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DIREITO IMOBILIÁRIO 1

2 Ulisses Vieira Moreira Peixoto


DIREITO IMOBILIÁRIO 3

ULISSES VIEIRA MOREIRA PEIXOTO


Advogado. Especialista em Direito Processual Civil pela Universidade Federal
de Uberlândia (UFU). Autor de diversas Obras da Área Jurídica.

3ª e d i ç ã o
Revista, Atualizada e Ampliada
4 Ulisses Vieira Moreira Peixoto
Direito Imobiliário - 3ª Edição
© Ulisses Vieira Moreira Peixoto
J. H. MIZUNO 2020
Revisão:
Eliane Chainça

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

P379d Peixoto, Ulisses Vieira Moreira.


Direito imobiliário: doutrina e prática / Ulisses Vieira Moreira Peixoto. – 3.ed. – Leme, SP: JH Mizuno,
2020.
781 p. : 17 x 24 cm

Inclui bibliografia
Inclui índice alfabético remissivo.

ISBN 978-85-7789-510-6

1. Direito imobiliário – Brasil. I. Título.


CDD 346.81043

Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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OBRAS ESCRITAS PELO AUTOR

• CLT Comentada Artigo por Artigo - Doutrina e Prática


• Reforma Trabalhista Comentada - Doutrina e Prática
• Manual Prático do Inventário e da Partilha - Doutrina e Prática
• Família, Alimentos e Guarda Compartilhada - Doutrina e Prática
• Execução e Recursos no Processo do Trabalho - Doutrina e Prática
• Inventário e Partilha no Novo CPC. Direito das Sucessões - Doutrina e Prática
• Família, Sucessões, Guarda Compartilhada, Inventário e Partilha, Alimentos,
União Homoafetiva, Adoção, Divórcio, Investigação de Paternidade, União Estável
e Concubinato - Doutrina e Prática
• Leis Extravagantes do Novo CPC Anotadas e Aplicadas na Prática
• Recursos e Defesas do Réu - Área Cível - Doutrina e Prática
• A Prova no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática
• Novo Código de Processo Civil Comentado Artigo por Artigo e Aplicado na Prática
• Inovações e Alterações no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática
• Erros Médicos e Perícias Judiciais - Doutrina e Prática
• Prescrição e Decadência - Doutrina e Prática
• Código de Defesa do Consumidor Comentado Artigo por Artigo - Doutrina e
Prática Forense
• Os Prazos Processuais no Novo Código de Processo Civil - Doutrina e Prática
• Empregado Doméstico - Lei Complementar nº 150, de 1º de Junho de 2015. Doutrina
e Prática
• Lei de Drogas Comentada Artigo por Artigo - Doutrina e Prática
• Manual Jurídico Descomplicado - Doutrina e Prática Forense
• Manual Prático Previdenciário e Trabalhista - Doutrina e Prática
• Práticas Abusivas da Serasa, do SPC e das Instituições Bancárias - Doutrina e Prática
6 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

• Recursos e Defesas do Réu - Doutrina e Prática Forense Cível, Criminal e Trabalhista


• Revisional dos Contratos Bancários - Doutrina e Prática
• Direito para Concursos Públicos
• Roteiro Prático Direito do Trabalho e Processo - Teoria, Prática Forense e Legislação
• Nova Lei de Recursos no Processo do Trabalho Comentado Artigo por Artigo -
Prática Forense
• A Técnica das Petições Penais - Doutrina e Prática
• Código Penal Comentado Artigo por Artigo + Prática Forense Criminal
• Petições Penais de Defesa - Doutrina e Prática
DIREITO IMOBILIÁRIO 7

APRESENTAÇÃO

Esta Obra, elaborada pelo jurista Ulisses Vieira Moreira Peixoto, destaca-se
pelo conteúdo doutrinário e também pela sua eficiente parte prática, pois o autor
reuniu, em um único volume, vários temas do Direito Imobiliário, proporcionando
ao leitor um amplo conhecimento da matéria abordada. Forma-se, assim, um valioso
instrumento de trabalho para ser utilizado como fonte de informações e orientação
prática.
O autor desenvolveu os temas abordados no presente Livro em consonância
com o Novo CPC, com o Código Civil, com a Constituição da República de 1988, etc.
Desse modo, por exemplo, consta o Usufruto no Código Civil; o Usufruto no Novo
CPC; o Usufruto na CRFB de 1988. Além disso, temos também a Usucapião no Código
Civil; a Usucapião na CRFB de 1988; a Usucapião Extrajudicial conforme o Novo CPC;
a Usucapião Especial de Imóveis Rurais (Lei nº 6.969, de 10 de dezembro de 1981) e
uma parte referente à Produção Antecipada de Prova no Direito Imobiliário, etc.
A parte prática conta com vários modelos, como: peça inicial, contestação,
recursos, entre outros(as).
Por tais dizeres, apresentamos à comunidade jurídica um Livro possuidor de
um entendimento claro e prático, que será fundamental no desenrolar das suas
atividades jurídicas.
8 Ulisses Vieira Moreira Peixoto
DIREITO IMOBILIÁRIO 9

Sumário

PARTE 1
POSSE E PROPRIEDADE

POSSE NO CÓDIGO CIVIL


1 Considerações gerais......................................................................................................................... 31
2 Posse e sua classificação.................................................................................................................. 32
2.1 Possuidor.................................................................................................................................. 32
2.2 Posse direta e posse indireta.................................................................................................... 34
2.3 Fâmulo da posse....................................................................................................................... 36
2.4 Composse................................................................................................................................. 37
2.5 Posse justa e posse injusta....................................................................................................... 39
2.6 Posse de boa-fé e posse de má-fé........................................................................................... 40
2.7 Possibilidade de descaracterização da posse de boa-fé.......................................................... 43
2.8 Princípio geral sobre a continuidade do caráter da posse........................................................ 44
3 Aquisição da posse............................................................................................................................. 44
3.1 Momento de aquisição da posse............................................................................................... 44
3.2 Aquisição da posse................................................................................................................... 45
3.3 Transmissão causa mortis da posse......................................................................................... 45
3.4 Posse na sucessão universal.................................................................................................... 47
3.5 Atos de mera permissão ou tolerância...................................................................................... 47
3.6 Presunção juris tantum.............................................................................................................. 48
4 Efeitos da posse................................................................................................................................. 49
4.1 Turbação e esbulho................................................................................................................... 49
4.2 Posse provisória........................................................................................................................ 51
4.3 Receptor de coisa esbulhada.................................................................................................... 51
4.4 Ação possessória e servidão..................................................................................................... 52
4.5 Direitos aos frutos percebidos................................................................................................... 52
10 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

4.6 Conceituação legal de fruto percebido...................................................................................... 52


4.7 Responsabilidade do possuidor de má-fé pelos frutos percebidos........................................... 53
4.8 Irresponsabilidade do possuidor de boa-fé pela perda ou deterioração do bem...................... 53
4.9 Responsabilidade do possuidor de má-fé pela perda ou deterioração da coisa....................... 54
4.10 Possuidor de boa-fé e indenização por benfeitorias............................................................... 54
4.11 Direitos do possuidor de má-fé relativamente às benfeitorias................................................. 55
4.12 Compensação entre as benfeitorias e os danos..................................................................... 56
4.13 Valor da indenização da benfeitoria........................................................................................ 56
5 Perda da posse.................................................................................................................................. 57
5.1 Perde-se a posse...................................................................................................................... 57
5.2 Perda da posse para quem não presenciou esbulho................................................................ 57

POSSE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Alimentos internacionais..................................................................................................................... 58
2 Ação possessória imobiliária.............................................................................................................. 58
3 Ações possessórias............................................................................................................................ 59
4 Litígios coletivos sobre posse de terra rural ou urbana...................................................................... 59
5 Posse do documento ou da coisa...................................................................................................... 59
6 Caução............................................................................................................................................... 60
7 Expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse................................................. 61
8 Domínio ou posse............................................................................................................................... 61
9 Espólio na posse................................................................................................................................ 62
10 Na posse e na administração do espólio.......................................................................................... 62
11 Juiz nomeará inventariante............................................................................................................... 63
12 Devolução dos bens em poder do inventariante.............................................................................. 64
13 Defende a posse de bens próprios ou de sua meação.................................................................... 64
14 Justificação da posse....................................................................................................................... 64
15 Reintegração provisória de posse.................................................................................................... 65
16 Manutenção da posse...................................................................................................................... 66
17 Ações possessórias.......................................................................................................................... 66
17.1 Tutela típica e atípica da posse............................................................................................... 66
17.2 Cumular ao pedido possessório.............................................................................................. 67
17.3 Ação dúplice e pedido contraposto......................................................................................... 71
17.4 Exceção de domínio na pendência do juízo possessório....................................................... 72
17.5 Procedimento de manutenção e reintegração de posse......................................................... 73
17.6 Prestação de caução.............................................................................................................. 75
18 Manutenção e reintegração de posse.............................................................................................. 76
DIREITO IMOBILIÁRIO 11

18.1 Posse: turbação e esbulho, manutenção e reintegração........................................................ 76


18.2 Prova da posse e do esbulho.................................................................................................. 77
18.3 Concessão da liminar.............................................................................................................. 79
18.4 Justificação suficiente............................................................................................................. 81
18.5 Prazo para contestar a ação possessória............................................................................... 81
18.6 Liminar em litígio coletivo pela posse de imóvel..................................................................... 82
18.7 Procedimento comum............................................................................................................. 83
19 Interdito proibitório............................................................................................................................ 83
19.1 Tutela preventiva da posse..................................................................................................... 83
19.2 Aplicação de regras relativas à manutenção e à reintegração de posse ao interdito proibitório.... 84

PARTE PRÁTICA
1 Procuração Ad Judicia........................................................................................................................ 85
2 Pedido de adiamento da audiência por motivo justificado................................................................. 86
3 Pedido de adiamento da audiência pelo advogado............................................................................ 87
4 Mudança de endereço........................................................................................................................ 88
5 Pedido de vista dos autos.................................................................................................................. 89
6 Pedido de desarquivamento dos autos.............................................................................................. 90
7 Interdito proibitório.............................................................................................................................. 91
8 Recurso de agravo de instrumento.................................................................................................... 93
9 Razões de recurso de agravo de instrumento.................................................................................... 94
10 Recurso de apelação........................................................................................................................ 101
11 Razões de recurso de apelação....................................................................................................... 102
12 Recurso de agravo de instrumento.................................................................................................. 105
13 Razões de recurso de agravo de instrumento.................................................................................. 106

PROPRIEDADE NO CÓDIGO CIVIL


1 Usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la........................................................................ 109
2 Propriedade do solo........................................................................................................................... 110
3 Não abrangência da propriedade do solo.......................................................................................... 113
4 Propriedade plena e exclusiva........................................................................................................... 114
5 Frutos e mais produtos da coisa........................................................................................................ 115
6 Aquisição da propriedade imóvel........................................................................................................ 115
6.1 Aquisição pelo registro do título................................................................................................ 115
6.1.1 Registro imobiliário.......................................................................................................... 115
12 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

6.2 Eficácia do registro.................................................................................................................... 117


6.3 Retificação................................................................................................................................ 121
6.4 Aquisição por acessão.............................................................................................................. 122
6.4.1 Ilhas................................................................................................................................. 124
6.4.2 Aluvião............................................................................................................................. 125
6.4.3 Avulsão............................................................................................................................. 125
6.4.4 Álveo abandonado........................................................................................................... 126
6.4.5 Construções e plantações............................................................................................... 127
7 Aquisição da propriedade móvel........................................................................................................ 128
7.1 Ocupação.................................................................................................................................. 128
7.2 Achado do tesouro.................................................................................................................... 128
7.3 Tradição.................................................................................................................................... 128
7.4 Especificação............................................................................................................................ 130
7.5 Confusão, comissão e adjunção............................................................................................... 131
8 Perda da propriedade......................................................................................................................... 132

PROPRIEDADE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Competência...................................................................................................................................... 135
2 Direito real sobre imóveis................................................................................................................... 135
3 Caução. Retorno ao estado anterior.................................................................................................. 136
4 Exceção de domínio........................................................................................................................... 136
5 Litígio sobre propriedade de terras..................................................................................................... 138
6 Demarcação....................................................................................................................................... 140
7 Não discussão dos impostos e taxas judiciárias................................................................................ 140
8 Espécie de arrolamento...................................................................................................................... 141
9 Dignidade da justiça........................................................................................................................... 141
10 Pequena propriedade rural............................................................................................................... 142
11 Descrever os bens móveis. Condições para que a substituição se efetive...................................... 143

PARTE PRÁTICA
1 Ação de manutenção de posse.......................................................................................................... 145
2 Ação de reintegração de posse.......................................................................................................... 149
3 Ação de reintegração de posse.......................................................................................................... 155
4 Pedido de imissão na posse de imóvel arrematado........................................................................... 161
5 Ação reivindicatória............................................................................................................................ 162
DIREITO IMOBILIÁRIO 13

6 Ação de demarcação de terras particulares....................................................................................... 164


7 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 168
8 Razões de recurso de apelação......................................................................................................... 169
9 Mandado de segurança...................................................................................................................... 172

PARTE 2
USUFRUTO E USUCAPIÃO

USUFRUTO NO CÓDIGO CIVIL


1 Disposições gerais............................................................................................................................. 179
2 Objeto do usufruto.............................................................................................................................. 179
3 Constituição de usufruto de imóveis................................................................................................... 182
4 Extensão de usufruto.......................................................................................................................... 183
5 Exceção à inalienabilidade do usufruto.............................................................................................. 184
6 Direitos do usufrutuário...................................................................................................................... 186
6.1 Direito à posse, ao uso, à administração e à percepção dos frutos.......................................... 186
6.2 Usufruto de crédito.................................................................................................................... 188
6.3 Direito aos frutos naturais......................................................................................................... 188
6.4 Direito à cria dos animais.......................................................................................................... 189
6.5 Direito aos frutos civis............................................................................................................... 189
6.6 Arrendamento da coisa dada em usufruto................................................................................ 190
7 Deveres do usufrutuário..................................................................................................................... 190
7.1 Obrigação de inventariar os bens móveis................................................................................. 190
7.2 Perda do direito à administração da coisa frutuária.................................................................. 191
7.3 Dispensa do pagamento pela deterioração do bem frutuário................................................... 191
7.4 Dever de fazer despesas ordinárias de conservação do bem frutuário.................................... 191
7.5 Pagamento de repartições extraordinárias e ordinárias não módicas...................................... 192
7.6 Responsabilidade por juros da dívida....................................................................................... 193
7.7 Comunicação ao nu-proprietário de violação à posse da coisa frutuária ou aos seus direitos..... 193
7.8 Seguro de coisa frutuária.......................................................................................................... 193
7.9 Consequência da destruição do prédio frutuário....................................................................... 194
7.10 Desapropriação do bem frutuário............................................................................................ 194
8 Extinção do usufruto........................................................................................................................... 194
14 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

USUFRUTO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Extinção de usufruto e de fideicomisso.............................................................................................. 197
2 Intimação do titular de usufruto.......................................................................................................... 197
3 Alienação de bem gravado................................................................................................................. 197
4 Cientificados da alienação judicial...................................................................................................... 198

USUFRUTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988


1 Usufruto exclusivo.............................................................................................................................. 199

PARTE PRÁTICA
1 Contestação....................................................................................................................................... 202
2 Pedido de cancelamento de usufruto feito pelo beneficiário.............................................................. 206
3 Pedido de extinção de usufruto administrativamente......................................................................... 207
4 Pedido de extinção de usufruto por extinção da pessoa jurídica....................................................... 208
5 Pedido de extinção de usufruto.......................................................................................................... 210
6 Contrarrazões de agravo de instrumento........................................................................................... 211
7 Contrarrazões..................................................................................................................................... 212
8 Contrato de usufruto........................................................................................................................... 216
9 Instrumento particular de doação de pai para filho............................................................................. 218
10 Recurso especial.............................................................................................................................. 220
11 Razões do recurso especial............................................................................................................. 221

USUCAPIÃO NO CÓDIGO CIVIL


1 Considerações gerais......................................................................................................................... 226
2 Por quinze anos, sem interrupção, nem oposição............................................................................. 226
3 Usucapião “pro labore” ou usucapião especial rural.......................................................................... 227
4 Usucapião urbana ou usucapião especial urbana.............................................................................. 229
5 Usucapião por abandono do lar......................................................................................................... 233
6 Sentença declaratória de usucapião.................................................................................................. 233
7 Usucapião ordinária............................................................................................................................ 234
8 Usucapião e união de posses............................................................................................................ 236
9 Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da usucapião......................................................... 237
DIREITO IMOBILIÁRIO 15

USUCAPIÃO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA


1 Art. 183, CRFB................................................................................................................................... 240

USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL, CONFORME O NOVO CPC


1 Art. 1.071 do CPC de 2015................................................................................................................. 245
2. Lei nº 6.969, de 10 de dezembro de 1981......................................................................................... 250

pARTE PRÁTICA
1 Ação de usucapião............................................................................................................................. 258
2 Ação de usucapião............................................................................................................................. 263
3 Ata notarial de usucapião extrajudicial............................................................................................... 267
4 Certidão de usucapião........................................................................................................................ 272
5 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 273
6 Razões de recurso de apelação......................................................................................................... 274
7 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 279
8 Razões de recurso de apelação......................................................................................................... 280
9 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 285
10 Razões de recurso de apelação....................................................................................................... 286

PARTE 3
PENHORA, HIPOTECA E LAJE

PENHORA NO CÓDIGO CIVIL


1 Disposições gerais............................................................................................................................. 291
1.1 Direitos reais de garantia.......................................................................................................... 291
1.2 Capacidade para instituir a garantia e seu objeto..................................................................... 293
1.3 Indivisibilidade do direito real de garantia................................................................................. 296
1.4 Direito à excussão da coisa hipotecada ou empenhada........................................................... 297
1.5 Direito de retenção da coisa pelo credor anticrético................................................................. 298
1.6 Contratos de penhor, anticrese ou hipoteca.............................................................................. 299
1.7 Vencimento antecipado da dívida............................................................................................. 300
16 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

1.8 Vencimento antecipado de juros............................................................................................... 301


1.9 Bem de terceiro dado como bem de garantia de débito alheio................................................. 302
1.10 Proibição de pacto comissório................................................................................................ 302
1.11 Remição total do penhor e da hipoteca................................................................................... 303
1.12 Insuficiência do produto de arrematação................................................................................ 304
2 Penhor................................................................................................................................................ 304
2.1 Definição de penhor.................................................................................................................. 304
2.2 Requisitos do instrumento público ou particular........................................................................ 304
2.3 Direitos do credor pignoratício.................................................................................................. 305
2.4 Ilicitude da exigência de devolução do bem onerado antes do pagamento do débito garantido.. 305
2.5 Deveres do credor pignoratício como depositário da coisa gravada........................................ 306
2.6 Casos extintivos do penhor....................................................................................................... 306
2.7 Eficácia da extinção do penhor com seu cancelamento no registro......................................... 307
2.8 Penhor rural.............................................................................................................................. 307
2.9 Prazo do penhor agrícola e do penhor pecuário....................................................................... 308
2.10 Desnecessidade de autorização do penhor hipotecário......................................................... 309
2.11 Inspeção da coisa em caso de penhor rural............................................................................ 309
2.12 Penhor agrícola....................................................................................................................... 309
2.13 Colheita pendente ou em via de formação.............................................................................. 311
2.14 Objeto do penhor pecuário...................................................................................................... 311
2.15 Venda de gado empenhado.................................................................................................... 311
2.16 Substituição de animais no penhor pecuário.......................................................................... 312
2.17 Penhor industrial e mercantil................................................................................................... 313
2.18 Constituição do penhor industrial ou do mercantil.................................................................. 314
2.19 Alteração da coisa empenhada ou mudança da sua localização............................................ 314
2.20 Inspeção da coisa dada em penhor industrial ou mercantil.................................................... 315
2.21 Penhor de direitos................................................................................................................... 315
2.22 Modo constitutivo de penhor de direitos.................................................................................. 315
2.23 Penhor de crédito stricto sensu............................................................................................... 316
2.24 Atos obrigatórios a serem praticados pelo credor pignoratício............................................... 316
2.25 Cobrança do crédito empenhado............................................................................................ 317
2.26 Multiplicidade de penhores sobre o mesmo crédito................................................................ 318
2.27 Penhor de título de crédito...................................................................................................... 318
2.28 Constituição de penhor de título de crédito............................................................................. 319
2.29 Direitos do credor em caso de penhor de título de crédito...................................................... 319
2.30 Denúncia do penhor de título de crédito................................................................................. 320
2.31 Objeto do penhor de veículos................................................................................................. 321
2.32 Modo constitutivo do penhor de veículos................................................................................ 321
DIREITO IMOBILIÁRIO 17

2.33 Seguro como condição da garantia pignoratícia..................................................................... 321


2.34 Inspeção do veículo empenhado............................................................................................ 322
2.35 Vencimento antecipado do crédito pignoratício....................................................................... 322
2.36 Prazo de duração de penhor de veículos................................................................................ 322
2.37 Penhor legal............................................................................................................................ 323
2.38 Tabela de preços..................................................................................................................... 324
2.39 Apreensão de objetos pelo credor em caso de penhor legal.................................................. 325
2.40 Caso de desnecessidade de intervenção judicial para apreensão de bens do devedor........ 325
2.41 Homologação judicial.............................................................................................................. 325
2.42 Penhor na locação.................................................................................................................. 326

PENHORA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Objeto da penhora.............................................................................................................................. 327
1.1 A penhora.................................................................................................................................. 327
1.2 Bens impenhoráveis e inalienáveis........................................................................................... 328
1.3 Bens impenhoráveis.................................................................................................................. 330
1.4 Penhorabilidade secundária ou excepcional............................................................................. 335
1.5 Ordem preferencial dos bens a serem penhorados.................................................................. 336
1.6 Utilidade da execução............................................................................................................... 338
2 Documentação da penhora, de seu registro e do depósito................................................................ 338
2.1 Penhoras e averbações por meio eletrônico............................................................................. 338
2.2 Documentação da penhora em auto ou termo.......................................................................... 339
2.3 Penhora: apreensão e depósito................................................................................................ 339
2.4 Função do depósito................................................................................................................... 340
2.5 Formalizada a penhora............................................................................................................. 343
2.6 Penhora de bem imóvel ou direito real sobre imóvel e intimação do cônjuge do executado.... 344
2.7 Penhora de bem indivisível....................................................................................................... 345
2.8 Averbação de arresto ou penhora no registro competente....................................................... 345
3 Lugar de realização da penhora......................................................................................................... 346
3.1 Local da realização da penhora. Penhora por carta................................................................. 346
3.2 Diligência em busca de bens. Fechamento de local pelo executado. Ordem de arrombamento.
Auxílio de força policial.............................................................................................................. 348
4 Modificações da penhora................................................................................................................... 349
4.1 Substituição do bem penhorado............................................................................................... 349
4.2 Substituição da penhora a requerimento das partes................................................................. 351
4.3 Lavrado novo termo.................................................................................................................. 353
4.4 Redução ou ampliação da penhora.......................................................................................... 353
18 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

4.5 Não se procede à segunda penhora......................................................................................... 354


4.6 Alienação antecipada dos bens penhorados............................................................................ 354
4.7 Contraditório.............................................................................................................................. 355
5 Penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira........................................................... 355
6 Penhora de créditos........................................................................................................................... 358
6.1 Quando recair em crédito do executado................................................................................... 358
6.2 Penhora de crédito representado.............................................................................................. 358
6.3 Penhora em direito e ação do executado.................................................................................. 359
6.4 Juros, rendimentos ou prestações relativos ao crédito penhorado........................................... 360
6.5 Penhora sobre direito a coisa.................................................................................................... 360
6.6 Penhora sobre direito disputado em juízo................................................................................. 361
7 Penhora das quotas ou ações de sociedades personificadas........................................................... 361
7.1 Penhora de quota de sociedade empresária em execução movida contra sócio..................... 361
8 Penhora de empresa, outros estabelecimentos e semoventes.......................................................... 363
8.1 Penhora sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, semoventes, plantações
ou edifício em construção.......................................................................................................... 363
8.2 Penhora de empresa................................................................................................................. 364
8.3 Penhora de navio ou de aeronave............................................................................................ 365
8.4 Última opção do exequente...................................................................................................... 365
9 Penhora de percentual de faturamento de empresa.......................................................................... 365
10 Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel............................................................ 368
10.1 Juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel.................. 368
10.2 Juiz nomeará administrador-depositário................................................................................. 369
10.3 Nomear administrador-depositário o exequente ou o executado............................................ 369
10.4 Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017............................................................................................ 370
Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990................................................................................................... 371

PARTE PRÁTICA
1 Pedido de homologação do penhor legal........................................................................................... 378
2 Pedido de alienação judicial do direito penhorado............................................................................. 380
3 Pedido de impenhorabilidade de bem de família............................................................................... 381
4 Pedido de impenhorabilidade de quantia depositada em banco e tornada indisponível.................... 383
5 Pedido de substituição da penhora.................................................................................................... 384
6 Pedido de redução (ou) ampliação (ou) transferência da penhora.................................................... 385
7 Pedido de penhora de percentual de faturamento de empresa......................................................... 386
8 Pedido de nova avaliação do bem penhorado nos autos................................................................... 387
9 Pedido de adjudicação....................................................................................................................... 388
DIREITO IMOBILIÁRIO 19

HIPOTECA NO CÓDIGO CIVIL


1 Disposições gerais............................................................................................................................. 389
1.1 Conceito de hipoteca................................................................................................................ 389
2 Acessões, melhoramentos ou construções do imóvel........................................................................ 391
3 Nulidade da proibição de alienação de imóvel hipotecado................................................................ 392
4 Sub-hipoteca...................................................................................................................................... 394
5 Direito do credor sub-hipotecário em caso de insolvência do devedor.............................................. 395
6 Remição hipotecária........................................................................................................................... 396
7 Abandono do imóvel hipotecado pelo adquirente............................................................................... 397
8 Exercício da permissão para abandonar imóvel hipotecado.............................................................. 398
9 Remissão hipotecária pelo adquirente do imóvel hipotecado............................................................ 399
10 Requisito formal para a hipoteca convencional................................................................................ 400
11 Prorrogação da hipoteca.................................................................................................................. 400
12 Cédula de crédito-hipotecária........................................................................................................... 401
13 Hipoteca como acessório de dívida futura e condicional................................................................. 402
14 Afastamento excepcional do caráter indivisível da hipoteca............................................................ 402
15 Hipoteca Legal.................................................................................................................................. 403
15.1 Lei confere hipoteca................................................................................................................ 403
15.2 Reforço da hipoteca legal....................................................................................................... 404
15.3 Substituição da penhora legal pela caução de títulos da dívida pública................................. 405
16 Registro da hipoteca......................................................................................................................... 405
16.1 Publicidade do registro da hipoteca e fixação da data do nascimento do direito real de
garantia...................................................................................................................................... 405
16.2 Ordem de preferência na colisão de direitos reais.................................................................. 406
16.3 Registro de dois direitos reais sobre o mesmo imóvel do dia................................................. 406
16.4 Apresentação de uma segunda hipoteca antes do registro da primeira................................. 407
16.5 Dúvida sobre a legalidade do registro da hipoteca................................................................. 408
16.6 Eficácia “erga omnes” da hipoteca legal................................................................................. 409
16.7 Renovação da especialização da hipoteca legal.................................................................... 409
17 Extinção da hipoteca........................................................................................................................ 410
17.1 Causas extintivas da hipoteca e dispensa do habite-se......................................................... 410
17.2 Cancelamento do registro da hipoteca.................................................................................... 411
17.3 Direito de execução do imóvel hipotecado.............................................................................. 411
18 Hipoteca de vias férreas................................................................................................................... 412
18.1 Local de registro da hipoteca de vias férreas.......................................................................... 412
18.2 Continuidade do funcionamento da ferrovia............................................................................ 412
18.3 Extensão da hipoteca de via férrea......................................................................................... 412
18.4 Execução da hipoteca de ferrovia........................................................................................... 413
20 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

HIPOTECA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Decisão condenatória como título constitutivo de hipoteca judiciária................................................ 414
2 Alienação dos bens............................................................................................................................ 415
3 Títulos executivos extrajudiciais......................................................................................................... 416
4 Alienação ou a oneração.................................................................................................................... 416
5 Incumbência ao exequente................................................................................................................ 416
6 Intimação do titular de direito sobre o bem penhorado...................................................................... 417
7 Remição do bem pelo devedor hipotecário........................................................................................ 417
8 Cientificados da alienação judicial...................................................................................................... 418
9 Proposta de pagamento a prazo........................................................................................................ 419
10 Remição do bem pelo devedor hipotecário...................................................................................... 419
Lei nº 5.741, de 1 de dezembro de 1971............................................................................................... 421

pARTE PRÁTICA
1 Pedido de cientificação do credor hipotecário.................................................................................... 430
2 Pedido de hipoteca judiciária.............................................................................................................. 431
3 Pedido de oferecimento de fiança bancária ou garantia real............................................................. 432
4 Ação de obrigação de fazer................................................................................................................ 433
5 Ação de anulação de ato jurídico....................................................................................................... 437
6 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 441
7 Razões de recurso de apelação......................................................................................................... 442
8 Recurso de apelação.......................................................................................................................... 446
9 Razões de recurso de apelação......................................................................................................... 447

LAJE NO CÓDIGO CIVIL


(Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017)
1 Titular da laje...................................................................................................................................... 452
2 Linha arquitetônica ou o arranjo estético do edifício.......................................................................... 453
3 Proprietário da construção-base e o titular da laje............................................................................. 454
4 Caso de alienação.............................................................................................................................. 455
5 Ruína da construção-base................................................................................................................. 455
DIREITO IMOBILIÁRIO 21

PARTE PRÁTICA
1 Averbação no cartório de imóveis na matrícula originária.................................................................. 457
2 Abertura de matrícula do direito real sobre a laje no cartório de imóveis........................................... 458
3 Escritura pública de instituição de direto real sobre a laje................................................................. 459

PARTE 4
CONDOMÍNIO E VIZINHANÇA

CONDOMÍNIO NO CÓDIGO CIVIL


1 Condomínio geral............................................................................................................................... 465
1.1 Condomínio e comunhão.......................................................................................................... 465
1.2 Pagamento das despesas de conservação ou de divisão da coisa comum............................. 467
1.3 Isenção do pagamento de despesas e dívidas como consequência de renúncia à parte ideal... 468
1.4 Débito contrário por todos os condôminos................................................................................ 469
1.5 Dívida contraída por um condômino em proveito da comunhão............................................... 469
1.6 Consequências da utilização dos frutos da coisa comum......................................................... 470
1.7 Imprescritibilidade da ação divisória......................................................................................... 471
1.8 Divisão de condomínio e normas sobre partilha de herança.................................................... 472
1.9 Venda de coisa comum............................................................................................................. 472
2 Administração do Condomínio............................................................................................................ 475
2.1 Impossibilidade do uso em comum da coisa............................................................................. 475
2.2 Representante comum.............................................................................................................. 475
2.3 Cálculo da maioria..................................................................................................................... 477
2.4 Partilha dos frutos da coisa comum.......................................................................................... 478
3 Condomínio necessário...................................................................................................................... 478
3.1 Condomínio em paredes, cercas, muros e valas...................................................................... 478
3.2 Direito de adquirir meação na obra divisória............................................................................. 479
3.3 Fixação judicial do preço da obra divisória............................................................................... 479
3.4 Vedação do uso da obra divisória............................................................................................. 479
4 Condomínio edilício............................................................................................................................ 480
4.1 Condomínio em edifício de apartamento.................................................................................. 480
4.2 Instituição do condomínio......................................................................................................... 482
4.3 Constituição do condomínio edilício.......................................................................................... 484
4.4 Conteúdo da convenção de condomínio................................................................................... 486
22 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

4.5 Direitos do condômino............................................................................................................... 487


4.6 Deveres do condômino............................................................................................................. 489
4.7 Reincidência no inadimplemento das obrigações..................................................................... 490
4.8 Locação de garagem................................................................................................................ 491
4.9 Inseparabilidade dos direitos às partes da unidade autônoma................................................. 492
4.10 Despesas em relação ao uso das partes comuns.................................................................. 493
4.11 Realização de obras voluptuárias e úteis no condomínio....................................................... 493
4.12 Obras em partes comuns para melhor utilização das existentes............................................ 495
4.13 Construção de novas unidades autônomas............................................................................ 496
4.14 Despesas com terraço de cobertura....................................................................................... 496
4.15 Responsabilidade do adquirente de unidade pelos débitos condominiais.............................. 497
4.16 Obrigatoriedade do seguro contra risco de incêndio ou de destruição................................... 498
5 Administração do condomínio............................................................................................................ 499
5.1 Síndico...................................................................................................................................... 499
5.2 Deveres do síndico................................................................................................................... 499
5.3 Destituição motivada de síndico pela assembleia..................................................................... 501
5.4 Convocação da assembleia geral ordinária dos condôminos................................................... 502
5.5 Casos de exigência da aprovação de 2/3 dos votos................................................................. 503
5.6 Deliberações assembleares em primeira convocação.............................................................. 504
5.7 Deliberação em segunda convocação...................................................................................... 505
5.8 Exigência da convocação de todos os condôminos.................................................................. 505
5.9 Assembleia extraordinária......................................................................................................... 506
5.10 Conselho fiscal........................................................................................................................ 506
6 Extinção do condomínio..................................................................................................................... 507
6.1 Caso de extinção de condomínio edilício.................................................................................. 507
7. Condomínio de Lotes (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)............................................................ 508
7.1. Partes designadas de lotes....................................................................................................... 508
8. Condomínio em Multipropriedade (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018)......................................... 508
8.1. Disposições gerais.................................................................................................................... 509
8.1.1. Forma supletiva e subsidiária.......................................................................................... 509
8.1.2. Definição de multipropriedade........................................................................................ 509
8.1.3. Imóvel objeto da multipropriedade................................................................................... 510
8.1.4. Fração de tempo.............................................................................................................. 510
8.2. Instituição da multipropriedade (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018).................................... 512
8.2.1. Ato entre vivos ou testamento.......................................................................................... 512
8.2.2. Convenção de condomínio.............................................................................................. 513
8.2.3. Instituição ou convenção de condomínio......................................................................... 514
8.3. Direitos e das obrigações do multiproprietário (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018)............. 515
DIREITO IMOBILIÁRIO 23

8.3.1. Direitos do multiproprietário............................................................................................. 515


8.3.2. Obrigações do multiproprietário....................................................................................... 516
8.3.3. Equiparação aos multiproprietários................................................................................. 519
8.4. Transferência da multipropriedade (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018)............................... 519
8.5. Administração da Multipropriedade (Incluído pela Lei nº 13.777, de 2018).............................. 519
8.5.1. Administração do imóvel e de suas instalações, equipamentos e mobiliário................... 519
8.5.2. Instrumento de instituição................................................................................................ 521
8.6. Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Condomínios Edilícios (Incluído
pela Lei nº 13.777, de 2018)...................................................................................................... 522
8.6.1. Regime de multipropriedade............................................................................................ 522
8.6.2. Convenção de condomínio edilício.................................................................................. 523
8.6.3. Regimento interno do condomínio edilício....................................................................... 524
8.6.4. Administrador profissional................................................................................................ 525
8.6.5. Inadimplemento............................................................................................................... 526
8.6.6. Renunciar......................................................................................................................... 526
8.6.7. Convenções..................................................................................................................... 528
9 Condomínio especial.......................................................................................................................... 529

CONDOMÍNIO NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


1 Representados em juízo, ativa e passivamente................................................................................. 533
2 Citação............................................................................................................................................... 534
3 Citação de pessoas em condomínios edilícios ou loteamentos com controle de acesso.................. 534
4 Intimação............................................................................................................................................ 535
5 Títulos executivos extrajudiciais......................................................................................................... 535
6 Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964......................................................................................... 536

PARTE PRÁTICA
1 Advertência ao condômino................................................................................................................. 590
2 Aprovação de contas, previsão orçamentária, etc.............................................................................. 591
3 Carta de convocação de assembleia, por condôminos...................................................................... 592
4 Carta de convocação para assembleia pelo síndico.......................................................................... 593
5 Edital de convocação de assembleia, por condôminos...................................................................... 594
6 Edital de Convocação para assembleia pelo síndico......................................................................... 595
7 Imposição de multa............................................................................................................................ 596
8 Recurso contra a imposição de multa................................................................................................ 597
9 Ação de divisão.................................................................................................................................. 598
24 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

10 Recurso de agravo de instrumento.................................................................................................. 600


11 Razões de recurso de agravo de instrumento.................................................................................. 601

DIREITOS DE VIZINHANÇA NO CÓDIGO CIVIL


1 Uso anormal da propriedade.............................................................................................................. 607
1.1 Uso anormal da propriedade vizinha......................................................................................... 607
1.2 Interferência prejudicial a vizinho para atender a interesse público.......................................... 609
1.3 Influência de decisão judicial sobre a tolerância....................................................................... 609
1.4 Ação de dano infecto................................................................................................................. 610
1.5 Proteção ao titular do direito imobiliário contra dano iminente.................................................. 610
2 Árvores limítrofes................................................................................................................................ 611
2.1 Árvore-meia............................................................................................................................... 611
2.2 Corte de raízes e de ramos....................................................................................................... 611
2.3 Direitos aos frutos de árvore plantada em terreno vizinho........................................................ 611
3 Passagem forçada.............................................................................................................................. 611
3.1 Passagem forçada como restrição legal à propriedade............................................................ 611
4 Passagem de cabos e tubulações...................................................................................................... 613
4.1 Proprietário é obrigado a tolerar a passagem........................................................................... 613
4.2 Obras de segurança.................................................................................................................. 614
5 Águas................................................................................................................................................. 615
5.1 Dever do dono ou possuidor de prédio inferior......................................................................... 615
5.2 Obrigação do prédio inferior de receber águas de nascente artificial....................................... 615
5.3 Proprietário de fonte não captada............................................................................................. 616
5.4 Poluição de águas..................................................................................................................... 616
5.5 Direito de construção de obras para represamento de água.................................................... 617
5.6 Servidão legal de aqueduto...................................................................................................... 617
5.7 Aplicabilidade ao aqueduto das normas alusivas à passagem de cabos e tubulações............ 617
5.8 Construção em prédio onerado com passagem de aqueduto.................................................. 618
5.9 Existência de águas supérfluas................................................................................................. 618
6 Limites entre prédios e do direito de tapagem................................................................................... 619
6.1 Direito de tapagem.................................................................................................................... 619
6.2 Confusão de limites na área contestada................................................................................... 620
7 Direito de construir............................................................................................................................. 620
7.1 Direito de construção................................................................................................................ 620
7.2 Estilicídio................................................................................................................................... 621
7.3 Limitações à abertura de janela e à construção de eirado, terraço ou varanda....................... 621
7.4 Ação demolitória........................................................................................................................ 622
7.5 Distância entre prédios situados em zona rural........................................................................ 622
DIREITO IMOBILIÁRIO 25

7.6 Parede-meia.............................................................................................................................. 622


7.7 Exceção à proibição de construir em terreno alheio................................................................. 623
7.8 Vedações ao uso da parede-meia............................................................................................ 623
7.9 Direito de alterar parede divisória............................................................................................. 624
7.10 Ilicitude da instalação do objeto suscetível de causar dano ao prédio sem anuência de seu
dono........................................................................................................................................... 624
7.11 Proibição de construção poluidora de água............................................................................ 625
7.12 Restrição ao direito de fazer escavação................................................................................. 625
7.13 Segurança de prédio vizinho ameaçada por construção........................................................ 626
7.14 Consequência da violação dos artigos 1.299 a 1.313, do Código Civil.................................. 626
7.15 Permissão para entrada em prédio vizinho para reparos....................................................... 626

PARTE PRÁTICA
1 Ação de nunciação de obra nova....................................................................................................... 628

PARTE 5
LOCAÇÃO

LOCAÇÃO DE COISAS NO CÓDIGO CIVIL


1 Definição de locação de coisas.......................................................................................................... 633
2 Deveres do locador............................................................................................................................ 635
3 Deterioração da coisa alugada sem culpa do locatário...................................................................... 635
4 Garantia contra turbação de terceiros................................................................................................ 636
5 Obrigações do locatário...................................................................................................................... 637
6 Mudança de destinação da coisa locada........................................................................................... 637
7 Rescisão do contrato antes do vencimento do prazo locatário.......................................................... 638
8 Efeito da devolução do bem locado antes do termo contratual.......................................................... 639
9 Cessação da locação de coisa móvel pelo vencimento do prazo contratual..................................... 639
10 Presunção de prorrogação da locação............................................................................................. 640
11 Notificação para devolução da coisa locada.................................................................................... 641
12 Alienação do bem locado................................................................................................................. 641
13 Morte de um dos contratantes.......................................................................................................... 643
14 Direito de retenção do bem locado................................................................................................... 644
Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991................................................................................................ 645
26 Ulisses Vieira Moreira Peixoto

pARTE PRÁTICA
1 Notificação do locatário, ao locador, denunciando o contrato............................................................ 696
2 Notificação encaminhada pelo fiador, dando notícia de sua exoneração.......................................... 697
3 Notificação exigindo novo fiador......................................................................................................... 698
4 Notificação comunicando a sub-rogação no contrato de locação...................................................... 699

PARTE 6
DISTRATO, RESCISÃO E REEMBOLSO E PROMESSA DE COMPRA E VENDA

DISTRATO, RESCISÃO E REEMBOLSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL NOVO


1 Considerações gerais......................................................................................................................... 703
2 Distrato. Devolução ínfima do valor adimplido. Abusividade.............................................................. 703
3 Súmula nº 543.................................................................................................................................... 713

PARTE PRÁTICA
1 Ação de rescisão de compromisso de compra e venda cumulada com devolução de valores.......... 717

PROMESSA DE COMPRA E VENDA E AÇÃO PROPOSTA PELO VENDEDOR,


EM VIRTUDE DO INADIMPLEMENTO DO ADQUIRENTE
1 Consequência de inadimplemento de contrato sob condição resolutiva tácita................................. 721
2 Legitimidade passiva e ativa.............................................................................................................. 724
3 Devolução dos valores pagos pelo adquirente inadimplente............................................................. 724
4 Ação de resolução por inadimplemento (lotes).................................................................................. 727
5 Ações de resolução nos casos de incorporação de imóveis.............................................................. 728

PARTE PRÁTICA
1 Contrato particular de compra e venda de imóvel.............................................................................. 732
2 Notificação extrajudicial...................................................................................................................... 735
3 Ação de resolução de contrato por inadimplemento.......................................................................... 736
DIREITO IMOBILIÁRIO 27

PARTE 7
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA NO DIREITO IMOBILIÁRIO

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA


1 Considerações gerais......................................................................................................................... 741
2 Produzir prova pericial........................................................................................................................ 746
2.1 Exame pericial........................................................................................................................... 746
3 Classificação das provas antecipadas............................................................................................... 756
4 Procedimento..................................................................................................................................... 757
5 Competência...................................................................................................................................... 759

PARTE PRÁTICA
1 Produção antecipada de prova pericial com pedido de liminar.......................................................... 760

REFERÊNCIAS...................................................................................................................................... 763

ÍNDICE ALFABÉTICO REMISSIVO..................................................................................................... 769


28 Ulisses Vieira Moreira Peixoto
SUMÁRIO PARTE 1: Posse e PropriedadE

PARTE 1
POSSE E PROPRIEDADE

| 29
DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

30 |
POSSE NO CÓDIGO CIVIL PARTE 1: Posse e PropriedadE

POSSE NO CÓDIGO CIVIL


1 Considerações gerais
A posse consiste na relação exterior intencional que ocorre normalmente en-
tre a pessoa e a coisa por virtude da função social, isto é, a posse consiste na exterio-
rização ou visibilidade do domínio.
A nobre doutrinadora Maria Helena Diniz leciona que:

“São elementos constitutivos da posse:


a) o “corpus”, exterioridade da propriedade, que consiste no estado normal das coisas,
sob o qual desempenham a função econômica de servir e pelo qual o homem distingue
quem possui e quem não possui; e
b) o “animus ou affectio tenendi”, que já está incluído no “corpus” é o único elemento
visível e suscetível de comprovação, estando vinculado ao “animus”, do qual é mani-
festação externa.
A dispensa da intenção de dono na caracterização da posse permite considerar como
possuidores, além do proprietário, o locatário, o comodatário, o depositário, etc.”1

O jurista Dilvanir José da Costa esclarece que:

“A distinção entre posse e propriedade é simples e nítida. A propriedade é o mais amplo


direito sobre a coisa, envolvendo os poderes de usar, fruir e dispor da mesma (alienar,
gravar, consumir, alterar e até destruir) e de reivindicá-la do poder de quem injustamente
a possua (art. 524). Aí temos os dois aspectos desse direito: o poder direto ou senhoria
direta sobre a coisa (aspecto interno), consistente no direito de usar, fruir e dispor (jus in
re), e o poder absoluto ou de perseguir a coisa erga omnes, ou direito de sequela.
Para o exercício de tão graves efeitos, exigem-se requisitos especiais de publicidade desses
direitos por meio da tradição dos móveis e da transcrição dos imóveis no registro público.
A posse não pressupõe todos esses poderes, efeitos e requisitos.
Comecemos pelas afinidades. Ambas encerram um poder direto ou imediato sobre a
coisa e também absoluto ou erga omnes. Existe a posse conjugada ou cumulada com
o direito de propriedade, ou posse do proprietário, a mais comum, e que não suscita
polêmica. Aliás, a posse típica, objeto de largas discussões, é a do não-proprietário,
segundo sua origem e a tradição de seu estudo. É a posse como fenômeno autônomo
e digno de proteção, resultante desta definição de Cunha Gonçalves:
“Posse é o poder de fato exercido por uma pessoa sobre uma cousa, normalmente
alheia ou pertencente a dono ignorado ou que não tem dono, relação tutelada pela
lei e em que se revela a intenção de exercer um direito por quem não é titular dele,
embora este direito não exista, nem tem que ser demonstrado.” (Princípios de Direito
Civil luso-brasileiro. São Paulo: Max Limonad, 1951. v. 1, n. 175, p. 406).

1 DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, p. 768.

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DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

Por sua vez, a posse prolongada e qualificada com os requisitos próprios pode se transformar
em domínio ou outro direito real, assim como a propriedade sem a posse pode vir a
sucumbir.
Quanto às distinções, a posse é antes de tudo um fato, enquanto a propriedade é antes
de tudo um direito. O direito do possuidor é consequência do fato de sua posse (jus
possessionis).
A posse do proprietário é consequência do seu direito de possuir (jus possidendi).
Em regra, o simples possuidor só pode usar e fruir. O poder de disposição da coisa
(alienar, gravar, consumir, destruir) é inerente ao titular do domínio. O possuidor pode
ceder seus direitos sobre determinadas posses e comportar-se como dono (animo
domini), usando e alterando livremente a coisa.
A despeito da sua reconhecida eficácia erga omnes, a posse entre nós não constitui
um direito real típico. Nem sequer é registrável para efeito de usucapião de prazo mais
curto, como ocorre no Código Civil português (art. 1295 – registro da mera posse).
Em razão de seus maiores poderes, o proprietário pode opor o seu título ao possuidor e
recuperar a posse. Mas pode ocorrer que o possuidor oponha eficazmente o seu título
de posse ao proprietário, bem como a sua posse com os requisitos da usucapião.
Concluindo, a distinção entre a posse e a propriedade resulta do confronto dos dois
conceitos no Código Civil (artigos 485 e 524, respectivamente).
O proprietário tem o direito real de usar, gozar e dispor dos bens e de reavê-los do
eventual possuidor. Este tem apenas o exercício de fato do direito de propriedade e de
outros direitos reais limitados objetos de posse.
A posse é o instrumento, o meio ou forma de se exercer o direito de propriedade e o
direito real limitado, usando diretamente a coisa ou por meio de terceiro (fruindo), ou
resgatando o seu valor pela transferência do direito real e da posse a terceiro.
É sobretudo o instrumento de utilização e aproveitamento da coisa pelo não-proprietário.
Além da condição subjetiva e individualista de servir ao proprietário, a posse cada vez
mais amplia o seu conceito como instrumento objetivo de exploração econômica e
ética dos bens no interesse social.
Com a socialização do direito, relações de simples detenção vão-se transformando em
posses amparadas pelos interditos, a exemplo da locação, em que o Direito Romano
não reconhecia posse. Vai ampliando-se o círculo das posses dignas de autonomia e
proteção, a ponto de se tornarem polêmicas e duvidosas certas relações que o nosso
Código excluiu desse conceito.”2

2 Posse e sua classificação

2.1 Possuidor
Nos termos do artigo 1.196 do CC, considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

2 COSTA, Dilvanir José da. O sistema da posse no Direito Civil. Disponível em: <http://www2.senado.leg.
br/bdsf/bitstream/handle/id/391/r139-08.pdf?sequence=4>. Acesso em: 01 junho de 2016.

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POSSE NO CÓDIGO CIVIL PARTE 1: Posse e PropriedadE

O Conselho da Justiça Federal, na III Jornada de Direito Civil, interpretando


os arts. 1.196, 1.205 e 1.212 do novo Código Civil, entendeu, no Enunciado n. 236:
“Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade
desprovida de personalidade jurídica.”
O doutrinador Silvio de Salvo Venosa leciona que:

“A posse é, enfim, a visibilidade da propriedade. Quem de fora divisa o possuidor, não


o distingue do proprietário. A exterioridade revela a posse, embora no íntimo o possui-
dor possa ser também o proprietário.”3

Em suas ilustres palavras, a escritora Maria Helena Diniz ensina que:

“Segundo Ihering a posse é a exteriorização ou visibilidade do domínio, ou seja, a


relação exterior intencional existente normalmente entre a pessoa e a coisa, tendo
em vista a função econômica desta. O importante é o uso econômico ou destinação
econômica do bem, pois qualquer pessoa é capaz de reconhecer a posse pela forma
econômica de sua relação exterior com a pessoa.”4

Relatam os doutrinadores Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery que:

“Posse. É o exercício, de fato, dos poderes constitutivos do domínio ou propriedade, ou


de algum deles somente (Bevilaqua, Coisas, v. I, p. 29). A posse (tanto de coisa móvel
quanto de coisa imóvel) é situação jurídica de fato apta a, atendidas certas exigências
legais, transformar o possuidor em proprietário (situação jurídica de direito real). O
sujeito de direito que tem posse sobre uma coisa exerce alguns dos poderes próprios
dos de proprietário (uso, gozo e, às vezes, o de disposição e o de recuperação de coisa),
sem ostentar a situação jurídica de dono.”5

Enunciados das Jornadas de Direito Civil do CJF: n. 563 da VI Jornada de Direito


Civil do CJF: O reconhecimento da posse por parte do Poder Público competente
anterior à sua legitimação nos termos da Lei n. 11.977/2009 constitui título possessório;
n. 491 da V Jornada de Direito Civil do CJF: A posse constitui direito autônomo em
relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance
de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela; n. 236 da III Jornada
de Direito Civil: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a
coletividade desprovida de personalidade jurídica.
Entende o STJ que: “a posse, à luz do art. 1.196 do Código Civil/2002, é o
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio ou propriedade,
verbis: ‘’Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” (STJ – Resp n. 863.396
- DF (2006-0143916-2), rel. Min. Luiz Fux, j. 27.2.2007).

3 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais, p. 58.


4 DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, p. 751.
5 NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado, p. 704.

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DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

Decidiu o TJRS que: “diante disso, tem a posse aquele que congrega os ele-
mentos “apreensão física da coisa” (que pode ser apenas potencial) e a “conduta de
dono’’. E a conduta de dono desvela-se pelo exercício de alguns dos poderes ineren-
tes à propriedade, que, à luz da norma substantiva civil em vigor, são o uso, o gozo
e a disposição da coisa. A propósito do tema, pontifica Tupinambá Miguel Castro do
Nascimento: “Como poderes inerentes à propriedade, têm-se os direitos de usar, de
fruir e de dispor. ( ... ) Acrescenta-se, como conteúdo da posse, o direito de dispor.
Aqui, o ‘jus disponendi’ é necessariamente parcial, visto que a posse não alcança
todo ele em sua inteira extensão no direito de propriedade. O fato da disposição no
direito dominical significa, numa observação primeira, o direito de seu titular alienar
o bem, transferindo-o para terceiro. A alienação, em qualquer de suas formas, faz
parte do ‘jus disponendi’. O dispor assim visto o possuidor não exerce, porque ele
não pode alienar aquilo que não lhe pertence. Contudo, o proprietário tem o direito,
pelo fato de ser proprietário, de locar, dar em comodato, etc., e o possuidor, mesmo
não sendo proprietário, não fica impedido de assim dispor. É, tal ocorrendo, exercício
de poder inerente da propriedade e ação que se configura como ato possessório.”
(TJRS - Ap. Civ. n. 70016396525, rel. Des. Pedro Celso Dal Pra, j. 31.8.2006).
Também decidiu o TJPR que: “há que se deixar bem claro ainda que nas ações
possessórias discute-se eminentemente o fato jurídico posse não sendo lícito apro-
fundar discussões acerca da propriedade. Quanto a isso, é pacífico o entendimento
no Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de ação possessória descabe discus-
são de domínio, exceto se ambos os litigantes disputam a posse alegando proprie-
dade ou quando duvidosas ambas as posses suscitadas. (REsp 755861/SE, 4ª Turma,
Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 16.08.05, DJ 05.09.05).” (TJPR - Ap. Cív. n. 361.022-4, rel.
Des. Lauri Caetano da Silva, j. 13.9.2006).
E, por fim, decidiu o TJMG que: “assim, tem-se que a posse decorre de um po-
der de fato sobre a coisa e independe do título jurídico que a liga a seu possuidor (po-
der de direito). Nesse sentido, importa fazer a clássica distinção entre ‘ius possiden-
di’ e ‘ius possessionis’: o primeiro diz respeito ao direito de posse com fundamento
na propriedade, em outro, direito real ou mesmo obrigacional (faculdade jurídica de
possuir), enquanto o segundo, por sua vez, é o direito fundado na posse considerada
em si mesma (fato da posse), independentemente do título jurídico que o embasa.
Desse modo, é de se convir que, no âmbito das ações possessórias, discute-se o ‘ius
possessionis’, isto é, o poder de fato sobre determinado bem, sendo, portanto, irrele-
vante a invocação do domínio (ius possidendi).” (TJMG - Ap. Cív. n. 1.0024.02.798966-
4/001, rel. Des. Lucas Pereira, j. 8.11.2007).

2.2 Posse direta e posse indireta


Conforme o enredo do artigo 1.197 do CC, a posse direta, de pessoa que tem
a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal ou real, não

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POSSE NO CÓDIGO CIVIL PARTE 1: Posse e PropriedadE

anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a
sua posse contra o indireto.
Na posse direta, conhecida também como imediata, o possuidor direto recebe
o bem, em virtude de direito real ou pessoal, ou de contrato.
Nesse sentido, citaremos, por exemplo, o usufruto, pois o usufrutuário usa e
goza a coisa frutuária, consequentemente, a posse direta. Dessa forma, o usufrutuário
utiliza-a economicamente, nos mesmos moldes do proprietário.
Ao passo que, na posse indireta, também conhecida como mediata, o possuidor
retem a posse indireta, porque concedeu ao usufrutuário o direito de possuir. Dessa
forma, conservou somente a sua propriedade.
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do CJF: n. 501 da V Jornada de Direito
Civil do CJF: O conceito de posse direta, referida no art. 1.240-A do Código Civil,
não coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código; n. 76 da
I Jornada de Direito Civil: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse
contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, infine, do novo Código Civil).
Ensinam os juristas Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery que:

“Posse direta ou imediata e posse indireta ou mediata. A doutrina admite a existência de


duas posses paralelas criadas para prover a defesa daquele que tem a guarda, o uso ou a
administração da coisa e dela fica temporariamente privado”. Possuidor indireto. Proteção
possessória contra o possuidor direto. Embora a norma só regule a admissibilidade dos
interditos pelo possuidor direto contra o indireto, a recíproca é verdadeira. Pode ocorrer,
por exemplo, que executado o contrato de penhor, o credor pignoratício (possuidor
direto) não devolva o bem empenhado, praticando esbulho, pois não tem mais título
jurídico para possuir. Pode o dono da coisa empenhada (possuidor indireto) utilizar-se
dos interditos possessórios (no caso, reintegração de posse) para reaver a coisa.”6

Decidiu o TJRS que: “entretanto, no caso, em que pese com a locação haver
desdobramento da posse em direta - concessão do locador – e indireta - como
consequência do domínio ou outro direito real, a vantagem dessa divisão é que tanto um
como outro pode invocar a proteção possessória contra terceiro, por força do que
dispõe o art. 1.197 do Código Civil brasileiro. (...) Neste sentido, convém reproduzir
doutrina de Tupinambá Miguel Castro do Nascimento, que bem elucida a questão
da legitimidade do possuidor indireto para invocar proteção possessória contra terceiro:
“A posse indireta pode, identicamente, sofrer agressão de terceiro. O esbulho e a
turbação do tertius que, indubitavelmente, é lesão ao exercício da posse direta, viola
certamente a posse indireta porque, com antecipação, está criando obstáculos à
restituição da coisa e à reintegração da posse plena do então possuidor mediato”. A
posição doutrinária de Adroaldo Furtado Fabrício (p. 473, 1980) é firme a respeito:

6 NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade, Código Civil Anotado, p. 565.

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DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

“Para qualificar-se juridicamente à propositura da ação possessória, supõe-se, antes


de tudo a condição de possuidor que o autor tivesse antes do esbulho, ou ainda tenha
nos demais casos”. Não é preciso que a posse seja direta, ou própria. Legitimam-se à
ação possessória, ativamente, possuidores diretos e indiretos, com posse própria ou
derivada.” (TJRS - Ap. Cív. n. 70016932733, rel. Des. Glênio José Wasserstein Hekman,
j. 5.9.2007).
Também decidiu o TJMG que: “é importante considerar que, no comodato, o
comodante permanece como possuidor indireto do imóvel, enquanto o comodatário
é o possuidor direto. A posse direta e a indireta não se anulam, consoante se extrai
do art. 1.197 do CCB/2002 (correspondente ao art. 486, do CCB/1916): Art. 1.197.
A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.” (TJMG - AI n.
1.0621.07.015008-4/001, rel. Des. Lucas Pereira, j. 30.8.2007).
E, por fim, decidiu o TJMS que: “nos casos de locação de bens móveis ocorre um
desdobramento da relação possessória, sendo consideradas duas posses, paralelas e
reais: a direta ou imediata de quem, temporariamente, por força de ato ou negócio
jurídico, a exerce, e a indireta ou mediata do titular da coisa. Como consequência, o
possuidor indireto pode valer-se das ações possessórias para reaver a coisa do locatário
inadimplente, merecendo reforma o indeferimento liminar da demanda, calcado
exclusivamente na incorreta premissa de inadequação do procedimento, admitido
pela doutrina e jurisprudência.” (TJMS - Ap. Cív. n. 2004.010302-6/0000-00, rel. Des.
Elpidio Helvécio Chaves Martins, j. 4.10.2005).

2.3 Fâmulo da posse


Encontramos no enredo do artigo 1.198 do CC, que se considera detentor
aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse
em nome desse e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
E, por fim, no seu parágrafo único, aquele que começou a comportar-se do
modo como prescreve esse artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se
detentor, até que prove o contrário.
Ocorre o fâmulo da posse ou detentor da posse aquele que exerce sobre o
bem não uma posse própria, exemplo, empregados em geral, etc. Assim, são considerados
detentores de bens sobre os quais não praticam posse própria.
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do CJF: n. 492 da V Jornada de Direito
Civil do CJF: O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor,
exercer a autodefesa do bem sob seu poder; n. 301 da IV Jornada de Direito Civil: É
possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na
hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.

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POSSE NO CÓDIGO CIVIL PARTE 1: Posse e PropriedadE

O doutrinador Nelson Nery Júnior leciona que:

“Fâmulo da posse. É o servo da posse. Aquele que detém a coisa em nome de outrem,
seguindo as orientações e as ordens de quem tem efetivamente a posse dela. O fâmulo
da posse acha-se em relação de dependência para com aquele em cujo nome detém a
coisa. Não tem direito à proteção possessória. Pode ser compelido à desocupação, no
interdito possessório ajuizado por quem tenha efetiva posse do bem.”7

O jurista Sílvio de Salvo Venosa esclarece que:


“Os Códigos conceituam aí o que se entende por fâmulo da posse ou servidor da posse,
o qual possui relação com a coisa em nome do dono ou do verdadeiro possuidor. Como
podemos perceber, nesse aspecto o ordenamento retira do sujeito os característicos
da posse. Dentro da teoria objetiva esposada maiormente pela lei, ocorre a decantada
degradação do estado de posse, ou seja, uma causa detentionis.
A ideia básica é de que quem inicia a detenção como mero fâmulo ou detentor não
pode alterar por vontade própria essa situação e tornar-se possuidor. Para que o
detentor seja considerado possuidor, há necessidade de um ato ou negócio jurídico
que altere a situação de fato. Isso porque o fato da detenção da coisa é diverso do fato
da posse. Por essa razão, como sufragado de há muito pela doutrina, mas por vezes
obscuro em decisões judiciais, presume-se que o fâmulo se tenha mantido como tal até
que ele prove o contrário. Essa modificação de animus, como apontamos, não depende
unicamente da vontade unilateral do detentor.”8

2.4 Composse
Segundo o enredo do artigo 1.199 do CC, se duas ou mais pessoas possuírem
coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que
não excluam os dos outros compossuidores.
Entende a doutrina que “composse está para a posse assim como o condomí-
nio está para o domínio [...]. O exemplo mais frequente de composse é a dos cônju-
ges, no regime da comunhão de bens, ao exercerem, sobre o patrimônio comum, os
direitos de compossuidores. Os atos de posse, praticados por um dos cônjuges, não
excluem atos semelhantes de seu consorte. O mesmo ocorre no caso de condomínio,
em que os condôminos são compossuidores. Tanto num como noutro exemplo, qual-
quer dos compossuidores pode reclamar a proteção possessória, caso seja turbado,
esbulhado ou ameaçado em sua posse.”9
Em seus nobres ensinamentos, os juristas Nelson Nery Junior e Rosa Maria de
Andrade Nery esclarecem que:

“Cada compossuidor só poderá exercer sobre a coisa atos possessórios que não excluam
a posse dos demais compossuidores, conforme prescreve o CC/1916623, 1 (CC 1314).

7 NERY JUNIOR, Nelson. Código Civil Anotado, p. 566.


8 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direitos reais, p. 43.
9 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil.Direito das Coisas, p. 26-27.

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DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

E, à semelhança do condomínio, o compossuidor não pode ceder seus direitos sem a


anuência dos demais compossuidores, assim, aplica-se por analogia o CC/1916 633 (CC
1314 par. ún.). Desse modo, é vedado a qualquer dos compossuidores, por sua própria
iniciativa, transformar a composse pro indiviso em pro diviso, estabelecendo-se em
parte da área, à sua livre escolha, e praticando atos de demolição, com notada ofensa
ao CC/1916 488 (CC 1199), configurando esbulho à posse dos demais compossuidores,
e devendo responder por perdas e danos’ (RT 734/347).”10

Decidiu o TJMG que: “não é cabível o ajuizamento da ação de reintegração de


posse, uma vez que o apelado é coproprietário do imóvel em questão. Isso porque,
conforme dispõe o art. 1784 do Código Civil, “aberta a sucessão, a herança transmite-se,
desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários” o que vai ao encontro do princípio
da saisine, segundo o qual o sucessor universal continua ter direito à posse do seu
antecessor com os mesmos caracteres. Os apelantes e o apelado são compossuidores do
imóvel objeto da demanda, por meio da herança, devido ao óbito de sua genitora. Assim,
é certo que, nos termos do art. 1.199 do CC, têm o direito de exercerem conjuntamente
os atos possessórios, sendo vedado a um excluir do outro compossuidor seu direito.”
(TJMG - Processo: Apelação Cível 1.0024.12.179212-1/001. 1792121-60.2012.8.13.0024
(1). Relator(a): Des.(a) Mariza Porto. Data de Julgamento: 18/11/2015).
Também decidiu o TJMG que: “para a concessão da liminar de reintegração de
posse, se mostra necessária a presença dos requisitos previstos no art. 561 do Código de
Processo Civil de 2015, bem como se tratar a ação de força nova. Dispõe o art. 1784 do
Código Civil que: “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros
legítimos e testamentários.” Esse dispositivo traz o princípio da saisine, segundo o
qual o “sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor”, com “os
mesmos caracteres”. Dessa forma, em razão do princípio da saisine, os agravados e os
agravantes são compossuidores do imóvel objeto da demanda por meio da herança
devido ao óbito de seus genitores, sendo certo que nos termos do art. 1.199 do CC,
têm o direito de exercerem conjuntamente os atos possessórios, sendo vedado a um
excluir do outro compossuidor seu direito. Em que pese a possibilidade da cumulação
de pedido possessório com outros previstos ou não no art. 555, do CPC de 2015, mas
desde que observado o procedimento ordinário, na espécie, a cumulação do pedido
possessório com o pedido de extinção de condomínio e divisão de créditos não resta
possível por comprometer a defesa dos demandados, ora agravantes, bem como a
rápida solução do litígio, devendo a extinção de condomínio e a obrigação de fazer
ser perseguida em processo autônomo. Nos termos do art. 321 do CPC de 2015, deve
ser conferida a oportunidade aos autores a emendarem a inicial para adequarem seus
pedidos e sanar a irregularidade da inicial, sob pena de extinção.” (TJMG - Processo:
Agravo de Instrumento-Cv 1.0686.14.013285-9/001. 0121159-48.2015.8.13.0000 (1).
Relator(a): Des.(a) Mariza Porto. Data de Julgamento: 22/07/2015).

10 NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Novo código civil e legislação extravagante
anotados, p. 395-396.

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POSSE NO CÓDIGO CIVIL PARTE 1: Posse e PropriedadE

No entendimento do TJRS, “o imóvel em discussão pertencia ao pai da autora,


sendo que, após o óbito do proprietário, a autora permaneceu residindo no bem
juntamente com a sua genitora, afigurando-se situação de composse. Tratando-se de
composse ad usucapionem, surge a obrigatoriedade de litisconsórcio ativo necessário
para a constituição e desenvolvimento válido e regular do processo. (Art. 1.199 do
CC). Extinção do feito.” (TJRS - Apelação Cível Nº 70066908856, Décima Sétima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 26/11/2015).
E, por fim, decidiu o TJRS que: “nas ações possessórias, diante do seu caráter
dúplice, é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória. Neste caso, a sentença que reconhece a composse
entre autor e réu não excede os limites da lide. Preliminar rejeitada. Reintegração de
posse. Composse. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada
uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores (art. 1.199 do CC). No caso concreto, inexistindo prova de atos de
mera permissão e tolerância da autora em relação aos réus, denota-se que o exercício
possessório da compossuidora, ora apelante, que pleiteia a exclusividade sobre o
bem imóvel, é contrário à lei e ofende a posse dos réus-compossuidores.” (TJRS -
Apelação Cível Nº 70063562466, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 10/09/2015).

2.5 Posse justa e posse injusta


Reza o artigo 1.200 do CC que é justa a posse que não for violenta, clandestina
ou precária.
É sabido que a posse será justa se não for violenta (adquirida pela força física
ou violência moral), clandestina (estabelecida às ocultas da pessoa que tem interessa
em conhecê-la) ou precária (originária do abuso de confiança). Assim, se ocorrer o
contrário, a posse será injusta.
Nas palavras do jurista Sílvio de Salvo Venosa, encontramos que:

“A posse exige, em princípio, que sua origem não apresente vícios. Posse viciada é
aquela cujo vício originário a torna ilícita. Como alerta Pontes de Miranda (1971, v. 10:
120), no mundo fático não existe o justo ou o injusto. Estes são conceitos jurídicos.
Procede injustamente aquele que atenta contra o Direito.”11

Enunciados das Jornadas de Direito Civil do CJF: n. 302 da IV Jornada de Direito


Civil: Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de
transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.
Decidiu o TJMG que: “nos termos do artigo 490 do CC/1916 (artigo 1.201 do
Código Civil/2002), a posse de boa-fé é aquela com justo título, ou aquela na qual o
possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa ou do direito

11 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil - Direitos Reais , v. V, p. 70.

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DIREITO IMOBILIÁRIO | Ulisses Vieira Moreira Peixoto

adquirido. Posse de má-fé, por outro lado, é aquela constituída de forma violenta,
clandestina ou precária (artigo 489 do CC/1916 ou artigo 1.200 do Código Civil/2002).
Caso a posse seja de boa-fé, o possuidor terá direito de retenção pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis (art. 516 do CC/1916 - art. 1.219 do CC/02). Sendo
de má-fé, o possuidor terá direito de retenção e somente lhe serão ressarcidas as
benfeitorias necessárias (art. 517 do CC/1916 - art. 1.220 do CC/02). A reintegração da
apelada na posse do imóvel está condicionada à devolução, em favor dos apelantes, das
parcelas pagas referentes ao financiamento do terreno objeto da lide, condição que, se
não imposta, acarretaria o enriquecimento ilícito daquela, uma vez que, rescindido o
contrato, não persistiria causa justa para a retenção do montante recebido a título de
cumprimento da avença, não se olvidando, ainda, do fato de que a própria natureza do
bem - imóvel - garante a integralidade de sua restituição.” (TJMG - Processo: Agravo de
Instrumento-Cv. 1.0697.14.002680-1/001 0135901-78.2015.8.13.0000 (1). Relator(a):
Des.(a) Domingos Coelho. Data de Julgamento: 02/07/2015).
Decidiu o TJDFT que: “o esbulho possessório não é apenas consequência de
um ato de força ou ameaça contra a pessoa do possuidor, mas abarca também as
situações em que a posse é subtraída por qualquer dos vícios objetivos enumerados
no art. 1200 do Código Civil, quais sejam, violência, precariedade e clandestinidade.
O inadimplemento do contrato realizado não autoriza o esbulho possessório, que
constitui ato ilícito. Estando o recorrido inadimplente, deve o recorrente buscar
resguardar seus direitos por via da ação própria para desconstituir o negócio jurídico e
ser reintegrado na posse do bem, e não se valer do esbulho possessório. A boa-fé ou má-fé
não influencia no diagnóstico da posse injusta, mas somente tem relevo na discussão
de benfeitorias, frutos e prazo da usucapião.”(TJDFT - Ap. Cív. n. 2009.08.1.007966-0,
rel.ª Des.ª Gislene Pinheiro, j. 31.5.2012).

2.6 Posse de boa-fé e posse de má-fé


Nos termos do artigo 1.201 do CC, é de boa-fé a posse se o possuidor ignora o
vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
E, por fim, reza seu parágrafo único que o possuidor com justo título tem por
si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente
não admite essa presunção.
É sabido que ocorrerá a posse de boa-fé caso o possuidor esteja convicto que
a coisa lhe pertence, consequentemente, irá ignorar que está prejudicando direito de
pessoa diversa. Assim, o possuidor age dessa forma, pois não sabe da existência de
vício que lhe impede a aquisição da coisa.
Ao passo que a posse de má-fé surgirá, desde que o possuidor tenha ciência
da ilegitimidade do seu direito de posse, por exemplo, no caso de vício, mesmo
portador de um título.
Observa-se que no conceito de boa-fé “uns entendem que ela se resume na
falta de consciência de que dado ato causará dano, e, desta sorte, imprimem-lhe um
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