Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A L I C E S A L DA N H A V I L L A R
Direito Civil. Direito Imobiliário. Direito Administrativo. Direito Constitucional. Direito Penal. Direito
Processual Penal. Direito Empresarial. Direito Previdenciário. Direito do Trabalho e Processual do Trabalho.
Direito Tributário e Processual Tributário. Direito Processual Civil. Direito Internacional. Sistema Financeiro
Nacional. Direito Militar.
SÚMULAS INTERPRETADAS
E COMENTADAS
Inclui referências
Inclui índice remissivo.
Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total
ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, ele-
trônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação.
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similaridade
confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor.
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código Penal,
assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade do autor. Desta forma, quaisquer medidas judiciais ou
extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade do autor.
Todos os direitos desta edição reservados à
JH MIZUNO
Rua Prof. Mário Zini, 880 – Cidade Jardim – CEP: 13614-230 – LEME/SP
Fone/Fax: (19) 3571-0420
Visite nosso site: www.editorajhmizuno.com.br
e-mail: atendimento@editorajhmizuno.com.br
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Esta obra é dedicada ao leitor.
À Deus, agradeço pela força e tenacidade que me conduziram
ao longo dos anos de estudo e pesquisa necessários à elabolação
dessa obra.
À minha mãe Teresa, pela imensurável ajuda e incentivo
durante todo o processo de idealização e construção dessa
obra, pelo exemplo de vida, pelo carinho e atenção de todos os
dias que iluminam e alegram minha vida.
Ao meu pai Fernando, por todo o estímulo ao longo dos meus
estudos, pelos preciosos ensinamentos relativos à persistência
diária na luta por nossos objetivos.
Ao irmão Arthur Villar, pela alegria na convivência de
toda a vida e por todo o encorajamento.
Ao Ministro Luiz Fux e aos Desembargadores Celso Ferreira
Filho e Nagib Slaibi Filho, pela qualificada participação e
reconhecimento do meu trabalho.
A Ary Nogueira, por toda atenção e encorajamento durante
o percurso de elaboração dessa obra. À Bárbara Tardin e
Rodrigo Acosta, pela ajuda nas pesquisas bibliográficas e pela
amizade que construímos ao longo dos anos.
Que todo o meu ser louve ao Senhor, e que eu não esqueça
nenhuma das suas bênçãos!
Salmos 103:2
APRESENTAÇÃO
Uma das funções mais importantes que o Direito presta à sociedade é a de propiciar
relativa estabilidade institucional. Bem por isso, a segurança jurídica sempre foi um valor de
destacada eminência no ordenamento, manifestando-se com intensidade ainda maior no
âmbito da prestação jurisdicional. Em Portugal, os assentos da Casa de Suplicação, constan-
tes do chamado Livro da Relação, já serviam desde o Séc. XVI como fator de segurança na
interpretação das normas do direito comum e do direito português.1
O Supremo Tribunal Federal foi criado com essa denominação pela primeira Consti-
tuição republicana brasileira, promulgada 24 de fevereiro de 1981, que dispunha em seu art.
56 sobre a composição e nomeação de seus membros. O STF foi precedido, historicamente,
pela Casa de Suplicação do Brasil, criada pelo Príncipe Regente, quando da transmigração
da Família Real Portuguesa, por alvará de maio de 1808 e, posteriormente, pelo Supremo
Tribunal de Justiça, criado pela Constituição do Império de 1824. Não obstante terem sido
dotadas de competência bem menos ampla, essas duas Cortes representavam os fundamen-
tos do Tribunal instituído pelo regime republicano, em 1981.2
No ano de 1963, o Supremo Tribunal Federal publicou o primeiro verbete da Súmula da
sua jurisprudência predominante, fruto do trabalho do Ministro Victor Nunes Leal à frente da
Comissão de Jurisprudência da Corte. Esse meritório mister de uniformização jurisprudencial, que
teve por meta a estabilidade da jurisprudência e otimização da prestação jurisdicional, continua
trazendo excelentes resultados, revelando-se essencial à aplicação do Direito pelos juízes e Tribu-
nais de todo o país, bem como à atividade dos advogados e demais operadores do direito.
Com a Constituição de 1988, o Judiciário exerceu função imprescindível à consolida-
ção da democracia no Brasil,3 encarregado da tarefa de concretizar o extenso catálogo de
direitos fundamentais da nova Carta e assegurar o respeito às regras do jogo democrático.
O advento do neoconstitucionalismo4, que estimulou a exegese criativa e expansiva dos
dispositivos Constitucionais, em adição à força normativa dos princípios, tornou ainda mais
importante o conhecimento do direito tal como interpretado pelos Tribunais, a respeito das
mais variadas controvérsias públicas e privadas.
Por meio da Emenda Constitucional nº 45 de 2004, que operou a chamada Reforma
Judiciário, tivemos a criação do instituto da Súmula Vinculante, hoje consagrado no texto da
Constituição Federal (art. 103-A). Concebido com a finalidade de fortificar a realização do
princípio da segurança jurídica, este instrumento vem se revelando uma eficiente alavanca
no aprimoramento da transparência, celeridade e eficiência da prestação jurisdicional.
1 V. SILVA, Nuno José Espinosa Gomes da. História do direito português: fontes de direito. 5ª ed. Lisboa: Calouste
Gulbenkian, 2011.
2 V. Coleção Publicação Institucionais. O Supremo Tribunal Federal. Brasília. 1976, p. 7. Disponível na biblioteca
digital do Supremo Tribunal Federal.
3 Sobre o papel do Judiciário na consolidação de democracias constitucionais, v. KNEIP, Sascha. Verfassungsgerichte
als demokratische Akteure. Baden-Baden: Nomos, 2009. V. tb. RUSSELL, Peter H. Judicial Independence in Compa-
rative Perspective. In: Judicial Independence in the Age of Democracy: Critical Perspectives from around the World. Ed.:
RUSSELL, Peter H.; O’BRIEN, David M. Constitutionalism & Democracy Series, 2001.
4 V. COMANDUCCI, Paolo. Formas de (neo)constitucionalismo: un análisis metateórico. Trad. Miguel Carbonell. In
“Isonomía. Revista de Teoría y Filosofía del Derecho”, nº 16, 2002.
A Constituição de 1988 exige que a Súmula Vinculante seja aprovada por maioria de dois
terços dos votos do Supremo Tribunal Federal (oito votos), de ofício ou por provocação, após
reiteradas decisões sobre a matéria constitucional. Possuindo aplicação obrigatória para os demais
órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública direta e indireta, as Súmulas com efeito vin-
culante configuram notável mecanismo de desafogamento do Poder Judiciário brasileiro, freando
a multiplicação de processos e a judicialização de conflitos relativos às matérias sumuladas, eis
que a decisão final do processo mostra-se esposada no comando do verbete sumular vinculante.
O Direito Sumular pátrio consubstancia ferramenta essencial no processo de moder-
nização do sistema judiciário brasileiro, auxiliando a solução célere e efetiva dos conflitos
bem como a concretização do princípio da segurança jurídica. Na dinâmica das relações
sociais, os verbetes sumulados, outrora representativos de entendimentos enraizados e quase
imodificáveis, precisam ser frequentemente reinterpretados pelas Cortes, fazendo com que
a leitura isolada dos enunciados não seja suficiente para a correta compreensão da matéria
respectiva.
Revela-se, portanto, extremamente complexa a tarefa de sistematizar e expor didatica-
mente o imenso conjunto de enunciados sumulares produzidos pelos Tribunais. Essa árdua
empreitada foi assumida com maestria pela Prof.ª Alice Saldanha Villar, que se debruçou sobre
a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, brindando seus leitores com um conteúdo
substancioso, claro e cuidadosamente organizado por temas. A obra ingressa no panorama
editorial brasileiro com a certeza de sucesso imediato, dado que atende às necessidades e
expectativas dos mais variados públicos. Estudantes, profissionais da advocacia, magistrados
e todos os que lidam diuturnamente com a enorme produção jurisprudencial do STF ganham
agora uma segura bússola para as suas jornadas.
1 Cf. ALMEIDA, Fernando Dias Menezes de. Memória Jurisprudencial: Ministro Victor Nunes, Brasília: Supremo
Tribunal Federal, 2006, p.32, nota de rodapé n.3.
do ato administrativo que contrariar enunciado de Súmula Vinculante, negar-lhe vigência
ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo
dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação”.
Frise-se, ainda, que o art. 8º da Emenda Constitucional n. 45/2004, em relação às
Súmulas ordinárias anteriormente editadas pelo Supremo, determina que “somente produ-
zirão efeito vinculante após confirmação por dois terços de seus integrantes e publicação na
imprensa oficial, é dizer, nos mesmos moldes do quórum de aprovação da Súmula já emitida
com o referido efeito”.
A obra “Direito Sumular– STF” foi elaborada com o desígnio de servir de material
de referência para a comunidade acadêmica e forense no estudo completo e atualizado dos
enunciados sumulares do Supremo Tribunal Federal. Em treze capítulos temáticos, as Súmulas
encontram-se separadas por matéria e organizadas em seções. Em cada seção, os verbetes são
numerados em etapas, que seguem a ordem ideal para aqueles que pretendem se dedicar ao
estudo completo do tema. A análise de cada verbete é feita à luz da doutrina especializada
e da jurisprudência pátria, sistematizando e comparando os verbetes cujo conteúdo se com-
pleta ou se contrapõe. As Súmulas canceladas, superadas ou mitigadas virão destacadas em
tarjas de cor cinza, com os devidos comentários acerca de sua aplicabilidade. Com a finali-
dade de otimizar o estudo e a assimilação da matéria, trazemos quadros esquemáticos, a que
intitulamos “sínteses conclusivas”, ao final dos comentários a cada Súmula.
Por derradeiro, esperamos que esta publicação possa ser bastante útil aos concursandos,
acadêmicos e todos os profissionais do direito no estudo da jurisprudência sumulada do Supremo
Tribunal Federal. Desde logo, estamos abertos a sugestões e críticas com vistas ao constante
aprimoramento da obra.
A autora
NOTA À 2ª EDIÇÃO
A autora
Facebook: www.facebook.com/DireitoSumularBrasileiro
Blog: http://direitosumularbrasileiro.blogspot.com.br
Mídia: http://alice.jusbrasil.com.br
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
DIREITO CIVIL.................................................................................................................. 25
SEÇÃO 1: Responsabilidade Civil................................................................................... 25
SEÇÃO 2: Contratos....................................................................................................... 45
SEÇÃO 3: Prescrição....................................................................................................... 59
SEÇÃO 4: Família e sucessões......................................................................................... 64
SEÇÃO 5: Direitos reais.................................................................................................. 82
SEÇÃO 6: Direito de Vizinhança.................................................................................... 92
SEÇÃO 7: Legislação Revogada...................................................................................... 94
CAPÍTULO II
DIREITO IMOBILIÁRIO................................................................................................... 97
SEÇÃO 1: Renovação de contrato.................................................................................. 97
SEÇÃO 2: Purga da mora................................................................................................ 101
SEÇÃO 3: Arbitramento de aluguel................................................................................ 102
SEÇÃO 4: Retomada do imóvel...................................................................................... 103
SEÇÃO 4.1: Retomada para uso próprio................................................................... 103
SEÇÃO 4.2: Retomada pelo promitente comprador................................................. 105
SEÇÃO 4.3: Retomada para descendentes................................................................ 106
SEÇÃO 4.4: Retomada para construção mais útil..................................................... 107
SEÇÃO 4.5: Prova da necessidade............................................................................ 108
SEÇÃO 5: Temas diversos............................................................................................... 111
CAPÍTULO III
DIREITO ADMINISTRATIVO........................................................................................ 121
SEÇÃO 1: Atos administrativos...................................................................................... 121
SEÇÃO 2: Poder de Polícia.............................................................................................. 123
SEÇÃO 3: Bens Públicos................................................................................................. 128
SEÇÃO 4: Prescrição administrativa............................................................................... 134
SEÇÃO 5: Processo administrativo disciplinar................................................................ 137
SEÇÃO 6: Desapropriação.............................................................................................. 143
SEÇÃO 7: Concurso Público........................................................................................... 161
SEÇÃO 8: Servidor Público............................................................................................. 168
SEÇÃO 8.1: Remuneração........................................................................................ 168
SEÇÃO 8.2: Vitaliciedade.......................................................................................... 189
SEÇÃO 8.3: Tempo de serviço................................................................................... 191
SEÇÃO 8.4: Demissão............................................................................................... 195
SEÇÃO 8.5: Disponibilidade..................................................................................... 199
SEÇÃO 8.6: Outros temas......................................................................................... 200
SEÇÃO 9: Legislação revogada....................................................................................... 208
CAPÍTULO IV
DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 211
SEÇÃO 1: Remédios constitucionais.............................................................................. 211
SEÇÃO 1.1: Mandado de Segurança......................................................................... 211
SEÇÃO 1.1.1: Competência................................................................................ 211
SEÇÃO 1.1.2: Prazo de impetração e regras de cabimento................................. 219
SEÇÃO 1.1.3: Recursos ....................................................................................... 234
SEÇÃO 1.1.4: Temas diversos.............................................................................. 241
SEÇÃO 1.2: Habeas corpus ....................................................................................... 260
SEÇÃO 1.3: Ação popular......................................................................................... 271
SEÇÃO 2: Direitos fundamentais.................................................................................... 273
SEÇÃO 3: Competência legislativa e processo legislativo.............................................. 282
SEÇÃO 4: Tribunal de Contas........................................................................................ 290
SEÇÃO 5: Magistratura e Ministério Público................................................................. 297
SEÇÃO 6: Imunidade parlamentar................................................................................. 300
SEÇÃO 7: ADC e ADI................................................................................................... 304
SEÇÃO 8: Outros temas.................................................................................................. 311
SEÇÃO 9: Legislação revogada....................................................................................... 316
CAPÍTULO V
DIREITO PENAL................................................................................................................ 319
SEÇÃO 1: Medida de Segurança..................................................................................... 319
SEÇÃO 2: Regime de cumprimento da pena.................................................................. 321
SEÇÃO 3: Prescrição penal............................................................................................. 328
SEÇÃO 4: Tipificação penal............................................................................................ 334
SEÇÃO 5: Crime continuado.......................................................................................... 343
SEÇÃO 6: Sursis.............................................................................................................. 348
CAPÍTULO VI
PROCESSO PENAL............................................................................................................ 351
SEÇÃO 1: Ação penal..................................................................................................... 351
SEÇÃO 2: Competência ................................................................................................. 363
SEÇÃO 2.1: Competência por prerrogativa de função............................................. 363
SEÇÃO 2.2: Temas diversos....................................................................................... 373
SEÇÃO 3: Legitimidade.................................................................................................. 378
SEÇÃO 4: Sursis processual e transação penal................................................................ 382
SEÇÃO 5: Tribunal do Júri.............................................................................................. 386
SEÇÃO 6: Recursos......................................................................................................... 391
SEÇÃO 7: Nulidades processuais.................................................................................... 403
SEÇÃO 8: Execução Penal.............................................................................................. 419
SEÇÃO 9: Outros temas.................................................................................................. 425
SEÇÃO 10: Legislação revogada..................................................................................... 435
CAPÍTULO VII
DIREITO EMPRESARIAL................................................................................................. 437
SEÇÃO 1: Direito societário .......................................................................................... 437
SEÇÃO 2: Falência e concordata.................................................................................... 443
SEÇÃO 3: Títulos de crédito........................................................................................... 451
CAPÍTULO VIII
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.......................................................................................... 457
SEÇÃO 1: Contribuições previdenciárias....................................................................... 457
SEÇÃO 2: Benefícios previdenciários............................................................................. 460
SEÇÃO 3: Dupla aposentadoria...................................................................................... 468
CAPÍTULO IX
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO................................ 471
SEÇÃO 1: Jornada de trabalho........................................................................................ 471
SEÇÃO 2: Insalubridade.................................................................................................. 477
SEÇÃO 3: Serviço noturno............................................................................................. 482
SEÇÃO 4: Remuneração, salário e adicionais................................................................. 486
SEÇÃO 5: Estabilidade.................................................................................................... 499
SEÇÃO 6: Extinção do contrato de trabalho.................................................................. 505
SEÇÃO 7: Acidente de trabalho..................................................................................... 514
SEÇÃO 8: Ação acidentária............................................................................................ 522
SEÇÃO 9: Prescrição ...................................................................................................... 528
SEÇÃO 10: Recursos....................................................................................................... 535
SEÇÃO 11: Competência................................................................................................ 540
SEÇÃO 12: Outros temas................................................................................................ 545
CAPÍTULO X
DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL TRIBUTÁRIO........................................ 561
SEÇÃO 1: Princípios constitucionais tributários ............................................................ 561
SEÇÃO 2: Impostos federais ........................................................................................... 571
SEÇÃO 2.1: IR........................................................................................................... 571
SEÇÃO 2.2: IOF........................................................................................................ 582
SEÇÃO 2.3: IPI.......................................................................................................... 583
SEÇÃO 3: Impostos estaduais ........................................................................................ 585
SEÇÃO 3.1: ICMS..................................................................................................... 585
SEÇÃO 3.2: ITCMD................................................................................................. 603
SEÇÃO 4: Impostos municipais ...................................................................................... 611
SEÇÃO 4.1: IPTU...................................................................................................... 611
SEÇÃO 4.2: ISS......................................................................................................... 620
SEÇÃO 4.3: ITBI ...................................................................................................... 624
SEÇÃO 5: Taxas ............................................................................................................. 631
SEÇÃO 6: Empréstimo compulsório e contribuições ..................................................... 649
SEÇÃO 7: Crédito tributário .......................................................................................... 657
SEÇÃO 8: Imunidades e isenções .................................................................................. 670
SEÇÃO 8.1: Imunidades............................................................................................ 670
SEÇÃO 8.2: Isenções................................................................................................. 680
SEÇÃO 9: Administração tributária............................................................................... 683
SEÇÃO 10: Execução fiscal............................................................................................. 685
SEÇÃO 11: Legislação revogada e tributos extintos....................................................... 690
SEÇÃO 11.1: Imposto de consumo........................................................................... 690
SEÇÃO 11.2: Imposto de indústria e profissões........................................................ 691
SEÇÃO 11.3: Imposto de lucro imobiliário............................................................... 692
SEÇÃO 11.4: Imposto de venda e consignações....................................................... 693
SEÇÃO 11.5: Imposto federal do selo....................................................................... 695
SEÇÃO 11.6: Imposto estadual do selo..................................................................... 696
SEÇÃO 11.7: Outros impostos ................................................................................. 697
SEÇÃO 11.8: Taxa de previdência social.................................................................. 699
SEÇÃO 11.9: Taxa de despacho aduaneiro............................................................... 700
SEÇÃO 11.10: Outras taxas...................................................................................... 701
SEÇÃO 11.11: Legislação aduaneira......................................................................... 703
SEÇÃO 11.12: Execução Fiscal................................................................................. 704
SEÇÃO 11.13: Outros temas..................................................................................... 705
CAPÍTULO XI
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................... 707
SEÇÃO 1: Competência.................................................................................................. 707
SEÇÃO 1.1: Competência originária do STF............................................................ 707
SEÇÃO 1.2: Sociedade de economia mista............................................................... 709
SEÇÃO 1.3: Intervenção da União........................................................................... 713
SEÇÃO 1.4: Temas diversos....................................................................................... 714
SEÇÃO 2: Recursos......................................................................................................... 719
SEÇÃO 2.1: Apelação............................................................................................... 719
SEÇÃO 2.2: Agravo................................................................................................... 720
SEÇÃO 2.3: Agravo no auto do processo.................................................................. 725
SEÇÃO 2.4: Embargos de declaração........................................................................ 726
SEÇÃO 2.5: Embargos infringentes .......................................................................... 727
SEÇÃO 2.6: Embargos de divergência....................................................................... 733
SEÇÃO 2.7: Recurso extraordinário.......................................................................... 743
SEÇÃO 3: Ação rescisória............................................................................................... 785
SEÇÃO 4: Prazos............................................................................................................. 794
SEÇÃO 5: Honorários advocatícios................................................................................ 800
SEÇÃO 6: Valor da causa................................................................................................ 807
SEÇÃO 7: Citação e intimação....................................................................................... 808
SEÇÃO 8: Outros temas.................................................................................................. 812
CAPÍTULO XII
DIREITO INTERNACIONAL.......................................................................................... 833
SEÇÃO 1: Formas de exclusão do estrangeiro................................................................ 833
SEÇÃO 2: Homologação de sentença estrangeira.......................................................... 838
SEÇÃO 3: Legislação revogada....................................................................................... 840
CAPÍTULO XIII
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL........................................................................... 843
CAPÍTULO XIV
DIREITO MILITAR............................................................................................................ 849
SEÇÃO 1: Servidor público militar................................................................................. 849
SEÇÃO 2: Processo penal militar.................................................................................... 855
SEÇÃO 3: Legislação Revogada...................................................................................... 862
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 863
CAPÍTULO I
DIREITO CIVIL
Sumário: Seção 1. Responsabilidade Civil; Seção 2. Contratos; Seção 3. Prescrição; Seção 4. Família e sucessões;
Seção 5. Direitos Reais; Seção 6. Direito de Vizinhança; Seção 7. Legislação Revogada.
»» Súmula 479/STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
25
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA:
◊ “(...) As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou
delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento
de empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsa-
bilidade decorre do risco empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno. (...)” STJ
- REsp 1199782 PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2ª Seção, DJe 12/09/2011
◊ “(...) I. A segurança é prestação essencial à atividade bancária. II. Não configura caso fortuito
ou força maior, para efeito de isenção de responsabilidade civil, a ação de terceiro que furta,
do interior do próprio banco, talonário de cheques emitido em favor de cliente do estabeleci-
mento. III. Ressarcimento devido às autoras, pela reparação dos danos morais por elas sofrido
pela circulação de cheques falsos em seus nomes, gerando constrangimentos sociais, como a
devolução indevida de cheques regularmente emitidos pelas correntistas e injustificadamente
devolvidos. (...)” STJ - REsp 750418 RS, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, 4ª Turma,
DJ 16/10/2006
◊ “Cheque falso - Pagamento - Responsabilidade - Culpa recíproca. Havendo as instancias ordi-
nárias admitido que o correntista contribuiu para o fato, na medida em que facilitou a empre-
gada sua, o acesso aos talonários, do que se valeu para falsificar os cheques, a responsabilidade
reparte-se entre ele e o banco. Este deverá indenizar metade do prejuízo.” STJ - REsp 7246 RJ,
Rel. Min. EDUARDO RIBEIRO, 3ª Turma, DJ 08/04/1991
1 Cf. AC 438718 PB, Rel. Des. Federal Augustino Chaves, 3ª Turma, DJe 05/11/2009
26
DIREITO SUMULAR – STF
SÍNTESE CONCLUSIVA
A responsabilidade do banco pelo pagamento de cheque falsificado obedece a seguinte regra:
a. Se não houver culpa do correntista: O banco responderá objetivamente, em razão do
risco do empreendimento. Trata-se de fortuito interno.
b. Se houver culpa exclusiva do correntista: A responsabilidade da instituição bancária
é excluída. Neste caso, será do banco o ônus de provar a culpa exclusiva do correntista.
c. Se houver culpa concorrente do banco e do correntista: Partilha-se o prejuízo, ou
seja, a instituição bancária será responsável pelo dano causado, mas a culpa do cliente
atenua o valor a ser pago pelo banco. Neste caso, será do banco o ônus de provar a
concorrência de culpa.
2 Cf., nessa linha: FERREIRA FILHO, Roberval Rocha. E outros. Súmulas do STJ - Organizadas por Assunto,
Anotadas e Comentadas. 4ª ed. Salvador: JusPODIVM, 2012, p. 125
27
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
»» CC/2002. Art. 1.727: As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, consti-
tuem concubinato.
“Antes do Código Civil de 2002 entrar em vigor, existiam o concubinato puro e o con-
cubinato impuro. O primeiro era o nome dado às uniões entre pessoas desimpedidas
e o segundo era o nome dado às uniões entre pessoas desimpedidas e o concubinato
impuro era dado àquelas uniões em que havia algum impedimento. Atualmente, já com
a nova legislação civil, a nomenclatura foi alterada. Por força do art. 1.727 do Código
Civil, as relações não eventuais entre homem e mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.”
SÍNTESE CONCLUSIVA
A Súmula 35 do STF não se coaduna com a realidade atual do Direito Brasileiro, tendo em
vista que sua segunda parte (“se entre eles não havia impedimento para o matrimônio”)
confronta-se com o artigo 1.727 do CC/2002, que aponta o impedimento para o matrimônio
como um pressuposto para o concubinato.
ê
Por essa razão, entendemos que a medida adequada seria o cancelamento da Súmula 35/STF,
ou mesmo sua revogação e substituição.
3 Cf. SCALQUETTE, Ana Cláudia S. União Estável. Vol. 2. 2ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 7.
4 Cf. Veloso, Zeno. Código Civil Comentado. Vol. XVII. Coord. Álvaro Villaça Azevedo. São Paulo: Atlas, 2003, p. 155.
5 Cf. DINIZ, Maria Helena. Código Civil comentado. 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 523
28
DIREITO SUMULAR – STF
objetivamente pelos danos sofridos pelos viajantes e suas bagagens, oriundos de desastres
não provocados por força maior (CC, art. 393, parágrafo único), pagando uma indenização
por dano moral ou patrimonial, variável conforme a natureza e a extensão dos prejuízos,
abrangendo tanto os danos emergentes (p. ex. despesa médico hospitalar, gastos com estadia,
alimentação, etc) como os lucros cessantes (por ex., perda de negócio que não pôde dar-se
por atraso no transporte).6
O dever do transportador de responder pela incolumidade do viajante e de conduzi-lo
são e salvo a seu destino não poderá ser afastado por estipulação que exonere o transportador
de sua responsabilidade, que é objetiva, por ter assumido obrigação de resultado, ou seja, de
conduzir o passageiro são e salvo ao destino. Daí considerar-se nula qualquer cláusula exclu-
dente de responsabilidade, conforme dispõe a Súmula 161 do STF.7
O Código Civil de 2002 incorporou a regra da Súmula 161 do STF no caput do art.
734, in verbis:
»» Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. (grifo
nosso)
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA:
◊ “Civil e comercial - Seguro - Transporte marítimo - Indenização - Cláusula limitativa da respon-
sabilidade do transportador - Súmula 161, do STF. I - Reputa-se não escrita qualquer cláusula
limitativa da obrigação de não indenizar, em contrato de transporte marítimo, o valor capaz de
tornar irrisória a indenização relativa aos danos causados.” REsp 29121 SP, Rel. Min. WALDE-
MAR ZVEITER, 3ª Turma, DJ 22/03/1993
◊ “Transporte marítimo. Seguro. Cláusula limitativa da obrigação de indenizar. CPC, artigo 333,
II. A cláusula de limitação da obrigação de indenizar em princípio não e incompatível com a
Súmula 161 do pretório excelso, mas cumpre a quem a invoca provar sua existência, na forma da
lei, e comprovar que a indenização previamente tarifada apresenta significação real ante o valor
da mercadoria extraviada. precedentes do Supremo Tribunal Federal.(...)” REsp 12220 SP, Rel.
Min. ATHOS CARNEIRO, 4ª Turma, DJ 28/10/1991
SÍNTESE CONCLUSIVA
O dever do transportador de responder pela incolumidade do viajante e de conduzi-lo são e
salvo a seu destino não poderá ser afastado por estipulação que exonere o transportador de
sua responsabilidade, que é objetiva, por ter assumido obrigação de resultado.
ê
Daí considerar-se nula qualquer cláusula excludente de responsabilidade de indenizar (S. 161/STF)
6 Idem.
7 Idem.
29
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
8 Cf. Voto do Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO (Relator), no REsp 469867 SP, 3ª Turma, DJ
14/11/2005
9 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil, 9ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 284
10 Cf. CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 458.
11 Cf. STJ - REsp 294610 RJ, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO JUNIOR, 4ª Turma, DJ 15/12/2003
30
DIREITO SUMULAR – STF
À luz do exporto verifica-se que a Súmula 187 do STF não é aplicável quando ato de
terceiro é equiparável, para o transportador, a caso fortuito ou força maior, pela inevitabi-
lidade do fato. Vale frisar: a culpa de terceiros apta a elidir a responsabilidade objetiva do
transportador é espécie do gênero fortuito externo.
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA:
◊ Civil. Responsabilidade civil. Pedra arremessada em ônibus. Ferimento em passageiro. Não e de
se ter o acórdão recorrido como em divergência com o enunciado da Súmula 187, se o ato de
terceiro, arremesso de pedra, que provocou o ferimento no passageiro, e de ser equiparado a caso
fortuito ou força maior, para o transportador, se foram observadas as exigências, para o transpor-
te, impostas para que houvesse a concessão pública, a par do que não há nada que prove - e nem
isso foi alegado - que no trecho do trajeto em que ocorreu o evento eram frequentes atentados de
tal natureza. A imprevisibilidade exonera de responsabilidade civil a transportadora.” STF - RE
114544 RJ, Rel. Min. ALDIR PASSARINHO, 2ª Turma, DJ 07/04/1989
◊ “Ação de responsabilidade civil. Empresa de transporte coletivo. Fato de terceiro. Pensão. Dano
moral. Precedentes da Corte. 1. Cuida o caso de saber se a culpa do terceiro motorista do cami-
nhão, que empurrou o carro para baixo do ônibus e fez com que este atropelasse os pedestres,
causando-lhes morte e ferimentos severos, exclui o dever de indenizar da empresa transporta-
dora. O princípio geral é o de que o fato culposo de terceiro, nessas circunstâncias, vincula-se
ao risco da empresa de transporte, que como prestadora de serviço público responde pelo dano
em decorrência, exatamente, do risco da sua atividade, preservado o direito de regresso. Tal
não ocorreria se o caso fosse, realmente, fato doloso de terceiro. A jurisprudência tem admitido
claramente que, mesmo ausente a ilicitude, a responsabilidade existe, ao fundamento de que
o fato de terceiro que exonera a responsabilidade é aquele que com o transporte não guarde
conexidade. Se o acidente ocorre enquanto trafegava o ônibus, provocado por outros veículos,
não se pode dizer que ocorreu fato de terceiro estranho ou sem conexidade com o transporte. E
sendo assim, o fato de terceiro não exclui o nexo causal, obrigando-se a prestadora de serviço
público a ressarcir as vítimas, preservado o seu direito de regresso contra o terceiro causador do
acidente. É uma orientação firme e benfazeja baseada no dever de segurança vinculado ao risco
da atividade, que a moderna responsabilidade civil, dos tempos do novo milênio, deve conso-
lidar. (...)” STJ - REsp 469867 SP, Rel. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, 3ª Turma,
DJ 14/11/2005
SÍNTESE CONCLUSIVA
A culpa do terceiro pelo acidente com passageiro não exclui o dever de indenizar da empresa
transportadora, que terá ação regressiva contra o causador do dano (S.178 do STF e art. 735
do CC/002). É que o fato culposo de terceiro vincula-se ao risco da empresa de transporte, que
como prestadora de serviço público responde pelo dano em decorrência do risco da sua atividade,
preservado o direito de regresso.
ê
ATENÇÃO: O fato de terceiro que exonera a responsabilidade da transportadora é aquele
que com o transporte não guarde conexidade, quando tal fato for inevitável e imprevisível.
Vale dizer, a culpa de terceiro apta a elidir a responsabilidade objetiva do transportador é a
que se caracteriza como fortuito externo.
31
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
Súmula 188: O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que
efetivamente pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro. Data: 13/12/1963
Em seu Código Civil Anotado, Maria Helena Diniz tece os seguintes comentários ao
artigo 786 do CC/2002:14
12 Cf. TELLES, Inocêncio Galvão apudGONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. Vol. I, 1ª ed., São
Paulo: Saraiva, 2011, p. 597 e 598.
13 Cf. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. Vol. I, 1ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011, p. 597 e 598
14 Cf. DINIZ, Maria Helena. Código Civil comentado. 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009.
32
DIREITO SUMULAR – STF
A mesma regra encontra-se também na Lei n. 6.194/1974, que dispõe sobre Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua
carga, a pessoas transportadas ou não. Vejamos:
»» Lei n. 6.194/1974. Art . 8º Comprovado o pagamento, a Sociedade Seguradora que houver pago a indenização
poderá, mediante ação própria, haver do responsável a importância efetivamente indenizada.
Nos termos da Súmula 257 do STF, são cabíveis honorários de advogado na ação regressiva
do segurador contra o causador do dano. Ora, o art. 85 do NCPC (correspondente ao art. 20
do CPC/73) impõe o pagamento dos honorários advocatícios como decorrência automática
da condenação.
O pagamento de honorários advocatícios trata-se, portanto, de uma obrigação legal,
que decorre da sucumbência. Dessa forma, cabe ao juiz condenar, de ofício, a parte vencida,
independentemente de provocação expressa do autor, porquanto constitui pedido implícito. 15
SÍNTESE CONCLUSIVA
O segurador, por efeito da sub-rogação legal, tem direito de exigir do causador do dano o
reembolso da quantia que pagou, até ao limite previsto no contrato de seguro (S. 188/STF).
ê
Nesta ação regressiva do segurador contra o causador do dano, são cabíveis honorários de
advogado (S. 257/STF). Isso porque o art. 85 do NCPC, na mesma linha do art. 20 do
CPC/73, impõe o pagamento de honorários advocatícios como decorrência automática da
condenação.
Súmula 341: É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado
ou preposto. Data: 13/12/1963
No Código Civil de 1916 a responsabilidade pelos atos dos prepostos, serviçais ou em-
pregados dependia de comprovação de que o empregador tivesse concorrido com culpa ou
negligência para o implemento do dano, conforme previa o art. 1.523. Essa exigência,
15 Cf. STJ - REsp 886178 RS, Rel. Min. LUIZ FUX, Corte Especial, DJe 25/02/2010.
33
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
contudo, foi mitigada, em 1963, quando o Supremo Tribunal Federal adotou a o entendi-
mento de que é presumida a culpa do patrão pelo ato culposo do seu empregado (Súmula
341/STF).16
O Código Civil de 2002 superou a hesitação do Código anterior e estabeleceu, sem deixar
margem a dúvidas, que o empregador responde pelos atos dos seus empregados, serviçais ou
prepostos desde que estejam no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele
(art. 932, III). Para evitar questionamentos e deixar evidente o alcance do preceito, prevê o
art. 933 que o empregador responde por tais atos, ainda que não haja culpa de sua parte.17
Na linha desse entendimento, é oportuno transcrever a ementa de um julgado proferido
pelo TRT da 3ª Região, cuja decisão adotou a responsabilidade objetiva do empregador por
ato ilícito praticado por seu empregado:
16 Cf. OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Responsabilidade civil patronal por atos dos empregados ou prepostos,
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. V. 21, nº 49, jan/jun. 2011. p. 111.
17 A título de esclarecimento, o ilustre Desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira destaca que “o fato de o acidente
ter sido provocado por prepostos ou empregados não implica automaticamente a responsabilidade prevista no art.
932, III, do Código Civil. O empregador responde objetivamente pelos danos causados por seus empregados ou
prepostos, mas é necessário verificar se o mencionado dano é mesmo passível de indenização. Se não estiverem pre-
sentes todos os pressupostos da responsabilidade civil, por óbvio não cabe a condenação indireta da empresa. Desse
modo, primeiramente é preciso conferir se no momento do acidente o causador do dano (empregado ou preposto da
empresa) estava no exercício do trabalho que lhe competia ou se atuava em razão do vínculo mantido com o empre-
gador. Se a resposta for negativa, não haverá nexo causal do dano com o trabalho e, nessa hipótese, o empregado ou
preposto causador do dano responderá isoladamente pela indenização. Em segundo lugar, pode ser que haja alguma
excludente do nexo causal que exonere de responsabilidade o causador do acidente — e, consequentemente, tam-
bém o empregador —, tais como: motivo de força maior ou caso fortuito, culpa exclusiva da vítima, legítima defesa
ou fato de terceiro.” (OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Responsabilidade civil patronal por atos dos empregados
ou prepostos, Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. V. 21, nº 49, jan/jun. 2011. p. 111.)
34
DIREITO SUMULAR – STF
SÍNTESE CONCLUSIVA
O CC/2002 (art. 932, III e 933) fixou a responsabilização objetiva do empregador pelos
atos praticados por seus empregados quando no exercício de seu trabalho ou em razão dele,
restando superada a Súmula 341 do STF, segundo a qual haveria culpa presumida do empregador
pelo ato culposo do empregado.
ê
Vale dizer: A responsabilidade civil do empregador por ato causado por empregado, no
exercício do trabalho que lhe competir, ou em razão dele, deixou de ser uma hipótese de
responsabilidade civil subjetiva, com presunção de culpa (S. 341/STF), para se transformar
em uma hipótese legal de responsabilidade civil objetiva (arts. 932, III e 933 do CC/2002).
ê
ATENÇÃO: O CJF aprovou o enunciado n. 451, que conclui pelo fim do sistema de
presunção de culpa na responsabilidade civil por ato de terceiro, in verbis: “Arts. 932 e
933: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou
independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida”.
35
CAPÍTULO I - DIREITO CIVIL > SEÇÃO 1
cadeia de aumentos que ensejaria se admitida essa vinculação. Esta norma constitucional
tem o objetivo de impedir que aumento do salário-mínimo gere, indiretamente, peso maior
do que aquele diretamente relacionado com o acréscimo. Essa circunstância pressionaria
reajuste menor do salário-mínimo, o que significaria obstaculizar a implementação da política
salarial prevista no art. 7º, inciso IV, da CF. 18
Entretanto, a vedação do uso do salário mínimo como indexador diz respeito somente
a obrigações sem conteúdo salarial ou alimentar, como é o caso de aluguel, seguro, prestações
decorrentes de venda a prazo, etc. A vedação não abrange as hipóteses em que o objeto da
prestação expressa em salários mínimos tem a finalidade de atender aquelas necessidades vitais
básicas que a parte inicial do inciso deseja preservar (“moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social”), como ocorre, por exemplo, quando se
trata de obrigação alimentar ou de pensão. 19
Em suma, o inc. IV do art. 7º visa impedir a utilização do salário mínimo como fator
de indexação para obrigações sem conteúdo salarial ou alimentar, sendo legítima a sua utilização
como base de cálculo quando se trata de obrigação alimentar ou de pensão.
Desse modo, a utilização do salário mínimo como base para calcular o valor da pensão
mensal decorrente de reparação por ato ilícito não ofende a Constituição Federal, em vista
de seu caráter alimentar. Esta orientação culminou na edição da Súmula 490 do STF, que
visa propiciar o ressarcimento mais eficaz possível à vítima do ilícito civil.
É necessário lembrar que o Plenário do STF firmou entendimento de que tal tipo de
vinculação não seria possível em casos de pagamentos de pensões devidas pelo Poder Público. Em
outras palavras, a fixação da remuneração do pessoal da Administração Pública, em múltiplos de
salário mínimo, ofende ao disposto no art. 7º, IV, CF/88.20
Importa registrar que a utilização do salário mínimo como base de cálculo dos alimentos
foi confirmada pelo legislador, por meio da Lei 11.232/05, que, incluindo no CPC/73 o art.
475–Q, § 4º, determinou a aplicação do salário mínimo para fixação dos alimentos oriundos
de indenização por ato ilícito.
Sobre a matéria, Humberto Theodoro Junior assim expôs: 21
“Muito se controvertia a respeito de ser, ou não, lícito o uso do salário mínimo como
referência para fixar o valor de pensionamento derivado de ato ilícito. A controvérsia
está superada, pois o atual parágrafo 4º do art. 475-Q,, na redação da Lei n. 11.232,
de 22 de dezembro de 2005, dispôs claramente que ‘os alimentos podem ser fixados
tomando por base o salário mínimo’. Com isso, guarda-se relação ao caráter alimentar
da condenação na espécie e simplifica-se o problema da correção monetária, diante da
multiplicidade de índices existentes no mercado. Aliás, o STF já vinha decidindo que a
pensão no caso de responsabilidade civil deveria ser calculada com base no salário mínimo
vigente ao tempo da sentença e ajustada às variações ulteriores (Súmula n. 490)”
36