Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RECURSOS EM ESPÉCIE NO
CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL
ESTUDOS AVANÇADOS SOBRE O
SISTEMA RECURSAL CIVIL BRASILEIRO
2ª Edição
Londrina/PR
2019
© Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR.
www.editorathoth.com.br
contato@editorathoth.com.br
Diagramação e Capa: Editora Thoth e Nabil Slaibi
Revisão: os autores. Editor chefe: Bruno Fuga
Coordenador de Produção Editorial: Thiago Caversan Antunes
Conselho Editorial
Prof. Me. Bruno Augusto Sampaio Fuga Prof. Dr. Flávio Tartuce
Prof. Me. Thiago Caversan Antunes Prof. Dr. Zulmar Fachin
Prof. Dr. Clodomiro José Bannwart Junior Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan
Prof. Me. Thiago Moreira de Souza Sabião Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves Benfatti
Prof. Me. Tiago Brene Oliveira Prof. Dr. Elve Miguel Cenci
Prof. Dr. Zulmar Fachin Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia
Prof. Me. Anderson de Azevedo Esp. Rafaela Ghacham Desiderato
Prof. Me. Ivan Martins Tristão Profª. Dr. Rita de Cássia R. Tarifa Espolador
Prof. Dr. Osmar Vieira da Silva Prof. Me. Daniel Colnago Rodrigues
Profª. Dr. Deise Marcelino da Silva Prof. Dr. Fábio Ricardo R. Brasilino
Prof. Me. Erli Henrique Garcia Me. Aniele Pissinati
Prof. Me. Smith Robert Barreni Prof. Dr. Gonçalo De Mello Bandeira (Port.)
Profª. Dra. Marcia Cristina Xavier de Souza Prof. Me. Arhtur Bezerra de Souza Junior
Prof. Dr. Thiago Ribeiro de Carvalho Prof. Me. Henrico Cesar Tamiozzo
Prof. Dr. Carlos Alexandre Moraes
Luc Ferry
Ao João Caverzan, com admiração e carinho sinceros, não
apenas por ter se notabilizado no exercício da função de
legislador municipal, com dedicação e seriedade, tendo,
assim, contribuído também para o desenvolvimento das
instituições jurídicas de seu povo; ou por ter sido um
agricultor apaixonado pela terra e pelos frutos com que
ela corresponde ao trabalho do homem; mas também
e principalmente por ser o avô atencioso e afável que
proporcionou algumas das melhores memórias que carrego
de minha infância. Thiago Caversan Antunes.
Por vezes o ato de interpretar pode estar viciado por uma série de
motivos. Por exemplo, interpretar uma obra sem conhecer pessoalmente
o autor (ou os autores) pode gerar uma interpretação bem mais autêntica
do que o (os) conhecendo. A questão está, obviamente, ligada ao fato de
que ao conhecer mais profundamente alguém, tende-se não só a realizar a
hermenêutica do objeto em análise, mas colocar nesse processo interpretativo
vivências com seu (s) autor (es). Eliminá-las é possível? Essa é uma grande
questão que está na pauta no dia a dia de todos aqueles que se preocupam
com a criação e a aplicação do Direito.
Qual o motivo dessa explicação inicial? Na verdade ela é muito simples:
a obra que tenho a alegria de apresentar nesse momento, dos professores
Bruno Augusto Sampaio Fuga e Thiago Caversan Antunes, intitulada
Recursos em Espécie no Código de Processo Civil: estudos avançados sobre
o sistema recursal civil brasileiro, agora em sua 2ª edição, publicada pela
Editora THOTH, é texto no qual é lido e apresentado pelo olhar de quem,
infelizmente, ainda não teve a oportunidade de conhecer, pessoalmente
os autores. Poderia, ao primeiro olhar do desatento leitor, parecer uma
contradição, servindo o parágrafo inicial, exatamente, para eliminá-la, ao passo
que, não os conhecendo pessoalmente, existe a possibilidade de minha leitura
ser mais autêntica ao texto, ao que realmente produziram para a academia.
Por isso, posso afirmar que a obra produzida, agora em renovada edição,
é fruto de pensamento maduro sobre o sistema recursal brasileiro que, como
se sabe, com o advento do CPC/2015, teve modificações que necessitam ser
mais bem compreendidas. Na revisão da obra, não descuidaram os autores de
trabalhar com o polêmico tema da interpretação sobre o alcance do art. 1.015,
CPC, que trata do exaustivo (ou não) rol de possibilidades de interposição
do recurso de Agravo de Instrumento. Trabalharam também com decisão
recente do Superior Tribunal de Justiça sobre a necessidade da impugnação
de todos os pontos da decisão recorrida como forma de (in) admissibilidade
do recurso interposto, assim como alocaram ao texto súmulas relacionadas
ou ligadas ao sistema recursal para melhor fechamento do estudo.
Bruno e Thiago, agora sem a formalidade professoral, já anunciaram à
academia parceria profícua em seus estudos, tendo recentemente publicado
livro de significativa importância sobre o a produção antecipada da prova, na
qual conta com a participação de inúmeros colegas que se preocupam sobre
o tema. Também, não necessariamente lado a lado, mas ainda em ligados à
mesma obra, publicaram Principais inovações do novo Código de processo
Civil e Filosofia do Direito, obras de referência para quem quer conhecer um
novo olhar sobre alguns temas ligados não só ao processo, mas ao Direito
em si.
Por isso, foi com muita alegria e entusiasmo que recebi o honroso
convite para apresentar a 2ª edição dessa ampliada obra de Bruno Fuga e
Thiago Caversan cujas ideias acessam, com certeza, o primeiro escalão de
pensamentos que unem a preocupação de um renovado sistema recursal
brasileiro, a partir de uma análise não só legalista, presa ao CPC, mas da
doutrina e das decisões judiciais que devem acompanhar todo o acadêmico e
o profissional do Direito.
Escrever mais seria privar o leitor do contato com o que foi produzido,
parabenizando Bruno e Thiago pela publicação da 2ª edição do livro, assim
como à Editora pela aposta e ao público leitor que, em tão curto espaço de
tempo oportunizou aos autores a possibilidade de revisão e ampliação das
ideias.
1. FUGA, Bruno Augusto Sampaio (et. al. org.). Principais Inovações do Novo Código de Processo
Civil. Birigui, SP: Boreal, 2017.
ser protocolado. Este é, pelo menos, um desejo dos escritores: fazer com que
seu livro possa ser útil nas rotinas forenses.
Nesse sentido, importante deixar claro que os capítulos certamente não
tratam sobre todos os pontos dos recursos em questão, nem compõem um
manual com fácil ilustração dos recursos e seus cabimentos legais; a leitura é,
em muitos momentos, densa. O escritor, quando inicia um projeto, deve ter
em mira seu público alvo, com quem deseja dialogar, ou seja: se for um livro
para concurseiros, a forma de escrita é diferente, assim como seu conteúdo;
para graduandos, a escrita deve ser totalmente adaptada com explicações de
elementos básicos para, assim, ser didático.
Este livro não tem essa dimensão (graduandos ou concurseiros). Parte-
se do pressuposto de que o leitor já tenha conhecimento preliminar da matéria
e deseja se aprofundar ou pesquisar.
Em um mundo com tantos manuais, esquematizados e afins (não
pretendendo, obviamente, que a observação soe como crítica, pois se sabe ser
muito complexo e difícil elaborar obras com esses referenciais e entendem-se
as finalidades a que se propõem), este livro foge desse panorama e trata sobre
temas avançados e controvertidos.
Esse é o desejo dos autores. Essa foi a linha de pesquisa e, assim,
espera-se agradar o leitor que tenha esse propósito de leitura.
SUMÁRIO
PREFÁCIO ........................................................................................................... 9
APRESENTAÇÃO ............................................................................................13
APRESENTAÇÃO 2.ª EDIÇÃO.................................................................... 15
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO .................................... 17
CAPÍTULO I
ELEMENTOS ESSENCIAS DOS RECURSOS DE ACORDO COM O
CPC/2015 ............................................................................................................23
1.1 Dialeticidade ..................................................................................................23
1.2 Localizar jurisprudência e precedentes obrigatórios ............................... 27
1.3 Ratio decidendi e obiter dictum ................................................................. 29
1.4 Overruling e distinguishing ......................................................................... 32
1.5 O prequestionamento ..................................................................................36
CAPÍTULO II
RECURSO DE APELAÇÃO E A APLICABILIDADE DO ART. 1.012,
§3º DO CPC. CONCESSÃO DO EFEITO SUSPENSIVO ..................... 41
2.1 O recurso de apelação e o CPC/2015 ....................................................... 42
2.2 Em regra, o efeito suspensivo..................................................................... 43
2.3 A concessão do efeito suspensivo e o recurso pertinente ...................... 45
2.4 Tutela provisória e o artigo 229 § único....................................................48
2.5 Possibilidade de cassação do efeito suspensivo ....................................... 51
CAPÍTULO III
O AGRAVO DE INSTRUMENTO. ROL TAXATIVO E NÃO
EXAUSTIVO ......................................................................................................53
3.1 O agravo de instrumento ............................................................................ 53
3.2 Agravo de instrumento e rol não exaustivo ............................................54
3.3 O mandando de segurança como meio recursal ...................................... 59
3.4 Correição parcial como meio recursal ....................................................... 62
CAPÍTULO IV
AGRAVO INTERNO .......................................................................................69
4.1 Previsão legal. agravo interno no código de processo civil.................... 69
4.2 Dialeticidade no agravo interno ................................................................. 71
4.3 Decisão e a fundamentação necessária...................................................... 72
4.4 A multa por inadmissibilidade manifesta .................................................. 73
4.5 Fungibilidade com os embargos de declaração........................................ 74
4.6 O agravo interno e o artigo 1.030 .............................................................. 75
4.7 Agravo interno no agravo de instrumento ............................................... 77
4.8 Agravo interno nos recursos extraordinário e especial repetitivos ....... 78
4.9 Agravo interno contra a decisão sobre desconsideração da personalidade
jurídica................................................................................................................... 79
4.10 No âmbito do juizado especial ................................................................. 79
CAPÍTULO V
OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO......................................................... 81
5.1 Previsão legal no CPC/2015 ....................................................................... 82
5.2 Hipóteses de cabimento do recurso .......................................................... 82
5.3 Prazo e características da oposição do recurso ........................................ 86
5.4 Julgamento dos embargos ........................................................................... 87
5.5 Embargos de declaração e fungibilidade...................................................88
5.6 Julgamentos dos embargos de declaração e recursos interpostos
anteriormente.......................................................................................................89
5.7 Embargos de declaração e pré-questionamento ......................................90
5.8 Efeitos da oposição de embargos de declaração ..................................... 93
5.9 Embargos de declaração e conduta protelatória ...................................... 95
CAPÍTULO VI
RECURSO ORDINÁRIO................................................................................97
6.1 Previsão legal no CPC/2015 ....................................................................... 97
6.2 Hipóteses de cabimento do recurso .......................................................... 98
6.3 Prazo e características da interposição do recurso ................................100
6.4 Efeitos da interposição .............................................................................. 101
6.5 Processamento do recurso ........................................................................ 102
CAPÍTULO VII
RECURSO ESPECIAL. UMA NECESSÁRIA LEITURA PROCESSUAL
E CONSTITUCIONAL ................................................................................105
7.1 O recurso especial e o CPC/2015............................................................ 105
7.2 Dialeticidade ................................................................................................109
7.3 Em regra, o não efeito suspensivo ........................................................... 110
7.4 Tutela provisória e o art. 229 § único .......................................................111
7.5 Prova do dissídio jurisprudencial (CF, art. 105, III, “c”) ...................... 112
7.6 Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência (Cf, art. 105, III,
“a”) ...................................................................................................................... 115
7.7 Jurisprudêncial defensiva e aplicabilidade das súmulas..........................116
7.8 Recurso especial e extraordinário repetitivos ..........................................116
7.9 Legitimidade. honorários de advogado ....................................................117
CAPÍTULO VIII
RECURSO EXTRAORDINÁRIO ...............................................................119
8.1 Previsão legal no CPC/2015 ......................................................................119
8.2 Hipóteses de cabimento do recurso ........................................................120
8.3 Prazo e características da interposição do recurso ................................ 121
8.4 Repercussão geral .......................................................................................123
8.5 Fungibilidade ...............................................................................................126
8.6 Efeitos da interposição ..............................................................................130
8.7 Processamento do recurso ........................................................................130
CAPÍTULO IX
DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.....................................................................................135
9.1 Previsão legal. Agravo em recurso especial e em recurso extraordinário
no CPC ...............................................................................................................136
9.2 Dialeticidade no agravo interno ............................................................... 137
9.3 O agravo em recurso especial e recurso extraordinário e o artigo 1.030
..............................................................................................................................138
9.4 Não fungibilidade entre agravo interno e agravo no recurso extraordinário
e recurso especial............................................................................................... 140
9.5 O recurso da decisão proferida no artigo 1.030, §2º............................. 141
CAPÍTULO X
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ...........................................................145
10.1 Embargos de divergência e o CPC/2015 ............................................. 145
10.2 Prova da divergência ................................................................................ 148
10.3 Recurso da decisão de inadmissibilidade .............................................. 151
REFERÊNCIAS ...............................................................................................157
CAPÍTULO I
1.1 DIALETICIDADE
decisão recorrida”. RIBEIRO, Cristiana Zugno Pinto. Novo Código de Processo Civil anotado
OAB Rio Grande do Sul. 2015, p. 775.
Sobre o tema: “O recurso não pode se resumir à repetição de razões deduzidas antes, seja na
petição inicial, seja na contestação. Se configuram meio de impugnação de uma decisão, devem
fazer referência específica aos aspectos da decisão que justificam a sua anulação, complementação
ou reforma”. APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho. Código de Processo Civil Anotado. OAB
Paraná. 2015, p. 1542.
2. Sobre o tema: “O caput do art. 1.010 se ocupa com o conteúdo das razões de apelo. O texto
aprimora, no particular, o art. 514 do CPC atual, deixando clara a necessidade de o pedido de
reforma ou invalidação do julgado estar fundamentado em razões aptas a dar-lhe embasamento
(princípio da dialeticidade).” BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil:
inteiramente estruturado à luz do novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015. São Paulo: Saraiva,
2015.
3. “III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;”
4. “§ 1o Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos
da decisão agravada.”
5. “Artigo 1.032: Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição
dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a
preparo.”
6. “TJ/RS - Recurso Cível 71005396171 RS (TJ/RS). Data de publicação: 13/07/2015. Ementa:
Processual. Imprescindibilidade da correlação entre as razões da irresignação recursal com
sentença proferida. Violação ao princípio da dialeticidade recursal positivado no art. 514, II,
CPC. Recurso não conhecido.” (grifo nosso)
7. AgRg no AREsp 822675: “Processual penal. Agravo regimental no Agravo em Recurso Especial.
Homicídio qualificado. Ausência de impugnação específica no Agravo em Recurso Especial.”
AgInt no REsp 1466003/PE: “2. O artigo 1.021, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015
determina que o recorrente, na petição de agravo interno, observe o princípio da dialeticidade
recursal com a impugnação específica dos fundamentos da decisão agravada, sob pena de
não conhecimento do recurso.”
AgRg no RMS 47875/RS: “Processual civil e administrativo. Agravo interno no recurso ordinário
em mandado de segurança. Falta de impugnação aos fundamentos da decisão. Princípio da
dialeticidade recursal.”
STF. ARE 831369 Agr/DF : “Princípio da Dialeticidade, que impõe o ataque específico aos
fundamentos. Insuficiência de alegação genérica. Precedentes. Manutenção da decisão ora
agravada.”
STF. AI 631672 AgR “Fato e de direito suficientes à reforma da decisão sob O princípio
da dialeticidade recursal impõe ao recorrente o ônus de evidenciar os motivos de julgada,
trazendo à baila novas argumentações capazes de infirmar todos os fundamentos do decisum que
se pretende modificar, sob pena de vê-lo mantido por seus próprios fundamentos. 2. O agravo
é inadmissível quando a sua fundamentação não impugna especificamente a decisão agravada”
“A petição do recurso ordinário em mandado de segurança deve observar o princípio da
dialeticidade, ou seja, deve apresentar as razões pelas quais a parte recorrente não se conforma
26 RECURSOS EM ESPÉCIE NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
com o acórdão proferido pelo Tribunal de origem, o que, todavia, não se verifica nos presentes
autos, em que a impetrante deixou de impugnar especificamente o ponto do acórdão recorrido
consistente na denegação do mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição” (STJ, RMS 33.455)
8. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil / Daniel Amorim
Assumpção Neves. – 7. ed. rev. Versão ebook, atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2015
9. Exceção no disposto no artigo 933 do CPC/2015.
10. Idem.
Elementos essenciais dos recursos de acordo com o CPC/2015 27