezes confluentes. Iniciam na face, pescoço, tronco, membros
alimenta, se as vacinas estão em dia, como ela brinca, condições de superiores e inferiores em menos de 24 horas. Na maioria dos ca-
higiene, seu cotidiano. O acompanhamento do crescimento, atra- sos, a erupção permanece por 3 dias. Existem muitos indivíduos
vés da aferição periódica do peso, da altura e do perímetro cefálico que apresentam a infecção inaparente.
e sua análise em gráficos, são indicadores das condições de saúde Período de Transmissibilidade: começa 1 semana antes do apa-
das crianças. Sempre, a cada consulta, bebês, pré-escolares, esco- recimento de exantema até 5 dias após o início da erupção cutânea.
lares e jovens devem ter seu crescimento e seu desenvolvimento Importante: por ser uma doença teratogênica, recomenda-se
avaliado. Crescimento é o ganho de peso e altura, um fenômeno que os indivíduos acometidos fiquem em casa evitando o contágio
quantitativo, que termina ao final da adolescência. Por outro lado, de mulheres grávidas.
o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas,
evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo con- Catapora (varicela)
tínuo.
Via de Transmissão: por contato direto, por meio de gotículas
infectadas, mas em curtas distâncias. Também pode ser transmitido
DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS NA INFÂNCIA (ATEN- por via indireta, através de mãos e roupas.
ÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA Período de Incubação: 14 a 17 dias
- AIDPI) Manifestações Prodrômicas: curto (24 horas), constituído de
febre baixa e discreto mal-estar.
Doenças de etiologia viral que costumam deixar imunidade Manifestações Clínicas: exantema é a primeira manifestação da
permanente, sendo a maior incidência na primavera e inverno. Não doença. As lesões evoluem em menos de 8 horas: máculas > pápu-
existe tratamento específico, apenas a administração de medica- las > vesículas > formação de crosta. As crostas costumam cair em 7
ções para aliviar sintomas, como a febre. porém é importante ficar dias até 3 semanas, se houver contaminação. Neste caso ou se hou-
atento à criança. Se ela apresentar: sonolência incomum, recusar ver remoção prematura da crosta deixa cicatriz residual. As lesões
beber líquidos, dor de ouvido, taquipnéia, respiração ruidosa ou ce- acometem predominantemente tronco, pescoço, face, segmentos
faléia intensa faz-se necessário procurar um médico, pois estes são proximais dos membros, poupando palma das mãos e planta dos
alguns sinais de alerta para possíveis complicações dessas doenças. pés. Aparecem em surtos de 3 a 5 dias, por isso pode-se visualizar
em uma mesma área a presença de todos os estágios de lesão. A
Sarampo intensidade varia de poucas lesões, surgidas de um único surto, a
inúmeras lesões que cubram todo corpo, surgidas em 5 ou 6 surtos,
Via de Transmissão: aérea, pela mucosa respiratória ou conjun- no decurso de 1 semana. A febre costuma ser baixa e sua intensida-
tival de acompanha a intensidade da erupção cutânea.
Período de Incubação: 8 a 12 dias Período de Transmissibilidade: desde 1 dia antes do apareci-
Manifestações Prodrômicas: febre (geralmente elevada, alcan- mento de exantema até 5 dias após o aparecimento da última ve-
çando o máximo no aparecimento do exantema), manifestações sícula.
sistêmicas, coriza, conjuntivite, tosse, exantema característico, po- Importante: evite que a criança coce as lesões, evitando a con-
dendo apresentar também: cefaléia, dores abdominais, vômitos, taminação local e cicatrizes residuais. Se a coceira for muita, procu-
diarréia, artralgias e mialgia, associados a prostração e sonolência, re um médico que indicará métodos para aliviar o prurido.
quadro que pode dar a impressão de doença grave. Um sinal pa-
tognomônico da doença é o aparecimento das manchas de Koplick Caxumba (Parotidite Epidêmica)
- pontos azulados na mucosa bucal que tendem a desaparecer.
Manifestações Clínicas: as lesões cutâneas, aparecem no 14º Via de Transmissão: por via respiratória, através de gotículas
dia de contágio, são máculo-papulosas avermelhadas, isoladas uma contaminadas e contato oral com utensílios contaminados
das outras e circundadas por pele não comprometida, podendo Período de Incubação: 14 a 21 dias
confluir. Começam no início da orelha, após 24 horas são encontra- Manifestações Prodrômicas: passa desapercebido, só se notan-
das em: face, pescoço, tronco e braços ,e após 2 ou 3 dias: membros do a doença quando aparecem dor e edema da glândula.
inferiores e desaparecendo no 6º dia. As lesões evoluem para man- Manifestações Clínicas: aumento das parótidas, que é uma
chas pardas residuais com descamação leve. A temperatura tende a glândula situada no ramo ascendente da mandíbula. Pode afetar
se normalizar no quarto dia de exantema. um ou ambos os lados do rosto. Irá se apresentar mole, dolorosa
Período de Transmissibilidade: começa 2 a 4 dias antes do pe- a palpação, sem sinais inflamatórios e sem limites nítidos. Com o
ríodo prodrômico e vai até o 6º dia do aparecimento do exantema. edema da parótida há uma elevação da febre e dor de gargganta.
Período de Transmissibilidade: 3 dias antes do edema da paró-
tida, até 7 dias depois do inchaço ter diminuído.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Importante: recomenda-se o repouso, sendo obrigatório para O que causa as doenças diarreicas agudas?
adolescentes e adultos, principalmente do sexo masculino. As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por
Doença infecciosa endêmica e epidêmica, de origem bacteria- diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros
na, sendo uma importante causa de morbi-mortalidade em crianças parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – in-
de baixa idade, principalmente em crianças não-imunizadas. Sua flamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o in-
imunidade, também, parece ser permanente após a doença e não testino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos
há influência sazonal evidente nos picos de incidência. contaminados, contato com objetos contaminados e também pode
ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos conta-
Coqueluche minadas, e contato de pessoas com animais.

Via de Transmissão: contato direto através da via respiratória. Quais são os fatores de risco para doenças diarreicas agudas?
Período de Incubação: varia entre 6 e 20 dias Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e gênero, pode ma-
Manifestações Clínicas: dura de 6 a 8 semanas, sendo que o nifestar sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas após a con-
quadro clínico depende da idade e grau de imunização do indivíduo. taminação. No entanto, alguns comportamentos podem colocar as
É dividida em estadios: pessoas em risco e facilitar a contaminação como:
(1) Estádio catarral - dura de 1 a 2 semanas e é o período de - Ingestão de água sem tratamento adequado;
maior contagiosidade. Caracterizado por secreção nasal, lacrimeja- - Consumo de alimentos sem conhecimento da procedência,
mento, tosse discreta, congestão conjutival e febre baixa. do preparo e armazenamento;
(2) Estádio paroxístico - dura de 1 a 4 semanas (ou mais). Há - Consumo de leite in natura (sem ferver ou pasteurizar) e de-
uma intensificação da tosse manifestada em crises, frequentemen- rivados;
te mais numerosas durante a noite. - Consumo de produtos cárneos e pescados e mariscos crus ou
(3) Estádio de convalescença - acessos são menos intensos e malcozidos;
menos frequentes. - Consumo de frutas e hortaliças sem higienização adequada;
- Viagem a locais em que as condições de saneamento e de
Importante: por ser uma patologia bacteriana faz-se necessário higiene sejam precárias;
a introdução de antibioticoterapia e isolamento respiratório por 5 - Falta de higiene pessoal.
dias após o início da administração medicamentosa, ou por 3 sema-
nas após o começo do estádio paroxístico, se a antibioticoterapia ATENÇÃO ESPECIAL: Crianças e idosos com DDA correm risco
for contra-indicada. de desidratação grave. Nestes casos, a procura ao serviço de saúde
Faz-se necessário a hospitalização de lactentes com problemas deve ser realizada em caráter de urgência.
importantes na alimentação, crises de apnéia e cianose, e pacientes
com complicações graves. Quais são os sinais e sintomas das doenças diarreicas agudas?
Procurar evitar fatores desencadeantes de crises como temor, Ocorrência de no mínimo três episódios de diarreia aguda no
decúbito baixo, permanência em recintos fechados e exercícios físi- período de 24hrs (diminuição da consistência das fezes – fezes líqui-
cos. Procurar manter nutrição e hidratação adequada. das ou amolecidas – e aumento do número de evacuações) poden-
do ser acompanhados de:
DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA) - Cólicas abdominais.
- Dor abdominal.
O que é são doenças diarreicas agudas? - Febre.
As doenças diarreicas agudas (DDA) correspondem a um gru- - Sangue ou muco nas fezes.
po de doenças infecciosas gastrointestinais. São caracterizadas por - Náusea.
uma síndrome em que há ocorrência de no mínimo três episódios - Vômitos.
de diarreia aguda em 24 horas, ou seja, diminuição da consistência
das fezes e aumento do número de evacuações, quadro que pode Como diagnosticar as doenças diarreicas agudas (diarreia)?
ser acompanhado de náusea, vômito, febre e dor abdominal. Em O diagnóstico das causas etiológicas, ou seja, dos microrganis-
geral, são doenças autolimitadas com duração de até 14 dias. Em al- mos causadores da DDA é realizado apenas por exame laboratorial
guns casos, há presença de muco e sangue, quadro conhecido como por meio de exames parasitológicos de fezes, cultura de bactérias
disenteria. A depender do agente causador da doença e de caracte- (coprocultura) e pesquisa de vírus. O diagnóstico laboratorial é im-
rísticas individuais dos pacientes, as DDA podem evoluir clinicamen- portante para determinar o perfil de agentes etiológicos circulantes
te para quadros de desidratação que variam de leve a grave. em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as me-
A diarreia pode ser de origem não infecciosa podendo ser cau- didas de controle. Em casos de surto, solicitar orientação da equipe
sada por medicamentos, como antibióticos, laxantes e quimiote- de vigilância epidemiológica do município para coleta de amostras.
rápicos utilizados para tratamento de câncer, ingestão de grandes IMPORTANTE: As fezes devem ser coletadas antes da adminis-
quantidades de adoçantes, gorduras não absorvidas, e até uso de tração de antibióticos e outros medicamentos ao paciente. Reco-
bebidas alcoólicas, por exemplo. Além disso, algumas doenças não menda-se a coleta de 2 a 3 amostras de fezes por paciente.
infecciosas também podem desencadear diarreia, como a doen- O diagnóstico etiológico das Doenças Diarreicas Agudas nem
ça de Chron, as colites ulcerosas, a doença celíaca, a síndrome do sempre é possível, uma vez que há uma grande dificuldade para a
intestino irritável e intolerâncias alimentares como à lactose e ao realização das coletas de fezes, o que se deve, entre outras ques-
glúten. tões, à baixa solicitação de coleta de amostras pelos profissionais
de saúde e à reduzida aceitação e coleta pelos pacientes.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desse modo, é importante que o indivíduo doente seja bem Ingestão de solução de SRO, inicialmente em pequenos volu-
esclarecido quanto à relevância da coleta de fezes, especialmente mes e aumento da oferta e da frequência aos poucos. A quantidade
na ocorrência de surtos, casos com desidratação grave, casos que a ser ingerida dependerá da sede do paciente, mas deve ser admi-
apresentam fezes com sangue e casos suspeitos de cólera a fim de nistrada continuamente até que desapareçam os sinais da desidra-
possibilitar a identificação do microrganismo que causou diarreia. tação;
Essa informação será útil para prevenir a transmissão da doença Reavaliação do paciente constantemente, pois o Plano B ter-
para outras pessoas. mina quando desaparecem os sinais de desidratação, a partir de
A coleta de fezes para análise laboratorial é de grande impor- quando se deve adotar ou retornar ao Plano A;
tância para a identificação de agentes circulantes e, especialmente Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re-
em caso de surtos, para se identificar o agente causador do surto, conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e
bem como a fonte da contaminação. administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal
e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
Como tratar as doenças diarreicas agudas? higienização dos alimentos);
O tratamento das doenças diarreicas agudas se fundamenta na
prevenção e na rápida correção da desidratação por meio da inges- Plano C
tão de líquidos e solução de sais de reidratação oral (SRO) ou fluidos
endovenosos, dependendo do estado de hidratação e da gravidade O Plano C consiste em duas fases de reidratação endovenosa
do caso. Por isso, apenas após a avaliação clínica do paciente, o tra- destinada ao paciente COM DESIDRATAÇÃO GRAVE. Nessa situação
tamento adequado deve ser estabelecido, conforme os planos A, B o paciente deverá ser transferido o mais rapidamente possível. Os
e C descritos abaixo. primeiros cuidados na unidade de saúde são importantíssimos e já
Para indicar o tratamento é imprescindível a avaliação clínica devem ser efetuados à medida que o paciente seja encaminhado ao
do paciente e do seu estado de hidratação. A abordagem clínica serviço hospitalar de saúde.
constitui a coleta de dados importantes na anamnese, como: início Realizar reidratação endovenosa no serviço saúde (fases rápida
dos sinais e sintomas, número de evacuações, presença de muco e de manutenção);
ou sangue nas fezes, febre, náuseas e vômitos; presença de doen- O paciente deve ser reavaliado após duas horas, se persistirem
ças crônicas; verificação se há parentes ou conhecidos que também os sinais de choque, repetir a prescrição; caso contrário, iniciar ba-
adoeceram com os mesmos sinais/sintomas. lanço hídrico com as mesmas soluções preconizadas;
O exame físico, com enfoque na avaliação do estado de hidra- Administrar por via oral a solução de SRO em doses pequenas e
tação, é importante para avaliar a presença de desidratação e a ins- frequentes, tão logo o paciente aceite. Isso acelera a sua recupera-
tituição do tratamento adequado, além disso, o paciente deve ser ção e reduz drasticamente o risco de complicações.
pesado, sempre que possível. Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver
Se não houver dificuldade de deglutição e o paciente estiver hidratado, com boa tolerância à solução de SRO e sem vômitos.
consciente, a alimentação habitual deve ser mantida e deve-se au- Para tratamento detalhado acesse aqui o Manejo do Paciente
mentar a ingestão de líquidos, especialmente de água. com Diarreia.
OBSERVAÇÃO: O Tratamento com antibiótico deve ser reserva-
do apenas para os casos de DDA com sangue ou muco nas fezes (di-
Plano A
senteria) e comprometimento do estado geral ou em caso de cólera
com desidratação grave, sempre com acompanhamento médico.
O plano A consiste em cinco etapas direcionadas ao paciente
HIDRATADO para realizar no domicílio:
Quais são as possíveis complicações das doenças diarreicas
Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo so-
agudas?
lução de SRO principalmente após cada episódio de diarreia, pois
A principal complicação é a desidratação, que se não for corri-
dessa forma evita-se a desidratação;
gida rápida e adequadamente, em grande parte dos casos, especial-
Manutenção da alimentação habitual; continuidade do aleita-
mente em crianças e idosos, pode causar complicações mais graves.
mento materno;
O paciente com diarreia deve estar atento e voltar imediata-
Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em 2 dias ou mente ao serviço de saúde se não melhorar ou se apresentar qual-
apresente piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa quer um dos sinais e sintomas:
de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição da diurese; - Piora da diarreia.
Orientação do paciente/responsável/acompanhante para re- - Vômitos repetidos.
conhecer os sinais de desidratação; preparar adequadamente e - Muita sede.
administrar a solução de SRO e praticar ações de higiene pessoal - Recusa de alimentos.
e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e - Sangue nas fezes.
higienização dos alimentos); - Diminuição da urina.
Administração de Zinco uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias.
Como ocorre a transmissão das doenças diarreicas agudas?
Plano B A transmissão das doenças diarreicas agudas pode ocorrer pe-
las vias oral ou fecal-oral.
O Plano B consiste em três etapas direcionadas ao paciente Transmissão indireta -Pelo consumo de água e alimentos con-
COM DESIDRATAÇÃO, porém sem gravidade, com capacidade de in- taminados e contato com objetos contaminados, como por exem-
gerir líquidos, que deve ser tratado com SRO na Unidade de Saúde, plo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
onde deve permanecer até a reidratação completa. hospitalares.
Transmissão direta -Pelo contato com outras pessoas, por meio
de mãos contaminadas e contato de pessoas com animais.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os manipuladores de alimentos e os insetos podem contami- são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças
nar, principalmente, os alimentos, utensílios e objetos capazes de menores de um ano) e se constituem um dos mais graves proble-
absorver, reter e transportar organismos contagiantes e infecciosos. mas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de
Locais de uso coletivo, como escolas, creches, hospitais e penitenci- casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos)
árias apresentam maior risco de transmissão das doenças diarreicas por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de des-
agudas. nutrição em crianças menores de cinco anos.
O período de incubação, ou seja, tempo para que os sintomas Uma proporção significativa das doenças diarreicas é transmi-
comecem a aparecer a partir do momento da contaminação/infec- tida pela água e pode ser prevenida através do consumo de água
ção, e o período de transmissibilidade das DDA são específicos para potável, condições adequadas de saneamento e hábitos de higiene.
cada agente etiológico. No Brasil, segundo estatísticas do IBGE, em 2016, 87,3% dos do-
micílios ligados à rede geral tinham disponibilidade diária de água,
Como prevenir as doenças diarreicas agudas? percentual que era de 66,6% no Nordeste, onde em 16,3% dos do-
As intervenções para prevenir a diarreia incluem ações institu- micílios o abastecimento ocorria de uma a três vezes por semana
cionais de saneamento e de saúde, além de ações individuais que e em 11,2% dos lares, de quatro a seis vezes. A região Norte apre-
devem ser adotadas pela população: sentava o menor percentual de domicílios em que a principal forma
Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente de abastecimento de água era a rede geral de distribuição (59,8%).
antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após Por outro lado, a região se destacava quando se tratava de abaste-
utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar cimento através de poço profundo ou artesiano (20,3%); poço raso,
sujas, após tocar em animais, sempre que voltar da rua, antes e freático ou cacimba (12,7%); e fonte ou nascente (3,1%).
depois de amamentar e trocar fraldas. Outra preocupação é a ocorrência de inundações e secas indu-
Lave e desinfete as superfícies, os utensílios e equipamentos zidas por mudanças climáticas, que podem afetar as condições de
usados na preparação de alimentos. acesso de muitas famílias aos serviços de abastecimento de água
Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, ani- e saneamento, expondo populações a riscos relacionados à saúde.
mais de estimação e outros animais (guarde os alimentos em reci- Além disso, as inundações podem dispersar diversos contaminan-
pientes fechados). tes fecais, aumentando os riscos de surtos de doenças transmitidas
Trate a água para consumo (após filtrar, ferver ou colocar duas pela água. No caso da escassez de água devido à seca, a utilização
gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de de fontes alternativas de água sem tratamento adequado, incluindo
água, aguardar por 30 minutos antes de usar). água de caminhão pipa, também aumenta os riscos de adoecimen-
Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa, sendo to por doenças diarreicas.
a “boca” estreita para evitar a recontaminação; A seca e a estiagem são, entre os tipos de desastre, os que mais
Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contami- afetam a população brasileira (50,34%), por serem mais recorren-
nados para banhar ou beber. tes, atingindo mais fortemente as regiões Nordeste, Sul e parte do
Evite o consumo de alimentos crus ou malcozidos (principal- Sudeste. As inundações são a segunda tipologia de desastres de
mente carnes, pescados e mariscos) e alimentos cujas condições maior recorrência no Brasil e atingem todas as regiões do país, cau-
sando impactos significativos sobre a saúde das pessoas e a infra-
higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
estrutura de saúde.
Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; quando
Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao
não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado em local apro-
desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao
priado.
clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anual-
Use sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, en-
mente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA,
terre as fezes sempre longe dos cursos de água;
registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sen-
Evite o desmame precoce. Manter o aleitamento materno au-
tinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
menta a resistência das crianças contra as diarreias.
Situação epidemiológica das doenças diarreicas agudas (diar-
DOENÇAS RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA.
reia aguda)
Os casos individuais de DDA são de notificação compulsória em São as doenças mais frequentes durante a infância, acometen-
unidades sentinelas para monitorização das DDA (MDDA). O prin- do um número elevado de crianças, de todos os níveis sócio-econô-
cipal objetivo da Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas micos e por diversas vezes. Nas classes sociais mais pobres, as in-
Agudas (VE-DDA) é monitorar o perfil epidemiológico dos casos, fecções respiratórias agudas ainda se constituem como importante
visando detectar precocemente surtos, especialmente os relacio- causa de morte de crianças pequenas, principalmente menores de
nados a: acometimento entre menores de cinco anos; agentes etio- 1 ano de idade. Os fatores de risco para morbidade e mortalidade
lógicos virulentos e epidêmicos, como é o caso da cólera; situações são baixa idade, precárias condições sócio-econômicas, desnutri-
de vulnerabilidade social; seca, inundações e desastres. Os casos ção, déficit no nível de escolaridade dos pais, poluição ambiental e
de DDA são notificados no Sistema de Informação de Vigilância assistência de saúde de má qualidade (SIGAUD, 1996).
Epidemiológica das DDA (SIVEP_DDA) e o monitoramento é reali- A enfermagem precisa estar atenta e orientar a família da
zado pelo acompanhamento contínuo dos níveis endêmicos para criança sobre alguns fatores:
verificar alteração do padrão da doença em localidades e períodos - preparar os alimentos sob a forma pastosa ou líquida, ofere-
de tempo determinados. Diante da identificação de alterações no cendo em menores quantidades e em intervalos mais curtos, res-
comportamento da doença, deve ser realizada investigação e ava- peitando a falta de apetite e não forçando a alimentação;
liação de risco para subsidiar as ações necessárias. - aumentar a oferta de líquidos: água, chás e suco de frutas,
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diar- levando em consideração a preferência da criança;
reicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças - manter a criança em ambiente ventilado, tranquilo e agasa-
menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis. As DDA lhada se estiver frio;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- fluidificar e remover secreções e muco das vias aéreas supe- - limpeza inadequada, com cotonetes, grampos e outros, pre-
riores frequentemente; judicando a saída permanente da cera pela formação de rolhas obs-
- evitar contato com outras crianças; trutivas, ou retirando a proteção e facilitando a evolução de otites
- havendo febre: até 38,4ºC dar banho, de preferência de imer- micóticas ou bacterianas, além de poder provocar acidentes.
são, morno (por 15 minutos); aplicar compressa com água morna
e álcool nas regiões inguinal e axilar; retirar excessos de roupa. Se Orientar sobre a limpeza que deve ser feita apenas com água,
ultrapassar este valor oferecer antitérmico recomendado pelo pe- sabonete, toalha e dedo.
diatra.
SINUSITE
RESFRIADO
“Desencadeada pela obstrução dos óstios de drenagem dos
Inflamação catarral da mucosa rinofaríngea e formações linfói- seios da face, favorecendo a retenção de secreção e a infecção bac-
des anexas. Possui como causas predisponentes: convívio ou contágio teriana secundária” (LEÃO, 1989). Caracteriza-se por tosse noturna,
ocasional com pessoas infectadas, desnutrição, clima frio ou úmido, secreção nasal e com presença ou não de febre, sendo que rara-
condições da habitação e dormitório da criança, quedas bruscas e mente há cefaléia na infância (SAMPAIO, 1994). Casos recidivantes
acentuadas da temperatura atmosférica, susceptibilidade individual, são geralmente causados por alergia respiratória. Possui como fato-
relacionada à capacidade imunológica (ALCÂNTARA, 1994). res predisponentes:
Principais sinais e sintomas: febre de intensidade variável, cor- - episódios muito frequentes de resfriado;
rimento nasal mucoso e fluido (coriza), obstrução parcial da respi- - crianças que vivem em ambiente úmido ou flhas de pais fu-
ração nasal tornando-se ruidosa (trazendo irritação, principalmente mantes;
ao lactente que tem sua alimentação dificultada), tosse (não obri- - diminuição da umidade relativa do ar.
gatória), falta de apetite, alteração das fezes e vômitos (quando a
criança é forçada a comer). RINITE
Não existindo contra-indicações recomenda-se a realização de
exercícios rrespiratórios, tapotagem e dembulação. Se o estado for Apresenta como manifestações clínicas a obstrução nasal ou
muito grave, sugerindo risco de vida para a criança se ela continuar coriza, prurido e espirros em salva; a face apresenta “olheiras”; du-
em seu domicílio, recomenda-se a hospitalização. pla prega infra-orbitária; e sulco transversal no nariz, sugerindo pru-
PNEUMONIA rido intenso. Pode ser causada por alergia respiratória, neste caso
faz-se necessário afastar as substâncias que possam causar alergia.
Inflamação das paredes da árvore respiratória causando au-
BRONQUITE
mento das secreções mucosas, respiração rápida ou difícil, dificul-
dade em ingerir alimentos sólidos ou líquidos; piora do estado ge-
Inflamação nos brônquios, caracterizada por tosse e aumento
ral, tosse, aumento da frequência respiratória (maior ou igual a 60
da secreção mucosa dos brônquios, acompanhada ou não de febre,
batimentos por minuto); tiragem (retração subcostal persistente),
predominando em idades menores. Quando apresentam grande
estridor, sibilância, gemido, períodos de apnéia ou guinchos (tosse
quntidade de secreção pode-se perceber ruído respiratório (“chia-
da coqueluche), cianose, batimentos de asa de nariz, distensão ab-
do” ou “ronqueira”) (RIBEIRO, 1994).
dominal, e febre ou hipotermia (podendo indicar infecção).
Propicia que as crianças portadoras tenham infecções com
maior frequência do que outras. Pode se tornar crônica, levando
AMIGDALITES a anorexia a uma perda da progressão de peso e estatura (RIBEI-
RO, 1994). Recomenda-se afastar substâncias que possam causar
Muito frequente na infância, principalmente na faixa etária de alergias.
3 a 6 anos (ALCÂNTARA, 1994). Seu quadro clínico assemelha-se a
um resfriado comum. Principais sinais e sintomas: febre, mal estar, ASMA
prostração ou agitação, anorexia em função da dificuldade de de-
glutição, presença de gânglios palpáveis, mau hálito, presença ou Doença crônica do trato respiratório, sendo uma infecção mui-
não de tosse seca, dor e presença de pus na amigdala. to frequente na infância. A crise é causada por uma obstrução, de-
Às orientações de enfermagem acrescentaria-se estimular a fa- vido a contração da musculatura lisa, edema da parede brônquica e
mília a ofertar à criança uma alimentação mais semi-líquida, a base infiltração de leucócitos polimorfonucleares, eosinófilos e linfócitos
de sopas, papas ... (GRUMACH, 1994).
Manifesta-se através de crises de broncoespasmo, com
OTITE dispnéia, acessos de tosse e sibilos presentes à ausculta pulmonar.
São episódios auto-limitados podendo ser controlados por medica-
Caracterizada por dor, febre, choro frequente, dificuldade para mentos com retorno normal das funções na maioria das crianças.
sugar e alimentar-se e irritabilidade, sendo o diagnóstico confirmado Em metade dos casos, os primeiros sintomas da doença sur-
pelo otoscópio. Possui como fatores predisponentes: gem até o terceiro ano de vida e, em muitos pacientes, desapare-
- alimentação em posição horizontal, pois propicia refluxo ali- cem com a puberdade. Porém a persistência na idade adulta leva a
mentar pela tuba, que é mais curta e horizontal na criança, levando um agravo da doença.
à otite média; Fatores desencadeantes: alérgenos (irritantes alimentares),
- crianças que vivem em ambiente úmido ou filhas de pais fu- infecções, agentes irritantes, poluentes atmosféricos e mudanças
mantes; climáticas, fatores emocionais, exercícios e algumas drogas (ácido
- diminuição da umidade relativa do ar; acetil salicílico e similares).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É importante que haja: A emergência é uma situação gravíssima que deve ser tratada
- estabelecimento de vínculo entre paciente/ família e equipe imediatamente, caso contrário, o paciente vai morrer ou apresenta-
de saúde; rá uma sequela irreversível.
- controle ambiental, procurando afastar elementos alergêni- Neste contexto, a enfermagem participa de todos os processos,
cos; tanto na urgência quanto na emergência. São diversos locais onde
- higiene alimentar; os profissionais de enfermagem podem atuar como, por exemplo:
- suspensão de alimentos só deverá ocorrer quando existir uma • Unidades de atendimento pré-hospitalar;
nítida relação com a sintomatologia apresentada; • Unidades de saúde 24 horas;
- fisioterapia respiratória a fim de melhorar a dinâmica respira- • Pronto socorro;
tória, corrigir deformidades torácicas e vícios posturais, aumentan- • Unidades de terapia intensiva;
do a resistência física. • Unidades de dor torácica;
• Unidade de terapia intensiva neo natal
Durante uma crise o paciente precisa de um respaldo medica- • E até mesmo em unidades de internação.
mentoso para interferir na sintomatologia e de uma pessoa segura
e tranquila ao seu lado. Para tanto a família precisa ser muito bem Os profissionais de enfermagem devem estar atentos e prepa-
esclarecida e em alguns casos faz-se necessário encaminhamento rados para atuarem em situações de urgência e emergência, pois a
psicológico. capacitação profissional, a dedicação e o conhecimento teórico e
prático, irão fazer a diferença no momento crucial do atendimento
ao paciente.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER NO CLIMA- Muitas vezes estas habilidades não são treinadas e quando
TÉRIO E MENOPAUSA E NA PREVENÇÃO E NO TRATA- ocorre a situação de emergência, o que vemos são profissionais
MENTO DE GINECOPATIAS correndo de uma lado para outro sem objetividade, com dificulda-
des para atender o paciente e ainda com medo de aproximar-se da
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em situação.
tópicos anteriores. Por outro lado, quando temos uma equipe treinada, capacitada
e motivada, o atendimento é realizado muito mais rapidez e eficiên-
cia, podendo na maioria das vezes, salvar muitas vidas.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA SADIA A enfermagem trabalha diariamente com pacientes em risco
(CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO, ALEITAMENTO de morte e que dependem deste cuidado para que mantenham
MATERNO, ALIMENTAÇÃO) E CUIDADO NAS DOENÇAS suas vidas. As ações da equipe de enfermagem visam sempre à as-
PREVALENTES NA INFÂNCIA (DIARREICAS E RESPIRA- sistência ao paciente da melhor forma possível, expressando assim,
TÓRIAS) a qualidade e a importância da nossa profissão.
Estudar, capacitar, praticar são ações essenciais para o desen-
volvimento profissional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de en-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em fermagem, portanto estar preocupado com as ações desenvolvidas
tópicos anteriores. no dia a dia de trabalho é fundamental.
Os serviços de Urgência e Emergência podem ser fixos a exem-
plo da Unidades de Pronto Atendimento e as emergências de hospi-
ATENDIMENTO A PACIENTES EM SITUAÇÕES DE tais ou móveis como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. ESTRUTURA ORGANIZA- (SAMU). Ainda, podem ter diferentes complexidades para atendi-
CIONAL DO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA HOSPITALAR mento de demandas urgentes e emergentes clínicas e cirúrgicas
E PRÉ-HOSPITALAR. SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM em geral ou específicas como unidades cardiológicas, pediátricas e
EMERGÊNCIAS. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA. ATEN- traumatológicas.
DIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO. ATENDI- O importante é que, independente da complexidade ou da
MENTO NA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA. ASSIS- classificação do serviço, existem 5 coisas imprescindíveis que todo
TÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO COM Enfermeiro de Urgência e Emergência deve saber.
DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS, ACIDOBÁSICOS,
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA E VENTILAÇÃO MECÂ- 1. Acolhimento e Classificação de Risco
NICA. INSUFICIÊNCIA RENAL E MÉTODOS DIALÍTICOS.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA. AVALIAÇÃO DE CONSCIÊN- O acolhimento do paciente e família na prática das ações de
CIA NO PACIENTE EM COMA. DOAÇÃO, CAPTAÇÃO E atenção e gestão nas unidades de saúde tem sido importante para
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS. ENFERMAGEM EM UR- uma atenção humanizada e resolutiva.
GÊNCIAS. VIOLÊNCIA, ABUSO DE DROGAS, INTOXICA- A classificação de risco vem sendo utilizada em diversos países,
ÇÕES, EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS inclusive no Brasil. Para essa classificação foram desenvolvidos di-
versos protocolos, que objetivam, em primeiro lugar, não demorar
Enfermagem em emergência e cuidados intensivos: em prestar atendimento àqueles que necessitam de uma conduta
imediata. Por isso, todos eles são baseados na avaliação primária do
a. Assistência de enfermagem em situações de urgência e paciente, já bem desenvolvida para o atendimento às situações de
emergência: catástrofes e adaptada para os serviços de urgência¹. O Enfermeiro
deve estar além de acolher o paciente e família, estar habilitado a
A urgência é caracterizada como um evento grave, que deve ser atendê-los utilizando os protocolos de classificação de risco.
resolvido urgentemente, mas que não possui um caráter imedia-
tista, ou seja, deve haver um empenho para ser tratada e pode ser
planejada para que este paciente não corra risco de morte.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Suporte Básico (SBV) e Avançado de Vida (SAV) Triagem

A parada cardiorrespiratória é um dos eventos que requerem É utilizado para classificar a gravidade dos problemas. Existe
atenção imediata por parte da equipe de saúde e o Enfermeiro tan- um método de cores para definir:
to dos serviços móveis quanto dos fixos de urgência e emergência -VERMELHO
devem estar aptos. - LARANJA
O protocolo American Heart Association (AHA) é a referência - AMARELO
de SBV e SAV utilizado no Brasil. A AHA enfatiza nessa nova diretriz - VERDE
sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR². O SBV é uma - AZUL
sequência de etapas de atendimento ao paciente em risco iminen-
te de morte sem realização de manobras invasivas e o SAV requer * Indica-se sempre do paciente/cliente mais grave para o me-
procedimentos invasivos e de suporte ventilatório e circulatório³. nos grave.

3. Atendimento à Vítima de Trauma No caso com ônus de muitos acidentados e pouca equipe/pro-
fissional; dar-se a preferência aos graves com maior chance de vida,
Os acidentes automobilísticos e a violência são as maiores cau- dentre estes o que menos utilizará material, tempo, equipamento
sas de morte de indivíduos entre 15 e 49 anos na população das e pessoal.
regiões metropolitanas, superando as doenças cardiovasculares e
neoplasias4. Avaliação Primária
Por isso, o enfermeiro vai se deparar com vítimas de trauma
nas urgências e emergências e deverá estar habilitado a agir de Tem por finalidade verificar o estado da vitima e suas condições
acordo com os protocolos de Atendimento Pré-Hospitalar e Hospi- físicas /emocionais/ neurológicas.
talar ao Trauma. Verifica-se:
- Obstrução das vias aéreas
4. Assistência ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e ao Aci- - Insuficiência Respiratória
dente Vascular Encefálico (AVE) - Alterações Hemodinâmicas
- Déficit Neurológico
As doenças cardiovasculares representam uma das maiores
causas de mortalidade em todo o mundo e O IAM é uma das princi- Usam-se os métodos das seguintes formas: A, B, C, D e E (casos
pais manifestações clínicas da doença arterial coronária5. sem comprometimento circulatório).
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das maiores causas C, A, B, D e E (casos com comprometimentos circulatórios).
de morte e incapacidade adquirida em todo o mundo. Estatísticas
brasileiras indicam que o AVC é a causa mais frequente de óbito na Significados:
população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10% A- Vias aéreas e proteção da coluna cervical
das internações hospitalares públicas. O Brasil apresenta a quarta B- Respiração e ventilação
taxa de mortalidade por AVC entre os países da América Latina e C- Circulação
Caribe6. D- Incapacidade neurológica
Então, o Enfermeiro precisa estar apto a realização da avaliação E- Exposição e controle da temperatura
clínica para identificação e atendimento precoce do IAM e AVE ou
AVC e prevenção de complicações. Letra A: Deve-se aproximar da vitima e verificar se há alguma
obstrução das vias aéreas, “a melhor forma é verbalmente, quando
5. Assistência às Emergências Obstétricas você conversa e a vitima consegui te responder”. Em caso contrário
deve fazer da seguinte maneira:
As principais causas de morte materna no Brasil são por he- 1- Elevação do queixo
morragias e hipertensão7. O Enfermeiro precisa saber como identi- 2- Elevação da mandíbula
ficar precocemente a pré-eclâmpsia e eclampsia, bem como as he- 3- Elevação da testa (somente em casos sem trauma)
morragias gestacionais e uterinas, pois é uma demanda constante
dos serviços de urgência e emergência e até mesmo os que não são Existe uma forma mais segura e eficaz, que consiste em realizar
referência em atendimento gestacional. a inspeção com cânulas (Guedell) (nasofaringe ou orofaringe).
Deve se atentar quanto o risco de lesão na coluna cervical, faça
1) suporte de vida em situações de traumatismos em geral; a devida imobilização.

Tem por objetivo identificar graves lesões e instituir medidas Letra B: Manter a oxigenação adequada. Pode ser necessário
terapêuticas e emergenciais que controlem e restabeleçam a vida. de apoio:
Consiste em: 1- Máscara facial ou tubo endotraqueal e insuflador manual.
- Preparação 2 - Ventilação Mecânica
- Triagem Em caso de dificuldade considerar:
- Avaliação primária . Obstrução de via aérea – considerar cricotireoidotomia se ou-
- Reanimação tras opções falharem.
- Avaliação secundária . Pneumotórax: drenar rapidamente em caso de compromisso
- Monitorização e reavaliação contínua respiratório.
- Tratamento definitivo . Hemotórax (ver protocolo: trauma torácico)
. Retalho costal: imobilizar rapidamente (ver protocolo: trauma
torácico)

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

. Lesão diafragmática com herniação.

Letra C: Avaliar:
- Pulso: valorizar taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
- Temperatura e coloração da pele: hipotermia, sudorese e palidez.
- Preenchimento capilar: leito ungueal
- Pressão arterial: inicialmente estará normotenso
- Estado da consciência: agitação como sinal de hipovolémia
Considerar relação entre % de hemorragia e sinais clínicos:

Atuação:
1- RCP, se necessário.
2- Controle de hemorragia com compressão externa.
3- Reposição de volume, sendo necessários adequados acessos venosos, O traumatizado deve ter 2 acessos e com catéteres G14,
«nunca» com menos do que G16. Eventualmente, poderá ser colocado um catéter numa jugular externa ou utilizada a via intra-¬óssea (a
considerar também no adulto).
4- Em caso de trauma torácico ou abdominal grave: um acesso acima e outro abaixo do diafragma.
5- A escolha entre cristalóides e colóides não deve basear-se necessariamente no grau de choque, não estando provada qualquer
diferença de prognóstico na utilização de um ou outro. O volume a infundir relaciona-se com as perdas e a resposta clínica. Uma relação
de 1:3 e 1:1 no caso de perdas/cristalóides a administrar e perdas/colóides a administrar, respectivamente.
6- Atenção aos TCE, TVM e grávida Politraumatizada sendo à partida, ainda que discutível, de privilegiar colóides.
7- Regra geral, não utilizar soros glicosados no traumatizado, existindo apenas interesse destes no diabético ou na hipoglicemia. Por
norma, os soros administrados na fase pré-hospitalar num adulto politraumatizado não são suficientes para originar um edema pulmonar,
mesmo em doentes cardíacos. Não se deve insistir tanto na recomendação de cuidado com a possibilidade de sobrecarga numa situação
de hipovolémia, mas sim tratar esta última agressivamente.
8- Vigiar estado da consciência e perfusão cutânea, avaliando parâmetros vitais de forma seriada.

Letra D: Normalmente corrido em trauma direto no crânio ou estado de choque.

Avaliar:
- GCS (Escala Coma Glasgow) de uma forma seriada
- Tamanho simetria/assimetria pupilar e reatividade à luz
- Função motora (estímulo à dor)

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atuação: As lesões provocadas por transferência de alta energia, por


1- Administrar Oxigênio 10 -12 l/min e atuação de acordo com exemplo, arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do
protocolo específico. PAF (projétil de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacen-
2-Imobilização da coluna vertebral com colar cervical, imobiliza- tes que sofreram um deslocamento temporário.
dores laterais da cabeça, com plano duro ou maca de vácuo.
VERIFICAR ANTES DE TRANSPORTAR
Letra E: • Via aérea com imobilização cervical
1- Despir e avaliar possíveis lesões que possam ter passado • Ventilação (com tubo orotraqueal se GCS <8) e oxigenação
despercebidas, mantendo cuidados de imobilização da coluna ver- • Acessos venosos e fluidoterapia EV (soro não glicosado)
tebral. Utilizar técnicas de rolamento. • Avaliação seriada da GCS
2- Evitar a hipotermia. Utilizar manta isotérmica. • Equipamentos necessários na ambulância.

Manter: Tratamento Definitivo


1- Vigilância parâmetros vitais e imobilização.
2- Analgesia de acordo com as necessidades. Caracterizado pela estabilização do paciente/ cliente/ vitima,
Reanimação = ações para restabelecer as condições vitais do será procedido se necessário tratamento após diagnóstico médico
paciente. e controle de todos os sinais vitais.

Avaliação secundária 2) suporte de vida em situações de queimaduras;


O queimado necessita boa assistência de enfermagem para
Exploração detalhada da cabeça aos pés, antecedentes pesso- que tenha uma recuperação física, funcional e psico-social, precoce
ais se possível. Esta deverá ser completada no hospital com reava- A equipe de enfermagem trabalhando paralelamente à equipe
liação e exames radiológicos pertinentes. médica, deve ter conhecimentos especializados sobre cuidados a
Muito importante: Pesquisar e presumir lesão associada em serem prestados aos queimados.
função do mecanismo da lesão, ex. queda sobre calcâneo com fra- Esses cuidados iniciam-se com atitude correta ao receber os
tura da coluna vertebral. pacientes que chegam agitados devido à dor ou ao trauma psíquico,
devendo continuar no decorrer de todo o tratamento até a ocasião
Tipos de trauma da alta, quando os doentes e familiares são orientados quanto aos
cuidados a serem seguidos.
O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanis-
mo, este pode ser contuso ou penetrante, mas a transferência de Assistência Imediata
energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de
trauma. A única diferença é a perfuração da pele. A assistência inicial deve ser prestada em ambiente que pro-
Alguns exemplos: porcione condições perfeitas de assepsia, tal como uma sala cirúr-
. Trauma crânio encefálico (TCE) . Trauma Abdominal gica, tendo sempre presente a importância do problema do contro-
. Trauma Raquimedular (medula) . Pneumotórax le da infecção, desde o início e no decorrer do tratamento. Para o
. Trauma Facial primeiro atendimento, um mínimo de material e equipamento se
. Trauma Torácico (pneumotórax) fazem necessários na sala:

Trauma contuso (fechado) EQUIPAMENTO E MATERIAL PERMANENTE:


- Torpedo de oxigênio, se não contar com o sistema canalizado.
O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia - Aspirador de secreção.
em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Exis- - Mesa estofada ou com coxim para receber o paciente.
tem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamen- - Mesa auxiliar para colocar material de curativo (tipo Mayo).
to e compressão. - Suporte de soro.
- Caixa com material de pequena cirurgia.
O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de - Caixa com material de traqueostomia.
velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando - Caixa com material de dissecção de veia.
sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que - Material para intubação endotraqueal.
na aceleração brusca. - Aparelho ressuscitador “Air-viva”.
A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura - Pacotes de curativo (com tesoura, pinça anatômica, pinça
ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. É freqüente- dente de rato e pinça de Kocher).
mente associada a mecanismos que formam cavidade temporária.
MATERIAL DE CONSUMO
Trauma penetrante (aberto) - Compressa de gaze de 7,5 cm x 7,5 cm.
- Atadura de gaze de 90 x 120 cm com 8 dobras longitudinais.
O trauma penetrante tem como característica a transferência - Ataduras de rayon e morim.
de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão - Atadura de gaze de malha fina impregnada em vaselina.
de energia provocando laceração da pele. - Algodão hidrófilo.
Podemos encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as - Ataduras de crepe.
lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, deve- - Luvas.
-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pacotes de campos cirúrgicos e aventais. - Alimentação: não havendo contra-indicação, oferecer ao pa-
- Fita adesiva e esparadrapo. ciente uma dieta fracionada, iniciando com líquido em pequena
- Máscara e gorro. quantidade. Se o paciente não apresentar vômitos, aumentar gra-
- Medicamentos de emergência. dativamente a quantidade. Os líquidos podem ser oferecidos em
- Antissépticos. forma de suco, caldo de carne e dieta especial de soja (leite, ovos,
- Seringas de vários tamanhos. caseinato de cálcio e farinha de soja). Desde que haja tolerância por
- Agulhas e catéteres de vários calibres. parte do paciente, passar a oferecer progressivamente dietas mais
- Tubos para tipagem de sangue e outras análises laboratoriais. consistentes até chegar à dieta geral.
- Frascos de soro fisiológico. - Higiene: proceder a limpeza diária das áreas não lesadas, com
água e sabão neutro. Manter o couro cabeludo limpo e cortar os
PROCEDIMENTO DA ENFERMAGEM cabelos, principalmente em caso de queimadura na cabeça.Aparar
as unhas e mantê-las limpas.A tricotomia pubiana e axilar deve ser
Na Sala de Cirurgia feita semanalmente, como medida de higiene.

Aplicar imediatamente sedativo sob prescrição médica, com a Cuidados Especiais Dependentes da Localização
finalidade de diminuir a dor, de preferência por via intra-venosa. da Queimadura
Ao aplicar o medicamento por esta via, deve-se aproveitar para
colher amostra de sangue para tipagem, assim como procurar man- CABEÇA:
ter a veia com perfusão de soro fisiológico para posterior transfusão - Crânio: proceder a tricotomia total do couro cabeludo.
de sangue ou outros líquidos. - Face: proceder a tricotomia do couro cabeludo, nas áreas pró-
Retirar a roupa do paciente e colocá-lo na mesa sobre campos ximas às lesões. Manter decúbito elevado, para auxiliar a regressão
esterilizados e cobrir as lesões também com campos esterilizados. do edema.
Preparar material para dissecção de veia ou cateterismo trans- - Olhos: limpar com “cotonetes” umedecidos em água boricada
cutâneo “intra-cat”, e auxiliar o médico nestas operações. a 3% e após proceder a instilação de colírio antibiótico.
Auxiliar ou executar com supervisão médica, tratamento local - Ouvidos: limpar conduto auditivo externo com “cotonetes” e
de remoção de tecidos desvitalizados, limpeza sumária das áreas soro fisiológico.
queimadas, oclusão das lesões, ou ainda, preparo das mesmas para - Orelhas: utilizar travesseiro baixo e não muito macio para não
mantê-las expostas (método de exposição). comprimir as cartilagens a fim de prevenir deformidades.
- Narinas: limpar com “cotonetes” e soro fisiológico.
Unidade de Internação - Boca: limpar com espátula montada com algodão ou gaze em-
bebida em água bicarbonatada a 2%.
- Colocar o paciente no leito preparado com campos e arcos de - Lábios: passar vaselina para remoção de crostas.
proteção esterilizados, e também sobre coxim preparado com vá-
rias camadas de ataduras de gaze e revestido com rayon, conforme - PESCOÇO:
a localização das queimaduras. Isto quando o método de tratamen- Manter em extensão, com auxílio de coxim no dorso. A presen-
to é o de exposição. ça de necrose seca ou lesões profundas, poderá provocar compres-
Controle de diurese e outras perdas de líquidos: executar cate- são e garroteamento, com perturbações respiratórias. Nestes casos
terismo vesical com sonda de demora (sonda de Foley), anotando o o médico executará a escarotomia.
volume urinário. Esta sonda é mantida ocluída, sendo aberta a cada - MEMBROS SUPERIORES:
hora para verificar o aspecto, volume e densidade de urina. Além Os curativos oclusivos dos membros superiores, têm a finali-
da diurese, controlar as demais perdas líquidas, tais como: vômito, dade de proporcionar conforto ao paciente e facilitar atuação de
sudorese, exsudatos e evacuações, observando em cada caso o as- enfermagem. Os membros devem ser mantidos em abdução parcial
pecto, a freqüência e o volume. e em ligeira elevação.
Esses dados devem ser anotados em folha especial do prontu-
ário do paciente (Anexo I). - TRONCO:
- Controle de Sinais Vitais: a temperatura, o pulso, a respiração, Visando evitar os fatores mecânicos, que possam reduzir a
devem ser controlados e anotados cada 4 horas ou mais freqüente- expansibilidade do tórax, o método mais indicado é a posição de
mente se o caso exigir. Fowler e semi-Fowler. Entretanto a escolha de decúbito será feita
Num grande queimado, dificilmente conseguimos adaptar o também de acordo com a área menos atingida. Se a lesão for prin-
manguito do aparelho de pressão, mas esta, deve ser determinada, cipalmente face posterior, o decúbito será ventral, sobre um coxim,
sempre que possível. que será trocado todas as vezes que se fizer necessário.
Além desses sinais vitais, a pressão venosa central, deve ser
controlada através do cateter venoso. - PERÍNEO:
- Controle de Administração Parenteral de Líquidos: deve ser Para as lesões desta região, o tratamento por exposição é uti-
exercida vigilância constante da permeabilidade da veia, do goteja- lizado sistematicamente, devendo as coxas serem mantidas em ab-
mento e da quantidade dos líquidos em perfusão. dução parcial. A higiene íntima deve ser feita com água morna e
O paciente deve receber exatamente as soluções prescritas sabão neutro, ou com solução oleosa. Em nosso serviço utilizamos
dentro dos horários estabelecidos. Este controle, é facilitado pelo a seguinte fórmula de solução oleosa:
uso do esquema adotado pelo Serviço de Queimados do H. C. da -Cloroxilenol 0.1%.
F.M.U.S.P. (Anexo II). -Essência de alfazema 1%.
-Óleo de amendoim q.s.p. 100 ml.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- MEMBROS INFERIORES: 3) suporte de vida em situações de dores torácica-abdomi-


Manter os membros em posição anatômica, evitar a rotação nais;
das pernas, e prevenir o pé eqüino.
Também nos membros inferiores o curativo oclusivo é freqüen- Desde os anos 60 que as unidades coronarianas tornaram-se o
temente utilizado, visando facilitar a movimentação do paciente e local ideal para investigar e tratar os pacientes com IAM. Os exce-
atuação da enfermagem. lentes resultados observados nestas unidades, em especial através
Um dos cuidados fundamentais de enfermagem é a mobiliza- do reconhecimento precoce e do tratamento eficaz das arritmias e
ção do doente no leito, mudança repetida de decúbito, qualquer da parada cardíaca, fizeram com que os médicos começassem a in-
que seja a localização das lesões. ternar também os pacientes com suspeita clínica de isquemia mio-
cárdica aguda. O resultado desta atitude mais liberal foi que mais da
Cuidado Relacionado ao Ambiente metade dos pacientes internados nas unidades coronarianas não ti-
nham, na verdade, síndrome coronariana aguda. Consequentemen-
- UNIDADE DO PACIENTE E MATERIAIS DE USO PRIVATIVO: te, esses leitos de alta complexidade e alto custo passaram a ser
Limpar diariamente a unidade do paciente (cama, colchão, ocupados também por pacientes de baixa probabilidade de doença
criado mudo e cadeira) com água, sabão, solução de-sinfetante e baixo risco, resultando não somente em aumento da demanda
(hipoclorito de sódio a 3%) e solução aromatizante (álcool, essên- desses leitos, com consequente saturação das unidades coronaria-
cia de pinho 1%, essência de alfazema a 1% e essência de lavanda nas, mas também numa utilização sub-ótima dos recursos.
1%). Esterilizar semanalmente todos os materiais de uso pessoal do As Unidades de Dor Torácica foram criadas em 1982, e desde en-
paciente, tais como: comadre, bacia, cuba rim, copos, garrafas, e tão vêm sendo reconhecidas como um aprimoramento da assistência
outros. emergencial. Essas unidades visam a:
1) prover acesso fácil e prioritário ao paciente com dor torácica
- PISO: que procura a sala de emergência; e
O único tipo de limpeza permitido é a limpeza úmida. Esta é 2) fornecer uma estratégia diagnóstica e terapêutica organizada
facilitada quando o piso é de material lavável. Se o piso for de ma- na sala de emergência, objetivando rapidez, alta qualidade de cuida-
deira, deve ser feita a lavagem semanal, após a qual deve-se proce- dos, eficiência e contenção de custos.
der a aplicação de vaselina, para a fixação das partículas de poeira
no chão. As Unidades de Dor Torácica podem estar localizadas dentro ou
adjacente à Sala de Emergência, com uma verdadeira área física e
- JANELAS: leitos demarcados, ou somente como uma estratégia operacional
As janelas devem ser amplas para possibilitar iluminação e ae- padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algo-
ração natural, protegidas com telas para prevenir penetração de in- ritmos sistematizados ou árvores de decisão clínica por parte da
setos. Devem ser lavadas semanalmente com água, sabão e solução equipe dos médicos emergencistas. Entretanto, é necessário que a
desinfetante. equipe de médicos e enfermeiros esteja treinada e habituada com
o manejo das urgências e emergências cardiovasculares.
- RESÍDUOS E ROUPAS SUJAS:
Devem ser embalados em sacos e transportados em carros fe- Diagnóstico
chados.
Causas de dor torácica e diagnóstico diferencial
Medidas Gerais para o Controle de Infecção:
- Pesquisa de germens do ambiente, e uso de desinfetantes es- A variedade e possível gravidade das condições clínicas que se
pecíficos. manifestam com dor torácica faz com que seja primordial um diag-
- Controle de focos de infecção do pessoal da unidade (médi- nóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre
cos, enfermeiros e outros). as doenças que oferecem risco de vida (dor torácica com potencial
- Rigoroso controle de circulação do pessoal (parentes e visi- de fatalidade), ou não, é um ponto crítico na tomada de decisão do
tantes). médico emergencista para definir sobre a liberação ou admissão do
- Utilização de aventais como meio de proteção ao paciente e paciente ao hospital e de iniciar o tratamento, imediatamente.
visitantes. Como a síndrome coronariana aguda (infarto agudo do mio-
- Supervisão e controle do uso da técnica asséptica. cárdico e angina instável) representa quase 1/5 das causas de dor
torácica nas salas de emergência, e por possuir uma significativa
Portanto, o atendimento imediato do paciente queimado, visa morbi-mortalidade, a abordagem inicial desses pacientes é sempre
primeiramente, salvar a sua vida, e concomitantemente, deve-se feita no sentido de confirmar ou afastar este diagnóstico.
trabalhar com o objetivo de evitar infecções, deformidades e mi- Vários estudos têm sido realizados para determinar a acurácia
norar os traumas psíquicos. Estes objetivos devem estar sempre diagnóstica e a utilidade da história clínica e do ECG em pacientes
presentes em todos os momentos. O primeiro consegue-se com admitidos na sala de emergência com dor torácica para o diagnós-
a presença de espírito, presteza, controle e eficiência. O segundo, tico de infarto agudo do. A característica anginosa da dor torácica
trabalhando sempre com técnica asséptica. O terceiro, pensando tem sido identificada como o dado com maior poder preditivo de
na recuperação dos movimentos normais do paciente, os quais ele doença coronariana aguda.
necessitará para a sua futura reintegração à sociedade. E o último, O exame físico no contexto da doença coronariana aguda não é
dando-lhe ânimo, carinho e apoio expressivo. Entretanto, alguns achados podem aumentar a sua pro-
babilidade, como a presença de uma 4ª bulha, um sopro de artérias
carótidas, uma diminuição de pulsos em membros inferiores, um
aneurisma abdominal e os achados de seqüela de acidente vascular
encefálico.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Da mesma forma, doenças não-coronarianas causadoras de dor torácica podem ter o seu diagnóstico suspeitado pelo exame físico,
como é o caso do prolapso da válvula mitral, da pericardite, da embolia pulmonar, etc.

A figura 1 descreve as principais causas de dor torácica e que devem ser consideradas no seu diagnóstico diferencial, na dependência
das informações da história clínica, do exame físico e dos dados laboratoriais.

A descrição clássica da dor torácica na síndrome coronariana aguda é a de uma dor ou desconforto ou queimação ou sensação opres-
siva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço
ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos, ou dispnéia. A dor pode durar alguns minutos (geralmente
entre 10 e 20) e ceder, como nos casos de angina instável, ou mais de 30min, como nos casos de infarto agudo do miocárdio. O paciente
pode também apresentar uma queixa atípica como mal estar, indigestão, fraqueza ou apenas sudorese, sem dor. Pacientes idosos e mu-
lheres frequentemente manifestam dispnéia como queixa principal no infarto agudo do miocárdio, podendo não ter dor ou mesmo não
valorizá-la o suficiente.
A dissecção aguda da aorta ocorre mais frequentemente em hipertensos, em portadores de síndrome de Marfan ou naqueles que
sofreram um traumatismo torácico recente. Estes pacientes se apresentam com dor súbita, descrita como “rasgada”, geralmente inician-
do-se no tórax anterior e com irradiação para dorso, pescoço ou mandíbula. No exame físico podemos encontrar um sopro de regurgitação
aórtica. Pode haver um significativo gradiente de amplitude de pulso ou de pressão arterial entre os braços.
A embolia pulmonar apresenta manifestações clínicas muito variáveis e por isso nem sempre típicas da doença. O sintoma mais co-
mumente encontrado é a dispnéia, vista em 73% dos pacientes, sendo a dor torácica (geralmente súbita) encontrada em 66% dos casos.
Ao exame clínico, o paciente pode apresentar dispnéia, taquipnéia e cianose.
A dor torácica no pneumotórax espontâneo geralmente é localizada no dorso ou ombros e acompanhada de dispnéia. Grande pneu-
motórax pode produzir sinais e sintomas de insuficiência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo). Ao exame
físico podemos encontrar dispnéia, taquipnéia e ausência de ruídos ventilatórios na ausculta do pulmão afetado.
O sintoma clínico mais comum da pericardite é a dor torácica, geralmente de natureza pleurítica, de localização retroesternal ou no
hemitórax esquerdo, mas que, diferentemente da isquemia miocárdica, piora quando o paciente respira, deita ou deglute, e melhora na
posição sentada e inclinada para frente. No exame físico podemos encontrar febre e um atrito pericárdico (que é um dado patognomôni-
co).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O prolapso da válvula mitral é uma das causas de dor torácica O papel do eletrocardiograma e do monitor de tendência do
frequentemente encontrada no consultório médico e, também, na segmento ST
sala de emergência. A dor tem localização variável, ocorrendo geral-
mente em repouso, sem guardar relação nítida com os esforços, e O eletrocardiograma - O eletrocardiograma (ECG) exerce papel
descrita como pontadas, não apresentando irradiações. O diagnós- fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo
tico é feito através da ausculta cardíaca típica, na qual encontramos seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplici-
um clique meso ou telessistólico seguido de um sopro regurgitante dade de interpretação.
mitral e/ou tricúspide. Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos
pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência.
A estenose aórtica também produz dor torácica cujas caracte- A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de
rísticas se assemelham à da doença coronariana. A presença de um cerca de 5%..
sopro ejetivo aórtico e hipertrofia ventricular esquerda no ECG indi- Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG
ca a presença da estenose aórtica mas não afasta a possibilidade de de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60%
síndrome coronariana aguda. quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério
Na miocardiopatia hipertrófica a dor torácica ocorre em 75% diagnóstico, indicando que perto da metade dos pacientes com
dos pacientes sintomáticos, e pode ter características anginosas. No infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único
exame físico podemos encontrar uma 4 bulha e um sopro sistólico ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada
ejetivo aórtico. O diagnóstico é feito pelo ecocardiograma transto- para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST
rácico. O ECG geralmente mostra hipertrofia ventricular esquerda, e/ou alterações isquêmicas de onda T, e para até 95% quando se
com ou sem alterações de ST-T. realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h
As doenças do esôfago podem mimetizar a doença coronariana pós-chegada ao hospital.
crônica e aguda. Pacientes com refluxo esofagiano podem apresen- A especificidade do ECG de admissão para ausência de IAM va-
tar desconforto torácico, geralmente em queimação (pirose), mas ria de 80 a 95% 15,31,47-49. Seu valor preditivo positivo para IAM
que às vezes é definido como uma sensação opressiva, localizada está ao redor de 75-85% quando se utiliza o supradesnível do seg-
na região retroesternal ou subesternal, podendo se irradiar para mento de ST como critério diagnóstico, e o valor preditivo negativo
o pescoço, braços ou dorso, às vezes associada à regurgitação ali- é de cerca de 85-95%. Embora a probabilidade de infarto agudo do
mentar, e que pode melhorar com a posição ereta ou com o uso de miocárdio em pacientes com ECG normal seja pequena (5%), o diag-
antiácidos, mas também com nitratos, bloqueadores dos canais de nóstico de angina instável é um fato possível (e estes pacientes têm
cálcio ou repouso. uma taxa de 5 a 20% de evolução para infarto agudo do miocárdio
A dor da úlcera péptica geralmente se localiza na região epigás- ou morte cardíaca ao final de 1 ano).
trica ou no andar superior do abdômen mas às vezes pode ser refe- Se o método não tem acurácia diagnóstica suficiente para IAM
rida na região subesternal ou retroesternal. Estas dores geralmente ou angina instável, ele por si só é capaz de discriminar os pacien-
ocorrem após uma refeição, melhorando com o uso de antiácidos. tes de alto risco daqueles de não-alto risco de complicações car-
Na palpação abdominal geralmente encontramos dor na região epi- díacas, inclusive em pacientes com síndrome coronariana aguda
gástrica. sem supradesnível de ST. Mesmo em pacientes com supradesnível
A ruptura do esôfago é uma doença grave e rara na sala de do segmento ST na admissão, subgrupos de maior risco podem ser
emergência. Pode ser causada por vômitos incoersíveis, como na identificados pelo ECG.
síndrome de Mallory-Weiss. Encontramos dor excruciante em 83% Monitorização da tendência do segmento ST - Em virtude da
dos casos, de localização retroesternal ou no andar superior do ab- natureza dinâmica do processo trombótico coronariano, a obten-
dômen, geralmente acompanhada de um componente pleurítico à ção de um único ECG geralmente não é suficiente para avaliar um
esquerda. Apresenta alta morbi-mortalidade e é de evolução fatal paciente no qual haja forte suspeita clínica de isquemia aguda do
se não tratada. O diagnóstico é firmado quando encontramos à ra- miocárdio. O recente desenvolvimento e adoção da monitorização
diografia de tórax um pneumomediastino, ou um derrame pleural à contínua da tendência do segmento ST têm sido demonstrados
esquerda de aparecimento súbito. Enfisema subcutâneo é visto em como de valiosa importância na identificação precoce de isquemia
27% dos casos. de repouso.
Em avaliação prospectiva em pacientes com dor torácica não Em pacientes com dor torácica, sua sensibilidade para detectar
relacionada a trauma, febre ou malignidade, 30% tiveram o seu pacientes com IAM foi significativamente maior do que a do ECG
diagnóstico firmado como decorrente de costo-condrites. Geral- de admissão (68% vs 55%, p<0,0001), com uma elevadíssima es-
mente esta dor tem características pleuríticas por ser desencadeada pecificidade (95%), o mesmo se observando para o diagnóstico de
ou exacerbada pelos movimentos dos músculos e/ou articulações síndrome coronariana aguda (sensibilidade = 34%, especificidade
produzidos pela respiração. Palpação cuidadosa das articulações ou = 99,5%).
músculos envolvidos quase sempre reproduz ou desencadeia a dor. A acurácia diagnóstica do monitor de ST também tem se mos-
A dor psicogênica não tem substrato orgânico, sendo gerada trado muito boa para detectar reoclusão coronariana pós-terapia
por mecanismos psíquicos, tendendo a ser difusa e imprecisa . Ge- de reperfusão, com sensibilidade de 90% e especificidade de 92%.
ralmente os sinais de ansiedade são detectáveis e com freqüência Além disso, a demonstração de estabilidade do segmento ST mos-
se observa utilização abusiva e inadequada de medicações analgé- trou 100% de sensibilidade e especificidade para detecção de obs-
sicas. trução coronariana subtotal em relação à obstrução total.
O monitor de ST também tem-se mostrado como método de
grande utilidade para estratificação de risco em pacientes com angi-
na instável ou mesmo com dor torácica de baixo risco e de etiologia
a ser esclarecida, constituindo-se num preditor independente e al-
tamente significativo de morte, infarto agudo do miocárdio não-fa-
tal ou isquemia recorrente.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim é recomendado: A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na


1) Todo paciente com dor torácica visto na sala de emergência chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnós-
deve ser submetido imediatamente a um ECG, o qual deverá ser tico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primei-
prontamente interpretado (Grau de Recomendação I, Nível de Evi- ras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a
dência B e D); 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada
2) Um novo ECG deve ser obtido no máximo 3h após o 1º em 3-4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclu-
pacientes com suspeita clínica de síndrome coronariana aguda ou são coronariana) 17,63-66.
qualquer outra doença cardiovascular aguda, mesmo que o ECG ini- Da mesma forma, o valor preditivo negativo da CK-MB obtida
cial tenha sido normal, ou a qualquer momento em caso de recor- até a 3ª hora pós-admissão ainda é sub-ótimo (95%), apesar de
rência da dor torácica ou surgimento de instabilidade clínica (Grau subgrupos de pacientes com baixa probabilidade de IAM já terem
de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); este valor preditivo ³ 97% neste momento 16,17,66. Pacientes com
3) Devido à sua baixa sensibilidade para o diagnóstico de sín- média e alta probabilidade só alcançam 100% de valor preditivo
drome coronariana aguda, o ECG nunca deve ser o único exame negativo ao redor da 9 à 12ª hora. Estes dados apontam para a ne-
complementar utilizado para confirmar ou afastar o diagnóstico cessidade de uma avaliação por pelo menos 9h para confirmar ou
da doença, necessitando de outros testes simultâneos, como mar- afastar o diagnóstico de IAM nestes pacientes. A especificidade da
cadores de necrose miocárdica, monitor do segmento ST, ecocar- CK-MB de 95% decorre de alguns resultados falso-positivos encon-
diograma e testes de estresse (Grau de Recomendação I, Nível de trados principalmente quando a metodologia é a da atividade da
Evidência B e D); CK-MB e não da massa.
4) Se disponível, o monitor de tendência do segmento ST deve
ser utilizado, simultaneamente, ao ECG em pacientes com dor torá- Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do comple-
cica e suspeita clínica de síndrome coronariana aguda sem supra- xo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido
à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com
desnível do segmento ST para fins diagnóstico e prognóstico (Grau
pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da
de Recomendação I , Nível de Evidência B);
CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas
5) Para pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST
sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro
que tenham recebido terapia de reperfusão coronariana o monitor
para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a tro-
do segmento ST poderá ser utilizado para detectar precocemente a ponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas
ocorrência de recanalização ou o fenômeno de reoclusão coronaria- não-isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como
na (Grau de Recomendação IIb, Nível de Evidência miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as
troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como
Papel diagnóstico e prognóstico dos marcadores de necrose as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal.
miocárdica A técnica mais apropriada para a dosagem quantitativa das tro-
poninas cardíacas é o imunoensaio enzimático (método ELISA) mas
Os marcadores de necrose miocárdica têm um papel importan- técnicas qualitativas rápidas usadas à beira do leito também têm
te não só no diagnóstico como também no prognóstico da síndrome sido utilizadas com boa acurácia diagnóstica.
coronariana aguda. A sensibilidade global das troponinas para o diagnóstico de
Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no múscu- IAM depende do tipo de paciente estudado e da sua probabilidade
lo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após pré-teste de doença, da duração do episódio doloroso e do ponto
necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários de corte de anormalidade do nível sérico estipulado, variando de
pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana. 85 a 99%.
A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM Como as troponinas são os marcadores de necrose miocárdica
significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK- mais lentos para se elevarem após a oclusão coronariana, sua sen-
-MB) nos pacientes que procuram a sala de emergência com me- sibilidade na admissão é muito baixa (20-40%), aumentando lenta e
nos de 4h de início dos sintomas. Estudos têm demonstrado uma progressivamente nas próximas 12h. Sua especificidade global varia
sensibilidade para a mioglobina de 60-80% imediatamente após a de 85 a 95%, e o seu valor preditivo positivo de 75 a 95%. Os resul-
chegada do paciente ao hospital 60-62. Sua relativamente baixa es- tados falso-positivos encontrados nesses estudos decorrem da não
pecificidade (80%), resultante da alta taxa de resultados falso-posi- classificação de angina instável de alto risco, como IAM, de níveis
tivos, encontrados em pacientes com trauma muscular, convulsões, de corte inapropriadamente baixos e de outras doenças que afe-
cardioversão elétrica ou insuficiência renal crônica, limitam o seu tam sua liberação e/ou metabolismo. Devido à baixa sensibilidade
uso isoladamente. Entretanto, um resultado positivo obtido 3-4h das troponinas nas primeiras horas do infarto, o seu valor preditivo
negativo na chegada ao hospital também é baixo (50-80%), não per-
após a chegada ao hospital sugere fortemente o diagnóstico de IAM
mitindo que se afaste o diagnóstico na admissão.
(valor preditivo positivo ³ 95%). Da mesma forma, um resultado ne-
Além da sua importância diagnóstica, as troponinas tem sido
gativo obtido 3-4h após a chegada torna improvável o diagnóstico
identificadas como um forte marcador de prognóstico imediato e
de infarto (valor preditivo negativo ³ 90%), principalmente em pa-
tardio em pacientes com síndrome coronariana aguda sem supra-
ciente com baixa probabilidade pré-teste de doença (valor preditivo desnível do segmento ST. Esta estratificação de risco tem importân-
negativo ³ 95%). cia também para definir estratégias terapêuticas médicas e/ou in-
tervencionistas mais agressivas a serem utilizadas nestes pacientes.
Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é A baixa sensibilidade diagnóstica da troponina obtida nas primeiras
uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia horas também não permite a avaliação do risco destes pacientes na
e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos car- admissão hospitalar, além do que resultados negativos não excluem
díaco e esquelético e tecido nervoso). a ocorrência de eventos imediatos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim sendo, esta diretriz recomenda: o seu uso já na primeira hora após a chegada ao hospital em pa-
1) Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica devem ser cientes com baixa probabilidade de doença coronariana, até mes-
mensurados em todos os pacientes com suspeita clínica de síndro- mo sem a avaliação prévia de marcadores bioquímicos de necrose
me coronariana aguda, obtidos na admissão à sala de emergência miocárdica 86. Para estes pacientes a sensibilidade do teste para
ou à Unidade de Dor Torácica e repetidos, pelo menos, uma vez nas diagnóstico de doença é pequena (baixa probabilidade pré-teste)
próximas 6 a 9h (Grau de Recomendação Classe I e Nível de Evidên- mas o valor preditivo negativo é elevadíssimo (³ 98%).
cia B e D). Pacientes com dor torácica e baixa probabilidade de do- Além da sua importância na exclusão de doença coronariana,
ença podem ter o seu período de investigação dos marcadores séri- o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico
cos reduzido a 3h (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B); dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto
2) CK-MB massa e/ou troponinas são os marcadores bioquími- risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor
cos de escolha para o diagnóstico definitivo de necrose miocárdica Torácica. A sensibilidade e a especificidade do teste positivo ou in-
nesses pacientes (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e conclusivo para eventos cardíacos está em torno de 75%, sendo que
D); estes resultados identificam um subgrupo de pacientes com maior
3) Embora a elevação de apenas um dos marcadores de ne- risco de IAM, necessidade de revascularização miocárdica e de re-
crose citado seja suficiente para o diagnóstico de IAM, pelo menos admissão hospitalar 5,50,88,89. O valor preditivo negativo do teste
dois marcadores devem ser utilizados no processo investigativo: um para eventos também é elevadíssimo (³ 98%).
marcador precoce (com melhor sensibilidade nas primeiras 6h após
o início da dor torácica, como é o caso da mioglobina ou da CK-MB) Embora o uso do teste ergométrico possa abreviar o tempo de
e um marcador definitivo tardio (com alta sensibilidade e especifici- hospitalização de pacientes com dor torácica ao identificar aqueles
dade global, a ser medido após 6h _ como é o caso da CK-MB ou das de baixo risco (ausência de isquemia miocárdica) a relativamente
troponinas) (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); alta taxa de resultados falso-positivos nesta população pode levar à
4) Idealmente, a CK-MB deve ser determinada pelo método realização de outros exames para confirmar a positividade, encare-
que mede sua massa (e não a atividade) enquanto a troponina deve cendo o processo diagnóstico.
ser pelo método quantitativo imunoenzimático (e não qualitativo)
(Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência B e D); Cintilografia miocárdica de repouso - A cintilografia de perfu-
5) As amostras de sangue devem ser referenciadas em relação são miocárdica de repouso, realizada imediatamente após a chega-
ao momento da chegada do paciente ao hospital e, idealmente, ao da à sala de emergência, também tem se mostrado uma ferramenta
momento do início da dor torácica (Grau de Recomendação I, Nível importante na avaliação dos pacientes com dor torácica e ECG não-
de Evidência D); -diagnóstico, com sensibilidade variando entre 90 e 100% e espe-
6) O resultado de cada dosagem dos marcadores de necrose cificidade entre 65 e 80% para IAM. Uma cintilografia de repouso
miocárdica deve estar disponível e ser comunicado ao médico do negativa praticamente exclui este diagnóstico nestes pacientes com
paciente poucas horas após a colheita do sangue para que sejam baixa probabilidade de doença (valor preditivo negativo ³ 98%).
tomadas as medidas clínicas cabíveis (Grau de Recomendação I, Ní- Além da excelente acurácia diagnóstica a cintilografia fornece
vel de Evidência B e D); importantes informações prognósticas. Aqueles pacientes com per-
7) Em pacientes com dor torácica e supradesnivelamento do fusão miocárdica normal apresentam baixíssima probabilidade de
segmento ST na admissão a coleta de marcadores de necrose mio- desenvolvimento de eventos cardíacos sérios nos próximos meses
cárdica é desnecessária para fins de tomada de decisão terapêutica 45,91.
(p. ex., quando se vai utilizar fibrinolítico ou não) (Grau de Reco- A larga utilização da cintilografia miocárdica imediata de re-
mendação I, Nível de Evidência B). pouso é limitada pela indisponibilidade do método nas salas de
emergência, pela demora na sua realização após um episódio de
O papel de outros métodos diagnósticos e prognósticos dor torácica e pelos seus custos. Entretanto, alguns grupos têm
preconizado a realização do exame para pacientes com média ou
Os métodos diagnósticos acessórios, disponíveis nas salas de baixa probabilidade de IAM, já que um exame negativo praticamen-
emergência para a avaliação de pacientes com dor torácica, são o te afasta este diagnóstico 45,93, permitindo a liberação imediata
teste ergométrico, a cintilografia miocárdica e o ecocardiograma. destes pacientes com conseqüente redução dos custos hospitalares
Estes testes são usados com finalidade diagnóstica - para identifi- 94,95.
car os pacientes que ainda não têm seu diagnóstico estabelecido
na admissão ou que tiveram investigação negativa para necrose e Ecocardiograma - O papel do ecocardiograma de repouso na
isquemia miocárdica de repouso, mas que podem ter isquemia sob avaliação de pacientes na sala de emergência com dor torácica se
estresse - e também prognóstica. alicerça em poucos estudos publicados. Para o diagnóstico de IAM
Os protocolos ou algoritmos que recomendam o uso de mé- a sensibilidade varia de 70 a 95%, mas a grande taxa de resultados
todos de estresse precocemente, antes da alta hospitalar, o fazem falso-positivos torna o valor preditivo positivo baixo. Já o valor pre-
para um subgrupo de pacientes com dor torácica considerados de ditivo negativo varia de 85 a 95%.
baixo a moderado risco. A seleção destes pacientes baseia-se na Quando se busca também o diagnóstico de angina instável
inexistência de dor recorrente, na ausência de alterações eletrocar- (além de infarto) em pacientes com dor torácica e ECG inconclusi-
diográficas e de elevação de marcadores de necrose miocárdica à vo, a sensibilidade do ecocardiograma passa a variar de 40 a 90%,
admissão e durante o período de observação. sendo que o valor preditivo negativo fica entre 50 e 99%. Nesses
Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o pacientes, um ecocardiograma normal não parece agregar informa-
teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido ções diagnósticas significativas, além daquelas já fornecidas pela
a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando história e ECG.
comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame Estudos sobre a utilização do ecocardiograma de estresse com
é muito boa quando realizado em uma população de pacientes cli- dobutamina na avaliação de uma população heterogênea com dor
nicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando bai- torácica ainda são pequenos e escassos. Sua sensibilidade para o
xíssima taxa de complicações. Um grupo tem inclusive preconizado diagnóstico de doença coronariana ou isquemia miocárdica detec-

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tada por outros métodos é de 90%, com especificidade variando de sensibilidade nesta situação é de 80% para pacientes com trombo
80 a 90% e valor preditivo negativo de 98%. Para fins prognósticos, localizado em tronco da artéria pulmonar e/ou seu ramo direito,
a sensibilidade do teste para a ocorrência de eventos cardíacos tar- com especificidade de 100% 105. É considerado o método de es-
dios em pacientes com dor torácica varia de 40 a 90%, mas o valor colha para a avaliação inicial dos pacientes hemodinamicamente
preditivo negativo é excelente (97%) 101,102, conferindo segurança instáveis.
ao médico emergencista em dispensar a realização de outros testes A cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão é o método
e liberar imediatamente o paciente para casa. não-invasivo, classicamente utilizado para a estratificação da proba-
bilidade de embolia pulmonar ao analisar o número de segmentos
Deste modo, recomenda-se: pulmonares acometidos, permitindo classificar a probabilidade de
1) Nos pacientes com dor torácica inicialmente suspeita de doença em ausente (normal), baixa, média ou alta 106. Pacientes
etiologia isquêmica, que foram avaliados na sala de emergência e com alta probabilidade à cintilografia e alta suspeita clínica devem
nos quais já se excluem as possibilidades de necrose e de isquemia ser tratados como tendo embolia pulmonar, pois essa associação
miocárdica de repouso, um teste diagnóstico pré-alta deverá ser re- apresenta uma sensibilidade de 96%. A cintilografia normal prati-
alizado para afastar ou confirmar a existência de isquemia miocár- camente afasta o diagnóstico de embolia pulmonar em face de seu
dica esforço-induzida (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência valor preditivo negativo ser muito alto (pouquíssimos casos falso-
B e D); -negativos). O grupo de pacientes com baixa e intermediária proba-
bilidade necessita da realização de outro método de imagem para
2) Por ser um exame de ampla disponibilidade, fácil execução definição do diagnóstico.
seguro e de baixo custo, o teste ergométrico é o método de estres- A angiotomografia computadorizada do tórax tem mostrado
se de escolha para fins diagnóstico e/ou prognóstico em pacientes boa acurácia diagnóstica para a embolia pulmonar, com sensibilida-
com dor torácica e com baixa/média probabilidade de doença coro- de de 90% e especificidade de 80% 107. Entretanto, o método não
nária (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência B e D); apresenta boa acurácia diagnóstica, quando a embolia acomete
3) O ecocardiograma de estresse ou a cintilografia de estresse somente vasos pulmonares de menor diâmetro (subsegmentares).
poderá ser realizado em pacientes nos quais o teste ergométrico foi Apesar dos recentes avanços no diagnóstico da embolia pul-
inconclusivo ou quando não se pôde realizá-lo (incapacidade moto- monar, a arteriografia pulmonar permanece como método padrão-
ra, distúrbios da condução no ECG, etc) (Grau de Recomendação I, -ouro; entretanto, sua indicação deve ser reservada para pacientes
Nível de Evidência B e D);
cujos testes diagnósticos não-invasivos foram inconclusivos 106. O
4) A cintilografia miocárdica imediata de repouso poderá ser
exame permite uma adequada visualização das artérias pulmonares
realizada em pacientes com dor torácica com baixa probabilidade
e seus ramos, apresentando baixa taxa de morbimortalidade, e é
de doença coronariana com o objetivo de identificar ou afastar IAM,
custo-eficiente quando outras estratégias diagnósticas não conse-
sendo que aqueles com teste negativo poderão ser liberados para
guem definir a suspeita clínica.
casa sem necessidade de dosagem seriada de marcadores bioquí-
Desta forma, recomendações para a realização de métodos de
micos de necrose miocárdica (Grau de Recomendação IIa, Nível de
imagem para o diagnóstico da embolia pulmonar são:
Evidência B).
1) A radiografia de tórax deve ser solicitada a todos os pacien-
O papel dos métodos de imagem na dor torácica de origem tes com suspeita clínica de embolia pulmonar.
não-coronariana 2) O ecocardiograma transtorácico deve ser solicitado a todos
os pacientes com suspeita clínica com os objetivos de avaliação da
Esta Diretriz somente contemplará a embolia pulmonar e a dis- função do ventrículo direito e para a possível visualização do trom-
secção aguda da aorta no diagnóstico da dor torácica de origem bo.
não-coronariana devido às suas elevadas mortalidades, apesar da 3) Os pacientes clinicamente estáveis podem ser submetidos à
baixíssima incidência em pacientes com dor torácica na sala de cintilografia pulmonar de ventilação/perfusão, tomografia compu-
emergência. tadorizada ou ressonância magnética para definição diagnóstica, na
3.5.1 Embolia pulmonar - Em virtude das múltiplas formas de dependência da sua disponibilidade na instituição.
apresentação clínica da embolia pulmonar, da variabilidade da acu- 4) Nos pacientes clinicamente instáveis, particularmente na-
rácia diagnóstica dos vários métodos de imagem (de acordo com a queles em suporte ventilatório mecânico, o ecocardiograma tran-
forma de apresentação) e da complexidade de realização da arte- sesofágico deve ser realizado em face de sua alta acurácia diagnós-
riografia pulmonar (método padrão-ouro), esta diretriz não classifi- tica, principalmente naqueles cuja possibilidade de trombo central
cará os graus de recomendação e seus respectivos níveis de evidên- é elevada.
cia para a realização destes métodos. 5) A tomografia computadorizada e a ressonância magnética
As alterações radiológicas mais frequentemente encontradas são utilizados preferencialmente em pacientes estáveis, havendo
na embolia pulmonar são as áreas de atelectasia, a elevação da he- limitação diagnóstica para trombos localizados nos ramos subseg-
micúpula diafragmática, o derrame pleural e a dilatação do tronco mentares.
e dos ramos da artéria pulmonar. Áreas de hipofluxo pulmonar seg- 6) A indicação de arteriografia pulmonar fica reservada para
mentar (sinal de Westmark) e infiltrado pulmonar de forma trian- pacientes com alta suspeita clínica onde os métodos diagnósticos
gular com a base voltada para a pleura (sinal de Hampton) são os não-invasivos foram inconclusivos.
achados mais específicos da embolia pulmonar mas, infelizmente,
são pouco sensíveis. Estas estratégias, excetuando-se a radiografia de tórax, visam
A ecocardiografia pode contribuir com importantes informa- exclusivamente à confirmação da existência de trombo na circula-
ções na suspeita de embolia pulmonar 105. O ecocardiograma ção pulmonar, não se contemplando nesta diretriz os métodos in-
transtorácico informa o tamanho das cavidades cardíacas, a função diretos, como o Doppler venoso de membros inferiores, a dosagem
ventricular direita e esquerda, e a presença de hipertensão pulmo- do D-dímero e a gasometria arterial. Uma abordagem diagnóstica
nar. O ecocardiograma transesofágico, ao permitir visualizar o trom- mais abrangente de embolia pulmonar poderá ser encontrada na
bo na artéria pulmonar, é capaz de estabelecer o diagnóstico. Sua diretriz da SBC sobre este tema.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dissecção aguda da aorta - Quando há suspeita clínica de dis- Árvores neurais e fluxogramas diagnósticos
secção aguda da aorta a confirmação diagnóstica deve ser rápida e
precisa já que a doença tem elevada mortalidade imediata e o trata- Algoritmos diagnósticos computadorizados, modelos matemá-
mento definitivo é, geralmente, cirúrgico. A decisão de utilização de ticos probabilísticos usando regressão logística, árvores de decisão
um determinado método de imagem na dissecção aguda da aorta clínica e redes neurais são metodologias atualmente disponíveis
deve ser baseada não só na sua acurácia diagnóstica mas também aos médicos e que têm aumentado a sensibilidade e a especifici-
na sua disponibilidade imediata e na experiência dos emergencistas dade diagnóstica na avaliação de pacientes que se apresentam na
e ecocardiografistas/radiologistas com este(s) método(s). sala de emergência com dor torácica. Alguns desses instrumentos
O alargamento do mediastino superior é o achado mais fre- têm sido validados prospectivamente, mostrando uma redução nas
qüentemente encontrado na radiografia de tórax (60 a 90% dos internações nas unidades coronarianas de até 30%. Por outro lado,
casos). No entanto é importante frisar que a normalidade deste trabalhos indicam que programas computadorizados validados
exame não exclui o diagnóstico de dissecção aórtica (valor preditivo retrospectivamente se comparam, quando aplicados prospectiva-
negativo de 88%). mente, à alta sensibilidade e especificidade dos médicos 122.
A aortografia já foi considerada como método padrão-ouro Além disso, sistematizações das condutas médicas (protocolos
para confirmação do diagnóstico da dissecção aguda da aorta. Com assistenciais), sejam elas diagnósticas ou terapêuticas, quando apli-
o aparecimento dos métodos de imagem não-invasivos, como a cadas de maneira lógica e coerente, em casos previamente defini-
ecocardiografia transtorácica e transesofágica, a angiotomografia e dos, resultam num poderoso e eficiente instrumento de otimização
a angiorressonância de tórax, a estratégia diagnóstica desta doença da qualidade e da relação custo-benefício.
vem mudando. Com eles procuramos confirmar o diagnóstico, clas- Esta diretriz apresenta os principais modelos diagnósticos pre-
sificar o tipo da dissecção, diferenciar a verdadeira e a falsa luz aór- conizados para pacientes com dor torácica na sala de emergência e
tica, localizar os sítios de entrada e reentrada, distinguir dissecção que podem ser utilizados de acordo com a sua adequação às carac-
comunicante e não-comunicante, avaliar o envolvimento dos ramos terísticas assistenciais de cada instituição.
aórticos, detectar e graduar a regurgitação valvar aórtica, e avaliar O modelo Heart ER do Centro Médico da Universidade de Cin-
a existência de extravasamento sanguíneo para pericárdio, pleura, cinnati é utilizado para pacientes com dor torácica considerados de
mediastino e estruturas peri-aórticas. baixa a média probabilidade de síndrome coronariana aguda (dor
A utilização do ecocardiograma transtorácico para o diagnósti- suspeita e ECG não-diagnóstico). A avaliação diagnóstica consiste
co da dissecção aguda da aorta está limitada pela sua baixa sensibili- na realização de cintilografia miocárdica imediata de repouso com
dade (60%) e especificidade (70%). Devido à alta taxa de resultados SESTAMIBI naqueles pacientes em que a dor ainda esteja presente
falso-positivos e falso-negativos, este método não é utilizado para e haja condição de se administrar o fármaco radionúcleo imediata-
estabelecer o diagnóstico final, apesar de informar acuradamente a mente na sala de emergência. Se o mapeamento no laboratório de
presença de insuficiência aórtica e a função sistólica do ventrículo medicina nuclear for negativo para isquemia miocárdica, o pacien-
esquerdo. O ecocardiograma transesofágico mostra sensibilidade te é liberado para casa sem mesmo realizar dosagens seriadas dos
de 99%, especificidade de 90%, valor preditivo positivo de 90% e marcadores de necrose miocárdica. Se o resultado for positivo, o
negativo de 99%, entretanto seu uso é limitado pela dificuldade de paciente é hospitalizado e tratado apropriadamente. Se o exame
visualização de pequenos segmentos de dissecção na parte distal da cintilográfico não puder ser realizado, o paciente é investigado na
aorta ascendente e na porção anterior do arco aórtico. Unidade de Dor Torácica através da determinação de níveis plas-
A angiotomografia computadorizada helicoidal possui sensibi- máticos de CK-MB e de troponina I obtidos na chegada, na 3ª e 6ª
lidade > 90% e especificidade > 85%. Determina a extensão, locali- horas seguintes, enquanto o paciente é mantido sob monitorização
zação e envolvimento dos ramos arteriais na dissecção aórtica. Tem eletrocardiográfica contínua da tendência do segmento ST. Teste
como limitações a impossibilidade de detectar o envolvimento das ergométrico ou cintilografia miocárdica de esforço com SESTAMIBI
artérias coronárias pela dissecção, além de não poder ser utilizada são realizados naqueles sem evidência de necrose ou isquemia mio-
em pacientes com intolerância ao contraste iodado. cárdica persistente (fig. 2).
A angiorressonância tem alta acurácia diagnóstica para detec-
ção de todas as formas de dissecção aórtica, com sensibilidade e
especificidade em torno de 100%. Seu uso é limitado pela presença
de instabilidade hemodinâmica e agitação psicomotora devido ao
tempo prolongado para aquisição de imagens.
A aortografia, apesar de ter sido considerada classicamente
como o método padrão-ouro para diagnosticar dissecção aórtica,
com especificidade > 95%, tem sido menos utilizada nos últimos
anos em virtude dos novos métodos não-invasivos apresentarem
maior sensibilidade para o diagnóstico definitivo. Atualmente, com
a tendência de utilização das endopróteses vasculares na fase agu-
da da dissecção, sua importância diagnóstica está sendo reavaliada.
Assim, recomenda-se para pacientes com suspeita clínica de
dissecção aguda da aorta e que estejam estáveis o uso da angio-
tomografia computadorizada helicoidal ou da angiorressonância
magnética como o exame padrão-ouro (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D). Para pacientes instáveis recomenda-se o
uso do ecocardiograma transesofágico (Grau de Recomendação I,
Nível de Evidência C e D).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O modelo sistematizado de atendimento de pacientes com dor torácica da Clínica Mayo 124 classifica inicialmente os pacientes em
subgrupos de probabilidade baixa, moderada e alta para doença coronariana aguda, de acordo com as diretrizes da Agency of Health Care
Policy Research (AHC PR) 125. Os pacientes de risco moderado são avaliados através de dosagens de CK-MB na chegada, 2 e 4h depois,
enquanto são submetidos à monitorização contínua do segmento ST e ficam em observação durante 6h na Unidade de Dor Torácica. Se a
avaliação resultar negativa, é realizado teste ergométrico, cintilografia de estresse ou ecocardiograma de estresse. Pacientes com resulta-
do positivo ou inconclusivo são internados, enquanto os que têm avaliação negativa são liberados para a residência com acompanhamento
em 72h (fig. 3).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O modelo diagnóstico da Faculdade de Medicina da Virgínia estratifica inicialmente os pacientes com dor torácica na sala de emer-
gência em cinco níveis distintos de risco. Os pacientes do nível 1 apresentam elevadíssima probabilidade de IAM pelo critério do ECG, ao
passo que os do nível 5 têm desconforto no peito de origem nitidamente não-cardíaca. Os pacientes dos níveis 2, 3 e 4 correspondem
aos de probabilidade pré-teste de doença alto, médio e baixo, respectivamente. Pacientes com alta probabilidade de angina instável ou
baixa probabilidade de IAM (nível 3) passam por dosagens seriadas de biomarcadores de necrose miocárdica ou são submetidos a uma
cintilografia miocárdica imediata de repouso com SESTAMIBI. Pacientes com média ou baixa probabilidade de angina instável (nível 4) são
submetidos somente à cintilografia imediata de repouso que, se negativa, determina a alta do paciente para casa (fig. 4).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O modelo diagnóstico do Hospital Pró-Cardíaco usado em sua Unidade de Dor Torácica estratifica a probabilidade pré-teste de síndro-
me coronariana aguda de acordo com o tipo de dor torácica e o ECG de admissão. A dor é classificada em 4 tipos: definitivamente e prova-
velmente anginosa, e provavelmente e definitivamente não-anginosa. Além disso, para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo no ECG,
procura-se avaliar se a dor tem ou não características de IAM. A classificação do tipo de dor teve uma sensibilidade e um valor preditivo ne-
gativo para IAM de 94% e 97%, respectivamente, valores estes significativamente melhores que os do ECG (49% e 86%, respectivamente). A
associação do tipo de dor torácica e do ECG de admissão permite a estratificação da probabilidade pré-teste de síndrome coronariana agu-
da e a alocação dos pacientes em diferentes rotas diagnósticas (fig. 5). Enquanto os da rota 1 têm elevadíssima probabilidade de IAM (75%)
os da rota 5 têm dor não-cardíaca e são liberados. Os pacientes das rotas 2 e 3 têm probabilidade de síndrome coronariana aguda de 60%
e 10%, respectivamente 15 e são avaliados com dosagens de CK-MB seriadas e de troponina I: na rota 2, por 9h; na rota 3, por 3h. O teste
ergométrico é o método de estresse utilizado para avaliação de pacientes sem evidência de necrose miocárdica ou isquemia de repouso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A árvore neural de Goldman é um algoritmo diagnóstico criado para identificar pacientes com IAM utilizando características da dor
torácica e do ECG, que estratifica os pacientes em probabilidades de doença (variando de 1% a 77%) e apresenta sensibilidade e especifi-
cidade de 90% e 50-95%, respectivamente, com um valor preditivo negativo > 98%, quando se aplica um ponto de corte de 7% na proba-
bilidade do paciente ter ou não IAM. Entretanto, o modelo não faz recomendações quanto às estratégias diagnósticas a serem utilizadas
nos diversos subgrupos probabilísticos de doença.
Todos estes protocolos ou modelos diagnósticos e de sistematização estratégica trazem um grande benefício para a prática médica
emergencial no manejo de pacientes com dor torácica, devendo por isso serem implantados em todas as salas de emergência, com ou sem
Unidades de Dor Torácica (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência
B). A escolha do modelo a ser utilizado dependerá das características funcionais de cada instituição.

Tratamento

Tratamento inicial da síndrome coronariana aguda

A abordagem do paciente com suspeita de síndrome coronariana aguda (SCA) na sala de emergência inicia-se pela rápida avaliação
das características da dor torácica e de outros sintomas concomitantes, pelo exame físico e pela imediata realização do ECG (em 5-10min
após a chegada ao hospital).
Se o paciente estiver em vigência de dor e o ECG evidenciar supradesnível do segmento ST deve-se iniciar imediatamente um dos
processos de recanalização coronariana: trombolítico ou angioplastia primária. Se o ECG não evidenciar supradesnível do segmento ST mas
apresentar alguma alteração compatível com isquemia miocárdica iniciamos o tratamento anti-isquêmico usual e estratificamos o risco de
complicações, que orientará o tratamento adequado a seguir.
Se o ECG for normal ou inespecífico, mas a dor torácica for sugestiva ou suspeita de isquemia miocárdica, o tratamento anti-isquêmico
pode ser iniciado ou então protelado (principalmente se a dor não mais estiver presente na admissão), mas o uso de aspirina está indicado.
O tratamento inicial tem como objetivo agir sobre os processos fisiopatológicos que ocorrem na SCA e suas conseqüências, e com-
preende:
1) contenção ou controle da isquemia miocárdica;
2) recanalização coronariana e controle do processo aterotrombótico.

Esta diretriz somente abordará os primeiros passos terapêuticos a serem tomados na sala de emergência. Para condutas seguintes,
realizadas geralmente na unidade coronariana, o leitor deve se dirigir à diretriz de IAM ou de síndrome coronariana aguda da SBC.

Contenção ou controle da isquemia miocárdica

Oxigenioterapia - Pacientes com SCA em vigência de dor ou sintomas e sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio
suplementar, principalmente se medidas objetivas da saturação de O2(oximetria de pulso ou gasometria arterial) forem < 90% 129-133.
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência C e D).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Analgesia e sedação - Para o controle da dor (se a mesma já Diversos estudos já demonstraram que quanto mais preco-
não foi aliviada com o uso de nitrato sublingual ou endovenoso) cemente a terapêutica fibrinolítica é iniciada em relação ao início
e sedação utiliza-se o sulfato de morfina EV na dose de 1 a 5mg, da dor (e, conseqüentemente, do fenômeno oclusivo coronariano)
podendo-se repetir 5-30min após se não houver alívio (Grau de Re- maiores são os benefícios em relação à taxa de recanalização, de
comendação I, Nível de Evidência C e D). preservação do miocárdio agudamente isquêmico, de redução de
Nitratos - O uso dos nitratos baseia-se não só no seu mecanis- mortalidade hospitalar e tardia, e de complicações intra-hospitala-
mo de ação e experiência clínica mas também numa meta-análise res. Pacientes tratados dentro da 1ª hora obtêm uma redução da
de 22 estudos (incluindo o ISIS-4 e o GISSI-3) que demonstrou uma mortalidade hospitalar ao redor de 50%.
redução significativa de 5,5% na mortalidade hospitalar. Existem Na sala de emergência os pacientes devem ser rapidamente
poucos e pequenos estudos clínicos comprovando seu benefício no avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão para o uso
alívio dos sintomas. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência de fibrinolíticos, principalmente os relacionados às complicações
A e D). hemorrágicas atribuídas às drogas. Pacientes com mais de 12h de
A dose é de 5mg do dinitrato de isossorbida por via SL, poden- início da dor ininterrupta geralmente não se beneficiam do uso de
do ser repetido 5-10min após se não houver alívio da dor, até o fibrinolíticos. O tratamento deve ser iniciado na própria sala de
máximo de 15mg. Para a nitroglicerina, pode-se utilizar o spray na- emergência (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
sal, ou a via parenteral na dose de 10 a até 200 microgramas/min A droga de escolha (pela maior rapidez de ação e mais eleva-
em infusão contínua EV, ajustando-se a mesma a cada 5-10min de da taxa de recanalização) é o rt-PA, usada na dose de 15mg EV em
acordo com a pressão arterial. Para o mononitrato de isossorbida a bolus seguida de infusão inicial de 0,75mg/kg (máximo de 50mg)
dose é de 2,5 mg/kg/dia em infusão contínua. durante 30min, e de outra infusão de 0,50mg/kg (máximo de 35mg)
durante 60min. Heparinização plena concomitante é necessário por
Betabloqueadores - Existem alguns grandes ensaios clínicos 48h. A outra droga disponível é a estreptoquinase, administrada na
randomizados que demonstraram o benefício da utilização imedia- dose de 1,5 milhão de unidades em infusão EV durante 30 a 60min,
ta dos betabloqueadores no IAM com supradesnível do segmento não requerendo uso concomitante de heparina.
ST (redução de mortalidade imediata e tardia, de reinfarto e de is- Angioplastia coronariana percutânea primária - Com o aperfei-
quemia recorrente) 138-140. São utilizados na SCA sem suprades- çoamento da técnica e dos stents coronarianos, não parece haver
nível do segmento ST baseados em pequenos estudos e numa me- maiores dúvidas de que a angioplastia coronariana percutânea é o
ta-análise. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A e D). método de eleição para a recanalização coronariana em pacientes
Os betabloqueadores não podem ser utilizados em pacientes com IAM com supradesnível do segmento ST, desde que o procedi-
com sinais e/ou sintomas de insuficiência ventricular esquerda mento possa ser realizado dentro dos primeiros 60 a 90min após
(mesmo incipiente), com bloqueio AV, com broncoespasmo ou his- a chegada do paciente à sala de emergência e por uma equipe ex-
tória de asma brônquica. periente 129,155. Fator tempo que deve ser cuidadosamente con-
Metoprolol é dado na dose de 5mg EV em 1 a 2min e repetido, siderado pelo médico emergencista na tomada de decisão quanto
se necessário, a cada 5min até completar 15mg (objetivando alcan- ao uso de uma estratégia alternativa de recanalização coronariana
çar uma frequência cardíaca 60), passando-se a seguir para a dose (fibrinolíticos) na eventualidade da indisponibilidade ou inexistên-
oral de 25 a 50mg de 12/12h. O atenolol é administrado na dose cia do laboratório de cateterismo cardíaco em seu hospital (Grau de
de 5mg EV e repetido em 5min (completando 10mg), seguido da Recomendação I e Nível de Evidência A e D).
dose oral de 50-100mg/dia. Quando administrado por via EV é im- Para pacientes com SCA sem supradesnível de ST uma condu-
prescindível uma cuidadosa monitorização da freqüência cardíaca, ta invasiva imediata (cinecoronariografia seguida de recanalização
pressão arterial, ausculta pulmonar e ECG. ou desobstrução) ainda permanece como uma questão em aberto
devido aos resultados divergentes dos 4 ensaios clínicos e um regis-
Antagonistas dos canais de cálcio - Os benzotiazepínicos (dil- tro disponíveis 83,157-160 mas parece haver um certo consenso de
tiazem) parecem ter um efeito benéfico no IAM com e sem supra- que pacientes classificados como de alto risco de eventos 161,162
desnível do segmento ST e sem insuficiência cardíaca (redução de devem ser submetidos à estratégia invasiva imediata enquanto que
mortalidade e reinfarto) e na angina instável, o mesmo se obser- os de baixo risco devem ser submetidos à estratégia conservadora
vando com as fenilalquilaminas (verapamil) 145,147,151,152. Já os (tratamento farmacológico seguido de avaliação funcional de exis-
dihidropiridínicos (nifedipina, amlodipina) só podem ser utilizados tência de isquemia miocárdica residual) 130,131,163 (Grau de Re-
concomitantemente com os betabloqueadores, pois isoladamente comendação IIa e Nível de Evidência A e D).
aumentam o consumo de O2 miocárdico e causam roubo corona- Aspirina - Não havendo contra-indicação (alergia, intolerância
riano. (Grau de recomendação IIb, Nível de Evidência A). Podem ser gástrica, sangramento ativo, hemofilia ou úlcera péptica ativa) a as-
uma alternativa quando houver contra-indicação ao uso de beta- pirina deve ser sempre utilizada em pacientes com suspeita de SCA
bloqueador ou nitrato (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência imediatamente após a chegada na sala de emergência. Tem com-
B e D). provação de seu benefício na redução da mortalidade imediata e
As doses a serem utilizadas são de 60mg via oral 3 a 4 vezes/ tardia, infarto e reinfarto na SCA através de vários estudos clínicos
dia para o diltiazem e 80mg via oral 3 vezes/dia para o verapamil. randomizados. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A e D).
A dose inicial é de 200-300mg por via oral mastigada, seguida
Recanalização coronária e controle do processo aterotrom- de uma dose de manutenção de 100 a 200mg/dia.
bótico
Tienopiridínicos (clopidogrel, ticlopidina) - Até recentemente
Fibrinolíticos - Pacientes com dor torácica prolongada sugestiva a ticlopidina era o antiplaquetário recomendado em caso de con-
de isquemia miocárdica aguda e que apresentam supradesnível do tra-indicação para o uso da aspirina ou na intervenção coronária
segmento ST no ECG (ou um padrão de bloqueio de ramo esquer- percutânea 168.
do) são candidatos à terapia de recanalização coronariana visto que
mais de 75% desses pacientes têm IAM e mais de 85% têm oclusão
de uma artéria coronária.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atualmente, o clopidogrel é a droga de primeira escolha na Tratamento inicial da embolia pulmonar


substituição ou no uso concomitante com a aspirina em pacientes
com SCA sem supradesnível do segmento ST que irão ou não à in- Uma vez diagnosticada a embolia pulmonar ou havendo evi-
tervenção coronariana percutânea, devendo ser iniciada logo após dências consistentes de sua provável existência, o tratamento deve
a chegada ao hospital ou quando o diagnóstico de SCA for estabele- ser iniciado imediatamente devido à sua elevada mortalidade hos-
cido. (Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). pitalar - cerca de 1/3 para os não tratados e de 10% para os trata-
Para o clopidogrel, a dose inicial é de 300-600mg VO, seguida dos.
da dose de manutenção de 75mg/dia. Para a ticlopidina, a dose ini- A terapêutica inicial visa a estabilidade clínica oferecendo, se
cial é de 500mg VO, seguida de dose de manutenção de 250mg de necessário, suporte hemodinâmico e ventilatório. O tratamento es-
12/12h. sencial da embolia pulmonar é feito com o uso do anticoagulante
Anticoagulantes (heparina não-fracionada, heparina de baixo venoso, heparina. Tem como objetivo prevenir a formação de no-
peso molecular). vos trombos e diminuir a ação de substâncias vasoativas, como a
Vários ensaios clínicos e metanálises demonstram o indiscutí- serotonina e o tromboxane-A2, liberadas pelas plaquetas ativadas
vel benefício do uso das heparinas na SCA. encontradas no trombo original. A dose de ataque da heparina
A heparina não-fracionada requer monitorização laboratorial não-fracionada é de 80 U/kg em bolus EV seguida por uma infusão
constante do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), de- contínua de 18 U/kg/h por 5 a 7 dias, incluindo o período de uso
vendo ser utilizados regimes terapêuticos ajustados ao peso do pa- combinado com o anticoagulante oral (Grau de Recomendação I,
ciente. Já as heparinas de baixo peso molecular não necessitam de Nível de Evidência C e D)
controle do PTTa. A utilização das heparinas de baixo peso molecular na embo-
A heparina não-fracionada é administrada como bolus EV de lia pulmonar vem se ampliando nos últimos anos, possuindo uma
60-70 U/kg (máximo de 5.000 U) seguido de infusão de 12-15 U/ maior ação sobre o fator de coagulação Xa do que sobre o fator IIa
kg/h (máximo de 1.000 U/h), mantendo-se o PTTa entre 1,5-2 vezes quando comparada com a heparina não-fracionada e possibilitando
o controle. maior atividade antitrombótica com menor risco de sangramentos.
As heparinas de baixo peso molecular não equivalem entre si A enoxaparina deve ser usada por via subcutânea na dose de 1 mg/
em relação às doses. Assim, a enoxaparina é administrada na dose kg a cada 12h ou 1,5 mg/kg, uma vez ao dia; a nadroparina na dose
de 1mg/kg SC de 12/12h ou 1,5mg/kg uma vez ao dia; a dalteparina de 85 U/kg a cada 12h ou 170 U/kg, uma vez ao dia; e a daltepari-
na dose de 200 U/kg/dia SC; e a nadroparina na dose de 85U/kg SC na na dose de 200 U/kg/dia. (Grau de Recomendação IIa, Nível de
de 12/12 h ou 170 U/kg uma vez ao dia. Evidência C). Nos pacientes clinicamente instáveis, nos quais a pro-
Tanto a heparina não-fracionada como as heparinas de baixo babilidade de embolia pulmonar maciça é grande, deve-se utilizar
peso molecular têm Grau de Recomendação I e Nível de Evidência as drogas trombolíticas que permitam lise mais rápida do trombo,
A e D para uso na SCA. promovendo uma melhora clínica mais efetiva. Utiliza-se a estrep-
toquinase por via EV na dose de 250.000 U em bolus seguida de
Bloqueadores dos receptores da glicoproteína IIb/IIIa (abcixi- uma infusão de 100.000 U/h durante 24 a 72h, ou o rt-PA na dose
mab, tirofiban) - Diversos ensaios clínicos têm demonstrado efei- de 100 U EV em infusão durante 2h (Grau de Recomendação I, Nível
tos benéficos com o uso dos bloqueadores da glicoproteína IIb-II- de Evidência C). A trombólise na embolia pulmonar, como em qual-
Ia em pacientes com SCA em relação à redução de IAM, reinfarto, quer outra situação clínica, apresenta uma série de contra-indica-
isquemia miocárdica recorrente e necessidade de revascularização ções que devem ser respeitadas. Além dos pacientes clinicamente
miocárdica, não se observando, entretanto, redução da mortalida- instáveis, um subgrupo de pacientes com estabilidade hemodinâ-
de 182-188. Firma-se a indicação do tirofiban quando não há uma mica e ventilatória, porém com disfunção do ventrículo direito ao
atitude invasiva planejada em pacientes com alto ou médio risco, ecocardiograma, pode também se beneficiar do uso de trombolíti-
ou seja, com persistência da isquemia, troponina elevada outras cos. (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência C).
variáveis de risco (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência
A). Já o abciximab parece ser melhor indicado quando houver uma Tratamento inicial da dissecção aguda da aorta
atitude invasiva imediata planejada, independentemente do risco
(Grau de Recomendação I, Nível de Evidência A). Os pacientes que No caso de suspeita clínica de dissecção aguda da aorta a te-
inicialmente utilizarem o tirofiban e na evolução optar pela conduta rapêutica farmacológica deve ser instituída o mais rápido possível
invasiva, deverão continuar seu uso durante e após o cateterismo com objetivo de estabilizar a dissecção e evitar complicações ca-
ou intervenção (Grau de Recomendação IIa, Nível de Evidência A). tastróficas, como a ruptura da aorta. Para isso o tratamento padrão
Os benefícios obtidos com o uso destas drogas devem ser sempre é feito através do uso de vasodilatadores, como o nitroprussiato
analisados diante de seu alto custo. de sódio, em associação com betabloqueadores (propranolol, me-
Os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa podem ser usados, con- toprolol, esmolol ou atenolol) (preferencialmente venoso), visando
comitantemente, com a aspirina, o clopidogrel e a heparina. a redução do cronotropismo e do inotropismo, ou utilizar o labeta-
O tirofiban é administrado na dose de 0,4 microgramas/kg/min lol que possui ambos os efeitos (Grau de Recomendação I e Nível
EV por 30min, seguida de 0,1 microgramas/kg/min por 48 a 96h. O de Evidência C e D). Nos pacientes com contra-indicação ao uso de
abciximab é administrado em bolus EV na dose de 0,25mg/kg, se- betabloqueadores podemos utilizar o enalaprilato venoso. O controle
guida de 0,125 microgramas/kg/min (máximo de 10 microgramas/ da dor deve ser feito com sulfato de morfina, que também auxilia na
min) por 12 a 24h. redução da pressão arterial e estabilização da dissecção. Os pacientes
deverão ser submetidos à monitorização oxi-dinâmica, do débito uriná-
rio e da pressão arterial, e encaminhados à unidade de terapia intensiva
e/ou ao centro cirúrgico tão logo indicado e possível. Aqueles com insta-
bilidade hemodinâmica deverão ser colocados em suporte ventilatório e
submetidos a monitorização invasiva da pressão arterial e das pressões
do coração direito para melhor controle das pressões de enchimento e
do débito cardíaco, além das variáveis de oxigenação tissular.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O tratamento cirúrgico imediato é reservado para as dissecções EDEMA AGUDO DE PULMÃO


agudas que envolvam a aorta ascendente ou o arco aórtico (tipo
A de DeBakey) e para dissecções distais complicadas (oclusão de O edema pulmonar uma condição definida pelo acúmulo anor-
um ramo aórtico importante, extensão da dissecção e evidências mal de líquido no tecido pulmonar, no espaço alveolar ou em am-
de ruptura aórtica) ou não estabilizadas com o tratamento clínico. bos, se apresentando como uma condição grave. Ocorre, na maioria
(Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). Em pacien- dos casos, em consequência do aumento da pressão microvascular
tes com dissecção não complicada que poupem a aorta ascendente proveniente da função ventricular esquerda inadequada, o que leva
(tipo B) e com dissecção crônica da aorta o tratamento clínico é o ao refluxo de sangue para dentro da vasculatura pulmonar (BRUN-
passo inicial. (Grau de Recomendação I e Nível de Evidência C e D). NER &SUDDARTH, 2009).
4) suporte de vida em situações de edema agudo de pulmão;
PRINCIPAIS SINTOMAS
O edema agudo de pulmão (EAP) é um evento que acontece e
forma clínica, e que é caracterizado por um acúmulo súbito e anor- As principais manifestações clínicas do edema agudo de pul-
mal de líquido nos espaços extra vasculares do pulmão, que repre- mão são: dispnéia intensa, ortopnéia, tosse, escarro cor de rosa e
senta uma das mais dolorosas e dramáticas síndromes cardiorres- espumoso. Em geral o paciente apresenta-se ansioso, agitado,sen-
piratórias, e que ocorre de maneira muito frequente nas unidades tado com membros inferiores pendentes e utilizando intensamente
de emergência e de terapia intensiva. Na maioria das vezes é con- a musculatura respiratória acessória. Há dilatação das asas do nariz,
sequência da insuficiência cardíaca esquerda, onde a elevação da retração intercostal e da fossa supraclavicular. A pele e as mucosas
pressão no átrio esquerdo e capilar pulmonar é o principal fator tornam-se frias, acinzentadas, às vezes pálidas e cianóticas, com
responsável pela transpiração de líquido para o interstício e interior sudorese fria sistêmica. Pode haver referência de dor subesternal
dos alvéolos, com interferência nas trocas gasosas pulmonares e irradiada para o pescoço, mandíbula ou face medial do braço es-
redução da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (TARAN- querdo em casos de isquemia miocárdica ou IAM. No exame físico,
TINO, 2007). pode-se constatar taquicardia, ritmo de galope, B2hiperfonética,
O fluxo aumentado de líquidos, que são provenientes dos capi- pressão arterial elevada ou baixa (IAM, choque cardiogênico), es-
lares pulmonares para o espaço intersticial e alvéolos, que se acu- tertores subcreptantes inicialmente nas bases, tornando-se difusos
mulam nessas regiões ao ultrapassarem a capacidade de drenagem com a evolução do quadro. Roncos e sibilos difusos indicam qua-
dos vasos linfáticos, promovendo uma troca alvéolo-capilar de for- se sempre broncoespasmo secundário. O quadro clínico agrava-se
ma inadequada (FARIA ET AL, 2010). progressivamente, culminando com insuficiência respiratória, hipo-
Com base nestes contextos, analisar a participação da equipe ventilação, confusão mental e morte por hipoxemia (PORTO, 2005).
de enfermagem no sentido de reabilitação do paciente no decorrer Deve-se basear no achado das seguintes alterações: pacien-
deste acontecimento que ocorre de forma frequente, embora seja te com queixa de dispnéia, geralmente de início súbito, associada
ele um evento que requer cuidados minuciosos é imprescindível. à tosse e a sinais de liberação adrenérgica (taquicardia, palidez
Segundo Marsella (2012), as principais patologias que determinam cutânea, sudorese fria, hipertensão e ansiedade). Sinais de esfor-
o EAP são: Isquemia miocárdica aguda (com ou sem infarto prévio), ço da musculatura inspiratória, com uso dos músculos acessórios
hipertensão arterial sistêmica, doença valvar, doença miocárdica da respiração, tiragem intercostal e batimento de asas de nariz.
primária, cardiopatias congênitas e arritmias cardíacas, principal- Taquipnéia e expiração forçada, inclusive com presença de respira-
mente as de frequência muito elevada. ção abdominal. Ausculta pulmonar variada, podendo-se encontrar,
Sallum (2013) salienta que a causa mais comum do EAP é in- mais comumente, estertores inspiratórios e expiratórios de médias
suficiência ventricular esquerda, onde há uma incapacidade desta e grossas bolhas. Também é comum o encontro de murmúrio vesi-
cavidade em bombear o sangue para fora do coração. Esta pode cular mais rude, com roncos e sibilos. Outros achados que podem
ocorrer por diversos motivos, entre eles estão à hipertensão arte- ajudar a definir etiologia do EAP são: presença de dor torácica com-
rial, doenças das válvulas cardíacas, doenças do músculo cardíaco, patível com insuficiência coronariana, galope cardíaco (B3 e/ou B4),
arritmias cardíacas e distúrbios da condução elétrica do coração, sopros cardíacos e deslocamento da posição do ictus cardíaco (sinal
entre outras doenças cardíacas. Sendo que em algumas situações, a de aumento da área cardíaca) (MASELLA, 2012).
infusão excessiva de líquidos, pode acarretar um quadro de edema
agudo de pulmão. ACHADOS DIAGNÓSTICOS
A formação de edema nos pulmões ocorre do mesmo modo
que em outras partes do corpo. Qualquer fator que faça com que a Através da ausculta pulmonar revela-se presença de estertores
pressão do líquido intersticial pulmonar passe de negativa para po- nas bases pulmonares, que progridem para os ápices dos pulmões,
sitiva, provoca uma súbita inundação dos espaços intersticiais e dos sendo estes causados pela movimentação de ar através do líqui-
alvéolos, com grande quantidade de líquido livre, tendo como cau- do alveolar. Pode ocorrer de o paciente apresentar taquicardia, e
sas mais comuns a insuficiência cardíaca esquerda ou doença valvu- queda nos valores da oximetria de pulso, e quando analisada a ga-
lar mitral com consequente aumento na pressão capilar pulmonar e sometria verifica-se o agravamento da hipoxemia (BRUNNER &SU-
inundação dos espaços intersticiais e alveolares. Também a lesão da DDARTH, 2009).
membrana dos capilares pulmonares, causada por infecções como
pneumonias ou pela inalação de substâncias nocivas como os gases TRATAMENTO
cloro ou dióxido de enxofre, acarreta a rápida saída de líquido e
de proteínas plasmáticas de dentro dos capilares. (GUYTON, 2006). Consiste de medidas medicamentosas como a oxigenioterapia
para melhora da saturação de oxigênio, de diuréticos (como a furo-
semida) que é fundamental na redução da pré-carga, opióides (sen-
do o mais utilizado a morfina) sendo de extrema eficácia na redução
do retorno venoso e na diminuição no consumo de oxigênio pelo
miocárdio, vasodilatador coronariano (dobutamina normalmente é
a droga de escolha) pelo efeito inotrópico positivo, vasodilatador

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

venoso e arterial (como o nitroprussiato de sódio) oferece rápida Uma vez iniciado o processo lesivo vascular, surge um ciclo vi-
e segura redução da pressão arterial, e medidas mecânicas como a cioso com secreção de substâncias vasoconstritoras e vasotóxicas,
ventilação mecânica invasiva e não invasiva e a intubação (SALLUM como o TNFa, que perpetuam o processo.
E PARANHOS, 2013).
Porém Carvalho (2008), demonstra que o tratamento de EAP Sintomas e sinais de alerta na crise hipertensiva
busca diminuir a pressão de preenchimento ventricular e melhorar
o fornecimento de oxigênio, baseando-se na administração de ni- Neurológicos: Relaxamento da Consciência, Sinais Focais (loca-
tratos, diuréticos e oxigênio. lizatórios), Cefaleia Súbita Intensa, Presença de Sinais Meníngeos e
Alterações agudas no fundo do olho;
CUIDADOS DE ENFERMAGEM Cardiológicos: Dor Torácica Isquêmica, Dor Torácica Intensa,
Congestão Pulmonar e Presença de 3ª Bulha;
Conforme Sallum e Paranhos (2013) as ações de enfermagem Renais: Presença de edema recente, diminuição do volume uri-
incluem organização e provimento de recursos materiais e huma- nário, hematúria, proteinúria e elevação dos níveis de creatinina;
nos, mas também descrevem outros cuidados como: Na abordagem do paciente hipertenso grave na emergência
médica é necessária uma história e um exame físico direcionados,
Posicionar o paciente sentado, elevando a cabeceira a 60° ou porém acurados na busca da presença de lesão de órgão-alvo, par-
90° deixando os membros inferiores pendentes, assim reduzindo ticularmente na busca de sintomas e sinais de alerta, são cruciais
retorno venoso e propiciando máxima expansão pulmonar; para a segurança do paciente e para a boa prática clínica; a história
Posicionar em Fowler alto. deve investigar as características dos sintomas do paciente. Muitos
Instalar máscara facial de oxigênio com reservatório, selecio- pacientes apresentam-se na emergência apenas após a constata-
nando um fluxo de 10 L/min; ção da elevação dos níveis pressóricos em uma medida rotineira de
pressão arterial.
Aspirar às secreções se necessário para manter as vias aéreas
O exame físico deve incluir a pesquisa da presença de sinais
permeáveis;
de irritação meníngea, fundo de olho para buscar edema de papi-
la, hemorragias e exsudatos; o exame neurológico deve procurar a
5) suporte de vida em situações de crise hipertensiva;
presença de rebaixamento de nível de consciência, confusão men-
tal ou agitação psicomotora, presença de sinais neurológicos focais,
Crise Hipertensiva é uma condição clínica caracterizada por particularmente os sinais deficitários; a ausculta cardíaca deve bus-
elevação aguda ou crônica da PA (Níveis de Pressão Diastólica su- car a presença de 3ª ou 4ª bulha e sopro de insuficiência aórtica; a
perior a 130 mmHg) em associação ou não com manifestações de ausculta pulmonar deve procurar a presença de sinais de congestão
comprometimento de órgãos-alvo (cardiovasculares, neurológicas pulmonar; o exame físico deve incluir, ainda, a palpação da aorta
e renais). As manifestações clínicas das crises hipertensivas depen- abdominal e a pesquisa de pulsos periféricos, incluindo o pulso ca-
dem do grau de disfunção dos órgãos-alvo. Os níveis pressóricos rotídeo.
absolutos podem não ter importância, mas sim a velocidade de ele- É importante avaliar a presença de deterioração da função re-
vação que esta ocorreu. nal, buscando a presença de edema, diminuição de volume urinário
Pacientes com hipertensão de longa data podem tolerar pres- e hematúria; em pacientes com pressão arterial diastólica superior
sões sistólicas de 200 mm Hg e diastólicas superiores a 150 mm a 130 mmHg, impõe-se a dosagem de creatinina sérica e a análise
Hg, entretanto crianças ou gestantes podem desenvolver encefa- urinária para pesquisar a presença de hematúria e proteinúria; a
lopatia com pressões diastólicas de 100 mm Hg. Cerca de 10 a 20% estratificação de risco desses pacientes está na confirmação ou na
da população adulta em nosso país apresenta Hipertensão Arterial exclusão de existência de lesão aguda (em curso) de um órgão-alvo.
Sistêmica; estudos mostram que emergências hipertensivas ocor- Caso não seja possível excluir a existência de lesão, deve-se assumir
rem em menos de 1% dos pacientes hipertensos, esses pacientes a presença de lesão aguda e tratar conforme o órgão lesado.
desenvolverão um ou mais episódio de emergência hipertensiva.
O mecanismo responsável pela elevação da PA não é clara- A Crise Hipertensiva é dividida em urgência hipertensiva e
mente conhecido, no entanto, elevações dos níveis de renina, adre- emergência hipertensiva:
nomodulina e peptídeo atrial natriurético foram encontrados em • Urgência Hipertensiva: não existe o comprometimento ins-
alguns pacientes com emergências hipertensivas. Uma elevação talado dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins). Após a
súbita da PA secundária a um aumento da resistência vascular peri- avaliação médica o paciente geralmente recebe medicações por via
férica parece estar envolvida nos momentos iniciais; o fumo, possi- oral ou sublingual e é tratado ambulatorialmente e em domicílio; o
velmente mediando lesão endotelial, é um antigo suspeito de estar controle da Pressão Arterial é feito em até 24 horas;
• Emergência Hipertensiva: existe o comprometimento insta-
envolvido na gênese das emergências hipertensivas (fumantes têm
lado e iminente dos órgãos-alvo (coração, artérias, cérebro e rins);
5x mais chances de desenvolver hipertensão maligna); fatores ge-
após a avaliação médica é indicado tratamento hospitalar em CTI’s
néticos e imunológicos também podem ter papel importante.
e administração de vasodilatadores endovenosos. Essa crise é
Os pacientes portadores de feocromocitoma ou hipertensão
acompanhada por sinais que indicam as lesões nos órgãos-alvo, tais
renovascular apresentam uma incidência de elevações abruptas de como: encefalopatia hipertensiva, edema agudo de pulmão, aci-
pressão arterial mais alta do que o esperado para outras causas de dente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio ou dissecção
hipertensão arterial. Alguns autores acreditam que a ativação do aguda da aorta, nestes casos há o risco iminente de morte;
sistema renina-angiotensina esteja envolvida no desenvolvimento
das emergências hipertensivas, assim a redução do volume circu- Segundo Uenishi (1994), os principais cuidados de enferma-
lante causada, entre outros motivos, pela ação de diuréticos de alça gem no tratamento das crises hipertensivas são:
– como a furosemida – pode estar associada a elevações abruptas • Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo;
de pressão arterial e à lesão endotelial dos quadros de emergência • Puncionar veia periférica;
hipertensiva. • Monitorizar adequadamente (PA, ECG e Débito Urinário);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Instalar medicação prescrita anti-hipertensiva em bombas de 6) suporte de vida em situações de infarto agudo do miocár-
infusão; dio;
• Para pacientes com infusão intravenosa de vasodilatadores,
obter parâmetros de sinais vitais a cada cinco minutos até a redu- As doenças cardiovasculares (DCV) atualmente estão entre as
ção desejada da pressão arterial. principais causas de morbidade, incapacidade e morte no Brasil e
no mundo, sendo responsáveis por 39% das mortes registradas em
Um dos principais medicamentos vasodilatadores utilizados 2008. Os gastos com estes pacientes totalizaram 1,2 milhões em
nas emergências hipertensivas é o nitroprussiato de sódio, que é 2009 e, com envelhecimento da população e mudança dos hábitos
um potente vasodilatador. Sua ação é semelhante ao nitrito, que de vida, a prevalência desta doença tende a aumentar ainda mais
atua diretamente sobre o músculo liso dos vasos sanguíneos, pro- futuramente (BRASIL, 2008). A Organização Pan-americana de Saú-
vavelmente por causa da porção nitrosa. O metabolismo inicial do de (OPAS) reconhece a necessidade de uma ação integrada contra
nitroprussiato envolve a liberação não enzimática de cianogênio, o as Doenças cardíacas e irá propor aos países membros que estabe-
qual é rapidamente convertido em tiocinato, por meio de uma ação leçam a meta global de reduzir a taxa de mortalidade por esta em
catalisadora por enzima hepática. 20% na década de 2011-2020 em relação à década precedente. En-
Embora essa reação seja irreversível, o tiocinato pode ser de tre as causas de morte e hospitalização, destacam-se as síndromes
forma lenta convertido em cianeto pela ação de uma tiocinato oxi- coronarianas agudas (SCA), incluindo o infarto agudo do miocárdio
dase presente nos eritrócitos. (GUERRA et al.,1988). Muitos dos (IAM) e a angina instável (AI) (ESCOSTEGUY et al., 2005). Em situa-
efeitos tóxicos que se observam durante o uso do nitroprussiato são ções de emergências, ao admitir um paciente grave, o enfermeiro
notados em envenenamento por cianeto e tem sido sugerido que é o profissional que realizará a triagem em serviço de emergência,
esse último composto seria responsável pelos efeitos tóxicos pelo cabe a ele avaliar o paciente, determinar as necessidades de prio-
uso prolongado da droga em pacientes. O início da ação do nitro- ridade e encaminhá-lo para a área de tratamento. Sendo assim, o
prussiato de sódio é imediato e persiste enquanto perdura a infusão enfermeiro é o profissional da equipe de emergência a ter o primei-
da droga, atua tanto nos vasos de capacitância como nos vasos de ro contato com o paciente, cabendo-lhe o papel de orientador nos
resistência. Produz redução muito rápida nas pressões arterial e ve- procedimentos que serão prestados.
nosa central e um aumento moderado na frequência cardíaca.
Também é potente vasodilatador cerebral, causando aumento Importância dos atendimentos de emergência
da pressão intracraniana responsável pela cefaleia pulsátil experi-
mentada por alguns pacientes. Os vasos da retina podem relaxar-se A emergência é uma propriedade que uma dada situação as-
e aumentar a pressão intraocular, o que favorece a crise aguda do sume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A assis-
glaucoma. O nitroprussiato de sódio é indicado nas crises hiperten- tência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela
sivas e também é útil para produzir hipotensão em alguns procedi- necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espa-
mentos cirúrgicos, assim como para diminuir a resistência periférica ço de tempo. A emergência é caracterizada como sendo a situação
em pacientes com infarto do miocárdio, ocasionando melhora no onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo
desempenho cardíaco, que é acompanhado pelo aumento do volu- deve ser imediato (CINTRA, 2003). Ressalta este autor, que neces-
me urinário e excreção de sódio. sidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades emer-
A toxidade aguda do Nitroprussiato é secundária à vasodila- genciais apresenta a importância dos procedimentos teóricos que
tação excessiva e à hipotensão. Podem ocorrer náuseas, vômitos, aprendemos como enfermeiros que o socorro nos momentos após
sudorese, agitação, cefaleia, palpitação, apressão subesternal e sín- um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais
cope, devido ao deslocamento da massa sanguínea para as áreas importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das
esplênicas e periféricas, com possível hipóxia cerebral. pessoas feridas.
Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tra-
.Os principais cuidados de enfermagem na administração desta tamento especifico, o paciente será encaminhado para a especiali-
medicação são: dade necessária, ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clínica mé-
• Preparo e diluição da medicação conforme padronização e/ dica. Neste caso o risco de vida é pouco provável. Quanto à atenção
ou prescrição médica (geralmente é diluído em 250 ml de solução hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma
fisiológica ou glicose 5%); complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o aporte
• Controle rigoroso de gotejamento, instalar preferencialmente tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas
em bomba de infusão e verificar continuamente a infusão correta situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências.
do medicamento; As emergências são as principais portas de entrada desses pacien-
• Controle da pressão arterial do paciente (algumas bibliogra- tes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência
fias indicam controle a cada cinco minutos, outras a cada 15 a 30 demandará ações de diferentes serviços e poderá exigir um tempo
minutos. É importante seguir as orientações do enfermeiro na ob- considerável de internação, acarretando um custo elevado.
servação e aferição da pressão arterial, uma vez que nas primeiras Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004) consideram que o en-
horas de infusão da medicação será necessária a verificação em in- fermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança
tervalos menores e/ou conforme a apresentação de sinais e sinto- participativa e compartilhar e/ou delegar funções. São as principais
mas no paciente); o mais indicado é que o paciente esteja monito- habilidades, para o gerenciamento da assistência: a comunicação, o
rizado com monitor multiparâmetros, que verifica constantemente ao paciente, em casos de emergência, seja direcionado, planejado
o pulso, pressão arterial e oximetria; e livre de quaisquer danos.
Observação: todos os sinais e resultados obtidos devem obri- O Infarto do Miocárdio Segundo Lima (2007), o termo infarto
gatoriamente ser anotados no prontuário do paciente, bem como designa a necrose do miocárdio que se instala secundariamente à
os horários de instalação da medicação e possíveis mudanças em interrupção aguda do fornecimento de sangue através das coroná-
gotejamentos, conforme a orientação médica. rias. A destruição do músculo do coração é motivada, geralmente,
por depósitos de placas de ateroma nas artérias coronárias.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desse modo, essas placas nada mais são do que o amontoado a realização de suas ações sistemática na sequência que devem ser
de células no interior dos vasos sanguíneos. Lesões dos próprios executado. O enfermeiro, por meio de seus cuidados, é um profis-
vasos, assim como depósitos de gordura que vão desenvolvendo-se sional essencial na assistência e recuperação da saúde da vítima de
com o tempo, constituem-se verdadeiras “rolhas” no interior das IAM (BRANDÃO, 2003).
artérias do coração. O infarto do miocárdio está mais repetidamen- O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem
te unido a uma causa mecânica, ou seja, suspensão do fluxo sanguí- importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indi-
neo para uma área específica por causa da obstrução total parcial víduo. Recuperar a saúde e mantê-la se estabelece com uma assis-
da artéria coronária responsável por sua irrigação. A dimensão da tência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para
necrose depende de muitos fatores que possam ter ocorrido tais o indivíduo como um todo na sua integralidade, atentando para as-
como o tamanho da artéria lesada, tempo de desenvolvimento da pectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom
obstrução e desenvolvimento da circulação colateral (CHIAVENATO, conhecimento clínico e científico. A atuação do enfermeiro encaixa-
2010). -se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de
O infarto significa a morte de uma parte do músculo cardía- saúde no tocante à promoção à saúde dos clientes/pacientes que
co (miocárdio), por falta de oxigênio e irrigação sanguínea. A oxi- são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
genação necessária ao funcionamento do coração sucede por um
conjunto de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias. 7. suporte de vida em situações de acidente vascular encefá-
Quando uma dessas artérias que irrigam o coração impede o abas- lico;
tecimento de sangue e oxigênio ao músculo, redundando em um
processo de destruição irreversível, podem ocasionar parada car- As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem a
díaca (morte súbita), morte tardia ou insuficiência cardíaca com sé- primeira causa de mortalidade na população mundial (CRUZ, 2015).
rias limitações de atividades físicas (TEIXEIRA, 2010). São responsáveis por um elevado número de mortes prematuras,
Os pacientes que passam por um infarto, são comumente do diminuição da qualidade de vida e impactos socioe¬conômicos, en-
sexo masculino, pois são mais facilmente vulneráveis que as mulhe- volvendo a taxa de mortalidade, os custos do tratamento, déficit
res. Isso porque, acredita-se que as mulheres possuam uma eficácia motor e redução cognitiva dos pacientes (STONE, 2013; MALTA et
protetora que é a produção de hormônios (estrógeno), tanto que al., 2015).
após a menopausa, pela falta de produção desse hormônio, a cir- As DCNT incluem neoplasias, doenças respiratórias crônicas,
cunstância de infarto na mulher cresce de sobremaneira (SILVEIRA, diabetes mellitus e doenças do aparelho circulatório. O Acidente
2006). Vascular Encefálico (AVE) é classificado nesta última, sendo um dis-
O infarto do miocárdio pode também ocorrer em pessoas que túrbio neurológico no qual ocorre perda da função ence¬fálica em
têm as artérias coronárias normais. Isso acontece quando as co- decorrência da ruptura do aporte sanguíneo para uma região do
ronárias apresentam um espasmo, contraindose violentamente e encéfalo com instalação súbita de causa vascular (CARNEIRO et al.,
também produzindo um déficit parcial ou total de oferecimento de 2015; OLIVEIRA et al., 2016).
sangue ao músculo cardíaco irrigado pelo vaso contraído (MALVES- O AVE é mais frequente após os 60 anos, sendo responsável por
TIO, 2002). 847.694 interna¬ções hospitalares no Brasil nos últimos cinco anos,
por 27,6% (234.326) na região Nordeste do país e 0,46% (3.969) em
Segundo o autor acima os sinais e sintomas do IAM: Sergipe (BRASIL, 2016). Nos anos de 2012, 2013 e 2014 corres¬pon-
• Dor intensa e prolongada no peito; deu a 249.470 óbitos no Brasil, 28,5% (71.279) na região Nordeste e
• Dor que se irradia do peito para os ombros, pescoço ou bra- 1,02% (2.565) em Sergipe (BRASIL, 2016). Dos sobreviventes, cerca
ços; de 50% necessitam de cuidados espe¬ciais e auxílios para desenvol-
• Dor prolongada na “boca do estômago”; vimento de suas atividades em longo prazo (CRUZ, 2015).
• Desconforto no tórax e sensação de enfraquecimento;
• Respiração curta mesmo no estado de repouso; O Ministério da Saúde (MS), baseado na linha do cuidado do
• Sentir tonteira; AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665 de 12 de abril de 2012,
• Náusea, vômito e intensa sudorese; instituiu o Manual de rotinas de atenção ao AVE, o qual tem como
• Ataques de dor no peito que não são causados por exercício objetivo apresentar protocolos, escalas e orientações aos profissio-
físico. nais de saúde no manejo clínico ao paciente acometido pela do-
ença, garan¬tindo assistência de qualidade nos serviços de saúde
Contudo, há de ser levado em consideração que existem em nacionais (BRASIL, 2013).
muitos indivíduos um componente genético importante na susce- A utilização de protocolos institucionais pré-definidos de aten-
tibilidade individual para o desenvolvimento da arteriosclerose, dimento a pa¬cientes com AVE requer a participação de uma equipe
embora sua natureza até o momento não seja entendida, essa sus- multidisciplinar. Nesta, o en¬fermeiro está inserido como respon-
cetibilidade genética pode interferir nas características bioquímicas sável direto na assistência prestada, permitindo o reconhecimento
e fisiológicas, acelerando o processo da doença. Esse componente precoce de sinais e sintomas sugestivos da doença e uma conduta
genético é definido como herança genética ou características não diagnóstica ou terapêutica de forma segura (MONTEIRO, 2015).
modificáveis.
A assistência da equipe de enfermagem no atendimento à ví- Em estudo realizado por Donnellan, Sweetman e Shelley
tima de infarto agudo do miocárdio O enfermeiro tem um papel (2013a), no qual foi avaliada a implementação de diretrizes nacio-
importante na assistência, tem sido discutido políticas e estratégias nais de AVE, foi observado que o instru¬mento consiste em um
de saúde em relação a doenças cardiovasculares, para que a en- conjunto de orientações específicas à conduta terapêutica, con-
fermagem atue na promoção e recuperação da saúde através de templando o que, quem, quando, onde e como a assistência deve
intervenções as quais objetiva alcançar os resultados esperados, es- ser realizada, porém ressalta que deverá ser adaptado ao uso no
tabelecendo protocolos que consiste em passos a serem dados para ambiente clínico.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os resultados encontrados por Oostema e outros autores A escassez de neurologistas prontamente disponíveis em servi-
(2014) dão suporte às afirmativas da literatura. Os autores obser- ços hospitalares dos Estados Unidos favoreceu o desenvolvimento
varam que a eficiência dos cuidados hos¬pitalares aos pacientes de práticas avançadas de enferma¬ gem. Estas práticas evidencia-
esteve relacionada à utilização das recomendações das dire¬trizes das pelo autor contemplam a atuação dos enfermeiros na identifi-
nacionais, visto que proporcionou chegada em cena precoce, ava- cação, tomada de decisão de tratamento e gestão contínua de pa-
liação mais rápida, utilização aumentada da terapia trombolítica e cientes com AVE (BRETHOUR, 2012).
a tempos de porta-agulha re¬duzidos para a administração trom- Em estudo de Blomberg e colaboradores (2014) foi avaliado o
bolítica. nível de con¬cordância entre enfermeiros e médicos na condução
Ao ser admitido no serviço de emergência, o paciente deve ser clínica do AVE, evidenciando similaridade entre os profissionais de
avaliado com base em protocolos que definem as principais ma- 78% na decisão de monitorização e intervenção precoce e 74% na
nifestações clínicas da doença e indicam o melhor tratamento no realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio, porém
melhor tempo resposta, reduzindo as complicações provenientes os enfermeiros apresentaram nível de precisão em 84%.
do AVE e melhorando o prognóstico do paciente (SANDER, 2013). Bergman e outros autores (2012) defendem que os enfermei-
Blomberg e outros autores (2014) constataram que a utiliza- ros devem ser ca¬pacitados para reconhecer as manifestações clíni-
ção de algoritmo específico no atendimento pré-hospitalar (APH) cas de um AVE, visto que esses pro¬fissionais, na maioria das vezes,
permitiu uma alta precisão no diag¬nóstico do AVE e eficácia na são responsáveis pelo acolhimento e avaliação pri¬mária desses
corrente de sobrevivência. Destacaram a utilização de intervenções pacientes no serviço de urgência. O reconhecimento precoce e es-
específicas, incluindo suporte de oxigênio, inserção de cateteres ve- colha da terapêutica adequada são fatores positivos para o prog-
no¬sos periféricos, exame neurológico e reação pupilar, transporte nóstico do paciente.
imediato com elevada prioridade médica e comunicação precoce à Yang e outros autores (2015), ao questionarem 331 enfermei-
instituição que receberá o paciente. ros e médicos sobre a capacidade de reconhecimento de um AVE,
As diretrizes da Associação Americana de AVE recomendam 48% referiram aptidão para reconhecer e gerenciar a situação. Em
que a avaliação e o diagnóstico rápidos dos pacientes devem pro- seu estudo, Adelman e colaboradores (2014), ao entrevis¬tarem
porcionar um tempo de porta-agulha não superior a 60 minutos 875 enfermeiros sobre os sinais de alerta para o AVE, evidenciaram
(BRETHOUR, 2012). Associado a isto, o autor evidenciou que a ad- que 87% dos entrevistados reconheceram dois ou mais sinais da
ministração do t-PA dentro das primeiras 3 horas do início do qua- doença.
dro em uma dose de 0,9 mg/kg proporciona melhora na perfusão Conforme afirmam Barcelos e outros autores (2016), as limi-
cerebral e reduz significati¬vamente a incapacidade sem aumento tações físicas e cog¬nitivas impostas pelo AVE são agravantes que
no risco de morte do paciente. podem interferir durante a realização dos cuidados pelo enfermeiro
As princiais dificuldades para implementação de protocolos aos pacientes. Por este motivo, o profissional deve ser capacitado
são: falta de adesão pela equipe multiprofissional, conhecimento para atuar diante das dificuldades que podem surgir durante a as-
deficiente, ausência de estrutura física no ambiente de assistência sistência, utilizando estratégias de cuidado que visem proporcionar
e falta de investimento em equipamentos e tecnologia avançada uma comunicação tera-pêutica efetiva.
(FRANGIONE-EDFORT, 2014). Souza e outros autores (2014) evidenciaram em estudo a im-
Moura e Casulari (2015) defendem que o uso de protocolos no portância da comu¬nicação verbal e não verbal entre o enfermeiro
atendimento ao paciente com AVE melhora o atendimento signi- e o paciente afásico, a fim de manter uma relação de confiança. No
ficativamente. Corroborando com a afirmativa, Donnellan, Sweet- estudo, os enfermeiros relataram usar os gestos (100%), comunica-
man e Shelley (2013b) afirmam que a adesão aos proto¬colos é as- ção verbal (33,3%), comunicação escrita (29,6%) e toque (18,5%).
sociada a desfechos favoráveis no tratamento ao AVE, aumentando Nesta pers¬pectiva, é essencial que o enfermeiro esteja preparado
a sobre¬vida e reduzindo os custos hospitalares. para realizar uma comunicação terapêutica efetiva, com o objetivo
de prestar assistência adequada e de qualidade.
Atuação do enfermeiro no manejo do AVE
8) suporte de vida em situações de estados de choque;
Durante o período de permanência em internação hospitalar,
o paciente acometido por AVE recebe a assistência de uma equipe
multidisciplinar que desenvolve ações com o objetivo de melhorar
o estado de saúde e consequente alta hospitalar. O enfermeiro,
du¬rante o seu turno de trabalho, é o profissional que possui maior
contato com o paciente, sendo responsável pela maior parte dos
cuidados e procedimentos (SOUZA et al., 2014).
No processo de cuidado ao paciente com AVE, o enfermeiro
deve atuar com o objetivo de minimizar as sequelas provenientes
da doença, além de desenvolver uma assistência com foco no esta-
do físico, espiritual e mental. Para isso, esse profissional deve iden-
tificar as principais necessidades do paciente, elaborar um plano de
cuida¬dos individualizado e garantir que o mesmo seja implemen-
tado de maneira eficaz (BARCELOS et al., 2016).
Hinkle (2014) destaca que estes profissionais devem realizar e
registrar um exame físico eficiente pactuado na escala de AVE dos
Institutos Nacionais de Saúde (NIHSS). Afirma ainda que este ins-
trumento deva ser empregado continuamente na fase aguda do
AVEi, em pacientes pós-AVEh ou com suspeita de Ataque Isquêmico
Transitório (AIT) a fim de identificar o estado neurológico, avaliar
eficácia do trata¬mento e prever um desfecho para conduta clínica.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Tipos de choque 9) suporte de vida em situações de parada cardiorrespiratória;


- Hipovolêmico – depleção do volume intravascular efetivo. Parada cardiorrespiratória (PCR) consiste na cessação de ativi-
- Cardiogênico – falha primária da função cardíaca. dades do coração, da circulação e da respiração, reconhecida pela
- Distributivo – alterações do tônus/permeabilidade vascular. ausência de pulso ou sinais de circulação, estando o paciente in-
- Obstrutivo – obstrução mecânica ao enchimento do coração. consciente (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017). Para Nasser e Barbie-
ri (2015), a parada cardiopulmonar ou parada cardiorrespiratória
O paciente em estado de choque exige atenção total da equi- (PCR) é definida como a ausência de atividade mecânica cardíaca,
pe médica, devido ao risco iminente de morte. Em casos assim, a que é confirmada por ausência de pulso detectável, ausência de
intervenção deve ser imediata. Isso porque o tempo de ação e de responsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.
resposta exerce influência direta na recuperação do paciente. Já para Zanini, Nascimento e Barra (2006), a PCR é definida
O procedimento vai na contramão da premissa básica da enfer- como o súbito cessar da atividade miocárdica ventricular útil, asso-
magem, que preza sempre a prevenção primária. No atendimento ciada à ausência de respiração. Como podemos observar diferentes
ao estado de choque, entretanto, o profissional é impelido a agir autores se comunicam com a mesma definição para PCR, utilizam
rapidamente, a fim de evitar danos estruturais ao enfermo. palavras diferentes com mesmos significados. De acordo com Silva
Caracterizado por uma síndrome que ocasiona a redução da (2004) arada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita e inespe-
perfusão tecidual sistêmica, o choque leva o corpo a uma disfunção rada das funções cardíaca e respiratória. Também pode ser descrita
orgânica. Os órgãos deixam de receber suporte, podendo entrar em como a inadequação do débito cardíaco que resulta em um volume
falência. sistólico insuficiente para a perfusão tecidual decorrente da inter-
Nesse cenário, a atuação da enfermagem tem papel funda- rupção súbita da atividade mecânica ventricular .
mental, sendo importante desde a assistência emergencial até a Para Guimarães (2005) a RCP é o conjunto de procedimentos
execução do plano de cuidados. destinados a manter a circulação de sangue oxigenado ao cérebro
e a outros órgãos vitais, permitindo a manutenção transitória das
A abordagem do enfermeiro inclui, pelo menos, sete procedi-
funções sistêmicas até que o retorno da circulação espontânea pos-
mentos:
sibilite o restabelecimento da homeostase. A PCR ocorre com maior
- Controlar a glicemia capilar
frequência em UTI, uma vez que essas unidades assistem pacien-
- Verificar o monitor multiparamêtrico
- Coletar exames laboratoriais tes gravemente enfermos. Os profissionais de Enfermagem devem
- Realizar oxigenoterapia estar aptos para reconhecer quando um paciente está em PCR ou
- Verificar a dor e realizar o controle prestes a desenvolver uma.
- Determinar o decúbito, sempre de acordo com o tipo de cho- A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos
que (hipovolêmico, cardiogênico e circulatório) (ZANINI; NASCIMENTO E BARRA, 2006). Vários estudos têm de-
- Realizar acesso venoso calibroso monstrado que quanto menor o tempo entre a parada cardiorres-
piratória e o atendimento, maior a chance de sobrevida da vítima
No choque hipovolêmico, que é o tipo mais frequente, há uma (GOMES et al., 2005 apud MADEIRA E GUEDES, 2010).
diminuição no volume intravascular. O problema pode ser ocasio-
nado pela perda de líquido externa ou, ainda, por deslocamento de Para que o Suporte Básico de Vida (SBV) seja concretizado com
líquidos internos. Aqui, os objetivos da enfermagem no tratamento eficiência é necessário o reconhecimento rápido e a realização das mano-
concentram-se em três etapas: bras de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), utilizando de compressões
- Restaurar o volume intravascular torácicas de boa qualidade (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
- Redistribuir o volume de líquidos corporais Com o objetivo de reverter este colapso foi desenvolvido o mé-
- Reparar a causa originária da perda de líquido ao lado da equi- todo de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) que refere-se à ten-
pe médica tão logo for possível. tativas de recuperar a circulação espontânea, sendo sua aplicação
universal (o que independe da causa base da PCR), com atualiza-
Para restaurar a saúde do paciente, a atuação da enfermagem ções protocolares sistemáticas (SILVA; ARAÚJO E ALMEIDA, 2017).
consiste em avaliação sistemática do paciente, seja monitorando os A reanimação cardiopulmonar (RCP) é definida como o conjun-
índices glicêmicos ou realizando exames periodicamente. O enfer- to de manobras realizadas após uma PCR com o objetivo de manter
meiro é, ainda, o profissional que executa o tratamento prescrito, artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais,
monitora o paciente e o protege de eventuais complicações. até que ocorra o retorno da circulação espontânea (RCE) (NASSER
Ao longo da rotina, o profissional deve conservar a atuação E BARBIERI, 2015). Para Madeira e Guedes (2010), a reanimação
humanizada, que considera a questão emocional como parte inte- cardiorrespiratória cerebral é definida pelo conjunto de medidas
grante do processo de cuidar. Vale ressaltar que a assistência da
diagnósticas e terapêuticas que tem o objetivo de reverter a parada
enfermagem não se resume à saúde física.
cardiorrespiratória. A RCP tem por finalidade fazer com que o cora-
A atuação do enfermeiro no estado de choque deve ser capaz
ção e o pulmão voltem a funcionar de acordo com seu padrão de
de promover o bem-estar integral do paciente. Além disso, a apro-
normalidade, e por ser entendida como um conjunto de manobras
ximação com o enfermo potencializa o próprio tratamento, propi-
ciando controle e monitorização constantes. destinadas a garantir a oxigenação para todos os órgãos e tecidos,
principalmente ao coração e cérebro.
O enfermeiro é vital nos esforços para reanimar um paciente,
sendo ele, frequentemente, quem avalia primeiro o paciente e ini-
cia as manobras de RCP e aciona a equipe (ARAÚJO et al., 2012).
Cabe ao enfermeiro e sua equipe assistir esses pacientes, oferecen-
do circulação e ventilação até a chegada da assistência médica, para
tanto esses profissionais devem adquirir habilidades para prestar
adequadamente a assistência necessária.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A enfermagem tem papel extremamente importante no atendimento à PCR, evento em que são imprescindíveis a organização, o
equilíbrio emocional, o conhecimento teóricoprático da equipe, bem como a correta distribuição das funções por parte destes profissio-
nais, que representam, muitas vezes, a maior parte da equipe nos atendimentos de RCP (SILVA, 2006). Silva (2006) relata que na maioria
das vezes, o enfermeiro é o membro da equipe de saúde que primeiro se depara com o paciente/cliente em situação de PCR, devendo,
portanto estar preparado para concentrar esforços e atuar nos acontecimentos que precedem o evento da PCR, e consequentemente, na
sua identificação precoce, no seu atendimento e nos cuidados pós-reanimação.
Para Silva (2017), se a manobra não for realizada corretamente, poderá haver uma necrose nos tecidos musculares do coração, a dimi-
nuição ou ausência de oxigenação no cérebro, levando assim o paciente a óbito ou até lesões irreversíveis cerebrais.

Segundo a American Heart Association 2015, o atendimento à PCR em Suporte Básico de Vida (SBV), compreende:
Um conjunto de técnicas sequenciais caracterizadas por compressões torácicas, abertura das vias aéreas, respiração artificial e des-
fibrilação ao considerar a PCR como uma emergência clínica, na qual o objetivo do tratamento consiste em preservar a vida, restabelecer
a saúde, aliviar o sofrimento e diminuir incapacidades, o atendimento deve ser realizado por equipe competente, qualificada e apta para
realizar tal tarefa. Neste contexto destaca-se a figura do enfermeiro, profissional muitas vezes responsável por reconhecer a PCR, iniciar
o SBV.
De acordo com as novas recomendações da American Heart Association o correto é que os socorristas aplique uma frequência mínima
de 100 a 120 compressões torácicas por minutos (AHA, 2015). Sendo este um fator determinante do retorno da circulação espontânea.
Desta forma, a pesquisa tem o intuito de identificar a frequência com que os profissionais se atualizam quanto as novas recomendações
da AHA em relação a PCR e aos métodos de RCP, contribuindo para a formulação de estratégias eficazes de incentivos a capacitação em
saúde aos profissionais enfermeiros.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10) suporte de vida em situações de intoxicações exógenas;

Intoxicação é o prejuízo causado em sistemas orgânicos (nervoso, respiratório, cardiovascular, etc.) devido à absorção de alguma subs-
tância nociva. “Todas as coisas são venenosas, é a dose que transforma algo em veneno”. (Paracelso, século XVI)
• A maior parte das intoxicações ocorre na faixa-etária de 1 – 4 anos.
• Adultos – medicamentos e drogas lícitas/ilícitas.

Conduta:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Estado geral
• ABCDE
• Sinais Vitais
• Anamnese – 5 Ws (Quem, o que, onde, quando, por que?)
• Antídoto
• Diluição?
• Êmese
• Lavagem Gástrica

Diluição:

Imediatamente
- Álcalis
- Ácidos fracos
- Hidrocarbonetos

Nunca
- Ácidos concentrados
- Substâncias cáusticas
- Inconsciência
- Reflexo da deglutição diminuído
- Depressão respiratória
- Dor abdominal

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lavagem Gástrica:
• Recém-Nascido: 500 ml
• Lactentes: 2 a 3 litros
• Pré-Escolares: 4 a 5 litros
• Escolares: 5 a 6 litros
• Adultos: 6 a 10 litros.

Solução utilizada: Soro Fisiológico a 0,9%.


• Volume por Vez
Crianças: 5ml/Kg •Adultos: 250ml.

Carvão ativado
• Crianças < 12 anos = 1g/kg
• Adultos até 1g/kg
• Dose de ataque = 50 a 60g em 250ml SF
• Manutenção = 0,5g/kg – 4 a 6h

Monóxido de Carbono
• Gás inodoro
• Incolor.
• Tem de 200 a 300 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio.
• Satura a hemoglobina, impede a chegada de oxigênio em nível celular.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Conduta: Atendimento Pré Hospitalar


• Retirar do ambiente nocivo
• O2 em alta concentração O intervalo de tempo entre o acidente e o atendimento é
- O2 a 100% diminui a meia vida da COHb em cerca de 4 vezes descrito como estar relacionado diretamente com a gravidade e
em pressão atmosférica normal - Câmara hiperbárica a 3 atm dimi- prognóstico do acidente . O acidente ofídico apresenta maior pre-
nui a meia vida da COHb em cerca de 13 vezes. valência de complicações entre os tipos de acidentes peçonhentos,
dependendo do quadro do paciente, pode evoluir com complica-
Meia vida da COHb = 5 horas ções como, necrose tecidual, síndrome compartimental, insuficiên-
cia renal aguda, choque. Estudo realizado por Ribeiro et al. (1998).
11) suporte de vida em situações de acidente ofídico. Ao analisar os óbitos evidenciou que foram pacientes atendidos
mais tardiamente. A soroterapia é o único tratamento indicado para
Acidente por animais por animais peçonhentos é considerado neutralizar a ação dos venenos dos animais peçonhentos, o soro
um problema de saúde pública em países tropicais. O aumento do contém anticorpos específicos para cada tipo de acidente. Quando
número de notificações tem sido registrado pelo Sistema de Infor- aplicados corretamente e em tempo hábil pode evitar e até reverter
mação de Agravos de Notificação (SINAN). Animais peçonhentos a maioria dos efeitos dos envenenamentos por esses animais. No
são descritos pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farma- atendimento dessa urgência clínica tem que ser realizada a manu-
cológicos (SINTOX) como o segundo maior agente de intoxicação tenção dos dados vitais e manobras de suporte básico. Os cuidados
humana no Brasil, suplantado apenas por medicamentos1 . Animais
gerais do local da ferida são recomendados. Sendo a reposição hi-
peçonhentos são caracterizados como aqueles que possuem glân-
droeletrolítica, monitorização e observação da função neurológica
dulas produtoras de veneno ou substância tóxica e um aparelho
imprescindível em casos graves. A antibioticoterapia não é usual,
especializado utilizado na inoculação do veneno. Dessa forma, no
mas pode ser utilizada em acidentes botrópico ou laquético com
mundo existem cerca de 100.000 espécies peçonhentas. Sendo que
no Brasil os animais peçonhentos mais comuns são escorpiões, ara- presença de necrose extensa, podendo por optar por penicilina G
nhas, abelhas, arraias, serpentes e vespas. O atendimento médico ou Oxacilina. O atendimento deve incluir a avaliação cardiorrespi-
pré-hospitalar foi criado devido ao aumento exacerbado de enfer- ratória e identificação de fatores de risco, reconhecendo precoce-
midades relacionados a situações de urgência e emergência, com o mente a gravidade e agir de forma rápida para garantir a sobrevida.
objetivo de uma intervenção precoce Concluímos que o intervalo de tempo entre o acidente por ani-
mal peçonhento e o atendimento de um acidente é um fator re-
lacionado a gravidade e prognóstico. Dessa forma, medidas como
A atenção primária às urgências e emergências era considera- a soroterapia devem ser instituídas o mais precoce possível. No
da um problema para o SUS, devido a isso, em 2000 foi instituída a atendimento pré-hospitalar pode ser realizado a monitorização dos
Política Nacional de Atendimento às Urgências (PNAU), tendo como dados vitais, classificação da gravidade, medidas gerais da ferida,
componente o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) que foi instituído identificação do tipo de acidente e principalmente a administração
pela portaria n. 1.863/03 sendo posteriormente fonte da portaria precoce da soroterapia para uma melhor sobrevida. Os acidentes
1.864/0. Os pilares da PNAU foram fundamentados na promoção da por animais ofídicos apresentam maiores taxas de casos com o in-
qualidade de vida, operação de centrais de regulação, capacitação tervalo mais longo entre o acidente e o atendimento, esse tipo de
e educação continuada, humanização da atenção e organização em acidente também foi o que mais apresentou classificação de gravi-
rede. As intoxicações representam grande volume dos atendimen- dade com taxa moderada e grave. Dessa forma, com o tratamento
tos da emergência tanto de adultos quanto pediátricos. instituído no atendimento préhospitalar móvel pode proporcionar
Os acidentes por animais peçonhentos também são descritos menor taxa do intervalo entre o acidente e o atendimento e, con-
como acidentes domésticos em que crianças constituem a parce- sequentemente, menores índice de notificações de classificação de
la da população mais acometida de acordo com Mota e Andrade gravidade moderada e grave. Maiores estudos são necessários para
(2014). Pacientes que sofreram acidentes por animais peçonhentos avaliar a significância dessa relação e se zonas rurais e urbanas in-
devem ser atendidos por unidade especializada em urgência clínica fluenciam no tempo entre o acidente e o atendimento.
devido à necessidade de rapidez para neutralização das toxinas ino-
culadas durante o acidente e introdução de medidas de sustentação Atuação do Enfermeiro no atendimento pré-hospitalar.
das condições. O tempo decorrido entre o acidente e o atendimen-
to médico é condicionante para a recuperação das vítimas e deter-
O atendimento pré-hospitalar (APH) é destinado às vítimas de
mina a evolução para um quadro mais leve ou mais grave.. Ainda
trauma, violência urbana, mal súbito e distúrbios psiquiátricos. Visa
há um déficit em relação à presença de um perfil nacional confiável
estabilizar o paciente de forma eficaz, rápida e com equipe prepa-
devido ao grande número de subnotificações. Dessa forma, a admi-
nistração da soroterapia é necessária ser realizada o mais precoce rada para atuar em qualquer ambiente e remover o paciente para
possível. Para que isso ocorra é imprescindível o conhecimento da uma unidade hospitalar.
forma de identificação do animal peçonhento principalmente pelos Em 2002, tendo em vista o crescimento da demanda por ser-
profissionais de atendimento préhospitalar móvel, que tem o con- viços de urgência e emergência e ao real aumento do número de
tato mais precoce com esse paciente. acidentes e da violência urbana, o Ministério da Saúde aprovou
a regulamentação técnica dos sistemas estaduais de Urgência e
Emergência, por meio da Portaria 2048, ratificando que esta área
constitui-se em um importante componente da assistência à saúde.
No ano seguinte, a Portaria1864/GM deu início à implantação do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) nas mo-
dalidades suporte básico e avançado de vida, atuação desenvolvi-
da em todo o território brasileiro pelos Estados em parceria com o
Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais de Saúde. A Enfer-

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

magem ainda conta com a Resolução Cofen 375/2011, que dispõe Como acontece o chamado do APH?
sobre a presença do enfermeiro no Atendimento Pré-Hospitalar e O fluxo basicamente parte do solicitante, que liga para uma
Inter-Hospitalar, em situações de risco conhecido ou desconhecido. central (192 ou 193) contando o motivo e descrevendo a localização
No Brasil, o APH envolve o Corpo de Bombeiros, o SAMU (Ser- do atendimento a ser prestado. No momento do contato com a cen-
viço de Atendimento Móvel de Urgência) e também as empresas tral segue-se um questionário de perguntas necessárias para enviar
particulares. A enfermagem participa em todas essas vertentes e o recurso mais indicado. Simultaneamente, um médico poderá ini-
como em qualquer outra área do cuidar, deve estar alicerçada em ciar uma conversar com o solicitante, em paralelo ao serviço indica-
conhecimento, capacitação técnica e humanização. do estar a caminho do atendimento. A primeira equipe a chegar ao
A enfermeira Adriana Mandelli Garcia tem em seu currículo a local posiciona a central sobre a atual realidade e as necessidades
experiência em atendimento a vítimas de urgências clínicas e trau- para o bom andamento (seja para a suspensão de luz no local, por
máticas. Em mais de uma década de atuação no APH, é ela quem exemplo, ou uma solicitação de policiamento ou mesmo de trânsi-
nos relata nessa entrevista a atividade prestada pela enfermagem, to). A partir daí, inicia-se o atendimento da vítima determinando à
a importância da equipe nas ruas e os avanços neste serviço. Hoje, central qual o recurso necessário, se hospital primário ou terciário,
Adriana Mandelli é enfermeira do Corpo de Bombeiros do Estado de acordo com a condição e necessidade da mesma.
de São Paulo e também é gerente de Enfermagem da BEM Emer-
gências Médicas, estando diariamente no serviço público e privado “A primeira equipe a chegar ao local posiciona a central sobre a
do APH. atual realidade e as necessidades para o bom andamento”

No que consiste o serviço de atendimento pré-hospitalar Como é dividido o atendimento?


(APH)? Básico e avançado. O atendimento básico envolve as mano-
O nome pré-hospitalar caracteriza-se pelo atendimento à víti- bras/técnicas iniciais de atendimento necessárias e fundamentais
ma antes da mesma chegar ao hospital, podendo ser em locais ha- até que se determine a necessidade ou não de acessar o paciente
bitados normalmente (ruas, residências, comércios etc.), locais de com maior “invasão”, seja ela intubação, acesso venoso, adminis-
difícil acesso como buracos, galerias fluviais, escombros e outros, tração de drogas e outras que se fazem necessárias para um bom
além do atendimento aquático; logicamente, para isso, a equipe prognóstico. Todos os estados brasileiros deveriam proporcionar à
requer treinamento. Nestes locais iniciamos a prestação do serviço população as duas opções, porém a realidade atual não é esta. Qual
de saúde básico ou avançado. Após estabilização, a vítima é encami-
serviço será enviado ao local de atendimento é determinado no
nhada para o hospital por meio do melhor recurso disponível, entre
momento da triagem, diante da gravidade da situação e o número
eles ambulância, helicóptero ou lancha.
de vítimas envolvidas. Assim, feita a triagem, determina-se o me-
lhor recurso a ser enviado, se o básico ou o avançado.
Quais as principais atribuições do enfermeiro que atua nesta
área?
Existe um protocolo nacional de atendimento?
A atribuição do enfermeiro dependerá da unidade em que ele
O Brasil segue é o modelo americano, criado em 1990 por re-
estiver atuando, porém, para que os internautas do Portal tenham
presentantes da American Heart Association (AHA), da European
uma ideia do que o enfermeiro desenvolve na área de APH, apre-
Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Ca-
sento algumas atribuições da minha vivência.
- Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no nada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC). Ele nasceu
atendimento Pré-Hospitalar Móvel; da necessidade de se criar nomenclatura na ressuscitação e pela
- Prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à pa-
técnica a pacientes com ou sem risco de vida, que exijam conhe- rada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Em 1992,
cimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões durante a conferência internacional “Resuscitation 92”, Brighton, na
imediatas; Inglaterra, propôs-se uma cooperação internacional contínua por
- Ministrar treinamento e/ou participar dos programas de trei- meio de um comitê de ligação permanente, multidisciplinar, para
namento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências e diretrizes na área. Assim, ficou determinado que o “LS” life support
emergências; seria a maneira de disseminar e padronizar os atendimentos no
- Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos direcio- APH. Nos dias atuais são esses protocolos que vigoram pelas Amé-
nados a pessoas e equipamentos inerentes à profissão, estabele- ricas e Europa, claro que cada local com suas peculiaridades. No
cendo e controlando indicadores. Brasil, em 1976, o médico Ari Timerman despertou interesse sobre
ressuscitação e teve acesso aos protocolos da AHA. Logo depois,
Dentro da área de APH, quais os segmentos possíveis de atua- John Cook Lane trouxe ao Brasil os primeiros cursos de ressuscita-
ção do profissional de enfermagem? ção e publicou os primeiros livros na língua portuguesa. Em segui-
O mercado de trabalho está cada vez mais diversificado e ele da, os cursos começaram a ser ministrados no Brasil em parceria
pode atuar em transporte aéreo, terrestre - que são os mais co- com o Hospital Albert Einstein. Os protocolos estão disponíveis para
muns - além de estádio esportivo, shopping center, academia, re- acesso no site da AHA - www.heart.org .
sort, parque de diversões, grupo de turismo de aventura com raf-
ting, arvorismo, escaladas, além de comunidades desenvolvendo Como é realizado o registro de Enfermagem dos atendimen-
o treinamento da pessoa leiga que gostaria de ser treinada para tos prestados?
iniciar o atendimento de uma vítima, até mesmo em companhias Ao final do atendimento o registro deve ser feito por todos os
aéreas para desenvolvimento da equipes de voo. Ressalto ainda a profissionais envolvidos no caso. Durante a entrega do paciente,
importância da presença do APH em eventos futebolísticos. A Lei orienta-se colher assinatura do profissional que dará continuidade
10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a pre- ao atendimento à vítima. Este prontuário deve ser preenchido em
sença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo duas vias, no mínimo, permitindo que uma fique para a instituição
a cada dez mil torcedores. de APH e a segunda via siga para o destino do paciente.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Com relação aos pertences do paciente, vale acrescentar que Eles são desenvolvidos em vários sítios de treinamento e na
documentos, dinheiro, joias etc. deverão ser relacionados e trans- sua maioria em grandes hospitais como o Albert Einstein, Sírio Li-
feridos a um familiar ou à enfermagem que irá receber o paciente. banês, HCor, em São Paulo, por exemplo, e em universidades como
No momento do socorro o enfermeiro é o responsável em cuidar Anhembi Morumbi e outras instituições que se vincularam a AHA,
dos pertences do paciente e esse “rol de valores” deve ser feito por pois é ela quem controla a qualidade dos cursos. O Funcor, por
duas pessoas, o profissional da enfermagem e uma testemunha. exemplo, que é credenciado na AHA, oferece esses cursos.

Como deve ser composta uma unidade de APH? Quais são as dificuldades vivenciadas pelo serviço?
O mínimo que a unidade deve ter é o que está previsto na Elas se iniciam, em algumas vezes, no próprio endereço da ví-
Portaria 2048/2002 do Ministério da Saúde, e serve para todas as tima, devido ao crescimento descontrolado, prejudicando o plane-
modalidades, o que difere é a tipo de ambulância que determina o jamento viário e, consequentemente, retardando a chegada do so-
que a mesma deve conter, sendo Ambulância de Transporte (Tipo corro no endereço. Outra dificuldade é o acesso à vítima em locais
A), Ambulância de Suporte Básico (Tipo B), Ambulância de Resgate inóspitos, onde lançamos mão de equipamentos para salvamento
(Tipo C), Ambulância de Suporte Avançado (Tipo D), Aeronave de em altura ou água, ou mesmo necessitamos ter um condicionamen-
Transporte Médico (Tipo E), Embarcação de Transporte (Tipo F). to físico para transpor as barreiras encontradas. No destino final do
Porém, existem peculiaridades tanto no perfil de pacientes que paciente, encontramos dificuldades no treinamento das equipes,
atendemos como em inovações da indústria farmacológica, de ma- disponibilidades de leitos e recebimento adequado do paciente.
teriais em saúde e tecnologias que facilitam as técnicas aplicadas
e garantem maior segurança para ambos os lados, agregando na O que de novidade e inovação está surgindo direcionado ao
atendimento de emergência?
eficácia e no sucesso do atendimento.
As máscaras laríngeas são dispositivos que agregam no aten-
dimento, o DEA (desfibrilador externo automático) está cada vez
Como você iniciou a sua atividade profissional e por que par-
mais sedimentado no mercado, e as drogas, como a vasopressina,
tiu para esta especialização?
que têm um efeito espetacular na parada cardiorrespiratória, além
A formação de enfermeira foi praticamente uma escolha dos de materiais hemostáticos e dispositivos tecnológicos que facilitam
meus pais. Realizei teste de aptidão e também segui a opinião de- a comunicação.
les. Finalizei a graduação ainda muito nova e iniciei na área hospi-
talar. Certa vez, fui com minha mãe em uma consulta médica e no Como é a relação e a atuação da equipe de atendimento pré-
meio da consulta, o médico deixou de nos atender e iniciou o so- -hospitalar e intra-hospitalar?
corro a uma paciente de parada cardiorrespiratória. Como a equipe Infelizmente, não é muito boa. Os motivos são diversos, e de
estava um tanto atrapalhada, eu me ofereci para ajudar. Coinciden- ambos os lados. Creio que o maior ‘tendão de Aquiles’ seja a lota-
temente, a paciente voltou a viver. Eu me senti extremamente satis- ção dos hospitais públicos e falta de mão-de-obra para atender toda
feita e surpresa, pois eu ainda não havia passado por esta situação. a demanda. Acredito que melhor remuneração, redução da jornada
Decidi, aí, que queria atuar em pronto-socorro. Fui em busca do e melhores condições de trabalho no serviço público são fatores
meu desejo. Após alguns anos nesta atividade, percebi que eu que- que podem, e muito, contribuir para um atendimento público de
ria mais do que esperar, eu queria chegar na pior situação em que maior qualidade e melhor entrosamento entre os serviços.
um indivíduo possa estar. Conclui mestrado na USP voltado para
parada cardiorrespiratória e busquei, incansavelmente, o concurso Os riscos ocupacionais estão muito presentes no cotidiano in-
do GRAU (vinculado ao Corpo de Bombeiros), cujo trabalho faço tra e extra-hospitalar. Como evitar possíveis riscos no APH?
há oito anos. Além disso, também atuo junto à BEM Emergências Quanto aos riscos, realmente são muitos. As instituições de-
Médicas há 13 anos. senvolvem treinamentos relacionados e orientações formais, além,
“percebi que eu queria mais do que esperar, eu queria chegar é claro, da entrega do equipamento quando o mesmo é individual.
na pior situação em que um indivíduo possa estar” As medidas de segurança na saúde estão contempladas na NR-32,
e em situações específicas, como salvamento na água, devemos
Como está a especialização em Emergência atualmente no contar com equipamentos próprios de segurança, como apito, boia,
Brasil? Você considera esta uma área promissora? corda etc. Outro exemplo, para salvamento em altura, é necessário
As universidades estão evoluindo e este tema atualmente é de- contar com mosquetões, cordas, fita, baudrier(cadeirinha), descen-
senvolvido em sua maioria. Existem já muitos cursos lato sensu de sor etc.
especialização na área. Inclusive os enfermeiros já se mobilizaram e
Após um resgate, é necessário reposição do material, limpeza
criaram uma associação específica que se chama COBEEM – Colégio
e higienização do veículo. Como se dá este processo?
Brasileiro de Enfermagem em Emergência, da qual fui presidente.
Esse processo geralmente tem início no hospital de destino
Noto que aumentou a procura pelo campo de estágio nesta área e
do paciente. Ele é executado pela equipe da ambulância. A repo-
há muitos profissionais que se identificam com a atuação no APH. O sição é necessária e fundamental para que o veículo esteja no QRV
Brasil tem se adaptado rotineiramente aos protocolos americanos, (linguagem de rádio que caracteriza que a equipe está pronta para
temos legislação aplicável, relativamente atualizada, e órgãos de próximo atendimento). A limpeza geralmente é realizada pela en-
fiscalizações atuantes neste mercado. fermagem, porém o motorista e o médico muitas vezes colaboram.
A técnica utilizada é a mesma praticada em hospitais e os produtos
Quais são os principais cursos que enfermeiros e técnicos em também são os mesmos. Nós seguimos o procedimento conforme
Enfermagem devem ter em seus currículos? Portaria 2048 do Ministério da Saúde, que diz:
Os cursos para enfermeiros mais recomendados para APH e
conhecidos pela sua qualidade são os LS (life support): BLS (basic
life support), ACLS (Advanced life support), PHTLS (pré-hospital life
support) e PALS (pediatric advanced life support).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Limpeza e desinfecção da Ambulância CAPÍTULO I


DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Limpeza
a) Remover todos os materiais utilizados no atendimento ao Seção I
paciente; Objetivo
b) Desprezar gazes, ataduras úmidas e contaminadas com san-
gue e/ou outros fluídos corporais em sacos plásticos branco, des- Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões
cartando o mesmo no lixo hospitalar; mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva,
c) Materiais perfurocortante eventualmente utilizados devem visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais
ser desprezados em recipiente adequado; e meio ambiente.
d) Sangue e demais fluídos devem ser cobertos com uma ca-
mada de organoclorado em pó, removendo-se, após 10 minutos de Seção II
contato, com papel toalha; Abrangência
e) Lavar as superfícies internas com água e sabão neutro ini-
ciando sempre pelo teto, indo para as paredes, mobílias e piso, da Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia
frente do compartimento de transporte de pacientes em direção à Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas;
porta traseira. civis ou militares.
Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI
Desinfecção especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos nes-
a) Friccionar, por três vezes, álcool etílico 70% nas superfícies te Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que
não sujeitas à corrosão, exceto superfícies acrílicas ou envernizadas, se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes
ou utilizar outro produto disponível para a completa desinfecção; que necessitam de cuidados especializados.
b) Periodicamente a cada sete dias realizar uma limpeza e des-
contaminação mais ampla; Seção III
c) Quando efetuar o transporte de pacientes com doenças in- Definições
fectocontagiosas (Aids, hepatite, Tuberculose, Meningites etc) re-
alizar, obrigatoriamente, a completa desinfecção da ambulância, Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes
materiais e equipamentos utilizados. definições:
I – Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido
Quais competências devem ter os profissionais que estão co- pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou
meçando a atuar em APH? Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que exer-
Eles devem ter competências de aspecto cognitivo, técnico, so- çam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.
cial e afetivo necessários para a execução desta atividade, além de II – Área crítica: área na qual existe risco aumentado para desen-
equilíbrio emocional e autocontrole para atuar frente aos desafios. volvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja pela
O enfermeiro, principalmente, para liderar uma equipe em APH, execução de processos envolvendo artigos críticos ou material bioló-
em minha opinião, deve ser participativo, presente e flexível, mas gico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela presença de
não perder o foco dos resultados qualitativos e quantitativos, bem pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes infecciosos ou
como utilizar criatividade para inovar e se atualizar. portadores de microrganismos de importância epidemiológica.
III – Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa
c. Assistência de Enfermagem em Unidades de Terapia Inten- mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva.
siva. IV – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH: de
acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio
RESOLUÇÃO ANVISA Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 de 1998.
DOU 25.02.2010 V – Educação continuada em estabelecimento de saúde: pro-
cesso de permanente aquisição de informações pelo trabalhador,
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito
Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. institucional ou fora dele.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitá- VI – Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indese-
ria, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Re- jável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fisca-
gulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, lização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal
e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54 com a intervenção.
do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria VII – Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas
nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabi-
de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro lidade de ocorrência.
de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, VIII – Hospital: estabelecimento de saúde dotado de interna-
Diretor-Presidente, determino sua publicação: ção, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar
assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de
Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funciona- atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de
mento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolu- urgência/emergência e de ensino/pesquisa.
ção.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX – Humanização da atenção à saúde: valorização da dimen- XXV – Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por
são subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da
da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial
destacando-se o respeito às questões de gênero, etnia, raça, reli- Portátil – TLP, do inglês Point-of-care testing – POCT. São exemplos
gião, cultura, orientação sexual e às populações específicas. de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos,
X – Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatiza-
o grau de disfunção orgânica de um paciente. dos, e outros de natureza similar.
XI – Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente XXVI – Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destina-
habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano as- da à internação de pacientes graves, que requerem atenção pro-
sistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente. fissional especializada de forma contínua, materiais específicos e
XII – Médico plantonista: profissional médico, legalmente habi- tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia.
litado, com atuação em regime de plantões. XXVII – Unidade de Terapia Intensiva – Adulto (UTI-A): UTI des-
XIII – Microrganismos multirresistentes: microrganismos, pre- tinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18
dominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas
classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das denominações de normas da instituição.
alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum XXVIII – Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI des-
agente (exemplo MRSA – Staphylococcus aureus resistente à Oxaci- tinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença
lina; VRE – Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre
frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicro- outras.
bianos disponíveis. XXIX – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI des-
XIV – Microrganismos de importância clínico-epidemiológica: tinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28
outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para dias.
monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da mi- XXX – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI des-
crobiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais mi- tinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18
crorganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da ins-
aos antimicrobianos. tituição.
XV – Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como XXXI – Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm):
base a ser seguida. UTI destinada à assistência a pacientes recém-nascidos e pediátri-
XVI – Paciente grave: paciente com comprometimento de um cos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os
ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto- ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
regulação, necessitando de assistência contínua.
XVII – Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e CAPÍTULO II
fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envol- DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS
vam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 AS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
de janeiro de 1999.
XVIII – Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como Seção I
produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”. Organização
XIX – Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de al-
Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em
teração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada
um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária mu-
a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à
nicipal ou estadual.
saúde individual e coletiva.
Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância
XX – Regularização junto ao órgão sanitário competente: com-
sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de
provação que determinado produto ou serviço submetido ao con-
licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condi-
trole e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente.
cionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Reso-
XXI – Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um lução e outras normas sanitárias vigentes.
dano e a gravidade de tal dano. Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está
XXII – Rotina: compreende a descrição dos passos dados para localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informa-
a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmen- ções referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabeleci-
te, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização mentos de Saúde (CNES).
da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve ga-
com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciando- rantir:
-lhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando I – o provimento dos recursos humanos e materiais necessá-
os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de rios ao funcionamento da unidade e à continuidade da atenção, em
fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As conformidade com as disposições desta RDC;
rotinas são peculiares a cada local. II – a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visi-
XXIII – Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados tantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual
de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação e coletiva.
quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucio-
necessários para o cuidado. nais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos
XXIV – Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sis- realizados na unidade, as quais devem ser:
tema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por I – elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assis-
meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de tência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a
dados colhidos dos pacientes. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II – aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos co- III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 10
ordenadores de enfermagem e de fisioterapia; (dez) leitos ou fração, em cada turno; (Redação dada pela Resolu-
III – revisadas anualmente ou sempre que houver a incorpora- ção - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
ção de novas tecnologias; IV – Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) lei-
IV – disponibilizadas para todos os profissionais da unidade. tos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazen-
Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucio- do um total de 18 horas diárias de atuação;
nais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02
mínimo, os seguintes itens: (dois) leitos em cada turno; (Redação dada pela Resolução - RDC nº
I – condutas de segurança biológica, química, física, ocupacio- 26, de 11 de maio de 2012)
nal e ambiental; VI – Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo
II – instruções de uso para os equipamentos de proteção indivi- da unidade;
dual (EPI) e de proteção coletiva (EPC); VII – Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unida-
III – procedimentos em caso de acidentes; de, em cada turno.
IV – manuseio e transporte de material e amostra biológica. Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisio-
terapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em
Seção II tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI,
Infraestrutura Física durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI.
Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados
Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/ contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de
Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. acordo com a NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manu- de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de no-
tenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua vembro de 2005.
monitorização. Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de
Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e educação continuada, contemplando, no mínimo:
Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas. I – normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade;
§ 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de II – incorporação de novas tecnologias;
apoio podem ser compartilhados entre si. III – gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvol-
§ 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação físi- vidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais.
ca entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal.
IV – prevenção e controle de infecções relacionadas à assistên-
cia à saúde.
Seção III
§ 1º As atividades de educação continuada devem estar regis-
Recursos Humanos
tradas, com data, carga horária e lista de participantes.
§ 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber
Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os pro-
capacitação para atuar na unidade.
fissionais que atuam na unidade devem estar formalmente desig-
nadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI.
Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Téc- Seção IV
nico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enferma- Acesso a Recursos Assistenciais
gem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia,
assim como seus respectivos substitutos. Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceiriza-
§ 1º O Responsável Técnico médico, os coordenadores de en- dos, os seguintes serviços à beira do leito:
fermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, con- I – assistência nutricional;
forme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e asso- II – terapia nutricional (enteral e parenteral);
ciações reconhecidas por estes para este fim. (Redação dada pela III – assistência farmacêutica;
Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro de 2017) IV – assistência fonoaudiológica;
§ 2º (Revogado pela Resolução – RDC nº 137, de 8 de fevereiro V – assistência psicológica;
de 2017) VI – assistência odontológica;
§ 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coorde- VII – assistência social;
nação em, no máximo, 02 (duas) UTI. VIII – assistência clínica vascular;
IX – assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pedi-
Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser de- átrica
signada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual X – assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediá-
deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo trica nas UTI Pediátricas e Neonatais;
com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigen- XI – assistência clínica neurológica;
te, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os se- XII – assistência clínica ortopédica;
guintes profissionais: XIII – assistência clínica urológica;
I – Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos XIV – assistência clínica gastroenterológica;
ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especia- XV – assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise;
lista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação XVI – assistência clínica hematológica;
em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; XVII – assistência hemoterápica;
título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neona- XVIII – assistência oftalmológica;
tologia para atuação em UTI Neonatal; XIX – assistência de otorrinolaringológica;
II – Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 XX – assistência clínica de infectologia;
(dez) leitos ou fração, em cada turno. XXI – assistência clínica ginecológica;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXII – assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirur- Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos
gia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica; procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeri-
XXIII – serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e dos para execução dos mesmos.
hemogasometria; Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser in-
XXIV – serviço de radiografia móvel; formado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mes-
XXV – serviço de ultrassonografia portátil; mo será submetido.
XXVI – serviço de endoscopia digestiva alta e baixa; Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI
XXVII – serviço de fibrobroncoscopia; devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divul-
XXVIII – serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória gados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas
de morte encefálica. institucionais vigentes.
Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas
própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das dispo-
terapêuticos: sições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa – RDC nº 302,
I – centro cirúrgico; de 13 de outubro de 2005.
II – serviço radiológico convencional;
III – serviço de ecodopplercardiografia. Seção VI
Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diag- Transporte de Pacientes
nósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em
outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado: Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acom-
I- cirurgia cardiovascular, panhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfer-
II – cirurgia vascular; meiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de
III – cirurgia neurológica; urgência e emergência.
IV – cirurgia ortopédica; Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização
V – cirurgia urológica; de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do
VI – cirurgia buco-maxilo-facial; prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais
VII – radiologia intervencionista; do setor de destino.
VIII – ressonância magnética; Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente gra-
IX – tomografia computadorizada; ve, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS
X – anatomia patológica; n. 2048, de 05 de novembro de 2002.
XI – exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da
UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de trans-
Seção V ferência, o qual será entregue no local de destino do paciente;
Processos de Trabalho Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no
mínimo:
Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistên- I – dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnós-
cia integral e interdisciplinar. ticos de base;
Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cui- II – dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo
dados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções,
enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência
turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, reali-
de classe profissional e normas institucionais. zação de diálise e exames diagnósticos;
Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudioló- III – dados referentes à alta e ao preparatório para a transferên-
gica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral cia, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especi-
e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às ficando aprazamento de horários e cuidados administrados antes
demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discu- da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio
tidas conjuntamente pela equipe multiprofissional. ácido-básico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas.
Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais
deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente, Seção VII
de forma legível e contendo o número de registro no respectivo Gerenciamento de Riscos e Notificação de Eventos Adversos
conselho de classe profissional.
Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes
atuam na UTI, os seguintes itens: às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos sub-
I – preservação da identidade e da privacidade do paciente, as- metidos ao controle e fiscalização sanitária.
segurando um ambiente de respeito e dignidade; Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e
II – fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes, minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a:
quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a I – procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou
assistência a ser prestada desde a admissão até a alta; reabilitação do paciente;
III – ações de humanização da atenção à saúde; II – medicamentos e insumos farmacêuticos;
IV – promoção de ambiência acolhedora; III – produtos para saúde, incluindo equipamentos;
V – incentivo à participação da família na atenção ao paciente, IV – uso de sangue e hemocomponentes;
quando pertinente. V – saneantes;
Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser norma- VI – outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sa-
tizada pela instituição, com base na legislação vigente. nitária utilizados na unidade.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe Seção IX


da UTI deve: Avaliação
I – definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção
ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade; Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avalia-
II – coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar ções do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI,
eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo assim como de eventos que possam indicar necessidade de melho-
órgão sanitário competente. ria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer me-
Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos didas de controle ou redução dos mesmos.
no § 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognós-
Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco tico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de
ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura
institucionais. científica especializada.
§ 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a morta-
Seção VIII lidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de
Prevenção e Controle de Infecções acordo com o Índice de gravidade utilizado.
Relacionadas à Assistência à Saúde § 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na
Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA
Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e con- §4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser dis-
trole de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) defini- ponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou
das pelo Programa de Controle de Infecção do hospital. quando solicitado.
Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infec- Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por
ção Hospitalar – CCIH – são responsáveis pelas ações de prevenção meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados
e controle de IRAS. de Enfermagem recomendado por literatura científica especializa-
Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa da.
das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrga- §1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as
nismos multirresistentes e outros microrganismos de importância necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de
clínico-epidemiológica, além de identificação precoce de surtos. pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida uti-
Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância lizado.
epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganis- §2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensal-
mos multirresistentes na unidade. mente, em local de fácil acesso.
Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das in-
fecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe mul- Seção X
tiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de Recursos Materiais
prevenção e controle das IRAS.
Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acor-
baseadas na avaliação dos indicadores da unidade. do com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento
Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução de sua demanda.
padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (conta- Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou
to, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumpri- importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo
mento das mesmas. com a legislação vigente.
Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhan- Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas
tes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infec- referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem
ções, baseadas nas recomendações da CCIH. ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em
Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de anti- língua portuguesa.
microbianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisci- Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equi-
plinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório pamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato for-
de Microbiologia. mal entre o hospital e a empresa contratante.
Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equi- Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, lim-
pamentos e instalações necessários para as práticas de higienização pos e prontos para uso.
de mãos de profissionais de saúde e visitantes. Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corre-
§ 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar dis- tivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acor-
ponibilizados na entrada da unidade, no posto de enfermagem e do com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispen- de engenharia clínica da instituição.
sador com sabonete líquido e papel toalha. Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do ca-
§ 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos de- lendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções
vem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e realizadas.
em outros locais estratégicos definidos pela CCIH.
Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfer-
magem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de
higienização das mãos pelos profissionais e visitantes.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO III XXI – materiais e equipamento para monitorização de pressão


DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
(dez) leitos;
Seção I XXII – materiais para punção pericárdica;
Recursos Materiais XXIII – monitor de débito cardíaco;
XXIV – eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para
Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI cada 10 (dez) leitos;
Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária XXV – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para
e biotipo do paciente. atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos
Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os ou fração;
seguintes equipamentos e materiais: XXVI – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria:
I – cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios; 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- XXVII – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; XXVIII – equipamento para aferição de glicemia capilar, especí-
fico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos;
III – estetoscópio;
XXIX – materiais para curativos;
IV – conjunto para nebulização;
XXX – materiais para cateterismo vesical de demora em sistema
V – quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro-
fechado;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de
XXXI – dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;
01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos: XXXII – poltrona com revestimento impermeável, destinada à
VI – fita métrica; assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração.
VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, suporte
contínua de: para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1
a) freqüência respiratória; (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
b) oximetria de pulso; XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
c) freqüência cardíaca; plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva;
d) cardioscopia; cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte,
e) temperatura; com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
f) pressão arterial não-invasiva. XXXV – ventilador mecânico específico para transporte, com
Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de: bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
I – materiais para punção lombar; XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
II – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
III – oftalmoscópio; mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
IV – otoscópio; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
V – negatoscópio; XXXVIII – relógios e calendários posicionados de forma a permi-
VI – máscara facial que permite diferentes concentrações de tir visualização em todos os leitos.
Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
VII – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
fechado; registro de temperatura.
VIII – aspirador a vácuo portátil; Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
IX – equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/ listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
cânula endotraqueal (“cuffômetro”); sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
X – ventilômetro portátil; Anvisa.
Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
XI – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos;
incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressusci-
XII – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um)
tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi-
tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipa-
nulas de Guedel e fio guia estéril.
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos, §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XIII – equipamento para ventilação pulmonar mecânica não devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pul- pela unidade e baseados em evidências científicas.
monar mecânico microprocessado não possuir recursos para reali- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
zar a modalidade de ventilação não invasiva; deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
XIV – materiais de interface facial para ventilação pulmonar §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
XV – materiais para drenagem torácica em sistema fechado; traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
XVI – materiais para traqueostomia; §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
XVII – foco cirúrgico portátil; medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
XVIII – materiais para acesso venoso profundo; prontos para uso.
XIX – materiais para flebotomia;
XX – materiais para monitorização de pressão venosa central;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO IV XX – foco cirúrgico portátil;


DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES XXI – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS rização venosa central de inserção periférica (PICC);
XXII – material para flebotomia;
Seção I XXIII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
Recursos Materiais XXIV – materiais e equipamento para monitorização de pressão
arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos,
Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pe- com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10
diátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e (dez) leitos;
biotipo do paciente. XXV – materiais para punção pericárdica;
Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os XXVI – eletrocardiógrafo portátil;
seguintes equipamentos e materiais: XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
I – berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
rodízios; tos ou fração;
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
to-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com na unidade;
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; XXIX – marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador:
III – estetoscópio; 01 (um) equipamento para a unidade;
IV – conjunto para nebulização; XXX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específico
V – Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e contro- para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração;
lada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de XXXI – materiais para curativos;
01 (um) para cada 03 (três) leitos; XXXII – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
VI – fita métrica; ma fechado;
VII – poltrona removível, com revestimento impermeável, des- XXXIII – maca para transporte, com grades laterais, com suporte
tinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito; para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para
VIII – equipamentos e materiais que permitam monitorização cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
contínua de: XXXIV – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
a) freqüência respiratória; plos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva;
b) oximetria de pulso; cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte,
c) freqüência cardíaca; com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
d) cardioscopia; XXXV – ventilador pulmonar específico para transporte, com
e) temperatura; bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
f) pressão arterial não-invasiva. XXXVI – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pa-
Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de: cientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendi-
I – berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cin- mento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
co) leitos; XXXVII – cilindro transportável de oxigênio;
II – estadiômetro; XXXVIII – relógio e calendário de parede;
III – balança eletrônica portátil; XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
IV – oftalmoscópio; uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e
V – otoscópio; registro de temperatura.
VI – materiais para punção lombar; Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
VII – materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
VIII – negatoscópio; sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
IX – capacetes ou tendas para oxigenoterapia; Anvisa.
X – máscara facial que permite diferentes concentrações de Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos
Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressusci-
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
fechado; tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
XII – aspirador a vácuo portátil; nulas de Guedel e fio guia estéril.
XIII – equipamento para mensurar pressão de balonete de §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”); devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
XIV – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; pela unidade e baseados em evidências científicas.
XV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.
pamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipa- §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo-
XVI – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: traqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mi- §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e
croprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre
ventilação não invasiva; prontos para uso.
XVII – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos;
XVIII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
XIX – materiais para traqueostomia;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Seção II XV – equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva:


UTI Pediátrica Mista 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar
microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade
Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns de ventilação não invasiva;
a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados XVI – materiais de interface facial para ventilação pulmonar
aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito.
UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. XVII – materiais para drenagem torácica em sistema fechado;
Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em XVIII – material para traqueostomia;
Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. XIX – foco cirúrgico portátil;
XX – materiais para acesso venoso profundo, incluindo catete-
CAPÍTULO V rização venosa central de inserção periférica (PICC);
DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA XXI – material para flebotomia;
UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAIS XXII – materiais para monitorização de pressão venosa central;
XXIII – materiais e equipamento para monitorização de pressão
Seção I arterial invasiva;
Recursos Materiais XXIV – materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo
transfusão;
Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Ne- XXV – materiais para punção pericárdica;
onatal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e XXVI – eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital;
biotipo do paciente. XXVII – kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais
Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) lei-
seguintes equipamentos e materiais: tos ou fração;
I – incubadora com parede dupla; XXVIII – equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria,
II – equipamento para ressuscitação manual do tipo balão au- na unidade;
to-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com XXIX – equipamento para aferição de glicemia capilar, específi-
reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; co para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração,
III – estetoscópio; sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos;
IV – conjunto para nebulização; XXX – materiais para curativos;
V – Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua XXXI – materiais para cateterismo vesical de demora em siste-
e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva opera- ma fechado;
cional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos; XXXII – incubadora para transporte, com suporte para equipa-
VI – fita métrica; mento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de
VII – equipamentos e materiais que permitam monitorização oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
contínua de: XXXIII – equipamento(s) para monitorização contínua de múlti-
a) freqüência respiratória; plos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para
b) oximetria de pulso; transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
c) freqüência cardíaca; XXXIV – ventilador pulmonar específico para transporte, com
d) cardioscopia; bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
e) temperatura; XXXV – kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacien-
f) pressão arterial não-invasiva. tes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento
Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de: às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração.
I – berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos; XXXVI – cilindro transportável de oxigênio;
II – equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) XXXVII – relógio e calendário de parede;
leitos; XXXVIII – poltronas removíveis, com revestimento impermeá-
III – estadiômetro; vel, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração;
IV – balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) XXXIX – refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de
leitos; uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade,
V – oftalmoscópio; com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos
VI – otoscópio; de 24 horas.
VII – material para punção lombar; Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os
VIII – material para drenagem liquórica em sistema fechado; listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada
IX – negatoscópio; sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela
X – capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipa- ANVISA.
mento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um) Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos
para cada 5 (cinco) leitos; incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressusci-
XI – materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e tador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio,
fechado; tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, câ-
XII – aspirador a vácuo portátil; nulas de Guedel e fio guia estéril.
XIII – capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits
XIV – ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados
para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equi- pela unidade e baseados em evidências científicas.
pamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipa- §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits
mento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa Ora, se toda vida está ligada ao metabolismo da célula viva,
etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endo- a morte da célulaou o aniquilamento de sua vida significa, indubi-
traqueais de tamanhos adequados, por exemplo); tavelmente, a cessação do metabolismo da célula. Um cadáver é
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e portanto, uma célula que deixou de revelar o metabolismo caracte-
medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre rístico. (LIPSCHUTZ 1933).
prontos para uso. Para caracterizar o cadáver, é oportuno falar de algumas expe-
riências que nos permitem um olhar mais fundo em tudo quanto se
CAPÍTULO VI relaciona com a morte e o cadáver.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Tiramos de um aquário uma gota de água com alguns Infusó-
rios, minúsculos microscópios seres de uma única célula. Coloca-
Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução mos essa gota numa placa de cristal dentro de uma câmara decristal
têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data por sob o microscópio. Em seguida, fazemos passar sobre a gota
de sua publicação para promover as adequações necessárias do vapores de álcool. Os animálculos unicelulares, que até então se
serviço para cumprimento da mesma. agitavam em vivíssimo movimento, correndo para todos os lados
§1º Para cumprimento dos artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Re- como flechas, ao cabo de poucos minutos detêm-se. Logo se imo-
cursos Humanos, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos
bilizam, estão paralisados, entretanto, não se acham mortos; basta
Capítulos III, IV e V, estabelece-se o prazo de 03 anos, ressalvados os
que se deixe penetrar ar fresco na câmara, para que de novo voltem
incisos III e V do art. 14, que terão efeitos imediatos. (Redação dada
os Infusórios á atividade anterior.
pela Resolução - RDC nº 26, de 11 de maio de 2012)
Acontece, pois que envenenamos ou narcotizamos os bichi-
§ 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabele-
cimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem nhos com álcool. Devemos supor que a intoxicação consiste num
atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao iní- transtorno do metabolismo. O sintoma exterior dessa perturbação
cio de seu funcionamento. do metabolismo é a paralisação da célula, porém se, como vimos,
Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Re- essa paralisação tem em certas condições experimentais, um efeito
solução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de apenas transitório, é de supor que o metabolismo sob a influência
20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, ad- do álcool não se extinguiria; apenas sofrerá uma alteração, talvez
ministrativa e penal cabíveis. um desvio do seu curso normal. Assim justamente é que podemos
Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica- distinguir a narcose de que acabamos de falar, da morte: o primeiro
ção. caso pode-se reparar o mal, ao passo que no segundo já não há
remédio.
d. Condutas de enfermagem para o paciente grave e em fase De maneira ainda mais clara se nos revelam as coisas em outro
terminal. exemplo, Lipschutz e Veshnjakoff fizeram estudos sobre o metabo-
lismo do ovário dos mamíferos fora do organismo, a várias tempe-
Mesmo sabendo que a morte é algo que faz parte do ciclo na- raturas.
tural de vida, os mesmo ainda não conseguem lidar com isso no Ao examinar o consumo de oxigênio do tecido ovariano do por-
dia-a-dia. Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela quinho das índias á temperatura de 38,5 graus, que é a temperatura
manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a normal nessa espécie, é a 1 grau e até abaixo disso, verificaram que
morte como resultado acidental diante do objetivo da profissão, o tecido continuava a consumir oxigênio no frio, porém, a tão baixa
sendo esta considerada como insucesso de tratamentos, fracasso temperatura, o tecido ovariano consome vinte mesmo quarenta ve-
da equipe, causando angústia àqueles que a presenciam.A sensa- zes menos oxigênio do que a 38,5 graus. A temperaturabaixa, pois o
ção de fracasso diante da morte não é atribuída apenas ao insuces- metabolismo é diminuído de um modo assombroso. Não obstante,
so dos cuidados empreendidos, mas a uma derrota diante da morte essa diminuição do metabolismo é responsável. Basta trasladar o
e da missão implícita das profissões de saúde: salvar o indivíduo, mesmo tecido para uma câmara com a temperatura do corpo, para
diminuir sua dor e sofrimento, manter-lhe a vida. constatar-se imediatamente que o seu consumo de oxigênio cres-
Não podemos falar da morte, da formação de um cadáver, sem
ce de novo. Mas, setraslada o tecido por alguns minutos para uma
antes entendermos claramente sobre o que seja a vida.
câmara com temperatura de alguns graus abaixo de zero para ser
O conhecimento de vida pressupõe processos químicos com-
examinado depois á temperatura do corpo, então já não se resta-
plicados, processos que se desenrolam nos limites de uma cela,
belece mais, nunca mais, o metabolismo primitivo, o tecido morreu
perfeitamente organizada. No centro desses processos acham-se
as substâncias protéicas; a seguir vêm os elementos graxos e os por refrigeração. A uma temperatura de alguns décimos de grau
hidratos de carbonos. Toda vida tem por condição indispensável acima de zero, o metabolismo alterou-se de maneira reparável;
que na célula se desenvolvam determinadas alterações químicas, a uma temperatura abaixo de zero, o metabolismo alterou-se de
os verdadeiros fenômenos bioquímicos; essas alterações, por usa maneira irreparável.Muito interessante é o fato de que, em certos
vez se combinam com o consumo de oxigênio, pois que há dentro animais, se observa uma vida latente em que permanecem anos
da célula um “combustão”. Contudo, a célula não morre no decorrer e anos, como nos tardígrados e outras espécies estudadas já por
desse processo, porque de fora se recebem continuamente novas Leuwenhook e Spallanzani no século XVIII.
substâncias que se transformam em substância celular no pequeno Não podemos falar da morte sem antes tentar conceituá-la.
laboratório da própria célula. Desta maneira, há no interior da cé- Para Vieira (2006, p.21) “a pergunta ‘o que é morte’ tem múltiplas
lula um perene metabolismo: as substâncias vivas da célula desin- respostas e nenhuma delas conclusiva, pois a questão transcende
tegram-se por combustão e eliminam-se os produtos metabólicos; os aspectos naturais ou materialistas e, até biologicamente, é difícil
do exterior, recebe a célula, novas substâncias que servem de subs- uma resposta unânime”.
tituto. Toda vida, movimento, alimentação, propagação, o sentir e
o pensar, se ligam intimamente ao metabolismo; assim. A biologia
deve desvendar o problema do metabolismo das células.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo A depressão – após a fase da barganha, o doente percebe sua
acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência doença como incurável e ciente da impossibilidade ou dificuldade
de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda ati- de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir no tratamen-
vidade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças to, relaciona-se pouco com outras pessoas.
agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), segui- A 4° fase é a depressão – após a fase da barganha, o doente
da de uma degeneração dos tecidos.MOREIRA (2006), percebe sua doença como incurável e ciente da impossibilidade ou
“A situação de óbito hospitalar, ocorrência na qual se dá a ma- dificuldade de cura, deprime-se, sente-se vazio e deixa de intervir
terialização do processo de morrer e da morte, é, certamente, uma no tratamento, relaciona-se pouco com outras pessoas.
experiência impregnada de significações cientificas, mas também A 5° fase é a aceitação – o paciente entende e aceita sua situa-
de significações sociais, culturais e principalmente subjetivas.” (DO- ção e tenta dar um sentido para sua vida.
MINGUES DO NASCIMENTO, 2006) Segundo Bosco (2008), esses são estágios que sucedem, porém
Reforça-se ainda que a morte não é somente um fato biológico, podem não aparecer necessariamente nessa ordem ou alguns indi-
mas um processo construído socialmente, que não se distingue das víduos não passam por todos eles. Podem inclusive voltar a qual-
outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte quer fase mais de uma vez. É um processo particular, onde muitos
está presente em nosso cotidiano e, independente de suas causas sentimentos estão envolvidos e que dependem de vários fatores,
ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e institui- como religiosidade, estrutura familiar, cultura, por exemplo. As ati-
ções de saúde. BRETAS (2006) tudes face à morte diferem de cultura para cultura, de país para
A morte propriamente dita é a cessação dos fenômenos vitais, país, de região para região e, até, de pessoa para pessoa. Tal facto,
por parada das funções cerebral, respiratória e circulatórias, com permite concluir que a forma como reagimos à morte está depen-
surgimento dos fenômenos abióticos, lentos e progressivos, que dente de uma multiplicidade de factores que se relacionam princi-
palmente com aspectos pessoais, educacionais, sócio-económicos
causam lesões irreversíveis nos órgãos e tecidos.
e espacio-temporais.
É um tema controverso que suscita nos enfermeiros sentimen-
Os profissionais da saúde, nomeadamente os enfermeiros,
tos e atitudes diversas. Embora faça parte do ciclo natural da vida,
enfrentam todos os dias a morte e, independentemente da ex-
a morte é, ainda, nos dias de hoje, um assunto polémico, por vezes
periência profissional e de vida, quase todos a encaram com um
evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansieda-
certo sentimento de incerteza, desespero e angústia. Incerteza por-
de. Uma vez que a enfermagem tem nos seus ideais o compromisso
que não sabe se está a prestar todos os cuidados possíveis para o
com a vida, lidar com a morte pode torna-se um acontecimento difí-
bem-estar do doente, para lhe prolongar a vida e para lhe evitar a
cil e penoso, gerando uma multiplicidade de atitudes por parte dos
morte; desespero porque se sente impotente para fazer algo que o
profissionais de enfermagem. Neste contexto, devido à necessidade conserve vivo; angústia porque não sabe como comunicar efectiva-
de melhor compreender este fenómeno com que os enfermeiros mente com o doente e seus familiares. Todos estes factores oneram
se confrontam no quotidiano, realizou-se um estudo de investiga- severamente o enfermeiro que procura cuidar aqueles cuja morte
ção relacionado com as atitudes do enfermeiro perante a morte e está eminente.
circunstâncias determinantes, com vista a uma reflexão acerca do “O enfermeiro reage a estes sentimentos desligando-se do
tema e consequentemente a uma melhor prática profissional. doente e da própria morte e, consciente ou inconscientemente,
Para melhor entendimento dos vários fatores que interferem concentra a sua atenção no seu trabalho, no material, no processo
no enfrentamento da morte/morrer, tanto pelos profissionais quan- da doença, talvez até em conversas superficiais, com o intuito de
to pacientes e familiares, é preciso que antes saibamos um pouco afastar expressões de temor e de morte”. Outras vezes, o enfermei-
mais sobre as fases da morte e suas possíveis reações causadas pelo ro perante o processo de morte decide evitar todo e qualquer con-
impacto da notícia. tacto com o doente. Nesta perspectiva, o mesmo autor afirma que
Kübler-Ross (1994), em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, re- “afastando-se do doente através de subterfúgios, o que o enfermei-
alizou um trabalho com pacientes terminais onde analisou os senti- ro faz é escudar-se contra sentimentos que lhe lembrem a morte e
mentos do paciente e da família no processo e morrer. Ele esclarece que lhe causem mal-estar”. Rees (1983),
que passamos por vários estágios quando nos deparamos com a Deste modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços
morte, sendo que a negação é o primeiro estágio. de saúde, nem todos os enfermeiros a compreendem, a acolhem e
A 1° faseé a negação – é caracterizada como defesa temporária, reagem a ela da mesma maneira.Confrontados com a doença grave
onde a maioria das vezes o discurso pronunciado é “isso não está e com a morte, os enfermeiros tentam proteger-se da angústia que
acontecendo comigo” ou “não pode ser verdade”. Outro compor- estas situações geram, adoptando estratégias de adaptação, cons-
tamento comum nessa fase é o agir como se nada estivesse acon- cientes ou inconscientes designadas: mecanismos de defesa.
tecendo. De acordo com Rosado (1991), do confronto com a morte sur-
“Evidentemente, se negamos a morte, se nos recusarmos a en- gem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos.
trar em contato com nossos sentimentos, o luto será mal elaborado Entre os últimos, fadiga, enxaqueca, dificuldades respiratórias,
e teremos uma chance maior de adoecermos e cairmos em me- insónias e anorexia são alguns dos reconhecidos. No entanto, os
lancolia ou em outros processos substitutivos.” (CASSAROLA 1991). mais citados são: pensamentos involuntários dedicados ao doente,
Outros mecanismos de defesa que utilizamos inconsciente- sentimentos de impotência, choro e sensação de abatimento, senti-
mente ainda citando Kübler-Ross (1994), são: mento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificuldades
A 2° fase, a ira – nesta fase prevalece a revolta, o ressentimen- de concentração, cólera, ansiedade e irritabilidade. Decorrentes
to, e o doente passa a atacar a equipe de saúde e as pessoas mais destas atitudes, registam-se: absentismo, desejo de mudança de
próximas a ele. Questionam procedimentos e tratamentos e a per- serviço, isolamento, entre outras práticas e atitudes reveladoras da
gunta mais comum é “porque eu?” .Podem ainda nesta fase, surgir situação e de insegurança.Para que o fenômeno da Morte seja en-
períodos de total descrença. carado com serenidade pelo enfermeiro, este deve prevê-la como
A 3° fase é a barganha – o doente faz acordos em troca de mais inevitável.
um tempo de vida. Nessa fase são comuns as promessas, Deus se torna
presente em sua vida, faz promessas de mudança se for curado.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim deve ter como atitudes, como: comunicar a situação terminal do doente, conforme a vontade e capacidade de aceitação do
doente, ter respeito pela diferença, cada doente têm o seu modo de estar na vida, o doente raramente esta isolado, os familiares podem
ajudar ou perturbar, compartilhar, deixar a pessoa expressar os seus temores e desejos, diminuir a dor, o sofrimento e a angustia, auxiliar
corretamente o doente a assumir a morte como experiência que só ele pode viver, toda a equipa deve ter um comportamento idêntico,
linguagem, em relação à informação dada ao doente para não existir contradições, promover a vivência da fase final de vida no domicilio
sempre que possível.
O apoio da família também é muito importante Apoio da família, já que a família sempre está presente. A definição de família tem
evoluído ao longo dos tempos, de acordo com vários paradigmas, no entanto aqui adaptar-se-á a definição de“ Família refere-se a dois ou
mais indivíduos que dependem um do outro para dar apoio emocional, físico e econômico. Os membros da família são auto-definidos.”
(Hanson, 2005). A família é, ou devia de ser, a unidade primária dos cuidados de saúde.
Além de proporcionar o acompanhamento adequado ao doente em fase terminal, deve se insere a família neste processode apoio para
que assim o doente possa usufruir de uma melhor qualidade de vida, do ponto emocional e afetivo, assim como na diminuição da dor e angústia.
O familiar do paciente crítico ao ter consciência da situação concreta e da possibilidade de morte do seu enfermo que está na UTI, expressa o vazio
existencial através de sentimentos como: tristeza, frustração, pessimismo, desorientação, angústia e falta de sentido para viver.
Para entender a tríade, é necessário definir cada familiar do paciente crítico como uma pessoa constituída de unidade e totalidade em
três dimensões: corpo, alma e espírito. (LIMA 2008).
Alguns sentimentos como empatia e afeto são necessário para que ao entrar em contato comopaciente e sua família, seja possível
abordá-lo e compreendê-lo com a sua doença em toda sua peculiaridade. Também consideramos ser de fundamental que na interdisci-
plinaridade haja o psicólogo para estruturar o trabalho de psicoterapia breve, enfatizando-se o momento, na busca de proporcionar um
espaço de reflexão e expressão dos sentimentos, angústias, medos, fantasias, a fim de minimizar o impacto emocional e o estresse viven-
ciado pelos familiares, pacientes e outros profissionais nesse momento da internação. Aprendemos que, o momento de hospitalização
significa uma crise para a família, o que causa uma ruptura daquilo que é esperado na dinâmica familiar. Tanto a família quanto o paciente
que entra no hospital para qualquer tipo de intervenção, não serão mais os mesmo após a sua alta. Eles tomam contato com seu limite,
com sua fragilidade, com sua impotência, mas também é um momento que poderá emergir a sua força e capacidade.Não podemos negar
que aprendemos muito sobre a vida, doença e morte com nossos pacientes, pois a cada momento vamos aos leito ao encontro de pessoas
diferentes, o que acaba por exigir criatividade em nossa prática diária. Cada casa é um casa e vem revestido de particularidades e, é este o nosso
lugar, nosso espaço e nossa função na equipe que requer um exercício de criatividade contínua e, especialmente, de escuta. Em cada leito com
cada doente, com as diferentes doenças e com as diversas famílias, podemos dizer que crescemos.
A diferença do outro, de cada indivíduo, relança uma nova postura de percepção do mundo, pela qual o nosso convívio e aprendizado
mútuo são capazes de reconstruir nossas próprias percepções e, consequentemente nossas representações. (VALENTE 2008)

e. Atendimento de urgência e emergência em desastres naturais e catástrofes.

Vários eventos que ocorreram no Brasil e no mundo, como o ataque com armas químicas na Síria, o tornado no interior do estado de
São Paulo e o incêndio numa fábrica de fertilizantes em Santa Catarina, que produziu uma volumosa fumaça tóxica, surgem questionamen-
tos sobre a atuação dos profissionais de saúde nestes casos emergenciais e diferenciados, por sua natureza e repercussão.
Acidentes em massa podem ter variadas causas, por fenômenos naturais como, inundações, tornados, terremotos, avalanches, erup-
ções vulcânicas, entre outros; por ação humana em forças naturais ou materiais como, acidentes rodoviários, ferroviários, aeroviários e
marítimos, por radiação nuclear, desabamentos, incêndios e explosões, eletrocussão, entre demais exemplos; e outras origens como, causas
combinadas e pânico generalizado com pisoteamento.
A preocupação com tais situações torna-se emergente, mediante os fatos ocorridos recentemente e os grandes eventos que estão
programados para os próximos meses no Brasil.
Os profissionais e instituições de saúde brasileiros estão prontos para agir com eficácia e rapidez em casos com estas naturezas e
magnitudes?
O papel dos Enfermeiros é indispensável e crucial nestes casos, considerando as especificidades que competem a sua profissão.
Nestas situações de desastre, com envolvimento de muitas vítimas, um plano de emergência diferenciado precisa ser implementado.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ideal é que as instituições de saúde construam e treinem seus funcionários, para que nestes casos cada profissional saiba como
atuar e gerenciar.
Em situações de desastre com múltiplas vítimas, o cliente com alta prioridade no atendimento é diferente do cliente prioritário de
situações emergenciais. Em acidentes catastróficos os insumos e recursos podem ter disponibilidade limitada, fazendo com que a triagem
e classificação das prioridades mudem. As decisões baseiam-se na probabilidade da sobrevida e no consumo dos recursos disponíveis. O
princípio fundamental que direciona o uso dos recursos é o bem máximo para o máximo de pessoas.
A triagem deve ser rapidamente realizada na cena do desastre, sendo imediatamente identificadas as vítimas prioritárias e iniciadas
as intervenções necessárias, com posterior encaminhamento para as unidades de emergência.

Nos Estados Unidos é utilizado um sistema de triagem com cores para classificação da prioridade de atendimento das pessoas aci-
dentadas (Tabela 1). Conforme a classificação, as pessoas recebem uma pulseira colorida que identifica seu nível de atenção e facilita a
implementação das medidas de preservação da vida.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Enfermeiro pode desempenhar diferentes funções em even- MISSÕES DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
tos catastróficos, sendo seu papel definido mediante as necessida- 1 - Ser instrumento capaz de acolher o cidadão e garantir um
des específicas que a instituição de saúde e equipes de trabalho melhor acesso aos serviços de urgência/emergência;
apresentam, bem como as particularidades que o desastre gerou. 2 - Humanizar o atendimento;
Por exemplo, o Enfermeiro pode atuar na triagem principal das ví- 3 - Garantir um atendimento rápido e efetivo.
timas, realizar procedimentos avançados, caso possua capacitação
para tal e respaldo da instituição, dar assistência no luto as famílias OBJETIVOS
com a identificação dos entes queridos, gerenciar e/ou fornecer as •Escuta qualificada do cidadão que procura os serviços de ur-
atividades de cuidado em hospitais de campanha (provisórios) ou gência/emergência;
mesmo coordenar a distribuição dos recursos materiais e humanos • Classificar, mediante protocolo, as queixas dos usuários que
entre as equipes de atendimento. demandam os serviços de urgência/emergência, visando identificar
Estes são apenas alguns exemplos das atividades que podem os que necessitam de atendimento médico mediato ou imediato;
ser realizadas, mas não contemplam todas as atividades desempe- • Construir os fluxos de atendimento na urgência/emergência
nhadas nestes eventos. Há ainda as ações voltadas para o controle considerando todos os serviços da rede de assistência à saúde;
e divulgação de informações à mídia e às famílias, o gerenciamento • Funcionar como um instrumento de ordenação e orientação
de possíveis conflitos internos, como o uso dos recursos disponí- da assistência, sendo um sistema de regulação da demanda dos ser-
veis; de origem étnica/cultural, referente aos hábitos e costumes viços de urgência/emergência
particulares dos acidentados e familiares; e de cunho religioso, re-
lacionado às crenças e costumes específicos das vítimas envolvidas, EQUIPE
principalmente nos casos de óbito.
Estes exemplos ilustram algumas situações possíveis em casos Equipe multiprofissional: enfermeiro, auxiliar de enfermagem,
de acidentes em massa, devendo ser considerados pelos profissio- serviço social, equipe médica, profissionais da portaria/recepção e
nais de saúde das equipes de atendimento. São casos que podem estagiários.
acontecer em eventos que envolvam um grande número de turis-
tas, sendo do próprio país ou estrangeiros. PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO
Concluindo esta primeira parte do artigo, os Enfermeiros de-
vem estar preparados para atuar em novos ambientes e em papéis É a identificação dos pacientes que necessitam de intervenção
atípicos em casos de desastre. O princípio que deve nortear suas médica e de cuidados de enfermagem, de acordo com o potencial
ações é o de fazer o bem ao maior número de pessoas que for pos- de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento, usando um pro-
sível. cesso de escuta qualificada e tomada de decisão baseada em pro-
tocolo e aliada à capacidade de julgamento crítico e experiência do
f. Acolhimento com avaliação e classificação de risco enfermeiro. A - Usuário procura o serviço de urgência. B - É acolhido
pelos funcionários da portaria/recepção ou estagiários e encami-
A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implanta- nhado para confecção da ficha de atendimento. C - Logo após é en-
ção nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a caminhado ao setor de Classificação de Risco, onde é acolhido pelo
“triagem classificatória de risco”. De acordo com esta Portaria, este auxiliar de enfermagem e enfermeiro que, utilizando informações
processo “deve ser realizado por profissional de saúde, de nível su- da escuta qualificada e da tomada de dados vitais, se baseia no pro-
perior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos tocolo e classifica o usuário.
pré-estabelecidos e tem por objetivo avaliar o grau de urgência das
queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
o atendimento” (BRASIL, 2002). 1 - Apresentação usual da doença;
O Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR - se mostra 2 - Sinais de alerta (choque, palidez cutânea, febre alta, des-
como um instrumento reorganizador dos processos de trabalho na maio ou perda da consciência, desorientação, tipo de dor, etc.);
tentativa de melhorar e consolidar o Sistema Único de Saúde. Vai 3 - Situação – queixa principal;
estabelecer mudanças na forma e no resultado do atendimento do 4 - Pontos importantes na avaliação inicial: sinais vitais – Sat. de
usuário do SUS. Será um instrumento de humanização. A estratégia O2 – escala de dor - escala de Glasgow – doenças preexistentes –
de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação idade – dificuldade de comunicação (droga, álcool, retardo mental,
de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado ins- etc.);
titucional de modo a reestruturar as práticas assistenciais e cons- 5 - Reavaliar constantemente poderá mudar a classificação.
truir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas
e compartilhadas, pois necessariamente é um trabalho coletivo e AVALIAÇÃO DO PACIENTE (Dados coletados em ficha de aten-
cooperativo. Possibilita a ampliação da resolutividade ao incorporar dimento)
critérios de avaliação de riscos, que levam em conta toda a comple- • Queixa principal
xidade dos fenômenos saúde/ doença, o grau de sofrimento dos • Início – evolução – tempo de doença
usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo, di- • Estado físico do paciente
minuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações. A • Escala de dor e de Glasgow
Classificação de Risco deve ser um instrumento para melhor orga- • Classificação de gravidade
nizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entrada de • Medicações em uso, doenças preexistentes, alergias e vícios
urgência/emergência, gerando um atendimento resolutivo e huma- • Dados vitais: pressão arterial, temperatura, saturação de O2
nizado.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

g. Captação, Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos

O que é doação de órgãos?

Doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança de vida ou
a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. É preciso que a população se conscientize da importância do ato
de doar um órgão. Hoje é com um desconhecido, mas amanhã pode ser com algum amigo, parente próximo ou até mesmo você. Doar
órgãos é doar vida.
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim)
ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor) por outro órgão ou tecido normal de um doador, vivo ou morto.

O que é morte encefálica?


A morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções encefálicas (cerebrais), definida pela cessação das funções corticais
e de tronco cerebral, portanto, é a morte de uma pessoa.
Após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação de tecidos (córnea, pele, musculoesquelético, por exemplo). A Lei
9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita quando for constatada a morte encefálica.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como é feito o diagnóstico de morte encefálica? Estatísticas


O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Con-
selho Federal de Medicina. Em 2017, o CFM retirou a exigência do mé- As estatísticas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) são a
dico especialista em neurologia para diagnóstico de morte encefálica, consolidação dos dados sobre transplantes, com informações cole-
assunto amplamente debatido e acordado com as entidades médicas. tadas das diversas partes que compõem o SNT. O fornecimento dos
Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser feita dados é de responsabilidade das secretarias de saúde dos estados e
por médicos com capacitação específica, observando o protocolo do Distrito Federal. Os dados estatísticos são essenciais para que o
estabelecido. Para o diagnóstico de morte encefálica, são utilizados Ministério da Saúde possa tomar conhecimento, registrar e divulgar
critérios precisos, padronizados e passiveis de serem realizados em a produção das cirurgias realizadas, bem como sistematizar índices
todo o território nacional. que demonstrem o desempenho do setor nas unidades federativas,
regiões e no país como um todo.
Quero ser doador de órgãos. O que fazer?
Se você quer ser doador de órgãos, primeiramente avise a sua QUAIS SÃO OS PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE AFO-
família. Os principais passos para doar órgãos são: GAMENTO?
Em caso de afogamento, a primeira coisa a fazer é tirar a vítima
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o da água.
seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, O ideal é socorrer a pessoa que está se afogando sem entrar na
devem autorizar a doação de órgãos. água, utilizando uma boia, tábua, colete salva-vidas, corda, galho
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização ou qualquer outro objeto que a faça flutuar ou lhe permita agarrar
familiar. para não afundar.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a A seguir, providencie um cabo para rebocar a vítima no objeto
vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria flutuante. O cabo deve ter um laço para que a pessoa possa prendê-
dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar -lo ao corpo, já que a correnteza pode impedi-la de segurar no cabo.
do parente falecido, esse desejo é respeitado. Por isso a informação Após retirá-la da água, mantenha-a aquecida e peça ajuda li-
e o diálogo são absolutamente fundamentais, essenciais e necessá- gando para o número 193. Se a vítima estiver consciente, deixe-a
rios. Essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à sentada enquanto aguarda pela chegada da ambulância. Se estiver
realidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos inconsciente, siga os seguintes primeiros socorros:
envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os 1) Deite a vítima de lado e mantenha-a aquecida;
serviços de transplantes. 2) Observe se ela está respirando;
A vontade do doador, expressamente registrada, também pode 3) Ligue e siga as instruções dadas pelo atendente do 193 (leve
ser aceita, caso haja decisão judicial nesse sentido. Em razão disso a vítima ao hospital ou espere pela chegada do socorro).
tudo, orienta-se que a pessoa que deseja ser doador de órgãos e
tecidos comunique sua vontade aos seus familiares. Se a pessoa não estiver respirando, é necessário fazer a reani-
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um mação cardiopulmonar:
transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central 1) Posicione a vítima deitada de barriga para cima sobre uma
de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada superfície plana e firme (a cabeça não deve estar mais alta que os
pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). pés para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral);
2) Ajoelhe-se ao lado da vítima, de maneira que os seus ombros
Existem dois tipos de doador. fiquem diretamente sobre o meio do tórax dela;
1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que 3) Com os braços esticados, coloque as mãos bem no meio do
concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria tórax da pessoa (entre os dois mamilos), apoiando uma mão sobre
saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, par- a outra;
te da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o 4) Inicie as compressões torácicas, que devem ser fortes, ritma-
quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com das e não podem ser interrompidas;
autorização judicial. 5) Evite a respiração boca a boca se estiver sozinho, não inter-
2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com mor- rompa as compressões cardíacas;
te encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como 6) O melhor é revezar nas compressões com outra pessoa, mas
traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). a troca não deve demorar mais de 1 segundo;
7) A reanimação cardiorrespiratória só deve ser interrompida
Qual tempo de isquemia de cada órgão? com a chegada do socorro especializado ou com a reanimação da
O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e vítima.
transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o
tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado
para transplante:

Órgão Tempo de isquemia


Coração 04 horas
Pulmão 04 a 06 horas
Rim 48 horas
Fígado 12 horas
Pâncreas 12 horas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não tente fazer a ressuscitação dentro da água. Sempre que possível, retire a vítima da água na posição horizontal.
Nunca tente salvar uma vítima de afogamento se não tiver condições para o fazer, mesmo que saiba nadar. É preciso ser um bom
nadador e estar preparado para salvar indivíduos em pânico.

Principais causas de afogamentos

Os afogamentos são comuns durante o verão, época em que as pessoas mais frequentam áreas de rios e mares. Desconhecimento das
condições do local e falta de habilidade do nadador estão entre as principais causas de afogamento.
Além disso, podemos citar como causas de afogamento o mergulho em áreas rasas, que pode levar a traumatismo seguido da aspira-
ção de água, ingestão de bebidas alcoólicas, crises convulsivas, doenças cardiorrespiratórias e câimbras. Em afogamentos em residências,
destacam-se os de crianças que se afogam em banheiras e outros recipientes com água por ficarem sem a supervisão de um adulto.
Denominamos de afogamento primário aquele em que não se observa nenhum fator que levou ao afogamento. Este ocorre natural-
mente em virtude da falta de habilidade da vítima, por exemplo. Já o secundário está relacionado com alguma patologia que dificulte que
a vítima mantenha-se na superfície.

Como ocorre o afogamento?


Quando uma pessoa entra em contato com a água e percebe que sofrerá o afogamento, ela geralmente se desespera e inicia uma luta
para manter-se na superfície. Quando ocorre a submersão, instantaneamente a pessoa prende a respiração. Essa parada da respiração
depende da capacidade física de cada indivíduo.
Quando a pessoa não consegue mais segurar a respiração, uma aspiração de líquido pode ocorrer. Em algumas pessoas, isso é um
estímulo para que haja um reflexo natural que contrai as vias respiratórias e impede que mais água entre no organismo. Essa contração
pode levar à morte por asfixia, um caso que chamamos de afogamento do tipo seco.
Na maioria das pessoas, no entanto, não ocorre esse reflexo e o que acontece é uma grande aspiração de água por causa de movimen-
tos respiratórios involuntários. Isso faz com que a água chegue aos pulmões, levando à perda da substância que promove a abertura dos
alvéolos (surfactante), mudanças na permeabilidade dos capilares e surgimento de edema pulmonar. Com o tempo, o pulmão enche-se
completamente de água, o indivíduo perde a consciência, sofre parada respiratória e morre.

Primeiros socorros em caso de afogamento

Em casos de afogamento, é importante ser muito cauteloso ao tentar salvar a vítima. Quando uma pessoa está se afogando, sua ten-
dência é desesperar-se e segurar na pessoa que está tentando salvá-la, podendo ocasionar outro afogamento. Nesses casos, portanto, é
fundamental jogar algo para que ela se segure, como boias e pneus.
Nesses casos, é fundamental também chamar bombeiros ou uma ambulância, pois a vítima terá atendimento especializado. Em pes-
soas desacordadas e sem sinais de respiração, recomenda-se a respiração boca a boca e, quando estiver sem pulso, a massagem cardíaca.
Quando acordada, é importante manter a vítima deitada de lado e aquecida.

O que fazer em caso de choque elétrico?


Em caso de choque elétrico, os primeiros socorros devem ser prestados rapidamente, pois os primeiros 3 minutos após o choque são
vitais para socorrer e salvar a vítima.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A primeira coisa a fazer é interromper o contato da pessoa com Assim, estudos revelam que os usuários dos serviços de saú-
a fonte de eletricidade sem encostar diretamente nela. O ideal é de buscam profissionais qualificados, comprometidos, preparados
desligar a chave geral de força. Se não for possível, afaste a vítima para escutá-los e realizar uma comunicação acolhedora, com a va-
utilizando algum material que não conduza corrente elétrica, como lorização dos discursos e que tenha resolutividade para as suas ne-
objetos de borracha ou madeira. cessidades (Oliveira et al., 2008; Hoyos, Cardona e Correa, 2008).
Outro tema que teve destaque no processo de comunicação foi
A seguir, chame o resgate através do número 192 e verifique a adesão ao tratamento. Pesquisas revelam que tanto a interrup-
se a pessoa está respirando, se consegue se mexer ou emitir algum ção do tratamento como a não adesão estão relacionadas na maior
som. Caso não verifique nenhum desses sinais, é provável que a parte das vezes à não compreensão das informações sobre o uso
vítima tenha sofrido uma parada cardíaca ou cadiorrespiratória. adequado dos medicamentos (Assunção e Ursine, 2008; Ganzella e
Zago, 2008). Em um estudo sobre a não adesão, os autores ressal-
Nesse caso, inicie imediatamente a reanimação cardíaca, en- tam a necessidade de uma abordagem holística, ou seja, é preciso
quanto espera pela ambulância: que os profissionais da saúde trabalhem de maneira conjunta e vi-
sualizem os pacientes de forma integral, identificando as condições
Reanimação cardíaca sociais, econômicas e culturais dos indivíduos, para auxiliar no pro-
cesso de adesão ao tratamento (Moreira e Araújo, 2002).
Deite a vítima em local seguro, com a barriga para cima; Uma dissertação de mestrado constatou que existe uma con-
Com uma mão sobre a outra, faça 30 compressões fortes e rit- tradição na comunicação interpessoal aprendida durante a fase de
madas no meio do tórax da vítima. Em cada compressão, o peito da graduação e depois, ao exercer a profissão (Lima, 1993). Foi pos-
vítima deve afundar cerca de 5 cm. Para isso, recomenda-se usar o sível confirmar isso com o fazer técnico biologicista priorizado no
peso do próprio corpo para fazer a compressão; cotidiano de trabalho, em lugar de uma assistência prestada e cen-
Tentando manter um ritmo de aproximadamente 100 a 120 trada no sujeito.
compressões por minuto Quando a comunicação tem como sujeito-salvo os profissionais
Após as 30 compressões observe se a pessoa está respondendo de saúde, apresenta algumas falhas e enfrenta dificuldades. Estu-
ou se encontra algum pulso, no punho ou pescoço da vítima; se não do revela que um local adequado dentro do ambiente de trabalho,
volte às compressões; para que os profissionais possam se encontrar a fim de discutir e
Se houver mais alguém, o mais adequado é revezar a massa- refletir sobre o cotidiano e compartilhar as angústias e satisfações
gem a cada 2 minutos, para manter uma compressão eficaz e me- é um fator importante para a humanização (Yokaichiya et al., 2006).
lhor resultado; Além disso, o pouco tempo disponível para as reuniões é um fator
Mantenha as compressões até a pessoa retomar a consciência que dificulta os profissionais de estabelecerem o diálogo com cole-
ou até à chegada do socorro. gas de trabalho, familiares e pacientes (Lima, 1993).
Quanto mais rápido for o atendimento à vítima de uma parada Dentre os estudos analisados, três populações encontraram-se
cardiorrespiratória, por choque elétrico, menores são os danos cau- vulneráveis às práticas de saúde fragmentadas: os jovens, as mu-
sados ao organismo. lheres que sofrem com violência e os homens que compartilham
experiências com aborto. O processo de comunicação com os ado-
Estudos recentes comprovam que a realização de massagem lescentes tem como eixo principal os assuntos relacionados com a
cardíaca nos primeiros socorros, possibilita a manutenção do fluxo iniciação sexual e a sexualidade de modo geral (Nascimento e Go-
sanguíneo e, portanto, oxigenação dos tecidos, inclusive pulmonar mes, 2009). Em trabalho realizado com o público feminino, emergiu
e cerebral, mesmo sem mais a indicação de respiração boca-a-boca, a dificuldade de proporcionar acolhimento e detectar os casos de
salvado muitas vidas. violência contra as mulheres (Borsoi, Brandão e Cavalcanti, 2009).
Já com os homens, a pesquisa deu-se em torno daqueles que acom-
Se o choque elétrico provocar queimaduras, lave a área afetada panharam mulheres em situação de aborto (Rodrigues e Hoga,
com água corrente à temperatura ambiente, até esfriar o local. Se 2006). Os estudos citados evidenciaram a necessidade de profis-
puder mergulhar a queimadura na água, melhor. sionais com personalidade voltada para o acolhimento, que fossem
sensíveis, demonstrassem envolvimento e comprometimento com
os sujeitos, requerendo profissionais com especificidades de assis-
GERENCIAMENTO DE ENFERMAGEM EM SERVIÇOS DE tência e comunicação para cada um deles.
SAÚDE. GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS. Uma boa comunicação auxilia também na organização dos ser-
DIMENSIONAMENTO, RECRUTAMENTO E SELEÇÃO, viços de saúde. Pesquisas revelam que se a população recebesse
EDUCAÇÃO EM PROCEDIMENTOS E MÉTODOS DIAG- informações adequadas acerca da situação em que procurar os ser-
NÓSTICOS viços de urgência e emergência, menor seria o tempo de espera nos
serviços, e com isso os casos que realmente necessitam do aten-
Gestão do trabalho de enfermagem e Gestão do SUS dimento teriam uma disponibilidade melhor da equipe de saúde
(Carret, Fassa e Domingues, 2009; Coelho e Jorge, 2009; Oliveira,
A comunicação é abordada no sentido de possibilitar a integra- Costa e Soares, 2007).
lidade da atenção à saúde, pois, numa comunicação em que os su- A comunicação com os familiares e acompanhantes também
jeitos sejam escutados de maneira qualificada e satisfatória, podem foi citada entre os trabalhos selecionados. É preciso uma intera-
interagir e compartilhar suas vivências. Ela possibilita ainda que as ção pacientes-profissionais-familiares, em que sejam fornecidas
condutas sejam pautadas e programadas de acordo com o conhe- informações referentes aos cuidados específicos, pois assim será
cimento dos aspectos socioeconômicos e culturais (Oliveira, 2002). possível fortalecer os cuidadores para a alta hospitalar. Além disso,
os familiares devem ser informados quanto às transferências que
acontecem dentro do hospital. Dessa forma, é possível diminuir a
angústia, a ansiedade e as preocupações entre os familiares (Lima
e Busin, 2008).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma pesquisa realizada no Reino Unido faz referência aos dois Outro exemplo dessa temática foi um projeto com mães de
tipos de comunicação, a verbal e a não verbal, realizada durante crianças hospitalizadas que se realizou em São Paulo na década de
atendimentos de fisioterapeutas. Dos sujeitos, 52% conseguiram 1980, o qual garantia a permanência das mães ou outro cuidador
compreender e participaram do processo de comunicação verbal. durante as 24 horas do dia, estimulando-os a participarem das prá-
No entanto, dentre os sujeitos que não compreenderam a comu- ticas assistenciais e fortalecendo o desenvolvimento e a recupera-
nicação verbal, 84% apenas tiveram respostas por olhares e 54% ção das crianças (Mora et al., 1991).
responderam a estímulos de toque terapêutico (Roberts e Bucksey, No Chile, estudo comprova que, com a permanência das mães
2007). na pediatria, há um decréscimo de 20% no tempo de internação
Como fragilidades encontradas nos estudos selecionados, a (Barrera et al., 1993). Além disso, quando as mães acompanham
maior parte deles afirma que muitos profissionais utilizam um lin- seus filhos, é possível que auxiliem os profissionais nos procedi-
guajar baseado em termos técnicos e científicos; algumas das in- mentos de menor complexidade (Escobar, 1998). No entanto, para
formações deveriam ser por escrito, o que nem sempre acontece que isso ocorra, é fundamental que a equipe de saúde esteja dis-
(Araújo, Rodrigues e Rodrigues, 2008; Queiroz et al., 2007; Victor et ponível a também sofrer mudanças, em especial no que diz respei-
al., 2003). Além disso, um estudo ressalta que existe negligência nas to ao acolher e auxiliar a família nesse período de modificações e
informações e também que algumas destas nem sempre são iguais adaptações no ambiente hospitalar (Silveira e Carvalho, 2002).
entre os profissionais, o que acarreta uma variedade de informa-
ções e com desencontros entre elas (Queiroz et al., 2007). No âmbito da saúde mental, mesmo a partir da reforma psiqui-
Uma pesquisa sugere que, no processo de comunicação, os átrica, observam-se reflexos do período manicomial. Pesquisa reve-
profissionais façam referência aos pacientes pelo nome de cada la que a inserção social é um grande desafio para os profissionais,
um, que durante o diálogo haja uma relação de ‘olho no olho’, e que tornando-se necessário romper os paradigmas impostos pela socie-
os profissionais estejam dispostos a se comunicar com termos de dade, para promover a atenção integral a esses sujeitos (Moraes,
fácil entendimento e possibilitem uma escuta sensível e qualificada 2008). Nesse contexto, um estudo salienta que é preciso promover
(Gomes e Vianna, 2008). o acolhimento com estratégia clínica, para superar os percalços en-
É preciso ouvir mais e falar menos, pois assim será possível dar frentados pela pessoa com transtorno psíquico, e substituir o mo-
ênfase ao processo de diálogo e reduzir a tendência que os profis- delo hospitalar vigente pela continuidade da assistência em redes
sionais de saúde têm, em especial os médicos, de realizar monólo- de cuidado em saúde, a qual englobe a comunidade e os ambulató-
gos (Roter et al., 2008). rios (França, 2005).
A criação de grupos é um fator destacado dos estudos como
Modo de organização das práticas em saúde uma alternativa válida a ser adotada pelos serviços de saúde. Dis-
sertações que tiveram gestantes como sujeitos de pesquisa revelam
A criação do Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994 e, que, ao participarem de grupos, elas sentem-se acolhidas e seguras
em 2003, a implantação da Política Nacional de Humanização (PNH) e conseguem partilhar anseios e inquietações, além de trocar expe-
desencadearam modificações no modo de organização dos serviços riências (Kesselring, 2001; Pereira, 2006).
e da atuação dos profissionais. O processo de capacitação profissional também é citado como
Diante dessa realidade, estudos revelam que a implementação modelo de organização. A capacitação é vista como fundamental
do PSF aumentou a demanda dos serviços e acarretou mudanças para superar as dificuldades encontradas no cotidiano de trabalho,
no modelo de atenção. Isso ocasionou a necessidade de se buscar em razão das insuficiências da estrutura dos serviços no que cor-
auxílio em outras áreas do conhecimento, gerando a integração dos responde ao processo de escuta qualificada, triagem e referencia-
saberes nas práticas assistenciais e formando equipes multiprofis- mento (Leite, Maia e Sena, 1999). Além disso, auxilia na superação
sionais (Nery et al., 2009; Delfini, Sato e Antoneli, 2009). do modelo cartesiano, o que permite direcionar o comportamento
O processo de trabalho dos profissionais da enfermagem preci- profissional para uma assistência mais humanizada, possibilitando
sou ser direcionado para um novo posicionamento, ou seja, neces- que o período de internação ou enfrentamento de uma patologia
sitou ser baseado no processo de humanização, integralidade e na se torne menos sofrido (Silva, Sanches e Carvalho, 2007; Cordeiro,
melhora da qualidade de vida dos sujeitos (Bicca e Tavares, 2006). 2008).
A referida transformação do posicionamento é condizente com a Nos serviços especializados, a capacitação também é refe-
PNH, pois esta tem como princípio a atenção integral, por intermé- renciada. No atendimento às gestantes, ajuda nas formulações
dio do acolhimento e do acesso aos usuários (Nascimento, Tesser e de orientações e estratégias de cuidado, obtém maior eficácia na
Poli Neto, 2008). assistência e reduz a morbimortalidade materno-infantil (Versiani
Dentre os achados da pesquisa nesse núcleo de sentido, há et al., 2008). Em estudo realizado em Taiwan, o apoio social nos
um grande índice de estudos selecionados que fazem referência à atendimentos foi diagnosticado como relevante para a organização
Saúde da Criança. Eles revelam que uma das principais mudanças dos serviços, fazendo com que tanto os gestores como os pacientes
no processo de organização é a presença da família ou de cuidado- demonstrassem maior responsabilização. A autonomia dos sujeitos
res com vínculo durante o momento de hospitalização. Esse acom- também ficou em maior evidência (Hsu et al., 2006).
panhamento é enfatizado com uma atenção especial da equipe Para a atenção humanizada de qualidade, é necessária a inte-
de enfermagem, pois ela pode apoderar-se desse momento para gração dos saberes em todos os níveis de gestão dos serviços de
transmitir e trocar saberes e experiências entre profissionais e fami- saúde, ou seja, é preciso que as ações sejam alicerçadas em vários
liares - com isso reduzindo o número de intervenções e diminuindo núcleos de profissões, a fim de planejar uma assistência comparti-
a frequência de infecções hospitalares - e também para minimizar lhada (Versiani et al. 2008; Backes, Koerich e Erdmann, 2007).
os traumas ocorridos durante os dias de internação (Andrade, 1993; O acolhimento é outro fator destacado. Um estudo caracteriza
Barrera et al., 1993). o acolhimento como uma tecnologia operacional, a qual está em
processo de construção, sofre alterações nos diferentes cenários do
SUS e não existe nas UBS, em razão dos níveis de concepções e das
maneiras de se reorganizar o cotidiano de serviço (Souza, Elizabe-
the et al., 2008).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Um estudo revela que o acolhimento é uma estratégia essen- A Administração indica que o processo de tomada de decisões
cial para a reorganização dos serviços de saúde, porque ocorre uma pode ser desenvolvido pelos gestores com maior qualidade, se es-
alteração do foco da assistência somente voltado para o biomédi- tes seguirem um método. “A análise de problemas constitui-se de
co; ele possibilita o trabalho multiprofissional, o acesso igualitário uma série de processos, que podem ser aprendidos para serem
e maior resolutividade das necessidades de saúde, além de se con- utilizados como instrumentos do processo de trabalho gerencial e
ciliar com as práticas humanizadas (Silva e Alves, 2008). Além dis- que ajudam a qualificar as decisões dos profissionais de saúde e
so, há evidências de que nas unidades de ESF que desenvolvem o seus gestores, de modo participativo, ouvindo todos os envolvidos
acolhimento existe uma adesão maior ao tratamento em razão da na situação e escolhendo ações que obtenham o máximo sucesso
criação de vínculo (Sá et al., 2007). na resolução do problema, com o menor custo e com o mínimo de
As tecnologias das relações, do mesmo modo, são conside- desvantagens ou riscos para todos os envolvidos” (CIAMPONE &
radas como alternativas para modificar a organização no serviço MELLEIRO, 2005).
(Schimith, 2002; Martins e Nascimento, 2005; Gama et al., 2009). Para alcançar a competência de tomar decisões, algumas etapas
Na maior parte dos achados, esse tipo de tecnologia é mais utiliza- precisam ser cumpridas. Conhecer a instituição e sua missão, avaliar
do pela equipe de enfermagem (Rossi e Lima, 2005). as reais necessidades dos usuários e realizar o trabalho pautado em
um planejamento que contemple o detalhamento de informações
Uma pesquisa realizada nos EUA identificou um considerável tais como: ideias e formas de operacionalizá-las; recursos viáveis; de-
grau de satisfação dos pacientes quando, durante o atendimento, finição dos envolvidos e dos passos a serem seguidos; criação de cro-
apareciam nos profissionais da saúde os sentimentos de compreen- nogramas de trabalho e envolvimento dos diversos níveis hierárquico
são, honestidade e confiança (Stock Keister et al., 2004). (MARX & MORITA, 2000).
Cabe ainda destacar um estudo que revela a diferenciação do O planejamento e a consequente tomada de decisão como fun-
modo de organização dos serviços nas instituições públicas e nas ção específica do enfermeiro que desenvolve o gerenciamento do
privadas. Essas variações englobam a diferença da assistência e o serviço foram reduzidos à dimensão técnica, pois compõem apenas
processo de relações entre os profissionais e usuários, a conduta um conjunto de ações que buscam colocar outra ação em prática,
em relação à dor durante o trabalho de parto, as condições de con- já que as questões ideológicas e de poder intrínsecas ao planejar
tinuidade das consultas de pré-natal e as relações de confiança en- não são consideradas pelos enfermeiros (CIAMPONE & MELLEIRO,
tre os médicos e os pacientes (Gama et al., 2009). 2005).

Gestão do trabalho de enfermagem Liderança

Atenção à saúde A liderança é tida como uma das principais competências a se-
rem adquiridas pelo profissional de saúde. No trabalho em equipe
Conforme descrito no Ministério da Educação (2001), os profis- multiprofissional, os profissionais de saúde deverão estar aptos a
sionais de saúde, dentro de seu âmbito, devem estar aptos a desen- assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar
volver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilida-
saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Cada profissional de, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e
gerenciamento de forma efetiva e eficaz (FLEURY & FLEURY, 2001).
deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e
Liderança é o processo pelo qual um grupo é induzido a dedi-
contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo ca-
car-se aos objetivos defendidos pelo líder ou partilhado pelo líder
paz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade
e seus seguidores. Liderança e administração se sobrepõem, já que
e de procurar soluções para eles. Os profissionais devem realizar
alguns aspectos da liderança poderiam ser descritos como geren-
seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e princí-
ciamento.
pios da ética/bioética, tendo em conta que a responsabilidade da
É preciso lembrar que gênero, poder e liderança estão interli-
atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas, sim, com a
gados. Pesquisas mostram que as mulheres vêem o poder diferen-
resolução do problema de saúde. temente do homem, como forma de dominação em uma relação
A atenção à saúde não se constitui diretamente como objeto em que elas são freqüentemente as subordinadas, o que acarreta
de trabalho desenvolvido pela gerência, mas pode ser entendida muitas dificuldades para perceberem que também possuem poder.
como finalidade indireta do trabalho gerencial em saúde. Para que Esses aspectos culturais da liderança influenciam também as rela-
a atenção à saúde seja alcançada, o profissional que exerce a gerên- ções de trabalho de uma categoria predominantemente feminina
cia faz uso de instrumentos do trabalho administrativo como o pla- (MARQUIZ & HUSTON, 1999). Entre os conhecimentos gerenciais
nejamento, a organização, a coordenação e o controle. A qualidade que subsidiam o desenvolvimento da liderança são destacados:
da assistência à saúde demanda a existência de recursos humanos planejamento, estratégias gerenciais, estrutura organizacional, ge-
qualificados e recursos materiais compatíveis / adequados com a rência de pessoas, processo decisório, administração do tempo, ge-
oferta de cuidados orientada pelas necessidades de saúde (SILVA, renciamento de conflito, negociação, poder e comunicação (MARX
2003). & MORITA, 2000).

Tomada de decisão Educação permanente

O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamen- A educação permanente é uma das modalidades de educação
tado na capacidade de tomar decisões, visando o uso apropriado, no trabalho que se caracteriza por possuir um público-alvo multi-
eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamen- profissional; ser voltada para uma prática institucionalizada; enfo-
tos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este car os problemas de saúde e ter como objetivo a transformação das
fim, eles devem possuir competências e habilidades para avaliar, práticas técnicas e sociais; ser de periodicidade contínua; utilizar
sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em metodologia centrada na resolução de problemas e buscar como
evidências científicas (FLEURY & FLEURY, 2001). resultado a mudança (MANCIA et al, 2004).

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O envolvimento do enfermeiro no processo de educação per- to da enfermagem como ciência. (FORMIGA & GERMANO, 2005).
manente acontece com a aquisição contínua de habilidades e com- Estudo sobre a prática gerencial e o mundo do trabalho na Enfer-
petências que estejam de acordo com o contexto epidemiológico e magem tem mostrado que as competências constituem um tema
com as necessidades dos cenários de saúde, para que resultem em de discussão imediata a fim de se dar respostas às necessidades
atitudes que gerem mudanças qualitativas no processo de trabalho desta prática. Autores têm abordado individualmente competên-
da enfermagem. cias como a interpessoal, a liderança, a motivação da equipe, a
Dentre os conhecimentos da área de Administração que per- comunicação, entre outras, também importantes, num claro sinal
mitem identificar e acessar informações para desenvolver a com- que discuti–las tem sido uma necessidade percebida e manifestada
petência de educação permanente, destacam-se os seguintes: (WITT & ALMEIDA, 2005).
planejamento, políticas de desenvolvimento de recursos humanos, A constituição do saber de administração na enfermagem deu-
organizações de aprendizagem pautadas em métodos ativos, co- -se a partir da necessidade de organizar os hospitais. Em sua di-
nhecimento do processo de trabalho, cultura organizacional, ne- mensão prática, o saber administrativo institucionalizou-se com a
gociação, trabalho em equipe, comunicação, qualidade de vida no formação das primeiras alunas da Escola Nightingale, que buscava
trabalho, saúde do trabalhador, leis trabalhistas, gerenciamento de suprir a demanda de enfermeiras diplomadas para fundarem novas
pessoas e educação continuada (MARX & MORITA, 2000). escolas, ao serem treinadas para o cargo de superintendente. A for-
mação diferenciada as disciplinava para ocuparem a chefia de en-
Comunicação fermarias e a superintendência de hospitais (GOMES, et al, 1997).
Chama a atenção que na área da enfermagem o gerenciamento
Comunicação é a troca de informações, fatos, idéias e significa- foi historicamente incorporado como função do enfermeiro. Por-
dos. Entre os componentes de uma comunicação estão a mensagem, tanto, sempre houve no processo de formação desses profissionais
o comunicador, o receptor, e o meio. Nos processos de codificação, um preparo “mínimo” para assumir esse papel. Embora não seja
decodificação e feed-back são sentidas as influências de seus compo- objeto do presente estudo, empiricamente sabe-se que são poucas
nentes como: a urgência da mensagem, a experiência e a habilidade as carreiras da área de saúde que incluem disciplinas voltadas ao
do emissor, e a imagem que este tem do receptor. Mas, a maior inter- gerenciamento de serviços de saúde na graduação. Mesmo dentre
ferência na comunicação ocorre por conta dos ruídos de interpreta- os atuais gerentes de serviços de saúde, um pequeno percentual se
ção, capazes de distorcer a mensagem durante o processo comunica- especializam em gestão.
tivo (QUINN et al, 2003). Para o desenvolvimento da competência administração e ge-
Os tipos de comunicação mais conhecidos e estudados são renciamento são considerados indispensáveis o conjunto de co-
a comunicação verbal e a comunicação não-verbal. No entanto, nhecimentos identificados para planejar, tomar decisões, interagir,
outra forma de comunicação surge e domina cada vez mais o gestão de pessoal. Assim, com ênfase nas funções administrativas,
ambiente de trabalho é a comunicação virtual. O processo de destacam-se o planejamento, organização, coordenação, direção
comunicação das informações, organizado em sistemas infor- e controle dos serviços de saúde, além dos conhecimentos espe-
matizados e com funções diversas, garante que as pessoas re- cíficos da área social/ econômica que permitem ao gestor acionar
cebam informações com facilidades para quem as envia, já que dados e informações do contexto macro e micro organizacional, e
o princípio utilizado é o da inclusão de nomes em listas. Essas analisá-los de modo a subsidiar a gestão de recursos humanos, re-
inclusões transformam as listas em verdadeiras redes sociais de cursos materiais, físicos e financeiros (MARX & MORITA, 2000).
informação.
O enfermeiro gestor
A competência comunicativa é fundamental para que o enfer-
meiro conquiste relações profissionais e pessoais mais significati-
Durante toda a existência da enfermagem, a prática profissio-
vas, maior autoconsciência e aceitação das diferenças, ampliação
nal pode ser explicada através de diversos enfoques. Por ser con-
dos caminhos de ensino e da pesquisa e conquista de um bem-estar
siderada ciência e arte, ela está sempre ligados aos mais diversos
(BRAGA, 2004).
ramos do conhecimento como a ciência da administração, que con-
Em gestão, a comunicação se trona essencial, pois para que
tribui com uma parcela que se concretiza, principalmente, na admi-
haja organização, é indispensável comunicar-se, a fim de estabele- nistração do pessoal de enfermagem.
cer metas, canalizar energias e identificar e solucionar problemas Contudo, com a evolução técnico-científica, percebeu-se a in-
aprender a comunicar-se com eficácia é crucial para incrementar a serção do enfermeiro no campo da administração de recursos ma-
eficiência de cada unidade de trabalho e da organização como um teriais, visando não tornar-se um ser burocrata, mas buscar atender
todo. ao seu produto final - o paciente - com um atendimento de quali-
Os conhecimentos identificados como essenciais para o de- dade (VITARI, 2006).
senvolvimento da competência da comunicação incluem: conheci- O trabalho gerencial na área de saúde apresenta especificida-
mento do próprio estilo de interação, administração de conflitos, des próprias e para isso necessita de um campo de conhecimentos
negociação, escuta ativa, normas e padrões de comunicação Orga- também próprios. Nesse sentido, tem buscado discutir questões
nizacional, sistemas de informação, trabalho em equipe, metodo- teóricas relativas à gestão de serviços de saúde que mais se enqua-
logia da assistência, poder e cultura organizacional (QUINN et al, drem a essa modalidade organizacional.
2003). O trabalho em saúde é um trabalho que se baseia em relações,
seja profissional/cliente ou profissional/ profissional; que essas re-
Administração e gestão lações são os produtos do trabalho em saúde e, ainda, este produto
é consumido no exato momento em que é produzido, constituin-
O enfermeiro, como o gestor da assistência de enfermagem do-se, assim, em um tipo de trabalho portador de potencialidades
prestada ao paciente, requer o conhecimento, as habilidades e as auto-analíticas e auto-gestivas (MERHY & ONOCKO, 1997).
atitudes que possibilitarão com que exerça seu trabalho objetivan- O líder busca e recebe continuamente informações que subsi-
do resultados com eficiência. Este papel gerencial, amplamente diam a compreensão do que ocorre na sua organização. Com base
discutido desde anos passados, passa pelo próprio desenvolvimen- nas informações recebidas, de sua organização e de seu ambiente

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

externo, ele identificará problemas, detectará mudanças que pos- Ao graduar-se o enfermeiro assume intrinsecamente o papel
sam estar acontecendo – ou a necessidade de mudanças a serem de líder. Esse atributo lhe é imposto pela exigência da lei do exercí-
implementadas – e tomará decisões (TREVIZAN et al; 1998). cio profissional e do código de ética em enfermagem. Espera-se que
Líder é aquele que possui seguidores, nem sempre sendo por ao se inserir no mercado de trabalho, essa competência esteja ple-
eles amado e admirado, mas sempre sendo seguido por pessoas namente passível de ser praticada por esse profissional de saúde.
que fazem coisas certas. Na análise da liderança importa os resulta- No entanto, nem sempre ele se encontra preparado. Os cursos de
dos e não a popularidade, pois liderança associa-se com responsa- graduação e pós-graduação e até mesmo a imaturidade profissional
bilidade (CUNHA, 2008). apresentam-se como empecilhos. (BALSANELLI et al, 2008).
A liderança voltada para a enfermagem pontua visa descobrir Certamente, algum avanço aconteceu, seja através da inclusão
e eliminar as causas de falhas; incentivar o trabalho da equipe e desse tema nos currículos e programas educacionais de treinamen-
a participação efetiva das pessoas; ajudar na realização pessoal e to em serviços, como assunto de palestras, conferência ou outros
profissional; preparar novas lideranças; fortalecer os processos de eventos científicos, porém, todas estas tentativas ainda são insufi-
tomada de decisão; facilitar a descentralização do comando; gerar cientes frente à necessidade de uma liderança que realmente cause
comprometimento com as soluções escolhidas e resolver proble- impacto em todos os campos da prática profissional.
mas que não podem ser resolvidos individualmente. O trabalho de enfermagem como instrumento do processo de
A isso, forma-se um conjunto de princípios e diretrizes que ba- trabalho em saúde, subdivide-se ainda em vários processos de tra-
lizam decisões e comportamentos do serviço e das pessoas em sua
balho como cuidar/assistir, administrar/gerenciar, pesquisar e ensi-
relação com a organização. Sendo, portanto, um conjunto de proce-
nar. Dentre esses, o cuidar e o gerenciar são os processos mais evi-
dimentos, métodos e técnicas diversas utilizadas para a implemen-
denciados no trabalho do enfermeiro (PERES & CIAMPONE, 2006).
tação de decisões e para nortear as ações no âmbito da organização
Essas funções gerenciais apontadas como responsabilidade do
em sua relação com o ambiente externo (DUTRA, 2002).
Aos enfermeiros cabem entre outras, tarefas diretamente re- enfermeiro, permitem vislumbrar caminhos para compreender com
lacionadas à sua atuação com o cliente, bem como a liderança da maior clareza que o “gerenciar” é uma ferramenta do processo de
equipe de enfermagem e o gerenciamento dos recursos: físicos, trabalho do “cuidar”. Para isso, o autor exemplifica que o enfermei-
materiais, humanos, financeiros, políticos e de informação – para ro pode fazer uso dos objetos de trabalho, “organização” e “recur-
a prestação da assistência de enfermagem. É exigido conhecimento sos humanos” no processo gerencial que, por sua vez, insere-se no
(que conheça o que faz), habilidades (que faça corretamente) e que processo de trabalho “cuidar” que possui como finalidade geral a
tenha atitudes adequadas para desempenhar seu papel objetivan- atenção à saúde evidenciada na forma de assistência (promoção,
do resultados positivos. É, portanto, exigido que ele seja compe- prevenção, proteção e reabilitação) (FELLI & PEDUZZI, 2005).
tente naquilo que faz, bem como garanta que os membros da sua O enfermeiro, quanto à gestão com as pessoas, buscará traba-
equipe tenham competência para executarem as tarefas que lhes lhar estratégias para conhecer quais são as necessidades que de-
são destinadas (CUNHA & XIMENEZ, 2006). vem ser atendidas no cliente, que procura seu serviço, o qual deve
Na enfermagem nos dias de hoje, gestão de unidade consiste ter suas expectativas superadas para retornar em outras ocasiões
na previsão, provisão, manutenção, controle de recursos materiais e até mesmo ajudar no marketing da empresa (BALSANELLI et al;
e humanos para o funcionamento do serviço e, gestão do cuida- 2008).
do, consiste no diagnóstico, planejamento, execução e avaliação da A enfermagem como disciplina profissional visa à construção
assistência, passando pela delegação das atividades, supervisão e do conhecimento entendido como gestão em enfermagem, que
orientação da equipe (GRECO, 2004). pode ser expresso pelo processo de trabalho, ou seja, um conjunto
Assim, os enfermeiros compreendem que administrar é cuidar de atitudes do enfermeiro para manter a coerência entre o discurso
e quando planejam, organizam, avaliam e coordenam, eles também e ação (THOFEHRN & LEOPARDI, 2006)
estão cuidando (VAGHETTI et al, 2004). O conhecimento organizacional necessita de uma gestão e de
É necessária uma lapidação no sentido do gerenciamento, pois uma enfermagem que se situa na interseção dos fluxos de informa-
os órgãos formadores ainda não proporcionam capacitação aos ção, contribuindo com a melhoria das práticas de saúde através de
enfermeiros para torná-los aptos para desempenharem a função uma cultura de compartilhamento do conhecimento (SHINYASHIK
de gestores de saúde. O enfermeiro deverá também ser capaz de et al, 2003).
caracterizar a gestão como oportunidade de estabelecer outras re-
Em síntese, podemos dizer que a atuação do enfermeiro como
lações com os demais profissionais na área de saúde, focando suas
gestor depende, primeiramente, do conhecimento que este tem do
competências à capacidade de acessar, analisar, estruturar e sinte-
processo de gestão em saúde, dos caminhos e da possibilidade de
tizar informações de gestão em saúde e em gerir indiretamente re-
abertura ou desencadeamento de processos sociais e intersubjeti-
cursos e avaliar serviços de saúde e melhoria da qualidade de vida,
permitindo assim maior integração com a equipe e maior efetivi- vos de criação e recriação constante de acordos, pactos e projetos
dade nas relações entre todos os atores envolvidos no processo de coletivos, como também de criar planos diretores com aplicação co-
gestão (BALSANELLI et al; 2008). ordenada de recursos e atividades capazes de integrar ações sobre
Trabalhar, aprender e educar estará cada vez mais associado o meio ambiente, sobre a coletividade, sobre serviços assistenciais
e integrado na vida coorporativa e a prática exemplar da liderança (público e privado), os conselhos municipais de saúde, os sistemas
educadora será o alicerce da construção do ideal organizacional al- de informação de interesse em saúde, sua análise, interpretação e
mejada (ÉBOLI, 2002). avaliação de resultados (SÁ, 1999).
Os objetos de trabalho do enfermeiro no processo de trabalho
gerencial são a organização do trabalho e os recursos humanos de Gestão do SUS
enfermagem. Os meios/instrumentos são: recursos físicos, financei-
ros, materiais e os saberes administrativos que utilizam ferramentas A saúde tem sido objeto de atenção e discussão de profissio-
específicas para serem operacionalizados. Esses instrumentos/ fer- nais, comunidades e governos, tanto no que diz respeito à condição
ramentas específicas compreendem o planejamento, a coordena- de vida das pessoas quanto no que se refere a um setor da eco-
ção, a direção e o controle (FELLI & PEDUZZI, 2005). nomia no qual se produzem bens e serviços. Nesse sentido, cada

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sociedade organiza o seu sistema de saúde, segundo sua própria sobre os serviços de saúde e, portanto, sobre o cuidado, em dife-
cultura, leis vigentes, panorama político, condição econômica, sob rentes esferas do sistema de saúde. Contudo, ainda hoje, parece
a influência de determinantes sociais. ser incipiente o protagonismo do enfermeiro em espaços decisórios
No que diz respeito ao setor da economia, responsável pela com potência para direcionar e consolidar políticas de saúde.
produção de serviços a uma dada população, pode-se dizer que O papel reservado ao enfermeiro é predominantemente cen-
as discussões concentram-se em dois grandes temas: a gestão e trado em aspectos técnicos assistenciais e gerenciais, reforçan-
o financiamento. Quanto à gestão, debate-se sobre aspectos tais do uma ação coadjuvante, embora seja um profissional presente
como rede e cobertura assistencial; condições de acesso; prestação e atuante nos diferentes serviços de saúde. Uma possibilidade de
direta de assistência à saúde; qualidade da atenção; participação superar esse quadro é o investimento ou desenvolvimento de com-
social; recursos humanos; implicações da transição demográfica e petências na área da gestão, sob ótica na qual as atividades tenham
epidemiológica para o sistema de saúde; instrumentos de gestão caráter articulador e integrativo, sendo determinada e determinan-
tais como o planejamento, o controle, a regulação, a avaliação, te do processo de organização de serviços e efetivação de políticas
dentre outros. Quanto ao financiamento, o debate concentra-se na de saúde.
determinação de fontes e na (in)suficiência de recursos financei- Não se trata de discutir, questionar ou colocar em segundo
ros; racionalização de gastos; crescente incorporação tecnológica; plano a centralidade do cuidado no processo de trabalho do enfer-
participação do setor público versus setor privado. Enfim, temas meiro, ao contrário, exatamente por valorizar e priorizar o cuidado
distintos, com interface bastante clara e campo de tensões entre as faz-se necessária atuação política, na esfera da gestão, na dimensão
diferentes esferas administrativas governamentais. dos sistemas de saúde, perpassando pelos diferentes serviços de
Os gestores de sistemas de saúde atuam em dois âmbitos bas- saúde com o objetivo de favorecer as melhores práticas de cuidado.
tante imbricados, o político e o técnico. O político está relaciona- Cabe, ainda, destacar a importância e a opção pelas práticas
do ao exercício da gestão voltada para o interesse público e para a multidisciplinares, sem, contudo, desconsiderar a identidade que
concretização da saúde como direito de cidadania. A atuação téc- caracteriza cada profissão. Nesse sentido, o enfermeiro pode se
nica fundamenta-se na formulação de políticas e planejamento de apropriar de ferramentas gerenciais com o intuito de instrumentali-
zar sua participação no processo de planejamento e gestão, ou seja,
ações; financiamento do sistema; coordenação, regulação, contro-
à tomada de decisão. Trata-se de proposta ampla, entretanto, neste
le, avaliação de serviços e prestação direta de serviços de saúde.
artigo, o que se pretende é focar a avaliação, enquanto campo de
A gestão dos sistemas de saúde é transversalizada por proces-
aplicação de conhecimentos, que propicia múltiplas dimensões de
sos permanentes de decisão e de avaliação. Desse modo, é possível
participação. Por possibilitar mudanças é que a avaliação se apre-
inferir que os processos decisórios deveriam ocorrer fortemente
senta como uma atividade essencial nos programas e políticas de
articulados àqueles de planejamento e avaliação, sustentados em
saúde.
sistemas de informação apropriados. Por exemplo, avaliar mecanis-
Considerando o exposto e a experiência profissional, na área
mos de articulação da atenção básica com os outros níveis do siste-
de avaliação, na academia e em sistemas de saúde municipal e esta-
ma de saúde permite identificar fragilidades e potencialidades das
dual, apresenta-se este artigo com o objetivo de refletir criticamen-
estratégias de integração adotadas, favorecendo a estruturação de te acerca da avaliação enquanto ferramenta gerencial que favorece
mecanismos inovadores que contribuam para o fortalecimento da a inserção do enfermeiro no processo de gestão de sistemas de saú-
gestão do sistema de saúde. de. O artigo está estruturado em quatro partes: contextualização do
Cabe destacar que, a rigor, os termos gestão e gerência são si- tema, o enfermeiro e a gestão em saúde, avaliação na gestão em
nônimos, tanto no aspecto vernacular quanto conceitual, referem- saúde e considerações finais.
-se à ideia de dirigir e de decidir. Entretanto, no setor saúde, no
Brasil, a partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o O enfermeiro e a gestão em saúde
termo gestão tem sido empregado para designar as atividades de
comando de macroesferas de ação ou decisão no âmbito do siste- O contexto socioeconômico, político e cultural do mundo con-
ma de saúde municipal, estadual ou nacional, e o termo gerência à temporâneo requer constante reflexão acerca do trabalho do enfer-
internalidade das ações em unidades e serviços de saúde. Neste ar- meiro, que é influenciado e pode influenciar o cenário que a ele se
tigo utiliza-se a palavra gestão como referência ao espaço de articu- apresenta. O desenvolvimento de processos de trabalho singulares
lação, interação, participação e decisão nas secretarias municipais com foco na assistência e atribuições gerenciais caracterizam o tra-
e estaduais da saúde, bem como em nível de ministério da saúde, balho do enfermeiro, requerendo conhecimentos e competências
que desencadeiam ações gerenciais e assistenciais em unidades e que o habilitem a assumir papel relevante em instituições de saúde.
serviços de saúde. Ou seja, aqui, refere-se à gestão no âmbito de O processo de trabalho na enfermagem organiza-se em subpro-
sistemas de saúde. cessos que podem ser denominados cuidar ou assistir, administrar
Na contemporaneidade, o enfoque multidisciplinar da área da ou gerenciar, pesquisar e ensinar, sendo que cada um desses possui
saúde e da gestão ganha reforço, pressupõe uma forma de organi- seus próprios objetos, meios/instrumentos e atividades, coexistin-
zar a dinâmica de trabalho e das relações em bases coletivas sem, do ou não em um mesmo momento e instituição.
contudo, perder a singularidade de espaços, saberes e profissões. O exercício da dimensão gerencial do trabalho do enfermeiro
Particularizando o profissional enfermeiro, entende-se que se trata varia segundo o contexto socioeconômico de cada época, o modelo
de um desafio pensar sob perspectiva ampliada de atuação desse clínico de atenção à saúde predominante, as demandas de saúde da
profissional, para além dos aspectos técnicos assistenciais e geren- população, o quantitativo e a qualificação dos recursos humanos de
ciais da prática profissional, mas, na lógica de inserção na estrutura enfermagem disponível, da política de saúde, da própria inserção
organizacional dos sistemas de saúde, no campo da gestão, em uma do enfermeiro no cenário de saúde e do sistema de saúde vigente.
proposta de participação ativa e articulada em processos decisó- O enfermeiro é o profissional legalmente responsável por assumir a
rios. Envidar esforços para inserção nos diferentes espaços da ges- atividade gerencial, a quem compete a coordenação da equipe de
tão permite ao enfermeiro consolidar sua atuação na formulação, enfermagem bem como a viabilização do processo cuidativo com as
pactuação, monitoramento e avaliação de políticas que incidem peculiaridades inerentes a cada serviço de saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nos sistemas de saúde, a gestão assume caráter dinâmico, po- da avaliação. No senso comum, a avaliação constitui–se numa ati-
lêmico e complexo que estimula a reflexão sobre a inserção dos en- vidade bastante antiga, processo essencialmente humano e reali-
fermeiros nesse processo. zado cotidianamente. Em sentido bastante amplo, avaliar consiste
Os últimos 30 anos representaram um salto para a enferma- em julgar, estimar, medir, classificar, analisar criticamente, enfim,
gem que começou a se estabelecer como protagonista, criando atribuir valor a algo ou a alguém.
condições políticas, éticas, técnicas e humanas para o desenvolvi- Avaliação é a determinação do valor ou mérito de um objeto de
mento da saúde, com destaque para o cuidado humano. Entretan- avaliação ou, ainda, a identificação, o esclarecimento e a aplicação
to, entende-se, aqui, que muito ainda há para ser feito. de critérios defensáveis para determinar valor ou mérito, a qualida-
A atuação do enfermeiro precisa superar posições hierárquicas, de, a utilidade, a eficácia ou a importância do objeto avaliado em
a rigidez de organogramas e as disputas em torno da competência relação a estes critérios.
disciplinar de cada área profissional, com vistas a estabelecer a re- É um processo técnico-administrativo destinado à tomada de
lação de interação e construção de competências técnicas, clínicas, decisão, envolve momentos de medir, comparar e emitir juízo de
políticas e relacionais que preservem a singularidade profissional, valor, significa expor valor assumido a partir do julgamento realiza-
mas favoreça a atuação coletiva no âmbito dos sistemas de saúde. do com base em critérios previamente definidos.
Contudo, não é possível desconsiderar que esse processo articulado Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento
à gestão, cenário de participação política do enfermeiro, envolve de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de
competição e disputa de poder. seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de deci-
As limitações do enfermeiro para identificar aspectos políticos sões. Esse julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e
em sua atuação refletem uma profissão que, historicamente, enfa- normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um proce-
dimento científico (pesquisa avaliativa).
tizou a prática de cuidados e a gerência predominantemente cen-
Nessa definição, percebe-se que a avaliação tem o objetivo de
tradas em conhecimentos biológicos e técnicos, em detrimento dos
ajudar na tomada de decisões.
aspectos políticos.
Na gestão em saúde, a avaliação torna-se fundamental uma vez
Face à formação acadêmica que contempla além dos conheci-
que estabelece um olhar crítico sobre o que está sendo feito e o
mentos técnico-científicos, relativos à assistência à saúde, aqueles
compara com o que deveria estar ocorrendo, favorecendo a busca
atinentes ao gerenciamento de serviços, o profissional enfermeiro
por resultados desejáveis. Pode assumir caráter de suporte ao pro-
tem potencial para a participação diferenciada no âmbito dos sis-
cesso decisório na prestação de serviços de saúde, além de auxiliar
temas de saúde. Nesse sentido, a reformulação e a implantação de
a identificação de pontos frágeis nos serviços instalados, mensurar
sistemas de saúde, associada à incorporação cada vez mais acentu-
a eficiência e a efetividade das ações assistenciais e verificar o im-
ada e rápida de novas tecnologias vêm requerendo do enfermeiro pacto advindos das ações de saúde na condição sanitária da po-
um conjunto de conhecimentos políticos, teóricos, técnicos e ope- pulação. Nesse sentindo, a avaliação pode ter papel de destaque,
racionais relativos às políticas de saúde, à legislação, à economia tornando-se ferramenta de grande importância no processo de pla-
em saúde e aos processos de gestão propriamente ditos, que lhe nejamento e gestão dos sistemas e serviços de saúde.
permitirão ampliar e consolidar novos espaços de atuação por meio Cabe destacar que, no âmbito do SUS, embora a avaliação em
da prática profissional crítica e competente. saúde seja um pressuposto da condição de gestão do sistema local
A atuação dos enfermeiros em ações não assistenciais repre- de saúde, previsto desde a Norma Operacional Básica 93 até o Pac-
senta desafio crescente às políticas de formação e inserção no to pela Saúde, no nível local, essa ferramenta gerencial ainda não é
mundo do trabalho e destacam-se, particularmente, questões rela- utilizada em toda sua potencialidade, sendo pouco incorporada ao
tivas à gestão e avaliação de políticas que incidem sobre o sistema processo de trabalho cotidiano.
de saúde e, portanto, sobre o cuidado individual e coletivo. Nesse A avaliação expandiu-se no final do século XX, tanto em produ-
sentido, entende-se que é pertinente discutir a especificidade do ção científica quanto em sua institucionalização. A avaliação pode
campo da avaliação em saúde, com a perspectiva do trabalho do produzir informação para melhoria das intervenções em saúde e
enfermeiro no âmbito da gestão. também para o julgamento acerca da sua cobertura, acesso, equi-
dade, qualidade técnica, efetividade, eficiência, percepção dos usu-
Avaliação na gestão em saúde ários. Porém, tanto entre os gestores quanto entre profissionais de
saúde ainda há importante lacuna relativa à incorporação do co-
A crescente disputa entre as demandas da população, a incor- nhecimento produzido pelas avaliações.
poração de novos conhecimentos e técnicas, bem como a necessi- Embora existam diferentes definições e atribuições para a ava-
dade de controlar os gastos públicos evidenciam a fragilidade dos liação, entende-se que ela deve contribuir para a tomada de decisão,
sistemas de saúde e levam ao questionamento da viabilidade des- tendo como compromisso a melhoria das intervenções em saúde e,
ses sistemas. Em face dessa crise mundial dos sistemas de saúde, a em última análise, a saúde dos usuários. Nessa perspectiva, propiciar
necessidade da concepção e implantação de verdadeira cultura de a participação de diferentes atores sociais envolvidos na avaliação
avaliação parece ainda mais importante que há dez anos. favorece o desenvolvimento de processo crítico e reflexivo sobre as
A avaliação não é uma ciência ou área da ciência, mas, sim, práticas desenvolvidas no âmbito dos sistemas de saúde, a fim de
campo de aplicação de conhecimentos de várias áreas, utilizando tornar a avaliação contínua e sistemática, mediada por relações de
múltiplos conceitos e enfoques metodológicos que favorecem visão poder, constituindo função importante da gestão. Acredita-se ser
mais abrangente do objeto avaliado. pertinente o enfermeiro investir esforços nessa área, uma vez que a en-
Trata-se de tarefa complexa conceituar avaliação, termo que fermagem tem demonstrado potencial para implantação, manutenção
possui grande riqueza semântica e aplicável a diferentes áreas do e desenvolvimento das políticas de saúde que tenham como objetivo
saber. A palavra avaliar, em sua raiz latina significa medir, a partir qualificar a assistência. Ou seja, o enfermeiro tem assumido papel de
de padrões quantificáveis e em grego, seu radical axiós diz respeito executor de políticas de saúde, porém, entende-se que o profissional
à produção de juízos de valor, ligada a medidas qualitativas, etimo- tem condições de assumir posições decisórias e de proposições políticas
logia que evidencia a contribuição de várias ciências para o campo de saúde, ampliando sua participação nos sistemas de saúde.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dimensionamento de pessoal Como podemos definir Recrutamento e Seleção de Pessoal?


Embora possa receber outros nomes como captação de talentos,
Foi desenvolvido um Manual Prático de Dimensionamento de gerenciamento de pessoal, e o que mais a nomenclatura mais mo-
Pessoal pelo COFEN que tem como objetivo colaborar na aplicação derna exigir, se você quiser contratar alguém para trabalhar em sua
dos métodos de Dimensionamento, estabelecidos na Resolução empresa, vai precisar recrutar e selecionar.
Cofen nº 543/2017, que atualiza e estabelece parâmetros para o É interessante porque sempre falamos recrutamento e seleção
Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nos como se fosse um nome composto. Na verdade não o é. E por sinal
serviços/locais em que são realizadas atividades de enfermagem. são situações bem distintas dentro do processo. Recrutar significa
Os Parâmetros representam normas técnicas mínimas, consti- identificar - no universo de possibilidades que você tem - as pessoas
tuindo-se em referências para orientar os gestores e gerentes das que possuem os requisitos básicos para ocupar a vaga em aberto. Se-
instituições de saúde: lecionar é definir entre os candidatos recrutados aquele ou aqueles
- No planejamento das ações de saúde; mais adequados aos cargos existentes, visando manter ou aumentar
- Na programação das ações de saúde; a eficiência da organização e conduzi-la à excelência e ao sucesso.
- Na priorização das ações de saúde a serem desenvolvidas
Como é operacionalizado e quais os principais meios de recru-
Para estabelecer o dimensionamento do quadro de profissio- tamento de pessoal?
nais de enfermagem o Enfermeiro deve basear-se nas característi- O que inicia um processo de contratação é o recebimento de
cas descritas abaixo: uma solicitação de pessoal encaminhada pela área requisitante à
I – Ao serviço de saúde: missão, visão, porte, política de pesso- Gestão de Pessoas. A partir daí, a área de Gestão de Pessoas deve
al, recursos materiais e financeiros; estrutura organizacional e física; ter muito claro todos os requisitos do cargo - competências exigidas -
tipos de serviços e/ou programas; tecnologia e complexidade dos para que possa, com clareza, iniciar o processo.
serviços e/ou programas; atribuições e competências, específicas e Caso a empresa tenha como política a valorização e retenção de
colaborativas, dos integrantes dos diferentes serviços e programas seus talentos, primeiramente verificará dentro da própria empresa
e requisitos mínimos estabelecidos pelo Ministério da Saúde; os colaboradores que se encaixam no perfil requerido – esta ação é
II – Ao serviço de enfermagem: aspectos técnico - científicos denominada de recrutamento interno.
e administrativos: dinâmica de funcionamento das unidades nos Uma vez identificadas as pessoas, o próximo passo é a seleção.
diferentes turnos; modelo gerencial; modelo assistencial (Processo Vale ressaltar que caso tenha um colaborador com as competências
de Enfermagem - SAE); métodos de trabalho; jornada de trabalho; comportamentais para o cargo, porém necessite de uma capacitação
carga horária semanal; padrões de desempenho dos profissionais; técnica, posso instrumentalizá-lo e prepará-lo para o cargo e depois
índice de segurança técnica (IST); proporção de profissionais de en- efetuar a promoção. Esta opção dependerá da política da empresa e
fermagem de nível superior e de nível médio e indicadores de qua- do tempo que o departamento disponibiliza para a vaga ser ocupada.
lidade gerencial e assistencial;
III – Ao paciente: grau de dependência em relação a equipe de Caso perceba que dentro da empresa não existe o profissional
enfermagem (sistema de classificação de pacientes - SCP) e realida- com os requisitos, deve-se optar por recrutamento externo.
de sociocultural. Optando-se por recrutamento externo lançamos mão de anún-
cios em jornais, sites especializados, quadro de aviso interno, site da
Para as Unidades Assistenciais Ininterruptas/Internação (UAI) empresa, consultorias, networking entre empresas e redes sociais
o Enfermeiro deverá utilizar um sistema de classificação (SCP) que como Orkut, Facebook e Twitter, dentre outros. Lembramos que uma
estabeleça as categorias do cuidado conforme segue: prática comum é o incentivo de indicação de amigos de colaborado-
- Paciente de cuidados mínimos (PCM): paciente estável sob o res para trabalhar na instituição. Algumas empresas têm como práti-
ponto de vista clínico e de enfermagem e autossuficiente quanto ao ca oferecer bônus para colaboradores que indicarem pessoas e estas
atendimento das necessidades humanas básicas; passarem na experiência, outras efetuam sorteio de viagens e outros
- Paciente de cuidados intermediários (PCI): paciente estável brindes.
sob o ponto de vista clínico e de enfermagem, com parcial depen-
dência dos profissionais de enfermagem para o atendimento das Quando valorizamos nossos talentos, efetuamos o recrutamento
necessidades humanas básicas internamente e temos as seguintes vantagens:
- Paciente de cuidados de alta dependência (PCAD): paciente - É mais econômico, evita despesas com anúncios, honorários
crônico, incluindo o de cuidado paliativo, estável sob o ponto de vis- de empresas de recrutamento, custos de atendimento a candidatos,
ta clinico, porém com total dependência das ações de enfermagem custos de admissão, integração etc.
para o atendimento das necessidades humanas básicas; - É mais rápido, dependendo da possibilidade do colaborador ser
- Paciente de cuidados semi-intensivos (PCSI): paciente passível transferido ou promovido de imediato, e evita as demoras frequentes
de instabilidade das funções vitais, recuperável, sem risco iminente do recrutamento externo.
de morte, requerendo assistência de enfermagem e médica perma- - Apresenta maior índice de validade e segurança, pois o can-
nente e especializada; didato já é conhecido, avaliado durante certo período de tempo e
- Paciente de cuidados intensivos (PCIt): paciente grave e re- submetido à apreciação dos chefes envolvidos
cuperável, com risco iminente de morte, sujeito à instabilidade das Por outro lado, recrutar pessoas externas também tem suas van-
funções vitais, requerendo assistência de enfermagem e médica tagens:
permanente e especializada. - Traz experiências novas e pessoas motivadas para a orga-
O Manual completo está disponível em: nização.
http://edimensionamento.cofen.gov.br/anexos/MANUAL_ - Renova e enriquece os recursos humanos da organização.
PRATICO.pdf;jsessionid=69D83800EA469BE04657F9DC392E37FB?- - Aproveita os investimentos em preparação e desenvolvimento
cid=12675 de pessoal efetuados por outras empresas ou pelos próprios candi-
datos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Percebemos que o banco de dados é a alma do processo de re- utilizados para a escolha e deixar isto claro para as pessoas que estão
crutamento e seleção. O que a senhora destaca para o controle, a participando do processo, para que não tenham dúvidas. Não esque-
atualização e a conservação do banco? cer, lógico de dar o feedback ao término do processo.
O banco de dados deve seguir uma construção que facilite a área O entrevistador deve deixar à disposição todo o material a ser
de Gestão de Pessoas para buscar seus potenciais candidatos quando utilizado, inclusive lendo antecipadamente atentamente todo o lau-
necessário. Deve ter um filtro onde os profissionais da área possam do de gestão de pessoas. Deve-se planejar o tempo suficiente e ser
separar por cargo, escolaridade e especialização. Podemos fazer um pontual, procurando deixar o entrevistado à vontade. A entrevista
banco tanto para profissionais internos como também externos. É in- deve ser conduzida com naturalidade e não como interrogatório, in-
teressante que ele seja renovado entre seis meses a um ano e que as centivando o entrevistado a falar, criando um clima favorável e de
pessoas cadastradas atualizem seus dados sempre ao término de al- receptividade. Deixe-o discorrer sobre suas atividades profissionais,
gum curso, assim os dados ficam sempre atualizados. Lembramos que só fazendo interrupções, se necessário, visando o entendimento de
a maioria das instituições possui em seu endereço eletrônico na web o suas falas. Em caso de dúvidas, aborde com detalhes. Saiba ouvir,
link ‘trabalhe conosco’. sem interromper ou cortar o raciocínio. Permita o silêncio, mas evite
pausas prolongadas.
Quais os instrumentos utilizados na seleção de pessoal? Existe Evitar pré-conceitos e ser imparcial é fundamental para evitar in-
algum grau de importância? fluenciar-se por estereotipo. Seja empático, respeite o entrevistado.
Devemos ter em mente que selecionar é uma atividade de extre- Finalmente, evite transformar a entrevista em uma situação de
ma importância e responsabilidade e que deve ser pautada sempre orientação ou discussão. Nunca inverta os papéis e não acabe sendo
por instrumentos com comprovação científica. E sempre que utiliza- o entrevistado.
do testes psicológicos, que sejam os validados pelo Conselho Regio-
nal de Psicologia (CRP) e feito por profissionais com a devida técnica A prova teórica?
e capacitação para tal. É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem Ela é muito importante, pois medimos o conhecimento da pes-
que selecionar é fácil e que “todos sabem fazer”. Estamos lidando soa com relação à atuação na vaga em aberto. Mas temos que lem-
com seres humanos em um momento de muita vulnerabilidade, por- brar que o processo seletivo é um conjunto de ferramentas. Temos
tanto o profissional deve ser consciente e responsável de seu papel. que compor este dado nas demais fases do processo de seleção para
Dentre os instrumentos e técnicas utilizados podemos citar: que possamos ter a avaliação total.
Nos hospitais em que trabalhei, todos aplicavam prova teórica e,
- Entrevista – Dirigida (com roteiro) ou não dirigida (livre);
claro, tínhamos uma linha de corte bem significativa e muito cuida-
- Provas de conhecimentos – Gerais ou específicas;
dosa, de modo que as pessoas reprovadas realmente não sabiam o
- Prova Prática;
básico necessário.
- Testes de Personalidade – Expressivos projetivos e inventários;
É importante que tenhamos vários tipos de provas para um mes-
- Técnicas de simulações – Psicodrama ou análise situacional, di-
mo cargo, pois sempre algum conhece alguém que já passou pelo
nâmica de grupo;
processo seletivo e acaba dando as “dicas do que cai na prova”. Caso
- Estudo de Caso;
prefira, elenque umas 100 questões e sorteie 10 a cada prova, assim
- Entrevista com a chefia imediata.
você terá muitas possibilidades de provas diferentes.
É importante que as provas sejam específicas para a vaga em
Hoje, as técnicas mais utilizadas são dinâmica de grupo, entrevis- questão, por exemplo, se a vaga é para a CME, tenho que ter ques-
ta e conhecimento específico. tões específicas para a área para que realmente eu possa medir o
Geralmente, encaminha-se para entrevista com o requisitante conhecimento do candidato. Dê preferência também por provas com
três candidatos por vaga solicitada, ampliando as possibilidades de perguntas abertas, pois assim você já observa a coerência do discurso
escolha. escrito, raciocínio, caligrafia dentre outros.
“selecionar é uma atividade de extrema importância e respon-
sabilidade” A prova prática?
A entrevista é muito importante para definir o profissional para a Importante, principalmente na área da saúde. Na área de En-
vaga. Qual recomendação à senhora sugere aos nossos internautas? fermagem a prova era acompanhada pela enfermeira da Educação
No papel de entrevistado: mostre o melhor de você. Não minta, Permanente. Pela Consolidação das Leis Trabalhista (CLT) podemos
não diga o que não é, não fale o que não sabe, enfim... Seja você! Seja aplicar a prova prática com até três horas de duração. Durante este
sincero e autêntico. tempo verificamos como o profissional atua e como ele aplica os
Claro que sempre vemos sugestões de como se comportar na princípios científicos. A prova deve ser individual evitando, assim, a
entrevista com relação à roupa, postura, o que dizer e uma série de exposição do profissional. Lembramos que as especificidades de pro-
“dicas”, porém fica muito nítido para nós. selecionadores, quando cessos de cada instituição devem ser explicadas aos candidatos ou
isto é artificial. O natural flui... o artificial amarra... não computadas na avaliação.
Também é importante que para a entrevista o profissional se intere
sobre a empresa, entre em seu site, veja sua proposta de gestão de pes- Em quais situações a dinâmica de grupo pode ser utilizada?
soas, conheça sua história, sua cultura, missão, visão e valores. Afinal, a A dinâmica de grupo pode ser aplicada no processo seletivo de
seleção é um processo de mão dupla e é importante que o candidato qualquer cargo, desde que sejam observadas as competências perti-
também saiba sobre a empresa para poder fazer sua escolha. nentes à vaga. O número ideal de participantes é de, no máximo, 25
No papel de entrevistador: o entrevistador deve ser respeitoso, e no mínimo 15.
realmente se focar na vaga, fazer perguntas que tenham conexão
com o cargo que a pessoa vai atuar, sem ser invasivo. Deve entender, Sobre o acolhimento das pessoas que participam do processo
agir e acolher as pessoas enxergando tanto o lado humano como o de seleção, o que a senhora poderia nos falar?
físico, isto é, ter instalações adequadas para receber o candidato que Temos que tratar a todos com muito respeito, atenção e cuida-
garanta na hora do processo o sigilo e o respeito à privacidade. Deve, do. Ser empático, atencioso e preparar o ambiente para receber as
acima de tudo ser justo, tendo clareza dos critérios que estão sendo pessoas. Ser pontual, não deixar o candidato esperando, deixar claro

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

todos os passos do processo e efetuar todos os passos no mesmo Sei que o que falarei não é a concepção de todos, mas neste
dia, na medida do possível, evitando que a pessoa retorne muitas processo falta a avaliação do potencial comportamental das pessoas.
vezes para o processo. É importante que todo o processo seja claro Todo bom profissional é composto pela técnica, pelo comportamento
ao candidato, devemos explicar todas as fases e quais as condições e por suas possibilidades de desenvolvimento. Se observarmos so-
destas fases, isto é, se elas são classificatórias ou eliminatórias. Este mente um aspecto, a avaliação fica parcial e prejudicada.
esclarecimento faz com que o candidato tenha a visão real do proces- Ressalto a importância da área requisitante em todo o processo
so, eliminando a possibilidade de gerar falsas expectativas. seletivo e no caso específico da enfermagem, o papel do enfermeiro,
definindo em conjunto com gestão de pessoas o perfil dos colabo-
Solicitar referências do candidato é uma boa pratica? radores, as atividades a serem desenvolvidas nos diferentes depar-
A solicitação ou não de carta de referência aos candidatos deve tamentos e unidades para que a escolha do candidato adequado a
ser uma decisão do gestor porque requer uma avaliação bem criterio- vaga.
sa sobre o motivo que leva a esta solicitação. Durante o processo de “Todo bom profissional é composto pela técnica, pelo comporta-
seleção, na parte que tange a gestão de pessoas, utilizamos, como já mento e por suas possibilidades de desenvolvimento”
falamos anteriormente, de uma séria de ferramentas que nos permi- Quais as referências bibliográficas que a senhora indica aos in-
te avaliar e analisar os candidatos. ternautas que estão iniciando na área ou desejam aprimorar seus
conhecimentos?
Caso alguma questão referente à atuação deste candidato em
outra instituição gere dúvida ou controversa, lançamos mão deste
Hoje, temos muitos periódicos e endereços eletrônicos que dis-
recurso. Porém, se durante o processo seletivo o candidato não nos
cutem a temática, mas, cito algumas obras que utilizo como referên-
deixa dúvidas, este recurso não é utilizado, pois se faz desnecessário.
cia nos meus cursos:
Devemos ressaltar que uma avaliação de carta de referência fora de - Captação e seleção de talentos (Almeida, Editora Atlas)
um contexto pode levar a julgamento errôneo. Reafirmo que o pro- - Seleção: princípios e métodos (Carvalho, Editora Pioneira)
cesso de seleção é um conjunto de recursos/ferramentas utilizadas - Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agre-
para análise e avaliação do candidato, portanto nada isoladamente gar talentos à empresa, (Chiavenato, Editora Atlas)
faz sentido. - Desempenho humano nas empresas (Editora Manole)
- Ética na gestão de pessoas: uma visão prática (Farah, EI-Edições
Qual a sua sugestão para contato dos reprovados no processo? Inteligentes)
Toda pessoa deve receber um feedback do processo que pode - Seleção por Competência (Rabaglio)
ser feito por carta ou por telefone. Vale lembrar que se a pessoa pedir
uma devolutiva do processo temos que fazê-lo, pois todas as infor- Finalizando nossa entrevista, a senhora gostaria de enfatizar
mações levantadas pertence à pessoa e ela tem o direito de saber. algo para os profissionais da área?
Sugiro que os candidatos reprovados sejam mantidos em arquivo por Sim, agradeço a oportunidade e reforço:
seis meses. Pontos importantes para processo de recrutamento e seleção:
Como podemos definir perfil, competências e requisitos do - Ter a descrição detalhada do cargo da vaga em aberto;
cargo? - Conhecer os pré-requisitos, competências e perfil comporta-
Percebemos que a Gestão por competência a cada dia vem tor- mental esperado/desejado da vaga em aberto;
nando-se uma prática.Uma vez ela instalada permeará por todos os - Conhecer os principais desafios esperados pela área solicitante;
processos de gestão de pessoas. Desta forma, teremos as competên- - Conhecer a cultura, os valores e os princípios, não só da empre-
cias comportamentais e técnicas exigidas para cada cargo que soma- sa, mas da área, bem como da equipe da vaga em aberto;
da às competências organizacionais definem o perfil do cargo. Com - Conhecer (e entender) a missão, a visão, os objetivos estraté-
relação a requisitos, podemos usá-lo para expressar, por exemplo, gicos, os princípios da empresa para não contratar “um estranho no
a escolaridade necessária, especializações, enfim, como parte para ninho”;
compor o perfil do cargo. - Buscar sempre a participação do solicitante da vaga. Sem esta
participação o processo seletivo ficará comprometido.
Quais os principais indicadores do processo de recrutamento e
Devemos compreender que:
seleção de pessoal?
- A tarefa de recrutar e selecionar profissionais é estratégica;
Temos que nos atentar ao cenário ao qual estamos inseridos,
- Esta atividade deve ser de responsabilidade da área de Ges-
como ele está se comportando e quais as tendências. Para esta vi-
tão de Pessoas, pois ela está preparada para identificar os potenciais,
são, os números sempre nos ajudam. Cruzar números de candidatos visto que recrutar e selecionar pessoas no mercado é uma atividade
convocados para uma determinada vaga X número de pessoas que com metodologia própria e não pode ser encarada como um evento
compareceram X número de aprovados X número de aprovação após pontual, subjetivo e sem importância;
experiência é um bom dado para trabalharmos custos e o resulta- - Uma seleção bem feita minimiza os processos de treinamento,
do do departamento de Gestão de Pessoas. O índice de rotatividade pois não existe treinamento que dê conta de uma seleção mal feita.
também merece uma avaliação e análise.
Gostaria de encerrar com uma reflexão aos líderes:
Nas instituições públicas o processo ocorre por concurso público, O papel do processo seletivo é de assessorar as lideranças ofe-
cujo início se dá pelo edital. Qual a sua orientação para a elaboração recendo um instrumental para que o requisitante possa melhor
de um bom edital? decidir. Selecionar, não é atividade restrita a um profissional nor-
O bom edital é aquele que expressa claramente a necessidade malmente alocado na área de Gestão de Pessoas. É uma responsa-
da empresa. Deve ser objetivo e realmente conter todos os requisi- bilidade eminentemente gerencial. Isto é, cabe a cada líder, a cada
tos para a vaga em aberto ou para vaga reserva. Certificar-se que a gerente ter a competência para escolher com quem vai trabalhar.
prova de conhecimento realmente retrará a realidade vivenciada no
cotidiano.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Trabalho em Equipe
AGRAVOS À SAÚDE RELACIONADOS AO TRABALHO
O trabalho em equipe caracteriza-se pela relação recíproca
entre trabalho e interação, visto que a comunicação entre profis- Saúde do Trabalhador
sionais faz parte do exercício cotidiano de trabalho e lhes permite
articular as inúmeras ações executadas na equipe, no serviço e na Conjunto de atividades que se destina, através das ações de
rede de atenção. vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e pro-
O conceito de equipe que procura integrar o funcionamento teção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação
com o vínculo emocional é um conjunto de pessoas com um sen- e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos
so de identidade, manifesto em comportamentos desenvolvidos e e agravos advindos das condições de trabalho. Atualmente, vem
mantidos para o bem comum, em busca de resultados de interesse crescendo a preocupação com os agravos à saúde dos trabalhado-
comum a todos os seus integrantes, decorrentes da necessidade res. Pelo lado das empresas, o fato de esses eventos significarem
mútua para atingir objetivos e metas específicas. custos tanto em relação aos tributos, pois no caso de afastamento
Na área da saúde, o trabalho em equipe (TE) é considerado um em decorrência de acidente ou doença do trabalho, quando emiti-
instrumento indispensável de atuação dos profissionais. Conside- da a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), a empresa deve
rando os pressupostos do Sistema Único de Saúde (SUS) em relação manter a contribuição do Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço
às ações de gestão da saúde, devem ser priorizadas ações que vi- (FGTS) e garantir a estabilidade do trabalhador por um ano, após o
sem motivar os membros. seu retorno ao trabalho, e de acordo com o numero de acidentes, a
O trabalho em equipe surge assim como uma estratégia para empresa corre o risco de ter aumentada a sua alíquota de contribui-
redesenhar o trabalho e promover a qualidade dos serviços. Nesse ção ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT), pois com a implantação
contexto, trabalhar em equipe requer, de cada um, sentir-se, real- do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP), em 2007, a
mente, como membro de uma equipe. Sem este sentimento, difi- contribuição empresarial passa a se vincular ao numero de afasta-
cilmente um conjunto de pessoas se tornará uma equipe. Portanto, dos por problemas de saúde decorridos do trabalho; tanto com o
se faz primordial um processo permanente de autoconhecimento, treinamento de novo funcionário para substituir o que se acidentou
autodesenvolvimento, enfatizando a contribuição ao desenvolvi- e se afastou.
mento do outro. Além disso, ainda há a preocupação com as certificações in-
Trabalhar em equipe é o meio mais adequado para que se pos- ternacionais que impõem determinadas exigências às empresas
sa obter melhores resultados. A assistência em saúde aponta fa- quanto a qualidade dos produtos e, em certa medida, ao processo
tores que podem interferir nesse processo como a comunicação, de produção, o que reverbera em atitudes que podem melhorar o
relações interpessoais, relações de poder, planejamento e processo ambiente laboral. Porém, a discussão da prevenção, quase sempre,
decisório, cultura e filosofia organizacional. Apontam ainda que o imputa aos trabalhadores o peso das medidas que, não exclusiva-
trabalho em equipe não pode ser considerado como uma ativida- mente, mas de maneira acentuada, resvala sobre o uso de Equi-
de automática, mas sim uma habilidade que deve ser desenvolvida pamentos de Proteção Individual (EPI), que embora crie barreiras
com efetividade. para a exposição do corpo a algum agente causador de acidente ou
Dois aspectos caracterizam a equipe e integração: a articula- doença, pesa sobre o individuo, que muitas vezes, já trabalha em
ção das inúmeras ações executadas pelos distintos profissionais, e lugar quente ou frio, realiza movimentos repetitivos e, entre outros,
a comunicação entre seus componentes, orientada para o entendi- ainda, tem que usar EPI, que certamente protege, mas também é
mento. Entretanto, há que se considerar que as intervenções não se causa de incômodos e representa o reconhecimento de que aque-
desvinculam dos sujeitos que as executam nem da situação de traba- la atividade oferece riscos à saúde do trabalhador. Além disso, a
lho coletivo onde se encontram. empresa também opta pela substituição da força de trabalho des-
Diante disso, considera-se que uma equipe, quando valoriza a gastada ou adoecida, há uma visível preferência pelos mais jovens
comunicação no trabalho e atua de forma cooperativa e integrada, e sadios.
tem maiores possibilidades de diminuir o distanciamento existente
entre as categorias profissionais, na medida em que é considerada a O CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR
importância do trabalho de cada integrante da equipe para o desen-
volvimento das ações em saúde. A comunicação é considerada como A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública
a principal ferramenta para que os conflitos sejam convertidos em que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o
crescimento para a equipe, um aprende com o outro e esse aprendi- trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a proteção
zado é que promove crescimento. da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de
É importante destacar que a configuração dos diferentes tipos e vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de traba-
finalidades, modos de organização e operação do trabalho em equipe lho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação
em saúde vem se tornando objeto de estudo e discussão para mui- da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos
tos autores, assumindo maior destaque os problemas relacionados à de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no
efetiva articulação entre as ações e à interação entre os profissionais SUS. Nessa concepção, trabalhadores são todos os homens e mu-
de saúde no seu cotidiano do trabalho. lheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus
dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado
de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão
incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham
como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, traba-
lhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores
públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores particular-
mente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produ-
ção.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São também considerados trabalhadores aqueles que exercem Um dos princípios doutrinários do SUS é a descentralização,
atividades não remuneradas – habitualmente, em ajuda a mem- que é entendida como uma redistribuição de poder e responsabi-
bro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os lidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis
aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a
afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou decisão for tomada, maior a possibilidade do acerto.
desemprego. Assim, ao município cabe a execução da maioria das ações na
Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão com- promoção das ações de saúde diretamente voltadas aos seus cida-
preendidos os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e dãos, principalmente a responsabilidade política pela sua saúde.
organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores Isso significa dotar o município de condições gerenciais, técnicas,
de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e administrativas e financeiras para exercer esta função.
aqueles decorrentes da organização laboral – presentes nos proces- O que abrange um estado ou uma região estadual deve estar
sos de trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador têm como sob responsabilidade estadual e o que for de abrangência nacional
foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as será de responsabilidade federal. A essa profunda redefinição das
relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de atribuições dos vários níveis de governo com um nítido reforço do
uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e Inter setorial. poder municipal sobre a saúde é o que se chama municipalização
Os trabalhadores, individual e coletivamente nas organizações, da saúde. Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a
são considerados sujeitos e partícipes das ações de saúde, que in- concepção constitucional do mando único. Cada esfera de governo
cluem: o estudo das condições de trabalho, a identificação de me- é autônoma e soberana em suas decisões e atividades, respeitando
canismos de intervenção técnica para sua melhoria e adequação e os princípios gerais e a participação da sociedade.
o controle dos serviços de saúde prestados. Na condição de prática A saúde do trabalhador no âmbito do SUS é um conjunto de
social, as ações de saúde do trabalhador apresentam dimensões so- atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemio-
ciais, políticas e técnicas indissociáveis. Como consequência, esse lógica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
campo de atuação tem interfaces com o sistema produtivo e a gera- trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saú-
ção da riqueza nacional, a formação e preparo da força de trabalho, de dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
as questões ambientais e a seguridade social. De modo particular, condições de trabalho.
as ações de saúde do trabalhador devem estar integradas com as Dados do Ministério da Previdência Social apontam que há
de saúde ambiental, uma vez que os riscos gerados nos processos tendência de diminuição das ocorrências de acidentes de trabalho.
produtivos podem afetar, também, o meio ambiente e a população Entre 2008 e 2010, os casos reduziram 7,3% – o que corresponde a
em geral. cerca de 54 mil casos a menos nesse período. Em 2008, foram 755,9
Segundo o parágrafo 3.º do artigo 6.º da LOS, a saúde do traba- mil acidentes de trabalho e em 2010, 701,4 mil. Nesta sexta-feira
lhador é definida como “um conjunto de atividades que se destina, (27), comemora-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de
por meio das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitá- Trabalho. De acordo com o Boletim Estatístico da Previdência Social
ria, à promoção e proteção da saúde do trabalhador, assim como (Beps), em junho de 2012, foram mais de R$ 1 milhão pagos em be-
visa à recuperação e à reabilitação dos trabalhadores submetidos nefícios relacionados a acidentes de trabalho, tanto aposentadoria
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho”. Esse con- quanto auxílio-acidente, a mais de 1,2 mil pessoas – uma média de
junto de atividades está detalhado nos incisos de I a VIII do referido R$ 845 por trabalhador. Segundo informações do Tribunal Superior
parágrafo, abrangendo: do Trabalho (TST), os setores que mais registraram acidentes de
trabalho em 2010, quando foi feito o último levantamento, foram
- a assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou
a indústria e a construção civil, com mais de 59,9 mil e 54,6 mil
portador de doença profissional e do trabalho;
casos, respectivamente. Em seguida estão os setores de comércio,
- a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle
veículos automotores, saúde, serviços sociais, transporte e armaze-
dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de
nagem. Texto retirado do endereço eletrônico: http://www.brasil.
trabalho;
gov.br/cidadania-e-justica/2012/07/acidentes-de-trabalho-dimi-
- a participação na normatização, fiscalização e controle das
nuem-no-pais
condições de produção, extração, armazenamento, transporte, dis-
tribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e
Principais patologias enfrentada pelos trabalhadores
de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
- a avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; Ansiedade é uma característica biológica do ser humano, que
- a informação ao trabalhador, à sua respectiva entidade sindi- antecede momentos de medo, perigo ou de tensão, marcada por
cal e às empresas sobre os riscos de acidente de trabalho, doença sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de va-
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, zio no estômago, coração batendo rápido, nervosismo, aperto no
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos Tórax, transpiração, etc. Todas as pessoas podem sentir ansieda-
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional; de, principalmente com a vida atribulada atual. A ansiedade acaba
- a participação na normatização, fiscalização e controle dos tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- grau ou frequência pode se tornar patológica e acarretar em muitos
blicas e privadas; problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade.
- a revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas Ter ansiedade ou sofrer desse mal faz com que a pessoa perca
no processo de trabalho; uma boa parte da sua autoestima, ou seja, ela deixa de fazer cer-
tas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. No entanto, o
- a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao ór- termo ansiedade está de certa forma interligado com o a palavra
gão competente a interdição de máquina, do setor, do serviço ou medo, sendo assim a pessoa passa a ter o medo de errar quando
de todo o ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar.
iminente para a vida ou saúde do trabalhador. Os estudos sobre o controle no trabalho (“job control”) ganharam
enorme fôlego nas últimas duas décadas e ligaram-se, de forma

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

estreita, às redefinições dos processos de trabalho no contexto de A violência moral no trabalho constitui um fenômeno interna-
reestruturação da economia mundial. Por outro lado, tais redefini- cional segundo levantamento recente da Organização Internacional
ções podem ser também atribuídas, em alguma medida, aos acha- do Trabalho (OIT) com diversos países desenvolvidos. A pesquisa
dos produzidos pelas pesquisas sobre controle, saúde e bem-estar. aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condi-
ções de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Uni-
Motivação em psicologia, é a força propulsora (desejo) por do, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as
trás de todas as ações de um organismo duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial
da Saúde, estas serão as décadas do ‘mal estar na globalização”,
Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção, onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos,
e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de uma relacionados com as novas políticas de gestão na organização de
determinada meta. A motivação é baseada em emoções, especifi- trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.São com ou-
camente, pela busca por experiências emocionais positivas e por tros olhos que, advogamos, devemos ver o local de trabalho: olhos
evitar as negativas, onde positivo e negativo são definidos pelo es- que concebam a existência de pessoas e, como tal, buscam dar sen-
tado individual do cérebro, e não por normas sociais: uma pessoa tido ao seu cotidiano, construindo-o de modo conflituoso e coope-
pode ser direcionada até à auto-mutilação ou à violência caso o rativo; pessoas que interagem a vida fora do local de trabalho com
seu cérebro esteja condicionado a criar uma reação positiva a essas a vida no trabalho, lidam com as exigências postas pelas condições
ações. e pela organização do trabalho, enfim, conduzem processos sociais,
constroem sua história.
Parece claro que nas pessoas motivadas há toda uma série de Apesar de termos muitas vezes toda uma categoria profissio-
sentimentos e fatores emocionais que reforçam o seu entusiasmo nal submetida a exigências comuns em termos de organização do
e a sua persistência perante os contratempos normais da vida. O processo de trabalho, quando nos aproximamos dos locais onde
sentimento da própria eficácia, o acreditar de uma pessoa nas suas trabalham vemos que cada local é um mundo singular, com seus
próprias capacidades tem um surpreendente efeito multiplicador problemas particulares, com mecanismos que fazem com que uma
sobre essas mesmas capacidades. Aqueles que se sentem eficazes mesma tecnologia influa diferentemente, são pessoas diferentes,
recuperam mais depressa dos fracassos, não se perturbam dema- relações interpessoais construídas, são diferentes regras que vigo-
siado pelo fato de que as coisas possam correr mal; pelo contrário, ram.
fazem-nas o melhor que podem e procuram a maneira de as fazer
ainda melhor na vez seguinte. O sentimento da própria eficácia tem BORGES, L. H., 1997. Trabalho e doença mental: Reconheci-
um grande valor estimulante, e vai acompanhado por um sentimen- mento social do nexo trabalho e saúde mental. In: A Danação do
to de segurança que alenta e conduz à ação. Trabalho - Organização do Trabalho e Sofrimento Psíquico (J. F. Silva
São, as organizações, processos de interação social onde pesso- Filho & S. Jardim, org.), pp. 193-202, Belo Horizonte: Te Corá Edi-
as, também investidas de papéis de trabalho, procuram fazer valer tora.
seus interesses, seus valores e crenças; onde, para decifrá-la, de- BROWN, J. A. C., 1979. Psicologia Social da Indústria. São Paulo:
vemos ter, a certeza de que no local de trabalho, apesar do capital Atlas.
buscar “recursos humanos”, as pessoas continuam sendo pessoas.
Ainda que não tenhamos uma história do trabalho no Brasil, em que O trabalho, compreendido como toda transformação da natu-
a interlocução direta entre trabalhadores e patrões seja o modo de reza para benefício do homem, além de necessário para a manuten-
se relacionar, barganhar interesses e conquistar direitos, o reconhe- ção da vida humana, é importante fator na definição das condições
cimento deste processo conduz-nos a olhar as condições de possi- de saúde de cada indivíduo.
bilidade para desenvolver-se negociações a partir de outros olhos. O emprego de novas tecnologias, novas práticas gerenciais e a
incorporação de novas matérias primas aos processos de trabalho
O assédio moral no trabalho tem repercussão direta sobre a morbi-mortalidade dos trabalhado-
res.
É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações A Saúde do Trabalhador, conjunto de ações de vigilância e as-
humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante sistência, visando a promoção, a proteção, a recuperação e a reabi-
a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais litação da saúde dos trabalhadores submetidos a riscos e agravos
comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em advindos dos processos de trabalho, passou a fazer parte das ações
que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas desenvolvidas pelo Sistema Único de Saúde - SUS a partir da Consti-
de longaduração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais su- tuição Federal de 1988, que, em seu artigo 200, inciso II, define que
bordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente compete ao SUS executar ações de Saúde do Trabalhador.
de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. Ca- A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atua-
racteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho ção contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de de-
em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em tectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e
relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjeti- condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e
va que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, orga-
e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explica- nizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar
ções, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, cul- e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los
pabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do ou controlá-los.
desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado
ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afeti-
vos com a vítima e, frequentemente, reproduzem ações e atos do
agressor no ambiente de trabalho, instaurando o ‘pacto da tolerân-
cia e do silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente
se desestabilizando e fragilizando, ‘perdendo’ sua autoestima.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

História, documentos e fatos sobre a saúde do trabalhador Projeto que foi elaborado com a participação de vários técnicos
do CEST, Hospital do Trabalhador, Secretaria Municipal de Saúde de
A saúde do trabalhador passou aos poucos a ser incorporada Curitiba, SINAN Estadual e 2ª Regional de Saúde e a contribuição
nas ações do SUS em 1990, por meio da Lei Orgânica da Saúde (LOS, do CEREST de Londrina. As atribuições estabelecidas na portaria
nº 8080, artigo 6º) é conferido a direção nacional do SUS a respon- 2437de 07 de dezembro de 2005 que dispõe sobre a ampliação e
sabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador. A LOS o fortalecimento da RENAST (Rede Nacional de Atenção Integral à
orienta a execução das ações voltadas para a saúde do trabalhador, Saúde do trabalhador no SUS dispõe sobre as atribuições no nível
o parágrafo 3º do artigo 6 a define como: local, municipal, regional, estadual e nacional. Dando continuida-
“Um conjunto de atividades que se destina, por meio das ações de ao cronograma definido no Projeto Estadual de Implantação da
de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e a Vigilância epidemiológica em Saúde do trabalhador apresentamos
proteção da saúde do trabalhador, assim como visa a recuperação este projeto de capacitação de técnicos para a notificação de agra-
e a reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos vos da saúde do trabalhador.
advindos das condições de trabalho”
A portaria 3908/GM, de 30 de outubro de 1998, ficou conhe- A Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (VISA-
cida como a Norma Operacional de Saúde do Trabalhador-NOST/ TT) é um conjunto de ações feitas sempre com a participação dos
SUS, definiu as atribuições e responsabilidades para orientar e ins- trabalhadores e articuladas intra e intersetorialmente, de forma
trumentalizar as ações de saúde do trabalhador rural e urbano, con- contínua e sistemática, com o objetivo de detectar, conhecer, pes-
sideradas as diferenças entre homens e mulheres, a serem desen- quisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes da saú-
volvidas pelas secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal de relacionados ao trabalho, cada vez mais complexo e dinâmico.
e dos municípios. A Rede de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST)
A publicação de uma lista de doenças relacionadas ao trabalho, é uma rede nacional de informação e práticas de saúde, organizada
por meio da Portaria/MS nº 1339/1999, se deu em cumprimento com o propósito de pôr em prática as ações de vigilância, assistên-
da determinação do artigo 6º inciso VII, da LOS. A publicação des- cia e promoção da saúde, nas linhas de cuidado da atenção básica,
ta lista só foi possível pelo empenho histórico de trabalhadores e da média e alta complexidade, ambulatorial, pré-hospitalar e hos-
técnicos em conseguir reconhecimento de determinadas doenças pitalar, sob a égide do controle social, nos três níveis de gestão do
como resultantes das condições de organização do trabalho. A mes- SUS.
ma lista regulamenta o conceito de doença profissional e doença A VISATT Estadual se divide em três eixos complementares:
Vigilância Epidemiológica: coordenação dos procedimentos
adquirida pelas condições em que o trabalho é realizado, norma-
técnicos para sistematização da informação e a notificação compul-
tizando e classificando tais infortúnios, sendo que esta também foi
sória das doenças e agravos relacionados ao trabalho.Por meio do
adotada pelo Ministério da Previdência e Assistência social, no esta-
acompanhamento periódico de indicadores de saúde e sistemas,
belecimento de nexos e de pagamentos de benefícios sociais.
como o de informação de agravos de notificação (SINAN-NET), bus-
A partir do Sistema Único de saúde (SUS) os serviços de saúde
ca-se conhecer o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores e
pública tem primado sua ações por meio do desenvolvimento de
trabalhadoras, bem como o cruzamento com variáveis, tais como as
sistemas de informações como é o caso de patologias como diabe-
atividade econômica e ocupação.
tes, hipertensão arterial sistêmica, HIV etc... Na área de saúde do
Atenção à Saúde: Objetiva a consolidação da Política Nacional
trabalhador as informações são escassas com estimativas a partir de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora por meio do fortalecimento
de dados da Previdência Social, por meio da comunicação de aci- das ações dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CE-
dente de trabalho (CAT) sendo pouco abrangente e não consegue REST). Esses centros, comumente de abrangência estadual ou regio-
apreender dados precisos da questão, pois tem o caráter de segu- nal, deixam de ser porta de entrada prioritária e assumem o lugar
ridade especialmente para trabalhadores formalmente vinculados de suporte e retaguarda técnica no seu território de abrangência.
ao mercado de trabalho. Mesmo nestes há subnotificação, princi- Atuam como polo irradiador da cultura da centralidade do trabalho
palmente em doenças relacionadas ao trabalho que acabam não e produção social no processo saúde-doença. Além disso, a Atenção
sendo diagnosticadas como tal. Outro agravante de subnotificação à Saúde almeja a ampliação e estímulo às ações do controle social,
é o trabalho informal que oculta os acidentes, morte e invalidez. exercido, por exemplo, através das Comissões Intersetorias de Saúde
Considerando a necessidade da disponibilidade de informação do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) vinculadas aos respectivos
consistente e ágil sobre a situação da produção, perfil dos traba- Conselhos de Saúde.
lhadores e ocorrência de agravos relacionados ao trabalho para Vigilância dos Ambientes e Processos de Trabalho: Compreen-
orientar as ações de saúde, a intervenção nos ambientes e condi- dida como um conjunto de ações interventivas; planejadas, execu-
ções de trabalho, subsidiando o controle social, e pela constatação tadas e avaliadas a partir da análise dos agravos/doenças e de seus
de que essas informações estão dispersas, fragmentadas e pouco determinantes relacionados aos processos e ambientes de trabalho;
acessíveis, no âmbito do SUS é que foi publicada a portaria nº 777/ que visam atenuar ou controlar os fatores e as situações geradoras
GM de 28 de abril de 2004, que dispõe sobre os procedimentos de risco para a saúde dos trabalhadores. É a essência da ação de VI-
técnicos para a notificação compulsória de 11 agravos da saúde do SATT e é desenvolvida por análises de documentos, entrevistas com
trabalhador em rede de serviços sentinela específica no SUS. Em trabalhadores e observação direta do processo de trabalho (forma
atendimento a esta portaria a coordenação nacional de saúde do de trabalhar, relação do trabalhador com os meios e processos de
trabalhador (COSAT) a partir de abril de 2006 reuniu para a capa- produção e da relação dos meios de produção com o ambiente).
citação sobre SINAN NET saúde do trabalhador um representante
de cada Estado e assim dar início ao processo de construção para a A ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES
implantação da vigilância epidemiológica em saúde do trabalhador.
Em 20 de julho de 2006 uma técnica do SINAN Nacional e um do Por princípio, a atenção à saúde do trabalhador não pode ser
DATASUS nacional estiveram no Estado do Paraná implantando o desvinculada daquela prestada à população em geral. Tradicional-
SINAN NET para oficializar a digitação e envio de dados da Saúde mente, a assistência ao trabalhador tem sido desenvolvida em di-
do trabalhador através das unidades sentinela definidas no projeto. ferentes espaços institucionais, com objetivos e práticas distintas:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Se- • falta de tradição, familiaridade e conhecimento dos profissio-
gurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e outras formas de organi- nais do sistema com a temática da saúdedoença relacionada ao tra-
zação de serviços de saúde; balho, o que leva à crônica incapacidade técnica para o diagnóstico
• pelas organizações de trabalhadores; e o estabelecimento da relação das doenças com o trabalho;
• pelo Estado, ao implementar as políticas sociais públicas, em • deficiência de recursos materiais para as ações de diagnós-
particular a de saúde, na rede pública de serviços de saúde; ticos, equipamentos para avaliações ambientais, bibliografia espe-
• pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras for- cializada;
mas de prestação de serviços, custeados pelos próprios trabalha- • não-reconhecimento das atribuições do SUS no tocante às
dores; ações de vigilância dos ambientes de trabalho, tanto no âmbito do
• pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hos- SUS quanto entre outros setores de governo e entre os emprega-
pitais universitários. dores;
• falta de informações adequadas sobre os agravos à saúde
Contrariando o propósito formal para o qual foram constituí- relacionados ao trabalho nos sistemas de informação em saúde e
dos, os SESMT operam sob a ótica do empregador, com pouco ou sobre sua ocorrência na população trabalhadora no setor informal;
nenhum envolvimento dos trabalhadores na sua gestão. Nos seto- • pouca participação dos trabalhadores. Muitos sindicatos li-
res produtivos mais desenvolvidos, do ponto de vista tecnológico, a mitam-se, na sua relação com o SUS, à geração de demandas pon-
competição no mercado internacional tem estimulado a adoção de tuais, que acabam por preencher a agenda de muitos CRST. Falta,
políticas de saúde mais avançadas por exigências de programas de entretanto, uma integração construtiva na qual trabalhadores e téc-
qualidade e certificação. nicos da saúde busquem compreender a complexidade da situação
No âmbito das organizações de trabalhadores, a luta sindical da saúde do trabalhador em conjunturas e espaços específicos e, a
por melhores condições de vida e trabalho conseguiu alguns avan- partir daí, traçar estratégias comuns para superar as dificuldades;
ços significativos nos anos 80, sob inspiração do novo sindicalismo, • indefinição de mecanismos claros e duradouros para o finan-
ainda que de modo desigual no conjunto da classe trabalhadora. ciamento de ações em saúde do trabalhador;
Entretanto, a atuação sindical neste campo tem sofrido um reflu- • atribuições concorrentes ou mal definidas entre os diferentes
xo na atual conjuntura, em decorrência das políticas econômicas órgãos que atuam na área.
e sociais em curso no País que deslocam o eixo das lutas para a
manutenção do emprego e a redução dos impactos sobre o poder Podem, ainda, ser apontadas dificuldades para a incorporação/
de compra dos trabalhadores. Como conseqüência, na atualidade, articulação das ações de Saúde do Trabalhador no âmbito do siste-
podem ser observadas práticas diversificadas, desde atividades as- ma de saúde, em nível nacional, regional e local, como, por exem-
sistenciais tradicionais até ações inovadoras e criativas, que enfo- plo: com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o Centro Nacional
cam a saúde de modo integral. de Epidemiologia (Cenepi), a Agência Nacional de Vigilância Sani-
tária (Anvisa), a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), o Depar-
AS AÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR NA REDE PÚBLICA tamento de Informática do SUS (Datasus) e o Instituto Nacional de
DE SERVIÇOS DE SAÚDE Câncer (INCA), comprometendo a universalidade e a integralidade
da atenção.
Apesar da rede pública de serviços de saúde sempre ter aten- A experiência acumulada pelos Programas de Saúde do Traba-
dido trabalhadores, um modelo alternativo de atenção à saúde do lhador na rede de serviços de saúde sustenta a proposta de reorien-
trabalhador começou a ser instituído, em meados da década de 80, tação do modelo assistencial, que privilegia as ações de saúde do
sob a denominação de Programa de Saúde do Trabalhador, como trabalhador na atenção primária de saúde, com a retaguarda téc-
parte do movimento da Saúde do Trabalhador. nica dos CRST e de instâncias mais complexas do sistema de saúde.
As iniciativas buscavam construir uma atenção diferenciada Esses devem garantir uma rede eficiente de referência e contra-re-
para os trabalhadores e um sistema de vigilância em saúde, com a ferência, articulada com as ações das vigilâncias epidemiológica e
participação dos trabalhadores. Atualmente existem no país cerca sanitária, e os programas de atenção a grupos específicos, como
de 150 programas, centros de referência, serviços, núcleos ou co- mulher, adolescentes, idosos ou organizados por problemas. Tam-
ordenações de ações de Saúde do Trabalhador, em estados e mu- bém deverão estar contemplados:
nicípios, com graus variados de organização, competências, atribui- • a capacitação técnica das equipes;
ções, recursos e práticas de atuação, voltados, principalmente, para • a disponibilidade de instrumentos para o diagnóstico e es-
a atenção aos trabalhadores urbanos. tabelecimento de nexo com o trabalho pelos meios propedêuticos
Apesar de pontuais e díspares, esses programas e serviços tive- necessários;
ram o mérito de construir uma experiência significativa de atenção • recursos materiais para as ações de vigilância em saúde, tais
especializada à saúde do trabalhador, desenvolver uma metodolo- como suporte laboratorial e outros meios diagnósticos, equipamen-
gia de vigilância, preparar recursos humanos, estabelecer parcerias tos para avaliações ambientais;
com os movimentos social e sindical e, também, com outras instân- • disponibilidade de bibliografia especializada;
cias responsáveis pelas ações de saúde do trabalhador nos Minis- • mecanismos que corrijam a indefinição e duplicidade de atri-
térios do Trabalho e Emprego (MTE), da Previdência e Assistência buições, tanto no âmbito do SUS, quanto entre outros setores do
Social (MPAS) e com os Ministérios Públicos (MP). Contribuíram, governo;
também, para a configuração do atual quadro jurídico-institucional, • coleta e análise das informações sobre os agravos à saúde
inscrito na Constituição Federal, na LOS e na legislação complemen- relacionados ao trabalho nos sistemas de informação em saúde e
tar. sobre sua ocorrência na população trabalhadora no setor informal,
Entre as maiores dificuldades apresentadas pela estratégia de não segurada pela Previdência Social;
implantação de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador • definição de mecanismos claros e duradouros para o financia-
(CRST) estão a cobertura do conjunto dos trabalhadores e a peque- mento das ações em saúde do trabalhador
na inserção na rede do SUS, em uma perspectiva de atenção hierar-
quizada e integral. Além dessas podem ser apontadas:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A INVESTIGAÇÃO DAS RELAÇÕES SAÚDE-TRABALHO, O ESTABELECIMENTO DO NEXO CAUSAL DA DOENÇA COM O TRABALHO E AS
AÇÕES DECORRENTES

O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo saúde-doença dos trabalhadores tem implicações
éticas, técnicas e legais, que se refletem sobre a organização e o provimento de ações de saúde para esse segmento da população, na rede
de serviços de saúde.
Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um determinado evento de saúde – dano ou doença – indivi-
dual ou coletivo, potencial ou instalado, e uma dada condição de trabalho constitui a condição básica para a implementação das ações de
Saúde do Trabalhador nos serviços de saúde. De modo esquemático, esse processo pode se iniciar pela identificação e controle dos fatores
de risco para a saúde presentes nos ambientes e condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos,
lesões ou doenças provocados pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores.
Apesar de fugir aos objetivos deste texto, que trata dos aspectos patogênicos do trabalho, potencialmente produtor de sofrimento,
adoecimento e morte, é importante assinalar que, na atualidade, cresce em importância a valorização dos aspectos positivos e promotores
de saúde, também presentes no trabalho, que devem estar contemplados nas práticas de saúde.
Neste capítulo serão apresentados, resumidamente, aspectos conceituais sobre as formas de adoecimento dos trabalhadores e de
sua relação com o trabalho, alguns dos recursos e instrumentos disponíveis para a investigação das relações saúde-trabalho-doença e para
o estabelecimento do nexo do dano/doença com o trabalho e as ações decorrentes que devem ser implementadas. Ao final encontra-se
relacionada uma bibliografia sugerida para o aprofundamento do tema.

O ADOECIMENTO DOS TRABALHADORES E SUA RELAÇÃO COM O TRABALHO

Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e morte da população em geral, em função de sua idade, gênero, grupo
social ou inserção em um grupo específico de risco. Além disso, os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao
trabalho, como consequência da profissão que exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi realiza-
do. Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalhadores resultará da amalgamação desses fatores, que podem ser sintetizados em
quatro grupos de causas (Mendes & Dias, 1999):
• doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho;
• doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas, etc.) eventualmente modificadas no aumento da
freqüência de sua ocorrência ou na precocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho. A hiper-
tensão arterial em motoristas de ônibus urbanos, nas grandes cidades, exemplifica esta possibilidade;
• doenças comuns que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo pelo trabalho.

A asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda auditiva induzida pelo ruído (ocupacional), doenças músculo-esqueléticas
e alguns transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na qual, em decorrência do trabalho, somam-se (efeito aditivo) ou multipli-
cam-se (efeito sinérgico) as condições provocadoras ou desencadeadoras destes quadros nosológicos;

• agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças profissionais. A silicose e a asbestose exempli-
ficam este grupo de agravos específicos.

Os três últimos grupos constituem a família das doenças relacionadas ao trabalho. A natureza dessa relação é sutilmente distinta em
cada grupo. O Quadro II resume e exemplifica os grupos das doenças relacionadas de acordo com a classificação proposta por Schilling
(1984).
GRUPO I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas doenças profissionais, stricto sensu, e pelas intoxicações
agudas de origem ocupacional.
GRUPO II: doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, mas não necessário, exemplificadas pelas doenças
comuns, mais freqüentes ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais e para as quais o nexo causal é de natureza eminente-
mente epidemiológica. A hipertensão arterial e as neoplasias malignas (cânceres), em determinados grupos ocupacionais ou profissões,
constituem exemplo típico.
GRUPO III: doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida ou preexistente,
ou seja, concausa, tipificadas pelas doenças alérgicas de pele e respiratórias e pelos distúrbios mentais, em determinados grupos ocupa-
cionais ou profissões

Entre os agravos específicos estão incluídas as doenças profissionais, para as quais se considera que o trabalho ou as condições em que
ele é realizado constituem causa direta. A relação causal ou nexo causal é direta e imediata. A eliminação do agente causal, por medidas
de controle ou substituição, pode assegurar a prevenção, ou seja, sua eliminação ou erradicação. Esse grupo de agravos, Schilling I, tem,
também, uma conceituação legal no âmbito do SAT da Previdência Social e sua ocorrência deve ser notificada segundo regulamentação na
esfera da Saúde, da Previdência Social e do Trabalho.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os outros dois grupos, Schilling II e III, são formados por doenças consideradas de etiologia múltipla, ou causadas por múltiplos fatores
de risco. Nessas doenças comuns, o trabalho poderia ser entendido como um fator de risco, ou seja, um atributo ou uma exposição que
estão associados com uma probabilidade aumentada de ocorrência de uma doença, não necessariamente um fator causal (Last, 1995).
Portanto, a caracterização etiológica ou nexo causal será essencialmente de natureza epidemiológica, seja pela observação de um excesso
de freqüência em determinados grupos ocupacionais ou profissões, seja pela ampliação quantitativa ou qualitativa do espectro de deter-
minantes causais, que podem ser melhor conhecidos a partir do estudo dos ambientes e das condições de trabalho.
A eliminação desses fatores de risco reduz a incidência ou modifica o curso evolutivo da doença ou agravo à saúde.
Classicamente, os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser
classificados em cinco grandes grupos:
FÍSICOS: ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, entre
outros;
QUÍMICOS: agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos
processos de trabalho (ver a coluna de agentes etiológicos ou fatores de risco na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho);
BIOLÓGICOS: vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária (ver
a coluna de agentes etiológicos ou fatores de risco na Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho);
ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS: decorrem da organização e gestão do trabalho, como, por exemplo: da utilização de equipamen-
tos, máquinas e mobiliário inadequados, levando a posturas e posições incorretas; locais adaptados com más condições de iluminação,
ventilação e de conforto para os trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou ritmo de trabalho excessivo, exigências de
produtividade, relações de trabalho autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores, entre outros;
MECÂNICOS E DE ACIDENTES: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização,
rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes do trabalho.

AÇÕES DECORRENTES DO DIAGNÓSTICO DE UMA DOENÇA OU DANO RELACIONADO AO TRABALHO

Uma vez estabelecida a relação causal ou nexo entre a doença e o trabalho desempenhado pelo trabalhador, o profissional ou a equi-
pe responsável pelo atendimento deverá assegurar:
• a orientação ao trabalhador e a seus familiares, quanto ao seu problema de saúde e os encaminhamentos necessários para a recu-
peração da saúde e melhoria da qualidade de vida;
• afastamento do trabalho ou da exposição ocupacional, caso a permanência do trabalhador represente um fator de agravamento do
quadro ou retarde sua melhora, ou naqueles nos quais as limitações funcionais impeçam o trabalho;
• o estabelecimento da terapêutica adequada, incluindo os procedimentos de reabilitação;
• solicitação à empresa da emissão da CAT para o INSS, responsabilizando-se pelo preenchimento do Laudo de Exame Médico (LEM).
Essa providência se aplica apenas aos trabalhadores empregados e segurados pelo SAT/INSS. No caso de funcionários públicos, por exem-
plo, devem ser obedecidas as normas específicas (ver capítulo 5);
• notificação à autoridade sanitária, por meio dos instrumentos específicos, de acordo com a legislação da saúde, estadual e munici-
pal, viabilizando os procedimentos da vigilância em saúde. Também deve ser comunicado à DRT/MTE e ao sindicato da categoria a que o
trabalhador pertence.

A decisão quanto ao afastamento do trabalho é difícil, exigindo que inúmeras variáveis de caráter médico e social sejam consideradas:
• os casos com incapacidade total e/ou temporária devem ser afastados do trabalho até melhora clínica, ou mudança da função e
afastamento da situação de risco;
• no caso do trabalhador ser mantido em atividade, devem ser identificadas as alternativas compatíveis com as limitações do paciente
e consideradas sem risco de interferência na evolução de seu quadro de saúde;
• quando o dano apresentado é pequeno, ou existem atividades compatíveis com as limitações do paciente e consideradas sem risco
de agravamento de seu quadro de saúde, ele pode ser remanejado para outra atividade, em tempo parcial ou total, de acordo com seu
estado de saúde;
• quando houver necessidade de afastar o paciente do trabalho e/ou de sua atividade habitual, o médico deve emitir relatório justifi-
cando as razões do afastamento, encaminhando-o ao médico da empresa, ou ao responsável pelo PCMSO. Se houver indícios de exposição
de outros trabalhadores, o fato deverá ser comunicado à empresa e solicitadas providências corretivas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atenção especial deve ser dada à decisão quanto ao retorno ao O conceito de risco aqui utilizado deriva da palavra inglesa ha-
trabalho. É importante avaliar se a empresa ou a instituição oferece zard, que vem sendo traduzida para o português como perigo ou
programa de retorno ao trabalho, com oferta de atividades com- fator de risco ou situação de risco. Segundo Trivelato (1998), o con-
patíveis com a formação e a função do trabalhador, que respeite ceito de risco é bidimensional, representando a possibilidade de um
suas eventuais limitações em relação ao estágio pré-lesão e pre- efeito adverso ou dano e a incerteza da ocorrência, distribuição no
pare colegas e chefias para apoiar o trabalhador na nova situação, tempo ou magnitude do resultado adverso. Assim, de acordo com essa
alargando a concepção de capacidade para o trabalho adotada na definição, situação ou fator de risco é “uma condição ou conjunto de
empresa, de modo a evitar a exclusão do trabalhador no seu local circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso, que
de trabalho. pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde, à propriedade ou
Considerando o caráter de construção da Área de Saúde do Tra- ao meio ambiente”. Ainda segundo Trivelato (1998), os fatores de risco
balhador, é importante que os profissionais dos serviços de saúde podem ser classificados, segundo sua natureza, em:
estejam imbuídos da responsabilidade de produção e divulgação do
conhecimento acumulado AMBIENTAL:
- físico: alguma forma de energia: radiação, ruído, vibração,
BASES TÉCNICAS PARA O CONTROLE DOS FATORES DE RISCO etc.;
E PARA A MELHORIA DOS AMBIENTES E DAS CONDIÇÕES DE - químico: substâncias químicas, poeiras, etc.;
TRABALHO - biológico: bactérias, vírus, fungos, etc.;

A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e SITUACIONAL: instalações, ferramentas, equipamentos, mate-
a melhoria dos ambientes de trabalho para promoção e proteção da riais, operações, etc.;
saúde do trabalhador constituem um desafio que ultrapassa o âm- HUMANO OU COMPORTAMENTAL: decorrentes da ação ou
bito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções técnicas, omissão humana.
às vezes complexas e de elevado custo. Em certos casos, medidas
simples e pouco onerosas podem ser implementadas, com impac- O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve
tos positivos e protetores para a saúde do trabalhador e o meio um conjunto de procedimentos que visam a definir se existe ou não
ambiente. um problema para a saúde do trabalhador e, no caso afirmativo, a
O controle das condições de risco para a saúde e melhoria dos estabelecer sua provável magnitude, a identificar os agentes poten-
ambientes de trabalho envolve as seguintes etapas: ciais de risco e as possibilidades de exposição. É uma etapa funda-
• identificação das condições de risco para a saúde presentes mental do processo que, apesar de sujeita às limitações dos recur-
no trabalho; sos disponíveis e a erros, servirá de base para a decisão quanto às
• caracterização da exposição e quantificação das condições de ações a serem adotadas e para o estabelecimento de prioridades.
risco; Reconhecer o risco significa identificar, no ambiente de trabalho,
• discussão e definição das alternativas de eliminação ou con- fatores ou situações com potencial de dano, isto é, se existe a possi-
trole das condições de risco; bilidade de dano. Avaliar o risco significa estimar a probabilidade e
• implementação e avaliação das medidas adotadas. a gravidade de que o dano ocorra.
Para reconhecer as condições de risco é necessário investigar
É muito importante que os trabalhadores participem de to- as possibilidades de geração e dispersão de agentes ou fatores noci-
das as fases desse processo, pois, como foi assinalado no capítulo vos associados aos diferentes processos de trabalho, às operações,
anterior, em muitos casos, a despeito de toda sofisticação técnica, às máquinas e a outros equipamentos, bem como às diferentes
apenas os trabalhadores são capazes de informar sutis diferenças matérias-primas, aos produtos químicos utilizados, aos eventuais
existentes entre o trabalho prescrito e o trabalho real, que explicam subprodutos e aos resíduos. Os possíveis efeitos dos agentes poten-
o adoecimento e o que deve ser modificado para que se obtenha os cialmente presentes sobre a saúde devem ser estudados.
resultados desejados. Assim, o conhecimento disponível sobre os riscos potenciais
Na atualidade, a preocupação com o meio ambiente e a saú- que ocorrem em determinada situação de trabalho deve ser acom-
de das populações residentes na área de influência das unidades panhado de uma observação cuidadosa in loco das condições reais
produtivas vem fortalecendo o movimento que busca a mudança de exposição dos trabalhadores.
de processos de trabalho potencialmente lesivos para a saúde das
populações e o ambiente, o que pode ser um aliado importante
para a saúde do trabalhador.
São apresentadas, a seguir, algumas considerações sobre o
conceito de risco e fator ou condições de risco para a saúde; as
metodologias disponíveis para o reconhecimento dos riscos; algu-
mas das alternativas para a eliminação ou a redução da exposição
às condições de risco para a saúde e a melhoria dos ambientes de
trabalho visando à proteção da saúde do trabalhador. Mais infor-
mações e o aprofundamento dessas questões podem ser obtidos
na bibliografia relacionada ao final do capítulo. Identificação e Ava-
liação das Condições de Risco

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Deve ser lembrado que existe uma diferença entre a capacidade que tem um agente para causar dano e a possibilidade de que este
agente cause dano. O potencial intrínseco de um agente tóxico para lesar a saúde só se concretiza se houver condições para que este
agente alcance o(s) órgão(s) crítico(s) que ele pode danificar. Por exemplo: a sílica livre cristalina é o agente etiológico da silicose, portanto
um bloco de granito “encerra” o risco de silicose. Entretanto, esse bloco só oferecerá risco real de doença se for submetido a algum pro-
cesso de subdivisão que produza partículas suficientemente pequenas para serem inaladas e depositadas nos alvéolos pulmonares. Se o
bloco de granito fizer parte de um monumento, não haverá risco de silicose, porém se este mesmo bloco de granito estiver em um canto
no local de trabalho é importante investigar para que será utilizado. O fato de, no momento, não estar oferecendo risco não significa que
assim será no futuro.
Alguns exemplos, não exaustivos, de agentes químicos, físicos e biológicos que podem oferecer risco para a saúde, bem como de locais
onde podem ocorrer, são apresentados no Quadro VI.
A presença de contaminantes atmosféricos pode passar desapercebida, configurando os riscos escondidos.
A falta de propriedades características ou a presença simultânea de uma multiplicidade de fatores no ambiente de trabalho pode mas-
carar riscos, como, por exemplo, o odor. Quando o risco provém de substâncias ou produtos utilizados é simples associar sua presença com
determinadas operações, como no caso de vapores de solventes em fornos de secagem ou limpeza a seco de vestuário; neblinas de ácido
crômico na cromagem de peças; ou poeira de sílica em operações de jateamento de areia. O mesmo não acontece quando os agentes
químicos ocorrem como subprodutos, ou resíduos, ou são produzidos acidentalmente como resultado de reações químicas de combustão
ou pirólise, decomposição de certos materiais, ou aparecem como impurezas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O problema das impurezas deve ser cuidadosamente examinado, visto que certos produtos químicos podem conter contaminantes
muito mais tóxicos do que eles próprios, oferecendo riscos para a saúde. Por exemplo, o benzeno, altamente tóxico e cancerígeno, pode
ser encontrado como impureza na gasolina e em outros solventes menos tóxicos, como o tolueno e o xileno. Certos talcos podem conter
asbesto como impureza. A arsina e a fosfina, gases muito tóxicos, podem ser encontrados como impurezas no acetileno, que é muito me-
nos tóxico.
Produtos vendidos sob nomes comerciais, sem informação detalhada quanto à composição química, geralmente criam problemas
para o reconhecimento de riscos. Tais informações devem ser exigidas dos fabricantes e fornecedores, uma vez que análises de amostras
de tais produtos são trabalhosas e caras. Na atualidade, estão disponíveis bases de dados com informações sobre produtos a partir dos
nomes comerciais, incluindo informações toxicológicas. Algumas dessas fontes de informação estão referenciadas na bibliografia, ao final
deste capítulo.
Outro aspecto importante da toxicidade das substâncias químicas refere-se às suas propriedades físicas.
A proporção dos componentes de um vapor pode diferir muito de sua proporção na mistura líquida que lhe deu origem.
Por exemplo, uma mistura contendo 10% de benzeno e 90% de xileno na fase líquida, conterá 65% de benzeno e 35% de xileno na fase
de vapor, portanto, uma proporção muito maior do componente mais tóxico. Líquidos contendo pequenas proporções de impurezas muito
tóxicas porém, com alta pressão de vapor, podem dar origem a vapores perigosos, se inalados.
Quanto às poeiras, sua composição pode diferir muito da composição da rocha que lhe deu origem, devido às diferenças na friabili-
dade dos componentes. Também seu aspecto visual pode enganar. Nuvens de poeira visíveis podem ser menos prejudiciais que nuvens
praticamente invisíveis, pois a fração respirável de algumas poeiras, a mais nociva, pode não ser vista a olho nu. Devido ao seu pequeno
tamanho e pouco peso, podem ficar em suspensão no ar durante muito tempo e atingir grandes distâncias, afetando trabalhadores que
parecem não estar expostos.
Outro risco, às vezes esquecido, decorre da falta de oxigênio, que pode levar rapidamente à morte. Pode ocorrer quando certos conta-
minantes atmosféricos, não necessariamente tóxicos em si, deslocam o oxigênio, como no caso de recintos fechados onde há fermentação
e o CO2desloca o oxigênio.
Com exceção das radiações ionizantes, os riscos de natureza física são geralmente fáceis de reconhecer, pois atuam diretamente sobre
os sentidos. No Quadro VIII estão relacionados alguns exemplos de agentes físicos e respectivas situações de exposição.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A exposição aos agentes biológicos está geralmente associada ao trabalho em hospitais, laboratórios de análises clínicas e atividades
agropecuárias, porém pode ocorrer, também, em outros locais. O fato de que frequentemente ocorrem em situações não-ocupacionais complica
o estabelecimento do nexo causal. Os agentes biológicos incluem vírus, bactérias, riquétsias*, protozoários e fungos e seus esporos. No Quadro
IX, apresentado a seguir, estão relacionados alguns exemplos desses agentes e as respectivas situações ocupacionais de exposição.
Os fatores de adoecimento relacionados à organização do trabalho, em geral considerados nos riscos ergonômicos, podem ser iden-
tificados em diversas atividades, desde a agricultura tradicional até processos de trabalho modernos que incorporam alta tecnologia e
sofisticadas estratégias de gestão. Os processos de reestruturação produtiva e globalização da economia de mercado, em curso, têm
acarretado mudanças significativas na organização e gestão do trabalho com repercussões importantes sobre a saúde do trabalhador.
Entre suas consequências destacam-se os problemas osteomusculares e o adoecimento mental relacionados ao trabalho, que crescem
em importância em todo o mundo. A exigência de maior produtividade, associada à redução contínua do contingente de trabalhadores, à
pressão do tempo e ao aumento da complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis e as relações de trabalho tensas e precá-
rias, constituem fatores psicossociais responsáveis por situações de estresse relacionado ao trabalho.
Um enfoque mais detalhado dessas questões pode ser encontrado nos capítulos 10 e 18 deste Manual de Procedimentos.
O reconhecimento das condições de risco presentes no trabalho pode ser realizado com o auxílio de metodologias variadas, porém
todas elas incluem três etapas fundamentais:
a) o estudo inicial da situação;
b) inspeção do local de trabalho para observações detalhadas;
c) análise dos dados obtidos.

O estudo inicial da situação é indispensável para que fatores ou condições de risco não sejam negligenciados durante a inspeção do
local de trabalho, requerendo conhecimento técnico, experiência e acesso a fontes especializadas e atualizadas de informação. O estudo
preliminar do(s) processo(s) de trabalho, que precede a inspeção, pode ser feito utilizando as fontes de informação disponíveis (literatura
especializada, bancos de dados eletrônicos, relatórios técnicos de levantamentos prévios realizados no mesmo local ou em locais seme-
lhantes) e por meio de perguntas antecipadas à própria empresa que vai ser estudada, como, por exemplo, a lista de produtos compra-
dos com a respectiva taxa de consumo (semanal ou mensal), como e onde são utilizados. Assim é possível determinar a priori quais as
principais possibilidades de risco, o que será de grande utilidade e otimizará o tempo durante a inspeção propriamente dita. Concluída a
investigação dos agentes de risco potenciais, que podem ocorrer no local de trabalho, é necessário verificar quais são seus possíveis efeitos
para a saúde. Além disso, também devem ser consultadas as tabelas contendo os Limites de Exposição Ocupacional (LEO) ou Limites de
Tolerância (LT), pois os valores de exposição permitidos para os diferentes agentes dão uma idéia do grau de dano que podem causar e são
úteis para se fazer comparações e estabelecer prioridades.
Por exemplo, um agente químico cujo LT é 0,5 mg/m3será muito mais perigoso que um agente cujo LT é 200 mg/m3.
As informações relativas ao estado de saúde do trabalhador, incluindo as queixas, sintomas observados ou outros efeitos sobre a saú-
de e alterações precoces nos parâmetros de saúde ou nos resultados de monitorização biológica, também podem auxiliar na identificação
de condições de risco existentes no ambiente de trabalho. Uma colaboração estreita entre os responsáveis pelo estudo do ambiente e
das condições de trabalho (higienistas, engenheiros de segurança, ergonomistas) e os responsáveis pela saúde do trabalhador (médicos,
psicólogos, enfermeiros do trabalho, toxicologistas) é indispensável para uma avaliação correta das exposições ocupacionais. O enfoque
multidisciplinar e o trabalho em equipe permitem desvendar relações causais que de outra forma podem passar despercebidas.
O potencial de causar dano de um determinado agente encontrado no ambiente de trabalho é importante para o estabelecimento de
prioridades, mesmo para as observações iniciais, alertando para a presença de condições graves, que requerem ação imediata, como no
caso da exposição a substâncias muito tóxicas, cancerígenas ou teratogênicas. O modo de ação de um agente sobre o organismo (rápido,
lento) e a possibilidade de penetrar através da pele intacta são dados importantes para orientar as observações in loco e o estabelecimen-
to da estratégia de amostragem, se necessária.
Relatórios e resultados de investigações prévias devem ser analisados, considerando a possibilidade de que tenham ocorrido mudan-
ças nas condições de trabalho.
Na inspeção do local de trabalho é importante definir um ponto focal que, necessariamente, deve ser uma pessoa que conheça bem
todo o processo de trabalho, assegurando o acesso às pessoas que possam dar informações pertinentes, principalmente os trabalhadores.
Todas as informações colhidas devem ser anotadas com clareza, dentro de um formato preparado com antecedência, incluindo check-lists
relativos aos possíveis fatores de risco em cada operação. É indispensável obter ou preparar um fluxograma do processo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Se não for possível antes, quando no momento da inspeção do O grau de atividade física também tem grande influência, au-
local de trabalho deve ser obtida uma lista dos materiais e diferen- mentando sensivelmente o depósito de poeira em todas as regiões
tes produtos comprados e utilizados. Informações quanto a taxas do aparelho respiratório. Algumas substâncias podem ser absor-
de consumo (semanal, mensal) e de como e onde são utilizados po- vidas através da pele intacta e passar à corrente sangüínea, con-
dem auxiliar no estabelecimento da ordem de grandeza do provável tribuindo, significativamente, para a absorção total de um agente
risco e na localização das fontes que poderiam escapar à observa- tóxico. Características das substâncias químicas que influenciam a
ção, particularmente se estiverem escondidas. Nem sempre a utili- absorção através da pele incluem a solubilidade (maior solubilidade
zação de produtos químicos é aparente. Áreas de recebimento de em lipídios, maior absorção) e o peso molecular (quanto maior, me-
materiais e de armazenamento não podem ser esquecidas. Entre as nor a absorção). Outros fatores que influenciam a absorção incluem
perguntas a serem respondidas estão: que substâncias são usadas? o tipo de pele, que varia de pessoa para pessoa e também de uma
Em que quantidades? Como e onde? No caso de agentes químicos e parte do corpo para outra; a condição da pele, como a existência de
poeiras, qual a capacidade de evaporação ou de dispersão? doenças de pele, tipo eczemas e fissuras; a exposição prévia aos sol-
Outros aspectos que devem ser observados são: tecnologia de ventes e o trabalho físico pesado, que estimula a circulação perifé-
produção e processos, equipamentos e máquinas, fontes potenciais rica de sangue. É importante investigar, entre os agentes potenciais
de contaminantes, inclusive condições que possam levar à forma- de exposição, quais têm a propriedade de ser absorvidos através da
ção acidental, como, por exemplo, o armazenamento inadequado pele. Mesmo produtos químicos em forma de grânulos ou escamas
de substâncias reativas e circunstâncias que podem influenciar na podem oferecer tal risco, se houver contato direto com a pele e se
sua dispersão no ambiente de trabalho, bem como a direção pro- forem solúveis no suor, como, por exemplo, o pentaclorofenol. Essa
vável de propagação desses contaminantes a partir da fonte. Possi- situação é agravada em locais de trabalho quentes. A possibilidade
bilidades de vazamentos e emissões fugitivas em processos fecha- de absorção através da pele modifica os procedimentos referentes
dos ou isolados devem ser cuidadosamente investigadas. Entre as à avaliação quantitativa da exposição por simples amostragem/aná-
perguntas a serem respondidas estão: quais as fontes de emissão? lise do ar, que não será suficiente para avaliar a exposição total.
Trata-se de processo necessário? Pode a tarefa ser executada com Também o controle, por meio da proteção respiratória, não
menor risco? O que pensa o trabalhador? No caso de processo fe- será suficiente para proteger o trabalhador, que deverá incorporar
chado, há possibilidade de emissões fugitivas? práticas de trabalho adequadas, evitando contato com a pele e res-
É importante perguntar sobre processos esporádicos que po- pingos nas roupas e instituir rigorosa higiene pessoal.
dem não estar sendo executados na ocasião da inspeção. Todos os Apesar de a via digestiva ser a menos importante porta de
ciclos do processo devem ser investigados e, de preferência, ob- entrada, em situações ocupacionais essa possibilidade deve ser in-
servados. Os trabalhadores podem dar informações valiosas a esse vestigada e eliminada por meio do estabelecimento de práticas de
respeito. trabalho e de higiene adequadas.
As características gerais do local de trabalho e a possível in- O nível de atividade física exigido tem importância fundamen-
fluência de ambientes contíguos também devem ser observadas. tal, também, nos casos de sobrecarga térmica pois, quanto mais
Exemplo: podem ocorrer intoxicações por gases de exaustão de intensa, maior será a produção de calor metabólico que deve ser
veículos deixados com o motor ligado numa plataforma de carga/ dissipado.
descarga adjacente a janelas abertas de um local de trabalho onde A avaliação da dose realmente recebida pelo trabalhador, seja
não há contaminantes atmosféricos prejudiciais. Situações ainda de um agente químico ou de um agente físico presentes na situa-
mais graves podem ocorrer, e têm ocorrido, quando contaminantes ção de trabalho, depende da concentração, quando se trata de um
tóxicos são conduzidos, pelo vento ou por um escape, para pontos contaminante atmosférico, ou da intensidade, quando se refere a
de entrada de ar de sistemas de ventilação. um agente físico, e do tempo de exposição. Exemplos: segundo as
O layout do ambiente deve ser anotado, os postos de trabalho normas vigentes, a exposição ao ruído não deve ultrapassar 85 dBA
e as tarefas devem ser observados e analisados. para uma exposição ocupacional de 8 horas diárias, porém pode ir
Além de estudar a possível ocorrência de condições de risco no a 88 dBA para 4 horas diárias ou a 91 dBA para 2 horas diárias. A
local de trabalho e os efeitos nocivos que podem causar, é necessá- exposição ao calor em um ambiente com Índice de Bulbo Úmido -
rio observar as condições de exposição, que incluem aspectos como Termômetro de Globo (IBUTG) igual a 29,5o C, para trabalho mode-
as vias de entrada no organismo, nível de atividade física e o tempo rado, não é aceitável para trabalho contínuo, porém o seria para um
de exposição. A investigação das condições de exposição também esquema de 50% de trabalho e 50% de descanso em local fresco,
é necessária para a definição da estratégia de amostragem, para por hora, ou seja, 30 minutos de trabalho, 30 minutos de descanso.
uma avaliação quantitativa correta e o planejamento da prevenção Para os agentes químicos, a influência do tempo de exposição
e do controle. Sobre as vias de entrada no organismo de agentes varia para agentes de ação rápida no organismo ou aqueles de ação
químicos e poeiras é importante considerar que, nos ambientes crônica. Quando a ação for rápida, mesmo exposições curtas devem
de trabalho, a via respiratória é a mais importante. É influenciada ser evitadas. A exposição a agentes cancerígenos e teratogênicos
pelo modo de respirar do trabalhador, se pelo nariz ou pela boca e deve ser eliminada e estar sob controle rigoroso.
pelo tipo de atividade, uma vez que o trabalho mais pesado requer Sobre as flutuações nas condições de exposição às substân-
maior ventilação pulmonar. cias químicas, na maioria dos casos, a liberação de contaminantes
Em repouso, uma pessoa respira, em média de 5 a 6 litros por atmosféricos varia com o lugar e o tempo. Possibilidades de flutu-
minuto e ao realizar trabalho muito pesado passará a respirar de 30 ações apreciáveis e de ocorrência de picos de concentração dos
a 50 litros por minuto. No caso das poeiras, o mecanismo de filtros contaminantes atmosféricos devem ser observadas nos processos
existente no nariz é importante, podendo ocorrer uma diferença variáveis e nas operações esporádicas, como na abertura de fornos
apreciável entre a quantidade de poeira inalada e depositada em de secagem ou de reatores de polimerização. Essas informações são
diferentes regiões do aparelho respiratório, dependendo do tipo de importância fundamental para a elaboração de estratégias de
de respiração, se nasal ou oral. A respiração pela boca aumenta o amostragem, na avaliação quantitativa e para o planejamento de
depósito de poeira respirável na região alveolar, em relação à res- medidas de prevenção e controle que, em certos casos, devem visar
piração pelo nariz. a uma fase específica do processo de trabalho, como, por exemplo,
a proteção respiratória na abertura de um forno de secagem.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O número de trabalhadores expostos que devem ser protegi- A análise das informações obtidas deverá orientar o estabeleci-
dos influi na escolha dos métodos e nas considerações econômicas. mento das prioridades e a definição das ações posteriores, que são,
Quando poucos trabalhadores estão expostos, poderá ser aceitável em princípio, as seguintes:
controlar a exposição por meio do uso de Equipamentos de Pro- • se a condição de risco é evidente e seu potencial de causar
teção Individual (EPI), com limitação de exposição e sob estrita vi- dano para a saúde é grave, este reconhecimento deve bastar para
gilância médica. Porém, não se pode esquecer que o ambiente é que se recomendem medidas preventivas imediatas, sem esperar
um todo e mesmo se poucos trabalhadores estão expostos, agentes pelo processo de avaliação quantitativa da exposição, geralmente
nocivos podem sair do ambiente de trabalho para o exterior e cau- demorado e dispendioso. Esse é o caso de operações reconhecida-
sar danos às comunidades vizinhas e ao meio ambiente em geral, mente perigosas, como, por exemplo, o uso de jato de areia, trans-
exigindo que sejam controlados na fonte. ferência de pós muito tóxicos, solda elétrica em locais confinados,
Os sistemas de controle existentes, como, por exemplo, equi- spray de pesticidas, transferência de metais em fusão, que são rea-
pamentos de ventilação local exaustora e outros sistemas eventu- lizadas sem o controle necessário;
almente existentes, devem ser cuidadosamente examinados para • se ficar evidenciado que não há risco, não há necessidade
evitar falsa segurança. de avaliação quantitativa da exposição, porém, devem ser anotadas
Processos fechados devem ser testados para vazamentos e quaisquer mudanças futuras que possam alterar a situação de risco;
emissões fugitivas. A existência de um sistema de ventilação exaus- • se a situação de risco não é clara, é necessária uma avaliação
tora não significa que haja controle efetivo, pois o sistema pode quantitativa para confirmar a presença e determinar a magnitude
não estar funcionando adequadamente. Devem ser solicitados aos das condições de risco.
responsáveis os planos e os esquemas de verificação e manuten-
ção periódica do sistema, pois se isto não for feito rotineira e cor- As avaliações qualitativas para tomada de decisão quanto à
retamente, mesmo sistemas inicialmente excelentes, com o tempo, prevenção e controle têm recebido atenção cada vez maior, devido
perderão sua eficiência. ao fato de que é impossível fazer avaliações quantitativas corretas
Deve também ser observado se os contaminantes não estão em todas as situações, além de serem muito mais caras e demo-
sendo jogados do ambiente de trabalho para o ambiente exterior. A radas. Entretanto, as avaliações qualitativas devem seguir uma
disponibilidade de EPI para os trabalhadores não significa que eles metodologia adequada, como, por exemplo, o Banding Approach,
estejam protegidos, pois os equipamentos podem não ser eficien- desenvolvido na Inglaterra, que é um guia para decisões quanto a
tes. No caso de máscaras para proteção respiratória, por exemplo, medidas de controle para contaminantes atmosféricos, sem utilizar
estas podem não estar ajustadas, podem ter vazamentos, os filtros avaliações quantitativas e comparação com Limites de
podem estar vencidos ou ser inadequados. Filtros para partículas Exposição Ocupacional (HSE, 1999). A idéia é estimar o grau de
não servem na presença de vapores. Nenhum filtro serve, se houver risco a partir de informações toxicológicas, quantidades utilizadas
falta de oxigênio. das substâncias, possibilidade de dispersão ou evaporação e con-
Em determinadas situações podem ser utilizados instrumen- dições de uso e exposição. As informações obtidas são comparadas
tos para o reconhecimento de condições de risco, de leitura direta, com tabelas previamente elaboradas que indicam os controles ne-
úteis para uma triagem inicial e verificação da presença de um de- cessários. Em situações mais graves e complexas, recomenda-se a
terminado agente na atmosfera. consulta a especialistas em prevenção e controle de riscos.
Ainda que os resultados não sejam muito exatos e precisos, po- A abordagem proposta pela Ergonomia para a análise do tra-
derão servir para elucidar suspeita de riscos escondidos. balho difere da metodologia utilizada pela Higiene Ocupacional. Os
Avaliações qualitativas ou semiquantitativas podem ser sufi- fundamentos de sua prática baseiam-se no estudo do trabalho, par-
cientes nessa etapa preliminar. ticularmente na identificação das diferenças entre o trabalho pres-
Um cuidado particular deve ser tomado quanto à possibilidade crito e o trabalho real, que muitas vezes explicam o adoecimento
de falsos negativos, particularmente quando se tratar de exposição dos trabalhadores.
potencial a agentes muito perigosos, altamente tóxicos, canceríge- A complexidade crescente dos novos processos de trabalho,
nos ou teratogênicos, para os quais mesmo concentrações muito organizados a partir da incorporação das inovações tecnológicas e
baixas são significativas. Nesses casos, o limite mínimo de detec- de novos métodos gerenciais, tem gerado formas diferenciadas de
ção é crítico. Instrumentos pouco sensíveis poderão não registrar sofrimento e adoecimento dos trabalhadores, particularmente na
concentrações muito baixas, levando a uma suposição errônea de esfera mental. Em muitas dessas situações, as prescrições clássicas
exposição zero ao invés de detecção zero, o que pode ter graves da Higiene do
conseqüências para os trabalhadores. Além disso, deve-se ter cui- Trabalho foram atendidas, porém permanecem presentes ou
dado com outras interferências que podem mascarar os resultados. são acrescentadas outras condições de risco ergonômico e psicos-
Não se deve negligenciar a proteção das pessoas que fazem os sociais decorrentes da organização do trabalho, responsáveis pela
levantamentos, pois poderão estar expostas a riscos sérios, como, produção do adoecimento.
por exemplo, a falta de oxigênio, altas concentrações de H2 S ao
entrar em local confinado ou cancerígenos. Devem ter à sua dispo- IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DOS FATORES DE RISCO NA
sição EPI adequados e instrumentos de leitura direta para testar, PERSPECTIVA DA HIGIENE DO TRABALHO E DA ERGONOMIA
antes de entrar, atmosferas potencialmente perigosas. Esses pro-
cedimentos podem ser pedagógicos para as empresas e para os Os princípios básicos da tecnologia de controle, propostos pela
trabalhadores. Higiene do Trabalho, podem ser enunciados como:
Concluída a inspeção do local de trabalho, é essencial redigir a) evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico
o relatório. Esse deve ser objetivo e exato, indicando claramente para a saúde seja utilizado, formado ou liberado;
as características do local de trabalho, o nome e as coordenadas b) se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se
do ponto focal na empresa, todas as condições de risco observadas propague para o ambiente;
e demais fatores relevantes. Deve ser elaborado de tal forma que c) se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no
outras pessoas possam ter uma ideia clara da situação. ambiente de trabalho; e, em último caso,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d) bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DOS AGENTES E FATORES
boca e ouvidos, para impedir que um agente nocivo atinja um órgão QUE PODEM OFERECER RISCO PARA A SAÚDE E PARA O MEIO AM-
crítico, causando lesão. BIENTE, INCLUINDO A DEFINIÇÃO DE SEU IMPACTO: devem ser de-
terminadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias possíveis
A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais pre- de propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os pontos
cocemente possível. Assim, a hierarquia dos controles deve buscar, de ação ou de entrada no organismo; o número de trabalhadores
sequencialmente, o controle do risco na fonte; o controle na traje- expostos e a existência de problemas de saúde entre os trabalhado-
tória (entre a fonte e o receptor) e, no caso de falharem os anterio- res expostos ao agente. A interpretação dos resultados vai possibi-
res, o controle da exposição ao risco no trabalhador. Quando isso litar conhecer o risco real para saúde e a definição de prioridades
não é possível, o que frequentemente ocorre na prática, o objetivo para a ação;
passa a ser a redução máxima do agente agressor, de modo a mini- TOMADA DE DECISÃO: resulta do reconhecimento de que há
mizar o risco e seus efeitos sobre a saúde. necessidade de prevenção, com base nas informações obtidas na
A informação e o treinamento dos trabalhadores são compo- etapa anterior. A seleção das opções de controle deve ser adequada
nentes importantes das medidas preventivas relativas aos ambien- e realista, levando em consideração a viabilidade técnica e econô-
tes de trabalho, particularmente se o modo de executar as tarefas mica de sua implementação, operação e manutenção, bem como a
propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde disponibilidade de recursos humanos e financeiros e a infraestrutu-
ou influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a posi- ra existente;
ção em relação à tarefa/máquina, a possibilidade de absorção atra- PLANEJAMENTO: uma vez identificado o problema, tomada a
vés da pele ou ingestão, o maior dispêndio de energia, entre outras. decisão de controlá-lo, estabelecidas as prioridades de ação e dis-
Em situações especiais, podem ser adotadas medidas que limi- ponibilizados os recursos, deve ser elaborado um projeto detalhado
tem a exposição do trabalhador por meio da redução do tempo de quanto às medidas e procedimentos preventivos a serem adotados;
exposição, treinamento específico e utilização de EPI.
As estratégias para o controle dos riscos devem visar, princi- AVALIAÇÃO.
palmente, à prevenção, por meio de medidas de engenharia de
processo que introduzam alterações permanentes nos ambientes e Sobre as medidas organizacionais e gerenciais a serem ado-
nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos au- tadas visando à melhoria das condições de trabalho e qualidade
tomatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qual- de vida dos trabalhadores, particularmente para a prevenção dos
quer outra pessoa potencialmente exposta. Dessa forma, a eficácia transtornos mentais e do sofrimento mental relacionado ao traba-
das medidas não dependerá do grau de cooperação das pessoas, lho e de LER/DORT, sugere-se que sejam consultados o capítulo 10
como no caso da utilização de EPI. (Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Traba-
O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modi- lho) e o capítulo 18 (Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido
ficação das situações de risco, por meio de projetos adequados e de Conjuntivo Relacionadas ao Trabalho). No que se refere às condi-
técnicas de engenharia que: ções de trabalho nocivas para a saúde, que decorrem
• eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes da organização e gestão do trabalho, as medidas recomend das
prejudiciais para a saúde, como, por exemplo, a substituição de ma- podem ser resumidas em:
teriais ou equipamentos e a modificação de processos e de formas • aumento do controle real das tarefas e do trabalho por parte
de gestão do trabalho; daqueles que as realizam;
• previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de tra- • aumento da participação real dos trabalhadores nos proces-
balho, como, por exemplo, os sistemas fechados, enclausuramento, sos decisórios na empresa e facilidades para sua organização;
ventilação local exaustora, ventilação geral diluidora, armazena- • enriquecimento das tarefas, eliminando as atividades monó-
mento adequado de produtos químicos, entre outras; tonas e repetitivas e as horas extras;
• reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, • estímulo a situações que permitam ao trabalhador o senti-
como, por exemplo, a ventilação local diluidora e limpeza dos locais mento de que pertencem e/ou de que fazem parte de um grupo;
de trabalho. • desenvolvimento de uma relação de confiança entre traba-
lhadores e demais integrantes do grupo, inclusive superiores hie-
Todas as possibilidades de controle das condições de risco rárquicos;
presentes nos ambientes de trabalho por meio de Equipamentos • estímulo às condições que ensejem a substituição da compe-
de Proteção Coletiva (EPC) devem ser esgotadas antes de se reco- tição pela cooperação.
mendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção
respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os
procedimentos de vigilância ambiental e da saúde do trabalhador.
A vigilância em saúde deve contribuir para a identificação de tra-
balhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas nos sistemas
de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores
são componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos
ambientes de trabalho, particularmente se o modo de executar as
tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a
saúde ou influencia as condições de exposição.
Sumariando, as etapas para definição de uma estratégia de
controle incluem:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

A RDC 222/2018 é a nova regulamentação da Anvisa para Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. A pre-
sente revisão se fez necessária em virtude da introdução da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
dos muitos questionamentos apresentados e da necessidade de introdução de novidades legais e tecnológicas surgidas desde a publicação
da RDC 306/2004. Aproveite esse artigo para se atualizar e conhecer as normas para gerenciar corretamente os resíduos produzidos em
estabelecimentos de saúde. Acesse também o texto: a importância do gerenciamento de risco na área da saúde.
Quais instituições se enquadram como geradoras de Resíduos de Serviços de Saúde?
A RDC 222/2018 é destinada às instituições públicas ou privadas, filantrópicas, civis ou militares e que exercem ações de ensino e
pesquisa, relacionadas com a atenção à saúde humana e animal, geradoras de Resíduos de Serviços de Saúde – RSS, tais como necrotérios,
distribuidores de produtos farmacêuticos, laboratórios analíticos de produtos para saúde, IMLs, drogarias, farmácias de manipulação,
serviços de acupuntura, piercing e tatuagem, entre outros.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde


O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO. PROCESSA-
deve conter todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, MENTO DE PRODUTOS PARA SAÚDE. PROCESSOS DE
materiais e humanos relacionados no serviço. Dessa forma, o gera- ESTERILIZAÇÃO DE PRODUTOS PARA SAÚDE. CONTRO-
dor deve: LE DE QUALIDADE E VALIDAÇÃO DOS PROCESSOS DE
- Estimar a quantidade dos Resíduos de Serviços de Saúde ge- ESTERILIZAÇÃO DE PRODUTOS PARA SAÚDE
rados;
- Estabelecer procedimentos quanto à geração, à segregação, A CME é uma unidade de apoio técnico dentro do estabele-
ao acondicionamento, à identificação, à coleta, ao armazenamento, cimento de saúde destinada a receber material considerado sujo
ao transporte, ao tratamento e à disposição final ambientalmente e contaminado, descontaminá-los, prepará-los e esterilizá-los, bem
adequada dos Resíduos de Serviços de Saúde; como, preparar e esterilizar as roupas limpas oriundas da lavande-
- Estar em conformidade com as ações de proteção à saúde pú- ria e armazenar esses artigos para futura distribuição. No quadro
blica, do trabalhador, do meio ambiente, regulamentação sanitária atual, a CME não atende às normas necessárias para um funciona-
e ambiental, com as normas de coleta e transporte dos serviços lo- mento eficaz.
cais de limpeza urbana, com as rotinas e processos de higienização Na busca por racionalizar os gastos e otimizar os recursos dos
e limpeza; serviços decorrentes do custo x benefício de equipamentos, pessoal
- Estabelecer ações a serem adotadas em situações de emer- e investimento na estrutura física, a CME do HRFS se transformará
gência e acidentes decorrentes do gerenciamento dos RSS; numa Central de Materiais de esterilização da Microrregião aten-
- Descrever as medidas preventivas e corretivas de controle in- dendo a um total de 173 leitos, prestando apoio técnico ao centro
tegrado de vetores e pragas urbanas, incluindo a tecnologia utiliza- cirúrgico, obstétrico, ambulatório, semi-intensivo e ao atendimento
da e a periodicidade de sua implantação; de ência deste estabelecimento de saúde, além dos serviços solici-
- Descrever os programas de capacitação desenvolvidos e im- tados pelo SAMU-192, que na proposta, terá uma base descentra-
plantados pelo serviço gerador abrangendo todas as unidades gera- lizada.
doras de RSS e o setor de limpeza e conservação; A partir do processo de estruturação do HRFS, propõe-se um
- Apresentar documento comprobatório da capacitação e trei- novo espaço para a CME, contendo os fluxos necessários para um
namento dos funcionários envolvidos na prestação de serviço de bom funcionamento do setor e, após sua concretização, a amplia-
limpeza e conservação; ção do atendimento a outros serviços de saúde. Para tanto, foram
- Apresentar cópia do contrato de prestação de serviços e da pesquisados livros e manuais, sites, bem como, foram realizadas
licença ambiental das empresas prestadoras de serviços para a des- visitas e entrevistas ao hospital em questão e ao setor da CME de
tinação dos RSS; outros hospitais.
- Apresentar documento comprobatório de operação de venda
ou de doação dos RSS destinados à recuperação, à reciclagem, à CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
compostagem e à logística reversa;
Segundo QUELHAS, “existem regiões onde os serviços de saú-
Objetivos para estudarmos Gerenciamento de Resíduos de são limitados ou inexistentes, onde as infecções são, por muitas
- Desenvolver e estimular o profissional a competência técni- vezes, não tratadas. As taxas de morte e a incidência de doenças
ca na aplicação da legislação vigente pertinente ao setor aliando infecciosas estão crescendo. Em países mais pobres, 50% de todas
as Boas Práticas de Fabricação para atender as necessidades das as mortes são derivadas das infecções.” É importante ressaltar:
empresas. • A padronização de normas e rotinas técnicas e na validação
- Alertar sobre o nível de responsabilidade do Farmacêutico e dos processamentos dos materiais e superfícies é essencial no con-
os resíduos gerados em sua unidade produtiva. trole de infecção.
- Avaliar a relação Custo X Benefício das diversas formas de tra- • É de extrema importância a atuação dos órgãos de fiscaliza-
tamento e destinação final para os resíduos gerados. ções para o controle e avaliação das normas e processos de traba-
- Estimular uma visão prática para a busca constante da redu- lho.
ção na geração, otimização das correntes existentes e uma atitude • A capacitação profissional.
de vigilância permanente e crítica quanto ao assunto.2
De acordo com a RDC nº. 50 (ANVISA, 2004, pág. 112), as con-
dições ambientais necessárias ao auxilio do controle da infecção de
serviços de saúde dependem de pré-requisitos de diferentes am-
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA bientes do EAS, quanto ao risco de transmissão da mesma. Nesse
PESQUISA EM SAÚDE E ENFERMAGEM sentido, eles podem ser classificados:
• Áreas críticas: são os ambientes onde existem riscos aumen-
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tados de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos
tópicos anteriores. de risco, com ou sem paciente ou onde se encontram pacientes
imunodeprimidos
A CME é uma área crítica e o seu planejamento de fluxo dos
materiais e roupas é: recebimento de roupa limpa/material - des-
contaminação de material Æ separação e lavagem de material pre-
paro de roupas e material Æ esterilização Æ guarda e distribuição, a
barreira física que delimita a área suja e contaminada da área limpa
minimizando a entrada de microorganismos externos.

2 Fonte: www.blog.ipog.edu.br

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

RECURSOS HUMANOS Preparo: As embalagens utilizadas para o acondicionamento


dos materiais determinam sua vida útil, mantêm o conteúdo estéril
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta após o reprocessamento, garante a integridade do material Esteri-
uma assistência indireta ao paciente, tão importante quanto à as- lização:
sistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que É o processo de destruição de todos os microorganismos, a
atende ao paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser tal ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes
composto por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de microbiológicos padrão. Um artigo é considerado estéril quando a
enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão des- probabilidade de sobrevivência dos microorganismos que o conta-
critas nas práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão minavam é menor do que 1:1.000.000.
descritas abaixo: Nos estabelecimentos de saúde, os métodos de esterilização
disponíveis para processamento de artigos no seu dia a dia são o
Enfermeiro Supervisor calor, sob a forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma
• Atua na coordenação do setor; líquida, gasosa e plasma
• Prever os materiais necessários para prover as unidades con-
sumidoras; Processos físicos
• Elaborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quan-
to de produtividade; Calor Seco: Este processo realizado pelo calor seco é realizado
• Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com ante- em estufas elétricas. De acordo com Moura (1990), “a estufa, da
forma como é utilizada nas instituições brasileiras, não se mostra
cedência de 04 a 6 meses
confiável, uma vez que, em seu interior, encontram–se temperatu-
• Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e
ras diferentes das registradas no termômetro. O centro da câmara
procedimentos do CME, que deve estar disponível para a consulta
apresenta “pontos frios”, nos quais a autora constatou, por meio de
dos colaboradores.
testes biológicos, a presença de formas esporuladas.
• Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribu- Dessa maneira, é necessário manter espaço suficiente entre
am para o crescimento e as boas práticas de Enfermagem, partici- os artigos e, no caso do processamento de instrumental cirúrgico,
pando de tais projetos e colaborando com seu andamento. no máximo, em torno de 30 peças. Contudo, a SOBECC recomenda
• Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e cien- abolir o uso da esterilização por calor seco.” (Práticas Recomenda-
tíficas relacionadas com o controle de infecção hospitalar e com o das- SOBECCSociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgi-
uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem co, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. 4ª
artigos processados pelo CME. edição – 2007, pág. 78). Vapor saturado sob pressão: Este proces-
• Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâ- so está relacionado com o mecanismo de calor latente e o contato
mica de trabalho do CME. direto com o vapor, promovendo a coagulação das proteínas. Re-
alizando uma troca de calor entre o meio e o objeto a ser esterili-
PROCESSOS DESENVOLVIDOS zado. Existe uma constante busca por modelos de autoclaves que
permitam a máxima remoção do ar, com câmaras de auto-vácuo,
Limpeza: A limpeza consiste na remoção da sujidade visível – totalmente automatizadas. Entretanto, esses equipamentos sofis-
orgânica e inorgânica – mediante o uso da água, sabão e detergente ticados necessitam de profissionais qualificados, pois estes são, e
neutro ou detergente enzimático em artigos e superfícies. Se um ar- continuarão sendo, o fator de maior importância na segurança do
tigo não for adequadamente limpo, isto dificultará os processos de processo de esterilização.
desinfecção e de esterilização. As limpezas automatizadas, realiza- Autoclave Pré-Vácuo: Por meio da bomba de vácuo contida no
das através das “lavadoras termodesifectadoras” que utilizam jatos equipamento, podendo ter um, três ou cinco ciclos pulsáteis, o ar
de água quente e fria, realizando enxágüe e drenagem automatiza- é removido dos pacotes e da câmara interna, permitindo uma dis-
da, a maioria, com o auxilio dos detergentes enzimáticos, possui a persão e penetração uniforme e mais rápida do vapor em todos os
vantagem de garantir um padrão de limpeza e enxágüe dos artigos pacotes que contém a respectiva carga. Após a esterilização, a bom-
processados em série, diminuem a exposição dos profissionais aos ba a vácuo faz a sucção do vapor e da umidade interna da carga, tor-
riscos ocupacionais de origem biológica, que podem ser decorren- nando a secagem mais rápida e completando o ciclo. Os materiais
tes dos acidentes com materiais perfuro- cortantes. As lavadoras submetidos à esterilização a vapor são liberados após checklist feito
pelo auxiliar de enfermagem da área.
ultra-sônicas, que removem as sujidades das superfícies dos artigos
Processos Químicos e Físicos- Químicos: Esterilizantes químicos
pelo processo de cavitação, são outro tipo de lavadora para comple-
cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria nº. 930/92 do
mentar a limpeza dos artigos com lumens.
Ministério da Saúde são: aldeídos, ácido peracético e outros, desde
Descontaminação: É o processo de eliminação total ou parcial
que atendam a legislação especifica.
da carga microbiana de artigos e superfícies.
Desinfecção: A desinfecção é o processo de eliminação e des- O Peróxido de hidrogênio (na forma gásplasma) e o óxido de
truição de microorganismos, patogênicos ou não em sua forma ve- etileno são processos físicoquímicos gasosos automatizados em
getativa, que estejam presentes nos artigos e objetos inanimados, baixa temperatura Validação dos processos de esterilização de ar-
mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos, chamados de tigos:
desinfetantes ou germicidas, capazes de destruir esses agentes em A validação é o procedimento documentado para a obtenção
um intervalo de tempo operacional de 10 a 30 min3 . Alguns prin- de registro e interpretação de resultados desejados para o estabe-
cípios químicos ativos desinfetantes têm ação esporicida, porém o lecimento de um processo, que deve consistentemente fornecer
tempo de contato preconizado para a desinfecção não garante a produtos, cumprindo especificações predeterminadas. A validação
eliminação de todo o s esporos. São usados os seguintes princípios da esterilização precisa confirmar que a letalidade do ciclo seja su-
ativos permitidos como desinfetantes pelo Ministério da Saúde: al- ficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana
deídos, compostos fenólicos, ácido paracético. não superior a 10º.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Controles do processo de esterilização

Testes Químicos: Os testes químicos podem indicar uma falha em potencial no processo de esterilização por meio da mudança de sua
coloração.
Teste Bowie e Dick são realizados diariamente no primeiro ciclo de esterilização em autoclave fria, auto-vácuo, com câmara fria e vazia.
Testes Biológicos: Os testes biológicos são os únicos que consideram todos os parâmetros de esterilização. A esterilização monitorada
por indicadores biológicos utilizam monitores e parâmetros críticos, tais como temperatura, pressão e tempo de exposição e, cuja leitura
é realizada em incubadora com método de fluorescência, obtendo resultado para liberação dos testes em três horas, trazendo maior segu-
rança na liberação dos materiais. Os produtos são liberados quando os indicadores revelarem resultados negativos.

Limpeza, desinfecção e esterilização

Limpeza: remoção de sujidade de um artigo. É de suma importância na redução da carga microbiana de um artigo, favorecendo a
eficácia do processo. É a remoção de sujidade visível aderida nas superfícies, nas fendas, nas serrilhas, nas articulações e lúmens de ins-
trumentos, dispositivos e equipamentos, por meio de um processo manual, realizando fricção com escovas apropriadas e por meio de
enxágue utilizando água sob pressão. Ou de forma mecânica utilizando detergente e água em lavadoras com ou sem ultrassom. Em ambos
são utilizados detergentes ou produtos enzimáticos.
Alguns fatores interferem na efetividade da limpeza, como a qualidade da água, tipo e qualidade dos agentes e acessórios de limpeza,
manuseio e preparação dos materiais para a limpeza, método manual ou mecânico usado. Além do tempo-temperatura dos equipamentos
de limpeza mecânica, posicionamento do material e a configuração da carga das máquinas.
No final de qualquer processo é recomendado uma observação criteriosa do processo de limpeza para garantir que o protocolo foi
seguido completamente; realizar validação; e aplicar metodologias de verificação que garantam a limpeza.
Importante lembrar: os resíduos orgânicos tais como sangue, soro, lípides, fragmentos de tecido e sais inorgânicos, se não forem reti-
rados adequadamente durante o processo de limpeza, podem impedir a desinfecção e a esterilização, uma vez que limitarão a difusão dos
agentes esterilizantes ou inativarão a ação dos desinfetantes.

Desinfecção: é o processo aplicado a um artigo ou superfície que visa a eliminação de microrganismos, exceto esporos, das superfícies
fixas de equipamentos e mobílias utilizadas em assistência à saúde. A desinfecção é indicada para artigos semicríticos que entram em con-
tato com membranas mucosas ou pele não íntegra. Sendo os mais comuns: acessórios para assistência respiratória, diversos endoscópios,
espéculos, lâminas para laringoscopia, entre outros.
Os métodos de desinfecção podem ser físicos, por ação térmica, ou químicos, pelo uso de desinfetantes. Os físicos são os equipa-
mentos de pasteurização como desinfetadoras e lavadoras de descarga. Os desinfetantes mais utilizados são a base de aldeídos, ácido
peracético, soluções cloradas e álcool. Podem, também, ser utilizados produtos à base de quaternário de amônia e peróxido de hidrogênio.

Esterilização: é o processo que utiliza agentes químicos ou físicos para destruir todas as formas de vida microbiana, sendo aplicada
especificamente a objetos inanimados. O processo de esterilização de artigos hospitalares que oferece maior segurança é o vapor saturado
sob pressão, realizado em autoclave. Este processo tem como parâmetros: o vapor, a pressão, a temperatura e o tempo.
Há, porém, no mercado, uma gama de artigos utilizados no cuidado à saúde que são produzidos com materiais complexos e que não
suportam a termo desinfecção ou a umidade do vapor, exigindo uma esterilização com métodos de baixa temperatura como: óxido de
etileno (ETO), plasma, ozônio, radiação gama entre outros. A seguir, o fluxo de processamento de artigos médicos cirúrgicos:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lembramos que os métodos de esterilização à baixa tempera- A partir daí a questão da exposição ocupacional e o conceito
tura normalmente não estão disponíveis nos serviços de saúde. En- de biossegurança foram sendo desenvolvidos e introduzidos pela
tre os agentes químicos esterilizantes, ressaltamos o glutaraldeído comunidade científica, com foco, inicialmente, nos trabalhadores
e o ácido peracético: dos laboratórios de análise de material biológico, considerando-se
a incidência, nestes profissionais, de doenças como a tuberculose
Glutaraldeído: é um dialdeído saturado que reúne muitas van- e hepatite B.
tagens como desinfetante de alto nível e esterilizante, devido ao Sabe-se que, em grande parte dos cenários de prestação de
seu amplo espectro de ação, bem como a estabilidade e a compati- cuidados de enfermagem, negligenciam-se normas de biosseguran-
bilidade com as mais diversas matérias primas dos materiais e equi- ça; os equipamentos de proteção individual (EPI) são mais utilizados
pamentos médico-hospitalares, pois não é corrosivo a metal e não na assistência ao paciente cujo diagnóstico é conhecido, subesti-
danifica equipamentos ópticos, borracha ou plástico. Utiliza-se o mando-se a vulnerabilidade do organismo humano a infecções.
glutaraldeído a 2% como agente químico desinfetante de alto nível O recomendável é que o trabalhador proteja-se sempre que tiver
ou esterilizante. contato com material biológico e, também, durante a assistência
Sua utilização foi condenada por força de lei pela Resolução da cotidiana aos pacientes, independente de conhecer o diagnóstico
Diretoria Colegiada da ANVISA nº 8 de 2009. Sua toxicidade tam- ou não, utilizando-se, portanto, das precauções universais padrão.
bém foi questionada em 2004 pela Associação Americana de Enfer- Estudos demonstram que as maiores causas de acidentes punctó-
meiros de Centro Cirúrgico –AORN, que recomendou três enxágues rios, entre os trabalhadores da enfermagem, estão nas práticas de
assépticos com revezamento, para cada material por ele processa- risco como o reencape de agulhas, o descarte inadequado de obje-
do. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo publicou a resolu- tos perfurocortantes e a falta de adesão aos EPI.
ção SS nº 27 em 2007 referente as medidas de controle sobre o uso Além disso, em grande parte dos casos de exposição a material
do glutaraldeído, com foco na segurança ocupacional. biológico, o status do paciente fonte não é conhecido, o que poten-
cializa o risco de adquirir doenças como o HIV, hepatite B e hepatite
Ácido peracético: tem uma rápida ação microbicida e age pela C. A exposição ocupacional é uma importante fonte de infecção por
desnaturação das proteínas, ruptura da parede celular e oxidação esses vírus. Um estudo demonstrou que a cobertura vacinal contra
de proteínas, enzimas e outros metabólicos. É essencial que o usu- hepatite B dos trabalhadores da saúde envolvidos com os acidentes
ário conheça as vantagens e as desvantagens de cada formulação estava em torno de aproximadamente 73%, evidenciando o risco
para, junto com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - de infecção pelo HBV em aproximadamente 27% dos trabalhadores
CCIH, façam a melhor escolha baseada no custo-efetividade, uma que não haviam completado o esquema vacinal.
vez que há no mercado diferentes formulações. Como se pode perceber, algumas evidências científicas de-
Independentemente do método a ser utilizado, o monitora- monstram que o risco para acidentes com material biológico é uma
mento e validação de cada processo é imprescindível para um me- realidade configurada em muitos cenários. Considerando-se essas
lhor controle e segurança. informações e o fato de que os trabalhadores da área da saúde en-
Outra preocupação que deve haver nos estabelecimentos de contram-se em permanente contato com agentes biológicos (vírus,
saúde é sobre a reutilização de artigos de uso único que, embora bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho em hospi-
venham de fábrica contendo a identificação de “uso único”, ainda tais e laboratórios e, até mesmo na agricultura e pecuária), é fun-
são reutilizados. O reuso destes artigos envolve questões legais, damental, portanto, a observância dos princípios de biossegurança
médicas, éticas e econômicas, sendo amplamente discutido. As na assistência aos pacientes e no tratamento de seus fluidos, bem
normas brasileiras que regulam o reuso de artigos são a Resolu- como no manuseio de materiais e objetos contaminados em todas
ção da Diretoria Colegiada nº 156, a Resolução 2605 e a Resolução as situações de cuidado e não apenas quando o paciente-fonte é
2606, publicadas em 2006, que obrigam a instituição de saúde a sabidamente portador de alguma doença transmissível.
realizar, por meio de um instrumento normativo interno do esta- É válido salientar que em muitos locais de atuação da enfer-
belecimento, todo e qualquer processo de reuso dos artigos a ser magem, são insatisfatórias as condições de trabalho, evidenciadas
realizado e dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e por problemas de organização, deficiência de recursos humanos e
implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médi- materiais e área física inadequada do ponto de vista ergonômico.
cos e dá outras providências. Acredita-se que esta conformação é fator preditivo para a exposi-
ção a riscos ocupacionais.
Neste panorama, é instituída a Norma Regulamentadora nú-
mero 32 (NR 32), do Ministério do Trabalho e Emprego (BR) que
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA APLICADAS AO PRO- trata da Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, com
CESSO DE CUIDAR. RISCO BIOLÓGICO E MEDIDAS DE o objetivo de agrupar o que já existe no país em termos de legisla-
PRECAUÇÕES BÁSICAS PARA A SEGURANÇA INDIVIDU- ção e favorecer os trabalhadores da saúde em geral, estabelecendo
AL E COLETIVA NO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE. diretrizes para implementação de medidas de proteção à saúde e
PRECAUÇÃO PADRÃO E PRECAUÇÕES POR FORMA DE segurança dos mesmos. Esta norma trata dos riscos biológicos; dos
TRANSMISSÃO DAS DOENÇAS. DEFINIÇÃO, INDICA- riscos químicos; das radiações ionizantes; dos resíduos; das con-
ÇÕES DE USO E RECURSOS MATERIAIS. MEDIDAS DE dições de conforto por ocasião das refeições; das lavanderias; da
PROTEÇÃO CABÍVEIS NAS SITUAÇÕES DE RISCO PO- limpeza e conservação; e da manutenção de máquinas e equipa-
TENCIAL DE EXPOSIÇÃO mentos em serviços que prestam assistência à saúde.
A infecção hospitalar é uma síndrome infecciosa (infecção)
Por volta dos anos 1970, iniciaram-se as discussões envolvendo que o indivíduo adquire após sua hospitalização ou realização de
a proteção e segurança dos trabalhadores, principalmente aqueles procedimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos
envolvidos com pesquisa em organismos geneticamente modifica- ambulatoriais mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames ra-
dos. diológicos com utilização de contraste, retirada de pequenas lesões
de pele e retirada de nódulos de mama, etc.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para ser considerada infecção hospitalar, o paciente precisa es- Prevenção de infecção respiratória
tar internado apelo menos 72 horas. - Educação do corpo clínico e vigilância das infecções.
A manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a alta, - Esterilização, desinfecção e manutenção de equipamentos e
desde que esteja relacionada com algum procedimento realizado artigos.
durante a internação. - Interrupção da transmissão pessoa para pessoa – precauções
Fatores predisponentes de barreira.
- Pacientes imunodeprimidos; - Lavagem das mãos.
- Lavagem incorreta das mãos, dos profissionais, acompanhan- - Vacinação de pacientes de alto risco para complicações de in-
tes e visitantes. fecções pneumocócicas.
- Esterilização deficiente de instrumental cirúrgico.
- Técnicas incorretas e procedimentos invasivos. Prevenção de infecção urinária em pacientes cateterizados
- Limpeza deficiente de ambientes, materiais e roupas. - Evitar o uso de cateterismo vesical quando desnecessário.
- Alimentos trazidos de fora do hospital. - Lavar as mãos antes e depois de manipular o sistema. Empre-
- Flores e objetos trazidos de fora do hospital. gar técnica asséptica e equipamento estéril.
Baseando-se nesses fatores devem ser elaboradas ações pre- - Utilizar cateter de calibre adequado. Fixar a sonda para evitar
ventivas, tais como: uso racional de antimicrobiano, controle de es- movimentação.
terilização, desinfecção e limpeza, e bloqueio de transmissão pelos - Usar exclusivamente COLETOR FECHADO.
profissionais de saúde. - Evitar desconexão do sistema fechado. Manter a bolsa coleto-
Principais medidas de prevenção e controle ra de urina em nível inferior à bexiga.
Lavagem das mãos - Esvaziar a bolsa coletora a intervalos de oito horas, no máxi-
- Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a su- mo, ou quando preenchidos 2/3 da sua capacidade.
perfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão/detergente, segui- - Higienizar a região perineal, com água e sabão, três vezes ao
da de enxágue abundante em água corrente. dia, ou quando necessário.
- A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante
para a prevenção e controle das infecções hospitalares. Prevenção de infecção da corrente sanguínea
- O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após Cuidados relacionados aos cateteres periféricos
contatos que envolvam mucosas, sangue ou fluidos corpóreos, se- - Lavagem e antissepsia das mãos antes de colocar as luvas es-
creções ou excreções. téreis.
- A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto - Preferir veias de membros superiores.
necessária, durante a assistência a um único paciente, sempre que - Usar técnica asséptica para fazer a punção.
houver contato com diversos sítios corporais, e frente cada uma das - Fazer antissepsia do local a ser puncionado.
atividades. - Realizar troca de cateteres e mudar o sítio de inserção a cada
- A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre 72 horas, ou intervalo menor se indicado.
antes dos procedimentos cirúrgicos.
- A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico Cuidados relacionados aos cateteres centrais
deve considerar o tipo de contato, o grau de contaminação, as con- - Selecionar o Cateter.
dições do paciente e o procedimento a ser realizado. - Usar de preferência a subclávia.
- A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em: - Usar técnica asséptica, incluindo avental, luvas e campos es-
realização de procedimentos invasivos, prestação de cuidados a pa- téreis e máscara.
cientes críticos, contato direto com feridas e/ou dispositivos invasi- - Utilizar equipamentos com local próprio para infusão de me-
vos, tais como cateteres e drenos. dicamentos.
- Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo - Manter o sistema fechado durante a infusão.
de incorporar a prática da lavagem das mãos em todos os níveis da - Usar o cateter para nutrição parenteral apenas para este fim.
assistência hospitalar. - Trocar os curativos quando estiverem úmidos, sujos ou fora
- A distribuição e a localização de unidades ou pias para lava- do local.
gem das mãos, de forma a atender à necessidade nas diversas áreas - Trocar o cateter apenas se houver suspeita de infecção rela-
hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a cionada ao cateter.
obrigatoriedade da prática. - Trocar todo o sistema em caso de flebite ou bacteremia.

Prevenção de infecção de sítio cirúrgico (ISC) E outras medidas gerais como


- Tempo de internação abreviado. - Avaliar bem os pacientes internados;
- Banho completo antes da cirurgia. - Treinar a equipe do hospital, orientando sobre os fatores de
- Tricotomia restrita ao local de incisão, quando necessário, risco que podem levar à uma infecção;
imediatamente antes da cirurgia - Usar antibióticos, quando necessário;
- Fluxo adequado do Bloco Cirúrgico, com circulação mínima. - Comprar material de boa qualidade para a assistência médica;
- Equipe cirúrgica restrita. - Esterilizar corretamente todos os materiais;
- Montagem correta das salas de cirurgia. - Ter uma boa limpeza em todo hospital;
- Paramentação completa (avental, gorro, luvas, máscara e pro- - Uso de equipamento de proteção individual (luvas, óculos
pés) protetor de óculos, protetor de face, avental e outros.) nos proce-
- Lavagem e antissepsia das mãos e ante braços da equipe ci- dimentos.
rurgica. - Uso de profilaxia antimicrobiana antes da cirurgia.
- Secagem das mãos com toalhas estéreis.
- Antissepsia do campo operatório.
- Instrumental cirúrgico esterilizado.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Prevenção de infecções em profissionais da área da saúde Manutenção de registro, controle de dados e sigilo: A manu-
O profissional da área da saúde (PAS) pode adquirir ou trans- tenção de registros de avaliações médicas, exames, imunizações e
mitir infecções para os pacientes, para outros profissionais no am- profilaxias é obrigatória e permite a monitorização do estado de
biente de trabalho e para comunicantes domiciliares e da comuni- saúde do PAS. Devem ser mantidos registros individuais, em condi-
dade. Deste modo, os programas de controle de infecção hospitalar ções que garantam a confidencialidade das informações, que não
devem também contemplar ações de controle de infecção entre os podem ser abertas ou divulgadas, exceto se requerido por lei.
PAS.
Aa ações do serviço de saúde ocupacional, no que diz respeito Infecção cruzada
ao controle de infecção, têm como objetivos: É a infecção ocasionada pela transmissão de um microrganis-
1. Educar o PAS acerca dos princípios do controle de infecção, mo de um paciente para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente
ressaltando a importância da participação individual neste controle; ou um instrumento contaminado.
2. Colaborar com a CCIH na monitorização e investigação de Infecção endógena
exposições a agentes infecciosos e surtos;
3. Dar assistência ao PAS em caso de exposições ou doenças É um processo infeccioso decorrente da ação de microrganis-
relacionadas ao trabalho; mos já existentes, naquela região ou tecido, de um paciente. Medi-
4. Identificar riscos e instituir medidas de prevenção; das terapêuticas que reduzem a resistência do indivíduo facilitam a
5. Reduzir custos, através da prevenção de doenças infecciosas multiplicação de bactéria em seu interior, por isso é muito impor-
que resultem em faltas ao trabalho e incapacidade. tante, a anti-sepsia pré-cirúrgica.

Ações do serviço de saúde ocupacional Infecção exógena


Para atingir os objetivos descritos anteriormente é necessário É aquela causada por microrganismos estranhos a paciente.
que o serviço de saúde ocupacional atue nas seguintes áreas: Para impedir essa infecção, que pode ser gravíssima, os instrumen-
Integração com outros serviços: tos e demais elementos que são colocados na boca do paciente,
- As ações do serviço de saúde ocupacional devem ser coorde- devem estar estéreis. È importante, que barreiras sejam colocadas
nadas com o serviço de infecção hospitalar e outros departamentos para impedir que instrumentos estéreis sejam contaminados, pois
que se façam necessários. não basta um determinado instrumento ter sido esterilizado, é im-
Avaliações médicas: portante que em seu manuseio até o uso ele não se contamine. A
- Admissional, com histórico de saúde, estado vacinal, condi- infecção exógena significa um rompimento da cadeia asséptica, o
ções que possam predispor o profissional a adquirir ou transmitir que é muito grave, pois, dependendo da natureza dos microrganis-
infecções no ambiente de trabalho; mos envolvidos, a infecção exógena pode ser fatal, como é o caso
- Exames periódicos para avaliação de problemas relacionados da AIDS, Hepatite B e C.
ao trabalho ou seguimento de exposição de risco (p. ex. triagem - Procedimento crítico: É todo procedimento em que existe a
para tuberculose, exposição a fluidos biológicos). presença de sangue, pus ou matéria contaminada pela perda de
- Atividades educativas: A adesão a um programa de contro- continuidade.
le de infecção é facilitada pelo entendimento de suas bases. Todo - Procedimento semicrítico: Todo procedimento em que existe
pessoal precisa ser treinado acerca da política e procedimentos de a presença de secreção orgânica (saliva) sem perda de continuidade
controle de infecção da instituição. do tecido.
A elaboração de manuais para procedimentos garante unifor- - Procedimento não-crítico: Todo procedimento onde não há
midade e eficiência. O material deve ser direcionado em linguagem presença de sangue, pus ou outra secreção orgânica (saliva). Em
e conteúdo para o nível educacional de cada categoria de profissio- Odontologia não existe este tipo de procedimento.
nal. Grande parte dos esforços deve estar dirigida para a conscien-
tização sobre o uso do equipamento de proteção individual (EPI). Equipamentos de proteção individual (EPIs)
Programas de vacinação: Garantir que o PAS esteja protegido Equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso
contra as doenças preveníveis por vacinas é parte essencial do pro- individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
grama de saúde ocupacional. Os programas de vacinação devem trabalhador. A seguir, uma relação de alguns dos equipamentos de
incluir tanto os recém-contratados quanto os funcionários antigos. proteção individual, mais usados em estabelecimentos de saúde,
Os programas de vacinação obrigatória são mais efetivos que os vo- como por exemplo:
luntários. 1. Proteção à cabeça:
Manejo de doenças e exposições relacionadas ao trabalho: For- - Protetores faciais destinados à proteção dos olhos e da face
necer profilaxia pós exposição apropriada nos casos aplicáveis (p. contra lesões ocasionadas por partículas, respingos, vapores de
ex.: exposição ocupacional ao HIV), além de providenciar o diag- produtos químicos e radiações luminosas intensas;
nóstico e o tratamento adequados das doenças relacionadas ao tra- - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar feri-
balho. Estabelecer medidas para evitar a ocorrência da transmissão mentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas;
de infecção para outros profissionais, através do afastamento do - Óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que
profissional doente (p. ex.: pacientes com tuberculose bacilífera ou possam causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da
varicela). ação de líquidos agressivos;
Aconselhamento em saúde: Fornecer informação individua- - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irrita-
lizada com relação a risco e prevenção de doenças adquiridas no ção nos olhos, provenientes de poeiras e
ambiente hospitalar; riscos e benefícios de esquemas de profilaxia - Óculos de segurança para trabalhos que possam causar irri-
pós-exposição e consequências de doenças e exposições para o tação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de radiações
profissional, seus familiares e membros da comunidade. perigosas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Proteção para os membros superiores: Os principais mecanismos de transmissão são:


- Luvas e/ou mangas de proteção e/ou cremes protetores de- - Transmissão aérea por gotículas: Ocorre pela disseminação
vem ser usados em trabalhos em que haja perigo de lesão provo- por gotículas maiores do que 5um. Podem ser geradas durante tos-
cada por: se, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos
- Materiais ou objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou per- (broncoscopia, inalação, etc.). Por serem partículas pesadas e não
furantes; permanecerem suspensas no ar, não são necessários sistemas es-
- Produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, peciais de circulação e purificação do ar. As precauções devem ser
oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de petróleo; tomadas por aqueles que se aproximam a menos de 1 metro da
- Materiais ou objetos aquecidos; fonte.
- Choque elétrico; - Transmissão aérea por aerossol: Quando ocorre pela dissemi-
- Radiações perigosas; nação de partículas, cujo tamanho é de 5um ou menos. Tais partí-
- Frio; culas permanecem suspensas no ar por longos períodos e podem
- Agentes biológicos. ser dispersas a longas distâncias. Medidas especiais para se impedir
3. Proteção para os membros inferiores: a recirculação do ar contaminado e para se alcançar a sua descon-
- Calçados impermeáveis para trabalhos realizados em lugares taminação são desejáveis. Consistem em exemplos os agentes de
úmidos, lamacentos ou encharcados; varicela, sarampo e tuberculose.
- Calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos - Transmissão por contato: É o modo mais comum de trans-
agressivos; missão de infecções hospitalares. Envolve o contato direto (pessoa-
- Calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos e -pessoa) ou indireto (objetos contaminados, superfícies ambientais,
- Calçados de proteção contra riscos de origem elétrica. itens de uso do paciente, roupas, etc.) promovendo a transferência
4. Proteção do tronco: física de microrganismos epidemiologicamente importantes para
- Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção um hospedeiro susceptível.
para trabalhos em haja perigo de lesões provocadas por: Hospedeiro: Pacientes expostos a um mesmo agente patogêni-
- Riscos de origem radioativa; co podem desenvolver doença clínica ou simplesmente estabelecer
- Riscos de origem biológica e uma relação comensal com o microrganismo, tornando-se pacien-
tes colonizados.
- Riscos de origem química.
Fatores como idade, doença de base, uso de corticosteróides,
5. Proteção da pele:
antimicrobianos ou drogas imunossupressoras e procedimentos ci-
- Cremes protetores – só poderão ser postos à venda ou utiliza-
rúrgicos ou invasivos podem tornar os pacientes mais susceptíveis
dos como EPI, mediante o Certificado de Aprovação (CA) do Minis-
às infecções.
tério do Trabalho e Emprego.
6. Proteção respiratória:
Precaução padrão as precauções padrão
Para exposição a agentes ambientais em concentrações preju-
São um conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos
diciais à saúde do trabalhador, de acordo com os limites estabele-
de transmissão de microrganismos nos hospitais e constituem-se
cidos na NR15:
basicamente em:
- Respiradores contra poeiras, para trabalhos que impliquem
produção de poeiras; Lavagem das mãos:
- Respiradores e máscaras de filtro químico para exposição a 1. Após realização de procedimentos que envolvem presença
agentes químicos prejudiciais à saúde; de sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e itens conta-
- Aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), minados.
para locais de trabalho onde o teor de oxigênio seja inferior a 18% 2. Após a retirada das luvas.
em volume. 3. Antes e após contato com paciente e entre um e outro pro-
cedimento ou em ocasiões onde existe risco de transferência de pa-
Precaução padrão tógenos para pacientes ou ambiente.
A partir da epidemia de HIV/AIDS, do aparecimento de cepas 4. Entre procedimentos no mesmo paciente quando houver ris-
de bactérias multirresistentes (como o Staphylococcus aureus re- co de infecção cruzada de diferentes sítios anatômicos.
sistente à meticilina, bacilos Gramnegativos não fermentadores, OBS: O uso de sabão comum líquido é suficiente para lavagem
Enterococcus sp. resistente à vancomicina), do ressurgimento da de rotina das mãos, exceto em situações especiais definidas pelas
tuberculose na população mundial e do risco aumentado para a Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH (como nos sur-
aquisição de microrganismos de transmissão sanguínea (hepatite tos ou em infecções hiperendêmicas).
viral B e C, por exemplo) entre os profissionais de saúde, as normas
de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial. Luvas
Para entender os mecanismos de disseminação de um micror- - Usar luvas limpas, não estéreis, quando existir possibilidade
ganismo dentro deum hospital, é necessário que se conheça pelo de contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções,
menos três elementos: a fonte, o mecanismo de transmissão e o membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer item contami-
hospedeiro susceptível. nado.
Fonte: As fontes ou reservatórios de microrganismos, geral- - Mudar de luvas entre duas tarefas e entre procedimentos no
mente, são os profissionais de saúde, pacientes, ocasionalmente mesmo paciente.
visitantes, ou materiais e equipamentos infectados ou colonizados - Retirar e descartar as luvas depois do uso, entre um pacien-
por microrganismos patogênicos. te e outro e antes de tocar itens não contaminados e superfícies
Transmissão: A transmissão de microrganismos em hospitais ambientais. A lavagem das mãos após a retirada das luvas é obri-
pode se dar por diferentes vias. gatória.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Máscara, protetor de olhos, protetor de face Artigos críticos


- É necessário em situações nas quais possam ocorrer respin- Os artigos destinados aos procedimentos invasivos em pele e
gos e espirros de sangue ou secreções nos funcionários. mucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais e no sistema vascu-
lar, bem como todos os que estejam diretamente conectados com
Avental este sistema, são classificados em artigos críticos. Estes requerem
- Usar avental limpo, não estéril, para proteger roupas e super- esterilização. Ex. agulhas, cateteres intravenosos, materiais de im-
fícies corporais sempre que houver possibilidade de ocorrer conta- plante, etc.
minação por líquidos corporais e sangue.
- Escolher o avental apropriado para atividade e a quantidade Artigos semicríticos
de fluido ou sangue encontrado. Os artigos que entram em contato com a pele não íntegra, po-
- A retirada do avental deve ser feita o mais breve possível com rém, restrito às camadas da pele ou com mucosas íntegras são cha-
posterior lavagem das mãos. mados de artigos semicríticos e requerem desinfecção de médio ou
de alto nível ou esterilização. Ex. cânula endotraqueal, equipamen-
Equipamentos de cuidados ao paciente to respiratório, espéculo vaginal, todos os tipos de sondas: sonda
- Devem ser manuseados com proteção se sujos de sangue ou naso e orogástrica, vesicais, nasoenterica etc.
fluidos corpóreos, secreções e excreções e sua reutilização em ou-
tros pacientes deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção. Artigos não críticos
- Assegurar-se que os itens de uso único sejam descartados em Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra e também
local apropriado. os que não entram em contato direto com o paciente são chamados
Controle ambiental artigos não-críticos e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou
Estabelecer e garantir procedimentos de rotina adequados para médio nível, dependendo do uso a que se destinam ou do último
a limpeza e desinfecção das superfícies ambientais, camas, equipa- uso realizado. Ex. termômetro, materiais usados em banho de leito
mentos de cabeceira e outras superfícies tocadas frequentemente. como bacias, cuba rim, estetoscópio, roupas de cama do paciente,
etc.
Roupas
- Manipular, transportar e processar as roupas usadas, sujas de Limpeza
sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções de forma a pre- É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para man-
ter em estado de asseio os artigos, reduzindo a população microbia-
venir a exposição da pele e mucosa, e a contaminação de roupas
na. Constitui o núcleo de todas as ações referentes aos cuidados de
pessoais, evitando a transferência de microrganismos para outros
higiene com os artigos hospitalares.
pacientes e para o ambiente.
A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou
de esterilização, pois reduz a carga microbiana através remoção da
Saúde ocupacional e patógenos veiculados por sangue sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais. O excesso
- Atenção com o uso, manipulação, limpeza e descarte de de matéria orgânica aumenta não só a duração do processo de es-
agulhas, bisturis e outros materiais pérfuro-cortantes. Não retirar terilização, como altera os parâmetros para este processo. Assim,
agulhas usadas das seringas descartáveis, não dobrá-las e não re- é correto afirmar que a limpeza rigorosa é condição básica para
encapá-las. O descarte desses materiais deve ser feito em caixas qualquer processo de desinfecção ou esterilização. “É possível lim-
apropriadas e de paredes resistentes. par sem esterilizar, mas não é possível garantir a esterilização sem
- Usar dispositivos bucais, conjunto de ressuscitação e outros limpar”
dispositivos de ventilação quando houver necessidade de ressus-
citação. Esterilização
A esterilização de materiais é a total eliminação da vida micro-
Local de internação do paciente bianadestes materiais. Caracteriza-se por um processo de destrui-
A alocação do paciente é um componente importante da pre- ção por meio de agentes físicos ou químicos de todas as formas de
caução de isolamento. Quando possível, pacientes com microrga- vidas microscópica. Um objeto esterilizado, no sentido microbioló-
nismos altamente transmissíveis e/ou epidemiologicamente impor- gico, está, completamente livre de microrganismos viáveis.
tantes devem ser colocados em quartos privativos com banheiro e 1. A flambagem: É a colocação de material sobre o fogo até que
pia próprios. o metal fique vermelho
* OBS: Quando um quarto privativo não estiver disponível, pa- Vantagem: fácil execução
cientes infectados devem ser alocados com companheiros de quar- Desvantagem: Não é seguro, pode não esterilizar alguns tipos
to infectados com o mesmo microrganismo e com possibilidade de bactérias pelo baixo tempo de exposição. Estraga o material.
mínima de infecção. 2. Calor seco: Penetra nas substancias de uma forma mais len-
ta que o calor úmido e por isso exige temperaturas mais elevadas
Processamento de artigos hospitalares e tempos mais longos, para que haja uma eficaz esterilização. São
Artigos utilizadas as estufas. Conforme o calor gerado recomenda-se um
A variedade de materiais utilizados nos estabelecimentos de certo tempo: a 170 graus Celsius, são necessários 60 minutos. A 120
Graus são necessárias 12 horas.
saúde pode ser classificada segundo riscos potenciais de transmis-
Vantagens: Não forma ferrugem, não danifica materiais.
são de infecções para os pacientes, em três categorias: críticos, se-
micríticos e não críticos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Desvantagens: O material deve ser resistente a variação da 3. Difusão: O peróxido na forma gasosa se espalha por todo o
temperatura. Na esteriliza líquidos. material, é importante que todos os materiais estejam totalmente
3. Calor úmido expostos para que o peróxido entre em contato com toda a super-
Autoclave: É a exposição do material a vapor de água sob pres- fície.
são, a 121ºC durante 15 min. É o processo mais usado e os mate- 4. Plasma: esterilização propriamente dita.
riais devem ser embalados de forma a permitirem o contato total 5. Ventilação: Dura 1 minuto, o ar é filtrado p/ dentro da câ-
do material com o vapor para permitir que a temperatura não seja mara do equipamento, igualando a pressão interna com a externa,
inferior à desejada, permitir a penetração do vapor nos poros dos possibilitando a abertura da porta. E os materiais estão prontos!
corpos porosos e impedir a formação de uma camada inferior mais Controle de qualidade
fria. Podem ser usados autoclaves de parede simples ou de parede - Indicador paramétrico: Relatório emitido ao término de cada
dupla, que permitem melhor extração do ar e melhor secagem. ciclo onde são apresentados parâmetros de controle de esteriliza-
É muito usado para o vidro seco e materiais que não oxidem ção.
com a água (os materiais termolábeis não podem ser esterilizado - Indicador biológico: Bacillus stearothermophilus (forma espo-
por esta técnica). É utilizada ainda para esterilizar tecidos. ruladas mais resistente aos esterilizantes físicos químicos.)
- Indicadores químicos: Mudam de cor consoante a tempera- - Indicador químico: Marcador de concentração ótima do peró-
tura. xido no interior da câmara.
- Indicadores biológicos: Tubo com suspensão de esporos de - Fita indicadora: Utilizada no interior das embalagens com
manta de polipropileno.
bactérias resistentes que morrem quando exposto por 12 min. Ou
- Fita teste: Utilizada no fechamento das embalagens.
mais a uma temperatura de121ºC. Após um repouso de 14h, faz-se
uma sementeira dos esporos, que deve dar negativa.
Desinfecção, antissepsia e assepsia
Vantagens: Fácil uso, custo acessível para grandes hospitais
- Desinfecção: Processo que consiste na destruição, remoção
Desvantagens: Não serve para esterilizar pós e líquidos. ou redução dos microrganismos presentes num material inanimado
através do uso de agentes químicos.
Químico A desinfecção não implica na eliminação de todos os microrga-
- Gás óxido de etileno: O gás óxido de etileno é um produto nismos viáveis, porém elimina a potencialidade infecciosa do obje-
altamente tóxico usado para esterilizar materiais to, superfície ou local tratado.
Vantagens: Não danifica o material O agente empregado na desinfecção é denominado de desin-
Desvantagens: Danos ao meio ambiente quando manipulado fetante.
erroneamente, alto custo, tóxico para o manipulador, requer aera- - Antissepsia: Consiste no mesmo termo usado à desinfecção,
ção de 48 horas. Demorado. só que está relacionada com substâncias aplicadas ao organismo
- Glutaraldeído: Fornecido na forma de líquido a 25 ou 50%, são humano, é a redução do número de microrganismos viáveis na pele
pouco voláteis a frio e utilizados para a desinfecção de instrumen- pelo uso de uma substancia denominada de antisséptico.
tos médicos. Irritante das mucosas e tóxico, necessita de cuidados - Assepsia: Conjunto de meios usados para impedir a penetra-
especiais ção de microrganismo, em local que não os tenha.
Vantagens: Facilidade de uso
Desvantagens: Esterilização é tempo dependente. Alérgeno, tó- Saúde e segurança do trabalhador
xico e irritante, Mycobactérias podem ser resistentes As doenças ocupacionais são decorrentes da exposição do tra-
balhador aos riscos da atividade que desenvolve. Podem causar
Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio afastamentos temporários, repetitivos e até definitivos. A maior
O plasma é o quarto estado da matéria. É definido como uma incidência destas doenças ocorre na faixa dos 30 aos 40 anos, pre-
nuvem de elétrons, partículas neutras, produzidas a partir da inte- judicando a produtividade do trabalhador e podendo interromper
ração do peróxido de hidrogênio e um campo magnético. A esterili- sua carreira e desestabilizar a sua vida. As doenças ocupacionais
zação com gás plasma combina peróxido de hidrogênio p/gerar uma são causadas ou agravadas por determinadas atividades. A preven-
onda eletromagnética. O plasma de peróxido não oxida o material, ção pode evitar que tanto os trabalhadores como os empresários
não degrada o corte, pontas, sulcos de instrumentais cirúrgicos. Seu se prejudiquem com as consequências das doenças ocupacionais. A
recuperação pode ser demorada e cara.
produto final não é tóxico, não polui o meio ambiente e nem apre-
senta toxicidade para o profissional e nem para o paciente.
As possíveis causas do problema
- Agente esterilizante: Ampolas contendo: 1,8ml de H2O2 (água
- Agentes físicos: ruído, temperatura, vibrações e radiações
oxigenada) na forma líquida numa concentração de 58%. Que du-
- Agentes químicos: utilizados nas indústrias, podem causar da-
rante a fase da injeção passará da forma líquida para gasosa. nos à saúde.
Sterrad - Agentes biológicos: microrganismos como bactérias, vírus e
Esterilização a baixa temperatura 45ºC, é uma alternativa de fungos.
esterilização para materiais termo sensíveis.
Vantagens: rapidez, ciclo de 50’, ausência de resíduos tóxicos, Como diagnosticar o problema
fácil instalação, segurança. Exame físico, ocupacional e complementares, conforme crité-
Desvantagens: alto custo dos insumos, câmara pequena, 100 rios médicos.
litros.
Fases do processo
1. Vácuo: Nesta fase através da bomba de vácuo, é removido o
ar de dentro da câmara de esterilização.
2. Injeção: Neste momento as agulhas perfuram as ampolas,
fazendo com que passem de liquido p/ gás.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As doenças ocupacionais mais comuns 7. Perda dos movimentos da mão


1. Doenças das vias aéreas: Alguns exemplos são as pneumoco- Cuide de sua qualidade de vida, procurando manter um melhor
nioses causadas pela poeira da sílica (silicose) e do asbesto (as bes- equilíbrio entre corpo e mente. Faça exercícios físicos pelo menos
tose), além da asma ocupacional. Substâncias agressivas inaladas quatro vezes por semana, tenha uma dieta balanceada e saudável
no ambiente de trabalho se depositam nos pulmões, provocando e procure formas de lazer alternativas, que amenizem o estresse do
falta de ar, tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento. dia-a-dia.
2. Perda auditiva relacionada ao trabalho (PAIR) Como prevenir as doenças ocupacionais
Diminuição gradual da audição decorrente da exposição con- -Conforto é essencial para a prevenção.
tínua a níveis elevados de ruídos. Além da perda auditiva, outra - As operações de trabalho devem estar ao alcance das mãos.
alterações importantes podem prejudicar a qualidade de vida do - As máquinas devem se posicionar de forma que a pessoa não
trabalhador. tenha que se curvar ou torcer o tronco para pegar ou utilizar ferra-
3. Intoxicações exógenas podem ser causadas por: mentas com frequência.
- Agrotóxicos: Os pesticidas (defensivos agrícolas) provocam - A mesa deve estar posicionada de acordo com a altura de
grandes danos à saúde e ao meio ambiente. cada pessoa e ter espaço para a movimentação das pernas.
- Chumbo (saturnismo): A exposição contínua ao chumbo, pre- - As cadeiras devem ter altura para que haja apoio dos pés,
sente em fundições e refinarias, provoca, a longo prazo, um tipo de formato anatômico para o quadril e encosto ajustável.
intoxicação que varia de intensidade de acordo com as condições - Pausas durante a realização das tarefas permite um alívio para
do ambiente (umidade e ventilação), tempo de exposição e fatores os músculos mais ativos.
individuais (idade e condições físicas). - Durante estas pausas, se levante e caminhe um pouco.3
- Mercúrio (hidragirismo): O contato com a substância se dá
por meio da inalação, absorção cutânea ou via oral da substância;
ocorre com trabalhadores que lidam com extração do mineral ou
fabricação de tintas. CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
- Solventes orgânicos (benzenismo): Por serem tóxicos e agres-
sivos, podem contaminar trabalhadores de refinarias de petróleo e Ações de enfermagem na prevenção, controle e combate à
indústrias de transformação. infecção hospitalar.
4. Ler e Dort – Lesão por esforço repetitivo/distúrbio osteo-
muscular relacionado ao trabalho: Conjunto de doenças que atin- Infecção Hospitalar é aquela adquirida no hospital, mesmo
gem principalmente os músculos, tendões e nervos. O problema é quando manifestada após a alta do paciente. Alguns autores são
decorrente do trabalho com movimentos repetitivos, esforço exces- mais exigentes, incluindo também aquela que não tenha sido diag-
sivo, má postura e estresse, entre outros. nosticada na admissão do paciente, por motivos vários, como pro-
5. Dermatoses ocupacionais: Também conhecidas como der- longado período de incubação ou ainda por dificuldade diagnostica.
matites de contato, são alterações da pele e das mucosas causadas, O Serviço de Enfermagem representa um papel relevante no
mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, por determinadas controle de infecções por ser o que mais contatos mantém com
atividades profissionais. São provocadas por agentes químicos e po- os pacientes e por representar mais de 50% do pessoal hospitalar.
dem ocasionar irritação ou até mesmo alergia. Colaboram também com destaque, na redução de infecções hos-
6. Stresse: O estresse e o excesso de trabalho podem variar pitalares, os Serviços Médicos, de Limpeza, Nutrição e Dietética,
desde mudanças no humor, ansiedade, irritabilidade e descontrole Lavandaria e de Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento. O apoio
emocional até doenças psíquicas. da Administração Superior do Hospital e a colaboração dos demais
Geralmente, o estresse é causado por sobrecarga de tarefas servidores, em toda a escala hierárquica, desde o Administrador até
e ausência de pausas para descanso e exercícios físicos. Ativar os o Servente, fazem-se indispensáveis.
músculos com exercícios diários, mesmo os de relaxamento, é um Afora o esforço permanente e sistematizado de todo o pessoal
bom começo para se livrar do estresse. hospitalar, muito do bom êxito na execução de medidas de preven-
Durante os exercícios, inspire o ar pelo nariz e solte pela boca, ção e controle de infecções vai depender da planta física, equipa-
sentindo o oxigênio descer e o gás carbônico subir. mentos, instalações e da capacidade do pessoal.

A ajuda da ergonomia Incidência de Infecções


Ciência que estuda as relações entre o homem, seu trabalho,
equipamentos e meio ambiente, a Ergonomia previne o surgimento Independente do bom atendimento dos pacientes, a adoção de
de doenças ocupacionais durante o processo de produção de ativi- medidas preventivas contra as infecções é dificultada pelas defici-
dades. O objetivo é a adaptação do posto de trabalho, instrumen- ências encontradas na planta física de nossos hospitais, tais como
tos, máquinas, horários e meio ambiente às exigências da função. a localização dos ambulatórios, o controle do acesso de pacientes
Ela facilita o desenvolvimento e o rendimento das atividades de externos ao Centro Obstétrico, Centro Cirúrgico, Berçário, Lactário,
trabalho. Todos devem aprender a identificar os sinais do próprio Unidade de Queimados, etc. O número deficiente de elevadores
corpo para perceber o início de qualquer desconforto, procurando, obriga a permissão do transporte promíscuo de pacientes, de car-
assim, adaptar as técnicas da ergonomia ao seu local de trabalho. ros térmicos de alimentação, de roupa limpa e suja, de visitantes e
Sintomas mais comuns, e que requerem a procura por um mé- de pessoal hospitalar. Dependências físicas com áreas deficientes
dico dificultam a execução de técnicas médicas e de enfermagem, assim
1. Cansaço excessivo como as grandes enfermarias onde a superlotação concorre para
2. Desconforto após a jornada de trabalho o aumento de infecções cruzadas. A falta de quartos individuais,
3. Inchaço com sanitários próprios em cada unidade de internação, não facilita
4. Formigamento dos pés e das mãos a montagem de isolamento para pacientes portadores de doenças
5. Sensação de choque nas mãos infecto-contagiosas e para os suspeitos. A simples, enfatizada e
6. Dor nas mãos
3Fonte: www.scielo.br/www. pt.slideshare.net

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

indispensável lavagem constante das mãos do pessoal hospitalar, exames clínicos, laboratoriais, imunizações, segundo uma escala de
na prevenção de infecções, afigura-se, às vezes, de difícil adoção pelo prioridade e de acordo com as atividades exercidas pelo pessoal,
número reduzido de lavatórios e pelo seu tipo inadequado. A localiza- nos mais diferentes setores do hospital. Assim, para o pessoal que
ção inconveniente de certos setores que devem ser próximos entre si, trabalha em áreas críticas como Berçário, Lactário, Centro Cirúrgi-
como o Centro Obstétrico e Berçário à Unidade de Internação Obsté- co, Centro Obstétrico, Unidade de Tratamento Intensivo, Unidade
trica, as Salas de Operações à Unidade de Recuperação Pós-Anestési- de Recuperação Pós-Anestésica, Pediatria, Lavandaria, Serviço de
ca e esta à Unidade de Tratamento Intensivo, como as construções de Nutrição e Dietética e Radiologia, os exames devem ser mais minu-
material de má qualidade, permitindo a infiltração de água e a falta ciosos e os prazos menores.
de incineradores de lixo, são critérios muitas vezes não observados Houve unanimidade nos 16 hospitais quanto à exigência do
pelos responsáveis pelas construções de nossos hospitais. exame clínico, abreugrafia e imunizações anti-variólica e anti-tífica,
Outros fatores contribuem para um maior índice de infecção, para a admissão de pessoal hospitalar.
seja pela maior exposição dos pacientes aos germes, seja pela alte- Cada hospital deve estabelecer as prioridades e a frequência
ração de suas resistências naturais: longa permanência no hospital, dos exames que julgar necessários ao controle sanitário do seu
grandes cirurgias, anestesia prolongada, deambulação precoce, o pessoal hospitalar, levando em consideração também as fontes de
emprego mais frequente de transfusões de sangue, o emprego de infecção identificadas e as possibilidades dos recursos materiais e
medicamentos que afetam a resposta imunológica, tratamentos re- humanos do Serviço de Análises Clínicas. Essa medida visa à prote-
laxantes musculares e hipotérmicos. ção do pessoal e dos pacientes pelo afastamento do trabalho dos
portadores de infecções, aparentes ou não. O controle sanitário de
Qual é o índice de infecção de nossos hospitais?
todo o pessoal hospitalar, após a admissão, está por receber de nos-
Pouquíssimos hospitais estão em condições de informar seu
sos hospitais a atenção que merece. Apenas 18,75% dos hospitais
índice de infecção já que não existe obrigatoriedade, por parte dos
se mostram interessados em manter uma vigilância epidemiológica
médicos ou de outros profissionais da equipe de saúde, de notifica-
de seu pessoal, o que é de se lamentar.
ção, a um órgão central, das infecções diagnosticadas na admissão
e durante a permanência dos pacientes no hospital. No nosso caso Pacientes, familiares e visitantes
93,75 dos hospitais não informaram seu índice de infecção.
O grupo responsável pelo controle de infecções do hospital A prevenção de propagação de infecções decorrentes dos pa-
deve elaborar os critérios pelos quais os membros da equipe de cientes, familiares e visitantes repousa na educação sanitária destes.
saúde concluirão pela necessidade de isolamento do paciente, já A supressão do simples aperto de mãos entre pacientes, familiares
que é um assunto controvertido. A elaboração do relatório diário e visitantes, o sentar na cama dos pacientes, o trânsito por outras
do índice de infecção o que pode ficar sob a responsabilidade do áreas do hospital, as visitas entre os pacientes e a redução do número
médico ou da enfermeira do paciente. O registro das infecções hos- e a proibição de visitas de crianças menores de 12 anos e de pesso-
pitalares é importantíssimo para o estudo das fontes de infecção. as convalescentes, são algumas das recomendações que, por certo,
Compreende-se que a infecção hospitalar seja indesejável por concorrerão para a prevenção de infecções no ambiente hospitalar.
todos os responsáveis por um bom padrão de atendimento aos pa- Os pacientes devem ser também orientados quanto às medidas de
cientes internados; o que não se compreende é que os casos de higiene e proteção que devem tomar, em relação ao contágio da do-
infecção hospitalar sejam ignorados ou mesmo negados por te- ença de que é portador.
mor que estes fatos, dados a conhecer, desprestigiem o hospital.
Tais atitudes impedem que se executem medidas de isolamento, Atos cirúrgicos
de limpeza concorrente e desinfecção terminal, de modo a evitar a
propagação de infecção, mesmo dispondo de instalações adequa- É comum atribuírem o aparecimento de infecção pós-operató-
das, material necessário e de pessoal capacitado para o combate ria a falhas na esterilização do material cirúrgico que, embora seja
à infecção. um fator crítico, não é o único responsável pelas infecções em cirur-
gias. Há necessidades de se investigar em qual tempo operatório a
Uso inadequado de antibióticos infecção se originou, isto é, no trans-operatório, por falhas no Cen-
tro Cirúrgico ou no pré e pós-operatório, por falhas nas medidas de
Na literatura consultada encontra-se como uma das causas de diagnóstico, de tratamento médico e nos cuidados de enfermagem
aumento de incidência de infecção o uso indiscriminado de antibió- executados nas unidades de internação.
ticos que fizeram surgir raças resistentes a esses agentes antimicro-
As infecções no trans-operatório podem decorrer de vários fa-
bianos entre os germes sensíveis.
tores: falhas nas técnicas de esterilização de instrumental cirúrgico,
roupas, outros materiais e utensílios em geral; mau funcionamento
Manipulação diagnostica
dos aparelhos de esterilização; a manipulação incorreta do material
A atuação do pessoal de enfermagem nas medidas diagnosti- estéril; a antissepsia deficiente das mãos e antebraços da equipe
cas tais como cateterismo cardíaco, arteriografias, biópsias por pun- cirúrgica; o desconhecimento ou a displicência na conduta e na in-
ção, aspiração de líquidos (cerebral, pleural, peritonial, sinovial), etc dumentária preconizada a toda a equipe envolvida no ato cirúrgico;
quando deixa de atender os princípios de esterilização, pode ofere- dependências do Centro Cirúrgico fora dos padrões recomendáveis
cer risco de contaminação e posterior infecção. e a não observância de outras normas que impeçam a contamina-
ção dos pacientes e do ambiente.
Pessoal A avaliação bacteriológica do instrumental cirúrgico, de outros
materiais e do ambiente hospitalar deve merecer mais interesse
Sabe-se que o elemento humano é a principal fonte de infecção por parte do pessoal de enfermagem que, com a colaboração do
no hospital e um “check-up” da saúde individual do pessoal hospita- Serviço de Análises Clínicas ou da Comissão de Infecção, deve fazer-
lar, na sua admissão, é uma medida adotada pelos nossos hospitais, -se representar para o estabelecimento dos métodos de controle
embora ainda não tenham estabelecido a frequência e os tipos de bacteriológico e sua frequência.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Não é demasiado insistir na necessidade de um maior interesse contaminações. A água de beber deve ser fervida e examinada uma
científico na avaliação bacteriológica frequente dos veículos e fômi- vez por semana, assim como a água dos umidificadores de oxigênio
tes no meio hospitalar. e a das incubadoras.
Em estudo comparativo realizado por M. I. Teixeira sobre as
Tratamento condições bacteriológicas do Berçário, Centro Cirúrgico e Sala de
Parto, durante três meses, num hospital do Rio de Janeiro e cons-
Constituem poderosas armas no combate às infecções decor- tatou 490 colônias no Berçário, 233 no Centro Cirúrgico e 191 na
rentes de falhas nas unidades de internação e demais áreas do hos- Sala de Parto. No que se relaciona com os germes isolados em cada
pital, o ensino e a supervisão do pessoal que trabalha no hospital, dependência, a situação foi desfavorável ao Berçário onde foram
para adoção de medidas preventivas para execução de técnicas de identificadas 26 amostras de Estafilococos patogênicos (coagulase
combate à infecção hospitalar. positiva), enquanto no Centro Cirúrgico foram encontradas 8 e na
Através da leitura da anamnese completa, por ocasião da ad- Sala de Parto 4.
missão e da interpretação dos resultados dos exames complemen- Dentre os setores do hospital sobressai-se o Berçário em face
tares e baseados nos critérios de infecção estabelecidos, o pessoal da alta mortalidade do recém-nascido, por causa de sua suscetibi-
de enfermagem pode constatar pacientes infectados, a fim de se lidade.
tomarem as medidas de isolamento, estas medidas, aliadas à hi- É insistentemente destacada na literatura a importância da
gienização completa dos pacientes na admissão, durante sua hos- lavagem frequente das mãos com antissépticos adequados e a
pitalização e principalmente antes de serem levados à cirurgia e a necessidade de comprovação científica da eficiência das rotinas e
limpeza de sua unidade, se constituem em importantes medidas na procedimentos médicos e de enfermagem sob as nossas condições
redução de infecções decorrentes dos pacientes, nas unidades de ambientais, humanas e materiais.
internação. Os Serviços de Limpeza e Lavandaria são responsáveis por ati-
O isolamento do paciente infectado embora não deva ser negli- vidades importantes na redução de infecções pela remoção do pó
genciado o que se vê na maioria das vezes, em relação ao isolamen- e a correta desinfecção das roupas, atividades que devem ser co-
to de pacientes em unidades de internação comuns, são medidas ordenadas por pessoas com suficiente preparo básico. Não se es-
que se resumem na transferência do paciente para um quarto in- taria exigindo demasiado se o Coordenador do Serviço de Limpeza
dividual e na colocação do avental sobre a roupa daqueles que vão possuísse instrução equivalente ao 1.º grau completo; conhecimen-
entrar em contato com o paciente. tos científicos relacionados à higiene, à limpeza e à desinfecção;
A orientação do pessoal hospitalar, no desempenho de técnicas interesse em progredir na sua área de trabalho e habilidade para
de limpeza, de desinfecção e de assepsia deve ser contínua, formal treinar e supervisionar o seu pessoal. As exigências para o cargo de
e informal. Coordenador do Serviço de Lavandaria devem ser também maiores,
Precisa ser intensificado o desenvolvimento de programas de pela importância de suas atividades na segurança e bem-estar dos
atualização no que concerne à prevenção, combate e controle de pacientes.
infecções hospitalares extensivos a todo o pessoal hospitalar, prin-
cipalmente àqueles que mantêm contatos com os pacientes e os Comissão de Infecção
seus fomites. O Serviço de Enfermagem se preocupa em 33,33%
com a atualização dos conhecimentos de seu pessoal no desempe- Apenas 37,50% de nossos hospitais possuem uma Comissão de
nho de suas atribuições, porém, necessita dar continuidade e realce Infecção ou um pessoa com atribuições definidas para o controle de
aos conteúdos programáticos relacionados com a prevenção de in- infecções que, além de outras responsabilidade tão bem enumera-
fecções e atenção de enfermagem aos pacientes infectados. das por C. G. Melo, é o órgão responsável pela indicação dos diversos
A maioria das infecções hospitalares é transmitida pelo con- produtos químicos utilizados no hospital. Muitos de nossos hospitais
tágio direto, através de mãos contaminadas. A lavagem das mãos (68,75%) deixam a critério do Serviço de Enfermagem a indicação dos
antes e depois de cuidar de cada paciente e às vezes no decurso de antissépticos e desinfetantes e, para esta responsabilidade complexa,
diversos tratamentos prestados ao mesmo paciente com emulsão deve preparar-se para estar em condições de estabelecer os critérios
detergente bacteriostática e enxutas com ar quente ou com toalhas técnicos para a escolha dos mesmos, realizar ou colaborar nos testes
de papel se constitui em método eficiente para evitar a propagação bacteriológicos e na avaliação dos produtos químicos que indica para
de germes. As bactérias transientes das mãos são facilmente elimi- os diversos fins no hospital.
nadas com o uso de antissépticos adequados o que não acontece Segundo U. Zanond os critérios técnicos para a escolha de ger-
com o uso do sabão comum que exige uma lavagem de 5 a 10 minu- micidas hospitalares são: o registro no Serviço Nacional de Fiscaliza-
tos para eliminar os microorganismos presentes. ção de Medicina e Farmácia, o estudo da composição química e sua
Y. Hara, realizou uma pesquisa no hospital de Clínicas da FMUSP adequação às finalidades do produto e a comprovação bacterioló-
para comprovar a contaminação das mãos e a presença de germes gica da atividade germicida.
patogênicos antes e após a arrumação de camas de pacientes am- O pessoal de enfermagem deve usar os desinfetantes e antis-
bulantes e acamados; além de germes saprófitas constatou a pre- sépticos baseado em resultados de sua própria experiência, tendo
sença de Estafilococo Dourado mesmo na arrumação de camas de em vista os germes responsáveis pelas infecções no hospital onde
pacientes ambulantes, onde a contaminação foi menor do que na trabalha.
cama de pacientes acamados. A criação de Comissão de Infecção é justificada e recomenda-
Por desempenhar um papel importante na disseminação de da, e deve constituir-se em órgão coordenador de atividades de in-
doenças, U. Zanon) aconselha que «as mãos do pessoal de unida- vestigação, prevenção e controle de infecções.
des de internação sejam testadas uma vez por mês e as mãos dos A constituição de uma Comissão de Infecção pode variar se-
responsáveis pelo preparo das mamadeiras uma vez por semana. gundo o tamanho do hospital, não deixando, porém, de ter um re-
No Lactário, as mamadeiras e os bicos devem ser testados presentante do Serviço de Enfermagem, em tempo integral, para
diariamente, inclusive o conteúdo da mamadeira logo após o seu atuar como um dos membros executivos das normas baixadas pela
preparo e 24 horas após a estocagem, a fim de detectar possíveis Comissão.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reduzir infecções no hospital é um trabalho gigantesco que exi- Processamento de artigos médico-hospitalares
ge a colaboração contínua e eficiente de todo o pessoal hospitalar
A utilização correta e mais econômica dos processos de limpe-
Recomendações za, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada pela classi-
ficação dos materiais, segundo o riscopotencial de infecção para o
Considerando a importância que tem a redução de infecções paciente.
nos hospitais para a diminuição do risco de morbidade e mortali- Para definir qual o melhor processo a ser utilizado, esses mate-
dade, do custo do tratamento e da média de permanência dos pa- riais, quer sejam, instrumentais cirúrgicos, peças de equipamentos,
cientes nos hospitais que resulta numa maior utilização de leitos etc., são classificados em:
hospitalares, recomenda-se que os:
Artigos não críticos: Artigos que entram em contato apenas
I - Administradores de Hospital: com a pele íntegra do paciente. Estes artigos devem ser submetidos
- Possibilitem aos Serviços do Hospital condições materiais e a desinfecção de baixo nível ou apenas limpeza mecânica com água
humanas para a montagem de isolamento de pacientes infectados e sabão para remoção da matéria orgânica. Ex. estetoscópio, termô-
e suspeitos e para a adoção das demais medidas preventivas e de metro, esfigmomanômetro,etc.
controle de infecções; • Artigos semi-críticos: Artigos que entram em contato com
- se assessorarem de pessoal capacitado nas construções e re- a pele íntegra ou com mucosas íntegras. Estes artigos devem ser
formas de hospitais a fim de que a planta física não venha a dificul- submetidos a desinfecção de alto nível. Ex. Equipamentos de anes-
tar a adoção das medidas de redução de infecções; tesia gasosa, terapia respiratória, inaloterapia, instrumentos de fi-
- tornem compulsória, por parte dos profissionais da equipe da bra óptica, etc.
saúde, a notificação a um órgão central das infecções hospitalares • Artigos críticos: Artigos que penetram a pele e mucosa,
e não hospitalares;
atingindo os tecidos subepiteliais e o sistema vascular, bem como
- mantenham um serviço de vigilância sanitária para o pessoal
todos os que estejam diretamente conectados com este sistema.
hospitalar;
Estes artigos devem ser esterilizados. Ex. instrumental cirúrgico, ca-
- ofereçam ao grupo ou à pessoa responsável pelo controle de
teteres cardíacos, laparoscópios, implantes, agulhas, etc.
infecções os Serviços de Análises Clínicas para a identificação dos
agentes etiológicos;
Limpeza:
- incentivem a realização de cursos de atualização de conheci-
É o processo de remoção de sujidade e/ou matéria orgânica
mentos no que concerne a prevenção e controle de infecções para
presente nos artigos e superfícies.
todo o pessoal que mantenha contatos diretos e indiretos com os
Preconiza-se a limpeza com água e sabão, promovendo a remo-
pacientes;
- estimulem os serviços Médicos, de Enfermagem, Nutrição e ção da sujeira e do mau odor, reduzindo assim a carga microbiana.
Dietética, Lavandaria, Limpeza e Auxiliares de Diagnóstico e Trata- A limpeza deve sempre preceder os processos de desinfecção ou
mento a elaborarem normas para o seu pessoal referentes à pre- esterilização, pois a maioria dos germicidas sofre inativação na pre-
venção e controle de infecções; sença de matéria orgânica.
- estabeleçam critérios mais exigentes para a indicação dos res-
ponsáveis pelos Serviços de Limpeza e de Lavandaria de modo a se Métodos de limpeza:
ter pessoal mais qualificado para o desempenho de atividades que . Limpeza Manual: Executada através de fricção, com escovas e
muito concorrem para a redução de infecções; uso de detergente e água.
- criem a Comissão de Infecção ou designem uma pessoa com . Limpeza Mecânica: É realizada através de lavadoras por meio
atribuições definidas para reduzir ao mínimo as infecções hospita- de uma ação física e química (lavadoras ultrassônicas e termodesin-
lares; fectadoras).
- permitam a compra de antissépticos e desinfectantes utiliza-
dos para os diversos fins no hospital quando justificada por critérios Secagem:
técnicos. Parte importante do processamento de artigos hospitalares.
Recomenda-se comumente a secagem com ar comprimido, pois
II - Serviços de Enfermagem: elimina o ambiente úmido que favorece a proliferação bacteriana.
- Valorizem e realizem, sistematicamente, avaliação bacterioló-
gicas da desinfecção e esterilização do material hospitalar assesso- Estocagem:
rados por técnicos no assunto; Deve-se evitar a estocagem de artigos já processados em áreas
- supervisionem o seu pessoal na desinfecção e esterilização de próximas a pias, água ou tubo de drenagem.
material e do ambiente, no tratamento e no processo de atenção de
enfermagem ao paciente infectado; Descontaminação:
- desenvolvam cursos para o seu pessoal dando realce aos con- É o processo de eliminação parcial da carga microbiana de arti-
teúdos relacionados com a atenção de enfermagem a pacientes in- gos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio. Após a des-
fectados e à prevenção de infecções; contaminação, deve-se seguir o processamento adequado.
- se façam representar na Comissão de Infecção designando
uma enfermeira, em tempo integral, como coordenadora da execu- Desinfecção:
ção de sua parte no programa de controle de infecções no hospital; É processo de destruição dos microrganismos em forma vege-
- procurem ampliar seus conhecimentos sobre antissépticos e tativa, mediante aplicação de agentes físicos ou químicos.
desinfetantes muito especialmente quando se responsabilizar pela - Agente físico:radiação ultra-violeta
indicação dos mesmos para os diversos fins no hospital. - Agente físico líquido: água em ebulição e sistemas de lavagem
automáticas que associam calor, ação mecânica e detergência

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Agente químico líquido: aldeídos (p/ artigos termo-sensíveis), Fenol sintético:


álcoois (p/ artigos e superfícies), fenol sintético (p/ artigos e super- - Desinfecção de nível intermediário e baixo. Usado para des-
fícies) e hipoclorito de sódio (p/ artigos e superfícies) contaminação ambiental incluindo bancadas de laboratórios e arti-
gos não críticos. Tempo de exposição para superfícies e artigos é de
Níveis de Desinfecção: 10 minutos.
. Alto Nível: Destrói todas as bactérias vegetativas(porem não
todos os esporos bacterianos), as microbactérias, os fungos e os Recomendações:
vírus.É indicada para artigos como lâminas de larigoscópio, equipa- - Contra-indicado para artigos que entram em contato com o
mento de terapia respiratória, anestesia e endoscópio. trato respiratório, alimentos, objetos de látex, acrílico e borrachas
. Médio Nível: destruição de todas as formas bacterianas não - Friccionar a superfície ou o objeto imerso, com escova, espon-
esporuladas e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose. Ex: Cloro, ál- ja, etc., antes de iniciar o tempo de exposição;
coois, fenólicos - Enxagüe copioso com água potável;
. Baixo Nível: Destruição de bactérias na forma vegetativa mais - Necessita do uso de EPI – luva de borracha de cano longo,
não são capazes de destruir esporos e nem micro-bactérias e vírus. máscara de carvão, avental impermeável e óculos de proteção.
Ex: Quaternário de Amônia
Hipoclorito de sódio:
Métodos de Desinfecção - Desinfetante dos três níveis – alto, intermediário e baixo -,
conforme a concentração e tempo de exposição.
Desinfecção por meio físico líquido: Recomendações:
Água em ebulição: indicada na desinfecção de baixo nível ou - Usar em recipientes opacos – o produto é fotossensível. De-
descontaminação de artigos termo resistentes. Tempo de exposição vem ser mantidos em vasilhames tampados devido a volatização
30 minutos do cloro.
Lavadoras automáticas térmicas: indicada para desinfecção de - Assegurar-se da qualidade do produto;
alto nível de artigos termo resistentes ou para limpeza de artigos - Descontaminação de superfícies na concentração de 0,1%
críticos antes de sofrerem o processo de esterilização. Podem ser (10.000 ppm) por 10 minutos;
associadas ao uso de detergentes enzimáticos ou desinfetantes. Ex. - Desinfecção de artigos:
artigos de inaloterapia, acessórios de respiradores, material de en- - Alto nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) de20 a 60
tubação, etc. minutos
- Médio nível: na concentração de 0,1% (1000 ppm) por 10 mi-
Desinfecção por meio químico líquido nutos
- Baixo nível: na concentração de 0,01% (100 ppm) por 10 mi-
Glutaraldeído: nutos
Desinfecção de alto nível de artigos na concentração de 2%, - Necessita enxague no caso de desinfecção de alto nível. Quan-
por20 a30 minutos; do não for possível o enxague com água estéril, deve-se utilizar
Esterilização de artigos na concentração de 2%, de8 a10 horas; água corrente e rinsagem com álcool a 70% após secagem;
Usar em artigos termo sensíveis (instrumental, látex e etc.); • Necessita do uso de EPI – avental, luvas de borracha e
Recomendações: máscara.
- Ativar o produto e verificar o prazo de validade;
- Usar recipiente de vidro ou plástico fosco - produto fotossen- Esterilização
sível;
-Manter em recipientes tampados; É o processo de destruição de todas as formas de vida micro-
- Necessita de enxague copioso; biana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e ví-
- necessita do uso de EPI -luva de borracha de cano longo, más- rus), mediante aplicação de agentes físicos e/ou químicos.
cara de carvão e óculos de proteção.
Testes de Validação
Álcoois:
Desinfecção de nível intermediário de artigos não críticos, al- Todo processo de esterilização precisa ser validado, empregan-
guns artigos semi-críticos e superfícies, na concentração a 70%. do-se testes físicos, químicos e biológicos, além de monitorização
Tempo de exposição de 10 minutos com três aplicações, agu ardan- regular durante as operações de rotina. Estes testes são realizados
do a secagem espontânea. para certificar o desempenho ideal do ciclo de esterilização, e para
Recomendações: determinar se as condições pré-estabelecidas foram atingidas den-
- Assegurar-se da qualidade do produto; tro da câmara, e nos pontos mais críticos da carga.
- Friccionar a superfície ou o artigo, deixar secar em ar ambien-
te, repetir três vezes até completar o tempo de ação; Indicadores Químicos:
- Pode ser usado na desinfecção concorrente de superfícies en- Utilizados para detecção imediata de potenciais falhas no pro-
tre cirurgias, exames, após uso do colchão, etc.; cesso de esterilização.
- Contra-indicado em acrílico, borracha, tubos plásticos. Danifi- • Externos: Têm objetivo único de distinguir os pacotes que
ca o cimento das lentes dos equipamentos; passaram pelo ciclo de esterilização, daqueles que não passaram.
- Não necessita de enxagüe; Apresentação na forma de tiras de papel ou fitas adesivas com lis-
- Não necessita usar EPI. tras em diagonal, para uso em autoclaves a vapor ou a gás.
• Internos: são colocados dentro dos pacotes que são po-
sicionados em pontos críticos da câmara, onde o acesso do vapor
é mais difícil. Devem ser usados em conjunto com termostatos e
indicadores biológicos:

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Integradores: indicadores multiparamétricos – provêm uma reação integrada de temperatura, tempo de exposição e a presença do
vapor. Disponíveis para processos a vapor ou a óxido de etileno.

Indicadores Biológicos:
Utilizados para monitorar as condições de esterilidade dentro dos pacotes-teste.

Métodos de Esterilização

Agentes Físicos:
Vapor saturado sob pressão: para artigos que não sejam sensíveis ao calor e ao vapor. É o processo de maior segurança (autoclave).
Artigos que não sejam sensíveis ao calor e vapor;
- Acomodação dos artigos em cestos aramados;- Usar só 80% da capacidade;
- Embalagens: Grau cirúrgico (de forma vertical, filme com filme, papel com papel), papel não tecido(SMS) e campos de algodão;
- Validade de acordo com a embalagem e acondicionamento;
- Manipular o artigo após o resfriamento.

Tipos:
. Gravitacional: O ar é removido por gravidade;
- Processo lento e favorece a permanência de ar residual;
- Pouco utilizada.
. Pré- Vácuo:
- O ar é removido pela bomba de vácuo;
- O vácuo pode ser obtido por meio de vácuo único e pulsatil, o mais eficiente, devido a dificuldade de se obter vários níveis de vácuo
em um só pulso.
Monitorização:
. ControleBiológico: Bacillus Stearotermophillus;
. Bowie Dick: Avaliação da bomba de vácuo;
. Indicador Químico:classe 1, classe, classe 3, classe 4
. Integrador Químico: classe 5 e 6

Segundo recomendação da AORN (2002)

Tipo de Equipamemto Temperatura Tempo de Exposição


132 a135°C 10 a25 min
Gravitacional
121 a123°C 15 a30 min
Pré-Vacuo 132 a135°C 03 a04 min

Calor seco: para artigos que não sejam sensíveis ao calor, mas que sejam sensíveis à umidade (estufa).
- Utilizados para esterilizar, pós, óleos e instrumentais;
- Validade: 07 dias.

Monitorização:
. Teste Biológico: Bacillus Subtillis;
. Indicadores Químicos: Fitas termossensiveis.

Flambagem: para uso em laboratório de microbiologia, durante a manipulação de material biológico ou transferência de massa bac-
teriana, através da alça bacteriológica.

Agentes Químicos- gasosos:


Para uso em materiais sensíveis ao calor e umidade.

Aldeídos: glutaraldeído;
- Produto de alto teor desinfetante;
- Utilizado em condições adequadas são esterilizantes(12hs a 18hs);
- Limpar e secar o artigo antes de imergir na solução, para evitar a diluição do produto;
- Preencher o interior das tubulações com seringa;
- Colocar data de ativação do produto;- Respeitar o prazo de validade;
- Desprezar o produto caso se observe algum tipo de matéria orgânica;
- Enxaguar bem o artigo(cancerigêneo);

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Monitorização:
. Fitas reagentes ou kit liquido para acompanhar o ph da solução.
Óxido de etileno: portaria interministerial MS/MT nº 4; D.º 31/07/1991 DF, regulamenta este método de esterilização, estabelecendo
regras de instalação e manuseio com segurança devido à toxicidade do gás.
Outros princípios ativos: desde que atendam à legislação específica. Todos os artigos;
- Respeitar as normas vigentes do ministério da saúde(áreas e instalações próprias devido a alta toxicicidade);
- Somente embalagens de grau cirúrgico;
- Observar rigorosamente os tempos de areação;
- Validade de 02 anos;

Monitorização:
. Controle Biológico: Bacillus Subtilis hoje mais conhecido como Bacillus Atrophaeus
.Fitas Indicadoras.

Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio – Sterrad.


O processo promove uma nuvem de reações entre íons, elétrons e partículas atômicas neutras (plasma). O plasma é bactericida, tu-
berculicida, esporicida, fungicida e viruscida.
O processo inclui 5 fases: vácuo, injeção, difusão plasma e ventilação. Cada fase é controlada e registrada pelo equipamento (automo-
nitorado), e em casos de qualquer desvio do esperado, ocorre automática interrupção do ciclo e emissão de um relatório impresso sobre
as causas e as ações a serem tomadas.

Vantagens:
-Não é tóxico ao meio ambiente. Tem como resíduos finais, a água e o oxigênio;
-Ciclo total rápido (75 minutos). Não necessita de período de aeração;
-Simples de instalar e operar;
-Compatível com plásticos, borrachas, metais, vidros e acrílicos;
-Promove a esterilização em baixa temperatura – aproximadamente 50º C;
- Possui indicadores químicos próprios.
Desvantagens:
-Alto custo inicial;
-Necessita de embalagem específica, livre de celulose;
-Não processa materiais que absorvam líquidos – por exemplo, musselina, nailon, poliester e materiais que contenham fibras vegetais
– por exemplo, algodão e papéis.
-É limitado quanto a artigos que possuam lúmen (relação entre o diâmetro e o comprimento);
-Não processa artigos com lúmen de fundo cego; aceita artigos metálicos e plásticos com lúmen de diâmetro interno acima de0,3 cm.
Artigos com diâmetro interno de 0,1 a 0,3cm necessitam de adaptador próprio. O comprimento máximo aceito para itens metálicos é de50
cm, e para itens plásticos de130 cm.
- É necessário utilizar EPI – luvas de látex – ao manusear os recipientes com peróxido de hidrogênio concentrado. Se houver contado
com a pele lavar copiosamente.

Dispensação - Regras para um Armazenamento Ideal:


. Limite de tráfegos de pessoas;
.Temperatura entre18 a 22° e a umidade de35 a 50%
. Prateleiras abertas;
. O local deve ser longe de água; janelas, portas e tubulações expostas;
. O material deve ser manipulado o mínimo possível;
. Efetuar inspeção periódica dos artigos, verificando qualquer anormalidade;
. Os pacotes devem atingir a temperatura ambiente antes de serem transferidos para as prateleiras;
. Estabelecer limpeza diária e periódica;
. Dispor os itens de forma que facilite a localização;
. Liberar os lotes mais antigos antes dos mais novos;
. Efetuar conferências periódicas dos artigos estocados.

Prevenção e Controle de Infecção

O QUE É?
A infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) é aquela adquirida em função dos procedimentos necessários à monitorização e ao
tratamento de pacientes em hospitais, ambulatórios, centros diagnósticos ou mesmo em assistência domiciliar (home care).
O diagnóstico das IRAS é feito com base em critérios definidos por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como o Centro de Vigi-
lância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os Centers
for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.
Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior risco
de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacientes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tratamento ou com
doenças imunossupressoras, com lesões extensas de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes, obesas e fumantes.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O monitoramento das IRAS permite que os processos assistenciais sejam aprimorados e que o risco dessas infecções possa ser reduzido.
Nesse sentido, a higienização das mãos é um procedimento essencial. O nosso processo é baseado nas recomendações da OMS, que
considera a necessidade de higienização das mãos, por todos os profissionais de saúde, em cinco momentos diferentes, incluindo antes e
depois de qualquer contato com o paciente, conforme mostra a figura abaixo.

Entre as infecções sistematicamente monitoradas pela instituição estão as de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter venoso
central (CVC) e as que acontecem após cirurgias.

Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (CVC)

O que é?
A infecção de corrente sanguínea (ICS) associada ao cateter venoso central (CVC) ocorre quando bactérias ou fungos entram no san-
gue por meio do cateter e se manifesta normalmente com febre e calafrios.
Procedimentos padronizados baseados em conhecimentos científicos, treinamento dos profissionais e uso de produtos de boa quali-
dade são estratégias que nós utilizamos no processo de prevenção dessa infecção.

O que medimos?
No indicador, consideramos o número de episódios de infecções associadas ao uso de cateter venoso central em pacientes internados
em unidades críticas.

Infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias limpas

O que é?
Esse tipo de infecção ocorre após a cirurgia, na parte do corpo onde foi realizado o procedimento. Estudos estimam de um a dois casos
de infecção a cada 100 cirurgias realizadas. Os sintomas mais comuns envolvem vermelhidão e dor ao redor da área operada, drenagem
de líquido turvo no local e febre. A maioria dessas infecções pode ser tratada com antibióticos, selecionados pelo médico de acordo com
o agente causador da infecção. Eventualmente, outra cirurgia pode ser necessária para o tratamento da infecção.
Procedimentos padronizados e baseados em boas práticas internacionais, treinamento e atualização dos profissionais e uso de produ-
tos de boa qualidade são estratégias que nós utilizamos para prevenção dessas infecções.

O que medimos?
No indicador, consideramos o número de episódios de infecção no local cirúrgico após cirurgias limpas, conforme mostra o gráfico
abaixo. A meta estabelecida de 0,89% é baseada em dados de série histórica institucional e os dados deste indicador referem-se ao 3º
trimestre de 2018, visto que as infecções de sítio cirúrgico podem ocorrer até 90 dias após o procedimento cirúrgico.

Fonte: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/qualidade-seguranca/Paginas/prevencao-controle-infeccao.aspx

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Fede-


CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS ral de Enfermagem em sua 491ª Reunião Ordinária,
DE ENFERMAGEM
RESOLVE:
Código de Ética profissional em Enfermagem Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de En-
fermagem, conforme o anexo desta Resolução, para observância e
RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017 respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consulta-
do através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).
Aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Enferma- Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de En-
gem fermagem, Auxiliares de Enfermagem, Obstetrizes e Parteiras, bem
O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atri- como aos atendentes de Enfermagem.
buições que lhe são conferidas pela Lei nº 5.905, de 12 de julho Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Fede-
de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução ral de Enfermagem.
Cofen nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei de Enfermagem, por proposta de 2/3 dos Conselheiros Efetivos do
5.905, de 12 de julho de 1973, compete ao Cofen elaborar o Código Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Re-
de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ou- gionais.
vidos os Conselhos Regionais; Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Re-
deve submeter-se aos dispositivos constitucionais vigentes; gionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enferma-
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, gem, em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferên-
promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948) e ado- cias Regionais.
tada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vin-
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfer- te) dias a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da União,
meiras (1953, revisado em 2012); revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direi- Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.
tos Humanos (2005);
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do Brasília, 6 de novembro de 2017.
Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética dos Pro-
fissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 564/2017
normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de
Saúde – CNS nº 196/1996), revisadas pela Resolução nº 466/2012, PREÂMBULO
e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres huma-
nos; O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Éti- Ética dos Profissionais de Enfermagem – CEPE, norteou-se por prin-
ca dos Profissionais de Enfermagem, consolidada na 1ª Conferência cípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta
Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida no perí- profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e
odo de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo uma prática social, indispensável à organização e ao funcionamento
Conselho Federal de Enfermagem e Coordenada pela Comissão dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a
Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio
Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016; do sofrimento; proporciona cuidados à pessoa, à família e à cole-
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei tividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo,
Maria da Penha) que cria mecanismos para coibir a violência do- ou em colaboração com outros profissionais da área; tem direito a
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 remuneração justa e a condições adequadas de trabalho, que possi-
da Constituição Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de bilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos.
2003, que estabelece a notificação compulsória, no território na- Sobretudo, esses princípios fundamentais reafirmam que o
cional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão,
serviços de saúde públicos e privados; o que inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha, à dignidade e a ser
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente; tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, religiosa, cultura, incapacidade, deficiência, doença, identidade de
que dispõe sobre o Estatuto do Idoso; gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção política, raça
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que ou condição social.
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Federal
transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde de Enfermagem, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo
mental; Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, aprova e
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de Enfer-
dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recupera- magem à sua fiel observância e cumprimento.
ção da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor-
respondentes;
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Ex-
traordinária de Presidentes dos Conselhos Regionais de Enferma-
gem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia
18 de julho de 2017, e

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quan-


do o local de trabalho não oferecer condições seguras para o exer-
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do cício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas
cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e cultu- as situações de urgência e emergência, devendo formalizar imedia-
rais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade. tamente sua decisão por escrito e/ou por meio de correio eletrôni-
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em co à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.
consonância com os preceitos éticos e legais, técnico-científico e Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento
teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para metodológico para planejar, implementar, avaliar e documentar o
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os cuidado à pessoa, família e coletividade.
Princípios da Ética e da Bioética, e participa como integrante da Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no
equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, âmbito da saúde ou de qualquer área direta ou indiretamente rela-
com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade cionada ao exercício profissional da Enfermagem.
de acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão
da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierar- que envolvam pessoas e/ou local de trabalho sob sua responsabili-
quização e descentralização político-administrativa dos serviços de dade profissional.
saúde. Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento extensão, respeitando a legislação vigente.
próprio da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesqui-
executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assis- sa, extensão e produção técnico-científica.
tir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais
e meios eletrônicos para conceder entrevistas, ministrar cursos,
CAPÍTULO I palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou
DOS DIREITOS divulgar eventos com finalidade educativa e de interesse social.
Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha
Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança téc- habilidades e competências técnico-científicas e legais.
nica, científica e ambiental, autonomia, e ser tratado sem discrimi- Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mí-
nação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos dias sociais durante o desempenho de suas atividades profissionais.
legais, éticos e dos direitos humanos. Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua
Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam
e danos e violências física e psicológica à saúde do trabalhador, em segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.
respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profis- Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação
sionais de enfermagem. profissional/usuários quando houver risco à sua integridade física
Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dig- e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
nidade profissional, do exercício da cidadania e das reivindicações assistência de Enfermagem.
por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração,
observados os parâmetros e limites da legislação vigente. CAPÍTULO II
Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e DOS DEVERES
transdisciplinar com responsabilidade, autonomia e liberdade, ob-
servando os preceitos éticos e legais da profissão. Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equida-
Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organiza- de, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, ho-
ções da Categoria e Órgãos de Fiscalização do Exercício Profissional, nestidade e lealdade.
atendidos os requisitos legais. Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência,
Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, éti- no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
co-políticos, socioeducativos, históricos e culturais que dão susten- ideológica.
tação à prática profissional. Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos
Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, famí- Profissionais de Enfermagem e demais normativos do Sistema Co-
lia e coletividade, necessárias ao exercício profissional. fen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for- Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de En-
ma fundamentada, medidas cabíveis para obtenção de desagravo fermagem no desempenho de atividades em organizações da categoria.
público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de En-
ou que atinja a profissão. fermagem e aos órgãos competentes fatos que infrinjam dispositi-
Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de for- vos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e
ma fundamentada, quando impedido de cumprir o presente Códi- a segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.
go, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de En-
e Pareceres Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos fermagem, fatos que envolvam recusa e/ou demissão de cargo,
Regionais de Enfermagem. função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em
Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
às diretrizes políticas, normativas e protocolos institucionais, bem Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notifi-
como participar de sua elaboração. cações, citações, convocações e intimações do Sistema Cofen/Con-
Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enferma- selhos Regionais de Enfermagem.
gem, bem como de comissões interdisciplinares da instituição em Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício
que trabalha. profissional e prestar informações fidedignas, permitindo o acesso
Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que a documentos e a área física institucional.
tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competen-
com jurisdição na área onde ocorrer o exercício profissional. tes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quan-
Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conse- do houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e
lho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e
Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao coletividade.
Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição. Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qua-
Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, lidade de vida à pessoa e família no processo do nascer, viver, mor-
número e categoria de inscrição no Conselho Regional de Enferma- rer e luto.
gem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e ter-
profissional. minais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, núme- multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis
ro e categoria de inscrição no Coren, devendo constar a assinatura para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respei-
ou rubrica do profissional. tada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade
deverá ser certificada, conforme legislação vigente. em casos de emergência, epidemia, catástrofe e desastre, sem plei-
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as tear vantagens pessoais, quando convocado.
informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimen-
forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras. to prévio do paciente, representante ou responsável legal, ou deci-
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de En- são judicial.
fermagem, em consonância com sua competência legal. Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja
Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e capacidade de decisão por parte da pessoa, ou na ausência do re-
fidedignas, necessárias à continuidade da assistência e segurança presentante ou responsável legal.
do paciente. Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativida-
Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito des profissionais, independentemente de ter sido praticada indi-
dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistên- vidual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência,
cia de Enfermagem. desde que tenha participação e/ou conhecimento prévio do fato.
Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a res-
riscos e consequências decorrentes de exames e de outros proce- ponsabilidade será atribuída na medida do(s) ato(s) praticado(s)
dimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu re- individualmente.
presentante legal. Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em
Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação razão da atividade profissional, exceto nos casos previstos na legis-
de qualquer natureza. lação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito
Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa da pessoa envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
ou de seu representante legal na tomada de decisão, livre e esclare- § 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conheci-
cida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar, mento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida.
realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e § 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de amea-
legais. ça à vida e à dignidade, na defesa própria ou em atividade multipro-
fissional, quando necessário à prestação da assistência.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha
no que concerne às decisões sobre cuidados e tratamentos que de-
deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, declarar
seja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de
suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
expressar, livre e autonomamente, suas vontades.
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de
Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pes-
responsabilização criminal, independentemente de autorização, de
soa, em todo seu ciclo vital e nas situações de morte e pós-morte.
casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e pesso-
Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que
as incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades § 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabili-
profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da cate- zação criminal em casos de violência doméstica e familiar contra
goria. mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autori-
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos zação, em caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profis-
de movimentos reivindicatórios da categoria, deverão ser prestados sional e com conhecimento prévio da vítima ou do seu responsável.
os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, confor- Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão
me a complexidade do paciente. quanto ao conteúdo e imagem veiculados nos diferentes meios de
Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos de- comunicação e publicidade.
correntes de imperícia, negligência ou imprudência. Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento
Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Mé- técnico-científico, ético-político, socioeducativo e cultural dos pro-
dica na qual não constem assinatura e número de registro do pro- fissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.
fissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência. Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a execu- -políticos, socioeducativos e culturais, em benefício da pessoa, fa-
tar prescrição de Enfermagem e Médica em caso de identificação de mília e coletividade e do desenvolvimento da profissão.
erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o pres- Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvi-
critor ou outro profissional, registrando no prontuário. mento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento aprovados nas instâncias deliberativas.
de prescrição à distância, exceto em casos de urgência e emergên- Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolven-
cia e regulação, conforme Resolução vigente. do seres humanos.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergên-
processo de pesquisa, em todas as etapas. cia ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde
Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se jul- que possua competência técnica-científica necessária.
gar técnica, científica e legalmente apto para o desempenho seguro Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de ur-
para si e para outrem. gência, emergência, epidemia, desastre e catástrofe, desde que não
Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente ofereça risco a integridade física do profissional.
relativa à preservação do meio ambiente no gerenciamento de resí- Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à
duos de serviços de saúde. saúde sem o consentimento formal da pessoa ou de seu represen-
tante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte.
CAPÍTULO III Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação,
DAS PROIBIÇÕES ação da droga, via de administração e potenciais riscos, respeitados
os graus de formação do profissional.
Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabeleci-
Ética e à legislação que disciplina o exercício da Enfermagem. dos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer na-
profissional, à pessoa, à família e à coletividade. tureza que comprometam a segurança da pessoa.
Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou ju- Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a ou-
rídicas que desrespeitem a legislação e princípios que disciplinam o tro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem
exercício profissional de Enfermagem. expressamente autorizados na legislação vigente.
Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profis-
qualquer forma ou tipo de violência contra a pessoa, família e cole- sionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da le-
tividade, quando no exercício da profissão. gislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização
Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência humana, reprodução assistida ou manipulação genética.
de fatos que envolvam recusa ou demissão motivada pela necessi- Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exer-
dade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do cício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza,
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equi-
ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. pe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por
Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e
de qualquer instituição ou estabelecimento congênere, quando, constrangedoras.
nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na le- Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título
gislação. que não possa comprovar.
Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patri-
família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de mônio das organizações da categoria.
garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de
qualquer natureza para si ou para outrem. conteúdo duvidoso sobre assunto de sua área profissional.
Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanis- Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e
mos de coação, omissão ou suborno, com pessoas físicas ou jurídi- inserir imagens que possam identificar pessoas ou instituições sem
cas, para conseguir qualquer tipo de vantagem. prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.
Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para
impor ou induzir ordens, opiniões, ideologias políticas ou qualquer Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inve-
tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da rídicas sobre a assistência de Enfermagem prestada à pessoa, famí-
pessoa humana, bem como dificultar o exercício profissional. lia ou coletividade.
Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para pra- Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não
ticar atos tipificados como crime ou contravenção penal, tanto em executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por
ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a outro profissional.
exerça, ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais. Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a
Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difa- terceiros que não estão diretamente envolvidos na prestação da
mação de pessoa e família, membros das equipes de Enfermagem assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo
e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras paciente, representante legal ou responsável legal, por determina-
áreas e instituições em que exerce sua atividade profissional. ção judicial.
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção pe- Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações
nal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais, no sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Re-
exercício profissional. gional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro
interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela legislação membro da equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência.
vigente. Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o pro- outros membros da equipe de saúde.
fissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre sua Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enferma-
participação, desde que seja garantida a continuidade da assistên- gem, previstas na legislação, para acompanhantes e/ou responsá-
cia. veis pelo paciente.
Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos
a morte da pessoa. da atenção domiciliar para o autocuidado apoiado.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência pres- § 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01
tada aos pacientes sob seus cuidados realizados por alunos e/ou (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional
estagiários sob sua supervisão e/ou orientação. à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.
Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, § 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas
público ou particular, que esteja sob sua responsabilidade em razão publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de En-
do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em pro- fermagem e em jornais de grande circulação.
veito próprio ou de outrem. § 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissio-
Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesqui- nal da Enfermagem por um período de até 90 (noventa) dias e será
sa e extensão, em que os direitos inalienáveis da pessoa, família e divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Re-
coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de gionais de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada
riscos ou danos previsíveis aos envolvidos. aos órgãos empregadores.
Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e seguran- § 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da
ça da pessoa, família e coletividade. Enfermagem por um período de até 30 anos e será divulgada nas
Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem
como usá-los para fins diferentes dos objetivos previamente esta- e em jornais de grande circulação.
belecidos. § 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no pron-
Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o tuário do infrator.
participante do estudo e/ou instituição envolvida, sem a autoriza- § 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional
ção prévia. terá sua carteira retida no ato da notificação, em todas as categorias
Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico- em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena
-científica ou instrumento de organização formal do qual não tenha e, no caso da cassação, após o processo de reabilitação.
participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores. Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, mul-
Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não pu- ta, censura e suspensão do exercício profissional, são da responsa-
blicadas, sem referência do autor ou sem a sua autorização. bilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas
Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, no prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação
do direito ao exercício profissional é de competência do Conselho
das quais tenha ou não participado como autor, sem concordância
Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
ou concessão dos demais partícipes.
primeiro, da Lei n° 5.905/73.
Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer cons-
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem
tar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-científica.
no Conselho Federal de Enfermagem e nos casos de cassação do
exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
CAPÍTULO IV Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposi-
ção consideram-se:
Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, I – A gravidade da infração;
bem como a aplicação das respectivas penalidades regem-se por II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispo- III – O dano causado e o resultado;
sitivos legais. IV – Os antecedentes do infrator.
Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omis- Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, gra-
são ou conivência que implique em desobediência e/ou inobser- ves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de
vância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfer- cada caso.
magem, bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/ § 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a inte-
Conselhos Regionais de Enfermagem. gridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infra- debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca-
ção ética e/ou disciplinar, que cometer ou contribuir para sua prá- tegoria ou instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou
tica, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício. financeiros.
Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da § 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem
análise do(s) fato(s), do(s) ato(s) praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), debilidade temporária de membro, sentido ou função na pessoa ou
e do(s) resultado(s). ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou finan-
Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e con- ceiros.
duzido nos termos do Código de Processo Ético-Disciplinar vigente, § 3º São consideradas infrações graves as que provoquem pe-
aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem. rigo de morte, debilidade permanente de membro, sentido ou fun-
Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/ ção, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem
Conselhos Regionais de Enfermagem, conforme o que determina o danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem
art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:
a morte, debilidade permanente de membro, sentido ou função,
I – Advertência verbal;
dano moral irremediável na pessoa.
II – Multa;
Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:
III – Censura;
I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
IV – Suspensão do Exercício Profissional; pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as consequ-
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional. ências do seu ato;
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, II – Ter bons antecedentes profissionais;
de forma reservada, que será registrada no prontuário do mesmo, III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ame-
na presença de duas testemunhas. aça;

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV – Realizar atos sob emprego real de força física;


V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração; EXERCÍCIOS
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos
fatos. 01 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA – MG- ENFERMEIRO-AO-
Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes: CP-2018) O que é vigilância?
I – Ser reincidente; a) Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou preve-
II – Causar danos irreparáveis; nir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes
III – Cometer infração dolosamente; do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe; de serviços de interesse da saúde.
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunida- b) Um conjunto de atividades que se destina à promoção e pro-
de ou a vantagem de outra infração; teção da saúde, assim como visa à recuperação e reabilitação da
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima; saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação das condições de trabalho.
do dever inerente ao cargo ou função ou exercício profissional; c) Um conjunto de ações que proporciona a detecção ou pre-
VIII – Ter maus antecedentes profissionais; venção de qualquer mudança da saúde individual ou coletiva, com
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstru- a finalidade de avaliar o impacto que as tecnologias provocam à
ção de fato que se relacione com o apurado na denúncia durante a saúde.
condução do processo ético. d) Um conjunto de atividades que se destina ao controle de
bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com
CAPÍTULO V a saúde.
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES e) Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determi-
Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente pode- nantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a fina-
rão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a mais lidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle
de um artigo. das doenças ou agravo
Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de
infrações ao que está estabelecido nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, 02- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, RO-2018) O controle e o rastreamento das ISTs são de grande
53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, importância. No caso das gestantes, todas devem ser rastreadas
81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, para:
101 e 102. a) HIV, Hepatite A e difiteria.
Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao b) HIV, Sífilis e Hepatite B.
que está estabelecido nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, c) Hepatite B, Gonorreia e Hepatite A.
41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, d) HIV, Hepatite A e Tularemia.
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, e) Hepatite A, tricomoníase e HIV.
86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações 03 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
ao que está estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, RO-2018) Programa Nacional de Imunizações (PNI) organiza toda a
52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, política nacional de vacinação da população brasileira e tem como
76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, missão
97, 99, 100, 101 e 102. a) vacinar todas as crianças de todo território Nacional até
Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é apli- 2020.
cável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: b) o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imu-
32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, nopreveníveis.
72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, c) vacinar crianças e adultos vulneráveis.
93, 94 e 95. d) o controle de doenças imunossupressoras.
Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional e) vacinar crianças e idosos combatendo as doenças de risco
é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos arti- controlável.
gos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.
04- -(PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI-
RO-2018) Segundo o Programa Nacional de Imunizações, na sala
de vacinação, é importante que todos os procedimentos desenvol-
vidos promovam a máxima segurança. Com relação a esse local, é
correto afirmar que
a) deve ser destinado à administração dos imunobiológicos e
demais medicações intramusculares.
b) é importante que todos os procedimentos desenvolvidos
promovam a segurança, propiciando o risco de contaminação.
c) a sala deve ter área mínima de 3 metros quadrados, para o
adequado fluxo de movimentação em condições ideais para a rea-
lização das atividades.
d) a sala de vacinação é classificada como área semicrítica.
e) deve ter piso e paredes lisos, com frestas e laváveis

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

05 - (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- 09 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO
RO-2018) São vias de administração de imunobiológicos, EXCETO EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Dentre as medidas de controle de
a via infecção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres intravas-
a) oral. culares encontra-se
b) subcutânea. a) o uso de cateteres periféricos para infusão contínua de pro-
c) intraóssea. dutos vesicantes.
d) endovenosa. b) a higienização das mãos com preparação alcoólica (70 a
e)intramuscular 90%), quando as mesmas estiverem visivelmente sujas.
c) o uso de novo cateter periférico a cada tentativa de punção
06 – (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- no mesmo paciente.
RO-2018) Segundo o código de ética da enfermagem, o enfermeiro, d) a utilização de agulha de aço acoplada ou não a um coletor,
nas relações com o ser humano, tem para coleta de amostra sanguínea e administração de medicamento
a) o dever de salvaguardar os direitos da pessoa idosa, promo- em dose contínua.
vendo a sua dependência física e psíquica e com o objetivo de me- e) o uso de luvas de procedimentos para tocar o sítio de inser-
lhorar a sua qualidade de vida. ção do cateter intravascular após a aplicação do antisséptico.
b) o dever de respeitar as opções políticas, culturais, morais e
religiosas da pessoa, sem criar condições para que ela possa exer- 10 - (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL- TÉCNICO
cer, nessas áreas, os seus direitos. EM ENFERMAGEM- FCC-2018) A equipe de saúde, ao realizar o aco-
c) o direito de abster-se de juízos de valor sobre o comporta- lhimento com escuta qualificada a uma mulher apresentando quei-
mento da pessoa assistida e lhe impor os seus próprios critérios e xas de perda urinária, deve atentar-se para, dentre outros sinais de
valores no âmbito da consciência. alerta:
d) o dever de cuidar da pessoa com discriminação econômica, a) amenorreia.
social, política, étnica, ideológica ou religiosa. b) dismenorreia.
e) o direito de recusar-se a executar atividades que não sejam c) mastalgia.
de sua competência técnica, cientifica, ética e legal ou que não ofe- d) prolapso uterino sintomático.
reçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletivida- e) ataxia.
de.
11 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC-
07- (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- 2018) As técnicas de higienização das mãos, para profissionais que
RO-2018) O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxilia- atuam em serviços de saúde, podem variar dependendo do obje-
res, de nível médio, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo- tivo ao qual se destinam. Na técnica de higienização simples das
-lhe mãos, recomenda-se
a) prescrição da assistência de enfermagem. a) limpar sob as unhas de uma das mãos, friccionando o local
b) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com ris- com auxílio das unhas da mão oposta, evitando-se limpá-las com as
co de vida. cerdas da escova.
c) participação em bancas examinadoras, em matérias especí- b) respeitar o tempo de duração do procedimento que varia de
ficas de enfermagem, nos concursos para provimento de cargo ou 20 a 35 segundos.
contratação de pessoal técnico e auxiliar de Enfermagem. c) executar o procedimento com antisséptico degermante du-
d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria rante 30 segundos.
de Enfermagem. d) utilizar papel toalha para secar as mãos, após a fricção antis-
e) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar séptica das mãos com preparações alcoólicas.
por sua segurança. e) higienizar também os punhos utilizando movimento circular,
ao esfregá-los com a palma da mão oposta.
08 - CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL - TÉCNICO
EM ENFERMAGEM- FCC-2018) Ao orientar um paciente adulto so- 12 - (PREF DE MACAPÁ- TÉCNICO DE ENFERMAGEM- FCC-
bre os cuidados com a dieta a ser administrada pela sonda nasoen- 2018) Processo físico ou químico que destrói microrganismos pa-
teral no domicílio, o profissional de saúde deve orientar que togênicos na forma vegetativa, micobactérias, a maioria dos vírus e
a) antes de administrar a dieta, deverá aquecê-la em banho- dos fungos, de objetos inanimados e superfícies. Essa é a definição
-maria ou em micro-ondas. de
b) após o preparo da dieta caseira, deverá guardá-la na geladei- a) desinfecção pós limpeza de alto nível.
ra e, 40 minutos antes do horário estabelecido para a administra- b) desinfecção de alto nível.
ção, retirar somente a quantidade que for utilizar. c) esterilização de baixo nível.
c) no caso de ter pulado um horário de administração da dieta, d) barreira técnica.
o volume do próximo horário deve ser aumentado em, pelo menos, e) desinfecção de nível intermediário.
50%.
d) a dieta enteral industrializada deve ser guardada fora da ge-
ladeira e, após aberta, tem validade de 72 horas.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13 - (PREFEITURA DE MACAPÁ- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- 18 - (TRT Região São Paulo- Técnico em enfermagem- FCC-
FCC- 2018) Foi prescrito pelo médico uma solução glicosada a 10%. 2018) Após o término de um pequeno procedimento cirúrgico, o
Na solução glicosada, disponível na instituição, a concentração é de técnico de enfermagem recolhe os materiais utilizados e separa
5%. Ao iniciar o cálculo para a transformação do soro, o técnico de aqueles que podem ser reprocessados daqueles que devem ser
enfermagem deve saber que, em 500 mL de Soro Glicosado a 5%, o descartados, observando os princípios de biossegurança. A fim de
total de glicose, em gramas, é de destinar corretamente cada um dos referidos materiais, o técnico
a) 5. de enfermagem deve considerar como materiais a serem reproces-
b) 2,5. sados aqueles destinados à
c) 50. a) diérese, como tesoura de aço inox; e descarta na caixa de
d) 25. perfurocortante, materiais como agulhas com fio de sutura.
e) 500 b) hemostasia, como pinça de campo tipo Backaus; e descarta
no saco de lixo branco, materiais com sangue, como compressas
14 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- de gaze.
FCC-2018) Com relação à Sistematização da Assistência de Enferma- d) diérese como porta-agulhas; e descarta no lixo comum parte
gem, considerando as atribuições de cada categoria profissional de dos fios cirúrgicos absorvíveis utilizados, como o categute simples.
enfermagem, compete ao técnico de enfermagem, realizar d) síntese, como lâminas de bisturi; e descarta as agulhas na
a) a prescrição de enfermagem, na ausência do enfermeiro. caixa de perfurocortante, após terem sido devidamente desconec-
b) o exame físico. tadas das seringas.
c) a anotação de enfermagem. e) diérese, como cânula de uso único; e descarta no saco de lixo
d) a consulta de enfermagem. branco luvas de látex utilizadas.
e) a evolução de enfermagem dos pacientes de menor com-
plexidade. 19 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
FCC-2018) Na desinfecção da superfície de uma mesa de aço inox,
15- (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- onde será colocado uma bandeja com um pacote de curativo esté-
FCC-2018) O profissional de enfermagem, para executar correta- ril, o técnico de enfermagem, de acordo com as recomendações da
mente a técnica de administração de medicamento por via intra- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode optar pela
dérmica, deve, dentre outros cuidados, estar atento ao volume a utilização dos seguintes produtos:
ser injetado. O volume máximo indicado a ser introduzido por esta a) álcool a 70% aplicado sem fricção, por ser esporicida, desde
via é, em mL, de que aguardado o tempo de evaporação recomendado, porém tem
a) 1,0. a desvantagem de ser inflamável.
b) 5,0. b) ácido peracético a 0,2% por não ser corrosivo para metais,
c) 0,1. tendo como desvantagem não ser efetivo na presença de matéria
d ) 1,5. orgânica.
e) 0,5. c) hipoclorito de sódio a 1,0% por ser de amplo espectro, ter
baixo custo e ação lenta, apresentando a desvantagem de não ter
16 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- efeito tuberculocida.
FCC-2018) Em um ambulatório, o técnico de enfermagem que auxi- d) álcool a 70% por ser, dentre outros, fungicida e tuberculoci-
lia o enfermeiro na gestão de materiais realizou a provisão de mate- da, porém apresenta a desvantagem de não ser esporicida, além de
riais de consumo, que corresponde a ser poluente ambiental.
a) estabelecer a estimativa de material necessário para o fun- e) hipoclorito de sódio a 0,02% por não ser corrosivo para me-
cionamento da unidade. tais nesta concentração, ser fungicida de primeira escolha, tendo a
b) realizar o levantamento das necessidades de recursos, iden- desvantagem da instabilidade do produto na presença de luz solar.
tificando a quantidade e a especificação.
c) repor os materiais necessários para a realização das ativida- 20 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM-
des da unidade. FCC-2018) NO pós-operatório imediato de uma colaboradora que
d) atualizar a cota de material previsto para as necessidades foi submetida a uma intervenção de colecistectomia, e já se encon-
diárias da unidade. tra com respiração espontânea e sem sonda vesical, a assistência
e) sistematizar o mapeamento de consumo de material. prestada pelo técnico de enfermagem inclui verificar e comunicar
ao enfermeiro sinais e sintomas associados a seguinte alteração:
17 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- a) complicações do sistema digestório: náuseas e vômitos de-
FCC-2018) Na pessoa idosa com depressão, um dos sintomas/sinais corrente da administração de antieméticos.
indicativo do chamado suicídio passivo é b) hipertermia: coloração da pele, sudorese, elevação da tem-
a) o distúrbio cognitivo intermitente. peratura, bradipneia e bradicardia.
b) a recusa alimentar. c) retenção urinária: dificuldade do paciente para urinar, abau-
c) o aparecimento de discinesia tardia. lamento em região suprapúbica e diurese profusa.
d) a adesão a tratamentos alternativos. d) complicações respiratórias: acúmulo de secreções, ocasiona-
e) a súbita hiperatividade. do pela maior expansibilidade pulmonar devido à dor, exacerbação
da tosse e eliminação de secreções.
e) hipotermia: confusão, apatia, coordenação prejudicada, mu-
dança na coloração da pele e tremores.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

21 - (TRT REGIÃO SÃO PAULO- TÉCNICO EM ENFERMAGEM- 25 - (PREF. PAULISTA/PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
FCC-2018) Um adulto de porte médio apresenta uma parada car- ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) O paciente cirúrgico recebe as-
diorrespiratória (PCR) durante o período de trabalho em um Tri- sistência de enfermagem nos períodos pré, trans e pós-operatório.
bunal, onde recebe o suporte básico de vida (SBV), conforme as Sobre o período pré-operatório e pós-operatório, analise as afirma-
recomendações da American Heart Association (AHA), 2015. Nessa tivas abaixo:
situação, ao proceder à ressuscitação cardiopulmonar (RCP) manu- I. O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instru-
al, recomenda-se aplicar compressões torácicas até uma profundi- mentos de observação e avaliação das necessidades individuais,
dade de objetiva identificar alterações físicas e emocionais do paciente, pois
a) 4,5 cm, no máximo, sendo esse limite de profundidade da estas podem interferir nas condições para o ato cirúrgico, compro-
compressão necessário, devido à recomendação de que se deve metendo o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua sus-
comprimir com força para que a mesma seja eficaz. pensão.
b) 5 cm, no mínimo, atentando para evitar apoiar-se sobre o II. São fatores físicos que podem diminuir o risco operatório
tórax da vítima entre as compressões, a fim de permitir o retorno tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária elevada, hiperten-
total da parede do tórax a cada compressão. são arterial.
c) 6,5 cm, no mínimo, a fim de estabelecer um fluxo sanguíneo III. No pós-operatório, os objetivos do atendimento ao paciente
adequado, sem provocar aumento da pressão intratorácica. são identificar, prevenir e tratar os problemas comuns aos procedi-
d) 4 cm, no mínimo, objetivando que haja fluxo sanguíneo sufi- mentos anestésicos e cirúrgicos, tais como dor, náuseas, vômitos,
ciente para fornecer oxigênio para o coração e cérebro. retenção urinária, com a finalidade de restabelecer o seu equilíbrio.
e) 5 cm, ou menos, porque uma profundidade maior lesa a es- IV. No pós-operatório, aos pacientes submetidos à anestesia
trutura torácica e cardíaca. geral recomenda-se o decúbito ventral horizontal sem travesseiro,
com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito.
22 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- Estão CORRETAS
RO-2018) Paciente chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) com his- A) I e II, apenas.
tória de lesões na pele, com alteração da sensibilidade térmica e B) I e III, apenas
dolorosa. É provável que esse paciente tenha qual doença? C) II e III, apenas
a) Síndrome de Mono like. D) I, II, III e IV.
b) Tuberculose. E) I e IV, apenas
c) Hepatite A.
d) Hanseníase. 26 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE
e) Varicela. ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Prescrever e administrar um
medicamento não são um ato simples, pois exigem responsabilida-
23 - (PREFEITURA DE JUIZA DE FORA-MG- AOCP- ENFERMEI- de, conhecimentos em geral e, principalmente, os cuidados ineren-
RO-2018) Paciente chega à UBS e, após a coleta de exames e anam- tes à enfermagem. Sobre isso, analise as afirmações abaixo:
nese, observa-se uma cervicite mucopurulenta e o agente etioló- I. Na administração por via sublingual, é importante oferecer
gico encontrado no exame foi a Chlamydia trachomatis. O possível água ao paciente, para facilitar a absorção do medicamento.
diagnóstico médico para essa paciente é II. A vantagem da via parenteral consiste na absorção e ação
a) gonorreia. rápida do medicamento, e o medicamento não sofre ação do suco
b) sífilis. gástrico.
c) lúpus. III. A via intradérmica é considerada uma via diagnóstica, pois
d) difteria. se presta aos testes diagnósticos e testes alérgicos.
e) tularemia. IV. Hipodermóclise é uma infusão de fluidos no tecido subcutâ-
neo para a correção de distúrbio hidroeletrolítico.
24 - (PREF. PAULISTA-PE- ASSISTENTE DE SAÚDE - TÉCNICO DE Somente está CORRETO o que se afirma em
ENFERMAGEM- UPENET/UPE-2018) Sobre as doenças cardiovascu- A) I e II.
lares, analise as afirmativas abaixo: B) I, II e III
I. A Aterosclerose é uma doença arterial complexa, na qual de- C) II, III e IV
posição de colesterol, inflamação e formação de trombo desempe- D) I e IV..
nham papéis importantes. E) I e III
II. A Angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia
miocárdica; é desencadeada pela atividade física e aliviada pelo re- 27 - PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
pouso. CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Assinale
III. O Infarto Agudo do Miocárdio é avaliado, apenas, por méto- a alternativa que apresenta apenas artigos médic
dos clínicos e eletrocardiográficos. o hospitalares classificados como não-críticos:
Está(ão) CORRETA(S) A) Espéculo nasal e bisturi.
A) I e II, apenas. B) Termômetro e cubas.
B) I e III, apenas. C) Ambu e mamadeiras.
C) II e III, apenas. D) Inaladores e tecido para procedimento cirúrgico.
D) I, II e III.
E) III, apenas 28 - São vias parenterais utilizada para a administração de me-
dicamentos e imunobiológicos, EXCETO:
A) Sublingual.
B) Intramuscular.
C) Intradérmica.
D) Subcutânea.

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Conhecimentos Específicos Enfermeiro

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

29 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI- 23 A


CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018). Analise
as afirmativas abaixo sobre o Aleitamento materno 24 A
I. O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses 25 B
de vida. Isso significa que, até completar essa idade, o bebê deve
26 C
receber somente o leite materno, não deve ser oferecida qualquer
outro tipo de comida ou bebida, nem mesmo água ou chá. 27 B
II. O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para 28 A
o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena,
além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de 29 B
outras espécies. 30 A
III. O leite do início da mamada é mais rico em energia (calorias)
e sacia melhor a criança.
O número de afirmativas INCORRETAS corresponde a: ANOTAÇÕES
A) Zero.
B) Uma.
C) Duas. ______________________________________________________
D) Três.
______________________________________________________
30 - (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO-MA- TÉCNI-
______________________________________________________
CO EM ENFERMAGEM- INST. MACHADO DE ASSIS- 2018) No Brasil,
o Programa Nacional de Imunização (PNI) se destaca por ser um dos ______________________________________________________
melhores programas de imunização do mundo, atuando na preven-
ção e na erradicação de várias doenças. São doenças que podem ser ______________________________________________________
prevenidas através da vacinação, EXCETO:
A) Hanseníase. ______________________________________________________
B) Rubéola.
C) Tuberculose. ______________________________________________________
D) Coqueluche.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 E
______________________________________________________
2 B
3 B ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 E
7 E ______________________________________________________
8 B ______________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 D
11 E ______________________________________________________

12 E ______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 E
16 C ______________________________________________________
17 B
______________________________________________________
18 A
_____________________________________________________
19 D
20 E _____________________________________________________
21 B ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________

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