Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da Semana
14 a 21/01/2024
Informativo 168
Inclui:
• Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228
• Novo plano: Ministério Público de Goiás
• Novo plano: Ministério Público do Rio de Janeiro
• Novo plano: Auditor Fiscal do Trabalho
• Novo plano: Delegado de Pernambuco
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Professor
Bruno Valente
É Mestre em Ordem Jurídica Constitucional pela
Universidade Federal do Ceará e Bacharel em
Direito pelo Centro Universitário 7 de Setembro.
Atua como advogado, professor e é autor dos
materiais do Legislação Integrada.
Curríulo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3035355973845453
APRESENTAÇÃO
É muito comum o estudante desistir da leitura da lei seca por não conseguir
perceber resultados positivos. Muitas vezes, isso acontece porque se trata o
estudo de a lei e o de jurisprudência como momentos distintos.
‘ O estudo do material único é guiado através dos nossos vários planos de leitura,
focados na carreira que você almeja ou mesmo no edital da prova que você vai
prestar.
Assine agora mesmo o Clube da Lei, nosso clube de membros, e tenha acesso aos
nossos materiais.
2
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
81
3
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Informativo 168
14 a 21/01/2024
Para saber mais: clique aqui. Para saber mais: clique aqui.
5
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
A inscrição da penhora no registro do bem não constitui elemento integrativo do ato, mas sim requisito
de eficácia perante terceiros.
Por essa razão, o prévio registro da penhora do bem constrito gera presunção absoluta (juris et de jure) de
conhecimento para terceiros e, portanto, de fraude à execução caso o bem seja alienado ou onerado após
a averbação (art. 844 do CPC/2015). Presunção essa que também é aplicável à hipótese na qual o credor
providenciou a averbação, à margem do registro, da pendência de ação de execução (art. 828, § 4º, do
CPC/2015).
Se o bem se sujeitar a registro e a penhora ou a ação de execução não tiver sido averbada no respectivo
registro, tal circunstância não obsta, prima facie, o reconhecimento da fraude à execução.
Nesse caso, entretanto, caberá ao credor comprovar a má-fé do terceiro; vale dizer, de que o adquirente
tinha conhecimento acerca da pendência do processo. Essa orientação é consolidada na jurisprudência
deste Tribunal Superior e está cristalizada na Súmula 375 do STJ e no julgamento do Tema 243.
6
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Nessas situações, existindo registro da ação ou da penhora à margem da matrícula do bem imóvel aliena-
do a terceiro, haverá presunção absoluta do conhecimento do adquirente sucessivo e, portanto, da ocor -
rência de fraude. Diversamente, se inexistente o registro do ato constritivo ou da ação, incumbe ao exe-
quente/embargado a prova da má-fé do adquirente sucessivo. STJ. REsp 1.863.952-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 26/10/2021 (info 716).
Tese 2: Nos terrenos de Marinha, a transferência do imóvel sem a comunicação à Secretaria de Patrimônio
da União - SPU não afasta a responsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas de ocupação, ainda
que o fato gerador objeto da cobrança tenha ocorrido posteriormente ao registro do contrato de compra e
venda no cartório de imóveis.
DL nº 9.760/1946.
Art. 101. Os terrenos aforados pela União ficam sujeitos ao foro de 0,6% (seis décimos por cento) do valor
do respectivo domínio pleno, que será anualmente atualizado.
Terrenos de Marinha.
Nos termos do DL nº 9.760/1946, são bens imóveis da União os terrenos de marinha e seus acrescidos.
Por sua vez, são terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos hori -
zontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:
a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça
sentir a influência das marés;
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.
7
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Também promove a gestão dos terrenos de marinha, das praias marítimas e fluviais e o controle do uso
dos bens de uso comum do povo, entre outras atribuições.
A ocupação concedida pela União é um título precário e não gera ao ocupante qualquer direito sobre o
terreno. O domínio pleno é da União, tendo o ocupante apenas os direitos de ocupação sobre o terreno e
as benfeitorias nele construídas.
8
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Tese 3: O fato gerador do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI somente se aperfeiçoa com o
registro do título translativo no ofício de imóveis.
Constituição Federal.
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(…)
II. transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão
física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisi-
ção;
O contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei, que, no caso,
será lei municipal. A base de cálculo é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos à época da opera -
ção.
A alíquota utilizada é fixada em lei ordinária do município competente. A função do ITBI é predominante-
mente fiscal. Sua finalidade é a obtenção de recursos financeiros para os municípios. O pagamento prévio
do ITBI é obrigatório para que se possa fazer o registro de um imóvel adquirido.
9
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
#Tese Repetitiva – Tema 1124-STJ: O fato gerador do imposto sobre transmissão inter vivos de bens imó-
veis (ITBI) somente ocorre com a efetiva transferência da propriedade imobiliária, que se dá mediante o
registro.
O fato gerador de ITBI é o registro no ofício competente da transmissão da propriedade do imóvel, mes -
mo no caso de cisão de empresa.
O fato gerador do ITBI ocorre, no seu aspecto material e temporal, com a efetiva transmissão, a qualquer
título, da propriedade imobiliária, o que se perfectibiliza com a consumação do negócio jurídico hábil a
transmitir a titularidade do bem, mediante o registro do título translativo no Cartório de Registro de Imó -
veis. STJ. AREsp 1.760.009-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
19/04/2022 (info 734).
Tese 4: O promitente vendedor é parte legítima para figurar no polo passivo da execução fiscal que busca a
cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato translativo de propriedade (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 209).
Constituição Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(…)
VI. Propriedade territorial rural;
A incidência tributária do imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR (de competência da União),
sob o ângulo do aspecto material da regra matriz, é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (artigos 29, do CTN, e
1º, da Lei 9.393/96).
O proprietário do imóvel rural, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título, à luz dos
artigos 31, do CTN, e 4º, da Lei 9.393/96, são os contribuintes do ITR . O artigo 5º, da Lei 9.393/96, por seu
turno, preceitua que:
Lei nº 9.393/96.
Art. 5º É responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts.
128 a 133 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional).
A obrigação tributária, quanto ao IPTU e ao ITR, acompanha o imóvel em todas as suas mutações subje -
tivas.
10
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
Os impostos incidentes sobre o patrimônio (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR e Imposto
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU) decorrem de relação jurídica tributária instaurada
com a ocorrência de fato imponível encartado, exclusivamente, na titularidade de direito real, razão pela
qual consubstanciam obrigações propter rem, impondo-se sua assunção a todos aqueles que sucederem
ao titular do imóvel.
Consequentemente, a obrigação tributária, quanto ao IPTU e ao ITR, acompanha o imóvel em todas as su-
as mutações subjetivas, ainda que se refira a fatos imponíveis anteriores à alteração da titularidade do
imóvel, exegese que encontra reforço na hipótese de responsabilidade tributária por sucessão prevista
nos artigos 130 e 131, I, do CTN, verbis:
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o do-
mínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços
referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o res-
pectivo preço.
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I. O adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;
Ausente o registro do compromisso de compra e venda no cartório competente, o imposto sobre o pa-
trimônio poderá ser exigido de qualquer um dos sujeitos passivos "coexistentes".
O promitente comprador (possuidor a qualquer título) do imóvel, bem como seu proprietário/promitente
vendedor (aquele que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis), consoante entendimento
exarado pela Primeira Seção do STJ, quando do julgamento dos Recursos Especiais 1.110.551/SP e
1.111.202/SP (submetidos ao rito do artigo 543-C, do CPC), são contribuintes responsáveis pelo pagamen -
to do IPTU (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 10.06.2009, DJe 18.06.2009).
É que, nas hipóteses em que verificada a "contemporaneidade" do exercício da posse direta e da proprie -
dade (e não a efetiva sucessão do direito real de propriedade, tendo em vista a inexistência de registro do
compromisso de compra e venda no cartório competente), o imposto sobre o patrimônio poderá ser exigi-
do de qualquer um dos sujeitos passivos "coexistentes", exegese aplicável à espécie, por força do princípio
de hermenêutica ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.
STJ. REsp n. 1.073.846/SP, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe de
18/12/2009.
#Tese Repetitiva – Tema 209-STJ: O promitente vendedor é parte legítima para figurar no polo passivo da
execução fiscal que busca a cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato
translativo de propriedade.
Tese 5: Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas imobi -
liárias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.
Constituição Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(…)
11
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
A incidência tributária do imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR (de competência da União),
sob o ângulo do aspecto material da regra matriz, é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (artigos 29, do CTN, e
1º, da Lei 9.393/96).
O ITR pode ser cobrado sobre essa propriedade no período entre a compra em 1993 e o cancelamento
do registro em 2014?
Não. Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas imobiliá-
rias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.
Nesse contexto, o acórdão recorrido, proferido pelo TRF3, considerou ser devido o ITR - Imposto Territori -
al Rural, "incidente desde a aquisição dos imóveis (meados de 1993) até a averbação do cancelamento das
matrículas, fato ocorrido em setembro de 2014" (fl. 1679).
No caso concreto é fato incontroverso que a propriedade rural sobre a qual se pretende afastar a incidên-
cia do ITR teve a sua matrícula cancelada, por serem falsos ou inexistentes os documentos que comprova -
vam sua existência. Diante da exigência de trânsito em julgado para o cancelamento do registro (Lei de
Registros Públicos - Lei 6.015/1973, artigo 259) a questão controvertida se concentra em saber se o ITR
poderá ser cobrado no período entre a aquisição da propriedade e o encerramento do processo judicial.
12
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
• Os fatos existentes, mas inválidos ou ilícitos, estarão sujeito à tributação, via de regra.
• Os fatos existentes e válidos, mas ineficazes, também se submeterão, como regra, à tributação,
como é o exemplo da tributação das vendas inadimplidas (Tema 87 da Repercussão Geral do Su-
premo Tribunal Federal).
• Entretanto, se inexistente o fato jurídico, não se pode cogitar sequer da sua validade, ou tampou-
co da sua eficácia.
Concluo, portanto, pela impossibilidade de incidência de ITR, no contexto em que sentença transitada em
julgado reconhece a inexistência das respectivas matrículas imobiliárias, determinando o seu cancelamen-
to após o trânsito em julgado.
STJ. AREsp n. 1.750.232/SP, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 20/6/2023,
DJe de 26/6/2023.
Tese 6: O contrato de parceria agrícola, que pode ser celebrado nas formas escrita e verbal, prescinde de
registro para produzir efeitos perante terceiros.
Lei nº 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:
(…)
V. Do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
(…)
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a
terceiros: (…)
13
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
O contrato de parceria rural pode ser celebrado de forma escrita e verbal e não necessita de registro pa-
ra produzir efeitos.
A parceria agrícola, passível de ajuste nas formas escrita e verbal, não se inclui entre os documentos e
contratos sujeitos a registro para produzir efeitos perante terceiros, diante do disposto nos arts. 127, inci -
so V, e 129 da Lei n. 6.015/73 (Registros Públicos).
STJ. REsp 721.231/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
08/04/2008, DJe 28/04/2008.
O contrato de parceria rural tem efeito perante o adquirente do imóvel mesmo que não esteja registra-
do.
A teor da regra prescrita no § 5º do art. 92 do Estatuto da Terra, mesmo após a alienação de imóvel rural
objeto de parceria agrícola, permanecerá esta subsistente, independentemente de contrato expresso e de
correspondente registro, sub-rogando o adquirente nos direitos e obrigações do alienante.
A parceria agrícola, passível de ajuste nas formas escrita e verbal, não se inclui entre os documentos e
contratos sujeitos a registro para produzir efeitos perante terceiros, diante do disposto nos arts. 127, inci -
so V, e 129 da Lei n. 6.015/73 (Registros Públicos).
STJ. REsp 721.231/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
08/04/2008, DJe 28/04/2008.
Perceba-se que o contrato de parceria rural não está no rol do art. 129 da Lei nº 6.015/1973 – Lei de Re -
gistros Públicos, que prevê que os contratos que estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Docu-
mentos, para surtir efeitos em relação a terceiros.
Tese 7: O registro de usufruto em cartório é prescindível nas discussões entre usufrutuário e nu-proprietá-
rio, quando o negócio jurídico é existente, válido e eficaz.
Código Civil.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no
Cartório de Registro de Imóveis.
Usufruto.
Usufruto é o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutuário (pessoa para quem foi constituí -
do o usufruto) a capacidade de usar as utilidades e os frutos (rendas) do bem, ainda que não seja o propri -
etário. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos (rendas). “Nu-pro-
priedade” é o termo usado para os proprietários legais de determinado bem dado em usufruto.
14
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
A ausência de registro do usufruto não impede que o usufrutuário busque a tutela judicial de seu direito
frente ao nu-proprietário.
O usufruto é direito real sobre coisa, direito ou patrimônio não próprios, limitado no tempo e adstrito à
destinação econômica do objeto usufruído, ficando o proprietário com a nua-propriedade da coisa, pois
não pode usar ou fruir, cabendo-lhe apenas dispor.
O art. 1.391 do CC determina que a constituição do usufruto sobre imóvel depende do registro em Cartó -
rio de Registro de Imóveis. A principal função dessa determinação legal é exatamente dar publicidade ao
instituto, de maneira que possa ser oponível a terceiros, pois o registro é requisito para eficácia erga om -
nes do direito real.
Contudo, na discussão envolvendo apenas a usufrutuária e a nua-proprietária, não há óbice para que a
parte diretamente beneficiária do ato busque a proteção do seu direito em relação à outra, independen -
temente do registro.
No caso em apreço, vê-se que o usufruto sobre 2 (dois) imóveis foi instituído por testamento lavrado em
escritura pública perante tabelião de notas, de modo que, em relação à usufrutuária e à nua-proprietária,
o negócio jurídico era existente, válido e eficaz.
Ademais, a nua-proprietária já vinha pagando parte dos valores dos aluguéis decorrentes do uso exclusivo
dos bens, não podendo agora alegar a ausência do registro para se esquivar do pagamento, sob pena de
enriquecimento sem causa e ofensa ao princípio do venire contra factumi proprium.
STJ. REsp n. 1.860.313/SP, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 22/8/2023,
DJe de 29/8/2023.
Tese 8: O posseiro não tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem imóvel por
ele ocupado, por não ser detentor de direito real que o habilite.
Lei nº 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos.
Art. 214. As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente
de ação direta.
15
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
José, entretanto, entende que o desmembramento ocorreu em desatendimento das normas de parcela-
mento do solo, bem como que a área de um dos lotes desmembrados sobrepôs parte do seu lote.
José poderá propor ação requerendo a anulação do desmembramento e registro dos lotes de Pedro?
Não. O mero interessado não tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem
imóvel por ele ocupado na condição de posseiro, por não ser detentor de direito real que o habilite.
STJ. AgInt no REsp n. 1.844.716/AM, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em
1/3/2021, DJe de 4/3/2021.
Legitimidade para a propositura de ação possessória, mas não de ação fundada na propriedade.
O mero possuidor não participa da relação jurídica material apta a autorizar que discuta matérias afetas
ao registro do imóvel por ele ocupado, sendo, portanto, parte ilegítima para requerer a anulação ou o
cancelamento das matriculas que se originaram do desmembramento da matrícula originária perante o
Ofício de Registro de Imóveis.
Na condição de possuidor, independente de quem figure como proprietário no registro do imóvel, o Au-
tor/Apelado pode se valer apenas das ações possessórias, visto não ser legitimado ordinário ou extraordi-
nário para fins de discussão quanto à regularidade do registro. Contudo, nada impede que o pedido pos-
sessório tenha fundamento em eventual irregularidade do título de domínio apresentado pelo suposto
proprietário proprietário da área objeto da disputa possessória.
Tese 9: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por
dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado (Súmula n.132/STJ).
#Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo propri-
etário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.
Já art. 134 do CTB determina, expirado tal prazo sem que o comprador tenha tomado as providências ne-
cessárias, o vendedor deverá encaminhar ao DETRAN, no prazo de 60 dias, cópia autenticada do compro -
vante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado. O referido “comprovante de
transferência da propriedade” é o chamado DUT (documento único de transferência).
16
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
prietário no órgão de trânsito, afasta a responsabilidade do alienante pelos fatos posteriores decorrentes
da utilização do bem (Súmula 132/STJ).
STJ. AgRg no Ag n. 823.567/DF, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em
22/9/2015, DJe de 1/10/2015.
Tese 10: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de registro
do veículo automotor (Súmula n. 92/STJ).
Código Civil
Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
escopo de garantia, transfere ao credor.
§1º Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público
ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou,
em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no
certificado de registro.
#Súmula 92-STJ: A terceira de boa-fé não e oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de
registro do veículo automotor.
No caso dos veículos automotores, a “repartição competente para o licenciamento” é o DETRAN, bem co -
mo a anotação é realizada no Certificado de Registro de Veículos – CRV, documento onde consta quem é o
proprietário do veículo.
#Súmula 92-STJ: A terceira de boa-fé não e oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de
registro do veículo automotor.
#Súmula 489-STF: A compra e venda de automóvel não prevalece contra terceiros, de boa-fé, se o contra-
to não foi transcrito no registro de títulos e documentos.
17
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
RESPOSTAS
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228
Em questões
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
1. Tese 1: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
Tese 2: Nos terrenos de Marinha, a transferência do imóvel sem a comunicação à Secretaria de Pa -
2. trimônio da União - SPU não afasta a responsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas de
ocupação, ainda que o fato gerador objeto da cobrança tenha ocorrido posteriormente ao registro
do contrato de compra e venda no cartório de imóveis.
18
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
@legislacao_integrada
...................................….....................................................................................………………………
19