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SEE-MG
Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais
Língua Portuguesa
Conteúdo
+ Raciocínio Lógico-Matemático
Direitos Humanos
Questões
Legislação Educacional
Obs.: Legislação Estadual (somente em pdf)
Conhecimentos Específicos
Apostila elaborada
conforme edital 01/2023 Personalizada
versão 01 - 02/06/2023 e Humanizada
Apresentação
Fazer parte do serviço público é o objetivo de muitas pessoas.
Nesse sentido, esta apostila reúne os conteúdos cobrado no edital de abertura do concurso.
A Tutoria tem o cuidado de selecionar as informações do conteúdo programático das
disciplinas abordadas. Toda essa disposição de assuntos foi pensada para auxiliar em uma
melhor compreensão e fixação do conteúdo de forma clara e eficaz.
A apostila que você tem em mãos é resultado da experiência e da competência da Tutoria,
que conta com especialistas em cada uma das disciplinas.
Ressaltamos a importância de fazer uma preparação focada e organizada para obter o
desempenho desejado. A apostila da Tutoria será o diferencial para o seu sucesso e na
realização do seu sonho.
Importante
O conteúdo desta apostila tem por objetivo atender às exigências do edital. Assim, recomendamos ampliar seus
conhecimentos em livros, sites, jornais, revistas, entre outros meios, para sua melhor preparação.
Atualizações legislativas poderão ser encontradas nos sites governamentais.
A presente apostila não está vinculada à instituição pública e à empresa organizadora do concurso público a que
se destina, a sua aquisição não inclui a inscrição do candidato no concurso público e também não garante a sua
aprovação no concurso público.
Proteção de direitos
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução
de qualquer parte deste material didático, sem autorização prévia expressa por escrito pela Tutoria.
Como montar um cronograma
de estudos para concurso
Todo estudante sabe que o sucesso começa bem antes da prova e, sendo assim, é preciso ter um cronogra-
ma de estudos para ajudar a manter o foco, organização e rendimento. Confira as dicas.
Prestar um concurso exige muita dedicação, foco e tempo de estudos. Para conseguir ser bem-sucedido na caminha-
da, é preciso criar um cronograma de estudos para concurso eficaz que se encaixe na sua rotina e nos compromissos
que você tem.
Montar um plano vai te ajudar a se concentrar melhor nos seus afazeres e pode te deixar motivado para cumprir seu
objetivo de passar num concurso público.
Entender a rotina
O primeiro passo para montar um cronograma de estudos para concurso é compreender a sua rotina. É preciso
entender como você gasta as horas dos seus dias, quais atividades tomam mais tempo, quais são indispensáveis e
quando você realiza cada uma. Então, é hora do papel e caneta: anote!
Escreva detalhadamente o que você faz em cada dia da semana:
• Quando acorda;
• Horário de trabalho;
• Seus intervalos;
• Todas as refeições.
Língua Portuguesa
1. Interpretação e Compreensão de texto ..................................................................................................................................... 9
2. Organização estrutural dos textos. Marcas de textualidade: coesão, coerência e intertextualidade ........................................ 10
3. Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção; características específicas de
cada modo ................................................................................................................................................................................. 12
4. Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divinatório; características específicas de
cada tipo .................................................................................................................................................................................... 13
5. Textos literários e não literários ................................................................................................................................................. 16
6. Tipologia da frase portuguesa. Estrutura da frase portuguesa: operações de deslocamento, substituição, modificação e cor-
reção. Problemas estruturais das frases. Organização sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa ........... 17
7. Norma culta ............................................................................................................................................................................... 20
8. Pontuação e sinais gráficos ........................................................................................................................................................ 21
9. Tipos de discurso ....................................................................................................................................................................... 23
10. Registros de linguagem .............................................................................................................................................................. 26
11. Funções da linguagem ............................................................................................................................................................... 27
12. Elementos dos atos de comunicação ......................................................................................................................................... 28
13. Estrutura e formação de palavras .............................................................................................................................................. 28
14. Formas de abreviação ................................................................................................................................................................ 30
15. Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de substantivos, adjetivos, artigos, numerais,
pronomes, verbos, advérbios, conjunções e interjeições .......................................................................................................... 32
16. os modalizadores. Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos, parônimos e hiperônimos. Polissemia e
ambiguidade .............................................................................................................................................................................. 39
17. Os dicionários: tipos................................................................................................................................................................... 40
18. A organização de verbetes ......................................................................................................................................................... 42
19. Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos............................................................................................................. 48
20. latinismos ................................................................................................................................................................................... 49
21. Ortografia................................................................................................................................................................................... 50
22. Acentuação gráfica..................................................................................................................................................................... 50
23. A crase ....................................................................................................................................................................................... 52
24. Periodização da literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de época ........................................................ 55
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SEE-MG
Fundamentos da Educação
1. Concepções e tendências pedagógicas contemporâneas .......................................................................................................... 107
2. Relações socioeconômicas e político-culturais da educação ..................................................................................................... 116
3. Educação em direitos humanos, democracia e cidadania ......................................................................................................... 124
4. A função social da escola ........................................................................................................................................................... 130
5. Inclusão educacional e respeito à diversidade .......................................................................................................................... 133
6. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica ......................................................................................................... 142
7. Currículo Referência de Minas Gerais ........................................................................................................................................ 149
8. Didática e organização do ensino .............................................................................................................................................. 150
9. Saberes, processos metodológicos e avaliação da aprendizagem ............................................................................................. 164
10. Novas tecnologias da informação, comunicação e suas contribuições com a prática pedagógica ............................................ 166
11. Projeto político-pedagógico da escola e o compromisso com a qualidade social do ensino..................................................... 171
Direitos Humanos
1. Lei Federal nº 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA...................................................................................... 206
2. Lei Federal nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). ..... 246
3. Lei Federal nº 10.741/2003 – Estatuto da Pessoa Idosa ............................................................................................................ 263
4. Conceito de Direitos Humanos. ................................................................................................................................................. 274
5. Evolução dos direitos humanos e suas implicações para o campo educacional. ...................................................................... 274
6. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ............................................................................................................................ 275
7. Temas transversais, projetos interdisciplinares e educação em direitos humanos.................................................................... 277
8. Direitos Humanos na Constituição Federal ................................................................................................................................ 287
9. Direitos étnico-raciais ................................................................................................................................................................ 293
10. Declaração de Salamanca: Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. ................... 294
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Língua Portuguesa
LÍNGUA PORTUGUESA
Definição Geral
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser in-
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os cluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
texto, seja ele escrito, oral ou visual. Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
podendo ser diferente entre leitores. educação, além das que não apresentam essas condições.
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Exemplo de compreensão e interpretação de textos toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de temporárias”.
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
um texto misto (verbal e visual): deficientes.
Resposta: Letra B.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
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Língua Portuguesa
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Língua Portuguesa
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem ser direta, com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa indireta, que é uma clara exploração das informações, mas sem
memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo – Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos
com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de que, ao aproveitarem conceitos, dados e informações presentes em
funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem
sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. integralmente em sua estrutura as passagens envolvidas. Em
Exemplo: outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-la.
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!” De qualquer forma, para que se compreenda o significado da
relação estabelecida, é indispensável que o leitor seja capaz de
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos,
frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os ter lido e compreendido o primeiro material. As características da
chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte;
nada têm a ver com o Natal. o leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento
prévio do leitor; exigência de análise e deduções por parte do leitor;
Elementos da organização textual: segmentação, encadeamen- os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova
to e ordenação. estrutura.
A segmentação é a divisão do texto em pequenas partes para
melhorar a compreensão. A encadeamento é a ligação dessas par- — Tipos de Intertextualidade
tes, criando uma lógica e coesão no texto. A ordenação é a dispo- 1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da
sição dessas partes de forma a transmitir uma mensagem clara e crítica ou da ironia, com a finalidade de subverter o sentido original
coerente. Juntos, esses elementos ajudam a criar uma estrutura do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a
eficiente para o texto. estrutura permanece inalterada. É muito comum nas músicas, no
cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
Intertextualidade. estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel
Bandeira:
— Definições gerais
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação TEXTO ORIGINAL
entre textos que se exerce com a menção parcial ou integral de “Vou-me embora para Pasárgada
elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência Lá sou amigo do rei
a uma ou a mais produções pré-existentes; é a inserção em um texto Lá tenho a mulher que eu quero
de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre textos Na cama que escolherei?”
não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e
envolve, também composições de natureza não verbal (pinturas, PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES
esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música, “Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de
desenhos animados, novelas, jogos digitais, etc.). Pasárgada
Sou inimigo do Rei
— Intertextualidade Explícita x Implícita Não tenho nada que eu quero
– Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral Não tenho e nunca terei”
da passagem conveniente, manifestada aberta e diretamente nas
palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a 2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto
obra que originou a referência, o autor deve fazer uma prévia da inicial, porém, a estrutura da nova produção nada tem a ver com
existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem
evidente. escreve o novo texto, isto é, os conceitos do primeiro texto são
As características da intertextualidade explícita são: preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos:
– Conexão direta com o texto anterior; observe as frases originais e suas respectivas paráfrases:
– Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem “Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem
necessidade de esforço ou deduções; muito estuda.
– Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar “To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi, that
do conteúdo; is the question.
– Os elementos extraídos do outro texto estão claramente
transcritos e referenciados. 3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada
obra, situação ou personagem já retratados em textos anteriores,
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja
acadêmicos, como dissertações e monografias, a intertextualidade o exemplo a seguir:
explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste “Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os
justamente na contribuição de novas informações aos saberes já troianos caem em armadilhada armada pelos gregos durante a
produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode Guerra de Troia.
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Língua Portuguesa
Os tipos de argumentação
– Argumentação de autoridade: recorre-se a uma
personalidade conhecida por sua atuação em uma determinada
área ou a uma renomada instituição de pesquisa para enfatizar os
conceitos influenciar a opinião do leitor. Por exemplo, recorrer ao
parecer de um médico infectologista para prevenir as pessoas sobre
os riscos de contrair o novo corona vírus.
– Argumentação histórica: recorre-se a acontecimentos e
marcos da história que remetem ao assunto abordado. Exemplo:
“A desigualdade social no Brasil nos remete às condutas racistas
desempenhadas instituições e pela população desde o início do
século XVI, conhecido como período escravista.”
– Argumentação de exemplificação: recorre a narrativas do
cotidiano para chamar a atenção para um problema e, com isso,
auxiliar na fundamentação de uma opinião a respeito. Exemplo:
“Os casos de feminicídio e de agressões domésticas sofridas pelas
mulheres no país são evidenciados pelos sucessivos episódios de
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br
violência vividos por Maria da Penha no período em que ela esteve
casada com seu ex-esposo. Esses episódios motivaram a criação de
6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto
uma lei que leva seu nome, e que visa à garantia da segurança das
de origem na abertura do texto corrente. Em geral, a epígrafe está
mulheres.”
localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo
– Argumentação de comparação: equipara ideias divergentes
uma passagem “solta”, esse tipo de intertextualidade está sempre
com o propósito de construir uma perspectiva indicando as
relacionado ao teor do novo texto.
diferenças ou as similaridades entre os conceitos abordados.
Exemplo:
Exemplo: No reino Unido, os desenvolvimentos na educação
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu,
passaram, em duas décadas, por sucessivas políticas destinadas
mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
ao reconhecimento do professor e à sua formação profissional. No
aquilo que todo mundo vê.”
Brasil, no entanto, ainda existe um um déficit na formação desses
profissionais, e o piso nacional ainda é muito insuficiente.”
Arthur Schopenhaus
– Argumentação por raciocínio lógico: recorre-se à relação
de causa e efeito, proporcionando uma interpretação voltada
diretamente para o parecer defendido pelo emissor da mensagem.
Exemplo: “Promover o aumento das punições no sistema penal
em diversos países não reduziu os casos de violência nesses locais,
assim, resultados semelhantes devem ser observados se o sistema
penal do Brasil aplicar maiores penas e rigor aos transgressores das
leis.”
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Os gêneros argumentativos Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem
– Texto dissertativo-argumentativo: esse texto apresenta um lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de
tema, de modo que a argumentação é um recurso fundamental de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e,
seu desenvolvimento. Por meio da argumentação, o autor defende em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
seu ponto de vista e realiza a exposição de seu raciocínio. Resenhas, restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
ensaios e artigos são alguns exemplos desse tipo de texto. Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir
– Resenha crítica: a argumentação também é um recurso ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição,
fundamental desse tipo de texto, além de se caracterizar pelo pelo conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias,
juízo de valor, isto é, se baseia na exposição de ideias com grande jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos
potencial persuasivo. expositivos.
– Crônica argumentativa: esse tipo de texto se assemelha aos Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo
artigos de opinião, e trata de temas e eventos do cotidiano. Ao de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é,
contrário das crônicas cômicas e históricas, a argumentativa recorre caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
ao juízo de valor para acordar um dado ponto de vista sempre com composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos
vistas ao convencimento e à persuasão do leitor. argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
– Ensaio: por expor ideias, pensamentos e pontos de vista, abaixo-assinado.
esse texto caracteriza-se como argumentativo. Recebe esse Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
nome exatamente por estar relacionado à ação de ensaiar, isto orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
é, demonstrar as proposições argumentativas com flexibilidade e procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de
despretensão. verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem
– Texto editorial: dentre os textos jornalísticos, o editorial é a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais
aquele que faz uso da argumentação, pois se trata de uma produção de instruções, entre outros.
que considera a subjetividade do autor, pela sua natureza crítica e Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir
opinativa. o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma,
– Artigos de opinião: são textos semelhantes aos editoriais, por impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
apresentarem a opinião ao autor acerca de assuntos atuais, porém, siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de
em vez de uma síntese do tema, esses textos são elaborados por texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
especialistas, pois seu objetivo é fazer uso da argumentação para
propagar conhecimento.
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Tragédia Criatividade
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar De maneira geral, para conseguir causar efeitos de sentido e
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re- seduzir, chamar a atenção dos interlocutores, os autores das peças
presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em publicitárias fazem trocadilhos e trabalham as linguagens verbal e
linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando não verbal de maneira criativa.
dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Objetividade
Farsa Geralmente, os textos publicitários têm extensão bem reduzi-
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de da, já que circulam em suportes cujo espaço também é reduzido
processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca- e o valor de cada anúncio depende de seu tamanho. A seção dos
ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o classificados de jornal, que é um exemplo de texto publicitário, é
engano. um bom exemplar para que possamos observar essa característica.
Outro exemplo que ilustra a objetividade dos textos publicitários é a
Comédia criação de slogan (uma frase curta e de fácil memorização) ou man-
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento chetes, os quais resumem em um único enunciado as informações
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu- e os objetivos do texto.
lares.
Exemplos de slogan:
Tragicomédia - “Cheetos, é impossível comer um só. (Elma Chips)
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi- - Vem pra Caixa você também. Vem! (Caixa Econômica Federal)
cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. - A rádio que toca notícias, só notícias. (Rádio CBN)
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A extensão do texto publicitário depende da intencionalidade Identificação do produto ou marca: A maioria dos anunciantes
discursiva do autor/anunciante e do espaço disponível/sugerido desenvolve um slogan para que o consumidor identifique a marca.
pelo suporte de circulação no qual o texto será veiculado: jornal, Certamente você conhece inúmeros exemplos, como músicas que
revista, outdoors, jingles em rádio (aliado à musicalidade), redes ficam na cabeça.
sociais, sites etc.
Gênero normativo
Vertentes do texto publicitário Os textos normativos são considerados como textos regulató-
Existem duas vertentes filosóficas do texto publicitário, ambas rios capazes de sistematizar leis e códigos que asseguram nossos
com origens filosóficas: a apolínea e a dionisíaca. direitos e deveres. Esta modalidade textual também regula as nor-
mas funcionais de uma determinada comunidade, instituição, igre-
Apolínea ja, escola, empresas privadas ou instituições públicas. Atualmente
A vertente apolínea visa ao desenvolvimento de textos que viver em sociedade significa seguir regras e respeitar normas, não é
remetem à individualização, ou seja, descrevendo e/ou narrando, verdade? Regras de como conviver com outras pessoas. Regras para
como ocorre com as artes plásticas, fotografia e narração de his- se ter segurança no trânsito. Respeitar normas de boa convivência
tórias. no trabalho ou na escola. Formais ou informais. No entanto, muitas
vezes para que uma regra seja respeitada é necessário um registro,
Dionísica desta forma protocolos, portarias e editais são claros exemplos de
A vertente dionisíaca busca despertar sentimentos diversos textos normativos.
em seus leitores/interlocutores para que assim possa criar empa- Os textos normativos e legais devem ser claros, de modo a não
tia, contradição, terror, carinho etc. Geralmente, para causar esses causar problemas de compreensão para o público a quem ele se
efeitos, a música, a dramatização e a expressividade corporal são destina. Deve ser objetivo e centra-se na regulamentação do que
utilizadas. está em questão, podendo ser relações de convivência, trabalho e
comércio.
Características do texto propagandístico Em nosso cotidiano, temos inúmeros exemplos de textos nor-
Os textos propagandísticos/publicitários, como o próprio nome mativos, dentre eles ressaltamos:
já diz, têm como objetivo principal a propaganda. Através desta, • Um contrato de trabalho ou compra e venda
anuncia-se um determinado produto, ideia, benefício, movimento • O código de defesa do consumidor
social, partido, entre outros. Como seu objetivo é convencer, é na- • As leis de trânsito
tural que a função apelativa da linguagem se destaque neste gênero • A Constituição Federal
textual. • A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Sendo o objetivo persuadir o receptor, o texto publicitário, a • Diário Oficial
fim de chamar a atenção, apresenta um produto ou serviço ao con- • ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
sumidor, promove sua venda ou garante a boa imagem da marca • Estatuto do idoso
explicando por que o produto é bom e, ao mesmo tempo, estimu-
lando a possuí-lo e depois comprar. No entanto, isso não é feito Os textos normativos são fundamentais para relações humanas
aleatoriamente. e acima de tudo são considerados como gêneros que asseguram
Toda propaganda tem um público-alvo, sempre voltado para nossos direitos e deveres.
uma pessoa ou coletividade, com base em dados como idade, con-
dição socioeconômica, escolaridade, costumes e hábitos de consu- Texto divinatório
mo. Função - prever.
Para atingir o seu propósito, os textos publicitários costumam Modelos - horóscopo, oráculos.
utilizar verbos no modo imperativo e contam com outras estratégias Fontes: brasilescola.uol.com.br
argumentativas. A boa propaganda trabalha com uma linguagem descomplica.com.br
sugestiva por meio da ambiguidade, da ironia, do jogo de palavras e
de subentendidos, ou seja, vários formatos conotativos que fazem
com que o público perceba a sutileza da inteligência dos textos. TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS
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elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita Para que se possa compreender a análise sintática, é importante
diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo, retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período.
seus enigmas. Vejamos:
A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análi-
se de mundo e de compreensão do homem. Cada época conceituou Frase
a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo
histórico e cultural e, os anseios dos indivíduos daquele momento. que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou
recriando-o. não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista, discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
suas experiências e emoções.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a
Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário mani- disposição das palavras na frase também é fundamental para a
pula a palavra, revestindo-a de caráter artístico. compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vá- Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
rios significados. sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
Principais características do texto não literário ser compreendida pelo interlocutor.
Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, en-
tre elas o emprego de uma linguagem convencional e denotativa. Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, des- verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
considerando aspectos estilísticos próprios da linguagem literária. desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
linguagem utilizada. A linguagem de um texto está condicionada à Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros 1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
textuais, devemos pensar também na linguagem adequada a ser contém verbo.
adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem literária 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
e a linguagem não literária. como oração.
Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
uma preocupação com o objeto linguístico e também com o estilo, oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
os textos não literários apresentam características bem delimitadas estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
para que possam cumprir sua principal missão, que é, na maioria exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transpa- Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
rência e o compromisso com uma linguagem não literária, afastan- ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
do assim possíveis equívocos na interpretação de um texto. sintática diferente.
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– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - – Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo,
apresenta apenas um verbo. ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, também
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou recebem sua classificação, conforme abaixo:
ficarei preocupada.” - contém dois verbos. – Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo
— Análise Sintática que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser
estrutura de um período e das orações que compõem um período. direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
a seguir as especificidades de cada tipo. cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
respectivos exemplos a seguir: – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
sobre o sujeito). e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
respectivos casos: é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Fred fez um lindo discurso.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Um lindo discurso Fred fez.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
“Fez um lindo discurso, Fred.” mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
palavra substantivada.
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
concordância verbal. um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. aula. Por isso, estavam contentes.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no 2 – Termos integrantes da oração
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
concordância do verbo o destaca de forma indireta. oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
determiná-lo. completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
Esse sujeito pode aparecer com: exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
padeiro.”». seja compreendido.
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você
estiver lá.” Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. acontecido.”
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos os aparelhos.»
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
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– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido – Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos, caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma
adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe informação já completa. Observe os exemplos:
os exemplos: “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
nominal. – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
“rapidamente” é advérbio de modo. ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
substantivo. quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
apelo. Observe:
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. “Vista o casaco, filha!”
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
passiva: — Estudo da relação entre as orações
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.” Os períodos compostos são formados por várias orações.
– “O cachorro foi alvo do meu medo.” As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações
3 – Termos acessórios da oração independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem individualmente porque apresentam sentidos completos.
para complementar a informação, exprimindo circunstância, Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
abaixo quais são eles: doces.”
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do – Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: preparei os doces.”
“Dormimos muito.” – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
preparo os doces.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. – Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” porque estudou bastante.”
“Maria escreve bastante bem.” – Período composto por subordinação: são constituídos por
orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
Os adjuntos adverbiais podem ser: substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. que o suspeito era realmente o culpado.”
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
tempo). queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega é que meus pais são saudáveis.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
– Sujeito: “jovem apaixonado” disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam felizes que pulamos de alegria.”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração para que nós chegássemos a casa em segurança.”
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
adjuntos adnominais de “colega”. cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
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Língua Portuguesa
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
espero por você.» guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo
estivesse cansado, concluiu a maratona.” nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente
como se ainda vivesse no interior.” é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme ção, maior a adequação com a língua padrão.
combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.” Exemplo:
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
me exercito, mais tenho disposição.” conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
passou no concurso, mudou-se para o interior.” movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.” se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.
NORMA CULTA
A Linguagem Popular ou Coloquial
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
A Linguagem Culta ou Padrão se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e
nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Dúvidas mais comuns da norma culta
Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa- Perca ou perda
miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra-
combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou- ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Embaixo ou em baixo
Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está
variedades linguísticas. embaixo da cama
Certas palavras e construções que empregamos acabam de- Ver ou vir
nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções:
país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das
às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa- ficar de castigo!
cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, Onde ou aonde
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar
profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade Fica?
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do- Como escrever o dinheiro por extenso?
mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al-
para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100
a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes- R$ 1400,00 ou R$ 1400.
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos.
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Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao PONTUAÇÃO E SINAIS GRÁFICOS
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada.
— Visão Geral
Mal ou mau O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
Mau é o adjetivo contrário de bom. em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
“Vir”, “Ver” e “Vier” compreensão da frase.
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver- tipos textuais;
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
“Ao invés de” ou “em vez de” – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas
para expressar oposição. — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda. enunciado
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também Vírgula
pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco- De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida. para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici- se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
cleta. não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
“Para mim” ou “para eu” outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase empregada:
com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para • No interior da sentença
eu curtir as fotos dele. 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
“Tem” ou “têm”
ENUMERAÇÃO
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
“ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
no plural. Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
mudança.
REPETIÇÃO
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos Os arranjos estão lindos, lindos!
atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O 2 – Isolar o vocativo
romance começou muito tempo atrás. “Crianças, venham almoçar!”
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, “Quando será a prova, professora?”
de Raul Seixas, está incorreta.
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
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6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
do setor.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: apositiva nem se apresente inversamente).
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
Ponto
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas 1 – Para indicar final de frase declarativa:
por conjunções) “O almoço está pronto e será servido.”
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
2 – Abrevia palavras:
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: – “p.” (página)
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo 3 – Para separar períodos:
“fazer”). “O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas 2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
apresentam sujeitos distintos, por exemplo: “Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” ainda.”
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3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
objetivo de prolongar o raciocínio: Assis)
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
TIPOS DE DISCURSO
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner). Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
Ponto de Interrogação ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
1 – Para perguntas diretas: — Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
“Quando você pode comparecer?” pletamente bêbados, não é?
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para Foi aí que um dos bêbados pediu:
destacar o enunciado: — Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
“Não brinca, é sério?!” o seu marido que os outros querem ir para casa.
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Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou- Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente. Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
Exemplo: da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
sas vidas. verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
seguir: clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
Estilo 1: personagem na voz do narrador.
João perguntou:
— Que tal o carro? A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas) (Ciro dos Anjos)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
Estilo 3: respondeu-me que não.
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o (Machado de Assis)
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado. Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
Verbos de elocução no fim da fala: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
João. o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio. personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
filho. (Machado de Assis) sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) ritmo que confere ao texto.
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
e oito. (Machado de Assis) decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Ainda não, respondi secamente. bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
(Machado de Assis) cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Machado de Assis)
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Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas
orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narrador.
Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O domínio
dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insistência,
porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.
Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
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Função Poética
Função Referencial
Esta função é característica das obras literárias que possui
A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
o que enfatiza sua impessoalidade.
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
tivo é a mensagem.
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
A função poética não pertence somente aos textos literários.
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
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Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem-se
em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
Exemplos
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.
PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade
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4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.
5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina
substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição
ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das
vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.
FORMAS DE ABREVIAÇÃO
Abreviatura
Existem algumas regras para abreviar as palavras, porém a maioria das abreviaturas que ganham o gosto do público são aquelas que,
mesmo sem seguir as regras preditas pela gramática, são usuais, práticas. Vejamos algumas regras para se fazer uma abreviatura da ma-
neira correta (prevista na gramática).
Quando usar:
Quando há necessidade de redução de espaço em títulos, legendas, tabelas, gráficos, infográficos, creditagem de TV e crawl.
Mesmo assim, é necessário ter cuidado para que o uso de abreviaturas não prejudique a compreensão.
Regra Geral: primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto abreviativo. Exemplos: adj. (adjetivo), num. (nu-
meral).
Outras Regras:
As abreviaturas devem ser acentuadas quando o acento gráfico ocorrer antes do ponto abreviativo.
Exemplos:
– técnicas → téc.
– páginas → pág.
– século → séc.
Nunca se deve cortar a palavra numa vogal, sempre na consoante. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até
a consoante.
Se a palavra tiver acento na primeira sílaba, ele é conservado.
núm. (número)
lóg. (lógica)
Caso a segunda sílaba se inicie por duas consoantes, utiliza-se as duas na abreviatura.
Constr. (construção)
Secr. (secretário)
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O ponto abreviativo também serve como ponto final, sendo as- kg quilograma
sim, se a abreviatura estiver no final da frase, não há necessidade Sem ponto, sem plural
l litro
de se utilizar outro ponto. Ex: Comprei frutas, verduras, legumes,
etc. Hz hertz
KHz quilo-hertz
Alguns gramáticos não admitem que as flexões sejam marca- MHz mega-hertz
das na abreviatura. GHz giga-hertz
Profª (professora) mi milhão
Págs. (páginas) Só são usadas para valores
bi bilhão
Algumas palavras, mesmo não seguindo as regras descritas aci- monetários.
tri trilhão
ma, são aceitas pela gramática normativa, é o caso de:
a.C. ou A.C. (antes de Cristo) m metro
ap. ou apto. (apartamento) km quilômetro
bel. (bacharel) metro quadrado
cel. (coronel) m²
quilômetro qua-
Cia. (Companhia) km²
drado
cx. (caixa)
Ltda. limitada
D. (Dom, Dona)
Ilmo. (Ilustríssimo) jan., fev.
Ltda. (Limitada) mar.,
p. ou pág. (página) e pp. Págs. (páginas) abr.
pg. (pago) mai., Com todas as letras em
vv. (versos, versículos) jun. caixa alta, use sem ponto:
jul., ago. JAN, FEV, OUT
Mesmo sabendo que estas siglas são permitidas e reconheci- set., out.
das pela gramática, ao escrevermos textos oficiais, artigos, traba- nov.,
lhos, redações, não devemos utilizá-las abusivamente, pois acabará dez.
atrapalhando a clareza da comunicação. Em textos informais, no en- Mantém-se o acento
tanto, não há nenhuma restrição, a abreviatura pode ser utilizada pág. página
Plural: págs.
quando quisermos.
S.A. sociedade anônima Plural: S.As.
Símbolos Tevê também pode ser usado.
O desenvolvimento científico e tecnológico exigiu medições TV Para emissoras, use apenas TV.
cada vez mais precisas e diversificadas. Por essa razão, o Sistema Não use tv ou Tv
Métrico Decimal acabou sendo substituído pelo Sistema Internacio-
nal de Unidades - SI, adotado também no Brasil a partir de 1962. Sigla
As unidades SI podem ser escritas por seus nomes ou repre- As siglas são a junção das letras iniciais de um termo composto
sentadas por meio de SÍMBOLOS, um sinal convencional e invari- por mais de uma palavra:
ável utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das P.S. (pós escrito = escrito depois)
unidades SI. S.A. (Sociedade Anônima)
Lembre-se de que os símbolos que representam as unidades SI IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
não são abreviaturas; por isso mesmo não são seguidos de ponto,
não têm plural nem podem ser grafados como expoentes. Se a sigla tiver até três letras, ou se todas as letras forem pro-
Abreviaturas e símbolos mais usados nunciadas individualmente, todas ficam maiúsculas.
MEC, USP, PM, INSS.
Usa-se com ponto. Porém, se a sigla tiver a partir de quatro letras, e nem todas
etc. Etcetera forem pronunciadas separadamente, apenas a primeira letra será
A vírgula antes é facultativa
maiúscula, e as demais minúsculas:
KB kilobyte Embrapa, Detran, Unesco.
GB gigabyte
MB megabyte
KW quilowatt
MW megawatt
GW gigawatt
h hora
min minuto Não têm ponto nem plural
s segundo
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— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.
— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.
Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”
PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS singular a da na à pela
DEFINIDOS feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS singular uma duma numa
INDEFINIDOS feminino plural umas dumas numas
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— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.
Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.
Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.
Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.
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Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.
Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”
Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:
Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).
Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:
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— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.
No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.
Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.
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Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:
Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:
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— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os
numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos
(dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).
Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados.
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/primeira, primeiros/
primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplos: meio
ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de leite,
meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número e
gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 unidades).
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e advérbios)
exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, as preposições não
possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou
seja, sua função gramatical (organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.
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Unesco
A ORGANIZAÇÃO DE VERBETES Sigla do inglês United Nations Educational, Scientific and Cultu-
ral Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura).
Organização do verbete Os substantivos que denominam seres sagrados (Buda, Deus
A cabeça de verbete, também conhecida como entrada de ver- etc.), seres mitológicos (Diana, Zeus etc.), astros (Marte, Terra etc.),
bete, constitui-se de uma palavra simples, uma palavra composta festas religiosas (Natal, Páscoa etc.) e pontos cardeais que indicam
por hífen, uma locução, uma sigla, um símbolo ou uma abreviatura. regiões são grafados com inicial minúscula e com a informação
Ela está destacada na cor azul. “[com inicial maiúscula]”.
daltonismo buda
dal·to·nis·mo bu·da
sm sm
FILOS, REL
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2 Juntar, reunir ou incorporar alguma coisa a outra: A atitude SIN: maltrapilho, molambudo, mulambudo.
do político perante as câmeras cerziu os piores comentários. O au- VAR: mulambento.
tor cerziu o romance com textos picantes. [Verbo irregular. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de molambo+ento.
lat sarcire. anorexia
carpir a·no·re·xi·a
car·pir (cs)
vtd sf
1 ANT Arrancar (fios de barba ou de cabelo) em sinal de dor ou MED Falta ou perda de apetite.
de sentimento. EXPRESSÕES
vtd Anorexia nervosa, MED, PSICOL: distúrbio nervoso grave, ca-
2 Arrancar (erva daninha ou mato); capinar. racterizado pelo medo obsessivo de engordar, fazendo com que a
vtd pessoa pare de se alimentar, fique desnutrida e tenha sua vida ame-
3 Expressar-se por meio de lamento; chorar, lamentar. açada. Acomete especialmente mulheres, em geral entre 16 e 25
vtd e vpr anos, e provoca menstruação irregular, queda de peso repentina,
4 Lastimar(-se), prantear(-se). palidez, atrofia dos músculos, recusa do organismo em ingerir ali-
vtd e vint mentos, insônia, diminuição ou ausência da libido etc. O tratamen-
5 Expressar sons tristes e comoventes; sussurrar como que to inclui a administração de antidepressivo, psicoterapia individual
chorando. e reeducação alimentar.
vpr INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
6 Exprimir-se em tom de lamento; lamentar-se, prantear-se. ANTÔN: orexia.
[Verbo defectivo. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA gr anoreksía.
lat carpĕre. plástico-bolha
garoar plás·ti·co-bo·lha
ga·ro·ar sm
vint Cair garoa, chuviscar: Ontem, garoou à noitinha. [Verbo Material plástico, produzido em polietileno de baixa densida-
impessoal.] de, com bolhas de ar prensadas, utilizado na embalagem de pro-
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES dutos diversos, proporcionando-lhes proteção. É também usado no
VAR: garuar. revestimento de pisos, antes da colocação de carpetes de madeira
ETIMOLOGIA e afins, conferindo-lhes isolação acústica.
der de garoa1+ar1. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Quando uma unidade lexical tem sua definição em outro ver- PL: plásticos-bolhas e plásticos-bolha.
bete, por ser sinônimo ou não ser o termo preferencial, a remissão ETIMOLOGIA
é indicada pela letra V (veja) seguida do verbete a consultar. Se a re- voc comp.
missão refere-se a determinada acepção, esta também é indicada. barão
guri ba·rão
gu·ri sm
sm 1 Título nobiliárquico imediatamente inferior ao de visconde:
1 REG (RS) Vmenino, acepção 1. “Lia-se no Jornal do Comércio que Sua Excelência fora agraciado
2 BOT Vguriri. pelo governo português com o título de Barão do Freixal […]” (AA1).
3 ZOOL Denominação comum aos peixes teleósteos silurifor- 2 ANT Senhor feudal, subordinado ao rei.
mes, da família dos ariídeos, encontrados em águas marinhas, com 3 ANT Homem ilustre por seus feitos e por sua riqueza.
o corpo revestido de escamas grossas, que formam uma couraça, 4 BOT Variedade de algodoeiro.
dotados de grandes barbilhões; uri. 5 Homem de muito poder: É o barão da pequena cidade.
ETIMOLOGIA 6 COLOQ Pessoa muito rica: Os barões vivem enclausurados em
tupi wyrí, como esp. suas mansões.
No final do verbete, numa seção denominada “Informações 7 Homem que se destaca em determinado ramo de negócios:
complementares”, registram-se os sinônimos, os antônimos, as va- “Os últimos brilhos do poente já iam e, a pedido do barão do café,
riantes, os plurais, os femininos, os aumentativos e os diminutivos fogueiras e tochas não deveriam ser acesas” (TM1).
irregulares e os superlativos absolutos sintéticos. Às vezes essas 8 OBSOL Cédula antiga de mil cruzeiros.
formas (antônimo, sinônimo, plural etc.) podem referir-se apenas a 9 ETNOL Entidade sobrenatural do boi de mamão.
uma acepção. Nesse caso, essa acepção é indicada. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
molambento FEM: baronesa.
mo·lam·ben·to ETIMOLOGIA
adj lat baronem.
Que está em farrapos; roto e sujo. animal
adj sm a·ni·mal
Que ou aquele que se veste com farrapos. sm
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
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1 BIOL Ser vivo multicelular, dotado de movimento, de cresci- Tomate francês, BOT: tomate de forma e tamanho de um ovo,
mento limitado, com capacidade de responder a estímulos. de coloração vermelho-escura, de tom alaranjado no interior, con-
2 Ser animal destituído de razão; animal irracional. sistência firme, sabor levemente ácido, com sementes pretas.
3 COLOQ Pessoa insensível ou cruel. Tomate italiano, BOT: tomate pequeno, de formato geralmente
4 COLOQ Pessoa muito grosseira ou ignorante. cilíndrico, com a extremidade inferior pontuda. É adocicado e tem
5 Animal cavalar, especialmente o macho. menos sumo que a maioria das variedades dos tomates. É muito
6 FIG A natureza animal; animalidade. usado na preparação de molhos.
adj m+f Tomate seco, CUL: tomate cortado em duas metades, retiran-
1 Relativo ou pertencente aos animais. do-se as sementes, seco no forno ou ao sol, temperado com azeite,
2 Próprio de animal. orégano, sal e, frequentemente, alho. É comumente servido em sa-
3 Extraído ou obtido de animal. ladas ou como antepasto.
4 FIG Que se entrega aos prazeres do sexo; lascivo, libidinoso. fuga 2
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES fu·ga
AUM (sm): animalaço, animalzão. EXPRESSÕES
DIM: animalzinho, animalejo, animálculo. Fuga escolar, MÚS: aquela com rígida observância das regras
EXPRESSÕES formais.
Animal inferior, ZOOL: animal invertebrado. Fuga real, MÚS: aquela cuja resposta não apresenta alterações
Animal irracional: qualquer animal, exceto o homem. intervalares em relação ao sujeito.
Animal sem fogo, REG (CE): cavalo ainda não marcado ou fer- Fuga tonal, MÚS: aquela cuja resposta apresenta alterações in-
rado. tervalares em relação ao sujeito.
Animal sem rabo, COLOQ: pessoa grosseira, mal-educada. Foram utilizados exemplos e abonações com o objetivo de au-
Animal superior: animal vertebrado. torizar o emprego das palavras. As abonações foram extraídas de
ETIMOLOGIA textos literários de autores brasileiros consagrados e estão transcri-
lat anĭmal. tas entre aspas, com a sigla que representa o autor e a obra entre
ágil parênteses. Os exemplos foram criados pela equipe de lexicógrafos
á·gil e são registrados em itálico.
adj m+f NOTA: Entenda o que significa cada sigla das abonações na se-
1 Que se movimenta com rapidez ou agilidade: “Firmo […] era ção “Abonações – obras e siglas” em “Como consultar”.
um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito […]” fadigar
(AA1). fa·di·gar
2 FIG Que tem raciocínio rápido; desembaraçado, ligeiro, pers- vtd e vpr Causar ou sentir fadiga; afadigar: A alta temperatu-
picaz. ra fadigou alguns corredores. O rapaz fadigou-se com o excesso de
3 Que atua ou trabalha com eficiência; diligente. trabalho.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
SUP ABS SINT: agílimo e agilíssimo. VAR: fatigar.
ANTÔN: moroso, sonolento, vagaroso. ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de fadiga+ ar1, como esp fatigar.
lat agĭlis. fabricação
Também são chamadas de subverbetes as expressões na es- fa·bri·ca·ção
trutura de um verbete. Elas estão destacadas ao final do verbete, sf
numa seção denominada “Expressões”. 1 Ação, processo ou arte de fabricar algo; fábrica, fabrico, ma-
barba nufatura: “Três meses mais tarde Mr. Chang Ling apareceria em
bar·ba Antares com a mulher e seus cinco filhos e mais três compatriotas
EXPRESSÕES seus, especialistas na fabricação de óleos comestíveis” (EV).
Barba a barba: em situação de confronto. 2 POR EXT O que resulta da fabricação; fabrico.
Barba de baleia, MAR: pequena haste ao lado do mastro da 3 Ação de inventar ou elaborar algo novo; criação, produção: É
proa, utilizada para disparos de cabos que prendem as velas. um mestre na fabricação de personagens.
Barba de bode: Vcavanhaque. 4 Ação de produzir de modo natural: A fabricação de anticor-
À barba, COLOQ: bem visível. pos pelo organismo é a sua principal defesa.
Fazer a barba: raspar a barba, barbear-se. 5 Produção ou criação de algo de modo ilícito, com o objetivo
Fazer barba, cabelo e bigode, ESP: vencer pelo menos três ve- de distorcer os fatos: A fabricação das provas era evidente.
zes o mesmo adversário em categorias diferentes em curto espaço EXPRESSÕES
de tempo. Fabricação em série: fabricação em grande escala, segundo es-
Nas barbas de: na presença de alguém, faltando-lhe o respeito. pecificações padronizadas.
Pôr as barbas de molho: agir com prevenção contra alguma si- ETIMOLOGIA
tuação perigosa. der de fabricar+ção, como esp fabricación.
Ter barbas: ser muito antigo. O campo destinado à etimologia do vocábulo está sempre no
tomate final do verbete, após a indicação “Etimologia” e nele há diversos
to·ma·te tipos de informação como a língua de origem, o étimo e os elemen-
EXPRESSÕES tos de composição.
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Língua Portuguesa
NOTA: Entenda como a etimologia dos vocábulos foi criada e – a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró-
como está padronizada neste dicionário lendo a seção “Etimologia” polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de
em “Como consultar”. pessoas de baixa condição social.
astroquímica – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
as·tro·quí·mi·ca regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
sf do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
ASTROQ Estudo da composição química dos astros, baseado quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
especialmente nas análises espectroquímicas. – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
ETIMOLOGIA estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
voc comp do gr ástron+química, como ingl astrochemistry. – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
Fonte: michaelis.uol.com.br oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
VOCABULÁRIO: NEOLOGISMOS, hoje frequentes na fala caipira.
ARCAÍSMOS, ESTRANGEIRISMOS – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo
(amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral
coloquial.
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua Variações Sintáticas
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe,
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó- como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va-
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros. riante e outra. Como exemplo, podemos citar:
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os – a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família
mo significado dentro de um mesmo contexto. dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
sintático e lexical. você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
me irrita.
Variações Morfológicas – ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en- gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: – o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-ver- a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o cham- sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de
panha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). ti) e ele.
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
indicado, as noite fria, os caso mais comum. – a ausência da preposição adequada antes do pronome relati-
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de:
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que)
eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o Variações Léxicas
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan- zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
te (em vez de possantíssimo). plos possíveis de citar:
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
o recado, quando ele repor (repuser). lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
vareia (varia), negoceia (negocia). tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
Variações Fônicas suéter, malha, camiseta.
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala- – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
vra. Entre esses casos, podemos citar: formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
Esse amigo é um carinha maior esforçado.
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Designações das Variantes Lexicais: Deverão, contudo, ser grafadas com algum sinal indicativo da
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um sua condição de expressão de outro idioma: em itálico, entre aspas,
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa- sublinhadas, em negrito. Confira exemplos das principais palavras e
va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. expressões latinas usadas atualmente na língua portuguesa:
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria- Ab initio: desde o princípio.
das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A A contrario sensu: em sentido contrário, pela razão contrária.
na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar. A posteriori: pelo que segue, depois de um fato. Diz-se do ra-
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra ciocínio que se remonta do efeito à causa.
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma A priori: segundo um princípio anterior, admitido como eviden-
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da te; antes de argumentar, sem prévio conhecimento.
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas Apud: em, junto a, junto em. Emprega-se em citações indiretas,
o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto isto é, citações colhidas numa obra.
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. Carpe Diem: “Aproveita o dia”. (Aviso para que não desperdi-
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida- cemos o tempo).
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações Curriculum Vitae: conjuntos de dados relativos ao estado civil,
básicas). ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se can-
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como a didata a um emprego.
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é notícia Data venia: concedida a licença, com a devida vênia. É uma ex-
dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma bar- pressão respeitosa com que se inicia uma argumentação discordan-
riga. te da de outrem.
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser Et cetera (ou Et caetera) (abrev.: etc.): e as outras coisas, e os
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida- outros, e assim por diante. Apesar de seu sentido etimológico (= e
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar). outras coisas), emprega-se, atualmente, não somente após nomes
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: de coisas, mas também de pessoas, como expressão continuativa.
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista). Exempli gratia: por exemplo. É expressão sinônima de Verbi
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de saco gratia.
cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, ar- Habeas corpus: “Que tenhas o corpo”. Meio extraordinário de
ruinou-se). garantir e proteger todo aquele que sofre violência ou ameaça de
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte
Tipos de Variação de qualquer autoridade legítima.
As variações mais importantes, são as seguintes: Habeas data: “Que tenha os dados”, “Que conheça os dados”.
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com Trata-se de garantia ativa dos direitos fundamentais, que se destina
certa facilidade. a assegurar:
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das a) o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque governamentais ou de caráter público;
gaúcho etc. b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro-
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circunstân- cesso sigiloso, judicial ou administrativo.
cias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar Homo sapiens: homem sábio; nome da espécie humana na no-
compatível com determinada situação é incompatível com outra menclatura de Lineu.
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com Id est: isto é, quer dizer. Às vezes, aparece abreviadamente
o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti- (i.e.).
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. In memoriam: em comemoração, para memória, para lembran-
ça.
In posterum: no futuro.
LATINISMOS In terminis: no fim. Decisão final que encerra o processo.
In verbis: nestes termos, nestas palavras. Emprega-se para ex-
primir as citações ou as referências feitas com as palavras da pessoa
EXPRESSÕES E VOCÁBULOS LATINOS que se citou ou do texto a que se alude.
Embora muitos gramáticos e estudiosos da língua defendam Ipsis Verbis: pelas próprias palavras, exatamente, sem tirar nem
que se deve privilegiar o uso de palavras em português, diversas pôr.
palavras e expressões latinas são usadas diariamente pelos falantes Lato sensu: em sentido amplo, em sentido geral.
da língua, quer em linguagem formal ou de áreas específicas, quer Per capita: por cabeça, para cada indivíduo.
em linguagem informal. Quorum: número mínimo de membros presentes necessário
As expressões latinas não sofrem processos de aportuguesa- para que uma assembleia possa funcionar ou deliberar regularmen-
mento, devendo assim ser escritas em sua forma original, sem qual- te.
quer tentativa de aproximação às regras ortográficas e fonológicas Sic: assim, assim mesmo, exatamente. Pospõe-se a uma cita-
da língua portuguesa. ção, ou nela se intercala, entre parênteses ou entre colchetes, para
indicar que o texto original é da forma que aparece.
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Statu quo: “No estado em que”. Emprega-se, na linguagem jurí- – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
dica, para indicar a forma, a situação ou a posição em que se encon- nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
tra certa questão ou coisa em determinado momento. burguês/burguesa.
Stricto sensu: em sentido restrito, em sentido literal. – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
Verbi gratia: por exemplo. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.
Verbum ad verbum: palavra por palavra, textualmente, literal-
mente. Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
ORTOGRAFIA toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
porque/pois nada está molhado.
— Definições – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere cancelamento do show.
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); do show.
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao
decorrentes dessas funções, entre outros. fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente.
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre Por quê?
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados Parônimos e homônimos
distintos. Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da – Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na
vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver
com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase). (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão apreender (capturar).
estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada – Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas
um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes. que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome
foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português demonstrativo).
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo: ACENTUAÇÃO GRÁFICA
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
(quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus — Definição
derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas
York. palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba
do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com
regras: as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos: língua portuguesa:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, – Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som
abacaxi. aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa. – Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar. “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico,
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, âncora, avô.
mexerica. – Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos tônica!
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, – Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada
verminose. palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a sílaba tônica.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a
Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
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sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica Acentuação das palavras Proparoxítonas
que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é
semelhante é a palavra bênção. tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
— Monossílabas Tônicas e Átonas tática, trânsito.
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer
alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe Ditongos e Hiatos
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração Acentuam-se:
da preposição “de” + artigo “o”). Ao comparar esses termos, – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”,
percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói,
temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. mausoléu, sóis, véus.
Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de
(forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí
abaixo: (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.” Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.:
Recebem acento gráfico: moinho, rainha, bainha.
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); – As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.:
-e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs. juuna, xiita. xiita.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, – Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem,
-éu, -ói. Ex: réis, véu, dói. enjoo, magoo.
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Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / “Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
preposição] Gosto de você / Penso em você.”
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Já a exposição de motivos que submeta à consideração do do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção
Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam finalidade:
também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentários a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, resolver;
apontar: b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a
medida ou do ato normativo proposto; edição do ato, em consonância com as questões que devem ser
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e Poder Executivo (v. 10.4.3.).
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo,
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação
modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
de 2002. de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos
ou órgão equivalente) nº de 200. e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da
1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal
medida proposta (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão,
3. Alternativas existentes às medidas propostas aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração,
Mencionar: demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; Ressalte-se que:
- Outras possibilidades de resolução do problema. – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
4. Custos – O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
Mencionar: pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei comentários a serem ali incluídos.
orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
especial ou suplementar; a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
- Valor a ser despendido em moeda corrente; impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
tramitar em regime de urgência) ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
Mencionar: no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata; Mensagem
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos; — Definição e Finalidade
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
prevista. Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
medida proposta possa vir a tê-lo) da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
7. Alterações propostas matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
8. Síntese do parecer do órgão jurídico veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensagem
proposta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República,
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens mais
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes
Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete finalidades:
o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório
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a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência administrativo.
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação
Membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são do País e solicitação de providências que julgar necessárias
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe
é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere
sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
“na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Congressistas em forma de livro.
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. As mensagens aqui Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional,
tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se
Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
elas encaminhadas. Tais exames materializam-se em pareceres dos nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de
diversos órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles sanção.
o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, as i) comunicação de veto.
análises necessárias constam da exposição de motivos do órgão Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66,
onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – exposição que § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
Congresso. vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
b) encaminhamento de medida provisória. Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, j) outras mensagens.
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República. mensagens com:
c) indicação de autoridades. – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores operações e prestações interestaduais e de exportação
do Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
competência privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae – Pedido de autorização para operações financeiras externas
do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem. (Constituição, art. 52, V); e outros.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-
Presidente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), – Convocação extraordinária do Congresso Nacional
e a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. (Constituição, art. 57, § 6o);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII (Constituição, art. 84, XX);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do (Constituição, art. 137);
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Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os mo- principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, ob-
mentos em que as formas e artifícios literários se prestam a fixar a jetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poe-
nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de sia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a
períodos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da po-
de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas fases, do esia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagó-
Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade. gico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.
duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econô- Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas
mica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um sem referências ao que o padre José de Anchieta representa para o
período de transição, que corresponde à emancipação política do Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy»
Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias (supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no
ou estilos de época. ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir do
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do des- qual surgiu a cidade de São Paulo.
cobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de An-
o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 chieta deixou uma fabulosa herança literária: a primeira gramática
a 1836). A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos na-
1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a tivos; várias poesias no estilo do verso medieval; e diversos autos,
1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que
estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira. agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre
com a preocupação de caracterizar os extremos, como o bem e o
O Quinhentismo mal, o anjo e o diabo.
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifes-
tações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspon- O Barroco
dendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a pu-
se pode falar em uma literatura “do” Brasil, como característica do blicação do poema épico «Prosopopeia”, de Bento Teixeira, que in-
País naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma lite- troduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa
ratura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do XVIII.
do homem europeu. Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fun-
No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histó- dação da Arcádia Ultramarina e a publicação do livro “Obras”, de
rico vivido pela Península Ibérica, que abrangia uma literatura infor- Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo
mativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esque-
literárias no século XVI. Quem produzia literatura naquele período cidos. Este fato assinala a decadência dos valores defendidos pelo
estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro, pra- Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco de-
ta, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupa- nomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos
va-se com o trabalho de catequese. de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o música, pintura, escultura e arquitetura da época.
primeiro documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da
literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato influência da poesia barroca no Brasil surgiram a partir de 1580 e
compreensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na
1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza o fi- Península Ibérica, já que é a Espanha a responsável pela unificação
nal do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro dos reinos da região, o principal foco irradiador do novo estilo po-
somente em 1549. ético.
A literatura informativa, também chamada de literatura dos O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presen-
viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes navegações, empe- ça cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações
nha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fau- ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e,
na, de sua gente. É, portanto, uma literatura meramente descritiva finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar,
e, como tal, sem grande valor literário Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório
A principal característica dessa manifestação é a exaltação da de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza
terra, resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado
temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um pela linguagem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo
mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valo-
no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no su- riza o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico,
perlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.) racionalista)
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro cer-
de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom Manuel sobre o achamento do to idealismo renascentista, colocado ao lado do conflito (como de
Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da
nível literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mun-
que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as aven- dana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca
turas marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação do Brasil.
da fé cristã Literatura jesuíta - Consequência da Contrarreforma, a
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Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de do-
as estruturas morais e a tolerância de muita gente - como o admi- mínio no campo econômico e passa a lutar pelo poder político, en-
nistrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria tão em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo
sociedade baiana do século XVII - por outro, ninguém angariou tan- social e das artes: a antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao
tas críticas e inimizades quanto o “impiedoso” Padre Antônio Vieira, poder do gosto burguês.
detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio
para os padrões da época. Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últimos cinco anos do sé-
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cris- culo XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Ar-
tã (por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pe- cadismo no Brasil. De qualquer forma, suas características no País
quenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos da Antigui-
administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições, dade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril;
principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma o fingimento poético e o uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto
condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassílabos, a
Padre Antônio Vieira pode ser dividida em três tipos de trabalhos: rima optativa e a tradição da poesia épica. O Arcadismo tem como
Profecias, Cartas e Sermões. principais nomes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonza-
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Es- ga, José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
peranças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o se-
bastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto O Romantismo
império do Mundo”. Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves
Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíbli- de Magalhães publica na França a “Niterói - Revista Brasiliense”,
ca (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado
íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um naciona- “Suspiros poéticos e saudades”.
lismo megalomaníaco e servidão incomum. Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fa-
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas zia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a independência
cerca de 500 cartas. do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, no modelo moderno, acompanhando as nações independentes da
sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia, Europa e América. A imagem do português conquistador deveria
transformando-se em importantes documentos históricos. ser varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se
Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões. formava. O ciclo da mineração havia dado condições para que as fa-
De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, mílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particu-
o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo lar França e Inglaterra, onde buscavam soluções para os problemas
os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais brasileiros. O Brasil de então nem chegava perto da formação social
trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A
Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra estrutura social do passado próximo (aristocracia/escravo) ainda
de Deus”. prevalecia. Nesse Brasil, segundo o historiador José de Nicola, “o
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira ser burguês ainda não era uma posição econômica e social, mas
procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos domini- mero estado de espírito, norma de comportamento”.
canos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava
Deus na terra”, atribuindo-lhes culpa. pela Europa. Em 1836, ele funda a revista Niterói, da qual circula-
ram apenas dois números, em Paris.
O Arcadismo Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasi-
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos leira”, considerado o nosso primeiro manifesto romântico. Essa es-
marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de cola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram
Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista,
desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Memórias póstumas de
Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas, permite a Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento
introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. realista, aliás, já vinham ocorrendo bem antes do início da deca-
No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento dência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por Tobias
barroco, para a qual vários fatores colaboraram, entre eles o can- Barreto desde 1870, na Escola de Recife.
saço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas
arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença e atinge em letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. A se-
meados do século um estágio estacionário (e até decadente), per- gunda metade daquele século, com a industrialização modificando
dendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascen- as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma nova compo-
são burguesa superou o problema religioso; surgem as primeiras sição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos
arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássi- modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revo-
cas; os burgueses, como forma de combate ao poder monárquico, lução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu
começam a cultuar o “bom selvagem”, em oposição ao homem cor- “Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz: “...Eis aqui
rompido pela sociedade. como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria
de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os
povos, esse passo tão cedo se não daria...”.
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A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagô- A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e liber-
nicas, embora atuassem paralelas durante a Revolução Francesa: tária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D.
a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor
industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado. O Hugo e de sua poesia político-social, daí ser conhecida como gera-
Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a favor ção hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo
da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalis- de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que
mo, o subjetivismo e o irracionalismo - características marcantes do habita o alto da condilheira dos Antes. Seu principal representante
Romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
se fazer menção à sua carga ideológica. Duas outras variações literárias do Romantismo merecem des-
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que taque: a prosa e o teatro romântico. José de Nicola demonstrou
ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas pro- quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do
duções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e romance no Brasil: “A importação ou simples tradução de romances
Silva Alvarenga. Com a chegada da Corte, o Rio de Janeiro passa europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, então,
por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela
divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no aristocracia rural, profissionais liberais, jovens estudantes, todos em
rumo da independência. busca de entretenimento; o espírito nacionalista em consequência
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de na- da independência política a exigir uma “cor local” para os enredos;
cionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza pá- o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a divulgação
tria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
encaixaram perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar pro- Os romances respondiam às exigências daquele público leitor;
fundas crises sociais, financeiras e econômicas. giravam em torno da descrição dos costumes urbanos, ou de ame-
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como nidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentan-
reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia do personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas
Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade que lhe
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema,
de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abolição como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio
da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade pre- de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de Taunay.
matura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance bra-
o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, sileiro foi “O filho do pescador”, publicado em 1843, de autoria de
de nacionalismo. Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance senti-
No final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transfor- mentalóide, de trama confusa e que não serve para definir as linhas
mações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais que o romance romântico seguiria na literatura brasileira.
próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao
a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É público leitor, justamente por ter moldado o gosto deste público
a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o
social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o Realismo. romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado
O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
nitidamente uma evolução no comportamento dos autores român- Dentro das características básicas da prosa romântica, desta-
ticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes cam-se, além de Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de
dessa escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de
entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância consi- um Sargento de Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora
derável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a para sua época, exatamente quando Macedo dominava o ambiente
necessidade de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser
romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: Geração consideradas como o verdadeiro romance de costumes do Roman-
Nacionalista ou indianista; geração do “mal do século” e a “geração tismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia urbana, para
condoreira”. retratar o povo com toda a sua simplicidade.
A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exalta- “Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na litera-
ção da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação tura brasileira como o consolidador do romance, um ficcionista que
do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições
“geração indianista”. O sentimentalismo e a religiosidade são outras políticas e sociais. Ele defendia o “casamento” entre o nativo e o
características presentes. Entre os principais autores, destacam-se europeu colonizador, numa troca de favores: uns ofereciam a natu-
Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto. reza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses
Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada fatores resultaria um Brasil independente. “O guarani” é o melhor
de geração byroniana, de Lord Byron) é impregnada de egocentris- exemplo, ao se observar a relação do principal personagem da obra,
mo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescen- o índio Peri, com a família de D. Antônio de Mariz.
te e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade, que Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto
se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na por Alencar, aparece também em Iracema (um anagrama da pala-
exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Ál- vra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir,
vares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes filho de Iracema e Martim, é o primeiro brasileiro fruto desse casa-
Varela. mento.
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José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou pos- O Realismo reflete as profundas transformações econômicas,
sível uma classificação por modalidades: romances urbanos ou de políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX. A
costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase,
II Reinado); romances históricos (dois, na verdade, voltados para caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade;
o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e “A guerra dos ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas nos
mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em mol-
as duas obras regionais de Alencar); romances rurais (como “Til” e des modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais,
“O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram maior aumentando a massa operária urbana, e formando uma população
popularidade para o escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubi- marginalizada, que não partilha dos benefícios do progresso indus-
rajara”). trial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subu-
manas de trabalho.
Realismo e Naturalismo O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no cam-
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantis- po econômico quanto no político-social, no período compreendido
mo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do ca- entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais,
ráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios se comparadas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-
olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao -se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/1870) tem como
cunhar este conceito, Eça de Queiroz sintetizou a visão de vida que consequência o pensamento republicano (o Partido Republicano
os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após foi fundado no ano em que essa guerra terminou); a Monarquia
o declínio do Romantismo. vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Al- problema dos negros, mas criou uma nova realidade: o fim da mão-de-
ves, Sousândrade e Tobias Barreto, embora fizessem uma poesia -obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada, então
romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar
a realidade político-social da época (final da década de 1860). Da na lavoura cafeeira, o que originou uma nova economia voltada para o
mesma forma, algumas produções do romance romântico já apon- mercado externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
tavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transfor-
obras de Manuel Antônio de Almeida, Franklin Távora e Visconde maram-se nos principais representantes da escola realista no Brasil.
de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo enquanto sur- Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos,
giam os primeiros sinais do Realismo. assumindo uma defesa clara do ideal republicano, como nos ro-
Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias mances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles negam a burgue-
Barreto, Silvio Romero e outros, aproximando-se das ideias euro- sia a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação
peias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente, genérica da escola literária, que abriga três tendências distintas:
à filosofia. São os ideais do Realismo que encontravam ressonância “romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parnasiana”.
no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o signo do O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por
abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia. Machado de Assis. Trata-se de uma narrativa mais preocupada com
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do com-
De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a pu- portamento de determinados personagens. Para se ter uma ideia,
blicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso os cinco romances da fase realista de Machado de Assis apresentam
de nossas letras: Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”;
o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”; e “Aires”). Isto revela uma clara
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa a socieda-
de nossa literatura. de por cima. Em outras palavras: seus personagens são capitalistas,
Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano pertencem à classe dominante. O romance realista é documental,
considerado data final do Realismo é 1893, com a publicação de retrato de uma época.
“Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do
Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações Naturalismo
na prosa - com os romances realistas e naturalistas - e na poesia, O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por
com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma, Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul Pompéia também pode
o início do Simbolismo, em 1893, não representou o fim do Rea- ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O
lismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a Ateneu” ora apresenta características naturalistas, ora realistas, ora
essa data, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900, impressionistas. A narrativa naturalista é marcada pela forte análise
e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em 1904. Olavo Bilac, chamado social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o
“príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia coletivo. Os títulos das obras naturalistas apresentam quase sem-
Brasileira de Letras, templo do Realismo, também foi inaugurada pre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pen-
posteriormente à data-marco do fim do Realismo: 1897. Na realida- são”, “O Ateneu”.
de, nos últimos vinte anos do século XIX e nos primeiros do século O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência
XX, três estéticas se desenvolvem paralelamente: o Realismo e suas de Charles Darwin se faz sentir na máxima segundo a qual o homem
manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que só conhe- é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos
cem o golpe fatal em 1922, com a Semana de Arte Moderna. instintos naturais, não podendo ser reprimido em suas manifesta-
ções instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A
constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Na-
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turalismo. Em consequência, esses romances são mais ousados e A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como
erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos, apresentan- uma disputa regional, ganhou dimensão nacional ao se opor ao
do descrições minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em te- governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência
mas então proibidos como o homossexualismo - tanto o masculino e crueldade no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além
(O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço). disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebelde que exigiu a
renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira.
O Parnasianismo Ao conseguir esmagar os revoltosos, o presidente consegue conso-
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetivida- lidar a República.
de, com seus sonetos alexandrinos perfeitos. Olavo Bilac, Raimun- Esse ambiente provavelmente representou a origem do Sim-
do Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O bolismo, marcado por frustrações, angústias, falta de perspectivas,
Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, dizem alguns rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
estudiosos da literatura brasileira, embora ideologicamente não E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de
mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas época foi justamente a negação do Realismo e suas manifestações.
e naturalistas. Seus poetas estavam à margem das grandes transfor- A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalis-
mações do final do século XIX e início do século XX. mo. E valoriza as manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da extremo oposto do Naturalismo e do Parnasianismo.
década de 1870, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna. “Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem re-
Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não conside- verenciar seus dois grandes expoentes: Cruz e Sousa e Alphonsus
rando, é claro, o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o
da forma: eis a receita. A forma fixa representada pelos sonetos; a próprio Simbolismo. Especialmente o primeiro, chamado, então, de
métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfei- “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais importante do Simbo-
ta. Isto tudo como negação da poesia romântica dos versos livres e lismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa
brancos. Em suma, é o endeusamento da forma. estética no Brasil. Como poeta, teve apenas um volume publicado
em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia são póstu-
O Simbolismo mos). Teve uma carreira muito rápida, apesar de ser considerado
É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Bra- um dos maiores nomes do Simbolismo universal. Sua obra apre-
sil não teve momento típico para o Simbolismo, sendo essa escola senta uma evolução importante: na medida em que abandona o
literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores subjetivismo e a angústia iniciais, avança para posições mais uni-
nacionais, no confronto com as demais. Por isso, foi chamada de versalizantes - sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do
“produto de importação”. O Simbolismo no Brasil começa em 1893 homem negro (colocações pessoais, pois era filho de escravos), mas
com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (po- evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano.
esia), ambos do poeta catarinense Cruz e Sousa, e estende-se até Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “tri-
1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna. ângulo” que caracterizou toda a sua obra: misticismo, amor e mor-
O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da te. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O
escola anterior, o Realismo, pois no final do século XIX e início do sé- amor pela noiva, morta às vésperas do casamento, e sua profunda
culo XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo, religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou, e não poderia
Simbolismo e pré-modernismo, com o aparecimento de alguns au- ser diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo
tores preocupados em denunciar a realidade brasileira, entre eles é o “Setenário das dores de Nossa Senhora”, em que ele atesta sua
Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como um único
de Arte Moderna que, pois, fim a todas as estéticas anteriores e meio de atingir a sublimação e se aproximar de Constança - a noiva
traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura do Brasil. morta - e da virgem. Daí o amor aparecer sempre espiritualizado.
Transição - O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um mo- A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana,
mento histórico extremamente complexo, que marcaria a transição que ele próprio considerou sua “torre de marfim”, é uma postura
para o século XX e a definição de um novo mundo, consolidado a simbolista.
partir da segunda década deste século. As últimas manifestações
simbolistas e as primeiras produções modernistas são contemporâ- O Pré-modernismo
neas da primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa. O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil
Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que mo- não constitui uma escola literária. Pré-modernismo, é, na verdade,
tivou o surgimento do Simbolismo), era natural que se imaginasse um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária,
a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época que caracteriza os primeiros vinte anos deste século.
como essa. Mas é interessante notar que as origens do Simbolismo Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos
brasileiro se deram em uma região magirnalizada pela elite cultural literários - desde os poetas parnasianos e simbolistas, que conti-
e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nas- nuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvol-
cida república, ainda impregnada de conceitos, teorias e práticas ver um novo regionalismo, alguns preocupados com uma literatura
militares. A República de então não era a que se desejava. E o Rio política, e outros com propostas realmente inovadoras. É grande a
Grande do Sul, onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indis-
em palco de lutas sangrentas iniciadas em 1893, o mesmo ano do cutivelmente, merecem destaque: Euclides da Cunha, Lima Barreto,
início do Simbolismo. Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
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Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com pela alta burguesia, de um lado, e pelo operariado, de outro. Surge
a publicação de dois livros: “Os sertões”, de Euclides da Cunha, e a pequena burguesia, formada por funcionários públicos, comer-
“Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a ciantes, profissionais liberais e militares, entre outros, criando uma
realização da Semana de Arte Moderna. massa politicamente “barulhenta” e reivindicatória. A falta de ho-
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literá- mogeneidade no bloco urbano tem origem em alguns aspectos do
ria, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às ve- comportamento do operariado. Os imigrantes de origem europeia
zes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha trazem suas experiências de luta de classes. Em geral esses traba-
e Lima Barreto - percebe-se alguns pontos comuns entre as princi- lhadores eram anarquistas e suas ações resultavam, quase sempre,
pais obras pré-modernistas: em greves e tensões sociais de toda sorte, entre 1905 e 1917. Um
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o ano depois, quando ocorreu a Revolução Russa, os artigos na im-
passado, com o academicismo; prensa a esse respeito tornaram-se cada vez mais comuns. O par-
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando tido comunista seria fundado em 1922. Desde então, ocorreria o
o Brasil literário, herdado do Romantismo e do Parnasianismo. O declínio da influência anarquista no movimento operário.
grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mes-
nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios; ma calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre,
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comer-
montando um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste nas ciante, um advogado, um militar etc., formando, de fato, uma “pau-
obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior pau- liceia desvairada” (título de célebre obra de Mário de Andrade).
lista nos textos de Monteiro Lobato, o Espírito Santo, retratado por Esse desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco
Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática quase que invariável ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inova-
da obra de Lima Barreto; dora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no País.
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram
ampliado o seu perfil, até então desconhecido, ou desprezado, O Modernismo - (primeira fase)
quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcioná- O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento mo-
rios públicos, o mulato; dernista, justamente em consequência da necessidade de defini-
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e ções e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o
sociais contemporâneos, aproximando a ficção da realidade. caráter anárquico desta primeira fase modernista e seu forte sen-
Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do tido destruidor.
Brasil, mais próxima da realidade, e pavimentaram o caminho para Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e
o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas:
acentuou de vez a ruptura com o que até então se conhecia como uma volta às origens, à pesquisa das fontes quinhentistas, à procu-
literatura brasileira. ra de uma língua brasileira (a língua falada pelo povo nas ruas), as
paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura mani-
A Semana de Arte Moderna festos nacionalistas do Pau-Brasil (o Manifesto do Pau-Brasil, escrito
O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época, por Oswald de Andrade em 1924, propõe uma literatura extrema-
teve seu prenúncio com a realização da Semana de Arte Moderna mente vinculada à realidade brasileira) e da Antropofagia, dentro
no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro da linha comandada por Oswald de Andrade. Mas havia também os
de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo da Anta, que trazem
colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do a semente do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas
consciência da realidade brasileira. vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, conscien-
O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista ar- te, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente
tístico, como recomendam os historiadores e críticos especializados com as esquerdas; de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exa-
em história da literatura brasileira, mas também como um movi- gerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
mento político e social. O País estava dividido entre o rural e o urba- Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo,
no. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As principais cidades que continuariam a produzir nas décadas seguintes, destacam-se
brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida trans- Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio
formação como consequência do processo industrial. A primeira de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricar-
Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de industria- do, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
lização e consequente urbanização. O Brasil contava com 3.358 in-
dústrias em 1907. Em 1920, esse número pulou para 13.336. Isso O Modernismo - (segunda fase)
significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos
forte, mas marginalizada pela política econômica do governo fede- nomes mais significativos do romance brasileiro. Refletindo o mes-
ral, voltada para a produção e exportação do café. mo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações
Imigrantes - Ao lado disso, o número de imigrantes europeus dos poetas da década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos
crescia consideravelmente, especialmente os italianos, distribuin- Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a
do-se entre as zonas produtoras de café e as zonas urbanas, onde segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do
estavam as indústrias. De 1903 a 1914, o Brasil recebeu nada menos Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico
que 1,5 milhão de imigrantes. Nos centros urbanos criou-se uma
faixa considerável de população espremida pelos barões do café e
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Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construti- primeiro número é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma,
vo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 entre outras coisas, que “uma geração só começa a existir no dia em
e sua prosa inovadora. que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por gran- dia em que deixam de acreditar nela.”
des transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias,
o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas. Os poetas de 45 par-
sentir os efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológi- tem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles
cos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso chamavam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e
formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao resta-
caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da reali- belecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os
dade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações mestres do Parnasianismo e do Simbolismo.
do indivíduo com o mundo. Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distan- outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir
tes recantos de nossa terra”, no dizer de José Lins do Rego, o regio- Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, reve-
nalismo ganha uma importância até então não alcançada na litera- lou um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado
tura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experiências
o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo
nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval Neto. Contemporâneos a ele, e com alguns pontos de contato com
para uma nova realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
o Baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do ro-
mance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, A produção contemporânea
desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus produtos Produção contemporânea deve ser entendida como as obras
para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70, e que
de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os banguês e os refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo
engenhos sendo devorados pelas modernas usinas. autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu
O primeiro romance representativo do regionalismo nordes- período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante
tino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a
1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em extinção do Ato, verificou-se uma progressiva normalização no País.
1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importân- As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País
cia deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assisti-
caráter social do romance, do que aos valores estéticos. ram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática
Pós-Modernismo social, um texto participante, com a permanência de nomes consa-
O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários grados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo
fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o ano que assistiu ao fim Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda apara-
da Segunda Guerra Mundial e ao início da Era Atômica, com as ex- vam as arestas em suas produções.
plosões de Hiroshima e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em
paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e, luta contra o que chamaram “esquemas analítico-discursivos da sin-
em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas, taxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam solu-
logo depois, inicia-se a Guerra Fria. ções no aproveitamento visual da página em branco, na sonoridade
Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais importante
Getúlio Vargas. O País inicia um processo de redemocratização. desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia
Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar Práxis. Paralelamente, surgia a poesia “marginal”, que se desenvol-
disso, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalida- veu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produ-
des e exílios. ção de livros.
A literatura brasileira também passa por profundas alterações, No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e
com algumas manifestações representando muitos passos adiante; Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas” de José Mauro de Vas-
outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literá- concelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito su-
rio, encarrega-se de fazer a seleção. cesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de
Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e
aprofunda a tendência já trilhada por alguns autores da década de José Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Os-
30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, man Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.
introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das
Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica
com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande
dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não in-
do jagunço do Brasil central. clua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino,
Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poe- Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo
tas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922. e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção espe-
A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo
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cial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem-hu- Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
moradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de para subir as poucas rampas do seu cais.
60, tem servido de mestre a muitos cronistas. Foi conhecendo o movimento da cidade,
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções a pobreza residente nas taperas marginais.
contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em quali- Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
dade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Mas ele prosseguiu indiferente,
Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio. carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
QUESTÕES deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
1. PREFEITURA DE LUZIÂNIA-GO – PROFESSOR I – AROEIRA – e postou-se horas sob os pés do Criador.
2021 E desceu devagarinho, até deitar-se
Nos enunciados abaixo, pode-se observar a presença de dife- novamente no seu leito.
rentes tipologias textuais como base dos gêneros materializados Mas toda noite o seu olhar de rio
nas sequências enunciativas. Numere os parênteses conforme o fica boiando sob as luzes da cidade.
código de cada tipologia. (Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
( ) 1 - --- Não; é casada. --- Com quem? --- Com um estancieiro terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
do Rio grande. --- Chama-se? --- Ele? Fonseca, ela, Maria Cora. No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas-
--- O marido não veio com ela? --- Está no Rio Grande. (ASSIS, sifica-se como
Machado de Assis.Maria Cora.) (A) pronome.
( ) 2 - Ao acertar os seis números na loteria, Paulo foi para casa, (B) preposição.
entrou calado no quarto e dormiu. (C) artigo.
( ) 3 - Incorpore em sua vida quatro sentimentos positivos: a (D) advérbio.
compaixão, a generosidade, a alegria e o otimismo. (E) conjunção.
( ) 4 - No meu ponto de vista, a mulher ideal deve ter como ca-
racterísticas físicas o cabelo liso, pele macia, olhos claros, nariz 3. INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para res-
fino. Ser amiga, compreensiva e, acima de tudo, ser fiel. (ALVES, ponder à questão que a ele se refere.
André, Escola. Estadual Pereira Barreto. Texto adaptado.) Texto 01
( ) 5 - As palavras mal empregadas podem ter efeitos mais
negativos do que os traumas físicos.
( 1 ) narrativa;
( 2 ) dialogal;
( 3 ) argumentativa;
( 4 ) injuntiva;
( 5 ) descritiva.
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De acordo com o texto, “[...] sair de um acidente em alta velocidade pelo vidro da frente” indica uma
(A) solução.
(B) alternativa.
(C) prevenção.
(D) consequência.
(E) precaução.
4. FGV - 2022 - TJ-DFT - Oficial de Justiça Avaliador Federal- “Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos,
às vezes chega-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores.” O raciocínio abaixo que deve ser considerado como indutivo é:
(A) Os funcionários públicos folgam amanhã, por isso meu marido ficará em casa;
(B) Todos os juízes procuram julgar corretamente, por isso é o que ele também procura;
(C) Nos dias de semana os mercados abrem, por isso deixarei para comprar isso amanhã;
(D) No inverno, chove todos os dias, por isso vou comprar um guarda-chuva;
(E) Ontem nevou bastante, por isso as estradas devem estar intransitáveis.
5. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Segurança da Informação- “Também leio livros, muitos livros: mas com eles aprendo menos
do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicionário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário
muito mais maravilhoso.”
Depreende-se desse pensamento que seu autor:
(A) nada aprende com os livros, com exceção do dicionário;
(B) deve tudo que conhece ao dicionário;
(C) adquire conhecimentos com as viagens que realiza;
(D) conhece o mundo por meio da experiência de vida;
(E)constatou que os dicionários registram o melhor da vida.
6. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Técnico Higiene Dental - INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 01 a seguir para
responder à questão que a ele se refere.
Texto 01
A vírgula, na fala do primeiro quadro, foi usada de acordo com a norma para separar um
(A) vocativo.
(B) aposto explicativo.
(C) expressão adverbial.
(D) oração coordenada.
(E) predicativo.
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teve, desde cedo, acesso à melhor educação possível de sua época 8. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário -
e, assim, aprendeu a língua de sinais francesa no Instituto Nacional Área Judiciária- A chama é bela
de Surdos-Mudos de Paris. No Brasil, tomando-se como inspiração Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela la-
a iniciativa de Huet, fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Im- reira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do fogo,
perial Instituto de SurdosMudos, instituição de caráter privado. No da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente
seu percurso, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam a
mais significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qualquer
Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funciona- programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos
mento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de modernização como um programa televisivo.
da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com suas discus-
sões sobre educação de surdos. O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do infla-
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram grande mar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode ser a luz
influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que foi ganhando ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar
espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos bra- o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente
sileiros. Contudo, nesse mesmo período, muitos educadores ainda amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de
defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo mé- claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos
todo oralizado, ou seja, pessoas surdas seriam educadas por meio obriga a imaginar coisas sem nome...
de línguas orais. Nesse caso, a comunicação acontecia nas modali- O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância
dades de escrita, leitura, leitura labial e também oral. No Congresso cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à
de Milão, em 11 de setembro de 1880, muitos educadores votaram chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido,
pela proibição da utilização da língua de sinais por não acreditarem a natureza do fogo é ascensional, remete a uma transcendência e,
na efetividade desse método na educação das pessoas surdas. contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no cora-
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da Língua ção da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida,
Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição, a Libras mas é também experiência de seu apagar-se e de sua contínua fra-
continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdos. Poste- gilidade.
riormente, buscou-se a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais,
e os surdos continuaram lutando pelo seu reconhecimento e regu- (Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janei-
lamentação por meio de um projeto de lei escrito em 1993. Porém, ro: Record, 2021, p. 54-55)
apenas em 2002, foi aprovada a Lei 10.436/2002, que reconhece a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
e expressão no país. (A) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se es-
pantar, com o espetáculo inédito daquelas chamas bruxulean-
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações) tes.
(B) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atribu-
Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas ver- tos, chega mesmo a propiciar expansões, simbólicas e metafó-
bais e dos sinais de pontuação no texto CG1A1. ricas.
(A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preser- (C) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida,
vadas, caso a vírgula empregada logo após o vocábulo “mas” pode ofuscar os olhos de quem, imprudente, ouse enfrentá-la.
(primeiro período do quarto parágrafo) fosse eliminada. (D) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de
(B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro pa- insinuar sua atração, pela magia dos poderes e do espetáculo
rágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram” sem prejuízo do fogo.
aos sentidos e à correção gramatical do texto. (E) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando,
(C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto por amor ou por ódio extremos somos tomados por paixões
parágrafo) está flexionada no singular para concordar com o incendiárias.
artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo
à correção gramatical, pela forma verbal “continuaram”, que 9. AGIRH - 2022 - Prefeitura de Roseira - SP - Enfermeiro 36
estabeleceria concordância com o termo “Libras”. horas - Assinale o item que contém erro de ortografia.
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro (A) Na cultura japonesa, fica desprestigiado para sempre quem
parágrafo) concorda com “educadores” e por isso está flexio- inflinge as regras da lealdade.
nada no plural. (B) Não conseguindo prever o resultado a que chegariam, sen-
(E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facul- tiu-se frustrado.
tativo o emprego da vírgula imediatamente após “Libras”. (C) Desgostos indescritíveis, porventura, seriam rememorados
durante a sessão de terapia.
(D) Ao reverso de outros, trazia consigo autoconhecimento e
autoafirmação.
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Língua Portuguesa
10. Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Agente Admi- 13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro -
nistrativo - Edital nº 2- Considerando a acentuação tônica, assinale RS - Controlador Interno- Considerando-se a concordância nominal,
as alternativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso. marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assi-
( ) As palavras “gramática” e “partir” são, respectivamente, nalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
proparoxítona e oxítona. ( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na
( ) “Nós” é uma palavra oxítona. minha vida.
( ) “César” não é proparoxítona, tampouco oxítona. ( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada?
( ) “Despretensiosamente” é uma palavra proparoxítona. ( ) É proibido a entrada de animais na praia.
( ) “Café” é uma palavra paroxítona. (A) C - E - C.
A sequência correta de cima para baixo é: (B) C - E - E.
(A) F, V, V, F, V. (C) E - E - C.
(B) V, V, F, V, F. (D) E - C - E.
(C) V, F, V, F, V.
(D) V, V, V, F, F. 14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
- Área Judiciária
11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-PB - Médico- Texto CB1A1-I O meu ofício
A história da saúde não é a história da medicina, pois apenas O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espe-
de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, e essa ro não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo que
porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordi-
três determinantes da saúde são o comportamento, o ambiente e a nariamente à vontade e me movo num elemento que tenho a im-
biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina centradas pressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumen-
no atendimento à saúde não permitem uma compreensão global tos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em
da melhoria da saúde humana. A história dessa melhoria é uma his- minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma língua
tória de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde huma- estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar
na estava totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
anos, até meados do século XVIII, a expectativa de vida dos seres conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e
humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava pa- surda como uma náusea dentro de mim.
ralisada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 que Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais
o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos correto, do qual os outros escritores se servem. Não me importa
alteraram esse contexto, provocando um aumento praticamente nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever
contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas detinham o re- histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob
corde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
japonesas que ocupavam o primeiro lugar, com uma duração média nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen-
de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as popula- sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo
ções dos países industrializados podem esperar viver atualmente ou furtadas aqui e ali.
ao menos 80 anos. Desde 1750, cada geração vive um pouco mais Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu
do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo. país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os
Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre
cada vez mais? os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que
Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
(com adaptações). máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto,
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul- um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi-
gue o item seguinte. lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta,
A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “au- atônita, estupefata.
mento” (nono período) prejudicaria a correção gramatical e o sen-
tido original do texto. (Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad.
( )CERTO Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, pas-
( )ERRADO sim)
12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textu- As normas de concordância verbal encontram-se plenamente
alidade é a coerência. Entre as frases abaixo, assinale aquela que se observadas em:
mostra coerente. (A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam
(A) Avise-me se você não receber esta carta. por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu.
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina. (B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
ocorreram. (C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros. cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito. (D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
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Língua Portuguesa
tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa. colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri- Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi-
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias. mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se-
melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria
15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre
Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente
acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está somem ou aparecem em uma cena.
corretamente substituído em: Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de
(A) inerentes à determinado momento perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à
(B) inerentes à regras de convivência nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modi-
(C) inerentes à regulamentos anteriores ficação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixa-
(D) inerentes à evidência de incorreções mente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir
à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos
16. Assinale a frase com desvio de regência verbal. da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem
(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas. notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecno- mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente
logia. entre uma olhada e outra.
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico. No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi-
cientista. derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam
o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.
17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de
nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas e (E) para as erradas, termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende
assinale a alternativa com a sequência certa considerando a obser- por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não
vância das normas da língua portuguesa: é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo
( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta. são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à
( ) Visitei a cidade onde você nasceu. nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in-
( ) É perigoso o local a que você se dirige. trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta
( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica,
milhões. porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece
(A) E – E – E – C os acidentes de trânsito.
(B) C – C – C – E Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do
(C) C – E – E – E texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes
(D) C – C – C – C centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam
sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro
18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Admi- passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria
nistrativo- A frase “ O estudante foi convidado para assistir os deba- vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As late-
tes políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua rais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não
portuguesa, um desvio de: tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no
(A) Concordância nominal. padrão esperado.
(B) Concordância verbal. O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
(C) Regência verbal. nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
(D) Regência nominal samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
19. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de aciden- armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
tes ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
Luciano Melo E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu car- do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
ro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará e, Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de
estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela acidentes de carro.
via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou-
tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr.
veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de 2019. (texto adaptado)
dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave
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Língua Portuguesa
No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a (A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ocorrência do acento grave é justificada ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver- de 2022)
bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
nome. No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um a frente nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportu-
nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um nidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos
verbo. eleitores.” Conforme se observa, na expressão em destaque, não há
(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, ocorrência da crase.
e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo. Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um (A) cara a cara; às ocultas; à procura.
nome. (B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
20. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital (D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
nº 006
A importância dos debates
É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham
dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte-
GABARITO
resse específico dos eleitores
O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite
1 C
(PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado
em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa de- 2 D
mocrática para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das 3 D
vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela
Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior de- 4 E
talhamento dos programas de governo dos dois candidatos mais 5 D
votados na primeira etapa. 6 A
Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao
Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rá- 7 D
dio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões 8 C
importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as
9 A
principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depen-
der acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise 10 D
das finanças públicas. 11 CERTO
Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir
no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos 12 B
candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro- 13 D
paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação 14 B
de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar-
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar 15 D
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As 16 B
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im-
17 D
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. 18 C
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público 19 D
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra-
20 D
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go-
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre-
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo
de interesse específico dos eleitores.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discus-
sões amplas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informa-
ções essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e
menos passionalismo.
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Raciocínio Lógico e Matemático
Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca hipó- Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:
teses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter conclu-
sões e, por fim, chegar a um resultado final. ^: e (aditivo) conjunção
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas estru- Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
turas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da lógica, Real”, posso escrever p ^ q.
para poder justamente determinar um modo, para que o caminho
traçado não seja o errado. Veremos que há diversas estruturas para v: ou (um ou outro) ou disjunção
isso, que se organizam de maneira matemática. p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
A estrutura mais importante são as proposições.
: “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo).
ou falsa. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Ex.: Carlos é professor.
¬ ou ~: negação
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ~p: Carlos não é professor
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. ->: implicação ou condicional (se… então…)
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, acompa- p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
nhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa frase seja
“Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a frase não é ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
uma proposição. p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não é o Real
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode ser
classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas in- Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas estru-
formações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Nestes turas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna mais
casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido ao seu natural decifrar esta simbologia.
caráter imperativo. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem pa-
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos per- recer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
mite deduzir diversas relações entre declarações, assim, iremos estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes encade- que tudo esteja extremamente estabelecido.
amentos.
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas 1 – Princípio da Identidade
(p.ex.: a, b, p, q, …) p=p
Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
(ou equivalente) a ela mesma.
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Raciocínio Lógico e Matemático
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Raciocínio Lógico e Matemático
Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas
proposições nossa tabela era composta por 4 linhas.
A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições.
Se tivéssemos a seguinte tabela verdade:
p q r p v q -> r
Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas.
Mais um exemplo:
p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V
Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logica-
mente equivalentes (iguais).
Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados
para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq.
p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F
Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q:
p q p->q
V V V
V F F
F V V
F F V
Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante.
Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações:
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Raciocínio Lógico e Matemático
(p^q) ->
p q p^q pvp p->q
pvq
V V V V V V
V F F V F V
F V F V V V
F F F F V V
O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na
análise da questão e com seu resultado prontamente obtido.
Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de Mor-
gan, que negam algumas relações. São elas:
– 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q)
– 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q)
Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a
moeda do Brasil não é o real
Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil
não é o Real.
Estas leis podem parecer abstratas mas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para
resolver diversas questões.
Quando uma expressão sempre apresenta a coluna resultado na tabela verdade como verdadeira, ela é chamada de tautologia. Na
mesma linha de pensamento, podemos denominar uma expressão como uma contradição quando sua tabela verdade sempre resulta em
falso. Por fim, são denominadas como contingência, as expressões que não são nem tautologias nem contradições, ou seja, que apresen-
tam tanto resultados verdadeiros quanto falsos.
Vejamos a seguinte tabela verdade:
Uma certa evolução de uma lógica sentencial é a lógica de primeira ordem ou lógica de predicados, onde além dos conectivos, estão
presente os quantificadores (com expressões como qualquer e algum, por exemplo)2.
Esta forma de raciocinar segue os mesmos preceitos que a lógica com conectivos (e, ou, ou exclusivo, implicação, …), tendo também
novos símbolos, que são:
67
Raciocínio Lógico e Matemático
O raciocínio verbal lida com problemas de lógica quase que to- RACIOCÍNIO ESPACIAL E TEMPORAL
talmente escritos, abordando geralmente a negação de certas fra-
ses que podem parecer óbvias mas que muitas vezes nos pregam Existem tipos de questões de lógica que envolvem situações
peças. específicas que necessitam de algo a mais para resolver do que so-
Podemos nos perguntar se a lógica, em geral, não é estabelecer mente as tabelas verdade. Um exemplo disso são questões envol-
símbolos para traduzir estas frases. Sim! A diferença é que negar vendo espaço (posição, fila e tamanho e etc.) e tempo (horas, dias,
certas frases podem fazer sentido verbalmente, mas devemos nos calendário e etc.).
ater a lógica em si e buscar então absorver isso ao nosso raciocínio. Não há uma forma de elaborar estratégias específicas para a
resolução de questões deste tipo, então iremos fornecer alguns
Uma importante ferramenta neste momento são as Leis de exemplos para inspirar quais análises podem ser feitas.
Morgan:
Exemplos:
1ª lei de Morgan 1 – Em um determinado ano, o mês de setembro teve 5 sába-
¬(p ∧ q) = (¬p) ∨ (¬q) dos e 5 domingos. Rodrigo faz aniversário no dia 1º de setembro.
Em qual dia da semana foi o seu aniversário esse ano?
2ª lei de Morgan
¬(p ∨ q) = (¬p) ∧ (¬q) Aqui, temos um exercício lidando com tempo. Neste caso, es-
tamos lidando com calendário, envolvendo dias de um mês. Numa
Exemplo: primeira vista, esta questão pode parecer muito difícil de resolver,
p: João dirige pois, aparentemente, há informações faltando. Mas vamos ver
q: a capital do mundo é Itapeva. como proceder na análise:
1º) Vamos nos atentar que setembro possui 30 dias;
p ∧ q: João dirige e a capital do mundo é Itapeva. 2º) Dessa forma, dividindo este valor por 7, descobrimos quan-
tas semanas há nesse mês: 30 : 7 = 4 (e sobra 2).
Vamos negar esta proposição. Num primeiro momento, pode- 3º) Assim, esse mês terá 4 semanas e mais dois dias.
mos estar inclinados a responder que a negativa seria João não diri- 4º) Se o mês começasse numa quinta-feira, teríamos então:
ge e a capital do mundo não é Itapeva. Mas a 1ª Lei de Morgan nos 4 domingos
sinaliza que está errado3. Devemos, negar as proposições simples e 4 segundas
trocar o nosso conectivo. Se estava e, agora precisa estar ou. 4 terças
Assim, a negação da frase seria: João não dirige ou a capital do 4 quartas
mundo não é Itapeva. Diferença sutil, mas muito importante. 4 quintas
5 sextas
5 sábados
3 Repare que as Leis de Morgan se tratam de equivalências lógicas.
Caso se interesse em ver essas igualdades, veja o tópico equivalências
lógicas.
73
68
Raciocínio Lógico e Matemático
5º) No exemplo acima, para dar 5 sextas e 5 sábados, o mês 3 – Ana, Bela, Carla e Dora estão sentadas em volta de uma
começou numa quinta. Assim, para termos 5 sábados e 5 domingos, mesa quadrada em cadeiras numeradas de 1 a 4, como mostra a
o mês deve começar numa sexta. figura a seguir:
6º) Como o aniversário de Rodrigo é no dia 1º de setembro,
então seu aniversário será numa sexta-feira
---
4º) O último ano bissexto foi em 2020, então o próximo será 3º) Ana e Dora estão nas cadeiras pares
em 2024. Nos anos bissextos, fevereiro ganha um dia a mais. Se Ana estiver na cadeira 2, temos a configuração:
5º) Temos então que de 2021 para 2024:
1 – Carla 2 – Ana 3 – Bela
2021 2022: +1 dia na semana 4 – Dora
2022 2023: +1 dia na semana
2023 2024: +2 dias na semana Se Ana estiver na cadeira na cadeira 4, temos a configuração
= +4 dias na semana
1 – Dora 2 – Bela 3 – Carla
6º) Como o dia 23 de outubro de 2021 caiu num sábado, o 4 – Ana
dia 23 de outubro de 2024 cairá 4 dias da semana depois, ou seja,
numa quarta. Mas essa opção não é possível, pois Ana e Dora estão nas pa-
res.
– Lembrando: calendário e horas Logo, estão sentadas Carla na cadeira 1, Ana na cadeira 2, Bela
Janeiro – 31 dias na cadeira 3 e Dora na cadeira 4.
Fevereiro – 28* dias
Março – 31 dias ---
Abril – 30 dias
Maio – 31 dias Vemos que cabe ao candidato uma certa criatividade aliada ao
Junho – 30 dias raciocínio para abordar as questões. Não há nada muito complexo,
Julho – 31 dias mas deve ser cuidadosamente vista para evitar deslizes e más in-
Agosto – 31 dias terpretações.
Setembro – 30 dias
Outubro – 31 dias LÓGICA SEQUENCIAL
Novembro – 30 dias
Dezembro – 31 dias A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
*Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos (múltiplos de 4 sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
como 2000, 2004, 2008, 2012, 2016, 2020, 2024, 2028, …) e nestes Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos arit-
anos fevereiro possui 29 dias. méticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de cer-
tas figuras).
1 dia = 24 horas Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver al-
1 hora = 60 minutos guns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver de-
1 minuto = 60 segundos mais questões.
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Raciocínio Lógico e Matemático
Exemplos:
1 – A sequência de números a seguir foi construída com um padrão lógico e é uma sequência ilimitada:
0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 40, …
A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74 e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?
6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
6 x 3 = 18 (20 até 25)
3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade representa a dezena que estamos começando a contar:
6x1 1 - 1 = 0 (0 até 5)
6x2 2 - 1 = 1 (10 até 15)
6x3 3 - 1 = 2 (20 até 25)
74 : 6 = 12 (sobra 2)
95 : 6 = 15 (sobra 5)
4; 7; 13; 25; 49
Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
termo será igual a?
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Raciocínio Lógico e Matemático
3 – Observe a sequência:
O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.
131 : 7 = 18 (sobra 5)
DIAGRAMAS LÓGICOS
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação em que esses diagramas poderão ser usados, será
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.
Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-se nesses
dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente carro ou ainda quantas
dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os motoristas de motos e motoristas
de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois completaremos os outros espaços.
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Raciocínio Lógico e Matemático
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Raciocínio Lógico e Matemático
gramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem matemática. Embora seja simples construir diagramas de Venn para
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre as dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los
zonas não apenas as que são “verdadeiras”. para um número maior. Algumas construções possíveis são devidas
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são larga- ao próprio John Venn e a outros matemáticos como Anthony W. F.
mente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no campo da Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além disso, encontram-
matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles também -se em uso outros diagramas similares aos de Venn, entre os quais
podem ser utilizados para representar relacionamentos complexos os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
com mais clareza, já que representa apenas as relações válidas. Em
estudos mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-se
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos para que se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B re-
possa deduzir uma conclusão. presenta os animais capazes de voar. A área onde os dois círculos
se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção A-B,
Diagramas de Venn conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em apenas duas pernas motoras.
matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas e
problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respetivos dia-
gramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elemen-
tos (por exemplo, 4 {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de con-
tinência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3} ⊂ {1, 2, Considere-se agora que cada espécie viva está representada
3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no espaço por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
interno da outra simbolizam conjuntos que possuem continência; os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que
ao passo que o ponto interno a uma curva representa um elemento não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas não
pertencente ao conjunto. podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur- representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os caná-
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re- rios, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, já que
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse bípede
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas é nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marcado por
que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com pontos fora dos dois círculos.
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra- distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada cír-
ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e culo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição), e
a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo ou
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escrever no outro):
uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) - Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem sobre-
uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um plano. posição).
C é uma família independente se a região formada por cada uma - Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem sobre-
das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o exterior posição).
de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas se inter- - Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
sectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada uma - Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pontos - fora).
de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn para
n conjuntos. Essas configurações são representadas, respectivamente, pelas
Nos casos mais simples, os diagramas são representados por operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença de B para
círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar de A e B. Cada
enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even- uma delas pode ser representada como as seguintes áreas (mais
tualmente, os círculos são representados como completamente escuras) no diagrama:
inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível). A
ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis Carroll.
Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais con-
juntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
representa sua união.
John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, ampliando
e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e Euler. E,
na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo escolar de
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Raciocínio Lógico e Matemático
Complementar de dois conjuntos: U \ (AB) Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções possíveis
entre A, B e C.
Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracterís-
ticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já os ani-
mais que voam e não possuem duas patas mais os que não voam e
possuem duas patas, seriam representados pela diferença simétrica
entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir,
que incluem também outros dois casos.
União de três conjuntos: ABC
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Raciocínio Lógico e Matemático
Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa.
(B U C) \ A
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
- Todo A é B
- Nenhum A é B 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos
- Algum A é B e somente a representação:
- Algum A não é B Todo A é B. É falsa.
Algum A é B. É falsa.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A é um Algum A não é B. É verdadeira.
subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B. Atenção:
dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo B é A. Enun- 3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as quatro
ciados da forma Nenhum A é B afirmam que os conjuntos A e B são representações possíveis:
disjuntos, isto é, não tem elementos em comum. Atenção: dizer que
Nenhum A é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um
elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando dizemos
que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B. Entretanto,
no sentido lógico de algum, está perfeitamente correto afirmar que
“alguns de meus colegas estão me elogiando”, mesmo que todos
eles estejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões são equi-
valentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o con-
Nenhum A é B. É falsa.
junto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e 2).
to B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B = Algum A
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (em 3
é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a Algum B não é
e 4) – é indeterminada.
A. Nas proposições categóricas, usam-se também as variações gra-
maticais dos verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ...,
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
como elo de ligação entre A e B.
representações possíveis:
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-versa).
Todo A é B. É falsa.
Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e 2 – é
Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das proposi- indeterminada).
ções categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B, Algum A é Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a verdade ou a 2 – é ideterminada).
falsidade de algumas ou de todas as outras.
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Raciocínio Lógico e Matemático
4 https://matematicario.com.br/ 5 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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Raciocínio Lógico e Matemático
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Raciocínio Lógico e Matemático
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que Divisão pelo número primo 7:
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
por 8 e:
528 = 8 · 66
— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número6. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são Divisão pelo número primo 11:
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Algumas considerações sobre os números primos:
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo; Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
que é par;
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os PORCENTAGEM
algarismos 1, 3, 7 e 9.
Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100, ou
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja seja, .
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que sig-
é par é divisível por 2; nifica dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada de
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma razão centesimal ou percentual7.
dos seus algarismos é um número divisível por 3; Saber calcular porcentagem é importante para resolver proble-
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o mas matemáticos, principalmente na matemática financeira para
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.
Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi- — Calculando Porcentagem de um Valor
sões com os próximos números primos menores que o número até Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
que: centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a se-
não é primo. guinte operação:
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
6 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/ 7 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
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Raciocínio Lógico e Matemático
2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela porcenta- Fator multiplicativo para desconto em um valor
gem que se quer descobrir. Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
multiplicativo envolve uma subtração.
2 x 20 = 40 Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40. Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria
que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria?
Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações equiva- 1º passo: encontrar a taxa de variação.
lentes
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.
Veja como encontrar a fração equivalente de . 2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.
Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Fator de multiplicação = 0,75.
JUROS
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Diferença entre Juros Simples e Compostos Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$
Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e consi- 25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?
dera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é feita Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no
em cima de valores já corrigidos. problema.
Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi C = R$ 1 000,00
corrigido. J = R$ 25,00
t = 1 mês
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou emprésti- i=?
mo a correção por juros compostos fará com que o valor final a ser
recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros simples. Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas, pode-
mos substituir na fórmula dos juros:
A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo sis- — Fórmula de Juros Compostos
tema de juros compostos. Os juros simples se restringem as opera- O montante capitalizado a juros compostos é encontrado apli-
ções de curto período. cando a seguinte fórmula:
C = 2 000
Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar i = 4% ou 0,04 ao trimestre
a seguinte expressão para o montante: t = 1 ano = 4 trimestres
M=?
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Raciocínio Lógico e Matemático
Razão9 nada mais é que o quociente entre dois números (quan- 2. A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro (ou
tidades, medidas, grandezas). para o segundo termo), assim como a soma dos dois últimos está
Sendo a e b dois números, chama-se razão de a para b: para o terceiro (ou para o quarto termo).
PROPORÇÃO
MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME,
Bem resumido, temos que proporção10 é uma igualdade entre
MASSA E TEMPO
duas razões.
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a jarda, a polegada e o pé.
No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atualmente ele é definido como o comprimento da distância percorrida pela
luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo.
Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro (hm) e decâmetro (dam)12.
Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são chamados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que tem
como referência o metro.
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias, resultam de uma divisão que tem igualmente como referência o metro. Eles
aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é a nossa medida base - o metro.
— Medidas de Capacidade
As medidas de capacidade representam as unidades usadas para definir o volume no interior de um recipiente13. A principal unidade
de medida da capacidade é o litro (L).
O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada ao
cubo, temos então a seguinte relação:
1 L = 1 dm³
Mudança de Unidades
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são seus
múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os submúltiplos.
Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-se ou
dividindo-se por 10.
Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, podemos utilizar a tabela abaixo:
Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgula três casa diminuindo o número.
b) 5 daL em dL
Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas vezes
por 10, ou seja, multiplicar por 100.
5 . 100 = 500 dL
c) 400 cL em L
Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:
400 : 100 = 4 L
12 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/
13 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/
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Raciocínio Lógico e Matemático
Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade de
um determinado corpo conhecendo seu volume.
A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³), sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúltiplos
(dm³, cm³ e mm³).
Em algumas situações é necessário transformar a unidade de medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou vice-
versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:
1 m³ = 1 000 L
1 dm³ = 1 L
1 cm³ = 1 mL
Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo retângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90 m de
largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em litros, é:
A) 0,81
B) 810
C) 3,2
D) 3200
Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso, devemos multiplicar suas dimensões:
V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³
Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer a seguinte regra de três:
Medidas de Massa
No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg)14. Um cilindro de platina e irídio é usado como o padrão
universal do quilograma.
As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e miligrama
(mg).
São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg.
Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das unidades de massa estão na tabela a seguir.
Além das unidades apresentadas existem outras como a tonelada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale a 1
000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para determinar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos. Uma
arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.
14 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-
se ou dividindo-se por 1015.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a tabela abaixo:
Exemplos:
a) Quantas gramas tem 1 kg?
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes.
1 kg → g
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g
— Medidas de Tempo
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de
medidas a unidades de tempo é o segundo (s)16.
O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer para passar de uma unidade para outra.
Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em décimos, centésimos ou milésimos de segundos.
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um atleta é medido com precisão de centésimos de segundo.
15 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
16 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/
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Raciocínio Lógico e Matemático
Instrumentos de Medidas
Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo foram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um objeto
para indicar as horas.
Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como os
pêndulos para indicar intervalos de tempo.
Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem
respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.
Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.
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Raciocínio Lógico e Matemático
Exemplos:
a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?
Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode
ser escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso
é o litro.
Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que
estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.
Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para
atrás do algarismo que está na casa do quilograma.
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Gráficos
Os gráficos são representações que facilitam a análise de dados, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza pes-
quisas estatísticas17. Eles trazem muito mais praticidade, principalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando são números
consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto temporal.
Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja, em
um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, devemos colocar nele somente o necessário.
As informações em um gráfico devem estar dispostas de maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo coeso
com a finalidade da pesquisa.”
Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas dimen-
sões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los. A seguir, listamos alguns.
• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta ou
relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das distribui-
ções desses dados.
Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. Nessa
coleta foi organizado o seguinte rol:
Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}
Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a quan-
tidade total de dados coletados.
• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
17 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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Raciocínio Lógico e Matemático
Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.
Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.
Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos da
empresa.
• Gráfico de Barras
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que deve
ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.
Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo analisar o percentual de determinada população que acesse ou tenha:
internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um gráfico como
este:
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Raciocínio Lógico e Matemático
• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em branco no gráfico de barra.
Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.
• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às frequên-
cias dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a área do setor circular.
Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando diferentes variáveis com frequências diversas para determinada gran-
deza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação em candidatos em uma eleição.
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Raciocínio Lógico e Matemático
• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)18.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.
• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.
18 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.
Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.
GEOMETRIA BÁSICA: ÂNGULOS, TRIÂNGULOS, POLÍGONOS, DISTÂNCIAS, PROPORCIONALIDADE, PERÍMETRO E ÁREA. PLA-
NO CARTESIANO: SISTEMA DE COORDENADAS, DISTÂNCIA
A geometria é uma área da matemática que estuda as formas geométricas desde comprimento, área e volume19. O vocábulo geome-
tria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron” (medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;
Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos sistemas
de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto e a reta.
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume, a
geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem volume e mais de uma dimensão.
— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)20.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:
— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é igual
ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²
19 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
20 https://bityli.com/BMvcWO
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Raciocínio Lógico e Matemático
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Raciocínio Lógico e Matemático
- h é altura.
— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.
Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:
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Raciocínio Lógico e Matemático
Fórmulas da Circunferência
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Raciocínio Lógico e Matemático
— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.
V+F=A+2
Fórmulas da Esfera
Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H
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Raciocínio Lógico e Matemático
Volume (V): V = . AB . h.
h² + r² = t²
h² + a² = g²
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Raciocínio Lógico e Matemático
Área da face: AF =
Área total: AT =
— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da
matemática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra
utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas
matemáticas.
QUESTÕES
Conhecer essa frente da matemática também é importante
para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em 1. PREFEITURA DE GUZOLÂNDIA/SP - ESCRITURÁRIO -
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x OMNI/2021
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo. Podemos definir um número primo, como um número natu-
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o ral, que é divisível por exatamente dois números naturais. Como os
conceito de ponto e reta. números racionais são números escritos como a fração entre dois
- Um ponto determina uma posição no espaço. números inteiros, assinale a opção CORRETA em relação aos núme-
- Uma reta é um conjunto de pontos. ros primos e racionais.
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões. (A) Os números primos não são racionais, já que não podemos
escrevê-los na forma de uma fração.
Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante (B) O único número primo e racional é o número 1.
para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas (C) Todos os números primos também são racionais.
também para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta (D) Não existe número primo que seja par.
e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano 2. PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - CARGOS DE NÍVEL FUNDA-
cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) MENTAL - FGV/2021
e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem Observe o exemplo seguinte.
o modelo A (xa,ya). O número 10 possui 4 divisores, pois os únicos números que
dividem 10 exatamente são: 1, 2, 5 e 10.
— Equação Fundamental da Reta O número de divisores de 48 é
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) (A) 6.
e tem coeficiente angular m é: (B) 7.
(C) 8.
y – y0 = m . (x – x0) (D) 9.
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta (E) 10.
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0. 3. PREFEITURA DE ITATIBA/SP - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁ-
SICA - AVANÇA SP/2020
No que se refere aos Conjuntos Numéricos, julgue os itens a
seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Reúnem diversos conjuntos cujos elementos são quase to-
dos números.
II – São formados por números naturais, inteiros, racionais, ir-
racionais e reais.
III – O ramo da Matemática que estuda os conjuntos numéricos
é a Teoria dos Sistemas.
(A) Apenas o item I é verdadeiro.
(B) Apenas o item II é verdadeiro.
(C) Apenas o item III é verdadeiro.
(D) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
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Raciocínio Lógico e Matemático
12. CREFONO - 1ª REGIÃO - AGENTE FISCAL - QUADRIX/2020 (C) Função de segundo grau, f(x) = 3,75x2 + 20
Com base nessa situação hipotética, julgue o item. (D) Função de primeiro grau, f(x) = 3,75x + 20
Supondo-se que um cachorro de pequeno porte precise de 600 (E) Função de segundo grau, f(x) = 4x + 3,75 + 20
mL de água por dia para se manter hidratado e que 1 g de água
ocupe o volume de 1 cm3, é correto afirmar que a quantidade de 18. PREFEITURA DE SANTO AUGUSTO/RS - AUDITOR FISCAL DE
água necessária para um cachorro de pequeno porte se manter hi- TRIBUTOS MUNICIPAIS - FUNDATEC/2020
dratado é superior a meio quilo. Considerando as seguintes frações: f(x) = 2x + 8 e g(x) = 3x – 2,
( ) CERTO assinale a alternativa que apresenta o resultado de f(6)/g(2).
( ) ERRADO (A) 3.
(B) 5.
13. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS - (C) 8.
VUNESP/2020 (D) 16.
A capacidade de uma caixa d´água é de 8,5 m³. Essa capacidade (E) 24.
em litros é de:
(A) 8,5. 19. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS -
(B) 85. VUNESP/2020
(C) 850. Paulo vai alugar um carro e pesquisou os preços em duas agên-
(D) 8500. cias. A tabela a seguir apresenta os valores cobrados para a locação
de um mesmo tipo de carro nessas duas agências.
14. COMUR DE NOVO HAMBURGO/RS - AGENTE DE ATENDI- Agência Taxa inicial Taxa por quilômetro rodado
MENTO E VENDAS - FUNDATEC/2021 Qual o resultado da equação I R$ 40,00 R$ 8,00
de primeiro grau 2x - 7 = 28 - 5x? II R$ 20,00 R$ 5,00
(A) 3. O valor do aluguel é calculado somando-se a taxa inicial com
(B) 5. o valor correspondente ao total de quilômetros rodados. Se Paulo
(C) 7. escolher a agência II e rodar 68 km, ele pagará pelo aluguel a quan-
(D) -4,6. tia de
(E) Não é possível resolver essa equação. (A) R$ 360,00.
(B) R$ 420,00.
15. PREFEITURA DE PEREIRAS/SP - ASSISTENTE SOCIAL - AVAN- (C) R$ 475,00.
ÇA SP/2021 (D) R$ 584,00.
Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto para a
seguinte equação de primeiro grau: 20. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VU-
x + 5 = 20 – 4x NESP/2022
(A) x = 1. Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada
(B) x = 2. em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37
(C) x = 3. cm, e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de
(D) x = 4. madeira triangular deve ser de:
(E) x = 5. (A) 81 cm.
(B) 82 cm.
16. PREFEITURA DE CERQUILHO/SP - PROFESSOR DE ENSINO (C) 83 cm.
FUNDAMENTAL II - METROCAPITAL SOLUÇÕES/2020 (D) 84 cm.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o resultado (E) 85 cm.
para a seguinte equação de primeiro grau:
13x - 23 -45 = -7x +12 21. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE ADMI-
(A) 2. NISTRATIVO - OBJETIVA/2022
(B) 3. Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de
(C) 4. 12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo-se
(D) 5. que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo, quan-
(E) 6. tos metros de cerca serão necessários?
(A) 18m
17. PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES/RS - PSICOPEDAGOGO - (B) 20m
OBJETIVA/2021 (C) 22m
Um posto de combustível está com promoção em prol de uma (D) 24m
entidade. Em dias normais, o litro da gasolina está R$ 4,00, mas, na
promoção, abastecendo o carro e doando o valor de R$ 20,00 para
uma entidade beneficente, o litro da gasolina sai por R$ 3,75. A pro-
moção feita pelo posto pode ser descrita por uma função. Como é
chamada essa função e como podemos escrevê-la?
(A) Função de primeiro grau, f(x) = 4x − 3,75x + 20
(B) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 − 3,75x + 20
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Raciocínio Lógico e Matemático
22. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - PEB II - AVANÇA 26. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - AUXILIAR ADMI-
SP/2022 NISTRATIVO - AVANÇA SP/2021
Raquel deseja comprar 15 litros de uma bebida vendida na se- Um pai e uma mãe, no dia do nascimento do seu filho, resol-
guinte embalagem: veram aplicar uma determinada quantia em um investimento. Esse
dinheiro será resgatado quando o filho fizer 18 anos. Considerando
que o valor aplicado foi de R$ 15.000,00 com taxa de juros simples
de 1,5 % ao mês, qual será o valor do resgate?
(A) R$ 48.600,00
(B) R$ 63.600,00
(C) R$ 78.600,00
(D) R$ 83.600,00
(E) R$ 98.600,00
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Raciocínio Lógico e Matemático
GABARITO
1 C
2 E
3 B
4 D
5 CERTO
6 D
7 B
8 D
9 C
10 D
11 D
12 CERTO
13 D
14 B
15 C
16 C
17 D
18 B
19 A
20 D
21 B
22 C
23 CERTO
24 B
25 B
26 B
27 C
28 C
29 A
30 C
106
106
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Fundamentos da Educação
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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Fundamentos da Educação
de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para Método de ensino - a ideia de “aprender fazendo” está sempre
o que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a
ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e re- descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução
capitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende de problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou no-
do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno possa vas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) partem sempre
responder às situações novas de forma semelhante às respostas da- de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
das em situações anteriores. desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do
trabalho em grupo não apenas como técnica, mas como condição
Avaliação - se dá por verificações de curto prazo (interrogató- básica do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método
rios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, ativo são:
trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas - Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um
baixas, apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classifica- interesse por si mesma;
ções). - O problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão;
- O aluno deve dispor de informações e instruções que lhe per-
Manifestações na prática escolar - a pedagogia liberal tradicio- mitam pesquisar a descoberta de soluções;
nal é viva e atuante em nossas escolas, predominante em nossa - Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas,
história educacional. com a ajuda discreta do professor;
- Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à pro-
Tendência Liberal Renovada va, a fim de determinar sua utilidade para a vida.
A Tendência Liberal Renovada acentua, igualmente, o sentido
da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. A edu- Relacionamento professor-aluno - não há lugar privilegiado
cação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento
A escola renovada propõe um ensino que valorize a autoeducação livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao
(o aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre raciocínio dela. A disciplina surge de uma tomada de consciência
o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que
é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se
A Tendência Liberal Renovada apresenta-se, entre nós, em garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispen-
duas versões distintas: sável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma
forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida
- a Renovada Progressivista, ou Pragmatista, principalmen- em sociedade.
te na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os
quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influ- Pressupostos de aprendizagem - a motivação depende da força
ência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); de estimulação do problema e das disposições internas e interesses
do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta,
- a Renovada Não Diretiva orientada para os objetivos de auto é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio esti-
realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpesso- mulador. É retido o que se incorpora à atividade do aluno pela des-
ais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. coberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura
cognitiva para ser empregado em novas situações.
Tendência Liberal Renovada Progressivista
Papel da escola - a finalidade da escola é adequar as necessi- Avaliação - é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e
dades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar os êxitos são prontos e explicitamente reconhecidos pelo professor.
de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe den-
tro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio Manifestações na prática escolar - os princípios da pedagogia
e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no progressivista vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos
comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que de licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência. Entre-
devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exi- tanto, sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de con-
gências sociais. À escola cabe suprir as experiências que permitam dições objetivas como também porque se choca com uma prática
ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstru- pedagógica basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados
ção do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indiví- em escolas particulares, como o método Montessori, o método dos
duo e estruturas do ambiente. centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey.
O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga acei-
Conteúdos de ensino - como o conhecimento resulta da ação a tação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência
partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são es- progressivista muitas das escolas denominadas “experimentais”,
tabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente as “escolas comunitárias” e mais remotamente (década de 60) a
a desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, “escola secundária moderna”, na versão difundida por Lauro de Oli-
muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do veira Lima.
que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender
a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do
saber do que o saber propriamente dito.
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Fundamentos da Educação
Tendência Liberal Renovada Não Diretiva cadores e professores, principalmente orientadores educacionais e
Papel da escola - formação de atitudes, razão pela qual deve psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento. Menos
estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na
os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um escola de Summerhill do educador inglês A. Neill.
clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma
adequação pessoal às solicitações do ambiente. Rogers2 considera Tendência Liberal Tecnicista
que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele A tendência Liberal Tecnicista subordina a educação à socieda-
os procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, de, tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão-
livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de -de-obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica es-
favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização tabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas,
pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus seme- a educação treina (também cientificamente) nos alunos os compor-
lhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao tamentos de ajustamento a essas metas.
de uma boa terapia. No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas
próprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa
Conteúdos de ensino - a ênfase que esta tendência põe nos pro- forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas
cessos de desenvolvimento das relações e da comunicação torna (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento
secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino ordenado de recursos, com base no conhecimento científico) é o
visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um óti-
mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis. mo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecno-
lógico por excelência.
Métodos de ensino - os métodos usuais são dispensados, pre- Ela “é encarada como um instrumento capaz de promover, sem
valecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da
desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da
alunos. Rogers explicita algumas das características do professor produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consci-
“facilitador”: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser con- ência política’ indispensável à manutenção do Estado autoritário”3.
fiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesen- Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia educa-
volvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno cional e da análise experimental do comportamento.
a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sen-
timentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. Assim, Papel da escola - a escola funciona como modeladora do com-
o objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor portamento humano, através de técnicas específicas. À educação
relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades,
pessoal. atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que
os indivíduos se integrem na máquina do sistema social global. Tal
Relacionamento professor-aluno - propõe uma educação cen- sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma
trada no aluno, visando formar sua personalidade através da vi- regularidade e as mesmas relações funcionais observáveis entre os
vência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver fenômenos da natureza), cientificamente descobertas. Basta aplicá-
características inerentes à sua natureza. O professor é um especia- -las. A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve
lista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento ser restrita aos especialistas; a “aplicação” é competência do pro-
pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de respeito e cesso educacional comum.
aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibido- A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vi-
ra da aprendizagem. gente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sis-
tema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de com-
Pressupostos de aprendizagem - a motivação resulta do desejo portamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse
de adequação pessoal na busca da auto realização; é, portanto, um imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado
ato interno. A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas,
sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas objetivas e rápidas.
pessoais, isto é, desenvolve a valorização do “eu”. Aprender, portan- A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise expe-
to, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se apren- rimental do comportamento garante a objetividade da prática es-
de o que estiver significativamente relacionado com essas percep- colar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam
ções. Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem
relação ao “eu”, ou seja, o que não está envolvido com o “eu” não é ou executam.
retido e nem transferido.
Conteúdos de ensino - são as informações, princípios científi-
Avaliação - perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a cos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequência lógica e
autoavaliação. psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é
redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos
Manifestações na prática escolar - o inspirador da pedagogia decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal
não diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que 3 KUENZER, Acácia A; MACHADO, Lucília R. S. “Pedagogia Tecnicista”, in
educador. Suas ideias influenciam um número expressivo de edu- Guiomar N. de MELLO (org.), Escola nova, tecnicismo e educação compensatória.
2 ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 1969 2012
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Fundamentos da Educação
de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de
nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dis- como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento
positivos audiovisuais etc. através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter.
Assim, os sistemas instrucionais visam ao controle do comporta-
Métodos de ensino - consistem nos procedimentos e técnicas mento individual face objetivos preestabelecidos.
necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no con-
assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira trole das condições que cercam o organismo que se comporta. O
tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia, é o estudo
instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado científico do comportamento: descobrir as leis naturais que presi-
pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacio- dem as reações físicas do organismo que aprende, a fim de aumen-
nal. tar o controle das variáveis que o afetam.
Os componentes da aprendizagem - motivação, retenção,
A Tecnologia Educacional é a “aplicação sistemática de princí- transferência - decorrem da aplicação do comportamento operan-
pios científicos comportamentais e tecnológicos a problemas edu- te. Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a
cacionais, em função de resultados efetivos, utilizando uma meto- estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem
dologia e abordagem sistêmica abrangente”4. com a resposta ou após a mesma: “Se a ocorrência de um (com-
portamento) operante é seguida pela apresentação de um estímulo
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) (reforçador), a probabilidade de reforçamento é aumentada”. Entre
possui três componentes básicos: objetivos instrucionais operacio- os autores que contribuem para os estudos de aprendizagem des-
nalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis, procedi- tacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager.
mentos instrucionais e avaliação.
Manifestações na prática escolar5 - a influência da pedagogia
As etapas básicas de um processo de ensino e de aprendizagem tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 50 (PABAEE - Programa
são: Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto
- Estabelecimento de comportamentos terminais, através de foi introduzida mais efetivamente no final dos anos 60 com o obje-
objetivos instrucionais; tivo de adequar o sistema educacional à orientação político-econô-
- Análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequen- mica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionaliza-
cialmente os passos da instrução; ção do sistema de produção capitalista.
- Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas Quando a orientação escolanovista cede lugar à tendência tec-
corretas correspondentes aos objetivos. nicista, pelo menos no nível de política oficial; os marcos de im-
plantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que
O essencial da tecnologia educacional é a programação por reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus.
passos sequenciais empregada na instrução programada, nas técni- A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios se-
cas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecno- guros de que os professores da escola pública tenham assimilado a
logia instrucional na escola pública aparece nas formas de: plane- pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação
jamento em moldes sistêmicos, concepção de aprendizagem como da metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos progra-
mudança de comportamento, operacionalização de objetivos, uso mados, procedimentos de avaliação etc.) não configura uma pos-
de procedimentos científicos (instrução programada, audiovisuais, tura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional continua
avaliação etc., inclusive a programação de livros didáticos). mais para uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos
assentados nas pedagogias tradicional e renovada.
Relacionamento professor-aluno - são relações estruturadas e
objetivas, com papéis bem definidos: o professor administra as con- Pedagogia Progressista
dições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucio- “Formulação de inspiração marxista que influenciou diversos
nal eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o pedagogos brasileiros em fins de 1970. Trabalha com a educação na
aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas perspectiva da luta de classes, ou seja, a escola pode e deve servir
um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe na luta contra o sistema capitalista, visando a construção do socia-
empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo lismo. Dessa forma, sua metodologia tem inspiração na teoria do
responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. conhecimento marxista, pela dialética materialista, pelo movimen-
Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação to de continuidade e ruptura.
professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de Na sala de aula, parte-se da necessidade e aspirações dos es-
garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, dis- tudantes, com seu cotidiano, com o objetivo de estimular rupturas,
cussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco sair do imediato e chegar ao teórico e abstrato. Depois desse mo-
importam as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no vimento, espera-se um retorno ao real com uma nova visão que
processo de ensino e de aprendizagem. possibilite uma nova ação sobre ele.
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Fundamentos da Educação
Foi proposta pelo educador francês Georges Snyders6 em pelo questiona concretamente a realidade das relações do homem com
menos quatro de suas obras: Pedagogia progressista, Para onde a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação
vão as pedagogias não-diretivas? Alegria na escola e Alunos felizes. - daí ser uma educação crítica.
Opõe-se ao ensino tecnicista, de linha autoritária, adotado por Conteúdos de ensino - denominados “temas geradores”, são
volta de 1970, em que professores e alunos executam projetos ela- extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
borados em gabinetes e desvinculados do contexto social e político. Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada
Ou seja, a pedagogia progressista procura formar cidadãos cons- grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda
cientes e participativos na vida da sociedade, que leve o aluno a que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se
refletir, a desenvolver o espírito crítico e criativo e a relacionar o parte. O importante não é a transmissão de conteúdos específicos,
aprendizado a seu contexto social.”7 mas despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida.
A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é consi-
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendên- derada como “invasão cultural” ou “depósito de informação” por-
cias: que não emerge do saber popular. Se forem necessários textos de
- A libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios educandos com a
Freire; orientação do educador.
- A libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagó- Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia li-
gica; bertadora Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter essencialmen-
- A crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das ante- te político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras,
riores, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as impede que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas
realidades sociais. instituições oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí por-
que sua atuação se dê mais a nível da educação extraescolar. O que
As versões libertadora e libertária têm em comum o antiauto- não tem impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam
ritarismo, a valorização da experiência vivida como base da rela- adotados e aplicados por numerosos professores.
ção educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso,
dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação Métodos de ensino - “Para ser um ato de conhecimento o pro-
em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de cesso de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e
ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz senti- educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os
do numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo obje-
modalidades de educação popular “não-formal”. to a ser conhecido” (...) “O diálogo engaja ativamente a ambos os
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-edu-
uma síntese superadora das pedagogias tradicional e renovada, cador”.
valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o “grupo de dis-
concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o cussão a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteú-
social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteú- do e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por
dos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido princípio, deve descer ao nível dos alunos, adaptando-se às suas ca-
num contexto de relações sociais); dessa articulação resulta o saber racterísticas ao desenvolvimento próprio de cada grupo. Deve cami-
criticamente reelaborado. nhar ‘junto’, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte,
quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada.
Tendência Progressista Libertadora8
Papel da escola - não é próprio da pedagogia libertadora fa- Os passos da aprendizagem - codificação-decodificação, e pro-
lar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação “não-formal”. blematização da situação - permitirão aos educandos um esforço
Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar de compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de
vêm adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se conhecimento e sua realidade, sempre através da troca de experi-
fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde pro- ência em torno da prática social. Se nisso consiste o conteúdo do
fessores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da trabalho educativo, dispensam um programa previamente estrutu-
qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de rado, trabalhos escritos, aulas expositivas assim como qualquer tipo
consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num de verificação direta da aprendizagem, formas essas próprias da
sentido de transformação social. “educação bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto admi-
Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” - que te-se a avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos
visa apenas depositar informações sobre o aluno, quanto a educa- no processo de grupo e, às vezes, a auto avaliação feita em termos
ção renovada - que pretenderia uma libertação psicológica individu- dos compromissos assumidos com a prática social.
al - são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a
realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, Relacionamento professor-aluno - no diálogo, como método
6 SNYDERS, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 1974. básico, a relação é horizontal, onde educador e educandos se po-
7 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete peda- sicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom
gogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que a re-
Paulo: Midiamix, 2001. http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/ lação pedagógica perde consistência. Elimina-se, por pressuposto,
8 FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade; Pedagogia do Oprimido e toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho
Extensão ou Comunicação?, 1978. de conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de
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Fundamentos da Educação
uma “não diretividade”, mas não no sentido do professor que se Conteúdos de ensino - as matérias são colocadas à disposição
ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para as- do aluno, mas não são exigidas. São um instrumento a mais, porque
segurar ao grupo um espaço humano para “dizer sua palavra” para importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas
se exprimir sem se neutralizar. pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participa-
ção crítica. “Conhecimento” aqui não é a investigação cognitiva do
Pressupostos de aprendizagem - a própria designação de “edu- real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas
cação problematizadora” como correlata de educação libertadora a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida
revela a força motivadora da aprendizagem. A motivação se dá a social. Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam
partir da codificação de uma situação-problema, da qual se toma de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são,
distância para analisá-la criticamente. “Esta análise envolve o exer- necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo.
cício da abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio
de representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos”. Método de ensino - é na vivência grupal, na forma de autoges-
Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, tão, que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias
isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem
resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. O que é apren- qualquer forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos
dido não decorre de uma imposição ou memorização, mas do nível tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a orga-
crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de com- nização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos
preensão, reflexão e crítica. O que o educando transfere, em termos programas e a decisão dos exames que não dependem nem dos
de conhecimento, é o que foi incorporado como resposta às situa- docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm liberdade de trabalhar
ções de opressão - ou seja, seu engajamento na militância política. ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas ne-
cessidades ou das do grupo.
Manifestações na prática escolar - a pedagogia libertadora tem
como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas O progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora
ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois do grupo, se dá num “crescendo”: primeiramente a oportunidade
na África. Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos de contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em se-
movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde guida, o grupo começa a se organizar, de modo que todos possam
com a maior parte das experiências do que se denomina “educação participar de discussões, cooperativas, assembleias, isto é, diversas
popular”. Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não formas de participação e expressão pela palavra; quem quiser fa-
somente no nível da prática popular, mas também por meio de pu- zer outra coisa, ou entra em acordo com o grupo, ou se retira. No
blicações, com relativa independência em relação às ideias originais terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, fi-
da pedagogia libertadora. Embora as formulações teóricas de Paulo nalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.
Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular
em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática Relação professor-aluno - a pedagogia institucional visa “em
em todos os graus de ensino formal. primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no sentido
da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e
Tendência Progressista Libertária9 a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e amea-
Papel da escola - a pedagogia libertária espera que a escola ças”. Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada
exerça uma transformação na personalidade dos alunos num senti- impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor
do libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modifica- suas concepções e ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O
ções institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo
vão “contaminando” todo o sistema. A escola instituirá, com base para uma reflexão em comum.
na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (as- Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em
sembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal relação aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder
forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições “externas”, uma pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liber-
leve para lá tudo o que aprendeu. dade de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resol-
Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata a pri- ve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo
meira, é - aproveitando a margem de liberdade do sistema - criar tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão;
grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (as- quando o professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio
sociações, grupos informais, escolas autogestionários). Há, portan- tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma aju-
to, um sentido expressamente político, à medida que se afirma o in- da para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No
divíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual mais, ao professor cabe a função de “conselheiro” e, outras vezes,
somente se realiza no coletivo. de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum momento
A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto esses papéis do professor se confundem com o de “modelo”, pois
o objetivo pedagógico quanto o político. A pedagogia libertária, na a pedagogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autori-
sua modalidade mais conhecida entre nós, a “pedagogia institu- dade.
cional”, pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia
como instrumento da ação dominadora do Estado, que tudo con- Pressupostos de aprendizagem - as formas burocráticas das ins-
trola (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia. tituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprome-
9 LOBROT, Michel. Pedagogia instotucional, la escuela hacia la autogestión. tem o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via
1999. grupo, e a negação de toda forma de repressão visam favorecer o
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Fundamentos da Educação
desenvolvimento de pessoas mais livres. A motivação está, portan- Conteúdos de ensino - são os conteúdos culturais universais
to, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que se constituíram em domínios de conhecimento relativamente
que o grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de autônomos, incorporados pela humanidade, mas permanentemen-
suas aspirações e necessidades. te reavaliados face às realidades sociais. Embora se aceite que os
Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável conteúdos são realidades exteriores ao aluno, que devem ser assi-
em situações novas. Assim, o critério de relevância do saber siste- milados e não simplesmente reinventados eles não são fechados e
matizado é seu possível uso prático. Por isso mesmo, não faz senti- refratários às realidades sociais. Não basta que os conteúdos sejam
do qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em apenas ensinados, ainda que bem ensinados, é preciso que se li-
termos de conteúdo. guem, de forma indissociável, à sua significação humana e social.
Essa maneira de conceber os conteúdos do saber não estabele-
Outras tendências pedagógicas correlatas - a pedagogia liber- ce oposição entre cultura erudita e cultura popular, ou espontânea,
tária abrange quase todas as tendências antiautoritárias em edu- mas uma relação de continuidade em que, progressivamente, se
cação, entre elas, a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e passa da experiência imediata e desorganizada ao conhecimento
também a dos professores progressistas. Embora Neill e Rogers sistematematizado. Não que a primeira apreensão da realidade seja
não possam ser considerados progressistas (conforme entendemos errada, mas é necessária a ascensão a uma forma de elaboração
aqui), não deixam de influenciar alguns libertários, como Lobrot. superior, conseguida pelo próprio aluno, com a intervenção do pro-
Entre os estrangeiros devemos citar Vasquez y Oury entre os mais fessor.
recentes, Ferrer y Guardia entre os mais antigos. Particularmente
significativo é o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estu- A postura da pedagogia “dos conteúdos” - ao admitir um co-
dado entre nós, existindo inclusive algumas escolas aplicando seu nhecimento relativamente autônomo - assume o saber como tendo
método. um conteúdo relativamente objetivo, mas, ao mesmo tempo, intro-
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária po- duz a possibilidade de uma reavaliação crítica frente a esse conte-
de-se citar Maurício Tragtenberg, apesar da tônica de seus traba- údo. Como sintetiza Snyders, ao mencionar o papel do professor,
lhos não ser propriamente pedagógica, mas de crítica das institui- trata-se, de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos,
ções em favor de um projeto autogestionário. ligando-os com a experiência concreta dele - a continuidade; mas,
de outro, de proporcionar elementos de análise crítica que ajudem
Tendência Progressista “Crítico Social dos Conteúdos”10 o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões di-
Papel da escola - a difusão de conteúdos é a tarefa primordial. fusas da ideologia dominante - é a ruptura.
Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indisso- Dessas considerações resulta claro que se pode ir do saber ao
ciáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instru- engajamento político, mas não o inverso, sob o risco de se afetar a
mento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta própria especificidade do saber e até cair-se numa forma de peda-
aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir gogia ideológica, que é o que se critica na pedagogia tradicional e
para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. na pedagogia nova.
Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é
também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que de- Métodos de ensino - a questão dos métodos se subordina à dos
fine uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes conteúdos: se o objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um
histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos fa-
passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das voreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos
condições existentes. alunos, e que estes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio ao
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses po- seu esforço de compreensão da realidade (prática social). Assim,
pulares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação nem se trata dos métodos dogmáticos de transmissão do saber da
dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida pedagogia tradicional, nem da sua substituição pela descoberta, in-
dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é “uma atividade vestigação ou livre expressão das opiniões, como se o saber pudesse
mediadora no seio da prática social global”, ou seja, uma das me- ser inventado pela criança, na concepção da pedagogia renovada.
diações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua
própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos
confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais or- não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de
ganizada e unificada. fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com
Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do alu- a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora.
no para, o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um O trabalho docente relaciona a prática vivida pelos alunos com os
instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socializa- conteúdos propostos pelo professor, momento em que se dará a
ção, para uma participação organizada e ativa na democratização “ruptura” em relação à experiência pouco elaborada. Tal ruptura
da sociedade. apenas é possível com a introdução explícita, pelo professor, dos
elementos novos de análise a serem aplicados criticamente à prá-
tica do aluno.
Em outras palavras, uma aula começa pela constatação da
10 SAVIANI, Dermeval, Educação: do senso comum à consciência filosófica. prática real, havendo, em seguida, a consciência dessa prática no
2013. sentido de referi-la aos termos do conteúdo proposto, na forma de
MELLO, Guiomar N de, Magistério de 1° grau. 1982. um confronto entre a experiência e a explicação do professor. Vale
CURY, Carlos R. J. Educação e contradição: elementos. 1985.
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Fundamentos da Educação
dizer: vai-se da ação à compreensão e da compreensão à ação, até Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avalia-
a síntese, o que não é outra coisa senão a unidade entre a teoria e do, não como julgamento definitivo e dogmático do professor, mas
a prática. como uma comprovação para o aluno de seu progresso em direção
a noções mais sistematizadas.
Relação professor-aluno - se o conhecimento resulta de trocas
que se estabelecem na interação entre o meio (natural, social, cul- Manifestações na prática escolar11 - o esforço de elaboração de
tural) e o sujeito, sendo o professor o mediador, então a relação pe- uma pedagogia “dos conteúdos” está em propor modelos de ensino
dagógica consiste no provimento das condições em que professores voltados para a interação conteúdos-realidades sociais; portanto,
e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O pa- visando avançar em termos de uma articulação do político e do
pel do adulto é insubstituível, mas acentua-se também a participa- pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja, a educação “a
ção do aluno no processo. Ou seja, o aluno, com sua experiência serviço da transformação das relações de produção”. Ainda que a
imediata num contexto cultural, participa na busca da verdade, ao curto prazo se espere do professor maior conhecimento dos conte-
confrontá-la com os conteúdos e modelos expressos pelo professor. údos de sua matéria e o domínio de formas de transmissão, a fim
Mas esse esforço do professor em orientar, em abrir perspec- de garantir maior competência técnica, sua contribuição “será tanto
tivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com o estilo mais eficaz quanto mais seja capaz de compreender os vínculos de
de vida dos alunos, tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua prática com a prática social global”, tendo em vista (...) “a de-
sua própria cultura e a do aluno. Não se contentará, entretanto, em mocratização da sociedade brasileira, o atendimento aos interesses
satisfazer apenas as necessidades e carências; buscará despertar das camadas populares, a transformação estrutural da sociedade
outras necessidades, acelerar e disciplinar os métodos de estudo, brasileira”.
exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis
com suas experiências vividas, para que o aluno se mobilize para Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/9612
uma participação ativa. Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.
Evidentemente o papel de mediação exercido em torno da aná- º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon.
lise dos conteúdos exclui a não diretividade como forma de orienta- Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem
ção do trabalho escolar, por que o diálogo adulto-aluno é desigual. interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado
O adulto tem mais experiência acerca das realidades sociais, dispõe da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com
de uma formação (ao menos deve dispor) para ensinar, possui co- Aranha13, o conhecimento não está, então, no sujeito, como que-
nhecimentos e a ele cabe fazer a análise dos conteúdos em confron- riam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas
to com as realidades sociais. resulta da interação entre ambos.
A não diretividade abandona os alunos a seus próprios dese-
jos, como se eles tivessem uma tendência espontânea a alcançar Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa pers-
os objetivos esperados da educação. Sabemos que as tendências pectiva interacionista, a leitura como processo permite a possibi-
espontâneas e naturais não são “naturais”, antes são tributárias das lidade de negociação de sentidos em sala de aula. O processo de
condições de vida e do meio. Não são suficientes o amor, a acei- leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up,
tação, para que os filhos dos trabalhadores adquiram o desejo de como queriam os empiristas, nem no receptor, descendente, top-
estudar mais, de progredir: é necessária a intervenção do professor -down, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja,
para levar o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a ir mais lon- a partir de uma negociação de sentido entre enunciador e receptor.
ge, a prolongar a experiência vivida. Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é retirado da sua
condição de mero objeto do sentido do texto, de alguém que esta-
Pressupostos de aprendizagem - por um esforço próprio, o alu- va ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente,
no se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados no ensino da leitura.
pelo professor; assim, pode ampliar sua própria experiência. O co-
nhecimento novo se apoia numa estrutura cognitiva já existente, As ideias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da
ou o professor provê a estrutura de que o aluno ainda não dispõe. concepção que considera a linguagem como forma de atuação so-
O grau de envolvimento na aprendizagem dependa tanto da pron- bre o homem e o mundo e das modernas teorias sobre os estudos
tidão e disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da do texto, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Semân-
sala de aula. tica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.
Aprender, dentro da visão da pedagogia dos conteúdos, é de-
senvolver a capacidade de processar informações e lidar com os De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo,
estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da expe- deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradi-
riência. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem cional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca
significativa que supõe, como passo inicial, verificar aquilo que o assumiram compromisso com as transformações da sociedade, em-
aluno já sabe. O professor precisa saber (compreender) o que os
alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que o pro- 11 SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 1983.
fessor procura dizer-lhes. A transferência da aprendizagem se dá a 12 SILVA, Delcio Barros da. As Principais Tendências Pedagógicas na Prática
partir do momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua Escolar Brasileira e seus Pressupostos de Aprendizagem.
visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola,
1990.
13 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora
Moderna, 1998.
109
Fundamentos da Educação
bora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. No ensino da língua, predominaram os métodos
de base ora empirista, ora inatista, com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do estruturalismo e do
gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.
Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista. De base
empirista (Paulo Freire se proclamava um deles) e marxista (com as ideias de Gramsci), essas tendências, no ensino da língua, valorizam
o texto produzido pelo aluno, a partir do seu conhecimento de mundo, assim como a possibilidade de negociação de sentido na leitura.
A partir da LDB 9.394/96, principalmente com a difusão das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa perspectiva socio-histórica,
essas teorias buscam uma aproximação com modernas correntes do ensino da língua que consideram a linguagem como forma de atuação
sobre o homem e o mundo, ou seja, como processo de interação verbal, que constitui a sua realidade fundamental.
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Fundamentos da Educação
Também Lobrot, C.
Transforma-
É não diretiva, prima pela valori- Freinet, Miguel
Tendência ção da personali- As matérias Vivência
o professor é zação da vivência Gonzales, Vas-
Progressista dade num sentido são colocadas, grupal na forma
orientador e os cotidiana. Apren- quez, Oury, Mau-
Libertária libertário e auto- mas não exigidas. de autogestão.
alunos livres. dizagem informal rício Tragtenberg,
gestionário.
via grupo. Ferrer y Guardia.
Conteúdos O método
Tendência Papel do aluno Makarenko,
culturais uni- parte de uma Baseadas
Progressista como participador B. Charlot,
versais que são relação direta da nas estruturas
“Crítico-social Difusão dos e do professor Suchodolski,
incorporados experiência do cognitivas já
dos conteúdos conteúdos. como mediador Manacorda, G.
pela humanidade aluno confronta- estruturadas nos
ou histórico-crí- entre o saber e o Snyders Demer-
frente à realidade da com o saber alunos.
tica” aluno. val Saviani.
social. sistematizado.
14 GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes - Centro de Estudos Afro-Asiáti-
cos, 2001.
15 GOMES. Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil. Uma breve discussão. S.D.
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Fundamentos da Educação
e raça no contexto da ambiguidade do racismo brasileiro e da cres- cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades, que
cente desigualdade social. Por fim, raça e etnia são expressões que proporciona diariamente as contribuições histórico-culturais dos
se fundem no contexto social, visto que ambos os termos são carre- povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de
gados de significações e podem determinar o pensamento, atitude raiz africana e europeia. É preciso ter clareza que o artigo 26-A
e a forma de ser e pensar no mundo que o cercam. acrescido à Lei 9.394/1996 provoca a inclusão de novos conteúdos,
exige que se repensem relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas,
A Distinção entre Preconceito - Discriminação - Racismo procedimentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem,
Existe muito preconceito, racismo e discriminação no contexto objetivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas.
educacional e este é um grande problema de todos nós. Vamos es-
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
clarecer um pouco sobre cada conceito:
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena.
- Preconceito: é uma opinião que formamos das pessoas antes
de conhecê-las. É um julgamento apressado e superficial e muito § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
perigoso, pois ao invés de melhorar a nossa vida e da sociedade, incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam
acaba trazendo muitas situações complicadas e até mesmo violen- a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos
tas. étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos,
- Racismo: as pessoas que não conseguem deixar de ser pre- a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
conceituosas podem vir a se tornar racistas. Um racista acredita e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
que existe raças superiores às outras, o que é grande tolice, pois nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
na espécie humana, não podemos dizer que existam raças; a cor econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
da pele, a forma do nariz, o tipo do cabelo, o tipo do sangue, o § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira
formato e cor dos olhos, a espessura dos lábios, não são suficientes e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito
para estabelecer diferentes tipos de raças entre os seres humanos, de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
que biologicamente são iguais em quase tudo , restando pequenas artística e de literatura e história brasileiras.
diferenças externas pouco importantes e que não servem para fazer
com que uns sejam superiores ou inferiores aos outros e vice versa. Em relação a autonomia dos estabelecimentos de ensino para
- Discriminação: a pessoa que faz isso, geralmente, quer valo- compor os projetos pedagógicos, permite que se valham da cola-
rizar a si próprio e diminuir os demais mesmo “de brincadeira”. É boração das comunidades a que a escola serve, do apoio direto
insegura porque não tem capacidade de conviver com os outros e ou indireto de profissionais e do Movimento Negro, com os quais
aceitar as diferenças naturais entre os seres humanos. Os precon- estabelecerão canais de comunicação e encontrarão formas pró-
ceituosos e racistas têm dificuldades em aceitar e conviver com a prias de incluir nas vivências promovidas pela escola, inclusive em
diferença e. às vezes, suas atitudes chegam ao delírio e como são conteúdos de disciplinas, as temáticas em questão. E caberá, aos
medrosos e inseguros, projetam sobre os outros que são inferiores sistemas de ensino, às mantenedoras, à coordenação pedagógica e
a eles e que não podem ter os mesmos direitos - quando os racistas aos professores, estabelecer conteúdos de ensino, unidades de es-
e preconceituosos agem dessa maneira estão tratando os que eles tudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componen-
julgam como inferiores a ele de maneira discriminatória. Discrimi- tes curriculares. E aos administradores dos sistemas de ensino e das
nação é portanto tratar os outros com inferioridade, se julgando mantenedoras caberá material bibliográfico e materiais didáticos,
superior. além de acompanhar os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar
que questões tão complexas, muito pouco tratadas, tanto na for-
Educação nas relações étnico-raciais - Obrigatoriedade do En- mação inicial como continuada de professores, sejam abordadas de
sino de História e Cultura Afro-Brasileiras - Determinações16 maneira resumida, incompleta, com erros. Em outras palavras, aos
A obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasilei- estabelecimentos de ensino está sendo atribuída responsabilidade
ra e Africana nos currículos da educação básica trata-se de questão de acabar com o modo falso e reduzido de tratar a contribuição dos
política, com repercussões pedagógicas, inclusive na formação de africanos escravizados e de seus descendentes para a construção da
professores. Com esta medida, reconhece-se que, além de garantir nação brasileira, e de fiscalizar para que os alunos negros deixem
vagas para negros nos bancos escolares, é preciso valorizar devida- de sofrer os primeiros e continuados atos de racismo de que são
mente a história e cultura de seu povo, buscando reparar danos, vítimas, e assumir estas responsabilidades implica compromisso
que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. com o entorno sociocultural da escola, da comunidade onde esta
A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cul- se encontra e a que serve, compromisso com a formação de cida-
tura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, dãos atuantes e democráticos, capazes de compreender as relações
ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem sociais e étnico-raciais de que participam e ajudam a manter e/ou
educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade a reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações a
multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação demo- partir de diferentes perspectivas, de desempenhar-se em áreas de
crática. competências que lhes permitam continuar e aprofundar estudos
É importante destacar que não se trata de mudar um foco em diferentes níveis de formação.
etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, O Brasil, país multiétnico e pluricultural, de organizações esco-
mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade lares em que todos se vejam incluídos, em que lhes seja garantido o
cultural, racial, social e econômica brasileira. E nesta perspectiva, direito de aprender e de ampliar conhecimentos, sem ser obrigados
16 Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais a negar a si mesmos, ao grupo étnico racial a que pertencem e a
e para o ensino da história afrobrasileira e africana. Brasília: SECAD/ME, 2004.
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Fundamentos da Educação
adotar costumes, ideias e comportamentos que lhes são adversos. Diversidade étnico racial como princípio da lei de Diretrizes e
E estes, certamente, serão indicadores da qualidade da educação Bases da Educação Nacional
que estará sendo oferecida pelos estabelecimentos de ensino de A questão diversidade é muito ampla e estudos sobre o referido
diferentes níveis. tema vão desde conceitos, às questões de raça, etnia e gênero, até
Para conduzir suas ações, os sistemas de ensino, os estabeleci- as mais abrangentes pelo fato de se considerar a diversidade como
mentos e os professores terão como referência, entre outros perti- diferença individual entre os indivíduos.
nentes às bases filosóficas e pedagógicas que assumem, os princí- Diversidade étnico racial:
pios a seguir explicitados. É a união de vários povos numa mesma sociedade. Etnia
O sucesso das políticas públicas de Estado, institucionais e pe- é um grupo de indivíduos que possuem afinidades de origem,
dagógicas, visando a reparações, reconhecimento e valorização da história, idioma religião e cultura, independente do país em que se
identidade, da cultura e da história dos negros brasileiros depen- encontrem.
de necessariamente de condições físicas, materiais, intelectuais e O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua popula-
afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens e em outras ção é composta da miscigenação de vários povos que juntos forma-
palavras, todos os alunos e os professores, precisam sentir-se va- ram uma nova identidade cultural. De acordo com o último censo, a
lorizados e apoiados. Depende também, de maneira decisiva, da população negra conta com percentual de 54% que auto classificam
reeducação das relações entre negros e brancos, o que aqui esta- como negros.
mos designando como relações étnico-raciais. Depende do trabalho A diversidade étnico-racial, é considerada como princípio de en-
conjunto, de articulação entre processos educativos escolares, po- sino com a entrada em vigor da Lei nº 12.796/1317, que alterou a Lei
líticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e tornou obrigatório o
culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se ensino de história e cultura afro-brasileiras nos estabelecimentos
limitam à escola. de ensinos fundamental e médio, oficiais e particulares. Conforme
Se não é fácil ser descendente de seres humanos escravizados consta:
e forçados à condição de objetos utilitários ou a semoventes, tam- Artigo 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
bém é difícil descobrir-se descendente dos escravizadores, temer, cípios:
embora veladamente, revanche dos que, por cinco séculos, têm
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
sido desprezados e massacrados.
Para reeducar as relações étnico-raciais, no Brasil, é necessário
A reflexão sobre o lugar das tradições africanas no redesenho
fazer emergir as dores e medos que têm sido gerados. É preciso
cultural da escola brasileira incentiva professores e professoras a
entender que o sucesso de uns tem o preço da marginalização e
relacionarem-se com o mundo de possibilidades que a sociabilida-
da desigualdade impostas a outros. E então decidir que sociedade
de negra criou, para além das referências e práticas eurocêntricas,
queremos construir daqui para frente.
cujas reiteração e reprodução na escola brasileira ainda fazem desta
Como bem salientou Frantz Fanon, os descendentes dos merca-
mais um problema do que uma solução para os desafios de nossa
dores de escravos, dos senhores de ontem, não têm, hoje, de assu-
sociedade. E essa posição adotada pelo Estado representa uma das
mir culpa pelas desumanidades provocadas por seus antepassados.
grandes inovações em relação à educação das relações étnico-ra-
No entanto, têm eles a responsabilidade moral e política de com-
ciais, representando novas posições a serem adotadas pela estru-
bater o racismo, as discriminações e, juntamente com os que vêm
tura da educação brasileira. Portanto, a diversidade étnico-racial na
sendo mantidos à margem, os negros, construir relações raciais e
condição de princípio do ensino vem afirmar, que deverá constar
sociais sadias, em que todos cresçam e se realizem enquanto seres
em todos os níveis do ensino, inclusive na estrutura da Educação
humanos e cidadãos. Não fossem por estas razões, eles a teriam de
brasileira.
assumir, pelo fato de usufruírem do muito que o trabalho escravo
A cultura afro-brasileira já estava consagrada na Constituição
possibilitou ao país.
Federal, agora como princípio geral do ensino, revela a importância
Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe
dada ao tema, representa que nos diversos níveis da Educação há
aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos,
de ser realizada inclusive nas áreas representadas pelas atividades-
quebra de desconfianças, projeto conjunto para construção de uma
-fim como de controle governamental e meio, nas formações inicial
sociedade justa, igual, equânime. Para combater o racismo, tem
e continuada dos profissionais da Educação. Perceber a diversidade
como objetivo o trabalho pelo fim da desigualdade social e racial,
étnico-racial como princípio proporcionará uma nova dimensão das
empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas
interpretações e valorização da identidade cultural, necessariamen-
exclusivas da escola. As formas de discriminação de qualquer natu-
te quando aliada ao propósito da desconstrução do racismo.
reza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as desi-
Esse reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, ci-
gualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por
vis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade
ali. Para que as instituições de ensino desempenhem a contento o
daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem
papel de educar, é necessário que se constituam em espaço demo-
a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio-
crático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas
cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras.
que visam a uma sociedade justa.
Porém, requer também que se conheça a sua história e cultura
apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente descons-
truir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este
17 BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Alteração das Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm
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que difunde crença de que, se os negros não atingem os mesmos Esses alunos que compõem a maioria na escola pública atende
patamares que os não negros, é por falta de competência ou inte- e que precisa dar conta, oportunizando condições de aprendiza-
resse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura gem, num processo de qualidade. São alunos que estão à margem
social hierárquica cria com prejuízos para o negro. da sociedade, e que muitas vezes passam por diversas circunstân-
cias perversas, como a fome, situações de violência, problemas com
Para que haja realmente a construção de um país democráti- alcoolismo e drogas, situações de abandono, entre outros, e esses
co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e são os verdadeiros excluídos da sociedade que estão na escola cla-
sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente, mando por ajuda. E as condições socioeconômicas e culturais é um
continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no dos fatores que podem interferir, e muito, no desempenho escolar
currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas dos alunos.
relações entre alunos, e não poucas vezes até professores.
O desafio da escola é de possibilitar a essa grande maioria o
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
o racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos que transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
acreditam num país democrático, justo e igualitário. nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
Atualmente, a Lei nº 12.796/13 que alterou o artigo 3º, inciso XII O sistema escolar e os professores precisam reconhecer nesses
da LDB já retratava a preocupação na reflexão acerca do preconcei- alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma oportu-
to e da discriminação, buscando democratizar e universalizar o ensi- nidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
no, garantindo a todos os alunos o reconhecimento e valorização de querem ter seus direitos de cidadãos garantidos. É preciso destruir
sua cultura, de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar públi-
racismo e as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu co, reconhecendo em cada aluno suas potencialidades e precisa
pertencimento étnico racial tendo seus direitos garantidos e sua se preocupar em oferecer um ensino público de maior qualidade,
identidade valorizada. que possa compensar, pelo menos parcialmente, as dificuldades de
aprendizagem. É preciso que se fique claro que as crianças que vi-
A escola é responsável por trabalhar esse sentido de promover vem em ambientes desfavoráveis também podem ter um nível de
a inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo aprendizagem satisfatória. E cabe à escola oportunizar essas con-
tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos dições, oferecendo o apoio necessário aos alunos em condições
dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal- socioeconômicas e culturais desfavoráveis, ajudando-os a superar
mente dos afrodescendentes, marcados por um histórico triste na as dificuldades e carências do contexto onde vivem, procurando
educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre- destruir o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar
conceito. O ensino tem o papel importante na transformação da público.
humanidade e ao desenvolver seu trabalho de forma democrática,
comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e respei- A Diversidade Cultural e o Fortalecimento de Identidades e Di-
tando-o em suas diferenças. reitos como Princípio Educativo
Consciência Política e Histórica da Diversidade
Em relação aos afrodescendentes, esses devem ser reconheci- - À igualdade básica de pessoa humana como sujeito de direitos;
dos em nossa sociedade com as mesmas igualdades de oportunida- - À compreensão de que a sociedade é formada por pessoas que
des que são concedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura
assim eliminar todas as formas de desigualdades raciais e resgatar e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto cons-
a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira e, troem, na nação brasileira, sua história;
assim, valorizando a história da cultura dos afro-brasileiros e afri- - Ao conhecimento e à valorização da história dos povos afri-
canos. canos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e cultural
brasileira;
Diversidade Socioeconômica e Cultural - À superação da indiferença, injustiça e desqualificação com
A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove- que os negros, os povos indígenas e também as classes populares
nientes de uma classe socioeconômica cultural desfavorecida, de às quais os negros, no geral, pertencem, são comumente tratados;
famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na - À desconstrução, por meio de questionamentos e análises
maioria, possuem dificuldades de aprendizagem. São alunos filhos críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias, comportamentos
da classe trabalhadora, cujo pais permanecem a maior parte do dia veiculados pela ideologia do branqueamento, pelo mito da demo-
fora de casa trabalhando como empregados em indústrias, lojas, cracia racial, que tanto mal fazem a negros e brancos;
casas de família, em trabalhos sazonais como boias-frias na zona - À busca, da parte de pessoas, em particular de professores
rural, cortadores de cana, pedreiros, garis, empregadas domésticas, não familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e sociais
etc., e muitos pais encontram-se até desempregados. com o estudo de história e cultura afro-brasileira e africana, de in-
formações e subsídios que lhes permitam formular concepções não
baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas;
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te se esbocem nas relações pedagógicas cotidianas. Medidas que, promovam-se oportunidades de diálogo em que se conheçam, se
convém, sejam compartilhadas pelos sistemas de ensino, estabe- ponham em comunicação diferentes sistemas simbólicos e estru-
lecimentos, processos de formação de professores, comunidade, turas conceituais, bem como se busquem formas de convivência
professores, alunos e seus pais. respeitosa, além da construção de projeto de sociedade em que
todos se sintam encorajados a expor, defender sua especificidade
Medidas que repudiam, como prevê a Constituição Federal21 étnico-racial e a buscar garantias para que todos o façam; - sejam
nos seguintes artigos: incentivadas atividades em que pessoas - estudantes, professores,
servidores, integrantes da comunidade externa aos estabelecimen-
“Artigo 3º, inciso IV: o “preconceito de origem, raça, sexo, cor, tos de ensino - de diferentes culturas interatuem e se interpretem
idade e quaisquer outras formas de discriminação” e o artigo 208, reciprocamente, respeitando os valores, visões de mundo, raciocí-
inciso IV reconhecem que todos são portadores de singularidade nios e pensamentos de cada um.
irredutível e que a formação escolar tem de estar atenta para o - O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a
desenvolvimento de suas personalSão princípios que mostram as educação das relações étnico-raciais, tal como explicita o presente
exigências de mudança de mentalidade, de maneiras de pensar e parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos diferentes
agir dos indivíduos em particular, assim como das instituições e de níveis e modalidades de ensino, como conteúdo de disciplinas, par-
suas tradições culturais. É neste sentido que se fazem as seguintes ticularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil, sem
determinações: prejuízo das demais , em atividades curriculares ou não, trabalhos
em salas de aula, nos laboratórios de ciências e de informática, na
- A conexão dos objetivos, estratégias de ensino e atividades utilização de sala de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de re-
com a experiência de vida dos alunos e professores, valorizando creação, quadra de esportes e outros ambientes escolares.
aprendizagens vinculadas às suas relações com pessoas negras, - O ensino de História Afro-Brasileira abrangerá, entre outros
brancas, mestiças, assim como as vinculadas às relações entre ne- conteúdos, iniciativas e organizações negras, incluindo a história
gros, indígenas e brancos no conjunto da sociedade; dos quilombos, a começar pelo de Palmares, e de remanescentes
- A crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores edu- de quilombos, que têm contribuído para o desenvolvimento de
cacionais, professores, das representações dos negros e de outras comunidades, bairros, localidades, municípios, regiões (exemplos:
minorias nos textos, materiais didáticos, bem como providências associações negras recreativas, culturais, educativas, artísticas, de
para corrigi-las; assistência, de pesquisa, irmandades religiosas, grupos do Movi-
- Condições para professores e alunos pensarem, decidirem, mento Negro). Será dado destaque a acontecimentos e realizações
agirem, assumindo responsabilidade por relações étnico-raciais po- próprios de cada região e localidade.
sitivas, enfrentando e superando discordâncias, conflitos, contesta- - Datas significativas para cada região e localidade serão de-
ções, valorizando os contrastes das diferenças; vidamente assinaladas. O 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia
- Valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por exem- contra o Racismo, será tratado como o dia de denúncia das reper-
plo, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da cussões das políticas de eliminação física e simbólica da população
escrita e da leitura; afro-brasileira no pós-abolição, e de divulgação dos significados da
- Educação patrimonial, aprendizado a partir do patrimônio cul- Lei Áurea para os negros. No 20 de novembro será celebrado o Dia
tural afro-brasileiro, visando a preservá-lo e a difundi-lo; Nacional da Consciência Negra, entendendo-se consciência negra
- O cuidado para que se dê um sentido construtivo à participa- nos termos explicitados anteriormente neste parecer. Entre outras
ção dos diferentes grupos sociais, étnico-raciais na construção da datas de significado histórico e político deverá ser assinalado o 21
nação brasileira, aos elos culturais e históricos entre diferentes gru- de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discrimina-
pos étnico-raciais, às alianças sociais; ção Racial.
- Participação de grupos do Movimento Negro, e de grupos cul- - Em História da África, tratada em perspectiva positiva, não só
turais negros, bem como da comunidade em que se insere a esco- de denúncia da miséria e discriminações que atingem o continen-
la, sob a coordenação dos professores, na elaboração de projetos te, nos tópicos pertinentes se fará articuladamente com a história
político-pedagógicos que contemplem a diversidade étnico-racial. dos afrodescendentes no Brasil e serão abordados temas relativos:
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, evitan- - ao papel dos anciãos e dos gritos como guardiões da memória his-
do-se distorções, envolverá articulação entre passado, presente e tórica; - à história da ancestralidade e religiosidade africana; - aos
futuro no âmbito de experiências, construções e pensamentos pro- núbios e aos egípcios, como civilizações que contribuíram decisi-
duzidos em diferentes circunstâncias e realidades do povo negro. É vamente para o desenvolvimento da humanidade; - às civilizações
um meio privilegiado para a educação das relações étnico-raciais e e organizações políticas pré-coloniais, como os reinos do Mali, do
tem por objetivos o reconhecimento e valorização da identidade, Congo e do Zimbabwe; - ao tráfico e à escravidão do ponto de vista
história e cultura dos afro-brasileiros, garantia de seus direitos de dos escravizados; - ao papel de europeus, de asiáticos e também de
cidadãos, reconhecimento e igual valorização das raízes africanas africanos no tráfico; - à ocupação colonial na perspectiva dos africa-
da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas. nos; - às lutas pela independência política dos países africanos; - às
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana se fará ações em prol da união africana em nossos dias, bem como o papel
por diferentes meios, em atividades curriculares ou não, em que: - da União Africana, para tanto; - às relações entre as culturas e as
se explicitem, busquem compreender e interpretar, na perspectiva histórias dos povos do continente africano e os da diáspora; - à for-
de quem o formule, diferentes formas de expressão e de organi- mação compulsória da diáspora, vida e existência cultural e históri-
zação de raciocínios e pensamentos de raiz da cultura africana; - ca dos africanos e seus descendentes fora da África; - à diversidade
21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
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Fundamentos da Educação
da diáspora, hoje, nas Américas, Caribe, Europa, Ásia; - aos acordos - Instalação, nos diferentes sistemas de ensino, de grupo de tra-
políticos, econômicos, educacionais e culturais entre África, Brasil e balho para discutir e coordenar planejamento e execução da forma-
outros países da diáspora. ção de professores para atender ao disposto neste parecer quanto
- O ensino de Cultura Afro-Brasileira destacará o jeito próprio de à Educação das Relações Étnico-Raciais e ao determinado nos Art.
ser, viver e pensar manifestado tanto no dia-a-dia, quanto em cele- 26 e 26A da Lei 9.394/1996, com o apoio do Sistema Nacional de
brações como congadas, moçambiques, ensaios, maracatus, rodas Formação Continuada e Certificação de Professores do MEC.
de samba, entre outras. - Introdução, nos cursos de formação de professores e de outros
- O ensino de Cultura Africana abrangerá: - as contribuições do profissionais da educação: de análises das relações sociais e raciais
Egito para a ciência e filosofia ocidentais; - as universidades africa- no Brasil; de conceitos e de suas bases teóricas, tais como racismo,
nas Timbuktu, Gao, Djene que floresciam no século XVI; - as tecno- discriminações, intolerância, preconceito, estereótipo, raça, etnia,
logias de agricultura, de beneficiamento de cultivos, de mineração cultura, classe social, diversidade, diferença, multiculturalismo; de
e de edificações trazidas pelos escravizados, bem como a produção práticas pedagógicas, de materiais e de textos didáticos, na pers-
científica, artística (artes plásticas, literatura, música, dança, tea- pectiva da reeducação das relações étnico-raciais e do ensino e
tro), política, na atualidade. aprendizagem da História e Cultura dos Afro-brasileiros e dos Afri-
- O ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará por canos.
diferentes meios, inclusive, a realização de projetos de diferentes - Inclusão de discussão da questão racial como parte integrante
naturezas, no decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estu- da matriz curricular, tanto dos cursos de licenciatura para Educação
do da participação dos africanos e de seus descendentes em episó- Infantil, os anos iniciais e finais da Educação Fundamental, Educa-
dios da história do Brasil, na construção econômica, social e cultural ção Média, Educação de Jovens e Adultos, como de processos de
da nação, destacando-se a atuação de negros em diferentes áreas formação continuada de professores, inclusive de docentes no En-
do conhecimento, de atuação profissional, de criação tecnológica sino Superior.
e artística, de luta social (tais como: Zumbi, Luiza Nahim, Aleijadi- - Inclusão, respeitada a autonomia dos estabelecimentos do
nho, Padre Maurício, Luiz Gama, Cruz e Souza, João Cândido, André Ensino Superior, nos conteúdos de disciplinas e em atividades cur-
Rebouças, Teodoro Sampaio, José Correia Leite, Solano Trindade, riculares dos cursos que ministra, de Educação das Relações Étnico-
Antonieta de Barros, Edison Carneiro, Lélia Gonzáles, Beatriz Nas- -Raciais, de conhecimentos de matriz africana e/ou que dizem res-
cimento, Milton Santos, Guerreiro Ramos, Clóvis Moura, Abdias do peito à população negra. Por exemplo: em Medicina, entre outras
Nascimento, Henrique Antunes Cunha, Tereza Santos, Emmanuel questões, estudo da anemia falciforme, da problemática da pressão
Araújo, Cuti, Alzira Rufino, Inaicyra Falcão dos Santos, entre outros). alta; em Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas
- O ensino de História e Cultura Africana se fará por diferentes e descritas pela Etno-Matemática; em Filosofia, estudo da filosofia
meios, inclusive a realização de projetos de diferente natureza, no tradicional africana e de contribuições de filósofos africanos e afro-
decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estudo da partici- descendentes da atualidade.
pação dos africanos e de seus descendentes na diáspora, em episó- - Inclusão de bibliografia relativa à história e cultura afro-bra-
dios da história mundial, na construção econômica, social e cultural sileira e africana às relações étnico-raciais, aos problemas desen-
das nações do continente africano e da diáspora, destacando-se a cadeados pelo racismo e por outras discriminações, à pedagogia
atuação de negros em diferentes áreas do conhecimento, de atua- antirracista nos programas de concursos públicos para admissão de
ção profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social. professores.
- Para tanto, os sistemas de ensino e os estabelecimentos de - Inclusão, em documentos normativos e de planejamento dos
Educação Básica, nos níveis de Educação Infantil, Educação Funda- estabelecimentos de ensino de todos os níveis - estatutos, regimen-
mental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos, Educação tos, planos pedagógicos, planos de ensino - de objetivos explíci-
Superior, precisarão providenciar: tos, assim como de procedimentos para sua consecução, visando
- Registro da história não contada dos negros brasileiros, tais ao combate do racismo, das discriminações, e ao reconhecimento,
como em remanescentes de quilombos, comunidades e territórios valorização e respeito das histórias e culturas afro-brasileira e afri-
negros urbanos e rurais. cana.
- Apoio sistemático aos professores para elaboração de planos, - Previsão, nos fins, responsabilidades e tarefas dos conselhos
projetos, seleção de conteúdos e métodos de ensino, cujo foco seja escolares e de outros órgãos colegiados, do exame e encaminha-
a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Educação das Re- mento de solução para situações de racismo e de discriminações,
lações Étnico-Raciais. buscando-se criar situações educativas em que as vítimas rece-
- Mapeamento e divulgação de experiências pedagógicas de bam apoio requerido para superar o sofrimento e os agressores,
escolas, estabelecimentos de ensino superior, secretarias de edu- orientação para que compreendam a dimensão do que praticaram
cação, assim como levantamento das principais dúvidas e dificul- e ambos, educação para o reconhecimento, valorização e respeito
dades dos professores em relação ao trabalho com a questão racial mútuos.
na escola e encaminhamento de medidas para resolvê-las, feitos - Inclusão de personagens negros, assim como de outros grupos
pela administração dos sistemas de ensino e por Núcleos de Estu- étnico-raciais, em cartazes e outras ilustrações sobre qualquer tema
dos Afro-Brasileiros. abordado na escola, a não ser quando tratar de manifestações cul-
- Articulação entre os sistemas de ensino, estabelecimentos de turais próprias, ainda que não exclusivas, de um determinado grupo
ensino superior, centros de pesquisa, Núcleos de Estudos Afro-Bra- étnico-racial.
sileiros, escolas, comunidade e movimentos sociais, visando à for- - Organização de centros de documentação, bibliotecas, midio-
mação de professores para a diversidade étnico-racial. tecas, museus, exposições em que se divulguem valores, pensa-
mentos, jeitos de ser e viver dos diferentes grupos étnico-raciais
brasileiros, particularmente dos afrodescendentes.
123
118
Fundamentos da Educação
- Identificação, com o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Bra- terpretar as orientações, enriquecer, executar as determinações
sileiros, de fontes de conhecimentos de origem africana, a fim de aqui feitas e avaliar seu próprio trabalho e resultados obtidos por
selecionarem-se conteúdos e procedimentos de ensino e de apren- seus alunos, considerando princípios e critérios apontados.
dizagens;
- Incentivo, pelos sistemas de ensino, a pesquisas sobre proces- Ao analisar as políticas educacionais no país não pode negligen-
sos educativos orientados por valores, visões de mundo, conheci- ciar os marcos históricos, políticos, econômicos e a relação com o
mentos afro-brasileiros e indígenas, com o objetivo de ampliação e Estado e a sociedade, apontam uma série de ações realizadas pe-
fortalecimento de bases teóricas para a educação brasileira. las escolas públicas na implementação das leis n. 10.639/03 e a Lei
- Identificação, coleta, compilação de informações sobre a po- 12.796/2013, representam a implementação de ações afirmativas
pulação negra, com vistas à formulação de políticas públicas de Es- voltadas para a população negra brasileira, as quais são desenvolvi-
tado, comunitárias e institucionais. das juntamente com as políticas públicas de caráter universal.
- Edição de livros e de materiais didáticos, para diferentes níveis No caso da diversidade étnico-racial, é importante entender
e modalidades de ensino, que atendam ao disposto neste parecer, que os avanços que essa tem vivenciado no campo da política edu-
em cumprimento ao disposto no Art. 26A da LDB, e, para tanto, cacional e na construção da igualdade e da equidade mantêm re-
abordem a pluralidade cultural e a diversidade étnico-racial da na- lação direta com as lutas políticas da população negra em prol da
ção brasileira, corrijam distorções e equívocos em obras já publica- educação ao longo dos séculos, pois trata-se de uma demanda po-
das sobre a história, a cultura, a identidade dos afrodescendentes, lítica do Movimento Negro nos dias atuais e de outros movimentos
sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros sociais partícipes da luta antirracista na construção da democracia.
educacionais do MEC - Programa Nacional do Livro Didático e Pro- Uma democracia que assuma o direito à diversidade como par-
grama Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE). te constitutiva dos direitos sociais e assim equacione de forma mais
- Divulgação, pelos sistemas de ensino e mantenedoras, com o sistemática a diversidade étnico-racial, a igualdade e a equidade.
apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, de uma bibliografia
afro-brasileira e de outros materiais como mapas da diáspora, da
África, de quilombos brasileiros, fotografias de territórios negros EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E
urbanos e rurais, reprodução de obras de arte afro-brasileira e afri- CIDADANIA
cana a serem distribuídos nas escolas da rede, com vistas à forma-
ção de professores e alunos para o combate à discriminação e ao
racismo. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
- Oferta de Educação Fundamental em áreas de remanescentes 22
Estamos vendo como os Direitos Humanos ocupam, em nossos
de quilombos, contando as escolas com professores e pessoal ad- dias, lugar de destaque tanto nas agendas governamentais como
ministrativo que se disponham a conhecer física e culturalmente, a nos movimentos da sociedade civil, tornando-se condição imperati-
comunidade e a formar-se para trabalhar com suas especificidades. va à consideração da dignidade da pessoa humana. No processo de
- Garantia, pelos sistemas de ensino e entidades mantenedoras, afirmação desses direitos, a educação representa papel importante,
de condições humanas, materiais e financeiras para execução de ao possibilitar a conscientização, a reflexão e a proposição de ações
projetos com o objetivo de Educação das Relações Étnico-Raciais e que podem e devem ser implementadas nas escolas. Educar em Di-
estudo de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, assim como reitos Humanos é exigência colocada às escolas e demais espaços
organização de serviços e atividades que controlem, avaliem e redi- educativos, cabendo aos Conselhos Escolares, juntamente com ou-
mensionem sua consecução, que exerçam fiscalização das políticas tras instituições da comunidade escolar, estimular a sua permanen-
adotadas e providenciem correção de distorções. te reflexão e apontar formas e mecanismos para sua viabilização. Os
- Realização, pelos sistemas de ensino federal, estadual e mu- Conselhos Escolares podem contribuir nesse processo educativo,
nicipal, de atividades periódicas, com a participação das redes das por meio, por exemplo:
escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e divulgação - Do incentivo e apoio à organização de reuniões, palestras, de-
dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagem de História e bates sobre te- mas como discriminação, violência escolar, igualda-
Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étni- de de gênero, igualdade étnico/ racial, entre outros;
co-Raciais; assim como comunicação detalhada dos resultados ob- - Do acompanhamento e discussão das situações de desrespeito
tidos ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção aos Direitos Humanos, para a busca de soluções conjuntas;
da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação, e aos res- - Da participação, junto com outros segmentos da escola, em
pectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que campanhas informativas e de conscientização sobre os direitos e
encaminhem providências, quando for o caso. deveres dentro da escola.
- Adequação dos mecanismos de avaliação das condições de - Da iniciativa de realização de atividades educativas, organiza-
funcionamento dos estabelecimentos de ensino, tanto da educação das junto com a comunidade escolar, em datas significativas, como
básica quanto superior, ao disposto neste Parecer; inclusive com a o Dia Internacional da Mulher, o Dia do Trabalho, o Dia da Consciên-
inclusão nos formulários, preenchidos pelas comissões de avalia- cia Negra, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, entre outras.
ção, nos itens relativos a currículo, atendimento aos alunos, projeto
pedagógico, plano institucional, de quesitos que contemplem as
orientações e exigências aqui formuladas.
- Disponibilização deste parecer, na sua íntegra, para os pro- 22 Conselho Escolar e Direitos Humanos - Brasília: Presidência da República,
fessores de todos os níveis de ensino, responsáveis pelo ensino de Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação, Secretaria de
diferentes disciplinas e atividades educacionais, assim como para Educação Básica, 2008. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
outros profissionais interessados a fim de que possam estudar, in- Escolares.
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Fundamentos da Educação
Declaração Universal dos Direitos Humanos23 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Uni- pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
das (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
tação de soberania.
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a Artigo 3
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no pessoal.
mundo.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- Artigo 4
manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a Artigo 5
mais alta aspiração do ser humano comum. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- go cruel, desumano ou degradante.
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão. Artigo 6
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de re- Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, re-
lações amistosas entre as nações. conhecido como pessoa perante a lei.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na
Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na digni- Artigo 7
dade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a contra qualquer incitamento a tal discriminação.
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a Artigo 8
observância desses direitos e liberdades. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
desse compromisso. lei.
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser Artigo 9
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- Artigo 10
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- quer acusação criminal contra ele.
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 11
Artigo 1 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão
Artigo 2 que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- Artigo 12
to, ou qualquer outra condição. Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.
23 https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm
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Fundamentos da Educação
Artigo 13 Artigo 22
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e re- Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
sidência dentro das fronteiras de cada Estado. segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclu- ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
sive o próprio e a esse regressar. Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de Artigo 23
procurar e de gozar asilo em outros países. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contra o desemprego.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
Artigo 15 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
nem do direito de mudar de nacionalidade. acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 16 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- Artigo 24
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limi-
ao casamento, sua duração e sua dissolução. tação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas perió-
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- dicas.
sentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e Artigo 25
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
Artigo 17 tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
dade com outros. ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
Artigo 18 cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- mônio, gozarão da mesma proteção social.
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença Artigo 26
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
Artigo 19 trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- será acessível a todos, bem como a instrução superior está baseada
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- no mérito.
niões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
Artigo 20 instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
ciação pacífica. dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo Artigo 27
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
mente escolhidos. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- progresso científico e de seus benefícios.
blico do seu país. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por ria ou artística da qual seja autor.
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.
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Fundamentos da Educação
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Fundamentos da Educação
prática. Vários programas e planos governamentais foram construí- manos; formulação e divulgação de estudos, pesquisas e produção
dos, acompanhando os documentos elaborados na esfera interna- de materiais relativos à Educação em Direitos Humanos; monitora-
cional. mento e avaliação da implementação do PNEDH.
No Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996, por exem-
plo, já estava presente um item dedicado à educação e à cidada- Aspectos Conceituais e Metodológicos da Educação em Direi-
nia, compreendendo-as como bases para uma cultura de Direitos tos Humanos na Escola
Humanos. Nessa parte do Programa, estavam previstas ações de A Educação em Direitos Humanos, para ser realizada de forma
produção e distribuição de informações e conhecimento, de cons- efetiva, precisa ser desenvolvida por meio de uma prática pedagó-
cientização e mobilização pelos Direitos Humanos. O PNDH de gica coerente e articulada com seus valores. Em outras palavras,
2002, em uma nova versão, dá destaque à educação, enfatizando deve ser uma prática pedagógica em Direitos Humanos. Para isso,
a conscientização e a mobilização. Propõe fortalecer programas de alguns passos iniciais são fundamentais nesse trabalho. O PNEDH,
Educação em Direitos Humanos nas escolas de ensino fundamen- documento de referência para essa área no país, considera a edu-
tal e médio; incentivar campanhas nacionais sobre a importância cação um meio privilegiado na promoção dos Direitos Humanos.
do respeito aos Direitos Humanos; apoiar programas de formação, Por isso, a primeira questão que precisa ser definida num processo
educação e treinamento em Direitos Hu- manos para profissionais de EDH é a sua finalidade, que é a de construção de uma cultura de
de Direito (advogados, promotores, procuradores, juízes, desem- Direitos Humanos. O segundo passo nesse processo é compreender
bargadores), policiais, agentes penitenciários e lideranças sindicais, que educar em Direitos Humanos não é apenas ter conhecimento
associativas e comunitárias, entre outros. Em 2003, com a criação e do tema. É imprescindível ter uma prática coerente com o discurso
a implantação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Huma- utilizado, pois é impossível pensar num educador e numa educado-
nos, no âmbito da SEDH, foi iniciado o processo de elaboração do ra em Direitos Humanos que se relaciona de forma autoritária com
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que contou com seus educandos e educandas. Como podemos querer que estudan-
a participação de diversas instituições políticas e da sociedade civil tes sejam protagonistas na construção de uma cultura de Direitos
em uma ampla discussão em todos os estados. Esse processo foi Humanos se eles não puderem se identificar com um discurso posto
desenvolvido em etapas, a partir da elaboração de versões do docu- em prática? Nessa área, portanto, educar com o exemplo é a for-
mento que foram sendo modificadas e melhoradas com a discussão ma mais eficaz. Assim, é preciso desenvolver atitudes positivas, que
nos estados. A última versão do PNEDH é de 2006. estimulem o respeito ao ser humano, a tolerância à diferença, às
Vejamos os pontos principais do PNEDH: relações democráticas e solidárias, de forma a quebrar o ciclo de
- Conceito de Educação em Direitos Humanos A EDH é enten- desigualdade, violência, discriminação e exclusão. Partindo dessas
dida como um processo sistemático e de variadas dimensões, que questões, todas as demais ações que compõem um processo de
orienta a formação do sujeito de direitos, incluindo conhecimentos EDH devem ser elaboradas por meio de uma metodologia partici-
e habilidades, valores, atitudes e comportamentos, e ação. Ou seja, pativa, democrática e baseada no diálogo, ou seja, uma metodolo-
é composta pela conexão: conhecimento-valores-ação. Por isso, a gia de ensino e aprendizagem em que o aluno e a aluna participem
EDH precisa do desenvolvimento de processos participativos e de diretamente da construção das informações.
construção coletiva, e do fortalecimento de práticas individuais e Como a EDH deve estar presente no dia-a-dia, nas diversas si-
sociais que favoreçam a apreensão de conhecimentos, a formação tuações e relações cotidianas, a escola precisa ter um compromisso
de uma consciência cidadã e a afirmação de uma cultura de Direitos com os Direitos Humanos e promover o desenvolvimento de uma
Humanos. prática pedagógica democrática, coerente e articulada com seus
- Objetivos Seus principais objetivos são: destacar o papel estra- valores.
tégico da Educação em Direitos Humanos para o fortalecimento da É importante lembrar que a EDH não é tarefa exclusiva da escola.
democracia no país, e orientar políticas educacionais direcionadas Ela acontece nos diversos campos de formação e convivência, mas
para a constituição de uma formação e de uma cultura de Direitos é no âmbito da educação formal, ou seja, no âmbito da escola, que
Humanos. as condições são mais favoráveis para a socialização dos conteúdos
- Áreas temáticas São cinco as áreas temáticas: educação bási- e valores relacionados aos Direitos Humanos. Por isso mesmo, um
ca (compreendendo educação infantil, ensino fundamental, ensino dos objetivos do PNEDH é o de orientar as políticas educacionais
médio); educação superior; educação não-formal; educação dos para a constituição de uma cultura de Direitos Humanos. Lógico que
profissionais dos sistemas de justiça e segurança; educação e mídia. para trabalhar essa questão na escola é preciso redefinir seu papel,
- Linhas gerais de ação No total, são sete: 1) desenvolvimen- a partir da elaboração de um projeto político-pedagógico que seja
to normativo e institucional (responsável pela criação de normas participativo e construído de forma democrática, a fim de que a
e pela inserção da questão no cotidiano das instituições educacio- formação dos educandos seja assumida pelo coletivo (Silva, 2000).
nais); 2) produção de informação e conhecimento; 3) produção e Os conteúdos de Direitos Humanos devem ser trabalhados de
divulgação de materiais; 4) formação e capacitação de profissionais, várias maneiras e de forma prazerosa, por meio da música, teatro,
5) gestão de programas e projetos; 6) realização de parcerias e in- poesia, literatura, etc., aproveitando o que cada comunidade tem
tercâmbios internacionais; 7) avaliação e monitoramento. de riqueza cultural.
- Processo de implementação O processo de implementação Qual deve ser o direcionamento da Educação em Direitos Hu-
compreende ações de: divulgação do documento; articulação de manos? Dentro desse contexto, é preciso enfatizar que educar em
parcerias e intercâmbios no âmbito internacional e nacional; inte- Direitos Humanos não se restringe meramente a informar. Ao con-
gração de esferas de governo nos níveis federal, estadual e muni- trário, é uma ação recíproca no processo ensino-aprendizagem.
cipal; implementação e apoio a projetos de Educação em Direitos Também não pode ser reduzida à introdução de alguns conhecimen-
Humanos; formação e capacitação de promotores de Direitos Hu- tos na área dos Direitos Humanos, mas constituir-se num processo
que possibilite uma ação transformadora, especialmente porque
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Fundamentos da Educação
envolve a questão dos valores. É nesse sentido que o PNEDH defen- - A inclusão da capacitação em Direitos Humanos nas metodo-
de a dimensão da afirmação de valores, atitudes e práticas sociais logias didáticas correspondentes na formação de professores/as
que expressem a cultura de Direitos Humanos em todos os espaços antes e depois de sua entrada no sistema de ensino;
sociais. A postura do educador e da educadora frente a esse traba- - A organização de atividades extracurriculares tanto nas escolas
lho é essencial. Ele não pode ser um mero transmissor dos conteú- como no âmbito da família e da comunidade;
dos, mas ter a convicção de que o respeito aos Direitos Humanos é - A preparação do material didático;
fundamental para todas as pessoas. Lembrando que é necessário - O estabelecimento de redes de apoio de professores e outros
educar com o exemplo, pois o discurso não pode estar desconec- profissionais (tais como grupos de Direitos Humanos, sindicatos de
tado da prática. Assim, o princípio didático mais importante nesse docentes, organizações não governamentais, etc.).
âmbito é o de que não basta refletir sobre os Direitos Humanos,
é preciso vivenciá-los e praticar os valores que os fundamentam. Construção Coletiva
Dessa forma, será possível fortalecer as práticas individuais e sociais É importante que as pessoas analisem em grupo a informação
que gerem ações e instrumentos em favor da promoção e proteção recebida sobre Direitos Humanos e deixem de ser receptoras
dos Direitos Humanos, conforme estabelecido no PNEDH. passivas, transformando-se em produtoras de conhecimentos.
Que metodologias devem guiar esse processo? As metodolo- Por meio dela, a pessoa se apropria do discurso e o recria, ou seja,
gias e estratégias adotadas no desenvolvimento da EDH no ensino reelabora as várias mensagens e as traduz num discurso próprio,
formal devem propiciar sua incorporação de forma transversal e que passa a orientar as atuações da sua vida.
transdisciplinar15, seguindo a proposta do PNEDH. Isso é o que vai Algumas das técnicas pedagógicas sugeridas para o ensino
garantir um gradual processo de consolidação da EDH em todos os na área de Direitos Humanos a partir dessa metodologia são:
âmbitos da escola. intercâmbio livre de ideias; estudos de caso; debate; expressão
Para a educação básica, o PNEDH define os seguintes princípios criativa (utilização de técnicas como a poesia, a expressão gráfica,
norteadores da Educação em Direitos Humanos: a escultura, o teatro, as canções, a dança, etc.); excursões/visitas à
- A educação deve ter a função de desenvolver uma cultura de comunidade; entrevistas; projetos de investigação; jogos/simula-
Direitos Hu- manos; ções; material visual (cartazes, fotografias, vídeos, etc.).
- A escola deve assegurar que os objetivos e práticas sejam coe-
rentes com os valores e princípios da Educação em Direitos Huma- A Educação Como Direito Humano
nos, possibilitando que a EDH ocorra em espaços marcados pelo O ato de educar-se permanentemente é inerente ao ser huma-
entendimento mútuo, respeito e responsabilidade; no. Por isso, podemos afirmar que a educação é um Direito Huma-
- A EDH deve estruturar-se na diversidade cultural e ambiental, no básico, condição para o exercício da cidadania. É uma condição
garantindo a cidadania, o acesso ao ensino, permanência e conclu- para a realização do ser humano.
são, a equidade e a qualidade da educação; A educação como um Direito Humano assume um sentido am-
- A EDH deve ser um dos eixos fundamentais da educação bá- plo, que vai além da educação formal, da educação escolar que,
sica e estar presente no currículo, na formação inicial e continuada apesar de sua inegável contribuição à formação dos seres humanos,
dos profissionais da educação, no projeto político-pedagógico da não é tarefa e não acontece apenas na escola. Essa ação se proces-
escola, nos materiais didático-pedagógicos, no modelo de gestão sa em diferentes espaços: na família, nas instituições, nas práticas
e avaliação; sociais e políticas, na convivência social, no trabalho, no lazer, nas
- A prática escolar deve ser orientada para a EDH, assegurando práticas culturais.
o seu caráter transversal e a relação de diálogo entre os diversos Por outro lado, a escolarização como Direito Humano é, na atua-
atores sociais. Além disso, outros princípios relacionados à prática lidade, reconhecida na maioria dos países. Entretanto, em grande
pedagógica em Direitos Humanos contribuem para o desenvolvi- parte dos países em desenvolvimento, o direito à escolarização, de
mento da metodologia específica para essa área. forma universal, que atenda a todas as pessoas, ainda é um ideal a
conquistar. Na condição de um Direito Humano, a educação é re-
Por outro lado, os fundamentos metodológicos para a EDH de- conhecida internacional- mente, figurando no Pacto Internacional
vem estar baseados na compreensão de que esse é um processo dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (artigo 13). Da mesma
contínuo, no qual a estratégia da oficina pedagógica é fundamental. forma, o direito à educação está declarado na nossa Constituição
Essa deve ser vivenciada como espaço de análise da realidade, de Federal de 1988, artigo 6º, como um direito subjetivo, que pode
intercâmbio de experiências, de forma a possibilitar um processo ser reclamado por qualquer cidadão e cidadã quando não ofertado,
de construção coletiva do saber. As dinâmicas adotadas nas ofi- ou a oferta não for de forma adequada, estabelecendo um avanço
cinas – aulas dialogadas, discussão de textos, reflexão e debate a substantivo na legislação educacional. Além disso, é importante
partir de vídeos e dramatizações de situações concretas – devem lembrar que a LDB define, entre as finalidades da educação, o pre-
igualmente propiciar a socialização da palavra, a participação e a paro dos educandos para o exercício da cidadania (artigo 2º).
criatividade. Complementando esses passos, as Nações Unidas ela- Na qualidade de um Direito Humano, a realização da educação
boraram um conjunto de orientações para que a inserção da EDH não pode estar dissociada de todos os outros direitos. Isso é o que
nos sistemas educacionais tenha sustentabilidade e seja completa explica o princípio da indivisibilidade dos Direitos Humanos. E o Di-
e eficaz, quais sejam: reito Humano à educação favorece a realização dos demais direitos,
- A incorporação do ensino dos Direitos Humanos nas leis nacio- pois, por meio da educação, desenvolve-se o empoderamento18
nais que regulam a educação que se ministra nas escolas; das pessoas. Por exemplo, participar do Conselho Escolar, do Grê-
- A modificação dos programas de estudo e dos livros de texto; mio Estudantil, da Associação de Pais e Mestres, de movimentos
comunitários ou de bairros, de movimentos sociais como os femi-
nistas, os ecológicos, os étnicos, de GLBTT, de negros, etc., constitui
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Fundamentos da Educação
formas de empoderamento, porque as pessoas passam a ter um preocupação com o desenvolvimento pleno das potencialidades do
poder de pressão maior, tendo em vista o exercício e a conquista de indivíduo, valorizando a dimensão do trabalho, do lazer e das ar-
direitos políticos, econômicos e sociais. tes. Um espaço, portanto, de formação e exercício da cidadania, da
A educação, portanto, deve ser tratada e realizada como um di- prática da participação e da construção da democracia. Isso porque
reito, e não como um serviço. E, como tal, não deve resumir-se a a tarefa de qualificar as novas gerações para a sociedade da infor-
ofertas de vagas nas escolas públicas. Não é apenas o acesso à es- mação ou do conhecimento, de forma vinculada ao exercício pleno
cola que garante a realização do direito à educação. É preciso asse- de sua cidadania, requer a urgente reconstrução de sua forma de
gurar a qualidade do ensino, a permanência e a aprendizagem dos ser, tornando-a um espaço vivo e prazeroso, em que a prática da
alunos na escola, a formação continuada dos professores e demais criatividade, do senso crítico, da participação, seja uma constante
trabalhadores em educação e também da família, com a realização em seu cotidiano.
de palestras promovidas pelo Conselho Escolar, além de investir em Essa escola, como local de mediação da cidadania, deve desen-
uma educação de princípios e valores democráticos que responda volver a tarefa de preparar os alunos para assumir a sua condição
aos interesses da comunidade. De igual forma, é necessário assegu- de sujeitos construtores da história, na medida em que intervêm
rar que a gestão da escola esteja respaldada por uma legislação que na realidade em que vivem, como atores das práticas sociais. Uma
assegure a promoção dos Direitos Humanos. escola, portanto, preocupada com o exercício da cidadania e que,
Não seria interessante fazer uma pesquisa junto à comunidade por isso, cria condições para que os alunos se apropriem de conhe-
escolar sobre o conhecimento e a vivência da legislação que rege a cimentos relevantes e possam produzir novos saberes e fazeres,
escola? Como conselheiros, em ação conjunta com a direção, vocês de forma solidária e articulada com o contexto social e político da
podem, dentre outras ações, propor: sociedade. Quando estamos defendendo a escola como espaço de
- Colocar essas legislações à disposição da comunidade escolar, exercício da cidadania é porque estamos certos de que a cidadania
na biblioteca; é uma condição da própria existência humana, pois o homem só
- Colocar, quinzenalmente, no mural da escola, alguns artigos de consegue ser plenamente humano quando exerce a sua cidadania,
legislação que tratem da questão dos Direitos Humanos; que implica na garantia e efetivação de direitos civis, políticos, so-
- Afixar o regimento em áreas de circulação da escola para que ciais, culturais, econômicos e ambientais. Estamos falando, assim,
todos possam ler; na cidadania plena, uma cidadania que envolve a garantia dos direi-
- Estudar com os alunos o Estatuto da Criança e do Adolescente. tos em todos os seus sentidos e dimensões. É por isso que cidadania
A concepção de educação como um Direito Humano necessi- deve constituir um tema central numa escola que tem como obje-
ta do esforço conjunto do governo e da sociedade para atender a tivo formar pessoas/sujeitos de direitos. Significa que a escola deve
todos os brasileiros, indistintamente, situando-o como um direito incluir, em sua proposta pedagógica, o estudo e a reflexão crítica so-
público e subjetivo. A efetivação do direito à educação depende, de bre os Direitos Humanos, uma condição indispensável para que ela
um lado, da vontade política dos governantes, ao situá-la como um possa formar cidadãos. Não podem ser cidadãos de direitos quem
imperativo na definição das políticas públicas e, de outro da força não conhece os direitos do cidadão, os direitos da pessoa humana.
da mobilização da sociedade civil organizada, sobretudo, dos seg-
mentos educacionais, na medida em que se conscientizam do seu
status de Direito Humano. Um direito, portanto, imperativo. A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
A educação como um Direito Humano nos impõe considerar a
diferença como um de seus indicadores. O reconhecimento das di-
ferenças é um elemento indispensável ao respeito à pessoa huma- A escola tem como função criar uma forte ligação entre o for-
na. São muitos os movimentos da sociedade civil que vêm lutando mal e teórico, ao cotidiano e prático. Reúne os conhecimentos com-
pela constituição de novos direitos a partir do respeito às diferenças provados pela ciência ao conhecimento que o aluno adquire em sua
existentes entre as pessoas e grupos sociais, e pela urgente neces- rotina, o chamado senso comum. Já o professor, é o agente que
sidade de eliminação das enormes desigualdades produzidas pela possibilita o intermédio entre escola e vida, e o seu papel principal
nossa sociedade. é ministrar a vivência do aluno ao meio em que vive.
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Fundamentos da Educação
preparo profissional dos educadores, salas de aula superlotadas, o trabalho e trabalha para sobreviver. Sendo levado a esquecer de
cursos de formação acelerados, salários baixos, falta de recursos, que é um ser humano, um integrante do meio social em que vive,
currículos e programas pré-elaborados pelo governo, dentre tantos um cidadão capaz de transformar a realidade que o aliena, o exclui.
outros fatores, tudo em busca da redução de custos. Há uma contribuição de Saviani (2000, p.36) que a respeito do
Todas essas questões contribuem de fato para a crise educa- homem considera “(...) existindo num meio que se define pelas co-
cional, mas é preciso ir além e buscar compreender o núcleo dessa ordenadas de espaço e tempo. Este meio condiciona-o, determina-
problemática, encontrar a raiz desses fatores, entendendo de onde -o em todas as suas manifestações.” Vê-se a relação da escola na
eles surgem. A grande questão é: qual a origem desses fatores que formação do homem e na forma como ela reproduz o sistema de
impedem a qualidade na educação? classes.
Certamente a resposta para uma discussão tão atual como essa Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho
surja com o estudo sobre as bases que compõem a sociedade atual. educativo produz nos indivíduos a humanidade, alcançando sua fi-
Pois, ao analisar o sistema capitalista nas suas mais amplas esferas, nalidade quando os indivíduos se apropriam dos elementos cultu-
descobre-se que todas essas problemáticas surgem da forma como rais necessários a sua humanização.
a sociedade está organizada com bases na propriedade privada, lu- O essencial do trabalho educativo é garantir a possibilidade do
cro, exploração do ser humano e da natureza e se manifestam na homem tornar-se livre, consciente, responsável a fim de concretizar
ideologia do sistema. sua humanização. E para issotanto a escola como as demais esfe-
Um sistema que prega a acumulação privada de bens de pro- ras sociaisdevem proporcionar a procura, a investigação, a reflexão,
dução, formando uma concepção de mundo e de poder baseada buscando razões para a explicação da realidade, uma vez que é atra-
no acumular sempre para consumir mais, onde quanto mais bens vés da reflexão e do diálogo que surgem respostas aos problemas.
possuir, maior será o poder que exercerá sobre a sociedade, acaba Saviani (2000, p.35) questiona “(...) a educação visa o homem;
por provocar diversos problemas para a população, principalmen- na verdade, que sentido terá a educação se ela não estiver voltada
te para as classes menos favorecidas, como: falta de qualidade na para a promoção do homem?” E continua sua indagação ao refle-
educação, ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando os tir “(...) uma visão histórica da educação mostra como esta esteve
sistemas públicos, muitas vezes, caóticos. sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os
Independentemente do discurso sobre a educação, ele sempre tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes
terá uma base numa determinada visão de homem, dentro e em épocas. Mas a preocupação com o homem é uma constante.”
função de uma realidade histórica e social específica. Acredita-se Os espaços educativos, principalmente aqueles de formação de
que a educação baseia-se em significações políticas, de classe. Frei- educadores devem orientar para a necessidade da relação subjeti-
tag (1980) ressalta a frequente aceitação por parte de muitos estu- vidade-objetividade, buscando compreender as relações, uma vez
diosos de que toda doutrina pedagógica, de um modo ou de outro, que, os homens se constroem na convivência, na troca de experi-
sempre terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de ências. É função daqueles que educam levar os alunos a romperem
homem e, portanto, de sociedade. com a superficialidade de uma relação onde muitos se relacionam
Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é responsável protegidos por máscaras sociais, rótulos.
pela manutenção, integração, preservação da ordem e do equilí-
brio, e conservação dos limites do sistema social. E reforça “para A educação, vista de um outro paradigma, enquanto mecanis-
que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que nele ingressam mo de socialização e de inserção social aponta-se como o caminho
precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem para construção da ética. Não usando-a para cumprir funções ou
o seu funcionamento.” realizar papéis sociais, mas para difundir e exercitar a capacidade de
A educação em geral, designa-se com esse termo a transmissão reflexão, de criticidade e de trabalho não-alienado.
e o aprendizado das técnicas culturais, que são as técnicas de uso, (...) sem ingenuidade, cabe reconhecer os limites impostos pela
produção e comportamento, mediante as quais um grupo de ho- exploração, pela exclusão social e pela renovada força da violência,
mens é capaz de satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a da competição e do individualismo. Assim, se a educação e a ética
hostilidade do ambiente físico e biológico e trabalhar em conjunto, não são as únicas instâncias fundamentais, é inegável reconhecer
de modo mais ou menos ordenado e pacífico. Como o conjunto des- que, sem a palavra, a participação, a criatividade e apolítica, muito
sas técnicas se chama cultura, uma sociedade humana não pode so- pouco, ou quase nada, podemos fazer para interferir nos contextos
breviver se sua cultura não é transmitida de geração para geração; complexos do mundo contemporâneo. Esse é o desafio que diz res-
as modalidades ou formas de realizar ou garantir essa transmissão peito a todos nós. (RIBEIRO; MARQUES; RIBEIRO 2003, p.93)
chama-se educação. (ABBAGNANO, 2000, p. 305-306) A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência
Assim a educação não alienada deve ter como finalidade a for- produtora de mão de obra. Seu objetivo principal deve ser formar o
mação do homem para que este possa realizar as transformações educando como homem humanizado e não apenas prepará-lo para
sociais necessárias à sua humanização, buscando romper com o os o exercício de funções produtivas, para ser consumidor de produ-
sistemas que impedem seu livre desenvolvimento. tos, logo, esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.24
A alienação toma as diretrizes do mundo do trabalho no seio
da sociedade capitalista e no modo como esse modelo de produção Função social do educador
nega o homem enquanto ser, pois a maioria das pessoas vive ape- Quando se fala na função social do professor, observa-se que
nas para o trabalho alienado, não se completa enquanto ser, tem existe um conjunto de situações relacionadas como atitudes, valo-
como objetivo atingir a classe mais alta da sociedade ou, ao menos, res, éticas, que formam itens fundamentais para o seu desenvolvi-
sair do estado de oprimido, de miserável. Perde-se em valores e mento no papel da educação. No primeiro momento ira se fazer um
valorações, não consegue discernir situações e atitudes, vive para
24 Fonte: www.webartigos.com
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Fundamentos da Educação
análise sobre as atitudes e valores de ensino, e em seguida sobre o quência do reforço positivo ou negativo que recebem (em forma de
papel da educação no desenvolvimento de competências éticas e aprovação e reconhecimento dos outros ou em forma de autograti-
de valores. ficação: sentir-se bem, reforçar a própria autoestima, etc [...]
Percebe-se que existe uma série de fatores que se relacionam Um ponto importante no processo de construção das atitudes
com o processo de aprendizagem, que envolvem professor, aluno esta o papel do professor. Ele tem a função de criar um processo de
e escola. Esses fatores são: Atitudes e valores vão se formando ao aprendizagem dinâmico entendendo a necessidade e diversidade
longo da vida, através de influências sociais; A escola tem papel do aluno, mostrando os caminhos corretos para o desenvolvimento
fundamental no desenvolvimento das atitudes e valores através de das atitudes.
um modelo pedagógico eficiente; O ensino e a aprendizagem estão Segundo Trillo ( 2000, p.44) o professor tem que ter a habili-
relacionados num processo de desenvolvimento das atitudes e va- dade de estimular os alunos através de trabalhos dinâmicos de ex-
lores de acordo com a diversidade cultural; O Professor como ponte pressão pessoal, em meio a diversidade e perspectivas diferentes,
de ligação entre a escola e o aluno, proporcionando o desenvolvi- acompanhando e valorizando os pontos dos trabalhos, de modo a
mento das atitudes no processo de aprendizagem. enriquecer as atitudes dos aluno.
Quando se fala em atitude, é comum escutar frases como: ela [...] O professor /a que procura nos trabalhos a expressão pes-
é uma pessoa de atitude, ou não vejo que ela tenha atitude. Mas soal dos seus estudantes, e que os adverte valorará a originalidade
afinal o que é atitude. como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, esta a estabe-
De acordo com Trilo (2000, p.26) atitude é algo interno que se lecer as bases de uma atitude de expressão livre. E se isto ampliar,
manifesta através de um estado mental e emocional, e que não tem no sentido em que, numa fase posterior do processo, cada um de-
como ser realizadas medições para avaliação de desempenho e não verá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais, parece
esta exposto de forma que possam ser visualizados de maneira cla- provável que a atitude de trabalho pessoal será enriquecida com
ra. a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e as
[...] Que se trata de uma dimensão ou de um processo inte- diferentes perspectivas sobre as coisas [...]
rior das pessoas, uma espécie de substrato que orienta e predispõe As atitudes de valores de ensino é um processo dinâmico e
atuar de uma determinada maneira. Caso se trate de um estado construtivo, e cada vez mais necessita da presença da escola, pro-
mental e emocional interior, não estará acessível diretamente (não fessor, aluno e demais ambientes sociais, visto que o processo de
será visível de fora e nem se poderá medir) se não através de suas aprendizagem se torna eficiente e eficaz, quando todos os envolvi-
manifestações internas. [...] dos tenham discernimento de trabalhar o conhecimento tomando
atitudes corretas de acordo com os valores éticos, morais e sociais.
A atitude é um processo dinâmico que vai se desenvolvendo no
decorrer da vida mediante situações que estão em sua volta como O Papel da Educação no Desenvolvimento de Competências
escola, família, trabalho. Trillo(2000) relata que “atitude é mas uma Éticas e de Valores
condição adaptável as circunstâncias: surgem e mantém-se intera- Desenvolver a educação alinhada a ferramentas como ética e
ção que individuo tem com os que o rodeiam”. valores não é tarefa fácil quando se depara com uma diversidade de
A escola é fator importante no desenvolvimento da atitude, situações que se encontra na sociedade do mundo de hoje.
pois no decorrer de nossa vida se passa boa parte do tempo numa A educação não é a única alternativa para todas as dificuldades
unidade de ensino, o que proporciona uma inserção de conheci- que se encontra no mundo atual. Mas, a educação significa um im-
mento. portante caminho para que o conhecimento, seja uma semente de
Segundo Trillo (2000, p.28) a escola através ações educativas, uma nova era para ser plantada e que cresça para dar bons frutos
proporciona os estímulos necessários na natureza para a constru- para sociedade.
ção de valores. De acordo com Johann (2009, p.19) a ética é um fator primor-
[...] Do ponto de vista da teoria das atitudes, pelo nos casos em dial na educação, pois já é parte do principio da existência humana.
que se acedeu ao seu estudo a partir de casos de delineamentos [...] Se a educação inclui a ética como uma condição para que
vinculados a educação, não surgem controvérsias importantes no ela se construa de acordo com a sua tarefa primordial, antes de
que se refere ao facto de se tratar ou não natureza humana suscep- tudo, buscaremos compreender o que se entende por educar e de
tíveis de serem estimulados através da ação educativa. Ou seja, pa- que tarefa se trata aqui. Para explicitar o conceito de educação que
rece existir um acordo geral segundo o qual as atitudes e os valores assumimos ao relacioná-la com a ética, começaremos por contex-
poderiam se ensinados na escola [...] tualizar a existência humana, razão da emergência do fenômeno
As ações das atitudes começam a se desenvolver logo na educativo e das exigências éticas [...]
criança quando ela esta rodeada de exemplos de família, amigos e Percebe-se a importância da ética no processo de aprendiza-
principalmente pelos ensinamentos da escola. É interessante que gem, onde alunos professores e escolas, devem selar este principio
quando se tem um ambiente favorável e principalmente dos pais, na troca de informações para o crescimento do conhecimento.
acompanhando e orientando a criança, percebe-se a construção de Os valores a serem desenvolvidos como uma competência edu-
boas atitudes. cacional, é um desafio para escolas, professores e alunos devido a
De acordo com Trillo (200, p.35) as crianças imitam os compor- diversidade social, em que tem que ter um alinhamento flexível do
tamentos em sua volta, de maneira que são estimuladas através de modelo pedagógico das escolas e da didática do professor.
exemplos de atitudes positivas, o que proporciona a autoestima. Segundo Araujo e Puig ( 2007, p.35) os valores mundo educa-
[...] Nesta perspectiva, os mecanismos básicos da aquisição cional devem ser construídos com base num envolto de ferramen-
são a imitação e o esforço. As crianças pequenas vão imitando os tas como democracia, cidadania e direitos humanos, de modo que
comportamentos que observam a sua volta e, desta forma, esses estes valores a todo instante se relacionam com a diversidade social
comportamentos vão se fixando ou desaparecendo, como conse- no ambiente interno e externo da escola.
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Fundamentos da Educação
[...] Assim o universo educacional em que os sujeitos vivem de- O papel do pedagogo
vem estar permeados por possibilidades de convivência cotidiana De acordo com a pedagogia inclusiva, para que os objetivos
com valores éticos e instrumentos que facilitem as relações inter- estabelecidos sejam alcançados, o primeiro passo é reconsiderar o
pessoais pautadas em valores vinculados a democracia, a cidada- papel do pedagogo no espaço educacional, sua atuação para a com-
nia e aos direitos humanos. Com isso, fugimos de um modelo de preensão da dignidade humana e o respeito às diferenças no am-
educação em valores baseado exclusivamente baseado em aulas de biente escolar. Seu papel não pode resumir-se às incontáveis tarefas
religião, moral ou ética e compreendemos que a construção de va- burocráticas que lhe são designadas. Assim, é papel do pedagogo:
lores se da a todo instante, dentro e fora da escola. Se a escola e a • pensar a organização das práticas pedagógicas sendo media-
sociedade propiciarem possibilidades constantes e significativas de dor do processo de ensino e aprendizagem de forma a garantir a
convívio com temáticas éticas, haverá maior probabilidade de que consistência das ações e intenções do fazer pedagógico.
tais valores sejam construídos pelo sujeitos [...] • estar ciente de que seu trabalho no interior das escolas exige,
Contudo, a função social do professor é um ambiente bem na sua essência, um domínio mais aprofundado das questões edu-
complexo de se analisar, visto que ela esta relacionada a situações cacionais e pedagógicas, transcendendo a espontaneidade trivial e
como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância o imediatismo reinante na cultura escolar.
para o desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alu- • atuar de forma concreta nos diversos âmbitos da prática edu-
nos, pois a sociedade em que se vive, é cada vez mais diversificada, cativa, como mediador e articulador na construção do Projeto Po-
exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino, e das es- lítico Pedagógico (PPP) da escola e do Plano de trabalho Docente
colas modelos pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a neces- (PTD) dos professores, direcionando para uma proposta pedagógica
sidade dos alunos diversificados a fim de construir uma sociedade de educação inclusiva de forma que a flexibilidade curricular trans-
com conhecimento.25 ponha a teoria e se efetive na prática docente atendendo as especi-
ficidades de todos os alunos.
• enquanto orientador do processo inclusivo, o pedagogo deve
INCLUSÃO EDUCACIONAL E RESPEITO À DIVERSIDADE trabalhar a questão da superação ao preconceito em relação às di-
ferenças no espaço escolar, preconizando a valorização do ser hu-
mano, sua identidade e suas necessidades.
Todas as crianças são capazes de aprender e têm direito a um • pensar a interação social dos sujeitos é imprescindível en-
ensino de qualidade para que alcancem todo o seu potencial. Por- tender e reconhecer a importância de interagir uns com os outros;
tanto, é essencial que todos os professores se envolvam com as segundo a abordagem Histórico-Cultural, que tem como precursor
complexas questões de diversidade e inclusão. O objetivo da peda- Vygotsky, o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas
gogia inclusiva é ampliar o que geralmente é oferecido a todos os entre parceiros sociais, pelos processos de interação e mediação.
alunos, em vez de oferecer algo diferente ou adicional para alunos • entender o processo de inclusão deve ser entendido a partir
com dificuldades de aprendizagem. do pressuposto que o desenvolvimento da criança com deficiência
é igual ao das crianças sem deficiência, interagindo com crianças
Educação Especial X Educação Inclusiva iguais e diferentes, a diferença é que necessita de condições especí-
Apesar de semelhantes, as abordagens têm peculiaridades ficas às suas particularidades.
muito diferentes. Na educação especial, o ensino é totalmente vol- • ser mediador do processo de inclusão, oferecendo condições
tado para alunos com deficiência. Já na educação inclusiva, todos os concretas para que a deficiência seja significada através de expe-
alunos com e sem deficiência têm a oportunidade de conviverem e riências em que a criança possa construir sua identidade e estru-
aprenderem juntos. turas psicológicas de forma a sentir-se valorizada nos processos de
A ideia da inclusão é mais do que somente garantir o acesso à ação e interação com os demais.
entrada de alunos nas instituições de ensino. O objetivo é eliminar
obstáculos que limitam a aprendizagem e participação no processo Educação Inclusiva
educativo. No caso das instituições especializadas, os professores Os movimentos a favor da educação inclusiva tiveram como
possuem formação complementar e, em geral, há equipamentos meta a reestruturação das escolas de modo que atendessem às
para atender algumas demandas dos alunos. Assim, os objetivos necessidades de todas as crianças, ampliando as oportunidades de
da educação especial são os mesmos da educação em geral. O que acesso ao ensino e participação social (Ainscow, Porter, & Wang,
difere, entretanto, é o atendimento, que passa a ser de acordo com 1997).
as necessidades individuais de cada aluno. Foi assinalada por esses autores a relevância da participação
em equipe, dos professores e dos gestores, para a organização da
Diversidade programação cultural e estrutural da instituição e dos papéis dos
É importante destacar que a diversidade, por si só, não caracte- especialistas na reconceptualização das necessidades educativas
riza uma Educação Inclusiva. Uma escola pode ser um espaço diver- especiais. Três fatores chave foram apontados para a viabilização
so, que acolhe crianças com diferentes vivências e realidades, mas da inclusão educacional: o aproveitamento da energia dos alunos;
ela só será inclusiva se desenvolver um senso de pertencimento e a organização de classes que encorajassem o processo social de
de participação entre os seus alunos. aprendizagem e da capacidade de respostas do professor ao fee-
dback dado pelos alunos: a capacidade do professor e da instituição
de modificar planos e atividades.
O que difere uma educação inclusiva de uma não inclusiva
25 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br
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Fundamentos da Educação
Abordagem da educação não inclusiva Focalização no aluno Abordagem da educação inclusiva Focalização na classe
Avaliação do aluno por especialistas Resultados das Avaliação das condições de ensino-aprendizagem
avaliações traduzidos em diagnóstico/ prescrição Resolução cooperativa de problemas
Programa para os alunos Estratégias para os professores Adaptação e apoio na classe
Colocação em um programa apropriado regular
O sistema educacional brasileiro passou por grandes mudanças nos últimos anos e tem conseguido cada vez mais respeitar a diversi-
dade, garantindo a convivência e a aprendizagem de todos os alunos.
As práticas educacionais desenvolvidas nesse período e que promovem a inclusão na escola regular dos alunos com deficiência (física,
intelectual, visual, auditiva e múltipla), com transtorno global do desenvolvimento e com altas habilidades, revelam a mudança de paradig-
ma incorporada pelas equipes pedagógicas. Essas ações evidenciam os esforços dos educadores em ensinar a turma toda e representam
um conjunto valioso de experiências.
A educação especial como modalidade de ensino ainda está se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, precisarão
dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas:
- pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e
-pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família.
De acordo com o Mini-dicionário Aurélio (2004), incluir (inclusão) significa: 1Conter ou trazer em si; compreender, abranger. 2Fazer
tomar parte; inserir, introduzir. 3Fazer constar de lista, de série, etc; relacionar.”
Para Monteiro (2001): “[...] A inclusão é a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, uma socieda-
de mais justa, mais igualitária, e respeitosa, orientada para o acolhimento a diversidade humana e pautada em ações coletivas que visem
a equiparação das oportunidades de desenvolvimento das dimensões humanas (MONTEIRO, 2001, p. 1).”
De acordo com Mantoan (2005), inclusão:
“É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes
de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprome-
timento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo
dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com,
é interagir com o outro.”
Em se tratando de educação partimos do pressuposto de que inclusão é a idéia de que todas as crianças têm o direto de se educar
juntos em uma mesma escola, sem que esta escola exija requisitos para ingresso e não selecione os alunos, mas, sim, uma escola que
garanta o acesso e a permanência com sucesso, dando condições de aprendizagem a todos os seus alunos.
Tudo isso é possível na medida em que a escola promova mudanças no seu processo de ensinar e aprender, reconhecendo o valor de
cada criança e o seu estilo de aprendizagem, reconhecendo que todos possuem potencialidades e que estas potencialidades devem ser
desenvolvidas.
Quando pensamos em uma escola inclusiva, é necessário pensar em uma modificação da estrutura, do funcionamento e da resposta
educativa, fazendo com que a escola dê lugar para todas as diferenças e não somente aos alunos com necessidades especiais.
A fim de mudar a sua prática educativa, a escola deverá desenvolver estratégias de ensino diferenciadas que possibilitem o aluno a
aprender e se desenvolver adequadamente.
De acordo com Carvalho (2000, p. 111) “A proposta inclusiva pressupõe uma ‘nova’ sociedade e, nela, uma escola diferente e melhor
do que a que temos.” E diz ainda,
“Mas aceitar o ideário da inclusão, não garante ao bem intencionado mudar o que existe, num passe de mágica. A escola inclusiva,
isto é, a escola para todos deve estar inserida num mundo inclusivo onde as desigualdades não atinjam os níveis abomináveis com os quais
temos convivido.”
A escola é o espaço primordial para se oportunizar a integração e melhor convivência entre os alunos, os professores e possibilita o
acesso aos bens culturais.Portanto é preciso que a escola busque trabalhar de forma democrática, oferecendo oportunidades de uma vida
melhor para todos independente de condição social, econômica, raça, religião, sexo, etc. Todos os alunos têm direito de estarem na escola,
aprendendo e participando, sem ser discriminado ou ter que enfrentar algum tipo de preconceito por motivo algum.
Segundo Haddad (2008) “[...] o benefício da inclusão não é apenas para crianças com deficiência, é efetivamente para toda a comu-
nidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido da cidadania, da diversidade e do aprendizado.” Na Constituição Federal
(1988) a educação já era garantida como um direito de todos e um dos seus objetivos fundamentais era, “promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
No (artigo 3º, inciso IV) da Constituição Federal (1988), como também no artigo 205, a educação é declarada como um direito de
todos, devendo ela garantir o pleno desenvolvimento da pessoa, o seu exercício de cidadania e a qualificação para o trabalho. A educação
inclusiva é reconhecida como uma ação política, cultural, social e pedagógica a favor do direito de todos a uma educação de qualidade e
de um sistema educacional organizado e inclusivo.
À escola cabe a responsabilidade em atender as diferenças, considerando que para haver qualidade na educação é necessário assegu-
rar uma educação que se preocupe em atender a diversidade.
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Fundamentos da Educação
qualidade. É um grande desafio para a escola pública levar os alu- ça na orientação sexual e nas formas como as diferenças de gêne-
nos a reflexão sobre a diversidade de nossa cultura, marcada pela ro se estabelecem, não justificam a exclusão. É preciso enxergar o
religiosidade. mundo presente nas relações humanas e aceitar que a diversidade
Segundo Heerdt, (2003, p. 34) baseada na igualdade e na diferença é possível.
“É fundamental que as escolas incentivem os educandos a co- A escola precisa levar a reflexão sobre as diferenças e precon-
nhecer a sua própria religião, a ter interesse por outras formas de ceitos de gênero, buscando sensibilizar a todos os envolvidos na
religiosidade, valorizando cada uma e respeitando a diversidade re- educação para as situações que produzem preconceitos e resultam
ligiosa, sem nenhum tipo de preconceito.” em desigualdades, muito presentes no cotidiano escolar, onde mui-
A escola pública deve trabalhar no sentido de ampliar os limi- tas vezes preponderam falas ou situações diversas de distinção de
tes quanto aos vários tipos de culturas religiosas, desmontando os sexo entre os alunos. É preciso ter consciência que o enaltecimento
preconceitos, fazendo com que todos sejam ouvidos e respeitados, da diferença de gênero traz aspectos negativos, desconsiderando
pois intolerância religiosa é desrespeito aos direitos humanos. De muitas vezes o direito, a habilidade e a capacidade de cada pessoa.
acordo com o Código Penal Brasileiro constitui crime (punível com
multa e até detenção), zombar publicamente de alguém por moti- De acordo com Vianna e Ridenti (1998, p. 102)
vo de crença religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou culto, e “O ambiente escolar pode reproduzir imagens negativas e
ofender publicamente imagens e outros objetos de culto religioso. preconceituosas, por exemplo, quando professores relacionam o
Assim, cada cidadão precisa assumir a postura do respeito pelo ser rendimento de suas alunas ao bom comportamento, ou quando as
humano, independente de religião ou crença, tendo consciência de tratam como esforçadas e quase nunca como potencialmente bri-
que cada pessoa pode fazer sua opção religiosa e manifestar-se li- lhantes, capazes de ousadia e lideranças. O mesmo pode ocorrer
vremente de acordo com os princípios de cada cultura. com os alunos quando estes não correspondem a um modelo mas-
culino predeterminado.”
Diversidades de gênero A escola, como bem aponta o material pedagógico “Educar
Vivemos em uma sociedade pluralista, onde o respeito à indivi- para a diversidade – um guia para professores sobre orientação se-
dualidade e o direito de expressão devem ser considerados. xual e identidade de gênero”, tem a função de contribuir para o
fortalecimento da autoestima dos alunos, independente do gêne-
A escola pública deve ser o espaço das liberdades democráti- ro, buscando afirmar o respeito pelo outro, bem como o interesse
cas. pelos sentimentos dos outros, independente das suas diferenças, É
preciso que cada um reconheça no outro: homem, mulher, homos-
Segundo Gomes (1998, p.116), “Entre preconceitos e discrimi- sexual, etc, pessoas com necessidades, interesses, sentimentos... e
nações, cabe à escola pública o importante papel de proporcionar a que estas possuem seu valor na sociedade e precisam ser valori-
seus alunos um modelo de tolerância a ser aplicado na sociedade.” zados e terem os mesmos direitos garantidos a qualquer cidadão.
Ao se abordar a questão de gênero, logo vem a idéia de gênero
ligada aos sexos masculino e feminino, enfatizando a questão da Diversidades do campo
exclusão da mulher, sempre desprivilegiada na sociedade ao lon- A escola atende em seu cotidiano, muitos alunos advindos de
go da história. Essa exclusão é marcada na sociedade em diversas diversos grupos, entre eles, possui os alunos do campo com sua
situações, como mercado de trabalho, política etc, privilegiando o cultura e seus valores que precisam ser reconhecidos e valorizados,
homem, e enxergando-o com capacidade de liderança, força física, pois são muitas as influências e contribuições trazidas por eles,
virilidade, capaz de garantir o sustento da família e atender ao mer- principalmente em relação ao trabalho, a história, o jeito de ser, os
cado de trabalho, etc, em contraposição a mulher vista como repro- conhecimentos e experiências, etc.
dutora, com a responsabilidade por cuidar dos filhos, da família, das A LDB 9394/96 (1996), reconhece a diversidade do campo e as
atividades domésticas, etc. suas especificidades, estabelecendo as normas para a educação do
Muitas transformações vêm ocorrendo nas relações de sexo na campo em seu artigo 28.
sociedade, fazendo com que essa visão sobre a mulher seja des- A escola precisa refletir sobre a educação para as pessoas do
mistificada e dando oportunidades às mulheres para dividirem os campo, que muitas vezes são obrigados a aceitar e desenvolver seu
mesmos espaços profissionais e pessoais com os homens, apesar processo educativo dentro de um currículo totalmente urbano, que
de ainda haver uma grande desproporção e divisão de poderes que desconhece a realidade e as necessidades do campo.
favorecem mais aos homens, discriminando, por sua vez, o sexo fe- As pessoas que vivem no campo têm sua cultura, seus saberes
minino. de experiência, seu cotidiano, que acabam sendo esquecidos, fa-
Mas quando se trata a questão de gênero na sociedade não zendo com que percam sua identidade, supervalorizando somente
podemos relacionar somente ao sexo feminino ou masculino, pois o espaço urbano, quando eles têm muitos conhecimentos a serem
atualmente abrange também outras formas culturais de construção considerados e aproveitados pela escola.
de sexualidade humana, vistos muitas vezes com desprezo e com Na maioria das vezes esses alunos advindos do campo preci-
atitudes discriminatórias na sociedade e, mesmo, na escola, como sam deixar seu habitat para irem estudar nas cidades. Seria muito
os homossexuais, um grupo que, assim como as mulheres, sofreram importante que a educação desses alunos fosse realizada no e do
e continuam sofrendo discriminações ao longo dos séculos e, tem campo, privilegiando a cultura ali no seu espaço, de acordo com
sofrido com os estigmas, estereótipos e preconceitos. sua realidade. Porém esses alunos são retirados do seu espaço e
É preciso desconstruir os preconceitos e estereótipos em ter- trazidos para os centros urbanos para que o seu processo de esco-
mos de diferença sexual, possibilitando a inclusão de todas as pes- larização aconteça, o que acaba colocando em risco suas vidas em
soas, sejam elas do sexo feminino ou masculino e, considerando as meios de transportes precários e estradas rurais ruins. O povo do
múltiplas formas em que estes podem se desdobrar, pois a diferen-
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campo quer ver garantido o seu direito à educação, mas que este A escola é a responsável em oportunizar aos alunos o acesso
seja assegurado ali no ambiente em que vivem, atendendo as suas aos conhecimentos historicamente produzidos, principalmente a
especificidades. escola pública regular, considerada o local preferencial para a es-
De acordo com Caldart (2002, apud DCE Educação do Campo, colarização formal dos alunos com necessidades especiais, tendo
2006, p. 27) “[...] o povo tem o direito de ser educado no lugar onde como forma de complementação curricular os apoios e serviços
vive; o povo tem o direito a uma educação pensada desde o seu especializados.
lugar e com sua participação, vinculada à sua cultura e às suas ne- É chegada a hora de a escola oferecer oportunidades a todos
cessidades humanas e sociais.” os alunos indiscriminadamente, como um direito essencial na vida
Já que este direito de ter a educação ali onde vive deixou de de cada cidadão, inclusive os com necessidades especiais. Assim,
existir e, enquanto essa realidade permanece, é necessário que se a escola regular precisa se preocupar em refletir com seus alunos
promovam reflexões e discussões acerca da vida no campo, valori- o conceito de diferença e de especial, salientando que não são so-
zando os alunos do campo que frequentam a escola urbana, que mente os alunos com necessidades especiais que são diferentes e
não podem ser marginalizados ou discriminados por sua condição especiais, mas todos nós e que, as mesmas oportunidades devem
geográfica. ser dadas a todos, para que possam obter sucesso em sua vida es-
Muitos assuntos relacionados à vida no campo podem ser colar e pessoal e assim, exercer a cidadania.
abordados pelos professores em seu dia-a-dia da sala de aula como Há a necessidade de criar dentro da escola espaços para diá-
reforma agrária, MST, desenvolvimento sustentável, cultura, produ- logos, trocas de idéias e experiências, a fim de reconhecer os alu-
ção agrícola, entre outros, primando por fazer com que estes alunos nos considerados como especiais e valorizá-los dentro do ensino
sintam-se valorizados dentro da escola e que tenham sua cultura, regular, visando remover barreiras frente à diferença e reconhecer
forma e estilo de vida valorizados . que cada aluno possui as suas potencialidades e, a eles, devem ser
Segundo Caldart (2005, apud DCE Educação do Campo, 2006) oportunizadas, condições de acesso, permanência e sucesso na es-
“[...] A escola precisa cumprir sua vocação universal de ajudar no cola regular.
processo de humanização, com as tarefas específicas que pode Carvalho (2006) afirma que é necessário desmontar o mito de
assumir nesta perspectiva.” Ao mesmo tempo, é chamada a estar que os professores do ensino regular não estão preparados para
atenta às particularidades dos processos sociais do seu tempo his- trabalhar com esses alunos e que não são alunos do ensino regular
tórico e ajudar na formação das novas gerações trabalhadoras e de e sim da educação especial, onde terão os chamados especialistas
militantes sociais. para atendê-los. A escola, enquanto instituição aberta a todos, pre-
Os alunos advindos do campo precisam se sentir parte do pro- cisa superar o sentimento de rejeição que os alunos com neces-
cesso e terem o seu valor reconhecido pela sociedade, a começar sidades especiais enfrentam e, lutar para que tenham as mesmas
pela escola, que trabalha no sentido de desenvolver a humanização oportunidades que são oferecidas aos outros alunos assegurando-
e a emancipação dos cidadãos. -lhes o desenvolvimento da aprendizagem. Assim é preciso algumas
Alunos com necessidades educacionais especiais modificações no sistema e na escola como:
Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem - no currículo e nas adaptações curriculares;
ser garantidos os mesmos direitos e as mesmas oportunidades dos - na avaliação contínua do trabalho;
alunos ditos “normais”, pois a escola é o espaço de formação para - na intervenção psicopedagógica;
todos. Segundo Carvalho (2000, p. 106) “Enquanto espaço de for- - em recursos materiais;
mação, diz respeito ao desenvolvimento, nos educandos, de sua - numa nova concepção de especial em educação, etc.
capacidade crítica e reflexiva, do sentimento de solidariedade e de
respeito às diferenças, dentre outros valores democráticos.” Diversidade etnico-racial e cultura afro-brasileira e africana
O movimento pela inclusão oportuniza o direito de todos os Somos uma sociedade sem preconceitos? Há igualdade de di-
alunos de estarem juntos aprendendo, tendo suas especificidades reitos entre negros e brancos em nossa sociedade? Presenciamos
atendidas. situações de preconceito em nosso dia-a- -dia, evidenciadas em fra-
Assim, a Lei abre espaço também aos alunos com necessidades ses como estas: “pessoa de cor “, “a coisa tá preta”, “olha o cabelo
educacionais especiais a serem atendidos em escolas especiais ou dela”, “olha a cor do fulano”, “tem o pezinho na senzala”, “serviço
escolas regulares, de acordo com suas especificidades. de preto”, etc?
A Constituição Federal de 1988 define, em seu artigo 205, a A escola é responsável por trabalhar no sentido de promover a
educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvol- inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo
vimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos
trabalho. dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal-
No artigo 206, inciso 1, estabelece a “igualdade de condições mente dos afro-descendentes, marcados por um histórico triste na
de acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre-
o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimen- conceito.
to educacional, preferencialmente na rede regular do ensino (art. A escola tem o importante papel de transformação da huma-
208). nidade e precisa desenvolver seu trabalho de forma democrática,
A atual LDB 9394/96 (1996) também assegura aos alunos com comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e res-
necessidades educacionais especiais o atendimento, em seu arti- peitando-o em suas diferenças. De acordo com Ribeiro (2004, p. 7)
go 4, inciso 3 “atendimento educacional especializado gratuito aos “[...] a educação é essencial no processo de formação de qualquer
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede sociedade e abre caminhos para a ampliação da cidadania de um
regular de ensino.” povo.”
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Os afrodescendentes devem ser reconhecidos em nossa socie- as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu pertenci-
dade com as mesmas igualdades de oportunidades que são con- mento étnico-racial tendo seus direitos garantidos e sua identidade
cedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando eliminar todas valorizada.
as formas de desigualdades raciais e resgatar a contribuição dos
negros na formação da sociedade brasileira e, assim, valorizar a his- Diversidade sócio-econômica e cultural
tória e cultura dos afro-brasileiros e africanos. A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove-
Segundo as DCN para a Educação das Relações Étnicos- Ra- nientes de uma classe sócio-econômica cultural desfavorecida, de
ciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na
(2003, p. 5) maioria, possuem dificuldades de aprendizagem.
“Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, São alunos filhos da classe trabalhadora, cujo pais permane-
culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade da- cem a maior parte do dia fora de casa trabalhando como empre-
quilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a gados em indústrias, lojas, casas de família, em trabalhos sazonais
população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio- como bóias-frias na zona rural, cortadores de cana, pedreiros, garis,
cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. empregadas domésticas, etc. Muitos pais encontram- se até de-
Requer também que se conheça a sua história e cultura apresenta- sempregados, realizando um “bico” aqui ou ali. Esses compõem a
das, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito maioria dos alunos que a escola pública atende e que precisa dar
da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde conta, oportunizando condições de aprendizagem, num processo
crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que de qualidade.
os não negros, é por falta de competência ou interesse, desconside- Eles são alunos que estão à margem da sociedade, e que mui-
rando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica tas vezes passam por diversas circunstâncias perversas, como a
cria com prejuízos para o negro.” fome, situações de violência, problemas com alcoolismo e drogas,
Para que haja realmente a construção de um país democráti- situações de abandono, entre outros. Esses são os verdadeiros ex-
co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e cluídos da sociedade que estão na escola clamando por ajuda. E as
sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente, condições sócioeconômicas e culturais é um dos fatores que podem
continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no interferir, e muito, no desempenho escolar dos alunos.
currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas O desafio da escola é este: possibilitar a essa grande maioria
relações entre alunos, e não poucas vezes até professores. Segun- o acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
do Pinto (1993, apud Rosemberg, 1998, p. 84) “[...] “ao que tudo no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
indica, a escola, que poderia e deveria contribuir para modificar mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
as mentalidades antidiscriminatórias ou pelo menos para inibir as muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
ações discriminatórias, acaba contribuindo para a perpetuação das transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
discriminações, seja por atuação direta de seus agentes, seja por nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
sua omissão perante os conteúdos didáticos que veicula, ou pelo
que ocorre no dia-a-dia da sal de aula.” O sistema, a escola, os professores, precisam reconhecer nes-
Corroborando o que diz Pinto, Silva (2002, p. 140) afirma que: ses alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma opor-
“Os dados mostram claramente que o sistema educacional bra- tunidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
sileiro é seletivo e discriminatório, porque seleciona em especial os querem ter seus direitos de cidadãos garantidos.
pobres, os negros, os mulatos os nordestinos.” “[...]
Assim sendo, a marginalização cultural e o racismo estão entre É preciso destruir o histórico de exclusão e desigualdade do
as principais razões que explicam as grandes taxas de evasão e re- sistema escolar público, reconhecendo em cada aluno suas poten-
petência na escola básica.” cialidades.
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a A escola precisa se preocupar em oferecer um ensino público
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- de maior qualidade, que possa compensar, pelo menos parcialmen-
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- te, as dificuldades de aprendizagem. É preciso que se fique claro
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra o que as crianças que vivem em ambientes desfavoráveis também
racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos, todos que podem ter um nível de aprendizagem satisfatória.
acreditam num país democrático, justo e igualitário. Cabe à escola oportunizar essas condições, oferecendo o apoio
Atualmente, a escola e a sociedade têm se preocupado com a necessário aos alunos em condições sócioeconômicas e culturais
criação de representações positivas sobre o negro, possibilitando desfavoráveis, ajudando-os a superar as dificuldades e carências do
uma inserção social do negro em alguns setores da sociedade, mu- contexto onde vivem, procurando destruir o histórico de exclusão e
dando aos poucos a situação do negro. desigualdade do sistema escolar público.
Um exemplo real e recente disso é a Presidência dos Estados
Unidos, sendo conquistada por um negro: Barako Obama. O próprio Diversidade indígena
estabelecimento da Lei nº 10.639/03 que altera a LDB 9394/96 já Uma outra diversidade verificada no interior da escola pública,
retrata a preocupação na reflexão acerca do preconceito e da discri- que vem sendo muito valorizada atualmente é com relação à edu-
minação, buscando democratizar e universalizar o ensino, garantin- cação escolar indígena. Os indígenas também clamam por proces-
do a todos os alunos o reconhecimento e valorização de sua cultura, sos educacionais que lhes permitam o acesso aos conhecimentos
de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o racismo e universais, mas que valorize também suas línguas e saberes tradi-
cionais.
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Fundamentos da Educação
A Constituição de 1988 reconheceu o direito dos índios (autóc- Assim, pensar em inclusão, não é só dirigir o olhar para os
tones) de permanecerem índios e de terem suas tradições e modos alunos com necessidades especiais, mas sim, para todos aqueles
de vida respeitados. Em seu art. 210 fica assegurado aos povos in- alunos que estão nas salas de aula, que muitas vezes sofrendo pre-
dígenas o direito de utilizarem suas línguas maternas e processos conceitos e discriminações por pertencer a este ou aquele grupo.
próprios de aprendizagem buscando transformar a instituição es- Trabalhar com uma proposta de diversidade, propiciando opor-
colar em um instrumento de valorização e sistematização de sabe- tunidades de inclusão a todos os alunos na escola, não é uma tarefa
res e práticas tradicionais, ao mesmo tempo em que possibilita aos fácil, uma vez que não se resume apenas na garantia do direito de
índios o acesso aos conhecimentos universais e a valorização dos acesso. É preciso que lhes sejam garantidas as condições de perma-
conhecimentos étnicos. nência e sucesso na escola.
A partir da Constituição de 1988 e mais fortemente na LBB Para que o processo de inclusão ocorra satisfatoriamente é pre-
9394/96 os indígenas passaram a ser reconhecidos legalmente em ciso que haja investimento em educação, senão é um projeto fada-
suas diferenças e peculiaridades. A LDB 9394/96 (1996) estabele- do ao insucesso, pois a escola precisa oferecer estrutura adequada
ce em seu artigo 78, que aos índios devem ser proporcionadas a para que ele ocorra. A dura realidade das condições de trabalho e
recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas os limites da formação profissional, o número elevado de alunos
identidades étnicas e a valorização de suas línguas e ciências. Aos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar
índios, suas comunidades e povos devem ser garantidos o acesso “alunos especiais” ou diferentes são fatores a ser considerados no
às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade processo de inclusão que garanta a participação de todos os alunos
nacional e das demais sociedades indígenas e não-índias. O Plano e o sucesso, evitando- se assim o alto número de alunos evadidos e
Nacional de Educação (2001) estabelece objetivos e metas para o até os retidos no ano letivo.
desenvolvimento da educação escolar indígena diferenciada, inter- É de extrema relevância que a escola, especialmente a pública,
cultural, bilíngüe e de qualidade. Muitas ações em relação à edu- reconheça as diferenças, valorizando as especificidades e potencia-
cação escolar dos indígenas já foram realizadas, porém ainda se lidades de cada um, reconhecendo a importância do ser humano,
percebe um quadro desigual, fragmentado e pouco estruturado de lutando contra os estereótipos, as atitudes de preconceito e discri-
oferta e atendimento educacional aos índios. minação em relação aos que são considerados diferentes dentro da
A diversidade dos povos indígenas precisa ser considerada de escola.
fato, exigindo iniciativas diferenciadas por serem portadores de tra- É preciso que todos tenham clareza de que sempre vai haver
dições culturais específicas. A escolarização dos indígenas precisa diferenças, mas é possível minimizá-las, desde que haja interesse
acontecer a partir do paradigma da especificidade, da diferença, da em propiciar uma educação de qualidade a todos.
interculturalidade e da valorização da diversidade lingüística desen- Portanto é preciso haver uma transformação da realidade com
volvendo assim, ações culturais, históricas e lingüísticas. o objetivo de diminuir a exclusão dos alunos, especiais ou não do
Os indígenas precisam ser respeitados e incluídos nos sistemas sistema educacional. É necessário que se proponha ações e medi-
de ensino do país, tendo a sua diversidade étnica valorizada e que das que visem assegurar os direitos conquistados, a melhoria da
entre os indígenas e não indígenas haja um diálogo tolerante e ver- qualidade da educação, o investimento em uma ampla formação
dadeiro. dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a pre-
A proposta é por uma educação escolar indígena diferencia- visão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras pos-
da, que possibilite a inclusão deste grupo no sistema educacional, sibilidades.
tendo respeitadas as suas peculiaridades. Por isto, muitos inves- Como diz Mantoan (2008, p. 20)
timentos têm sido realizados com relação a educação escolar dos “O essencial, na nossa opinião, é que todos os investimen-
indígenas, principalmente em relação aos professores, capacitando tos atuais e futuros da educação brasileira não repitam o passado
professores indígenas que conhecem a realidade, a história e a cul- e reconheçam e valorizam as diferenças na escola. Temos de ter
tura do seu grupo ao longo de todo o processo histórico brasileiro. sempre presente que o nosso problema se concentra em tudo o
A questão da educação escolar indígena é uma grande evolu- que torna nossas escolas injustas, discriminadoras e excludentes,
ção e conquista. Muitas reflexões e muitas ações ainda precisam ser e que, sem solucioná-lo, não conseguiremos o nível de qualidade
desencadeadas com o objetivo de valorização e preservação da cul- de ensino escolar, que é exigido para se ter uma escola mais que
tura indígena, propiciando o reconhecimento dos indígenas como especial, onde os alunos tenham o direito de ser (alunos), sendo di-
sujeitos da história e que a eles devem ser garantidos o acesso aos ferentes.” (grifo nosso). Precisamos ser otimistas e transformar em
direitos de qualquer cidadão. realidade o sonho de uma educação para todos, nos convencendo
A lei preconiza a universalização da educação para todos, ga- das potencialidades e capacidades dos seres humanos, acreditando
rantindo o direito ao acesso, a permanência e ao sucesso dos alu- que, somando nossas diferenças, poderemos provocar mudanças
nos. No entanto, a realidade educacional contemporânea coloca a significativas na educação e na sociedade, diminuindo preconceitos
escola pública como o palco da diversidade, pois ali se encontram e estereótipos e tornando nosso país mais humano, fraterno, justo
alunos de diferentes grupos. A diferença entre os grupos é visível e e solidário.
o trabalho pedagógico precisa voltar-se à diferença, oportunizando
o direito de educação para todos. INCLUSÃO
Vale destacar que o trabalho com a diversidade está ligado à Nos debates atuais sobre inclusão, o ensino escolar brasileiro
proposta de inclusão, que emerge como um grande desafio para a tem diante de si o desafio de encontrar soluções que respondam à
educação, pois, pensar em inclusão pressupõe uma série de fatores, questão do acesso e da permanência dos alunos nas suas institui-
principalmente os que dizem respeito aos alunos. ções educacionais. Algumas escolas públicas e particulares já ado-
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Fundamentos da Educação
taram ações nesse sentido, ao proporem mudanças na sua organi- A esse propósito é fundamental a contribuição de Joseph Jaco-
zação pedagógica, de modo a reconhecer e valorizar as diferenças, tot. Ele nos trouxe um olhar original sobre a igualdade. Ele afirmava
sem discriminar os alunos nem segregá-los. que a igualdade não seria alcançada a partir da desigualdade, como
Com a intenção de explorar esse debate sobre inclusão e esco- se espera atingi-la, até hoje, nas escolas; acreditava em uma outra
laridade, mais do que avaliar os argumentos contrários e favoráveis igualdade, a igualdade de inteligências.
às políticas educacionais inclusivas, é abordada nesta obra, a com- Em outras palavras, a emancipação da inteligência proviria des-
plexa relação de igualdade- diferenças, que envolve o entendimen- sa igualdade da capacidade de aprender, que vem antes de tudo e
to e a elaboração de tais políticas e de todas as iniciativas visando à é ponto de partida para qualquer tipo ou nível de aprendizagem.
transformação das escolas, para se ajustarem aos princípios inclu- Segundo Jacotot, a igualdade não é um objetivo a atingir, mas
sivos da educação. um ponto de partida, uma suposição a ser mantida em qualquer
circunstância.
A Questão Igualdade – Diferenças A escola insiste em afirmar que os alunos são diferentes quan-
A inclusão escolar está articulada a movimentos sociais mais do se matriculam em uma série escolar, mas o objetivo escolar, no
amplos, que exigem maior igualdade e mecanismos mais equitati- final desse período letivo, é que eles se igualem em conhecimentos
vos no acesso a bens e serviços. A inclusão propõe a desigualdade a um padrão que é estabelecido para aquela série, caso contrário
de tratamento como forma de restituir uma igualdade que foi rom- serão excluídos por repetência ou passarão a frequentar os grupos
pida por formas segregadoras de ensino especial regular. de reforço e de aceleração da aprendizagem e outros programas
Quando entendemos que não é a universalidade da espécie embrutecedores da inteligência. A indiferença às diferenças está
que define um sujeito, mas suas peculiaridades, ligadas a sexo, acabando, passando da moda. Nada mais desfocado da realidade
etnia, origem, crenças, tratar as pessoas diferentemente pode en- atual do que ignorá-las. Mas é preciso estar atento, pois combinar
fatizar suas diferenças, assim como tratar igualmente os diferen- igualdade e diferenças no processo escolar é andar no fio da nava-
tes pode esconder as suas especificidades e excluí-los do mesmo lha. O certo, porém, é que os alunos jamais deverão ser desvaloriza-
modo; portanto, ser gente é correr sempre o risco de ser diferente. dos e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas escolas comuns,
Para instaurar uma condição de igualdade nas escolas não se seja nas especiais.
concebe que todos os alunos sejam iguais em tudo, como é o caso
do modelo escolar mais reconhecido ainda hoje. Temos de consi- Fazer valer o direito à educação no caso de pessoas com de-
derar as suas desigualdades naturais e sociais, e só estas últimas ficiência
podem e devem ser eliminadas. Se a igualdade trás problemas, as O ensino escolar brasileiro continua aberto a poucos. A inclu-
diferenças podem trazer muito mais. são escolar tem sido mal compreendida, principalmente no seu
As políticas educacionais atuais confirmam em muitos momen- apelo a mudanças nas escolas comuns e especiais.Artigos, livros,
tos o projeto igualitarista e universalista da Modernidade. palestras que tratam devidamente do tema insistem na transforma-
O discurso da Modernidade estendeu suas precauções contra o ção das práticas de ensino comum e especial para a garantia da in-
imprevisível, à ambiguidade e demais riscos à ordem e a unicidade, clusão. Há apoio legal suficiente para mudar, mas só temos tido até
repetindo que todos são iguais, todos são livres, mas um “todo” agora, muitos entraves nesse sentido: a resistência das instituições
padronizado, dentro de seus pressupostos disciplinadores. especializadas a mudanças de qualquer tipo; a neutralização do de-
Esse discurso sustenta a organização pedagógica escolar e, safio à inclusão por meio de políticas públicas que impedem que as
por seus parâmetros, o aluno diferente desestabiliza o pensamen- escolas se mobilizem para rever suas práticas homogeneizadoras,
to moderno da escola, na sua ânsia pelo lógico, pela negação das meritocráticas, condutistas, subordinadoras e, em consequência,
condições que produzem diferenças, que são as, atrizes da nossa excludentes; o preconceito, o paternalismo em relação aos grupos
identidade. socialmente fragilizados, como o das pessoas com deficiência.A lei
A diferença propõe o conflito, o dissenso e a imprevisibilidade, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 96) deixa claro que
a impossibilidade do cálculo, da definição, a multiplicidade incon- o ensino especial é uma modalidade e, como tal, deve perpassar o
trolável e infinita. Se ela é recusada, negada, desvalorizada, há que ensino comum em todos os seus níveis, da escola básica ao ensino
assimilá-la ao igualitarismo essencialista e, se aceita e valorizada, há superior.
que mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem Se ainda não é do conhecimento geral, é importante que se
se firmado até agora. saiba que as escolas especiais complementam e não substituem a
Em Uma teoria da justiça (2002), Rawls opõe-se às declarações escola comum. As escolas especiais se destinam ao ensino do que
de direito do mundo moderno, que igualaram os homens em seu é diferente da base curricular nacional, mas que garante e possi-
instante de nascimento e estabeleceram o mérito e o esforço de bilita ao aluno com deficiência a aprendizagem desses conteúdos
cada um como medida de acesso e uso dos bens, recursos disponí- quando incluídos nas turmas comuns de ensino regular; oferecem
veis e mobilidade social. atendimento educacional especializado, que não tem níveis seria-
Na mesma direção das propostas escolares inclusivas, o referi- ções, certificações.
do autor defende que a distribuição natural de talentos ou a posi- Nossa obrigação é fazer valer o direito de todos à educação
ção social de cada indivíduo ocupa não são justas nem injustas. O e não precisamos ser corajosos para defender a inclusão, porque
que as torna justas ou não são as maneiras pelas quais as institui- estamos certos de que não corremos nenhum risco ao propor que
ções fazem uso delas. alunos com e sem deficiência deixem de frequentar ambientes edu-
cacionais à parte, que segregam, discriminam, diferenciam pela de-
ficiência, excluem – como é próprio das escolas especiais.
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Fundamentos da Educação
O que falta às escolas especiais é o ambiente apropriado de No Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, foram estruturadas pro-
formação do cidadão. Se a inclusão for uma das razões fortes de postas de atendimento educacional para pessoas com deficiência. A
mudanças, temos condições de romper com os modelos conser- integração escolar tinha como objetivo “ajudar pessoas com defici-
vadores da escola comum brasileira e iniciar um processo gradual, ência a obter uma existência tão próxima ao normal possível, a elas
porém firme, de redirecionamento de suas práticas para melhor disponibilizando padrões e condições de vida cotidiana próximas as
qualidade de ensino para todos. normas e padrões da sociedade”.
Muitas escolas, tanto comuns como especiais, já estão assegu- Com o objetivo de contrapor este modelo, a meta na inclu-
rando aos alunos com deficiência o atendimento educacional espe- são escolar é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como
cializado, em horário diferente do da escola comum. condição humana favorecedora da aprendizagem. Nesse caso, as
O processo de transformação da escola comum é lento, para limitações dos sujeitos devem ser consideradas apenas como uma
que haja um processo de mudança. Cujo movimento ruma para no- informação sobre eles que, assim, não pode ser desprezada na ela-
vas possibilidades para o ensino comum e especial, há que existir boração dos planejamentos de ensino. A ênfase deve recair sobre a
uma ruptura com o modelo antigo da escola. identificação de suas possibilidades, culminando com a construção
Em resumo, a inclusão não pode mais ser ignorada. Ela está de alternativas para garantir condições favoráveis à sua autonomia
tão presente que motiva pressões descabidas, que pretendem nos escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais di-
desestabilizar a qualquer custo. reitos.
A educação inclusiva tem sido caracterizada como um “novo
Atendimento Escolar de alunos com necessidades educacio- paradigma”, que se constitui pelo apreço à diversidade como con-
nais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação dição a ser valorizada, pois é benéfica à escolarização de todas as
no Brasil pessoas, pelo respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e
As instituições escolares, ao reproduzirem constantemente o pela proposição de outras práticas pedagógicas, o que exige uma
modelo tradicional, não têm demonstrado condições de responder ruptura com o instituído na sociedade e, consequentemente, nos
aos desafios da inclusão social e do acolhimento às diferenças nem sistemas de ensino.
de promover aprendizagens necessárias à vida em sociedade, par- Sem desprezar os embates atuais sobre educação inclusiva a
ticularmente nas sociedades complexas do século XXI. Assim, nes- proposta de atender a alunos com necessidades educacionais espe-
te século em que o próprio conhecimento e nossa relação com ele ciais nessas classes implica atentar para mudanças no âmbito dos
mudaram radicalmente, não se justifica que por parte expressiva sistemas de ensino, das unidades escolares, da prática de casa pro-
da sociedade continue apegada à representação da escola trans- fissional da educação em suas diferentes dimensões e respeitando
missora de conhecimentos e de valores fixos e inquestionáveis. A suas particularidades.
partir de meados da década de 1990, a escolarização de pessoas Para a implantação do referido atendimento educacional espe-
com necessidades educacionais especiais em classes comuns está cializados, a LDB prevê serviços especializados e serviços de apoio
na pauta da legislação brasileira sobre educação, nos debates e nas especializados e assegura “recursos e serviços educacionais espe-
publicações acadêmicas. No plano ético e político, a defesa de sua ciais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,
igualdade de direitos, com destaque para o direito à educação, pa- suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais
rece constituir-se um consenso. Atualmente coexistem pelo menos comuns...”
duas propostas para a educação especial: uma, em que os conhe- Se as imagens da educação inclusiva, da educação especial,
cimentos acumulados sobre educação especial, teóricos e práticos, bem como a população elegível para o atendimento educacional
devem estar a serviço dos sistemas de ensino e, portanto, das es- especializado, os tipos de recursos educacionais especiais e locais
colas, e disponíveis a todos os professores, alunos e demais mem- de atendimento escolar do referido alunado ainda levante questio-
bros da comunidade escolar; outra, em que se deve configurar um namento conceitual para que não restem dúvidas quanto às diretri-
conjunto de recursos e serviços educacionais especializados, dirigi- zes da política educacional brasileira a serem seguidas, é inegável
dos apenas à população escolar que apresente solicitações que o que o atendimento escolar de alunos com necessidades educacio-
ensino comum não tem conseguido contemplar. O planejamento e nais especiais deve ser universalizado, que os sistemas de ensino
a implantação de políticas educacionais para atender a alunos com precisam responder melhor às demandas de aprendizagem desses
necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual alunos, que aos professores deve ser garantida a formação continu-
sobre inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua ada, entre outras ações.
adoção enquanto princípio ético político, bem como a clara defini-
ção dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados, As condições de atendimento escolar para os estudantes com
permitindo a (re) definição dos papéis da educação especial e do necessidades educacionais especiais no Brasil
lugar do atendimento deste alunado. A política educacional brasileira tem deslocado progressiva-
mente para os municípios parte da responsabilidade administrativa,
Princípios, concepções e relações entre inclusão e integração financeira e pedagógica pelo acesso e permanência de alunos com
escolar necessidades educacionais especiais, em decorrência do processo
É importante salientar que mudanças na educação brasileira, de municipalização do ensino fundamental. Com isso, em alguns
nessa perspectiva, dependem de um conjunto de ações em nível estudos, tem indicado que a tendência dos municípios brasileiros
de sistema de ensino que tem que se movimentar a fim de garantir é pela organização de auxílios especiais, sob diferentes denomina-
que todas as unidades que o compõem ultrapassem o patamar em ções e com estrutura e funcionamento distintos. Cabe registrar que
que se encontram. há ausência de dados sobre quantas pessoas no Brasil apresentam
de fato necessidades educacionais especiais. Quanto ao apoio pe-
dagógico oferecido a alguns desses alunos matriculados nas classes
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Fundamentos da Educação
comuns, não há declaração sobre o tipo de apoio, sua frequência, Fonte: MANTOAN, M. T. Egler, PRIETO, R. Gavioli, ARANTES V. Amorim
que profissionais prestam esse atendimento e qual sua formação, (Org.). Inclusão escolar: pontos e contrapontos, 1ed., São Paulo: Sum-
divulgados em publicações oficiais atuais. mus, 2006.
Uma ação que deve marcar as políticas públicas de educação
é a formação dos profissionais da educação. Nesse sentido Xavier
(2002) considera que: a construção da competência para respon- DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
der com qualidade as necessidades educacionais especiais de seus EDUCAÇÃO BÁSICA
alunos em uma escola inclusiva, pela mediação da ética, responde
a necessidade social e histórica de superação das práticas pedagó-
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica
gicas que discriminam, segregam e excluem, e, ao mesmo tempo,
A necessidade de definição de Diretrizes Curriculares Nacionais
configura, na ação educativa, o vetor da transformação social para
Gerais para a Educação Básica está posta pela emergência da atual-
a equidade, a solidariedade, a cidadania.
ização das políticas educacionais que consubstanciem o direito de
Todo plano de formação deve servir para que os professores se
todo brasileiro a formação humana e cidadã e a formação profis-
tornem aptos ao ensino de toda a demanda escolar. Dessa forma,
sional, na vivencia e convivência em ambiente educativo. Tem estas
seu conhecimento deve ultrapassar a aceitação de que a classe co-
Diretrizes por objetivos:
mum é, para os alunos com necessidades educacionais especiais,
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação
um mero espaço de socialização.
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos le-
“... O primeiro equívoco que pode estar associado a essa idéia
gais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar
é o de que alguns vão para a escola para aprender e outros uni-
a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos
camente para se socializar. Escola é espaço de aprendizagem para
que dão vida ao currículo e a escola;
todos...”.
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar
Cabe ressaltar que o conjunto de questionamentos e ideias
a formulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico
apresentadas nesta obra reflete algumas das inquietações que
da escola de Educação Básica;
podem resultar da análise das normatizações em vigência para a
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de
educação brasileira. Essas normatizações, por permitirem, tal como
profissionais – docentes, técnicos, funcionários - da Educação Bási-
estão elaboradas, diferentes desdobramentos na sua implantação,
ca, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as es-
indicam a necessidade de ampliarmos o debate e investirmos em
colas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam.
produções de registros que avaliem o atual perfil das políticas pú-
Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
blicas de atendimentos a alunos com necessidades educacionais
a Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para
especiais. Precisamos de mais estudos sobre os impactos das ações
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem
no âmbito dos sistemas de ensino, e que estes orientem também os
como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir
programas de formação continuada de professores.
das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por
suas competências próprias e complementares, formularão as suas
Considerações Finais:
orientações assegurando a integração curricular das três etapas se-
Uma das constatações possíveis neste momento da reflexão
quentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor
é que nossas tarefas ainda são inúmeras, mas devemos identificar
um todo orgânico.
prioridades, denunciar ações reprodutoras de iguais atitudes so-
Além das avaliações que já ocorriam assistematicamente, mar-
ciais para com essas pessoas, acompanhar ações do poder público
cou o início da elaboração deste Parecer, particularmente, a Indi-
em educação, cobrar compromissos firmados pelos governantes
cação CNE/CEB no 3/2005, assinada pelo então conselheiro da CEB,
em suas campanhas eleitorais e em seus planos de governo, além
Francisco Aparecido Cordão, na qual constava a proposta de revisão
de ampliar e sedimentar espaços de participação coletiva e juntar
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e para
forças para resistir e avançar na construção de uma sociedade justa,
o Ensino Fundamental. Nessa Indicação, justificava-se que tais Dire-
cujos valores humanos predominem sobre os de mercado.
trizes encontravam-se defasadas, segundo avaliação nacional sobre
O que se deve evitar é “...o descompromisso do poder públi-
a matéria nos últimos anos, e superadas em decorrência dos últimos
co com a educação e que a inclusão escolar acabe sendo traduzida
atos legais e normativos, particularmente ao tratar da matricula no
como mero ingresso de alunos com necessidades educacionais es-
Ensino Fundamental de crianças de 6 (seis) anos e consequente
peciais nas classes comuns...”.
ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos de duração.
Dois grandes desafios de imediato estão colocados para os sis-
Imprescindível acrescentar que a nova redação do inciso I do artigo
temas de ensino e para a sociedade brasileira:
208 da nossa Carta Magna, dada pela Emenda Constitucional no
1- Fazer que os direitos ultrapassem o plano do meramente ins-
59/2009, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos
tituído legalmente e
17 anos de idade, inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a
2- Construir respostas educacionais que atendam às necessi-
ela não tiveram acesso na idade própria.
dades dos alunos. As mudanças a serem implantadas devem ser
Nesta perspectiva, o processo de formulação destas Diretrizes
assumidas como parte da responsabilidade tanto da sociedade ci-
foi acordado, em 2006, pela Câmara de Educação Básica com as en-
vil quanto dos representantes do poder público, já que a educação
tidades: Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, Un-
escolar pode propiciar meios que possibilitem transformações na
ião Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Conselho dos
busca da melhoria da qualidade de vida da população.
Secretários Estaduais de Educação, União Nacional dos Dirigentes
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Fundamentos da Educação
Municipais de Educação, e entidades representativas dos profissio- II – o papel do Estado na garantia do direito a educação de qual-
nais da educação, das instituições de formação de professores, das idade, considerando que a educação, enquanto direito inalienável
mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em educação. de todos os cidadãos, e condição primeira para o exercício pleno
Para a definição e o desenvolvimento da metodologia desti- dos direitos: humanos, tanto dos direitos sociais e econômicos
nada a elaboração deste Parecer, inicialmente, foi constituída uma quanto dos direitos civis e políticos;
comissão que selecionou interrogações e temas estimuladores dos III – a Educação Básica como direito e considerada, contextu-
debates, a fim de subsidiar a elaboração do documento preliminar alizadamente, em um projeto de Nação, em consonância com os
visando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Bási- acontecimentos e suas determinações historicosociais e políticas no
ca, sob a coordenação da então relatora, conselheira Maria Beatriz mundo;
Luce. (Portaria CNE/CEB no 1/2006) IV – a dimensão articuladora da integração das diretrizes cur-
A comissão promoveu uma mobilização nacional das diferentes riculares compondo as três etapas e as modalidades da Educação
entidades e instituições que atuam na Educação Básica no País, me- Básica, fundamentadas na indissociabilidade dos conceitos referen-
diante: ciais de cuidar e educar;
I – encontros descentralizados com a participação de Municí- V – a promoção e a ampliação do debate sobre a política cur-
pios e Estados, que reuniram escolas públicas e particulares, me- ricular que orienta a organização da Educação Básica como sistema
diante audiências publicas regionais, viabilizando ampla efetivação educacional articulado e integrado;
de manifestações; VI – a democratização do acesso, permanência e sucesso esco-
II – revisões de documentos relacionados com a Educação Bási- lar com qualidade social, cientifica, cultural;
ca, pelo CNE/CEB, com o objetivo de promover a atualização mo- VII – a articulação da educação escolar com o mundo do tra-
tivadora do trabalho das entidades, efetivadas, simultaneamente, balho e a pratica social;
com a discussão do regime de colaboração entre os sistemas ed- VIII – a gestão democrática e a avaliação;
ucacionais, contando, portanto, com a participação dos conselhos IX – a formação e a valorização dos profissionais da educação;
estaduais e municipais. X – o financiamento da educação e o controle social.
Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes destinadas Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes Curricu-
a Educação Básica que, até então, haviam sido estabelecidas por lares Nacionais Gerais para a Educação Básica estão sendo elab-
etapa e modalidade, ou seja, expressando-se nas Diretrizes Curric- oradas e muito singular, pois, simultaneamente, as diretrizes das
ulares Nacionais para a Educação Infantil; para o Ensino Fundamen- etapas da Educação Básica, também elas, passam por avaliação, por
tal; para o Ensino Médio; para a Educação de Jovens e Adultos; para meio de continua mobilização dos representantes dos sistemas ed-
a Educação do Campo; para a Educação Especial; e para a Educação ucativos de nível nacional, estadual e municipal. A articulação entre
Escolar Indígena. os diferentes sistemas flui num contexto em que se vivem:
Ainda em novembro de 2006, em Brasília, foi realizado o Sem- I – os resultados da Conferencia Nacional da Educação Básica
inário Nacional Currículo em Debate, promovido pela Secretaria de (2008);
Educação Básica/MEC, com a participação de representantes dos II – os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as inúmeras
Estados e Municípios. Durante esse Seminário, a CEB realizou a sua alterações nela
trigésima sessão ordinária na qual promoveu Debate Nacional so- introduzidas por várias leis, bem como a edição de outras leis
bre as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, por etapas. que repercutem nos currículos da Educação Básica;
Esse debate foi denominado Colóquio Nacional sobre as Diretriz- III – o penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de Edu-
es Curriculares Nacionais. A partir desse evento e dos demais que cação (PNE), que passa por avaliação, bem como a mobilização
o sucederam, em 2007, e considerando a alteração do quadro de nacional em torno de subsídios para a elaboração do PNE para o
conselheiros do CNE e da CEB, criou-se, em 2009, nova comissão re- período 2011-2020;
sponsável pela elaboração dessas Diretrizes, constituída por Adeum IV – a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
Hilario Sauer (presidente), Clelia Brandao Alvarenga Craveiro (rela- da Educação Básica e de Valorização dos Professores da Educação
tora), Raimundo Moacir Mendes Feitosa e Jose Fernandes de Lima (FUNDEB), regulado pela Lei no 11.494/2007, que fixa percentual
(Portaria CNE/CEB no 2/2009). Essa comissão reiniciou os trabalhos de recursos a todas as etapas e modalidades da Educação Básica;
já organizados pela comissão anterior e, a partir de então, vem V – a criação do Conselho Técnico Cientifico (CTC) da Educação
acompanhando os estudos promovidos pelo MEC sobre currículo Básica, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
em movimento, no sentido de atuar articulada e integradamente Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC);
com essa instancia educacional. VI – a formulação, aprovação e implantação das medidas ex-
Durante essa trajetória, os temas considerados pertinentes a pressas na Lei no 11.738/2008, que regulamenta o piso salarial
matéria objeto deste Parecer passaram a se constituir nas seguintes profissional nacional para os profissionais do magistério público da
ideias-forca: Educação Básica;
I – as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação VII – a criação do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação,
Básica devem presidir as demais diretrizes curriculares especificas objetivando pratica de regime de colaboração entre o CNE, o Fórum
para as etapas e modalidades, contemplando o conceito de Edu- Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação e a União Nacional
cação Básica, princípios de organicidade, sequencialidade e artic- dos Conselhos Municipais de Educação;
ulação, relação entre as etapas e modalidades: articulação, inte- VIII – a instituição da política nacional de formação de profis-
gração e transição; sionais do magistério da Educação Básica (Decreto no 6.755, de 29
de janeiro de 2009);
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TÍTULO II TÍTULO IV
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS ACESSO E PERMANÊNCIA PARA
A CONQUISTA DA QUALIDADE SOCIAL
Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de
educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno acesso,
a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministra- inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens na escola
do de acordo com os princípios de: e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e da distorção
I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanên- de idade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, que é
cia e sucesso na escola; uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu- Art. 9º A escola de qualidade social adota como centralidade
ra, o pensamento, a arte e o saber; o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento aos
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; seguintes requisitos:
IV - respeito à liberdade e aos direitos; I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes es-
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; paços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na escola
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; e fora dela;
VII - valorização do profissional da educação escolar; II - consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da legis- e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e
lação e das normas dos respectivos sistemas de ensino; respeitando as várias manifestações de cada comunidade;
IX - garantia de padrão de qualidade; III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela
X - valorização da experiência extraescolar; aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como instrumento
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práti- de contínua progressão dos estudantes;
cas sociais. IV - inter-relação entre organização do currículo, do trabalho
Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce indis- pedagógico e da jornada de trabalho do professor, tendo como ob-
pensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual de- jetivo a aprendizagem do estudante;
pende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos, V - preparação dos profissionais da educação, gestores, profes-
definidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Ado- sores, especialistas, técnicos, monitores e outros;
lescente (ECA), na legislação ordinária e nas demais disposições que VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a infraestru-
consagram as prerrogativas do cidadão. tura entendida como espaço formativo dotado de efetiva disponibi-
Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as di- lidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade
mensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando VII - integração dos profissionais da educação, dos estudantes,
recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua cen- das famílias, dos agentes da comunidade interessados na educação;
tralidade, que é o educando, pessoa em formação na sua essência VIII - valorização dos profissionais da educação, com programa
humana. de formação continuada, critérios de acesso, permanência, remu-
neração compatível com a jornada de trabalho definida no projeto
TÍTULO III político-pedagógico;
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de assistên-
cia social e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnolo-
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a institucion- gia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente.
alização do regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mínimos de
Federal e Municípios, no contexto da estrutura federativa brasileira, qualidade da educação traduz a necessidade de reconhecer que a
em que convivem sistemas educacionais autônomos, para assegu- sua avaliação associa-se à ação planejada, coletivamente, pelos su-
rar efetividade ao projeto da educação nacional, vencer a fragmen- jeitos da escola.
tação das políticas públicas e superar a desarticulação institucional. § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela escola
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um Sistema Na- supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
cional de Educação, no qual cada ente federativo, com suas peculi- I - aos princípios e às finalidades da educação, além do recon-
ares competências, é chamado a colaborar para transformar a Edu- hecimento e da análise dos dados indicados pelo Índice de Desen-
cação Básica em um sistema orgânico, sequencial e articulado. volvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou outros indicadores, que
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade intencional e o complementem ou substituam;
organicamente concebida, que se justifica pela realização de ativi- II - à relevância de um projeto político-pedagógico concebido e
dades voltadas para as mesmas finalidades ou para a concretização assumido colegiadamente pela comunidade educacional, respeita-
dos mesmos objetivos. das as múltiplas diversidades e a pluralidade cultural;
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados pres- III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas pelos
supõe o estabelecimento de regras de equivalência entre as funções sujeitos do processo educativo, em seus diversos segmentos, res-
distributiva, supletiva, normativa, de supervisão e avaliação da edu- peitados o tempo e o contexto sociocultural;
cação nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-Qualidade
as diferenças regionais. Inicial – CAQi);
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Fundamentos da Educação
§ 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-se um § 2º Para as crianças, independentemente das diferentes
padrão mínimo de insumos, que tem como base um investimento condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico-raciais,
com valor calculado a partir das despesas essenciais ao desenvolvi- socioeconômicas, de origem, de religião, entre outras, as relações
mento dos processos e procedimentos formativos, que levem, grad- sociais e intersubjetivas no espaço escolar requerem a atenção inten-
ualmente, a uma educação integral, dotada de qualidade social: siva dos profissionais da educação, durante o tempo de desenvolvi-
I - creches e escolas que possuam condições de infraestrutura e mento das atividades que lhes são peculiares, pois este é o momento
adequados equipamentos; em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da brincadeira
II - professores qualificados com remuneração adequada e orientada pelos profissionais da educação.
compatível com a de outros profissionais com igual nível de for- § 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana
mação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em tempo e do respeito mútuo em que se assenta a vida social devem ini-
integral em uma mesma escola; ciar-se na Educação Infantil e sua intensificação deve ocorrer ao
III - definição de uma relação adequada entre o número de longo da Educação Básica
alunos por turma e por professor, que assegure aprendizagens rel- § 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços promoven-
evantes; do ações a partir das quais as unidades de Educação Infantil sejam
IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que responda às ex- dotadas de condições para acolher as crianças, em estreita relação
igências do que se estabelece no projeto político-pedagógico. com a família, com agentes sociais e com a sociedade, prevendo
programas e projetos em parceria, formalmente estabelecidos.
TÍTULO VI § 5º A gestão da convivência e as situações em que se torna
ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA necessária a solução de problemas individuais e coletivos pelas
crianças devem ser previamente programadas, com foco nas moti-
CAPÍTULO I vações estimuladas e orientadas pelos professores e demais profis-
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA sionais da educação e outros de áreas pertinentes, respeitados os
limites e as potencialidades de cada criança e os vínculos desta com
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes momentos a família ou com o seu responsável direto.
constitutivos do desenvolvimento educacional:
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, engloban- Seção II
do as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) Ensino Fundamental
anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois)
anos; Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração,
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 (seis) anos
de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases: a dos 5 de idade, tem duas fases sequentes com características próprias,
(cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais; chamadas de anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra
III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Pará- para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais,
grafo único. Essas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (qua-
quais, no entanto, são diversas quando se atenta para sujeitos com torze) anos.
características que fogem à norma, como é o caso, entre outros: Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher significa
I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar também cuidar e educar, como forma de garantir a aprendizagem
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia abandona- dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva inter-
do os estudos; esses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais
III - de portadores de deficiência limitadora; disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em ger-
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta incom- al, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado
pleta; desses bens
V - de habitantes de zonas rurais; Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças, definidos
VI - de indígenas e quilombolas; para a Educação Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou internação, Ensino Fundamental, especialmente no primeiro, e completam-se
jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabe- nos anos finais, ampliando e intensificando, gradativamente, o pro-
lecimentos penais cesso educativo, mediante:
Seção I I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
Educação Infantil meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) primeiros
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimen- anos;
to integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, III - compreensão do ambiente natural e social, do sistema
intelectual, social, complementando a ação da família e da comu- político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos va-
nidade. lores em que se fundamenta a sociedade;
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares contextos IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso devem ter a em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação
oportunidade de ser acolhidas e respeitadas pela escola e pelos de atitudes e valores;
profissionais da educação, com base nos princípios da individuali- V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de soli-
dade, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. dariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida
social.
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Fundamentos da Educação
Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem estabelecer suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multi-
especial forma de colaboração visando à oferta do Ensino Funda- funcionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições
mental e à articulação sequente entre a primeira fase, no geral as- comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.
sumida pelo Município, e a segunda, pelo Estado, para evitar ob- § 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições para que
stáculos ao acesso de estudantes que se transfiram de uma rede o professor da classe comum possa explorar as potencialidades de
para outra para completar esta escolaridade obrigatória, garantindo todos os estudantes, adotando uma pedagogia dialógica, interativa,
a organicidade e a totalidade do processo formativo do escolar. interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve
identificar habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e
CAPÍTULO II orientar sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibili-
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA dade para a participação e aprendizagem dos estudantes.
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de ensino
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode corresponder devem observar as seguintes orientações fundamentais:
uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de Jovens e I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no
Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, ensino regular;
Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação a Dis- II - a oferta do atendimento educacional especializado;
tância III - a formação de professores para o AEE e para o desenvolvi-
mento de práticas educacionais inclusivas;
Seção I IV - a participação da comunidade escolar;
Educação de Jovens e Adultos V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e infor-
mações, nos mobiliários e equipamentos e nos transportes;
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais.
que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no nív-
el de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio Título Vii
§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos Elementos Constitutivos Para A Organização Das Diretrizes
gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes oportuni- Curriculares Nacionais Gerais Para A Educação Básica
dades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante Capítulo I
cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estru- O Projeto Político-Pedagógico E O Regimento Escolar
turados em um projeto pedagógico próprio
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdependentemente
Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da
pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e espaço, instituição educacional, representa mais do que um documento,
para que seja(m): sendo um dos meios de viabilizar a escola democrática para todos
I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e ado- e de qualidade social.
lescentes, de modo a permitir percursos individualizados e conteú- § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na busca
dos significativos para os jovens e adultos; de sua identidade, que se expressa na construção de seu projeto
II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes ne- pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto manifestação de
cessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, mediante seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática orde-
atividades diversificadas; nação pedagógica das relações escolares.
III - valorizada a realização de atividades e vivências socializa- § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus
doras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de enriqueci- sujeitos, articular a formulação do projeto político-pedagógico com
mento do percurso formativo dos estudantes; os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o contex-
IV - desenvolvida a agregação de competências para o trabalho; to em que a escola se situa e as necessidades locais e de seus es-
V - promovida a motivação e a orientação permanente dos tudantes.
estudantes, visando maior participação nas aulas e seu melhor § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo,
aproveitamento e desempenho; artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e diver-
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, desti- sidade cultural que compõem as ações educativas, a organização e
nada, especificamente, aos educadores de jovens e adultos. a gestão curricular são componentes integrantes do projeto políti-
co-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades institucion-
Seção II ais que a identificam, definindo o conjunto das ações educativas
Educação Especial próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com
as especificidades que lhes correspondam, preservando a sua artic-
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade transversal a ulação sistêmica
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte integrante Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de construção
da educação regular, devendo ser prevista no projeto político-ped- coletiva que respeita os sujeitos das aprendizagens, entendidos
agógico da unidade escolar. como cidadãos com direitos à proteção e à participação social, deve
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes contemplar:
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do processo
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e educativo, contextualizados no espaço e no tempo;
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou
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Fundamentos da Educação
II - a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação da § 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público e
aprendizagem e mobilidade escolar; prevista, em geral, para todas as instituições de ensino, o que im-
III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – que plica decisões coletivas que pressupõem a participação da comuni-
justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de vista in- dade escolar na gestão da escola e a observância dos princípios e
telectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, como base finalidades da educação.
da reflexão sobre as relações vida-conhecimento-cultura profes- § 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve se em-
sor-estudante e instituição escolar; penhar para constituir-se em espaço das diferenças e da plurali-
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho pedagógi- dade, inscrita na diversidade do processo tornado possível por meio
co; de relações intersubjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em
V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por conse- princípio educativo emancipador, expresso na liberdade de apren-
quência, da escola, no contexto das desigualdades que se refletem der, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e
na escola; o saber
VI - os fundamentos da gestão democrática, compartilhada e Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instrumento de
participativa (órgãos colegiados e de representação estudantil); horizontalização das relações, de vivência e convivência colegiada,
VII - o programa de acompanhamento de acesso, de permanên- superando o autoritarismo no planejamento e na concepção e or-
cia dos estudantes e de superação da retenção escolar; ganização curricular, educando para a conquista da cidadania plena
VIII - o programa de formação inicial e continuada dos profis- e fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o trabalho
sionais da educação, regentes e não regentes; da e na escola mediante:
IX - as ações de acompanhamento sistemático dos resultados I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser que
do processo de avaliação interna e externa (Sistema de Avaliação da aprende, que sonha e ousa, em busca de uma convivência social
Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas libertadora fundamentada na ética cidadã;
sobre os sujeitos da Educação Básica), incluindo dados referentes II - a superação dos processos e procedimentos burocráticos,
ao IDEB e/ou que complementem ou substituam os desenvolvidos assumindo com pertinência e relevância: os planos pedagógicos, os
pelas unidades da federação e outros; objetivos institucionais e educacionais, e as atividades de avaliação
X - a concepção da organização do espaço físico da instituição contínua;
escolar de tal modo que este seja compatível com as características III - a prática em que os sujeitos constitutivos da comunidade
de seus sujeitos, que atenda as normas de acessibilidade, além da educacional discutam a própria práxis pedagógica impregnando-a
natureza e das finalidades da educação, deliberadas e assumidas de entusiasmo e de compromisso com a sua própria comunidade,
pela comunidade educacional. valorizando-a, situando-a no contexto das relações sociais e bus-
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela comu- cando soluções conjuntas;
nidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um dos in- IV - a construção de relações interpessoais solidárias, geridas
strumentos de execução do projeto políticopedagógico, com trans- de tal modo que os professores se sintam estimulados a conhecer
parência e responsabilidade. melhor os seus pares (colegas de trabalho, estudantes, famílias), a
Parágrafo único. O regimento escolar trata da natureza e da fi- expor as suas ideias, a traduzir as suas dificuldades e expectativas
nalidade da instituição, da relação da gestão democrática com os pessoais e profissionais;
órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e sujeitos, das V - a instauração de relações entre os estudantes, proporcio-
suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, pro- nando-lhes espaços de convivência e situações de aprendizagem,
moção, mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos seus por meio dos quais aprendam a se compreender e se organizar em
sujeitos: estudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, equipes de estudos e de práticas esportivas, artísticas e políticas;
famílias, representação estudantil e função das suas instâncias co- VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor no cotidi-
legiadas. ano da escola e nos espaços com os quais a escola interage, em bus-
ca da qualidade social das aprendizagens que lhe caiba desenvolver,
Capítulo III com transparência e responsabilidade.
Gestão Democrática E Organização Da Escola
CAPÍTULO IV
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pedagógico O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
e da gestão da escola conceber a organização e a gestão das pes-
soas, do espaço, dos processos e procedimentos que viabilizam o Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação da
trabalho expresso no projeto político-pedagógico e em planos da ação docente e os programas de formação inicial e continuada dos
escola, em que se conformam as condições de trabalho definidas profissionais da educação instauram, refletese na eleição de um ou
pelas instâncias colegiadas. outro método de aprendizagem, a partir do qual é determinado o
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as do seu perfil de docente para a Educação Básica, em atendimento às di-
sistema de ensino, têm incumbências complexas e abrangentes, mensões técnicas, políticas, éticas e estéticas.
que exigem outra concepção de organização do trabalho pedagógi- § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de forma-
co, como distribuição da carga horária, remuneração, estratégias ção dos profissionais da educação, sejam gestores, professores ou
claramente definidas para a ação didático-pedagógica coletiva especialistas, deverão incluir em seus currículos e programas:
que inclua a pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas a) o conhecimento da escola como organização complexa que
metodológicas, incluindo a produção de recursos didáticos ade- tem a função de promover a educação para e na cidadania;
quados às condições da escola e da comunidade em que esteja ela b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investi-
inserida gações de interesse da área educacional;
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Fundamentos da Educação
c) a participação na gestão de processos educativos e na orga- O Currículo Referência de Minas Gerais parte de uma concep-
nização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino; ção ampla de currículo, entendendo-o como um conjunto de ex-
d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à constru- periências de aprendizagem que ocorrem no ambiente escolar e
ção do projeto políticopedagógico, mediante trabalho coletivo de que contribuem para o desenvolvimento dos estudantes em todas
que todos os que compõem a comunidade escolar são responsá- as dimensões: cognitiva, socioemocional, ética e estética.
veis. O documento está organizado em diferentes áreas do co-
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação nacional nhecimento, contemplando os componentes curriculares obri-
está a valorização do profissional da educação, com a compreensão gatórios, como língua portuguesa, matemática, ciências, história,
de que valorizá-lo é valorizar a escola, com qualidade gestorial, edu- geografia, entre outros, além de abordar temas transversais e a
cativa, social, cultural, ética, estética, ambiental. educação em tempo integral.
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar vincula- Uma das características do Currículo Referência de Minas Ge-
-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas se associam rais é a sua abordagem interdisciplinar, que busca integrar os dife-
à exigência de programas de formação inicial e continuada de do- rentes campos do conhecimento e promover uma aprendizagem
centes e não docentes, no contexto do conjunto de múltiplas atri- significativa. Além disso, o currículo valoriza a diversidade cultural
buições definidas para os sistemas educativos, em que se inscrevem e o respeito às diferenças, visando uma educação inclusiva e que
as funções do professor. promova a equidade.
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada dos pro- O documento também destaca a importância da participação
fissionais da educação, vinculados às orientações destas Diretrizes, dos estudantes, dos professores, das famílias e da comunidade no
devem prepará-los para o desempenho de suas atribuições, consi- processo educativo. Busca-se promover práticas pedagógicas que
derando necessário: estimulem a autonomia dos estudantes, o protagonismo juvenil e
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, saber pes- o diálogo entre todos os atores envolvidos na educação.
quisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e O Currículo Referência de Minas Gerais está em constante
reconstruir o conhecimento coletivamente; processo de atualização e adequação às demandas e desafios
b) trabalhar cooperativamente em equipe; contemporâneos. Sua implementação e desenvolvimento são rea-
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instru- lizados em parceria com as escolas, professores e gestores educa-
mentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, econômica e cionais, visando uma educação de qualidade e em sintonia com as
organizativa; necessidades e realidades locais.
d) desenvolver competências para integração com a comunida- Em suma, o Currículo Referência de Minas Gerais é um docu-
de e para relacionamento com as famílias. mento norteador que visa orientar a prática pedagógica nas es-
Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura, não es- colas do estado. Com uma abordagem interdisciplinar, inclusiva e
gota o desenvolvimento dos conhecimentos, saberes e habilidades participativa, busca promover uma educação de qualidade, valori-
referidas, razão pela qual um programa de formação continuada zando a diversidade e o desenvolvimento integral dos estudantes.
dos profissionais da educação será contemplado no projeto políti- Sua implementação é realizada em parceria com as escolas e tem
co-pedagógico. como objetivo principal a melhoria da aprendizagem e o fortaleci-
Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orientações mento do sistema educacional mineiro.
para que o projeto de formação dos profissionais preveja:
a) a consolidação da identidade dos profissionais da educação, Prezado(a),
nas suas relações com a escola e com o estudante;
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem social do A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
professor, assim como da autonomia docente tanto individual como será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área
coletiva; é reservada para a inclusão de materiais que complementam a
c) a definição de indicadores de qualidade social da educação apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos
escolar, a fim de que as agências formadoras de profissionais da relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou ta-
educação revejam os projetos dos cursos de formação inicial e con- manho, não cabem na estrutura de nossas apostilas.
tinuada de docentes, de modo que correspondam às exigências de
um projeto de Nação. Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publi- organizados de acordo com o título do tópico a que se referem
cação. e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página
2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do
Aluno.
CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha
melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação
O Currículo Referência de Minas Gerais é um documento que da apostila.
orienta a prática pedagógica nas escolas do estado. Elaborado
pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), o currículo bus- Se preferir, indicamos também acesso direto ao documento
ca promover uma educação de qualidade, que valorize a diversi- em:
dade, os saberes e as competências necessárias para a formação http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curri-
integral dos estudantes. culos_estados/documento_curricular_mg.pdf
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Fundamentos da Educação
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Fundamentos da Educação
• Juízos de realidade são juízos descritivos e constatati- A Pedagogia sendo ciência da e para a educação, estuda a
vos. educação, a instrução e o ensino. Para tanto compõe-se de ra-
Exemplos: mos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática,
•Dois mais dois são quatro. a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia.
• Acham-se presentes na sala 50 alunos. Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos
teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu
• Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação,
normas. Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Edu-
Exemplo: cação, Economia da educação e outras.
• A democracia é a melhor forma de governo. A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela
• Os velhos merecem nosso respeito. investiga os fundamentos, condições e modos de realização da
instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-po-
A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser líticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar con-
metodologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didá- teúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os
ticos sem ser metodologistas, pois não podemos julgar sem co- vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desen-
nhecer. Por isso, o estudo da metodologia é importante por uma volvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática está
razão muito simples: para escolher o método mais adequado de intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organi-
ensino precisamos conhecer os métodos existentes. zação Escolar e, de modo muito especial, vincula-se a Teoria do
Conhecimento e à Psicologia da Educação.
Educação escolar, pedagogia e Didática A Didática e as metodologias específicas das matérias de
A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino formam uma unidade, mantendo entre si relações recí-
ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto procas. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodolo-
grau de organização, ligado intimamente as demais práticas so- gias específicas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos
ciais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação
sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportu- com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos
nidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo com a Pedagogia , generaliza processos e procedimentos obti-
conhecimentos científicos e formando capacidades de pensar cri- dos na investigação das matérias específicas, das ciências que
ticamente os problemas e desafios postos pela realidade social. dão embasamento ao ensino e a aprendizagem e das situações
A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a concretas da prática docente. Com isso, pode generalizar para
natureza das finalidades da educação numa determinada socie- todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades metodoló-
dade, bem como os meios apropriados para a formação dos indi- gicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo
víduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. educativo escolar.
Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são Há uma estreita ligação da Didática com os demais campo
assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prá- do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Edu-
tica social da humanidade, cabe à Pedagogia assegura-lo, orien- cação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, in-
tando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjun- dagando em que consiste o ato educativo, seus condicionantes
to de condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo. externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos
O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como da prática docente.
ação consciente, intencional e planejada no processo de for- A Sociologia da Educação estuda a educação com processo
mação humana, através de objetivos e meios estabelecidos social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre
por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social
de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus
Vincula-se pois a opções sociais. A partir daí a Pedagogia pode elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos
dirigir e orientar a formulação de objetivos e meios do processo da realidade educacional. A partir disso estuda a escola como
educativo. “fenômeno sociológico”, isto é, uma organização social que tem
Podemos, agora, explicar as relações entre educação esco- a sua estrutura interna de funcionamento interligada ao mes-
lar. Pedagogia e ensino: a educação escolar, manifestação pe- mo tempo com outras organizações sociais(conselhos de pais,
culiar do processo educativo global: a Pedagogia como determi- associações de bairros, sindicatos, partidos políticos). A própria
nação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de sala de aula é um ambiente social que forma, junto com a escola
ação; o ensino como campo específico da instrução e educação como um todo, o ambiente global da atividade docente organi-
escolar. Podemos dizer que o processo de ensino-aprendizagem zado para cumprir os objetivos de ensino.
é, fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se con- A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do
jugam fatores externos e internos. De um lado, atuam na for- processo de ensino e da aprendizagem, como as implicações
mação humana como direção consciente e planejada, através das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os
de objetivos/conteúdos/métodos e formas de organização pro- mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de co-
postos pela escola e pelos professores; de outro, essa influência nhecimentos e habilidades. A psicologia aborda questões como:
externa depende de fatores internos, tais como as condições fí- o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino
sicas, psíquicas e sócio-culturais do alunos. no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades
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Fundamentos da Educação
mentais para a aprendizagem, organização das relações profes- Esses tipos de aprendizagem tem grande relevância na assi-
sor-alunos e dos alunos entre si, a estimulação e o despertamen- milação ativa dos indivíduos, favorecendo um conhecimento a
to do gosto pelo estudo etc. partir das circunstâncias vivenciadas pelo mesmo.
A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da O processo de assimilação de determinados conhecimentos,
organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e le- habilidades, percepção e reflexão é desenvolvido por meios ati-
gais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da tudinais, motivacionais e intelectuais do aluno, sendo o profes-
escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos sor o principal orientador desse processo de assimilação ativa,
e programas, organização do trabalho pedagógico e das ativida- é através disso que se pode adquirir um melhor entendimento,
des discentes etc.27 favorecendo um desenvolvimento cognitivo.
Através do ensino podemos compreender o ato de aprender
O Processo Didático Pedagógico de Ensinar e Aprender que é o ato no qual assimilamos mentalmente os fatos e as rela-
Didática é considerada como arte e ciência do ensino, o ções da natureza e da sociedade. Esse processo de assimilação
objetivo deste artigo é analisar o processo didático educativo de conhecimentos é resultado da reflexão proporcionada pela
e suas contribuições positivas para um melhor desempenho no percepção prático-sensorial e pelas ações mentais que caracteri-
processo de ensino-aprendizagem. Como arte a didática não ob- zam o pensamento (Libâneo, 1994). Entendida como fundamen-
jetiva apenas o conhecimento por conhecimento, mas procura tal no processo de ensino a assimilação ativa desenvolve no indi-
aplicar os seus próprios princípios com a finalidade de desen- viduo a capacidade de lógica e raciocínio, facilitando o processo
volver no individuo as habilidades cognoscitivas, tornando-os de aprendizagem do aluno.
críticos e reflexivos, desenvolvendo assim um pensamento in- Sempre estamos aprendendo, seja de maneira sistemática
dependente. ou de forma espontânea, teoricamente podemos dizer que há
Nesse Artigo abordamos esse assunto acerca das visões de dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. O
Libâneo (1994), destacando as relações e os processos didáticos nível reflexo refere-se às nossas sensações pelas quais desenvol-
de ensino e aprendizagem, o caráter educativo e crítico desse vemos processos de observação e percepção das coisas e nossas
processo de ensino, levando em consideração o trabalho docen- ações físicas no ambiente. Este tipo de aprendizagem é respon-
te além da organização da aula e seus componentes didáticos sável pela formação de hábitos sensório motor (Libâneo, 1994).
do processo educacional tais como objetivos, conteúdos, méto- O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de determinados
dos, meios de ensino e avaliação. Concluímos o nosso trabalho conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela apreen-
ressaltando a importância da didática no processo educativo de são consciente, compreensão e generalização das propriedades
ensino e aprendizagem. e relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de
modos de ação e aplicação referentes a essas propriedades e re-
Processos Didáticos Básicos, Ensino e Aprendizagem. lações (Libâneo, 1994). De acordo com esse contexto podemos
A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois despertar uma aprendizagem autônoma, seja no meio escolar
ela situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, in- ou no ambiente em que estamos.
vestiga os fundamentos, as condições e os modos de realização Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo
da instrução e do ensino, portanto é considerada a ciência de contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que
ensinar. Nesse contexto, o professor tem como papel principal designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto as
garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem atra- palavras são importantes condições de aprendizagem, pois atra-
vés da arte de ensinar, pois ambos fazem parte de um mesmo vés delas são formados conceitos pelos quais podemos pensar.
processo. Segundo Libâneo (1994), o professor tem o dever de O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos
planejar, dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e habi-
estimular as atividades e competências próprias do aluno para a lidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o professor
sua aprendizagem. transmite os conteúdos de forma que os alunos assimilem esse
A condição do processo de ensino requer uma clara e segu- conhecimento, auxiliando no desenvolvimento intelectual, re-
ra compreensão do processo de aprendizagem, ou seja, deseja flexivo e crítico.
entender como as pessoas aprendem e quais as condições que
influenciam para esse aprendizado. Sendo assim Libâneo (1994) Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar
ressalta que podemos distinguir a aprendizagem em dois tipos: seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está li-
aprendizagem casual e a aprendizagem organizada. gada à vida social mais ampla, chamada de prática social, por-
a. Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea, surge tanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação entre
naturalmente da interação entre as pessoas com o ambiente em indivíduos, escola e sociedade.
que vivem, ou seja, através da convivência social, observação de
objetos e acontecimentos. O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino Crítico.
b. Aprendizagem organizada: É aquela que tem por finalida- De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, ao
de específica aprender determinados conhecimentos, habilida- mesmo tempo em que realiza as tarefas da instrução de crianças
des e normas de convivência social. Este tipo de aprendizagem e jovens, também é um processo educacional.
é transmitido pela escola, que é uma organização intencional, No desempenho de sua profissão, o professor deve ter em
planejada e sistemática, as finalidades e condições da apren- mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas no
dizagem escolar é tarefa específica do ensino (LIBÂNEO, 1994. aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, afeti-
Pág. 82). vos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os alunos vão
27 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br formando o senso de observação, a capacidade de exame obje-
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Fundamentos da Educação
tivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e das relações Sendo a aula um lugar privilegiado da vida pedagógica refere-se
sociais, habilidades de expressão verbal e escrita. A unidade às dimensões do processo didático preparado pelo professor e
instrução-educação se reflete, assim, na formação de atitudes por seus alunos.
e convicções frente à realidade, no transcorrer do processo de Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos,
ensino. conhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e for-
O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo mativos, que incitam as crianças e jovens a aprender (LIBÂNEO,
estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para a 1994- Pág.178). Cada aula é única, pois ela possui seus próprios
vida e o trabalho, (LIBÂNEO, 1994). objetivos e métodos que devem ir de acordo com a necessidade
Nesse processo o professor deve criar situações que estimu- observada no educando.
le o indivíduo a pensar, analisar e relacionar os aspectos estu- A aula é norteada por uma série de componentes, que vão
dados com a realidade que vive. Essa realização consciente das conduzir o processo didático facilitando tanto o desenvolvimen-
tarefas de ensino e aprendizagem é uma fonte de convicções, to das atividades educacionais pelo educador como a compreen-
princípios e ações que irão relacionar as práticas educativas dos são e entendimento pelos indivíduos em formação; ela deve,
alunos, propondo situações reais que faça com que os individuo pois, ter uma estruturação e organização, afim de que sejam
reflita e analise de acordo com sua realidade (TAVARES, 2011). alcançados os objetivos do ensino.
Entretanto o caráter educativo está relacionado aos objeti- Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às quais
vos do ensino crítico e é realizado dentro do processo de ensino. interesses e necessidades almeja atender, o que pretende com
È através desse processo que acontece a formação da consciên- a aula, quais seus objetivos e o que é de caráter urgente na-
cia crítica dos indivíduos, fazendo-os pensar independentemen- quele momento. A organização e estruturação didática da aula
te, por isso o ensino crítico, chamado assim por implicar direta- têm por finalidade proporcionar um trabalho mais significativo
mente nos objetivos sócio-políticos e pedagógicos, também os e bem elaborado para a transmissão dos conteúdos. O estabe-
conteúdos, métodos escolhidos e organizados mediante deter- lecimento desses caminhos proporciona ao professor um maior
minada postura frente ao contexto das relações sociais vigentes controle do processo e aos alunos uma orientação mais eficaz,
da prática social, (LIBÂNEO, 1994). que vá de acordo com previsto.
È através desse ensino crítico que os processos mentais são As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula,
desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Nes- não significa que todas elas devam seguir um cronograma rígido
se contexto os conteúdos deixam de serem apenas matérias, e (LIBÂNEO, 1994-Pág. 179), pois isso depende dos objetivos, con-
passam então a ser transmitidos pelo professor aos seus alunos teúdos da disciplina, recursos disponíveis e das características
formando assim um pensamento independente, para que esses dos alunos e de cada aluno e situações didáticas especificas.
indivíduos busquem resolver os problemas postos pela socieda- Dentro da organização da aula destacaremos agora seus
de de uma maneira criativa e reflexiva. Componentes Didáticos, que são também abordados em alguns
trabalhos como elementos estruturantes do ensino didático. São
A Organização da Aula e seus Componentes Didáticos do eles: os objetivos (gerais e específicos), os conteúdos, os méto-
Processo Educacional dos, os meios e as avaliações.
A aula é a forma predominante pela qual é organizado o
processo de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o profes- Objetivos
sor transmite aos seus alunos conhecimentos adquirido no seu São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de diver-
processo de formação, experiências de vida, conteúdos específi- sos meios para se chegar ao esperado. Os objetivos educacionais
cos para a superação de dificuldades e meios para a construção expressam propósitos definidos, pois o professor quando vai
de seu próprio conhecimento, nesse sentido sendo protagonista ministrar a aula já vai com os objetivos definidos. Eles têm por
de sua formação humana e escolar. finalidade, preparar o docente para determinar o que se requer
É ainda o espaço de interação entre o professor e o indi- com o processo de ensino, isto é prepará-lo para estabelecer
víduo em formação constituindo um espaço de troca mútua. A quais as metas a serem alcançadas, eles constituem uma ação
aula é o ambiente propício para se pensar, criar, desenvolver intencional e sistemática.
e aprimorar conhecimentos, habilidades, atitudes e conceitos, Os objetivos são exigências que requerem do professor um
é também onde surgem os questionamentos, indagações e res- posicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre
postas, em uma busca ativa pelo esclarecimento e entendimen- a sua própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os mé-
to acerca desses questionamentos e investigações. todos pelos quais as práticas educativas se concretizam. Ao ela-
Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador borar um plano de aula, por exemplo, o professor deve levar em
busca melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e conheci- conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que aspira,
mentos de uma disciplina, utilizando-se dos recursos disponíveis como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar?, e isso só
e das habilidades que possui para infundir no aluno o desejo irá melhorar didaticamente as suas ações no planejamento da
pelo saber. aula.
Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de
meios e condições por meio das quais o professor orienta, guia e Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes
fornece estímulos ao processo de ensino em função da atividade integram o ponto de partida, as premissas gerais para o proces-
própria dos alunos, ou seja, da assimilação e desenvolvimento so pedagógico (LIBÂNEO, 1994- pág.122). Os objetivos são um
de habilidades naturais do aluno na aprendizagem educacional. guia para orientar a prática educativa sem os quais não haveria
uma lógica para orientar o processo educativo.
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Fundamentos da Educação
Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de nos para torná-los mais significativos, mais vivos, mais vitais, de
modo mais organizado faz-se necessário, classificar os objetivos modo que eles possam assimilá-los de forma ativa e consciente
de acordo com os seus propósitos e abrangência, se são mais (LIBÂNEO, 1994 pág. 128). Ao proferir estas palavras, o autor
amplos, denominados objetivos gerais e se são destinados a de- aponta para um elemento de fundamental importância na pre-
terminados fins com relação aos alunos, chamados de objetivos paração da aula, a contextualização dos conteúdos.
específicos. a. Contextualização dos conteúdos
a. Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos acer- A contextualização consiste em trazer para dentro da sala
ca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas de aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão con-
pela realidade social e diante do desenvolvimento da personali- tribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem do
dade dos alunos (LIBANÊO, 1994- pág. 121). Por isso ele também mesmo. Valorizando desta forma o contexto social em que ele
afirma que os objetivos educacionais transcendem o espaço da está inserido e proporcionando a reflexão sobre o meio em que
sala de aula atuando na capacitação do indivíduo para as lutas se encontra, levando-o a agir como construtor e transformador
sociais de transformação da sociedade, e isso fica claro, uma deste. Então, pois, ao selecionar e organizar os conteúdos de
vez que os objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a ensino de uma aula o professor deve levar em consideração a
atender os anseios da coletividade. realidade vivenciada pelos alunos.
b. Objetivos Específicos: compreendem as intencionali-
dades específicas para a disciplina, os caminhos traçados para b. A relação professor-aluno no processo de ensino e
que se possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento aprendizagem:
de habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no O professor no processo de ensino é o mediador entre o
decorrer do processo de transmissão e assimilação dos estudos indivíduo em formação e os conhecimentos prévios de uma
propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem. Expres- matéria. Tem como função planejar, orientar a direção dos con-
sam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos teúdos, visando à assimilação constante pelos alunos e o de-
alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um ca- senvolvimento de suas capacidades e habilidades. É uma ação
ráter pedagógico, porque explicitam a direção a ser estabeleci- conjunta em que o educador é o promotor, que faz questiona-
da ao trabalho escolar, em torno de um programa de formação. mentos, propõem problemas, instiga, faz desafios nas atividades
(TAVARES, 2001- Pág. 66). e o educando é o receptor ativo e atuante, que através de suas
ações responde ao proposto produzindo assim conhecimentos.
Conteúdos O papel do professor é levar o aluno a desenvolver sua autono-
Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto mia de pensamento.
de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõem
os saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pe- Métodos de Ensino
los seus alunos. Esses saberes são advindos do conjunto social Métodos de ensino são as formas que o professor organiza
formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade
ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois per- de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos con-
mitem ao discente através da assimilação o conhecimento his- teúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de ensino
tórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam ainda regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem,
a construção de convicções e conceitos. professor e os alunos, na qual os resultados obtidos é assimila-
O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da ção consciente de conhecimentos e desenvolvimento das capa-
matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências cidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
e habilidades de observar a realidade, perceber as propriedades Segundo Libâneo (1994) a escolha e organização os méto-
e características do objeto de estudo, estabelecer relações en- dos de ensino devem corresponder à necessária unidade obje-
tre um conhecimento e outro, adquirir métodos de raciocínio, tivos-conteúdos-métodos e formas de organização do ensino e
capacidade de pensar por si próprios, fazer comparações entre as condições concretas das situações didáticas. Os métodos de
fatos e acontecimentos, formar conceitos para lidar com eles no ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos con-
dia-a-dia de modo que sejam instrumentos mentais para aplicá- teúdos específicos, de métodos peculiares de cada disciplina e
-los em situações da vida prática (LIBÂNEO 2001, pág. 09). Neste assimilação, além disso, esses métodos implica o conhecimento
contexto pretende-se que os conteúdos aplicados pelo profes- das características dos alunos quanto à capacidade de assimi-
sor tenham como fundamento não só a transmissão das infor- lação de conteúdos conforme a idade e o nível de desenvolvi-
mações de uma disciplina, mas que esses conteúdos apresentem mento mental e físico e suas características socioculturais e in-
relação com a realidade dos discentes e que sirvam para que os dividuais.
mesmos possam enfrentar os desafios impostos pela vida co- A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar
tidiana. Estes devem também proporcionar o desenvolvimento que essas unidades constituem a linhagem fundamental de
das capacidades intelectuais e cognitivas do aluno, que o levem compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando os
ao desenvolvimento critico e reflexivo acerca da sociedade que propósitos pedagógicos intencionais e planejados de instrução e
integram. educação dos alunos, para a participação na vida social; os con-
Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma relação teúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar
entre os seus componentes, matéria, ensino e o conhecimento os objetivos e determinar os métodos; os métodos, formando
que cada aluno já traz consigo. Pois não basta apenas a seleção a totalidade dos passos, formas didáticas e meios organizativos
e organização lógica dos conteúdos para transmiti-los. Antes os do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos, e assim,
conteúdos devem incluir elementos da vivência prática dos alu- o atingimento dos objetivos.
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Fundamentos da Educação
No trabalho docente, os professores selecionam e organizam compensa aos bons alunos e punição para os desinteressados,
seus métodos e procedimentos didáticos de acordo com cada ma- além disso, os professores confiam demais em seu olho clínico,
téria. Dessa forma destacamos os principais métodos de ensino dispensam verificações parciais no decorrer das aulas e aqueles
utilizado pelo professor em sala de aula: método de exposição que rejeitam as medidas quantitativas de aprendizagem em fa-
pelo professor, método de trabalho independente, método de vor de dados qualitativos (LIBÂNEO, 1994).
elaboração conjunta, método de trabalho em grupo. Nestes mé- O entendimento correto da avaliação consiste em considerar
todos, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados, a relação mútua entre os aspectos quantitativos e qualitativos.
explicadas e demonstradas pelo professor, além dos trabalhos A escola cumpre uma função determinada socialmente, a de in-
planejados individuais, a elaboração conjunta de atividades entre troduzir as crianças, jovens e adultos no mundo da cultura e do
professores e alunos visando à obtenção de novos conhecimen- trabalho, tal objetivo não surge espontaneamente na experiência
tos e os trabalhos em grupo. Dessa maneira designamos todos os das crianças, jovens e adultos, mas supõe as perspectivas traça-
meios e recursos matérias utilizados pelo professor e pelos alunos das pela sociedade e controle por parte do professor. Por outro
para organização e condução metódica do processo de ensino e lado, a relação pedagógica requer a independência entre influên-
aprendizagem (LIBÂNEO, 1994 Pág. 173). cias externas e condições internas do aluno, pois nesse contexto o
professor deve organizar o ensino objetivando o desenvolvimento
Avaliação Escolar autônomo e independente do aluno (LIBÂNEO, 1994).28
A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para
o trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo Didática e Organização Do Ensino
no processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os Um breve resgate histórico da Didática no Brasil é de fun-
resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em con- damental importância para compreender o lugar que essa área
junto entre professores e alunos, a fim de constatar progressos, do conhecimento ocupa na formação do professor hoje. Isso
dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para as correções porque entendemos que a organização curricular dos cursos de
necessárias. Libâneo (1994). licenciatura nas novas propostas para os cursos de licenciatu-
A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se re- ras expressa a relação social básica do sistema nesse momento
sume à realização de provas e atribuição de notas, ela cumpre histórico. Data de 1972 o I Encontro Nacional de Professores de
funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em Didática realizado na Universidade de Brasília, período pós-64,
relação ao rendimento escolar. momento histórico em que o planejamento educacional é con-
A função pedagógico-didática refere-se ao papel da avaliação siderado “área prioritária”, integrado ao Plano Nacional de De-
no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação senvolvimento, e a educação passa a ser vista como fator de
escolar. Ao comprovar os resultados do processo de ensino, evi- desenvolvimento, investimento individual e social. Nesse mo-
dencia ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de mento discute-se a necessidade de formar um novo professor
preparação dos alunos para enfrentar as exigências da sociedade tecnicamente competente e comprometido com o programa
e inseri-los ao meio social. Ao mesmo tempo, favorece uma atitu- político-econômico do país. E a formação do professor passa a
de mais responsável do aluno em relação ao estudo, assumindo-o se fazer por meio de treinamentos, em que são transmitidos os
como um dever social. Já a função de diagnóstico permite identifi- instrumentos técnicos necessários à aplicação do conhecimento
car progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor científico, fundado na qualidade dos produtos, eficiência e efi-
que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensi- cácia. A racionalização do processo aparece como necessidade
no para melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do básica para o alcance dos objetivos do ensino e o planejamento
controle se refere aos meios e a frequência das verificações e de tem papel central na sua organização.
qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico Dez anos depois, em 1982, realiza-se no Rio de Janeiro o
das situações didáticas (LIBÂNEO, 1994). I Seminário A Didática em Questão num período marcado pela
No entanto a avaliação na pratica escolar nas escolas tem abertura política do regime militar instalado em 1964 e pelo
sido bastante criticada sobre tudo por reduzir-se à sua função acirramento das lutas de classe no país.
de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantita- Nesse momento histórico, enfatiza-se a necessidade de for-
tiva dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os mar educadores críticos e conscientes do papel da educação na
professores não tem conseguido usar os procedimentos de ava- sociedade, e mais, comprometidos com as necessidades das ca-
liação que sem dúvida, implicam o levantamento de dados por madas populares cada vez mais presentes na escola e cedo dela
meio de testes, trabalhos escritos etc. Em relação aos objetivos, excluídos. A dimensão política do ato pedagógico torna-se obje-
funções e papel da avaliação na melhoria das atividades esco- to de discussão e análise, e a contextualização da prática peda-
lares e educativas, tem-se verificado na pratica escolar alguns gógica, buscando compreender a íntima relação entre a prática
equívocos. (LIBÂNEO, Pág. 198- 1994). escolar e a estrutura social mais ampla, passa a ser fundamental.
O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato Esses desafios marcaram a década de oitenta como um período
de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O profes- de intenso movimento de revisão crítica e reconstrução da Di-
sor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno memorizou dática no Brasil.
e usa a nota somente como instrumento de controle. Tal ideia Ao longo da década de oitenta, as produções teóricas dos
é descabida, primeiro porque a atribuição de notas visa apenas educadores expressam tentativas de dar conta dessa nova si-
o controle formal, com objetivo classificatório e não educativo; tuação. Tomando como parâmetro a questão da relação teoria-
segundo porque o que importa é o veredito do professor so- -prática, podemos identificar processos distintos que procuram
bre o grau de adequação e conformidade do aluno ao conteúdo 28 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos
que transmite. Outro equívoco é utilizar a avaliação como re- Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza
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Fundamentos da Educação
ampliar a discussão da Didática, iniciada por Candau (1984), em Nesse contexto, uma pesquisa-ensino longitudinal realizada
reação ao modelo pedagógico centrado no campo da instrumen- por Martins (1998) acompanhando durante dez anos as iniciati-
talidade. vas dos professores de todos os níveis de ensino, além da produ-
A autora propõe uma Didática Fundamental, que, nas pala- ção da área, resultou na sistematização de três momentos fun-
vras de Freitas (1995, p.22), “(...) mais do que um enfoque pro- damentais, com ênfases específicas, nas discussões e práticas
priamente dito, foi um amplo movimento de reação a um tipo de da didática na formação de professores. Esses momentos, que
didática baseada na neutralidade”. não se anulam, mas se interpenetram, devem ser entendidos
Desta forma, o movimento que inicialmente incluiu uma como uma parte de um todo, quais sejam: (i) a Dimensão política
crítica e uma denúncia ao caráter meramente instrumental da do ato pedagógico (1985/88); (ii) a organização do trabalho na
Didática avançou em seguida para a busca de alternativas e re- escola (1989/93); (iii) a produção e sistematização coletivas de
construção do conhecimento da área. E, em oposição ao modelo conhecimento (1994/2000).
pedagógico centrado no campo da instrumentalidade, grupos O primeiro momento a Dimensão política do ato pedagó-
de educadores passam a discutir a importância de formar uma gico é marcado por intensa movimentação social no Brasil, que
consciência crítica nos professores para que estes coloquem em consolida novas formas de organização e mobilização quando
prática as formas mais críticas de ensino, articuladas aos interes- os grupos sociais se definem como classe. Passa-se, então, a dar
ses e necessidades práticas das camadas populares, tendo em ênfase à problemática política. Os professores, no seu dia-a-dia,
vista garantir sua permanência na escola pública. na sala de aula e na escola reclamam da predeterminação do
Propostas expressivas como a Pedagogia Históricocrítica, seu trabalho por instâncias superiores, estão querendo partici-
de Dermeval Saviani (1983), base teórica da Pedagogia Crítico- par e essa participação tem um caráter eminentemente político.
-social dos Conteúdos, sistematizada por José Carlos Libâneo A centralidade do planejamento passa a ser questionada.
(1985), caminham nessa direção. Do ponto de vista didático, o Já no final da década de oitenta e início dos anos noventa,
ensino orienta-se pelo eixo da transmissão-assimilação ativa de avança-se para as discussões em torno da organização do tra-
conhecimentos. Dirá Libâneo (1985 p. 127-128): balho na escola (1989/93), segundo momento. Ocorre uma in-
A pedagogia crítico-social dos conteúdos valoriza a instru- tensificação da quebra do sistema organizacional da escola. Os
ção enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de en- professores já se compreendem e se posicionam como trabalha-
sino, enquanto processo de desenvolvimento das capacidades dores, assalariados; organizam-se em sindicatos, participam de
cognitivas dos alunos e viabilização da atividade de transmis- movimentos reivindicatórios. Na escola, vão quebrando normas,
são/assimilação ativa de conhecimentos. tomando iniciativas que consolidem novas formas de organiza-
Nessa proposta, o elemento central está calcado na concep- ção da escola e da relação professor, aluno e conhecimento.
ção segundo a qual a aprendizagem se faz fundamentalmente À medida que se verificam alterações no interior da orga-
a partir do domínio da teoria. A prática decorre da teoria. Daí nização escolar, por iniciativa de seus agentes, intensifica-se a
a importância do racional, do cognitivo, do pensamento. Nes- busca da produção e sistematização coletivas de conhecimento
sa concepção, a ação prática é guiada pela teoria. Valoriza-se o e a ênfase na problemática do aluno como sujeito vai se apro-
pensamento sobre a ação. fundando. No período 1994/2000, o aluno passa a ser concebido
Por outro lado, grupos mais radicais se voltam para a alte- como um ser historicamente situado, pertencente a uma deter-
ração dos próprios processos de produção do conhecimento; minada classe, portador de uma prática social com interesses
das relações sociais. A Pedagogia dos Conflitos Sociais, de Oder próprios e um conhecimento que adquire nessa prática, os quais
José dos Santos (1992), base teórica da Sistematização coletiva não podem mais ser ignorados pela escola.
do conhecimento, proposta por Martins (1998), caminha nessa Esse período se relaciona com os anteriores através da pro-
direção. blemática da interdisciplinaridade, que passa a ser uma questão
Passa-se a discutir a importância de se romper com o eixo importante.
da transmissão-assimilação dos conteúdos, ainda que críticos, Com efeito, o movimento histórico do final do século passa-
buscando um processo de ensino que altere, na prática, suas do provocou uma alteração na concepção de conhecimento que
relações básicas na direção da sistematização coletiva do conhe- deu um passo à frente em relação aos modelos anteriores. Tra-
cimento. Dirá Martins, (2009, p.175) ta-se de um processo didático pautado numa concepção de co-
Um dos pontos-chave da nova proposta pedagógica encon- nhecimento que tem a prática como elemento básico, fazendo a
tra-se na alteração do processo de ensino e não apenas na alte- mediação entre a realidade e o pensamento. Nessa concepção a
ração do discurso a respeito dele. (...) não basta transmitir ao teoria não é entendida como verdade que vai guiar a ação prá-
futuro professor um conteúdo mais crítico; (...) é preciso romper tica, mas como expressão de uma relação, de uma ação sobre a
com o eixo da transmissão-assimilação em que se distribui um realidade, que pode indicar caminhos para novas práticas; nun-
saber sistematizado falando sobre ele. Não se trata de falar so- ca guiá-la. Desse princípio básico, delineia-se um modelo aberto
bre, mas de vivenciar e refletir com. de Didática que vai além de compreender o processo de ensino
Desse movimento resultaram alterações na organização das em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-
escolas, nos cursos de formação de professores, nas produções -lo na direção política pretendida (MARTINS, 2008, p.176); ela
acadêmicas dos estudiosos da área e fundamentalmente na prá- vai expressara ação prática dos professores, sendo uma forma
tica pedagógica dos professores de todos os níveis de ensino. de abrir caminhos possíveis para novas ações.
Nesse período, os professores intensificaram suas iniciativas
para fazer frente às contradições do sistema e produziram sabe-
res pedagógicos nas suas próprias práticas.
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Fundamentos da Educação
Acompanhando esse movimento, nesse momento histórico, o que se observa é que a formação de professores está centra-
algumas questões se colocam: quais são as prioridades estabele- da no aprender a aprender habilidades específicas que garan-
cidas pelos cursos de licenciaturas para a formação de professo- tam competência no fazer. Há uma valorização da prática, não
res nesse início de século? Que espaço da didática ocupa nesse mais como campo de problematização, explicação e compreen-
processo de formação? são dos processos de ensinar e aprender, tendo em vista a sua
transformação, mas sim como espaço de demonstração de ha-
A didática nas propostas curriculares das licenciaturas bilidades e competências técnicas no exercício profissional. Isso
Com relação à didática nesse processo de formação em de- implica valorização de procedimentos específicos, vinculados às
senvolvimento nas universidades investigadas, o que se verifica áreas de conteúdo e trabalhadas nas metodologias e didáticas
numa primeira aproximação com a estruturação desses cursos é específicas. Verifica-se que a didática geral, enquanto área do
a perda de espaço dessa área do conhecimento e a mudança na conhecimento que tem como objeto de estudo o processo de
sua abordagem. Em outros termos, a didática tende a priorizar ensino numa dimensão de totalidade, buscando compreendê-lo
aspectos específicos do fazer pedagógico, perdendo a dimensão em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-
de totalidade conquistada na década de oitenta do século pas- -lo na direção pretendida, (MARTINS, 2008, p.176) vem perden-
sado. do espaço.29
Os dados coletados nos projetos pedagógicos dos cursos
de licenciaturas das universidades investigadas mostram que a Planejamento da ação didática
maioria dos cursos deixa de oferecer a disciplina Didática Geral Na prática pedagógica atual o processo de planejamento do
e volta a trabalhar o processo de ensino – seu objeto de estudo ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua
– em disciplinas específicas voltadas para as metodologias das validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do
áreas de conhecimento. Essa tendência também se manifesta na trabalho do professor. As razões de tais indagações são múlti-
produção acadêmica da última década, conforme estudo realiza- plas e se apresentam em níveis diferentes na prática docente.
do sobre o estado do conhecimento (MARTINS e ROMANOWSkI, A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situa-
2008). ções bastante questionáveis nesse sentido. Percebeu-se, de
Em uma universidade pública do interior do Estado, por início, que os objetivos educacionais propostos nos currículos
exemplo, dos 15 (quinze) cursos oferecidos, apenas os cursos dos cursos apresentam-se confusos e desvinculados da realida-
de Física, Química e Música apresentam a disciplina de Didática de social. Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são
Geral. Ela é encontrada também no curso de Pedagogia com ou- definidos de forma autoritária, pois os professores, via de regra,
tras denominações: não participam dessa tarefa. Nessas condições, tendem a mos-
a) Didática: Trabalho Pedagógico Docente; trarem-se sem elos significativos com as experiências de vida
b) Didática: Organização do Trabalho Pedagógico; dos alunos, seus interesses e necessidades.
c) Didática: Avaliação e Ensino. Percebe-se também que os recursos disponíveis para o de-
senvolvimento do trabalho didático tendem a ser considerados
Também no curso de Filosofia encontramos uma disciplina como simples instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-
denominada Didática e Teoria da Educação. Nos demais cursos, -se dessa forma a equipamentos e objetos, muitas vezes até ina-
o processo de ensino – objeto de estudo da didática – é desen- dequados aos objetivos e conteúdos estudados.
volvido através das didáticas específicas, metodologias especí-
ficas, nas disciplinas de práticas de ensino e nas propostas de Com relação à metodologia utilizada pelo professor, ob-
estágio supervisionado. Isso se repete com alguma variação, nas serva-se que esta tem se caracterizado pela predominância de
demais universidades investigadas. atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco ou ne-
Com relação à articulação da disciplina Didática com as es- nhum espaço para a discussão e a análise crítica dos conteúdos.
colas de Educação Básica, observa-se uma variação significativa O aluno sob esta situação tem se mostrado mais passivo do que
nas iniciativas desses cursos. Há uma busca pela aproximação ativo e, por decorrência, seu pensamento criativo tem sido mais
da universidade com as escolas de Educação Básica em que es- bloqueado do que estimulado. A avaliação da aprendizagem, por
ses egressos irão atuar. Contudo, pode-se observar que a lógica outro lado, tem sido resumida ao ritual das provas periódicas,
subjacente à organização desses cursos, via de regra, valoriza através das quais é verificada a quantidade de conteúdos assi-
a preparação do futuro professor com recursos técnicos, tendo milada pelo aluno.
em vista posterior aplicação na prática de ensino no espaço es- Completando esse quadro de desacertos, observa-se ainda
colar. Essa lógica se verifica nas disciplinas que compõem o cur- que o professor, assumindo sua autoridade institucional, ter-
rículo, incluindo as que focalizam o ensino, tais como: Didática mina por direcionar o processo ensino-aprendizagem de forma
Geral, didática específica, metodologias específicas por área de isolada dos condicionantes históricos presentes na experiência
conhecimento. de vida dos alunos.
Em decorrência, no que tange à articulação da Didática, No contexto acima descrito, o planejamento do ensino tem
geral e/ou específicas, com as práticas pedagógicas desenvolvi- se apresentado como desvinculado da realidade social, caracte-
das nas escolas de Educação Básica, numa primeira leitura dos rizando-se como uma ação mecânica e burocrática do professor,
programas e pela entrevista com professores, verifica-se que o pouco contribuindo para elevar a qualidade da ação pedagógica
espaço da escola de Educação Básica são tidos como forma de desenvolvida no âmbito escolar.
ilustração, exemplos práticos que reafirmam os conteúdos tra-
balhados nas disciplinas; ou ainda, como espaço de aplicação 29 Fonte: www.webartigos.com – Texto adaptado de Lourival De
dos preceitos teóricos trabalhados na universidade. Com efeito, Oliveira Santos
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Fundamentos da Educação
No meio escolar, quando se faz referência a planejamento no ato de sua execução, impregnando-o de sua personalidade
do ensino, a ideia que passa é aquela que identifica o processo e entusiasmo, enriquecendo-o com sua habilidade e expressi-
através do qual são definidos os objetivos, o conteúdo pragmá- vidade.30
tico, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a siste-
mática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia A sala de aula e a aprendizagem
básica a ser consultada no decorrer de um curso, série ou disci- Quando entendida na perspectiva do senso comum, a re-
plina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento lação ensino-aprendizagem é linear; assim, quando há ensino,
adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome deve necessariamente haver aprendizagem.
da eficiência do ensino disseminada pela concepção tecnicista Ao inverso, quando não houve aprendizagem, não houve
de educação, passou a ser valorizado apenas em sua dimensão ensino. Desse modo, o ensino é subordinado à aprendizagem.
técnica. Essa subordinação é expressa em concepções que compreen-
Ao que parece, essa situação dos componentes do plano de dem o professor como facilitador da aprendizagem, ou ainda
ensino de uma maneira fragmentária e desarticulada do todo como mediador do conhecimento.
social é que tem gerado a concepção de planejamento incapaz Aqui a proposta é discutir referências teóricas e metodoló-
de dinamizar e facilitar o trabalho didático. Consideramos, con- gicas que possam revelar uma concepção não linear da relação
tudo, que numa perspectiva trasformadora, ou seja, o processo em foco, bem como criticar as concepções de professor facilita-
de planejamento visto sob uma perspectiva crítica de educação, dor e professor mediador.
passa a extrapolar a simple tarefa de se elaborar um documento A mediação no campo educacional é geralmente considera-
contendo todos os componentes tecnicamente recomendáveis. da como o produto de uma relação entre dois termos distintos
que, por meio dela podem ser homogeneizados. Essa homo-
Após analisarmos os aspectos do processo de planejamento, geneização elimina a diferença entre eles e, por conseguinte,
faremos agora uma síntese do didatismo no planejamento. a possibilidade de conflito entre ambos. Portanto, quando se
Quando falamos em planejar o ensino, ou a ação didática, es- compreende a mediação como o resultado, como um produto, a
tamos prevendo as ações e os procedimentos que o professor vai necessária relação entre dois termos se reduz à sua soma, o que
realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades dis- resulta na sua anulação mútua, levando-os ao equilíbrio. Essa
centes e da experiência de aprendizagem, visando atingir os obje- ideia concebe a mediação como o resultado da aproximação
tivos educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento entre dois termos que, embora distintos no início, quando to-
de ensino torna-se a operacionalização do currículo escolar. talmente separados, tendem a igualar-se à medida que se apro-
Assim, no que se refere ao aspecto didático, segundo HAIDT ximam um do outro.
(1995), planejar é: Em estudos desse contexto discute-se o conceito de media-
• Analisar as características da clientela (aspirações, ne- ção local, indicando que mediar implica solucionar conflitos por
cessidades e possibilidades dos alunos); meio de ações educativas. Assim, a mediação restringe-se a uma
• Refletir sobre os recursos disponíveis; ação pragmática, circunscrita a uma situação de conflito. Este
• Definir os objetivos educacionais considerados mais entendimento da mediação não é muito distante daquele em
adequados para a clientela em questão; que ela é compreendida na situação da sala de aula.
• Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimi- A mediação na sala de aula é também pragmática, pois pre-
lados, distribuídos ao longo do tempo disponível para o seu de- tende que o aluno aprenda de modo imediato. Nos dois casos,
senvolvimento; em que mediar é agir de modo pragmático, todo conflito pode
• Prever e organizar os procedimentos do professor, ser “solucionado”, e o aluno pode “aprender”.
bem como as atividades e experiências de construção do conhe- Para compreendermos a mediação na sala de aula, é pre-
cimento consideradas mais adequadas para a consecução dos ciso, em primeiro lugar, estabelecermos que o estudante está
objetivos estabelecidos; sempre no plano do imediato, e o professor está, ou deveria es-
• Prever e escolher os recursos de ensino mais adequa- tar, no plano do mediato. Assim, entre eles se estabelece uma
dos para estimular a participação dos alunos nas atividades de mediação que visa, como já o dissemos, a superação do imediato
aprendizagem; no mediato. Em outras palavras, o estudante deve superar a sua
• E prever os procedimentos de avaliação mais condizen- compreensão imediata e ascender a outra que é mediata. E isso
tes com os objetivos propostos. só pode ocorrer pela ação do professor que medeia com o aluno,
O planejamento didático também é um processo que envol- estabelecendo com ele uma tensão que implica negar o seu coti-
ve operações mentais, como: analisar, refletir, definir, selecio- diano. Por outro lado, o aluno tentará trazer o professor para o
nar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, e prever formas de cotidiano vivido por ele, aluno, negando, assim, o conhecimento
agir e organizar. O processo de planejamento da ação docente é veiculado pelo professor. Nessa luta de contrários – professor
o plano didático. Em geral, o plano didático assume a forma de e aluno, conhecimento sistematizado pela humanidade e expe-
um documento escrito, pois é o registro das conclusões do pro- riência cotidiana – é que se dá a mediação; e ela ocorre nos dois
cesso de previsão das atividades docentes e discentes. sentidos, tanto do professor para o aluno quanto do a É uma luta
Outro aspecto a ser lembrado é que o plano é apenas um de contrários.
roteiro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, Esse modo de compreender a mediação não aceita a ideia
esquemático, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete do professor mediador do conhecimento, tampouco a noção de
ao professor que o confeccionou dar-lhe vida, relevo e colorido professor facilitador da aprendizagem.
30 Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br – Por Eliane da Costa
Bruini
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Fundamentos da Educação
Essas duas acepções são equivocadas, porque, em primeiro Neste artigo, conceituaremos primeiro o ensino e, pela
lugar, o professor não é o único mediador, pois o aluno também sua negação, conceituaremos aprendizagem. Sabemos da difi-
medeia, e, em segundo lugar, a mediação não se estabelece com culdade de conceituar esses dois termos, pois de modo geral
o conhecimento e sim entre o aluno e o professor. Trata-se de os estudiosos da área de educação e os professores, talvez por
uma automediação no segundo sentido atribuído por Mészáros; influência das pedagogias contemporâneas, não o fazem; pois
ou seja, a mediação entre o homem e os outros homens: aluno preocupam-se quase exclusivamente com o “como ensinar”, ou
para o professor. Em outros termos, a mediação, na escola, é mais precisamente como facilitar a aprendizagem dos alunos.
um processo que ocorre a sala de aula e promove a superação A ideia principal que informa o nosso conceito de ensino é
do imediato no mediato por meio de uma tensão dialética entre a de que ele expressa a relação que o professor estabelece com
pólos opostos. o conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade.
A relação entre o homem e a natureza é ‘automediadora’ Assim, o ensino constitui-se de três atividades distintas a serem
num duplo sentido. desenvolvidas pelo professor.
Primeiro, porque é a natureza que propicia a mediação en- A primeira consiste em, diante de um tema, selecionar o
tre si mesma e o homem; segundo, porque a própria atividade que deve ser apresentado aos alunos; por exemplo, no tema
mediadora é apenas um atributo do homem, localizado numa “Revolução Francesa”, próprio da História, selecionar o que é
parte específica da natureza. Assim, na atividade produtiva, sob mais importante ensinar aos alunos da 5ª série (nomenclatura
o primeiro desses dois aspectos ontológicos a natureza faz a me- brasileira). Já o professor do 1º ano do Ensino Médio deve de-
diação entre si mesma e a natureza; e, sob o segundo aspecto frontar-se com a mesma pergunta; a mesma situação se coloca
ontológico - em virtude do fato de ser a atividade produtiva ine- ao professor universitário encarregado de abordá-lo. Dessa for-
rentemente social - o homem faz a mediação ente si mesmo e os ma, o docente deve preocupar-se em compatibilizar a seleção
demais homens. (Mészáros, 1981, p.77-78) do conhecimento a ser ensinado com a possibilidade de apren-
Sendo a mediação na sala de aula uma automediação, não dizagem dos alunos. Nos dias de hoje, é bastante comum que a
podemos abrir mão da relação direta entre professor e aluno. seleção seja abrangente; e isso pode levar os professores a apre-
Desse modo, não podemos substituí-la por falsos mediadores, sentarem aos seus alunos informações supérfluas, que, quan-
como por exemplo, a exibição de filmes quando a temática não do confundidas com conhecimento, não lhes permitem fazer as
corresponde àquela tratada pelo professor, ou a execução alea- sínteses necessárias para a superação do cotidiano, produzindo
tório de atividades de ensino. Os professores que se utilizam neles uma “erudição balofa” que pode ao contrário encerrá-los
com frequência desses recursos nutrem a esperança de que es- na vida cotidiana. Esse equívoco ocorre, por exemplo, quando o
sas práticas sejam capazes de estabelecer mediações que eles, professor de História, ao abordar a Revolução francesa, preocu-
os professores, talvez não se sintam seguros para desenvolver. pa-se com detalhes da vida privada de Maria Antonieta ou com
Alguns professores precisam ser lembrados de que sala de aula a moda ditada por Luís XV. Ainda exemplificando, o mesmo pode
não é sala de cinema nem oficina de terapia ocupacional. ocorrer com o professor de Literatura que expõe aos alunos os
Os professores que se utilizam desses artifícios o fazem muitas períodos literários e seus principais expoentes sem apresentar
vezes no intuito de facilitar a aprendizagem; porém, sendo a rela- as relações entre os autores, bem como entre os períodos literá-
ção entre o ensino e a aprendizagem uma luta de contrários, não há rios, ocultando assim a historicidade inerente à literatura.
como facilitá-la. Ao inverso, o professor deve dificultar a vida cotidia- A erudição balofa pode também estar presente nas discipli-
na do aluno inserindo nela o conhecimento, e, dessa forma, negan- nas ligadas às ciências naturais; ela tem levado os professores a
do-a. Pois, na vida cotidiana não há conhecimento e sim experiência. acreditar que quanto maior a quantidade de informações mais
Desse modo, não há como facilitar o que é difícil. Aprender é difícil. os alunos sabem.
será sempre necessário que ela [criança] se fatigue a fim de A segunda atividade desenvolvida pelo professor é a organi-
aprender e que se obrigue a privações e limitações de movimen- zação, ou seja, diante da seleção feita a partir de um tema é pre-
to físico isto é que se submeta a um tirocínio psicofísico. Deve-se ciso organizar esta seleção para apresentá-la aos alunos. Des-
convencer a muita gente que o estudo é também um trabalho e de o momento em que fazemos a seleção já não podemos falar
muito fatigante com um tirocínio particular próprio, não só mus- mais em temas; devemos preocupar-nos com os conceitos que
cular-nervoso mas intelectual: é um processo de os constituem. Agora o que o professor deve fazer é organizar
adaptação, é um hábito adquirido com esforço, aborreci- os conceitos e as relações entre eles. Esse processo, de acordo
mento e mesmo sofrimento. (Gramsci, 1985, p. 89) com Lefebvre (1983), implica dois movimentos: a retrospecção
Como assinala Gramsci, a aprendizagem depende do esfor- e a prospecção.
ço pessoal de cada estudante. É claro que o professor sempre A retrospecção permite que o estudante compreenda o pro-
poderá intervir, de modo direto, neste processo, auxiliando o cesso de formação e desenvolvimento do conceito abordado
aluno. Ele deve esforçar-se para que os estudantes aprendam, e a prospecção possibilita o entendimento do estado atual do
mas não pode minimizar nem esconder as dificuldades inerentes conceito a partir das relações que o conceito estudado estabe-
à aprendizagem. lece com outros, tanto com aqueles que o corroboram quanto
Quando se compreende a relação ensino-aprendizagem na com os que a ele se opõem. A prospecção do conceito permite
sala de aula como mediação, o ensino e aprendizagem são opos- o estabelecimento de relações interdisciplinares, a que temos
tos entre si e se relacionam por meio de uma tensão dialética. chamado de interdisciplinaridade conceitual para distingui-la
Desse modo, esses termos, apesar de negarem-se mutuamente, daquela que é corrente na escola, a interdisciplinaridade temá-
se completam, mas, como já o dissemos, essa unidade não se tica. Não podemos ensinar por meio do tema, devemos fazê-lo
estabelece de modo linear. por meio do conceito. Evitamos o uso da expressão conteúdo de
ensino em virtude da sua imprecisão. Quando a organização do
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Fundamentos da Educação
to nas atuais propostas de formação de professores expressam riculares dos cursos para, em seguida, buscar junto aos agentes
o novo momento do capitalismo no qual “as novas formas de envolvidos no planejamento e desenvolvimento dessas propos-
exploração e controle da força de trabalho exigem um novo tipo tas as formas e práticas dessa formação.
de trabalhador, uma vez que a produtividade repousa cada vez Uma primeira aproximação com os dados revelam que as
mais na utilização do trabalho complexo” (SANTOS, 2005, p.42). instituições de educação superior estão em processo de alte-
Ainda que os indicadores sejam desfavoráveis para a área, ração de suas propostas de cursos de licenciaturas, tendo em
ampliar a compreensão desse momento da didática é o nosso vista as determinações legais do Parecer 09/2001 e Resoluções
desafio. Auscultar e sistematizar os processos de formação de 01/2002 e 02/2002, aprovados pelos Conselho Nacional de Edu-
professores e o lugar da didática no conjunto dessas ações.32 cação. Há um movimento que busca atender à nova proposta
Quanto a organização do ensino veremos abaixo os entraves para os cursos de formação de professores não atrelada ao ba-
que a educação infantil tem enfrentado em busca de maiores charelado com iniciativas dos seus agentes, que vão desde a
investimentos e valorização deste nível de ensino, por se tratar criação de uma coordenação geral para os cursos de Licenciatu-
da primeira etapa que o indivíduo tem com as instituições de ras, fóruns de Licenciaturas até simples ajustes e redistribuição
ensino, a educação infantil deveria ser inclusa no ensino obri- de carga horária das disciplinas.
gatório previsto na Constituição Federal de 1988. Será aborda- Uma das universidades particulares, aqui identificada pela
da também a significativa melhoria ao atendimento do ensino letra A, por exemplo, criou uma coordenação geral dos cursos
fundamental segunda etapa da educação básica e de acordo de Licenciaturas, que tem um papel articulador nas discussões e
com a Lei 9394/96, em seu artigo nº 32 obrigatório, e gratuito proposições para esses cursos. A coordenadora das Licenciatu-
com duração de nove anos e matrícula a partir dos seis anos de ras da universidade A informa que das 800 horas regulamenta-
idade, levando em consideração o antigo Fundo de Valorização das para estágios, 400 são distribuídas durante o curso, enquan-
do Ensino Fundamental (FUNDEF), e veremos também sobre a to as outras 400 horas são destinadas ao estágio supervisionado.
educação de jovens e adultos (EJA), um programa do governo Nas palavras da coordenadora: Em média, 10% de cada
federal destinado a erradicar o analfabetismo no Brasil, pois são uma das disciplinas devem articular suas disciplinas com práti-
inúmeros os esforços nesse sentido, atualmente o governo tem ca. Quando ele aprende morfologia, por exemplo, de que forma
investido no programa Brasil Alfabetizado (educação de jovens essa aprendizagem é aplicada na prática.(...) Também temos
e adultos), programa este que pode ser desenvolvido em parce- grupos de estudo interdisciplinar onde nossos alunos são leva-
rias com instituições não governamentais, além, das secretarias dos à reflexão.
estaduais e municipais de educação. Observamos uma iniciativa de trabalhar a relação teoria e
prática ao longo do curso e no interior de cada disciplina que
Prioridades estabelecidas para a formação dos professores compõe o currículo. Além disso, o grupo está buscando uma
nos cursos de licenciaturas integração das disciplinas de fundamentos comum a todas as
Para compreender a tendência atual da formação de pro- licenciaturas, já que tais disciplinas eram trabalhadas de forma
fessores e o lugar da didática nessa formação, trabalhando com isolada e em tempos diferentes de acordo com o colegiado de
a concepção da teoria como expressão de uma determinada cada curso.
prática e não de qualquer prática, desenvolvemos uma pesquisa Com relação à proposta de práticas de ensino e de estágio,
tomando como campo de investigação os cursos de licenciatura percebemos que a instituição busca manter essa integração, ar-
de cinco universidades de grande porte do estado do Paraná. ticulando teoria e prática entre as disciplinas de fundamentos e
Por meio de análise documental e entrevistas semiestrutu- a ação do aluno na escola.
radas, numa abordagem qualitativa de pesquisa buscamos anali- Há uma preocupação de estabelecer a estreita relação entre
sar as tensões e prioridades dessas universidades nos processos as disciplinas teóricas com as didáticas específicas e metodolo-
de formação de professores. gias específicas por área de conhecimento.
Assim, nosso estudo apoia-se no entendimento de que a Contudo numa perspectiva de aplicação prática: “de que
prática não é dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a forma a aprendizagem de determinado conteúdo é aplicado na
ação prática dos sujeitos. São as formas de agir que vão deter- prática...”.
minar as formas de pensar dos homens. Já o contato direto com a escola – o estágio – mantém o
“A teoria pensa e compreende a prática sobre as coisas, não formato usual dessas práticas, qual seja: a observação, a partici-
a coisa. Daí, a sua única função é indicar caminhos possíveis, pação em sala de aula junto ao professor regente e finalmente a
nunca governar a prática.” (BRUNO 1989, p.18). A base do co- regência. Esses estágios ocorrem em escolas conveniadas e pre-
nhecimento é a ação prática que os homens realizam através ferencialmente públicas.
de relações sociais, mediante instituições. O pressuposto básico Com efeito, a criação de uma coordenação geral das licen-
é que “o homem não reflete sobre o mundo, mas reflete a sua ciaturas, forma encontrada pela instituição A para reorganizar
prática sobre o mundo” (BERNARDO, 1977, v. 1, p.86). as licenciaturas tendo em vista as novas exigências do CNE, tem
Dessa forma, “(...) o conhecimento é sempre o conhecimen- favorecido alguns avanços na busca da articulação teoria e prá-
to de uma prática, nunca da realidade natural ou social” (SAN- tica. Os agentes envolvidos tentam minimizar a dicotomia teo-
TOS 1992, p.29). ria-prática existentes nessa formação. Contudo, observa-se que
Desse ponto de vista, buscamos analisar os cursos de for- não se altera a lógica da aplicação prática e a valorização do
mação de professores procurando entender à tendência da sua como aplicar esse conhecimento na prática.
organização. Procedemos a um mapeamento das propostas cur- Já na Universidade B criou-se o espaço do Fórum de Licen-
32 Texto adaptado de Pura Lúcia Oliver Martin; Joana Paulin Roma- ciaturas para discutir as novas exigências do CNE, buscando a
nowski observância das horas exigidas. Nesse espaço os professores
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discutem seus projetos de curso, as disciplinas que integram o tinente à educação, os PCNs e fazem uma ligação com a escola
currículo de cada licenciatura e a integração entre elas. Obser- básica. Essa disciplina envolve todos os professores da série. (...)
va-se uma preocupação de adequar as horas exigidas na nova era sempre o que se quis: que as licenciaturas pensassem sempre
legislação e também de viabilizar a inserção do aluno nas escolas em educação básica e em ensino. Não se bacharelassem.
onde irão atuar desde o primeiro semestre do curso. Essa busca Com relação aos estágios, estes acontecem da metade do
de inserção dos alunos desde o início do curso tem sido a marca curso para o final e, segundo a coordenadora, alguns cursos es-
dessa instituição. Na fala de um coordenador de curso: tão indo muito bem, enquanto outros têm encontrado muitas
O aluno tem a formação pedagógica desde o primeiro pe- dificuldades. Nas palavras dela:
ríodo. Ele sempre vai ter algo relacionado com a formação pe- Isso é um calcanhar de Aquiles. (...) o estágio é da segunda
dagógica e a escola. Todo um eixo que é ministrado pelo pessoal metade do curso para frente. Então em alguns cursos está indo
da educação e depois tem outra vertente que é ministrada pelos muito bem e em alguns cursos está indo muito mal. (...) Pelo
próprios professores da área específica com experiência na área pouco que eu sei a universidade já tem uma caminhada de con-
da escola e da licenciatura. quistas com a escola. (...) Primeiro a universidade conquistou as
Observa-se que essa solução encontrada pelo grupos de escolas e depois foi para dentro das escolas.
professores e coordenadores de curso discutidas no Fórum de Observa-se uma preocupação e um movimento no sentido
Licenciaturas mantido pela instituição constitui um avanço na de aproximar os professores em formação com as escolas de
busca de articulação teoria-prática. educação básica, e cada curso a seu modo vai buscando essa
Contudo, a ênfase da formação pedagógica continua no fi- aproximação. No entanto a prática ali desenvolvida não avan-
nal do curso, o estágio a partir do 5º Período. A base episte- ça no sentido de promover uma reflexão a partir das iniciativas
mológica da organização desses cursos mantém a concepção da dos professores na busca de equacionar os problemas que en-
teoria como guia da ação prática. frentam nesse espaço escolar. Além disso, a manutenção dos
Já nas instituições públicas, as alterações ficam a cargo dos estágios no final do curso indica a manutenção da lógica das es-
departamentos e é mais evidente a manutenção da cisão: peda- colas como espaço de aplicação dos conteúdos das disciplinas
gógico e conteúdos específicos, teoria e prática. Uma das uni- teóricas.
versidade públicas, aqui identificada pela letra c, embora tenha Dentre as universidades públicas pesquisadas, a Universida-
criado uma coordenação geral para os cursos de licenciaturas, de D é a que deixa clara a manutenção do esquema três mais
manifesta dificuldade de viabilizar a integração almejada. Assim um. A maioria dos coordenadores de cursos afirmou que para
ela se expressa: atender a resolução foram criadas disciplinas práticas e amplia-
Convocamos o CEP, convidamos pessoas das licenciaturas, da a carga horária de estágio nos dois últimos anos. A coorde-
convidamos coordenadores, convocamos também o pessoal da nadora do curso de Letras aponta que a carga horária das disci-
educação, o pessoal de métodos, chamamos todas as pessoas e plinas teóricas foi reduzida em função do aumento das horas de
algumas pessoas ficaram. estágio.
A maioria regista que o currículo foi alterado e as mudanças
Porém, outras saíram do processo dizendo: “essa lei não vai estão em processo de implantação a partir de 2009.
pegar”, é o que ocorre sempre por aí. Na fala de um coordenador fica clara a preocupação com os
Não obstante essas dificuldades, observamos que a institui- fundamentos teóricos nos anos iniciais para posterior formação
ção faz um movimento para articular teoria e prática, inserindo, pedagógica, implicando opção do aluno após dois anos e meio
nas disciplinas de conteúdo específico da área, uma articulação de curso. Assim ele se expressa:
com a prática de ensino daquela área. A coordenadora explica: Aqui na Universidade nós oferecemos duas habilitações: ba-
Quanto àquele intem, a prática como componente curricu- charelado e licenciatura... como uma recomendação da própria
lar, existem mil e uma interpretações de como fazer aqui (...) estrutura curricular tivemos de pensar nos núcleos de formação
toda disciplina nós sabemos que tem uma dimensão prática, de base e depois nos núcleos de formação específica. Os dois
tudo isso é perfeito, tudo bem, tudo certo. Você vai me conven- primeiros anos são comuns para qualquer uma das habilitações
cer que vai criar dentro da disciplina (...) uma ponte com a edu- e na passagem da segunda para a terceira série o aluno faz a
cação básica. opção pela sua habilitação – bacharelado ou licenciatura.
No entanto, não se pode ter garantia de que o professor Não obstante essa lógica dos três mais um, há uma tenta-
individualmente vá fazer isso, embora seja o desejável. Então, tiva de distribuir a prática, que antes era concentrada em dois
a comissão achou por bem criar uma disciplina de 1ª a 4ª séries semestres de estágio no final do curso, ao longo do curso. Nas
denominada disciplina articuladora, que contempla 400 horas. palavras do coordenador:
Esta deverá estar articulada à escola de educação básica e ficou Com o aumento da carga horária, procuramos contemplar
a cargo da cada colegiado de curso a definição da ementa e sua às 800 horas e distribuir melhor a prática ao longo do curso. Tan-
forma de realização. Cada curso buscou a articulação com a prá- to é que a oficina 1 e 2 surge com essa finalidade. Ela tem um
tica das escolas, respeitando as peculiaridades de cada área do caráter prático que é de criar a identidade do estudante com a
conhecimento. área de atuação. (...) Nós dividimos os estágios em estágio I e 2
A coordenadora explica: que é de formação mais conceitual; o estágio 3 que tem a finali-
Os colegiados foram achando suas peculiaridades. Você tem dade da regência de classe, tem a finalidade de integrar teoria e
matéria de instrumentação no ensino de matemática, matérias prática na licenciatura.
como laboratório de física e ciências e tem ensino de biologia. O Observa-se que a tentativa de tratar da prática ao longo do
mais bonito foi que eles foram chegando, sem imposição, a cer- curso mantém a lógica do esquema três mais um garantindo a
tos denominadores comuns. Eles estudam toda a legislação per- articulação teoria e prática no último estágio do curso.
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Também a Universidade pública e, para atender as 800 ho- uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria
ras de estágio regulamentadas pelo CNE, evidencia que alguns vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática
cursos tendem a aumentar a quantidade de disciplinas que pro- orientada teoricamente.
movem a prática dos alunos, enquanto outros procuram desen- Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como media-
volver no interior das disciplinas de conteúdos específicos al- ção entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prá-
gum tipo de relação com a prática de ensino. Há uma ênfase na tica docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o que” e o
formação teórica sólida para garantir uma prática consequente. “como” do processo pedagógico escolar. Para isso recorre às con-
Nas palavras de uma coordenadora: tribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias me-
Nós temos 240 horas de estágio de docência e 240 horas de todologias específicas. É, pois, uma matéria de estudo que integra
estágio na função propriamente dita do pedagogo nas dimen- e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas discipli-
sões de organizações de trabalhos pedagógicos de passes esco- nas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação
lares e não escolares e temos outras dimensões que é a questão técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável
da pesquisa (...) o pedagogo pesquisador. (...) Além desses es- para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo.
tágios que dá um total de 480 horas, nós temos algumas disci- A formação profissional para o magistério requer, assim,
plinas facilmente ligadas à prática... Não abrimos mão de uma uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam
sólida formação teórica. Essa lógica está presente na totalidade que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula de-
dos cursos e os estágios concentram-se no final dos cursos. Ob- pende de vocação natural ou somente da experiência prática,
serva-se que as ações para adequar os cursos às novas normas descartando-se a teoria. É verdade que muitos que muitos pro-
ficam a cargo dos colegiados de cursos e não há um espaço, uma fessores manifestam especial tendência e gosto pela profissão,
coordenação geral onde essas discussões possam ocorrer, tendo assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no
em vista uma integração entre os cursos. desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teó-
Com efeito, as discussões nesses espaços – fóruns, coorde- rico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências
nações de Licenciaturas – indicadas pelos entrevistados, as for- concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de
mas como encaminham a ampliação de tempo de estágio na de- modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e apri-
terminação das 800 horas, nos possibilitam perceber a estrutura more sempre mais a qualidade do seu trabalho.33
do pensamento educacional que está na base da organização
desses cursos e a forma como concebem e encaminham a arti- A Didática e o Trabalho Docente
culação teoria e prática na formação do professor. Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de
Nesse sentido, percebemos que ainda é marcante a concep- ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem
ção de que uma formação teórica sólida garante uma prática parte, de modo a criar condições que garantam uma aprendiza-
consequente. Os encaminhamentos, com raras exceções, inva- gem significativa dos alunos. Ela ajuda o professor na direção,
riavelmente situam o momento da prática nos anos finais do orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, dando a
curso, antecedida pela formação teórica. ele uma segurança profissional. Segundo Libâneo (1994), o tra-
balho docente também chamado de atividade pedagógica tem
A Didática e a formação profissional do professor como objetivos primordiais:
• Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e dura-
A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: douro possível dos conhecimentos científicos;
a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica • Criar as condições e os meios para que os alunos de-
específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se senvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que
e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Fi- dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando
losofia, Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência
que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo de pensamento;
no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando • Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo
a preparação profissional específica para a docência, incluindo a de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a esco-
Didática as metodologias específicas das matérias, a Psicologia lherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que
da Educação, a pesquisa educacional e outras. norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida
A organização dos conteúdos da formação do professor em real (LIBÂNEO, 1994, Pág. 71).
aspectos teóricos e práticos de modo algum significa conside- Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é funda-
ra-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. mental que o professor tenha clareza das finalidades que ele
As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas tem em mente, a atividade docente tem a ver diretamente com
a prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados “para que educar”, pois a educação se realiza numa sociedade
no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os que é formada por grupos sociais que tem uma visão diferente
de formação pedagógica que tratam das finalidades da educa- das finalidades educativas.
ção e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, condi-
Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas preci- ções e meios de realização do processo de ensino, ligando meios
sam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de pedagógico-didáticos a objetivos sócio-políticos. Não há técni-
formação teórico-prática não se reduzem ao mero domínio de ca pedagógica sem uma concepção de homem e de sociedade,
técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, sem uma competência técnica para realiza-la educacionalmen-
ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios
da prática. A formação profissional do professor implica, pois, 33 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br
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te, portanto o ensino deve ser planejado e ter propósitos claros e políticas da coletividade (LIBÂNEO, 1994 pág.17). O professor
sobre suas finalidades, preparando os alunos para viverem em deve formar para a emancipação, reflexão, criticidade e atuação
sociedade. social do indivíduo e não para a submissão ou o comodismo.
É papel de o professor planejar a aula, selecionar, organizar Com este conteúdo podemos perceber o importante papel
os conteúdos de ensino, programar atividades, criar condições que a didática desempenha no processo de ensino e aprendiza-
favoráveis de estudo dentro da sala de aula, estimular a curio- gem. Como vimos ela proporciona os meios, as condições pelos
sidade e criatividade dos alunos, ou seja, o professor dirige as quais a prática educacional se concretiza. Ela orienta o traba-
atividades de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se lho do professor fazendo-o significativo para que possa guiar de
tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem. forma competente, expressiva e coerente as práticas de ensino.
Entretanto é necessário que haja uma interação mútua en- Através dos componentes que constituem o processo de ensino,
tre docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não visa propiciar os meios para a atividade própria de cada aluno,
desenvolverem suas capacidades e habilidades mentais. busca ainda formá-los para serem indivíduos críticos, reflexivos
Podemos dizer que o processo didático se baseia no conjun- capazes de desenvolverem habilidades e capacidades intelec-
to de atividades do professor e dos alunos, sob a direção do pro- tuais.34
fessor, para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e
desenvolvimento das habilidades dos alunos. Como diz Libâneo
(1994), é necessário para o planejamento de ensino que o pro- SABERES, PROCESSOS METODOLÓGICOS E
fessor compreenda as relações entre educação escolar, os obje- AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
tivos pedagógicos e tenha um domínio seguro dos conteúdos ao
qual ele leciona, sendo assim capaz de conhecer os programas
oficiais e adequá-los ás necessidades reais da escola e de seus A avaliação escolar é um componente do processo de ensino e
alunos. aprendizagem que busca comparar o que foi adquirido com o que
Um professor que aspira ter uma boa didática necessita se pretende alcançar.
aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, Podemos dizer que a avaliação tem como objetivo diagnosticar
sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem como a escola e o professor estão contribuindo para o desenvolvi-
essas condições o professor será incapaz de elaborar problemas, mento dos alunos.
desafios, perguntas relacionadas com os conteúdos, pois essas - Avaliação processual: é a avaliação continua.
são as condições para que haja uma aprendizagem significativa. - Avaliação pontual: é a avaliação de resultado.
No entanto para que o professor atinja efetivamente seus obje- Segundo Libâneo (2017) ao analisar os resultados obtidos, por
tivos, é preciso que ele saiba realizar vários processos didáticos meio da avaliação, percebe-se se os objetivos propostos foram
coordenados entre si, tais como o planejamento, a direção do alcançados para que o trabalho docente seja reorientado, logo a
ensino da aprendizagem e da avaliação (LIBÂNEO, 1994). avaliação é uma reflexão do processo educativo que abrange aluo
e professor. Os dados coletados são mensurados em quantitativos
A Profissão Docente e sua Repercussão Social e qualitativos.
Segundo Libâneo (1994) o trabalho docente é a parte inte-
grante do processo educativo mais global pelo qual os membros da Avaliação quantitativo e qualitativo
sociedade são preparados para a participação da vida social. Com - Avaliação quantitativo: é o que pode ser mensurado por meio
essas palavras Libâneo deixa bem claro o importante e essencial pa- de nota e informações. Ela é classificatória.
pel do professor na inserção e construção social de cada individuo - Avaliação qualitativa: é o que não pode ser mensurável, ob-
em formação. O educador deve ter como principal e fundamental serva-se o processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e
compromisso com a sociedade formar alunos que se tornem cida- global.
dãos ativos, críticos, reflexivos e participativos na vida social.
O docente no processo de ensino e aprendizagem é a ponte Vamos ver o que a LDB 9.394/96 fala sobre a avaliação?
de mediação entre o aluno em formação e o meio social no qual Art. 24. V – a verificação do rendimento escolar observará os
está inserido; uma vez que ele vai através de instruções, con- seguintes critérios:
teúdos e métodos orientar aos seus alunos a viver socialmente. a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
Sendo a educação um fenômeno social necessário à existência e com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
funcionamento de toda a sociedade, exige-se a todo instante do dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
professor as competências técnicas e teóricas para a transmis- finais;
são desses conhecimentos que são essenciais para a manuten- Perceba que os aspectos abordados na lei não são notas, mas
ção e progresso social. registros de acompanhamento das atividades alunos. A avaliação
O processo educacional, notadamente os objetivos, conteú- contínua e cumulativa demonstra que ela é diária, transparente,
dos do ensino e o trabalho do professor são regidos por uma assim possui uma aparência diagnóstica. Os aspectos qualitativos
série de exigências da sociedade, ao passo que a sociedade re- devem sobrepor os aspectos quantitativos.
clama da educação a adequação de todos os componentes do
ensino aos seus anseios e necessidades. Porém a prática edu-
cativa não se restringe as exigências da vida em sociedade, mas
também ao processo de promover aos indivíduos os saberes e
experiências culturais que o tornem aptos a atuar no meio social 34 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos
e transformá-lo em função das necessidades econômicas, sociais Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza
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Fundamentos da Educação
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Fundamentos da Educação
A entrevista: ajuda e busca conhecer o aluno em seu desempe- Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de en-
nho escolar. Contribui com as informações que o professor já tem, sino são:
tratando assim problemas mais específicos, esclarecendo dúvidas • motivar e despertar o interesse dos alunos;
quanto às atitudes e hábitos de determinada criança. • favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
Existem também outras formas de avaliação que já caíram em • aproximar o aluno da realidade;
concursos, vamos conhecer um pouquinho mais: • visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
- Avaliação informal: faz parte do processo desenvolvido pelo • oferecer informações e dados;
professor que consiste em elogios, castigos, ameaças entre outros • permitir a fixação da aprendizagem;
aspectos em que o educador traça sobre o perfil do aluno durante • ilustrar noções mais abstratas;
o processo de ensino. Para Freitas, esse tipo de avaliação consiste • desenvolver a experimentação concreta.
na construção, pelo professor, “de juízos gerais sobre o aluno, cujo
processo de constituição está encoberto e é aparentemente assis- Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento
temático”. aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada.
- Avaliação formal: é formada por instrumentos específicos de Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de
avaliação como provas, trabalhos e tarefas organizadas. Compõe- ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em
-se das práticas “que envolvem o uso de instrumentos explícitos de que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também inte-
avaliação, cujos resultados podem ser examinados objetivamente ração com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo,
pelo aluno, à luz de um procedimento claro” (Freitas). algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não
basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendiza-
O papel da avaliação na prática escolar gem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias
Que tal lembrarmos o papel da avaliação que está presente em enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que esta-
cada prática pedagógica? Vamos para elas: mos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na
- Função da avaliação tradicional: é exercida de forma classifi- prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos
catória com memorização e reprodução através de provas e exer- processos de aprendizagem.
cícios. O computador é conhecido como uma tecnologia da informa-
- Avaliação – escola nova: há a valorização dos aspectos afeti- ção devido a sua grande capacidade na solução de problemas rela-
vos. A auto avaliação está presente priorizando o desenvolvimento cionados a armazenamento, organização e produção de informa-
individual do aluno. ção de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia
- Avaliação – tecnicista: é analisada através do comportamento pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e-
desejado. Há o apego aos livros didáticos, a produtividade do aluno -prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de
com exercícios programados. programação entre outros, despertando assim um grande interesse
- Avaliação – libertária: não há uma avaliação dos conteúdos. do aluno.
- Avaliação – libertadora: busca a emancipação do grupo. Conforme observado por Valente (1993), o computador não é
- Avaliação – histórico-crítica: existe a tomada de decisão para mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com
a transformação da sociedade. Função diagnóstica.35 a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre
pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do com-
putador. O processo de interação se torna mais agradável com a
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
E SUAS CONTRIBUIÇÕES COM A PRÁTICA PEDAGÓGICA aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.
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Fundamentos da Educação
O fato permite e facilita um diálogo permanente entre os que permeada por ela. E não poderia deixar de ser: além dos avanços
buscam dar respostas tanto às questões vitais anunciadas e des- tecnológicos que conquistaram as gerações X e Y (você se lembra
critas nas diretrizes propostas pelo poder público quanto às “ex- como enviava mensagens e fazia planos com os amigos antes do
periências escolares” inovadoras e multidisciplinares, previstas na smartphone?), os estudantes das novas gerações são nativos digi-
reforma do ensino tais. Isso significa que a maioria deles nunca conheceu um mundo
Trata-se de um percurso que leva em conta a sociedade da in- sem internet, celular, Google ou redes sociais, dessa forma, o uso
formação e o papel da mídia na geração de conteúdos, mensagens de tecnologias educacionais se tornou fundamental para potencia-
e apelos comportamentais. lizar o ensino e principalmente, gerar maior interesse e interação
Segundo a justificativa do CNE que embasa o documento, se, dos alunos.
de um lado, “é importante a escola valer-se dos recursos midiáti- A Tecnologia Educacional é um conceito que diz respeito à utili-
cos é, igualmente, fundamental submetê-los aos seus propósitos zação de recursos tecnológicos para fins pedagógicos. Seu objetivo
educativos”. Nesse sentido, o texto propõe que valores — presen- é trazer para a educação – seja dentro ou fora de sala de aula – prá-
tes muitas vezes de forma conflituosa no convívio social e assim ticas inovadoras, que facilitem e potencializem o processo de en-
reproduzidos pela mídia — sejam identificados e revisitados pela sino e aprendizagem. O uso da TE tem sido amplamente discutido
educação. É o caso, por exemplo, do consumismo e de uma pouco no meio acadêmico, na mídia e nos círculos sociais, espaços onde
disfarçada indiferença com relação aos desequilíbrios que ocorrem nem sempre é bem recebido. As maiores críticas dizem respeito à
no mundo; indiferença essa que leva, com certa naturalidade, à ba- sua relação com o papel da escola e do professor e à dificuldade de
nalização dos acontecimentos por parte significativa dos meios de acesso à tecnologia, especialmente nas escolas da rede pública e
informação. entre estudantes com menor renda familiar.
Em relação ao universo da comunicação, a Resolução CNE/CEB Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o foco
nº. 7, de 14/12/2010, que estipula as diretrizes para o ensino de principal da Tecnologia Educacional não está sobre os dispositivos
nove anos, não permanece, contudo, apenas num denuncismo inó- tecnológicos (a escola não precisa, obrigatoriamente, contar com
cuo. Ao contrário, estabelece metas a serem cumpridas. os equipamentos mais modernos para trabalhar a TE), e sim sobre
É necessário, por exemplo, que a escola contribua para trans- as práticas que o seu uso possibilita. Em outras palavras: ter bem
formar os alunos em consumidores críticos dos produtos midiáticos definida a finalidade do uso da tecnologia em sala de aula é mais
(meta número 1), ao mesmo tempo em que passem a usar os re- importante que os meios e recursos tecnológicos que serão empre-
cursos tecnológicos como instrumentos relevantes no processo de gados para tal prática.
aprendizagem (meta número 2). É dessa criticidade do olhar e da E é aí que entra o papel fundamental do professor e do profis-
criatividade no uso dos recursos midiáticos que pode surgir uma sional da educação no emprego da Tecnologia Educacional: definir
nova aliança entre o aluno e o professor (meta número 3), favore- quais são os recursos e ferramentas mais adequados para a realida-
cida justamente pelo diálogo que a produção cultural na escola é de de seus alunos, e também a forma mais relevante de os utilizar
capaz de propiciar. em suas práticas pedagógicas. Ainda assim, pode surgir a dúvida:
No caso do docente, o parecer que justificou o documento do com que objetivo um profissional da educação deveria inserir a tec-
CNE entende que “muitas vezes terá que se colocar na situação de nologia nas práticas pedagógicas e no dia a dia da sua instituição
aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas para as ques- de ensino?
tões suscitadas”. Surge, aqui, a meta número 4: reconhecer o aluno
como partícipe e corresponsável por sua própria educação, sujeito Tecnologia Educacional: por que usar?
que é de um direito muito especial: o de expressar-se numa socie- Ao longo das últimas décadas praticamente todas as áreas da
dade plural. sociedade têm experimentado uma grande evolução tecnológica.
Assim como a tecnologia, a comunicação envolvida no proces- Toda evolução compreende uma mudança na comunicação, nas re-
so de ensino e aprendizagem também está em constante transfor- lações sociais e, é claro, no processo de ensino e aprendizagem.
mação. Por esse motivo, não é mais possível estar diante de uma Mas, como dissemos no tópico acima, a utilização da Tecnologia
sala de aula com a expectativa de captar a atenção de toda uma Educacional nem sempre é bem recebida – inclusive por educado-
turma de crianças e adolescentes e utilizando uma linguagem do res. A raiz dessa resistência talvez esteja na desinformação sobre as
século passado. Hoje, não é mais possível falar sobre ecologia, sem diferentes possibilidades que ela oferece à educação.
falar sobre sustentabilidade e tecnologias limpas. Ou falar sobre Listamos aqui alguns dos motivos para utilizar a Tecnologia
linguagens, sem mencionar os memes e as fake news. E esses são Educacional em sua escola.
apenas alguns dos exemplos possíveis. - Ampliar o acesso à informação.
Para estabelecer uma comunicação verdadeira com a realidade - Facilitar a comunicação escola – aluno – família.
dos estudantes das novas gerações, o processo de ensino e apren- - Automatizar processos de gestão escolar.
dizagem necessita, invariavelmente, levar em conta e valer-se da - Estimular a troca de experiências.
tecnologia. Dessa necessidade emergiu a Tecnologia Educacional. - Aproximar o diálogo entre professor e aluno.
Pensada especificamente para trazer inovação e facilitar o processo - Possibilitar novas formas de interação.
de ensino e aprendizagem, ela aparece nas salas de aula de diversas - Melhorar o desempenho dos estudantes.
maneiras: em novos dispositivos ou gadgets, softwares e soluções
educacionais. Vamos analisar alguns motivos por que o uso da tecnologia di-
É raro ver qualquer tipo de interação entre professor e alunos gital em sala de aula pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
em sala de aula que ignore completamente as novas tecnologias.
Mesmo em uma sala de aula desprovida de equipamentos de últi-
ma geração, com o professor mais tradicional, a interação é sempre
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Fundamentos da Educação
1. A tecnologia digital desperta maior interesse e prende a 6. A tecnologia digital oferece feedback imediato e constante
atenção dos alunos. a professores, alunos e responsáveis.
O uso da tecnologia digital na educação contribui enorme- Nas escolas que utilizam um ambiente virtual de aprendizagem
mente para o engajamento dos estudantes na dinâmica de aula. A (AVA), transferir as tarefas e avaliações para o meio digital é uma
mente humana é apaixonada por novidades. Por isso, é importante maneira de gerar dados de desempenho imediatos para professo-
variar a rotina de estudos, fazer pequenas mudanças no local e, es- res, alunos e responsáveis. Dessa maneira, o aluno pode corrigir
pecialmente, experimentar diferentes ferramentas e recursos tec- equívocos enquanto o conteúdo continua “fresco” na memória, em
nológicos. Quando se buscam novas formas de ensinar e aprender, vez de descobrir dias depois (ou apenas no final do bimestre) que,
coloca-se uma aura de novidade sobre a rotina de estudos, tornan- durante todo o tempo, seu desempenho esteve abaixo do espera-
do-a mais interessante e prazerosa. Consequentemente, crescem a do. Além disso, professores e responsáveis acompanham de perto a
atenção e o interesse dos alunos pelo assunto em pauta. evolução de cada estudante, intervindo e direcionando os estudos
conforme necessário.
2. A tecnologia digital auxilia na percepção e na resolução de
problemas reais. 7. A tecnologia digital permite traçar um plano de ensino ade-
Grande parte dos artigos e discussões recentes na área da edu- quado a cada aluno.
cação (inclusive a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricu- A tecnologia digital permite gerar uma grande quantidade de
lar) diz que é preciso aproximar o conteúdo estudado da realidade dados educacionais. É possível identificar temas e conceitos nos
dos alunos. Experimente dar um sentido mais prático à sua discipli- quais os estudantes apresentam maior facilidade ou dificuldade de
na, seja por meio da contextualização da informação (aplicação em compreensão, bem como verificar o desempenho da turma e de
situações reais, apresentação de casos locais) ou dos meios utiliza- cada aluno, individualmente. A análise desses dados dá autonomia
dos para transmiti-la (tecnologias digitais, canais frequentemente para que professores, pais e alunos tracem um plano de ensino per-
utilizados pelas novas gerações). Isso auxilia não apenas na com- sonalizado, mais adequado a cada turma e estudante. Também pos-
preensão do conteúdo, mas também na visualização e na resolução sibilita que o próprio aluno, nas etapas mais avançadas da educação
de problemas reais que se apresentam no dia a dia do estudante. básica, direcione seu aprendizado para suas áreas de interesse e da
formação que pretende seguir.
3. A tecnologia digital insere os jovens no debate social e con-
tribui para a formação do senso crítico. Exemplos de usos da Tecnologia Educacional
Uma das principais vantagens da aplicação da tecnologia digital A Tecnologia Educacional pode estar presente na educação de
na educação é a possibilidade de acessar informações atualizadas, diversas maneiras, algumas delas são:
em tempo real. Não é mais preciso aguardar pela atualização do - em gadgets (dispositivos), como a lousa digital, os tablets e as
livro didático impresso para ter acesso a temas contemporâneos, mesas educacionais;
questões recentes de vestibulares, dados atualizados e debates so- - em softwares, como os aplicativos, os jogos e os livros digitais;
ciais relevantes. Trabalhar com informações hiperatualizadas con- - e em outras soluções educacionais, como a realidade aumen-
tribui para inserir o estudante no debate social e desenvolver seu tada, os ambientes virtuais de aprendizagem e as plataformas de
senso crítico e de argumentação, preparando-o simultaneamente vídeo.
para os desafios da vida social e acadêmica.
Diversas práticas e iniciativas educacionais apenas tornaram-se
4. A tecnologia digital trabalha a responsabilidade na utiliza- realidade com o uso da TE. A seguir, vamos falar um pouco sobre
ção da internet e dos recursos digitais. as possibilidades do uso da Tecnologia Educacional e as diferentes
A tecnologia digital está presente na vida das novas gerações formas de como ela vem transformando a educação.
desde muito cedo. É extremamente comum ver crianças em idade
pré-escolar utilizando tablets e smartphones, por exemplo. A inser- Ensino híbrido
ção da tecnologia no ambiente escolar ajuda a estabelecer regras A prática de combinar o estudo on e offline, conhecido como
de convivência e segurança nos ambientes virtuais. Também é uma ensino híbrido, é uma grande tendência possibilitada pela Tecnolo-
boa oportunidade para trabalhar a responsabilidade no manuseio e gia Educacional. Ela confere maior autonomia aos estudantes, para
na conservação dos equipamentos digitais. que trilhem seus próprios roteiros de estudo, desenvolvam proje-
tos ou atividades de sistematização e de reforço. Também é uma
5. A tecnologia digital contribui para democratizar o acesso prática que incentiva e facilita que o aluno desenvolva o hábito do
ao ensino. estudo diário, fora do ambiente escolar.
Hoje existem diversas ferramentas e metodologias desenvolvi-
das com o objetivo de ajudar os profissionais da educação a promo- Sala de aula invertida
ver a democratização do acesso ao ensino e a trabalhar a favor de Na sala de aula invertida, o aluno traz para a aula o conhecimen-
uma educação mais inclusiva. O uso da tecnologia digital em sala de to prévio sobre o tema que será estudado, adquirido a partir de tex-
aula (na forma de recursos sonoros, visuais e de escrita, por exem- tos, vídeos, jogos e outros formatos de conteúdo recomendados pelo
plo) pode dar mais autonomia aos estudantes portadores de defi- professor – quase sempre no meio digital. A construção e significação
ciência, transtornos ou problemas de aprendizagem, ajudando-os a deste conhecimento, no entanto, acontecem em conjunto, na sala de
superar limitações e a desenvolver ao máximo seu potencial. aula. Assim como o ensino híbrido, a proposta da sala de aula inverti-
da tem como objetivo colocar o estudante no papel de protagonista
de seu processo de aprendizagem e da sua própria evolução, enga-
jando também os outros membros do seu núcleo familiar.
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Fundamentos da Educação
Capacitação
Gamificação De nada adiantam os recursos tecnológicos sem uma equipe de
A gamificação, assunto muito comentado no meio educacional professores e profissionais capacitados para extrair deles as melho-
nos últimos anos, consiste em utilizar elementos de jogos digitais res práticas pedagógicas. Por isso, a formação dos educadores para
(como avatares, desafios, rankings, prêmios etc.) em contextos que a tecnologia é primordial.
diferem da sua proposta original – como na educação. A principal
vantagem apontada pelos profissionais da educação no uso da ga- Diálogo
mificação é o aumento no interesse, na atenção e no engajamento Uma ação importante é estimular o diálogo e a troca de expe-
dos alunos com o conteúdo e as práticas propostas. riências entre as equipes. Os professores sentem-se mais seguros,
dispostos e motivados a utilizar a tecnologia quando compartilham
Personalização do ensino das experiências de seus pares.
A geração de dados educacionais é extremamente beneficiada
pelo uso da TE, pois simplifica a aferição do desempenho e dos re- Segurança
sultados de avaliações objetivas. A partir desses dados, é possível É preciso estimular o uso consciente e seguro dos recursos digi-
criar modelos de ensino personalizados, que estejam em sintonia tais, por parte tanto das equipes da escola quanto dos estudantes.
com o momento real de aprendizagem de cada estudante. Assim, o
professor tem uma noção mais clara do panorama da turma e pode Atualização
agir individualmente e de forma personalizada sobre os pontos po- A partir do momento em que o professor identifica uma prática
tenciais e de maior dificuldade de cada estudante. ou rotina que poderia ser inovada com o uso da tecnologia, tam-
bém é importante pensar na atualização dos planos de aula que
Microlearning irão nortear essas práticas.
Tanto para as novas gerações quanto para as anteriores, a enor-
me quantidade de informações com as quais temos contato diaria- Plano de Aula X tecnologia
mente ocasionou uma transformação na forma como consumimos A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas
conteúdo. Para que a atenção não seja desviada de pronto, este educacionais, profissionais da educação em todo o mundo estão
conteúdo aparece em nosso dia a dia de forma muito mais frag- trabalhando por uma transformação cada vez mais profunda e efe-
mentada, em vídeos e mensagens breves. Daí surge a expressão tiva no processo de ensino e aprendizagem. Essa transformação
microlearning, que consiste na fragmentação de conteúdo educa- é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de
cional para que este seja melhor assimilado pelos alunos. O meio aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradig-
digital favorece este tipo de interação, por meio de vídeos, jogos, mas estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores.
animações, apresentações interativas etc. Não basta esperar que a transformação chegue até a sala de aula,
ela precisa ter um ponto de partida dentro do ambiente escolar.
Como inserir a tecnologia na minha escola? Que tal ser um agente dessa mudança na sua escola, começando
Existem medidas essenciais para inserir a Tecnologia Educacio- pelo plano de aula?
nal de maneira relevante no dia a dia de sua instituição de ensino. A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda
Elencamos algumas delas a seguir: mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da
realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem de-
Diagnóstico senvolver ao longo da Educação Básica a competência para:
Antes de mais nada, é preciso entender os alunos e professores Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e
da sua escola. Em que momentos eles estão conectados? A partir comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas di-
de quais dispositivos? Quais são as redes sociais em que estão pre- versas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
sentes e os sites que acessam? Essa investigação é essencial caso por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen-
sua instituição pretenda estabelecer uma conexão verdadeira com tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
os seus públicos e propor usos significativos para a Tecnologia Edu- (BNCC)
cacional.
A seguir, apresentamos 6 ideias para atualizar seu plano de
Documentos normativos aula e trabalhar a tecnologia de maneira relevante e integrada ao
As possibilidades para o uso da TE, bem como o destaque da dia a dia da turma.
sua importância, devem estar previstas dentro do PPP e em outros
documentos normativos da instituição de ensino. 1. Interação em ambientes virtuais
Desde a primeira infância, os estudantes da Geração Z estão
Investimento navegando em ambientes virtuais. Eles comunicam-se com desen-
É importante relacionar tudo aquilo que a escola possui de su- voltura no meio digital, às vezes mais do que seus pais e professo-
porte para o uso da tecnologia, para daí desenvolver planos reais res. Incentivar e orientar a interação nesses espaços tem muito a
sobre as práticas que podem ser adotadas. Essa relação também acrescentar à prática pedagógica. Procure identificar as tarefas que
deixa claro aquilo que é preciso melhorar e o investimento que podem ser transpostas, facilitadas ou repensadas para o meio di-
pode ser feito com esta finalidade. gital.
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Fundamentos da Educação
As ferramentas para isso são abundantes: é possível criar gru- por meio dos comentários; organize e deixe disponível para con-
pos e comunidades nas redes sociais; fóruns de discussão com te- sulta um banco de textos e artigos com as produções dos alunos;
máticas específicas relacionadas ao conteúdo que está sendo estu- desenvolva projetos interdisciplinares.
dado; ou mesmo utilizar um ambiente virtual de aprendizagem, O Google Docs, por exemplo, é uma ferramenta gratuita, que per-
caso a sua escola ou sistema de ensino disponha de um. mite construir textos de maneira colaborativa, editando, adicionando
comentários e enviando feedback em tempo real. No entanto, existem
2. Textos em formato digital diversas outras ferramentas disponíveis. Procure pelas melhores solu-
O consumo de textos em formato digital é baseado na lingua- ções que conversem com a realidade e as necessidades da turma.
gem hipertextual e em uma forma de leitura não linear. O texto em
formato digital permite ampliar o conhecimento acerca de uma te- 4. Apresentações em formatos multimídia
mática, elucidar e ilustrar conceitos, contextualizar momentos his- É importante empregar recursos tecnológicos ao seu plano
tóricos, esclarecer vocabulários específicos, entre diversas outras de aula, uma vez que o uso de materiais em diferentes formatos
possibilidades. A leitura deixa de ser apenas receptiva para tornar- (como vídeos, apresentações em slides, mapas mentais etc.) co-
-se um processo interativo. labora para o engajamento da turma. Além disso, pode servir para
Muitos materiais didáticos já possuem uma versão digital que enriquecer tanto a aula do professor quanto as apresentações dos
pode ser aproveitada como recurso em sala de aula ou em casa. próprios alunos.
Explore também as funcionalidades oferecidas por portais de no- Algumas ferramentas que apresentam essas funcionalidades
tícia online, e-books, PDFs interativos etc. O hipertexto permite são o YouTube (edição e compartilhamento de vídeos), o Google Sli-
adicionar links, imagens, vídeos, referências e diversos formatos de des e o Prezi (apresentação de slides e construção de mapas men-
conteúdo adicional ao corpo do texto, transformando a forma como tais), o PowToon (construção de vídeos e animações – em inglês),
lemos e aprendemos. Quando se transforma a forma de ler, modifi- entre outras. Busque também compartilhar experiências e conhe-
ca-se também a forma de produzir conteúdo. cer as ferramentas utilizadas por outros professores.
O hipertexto, pela sua natureza não sequencial e não linear,
afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entra- 5. Diferentes formatos de avaliação
das e múltiplas formas de prosseguir, mas também afeta o modo A tecnologia também pode convergir para o plano de aula no
como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência e modo de avaliação. Por mais que a prova em papel e caneta – com
cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor, tor- os alunos em fila e vigiados pelo professor – continue sendo o mé-
nando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a escrita todo de avaliação mais comum, existem formas diferentes de verifi-
seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade mais car a aprendizagem dos estudantes.
coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distribuídos Caso a sua escola utilize um sistema de ensino, uma dica é veri-
pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social do co- ficar se ele disponibiliza avaliações em formato digital, como ativi-
nhecimento.(MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo espa- dades de fixação e reforço, provas e simulados. Você também pode
ço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino, Rio Grande do desenvolver suas próprias avaliações, pesquisas e questionários uti-
Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.) lizando ferramentas gratuitas como o Google Forms.
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( ) Dispositivo para formar indivíduos eficientes, capazes de 6. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA
contribuir para o aumento da produtividade da sociedade, investin- Relacione os materiais do trabalho docente às suas caracterís-
do em escolas técnicas. ticas.
( ) Antídoto à ignorância para todos, difundindo a instrução e 1. Metodologia de Ensino
transmitindo de forma sistematizada e gradual conhecimentos acu- 2. Plano de Curso
mulados pela humanidade. 3. Planejamento Curricular
A sequência correta, de cima para baixo, é: ( ) Está relacionado ao como o docente irá desenvolver as ati-
(A) 1, 4, 3 e 2; vidades e os conteúdos propostos nos diferentes instrumentos
(B) 3, 2, 4 e 1; de planejamento.
(C) 2, 4, 3 e 1; ( ) É o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da
(D) 4, 1, 2 e 3; ação escolar. É a previsão sistemática e ordenada de toda a vida
(E) 2, 1, 3 e 4. escolar do aluno. Essa modalidade de planejar é o instrumento
que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é
4. FGV - 2015 - TÉCNICO EM DESENVOLVIMENTO INFANTIL com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a
(PREF CUIABÁ)/MAGISTÉRIO OU PEDAGOGIA escola deve oferecer ao estudante.
As tendências pedagógicas da Educação são categorizadas de ( ) É o instrumento de trabalho que tem como objetivo re-
acordo com a posição que adotam em relação às finalidades sociais ferenciar os conteúdos, as metodologias, os procedimentos e
as técnicas a serem utilizadas no processo de ensinoaprendi-
da escola, como apresentado a seguir.
zagem.
Assinale a opção que mostra a relação correta, segundo a or-
Pedagogia Pedagogia Progressista dem apresentada.
1. Tradicional (A) 1 – 3 – 2.
(B) 2 – 1 – 3.
2. Renovada progressivista 5. Libertadora
(C) 3 – 2 – 1.
3. Renovada não-diretiva 6. Libertária (D) 1 – 2 – 3.
4. Tecnicista 7. Crítico-social dos con- (E) 3 – 1 – 2.
teúdos
Associe as características a seguir às tendências pedagógicas 7. FGV - 2018 - PROFESSOR (PREF BOA VISTA)/LICENCIADO
citadas. EM PEDAGOGIA
( ) Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia A escola refletiu sempre o seu tempo e não podia deixar de
educacional e da análise experimental do comportamento. refleti-lo; sempre esteve a serviço das necessidades de um regime
( ) O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a social determinado e, se não fosse capaz disso, teria sido eliminada
ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais como um corpo estranho inútil. (Pistrak)
eficaz para assegurar a atenção e o silêncio. Entre as definições da função social da escola apresentadas a
( ) A condição para que a escola sirva aos interesses populares seguir, a que mais se relaciona ao texto acima é:
é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conte- (A) ser histórica e contextualmente definida;
údos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos. (B) formar um cidadão que seja conhecedor da situação social
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para bai- na qual vive;
xo. (C) ter como aspecto central democratizar o conhecimento;
(A) 4 – 1 – 7 (D) visar à apropriação do saber sistematizado;
(B) 4 – 2 – 1 (E) garantir a igualdade de oportunidades.
(C) 3 – 2 – 5
(D) 2 – 1 – 7 8. FGV - 2018 - PEDAGOGO (NITERÓI)/(SASDH NITERÓI)
(E) 4 – 1 – 6 Uma das funções sociais da escola é a transmissão do conheci-
mento produzido historicamente e socialmente pela humanidade.
5. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO Eis uma função que se realiza em meio aos seguintes movimentos:
O objetivo do estudo da didática é o processo de ensino, enten- (A) hegemônicos e contra-hegemônicos;
dido como sequência de atividades do professor e dos alunos, ten- (B) de ampliação e de universalização;
do em vista a assimilação de conhecimentos e habilidades. Assim (C) de fluxos e de influxos;
sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e (D) contraditórios e parciais;
aprendizagem. (E) de assistência e de acompanhamento.
Com base no exposto, NÃO apresenta um componente do pro-
cesso didático: 9. FGV - 2022 - PEDAGOGO (SEAD AP)
(A) o conteúdo das matérias; A questão da avaliação é amplamente discutida e abordada em
(B) a ação de ensinar; todos os segmentos internos da escola e nos externos a ela. Nos úl-
(C) o nível cultural; timos anos, as escolas buscam constantemente ressignificar o papel
(D) a ação de aprender; da avaliação e a sua função social.
(E) o método de ensino. Com base nessa informação, assinale a opção que não se en-
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Fundamentos da Educação
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Fundamentos da Educação
15. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO 18. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA (E
O conceito de escola inclusiva está embasado no princípio da: MAIS 11 CONCURSOS)
(A) integração progressiva dos portadores de necessidades es- Com relação aos objetivos do Plano Nacional de Educação em
peciais ao convívio social; Direitos Humanos, analise as afirmativas a seguir.
(B) igualdade de oportunidades educacionais e sociais a que I. Contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais
todos os alunos têm direito; e nacionais com a educação em Direitos Humanos.
(C) disciplinarização dos alunos com deficiência para sua adap- II. Estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ação para a ela-
tação à vida em sociedade; boração de programas e projetos na área da educação em direitos
(D) adequação à realidade social dos alunos com deficiência humanos.
para torná-los economicamente funcionais; III. Enfatizar o papel dos Direitos Humanos na construção de
(E) convivência com a diversidade como experiência fraterna e uma sociedade justa, equitativa e democrática.
humanizadora para os outros alunos. Está correto o que se afirma em
(A) I, somente.
16. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF (B) II, somente.
BOA VISTA) (C) I e II, somente.
Na escola de ensino regular em que Marta trabalha, a equipe (D) II e III, somente.
está reestruturando o projeto pedagógico, considerando também o (E) I, II e III.
trabalho com crianças com deficiência.
Nesse sentido, o projeto pedagógico deve prever:
(A) o encaminhamento desses alunos para as escolas especiais; GABARITO
(B) a elaboração do Plano de Atendimento Educacional Espe-
cializado;
(C) o atendimento a esses alunos em espaço padrão;
(D) que esses alunos seguirão o cronograma comum da escola; 1 D
(E) a adaptação das necessidades desses alunos aos materiais 2 A
já disponíveis na escola.
3 C
17. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF 4 A
BOA VISTA) 5 C
Para garantir a plena inclusão das pessoas com deficiência nas
escolas, é necessário: 6 A
“aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a ga- 7 A
rantir condições de _________, permanência, participação e
8 A
___________, por meio da oferta de serviços e de recursos de
acessibilidade que eliminem as ____________ e promovam a 9 E
___________ plena” 10 C
A alternativa que completa adequadamente a frase acima é:
11 C
(A) acesso – aprendizagem – conquistas – inclusão;
(B) acesso – aprendizagem – barreiras – segmentação; 12 B
(C) acesso – segmentação – barreiras – inclusão; 13 E
(D) acesso – aprendizagem – barreiras – inclusão;
(E) segmentação – aprendizagem – barreiras – inclusão. 14 C
15 B
16 B
17 D
18 E
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Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
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Direitos Humanos
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes. 3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social,
sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. 4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o
7. Expedir notificações em casos de sua competência. enfretamento da prática de atos infracionais, na medida em que
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e atua juntamente com a família e o controle por profissionais
adolescentes, quando necessário. (psicólogos e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude,
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta 5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez que
orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o
da criança e do adolescente. dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, recolhimento em entidade especializada
para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extrema
contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total da
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excepcional.
meio ambiente.
11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações Antes da sentença, a internação somente pode ser determinada
judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder. pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não- baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato
governamentais que executem programas de proteção e infracional.
socioeducativos. Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
internação têm a obrigação de:
Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade da 1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento adolescentes;
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, 2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra alguma restrição na decisão de internação,
criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao 3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
Conselho Tutelar para providências cabíveis. dignidade ao adolescente,
Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a 4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
delinquência é uma realidade social, principalmente nas grandes dos vínculos familiares,
cidades, sem previsão de término, fazendo com que tenha 5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda
tratamento diferenciado dos crimes praticados por agentes infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área
imputáveis. de lazer e atividades culturais e desportivas.
Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos 6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
incompletos são denominados atos infracionais passíveis de máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade
aplicação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto competente.
da Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto
o responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser
atitudes, definindo sanções para os casos mais graves. implementadas até que sejam completados 18 anos de idade.
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta Contudo, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos
sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os casos de internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas
estatuto como medidas socioeducativas. no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores.
respondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato
a adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder
responsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e o perdão (remissão), como forma de exclusão do processo, se
frequência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa atendido às circunstâncias e consequências do fato, contexto social,
de auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação
psicológico ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, no ato infracional.
colocação em família substituta. Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas a programa de proteção a família, inclusão em programa de
já descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida orientação a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a
socioeducativa de acordo com a capacidade do ofensor, tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos
circunstâncias do fato e a gravidade da infração, são elas: ou programas de orientação, obrigação de matricular e acompanhar
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo o aproveitamento escolar do menor, advertência, perda da guarda,
e assinada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do destituição da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
envolvimento em atos infracionais e sua reiteração, O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja podem ser considerados autênticas propriedades de seus genitores,
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pessoas,
vítima, dotados de direitos e deveres como demonstrado.
173
Direitos Humanos
A implantação integral do ECA sofre grande resistência de Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a
parte da sociedade brasileira, que o considera excessivamente acompanhamento e orientação à mãe com relação à amamentação
paternalista em relação aos atos infracionais cometidos por crianças Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade
e adolescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
vez mais violentos e reiterados. à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e eles estão obrigados a acompanhar a prática do processo de
educar a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada,
nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar.
utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades
criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa. Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de
responsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto riscos ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do de idade. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm idade façam acompanhamento através de protocolo ou outro
importância fundamental no comportamento dos mesmos.1 instrumento de detecção de risco. Esse acompanhamento se dará
em consulta pediátrica. Por meio de exames poderá ser detectado
Últimas alterações no ECA precocemente, por exemplo, o transtorno do espectro autista, o
que permitirá um melhor acompanhamento no desenvolvimento
As mais recentes: futuro da criança.
São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual
administração: Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização
- A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019; Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo
- A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na 244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
lei nº 13.812, de 16 de março 2019; nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
- A mudança na idade mínima para que uma criança ou o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos
adolescente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos
autorização judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou
nº 13.812; Distrito Federal) em que foi cometido o crime.
- A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos, Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019. agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes
contra a dignidade sexual de criança e de adolescente
Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes
altera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao
trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio
de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e cibernético.
disciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho
Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida doméstico de adolescentes
Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a
crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, regularização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico.
e que frequentemente são expostos a condutas profissionais A Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo
não qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo
ou para pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
desnecessariamente seu drama. o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço
Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou
objetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do
violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de trabalho infantil ilegal.
atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado
por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o
Estatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a
idade máxima para o atendimento na educação infantil.2
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia Mara de Al-
meida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo 2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com
174
Direitos Humanos
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em partes Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codificações geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção comunitária.
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
crimes cometidos contra crianças e adolescentes. circunstâncias;
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e relevância pública;
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. públicas;
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
à Constituição da República de 1988. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
exploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa
que seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente TÍTULO II
aos seus direitos fundamentais. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
175
Direitos Humanos
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, permanência junto à mãe.
do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
13.257, de 2016) prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer § 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-
a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável forma da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- implementação de forma escalonada, de acordo com a seguinte
se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Vigência
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher 2021) Vigência
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída
em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154,
competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. de 2021) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção 2021) Vigência
da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de 2021) Vigência
disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
que contribuam para a redução da incidência da gravidez na a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no Vigência
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto com c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente 2021) Vigência
ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154,
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. de 2021) Vigência
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, 14.154, de 2021) Vigência
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à 14.154, de 2021) Vigência
alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído § 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste
pela Lei nº 13.257, de 2016) do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente,
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal com base em evidências científicas, considerados os benefícios do
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando
leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) as doenças com maior prevalência no País, com protocolo de
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à tratamento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade imediato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
administrativa competente; acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela
prestar orientação aos pais; Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento
do neonato;
176
Direitos Humanos
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado § 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa
voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto
acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde
da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, § 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos
sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela
saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu
reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação (Vigência)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou CAPÍTULO II
frequente de crianças na primeira infância receberão formação DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
específica e permanente para a detecção de sinais de risco para
o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de sociais garantidos na Constituição e nas leis.
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, aspectos:
nos casos de internação de criança ou adolescente. (Redação dada I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
pela Lei nº 13.257, de 2016) ressalvadas as restrições legais;
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo II - opinião e expressão;
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra III - crença e culto religioso;
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014) VI - participar da vida política, na forma da lei;
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
entrada, os serviços de assistência social em seu componente Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
Lei nº 13.257, de 2016) medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
de assistência médica e odontológica para a prevenção das nº 13.010, de 2014)
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
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Direitos Humanos
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas
os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de institucional, pela entidade responsável, independentemente de
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante § 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mãe
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, pela Lei nº 13.509, de 2017)
às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a § 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada
gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em
proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento,
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório à
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à vítima. § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos
CAPÍTULO III do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
SEÇÃO I § 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
DISPOSIÇÕES GERAIS não existir outro representante da família extensa apto a receber
a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta
reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509,
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe de 2017)
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o
pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em genitor nem representante da família extensa para confirmar a
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em programa colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 la. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze)
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data
judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou de 2017)
adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores,
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
2016) (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,
respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017)
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Direitos Humanos
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a
acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação
dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
13.509, de 2017) igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de ou outro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos
2017) casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que
à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o Vigência
seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo,
educacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) SEÇÃO II
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de DA FAMÍLIA NATURAL
18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada
a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
13.509, de 2017) unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
§ 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Incluído reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
pela Lei nº 13.509, de 2017) termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
pela Lei nº 13.509, de 2017) descendentes.
§ 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,
competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) observado o segredo de Justiça.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas SEÇÃO III
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a SUBSEÇÃO I
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso DISPOSIÇÕES GERAIS
de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
de 2009) Vigência guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
judiciais. seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de § 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os necessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação
direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
13.257, de 2016) § 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar . ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
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Direitos Humanos
plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando- prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica,
se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei
fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em família substituta Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência
será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal § 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas
de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
12.010, de 2009) Vigência institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e
§ 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda 12.010, de 2009)
obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o A União apoiará a implementação de serviços de
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais
sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas,
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de
federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe § 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades SUBSEÇÃO III
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. DA TUTELA
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, 12.010, de 2009) Vigência
mediante termo nos autos. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
SUBSEÇÃO II necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei
DA GUARDA nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato,
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
direito de representação para a prática de atos determinados. que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
previdenciários.
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento
da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o
exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de
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Direitos Humanos
SUBSEÇÃO IV Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
DA ADOÇÃO o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
curatelado.
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
segundo o disposto nesta Lei. representante legal do adotando.
§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma destituídos do poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº
do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
§ 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº será também necessário o seu consentimento.
12.010, de 2009) Vigência Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com
§ 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
adotantes. constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com Vigência
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº
matrimoniais. 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
concubino do adotante e os respectivos parentes. fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus 13.509, de 2017)
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias,
independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão
12.010, de 2009) Vigência fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do 13.509, de 2017)
adotando. § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no §
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção
a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009) Vigência § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
velho do que o adotando. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- execução da política de garantia do direito à convivência familiar,
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de convivência tenha sido iniciado na constância do período de Vigência
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
justifiquem a excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado residência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº fornecerá certidão.
12.010, de 2009) Vigência § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após bem como o nome de seus ascendentes.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
procedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº registro original do adotado.
12.010, de 2009) Vigência § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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Direitos Humanos
§ 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, execução da política municipal de garantia do direito à convivência
de 2009) Vigência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, § 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto § 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes
nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
de 2009) Vigência postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu § 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar
nº 12.010, de 2009) Vigência na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual pretendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito
18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
Vigência criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser Lei nº 13.509, de 2017)
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. Vigência
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfizer I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas 12.010, de 2009) Vigência
no art. 29. II - for formulada por parente com o qual a criança ou
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que
municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
§ 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, autenticados pela autoridade consular, observados os tratados
com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva
além de grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) tradução, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o 12.010, de 2009) Vigência
pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela
Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar criança em Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
de 2017) Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu
comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou
ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central
Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, § 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, sejam intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída § 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
§ 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais
adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
Vigência próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das § 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países
à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída
internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
está situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
de 2009) Vigência e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
um relatório que contenha informações sobre a identidade, a jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que Vigência
os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
IV - o relatório será instruído com toda a documentação Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe Vigência
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e
pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
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Direitos Humanos
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes § 14. É vedado o contato direto de representantes de
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada a devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório Vigência
de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que
Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas.
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº da Criança e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Vigência § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo 2009) Vigência
prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária Vigência
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem
as características da criança ou adolescente adotado, como idade, da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) Vigência Vigência
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
crianças e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
2009) Vigência ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente
comprovados, é causa de seu descredenciamento. (Incluído pela requerer o que for de direito para resguardar os interesses da
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência
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Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
CAPÍTULO IV Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
LAZER metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças
e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
se-lhes: criação e o acesso às fontes de cultura.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
escola; estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para
II - direito de ser respeitado por seus educadores; programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer infância e a juventude.
às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades CAPÍTULO V
estudantis; DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, TRABALHO
garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019) anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência Federal)
do processo pedagógico, bem como participar da definição das Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
propostas educacionais. por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medidas profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de educação em vigor.
dependência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
2019) seguintes princípios:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os II - atividade compatível com o desenvolvimento do
que a ele não tiveram acesso na idade própria; adolescente;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao III - horário especial para o exercício das atividades.
ensino médio; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
III - atendimento educacional especializado aos portadores de bolsa de aprendizagem.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da trabalho protegido.
criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
do adolescente trabalhador; governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
VII - atendimento no ensino fundamental, através de I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, cinco horas do dia seguinte;
alimentação e assistência à saúde. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
subjetivo. desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder IV - realizado em horários e locais que não permitam a
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da freqüência à escola.
autoridade competente. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao
responsável, pela freqüência à escola. adolescente que dele participe condições de capacitação para o
exercício de atividade regular remunerada.
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Direitos Humanos
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas
e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho 2014)
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
não desfigura o caráter educativo. outras informações relevantes às consequências e à frequência
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à das formas de violência contra a criança e o adolescente para a
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre sistematização de dados nacionalmente unificados e a avaliação
outros: periódica dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana,
de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e
TÍTULO III as formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído
DA PREVENÇÃO pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
IX - a promoção e a realização de campanhas educativas
CAPÍTULO I direcionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão
DISPOSIÇÕES GERAIS desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
das crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou existentes; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
violação dos direitos da criança e do adolescente. X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes,
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de termos e de outros instrumentos de promoção de parceria
deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo governamentais, com o objetivo de implementar programas de
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não erradicação da violência, de tratamento cruel ou degradante e de
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento escolas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes
cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos aos órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que
humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) identifiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do violência e agressões no âmbito familiar ou institucional; (Incluído
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as XII - a promoção de programas educacionais que disseminem
entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana,
e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei bem como de programas de fortalecimento da parentalidade
nº 13.010, de 2014) positiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias de ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao à resposta à violência doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº
enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o 14.344, de 2022) Vigência
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de áreas da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; o art. 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros,
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) com pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a Tutelar suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- e o adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)
natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Vigência
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por
ou degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do
de 2014) cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão,
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta culposos ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
focados nas famílias em situação de violência, com participação Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) desenvolvimento.
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áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, IX - participação de pessoas da comunidade no processo
observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao educativo.
adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição § 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de
Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Os programas em execução serão reavaliados pelo § 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade
no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
renovação da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
12.010, de 2009) Vigência família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei.
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Vigência de 2009) Vigência
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária
ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração competente, as entidades que desenvolvem programas de
familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. § 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº familiar ou institucional somente poderão receber recursos
12.010, de 2009) Vigência públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente
b) não apresente plano de trabalho compatível com os de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou
princípios desta Lei; institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
c) esteja irregularmente constituída; de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do de 2016)
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua Art. 93. As entidades que mantenham programa de
renovação, observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena
princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da Vigência
reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
Vigência judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
II - integração em família substituta, quando esgotados os apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação para promover a imediata reintegração familiar da criança ou
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado
V - não desmembramento de grupos de irmãos; o disposto no § 2 o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras de 2009) Vigência
entidades de crianças e adolescentes abrigados; Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
VII - participação na vida da comunidade local; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
VIII - preparação gradativa para o desligamento; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
adolescentes;
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II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de SEÇÃO II
restrição na decisão de internação; DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
unidades e grupos reduzidos; Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério
dignidade ao adolescente; Público e pelos Conselhos Tutelares.
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
dos vínculos familiares; apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os dotações orçamentárias.
casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
vínculos familiares; que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos I - às entidades governamentais:
necessários à higiene pessoal; a) advertência;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados b) afastamento provisório de seus dirigentes;
à faixa etária dos adolescentes atendidos; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
farmacêuticos; II - às entidades não-governamentais:
X - propiciar escolarização e profissionalização; a) advertência;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
acordo com suas crenças; d) cassação do registro.
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; § 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou
competente; representado perante autoridade judiciária competente para
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou
sua situação processual; dissolução da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de Vigência
adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; § 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
adolescentes; causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o
XVIII - manter programas destinados ao apoio e descumprimento dos princípios norteadores das atividades de
acompanhamento de egressos; proteção específica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da Vigência
cidadania àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e TÍTULO II
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que CAPÍTULO I
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
Vigência ameaçados ou violados:
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem III - em razão de sua conduta.
ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter
temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a CAPÍTULO II
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação
das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; seguintes medidas:
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de de responsabilidade;
toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência oficial de ensino fundamental;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico,
primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da em regime hospitalar ou ambulatorial;
municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
programas por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
12.010, de 2009) Vigência VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a 12.010, de 2009) Vigência
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº para colocação em família substituta, não implicando privação de
12.010, de 2009) Vigência liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências
conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou
Vigência ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é encaminhados às instituições que executam programas de
tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e qual obrigatoriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa 2009) Vigência
ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
forma como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
Vigência do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual
em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da autoridade judiciária competente, caso em que também deverá
medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião contemplar sua colocação em família substituta, observadas as
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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§ 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva 12.010, de 2009) Vigência
dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
§ 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído 12.010, de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos
nº 12.010, de 2009) Vigência elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e judiciária.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos,
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, gozando de absoluta prioridade.
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e Vigência
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista § 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração 2016)
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, TÍTULO III
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos CAPÍTULO I
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política DISPOSIÇÕES GERAIS
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crime ou contravenção penal.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
complementares ou de outras providências indispensáveis ao a idade do adolescente à data do fato.
ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão
2017) as medidas previstas no art. 101.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou Capítulo II
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas Dos Direitos Individuais
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as fundamentada da autoridade judiciária competente.
providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência seus direitos.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de ele indicada.
políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
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Direitos Humanos
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado V - ser tratado com respeito e dignidade;
desde o início, ou como forma de transição para o meio VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
aberto, possibilitada a realização de atividades externas, mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
independentemente de autorização judicial. VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
na comunidade. pessoal;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
no que couber, as disposições relativas à internação. salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
SEÇÃO VII XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
DA INTERNAÇÃO XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, desde que assim o deseje;
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a porventura depositados em poder da entidade;
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
judicial em contrário. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente
máximo a cada seis meses. a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
excederá a três anos. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi- contenção e segurança.
liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. CAPÍTULO V
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de DA REMISSÃO
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto
quando: social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça menor participação no ato infracional.
ou violência a pessoa; Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida extinção do processo.
anteriormente imposta. Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
nº 12.594, de 2012) (Vide) lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
outra medida adequada. revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado Público.
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração. TÍTULO IV
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
entre outros, os seguintes: I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação
Ministério Público; dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
solicitada; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
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V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá
freqüência e aproveitamento escolar; serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
tratamento especializado;
VII - advertência; CAPÍTULO II
VIII - perda da guarda; DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar . (Expressão Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. VII;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade medidas previstas no art. 129, I a VII;
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento III - promover a execução de suas decisões, podendo para
do agressor da moradia comum. tanto:
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o serviço social, previdência, trabalho e segurança;
adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
de 2011) descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
TÍTULO V constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
DO CONSELHO TUTELAR criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
CAPÍTULO I competência;
DISPOSIÇÕES GERAIS VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, adolescente autor de ato infracional;
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo VII - expedir notificações;
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
nesta Lei. ou adolescente quando necessário;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
como órgão integrante da administração pública local, composto de dos direitos da criança e do adolescente;
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) Constituição Federal ;
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
serão exigidos os seguintes requisitos: de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
I - reconhecida idoneidade moral; possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
II - idade superior a vinte e um anos; família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - residir no município. XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade
2012) no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 doméstica e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
12.696, de 2012) XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos
e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao encaminhamentos necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação 2022) Vigência
continuada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº
12.696, de 2012)
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XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer § 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar Lei nº 12.696, de 2012)
contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de § 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar,
2022) Vigência é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao
XVI - representar à autoridade judicial para requerer a concessão eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente vítima brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a
revisão daquelas já concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de CAPÍTULO V
2022) Vigência DOS IMPEDIMENTOS
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a
propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente; e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora,
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua madrasta e enteado.
competência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro,
omissão, praticada em local público ou privado, que constitua na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente; representante do Ministério Público com atuação na Justiça da
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações distrital.
reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de
violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas TÍTULO VI
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o DO ACESSO À JUSTIÇA
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério CAPÍTULO I
Público para requerer a concessão de medidas cautelares direta DISPOSIÇÕES GERAIS
ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante
ou denunciante de informações de crimes que envolvam violência Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. (Incluído Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência qualquer de seus órgãos.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção hipótese de litigância de má-fé.
social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
interesse. processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à
CAPÍTULO III criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
DA COMPETÊNCIA com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de
representação ou assistência legal ainda que eventual.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
constante do art. 147. administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que
se atribua autoria de ato infracional.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia,
referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a 10.764, de 12.11.2003)
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar finalidade.
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do
ano subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº
12.696, de 2012)
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§ 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem também os requisitos específicos.
identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente
citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser
§ 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos
autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.
(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará § 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes,
instrução e julgamento. devidamente assistidas por advogado ou por defensor público, para
§ 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10
§ 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, (dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega
serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se pela Lei nº 13.509, de 2017)
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº
pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 13.509, de 2017)
(dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será
§ 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial,
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído
13.509, de 2017) pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder familiar § 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos
for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações.
nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade se
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste artigo.
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para § 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exercer
família substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro pela Lei nº 13.509, de 2017)
de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº § 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após
12.010, de 2009) Vigência o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
SEÇÃO III § 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Redação
couber, o disposto na seção anterior. dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
SEÇÃO IV das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
colocação em família substituta: Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
especificando se tem ou não parente vivo; ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
pais, se conhecidos; decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
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Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a § 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento,
perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição
lógico da medida principal de colocação em família substituta, será policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em
observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em
deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior.
Vigência Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá encaminhará imediatamente ao representante do Ministério
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
disposto no art. 35. Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o de participação de adolescente na prática de ato infracional, a
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob Público relatório das investigações e demais documentos.
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº compartimento fechado de veículo policial, em condições
12.010, de 2009) Vigência atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
SEÇÃO V Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADOLES- Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
CENTE boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados
pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
competente. apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para polícias civil e militar.
atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior,
praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da o representante do Ministério Público poderá:
repartição especializada, que, após as providências necessárias e I - promover o arquivamento dos autos;
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. II - conceder a remissão;
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, medida sócio-educativa.
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida
deverá: a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
adolescente; serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.
da materialidade e autoria da infração. § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado,
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência e este oferecerá representação, designará outro membro do
circunstanciada. Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, a homologar.
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão,
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua educativa que se afigurar a mais adequada.
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e,
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
boletim de ocorrência. § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade autoria e materialidade.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
prazo de vinte e quatro horas. será de quarenta e cinco dias.
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Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de
observado o disposto no art. 108 e parágrafo. internação ou regime de semi-liberdade será feita:
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados I - ao adolescente e ao seu defensor;
do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
acompanhados de advogado. responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. unicamente na pessoa do defensor.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua SEÇÃO V-A
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A INVESTI-
judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. GAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE CRIAN-
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características ÇA E DE ADOLESCENTE
definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente
transferido para a localidade mais próxima. Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 ,
seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº
responsabilidade. 13.441, de 2017)
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou I – será precedida de autorização judicial devidamente
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da
podendo solicitar opinião de profissional qualificado. infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público;
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de representação de delegado de polícia e conterá a demonstração
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes
judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
estudo do caso. III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva
defesa prévia e rol de testemunhas. necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas 13.441, de 2017)
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as § 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo.
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, § 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo,
que em seguida proferirá decisão. consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não I – dados de conexão: informações referentes a hora, data,
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP)
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº
condução coercitiva. 13.441, de 2017)
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
antes da sentença. para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão.
desde que reconheça na sentença: § 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
I - estar provada a inexistência do fato; admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído
II - não haver prova da existência do fato; pela Lei nº 13.441, de 2017)
III - não constituir o fato ato infracional; Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
ato infracional. medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017)
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Direitos Humanos
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) julgamento de mérito.
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e entidade ou programa de atendimento.
materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-
B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e SEÇÃO VII
218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NORMAS
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão adolescente terá início por representação do Ministério Público,
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por
sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela testemunhas, se possível.
Lei nº 13.441, de 2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela circunstâncias da infração.
Lei nº 13.441, de 2017) § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, do retardamento.
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
13.441, de 2017) I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no presença do requerido;
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial a seu representante legal, lavrando certidão;
infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) encontrado o requerido ou seu representante legal;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
SEÇÃO VI sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
ATENDIMENTO autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
entidade governamental e não-governamental terá início mediante procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário,
portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério designará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, 12.010, de 2009) Vigência
resumo dos fatos. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido,
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
fundamentada. sentença.
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e SEÇÃO VIII
indicar as provas a produzir. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a DA HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO
autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento,
intimando as partes. Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a 12.010, de 2009) Vigência
autoridade judiciária em igual prazo. I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo Vigência
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao Vigência
afastado, marcando prazo para a substituição.
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Direitos Humanos
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará
casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso,
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010,
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de de 2009) Vigência
Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
12.010, de 2009) Vigência juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos
VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela Lei nº ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos
12.010, de 2009) Vigência cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e
nº 12.010, de 2009) Vigência conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo § 1 o A ordem cronológica das habilitações somente poderá
de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
Vigência previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se 12.010, de 2009) Vigência
refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
Vigência trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional.
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, § 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será
de 2009) Vigência dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação por
III - requerer a juntada de documentos complementares e a equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
realização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, pela Lei nº 13.509, de 2017)
que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que § 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda para
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua
dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da
de 2009) Vigência habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em demais sanções previstas na legislação vigente. (Incluído pela Lei nº
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, 13.509, de 2017)
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação
execução da política municipal de garantia do direito à convivência à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente habilitados período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
perante a Justiça da Infância e da Juventude, que inclua preparação (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças
ou de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com CAPÍTULO IV
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação DOS RECURSOS
dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
da preparação referida no § 1 o deste artigo incluirá o contato com e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de
institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo I - os recursos serão interpostos independentemente de
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução preparo;
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
§ 3 o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhidos (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva. revisor;
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca
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Direitos Humanos
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º
mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; inciso II, da Constituição Federal ;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro a) expedir notificações para colher depoimentos ou
de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado,
do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
prazo de cinco dias, contados da intimação. autoridades municipais, estaduais e federais, da administração
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências
caberá recurso de apelação. investigatórias;
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde c) requisitar informações e documentos a particulares e
logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente instituições privadas;
no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de
adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, judiciais e extrajudiciais cabíveis;
de 2009) Vigência IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
de destituição de poder familiar, em face da relevância das interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo adolescente;
ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência penal do infrator, quando cabível;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando
conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do remoção de irregularidades porventura verificadas;
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
Vigência públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar decorrentes de violência doméstica e familiar contra a criança e o
o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
CAPÍTULO V hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança
Art. 201. Compete ao Ministério Público: ou adolescente.
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; § 4º O representante do Ministério Público será responsável
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
infrações atribuídas a adolescentes; nas hipóteses legais de sigilo.
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar , deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
oficiar em todos os demais procedimentos da competência da competente procedimento, sob sua presidência;
Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
nº 12.010, de 2009) Vigência reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, acertados;
a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente,
de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
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Direitos Humanos
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do
e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído
autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
diligências, usando os recursos cabíveis. X - de programas de atendimento para a execução das medidas
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela
será feita pessoalmente. Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta XI - de políticas e programas integrados de atendimento à
a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
requerimento de qualquer interessado. (Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Art. 205. As manifestações processuais do representante do § 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
Ministério Público deverão ser fundamentadas. proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos,
próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição
CAPÍTULO VI e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de
DO ADVOGADO 2005)
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos,
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte
advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados
ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. necessários à identificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e 11.259, de 2005)
gratuita àqueles que dela necessitarem. § 3º A notificação a que se refere o § 2º deste artigo será
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de imediatamente comunicada ao Cadastro Nacional de Pessoas
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem Desaparecidas e ao Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes
defensor. Desaparecidos, que deverão ser prontamente atualizados a cada
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado nova informação. (Incluído pela Lei nº 14.548, de 2023)
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
sua preferência. foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. tribunais superiores.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
CAPÍTULO VII territórios;
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFU- III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
SOS E COLETIVOS um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
I - do ensino obrigatório; de que cuida esta Lei.
II - de atendimento educacional especializado aos portadores § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
de deficiência; associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero poderá assumir a titularidade ativa.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
educando; exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
V - de programas suplementares de oferta de material didático- Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
fundamental; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, Código de Processo Civil.
à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
crianças e adolescentes que dele necessitem; agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
privados de liberdade. de segurança.
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Direitos Humanos
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
da obrigação ou determinará providências que assegurem o organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou
resultado prático equivalente ao do adimplemento. perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo dias úteis.
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
o réu. a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido fundamentadamente.
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
prazo razoável para o cumprimento do preceito. arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
se houver configurado o descumprimento. arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito
município. ou anexados às peças de informação.
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme
pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa dispuser o seu regimento.
aos demais legitimados. § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com Público para o ajuizamento da ação.
correção monetária. Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985 .
para evitar dano irreparável à parte.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser TÍTULO VII
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. CAPÍTULO I
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da DOS CRIMES
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova
a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual SEÇÃO I
iniciativa aos demais legitimados. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente disposto na legislação penal.
infundada. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão ao Código de Processo Penal.
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente,
responsabilidade por perdas e danos. independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099,
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá de 26 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e 2022) Vigência
quaisquer outras despesas. § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público e o adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e pena que implique o pagamento isolado de multa. (Incluído pela
indicando-lhe os elementos de convicção. Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura incondicionada.
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do
providências cabíveis. caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
requerer às autoridades competentes as certidões e informações servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
dias.
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Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. (Incluído envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
pela Lei nº 13.869. de 2019) das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
SEÇÃO II Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
DOS CRIMES EM ESPÉCIE fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente correspondente à violência.
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, 11.829, de 2008)
onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
neonato: dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
Parágrafo único. Se o crime é culposo: coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar 2008)
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Parágrafo único. Se o crime é culposo: exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador,
competente: preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
Pena - detenção de seis meses a dois anos. título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
apreensão sem observância das formalidades legais. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à 11.829, de 2008)
pessoa por ele indicada: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Pena - detenção de seis meses a dois anos. dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo 2008)
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
em benefício de adolescente privado de liberdade: 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Público no exercício de função prevista nesta Lei: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo
de colocação em lar substituto: são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829,
terceiro, mediante paga ou recompensa: de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
efetiva a paga ou recompensa.
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Direitos Humanos
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar,
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: explosivo:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) componentes possam causar dependência física ou psíquica:
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106,
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2015)
de 2008) Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar,
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou
Lei nº 11.829, de 2008) de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
II – membro de entidade, legalmente constituída, que incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o indevida:
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração
de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo
Lei nº 11.829, de 2008) dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440,
2008) de 2017)
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído
forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
2008) § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
pela Lei nº 11.829, de 2008) (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por nº 12.015, de 2009)
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
pela Lei nº 11.829, de 2008) Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas
pela Lei nº 11.829, de 2008) de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim CAPÍTULO II
de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. de maus-tratos contra criança ou adolescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.
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Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar
VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: a suspensão da programação da emissora por até dois dias.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere
o dobro em caso de reincidência. classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
documento de procedimento policial, administrativo ou judicial reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se dias.
o dobro em caso de reincidência. Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída
fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, pelo órgão competente:
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
ou indiretamente. fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a desta Lei:
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-
(Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869). se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) revista ou publicação.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência participação no espetáculo:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
o dobro em caso de reincidência. de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Vigência
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
12.038, de 2009). deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer Vigência
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
o dobro em caso de reincidência. imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do seu filho para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
local de exibição, informação destacada sobre a natureza da Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de classificação: Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à
o dobro em caso de reincidência. convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do
que não se recomendem: art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo ou comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada
sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional pela Lei nº 13.106, de 2015)
pela ADI 2.404).
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Direitos Humanos
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído
Livro II. pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios § 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes 12.594, de 2012) (Vide)
e princípios estabelecidos nesta Lei. I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594,
integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os de 2012) (Vide)
seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594,
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado de 2012) (Vide)
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Redação b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº
pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto 12.594, de 2012) (Vide)
no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
efeito) vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação § 3 o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando
dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos
da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais (Vide)
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação de 2012) (Vide)
das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº
Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste 12.594, de 2012) (Vide)
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela
26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o inciso I do caput Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite período a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº
em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem
II - não poderá ser computada como despesa operacional na ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
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Direitos Humanos
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações
favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil
do Conselho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº dará conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei
12.594, de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
(Vide) Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador; I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594,
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem
§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário
a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por
ou em relação anexa ao comprovante, informando também se projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com
hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de 12.594, de 2012) (Vide)
pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca,
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos
nº 12.594, de 2012) (Vide) no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
do imposto de renda, desde que não exceda o valor de mercado; 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído requerimento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal
o leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico
nº 12.594, de 2012) (Vide) contendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com
260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 a indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das
(cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita contas bancárias específicas mantidas em instituições financeiras
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as
nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
nº 12.594, de 2012) (Vide) K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
(Vide) que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que
nº 12.594, de 2012) (Vide) pertencer a entidade.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
(Vide) seus respectivos níveis.
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Direitos Humanos
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro- terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces- de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos outros de natureza análoga;
de tecnologia assistiva; IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa- qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou
mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida-
e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges-
atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili- tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso;
dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de
de vida e inclusão social; Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localiza-
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor- das em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequa-
tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem das, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento
como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida- das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos
de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao com deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de
acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragi-
entre outros, classificadas em: lizados ou rompidos;
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços XI - moradia para a vida independente da pessoa com defici-
públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; ência: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcio-
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos nar serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e
e privados; ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família,
de transportes; que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas ativida-
entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou des diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de com profissões legalmente estabelecidas;
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tec- XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce ativida-
nologia da informação; des de alimentação, higiene e locomoção do estudante com defi-
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que im- ciência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer
peçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com defici- necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em insti-
ência em igualdade de condições e oportunidades com as demais tuições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimen-
pessoas; tos identificados com profissões legalmente estabelecidas;
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o aces- XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de-
so da pessoa com deficiência às tecnologias; ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- pessoal.
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- CAPÍTULO II
lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo- DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral,
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in- de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
cluindo as tecnologias da informação e das comunicações; espécie de discriminação.
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que
e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o
que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade reconhecimento ou o exercício dos direitos e das liberdades funda-
de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os di- mentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adapta-
reitos e liberdades fundamentais; ções razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa- benefícios decorrentes de ação afirmativa.
neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé- Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda forma
trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abas- de negligência, discriminação, exploração, violência, tortura, cruel-
tecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam dade, opressão e tratamento desumano ou degradante.
as indicações do planejamento urbanístico; Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no caput
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias deste artigo, são considerados especialmente vulneráveis a criança,
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen- o adolescente, a mulher e o idoso, com deficiência.
tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica- Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes-
ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses soa, inclusive para:
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
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V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com VIII - informação adequada e acessível à pessoa com deficiên-
deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a organização das cia e a seus familiares sobre sua condição de saúde;
Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o desen-
do Sistema Único de Saúde (SUS). volvimento de deficiências e agravos adicionais;
Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de reabilita- X - promoção de estratégias de capacitação permanente das
ção para a pessoa com deficiência, são garantidos: equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção, no aten-
I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para dimento à pessoa com deficiência, bem como orientação a seus
atender às características de cada pessoa com deficiência; atendentes pessoais;
II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços; XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção,
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação, materiais e medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais, conforme as nor-
equipamentos adequados e apoio técnico profissional, de acordo mas vigentes do Ministério da Saúde.
com as especificidades de cada pessoa com deficiência; § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às institui-
IV - capacitação continuada de todos os profissionais que parti- ções privadas que participem de forma complementar do SUS ou
cipem dos programas e serviços. que recebam recursos públicos para sua manutenção.
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover ações Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à pre-
articuladas para garantir à pessoa com deficiência e sua família a venção de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de:
aquisição de informações, orientações e formas de acesso às polí- I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com
ticas públicas disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena garantia de parto humanizado e seguro;
participação social. II - promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis,
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste artigo vigilância alimentar e nutricional, prevenção e cuidado integral
podem fornecer informações e orientações nas áreas de saúde, de dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da
educação, de cultura, de esporte, de lazer, de transporte, de pre- criança;
vidência social, de assistência social, de habitação, de trabalho, de III - aprimoramento e expansão dos programas de imunização
empreendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção, proteção e de triagem neonatal;
e defesa de direitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
com deficiência exercer sua cidadania. Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de saúde
são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, to-
CAPÍTULO III dos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes.
DO DIREITO À SAÚDE Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da
pessoa com deficiência no local de residência, será prestado atendi-
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa com mento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento,
deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do garantidos o transporte e a acomodação da pessoa com deficiência
SUS, garantido acesso universal e igualitário. e de seu acompanhante.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência na Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em observação
elaboração das políticas de saúde a ela destinadas. é assegurado o direito a acompanhante ou a atendente pessoal,
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e téc- devendo o órgão ou a instituição de saúde proporcionar condições
nicas, que regulamentarão a atuação dos profissionais de saúde e adequadas para sua permanência em tempo integral.
contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às especificida- § 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante
des da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua dignidade ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe ao
e autonomia. profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá-la por
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à pessoa com escrito.
deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de reabili- § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º deste ar-
tação, deve ser garantida capacitação inicial e continuada. tigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as providências
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à pes- cabíveis para suprir a ausência do acompanhante ou do atendente
soa com deficiência devem assegurar: pessoal.
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por equipe Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação contra a
multidisciplinar; pessoa com deficiência, inclusive por meio de cobrança de valores
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre que neces- diferenciados por planos e seguros privados de saúde, em razão de
sários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a manuten- sua condição.
ção da melhor condição de saúde e qualidade de vida; Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento ambu- serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações
latorial e internação; prestadas e recebidas, por meio de recursos de tecnologia assistiva
IV - campanhas de vacinação; e de todas as formas de comunicação previstas no inciso V do art.
V - atendimento psicológico, inclusive para seus familiares e 3º desta Lei.
atendentes pessoais; Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quan-
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à orien- to privados, devem assegurar o acesso da pessoa com deficiência,
tação sexual da pessoa com deficiência; em conformidade com a legislação em vigor, mediante a remoção
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à fertili- de barreiras, por meio de projetos arquitetônico, de ambientação
zação assistida; de interior e de comunicação que atendam às especificidades das
pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
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Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de violência XI - formação e disponibilização de professores para o aten-
praticada contra a pessoa com deficiência serão objeto de notifi- dimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da
cação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio;
autoridade policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos dos XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de
Direitos da Pessoa com Deficiência. recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se violên- funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e partici-
cia contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou omissão, pra- pação;
ticada em local público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e
sofrimento físico ou psicológico. tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as
demais pessoas;
CAPÍTULO IV XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível
DO DIREITO À EDUCAÇÃO superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas
relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiên- conhecimento;
cia, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de con-
e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máxi- dições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no
mo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sistema escolar;
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, inte- XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da
resses e necessidades de aprendizagem. educação e demais integrantes da comunidade escolar às edifica-
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade ções, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as moda-
escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa lidades, etapas e níveis de ensino;
com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
negligência e discriminação. XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvol- públicas.
ver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalida- de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III,
des, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a ga- artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
rantir condições de acesso, permanência, participação e aprendiza- natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumpri-
gem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade mento dessas determinações.
que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; § 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da Libras
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se observar
educacional especializado, assim como os demais serviços e adap- o seguinte:
tações razoáveis, para atender às características dos estudantes I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na educação
com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em con- básica devem, no mínimo, possuir ensino médio completo e certifi-
dições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua cado de proficiência na Libras; (Vigência)
autonomia; II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direcionados
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira lín- à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cursos de graduação
gua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda e pós-graduação, devem possuir nível superior, com habilitação,
língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; prioritariamente, em Tradução e Interpretação em Libras. (Vigên-
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambien- cia)
tes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos es- Art. 29. (VETADO).
tudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e permanência
participação e a aprendizagem em instituições de ensino; nos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior e de
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos mé- educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser
todos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipa- adotadas as seguintes medidas:
mentos e de recursos de tecnologia assistiva; I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas de-
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano pendências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos serviços;
de atendimento educacional especializado, de organização de re- II - disponibilização de formulário de inscrição de exames com
cursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabili- campos específicos para que o candidato com deficiência informe
dade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva necessários
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas fa- para sua participação;
mílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; III - disponibilização de provas em formatos acessíveis para
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvi- atendimento às necessidades específicas do candidato com defici-
mento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissio- ência;
nais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de tecnolo-
os interesses do estudante com deficiência; gia assistiva adequados, previamente solicitados e escolhidos pelo
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas candidato com deficiência;
de formação inicial e continuada de professores e oferta de for-
mação continuada para o atendimento educacional especializado;
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
dentemente de sua característica específica, a fim de que ela possa CAPÍTULO VII
ser capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspecti- DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
vas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir.
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os benefícios
profissional e de educação profissional deverão ser oferecidos em no âmbito da política pública de assistência social à pessoa com
ambientes acessíveis e inclusivos. deficiência e sua família têm como objetivo a garantia da segurança
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação profissional de- de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do desen-
vem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, espe- volvimento da autonomia e da convivência familiar e comunitária,
cialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em todos os para a promoção do acesso a direitos e da plena participação social.
níveis e modalidades, em entidades de formação profissional ou § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos termos
diretamente com o empregador. do caput deste artigo, deve envolver conjunto articulado de servi-
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas por ços do âmbito da Proteção Social Básica e da Proteção Social Espe-
meio de prévia formalização do contrato de emprego da pessoa cial, ofertados pelo Suas, para a garantia de seguranças fundamen-
com deficiência, que será considerada para o cumprimento da re- tais no enfrentamento de situações de vulnerabilidade e de risco,
serva de vagas prevista em lei, desde que por tempo determinado por fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
e concomitante com a inclusão profissional na empresa, observado § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa com
o disposto em regulamento. deficiência em situação de dependência deverão contar com cui-
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional dadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
atenderão à pessoa com deficiência. Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua
meios para prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua
SEÇÃO III família o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
DA INCLUSÃO DA PESSOA Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO
CAPÍTULO VIII
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com deficiência DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
no trabalho a colocação competitiva, em igualdade de oportunida-
des com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de aces- Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos
sibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a da Lei Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 .
adaptação razoável no ambiente de trabalho.
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com defi- CAPÍTULO IX
ciência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio, observadas DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E AO
as seguintes diretrizes: LAZER
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência com
maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao es-
II - provisão de suportes individualizados que atendam a neces- porte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as
sidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive a disponi- demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso:
bilização de recursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador e I - a bens culturais em formato acessível;
de apoio no ambiente de trabalho; II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras atividades
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa com culturais e desportivas em formato acessível; e
deficiência apoiada; III - a monumentos e locais de importância cultural e a espaços
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empregadores, que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos.
com vistas à definição de estratégias de inclusão e de superação de § 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em for-
barreiras, inclusive atitudinais; mato acessível à pessoa com deficiência, sob qualquer argumento,
V - realização de avaliações periódicas; inclusive sob a alegação de proteção dos direitos de propriedade
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; intelectual.
VII - possibilidade de participação de organizações da socieda- § 2º O poder público deve adotar soluções destinadas à eli-
de civil. minação, à redução ou à superação de barreiras para a promoção
Art. 38. A entidade contratada para a realização de processo do acesso a todo patrimônio cultural, observadas as normas de
seletivo público ou privado para cargo, função ou emprego está acessibilidade, ambientais e de proteção do patrimônio histórico
obrigada à observância do disposto nesta Lei e em outras normas e artístico nacional.
de acessibilidade vigentes. Art. 43. O poder público deve promover a participação da pes-
soa com deficiência em atividades artísticas, intelectuais, culturais,
esportivas e recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo:
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de re-
cursos adequados, em igualdade de oportunidades com as demais
pessoas;
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos servi-
ços prestados por pessoa ou entidade envolvida na organização das
atividades de que trata este artigo; e
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Direitos Humanos
III - assegurar a participação da pessoa com deficiência em jo- § 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei,
gos e atividades recreativas, esportivas, de lazer, culturais e artísti- sempre que houver interação com a matéria nela regulada, a ou-
cas, inclusive no sistema escolar, em igualdade de condições com torga, a concessão, a permissão, a autorização, a renovação ou a
as demais pessoas. habilitação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de § 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos
esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, serão veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros depen-
reservados espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência, dem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público
de acordo com a capacidade de lotação da edificação, observado o responsável pela prestação do serviço.
disposto em regulamento. Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao pú-
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem blico, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas,
ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de
em todos os setores, próximos aos corredores, devidamente sina- pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem
lizados, evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade,
saídas, em conformidade com as normas de acessibilidade. desde que devidamente identificados.
§ 2º No caso de não haver comprovada procura pelos assen- § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equi-
tos reservados, esses podem, excepcionalmente, ser ocupados por valer a 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma)
pessoas sem deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida, vaga devidamente sinalizada e com as especificações de desenho
observado o disposto em regulamento. e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibi-
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem lidade.
situar-se em locais que garantam a acomodação de, no mínimo, 1 § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas devem exi-
(um) acompanhante da pessoa com deficiência ou com mobilidade bir, em local de ampla visibilidade, a credencial de beneficiário, a
reduzida, resguardado o direito de se acomodar proximamente a ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que disci-
grupo familiar e comunitário. plinarão suas características e condições de uso.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo
obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis, sujeita os infratores às sanções previstas no inciso XX do art. 181 da
conforme padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasi-
a saída segura da pessoa com deficiência ou com mobilidade redu- leiro) . (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
zida, em caso de emergência. § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é vinculada
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no caput deste à pessoa com deficiência que possui comprometimento de mobili-
artigo devem atender às normas de acessibilidade em vigor. dade e é válida em todo o território nacional.
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as sessões, Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre, aquaviário
recursos de acessibilidade para a pessoa com deficiência. (Vi- e aéreo, as instalações, as estações, os portos e os terminais em
gência) operação no País devem ser acessíveis, de forma a garantir o seu
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência não poderá uso por todas as pessoas.
ser superior ao valor cobrado das demais pessoas. § 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste arti-
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos go devem dispor de sistema de comunicação acessível que disponi-
observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar bilize informações sobre todos os pontos do itinerário.
todos os meios de acessibilidade, conforme legislação em vigor. § 2º São asseguradas à pessoa com deficiência prioridade e se-
(Vigência) (Reglamento) gurança nos procedimentos de embarque e de desembarque nos
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão disponibilizar, veículos de transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas.
pelo menos, 10% (dez por cento) de seus dormitórios acessíveis, § 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos
garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade acessível. veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros depen-
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo deverão dem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público
ser localizados em rotas acessíveis. responsável pela prestação do serviço.
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de turis-
CAPÍTULO X mo, na renovação de suas frotas, são obrigadas ao cumprimento do
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. (Vigência)
Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de veículos
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com acessíveis e a sua utilização como táxis e vans , de forma a garantir
deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igual- o seu uso por todas as pessoas.
dade de oportunidades com as demais pessoas, por meio de iden- Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez
tificação e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência.
acesso. (Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigência)
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte cole- § 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores
tivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições, conside- adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência.
ram-se como integrantes desses serviços os veículos, os terminais, § 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos fiscais
as estações, os pontos de parada, o sistema viário e a prestação do com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a que se refe-
serviço. re o caput deste artigo.
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Direitos Humanos
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 § 1º As entidades de fiscalização profissional das atividades de
(um) veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a cada Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabi-
conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota. (Vide Decreto nº lidade técnica de projetos, devem exigir a responsabilidade profis-
9.762, de 2019) (Vigência) sional declarada de atendimento às regras de acessibilidade previs-
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, tas em legislação e em normas técnicas pertinentes.
câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão de cer-
manuais de freio e de embreagem. tificado de projeto executivo arquitetônico, urbanístico e de ins-
talações e equipamentos temporários ou permanentes e para o
TÍTULO III licenciamento ou a emissão de certificado de conclusão de obra
DA ACESSIBILIDADE ou de serviço, deve ser atestado o atendimento às regras de aces-
sibilidade.
CAPÍTULO I § 3º O poder público, após certificar a acessibilidade de edifi-
DISPOSIÇÕES GERAIS cação ou de serviço, determinará a colocação, em espaços ou em
locais de ampla visibilidade, do símbolo internacional de acesso, na
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com de- forma prevista em legislação e em normas técnicas correlatas.
ficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso coletivo já
e exercer seus direitos de cidadania e de participação social. existentes devem garantir acessibilidade à pessoa com deficiência
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei em todas as suas dependências e serviços, tendo como referência
e de outras normas relativas à acessibilidade, sempre que houver as normas de acessibilidade vigentes.
interação com a matéria nela regulada: Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso priva-
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de do multifamiliar devem atender aos preceitos de acessibilidade, na
comunicação e informação, a fabricação de veículos de transporte forma regulamentar. (Regulamento)
coletivo, a prestação do respectivo serviço e a execução de qual- § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis pelo proje-
quer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva; to e pela construção das edificações a que se refere o caput deste
II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão, autori- artigo devem assegurar percentual mínimo de suas unidades inter-
zação ou habilitação de qualquer natureza; namente acessíveis, na forma regulamentar.
III - a aprovação de financiamento de projeto com utilização § 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para a aquisição
de recursos públicos, por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, de unidades internamente acessíveis a que se refere o § 1º deste
contrato, convênio ou instrumento congênere; e artigo.
IV - a concessão de aval da União para obtenção de empréstimo Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços públi-
e de financiamento internacionais por entes públicos ou privados. cos, o poder público e as empresas concessionárias responsáveis
Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que tratem pela execução das obras e dos serviços devem garantir, de forma
do meio físico, de transporte, de informação e comunicação, inclu- segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e acessibilidade das
sive de sistemas e tecnologias da informação e comunicação, e de pessoas, durante e após sua execução.
outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de acessibi-
uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como lidade previstas em legislação e em normas técnicas, observado o
na rural, devem atender aos princípios do desenho universal, tendo disposto na Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , nº 10.257,
como referência as normas de acessibilidade. de 10 de julho de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 :
§ 1º O desenho universal será sempre tomado como regra de I - os planos diretores municipais, os planos diretores de trans-
caráter geral. porte e trânsito, os planos de mobilidade urbana e os planos de
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho uni- preservação de sítios históricos elaborados ou atualizados a partir
versal não possa ser empreendido, deve ser adotada adaptação da publicação desta Lei;
razoável. II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis de uso e
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de conteú- ocupação do solo e as leis do sistema viário;
dos temáticos referentes ao desenho universal nas diretrizes curri- III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
culares da educação profissional e tecnológica e do ensino superior IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções; e
e na formação das carreiras de Estado. V - a legislação referente à prevenção contra incêndio e pânico.
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa a serem § 1º A concessão e a renovação de alvará de funcionamento
desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio à pes- para qualquer atividade são condicionadas à observação e à certifi-
quisa e de agências de fomento deverão incluir temas voltados para cação das regras de acessibilidade.
o desenho universal. § 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação equiva-
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas deverão lente e sua renovação, quando esta tiver sido emitida anteriormen-
considerar a adoção do desenho universal. te às exigências de acessibilidade, é condicionada à observação e à
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança de certificação das regras de acessibilidade.
uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas Art. 61. A formulação, a implementação e a manutenção das
de uso coletivo deverão ser executadas de modo a serem acessí- ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas básicas:
veis. I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e reserva
de recursos para implementação das ações; e
II - planejamento contínuo e articulado entre os setores envol-
vidos.
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Direitos Humanos
Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, mediante so- inclusive em ambiente virtual, contendo a especificação correta de
licitação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e co- quantidade, qualidade, características, composição e preço, bem
branças de tributos em formato acessível. como sobre os eventuais riscos à saúde e à segurança do consu-
midor com deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se, no
CAPÍTULO II que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO 1990 .
§ 1º Os canais de comercialização virtual e os anúncios publi-
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet citários veiculados na imprensa escrita, na internet, no rádio, na
mantidos por empresas com sede ou representação comercial no televisão e nos demais veículos de comunicação abertos ou por
País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiên- assinatura devem disponibilizar, conforme a compatibilidade do
cia, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as meio, os recursos de acessibilidade de que trata o art. 67 desta Lei,
melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas interna- a expensas do fornecedor do produto ou do serviço, sem prejuízo
cionalmente. da observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade em des- de setembro de 1990 .
taque. § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante solici-
§ 2º Telecentros comunitários que receberem recursos públi- tação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou qualquer outro
cos federais para seu custeio ou sua instalação e lan houses devem tipo de material de divulgação em formato acessível.
possuir equipamentos e instalações acessíveis. Art. 70. As instituições promotoras de congressos, seminários,
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º des- oficinas e demais eventos de natureza científico-cultural devem
te artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus oferecer à pessoa com deficiência, no mínimo, os recursos de tec-
computadores com recursos de acessibilidade para pessoa com de- nologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
ficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e os demais
quando o resultado percentual for inferior a 1 (um). eventos de natureza científico-cultural promovidos ou financiados
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que trata o pelo poder público devem garantir as condições de acessibilidade e
art. 63 desta Lei deve ser observada para obtenção do financiamen- os recursos de tecnologia assistiva.
to de que trata o inciso III do art. 54 desta Lei. Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os projetos a
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de telecomunica- serem desenvolvidos com o apoio de agências de financiamento
ções deverão garantir pleno acesso à pessoa com deficiência, con- e de órgãos e entidades integrantes da administração pública que
forme regulamentação específica. atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar temas voltados à
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de apare- tecnologia assistiva.
lhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em parceria
outras tecnologias assistivas, possuam possibilidade de indicação e com organizações da sociedade civil, promover a capacitação de
de ampliação sonoras de todas as operações e funções disponíveis. tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro-
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens devem fissionais habilitados em Braille, audiodescrição, estenotipia e le-
permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros: gendagem.
I - subtitulação por meio de legenda oculta;
II - janela com intérprete da Libras; CAPÍTULO III
III - audiodescrição. DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de incentivo
à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a produ-
de livros em formatos acessíveis, inclusive em publicações da admi- tos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços
nistração pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade
a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à pessoal e qualidade de vida.
informação e à comunicação. Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de me-
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o abasteci- didas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro) anos, com a
mento ou a atualização de acervos de bibliotecas em todos os níveis finalidade de: (Regulamento)
e modalidades de educação e de bibliotecas públicas, o poder público I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive com ofer-
deverá adotar cláusulas de impedimento à participação de editoras ta de linhas de crédito subsidiadas, específicas para aquisição de
que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis. tecnologia assistiva;
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de importação
que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de tecnologia assistiva, especialmente as questões atinentes a pro-
de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, cedimentos alfandegários e sanitários;
permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação de caracteres, III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à produção na-
diferentes contrastes e impressão em Braille. cional de tecnologia assistiva, inclusive por meio de concessão de
§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a linhas de crédito subsidiado e de parcerias com institutos de pes-
produção de artigos científicos em formato acessível, inclusive em quisa oficiais;
Libras. IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produtiva e de
Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibilidade de importação de tecnologia assistiva;
informações corretas e claras sobre os diferentes produtos e servi-
ços ofertados, por quaisquer meios de comunicação empregados,
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Direitos Humanos
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos recursos § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de institui-
de tecnologia assistiva no rol de produtos distribuídos no âmbito do ções públicas e privadas para o desenvolvimento de tecnologias as-
SUS e por outros órgãos governamentais. sistiva e social que sejam voltadas para melhoria da funcionalidade
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste artigo, os e da participação social da pessoa com deficiência.
procedimentos constantes do plano específico de medidas deverão § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser reavaliadas
ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos. periodicamente pelo poder público, com vistas ao seu aperfeiçoa-
mento.
CAPÍTULO IV Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desenvolvimen-
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA to, a inovação e a difusão de tecnologias voltadas para ampliar o
acesso da pessoa com deficiência às tecnologias da informação e
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com deficiência comunicação e às tecnologias sociais.
todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igual- Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
dade de condições com as demais pessoas. I - o emprego de tecnologias da informação e comunicação
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o direito de vo- como instrumento de superação de limitações funcionais e de
tar e de ser votada, inclusive por meio das seguintes ações: barreiras à comunicação, à informação, à educação e ao entreteni-
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, os mate- mento da pessoa com deficiência;
riais e os equipamentos para votação sejam apropriados, acessíveis a II - a adoção de soluções e a difusão de normas que visem a am-
todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada a ins- pliar a acessibilidade da pessoa com deficiência à computação e aos
talação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência; sítios da internet, em especial aos serviços de governo eletrônico.
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a de-
sempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis de go- LIVRO II
verno, inclusive por meio do uso de novas tecnologias assistivas, PARTE ESPECIAL
quando apropriado;
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda TÍTULO I
eleitoral obrigatória e os debates transmitidos pelas emissoras de DO ACESSO À JUSTIÇA
televisão possuam, pelo menos, os recursos elencados no art. 67
desta Lei; CAPÍTULO I
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, DISPOSIÇÕES GERAIS
sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a pes-
soa com deficiência seja auxiliada na votação por pessoa de sua Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da pessoa
escolha. com deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com as
§ 2º O poder público promoverá a participação da pessoa com demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e
deficiência, inclusive quando institucionalizada, na condução das recursos de tecnologia assistiva.
questões públicas, sem discriminação e em igualdade de oportuni- § 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em
dades, observado o seguinte: todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os mem-
I - participação em organizações não governamentais relacio- bros e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no Ministério
nadas à vida pública e à política do País e em atividades e adminis- Público, na Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e
tração de partidos políticos; no sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com defi-
II - formação de organizações para representar a pessoa com ciência.
deficiência em todos os níveis; § 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência subme-
III - participação da pessoa com deficiência em organizações tida a medida restritiva de liberdade todos os direitos e garantias
que a representem. a que fazem jus os apenados sem deficiência, garantida a acessibi-
lidade.
TÍTULO IV § 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público tomarão as
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA medidas necessárias à garantia dos direitos previstos nesta Lei.
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de tecnologia
Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvimento assistiva disponíveis para que a pessoa com deficiência tenha ga-
científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas, vol- rantido o acesso à justiça, sempre que figure em um dos polos da
tados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com ação ou atue como testemunha, partícipe da lide posta em juízo,
deficiência e sua inclusão social. advogado, defensor público, magistrado ou membro do Ministério
§ 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a geração de Público.
conhecimentos e técnicas que visem à prevenção e ao tratamen- Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garantido o
to de deficiências e ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e acesso ao conteúdo de todos os atos processuais de seu interesse,
social. inclusive no exercício da advocacia.
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social devem Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão garantidos
ser fomentadas mediante a criação de cursos de pós-graduação, a por ocasião da aplicação de sanções penais.
formação de recursos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes Art. 82. (VETADO).
de áreas do conhecimento.
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222
Direitos Humanos
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do ma-
criar óbices ou condições diferenciadas à prestação de seus servi- terial discriminatório;
ços em razão de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua II - interdição das respectivas mensagens ou páginas de infor-
capacidade legal plena, garantida a acessibilidade. mação na internet.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput des- § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito da con-
te artigo constitui discriminação em razão de deficiência. denação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do
material apreendido.
CAPÍTULO II Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão,
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI benefícios, remuneração ou qualquer outro rendimento de pessoa
com deficiência:
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o
as demais pessoas. crime é cometido:
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será subme- I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testa-
tida à curatela, conforme a lei. menteiro ou depositário judicial; ou
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de pro-
de tomada de decisão apoiada. fissão.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais, casas
medida protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às de saúde, entidades de abrigamento ou congêneres:
circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover as
de sua administração ao juiz, apresentando o balanço do respectivo necessidades básicas de pessoa com deficiência quando obrigado
ano. por lei ou mandado.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio ele-
aos direitos de natureza patrimonial e negocial. trônico ou documento de pessoa com deficiência destinados ao re-
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio cebimento de benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à realização de operações financeiras, com o fim de obter vantagem
saúde, ao trabalho e ao voto. indevida para si ou para outrem:
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo cons- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
tar da sentença as razões e motivações de sua definição, preserva- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se o
dos os interesses do curatelado. crime é cometido por tutor ou curador.
§ 3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao
nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha TÍTULO III
vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curate- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
lado.
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa
a situação de curatela da pessoa com deficiência. com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público eletrônico
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger com a finalidade de coletar, processar, sistematizar e disseminar in-
os interesses da pessoa com deficiência em situação de curatela, formações georreferenciadas que permitam a identificação e a ca-
será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a reque- racterização socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como
rimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, das barreiras que impedem a realização de seus direitos.
o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de § 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder Execu-
Processo Civil . tivo federal e constituído por base de dados, instrumentos, proce-
dimentos e sistemas eletrônicos.
TÍTULO II § 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão serão obti-
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS dos pela integração dos sistemas de informação e da base de dados
de todas as políticas públicas relacionadas aos direitos da pessoa
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em com deficiência, bem como por informações coletadas, inclusive
razão de sua deficiência: em censos nacionais e nas demais pesquisas realizadas no País, de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. acordo com os parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre os
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encon- Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
trar-se sob cuidado e responsabilidade do agente. § 3º Para coleta, transmissão e sistematização de dados, é fa-
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo é cultada a celebração de convênios, acordos, termos de parceria ou
cometido por intermédio de meios de comunicação social ou de contratos com instituições públicas e privadas, observados os re-
publicação de qualquer natureza: quisitos e procedimentos previstos em legislação específica.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as li-
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá determi- berdades fundamentais da pessoa com deficiência e os princípios
nar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do éticos que regem a utilização de informações, devem ser observa-
inquérito policial, sob pena de desobediência: das as salvaguardas estabelecidas em lei.
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Direitos Humanos
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão ser utili- § 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a comprova-
zados para as seguintes finalidades: ção da escolaridade de aprendiz com deficiência deve considerar,
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a pro-
públicas para a pessoa com deficiência e para identificar as barrei- fissionalização.
ras que impedem a realização de seus direitos; ...........................................................................................
II - realização de estudos e pesquisas. § 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos ou
§ 6º As informações a que se refere este artigo devem ser dis- mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação
seminadas em formatos acessíveis. na CTPS e matrícula e frequência em programa de aprendizagem
desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pelos órgãos técnico-profissional metódica.” (NR)
de controle interno e externo, deve ser observado o cumprimen- “Art. 433. ..................................................................
to da legislação relativa à pessoa com deficiência e das normas de ...........................................................................................
acessibilidade vigentes. I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pes- para o aprendiz com deficiência quando desprovido de recursos de
soa com deficiência moderada ou grave que: acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao
I - receba o benefício de prestação continuada previsto no art. desempenho de suas atividades;
20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que passe a exer- ..................................................................................” (NR)
cer atividade remunerada que a enquadre como segurado obriga- Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 , passa a vigo-
tório do RGPS; rar com as seguintes alterações:
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de “Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de interes-
prestação continuada previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de ses coletivos, difusos, individuais homogêneos e individuais indis-
dezembro de 1993 , e que exerça atividade remunerada que a en- poníveis da pessoa com deficiência poderão ser propostas pelo Mi-
quadre como segurado obrigatório do RGPS. nistério Público, pela Defensoria Pública, pela União, pelos Estados,
Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com de- pelos Municípios, pelo Distrito Federal, por associação constituída
ficiência perante os órgãos públicos quando seu deslocamento, em há mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por autarquia, por
razão de sua limitação funcional e de condições de acessibilidade, empresa pública e por fundação ou sociedade de economia mista
imponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipótese na qual se- que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção dos in-
rão observados os seguintes procedimentos: teresses e a promoção de direitos da pessoa com deficiência.
I - quando for de interesse do poder público, o agente promo- .................................................................................” (NR)
verá o contato necessário com a pessoa com deficiência em sua “Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5
residência; (cinco) anos e multa:
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela apre- I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, procrastinar,
sentará solicitação de atendimento domiciliar ou fará representar- cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em estabelecimento de
-se por procurador constituído para essa finalidade. ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência atendi- sua deficiência;
mento domiciliar pela perícia médica e social do Instituto Nacional II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém
do Seguro Social (INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo servi- a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência;
ço privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa
e pelas entidades da rede socioassistencial integrantes do Suas, em razão de sua deficiência;
quando seu deslocamento, em razão de sua limitação funcional e IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de pres-
de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional tar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com de-
e indevido. ficiência;
Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de ordem
1965 (Código Eleitoral) , passa a vigorar com a seguinte redação: judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
“Art. 135. ................................................................. VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis
........................................................................................ à propositura da ação civil pública objeto desta Lei, quando requi-
§ 6º -A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada elei- sitados.
ção, expedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá-los na es- § 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência
colha dos locais de votação, de maneira a garantir acessibilidade menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um terço).
para o eleitor com deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusi- § 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos para
ve em seu entorno e nos sistemas de transporte que lhe dão acesso. indeferimento de inscrição, de aprovação e de cumprimento de
....................................................................................” (NR) estágio probatório em concursos públicos não exclui a responsa-
Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada bilidade patrimonial pessoal do administrador público pelos danos
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa a vigorar causados.
com as seguintes alterações: § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta o in-
“Art. 428. .................................................................. gresso de pessoa com deficiência em planos privados de assistência
........................................................................................... à saúde, inclusive com cobrança de valores diferenciados.
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência e
emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR)
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Direitos Humanos
Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990 , passa com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência So-
a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII: cial, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entida-
“Art. 20. ...................................................................... des representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados.
.............................................................................................. § 3º Para a reserva de cargos será considerada somente a con-
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição, tratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com
necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibili- deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
dade e de inclusão social. aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
..................................................................................” (NR) § 4º (VETADO).” (NR)
Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código “Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios operacio-
de Defesa do Consumidor) , passa a vigorar com as seguintes alte- nalizados pelo INSS, não será exigida apresentação de termo de
rações: curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, observados
“Art. 6º ....................................................................... os procedimentos a serem estabelecidos em regulamento.”
............................................................................................ Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput , passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º :
deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado “Art. 2º .........................................................................
o disposto em regulamento.” (NR) .............................................................................................
“Art. 43. ...................................................................... § 3º Os incentivos criados por esta Lei somente serão conce-
............................................................................................ didos a projetos culturais que forem disponibilizados, sempre que
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo tecnicamente possível, também em formato acessível à pessoa
devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a com deficiência, observado o disposto em regulamento.” (NR)
pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor.” (NR) Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 , passa
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 , passa a vigorar a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:
com as seguintes alterações: “Art. 11. .....................................................................
“Art. 16. ...................................................................... ............................................................................................
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilida-
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos de previstos na legislação.” (NR)
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou defi- Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , passa a vigo-
ciência grave; rar com as seguintes alterações:
............................................................................................ “Art. 3º .....................................................................
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de ..........................................................................................
21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectu- § 2º ...........................................................................
al ou mental ou deficiência grave; ..........................................................................................
.................................................................................” (NR) V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
“Art. 77. ..................................................................... cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
............................................................................................ deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
§ 2º .............................................................................. às regras de acessibilidade previstas na legislação.
............................................................................................ ...........................................................................................
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de am- § 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida mar-
bos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) gem de preferência para:
anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que aten-
ou mental ou deficiência grave; dam a normas técnicas brasileiras; e
................................................................................... II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que
§ 4º (VETADO). comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para
...................................................................................” (NR) pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social
“Art. 93. (VETADO): e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
I - (VETADO); ...................................................................................” (NR)
II - (VETADO); “Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2º e no
III - (VETADO); inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão cumprir, durante todo
IV - (VETADO); o período de execução do contrato, a reserva de cargos prevista
V - (VETADO). em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previ-
dência Social, bem como as regras de acessibilidade previstas na
§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário legislação.
reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo de- Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o cumprimen-
terminado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em to dos requisitos de acessibilidade nos serviços e nos ambientes de
contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após trabalho.”
a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 ,
reabilitado da Previdência Social. passa a vigorar com as seguintes alterações:
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe estabelecer “Art. 20. ......................................................................
a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas .............................................................................................
sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas
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Direitos Humanos
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação conti- § 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teóricas
nuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impe- dos cursos que precedem os exames previstos no art. 147 desta Lei
dimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou deve ser acessível, por meio de subtitulação com legenda oculta
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode associada à tradução simultânea em Libras.
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade § 2º É assegurado também ao candidato com deficiência audi-
de condições com as demais pessoas. tiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de intérprete da
............................................................................................ Libras, para acompanhamento em aulas práticas e teóricas.”
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e “Art. 154. (VETADO).”
de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da “Art. 181. ...................................................................
renda familiar per capita a que se refere o § 3º deste artigo. ..........................................................................................
............................................................................................. XVII - .........................................................................
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste Infração - grave;
artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da con- .................................................................................” (NR)
dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnera- Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº 9.615, de 24 de
bilidade, conforme regulamento.” (NR) março de 1998 , passam a vigorar com a seguinte redação:
Art. 106. (VETADO). “Art. 56. ....................................................................
Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995 , passa a vigorar ...........................................................................................
com as seguintes alterações: VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da arrecada-
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática discrimina- ção bruta dos concursos de prognósticos e loterias federais e simi-
tória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou lares cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzin-
de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado do-se esse valor do montante destinado aos prêmios;
civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, .............................................................................................
entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à § 1º Do total de recursos financeiros resultantes do percentual
criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7º da de que trata o inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois inteiros
Constituição Federal. ” (NR) e noventa e seis centésimos por cento) serão destinados ao Comitê
“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta Lei e nos dis- Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% (trinta e sete inteiros e quatro
positivos legais que tipificam os crimes resultantes de preconceito centésimos por cento) ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), de-
de etnia, raça, cor ou deficiência, as infrações ao disposto nesta Lei vendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto de normas
são passíveis das seguintes cominações: aplicáveis à celebração de convênios pela União.
..................................................................................” (NR) ..................................................................................” (NR)
“Art. 4º ........................................................................ Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o período , passa a vigorar com a seguinte redação:
de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas, “Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual
corrigidas monetariamente e acrescidas de juros legais; ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pes-
....................................................................................” (NR) soas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritá-
Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995 rio, nos termos desta Lei.” (NR)
, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º : Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , passa a
“Art. 35. ...................................................................... vigorar com as seguintes alterações:
............................................................................................. “Art. 2º .......................................................................
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo único I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para
do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa com utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
deficiência, ou o contribuinte que tenha dependente nessa condi- equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
ção, tem preferência na restituição referida no inciso III do art. 4º e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
na alínea “c” do inciso II do art. 8º .” (NR) outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou
Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
Trânsito Brasileiro) , passa a vigorar com as seguintes alterações: pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
“Art. 2º ........................................................... II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou compor-
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são considera- tamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem
das vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilida-
internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades de, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao
autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimen- acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança,
tos privados de uso coletivo.” (NR) entre outros, classificadas em:
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de que a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços
trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo;
as respectivas placas indicativas de destinação e com placas infor- b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos
mando os dados sobre a infração por estacionamento indevido.” e privados;
“Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é assegura- c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios
da acessibilidade de comunicação, mediante emprego de tecnolo- de transportes;
gias assistivas ou de ajudas técnicas em todas as etapas do proces-
so de habilitação.
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Direitos Humanos
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados em
entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos servi-
impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de ços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar equipados com
informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tec- mecanismo que emita sinal sonoro suave para orientação do pe-
nologia da informação; destre.” (NR)
III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento de “Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em área
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o de circulação comum para pedestre que ofereça risco de acidente
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua à pessoa com deficiência deverá ser indicada mediante sinalização
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condi- tátil de alerta no piso, de acordo com as normas técnicas pertinen-
ções com as demais pessoas; tes.”
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por “Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos congê-
qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou neres devem fornecer carros e cadeiras de rodas, motorizados ou
temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilida- não, para o atendimento da pessoa com deficiência ou com mobi-
de, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, ges- lidade reduzida.”
tante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da
V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com de- Cidade) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
ficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente “Art. 3º ......................................................................
pessoal; ............................................................................................
VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Es-
obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, sa- tados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção
neamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elé- de moradias e melhoria das condições habitacionais, de saneamen-
trica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abas- to básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano
tecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam e dos demais espaços de uso público;
as indicações do planejamento urbanístico; IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusi-
VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias ve habitação, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana,
e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elemen- que incluam regras de acessibilidade aos locais de uso público;
tos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modifica- .................................................................................” (NR)
ção ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses “Art. 41. ....................................................................
elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, ...........................................................................................
terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes § 3º As cidades de que trata o caput deste artigo devem ela-
de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer borar plano de rotas acessíveis, compatível com o plano diretor no
outros de natureza análoga; qual está inserido, que disponha sobre os passeios públicos a serem
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipa- implantados ou reformados pelo poder público, com vistas a ga-
mentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas rantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade
e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à reduzida a todas as rotas e vias existentes, inclusive as que concen-
atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobili- trem os focos geradores de maior circulação de pedestres, como
dade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade os órgãos públicos e os locais de prestação de serviços públicos e
de vida e inclusão social; privados de saúde, educação, assistência social, esporte, cultura,
IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abran- correios e telégrafos, bancos, entre outros, sempre que possível de
ge, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de pas-
Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- sageiros.” (NR)
lização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispo- Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
sitivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, Civil) , passa a vigorar com as seguintes alterações:
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, “Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmen-
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, in- te os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
cluindo as tecnologias da informação e das comunicações; I - (Revogado);
X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, pro- II - (Revogado);
gramas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem neces- III - (Revogado).” (NR)
sidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos “Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à manei-
de tecnologia assistiva.” (NR) ra de os exercer:
“Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos .....................................................................................
parques e dos demais espaços de uso público deverão ser conce- II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
bidos e executados de forma a torná-los acessíveis para todas as III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não pu-
pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou com mobilidade derem exprimir sua vontade;
reduzida. .............................................................................................
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório de ur- Parágrafo único . A capacidade dos indígenas será regulada por
banização e parte da via pública, normalmente segregado e em nível legislação especial.” (NR)
diferente, destina-se somente à circulação de pedestres e, quando “Art. 228. .....................................................................
possível, à implantação de mobiliário urbano e de vegetação.” (NR) .............................................................................................
“Art. 9º ........................................................................ II - (Revogado);
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Direitos Humanos
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Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005 , II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº 10.406, de 10 de janei-
passa a vigorar com a seguinte redação: ro de 2002 (Código Civil);
“Art. 1º É assegurado à pessoa com deficiência visual acom- III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406, de 10 de janei-
panhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com ro de 2002 (Código Civil);
o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo, desde 2002 (Código Civil);
que observadas as condições impostas por esta Lei. V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
............................................................................................. de 2002 (Código Civil);
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se a todas as mo- VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, de 10 de
dalidades e jurisdições do serviço de transporte coletivo de passa- janeiro de 2002 (Código Civil);
geiros, inclusive em esfera internacional com origem no território VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
brasileiro.” (NR) 2002 (Código Civil).
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em vigor em
de 2009 , passa a vigorar acrescido da seguinte alínea “k”: até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei.
“Art. 46. ...................................................................... Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir discrimina-
........................................................................................... dos, a partir da entrada em vigor desta Lei, para o cumprimento dos
IV - .............................................................................. seguintes dispositivos:
........................................................................................... I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta e oito) meses;
k) de acessibilidade a todas as pessoas. II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) meses; (Redação
.................................................................................” (NR) dada pela Lei nº 14.159, de 2021)
Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 , passa a vigo- III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses;
rar acrescida do seguinte art. 12-B: IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses.
“Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi, reser- Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a vigência da
var-se-ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores com de- Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 .
ficiência. Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e
§ 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma do caput des- oitenta) dias de sua publicação oficial .
te artigo, o condutor com deficiência deverá observar os seguintes
requisitos quanto ao veículo utilizado:
I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e LEI FEDERAL Nº 10.741/2003 – ESTATUTO DA
II - estar adaptado às suas necessidades, nos termos da legis- PESSOA IDOSA.
lação vigente.
§ 2º No caso de não preenchimento das vagas na forma esta-
belecida no caput deste artigo, as remanescentes devem ser dispo- LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.
nibilizadas para os demais concorrentes.”
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfera de go- Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providên-
verno, a elaboração de relatórios circunstanciados sobre o cumpri- cias. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mento dos prazos estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8
de novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
bem como o seu encaminhamento ao Ministério Público e aos ór- cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
gãos de regulação para adoção das providências cabíveis.
Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o caput deste TÍTULO I
artigo deverão ser apresentados no prazo de 1 (um) ano a contar DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
da entrada em vigor desta Lei.
Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações previstos nesta Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a re-
Lei não excluem os já estabelecidos em outras legislações, inclusi- gular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou supe-
ve em pactos, tratados, convenções e declarações internacionais rior a 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
aprovados e promulgados pelo Congresso Nacional, e devem ser 2022)
aplicados em conformidade com as demais normas internas e acor- Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais
dos internacionais vinculantes sobre a matéria. inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica à pessoa que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
com deficiência. todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saú-
Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação do disposto de física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espi-
nesta Lei ao tratamento diferenciado, simplificado e favorecido a ritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (Redação
ser dispensado às microempresas e às empresas de pequeno porte, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 123, de 14 de Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
dezembro de 2006 . e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta priori-
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos: (Vigência) dade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº 9.008, de 21 de março cação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
de 1995 ; liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comu-
nitária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
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Direitos Humanos
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a prote-
pela Lei nº 13.466, de 2017) ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públi-
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto cas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; dignidade.
II – preferência na formulação e na execução de políticas so-
ciais públicas específicas; CAPÍTULO II
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
cionadas com a proteção à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022) Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade assegurar à
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupa- pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
ção e convívio da pessoa idosa com as demais gerações; (Redação humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) garantidos na Constituição e nas leis. (Redação dada pela Lei nº
V – priorização do atendimento da pessoa idosa por sua pró- 14.423, de 2022)
pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os se-
não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria guintes aspectos:
sobrevivência; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa-
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas ços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços às pessoas II – opinião e expressão;
idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) III – crença e culto religioso;
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divul- IV – prática de esportes e de diversões;
gação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biop- V – participação na vida familiar e comunitária;
sicossociais de envelhecimento; VI – participação na vida política, na forma da lei;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de as- VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
sistência social locais. § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima-
Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). gem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos
§ 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prioridade especial espaços e dos objetos pessoais.
aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas necessida- § 3º É dever de todos zelar pela dignidade da pessoa idosa,
des sempre preferencialmente em relação às demais pessoas ido- colocando-a a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
sas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (Redação dada pela Lei
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo nº 14.423, de 2022)
de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido CAPÍTULO III
na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) DOS ALIMENTOS
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direi-
tos da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 11. Os alimentos serão prestados à pessoa idosa na forma
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven- da lei civil. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo a pes-
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará soa idosa optar entre os prestadores. (Redação dada pela Lei nº
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. 14.423, de 2022)
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele-
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste- bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as
munhado ou de que tenha conhecimento. referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737,
Municipais da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janei- de 2008)
ro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos da pessoa idosa, Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem
definidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao poder
público esse provimento, no âmbito da assistência social. (Reda-
TÍTULO II ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO I DO DIREITO À SAÚDE
DO DIREITO À VIDA
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde da pessoa ido-
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua sa, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi- o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
gente. das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e re-
cuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
afetam preferencialmente as pessoas idosas. (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022)
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Direitos Humanos
§ 1º A prevenção e a manutenção da saúde da pessoa idosa Parágrafo único. Não estando a pessoa idosa em condições
serão efetivadas por meio de: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de proceder à opção, esta será feita: (Redação dada pela Lei nº
de 2022) 14.423, de 2022)
I – cadastramento da população idosa em base territorial; I – pelo curador, quando a pessoa idosa for interditada; (Re-
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especiali- II – pelos familiares, quando a pessoa idosa não tiver curador
zado nas áreas de geriatria e gerontologia social; ou este não puder ser contactado em tempo hábil; (Redação dada
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a pela Lei nº 14.423, de 2022)
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco- III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não
mover, inclusive para as pessoas idosas abrigadas e acolhidas por houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventu- IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami-
almente conveniadas com o poder público, nos meios urbano e ru- liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério
ral; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Público.
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios
redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde. mínimos para o atendimento às necessidades da pessoa idosa,
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer às pessoas idosas, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, as-
gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continu- sim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoaju-
ado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao da. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
tratamento, habilitação ou reabilitação. (Redação dada pela Lei nº Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência prati-
14.423, de 2022) cada contra pessoas idosas serão objeto de notificação compulsória
§ 3º É vedada a discriminação da pessoa idosa nos planos de pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária,
saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da ida- bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quais-
de. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) quer dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
§ 4º As pessoas idosas com deficiência ou com limitação inca- 2022)
pacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei. (Re- I – autoridade policial;
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) II – Ministério Público;
§ 5º É vedado exigir o comparecimento da pessoa idosa enfer- III – Conselho Municipal da Pessoa Idosa; (Redação dada pela
ma perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o se- Lei nº 14.423, de 2022)
guinte procedimento: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) IV – Conselho Estadual da Pessoa Idosa; (Redação dada pela
I - quando de interesse do poder público, o agente promo- Lei nº 14.423, de 2022)
verá o contato necessário com a pessoa idosa em sua residência; V – Conselho Nacional da Pessoa Idosa. (Redação dada pela
ou (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Lei nº 14.423, de 2022)
II - quando de interesse da própria pessoa idosa, esta se fará § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a
representar por procurador legalmente constituído. (Redação pessoa idosa qualquer ação ou omissão praticada em local público
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psico-
§ 6º É assegurado à pessoa idosa enferma o atendimento do- lógico. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre-
(INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS, para expe- outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
dição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos
sociais e de isenção tributária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, CAPÍTULO V
de 2022) DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 (oiten-
ta) anos terão preferência especial sobre as demais pessoas idosas, Art. 20. A pessoa idosa tem direito a educação, cultura, espor-
exceto em caso de emergência. (Redação dada pela Lei nº 14.423, te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem
de 2022) sua peculiar condição de idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Art. 16. À pessoa idosa internada ou em observação é assegu- de 2022)
rado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde propor- Art. 21. O poder público criará oportunidades de acesso da pes-
cionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo soa idosa à educação, adequando currículos, metodologias e mate-
integral, segundo o critério médico. (Redação dada pela Lei nº rial didático aos programas educacionais a ela destinados. (Reda-
14.423, de 2022) ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável § 1º Os cursos especiais para pessoas idosas incluirão conteúdo
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento da relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
pessoa idosa ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escri- tecnológicos, para sua integração à vida moderna. (Redação dada
to. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 17. À pessoa idosa que esteja no domínio de suas facul- § 2º As pessoas idosas participarão das comemorações de ca-
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vi-
saúde que lhe for reputado mais favorável. (Redação dada pela Lei vências às demais gerações, no sentido da preservação da memória
nº 14.423, de 2022) e da identidade culturais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022)
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Direitos Humanos
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino timo reajustamento, com base em percentual definido em regula-
formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe- mento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de
cimento, ao respeito e à valorização da pessoa idosa, de forma a 24 de julho de 1991.
eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a maté- Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada
ria. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa
Art. 23. A participação das pessoas idosas em atividades cultu- conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente
rais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo me- ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be-
nos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísti- nefício.
cos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto
aos respectivos locais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) no caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horá- no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-
rios especiais voltados às pessoas idosas, com finalidade informati- -de-contribuição recolhidos a partir da competência de julho de
va, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991.
envelhecimento. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe-
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes- tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será
soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos
programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe-
atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535, ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês
de 2017) do efetivo pagamento.
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer- Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base
sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de dos aposentados e pensionistas.
livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados à
pessoa idosa, que facilitem a leitura, considerada a natural redução CAPÍTULO VIII
da capacidade visual. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
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Direitos Humanos
Art. 52. As entidades governamentais e não governamentais de Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter-
atendimento à pessoa idosa serão fiscalizadas pelos Conselhos da minações do art. 50 desta Lei:
Pessoa Idosa, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros pre- Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
vistos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden-
Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas
a seguinte redação: as exigências legais.
“Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de
Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação longa permanência, as pessoas idosas abrigadas serão transferidas
da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado,
político-administrativas.” (NR) enquanto durar a interdição. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos de 2022)
recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi- Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por
mento. estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pes-
determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa- soa idosa de que tiver conhecimento: (Redação dada pela Lei nº
bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin- 14.423, de 2022)
tes penalidades, observado o devido processo legal: Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
I – as entidades governamentais: (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
a) advertência; Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a
b) afastamento provisório de seus dirigentes; prioridade no atendimento à pessoa idosa: (Redação dada pela Lei
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; nº 14.423, de 2022)
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00
II – as entidades não-governamentais: (mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano
a) advertência; sofrido pela pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
b) multa; 2022)
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; CAPÍTULO V
e) proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do interes- DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS
se público. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) NORMAS DE PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA
§ 1º Havendo danos às pessoas idosas abrigadas ou qualquer (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento pro-
visório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão
programa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) atualizados anualmente, na forma da lei.
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públi- Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade admi-
cas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finali- nistrativa por infração às normas de proteção à pessoa idosa terá
dade dos recursos. início com requisição do Ministério Público ou auto de infração
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por 2 (duas)
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, in- § 1o No procedimento iniciado com o auto de infração pode-
clusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução da rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
entidade, com a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem circunstâncias da infração.
do interesse público, sem prejuízo das providências a serem toma- § 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
das pela Vigilância Sanitária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
de 2022) tro) horas, por motivo justificado.
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a na- Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
tureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro- tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
vierem para a pessoa idosa, as circunstâncias agravantes ou atenu- I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
antes e os antecedentes da entidade. (Redação dada pela Lei nº lavrado na presença do infrator;
14.423, de 2022) II – por via postal, com aviso de recebimento.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde da pessoa idosa, a
autoridade competente aplicará à entidade de atendimento as san-
ções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências
que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais
instituições legitimadas para a fiscalização. (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)
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Direitos Humanos
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem preju- que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou
ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a § 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este
fiscalização. artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori-
dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
CAPÍTULO VI as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDA- em local visível nos autos do processo.
DE DE ATENDIMENTO § 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado,
estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad- companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis § 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos
nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públi-
1999. cos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em
entidade governamental e não governamental de atendimento à relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
pessoa idosa terá início mediante petição fundamentada de pes- § 4º Para o atendimento prioritário, será garantido à pessoa
soa interessada ou iniciativa do Ministério Público. (Redação dada idosa o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a desti-
pela Lei nº 14.423, de 2022) nação a pessoas idosas em local visível e caracteres legíveis. (Re-
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento § 5º Dentre os processos de pessoas idosas, dar-se-á prioridade
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar especial aos das maiores de 80 (oitenta) anos. (Redação dada pela
adequadas, para evitar lesão aos direitos da pessoa idosa, median- Lei nº 14.423, de 2022)
te decisão fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022) CAPÍTULO II
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de DO MINISTÉRIO PÚBLICO
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen-
tos e indicar as provas a produzir. Art. 72. (VETADO)
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida- Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou- Art. 74. Compete ao Ministério Público:
tras provas. I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a pro-
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério teção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais in-
Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin- disponíveis e individuais homogêneos da pessoa idosa; (Redação
do a autoridade judiciária em igual prazo. dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de inter-
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi- dição total ou parcial, de designação de curador especial, em cir-
ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas- cunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos
tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder em que se discutam os direitos das pessoas idosas em condições de
à substituição. risco; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade III – atuar como substituto processual da pessoa idosa em situ-
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades ação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; (Redação
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
julgamento do mérito. IV – promover a revogação de instrumento procuratório da
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da pessoa idosa, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. necessário ou o interesse público justificar; (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)
TÍTULO V V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
DO ACESSO À JUSTIÇA a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen-
tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no-
CAPÍTULO I tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
DISPOSIÇÕES GERAIS ou Militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí- autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. tigatórias;
Art. 70. O poder público poderá criar varas especializadas e ex- c) requisitar informações e documentos particulares de insti-
clusivas da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de tuições privadas;
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Direitos Humanos
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou foro do domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá competência
infrações às normas de proteção à pessoa idosa; (Redação dada absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da
pela Lei nº 14.423, de 2022) Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superio-
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais res. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
assegurados à pessoa idosa, promovendo as medidas judiciais e ex- Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
trajudiciais cabíveis; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten- legitimados, concorrentemente:
dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto I – o Ministério Público;
as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
irregularidades porventura verificadas; III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser- IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
o desempenho de suas atribuições; interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
das pessoas idosas previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
14.423, de 2022) Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis de que cuida esta Lei.
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- § 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
teses, segundo dispuser a lei. ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem ou- assumir a titularidade ativa.
tras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Mi- Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
nistério Público. esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento à pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos mandado de segurança.
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di- gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da
ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, prático equivalente ao adimplemento.
será feita pessoalmente. § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
rimento de qualquer interessado. ma do art. 273 do Código de Processo Civil.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
CAPÍTULO III multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETI- suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
VOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS para o cumprimento do preceito.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
nistério Público deverão ser fundamentadas. se houver configurado.
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa, Fundo da Pessoa Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo
referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: (Reda- Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) à pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I – acesso às ações e serviços de saúde; Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
ou com limitação incapacitante; (Redação dada pela Lei nº 14.423, execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
de 2022) facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença in- daquele.
fectocontagiosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa para evitar dano irreparável à parte.
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in- autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
protegidos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
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Artigo 13 Artigo 22
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
residência dentro das fronteiras de cada Estado. segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in- ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
clusive o próprio e a esse regressar. Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de Artigo 23
procurar e de gozar asilo em outros países. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contra o desemprego.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
Artigo 15 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
nem do direito de mudar de nacionalidade. acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 16 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- Artigo 24
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a li-
ao casamento, sua duração e sua dissolução. mitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas pe-
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- riódicas.
sentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e Artigo 25
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
Artigo 17 tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
dade com outros. ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
Artigo 18 cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- mônio, gozarão da mesma proteção social.
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença Artigo 26
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
Artigo 19 trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- no mérito.
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
Artigo 20 instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
ciação pacífica. dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo Artigo 27
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
mente escolhidos. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- progresso científico e de seus benefícios.
blico do seu país. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por ria ou artística da qual seja autor.
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
Art. 3º A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de Parágrafo único. Outras formas de inserção da Educação em
promover a educação para a mudança e a transformação social, Direitos Humanos poderão ainda ser admitidas na organização cur-
fundamenta-se nos seguintes princípios: ricular das instituições educativas desde que observadas as especi-
I - dignidade humana; ficidades dos níveis e modalidades da Educação Nacional.
II - igualdade de direitos; Art. 8º A Educação em Direitos Humanos deverá orientar a
III - reconhecimento e valorização das diferenças e das diver- formação inicial e continuada de todos(as) os(as) profissionais da
sidades; educação, sendo componente curricular obrigatório nos cursos des-
IV - laicidade do Estado; tinados a esses profissionais.
V - democracia na educação; Art. 9º A Educação em Direitos Humanos deverá estar presente
VI - transversalidade, vivência e globalidade; e na formação inicial e continuada de todos(as) os(as) profissionais
VII - sustentabilidade socioambiental. das diferentes áreas do conhecimento.
Art. 4º A Educação em Direitos Humanos como processo sis- Art. 10. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa de-
temático e multidimensional, orientador da formação integral dos verão fomentar e divulgar estudos e experiências bem sucedidas
sujeitos de direitos, articula-se às seguintes dimensões: realizados na área dos Direitos Humanos e da Educação em Direitos
I - apreensão de conhecimentos historicamente construídos Humanos.
sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos interna- Art. 11. Os sistemas de ensino deverão criar políticas de produ-
cional, nacional e local; ção de materiais didáticos e paradidáticos, tendo como princípios
II - afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expres- orientadores os Direitos Humanos e, por extensão, a Educação em
sem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da socie- Direitos Humanos.
dade; Art. 12. As Instituições de Educação Superior estimularão ações
III - formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer pre- de extensão voltadas para a promoção de Direitos Humanos, em
sente em níveis cognitivo, social, cultural e político; diálogo com os segmentos sociais em situação de exclusão social
IV - desenvolvimento de processos metodológicos participati- e violação de direitos, assim como com os movimentos sociais e a
vos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didá- gestão pública.
ticos contextualizados; e Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publi-
V - fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem cação.
ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da de-
fesa dos direitos humanos, bem como da reparação das diferentes PARECER CNE/CP Nº: 8/2012
formas de violação de direitos.
Art. 5º A Educação em Direitos Humanos tem como objetivo Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos.
central a formação para a vida e para a convivência, no exercício co-
tidiano dos Direitos Humanos como forma de vida e de organização I – RELATÓRIO
social, política, econômica e cultural nos níveis regionais, nacionais Apresentação
e planetário. Este parecer foi construído no âmbito dos trabalhos de uma
§ 1º Este objetivo deverá orientar os sistemas de ensino e suas comissão interinstitucional, coordenada pelo Conselho Nacional de
instituições no que se refere ao planejamento e ao desenvolvimen- Educação (CNE) que trata do assunto em uma de suas comissões
to de ações de Educação em Direitos Humanos adequadas às neces- bicamerais. Participaram da comissão interinstitucional a Secretaria
sidades, às características biopsicossociais e culturais dos diferentes de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHPR), Secreta-
sujeitos e seus contextos. ria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
§ 2º Os Conselhos de Educação definirão estratégias de acom- (SECADI), Secretaria de Educação Superior (SESU), Secretaria de Ar-
panhamento das ações de Educação em Direitos Humanos. ticulação com os Sistemas de Ensino (SASE), Secretaria de Educação
Art. 6º A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, Básica (SEB) e o Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos
deverá ser considerada na construção dos Projetos Político-Peda- (CNEDH).
gógicos (PPP); dos Regimentos Escolares; dos Planos de Desenvol- Durante o processo de elaboração das diretrizes foram re-
vimento Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso alizadas, além das reuniões de trabalho da comissão bicameral
(PPC) das Instituições de Educação Superior; dos materiais didáticos do Conselho Pleno do CNE e da comissão interinstitucional, duas
e pedagógicos; do modelo de ensino, pesquisa e extensão; de ges- reuniões técnicas com especialistas no assunto, ligados a diversas
tão, bem como dos diferentes processos de avaliação. instituições. No intuito de construir diretrizes que expressassem os
Art. 7º A inserção dos conhecimentos concernentes à Educação interesses e desejos de todos/as os/as envolvidos/as com a edu-
em Direitos Humanos na organização dos currículos da Educação cação nacional, ocorreram consultas por meio de duas audiências
Básica e da Educação Superior poderá ocorrer das seguintes formas: públicas e da disponibilização do texto, com espaço para envio de
I - pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos sugestões, nos sites do CNE, MEC e SDH.
Direitos Humanos e tratados interdisciplinarmente; Neste processo foram de grande importância as sugestões da
II - como um conteúdo específico de uma das disciplinas já exis- Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas; Centro
tentes no currículo escolar; de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem Bascarán de
III - de maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e Açailândia, Maranhão; Diretoria de Cidadania e Direitos Humanos
disciplinaridade. (DCDH) da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Paulo, Grupo de
Estudos e Pesquisas em Sexualidades, Educação e Gênero (GEPSEX)
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Direitos Humanos
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Ob- moção de uma cultura de direitos. Essa concepção de Educação em
servatório de Educação em Direitos Humanos dos campi da Univer- Direitos Humanos é refletida na própria noção de educação expres-
sidade Estadual de São Paulo (UNESP) de Bauru e de Araraquara. sa na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996).
Introdução Apesar da existência de normativas que determinam o caráter
Os Direitos Humanos são frutos da luta pelo reconhecimento, geral dessa educação, expressas em documentos nacionais e inter-
realização e universalização da dignidade humana. Histórica e so- nacionais dos quais o País é signatário, é imprescindível, para a sua
cialmente construídos, dizem respeito a um processo em constante efetivação, a adoção de Diretrizes Nacionais para a Educação em
elaboração, ampliando o reconhecimento de direitos face às trans- Direitos Humanos, contribuindo para a promoção de uma educa-
formações ocorridas nos diferentes contextos sociais, históricos e ção voltada para a democracia e a cidadania. Uma educação que se
políticos. comprometa com a superação do racismo, sexismo, homofobia e
Nesse processo, a educação vem sendo entendida como uma outras formas de discriminação correlatas e que promova a cultura
das mediações fundamentais tanto para o acesso ao legado históri- da paz e se posicione contra toda e qualquer forma de violência.
co dos Direitos Humanos, quanto para a compreensão de que a cul-
tura dos Direitos Humanos é um dos alicerces para a mudança so- 1 Contexto histórico dos Direitos Humanos e da Educação em
cial. Assim sendo, a educação é reconhecida como um dos Direitos Direitos Humanos
Humanos e a Educação em Direitos Humanos é parte fundamental A ideia de Direitos Humanos diz respeito a um conjunto de
do conjunto desses direitos, inclusive do próprio direito à educação. direitos internacionalmente reconhecidos, como os direitos civis,
As profundas contradições que marcam a sociedade brasi- políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sejam eles
leira indicam a existência de graves violações destes direitos em individuais, coletivos, transindividuais ou difusos, que se referem à
consequência da exclusão social, econômica, política e cultural necessidade de igualdade e de defesa da dignidade humana. Atu-
que promovem a pobreza, as desigualdades, as discriminações, os ando como linguagem internacional que estabelece a sua conexão
autoritarismos, enfim, as múltiplas formas de violências contra a com os estados democráticos de direito, a política dos direitos hu-
pessoa humana. Estas contradições também se fazem presentes no manos pretende fazer cumprir: a) os direitos humanos que estão
ambiente educacional (escolas, instituições de educação superior e preconizados e trabalhar pela sua universalização e b) os princípios
outros espaços educativos). Cabe aos sistemas de ensino, gestores/ da contemporaneidade: da solidariedade, da singularidade, da co-
as, professores/as e demais profissionais da educação, em todos os letividade, da igualdade e da liberdade.
níveis e modalidades, envidar esforços para reverter essa situação Constituindo os princípios fundadores de uma sociedade mo-
construída historicamente. Em suma, estas contradições precisam derna, os Direitos Humanos têm se convertido em formas de luta
ser reconhecidas, exigindo o compromisso dos vários agentes públi- contra as situações de desigualdades de acesso aos bens materiais
cos e da sociedade com a realização dos Direitos Humanos. e imateriais, as discriminações praticadas sobre as diversidades so-
Neste contexto, a Educação em Direitos Humanos emerge cioculturais, de identidade de gênero, de etnia, de raça, de orien-
como uma forte necessidade capaz de reposicionar os compromis- tação sexual, de deficiências, dentre outras e, de modo geral, as
sos nacionais com a formação de sujeitos de direitos e de respon- opressões vinculadas ao controle do poder por minorias sociais.
sabilidades. Ela poderá influenciar na construção e na consolidação A conversão dessas lutas e de suas conquistas em normas re-
da democracia como um processo para o fortalecimento de comu- gulatórias mais sistematizadas, expressas numa Cultura de Direitos,
nidades e grupos tradicionalmente excluídos dos seus direitos. inicia-se ainda no bojo dos movimentos contrários ao Antigo Regi-
Como a Educação em Direitos Humanos requer a construção de me.
concepções e práticas que compõem os Direitos Humanos e seus Desses movimentos surgiram marcos históricos que assinalam
processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida coti- a institucionalização de direitos: o Bill of Rights das Revoluções In-
diana, ela se destina a formar crianças, jovens e adultos para parti- glesas (1640 e 1688-89); a Declaração de Virgínia (1776) no proces-
cipar ativamente da vida democrática e exercitar seus direitos e res- so da independência das 13 colônias frente à sua metrópole ingle-
ponsabilidades na sociedade, também respeitando e promovendo sa, do qual surgiram os Estados Unidos como nação; a Declaração
os direitos das demais pessoas. É uma educação integral que visa o do Homem e do Cidadão (1791), no âmbito da Revolução Francesa.
respeito mútuo, pelo outro e pelas diferentes culturas e tradições. Nesses três documentos foram afirmados direitos civis e políticos,
Para a sua consolidação, a Educação em Direitos Humanos pre- sintetizados nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade.
cisa da cooperação de uma ampla variedade de sujeitos e institui- Do século XIX até a primeira metade do século XX, a eclosão
ções que atuem na proposição de ações que a sustentam. Para isso de novos conflitos no âmbito internacional favoreceu a expansão
todos os atores do ambiente educacional devem fazer parte do pro- da Cultura de Direitos para vários países tanto europeus quanto la-
cesso de implementação da Educação em Direitos Humanos. Isso tino-americanos, bem como para outros grupos sociais. A chamada
significa que todas as pessoas, independente do seu sexo; origem Cultura de Direitos incorporou dimensões econômicas e sociais por
nacional, étnico-racial, de suas condições econômicas, sociais ou meio das quais se passou a combater as desigualdades e as opres-
culturais; de suas escolhas de credo; orientação sexual; identidade sões, pondo em evidência as diversidades biopsicossociais e cultu-
de gênero, faixa etária, pessoas com deficiência, altas habilidades/ rais da humanidade.
superdotação, transtornos globais e do desenvolvimento, têm a No século XX, com as atrocidades da 1ª Guerra Mundial e, pos-
possibilidade de usufruírem de uma educação não discriminatória teriormente, do Holocausto e das bombas atômicas de Hiroshima e
e democrática. Nagasaki, na 2ª grande guerra, os impactos e a grandiosa dimensão
Reconhecer e realizar a educação como direito humano e a do genocídio humano abalaram a consciência crítica internacional.
Educação em Direitos Humanos como um dos eixos fundamentais Logo também entram em curso vários processos descolonizadores
do direito à educação, exige posicionamentos claros quanto à pro- de países asiáticos e africanos (anos 1940-1970), que geraram guer-
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ras localizadas. Além das guerras e demais conflitos, este momento 1.1 Direitos Humanos e Educação em Direitos Humanos no
trouxe para a agenda internacional a questão do desenvolvimento Brasil
dos países do chamado Terceiro Mundo. No Brasil, conforme anunciado, o tema dos Direitos Humanos
O impacto desses conflitos impulsionou a criação, em 1945, ganha força a partir do processo de redemocratização ocorrido nos
da Organização das Nações Unidas (ONU) como um organismo anos de 1980, com a organização política dos movimentos sociais e
regulador da ordem internacional, bem como a elaboração, em de setores da sociedade civil. Estes se opuseram a um regime dita-
1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que firmou torial (1964-1985), de tipo militar, que, por suas deliberadas práti-
a concepção contemporânea de Direitos Humanos, ancorada no cas repressivas, se configurou como um dos períodos mais violado-
tripé universalidade, indivisibilidade e interdependência. Naquele res dos Direitos Humanos.
momento, a Cultura de Direitos se ampliava para uma Cultura de Em resposta a estas violações, as organizações em defesa
Direitos Humanos. Afirmava-se a universalidade dos direitos, apli- dos Direitos Humanos constituíram-se em movimentos organiza-
cável a todas as nações, povos e seres humanos; integravam-se as dos contra a carestia, em defesa do meio-ambiente, na luta pela
várias dimensões de direitos (civis, políticos, econômicos, sociais, moradia, por terra, pela união dos/das estudantes, pela educação
culturais e ambientais) e tematizavam-se novos objetos de direitos, popular, em prol da democratização do sistema educacional, entre
tais como: as problemáticas do desenvolvimento e da autodetermi- outros. Nessa nova conjuntura os discursos e práticas em torno dos
nação dos povos, relacionadas ao contexto pós-guerra, bem como, Direitos Humanos buscavam instaurar uma contra-hegemonia por
à educação e à cultura. meio de suas lutas por emancipação.
Não obstante tal orientação universalizante de direitos, novos A ampliação do escopo de suas ações levou as organizações em
processos históricos apontaram para outras situações de violações defesa dos Direitos Humanos a empreenderem incursões mais inci-
dos Direitos Humanos. Nos anos de 1960-1970, por exemplo, o sivas no campo da Educação em Direitos Humanos. Assim, tal como
amplo processo de implantação de ditaduras militares na América ocorrido em outros países da América Latina, essa proposta de edu-
Latina, mediante fortíssima repressão, censura, prisões, desapareci- cação no Brasil se apresenta como prática recente, desenvolvendo-
mento e assassinatos de milhares de opositores/opositoras aos re- -se, ainda no contexto da repressão ditatorial, a partir do encontro
gimes ditatoriais, representou um retrocesso nas lutas por direitos entre educadores/as, populares e militantes dos Direitos Humanos.
civis, sociais e políticos. Sendo assim, com a retomada da democracia e a promulgação
Neste período, o Brasil, embora também vivenciando a expe- da Constituição Federal de 1988, cria-se um marco jurídico para a
riência da ditadura militar, torna-se signatário, em 1966, do pacto elaboração de propostas educacionais pautadas nos Direitos Hu-
internacional dos direitos civis e políticos e do pacto internacional manos, surgidas a partir da década de 1990. É nesse contexto que
dos direitos econômicos e sociais. Apesar da assinatura de tais do- surgem as primeiras versões do Programa Nacional de Direitos Hu-
cumentos o tema dos Direitos Humanos no Brasil ganhará maior manos (PNDH), produzidos entre os anos de 1996 e 2002. Dentre os
evidência em agendas públicas ou ações populares a partir das lutas documentos produzidos a respeito desse programa, no que diz res-
e movimentos de oposição ao regime ditatorial. peito ao tema da Educação em Direitos Humanos, merece destaque
Nos anos de 1980, as lutas da sociedade civil dos vários países o PNDH-3, de 2010, que apresenta um eixo orientador destinado
latino-americanos pela redemocratização reverberaram na temati- especificamente para a promoção e garantia da Educação e Cultura
zação de novos direitos e embates para sua institucionalização. Sen- em Direitos Humanos.
do assim, tomando o exemplo da América Latina, pode-se observar É a partir de 2003 que a Educação em Direitos Humanos ga-
que as transformações e as reivindicações advindas de processos nhará um Plano Nacional (PNEDH), revisto em 2006, aprofundando
sociais, históricos, culturais e políticos de resistência aos regimes questões do Programa Nacional de Direitos Humanos e incorporan-
ditatoriais desempenharam importante papel no movimento de de- do aspectos dos principais documentos internacionais de Direitos
fesa e promoção dos Direitos Humanos. Humanos dos quais o Brasil é signatário. Esse plano se configura
Na contemporaneidade novos desafios e lutas continuam sen- como uma política educacional do estado voltada para cinco áreas:
do postos na agenda de debates e ações dos grupos envolvidos com educação básica, educação superior, educação não-formal, mídia e
a defesa e promoção dos Direitos Humanos. É importante lembrar, formação de profissionais dos sistemas de segurança e justiça. Em
a este respeito, as implicações do fenômeno da globalização, tanto linhas gerais, pode-se dizer que o PNEDH ressalta os valores de tole-
no estabelecimento de um idioma universal de direitos humanos, rância, respeito, solidariedade, fraternidade, justiça social, inclusão,
buscando a sua promoção nos diversos países ou contextos nacio- pluralidade e sustentabilidade.
nais, quanto, paradoxalmente, nas violações de tais direitos. Assim, o PNEDH define a Educação em Direitos Humanos como
Neste processo, as reações que os grupos e países em situação um processo sistemático e multidimensional que orienta a forma-
de maior desigualdade e pobreza no contexto capitalista apontam ção do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões:
para as possibilidades de uma política emancipatória dos Direitos a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos
Humanos, quando o caráter global dos direitos é legitimado em pro- sobre direitos humanos e a sua relação com os contextos interna-
cessos culturais de tradução e negociação locais (SANTOS, 1997). cional, nacional e local;
Em decorrência desse contexto vários organismos internacio- b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expres-
nais vêm, sistematicamente, alargando a pauta dos Direitos Huma- sem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da socie-
nos bem como a sua regulamentação. dade;
É diante de tal contexto internacional que a Educação em Direi- c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer pre-
tos Humanos emerge como um dos direitos básicos da Cultura de sente em níveis cognitivo, social, cultural e político;
Direitos que se pretende universalizar. d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos
e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos
contextualizados;
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e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) no que diz
ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da de- respeito à implementação do Plano Nacional de Educação em Direi-
fesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações tos Humanos (PNEDH), colocam como pressupostos e fundamentos
Nas últimas décadas tem-se assistido a um crescente processo de para o Ensino Médio de qualidade social o tema dos Direitos Huma-
fortalecimento da construção da Educação em Direitos Humanos nos como um dos seus princípios norteadores.
no País, por meio do reconhecimento da relação indissociável entre O Parecer CNE/CEB nº 5/2011 que fundamenta essas diretrizes
educação e Direitos Humanos. Desde então, foi adotada uma série reconhece a educação como parte fundamental dos Direitos Hu-
de dispositivos que visam a proteção e a promoção de direitos de manos. Nesse sentido, chama a atenção para a necessidade de se
crianças e adolescentes; a educação das relações étnico-raciais; a implementar processos educacionais que promovam a cidadania, o
educação escolar quilombola; a educação escolar indígena; a edu- conhecimento dos direitos fundamentais, o reconhecimento e a va-
cação ambiental10; a educação do campo; a educação para jovens lorização da diversidade étnica e cultural, de identidade de gênero,
e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimen- de orientação sexual, religiosa, dentre outras, enquanto formas de
tos penais, as temáticas de identidade de gênero e orientação sexu- combate ao preconceito e à discriminação.
al na educação; a inclusão educacional das pessoas com deficiência Além dessas diretrizes, o CNE ainda aborda a temática dos Di-
e a implementação dos direitos humanos de forma geral no sistema reitos Humanos na Educação por meio de normativas específicas
de ensino brasileiro. voltadas para as modalidades da Educação Escolar Indígena, Edu-
Evidenciando a importância que vem ocupando no cenário cação Para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade
educacional brasileiro, a Educação em Direitos Humanos foi tema- nos Estabelecimentos Penais, Educação Especial, Educação Escolar
tizada na Conferência Nacional de Educação (CONAE) em 2010, no Quilombola (em elaboração), Educação Ambiental (em elaboração),
eixo VI - Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade Educação de Jovens e Adultos, dentre outras.
e Igualdade. As escolas, nessa orientação, assumem importante papel na
Justiça social, igualdade e diversidade “não são antagônicas. garantia dos Direitos Humanos, sendo imprescindível, nos diver-
[...] Em uma perspectiva democrática e, sobretudo, em sociedades sos níveis, etapas e modalidades de ensino, a criação de espaços e
pluriétnicas, pluriculturais e multirraciais, [...] deverão ser eixos da tempos promotores da cultura dos Direitos Humanos. No ambiente
democracia e das políticas educacionais, desde a educação básica escolar, portanto, as práticas que promovem os Direitos Humanos
e educação superior que visem a superação das desigualdades em deverão estar presentes tanto na elaboração do projeto político-
uma perspectiva que articula a educação e os Direitos Humanos” -pedagógico, na organização curricular, no modelo de gestão e ava-
(BRASIL, 2010). O documento final resultante dessa conferência liação, na produção de materiais didático-pedagógicos, quanto na
apresenta importantes orientações para seu tratamento nos siste- formação inicial e continuada dos/as profissionais da educação.
mas de ensino. Destaque-se que tais orientações serão ratificadas Pelo exposto, pode-se afirmar que a relevância da Educação em
ao longo deste documento. Direitos Humanos aparece explícita ou implicitamente nos princi-
O Conselho Nacional de Educação também tem se posicionado pais documentos que norteiam as políticas e práticas educacionais.
a respeito da relação entre Educação e Direitos Humanos por meio No entanto, a efetivação da Educação em Direitos Humanos no sis-
de seus atos normativos. Como exemplo podem ser citadas as Dire- tema educacional brasileiro implica na adoção de um conjunto de
trizes Gerais para a Educação Básica, as Diretrizes Curriculares Na- diretrizes norteadoras para que esse processo ocorra de forma inte-
cionais para a Educação Infantil, do Ensino Fundamental de 9 (nove) grada, com a participação de todos/as e, sobretudo, de maneira sis-
anos e para o Ensino Médio. tematizada a fim de que as garantias exigidas para sua construção e
Nas Diretrizes Gerais para a Educação Básica o direito à edu- consolidação sejam observadas.
cação é concebido como direito inalienável de todos/as os/as cida- Embora avanços possam ser verificados em relação ao reco-
dãos/ãs e condição primeira para o exercício pleno dos Direitos Hu- nhecimento de direitos nos marcos legais, ainda se está distante de
manos. Neste sentido, afirma que uma escola de qualidade social assegurar na prática os fundamentos clássicos dos Direitos Huma-
deve considerar as diversidades, o respeito aos Direitos Humanos, nos - a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Ainda hoje se pode
individuais e coletivos, na sua tarefa de construir uma cultura de constatar a dificuldade de consolidação de uma cultura social de Di-
Direitos Humanos formando cidadãos/ãs plenos/as. O parecer do reitos Humanos, em parte devido aos preconceitos presentes numa
CNE/CEB nº 7/2010, recomenda que o tema dos Direitos Humanos sociedade marcada por privilégios e pouco afeita aos compromissos
deverá ser abordado ao longo do desenvolvimento de componen- assumidos nacional e internacionalmente.
tes curriculares com os quais guardam intensa ou relativa relação Não se pode ignorar a persistência de uma cultura, construída
temática, em função de prescrição definida pelos órgãos do sistema historicamente no Brasil, marcada por privilégios, desigualdades,
educativo ou pela comunidade educacional, respeitadas as caracte- discriminações, preconceitos e desrespeitos.
rísticas próprias da etapa da Educação Básica que a justifica (BRA- Sobretudo em uma sociedade multifacetada como a brasileira,
SIL, 2010, p. 24) esta herança cultural é um obstáculo à efetivação do Estado Demo-
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil crático de Direito. Assim, considera-se que a mudança dessa situ-
(Parecer CNE/CEB nº 20/2009 e Resolução CNE/CEB nº 5/2009), por ação não se opera sem a contribuição da educação realizada nas
sua vez, reconhece a criança como sujeito de direito, inserindo-a no instituições educativas, particularmente por meio da Educação em
mundo dos Direitos Humanos, no que diz respeito aos direitos fun- Direitos Humanos.
damentais à saúde, alimentação, lazer, educação, proteção contra a
violência, discriminação e negligência, bem como o direito à parti-
cipação na vida social e cultural. Já as Diretrizes Curriculares Nacio-
nais para o Ensino Médio (Parecer CNE/CEB nº 5/2011 e Resolução
CNE/CEB nº 2/2012), ao levarem em consideração as deliberações
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2 Fundamentos da Educação em Direitos Humanos • Dignidade humana: Relacionada a uma concepção de exis-
A busca pela universalização da Educação Básica e democrati- tência humana fundada em direitos. A ideia de dignidade huma-
zação do acesso a Educação Superior trouxe novos desafios para o na assume diferentes conotações em contextos históricos, sociais,
campo das políticas educacionais. Novos contingentes de estudan- políticos e culturais diversos. É, portanto, um princípio em que se
tes, por exemplo, trouxeram à tona, para os ambientes educacio- devem levar em consideração os diálogos interculturais na efetiva
nais, a questão das diversidades de grupos e sujeitos historicamen- promoção de direitos que garantam às pessoas e grupos viverem de
te excluídos do direito à educação e, de um modo geral, dos demais acordo com os seus pressupostos de dignidade.
direitos. Tal situação colocou como necessidade a adoção de novas • Igualdade de direitos: O respeito à dignidade humana, de-
formas de organização educacional, de novas metodologias de en- vendo existir em qualquer tempo e lugar, diz respeito à necessária
sino-aprendizagem, de atuação institucional, buscando superar pa- condição de igualdade na orientação das relações entre os seres hu-
radigmas homogeneizantes. manos. O princípio da igualdade de direitos está ligado, portanto, à
A Educação em Direitos Humanos, como um paradigma cons- ampliação de direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais
truído com base nas diversidades e na inclusão de todos/as os/as e ambientais a todos os cidadãos e cidadãs, com vistas a sua uni-
estudantes, deve perpassar, de modo transversal, currículos, rela- versalidade, sem distinção de cor, credo, nacionalidade, orientação
ções cotidianas, gestos, “rituais pedagógicos”, modelos de gestão. sexual, biopsicossocial e local de moradia.
Sendo assim, um dos meios de sua efetivação no ambiente educa- • Reconhecimento e valorização das diferenças e das diversida-
cional também poderá ocorrer por meio da (re)produção de conhe- des: Esse princípio se refere ao enfrentamento dos preconceitos e
cimentos voltados para a defesa e promoção dos Direitos Humanos. das discriminações, garantindo que diferenças não sejam transfor-
A Educação em Direitos Humanos envolve também valores e madas em desigualdades. O princípio jurídico-liberal de igualdade
práticas considerados como campos de atuação que dão sentido de direitos do indivíduo deve ser complementado, então, com os
e materialidade aos conhecimentos e informações. Para o estabe- princípios dos direitos humanos da garantia da alteridade entre as
lecimento de uma cultura dos Direitos Humanos é necessário que pessoas, grupos e coletivos.
os sujeitos os signifiquem, construam-nos como valores e atuem na Dessa forma, igualdade e diferença são valores indissociáveis
sua defesa e promoção. que podem impulsionar a equidade social.
A Educação em Direitos Humanos tem por escopo principal • Laicidade do Estado: Esse princípio se constitui em pré-condi-
uma formação ética, crítica e política. A primeira se refere à for- ção para a liberdade de crença garantida pela Declaração Universal
mação de atitudes orientadas por valores humanizadores, como a dos Direitos Humanos, de 1948, e pela Constituição Federal Brasilei-
dignidade da pessoa, a liberdade, a igualdade, a justiça, a paz, a ra de 1988. Respeitando todas as crenças religiosas, assim como as
reciprocidade entre povos e culturas, servindo de parâmetro ético- não crenças, o Estado deve manter-se imparcial diante dos conflitos
-político para a reflexão dos modos de ser e agir individual, coletivo e disputas do campo religioso, desde que não atentem contra os
e institucional. direitos fundamentais da pessoa humana, fazendo valer a sobera-
A formação crítica diz respeito ao exercício de juízos reflexivos nia popular em matéria de política e de cultura O Estado, portanto,
sobre as relações entre os contextos sociais, culturais, econômicos deve assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa do País,
e políticos, promovendo práticas institucionais coerentes com os sem praticar qualquer forma de proselitismo.
Direitos Humanos. • Democracia na educação: Direitos Humanos e democracia ali-
A formação política deve estar pautada numa perspectiva cerçam-se sobre a mesma base - liberdade, igualdade e solidarieda-
emancipatória e transformadora dos sujeitos de direitos. Sob esta de - expressando-se no reconhecimento e na promoção dos direitos
perspectiva promover-se-á o empoderamento de grupos e indivídu- civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais. Não há
os, situados à margem de processos decisórios e de construção de democracia sem respeito aos Direitos Humanos, da mesma forma
direitos, favorecendo a sua organização e participação na sociedade que a democracia é a garantia de tais direitos. Ambos são processos
civil. Vale lembrar que estes aspectos tornam-se possíveis por meio que se desenvolvem continuamente por meio da participação. No
do diálogo e aproximações entre sujeitos biopsicossociais, históri- ambiente educacional, a democracia implica na participação de to-
cos e culturais diferentes, bem como destes em suas relações com dos/as os/as envolvidos/as no processo educativo.
o Estado. • Transversalidade, vivência e globalidade: Os Direitos Huma-
Uma formação ética, critica e política (in)forma os sentidos da nos se caracterizam pelo seu caráter transversal e, por isso, devem
EDH na sua aspiração de ser parte fundamental da formação de su- ser trabalhados a partir do diálogo interdisciplinar. Como se trata
jeitos e grupos de direitos, requisito básico para a construção de da construção de valores éticos, a Educação em Direitos Huma-
uma sociedade que articule dialeticamente igualdade e diferença. nos é também fundamentalmente vivencial, sendo-lhe necessária
Como afirma Candau (2010:400): “Hoje não se pode mais pensar a adoção de estratégias metodológicas que privilegiem a constru-
na afirmação dos Direitos Humanos a partir de uma concepção de ção prática destes valores. Tendo uma perspectiva de globalidade,
igualdade que não incorpore o tema do reconhecimento da s dife- deve envolver toda a comunidade escolar: alunos/as, professores/
renças, o que supõe lutar contra todas as formas de preconceito e as, funcionários/as, direção, pais/mães e comunidade local. Além
discriminação”. disso, no mundo de circulações e comunicações globais, a EDH deve
estimular e fortalecer os diálogos entre as perspectivas locais, re-
2.1 Princípios da Educação em Direitos Humanos gionais, nacionais e mundiais das experiências dos/as estudantes.
A Educação em Direitos Humanos, com finalidade de promover • Sustentabilidade socioambiental: A EDH deve estimular o res-
a educação para a mudança e a transformação social, fundamenta- peito ao espaço público como bem coletivo e de utilização demo-
-se nos seguintes princípios: crática de todos/as. Nesse sentido, colabora para o entendimento
de que a convivência na esfera pública se constitui numa forma de
educação para a cidadania, estendendo a dimensão política da edu-
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cação ao cuidado com o meio ambiente local, regional e global. A • ações, experiências, vivências de cada um dos/as participan-
EDH, então, deve estar comprometida com o incentivo e promoção tes;
de um desenvolvimento sustentável que preserve a diversidade da • múltiplas relações com o entorno;
vida e das culturas, condição para a sobrevivência da humanidade • condições sócio-afetivas;
de hoje e das futuras gerações. • condições materiais;
Ainda que as instituições de educação básica e superior não • infraestrutura para a realização de propostas culturais edu-
sejam as únicas instâncias a educar os indivíduos em Direitos Hu- cativas.
manos, elas têm como responsabilidade a promoção e legitimação Tendo esses aspectos em mente, a ideia de um ambiente edu-
dos seus princípios como norteadores dos laços sociais, éticos e cacional promotor dos Direitos Humanos liga-se ao reconhecimen-
políticos. Isso se faz mediante a formação de sujeitos de direitos, to da necessidade de respeito às diferenças, garantindo a realização
capazes de defender, promover e reivindicar novos direitos. de práticas democráticas e inclusivas, livres de preconceitos, dis-
criminações, violências, assédios e abusos sexuais, dentre outras
2.2 Objetivos da Educação em Direitos Humanos formas de violação à dignidade humana. Sob o ponto de vista da
Um dos principais objetivos da defesa dos Direitos Humanos gestão, isso significa que todos os espaços e relações que têm lugar
é a construção de sociedades que valorizem e desenvolvam condi- no ambiente educacional devem se guiar pelos princípios da EDH e
ções para a garantia da dignidade humana. se desenvolverem por meio de processos democráticos, participa-
Nesse marco, o objetivo da Educação em Direitos Humanos é tivos e transparentes.
que a pessoa e/ou grupo social se reconheça como sujeito de direi- Então, quando se fala em ambiente educacional promotor da
tos, assim como seja capaz de exercê-los e promovê-los ao mesmo Educação em Direitos Humanos deve-se considerar que esse tipo
tempo em que reconheça e respeite os direitos do outro. A EDH de educação se realiza na interação da experiência pessoal e coleti-
busca também desenvolver a sensibilidade ética nas relações inter- va. Sendo assim, não é estática ou circunscrita a textos, declarações
pessoais, em que cada indivíduo seja capaz de perceber o outro em e códigos.
sua condição humana. Trata-se de um processo que se recria e se reelabora na inter-
Nesse horizonte, a finalidade da Educação em Direitos Huma- subjetividade, nas vivências e relações dos sujeitos, na relação com
nos é a formação para a vida e para a convivência, no exercício co- o meio ambiente, nas práticas pedagógicas e sociais do cotidiano e
tidiano dos Direitos Humanos como forma de vida e de organização nos conflitos sociais, constituindo-se, assim, num modo de orienta-
social, política, econômica e cultural (MALDONADO, 2004, p. 24). ção e condução da vida.
Esses objetivos orientam o planejamento e o desenvolvimento de A esse respeito é importante lembrar que, inerentes à convi-
diversas ações da Educação em Direitos Humanos, adequando-os vência humana, os conflitos também se fazem presentes nas ins-
às necessidades, às características de seus sujeitos e ao contexto tituições de educação. Estas são microcosmos sociais onde as di-
nos quais são efetivados. versidades se encontram. Nelas estão presentes valores, visões de
mundo, necessidades, culturas, crenças, preferências das mais dife-
3 O ambiente educacional como espaço e tempo dos DH e da rentes ordens. O convívio com tal diversidade, como se sabe, pode
EDH suscitar conflitos.
Sabe-se que os processos formativos envolvem diferentes tem- Assim sendo, tais instituições devem analisar a realidade criti-
pos, lugares, ações e vivências em diversos contextos de socializa- camente, permitindo que as diferentes visões de mundo se encon-
ção, como a comunidade, a família, grupos culturais, os meios de trem e se confrontem por meio de processos democráticos e pro-
comunicação, as instituições escolares, dentre outros. Os vários cedimentos éticos e dialógicos, visando sempre o enfrentamento
ambientes de aprendizagem ou formação, nesse sentido, se relacio- das injustiças e das desigualdades. É dessa forma que o ambiente
nam em determinados momentos ou situações, caso dos ambien- educativo favorecerá o surgimento de indivíduos críticos capazes
tes escolares em que se encontram diversos indivíduos oriundos de analisar e avaliar a realidade a partir do parâmetro dos Direitos
de variados contextos sociais e culturais, com histórias e visões de Humanos.
mundo particulares. É chamando a atenção para estes aspectos que Nesse sentido, o conflito no ambiente educacional é pedagó-
a ideia de ambiente educacional pode ser entendida como tempo gico uma vez que por meio dele podem ser discutidos diferentes
e espaço potenciais para a vivência e promoção dos Direitos Huma- interesses, sendo possível, com isso, firmar acordos pautados pelo
nos e da prática da Educação em Direitos Humanos. respeito e promoção aos Direitos Humanos. Além disso, a função
Sendo assim, é importante ressaltar que o ambiente educacio- pedagógica da mediação permite que os sujeitos em conflito pos-
nal diz respeito não apenas ao meio físico, envolvendo também as sam lidar com suas divergências de forma autônoma, pacífica e soli-
diferentes interações que se realizam no interior e exterior de uma dária, por intermédio de um diálogo capaz de empoderá-los para a
instituição de educação. Compreende, então, os espaços e tempos participação ativa na vida em comum, orientada por valores basea-
dos processos educativos que se desenvolvem intra e extramuros dos na solidariedade, justiça e igualdade.
escolares e acadêmicos, exemplificados pelas aulas; pelas relações
interpessoais estabelecidas entre as diferentes pessoas e os seus 4. A Educação em Direitos Humanos nas instituições de edu-
papéis sociais, bem como pelas formas de interação entre institui- cação básica e educação superior
ções de educação, ambiente natural, comunidade local e sociedade A Educação em Direitos Humanos também ocorre mediante a
de um modo geral. aproximação entre instituições educacionais e comunidade, a in-
Segundo Duarte (2003) o ambiente educacional está relaciona- serção de conhecimentos, valores e práticas convergentes com os
do a todos os processos educativos que têm lugar nas instituições, Direitos Humanos nos currículos de cada etapa e modalidade da
abrangendo: educação básica, nos cursos de graduação e pós-graduação, nos
Projetos Políticos Pedagógicos das escolas (PPP), nos Planos de De-
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Direitos Humanos
senvolvimento Institucionais (PDI) e nos Programas Pedagógicos de Mesmo sabendo que a escola não é o único lugar onde esses
Curso (PPC) das instituições de educação superior. Em suma, nos conhecimentos são construídos, reconhece-se que é nela onde eles
diferentes espaços e tempos que instituem a vida escolar e acadê- são apresentados de modo mais sistemático. Ao desempenhar essa
mica. importante função social, a escola pode ser compreendida, de acor-
A inserção dos conhecimentos concernentes à Educação em Di- do com o PNEDH como:
reitos Humanos na organização dos currículos da Educação Básica Um espaço social privilegiado onde se definem a ação institu-
e Educação Superior poderá se dar de diferentes formas, como por cional pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos. [...]
exemplo: local de estruturação de concepções de mundo e de consciência
• pela transversalidade, por meio de temas relacionados aos social, de circulação e de consolidação de valores, de promoção da
Direitos Humanos e tratados interdisciplinarmente; diversidade cultural, da formação para a cidadania, de constituição
• como um conteúdo específico de uma das disciplinas já exis- de sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas
tentes no currículo escolar; (BRASIL, 2006, p. 23).
• de maneira mista, ou seja, combinando transversalidade e Essa escola, Alain Touraine (1998) denomina de escola demo-
disciplinaridade; cratizante, entendendo-a como aquela que assume o compromisso
Não é demasiado lembrar que os sistemas de ensino e suas de formar os indivíduos para serem atores sociais, ensina a respei-
instituições têm autonomia para articular e adaptar essas possibi- tar a liberdade do outro, os direitos individuais, a defesa dos inte-
lidades de implementação da EDH em suas orientações teóricas e resses sociais e os valores culturais, objetivando o combate a todos
práticas no processo educativo, observando os princípios e objeti- os tipos de preconceitos e discriminações com qualquer segmento
vos gerais da Educação em Direitos Humanos. Há, todavia, especi- da sociedade.
ficidades da Educação Básica e da Educação Superior que precisam Nessa concepção, a Educação em Direitos Humanos não se li-
ser explicitadas. mita à contextualização e à explicação das variáveis sociais, econô-
micas, políticas e culturais que interferem e orientam os processos
4.1 Na Educação Básica educativos, embora ela seja imprescindível para a compreensão da
A escola de educação básica é um espaço privilegiado de for- sua construção. Faz parte dessa educação a apreensão dos conte-
mação pelas contribuições que possibilitam o desenvolvimento do údos que dão corpo a essa área, como a história, os processos de
ser humano. A socialização e a apreensão de determinados conhe- evolução das conquistas e das violações dos direitos, as legislações,
cimentos acumulados ao longo da história da humanidade podem os pactos e acordos que dão sustentabilidade e garantia aos direi-
ser efetivados na ambiência da educação básica por meio de suas tos.
diferentes modalidades e múltiplas dimensionalidades, tais como Além disso, os conteúdos devem estar associados ao desenvol-
a educação de jovens e adultos, educação no campo, educação vimento de valores e de comportamentos éticos na perspectiva de
indígena, educação quilombola, educação étnico-racial, educação que o ser humano é parte da natureza e sempre incompleto em
em sexualidade, educação ambiental, educação especial, dentre termos da sua formação. O ser humano por ter essa incompletude
outras. tem necessidade permanente de conhecer, construir e reconstruir
A vivência da Educação em Direitos Humanos, nesse nível de regras de convivência em sociedade.
ensino, deve ter o cotidiano como referência para analisá-lo, com- É importante destacar alguns princípios que norteiam a Educa-
preendê-lo e modificá-lo. Isso requer o exercício da cidadania ativa ção em Direitos Humanos na Educação Básica, definidos no PNEDH
de todos/as os/as envolvidos/as com a educação básica. Sendo a (BRASIL, 2006) e referendados no Programa Nacional de Direitos
cidadania ativa entendida como o exercício que possibilita a prática Humanos - PNDH-3 (BRASIL, 2010), no sentido de contribuir com os
sistemática dos direitos conquistados, bem como a ampliação de sistemas de ensino e suas instituições de educação na elaboração
novos direitos. Nesse sentido, contribui para a defesa da garantia das suas respectivas propostas pedagógicas:
do direito à educação básica pública, gratuita e laica para todas as • a Educação em Direitos Humanos além de ser um dos eixos
pessoas, inclusive para os que a ela não tiveram acesso na idade fundamentais da educação básica, deve orientar a formação inicial
própria. É possível afirmar que essa garantia é condição para pensar e continuada dos/as profissionais da educação, a elaboração do
e estruturar a Educação em Direitos Humanos, considerando que a projeto político pedagógico, os materiais didáticopedagógicos, o
efetividade do acesso às informações possibilita a busca e a amplia- modelo de gestão e a avaliação das aprendizagens.
ção dos direitos. • A prática escolar deve ser orientada para a Educação em Di-
Conforme estabelece o PNEDH (BRASIL, 2006, p. 23), “a uni- reitos Humanos, assegurando o seu caráter transversal e a relação
versalização da educação básica, com indicadores precisos de qua- dialógica entre os diversos atores sociais.
lidade e de equidade, é condição essencial para a disseminação do • Os/as estudantes devem ser estimulados/as para que sejam
conhecimento socialmente produzido e acumulado e para a demo- protagonistas da construção de sua educação, com o incentivo, por
cratização da sociedade”. Essa é a principal função social da escola exemplo, do fortalecimento de sua organização estudantil em grê-
de educação básica. mios escolares e em outros espaços de participação coletiva.
A democratização da sociedade exige, necessariamente, infor- • Participação da comunidade educativa na construção e efeti-
mação e conhecimento para que a pessoa possa situar-se no mun- vação das ações da Educação em Direitos Humanos.
do, argumentar, reivindicar e ampliar novos direitos. Cabe chamar a atenção para a importância de alicerçar o Pro-
A informação toma uma relevância maior quando se lida com jeto Político Pedagógico nos princípios, valores e objetivos da Edu-
os vários tipos de conhecimentos e saberes, sejam eles caracteriza- cação em Direitos Humanos que deverão transversalizar o conjunto
dos como tecnológicos, instrumentais, populares, filosóficos, socio- das ações em que o currículo se materializa. Propõe-se assim que,
lógicos, científicos, pedagógicos, entre outros (SILVA,2010).
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Direitos Humanos
no currículo escolar, sejam incluídos conteúdos sobre a realidade Alguns desses desafios serão explicitados mais adiante.
social, ambiental, política e cultural, dialogando com as problemáti-
cas que estão próximas da realidade desses estudantes. 4.2 Na Educação Superior
Com isso pretende-se possibilitar a incorporação de conheci- O Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PME-
mentos e de vivências democráticas, incluindo o estímulo a parti- DH- 2, 2010) tratando da sua implementação na educação superior,
cipação dos/as estudantes na vida escolar, inclusive na organização destaca a responsabilidade das IES com a formação de cidadãos/ãs
estudantil, para a busca e defesa dos direitos e responsabilidades éticos/as comprometidos/as com a construção da paz, da defesa
coletivas. dos direitos humanos e dos valores da democracia, além da respon-
Para que a instituição educativa se constitua em um ambien- sabilidade de gerar conhecimento mundial visando atender os atu-
te educativo democrático, local de diferentes aprendizagens, é ne- ais desafios dos direitos humanos, como a erradicação da pobreza,
cessário considerar também as diversas fases de desenvolvimento do preconceito e da discriminação.
da criança, jovens e adultos respeitando as suas individualidades Sendo assim, as responsabilidades das IES com a Educação em
enquanto sujeitos de direitos. Assim, os jogos e as brincadeiras de- Direitos Humanos no ensino superior estão ligadas aos processos
vem ter por princípios o respeito integral aos direitos do outro, a de construção de uma sociedade mais justa, pautada no respeito e
convivência democrática, a sociabilidade socioambiental e a solida- promoção dos Direitos Humanos, aspectos ratificados pelo PNEDH
riedade. como forma de firmar o compromisso brasileiro com as orientações
Sob a perspectiva da EDH as metodologias de ensino na educa- internacionais. Com base nessas, toda e qualquer ação de Educação
ção básica devem privilegiar a participação ativa dos /as estudantes em Direitos Humanos deve contribuir para a construção de valores
como construtores/as dos seus conhecimentos, de forma proble- que visam a práxis transformadora da sociedade, perpassando os
matizadora, interativa, participativa e dialógica. São exemplos das espaços e tempos da educação superior.
possibilidades que a vivência destas metodologias pode possibilitar: Vê-se, com isso, que a inserção da Educação em Direitos Hu-
• construir normas de disciplinas e de organização da escola, manos na Educação Superior deve ser transversalizada em todas
com a participação direta dos/as estudantes; as esferas institucionais, abrangendo o ensino, a pesquisa, a exten-
• discutir questões relacionadas à vida da comunidade, tais são e a gestão. No ensino, por exemplo, os Direitos Humanos, nos
como problemas de saúde, saneamento básico, educação, mora- projetos pedagógicos dos cursos e suas atividades curriculares, po-
dia, poluição dos rios e defesa do meio ambiente, transporte, entre dem ser incluídos como conteúdos complementares e flexíveis, por
outros; meio de seminários e atividades interdisciplinares, como disciplinas
• trazer para a sala de aula exemplos de discriminações e pre- obrigatórias e/ou optativas ou ainda de maneira mista, combinando
conceitos comuns na sociedade, a partir de situação-problema e mais de um modo de inserção por meio do diálogo com várias áreas
discutir formas de resolvê-las; de conhecimento. Como ação transversal e interdisciplinar, numa
• tratar as datas comemorativas que permeiam o calendário perspectiva crítica de currículo, a EDH propõe a relação entre teoria
escolar de forma articulada com os conteúdos dos Direitos Huma- e prática, entre as garantias formais e a efetivação dos direitos.
nos de forma transversal, interdisciplinar e disciplinar; No que se refere à pesquisa, vale lembrar que, semelhante a
• trabalhar os conteúdos curriculares integrando-os aos con- qualquer área de conhecimento, o desenvolvimento de saberes e
teúdos da área de DH, através das diferentes linguagens; musical, ações no campo da Educação em Direitos Humanos se dá princi-
corporal, teatral, literária, plástica, poética, entre outras, com me- palmente com o apoio de investigações especializadas. “A pesqui-
todologias ativa, participativa e problematizadora. sa científica nos mais variados campos do conhecimento e da vida
Para a efetivação da educação com esses fundamentos teóri- associativa produz resultados passíveis de serem incorporados a
co-metodológicos será necessário o enfrentamento de muitos de- programas e políticas de promoção da paz, do desenvolvimento, da
safios nos âmbitos legais e práticos das políticas educacionais bra- justiça, da igualdade e das liberdades” (ADORNO; CARDIA, 2008,
sileiras. Um dos maiores desafios que obstaculizam a concretização p.196), assim como da fraternidade.
da EDH nos sistemas de ensino é a inexistência, na formação dos/as As demandas por conhecimentos na área dos direitos huma-
profissionais nas diferentes áreas de conhecimento, de conteúdos e nos requerem uma política de incentivo que institua a realização de
metodologias fundados nos DH e na EDH. estudos e pesquisas. Faz-se necessário, nesse sentido, a criação de
Com relação a essa preocupação há uma recomendação explí- núcleos de estudos e pesquisas com atuação em temáticas como
cita no Documento Final da Conferência Nacional de Educação 2010 violência, direitos humanos, segurança pública, criança e adoles-
(CONAE), na área específica da Educação em Direitos Humanos, que cente, relações de gênero, identidade de gênero, diversidade de
se refere à ampliação da [...] formação continuada dos/as profissio- orientação sexual, diversidade cultural, dentre outros.
nais da educação em todos os níveis e modalidades de ensino, de O Programa Nacional de Direitos Humanos III (2009) e o Plano
acordo com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos e Nacional de educação em Direitos Humanos (2006) reiteram a ne-
dos planos estaduais de Direitos Humanos, visando à difusão, em cessidade destes estudos e pesquisas, bem como a criação, a lon-
toda a comunidade escolar, de práticas pedagógicas que reconhe- go prazo, dos Direitos Humanos como área de conhecimento nos
çam e valorizem a diversidade e a democracia participativa. (BRA- órgãos de fomento a pesquisa. Enfatizam ainda a importância da
SIL, 2010, p. 162) organização de acervos e da memória institucional como valor de-
Ao lado do reconhecimento da existência de muitos desafios, mocrático e pedagógico.
há o entendimento de que eles precisam ser enfrentados coletiva- Nas atividades de extensão, a inclusão dos Direitos Humanos
mente para a garantia de uma educação de qualidade social que no Plano Nacional de Extensão Universitária enfatiza o compro-
possibilita a inclusão e permanência dos/as estudantes com resul- misso das universidades com a promoção e a defesa dos Direitos
tados positivos no ambiente educacional e na sociedade quando Humanos. É oportuno lembrar, a este respeito, a necessidade das
assentada na perspectiva da EDH. Instituições de Ensino Superior atenderem demandas não só forma-
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Direitos Humanos
tivas, mas também de intervenção por meio da aproximação com O terceiro diz respeito à socialização dos estudos e experiên-
os segmentos sociais em situação de exclusão social e violação de cias bem sucedidas desenvolvidos na área dos Direitos Humanos,
direitos, assim como os movimentos sociais e a gestão pública. À IES realizados em instituições de ensino e centros independentes,
cabe, portanto, o papel de assessorar governos, organizações so- como institutos e organizações não governamentais. Torna-se ne-
ciais e a sociedade na implementação dos Direitos Humanos como cessário, então, o fomento às pesquisas em Educação em Direitos
forma de contribuição para a consolidação da democracia. Humanos e nas temáticas que a integram no âmbito das instituições
Na gestão, os direitos humanos devem ser incorporados na cul- de educação superior que, por sua vez, poderão promover encon-
tura e gestão organizacional, no modo de mediação de conflitos, tros, seminários, colóquios e publicações de caráter interdisciplinar
na forma de lidar e reparar processos de violações através de ouvi- a fim de divulgar os novos conhecimentos produzidos na área.
dorias e comissões de direitos humanos, na representação institu- O quarto desafio a ser enfrentado pelas instituições de educa-
cional e intervenção social junto às esferas públicas de cidadania, a ção e de ensino está ligado à perspectiva do respeito às diversida-
exemplo da participação das IES em conselhos, comitês e fóruns de des como aspecto fundamental na reflexão sobre as diversas for-
direitos e políticas públicas. As Instituições de Ensino Superior não mas de violência que ocasionam a negação dos Direitos Humanos.
estão isentas de graves violações de direitos. Nesse sentido, o reconhecimento político das diversidades, fruto da
Muitas delas (re)produzem privilégios de classe e discrimina- luta de vários movimentos sociais, ainda se apresenta como neces-
ções étnicas, raciais, de orientação sexual, dentre outras. Mesmo sidade urgente no ambiente educacional, dadas as recorrentes situ-
com tantas conquistas no campo jurídico-político, ainda persiste a ações de preconceitos e discriminações que nele ocorrem.
falta de igualdade de oportunidades de acesso e permanência na O quinto desafio se refere à compreensão ampla da participa-
Educação Superior, sendo ainda necessária a implementação de po- ção democrática requerida pela Educação em Direitos Humanos.
líticas públicas que, efetivamente, revertam as situações de exclu- Nesse sentido, é preciso lembrar da necessidade de representação
são a que estão sujeitos muitos/as estudantes brasileiros/as. de todos os segmentos que integram a comunidade escolar e aca-
Espera-se de uma IES que contemple os Direitos Humanos dêmica em seus diferentes tempos e espaços. É dessa forma que
como seus princípios orientadores e a Educação em Direitos Huma- se construirá o sentido de participação política entre os diferen-
nos como parte do processo educativo. Sem o respeito aos Direitos tes atores que compõem o ambiente escolar. No que diz respeito
Humanos não será possível consolidar uma democracia substancial, à participação na construção do conhecimento, é imprescindível
nem garantir uma vida de qualidade para todos/as. Será preciso o considerar o protagonismo discente e docente, favorecendo as suas
compromisso com a construção de uma cultura de direitos, contri- participações ativas.
buindo para o bem estar de todos/as e afirmação das suas condi- O sexto desafio refere-se à necessidade de criação de políticas
ções de sujeitos de direitos. de produção de materiais didáticos e paradidáticos, tendo como
princípios orientadores o respeito à dignidade humana e a diver-
5 Desafios sidade cultural e socioambiental, na perspectiva de educar para a
Ter leis que garantam direitos não significa que estes sejam (re) consolidação de uma cultura de Direitos Humanos nos sistemas de
conhecidos e vivenciados no ambiente educacional, bem como nas ensino.
demais instituições sociais. Diante disso, torna-se premente a efe- O sétimo desafio está ligado ao reconhecimento da importân-
tivação de uma cultura dos Direitos Humanos, reafirmando a im- cia da Educação em Direitos Humanos e sua relação com a mídia e
portância do papel da Educação em Direitos Humanos. No entanto, as tecnologias da informação e comunicação.
para se alcançar tal objetivo é necessário enfrentar alguns desafios. O caráter crítico da informação e da comunicação deverá se
O primeiro deles é a formação, pautada nas questões perti- pautar nos direitos humanos, favorecendo a democratização do
nentes aos Direitos Humanos, de todos/as os/as profissionais da acesso e a reflexão dos conteúdos veiculados. A garantia do direito
educação nas diferentes áreas do conhecimento, uma vez que es- humano deve considerar também a livre expressão de pensamento,
ses conteúdos não fizeram e, em geral, não fazem parte dos cursos como forma de combate a toda forma de censura ou exclusão.
de graduação e pós-graduação, nem mesmo da Educação Básica Por fim, posto que direitos humanos e educação em direitos
(SILVA, FERREIRA, 2010, p. 89). Sendo assim, compreende-se que humanos são indissociáveis, o oitavo desafio se refere à efetivação
a formação destes/as profissionais deverá contemplar o conheci- dos marcos teórico-práticos do diálogo intercultural ao nível local e
mento e o reconhecimento dos temas e questões dos Direitos Hu- global, de modo a garantir o reconhecimento e valorização das di-
manos com o intuito de desenvolver a capacidade de análise critica versidades socioculturais, o combate às múltiplas opressões, o exer-
a respeito do papel desses direitos na sociedade, na comunidade, cício da tolerância e da solidariedade, tendo em vista a construção
na instituição, fazendo com que tais profissionais se identifiquem e de uma cultura em direitos humanos capaz de constituir cidadãos/
identifiquem sua instituição como protetores e promotores destes ãs comprometidos/as com a democracia, a justiça e a paz.
direitos. II – VOTO DA COMISSÃO
O segundo desafio diz respeito à valorização desses/as profis- Ao aprovar este Parecer e o Projeto de Resolução anexo, a co-
sionais que deverão ser compreendidos/as e tratados/as como su- missão bicameral de Educação em Direitos Humanos submete-os
jeitos de direitos, o que implica, por parte dos entes federados res- ao Conselho Pleno para decisão.
ponsáveis pelas políticas educacionais, garantir condições dignas de
trabalho que atendam as necessidades básicas e do exercício pro- III – DECISÃO DO CONSELHO PLENO
fissional. Tal situação requer o efetivo cumprimento das políticas de O Conselho Pleno aprova, por unanimidade, o voto da Comis-
profissionalização, assegurando garantias instituídas nos diversos são. Plenário, 6 de março de 2012.
planos de carreira de todos/as os/as trabalhadores/as da educação.
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
A Constituição de 1988 inova, assim, ao incluir, dentre os di- Evolução dos Direitos Fundamentais
reitos constitucionalmente protegidos, os direitos enunciados nos Os direitos fundamentais foram sendo reconhecidos pelos
tratados internacionais de que o Brasil seja signatário. Ao efetuar textos constitucionais e pelo ordenamento jurídico dos países de
tal incorporação, a Carta está a atribuir aos direitos internacionais forma gradativa e histórica, aos poucos, os autores começaram a
uma hierarquia especial e diferenciada: a hierarquia de norma cons- reconhecer as gerações destes, podendo ser sintetizadas da seguin-
titucional. te forma:
Conjugando os artigos 1º, III, 4º e 5º, § 2º, outra conclusão
não resta senão a aceitação pelo texto constitucional do alcance 1) Direitos de primeira geração: Surgidos no século XVII, eles
universal dos direitos humanos. cuidam da proteção das liberdades públicas, ou seja, os direitos in-
Quanto ao caráter indivisível, interdependente e inter-rela- dividuais, compreendidos como aqueles inerentes ao homem e que
cionado dos direitos humanos, ressalte-se que a Carta de 1988 é devem ser respeitados por todos os Estados, como o direito à liber-
a primeira Constituição que integra ao elenco dos direitos funda- dade, à vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto,
mentais, os direitos sociais, que nas Cartas anteriores restavam entre outros. São limites impostos à atuação do Estado.
pulverizados no capítulo pertinente à ordem econômica e social. A
opção da Carta é clara ao afirmar que os direitos sociais são direitos 2) Direitos de segunda geração: Correspondem aos direitos de
fundamentais, sendo pois inconcebível separar os valores liberdade igualdade, significa um fazer do Estado em prol dos menos favore-
(direitos civis e políticos) e igualdade (direitos sociais, econômicos cidos pela ordem social e econômica. Passou-se a exigir do Estado
e culturais). sua intervenção para que a liberdade do homem fosse protegida
Logo, a Constituição Brasileira de 1988 acolhe a concepção con- totalmente (o direito à saúde, ao trabalho, à educação, o direito
temporânea de direitos humanos, ao reforçar a universalidade e a de greve, entre outros). Veio atrelado ao Estado Social da primeira
indivisibilidade desses direitos.4 metade do século passado. A natureza do comportamento perante
o Estado serviu de critério distintivo entre as gerações, eis que os
Dispositivos Constitucionais de primeira geração exigiam do Estado abstenções (prestações ne-
Os direitos humanos da Constituição Federal de 1988, são os gativas), enquanto os de segunda exigem uma prestação positiva.
que tomaram por base os reconhecidos no âmbito internacional e
foram positivados como “Direitos e garantias fundamentais”. 3) Direitos de terceira geração: Os chamados de solidariedade
A Constituição de 1988, em seu Título II, classifica o gênero “di- ou fraternidade, voltados para a proteção da coletividade. As Cons-
reito e garantias fundamentais” em cinco espécies: tituições passam a tratar da preocupação com o meio ambiente, da
1. Direitos individuais; conservação do patrimônio histórico e cultural, etc. A partir destas,
2. Direitos coletivos; vários outros autores passam a identificar outras gerações, ainda
3. Direitos sociais; que não reconhecidas pela unanimidade de todos os doutrinado-
4. Direitos à nacionalidade; res.
5. Direitos políticos.
4) Direitos de quarta geração: Segundo orientação de Nor-
Evolução Histórica dos Direitos Fundamentais berto Bobbio, a quarta geração de direitos humanos está ligada à
Alguns autores apontam como marco inicial dos direitos funda- questão do biodireito. Referida geração de direitos decorreria dos
mentais a Magna Carta Inglesa (1215). Os direitos ali estabelecidos, avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco
entretanto, não visavam a garantir uma esfera irredutível de liber- a própria existência humana, por meio da manipulação genética.
dades aos indivíduos em geral, mas, sim, essencialmente, a assegu- Por outro lado, o Professor Paulo Bonavides, afirma que em
rar poder político aos barões mediante a limitação dos poderes do razão do processo de globalização econômica, com consequente
rei. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo) afrouxamento da soberania do Estado Nacional, existe uma ten-
A positivação dos direitos fundamentais deu-se a partir da Re- dência de globalização dos direitos fundamentais, de forma a uni-
volução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem (em versalizá-los institucionalmente, sendo a única que realmente inte-
1789), e das declarações de direitos formuladas pelos Estados Ame- ressaria aos povos da periferia, citando como exemplos: o direito à
ricanos, ao firmarem sua independência em relação à Inglaterra democracia, à informação e ao pluralismo.
(Virgínia Bill of Rights, em 1776). Originam-se, assim, as Constitui- 5) Direitos da quinta geração: Em que pese doutrinadores en-
ções liberais dos Estados ocidentais dos séculos XVIII e XIX. quadrarem os direitos humanos de quinta geração como sendo os
Os primeiros direitos fundamentais têm o seu surgimento liga- que envolvam a cibernética e a informática. Paulo Bonavides, vê na
do à necessidade de se imporem limites e controles aos atos prati- quinta geração o espaço para o direito à paz, chegando a afirmar
cados pelo Estado e suas autoridades constituídas. Nasceram, pois, que a paz é axioma da democracia participativa, ou ainda, supremo
como uma proteção à liberdade do indivíduo frente à ingerência direito da humanidade.
abusiva do Estado. Por esse motivo – por exigirem uma abstenção, Vale observar que ainda que se fale em gerações, não existe
um não-fazer do Estado em respeito à liberdade individual – são qualquer relação de hierarquia entre estes direitos, mesmo porque
denominados direitos negativos, liberdades negativas, ou direitos todos interagem entre si, de nada servindo um sem a existência dos
de defesa. outros. Esta nomenclatura adveio apenas em decorrência do tempo
de surgimento, na eterna e constante busca do homem por mais
proteção e mais garantias, com o objetivo de alcançar uma socieda-
4 A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA CONSTITUCIONAL de mais justa, igualitária e fraterna.
BRASILEIRO. Flávia Piovesan. Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/centro-
deestudos/revistaspge/revista5/5rev4.htm
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Direitos Humanos
Diferença entre Direitos e Garantias Contudo, essa regra de aplicação imediata, não é absoluta. Em-
No ordenamento jurídico pode ser feita uma distinção en- bora a regra seja a eficácia e a aplicabilidade imediata dos direitos
tre normas declaratórias, que estabelecem direitos, e normas fundamentais, o fato é que existem direitos fundamentais que con-
assecuratórias, as garantias, que asseguram o exercício desses substanciam normas de eficácia limitada, dependentes de regula-
direitos. Assim, os direitos são bens e vantagens prescritos na mentação por lei para a produção de seus efeitos essenciais.
norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos Características
(preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. Segundo o Professor José Afonso da Silva; direitos e garantias
Convém ressaltar que as garantias de direito fundamental fundamentais são aquelas prerrogativas e instituições que o Direito
não se confundem com os remédios constitucionais. As garantias Positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e
constitucionais são de conteúdo mais abrangente, incluindo todas igual de todas as pessoas, são considerados indispensáveis.
as disposições assecuratórias de direitos previstas na Constituição. Vejamos as seguintes características:
Vejamos dois exemplos: - Historicidade: são produtos da evolução histórica.
- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo as- - Inalienabilidade: Não é possível a transferência de direitos
segurado o livre-exercício dos cultos religiosos – art. 5º, VI (direito) fundamentais, a qualquer título ou forma (ainda que gratuita);
-, garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto e suas - Irrenunciabilidade: Não está sequer à disposição do seu ti-
liturgias (garantia). tular, abrir mão de sua existência. Pode até não usá-los adequada-
- direito ao juízo natural (direito) – art. 5º, XXXVII, veda a insti- mente, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-los.
tuição de juízo ou tribunal de exceção (garantia). - Imprescritibilidade: Não se perdem com o decurso do tempo;
Os direitos e garantias previstos no art. 5.º da CF têm como des- - Relatividade ou Limitabilidade: Não há nenhuma hipótese
tinatários as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, de direito humano absoluto, eis que todos podem ser ponderados
públicas ou privadas ou mesmo entes despersonalizados nacionais com os demais. Como esclarece à perfeição André Ramos Tavares,
(massa falida, espólio, etc.), estrangeiros residentes ou estrangeiros ao afirmar: “não existe nenhum direito humano consagrado pelas
de passagem pelo território nacional. constituições que se possa considerar absoluto, no sentido de sem-
pre valer como máxima a ser aplicada nos casos concretos, inde-
Abrangência: Rol Exemplificativo pendentemente da consideração de outras circunstâncias ou valo-
Trata-se de um rol exemplificativo e não um rol taxativo na res constitucionais”. Nesse sentido, é correto afirmar que os direitos
medida em que os direitos e garantias expressos na Constituição fundamentais não são absolutos.
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela - Universalidade: São reconhecidos em todo o mundo. Todos
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fede- os seres humanos têm direitos fundamentais que devem ser devi-
rativa do Brasil seja parte (art. 5º, § 2º). damente respeitados.
- Os direitos fundamentais formalmente constitucionais são
aqueles expressamente previstos na Constituição, em qualquer Titularidade dos Direitos Individuais e Coletivos
dispositivo de seu texto. - Brasileiros natos e naturalizados e as pessoas jurídicas que
- Os direitos fundamentais materialmente constitucionais sejam constituídas no Brasil de acordo com as leis brasileiras.
são aqueles que não estão previstos no texto da Constituição - Estrangeiros residentes e apátridas. A expressão “residentes
Federal de 1988, mas sim em outras normas jurídicas. Esses no Brasil” deve ser interpretada no sentido de que a carta federal só
direitos fundamentais materialmente constitucionais não possuem pode assegurar a validade e gozo dos direitos fundamentais dentro
hierarquia constitucional, exceto se previstos em tratados e do território brasileiro, não excluindo, pois, o estrangeiro em trânsi-
convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados na to pelo território nacional, que possui igualmente acesso às ações.
forma do art. 5º, § 32, da Constituição Federal. Assim sendo, temos os direitos e garantias previstos no art. 5.º
- Os direitos fundamentais catalogados são aqueles da CF têm como destinatários as pessoas físicas ou jurídicas, nacio-
enumerados no catálogo próprio dos direitos fundamentais, no nais ou estrangeiras, públicas ou privadas ou mesmo entes desper-
Título II da Constituição Federal (arts. 5º ao 17). sonalizados nacionais (massa falida, espólio, etc.).
- Os direitos fundamentais fora do catálogo são todos os
previstos fora do catálogo dos direitos fundamentais, em outros DIREITO À VIDA:
artigos da Constituição. O direito ao meio ambiente, por exemplo, O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5º, caput,
é um direito fundamental de terceira geração, previsto no art. 225 abrange tanto o direito de não ser morto, privado de vida, portanto,
do Texto Maior (não catalogado, portanto). o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida
digna.
Aplicabilidade
Nos termos do art. 5º, § 1º dispõe que as normas definidoras 1) Direito de Não Ser Morto:
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Esse a) Proibição da pena de morte: (art. 5.º, XLVII, “a”)
comando constitucional, embora inserto no art. 5º da Constituição, A CF assegura o direito de não ser morto quando proíbe a pena
não tem sua aplicação restrita aos direitos e garantias fundamentais de morte. A aplicação da pena de morte só é permitida em caso de
individuais e coletivos arrolados nos incisos deste mesmo artigo. guerra externa declarada. Não é possível a introdução da pena de
Sua incidência alcança as diferentes classes de direitos e garan- morte por Emenda Constitucional, visto que o direito à vida é direi-
tias fundamentais de nossa Carta Magna, ainda que indicados fora to individual e o art. 60, § 4.º, dispõe que os direitos individuais não
do catálogo próprio, a eles destinado (arts. 5º ao 17). poderão ser modificados por emenda (cláusula pétrea, imutável).
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Direitos Humanos
4) Liberdade de Trabalho, Ofício ou Profissão (art. 5.º, XIII): - Durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado
É assegurada a liberdade de escolher qual a atividade que se de Sítio (art. 139, IV), poderá ser restringido o direito de reunião.
exercerá. Essa é uma norma de eficácia contida porque tem uma - Este direito poderá ser exercido independentemente de pré-
aplicabilidade imediata, no entanto traz a possibilidade de ter o seu via autorização do Poder Público, desde que não frustre outra reu-
campo de incidência contido por meio de requisitos exigidos por nião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
lei. A lei exige que certos requisitos de capacitação técnica sejam exigido prévio aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso é
preenchidos para que se possa exercer a profissão (Exemplo: O fundamental para que a autoridade administrativa tome as provi-
advogado deve ser bacharel em direito e obter a carteira da OAB dências necessárias relacionadas ao trânsito, organização etc.
por meio de um exame; O engenheiro deve ter curso superior de
engenharia; etc.). 7) Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normalmente,
a liberdade de associação se manifesta por meio de uma reunião.
5) Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade física Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de reu-
de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF nião e a liberdade de associação. A reunião é importante para que
como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que se exerça a associação, visto que normalmente a associação começa
se exerça o direito das demais liberdades. Todas as garantias penais com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de algumas ou
e processuais penais previstas no art. 5.º são normas que tratam muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com o objetivo
da proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas de atingir um fim lícito sob direção unificante. A associação, assim
corpus é voltado especificamente para a liberdade de locomoção. como a reunião, é uma união de pessoas que se distingue pelo tem-
Essa norma também é de eficácia contida, principalmente no que po, visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingi-
diz respeito à liberdade de sair, entrar e permanecer em território do em um único momento na associação, enquanto na reunião, o
nacional. A lei pode estabelecer exigências para sair, entrar ou objetivo se exaure em tempo determinado.
permanecer no país, visando a proteção da soberania nacional.
DIREITO À IGUALDADE
6) Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão O inciso I do art. 5º traz, em seu bojo, um dos princípios mais
constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com importantes existentes no ordenamento jurídico brasileiro, qual
o objetivo de trocar ideias para o alcance de um fim comum. O seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igualou
direito de reunião pode ser analisado sob dois enfoques: De um os direitos e obrigações dos homens e mulheres, todavia, permitin-
lado a liberdade de se reunir para decidir um interesse comum e de do as diferenciações realizadas nos termos da Constituição.
outro lado à liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá Quando falamos em igualdade, podemos fazer a distinção en-
ser obrigado a reunir-se. Para a caracterização desse direito, devem tre igualdade material e igualdade formal. A igualdade material é
ser observados alguns requisitos a fim de que não se confunda com aquela efetiva, onde realmente é possível perceber que há aplica-
o direito de associação. São eles: bilidade da máxima que “os iguais serão tratados igualmente e os
a) Pluralidade de participantes: Trata-se de uma ação coletiva, desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades”. Já, a
ou seja, deve haver várias pessoas para que possa haver uma reu- igualdade formal é aquela explicitada pela lei, que nem sempre é
nião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico vista na realidade de modo efetivo. Desta maneira, é importante
entre as pessoas reunidas, diferentemente da associação, em que salientar que nem sempre a igualdade formal corresponde à igual-
as pessoas estão vinculadas juridicamente. dade material.
b) Tempo: A reunião tem duração limitada, enquanto na asso- Tal princípio vem sendo muito discutido ultimamente, princi-
ciação, a duração é ilimitada. palmente no que diz respeito às cotas raciais utilizadas pelos negros
c) Finalidade: A reunião pressupõe uma organização com o pro- com a finalidade de ingressarem em faculdades públicas.
pósito determinado de atingir certo fim. É a finalidade que vai dis- De acordo com entendimento firmado pelo Supremo Tribunal
tinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade deve Federal, de forma vinculante, ninguém pode ser privado de direitos,
ter determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma nem sofrer quaisquer restrições de ordem jurídica, em razão de sua
finalidade lícita, pacífica e não deve haver armamento. orientação sexual, como, por exemplo, a percepção de benefício
d) Lugar: Deve ser predeterminado para a realização da reu- pela morte de companheiro do mesmo sexo. Com base no mes-
nião. Não é necessária a autorização prévia para que se realize a mo entendimento, a Suprema Corte, deu interpretação conforme
reunião, no entanto, o Poder Público deve ser avisado com antece- ao art. 1.723 do Código Civil, para assegurar o reconhecimento da
dência para que não se permita que haja reunião de grupos rivais união entre pessoas do mesmo sexo de forma contínua, pública e
em mesmo local e horário. O objetivo do aviso ao Poder Público duradoura como entidade familiar.
também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado
com segurança. DIREITO À SEGURANÇA
O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam: A CF, no caput do art. 5.º, quando fala de segurança, está se
- Não pode ser uma reunião que tenha por objetivo fins ilícitos; referindo à segurança jurídica. Refere-se à segurança de que as
- Não pode haver reunião que não seja pacífica e não deve agressões a um direito não ocorrerão e, se ocorrerem, existirá uma
haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV). A presença de pessoas eventual reparação pelo dano que a pessoa tenha. O Estado deve
armadas em uma reunião não significa, no entanto, que a reunião atuar no sentido de preservar as prerrogativas dispostas nas nor-
deva ser dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de mas jurídicas. Não basta ao Estado criar e reconhecer direitos ao
desarmar a pessoa, mas sem dissolver a reunião. Em caso de pas- indivíduo; tem o dever de zelar por eles, assegurando a todos o
seata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que exercício, com a devida tranquilidade, do direito a vida, integridade
ela será realizada; física, liberdade, propriedade etc.
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Direitos Humanos
5) Juiz natural (art. 5.º, LIII): A decisão de um caso concreto 12) Princípios processuais gerais: Os princípios processuais ge-
deve ser feita pelo Juiz natural que é o Juiz ou o Tribunal investido rais estão presentes na matéria penal, ou seja, deverão sempre ser
de poder pela lei para dizer o direito no caso concreto, ou seja, é aplicados.
o Juiz ou Tribunal que tem a competência, previamente expressa,
para julgar determinado caso concreto. Discute-se, hoje, a existên- a) Princípio da estrita legalidade penal (art. 5.º, XXXIX): A CF
cia ou não do princípio do Promotor Natural, que seria extraído da dispõe sobre o princípio genérico da legalidade. Em determinados
locução; processar, prevista no inc. LIII do art. 5.º da CF. Conforme campos, entretanto, a CF tem o cuidado de reforçá-lo, aplicando-o
leciona Nelson Nery; no âmbito interno do Ministério Público, o especificamente a cada área. Esse é, então, o princípio da estrita
princípio do Promotor Natural incide para restringir os poderes do legalidade. Para que o comportamento seja punido pelo Estado, se
Procurador-Geral de Justiça de efetuar substituições, designações
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Direitos Humanos
o crime estiver descrito em lei e se essa lei for anterior ao com- - Garantia de conservação: Ninguém pode ser privado de seus
portamento ilícito, somente poderá ser aplicada a pena que a lei bens fora das hipóteses previstas na Constituição.
estabelecer. - Garantia de compensação: Caso privado de seus bens, o pro-
prietário tem o direito de receber a devida indenização, equivalente
b) Princípio da irretroatividade (exceção, art. 5.º, XL): Há um aos prejuízos sofridos.
reforço nessa ideia quando se trata de matéria penal. O próprio Di- Desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma para si ou
reito Penal, entretanto, excepciona esse princípio, ou seja, há a pos- transfere para terceiros bens de particulares, mediante o pagamen-
sibilidade de retroatividade da lei no tempo para beneficiar o réu. to de justa e prévia indenização. Trata-se de forma originária de
aquisição de propriedade. A desapropriação é a forma mais drás-
Existem algumas outras garantias previstas na CF/88, quais se- tica do poder de intervenção do Estado na economia, só sendo ad-
jam: missível nas hipóteses especialmente previstas na Constituição. São
- Princípio da incomunicabilidade da pena: A pena não pode estas as hipóteses de desapropriação:
passar da pessoa do criminoso. A CF prevê somente uma hipótese
de comunicabilidade da pena, que é o caso de indenização, quando a) por necessidade pública;
os sucessores respondem por ela até o quinhão da herança (inc. b) por utilidade pública; e
XLV); c) interesse social.
- Garantia de que determinado tipo de pena não será aplicada:
Há limitação à própria atividade do Estado. Existem penas que o le- A indenização paga pelo Poder Público no processo de desa-
gislador não poderá cominar, quais sejam: pena de morte, pena de propriação, para ser juridicamente válida precisa atender a deter-
caráter perpétuo, pena de trabalho forçado, pena de banimento e minadas exigências constitucionais. Deve ser:
penas cruéis. A pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
assegurando a divisão por sexo, idade e gravidade do delito; a) justa (deve ser feita de forma integral, reparando todo o pre-
- Princípio do Juiz natural: Ninguém poderá ser sentenciado juízo sofrido pelo particular);
nem preso senão pela autoridade competente; b) prévia (o pagamento deve ser feito antes do ingresso na ti-
- Princípio da presunção de inocência: Todos são inocentes até tularidade do bem); e
que se prove o contrário. Ninguém será considerado culpado até o c) em dinheiro (o pagamento deve ser feito em moeda corrente
trânsito em julgado da sentença. Somente poderá ser preso aque- e não em títulos para pagamento futuro e de liquidez incerta).
le que for pego em flagrante ou tiver ordem escrita fundamentada
pela autoridade judiciária competente. Em linhas gerais, vislumbra-se que a Constituição de 1988 foi a
- Proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso de devedor primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas também
de pensão alimentícia (inc. LXVII): A prisão civil é medida privativa de grupos sociais, os denominados direitos coletivos.
de liberdade, sem caráter de pena, com a finalidade de compelir Assim, as pessoas passaram a ser coletivamente consideradas.
o devedor a satisfazer uma obrigação. Nos termos da Constituição Por outro lado, pela primeira vez, junto com direitos foram estabe-
Federal a prisão civil será cabível em duas situações, no caso de lecidos expressamente deveres fundamentais. Tanto os agentes pú-
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia blicos como os indivíduos têm obrigações específicas, inclusive a de
e no caso do depositário infiel. Porém, o Pacto de San José da Cos- respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na ordem social.
ta Rica, ratificado pelo Brasil (recepcionado de forma equivalente a
norma constitucional), autoriza a prisão somente em razão de dívi-
da alimentar. Desta forma, não se admite, por manifesta inconsti-
tucionalidade, a prisão civil por dívida no Brasil, quer do alienante DIREITOS ÉTNICO-RACIAIS
fiduciário, quer do depositário infiel. O Supremo Tribunal Federal
firmou o entendimento de que só é possível a prisão civil do respon- Os direitos étnico-raciais são fundamentais para a promoção
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação da igualdade, o combate à discriminação e a garantia da dignidade
alimentícia. Nesse sentido, foi editada a Súmula Vinculante nº 25: de todos os indivíduos, independentemente de sua origem étnica
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a mo- ou racial. Esses direitos têm como objetivo principal assegurar o
dalidade do depósito”. respeito, a proteção e a valorização das diferentes identidades étni-
co-raciais presentes em uma sociedade.
DIREITO A PROPRIEDADE No contexto educacional, os direitos étnico-raciais desempe-
O inc. XXIII do art. 5.º da Constituição Federal dispõe que a pro- nham um papel crucial na construção de uma educação inclusiva,
priedade atenderá à sua função social, demonstrando que o con- plural e livre de discriminação. Eles visam promover a valorização
ceito constitucional de propriedade é mais amplo que o conceito das culturas, história, contribuições e perspectivas de todas as et-
definido pelo Direito privado. O Direito Civil trata das relações civis nias e raças, fortalecendo o respeito à diversidade e combatendo o
e individuais pertinentes à propriedade, a exemplo da faculdade de racismo, o preconceito e todas as formas de discriminação.
usar, gozar e dispor de bens em caráter pleno e exclusivo, direito A educação étnico-racial deve ser uma prática transversal,
esse oponível contra todos, enquanto a Constituição Federal sujei- incorporada em todos os níveis e modalidades de ensino, perme-
ta a propriedade às limitações exigidas pelo bem comum. Impõe à ando o currículo, os materiais didáticos, as práticas pedagógicas e
propriedade um interesse social que pode até mesmo não coincidir a formação dos educadores. Ela busca desconstruir estereótipos,
com o interesse do proprietário.
O direito de propriedade importa em duas garantias sucessi-
vas: de conservação e compensação.
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
• organizações não-governamentais envolvidas na programa- possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem
ção e entrega de serviço nos países; consultados sobre a forma de educação mais apropriadas às neces-
• a reforçar sua colaboração com as entidades oficiais nacio- sidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças.
nais e intensificar o envolvimento crescente delas no planejamento, • 3.O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas
implementação e avaliação de provisão em educação especial que deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas
seja inclusiva; condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou
• UNESCO, enquanto a agência educacional das Nações Unidas; outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e super-dota-
• a assegurar que educação especial faça parte de toda discus- das, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota
são que lide com educação para todos em vários foros; ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias lingüís-
• a mobilizar o apoio de organizações dos profissionais de en- ticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavanta-
sino em questões relativas ao aprimoramento do treinamento de jados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de
professores no que diz respeito a necessidade educacionais espe- diferentes desafios aos sistemas escolares. No contexto desta Es-
ciais. trutura, o termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a
• a estimular a comunidade acadêmica no sentido de fortalecer todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais
pesquisa, redes de trabalho e o estabelecimento de centros regio- especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades
nais de informação e documentação e da mesma forma, a servir de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de
de exemplo em tais atividades e na disseminação dos resultados aprendizagem e portanto possuem necessidades educacionais es-
específicos e dos progressos alcançados em cada país no sentido de peciais em algum ponto durante a sua escolarização. Escolas devem
realizar o que almeja a presente Declaração. buscar formas de educar tais crianças bem-sucedidamente, incluin-
• a mobilizar FUNDOS através da criação (dentro de seu pró- do aquelas que possuam desvantagens severas. Existe um consenso
ximo Planejamento a Médio Prazo. 1996-2000) de um programa emergente de que crianças e jovens com necessidades educacio-
extensivo de escolas inclusivas e programas de apoio comunitário, nais especiais devam ser incluídas em arranjos educacionais feitos
que permitiriam o lançamento de projetos-piloto que demonstras- para a maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola inclusi-
sem novas formas de disseminação e o desenvolvimento de indica- va. O desafio que confronta a escola inclusiva é no que diz respeito
dores de necessidade e de provisão de educação especial. ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança e capaz
5. Por último, expressamos nosso caloroso reconhecimento de bemsucedidamente educar todas as crianças, incluindo aquelas
ao governo da Espanha e à UNESCO pela organização da Conferên- que possuam desvantagens severa. O mérito de tais escolas não
cia e demandamo-lhes realizarem todos os esforços no sentido de reside somente no fato de que elas sejam capazes de prover uma
trazer esta Declaração e sua relativa Estrutura de Ação da comuni- educação de alta qualidade a todas as crianças: o estabelecimento
dade mundial, especialmente em eventos importantes tais como de tais escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes
o Tratado Mundial de Desenvolvimento Social ( em Kopenhagen, discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de desenvol-
em 1995) e a Conferência Mundial sobre a Mulher (em Beijing, e, ver uma sociedade inclusiva.
1995). Adotada por aclamação na cidade de Salamanca, Espanha, • 4. Educação Especial incorpora os mais do que comprovados
neste décimo dia de junho de 1994. princípios de uma forte pedagogia da qual todas as crianças possam
se beneficiar. Ela assume que as diferenças humanas são normais e
ESTRUTURA DE AÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL que, em consonância com a aprendizagem de ser adaptada às ne-
Introdução cessidades da criança, ao invés de se adaptar a criança às assunções
• 1. Esta Estrutura de Ação em Educação Especial foi adotada pré-concebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de
pela conferencia Mundial em Educação Especial organizada pelo aprendizagem. Uma pedagogia centrada na criança é beneficial a
governo da Espanha em cooperação com a UNESCO, realizada em todos os estudantes e, consequentemente, à sociedade como um
Salamanca entre 7 e 10 de junho de 1994. Seu objetivo é informar todo. A experiência tem demonstrado que tal pedagogia pode con-
sobre políticas e guias ações governamentais, de organizações in- sideravelmente reduzir a taxa de desistência e repetência escolar
ternacionais ou agências nacionais de auxílio, organizações nãogo- (que são tão características de tantos sistemas educacionais) e ao
vernamentais e outras instituições na implementação da Declara- mesmo tempo garantir índices médios mais altos de rendimento
ção de Salamanca sobre princípios, Política e prática em Educação escolar. Uma pedagogia centrada na criança pode impedir o des-
Especial. A Estrutura de Ação baseia-se fortemente na experiência perdício de recursos e o enfraquecimento de esperanças, tão fre-
dos países participantes e também nas resoluções, recomendações qüentemente conseqüências de uma instrução de baixa qualidade
e publicações do sistema das Nações Unidas e outras organizações e de uma mentalidade educacional baseada na idéia de que “um
inter-governamentais, especialmente o documento “Procedimen- tamanho serve a todos”. Escolas centradas na criança são além do
tos-Padrões na Equalização de Oportunidades para pessoas Porta- mais a base de treino para uma sociedade baseada no povo, que
doras de Deficiência . Tal Estrutura de Ação também leva em con- respeita tanto as diferenças quanto a dignidade de todos os seres
sideração as propostas, direções e recomendações originadas dos humanos. Uma mudança de perspectiva social é imperativa. Por
cinco seminários regionais preparatórios da Conferência Mundial. um tempo demasiadamente longo os problemas das pessoas por-
• 2.O direito de cada criança a educação é proclamado na tadoras de deficiências têm sido compostos por uma sociedade que
Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente re- inabilita, que tem prestado mais atenção aos impedimentos do que
confirmado pela Declaração Mundial sobre Educação para Todos. aos potenciais de tais pessoas.
Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expres- • 5. Esta Estrutura de Ação compõe-se das seguintes seções:
sar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes I. Novo pensar em educação especial
II. Orientações para a ação em nível nacional:
A. Política e Organização
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Direitos Humanos
locais. Para que seja efetiva, ela deve ser complementada por ações • 20. Reabilitação comunitária deveria ser desenvolvida como
nacionais, regionais e locais inspirados pelo desejo político e popu- parte de uma estratégia global de apoio a uma educação financei-
lar de alcançar educação para todos. ramente efetiva e treinamento para pessoas com necessidade edu-
cacionais especiais. Reabilitação comunitária deveria ser vista como
II. LINHAS DE AÇÃO EM NÍVEL NACIONAL A. POLÍTICA E ORGA- uma abordagem específica dentro do desenvolvimento da comu-
NIZAÇÃO nidade objetivando a reabilitação, equalização de oportunidades e
• 13. Educação integrada e reabilitação comunitária represen- integração social de todas as pessoas portadoras de deficiências;
tam abordagens complementares àqueles com necessidades es- deveria ser implementada através de esforços combinados entre as
peciais. Ambas se baseiam nos princípios de inclusão, integração e pessoas portadoras de deficiências, suas famílias e comunidades e
participação e representam abordagens bem- testadas e financeira- os serviços apropriados de educação, saúde, bemestar e vocacional.
mente efetivas para promoção de igualdade de acesso para aqueles • 21. Ambos os arranjos políticos e de financiamento deveriam
com necessidades educacionais especiais como parte de uma estra- encorajar e facilitar o desenvolvimento de escolas inclusivas. Bar-
tégia nacional que objetive o alcance de educação para todos. Paí- reiras que impeçam o fluxo de movimento da escola especial para
ses são convidados a considerar as seguintes ações concernentes a a regular deveriam ser removidas e uma estrutura administrativa
política e organização de seus sistemas educacionais. comum deveria ser organizada. Progresso em direção à inclusão de-
• 14. Legislação deveria reconhecer o princípio de igualdade de veria ser cuidadosamente monitorado através do agrupamento de
oportunidade para crianças, jovens e adultos com deficiências na estatísticas capazes de revelar o número de estudantes portadores
educação primária, secundária e terciária, sempre que possível em de deficiências que se beneficiam dos recursos, know-how e equi-
ambientes integrados. pamentos direcionados à educação especial bem como o número
• 15. Medidas Legislativas paralelas e complementares deve- de estudantes com necessidades educacionais especiais matricula-
riam ser adotadas nos campos da saúde, bem-estar social, treina- dos nas escolas regulares.
mento vocacional e trabalho no sentido de promover apoio e gerar • 22. Coordenação entre autoridades educacionais e as respon-
total eficácia à legislação educacional. sáveis pela saúde, trabalho e assistência social deveria ser fortaleci-
• 16. Políticas educacionais em todos os níveis, do nacional ao da em todos os níveis no sentido de promover convergência e com-
local, deveriam estipular que a criança portadora de deficiência de- plementariedade, Planejamento e coordenação também deveriam
veria freqüentar a escola de sua vizinhança: ou seja, a escola que levar em conta o papel real e o potencial que agências semipúblicas
seria freqüentada caso a criança não portasse nenhuma deficiência. e organizações não-governamentais podem ter. Um esforço espe-
Exceções à esta regra deveriam ser consideradas individualmente, cial necessita ser feito no sentido de se atrair apoio comunitário à
caso-por-caso, em casos em que a educação em instituição especial provisão de serviços educacionais especiais.
seja requerida. • 23. Autoridades nacionais têm a responsabilidade de mo-
• 17. A prática de desmarginalização de crianças portadoras nitorar financiamento externo à educação especial e trabalhando
de deficiência deveria ser parte integrante de planos nacionais que em cooperação com seus parceiros internacionais, assegurar que
objetivem atingir educação para todos. Mesmo naqueles casos ex- tal financiamento corresponda às prioridades nacionais e políticas
cepcionais em que crianças sejam colocadas em escolas especiais, a que objetivem atingir educação para todos. Agências bilaterais e
educação dela não precisa ser inteiramente segregada. multilaterais de auxílio , por sua parte, deveriam considerar cuida-
Frequência em regime não-integral nas escolas regulares deve- dosamente as políticas nacionais com respeito à educação especial
ria ser encorajada. no planejamento e implementação de programas em educação e
Provisões necessárias deveriam também ser feitas no sentido áreas relacionadas.
de assegurar inclusão de jovens e adultos com necessidade espe-
ciais em educação secundária e superior bem como em programa B. FATORES RELATIVOS À ESCOLA
de treinamento. Atenção especial deveria ser dada à garantia da • 24. o desenvolvimento de escolas inclusivas que ofereçam
igualdade de acesso e oportunidade para meninas e mulheres por- serviços a uma grande variedade de alunos em ambas as áreas
tadoras de deficiências. rurais e urbanas requer a articulação de uma política clara e forte
• 18. Atenção especial deveria ser prestada às necessidades de inclusão junto com provisão financeira adequada - um esforço
das crianças e jovens com deficiências múltiplas ou severas. Eles eficaz de informação pública para combater o preconceito e criar
possuem os mesmos direitos que outros na comunidade, à obten- atitudes informadas e positivas - um programa extensivo de orien-
ção de máxima independência na vida adulta e deveriam ser educa- tação e treinamento profissional - e a provisão de serviços de apoio
dos neste sentido, ao máximo de seus potenciais. necessários. Mudanças em todos os seguintes aspectos da escolari-
• 19. Políticas educacionais deveriam levar em total conside- zação, assim como em muitos outros, são necessárias para a contri-
ração as diferenças e situações individuais. A importância da lin- buição de escolas inclusivas bem-sucedidas: currículo, prédios, or-
guagem de signos como meio de comunicação entre os surdos, por ganização escolar, pedagogia, avaliação, pessoal, filosofia da escola
exemplo, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no e atividades extra-curriculares.
sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso a • 25. Muitas das mudanças requeridas não se relacionam ex-
educação em sua língua nacional de signos. Devido às necessida- clusivamente à inclusão de crianças com necessidades educacionais
des particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/ especiais. Elas fazem parte de um reforma mais ampla da educação,
cegas, a educação deles pode ser mais adequadamente provida em necessária para o aprimoramento da qualidade e relevância da edu-
escolas especiais ou classes especiais e unidades em escolas regu- cação, e para a promoção de níveis de rendimento escolar superio-
lares. res por parte de todos os estudantes. A Declaração Mundial sobre
Educação para Todos enfatizou a necessidade de uma abordagem
centrada na criança objetivando a garantia de uma escolarização
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Direitos Humanos
bem-sucedida para todas as crianças. A adoção de sistemas mais nais, a diversificar opções de aprendizagem, a mobilizar auxílio indi-
flexíveis e adaptativos, capazes de mais largamente levar em consi- vidual, a oferecer apoio aos alunos experimentando dificuldades e a
deração as diferentes necessidades das crianças irá contribuir tanto desenvolver relações com pais e comunidades, Uma administração
para o sucesso educacional quanto para a inclusão. As seguintes escolar bem sucedida depende de um envolvimento ativo e reativo
orientações enfocam pontos a ser considerados na integração de de professores e do pessoal e do desenvolvimento de cooperação
crianças com necessidades educacionais especiais em escolas inclu- efetiva e de trabalho em grupo no sentido de atender as necessida-
sivas. Flexibilidade Curricular. des dos estudantes.
• 26. O currículo deveria ser adaptado às necessidades das • 34. Diretores de escola têm a responsabilidade especial de
crianças, e não viceversa. Escolas deveriam, portanto, prover opor- promover atitudes positivas através da comunidade escolar e via
tunidades curriculares que sejam apropriadas a criança com habili- arranjando uma cooperação efetiva entre professores de classe e
dades e interesses diferentes. pessoal de apoio. Arranjos apropriados para o apoio e o exato papel
• 27. Crianças com necessidades especiais deveriam receber a ser assumido pelos vários parceiros no processo educacional de-
apoio instrucional adicional no contexto do currículo regular, e não veria ser decidido através de consultoria e negociação.
de um currículo diferente. O princípio regulador deveria ser o de • 35. Cada escola deveria ser uma comunidade coletivamente
providenciar a mesma educação a todas as crianças, e também pro- responsável pelo sucesso ou fracasso de cada estudante. O grupo
ver assistência adicional e apoio às crianças que assim o requeiram. de educadores, ao invés de professores individualmente, deveria di-
• 28. A aquisição de conhecimento não é somente uma ques- vidir a responsabilidade pela educação de crianças com necessida-
tão de instrução formal e teórica. O conteúdo da educação deveria des especiais. Pais e voluntários deveriam ser convidados assumir
ser voltado a padrões superiores e às necessidades dos indivíduos participação ativa no trabalho da escola. Professores, no entanto,
com o objetivo de torná-los aptos a participar totalmente no desen- possuem um papel fundamental enquanto administradores do pro-
volvimento. O ensino deveria ser relacionado às experiências dos cesso educacional, apoiando as crianças através do uso de recursos
alunos e a preocupações práticas no sentido de melhor motivá-los. disponíveis, tanto dentro como fora da sala de aula.
• 29. Para que o progresso da criança seja acompanhado, for-
mas de avaliação deveriam ser revistas. Avaliação formativa deve- Informação e Pesquisa
ria ser incorporada no processo educacional regular no sentido de • 36. A disseminação de exemplos de boa prática ajudaria o
manter alunos e professores informados do controle da aprendiza- aprimoramento do ensino e aprendizagem. Informação sobre re-
gem adquirida, bem como no sentido de identificar dificuldades e sultados de estudos que sejam relevantes também seria valiosa. A
auxiliar os alunos a superá-las. demonstração de experiência e o desenvolvimento de centros de
• 30. Para crianças com necessidades educacionais especiais informação deveriam receber apoio a nível nacional, e o acesso a
uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com varia- fontes de informação deveria ser ampliado.
ção desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicio- • 37. A educação especial deveria ser integrada dentro de pro-
nais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, con- gramas de instituições de pesquisa e desenvolvimento e de centros
forme necessário, à provisão de assistência dada por professores de desenvolvimento curricular.
especializados e pessoal de apoio externo. Atenção especial deveria ser prestada nesta área, a pesquisa-
• 31. Tecnologia apropriada e viável deveria ser usada quando -ação locando em estratégias inovadoras de ensino-aprendizagem.
necessário para aprimorar a taxa de sucesso no currículo da escola professores deveriam participar ativamente tanto na ação quanto
e para ajudar na comunicação, mobilidade e aprendizagem. Auxílios na reflexão envolvidas em tais investigações.
técnicos podem ser oferecidos de modo mais econômico e efetivo Estudos-piloto e estudos de profundidade deveriam ser lan-
se eles forem providos a partir de uma associação central em cada çados para auxiliar tomadas de decisões e para prover orientação
localidade, aonde haja know-how que possibilite a conjugação de futura. Tais experimentos e estudos deveriam ser levados a cabo
necessidades individuais e assegure a manutenção. numa base de cooperação entre vários países.
• 32. Capacitação deveria ser originada e pesquisa deveria ser C. RECRUTAMENTO E TREINAMENTO DE EDUCADORES
levada a cabo em níveis nacional e regional no sentido de desen- • 38. Preparação apropriada de todos os educadores constitui-
volver sistemas tecnológicos de apoio apropriados à educação es- -se um fator chave na promoção de progresso no sentido do esta-
pecial. Estados que tenham ratificado o Acordo de Florença deve- belecimento de escolas inclusivas. As seguintes ações poderiam ser
riam ser encorajados a usar tal instrumento no sentido de facilitar tomadas. Além disso, a importância do recrutamento de professo-
a livre circulação de materiais e equipamentos às necessidades das res que possam servir como modelo para crianças portadoras de
pessoas com deficiências. Da mesma forma, Estados que ainda não deficiências torna-se cada vez mais reconhecida.
tenham aderido ao Acordo ficam convidados a assim fazê-lo para • 39. Treinamento pré-profissional deveria fornecer a todos os
que se facilite a livre circulação de serviços e bens de natureza edu- estudantes de pedagogia de ensino primário ou secundário, orien-
cacional e cultural. tação positiva frente à deficiência, desta forma desenvolvendo um
entendimento daquilo que pode ser alcançado nas escolas através
Administração da Escola dos serviços de apoio disponíveis na localidade. O conhecimento e
• 33. Administradores locais e diretores de escolas podem ter habilidades requeridas dizem respeito principalmente à boa prática
um papel significativo quanto a fazer com que as escolas respon- de ensino e incluem a avaliação de necessidades especiais, adapta-
dam mais às crianças com necessidades educacionais especiais des- ção do conteúdo curricular, utilização de tecnologia de assistência,
de de que a eles sejam fornecidos a devida autonomia e adequado individualização de procedimentos de ensino no sentido de abar-
treinamento para que o possam fazê-lo. Eles (administradores e di- car uma variedade maior de habilidades, etc. Nas escolas práticas
retores) deveriam ser convidados a desenvolver uma administração de treinamento de professores, atenção especial deveria ser dada
com procedimentos mais flexíveis, a reaplicar recursos instrucio- à preparação de todos os professores para que exercitem sua au-
264
Direitos Humanos
265
Direitos Humanos
Preparação para a Vida Adulta • 58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne
• 53. Jovens com necessidades educacionais especiais deve- as necessidades especiais de suas crianças, e desta maneira eles
riam ser auxiliados no sentido de realizarem uma transição efetiva deveriam, o máximo possível, ter a chance de poder escolher o tipo
da escola para o trabalho. Escolas deveriam auxiliá-los a se torna- de provisão educacional que eles desejam para suas crianças.
rem economicamente ativos e provê-los com as habilidades neces- • 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administra-
sárias ao cotidiano da vida, oferecendo treinamento em habilidades dores escolares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais
que correspondam às demandas sociais e de comunicação e às ex- deveriam ser considerados enquanto parceiros ativos nos proces-
pectativas da vida adulta. Isto implica em tecnologias adequadas de sos de tomada de decisão. Pais deveriam ser encorajados a parti-
treinamento, incluindo experiências diretas em situações da vida cipar em atividades educacionais em casa e na escola (aonde eles
real, fora da escola. O currículo para estudantes mais maduros e poderiam observar técnicas efetivas e aprender como organizar
com necessidades educacionais especiais deveria incluir programas atividades extra-curriculares), bem como na supervisão e apoio à
específicos de transição, apoio de entrada para a educação superior aprendizagem de suas crianças.
sempre que possível e conseqüente treinamento vocacional que os • 60. Governos deveriam tomar a liderança na promoção de
prepare a funcionar independentemente enquanto membros con- parceria com os pais, através tanto de declarações políticas quanto
tribuintes em suas comunidades e após o término da escolarização. legais no que concerne aos direitos paternos. O desenvolvimento
Tais atividades deveria ser levadas a cabo com o envolvimento de associações de pais deveria ser promovida e seus representante
ativo de aconselhadores vocacionais, oficinas de trabalho, associa- envolvidos no delineamento e implementação de programas que
ções de profissionais, autoridades locais e seus respectivos serviços visem o aprimoramento da educação de seus filhos. Organizações
e agências. de pessoas portadoras de deficiências também deveriam ser con-
sultadas no que diz respeito ao delineamento e implementação de
Educação de Meninas programas.
• 54. Meninas portadoras de deficiências encontram-se em
dupla desvantagem. Um esforço especial se requer no sentido de Envolvimento da Comunidade
se prover treinamento e educação para meninas com necessida- • 61. A descentralização e o planejamento local favorecem um
des educacionais especiais. Além de ganhar acesso a escola, meni- maior envolvimento de comunidades na educação e treinamento
nas portadoras de deficiências deveriam ter acesso à informação, de pessoas com necessidades educacionais especiais. Adminis-
orientação e modelos que as auxiliem a fazer escolhas realistas e tradores locais deveriam encorajar a participação da comunidade
as preparem para desempenharem seus futuros papéis enquanto através da garantia de apoio às associações representativas e con-
mulheres adultas. vidando-as a tomarem parte no processo de tomada de decisões.
Com este objetivo em vista, mobilizando e monitorando mecanis-
Educação de Adultos e Estudos Posteriores mos formados pela administração civil local, pelas autoridades de
• 55. Pessoas portadoras de deficiências deveriam receber desenvolvimento educacional e de saúde, líderes comunitários e
atenção especial quanto ao desenvolvimento e implementação de organizações voluntárias deveriam estar estabelecidos em áreas
programas de educação de adultos e de estudos posteriores. Pesso- geográficas suficientemente pequenas para assegurar uma partici-
as portadoras de deficiências deveriam receber prioridade de aces- pação comunitária significativa.
so à tais programas. Cursos especiais também poderiam ser desen- • 62. O envolvimento comunitário deveria ser buscado no
volvidos no sentido de atenderem às necessidades e condições de sentido de suplementar atividades na escola, de prover auxílio na
diferentes grupos de adultos portadores de deficiência. concretização de deveres de casa e de compensar a falta de apoio
familiar. Neste sentido, o papel das associações de bairro deveria
F. PERSPECTIVAS COMUNITÁRIAS ser mencionado no sentido de que tais forneçam espaços disponí-
• 56. A realização do objetivo de uma educação bem- sucedida veis, como também o papel das associações de famílias, de clubes
de crianças com necessidades educacionais especiais não constitui e movimentos de jovens, e o papel potencial das pessoas idosas e
tarefa somente dos Ministérios de Educação e das escolas. Ela re- outros voluntários incluindo pessoas portadoras de deficiências em
quer a cooperação das famílias e a mobilização das comunidades e programas tanto dentro como fora da escola.
de organizações voluntárias, assim como o apoio do público em ge- • 63. Sempre que ação de reabilitação comunitária seja provida
ral. A experiência provida por países ou áreas que têm testemunha- por iniciativa externa, cabe à comunidade decidir se o programa
do progresso na equalização de oportunidades educacionais para se tornará parte das atividades de desenvolvimento da comunida-
crianças portadoras de deficiência sugere uma série de lições úteis. de. Aos vários parceiros na comunidade, incluindo organizações de
pessoas portadoras de deficiência e outras organizações não-gover-
Parceria com os Pais namentais deveria ser dada a devida autonomia para se tornarem
• 57. A educação de crianças com necessidades educacionais responsáveis pelo programa. Sempre que apropriado, agências go-
especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma vernamentais em níveis nacional e local também deveriam prestar
atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e so- apoio.
cial. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis
de pais de uma criança com necessidades especiais. O Papel das Organizações Voluntárias
O papel das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através • 64. Uma vez que organizações voluntárias e não-governa-
da provisão de informação necessária em linguagem clara e sim- mentais possuem maior liberdade para agir e podem responder
ples; ou enfoque na urgência de informação e de treinamento em mais prontamente às necessidades expressas, elas deveriam ser
habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas apoiadas no desenvolvimento de novas idéias e no trabalho pio-
aonde a tradição de escolarização seja pouca. neiro de inovação de métodos de entrega de serviços. Tais organi-
266
Direitos Humanos
zações podem desempenhar o papel fundamental de inovadores • 71. Um modo efetivo de maximizar o impacto refere-se a
e catalizadores e expandir a variedade de programas disponíveis à união de recursos humanos institucionais, logísticos, materiais e fi-
comunidade. nanceiros dos vários departamentos ministeriais (Educação, Saúde,
• 65. Organizações de pessoas portadoras de deficiências - ou Bem-Estar-Social, Trabalho, Juventude, etc.), das autoridades locais
seja, aquelas que possuam influência decisiva deveriam ser convi- e territoriais e de outras instituições especializadas. A combinação
dadas a tomar parte ativa na identificação de necessidades, expres- de uma abordagem tanto social quanto educacional no que se re-
sando sua opinião a respeito de prioridades, administrando servi- fere à educação especial requererá estruturas de gerenciamento
ços, avaliando desempenho e defendendo mudanças. efetivas que capacitem os vários serviços a cooperar tanto em nível
local quanto em nível nacional e que permitam que autoridades pú-
Conscientização Pública blicas e corporações juntem esforços.
• 66. Políticos em todos os níveis, incluindo o nível da escola,
deveriam regularmente reafirmar seu compromisso para com a in- III. ORIENTAÇÕES PARA AÇÕES EM NÍVEIS REGIONAIS E INTER-
clusão e promover atitudes positivas entre as crianças, professores NACIONAIS
e público em geral, no que diz respeito aos que possuem necessida- • 72. Cooperação internacional entre organizações governa-
des educacionais especiais. mentais e nãogovernamentais, regionais e inter-regionais, podem
• 67. A mídia possui um papel fundamental na promoção de ter um papel muito importante no apoio ao movimento frente a
atitudes positivas frente a integração de pessoas portadoras de escolas inclusivas. Com base em experiências anteriores nesta área,
deficiência na sociedade. Superando preconceitos e má informa- organizações internacionais, inter-governamentais e nãogoverna-
ção, e difundindo um maior otimismo e imaginação sobre as ca- mentais, bem como agências doadoras bilaterais, poderiam con-
pacidades das pessoas portadoras de deficiência. A mídia também siderar a união de seus esforços na implementação das seguintes
pode promover atitudes positivas em empregadores com relação abordagens estratégicas.
ao emprego de pessoas portadoras de deficiência. A mídia deveria • 73. Assistência técnica deveria ser direcionada a áreas estra-
acostumar-se a informar o público a respeito de novas abordagens tégicas de intervenção com um efeito multiplicador, especialmente
em educação, particularmente no que diz respeito à provisão em em países em desenvolvimento. Uma tarefa importante para a co-
educação especial nas escolas regulares, através da popularização operação internacional reside no apoio no lançamento de projetos-
de exemplos de boa prática e experiências bem-sucedidas. -piloto que objetivem testar abordagens e originar capacitação.
• 74. A organização de parcerias regionais ou de parcerias entre
G. REQUERIMENTOS RELATIVOS A RECURSOS países com abordagens semelhantes no tocante à educação espe-
• 68. O desenvolvimento de escolas inclusivas como o modo cial poderia resultar no planejamento de atividades conjuntas sob
mais efetivo de atingir a educação para todos deve ser reconhecido os auspícios de mecanismos de cooperação regional ou sub-regio-
como uma política governamental chave e dado o devido privilégio nal. Tais atividades deveriam ser delineadas com vistas a levar van-
na pauta de desenvolvimento da nação. É somente desta maneira tagens sobre as economias da escala, a basear-se na experiência de
que os recursos adequados podem ser obtidos. Mudanças nas polí- países participantes, e a aprimorar o desenvolvimento das capaci-
ticas e prioridades podem acabar sendo inefetivas a menos que um dades nacionais.
mínimo de recursos requeridos seja providenciado. O compromisso • 75. Uma missão prioritária das organizações internacionais e
político é necessário, tanto a nível nacional como comunitário. Para facilitação do intercâmbio de dados e a informação e resultados de
que se obtenha recursos adicionais e para que se re-empregue os programas-piloto em educação especial entre países e regiões. O
recursos já existentes. Ao mesmo tempo em que as comunidades colecionamento de indicadores de progresso que sejam compará-
devem desempenhar o papel- chave de desenvolver escolas inclu- veis a respeito de educação inclusiva e de emprego deveria se tor-
sivas, apoio e encorajamento aos governos também são essenciais nar parte de um banco mundial de dados sobre educação. Pontos
ao desenvolvimento efetivo de soluções viáveis. de enfoque podem ser estabelecidos em centros sub-regionais para
• 69.A distribuição de recursos às escolas deveria realistica- que se facilite o intercâmbio de informações. As estruturas existen-
mente levar em consideração as diferenças em gastos no sentido de tes em nível regional e internacional deveriam ser fortalecidas e
se prover educação apropriada para todas as crianças que possuem suas atividades estendidas a campos tais como política, programa-
habilidades diferentes. Um começo realista poderia ser o de apoiar ção, treinamento de pessoal e avaliação.
aquelas escolas que desejam promover uma educação inclusiva e o • 76. Uma alta percentagem de deficiência constitui resultado
lançamento de projetos-piloto em algumas áreas com vistas a ad- direto da falta de informação, pobreza e baixos padrões de saúde.
quirir o conhecimento necessário para a expansão e generalização À medida que o prevalecimento de deficiências em termos do mun-
progressivas. No processo de generalização da educação inclusiva, do em geral aumenta em número, particularmente nos países em
o nível de suporte e de especialização deverá corresponder à natu- desenvolvimento, deveria haver uma ação conjunta internacional
reza da demanda. em estreita colaboração com esforços nacionais, no sentido de se
• 70. Recursos também devem ser alocados no sentido de prevenir as causas de deficiências através da educação a qual, por,
apoiar serviços de treinamento de professores regulares de provi- sua vez, reduziria a incidência e o prevalecimento de deficiências,
são de centros de recursos, de professores especiais ou professo- portanto, reduzindo ainda mais as demandas sobre os limitados re-
res-recursos. Ajuda técnica apropriada para assegurar a operação cursos humanos e financeiros de dados países.
bem-sucedida de um sistema educacional integrador, também deve • 77. Assistências técnica e internacional à educação especial
ser providenciada. Abordagens integradoras deveriam, portanto, derivam-se de variadas fontes. Portanto, torna-se essencial que se
estar ligadas ao desenvolvimento de serviços de apoio em níveis garanta coerência e complementaridade entre organizações do sis-
nacional e local. tema das Nações Unidas e outras agências que prestam assistência
nesta área.
267
Direitos Humanos
• 78. Cooperação internacional deveria fornecer apoio a se- 3. O que é necessário para garantir um ambiente seguro e sau-
minários de treinamento avançado para administradores e outros dável para o aprendizado?
especialistas em nível regional e reforçar a cooperação entre uni- (A) A adoção de medidas para prevenir e combater a violência,
versidades e instituições de treinamento em países diferentes para o abuso e o bullying.
a condução de estudos comparativos bem como para a publicação (B) A promoção da discriminação e da exclusão de determina-
de referências documentárias e de materiais instrutivos. dos grupos.
• 79. A Cooperação internacional deveria auxiliar no desenvol- (C) A ausência de ações para prevenir conflitos e garantir a se-
vimento de associações regionais e internacionais de profissionais gurança dos estudantes.
envolvidos com o aperfeiçoamento da educação especial e deveria (D) A promoção de um ambiente hostil e desrespeitoso entre
apoiar a criação e disseminação de folhetins e publicações, bem os membros da comunidade escolar.
como a organização de conferências e encontros regionais.
• 80. Encontros regionais e internacionais englobando ques- 4. Qual é a principal característica dos temas transversais na
tões relativas à educação deveriam garantir que necessidades edu- educação?
cacionais especiais fossem incluídas como parte integrante do de- (A) São disciplinas específicas do currículo escolar.
bate, e não somente como uma questão em separado. Como modo (B) Abordam apenas conteúdos relacionados à área de Ciências
de exemplo concreto, a questão da educação especial deveria fazer Humanas.
parte da pauta de conferência ministeriais regionais organizadas (C) São temáticas que perpassam todas as áreas do conheci-
pela UNESCO e por outras agências inter-governamentais. mento.
• 81. Cooperação internacional técnica e agências de financia- (D) São temas opcionais e não obrigatórios nas escolas.
mento envolvidas em iniciativas de apoio e desenvolvimento da
Educação para Todos deveriam assegurar que a educação especial 5. Qual é o objetivo dos projetos interdisciplinares na educa-
seja uma parte integrante de todos os projetos em desenvolvimen- ção?
to. (A) Isolar os conhecimentos em cada disciplina.
• 82. Coordenação internacional deveria existir no sentido de (B) Promover a integração e a articulação entre diferentes dis-
apoiar especificações de acessibilidade universal da tecnologia da ciplinas.
comunicação subjacente à estrutura emergente da informação. (C) Estimular a competição entre os estudantes.
• 83. Esta Estrutura de Ação foi aprovada por aclamação após (D) Focar apenas na transmissão de conteúdos teóricos.
discussão e emenda na sessão Plenária da Conferência de 10 de
junho de 1994. Ela tem o objetivo de guiar os Estados Membros e 6. O que a educação em direitos humanos busca promover nos
organizações governamentais e não-governamentais na implemen- estudantes?
tação da Declaração de Salamanca sobre Princípios , Política e Prá- (A) Conhecimento e respeito aos direitos de todas as pessoas.
tica em Educação Especial. (B) Estímulo ao preconceito e à discriminação.
Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equaliza- (C) Desenvolvimento de habilidades técnicas específicas.
ção de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências, A/ (D) Foco exclusivo nos direitos individuais.
RES/48/96, Resolução das Nações Unidas adotada em Assembléia
Geral. 7. Qual é o objetivo dos direitos étnico-raciais no contexto edu-
cacional?
(A) Promover a segregação e a exclusão de determinados gru-
QUESTÕES pos étnico-raciais.
(B) Valorizar e proteger a diversidade étnico-racial, combaten-
do o racismo e a discriminação.
1. Qual é uma das implicações dos direitos humanos para o (C) Restringir o acesso à educação apenas para grupos étnicos
campo educacional? dominantes.
(A) Restringir o acesso à educação apenas para determinados (D) Ignorar a importância da história e cultura das diferentes
grupos. etnias e raças.
(B) Promover uma educação excludente e desigualitária.
(C) Garantir igualdade de oportunidades e acesso à educação 8. O que a educação étnico-racial busca promover no currículo
para todos. escolar?
(D) Fomentar a discriminação e o preconceito nas escolas. (A) A perpetuação de estereótipos e preconceitos étnico-ra-
ciais.
2. Como os direitos humanos influenciam os conteúdos e as (B) A exclusão das discussões sobre diversidade e igualdade.
práticas pedagógicas? (C) A valorização das diferentes culturas, história e contribui-
(A) Estimulando a exclusão e a segregação dos estudantes. ções dos grupos étnico-raciais.
(B) Limitando o alcance dos valores universais da dignidade hu- (D) A promoção da segregação e da discriminação racial.
mana.
(C) Integrando valores como igualdade, tolerância e justiça so-
cial ao currículo.
(D) Negligenciando a formação de uma consciência crítica dos
estudantes.
302
302
268
Direitos Humanos
9. FGV - 2023 - TJ-MS - Juiz Substituto- Vinícius, de 11 anos de de condições com as demais pessoas.
idade, pratica ato infracional análogo ao crime de roubo, em co- Essa concepção de deficiência é baseada em
autoria com Eduardo, de 19 anos, havendo o emprego de arma de (A) uma perspectiva biomédica, pela qual as incapacidades in-
fogo. Após a autuação do flagrante, a autoridade policial representa dividuais resultam de tipos de deficiência classificados por perí-
pela internação provisória de Vinícius, que está em situação de rua cia médica em física, mental, intelectual ou sensorial.
e sem frequentar a escola há dois anos. Considerando o disposto na (B) um modelo social de direitos humanos, no qual o concei-
Lei nº 8.069/1990, é correto afirmar que: to de pessoa com deficiência depende fundamentalmente do
(A) o Conselho Tutelar possui atribuição legal prevista no ECA meio em que a pessoa está inserida.
para a investigação de ato infracional praticado por criança e a (C) uma análise biológica da condição dos indivíduos, de modo
aplicação das medidas protetivas; a identificar patologias relacionadas à limitação estrutural ou
(B) Vinícius responderá pela prática de ato infracional perante funcional nos campos psicológico, fisiológico ou anatômico.
a Vara da Infância e Juventude e Eduardo perante a Vara Crimi- (D) uma visão emancipadora, que objetiva acelerar o desenvol-
nal, por ser imputável; vimento de pessoas com deficiência em escolas especiais que
(C) a aplicação das medidas protetivas previstas no Art. 101 do atendam às necessidades desse público-alvo.
ECA a Vinícius dependerá da existência de indícios de autoria e (E) um paradigma biopsicossocial, pelo qual a deficiência é con-
prova da materialidade; siderada uma incapacidade individual, que deve ser atenuada
(D) a apuração dos fatos caberá à autoridade policial, sendo para que a pessoa com deficiência possa adequar-se à socie-
da atribuição do Conselho Tutelar a aplicação das medidas de dade.
proteção a Vinícius;
(E) após a coleta de suas declarações em sede policial, Vinícius 12. FGV - 2022 - TRT - 16ª REGIÃO (MA) - Analista Judiciário - Bi-
será apresentado ao Ministério Público para oitiva informal e blioteconomia- Pedro, pessoa com deficiência, após concluir a edu-
análise do cabimento da internação provisória, conforme pre- cação básica, almejava ingressar em uma instituição de ensino su-
visto no Art. 179 do ECA. perior (IES). Ao se inteirar dos seus direitos, visando à participação
no processo seletivo, foi-lhe informado que a Lei nº 13.146/2015
10. FGV - 2023 - SEAD-AP - Pedagogo- Na segunda metade do lhe assegurava:
século XX, a Organização das Nações Unidas elaborou a Declaração (1) disponibilização de provas em formatos acessíveis, para
dos Direitos da Criança e introduziu a doutrina da proteção integral, atendimento às suas necessidades especiais;
a qual foi absorvida no Art. 227 da Constituição Federal de 1988 e (2) disponibilização, de ofício, pela IES, de recursos de acessibi-
norteou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990. lidade, permitindo que ele possa escolher, entre essas opções,
A respeito da doutrina da proteção integral adotada pelo ECA, aquela que mais se aproxima da satisfação de suas necessida-
assinale (V) para a afirmativa verdadeira e (F) para a falsa. des;
( ) Parte da compreensão de que as normas que cuidam de (3) dilação de tempo, em 20%, no exame de seleção, a ser ofe-
crianças e de adolescentes devem concebê-los como cidadãos recida a todas as pessoas com deficiência, incluindo Pedro; e
plenos, porém sujeitos à proteção prioritária, tendo em vista (4) adoção de critérios de avaliação das provas escritas, discur-
que são pessoas em desenvolvimento físico, psicológico e mo- sivas ou de redação, que considerem a singularidade linguística
ral. de Pedro no domínio da escrita da língua portuguesa.
( ) Considera a família, a sociedade e o Estado solidariamente À luz das informações fornecidas a Pedro, é correto afirmar que
responsáveis pela garantia às crianças e aos adolescentes de (A) todas estão corretas.
todos os direitos fundamentais de cidadãos e de pessoas em (B) apenas as informações 1 e 4 estão corretas.
desenvolvimento. (C) apenas as informações 2 e 3 estão corretas.
( ) Reconhece as crianças e os adolescentes como sujeitos de (D) apenas as informações 1, 3 e 4 estão corretas
direitos, e não como objetos da intervenção estatal, ao estabe- (E) apenas as informações 2, 3 e 4 estão corretas.
lecer que eles gozam de todos os direitos fundamentais ineren-
tes à pessoa humana. 13. FGV - 2022 - SEAD-AP - Professor de Educação Básica - En-
As afirmativas são, respectivamente, sino Especial- De acordo com a Declaração de Salamanca, é correto
(A) V – F – V. afirmar que
(B) V – V – F. (A) toda criança tem direito fundamental ao ensino superior, e
(C) F – V – F. deve ser dada a garantia de atingir e manter o nível máximo de
(D) F – F – V. aprendizagem.
(E) V – V – V. (B) toda criança possui características, interesses, habilidades e
necessidades especiais de aprendizagem.
11. FGV - 2023 - SEAD-AP - Pedagogo- Em 2015, a Lei nº 13.146 (C) sistemas educacionais deveriam ser implementados no
instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Es- sentido de se levar em conta a homogeneidade dos programas
tatuto da Pessoa com Deficiência) e divulgou um novo conceito de educacionais.
“pessoa com deficiência”: (D) aqueles com necessidades educacionais especiais devem
Art. 2° Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem ter acesso à escola especial, que deveria acomodá-los dentro
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual de uma Pedagogia centrada na criança.
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode (E) escolas regulares constituem os meios mais eficazes de
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade combater atitudes discriminatórias para construir uma socie-
269
Direitos Humanos
dade inclusiva.
GABARITO
14. FGV - 2022 - TJ-SC - Juiz Substituto- Após a Segunda Guer-
ra Mundial, mais precisamente em 10 de dezembro de 1948, foi
proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhe-
cendo a dignidade como direito a toda categoria humana, além de 1 C
outros direitos iguais e inalienáveis cujo fundamento é a liberdade 2 C
e a justiça. Assim sendo, tendo por norte a aludida Declaração e a
3 A
nossa Constituição da República de 1988, analise os tópicos a seguir.
I. Segundo prescreve a Declaração Universal dos Direitos Hu- 4 C
manos, de 1948, todos os homens nascem livres e iguais em 5 B
dignidade e direito. Dotados de razão e consciência, devem agir
uns para com os outros em espírito de fraternidade. 6 A
II. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em determi- 7 B
nado dispositivo, estabelece que ninguém pode ser exilado.
8 C
III. No ordenamento constitucional brasileiro vigente, o prin-
cípio do primado do trabalho é a base da ordem social. A falta 9 D
de trabalho (direito social) afeta a igualdade entre os homens, 10 E
dando azo às desigualdades sociais.
IV. A Declaração Universal prevê a possibilidade de que toda 11 B
pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra 12 B
e o direito de retornar ao seu país.
V. Toda pessoa individual tem direito à propriedade, a coleti- 13 E
va não, conforme consta da Declaração Universal dos Direitos 14 C
Humanos.
15 A
Está correto somente o que se afirma em:
(A) I, II e IV;
(B) I, II e V;
(C) I, III e IV;
(D) II, III e IV;
(E) II, III e V.
270
Conhecimento
especifíco:
Biologia
Biologia / Ciências
SUMÁRIO
15
CAPÍTULO 2 – BIOQUÍMICA..............................................................
Composição Química............................................................................. 15
A Água.................................................................................................... 15
Sais Minerais.......................................................................................... 17
Carboidratos........................................................................................... 17
Lipídios................................................................................................... 20
Proteínas................................................................................................ 22
Ácidos Nucleicos.................................................................................... 23
Vitaminas................................................................................................ 26
33
CAPÍTULO 3 - NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS.
Níveis de Organização dos Seres vivos................................................. 33
A Biologia e a Investigação.................................................................... 34
Citologia..................................................................................................
42
Membrana Celular ou Membrana Plasmática........................................ 42
Transporte Através das Membranas...................................................... 44
Citoplasma.............................................................................................. 49
Organelas Citoplasmáticas..................................................................... 50
CAPÍTULO 5 – NÚCLEO...................................................................... 62
O Núcleo................................................................................................. 62
Ciclo Celular........................................................................................... 65
2 3
Biologia / Ciências
CAPÍTULO 6 – GENÉTICA.................................................................. 74
Introdução à Genética............................................................................ 74
Reprodução e Hereditariedade.............................................................. 75
Cromossomos e Hereditariedade........................................................... 75
Gene e Hereditariedade......................................................................... 77
A Genética Mendeliana.......................................................................... 78
Genótipo e Fenótipo............................................................................... 82
Variação de Dominância........................................................................ 83
Herança de Alelos Múltiplos................................................................... 86
Sistema ABO de Grupos Sanguíneos.................................................... 88
CAPÍTULO 7 – EVOLUÇÃO............................................................... 99
Introdução à Evolução............................................................................ 99
Teorias sobre a Origem da Vida............................................................ 100
A Teoria de Lamarck.............................................................................. 102
A Teoria de Darwin................................................................................. 103
Teoria Sintética da Evolução.................................................................. 104
Especiação............................................................................................. 112
Processos de Especiação...................................................................... 114
Isolamento Reprodutivo......................................................................... 115
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Biologia / Ciências
BIOQUÍMICA
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 1
Introdução à Biologia
Características da Vida:
A Terra está cheia de vida. Nas profundezas dos oceanos e no ponto
mais alto de latas montanhas é possível encontrar seres vivos. Tanto nas altas
temperaturas vulcânicas, que queimariam a pele humana ao menor toque, co-
mo de baixo da neve, em temperaturas abaixo de zero grau, é possível encon-
trar vida. É claro que não são os mesmos seres que podem viver nessas con-
dições tão extremas, mas eles possuem uma série de características comuns
que expressam a vida. Não é fácil definir vida, mas é possível enumerar algu-
mas características presentes nos seres vivos.
Para ser considerado um ser vivo, esse tem que apresentar certas ca-
racterísticas como: Ser constituído de célula; buscar energia para sobreviver;
responder a estímulos do meio; reproduzir; evoluir. Ter metabolismo próprio.
Um ser vivo, para ser assim considerado, não precisa ter todas as carac-
terísticas que vamos estudar aqui, mas certamente possuir parte delas.
Vamos estudar as seguintes manifestações vitais dos seres vivos: com-
posição química, organização celular, metabolismo, excitabilidade, repro-
dução, e evolução.
Composição Química:
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Biologia / Ciências
Organização Celular
Enquanto nos seres não vivos não há uma organização complexa, nos
seres vivos há unidades organizadas denominadas células.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Metabolismo
Excitabilidade
É a capacidade de um ser vivo de res-
ponder a um estímulo. São diversas as formas
de um ser vivo responder a um estímulo, por
exemplos: correr, andar, paralisar, tremer entre
outros, porém depende sempre da participação
de um dos dois fenômenos a seguir:
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Biologia / Ciências
Reprodução
É a capacidade que os seres vivos têm
de dar origem a novos indivíduos da mesma
espécie. A reprodução é uma característica
vital para a espécie, mas não para o indiví-
duo.
Essa característica é necessária para
manter uma espécie no decorrer dos tempos,
curiosamente não é necessária para manter a
vida de um indivíduo. Assim, se um único ma-
caco-prego deixar de se reproduzir, a espécie
continuará existindo. Porém, se todos os ma-
cacos-prego deixarem de se reproduzir, em
uma única geração eles deixarão de existir.
Evolução
É o processo através do qual
ocorrem mudanças ou transformações
nos seres vivos ao longo do tempo, dan-
do origem a espécies novas.
Os seres vivos são capazes de se
modificar no decorrer do tempo graças,
principalmente, as mutações.
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Biologia / Ciências
Sem essa capacidade a vida acabaria no planeta, já que este está conti-
nuamente se modificando. Se os seres vivos também não se modificassem,
não seriam capazes de sobreviver às novas condições ambientais (seleção
natural).
Subdivisões da Biologia
Bioquímica ou
Os componentes químicos da matéria viva e seus respecti-
Citoquímica
vos papéis biológicos.
Citologia Á célula, sua estrutura e seu funcionamento.
Histologia Os tecidos formados pelas células.
Embriologia A formação e o desenvolvimento dos embriões.
Genética
Os processos da hereditariedade, isto é, como os genes
são transmitidos e como atuam.
Evolução
As origens e as modificações que as espécies sofrem no
decorrer do tempo.
Ecologia
A estrutura e a função dentro das unidades da natureza, os
ecossistemas.
Anatomia
A forma e a estrutura dos diferentes elementos constituin-
tes dos seres vivos.
Fisiologia
O funcionamento das estruturas dos seres vivos sejam elas
as células, os tecidos, os órgãos, os sistemas e o próprio
ser vivo como um todo.
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
2.
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Biologia / Ciências
4. Relacione as colunas
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Biologia / Ciências
12. Todos os seres vivos são formados por células, exceto os vírus. Mas afinal
o que é célula?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 2
BIOQUÍMICA
Composição Química
A análise química das células de qualquer ser vivo revela a presença
constante de certas substâncias que, nos diversos organismos, desempenham
fundamentalmente o mesmo papel biológico.
Os componentes químicos da célula podem ser divididos em dois gran-
des grupos “Inorgânicos e Orgânicos”.
A Água
Obs2.: um feto humano de três meses, contém cerca de 94% de água, en-
quanto um recém nascido apresenta cerca de 70% e um ser humano adulto,
aproximadamente 65%.
Propriedades da Água
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Componentes Orgânicos
Carboidratos
São também conhecidos açucares hidratos de carbono ou glicídios, são
compostos orgânicos elaborados pelos organismos autótrofos, como as plantas
e as algas, por meio do processo denominado de fotossíntese. Já os organis-
mos heterótrofos, como os animais, devem obter essas moléculas por meio da
nutrição. Os carboidratos estão presentes em diversos alimentos, como frutas,
legumes, pães, massas e doce. Essas substâncias constituem a principal fonte
de energia para as células desempenharem suas funções, como produzir e
transportar substâncias, crescer e se dividir.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Lipídios
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Biologia / Ciências
Obs.: No corpo humano, o colesterol pode ter duas origens: exógena (se inge-
rido através de alimentos (leite e derivados, ovos e carne em geral)) e endó-
gena (se fabricado pelo próprio organismo). O fígado não só produz como
também degrada o colesterol, atuando como um órgão regulador da taxa dessa
substancia no sangue.
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Biologia / Ciências
Proteínas
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Biologia / Ciências
Ácidos Nucleicos
Os ácidos nucleicos são moléculas orgânicas relacionadas ao controle
das atividades celulares, ao armazenamento e à transmissão das informações
hereditárias ao longo das gerações . Há dois tipos de ácidos nucleicos , o DNA
(ácido desoxirribonucleico) e o RNA (ácido ribonucleico).
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Biologia / Ciências
O DNA
O RNA
O RNA é formado por apenas uma cadeia de nucleotídeos. As bases
nitrogenadas presentes no RNA são a adenina, a uracila, a guanina e a citosi-
na. O RNA, de forma geral, é responsável pela expressão das informações
contidas no DNA, atuando na produção de proteínas. As moléculas de RNA
são produzidas de moléculas de DNA pelo processo de transcrição.
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Biologia / Ciências
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Vitaminas
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
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Biologia / Ciências
6. O arroz com feijão, o prato típico da dieta brasileira que nas últimas déca-
das tem perdido espaço para o fast-food e os alimentos industrializados, é
rico em ferro, sódio e zinco. Sobre os sais minerais, responda às questões
abaixo.
a) De modo geral, qual a função dos sais minerais?
_____________________________________________________________
____________________________________________________________
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
12. Como é feita a ligação entre dois aminoácidos? Como é conhecida essa
ligação?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
a) Cite o íon mineral que integra moléculas de hormônios que estimulam o me-
tabolismo.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
b) Cite alguns alimentos ricos em ferro.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
15. (Ufal 99) Considere os seguintes códons: UAC - GAU - UGC – AUG.
Os anticódons correspondentes são:
a) AUG - CUA - ACG - UAC
b) ATG - CTA - ACG - TAC
c) TUG - CUT - TCG - UTC
d) AGT - CGA - ACT - GAC
e) GCA - UCG - GUA - CGU
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Biologia / Ciências
16. (UFPA) Uma cadeia de RNA foi produzida tendo como molde o filamento de
DNA esquematizado abaixo:
GACATGACGAGCTAT
Pergunta-se:
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Biologia / Ciências
BIOLOGIA CELULAR
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 3
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS
Níveis de Organização dos Seres Vivos:
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Biologia / Ciências
A Biologia e a Investigação
A palavra ciência vem do latim (scientia) e significa “conhecimento”. A
ciência é um modo de pensar e, ao mesmo tempo, uma ferramenta para inves-
tigar o mundo em que vivemos. Os processos que levam ao conhecimento ci-
entífico sofrem influências dos mais diversos meios, como social, cultural, polí-
tico, econômico, religiosos, histórico e da própria personalidade de quem reali-
za a investigação. Dessa maneira, tais processos são extremamente dinâmicos
e apresentam mudanças ao longo do tempo.
Entretanto, um dos objetivos da ciência é representar o mundo em que
vivemos da maneira mais precisa possível, objetiva e imparcialmente. Para tal
finalidade, a ciência adota um conjunto de procedimento método científico.
O Método Científico
Se você for uma pessoa curiosa, dessas que observam o mundo com
atenção e procuram realmente compreendê-lo, que levam em conta o que já se
conhece sobre determinado assunto antes de tirar suas próprias conclusões,
saiba que o seu comportamento segue alguns dos princípios do método em-
pregado pela comunidade científica para fazer ciência.
O cientista observa meticulosamente os fatos e tenta explicá-los. Cada
nova descoberta pode fortalecer a explicação de um fato, ou torná-la sustentá-
vel.
Ao investigar um fenômeno qualquer com o método científico, devem-se
obedecer as seguintes etapas.
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Biologia / Ciências
De certo modo existem muitas situações na vida cotidiana que nos fa-
zem recorrer a alguns procedimentos lógicos para descobrir como as coisas
funcionam ou por qual razão elas acontecem como exemplificados no quadro a
seguir.
Observação:
A lâmpada não acende Experimento 1 Experimento 2
Acender a lâmpada da
sala
Questionamento: A lâmpada não acendeu Trocar a lâmpada
Por que a lâmpada não
acende?
Conclusão: A primeira hipótese é A lâmpada do quarto
falsa acendeu
1ª hipótese: a energia 2ª hipótese:
foi interrompida. A lâmpada do quarto Conclusão: a segunda
Predição: com o resta- queimou hipótese é valida.
belecimento da energia Predição: trocar a lâm-
elétrica, a lâmpada pada resolverá o pro-
acenderá. blema.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
1ª COLUNA 2ª COLUNA
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Biologia / Ciências
9. Com o objetivo de testar a eficiência de uma nova vacina contra uma doen-
ça chamada febre aftosa, vacinou-se um lote de vinte vacas, deixando ou-
tras vinte sem vacinar.
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
10. Após algum tempo, injetou-se em todas as vacas o vírus causador de febre
aftosa. O que representa o lote não vacinado?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
I. Levantamento de deduções;
II. Formulação de hipótese;
III. Experimentos que podem ser realizados;
IV. Observação de um fato.
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Biologia / Ciências
16. Foi o médico inglês Edward Jenner quem desenvolveu um método de pre-
venção contra a varíola que mais tarde seria chamada de vacinação. O inte-
resse de Jenner pela varíola parece ter surgido quando ouviu uma orde-
nhadora de vacas se vangloriar de ser imune à varíola humana, segundo
ela porque já havia contraído anteriormente varíola bovina. Ele teve, então,
a ideia de transmitir a varíola bovina a pessoas, para verificar se elas se
tornariam imunes à varíola humana, doença muito mais perigosa que a va-
ríola bovina. Em maio de 1796, Jenner injetou, em um menino de oito anos,
material retirado das erupções cutâneas das mãos de uma ordenhadora
atacada pela varíola bovina. Dois meses depois, Jenner injetou no menino
material retirado de erupções cutâneas de uma pessoa atacada por varíola
humana. Como se imaginava, o menino não desenvolveu a forma grave da
doença. O método foi testado diversas vezes por Jenner e por outros médi-
cos, confirmando a eficácia do tratamento, que logo se difundiu por toda a
Europa.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
ção foram feitas, mas sem sucesso até 1921. Dois pesquisadores, Frederick G.
Bating, um jovem médico canadense, e Charles H. Best, um estudante de me-
dicina, trabalhavam no assunto no laboratório do professor John J. R. MacLe-
od, n Universidade de Toronto. Eles extraíam a secreção do pâncreas de cães.
(IV) Quando injetaram os extratos (secreção do pâncreas) nos cães tornados
diabéticos pela remoção de seu pâncreas, o nível de açúcar no sangue desses
cães voltou ao normal, e a urina não apresentava mais açúcar”.
A alternativa que identifica corretamente cada uma das frases grifadas com
cada uma das etapas de construção do conhecimento científico é:
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 4
CITOLOGIA
Citologia
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Concentração de Soluções
Solução pode ser definida como uma mistura homogênea (possui fase única)
de duas ou mais substâncias. São classificadas de acordo com sua concentra-
ção, quanto ao seu estado físico (sólido, líquido ou gasoso) ou quanto à condu-
tividade elétrica. Numa solução encontramos:
Soluto: a substância dissolvida, ex.: Sal.
Solvente: a substância que dissolve o soluto, ex.: água.
Transporte Passivo
O transporte passivo, no qual não há gasto de energia, pode ocorrer nas
células de três maneiras: difusão simples, difusão facilitada e osmose.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
ENTRANDO NA REDE
No endereço da internet
http://rived.mec.gov.br/atividades/biologia/osmose.swf,
você encontra uma animação e informação sobre os-
mose e soluções de diferentes concentrações.
Transporte Ativo
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Biologia / Ciências
Transporte em Bloco
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Biologia / Ciências
Exocitose
Citoplasma ou Citosol
Na célula, o citoplasma se encontra entre o núcleo e a membrana plas-
mática. O citoplasma das células eucarióticas é formado pelo citosol, pelo ci-
toesqueleto e pelas organelas citoplasmáticas, também chamadas de orga-
noides. Nas células procarióticas, o citoplasma não tem citoesqueleto e apre-
senta apenas ribossomos como organelas.
Citosol
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Biologia / Ciências
Citoesqueleto
Organelas
No citoplasma das células eucarióticas existem diversas organelas, cada
uma desempenhando funções específicas. São as organelas da célula: os cen-
tríolos, os ribossomos, o retículo endoplasmático, o complexo Golgiense,
as mitocôndrias, os cloroplastos entre outras.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
12. Cloroplastos: São exclusivos das células vegetais. Assim como as mito-
côndrias, os cloroplastos são envoltos por duas membranas. Seu interior é
preenchido por um líquido, o estroma, no qual estão mergulhados ribosso-
mos, enzimas, DNA próprio e um sistema de membranas formado por di-
versos discos achatados, denominados tilacoides. Os tilacoides dispõe-se
em pilhas chamadas grama.
Os cloroplastos são responsáveis pelo processo de fotossíntese, no qual
ocorre a produção de glicídio e gás oxigênio pelas reações químicas entre
dióxido de carbono e água na presença de energia luminosa, captada pela
clorofila, pigmento verde presente nos cloroplastos.
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
Difusão
Características Transporte Ativo
Facilitada
Mediado por proteí-
nas?
Atua na permeabili-
dade seletiva?
Ocorre a favor de um
gradiente de concen-
tração?
Ocorre gasto de ATP
durante o transporte?
a) Todas as substâncias que estão fora da célula podem entrar, mas apenas
algumas podem sair.
b) Apenas gases, como oxigênio e gás carbônico , podem entrar ou sair da
célula.
c) Todas as substâncias que estão dentro da célula podem sair, mas apenas
algumas que estão fora podem entrar.
d) Algumas substâncias podem entrar ou sair da célula, enquanto outras são
impedidas de entrar ou sair.
e) N.D.A.
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Biologia / Ciências
7. (FGV-SP) Fagocitose é:
8. (UERJ) Quando ganhamos flores, se quisermos que elas durem mais tem-
po, devemos mergulhá-las dentro d’água e cortarmos, em seguida, a ponta
da sua haste. Este procedimento é feito com o objetivo de garantir a conti-
nuidade da condução da seiva bruta. Tal fenômeno ocorre graças à diferen-
ça de osmolaridade entre a planta e o meio onde ela está que são respecti-
vamente:
a) Hipotônica e isotônico.
b) Isotônica e hipotônico.
c) Hipertônica e isotônico.
d) Hipotônica e isotônico.
e) Hipertônica e hipotônico.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
19. (UFPA) A descoberta da célula foi feita em 1665 por ( ). Em 1838 e 1839,
( ) e ( ) através de observações de estruturas de muitas plantas e animais,
concluíram que os seres vivos são constituídos por células. Indique a alter-
nativa que completa corretamente as frases.
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Biologia / Ciências
23. Qual a denominação dada a uma proteína que facilita a difusão de certas
substâncias através da membrana plasmática?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
25. Qual é a estrutura que dá forma às células vegetais e está presente nas
células animais? Qual sua principal constituição?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
a) Os lisossomos
b) Os ribossomos
c) Os vacúolos
d) As mitocôndrias
e) Os pinossomos
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
a) I - 3, II - 4, III - 1, IV - 5 e V - 2.
b) I - 4, II - 3, III - 2, IV - 5 e V - 1.
c) I - 3, II - 4, III - 5, IV - 1 e V - 2.
d) I - 1, II - 2, III - 3, IV - 4 e V - 5.
e) I - 5, II - 4, III - 1, IV - 3 e V – 2
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 5
NÚCLEO
O Núcleo
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Ciclo Celular
A capacidade de reprodução é uma das principais características que
distinguem os seres vivos da matéria inanimada e depende, fundamentalmen-
te, da divisão celular. Em organismos unicelulares, como bactérias e amebas, a
divisão de uma célula pode ser considerada um processo de reprodução, pois
leva ao aumento do número de indivíduos. Em organismos pluricelulares, a
divisão celular está relacionada ao crescimento do corpo dos indivíduos, à re-
generação e à produção de células reprodutivas (gametas e esporos)
O ciclo celular compreende toda a vida da célula. Nele podemos distin-
guir o período em que a célula não está se dividindo interfase, e o período de
divisão celular (mitose e meiose).
A Interfase: é o período do ciclo celular em que a célula não está se dividindo
e no qual ocorre a duplicação do material genético celular.
Período G1: é a fase que antecede a duplicação do material genético da
célula;
Período S: é a fase em que ocorre a duplicação do material genético da
célula;
Período G2: é a fase após a duplicação do material genético celular.
Mitose
A mitose produz células filhas idênticas à célula-mãe. Cada célula filha
contém exatamente o mesmo número de cromossomos da célula mãe. Esse
processo ocorre durante o crescimento de um indivíduo e nos processos de
regeneração, constitui também a base de alguns processos de reprodução
assexuada, como a bipartição ou cissiparidade e o brotamento.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Meiose
Etapas da meiose:
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
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Biologia / Ciências
b) “Filho de peixe, peixinho é”, “Tal pai, tal filho”. Você deve ter ouvido pelo
menos uma vez essas expressões populares. Que relação pode fazer entre
elas e os genes que os nossos cromossomos abrigam?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Genética
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 6
GENÉTICA
Introdução a Genética
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Biologia / Ciências
Reprodução e Hereditariedade
Cromossomos e Hereditariedade
Atualmente se sabe que os gametas feminino e masculino contêm os
cromossomos maternos e paternos, respectivamente. Os cromossomos são
filamentos compactados e enovelados compostos de moléculas de DNA asso-
ciadas a proteínas, onde estão as instruções para o funcionamento da cada
célula e as informações hereditárias.
Durante o ciclo celular, ocorre a duplicação do DNA e os cromossomos
passam a ser formados por dois filamentos, chamados de cromátides-irmãs,
que permanecem ligados pelo centrômero. No processo de divisão celular, as
cromátides se separam e cada uma delas irá compor o material genético de
uma das células - filhas. Na extremidade dos cromossomos localizam-se os
telômeros, regiões que dão estabilidade aos cromossomos.
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Biologia / Ciências
Tipos de Cromossomos
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Biologia / Ciências
Gene e Hereditariedade
O material genético e hereditário dos seres vivos é o DNA. As moléculas
de DNA possuem informações sobre a forma e o funcionamento de um orga-
nismo. Um segmento de DNA que determina a produção de uma molécula es-
pecífica de RNA é chamada de gene. A maioria das moléculas de RNA, por
vez, orienta a produção de proteínas.
Os genes localizam-se em regiões determinadas dos cromossomos. Um
gene pode ter diferentes versões, conhecidas como alelos, que são equivalen-
tes quanto à posição nos cromossomos homólogos e atuam sobre a mesma
característica. No entanto, os alelos não são idênticos e cada um deles pode
condicionar uma variação da característica, como, por exemplo, cabelo liso e
cabelo crespo ou semente de cor amarela e semente de cor verde.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Experimentos de Mendel
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
VV vv Vv
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Biologia / Ciências
Conclusões de Mendel
Cada planta possui dois fatores (alelos), um recebido do pai e outro da mãe,
que determinam o aparecimento de uma característica.
Quando um organismo tem dois alelos diferentes para a mesma caracterís-
tica, ou seja, é um híbrido, apenas o dominante se manifesta.
Nos gametas, cada alelo aparece em dose simples, ou seja, no momento
da produção dos gametas, os alelos para a mesma características são se-
parados de forma independente.
Genótipo e Fenótipo
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Biologia / Ciências
Variação de Dominância
Dominância Incompleta
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Biologia / Ciências
1 :2: 1
CVCV CBCB CV CB
Codominância
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Biologia / Ciências
Alelos Letais
A cor da pelagem dos camundongos selvagens pode ser amarela ou
preta, sendo que o alelo para pelagem amarela é dominante (P) sobre o alelo
para pelagem preta (p). Em 1904, pesquisadores observaram que o do cruza-
mento entre camundongos amarelos heterozigotos (Pp) nasciam filhotes ama-
relos e pretos na proporção 2: 1. Como essa proporção era diferente da pro-
porção mendeliana genotípica para dominância completa, os pesquisadores
sugeriram que o alelo dominante, quando em dose dupla, era letal, inviabilizan-
do a ocorrência de camundongos amarelos homozigotos. Nesse caso, os indi-
víduos Pp são amarelos e nascem vivos, os pp são pretos e também viáveis,
mas os PP não sobrevivem. Os alelos letais, portanto, são genes que afetam
a sobrevivência de seus portadores, causando a morte prematura.
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84
Biologia / Ciências
Análise de um Heredograma
Alelos múltiplos
Quando há mais de dois alelos para cada lócus, fala-se em alelos múlti-
plos ou polialelia. Apesar de existirem, em uma população, vários indivíduos
diplóides ocorrem apenas dois deles, pois são apenas dois os cromossomos
homólogos. Suponhamos três alelos, A, A1 e A2 , combinados dois a dois. São
seis as combinações possíveis entre eles, como mostra o esquema abaixo.
AA A A1 A A2 A1 A1 A1 A2 A2 A2
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Biologia / Ciências
Aguti ou Selvagem:
Chinchila:
Himalaio:
Albino:
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Biologia / Ciências
Genótipo Fenótipo
CC, C Cch, C Ch e C Ca Selvagem ou aguti
CchCch, CchCh e CchCa Chinchila
ChCh e Ch Ca Himalaia
CaCa Albino
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Biologia / Ciências
Transfusões Sanguíneas
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Biologia / Ciências
SAÚDE EM PAUTA
Sintomas
Tratamento e prevenção
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
3. Um casal heterozigoto para um para de alelos e com quatro filhos terá obri-
gatoriamente um deles com fenótipo recessivo? Por quê?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
9. (UFRJ) Um casal não consegue ter filhos porque a mulher, apesar de pro-
duzir óvulos normais, possui o útero atrofiado (útero infantil). Uma amiga se
dispõe a desenvolver em seu útero o embrião do filho do casal, obtido por
fecundação em laboratório. Essa amiga, no entanto, é portadora de uma
doença hereditária. Há possibilidade de essa doença ser transmitida à cri-
ança? Justifique sua resposta.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
10. (UEPG) A genealogia abaixo apresenta uma família afetada por uma heran-
ça autossômica recessiva. Sobre o assunto, assinale o que for correto.
11. (UCPel) Com relação ao sistema sanguíneo ABO, uma criança, que foi ge-
rada a partir de um homem com fenótipo AB e uma mulher O, não pode ter
os fenótipos:
a) AB e O.
b) A e B.
c) A e O.
d) B e O.
e) A e AB.
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92
Biologia / Ciências
13. (UNIMONTES) A fibrose cística e uma doença hereditária que afeta vários
órgãos do corpo, causando secreções mucosas espessas e pegajosas, que
acabam obstruindo os pulmões e pâncreas. Isso leva a problemas respirató-
rios, incluindo infecções recorrentes, e dificuldade em digerir alimentos. O
heredograma abaixo caracteriza uma família relacionada à herança dessa
doença. Analise-o.
a) 25%.
b) 100%.
c) 50%.
d) 75%.
e) 0%
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
+ ENEM
1) (ENEM 2011) Em 1999, a geneticista Emma Whitelaw desenvolveu um ex-
perimento no qual ratas prenhes foram submetidas a uma dieta rica em vitami-
na B12, ácido fólico e soja. Os filhotes dessas ratas, apesar de possuírem o
gene para obesidade, não expressaram essa doença na fase adulta. A autora
concluiu que a alimentação da mãe, durante a gestação, silenciou o gene da
obesidade. Dez anos depois, as geneticistas Eva Jablonka e Gal Raz listaram
100 casos comprovados de traços adquiridos e transmitidos entre gerações de
organismos, sustentando, assim, a epigenética, que estuda as mudanças na
atividade dos genes que não envolvem alterações na sequência do DNA. A
reabilitação do herege. Época, no 610, 2010 (adaptado).
2) (ENEM 2009) Mendel cruzou plantas puras de ervilha com flores vermelhas
e plantas puras com flores brancas, e observou que todos os descendentes
tinham flores vermelhas. Nesse caso, Mendel chamou a cor vermelha de domi-
nante e a cor branca de recessiva. A explicação oferecida por ele para esses
resultados era a de que as plantas de flores vermelhas da geração inicial (P)
possuíam dois fatores dominantes iguais para essa característica (VV), e as
plantas de flores brancas possuíam dois fatores recessivos iguais (vv). Todos
os descendentes desse cruzamento, a primeira geração de filhos (F1), tinham
um fator de cada progenitor e eram Vv, combinação que assegura a cor verme-
lha nas flores.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
EVOLUÇÃO
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 7
EVOLUÇÃO
Introdução a Evolução
Como surgiu a vida no ambiente terrestre? E como ela evoluiu? Para
responder a essas duas questões, pode-se recorrer a argumentos científicos
ou não. Ainda é comum a crença segundo a qual a vida teria sido originada e
evoluiu a partir da ação de um Criador. Por outro lado, existem muitas evidên-
cias científicas, muitas delas apoiadas por procedimentos experimentais, de
que a vida surgiu e evoluiu de maneira lenta e progressiva, com a participação
de inúmeras substâncias e reações químicas, de processos bioenergéticos e,
claro, com a participação constante do ambiente. O estudo científico da origem
da vida e da evolução biológica, esta unificadora das diversas áreas biológicas,
é um dos mais fascinantes desafios da Biologia atual.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
A Panspermia Cósmica: Essa teoria afirma que os seres vivos não foram
originados aqui na Terra, mas em outros planetas, e trazidos para cá por
meio de esporos ou formas de resistência aderida a meteoritos que caíram
em nosso planeta.
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Biologia / Ciências
É a teoria mais aceita hoje pelo meio cientifico para explicar a origem da
vida, essa teoria explica como surgiram os primeiros organismos vivos, as pri-
meiras células.
A Teoria da Origem da Vida diz que na atmosfera primitiva da Terra, as-
sim como no Sol e em Júpiter, predominavam gases como metano, amoníaco,
hidrogênio e vapor d’água, compostos por elementos químicos básicos (carbo-
no, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio), liberados através de erupções vulcâni-
cas.
Esses gases na atmosfera, submetidos a descargas elétricas e as fortes
radiações ultravioletas (nossa camada de ozônio estava em formação), foram
fundamentais para a formação de moléculas orgânicas complexas, e com fre-
quentes chuvas. Um ambiente com altas temperaturas e grande quantidade de
mares, a evaporação excessiva resultava em fortes e frequentes chuvas, o que
foi responsável pela transferência das moléculas orgânicas da atmosfera para
os mares primitivos, dando origem aos coacervados, a primeira substância
orgânica da Terra. Os coacervados formavam um sistema parcialmente sepa-
rado do meio, permitindo que trocas fossem realizadas com esse meio. Poste-
riormente, com surgimento de uma membrana envoltória lipoproteica e ácidos
nucléicos inseridos em seu interior, e adquirindo a capacidade de reprodução,
surgiu o primeiro ser vivo da face da Terra.
A Teoria de Lamarck
Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), naturalista francês, foi o primeiro
cientista a propor uma teoria sistemática da evolução. Sua teoria foi publicada
em 1809, em um livro denominado Filosofia Zoológica. Segundo Lamarck, o
principio evolutivo estaria baseado em duas Leis fundamentais:
Lei do uso ou desuso: o uso de determinadas partes do corpo do orga-
nismo faz com que estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atro-
fiem.
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: alterações provocadas
em determinadas características do organismo, pelo uso e desuso, são
transmitidas aos descendentes.
Ele apoiava-se na sua observação de que as girafas costumam ter pescoço de
comprimento igual à altura das árvores da região. A sua teoria é de que suces-
sivas gerações de girafas foram esticando o seu pescoço até alcançar o galho.
Cada geração herdava dos seus pais a informação da altura das árvores de
alguma forma. Assim as espécies evoluem de maneira a adaptar-se ao meio.
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Biologia / Ciências
A Teoria de Darwin
Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, desenvolveu uma teoria
evolutiva que é a base da moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural.
Segundo Darwin, os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores
chances de sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número
maior de descendentes. Os organismos mais bem adaptados são, portanto,
selecionados para aquele ambiente.Os princípios básicos das ideias de Darwin
podem ser resumidos nos seguintes modos:
Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações em todos os
caracteres, não sendo, portanto, idênticos entre si.
Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo muitos
descendentes. Entretanto, apenas alguns dos descendentes chegam à ida-
de adulta.
O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos constan-
te ao longo das gerações.
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Biologia / Ciências
Lamarck Darwin
O meio cria necessidades que O meio exerce uma seleção natural que
induzem mudanças nos hábitos favorece os indivíduos portadores das ca-
e nas formas dos indivíduos. racterísticas mais apropriadas para um de-
terminado ambiente e num determinado
tempo.
As novas características con- No seio de uma população certos indivíduos
seguem-se pelo uso ou desuso apresentam características que lhes confe-
repetido de um órgão ou parte rem uma melhor adaptação em relação aos
do corpo. outros.
As características adquiridas Os mais aptos vivem mais tempo, reprodu-
são transmitidas aos descen- zem-se mais e transmitem as suas caracte-
dentes. rísticas aos descendentes.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
meio em que esse animal vive. Este método é muito utilizado pelos animais
para se fundirem com o meio envolvente ficando assim invisíveis ao olhar
dos predadores ou presas. E a Homotipia, onde o animal tem a forma de
objetos que compõe o meio. O bicho-pau, que tem forma de graveto e fica
em árvores que têm galhos semelhantes à forma de seu corpo.
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Biologia / Ciências
Melanismo Industrial:
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Biologia / Ciências
Evidências Evolutivas
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Processo de fossilização
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Biologia / Ciências
Especiação
O livro mais famoso escrito por Darwin chama-se “A Origem das Espé-
cies”. O interessante é que, apesar do título, em todo o seu livro, Darwin não
descreve um único caso concreto, observado na natureza, de nascimento de
uma espécie.
Sendo a evolução um processo muito lento, realmente é muito difícil
vermos esse nascimento. A especiação, como é chamada a formação de no-
vas espécies, é, portanto, um dos temas mais polêmicos acerca da evolução.
Há muita discussão sobre como o “nascimento” de uma espécie realmente
ocorre.
A especiação é o termo utilizado para definir o processo que resulta no
surgimento de uma nova espécie a partir de uma espécie já estabelecida. An-
tes, no entanto é preciso definir espécie.
O termo “espécie” vem do latim species e significa tipo, qualidade. É
empregado na linguagem cotidiana para designar tanto organismos vivos como
coisas não vivas. Existem vários conceitos de espécies, mas em 1942, Ernest
Mayr(1945-2005) propôs uma definição de espécie válida até hoje, apesar de
suas limitações. Nessa definição, “espécie é um grupo de populações cujos
indivíduos são capazes de cruzar e produzir descendentes férteis, em condi-
ções naturais, estando reprodutivamente isolados de indivíduos de outras es-
pécies”.
Há dois modelos básicos de especiação: por anagênese e por cladogênese.
Anagênese: (do grego: aná – movimento de baixo para cima, e génesis:
origem.). Consiste na transformação das características dentro de uma es-
pécie, com mudanças graduais que levam à adaptação evolutiva. Uma po-
pulação vai lentamente se adaptando a modificações ambientais, de tal
forma que a população final é tão diferente da inicial, que pode ser conside-
rada outra espécie.Um exemplo muito bem documentado pelo registro fóssil
de especiação por anagênese é o cavalo. Veja nos desenhos abaixo os vá-
rios gêneros de cavalo que aparecem no registro fóssil, até chegar ao gêne-
ro atual (Equus).
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Biologia / Ciências
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Processos de Especiação
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Biologia / Ciências
Isolamento Reprodutivo
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
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Biologia / Ciências
08. Explique a teoria evolutiva proposta por Lamarck e compare-a com a teoria
da seleção natural proposta por Darwin.
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a) Competição
b) Recapitulação
c) Seleção natural
d) Irradiação adaptativa
e) Convergência adaptativa
12. Dos princípios básicos das ideias de Charles Darwin, informe 3 e justifique.
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Biologia / Ciências
13. A hipótese mais aceita para explicar a origem da vida sobre a Terra propõe
que os primeiros seres vivos eram heterótrofos.
c) Além das condições ambientais, qual o outro argumento para não se aceitar
que o primeiro ser vivo tenha sido autótrofo?
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Biologia / Ciências
15. Pela teoria de Oparin, os primeiros seres surgidos na Terra, teriam sido:
a) Heterótrofos e aeróbios
b) Autótrofos e anaeróbios
c) Heterótrofos e anaeróbios
d) Autótrofos e aeróbios
e) Autótrofos e heterótrofos
16. Leia com atenção as declarações a seguir.
I. Admite-se, atualmente, que a atmosfera da Terra primitiva era constituída
de vapor de água, metano, amônia e hidrogênio.
II. Em 1953, Stanley L. Miller, reconstituindo as condições da Terra primitiva
em um aparelho, conseguiu produzir moléculas de carboidratos.
III. Sobre os primeiros seres vivos que surgiram na Terra, se aceita, atualmen-
te, que eram muito simples, autótrofos e aeróbios.
Sobre essas declarações pode-se afirmar que:
a) Apenas a II e a III estão corretas.
b) Apenas a II está correta.
c) Apenas a I e a II estão corretas.
d) Apenas a I e a III estão corretas.
e) Apenas a I está correta.
17. Cientistas americanos descobrem num meteorito de Marte, que caiu sobre a
Antártida, fortes indícios de vida fora da Terra. Entre as certezas e dúvidas
levantadas por tal fato, ainda sob a luz das surgidas no nosso planeta eram:
a) Todas autótrofas devido à escassez de alimentos nos oceanos primitivos.
b) Fermentadoras que utilizavam a energia radiante para produzir suas molé-
culas orgânicas.
c) Heterótrofas que utilizavam substâncias formadas na atmosfera e acumula-
das nos mares primitivos.
d) Fungos primitivos com capacidade de atividade fotossintética.
e) Aeróbias graças à abundância de átomos de oxigênio existente nas águas
do oceano.
18. Com relação à origem da vida são feitas três afirmações:
I. A ideia de que a vida surge a partir de vida preexistente é conhecida
como biogênese.
II. A crença em que a vida poderia surgir a partir de água, lixo, sujeira e
outros meios caracteriza a ideia de abiogênese.
III. A crença em que a vida é fruto da ação de um criador (como consta no
livro Gênesis, da Bíblia) é denominada de Criacionismo.
Assinale a alternativa que classifica corretamente cada afirmação como derru-
bada (+) ou não derrubada (-) por Pasteur.
a) I. (+), II. (-), III. (-).
b) I. (-), II. (+), III. (-).
c) I. (-), II. (-), III. (+).
d) I. (+), II. (+), III. (+).
e) I. (-), II. (-), III. (-).
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
31. (UFPB) Sabendo que os fósseis constituem uma das principais evidências
da evolução biológica:
a) Explique o que são fósseis:
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
ECOLOGIA
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Biologia / Ciências
CAPÍTULO 8
ECOLOGIA
Ecologia
Conceitos Fundamentais
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Ecossistemas
É o conjunto de todos os seres vivos de
um ambiente (fatores bióticos), somando aos
não- vivos (fatores abióticos) e às relações que
se estabelecem entre si, constitui um ecossis-
tema. Assim, um jardim, uma floresta, uma la-
goa, o oceano ou um deserto são exemplos de
ecossistemas. Mas também podem ser exem-
plos de ecossistemas ambientes menores, co-
mo uma poça de água (contendo seres vivos),
uma mata ou um vaso de plantas, por exemplo.
Os ecossistemas podem ser naturais
(formam-se independentemente da ação hu-
mana) e artificiais (formados pela ação do
homem).
Luz
A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É in-
dispensável ao desenvolvimento das plantas. De fato, os vegetais produzem a
matéria de que o seu organismo é formado através de um processo - a fotos-
síntese - realizado a partir da captação da energia luminosa. Praticamente to-
dos os animais necessitam de luz para sobreviver. São exceção algumas es-
pécies que vivem em cavernas - espécies cavernícolas - e as espécies que
vivem no meio aquático a grande profundidade - espécies abissais.
Certos animais como, por exemplo, as borboletas necessitam de eleva-
da intensidade luminosa, pelo que são designadas por espécies lucífilas. Por
oposição, seres como o caracol e a minhoca não necessitam de muita luz, evi-
tando-a, pelo que são denominadas espécies lucífugas.
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Biologia / Ciências
Temperatura
Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatu-
ra, o que confere a este fator uma grande importância. Cada ser sobrevive en-
tre certos limites de temperatura - amplitude térmica - não existindo nem acima
nem abaixo de um determinado valor. Cada espécie possui uma temperatura
ótima para a realização das suas atividades vitais. Alguns seres têm grande
amplitude térmica de existência - seres euritérmicos - enquanto outros só so-
brevivem entre limites estreitos de temperatura - seres estenotérmicos.
Água
É fator limitante de extrema importância para a sobrevivência de uma
comunidade. Além de seu envolvimento nas atividades celulares, não podemos
nos esquecer da sua importância na fisiologia vegetal (transpiração e condução
das seivas). É dos solos que as raízes retiram a água necessária para a sobre-
vivência dos vegetais.
Disponibilidade de Nutrientes
É outro fator limitante que merece ser considerado, notadamente em
ambientes marinhos.
Habitat
É o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada, isto é, o
seu "ENDEREÇO" dentro do ecossistema. Exemplo: Uma planta pode ser o
habitat de um inseto, o leão pode ser encontrado nas savanas africanas, entre
outros.
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Biologia / Ciências
Nicho Ecológico
É o papel que o organismo desempenha, isto é, a "PROFISSÃO" do
organismo no ecossistema. O nicho informa à custa de que se alimenta a quem
serve de alimento, como se reproduz, entre outros. Exemplo: a fêmea do
Anopheles (transmite malária) é um inseto hematófago (se alimenta de san-
gue), o leão atua como predador devorando grandes herbívoros, como zebras
e antílopes.
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Biologia / Ciências
Cadeia de Detritívoros
Nos ecossistemas, a especialização de alguns seres é tão grande, que a
tendência atual entre os ecologistas é criar uma nova categoria de consumido-
res: os comedores de detritos, também conhecido como detritívoros. Nesse
caso, são formadas cadeias alimentares separadas daquelas cadeias das
quais participam os consumidores habituais.
A minhoca, por exemplo, pode alimentar-se de detritos vegetais. Nesse
caso, ela atua como detritívora consumidora primária. Uma galinha, ao se ali-
mentar de minhocas, será consumidora secundária. Uma pessoa que se ali-
menta da carne da galinha ocupará o nível trófico dos consumidores terciários.
Os restos liberados pelo tubo digestório da minhoca, assim como os res-
tos dos demais consumidores, servirão de alimento para decompositores, bac-
térias e fungos.
Certos besouros comedores de estrume de vaca podem também ser
considerados detritívoros consumidores primários. Uma rã, ao comer esses
besouros, atuará no nível dos consumidores secundários. A jararaca, ao se
alimentar da rã, estará atuando no nível dos consumidores terciários, e a seri-
ema, ao comer a cobra, será consumidora de quarta ordem.
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Biologia / Ciências
Teias Alimentares
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Biologia / Ciências
Pirâmides Ecológicas
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
Antibiose (amensalismo)
A antibiose é o fenômeno no qual uma espécie impede o crescimento de outra.
É o que se vê quando raízes de certas plantas, como eucaliptos, secretam
substâncias tóxicas que eliminam muitos vegetais à sua volta.
É também exemplo dessa relação à produção de antibióticos por certos fungos,
que impede a proliferação de bactérias. Aliás, dessa descoberta do homem
surgiram muitos avanços na Medicina.
Herbivoria ou Herbivorismo:
É a relação em que animais herbívoros se alimentam de partes vivas de plan-
tas. Essa relação, entretanto, é uma das mais importantes na natureza: é por
meio da herbivoria que a energia captada da luz solar pelos produtores pode
passar para os demais níveis tróficos das cadeias alimentaras.
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
INTEGRANDO O CONHECIMENTO
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02. O que significa dizer que o fluxo de energia nos ecossistemas é unidireci-
onal?
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03. Conceitue:
a) População biológica:
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b) Comunidade biológica:
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c ) Produtores:
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d) Decompositores:
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e) Ecossistema:
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Biologia / Ciências
08. Explique, com suas palavras, a diferença entre fatores bióticos e abióticos,
a seguir cite um exemplo de cada um.
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Biologia / Ciências
Consumidor primário
Consumidor secundá-
rio
Consumidor terciário
Consumidor quartaná-
rio
Consumidor de quinta
ordem
Consumidor de sexta
ordem
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Biologia / Ciências
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Biologia / Ciências
21. Quais são os componentes de uma cadeia alimentar e com base em que
eles são classificados?
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22. Por que, dentro de uma cadeia alimentar, os vegetais são classificados
como produtores ou autótrofos?
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Biologia / Ciências
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Questões
Biologia
Questões - Biologia
BIOLOGIA
Comunidades e Populações
01 - (ENEM) Dados compilados por Jeremy Jackson, do
Instituto Scripps de Oceanografia (EUA), mostram que o
declínio de 90% dos indivíduos de 11 espécies de tubarões
do Atlântico Norte, causado pelo excesso de pesca, fez
comque a população de uma arraia, normalmente d.
devorada por eles, explodisse para 40 milhões de
indivíduos.
2
Questões - Biologia
Qual o conceito fundamental relacionado a essa estratégia? 06 - (ENEM) No Brasil, cerca de 80% da energia elétrica
a.Clonagem. advém de hidrelétricas, cuja construção implica o
represamento de rios. A formação de um reservatório para
b.Mutualismo. esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofauna local. Um
exemplo é o represamento do Rio Paraná, onde se
c.Parasitismo. observou o desaparecimento de peixes cascudos quase que
d.Transgênese. simultaneamente ao aumento do número de peixes de
espécies exóticas introduzidas, como o mapará e a corvina,
e.Controle biológico. as três espécies com nichos ecológicos semelhantes.
Disponível em: www.ib.usp.br. Acesso em: 23 fev. 2013 b.diminuição da competição intraespecífica.
(adaptado). c.aumento da competição interespecífica.
Essas espécies captam água do(a) d.isolamento geográfico dos peixes.
a.organismo das plantas vizinhas. e.extinção de nichos ecológicos.
b.solo através de suas longas raízes.
c.chuva acumulada entre suas folhas. 07 - (ENEM) Existem bactérias que inibem o crescimento de
d.seiva bruta das plantas hospedeiras. um fungo causador de doenças no tomateiro, por
consumirem o ferro disponível no meio. As bactérias
e.comunidade que vive em seu interior. também fazem fixação de nitrogênio, disponibilizam cálcio
e produzem auxinas, substâncias que estimulam
diretamente o crescimento do tomateiro.
05 - (ENEM) Os vaga-lumes machos e fêmeas emitem sinais
PELZER, G. Q. et al. “Mecanismos de controle da
luminosos para se atraírem para o acasalamento. O macho
murcha-de-esclerócio e promoção de crescimento em
reconhece a fêmea de sua espécie e, atraído por ela, vai ao
tomateiro mediados por rizobactérias”. Tropical PIant
seu encontro. Porém, existe um tipo de vaga-lume, o
Pathology, v. 36, n. 2, mar. abr. 2011 (adaptado).
Photuris, cuja fêmea engana e atrai os machos de outro
tipo, o Photinusfingindo ser desse gênero. Quando o macho Qual dos processos biológicos mencionados indica uma
Photinusse aproxima da fêmea Photuris, muito maior que relação ecológica de competição?
ele, é atacado e devorado por ela.
a.Fixação de nitrogênio para o tomateiro.
BERTOLDI, O. G.; VASCONCELLOS, J. R. Ciência & sociedade:
a aventura da vida, a aventura da tecnologia. São Paulo: b.Disponibilização de cálcio para o tomateiro.
Scipione, 2000 (adaptado). c.Diminuição da quantidade de ferro disponível para o
A relação descrita no texto, entre a fêmea do gênero fungo.
Photurise o macho do gênero Photinus, é um exemplo de d.Liberação de substâncias que inibem o crescimento do
a.comensalismo. fungo.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
embriões da vespa se alimentam do conteúdo desses ovos d.a conservação das araras-azuis depende também da
e impedem que as larvas de borboleta se desenvolvam. conservação dos tucanos-toco, apesar de estes serem
Assim, é possível reduzir a densidade populacional das predadores daquelas.
borboletas até níveis que não prejudiquem a cultura.
e.a derrubada de manduvis em decorrência do
A técnica de controle biológico realizado pela microvespa desmatamento diminui a disponibilidade de locais para os
Trichogramma sp. consiste na tucanos fazerem seus ninhos.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – C
02 – C
03 – E
04 – C
05 – D
06 – C
07 – C
08 – E
09 – A GABARITO
10 – C 01 – C
11 - C 02 – C
12 - A 03 – E
13 - D 04 – C
14 - C 05 – D
15 - E 06 – C
07 – C
08 – E
09 – A
10 – C
11 - C
12 - A
13 - D
14 - C
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Questões - Biologia
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a.normal.
b.válvulas venosas.
06 - (UNESP) O volume total de ar que cabe no sistema c.circulação linfática.
respiratório de um homem adulto, ao nível do mar, é cerca
de 6 litros. Nessas condições, os pulmões de um indivíduo d.contração cardíaca.
em repouso, a cada movimento respiratório, trocam com o
e.transporte de gases.
meio exterior, em média, apenas 0,5 litro de ar. Essa
quantidade de ar inspirado mistura-se ao ar retido nas vias
aéreas e apenas parte dessa mistura chega aos alvéolos.
08 - (FGV) Um dos procedimentos médicos em casos de
Desse modo, considerando a fisiologia e a anatomia do obstrução de vasos sanguíneos cardíacos, causada
aparelho respiratório humano, é correto afirmar que, geralmente por acúmulo de placas de gordura nas paredes
durante a inspiração, o ar que chega aos alvéolos possui (Figura 1), é a colocação de um tubo metálico expansível
em forma de malha, denominado stent (Figura 2). evitando
a.maior concentração de CO2 que aquela do sangue
o infarto do miocárdio.
venoso.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
c.do ventrículo esquerdo em direção à aorta. Interpretando a tabela acima, pode-se afirmar que:
d.e nutrientes para todos os tecidos corpóreos. a.a PO2 alveolar na situação “respirando ar” aumenta
progressivamente a medida que a altitude aumenta.
e.dos pulmões em direção ao ventrículo esquerdo do
coração. b.a saturação de oxigênio arterial aumenta
progressivamente em altitudes mais elevadas em ambas as
situações da tabela.
09 - (UEMG) O líquido extracelular é transportado por todo c.a PCO2 na situação “respirando oxigênio puro”
o corpo em duas etapas: na primeira, por meio do permanece constante com o aumento da altitude.
movimento do sangue pelos vasos sanguíneos, e, na
segunda, pelo movimento do líquido entre os capilares d.à medida que a altitude aumenta, a pressão barométrica
sanguíneos e as células. A medida que o sangue atravessa diminui e a PO2 diminui proporcionalmente.
os capilares, produz-se também um intercâmbio contínuo
de líquido extracelular entre a porção de plasma de sangue e.a saturação de oxigênio arterial na situação “oxigênio
e o líquido intersticial que ocupa os espaços entre as puro” permanece constante com o aumento da altitude.
células. Os capilares são permeáveis à maioria das
moléculas presentes no plasma sanguíneo, podendo tais
moléculas se difundir em ambos os sentidos entre o sangue 11 - (ENEM) Os efeitos do exercício físico na redução de
e os espaços tissulares, com exceção de proteínas. Desse doenças cardiovasculares são bem conhecidos,
modo, o líquido extracelular de qualquer zona do corpo, aumentando, por exemplo, a tolerância a infartos em
tanto do plasma quanto dos espaços intersticiais, se comparação com indivíduos sedentários. Visando ganho de
encontra em um processo de mesclagem contínua, força, de massa muscular e perda de gordura, verifica-se o
mantendo assim uma homogeneidade quase completa em uso de anabolizantes por alguns esportistas. Em uma
todo o corpo. pesquisa com ratos, confirmou-se a melhora da condição
cardíaca em resposta ao exercício, mas verificou-se que os
O fluxo dos líquidos corpóreos é determinado pelas efeitos benéficos do exercício físico são prejudicados pelo
pressões: uso de anabolizantes, como o decanoato de nandrolona,
a.capilar e diastólica. aumentando a área cardíaca afetada pelo infarto.
a.
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9
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
e.
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10
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
01 – E
a.1,05 cm – transportar sangue da aorta para a cabeça.
02 – B
b.1,05 cm – transportar sangue dos pulmões para o
coração. 03 – C
c.1,20 cm – transportar sangue dos pulmões para o 04 – A
coração.
05 – C
d.2,10 cm – transportar sangue da cabeça para o pulmão.
06 – C
e.2,10 cm – transportar sangue da aorta para a cabeça.
07 – B
08 – B
15 - (UFTM) Os eritroblastos são células que apresentam
09 – C
núcleo e várias organelas membranosas. Durante a
diferenciação celular, formam-se os eritrócitos (hemácias), 10 – D
que são anucleados e não possuem organelas. Ao longo
11 - B
desse processo, o núcleo é
12 - A
a.eliminado por endocitose e os lisossomos realizam a
heterofagia das organelas celulares, eliminando-as da 13 - B
célula.
14 - A
b.eliminado por clasmocitose e os peroxissomos realizam a
autofagia, autodestruindo as organelas celulares. 15 - C
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11
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.caule subterrâneo.
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12
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
c.temperatura de clima temperado. 07 - (ENEM) Uma região de Cerrado possui lençol freático
profundo, estação seca bem marcada, grande insolação e
d.vegetação predominantemente epífita. recorrência de incêndios naturais. Cinco espécies de
e.migração das aves no período reprodutivo. árvores nativas, com as características apresentadas no
quadro, foram avaliadas quanto ao seu potencial para uso
em projetos de reflorestamento na região.
a.folhas substituídas por espinhos, a fim de reduzir a perda 09 - (FUVEST) Parte do solo da bacia amazônica é
de água para o ambiente. naturalmente pobre em nutrientes e, consequentemente,
pouco apropriada para a agricultura comercial. Por outro
b.folhas grossas, que caem em períodos frios, a fim de lado, em certas porções desse território, são encontradas
reduzir a atividade metabólica. extensões de terra rica em carvão e nutrientes (sob a forma
de compostos de fósforo e cálcio), os quais não resultaram
c.caules modificados, que armazenam água, a fim de suprir da decomposição microbiana da vegetação. Esse tipo de
as plantas em períodos de seca solo é popularmente chamado de “terra preta”.
d.raízes desenvolvidas, que penetram profundamente no Dentre as hipóteses a seguir, formuladas para explicar a
solo, em busca de água. ocorrência da “terra preta”, a mais plausível seria a da
e.raízes respiratórias ou pneumatóforos, que afloram do
solo e absorvem o oxigênio diretamente do ar.
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13
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.decomposição gradativa de restos de peixes e caça e 11 - (UFV) O atual processo de desenvolvimento da Região
deposição da fuligem gerada pela queima de madeira, Nordeste exemplifica os dilemas do crescimento econômico
empregada no cozimento de alimentos. do país. A caatinga é um bioma cercado por indústrias,
comércio e famílias funcionando como um entrave para a
b.decomposição microbiana de afloramentos de petróleo, agricultura e a pecuária. Hoje, o desmatamento atinge
seguida pela combustão completa dos produtos dessa cerca de 45% do território.
decomposição.
Assinale a afirmativa que apresenta CORRETAMENTE uma
c.reação dos carbonatos e fosfatos, existentes na vegetação relação equilibrada entre crescimento econômico e
morta, com chuvas que apresentam pH menor do que 4 preservação da natureza na caatinga:
(chuva ácida).
a.Proibição do corte de lenha utilizada como fonte de
d.oxidação, durante a respiração noturna, do carbono energia pelas indústrias locais.
contido nos vegetais da floresta amazônica.
b.Autorização do corte de lenha dividido em lotes pelas
e.decomposição térmica de calcário, produzindo óxido de famílias de pequenos agricultores e utilização de madeira
cálcio e carvão. certificada.
e.4, 1 e 3.
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14
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.pantanosos, com pouca disponibilidade de oxigênio. A a.uma área em estado quase nativo, que tem sofrido pouca
baixa concentração de oxigênio impede que os intervenção antrópica.
micro-organismos decomponham o vegetal e liberem o
carbono para a atmosfera. b.um bioma que se concentra apenas na região Nordeste
do Brasil, com grande diversidade vegetal.
b.pantanosos, com pouca disponibilidade de oxigênio. A
baixa concentração de oxigênio acelera o processo de c.uma área caracterizada principalmente pela
decomposição, realizado pelos micro-organismos predominância de espécies vegetais adaptadas ao estresse
anaeróbios, que convertem o carbono na forma de hídrico.
carboidrato em álcool pelo processo da fermentação d.um bioma que se concentra parcialmente no Nordeste
alcoólica. brasileiro, podendo ser identificada por possuir plantas em
c.arenosos, com alta disponibilidade de oxigênio. As altas sua maioria halófitas.
concentrações de oxigênio permitem a oxidação dos
carboidratos, como a celulose, em oxicarboidratos
compostos altamente energéticos.
a.Mata de Araucária.
b.Mata de Cocais.
c.Caatinga.
d.Pampas.
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15
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – D
02 – C
03 – E
04 – A
05 – C
06 – E
07 – B
08 – D
09 – A
10 – E
11 - B
12 - C
13 - A
14 - D
15 - C
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16
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
01 - (FUVEST) Assinale a alternativa que ordena Várias espécies habitam as margens dos rios, absorvendo a
corretamente três novidades evolutivas, de acordo com o água e retendo partículas do solo em suspensão. Existem
seu surgimento no processo de evolução das plantas espécies que têm a capacidade de concentrar metais
terrestres. pesados, como o mercúrio, outras, de reter poluentes do
ar.
a.Sistema vascular, semente, flor.
No Japão, foi identificada uma espécie que se desenvolve
b.Sistema vascular, flor, semente. apenas em água poluída. Existem espécies de briófitas que
c.Semente, sistema vascular, flor. servem ainda de alimento para alguns mamíferos, pássaros
e peixes, e que podem ser usadas para fins medicinais,
d.Semente, flor, sistema vascular. entre outras finalidades.
e.Flor, sistema vascular, semente. "Ciência Hoje", v.16, n.91, junho de 1993 [adapt.]
As letras A, B e C indicam, respectivamente, o momento em d.Os frutos, que promovem uma maior eficiência
que surgem, ao longo do processo evolutivo, as seguintes reprodutiva.
características dos vegetais: e.Os vasos condutores, que possibilitam o transporte da
a.cutícula, sementes, tecidos vasculares. seiva bruta.
c.esporófito dominante, embriões multicelulares, frutos. 08 - (UNICAMP) De acordo com o cladograma a seguir, é
correto afirmar que:
d.gametângios multicelulares, tecidos vasculares,
sementes.
a.óvulos.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
d.Ser criptograma.
09 - (UECE) Assinale a opção que contém a sequência 12 - (UESPI) As plantas avasculares são pequenas e são
correta correspondente ao ciclo de vida das pteridófitas. comuns em ambientes sombreados. Sobre suas
características reprodutivas, observe o ciclo de vida
a.Produção de esporos – esporófilo – produção de gametas exemplificado abaixo e assinale a alternativa correta.
– fecundação – protonema
d.esporófito, esporo e gametófito. e.O esporófito (5) representa a fase assexuada do ciclo
reprodutivo.
e.gametófito, esporo e esporófito.
b.Necessitar de água para reproduzir-se. c.aumenta o risco de extinção de certas gramíneas, a partir
das quais é produzido.
c.Não ter flores, sementes e frutos.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.gutação.
b.gravidade.
c.respiração.
d.fotossíntese.
e.transpiração.
02 – D
03 – E
04 – E
05 – D
06 – E
07 – C
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20
Questões - Biologia
es
ha
os GABARITO
os
01 – A
02 – D
03 – E
04 – E
05 – D
06 – E
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
07 – C
08 – D
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10 – C
11 - E
12 - A
13 - A
14 - E
15 - D
21
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
d) A célula representada é diploide: seu DNA foi duplicado e) A quantidade de DNA das células filhas permaneceu igual
no período S da interfase (fase 2) e, posteriormente, passou à da célula mãe.
pelas duas fases da meiose, originando células-filhas com
metade da quantidade de DNA (fase 7, células haploides).
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
e) Não alelos entre cromossomos não homólogos. b) 1 = em células haploides; 2 = na meiose: 3 = na mitose; 4
= em células diploides.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a) A célula-mãe deveria ter apenas 2 cromossomos, e as 11 - (PUC-RS) Na figura abaixo está esquematizada a fase da
células filhas deveriam ter 4 cromossomos, pois têm origem mitose que os biologistas denominam:
após a duplicação dos cromossomos.
a) Telófase.
09 - (FUVEST) Células de embrião de drosófila (2n=8), que
b) Metáfase.
estavam em divisão, foram tratadas com uma substância
que inibe a formação do fuso, impedindo que a divisão c) Anáfase.
celular prossiga.
d) Prometáfase.
Após esse tratamento, quantos cromossomos e quantas
cromátides, respectivamente, cada célula terá? e) Prófase.
a.4 e 4.
a) X/2 e X.
13 - (UFRS) À medida que a célula cresce, seu volume
b) X e X/2. aumenta muito mais rapidamente que sua superfície. Como
todas as trocas vitais da célula com o meio ambiente
c) 2X e X. realizam-se através da membrana, suas funções vitais se
tornam cada vez menos eficientes, levando a célula a:
d) X e 2X .
a) Dividir-se.
e) X/2 e 2X.
b) Morrer.
c) Regenerar.
d) Atrofiar-se.
e) Encistar-se.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
15 - A
15 - (IFMT) Nos últimos capítulos da novela Insensato
Coração, foi revelada toda a angústia do personagem
André, interpretado pelo ator Lázaro Ramos, ao ser
diagnosticado com câncer de testículo. Na vida real, o ator
Reynaldo Gianecchini afirmou: “estou pronto para a luta”,
ao também ser diagnosticado com câncer, só que linfático.
Com relação a este assunto, é correto afirmar que:
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
Disponível em: www.ambienteduran.eng.br. Acesso em: 4 A diversidade de plantas tende a ser maior em lugares que
ago. 2012 (adaptado). não sejam nem tão hostis nem tão hospitaleiros. Em um
ambiente onde faltam recursos, poucas espécies de plantas
Os SAFs são atualmente muito adotados como estratégia sobrevivem. Se as condições melhoram, o número de
de manejo ambiental no Brasil porque espécies tende a aumentar. Já quando há abundância de
nutrientes, a tendência se reverte e o ambiente é
a.garantem a produção de plantas exóticas.
dominado por poucas espécies que captam recursos de
b.possibilitam a manutenção de monocultura típica. forma mais eficaz. O gráfico abaixo mostra a relação entre a
biomassa e a quantidade de espécies de plantas em uma
c.aumentam a produção com culturas transgênicas. mesma área.
d.permitem a utilização do solo com culturas diversas. (Texto e imagem adaptados de
e.favorecem a adaptação de plantas lenhosas madeireiras. http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/07/18/estudo-reabil
ita-teoria-sobre-diversidade-de-plantas.)
02 - (FUVEST)
goiabeiras.
E que haja por perto brejos e iguarias de brejos. Com base no texto, é correto afirmar que
É preciso que haja insetos para os passarinhos. a.espécies mais eficientes na obtenção de recursos
prevalecem quando há abundância de recursos.
Insetos de pau sobretudo que são os mais palatáveis.
b.quanto maior a abundância de recursos, maior a
A presença de libélulas seria uma boa.
diversidade de espécies.
O azul é importante na vida dos passarinhos
c.alta produção de biomassa indica necessariamente maior
porque os passarinhos precisam antes de ser belos ser diversidade de espécies.
eternos.
d.ambientes hostis são mais limitantes para a diversidade
Eternos que nem uma fuga de Bach.” que ambientes hospitaleiros.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
04 - (ENEM) O caramujo gigante africano, Achatina fulica, é d.Adoção de agricultura sustentável de baixo carbono.
uma espécie exótica que tem despertado o interesse das
autoridades brasileiras, uma vez que tem causado danos e.Criação de diques de contenção em regiões costeiras.
ambientais e prejuízos econômicos à agricultura. A
introdução da espécie no Brasil ocorreu clandestinamente,
com o objetivo de ser utilizada na alimentação humana. 06 - (ENEM) Os ecossistemas degradados por intensa
Porém, o molusco teve pouca aceitação no comércio de atividade agrícola apresentam geralmente, diminuição de
alimentos, o que resultou em abandono e liberação sua a estabilidade. Nesse contexto, o uso integrado de
intencional das criações por vários produtores. Por ser uma árvores aos sistemas agrícolas (sistemas agroflorestais)
espécie herbívora generalista (alimenta-se de mais de 500 pode cumprir um papel inovador ao buscar a aceleração do
espécies diferentes de vegetais), com grande capacidade processo sucessional e, ao mesmo tempo, uma produção
reprodutiva, tornou-se uma praga agrícola de difícil escalonada e diversificada.
erradicação. Associada a isto, a ausência de predadores
Disponível em: saf.cnpgc.embrapa.br. Acesso em 21 jan.
naturais fez com que ocorresse um crescimento
2012 (adaptado)
descontrolado da população.
Essa é uma estratégia de conciliação entre recuperação
O desequilíbrio da cadeia alimentar observado foi causado
ambiental e produção agrícola, pois
pelo aumento da densidade populacional de
a.substitui gradativamente as espécies cultiváveis por
a.consumidores terciários, em função da elevada
espécies arbóreas.
disponibilidade de consumidores secundários.
b.intensifica a fertilização do solo com o uso de técnicas
b.consumidores primários, em função da ausência de
apropriadas e biocidas.
consumidores secundários.
c.promove maior diversidade de vida no solo como
c.consumidores secundários, em função da ausência de
aumento da matéria orgânica.
consumidores primários.
d.favorece a dispersão das sementes cultivadas pela fauna
d.consumidores terciários, em função da elevada
residente nas áreas florestais.
disponibilidade de produtores.
e.cria condições para o estabelecimento de espécies
e.consumidores primários, em função do aumento de
pioneiras Com a diminuição da insolação sobre o solo.
produtores.
07 - (ENEM) O menor tamanduá do mundo é solitário e tem
hábitos noturnos, passa o dia repousando, geralmente em
05 - (ENEM) O Painel intergovernamental de Mudanças um emaranhado de cipós, com o corpo curvado de tal
Climáticas (na sigla em inglês, IPCC) prevê que nas próximas maneira que forma uma bola. Quando em atividade, se
décadas o planeta passará por mudanças climáticas e Iocomove vagarosamente e emite som semelhante a um
propõe estratégias de mitigação e adaptação a elas. As assobio. A cada gestação, gera um único filhote. A cria é
estratégias de mitigação são direcionadas à causa dessas deixada em uma árvore à noite e e amamentada pela mãe
mudanças, procurando reduzir a concentração de gases de até que tenha idade para procurar alimento. As fêmeas
efeito estufa na atmosfera. As estratégias de adaptação, adultas têm territórios grandes e o território de um macho
por sua vez, são direcionadas aos efeitos dessas mudanças, inclui o de várias fêmeas, o que significa que ele tem
procurando preparar os sistemas humanos às mudanças sempre diversas pretendentes à disposição para namorar!
climáticas já em andamento, de modo a reduzir seus efeitos
Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n.o 174, nov. 2006
negativos.
(adaptado).
IPCC, 2014. Climate Change 2014: synthesis report.
Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito ao seu
Disponível em: http://w5-syr.ipcc.ch. Acesso em: 22 out
2015 (adaptado) a.hábitat.
Considerando as informações do texto, qual ação b.biótopo.
representa uma estratégia de adaptação?
c.nível trópico.
a.Construção de usinas eólicas.
d.nicho ecológico.
b.Tratamento de resíduos sólidos.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
terrícola. Ambas ocorrem, no Brasil, na floresta pluvial 15 - (FGV) PESQUISADORES DESCOBREM NOVO
costeira. ECOSSISTEMA EM LAGO ANTÁRTICO.
Essas serpentes Um lago com água sete vezes mais salgada que a do mar,
soterrado por vários metros de gelo numa região desértica
a.disputam o mesmo nicho ecológico. do continente antártico, abriga um ecossistema composto
b.constituem uma população. por criaturas hoje totalmente desconhecidas.(...) O melhor
ainda está por vir, quando os pesquisadores estudarem a
c.compartilham o mesmo hábitat. porção líquida e os organismos nesse habitat isolado. (...) O
líder do grupo afirmou que "pretendem voltar ao lago em
d.realizam competição intraespecífica.
dois anos para atingir a água e caracterizar a vida lá. Ainda
e.são comensais. não o fizemos porque queríamos ter certeza de que
estaríamos fazendo do jeito mais limpo e menos
perturbador possível". A grande preocupação é não
contaminar o lago com organismos do mundo exterior.
13 - (ENEM) As briófitas, no reino vegetal, e os anfíbios,
entre os vertebrados, são considerados os primeiros grupos ("Folha de S. Paulo", 17.12.2002)
a conquistar o ambiente terrestre. Comparando-os, é
correto afirmar que, No texto, o emprego do termo ecossistema será adequado
apenas se
a.nos anfíbios e nas briófitas, o sistema vascular é pouco
desenvolvido; isso faz com que, nos anfíbios, a temperatura a.as "criaturas desconhecidas" forem descritas pela ciência.
não seja controlada internamente.
b.o lago abrigar espécies animais e vegetais.
b.nos anfíbios, o produto imediato da meiose são os
c.o gelo for eliminado, permitindo que uma comunidade ali
gametas; nas briófitas, a meiose origina um indivíduo
se estabeleça.
haploide que posteriormente produz os gametas.
d.no lago houver uma comunidade interagindo com o
c.nos anfíbios e nas briófitas, a fecundação ocorre em meio
ambiente físico.
seco; o desenvolvimento dos embriões se dá na água.
e.não houver contaminação do lago com organismos do
d.nos anfíbios, a fecundação origina um indivíduo diploide
mundo exterior.
e, nas briófitas, um indivíduo haploide; nos dois casos, o
indivíduo formado passa por metamorfoses até tornar-se
adulto.
c.um ecossistema.
d.uma população.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – D
02 – B
03 – A
04 – B
05 – E
06 – C
07 – D
08 – E
09 – D
10 – E
11 - E
12 - C
13 - B
14 - B
15 - D
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30
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
c.formação de água.
d.produção de ATP.
e.liberação de calor.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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32
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
Assinale a alternativa que completa correta e seguir continuam a ocorrer nas hemácias maduras, apesar
respectivamente os itens I, II, III, IV e V. dessa adaptação?
a.1ATP; zero ATPs; 1 vez; 6ATPs; total = 36ATPs a) Cadeia transportadora de elétrons.
11 - (UERJ) As leveduras são utilizadas pelos vinicultores 14 - (ENC-MEC) O esquema abaixo resume reações
como fonte de etanol, pelos panificadores como fonte de químicas que podem ocorrer no metabolismo celular.
dióxido de carbono e pelos cervejeiros como fonte de
ambos.
Além da produção de tais substâncias, este processo b) É moderada e há oxigênio suficiente para a respiração
apresenta a seguinte finalidade para a levedura: aeróbica.
GABARITO
01 – D
02 – C
03 – A
04 – C
05 – C
06 – A
07 – E
08 – D
09 – B
10 – E
11 - B
12 - C
13 - C
14 - D
15 - E
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
01 - (UFMS) Qual organela citoplasmática, relacionada O processo biológico que se assemelha ao descrito é a
abaixo, contém DNA e apresenta capacidade de
autoduplicação? a.fotossíntese.
a.Lisossomos. b.fermentação.
b.Cloroplastos. c.quimiossíntese.
e.Complexo de Golgi.
04 - (UNESP) Um pequeno agricultor construiu em sua
propriedade uma estufa para cultivar alfaces pelo sistema
02 - (UNEMAT) A fotossíntese é um processo de formação de hidroponia, no qual as raízes são banhadas por uma
de matéria orgânica, a partir da água e do gás carbônico, e solução aerada e com os nutrientes necessários ao
exige luz para que se realize. Este processo é realizado desenvolvimento das plantas.
pelos seres vivos que possuem em suas células pigmentos
fotossintetizantes, como a clorofila. A respeito deste Para obter plantas maiores e de crescimento mais rápido, o
processo, é correto afirmar. agricultor achou que poderia aumentar a eficiência
fotossintética das plantas e para isso instalou em sua estufa
a.A fotossíntese apresenta duas fases: a de claro ocorre nos equipamentos capazes de controlar a umidade e as
cloroplastos e a de escuro ocorre nas mitocôndrias. concentrações de CO2 e de O2 na atmosfera ambiente,
além de equipamentos para controlar a luminosidade e a
b.Ao final do processo fotossintético, a planta produzirá temperatura.
nitrogênio, água e oxigênio.
É correto afirmar que o equipamento para controle da
c.Na fotossíntese, a fase fotoquímica (reação de claro)
ocorre nas partes clorofiladas dos cloroplastos e consiste a.umidade relativa do ar é bastante útil, pois, em ambiente
em duas etapas: a fotólise da água que libera e a mais úmido, os estômatos permanecerão fechados por
fotofosforilação que produz ATP. mais tempo, aumentando a eficiência fotossintética.
e.O objetivo principal da fotossíntese e manter estável a c.concentração de é bastante útil, pois um aumento na
quantidade de oxigênio do planeta, um processo realizado concentração desse gás pode, até certo limite, aumentar a
exclusivamente pelas plantas. eficiência fotossintética.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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36
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
Com relação à eficiência fotossintética das plantas após o GARATONI, B. Superinteressante. Edição 276, mar. 2010
deslocamento em relação aquela do ponto de origem, e (adaptado).
considerando apenas a variação da incidência dos raios
solares, é correto afirmar que A capacidade de o molusco fazer fotossíntese deve estar
associada ao fato de o gene incorporado permitir que ele
a.a eficiência fotossintética de ambas as plantas não irá se passe a sintetizar
alterar se o botânico navegar para maiores latitudes, em
qualquer sentido. a.clorofila, que utiliza a energia do carbono para produzir
glicose.
b.a planta do Pará apresentará maior eficiência
fotossintética se o botânico navegar para maiores b.citocromo, que utiliza a energia da água para formar
longitudes, em sentido leste, mas a planta do Gabão oxigênio.
apresentará eficiência fotossintética diminuída. c.clorofila, que doa elétrons para converter gás carbônico
c.a planta do Pará apresentará maior eficiência em oxigênio.
fotossintética se o botânico navegar para maiores d.citocromo, que doa elétrons da energia luminosa para
longitudes, em sentido oeste, mas a planta do Gabão produzir glicose.
apresentará eficiência fotossintética diminuída.
e.clorofila, que transfere a energia da luz para compostos
d.ambas as plantas manterão, aproximadamente, a mesma orgânicos.
eficiência fotossintética se o botânico navegar para maiores
longitudes, tanto em sentido leste quanto para oeste.
e.ambas as plantas terão a eficiência fotossintética 11 - (UNESP) Os gráficos apresentam as taxas de respiração
aumentada se o botânico navegar para maiores latitudes ao e de fotossíntese de uma planta em função da intensidade
norte, mas terão a eficiência fotossintética diminuída se luminosa a que é submetida.
navegar para o sul.
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37
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
d.no intervalo A-C a planta se apresenta em processo de um ambiente com maior concentração de gás carbônico, o
crescimento e, a partir do ponto C, há apenas a que inibiu seu crescimento.
manutenção da biomassa vegetal.
c.a planta da sala foi mantida abaixo de seu ponto de
e.no intervalo A-B a variação na intensidade luminosa afeta compensação fótica, enquanto que a da calçada foi
as taxas de respiração e de fotossíntese e, a partir do ponto mantida em seu ponto de compensação. A concentração de
C, essas taxas se mantêm constantes. gás carbônico deve ter tido pouca influência na diferença
de crescimento dessas plantas.
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38
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
11 - A
12 - C
13 - D
14 - D
15 - B
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39
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
BIOLOGIA
Genética 03 - (ENEM) O heredograma mostra a incidência de uma
anomalia genética em um grupo familiar.
01 - (UNESP) O psicólogo Antoni Bolinches afirma que nas
depressões leves ou moderadas os medicamentos tratam
os sintomas, mas não a causa. Por isso, às vezes, quando o
tratamento acaba, o problema continua existindo. “As
depressões exógenas ou reativas, isto é, aquelas que vêm
de fora, de algo que o está afetando ou que lhe aconteceu,
deveriam ser tratadas principalmente, ou também,
psicologicamente. Porque se o paciente aprende a lidar
com o problema obtém o dobro de benefícios: o supera,
mas também aprende”, diz. Entretanto, reconhece que há
pessoas que preferem tomar medicação. “Criamos um
modelo social em que não estamos acostumados com o
esforço e as dificuldades, por isso recorremos à
farmacologia”, diz.
Para o psicólogo, a diferença entre estados de normalidade O indivíduo representado pelo número 10, preocupado em
e de patologia mental transmitir o aIeIo para a anomalia genética a seus filhos,
calcula que a probabilidade de ele ser portador desse aIeIo
a.envolve questões de natureza psiquiátrica e espiritualista. é de
b.é determinada pela herança genética de cada indivíduo. a.0%
c.depende sobretudo de condicionamentos econômicos. b.25%
d.depende do cruzamento de fatores neurológicos e c.50%
sociais.
d.67%
e.envolve fatores primordialmente químicos e biológicos.
e.75%
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40
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.branca. b.25
b.selvagem. c.30
a.Recessiva, ligada ao cromossomo X. e.o pai seja homozigoto para o sistema e heterozigoto para
o fator e a mãe homozigota para as duas características.
b.Dominante, ligada ao cromossomo X.
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41
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
Qual é a função dessa solução de anticorpos? a.dominância incompleta do alelo mutante em relação ao
alelo normal.
a.Modificar o fator Rh do próximo filho.
b.falha na separação dos cromossomos X no momento da
b.Destruir as células sanguíneas do bebê. separação dos dois embriões.
c.Formar uma memória imunológica na mãe. c.recombinação cromossômica em uma divisão celular
d.Neutralizar os anticorpos produzidos pela mãe. embrionária anterior à separação dos dois embriões.
e.Promover a alteração do tipo sanguíneo materno. d.inativação aleatória de um dos cromossomos X em fase
posterior à divisão que resulta nos dois embriões.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.33%
b.25%
c.50%
d.75%
e.14%
usar também DNA mitocondrial, para dirimir dúvidas. Para b.gêmeas idênticas, uma vez que são filhas da mesma mãe
identificar o corpo, os peritos devem verificar se há biológica e do mesmo pai e compartilham com cada um
homologia entre o DNA mitocondrial do rapaz e o DNA deles 50% de seu material genético, mas compartilham
mitocondrial do(a) entre si 100% do material genético.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – D
02 – C
03 – D
04 – B
05 – E
06 – A
07 – B
08 – A
09 – B
10 – D
11 - D
12 - B
13 - D
14 - E
15 - D
16 - D
17 - E
18 - D
19 - C
20 - A
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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46
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.não apresentarem genes deletérios no seu pool gênico. c.pela contaminação do solo, que afetaria os vegetais
ingeridos, causando destruição da medula óssea via
b.não possuírem parasitas e predadores naturais presentes alterações cromossômicas estruturais, a exemplo das
no ambiente exótico. monossomias, desencadeando câncer ósseo e de pele.
c.apresentarem características genéticas para se adaptarem d.por meio da ingestão de alimentos de origem animal
a qualquer clima ou condição ambiental. contaminados, afetando o aparelho digestório e
d.apresentarem capacidade de consumir toda a variedade ocasionando diarreias temporárias por causa das mutações
de alimentos disponibilizados no ambiente exótico. espontâneas.
e.apresentarem características fisiológicas que lhes e.por causa da contaminação do ar inalado, o qual provoca
conferem maior tamanho corporal que o das espécies efeitos imediatos e permanentes sobre o sistema nervoso,
nativas. levando a desorientação e morte súbita.
05 - (UPE) Leia o texto a seguir. 06 - (ENEM) Chamamos de lixo a grande diversidade de
resíduos sólidos de diferentes procedências, como os
O terremoto e o Tsunami, que devastarãm o Japão, em 11 gerados em residências. O aumento na produção de
de março de 2011, comprometeram o sistema de resíduos sólidos leva à necessidade de se pensar em
refrigeração dos reatores na usina nuclear de Fukushimã, o maneiras adequadas de tratamento. No Brasil, do lixo é
que levou a incêndios e explosões. Um mês depois, o disposto em lixões e somente tem como destino um
governo elevou a emergência ao nível 7, grau máximo da tratamento adequado, considerando os aterros sanitários,
escala, antes atingido apenas pelo desastre de Chernobyl, as usinas de compostagem ou a incineração.
na Ucrânia, em 1986. Acidentes nucleares têm
consequências graves e de longa duração para o meio FADINI, P.S.; FADINI, A. A. A. Lixo: desafios e compromissos.
ambiente e as populações próximas. A exposição de Química Nova na Escola, maio 2001 (adaptado).
material nuclear no meio ambiente libera substâncias
radioativas no ar e no solo. Essas substâncias contaminam
plantas, rios, animais e pessoas em volta.
Comparando os tratamentos descritos, as usinas de
Disponível em: http://veja.abrilcom.br/tema/crise-nuclear. compostagem apresentam como vantagem serem o
Adaptado. destino
Observe as imagens que mostram como a radiação pode a.que gera um produto passível de utilização na agricultura.
afetar o corpo humano.
b.onde ocorre a eliminação da matéria orgânica presente
no lixo.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
Adaptado de
http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/01/21/insetos-eleva
m-produtividade-agricola/.
d.alteração do pH
Para ser utilizado nesta técnica promissora, um b.gás natural, formado pela ação de fungos decompositores
microrganismo deve ser capaz de da matéria orgânica.
a.transferir o contaminante do solo para a água. c.óleo de xisto, obtido pela decomposição da matéria
orgânica pelas bactérias anaeróbias.
b.absorver o contaminante sem alterá-lo quimicamente.
d.gás metano, obtido pela atividade de bactérias
c.apresentar alta taxa de mutação ao longo das gerações. anaeróbias na decomposição da matéria orgânica.
d.estimular o sistema imunológico do homem contra o e.gás liquefeito de petróleo, obtido pela decomposição de
contaminante. vegetais presentes nos restos de comida.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
b.proliferação de algas.
MARCOLINO, B.Sentinelas do mar. Disponível em: A utilização de leguminosas nessa prática de cultivo visa
http://cienciahoje.uol.com.br. reduzir a
ROSA, A. H.; COELHO, J. C. R. Cadernos Temáticos de ANDRADE. C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova
Química Nova na Escola, São Paulo, n. 5, nov. 2003 Aguilar. 1992 (fragmento).
(adaptado). Nesse poema, o autor faz referência à
De que maneira as práticas agrícolas podem ajudar a a.disseminação de doenças nas áreas atingidas por
minimizar o agravamento do efeito estufa? inundações.
a.Evitando a rotação de culturas. b.contaminação do lençol freático pela eliminação de lixo
b.Liberando o CO2 presente no solo. nos rios.
c.Aumentando a quantidade de matéria orgânica do solo. c.ocorrência de enchente causada pela impermeabilização
dos solos.
d.Queimando a matéria orgânica que se deposita no solo.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – E
02 – A
03 – A
04 – B
05 – B
06 – A
07 – A
08 – E
09 – C
10 – D
11 - C
12 - E
13 - C
14 - C
15 - C
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
a.aves.
b.algas.
c.peixes.
d.insetos.
e.caranguejos.
O processo citado está representado na etapa
a.I.
02 - (ENEM) Os seres vivos mantêm constantes trocas de
matéria com o ambiente mediante processos conhecidos b.II.
como ciclos biogeoquímicos. O esquema representa um dos
c.III.
ciclos que ocorrem nos ecossistemas.
d.IV.
e.V.
a.água. a.Fitoplâncton.
b.fósforo. b.Zooplâncton.
c.enxofre. c.Moluscos.
d.carbono. d.Crustáceos.
e.nitrogênio. e.Peixes.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
hábitat, comunidade ou ecossistema, entre outras funções. corpo de outros organismos, como mostra a figura. A forma
A posição trófica do organismo bioindicador é uma das adulta se alimenta de pólen e açúcares. Em geral, cada
características mais relevantes quanto ao seu grau de parasitoide ataca hospedeiros de determinada espécie e,
importância para essa função: quanto mais baixo o nível por isso, esses organismos vêm sendo amplamente usados
trófico do organismo, maior é a sua utilidade, pois se para o controle biológico de pragas agrícolas.
pressupõe que toda a cadeia trófica é contaminada a partir
dele.
a.algas.
b.peixes.
c.baleias.
d.camarões.
e.anêmonas.
A forma larval do parasitoide assume qual papel nessa
cadeia alimentar?
06 - (ENEM) Plantas terrestres que ainda estão em fase de a.Consumidor primário, pois ataca diretamente uma
crescimento fixam grandes quantidades de CO2, espécie herbívora.
utilizando-o para formar novas moléculas orgânicas, e
b.Consumidor secundário, pois se alimenta diretamente
liberam grande quantidade de O2. No entanto, em florestas
dos tecidos da lagarta.
maduras, cujas árvores já atingiram o equilíbrio, o consumo
de O2 pela respiração tende a igualar sua produção pela c.Organismo heterótrofo de primeira ordem, pois se
fotossíntese. A morte natural de árvores nessas florestas alimenta de pólen na fase adulta.
afeta temporariamente a concentração de O2 e de CO2
próximo à superfície do solo onde elas caíram. d.Organismo heterótrofo de segunda ordem, pois
apresenta o maior nível energético na cadeia.
A concentração de O2 próximo ao solo, no local da queda,
será e.Decompositor, pois se alimenta de tecidos do interior do
corpo da lagarta e a leva à morte.
a.menor, pois haverá consumo de O2 durante a
decomposição dessas árvores.
b.maior, pois haverá economia de O2 pela ausência das 08 - (ENEM) Uma grande virada na moderna história da
árvores mortas. agricultura ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial.
Após a guerra, os governos havia se deparado com um
c.maior, pois haverá liberação de O2 durante a fotossíntese enorme excedente de nitrato de amônio, ingrediente usado
das árvores jovens. na fabricação de explosivos. A partir daí as fábricas de
munição foram adaptadas para começar a produzir
d.igual, pois haverá consumo e produção de O2 pelas
fertilizantes tendo como componente principal os nitratos.
árvores maduras restantes.
SOUZA, F. A. Agricultura natua/orgânica como instrumento
e.menor, pois haverá redução de O2 pela falta da
de fixação biológica e manuteção do nitrogênio no solo: um
fotossíntese realizada pelas árvores mortas.
modelo sustentável de MDL.
No ciclo natural do nitrogênio, o equivalente ao principal Animais garantem suas necessidades metabólicas desse
componente desses fertilizantes industriais é produzido na elemento pela
etapa de
a.absorção do gás nitrogênio pela respiração.
a.nitratação
b.ingestão de moléculas de carboidratos vegetais.
b.nitrosação
c.incorporação de nitritos dissolvidos na água consumida.
c.amonificação
d.transferência da matéria orgânica pelas cadeias tróficas.
d.desnitrificação
e.protocooperação com microrganismos fixadores de
e.fixação biológica do N2 nitrogênio.
b.enxofre.
c.carbono.
d.oxigênio.
e.nitrogênio.
b.polinização entre P1 e P2. Em qual etapa desse ciclo biogeoquímico são formados os
compostos que estão em baixa concentração nesse solo?
c.P3 utilizada na alimentação de P1 e P2.
a.Nitrificação.
d.P1 ou P2 utilizada na alimentação de P3.
b.Assimilação.
e.energia de P1 e de P2 que saem do sistema.
c.Amonização.
d.Desnitrificação.
10 - (ENEM) O nitrogênio é essencial para a vida e o maior
reservatório global desse elemento, na forma de N2, é a e.Fixação de nitrogênio.
atmosfera. Os principais responsáveis por sua incorporação
na matéria orgânica são microrganismos fixadores de N2,
que ocorrem de forma livre ou simbiontes com plantas. 13 - (ENEM) As células e os organismos precisam realizar
ADUAN, R. E. et aI. Os grandes ciclos biogeoquímicos do trabalho para permanecerem vivos e se reproduzirem. A
planeta. Planaltina: Embrapa, 2004 (adaptado). energia metabólica necessária para a realização desse
trabalho é oriunda da oxidação de combustíveis, gerados
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
no ciclo do carbono, por meio de processos capazes de Nesse caso, ao fornecer esses nutrientes na forma
interconverter diferentes formas da energia. aproveitável pela planta, a técnica dispensa o trabalho das
bactérias fixadoras do solo, que, na natureza, participam do
ciclo do(a)
a.água.
b.carbono.
c.nitrogênio.
d.oxigênio.
e.fósforo.
a.térmica em cinética.
b.química em térmica.
c.eletroquímica em calor.
d.cinética em eletromagnética.
e.eletromagnética em química.
a.Chuva ácida.
b.Poluição do ar.
c.Aquecimento global.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
GABARITO
01 – B
02 – D
03 – E
04 – A
05 – A
06 – A
07 – B
08 – A
09 – D
10 – D
11 - D
12 - A
13 - E
14 - A
15 - C
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55
Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
d.epitelial de revestimento. d.Membros mais longos possuem pele mais fina e com
menos pelos, facilitando a perda de maior quantidade de
e.muscular estriado esquelético. calor.
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
b.a queda na pressão arterial é ocasionada pelo aumento transforme em uma espécie de rede que gruda nas lesões
do número de linfócitos, que têm como função principal a dos vasos sanguíneos e da pele.
produção de anticorpos.
MOUTINHO, S. Coagulação acelerada. Disponível em:
c.o sangramento pelo nariz, pela boca e gengiva é http://cienciahoje.uol.com.br.Acesso em: 19 fev. 2013
ocasionado pela quantidade reduzida de plaquetas, que são (adaptado).
responsáveis pelo transporte de oxigênio.
Qual a doença cujos pacientes teriam melhora de seu
d.as manifestações hemorrágicas estão associadas à estado de saúde com o uso desse material?
trombocitopenia, uma vez que as plaquetas estão
envolvidas na cascata de coagulação sanguínea. a.Filariose.
Relacionando os sintomas apresentados pelo paciente com CHAVES, E. A. et al. Cardioproteção induzida pelo exercício
os resultados de seu hemograma, constata-se que é prejudicada pelo tratamento com anabolizante
decanoato de nandrolona. Brazilian Journal of Biomotricity,
a.o sangramento nasal é devido à baixa quantidade de v. 1, n. 3, 2007 (adaptado).
plaquetas, que são responsáveis pela coagulação
sanguínea. Qual gráfico representa os resultados desse estudo?
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
c.
d.
Tal organização é fundamental, pois o percurso celular de
um impulso nervoso, neste caso, é:
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Questões - Biologia
LISTA DE EXERCÍCIOS PARA O ENEM
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59
pitelial, tecido conjuntivo, glândula endócrina,
xócrina e pâncreas.
02 – A
03 – A
04 – D
05 – A
06 – B
07 – B
08 – C
09 – A
02 – A
03 – A
04 – D
05 – A
06 – B
07 – B
08 – C
09 – A
10 – C
11 - E
12 - C
13 - D
14 - D
15 - A
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60
Personalizada e Humanizada
tutoria_ead
34 9897-5262
34 9863-2223