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a solução para o seu concurso!

SEE-MG
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS

Assistente Técnico de Educação Básica


(ATB) - Assistente Técnico de Educação
Básica

EDITAL SEPLAG/SEE Nº 03/2023

CÓD: SUB-SL-041JH-23
7908433237075
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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INTRODUÇÃO

O concurso SEE-MG é uma oportunidade única para quem deseja ingressar no serviço público como servidor da
Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais. Por isso, é importante se preparar adequadamente para enfrentar
essa prova desafiadora. A Editora Solução se orgulha de apresentar uma apostila exclusiva para Conhecimentos
Específicos - Especialidade, a fim de auxiliar os estudantes a alcançar seus objetivos.
Nosso material foi organizado de forma a introduzir o aluno no que é cobrado pelo edital e nas principais
bibliografias indicadas para o concurso. Ressaltamos que a apostila é uma ferramenta introdutória e complementar
aos estudos. Para obter um conhecimento completo, é fundamental que o estudante vá atrás de cada bibliografia e
documento oficial indicado no edital.
Nossa apostila visa auxiliar na compreensão dos principais pontos cobrados no edital, assim como fornecer uma
base teórica sólida para a resolução de questões. Acreditamos que, com dedicação e empenho, nossos alunos terão
sucesso nesse desafio.
É importante lembrar que, além do conteúdo abordado na apostila, o edital do concurso SEE-MG também
exige conhecimentos específicos em outras áreas. Por isso, é fundamental que o estudante busque informações
complementares em outras fontes.
Por fim, ressaltamos a importância do estudo sério e constante, bem como a dedicação ao aprendizado.
Desejamos a todos um excelente preparo e sucesso no concurso SEE-MG. A Editora Solução está à disposição para
auxiliar no que for preciso.

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Interpretação e Compreensão de texto...................................................................................................................................... 9
2. Organização estrutural dos textos. Marcas de textualidade: coesão, coerência e intertextualidade......................................... 10
3. Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção; características específicas de
cada modo.................................................................................................................................................................................. 12
4. Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divinatório; características específicas de
cada tipo..................................................................................................................................................................................... 13
5. Textos literários e não literários.................................................................................................................................................. 16
6. Tipologia da frase portuguesa. Estrutura da frase portuguesa: operações de deslocamento, substituição, modificação e cor-
reção. Problemas estruturais das frases. Organização sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa............ 17
7. Norma culta................................................................................................................................................................................ 20
8. Pontuação e sinais gráficos......................................................................................................................................................... 21
9. Tipos de discurso........................................................................................................................................................................ 23
10. Registros de linguagem............................................................................................................................................................... 26
11. Funções da linguagem................................................................................................................................................................ 27
12. Elementos dos atos de comunicação.......................................................................................................................................... 28
13. Estrutura e formação de palavras............................................................................................................................................... 28
14. Formas de abreviação................................................................................................................................................................. 30
15. Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de substantivos, adjetivos, artigos, numerais,
pronomes, verbos, advérbios, conjunções e interjeições........................................................................................................... 32
16. os modalizadores. Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos, parônimos e hiperônimos. Polissemia e
ambiguidade............................................................................................................................................................................... 39
17. Os dicionários: tipos................................................................................................................................................................... 40
18. A organização de verbetes.......................................................................................................................................................... 42
19. Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos............................................................................................................. 48
20. latinismos.................................................................................................................................................................................... 49
21. Ortografia.................................................................................................................................................................................... 50
22. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 50
23. A crase........................................................................................................................................................................................ 52
24. Periodização da literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de época......................................................... 55

Raciocínio Lógico Matemático


1. Lógica: proposições, conectivos, equivalências lógicas, quantificadores e predicados.Compreensão e análise da lógica de
uma situação, utilizando as funções intelectuais: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação
espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméti-
cos, geométricos e matriciais. Problemas de contagem e noções de probabilidade. Problemas de lógica e raciocínio............ 69
2. Conjuntos e suas operações, diagramas. Números inteiros, racionais e reais e suas operações............................................... 81
3. porcentagem............................................................................................................................................................................... 83
4. juros............................................................................................................................................................................................ 84
5. Proporcionalidade direta e inversa............................................................................................................................................. 86
6. Medidas de comprimento, área, volume, massa e tempo......................................................................................................... 86
7. Análise e interpretação de informações expressas em gráficos e tabelas.................................................................................. 92

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ÍNDICE

8. Geometria básica: ângulos, triângulos, polígonos, distâncias, proporcionalidade, perímetro e área. Plano cartesiano: sistema
de coordenadas, distância.......................................................................................................................................................... 96

Noções de Administração Pública


1. Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada...................................................................................... 107
2. Excelência nos serviços públicos. Gestão da Qualidade............................................................................................................. 108
3. Gestão de resultados na produção de serviços públicos............................................................................................................ 111
4. O papel do servidor.................................................................................................................................................................... 112
5. Cidadania: direitos e deveres do cidadão................................................................................................................................... 114
6. O cidadão como usuário e contribuinte...................................................................................................................................... 116

Noções de Arquivologia
1. Princípio da proveniência. Teoria das três idades de arquivo. Gestão de documentos. Protocolo. Instrumentos de gestão de
documentos. Plano de classificação.. Arquivos permanentes: arranjo e descrição. Preservação, conservação e restauração de
documentos arquivísticos........................................................................................................................................................... 127
2. Tabelas de temporalidade e destinação de documentos de arquivo para o poder executivo do Estado de Minas Gerais........ 137

Técnicas Secretariais
1. Relações pessoais e interpessoais.............................................................................................................................................. 141
2. Organização de reuniões............................................................................................................................................................. 150
3. Administração do tempo............................................................................................................................................................ 151
4. Conduta profissional: comunicação verbal e apresentação pessoal........................................................................................... 153
5. Relações humanas no trabalho................................................................................................................................................... 157
6. Interação com o público interno e externo................................................................................................................................. 162
7. Comunicações administrativas: redação de correspondência e documentos oficiais................................................................ 167
8. Ética e cidadania......................................................................................................................................................................... 176

Comunicação Oficial
1. Manual de Redação da Presidência da República. Redação Oficial. Comunicações Oficiais. Atos Normativos: Fundamentos da
Elaboração Normativa. Atos Normativos.................................................................................................................................... 181

Registros Digitais
1. Resolução SEE 4055/2018: dispõe sobre o registro e a atualização de dados no sistema mineiro de administração escolar
(SIMADE) e a normatização do diário escolar digital (DED) nas unidades das escolas estaduais de educação básica de Minas
Gerais.......................................................................................................................................................................................... 195

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ÍNDICE

Material digital
Legislação Educacional
1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988............................................................................................................ 4
2. Constituição Estadual de Minas Gerais...................................................................................................................................... 5
3. Lei Federal nº 9.394/96 - (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e suas alterações.................................................. 72
4. Leis nº 10.639/03 e 11.645/2008 – História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena...................................................................... 88
5. Base Nacional Comum Curricular (BNCC)................................................................................................................................... 89
6. Lei Federal nº 13.005/2014 - Plano Nacional deEducação......................................................................................................... 129
7. Lei Estadual nº 23.197/2018 - (Plano Estadual de Educação de Minas Gerais – PEE)................................................................ 144
8. Lei Estadual nº 869/1952 - Dispõe sobre o estatuto dos funcionários públicos civis do Estado de Minas Gerais...................... 156
9. Lei Estadual nº 15.293/2004 - Institui as carreiras dos Profissionais da Educação do Estado.................................................... 175
10. Lei 21.710/2015 - Dispõe sobre a política remuneratória das carreiras do Grupo de Atividades de Educação Básica do Poder
Executivo, altera a estrutura da carreira de Professor de Educação Básica................................................................................ 183
11. Decreto Estadual nº 46.644/2014 - Dispõe sobre o código de conduta ética do agente público e da alta administração esta-
dual............................................................................................................................................................................................. 187
12. Resolução SEE nº 4.692/2021 - Dispõe sobre a organização e o funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educação
Básica de Minas Gerais e dá outras providências....................................................................................................................... 192

Direitos Humanos
1. Lei Federal nº 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA...................................................................................... 206
2. Lei Federal nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)....... 246
3. Lei Federal nº 10.741/2003 – Estatuto da Pessoa Idosa............................................................................................................. 263
4. Conceito de Direitos Humanos................................................................................................................................................... 274
5. Evolução dos direitos humanos e suas implicações para o campo educacional. ....................................................................... 274
6. Declaração Universal dos Direitos Humanos.............................................................................................................................. 275
7. Temas transversais, projetos interdisciplinares e educação em direitos humanos.................................................................... 277
8. Direitos Humanos na Constituição Federal................................................................................................................................. 287
9. Direitos étnico-raciais................................................................................................................................................................. 293
10. Declaração de Salamanca: Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais..................... 294

Legislação
1. Decreto estadual nº 47.437/2018 - regulamenta o tratamento diferenciado, simplificado e favorecido dispensado às micro-
empresas, empresas de pequeno porte e agricultores familiares.............................................................................................. 306
2. Decreto nº 45.085/2009 - Caixa Escolar..................................................................................................................................... 309
3. Resolução SEE nº 3670/2017 - Caixa Escolar.............................................................................................................................. 314
4. Decreto Estadual n° 48.444/2022 - Gestão de Bens Móveis....................................................................................................... 358

Atenção
• Para estudar o Material Digital acesse sua “Área do Aluno” em nosso site ou faça o resgate
do material seguindo os passos da página 2.
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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTO

Definição Geral

Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois


sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser in-
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os cluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
texto, seja ele escrito, oral ou visual. Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
podendo ser diferente entre leitores. educação, além das que não apresentam essas condições.
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Exemplo de compreensão e interpretação de textos toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de temporárias”.
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
um texto misto (verbal e visual): deficientes.
Resposta: Letra B.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos

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Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é


ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS TEXTOS. MARCAS DE evidente principalmente no fato de que a substituição adiciona ao
TEXTUALIDADE: COESÃO, COERÊNCIA E INTERTEXTUALI- texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o
DADE pronome pessoal retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar
quaisquer informações ao texto.

— Definições e diferenciação – Elipse: trata-se da omissão de um componente textual –


Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um nominal, verbal ou frasal – por meio da figura denominando eclipse.
texto coeso pode ser incoerente, e vice-versa. O que existe em comum Exemplo:
entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais “Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que
para uma produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão proporciona o entendimento da segunda oração, pois o leitor fica
textual se volta para as questões gramaticais, isto é, na articulação ciente de que o locutor está procurando por Ana.
interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação
externa da mensagem. – Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
Exemplo:
— Coesão Textual “Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado aconteceu.” Conjunção concessiva.
das palavras que proporcionam a ligação entre frases, períodos e
parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se – Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem
realiza por meio de palavras denominadas conectivos. parte de um mesmo campo lexical ou que carregam sentido
aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos,
As técnicas de coesão entre outros.
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos Exemplo:
principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem relacionados à “Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está
mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como dando conta da demanda populacional.”
endofóricas. Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora
o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual. — Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto
As regras de coesão que se origina da sua argumentação – consequência decorrente
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto
regras relacionadas abaixo sejam seguidas. redundante e contraditório, ou cujas ideias introduzidas não
apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
Referência prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos. que a falta de coerência não consiste apenas na ignorância por parte
Exemplo: dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de emissão de ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal anafórica Observe os exemplos:
(retoma termo já mencionado). “A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo
até o momento.” Aqui, temos um processo verbal acabado e um
– Comparativa: emprego de comparações com base em inacabado.
semelhanças.
Exemplo: “Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência consomem produtos de origem animal.
comparativa endofórica.
Princípios Básicos da Coerência
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes – Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
demonstrativos. – Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
Exemplo: – Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.”
Temos uma referência demonstrativa catafórica. Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as inferências
nome, verbo ou frase, por outro, para que ele não seja repetido. podem simplificar as informações.
Analise o exemplo: Exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.” “Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que
voltagem da lavadora é 220w”.

Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de


que existe um local adequado para ligar determinado aparelho.

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– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem ser direta, com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa indireta, que é uma clara exploração das informações, mas sem
memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo – Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos
com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de que, ao aproveitarem conceitos, dados e informações presentes em
funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem
sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. integralmente em sua estrutura as passagens envolvidas. Em
Exemplo: outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-la.
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!” De qualquer forma, para que se compreenda o significado da
relação estabelecida, é indispensável que o leitor seja capaz de
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos,
frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os ter lido e compreendido o primeiro material. As características da
chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte;
nada têm a ver com o Natal. o leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento
prévio do leitor; exigência de análise e deduções por parte do leitor;
Elementos da organização textual: segmentação, encadeamen- os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova
to e ordenação. estrutura.
A segmentação é a divisão do texto em pequenas partes para
melhorar a compreensão. A encadeamento é a ligação dessas par- — Tipos de Intertextualidade
tes, criando uma lógica e coesão no texto. A ordenação é a dispo- 1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da
sição dessas partes de forma a transmitir uma mensagem clara e crítica ou da ironia, com a finalidade de subverter o sentido original
coerente. Juntos, esses elementos ajudam a criar uma estrutura do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a
eficiente para o texto. estrutura permanece inalterada. É muito comum nas músicas, no
cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
Intertextualidade. estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel
Bandeira:
— Definições gerais
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação TEXTO ORIGINAL
entre textos que se exerce com a menção parcial ou integral de “Vou-me embora para Pasárgada
elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência Lá sou amigo do rei
a uma ou a mais produções pré-existentes; é a inserção em um texto Lá tenho a mulher que eu quero
de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre textos Na cama que escolherei?”
não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e
envolve, também composições de natureza não verbal (pinturas, PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES
esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música, “Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de
desenhos animados, novelas, jogos digitais, etc.). Pasárgada
Sou inimigo do Rei
— Intertextualidade Explícita x Implícita Não tenho nada que eu quero
– Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral Não tenho e nunca terei”
da passagem conveniente, manifestada aberta e diretamente nas
palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a 2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto
obra que originou a referência, o autor deve fazer uma prévia da inicial, porém, a estrutura da nova produção nada tem a ver com
existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem
evidente. escreve o novo texto, isto é, os conceitos do primeiro texto são
As características da intertextualidade explícita são: preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos:
– Conexão direta com o texto anterior; observe as frases originais e suas respectivas paráfrases:
– Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem “Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem
necessidade de esforço ou deduções; muito estuda.
– Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar “To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi, that
do conteúdo; is the question.
– Os elementos extraídos do outro texto estão claramente
transcritos e referenciados. 3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada
obra, situação ou personagem já retratados em textos anteriores,
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja
acadêmicos, como dissertações e monografias, a intertextualidade o exemplo a seguir:
explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste “Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os
justamente na contribuição de novas informações aos saberes já troianos caem em armadilhada armada pelos gregos durante a
produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode Guerra de Troia.

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4 – Citação: trata-se da reescrita literal de um texto, isto é,


consiste em extrair o trecho útil de um texto e copiá-lo em outro. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA: DESCRIÇÃO,
A citação está sempre presente em trabalhos científicos, como NARRAÇÃO, EXPOSIÇÃO, ARGUMENTAÇÃO E INJUNÇÃO;
artigos, dissertações e teses. Para que não configure plágio (uma CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DE CADA MODO
falta grave no meio acadêmico e, inclusive, sujeita a processo
judicial), a citação exige a indicação do autor original e inserção — Definição
entre aspas. Exemplo: Argumentação é um recurso expressivo da linguagem
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” empregado nas produções textuais que objetivam estimular as
reflexões críticas e o diálogo, a partir de um grupo de proposições.
(Lavoisier, Antoine-Laurent, 1773). A elaboração de um texto argumentativo requer coerência e
5 – Crossover: com denominação em inglês que significa coesão, ou seja, clareza de ideia e o emprego adequado das
“cruzamento”, esse tipo de intertextualidade tem sido muito normas gramaticais. Desse modo, a ação de argumentar promove
explorado nas mídias visuais e audiovisuais, como televisão, séries a potencialização das capacidades intelectuais, visto que se pauta
e cinema. Basicamente, é a inserção de um personagem próprio de expressão de ideias e em pontos de vista ordenados e estabelecidos
um universo fictício em um mundo de ficção diferente. Freddy & com base em um tema específico, visando, especialmente,
Jason” é um grande crossover do gênero de horror no cinema. persuadir o receptor da mensagem. É importante ressaltar que a
Exemplo: argumentação compreende, além das produções textuais escritas,
as propagandas publicitárias, os debates políticos, os discursos
orais, entre outros.  

Os tipos de argumentação
– Argumentação de autoridade: recorre-se a uma
personalidade conhecida por sua atuação em uma determinada
área ou a uma renomada instituição de pesquisa para enfatizar os
conceitos influenciar a opinião do leitor. Por exemplo, recorrer ao
parecer de um médico infectologista para prevenir as pessoas sobre
os riscos de contrair o novo corona vírus.  
– Argumentação histórica: recorre-se a acontecimentos e
marcos da história que remetem ao assunto abordado. Exemplo:
“A desigualdade social no Brasil nos remete às condutas racistas
desempenhadas instituições e pela população desde o início do
século XVI, conhecido como período escravista.”
– Argumentação de exemplificação: recorre a narrativas do
cotidiano para chamar a atenção para um problema e, com isso,
auxiliar na fundamentação de uma opinião a respeito. Exemplo:
“Os casos de feminicídio e de agressões domésticas sofridas pelas
mulheres no país são evidenciados pelos sucessivos episódios de
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br
violência vividos por Maria da Penha no período em que ela esteve
casada com seu ex-esposo. Esses episódios motivaram a criação de
6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto
uma lei que leva seu nome, e que visa à garantia da segurança das
de origem na abertura do texto corrente. Em geral, a epígrafe está
mulheres.”
localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo
– Argumentação de comparação: equipara ideias divergentes
uma passagem “solta”, esse tipo de intertextualidade está sempre
com o propósito de construir uma perspectiva indicando as
relacionado ao teor do novo texto.
diferenças ou as similaridades entre os conceitos abordados.
Exemplo:
Exemplo: No reino Unido, os desenvolvimentos na educação
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu,
passaram, em duas décadas, por sucessivas políticas destinadas
mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
ao reconhecimento do professor e à sua formação profissional. No
aquilo que todo mundo vê.”
Brasil, no entanto, ainda existe um um déficit na formação desses
profissionais, e o piso nacional ainda é muito insuficiente.”
Arthur Schopenhaus
– Argumentação por raciocínio lógico: recorre-se à relação
de causa e efeito, proporcionando uma interpretação voltada
diretamente para o parecer defendido pelo emissor da mensagem.
Exemplo: “Promover o aumento das punições no sistema penal
em diversos países não reduziu os casos de violência nesses locais,
assim, resultados semelhantes devem ser observados se o sistema
penal do Brasil aplicar maiores penas e rigor aos transgressores das
leis.”

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Os gêneros argumentativos Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem
– Texto dissertativo-argumentativo: esse texto apresenta um lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de
tema, de modo que a argumentação é um recurso fundamental de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e,
seu desenvolvimento. Por meio da argumentação, o autor defende em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
seu ponto de vista e realiza a exposição de seu raciocínio. Resenhas, restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
ensaios e artigos são alguns exemplos desse tipo de texto.   Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir
– Resenha crítica: a argumentação também é um recurso ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição,
fundamental desse tipo de texto, além de se caracterizar pelo pelo conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias,
juízo de valor, isto é, se baseia na exposição de ideias com grande jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos
potencial persuasivo. expositivos.
– Crônica argumentativa: esse tipo de texto se assemelha aos Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo
artigos de opinião, e trata de temas e eventos do cotidiano. Ao de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é,
contrário das crônicas cômicas e históricas, a argumentativa recorre caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
ao juízo de valor para acordar um dado ponto de vista sempre com composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos
vistas ao convencimento e à persuasão do leitor.   argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
– Ensaio: por expor ideias, pensamentos e pontos de vista, abaixo-assinado.
esse texto caracteriza-se como argumentativo. Recebe esse Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
nome exatamente por estar relacionado à ação de ensaiar, isto orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
é, demonstrar as proposições argumentativas com flexibilidade e procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de
despretensão. verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem
– Texto editorial: dentre os textos jornalísticos, o editorial é a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais
aquele que faz uso da argumentação, pois se trata de uma produção de instruções, entre outros.
que considera a subjetividade do autor, pela sua natureza crítica e Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir
opinativa. o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma,
– Artigos de opinião: são textos semelhantes aos editoriais, por impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
apresentarem a opinião ao autor acerca de assuntos atuais, porém, siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de
em vez de uma síntese do tema, esses textos são elaborados por texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
especialistas, pois seu objetivo é fazer uso da argumentação para
propagar conhecimento.

TIPOS TEXTUAIS: INFORMATIVO, PUBLICITÁRIO, PROPA-


Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais GANDÍSTICO, NORMATIVO, DIDÁTICO E DIVINATÓRIO; CA-
são dois conceitos distintos, cada qual com sua própria linguagem RACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DE CADA TIPO
e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da
estrutura linguística, enquanto os gêneros textuais têm sua classi-
ficação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são Texto Informativo
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos Sua função é ensinar e informar, esclarecendo dúvidas sobre
dos tipos textuais. A definição de um gênero textual é feita a partir um tema e transmitindo conhecimentos. Este tipo de texto é co-
dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. mum em jornais, livros didáticos, revistas, etc.
Logo, para cada tipo de texto, existem gêneros característicos.
As características do texto informativo são:
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais - Escrito em 3ª pessoa, em prosa.
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças - Apresenta informações objetivas e reais a respeito de um
e são amplamente flexíveis. Os principais gêneros são: romance, tema.
conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio - É um texto que evita ser ambíguo, não fazendo uso de figuras
de restaurante, lista de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos de linguagem, utilizando a linguagem denotativa.
tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto - A opinião pessoal do autor não se reflete no texto.
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais - Há a citação de fontes, que garantem a credibilidade, e o texto
são: narrativo, descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo. apresenta caráter utilitário e prático.
Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto O conteúdo deste tipo de texto é mais importante que sua es-
as tipologias integram o campo das formas, da teoria. Acompanhe trutura. O objetivo do texto é a transmissão de conhecimento sobre
abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se determinado tema, por isso o texto informativo pode apresentar
inserem em cada tipo textual: diversos recursos, como gráficos, ilustrações, tabelas, etc.
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação,
desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses textos se caracterizam Texto Didático
pela apresentação das ações de personagens em um tempo e Esse tipo de texto possui objetivos pedagógicos e está disposto
espaço determinado. Os principais gêneros textuais que pertencem de uma forma a que qualquer leitor tenha a mesma conclusão. Sua
ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas construção dá-se de maneira conceitual, visando a necessidade de
e fábulas. compreensão do assunto exposto por parte do interlocutor.

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A linguagem de um texto didático não é figurativa, mas sim Acalanto


própria, utilizando os termos de maneira exata. A apresentação das Canção de ninar.
informações pode considerar, ou não, os conhecimentos prévios do
leitor. Trata-se de um tipo textual muito utilizado em artigos cientí- Acróstico
ficos e livros didáticos. Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso for-
Algumas características desse tipo de texto são: impessoalida- mam uma palavra ou frase. Ex.:
de, objetividade, coesão, abordagem que permite uma interpreta- Amigos são
ção única e específica. Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Gêneros Textuais e Gêneros Literários Zelosos, eles nos
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se refe- Ajudam e
rem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se re- Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
ferem apenas aos textos literários. Eterna

Os gêneros literários são divisões feitas segundo características https://www.todamateria.com.br/acrostico/


formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme crité-
rios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros. Balada
- Gênero lírico; Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas
- Gênero épico ou narrativo; de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se
- Gênero dramático. destinam à dança.
Canção (ou Cantiga, Trova)
Gênero Lírico Poema oral com acompanhamento musical.
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no po-
ema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emo- Gazal (ou Gazel)
ções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da
função emotiva da linguagem. Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quarte-
Elegia tos e dois tercetos.
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a mor-
te é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa Vilancete
tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escár-
melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e Yufa, de William nio e de maldizer); satíricas, portanto.
Shakespeare.
Gênero Épico ou Narrativo
Epitalâmia Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites ro- eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos,
mânticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de
prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto,
Ode (ou hino) a crônica, a fábula.
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a Épico (ou Epopeia)
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acom- Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de
panhamento musical. um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens,
Idílio (ou écloga) gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exalta-
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à ção, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exem-
natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema plos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas
e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais Ensaio
a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático,
diálogos (muito rara). expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de
certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Sátira Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social,
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, pode cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em for-
abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assun- malidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de
tos políticos, ou pessoas de relevância social. caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Lo-
cke.

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Gênero Dramático É relevante ressaltarmos também que a linguagem dos textos


Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse publicitários é pensada no sentido de atingir um grande número de
tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “aconte- interlocutores, ou seja, as massas, e, por essa razão, deve ser de
ce” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os fácil compreensão, objetiva, simples e acessível a interlocutores de
papéis das personagens nas cenas. todos as classes e faixas etárias.

Tragédia Criatividade
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar De maneira geral, para conseguir causar efeitos de sentido e
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re- seduzir, chamar a atenção dos interlocutores, os autores das peças
presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em publicitárias fazem trocadilhos e trabalham as linguagens verbal e
linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando não verbal de maneira criativa.
dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Objetividade
Farsa Geralmente, os textos publicitários têm extensão bem reduzi-
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de da, já que circulam em suportes cujo espaço também é reduzido
processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca- e o valor de cada anúncio depende de seu tamanho. A seção dos
ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o classificados de jornal, que é um exemplo de texto publicitário, é
engano. um bom exemplar para que possamos observar essa característica.
Outro exemplo que ilustra a objetividade dos textos publicitários é a
Comédia criação de slogan (uma frase curta e de fácil memorização) ou man-
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento chetes, os quais resumem em um único enunciado as informações
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu- e os objetivos do texto.
lares.
Exemplos de slogan:
Tragicomédia - “Cheetos, é impossível comer um só. (Elma Chips)
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi- - Vem pra Caixa você também. Vem! (Caixa Econômica Federal)
cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. - A rádio que toca notícias, só notícias. (Rádio CBN)

Poesia de cordel Publicidade e o público


Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo Em virtude de seu caráter persuasivo e pelo fato de alcançar
linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da as grandes massas, o texto publicitário exerce grande influência e
realidade vivida por este povo. poder sobre o público. Esse texto promove o compartilhamento de
ideias, produtos e serviços e, de certa forma, orientações ideológi-
Textos publicitários cas.
“Os textos publicitários são aqueles que têm o objetivo de Devido ao seu papel importante na nossa cultura, existe uma
anunciar alguma coisa, fazer com que uma informação torne-se pú- autorregulamentação para a divulgação/publicação de textos pu-
blica, desde uma campanha de vacinação até os anúncios de produ- blicitários, a qual define limites de atuação e aprovação (ou não)
tos e/ou prestação de serviços. Podemos encontrar os textos publi- quanto à veiculação de alguns anúncios. Essa autorregulamentação
citários circulando em diversos suportes de comunicação, como os é necessária porque, conforme o Código de Defesa do Consumidor
midiáticos (televisão, internet e rádio) e jornalísticos (jornais, revis- (CDC), os textos publicitários respondem pela qualidade dos pro-
tas), e espalhados pelas vias urbanas (outdoors, pontos de ônibus, dutos e serviços que estão sendo oferecidos, portanto, não devem
postes de iluminação pública etc.). realizar propaganda enganosa, que é crime.
Linguagem Ainda de acordo com o CDC, propaganda enganosa significa
Podemos dizer que a linguagem, sobretudo no que se refere qualquer modalidade de informação falsa, capaz de induzir o con-
à sua função e ao tipo, é a característica mais relevante dos textos sumidor ao erro no que diz respeito à natureza, característica, qua-
publicitários, já que se trata do principal recurso que o autor da lidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros
peça (texto) publicitária tem para que os efeitos de sentido gerados dados sobre produtos e serviços.
sejam aqueles desejados pelo autor para alcançar os leitores.
Quanto à função da linguagem dos textos publicitários, ela Estrutura do texto publicitário
pode ser abordada de várias formas: linguagem referencial (quando O texto publicitário é composto, muitas vezes, por imagem, tí-
o texto tem o objetivo de divulgar uma informação real), linguagem tulo, texto, assinatura e slogan. A assinatura é o nome do produto/
emotiva (quando o texto pretende alcançar seu objetivo por meio serviço e do anunciante. Slogan, como já dissemos, é um enunciado
da emotividade dos leitores) e linguagem apelativa ou conativa conciso e de fácil associação ao produto e lembrança do leitor. O
(quando o texto tem o objetivo de convencer alguém a fazer ou título/headline é um enunciado breve com o objetivo de captar a
comprar alguma coisa, é conhecida como retórica). atenção do leitor, incitando sua curiosidade. O texto deve incitar no
Com relação ao tipo de linguagem, os textos publicitários po- consumidor o interesse, o desejo por aquilo que está sendo ofere-
dem ser criados a partir das linguagens verbal (oral ou escrita), não cido/anunciado.
verbal (imagens, fotografias, desenhos) e mista (verbal e não ver-
bal).

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A extensão do texto publicitário depende da intencionalidade Identificação do produto ou marca: A maioria dos anunciantes
discursiva do autor/anunciante e do espaço disponível/sugerido desenvolve um slogan para que o consumidor identifique a marca.
pelo suporte de circulação no qual o texto será veiculado: jornal, Certamente você conhece inúmeros exemplos, como músicas que
revista, outdoors, jingles em rádio (aliado à musicalidade), redes ficam na cabeça.
sociais, sites etc.
Gênero normativo
Vertentes do texto publicitário Os textos normativos são considerados como textos regulató-
Existem duas vertentes filosóficas do texto publicitário, ambas rios capazes de sistematizar leis e códigos que asseguram nossos
com origens filosóficas: a apolínea e a dionisíaca. direitos e deveres. Esta modalidade textual também regula as nor-
mas funcionais de uma determinada comunidade, instituição, igre-
Apolínea ja, escola, empresas privadas ou instituições públicas. Atualmente
A vertente apolínea visa ao desenvolvimento de textos que viver em sociedade significa seguir regras e respeitar normas, não é
remetem à individualização, ou seja, descrevendo e/ou narrando, verdade? Regras de como conviver com outras pessoas. Regras para
como ocorre com as artes plásticas, fotografia e narração de his- se ter segurança no trânsito. Respeitar normas de boa convivência
tórias. no trabalho ou na escola. Formais ou informais. No entanto, muitas
vezes para que uma regra seja respeitada é necessário um registro,
Dionísica desta forma protocolos, portarias e editais são claros exemplos de
A vertente dionisíaca busca despertar sentimentos diversos textos normativos.
em seus leitores/interlocutores para que assim possa criar empa- Os textos normativos e legais devem ser claros, de modo a não
tia, contradição, terror, carinho etc. Geralmente, para causar esses causar problemas de compreensão para o público a quem ele se
efeitos, a música, a dramatização e a expressividade corporal são destina. Deve ser objetivo e centra-se na regulamentação do que
utilizadas. está em questão, podendo ser relações de convivência, trabalho e
comércio.
Características do texto propagandístico Em nosso cotidiano, temos inúmeros exemplos de textos nor-
Os textos propagandísticos/publicitários, como o próprio nome mativos, dentre eles ressaltamos:
já diz, têm como objetivo principal a propaganda. Através desta, • Um contrato de trabalho ou compra e venda
anuncia-se um determinado produto, ideia, benefício, movimento • O código de defesa do consumidor
social, partido, entre outros. Como seu objetivo é convencer, é na- • As leis de trânsito
tural que a função apelativa da linguagem se destaque neste gênero • A Constituição Federal
textual. • A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Sendo o objetivo persuadir o receptor, o texto publicitário, a • Diário Oficial
fim de chamar a atenção, apresenta um produto ou serviço ao con- • ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
sumidor, promove sua venda ou garante a boa imagem da marca • Estatuto do idoso
explicando por que o produto é bom e, ao mesmo tempo, estimu-
lando a possuí-lo e depois comprar. No entanto, isso não é feito Os textos normativos são fundamentais para relações humanas
aleatoriamente. e acima de tudo são considerados como gêneros que asseguram
Toda propaganda tem um público-alvo, sempre voltado para nossos direitos e deveres.
uma pessoa ou coletividade, com base em dados como idade, con-
dição socioeconômica, escolaridade, costumes e hábitos de consu- Texto divinatório
mo. Função - prever.
Para atingir o seu propósito, os textos publicitários costumam Modelos - horóscopo, oráculos.
utilizar verbos no modo imperativo e contam com outras estratégias Fontes: brasilescola.uol.com.br
argumentativas. A boa propaganda trabalha com uma linguagem descomplica.com.br
sugestiva por meio da ambiguidade, da ironia, do jogo de palavras e
de subentendidos, ou seja, vários formatos conotativos que fazem
com que o público perceba a sutileza da inteligência dos textos. TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS

Estrutura do texto propagandístico


Título: É composto de pequenas frases atrativas, com o objeti- Detecção de características e pormenores que identifiquem o
vo de chamar a atenção do leitor. texto dentro de um estilo de época
Imagem: Apresentam uma imagem, cuidadosamente trabalha-
da e selecionada, que vai muito além do mero papel de ilustração. Principais características do texto literário
Nesse gênero textual, a imagem tem um papel persuasivo impor- Há diferença do texto literário em relação ao texto referencial,
tante e dialoga com a parte escrita. sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo de texto exerce uma
Corpo do texto: Nele, o anunciante desenvolve melhor sua linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da
ideia, demonstrando um pouco mais as qualidades e vantagens do linguagem.
produto. Normalmente, o vocabulário é adequado ao público para Uma constante discussão sobre a função e a estrutura do tex-
o qual é destinado, contendo frases também atraentes. to literário existe, e também sobre a dificuldade de se entenderem
os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. São esses

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elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita Para que se possa compreender a análise sintática, é importante
diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo, retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período.
seus enigmas. Vejamos:
A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análi-
se de mundo e de compreensão do homem. Cada época conceituou Frase
a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo
histórico e cultural e, os anseios dos indivíduos daquele momento. que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou
recriando-o. não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista, discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
suas experiências e emoções.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a
Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário mani- disposição das palavras na frase também é fundamental para a
pula a palavra, revestindo-a de caráter artístico. compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vá- Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
rios significados. sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
Principais características do texto não literário ser compreendida pelo interlocutor.
Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, en-
tre elas o emprego de uma linguagem convencional e denotativa. Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, des- verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
considerando aspectos estilísticos próprios da linguagem literária. desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
linguagem utilizada. A linguagem de um texto está condicionada à Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros 1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
textuais, devemos pensar também na linguagem adequada a ser contém verbo.
adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem literária 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
e a linguagem não literária. como oração.

Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
uma preocupação com o objeto linguístico e também com o estilo, oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
os textos não literários apresentam características bem delimitadas estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
para que possam cumprir sua principal missão, que é, na maioria exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transpa- Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
rência e o compromisso com uma linguagem não literária, afastan- ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
do assim possíveis equívocos na interpretação de um texto. sintática diferente.

Classificação das orações: as orações podem ser simples ou


TIPOLOGIA DA FRASE PORTUGUESA. ESTRUTURA DA FRA- compostas. As orações simples apresentam apenas uma frase; as
SE PORTUGUESA: OPERAÇÕES DE DESLOCAMENTO, SUBS- compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração.
TITUIÇÃO, MODIFICAÇÃO E CORREÇÃO. PROBLEMAS ES- Analise os exemplos abaixo e perceba que a oração composta tem
TRUTURAIS DAS FRASES. ORGANIZAÇÃO SINTÁTICA DAS duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
FRASES: TERMOS E ORAÇÕES. ORDEM DIRETA E INVER- – Oração simples: “Eu quero silêncio.”
SA – Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o
noticiário”.

Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao Período


estudo da ordenação das palavras em uma frase, das frases em um É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com
discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem sentido completo. Assim como as orações, o período também pode
entre si. Sempre que uma frase é construída, é fundamental que ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número
ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo de orações que apresenta: o período simples contém apenas uma
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração é uma
orações, a sintaxe é essencial para que essa compreensão se efetive. frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à
classificação, basta contar quantos verbos existentes na frase.

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– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - – Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo,
apresenta apenas um verbo. ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, também
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou recebem sua classificação, conforme abaixo:
ficarei preocupada.” - contém dois verbos. – Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo
— Análise Sintática que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser
estrutura de um período e das orações que compõem um período. direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
a seguir as especificidades de cada tipo. cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
respectivos exemplos a seguir: – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
sobre o sujeito). e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
respectivos casos: é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Fred fez um lindo discurso.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Um lindo discurso Fred fez.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
“Fez um lindo discurso, Fred.” mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
palavra substantivada.
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
concordância verbal. um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. aula. Por isso, estavam contentes.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no 2 – Termos integrantes da oração
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
concordância do verbo o destaca de forma indireta. oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
determiná-lo. completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
Esse sujeito pode aparecer com: exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
padeiro.”». seja compreendido.
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você
estiver lá.” Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. acontecido.”
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos os aparelhos.»
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.

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– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido – Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos, caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma
adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe informação já completa. Observe os exemplos:
os exemplos: “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
nominal. – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
“rapidamente” é advérbio de modo. ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
substantivo. quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
apelo. Observe:
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. “Vista o casaco, filha!”
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
passiva: — Estudo da relação entre as orações
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.” Os períodos compostos são formados por várias orações.
– “O cachorro foi alvo do meu medo.” As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações
3 – Termos acessórios da oração independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem individualmente porque apresentam sentidos completos.
para complementar a informação, exprimindo circunstância, Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
abaixo quais são eles: doces.”
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do – Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: preparei os doces.”
“Dormimos muito.” – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
preparo os doces.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. – Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” porque estudou bastante.”
“Maria escreve bastante bem.” – Período composto por subordinação: são constituídos por
orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
Os adjuntos adverbiais podem ser: substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. que o suspeito era realmente o culpado.”
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
tempo). queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega é que meus pais são saudáveis.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
– Sujeito: “jovem apaixonado” disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam felizes que pulamos de alegria.”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração para que nós chegássemos a casa em segurança.”
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
adjuntos adnominais de “colega”. cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
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– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
espero por você.» guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo
estivesse cansado, concluiu a maratona.” nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente
como se ainda vivesse no interior.” é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme ção, maior a adequação com a língua padrão.
combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.” Exemplo:
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
me exercito, mais tenho disposição.” conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
passou no concurso, mudou-se para o interior.” movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.” se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.
NORMA CULTA
A Linguagem Popular ou Coloquial
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
A Linguagem Culta ou Padrão se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e
nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Dúvidas mais comuns da norma culta
Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa- Perca ou perda
miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra-
combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou- ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Embaixo ou em baixo
Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está
variedades linguísticas. embaixo da cama
Certas palavras e construções que empregamos acabam de- Ver ou vir
nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções:
país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das
às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa- ficar de castigo!
cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, Onde ou aonde
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar
profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade Fica?
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do- Como escrever o dinheiro por extenso?
mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al-
para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100
a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes- R$ 1400,00 ou R$ 1400.
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos.
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Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao PONTUAÇÃO E SINAIS GRÁFICOS
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada.
— Visão Geral
Mal ou mau O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
Mau é o adjetivo contrário de bom. em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
“Vir”, “Ver” e “Vier” compreensão da frase.
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver- tipos textuais;
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
“Ao invés de” ou “em vez de” – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas
para expressar oposição. — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda. enunciado
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também Vírgula
pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco- De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida. para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici- se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
cleta. não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
“Para mim” ou “para eu” outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase empregada:
com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para • No interior da sentença
eu curtir as fotos dele. 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:

“Tem” ou “têm”
ENUMERAÇÃO
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
“ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
no plural. Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
mudança.
REPETIÇÃO
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos Os arranjos estão lindos, lindos!
atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O 2 – Isolar o vocativo
romance começou muito tempo atrás. “Crianças, venham almoçar!”
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, “Quando será a prova, professora?”
de Raul Seixas, está incorreta.
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”

4 – Isolar expressões explicativas:


“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi
responsabilizado.”

5 – Separar conjunções intercaladas


“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
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6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
do setor.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: apositiva nem se apresente inversamente).
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
Ponto
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas 1 – Para indicar final de frase declarativa:
por conjunções) “O almoço está pronto e será servido.”
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
2 – Abrevia palavras:
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: – “p.” (página)
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo 3 – Para separar períodos:
“fazer”). “O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”

• Entre as sentenças Ponto e Vírgula


1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas 1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.” orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e amiga, de praticar esportes.”
assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos 2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
ajudasse.” “Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a Vênus;
principal: Terra;
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.” Marte;
Júpiter;
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas Saturno;
ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal: Urano;
Netuno.”
Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção!
Dois Pontos
Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção! 1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas,
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
5 – Separar as sentenças intercaladas: ideias anteriores.
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu “Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
leito, até que você se recupere por completo.” “Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela
grande ofensa.”
• Antes da conjunção “e”
1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire 2 – Para introduzirem citação direta:
valores que não expressam adição, como consequência ou “Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente
diversidade, por exemplo. muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma’.”
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
3 – Para iniciar fala de personagens:
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre “Ele gritava repetidamente:
que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar – Sou inocente!”
alguma ideia, por exemplo: Reticências
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; 1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta
e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o sintaticamente:
esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha) “Quem sabe um dia...”

3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas 2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
apresentam sujeitos distintos, por exemplo: “Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” ainda.”

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3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
objetivo de prolongar o raciocínio: Assis)
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
TIPOS DE DISCURSO
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner). Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
Ponto de Interrogação ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
1 – Para perguntas diretas: — Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
“Quando você pode comparecer?” pletamente bêbados, não é?

2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para Foi aí que um dos bêbados pediu:
destacar o enunciado: — Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
“Não brinca, é sério?!” o seu marido que os outros querem ir para casa.

Ponto de Exclamação (Stanislaw Ponte Preta)


1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!” Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro-
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará-
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva grafo.
“Infelizmente!” O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens,
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de
3 – Após vocativo gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou caco-
“Ana, boa tarde!” etes pessoais.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou
4 – Para fechar de frases imperativas: declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensa-
“Entre já!” gem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
Parênteses acrescentar
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases afirmar
intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou concordar
a vírgula: consentir
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre) contestar
quem seria promovido.” continuar
declamar
Travessão determinar
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto: dizer
“O rapaz perguntou ao padre: esclarecer
— Amar demais é pecado?” exclamar
explicar
2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos: gritar
“— Vou partir em breve. indagar
— Vá com Deus!” insistir
interrogar
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários: interromper
“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.” intervir
mandar
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas: ordenar, pedir
“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.” perguntar
Aspas prosseguir
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, protestar
como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos, reclamar
arcaísmos, palavrões, e neologismos. repetir
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.” replicar
“A reunião será feita ‘online’.” responder
retrucar
2 – Para indicar uma citação direta: solicitar

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Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou- Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente. Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
Exemplo: da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
sas vidas. verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
seguir: clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
Estilo 1: personagem na voz do narrador.
João perguntou:
— Que tal o carro? A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas) (Ciro dos Anjos)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
Estilo 3: respondeu-me que não.
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o (Machado de Assis)
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado. Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
Verbos de elocução no fim da fala: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
João. o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio. personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
filho. (Machado de Assis) sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) ritmo que confere ao texto.

— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
e oito. (Machado de Assis) decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Ainda não, respondi secamente. bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
(Machado de Assis) cadeia por que ele não sabe falar direito?

Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla- (Graciliano Ramos)


mativas: Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur-
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
insistência. discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto
livre: Era bruto, sim.
(Machado de Assis)

— Para quê? interrompeu Sabina.

(Machado de Assis)

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Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas
orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narrador.

Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O domínio
dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insistência,
porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.

Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.

• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.

• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.

• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.

Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.

• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.

• Objeto indireto na oração principal


A prima perguntou a João se ele queria café.

• Forma interrogativa ou imperativa


Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
– E o amarelo?

• Advérbios de lugar e de tempo


aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
esse(s), este(s)
isso, isto
meu, minha
teu, tua
nosso, nossa

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Discurso Indireto Linguagem Popular ou Coloquial


Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
• Pretérito imperfeito sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
A enfermeira afirmou que era uma menina. guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
• Futuro do pretérito – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
Pedrinho gritou que não sairia do carro. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
• Pretérito mais-que-perfeito que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha esperado) está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
demais. irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
• Pretérito imperfeito do subjuntivo expressão dos esta dos emocionais etc.
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz.
Outras alterações A Linguagem Culta ou Padrão
• Terceira pessoa É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas
• Objeto indireto na oração principal instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela
A prima perguntou a João se ele queria café. obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na
• Forma declarativa linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa pelo mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente
amarelo. nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia anterior, científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo, seu,
sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas) Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
REGISTROS DE LINGUAGEM gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
Definição de linguagem comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo de pequenos grupos ou cair em desuso.
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa “mina”, “tipo assim”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com Linguagem vulgar
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
e caem em desuso. comida”.
Língua escrita e língua falada Linguagem regional
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão Os níveis de linguagem e de fala são determinados pelos fato-
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas res a seguir:
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante. O interlocutor
Os interlocutores (emissor e receptor) são parceiros na comu-
Linguagem popular e linguagem culta nicação, por isso, esse é um dos fatores determinantes para a ade-
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua- quação linguística. O objetivo de toda comunicação é a busca pelo
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, sentido, ou seja, precisa haver entendimento entre os interlocuto-
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja res, caso contrário, não é possível dizer que houve comunicação.
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou Por isso, considerar o interlocutor é fundamental. Por exemplo, um
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que professor não pode usar a mesma linguagem com um aluno na fa-
o diálogo é usado para representar a língua falada. culdade e na alfabetização, logo, escolher a linguagem pensando
em quem será o seu parceiro é um fator de adequação linguística.
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Ambiente Exemplo de uma notícia


A linguagem também é definida a partir do ambiente, por isso, O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global
é importante prestar atenção para não cometer inadequações. É para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica-
impossível usar o mesmo tipo de linguagem entre amigos e em um da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi
ambiente corporativo (de trabalho); em um velório e em um campo decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o
de futebol; ou, ainda, na igreja e em uma festa. objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo
exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito seden-
Assunto tárias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física
Semelhante à escolha da linguagem, está a escolha do assunto. praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado
É preciso adequar a linguagem ao que será dito, logo, não se con- para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de
vida para um chá de bebê da mesma maneira que se convida para qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esque-
uma missa de 7º dia. É preciso ter bom senso no momento da es- letos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria
colha da linguagem, que deve ser usada de acordo com o assunto. dos países tirou nota “D”.

Relação falante-ouvinte Função Emotiva


A presença ou ausência de intimidade entre os interlocutores é Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar.
outro fator utilizado para a adequação linguística. Portanto, ao pe- É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa-
dir uma informação a um estranho, é adequado que se utilize uma gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
linguagem mais formal, enquanto para parabenizar a um amigo, a Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que
informalidade é o ideal. empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in-
conscientemente.
Intencionalidade (efeito pretendido) Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili-
Nenhum texto (oral ou escrito) é despretensioso, ou seja, sem zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da-
pretensão, sem objetivo, todos são carregados de intenções. E para quele que fala.
cada intenção existe uma forma de linguagem que será compatível, Exemplo: Nós te amamos!
por isso, as declarações de amor são feitas diferentes de uma soli-
citação de emprego. Há maneiras distintas para criticar, elogiar ou Função Conativa
ironizar. É importante fazer essas considerações. A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua-
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o
grande foco é no receptor da mensagem.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu-
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por
meio da mensagem transmitida.
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter-
acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans- ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre. vocativo.
São seis as funções da linguagem, que se encontram direta- Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com
mente relacionadas com os elementos da comunicação. a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios
Funções da Linguagem Elementos da Comunicação publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos
Função referencial ou denotativa contexto
certos produtos.
Função emotiva ou expressiva emissor Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
Função apelativa ou conativa receptor que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta-
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
Função poética mensagem dos, que se deixam conduzir sem questionar.
Função fática canal Exemplos: Só amanhã, não perca!
Função metalinguística código Vote em mim!

Função Poética
Função Referencial
Esta função é característica das obras literárias que possui
A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
o que enfatiza sua impessoalidade.
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
tivo é a mensagem.
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
A função poética não pertence somente aos textos literários.
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
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Exemplo: Canal: é a fonte de transmissão da mensagem, ou o meio de


“Basta-me um pequeno gesto, comunicação utilizado (revista, livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)
feito de longe e de leve, Contexto: é a situação que estão envolvidos o emissor e recep-
para que venhas comigo tor.
e eu para sempre te leve...” Ruído: são os elementos que interferem na compreensão da
mensagem que está sendo transmitida, podem ser ocasionados
(Cecília Meireles) pelo ambiente interno ou externo. Podem ser tanto os barulhos de
uma maneira geral, uma palavra escrita incorretamente, uma dor
Função Fática de cabeça por parte do emissor como do receptor, uma distração,
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca- um problema pessoal, gírias, neologismos, estrangeirismos, etc.,
nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a podem interferir no perfeito entendimento da comunicação.
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação. Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem
A ênfase dada ao canal comunicativo. quando as palavras têm graus distintos de abstração e variedade
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem- de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas
plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele- nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e
fone, etc. interpretar as palavras).
Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas
Exemplo: por palavras, os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olha-
-- Calor, não é!? res, e a entonação são também importantes (são os elementos não
-- Sim! Li na previsão que iria chover. verbais da comunicação).
-- Pois é... Retroalimentação ou Feedback: é o processo onde ocorre a
confirmação do entendimento ou compreensão do que foi transmi-
Função Metalinguística tido na comunicação.
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua-
gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um Macromodelo do Processo de Comunicação
código utilizando o próprio código.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des- Fonte: Kotler e Keller, 2012.
taque são as gramáticas e os dicionários.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do- Em resumo, a comunicação é um processo pelo qual a infor-
cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema mação é codificada e transmitida por um emissor a um receptor
são alguns exemplos. por meio de um canal, ela é, portanto, um processo pelo qual nós
Exemplo: atribuímos e transmitimos significado a uma tentativa de criar en-
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço tendimento compartilhado.
entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu
mestre”
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS
“é uma de suas amizades fiéis”

As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas


ELEMENTOS DOS ATOS DE COMUNICAÇÃO menores - os morfemas, também chamados de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
Dentro do processo de comunicação existem alguns fatores – tema;
que são imprescindíveis de serem citados como elementos da co- – desinências;
municação, que são: – afixos;
Emissor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de produzir e trans- – vogais e consoantes de ligação.
mitir uma mensagem.
Receptor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de receber e inter- Radical: Elemento que contém a base de significação do vo-
pretar essa mensagem transmitida. cábulo.
Codificar: é transformar, num código conhecido, a intenção da
comunicação ou elaborar um sistema de signos, ou seja, é interpre- Exemplos
tar a mensagem transmitida para a sua correta compreensão. VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Descodificar: Decifrar a mensagem, operação que depende do
repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa. Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as in- Dividem-se em:
formações que serão transmitidas ao receptor, ou seja, é qualquer Nominais
coisa que o emissor envie com a finalidade de passar informações. Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Código: é o modo como a mensagem é transmitida (escrita, Exemplos
fala, gestos, etc.) pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
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Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.


Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.

Tema: União do radical e a vogal temática.


Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.

Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.

Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem-se
em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
Exemplos
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.

Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).

1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA


inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga

2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


gol leiro goleiro
feliz mente felizmente

3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.
PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade
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4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer

5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina
substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição
ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das
vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VERBO RADICAL DESINÊNCIA VOGAL TEMÁTICA SUBSTANTIVO


debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda

6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.

Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.   
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.  
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.

FORMAS DE ABREVIAÇÃO

Abreviatura
Existem algumas regras para abreviar as palavras, porém a maioria das abreviaturas que ganham o gosto do público são aquelas que,
mesmo sem seguir as regras preditas pela gramática, são usuais, práticas. Vejamos algumas regras para se fazer uma abreviatura da ma-
neira correta (prevista na gramática).

Quando usar:
Quando há necessidade de redução de espaço em títulos, legendas, tabelas, gráficos, infográficos, creditagem de TV e crawl.
Mesmo assim, é necessário ter cuidado para que o uso de abreviaturas não prejudique a compreensão.

Regra Geral: primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto abreviativo. Exemplos: adj. (adjetivo), num. (nu-
meral).

Outras Regras:
As abreviaturas devem ser acentuadas quando o acento gráfico ocorrer antes do ponto abreviativo.

Exemplos:
– técnicas → téc.
– páginas → pág.
– século → séc.
Nunca se deve cortar a palavra numa vogal, sempre na consoante. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até
a consoante.
Se a palavra tiver acento na primeira sílaba, ele é conservado.
núm. (número)
lóg. (lógica)
Caso a segunda sílaba se inicie por duas consoantes, utiliza-se as duas na abreviatura.
Constr. (construção)
Secr. (secretário)
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O ponto abreviativo também serve como ponto final, sendo as- kg quilograma
sim, se a abreviatura estiver no final da frase, não há necessidade Sem ponto, sem plural
l litro
de se utilizar outro ponto. Ex: Comprei frutas, verduras, legumes,
etc. Hz hertz
KHz quilo-hertz
Alguns gramáticos não admitem que as flexões sejam marca- MHz mega-hertz
das na abreviatura. GHz giga-hertz
Profª (professora) mi milhão
Págs. (páginas) Só são usadas para valores
bi bilhão
Algumas palavras, mesmo não seguindo as regras descritas aci- monetários.
tri trilhão
ma, são aceitas pela gramática normativa, é o caso de:
a.C. ou A.C. (antes de Cristo) m metro
ap. ou apto. (apartamento) km quilômetro
bel. (bacharel) metro quadrado
cel. (coronel) m²
quilômetro qua-
Cia. (Companhia) km²
drado
cx. (caixa)
Ltda. limitada
D. (Dom, Dona)
Ilmo. (Ilustríssimo) jan., fev.
Ltda. (Limitada) mar.,
p. ou pág. (página) e pp. Págs. (páginas) abr.
pg. (pago) mai., Com todas as letras em
vv. (versos, versículos) jun. caixa alta, use sem ponto:
jul., ago. JAN, FEV, OUT
Mesmo sabendo que estas siglas são permitidas e reconheci- set., out.
das pela gramática, ao escrevermos textos oficiais, artigos, traba- nov.,
lhos, redações, não devemos utilizá-las abusivamente, pois acabará dez.
atrapalhando a clareza da comunicação. Em textos informais, no en- Mantém-se o acento
tanto, não há nenhuma restrição, a abreviatura pode ser utilizada pág. página
Plural: págs.
quando quisermos.
S.A. sociedade anônima Plural: S.As.
Símbolos Tevê também pode ser usado.
O desenvolvimento científico e tecnológico exigiu medições TV Para emissoras, use apenas TV.
cada vez mais precisas e diversificadas. Por essa razão, o Sistema Não use tv ou Tv
Métrico Decimal acabou sendo substituído pelo Sistema Internacio-
nal de Unidades - SI, adotado também no Brasil a partir de 1962. Sigla
As unidades SI podem ser escritas por seus nomes ou repre- As siglas são a junção das letras iniciais de um termo composto
sentadas por meio de SÍMBOLOS, um sinal convencional e invari- por mais de uma palavra:
ável utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das P.S. (pós escrito = escrito depois)
unidades SI. S.A. (Sociedade Anônima)
Lembre-se de que os símbolos que representam as unidades SI IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
não são abreviaturas; por isso mesmo não são seguidos de ponto,
não têm plural nem podem ser grafados como expoentes. Se a sigla tiver até três letras, ou se todas as letras forem pro-
Abreviaturas e símbolos mais usados nunciadas individualmente, todas ficam maiúsculas.
MEC, USP, PM, INSS.
Usa-se com ponto. Porém, se a sigla tiver a partir de quatro letras, e nem todas
etc. Etcetera forem pronunciadas separadamente, apenas a primeira letra será
A vírgula antes é facultativa
maiúscula, e as demais minúsculas:
KB kilobyte Embrapa, Detran, Unesco.
GB gigabyte
MB megabyte
KW quilowatt
MW megawatt
GW gigawatt
h hora
min minuto Não têm ponto nem plural
s segundo

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CLASSES DE PALAVRAS; OS ASPECTOS MORFOLÓGICOS, SINTÁTICOS, SEMÂNTICOS E TEXTUAIS DE SUBSTANTIVOS, ADJETI-


VOS, ARTIGOS, NUMERAIS, PRONOMES, VERBOS, ADVÉRBIOS, CONJUNÇÕES E INTERJEIÇÕES

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.

A classificação dos artigos


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS singular a da na à pela
DEFINIDOS feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS singular uma duma numa
INDEFINIDOS feminino plural umas dumas numas

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— Substantivo Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do


Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, que Luciana.”
qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento
substantivos se subdividem em: do que a equipe.”   
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo,
nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) podendo ser:
ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na – Analítico - “A modelo é extremamente bonita.”
sua generalidade (garoto, caneta, cachorro). – Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra,
é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário). – Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres – Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  
reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que Pronome adjetivo
nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.   Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim,
pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer
gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é
cães).   a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
substantivo comum professora).
— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar Locução adjetiva
o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras,
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente,
ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
quer que seja nomeado. Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
Os tipos de adjetivos – Paixão sem freio (paixão desenfreada).
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples – Associação de comércios (associação comercial).
(bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de um
radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo- — Verbo
limão).   É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo,
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em:
primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo, Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação),
lamentável). “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou o exemplo do verbo “nutrir”:
origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).   – Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu
significado).
O gênero dos adjetivos – Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e,
Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular
isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” / ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo
“Ana é uma amiga leal.”   (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro;
travessa”. tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos
O número dos adjetivos regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou
Por concordarem com o número do substantivo a que se têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma.
referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito
a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos;
instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda
formosos. conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além de apresentar
duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer
O grau dos adjetivos fosse regular, sua conjugação no pretérito perfeito do indicativo
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.
(compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).
Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto
o anterior.”  

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— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos.

Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nos, conosco.
Vós Vos, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.

Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.

PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV
Senhor (es) e Senhora (s) pessoas mais velhas Sr. Sr. (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
a

Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas


altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.
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Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1 pessoa
a
Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
2 pessoa
a
Esse, essa, esses, essas, isso. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se fala.
3 pessoa
a
Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:
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CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa,
devagar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam
“Andou depressa por causa da chuva”
em “-mente”, como cuidadosamente,
calmamente, tristemente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”
“Demorou, mas chegou longe!”
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas com o
“Decerto passaram por aqui”
sufixo “-mente” (certamente, realmente).
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
Palavras como claro e positivo, podem ser
“Entendi, sim.”
advérbio, dependendo do contexto.
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum, “Jamais reatarei meu namoro com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser “Sequer pensou para falar.”
advérbio de negação, conforme o contexto. “Não pediu ajuda.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que “Quiçá seremos recebidas.”
ADVÉRBIO DE DÚVIDA expressem dúvida acrescidas do sufixo “Provavelmente sairei mais cedo.”
“-mente”, como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa direta,
Quando, como, onde, aonde, donde, por que. que indica causa)
ADVÉRBIO DE Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta, que
INTERROGAÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
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Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Estabelecer relação de adição (positiva
“No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas ou negativa). As principais conjunções
“Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas coordenativas aditivas são “e”, “nem” e
chegar.”
“também”.
Estabelecer relação de oposição. As principais
“Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas
“Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas são “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”,
estava nervoso na prova.”
“entretanto”.
Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”
Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são emprego.” /
conclusivas
“portanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são descansar aqui em casa.” /
explicativas
“porque”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


São empregadas para introduzir a oração que Que e se. Analise:
cumpre a função de sujeito, objeto direito, “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
objeto indireto, predicativo, complemento agendada.” e
nominal ou aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais denota causa. que, que, porquanto.
Estabelecer relação de alternância. As principais
Conjunções subornativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado
condicionais necessária para que seja realizada ou não o fato que, a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma de que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois
comparativas comparação. de tanto. Como, assim como, como se, bem como,
que nem.
Indicam uma oração em que se admite um Por mais que, por menos que, apesar de que,
Conjunções subornativas
fato contrário à ação principal, mas incapaz de embora, conquanto, mesmo que, ainda que, se bem
concessivas
impedí-la. que.

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Introduzem uma oração, cujos acontecimentos


Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais ocorrem no mesmo espaço temporal daqueles proporção que.
contidos na outra oração.
Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida
Conjunções subornativas
consequência do que foi declarado na oração pelo que em outra oração). De maneira que, de
consecutivas
anterior. forma que, de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os
numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos
(dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.  
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados.

Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/primeira, primeiros/
primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.  
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.  

Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplos: meio
ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.  
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de leite,
meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.   

Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.  
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número e
gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.

Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 unidades).
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e advérbios)
exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, as preposições não
possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou
seja, sua função gramatical (organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.

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Classificação das preposições elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas


Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do
propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a, interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, – Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras
por (ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem, que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de
sob, sobre, trás. mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em – Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
ambas as sentenças, a preposição de manteve-se sempre sendo – Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!»
preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas Os tipos de interjeição
conforme o contexto. De acordo com as reações que expressam, as interjeições
podem ser de:
Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
o quadro com textura.” Perceba que nas duas fases, a mesma ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se ALÍVIO “Ah!, “Ufa!”
que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
valor estrutural (gramática).
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”
Classificação das preposições APLAUSO “Bravo!”, “Bis!”
Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto, DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!”
podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre DESEJO “Tomara!”
outras. DOR “Ai!”, “Ui!”
Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do
suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segundo”, que, DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ESPANTO “Eita!”, “Ué!”
ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.   IMPACIÊNCIA
“Puxa!”
(FRUSTRAÇÃO)
Locuções prepositivas IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!”
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!”
emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!”
preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
prepositivas.
OS MODALIZADORES. SEMÂNTICA: SENTIDO PRÓPRIO E
FIGURADO; ANTÔNIMOS, SINÔNIMOS, PARÔNIMOS E HI-
abaixo de de acordo junto a PERÔNIMOS. POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
acerca de debaixo de junto de
acima de de modo a não obstante
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo
a fim de dentro de para com da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das
à frente de diante de por debaixo de palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
antes de embaixo de por cima de Denotação e conotação
a respeito de em cima de por dentro de Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
atrás de em frente de por detrás de
palavras. Exemplos:
através de em razão de quanto a “O gato é um animal doméstico.”
com respeito a fora de sem embargo de “Meu vizinho é um gato.”

— Interjeição No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro


É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano.
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais

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Hiperonímia e hiponímia Principais tipos de dicionários


Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, Existem também os dicionários de tradução de línguas, ou seja,
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um aqueles destinados a mostrar os significados ou sinônimos das pa-
hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. lavras em outra língua. Exemplo: Dicionário de português-inglês,
Exemplos: português-italiano, português-espanhol.
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. Existem também os dicionários de termos técnicos, usados em
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. áreas específicas do conhecimento. Num dicionário de medicina,
por exemplo, são explicados os termos relacionados à área médica.
Polissemia e monossemia Desta forma, existem os dicionários de eletrônica, mecânica, Biolo-
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra gia, informática, mitologia, etc.
apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o Importância do uso
contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas O uso de dicionário é muito importante para os estudantes e
palavras apresentam apenas um significado. Exemplos: profissionais de todas as áreas. Como é impossível conhecer o sig-
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma nificado de todas as palavras, o ideal é consultar o dicionário para
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. ganhar vocabulário.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. Dicionários modernos
Com o avanço da informática e da internet, temos atualmente
Sinonímia e antonímia os chamados dicionários eletrônicos (em CD-ROMs) e os dicioná-
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem rios on-line (encontrados na Internet) ou em formato de aplicativos
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados para smartphones.
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras Exemplos dos principais dicionários da Língua Portuguesa (edi-
expressam proximidade e contrariedade. tados no Brasil):
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = - Dicionário Aurélio
veloz. - Dicionário Houaiss
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x - Dicionário Michaelis
atrasado. - Dicionário da Academia Brasileira de Letras
- Dicionário Aulete da Língua Portuguesa
Homonímia e paronímia - Dicionário Soares Amora da Língua Portuguesa
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras Organização do dicionário
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de 1. Entrada
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas A entrada do verbete está em azul e, logo abaixo, há a indica-
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças ção da divisão silábica.
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). abécédaire
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de a.bé.cé.daire
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja [ɑbesedɛʀ]
os exemplos: nm
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo abecedário.
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer). abanador
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar a.ba.na.dor
(definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar [abanad′or]
roxo). sm
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); éventoir.
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo As remissões, introduzidas pela abreviatura V (ver / voir), indi-
chorar) . cam uma forma vocabular mais usual.
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e ascaris
apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento as.ca.ris
(saudação). [askaʀis]
V ascaride.
desatencioso
OS DICIONÁRIOS: TIPOS de.sa.ten.ci.o.so
[dezatẽsj′ozu]
V desatento.
O dicionário é um livro que possui a explicação dos significados Os verbos essencialmente pronominais encontram-se na entra-
das palavras. As palavras são apresentadas em ordem alfabética. da principal da seguinte maneira:
Alguns dicionários são ilustrados para facilitar a assimilação dos sig- blottir (se)
nificados das palavras. blot.tir (se)
[blɔtiʀ]
vpr
enroscar-se, aconchegar-se.
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ajoelhar-se Os diferentes sentidos de uma mesma palavra estão separados


a.jo.e.lhar-se por algarismos em negrito. Os sinônimos reunidos num algarismo
[aʒoeλ′arsi] são separados por vírgulas.
vpr administrer
s’agenouiller. ad.mi.nis.trer
[administʀe]
2. Transcrição fonética vt
A pronúncia figurada é representada entre colchetes. Veja ex- 1 administrar, gerir.
plicações detalhadas na seção “Transcrição fonética” em “Como 2 dar uma medicação.
consultar”. 3 aplicar um castigo.
abeille alimento
a.beille a.li.men.to
[abɛj] [alim′ẽtu]
nf sm
ZOOL abelha. 1 nourriture.
abaixar 2 denrée.
a.bai.xar 3 nourriture, victuaille, aliment.
[abajʃ′ar] pl
vt+vpr 4 alimentos vivres.
baisser. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Veja nota em vivre.
3. Classe gramatical A tradução, na medida do possível, fornece os sinônimos na ou-
É indicada por uma abreviatura. Entenda o que significa cada tra língua e, quando estes não existem, define ou explica o termo.
abreviatura deste dicionário na seção “Abreviaturas” em “Como docteur
consultar”. doc.teur
abolition [dɔktœʀ]
a.bo.li.tion nm
[abɔlisjɔ̃] 1 doutor, médico.
nf 2 doutor, pessoa que possui o maior grau universitário numa
abolição. faculdade.
abatido 6. Exemplificação
a.ba.ti.do Frases elucidativas usadas para esclarecer definições ou acep-
[abat′idu] ções, são apresentadas em itálico.
adj amorce
abattu. a.morce
alimentar [amɔʀs]
a.li.men.tar nf
[alimẽt′ar] 1 isca.
vt+vpr 2 início, começo, esboço: cette rencontre pourrait être l’amorce
nourrir. d’une négociation véritable / este encontro poderia ser o início de
adj uma verdadeira negociação.
alimentaire. agitado
a.gi.ta.do
4. Área de conhecimento [aʒit′adu]
É indicada por uma abreviatura. Entenda o que significa cada adj
abreviatura deste dicionário na seção “Abreviaturas” em “Como agité: o doente passou uma noite agitada / le malade a passé
consultar”. une nuit agitée.
abdomen 7. Formas irregulares
ab.do.men No final dos verbetes em português, numa seção denominada
[abdɔmɛn] “Informações complementares”, registram-se plurais irregulares e
nm plurais de substantivos compostos com hífen, além dos femininos e
ANAT abdome, barriga. masculinos irregulares.
abacate açafrão
a.ba.ca.te a.ça.frão
[abak′ati] [asafr′ãw]
sm sm
BOT avocat. BOT safran.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
5. Tradução PL açafrões.
micro-organismo
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mi.cro-or.ga.nis.mo MED Incapacidade congênita para distinguir certas cores, prin-


[mikroorgan′ismu] cipalmente o vermelho e o verde, que geralmente afeta indivíduos
sm do sexo masculino.
micro-organisme. ETIMOLOGIA
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES der do np Dalton+ismo, como fr daltonisme.
PL micro-organismos. pão-durismo
No final dos verbetes em francês, numa seção denominada “In- pão-du·ris·mo
formações complementares”, são indicadas as terminação do femi- sm
nino e do plural, quando irregulares. COLOQ Qualidade ou característica do que é pão-duro ou sovi-
abattu na; avareza, sovinice.
a.bat.tu INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
[abaty] PL: pão-durismos.
adj ETIMOLOGIA
1 abatido. der de pão-duro+ismo.
2 triste, decaído. piña colada
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES [ˈpiña koˈlada]
-ue loc subst
abdominal Coquetel preparado com rum, leite de coco, suco de abacaxi
ab.do.mi.nal e gelo.
[abdɔminal] INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
adj PL: piña coladas.
abdominal. ETIMOLOGIA
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES esp.
-aux, -ale OAB
8. Expressões Sigla de Ordem dos Advogados do Brasil.
No final do verbete, numa seção denominada “Expressões” são °C
apresentadas expressões usuais em ordem alfabética. FÍS, METEOR Símbolo de grau Celsius.
accord d.C.
ac.cord Abreviatura de depois de Cristo.
[akɔʀ] Logo após a cabeça de verbete, há a indicação da divisão si-
nm lábica assinalada por um ponto, com a separação das vogais dos
1 acordo, assentimento, concordância, pacto, trato. ditongos (crescentes e decrescentes).
2 MUS acorde. dedicatória
EXPRESSÕES de·di·ca·tó·ri·a
d’accord de acordo, sim, o.k. sf
donner son accord dar autorização, permissão. Palavras afetuosas, escritas principalmente em livros, fotos,
mettre d’accord conciliar. CDs ou outro objeto artístico, dedicadas a alguém; dedicação.
tomber d’accord concordar, chegar a um acordo. ETIMOLOGIA
acaso fem de dedicatório, como fr dédicatoire.
a.ca.so As siglas aparecem com letras maiúsculas, mas aquelas que fo-
[ak′azu] ram cristalizadas apenas com a inicial maiúscula estão no dicionário
sm respeitando essa forma; já os símbolos científicos aparecem com
hasard inicial maiúscula ou minúscula.
EXPRESSÕES
por acaso par hasard. ONU
Fonte: michaelis.uol.com.br Sigla de Organização das Nações Unidas.

Unesco
A ORGANIZAÇÃO DE VERBETES Sigla do inglês United Nations Educational, Scientific and Cultu-
ral Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura).
Organização do verbete Os substantivos que denominam seres sagrados (Buda, Deus
A cabeça de verbete, também conhecida como entrada de ver- etc.), seres mitológicos (Diana, Zeus etc.), astros (Marte, Terra etc.),
bete, constitui-se de uma palavra simples, uma palavra composta festas religiosas (Natal, Páscoa etc.) e pontos cardeais que indicam
por hífen, uma locução, uma sigla, um símbolo ou uma abreviatura. regiões são grafados com inicial minúscula e com a informação
Ela está destacada na cor azul. “[com inicial maiúscula]”.
daltonismo buda
dal·to·nis·mo bu·da
sm sm
FILOS, REL
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1 [com inicial maiúscula ] Título dado pelos seguidores do bu- teflon®


dismo a quem alcançou um nível superior de entendimento e che- te·flon
gou à plenitude da condição humana por meio da libertação dos sm
desejos e da dissolução da ilusão produzida por estes. O título se [com inicial maiúscula ] Marca registrada do produto comercial
refere especialmente a Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o maior feito com politetrafluoretileno.
de todos os budas e o real fundador do budismo: “E, por fim, can- ETIMOLOGIA
sados, sentaram-se num banco de pedra próximo a uma imagem de marca Teflon.
Buda e foram invadidos pela paz” (CV2). As palavras estrangeiras que integram este dicionário são gra-
2 Representação de Siddharta Gautama, geralmente em forma fadas em itálico e não trazem divisão silábica. A transcrição fonéti-
de estátua ou estatueta: Suspende o buda de porcelana e o coloca ca, logo após a cabeça de verbete, sempre entre colchetes, indica a
com cuidado sobre a cômoda. pronúncia da palavra na língua de origem.
ETIMOLOGIA NOTA: Entenda todos os símbolos fonéticos utilizados neste di-
sânscr Buddha. cionário na seção “Transcrição fonética” em “Como consultar”.
natal mailing
na·tal [ˈmeɪlɪŋ]
adj m+f sm
1 Relativo ao nascimento; natalício. Relação de mensagens eletrônicas recebidas por meio de rede
2 Em que ocorre o nascimento; natalício. de computadores.
sm INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
1 Dia do nascimento; natalício. PL: mailings.
2 REL [com inicial maiúscula ] O dia de nascimento de Jesus ETIMOLOGIA
Cristo, comemorado em 25 de dezembro. ingl.
3 MÚS Cântico medieval executado por ocasião das festas na- Os estrangeirismos que no idioma original são grafados com
talinas. inicial maiúscula, como, por exemplo, os substantivos da língua ale-
ETIMOLOGIA mã, são registrados neste dicionário com inicial minúscula pois as-
lat natalis. sim são usados na língua portuguesa.
As palavras homógrafas que possuem etimologias próprias são blitz
registradas como entradas diferentes, com número sobrescrito, ou [bliːtz]
alceado. sf
cabana 1 1 HIST, MIL Ataque aéreo relâmpago e inesperado.
ca·ba·na 2 Batida policial inesperada, com grande número de policiais
sf armados: “Foi então que vimos a blitz: dois carros da polícia com
Pequena habitação rústica, geralmente construída de madeira aquelas luzes giratórias acionadas, os cones estreitando a pista, al-
e coberta de colmo; barraca, choupana. guns carros e motos parados no acostamento e vários policiais em
ETIMOLOGIA volta deles” (LA3).
lat capannam, como esp cabaña. 3 Mobilização de improviso, de caráter fiscalizador, a fim de
cabana 2 combater qualquer tipo de infração: “– Se algum vidro for quebra-
ca·ba·na do, se alguma parede for derrubada, se alguém se machucar, se a
sf polícia der uma blitz e apreender drogas ou drogados” (TB1).
AERON Conjunto de cabos usado como contravento em asas 4 FUT Ataque em massa; sucessão de ataques.
de avião. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
ETIMOLOGIA PL: blitze.
ingl cabane ETIMOLOGIA
As formas do feminino só apresentam entradas autônomas alem Blitz.
quando há acepções diferentes daquela da mera indicação de gê- A rubrica, sempre destacada no verbete e geralmente abrevia-
nero. da, refere-se às categorias gramaticais (substantivo, adjetivo, pro-
nora 1 nome etc.), às áreas de conhecimento (botânica, medicina etc.), aos
no·ra regionalismos (Nordeste, Sul etc.) e aos níveis de linguagem (colo-
sf quialismo, vulgarismo, gíria etc.).
A mulher do filho em relação aos pais dele. NOTA: Entenda o que significa cada abreviatura na seção “Abre-
ETIMOLOGIA viaturas” em “Como consultar”.
lat vulg *nuram. chapadeiro
nora 2 cha·pa·dei·ro
no·ra sm
sf 1 Habitante das chapadas; caipira, matuto.
Engenho de tirar água de poços, cisternas etc.; sarilho. 2 Terreno irregular e árido de certas chapadas.
ETIMOLOGIA 3 REG (MG) Vvaqueiro, acepção 1.
ár nāᶜūrah, como esp noria. 4 REG (MG) Nome de uma raça bovina.
Os verbetes que se referem a marcas registradas são indicados ETIMOLOGIA
por meio do símbolo ®, grafado logo após a cabeça de verbete. der de chapada+eiro.
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rabanete 1 Que tem cromo.


ra·ba·ne·te 2 Revestido de cromo.
sm sm
BOT Parte ou acessório cromado de um veículo automotor.
1 Planta herbácea ( Raphanus sativus), da família das crucífe- ETIMOLOGIA
ras, de folhas denteadas, flores com veias amarelas e violeta e raiz der de cromo+ado, como fr chromé.
branca ou vermelha; nabo-japonês, rábano, rábão. Os substantivos de gênero oscilante apresentam duplo regis-
2 A raiz carnosa dessa planta, de sabor picante, geralmente tro, separados por barra (sm/sf).
usada em saladas. personagem
ETIMOLOGIA per·so·na·gem
der de rábano+ete. sm/sf
fanchona 1 Pessoa que desfruta de atenção por suas qualidades, habili-
fan·cho·na dades ou comportamento singular e diferenciado.
sf 2 Cada um dos papéis que um ator ou atriz representa baseado
PEJ, GÍR Mulher de aspecto e maneiras viris; virago. em figuras humanas imaginadas por um autor: Ele já desempenhou
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES várias personagens: um criminoso sádico, um herói trágico, um ban-
VAR: fanchonaça. cário metódico etc.
ETIMOLOGIA 3 POR EXT Figura humana criada por um autor de obra de fic-
fem de fanchão. ção: “A peça vivia esse ponto de crise, que um poeta chamou de
Registra-se, logo após a cabeça de verbete, a categoria grama- tensão dionisíaca. Eis o que acontecera no palco: o personagem
tical. central, que passara, até então, por paralítico, ergue-se da cadeira
eclampsia de rodas. “‘– Não sou paralítico, nunca fui paralítico’, é ele próprio
e·clamp·si·a quem o diz” (NR).
sf 4 Figura humana representada em diversas expressões artís-
MED Afecção que ocorre em geral no final do período de gravi- ticas.
dez, caracterizada por convulsões associadas à hipertensão. 5 POR EXT O homem definido por seu papel social.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES ETIMOLOGIA
VAR: eclampse, eclâmpsia. fr personnage.
EXPRESSÕES A rubrica referente à área de conhecimento, geralmente abre-
Eclampsia puerperal: convulsões e coma associados com hiper- viada, é indicada antes das definições quando se aplica a todas elas.
tensão, edema ou proteinúria que podem ocorrer em paciente após labaça 1
o parto. la·ba·ça
ETIMOLOGIA sf
der do gr éklampsis+ia1, como fr éclampsie. BOT
ilegal 1 Arbusto ( Rumex conglomeratus) da família das poligonáceas,
i·le·gal nativo do sul da Europa e do leste da Ásia; alabaça.
adj m+f 2 Erva ( Rumex obtusifolius) da família das poligonáceas, oriun-
Que contraria os preceitos ou as determinações da lei; sem le- da da Europa, muito usada por suas propriedades medicinais; laba-
gitimidade jurídica; ilícito. ça-obtusa, labaçol.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES ETIMOLOGIA
ANTÔN: legal. lat lapathia.
ETIMOLOGIA emoticon
voc comp do lat in2-+legal, como fr illégal. [ɪˈməʊtɪkən]
barbear sm
bar·be·ar INTERNET Representação pictórica da expressão facial de uma
vtd e vpr pessoa, indicando estados emocionais (alegria, tristeza, espanto,
1 Fazer ou aparar as barbas de: Barbeou o pai doente, pouco zanga etc.), que é utilizada nos bate-papos e mensagens.
antes de sua morte. “[…] não pudera barbear-se sequer, dizia en- ETIMOLOGIA
quanto ela retirava o chapéu guardando cuidadosamente os gram- ingl.
pos” (CL). Quando ocorre mudança de área de conhecimento, a rubrica é
vtd indicada antes de cada acepção.
2 ART GRÁF Cortar as barbas de livro, papel etc.; aparar. cravo 1
vtd e vint cra·vo
3 Passar com uma embarcação muito próximo de outra ou do sm
cais; fazer a barba. 1 BOT Flor do craveiro1, acepção 1.
ETIMOLOGIA 2 BOT Vcraveiro 1, acepção 1.
der de barba+ear, como esp. 3 BOT Botão da flor do craveiro-da-índia, que é usado no
cromado mundo todo como condimento e tem também usos medicinais e
cro·ma·do farmacêuticos, entre outros; africana, cravinho, cravo-aromático,
adj
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cravo-cabecinha, cravo-da-índia, cravo-da-terra-de-minas, cravo- ETIMOLOGIA


-da-terra-de-são-paulo, cravo-de-cabeça, cravo-de-cabecinha, cra- voc comp do fem de certo+mente.
vo-giroflê, girofle, giroflê. A transitividade dos verbos é indicada em todas as acepções,
4 Prego quadrangular que se usa em ferraduras. antes dos números que as registram, já que os verbos podem exigir
5 Prego com que os pés e as mãos dos suplicados eram fixados um ou mais complementos no sintagma verbal, a fim de formar um
à cruz e ao ecúleo. sentido completo.
6 MED Calo profundo e doloroso que se localiza na planta do pé excetuar
e tem forma semelhante a um cone. ex·ce·tu·ar
7 MED Afecção do folículo sebáceo, causada pelo acúmulo de vtd
resíduos epiteliais; comedão. 1 Fazer exceção de; pôr fora: Conhecia quase todos na festa,
8 Pessoa incômoda ou nociva; chato, importuno, inconvenien- excetuando um ou outro convidado.
te. vtdi e vpr
9 Mau negócio; embuste, fraude, trapaça. 2 Deixar(-se) de fora: Não excetuou nenhum parente de sua
10 VET Tumor duro no casco das cavalgaduras. lista de convidados. Conseguiu excetuar-se da lista dos mais bagun-
11 Afecção do folículo pilossebáceo; ponto negro. ceiros da turma.
EXPRESSÕES vtd
Dar uma no cravo e outra na ferradura, COLOQ: a) dar um golpe 3 JUR Impugnar uma demanda por meio de exceção.
certo e outro errado; b) apoiar duas coisas que encerram contradi- vint
ção, em geral por maldade ou dissimulação. 4 JUR Propor uma exceção.
ETIMOLOGIA INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
lat clavum, como esp clavo. VAR: exceptuar.
A mesma definição pode conter mais de uma rubrica referente ANTÔN (acepção 1): incluir.
à área de conhecimento. ETIMOLOGIA
crioidrato der do lat exceptus+ar1.
cri·o·i·dra·to Quando o verbo é essencialmente pronominal, usa-se a partí-
sm cula se na cabeça de verbete.
FÍS, QUÍM Eutético constituído por água e um sal. queixar-se
ETIMOLOGIA quei·xar-se
voc comp do gr krýos+hidrato, como ingl cryohydrate. vpr
Há referência às vozes dos animais, no final do verbete, indi- 1 Manifestar lamúrias ou lamentações diante da dor física ou
cando-se os verbos e os substantivos que se relacionam a elas. da mágoa; gemer, lastimar-se, reclamar: No enterro do marido, a
canário viúva queixava-se aos prantos.
ca·ná·ri·o vpr
adj sm 2 Manifestar desgosto ou desprazer; lamentar-se: “A cada dia,
Vcanarino. a Igreja, contudo, se queixa de que há menos vocações sacerdotais”
sm (Z1).
1 ZOOL Pássaro canoro pequeno da família dos fringilídeos ( vpr
Serinus canaria), de plumagem geralmente amarela e canto melo- 3 Mostrar-se magoado ou ofendido: Queixa-se diante de tantas
dioso, originário das ilhas Canárias, da Madeira e dos Açores. injustiças.
2 POR EXT Pessoa que canta bem. vpr
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 4 Denunciar algo de que foi vítima: “Se você quiser, vá queixar-
VOZ (acepção 1): canta, dobra, modula, trila, trina. -se à polícia… Está no seu direito! Eu me explicarei em juízo!” (AA1).
EXPRESSÕES vpr
Canário de uma muda só, COLOQ: pessoa que anda todo o tem- 5 Descrever estado físico ou moral: Ele se queixa de dores crô-
po com uma só roupa. nicas no peito.
Canário sem muda, COLOQ: Vcanário de uma muda só. ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA lat vulg *quassiare, como esp quejar.
de Canárias, np, como esp canario. Os verbos irregulares, defectivos ou impessoais trazem essa in-
Todos os comentários gramaticais são sempre mencionados formação entre colchetes, no final do verbete.
entre colchetes. cerzir
certamente cer·zir
cer·ta·men·te vtd e vint
adv 1 Costurar ou remendar tecido rasgado ou esgarçado, com
1 Com certeza, sem dúvida [usado como modificador de frase, pontos miúdos, a fim de reconstituir sua trama original, sem deixar
indica grande probabilidade e pequeno grau de incerteza ] : “Tão defeito: “Na barcaça […], apenas duas ou três mulheres catando su-
determinado que, se alguém o olhasse mais atento, certamente ruru, dois ou três pescadores cerzindo redes” (JU). “Foi pouco fogo.
perceberia alguma forma mais precisa nos movimentos” (CFA). O buraco é pequeno, dá para cerzir invisível” (TM1).
2 Com certeza, é claro, sim [usado como resposta afirmativa a vtd e vtdi
uma solicitação ] : “[…] não é assim? … – Certamente, respondeu a
mocinha, sem perturbar-se” (JMM).
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2 Juntar, reunir ou incorporar alguma coisa a outra: A atitude SIN: maltrapilho, molambudo, mulambudo.
do político perante as câmeras cerziu os piores comentários. O au- VAR: mulambento.
tor cerziu o romance com textos picantes. [Verbo irregular. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de molambo+ento.
lat sarcire. anorexia
carpir a·no·re·xi·a
car·pir (cs)
vtd sf
1 ANT Arrancar (fios de barba ou de cabelo) em sinal de dor ou MED Falta ou perda de apetite.
de sentimento. EXPRESSÕES
vtd Anorexia nervosa, MED, PSICOL: distúrbio nervoso grave, ca-
2 Arrancar (erva daninha ou mato); capinar. racterizado pelo medo obsessivo de engordar, fazendo com que a
vtd pessoa pare de se alimentar, fique desnutrida e tenha sua vida ame-
3 Expressar-se por meio de lamento; chorar, lamentar. açada. Acomete especialmente mulheres, em geral entre 16 e 25
vtd e vpr anos, e provoca menstruação irregular, queda de peso repentina,
4 Lastimar(-se), prantear(-se). palidez, atrofia dos músculos, recusa do organismo em ingerir ali-
vtd e vint mentos, insônia, diminuição ou ausência da libido etc. O tratamen-
5 Expressar sons tristes e comoventes; sussurrar como que to inclui a administração de antidepressivo, psicoterapia individual
chorando. e reeducação alimentar.
vpr INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
6 Exprimir-se em tom de lamento; lamentar-se, prantear-se. ANTÔN: orexia.
[Verbo defectivo. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA gr anoreksía.
lat carpĕre. plástico-bolha
garoar plás·ti·co-bo·lha
ga·ro·ar sm
vint Cair garoa, chuviscar: Ontem, garoou à noitinha. [Verbo Material plástico, produzido em polietileno de baixa densida-
impessoal.] de, com bolhas de ar prensadas, utilizado na embalagem de pro-
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES dutos diversos, proporcionando-lhes proteção. É também usado no
VAR: garuar. revestimento de pisos, antes da colocação de carpetes de madeira
ETIMOLOGIA e afins, conferindo-lhes isolação acústica.
der de garoa1+ar1. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Quando uma unidade lexical tem sua definição em outro ver- PL: plásticos-bolhas e plásticos-bolha.
bete, por ser sinônimo ou não ser o termo preferencial, a remissão ETIMOLOGIA
é indicada pela letra V (veja) seguida do verbete a consultar. Se a re- voc comp.
missão refere-se a determinada acepção, esta também é indicada. barão
guri ba·rão
gu·ri sm
sm 1 Título nobiliárquico imediatamente inferior ao de visconde:
1 REG (RS) Vmenino, acepção 1. “Lia-se no Jornal do Comércio que Sua Excelência fora agraciado
2 BOT Vguriri. pelo governo português com o título de Barão do Freixal […]” (AA1).
3 ZOOL Denominação comum aos peixes teleósteos silurifor- 2 ANT Senhor feudal, subordinado ao rei.
mes, da família dos ariídeos, encontrados em águas marinhas, com 3 ANT Homem ilustre por seus feitos e por sua riqueza.
o corpo revestido de escamas grossas, que formam uma couraça, 4 BOT Variedade de algodoeiro.
dotados de grandes barbilhões; uri. 5 Homem de muito poder: É o barão da pequena cidade.
ETIMOLOGIA 6 COLOQ Pessoa muito rica: Os barões vivem enclausurados em
tupi wyrí, como esp. suas mansões.
No final do verbete, numa seção denominada “Informações 7 Homem que se destaca em determinado ramo de negócios:
complementares”, registram-se os sinônimos, os antônimos, as va- “Os últimos brilhos do poente já iam e, a pedido do barão do café,
riantes, os plurais, os femininos, os aumentativos e os diminutivos fogueiras e tochas não deveriam ser acesas” (TM1).
irregulares e os superlativos absolutos sintéticos. Às vezes essas 8 OBSOL Cédula antiga de mil cruzeiros.
formas (antônimo, sinônimo, plural etc.) podem referir-se apenas a 9 ETNOL Entidade sobrenatural do boi de mamão.
uma acepção. Nesse caso, essa acepção é indicada. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
molambento FEM: baronesa.
mo·lam·ben·to ETIMOLOGIA
adj lat baronem.
Que está em farrapos; roto e sujo. animal
adj sm a·ni·mal
Que ou aquele que se veste com farrapos. sm
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
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1 BIOL Ser vivo multicelular, dotado de movimento, de cresci- Tomate francês, BOT: tomate de forma e tamanho de um ovo,
mento limitado, com capacidade de responder a estímulos. de coloração vermelho-escura, de tom alaranjado no interior, con-
2 Ser animal destituído de razão; animal irracional. sistência firme, sabor levemente ácido, com sementes pretas.
3 COLOQ Pessoa insensível ou cruel. Tomate italiano, BOT: tomate pequeno, de formato geralmente
4 COLOQ Pessoa muito grosseira ou ignorante. cilíndrico, com a extremidade inferior pontuda. É adocicado e tem
5 Animal cavalar, especialmente o macho. menos sumo que a maioria das variedades dos tomates. É muito
6 FIG A natureza animal; animalidade. usado na preparação de molhos.
adj m+f Tomate seco, CUL: tomate cortado em duas metades, retiran-
1 Relativo ou pertencente aos animais. do-se as sementes, seco no forno ou ao sol, temperado com azeite,
2 Próprio de animal. orégano, sal e, frequentemente, alho. É comumente servido em sa-
3 Extraído ou obtido de animal. ladas ou como antepasto.
4 FIG Que se entrega aos prazeres do sexo; lascivo, libidinoso. fuga 2
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES fu·ga
AUM (sm): animalaço, animalzão. EXPRESSÕES
DIM: animalzinho, animalejo, animálculo. Fuga escolar, MÚS: aquela com rígida observância das regras
EXPRESSÕES formais.
Animal inferior, ZOOL: animal invertebrado. Fuga real, MÚS: aquela cuja resposta não apresenta alterações
Animal irracional: qualquer animal, exceto o homem. intervalares em relação ao sujeito.
Animal sem fogo, REG (CE): cavalo ainda não marcado ou fer- Fuga tonal, MÚS: aquela cuja resposta apresenta alterações in-
rado. tervalares em relação ao sujeito.
Animal sem rabo, COLOQ: pessoa grosseira, mal-educada. Foram utilizados exemplos e abonações com o objetivo de au-
Animal superior: animal vertebrado. torizar o emprego das palavras. As abonações foram extraídas de
ETIMOLOGIA textos literários de autores brasileiros consagrados e estão transcri-
lat anĭmal. tas entre aspas, com a sigla que representa o autor e a obra entre
ágil parênteses. Os exemplos foram criados pela equipe de lexicógrafos
á·gil e são registrados em itálico.
adj m+f NOTA: Entenda o que significa cada sigla das abonações na se-
1 Que se movimenta com rapidez ou agilidade: “Firmo […] era ção “Abonações – obras e siglas” em “Como consultar”.
um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito […]” fadigar
(AA1). fa·di·gar
2 FIG Que tem raciocínio rápido; desembaraçado, ligeiro, pers- vtd e vpr Causar ou sentir fadiga; afadigar: A alta temperatu-
picaz. ra fadigou alguns corredores. O rapaz fadigou-se com o excesso de
3 Que atua ou trabalha com eficiência; diligente. trabalho.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
SUP ABS SINT: agílimo e agilíssimo. VAR: fatigar.
ANTÔN: moroso, sonolento, vagaroso. ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de fadiga+ ar1, como esp fatigar.
lat agĭlis. fabricação
Também são chamadas de subverbetes as expressões na es- fa·bri·ca·ção
trutura de um verbete. Elas estão destacadas ao final do verbete, sf
numa seção denominada “Expressões”. 1 Ação, processo ou arte de fabricar algo; fábrica, fabrico, ma-
barba nufatura: “Três meses mais tarde Mr. Chang Ling apareceria em
bar·ba Antares com a mulher e seus cinco filhos e mais três compatriotas
EXPRESSÕES seus, especialistas na fabricação de óleos comestíveis” (EV).
Barba a barba: em situação de confronto. 2 POR EXT O que resulta da fabricação; fabrico.
Barba de baleia, MAR: pequena haste ao lado do mastro da 3 Ação de inventar ou elaborar algo novo; criação, produção: É
proa, utilizada para disparos de cabos que prendem as velas. um mestre na fabricação de personagens.
Barba de bode: Vcavanhaque. 4 Ação de produzir de modo natural: A fabricação de anticor-
À barba, COLOQ: bem visível. pos pelo organismo é a sua principal defesa.
Fazer a barba: raspar a barba, barbear-se. 5 Produção ou criação de algo de modo ilícito, com o objetivo
Fazer barba, cabelo e bigode, ESP: vencer pelo menos três ve- de distorcer os fatos: A fabricação das provas era evidente.
zes o mesmo adversário em categorias diferentes em curto espaço EXPRESSÕES
de tempo. Fabricação em série: fabricação em grande escala, segundo es-
Nas barbas de: na presença de alguém, faltando-lhe o respeito. pecificações padronizadas.
Pôr as barbas de molho: agir com prevenção contra alguma si- ETIMOLOGIA
tuação perigosa. der de fabricar+ção, como esp fabricación.
Ter barbas: ser muito antigo. O campo destinado à etimologia do vocábulo está sempre no
tomate final do verbete, após a indicação “Etimologia” e nele há diversos
to·ma·te tipos de informação como a língua de origem, o étimo e os elemen-
EXPRESSÕES tos de composição.
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NOTA: Entenda como a etimologia dos vocábulos foi criada e – a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró-
como está padronizada neste dicionário lendo a seção “Etimologia” polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de
em “Como consultar”. pessoas de baixa condição social.
astroquímica – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
as·tro·quí·mi·ca regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
sf do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
ASTROQ Estudo da composição química dos astros, baseado quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
especialmente nas análises espectroquímicas. – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
ETIMOLOGIA estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
voc comp do gr ástron+química, como ingl astrochemistry. – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
Fonte: michaelis.uol.com.br oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
VOCABULÁRIO: NEOLOGISMOS, ARCAÍSMOS, hoje frequentes na fala caipira.
ESTRANGEIRISMOS – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo
(amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral
coloquial.
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua Variações Sintáticas
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe,
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó- como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va-
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros. riante e outra. Como exemplo, podemos citar:
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os – a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família
mo significado dentro de um mesmo contexto. dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
sintático e lexical. você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
me irrita.
Variações Morfológicas – ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en- gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: – o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-ver- a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o cham- sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de
panha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). ti) e ele.
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
indicado, as noite fria, os caso mais comum. – a ausência da preposição adequada antes do pronome relati-
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de:
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que)
eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o Variações Léxicas
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan- zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
te (em vez de possantíssimo). plos possíveis de citar:
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
o recado, quando ele repor (repuser). lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
vareia (varia), negoceia (negocia). tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
Variações Fônicas suéter, malha, camiseta.
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala- – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
vra. Entre esses casos, podemos citar: formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
Esse amigo é um carinha maior esforçado.
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Designações das Variantes Lexicais: Deverão, contudo, ser grafadas com algum sinal indicativo da
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um sua condição de expressão de outro idioma: em itálico, entre aspas,
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa- sublinhadas, em negrito. Confira exemplos das principais palavras e
va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. expressões latinas usadas atualmente na língua portuguesa:
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria- Ab initio: desde o princípio.
das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A A contrario sensu: em sentido contrário, pela razão contrária.
na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar. A posteriori: pelo que segue, depois de um fato. Diz-se do ra-
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra ciocínio que se remonta do efeito à causa.
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma A priori: segundo um princípio anterior, admitido como eviden-
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da te; antes de argumentar, sem prévio conhecimento.
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas Apud: em, junto a, junto em. Emprega-se em citações indiretas,
o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto isto é, citações colhidas numa obra.
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. Carpe Diem: “Aproveita o dia”. (Aviso para que não desperdi-
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida- cemos o tempo).
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações Curriculum Vitae: conjuntos de dados relativos ao estado civil,
básicas). ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se can-
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como a didata a um emprego.
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é notícia Data venia: concedida a licença, com a devida vênia. É uma ex-
dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma bar- pressão respeitosa com que se inicia uma argumentação discordan-
riga. te da de outrem.
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser Et cetera (ou Et caetera) (abrev.: etc.): e as outras coisas, e os
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida- outros, e assim por diante. Apesar de seu sentido etimológico (= e
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar). outras coisas), emprega-se, atualmente, não somente após nomes
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: de coisas, mas também de pessoas, como expressão continuativa.
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista). Exempli gratia: por exemplo. É expressão sinônima de Verbi
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de saco gratia.
cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, ar- Habeas corpus: “Que tenhas o corpo”. Meio extraordinário de
ruinou-se). garantir e proteger todo aquele que sofre violência ou ameaça de
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte
Tipos de Variação de qualquer autoridade legítima.
As variações mais importantes, são as seguintes: Habeas data: “Que tenha os dados”, “Que conheça os dados”.
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com Trata-se de garantia ativa dos direitos fundamentais, que se destina
certa facilidade. a assegurar:
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das a) o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque governamentais ou de caráter público;
gaúcho etc. b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro-
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circunstân- cesso sigiloso, judicial ou administrativo.
cias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar Homo sapiens: homem sábio; nome da espécie humana na no-
compatível com determinada situação é incompatível com outra menclatura de Lineu.
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com Id est: isto é, quer dizer. Às vezes, aparece abreviadamente
o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti- (i.e.).
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. In memoriam: em comemoração, para memória, para lembran-
ça.
In posterum: no futuro.
LATINISMOS In terminis: no fim. Decisão final que encerra o processo.
In verbis: nestes termos, nestas palavras. Emprega-se para ex-
primir as citações ou as referências feitas com as palavras da pessoa
EXPRESSÕES E VOCÁBULOS LATINOS que se citou ou do texto a que se alude.
Embora muitos gramáticos e estudiosos da língua defendam Ipsis Verbis: pelas próprias palavras, exatamente, sem tirar nem
que se deve privilegiar o uso de palavras em português, diversas pôr.
palavras e expressões latinas são usadas diariamente pelos falantes Lato sensu: em sentido amplo, em sentido geral.
da língua, quer em linguagem formal ou de áreas específicas, quer Per capita: por cabeça, para cada indivíduo.
em linguagem informal. Quorum: número mínimo de membros presentes necessário
As expressões latinas não sofrem processos de aportuguesa- para que uma assembleia possa funcionar ou deliberar regularmen-
mento, devendo assim ser escritas em sua forma original, sem qual- te.
quer tentativa de aproximação às regras ortográficas e fonológicas Sic: assim, assim mesmo, exatamente. Pospõe-se a uma cita-
da língua portuguesa. ção, ou nela se intercala, entre parênteses ou entre colchetes, para
indicar que o texto original é da forma que aparece.

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Statu quo: “No estado em que”. Emprega-se, na linguagem jurí- – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
dica, para indicar a forma, a situação ou a posição em que se encon- nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
tra certa questão ou coisa em determinado momento. burguês/burguesa.
Stricto sensu: em sentido restrito, em sentido literal. – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
Verbi gratia: por exemplo. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.
Verbum ad verbum: palavra por palavra, textualmente, literal-
mente. Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
ORTOGRAFIA toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
porque/pois nada está molhado.  
— Definições – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere cancelamento do show.  
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); do show.  
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao
decorrentes dessas funções, entre outros.   fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente.
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre Por quê?  
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados Parônimos e homônimos
distintos.  Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da – Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na
vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver
com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase). (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão apreender (capturar).
estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada – Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas
um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.   que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome
foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português demonstrativo).
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:   ACENTUAÇÃO GRÁFICA
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
(quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus — Definição
derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas
York.   palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba
do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com
regras: as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos: língua portuguesa:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, – Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som
abacaxi.   aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa. – Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar. “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico,
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, âncora, avô.
mexerica.    – Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos tônica!
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, – Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada
verminose. palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a sílaba tônica.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a
Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.

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sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica Acentuação das palavras Proparoxítonas
que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é
semelhante é a palavra bênção.   tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
— Monossílabas Tônicas e Átonas tática, trânsito.
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer
alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe Ditongos e Hiatos
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração Acentuam-se:
da preposição “de” + artigo “o”).   Ao comparar esses termos, – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”,
percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói,
temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. mausoléu, sóis, véus.
Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de
(forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí
abaixo: (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.” Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.:
Recebem acento gráfico:   moinho, rainha, bainha.
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); – As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.:
-e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs. juuna, xiita. xiita.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, – Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem,
-éu, -ói. Ex: réis, véu, dói. enjoo, magoo.

Não recebem acento gráfico: O Novo Acordo Ortográfico


– As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis. Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem
– As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas acentuação em razão do Acordo Ortográfico de 1990, que entrou
quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”. Antes do novo em vigor em 2009:
acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles
lêem leem. 1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas.
Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo;
Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos vôo – voo; zôo – zoo.
terminados em “-em”, já que a terceira pessoa termina em “-êm”.
Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem → 2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas.
Eles têm; Ele vem → Eles vêm. Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide
– alcaloide; assembléia – assembleia; asteróide – asteroide;
Acentuação das palavras Oxítonas européia – europeia.
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas
as oxítonas com sílaba tônica terminada em vogal tônica -a, -e e 3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas.
-o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé, Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo –
vocês. Logo, não se acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”. taoismo.
Ex.: caqui, urubu.
4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que possuem
Acentuação das palavras Paroxítonas -e tônico em hiato.
São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo
sílaba é tônica. De acordo com a regra geral, não se acentuam as ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem – leem; relêem – releem;
palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados revêem.
abaixo. Observe as exceções:
– Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis, 5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua
hóquei, jóquei, pônei, saudáveis. portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue; enxágüe – enxágue;
– Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex, linguïça – linguiça.
esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil, tórax.  
– Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis, 6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma
grátis, júri, lápis, oásis, táxi. grafia, mas apresentam significados diferentes. Exemplo: o verbo
– Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus, PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo
tônus.   “parar” era acentuada para que fosse diferenciada da preposição
– Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons. “para”.
– Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns,
quórum, quóruns.   Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
– Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs, Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo /
órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.   preposição]
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Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / “Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
preposição] Gosto de você / Penso em você.”

4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que


A CRASE expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada
se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase.
Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou Exemplos:
“contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial, “Tudo às avessas.”
em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a “Barcos à deriva.”
(preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela
(pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + 5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:
aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão
das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras “moda de”, ficando somente o à explícito.
femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos Exemplos:
aquilo e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal “Arroz à (moda) grega.”
inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno “Bife à (moda) parmegiana.”
de união representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com: Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não de horas especificadas e definidas
assistiu às aulas.” Exemplos:
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.” “À uma hora.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Às cinco e quinze”.
“Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
quais devemos o maior respeito e consideração”. padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário deve ser
mencionado pelo cargo que ocupa.
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de Exemplos:
duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe
construção sintática. para Assuntos Jurídicos
Técnicas para o emprego da crase Exposição de Motivos
1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe
semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da — Definição e Finalidade
palavra feminina. Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da
Exemplos: República ou ao Vice-Presidente para:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.” a) informá-lo de determinado assunto;
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.” b) propor alguma medida; ou
“Comprei o carro / a moto.” c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
“Irei ao evento / à festa.”
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, República por um Ministro de Estado.
chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da, Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos
deve ser empregado. os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
Exemplos: interministerial.
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.” — Forma e Estrutura
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.” Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do
padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente
estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não projeto de ato normativo, segue o modelo descrito adiante. A
se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta
pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá. duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha
Exemplos: caráter exclusivamente informativo e outra para a que proponha
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
de estudar / Insiste em estudar.” No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República,
/ Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.” sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.

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Já a exposição de motivos que submeta à consideração do do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção
Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam finalidade:
também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentários a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, resolver;
apontar: b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a
medida ou do ato normativo proposto; edição do ato, em consonância com as questões que devem ser
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e Poder Executivo (v. 10.4.3.).
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo,
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação
modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
de 2002. de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos
ou órgão equivalente) nº de 200. e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da
1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal
medida proposta (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão,
3. Alternativas existentes às medidas propostas aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração,
Mencionar: demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; Ressalte-se que:
- Outras possibilidades de resolução do problema. – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
4. Custos – O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
Mencionar: pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei comentários a serem ali incluídos.
orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
especial ou suplementar; a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
- Valor a ser despendido em moeda corrente; impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
tramitar em regime de urgência) ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
Mencionar: no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata; Mensagem
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos; — Definição e Finalidade
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
prevista. Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
medida proposta possa vir a tê-lo) da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
7. Alterações propostas matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
8. Síntese do parecer do órgão jurídico veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensagem
proposta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República,
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens mais
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes
Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete finalidades:
o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório

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a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência administrativo.
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação
Membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são do País e solicitação de providências que julgar necessárias
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe
é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere
sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
“na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Congressistas em forma de livro.
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. As mensagens aqui Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional,
tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se
Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
elas encaminhadas. Tais exames materializam-se em pareceres dos nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de
diversos órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles sanção.
o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, as i) comunicação de veto.
análises necessárias constam da exposição de motivos do órgão Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66,
onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – exposição que § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
Congresso. vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
b) encaminhamento de medida provisória. Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, j) outras mensagens.
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República. mensagens com:
c) indicação de autoridades. – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores operações e prestações interestaduais e de exportação
do Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
competência privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae – Pedido de autorização para operações financeiras externas
do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem. (Constituição, art. 52, V); e outros.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-
Presidente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), – Convocação extraordinária do Congresso Nacional
e a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. (Constituição, art. 57, § 6o);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII (Constituição, art. 84, XX);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do (Constituição, art. 137);

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– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio — Forma e Estrutura


ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
(Constituição, art. 166, § 5o); documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem com os dados de identificação da mensagem a ser enviada,
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou conforme exemplo a seguir:
rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art.
166, § 8o); Correio Eletrônico
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras
públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); — Definição e finalidade
etc. Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade,
transformou-se na principal forma de comunicação para transmissão
— Forma e Estrutura de documentos.
As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, — Forma e Estrutura
horizontalmente, no início da margem esquerda: Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é
Mensagem no sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda; incompatível com uma comunicação oficial (v. 1.2 A Linguagem
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, dos Atos e Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto
horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que
da República, não traz identificação de seu signatário. encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre
seu conteúdo. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de
confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar na
Telegrama mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
—Valor documental
— Definição e Finalidade Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os correio eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser
procedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama aceito como documento original, é necessário existir certificação
toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida
etc. Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres em lei.
públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do
telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de
correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, PERIODIZAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA; ESTUDO DOS
também em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação PRINCIPAIS AUTORES DOS ESTILOS DE ÉPOCA
deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).

— Forma e Estrutura Origens


Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura O estudo sobre as origens da literatura brasileira deve ser feito
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio levando-se em conta duas vertentes: a histórica e a estética. O pon-
na Internet. to de vista histórico orienta no sentido de que a literatura brasileira
é uma expressão de cultura gerada no seio da literatura portuguesa.
Fax Como até bem pouco tempo eram muito pequenas as diferenças
entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enal-
— Definição e Finalidade tecendo o processo da formação literária brasileira, a partir de uma
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma for- multiplicidade de coincidências formais e temáticas.
ma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desen- A outra vertente (aquela que salienta a estética como pres-
volvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensa- suposto para a análise literária brasileira) ressalta as divergências
gens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo que desde o primeiro instante se acumularam no comportamen-
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do to (como nativo e colonizado) do homem americano, influindo na
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele composição da obra literária. Em outras palavras, considerando que
segue posteriormente pela via e na forma de praxe. Se necessário a situação do colono tinha de resultar numa nova concepção da
o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com vida e das relações humanas, com uma visão própria da realidade,
o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapida- a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das for-
mente. mas literárias no Brasil, em busca de uma expressão própria, tanto
quanto possível original

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Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os mo- principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, ob-
mentos em que as formas e artifícios literários se prestam a fixar a jetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poe-
nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de sia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a
períodos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da po-
de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas fases, do esia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagó-
Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade. gico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.
duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econô- Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas
mica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um sem referências ao que o padre José de Anchieta representa para o
período de transição, que corresponde à emancipação política do Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy»
Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias (supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no
ou estilos de época. ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir do
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do des- qual surgiu a cidade de São Paulo.
cobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de An-
o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 chieta deixou uma fabulosa herança literária: a primeira gramática
a 1836). A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos na-
1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a tivos; várias poesias no estilo do verso medieval; e diversos autos,
1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que
estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira. agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre
com a preocupação de caracterizar os extremos, como o bem e o
O Quinhentismo mal, o anjo e o diabo.
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifes-
tações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspon- O Barroco
dendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a pu-
se pode falar em uma literatura “do” Brasil, como característica do blicação do poema épico «Prosopopeia”, de Bento Teixeira, que in-
País naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma lite- troduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa
ratura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do XVIII.
do homem europeu. Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fun-
No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histó- dação da Arcádia Ultramarina e a publicação do livro “Obras”, de
rico vivido pela Península Ibérica, que abrangia uma literatura infor- Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo
mativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esque-
literárias no século XVI. Quem produzia literatura naquele período cidos. Este fato assinala a decadência dos valores defendidos pelo
estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro, pra- Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco de-
ta, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupa- nomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos
va-se com o trabalho de catequese. de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o música, pintura, escultura e arquitetura da época.
primeiro documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da
literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato influência da poesia barroca no Brasil surgiram a partir de 1580 e
compreensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na
1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza o fi- Península Ibérica, já que é a Espanha a responsável pela unificação
nal do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro dos reinos da região, o principal foco irradiador do novo estilo po-
somente em 1549. ético.
A literatura informativa, também chamada de literatura dos O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presen-
viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes navegações, empe- ça cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações
nha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fau- ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e,
na, de sua gente. É, portanto, uma literatura meramente descritiva finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar,
e, como tal, sem grande valor literário Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório
A principal característica dessa manifestação é a exaltação da de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza
terra, resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado
temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um pela linguagem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo
mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valo-
no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no su- riza o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico,
perlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.) racionalista)
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro cer-
de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom Manuel sobre o achamento do to idealismo renascentista, colocado ao lado do conflito (como de
Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da
nível literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mun-
que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as aven- dana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca
turas marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação do Brasil.
da fé cristã Literatura jesuíta - Consequência da Contrarreforma, a
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Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de do-
as estruturas morais e a tolerância de muita gente - como o admi- mínio no campo econômico e passa a lutar pelo poder político, en-
nistrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria tão em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo
sociedade baiana do século XVII - por outro, ninguém angariou tan- social e das artes: a antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao
tas críticas e inimizades quanto o “impiedoso” Padre Antônio Vieira, poder do gosto burguês.
detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio
para os padrões da época. Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últimos cinco anos do sé-
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cris- culo XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Ar-
tã (por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pe- cadismo no Brasil. De qualquer forma, suas características no País
quenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos da Antigui-
administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições, dade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril;
principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma o fingimento poético e o uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto
condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassílabos, a
Padre Antônio Vieira pode ser dividida em três tipos de trabalhos: rima optativa e a tradição da poesia épica. O Arcadismo tem como
Profecias, Cartas e Sermões. principais nomes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonza-
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Es- ga, José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
peranças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o se-
bastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto O Romantismo
império do Mundo”. Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves
Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíbli- de Magalhães publica na França a “Niterói - Revista Brasiliense”,
ca (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado
íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um naciona- “Suspiros poéticos e saudades”.
lismo megalomaníaco e servidão incomum. Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fa-
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas zia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a independência
cerca de 500 cartas. do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, no modelo moderno, acompanhando as nações independentes da
sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia, Europa e América. A imagem do português conquistador deveria
transformando-se em importantes documentos históricos. ser varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se
Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões. formava. O ciclo da mineração havia dado condições para que as fa-
De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, mílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particu-
o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo lar França e Inglaterra, onde buscavam soluções para os problemas
os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais brasileiros. O Brasil de então nem chegava perto da formação social
trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A
Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra estrutura social do passado próximo (aristocracia/escravo) ainda
de Deus”. prevalecia. Nesse Brasil, segundo o historiador José de Nicola, “o
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira ser burguês ainda não era uma posição econômica e social, mas
procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos domini- mero estado de espírito, norma de comportamento”.
canos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava
Deus na terra”, atribuindo-lhes culpa. pela Europa. Em 1836, ele funda a revista Niterói, da qual circula-
ram apenas dois números, em Paris.
O Arcadismo Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasi-
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos leira”, considerado o nosso primeiro manifesto romântico. Essa es-
marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de cola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram
Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista,
desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Memórias póstumas de
Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas, permite a Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento
introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. realista, aliás, já vinham ocorrendo bem antes do início da deca-
No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento dência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por Tobias
barroco, para a qual vários fatores colaboraram, entre eles o can- Barreto desde 1870, na Escola de Recife.
saço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas
arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença e atinge em letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. A se-
meados do século um estágio estacionário (e até decadente), per- gunda metade daquele século, com a industrialização modificando
dendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascen- as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma nova compo-
são burguesa superou o problema religioso; surgem as primeiras sição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos
arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássi- modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revo-
cas; os burgueses, como forma de combate ao poder monárquico, lução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu
começam a cultuar o “bom selvagem”, em oposição ao homem cor- “Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz: “...Eis aqui
rompido pela sociedade. como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria
de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os
povos, esse passo tão cedo se não daria...”.
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A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagô- A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e liber-
nicas, embora atuassem paralelas durante a Revolução Francesa: tária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D.
a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor
industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado. O Hugo e de sua poesia político-social, daí ser conhecida como gera-
Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a favor ção hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo
da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalis- de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que
mo, o subjetivismo e o irracionalismo - características marcantes do habita o alto da condilheira dos Antes. Seu principal representante
Romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
se fazer menção à sua carga ideológica. Duas outras variações literárias do Romantismo merecem des-
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que taque: a prosa e o teatro romântico. José de Nicola demonstrou
ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas pro- quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do
duções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e romance no Brasil: “A importação ou simples tradução de romances
Silva Alvarenga. Com a chegada da Corte, o Rio de Janeiro passa europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, então,
por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela
divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no aristocracia rural, profissionais liberais, jovens estudantes, todos em
rumo da independência. busca de entretenimento; o espírito nacionalista em consequência
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de na- da independência política a exigir uma “cor local” para os enredos;
cionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza pá- o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a divulgação
tria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
encaixaram perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar pro- Os romances respondiam às exigências daquele público leitor;
fundas crises sociais, financeiras e econômicas. giravam em torno da descrição dos costumes urbanos, ou de ame-
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como nidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentan-
reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia do personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas
Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade que lhe
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema,
de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abolição como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio
da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade pre- de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de Taunay.
matura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance bra-
o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, sileiro foi “O filho do pescador”, publicado em 1843, de autoria de
de nacionalismo. Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance senti-
No final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transfor- mentalóide, de trama confusa e que não serve para definir as linhas
mações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais que o romance romântico seguiria na literatura brasileira.
próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao
a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É público leitor, justamente por ter moldado o gosto deste público
a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o
social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o Realismo. romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado
O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
nitidamente uma evolução no comportamento dos autores român- Dentro das características básicas da prosa romântica, desta-
ticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes cam-se, além de Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de
dessa escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de
entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância consi- um Sargento de Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora
derável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a para sua época, exatamente quando Macedo dominava o ambiente
necessidade de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser
romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: Geração consideradas como o verdadeiro romance de costumes do Roman-
Nacionalista ou indianista; geração do “mal do século” e a “geração tismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia urbana, para
condoreira”. retratar o povo com toda a sua simplicidade.
A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exalta- “Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na litera-
ção da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação tura brasileira como o consolidador do romance, um ficcionista que
do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições
“geração indianista”. O sentimentalismo e a religiosidade são outras políticas e sociais. Ele defendia o “casamento” entre o nativo e o
características presentes. Entre os principais autores, destacam-se europeu colonizador, numa troca de favores: uns ofereciam a natu-
Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto. reza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses
Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada fatores resultaria um Brasil independente. “O guarani” é o melhor
de geração byroniana, de Lord Byron) é impregnada de egocentris- exemplo, ao se observar a relação do principal personagem da obra,
mo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescen- o índio Peri, com a família de D. Antônio de Mariz.
te e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade, que Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto
se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na por Alencar, aparece também em Iracema (um anagrama da pala-
exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Ál- vra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir,
vares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes filho de Iracema e Martim, é o primeiro brasileiro fruto desse casa-
Varela. mento.
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José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou pos- O Realismo reflete as profundas transformações econômicas,
sível uma classificação por modalidades: romances urbanos ou de políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX. A
costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase,
II Reinado); romances históricos (dois, na verdade, voltados para caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade;
o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e “A guerra dos ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas nos
mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em mol-
as duas obras regionais de Alencar); romances rurais (como “Til” e des modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais,
“O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram maior aumentando a massa operária urbana, e formando uma população
popularidade para o escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubi- marginalizada, que não partilha dos benefícios do progresso indus-
rajara”). trial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subu-
manas de trabalho.
Realismo e Naturalismo O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no cam-
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantis- po econômico quanto no político-social, no período compreendido
mo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do ca- entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais,
ráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios se comparadas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-
olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao -se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/1870) tem como
cunhar este conceito, Eça de Queiroz sintetizou a visão de vida que consequência o pensamento republicano (o Partido Republicano
os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após foi fundado no ano em que essa guerra terminou); a Monarquia
o declínio do Romantismo. vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Al- problema dos negros, mas criou uma nova realidade: o fim da mão-de-
ves, Sousândrade e Tobias Barreto, embora fizessem uma poesia -obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada, então
romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar
a realidade político-social da época (final da década de 1860). Da na lavoura cafeeira, o que originou uma nova economia voltada para o
mesma forma, algumas produções do romance romântico já apon- mercado externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
tavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transfor-
obras de Manuel Antônio de Almeida, Franklin Távora e Visconde maram-se nos principais representantes da escola realista no Brasil.
de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo enquanto sur- Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos,
giam os primeiros sinais do Realismo. assumindo uma defesa clara do ideal republicano, como nos ro-
Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias mances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles negam a burgue-
Barreto, Silvio Romero e outros, aproximando-se das ideias euro- sia a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação
peias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente, genérica da escola literária, que abriga três tendências distintas:
à filosofia. São os ideais do Realismo que encontravam ressonância “romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parnasiana”.
no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o signo do O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por
abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia. Machado de Assis. Trata-se de uma narrativa mais preocupada com
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do com-
De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a pu- portamento de determinados personagens. Para se ter uma ideia,
blicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso os cinco romances da fase realista de Machado de Assis apresentam
de nossas letras: Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”;
o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”; e “Aires”). Isto revela uma clara
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa a socieda-
de nossa literatura. de por cima. Em outras palavras: seus personagens são capitalistas,
Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano pertencem à classe dominante. O romance realista é documental,
considerado data final do Realismo é 1893, com a publicação de retrato de uma época.
“Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do
Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações Naturalismo
na prosa - com os romances realistas e naturalistas - e na poesia, O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por
com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma, Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul Pompéia também pode
o início do Simbolismo, em 1893, não representou o fim do Rea- ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O
lismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a Ateneu” ora apresenta características naturalistas, ora realistas, ora
essa data, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900, impressionistas. A narrativa naturalista é marcada pela forte análise
e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em 1904. Olavo Bilac, chamado social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o
“príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia coletivo. Os títulos das obras naturalistas apresentam quase sem-
Brasileira de Letras, templo do Realismo, também foi inaugurada pre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pen-
posteriormente à data-marco do fim do Realismo: 1897. Na realida- são”, “O Ateneu”.
de, nos últimos vinte anos do século XIX e nos primeiros do século O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência
XX, três estéticas se desenvolvem paralelamente: o Realismo e suas de Charles Darwin se faz sentir na máxima segundo a qual o homem
manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que só conhe- é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos
cem o golpe fatal em 1922, com a Semana de Arte Moderna. instintos naturais, não podendo ser reprimido em suas manifesta-
ções instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A
constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Na-
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turalismo. Em consequência, esses romances são mais ousados e A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como
erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos, apresentan- uma disputa regional, ganhou dimensão nacional ao se opor ao
do descrições minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em te- governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência
mas então proibidos como o homossexualismo - tanto o masculino e crueldade no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além
(O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço). disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebelde que exigiu a
renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira.
O Parnasianismo Ao conseguir esmagar os revoltosos, o presidente consegue conso-
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetivida- lidar a República.
de, com seus sonetos alexandrinos perfeitos. Olavo Bilac, Raimun- Esse ambiente provavelmente representou a origem do Sim-
do Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O bolismo, marcado por frustrações, angústias, falta de perspectivas,
Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, dizem alguns rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
estudiosos da literatura brasileira, embora ideologicamente não E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de
mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas época foi justamente a negação do Realismo e suas manifestações.
e naturalistas. Seus poetas estavam à margem das grandes transfor- A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalis-
mações do final do século XIX e início do século XX. mo. E valoriza as manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da extremo oposto do Naturalismo e do Parnasianismo.
década de 1870, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna. “Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem re-
Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não conside- verenciar seus dois grandes expoentes: Cruz e Sousa e Alphonsus
rando, é claro, o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o
da forma: eis a receita. A forma fixa representada pelos sonetos; a próprio Simbolismo. Especialmente o primeiro, chamado, então, de
métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfei- “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais importante do Simbo-
ta. Isto tudo como negação da poesia romântica dos versos livres e lismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa
brancos. Em suma, é o endeusamento da forma. estética no Brasil. Como poeta, teve apenas um volume publicado
em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia são póstu-
O Simbolismo mos). Teve uma carreira muito rápida, apesar de ser considerado
É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Bra- um dos maiores nomes do Simbolismo universal. Sua obra apre-
sil não teve momento típico para o Simbolismo, sendo essa escola senta uma evolução importante: na medida em que abandona o
literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores subjetivismo e a angústia iniciais, avança para posições mais uni-
nacionais, no confronto com as demais. Por isso, foi chamada de versalizantes - sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do
“produto de importação”. O Simbolismo no Brasil começa em 1893 homem negro (colocações pessoais, pois era filho de escravos), mas
com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (po- evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano.
esia), ambos do poeta catarinense Cruz e Sousa, e estende-se até Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “tri-
1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna. ângulo” que caracterizou toda a sua obra: misticismo, amor e mor-
O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da te. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O
escola anterior, o Realismo, pois no final do século XIX e início do sé- amor pela noiva, morta às vésperas do casamento, e sua profunda
culo XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo, religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou, e não poderia
Simbolismo e pré-modernismo, com o aparecimento de alguns au- ser diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo
tores preocupados em denunciar a realidade brasileira, entre eles é o “Setenário das dores de Nossa Senhora”, em que ele atesta sua
Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como um único
de Arte Moderna que, pois, fim a todas as estéticas anteriores e meio de atingir a sublimação e se aproximar de Constança - a noiva
traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura do Brasil. morta - e da virgem. Daí o amor aparecer sempre espiritualizado.
Transição - O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um mo- A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana,
mento histórico extremamente complexo, que marcaria a transição que ele próprio considerou sua “torre de marfim”, é uma postura
para o século XX e a definição de um novo mundo, consolidado a simbolista.
partir da segunda década deste século. As últimas manifestações
simbolistas e as primeiras produções modernistas são contemporâ- O Pré-modernismo
neas da primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa. O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil
Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que mo- não constitui uma escola literária. Pré-modernismo, é, na verdade,
tivou o surgimento do Simbolismo), era natural que se imaginasse um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária,
a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época que caracteriza os primeiros vinte anos deste século.
como essa. Mas é interessante notar que as origens do Simbolismo Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos
brasileiro se deram em uma região magirnalizada pela elite cultural literários - desde os poetas parnasianos e simbolistas, que conti-
e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nas- nuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvol-
cida república, ainda impregnada de conceitos, teorias e práticas ver um novo regionalismo, alguns preocupados com uma literatura
militares. A República de então não era a que se desejava. E o Rio política, e outros com propostas realmente inovadoras. É grande a
Grande do Sul, onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indis-
em palco de lutas sangrentas iniciadas em 1893, o mesmo ano do cutivelmente, merecem destaque: Euclides da Cunha, Lima Barreto,
início do Simbolismo. Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.

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Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com pela alta burguesia, de um lado, e pelo operariado, de outro. Surge
a publicação de dois livros: “Os sertões”, de Euclides da Cunha, e a pequena burguesia, formada por funcionários públicos, comer-
“Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a ciantes, profissionais liberais e militares, entre outros, criando uma
realização da Semana de Arte Moderna. massa politicamente “barulhenta” e reivindicatória. A falta de ho-
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literá- mogeneidade no bloco urbano tem origem em alguns aspectos do
ria, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às ve- comportamento do operariado. Os imigrantes de origem europeia
zes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha trazem suas experiências de luta de classes. Em geral esses traba-
e Lima Barreto - percebe-se alguns pontos comuns entre as princi- lhadores eram anarquistas e suas ações resultavam, quase sempre,
pais obras pré-modernistas: em greves e tensões sociais de toda sorte, entre 1905 e 1917. Um
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o ano depois, quando ocorreu a Revolução Russa, os artigos na im-
passado, com o academicismo; prensa a esse respeito tornaram-se cada vez mais comuns. O par-
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando tido comunista seria fundado em 1922. Desde então, ocorreria o
o Brasil literário, herdado do Romantismo e do Parnasianismo. O declínio da influência anarquista no movimento operário.
grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mes-
nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios; ma calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre,
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comer-
montando um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste nas ciante, um advogado, um militar etc., formando, de fato, uma “pau-
obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior pau- liceia desvairada” (título de célebre obra de Mário de Andrade).
lista nos textos de Monteiro Lobato, o Espírito Santo, retratado por Esse desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco
Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática quase que invariável ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inova-
da obra de Lima Barreto; dora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no País.
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram
ampliado o seu perfil, até então desconhecido, ou desprezado, O Modernismo - (primeira fase)
quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcioná- O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento mo-
rios públicos, o mulato; dernista, justamente em consequência da necessidade de defini-
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e ções e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o
sociais contemporâneos, aproximando a ficção da realidade. caráter anárquico desta primeira fase modernista e seu forte sen-
Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do tido destruidor.
Brasil, mais próxima da realidade, e pavimentaram o caminho para Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e
o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas:
acentuou de vez a ruptura com o que até então se conhecia como uma volta às origens, à pesquisa das fontes quinhentistas, à procu-
literatura brasileira. ra de uma língua brasileira (a língua falada pelo povo nas ruas), as
paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura mani-
A Semana de Arte Moderna festos nacionalistas do Pau-Brasil (o Manifesto do Pau-Brasil, escrito
O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época, por Oswald de Andrade em 1924, propõe uma literatura extrema-
teve seu prenúncio com a realização da Semana de Arte Moderna mente vinculada à realidade brasileira) e da Antropofagia, dentro
no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro da linha comandada por Oswald de Andrade. Mas havia também os
de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo da Anta, que trazem
colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do a semente do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas
consciência da realidade brasileira. vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, conscien-
O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista ar- te, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente
tístico, como recomendam os historiadores e críticos especializados com as esquerdas; de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exa-
em história da literatura brasileira, mas também como um movi- gerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
mento político e social. O País estava dividido entre o rural e o urba- Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo,
no. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As principais cidades que continuariam a produzir nas décadas seguintes, destacam-se
brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida trans- Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio
formação como consequência do processo industrial. A primeira de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricar-
Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de industria- do, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
lização e consequente urbanização. O Brasil contava com 3.358 in-
dústrias em 1907. Em 1920, esse número pulou para 13.336. Isso O Modernismo - (segunda fase)
significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos
forte, mas marginalizada pela política econômica do governo fede- nomes mais significativos do romance brasileiro. Refletindo o mes-
ral, voltada para a produção e exportação do café. mo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações
Imigrantes - Ao lado disso, o número de imigrantes europeus dos poetas da década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos
crescia consideravelmente, especialmente os italianos, distribuin- Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a
do-se entre as zonas produtoras de café e as zonas urbanas, onde segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do
estavam as indústrias. De 1903 a 1914, o Brasil recebeu nada menos Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico
que 1,5 milhão de imigrantes. Nos centros urbanos criou-se uma
faixa considerável de população espremida pelos barões do café e
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Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construti- primeiro número é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma,
vo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 entre outras coisas, que “uma geração só começa a existir no dia em
e sua prosa inovadora. que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por gran- dia em que deixam de acreditar nela.”
des transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias,
o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas. Os poetas de 45 par-
sentir os efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológi- tem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles
cos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso chamavam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e
formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao resta-
caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da reali- belecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os
dade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações mestres do Parnasianismo e do Simbolismo.
do indivíduo com o mundo. Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distan- outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir
tes recantos de nossa terra”, no dizer de José Lins do Rego, o regio- Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, reve-
nalismo ganha uma importância até então não alcançada na litera- lou um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado
tura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experiências
o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo
nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval Neto. Contemporâneos a ele, e com alguns pontos de contato com
para uma nova realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
o Baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do ro-
mance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, A produção contemporânea
desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus produtos Produção contemporânea deve ser entendida como as obras
para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70, e que
de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os banguês e os refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo
engenhos sendo devorados pelas modernas usinas. autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu
O primeiro romance representativo do regionalismo nordes- período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante
tino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a
1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em extinção do Ato, verificou-se uma progressiva normalização no País.
1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importân- As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País
cia deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assisti-
caráter social do romance, do que aos valores estéticos. ram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática
Pós-Modernismo social, um texto participante, com a permanência de nomes consa-
O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários grados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo
fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o ano que assistiu ao fim Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda apara-
da Segunda Guerra Mundial e ao início da Era Atômica, com as ex- vam as arestas em suas produções.
plosões de Hiroshima e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em
paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e, luta contra o que chamaram “esquemas analítico-discursivos da sin-
em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas, taxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam solu-
logo depois, inicia-se a Guerra Fria. ções no aproveitamento visual da página em branco, na sonoridade
Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais importante
Getúlio Vargas. O País inicia um processo de redemocratização. desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia
Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar Práxis. Paralelamente, surgia a poesia “marginal”, que se desenvol-
disso, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalida- veu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produ-
des e exílios. ção de livros.
A literatura brasileira também passa por profundas alterações, No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e
com algumas manifestações representando muitos passos adiante; Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas” de José Mauro de Vas-
outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literá- concelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito su-
rio, encarrega-se de fazer a seleção. cesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de
Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e
aprofunda a tendência já trilhada por alguns autores da década de José Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Os-
30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, man Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.
introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das
Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica
com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande
dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não in-
do jagunço do Brasil central. clua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino,
Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poe- Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo
tas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922. e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção espe-
A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo
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cial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem-hu- Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
moradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de para subir as poucas rampas do seu cais.
60, tem servido de mestre a muitos cronistas. Foi conhecendo o movimento da cidade,
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções a pobreza residente nas taperas marginais.
contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em quali- Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
dade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Mas ele prosseguiu indiferente,
Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio. carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
QUESTÕES
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
1. PREFEITURA DE LUZIÂNIA-GO – PROFESSOR I – AROEIRA – e postou-se horas sob os pés do Criador.
2021 E desceu devagarinho, até deitar-se
Nos enunciados abaixo, pode-se observar a presença de dife- novamente no seu leito.
rentes tipologias textuais como base dos gêneros materializados Mas toda noite o seu olhar de rio
nas sequências enunciativas. Numere os parênteses conforme o fica boiando sob as luzes da cidade.
código de cada tipologia. (Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
( ) 1 - --- Não; é casada. --- Com quem? --- Com um estancieiro terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
do Rio grande. --- Chama-se? --- Ele? Fonseca, ela, Maria Cora. No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas-
--- O marido não veio com ela? --- Está no Rio Grande. (ASSIS, sifica-se como
Machado de Assis.Maria Cora.) (A) pronome.
( ) 2 - Ao acertar os seis números na loteria, Paulo foi para casa, (B) preposição.
entrou calado no quarto e dormiu. (C) artigo.
( ) 3 - Incorpore em sua vida quatro sentimentos positivos: a (D) advérbio.
compaixão, a generosidade, a alegria e o otimismo. (E) conjunção.
( ) 4 - No meu ponto de vista, a mulher ideal deve ter como ca-
racterísticas físicas o cabelo liso, pele macia, olhos claros, nariz 3. INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para res-
fino. Ser amiga, compreensiva e, acima de tudo, ser fiel. (ALVES, ponder à questão que a ele se refere.
André, Escola. Estadual Pereira Barreto. Texto adaptado.) Texto 01
( ) 5 - As palavras mal empregadas podem ter efeitos mais
negativos do que os traumas físicos.

( 1 ) narrativa;
( 2 ) dialogal;
( 3 ) argumentativa;
( 4 ) injuntiva;
( 5 ) descritiva.

Está correta a alternativa:


(A) 1 - 2 - 3 - 4 - 5.
(B) 1 - 3 - 2 - 4 - 5.
(C) 2 - 1 - 4 - 5 - 3.
(D) 4 - 3 - 2 - 5 - 1.

2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio-


teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
É muito calmo o rio de minha terra.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/38102601. Acesso em: 18
O rio de minha terra é um deus estranho.
set. 2022.

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De acordo com o texto, “[...] sair de um acidente em alta velocidade pelo vidro da frente” indica uma
(A) solução.
(B) alternativa.
(C) prevenção.
(D) consequência.
(E) precaução.

4. FGV - 2022 - TJ-DFT - Oficial de Justiça Avaliador Federal- “Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos,
às vezes chega-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores.” O raciocínio abaixo que deve ser considerado como indutivo é:
(A) Os funcionários públicos folgam amanhã, por isso meu marido ficará em casa;
(B) Todos os juízes procuram julgar corretamente, por isso é o que ele também procura;
(C) Nos dias de semana os mercados abrem, por isso deixarei para comprar isso amanhã;
(D) No inverno, chove todos os dias, por isso vou comprar um guarda-chuva;
(E) Ontem nevou bastante, por isso as estradas devem estar intransitáveis.

5. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Segurança da Informação- “Também leio livros, muitos livros: mas com eles aprendo menos
do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicionário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário
muito mais maravilhoso.”
Depreende-se desse pensamento que seu autor:
(A) nada aprende com os livros, com exceção do dicionário;
(B) deve tudo que conhece ao dicionário;
(C) adquire conhecimentos com as viagens que realiza;
(D) conhece o mundo por meio da experiência de vida;
(E)constatou que os dicionários registram o melhor da vida.

6. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Técnico Higiene Dental - INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 01 a seguir para
responder à questão que a ele se refere.
Texto 01

Disponível em: http://bichinhosdejardim.com/triste-fim-relacoes-afetivas/. Acesso em: 18 set. 2022.

A vírgula, na fala do primeiro quadro, foi usada de acordo com a norma para separar um
(A) vocativo.
(B) aposto explicativo.
(C) expressão adverbial.
(D) oração coordenada.
(E) predicativo.

7. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Médico Texto CG1A1


Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram consideradas incapazes de aprender simplesmente por possuírem uma
deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era diferente. Essa visão capacitista só começou a mudar a partir do século XVI, com transfor-
mações que ocorreram, num primeiro momento, na Europa, quando educadores, por conta própria, começaram a se preocupar com esse
grupo.
Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet, como também era conheci-
do. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audição ainda aos 12 anos; contudo, como era membro de uma família nobre da França,

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teve, desde cedo, acesso à melhor educação possível de sua época 8. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário -
e, assim, aprendeu a língua de sinais francesa no Instituto Nacional Área Judiciária- A chama é bela
de Surdos-Mudos de Paris. No Brasil, tomando-se como inspiração Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela la-
a iniciativa de Huet, fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Im- reira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do fogo,
perial Instituto de SurdosMudos, instituição de caráter privado. No da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente
seu percurso, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam a
mais significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qualquer
Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funciona- programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos
mento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de modernização como um programa televisivo.
da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com suas discus-
sões sobre educação de surdos. O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do infla-
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram grande mar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode ser a luz
influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que foi ganhando ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar
espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos bra- o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente
sileiros. Contudo, nesse mesmo período, muitos educadores ainda amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de
defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo mé- claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos
todo oralizado, ou seja, pessoas surdas seriam educadas por meio obriga a imaginar coisas sem nome...
de línguas orais. Nesse caso, a comunicação acontecia nas modali- O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância
dades de escrita, leitura, leitura labial e também oral. No Congresso cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à
de Milão, em 11 de setembro de 1880, muitos educadores votaram chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido,
pela proibição da utilização da língua de sinais por não acreditarem a natureza do fogo é ascensional, remete a uma transcendência e,
na efetividade desse método na educação das pessoas surdas. contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no cora-
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da Língua ção da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida,
Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição, a Libras mas é também experiência de seu apagar-se e de sua contínua fra-
continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdos. Poste- gilidade.
riormente, buscou-se a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais,
e os surdos continuaram lutando pelo seu reconhecimento e regu- (Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janei-
lamentação por meio de um projeto de lei escrito em 1993. Porém, ro: Record, 2021, p. 54-55)
apenas em 2002, foi aprovada a Lei 10.436/2002, que reconhece a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
e expressão no país. (A) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se es-
pantar, com o espetáculo inédito daquelas chamas bruxulean-
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações) tes.
(B) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atribu-
Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas ver- tos, chega mesmo a propiciar expansões, simbólicas e metafó-
bais e dos sinais de pontuação no texto CG1A1. ricas.
(A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preser- (C) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida,
vadas, caso a vírgula empregada logo após o vocábulo “mas” pode ofuscar os olhos de quem, imprudente, ouse enfrentá-la.
(primeiro período do quarto parágrafo) fosse eliminada. (D) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de
(B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro pa- insinuar sua atração, pela magia dos poderes e do espetáculo
rágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram” sem prejuízo do fogo.
aos sentidos e à correção gramatical do texto. (E) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando,
(C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto por amor ou por ódio extremos somos tomados por paixões
parágrafo) está flexionada no singular para concordar com o incendiárias.
artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo
à correção gramatical, pela forma verbal “continuaram”, que 9. AGIRH - 2022 - Prefeitura de Roseira - SP - Enfermeiro 36
estabeleceria concordância com o termo “Libras”. horas - Assinale o item que contém erro de ortografia.
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro (A) Na cultura japonesa, fica desprestigiado para sempre quem
parágrafo) concorda com “educadores” e por isso está flexio- inflinge as regras da lealdade.
nada no plural. (B) Não conseguindo prever o resultado a que chegariam, sen-
(E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facul- tiu-se frustrado.
tativo o emprego da vírgula imediatamente após “Libras”. (C) Desgostos indescritíveis, porventura, seriam rememorados
durante a sessão de terapia.
(D) Ao reverso de outros, trazia consigo autoconhecimento e
autoafirmação.

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10. Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Agente Admi- 13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro -
nistrativo - Edital nº 2- Considerando a acentuação tônica, assinale RS - Controlador Interno- Considerando-se a concordância nominal,
as alternativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso. marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assi-
( ) As palavras “gramática” e “partir” são, respectivamente, nalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
proparoxítona e oxítona. ( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na
( ) “Nós” é uma palavra oxítona. minha vida.
( ) “César” não é proparoxítona, tampouco oxítona. ( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada?
( ) “Despretensiosamente” é uma palavra proparoxítona. ( ) É proibido a entrada de animais na praia.
( ) “Café” é uma palavra paroxítona. (A) C - E - C.
A sequência correta de cima para baixo é: (B) C - E - E.
(A) F, V, V, F, V. (C) E - E - C.
(B) V, V, F, V, F. (D) E - C - E.
(C) V, F, V, F, V.
(D) V, V, V, F, F. 14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
- Área Judiciária
11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-PB - Médico- Texto CB1A1-I O meu ofício
A história da saúde não é a história da medicina, pois apenas O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espe-
de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, e essa ro não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo que
porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordi-
três determinantes da saúde são o comportamento, o ambiente e a nariamente à vontade e me movo num elemento que tenho a im-
biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina centradas pressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumen-
no atendimento à saúde não permitem uma compreensão global tos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em
da melhoria da saúde humana. A história dessa melhoria é uma his- minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma língua
tória de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde huma- estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar
na estava totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
anos, até meados do século XVIII, a expectativa de vida dos seres conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e
humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava pa- surda como uma náusea dentro de mim.
ralisada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 que Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais
o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos correto, do qual os outros escritores se servem. Não me importa
alteraram esse contexto, provocando um aumento praticamente nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever
contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas detinham o re- histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob
corde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
japonesas que ocupavam o primeiro lugar, com uma duração média nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen-
de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as popula- sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo
ções dos países industrializados podem esperar viver atualmente ou furtadas aqui e ali.
ao menos 80 anos. Desde 1750, cada geração vive um pouco mais Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu
do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo. país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os
Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre
cada vez mais? os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que
Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
(com adaptações). máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto,
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul- um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi-
gue o item seguinte. lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta,
A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “au- atônita, estupefata.
mento” (nono período) prejudicaria a correção gramatical e o sen-
tido original do texto. (Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad.
( )CERTO Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, pas-
( )ERRADO sim)

12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textu- As normas de concordância verbal encontram-se plenamente
alidade é a coerência. Entre as frases abaixo, assinale aquela que se observadas em:
mostra coerente. (A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam
(A) Avise-me se você não receber esta carta. por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu.
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina. (B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
ocorreram. (C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros. cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito. (D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
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tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa. colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri- Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi-
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias. mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se-
melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria
15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre
Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente
acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está somem ou aparecem em uma cena.
corretamente substituído em: Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de
(A) inerentes à determinado momento perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à
(B) inerentes à regras de convivência nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modi-
(C) inerentes à regulamentos anteriores ficação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixa-
(D) inerentes à evidência de incorreções mente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir
à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos
16. Assinale a frase com desvio de regência verbal. da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem
(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas. notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecno- mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente
logia. entre uma olhada e outra.
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico. No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi-
cientista. derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam
o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.
17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de
nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas e (E) para as erradas, termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende
assinale a alternativa com a sequência certa considerando a obser- por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não
vância das normas da língua portuguesa: é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo
( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta. são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à
( ) Visitei a cidade onde você nasceu. nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in-
( ) É perigoso o local a que você se dirige. trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta
( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica,
milhões. porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece
(A) E – E – E – C os acidentes de trânsito.
(B) C – C – C – E Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do
(C) C – E – E – E texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes
(D) C – C – C – C centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam
sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro
18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Admi- passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria
nistrativo- A frase “ O estudante foi convidado para assistir os deba- vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As late-
tes políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua rais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não
portuguesa, um desvio de: tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no
(A) Concordância nominal. padrão esperado.
(B) Concordância verbal. O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
(C) Regência verbal. nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
(D) Regência nominal samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
19. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de aciden- armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
tes ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
Luciano Melo E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu car- do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
ro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará e, Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de
estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela acidentes de carro.
via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou-
tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr.
veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de 2019. (texto adaptado)
dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA

No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a (A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ocorrência do acento grave é justificada ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver- de 2022)
bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
nome. No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um a frente nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportu-
nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um nidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos
verbo. eleitores.” Conforme se observa, na expressão em destaque, não há
(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, ocorrência da crase.
e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo. Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um (A) cara a cara; às ocultas; à procura.
nome. (B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
20. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital (D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
nº 006
A importância dos debates
É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham GABARITO
dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte-
resse específico dos eleitores
O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite
1 C
(PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado
em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa de- 2 D
mocrática para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das 3 D
vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela
Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior de- 4 E
talhamento dos programas de governo dos dois candidatos mais 5 D
votados na primeira etapa. 6 A
Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao
Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rá- 7 D
dio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões 8 C
importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as
9 A
principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depen-
der acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise 10 D
das finanças públicas. 11 CERTO
Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir
no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos 12 B
candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro- 13 D
paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação 14 B
de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar-
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar 15 D
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As 16 B
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im-
17 D
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. 18 C
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público 19 D
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra-
20 D
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go-
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre-
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo
de interesse específico dos eleitores.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discus-
sões amplas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informa-
ções essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e
menos passionalismo.

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Seja a proposição p: Carlos é professor


LÓGICA: PROPOSIÇÕES, CONECTIVOS, EQUIVALÊNCIAS Uma outra proposição q: A moeda do Brasil é o Real
LÓGICAS, QUANTIFICADORES E PREDICADOS.COMPRE-
ENSÃO E ANÁLISE DA LÓGICA DE UMA SITUAÇÃO, UTILI- É importante lembrar que nosso intuito aqui é ver se a proposi-
ZANDO AS FUNÇÕES INTELECTUAIS: RACIOCÍNIO VERBAL, ção se classifica como verdadeira ou falsa.
RACIOCÍNIO MATEMÁTICO, RACIOCÍNIO SEQUENCIAL,
ORIENTAÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL, FORMAÇÃO DE Podemos obter novas proposições relacionando-as entre si.
CONCEITOS, DISCRIMINAÇÃO DE ELEMENTOS. RACIOCÍ- Por exemplo, podemos juntar as proposições p e q acima obtendo
NIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉTICOS, uma única proposição “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS. PROBLEMAS DE CONTA- Real”.
GEM E NOÇÕES DE PROBABILIDADE. PROBLEMAS DE
LÓGICA E RACIOCÍNIO Nos próximos exemplos, veremos como relacionar uma ou
mais proposições através de conectivos.

Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca hipó- Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:
teses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter conclu-
sões e, por fim, chegar a um resultado final. ^: e (aditivo) conjunção
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas estru- Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
turas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da lógica, Real”, posso escrever p ^ q.
para poder justamente determinar um modo, para que o caminho
traçado não seja o errado. Veremos que há diversas estruturas para v: ou (um ou outro) ou disjunção
isso, que se organizam de maneira matemática. p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
A estrutura mais importante são as proposições.
: “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo).
ou falsa. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Ex.: Carlos é professor.
¬ ou ~: negação
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ~p: Carlos não é professor
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. ->: implicação ou condicional (se… então…)
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, acompa- p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
nhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa frase seja
“Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a frase não é ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
uma proposição. p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não é o Real
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode ser
classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas in- Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas estru-
formações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Nestes turas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna mais
casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido ao seu natural decifrar esta simbologia.
caráter imperativo. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem pa-
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos per- recer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
mite deduzir diversas relações entre declarações, assim, iremos estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes encade- que tudo esteja extremamente estabelecido.
amentos.
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas 1 – Princípio da Identidade
(p.ex.: a, b, p, q, …) p=p
Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
(ou equivalente) a ela mesma.

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2 – Princípio da Não contradição No sofismo temos um encadeamento lógico, no entanto, esse


p=qvp≠q encadeamento se baseia em algumas sutilezas que nos conduzem a
Estamos estabelecendo que apenas uma coisa pode acontecer resultados falsos. Por exemplo:
às nossas proposições. Ou elas são iguais ou são diferentes, ou seja,
não podemos ter que uma proposição igual e diferente a outra ao A água do mar é feita de água e sal
mesmo tempo. A bolacha de água e sal é feita de água e sal
Logo, a bolacha de água e sal é feita de mar (ou o mar é feito
3 – Princípio do Terceiro excluído de bolacha)
pv¬p Esta argumentação obviamente é falsa, mas está estruturada
Por fim, estabelecemos que uma proposição ou é verdadeira de forma a parecer verdadeira, principalmente se vista com pressa.
ou é falsa, não havendo mais nenhuma opção, ou seja, excluindo Convidamos você, caro leitor, para refletir sobre outro exemplo
uma nova (como são duas, uma terceira) opção). de sofismo:
Queijo suíço tem buraco
DICA: Vimos então as principais estruturas lógicas, como lida- Quanto mais queijo, mais buraco
mos com elas e quais as regras para jogarmos este jogo. Então, es- Quanto mais buraco, menos queijo
creva várias frases, julgue se são proposições ou não e depois tente Então quanto mais queijo, menos queijo?
traduzi-las para a linguagem simbólica que aprendemos.
LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL)
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
A lógica proposicional é baseada justamente nas proposições
Quando falamos sobre lógica de argumentação, estamos nos e suas relações. Podemos ter dois tipos de proposições, simples ou
referindo ao processo de argumentar, ou seja, através de argumen- composta.
tos é possível convencer sobre a veracidade de certo assunto. Em geral, uma proposição simples não utiliza conectivos (e; ou;
No entanto, a construção desta argumentação não é necessa- se; se, e somente se). Enquanto a proposição composta são duas ou
riamente correta. Veremos alguns casos de argumentação, e como mais proposições (simples) ligadas através destes conectivos.
eles podem nos levar a algumas respostas corretas e outras falsas. Mas às vezes uma proposição composta é de difícil análise.
“Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”. Se Carlos não
Analogias: Argumentação pela semelhança (analogamente) for professor e a moeda do Brasil for o real, a proposição composta
Todo ser humano é mortal é verdadeira ou falsa? Temos uma proposição verdadeira e falsa?
Sócrates é um ser humano Como podemos lidar com isso?
Logo Sócrates é mortal A melhor maneira de analisar estas proposições compostas é
através de tabelas-verdades.
Inferências: Argumentar através da dedução
Se Carlos for professor, haverá aula A tabela verdade é montada com todas as possibilidades que
Se houve aula, então significa que Carlos é professor, caso con- uma proposição pode assumir e suas combinações. Se quiséssemos
trário, então Carlos não é professor saber sobre uma proposição e sua negativa, teríamos a seguinte ta-
bela verdade:
Deduções: Argumentar partindo do todo e indo a uma parte
específica
Roraima fica no Brasil
p ~p
A moeda do Brasil é o Real V F
Logo, a moeda de Roraima é o Real
F V
Indução: É a argumentação oposta a dedução, indo de uma
parte específica e chegando ao todo A tabela verdade de uma conjunção (p ^ q) é a seguinte:
Todo professor usa jaleco
Todo médico usa jaleco p q p^q
Então todo professor é médico
V V V
Vemos que nem todas as formas de argumentação são verda- V F F
des universais, contudo, estão estruturadas de forma a parecerem
minimamente convincentes. Para isso, devemos diferenciar uma F V F
argumentação verdadeira de uma falsa. Quando a argumentação F F F
resultar num resultado falso, chamaremos tal argumentação de so-
fismo1.
1 O termo sofismo vem dos Sofistas, pensadores não alinhados aos
movimentos platônico e aristotélico na Grécia dos séculos V e IV AEC,
sendo considerados muitas vezes falaciosos por essas linhas de pensa-
mento. Desta forma, o termo sofismo se refere a quando a estrutura
foge da lógica tradicional e se obtém uma conclusão falsa.
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Todas as tabelas verdades são as seguintes:

p q p^q pvq p -> q p ⇔q p v. q


V V V V V V F
V F F V F F V
F V F V V F V
F F F F V V F

Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas
proposições nossa tabela era composta por 4 linhas.
A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições.
Se tivéssemos a seguinte tabela verdade:

p q r p v q -> r

Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas.
Mais um exemplo:

p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V

Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logica-
mente equivalentes (iguais).

Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados
para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq.

p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F

Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q:

p q p->q
V V V
V F F
F V V
F F V

Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante.
Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações:

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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

(p^q) ->
p q p^q pvp p->q
pvq
V V V V V V
V F F V F V
F V F V V V
F F F F V V

O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na
análise da questão e com seu resultado prontamente obtido.

Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de Mor-
gan, que negam algumas relações. São elas:
– 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q)
– 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q)

Vejamos o exemplo para decifrar o que dizem estas leis:


p: Carlos é professor
q: a moeda do Brasil é o Real

Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a
moeda do Brasil não é o real
Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil
não é o Real.

Estas leis podem parecer abstratas mas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para
resolver diversas questões.

TAUTOLOGIA, CONTRADIÇÃO E CONTINGÊNCIA

Quando uma expressão sempre apresenta a coluna resultado na tabela verdade como verdadeira, ela é chamada de tautologia. Na
mesma linha de pensamento, podemos denominar uma expressão como uma contradição quando sua tabela verdade sempre resulta em
falso. Por fim, são denominadas como contingência, as expressões que não são nem tautologias nem contradições, ou seja, que apresen-
tam tanto resultados verdadeiros quanto falsos.
Vejamos a seguinte tabela verdade:

p q (p^q)->(p v q) ~(pvq) ^ (p^q) (pvq) -> (p^q)


V V V F V
V F V F F
F V V F F
F F V F V

Nesta tabela, temos que as proposições compostas:


(p^q)->(p v q) é uma tautologia, pois sua tabela verdade é toda verdadeira.
~(pvq)^(p^q) é uma contradição, pois sua tabela verdade é toda falsa.
(pvq)->(p^q) é uma contingência, pois sua tabela verdade não é toda verdadeira nem toda falsa.

LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM (OU LÓGICA DE PREDICADOS)

Uma certa evolução de uma lógica sentencial é a lógica de primeira ordem ou lógica de predicados, onde além dos conectivos, estão
presente os quantificadores (com expressões como qualquer e algum, por exemplo)2.
Esta forma de raciocinar segue os mesmos preceitos que a lógica com conectivos (e, ou, ou exclusivo, implicação, …), tendo também
novos símbolos, que são:

2 Dizemos que a lógica de primeira ordem é uma extensão da lógica sentencial.


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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

∀: qualquer, todo p ∨ q: João dirige ou a capital do mundo é Itapeva


∀x(A(x) -> B(x))
Para todo elemento, se pertence a A, pertence a B. Vamos novamente negar esta frase. Da mesma forma da ante-
rior, nosso senso pode nos levar a responder que a negação seria
∃: existe, algum, pelo menos um João não dirige ou a capital do mundo é Itapeva. Mais uma vez, pela
∃x(A(x)^B(X): existe elemento que pertence a A e a B 2ª Lei de Morgan, temos que a negação se trata de João não dirige
e a capital do mundo não é Itapeva.
∄: Não existe, nenhum Podemos então estabelecer que para negar logicamente uma
Nenhum A é B = Todo A é não B frase verbal, devemos não só negar suas partes, mas também inver-
ter seu conectivo. Se antes estava e, deve se tornar ou na negação.
A negativa de tais estruturas não são tão diretas como às apre- Igualmente, se antes estava ou, deve se tornar e.
sentadas nas Leis de Morgan. A negativa de ∃ (existe,) é ∄ (não exis- Outra negativa importante, não abordada diretamente pelas
te), mas a negativa de ∄ pode ser ∃ ou ∀ (para todo), assim como Leis de Morgan, é a negativa de “se…então…”.
a negativa de ∀ pode ser tanto ∃ e ∄, por isso, cada caso deve ser
analisado atentamente. Se João dirige, então a capital do mundo é Itapeva.
Tendo elencado estas novas estruturas, basta construirmos ta- Como iremos negar esta proposição? A ideia aqui é manter a
belas verdade com elas, para resolvermos questões. primeira proposição e negar a segunda, retirando os termos “se” e
Repare que agora estamos trabalhando não só com o aspecto “então”. Ficamos então com a negativa: João dirige e a capital do
verdadeiro/falso mas com a ideia de quantidade (existe um, todo, mundo não é Itapeva.
nenhum), então nosso estudo das afirmações devem levar em con- Neste exemplo, vemos que essa questão é menos intuitiva
sideração estas novas peculiaridades. comparada àquelas que são abordadas pelas Leis de Morgan, mas
novamente, sendo bem absorvidas, farão sentido e evitarão erros
RACIOCÍNIO VERBAL na resolução das questões.

O raciocínio verbal lida com problemas de lógica quase que to- RACIOCÍNIO ESPACIAL E TEMPORAL
talmente escritos, abordando geralmente a negação de certas fra-
ses que podem parecer óbvias mas que muitas vezes nos pregam Existem tipos de questões de lógica que envolvem situações
peças. específicas que necessitam de algo a mais para resolver do que so-
Podemos nos perguntar se a lógica, em geral, não é estabelecer mente as tabelas verdade. Um exemplo disso são questões envol-
símbolos para traduzir estas frases. Sim! A diferença é que negar vendo espaço (posição, fila e tamanho e etc.) e tempo (horas, dias,
certas frases podem fazer sentido verbalmente, mas devemos nos calendário e etc.).
ater a lógica em si e buscar então absorver isso ao nosso raciocínio. Não há uma forma de elaborar estratégias específicas para a
resolução de questões deste tipo, então iremos fornecer alguns
Uma importante ferramenta neste momento são as Leis de exemplos para inspirar quais análises podem ser feitas.
Morgan:
Exemplos:
1ª lei de Morgan 1 – Em um determinado ano, o mês de setembro teve 5 sába-
¬(p ∧ q) = (¬p) ∨ (¬q) dos e 5 domingos. Rodrigo faz aniversário no dia 1º de setembro.
Em qual dia da semana foi o seu aniversário esse ano?
2ª lei de Morgan
¬(p ∨ q) = (¬p) ∧ (¬q) Aqui, temos um exercício lidando com tempo. Neste caso, es-
tamos lidando com calendário, envolvendo dias de um mês. Numa
Exemplo: primeira vista, esta questão pode parecer muito difícil de resolver,
p: João dirige pois, aparentemente, há informações faltando. Mas vamos ver
q: a capital do mundo é Itapeva. como proceder na análise:
1º) Vamos nos atentar que setembro possui 30 dias;
p ∧ q: João dirige e a capital do mundo é Itapeva. 2º) Dessa forma, dividindo este valor por 7, descobrimos quan-
tas semanas há nesse mês: 30 : 7 = 4 (e sobra 2).
Vamos negar esta proposição. Num primeiro momento, pode- 3º) Assim, esse mês terá 4 semanas e mais dois dias.
mos estar inclinados a responder que a negativa seria João não diri- 4º) Se o mês começasse numa quinta-feira, teríamos então:
ge e a capital do mundo não é Itapeva. Mas a 1ª Lei de Morgan nos 4 domingos
sinaliza que está errado3. Devemos, negar as proposições simples e 4 segundas
trocar o nosso conectivo. Se estava e, agora precisa estar ou. 4 terças
Assim, a negação da frase seria: João não dirige ou a capital do 4 quartas
mundo não é Itapeva. Diferença sutil, mas muito importante. 4 quintas
5 sextas
5 sábados
3 Repare que as Leis de Morgan se tratam de equivalências lógicas.
Caso se interesse em ver essas igualdades, veja o tópico equivalências
lógicas.
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73
a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

5º) No exemplo acima, para dar 5 sextas e 5 sábados, o mês 3 – Ana, Bela, Carla e Dora estão sentadas em volta de uma
começou numa quinta. Assim, para termos 5 sábados e 5 domingos, mesa quadrada em cadeiras numeradas de 1 a 4, como mostra a
o mês deve começar numa sexta. figura a seguir:
6º) Como o aniversário de Rodrigo é no dia 1º de setembro,
então seu aniversário será numa sexta-feira

---

2 – Observando o calendário de 2021, temos que o dia 23 de


outubro caiu em um sábado. Sabendo que o ano de 2020 foi o últi-
mo ano bissexto, o dia 23 de outubro de 2024 cairá em uma:

Vamos operar de maneira semelhante à questão anterior: Sabe-se que:


1º) Vamos dividir 365 (dias por ano) por 7 (dias por semana) – Ana não está em frente a Bela.
para vermos quantas semanas temos no ano – Bela tem Carla a sua esquerda.
– Ana e Dora estão nas cadeiras pares.
365 : 7 = 52 (sobra 1)
Onde cada uma está sentada?
2º) A divisão acima nos diz que a cada ano, avançamos um dia. Vamos proceder com a seguinte análise:
Ou seja, se o dia 1º de janeiro de 2023 foi num domingo, em 2024 1º) Como Ana não está na frente a Bela, então elas estão uma
será numa segunda. do lado da outra.
3º) Devemos analisar também o ano bissexto, pois nestes anos, 2º) Bela tem Carla a sua esquerda.
há um dia a mais, então seria para dividirmos 366 por 7. Então ela tem a Ana a sua direita.
366 : 7 = 52 (sobra 2) E por fim, Dora está a sua frente.

4º) O último ano bissexto foi em 2020, então o próximo será 3º) Ana e Dora estão nas cadeiras pares
em 2024. Nos anos bissextos, fevereiro ganha um dia a mais. Se Ana estiver na cadeira 2, temos a configuração:
5º) Temos então que de 2021 para 2024:
1 – Carla 2 – Ana 3 – Bela
2021 2022: +1 dia na semana 4 – Dora
2022 2023: +1 dia na semana
2023 2024: +2 dias na semana Se Ana estiver na cadeira na cadeira 4, temos a configuração
= +4 dias na semana
1 – Dora 2 – Bela 3 – Carla
6º) Como o dia 23 de outubro de 2021 caiu num sábado, o 4 – Ana
dia 23 de outubro de 2024 cairá 4 dias da semana depois, ou seja,
numa quarta. Mas essa opção não é possível, pois Ana e Dora estão nas pa-
res.
– Lembrando: calendário e horas Logo, estão sentadas Carla na cadeira 1, Ana na cadeira 2, Bela
Janeiro – 31 dias na cadeira 3 e Dora na cadeira 4.
Fevereiro – 28* dias
Março – 31 dias ---
Abril – 30 dias
Maio – 31 dias Vemos que cabe ao candidato uma certa criatividade aliada ao
Junho – 30 dias raciocínio para abordar as questões. Não há nada muito complexo,
Julho – 31 dias mas deve ser cuidadosamente vista para evitar deslizes e más in-
Agosto – 31 dias terpretações.
Setembro – 30 dias
Outubro – 31 dias LÓGICA SEQUENCIAL
Novembro – 30 dias
Dezembro – 31 dias A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
*Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos (múltiplos de 4 sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
como 2000, 2004, 2008, 2012, 2016, 2020, 2024, 2028, …) e nestes Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos arit-
anos fevereiro possui 29 dias. méticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de cer-
tas figuras).
1 dia = 24 horas Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver al-
1 hora = 60 minutos guns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver de-
1 minuto = 60 segundos mais questões.

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Exemplos:
1 – A sequência de números a seguir foi construída com um padrão lógico e é uma sequência ilimitada:

0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 40, …

A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74 e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?

Vamos analisar esta sequência dada:


1º) Vemos que a sequência vai de 6 em 6 termos e pula para a dezena seguinte

Os primeiros 6 termos vão de 0 a 5


Do 7º termo ao 12º termo: 10 a 15
13º termo ao 18º termo: 20 a 25

2º) Vemos que o padrão segue a tabuada do 6

6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
6 x 3 = 18 (20 até 25)

3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade representa a dezena que estamos começando a contar:

6x1 1 - 1 = 0 (0 até 5)
6x2 2 - 1 = 1 (10 até 15)
6x3 3 - 1 = 2 (20 até 25)

4º) Se dividirmos 74 por 6 e 95 por 6 descobriremos seus valores

74 : 6 = 12 (sobra 2)
95 : 6 = 15 (sobra 5)

5º) O termo 74 então está dois termos após 6 x 12

6 x 12 12 - 1 = 11 (110 até 115)


Então o termo 74 está no intervalo entre 120 até 125
O 74º termo é o número 121

6º) Da mesma forma, 95 está 5 após 6 x 15

6 x 15 15 - 1 = 14 (140 até 145)


O termo 95 está no intervalo entre 150 até 155
O 95º termo é o número 154

7º) Somando 121 + 154 = 275

2. Analise a sequência a seguir:

4; 7; 13; 25; 49

Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
termo será igual a?

1º) Do primeiro termo para o segundo, estamos somando 3.


2º) Do segundo termo para o terceiro, estamos somando 6.
3º) Do terceiro termo para o quarto, estamos somando 12.
4º) Do quarto termo para o quinto, estamos somando 24.
5º) Podemos estabelecer o padrão que estamos multiplicando a soma anterior por 2.
6º) Assim, do quinto termo para o sexto, estaríamos somando 48. E do sexto para o sétimo estaríamos somando 96
7º) Dessa forma, basta somarmos 49 com 48 e 96: 49 + 48 + 96 = 193

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

3 – Observe a sequência:

O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.

131 : 7 = 18 (sobra 5)

5º) Justamente essa sobra, 5, será a posição equivalente.


Assim, a figura da 131ª posição é idêntica a figura da 5ª posição

DIAGRAMAS LÓGICOS

Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação em que esses diagramas poderão ser usados, será
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-se nesses
dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente carro ou ainda quantas
dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os motoristas de motos e motoristas
de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois completaremos os outros espaços.

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Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse


valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A partir dos
valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas.

Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pessoas leem


a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas. apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas não leem o jornal C,
b) Dirigem somente carros 33 motoristas. pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150. Notamos ainda que 700 pessoas
c) Dirigem somente motos 8 motoristas. foram entrevistadas, que é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 +
70 + 150.
No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferência quan-
to à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada a seguinte ta- Diagrama de Euler
bela: Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, mas
Jornais Leitores não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é definida como
a área de intersecção entre dois ou mais contornos). Assim, um dia-
A 300
grama de Euler pode definir um universo de discurso, isto é, ele
B 250 pode definir um sistema no qual certas intersecções não são pos-
C 200 síveis ou consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo os
atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que conter in-
AeB 70
tersecções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de qua-
AeC 65 tro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra todas
BeC 105 as possíveis combinações ou conjunções.
A, B e C 40
Nenhum 150

Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicialmente


montar os diagramas que representam cada conjunto. A colocação
dos valores começará pela intersecção dos três conjuntos e depois
para as intersecções duas a duas e por último às regiões que re-
presentam cada conjunto individualmente. Representaremos esses Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas (ge-
conjuntos dentro de um retângulo que indicará o conjunto universo ralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os tamanhos
da pesquisa. e formas das curvas não são importantes: a significância do diagra-
ma está na forma como eles se sobrepõem. As relações espaciais
entre as regiões delimitadas por cada curva (sobreposição, conten-
ção ou nenhuma) correspondem relações teóricas (subconjunto in-
terseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano em duas
regiões ou zonas estão: o interior, que representa simbolicamente
os elementos do conjunto, e o exterior, o que representa todos os
elementos que não são membros do conjunto. Curvas cujos inte-
riores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. Duas cur-
vas cujos interiores se interceptam representam conjuntos que têm
elementos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa o
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são leito- conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos (intersecção
res de nenhum dos três jornais. dos conjuntos). Uma curva que está contido completamente dentro
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos. da zona interior de outro representa um subconjunto do mesmo.
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos. Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de diagra-
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos. mas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas as possíveis
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos. zonas de sobreposição entre as suas curvas, representando todas
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos. as combinações de inclusão / exclusão de seus conjuntos consti-
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos. tuintes, mas em um diagrama de Euler algumas zonas podem estar
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os seguintes faltando. Essa falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus dia-
elementos:
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gramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem matemática. Embora seja simples construir diagramas de Venn para
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre as dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los
zonas não apenas as que são “verdadeiras”. para um número maior. Algumas construções possíveis são devidas
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são larga- ao próprio John Venn e a outros matemáticos como Anthony W. F.
mente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no campo da Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além disso, encontram-
matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles também -se em uso outros diagramas similares aos de Venn, entre os quais
podem ser utilizados para representar relacionamentos complexos os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
com mais clareza, já que representa apenas as relações válidas. Em
estudos mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-se
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos para que se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B re-
possa deduzir uma conclusão. presenta os animais capazes de voar. A área onde os dois círculos
se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção A-B,
Diagramas de Venn conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em apenas duas pernas motoras.
matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas e
problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respetivos dia-
gramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elemen-
tos (por exemplo, 4 {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de con-
tinência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3} ⊂ {1, 2, Considere-se agora que cada espécie viva está representada
3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no espaço por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
interno da outra simbolizam conjuntos que possuem continência; os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que
ao passo que o ponto interno a uma curva representa um elemento não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas não
pertencente ao conjunto. podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur- representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os caná-
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re- rios, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, já que
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse bípede
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas é nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marcado por
que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com pontos fora dos dois círculos.
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra- distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada cír-
ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e culo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição), e
a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo ou
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escrever no outro):
uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) - Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem sobre-
uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um plano. posição).
C é uma família independente se a região formada por cada uma - Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem sobre-
das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o exterior posição).
de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas se inter- - Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
sectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada uma - Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pontos - fora).
de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn para
n conjuntos. Essas configurações são representadas, respectivamente, pelas
Nos casos mais simples, os diagramas são representados por operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença de B para
círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar de A e B. Cada
enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even- uma delas pode ser representada como as seguintes áreas (mais
tualmente, os círculos são representados como completamente escuras) no diagrama:
inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível). A
ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis Carroll.
Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais con-
juntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
representa sua união.
John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, ampliando
e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e Euler. E,
na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo escolar de
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Diferença de A para B: A\B Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de B para A: B\A


Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-se so-


bretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o exemplo an-
terior, poderia-se introduzir o conjunto C dos animais que possuem
bico. Neste caso, o diagrama define sete áreas distintas, que podem
combinar-se de 256 (28) maneiras diferentes, algumas delas ilustra-
das nas imagens seguintes.
Intersecção de dois conjuntos: AB

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB) Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções possíveis
entre A, B e C.
Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracterís-
ticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já os ani-
mais que voam e não possuem duas patas mais os que não voam e
possuem duas patas, seriam representados pela diferença simétrica
entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir,
que incluem também outros dois casos.
União de três conjuntos: ABC

União de dois conjuntos: AB

Intersecção de três conjuntos: ABC

Diferença Simétrica de dois conjuntos: AB

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A \ (B U C) 1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então temos as duas


representações possíveis:

Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa.
(B U C) \ A

PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS

- Todo A é B
- Nenhum A é B 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos
- Algum A é B e somente a representação:
- Algum A não é B Todo A é B. É falsa.
Algum A é B. É falsa.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A é um Algum A não é B. É verdadeira.
subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B. Atenção:
dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo B é A. Enun- 3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as quatro
ciados da forma Nenhum A é B afirmam que os conjuntos A e B são representações possíveis:
disjuntos, isto é, não tem elementos em comum. Atenção: dizer que
Nenhum A é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um
elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando dizemos
que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B. Entretanto,
no sentido lógico de algum, está perfeitamente correto afirmar que
“alguns de meus colegas estão me elogiando”, mesmo que todos
eles estejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões são equi-
valentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o con-
Nenhum A é B. É falsa.
junto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e 2).
to B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B = Algum A
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (em 3
é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a Algum B não é
e 4) – é indeterminada.
A. Nas proposições categóricas, usam-se também as variações gra-
maticais dos verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ...,
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
como elo de ligação entre A e B.
representações possíveis:
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-versa).
Todo A é B. É falsa.
Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e 2 – é
Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das proposi- indeterminada).
ções categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B, Algum A é Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a verdade ou a 2 – é ideterminada).
falsidade de algumas ou de todas as outras.

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O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os


CONJUNTOS E SUAS OPERAÇÕES, DIAGRAMAS. NÚMEROS números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio-
INTEIROS, RACIONAIS E REAIS E SUAS OPERAÇÕES nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser
representados por uma fração. Além destes, números decimais e
dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio-
— Conjuntos Numéricos nais.
O grupo de termos ou elementos que possuem características Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais
parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de com 4 elementos:
conjuntos. Quando estudamos matemática, se os elementos pare- Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4}
cidos ou com as mesmas características são números, então dize-
mos que esses grupos são conjuntos numéricos4. Também temos subconjuntos dos números racionais:
Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica- Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope- pelos números racionais sem o zero.
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre- Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma-
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou do pelos números racionais positivos.
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}. pelos números racionais positivos e não nulos.
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti- do pelos números racionais negativos e o zero.
ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais. Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
pelos números racionais negativos e não nulos.
Conjunto dos Números Naturais (N)
O conjunto dos números naturais é representado pela letra N. Conjunto dos Números Irracionais (I)
Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e O conceito de números irracionais é dependente da definição
é infinito. Exemplo: de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números
N = {0, 1, 2, 3, 4…} irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio-
nais.
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
em subconjuntos: Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu- tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
rais não nulos, ou sem o zero. tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- meros reais.
rais pares. Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
ímpares. escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. mais infinitos e raízes não exatas.
Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
Conjunto dos Números Inteiros (Z) cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús- 0,12345678910111213, π, √3 etc.
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} Conjunto dos Números Reais (R)
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma-
conjuntos: do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega- dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
tivos. é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en-
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po- tre dois números reais existem infinitos números.
sitivos. Entre os conjuntos números reais, temos:
Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati- R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
vos e não nulos, ou seja, sem o zero. R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos.
Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi- R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos.
tivos e não nulos. R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos.
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.

Conjunto dos Números Racionais (Q) — Múltiplos e Divisores


Números racionais são aqueles que podem ser representados Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural
em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci- estendem-se para o conjunto dos números inteiros5. Quando tra-
sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno- tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos
minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero.

4 https://matematicario.com.br/ 5 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en- 4 · 5 = 20


contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores 4 · 6 = 24
são números divisíveis por um certo número. 4 · 7 = 28
Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in- 4 · 8 = 32
teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores 4 · 9 = 36
são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o 4 · 10 = 40
que são números primos, é necessário compreender o conceito de 4 · 11 = 44
divisores. 4 · 12 = 48

Múltiplos de um Número ...


Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que Portanto, os múltiplos de 4 são:
a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi- M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul-
tiplicações são os múltiplos de a. Divisores de um Número
Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in- b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
teiros, assim: entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·1=2 Veja alguns exemplos:
2·2=4 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2·3=6 – 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
2·4=8 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 5 = 10
2 · 6 = 12 Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
2 · 7 = 14 meros que o dividem. Veja:
2 · 8 = 16 – Liste os divisores de 2, 3 e 20.
2 · 9 = 18 D(2) = {1, 2}
2 · 10 = 20 D(3) = {1, 3}
2 · 11 = 22 D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}
2 · 12 = 24
Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
Portanto, os múltiplos de 2 são: visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
será divisível por ele.
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os ele. Assim:
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de-
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação Propriedade dos Múltiplos e Divisores
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos: Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in-
– O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que, teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam-
multiplicado por 7, resulta em 49. bém divisível por esse outro número.
49 = 7 · 7 Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor
compreender as propriedades.
– O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro N = d · q + r, em que q e r são números inteiros.
que, multiplicado por 3, resulta em 324.
324 = 3 · 108 Lembre-se de que:
N: dividendo;
– O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número d, divisor;
inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523. q: quociente;
523 = 2 · ?” r: resto.

• Múltiplos de 4 – Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r)


Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve- é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r).
mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim: – Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú-
4·1=4 mero d é um divisor de (N – r + d).
4·2=8 Veja o exemplo:
4 · 3 = 12 Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e
4 · 4 = 16 resto r = 5.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que Divisão pelo número primo 7:
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
por 8 e:
528 = 8 · 66

— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número6. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são Divisão pelo número primo 11:
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Algumas considerações sobre os números primos:
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo; Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
que é par;
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
PORCENTAGEM
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os
algarismos 1, 3, 7 e 9.

Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100, ou
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja seja, .
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que sig-
é par é divisível por 2; nifica dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada de
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma razão centesimal ou percentual7.
dos seus algarismos é um número divisível por 3; Saber calcular porcentagem é importante para resolver proble-
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o mas matemáticos, principalmente na matemática financeira para
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.

Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi- — Calculando Porcentagem de um Valor
sões com os próximos números primos menores que o número até Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
que: centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a se-
não é primo. guinte operação:
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
quociente for igual ao divisor, então o número é primo.

Exemplo: verificar se o número 113 é primo.


Sobre o número 113, temos:
– Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
divisível por 2; Generalizando, podemos criar uma fórmula para conta de por-
– A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número centagem:
divisível por 3;
– Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.

Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber


se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a Se preferir, você pode fazer o cálculo de porcentagem da se-
operação de divisão. guinte forma:
1º passo: multiplicar o percentual pelo valor.

6 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/ 7 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
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20 x 200 = 4.000 Fator multiplicativo para aumento em um valor


Quando um produto recebe um aumento, o fator de multiplica-
2º passo: dividir o resultado anterior por 100. ção é dado por uma soma.
Fator de multiplicação = 1 + i.

Exemplo: Foi feito um aumento de 25% em uma mercadoria


que custava R$ 100. O valor final da mercadoria pode ser calculado
da seguinte forma:
Calculando Porcentagem de Forma Rápida
Alguns cálculos podem levar muito tempo na hora de fazer uma 1º passo: encontrar a taxa de variação.
prova. Pensando nisso, trouxemos dois métodos que te ajudarão a
fazer porcentagem de maneira mais rápida.

Método 1: Calcular porcentagem utilizando o 1%


Você também tem como calcular porcentagem rapidamente 2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.
utilizando o correspondente a 1% do valor. Fator de multiplicação = 1 + 0,25.
Fator de multiplicação = 1,25.
Vamos continuar usando o exemplo do 20% de 200 para apren-
der essa técnica. 3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.
1º passo: dividir o valor por 100 e encontrar o resultado que
representa 1%. 100 x 1,25 = 125 reais.

Um acréscimo de 25% fará com que o valor final da mercadoria


seja R$ 125.

2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela porcenta- Fator multiplicativo para desconto em um valor
gem que se quer descobrir. Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
multiplicativo envolve uma subtração.
2 x 20 = 40 Fator de multiplicação = 1 - 0,25.

Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40. Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria
que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria?
Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações equiva- 1º passo: encontrar a taxa de variação.
lentes
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.
Veja como encontrar a fração equivalente de . 2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.
Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Fator de multiplicação = 0,75.

3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.


Se a fração equivalente de é , então para calcular
20% de um valor basta dividi-lo por 5. Veja como fazer: 100 x 0,75 = 75 reais.

JUROS

Os juros simples e compostos são cálculos efetuados com o ob-


— Calcular porcentagem de aumentos e descontos jetivo de corrigir os valores envolvidos nas transações financeiras,
Aumentos e descontos percentuais podem ser calculados utili- isto é, a correção que se faz ao emprestar ou aplicar uma determi-
zando o fator de multiplicação ou fator multiplicativo. nada quantia durante um período de tempo8.
O valor pago ou resgatado dependerá da taxa cobrada pela
operação e do período que o dinheiro ficará emprestado ou aplica-
do. Quanto maior a taxa e o tempo, maior será este valor.

Essa fórmula é diferente para acréscimo e decréscimo no preço


de um produto, ou seja, o resultado será fatores diferentes.
8 https://www.todamateria.com.br/juros-simples-e-compostos/
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— Diferença entre Juros Simples e Compostos Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$
Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e consi- 25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?
dera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é feita Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no
em cima de valores já corrigidos. problema.
Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi C = R$ 1 000,00
corrigido. J = R$ 25,00
t = 1 mês
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou emprésti- i=?
mo a correção por juros compostos fará com que o valor final a ser
recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros simples. Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas, pode-
mos substituir na fórmula dos juros:

Entretanto, observe que essa taxa é mensal, pois usamos o pe-


ríodo de 1 mês. Para encontrar a taxa anual precisamos multiplicar
esse valor por 12, assim temos:

i = 2,5.12= 30% ao ano

A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo sis- — Fórmula de Juros Compostos
tema de juros compostos. Os juros simples se restringem as opera- O montante capitalizado a juros compostos é encontrado apli-
ções de curto período. cando a seguinte fórmula:

— Fórmula de Juros Simples


Os juros simples são calculados aplicando a seguinte fórmula:
Sendo:
M: montante.
C: capital.
Sendo: i: taxa de juros.
J: juros. t: período de tempo.
C: valor inicial da transação, chamado em matemática financei-
ra de capital. Diferente dos juros simples, neste tipo de capitalização, a fór-
i: taxa de juros (valor normalmente expresso em porcentagem). mula para o cálculo do montante envolve uma variação exponen-
t: período da transação. cial. Daí se explica que o valor final aumente consideravelmente
para períodos maiores.
Podemos ainda calcular o valor total que será resgatado (no
caso de uma aplicação) ou o valor a ser quitado (no caso de um Exemplo: Calcule o montante produzido por R$ 2 000,00 apli-
empréstimo) ao final de um período predeterminado. cado à taxa de 4% ao trimestre, após um ano, no sistema de juros
Esse valor, chamado de montante, é igual a soma do capital compostos.
com os juros, ou seja:
Solução: Identificando as informações dadas, temos:

C = 2 000
Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar i = 4% ou 0,04 ao trimestre
a seguinte expressão para o montante: t = 1 ano = 4 trimestres
M=?

Substituindo esses valores na fórmula de juros compostos, te-


mos:
A fórmula que encontramos é uma função afim, desta forma, o
valor do montante cresce linearmente em função do tempo.
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Dada as razões e , à setença de igualdade chama-se proporção.


Onde:

Observação: o resultado será tão melhor aproximado quanto o Propriedades da Proporção


número de casas decimais utilizadas na potência.
Portanto, ao final de um ano o montante será igual a 1. Propriedade Fundamental
R$ 2 339,71. O produto dos meios é igual ao produto dos extremos, isto é,
a . d = b . c.

PROPORCIONALIDADE DIRETA E INVERSA Exemplo


Na proporção (lê-se: “45 está para 30 , assim como 9 está para
6.), aplicando a propriedade fundamental , temos: 45.6 = 30.9 =
RAZÃO 270

Razão9 nada mais é que o quociente entre dois números (quan- 2. A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro (ou
tidades, medidas, grandezas). para o segundo termo), assim como a soma dos dois últimos está
Sendo a e b dois números, chama-se razão de a para b: para o terceiro (ou para o quarto termo).

3. A diferença entre os dois primeiros termos está para o pri-


Onde: meiro (ou para o segundo termo), assim como a diferença entre os
dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
Exemplo
Em um vestibular para o curso de marketing, participaram 3600 4. A soma dos antecedentes está para a soma dos consequen-
candidatos para 150 vagas. A razão entre o número de vagas e o tes, assim como cada antecedente está para o seu consequente.
número de candidatos, nessa ordem, foi de
5. A diferença dos antecedentes está para a diferença dos con-
Lemos a fração como: Um vinte e quatro avós. sequentes, assim como cada antecedente está para o seu conse-
quente.
- Quando a e b forem medidas de uma mesma grandeza, essas
devem ser expressas na mesma unidade. Exemplo envolvendo Razão e Proporção
Em um concurso participaram 3000 pessoas e foram aprovadas
Razões Especiais 1800. A razão do número de candidatos aprovados para o total de
Escala: Muitas vezes precisamos ilustrar distâncias muito gran- candidatos participantes do concurso é:
des de forma reduzida, então utilizamos a escala, que é a razão da A) 2/3
medida no mapa com a medida real (ambas na mesma unidade). B) 3/5
C) 5/10
Velocidade média: É a razão entre a distância percorrida e o D) 2/7
tempo total de percurso. As unidades utilizadas são km/h, m/s, en- E) 6/7
tre outras.
Resolução:
Densidade: É a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-
me. As unidades utilizadas são g/cm³, kg/m³, entre outras. Resposta “B”.

PROPORÇÃO
MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA E
Bem resumido, temos que proporção10 é uma igualdade entre TEMPO
duas razões.

As unidades de medida são modelos estabelecidos para medir


diferentes grandezas, tais como comprimento, capacidade, massa,
tempo e volume11.
O Sistema Internacional de Unidades (SI) define a unidade
padrão de cada grandeza. Baseado no sistema métrico decimal, o SI
9 IEZZI, Gelson. et al. Fundamentos da Matemática: Financeira e Estatística Descritiva. surgiu da necessidade de uniformizar as unidades que são utilizadas
São Paulo. Editora Atual. 2011. na maior parte dos países.
10 IEZZI, Gelson. et al. Matemática Volume Único. São Paulo. Editora Atual. 2011.
www.educacao.globo.com 11 https://www.todamateria.com.br/unidades-de-medida/
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— Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a jarda, a polegada e o pé.
No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atualmente ele é definido como o comprimento da distância percorrida pela
luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo.
Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro (hm) e decâmetro (dam)12.
Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são chamados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que tem
como referência o metro.
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias, resultam de uma divisão que tem igualmente como referência o metro. Eles
aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é a nossa medida base - o metro.

— Medidas de Capacidade
As medidas de capacidade representam as unidades usadas para definir o volume no interior de um recipiente13. A principal unidade
de medida da capacidade é o litro (L).
O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada ao
cubo, temos então a seguinte relação:

1 L = 1 dm³

Mudança de Unidades
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são seus
múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os submúltiplos.
Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-se ou
dividindo-se por 10.
Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, podemos utilizar a tabela abaixo:

Exemplo: fazendo as seguintes transformações:


a) 30 mL em L
Observando a tabela acima, identificamos que para transformar de ml para L devemos dividir o número três vezes por 10, que é o
mesmo que dividir por 1000. Assim, temos:
30 : 1000 = 0,03 L

Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgula três casa diminuindo o número.

b) 5 daL em dL
Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas vezes
por 10, ou seja, multiplicar por 100.
5 . 100 = 500 dL

c) 400 cL em L
Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:
400 : 100 = 4 L
12 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/
13 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/
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Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade de
um determinado corpo conhecendo seu volume.
A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³), sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúltiplos
(dm³, cm³ e mm³).
Em algumas situações é necessário transformar a unidade de medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou vice-
versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:
1 m³ = 1 000 L
1 dm³ = 1 L
1 cm³ = 1 mL

Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo retângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90 m de
largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em litros, é:
A) 0,81
B) 810
C) 3,2
D) 3200

Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso, devemos multiplicar suas dimensões:
V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³

Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer a seguinte regra de três:

Assim, x = 0,81 . 1000 = 810 L.


Portanto, a resposta correta é a alternativa b.

Medidas de Massa
No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg)14. Um cilindro de platina e irídio é usado como o padrão
universal do quilograma.
As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e miligrama
(mg).
São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg.

• Unidades de medida de massa


As unidades do sistema métrico decimal de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg),
centigrama (cg), miligrama (mg).

Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das unidades de massa estão na tabela a seguir.

Além das unidades apresentadas existem outras como a tonelada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale a 1
000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para determinar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos. Uma
arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.

14 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
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— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-
se ou dividindo-se por 1015.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a tabela abaixo:

Exemplos:
a) Quantas gramas tem 1 kg?
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes.
1 kg → g
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g

b) Quantos quilogramas tem em 3.000 g?


Para transformar grama em quilograma, vemos na tabela que devemos dividir o valor dado por 1.000. Isto é o mesmo que dividir por
10, depois novamente por 10 e mais uma vez por 10.
3.000 g → kg
3.000 g : 10 : 10 : 10 = 3.000 : 1.000 = 3 kg

c) Transformando 350 g em mg.


Para transformar de grama para miligrama devemos multiplicar o valor dado por 1.000 (10 x 10 x 10).
350 g → mg
350 x 10 x 10 x 10 = 350 x 1000 = 350.000 mg

— Medidas de Tempo
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de
medidas a unidades de tempo é o segundo (s)16.

Horas, Minutos e Segundos


Muitas vezes necessitamos transformar uma informação que está, por exemplo, em minuto para segundos, ou em segundos para
hora.
Para tal, devemos sempre lembrar que 1 hora tem 60 minutos e que 1 minuto equivale a 60 segundos. Desta forma, 1 hora corresponde
a 3.600 segundos.
Assim, para mudar de hora para minuto devemos multiplicar por 60. Por exemplo, 3 horas equivalem a 180 minutos (3 . 60 = 180).

O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer para passar de uma unidade para outra.

Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em décimos, centésimos ou milésimos de segundos.
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um atleta é medido com precisão de centésimos de segundo.
15 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
16 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/
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Instrumentos de Medidas
Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo foram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um objeto
para indicar as horas.
Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como os
pêndulos para indicar intervalos de tempo.

Outras Unidades de Medidas de Tempo


O intervalo de tempo de uma rotação completa da terra equivale a 24h, que representa 1 dia.
O mês é o intervalo de tempo correspondente a determinado número de dias. Os meses de abril, junho, setembro, novembro têm 30
dias.
Já os meses de janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro possuem 31 dias. O mês de fevereiro normalmente têm 28
dias. Contudo, de 4 em 4 anos ele têm 29 dias.
O ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol. Normalmente, 1 ano corresponde a 365 dias, no
entanto, de 4 em 4 anos o ano têm 366 dias (ano bissexto).
Na tabela abaixo relacionamos algumas dessas unidades:

Tabela de Conversão de Medidas


O mesmo método pode ser utilizado para calcular várias grandezas.
Primeiro, vamos desenhar uma tabela e colocar no seu centro as unidades de medidas bases das grandezas que queremos converter,
por exemplo:
Capacidade: litro (l)
Comprimento: metro (m)
Massa: grama (g)
Volume: metro cúbico (m3)

Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem
respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.
Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.

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Exemplos:
a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?
Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode
ser escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso
é o litro.

Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que
estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.

Assim 35 litros correspondem a 35000 ml.

b) Transformando 700 gramas em quilogramas.


Lembrando que podemos escrever 700,0 g. Colocamos a vírgula e o 0 antes dela na unidade dada, neste caso g e os demais algarismos
nas casas anteriores.

Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para
atrás do algarismo que está na casa do quilograma.

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Então 700 g corresponde a 0,7 kg.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE INFORMAÇÕES EXPRESSAS EM GRÁFICOS E TABELAS

— Gráficos
Os gráficos são representações que facilitam a análise de dados, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza pes-
quisas estatísticas17. Eles trazem muito mais praticidade, principalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando são números
consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto temporal.

Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja, em
um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, devemos colocar nele somente o necessário.
As informações em um gráfico devem estar dispostas de maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo coeso
com a finalidade da pesquisa.”

Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas dimen-
sões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los. A seguir, listamos alguns.

• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta ou
relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das distribui-
ções desses dados.

Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. Nessa
coleta foi organizado o seguinte rol:

Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}

Podemos organizar esses dados utilizando um Dotplot.

Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a quan-
tidade total de dados coletados.

• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
17 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.

Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.

Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos da
empresa.

• Gráfico de Barras
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que deve
ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.

Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo analisar o percentual de determinada população que acesse ou tenha:
internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um gráfico como
este:

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• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em branco no gráfico de barra.

Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.

• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às frequên-
cias dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a área do setor circular.

Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando diferentes variáveis com frequências diversas para determinada gran-
deza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação em candidatos em uma eleição.

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• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)18.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.

• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.

18 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.

Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.

GEOMETRIA BÁSICA: ÂNGULOS, TRIÂNGULOS, POLÍGONOS, DISTÂNCIAS, PROPORCIONALIDADE, PERÍMETRO E ÁREA. PLA-
NO CARTESIANO: SISTEMA DE COORDENADAS, DISTÂNCIA

A geometria é uma área da matemática que estuda as formas geométricas desde comprimento, área e volume19. O vocábulo geome-
tria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron” (medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;

Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos sistemas
de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto e a reta.
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume, a
geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem volume e mais de uma dimensão.

— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)20.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:

— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é igual
ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²

19 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
20 https://bityli.com/BMvcWO
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— Lei dos Senos


Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de centro O e raio R, temos que:

— Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de triângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta conhecer o
cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados (arestas) do triângulo.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC, temos que:

— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
- Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
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- h é altura.

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

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Fórmulas da Circunferência

Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

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— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2

Fórmulas da Esfera

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

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Fórmulas do cilindro Fórmulas da Pirâmide Regular

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte
será 2r · h. Para uma pirâmide regular reta, temos:
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
Fórmulas do Prisma pirâmide.
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas
bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um triangulares.
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma. Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL.

Volume (V): V = . AB . h.

E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da


pirâmide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral),
temos pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos.

h² + r² = t²

h² + a² = g²

Fórmulas do Tetraedro Regular


Diagonal de um paralelepípedo: . Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos:
Área total de um paralelepípedo:
.
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por
retângulos.
Volume de um prisma:

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— Distância entre Dois Pontos


Altura da face = O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB)
é dado por:
Altura do tetraedro =

Área da face: AF =

Área total: AT =

A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por:


Volume do tetraedro:

— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da
matemática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra
utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas QUESTÕES
matemáticas.
Conhecer essa frente da matemática também é importante
para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em 1. PREFEITURA DE GUZOLÂNDIA/SP - ESCRITURÁRIO -
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x OMNI/2021
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo. Podemos definir um número primo, como um número natu-
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o ral, que é divisível por exatamente dois números naturais. Como os
conceito de ponto e reta. números racionais são números escritos como a fração entre dois
- Um ponto determina uma posição no espaço. números inteiros, assinale a opção CORRETA em relação aos núme-
- Uma reta é um conjunto de pontos. ros primos e racionais.
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões. (A) Os números primos não são racionais, já que não podemos
escrevê-los na forma de uma fração.
Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante (B) O único número primo e racional é o número 1.
para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas (C) Todos os números primos também são racionais.
também para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta (D) Não existe número primo que seja par.
e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano 2. PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - CARGOS DE NÍVEL FUNDA-
cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) MENTAL - FGV/2021
e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem Observe o exemplo seguinte.
o modelo A (xa,ya). O número 10 possui 4 divisores, pois os únicos números que
dividem 10 exatamente são: 1, 2, 5 e 10.
— Equação Fundamental da Reta O número de divisores de 48 é
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) (A) 6.
e tem coeficiente angular m é: (B) 7.
(C) 8.
y – y0 = m . (x – x0) (D) 9.
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta (E) 10.
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0. 3. PREFEITURA DE ITATIBA/SP - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁ-
SICA - AVANÇA SP/2020
No que se refere aos Conjuntos Numéricos, julgue os itens a
seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Reúnem diversos conjuntos cujos elementos são quase to-
dos números.
II – São formados por números naturais, inteiros, racionais, ir-
racionais e reais.
III – O ramo da Matemática que estuda os conjuntos numéricos
é a Teoria dos Sistemas.
(A) Apenas o item I é verdadeiro.
(B) Apenas o item II é verdadeiro.
(C) Apenas o item III é verdadeiro.
(D) Apenas os itens I e III são verdadeiros.

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(E) Todos os itens são verdadeiros. 8. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VUNESP/2020


Do número total de candidatos inscritos em um processo se-
4. PREFEITURA DE ARAPONGAS/PR - FISCAL AMBIENTAL - FA- letivo, apenas 30 não compareceram para a realização da prova.
FIPA/2020 Se o número de candidatos que fizeram a prova representa 88%
O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união de ou- do total de inscritos, então o número de candidatos que realizaram
tros conjuntos numéricos: naturais (ℕ), inteiros (ℤ), racionais (ℚ) e essa prova é
irracionais. Das alternativas a seguir, qual representa um conjunto (A) 320.
de múltiplos de um número real e, ao mesmo tempo, um subcon- (B) 300.
junto dos números naturais? (C) 250.
(A) {1, 5, 7, 9, 11, 13}. (D) 220.
(B) {−1, 5, −7, 9, −11, 13}. (E) 200.
(C) {1, −5, 7, −9, 11, −13}.
(D) {⋯ , 27, 36, 45, 54, 63, 72, ⋯ }. 9. CREF - 21ª REGIÃO (MA) - AUXILIAR ADMINISTRATIVO - QUA-
(E) {1, 5, 7, −9, −11, −13}. DRIX/2021
O ser humano pode carregar, no máximo, 10% do seu peso,
5. CRMV/AM - SERVIÇOS GERAIS – QUADRIX/2020 sem prejudicar sua coluna. Em uma loja, um funcionário que pesa
80 kg transportou 1.000 pacotes de folhas de papel de uma estante
A para uma estante B. Cada pacote contém 100 folhas de papel e
cada folha pesa 5 g.
Com base nessa situação hipotética e sabendo-se que o funcio-
nário não prejudicou sua coluna, é correto afirmar que o número
mínimo de vezes que ele se deslocou da estante A para a estante
B é igual a:
(A) 61.
(B) 62.
(C) 63.
(D) 64.
(E) 65.

10. PREFEITURA DE BOA VISTA/RR - NUTRICIONISTA - SELE-


CON/2020
A partir dos números escritos no quadro acima, julgue o item. Para calcular a capacidade de um caldeirão, usa-se a fórmula V
Os números 13 e 17 são primos. = π x R² x h (altura). Considerando-se que o caldeirão possui 1 metro
( ) CERTO de diâmetro e 0,50 cm de altura, a capacidade média em litros é
( ) ERRADO (considere π = 3,14):
(A) 252,5
6. PREFEITURA DE MINISTRO ANDREAZZA/RO - AGENTE ADMI- (B) 302,6
NISTRATIVO - IBADE/2020 (C) 337,5
Em uma determinada loja de departamentos, o fogão custava (D) 392,5
R$ 400,00. Após negociação o vendedor aplicou um desconto de R$
25,00. O valor percentual de desconto foi de: 11. PREFEITURA DE VILA VELHA/ES - PROFESSOR - IBADE/2020
(A) 5,57% A cidade de Vila Velha é separada da capital, Vitória, pela Baía
(B) 8,75% de Vitória, mas unidas por pontes. A maior delas é a monumental,
(C) 12,15% Terceira Ponte, com 3,33 km de extensão, um cartão postal das duas
(D) 6,25% cidades.
(E) 6,05% O comprimento da ponte, em metros, corresponde a:
(A) 0,333
7. ALEPI - CONSULTOR LEGISLATIVO - COPESE - UFPI/2020 (B) 33,3
Marina comprou 30% de uma torta de frango e 80% de um bolo (C) 333
em uma padaria. Após Marina deixar a padaria, Pedro comprou o (D) 3.330
que sobrou da torta de frango por 14 reais e o que sobrou do bolo (E) 33.300
por 6 reais, o valor que Marina pagou em reais é:
(A) 28
(B) 30
(C) 32
(D) 34
(E) 36

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12. CREFONO - 1ª REGIÃO - AGENTE FISCAL - QUADRIX/2020 (C) Função de segundo grau, f(x) = 3,75x2 + 20
Com base nessa situação hipotética, julgue o item. (D) Função de primeiro grau, f(x) = 3,75x + 20
Supondo-se que um cachorro de pequeno porte precise de 600 (E) Função de segundo grau, f(x) = 4x + 3,75 + 20
mL de água por dia para se manter hidratado e que 1 g de água
ocupe o volume de 1 cm3, é correto afirmar que a quantidade de 18. PREFEITURA DE SANTO AUGUSTO/RS - AUDITOR FISCAL DE
água necessária para um cachorro de pequeno porte se manter hi- TRIBUTOS MUNICIPAIS - FUNDATEC/2020
dratado é superior a meio quilo. Considerando as seguintes frações: f(x) = 2x + 8 e g(x) = 3x – 2,
( ) CERTO assinale a alternativa que apresenta o resultado de f(6)/g(2).
( ) ERRADO (A) 3.
(B) 5.
13. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS - (C) 8.
VUNESP/2020 (D) 16.
A capacidade de uma caixa d´água é de 8,5 m³. Essa capacidade (E) 24.
em litros é de:
(A) 8,5. 19. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS -
(B) 85. VUNESP/2020
(C) 850. Paulo vai alugar um carro e pesquisou os preços em duas agên-
(D) 8500. cias. A tabela a seguir apresenta os valores cobrados para a locação
de um mesmo tipo de carro nessas duas agências.
14. COMUR DE NOVO HAMBURGO/RS - AGENTE DE ATENDI- Agência Taxa inicial Taxa por quilômetro rodado
MENTO E VENDAS - FUNDATEC/2021 Qual o resultado da equação I R$ 40,00 R$ 8,00
de primeiro grau 2x - 7 = 28 - 5x? II R$ 20,00 R$ 5,00
(A) 3. O valor do aluguel é calculado somando-se a taxa inicial com
(B) 5. o valor correspondente ao total de quilômetros rodados. Se Paulo
(C) 7. escolher a agência II e rodar 68 km, ele pagará pelo aluguel a quan-
(D) -4,6. tia de
(E) Não é possível resolver essa equação. (A) R$ 360,00.
(B) R$ 420,00.
15. PREFEITURA DE PEREIRAS/SP - ASSISTENTE SOCIAL - AVAN- (C) R$ 475,00.
ÇA SP/2021 (D) R$ 584,00.
Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto para a
seguinte equação de primeiro grau: 20. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VU-
x + 5 = 20 – 4x NESP/2022
(A) x = 1. Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada
(B) x = 2. em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37
(C) x = 3. cm, e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de
(D) x = 4. madeira triangular deve ser de:
(E) x = 5. (A) 81 cm.
(B) 82 cm.
16. PREFEITURA DE CERQUILHO/SP - PROFESSOR DE ENSINO (C) 83 cm.
FUNDAMENTAL II - METROCAPITAL SOLUÇÕES/2020 (D) 84 cm.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o resultado (E) 85 cm.
para a seguinte equação de primeiro grau:
13x - 23 -45 = -7x +12 21. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE ADMI-
(A) 2. NISTRATIVO - OBJETIVA/2022
(B) 3. Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de
(C) 4. 12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo-se
(D) 5. que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo, quan-
(E) 6. tos metros de cerca serão necessários?
(A) 18m
17. PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES/RS - PSICOPEDAGOGO - (B) 20m
OBJETIVA/2021 (C) 22m
Um posto de combustível está com promoção em prol de uma (D) 24m
entidade. Em dias normais, o litro da gasolina está R$ 4,00, mas, na
promoção, abastecendo o carro e doando o valor de R$ 20,00 para
uma entidade beneficente, o litro da gasolina sai por R$ 3,75. A pro-
moção feita pelo posto pode ser descrita por uma função. Como é
chamada essa função e como podemos escrevê-la?
(A) Função de primeiro grau, f(x) = 4x − 3,75x + 20
(B) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 − 3,75x + 20
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22. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - PEB II - AVANÇA 26. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - AUXILIAR ADMI-
SP/2022 NISTRATIVO - AVANÇA SP/2021
Raquel deseja comprar 15 litros de uma bebida vendida na se- Um pai e uma mãe, no dia do nascimento do seu filho, resol-
guinte embalagem: veram aplicar uma determinada quantia em um investimento. Esse
dinheiro será resgatado quando o filho fizer 18 anos. Considerando
que o valor aplicado foi de R$ 15.000,00 com taxa de juros simples
de 1,5 % ao mês, qual será o valor do resgate?
(A) R$ 48.600,00
(B) R$ 63.600,00
(C) R$ 78.600,00
(D) R$ 83.600,00
(E) R$ 98.600,00

27. PREFEITURA DE SÃO BENTO DO SUL/ - PROFESSOR DE ANOS


FINAIS - OMNI/2021
Um homem, precisando fazer um empréstimo, consultou uma
agência bancária para analisar suas possibilidades. Ele quer fazer
um empréstimo no valor de R$ 5 000,00 e pagá-lo em uma única
Quantas embalagens iguais a essa, no mínimo, devem ser ad- parcela dois anos após a data do empréstimo. Para isso o banco
quiridas? apresentou duas propostas:
(A) 15 embalagens. • Modalidade de juros simples, com uma taxa de 10 · i % ao
(B) 30 embalagens. ano.
(C) 34 embalagens. • Modalidade de juros compostos, com uma taxa de · i % ao
(D) 45 embalagens. ano.
(E) 53 embalagens. Após analisar as propostas, este homem percebeu que o valor
a ser pago ao fim do período de 2 anos eram os mesmos para am-
23. CRF/GO - ADVOGADO - QUADRIX/2022 bos os casos. Dessa forma, qual é o valor de i?
Considerando uma esfera com 36 π metros cúbicos de volume, (A) 12.
julgue o item. (B) 15.
O raio dessa esfera é igual a 3 metros. (C) 18.
( ) CERTO (D) 20.
( ) ERRADO
28. PREFEITURA DE VICTOR GRAEFF/RS - PROFESSOR - OBJETI-
24. PREFEITURA DE VACARIA/RS - PROFESSOR DE ENSINO FUN- VA/2021
DAMENTAL - FUNDATEC/2021 Sabendo-se que a razão entre a altura de certa árvore e a pro-
O ponto A (-1,7) pertence à reta de equação reduzida: jeção de sua sombra é igual a 3/4 e que a sua sombra mede 1,6m,
(A) y = 2x + 7. ao todo, qual a altura dessa árvore?
(B) y = 2x + 9. (A) 1m
(C) y = -2x + 7. (B) 1,1m
(D) y = -x + 7. (C) 1,2m
(E) y = x + 7. (D) 1,3m
25. PREFEITURA DE ICAPUÍ/CE - AGENTE ADMINISTRATIVO - 29. PREFEITURA DE JARDINÓPOLIS/SC - FISCAL DE VIGILÂNCIA
CETREDE/2021 SANITÁRIA - GS ASSESSORIA E CONCURSOS/2021
Se tenho R$150,00 em julho e aplico essa quantia a juros sim- Na construção de um muro 8 pedreiros levaram 12 dias para
ples de 3% ao mês, qual o valor que terei em outubro? conclui-lo. Se a disponibilidade para fazer esse muro fosse de 6 ho-
(A) R$133,50. mens em quanto tempo estaria concluído?
(B) R$163,50. (A) 16
(C) R$173,00. (B) 14
(D) R$183,50. (C) 20
(E) R$193,00. (D) 21
(E) 18

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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

30. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VU-


NESP/2020
28 C
Uma escola tem aulas nos períodos matutino e vespertino. 29 A
Nessa escola, estudam 400 alunos, sendo o número de alunos do
período vespertino igual a 2/3 do número de alunos do período ma-
30 C
tutino. A razão entre o número de alunos do período vespertino e o
número total de alunos dessa escola é:
(A) 1/4 ANOTAÇÕES
(B) 1/3
(C) 2/5 ______________________________________________________
(D) 3/5
(E) 2/3 ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 CERTO
6 D ______________________________________________________

7 B ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 C ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 CERTO
13 D ______________________________________________________
14 B ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 D
______________________________________________________
18 B
19 A ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________
21 B ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 B
25 B ______________________________________________________

26 B ______________________________________________________
27 C ______________________________________________________
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

dãos, fornecedores, presidiários, contribuintes, bem como aqueles


CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO PÚBLI- indivíduos que recebem benefícios e subsídios, como no caso dos
CA E A GESTÃO PRIVADA clientes, além do mais, a proximidade não é sempre uma caracterís-
tica desejável para essas relações.
A questão para a gerência pública está no fato de construir re-
Para tentar entender as principais diferenças entre os dois mo- lacionamentos apropriados entre as organizações e seus públicos,
delos de administração, acredita-se que o “ponto de partida” está todavia nessa relação quem é considerado como o “chefe” dos bu-
na própria finalidade de cada uma das duas esferas de ação, ou seja, rocratas é o político e não o cidadão. No governo, a prova definitiva
o Estado se define pelo seu objetivo de bem comum ou interesse para os administradores não pode ser o produto ou então um gan-
geral que, no caso do Brasil, está explícito na Constituição Federal1. ho, mas sim precisa ser vista como a reação favorável dos políticos
Inclusive destaca-se sobre a importância do preâmbulo da eleitos.
Constituição Federal Brasileira, quando estabelece a razão de ser Além disso, como eles são motivados geralmente pelos grupos
do Estado brasileiro: de interesses, os administradores públicos no caso, ao contrário
Um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos dos gerentes de empresas, precisam incluir os grupos de interes-
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, se na sua “equação”, no que tange ao seu trabalho. Não é à toa
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos que é por esses motivos que um governo democrático e aberto tem
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada movimentos mais lentos se comparados aos das empresas, cujos
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacio- administradores podem tomar decisões rapidamente e a portas fe-
nal, com a solução pacífica das controvérsias. chadas.
Existem diferenças entre as questões da administração públi-
Ainda de acordo com a Constituição Federal, no artigo 3° de- ca e privada, sendo que um desses fatores está ligado à motiva-
termina os principais objetivos fundamentais do Brasil, dentre eles: ção, visto que, esse fator nos chefes do setor público é a reeleição,
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; enquanto os empresários têm como fim último o lucro. A missão
II - garantir o desenvolvimento nacional; fundamental do governo é ‘fazer o bem’, e o da empresa é “fazer
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- dinheiro”.
gualdades sociais e regionais; Assim, apresenta-se uma visão similar quando afirma que as
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, burocracias públicas são totalmente diferentes das firmas privadas
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. num aspecto fundamental, que contribui de certa forma que para
possibilidade de uma supervisão mais efetiva. Os serviços estatais
Sob esse prisma, observa-se que todas as constituições moder- geralmente são executados e produzidos por meio de uma burocra-
nas fazem a definição do Estado de um modo semelhante, sendo cia, no qual os membros normalmente são indicados por políticos,
que a maioria dessas constituições foram inspiradas na dos Esta- por isso acredita-se que o controle dos cidadãos sobre a burocracia
dos Unidos que, em 1787, onde foi estabelecida no seu preâmbulo só poderá ser de fato indireto, isto é, pelo fato que as instituições
os objetivos nacionais: formar uma União perfeita, estabelecer a democráticas não contêm mecanismos que permitam que os cida-
justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, dãos sancionem diretamente as ações legais dos burocratas.
promover o bem-estar geral, além de garantir os direitos referentes Na verdade, o que pode acontecer é os cidadãos poderem ava-
a liberdade. liar o desempenho da burocracia ao sancionarem, pelo voto, os po-
Todavia, todos esses fatos, sabe-se que não são considerados líticos eleitos.
como finalidades de uma empresa, que tem como sua definição,
uma organização de recursos materiais, financeiros, humanos e tec- — Elementos de diferenciação
nológicos, destinada a produzir um bem ou prestar um serviço para, Considera-se que existem vários elementos que são fundamen-
em geral, obter um ganho econômico. Neste sentido, entende-se tais para a diferenciação das duas formas de administração. Logo,
que fatores ligados a racionalidade bem como a própria essência da de um modo geral, as empresas privadas pautam sua ação pelo pla-
atividade estatal são caracterizadas por serem diferentes da gestão nejamento e gestão estratégicos.
de empresas. Neste sentido, destaca-se que a administração pública está
Sendo que a relação existente das organizações governamen- baseada em função de sistemas de planejamento governamental
tais perante o seu público não pode ser vista como um provedor mais rígido, no qual se orientam por princípios gerais previstos na
com um cliente. A gerência pública refere-se a dependentes, cida- Constituição, e, por sistemas de política pública. No setor público
1 Gestão de organizações públicas, privadas e da sociedade civil [re- existem sistemas mais abrangentes de planejamento em alguns se-
curso eletrônico] / Organizador Elói Martins Senhoras. – Ponta Grossa, tores, como por exemplo, o elétrico, transporte, industrial e dentre
PR: Atena, 2020. outros.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Assim, a empresa privada tem como objetivo principal a rea- que da organização pública é público, sendo que, o regime jurídico
lização da sua atividade principal de produção de um bem ou de aplicável para a empresa é de direito privado e para a organização
prestação de um serviço, e, como finalidade mediata, captar um pública, pelo menos, em princípio, é o direito público.
lucro econômico para a sua organização. Ainda, uma organização Logo, as pessoas que trabalham em instituições privadas estão
pública também tem como objetivo essencial a realização do cum- regidas pelo direito trabalhista (CLT) e as pessoas que trabalham
primento de sua missão institucional, para, através dela, obter o pela administração pública é, em princípio, estatutárias ou de di-
bem da comunidade e servir ao interesse geral. reito público.
Por isso que muitos autores acreditam que partem dessa pre-
missa o interesse de mobilizador da empresa privada seja a lucra-
tividade e o das organizações públicas seja a efetividade. Abaixo, EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS. GESTÃO DA
resumem-se as principais diferenças e relação a esse tipo de orga- QUALIDADE
nização.

Diferenças dos Modelos de administração do setor privado e — Prêmios da qualidade públicos


do setor público A partir da década de 80, governos de diversos países
começaram a implementar um conjunto de ideias que ficou conhe-
Modelo do Setor Privado Modelo do Setor Público cido como a „nova administração pública – NPM, do inglês, New
Public Management. O objetivo principal dessa doutrina é o de mo-
Escolha individual no mercado Escolha coletiva na sociedade dernizar a administração pública de forma a propiciar mais benefí-
organizada cios ao cidadão2.
Demanda e preço Necessidade de recursos As principais diretrizes da NPM são: administração visível e pro-
públicos fissional, utilização de medidas e padrões de desempenho, maior
ênfase no controle de resultados, desagregação de unidades para
Caráter privado da decisão Transparência da ação pública
melhor administrar, aumento da competição no setor público (prin-
empresarial
cipalmente, em licitações e parcerias), foco na utilização dos estilos
A equidade do mercado A equidade das necessidades de gestão da iniciativa privada, e maior disciplina e economia no
A busca da satisfação do A busca da justiça uso dos recursos públicos.
mercado Desde então, o serviço público caminha, cada vez mais, no sen-
tido de modernizar suas práticas de gestão. Para execução dessa
Soberania do consumidor Cidadania tarefa, a gestão da qualidade é uma importante aliada, pois traz con-
Competição como instrumento Ação coletiva como ceitos que auxiliam na consecução de objetivos com uma melhor uti-
do mercado instrumento da sociedade lização de recursos. Na aplicação da gestão da qualidade em serviços
organizada públicos, é importante que se alinhe esses conceitos com as políticas
a serem implementadas e com as expectativas dos cidadãos.
Estímulo: possibildiade de o Condição: consumidor pode Dessa maneira, é preciso melhorar internamente, sem perder,
consumidor escolher modificar serviços públicos porém, o foco externo. Portanto, além de boas políticas, é necessá-
rio que as organizações adotem boas práticas de gestão, alinhadas à
No que se refere ao Plano Diretor da Reforma do Aparelho do estratégia traçada, com a possibilidade de medição de desempenho.
Estado no Brasil, observa-se que o referido plano conseguiu susten- Aplicar a gestão da qualidade a serviços é um desafio, tanto
tar praticamente a mesma linha de pensamento, quando afirmava para o setor privado quanto para o público. Em uma pesquisa rea-
que: “enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos lizada, onde usuários atribuíram notas a alguns serviços públicos e
que os clientes fazem livremente na compra de seus produtos e ser- privados oferecidos no Estado da Geórgia (EUA), apesar do estereó-
viços, a receita do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribui- tipo consagrado de que os serviços públicos possuem um nível de
ções obrigatórias, sem contrapartida direta”. Desse modo, entende- desempenho abaixo do nível privado, esses recebem notas seme-
-se que na medida em que o mercado controla a administração das lhantes às atribuídas à iniciativa privada em processos de prestação
empresas, a sociedade, através da eleição de políticos é responsá- de serviços.
vel por controlar a administração pública. Além disso, as notas atribuídas pelas pessoas que não utiliza-
Diferente por exemplo da administração de empresas, já que ram o serviço público (baseadas apenas na sua percepção) foram
a mesma tem o seu objetivo voltado principalmente para o lucro menores do que as notas das pessoas que os haviam utilizado re-
privado, além da maximização dos interesses dos acionistas, espe- centemente. A melhoria na qualidade dos serviços públicos benefi-
rando-se que ao longo do tempo, por meio do mercado, o interesse cia, além do cidadão, o funcionário público.
coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está explí- Estudos demonstraram, por meio de uma pesquisa realizada
cita e diretamente voltada para o interesse público. com 274 gestores públicos, que a motivação dos funcionários está
Também é muito importante mencionar a influência direta diretamente relacionada com o ambiente da organização. Uma
que o Plano Diretor teve e ainda mantém na administração pública organização pública que consegue manter um alto nível de motiva-
brasileira, no âmbito federal e, especialmente, em vários estados e ção e uma boa imagem perante a sociedade facilita o recrutamento
cidades. Portanto, considera-se que ao se mencionar do ponto de de novos funcionários e aumenta o comprometimento com o ser-
vista da propriedade, o patrimônio da empresa é privado, enquanto viço público.
2 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/hand-
le/10183/97354/000919637.pdf?sequence=1
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os agentes públicos tendem a ter um perfil pessoal e profissio- suficiente e de boa qualidade), respostas flexíveis e rápidas (rea-
nal diferente daquelas que optam pela iniciativa privada. Gestores lização de adaptação quando as necessidades dos cidadãos mu-
públicos tendem a ser menos sensíveis a incentivos financeiros do dam), receptividade aos serviços (privilegiando o envolvimento dos
que os seus pares privados. cidadãos na definição dos serviços), competência do pessoal que
Para que ocorra a motivação dos agentes públicos, é necessário presta o serviço (habilidade técnica do servidor), polidez e gentileza
que eles sintam que prestam um serviço que agrega valor à socieda- do pessoal (que é um elemento-chave na qualidade de um serviço),
de, e não apenas servem à burocracia. Dessa forma, é importante credibilidade (no setor público, requer tratamento igualitário e pro-
um trabalho de comunicação que permita a esses agentes visualizar fissionalismo.
os benefícios que trazem para a sociedade. Possui relação direta com a imagem da organização), confia-
Nesse processo, a gestão da qualidade é válida, pois aumenta bilidade e responsabilidade (consistência e precisão na prestação
a eficiência da prestação de serviços, melhora a comunicação orga- do serviço), e segurança e qualidade dos aspectos tangíveis (ins-
nizacional e focaliza resultados. Qualidade já é um requisito básico talações adequadas, acesso a pessoas deficientes, por exemplo, e
para a existência das empresas da iniciativa privada. que passem uma imagem de serviço de qualidade, mobiliário, por
Em alguns mercados, uma qualidade superior significa, ain- exemplo).
da, um diferencial competitivo. A disseminação dessa filosofia nas
empresas ocorreu, em grande parte, devido à criação dos prêmios Quanto à medição de desempenho, no setor privado ela ocorre
da qualidade. de forma mais simples, visto que pode-se utilizar resultados finan-
Neste momento, para que os governos sirvam à população com ceiros como forma de comparação, enquanto que, no setor públi-
qualidade, os prêmios da qualidade públicos estão sendo utilizados co, há que se considerar resultados para os diferentes interessados
enquanto estratégia gerencial. Um prêmio da qualidade público (usuários do serviço, sociedade, dentre outros). Os prêmios públi-
pode ser definido como um instrumento que incentiva inovação e cos, em sua maioria, são compostos por modelos gerenciais, conhe-
desempenho no setor público, por meio da identificação de organi- cidos como modelos de excelência em gestão.
zações públicas com excelência em serviços. Esses modelos são focados numa gama de atividades geren-
Dessa forma, introduz competição em setores que não pos- ciais, comportamentos e processos que influenciam a qualidade
suem concorrência e incentivam o aprendizado organizacional, dos produtos e serviços entregues pelas organizações e contêm
pois as companhias que se destacam mostram suas virtudes para critérios a serem atendidos pelo setor. Eles estão baseados nos
outras organizações, participantes ou não da premiação. Boa parte princípios, conceitos e linguagem próprios da natureza pública das
das premiações da qualidade premiam tanto organizações privadas organizações.
quanto as públicas.
O que motiva a criação de prêmios exclusivamente públicos é — Critérios de Excelência em Gestão Pública
o fato de as restrições desse ambiente serem diferentes das do am- Critérios de Excelência definem o que uma organização deve
biente privado. Fundamentalmente, o setor público pertence a uma apresentar para que seu modelo de gestão seja considerado com-
comunidade, enquanto o setor privado pertence a um empresário patível com o modelo de determinada premiação. Os critérios cons-
ou grupo de acionistas. tituem-se de requisitos, e a forma de atingi-los é determinada pela
Além disso, os serviços públicos são custeados, majoritaria- própria organização.
mente, com recursos de impostos, enquanto que os serviços pri- Os critérios de grande parte dos prêmios existentes atualmente
vados são sustentados pelos valores pagos pelos clientes. Assim, baseiam-se nos critérios de três premiações: o japonês, Prêmio De-
as organizações públicas são guiadas, principalmente, por forças ming; o europeu, EQA (do inglês, European Quality Award); e o nor-
políticas ao invés de forças econômicas, gerando diferentes fontes te-americano, Malcolm Baldrige National Quality Award (MBNQA).
de autoridade, que podem ser conflitantes. Cada premiação elenca os seus critérios de acordo com o enfo-
Tais características influenciam no modo de administração. Na que desejado, por exemplo, o Prêmio Deming é mais voltado para a
administração privada, os empresários ou sócios procuram contro- implementação de ferramentas de controle estatístico da qualida-
lar o negócio diretamente, e os administradores possuem benefí- de, enquanto que o EQA possui maior foco no impacto na socieda-
cios financeiros diretos de um bom resultado da companhia, seja de e na gestão de pessoas da organização.
através de ações ou de programas de incentivo. Na administração O objetivo do Prêmio Nacional da Gestão Pública - PQGF é o
pública, geralmente, os administradores não obtêm benefícios fi- de elevar o padrão dos serviços públicos prestados e aumentar a
nanceiros de um bom resultado alcançado na instituição. competitividade do país. O prêmio está inserido no Programa Na-
Outro entrave é a burocracia, que tende a ser maior no setor cional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA), criado
público, devido à necessidade de controle sobre o patrimônio públi- em 2005, a partir da união do Programa de Qualidade no Serviço
co. Muitas vezes, essa característica pode levantar barreiras à busca Público com o Programa Nacional de Desburocratização.
de inovações, ou, ainda, uma preocupação excessiva com regras e O modelo de excelência utilizado pelo PQGF é o Modelo de
processos ao invés de resultados. Excelência em Gestão Pública - MEGP, cujos critérios são voltados
Por fim, o horizonte de planejamento, geralmente é curto, para os clientes externos e internos da organização, inspirados nos
dada a instabilidade decorrente do fato de as forças políticas mu- critérios do Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ, que são utilizados
darem periodicamente. Em relação à medição da qualidade em para organizações privadas.
serviços públicos, definem-se dez dimensões principais: acesso ao Esses critérios estão em constante atualização, de forma a esta-
serviço (p.ex., localização, tempo de espera, disponibilidade, dentre rem alinhados com o que há de mais atual em excelência em gestão
outros), nível de comunicação (associado à linguagem simplifica- e com as mudanças que ocorrem na administração pública.
da, mas que mantenha o rigor à legislação), sistema administrativo
inteligível (por meio de processos simplificados com informação
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O MEGP está alicerçado sobre os cinco princípios constitucionais da Administração Pública (legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência) e sobre treze fundamentos que expressam o estado da arte da gestão pública contemporânea: pensamento sis-
têmico, aprendizado organizacional, cultura da inovação, liderança e constância de propósitos, orientação por processos e informações,
visão de futuro, geração de valor, comprometimento com as pessoas, foco no cidadão e na sociedade, desenvolvimento de parcerias,
responsabilidade social, controle social, e gestão participativa.
Além disso, o MEGP está dividido em oito partes, que constituem os critérios, os quais estão integrados em quatro blocos, como
mostra a figura abaixo.
Em cada caixa encontra-se o número, o nome e a pontuação máxima possível de cada critério. Os critérios de 1 até 7 formam a dimen-
são “Processos Gerenciais” do modelo, enquanto que o critério 8 compõe a dimensão “Resultados Organizacionais”.

Relação entre as partes que compõem o MEGP

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pdf?sequence=1

O modelo segue a lógica do PDCA, que vem do inglês, Plan (Planejar), Do (Executar), Check (Verificar) e Act (Agir).
O primeiro bloco (Liderança, Estratégias e Planos, Cidadãos e Sociedade) corresponde à fase de “planejamento” do modelo, onde a
Alta Administração traça estratégias que atendam às necessidades dos cidadãos. O segundo bloco (Pessoas e Processos) engloba a parte
de “execução” do ciclo, transformação das estratégias em resultados.
No terceiro bloco (Resultados) é onde ocorre a etapa de “controle” do atendimento das necessidades dos usuários, da gestão de
pessoas, da execução orçamentária, dentre outros. O último bloco representa a etapa de “ação”, pois é a parte onde a organização analisa
dados internos e externos e toma atitudes no sentido de corrigir ou melhorar suas práticas de gestão.
Para efeito de avaliação das organizações, as oito partes são transformadas em Critérios de Excelência. Esses são desdobrados em
itens, que, por sua vez, se desdobram em requisitos.
O GESPÚBLICA trabalha com três instrumentos de auto avaliação da gestão, de acordo com o estágio de desenvolvimento na busca
pela excelência da organização: o instrumento de 250 pontos, o de 500 pontos e o de 1000 pontos. Os instrumentos de 250 e 500 pontos
são utilizados por organizações que estão iniciando essa busca pela excelência, enquanto que o modelo de 1000 pontos é utilizado por
instituições que desejam concorrer ao PQGF.
A auto avaliação consiste na avaliação do grau de aderência das práticas de gestão da organização em relação ao referencial de ex-
celência proposto. As deficiências identificadas na organização dão origem a um Plano de Melhoria da Gestão (PMG), com ações para a
melhoria do seu desempenho.
A auto avaliação e o PMG são submetidos ao GESPÚBLICA para validação externa e posterior emissão do certificado do nível de gestão,
o qual possui validade de um ano e seis meses. O sistema de pontuação determina o estágio de maturidade da gestão da organização nas
dimensões “Processos Gerenciais” e “Resultados Organizacionais”.
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os processos gerenciais são avaliados em quatro fatores de O quadro de gestão por resultados exige novos valores que
pontuação: enfoque (que analisa se as práticas de gestão são ade- possam catalisar o processo de obtenção de resultados. A delega-
quadas e proativas), aplicação (que avalia a disseminação e con- ção implica a transferência de mais responsabilidades aos gestores,
tinuidade das práticas na organização), aprendizado (que verifica enquanto a habilitação consiste em disponibilizar-lhes os meios ne-
se houve refinamento das práticas) e integração (que examina se cessários que possam facilitar o processo decisório, como a infor-
existe coerência com as estratégias, se as práticas estão inter-re- mação, a formação e a autoridade exigida.
lacionadas com as outras e se existe cooperação entre as partes É necessário que se estabeleçam alguns mecanismos de res-
interessadas). ponsabilização para a habilitação do gestor público, apontando os
Os resultados organizacionais são avaliados em relação aos se- seguintes:
guintes fatores de pontuação: relevância (que verifica a importância (a) objetivos esclarecidos para a conscientização de todos;
dos resultados para o alcance dos objetivos estratégicos), tendência (b) definição de indicadores de rendimento para avaliar os re-
(que analisa o comportamento ao longo do tempo) e nível atual sultados;
(que examina o atendimento ao requerido pelas partes interessa- (c) implementação de sistemas de informações viáveis;
das e a comparação com o nível dos resultados de outras organi- (d) elaboração de relatórios tempestivos de resultados.
zações). De acordo com a pontuação global obtida, a organização
é enquadrada em um dos nove estágios de maturidade de gestão Na busca da administração por resultados, deve-se abandonar
do modelo. o excesso de burocracia, eliminando-se controles desnecessários
A organização deve, antes de proceder à sua auto avaliação, que representam limitações ou barreiras para a obtenção de resul-
elaborar o seu perfil, onde consta uma apresentação da organiza- tados oriundos de decisões centralizadas. Assim, o processo de evi-
ção, com aspectos relevantes sobre seus processos, área de atua- denciação e comunicação exigem o fornecimento e detalhamento
ção, desafios, o relacionamento com as partes interessadas e um de uma informação completa e útil.
histórico da busca pela excelência. Esse perfil proporciona uma vi- Na base da administração por resultados, está o accounta-
são sistêmica da organização, tornando explícitos conhecimentos bility (prestação de contas) que representa uma etapa crucial na
implícitos e, por consequência, facilitando a auto avaliação. implementação deste modelo de gestão no processo gerencial da
administração pública. A adoção do modelo da administração por
O MEGP é um modelo genérico para todos os tipos de organi- resultados requer uma mudança mais cultural do que estrutural.
zações públicas, mas possui versões adaptadas às particularidades
de alguns setores, como o de saneamento. Ele também serve de re- Compromisso, responsabilidade e envolvimento constituem fa-
ferencial para outros prêmios estaduais e municipais de excelência tores que devem determinar o comportamento do agente público
em gestão pública. frente à máquina administrativa pública, no sentido da busca por
resultados concretos. A conscientização sobre esses valores facilita
o processo contínuo da perseguição de resultados no setor público.
GESTÃO DE RESULTADOS NA PRODUÇÃO DE SERVIÇOS Portanto, deduz-se que a dimensão comportamental é parte
PÚBLICOS integrante da gestão por resultados e mostra-se como elemento
essencial para o seu êxito. O estágio atual da sociedade moderna
exige da administração pública um foco nos resultados.
A prática da administração voltada para os resultados tem Assim, é preciso que ela responda às expectativas modernas, o
como requisito uma gestão organizacional articulada acerca de vá- que obriga a passagem pela gestão por resultados. Com isso, passa-
rios elementos que podem ser identificados em quatro principais -se a exigir dos gestores públicos não somente a prestarem contas,
dimensões3: com o principal objetivo de tornar públicos os relatórios descritivos
a) quadro estratégico responsável pela formulação da estraté- de fatos gerenciais acontecidos, mas, sobretudo, a evidenciarem
gia referente à meta da organização e os meios necessários para um “income of accountability”.
alcançá-la; Um modelo de administração centralizado nos resultados per-
b) delegação, habilitação e responsabilização; mite às organizações centrar constantemente sua atenção no alcan-
c) concentração em resultados pela eliminação de controles ce de resultado. Para tanto devem mensurar seu desempenho de
inúteis; forma regular e objetiva. Nesse modelo, destaca-se a necessidade
d) implementação de um sistema de reporting e de comuni- de o gestor público apreender novos mecanismos e de adaptá-los,
cação. para melhorar a sua eficácia administrativa.
A nova abordagem da gestão pública requer que os cidadãos
A implementação de um quadro estratégico na administração sejam colocados no centro das preocupações da administração,
pública requer o abandono da visão legalista. No setor público, buscando meios de integrá-los aos debates e fazer com que par-
costuma-se cumprir metas orçamentárias preocupando-se sempre ticipem nas decisões. Com essa medida, os administradores públi-
com o equilíbrio de receitas e despesas. O enfoque nos resultados cos podem gerir os recursos colocados à sua disposição de maneira
deve ser traduzido pela formulação de estratégias gerenciais que econômica e eficaz.
permitam ao órgão público identificar a meta a ser atingida, bem
como o caminho apropriado para o alcance da meta traçada.

3 http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ENAPG360.pdf
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

— A administração por resultados: novo paradigma da admi- Para que se possa implantar uma administração focalizada em
nistração pública resultados, impõe-se redesenhar o modo de gestão dos sistemas de
No estágio atual da gestão pública, o principal debate acerca da administração pública. Os gestores públicos precisam definir claramen-
nova administração pública diz respeito à administração por resul- te os resultados que se pretende obter, implementar o programa ou
tados. Ela representa fortemente um dos elementos-chave da New serviço, mensurar e avaliar o rendimento e, caso seja necessário, fazer
Public Management (Nova Gestão Pública). ajustamentos para aumentar a sua eficiência e a sua eficácia.
Esta busca por resultados se evidencia nas reformas ou mo- A administração dirigida à geração de resultados assegura um
dernizações de muitas administrações no mundo. Em quase todos melhoramento contínuo da performance, facilita o alcance de ser-
os projetos de modernização ou de reforma de uma administração viços de excelência e favorece o desenvolvimento da liderança e a
pública, é sempre conferida uma ênfase maior na gestão por resul- responsabilização pelos indivíduos e pela coletividade. A adoção de
tados. critérios para a obtenção de resultados, por parte da gestão pública
A avaliação dos resultados das políticas, dos programas e dos gerencial, envolve questões relevantes de mensuração.
serviços constitui um elemento essencial da administração pública. A literatura voltada à mensuração de resultados da gestão pú-
Essa avaliação ajuda a identificar o que funciona e o que não funcio- blica tem defendido a utilização de indicadores físicos ou qualitati-
na, bem como a evidenciar outros meios estratégicos de melhorar vos para indicar os benefícios que constituem os objetivos e metas
as políticas, os programas e as iniciativas. das políticas avaliadas. Conclui que somente os custos são expres-
Uma política de administração baseada em resultados favorece sos em termos monetários, fazendo-se necessária a comparação
a geração de conhecimentos objetivos e detalhados, no sentido de desses custos aos benefícios quantitativos ou qualitativos para fins
auxiliar os gestores a tomar decisões mais eficientes sobre suas po- de avaliação.
líticas e seus programas de governo. Os resultados no setor público assumem um significado espe-
A administração por resultados tem um papel importante nes- cial. Por isso, devem existir unidades organizadas do setor público,
te cenário de reformas recentes do setor público no mundo. Esse para propiciar o alcance do resultado desejado de uma determina-
modelo disponibiliza informações relevantes voltadas para a eficá- da política. Mas suas ações se concentram totalmente nos produ-
cia, a eficiência e a performance das políticas vinculadas ao setor tos/serviços das políticas, ao invés dos resultados que devem ser
público. Além disso, contribui para a otimização da gestão pública. atingidos. A gestão por resultados exige uma visão mais ampla do
O direcionamento da administração pública na busca de resul- que aquela preocupada apenas em equacionar recursos com pro-
tados permite aos gestores responder às preocupações dos contribuin- dutos/serviços.
tes quanto à utilização dos recursos públicos. Enfim, uma administra- Qualquer organização, seja pública ou privada, precisa desen-
ção pública voltada para os resultados é essencial para um governo que volver uma atenção equilibrada para o que está fazendo, devendo
prioriza os cidadãos e busca assegurar o bem-estar social. priorizar sua relação com as necessidades dos consumidores.
As organizações dos setores público e privado que mensuram Um outro aspecto que não se pode silenciar diz respeito a gran-
e avaliam os resultados de suas atividades consideram que esta in- de quantidade de leis que regem a administração pública brasileira
formação as leva a repensar seu papel e contribui para melhorar que muitas das vezes trazem interpretações contraditórias, dificul-
seu rendimento. Elas podem, em consequência, recompensar os tado assim sua eficácia nos três entes federativos, levando assim os
sucessos, manter as experiências anteriores e gerar a confiança da gestores a usarem, muita das vezes, técnicas informais no modo de
sociedade. Sua aptidão para mensurar e avaliar os resultados é in- gerir os recursos públicos.
dispensável à execução de programas, à prestação de serviços e à
aplicação de políticas de qualidade.
No passado, e ainda com resquícios no presente, os governos O PAPEL DO SERVIDOR
enfatizavam o que gastavam, o que faziam e o que produziam. Não
se pode negar que é importante ter informações exatas nessas
áreas. Entretanto, isto não é suficiente para concretizar a orienta- Nos últimos anos, o funcionalismo público vem ganhando uma
ção centralizada em resultados imposta por este modelo de admi- maior visibilidade através de lutas para a melhoria salarial, tornan-
nistração. do-se parte fundamental para o funcionamento de um país. Mesmo
Uma administração baseada em resultados permite aos órgãos com cargos que não são muito privilegiados na questão remunera-
públicos oferecer um melhor serviço aos cidadãos, identificando os ção, a sociedade ainda rotula o servidor como o vilão do desenvol-
pontos fortes e os pontos de estrangulamento dos programas. Com vimento.
isso, é possível detectar aqueles que não dão bons resultados. Sabemos que há pessoas que pouco contribuem para o bem
Um programa de administração moderna impede os gestores comum, mas existem muitas exceções, e a despeito do descaso
de irem além do que fazem (atividades) e do que produzem (ou- reinante, há funcionários que honram seu ofício, aplicando-se com
tput), orientando-os a centrar sua atenção nos resultados reais, isto todo seu empenho em seus deveres diários.
é, nas consequências e nos efeitos dos seus programas. O papel do servidor, diante dos cofres do estado, sempre será
Os requisitos para a avaliação da performance da administração de espelho de confiança para os contribuintes. Como o Código de
baseada em resultados têm se acentuado muito nos últimos anos, Ética do Servidor preceitua: “não basta distinguir entre o bem e o
tornando complexa a avaliação da performance das atividades em mal, mas acrescer a isto a ideia de que o fim é sempre o bem co-
todos os níveis de todo o governo. Pesquisas sobre a avaliação da mum”.
performance administrativa, no setor público, vêm apontando pro-
blemas na concepção e gestão desses sistemas, indicando sua efi-
cácia como principal fator no tocante a accountability dos governos.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Todos os seus atos deverão ser pautados na moralidade admi- O servidor público, qualquer que seja sua formação ou função
nistrativa, integrada no Direito, uma vez que se identifica com seu desempenhada, é um importante agente na construção social. Ao
patronato na sociedade, incluindo a si próprio como contribuinte, contrário das pessoas que desempenham cargos políticos, cargos
ajudando a custear com pagamento de seus tributos a sua remune- de confiança ou que são servidores temporários, o servidor público
ração mensal. permanece desempenhando sua função, anos e anos a fundo, tor-
Se a função pública é tida como exercício profissional, está ela nando-se profundo conhecedor da gerência de prestação de servi-
vinculada à sua vida particular. Fatos e atos de sua vida poderão ços ao cidadão.
acrescer ou diminuir seu bom conceito. Na Roma Antiga, os senadores, ocupando o mais nobre cargo
Reconhecemos que há dificuldades para servir bem à popula- do funcionalismo público, eram consultores do imperador e gover-
ção: baixa remuneração, condições de trabalho em níveis críticos, nantes das principais províncias. Quer pelo reconhecimento social
valorização de natureza política e não profissional, absoluta falta de conquistado, quer pelos inerentes privilégios decorrentes do cargo,
motivação. Porém, mais do que nunca o funcionário público deve instigavam certa avidez dos não eleitos.
mostrar zelo e empenho no exercício de suas atividades. Quanto No Brasil, o funcionalismo público fez-se presente desde a che-
mais serviços prestar à sua comunidade, mais essa o valorizará. Ce- gada da frota de navios portugueses comandada por Pedro Álvares
der às pressões com desânimo só poderá apressar sua desvaloriza- Cabral, em 22 de abril de 1500. O receio de invasões estrangeiras
ção e fundamentar a teoria de seu descarte. e a necessidade de desenvolver a economia luso-americana torna-
O Código de Ética do Servidor Público, através do Decreto nº. ram urgente a ampliação da máquina burocrática metropolitana
1.171 de 22 de junho de 1994, é considerado um dos mais rigorosos atuante na colônia, a partir de 1530.
no estabelecimento dos limites comportamentais. Vamos destacar Em 1808, ao lado de D. João VI, quase 15 mil portugueses, den-
abaixo alguns incisos deste decreto: tre membros da realeza, funcionários, criados, assessores e pes-
Inciso III – A moralidade da Administração Pública não se limita soas ligadas à corte, se instalaram na cidade do RJ. A partir deste
à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de momento, diante da necessidade de reger-se a colônia conforme
que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a diplomacia real, tomou-se maior consciência da importância do
a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consoli- trabalho administrativo.
dar a moralidade do ato administrativo. Proclamou-se a independência, aboliu-se a escravatura, o Bra-
Inciso VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não sil virou República e, durante toda a história política, lá estavam pre-
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da sentes os funcionários públicos, impulsionando o desenvolvimento
própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum do País.
Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do Um dos primeiros documentos consolidando as normas rela-
hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam tivas ao funcionalismo público foi o decreto 1.713, de 28/10/39.
até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. Razão pela qual, no ano de 1943, o então Presidente da República
Inciso X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espe- Getúlio Vargas institui o dia 28 de outubro como o Dia do Funcio-
ra de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, nário Público.
permitindo a formação de longas filas ou qualquer outra espécie Hodiernamente, os direitos e deveres dos servidores públicos
de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude estão definidos e estabelecidos na Constituição Federal, a partir de
contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave seu artigo 39.
dano moral aos usuários dos serviços públicos. A Constituição do Estado de SP dispõe acerca do tema nos ar-
Inciso XI – O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens tigos 124 e seguintes, assim como o próprio Estatuto dos Funcioná-
legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumpri- rios Públicos (Lei Estadual 10.261/68).
mento e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, Obviamente, o papel do servidor público não é apenas o de ser
o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de estável. É muito mais do que isso, pois a sua atuação está necessa-
corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da riamente voltada para os anseios da sociedade.
função pública. A estabilidade dos servidores somente se justifica se ela asse-
Inciso XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- gura, de um lado, a continuidade e a eficiência da Administração e,
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que de outro, a legalidade e impessoalidade da gestão da coisa pública.
quase sempre conduz à desordem nas relações humanas. Com efeito, a responsabilidade do servidor público é muito
É importante que todo servidor público esteja ciente do conte- maior do que se imagina, tornando-se um privilégio por tratar-se
údo do Código de Ética, contribuindo assim para o melhor desem- de agente transformador do Estado.
penho de suas funções. Ao longo destes meus quase cinquenta anos de advocacia
pública, tive a oportunidade de conhecer e conviver, dia após dia,
A importância do servidor público com muitos servidores públicos. Sua grande e avassaladora maioria
Quando um servidor público menciona a sua função, logo des- exerce com zelo as atribuições do cargo, observando todas as nor-
perta uma série de reações diversas nas pessoas. mas legais e regulamentares.
Enquanto algumas ficam admiradas, pois para ser um servi- Costumo dizer que, com a Constituição Federal de 1988, nas-
dor público a pessoa precisou submeter-se a prévio e concorrido ceu a figura de um novo servidor público que, mais liberto de es-
concurso; outras enxergam o servidor com certa desconsideração, tereótipos do passado, possui plena consciência da dimensão de
acreditando que este trabalha menos e recebe mais, tornando-se, sua tarefa.
assim, oneroso aos cofres públicos.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A prestação do serviço público é das mais importantes ativi- Tal fenômeno resultará na ampliação dos estreitos limites da
dades de um corpo social. Nenhum País, Estado ou Município fun- definição jurídica do conceito de cidadania de uma noção relativa-
ciona sem seu quadro de servidores públicos, responsáveis pelos mente passiva, onde o cidadão é visto da perspectiva de mero por-
diversos serviços fornecidos ao cidadão. tador de direitos e deveres para com o Estado, para uma concepção
mais ativa, na qual “os cidadãos participantes da esfera pública”
(BENEVIDES, 1998) serão potenciais agentes da exigência do res-
CIDADANIA: DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO peito aos direitos assegurados e, ainda, da criação de mais espaços
públicos e quiçá de novos direitos não enunciados.

Cidadania é termo que advém do latim (com raiz em civitatis, Sentido originário greco-romano de cidadania
de civitas, que significa cidade, palavra da qual deriva cidadão e ci- Segundo expõe MARILENA CHAUÍ (2001, p. 371), o termo civi-
dadania) (CUNHA, 200:182) e possui vários sentidos, que vão desde tas (raiz etimológica de cidadania) é tradução latina da palavra gre-
o técnico-jurídico, isto é, qualidade daquele que “usufrui de direitos ga polis, que indica cidade como ente público e coletivo. Também
civis e políticos garantidos pelo Estado e desempenha deveres que, res publica, por exemplo, é tradução latina de ta politika, “signifi-
nesta condição, lhe são atribuídos” (HOUAISS, 2001:714), passando cando, portanto, os negócios públicos dirigidos pelo populus roma-
pela associação ao ato de fazer valer os direitos, e havendo inclusi- nus, isto é, os patrícios ou cidadãos livres e iguais, nascidos no solo
ve, no Estado Contemporâneo, quem fale em cidadania universal[1] de Roma”. Polis e civitas correspondem ao conjunto de instituições
(BENEVIDES, 1998): exercitada pelo “cidadão do mundo”, ou seja, públicas, incluindo leis, erário público, serviços públicos e sua admi-
pelo indivíduo “que coloca suas obrigações para com a humanidade nistração pelos cidadãos.
acima dos interesses de seu país” (BENEVIDES, 1998). Em Roma, cidadania designava uma situação política detida por
A polissemia ou ambiguidade do termo ao mesmo tempo que alguns, com exclusão, por exemplo, dos escravos, das mulheres e
aponta para um potencial ou riqueza de sentidos faz com que ele, das crianças, em relação à possibilidade de participação dos assun-
de certa forma, perca sua força originária, que deita raízes na Anti- tos relativos ao Estado Romano. Segundo expõe DALMO DE ABREU
guidade greco-romana, conforme se exporá. DALLARI:
Atualmente, do ponto de vista estrito do Direito, costuma-se “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa
dizer que cidadão é o nacional que está no gozo dos direitos po- a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de
líticos. Trata-se, portanto, de quem possui título de eleitor e, por seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído
conseguinte, pode participar diretamente dos assuntos do Estado, da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de
via de regra, por meio de eleição, plebiscito, referendo ou iniciativa inferioridade dentro do grupo social” (DALLARI, 1998:14).
popular. Foi, contudo, na Grécia do auge da democracia, que a questão
Tal sentido, entretanto, enfraquece as potencialidades da no- da participação dos cidadãos na condução dos assuntos coletivos
ção de cidadania em um Estado Democrático de Direito. Cidadania assumiu uma dimensão mais pronunciada. Neste período, houve
é um conceito em construção e não algo dado ou acabado. Ade- a cisão entre as concepções de esfera privada, na qual as pessoas
mais, a construção da amplitude da noção de cidadania não se deu desempenhavam atividades ligadas à sobrevivência, num espaço de
de forma tranquila e pacífica, mas foi produto de lutas travadas sujeição (dos escravos, das mulheres e dos menores), e de esfera
contra privilégios infundados rumo à afirmação de direitos relacio- pública, considerada como espaço de igualdade, no qual homens
nados com a igualdade e consequentemente à universalização de livres exerciam a cidadania.
seu exercício. Os cidadãos gregos desta época eram iguais em dois sentidos:
Neste contexto, deve-se ressaltar que, no Brasil, a Constituição (a) o da isonomia, que implicava a igualdade perante a lei; e (b) o da
de 1988 representou um marco na transição de um regime auto- isegoria, a qual atribuía idêntico direito a todos de expor e discutir
ritário para um Estado Democrático de Direito, o que implicou na em público sobre as ações que a polis deveria ou não realizar. Como
necessidade de implementação de várias formas de participação da os gregos conferiam elevado valor à noção de igualdade, o sorteio
sociedade nos assuntos coletivos, que não se restringem às três ex- foi considerado a mais justa forma de distribuição de encargos esta-
pressões de democracia direta positivadas na Constituição (art. 14). tais, uma vez que assim todos os cidadãos seriam, de fato, tratados
A cidadania, conforme especifica o artigo 1º, II, da Constituição com isonomia[2].
Federal, é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. Assevere-se que, para os gregos, o espaço público era um re-
Na realidade, rigorosamente falando, nem haveria necessidade de ferencial valorativo que apontava para a finalidade superior da vida
tal alusão, uma vez que as noções de democracia e cidadania são dos homens livres, entendida como racional e justa. Nesta perspec-
intrinsecamente indissociáveis. tiva, o desenvolvimento das virtudes políticas fazia parte do ideal
A tendência, conforme o País avance no processo de consoli- de educação (JAEGER, 2001:1098) do homem grego, para a garantia
dação da democracia, será a ampliação das formas de participação de uma existência livre e ativa em face dos serviços públicos desen-
da coletividade nos assuntos de interesse geral, mediante o desen- volvidos para a coletividade.
volvimento de diversos expedientes, como audiências e consultas
públicas, conselhos de gestão e de fiscalização de serviços públicos, Barreiras históricas e culturais à vivência da cidadania plena
incremento dos espaços públicos de reivindicação e pelo fortaleci- no Brasil
mento dos movimentos populares e das organizações criadas no Cidadania, conforme visto é conceito relacionado com a atu-
seio da sociedade civil. ação dos indivíduos na condução dos negócios públicos. Trata-se,
portanto, de circunstância relacionada com a democracia, que,

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

quando transformada em realidade, exige e incentiva que o indiví- “de um lado, os chefes municipais e os coronéis, que conduzem
duo tenha uma postura ativa, no sentido de integrar-se, discutir e magotes de eleitores como que toca tropa de burros; de outro lado,
fazer-se ouvir perante o organismo político. a situação política dominante do Estado, que dispõe do erário, dos
empregos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o
O exercício pleno da cidadania é conquista social, relacionada cofre das graças e o poder da desgraça” (LEAL, 1975:43).
com a afirmação e respeito aos Direitos Humanos. Mesmo que qua- O coronelismo caracterizou-se como sistema político baseado
se todos os ordenamentos jurídicos nacionais tenham incorporado na “troca de favores”. O Estado, de um lado, negociava a nomeação
em seus preceitos normas que enunciam valores favoráveis ao de- dos cargos públicos, o erário e o controle da polícia e, de outro lado,
sempenho da cidadania, a sua prática (práxis) varia muito de Estado o coronel oferecia a liderança em relação aos trabalhadores de sua
para Estado e de período para período no mesmo local. circunscrição rural, que com a República foram transformados em
É pressuposto do pleno exercício da cidadania o desenvolvi- eleitores. A ideia era buscar um compromisso no qual haveria a ga-
mento de relações sociais mais igualitárias, por isso que incomo- rantia de eleição dos governadores e simultaneamente a manuten-
da tanto a formulação feita por FRIEDRICH MÜLLER (2000, p.5-60): ção do poder privado dos coronéis, mesmo que em decadência.
que grau de exclusão social ainda pode ser tolerado por um sistema O governo estadual, em troca do apoio político, concedia uma
democrático? Tender-se-ia responder cinicamente que em uma de- autonomia “extralegal” aos coronéis que compreendia: (1) o poder
mocracia material nenhum grau de exclusão social pode ser tole- para a nomeação de cargos públicos, permitindo o surgimento do
rado, contudo, a problemática denuncia que as pessoas, no geral, denominado “filhotismo”, pois o coronel nomeava pessoas com as
como cidadãs que são, tendem a retirar de suas costas a respon- quais mantinha relações; (2) o apoio do poder de polícia estadual
sabilidade de promover ações no sentido da inclusão social, pro- para a perseguição dos opositores do coronel, o que deu ensejo ao
curando não se fazer essa verdadeira e, por isso mesmo, incômoda chamado “mandonismo”; e (3) o poder de administração dos recur-
questão. Também é pressuposto do pleno exercício da cidadania: a sos financeiros do município, que eram utilizados para fins pessoais,
consciência da diferenciação que existe entre vida privada e espaço ocasionando o que o autor denominou de “desorganização dos ser-
público. Estes são aspectos que esbarram em problemas históricos viços públicos locais”.
e, consequentemente, culturais no Brasil. Assim, os coronéis falseavam os votos dos seus “rebanhos elei-
Sabe-se que o Brasil foi tratado ab ovo, como um local para ser torais”, isto é, direcionavam os votos para o resultado pactuado
explorado para o enriquecimento de interesses de fora de seu terri- com os governantes, utilizando-se dos votos de cabresto e de ele-
tório. Diferentemente do que ocorreu em colônias de povoamento, mentos coercitivos, como a ação de pistoleiros, geralmente capan-
o objetivo precípuo de grande parte dos colonizadores que aqui se gas de sua confiança, ou grupo de jagunços, ou seja, de um “bando
fixaram foi o enriquecimento rápido mediante a produção extrati- de caboclos dedicados ao ofício das armas, que viviam à sombra de
vista (agrícola ou de mineração) baseada, via de regra, no latifún- sua autoridade”.
dio, no trabalho escravo e no suprimento de carências do mercado Entretanto, após a Revolução de 30, com a promulgação do
externo. Código Eleitoral, houve a instauração do voto secreto, que acabru-
Mesmo com a abolição da escravatura e a adoção do trabalho nhou o sistema coronelista, porém, não foi suficiente para solapá-
assalariado, que se deu no País na divisa dos séculos XIX e XX, pre- -lo, haja vista que a sua base de sustentação era a estrutura agrária
dominou, a partir da Proclamação da República, com a progressiva do País, e não o voto em si.
expansão dos direitos políticos no Brasil, o que se denominou de Portanto, segundo NUNES LEAL, a estrutura agrária, aliada à
“coronelismo”. Este é fenômeno cuja análise é imprescindível para falta de autonomia municipal, e ao sistema representativo, cuja uni-
que se entenda o nascimento distorcido da noção de espaço públi- versalização fez surgir no cenário local um novo ator político com
co no Brasil. amplos poderes, isto é, o governador, são fatores que contribuíram
O coronelismo, segundo VICTOR NUNES LEAL, representou a para a manifestação plena do coronelismo em seu período auge,
decadência do poder privado e a ascensão do poder público, com a que foi o da República Velha (de 1889 a 1930).
emergência do sufrágio universal a partir da Constituição de 1891, Contudo, mesmo com as mudanças que foram sentidas no
que transformou grande contingente de trabalhadores rurais (em Brasil a partir da década de trinta, a reflexão acerca do fenômeno
um país que era, à época, essencialmente agrário) em eleitores. é indispensável na medida em que provoca inferências que trans-
O poder privado, que existia relativamente inconteste desde as cendem aos estreitos limites de contextualização de sua ocorrência
grandes divisões do território pelo sistema das sesmarias (que foi mais evidente, fornecendo uma importante explicação sobre as ori-
fonte de origem dos grandes latifúndios no País), enfrentou acen- gens distorcidas das relações entre o espaço público e privado no
tuada decadência em função de vários aspectos, dentre os quais se Brasil, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, na Grécia no perí-
ressaltam: o êxodo rural, produto da industrialização, e a afirma- odo auge da democracia, onde artesãos e comerciantes não foram
ção e garantia dos direitos trabalhistas somente aos trabalhadores considerados cidadãos, à medida que não dispunham de “tempo
urbanos, que transformou o campo em instância menos atraente. livre” para se dedicarem às tarefas efetivamente públicas.
Também houve a ascensão progressiva do poder público, advinda Ademais, a análise evidencia que diante da miséria e da ausên-
da consolidação do modelo federativo de Estado. cia de informação da população, ela acaba sendo mais facilmente
Enfraquecidos diante de seus dependentes e rivais, os coronéis manipulada pelos detentores de poder que, por este motivo, preo-
se viram na necessidade de fazer alianças políticas com o Estado, cupam-se menos em promover um projeto efetivo de emancipação
que expandia sua influência na proporção em que diminuía a dos social do que com a sua permanência no poder.
donos de terra. A essência do compromisso coronelista repousou, Portanto, apesar de todo avanço que as instituições públicas
portanto, no acordo firmado entre o poder privado decadente e o foram objeto no Brasil, ao longo do século XX, com a industrializa-
poder público em ascensão, e este complicado arranjo, denomina- ção e a formação de uma classe média sustentadora de uma nova
do por NUNES LEAL de “sistema de reciprocidade”, envolveu: base de relações sociais, o coronelismo explica as origens da pro-
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

pensão cultural brasileira à privatização de espaços públicos, o que -transporte;


surte efeitos até os dias atuais, prejudicando o livre exercício da ci- -lazer;
dadania. -segurança;
A partir de sua análise, entende-se parcela da razão pela qual o -previdência social;
povo brasileiro ainda prefere sofrer calado e aguentar a opressão[6] -proteção à infância e à maternidade;
sem levar a sério as instituições públicas e as leis garantidoras de -assistência aos desamparados.
direitos, em vez de se unir para romper com a idéia distorcida de
que os direitos sejam mera concessão dos “donos do poder” aos Direitos políticos
que estão abaixo (ou mais próximos) deles. Os direitos políticos são os que se referem à participação nas
Não se pode ignorar, todavia, que a partir da década de trinta, decisões políticas do país. São os seguintes:
apesar de todo desenvolvimento ocorrido, o Brasil vivenciou longos -garantia de voto direto e secreto, com igual valor para todos;
períodos de autoritarismo, com Getúlio Vargas e, posteriormente, -direito a ser candidato a um cargo nas eleições.
com o golpe militar, que durou de 1964 até meados da década de
oitenta. Assim, pode-se dizer que apenas a partir da Constituição de Deveres do cidadão
1988 surgiu um cenário institucional mais favorável ao desabrochar Além de poder cobrar do Estado o cumprimento dos direitos, é
pleno da cidadania no País. preciso ser um cidadão que cumpre com os seus deveres.
Todavia, mesmo com todas as instituições e mecanismos de São os principais deveres do cidadão brasileiro:
participação assegurados no ordenamento e diante do avanço que participar das eleições, escolhendo e votando nos seus candi-
deve ser comemorado, ainda existem muitas barreiras à plena vi- datos;
vência da cidadania no Brasil, pois esta pressupõe, inicialmente, -estar atento ao cumprimento das leis do país;
relações sociais mais igualitárias e, sobretudo, a predisposição do -pagar os impostos devidos;
povo em fazer valer os direitos assegurados, para que eles saiam do -participar da escolha das políticas públicas;
papel e transformem a realidade. -respeitar os direitos dos outros cidadãos;
-proteger o patrimônio público;
Os direitos e deveres do cidadão são relacionados ao conceito -proteger o meio ambiente.
de cidadania. Ser um cidadão consciente e exercer a cidadania é sa-
ber quais são os seus direitos e deveres para participar ativamente
das decisões políticas e sociais que têm consequências na vida de O CIDADÃO COMO USUÁRIO E CONTRIBUINTE
todos.
É preciso conhecer os direitos que são garantidos para poder
fiscalizar o cumprimento deles e cobrar do Estado que eles sejam Cidadão ou usuário: novos dilemas da globalização frente à
prioridade nos governos. Ao mesmo tempo é preciso saber quais ordem econômica
são os seus deveres para contribuir com desenvolvimento do país e Usuário, assim como cidadão, também é expressão que tem
com o bem comum. vários sentidos. No Direito, geralmente indica o indivíduo que faz
uso de determinado serviço. Se o serviço for prestado no desenvol-
Direitos do cidadão vimento de atividade econômica, livre à iniciativa privada, o usuário
Os direitos garantidos são muitos e estão definidos na Consti- é, via de regra, protegido pelo Código de Defesa do Consumidor;
tuição, na Declaração Universal dos Direitos do Homem e em outras contudo, se houver um serviço público, o usuário passa da catego-
leis. Os direitos podem ser classificados em civis, sociais e políticos. ria de simples consumidor de determinado serviço e é alçado ao
status de cidadão, o que lhe confere mais direitos, entre os quais,
Direitos civis menciona ODETE MEDAUAR, o de “exercer controle sobre a organi-
Os direitos civis são os que têm o objetivo de garantir a liber- zação geral do serviço, exigindo o funcionamento em seu benefício”
dade individual e a igualdade entre as pessoas. São os principais: (MEDAUAR, 2005:152).
-direito à vida; Enfatiza, portanto, a autora (MEDAUAR, 2005:152), que à me-
-direito à liberdade de expressão; dida que o serviço público é atividade de interesse geral, indispen-
-liberdade de ir e vir; sável à coesão social e à democracia, atendendo às necessidades
-igualdade entre homens e mulheres; coletivas essenciais, o usuário do serviço emerge com vários direi-
-proteção da intimidade e da vida privada; tos, não podendo ser equiparado a simples cliente ou consumidor.
-liberdade para exercer sua profissão; As relações de mercado não se compatibilizam com a noção de so-
-direito à propriedade. lidariedade e, consequentemente, de igual acesso ao serviço públi-
co, pois este é instrumento que tem por finalidade objetivos sociais,
Direitos sociais como a redução das desigualdades sociais, econômicas e culturais.
Os direitos sociais são os direitos que garantem e protegem a Contudo, note-se que o Estado passou, a partir da década de
qualidade de vida e dignidade do cidadão. Estão previstos no art. 6º 80, tendo por epicentro os choques do petróleo da década anterior,
da Constituição Federal: e, no Brasil, a partir da década de 90, por um processo de globaliza-
-educação; ção e contenção da expansão do modelo de Bem-Estar Social, o que
-saúde; se deu por uma gama variável de fatores.
-alimentação;
-trabalho;
-moradia;
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Entre os vários fatores que se relacionam com a globalização CONCEITOS DE CIDADÃO E SUAS E ATRIBUIÇÕES
e a privação do poder interventivo do Estado nacional, menciona No contexto de reforma do Estado e gerencialismo, o objetivo
HABERMAS[8]: (a) a perda da capacidade de controle estatal, pois o de aproximar o Estado do cidadão faz surgir diversos termos para se
Estado isolado não concentrava forças para defender seus cidadãos referir ao cidadão enquanto receptor dos serviços públicos: usuá-
contra efeitos de decisões de atores externos ou contra os efeitos rio-cidadão (NASSUNO, 2000); cidadão-usuário (PECI; CAVALCANTI,
em cadeia de processos que tinham origem fora de suas fronteiras; 2001), cliente-cidadão (BRESSER PEREIRA, 1999), cidadão-consumi-
(b) crescentes déficits de legitimidade no processo decisórios, pois dor (Citizen’s Charter), cidadão-cliente (BRASIL, 1995; OSBORNE;
com a globalização muitas decisões políticas foram subtraídas das GAEBLER, 1995), cidadão-proprietário (SCHACHTER, 1995), cidadão
arenas nacionais e passaram discutidas em decisões interestatais; virtuoso (HART, 1984) e cidadão-parceiro (PRATA, 1998). Portanto,
e (c) progressiva incapacidade de o Estado dar provas de ações de nessa seção, procura-se apresentar a origem do conceito de cliente
comando e organização em face de mercados globalmente ilimita- ou consumidor na administração pública e explorar alguns dos ter-
dos e de fluxos acelerados de capital que, isentos do dever de pre- mos utilizados para se referir ao cidadão.
sença nacional, retiravam-se de uma economia tão logo sentiam-se O surgimento do cliente/consumidor na administração pública
ameaçados, onerando, sem possibilidade de intervenção estatal, a
garantia de empregos e, portanto, os padrões econômicos e sociais Em 1992, na Inglaterra, foi lançada a Carta ao Cidadão (Citi-
de uma nação. zen’s Charter). Nesta, o governo assume a posição de defensor dos
A América Latina sofreu na década de 90 os efeitos da pressão direitos do cidadão frente a serviços públicos monopolistas e define
internacional para que ocorresse um movimento de privatização e seus padrões mínimos de desempenho (RICHARDS, 1994). Esse do-
de liberalização de diversos setores de atividades que antes eram cumento inspirou iniciativas em muitos países como os Estados Uni-
consideradas serviços públicos para o domínio do livre mercado, dos, Canadá, França, Bélgica, Austrália e Itália (COUTINHO, 2000, p.
para que o Estado ajustasse suas contas externas. 13).
Mesmo aqueles serviços públicos que não foram diretamente Com base nas recomendações da Carta ao Cidadão, as organi-
privatizados, em face do déficit estatal e da pressão internacional, zações públicas passam a ter obrigação de:
passaram a ser alvo de delegação para empresas privadas, via de re- 1) identificar quem são os seus usuários; 2) realizar pesquisas
gra, mediante concessão de serviços públicos. Assim, nota-se que, junto a esses usuários para determinar suas expectativas quanto ao
paulatinamente, o caráter de gratuidade da prestação de serviços tipo e qualidade dos serviços; 3) estabelecer padrões de qualidade
públicos à população passou a ser tratada no direito público como e compará-los à situação atual;
princípio da modicidade das tarifas, para que se resguardasse ao 4) buscar comparações com o desempenho de serviços pres-
prestador o caráter lucrativo de seu contrato, o que significou em tados na iniciativa privada (benchmark); 5) realizar pesquisa junto
termos sociais mais ônus e encargos e maior restrição no acesso ao aos funcionários públicos para detectar obstáculos e outros proble-
serviço para grande parte da população pobre. mas para melhorar os serviços; 6) possibilitar opções de fontes de
Atualmente, no início do século XXI, os cidadãos brasileiros se serviços aos usuários; 7) tornar as informações, serviços e sistemas
deparam com inúmeras perplexidades: ao mesmo tempo em que de queixas facilmente acessíveis aos cidadãos-usuários; e 8) pro-
houve um significativo avanço proporcionado pelos instrumentos videnciar retornos rápidos e eficazes às reclamações dos usuários
de caráter democrático, previstos direta ou indiretamente pela (OSBORNE e PLASTRIK, 1997, apud COUTINHO, 2000, p. 13).
Constituição de 1988, o mundo se deparou com uma crise financei- Ao seguir as recomendações da Carta ao Cidadão, a gestão pú-
ra iminente que ameaça de desemprego inúmeros setores, o que blica aproxima-se da gestão privada e, consequentemente, surge a
se refletirá sobre o desenvolvimento econômico e sobre a acessi- figura do cliente, ou o paradigma do cliente conforme aponta Ri-
bilidade dos cidadãos aos serviços ofertados, seja pelo regime de chards (1994).
mercado ou mesmo através da delegação de serviços público. Como lembra Abrucio (2005), a associação entre sociedade e
mercado chega a atingir um ponto extremo no New Public Mana-
Por outro lado, a América Latina, diante da crise financeira que gement – o consumerism, segundo o qual se firmava, entre Estado
afeta economias centrais, se viu na necessidade de repensar a ado- e sociedade, uma relação de prestação de serviços públicos. Esta
ção indiscriminada, defendida pelo neoliberalismo, de modelos de consumia os serviços prestados por aquele, que, por sua vez, incor-
desenvolvimento econômico totalmente dependentes de proces- porava práticas comuns da administração privada, como o foco na
sos transfronteiriços, tendo em vista, entre outros fatores, a timidez qualidade, competição, flexibilidade e demanda.
da consolidação de uma noção de cidadania universal, pautada no Para Prata (1998), não há dúvida de que a introdução do con-
respeito à igualdade entre nações. Houve a percepção generalizada ceito de cliente representou uma mudança importante e positiva na
de que a utilização da força bélica não foi arma descartada do ce- cultura organizacional do setor público. A adoção do consumerism,
nário internacional, sobrepondo-se, lamentavelmente, em diversos contudo, suscita algumas questões importantes. A primeira e mais
casos, à desejada busca de solidariedade entre nações, que justifi- lógica delas é “quem é o cliente no setor público?”. Para a autora,
caria maior integração. esse problema, facilmente equacionado e resolvido para as empre-
Entretanto, nota-se que mesmo diante de tal percepção, os sas privadas, se traduz em matéria bastante controversa na órbita
Estados nacionais de países em desenvolvimento continuaram, em estatal.
sua maioria, incapazes de suprir adequadamente a demanda por Para Beltramini (1981), a questão é bem simples: o cliente no
serviços públicos que atendessem às necessidades básicas de sua setor privado é a pessoa que compra e usa os produtos e/ou os ser-
população, e buscam na iniciativa privada parcerias capazes de pre- viços oferecidos por determinada empresa. O cliente no setor pú-
encher essa carência. blico é também a pessoa que usa os serviços oferecidos por órgão
ou instituição governamental. O cliente de uma agência de combate
à pobreza, por exemplo, são os pobres; os clientes de um parque
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

industrial são todas as pessoas que usam o parque. Os produtores o serviço prestado às crianças nas escolas, por exemplo, sob essa
de uma agência de combate à pobreza e de um parque industrial visão, seria assunto somente das escolas, dos alunos e de seus pais.
são os administradores públicos e os legisladores que projetam os Por isso, questiona se essa maneira de conduzir o serviço leva em
serviços oferecidos para resolver os problemas dos pobres e dos consideração as solicitações de uma sociedade mais ampla.
usuários do parque. Nessa mesma ótica, Gray (1994 apud Prata, 1998) afirma que
Para Prata (1998), contudo, ao examinar a questão de uma for- o termo cliente e o tipo de transações a ele relacionado não levam
ma mais ampla, tem-se o dilema de contrabalançar os interesses em conta as dimensões de equidade, responsabilidade e bem pú-
do contribuinte, aquele que efetivamente fornece os recursos para blico. Na verdade, este autor concebe que o conceito é claramente
que os serviços sejam prestados, com as reivindicações dos bene- insuficiente para representar o papel do cidadão.
ficiários diretos destes serviços. A autora explica que nem sempre A despeito dos reconhecidos benefícios do foco no cliente e
aquele que recebe serviços públicos é realmente um contribuinte; das críticas à aparente superficialidade com que vem sendo desen-
ou ainda, aqueles que mais contribuem com impostos são geral- volvida essa perspectiva, Richards (1994) faz restrições à metáfora
mente os que menos necessitam dos serviços públicos oferecidos do cliente no serviço público e defende o enriquecimento do con-
individualmente, mesmo que também precisem daqueles presta- ceito de cliente com o de cidadão, que é muito mais abrangente,
dos de forma coletiva, como segurança e construção de estradas. abrigando uma série de conotações diferentes, que se deslocam
Richards (1994) denuncia a suspeita de que, por trás do apa- do nível individual para o coletivo. É o que se pretende abordar na
rente fortalecimento do cliente para fazer escolhas individuais que próxima seção.
influam no serviço recebido no nível micro, estaria um enfraqueci-
mento de sua capacidade de influenciar, no nível macro, a política O cidadão
pública em questão. Assim, os clientes podem influenciar a maneira Cidadania é um conceito ativo e dinâmico que envolve direitos
como o serviço deve ser prestado, mas não lhes é facultado definir e deveres. O fato de ser cidadão dá ao indivíduo o direito de exigir
o objetivo público a alcançar. E é aí que reside a ameaça à estrutura bons serviços, e não recebê-los como uma dádiva, um favor pelos
de poder vigente: investido desse novo status, surge a possibilidade quais deve ser muito agradecido. É dever do Estado proporcionar-
de que o cidadão venha a dividir com os políticos eleitos e os funcio- -lhe tais serviços de forma apropriada. Em contrapartida, cidadãos
nários públicos o poder de decisão, ao invés de se contentarem em têm muito mais responsabilidades e obrigações. Eles representam
receber passivamente os serviços. Segundo Potter (1988, p. 155), também o papel de “súditos” de seus governos, tendo que pagar
“é preciso somente um pequeno, lógico passo para o progresso do impostos e taxas, prestarem serviço militar, e respeitar as determi-
princípio de representação para o de participação, mas isso marca nações do governo, em benefício da ordem coletiva. Nas palavras
um salto gigantesco na maneira como a maioria dos serviços pú- de Mintzberg (1996, p. 77), “somos na verdade cidadãos, com direi-
blicos são atualmente realizados”. Não é por acaso, como explica tos que vão muito além dos direitos dos consumidores”.
Gray (1994, p. 53 apud Prata, 1998), que defender o envolvimen- A cidadania como conceito está em constante construção e
to dos consumidores não gera resistência desde que as estruturas associada a elementos da vida em sociedade e a relação com o Es-
políticas não sejam tocadas: “...a tentação é deixar a participação tado, no que diz respeito aos direitos e aos deveres, a liberdade,
dos usuários num nível que as organizações possam acomodar sem a igualdade, a participação, a coletividade e o bem comum. Costa
demasiado transtorno estrutural ou político”. (2006) chama a atenção para os diferentes direitos abrangidos pelo
Uma das maiores críticas ao conceito de cliente é que ele apre- conceito de cidadania: direitos civis, políticos, sociais e difusos, reu-
senta o risco de levar à esfera pública o fortalecimento da perspec- nindo aqueles que não se encaixam nas categorias anteriores. Com
tiva individualista, já comum no mundo das escolhas privadas. Isto a redemocratização brasileira na década de 1980, foram alcançados
seria particularmente prejudicial, devido ao papel de redistribuição os direitos políticos, sem que os civis já estivessem garantidos. A
do Estado. Num mundo formado por indivíduos voltados para a fragilidade destes prejudica a existência daqueles e, por extensão,
consecução dos próprios objetivos, considerações sobre ética, bem a própria democracia em um sentido que ultrapassa o simples pro-
maior e interesse público seriam pouco significantes. Nesse contex- cesso eleitoral. Já os direitos sociais e difusos, na opinião de Costa
to, seria provavelmente considerado natural que os menos privi- (2006), estão longe de serem assegurados. A construção da cida-
legiados e os incapazes de fazer ouvir suas reivindicações fossem dania no Brasil, assim, mostra-se incompleta, na medida em que
abandonados à própria sorte (PRATA, 1998). os indivíduos não dispõem ainda, de fato, das quatro categorias de
Peci et al. (2008) afirmam que é justamente na lógica do merca- direito.
do que o cliente está inserido, ao contrário do cidadão. Os autores A cidadania, no sentido “cívico”, enfatiza as dimensões de uni-
argumentam, que não é que mercado e sociedade sejam incom- versalidade, generalidade, igualdade de direitos, responsabilidades
patíveis, nem tampouco cidadãos e clientes, porém a associação e deveres. A dimensão cívica articula-se à ideia de deveres e res-
dos dois implica em uma dupla interpretação: em primeiro lugar, ponsabilidades, à propensão ao comportamento solidário, inclusi-
significa um retrocesso no que tange a dimensão pública, visto que ve relativamente àqueles que, pelas condições econômico-sociais,
representa a supressão da ampla perspectiva dos direitos; em se- encontram-se excluídos do exercício dos direitos, do “direito a ter
gundo, e originando-se a partir do primeiro ponto, essa associação direitos” (TEIXEIRA, 2001).
à lógica privada das relações de mercado sobrepõe-se à pública, Cerchiaro e Ayrosa (2007) criticam a prática de a Nova Admi-
perpetuando, no Brasil, a confusão entre as duas dimensões, tão nistração Pública tratar os cidadãos como consumidores esquecen-
presente na história brasileira. do-se do seu papel maior dentro do contexto político. Os autores
O próprio desenvolvimento de serviços públicos na base de ressaltam que, apesar de a maior parte dos serviços públicos ser
uma relação meramente contratual, aos moldes do mercado, con- de natureza profissional, o cidadão é mais do que um mero consu-
duziria a uma transação privada entre aqueles que prestam os midor.
serviços e aqueles que os recebem. Richards (1994) ressalta que,
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Na concepção de Mintzberg (1996, p. 77), existe uma grande Fleury (2003) destaca a existência da dimensão cívica da cida-
diferença entre as atividades governamentais voltadas para o con- dania que pressupõe a inclusão ativa dos cidadãos na comunidade
sumidor e as voltadas para o cidadão: “a frequência da ocorrência”. política, ou seja, eles passam a se relacionar com os poderes legal-
Existem poucas atividades do governo voltadas puramente para mente constituídos e com a sociedade, compondo um cenário de
o consumidor, em compensação, muitas das atividades do gover- novos direitos e deveres. Nessa dimensão pública dos indivíduos, a
no são voltadas para o cidadão, na forma de infraestrutura: social cidadania está inserida em um modelo de integração e sociabilida-
(como museus), física (estradas e portos), econômica (políticas mo- de e “transcende os interesses egoístas do indivíduo no mercado,
netárias), mediadora (tribunais cíveis), estrangeira (embaixadas e na direção de uma atitude generosa e solidária” (FLEURY, 2003, p.
consulados) e de apoio ao próprio governo (como a máquina elei- 9).
toral). Sob essa mesma ótica, Prata (1998) argumenta que compre-
Sob essa ótica, o processo de reestruturação do Estado brasi- ender o cidadão a partir do conceito substantivo é uma forma de
leiro pode terminar por confundir estas duas entidades políticas: o acrescentar solidariedade ao individualismo. Para a autora, a cida-
cidadão e o consumidor (MENDES, 2001). A troca da cidadania por dania tem também as fundamentais características do altruísmo e
um modelo voltado para o consumidor no novo paradigma repre- da solidariedade. O cidadão deve levar em conta as preferências e o
senta uma fundamental degradação moral na relação das institui- bem de outros, não só os seus. Conforme afirma também Richards
ções para a governança (MINTZBERG, 1996; DOBEL, 2001). (1994), como cidadãos, podemos chegar a aceitar decisões que vão
Visando ressaltar a dimensão cidadão, Denhardt e Denhardt contra nossos interesses, uma vez que essas decisões tenham sido
(2003) propõem uma abordagem, denominada de Novo Serviço tomadas de forma correta ou em benefício da sociedade. A cidada-
Público. Na concepção desses autores, o Novo Serviço Público apre- nia envolve, portanto, o desenvolvimento de um nível mais alto de
senta-se como uma resposta aos modelos de gestão pública buro- consciência.
crática e gerencial, e está centrado em valores de cidadania e de A cidadania efetiva assume que os cidadãos agem: moni-
participação e na crença de que o cidadão saberá tomar as decisões toram órgãos públicos e fazem com que suas preferências sejam
corretas, se, para isso, for-lhe dada oportunidade. Assim, o cidadão conhecidas. Sob esse posto de vista, a reforma do Estado requer
é tido como um indivíduo que anseia não apenas pela satisfação o empowerment do público através de educação para a cidadania
de suas necessidades e de seus interesses privados, mas que busca e constante troca de informações entre governo e cidadãos. Scha-
também a construção de um bem comum. chter (1995) conclui que a tarefa mais difícil é reinventar o nosso
Essa abordagem procura resgatar a epistemologia da adminis- próprio papel como cidadãos ativos: a natureza humana e as com-
tração pública que reconhece as pessoas como seres políticos que, plexidades de nossa sociedade nos impedem de aceitar o papel de
devidamente articulados, agem na comunidade para construção do proprietários do governo, o qual, sem nossa participação, poderia,
bem comum (PARADA et al., 2008). Portanto, a eficiência não deve no máximo, obter sucesso parcial em suas reformas.
ser utilizada como o único critério para uma perfeita gestão pública, A partir do exposto, percebe que o conceito de cidadão-pro-
mas que esta se paute, sobretudo, por ideais como justiça, equida- prietário é utilizado como uma forma de aprimorar a noção de ci-
de, responsividade e respeito ao cidadão. dadania, bem como as concepções de cidadão virtuoso e cidadão-
Nesse sentido, a administração pública deve ser compreendida -parceiro.
como um conjunto de ações voltadas à produção dos serviços pú-
blicos – para o bem comum – considerando as múltiplas dimensões Cidadão virtuoso
e a capacidade dos cidadãos de participar de uma sociedade politi- O termo cidadão virtuoso é incorporado no debate sobre o
camente articulada (SANTOS et al., 2006). papel do cidadão a partir da descrição feita por Hart (1984) discu-
A proposta do Novo Serviço Público, enquanto modelo de ges- tida por Frederickson (1991). Este autor, defendendo uma noção
tão para o bem comum, propõe que os serviços públicos sejam aprimorada de cidadania destaca que “um governo não pode ser
exercidos de forma compartilhada pelo Estado, organizações de in- melhor que as pessoas que ele representa” (p. 409-410). O cidadão
teresse público e não estatais e pelos cidadãos, lembrando que es- virtuoso é o indivíduo dotado de responsabilidade moral individual,
ses últimos assumem um duplo papel, ou seja, são produtores e be- tem o dever de agir em defesa dos valores vigentes, opondo-se ao
neficiários dos resultados desse processo. Tal estratégia, chamada racismo, à discriminação sexual ou à invasão de privacidade, por
de co-produção, parte do princípio de que a participação conjunta exemplo.
gera maior responsabilidade (accountability) entre os co-produto- Essa perspectiva conduz a uma responsabilidade individual pe-
res e desenvolve a cidadania. los direitos naturais ou fundamentais de cada um. Portanto, o cida-
Por outro lado, convém destacar que o Novo Serviço Público dão virtuoso necessita também ter conhecimento da Constituição e
não extingue o pensar estratégico. Pressupõe, sim, que esse seja estar apto a realizar julgamentos morais e filosóficos; deve acreditar
orientado por dois tipos de racionalidade: a substantiva e a instru- que os valores vigentes de seu país são verdadeiros e corretos e não
mental (PARADA et al., 2008). A substantiva como forma de sus- apenas ideias aceitas pela maioria ou psicologicamente gratifican-
tentar as práticas nas bases da inteligência, de um conhecimento tes; deve ter civilidade, o que inclui tolerância com a expressão de
autônomo gerado da análise das relações entre os fatos da realida- ideias, e indulgência para perceber que as regras devem ser man-
de, resguardando a liberdade das instâncias que produzem e que tidas num nível mínimo – de forma a não prejudicar a liberdade
usufruem o bem público. Já a instrumental é permeada pela fun- (PRATA, 1998, p. 11-12).
cionalidade, que deve ser vista como referência a um objetivo es- A partir do exposto, evidencia-se que o conceito de cidadão vir-
pecífico e pressupõe que ações sejam realizadas para se atingir o tuoso está em consonância com a afirmação de Fleury (2003, p. 9),
máximo rendimento, de forma eficiente, eficaz e efetiva. Portanto, para quem, conforme já exposto, a cidadania “transcende os inte-
o Novo Serviço Público não exime a prática técnica da racionalidade resses egoístas do indivíduo no mercado, na direção de uma atitude
instrumental presente no gerencialismo da reforma administrativa. generosa e solidária”.
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O cidadão-parceiro Para Peci et al. (2008), a proposição é confusa no que se refe-


É no contexto do terceiro setor que surge a figura do cida- re aos limites da separação entre as esferas pública e privada. No
dão-parceiro. A denominação terceiro setor abarca uma enorme que diz respeito ao papel dos indivíduos e ao seu reconhecimento
variedade de entidades privadas sem fins lucrativos ou não gover- como clientes, cidadãos ou uma figura híbrida envolvendo os dois,
namentais (ONGs): associações de desenvolvimento comunitário, prevalece a mistura de conceitos com um enfoque distorcido. Para
cooperativas, grupos de mulheres, associações de moradores, orga- os autores, a preocupação de uma reforma não deve se concen-
nizações de proteção ambiental e muitas outras. trar no “poder além dos direitos do consumidor” conforme propôs
Muito em razão da generalizada falta de confiança na capaci- Bresser Pereira; deve, sim, preocupar-se com os direitos inerentes
dade do Estado para resolver as necessidades humanas, agravada à cidadania.
pela crise do Estado do Bem-Estar, pessoas no mundo todo estão Contudo, na concepção de Trevisan et al. (2008), para que o Es-
se organizando em grupos formais ou informais, tendo por objetivo tado passe de uma gestão burocrática para gerencial é fundamental
prestar serviços sociais, incentivar o desenvolvimento local, impedir que os cidadãos sejam vistos como clientes. Pereira (1999) destaca
a degradação ambiental, assegurar direitos civis e atender às neces- que olhar do cidadão como um cliente significa dar-lhe a devida
sidades de segmentos carentes da população. atenção, dedicando-lhe o respeito que ele não tem nas práticas da
Prata (1998) vê o crescimento do terceiro setor como uma pos- administração pública burocrática. Nesse sentido, Conzatti (2003,
sibilidade de alterar de maneira substancial as relações do cidadão p. 12) assegura que “a administração pública, ao longo das décadas,
com o Estado. Para a autora, o terceiro setor representa uma verda- se distanciou em muito da iniciativa privada, no tocante à qualida-
deira revolução global silenciosa em meio a uma grande maioria de de, à eficiência e à eficácia”. Esse distanciamento é reforçado por
indivíduos indiferentes a causas públicas. Campello (2003), que expõe que, com exceção das ilhas de excelên-
Embora uma filosofia política conservadora possa ver um ine- cia, formou-se um imenso abismo teórico e prático entre os setores
rente conflito entre o Estado e as instituições voluntárias, o relacio- organizacionais público e privados, indo contra as expectativas da
namento entre o Estado e o Terceiro Setor caracteriza-se mais pela sociedade.
cooperação. Sobre esse aspecto, Vieira e Madruga (2007) afirmam que a in-
No caso do Brasil, por exemplo, Fischer e Falconer (1998) assi- satisfação da sociedade com os serviços públicos e a cobrança de
nalam que a atuação das organizações desse setor, principalmente uma estrutura administrativa mais ágil exige do Estado uma forma
a partir do início da década de 90, longe de se colocarem em con- de gestão diferente, voltada para a qualidade com ênfase no cida-
frontação, buscam com maior frequência estabelecer relações de dão. Diante disso as organizações públicas, na busca de excelência
complementaridade e parceria com o governo. na prestação de serviços, estão inovando ao focar suas ações para
Assim, surge a possibilidade de os cidadãos, organizados em as necessidades e expectativas dos cidadãos, tratando-os como um
associações, estabeleçam uma parceria com seu Estado para aten- cliente/usuário de seus serviços.
der a importantes necessidades humanas. Pode-se estar, então, Apoiando nas pressuposições da administração pública geren-
assistindo ao que seria a emergência de uma nova metáfora: a do cial, Nassuno (2000) apresenta algumas experiências concretas que
cidadão-parceiro, um conceito que corresponderia a uma represen- ocorreram na prestação de serviços públicos após a Reforma do Es-
tação mais justa e adequada da relação cidadão-Estado, conferin- tado e a adoção do foco usuário-cidadão². Ao avaliar algumas insti-
do-lhe um caráter de igualdade, respeito e identidade de interesses tuições públicas que estão direta ou indiretamente relacionadas ao
(PRATA, 1998). Estado e outras de caráter público, porém, não estatal, esta autora
Essa concepção de cidadão como parceiro ou co-produtor é destaca que as experiências observadas apontam que a orientação
defendida na abordagem do Novo Serviço Público. Para Parada et usuário-cidadão tem sido desenvolvida com o intuito de: i) obter
al. (2008) e Santos et al. (2006), por exemplo, o cidadão é um co- informações sobre os serviços públicos; ii) o aperfeiçoamento do
-produtor do bem-público e possui duplo papel, ou seja, ao mesmo processo de prestação de serviços públicos; iii) a melhoria da quali-
tempo, que é beneficiário também deve participar do processo de dade do serviço com a incorporação de requisitos relativos a aten-
prestação de serviço público. dimento ao usuário-cidadão, iv) aumentar o acesso dos cidadãos a
informações e serviços públicos, embora em alguns casos com um
O Cidadão-consumidor caráter relativamente excludente.
Os termos cidadão-consumidor ou cliente-cidadão surgem no Por outro lado, Prata (1998) afirma que as reformas de Estado
contexto da Reforma do Aparelho de Estado de 1995. Bresser Perei- tenderam a priorizar a dimensão do cliente, deixando para o cida-
ra (1999, p. 8) na tentativa de elucidar o conceito, afirma: dão um papel apenas reativo, cuja participação se limita a ter as
“Pode-se descentralizar, controlar por resultados, incentivar suas preferências pesquisadas e sua satisfação como medida de
a competição administrada, colocar o foco no cliente, mas a des- avaliação de desempenho dos serviços públicos. Portanto, a autora
centralização envolve o controle democrático, os resultados dese- avalia o conceito de cliente como insuficiente para representar os
jados devem ser decididos politicamente, quase-mercados não são cidadãos nas suas várias dimensões e defende o enriquecimento do
mercados, o cliente não é apenas cliente mas um cliente-cidadão conceito de cliente com o conceito substantivo de cidadão.
revestido de poderes que vão além dos direitos do cliente ou do A crítica da autora é a de que, embora o conceito de cliente
consumidor” (BRESSER PEREIRA, 1999, p. 8). tenha representado um avanço considerável nas relações do cida-
Peci et al. (2008) discutem o significado dessas expressões afir- dão com o Estado, a abordagem até agora parece ter sido apenas
mando que se trata de uma dicotomia. Os autores argumentam que superficial. Por isso, Prata (1998) defende ainda o aprimoramento
Bresser Pereira, nos seus trabalhos, ao se referir aos indivíduos, fez do conceito fazendo uso das metáforas do cidadão-proprietário e
uso indistinto dos termos “cidadãos-clientes”, “clientes-cidadãos”, do cidadão virtuoso para mostrar que seria aconselhável dotá-lo de
somente “clientes” ou, raras vezes, “cidadãos”. uma postura mais ativa e de um maior refinamento moral. Contudo,
para a autora, é a metáfora cidadão-parceiro a mais adequada para
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que realmente haja uma representação mais justa e adequada para através de incentivos a programas de flexibilização da gestão públi-
o cidadão, imprimindo à relação cidadão-Estado o respeito mútuo e ca, tornando sua máquina administrativa mais barata, ágil e recepti-
a identidade de interesses que caracterizam as parcerias. va à inovação gerencial e à autonomia administrativa (SILVA, 1994).
Diante desse contexto no qual se configuram os diversos ter- Para as organizações públicas, as regras das organizações pri-
mos utilizados para se referir ao cidadão e ao seu papel na relação vadas na busca pela qualidade são bastante válidas, contudo, se
com o Estado, questiona-se a necessidade de utilização de tantos percebe que elas estão um pouco longe da realidade, uma vez que
termos. Por isso, na próxima seção, procura-se clarear o conceito as características que envolvem a qualidade de serviços têm sido
de cidadão-consumidor defendendo o mesmo como um conceito assimiladas de forma lenta pelo setor público. Esse fato é obser-
apropriado para tratar o indivíduo nas suas duas dimensões: cida- vado através das frequentes reclamações e cobranças com relação
dão (Estado) e consumidor (mercado). à necessidade de quantitativo e qualitativo dos serviços por elas
oferecidos. Segundo Osborne e Gaebler (1995), no setor público,
CIDADÃO-CONSUMIDOR: UM SER DE MERCADO OU DE ESTA- diferentemente da iniciativa privada, a maioria das instituições
DO? atendem a um conjunto muito diversificado de clientes, que na sua
Com base nos diversos conceitos e papéis atribuídos ao cida- grande maioria saem descontentes com os serviços em função de
dão diante do Estado, duas orientações principais podem ser de- que a administração pública vem trabalhando com processos buro-
lineadas: i) uma que defende a categoria cidadão e seus adjetivos cráticos que ocasionam trâmites vagarosos, sistemas de protocolos
proprietário, virtuoso e parceiro como a mais adequada para ser arcaicos e ineficientes. Além disso, seus órgãos ou setores traba-
utilizada no contexto da administração pública e, considera que são lham de forma isolada, não existindo integração entre os diversos
limitadas ou até mesmo equivocadas as referências de conjugar ci- setores, sem falar que seus servidores, na sua grande maioria, não
dadão como consumidor ou cliente; ii) uma outra que se posiciona possuem motivação para exercer suas funções, quer seja por falta
a favor de que haja uma dinamicidade entre os termos cidadão e de perspectivas de crescimento profissional, capacitação e aprimo-
consumidor, em prol de que administração pública alcance a tríade ramento, subutilização, ou por questões salariais, além da moro-
eficiência-eficácia-efetividade³ e supere as vicissitudes da burocra- sidade de absorção de inovações tecnológicas e a inexistência de
cia. políticas públicas definidas que sejam coerentes ao pensamento
Na primeira concepção foram típicas as críticas que relatam voltado ao bem comum. Pode-se afirmar que essa realidade se con-
que conjugar o cidadão como um consumidor ou um cliente con- figura também no Brasil porque ainda estamos longe de alcançar a
siste em uma falha, visto que estes termos são oriundos do setor excelência na prestação de serviços públicos. Essa poderia ser tra-
privado, que por serem expostos a um mercado diversificado, isto duzida por serviço de qualidade, atendimento cortês e personaliza-
lhes proporcionam uma infinidade de alternativas de consumo, di- do, atendimento das reais necessidades, entre outros.
ferentemente do que ocorre no setor público, onde muitos serviços Portanto, se tratar o indivíduo como cliente/consumidor impli-
são prestados em forma de monopólio. Essa primeira orientação ca, prestar-lhe um serviço de excelência como tem sido almejado
faz ressalvas no sentido de que ao carregar princípios de mercado pelo setor privado, pode-se afirmar que ainda falta muito para que
pouco adaptados ao setor público, corre-se o risco de que a igual- a figura do cliente se concretize na prática na administração pública
dade - como um princípio essencial da cidadania - seja suprimida brasileira contemporânea. Se por um lado, há críticas de que o cida-
por tentar segmentar os cidadãos ou reconhecer as suas diferenças dão tem sido tratado apenas como cliente, por outro lado, também
no desenvolvimento das estratégias de prestação de serviços (NAS- se pode criticar se ele for tratado apenas como cidadão, principal-
SUNO, 2000). mente, considerando o contexto brasileiro, onde é comum a ocor-
Já a segunda concepção se desenvolve no contexto da Refor- rência de situações que suprimem os direitos dos cidadãos (COSTA,
ma do Estado, cujos desafios concentram em incorporar à admi- 2006) e que consequentemente não eximem reflexos na prestação
nistração pública mecanismos gerenciais, provenientes da iniciativa dos serviços. Talvez seja exatamente por isso que a orientação ou
privada. Todo este movimento concentra-se na busca do trinômio foco no cidadão-consumidor tenha sido acusada de ser superficial.
eficácia-eficiência-efetividade e se pauta por ações que visem Por isso, acredita-se que ao enfatizar e operacionalizar a dimensão
transformar as estruturas burocráticas rígidas em organizações consumidor, a administração pública possa propiciar ao cidadão a
mais flexíveis que atendam a esse trinômio ao mesmo tempo em excelência nos serviços públicos.Reis (1990) corrobora com esta co-
que promovam crescente transparência administrativa e convivam locação, mostrando que a prestação de serviços públicos não pode
com controles e interesses públicos, políticos e interinstitucionais desconsiderar a situação de que: “temos de fazer clientes reais para
cada vez mais complexos e diversificados. que possamos esperar ter cidadãos em sentido pleno, capazes não
Vale destacar ainda que entre os objetivos do gerencialismo na só de expressar a autonomia que diz respeito especialmente aos di-
administração pública está a redução dos gastos e a obtenção de reitos civis e políticos da cidadania, mas também de eventualmente
maiores retornos, ou seja, aumentar a produtividade e a eficiên- exibir virtudes cívicas e exercer as responsabilidades que a concep-
cia do setor público. Isto vem de encontro aos anseios do cidadão ção normativa da cidadania vê como o anverso daqueles direitos”
como contribuinte. Por outro lado, para que se alcance este obje- (p. 188)
tivo e o nível de serviço não deteriore, a dimensão qualidade deve Diante do exposto, defende-se a utilização do conceito de ci-
ser também incorporada ao modelo gerencial, de modo que não se dadão-consumidor na administração pública por acreditar que esse
satisfaça somente a eficiência, mas, sobretudo a eficácia e a efetivi- conceito abrange dois aspectos fundamentais não excludentes: (i)
dade na prestação dos serviços. Visto agora como um prestador de entender o indivíduo, acima de tudo, como cidadão com todos os
serviços, que tem de utilizar-se de instrumentos de mercado para direitos e deveres implicados no conceito de cidadania, ou seja,
garantir a eficiência de suas organizações, o Estado está sendo gra- indivíduo ativo, parceiro do Estado, co-produtor dos serviços pú-
dativamente forçado a enfatizar o atendimento das necessidades blicos; (ii) entender o indivíduo também como consumidor/cliente
tanto de regulação quanto dos serviços dos seus clientes/cidadãos,
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

que tem o direito (implícito no conceito de cidadania) de exigir o Conforme bem explicitado por Olenscki e Coelho (2005), em
atendimento de suas necessidades e, consequentemente, a exce- um primeiro momento da reforma do Estado, os serviços públicos
lência na prestação de serviços públicos. foram vistos como adaptação da iniciativa privada ao setor estatal,
Por outro lado, vale destacar que ao reconhecer o cidadão vislumbrando-se a prestação de serviços como forma de atender
como um consumidor ou cliente, isto não elimina a necessidade de quantitativa e qualitativamente as necessidades e desejos de con-
realizar uma reflexão sobre as especificidades da natureza do setor sumidores, portanto, no seu aspecto mercadológico; na acepção de
público. Portanto, cidadão não pode ser visto apenas como um con- prestação de serviços, se necessário e possível, personalizado. Des-
sumidor, visto que este escolhe o que, onde e como quer adquirir o sa forma, a orientação estava circunscrita à eficácia.
produto diferentemente do que ocorre no setor público. Em alguns Em um segundo momento ocorre a incorporação substantiva
casos, esse problema é mais acentuado, pois apenas um prestador dos aspectos de participação política com transparência adminis-
de serviços tem a concessão durante um longo período. Portanto, é trativa e equidade na prestação de serviços públicos, ou seja, uma
necessária uma visão de um cidadão-consumidor que participe dos preocupação com as demandas sociais, originadas de um ambiente
sistemas de controle das operações concedidas. Não apenas consu- de formulações e de tomada de decisões a partir não só da burocra-
midor, não apenas cidadão, mas sim cidadão-consumidor. cia estatal e dos mandatos políticos como de outros atores sociais,
Conforme escreve Vale (2004), a administração Pública deve que se tornam copartícipes de todo o processo, repercutindo no
desempenhar melhor o seu papel de provedora de serviços públicos longo prazo na transformação do aparelho de Estado e na criação
e, assim, dinamizar o atendimento ao cidadão. Nesse sentido, uma de uma legitimidade ampliada à ação estatal, visando reduzir as
administração pública deve relacionar-se não com o que se deno- relações assimétricas entre indivíduos-cidadãos, e proporcionan-
mina cliente ou consumidor, mas ter como beneficiário o cidadão. do valor público. Essa corrente do gerencialismo se convencionou
Deve-se pensar na administração pública não numa perspectiva de denominar Public Service Orientation cuja preocupação principal é
quem paga o serviço (cliente) e quem recebe por ele (o funcioná- guiar-se pelos princípios de equidade e justiça sociais; do ponto de
rio), mas quem tem o direito de receber (o cidadão) e quem tem o vista da prestação de serviços, a atenção se volta à orientação de
dever de fornecer (a administração). Portanto, tem que se lutar pe- efetividade da ação do Estado (OLENSCKI; COELHO, 2005).
los direitos do cidadão tanto quanto pelos direitos do consumidor Assim, essa segunda perspectiva extrapola a orientação de
uma vez que ambos não estão sendo plenamente atendidos. mercado, incorporando a orientação para valor, no caso, voltada
Mesmo que autores como Bueno (2006) ainda interpretem o para a criação de valor público. Tal perspectiva aproxima-se da
conceito de cidadão-consumidor como um termo que está mais im- orientação de valor na iniciativa privada na medida em que o setor
buído de princípios de mercado, não se identifica problemas maio- privado volta-se para a criação de valor não somente para consu-
res desde que este princípio venha contribuir com a excelência na midores, mas para os stakeholders, tal como empresas que prezem
prestação de serviços públicos. Acredita-se que este não extingue a pela ética, pelo desenvolvimento sustentável e pela responsabilida-
importância da cidadania e seu contexto de democracia. Concorda- de social (OLENSCKI; COELHO, 2005).
-se com Cerchiaro e Ayrosa (2007) que, nesse conceito, a dimensão Dentro dessa discussão sobre interesse público e interesse
cidadão é bem mais ampla do que a dimensão consumidor. Portan- privado, a abordagem do Novo Serviço Público pode prestar uma
to, tratar o indivíduo também como consumidor não implica retirar- grande contribuição. Denhardt e Denhardt (2003) buscam resgatar
-lhe os direitos, mas sim considerá-lo como merecedor de serviços a epistemologia da administração pública que reconhece as pes-
de qualidade. soas como seres políticos que, devidamente articulados, agem na
A cidadania, no sentido “cívico” articula-se à ideia de deveres comunidade para construção do bem comum, propósito que deve
e responsabilidades, à propensão ao comportamento solidário preceder os interesses privados (SALM; MENEGASSO, 2006).
conforme expôs Teixeira (2001). Portanto, entende-se que o pró- No Novo Serviço Público busca-se o desempenho da adminis-
prio conceito de cidadania já abarca a ideia de solidariedade, gene- tração pública não mais na direção da eficiência e da eficácia apre-
rosidade, participação e parceria, não necessitando, portanto, da goadas pela iniciativa privada, tampouco com base em interesses
utilização de novos conceitos (cidadão virtuoso, cidadão-parceiro, próprios que muitas vezes não representam os interesses da coleti-
cidadão-proprietário) para se referir a um mesmo objeto: relação vidade. Nele, ideais como justiça, equidade, responsividade, respei-
cidadão-Estado. Além disso, vale ressaltar que o significado dos ad- to, empowerment e compromisso não são negados; pelo contrário,
jetivos virtuoso, parceiro e proprietário também estão contidos na tendem a superar o valor da eficiência como único critério para o
orientação cidadão-consumidor, ou seja, reconhece-se a necessida- perfeito desempenho dos órgãos públicos (DENHARDT; DENHARDT,
de de que haja participação e controle social por parte dos cidadãos 2003).
na gestão pública, conforme está expresso no Plano Diretor de Re- A base do Novo Serviço Público configura-se como complemen-
forma de Estado (1995). tar e não substitutiva aos outros modelos de Administração Pública.
Dessa forma, entende-se que, no bojo do conceito de cidadão- Nessa perspectiva, a administração pública precisa ser reconhecida
-consumidor, o cidadão não se transforma em consumidor no sen- pelo conjunto de ações voltadas à produção dos serviços públicos
tido de deixar de ser cidadão. “Tratar o cidadão como consumidor – para o bem comum – considerando as múltiplas dimensões e a
é abordá-lo exclusivamente sob a perspectiva do indivíduo que tem capacidade dos cidadãos de participar de uma sociedade politica-
uma posição no consumo do mercado de serviços” (FLEURY, 2002, mente articulada (SALM; MENEGASSO, 2006). Esse modelo aponta
p. 82). Portanto, não se deve tratar de uma única dimensão. O que a participação direta dos cidadãos como uma alternativa para se
ocorre é o acréscimo do status também de consumidor/cliente, ou desenvolver uma sociedade genuinamente democrática; defende,
seja, aquele que, assim como no setor privado, pode exigir a exce- ainda, que, via atividades de co-produção entre comunidades, ór-
lência na prestação de serviços públicos. gãos públicos, privados e não governamentais, é possível desenvol-
ver maior participação, cidadania e accountability na sociedade.

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

É justamente na busca coletiva que o indivíduo reflete e atua sobrevivência do negócio, onde à cada dia, procuram conquistar e
politicamente, deixando aflorar sua condição humana de ser ativo, manter os seus clientes, oferecendo vantagens e benefícios palpá-
com poder de ação, ao invés de ser apenas reativo, comportando-se veis e reais.
de acordo com os estímulos que recebe. Santos et al. (2006), enfati- Quanto aos serviços públicos, esta mudança ainda é lenta e in-
zam a dimensão cidadão mostrando que esse é um co-produtor do cipiente, estando restrita apenas às grandes empresas públicas e
bem-público, ou seja, não basta tratar o cidadão como um consumi- em alguns órgãos governamentais, mas a grande massa de público,
dor, tem que ter espaços para que ele delibere e participe. cidadãos eleitores e portadores de direitos constitucionais, ainda
Embora Bueno (2006, p. 8) critique a reforma administrativa está desprotegida das benesses que poderão advir da adoção de
afirmando que o seu foco está em “melhorar a eficiência do ponto uma nova postura, por parte dos dirigentes públicos, com respeito
de vista da produção de serviços, para um ser de mercado, o cida- ao atendimento cotidiano ao cidadão comum.
dão-consumidor”, ele reconhece que ao menos em relação à efici- Definidas as bases da tese, iniciemos então uma análise com-
ência na provisão dos serviços a reforma administrativa de 1995 foi parativa entre o atendimento privado e o público:
positiva. Peci et al. (2008) também reconhecem aspectos positivos. O cliente da economia privada, adquire um bem, sabendo
Para eles, na perspectiva da Nova Administração Pública, a relação quanto vale, quanto pesa, quais as suas características, qual o seu
entre público e privado pode ganhar contornos positivos uma vez diferencial em relação aos bens concorrentes, e depende somen-
que é nas práticas das empresas privadas que a administração pú- te dele - consumidor - qual será a destinação. Por outro lado, na
blica busca inspiração para corrigir suas falhas. O pluralismo dos economia pública, o contribuinte nem sempre sabe onde será em-
modelos de governança, por exemplo, faz com que o cidadão possa pregado o produto da arrecadação, nem se será beneficiado de for-
ser considerado e incluído, quando for o caso, em redes de políticas ma direta, ou mesmo indireta por tal arrecadação. Basta que nos
públicas enquanto cliente e enquanto cidadão (PECI et al., 2008). lembremos da arrecadação individual à Previdência e Assistência
Sob a ótica positiva, Olenscki e Coelho (2005) oferecem exem- Social, daquelas pessoas que apenas para fugir das longas filas, bus-
plos de reestruturação organizacional que prezaram pela orienta- cam a medicina particular, ou ainda contribuem para os planos de
ção da eficiência, da eficácia e até mesmo pela orientação da efe- previdência privada, e arcam com o ônus financeiro de tal decisão.
titividade. Com relação à reestruturação do INSS, evidenciam que Se para a empresa privada, o cliente é parte essencial do negó-
esta foi feita com foco no cliente e o usuário foi entendido como cio, para os dirigentes públicos, o cidadão é a razão de ser da exis-
consumidor de serviços dessa autarquia. Os autores concluem que, tência do governo, e o seu atendimento é o item mais importante
nesse programa prevaleceu o modelo gerencial orientado pela efi- em qualquer atividade pública.
cácia, em que o Estado, embora fazendo valer um direito do cida- Na economia privada, o cliente, se não for convenientemente
dão, provê serviços a um consumidor, tal como se observa no varejo atendido, sempre pode optar por um outro fornecedor, enquanto
de serviços privados. Os exemplos fornecidos por Olenscki e Coelho que o contribuinte e usuário do serviço público ou atividade mono-
(2005) conduzem ao entendimento de que cidadãos e consumido- polizada, sempre deverá retornar ao mesmo balcão de atendimen-
res não são atores políticos excludentes e que lógica de mercado e to, e interagir com as mesmas pessoas, nem sempre motivadas para
interesse público caminham juntos no gerencialismo presente nos proporcionar o melhor e mais rápido atendimento.
serviços públicos na atualidade. Contudo, não se deve perder de Face à este panorama, consideramos que os dirigentes que irão
vista que a administração pública tem de ter senso público, tem que se empossar neste próximo primeiro de janeiro, tem um grande de-
estar sensível ao interesse público, deve procurar sempre o equilí- safio pela frente, qual seja de transformar a máquina adminstrativa
brio entre os novos mecanismos geradores de eficiência sem jamais e a própria síntese da burocracia, rumo à modernidade no ato de
perder de vista as questões relativas à cidadania. administrar, sendo que esse desafio representa uma maravilhosa
Necessidades do cidadão tarefa, onde terão a oportunidade de mudar a postura de todos os
cargos funcionais equiparando o serviço público à a economia pri-
Novamente estamos no limiar de uma nova gestão pública mu- vada, dentro do conceito de que o cliente sempre tem razão. Assim
nicipal, quando renovam-se os ocupantes dos cargos de Prefeito, sendo, descreveremos de forma resumida, as principais teses re-
Vice-Prefeito, Vereadores, Secretários, Diretores, encarregados e presentativas do grande desafio de transformação:
cargos técnicos de confiança; e mais uma vez, temos a oportunida- A autoridade no setor público, deriva de um consentimento da
de de assistir uma verdadeira transformação no serviço público, que população, e fundamenta-se apenas na delegação de poderes, con-
poderá, acompanhando a onda de modernidade pela qual passa o cedidos pela comunidade, por um determinado tempo, e condicio-
mundo privado, alavancar as relações entre governantes e gover- nado à prestação de bons serviços à coletividade.
nados e dar uma nova dimensão à administração pública, voltando O público (usuário/contribuinte) nunca interrompe o trabalho
toda sua atenção ao contribuinte e usuário, ou seja ao cidadão. do funcionalismo, pois ele é a própria essência e o único propósito
Como tese, iremos então, traçar um paralelo entre o cliente ->> deste trabalho, pois sem público, não há funcionalismo; haja vista
principal motivo da existência das empresas de uma forma geral, que ele não é uma parte descartável do processo, mas sim a parte
e o público (desde o mais humilde cidadão) ->> principal e único essencial na continuidade dos cargos burocráticos.
motivo da existência da denominada burocracia (funcionalismo pú- Solucionar problemas e descascar abacaxis, em uma incansável
blico) de uma forma específica. fila que nunca se interrompe, é apenas parte de “um dia perfeita-
No caso da economia privada, assistimos uma verdadeira revo- mente normal”, pois é para exercer tais atividades é que existe a
lução no item atendimento ao cliente, provocada em um primeiro burocracia.
momento apenas por uma questão de marketing, onde cada em- Quem paga a conta, é somente o público, o usuário, o contri-
presa procurou diferenciar-se das outras e conquistar seu cliente, buinte, e assim, o salário e os vencimentos de todos participantes
e em segundo lugar, por uma questão de conceitual e da própria na pirâmide hierárquica depende tão somente do público, aquele

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

mesmo que em um momento antes, elegeu os dirigentes majori- blica, a segurança pública, a construção de habitações populares,
tários, que assim puderam contratar suas assessorias e manter os os programas de transferência de renda, a previdência social, etc.
demais partícipes do meio burocrático. O cidadão brasileiro deve ter consciência que tem um retorno na
Da mesma forma que a empresa privada pesquisa o mercado proporção inversa do que se sonega.
para verificar o grau de aceitação que está tendo seus bens e ser- Esse mesmo cidadão supõe que pode cobrar uma eficácia que
viços, assim também o serviço público deve pesquisar e ouvir seus não ele próprio não sustenta como um cidadão, em última análise,
cidadãos, no sentido de fazer os ajustes necessários na máquina responsável pelo Estado. É como se o Estado fosse uma coisa e o
administrativa. cidadão comum fosse outra, com uma separação completa entre a
Finalmente, a famosa cortesia e o pronto atendimento, não é sociedade política e a sociedade civil.
apenas uma atitude pessoal, nem deve ser reservada para os pro- Empresário costuma afirmar que a eliminação da corrupção no
tegidos pela sorte, mas antes de tudo, é uma obrigação de todo Brasil é uma questão de educação, isto é, “caberia à escola formar
servidor público. os jovens para não serem corruptos”. A resposta é: “há um jeito
mais fácil de extinguir a corrupção. Como, para existir corrupção,
Cidadão-Contribuinte tem de haver um corrupto e um corruptor, e como o corruptor, de
Os brasileiros tentam encontrar outro fundamento para a ci- maneira geral, é aquele que tem dinheiro para corromper, basta en-
dadania que não envolva o pagamento de impostos. Supõem que tão que este indivíduo rico não corrompa aos mais pobres…”
qualquer indivíduo seria cidadão, naturalmente, apenas por nascer Os impostos diretos recaem sobre a propriedade (IPVA, ITCMD,
ou viver no território nacional. Tal condição não estaria ligada a uma IPTU, ITR) e a renda (IRPF). Os impostos indiretos recaem sobre o
contrapartida sob a forma de pagamento de impostos ao Tesouro consumo: ICMS, IPI, etc. IOF tributa operações financeiras. Daí é
Nacional. comum alegar que, embora a maioria da população tenha renda
O problema dessa concepção, aparentemente generosa, é que isenta, ela a gasta em consumo, “logo, fica evidente que ela é gra-
ela não pensa que aos direitos correspondem obrigações, entre as vada com uma tributação proporcionalmente maior que sustenta a
quais os pagamentos de impostos. O sustento do Estado depende máquina estatal”. Menos, menos…
dos cidadãos! Os diálogos entre Mario Sergio Cortella e Renato Jani- Rozane Bezerra de Siqueira, José Ricardo Bezerra Nogueira e
ne Ribeiro no livro “Política: para não ser idiota” advertem que “daí Evaldo Santana de Souza, pesquisadores da UFPE, argumentam que
muitos pensam que o dinheiro público pode ser gasto a rodo, como a visão comum de que o sistema tributário brasileiro é regressivo é
se não tivesse dono, como se não tivesse custo”. reforçada por estudos que:
Desde a era neoliberal, todas as vezes em que se falou em re- • de um lado, subestimam a renda informal dos mais pobres, e,
forma tributária, no Brasil, a intenção foi a de diminuir a tributação • de outro, subestimam os tributos pagos pelos mais ricos.
e não de ordená-la para que se alcance maior justiça social. Associa- Buscando corrigir esses vieses, um artigo deles estima a dis-
ções patronais, ligadas às elites, chegam a argumentar que o “cai- tribuição da carga tributária com base na POF 2008-09 e na PNAD
xa dois” é obrigatório! Empresários afirmam que, se o imposto for 2009. Os resultados indicam que o sistema tributário brasileiro in-
totalmente pago, não conseguirão obter lucratividade justa! Então, cide de forma quase proporcional sobre as famílias em diferentes
honestamente, o negócio é inviável e o mais correto é fechá-lo. classes de renda, e, portanto, é aproximadamente neutro do ponto
É raciocínio similar ao do consumidor que imagina que pode- de vista distributivo.
ria comprar um automóvel de luxo importado caso não tivesse de A parcela de contribuição para a receita tributária é muito pró-
pagar impostos. Autoengano. Na nação sem Estado predominaria xima da parcela de participação na renda para todos os décimos,
a selvageria e ele não poderia trafegar com esse carro atraente… mas vale notar (veja tabela 8 acima) que apenas no caso do último
Formam a opinião pública com a ilusória ideia de que a pre- décimo a contribuição para arrecadação (41,7%) é maior do que a
sença do Estado como um arrecadador de tributos é ofensiva, pois participação na renda ajustada (35,7%). Esse décimo superior paga
seria uma espoliação. E ainda juntam o argumento que “há pouco 28,6% dos tributos indiretos, mas paga 67,6% dos tributos diretos,
retorno pelos impostos pagos, pois se paga ainda por serviços pri- entre eles, 40,7% da contribuição previdenciária e 91,6% do IRPF.
vados”, opção de quem deseja distinção social. Ora, esse “retorno” Esses resultados sugerem que o sistema tributário brasileiro não
sempre estará abaixo das imensas expectativas de que “o Estado tem um efeito significativo sobre a distribuição de renda entre as
tudo pode, mesmo sem a arrecadação de impostos”. Esse discur- famílias.
so inconsequente completa-se afirmando que “se trata apenas de Consolidou-se no país, na era neoliberal, a ideia de que de um
(má) vontade política e/ou carência de competência”. lado existe a sociedade, “um pelotão homogêneo de gente”, e, de
Muitos cidadãos desavisados confundem ineficiência da má- outro lado, o Estado “que a extorque e não teria nada a ver com
quina estatal com delinquência estatal. Eventual delinquência esta- ela”. Ora, quem elege o governo e o parlamento não é responsá-
tal não está necessariamente ligada à capacidade de ação pública. vel?!
Ela, geralmente, é consequência de má-fé por parte de corruptores A sociedade não tem essa homogeneidade, ela é composta por
e corruptos. Quanto a isso, cabe investigação de órgãos públicos antagonismo, sendo importantes as disputas que dizem respeito:
como a Polícia Federal, MP e o TCU, para o que também necessita • aos impostos que cada qual paga e
de orçamento com arrecadação de impostos. • a quem se beneficia do dinheiro público.
Vale lembrar que o Brasil não é um dos países de maior nível Os brasileiros necessitam ter a consciência de que foram eles
de tributação, ele está no pelotão intermediário, abaixo dos nórdi- próprios que escolheram o governo e os parlamentares. Só então
cos que têm o maior IDH. Mesmo que fosse, ainda assim é muito eles sentirão ser responsáveis pela escolha que elegeram. E a de-
questionável essa ideia que “os cidadãos não têm um retorno cor- fenderão contra aqueles ilusionistas que desejam o desmanche do
respondente ao que pagaram”. Basta imaginar a insegurança que Estado social-desenvolvimentista.
teria a sociedade brasileira sem a saúde pública, a educação pú-
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

(C) F, F, V.
QUESTÕES (D) V, F, V.

5. (PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - AGENTE DE APOIO ADMINIS-


1. (PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN - ADMI- TRATIVO – FGV/2021) No contexto da Administração Pública, uma
NISTRADOR – IBFC/2021) Sabendo da existência de convergências característica benéfica associada à Gestão por Resultados é
e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada, assinale a (A) o aumento do controle em insumos e recursos.
alternativa que apresenta uma característica exclusiva da gestão (B) o aprofundamento das práticas clientelistas.
pública. (C) a previsibilidade do rígido processo relacional.
(A) Possui mais liberdade e flexibilidade para agir. (D) o respeito ao aspecto hierárquico das decisões.
(B) Visa a excelência em seus serviços. (E) a maior autonomia dos gestores encarregados.
(C) Deve atuar no fornecimento de bens e serviços para o mer-
cado. 6. (FUNSAÚDE/CE - ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV/2021)
(D) Deve atuar na fiscalização, regulamentação e fomento. A gestão por resultados no setor público, que se tornou relevante
no Brasil após a reforma administrativa de 1995, é considerada por
2. (HCRP - MÉDICO – HCRP/2021) Analise as definições abaixo vários estudiosos como fundamental para a revitalização da gestão
e responda: pública no país e para a retomada do equilíbrio fiscal. Sobre o con-
I. Os fins da Administração Pública resumem-se ao objetivo de ceito de gestão por resultados, assinale a afirmativa correta.
garantir o bem comum da coletividade administrada. (A) Fundamenta-se na no princípio da centralização política, no
II. A gestão pública, ao contrário da gestão privada, é obrigató- que diz respeito à delegação de competências.
ria a agir apenas de acordo com o que a lei permite. (B) Preconiza o fortalecimento processual nas políticas públicas
(A) Apenas a definição I está correta. desenvolvidas pelos gestores.
(B) Apenas a definição II está correta. (C) Prioriza a hierarquia decisória na tomada de decisão em de-
(C) As duas definições estão corretas. trimento do laissez-faire.
(D) As duas definições estão incorretas. (D) Privilegia a flexibilização de recursos em conjunto com a
responsabilização do gestor.
3. (CAU/SE - ASSISTENTE DE ATENDIMENTO – IADES/2022) A (E) Rechaça a ideia de confiança limitada, contrária à ideia de
gestão pública utiliza as ferramentas de auto avaliação, a carta de eficiência administrativa.
serviço, a pesquisa de satisfação, o guia de gestão de processos e o
guia “d” simplificação. A pesquisa de satisfação é
(A) um modelo de gestão de processos, voltado ao alcance de GABARITO
resultados.
(B) uma metodologia de pesquisa de opinião padronizada, que
investiga o nível de satisfação dos usuários de um serviço pú- 1 D
blico.
(C) uma metodologia utilizada para tornar a organização mais 2 C
acessível e transparente para o cidadão. 3 B
(D) o instrumento que visa à simplificação de processos, ativi-
4 D
dades e normas.
(E) a verificação do grau de aderência dos processos gerenciais 5 E
de um ente público em relação ao modelo/critério de excelên- 6 D
cia em gestão pública.

4. (PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN - ADMI-


NISTRADOR – IBFC/2021) Sobre Modelo de Excelência em Gestão
ANOTAÇÕES
Pública (MEGP), analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadei-
ro (V) ou Falso (F). ______________________________________________________
( ) O MEGP visa aumentar a eficiência, a eficácia e a efetividade
das ações executadas com intuito de guiar as organizações públicas ______________________________________________________
em busca de transformação gerencial rumo à excelência.
( ) O MEGP permite avaliações comparativas de desempenho ______________________________________________________
entre organizações públicas brasileiras e estrangeiras mas não ocor-
re o mesmo com empresas e demais organizações do setor privado. ______________________________________________________
( ) O MEGP é atualizado e disseminado pelo Programa Nacional
______________________________________________________
de Gestão Pública e Desburocratização (Gespública).
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de ______________________________________________________
cima para baixo
(A) V, F, F. ______________________________________________________
(B) V, V, V.

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

PRINCÍPIO DA PROVENIÊNCIA. TEORIA DAS TRÊS IDADES DE ARQUIVO. GESTÃO DE DOCUMENTOS. PROTOCOLO. INSTRU-
MENTOS DE GESTÃO DE DOCUMENTOS. PLANO DE CLASSIFICAÇÃO.. ARQUIVOS PERMANENTES: ARRANJO E DESCRIÇÃO.
PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS ARQUIVÍSTICOS.

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados durante a atu-
ação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam ser registradas em documentos
de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências) nos dá sobre
arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições
de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores, para fins de prova ou
informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de suas ativi-
dades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado por PAES, Marilena Leite,
1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua ativida-
de, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.” (PAES, Marilena Leite, 1986).

De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para conservar o acer-
vo.

A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes.

Vejamos:

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo, que se caracteriza como
um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade, suporte, modo de produção, utilização e
conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por um processo natural que decorre da própria atividade da ins-
tituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma pessoa física, jurídica ou poruma família no exercício das suas atividades ou das
suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios e por outros,
como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada, são relevantes no estudo da
arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influenciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua imparcialidade explica-se
pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos quais os documentos se referem não funcio-
narão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fidelidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, portanto, apresenta o
mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada, guardada e
preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação, que são a Bi-
blioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados, porém, frisa-se que trata-se de
conceitos distintos.

O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:

Arquivos Públicos
Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:
“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos
de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação à institui-
ção arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.»
Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter público – mediante
delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera de governo.

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Arquivos Privados A Gestão de Documentos é ainda responsável pela implantação


De acordo com a mesma Lei citada acima: do programa de gestão, que envolve ações como as de acesso, pre-
“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documen- servação, conservação de arquivo, entre outras atividades.
tos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em de- Por assegurar que a informação produzida terá gestão ade-
corrência de suas atividades.” quada, sua confidencialidade garantida e com possibilidade de ser
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, rastreada, a Gestão de Documentos favorece o processo de Acre-
a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz respeito à pessoa ditação e Certificação ISO, processos esses que para determinadas
jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pes- organizações são de extrema importância ser adquirido.
soa jurídica de direito público, pois os órgãos que compõe a admi- Outras vantagens de se adotar a gestão de documentos é a
nistração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, racionalização de espaço para guarda de documentos e o controle
são também pessoas jurídicas, destituídas de poder político e do- deste a produção até arquivamento final dessas informações.
tadas de personalidade jurídica própria, porém, de direito público. A implantação da Gestão de Documentos associada ao uso
Exemplos: adequado da microfilmagem e das tecnologias do Gerenciamento
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc. Eletrônico de Documentos deve ser efetiva visando à garantia no
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc. processo de atualização da documentação, interrupção no processo
• Comercial: companhias, empresas, etc. de deterioração dos documentos e na eliminação do risco de perda
do acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas que
A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com permitam acesso à informação pela internet e intranet.
formação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. A Gestão de Documentos no âmbito da administração pública
Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de atua na elaboração dos planos de classificação dos documentos,
documentação, arquivos privados ou públicos, instituições culturais TTD (Tabela Temporalidade Documental) e comissão permanente
etc. de avaliação. Desta forma é assegurado o acesso rápido à informa-
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da ges- ção e preservação dos documentos.
tão documental, conservação, preservação e disseminação da infor- Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e ex-
mação contida nos documentos, assim como pela preservação do pedição de documentos.
patrimônio documental de um pessoa (física ou jurídica), institução Esse processo acima descrito de gestão de informação e do-
e, em última instância, da sociedade como um todo. cumentos segue um tramite para que possa ser aplicado de forma
Também é função do arquivista recuperar informações ou ela- eficaz, é o que chamamos de protocolo.
borar instrumentos de pesquisas arquivisticas.1 O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções
pertinentes aos documentos, como, recebimento, registro, distri-
GESTÃO DE DOCUMENTOS buição e movimentação dos documentos em curso.
Um documento (do latim documentum, derivado de docere A finalidade principal do protocolo é permitir que as informa-
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que ções e documentos sejam administradas e coordenadas de forma
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de
afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente forma que mesmo havendo um aumento de produção de documen-
sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor pro- tos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
batório. Para atender essa finalidade, as organizações adotam um siste-
Documento arquivístico: Informação registrada, independente ma de base de dados, onde os documentos são registrados assim
da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da ativi- que chegam à organização.
dade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, contexto A partir do momento que a informação ou documento chega
e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade. é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole ou problemas
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma tarefa decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:
de considerável importância para as organizações atuais, sejam es-
sas privadas ou públicas, tarefa essa que encontra suporte na Tec- Recebimento:
nologia da Gestão de Documentos, importante ferramenta que Como o próprio nome diz, é onde se recebe os documentos e
auxilia na gestão e no processo decisório. onde se separa o que é oficial e o que é pessoal.
Os pessoais são encaminhados aos seus destinatários.
A gestão de documentos representa umconjunto de procedi- Já os oficiais podem sem ostensivos e sigilosos. Os ostensivos
mentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramita- são abertos e analisados, anexando mais informações e assim enca-
ção, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e interme- minhados aos seus destinos e os sigilosos são enviados diretos para
diária, visando a sua eliminação ou recolhimento para a guarda seus destinatários.
permanente.
Registro:
Através da Gestão Documental é possível definir qual a politica Todos os documentos recebidos devem ser registrados ele-
arquivistica adotada, através da qual, se constitui o patrimônio ar- tronicamentecom seu número, nome do remetente, data, assunto
quivistico. Outro aspecto importante da gestão documental é definir dentre outras informações.
os responsáveis pelo processo arquivistico. Depois do registro o documento é numerado (autuado) em or-
dem de chegada.

1Adaptado de George Melo Rodrigues


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Depois de analisado o documento ele é classificado em uma categoria de assuntopara que possam ser achados. Neste momento
pode-se ate dar um código a ele.

Distribuição:
Também conhecido como movimentação, é a entrega para seus destinatários internos da empresa. Caso fosse para fora da empresa
seria feita pela expedição.

Tramitação:
A tramitação são procedimentos formais definidas pela empresa.É o caminho que o documento percorre desde sua entrada na em-
presa até chegar ao seu destinatário (cumprir sua função).Todas as etapas devem ser seguidas sem erro para que o protocolo consiga
localizar o documento. Quando os dados são colocados corretamente, como datas e setores em que o documento caminhou por exemplo,
ajudará aagilizar a sua localização.

Expedição de documentos:
A expedição é por onde sai o documento. Deve-se verificar se faltam folhas ou anexos. Também deve numerar e datar a correspon-
dência no original e nas cópias, pois as cópias são o acompanhamento da tramitação do documento na empresa e serão encaminhadas ao
arquivo. As originais são expedidas para seus destinatários.

Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou

Sistemas de classificação
O conceito de classificação e o respectivo sistema classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva na elaboração de um
plano de classificação que permita um bom funcionamento do arquivo.
Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes características:
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, adotando critérios que potenciem a resolução dos problemas. Quanto mais simples
forem as regras de classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da documentação;
- A sua construção deve estar de acordo com as atribuições do organismo (divisão de competências) ou em última análise, focando a
estrutura das entidades de onde provém a correspondência;
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização sempre que se enten-
der conveniente.

A classificação por assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua
recuperação e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso a
esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico é realizado com base no conteúdo do documento, o qual reflete a atividade que
o gerou e determina o uso da informação nele contida. A classificação define, portanto, a organização física dos documentos arquivados,
constituindo-se em referencial básico para sua recuperação.
Na classificação, as funções, atividades, espécies e tipos documentais distribuídos de acordo com as funções e atividades desempe-
nhadas pelo órgão.

A classificação deve ser realizada de acordo com as seguintes características:

De acordo com a entidade criadora


- PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de âmbito federal ou estadual ou municipal.
- INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, corporações não-lucrativas, sociedades
e associações.
- COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações e companhias.
- FAMILIAR ou PESSOAL - arquivo organizado por grupos familiares ou pessoas individualmente.
.

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

De acordo com o estágio de evolução (considera-se o tempo - ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à sobera-
de vida de um arquivo) nia e à integridade territorial nacional, a plano ou operações mi-
- ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE - guarda a docu- litares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa
mentação mais atual e frequentemente consultada. Pode ser man- e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa
tido em local de fácil acesso para facilitar a consulta. nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não autori-
- ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU INTERMEDIÁRIO - inclui zado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da
documentos que vieram do arquivo corrente, porque deixaram de sociedade e do Estado.
ser usados com frequência. Mas eles ainda podem ser consultados
pelos órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma situ- Arquivamento e ordenação de documentos
ação idêntica àquela que os gerou. O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que
- ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE - nele se en- visa ao acondicionamento e armazenamento dos documentos no
contram os documentos que perderam o valor administrativo e cujo arquivo.
uso deixou de ser frequente, é esporádico. Eles são conservados Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades com-
somente por causa de seu valor histórico, informativo para compro- petentes, o documento deverá ser encaminhado ao seu destino
var algo para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça para arquivamento, após receber despacho final.
como os fatos evoluíram. O arquivamento é a guarda dos documentos no local esta-
belecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa toda a
De acordo com a extensão da atenção atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente
Os arquivos se dividem em: poderá ficar perdido quando solicitado posteriormente.
- ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos órgãos operacio- O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o
nais, cumprindo as funções de um arquivo corrente. prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua eliminação.
- ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a receber os docu-
mentos correntes provenientes dos diversos órgãos que integram a As operações para arquivamento são:
estrutura de uma instituição. 1. Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
2. Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir
De acordo com a natureza de seus documentos um código conforme o assunto;
- ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de variadas for- 3. Ordenar os documentos na ordem sequencial;
mas físicas como discos, fitas, disquetes, fotografias, microformas 4. Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de
(fichas microfilmadas), slides, filmes, entre outros. Eles merecem antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles que tratam do
tratamento adequado não apenas quanto ao armazenamento das mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
peças, mas também quanto ao registro, acondicionamento, contro- 5. Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar
le e conservação. uma pasta para cada código, evitando a classificação “diversos”;
- ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido como arquivo 6. Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de
técnico, é responsável pela guarda os documentos de um determi- acordo com a ordem estabelecida – cronológica, alfabética, geográ-
nado assunto ou setor/departamento específico. fica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não
exista o original manter uma única cópia;
De acordo com a natureza do assunto 7. Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em cai-
- OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados não prejudicam xa ou pasta apropriada, identificando externamente o seu conteúdo
a administração; e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
- SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é limitado, 8. Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os
com divulgação restrita. documentos/processos estão armazenados.
De acordo com a espécie Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizon-
- ADMINISTRATIVO: Referente às atividades puramente admi- tal e a vertical.
nistrativas; - Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns
- JUDICIAL: Referente às ações judiciais e extrajudiciais; sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário. É indicado para
- CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e orientação jurí- arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões,
dica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres, busca alternativas para pois evitam marcas e dobras nos mesmos.
evitar a esfera judicial. - Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns
atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para arquivos
De acordo com o grau de sigilo correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos
- RESERVADO: Dados ou informações cuja revelação não-au- documentos.
torizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles
previstos; Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo,
- SECRETO: Dados ou informações referentes a sistemas, ins- devemos considerar tantos os métodos quanto os sistemas.
talações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibi-
assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, pro- lidade ou não de recuperação da informação sem o uso de instru-
gramas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não auto- mentos.
rizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma
Estado; ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro semelhante) para lo-
calizar um documento em um arquivo.
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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema - Método numérico simples
direto de busca e/ou recuperação, como por exemplo, os métodos Esse método é usado quando o modo de organizar é feito pelo
alfabético e geográfico. número da pasta ou do documento em que ele foi arquivado. É mui-
Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indi- to utilizado na organização de prontuários médicos, filmes, proces-
reto de busca e/ou recuperação, como são os métodos numéricos. sos e pastas de funcionários.

A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classifi- - Método numérico cronológico
cados dentre de um mesmo assunto. Um método usado para fazer a organização dos documentos
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e por data. É extremamente utilizado para organizar documentos fi-
categorizada previamente para posterior arquivamento. nanceiros, fotos e outros arquivos em que a data é o elemento es-
Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos sencial para buscar a informação.
documentos, podendo ser:2
- Método numérico dígito-terminal
1. Arquivamento por assunto A partir do momento em que se faz uso de números maiores,
Uma das técnicas mais utilizadas para a gestão de documentos com diversos dígitos, o método simples não é eficiente. Isso ocorre
é o arquivamento por assunto. Como o próprio nome já adianta, porque ele acaba se tornando trabalhoso e lento. Por isso, nesse
essa técnica consiste em realizar o arquivamento dos documentos caso, o mais indicado é utilizar o método dígito-terminal.
de acordo com o assunto tratado neles. Nesse método, a ordenação é realizada com base nos dois últi-
Isso permite agrupar documentos que tratem de assuntos cor- mos dígitos. Quando esses são idênticos, a ordenação é dada a par-
relatos e permite encontrar informações completas sobre deter- tir dos dois dígitos anteriores. Isso acaba tornando o arquivamento
minada matéria de forma simples e direta, sendo especialmente mais ágil e eficiente.
interessante para empresas que lidam com um grande volume de
documentos de um mesmo tema. 4. Método eletrônico
O método eletrônico consiste em arquivar os documentos de
2. Método alfabético forma eletrônica, realizando sua digitalização — o que permite não
Uma das mais conhecidas técnicas de arquivamento de docu- só organizá-los de diversas formas distintas e de acordo com o mé-
mentos é o método alfabético, que consiste em organizar os docu- todo que mais se encaixa na organização e nas necessidades da em-
mentos arquivados de acordo com a ordem alfabética desses, per- presa, mas fazer sua gestão online e até mesmo remota.
mitindo uma consulta mais intuitiva e eficiente.
Como a própria denominação já indica, nesse esquema o ele- 5. Método geográfico
mento principal considerado é o nome. Estamos falando sobre um Esse método é aquele usado quando os documentos apresen-
método muito usado nas empresas por apresentar a vantagem de tam a sua organização por meio do local, isto é, quando a empresa
ser rápido e simples. escolhe classificar os documentos a partir de seu local de origem.
No entanto, quando se armazena um número muito grande de No entanto, de acordo com a literatura arquivística, duas nor-
informações, é comum que existam alguns erros. Isso acontece de- mas precisam ser empregadas para que o método geográfico seja
vido à grande variedade de grafia dos nomes e também ao cansaço utilizado de forma adequada. Confira!
visual do funcionário.
Para que a localização e o armazenamento dos documentos - Norma do método geográfico 1
se tornem mais rápidos, é possível combinar esse método com a Quando os documentos são organizados por país ou por es-
escolha de cores. Dessa forma, fica mais simples encontrar a letra tado, eles precisam ser ordenados alfabeticamente. Dessa forma,
procurada. fica mais fácil localizá-los depois. Isso vale também para as cidades
Esse método é conhecido como Variadex e utiliza as cores de um mesmo país ou estado: sempre postas em ordem alfabética.
como elementos auxiliares, com o objetivo de facilitar a localização Nesse caso, as capitais precisam aparecer no início da lista, uma vez
e a recuperação dos documentos. Vale lembrar que essa é somen- que elas são, normalmente, as mais procuradas, tendo uma quanti-
te uma variação do método alfabético. É possível, ainda, combinar dade maior de documentos.
esse método ao de arquivamento por assunto, usando a ordem al- - Norma do método geográfico 2
fabética para subdividir a organização. Ao realizar um arquivamento por cidades, quando não existe
separação por estado, não há a exigência de que as capitais fiquem
3. Método numérico no início. A ordem vai ser simplesmente alfabética. Entretanto, ao
O método numérico é outra opção de arquivamento e uma óti- final de cada cidade, o estado a que ela corresponde precisa apare-
ma escolha para empresas que lidam com um grande volume de cer na identificação.
documentos. Ele consiste em determinar um número sequencial 6. Método temático
para cada documento, permitindo sua consulta de acordo com um Esse é um método que propõe a organização dos documentos
índice numérico previamente determinado. por assunto. Assim, a classificação é elaborada pelos assuntos e te-
Como o próprio nome indica, esse método é aquele usado mas básicos, que podem admitir diversas composições.
quando os documentos são ordenados por números. É possível es-
colher três formas distintas de utilizá-lo: numérico simples, crono- 7. Índice onomástico (opcional)
lógico ou dígito-terminal. Índice de nomes próprios que aparecem no texto. Deve ser uti-
lizado quando o Coordenador da coleção assim o decidir. Deve ser
2Adaptado de www.agu.gov.br organizado da mesma maneira que o índice remissivo.
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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Tabela de temporalidade
Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência, recolhimento, descarte de
documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores (primário/adminis-
trativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários na instituição.
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma instituição no
exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final – eliminação ou guarda permanen-
te, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:

1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de acordo com as
funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados alfabeticamente para agili-
zar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e intermediária, visando
atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação daaposentadoria; e até qui-
tação da dívida.
- Os prazos são preferencialmente em ANOS
- Os prazos são determinados pelas: - Normas
- Precaução
- Informações recaptulativas
- Frequência de uso

3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta aplicação da tabela.
Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos quanto à destinação dos documentos,
segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.

A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO.


Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados procedimentos específicos,
de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
tabela de temporalidade e destinação.

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente. As alternativas são diversas,
como dispositivos externos de gravação,porém, o mais indicado hoje, é armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança,
a facilidade de acesso.

Armazenamento

Áreas de armazenamento

Áreas Externas
A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes, evitando-se, por
exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;
- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e construções irregulares;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como indústrias e depósitos de munições, de material bélico e aeroportos.

Áreas Internas
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão atender às necessidades de funcionalidade e conforto, enquanto as de arma-
zenamento de documentos devem ser totalmente independentes das demais.

Condições Ambientais
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das áreas dos depósitos,
as quais, por sua vez, também devem se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades específicas de preservação para cada tipo
de suporte.

A deterioração natural dos suportes dos documentos, ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que são aceleradas por
flutuações e extremos de temperatura e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes atmosféricos e às radiações luminosas,
especialmente dos raios ultravioleta.
A adoção dos parâmetros recomendados por diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e de umidade relativa entre 45%
e 60%) exige, nos climas quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos sofisticados, resultando em altos custos de investimento em
equipamentos, manutenção e energia.
Os índices muito elevados de temperatura e umidade relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação promovem a ocorrên-
cia de infestações de insetos e o desenvolvimento de microorganismos, que aumentam as proporções dos danos.
Com base nessas constatações, recomenda-se:
- armazenar todos os documentos em condições ambientais que assegurem sua preservação, pelo prazo de guarda estabelecido, isto
é, em temperatura e umidade relativa do ar adequadas a cada suporte documental;
- monitorar as condições de temperatura e umidade relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de metodologia previamente
definida;
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo direcionadas à obtenção de níveis de temperatura e umidade relativa estabilizados
na média, evitando variações súbitas;
- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos quando os equipamentos de climatização não puderem ser mantidos em funcio-
namento sem interrupção;
- proteger os documentos e suas embalagens da incidência direta de luz solar, por meio de filtros, persianas ou cortinas;
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial das radiações ultravioleta;
- reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâmpadas fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos tubos ou às luminárias;
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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

- promover regularmente a limpeza e o controle de insetos ras- No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, reco-
teiros nas áreas de armazenamento; menda-se o uso de invólucros internos de papel alcalino, para evitar
- manter um programa integrado de higienização do acervo e o contato direto de documentos com materiais instáveis.3
de prevenção de insetos;
- monitorar as condições do ar quanto à presença de poeira e PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUI-
poluentes, procurando reduzir ao máximo os contaminantes, uti- VO
lizando cortinas, filtros, bem como realizando o fechamento e a A manutenção dos documentos pelo prazo determinado na ta-
abertura controlada de janelas; bela de temporalidade dependem de três aspectos:
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios magnéticos
e ópticos em condições climáticas especiais, de baixa temperatura Fatores de deterioração em acervos de arquivos
e umidade relativa, obtidas por meio de equipamentos mecânicos Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos
bem dimensionados, sobretudo para a manutenção da estabilidade acervos e seu comportamento diante dos fatores aos quais estão
dessas condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ± expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e tra-
1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% çar políticas de conservação para minimizá-los.
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%. A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos
impressos, e o papel é basicamente composto por fibras de celulo-
Acondicionamento se, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e
Os documentos devem ser acondicionados em mobiliário e in- descobrir soluções para evita-los é um grande passo na preservação
vólucros apropriados, que assegurem sua preservação. e na conservação documental.
A escolha deverá ser feita observando-se as características fí- Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita
sicas e a natureza de cada suporte. A confecção e a disposição do a um único fator, pelo contrário, são várias as formas dessa degra-
mobiliário deverão acatar as normas existentes sobre qualidade e dação ocorrer, como veremos a seguir:
resistência e sobre segurança no trabalho.
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, promove 1. Fatores ambientais
a proteção contra danos físicos, químicos e mecânicos. Os docu- São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo,
mentos devem ser guardados em arquivos, estantes, armários ou como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do Ar, Radiação
prateleiras, apropriados a cada suporte e formato. da Luz, Qualidade do Ar.
Os documentos de valor permanente que apresentam grandes
formatos, como mapas, plantas e cartazes, devem ser armazenados - Temperatura e umidade relativa
horizontalmente, em mapotecas adequadas às suas medidas, ou O calor e a umidade contribuem significativamente para a des-
enrolados sobre tubos confeccionados em cartão alcalino e acon- truição dos documentos, principalmente quando em suporte-pa-
dicionados em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser pel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor
armazenado diretamente sobre o chão. acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações químicas, é
As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de compu- dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa
tador, devem ser armazenadas longe de campos magnéticos que proporciona as condições necessárias para desencadear intensas
possam causar a distorção ou a perda de dados. O armazenamento reações químicas nos materiais.
será preferencialmente em mobiliário de aço tratado com pintura A circulação do ar ambiente representa um fator bastante im-
sintética, de efeito antiestático. portante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade rela-
As embalagens protegem os documentos contra a poeira e da- tiva elevada.
nos acidentais, minimizam as variações externas de temperatura e
umidade relativa e reduzem os riscos de danos por água e fogo em - Radiação da luz
casos de desastre. Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acer-
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao manuseio, ao vos, provocando consideráveis danos através da oxidação.
peso dos documentos e à pressão, caso tenham de ser empilhadas. Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos acer-
Precisam ser mantidas em boas condições de conservação e limpe- vos:
za, de forma a proteger os documentos. - As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas que
As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem respeitar for- bloqueiem totalmente o sol;
matos padronizados, e devem ser sempre iguais às dos documentos - Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no controle
que irão abrigar, ou, caso haja espaço, esses devem ser preenchidos da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâmpadas
para proteger o documento. fluorescentes.
Todos os materiais usados para o armazenamento de docu-
mentos permanentes devem manter-se quimicamente estáveis ao - Qualidades do ar
longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afe- O controle da qualidade é muito importante porque os gases e
tem a preservação dos documentos. as partículas sólidas contribuem muito para a deterioração de ma-
Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invó- teriais de bibliotecas e arquivos, destacando que esses poluentes
lucros devem ser alcalinos e corresponder às expectativas de pre- podem tanto vir do ambiente externo como podem ser gerando no
servação dos documentos. próprio ambiente.

3Adaptado de CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/ www.ebox-


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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

2. Agentes biológicos 3. Intervenções inadequadas nos acervos


Os agentes biológicos de deterioração de acervos são, entre Trata-se de procedimentos de conservação que realizamos em
outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os roedores e os fun- um conjunto de documentos com o objetivo de interromper ou me-
gos, cuja presença depende quase que exclusivamente das condi- lhorar seu estado de degradação e que as vezes, resultam em danos
ções ambientais reinantes nas dependências onde se encontram os ainda maiores.
documentos. Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar exige um
conhecimento das características individuais dos documentos e dos
- Fungos materiais a serem empregados no processo de conservação.
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento e umi-
dade para sobreviver e proliferar. O alimento provém dos papéis, 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
amidos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é fator O manuseio inadequado dos documentos é um fator de degra-
indispensável para o metabolismo dos nutrientes e para sua pro- dação muito frequente em qualquer tipo de acervo.
liferação. Essa umidade é encontrada na atmosfera local, nos ma- O manuseio abrange todas as ações de tocar no documento,
teriais atacados e na própria colônia de fungos. Além da umidade sejam elas durante a higienização pelos funcionários da instituição,
e nutrientes, outras condições contribuem para o crescimento das na remoção das estantes ou arquivos para uso do pesquisador, nas
colônias: temperatura elevada, falta de circulação de ar e falta de foto-reproduções, na pesquisa pelo usuário etc.
higiene.
5. Fatores de deterioração
As medidas para proteger o acervo de infestação de fungos são: Como podemos ver, os danos são intensos e muitos são irrever-
- estabelecer política de controle ambiental, principalmente síveis. Apesar de toda a problemática dos custos de uma política de
temperatura, umidade relativa e ar circulante conservação, existem medidas que podemos tomar sem despender
- praticar a higienização tanto do local quanto dos documentos, grandes somas de dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos
com metodologia e técnicas adequadas; desses agentes. Alguns investimentos de baixo custo devem ser fei-
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao manuseio tos, a começar por:
dos documentos e regras de higiene do local;
- manter vigilância constante dos documentos contra acidentes - treinamento dos profissionais na área da conservação e pre-
com água, secando-os imediatamente caso ocorram. servação;
- atualização desses profissionais (a conservação é uma ciência
- Roedores em desenvolvimento constante e a cada dia novas técnicas, mate-
A presença de roedores em recintos de bibliotecas e arquivos riais e equipamentos surgem para facilitar e melhorar a conserva-
ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Tentar obstruir as pos- ção dos documentos);
síveis entradas para os ambientes dos acervos é um começo. As is- - monitoração do ambiente – temperatura e umidade relativa
cas são válidas, mas para que surtam efeito devem ser definidas por em níveis aceitáveis;
especialistas em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que - uso de filtros e protetores contra a luz direta nos documentos;
não provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz - adoção de política de higienização do ambiente e dos acervos;
nos mesmos moldes citados acima: temperatura e umidade relativa - contato com profissionais experientes que possam assessorar
controladas, além de higiene periódica. em caso de necessidade.

- Ataques de insetos 6. Características gerais dos materiais empregados em con-


Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto revestimen- servação
tos, provocam perdas de superfície e manchas de excrementos. As Nos projetos de conservação/preservação de acervos de biblio-
baratas se reproduzem no próprio local e se tornam infestação mui- tecas, arquivos e museus, é recomendado apenas o uso de mate-
to rapidamente, caso não sejam combatidas. riais de qualidade arquivística, isto é, daqueles materiais livres de
Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos imensos quaisquer impurezas, quimicamente estáveis, resistentes, duráveis.
em acervos, principalmente em livros. A fase de ataque ao acervo Suas características, em relação aos documentos onde são aplica-
é a de larva. Esse inseto se reproduz por acasalamento, que ocorre dos, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, reversibilidade
no próprio acervo. Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus e inércia.Dentro das especificações positivas, encontramos vários
derivados, como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes, os
todos os materiais à base de celulose. adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borrachas plás-
O ataque causa perda de suporte. A larva digere os materiais ticas etc., usados tanto para pequenas intervenções sobre os docu-
para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala e põe ovos. Os mentos como para acondicionamento.
ovos eclodem e o ciclo se repete.
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só para 7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para a
as coleções como para o prédio em si. Os cupins percorrem áreas conservação de acervos
internas de alvenaria, tubulações, conduítes de instalações elétri- Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante ter
cas, rodapés, batentes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do conhecimentos básicos sobre os materiais que integram nossos
alcance dos nossos olhos. acervos para que não corramos o risco de lhes causar mais danos.
Chegam aos acervos em ataques massivos, através de estantes Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são de
coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, assoalhos etc. grande importância para a estabilização dos documentos.

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NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

8. Higienização - Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são muito


A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os docu- frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica. Todo cuidado é
mentos. A sujidade não é inócua e, quando conjugada a condições pouco, até mesmo na escolha de seu acondicionamento.
ambientais inadequadas, provoca reações de destruição de todos - Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma atenção es-
os suportes num acervo. Portanto, a higienização das coleções deve pecial na limpeza. Em mapas impressos, desde que em boas condi-
ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, ções, o pó de borracha pode ser aplicado para tratar grandes áreas.
razão por que é considerada a conservação preventiva por excelên-
cia. 9. Pequenos reparos
- Processos de higienização Os pequenos reparos são diminutas intervenções que pode-
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de acervos de mos executar visando interromper um processo de deterioração
bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza de superfície e, por- em andamento. Essas pequenas intervenções devem obedecer a
tanto, é mecânica, feita a seco, com o objetivo de reduzir poeira, critérios rigorosos de ética e técnica e têm a função de melhorar o
partículas sólidas, incrustações, resíduos de excrementos de insetos estado de conservação dos documentos. Caso esses critérios não
ou outros depósitos de superfície. sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito grande e
- Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve ser avalia- muitas vezes de caráter irreversível.
do individualmente para determinar se a higienização é necessária Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos de-
e se pode ser realizada com segurança. No caso de termos as condi- vem ser tratados por especialistas da área. Os demais documentos
ções abaixo, provavelmente o tratamento não será possível: permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os ma-
• Fragilidade física do suporte teriais utilizados para esse fim devem ser de qualidade arquivística
• Papéis de textura muito porosa e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve
- Materiais usados para limpeza de superfície - a remoção da obedecer a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que,
sujidade superficial (que está solta sobre o documento) é feita caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum
através de pincéis, flanela macia, aspirador e inúmeras outras fer- obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.
ramentas que se adaptam à técnica, como bisturi, pinça, espátula, Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente
agulha, cotonete; deve ser feito com o uso dos EPIs – Equipamentos de Proteção Indi-
vidual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de prote-
- Limpeza de livros ção e pró-pé/bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas,
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, pincel ma- como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios, protegendo
cio, aspirador, flanela macia, conforme o estado da encadernação; assim a saúde do profissional.4
- Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela lombada,
apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, limpar os cortes,
começando pela cabeça do livro, que é a área que está mais exposta TABELAS DE TEMPORALIDADE E DESTINAÇÃO DE DOCU-
à sujidade. Quando a sujeira está muito incrustada e intensa, utili- MENTOS DE ARQUIVO PARA O PODER EXECUTIVO DO ES-
zar, primeiramente, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um TADO DE MINAS GERAIS
pedaço de carpete sem uso;
- O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, numa primei-
ra higienização; Prezado(a),
- Oxigenar as folhas várias vezes. A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
- Higienização de documentos de arquivo - materiais arquivís- servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
ticos têm os seus suportes geralmente quebradiços, frágeis, distor- sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
cidos ou fragmentados. Isso se deve principalmente ao alto índice dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
de acidez resultante do uso de papéis de baixa qualidade. As más cabem na estrutura de nossas apostilas.
condições de armazenamento e o excesso de manuseio também Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
contribuem para a degradação dos materiais. Tais documentos têm organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
que ser higienizados com muito critério e cuidado. dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
- Documentos manuscritos - os mesmos cuidados para com os Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
livros devem ser tomados em relação aos manuscritos. O exame link a seguir: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/acervo/acer-
dos documentos, testes de estabilidade de seus componentes para vo_gestao_classificacao/tabela_de_temporalidade.pdf
o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de intervenção
devem ser cuidadosamente realizados.

- Documentos em grande formato


- Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura (no ge-
ral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de borracha, após
testes. Pode-se também usar um cotonete - bem enxuto e embebi-
do em álcool. Muito sensíveis à água, esses papéis podem ter dis-
torções causadas pela umidade que são irreversíveis ou de difícil
remoção. 4Adaptado de Norma Cianflone Cassares
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

(C)Quatro, somente.
QUESTÕES (D)Três, somente.
(E)Dois, somente.

1. No processo de arquivamento, se enquadram como Tipolo- 5.O procedimento de arquivo que visa a desacelerar o proces-
gias documentais e suportes físicos, EXCETO: so de degradação de documentos, por meio de controle ambiental
(A)Microfilmagens. e de tratamentos específicos, tem a seguinte denominação:
(B) Preservação e conservação documental. (A) limpeza.
(C) Restauração de documentos. (B) conservação.
(D) Protocolos e avaliação de documentos. (C) vaporização
(D) desinfestação.
2. O princípio da arquivologia segundo o qual os arquivos refle- (E) higienização
tem a estrutura, as funções e as atividades da entidade produtora,
em suas relações internas e externas é denominado como: 6. A restauração deve ser entendida como um conjunto de me-
(A) Indivisibilidade. didas que objetivam a estabilização ou a reversão de danos físicos
(B).Unicidade ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do
(C) Organicidade uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu
(D) Cumulatividade. caráter histórico. A técnica de restauração de documentos que con-
(E) Proveniência. siste na aplicação de reforço de papel ou tecido em qualquer face
de uma folha, denomina-se:
3. Na implementação de programas de gestão de documentos (A) velatura
é muito importante a utilização de método de ordenação. Em uma (B) laminação
situação cuja necessidade é um eixo de plano prévio de distribuição (C) encolagem
dos documentos em dez grandes classes, cada uma podendo ser (D) encapsulação.
subdividida em dez subclasses e assim por diante. Assinale a opção (E) alisamento.
que indica esse método de ordenação.
(A)Decimal. 7. Acerca das atividades de protocolo, julgue os itens subse-
(B)Dígito-terminal. quentes.
(C)Duplex. Os documentos considerados sigilosos são recebidos pelos ser-
(D)Geográfico. viços de protocolo, mas devem ser enviados em envelope lacrado
(E)Soundex. com a indicação da classificação de sigilo.
( ).CERTO
4. Preservação de documentos é o conjunto de medidas adota- ( ) ERRADO
das visando proteger, conservar ou restaurar os documentos arma-
zenados em um arquivo. Na conservação dos documentos, vários 8. Quando o protocolo remete documentos aos setores de
elementos devem ser evitados, pois tendem a danificar ou acelerar trabalho para estes decidirem sobre a matéria contida nesses do-
sua degradação. Sobre medidas e cuidados com a preservação dos cumentos, ele realiza uma de suas principais atividades, que é o
documentos, considere os seguintes itens. registro.
I. Deve-se evitar a entrada de água, fogo ou luz no ambiente de ( ).CERTO
arquivo, pois esses elementos tendem a danificar os documentos. ( ) ERRADO
II. A limpeza do ambiente, sempre que possiv́ el, deve ser feita
a seco (aspirador de pó) ou com a utilização de panos úmidos nas 9. Os fatores ambientais são cruciais para a conservação de do-
estantes e no chão. cumentos, pois são responsáveis por reações químicas que podem
III. Deve-se evitar a utilização de saliva ou umedecedor de de- gerar alta nocividade ao papel e favorecer sua destruição. Consi-
dos ao passar as páginas dos documentos. derando essa informação, assinale a alternativa que apresenta um
IV. Ao fazer anotações nos documentos, como o código de clas- fator de degradação de agente químico.
sificação, por exemplo, deve-se utilizar lápis. (A) iluminação
V. Os objetos metálicos, como clipes, grampos e colchetes, de- (B) temperatura
vem ser evitados por provocar a oxidação do papel. Quando neces- (C) poluição atmosférica
sária a juntada de folhas para formar um processo ou documento, (D) acondicionamento
é indicada a utilização de clipes ou colchetes plásticos. (E) umidade relativa
VI. Colas e fitas adesivas também devem ser evitadas, por pro-
vocar manchas irreversiv́ eis no documento, produto de sua alta
acidez. Na restauração de documentos, existem colas e fitas ade-
sivas com qualidade arquiviś tica (sem acidez) adequadas a essa
tarefa.
Quantos dos itens apresentados estão corretos?
(A)Todos.
(B)Cinco, somente.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE ARQUIVOLOGIA

10. A principal finalidade do arquivo é servir como fonte de ______________________________________________________


consulta à administração, pois é constituído, em sua essência, dos
documentos produzidos e dos documentos recebidos pela entidade ______________________________________________________
mantenedora do acervo, podendo, ao longo do tempo, servir como
elemento de história. Quando os documentos passam a ter um va- ______________________________________________________
lor histórico, sem utilidade administrativa, seu arquivamento deve
______________________________________________________
obedecer a alguns cuidados especiais. Acerca desses cuidados, jul-
gue os itens que se seguem. ______________________________________________________
I O arranjo é o conjunto de operações que organizam os docu-
mentos conforme o planejamento previamente estabelecido. ______________________________________________________
II A descrição é o conjunto de procedimentos que consideram
os elementos formais e de conteúdo dos documentos para a elabo- ______________________________________________________
ração de instrumentos de pesquisa.
III A preservação e o acesso dizem respeito à prevenção de de- ______________________________________________________
terioração e danos em documentos, por meio do adequado con-
______________________________________________________
trole ambiental e de tratamentos físico-químicos, se necessário,
com a finalidade de se viabilizar a consulta aos documentos e às ______________________________________________________
informações.
Assinale a alternativa correta. ______________________________________________________
(A) Nenhum item está certo.
(B) Apenas o item III está certo. ______________________________________________________
(C) Apenas os itens I e II estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos. ______________________________________________________
(E) Todos os itens estão certos.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
2 C ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 B
6 A ______________________________________________________

7 CERTO ______________________________________________________
8 ERRADO ______________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 E
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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______________________________________________________
______________________________________________________
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______________________________________________________
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TÉCNICAS SECRETARIAIS

tar ampliá-las. Já se o sonhador integrar-se com o observador, sua


RELAÇÕES PESSOAIS E INTERPESSOAIS capacidade de introspecção será imensa e saberá como ninguém
apreciar o silêncio e a reflexão.
Para o sucesso das equipes, se faz necessário que os seus inte-
Personalidade e relacionamento grantes utilizem-se de empatia, coloquem-se no lugar dos outros,
Os tipos de personalidade podem contribuir ou não para o de- estejam receptivos ao processo de integração e, dessa forma, per-
sempenho das equipes. Cada personalidade possui características mitam-se amoldar. Se não houver esse tipo de abertura, em que
definidas com seus respectivos focos de atenção, que, todavia, se cada um dos elementos ceda, a equipe será composta de pesso-
interagem, definindo indivíduos com certas características mais sa- as que competem entre si, o que traz o retrocesso da equipe ao
lientes e que incorporam características de um outro estilo. conceito simplista de grupo, ou seja, apenas um agrupamento de
Vistos de maneira objetiva, nenhum dos tipos de personalida- indivíduos que dividem o mesmo espaço físico, mas que possuem
de é bom ou mau, certo ou errado. Cada um é uma combinação objetivos e metas diferentes, bem como não buscam o aprimora-
distinta de força e fraqueza, beleza e feiura. Nenhum padrão é me- mento e crescimento dos outros.1
lhor ou o melhor, pior ou o pior. Às vezes, determinada pessoa pode Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos
achar que o seu padrão é o melhor, outra vezes, que é o pior. Mas desenvolver relações interpessoais.
é possível, num momento, encontrar força em um padrão e, num Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades
outro, encontrar uma fraqueza. são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser
O que se observa é que as pessoas acabam ficando perplexas alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional
umas com as outras quando começam a perceber os segredos que de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respeito,
as outras pessoas ocultam das suas personalidades. amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, os
Na análise das personalidades, nada é estanque e tudo pode se sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados ini-
ajustar, desde que se esteja disposto a fazê-lo. Nunca um protetor, cialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influenciarão
por exemplo, carrega somente as características da sua tipologia. as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos positivos
Uma pessoa com o centro emocional predominante não será ne- de simpatia e atração provocarão aumento de interação e coopera-
cessariamente uma boa artista. Talvez brilhe mais como administra- ção, repercutindo favoravelmente nas atividades e ensejando maior
dora, quem sabe? Todos os tipos são interligados e se movimentam produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos de antipatia e
fazendo contrapontos e complementos. rejeição tenderão à diminuição das interações, ao afastamento nas
Cada tipo de personalidade é formado por três aspectos: o pre- atividades, com provável queda de produtividade.
dominante, que vigora na maior parte do tempo, quando as coisas Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona
transcorrem normalmente e que é chamado de seu tipo; o aspecto diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio-
que vigora quando se é colocado em ação, gerando situações de es- nais competentes individualmente podem render muito abaixo de
tresse; e o terceiro, que surge nos momentos em que não se sente sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho.
em plena segurança. Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma
Exemplificando, ao ver-se numa situação de estresse, o obser- base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe-
vador (em geral, quieto e retraído) torna-se repentinamente extro- cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos,
vertido e amistoso, características típicas do epicurista, num esfor- crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças
ço de reduzir o estresse. Sentindo-se em segurança, o observador de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação
tende a se tornar o patrão, direcionando os outros e controlando o compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório
espaço pessoal. novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são
Todos têm virtudes e aspectos negativos. Então, vivem-se os encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento
aspectos mais positivos de cada tipo. Essas qualidades pode se so- entre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subor-
mar a outras de outro tipo, promovendo integração. dinados. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do ou-
Se o tipo empreendedor se integra com o sonhador, ele pode tro, se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma
passar a ter autoestima apurada e a saber levar a vida sem dramas. modalidade de relacionamento diferente daquela em que não há
Ficará mais otimista, espontâneo e criativo também. Não se prende respeito pela opinião do outro, quando ideias e sentimentos não
a fazer coisas que não satisfazem seus desejos e os dos outros. Se são ouvidos, ou ignorados, quando não há troca de informações. A
o tipo individualista integra-se com o empreendedor, provavelmen- maneira de lidar com diferenças individuais criam certo clima entre
te ele poderá ser capaz de agir no presente e com objetividade, as pessoas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, prin-
aceitando a realidade e vivendo suas emoções como são, sem ten- cipalmente nos processos de comunicação, no relacionamento in-
terpessoal, no comportamento organizacional e na produtividade.
1Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com
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a solução para o seu concurso!
TÉCNICAS SECRETARIAIS

Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es- a aceitação das diferenças. A empatia é um ato de compreensão tão
pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente seguro quanto à apreensão do sentido das palavras contidas numa
ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta página impressa.
ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, baseado A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: reprimir
naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. Os a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o outro
valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros. como um objeto.
Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a empa-
ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Refle- tia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos outros.
tem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Quan- Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro desencadeia a
do digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha atitude crueldade.
em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo- Empatia implica certo grau de compartilhamento emocional -
res, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três componen- um pré-requisito para realmente compreender o mundo interior do
tes: cognitivo, afetivo e comportamental. outro.
A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude. Ela A empatia nas empresas
estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu Qual a relação entre empatia e produtividade?
componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere “O conceito de empatia está relacionado á capacidade de ouvir
ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu ponto
de João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas o en-
pode provocar resultados no comportamento. O componente com- tendimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor. No
portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar momento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização dia-
de determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. En- loga e conhece saltos de produtividade e de satisfação das pessoas”.
tão, para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de
João por causa dos meus sentimentos em relação a ele. “A empatia é primordial para o desenvolvimento das organi-
Encarar a atitude como composta por três componentes – cog- zações pois, ela é que define no comportamento individual a preo-
nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender cupação de cada indivíduo no equilíbrio comportamental de todos
sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor- os envolvidos no processo, pois, empatia pressupõe o respeito ao
tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis. outro.”
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, um
Eficácia no relacionamento interpessoal tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os va-
A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente lores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos in-
adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situ- terpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos.
ação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor
com relações interpessoais de acordo com três critérios: e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis
relevantes e respectiva interrelação. Empoderamento
Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é uma
que não haja regressões. ação que permite melhorar a qualidade e a produtividade dos co-
Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas laboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado seja
continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos, satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acontecem através de
como quando começaram a resolver seus problemas. delegação de autoridade e de responsabilidade, fomentando a co-
Dois componentes da competência interpessoal assumem im- laboração sistêmica entre diferentes níveis hierárquicos e a propa-
portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O gação de confiança entre os liderados e os líderes.
processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gestores de
da situação interpessoal. delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, promovendo
A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica- a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de tomada de deci-
ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em são da empresa.
suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc. O empowerment permite aos funcionários da empresa toma-
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres- rem decisões com base em informações fornecidas pelos gestores,
sões de uma outra na esperança de compreendê-la. aumentando sua participação e responsabilidade nas atividades
da empresa. Geralmente é utilizado em organizações com cultura
Empatia participativa, que utilizam equipes de trabalho autodirigidas e que
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e situa- compartilham o poder com todos os seus funcionários.
ções vivenciadas. O empowerment está diretamente ligado ao conceito de lide-
“Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao envolvi- rança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se pode
mento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da perspectiva dos criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em uma
outros quebra estereótipos tendenciosos e assim leva a tolerância e empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de hábitos e

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pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende se utili- 2. A abertura para uma real autonomiadando às pessoas não
zar de uma prática como o empowerment não pode ter uma cultura somente as informações, mas o apoio e a liberdade necessária para
de tomada de decisões centralizada, por exemplo. agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incentivá-los a lide-
O empowerment possui quatro bases principais, que são: rar os processos em que estão envolvidos, e sob os quais assumi-
• Poder– dar poder às pessoas, delegando autoridade e res- ram responsabilidades. Uma cultura punitiva impede a autonomia;
ponsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa dar erros devem ser corrigidos, não punidos. A autonomia deve guiar-
importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e autonomia -se pela visão, missão e valores da empresa, assim como por seus
de ação. objetivos e metas, dentro do contexto dos sistemas e processos em
• Motivação – proporcionar motivação às pessoas para incen- vigor na organização.
tivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom desempe- 3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocraciaque tornam
nho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas partici- as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empowerment,
pem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das metas. equipes auto-gerenciadas podem atingir alta performance e buscar
• Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos de ca- a excelência em níveis muito superiores aos de empresas centrali-
pacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso significa zadoras.
treinar continuamente, proporcionar informações e conhecimento, Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adapta-
ensinar continuamente novas técnicas, criar e desenvolver talentos ção mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente apropria-
na organização. do para o aprendizado dos funcionários a fim de torná-los tomado-
• Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso signi- res de decisão dentro da empresa.2
fica orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos hori-
zontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.
Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de Eficácia no comportamento interpessoal.
decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle ou A postura profissional é o comportamento adequado dentro
liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior, uma das organizações, na qual busca seguir os valores da empresa para
vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante de se um resultado positivo.
destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e melhora
a condução dos processos internos à empresa. A importância da qualidade
As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contínu-
Vantagens do empowerment as aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao fe-
Com mencionado anteriormente, a adoção do empowerment nômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupação
por parte das empresas traz diversos benefícios para elas, como por com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos funcionários, Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar seu
aumentando assim a taxa de retenção dos talentos da empresa, o perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajustando
compartilhamento das responsabilidades e tarefas, maior agilidade às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os no-
e flexibilidade no processo de tomada de decisão, etc. Além, claro, vos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas dos
de estimular o aparecimento de novos líderes dentro das empresas. clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e que
Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que realizem suas atividades com qualidade.
preparam suas organizações para a prática do empowerment, trei- Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor-
nando e doutrinando seus funcionários para que possam receber porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia,
tais responsabilidades de forma correta. significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou
Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma re- seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma po-
lação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces de sitiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agregam
uma mesma moeda.Para promovê-lo, não basta transferir verbal- valor ao seu trabalho.
mente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições de agir Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o
no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolvendo o que profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas
chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como intraempreen- a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O
dedores e como se fossem “proprietárias” do negócio, pensando grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber
como empresários. se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se
disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa-
Aplicação do empowerment tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se
Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empower- fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir).
ment é necessário: Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâmi-
1. Um profundo compartilhamento das informaçõescom to- co, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que representa
dos os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a incerteza. qualidade para uma empresa não necessariamente o é para outra.
Ela é fundamental para a correta tomada de decisões. A Informação Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional, procure en-
deve circular, de maneira clara, transparente e adaptada à condição tender quais são as competências valorizadas naquele ambiente de
e necessidade de cada equipe em particular. Algumas informações trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para realizar suas tarefas
gerais para o bom entendimento do negócio e do cenário devem com qualidade.
ser compartilhadas com todas as pessoas, outras mais restritas e
sigilosas, apenas com as pessoas-chave.
2Texto adaptado de Gustavo Periard
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As novas exigências Há, ainda, outras características que certamente podem contar
Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência
devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien- diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per-
tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é pre- sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta);
ciso se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade.
podem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática? A Conexão Profissional, na terceira edição da série Desafios
Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es- para se tornar um bom profissional, trata de mais um dos desafios
colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não dos recém-chegados ao mundo corporativo: a atenção aos proces-
é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma sos e às rotinas nas organizações.
vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos
de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho a serem dados é procurar compreender a rotina da organização.
que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve é
“habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para a
verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque recen- conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção contí-
temente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando- nua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel
-se. Vejamos algumas delas: na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
 Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissio- teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
nal exige uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber o conjunto.
se comportar em público, honrar os compromissos e prezar pela Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar
organização no ambiente de trabalho. e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar
 Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
estar sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar a
a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados.
com que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
certo e o que é errado para cada ambiente. o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos
 Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma ques- produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso
tão de bom senso, mas também uma questão de comprometimen- pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur-
to profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti-
ponto positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.
colaborador. Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
 Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho.
cumpra os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos
para os compromissos marcados. só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior
 Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em-
ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o
obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais conjunto, melhores resultados.3
situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no A competência interpessoal é habilidade de lidar eficazmente
relacionamento com os outros é fundamental. com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma
 Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e adequada à necessidade de cada uma delas e às exigências da situ-
aceitar opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pes- ação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade de lidar eficazmente
soas a também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja com relações interpessoais de acordo com três critérios:
imposto ao demais.
 Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constan-  Percepção acurada da situação interpessoal, de suas vari-
te em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a pos- áveis relevantes e respectiva inter-relação.
tura profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é  Habilidade de resolver realmente os problemas de tal
um ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais. modo que não haja regressões.
 Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico,  Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvi-
mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e inte- das continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos,
resse incansáveis para aprender. como quando começaram a resolver seus problemas.
 É necessário ter um ânimo permanente, disposição para
o trabalho e para correr atrás do que se quer. Dois componentes da competência interpessoal assumem
 O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e importância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita.
boa administração do seu tempo e das suas tarefas. O processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acu-
 Muitas organizações começam a mostrar interesse em in- rada da situação interpessoal.
vestir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica-
uma sólida relação de confiança mútua. ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em
 A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhu- suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc.
ma relação profissional pode dar certo. A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma impres-
sões de uma outra na esperança de compreendê-la.
3Por Rozilane Mendonça
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Novas COMPETÊNCIAS começam a ser exigidas pelas organiza- • Reconhecer emoções nos outros: Empatia.
ções, que reinventam sua dinâmica produtiva, desenvolvendo no- • Habilidade em relacionamentos interpessoais: aptidão social
vas formas de trabalho e de resolução de conflitos. Surgem novos
paradigmas de relações das organizações com fornecedores, clien- Fatores positivos do relacionamento
tes e colaboradores. Nesse contexto, as relações humanas no am- Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num soma-
biente de trabalho tem sido foco da atenção dos gestores, para que tóriogeral, irão contribuir para uma boaqualidade no atendimento
sejam desenvolvidas habilidades e atitudes necessárias ao manejo interno e externo. Assim, desde que cumpridos ou atendidos re-
inteligente das relações interpessoais. quisitos básicos de valorização do outro, estaremos falando de um
bom relacionamento. Os níveis de relacionamento aqui devem ser
DEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIA elevados, tendo em vista sempre odireito de cada indivíduo derece-
ber com qualidade a supressão de suas necessidades.
Chamamos de competência a integração e a coordenação de O relacionamento entre pessoas é aforma como eles se tratam
um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A.) que ese comunicam. Quando os indivíduos se comunicam bem, e o gos-
na sua manifestação produzem uma atuação diferenciada. tam de fazer, se diz que há um bom relacionamento entre as partes.
Quando se tratam mal, e pelo menos um deles não gosta de entrar
C – conhecimento - SABER em contato com os outros, é um mau relacionamento.
H – habilidade – SABER FAZER Fatores que interferem no trabalho em equipe
A - atitude - QUERER FAZER - Estrelismo;
- Ausência de comunicação e de liderança;
A COMPETÊNCIA TÉCNICA envolve o C.H.A em áreas técnicas - Posturas autoritárias;
específicas. - Incapacidade de ouvir;
- Falta de treinamento e de objetivos;
A COMPETÊNCIA INTERPESSOAL envolve o C.H.A nas relações - Não saber “quem é quem” na equipe.
interpessoais.
Fatores positivos do relacionamento
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Comunicabilidade
Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. • habilidade de expor as ideias;
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora • clareza na comunicação verbal;
certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil. Aristóteles • é a qualidade do ato comunicativo otimizado, no qual a men-
sagem é transferida integral, correta, rápida e economicamente e
Como trabalhar bem com os outros? Como entender os outros sem “ruídos”.
e fazer-se entender?
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida emocio- Objetividade
nal. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se nos recifes das • relacionada com a clareza na informação prestada ao usuário.
paixões e dos impulsos desenfreados, pessoas com alto nível de QI • é importante ser claro e direto nas informações prestadas,
pode ser pilotos incompetentes de sua vida particular. sem rodeios, dispensando informações desnecessárias à situação.
A aptidão emocional é uma capacidade que determina até
onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenhamos, Eficiência
incluindo o intelecto bruto. • A Administração Pública deve atender o cidadão com agilida-
Inteligência emocional: É a habilidade de lidar eficazmente de, com adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos
com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma recursos disponíveis.
adequada as necessidades de cada uma e as exigências da situação,
observando as emoções e reações evidenciadas no comportamento Presteza
do outro e no seu próprio comportamento. • Manifestação do interesse em atender às necessidades do
Inteligência intrapessoal: É a habilidade de lidar com o seu usuário.
próprio comportamento. Exige autoconhecimento, controle emo-
cional, automotivação e saber reconhecer os sentimentos quando Interesse
eles ocorrem. • É importante mostrar-se interessado pelo problema/situação
Inteligência interpessoal: É a habilidade de lidar eficazmente do cidadão-usuário.
com outras pessoas de forma adequada. • Mostrar empenho para lhe apresentar as soluções.
• O interesse na prestação do serviço está diretamente relacio-
ELEMENTOS BÁSICOS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL nado à presteza, à eficiência e à empatia.
• Autoconhecimento: Conhecer a si próprio, gerar autoconfian-
ça, conhecer pontos positivos e negativos. Não apenas nas relações humanas assim como nas relações de
• Controle Emocional: Capacidade de gerenciar as próprias trabalho, colocar-se no lugar do outro (empatia) garante maior sen-
emoções e impulsos. sibilidade e interesse ao usuário do serviço público.
• Automotivação: Capacidade de gerenciar as próprias emo-
ções com vistas a uma meta a ser alcançada. Persistir diante de fra-
cassos e dificuldades.
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Tolerância • Habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com conflitos e


• É a tendência em admitir que modos de pensar, agir e sentir hostilidade dos outros.
são diferentes de pessoa para pessoa. • Habilidade de modificar o meu ponto de vista e comporta-
• É tolerante aquele que admite as diferenças e respeita à di- mento no grupo em função do feedback dos outros e dos objetivos
versidade. a alcançar.
• Tendência a procurar relacionamento mais próximo com as
Discrição pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho.
• Ser discreto é ter sensatez, ser reservado, recatado e des-
cente. Empatia
• Não devemos confundir com o princípio da publicidade. Os Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e situações
atos administrativos devem seguir o princípio da publicidade que vivenciadas.
significa manter a total transparência na prática dos atos da Admi-
nistração Pública. “Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao envolvi-
• Ser discreto nas relações de trabalho e nas relações com o mento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da perspectiva dos
cidadão-usuário é preservar a privacidade e a individualidade, não outros quebra estereótipos tendenciosos e assim leva a tolerância e
invadir a privacidade, não espalhar detalhes da vida pessoal nem a aceitação das diferenças. A empatia é um ato de compreensão tão
tampouco detalhes de assuntos que correm em segredo de justiça. seguro quanto à apreensão do sentido das palavras contidas numa
página impressa.
Comportamento receptivo e defensivo A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: reprimir
a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o outro
Comportamento Receptivo como um objeto.
Significa perceber e aceitar possibilidades que a maioria das O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a empa-
pessoas ignora ou rejeita prematuramente. tia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos outros.
Pode ser de natureza sensorial ou psicológica. Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro desencadeia a
No primeiro caso a pessoa se caracteriza por estar atento ao crueldade.
que acontece a sua volta. Empatia implica certo grau de compartilhamento emocional -
No segundo a característica é de pessoa de mente aberta e sem um pré-requisito para realmente compreender o mundo interior do
preconceitos à novas ideias. outro.
A curiosidade é inerente do comportamento receptivo.
A empatia nas empresas
Comportamento Defensivo
O servidor não tem comportamento receptivo quando: Qual a relação entre empatia e produtividade?
• parecem saber de tudo;
• nunca têm dúvidas; “O conceito de empatia está relacionado á capacidade de ou-
• que têm resposta para qualquer pergunta; vir o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu
• sempre têm certeza das coisas; ponto de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas
• que não admitem ser contestados; o entendimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor.
• têm todas as informações; No momento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização
• acham que estão sempre certos; dialoga e conhece saltos de produtividade e de satisfação das pes-
• tendem a colocar os outros na defensiva. soas”. (
• age como o “dono da verdade” - transmite a ideia de que Silvia Dias – Diretora de RH da Alcoa)
todos os outros são “ignorantes” e não têm nada de útil ou interes-
sante a dizer. “A empatia é primordial para o desenvolvimento de lideran-
• quando afirma suas verdades e não admite contestação - ças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois pressupõe o
transmite a mensagem de que vê a si mesmo como professor, con- respeito ao outro; em uma dinâmica que favorece o aumento da
siderando todos os outros como aprendizes. produtividade”. (
• faz os ouvintes experimentarem sentimentos de inferiorida- Olga Lofredi – Presidente da Landmark )
de, o que produz um comportamento defensivo.
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, um
Habilidades necessárias ao bom relacionamento no trabalho tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os va-
• Habilidade de comunicar ideias de forma clara e precisa em lores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações
situações individuais e de grupo. humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos in-
• Habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem. terpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos.
• Habilidade de aceitar críticas sem fortes reações emocionais Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor
defensivas (tornando-se hostil ou “fechando-se”) e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
• Habilidade de dar feedback aos outros de modo útil e cons-
trutivo.
• Habilidade de percepção e consciência de necessidades, sen-
timentos e reações dos outros.

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Órgão, servidor e opinião pública


A opinião pública tem uma visão estereotipada do funcionário O servidor na interação entre o Estado e a sociedade
público. Nesta visão, são realçados os aspectos negativos: menor Ao trazer para o debate a importância de priorizar os servido-
empenho no trabalho, descaso na prestação de serviços e acomo- res públicos nos processos de comunicação e relacionamento, par-
dação nas rotinas do emprego etc. te-se do pressuposto de que é no dia a dia, no atendimento face a
face que o Estado mais é chamado a se posicionar.
Esta é uma visão muito antiga. E é nessa circunstância de interação direta entre os represen-
Desmistificar um estereótipo socialé sabidamente uma tarefa tantes do governo e aqueles que compõem a sociedade, que a ima-
de paciência e que demanda tempo. É necessária uma estratégia, gem construída nos demais meios de comunicação se confirma ou
permanente e progressiva de esclarecimento da sociedade civil, a é atirada por terra.
fim de mostrar o porquê da existência do servidor público e sua A maioria das críticas ao governo é recebida pela equipe de
necessidade. O porquê de sua necessária e constante valorização. trabalho antes de chegar às autoridades eleitas. E quem mais exer-
A Constituição de 1988 estabelece que a única maneira de pro- ce esse papel de “para-raios” é o servidor que trabalha em contato
vimento de cargos públicos efetivo é através de concurso. Atual- direto com o cidadão. Seja nos setores destinados exclusivamente
mente, a maior parte do funcionalismo público de cargos efetivos é ao atendimento de reclamações e solicitações, seja na portaria, na
formada por servidores concursados, aprovados em certames que rua, na obra, nas escolas, nas unidades de saúde ou nos setores
exigem muito preparo. administrativos. Independentemente de seu perfil e função, ele é
Mas, uma boa parte dos cargos comissionados,a maioria car- reiteradamente indagado pelo cidadão sobre os serviços oferecidos
gos de gestão, são ocupados por servidores nomeados segundo cri- pela administração pública, bem como sobre as formas de acesso e
térios de interresses políticos. Isso gera um quadro onde o servidor os prazos de execução.
tem uma boa formação, mas os chefes são amadores. Atendentes, motoristas, recepcionistas, dirigentes, telefonis-
Além disso, há uma gama de outros funcionáriosselecionados tas, técnicos, terceirizados, representam uma instituição aos olhos
pelo critério “quem indica”, contratados temporariamente, ou ter- do público externo.
ceirizados,ou para Consultoriae cujos contratos sãorenovados inú- Tudo e todos comunicam. Cada integrante de uma organização
meras vezes equivalendo na prática a quase um cargo permanente. é um agente responsável por ajudar o cidadão a saber da existência
Infelizmente há ainda esses que caem de paraquedas no serviço de informações, ter acesso fácil e compreensão, delas se apropriar e
público. ter a possibilidade de dialogar e participar em busca da transforma-
Entretanto, o que se percebe é que a cena da repartição cheia ção de sua própria realidade. (DUARTE, Jorge, 2007, p. 68).
de máquinas de datilografia e cadeiras com paletós sobre elas re- O Estado, portanto, fala por meio de seus servidores. Ao aten-
pousando, hoje é tão pitoresca quanto rara. der o cidadão, ele é um braço do Estado em posição estratégica de
É claro que exames rigorosos para admissão de novos servido- porta-voz dos serviços disponíveis e “tradutor” de normas e proce-
res aumentam a qualidade do funcionalismo , mas não é só isso. É dimentos, incumbido de adequar o conteúdo e a linguagem a cada
preciso estruturar carreiras no serviço público com cursos obrigató- demanda e a cada interlocutor.
rios e específicos para o setor público. Além disso, também está em situação privilegiada para captar
Os cidadãos estão cada vez mais conscientes de que o serviço as impressões, críticas, desejos e necessidades do público, na medi-
público que lhe é prestado não é gratuito: é muito caro. Pagam- da em que o contato direto cotidiano com os cidadãos oferece sub-
-se tributos de várias espécies, numa complexa configuração fiscal sídios para identificar fragilidades no atendimento, nos processos,
(cumulatividade, bi-tributação, efeito cascata, guerra fiscal, etc...) na divulgação dos serviços e na própria política.
que precisam arcar, inclusive, com os custos da burocracia excessiva Lipsky (1980) destaca que esses atores têm informações que
e da provisão para fraudes. podem indicar caminhos para aprimorar as políticas e promover a
A sociedade está ciente de que o serviço público deve ser efi- gestão democrática dos programas. O valor estratégico da media-
ciente e de que o servidor público está ali para servir a sociedade. ção que os servidores fazem entre o Estado e a sociedade, não só
O emprego público deve explorar as habilidades que fizeram o como executores, mas também definidores dessa relação, chama a
candidato ser empossado. A remuneração, a depender da carreira, atenção para a análise do seu papel na grande rede social interliga-
deve ser mantida em níveis competitivos ao da esfera privada. Mas, da ao Estado.
nada disso visa a efemeridade do “status” que alguns servidores O que alimenta o funcionamento de uma organização é o que o
públicos apreciam. Tudo visa o fim público, objetiva a satisfação das funcionário sabe. (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Nessa perspectiva,
necessidades coletivas. ele é percebido não como cumpridor de planos, mas um negocia-
Uma nova política de recursos humanos é necessária. Deverá dor, capaz de incentivar o diálogo, coletivizar ideias, formular alter-
ser permanente e estar em constante aperfeiçoamento, produzin- nativas e articular a ação conjunta.
do, na ponta, servidores mais críticos, competentes, inovadores e A complexidade dos problemas sociais requer retroalimenta-
cientes de sua missão pública. Essa é a única forma de se resgatar, ção e aprendizagem constantes, decodificação das informações re-
perante a sociedade, a dignidade da função, e se ganhar do público, cebidas, flexibilização de regras e disseminação de conhecimento.
o reconhecimento devido. Sob essa perspectiva, os servidores se revelam duplamente agen-
Perante a sociedade, maus servidores não têmdireitos - nem tes de comunicação pública: como agentes melhor posicionados
de grevar, porque são dispensáveis. Bons servidores, ao contrário, para contribuir com informações e conhecimento para aprimorar
competentes e atenciosos, tornam-se mais fortes e reconhecidos, os serviços públicos (levando informação do cidadão para o Estado
porque imprescindíveis. Não adianta simplesmente lutar pelo salá- e deste para o cidadão) e também como agentes encarregados de
rio sem ter postura e ética na hora de servir.4 efetivar as políticas públicas.
4Fonte: www.metodologiacientifica-rosilda.blogspot.com.br
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A comunicação dirigida face a face pode viabilizar soluções de das necessidades dos clientes e aos parcos recursos disponíveis,
cotidianas para os cidadãos que solicitam atenção e esperam por quer para o pagamento dos salários, quer para a execução mesmo
informações corretas. Além disso, Argenti (2006) afirma que a cre- das políticas. (SCHMIDT, 2006, p. 17-18).
dibilidade adquirida por meio do relacionamento com grupos espe- Hogwood e Gunn (1993) listam diversas precondições para a
cíficos tende a surtir mais efeito que campanhas e anúncios corpo- adequada implementação das políticas públicas. Dentre outros fa-
rativos massivos. tores, eles apontam o acordo sobre os objetivos, a perfeita comuni-
As organizações públicas, e especificamente as administra- cação e coordenação e a obediência aos superiores. Considera-se,
ções municipais, que desejam atingir resultados na implantação no entanto, que tais aspectos dificilmente serão totalmente atendi-
das práticas de comunicação com seus cidadãos precisam utilizar dos porque os indivíduos tendem a resistir a serem tratados como
com eficiência o contato direto com estes, gerando interatividade e meios. Eles interagem como seres integrais, trazendo suas próprias
contribuindo para a constituição de imagem favorável. (GERZSON; perspectivas.
MULLER, 2009, p. 65). Mesmo que a formalidade burocrática vise a padronizar proce-
Woodrow Wilson, um dos inspiradores do paradigma clássico dimentos, os servidores têm uma certa liberdade de decisão. Sua
da administração pública, já em 1887, demonstrava a importância adaptação às normas pode ser feita de modo a desvirtuar comple-
de aproximá-la da sociedade. Ele defendia a eliminação do anoni- tamente os objetivos, ampliando ainda mais as cobranças relativas
mato burocrático e a discricionariedade como formas de aumentar aos procedimentos burocráticos irrelevantes ou promovendo uma
a responsabilidade e criticava a desconfiança ilimitada nos adminis- adaptação favorável ao cidadão, explicando os trâmites de forma
tradores e nas instituições públicas. simplificada, apontando alternativas ou mesmo flexibilizando as
Considerando tais questões, abordar a comunicação pública normas para melhor atender cada cidadão.
sob o prisma da relação individual entre servidor e cidadão é uma Assim, as prioridades outorgadas pelos planejadores também
tentativa de compreender as estratégias e os mecanismos envolvi- são influenciadas pelo poder político de instâncias do próprio po-
dos na comunicação formal e informal e o modo como os servidores der público. Destaca-se, então, a importância de focar a tríade go-
lidam com os interesses e as demandas dos cidadãos. verno-servidor-cidadão na comunicação pública. Entende-se, neste
Chamar a atenção para o papel dos servidores na adequação caso, que o governo é o agente do primeiro escalão, responsável
das políticas governamentais é considerar que ações públicas não por grandes decisões e por formatar e planejar a implantação das
são isentas. Elas trazem a marca dos interesses e das percepções de políticas públicas.
seus executores, o que pode causar distorções entre as necessida- Por outro lado, considera-se que tanto a política quanto a co-
des dos cidadãos e o que o Estado lhes oferece. (SKOCPOL, 1985). municação pública direcionadas ao cidadão só se efetivam na ação,
Busca-se, portanto, destacar a necessidade de considerar que o Es- e o servidor que as implementa pode alterar o curso delas.
tado se submete não só a interesses localizados na sociedade, mas Do ponto de vista comportamental, muito do que se sabe so-
também aos interesses de seus próprios membros. bre as estratégias de interação entre os servidores e os cidadãos
Segundo Rhodes (1986), implícito à concepção de redes está o deve-se às pesquisas empíricas desenvolvidas por Lipsky (1980). O
argumento de que a implementação é um elemento-chave no pro- autor afirma que os servidores públicos desenvolvem um conjunto
cesso político, pois os objetivos iniciais podem ser substancialmen- de estratégias que são postas em ação de acordo com o tipo de
te transformados quando levados à prática. demanda existente.
Porém, a concepção tradicional da administração pública pres- Chamado de “burocrata no nível da rua”, por Michael Lipsky
supõe que as políticas são implementadas tal como foram planeja- (1980), o servidor focado nesse estudo trata-se de um prestador de
das, desconsiderando o contexto e as especificidades de quem as serviços públicos, diretamente atuante na oferta desses serviços e
implementa e de quem as recebe. Focar as redes numa perspectiva com contato pessoal com os usuários. A burocracia de nível de rua
micro possibilita perceber in loco como, de fato, a implementação (street level bureaucracy) considera que os escalões mais baixos são
das políticas é efetivada. essenciais para o funcionamento efetivo e prega que a aproxima-
O distanciamento hierárquico e a falta de interação entre os ção ajuda a definir a relação entre Estado e sociedade. (FERRAREZI,
formuladores (agentes políticos) e implementadores (agentes ad- 2007).
ministrativos) podem gerar distorções em ambos os processos, re- Dasso Junior (2002) destaca que o papel a ser desempenhado
fletidas na distância entre a política planejada e a política que chega pelos servidores diante da necessidade de flexibilizar procedimen-
ao cidadão. A implementação dos programas criados nos níveis hie- tos burocráticos incongruentes com a realidade dos atendimentos
rárquicos superiores pode diferir do que foi proposto, por diversos passa por reconstruir a capacidade analítica do Estado. É preciso
motivos: a falta de entendimento, a não explicitação dos objetivos, “dotar a administração pública de capacidade para dar respostas
os interesses políticos de quem implementa a ação, a (re)significa- às demandas sociais, definidas através de processos participativos”.
ção em função da vivência e percepção do servidor, ou mesmo a (DASSO JUNIOR, 2002, p. 13). Para isso, o autor defende a flexibili-
adaptação consciente às condições de trabalho ou às condições es- zação e redução da estrutura hierárquica, bem como a inclusão dos
pecíficas dos cidadãos atendidos. servidores na formulação e gestão das políticas.
Dentre os fatores que podem levar a essa desconexão está o “O instrumento fundamental de ação do servidor é a informa-
fato de que os trabalhadores que estão em suas atividades diárias ção, o que requer capacidade de captar, transferir, disseminar e uti-
em contato direto com os cidadãos possuem suas próprias referên- lizá-la de forma proativa e interativa.” (JUNQUEIRA; INOJOSA, 1992,
cias; eles agem em respeito a elas (...). É relevante o fato de as po- p. 29). Mas, para alterar o formato instrumental de comunicação, é
líticas públicas serem executadas no nível da rua, por funcionários preciso vencer resistências e posições arraigadas. A construção de
muitas vezes desconhecedores das políticas conforme o desenho relacionamentos requer a superação de barreiras como a resistên-
original, desmotivados, sobrecarregados, trabalhando sob situação
de estresse devido ao alto grau de incerteza inerente à diversida-
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cia de gestores e servidores historicamente acostumados com es- processos de comunicação no contexto das organizações de uma
truturas hierarquizadas e com um processo verticalizado e marcado forma dinâmica e próxima da prática cotidiana, considerando-se as
pela apropriação e pelo controle da informação. relações que as constituem.
Ao se analisar o Estado após o processo de redemocratização Ao estabelecer vínculos internos e externos entre diferentes
do Brasil, é possível verificar que a incapacidade de os governos conjuntos de ação, a análise das redes de comunicação possibilita
centrais darem respostas a demandas sociais cada vez mais com- estabelecer nexos explicativos entre as relações dinâmicas do sis-
plexas, diversas e conflitantes, cujos atores reivindicam atenção di- tema do “nós” da comunidade de comunicação com o ecossistema
ferenciada, resulta na descentralização administrativa. externo do “eles” possibilitando, inclusive identificar suas dialéticas
Embora tal medida, baseada no modelo da nova gestão públi- na definição cognitiva de um campo de ação comum. (HANSEN,
ca, busque proporcionar mais flexibilidade e autonomia para apro- 2006, p. 2-3).
ximar as estruturas de decisão dos cidadãos, a tendência dos gover- Dentro das organizações, pode-se utilizar a metodologia de
nos em implementar políticas autorreferentes persiste. Verifica-se rede para identificar relações de cooperação e conflito, bem como
uma proliferação de decisões “por um pequeno círculo que se loca- para avaliar a influência da hierarquia e de interesses individuais
liza em instâncias enclausuradas na alta burocracia governamental”. nas relações, as interações dentro dos setores e transetoriais, as
(DINIZ, 1998, p. 34). competências e as relações de poder. No aspecto das redes exter-
Assim, o desenho institucional trazido pela nova administração nas, cabe considerar o atendimento, a captação de informações
pública aumentou o isolamento dos decisores. (DINIZ, 2000). Via de que possibilitem adequar às demandas e as relações estabelecidas
regra, eles trabalham em gabinetes distantes dos pontos de atendi- com outras organizações.
mento e não mantêm contato frequente com os cidadãos atingidos Se por um lado, a análise de redes sociais trabalha com os mes-
por suas decisões. Por outro lado, a maioria daqueles que mantêm mos instrumentos de captação de dados utilizados pelas ciências
contato cotidiano com os cidadãos no processo de implementação sociais: questionários, entrevista, análise documental; por outro,
e disponibilização das políticas, nos balcões de atendimento, repre- ela oferece novas possibilidades na análise de tais dados.
sentando o governo em reuniões com os diferentes grupos asso- A análise de redes sociais tem uma dimensão propriamente so-
ciativos da sociedade civil, ou executando políticas de educação, cial e comunicacional, que permite traçar os elos, as interações e as
saúde, habitação, infraestrutura e assistência social, exerce suas motivações dos atores em função do convívio (concreto ou virtual) e
funções longe dos níveis hierárquicos estratégicos. Não raro, seu dos interesses e dos objetivos compartilhados. (MARTELETO, 2010,
papel é considerado inexpressivo no modelo top-down de imple- p.39)
mentação de políticas. Nessa rede cujos nós são conectados pela relação que estabe-
A participação no gerenciamento pode criar motivação para o lecem, percebe-se que não só emissor e receptor se ajustam e se
trabalho e mais independência além, é claro, de proporcionar mui- influenciam na interação como também recebem outras influências
tos benefícios para a instituição, que poderá entender melhor as diretas e indiretas. A análise de redes sociais possibilita mapear e
demandas do cidadão, ao mesmo tempo em que o beneficia com analisar não apenas a mútua afetação, mas múltiplas afetações de-
um atendimento mais adequado. correntes das interações intraorganizacionais e sociais mais amplas.
Resolver problemas, seguidas vezes partindo do zero e utilizar No enfoque da rede, ter prestígio significa ser um ator que re-
esforços em duplicata são, segundo Davenport e Prusak (1998), prá- cebe mais informações do que envia. (WASSERMAN; FAUST, 1999,
ticas comuns nas quais o conhecimento14 de soluções já criadas p. 173). Sendo assim, a partir da análise das ligações é possível
não é compartilhado. Os autores destacam que há um saber oculto, identificar indivíduos mais bem posicionados em relação ao fluxo
em estado latente no processo de trabalho e na mente dos traba- relacional e que, em razão desta posição, possuem maior poder de
lhadores, que pode ser conhecido e socializado. A transferência de influenciar a comunicação entre os indivíduos com os quais se re-
conhecimento nas organizações também ocorre nas conversas in- lacionam.
formais e contatos pessoais. O desafio é transformar o conhecimen- A análise de rede aponta o poder de influência dos atores com
to latente em linguagem comunicativa, de modo a incorporá-lo ao base em diferentes aspectos posicionais. Ela identifica não só os
processo de trabalho e ao patrimônio da instituição. líderes de opinião, caracterizados como aqueles que mais influen-
Tal como destacam tais autores, se a realidade política de uma ciam as atividades, os relacionamentos e as informações na rede,
organização permite que se multipliquem enclausuradores do co- mas também os membros pelos quais passam os fluxos mais in-
nhecimento, o intercâmbio será mínimo. Eles defendem que, ao tensos, aqueles que mais intermedeiam contatos ou aqueles cujo
invés de as informações serem represadas nos altos escalões ou potencial pode ser melhor explorado; além das conexões diretas
mesmo em nível gerencial, elas tenham fluxo entre os níveis hie- e indiretas, o grau de reciprocidade; a interação dentro e entre os
rárquicos e cheguem à ponta, aos funcionários que representam subgrupos e a coesão das relações. De forma análoga, também é
diretamente a organização nos atendimentos cotidianos. Assim, a possível identificar aqueles que constituem barreiras, comprome-
informação constituiria não só recurso estratégico para o planeja- tendo o processo comunicacional.
mento, controle e tomada de decisão, mas também para embasar Assim, a análise da comunicação organizacional, sob o prisma
as ações cotidianas. das relações em rede, possibilita responder questões como: com
quem cada indivíduo busca informação sobre determinado assun-
Análise de redes sociais na comunicação organizacional to; quais deles se conhecem ou quem tem acesso a quem; com que
A abundância de fluxos e demandas informacionais requer frequência trocam informações; se os colegas sabem com quem
reconhecer a organização como ator social com influências mul- buscar cada tipo de informação; se utilizam tais fontes; que tipo de
tidirecionais. Nessa perspectiva, a rede não é apenas uma cadeia relação estabelecem. Mais que responder tais questões, a análise
de vínculos, mas também uma maneira de analisar e entender os demonstra como cada aspecto influencia a estrutura de relações
do grupo.
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A rede considera a dinâmica dos objetos empíricos das ciên-


cias sociais e, portanto, é mutável. Ela possibilita indicar mudan- ORGANIZAÇÃO DE REUNIÕES
ças e permanências nos modos de comunicação e transferência de
informações, nas formas de sociabilidade, aprendizagem, autorias,
escritas e acesso aos patrimônios culturais e de saberes das socie- Hoje, uma das palavras mais usuais no mundo dos negócios é
dades mundializadas. (MARTELETO, 2010, p. 28). reunião. Faz parte da vida e da rotina dos profissionais. E mesmo
Com isso, as redes constituem um meio de aprimorar a comu- que o tempo esteja se esgotando, esses encontros parecem estar fi-
nicação, respeitando a autonomia e as diferenças individuais, onde cando cada vez mais longos. As reuniões servem para lançar ideias,
cada um constitui uma unidade em si, único em forma e posição. identificar projetos, discutir problemas e encontrar soluções. No
Ao considerar a capacidade e os recursos informacionais de cada meio de tudo isto, e para que as reuniões sejam verdadeiramente
membro e sua competência em compartilhá-los, a rede possibilita produtivas e não sejam esquecidas, é importante saber tomar notas
melhor promover articulações tanto na concepção quanto na exe- eficazes para as recordar mais tarde. Assim, definem-se reuniões
cução de suas funções. eficazes:
A comunicação no contexto das organizações como processo – Ideal que não tenham um calendário fixo e rígido;
relacional entre seus membros e destes com redes externas não é – Apresentação dos assuntos a serem discutidos;
restrita às relações hierárquicas e aos meios formais. Mais que as – Ter objetivo específico (tema);
estratégias utilizadas pelos meios de comunicação institucional e – Recomendado a divulgação prévia: data, hora e local da re-
mais ainda que os aspectos estritamente hierárquicos, analisar a alização;
comunicação nesse contexto requer uma abordagem a partir dos – Participantes;
vínculos, construídos intencionalmente ou não e que estão em – Previsão início e término da reunião.
constante interação e transformação.
A comunicação não é algo estanque. Ela existe a partir de uma Tipos de Reuniões
rede de relações que produz múltiplos sentidos. Nessa concepção, a – Conferência;
proposta é abordar a comunicação organizacional como um proces- – Mesa Redonda;
so social capaz de reconfigurar-se e reconfigurar continuamente a – Painel;
organização. Ao mesmo tempo em que ela constitui a realidade da – Reuniões de trabalho;
organização, ela modifica estruturas e comportamentos. – Seminário;
Embora a análise de redes possibilite mapear o fluxo informal – Simpósio.
de informações, percebe-se que os atores mais centrais são os líde-
res formais. Gerentes e coordenadores possuem grande influência Roteiro para uma reunião eficaz
sobre o fluxo de informação. A unilateralidade das relações aponta – Data;
uma reduzida permeabilidade da rede ao cidadão. Os atendentes, – Local;
cuja função é manter contato direto com o cidadão, em geral, es- – Hora de início e término da reunião;
tão à margem. Atores periféricos, eles interagem com o ambiente – Participantes (convidados ou convocados);
externo e captam novos elementos que poderiam possibilitar a ino- – Agenda priorizada de assuntos (conforme agenda de convo-
vação dentro da rede. No entanto, sua tímida participação no envio cação);
de informações para os demais faz com que grande parte dessas – Objetivos da reunião;
informações se percam. – Debates/ conclusão do que foi adotado como decisão;
Considerando o servidor como ator com grande potencial não – Resultados esperados;
só para a definição e implementação de políticas públicas, como – Prazos (tempo dado para implantar decisões);
também para a participação individual do cidadão, o mapeamento – Data da próxima reunião (caso seja necessário);
da rede e a análise das relações indicam a necessidade de incentivar – Assinatura de todos.
o aumento da densidade das relações e a reciprocidade dos laços.
O histórico de reformas administrativas e a influência dos di- Para não esquecer:
versos modelos de gestão pública emergem. A rede está inserida – Lista de presença;
no centro da aposta de uma administração gerencialista focada em – Papéis, lápis, canetas;
metas e resultados. No entanto, a reprodução do organograma nas – Pastas individuais com documentos necessários;
relações informais é um indicativo da influência do padrão burocrá- – Verifique com o superior se poderá haver ou não algum tipo
tico de administrar. de interrupção;
Desconsiderar a ponte entre a rede intraorganizacional e a rede – Os copos e as bebidas devem ser servidos em local estratégi-
extraorganizacional do órgão como elemento estratégico de acesso cos para que não atrapalhe o andamento da reunião.
ao cidadão por meio da interação pessoal é criar uma barreira. É – Caso necessário, suporte de videoconferência, datashow, gra-
por meio da interação entre as redes que elas se renovam. A troca vador, pen drives, outros.
de informações é que as torna dinâmicas e possibilita inovações
Abra a reunião esclarecendo os objetivos - certifique-se de que
todos os presentes tenham algo a acrescentar ao tema e que con-
cordam com o tempo proposto para a discussão. Torne o objetivo e
a agenda escritos e visíveis durante toda a reunião.

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Fique de pé – Levante-se em todas as reuniões com clientes Avaliar o que é realmente importante é fundamental para ge-
(sugestão). Isso ajuda a evitar conversas paralelas (dependendo da renciar o tempo. De acordo com o consultor Marco Antônio Impe-
posição), observar os participantes (incentivar ou controlar a parti- rador, da Franklin Covey do Brasil, quando não se sabe quais são as
cipação) e consultar visualmente as metas escritas quando o foco prioridades, tudo parece urgente e imprescindível.
estiver perdido. Infelizmente, quando os outros veem que estamos fazendo
Usar o relógio no centro da mesa- Uma das principais inquie- tudo, esperam sempre que todas as tarefas sejam realizadas. Isso
tações dos motoristas ao serem treinados e começar a aplicar suas não é bom. Entre as consequências de não priorizar estão a queda
aptidões é o gerenciamento do tempo. Como sugestão, deixe um no rendimento e até no conceito que o funcionário tem na empre-
grande relógio no centro da mesa, à vista de todos, para que todo o sa. O gestor não precisa de quem faz tudo, mas de quem faz bem o
grupo fique alerta e ciente das horas. que é realmente necessário - explica Imperador.
Escreva as memórias da reunião - para evitar perder ou repetir
conversas, é bom anotar as principais ideias e os próximos passos Planejamento Diário
discutidos na reunião (compromisso e data). 1. Rever o dia de ontem.
2. Relacionar os eventos de hoje de forma realista.
3. Priorizar cada tarefa.
ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO 4. Ordenar as tarefas.

Passo A Passo
É uma ferramenta gerencial5, que tanto pode ser utilizada nas
empresas quanto em nossas vidas, permitindo a organização de Balança Biológica
metas pessoais e profissionais com menor dispêndio de energia fí- O primeiro ponto é a aceitação do problema - no caso, a não
sica e mental. A boa administração de tempo é provavelmente o administração do tempo - e o comprometimento com a mudança.
fator mais importante na administração de si mesmo e do trabalho O período reservado para o lazer e descanso e para o trabalho deve
executado. Ela começa com a autodescoberta, isto é, com a identi- ser igual, 50% para cada. O gerenciamento do tempo só é possível
ficação de como utilizamos o nosso tempo, do que não nos satisfaz quando a balança biológica está equilibrada.
e do que desejamos mudar.
Delegar Funções
O Profissional e o seu Tempo Não ser controlador é fundamental, alguém que tem inúmeras
Um dos maiores problemas, para todos é que nunca há tempo tarefas concentradas em si e que não as delega, é o exemplo clássi-
suficiente para fazer tudo o que é necessário. Peter Drucker, diz que co do profissional que nunca tem tempo. Outro tipo que não con-
o profissional que não consegue gerenciar seu próprio tempo não segue fazer o dia render é o tipo ditador. Quase sempre mal visto é
consegue gerenciar nada mais. Pois é de vital importância que do- constantemente boicotado. As tarefas que ele delega são mal feitas
mine o seu tempo, ao invés de ser por ele dominado. e têm que ser executadas de novo, muitas vezes, por ele mesmo.

Passos fundamentais para se alcançar um melhor uso do Tem- Dizer Não


po: O profissional que nunca se nega a fazer alguma tarefa é uma
vítima em potencial da falta de tempo. Grande parte das empresas
• Quantificar como ele é utilizado atualmente; não tem uma definição clara de cargos e funções, de quem faz o
• Eliminar os pontos de estrangulamento com base nesta quan- quê. Isso acaba sobrecarregando os funcionários mais proativos e
tificação; os chefes. A ordem é priorizar e saber dizer não.
• Planejar efetivamente como aplicar o tempo economizado
com a eliminação dos estrangulamentos. E-mail
Em vez de ajudar, o correio eletrônico pode acabar se tornando
Diante desses passos, importante se faz a reflexão sobre como um dos grandes vilões quando o assunto é poupar tempo. Corren-
transformar o tempo em aliado. tes, piadas e diversos assuntos que nada têm a ver com o trabalho
entopem a caixa de e-mail e tomam um tempo enorme dos funcio-
Dicas para fazer do tempo um aliado nários. A solução é a definição pelas companhias de uma política
Descobrir, planejar, agir. Os três passos iniciais para quem quer clara de uso da intranet. A dica é utilizar o correio eletrônico o míni-
aprender a gerenciar o tempo podem parecer simples, mas exigem mo possível nas conversas com colegas de trabalho. O ideal é ir até
meticulosidade, força de vontade e, acima de tudo, disposição para os colegas e falar pessoalmente. Além de poupar tempo, é uma boa
mudar o estilo de vida. Definir prioridades, planejar a execução de- oportunidade de estreitar relacionamentos.
las e, por fim, realizá-las, é o caminho das pedras para aqueles que
querem ter uma vida equilibrada e organizada. Instrumentos Úteis
Agenda, bloco de anotações e gravador são alguns dos recursos
5 ADRIANA LACERDA. COMO GERENCIAR O TEMPO. CONSELHO REGIO- concretos que o profissional pode utilizar para otimizar seu tem-
NAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DO CEARÁ po. No entanto é imprescindível não se deixar escravizar por es-
Administração Eficaz do Tempo. Pesquisa: CIPE – Centro Integrado de Pesquisa e ses instrumentos de gerenciamento. Ele deve escolher apenas um
Ensino: Abril 2010. e planejar e organizar suas tarefas nele. “São muitos os que usam
ALEXANDER, Roy. GUIA PARA A ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO, Rio de Janeiro:
Campus, 1994.
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agenda, e-mail, gravador... Em vez de ganharem tempo, acabam As oito maneiras de superar o adiamento:
perdendo porque tem que checar seus compromissos em vários Faça agora e fará uma vez somente:
lugares diferentes. - Não fique lendo e relendo para fazer uma ação. Leia e aja.
- Clareie a sua mente: Não postergue nada.
Reuniões - Programe o que você vai fazer e realmente faça ou esqueça o
Objetividade deve ser um dos lemas do executivo que quer ge- que você não vai fazer.
renciar bem o seu tempo. Por isso, reuniões só devem ser convoca- - Resolva os problemas enquanto eles são pequenos: Caso con-
das se forem estritamente necessárias. Consomem muito tempo. trário seus problemas crescerão e consumirão mais tempo.
Se forem inevitáveis, o ideal é discutir especificamente o assunto - Diminua as interrupções desnecessárias: Isso o ajudará a ser
pautado. Delimitar o tempo de duração e o que vai ser abordado no mais produtivo.
encontro também evita o desperdício de tempo - Coloque os atrasos em dia: Os trabalhos atrasados criam o seu
próprio trabalho extra.
Simplicidade - Comece a operar visando o futuro e não o passado: Trabalhe
A prolixidade é um dos grandes problemas nas empresas. Uma sempre de forma preventiva, antecipando-se.
conversa telefônica que poderia durar cinco minutos, prolonga-se - Pare de se preocupar: O grande dano do adiamento é o cansa-
por uma hora por pura falta de objetividade. O profissional que ço mental e psíquico que isso causa.
tenta fazer mil coisas ao mesmo tempo, não se concentra em nada Agora sinta-se melhor em relação a si mesmo: A conclusão de
e não define prioridades certamente não conseguirá fazer seu dia tarefas evita o estresse e a ansiedade e traz mais autoconfiança e
render. auto respeito.

Quanto tempo utilizar em cada tarefa? Esqueça lembrando


A lei de Parkinson diz que o trabalho tende a preencher (ou A maioria das pessoas tem certo orgulho da sua capacidade de
adaptar-se) ao tempo disponível ou alocado para ele. Se você alo- se lembrar de “tudo” o que deve ser feito. É um jogo mental que
car uma hora para uma determinada tarefa, terá mais chances de fazem. Embora possam ter sido bem-sucedidas em uma certa épo-
terminar o trabalho dentro desse prazo, caso estabeleça duas horas ca, o ritmo atual do trabalho e da vida particular e o volume de
para o mesmo trabalho provavelmente utilizará as duas horas para atividades com as quais devemos estar em dia aumentaram tanto
o trabalho. Estabeleça sempre a quantidade de horas e datas para que é impraticável estar por dentro de mil coisas a fazer. Essa preo-
conclusão de projetos, provavelmente descobrirá um meio de fa- cupação constante de tudo o que precisa fazer, lembrar-se de tudo,
zê-lo dentro do prazo estabelecido por você, e sua produtividade simplesmente lhe sobrecarregam, principalmente porque acaba se
aumentará bastante. lembrando de “tudo” nos momentos menos interessantes.
Os executivos e gerentes deveriam se interessar mais em es-
Dividindo seu trabalho de rotina em lotes. quecer todas as coisas que têm a fazer. Sim eu disse esquecer. O
A divisão em categorias e o agrupamento de seu trabalho po- que as pessoas precisam é de ter um sistema adequado em prática
dem ser chamados de “agrupamento”. Processe as informações e para se lembrar dessa infinidade de detalhes quando, e só quando,
as tarefas semelhantes em lotes, reduzindo dessa forma, o desper- for preciso.
dício e o deslocamento. Você executará cada tarefa de forma mais
eficiente. Muitos elementos de seu trabalho podem ser reduzidos a Alguns Pontos de Estrangulamento Detectados:
simples rotinas que lhe permitirão concluir tarefas semelhantes no • Reveja se realmente é necessário lidar com toda a papelada;
mínimo tempo possível. Esses tipos de tarefas realmente se pres- • Estabeleça horários predeterminados e pré-estabelecidos
tam ao agrupamento. As vantagens de abordar o seu trabalho dessa para as atividades;
maneira são várias. Você verá que o trabalho em lotes permite que • Agende e divulgue as reuniões;
você se prepare e se organize para ele de uma só vez, ao invés de • Discipline-se na utilização do telefone, ou seja “Fale somente
ter de fazê-lo várias vezes se o trabalho for feito aleatoriamente. o necessário.”
É claro que a eliminação de todos os pontos de estrangulamen-
Superando o adiamento to é, em certos casos, praticamente impossível, mas se você conse-
O adiamento provavelmente consumirá mais tempo no seu lo- guir 50% do tempo bem administrado já alcançou um bom índice.
cal de trabalho do que em qualquer outro lugar. Se você for uma
pessoa que costuma adiar, a mudança de atitude para o Faça Ago- O que fazer com o tempo ganho?
ra será um elemento chave para ajudá-lo a identificar onde existe Primeiro crie uma hora diária (tempo arbitrário) só sua na qual
adiamento nos seus hábitos profissionais e a superá-lo. você se isola sem telefonemas, reuniões, entrevistas, etc. E então:
A maioria das pessoas é muito inteligente, até mesmo engenho- • Leia aqueles artigos importantes que estão se acumulando em
sa, no que diz respeito a adiar as coisas. “Eu não tenho muito tem- sua mesa;
po” é uma desculpa comum. • Pare e repense as suas atividades diárias;
“Eu acho que eles disseram que não estariam aqui hoje, então • Redescubra-se como profissional e como pessoa;
eu não liguei.” “Não é tão importante.” A lista e motivos pelos quais • Procure concentrar-se em tarefas multiplicadoras;
uma tarefa não pode ser concluída é interminável. • Pense na qualidade dos serviços prestados e como melhorá-
Seja tão esperto para concluir as coisas quanto o é para adiá-las. -las;
Insista até encontrar a solução para cada problema sem adiá-lo. É • Estabeleça ou melhore o seu relacionamento com os demais
aí que você deve concentrar o poder de sua mente, e não em des- profissionais da sua empresa.
culpas inteligentes.
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Benefícios obtidos com uma melhor Administração Do Tem- O Tempo é um recurso precioso, que não pode ser recuperado,
po: ou expandido, portanto saiba usá-lo pois ele proporciona oportuni-
dades iguais para todos.
• Desenvolve uma perspectiva real do que a vida oferece e
como pode ser vivida;
• Permite aproveitar mais a vida; CONDUTA PROFISSIONAL: COMUNICAÇÃO VERBAL E
• Possibilita maior domínio e controle do trabalho; APRESENTAÇÃO PESSOAL
• Evita pressão interna e pressões externas;
• Segurança e objetividade do trabalho; A postura profissional
• Aumenta a produtividade; É o comportamento adequado dentro das organizações, na
• Mantém o equilíbrio entre a vida pessoal, familiar e profis- qual busca seguir os valores da empresa para um resultado positivo.
sional;
• Combate celulite e flacidez, melhora o condicionamento físi- A importância da qualidade
co. As mudanças no mundo, em geral, estão cada vez mais contínu-
as aceleradas e, principalmente, diversificadas. Isso se deve ao fe-
A pessoa que não administra o seu tempo é porque passa a nômeno da globalização, aos avanços tecnológicos, à preocupação
maior parte do dia pensando no que fazer em 1º lugar, outra parte com a saúde e o meio ambiente, entre outros fatores.
recomeçando o trabalho interrompido e finalmente a outra recla- Tanto os profissionais como as empresas precisam adequar seu
mando que não teve tempo para nada. perfil para atender a essas novas mudanças, inclusive se ajustando
O primeiro passo é sabermos se estamos ou não utilizando bem às exigências do mercado, cada vez maiores. Para superar os no-
o nosso tempo. A melhor maneira de descobrirmos é fazendo algu- vos desafios impostos pela realidade e atender às expectativas dos
mas perguntas, como, por exemplo, as listadas a seguir: clientes, as empresas precisam de profissionais competentes e que
• Tenho a sensação de que nunca consigo terminar todas as ta- realizem suas atividades com qualidade.
refas planejadas no tempo previsto? Mas, afinal, o que é qualidade? Qualidade, na linguagem cor-
• Fico alternando entre uma tarefa e outra? porativa, é uma das condições para se ter sucesso e, hoje em dia,
• Sou constantemente interrompido enquanto estou executan- significa um dos diferenciais competitivos mais importantes. Ou
do meu trabalho? seja, é um conjunto de características que distinguem, de forma po-
• Gasto mais tempo do que deveria falando ao telefone ou len- sitiva, um profissional ou uma empresa dos demais e que agregam
do e-mails; ou nem sequer sei quanto tempo gasto com estas ati- valor ao seu trabalho.
vidades? Para se manter competitivo no mercado e ter um diferencial, o
profissional precisa realizar suas atividades corretamente. Apenas
Desperdiçadores do Tempo: a qualidade técnica, porém, não assegura o lugar no mercado. O
• Não definição / Classificação das metas; grande desafio do profissional de qualquer área de atuação é saber
• Não fazer plano diário; se relacionar bem (tratar as pessoas adequadamente, mostrar-se
• Prioridades não claras/ falta priorização; disponível e acessível, ser gentil), ter um comportamento compa-
• Alterações constantes de ordens e de prioridades; tível com as regras e valores da empresa e se comunicar bem (se
• Não antecipar prováveis acontecimentos futuros e não se pre- fazer entender pelos outros, escrever bem, saber ouvir).
parar para eles; Por fim, vale ressaltar: estamos falando de um conceito dinâmi-
• Não se prevenir contra problemas rotineiros; co, ou seja, cada empresa tem o seu. Fique atento: o que representa
• Empreendendo mais do que pode menos estimativa de tempo qualidade para uma empresa não necessariamente o é para outra.
não realista; Portanto, ao iniciar qualquer experiência profissional, procure en-
• Sobrecarga de trabalho; tender quais são as competências valorizadas naquele ambiente de
• Atrasos; trabalho. Investir nelas é o primeiro passo para realizar suas tarefas
• Barulho; com qualidade.
• Desorganização pessoal;
• Arquivos desorganizados; As novas exigências
• Responsabilidade e autoridades confusas; Aqueles que pretendem ingressar no mercado de trabalho já
• Não se ajustar a mudanças; devem ter escutado de professores, pais ou pessoas mais experien-
• Treinamento deficiente; tes que “a concorrência está cada vez mais acirrada” e que “é pre-
• Excesso de controle e Reuniões improdutivas; ciso se preparar”, e os recém-chegados ao mundo corporativo já
• Fazer eu próprio / não delegar; podem ter constatado esse fato. Mas o que isso significa na prática?
• Não saber dizer não; Há quem ache que “se preparar” está diretamente ligado à es-
• Excesso de material para ler; colha do curso superior e ao desempenho na faculdade, mas não
• Excesso de comunicação; é de todo verdade: isso é o primeiro passo, mas não garante uma
• Falta de comunicação; vaga no mercado. Dia após dia, surgem novas tecnologias e formas
• Inexistência de padrões / critérios; de se executar melhor uma tarefa e, com elas, relações de trabalho
• Falta de diretrizes; que exigem uma nova postura profissional — a de desenvolver as
• Não adaptação / resistências à mudanças. “habilidades” necessárias para enfrentar os desafios propostos. Na

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verdade, algumas dessas habilidades só ganharam destaque recen- na equipe e na organização, além de entender como os setores in-
temente, enquanto outras apenas mudaram de foco, atualizando- teragem e qual a função e inter-relação de cada um, considerando
-se. Vejamos algumas delas: o conjunto.
• Seja parceiro da educação. Uma boa postura profissional exi- Conhecer a rotina de sua equipe e da empresa permite otimizar
ge uma boa educação, ou seja, respeitar os demais, saber se com- e sistematizar suas atividades. Além disso, você pode administrar
portar em público, honrar os compromissos e prezar pela organiza- melhor o seu tempo, identificar e solucionar eventuais problemas
ção no ambiente de trabalho. com mais agilidade, bem como propor alternativas para aprimorar a
• Mantenha sempre uma boa aparência. Não é necessário es- qualidade do trabalho, sempre com o foco nos resultados.
tar sempre elegante, pois uma boa aparência significa saber usar Sem a compreensão dos processos, é menos provável perceber
a roupa certa no lugar certo. Devemos saber nos vestir de acordo o seu papel na organização. Resultado: mais desperdício, menos
com que o local de trabalho nos solicita, sabendo sempre o que é produtividade. Evite sempre trabalhar no “piloto automático”. Isso
certo e o que é errado para cada ambiente. pode acarretar retrabalho, gasto desnecessário de energia e recur-
• Cumprir todas as tarefas. Isso não é somente uma questão sos, não-cumprimento de prazos, burocratização e baixa competiti-
de bom senso, mas também uma questão de comprometimento vidade. Em síntese: prejuízo para você e para a empresa.
profissional. Desenvolver as tarefas que lhe são atribuídas é um Portanto, para satisfazer às exigências do mercado, é cada vez
ponto positivo que acaba também sendo avaliado por gestores do mais importante possuir uma visão global do ambiente de trabalho.
colaborador. Conhecer a rotina da organização e manter atenção aos processos
• Ser pontual. Faça o seu trabalho de maneira correta e cumpra só trazem ganhos para ambas as partes: para o profissional, maior
os horários planejados, mantendo sempre a pontualidade para os competitividade e possibilidade de agilizar soluções e, para a em-
compromissos marcados. presa, equipes mais integradas e que falam a mesma língua. Para o
• Respeitar os demais colegas de trabalho. Não é necessário conjunto, melhores resultados.6
ter estima por todos os colegas de trabalho, mas respeitá-lo é uma
obrigação. Não apenas no ambiente de trabalho, mas em demais A aprendizagem, como já vimos, pressupõe uma busca criativa
situações cotidianas. Por isso, respeitar as diferenças e os limites no da inovação, ao mesmo tempo em que lida com a memória organi-
relacionamento com os outros é fundamental. zacional e a reconstrói. Pressupõe, também, motivação para apren-
• Aceitar opiniões. É importante saber escutar, opinar e aceitar der. E motivação só é possível se as pessoas se identificam e con-
opiniões diferentes, pois essa atitude acaba levando as pessoas a sideram nobres as missões organizacionais e se orgulham de fazer
também entenderem o seu ponto de vista, sem que este seja im- parte e de lutar pelos objetivos. Se há uma sensação de que é bom
posto ao demais. trabalhar com essa empresa, pode-se vislumbrar um crescimento
• Autocrítica e interesse. Ao ter uma preocupação constante conjunto e ilimitado. Se há ética e confiança nessa relação, se não
em melhorar, dificilmente se terá problemas com relação a postura há medos e se há valorização à livre troca de experiências e saberes.
profissional, pois essa preocupação constante em melhorar é um Nesse aspecto, é possível perceber que a comunicação organi-
ponto que leva a melhoria contínua nas carreiras profissionais. zacional pode se constituir numa instância da aprendizagem pois,
• Espera-se que todo profissional tenha um preparo básico, se praticada com ética, pode provocar uma tendência favorável à
mas o novo profissional deve demonstrar também esforço e inte- participação dos trabalhadores, dar maior sentido ao trabalho, fa-
resse incansáveis para aprender. vorecer a credibilidade da direção (desde que seja transparente),
• É necessário ter um ânimo permanente, disposição para o fomentar a responsabilidade e aumentar as possibilidades de me-
trabalho e para correr atrás do que se quer. lhoria da organização ao favorecer o pensamento criativo entre os
• O profissional de hoje deve demonstrar disponibilidade e boa empregados para solucionar os problemas da empresa (Ricarte,
administração do seu tempo e das suas tarefas. 1996).
• Muitas organizações começam a mostrar interesse em inves- Para Ricarte, um dos grandes desafios das próximas décadas
tir na capacitação de seus funcionários, mas, para isso, é preciso será fazer da criatividade o principal foco de gestão de todas as em-
uma sólida relação de confiança mútua. presas, pois o único caminho para tornar uma empresa competitiva
• A ética é fundamental no trabalho. Sem seriedade, nenhuma é a geração de ideias criativas; a única forma de gerar ideias é atrair
relação profissional pode dar certo. para a empresa pessoas criativas; e a melhor maneira de atrair e
Há, ainda, outras características que certamente podem contar manter pessoas criativas é proporcionando-lhes um ambiente ade-
pontos positivos na hora da contratação ou mesmo na convivência quado para trabalhar.
diária no ambiente de trabalho: uma boa rede de contatos; per- Esse ambiente adequado pressupõe liberdade e competência
sistência (uma vez que a vontade, por si só, às vezes não basta); para comunicar. Hoje, uma das principais exigências para o exercício
cuidado com a aparência; assiduidade e pontualidade. A Conexão da função gerencial é certamente a habilidade comunicacional. As
Profissional, na terceira edição da série Desafios para se tornar um outras habilidades seriam a predisposição para a mudança e para a
bom profissional, trata de mais um dos desafios dos recém-chega- inovação; a busca do equilíbrio entre a flexibilidade e a ética, a de-
dos ao mundo corporativo: a atenção aos processos e às rotinas nas sordem e a incerteza; a capacidade permanente de aprendizagem;
organizações. saber fazer e saber ser.
Ao integrar uma equipe de trabalho, um dos primeiros passos Essa habilidade comunicacional, porém, na maioria das empre-
a serem dados é procurar compreender a rotina da organização. sas, ainda não faz parte da job-description de um executivo. É ainda
Ter uma visão global das atividades que a organização desenvolve é uma reserva do profissional de comunicação, embora devesse ser
indispensável para um bom desempenho e, principalmente, para a encarada como responsabilidade de todos, em todos os níveis.
conquista da autonomia. Para tanto, é fundamental atenção contí-
nua aos processos. Com isso, você pode compreender o seu papel 6 Por Rozilane Mendonça
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O desenvolvimento dessa habilidade pressupõe, antes de tudo, Para encontrarmos maior crescimento, a disponibilidade em
saber ouvir e lidar com a diferença. É preciso lembrar: sempre ape- aprender se faz necessária. Só aprendemos aquilo que queremos
nas metade da mensagem pertence a quem a emite, a outra me- e quando queremos.
tade é de quem a escuta e a processa. Lasswell já dizia que quem Nas relações humanas, nada é mais importante do que nossa
decodifica a mensagem é aquele que a recebe, por isso a necessi- motivação em estar com outro, participar na coordenação de cami-
dade de se ajustarem os signos e códigos ao repertório de quem vai nhos ou metas a alcançar.
processá-los. Um fato merecedor de nossa atenção é que o homem necessi-
Pode-se afirmar, ainda, que as bases para a construção de um ta viver com outros homens, pela sua própria natureza social, mas
ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem es- ainda não se harmonizou nessa relação.
tão na autoestima, na empatia e na afetividade. Sem esses elemen- Lewin (1965) considerou o grupo como o terreno sobre o qual
tos, não se estabelece a comunicação nem o entendimento. Embo- o indivíduo se sustenta e se satisfaz. Um instrumento para satis-
ra durante o texto tenhamos exposto inúmeros obstáculos para o fação das necessidades físicas, econômicas, políticas, sociais, etc.·.
advento dessa nova realidade e que poderiam nos levar a acreditar,
tal qual Luhman (1992), na improbabilidade da comunicação, acre- Comunicação
ditamos que essa é uma utopia pela qual vale a pena lutar. A comunicação é um dos principais processos da vida, que nos
Mas é preciso ter cuidado. Esse ambiente de mudanças, que deixa trocar pensamentos, informações, emoções, etc. Estamos
traz consigo uma radical mudança no processo de troca de infor- familiarizados com o conceito de remetente e destinatário na
mações nas organizações e afeta, também, todo um sistema de comunicação, vamos então diferenciar os dois tipos de comunicação.
comunicação baseado no paradigma da transmissão controlada de
informações, favorece o surgimento e a atuação do que chamo de Definições
novos Messias da comunicação, que prometem internalizarem nas – Comunicação pessoal: é uma atividade espontânea e
pessoas os novos objetivos e conceitos, estimularem a motivação e inconsciente.
o comprometimento à nova ordem de coisas, organizarem rituais – Comunicação impessoal: são os meios de comunicação,
de passagem em que se dá outro sentido aos valores abandonados atmosfera, eventos e outros canais que transmitem mensagens sem
e introduz-se o novo. contato ou comunicação face a face. A comunicação de massa influi
Hoje, não é raro encontrar-se nos corredores das organizações o comportamento e as atitudes pessoais por meio de um processo
profissionais da mudança cultural, agentes da nova ordem, verda- de fluxo de comunicação que ocorre em etapas.
deiros profetas munidos de fórmulas infalíveis, de cartilhas ilumi- – Comunicação verbal: o processo de troca de informações e
nistas, capazes de minar resistências e viabilizar uma nova cultura e ideias entre pessoas usando palavras que podem ser escritas ou
que se autodenominam reengenheiros da cultura. faladas. Um dos principais benefícios da comunicação verbal é que
Esses profissionais se aproveitam da constatação de que a co- ela permite um feedback quase imediato do receptor, o que pode
municação é, sim, instrumento essencial da mudança, mas se es- ajudar a garantir que a mensagem seja compreendida.
quecem de que o que transforma e qualifica é o diálogo, a experi- – Comunicação interpessoal: refere-se ao processo de
ência vivida e praticada, e não a simples transmissão unilateral de comunicação que ocorre entre duas ou mais pessoas usando
conceitos, frases feitas e fórmulas acabadas tão próprias da chama- linguagem verbal ou não verbal. Como sabemos, a interação social
da educação bancária descrita por Paulo Freire. e o compartilhamento de pensamentos e ideias são essenciais para
E a viabilização do diálogo e da participação tem de ser uma po- a existência humana. Este processo é necessário para cada pessoa
lítica de comunicação e de RH. A construção e a viabilização dessa refrigerar sua mente. A comunicação interpessoal que envolvendo
política é, desde já, um desafio aos estrategistas de RH e de comuni- duas pessoas é chamada de comunicação um-para-um. Já quando
cação, como forma de criar o tal ambiente criativo a que Ricarte de temos três ou mais pessoas estão envolvidas no processo de
referiu e viabilizar, assim, a construção da organização qualificante, comunicação é a comunicação em grupo.
capaz de enfrentar os desafios constantes de um mundo em muta- – Comunicação intrapessoal: tipo de comunicação em que
ção, incerto e inseguro. as pessoas se comunicam consigo mesmas. Nesse caso, você é o
Em Sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de remetente e o destinatário. Conhecido como “diálogo interno”
interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido ou “discurso interno”. Esse tipo de comunicação ocorre quando a
como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas ca- pessoa pensa profundamente e tenta descobrir as coisas por conta
racterísticas, interajam uns com os outros, aceitem direitos e obri- própria. Basicamente a comunicação interpessoal é regida por três
gações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade co- áreas: autoconceito, expetativa e percepção.
mum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se
percebam de alguma forma afiliados ao grupo. A diferença entre os tipos de comunicação é baseada no número
Segundo COSTA (2002), o grupo surgiu pela necessidade de de pessoas envolvidas nesse tipo de comunicação. A comunicação
o homem viver em contato com os outros homens. Nesta relação interna é o tipo de conexão que você estabelece consigo mesmo;
homem-homem, vários fenômenos estão presentes; comunicação, nesse caso, a mesma pessoa é o remetente e o destinatário. A
percepção, afeição liderança, integração, normas e outros. À medi- comunicação intrapessoal também é conhecida como diálogo
da que nós nos observamos na relação eu-outro surge uma ampli- intrapessoal ou discurso intrapessoal. Em contraste, a comunicação
tude de caminhos para nosso conhecimento e orientação. interpessoal é um tipo de comunicação entre duas ou mais pessoas
Cada um passa a ser um espelho que reflete atitudes e dá re- por meio de uma linguagem verbal ou não verbal.
torno ao outro, através do feedback.

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COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL INTRAPESSOAL
A comunicação interpessoal A comunicação intrapessoal
refere-se ao processo de é o tipo de comunicação que se
Definição comunicação ocorre entre faz consigo mesmo; neste caso, a
duas ou mais pessoas usando própria pessoa é o remetente e o
linguagem verbal ou não verbal. destinatário.
Algumas das características
mais marcantes da comunicação Principalmente três aspectos
interpessoal são que ela governam a comunicação
Características
é inescapável, complexa, intrapessoal; autoconceito,
contextual e irreversível ou expectativa e percepção.
irrepetível.
São necessárias pelo menos
Pessoas envolvidas Um
duas pessoas
A comunicação intrapessoal
A comunicação interpessoal
ocorre continuamente quando
Acontece ocorre regularmente, pois é uma
estamos pensando em algo ou
necessidade social.
aspecto.

Fonte: https://diferenciario.com/br/comunicao-intrapessoal-e-comunicao-interpessoal/

Apresentação pessoal no atendimento ao cliente


Existem muitos fatores na relação com o cliente que fazem toda a diferença no momento de proporcionar uma boa experiência de
contato — e a apresentação pessoal é apenas uma delas. A imagem de uma pessoa é tão importante quanto o tratamento que você pro-
porciona ou o vocabulário que utiliza. Por exemplo, a sua articulação verbal pode ser fantástica, mas se a sua imagem não está alinhada ao
seu discurso você pode correr um risco implícito.
A apresentação ou imagem pessoal é um conjunto de elementos da nossa aparência que podem ser notados no dia a dia, como cabe-
lo, roupas, barba, calçados e outros. A postura corporal e as gesticulações também compõem esse grupo de coisas que podem transmitir
algum tipo de comunicação ou impressão sobre você, mesmo sem reproduzir nenhuma palavra.
Já ouviu falar que, na maioria das vezes, a primeira impressão é a que fica? Mesmo sem qualquer contato, um cliente pode tirar con-
clusões e ter impressões sobre você apenas observando — e isso acontece com mais frequência do que se imagina, com qualquer pessoa.

Como a apresentação pessoal pode interferir no atendimento ao cliente?


Muitas coisas interferem no ânimo das pessoas. É muito comum que o estado físico e emocional reflita a comunicação do nosso cor-
po. Se você passou por um dia exaustivo ou uma noite mal dormida, é bem provável que a imagem transmitida ao longo do dia seja de
desânimo, cansaço e descuido.
Não que isso seja um total problema, mas o cuidado com a apresentação pessoal pode transmitir outra sensação no contato com o
cliente, mesmo passando por situações como essa. Independente da profissão ou função exercida, a imagem pessoal se torna quase um
fator de respeito e cuidado consigo mesmo e com as pessoas do seu ambiente social e profissional.
É incontestável que um cliente sempre presará pelo atendimento competente, rápido e educado, que solucione de fato o que ele
precisa. No entanto, contido de diferentes formas no modo de se relacionar de cada pessoa, a apresentação pessoal pode interferir de
diversas maneiras. Ela pode estar relacionada:
- ao uso de roupas adequadas, de acordo com ambiente, ocasião ou momento;
- aparência física, como cabelos, unhas e barba;
- higiene pessoal;
- e até mesmo a limpeza e organização do local e equipamentos de trabalho.
De modo geral, a apresentação pessoal se torna importante tanto para o profissional quanto para empresa que representa. A imagem
transmitida pode representar definições prévias sobre a impressão que o cliente forma da pessoa e do negócio. Todas as posições precisam
se preocupar com esse tema, seja um analista que conversa por videochamada, um técnico parceiro que atende o cliente em local físico
ou um gerente que recebe fornecedores diariamente.

Dicas para melhorar sua apresentação pessoal


Em casos como estes, saiba que é totalmente possível ter cuidados e posturas básicas na rotina que vão ajudar na melhor projeção
e apresentação pessoal no momento do atendimento ao cliente. A seguir, listamos algumas dicas que poderão orientar você no cuidado
com a imagem pessoal.

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Entenda a empresa que você representa Entre os principais podemos citar a desmotivação, o estresse e
Estar alinhado a imagem profissional que a sua deseja passar o acúmulo de conflitos internos — sintomas característicos de uma
pode ser um primeiro passo importante e essencial para cuidar da empresa desagregadora e com baixo índice de desenvolvimento.
apresentação pessoal. Para isso, entenda seus valores e seus méto- Como andam as relações humanas no trabalho em sua empre-
dos de comunicação, converse com profissionais que podem ajudar sa? Que tal conferir, conosco, o impacto positivo em trabalhá-la e
você nesse posicionamento, como seus líderes e parceiros diretos, promover um clima verdadeiramente produtivo? É só seguir com
especialistas de marketing, vendas e outros. esta leitura, então!
Com esse tipo de informação em mente você saberá que ima-
gem deseja refletir no seu contato com o cliente. É possível que O que são as relações humanas no trabalho?
existem grupos de pessoas da companhia que você pode tomar Basicamente, uma relação humana é aquela em que ocorre a
como referência de vestuário e comportamento. Além disso, conhe- interação entre duas ou mais pessoas. Quando eficiente, essa habi-
cer o ambiente empresarial em que se encontra para a realização lidade é trabalhada de maneira ininterrupta. Ocorre, por exemplo,
de um serviço também pode colaborar com essas escolhas. quando:
- um líder delega atividades para a sua equipe;
Cuide da aparência - uma reunião é convocada;
Dica básica: sua apresentação pessoal também está relaciona- - um feedback é fornecido;
da a sua imagem e, por isso, é importante cuidar bem da aparência. - ideias são sugeridas;
Isso inclui a escolha e limpeza de vestimentas, higiene pessoal e - divergência estabelecem a riqueza de um debate.
diversos elementos que compõe esse conjunto de coisas sobre você Ou seja: a todo momento as relações humanas no trabalho in-
que também comunicam cuidado e zelo, como cabelo, adereços, terpelam o caminho dos colaboradores.
unhas, barba, perfume, entre outros.
Qual é a importância das relações humanas no trabalho?
Prazos e pontualidade Anteriormente, destacamos que a falta de sintonia no convívio
Atitudes e compromisso também podem espelhar o modo entre os colaboradores pode, lenta e gradualmente, evoluir para
como as pessoas enxergam você. A pontualidade, por exemplo, faz um estado crônico de estresse, desmotivação, desagregação e im-
parte da sua apresentação. Busque chegar no horário ou com algum produtividade.
tempo de antecedência, considerado o surgimento de possíveis im-
previstos, como trânsito e outros acontecimentos. Por sua vez, exemplos de boas relações humanas no trabalho
Além dos horários, o compromisso assumido com a entrega do são, de fato, soluções para minimizar as situações acima. Veja só
trabalho também representa o nível de responsabilidade que o pro- alguns deles que contribuem para um bom clima organizacional:
fissional e sua empresa possuem. Para prestadoras, por exemplo, o - respeito aos colegas e superiores;
cumprimento de prazo é um dos principais diferenciais em relação - fofocas são erradicadas do dia a dia;
à concorrência e zelar por isso é um dever da organização, de seus - paciência para saber ouvir;
colaboradores e parceiros. - colaboração com os colegas;
- ideias e sugestões sem atacar os companheiros de trabalho;
Comunicação e tratamento pessoal - respeito e acolhimento de uma cultura de respeito às dife-
Por fim, ao considerar todo o conjunto de elementos da apre- renças.
sentação pessoal, nunca se trata apenas da aparência física. É preci-
so estar preparado em todos os aspectos, inclusive quando falamos Isso significa que a importância das relações humanas no tra-
de comunicação e tratamento pessoal. balho está intimamente associada à construção de um ambiente
Todos esses itens, juntos, podem demonstrar respeito, cuidado positivo, de condições favoráveis para o exercício da profissão.
e confiança ao cliente. Estar preparado para lidar com imprevistos E não pense que o conceito é recente: em 1930, um estudo foi
ou trazer soluções diante de problemas não mapeados também conduzido na fábrica de Hawthorne Works (Illinois, EUA) e apontou
pode ser um meio para expor ideias e irradiar a segurança que sua que pequenas mudanças, na rotina, já afetam a produtividade das
empresa e você proporcionam no trabalho. equipes.

Além disso, descobriu-se que as relações humanas têm eleva-


RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO do impacto nessa oscilação de produção. Não à toa, essa é toda a
base estrutural da Gestão de Recursos Humanos.

As relações humanas no trabalho ocorrem de maneira ininter- Quais riscos impedem o desenvolvimento das relações huma-
rupta, a partir da interação entre duas ou mais pessoas. Essa habi- nas?
lidade é essencial para obter um clima organizacional produtivo e As consequências das más relações humanas no trabalho já
harmonioso porque gera empatia, colaboração e o alinhamento de foram identificadas, até aqui. O que muitos profissionais de RH de-
objetivos. vem estar pensando, então, é: “e o que motiva esse tipo de proble-
As relações humanas no trabalho são essenciais para o esta- ma na empresa?”
belecimento de um clima organizacional produtivo e harmonioso.
Mas que isso não seja o único motivo para a promoção e a con- Abaixo, algumas das questões associadas a esse problema se-
tínua manutenção das boas relações humanas no trabalho: afinal, o rão observadas, como:
seu desequilíbrio pode gerar uma série de problemas.
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Falta de empatia - oriente a liderança a estimular a competitividade, para gerar


Muitos confundem lógica e razão com a ausência de empatia engajamento, mas sempre sob a sua supervisão para evitar os ex-
— um engano tremendo! cessos.
Afinal de contas, é por meio da empatia que as pessoas criam
elos, afinidade e a compreensão que facilite as relações humanas Convém adiantar: todas essas ações devem ser planejadas e
no trabalho. executadas pelo setor de RH — sempre em conjunto com as lide-
Por exemplo: funcionários empáticos avaliam todo o proces- ranças da empresa.
so de trabalho e entendem como a sua etapa do fluxo impacta os Pois, assim, há como realizar um monitoramento próximo e
profissionais responsáveis pela sequência do processo. Eles não se efetivo a respeito dos resultados de cada ação promovida. Com
limitam, exclusivamente, ao que gira em torno de suas rotinas. base em métricas previamente estipuladas, os profissionais conse-
Ao contrário de um profissional que, para ascender na carreira, guem avaliar o efeito que cada campanha surtiu, podendo intensi-
focam só no seu sucesso e permanece indiferente às consequências ficar ou diversificar as ações seguintes.
que suas ações causam aos outros. No fim das contas, promover as relações humanas no trabalho
é uma necessidade. Suas ações e consequências contribuem direta-
Desrespeito mente com o desenvolvimento de uma empresa.
Outro aspecto que influencia negativamente nas relações hu- Na mesma proporção que a falta de um cuidado, nesse sen-
manas no trabalho, o desrespeito impede que exista harmonia en- tido, estabelece um clima desagregador à rotina, com resultados
tre as equipes. bastante problemáticos. (https://www.xerpa.com.br/blog/relaco-
Perceba, inclusive, que isso pode acontecer em qualquer cargo es-humanas-no-trabalho/)
hierárquico e a qualquer momento. Daí a importância em construir
um local de trabalho cuja qualidade de vida e o bem-estar coletivo O Relacionamento interpessoal é um conceito da área da so-
sejam enaltecidos. ciologia e psicologia que significa uma relação entre duas ou mais
Arbitrariedade pessoas. Este tipo de relacionamento é marcado pelo contexto
Pessoas que se abstêm da imparcialidade geram transtornos onde ele está inserido, podendo ser um contexto familiar, escolar,
diversos, no ambiente corporativo. Por exemplo: gestores que au- de trabalho ou de comunidade.
xiliam aqueles com quem eles têm afinidade.
Como consequência disso, o resto da equipe se sente despro- O relacionamento interpessoal é fundamental em qualquer or-
tegida e desvalorizada, iniciando um processo de desmotivação e ganização, pois são as pessoas que movem os negócios, estão por
uma falta de compromisso coletiva e crônica. trás dos números, lucros e todo bom resultado, daí a importância
de se investir nas relações humanas. No contexto das organizações,
Muita competitividade o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um rela-
Até como um complemento ao tópico da empatia, podemos cionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente
apontar a competitividade como um elemento debilitante das boas dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da pro-
relações humanas no trabalho. dutividade.
Afinal, em nome de um reconhecimento maior, muitos podem Em uma empresa é muito importante desenvolver cursos e
optar por abandonar a gentileza, o respeito e a generosidade no atividades que estimulem as relações interpessoais a fim de melho-
dia a dia. rar a produtividade através da eficácia. Pessoas focadas produzem
E, aí, os problemas podem se acumular, com o aumento de mais, se cansam menos e causam menos acidentes. Por isso, o con-
conflitos internos, estresse em níveis desproporcionais e uma in- ceito de relacionamento interpessoal vem sendo aplicado em di-
satisfação que pode levar ao aumento do índice de rotatividade na nâmicas de grupo para auxiliar a integração entre os participantes,
empresa. para resolver conflitos e proporcionar o autoconhecimento.
Estimulando as Relações Interpessoais todos saem ganhando,
Como promover as relações humanas no trabalho? a empresa em forma de produtividade e os colaboradores em for-
A seguir, nós vamos destacar alguns pontos-chave que o setor ma de autoconhecimento, o que agrega valores em sua carreira e
de RH pode se inspirar para valorizar — continuamente — as rela- em sua relação com a família e a sociedade.
ções humanas no trabalho. São eles: Trabalhar as relações interpessoais dentro das empresas é tão
- monte um plano de carreira que envolva a todos os profis- importante quanto à qualificação e capacitação individual, pois
sionais; quanto melhores forem as relações, maiores serão a colaboração, a
- consolide um sistema de avaliação com o feedback 360°, per- produtividade e a qualidade.
mitindo a transparência e a autonomia para que todos tenham voz
ativa na empresa; Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho
- treine e capacite as equipes a desenvolverem a inteligência são diferenciados por dois motivos: um é que não escolhemos no-
emocional — individual e coletivamente; vos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, indepen-
- monte uma comunicação eficaz na empresa; dentemente do grau de afinidade que temos com as pessoas no
- coíba ações que possam ferir o orgulho dos colaboradores; ambiente corporativo, precisamos relacionar bem com elas para
- promova campanhas de conscientização e respeito à diversi- realizar algo junto.
dade no ambiente de trabalho; A cordialidade desinteressada que oferecemos por iniciativa
- estabeleça eventos internos que facilitem e fortaleçam a inte- própria, sem esperar nada em troca, é um facilitador do bom rela-
ração e integração das equipes. Isso fomenta, qualitativamente, as cionamento no ambiente de trabalho. Afinal, os relacionamentos
relações humanas no trabalho; são a melhor escola para o nosso desenvolvimento pessoal.
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Chiavenato (2002), nos leva a compreender que a qualidade A compreensão da natureza dessas relações humanas permite
de vida das pessoas pode aumentar através de sua constante ca- melhores resultados dos subordinados e uma atmosfera onde cada
pacitação e de seu crescente desenvolvimento profissional, pois pessoa é encorajada a expressar-se livre e de maneira sadia.
pessoas treinadas e habilitadas trabalham com mais facilidade e Com o avanço da tecnologia, o trabalho também passa a ser
confiabilidade, prazer e felicidade, além de melhorar na qualidade mais individual, cada funcionário em seu setor, isso faz com que
e produtividade dentro das organizações também deve haver re- as pessoas fiquem distantes uma das outras, aumentando o nível
lacionamentos interpessoais, pois o homem é um ser de relações, de stress, pois não conseguem mais se relacionarem, não há mais
ninguém consegue ser autossuficiente e saber se relacionar tam- tempo para o diálogo.
bém é um aprendizado. A comunicação hoje é tudo, saber se comunicar é fundamental
As convivências ajudam na reflexão e interiorização das pes- e para o sucesso de uma organização isso é essencial. Chiavenato
soas, e também apresentam uma rejeição à sociedade egoísta em (2010, p.47) diz: “A informação não é tocada, palpável nem medi-
que vivemos. da, mas é um produto valioso no mundo atual porque proporciona
De qualquer forma, não podemos deixar de entender que uma poder”.
organização sem pessoas não teria sentido. Uma fábrica sem pes- Diante do exposto vê-se que o mundo gira em torno da comu-
soas pára; um computador sem uma pessoa é inútil. “Em sua es- nicação e da informação e para que uma organização tenha sucesso
sência, as organizações têm sua origem nas pessoas, o trabalho é é necessário que a comunicação seja clara, direta e transparente
processado por pessoas e o produto de seu trabalho destina-se às assim como as relações interpessoais.
pessoas (LUCENA, 1990, p.52)”.
Nesse sentido, Chiavenato (1989) fala que a integração entre Conforme diz Chiavenato (1989, p.3):
indivíduos na organização é importante porque se torna viável um As organizações são unidades sociais (e, portanto, constituídas
clima de cooperação, fazendo com que atinjam determinados ob- de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar deter-
jetivos juntos. minados objetivos. Os objetivos podem ser o lucro, as transações
Para Chiavenato (2000, p.47), antigamente, a área de recursos comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o
humanos se caracterizava por definir políticas para tratar as pes- lazer, etc. Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações,
soas de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos porque tudo o que fazemos é feito dentro das organizações.
Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e Os ambientes de trabalho são, pois, organizações, e nelas so-
idênticas. bressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação
Hoje, há diferenças individuais e também, há diversidade nas humana.
organizações. A razão é simples: quanto maior a diferença das pes- Romão (2002) registra:
soas, tanto maior seu potencial de criatividade e inovação. Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde
a empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário
A diversidade está em alta. As pessoas estão deixando de se- como funcionário profissional, e antes de qualquer coisa que é um
rem meros recursos produtivos para ser o capital humano da orga- ser humano com capacidades que reunem à produção da empresa,
nização. O trabalho está deixando de ser individualizado, solitário formarão uma equipe e harmoniosa em que o maior beneficiado
e isolado para se transformar em uma atividade grupal, solidária e será ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacio-
conjunta. namentos com os outros e, principalmente, o cliente que sentirá
Hoje, em vez de dividir, separar e isolar tornou-se importan- isso quando adquirir o produto ou serviço da empresa gerando a
te juntar e integrar para obter efeito de melhor e maior resultado fidelização que tanto se busca.
e multiplicador. As pessoas trabalham melhor e mais satisfeitas O melhor negócio de uma organização ainda se chama gente,
quando o fazem juntas. Equipes, trabalho em conjunto, compar- e ver gente integrada na organização como matéria-prima principal
tilhamento, participação, solidariedade, consenso, decisão em também é lucro, além de ser um fator primordial na geração de
equipes:essas estão sendo as palavras de ordem nas organizações ( resultados.
CHIAVENATO, 2002, p.71-72 ). Percebe-se que a parte humana da empresa precisa estar sem-
Como se viu até então, as pessoas são produtos do meio em pre em processo de educação, não a educação escolar, mas uma
que vivem, têm emoções, sentimentos e agem de acordo com o educação que tenha como objetivo melhorias no comportamento
conjunto que as cercam seja no espaço físico ou social. das pessoas, nas relações do dia a dia, pois somos seres de ralações,
não nos bastamos, precisamos sempre um do outro. Precisamos
As Relações Humanas nas Organizações nos relacionar e se comunicar, somos seres inacabados em proces-
Os indivíduos dentro da organização participam de grupos so- so de educação constante, estamos em busca contínua de mudar
ciais e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar nossa realidade.
o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações Algumas dicas que podem ajudar a manter boas relações inter-
Humanas passou a estudar essa interação social. As relações huma- pessoais no ambiente organizacional:
nas são as ações e atitudes desenvolvidas e através dos contatos Procure investir em sua equipe e na manutenção de relaciona-
entre pessoas e grupos. mentos saudáveis.
Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada Evite gerar competição uns com os outros e estimule a colabo-
que influi no comportamento e atitudes das outras com quem man- ração entre colegas e equipes.
tém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas ou- Investir no desenvolvimento de habilidades e aprimoramento
tras. Cada pessoa procura ajustar-se às demais pessoas e grupos, de competências da equipe.
pretendendo ser compreendida, aceita e participa, com o objetivo Quando surgirem os conflitos e as diferenças, aja com cautela
de entender os seus interesses e aspirações. e não tome partido de ninguém.
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Promova a conversa e evite brigas e discussões. Chiavenato nos diz que antigamente, a área de recursos hu-
Algumas Normas de Convivência: manos se caracterizava por definir políticas para tratar as pesso-
Fale com as pessoas, seja comunicativo, não há nada melhor as de maneira comum e padronizada. Os processos de Recursos
que chegar para uma pessoa e conversar alegremente, discutir Humanos tratavam as pessoas como se todas elas fossem iguais e
ideias e falar sobre várias coisas. idênticas. Hoje, as diferenças individuais estão em alta: A área de
Sorria para as pessoas, é sempre bom encontrar uma pessoa Recursos Humanos está enfatizando as diferenças individuais e a
alegre, sorridente, ela te deixa mais à vontade. diversidade nas organizações. A razão é simples: quanto maior a
Chame as pessoas pelo nome, nunca coloque apelido de mau diferença das pessoas, tanto maior seu potencial de criatividade e
gosto nas pessoas, afinal você não gostaria que fizessem o mesmo inovação.
com você. As mais recentes abordagens administrativas enfatizam que
Seja amigo e prestativo, pois ninguém quer um amigo impres- são as pessoas que fazem a diferença nas organizações. Em outras
tável perto de si, e para que você tenha amigos e pessoas prestati- palavras, em um mundo onde a informação é rapidamente dispo-
vas, cultive isso também, seja amigo e prestativo. nibilizada e compartilhada pelas organizações, sobressaem aquelas
Seja cordial, faça as coisas com boa vontade, ninguém gosta de que são capazes de transformá-la rapidamente em oportunidades,
pessoas que tudo que faz, é com raiva. em termos de novos produtos e serviços, antes que outras o façam.
Tenha mais interesse com o que as pessoas falam com você, E isto pode ser conseguido não com a tecnologia simplesmente,
seja sincero e franco, mas é claro, com toda educação sem deixar as mas com as pessoas que sabem utilizá-la adequadamente. São as
outras pessoas desajeitadas e desconfortáveis ao seu lado. pessoas (e não apenas a tecnologia) que fazem a diferença. A tec-
A dificuldade de relacionamento entre as pessoas é um dos nologia pode ser adquirida por qualquer organização com facilida-
principais problemas vivenciados no mundo moderno, quer seja de, nas repartições, setores e estabelecimentos. Bons funcionários
entre amigos, entre pessoas da família ou entre colegas de tra- exige um investimento muito mais longo em termos de capacitação
balho. De modo geral essas desavenças surgem na interação diá- quanto a habilidades e conhecimentos e, sobretudo, em termos de
ria entre duas ou mais pessoas, ocasionadas por divergências de confiança e comprometimento pessoal.
ideias, por diferenças de personalidade, objetivos ou metas ou por Os sujeitos e os diferentes cenários são universos vivos ou sis-
variedade de percepções e modos de analisar uma mesma infor- temas inacabados em permanente interação e transformação e
mação ou fato. que, para compreendê-la, não se pode desprezar essa complexi-
Atualmente, muito tem se falado da importância das relações dade.
interpessoais dentro das organizações, de se humanizar o ambiente Entende-se que, no âmbito dos conhecimentos que envolvem
de trabalho, mas afinal o que é essa tal humanização? os seres humanos e suas relações com os outros e com o mundo
Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa, (âmbito das Ciências Humanas e Sociais), torna-se necessário con-
enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade siderar motivações, desejos, crenças, ideias, ideologias, intenções.
que lhe é interna. A prática da humanização deve ser observada Em razão disso, compreende-se que a realidade é uma construção
continuamente. social e que os sujeitos também não estão prontos e acabados, mas
O comportamento ético deve ser o princípio da vida da orga- se transformam. Também se compreende a realidade como sendo
nização, uma vez que se é ético é preocupar-se com a felicidade dinâmica e em constante transformação. Nesse processo de trans-
pessoal e coletiva. formação da realidade, observam-se posições opostas, interesses
Numa sociedade em que os valores morais estão deixando de contrários e a instalação de soluções provisórias, porém marcadas
existir por ações que destroem a ética e a moralidade, existe uma por contradições que, sendo evidenciadas, produzem a necessida-
necessidade oculta de se buscar humanizar as pessoas e conse- de de novas transformações.
quentemente as organizações. É preciso haver abertura para o conhecimento, pensar o novo,
Diante disso, com o aumento da necessidade das empresas de reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais
gerarem resultados positivos, tem se enfatizado a importância das do que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros,
relações interpessoais com vistas a melhorar o desempenho funcio- desenvolver a percepção de depender reciprocamente, administrar
nal e consequentemente contribuir para a realização dos objetivos conflitos, a participação de projetos comuns, a ter prazer no espaço
organizacionais. comum (CESAR; BIACHINI; PIASSA, 2008).
O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às ve- Trabalhar as relações humanas em grupo envolve as diferen-
zes não encontra proteção no ambiente organizacional, gerando os ças, opiniões, conceitos, atitudes, crenças, valores, preconceitos,
mais diversos conflitos e, portanto, “desumanizando” as organiza- diante de sua profissão, enfocando aspectos de Motivação, Autoes-
ções. tima, Percepção, Comunicação, Colaboração, Feedback, Liderança
e Grupos, para um melhor conhecimento de si próprio e melhorar
Entendendo o Relacionamento Interpessoal: Relações Huma- relações com o outro.
nas Muitas pessoas já perderam a noção do que é um convívio sau-
Relacionamento interpessoal é atualmente o grande diferen- dável e simplesmente se concentram em chegar à frente a qualquer
cial competitivo das mais variadas organizações, ele por sua vez, custo. Como consequências naturais surgem diversos conflitos que
está intimamente ligado à necessidade de se ter recursos huma- podem comprometer o bom relacionamento dentro das institui-
nos, mais importantes inclusive que os financeiros e tecnológicos, ções.
ou seja, tem a ver com trabalho em equipe, confiança, amizade, Quando realmente queremos, as coisas acontecem. O primei-
cooperação, capacidade de julgamento e sabedoria das pessoas. ro passo para a mudança é a aceitação das nossas deficiências, da
aceitação de nós mesmos. Para isso, temos que mudar nossa atitu-
de! Pergunte-se: Eu preciso mudar essa relação? Eu quero mudar
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essa relação? Eu posso fazer algo para transformar essa situação? Saber entender e conduzir de forma amigável nossas diferen-
Eu vou fazer isso? Se a resposta for positiva para as quatro pergun- ças é uma habilidade essencial na forma de nos comunicar. Isto é
tas, estamos preparados para mudar e reverter o quadro. Sem a o que as pessoas fazem naturalmente quando compartilham uma
nossa mudança de atitude, não há mudança nos relacionamentos. visão comum, desejam aprofundar suas amizades ou estabelecer
É muito fácil querermos mudar o outro, quando na verdade, temos um bom relacionamento.
que começar por nós mesmos. Provavelmente ficaríamos positivamente surpresos se efetiva-
Enfim, a forma como lidamos com o conflito é o que faz toda a mente soubéssemos conviver com as diferenças e como é possível
diferença. Todo conflito apresenta uma oportunidade de enxergar- conseguir resultados gratificantes procurando entender melhor a
mos o ponto de vista do outro e percebermos se faríamos o mes- nós mesmos e os outros.
mo, caso estivéssemos no lugar dele. Se agirmos assim, os conflitos Enfim, podemos buscar similaridades e minimizar nossas dife-
começam a ter um lado extremamente positivo, pois podem ser renças como seres humanos de várias maneiras. É natural que pro-
ótimas oportunidades para mudança de percepção, inovação na curemos amenizar nossas diferenças com as pessoas de que gos-
empresa, cooperação entre as pessoas e, principalmente, estímulo tamos com aquelas que simpatizamos à primeira vista, ou mesmo
para que aconteça maior sinceridade nas relações interpessoais. compartilhamos nossos objetivos de vida.
Cada pessoa tem uma história de vida, uma maneira de pensar Da mesma forma, também é natural que criemos barreiras
a vida e assim também o trabalho é visto de sua forma especial. Há com pessoas que consideramos difíceis ou até mesmo, de forma
pessoas mais dispostas a ouvir, outras nem tanto, há pessoas que inexplicável, não simpatizemos. No entanto, quando não consegui-
se interessam em aprender constantemente, outras não, enfim as mos minimizar nossas diferenças com essas pessoas, está formada
pessoas têm objetivos diferenciados e nesta situação muitas vezes a base para o conflito.
priorizam o que melhor lhes convém e às vezes em conflito com a
própria empresa. Portanto: Relações Humanas da Teoria à Prática
O autoconhecimento e o conhecimento do outro são compo- Não é possível generalizar pessoas. Somos todos diferentes em
nentes essenciais na compreensão de como a pessoa atua no traba- cada uma de nossas relações. Porém, o mais importante é aceitar-
lho, dificultando ou facilitando as relações. Dentre as dificuldades mo-nos do jeito que somos tratando de destacar as qualidades que
mais observadas, destacam-se: falta de objetivos pessoais, difi- temos e modificar o que deve ser mudado. E isso se refere tanto ao
culdade em priorizar, dificuldade em ouvir (BOM SUCESSO, 1997, aspecto físico quanto ao aspecto psicológico. Não se pode nunca
p.38). esquecer, que o ser humano é que faz as coisas acontecerem. Por
Sem respeito pelo nosso semelhante, um bom relacionamento que não tentar conhecê-lo melhor a cada dia?
interpessoal não será possível. Por sermos seres humanos diferen- Para evoluirmos, é importante entender definitivamente a
tes uns dos outros, costumamos ver as pessoas e as situações que importância de estabelecer um bom relacionamento interpesso-
vivemos de forma como fazem sentido para nós, de acordo com al. De que forma? Em primeiro lugar, “respeito ao ser humano é
nossos vícios e o hábito que temos de ver as pessoas e o mundo, fundamental”. Além disso, dedicarmos um bom tempo à leitura,
e não somente e necessariamente da forma como a realidade se aos estudos sobre o ser humano e a conhecer pessoas. Estas ações
apresenta. irão nos ajudar a desenvolver a cada dia a habilidade de saber se
Alguém poderá explicar seu próprio comportamento ou de relacionar bem. É fato que, sabendo viver, comunicando-se e rela-
outra pessoa sem os conceitos de amor e de ódio? Geralmente de- cionando-se bem, será possível conseguir obter resultados com e
senvolvemos nossa própria série de conceitos para interpretar o através de pessoas. Atitude positiva e maturidade caminham sem-
comportamento dos outros. Precisamos saber que uma pessoa só pre juntas.
muda quando ela mesma consegue perceber ou for convencida de É importante lembrar que: os profissionais desvalorizados ten-
que a forma como faz ou atua, de fato, não é a mais adequada. Ou dem a perder o foco, se desmotivam facilmente, diminui sua produ-
seja, a própria pessoa precisa reconhecer a necessidade de mudar. tividade, o que acaba prejudicando e muito o bom andamento da
Em primeiro lugar, além do respeito, é necessário ter no míni- empresa. Cada pessoa é única, com suas características e persona-
mo um conhecimento razoável sobre pessoas, e conseguir adquirir lidades próprias. Por isso, devemos conhecer nossos funcionários e
experiências que nos façam entender que as relações interpesso- saber qual é o perfil comportamental de cada um, assim será mais
ais devem ser boas pelo menos para que possamos nos comunicar fácil identificar a melhor maneira de lidar individualmente ou em
bem e fazer as coisas acontecer. grupo com cada um.
A chave estrutural para que isso ocorra é oferecer o respeito Outra dica importante para manter relacionamentos inter-
que todo o ser humano merece reunir uma boa dose de paciência e pessoais de forma positiva para organização é investir no desen-
principalmente gostar de pessoas e de gente. volvimento de habilidades e aprimoramento de competências da
Portanto, precisamos entender que relacionamento interpes- equipe.
soal é um dos quesitos de êxito e sucesso em nossas vidas. E que Os conflitos podem acontecer em qualquer circunstância, prin-
este relacionamento deve ser o melhor possível. cipalmente no ambiente profissional, por isso, é importante que
Outro aspecto importante para um bom relacionamento inter- chefes e gestores fiquem sempre atentos aos comportamentos do
pessoal depende de uma boa comunicação entre emissores e re- time.
ceptores. Qualquer informação que se pretenda transmitir de uma
pessoa para outra, de uma pessoa para um grupo, de um professor Quando surgirem conflitos e as diferenças, devemos agir com
para alunos, de um palestrante para ouvintes deve ser bem comu- cautela e não tomar partido de ninguém. E devemos lembrar que
nicada e bem compreendida. Quem dá informação é o principal todos são peças chave no sucesso do negócio. Sendo assim, promo-
responsável por uma boa comunicação. veremos a conversa e evitamos brigas e discussões. Enfim, pode-

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mos perceber, por meio desses argumentos, que o relacionamento trando suas emoções somente quando se sentem ameaçados, in-
interpessoal é de fundamental importância e ainda contribui signi- justiçados ou até mesmo temerosos de perder posições ou funções
ficativamente para o sucesso de qualquer empresa. que ocupam.
Tanto as pessoas quanto as empresas sofrem as consequências
A Importância na Qualidade do Ambiente de Trabalho das relações interpessoais negativas que geram desmotivação da
Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que equipe, queda do rendimento e da produtividade.
em nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é impor- As trocas constantes de informações e o diálogo são essenciais
tante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto depende de quando se busca a preservação dos relacionamentos e o trabalho
cada um. Devemos refletir sobre qual o nosso papel e a importância em equipe, o que acaba sendo essencial e indispensável para o bom
na qualidade do ambiente em que trabalhamos. andamento das atividades organizacionais. Nesse sentido, o rela-
Além de constituir responsabilidade da empresa, qualidade de cionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, abrir-se para o novo,
vida é uma conquista pessoal. O autoconhecimento e a descober- buscar ser aceito e ser entendido e entender o outro.
ta do papel de cada um nas organizações, da postura facilitadora, No ambiente de trabalho, onde passamos cerca de um terço
empreendedora, passiva ou ativa, transformadora ou conformista de nossa vida é fundamental que saibamos viver e conviver com
é responsabilidade de todos (BOM SUCESSO, 1997, p.47). as pessoas e respeitá-las em suas individualidades, caso contrário,
É importante que a comunicação seja clara, e é necessário que somente o fato de pensar em ir para o trabalho passa a ser insupor-
se tenham boas relações. É fundamental ter um bom relaciona- tável esta ideia.
mento entre as pessoas, pois isso contribui não somente para uma Para que o clima organizacional seja harmonioso e as pesso-
boa convivência no dia a dia, mas também para um bom clima, e as tenham um bom relacionamento interpessoal, é necessário que
influencia diretamente de forma positiva no resultado da organi- cada um deixe de agir de forma individualizada e egoísta, promo-
zação. vendo relações amigáveis, construtivas e duradouras. (https://psi-
As organizações são compostas por pessoas, devemos conside- cologado.com.br/atuacao/psicologia-organizacional/a-importan-
rar que, para um bom andamento do trabalho e uma boa produção, cia-da-relacao-interpessoal-no-ambiente-de-trabalho)
é necessário que as pessoas estejam bem colocadas na organiza-
ção, com oportunidades de crescimento e, principalmente, com
felicidade. INTERAÇÃO COM O PÚBLICO INTERNO E EXTERNO
Fatores ambientais colaboram para a qualidade de trabalho,
pois quanto maior for à preocupação com o fator humano nas or-
ganizações, mais elevado será o resultado. Enfim, se houver investi- QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO INTERNO E EX-
mento no desenvolvimento humano de todas as pessoas da empre- TERNO
sa, as relações interpessoais saudáveis resultarão em um ambiente O atendimento ao cliente é a interação direta entre um con-
favorável onde todos possam deixar fluir suas potencialidades. Os sumidor que faz uma compra e um representante da empresa que
valores, aos poucos, mudam, e o empregado está sentindo o gosto a está vendendo. A maioria dos varejistas vê essa interação direta
de participar, de arriscar, de ganhar mais e de sobreviver a tantas como um fator crítico para garantir a satisfação do comprador e in-
mudanças. centivar a repetição de negócios.
De acordo com Bom Sucesso (1997), “No cenário idealizado de Ainda hoje, quando grande parte do atendimento ao cliente é
pleno emprego, mesmo de ótimas condições financeiras, conforto feito por sistemas automatizados de autoatendimento, a opção de
e segurança, alguns trabalhadores ainda estarão dominados pelo falar com um ser humano é vista como necessária para a maioria
sofrimento emocional. Outros necessitados, conseguindo o alimen- das empresas. É um aspecto fundamental no atendimento huma-
to diário com esforço excessivo, ainda assim se declaram felizes, nizado.
esperançosos.” Nos bastidores da maioria das empresas estão pessoas que
No mercado de trabalho hoje em dia, se não tivermos um bom nunca encontram ou cumprimentam as pessoas que compram seus
relacionamento com as pessoas, acabamos ficando sem emprego, produtos. Os representantes de atendimento ao cliente são os que
pois hoje em dia, precisamos nos comunicar, ter contato com as têm contato direto com os compradores. As percepções dos com-
pessoas. Mas muitos seres humanos são prejudicados por si mes- pradores sobre a empresa e o produto são moldadas em parte por
mo, por falta de compreensão ao outro, falta de paciência, e o prin- sua experiência em lidar com essa pessoa.
cipal, que é não saber lidar com as diferenças. Por esse motivo, muitas empresas trabalham arduamente para
No nosso dia a dia, convivemos e falamos com várias pessoas aumentar os níveis de satisfação de seus clientes.
de todo lugar, outra classe social ou raça diferente da nossa, enfim,
vemos e convivemos com pessoas de todos os tipos, mas não é só O custo da satisfação do cliente
porque ela é diferente, que não podemos ter um bom relaciona- Durante décadas, as empresas de muitos setores procuraram
mento, ainda mais, se esta pessoa está todos os dias do nosso lado reduzir os custos de pessoal automatizando seus processos o má-
no trabalho. ximo possível.
Quando estamos reunidos em um ambiente onde há pessoas No atendimento ao cliente, isso tem levado muitas empresas
diferentes é normal que encontremos hábitos diferentes do nosso, a implementar sistemas online e por telefone que tiram o máximo
sendo assim, temos que aprender a lidar e ceder aos hábitos dos de dúvidas ou resolvem o máximo de problemas sem a presença
outros e demonstrar o nosso também. humana.
O problema se instala quando essas situações não são resolvi-
das ou não são percebidas pelos envolvidos, ficando “mascarados”,
invisíveis e internalizados nos colaboradores que acabam demons-
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a solução para o seu concurso!
TÉCNICAS SECRETARIAIS

Mas, no final, há questões de atendimento ao cliente para as Existem muitas dicas e práticas recomendadas de atendimento
quais a interação humana é indispensável, criando uma vantagem ao cliente que podem ser implementadas em uma empresa para
competitiva. desenvolver um excelente atendimento ao cliente interno. A cria-
A Amazon é um exemplo de empresa que está fazendo de tudo ção de um programa que consiste em todos ou na maioria desses
para automatizar uma operação vasta e complexa. Precisa, já que elementos pode ter um grande impacto na produtividade e no mo-
entregou 4,2 bilhões de pacotes nas portas dos clientes em 2020. ral da equipe.
No entanto, a Amazon ainda oferece atendimento ao cliente
24 horas por dia, por telefone, além de serviços de e-mail e chat ATENDIMENTO EXTERNO
ao vivo. Muito provavelmente, você pode se lembrar vividamente de
A maioria das empresas bem-sucedidas reconhece a impor- experiências boas e ruins ao interagir com o atendimento ao cliente
tância de fornecer um excelente atendimento ao cliente. A intera- externo pessoalmente ou por telefone. Você interage com a equipe
ção cortês e empática com um representante de atendimento ao externa de atendimento ao cliente ao fazer reservas para jantar, ve-
cliente treinado pode significar a diferença entre perder ou reter rificar um livro na biblioteca ou comprar um carro novo, para citar
um cliente. apenas alguns exemplos encontrados na vida cotidiana. O trabalho
Principais componentes do bom atendimento ao cliente de um representante externo de atendimento ao cliente é ajudá-lo
Proprietários de pequenos negócios bem-sucedidos entendem – o cliente – dentro dos parâmetros da política da empresa.
instintivamente a necessidade de um bom atendimento ao cliente. Atendimento ao cliente externo é o negócio de ajudar indiví-
Grandes empresas estudam o assunto em profundidade e têm algu- duos e entidades fora da organização a obter bens, produtos, in-
mas conclusões básicas sobre os principais componentes: formações e serviços. Os usuários finais podem ser compradores,
• A atenção oportuna às questões levantadas pelos clientes é patronos de cinema, turistas, clientes empresariais ou empresas
crítica. Exigir que um cliente espere na fila ou fique em espera pre- interessadas em contratar serviços. O atendimento ao cliente ex-
judica uma interação antes de começar. terno avalia as necessidades do usuário final e estabelece processos
• O atendimento ao cliente deve ser um processo de etapa úni- e protocolos para atender a essas expectativas.
ca para o consumidor. A pessoa média não distingue entre atendimento ao cliente ex-
• Se um cliente ligar para uma linha de apoio, o representante terno e atendimento ao cliente em geral. No entanto, os termos são
deve, sempre que possível, acompanhar o problema até à sua re- mais sutis nos negócios. As grandes organizações tendem a ser mui-
solução. to claras sobre os papéis e as funções dos papéis de atendimento ao
• Se um cliente precisar ser transferido para outro departa- cliente externo versus interno. Ambas as áreas são essenciais para o
mento, o representante original deve acompanhar o cliente para bom funcionamento e sucesso de uma organização.
garantir que o problema foi resolvido.
Atendimento ao Cliente Externo x Interno
ATENDIMENTO INTERNO O atendimento externo existe para prestar os mais diversos
O atendimento ao cliente interno envolve tudo o que uma or- tipos de atendimento àqueles que estão fora da organização. Por
ganização pode fazer para ajudar seus funcionários a cumprir suas outro lado, o atendimento ao cliente interno refere-se ao atendi-
obrigações, atingir suas metas e desfrutar de seu trabalho. Abrange mento, suporte e assistência estendidos aos funcionários e partes
como diferentes departamentos se comunicam uns com os outros interessadas filiadas à organização. O help desk de TI e os recursos
e como os indivíduos interagem com seus colegas, subordinados e humanos, por exemplo, se esforçam para fornecer um atendimento
superiores. É um aspecto vital dos negócios modernos, pois cria o eficiente ao cliente interno. Departamentos e equipes que depen-
ambiente no qual uma empresa tem mais chances de sucesso. dem uns dos outros são provedores e receptores de atendimento
ao cliente interno.
Por que o atendimento ao cliente interno é importante?
A importância do atendimento ao cliente interno não pode ser Importância do Atendimento ao Cliente Externo
exagerada, especialmente para um departamento como o de recur- O Advertising Specialty Institute, ou ASI, afirma que o atendi-
sos humanos, onde as interações internas são parte integrante de mento ao cliente externo trata de atender e exceder as necessida-
suas tarefas diárias. Existem vários benefícios em cultivar um bom des e desejos dos clientes. Exemplos de bom atendimento ao cliente
atendimento ao cliente interno como uma de suas metas de negó- externo incluem saudar calorosamente um hóspede do hotel, servir
cios, por isso é fácil entender por que é um aspecto tão valorizado alegremente os clientes do restaurante, emitir um reembolso sem
dos negócios modernos. complicações e processar um pedido com eficiência. Empresas que
valorizam o relacionamento com o cliente vão além para conhecer
Os benefícios incluem: seus clientes e atender seus desejos e expectativas de qualidade.
• Aumentando a produtividade da equipe. A ASI observa ainda que um bom atendimento ao cliente inter-
• Aumentar a satisfação dos funcionários com sua experiência no e externo anda de mãos dadas. Clientes internos, como funcio-
de trabalho. nários, parceiros de negócios e acionistas, têm maior probabilidade
• Criação de canais de comunicação claros. de serem bons embaixadores da empresa e prestar atendimento ao
• Estimular a fidelidade dos funcionários. cliente com um sorriso se estiverem genuinamente felizes e leais à
• Resolver problemas mais rapidamente. empresa.
• Melhorar o atendimento ao cliente externo.

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Receita e Rentabilidade Fora do domínio das mensagens de texto e e-mails, muitas en-
A qualidade do atendimento ao cliente externo afeta o com- trevistas de emprego e reuniões de negócios ainda são conduzidas
portamento do consumidor e os resultados de uma empresa em inteiramente por telefone. Por isso é importante saber falar com
todos os setores industriais. A menos que um monopólio venda um impacto usando esse meio de comunicação.
produto muito necessário e tenha uma vantagem no mercado, o
atendimento ao cliente externo desempenha um papel fundamen- Como conduzir uma conversa de negócios ao telefone
tal na lucratividade. Clientes satisfeitos que gostam e confiam na • Prepare-se para uma chamada
empresa continuarão voltando e comprando. • Apresente-se
• Indique o principal motivo da sua chamada
De acordo com a Ameritas – uma seguradora de vida que se • Ouça ativamente sem interromper
orgulha de seu excelente atendimento ao cliente – os benefícios • Pratique sua etiqueta de telefone comercial
de um ótimo atendimento ao cliente externo são mensuráveis. Por • Agradeça
exemplo, de acordo com Ameritas:
• 97% dos clientes satisfeitos compartilham suas experiências Prepare-se para uma chamada
de atendimento ao cliente. Qual é a primeira coisa que você deve fazer antes de fazer uma
• 70% dos compradores gastam mais dinheiro se obtiverem um ligação comercial? Reserve um momento para se preparar. Aqui es-
bom atendimento ao cliente. tão alguns passos para fazer isso de forma eficaz:
• 59% mudarão para uma nova empresa para obter um melhor • Identifique o motivo pelo qual você está ligando. Saber o ob-
atendimento ao cliente. jetivo de sua ligação comercial evitará que você fique nervoso ao
Lealdade do consumidor falar com alguém que mal conhece. Quer vender algo, pedir ajuda
As qualidades de atendimento ao cliente externo mais valoriza- ou obter alguma informação? Pense por um minuto sobre o objeti-
das pelos clientes são eficiência, cortesia, empatia e uma conexão vo que deseja alcançar com esta ligação.
pessoal. Fornecer um ótimo serviço cria uma base de clientes leais • Anote os pontos-chave que você precisa cobrir. Para manter
que oferece uma proteção contra concorrentes famintos que en- sua ligação sob controle, prepare algumas anotações sobre os as-
tram no mercado. Mesmo que os preços em uma pequena empresa suntos que deseja discutir durante a conversa, bem como quaisquer
sejam um pouco mais altos do que os encontrados em um gran- perguntas que precise fazer. Alguns pontos também podem ajudá-
de varejista, os clientes podem pagar mais para obter assistência -lo a se sentir mais confiante e a manter o controle da conversa.
imediata, informações confiáveis, atenção pessoal e uma garantia • Prepare as informações de suporte necessárias. Esteja perto
confiável. de um dispositivo com internet para que você possa pesquisar da-
Os clientes que são ignorados, maltratados ou frustrados por dos extras rapidamente.
suas interações com o atendimento ao cliente externo provavel-
mente comprarão na próxima vez que precisarem comprar um item Apresente-se
idêntico ou semelhante. Com a crescente popularidade do mer- Ao fazer chamadas, diga “Alô” e apresente-se à pessoa do ou-
chandising online, os clientes têm infinitas opções quando se tra- tro lado da linha. Para seguir a etiqueta profissional ao telefone,
ta de gastar seu dinheiro. Uma equipe externa de atendimento ao comece com seu primeiro nome, bem como seu sobrenome, cargo
cliente ineficaz, inacessível, mal treinada ou rude pode levar uma ou nome da empresa, se necessário. Por exemplo:
empresa à falência com o tempo. “Olá. Meu nome é Brian e estou ligando de [nome da empre-
sa].”
COMUNICAÇÃO E ATENDIMENTO TELEFÔNICO É educado começar uma conversa com conversa fiada, espe-
Hoje, muitas pessoas preferem e-mails e mensagens de texto cialmente se você conhece bem a pessoa. Mas não seja muito ta-
a telefonemas para comunicação relacionada ao trabalho. Por quê? garela. Lembre-se de que você tem tempo limitado na ligação, por-
Fazer ligações de negócios pode ser um pouco estressante. tanto, concentre-se no objetivo específico da conversa e vá direto
De acordo com Darlene Price, presidente da Well Said, Inc. e ao ponto. Se você não conhece a pessoa, troque gentilezas como
autora de Well Said! Apresentações e conversas que geram resul- um breve «Como você está hoje?» ou “Espero que você esteja bem
tados, o medo de falar ao telefone e a dúvida sobre o que dizer e hoje”.
como dizer impedem que muitos potenciais chamadores disquem
números. Indique o principal motivo da sua chamada
Ao contrário de e-mails e mensagens, onde você pode editar Após a saudação telefônica profissional, declare o objetivo de
suas palavras a qualquer momento, usar um telefone para comuni- sua ligação de maneira educada e direta. Por exemplo:
cação comercial é uma experiência em tempo real. Os primeiros 20 “Recebi seu e-mail ontem, então estou ligando para acompa-
segundos da sua chamada podem ser a chave para o sucesso. Usan- nhar.”
do apenas a combinação de suas palavras e tom de voz, você pode “Estou ligando de [nome da empresa]. Gostaria de falar com
aumentar ou diminuir suas chances de obter o resultado desejado você sobre sua compra recente.”
dessa interação. Explicar o motivo de sua ligação fornece foco e direção para a
Embora possa ser mais conveniente entrar em contato com conversa. Além disso, isso vai te ajudar a prender a atenção da pes-
alguém por meio de tecnologias digitais, o telefone ainda é uma soa e mostrar que você está preparado para a palestra. Mantenha
forma mais pessoal de conduzir uma conversa de negócios. Nada um ritmo constante e fale sem muitas pausas e palavras de preen-
pode substituir o som de uma voz humana. chimento como “um” e “uh”.

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Ouça ativamente sem interromper Tipos de Comunicação


Embora você possa se esforçar para atingir o objetivo principal Basicamente, a comunicação é de dois tipos – verbal e não-
de sua ligação comercial, certifique-se de manter uma conversa bi- -verbal. Qualquer tipo de comunicação que faz uso da linguagem é
direcional em vez de um monólogo. Dê à pessoa com quem você denominado comunicação verbal. Esta linguagem pode ser falada
está falando tempo para responder e fazer qualquer pergunta que ou escrita na natureza.
ela possa ter. Ouça atentamente e use acenos verbais como “Uh Assim, o termo comunicação verbal é dividido em dois subgru-
huh,” “Parece interessante,” “Bom,” “Sim, eu entendo,” “Isso mes- pos – oral e escrita. Por outro lado, a comunicação não verbal faz
mo,” “Entendo,” “Você poderia me falar mais sobre,” etc. uso da linguagem gestual e da linguagem corporal para comunicar a
mensagem ou ideia aos outros.
Pratique sua etiqueta de telefone comercial
É tão fácil ficar preocupado quando você precisa fazer uma li- O processo de comunicação
gação importante. Mas se você permitir que a ansiedade domine O processo de comunicação ocorre quando o remetente se
suas emoções, não terá sucesso na comunicação empresarial. Em compromete a compartilhar a mensagem com o destinatário. O
primeiro lugar, certifique-se de manter a calma e falar claramente. processo de comunicação envolve cinco componentes – o remeten-
Escolha suas palavras com cuidado, evitando gírias e jargões. Para te, o destinatário, o canal, a mensagem, o feedback.
saber mais sobre isso, confira nosso artigo sobre como dominar o É bastante evidente que, para compartilhar uma mensagem,
inglês comercial para gerentes. um remetente e um destinatário são os requisitos importantes.
Para falar ao telefone de maneira profissional, preste atenção Qualquer pessoa que envia uma mensagem é chamada de reme-
especial ao seu tom de voz. Fale em um tom normal ou um pouco tente. Ele/ela vem no início do processo de comunicação. Enquan-
mais alto, mantendo-o natural, positivo e convidativo. Tente pro- to, por outro lado, qualquer pessoa que recebe a mensagem é con-
nunciar as palavras com clareza e minimize seu sotaque. siderada um receptor. Ele/ela fica do outro lado do processo.
Se você precisar colocar a pessoa em espera, peça permissão Cada mensagem que um remetente envia e um destinatário
para fazer isso e explique o motivo. Você pode dizer algo como: recebe passa por um canal. Este canal também é conhecido como
“[Nome], tudo bem se eu colocar você em espera por alguns o meio da mensagem. O canal desempenha um papel muito impor-
segundos enquanto checo com [Nome] sobre esse problema?” tante na determinação da necessidade da mensagem. Também aju-
Para seguir a etiqueta do telefone no trabalho, nunca deixe al- da a formar a mensagem para que ela se encaixe adequadamente
guém em espera por mais de 30 segundos e sempre verifique nova- no canal. Por exemplo, em uma conversa telefônica, o telefone atua
mente após 15 segundos. Quando você finalmente voltar à ligação, como o canal da mensagem.
agradeça à outra pessoa por esperar. Se for uma longa espera, deixe Às vezes, devido a questões técnicas no canal, a mensagem que
claro para eles que você não quer desperdiçar seu tempo esperan- é enviada mostra alguma falha ao ser recebida pelo receptor. Isso é
do e prometa ligar de volta. Se você precisar colocar alguém no vi- chamado de ruído. Quando há ruído em um canal, o receptor pode
va-voz, avise que está prestes a fazê-lo e mencione quem mais está não receber a mensagem correta. Por isso é muito importante que
perto de você. o canal esteja em condições adequadas para que a mensagem seja
enviada e recebida sem qualquer impedimento.
Agradeça O último componente importante que torna o processo de co-
A polidez nunca será antiquada. Termine sua ligação agrade- municação completo é chamado de feedback. O feedback é dado
cendo a pessoa por seu tempo. pelo receptor ao remetente ao receber a mensagem. O feedback
“Muito obrigado por falar comigo. Tenha um bom dia.” ajuda o remetente a saber sobre a mensagem e fazer alterações,
Do ponto de vista comercial, uma conversa telefônica malsuce- se necessário.
dida pode custar produtividade, tempo e até dinheiro. Se você quer O feedback também garante ao remetente que sua mensagem
que seus atendimentos tragam bons resultados, você deve se pre- está sendo recebida pelo destinatário. Qualquer mensagem que o
parar para cada um deles. Tente manter a conversa o mais leve e po- remetente precise enviar ao destinatário deve ser codificada pelo
sitiva possível e não se esqueça da etiqueta comercial ao telefone. remetente para ser enviada. O receptor ao receber a mensagem a
Com mais confiança e um pouco de prática, você não terá pro- decodifica. Portanto, um processo de comunicação é considerado
blemas para conduzir uma conversa de negócios — seja com um completo quando o receptor entende a mensagem enviada pelo
cliente, parceiro de negócios ou colega. remetente.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO Formas Modernas de Comunicação


O termo “comunicação” foi derivado das palavras latinas Ao longo do tempo, a comunicação evoluiu com a evolução da
“communis” e “comunicar”. O significado literal do termo é com- tecnologia. As primeiras formas de comunicação incluíam sinais de
partilhar algo ou torná-lo comum. Nós nos comunicamos com os fumaça que evoluíram para o uso do código morse para fins milita-
outros no dia a dia. A comunicação é necessária para compartilhar res. Com a evolução do telefone, a comunicação com fio passou a
mensagens, valores, ideias etc. existir.
Um bom comunicador tem os seguintes princípios: Todos agora podiam falar com qualquer pessoa em qualquer
• Deve se manter organizado. parte do mundo usando um telefone. Hoje, os celulares e smar-
• Deve fazer uso de áudio e imagens para se tornar mais claro tphones substituíram as formas tradicionais de comunicação. Com
para o público. o advento da internet, todos possuem seus celulares pessoais e
• Não deve assumir o papel de autoritário e impor suas pala- agora quando alguém pretende ligar para uma pessoa, espera-se
vras aos ouvintes. que a mesma pessoa atenda a ligação.
• Deve ajustar-se aos meios de comunicação.
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Hoje o mundo depende de modos virtuais de comunicação. O receptor, ao receber a mensagem, tem a liberdade de dar
Estas são basicamente plataformas de comunicação modernas. feedback ou responder à mensagem quando quiser. Com o advento
As plataformas de comunicação modernas tornaram muito fácil da internet e dos aplicativos de mensagens instantâneas gratuitos e
para as pessoas manterem contato com seus entes queridos sem que exigem apenas o uso da internet, a popularização das mensa-
estarem fisicamente presentes. Dada a atual pandemia global, os gens de texto SMS vem se esvaindo.
modos virtuais de comunicação tiveram um aumento na demanda
porque as pessoas ainda podiam estar presentes para seus amigos Blogs
e familiares, além de manter o distanciamento social. Blogs são sites que são usados ​​para publicar uma mensagem
Algumas das principais formas modernas de comunicação são ou um pensamento ou ideia elaborada usando um tom de conversa
as seguintes: para os leitores. Uma informação publicada em um blog pode ser
acessada por qualquer pessoa. Da mesma forma, eles também po-
Bate-papo ou chats ao vivo dem fornecer feedback. Geralmente é usado pelo remetente para
Hoje, os chats ao vivo são usados ​​por muitas pessoas para ad- enviar mensagens para as massas.
ministrar seus sites. Eles são bastante úteis na administração de
empresas. Eles permitem que as pessoas façam perguntas e obte-
nham respostas sem sair do site. Mas a pessoa tem que se certificar FORMAS DE TRATAMENTO
de que sempre há alguém online para lidar com os chats ao vivo e Você ainda fica confuso sobre quando usar Srta, Sra. ou Sr?
responder às perguntas dos clientes. Estes são apenas três exemplos de honoríficos - palavras que im-
plicam ou expressam status, educação ou respeito - que ainda são
Mídia social usados ​​no local de trabalho ao endereçar cartas de apresentação e
A mídia social literalmente mudou a face da comunicação mo- e-mails, apresentar alguém ou conhecer um novo colega.
derna. Não há limite e pode-se optar por se comunicar publicamen-
te ou se comunicar em particular com as pessoas. A chegada de Embora possam parecer bastante semelhantes, não são ter-
vários sites de mídia social desempenhou um papel enorme na vida mos intercambiáveis, e é sempre importante praticar a etiqueta
das pessoas, pois agora elas podem facilmente manter contato com profissional e respeitosa sempre que possível ao interagir com ou-
sua família e amigos. tras pessoas no local de trabalho. A seguir, apresentaremos a his-
tória desses títulos honoríficos, como decidir qual termo usar em
Aplicativos de mensagens instantâneas diferentes situações e contextos e como tornar a conversa sobre
Aplicativos de mensagens instantâneas como o WhatsApp são esse tópico mais progressiva e inclusiva no local de trabalho.
usados ​​para bate-papos informais rápidos e conversas em grupo.
Uma introdução de cada termo e seu uso
Bate-papo por vídeo Qual termo você prefere usar depende inteiramente de você.
Os bate-papos por vídeo são a versão evoluída da chamada de Mas, historicamente, os termos denotaram o estado civil e/ou a
voz, na qual tanto o remetente quanto o destinatário podem se ver idade das mulheres. Aqui está um guia rápido sobre todos os três:
e decodificar a linguagem corporal um do outro, além de ouvir suas
vozes e conhecer suas emoções. Eles são usados ​​com menos frequ- Srta ou Senhorita
ência do que as chamadas de voz, mas vale a pena considerá-los. O termo “senhora” geralmente se refere a uma mulher solteira
Vários aplicativos também permitem que os usuários participem de ou menina mais jovem (alguns dizem que 30 anos é o limite para
videochamadas em grupo. usar esse termo). Pode ser usado sozinho, sem fazer referência a
nomes (ex: “com licença, senhorita, você deixou cair seu livro”), ou
Chamada de voz pode ser combinado com o nome e/ou sobrenome de alguém (ex:
Uma das formas mais personalizadas de comunicação moderna A senhorita Silva é o nossa nova estagiário de engenharia”). O ter-
é a chamada de voz. As chamadas de voz podem ser feitas com e mo senhorita não foi usado para se referir a mulheres adultas até
sem internet. Ele permite instantaneamente que o remetente e o meados do século 18, e antes disso, a palavra era usada apenas para
destinatário ouçam um ao outro e suas emoções e é uma das for- meninas.
mas de comunicação modernas mais usadas atualmente.
Sra ou Senhora
E-mail “Sra.”, uma abreviação de “senhora”, existe desde o século 16
Hoje, o e-mail é uma das formas de comunicação mais subes- e geralmente se refere a uma mulher casada. Às vezes, uma mulher
timadas, mas ainda é usada por todos em todo o mundo. O e-mail divorciada ou viúva ainda será chamada de Sra. Ao usar Sra., cos-
pode ser usado para muitos tipos diferentes de finalidades, como tuma-se combinar o termo com o sobrenome de uma mulher (ex:
marketing, criação de reconhecimento de marca, divulgação de no- Sra. Campos).
tícias, envio de mensagens para as massas, etc. Pode ser formal e
informal e amplamente utilizado por empresas. Sr ou Senhor
Sr. é um título usado antes de um sobrenome ou nome comple-
Mensagens de texto SMS to de um homem, seja ele casado ou não. Sr. é uma abreviatura de
As mensagens de texto existem desde que os telefones celula- Senhor. É um título de respeito e uma forma de tratamento formal.
res foram inventados. Textos SMS são curtos, nítidos e são usados​​ Ex: O Senhor Gomes está na sala de espera. A abreviação Sr. é usada
principalmente para comunicação informal, pois ajudam a comu- em cartas e mensagens escritas em e-mails, mas a palavra completa
nicar pequenos bits de informação do remetente ao destinatário. é usada no dia a dia.
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pres. Presente
COMUNICAÇÕES ADMINISTRATIVAS: REDAÇÃO DE
CORRESPONDÊNCIA E DOCUMENTOS OFICIAIS Res. Resolução do Congresso Nacional
RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
RISF Regimento Interno do Senado Federal
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da Re-
pública foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas mudanças s. Substantivo
quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado s.f. Substantivo feminino
em 1991 e surgiu de uma necessidade de padronizar os protocolos
s.m. Substantivo masculino
à moderna administração pública. Assim, ele é referência quando
se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas. SEI! Sistema Eletrônico de Informações
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar re- sing. Singular
gras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Expres-
sões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa tb. Também
Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno v. Ver ou verbo
ou digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas apenas v.g. verbi gratia
por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público
entender que não foi atendido pelo decreto e exigir o tratamento var. pop. Variante popular
diferenciado.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela
A redação oficial é escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi- a) alguém que comunique: o serviço público.
ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e pre- b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do
cisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade, órgão que comunica.
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua por- c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma insti-
tuguesa. tuição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Execu-
tivo ou dos outros Poderes.
SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a fina-
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou lidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação
agramatical comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabele-
§ Parágrafo cem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento
dos órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em
adj. adv. Adjunto adverbial sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O
arc. Arcaico mesmo ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
é a de informar com clareza e objetividade.
art.; arts. Artigo; artigos
cf. Confronte Atributos da redação oficial:
CN Congresso Nacional • clareza e precisão;
• objetividade;
Cp. Compare • concisão;
EM Exposição de Motivos • coesão e coerência;
f.v. Forma verbal • impessoalidade;
• formalidade e padronização; e
fem. Feminino • uso da norma padrão da língua portuguesa.
ind. Indicativo
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
masc. Masculino
obj. dir. Objeto direto
obj. ind. Objeto indireto
p. Página
p. us. Pouco usado
pess. Pessoa
pl. Plural
pref. Prefixo

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As comunicações administrativas devem ser sempre formais,


CLAREZA PRECISÃO
isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as
Para a obtenção de clareza, sugere-se: O atributo da precisão comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais
a) utilizar palavras e expressões simples, complementa a clareza documentos impressos. Recomendações:
em seu sentido comum, salvo quando o e caracteriza-se por: • A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra
texto versar sobre assunto técnico, hipóte- a) articulação da lin- a sua simplicidade;
se em que se utilizará nomenclatura pró- guagem comum ou • O uso do padrão culto não significa empregar a língua de
pria da área; técnica para a perfeita modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo
b) usar frases curtas, bem estruturadas; compreensão da ideia literário;
apresentar as orações na ordem direta e veiculada no texto; • A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na reda-
evitar intercalações excessivas. Em certas b) manifestação do ção de um bom texto.
ocasiões, para evitar ambiguidade, sugere- pensamento ou da
-se a adoção da ordem inversa da oração; ideia com as mesmas O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com
c) buscar a uniformidade do tempo ver- palavras, evitando o agentes públicos federais é “senhor”, independentemente do nível
bal em todo o texto; emprego de sinonímia hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
d) não utilizar regionalismos e neologismos; com propósito mera-
e) pontuar adequadamente o texto; mente estilístico; e Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino
f) explicitar o significado da sigla na pri- c) escolha de expres- e para o plural.
meira referência a ela; e são ou palavra que não
g) utilizar palavras e expressões em outro confira duplo sentido São formas de tratamento vedadas:
idioma apenas quando indispensáveis, em ao texto. I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
razão de serem designações ou expressões II - Vossa Senhoria;
de uso já consagrado ou de não terem exata III - Vossa Magnificência;
tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico. IV - doutor;
V - ilustre ou ilustríssimo;
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se VI - digno ou digníssimo; e
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, VII - respeitável.
é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia prin- Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos prono-
cipal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao mes de tratamento, mediante invocação de normas especiais refe-
contato mais direto com o assunto e com as informações, sem sub- rentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo
terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato administrativo
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro
rude e grosseiro. na forma de tratamento empregada.
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de infor- O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú-
mações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o
eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de nome do destinatário nas hipóteses de:
reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da ad-
inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já ministração ser insuficiente para a identificação do destinatário; ou
foi dito. II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atri- específico.
butos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elemen-
tos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expe-
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os dientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela for-
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros. ma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um -los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam
texto são: o que chamamos de padrão ofício.
• Referência (termos que se relacionam a outros necessários à Consistem em partes do documento no padrão ofício:
sua interpretação);
• Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro • Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página
ou no lugar de uma oração); do documento, centralizado na área determinada pela formatação.
• Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto); No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo
• Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, perío- da página; nome do órgão principal; nomes dos órgãos secundá-
dos ou parágrafos). rios, quando necessários, da maior para a menor hierarquia; espa-
A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço pú- çamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como
blico e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos. endereço, telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio
Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não de- eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé
vem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal. do documento, centralizados.

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• Identificação do expediente: • Texto:


a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com
todas as letras maiúsculas; NOS CASOS EM QUE QUANDO FOREM USADOS
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, NÃO SEJA USADO PARA PARA ENCAMINHAMENTO
padronizada como Nº; ENCAMINHAMENTO DE DOCUMENTOS, A
c) informações do documento: número, ano (com quatro dí- DE DOCUMENTOS, O ESTRUTURA É MODIFICADA:
gitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor EXPEDIENTE DEVE CONTER
para a maior hierarquia, separados por barra (/); A SEGUINTE ESTRUTURA:
d) alinhamento: à margem esquerda da página.
a) introdução: em que é a) introdução: deve iniciar com
• Local e data: apresentado o objetivo da referência ao expediente que
a) composição: local e data do documento; comunicação. Evite o uso das solicitou o encaminhamento.
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o formas: Tenho a honra de, Se a remessa do documento
documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da uni- Tenho o prazer de, Cumpre-me não tiver sido solicitada, deve
dade da federação depois do nome da cidade; informar que. Prefira empregar iniciar com a informação do
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do a forma direta: Informo, motivo da comunicação, que
mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se Solicito, Comunico; é encaminhar, indicando a
deve utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês; b) desenvolvimento: em que o seguir os dados completos
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula; assunto é detalhado; se o texto do documento encaminhado
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; contiver mais de uma ideia (tipo, data, origem ou
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem sobre o assunto, elas devem signatário e assunto de que se
direita da página. ser tratadas em parágrafos trata) e a razão pela qual está
distintos, o que confere maior sendo encaminhado;
• Endereçamento: O endereçamento é a parte do documento clareza à exposição; e b) desenvolvimento: se o autor
que informa quem receberá o expediente. Nele deverão constar : c) conclusão: em que é da comunicação desejar fazer
a) vocativo; afirmada a posição sobre o algum comentário a respeito
b) nome: nome do destinatário do expediente; assunto. do documento que encaminha,
c) cargo: cargo do destinatário do expediente; poderá acrescentar parágrafos
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, de desenvolvimento. Caso
dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/ contrário, não há parágrafos
logradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, de desenvolvimento em
informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede- expediente usado para
ração, separados por espaço simples. Na separação entre cidade e encaminhamento de
unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou documentos.
pelo travessão. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obriga-
tória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento
cidade/unidade da federação; deve ser formatado da seguinte maneira:
e) alinhamento: à margem esquerda da página. a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
maneira: esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se
conteúdo do documento, seguida de dois-pontos; numeram o vocativo e o fecho;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos;
documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utili- citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho
zar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras; 10 pontos.
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o títu- e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas,
lo, deve ser destacado em negrito; pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto;
e) alinhamento: à margem esquerda da página. • Fechos para comunicações: O fecho das comunicações ofi-
ciais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar
o destinatário.
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, in-
clusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia infe-
rior ou demais casos: Atenciosamente,

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• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assi-


nadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações
oficiais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em le-
tras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do
signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigi-
do apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centra-
lizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar
a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigató-


ria apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm
da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Quanto a formatação e apresentação, os documentos do pa-


drão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da mar-
gem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode
ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens es-
querda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares
(margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em pa-
pel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para
gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o
negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado,
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padroniza-
ção do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafa-
das em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve
ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser
lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no servi-
ço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos
arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do docu-
mento + número do documento + ano do documento (com 4 dígi-
tos) + palavras-chaves do conteúdo.
Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com
algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão en-
via o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.

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b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único órgão
receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para mais
de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes dos órgãos
que receberão o expediente.

Exposição de motivos (EM)


É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao VicePresidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informa-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado envolva
mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de inter-
ministerial. Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das exposições
de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso,
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.
O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a redação,
a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem encami-
nhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do
ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da administração pública; para expor o plano de governo por
ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas;
para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os que com-
preendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais.
b) Encaminhamento de medida provisória.
c) Indicação de autoridades.
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da República se ausentarem do país por mais de 15 dias.
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de concessão de emissoras de rádio e TV.
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa.
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
i) Comunicação de veto.
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação de intervenção federal.

As mensagens contêm:
a) brasão: timbre em relevo branco;
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de pará-
grafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados pelo
Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também na administração públi-
ca. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endereço eletrônico
ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica. Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim
como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como endereço eletrônico utiliza-
do pelos servidores públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como sistema de transmissão de
mensagens eletrônicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e recebimento de documentos na
administração pública.
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Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para que
possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo os parâ-
metros de integridade, autenticidade e validade jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; contudo,
caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido
pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda os parâmetros
da ICP-Brasil.
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensagem
comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico possível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem irá receber
a mensagem identificará rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na caixa do correio
eletrônico.
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma saudação. Quando endereçado para outras instituições, para receptores
desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”,
seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada Senhora”.
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como “Att.”,
e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não devem ser
utilizados em e-mails profissionais.
Sugere-se que todas as instituições da administração pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail deve
conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o telefone do remetente.

A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de documento
ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em formato que possa ser editado.
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Muitas
vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência particular
seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial ou de um ato
normativo. Assim, toda revisão que se faça em determinado documento ou expediente deve sempre levar em conta também a correção
ortográfica.

HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
a) títulos de publicações
O hífen é um sinal usado para:
As aspas têm os seguintes (livros, revistas, jornais,
a) ligar os elementos de
empregos: periódicos etc.) ou títulos de
palavras compostas: vice-
a) antes e depois de uma congressos, conferências,
ministro;
citação textual direta, quando slogans, lemas sem o uso de Usa-se o negrito para realce
b) para unir pronomes átonos
esta tem até três linhas, sem aspas (com inicial maiúscula de palavras e trechos. Deve-se
a verbos: agradeceu-lhe; e
utilizar itálico; em todas as palavras, exceto evitar o uso de sublinhado para
c) para, no final de uma
b) quando necessário, para nas de ligação); realçar palavras e trechos em
linha, indicar a separação
diferenciar títulos, termos b) palavras e as expressões comunicações oficiais.
das sílabas de uma palavra
técnicos, expressões fixas, em latim ou em outras
em duas partes (a chamada
definições, exemplificações e línguas estrangeiras não
translineação): com-/parar,
assemelhados. incorporadas ao uso comum
gover-/no.
na língua portuguesa ou não
aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Os parênteses são empregados para intercalar, em Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos, serão
um texto, explicações, indicações, comentários, adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração de Textos da
observações, como por exemplo, indicar uma data, Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em que:
uma referência bibliográfica, uma sigla. a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um título; e
O travessão, que é representado graficamente b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas sílabas ou partes
por um hífen prolongado (–), substitui parênteses, dos vocábulos de um título.
vírgulas, dois-pontos.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:
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SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas
vezes dificulta a compreensão.
A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.

A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem.
Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos
verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e concordância verbal.

CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL


O verbo concorda com seu sujeito em pessoa e número. Adjetivos (nomes ou pronomes), artigos e numerais concordam em
gênero e número com os substantivos de que dependem.

Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de dependência
que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes ou subordi-
nantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que lhes comple-
tam o sentido.
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as seguintes finalidades:
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque; e
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades.

A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na oração,
quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa estruturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também usado em
lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer.
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um resumo
ou uma consequência do que se afirmou.
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. O ponto
de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente restrito aos
discursos e às peças de retórica.
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes circunstâncias:
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige.
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se redige.
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente estiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem.
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente;
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado;
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passado mais longínquo, ou histórico.
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, ainda será mencionado;
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto;
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencionada no texto.

A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe são
atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada palavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefixos, sufixos
que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em que se apresenta.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determinada
expressão com determinado sentido. O emprego de expressões ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao sentido
do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais devam limitar-se à repetição de chavões e de clichês.
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias ou
redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o sentido
do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite em deixar o texto como está.

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É importante lembrar que o idioma está em constante muta- • Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece-
ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada
política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas situação ou destinada a atingir determinado objetivo);
palavras e de formas de dizer. • Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi-
A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, nistrativo;
nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula- • Princípio da proporcionalidade;
res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi- • Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli-
tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de na suficientemente concreta);
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar. • Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi-
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu- sa julgada;
rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria- • Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se-
ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre-
do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido).
inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve-
locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro-
o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu- cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo
guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a
da Língua Portuguesa. tomada da decisão legislativa.
O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega- Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es-
dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden-
desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in- tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma-
corporação acrítica do estrangeirismo. nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos
• A homonímia é a designação geral para os casos em que pa- especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de
lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa.
homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos). A análise da situação questionada deve contemplar as causas
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou
• Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter
nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen-
e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter-
(pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de
verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do leis antigas, mudanças de concepção etc.
sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente. Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve-
Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto -se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro-
em que são empregados. vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere,
• Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte-
palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro- riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que
núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de efetivamente pretende.
descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri- A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada
gir) e ratificar (confirmar). e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por
No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem
de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou
justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras
harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e
objetivos da norma jurídica são expressos nas funções: simplesmente, a preservação do status quo.
I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com- Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma
pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati-
vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais); va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas
II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização, existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas
de definição e de distribuição de competências; para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador,
III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí- como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis-
trio ao vincular os próprios órgãos do Estado; lativa.
IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem-
condutas por meio de modelos; -se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de
V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju- vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná-
rídica e no plano social. lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b)
De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios
Requisitos da elaboração normativa: de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados
• Clareza e determinação da norma;
• Princípio da reserva legal;
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mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De- Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos-
vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de-
efeitos colaterais negativos. corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda-
O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en- ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a
tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor- essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui-
normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição
produzidas pelo novo ato normativo. de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que
espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de
interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da
no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa entrada em vigor de seu decreto.
uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen-
exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis-
uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto;
Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição ló- A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra,
gica) e sistemática externa (estrutura da lei). normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal-
Regras básicas a serem observadas para a sistematização do mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con-
texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação: têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati-
a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas vo de efeitos concretos).
em um mesmo contexto ou agrupamento; As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri-
b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re-
cronológica, se possível; vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a
c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar
que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas,
d) institutos diversos devem ser tratados separadamente. sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi-
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta
• O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
ao ato normativo que está sendo alterado. Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre-
• Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le-
não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti- gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e
lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo
alteração do trecho do artigo. com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos
O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi- de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro-
pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina- ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de
do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo modo expresso ou implícito, na lei.
de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou, • Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po-
muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade. dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos
Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa-
após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re- propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de
publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos nacionalidade, etc.).
com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado • Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são
sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá atos normativos subordinados ou secundários.
ser considerado inválido com efeitos retroativos. • Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização
Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado e funcionamento da administração pública federal, quando não im-
corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori- blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
a mera alteração da norma. Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori-
A correção de erro material que não afete a substância do ato dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento
singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de- de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe-
nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno- tência.
minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis
por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de-
de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais,
nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário. das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções.

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A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati- O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons- lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias, gatoriedade (45 dias).
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu- a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio- mentares.
nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual, b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual). dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a deli-
beração terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões
A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei é Permanentes.
confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legislati- c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas
vas. regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir
Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra urgência a certas proposições.
proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda. d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Ca-
Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for sas do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação
de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação.
também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le-
meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação
Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen- das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex.
tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re- para leis financeiras e delegadas.
servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento,
e que tenha estrita pertinência temática. englobam-se dois ritos distintos com características próprias, um
A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro- destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de có-
jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com digos.
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo- ÉTICA E CIDADANIA
situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas A ética e cidadania estão relacionados com as atitudes dos in-
do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje- divíduos e a forma como estes interagem uns com os outros na so-
to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo ciedade.
qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von- Ética
tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos
formação da lei. morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que
O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san- pertence ao caráter. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que
ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei. significa “modo de ser” ou “caráter”.
Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: “A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos ho-
a) inconstitucionalidade; ou mens em sociedade. É a ciência da moral, isto é, de uma esfera do
b) contrariedade ao interesse público. comportamento humano.” (VASQUEZ)
Conforme o dicionário Mini Aurélio (FERREIRA, 2010) o conceito
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15 de ética é o “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta
dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica- humana do ponto de vista do bem e do mal; conjunto de normas e
do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi- princípios que norteiam a conduta do ser humano.”
ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por
superado por deliberação do Congresso Nacional. esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social.
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência
eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas ações
República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor- para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a
Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre- ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as
para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e
Senado Federal, em prazo idêntico. contextos históricos.

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a solução para o seu concurso!
TÉCNICAS SECRETARIAIS

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, nada com direitos sociais, políticos e civis. O sociólogo britânico T.H.
mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra Marshall afirmou que a cidadania só é plena se for dotada de direito
está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores civil, político e social.
perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa Com o passar dos anos, a cidadania no Brasil sofreu uma evolu-
existência plena e feliz. ção no sentido da conquista dos direitos políticos, sociais e civis. No
entanto, ainda há um longo caminho a percorrer, tendo em conta
A Ética no Trabalho os milhões que vivem em situação de pobreza extrema, a taxa de
A ética está ligada a verdade e este é o primeiro passo para apro- desemprego, um baixo nível de alfabetização e a violência vivida na
ximar-se do comportamento correto. No campo do trabalho, a ética sociedade.
tem sido cada vez mais exigida, provavelmente porque a humani- A ética e a moral têm uma grande influência na cidadania, pois
dade evoluía em tecnologia, mas não conseguiu se desenvolver na dizem respeito à conduta do ser humano. Um país com fortes bases
mesma proporção naquilo que se refere à elevação de espírito. A éticas e morais apresenta uma forte cidadania.
atitude ética vai determinar como um profissional trata os outros Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o
profissionais no ambiente de trabalho, os consumidores de seus ser- cidadão, o indivíduo está sujeito no seu relacionamento com a so-
viços: clientes internos e externos entre outros membros da comu- ciedade em que vive. O termo cidadania vem do latim, civitas que
nidade em geral. quer dizer “cidade”.
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como o di-
“o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à compe- reito de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à liberda-
tência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer de de expressão, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser
bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao julgado fora de um processo regular, a não ter o lar violado.
conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua pro- Os direitos políticos referem-se à participação do cidadão no
fissão. governo da sociedade, ou seja, à participação no poder. Entre eles
estão a possibilidade de fazer manifestações políticas, organizar par-
Cidadania tidos, votar e ser votado. O exercício desse tipo de direito confere
Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obriga- legitimidade à organização política da sociedade.
ções e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidada- Os direitos sociais, assim como os demais, são constituídos his-
nia é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar toricamente e, portanto, produto das relações e conflitos de grupos
o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da edu- sociais em determinados momentos da história. Eles nasceram das
cação de um país. lutas dos trabalhadores pelo direito ao trabalho e a um salário digno,
Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressa-la; poder pelo direito de usufruir da riqueza e dos recursos produzidos pelos
votar em quem quiser sem constrangimento; poder processar um seres humanos, como moradia, saúde, alimentação, educação, lazer.
médico que age com negligencia; devolver um produto estragado e Referência
receber o dinheiro de volta; ter direito de ser negro, índio, homosse-
xual, mulher sem ser descriminado; e de praticar uma religião sem UFRRJ. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO. INSTI-
ser perseguido. TUTO DE EDUCAÇÂO. DEPARTAMENTO DE TORIA E PLANEJAMENTO
Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios DE ENSINO. CURSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES DE REFLORESTA-
de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito, não jogar papel MENTO. Noções Básicas de Ética e Cidadania
na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comporta- FERRREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário
mento está o respeito ao outro. da língua portuguesa. Coord. Marina Baird Ferreira. 8. ed. Curitiba:
Conceito: No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da Positivo, 2010.
palavra civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato
grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade.
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “ci- QUESTÕES
dadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cida-
dão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado,
ou no desempenho de seus deveres para com este”. 1. (AOCP/BRDE) A comunicação e relação interpessoal são
Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um esta- apresentadas como habilidade interpessoal e comunicação, tam-
do - nação com certos direitos e obrigações universais em um espe- bém chamadas de habilidades humanas e são consideradas extre-
cífico nível de igualdade (JANOSKI, 1998). mamente necessárias na vida de um administrador, em função de
Um dos pressupostos da cidadania é a nacionalidade, pois desta proporcionar
forma ele pode cumprir os seus direitos políticos. No Brasil os direi- (A) trabalho com eficácia e esforços cooperativos na direção
tos políticos são orquestrados pela Constituição Federal. O conceito dos objetivos estabelecidos.
de cidadania tem se tornado mais amplo com o passar do tempo, (B) visão sistêmica da organização com envolvimento das pes-
porque está sempre em construção, já que cada vez mais a cidadania soas.
diz respeito a um conjunto de parâmetros sociais. (C) trabalho com eficácia, empregabilidade e polivalência.
A cidadania pode ser dividida em duas categorias: cidadania for- (D) visão sistêmica da organização e facilidade no uso de técni-
mal e substantiva. A cidadania formal é referente à nacionalidade de cas específicas.
um indivíduo e ao fato de pertencer a uma determinada nação. A (E) trabalho com eficácia e esforços individualizados na direção
cidadania substantiva é de um caráter mais amplo, estando relacio- dos objetivos estabelecidos.

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a solução para o seu concurso!
TÉCNICAS SECRETARIAIS

2. (FCC – AL/SP) Um dos fatores de qualidade no atendimento 6. (ANVISA - Técnico Administrativo - CESPE) Acerca dos instru-
ao público é a empatia. Empatia é mentos de organização do tempo, dos compromissos e do local de
(A) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e con- trabalho, julgue os itens a seguir.
fiança ao público. O planejamento, a utilização de agenda e a definição de priori-
(B) a capacidade de cumprir, de modo confiável e exato, o que dades são importantes para a administração do tempo.
foi prometido ao público ( ) CERTO
(C) o grau de cuidado e atenção individual que o atendente ( ) ERRADO
demonstra para com o público, colocando-se em seu lugar para
um melhor entendimento do problema.
(D) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta- 7. . (ANVISA - Técnico Administrativo – CESPE) No sentido de
mente o cidadão aumentar a produtividade de uma reunião de trabalho, é conve-
(E) a habilidade em definir regras consensuais para o efetivo niente que a respectiva agenda seja divulgada com antecedência
atendimento aos participantes dessa reunião
( ) CERTO
3. (PRF – Policial Rodoviário Federal – CESPE - 2013) A respeito ( ) ERRADO
da ética no serviço público, julgue os itens subsequentes.
O elemento ético deve estar presente na conduta de todo ser- 8. (OBJETIVA - 2019 - PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA URTIGA -
vidor público, que deve ser capaz de discernir o que é honesto e RS - AGENTE ADMINISTRATIVO)
desonesto no exercício de sua função. Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, a
( ) Certo finalidade básica da Redação Oficial é comunicar com:
( ) Errado (A) Subjetividade e máxima clareza.
(B) Subjetividade e máxima imprecisão.
4. (CONSULPLAN/TSE) Em relação à comunicação nas organi- (C) Objetividade e máxima clareza.
zações, analise. (D) Objetividade e máxima imprecisão.
I. Uma comunicação eficaz é um processo horizontal, em que
todos os envolvidos mantêm uma ética relacional.
9. (FUNDATEC - 2019 - PREFEITURA DE NOVO HORIZONTE - SP
II. É possível melhorar a comunicação por meio de treinamento
- AGENTE ADMINISTRATIVO)
e desenvolvimento de pessoal.
Segundo o Manual de Redação da Presidência da República
III. A comunicação é elemento acessório no processo de busca
de qualidade nas organizações. (2018), os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguin-
Assinale te formatação, entre outras:
(A) se apenas a afirmativa I estiver correta. (I) Margem lateral direita: 1,5 cm;
(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. (II) Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
(C) se apenas a afirmativa II estiver correta. (III) Margem superior e inferior: 2 cm; e
(D) se apenas a afirmativa III estiver correta. (IV) Tamanho do papel: A5 (14,8 cm x 21 cm).
Quais estão corretas?
5. (TST - Técnico Judiciário de Segurança Judiciária - FCC) A ta- (A) Apenas I.
bela a seguir mostra os horários nos quais cada um dos cinco dire- (B) Apenas I e III.
tores de uma empresa tem disponibilidade para marcação de uma (C) Apenas II e IV.
reunião em um determinado dia. (D) Apenas I, II e III.
(E) Apenas II, III e IV.

10. (CPCON - 2019 - PREFEITURA DE GUARABIRA - PB - AGEN-


TE ADMINISTRATIVO)
O Manual de Redação da Presidência da República estabelece
o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as moda-
lidades de comunicação oficial. Marque (V) ou (F), conforme sejam
A secretária da diretoria deverá marcar uma reunião de uma verdadeiras ou falsas as proposições.
hora de duração nesse dia, de modo que se consiga a presença, ao ( ) Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Repú-
longo de toda a reunião, do maior número possível de diretores. A blica: Respeitosamente.
reunião deverá ser marcada das ( ) Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
(A) 11:00 às 12:00. ferior: Atenciosamente.
(B) 14:00 às 15:00. ( ) Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Repú-
(C) 15:00 às 16:00. blica: Atenciosamente.
(D) 15:30 às 16:30. ( ) Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
(E) 16:45 às 17:45. ferior: Respeitosamente.
( ) Tal regra também é aplicável a comunicações dirigidas a
autoridades estrangeiras.

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TÉCNICAS SECRETARIAIS

Marque a alternativa que contém a sequência CORRETA de pre- ______________________________________________________


enchimento dos parênteses.
(A) V, V, V, F e F. ______________________________________________________
(B) V, V, F, F e F
______________________________________________________
(C) F, F, F, V e V.
(D) F, F, F, F e V. ______________________________________________________
(D) V, V, F, F e V.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 A ______________________________________________________
2 C ______________________________________________________
3 CERTO
______________________________________________________
4 C
5 D ______________________________________________________
6 CERTO ______________________________________________________
7 CERTO
______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 D
10 B ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
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COMUNICAÇÃO OFICIAL

obj. dir. Objeto direto


MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
REDAÇÃO OFICIAL. COMUNICAÇÕES OFICIAIS. ATOS NOR- obj. ind. Objeto indireto
MATIVOS: FUNDAMENTOS DA ELABORAÇÃO NORMATIVA. p. Página
ATOS NORMATIVOS.
p. us. Pouco usado
pess. Pessoa
A terceira edição do Manual de Redação da Presidência da Re-
pública foi lançado no final de 2018 e apresenta algumas mudanças pl. Plural
quanto ao formato anterior. Para contextualizar, o manual foi criado pref. Prefixo
em 1991 e surgiu de uma necessidade de padronizar os protocolos pres. Presente
à moderna administração pública. Assim, ele é referência quando
se trata de Redação Oficial em todas as esferas administrativas. Res. Resolução do Congresso Nacional
O Decreto de nº 9.758 de 11 de abril de 2019 veio alterar re- RICD Regimento Interno da Câmara dos Deputados
gras importantes, quanto aos substantivos de tratamento. Expres-
RISF Regimento Interno do Senado Federal
sões usadas antes (como: Vossa Excelência ou Excelentíssimo, Vossa
Senhoria, Vossa Magnificência, doutor, ilustre ou ilustríssimo, digno s. Substantivo
ou digníssimo e respeitável) foram retiradas e substituídas apenas s.f. Substantivo feminino
por: Senhor (a). Excepciona a nova regra quando o agente público
entender que não foi atendido pelo decreto e exigir o tratamento s.m. Substantivo masculino
diferenciado. SEI! Sistema Eletrônico de Informações
sing. Singular
A redação oficial é
A maneira pela qual o Poder Público redige comunicações ofi- tb. Também
ciais e atos normativos e deve caracterizar-se pela: clareza e pre- v. Ver ou verbo
cisão, objetividade, concisão, coesão e coerência, impessoalidade,
v.g. verbi gratia
formalidade e padronização e uso da norma padrão da língua por-
tuguesa. var. pop. Variante popular

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela


SINAIS E ABREVIATURAS EMPREGADOS
escrita. Para que haja comunicação, são necessários:
• Indica forma (em geral sintática) inaceitável ou a) alguém que comunique: o serviço público.
agramatical b) algo a ser comunicado: assunto relativo às atribuições do
§ Parágrafo órgão que comunica.
c) alguém que receba essa comunicação: o público, uma insti-
adj. adv. Adjunto adverbial tuição privada ou outro órgão ou entidade pública, do Poder Execu-
arc. Arcaico tivo ou dos outros Poderes.
art.; arts. Artigo; artigos Além disso, deve-se considerar a intenção do emissor e a fina-
lidade do documento, para que o texto esteja adequado à situação
cf. Confronte comunicativa. Os atos oficiais (atos de caráter normativo) estabele-
CN Congresso Nacional cem regras para a conduta dos cidadãos, regulam o funcionamento
dos órgãos e entidades públicos. Para alcançar tais objetivos, em
Cp. Compare
sua elaboração, precisa ser empregada a linguagem adequada. O
EM Exposição de Motivos mesmo ocorre com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
f.v. Forma verbal é a de informar com clareza e objetividade.
fem. Feminino Atributos da redação oficial:
ind. Indicativo • clareza e precisão;
ICP - Brasil Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira • objetividade;
• concisão;
masc. Masculino • coesão e coerência;

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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

• impessoalidade; parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.


• formalidade e padronização; e Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a coerência de um
• uso da norma padrão da língua portuguesa. texto são:
CLAREZA PRECISÃO • Referência (termos que se relacionam a outros necessários à
sua interpretação);
Para a obtenção de clareza, O atributo da precisão • Substituição (colocação de um item lexical no lugar de outro
sugere-se: complementa a clareza e carac- ou no lugar de uma oração);
a) utilizar palavras e ex- teriza-se por: • Elipse (omissão de um termo recuperável pelo contexto);
pressões simples, em seu senti- a) articulação da lingua- • Uso de conjunção (estabelecer ligação entre orações, perío-
do comum, salvo quando o tex- gem comum ou técnica para a dos ou parágrafos).
to versar sobre assunto técnico, perfeita compreensão da ideia A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço pú-
hipótese em que se utilizará veiculada no texto; blico e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos.
nomenclatura própria da área; b) manifestação do pen- Sendo assim, os assuntos objetos dos expedientes oficiais não de-
b) usar frases curtas, bem samento ou da ideia com as vem ser tratados de outra forma que não a estritamente impessoal.
estruturadas; apresentar as mesmas palavras, evitando o As comunicações administrativas devem ser sempre formais,
orações na ordem direta e evi- emprego de sinonímia com isto é, obedecer a certas regras de forma. Isso é válido tanto para as
tar intercalações excessivas. Em propósito meramente estilísti- comunicações feitas em meio eletrônico, quanto para os eventuais
certas ocasiões, para evitar am- co; e documentos impressos. Recomendações:
biguidade, sugere-se a adoção c) escolha de expressão ou • A língua culta é contra a pobreza de expressão e não contra
da ordem inversa da oração; palavra que não confira duplo a sua simplicidade;
c) buscar a uniformidade sentido ao texto. • O uso do padrão culto não significa empregar a língua de
do tempo verbal em todo o modo rebuscado ou utilizar figuras de linguagem próprias do estilo
texto; literário;
d) não utilizar regionalis- • A consulta ao dicionário e à gramática é imperativa na reda-
mos e neologismos; ção de um bom texto.
e) pontuar adequadamen-
te o texto;
f) explicitar o significado O único pronome de tratamento utilizado na comunicação
da sigla na primeira referência com agentes públicos federais é “senhor”, independentemente
a ela; e do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da
g) utilizar palavras e ex- ocasião.
pressões em outro idioma ape- Obs. O pronome de tratamento é flexionado para o femini-
nas quando indispensáveis, em no e para o plural.
razão de serem designações ou
expressões de uso já consagra- São formas de tratamento vedadas:
do ou de não terem exata tra- I - Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
dução. Nesse caso, grafe-as em II - Vossa Senhoria;
itálico. III - Vossa Magnificência;
IV - doutor;
Por sua vez, ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se V - ilustre ou ilustríssimo;
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir isso, VI - digno ou digníssimo; e
é fundamental que o redator saiba de antemão qual é a ideia prin- VII - respeitável.
cipal e quais são as secundárias. A objetividade conduz o leitor ao
contato mais direto com o assunto e com as informações, sem sub- Todavia, o agente público federal que exigir o uso dos prono-
terfúgios, sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que mes de tratamento, mediante invocação de normas especiais refe-
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o texto rentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo
rude e grosseiro. modo. Ademais, é vedado negar a realização de ato administrativo
Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de infor- ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja erro
mações com o mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma na forma de tratamento empregada.
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se deve O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes pú-
eliminar passagens substanciais do texto com o único objetivo de blicos federais não conterá pronome de tratamento ou o nome
reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de excluir palavras do agente público. Poderão constar o pronome de tratamento e o
inúteis, redundâncias e passagens que nada acrescentem ao que já nome do destinatário nas hipóteses de:
foi dito. I – A mera indicação do cargo ou da função e do setor da ad-
É indispensável que o texto tenha coesão e coerência. Tais atri- ministração ser insuficiente para a identificação do destinatário; ou
butos favorecem a conexão, a ligação, a harmonia entre os elemen- II - A correspondência ser dirigida à pessoa de agente público
tos de um texto. Percebe-se que o texto tem coesão e coerência específico.
quando se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os

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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

Até a segunda edição deste Manual, havia três tipos de expedientes que se diferenciavam antes pela finalidade do que pela forma:
o ofício, o aviso e o memorando. Com o objetivo de uniformizá-los, deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas, que sigam o que
chamamos de padrão ofício.
Consistem em partes do documento no padrão ofício:
• Cabeçalho: O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área determinada pela formatação.
No cabeçalho deve constar o Brasão de Armas da República no topo da página; nome do órgão principal; nomes dos órgãos secundários,
quando necessários, da maior para a menor hierarquia; espaçamento entrelinhas simples (1,0). Os dados do órgão, tais como endereço,
telefone, endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico oficial da instituição, podem ser informados no rodapé do documento,
centralizados.
• Identificação do expediente:
a) nome do documento: tipo de expediente por extenso, com todas as letras maiúsculas;
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra “número”, padronizada como Nº;
c) informações do documento: número, ano (com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede o documento, da menor para a
maior hierarquia, separados por barra (/);
d) alinhamento: à margem esquerda da página.

• Local e data:
a) composição: local e data do documento;
b) informação de local: nome da cidade onde foi expedido o documento, seguido de vírgula. Não se deve utilizar a sigla da unidade da
federação depois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o primeiro dia do mês e em numeração cardinal para os demais dias do mês. Não se deve
utilizar zero à esquerda do número que indica o dia do mês;
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial minúscula;
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data;
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à margem direita da página.

• Endereçamento: O endereçamento é a parte do documento que informa quem receberá o expediente. Nele deverão constar :
a) vocativo;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o expediente, dividido em duas linhas: primeira linha: informação de localidade/lo-
gradouro do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão, informação do setor; segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação,
separados por espaço simples. Na separação entre cidade e unidade da federação pode ser substituída a barra pelo ponto ou pelo traves-
são. No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP, podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade da
federação;
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

• Assunto: O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta. Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiúscula, não se deve utilizar
verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto;
e) alinhamento: à margem esquerda da página.

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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

• Texto:

NOS CASOS EM QUE NÃO SEJA USADO PARA ENCAMINHA- QUANDO FOREM USADOS PARA ENCAMINHAMENTO DE
MENTO DE DOCUMENTOS, O EXPEDIENTE DEVE CONTER A DOCUMENTOS, A ESTRUTURA É MODIFICADA:
SEGUINTE ESTRUTURA:
a) introdução: em que é apresentado o objetivo da comunica- a) introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
ção. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho o prazer de, solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
Cumpre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Infor- sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
mo, Solicito, Comunico; nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e as-
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser trata- sunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado;
das em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposi- b) desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
ção; e algum comentário a respeito do documento que encaminha, po-
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto. derá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário,
não há parágrafos de desenvolvimento em expediente usado para
encaminhamento de documentos.

Em qualquer uma das duas estruturas, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:
a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
c) parágrafos: espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo; recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem
esquerda; numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro parágrafo. Não se
numeram o vocativo e o fecho;
d) fonte: Calibri ou Carlito; corpo do texto: tamanho 12 pontos; citações recuadas: tamanho 11 pontos; notas de Rodapé: tamanho
10 pontos.
e) símbolos: para símbolos não existentes nas fontes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e Wingdings.

• Fechos para comunicações: O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o
destinatário.
a) Para autoridades de hierarquia superior a do remetente, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierarquia inferior ou demais casos: Atenciosamente,

• Identificação do signatário: Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações ofi-
ciais devem informar o signatário segundo o padrão:
a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do nome do signa-
tário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições que liguem as
palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página. Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi-
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

• Numeração de páginas: A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação. Ela deve ser
centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:
a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e
b) fonte: Calibri ou Carlito.

Quanto a formatação e apresentação, os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma:
a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as margens esquerda e
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão colorida para gráfi-
cos e ilustrações;

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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o


negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico, sublinhado,
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer
outra forma de formatação que afete a sobriedade e a padroniza-
ção do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafa-
das em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos
elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve
ser utilizado, preferencialmente, formato de arquivo que possa ser
lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no servi-
ço público, tais como DOCX, ODT ou RTF.
l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos
arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do docu-
mento + número do documento + ano do documento (com 4 dígi-
tos) + palavras-chaves do conteúdo.

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com


algumas possíveis variações:
a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão en-
via o mesmo expediente para mais de um órgão receptor. A sigla na
epígrafe será apenas do órgão remetente.
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um
órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para um único
órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epí-
grafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando
mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente para
mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes cons-
tarão na epígrafe.

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o


órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas ou nomes dos
órgãos que receberão o expediente.

Exposição de motivos (EM)


É o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-
Presidente para:
a) propor alguma medida;
b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informa-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República


por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado en-
volva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada
por todos os ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
de interministerial. Independentemente de ser uma EM com ape-
nas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica
das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina
dentro de um mesmo ano civil.
A exposição de motivos é a principal modalidade de comunica-
ção dirigida ao Presidente da República pelos ministros. Além disso,
pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacio-
nal ou ao Poder Judiciário.

Editora
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COMUNICAÇÃO OFICIAL

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais dereço eletrônico utilizado pelos servidores públicos, o e-mail deve
(Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elaboração, a re- ser oficial, utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo. Como
dação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a ge- sistema de transmissão de mensagens eletrônicas, por seu baixo
rência das exposições de motivos com as propostas de atos a serem custo e celeridade, transformou-se na principal forma de envio e
encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República. recebimento de documentos na administração pública.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do sig- de 2001, para que o e-mail tenha valor documental, isto é, para
natário são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o que possa ser aceito como documento original, é necessário existir
nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do con- certificação digital que ateste a identidade do remetente, segundo
sultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta. os parâmetros de integridade, autenticidade e validade jurídica da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICPBrasil.
O destinatário poderá reconhecer como válido o e-mail sem
A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os
certificação digital ou com certificação digital fora ICP-Brasil; con-
Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas
tudo, caso haja questionamento, será obrigatório a repetição do
pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar
ato por meio documento físico assinado ou por meio eletrônico re-
sobre fato da administração pública; para expor o plano de gover-
conhecido pela ICP-Brasil. Salvo lei específica, não é dado ao ente
no por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter
público impor a aceitação de documento eletrônico que não atenda
ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de
os parâmetros da ICP-Brasil.
suas Casas; para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
flexibilidade. Assim, não interessa definir padronização da mensa-
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios
gem comunicada. O assunto deve ser o mais claro e específico pos-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação fi-
sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, quem
nal. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso
irá receber a mensagem identificará rapidamente do que se trata;
Nacional têm as seguintes finalidades:
quem a envia poderá, posteriormente, localizar a mensagem na cai-
a) Encaminhamento de proposta de emenda constitucional,
xa do correio eletrônico.
de projeto de lei ordinária, de projeto de lei complementar e os
O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por uma sau-
que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, or-
dação. Quando endereçado para outras instituições, para recepto-
çamentos anuais e créditos adicionais.
res desconhecidos ou para particulares, deve-se utilizar o vocativo
b) Encaminhamento de medida provisória.
conforme os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Se-
c) Indicação de autoridades.
nhora”, seguido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Prezada
d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presiden-
Senhora”.
te da República se ausentarem do país por mais de 15 dias.
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações oficiais.
e) Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de
Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de abreviações como
concessão de emissoras de rádio e TV.
“Att.”, e de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”, que, ape-
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
sar de amplamente usados, não são fechos oficiais e, portanto, não
g) Mensagem de abertura da sessão legislativa.
devem ser utilizados em e-mails profissionais.
h) Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Sugere-se que todas as instituições da administração pública
i) Comunicação de veto.
adotem um padrão de texto de assinatura. A assinatura do e-mail
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo, ex. Apreciação
deve conter o nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o tele-
de intervenção federal.
fone do remetente.
As mensagens contêm:
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e imagens de
a) brasão: timbre em relevo branco;
diversos formatos é uma das vantagens do e-mail. A mensagem que
b) identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à
encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre o
margem esquerda, no início do texto;
conteúdo do anexo.
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o
Os arquivos anexados devem estar em formatos usuais e que
pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com o recuo de
apresentem poucos riscos de segurança. Quando se tratar de docu-
parágrafo dado ao texto;
mento ainda em discussão, os arquivos devem, necessariamente,
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
ser enviados, em formato que possa ser editado.
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinha-
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer tex-
dos à margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados
to, e ainda mais importante quando se trata de textos oficiais. Mui-
pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signa-
tas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o sentido
tário.
da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência par-
A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática
ticular seria apenas um lapso na digitação pode ter repercussões
comum, não só em âmbito privado, mas também na administra-
indesejáveis quando ocorre no texto de uma comunicação oficial
ção pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos.
ou de um ato normativo. Assim, toda revisão que se faça em de-
Dependendo do contexto, pode significar gênero textual, endere-
terminado documento ou expediente deve sempre levar em conta
ço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
também a correção ortográfica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documen-
to oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se evitar o uso de
linguagem incompatível com uma comunicação oficial. Como en-
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HÍFEN ASPAS ITÁLICO NEGRITO E SUBLINHADO


Emprega-se itálico em:
O hífen é um sinal usado a) títulos de publicações
As aspas têm os seguintes
para: (livros, revistas, jornais, perió-
empregos:
a) ligar os elementos de dicos etc.) ou títulos de con-
a) antes e depois de uma
palavras compostas: vice-mi- gressos, conferências, slogans,
citação textual direta, quando Usa-se o negrito para realce de
nistro; lemas sem o uso de aspas (com
esta tem até três linhas, sem palavras e trechos. Deve-se evitar o
b) para unir pronomes áto- inicial maiúscula em todas as
utilizar itálico; uso de sublinhado para realçar pa-
nos a verbos: agradeceu-lhe; e palavras, exceto nas de liga-
b) quando necessário, lavras e trechos em comunicações
c) para, no final de uma li- ção);
para diferenciar títulos, termos oficiais.
nha, indicar a separação das sí- b) palavras e as expressões
técnicos, expressões fixas, defi-
labas de uma palavra em duas em latim ou em outras línguas
nições, exemplificações e asse-
partes (a chamada translinea- estrangeiras não incorporadas
melhados.
ção): com-/parar, gover-/no. ao uso comum na língua portu-
guesa ou não aportuguesadas.

PARÊNTESES E TRAVESSÃO USO DE SIGLAS E ACRÔNIMOS


Os parênteses são empregados para intercalar, em um tex- Para padronizar o uso de siglas e acrônimos nos atos normativos,
to, explicações, indicações, comentários, observações, como por serão adotados os conceitos sugeridos pelo Manual de Elaboração de
exemplo, indicar uma data, uma referência bibliográfica, uma Textos da Consultoria Legislativa do Senado Federal (1999), em que:
sigla. a) sigla: constitui-se do resultado das somas das iniciais de um
O travessão, que é representado graficamente por um hífen título; e
prolongado (–), substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos. b) acrônimo: constitui-se do resultado da soma de algumas síla-
bas ou partes dos vocábulos de um título.

Sintaxe é a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que, com ela, se unem para exprimir o
pensamento. Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. De acordo com a gramática normativa, o sujeito da
oração não pode ser preposicionado. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento.

Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos textos oficiais, pois muitas
vezes dificulta a compreensão.

A omissão de certos termos, ao fazermos uma comparação, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na língua escrita, pois
compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode
impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial,
deve-se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar-se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa.
A concordância é o processo sintático segundo o qual certas palavras se acomodam, na sua forma, às palavras de que dependem.
Essa acomodação formal se chama flexão e se dá quanto a gênero e número (nos adjetivos – nomes ou pronomes), números e pessoa (nos
verbos). Daí, a divisão: concordância nominal e concordância verbal.

CONCORDÂNCIA VERBAL CONCORDÂNCIA NOMINAL


O verbo concorda com seu sujeito em pessoa e número. Adjetivos (nomes ou pronomes), artigos e numerais concor-
dam em gênero e número com os substantivos de que dependem.

Regência é, em gramática, sinônimo de dependência, subordinação. Assim, a sintaxe de regência trata das relações de dependência
que as palavras mantêm na frase. Dizemos que um termo rege o outro que o complementa. Numa frase, os termos regentes ou subordi-
nantes (substantivos, adjetivos, verbos) regem os termos regidos ou subordinados (substantivos, adjetivos, preposições) que lhes comple-
tam o sentido.
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as seguintes finalidades:
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque; e
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COMUNICAÇÃO OFICIAL

c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambiguidades. De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto pu-
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido rismo, a linguagem das comunicações oficiais fique imune às cria-
entre termos vizinhos, as inversões e as intercalações, quer na ora- ções vocabulares ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez
ção, quer no período. O ponto e vírgula, em princípio, separa es- do desenvolvimento tecnológico, por exemplo, impõe a criação de
truturas coordenadas já portadoras de vírgulas internas. É também inúmeros novos conceitos e termos, ditando de certa forma a ve-
usado em lugar da vírgula para dar ênfase ao que se quer dizer. locidade com que a língua deve incorporá-los. O importante é usar
Emprega-se este sinal de pontuação para introduzir citações, o estrangeirismo de forma consciente, buscar o equivalente portu-
marcar enunciados de diálogo e indicar um esclarecimento, um re- guês quando houver ou conformar a palavra estrangeira ao espírito
sumo ou uma consequência do que se afirmou. da Língua Portuguesa.
O ponto de interrogação, como se depreende de seu nome, O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou emprega-
é utilizado para marcar o final de uma frase interrogativa direta. dos em contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo
O ponto de exclamação é utilizado para indicar surpresa, espanto, desconhecimento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela in-
admiração, súplica etc. Seu uso na redação oficial fica geralmente corporação acrítica do estrangeirismo.
restrito aos discursos e às peças de retórica. • A homonímia é a designação geral para os casos em que pa-
O uso do pronome demonstrativo obedece às seguintes cir- lavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos
cunstâncias: homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
a) Emprega-se este(a)/isto quando o termo referente estiver • Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como
próximo ao emissor, ou seja, de quem fala ou redige. nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta)
b) Emprega-se esse(a)/isso quando o termo referente estiver e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo
próximo ao receptor, ou seja, a quem se fala ou para quem se re- (pedido) e apelo (com e aberto, 1ª pess. Do sing. Do pres. Do ind. Do
dige. verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1ª pess. Do
c) Emprega-se aquele(a)/aquilo quando o termo referente es- sing. Do pres. Do ind. Do verbo consolar), com pronúncia diferente.
tiver distante tanto do emissor quanto do receptor da mensagem. Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto
d) Emprega-se este(a) para referir-se ao tempo presente; em que são empregados.
e) Emprega-se esse(a) para se referir ao tempo passado; • Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com
f) Emprega-se aquele(a)/aquilo em relação a um tempo passa- palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pro-
do mais longínquo, ou histórico. núncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (ato de
g) Usa-se este(a)/isto para introduzir referência que, no texto, descrever) e discrição (qualidade do que é discreto), retificar (corri-
ainda será mencionado; gir) e ratificar (confirmar).
h) Usa-se este(a)para se referir ao próprio texto; No Estado de Direito, as normas jurídicas cumprem a tarefa
i) Emprega-se esse(a)/isso quando a informação já foi mencio- de concretizar a Constituição. Elas devem criar os fundamentos de
nada no texto. justiça e de segurança que assegurem um desenvolvimento social
A Semântica estuda o sentido das palavras, expressões, frases harmônico em um contexto de paz e de liberdade. Esses complexos
e unidades maiores da comunicação verbal, os significados que lhe objetivos da norma jurídica são expressos nas funções:
são atribuídos. Ao considerarmos o significado de determinada pa- I) de integração: a lei cumpre função de integração ao com-
lavra, levamos em conta sua história, sua estrutura (radical, prefi- pensar as diferenças jurídico-políticas no quadro de formação da
xos, sufixos que participam da sua forma) e, por fim, o contexto em vontade do Estado (desigualdades sociais, regionais);
que se apresenta. II) de planificação: a lei é o instrumento básico de organização,
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto de definição e de distribuição de competências;
oficial, deve-se atentar para a tradição no emprego de determina- III) de proteção: a lei cumpre função de proteção contra o arbí-
da expressão com determinado sentido. O emprego de expressões trio ao vincular os próprios órgãos do Estado;
ditas de uso consagrado confere uniformidade e transparência ao IV) de regulação: a lei cumpre função reguladora ao direcionar
sentido do texto. Mas isso não quer dizer que os textos oficiais de- condutas por meio de modelos;
vam limitar-se à repetição de chavões e de clichês. V) de inovação: a lei cumpre função de inovação na ordem ju-
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo rídica e no plano social.
utilizadas. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias
ou redundâncias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para Requisitos da elaboração normativa:
as palavras repetidas; mas se sua substituição for comprometer o • Clareza e determinação da norma;
sentido do texto, tornando-o ambíguo ou menos claro, não hesite • Princípio da reserva legal;
em deixar o texto como está. • Reserva legal qualificada (algumas providências sejam prece-
É importante lembrar que o idioma está em constante muta- didas de específica autorização legislativa, vinculada à determinada
ção. A própria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da situação ou destinada a atingir determinado objetivo);
política, enfim da vida social em geral, impõe a criação de novas • Princípio da legalidade nos âmbitos penal, tributário e admi-
palavras e de formas de dizer. nistrativo;
A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, • Princípio da proporcionalidade;
nem incorporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabula- • Densidade da norma (a previsão legal contenha uma discipli-
res, por um lado, elas devem sempre ser usadas com critério, evi- na suficientemente concreta);
tando-se aquelas que podem ser substituídas por vocábulos já de • Respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coi-
uso consolidado sem prejuízo do sentido que se lhes quer dar. sa julgada;

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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

• Remissões legislativas (se as remissões forem inevitáveis, se- uma característica da cientificidade do Direito e corresponde às
jam elas formuladas de tal modo que permitam ao intérprete apre- exigências mínimas de segurança jurídica, à medida que impedem
ender o seu sentido sem ter de compulsar o texto referido). uma ruptura arbitrária com a sistemática adotada na aplicação do
Direito. Costuma-se distinguir a sistemática da lei em sistemática
Além do processo legislativo disciplinado na Constituição (pro- interna (compatibilidade teleológica e ausência de contradição ló-
cesso legislativo externo), a doutrina identifica o chamado processo gica) e sistemática externa (estrutura da lei).
legislativo interno, que se refere à forma de fazer adotada para a Regras básicas a serem observadas para a sistematização do
tomada da decisão legislativa. texto do ato normativo, com o objetivo de facilitar sua estruturação:
Antes de decidir sobre as providências a serem tomadas, é es- a) matérias que guardem afinidade objetiva devem ser tratadas
sencial identificar o problema a ser enfrentado. Realizada a iden- em um mesmo contexto ou agrupamento;
tificação do problema em decorrência de impulsos externos (ma- b) os procedimentos devem ser disciplinados segundo a ordem
nifestações de órgãos de opinião pública, críticas de segmentos cronológica, se possível;
especializados) ou graças à atuação dos mecanismos próprios de c) a sistemática da lei deve ser concebida de modo a permitir
controle, o problema deve ser delimitado de forma precisa. que ela forneça resposta à questão jurídica a ser disciplinada; e
A análise da situação questionada deve contemplar as causas d) institutos diversos devem ser tratados separadamente.
ou o complexo de causas que eventualmente determinaram ou • O artigo de alteração da norma deve fazer menção expressa
contribuíram para o seu desenvolvimento. Essas causas podem ter ao ato normativo que está sendo alterado.
influências diversas, tais como condutas humanas, desenvolvimen- • Na hipótese de alteração parcial de artigo, os dispositivos que
tos sociais ou econômicos, influências da política nacional ou inter- não terão o seu texto alterado serão substituídos por linha ponti-
nacional, consequências de novos problemas técnicos, efeitos de lhada, cujo uso é obrigatório para indicar a manutenção e a não
leis antigas, mudanças de concepção etc. alteração do trecho do artigo.
Para verificar a adequação dos meios a serem utilizados, deve- O termo “republicação” é utilizado para designar apenas a hi-
-se realizar uma análise dos objetivos que se esperam com a apro- pótese de o texto publicado não corresponder ao original assina-
vação da proposta. A ação do legislador, nesse âmbito, não difere, do pela autoridade. Não se pode cogitar essa hipótese por motivo
fundamentalmente, da atuação do homem comum, que se caracte- de erro já constante do documento subscrito pela autoridade ou,
riza mais por saber exatamente o que não quer, sem precisar o que muito menos, por motivo de alteração na opinião da autoridade.
efetivamente pretende. Considerando que os atos normativos somente produzem efeitos
A avaliação emocional dos problemas, a crítica generalizada após a publicação no Diário Oficial da União, mesmo no caso de re-
e, às vezes, irrefletida sobre o estado de coisas dominante acabam publicação, não se poderá cogitar a existência de efeitos retroativos
por permitir que predominem as soluções negativistas, que têm por com a publicação do texto corrigido. Contudo, o texto publicado
escopo, fundamentalmente, suprimir a situação questionada sem sem correspondência com aquele subscrito pela autoridade poderá
contemplar, de forma detida e racional, as alternativas possíveis ou ser considerado inválido com efeitos retroativos.
as causas determinantes desse estado de coisas negativo. Outras Já a retificação se refere aos casos em que texto publicado
vezes, deixa-se orientar por sentimento inverso, buscando, pura e corresponde ao texto subscrito pela autoridade, mas que continha
simplesmente, a preservação do status quo. lapso manifesto. A retificação requer nova assinatura pelas autori-
Essas duas posições podem levar, nos seus extremos, a uma dades envolvidas e, em muitos casos, é menos conveniente do que
imprecisa definição dos objetivos. A definição da decisão legislati- a mera alteração da norma.
va deve ser precedida de uma rigorosa avaliação das alternativas A correção de erro material que não afete a substância do ato
existentes, seus prós e contras. A existência de diversas alternativas singular de caráter pessoal e as retificações ou alterações da de-
para a solução do problema não só amplia a liberdade do legislador, nominação de cargos, funções ou órgãos que tenham tido a deno-
como também permite a melhoria da qualidade da decisão legis- minação modificada em decorrência de lei ou de decreto superve-
lativa. niente à expedição do ato pessoal a ser apostilado são realizadas
Antes de decidir sobre a alternativa a ser positivada, devem- por meio de apostila. O apostilamento é de competência do setor
-se avaliar e contrapor as alternativas existentes sob dois pontos de de recurso humanos do órgão, autarquia ou fundação, e dispensa
vista: a) De uma perspectiva puramente objetiva: verificar se a aná- nova assinatura da autoridade que subscreveu o ato originário.
lise sobre os dados fáticos e prognósticos se mostra consistente; b) Atenção: Deve-se ter especial atenção quando do uso do apos-
De uma perspectiva axiológica: aferir, com a utilização de critérios tilamento para os atos relativos à vacância ou ao provimento de-
de probabilidade (prognósticos), se os meios a serem empregados corrente de alteração de estrutura de órgão, autarquia ou funda-
mostram-se adequados a produzir as consequências desejadas. De- ção pública. O apostilamento não se aplica aos casos nos quais a
vem-se contemplar, igualmente, as suas deficiências e os eventuais essência do cargo em comissão ou da função de confiança tenham
efeitos colaterais negativos. sido alterados, tais como nos casos de alteração do nível hierárqui-
O processo de decisão normativa estará incompleto caso se en- co, transformação de atribuição de assessoramento em atribuição
tenda que a tarefa do legislador se encerre com a edição do ato nor- de chefia (ou vice-versa) ou transferência de cargo para unidade
mativo. Uma planificação mais rigorosa do processo de elaboração com outras competências. Também deve-se alertar para o fato que
normativa exige um cuidadoso controle das diversas consequências a praxe atual tem sido exigir que o apostilamento decorrente de
produzidas pelo novo ato normativo. alteração em estrutura regimental seja realizado na mesma data da
É recomendável que o legislador redija as leis dentro de um entrada em vigor de seu decreto.
espírito de sistema, tendo em vista não só a coerência e a harmonia
interna de suas disposições, mas também a sua adequada inserção
no sistema jurídico como um todo. Essa sistematização expressa
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a solução para o seu concurso!
COMUNICAÇÃO OFICIAL

A estrutura dos atos normativos é composta por dois elemen- A disciplina sobre a discussão e a instrução do projeto de lei
tos básicos: a ordem legislativa e a matéria legislada. A ordem legis- é confiada, fundamentalmente, aos Regimentos das Casas Legis-
lativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei ou do decreto; lativas.
a matéria legislada diz respeito ao texto ou ao corpo do ato.
A lei ordinária é ato normativo primário e contém, em regra,
Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra
normas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normal-
proposição. Nem todo titular de iniciativa tem poder de emenda.
mente, pela generalidade e pela abstração (lei material), estas con-
Essa faculdade é reservada aos parlamentares. Se, entretanto, for
têm, não raramente, normas singulares (lei formal ou ato normati-
de iniciativa do Poder Executivo ou do Poder Judiciário, o seu titular
vo de efeitos concretos).
também pode apresentar modificações, acréscimos, o que fará por
As leis complementares são um tipo de lei que não têm a ri-
meio de mensagem aditiva, dirigida ao Presidente da Câmara dos
gidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a re-
Deputados, que justifique a necessidade do acréscimo. A apresen-
vogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a
tação de emendas a qualquer projeto de lei oriundo de iniciativa re-
instituição de lei complementar, o constituinte buscou resguardar
servada é autorizada, desde que não implique aumento de despesa
determinadas matérias contra mudanças céleres ou apressadas,
e que tenha estrita pertinência temática.
sem deixá-las exageradamente rígidas, o que dificultaria sua modifi-
A Constituição não impede a apresentação de emendas ao pro-
cação. A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta
jeto de lei orçamentária. Elas devem ser, todavia, compatíveis com
de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias e devem
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Pre-
indicar os recursos necessários, sendo admitidos apenas aqueles
sidente da República em decorrência de autorização do Poder Le-
provenientes de anulação de despesa. A Constituição veda a propo-
gislativo, expedida por meio de resolução do Congresso Nacional e
situra de emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias que
dentro dos limites nela traçados. Medida provisória é ato normativo
não guardem compatibilidade com o plano plurianual.
com força de lei que pode ser editado pelo Presidente da República
A votação da matéria legislativa constitui ato coletivo das Casas
em caso de relevância e urgência. Decretos são atos administrativos
do Congresso. Realiza-se, normalmente, após a instrução do proje-
de competência exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a pro-
to nas comissões e dos debates no plenário. A sanção é o ato pelo
ver as situações gerais ou individuais, abstratamente previstas, de
qual o Chefe do Executivo manifesta a sua anuência ao projeto de
modo expresso ou implícito, na lei.
lei aprovado pelo Poder Legislativo. Verifica-se aqui a fusão da von-
• Decretos singulares ou de efeitos concretos: Os decretos po-
tade do Congresso Nacional com a do Presidente, da qual resulta a
dem conter regras singulares ou concretas (por exemplo, decretos
formação da lei.
referentes à questão de pessoal, de abertura de crédito, de desa-
O veto é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo nega san-
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto, de perda de
ção ao projeto – ou a parte dele –, obstando à sua conversão em lei.
nacionalidade, etc.).
Dois são os fundamentos para a recusa de sanção: a) inconstitucio-
• Decretos regulamentares: Os decretos regulamentares são
nalidade; ou b) contrariedade ao interesse público.
atos normativos subordinados ou secundários.
O veto deve ser expresso e motivado, e oposto no prazo de 15
• Decretos autônomos: Limita-se às hipóteses de organização
dias úteis, contado da data do recebimento do projeto, e comunica-
e funcionamento da administração pública federal, quando não im-
do ao Congresso Nacional nas 48 horas subsequentes à sua oposi-
plicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
ção. O veto não impede a conversão do projeto em lei, podendo ser
blicos, e de extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
superado por deliberação do Congresso Nacional.
Portaria é o instrumento pelo qual Ministros ou outras autori-
A promulgação e a publicação constituem fases essenciais da
dades expedem instruções sobre a organização e o funcionamento
eficácia da lei. A promulgação das leis compete ao Presidente da
de serviço, sobre questões de pessoal e outros atos de sua compe-
República. Ela deverá ocorrer dentro do prazo de 48 horas, decor-
tência.
rido da sanção ou da superação do veto. Nesse último caso, se o
Presidente não promulgar a lei, competirá a promulgação ao Pre-
O processo legislativo abrange não só a elaboração das leis
sidente do Senado Federal, que disporá, igualmente, de 48 horas
propriamente ditas (leis ordinárias, leis complementares, leis de-
para fazê-lo; se este não o fizer, deverá fazê-lo o Vice-Presidente do
legadas), mas também a elaboração das emendas constitucionais,
Senado Federal, em prazo idêntico.
das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções.
O período entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor é
A iniciativa é a proposta de edição de direito novo. A iniciati-
chamado de período de vacância ou vacatio legis. Na falta de dis-
va comum ou concorrente compete ao Presidente da República, a
posição especial, vigora o princípio que reconhece o decurso de um
qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão de qualquer
lapso de tempo entre a data da publicação e o termo inicial da obri-
das Casas do Congresso, e aos cidadãos – iniciativa popular. A Cons-
gatoriedade (45 dias).
tituição confere a iniciativa da legislação sobre certas matérias,
Podem-se distinguir seis tipos de procedimento legislativo:
privativamente, a determinados órgãos, denominada de iniciativa
a) procedimento legislativo normal: Trata da elaboração das
reservada. A Constituição prevê, ainda, sistema de iniciativa vincu-
leis ordinárias (excluídas as leis financeiras e os códigos) e comple-
lada, na qual a apresentação do projeto é obrigatória. Nesse caso, o
mentares.
Chefe do Executivo Federal deve encaminhar ao Congresso Nacio-
b) procedimento legislativo abreviado: Este procedimento
nal os projetos referentes às leis orçamentárias (plano plurianual,
dispensa a competência do Plenário, ocorrendo, por isso, a deli-
lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual).
beração terminativa sobre o projeto de lei nas próprias Comissões
Permanentes.

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COMUNICAÇÃO OFICIAL

c) procedimento legislativo sumário: Entre as prerrogativas Marque a alternativa que contém a sequência CORRETA de pre-
regimentais das Casas do Congresso Nacional existe a de conferir enchimento dos parênteses.
urgência a certas proposições. (A) V, V, V, F e F.
d) procedimento legislativo sumaríssimo: Existe nas duas Ca- (B) V, V, F, F e F
sas do Congresso Nacional mecanismo que assegura deliberação (C) F, F, F, V e V.
instantânea sobre matérias submetidas à sua apreciação. (D) F, F, F, F e V.
e) procedimento legislativo concentrado: O procedimento le- (D) V, V, F, F e V.
gislativo concentrado tipifica-se, basicamente, pela apresentação
das matérias em reuniões conjuntas de deputados e senadores. Ex. 4. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA –
para leis financeiras e delegadas. 2019)
f) procedimento legislativo especial: Nesse procedimento, Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
englobam-se dois ritos distintos com características próprias, um afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti-
destinado à elaboração de emendas à Constituição; outro, à de có- nado ao presidente do Congresso Nacional é
digos. (A) Senhor Presidente.
(B) Excelentíssimo Senhor Presidente.
(C) Presidente.
QUESTÕES (D) Excelentíssimo Presidente.
(E) Excelentíssimo Senhor.

1. (OBJETIVA - 2019 - PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA URTIGA - RS 5. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR
- AGENTE ADMINISTRATIVO) ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
Segundo o Manual de Redação da Presidência da República, a Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi-
finalidade básica da Redação Oficial é comunicar com: cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm
(A) Subjetividade e máxima clareza. várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
(B) Subjetividade e máxima imprecisão. que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que
(C) Objetividade e máxima clareza. se quer dizer.
(D) Objetividade e máxima imprecisão. (A) Dois-pontos.
(B) Ponto-e-vírgula.
2. (FUNDATEC - 2019 - PREFEITURA DE NOVO HORIZONTE - SP (C) Ponto-de-interrogação.
- AGENTE ADMINISTRATIVO) (D) Ponto-de-exclamação.
Segundo o Manual de Redação da Presidência da República
(2018), os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguin- 6. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
te formatação, entre outras: AOCP – 2018)
(I) Margem lateral direita: 1,5 cm; Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder
(II) Margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura; Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda-
(III) Margem superior e inferior: 2 cm; e ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO,
(IV) Tamanho do papel: A5 (14,8 cm x 21 cm). os itens a seguir.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I. A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos
(B) Apenas I e III. são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con-
(C) Apenas II e IV. teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa.
(D) Apenas I, II e III. Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis-
(E) Apenas II, III e IV. tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto
é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
3. (CPCON - 2019 - PREFEITURA DE GUARABIRA - PB - AGENTE natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto
ADMINISTRATIVO) dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
O Manual de Redação da Presidência da República estabelece Poderes da União.
o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as moda- ( ) Certo
lidades de comunicação oficial. Marque (V) ou (F), conforme sejam ( ) Errado
verdadeiras ou falsas as proposições.
( ) Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Repú-
blica: Respeitosamente.
( ) Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
ferior: Atenciosamente.
( ) Para autoridades superiores, inclusive o Presidente da Repú-
blica: Atenciosamente.
( ) Para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia in-
ferior: Respeitosamente.
( ) Tal regra também é aplicável a comunicações dirigidas a au-
toridades estrangeiras.
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COMUNICAÇÃO OFICIAL

7. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 ) que está mais relacionado ao princípio da impessoalidade que
Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. ao da formalidade.
Conforme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor (C) O uso de assinatura e identificação do cargo em ofícios, em-
em 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras bora seja uma obrigatoriedade, viola o princípio da impessoali-
grafadas conforme o Acordo. dade, uma vez que o nome do servidor em si já caracteriza uma
I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca- marca linguística de subjetividade.
pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador. (D) Na redação de ofícios e memorandos, deve-se utilizar a
II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di- linguagem técnica específica do órgão, mesmo que esses do-
retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente. cumentos tratem de temas mais genéricos da Administração
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire- Pública.
tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário. (E) Para a comunicação institucional, podem ser utilizados
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação, e-mails com certificação digital do remetente, desde que a lin-
pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria- guagem se mantenha impessoal, coesa, objetiva e formal.
-Geral.
V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró- 10. Quadrix - 2023 - CRO-BA - Técnico Administrativo- Quanto
-ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria- à comunicação e à redação de documentos oficiais, julgue o item.
-Executiva, tenente-coronel. No que se refere aos textos de atos normativos, é correto afir-
Assinale a alternativa CORRETA: mar que, embora permitidos, mediante previsão legal, para a de-
(A) As afirmações I, II, III e V estão corretas. signação de entidades da administração pública indireta, as siglas
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas. e os acrônimos não devem ser utilizados para designar órgãos da
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas. administração pública direta.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas. ( ) CERTO
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas. ( ) ERRADO

8. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) 11. COPEVE-UFAL - 2023 - IF-AL - Assistente em Administração-
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. Ao elaborar um Ofício seguindo o padrão estabelecido pelo Manual
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda- de Redação da Presidência da República, o agente público deverá:
mentem esses usos. (A) imprimir o documento em tinta preta, com timbre e gráfi-
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: cos coloridos, com o objetivo de proporcionar uma visualização
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de mais clara ao leitor.
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem. (B) utilizar narrativa sucinta e clara das temáticas abordadas,
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª organizando-as de maneira sequencial e visando dar ênfase ao
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. conteúdo principal.
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona- (C) utilizar apenas um dos lados do papel, configurando as mar-
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes gens esquerda e direita de acordo com o padrão estabelecido
de desferir os golpes. pela ABNT.
INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso (D) evitar a adoção exagerada de negrito, itálico, relevo, dentre
da vírgula em cada frase. outras formas de formatação que tenham impacto na sobrie-
( ) Para destacar deslocamento de termos. dade do documento.
( ) Para separar adjuntos adverbiais. (E) mencionar o nome da cidade antes de informar a data, que
( ) Para indicar um aposto. deverá aparecer grafada em uma linha acima da numeração do
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: ofício e da sigla do setor.
(A) 1 – 2 – 3.
(B) 2 – 1 – 3. 12. Instituto Consulplan - 2023 - SEGER-ES - Analista do Executi-
(C) 3 – 1 – 2. vo - Direito- São atributos indispensáveis à redação oficial, EXCETO:
(D) 3 – 2 – 1. (A) Clareza.
(B) Coerência.
9. IADES - 2023 - SEAGRI-DF - Analista de Desenvolvimento e (C) Prolixidade.
Fiscalização Agropecuária - Administrador- No que tange à lingua- (D) Objetividade.
gem utilizada em correspondências oficiais de acordo com o Ma- (E )Impessoalidade.
nual de Redação da Presidência da República, assinale a alternativa
correta.
(A) A informalidade e a impessoalidade são princípios que
norteiam a elaboração de comunicações oficiais. O primeiro,
para tornar o corpo do texto mais acessível aos técnicos, e o
segundo, para não haver interferências ideológicas por parte
dos membros da equipe.
(B) O emprego adequado de pronomes de tratamento nos ex-
pedientes oficiais escritos refere-se à modalidade exigida por
essas situações de comunicação, ou seja, é um traço linguístico
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COMUNICAÇÃO OFICIAL

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GABARITO
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1 C
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2 D
3 B ______________________________________________________
4 B ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 CERTO
7 E ______________________________________________________

8 C ______________________________________________________
9 E
______________________________________________________
10 CERTO
11 D ______________________________________________________

12 C ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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REGISTROS DIGITAIS

II – Plano Curricular, expressão formal da concepção do currí-


RESOLUÇÃO SEE 4055/2018: DISPÕE SOBRE O REGISTRO E culo da escola, decorrente de seu Projeto Político Pedagógico, deve
A ATUALIZAÇÃO DE DADOS NO SISTEMA MINEIRO DE AD- conter uma Base Nacional Comum, definida nas diretrizes curricu-
MINISTRAÇÃO ESCOLAR (SIMADE) E A NORMATIZAÇÃO lares pela Subsecretaria de Educação Básica, e uma Parte Comple-
DO DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL (DED) NAS UNIDADES DAS mentar Diversificada, definida a partir das características regionais
ESCOLAS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE MINAS e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade
GERAIS. escolar.
III – Matriz Curricular, especifica as disciplinas e a carga horária
e o plano curricular é a maneira, mais detalhada, de como essas dis-
RESOLUÇÃO SEE Nº 4055, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2018 ciplinas serão ministradas durante o ano letivo, ou seja, é um plano
de trabalho de cada ano.
Dispõe sobre o registro e a atualização de dados no Sistema
Mineiro de Administração Escolar (SIMADE) e a normatização do DA UTILIZAÇÃO DO SIMADE
Diário Escolar Digital (DED) nas unidades das Escolas Estaduais de
Educação Básica de Minas Gerais. Art. 2º - O PORTAL SIMADE é o ambiente no qual as escolas
configuram suas Propostas Pedagógicas, por meio dos Pacotes Eta-
O SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS pa/Componente dos cursos ministrados, em conformidade com as
GERAIS, no uso de suas atribuições legais, considerando a Lei Fede- normas vigentes da Secretaria de Estado de Educação de Minas Ge-
ral nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei Federal nº 8.069, de rais.
3 de julho de 1990, Lei Estadual nº 22.461, de 23 de dezembro de Art. 3º - No SIMADE WEB são inseridos os dados cadastrais da
2016, Lei Estadual nº 22.257, de 27 de julho de 2016, Lei Estadual nº escola, dos estudantes e, em conformidade com o Plano de Aten-
19.420, de 11 de janeiro de 2011, e o Decreto Estadual nº 45.969, dimento Escolar, criadas as turmas dos cursos, níveis de ensino e
de 24 de maio de 2012, RESOLVE: modalidades ofertados pela escola, bem como as informações pe-
dagógicas dos projetos desenvolvidos em cada Escola.
DISPOSIÇÕES GERAIS Parágrafo único. A alteração de dados, no SIMADE WEB, será
realizada por servidor que tenha autorização expressa do Diretor
Art. 1º - O SISTEMA MINEIRO DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR de Escola.
(SIMADE) é o sistema oficial de informações educacionais do Estado Art. 4º - O DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL (DED) é um ambiente vin-
de Minas Gerais, sob gestão da Secretaria de Estado de Educação. culado ao SIMADE WEB no qual serão registrados os conteúdos
§ 1º - O SIMADE é um sistema constituído por três plataformas ministrados, a frequência dos estudantes, as atividades avaliativas
digitais: PORTAL SIMADE, SIMADE WEB e DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL. e as oportunidades de aprendizagem em conformidade com o Re-
§ 2º - A gestão e o aperfeiçoamento das rotinas escolares serão gimento
realizadas pelas Escolas Públicas Estaduais, Superintendências Re- Escolar e normas vigentes da Secretaria de Estado de Educação
gionais de Ensino e Órgão Central da Secretaria de Estado de Edu- de Minas Gerais, tendo como objetivo:
cação de Minas Gerais. I - Permitir a visualização da frequência diária dos estudantes;
§ 3º - Os servidores, no âmbito de suas competências, deverão II - Permitir o acompanhamento parcial do rendimento escolar;
zelar pela fidedignidade, veracidade, qualidade, tempestividade e, III - Possibilitar o registro dos dados do cotidiano escolar, espe-
em especial, pelo sigilo das informações registradas no PORTAL SI- cialmente pelo professor, de forma simples, rápida e prática;
MADE, SIMADE WEB e DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL, em observância IV - Propiciar a identificação tempestiva de problemas eventu-
ao disposto nos arts.17 e 18 da Lei Federal nº 8.069, de 3 de julho ais que estejam contribuindo para a infrequência, o abandono e a
de 1990. evasão escolar;
§ 4º - Para os fins desta Resolução, entende-se por: V - Possibilitar o planejamento e a execução de ações estra-
I – Pacotes Etapa/Componente se refere às áreas de conheci- tégicas que visem a intervenção pedagógica e a continuidade dos
mento e é associado a cada etapa (ano)/componente(disciplina) estudos.
incluída no Programa Pedagógico. Este pacote informa ao sistema § 1º - As informações registradas no DED, observando o dispos-
as regras para: to na Lei nº 15.293, de 05 de agosto de 2004, competem ao:
a) Lançamento de avaliação e frequência; I - Professor de Educação Básica - PEB;
b) Tipo de medida utilizada para avaliação; II - Especialista em Educação Básica - EEB.
c) Divisões do período letivo (bimestres e recuperações). § 2º - O DED é um instrumento formal de escrituração nas es-
colas estaduais de Minas Gerais.

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a solução para o seu concurso!
REGISTROS DIGITAIS

DAS ATRIBUIÇÕES NO SIMADE WEB I – Validar os Planos Curriculares dos cursos ofertados pelas es-
colas, conferindo atenção especial ao cadastro do Programa Peda-
Art. 5º - Compete ao Diretor das Escolas Estaduais de Minas gógico das turmas criadas;
Gerais, observando o disposto na Resolução SEE n.º 2.795, de 28 de II – Monitorar o registro adequado da trajetória acadêmica dos
setembro de 2015: estudantes, observando as normas e orientações desta Secretaria;
I - Cadastrar e inativar os servidores de sua Escola para realizar III – Acompanhar a finalização dos registros de avaliação e fre-
as operações no SIMADE e no DED; quência no DED e no SIMADE, a regularização de vida escolar, o
II - Orientar, supervisionar, retificar e validar os registros de da- cumprimento da progressão parcial, a autorização e inclusão de
dos no SIMADE, sob a responsabilidade do PEB, do Secretário Es- novas turmas, a realização de novas matrículas e a enturmação de
colar e do Assistente Técnico de Educação Básica (ATB), dentro dos estudantes, entre outras ações realizadas pelas escolas no sistema.
prazos previstos por esta Secretaria; Art. 9º - Compete ao Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE)
III - Monitorar a inserção dos dados no SIMADE, garantindo a capacitar os docentes e o pessoal administrativo da escola, no que
sua fidedignidade e atualização periódica, em conformidade com tange ao uso da tecnologia educacional para a manutenção do fun-
as normas vigentes da Secretaria de Estado de Educação de Minas cionamento do SIMADE, observando o disposto na Resolução SEE
Gerais. nº 2.972, de 16 de maio de 2016.
Parágrafo único. O Diretor deverá organizar o Quadro de Pesso- Art. 10 - Compete ao Diretor da Superintendência Regional de
al, após a devida inserção dos dados cadastrais da escola, dos seus Ensino (SRE):
servidores e estudantes, como também turmas, aulas e funções, I – Autorizar o funcionamento de turmas no SIMADE;
dentre outros dados necessários, com base no disposto na legisla- II – Promover a articulação entre as equipes da SRE, com o ob-
ção vigente. jetivo de integrar as ações pedagógicas desenvolvidas pela escola,
Art. 6º - Compete ao Secretário Escolar e ao ATB das escolas SRE e Unidade Central desta Secretaria que impactam na qualidade
estaduais de Minas Gerais: dos dados e na gestão do SIMADE.
I – Inserir e manter atualizados os dados cadastrais da Escola, Art. 11 – Compete à Comissão Permanente de Avaliação de Do-
de seus servidores e estudantes, observando as normas vigentes da cumentos (CPAD) promover a gestão, a guarda e a preservação dos
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. documentos arquivísticos digitais escolares, observando o disposto
II – Realizar a configuração de Programa Pedagógico, observan- na Resolução SEE n.º 1.125, de 13 de junho de 2008.
do a matriz curricular vigente para cada tipo de ensino e etapa de
escolarização; DAS ATRIBUIÇÕES NO DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL
III - Realizar a matrícula e enturmação no SIMADE imediata-
mente após o acolhimento do estudante; Art. 12 – Compete ao PEB:
IV – Efetuar, dentro dos prazos estabelecidos por esta Secreta- I – Inserir a frequência diária dos estudantes, semanalmente,
ria, a criação de turmas, em conformidade com o Plano de Atendi- em conformidade com as normas e orientações desta Secretaria de
mento vigente; Estado de Educação;
V – Organizar as turmas, aulas e funções a serem atribuídas ao II – Inserir os conteúdos lecionados nas aulas, em até 5 dias
PEB, atendendo ao disposto na legislação vigente; úteis após o encerramento das atividades de cada bimestre;
VI – Associar os docentes aos conteúdos curriculares, visando o III – Informar os procedimentos de avaliação, as oportunidades
acesso deles ao DED, da(s) respectiva(s) turma(s); de aprendizagem, o aproveitamento alcançado pelos estudantes
VII – Assegurar o registro no SIMADE, da frequência e aprovei- em cada bimestre;
tamento dos estudantes matriculados nos cursos e modalidades e IV – Inserir o resultado final, em conformidade com o Regimen-
participantes dos projetos ofertados pela escola em até 5 dias úteis, to Escolar e orientações específicas, em até 5 dias úteis após o en-
após o encerramento das atividades de cada bimestre; cerramento do calendário escolar.
VIII – Conferir os resultados escolares dos estudantes no SIMA- Art. 13 – Compete ao EEB:
DE em até 5 dias úteis após o encerramento de cada bimestre letivo. I – Monitorar os registros no DED, observando as normas vi-
Art. 7º - Compete ao servidor do Serviço de Documentação e gentes;
Informações Educacionais (SEDINE): II – Registrar o perfil da(s) turma(s) relativo à enturmação pe-
I – Acompanhar e orientar as escolas estaduais de sua circuns- dagógica;
crição sobre a inserção tempestiva, a atualização e a correção dos III – Autorizar as retificações de registros no DED, quando soli-
dados educacionais nas plataformas do SIMADE; citado pelo PEB.
II – Capacitar as equipes das escolas estaduais e Superinten-
dências Regionais de Ensino sobre as rotinas operacionais e funcio- DISPOSIÇÕES FINAIS
nalidades do SIMADE;
III – Orientar os registros das informações educacionais nas Pla- Art. 14 - Os registros de frequência diária dos estudantes e de
taformas do SIMADE, pelas escolas estaduais, esclarecendo dúvidas procedimentos avaliativos efetuados no DED nos anos de 2017 e
dos servidores das unidades escolares e das demais equipes das 2018 estão validados por esta Resolução.
Superintendências Regionais de Ensino quanto às funcionalidades Art. 15 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publica-
do sistema. ção, ficando revogadas as Resoluções SEE nº 1.180, de 28 de agosto
Art. 8º - Compete ao Analista Educacional/Inspetor Escolar de 2008, e Resolução SEE nº 2.131, de 17 de julho de 2012.
(ANE/IE), observando o disposto na Resolução SEE n.º 3.428, de 13
de junho de 2017: SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Horizonte, aos
17 de dezembro de 2018.
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a solução para o seu concurso!
REGISTROS DIGITAIS

(a)WIELAND SILBERSCHNEIDER ______________________________________________________


Secretário de Estado Adjunto de Educação
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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