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Informativo

da Semana
14 a 21/01/2024
Informativo 168

Inclui:
• Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228
• Novo plano: Ministério Público de Goiás
• Novo plano: Ministério Público do Rio de Janeiro
• Novo plano: Auditor Fiscal do Trabalho
• Novo plano: Delegado de Pernambuco
Professor Bruno Valente
legislacaointegrada@hotmail.com
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Professor
Bruno Valente
É Mestre em Ordem Jurídica Constitucional pela
Universidade Federal do Ceará e Bacharel em
Direito pelo Centro Universitário 7 de Setembro.
Atua como advogado, professor e é autor dos
materiais do Legislação Integrada.

Curríulo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3035355973845453

APRESENTAÇÃO
É muito comum o estudante desistir da leitura da lei seca por não conseguir
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“Quando se lê só a lei, não se percebe a aplicação prática. Quando


se lê só a jurisprudência, não se entende o fundamento legal da
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Informativo 168
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NOVIDADES DO CLUBE DA LEI

No decorrer da semana, tivemos as seguintes novidades no Clube da Lei:

Novos planos de leitura adicionados


Ministério Público do Goiás Ministério Público do Rio de Janeiro

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Delegado de Pernambuco Auditor Fiscal do Trabalho

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Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO Nº 228: REGISTROS PÚBLICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS V
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Tese 1: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da


prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
#Súmula 375-STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alie -
nado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

Hipóteses de fraude a execução.


As hipóteses em que a alienação ou oneração do bem são consideradas fraude à execução podem ser as-
sim sintetizadas:
Código de Processo Civil.
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I. quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecu-
tória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro pú-
blico, se houver;
II. quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução,
na forma do art. 828;
III. quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de
constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV. quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação ca-
paz de reduzi-lo à insolvência;
V. nos demais casos expressos em lei.

A fraude a execução opera no plano da eficácia.


A fraude à execução atua no plano da eficácia, de modo que conduz à ineficácia da alienação ou oneração
do bem em relação ao exequente (art. 592, V, do CPC/1973; art. 792, § 2º, do CPC/2015). Em outros ter -
mos, é como se o ato fraudulento não tivesse existido para o credor.
Código de Processo Civil.
Art. 792, § 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

A inscrição da penhora no registro do bem não constitui elemento integrativo do ato, mas sim requisito
de eficácia perante terceiros.
Por essa razão, o prévio registro da penhora do bem constrito gera presunção absoluta (juris et de jure) de
conhecimento para terceiros e, portanto, de fraude à execução caso o bem seja alienado ou onerado após
a averbação (art. 844 do CPC/2015). Presunção essa que também é aplicável à hipótese na qual o credor
providenciou a averbação, à margem do registro, da pendência de ação de execução (art. 828, § 4º, do
CPC/2015).

Se o bem se sujeitar a registro e a penhora ou a ação de execução não tiver sido averbada no respectivo
registro, tal circunstância não obsta, prima facie, o reconhecimento da fraude à execução.
Nesse caso, entretanto, caberá ao credor comprovar a má-fé do terceiro; vale dizer, de que o adquirente
tinha conhecimento acerca da pendência do processo. Essa orientação é consolidada na jurisprudência
deste Tribunal Superior e está cristalizada na Súmula 375 do STJ e no julgamento do Tema 243.

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Desse modo, são pressupostos genéricos da fraude à execução:


i. Processo judicial em curso em face do devedor/executado;
ii. Registro, na matrícula do bem, da penhora ou outro ato de constrição judicial ou averbação pre-
monitória ou, então, prova da má-fé do terceiro adquirente.

Fraude a execução em alienações sucessivas.


Em caso de alienações sucessivas, inicialmente, é notório que não se exige a pendência de processo em fa-
ce do alienante do qual o atual proprietário adquiriu o imóvel. Tal exigência, em atenção aos ditames le -
gais (art. 792 do CPC/2015), deve ser observada exclusivamente em relação ao devedor que figura no polo
passivo da ação de conhecimento ou de execução. É dizer, a litispendência é pressuposto a ser analisado
exclusivamente com relação àquele que tem relação jurídica com o credor.

O reconhecimento da ineficácia da alienação originária, porque realizada em fraude à execução, não


contamina, automaticamente, as alienações posteriores.
No que concerne ao requisito do registro da penhora ou da pendência de ação ou, então, da má-fé do ad-
quirente, o reconhecimento da ineficácia da alienação originária, porque realizada em fraude à execução,
não contamina, automaticamente, as alienações posteriores.

Nessas situações, existindo registro da ação ou da penhora à margem da matrícula do bem imóvel aliena-
do a terceiro, haverá presunção absoluta do conhecimento do adquirente sucessivo e, portanto, da ocor -
rência de fraude. Diversamente, se inexistente o registro do ato constritivo ou da ação, incumbe ao exe-
quente/embargado a prova da má-fé do adquirente sucessivo. STJ. REsp 1.863.952-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 26/10/2021 (info 716).

Tese 2: Nos terrenos de Marinha, a transferência do imóvel sem a comunicação à Secretaria de Patrimônio
da União - SPU não afasta a responsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas de ocupação, ainda
que o fato gerador objeto da cobrança tenha ocorrido posteriormente ao registro do contrato de compra e
venda no cartório de imóveis.
DL nº 9.760/1946.
Art. 101. Os terrenos aforados pela União ficam sujeitos ao foro de 0,6% (seis décimos por cento) do valor
do respectivo domínio pleno, que será anualmente atualizado.

Terrenos de Marinha.
Nos termos do DL nº 9.760/1946, são bens imóveis da União os terrenos de marinha e seus acrescidos.
Por sua vez, são terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos hori -
zontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831:
a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça
sentir a influência das marés;
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.

Secretaria de Patrimônio da União – SPU.


A Secretaria do Patrimônio da União - SPU é o órgão do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Pú -
blicos responsável pela gestão do Patrimônio da União. Entre suas responsabilidades está a autorização
para a ocupação dos imóveis públicos federais, estabelecendo diretrizes para alienação de imóveis, cessão
onerosa ou gratuita, entre outras formas de destinação, objetivando a melhor gestão deste patrimônio.

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Também promove a gestão dos terrenos de marinha, das praias marítimas e fluviais e o controle do uso
dos bens de uso comum do povo, entre outras atribuições.

Valores devidos em virtude da ocupação do terreno de marinha.


• Laudêmio: O laudêmio é o valor devido a título de compensação à União por esta não exercer o
direito de consolidar o domínio pleno sempre que se realize uma transferência onerosa de domí-
nio útil ou promessa de transferência de domínio útil ou da ocupação de imóvel da União.
• Taxa de ocupação: Já a taxa de ocupação é o valor devido anualmente pela ocupação regular de
imóvel da União, sendo responsável o ocupante inscrito na base cadastral da Secretaria do Patri-
mônio da União (SPU).
• Foro: o foro é cobrado anualmente pelo uso do imóvel sob regime de aforamento (uma espécie
de contrato estabelecido com a União), sendo o responsável o titular do domínio útil.

Regime de ocupação x aforamento.


A diferença entre o pagamento de foro e a taxa de ocupação está na natureza jurídica da relação entre o
ocupante do terreno e a União, especialmente em relação aos terrenos de marinha e seus acrescidos no
Brasil.
• Pagamento do Foro: O foro é pago quando existe um contrato de aforamento entre o ocupante e
a União. No aforamento, a União concede ao ocupante o domínio útil do terreno, enquanto man -
tém o domínio direto. Ou seja, o ocupante não é o proprietário pleno do terreno, mas tem quase
todos os direitos sobre ele, como se fosse. O foro é uma taxa anual, geralmente um percentual do
valor do terreno, excluídas as construções.
• Pagamento da Taxa de Ocupação: A taxa de ocupação é cobrada quando o ocupante do terreno
não tem um contrato de aforamento, mas tem permissão para usar o terreno. Neste caso, o ocu-
pante tem menos direitos do que no aforamento e paga uma taxa anual pela ocupação. Esta taxa
é um percentual do valor avaliado do terreno.

A ocupação concedida pela União é um título precário e não gera ao ocupante qualquer direito sobre o
terreno. O domínio pleno é da União, tendo o ocupante apenas os direitos de ocupação sobre o terreno e
as benfeitorias nele construídas.

Caso concreto adaptado.


João era ocupante de terreno de marinha. Em 1996, João transferiu o imóvel a Pedro sem, entretanto, co-
municar a Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Pedro, por sua vez, passou vários anos sem pagar a ta-
xa de ocupação devida.

João poderá ser cobrado pelas taxas atrasadas?


Sim. Pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, não havendo comunica-
ção à Secretaria de Patrimônio da União acerca do transferências do imóvel, não há como afastar a res-
ponsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas de ocupação, ainda que o fato gerador objeto da
cobrança tenha ocorrido posteriormente ao registro do contrato de compra e venda no cartório de imó -
veis.
STJ. AgInt no REsp n. 1.827.479/PE, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
31/8/2020, DJe de 8/9/2020.

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Tese 3: O fato gerador do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI somente se aperfeiçoa com o
registro do título translativo no ofício de imóveis.
Constituição Federal.
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
(…)
II. transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão
física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisi-
ção;

Código Tributário Nacional.


Seção III
Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles
relativos tem como fato gerador:
I. A transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por
acessão física, como definidos na lei civil;
II. A transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia;
III. A cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II.
Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam
os herdeiros ou legatários.

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).


O Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) é um tributo brasileiro, de competência municipal ba-
seado no artigo 156, IIda Constituição Federal, cobrada em transferências não gratuitas de imóveis entre
pessoas vivas (ou inter vivos); quando há a transmissão a qualquer título de direitos reais sobre imóveis,
exceto os direitos reais de garantia; ou quando há a cessão de direitos relativos às transmissões.

O contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei, que, no caso,
será lei municipal. A base de cálculo é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos à época da opera -
ção.

A alíquota utilizada é fixada em lei ordinária do município competente. A função do ITBI é predominante-
mente fiscal. Sua finalidade é a obtenção de recursos financeiros para os municípios. O pagamento prévio
do ITBI é obrigatório para que se possa fazer o registro de um imóvel adquirido.

Caso concreto adaptado.


Elias adquiriu um imóvel de Francisca pelo valor de R$80.000,00. No ano de 2020 foi lavrada escritura pú-
blica de compra e venda. No ano de 2022 ocorreu o registro da escritura pública de compra e venda no
cartório de imóveis.

Em que momento ocorreu o fato gerados do ITBI?


Nos termos da orientação consolidada nesta Corte Superior, o fato gerador do Imposto de Transmissão de
Bens Imóveis-ITBI é a transferência da propriedade, que se opera com o registro da transferência no Car-
tório de Registro de Imóveis.
STJ. AgInt no AREsp n. 1.597.752/SP, relator Ministro Manoel Erhardt (Desembargador Convocado do
TRF5), Primeira Turma, julgado em 21/2/2022, DJe de 24/2/2022.

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#Tese Repetitiva – Tema 1124-STJ: O fato gerador do imposto sobre transmissão inter vivos de bens imó-
veis (ITBI) somente ocorre com a efetiva transferência da propriedade imobiliária, que se dá mediante o
registro.

O fato gerador de ITBI é o registro no ofício competente da transmissão da propriedade do imóvel, mes -
mo no caso de cisão de empresa.
O fato gerador do ITBI ocorre, no seu aspecto material e temporal, com a efetiva transmissão, a qualquer
título, da propriedade imobiliária, o que se perfectibiliza com a consumação do negócio jurídico hábil a
transmitir a titularidade do bem, mediante o registro do título translativo no Cartório de Registro de Imó -
veis. STJ. AREsp 1.760.009-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
19/04/2022 (info 734).

Tese 4: O promitente vendedor é parte legítima para figurar no polo passivo da execução fiscal que busca a
cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato translativo de propriedade (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 209).
Constituição Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(…)
VI. Propriedade territorial rural;

Código Tributário Nacional.


Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador
a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fo -
ra da zona urbana do Município.

Imposto Territorial Rural – ITR.


O imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR) é um imposto federal, previsto no artigo 153, VI, da
Constituição Federal. O fato gerador do ITR ocorre quando há o domínio útil ou a posse do imóvel, locali -
zado fora do perímetro urbano do município.

A incidência tributária do imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR (de competência da União),
sob o ângulo do aspecto material da regra matriz, é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (artigos 29, do CTN, e
1º, da Lei 9.393/96).

O proprietário do imóvel rural, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título, à luz dos
artigos 31, do CTN, e 4º, da Lei 9.393/96, são os contribuintes do ITR . O artigo 5º, da Lei 9.393/96, por seu
turno, preceitua que:

Lei nº 9.393/96.
Art. 5º É responsável pelo crédito tributário o sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts.
128 a 133 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Sistema Tributário Nacional).

A obrigação tributária, quanto ao IPTU e ao ITR, acompanha o imóvel em todas as suas mutações subje -
tivas.

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Os impostos incidentes sobre o patrimônio (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR e Imposto
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU) decorrem de relação jurídica tributária instaurada
com a ocorrência de fato imponível encartado, exclusivamente, na titularidade de direito real, razão pela
qual consubstanciam obrigações propter rem, impondo-se sua assunção a todos aqueles que sucederem
ao titular do imóvel.

Consequentemente, a obrigação tributária, quanto ao IPTU e ao ITR, acompanha o imóvel em todas as su-
as mutações subjetivas, ainda que se refira a fatos imponíveis anteriores à alteração da titularidade do
imóvel, exegese que encontra reforço na hipótese de responsabilidade tributária por sucessão prevista
nos artigos 130 e 131, I, do CTN, verbis:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o do-
mínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços
referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o res-
pectivo preço.
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I. O adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

Ausente o registro do compromisso de compra e venda no cartório competente, o imposto sobre o pa-
trimônio poderá ser exigido de qualquer um dos sujeitos passivos "coexistentes".
O promitente comprador (possuidor a qualquer título) do imóvel, bem como seu proprietário/promitente
vendedor (aquele que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis), consoante entendimento
exarado pela Primeira Seção do STJ, quando do julgamento dos Recursos Especiais 1.110.551/SP e
1.111.202/SP (submetidos ao rito do artigo 543-C, do CPC), são contribuintes responsáveis pelo pagamen -
to do IPTU (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 10.06.2009, DJe 18.06.2009).

É que, nas hipóteses em que verificada a "contemporaneidade" do exercício da posse direta e da proprie -
dade (e não a efetiva sucessão do direito real de propriedade, tendo em vista a inexistência de registro do
compromisso de compra e venda no cartório competente), o imposto sobre o patrimônio poderá ser exigi-
do de qualquer um dos sujeitos passivos "coexistentes", exegese aplicável à espécie, por força do princípio
de hermenêutica ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.
STJ. REsp n. 1.073.846/SP, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe de
18/12/2009.

#Tese Repetitiva – Tema 209-STJ: O promitente vendedor é parte legítima para figurar no polo passivo da
execução fiscal que busca a cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato
translativo de propriedade.

Tese 5: Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas imobi -
liárias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.
Constituição Federal.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(…)

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VI. Propriedade territorial rural.

Código Tributário Nacional.


Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador
a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fo -
ra da zona urbana do Município.

Imposto Territorial Rural – ITR.


O imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR) é um imposto federal, previsto no artigo 153, VI, da
Constituição Federal. O fato gerador do ITR ocorre quando há o domínio útil ou a posse do imóvel, locali -
zado fora do perímetro urbano do município.

A incidência tributária do imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR (de competência da União),
sob o ângulo do aspecto material da regra matriz, é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel
por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município (artigos 29, do CTN, e
1º, da Lei 9.393/96).

Caso concreto adaptado.


José adquiriu uma propriedade rural em 1993 e, na época, todos os documentos que comprovavam a exis-
tência dessa propriedade eram falsos ou inexistentes. Anos depois, em 2014, uma decisão judicial transi-
tada em julgado declarou a nulidade dos atos notariais que registravam essa propriedade.

O ITR pode ser cobrado sobre essa propriedade no período entre a compra em 1993 e o cancelamento
do registro em 2014?
Não. Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas imobiliá-
rias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.

Contexto do caso concreto.


Por meio de sentença judicial, transitada em julgado em 9/9/2014, foi declarada a nulidade dos atos nota -
rias de escritura pública de compra e venda de propriedade rural, determinando-se a averbação do cance -
lamento dos atos. Na referida sentença (fls. 1036/1041) o juiz afirma que os autores adquiriram proprie-
dades cujas matrículas (1053, 1087 e 1018) eram consubstanciadas em documentação inexiste ou falsa,
concluindo que: "a compra e venda realizada com suporte em escrituras públicas comprovadamente fal-
sas constitui ato Jurídico nulo e, desta forma, não gera efeitos" (fl. 1039).

Nesse contexto, o acórdão recorrido, proferido pelo TRF3, considerou ser devido o ITR - Imposto Territori -
al Rural, "incidente desde a aquisição dos imóveis (meados de 1993) até a averbação do cancelamento das
matrículas, fato ocorrido em setembro de 2014" (fl. 1679).

No caso concreto é fato incontroverso que a propriedade rural sobre a qual se pretende afastar a incidên-
cia do ITR teve a sua matrícula cancelada, por serem falsos ou inexistentes os documentos que comprova -
vam sua existência. Diante da exigência de trânsito em julgado para o cancelamento do registro (Lei de
Registros Públicos - Lei 6.015/1973, artigo 259) a questão controvertida se concentra em saber se o ITR
poderá ser cobrado no período entre a aquisição da propriedade e o encerramento do processo judicial.

Plano da existência, validade e eficácia dos fatos jurídicos submetidos à tributação.


A solução do presente caso concreto passa pela separação dos planos de existência, validade e eficácia

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dos fatos jurídicos submetidos à tributação.

• Os fatos existentes, mas inválidos ou ilícitos, estarão sujeito à tributação, via de regra.
• Os fatos existentes e válidos, mas ineficazes, também se submeterão, como regra, à tributação,
como é o exemplo da tributação das vendas inadimplidas (Tema 87 da Repercussão Geral do Su-
premo Tribunal Federal).
• Entretanto, se inexistente o fato jurídico, não se pode cogitar sequer da sua validade, ou tampou-
co da sua eficácia.

No caso concreto, o fato jurídico é inexistente.


Na hipótese dos autos é precisamente isso que ocorre: as propriedades estavam consubstanciadas em re-
gistros inexistentes, que foram cancelados por meio de sentença transitada em julgado. Vale dizer, por -
tanto, que o fato signo presuntivo de riqueza (propriedade territorial rural) simplesmente não existiu, uma
vez que o arcabouço normativo de direito privado considera existente a transmissão da propriedade ape-
nas com o registro do título translativo no Registro de Imóveis.

Concluo, portanto, pela impossibilidade de incidência de ITR, no contexto em que sentença transitada em
julgado reconhece a inexistência das respectivas matrículas imobiliárias, determinando o seu cancelamen-
to após o trânsito em julgado.
STJ. AREsp n. 1.750.232/SP, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 20/6/2023,
DJe de 26/6/2023.

Tese 6: O contrato de parceria agrícola, que pode ser celebrado nas formas escrita e verbal, prescinde de
registro para produzir efeitos perante terceiros.
Lei nº 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:
(…)
V. Do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
(…)
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a
terceiros: (…)

Lei nº 4.504/1964 – Estatuto da Terra.


Art. 92, § 5º A alienação ou a imposição de ônus real ao imóvel não interrompe a vigência dos contratos
de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante.

Contrato de parceria rural.


Nos termos do art. 96, §1º, da Lei nº 4.504/1964, parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa
se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou
partes dele, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exer -
cida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entre -
ga animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, me-
diante partilha, isolada ou cumulativamente, dos seguintes riscos:
I. caso fortuito e de força maior do empreendimento rural;
II. dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites

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percentuais estabelecidos no inciso VI do caput deste artigo;


III. variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento rural.

O contrato de parceria rural pode ser celebrado de forma escrita e verbal e não necessita de registro pa-
ra produzir efeitos.
A parceria agrícola, passível de ajuste nas formas escrita e verbal, não se inclui entre os documentos e
contratos sujeitos a registro para produzir efeitos perante terceiros, diante do disposto nos arts. 127, inci -
so V, e 129 da Lei n. 6.015/73 (Registros Públicos).
STJ. REsp 721.231/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
08/04/2008, DJe 28/04/2008.

O contrato de parceria rural tem efeito perante o adquirente do imóvel mesmo que não esteja registra-
do.
A teor da regra prescrita no § 5º do art. 92 do Estatuto da Terra, mesmo após a alienação de imóvel rural
objeto de parceria agrícola, permanecerá esta subsistente, independentemente de contrato expresso e de
correspondente registro, sub-rogando o adquirente nos direitos e obrigações do alienante.

A parceria agrícola, passível de ajuste nas formas escrita e verbal, não se inclui entre os documentos e
contratos sujeitos a registro para produzir efeitos perante terceiros, diante do disposto nos arts. 127, inci -
so V, e 129 da Lei n. 6.015/73 (Registros Públicos).
STJ. REsp 721.231/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em
08/04/2008, DJe 28/04/2008.

Perceba-se que o contrato de parceria rural não está no rol do art. 129 da Lei nº 6.015/1973 – Lei de Re -
gistros Públicos, que prevê que os contratos que estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Docu-
mentos, para surtir efeitos em relação a terceiros.

Tese 7: O registro de usufruto em cartório é prescindível nas discussões entre usufrutuário e nu-proprietá-
rio, quando o negócio jurídico é existente, válido e eficaz.
Código Civil.
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no
Cartório de Registro de Imóveis.

Usufruto.
Usufruto é o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutuário (pessoa para quem foi constituí -
do o usufruto) a capacidade de usar as utilidades e os frutos (rendas) do bem, ainda que não seja o propri -
etário. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos (rendas). “Nu-pro-
priedade” é o termo usado para os proprietários legais de determinado bem dado em usufruto.

Registro do usufruto no cartório de imóveis.


Nos termos do art. 1.391 do Código Civil, o usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, consti-
tuir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis. Ocorre que a jurisprudência entende que o
registro de usufruto em cartório é prescindível nas discussões entre usufrutuário e nu-proprietário, quan -
do o negócio jurídico é existente, válido e eficaz. Entretanto, o registro é condição de eficácia perante ter -
ceiros.

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Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:


Tese 7: O registro de usufruto em cartório é prescindível nas discussões entre usufrutuário e nu-
proprietário, quando o negócio jurídico é existente, válido e eficaz.

Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 217:


Tese 7: A constituição do usufruto sobre imóvel depende de registro em cartório para dar publi -
cidade e torná-lo oponível a terceiros, pois se trata de requisito para eficácia erga omnes do di -
reito real.

A ausência de registro do usufruto não impede que o usufrutuário busque a tutela judicial de seu direito
frente ao nu-proprietário.
O usufruto é direito real sobre coisa, direito ou patrimônio não próprios, limitado no tempo e adstrito à
destinação econômica do objeto usufruído, ficando o proprietário com a nua-propriedade da coisa, pois
não pode usar ou fruir, cabendo-lhe apenas dispor.

O art. 1.391 do CC determina que a constituição do usufruto sobre imóvel depende do registro em Cartó -
rio de Registro de Imóveis. A principal função dessa determinação legal é exatamente dar publicidade ao
instituto, de maneira que possa ser oponível a terceiros, pois o registro é requisito para eficácia erga om -
nes do direito real.

Contudo, na discussão envolvendo apenas a usufrutuária e a nua-proprietária, não há óbice para que a
parte diretamente beneficiária do ato busque a proteção do seu direito em relação à outra, independen -
temente do registro.

No caso em apreço, vê-se que o usufruto sobre 2 (dois) imóveis foi instituído por testamento lavrado em
escritura pública perante tabelião de notas, de modo que, em relação à usufrutuária e à nua-proprietária,
o negócio jurídico era existente, válido e eficaz.

Ademais, a nua-proprietária já vinha pagando parte dos valores dos aluguéis decorrentes do uso exclusivo
dos bens, não podendo agora alegar a ausência do registro para se esquivar do pagamento, sob pena de
enriquecimento sem causa e ofensa ao princípio do venire contra factumi proprium.
STJ. REsp n. 1.860.313/SP, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 22/8/2023,
DJe de 29/8/2023.

Tese 8: O posseiro não tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem imóvel por
ele ocupado, por não ser detentor de direito real que o habilite.
Lei nº 6.015/1973 – Lei de Registros Públicos.
Art. 214. As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente
de ação direta.

Caso concreto adaptado.


José é possuidor de um lote de terra de 15.000 m², de matrícula 1234. Pedro é proprietário do lote vizi -
nho, de matrícula 4567. Pedro resolve realizar o desmembramento do seu lote, dando origem aos lotes de

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matrícula 5678 e 5679.

José, entretanto, entende que o desmembramento ocorreu em desatendimento das normas de parcela-
mento do solo, bem como que a área de um dos lotes desmembrados sobrepôs parte do seu lote.

José poderá propor ação requerendo a anulação do desmembramento e registro dos lotes de Pedro?
Não. O mero interessado não tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem
imóvel por ele ocupado na condição de posseiro, por não ser detentor de direito real que o habilite.
STJ. AgInt no REsp n. 1.844.716/AM, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em
1/3/2021, DJe de 4/3/2021.

Legitimidade para a propositura de ação possessória, mas não de ação fundada na propriedade.
O mero possuidor não participa da relação jurídica material apta a autorizar que discuta matérias afetas
ao registro do imóvel por ele ocupado, sendo, portanto, parte ilegítima para requerer a anulação ou o
cancelamento das matriculas que se originaram do desmembramento da matrícula originária perante o
Ofício de Registro de Imóveis.

Na condição de possuidor, independente de quem figure como proprietário no registro do imóvel, o Au-
tor/Apelado pode se valer apenas das ações possessórias, visto não ser legitimado ordinário ou extraordi-
nário para fins de discussão quanto à regularidade do registro. Contudo, nada impede que o pedido pos-
sessório tenha fundamento em eventual irregularidade do título de domínio apresentado pelo suposto
proprietário proprietário da área objeto da disputa possessória.

Tese 9: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por
dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado (Súmula n.132/STJ).
#Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo propri-
etário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.

Dever do comprado de veículo de providenciar a expedição de um novo Certificado de Registro de Veí-


culo (CRV).
Nos termos do art. 123, I e § 1º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o comprador de um veículo auto-
motor tem um prazo de 30 dias para providenciar junto ao DETRAN a expedição de novo Certificado de
Registro de Veículo (CRV).

Já art. 134 do CTB determina, expirado tal prazo sem que o comprador tenha tomado as providências ne-
cessárias, o vendedor deverá encaminhar ao DETRAN, no prazo de 60 dias, cópia autenticada do compro -
vante de transferência de propriedade, devidamente assinado e datado. O referido “comprovante de
transferência da propriedade” é o chamado DUT (documento único de transferência).

Consequências do descumprimento da obrigação.


O comprador que descumpre a obrigação pratica infração grave, passível de multa e retenção do veículo
para regularização (art. 233 do CTB).

O vendedor poderá ser responsabilizado por eventuais acidentes com o veículo?


Não. A tradição de veículo automotor, independentemente do registro da transferência para o novo pro -

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prietário no órgão de trânsito, afasta a responsabilidade do alienante pelos fatos posteriores decorrentes
da utilização do bem (Súmula 132/STJ).
STJ. AgRg no Ag n. 823.567/DF, relatora Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em
22/9/2015, DJe de 1/10/2015.

Tese 10: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de registro
do veículo automotor (Súmula n. 92/STJ).
Código Civil
Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
escopo de garantia, transfere ao credor.
§1º Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público
ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou,
em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no
certificado de registro.

#Súmula 92-STJ: A terceira de boa-fé não e oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de
registro do veículo automotor.

Constituição de alienação fiduciária de veículo.


Nos termos do art. 1.361 do Código Civil, constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato,
celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Docu -
mentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenci -
amento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.

No caso dos veículos automotores, a “repartição competente para o licenciamento” é o DETRAN, bem co -
mo a anotação é realizada no Certificado de Registro de Veículos – CRV, documento onde consta quem é o
proprietário do veículo.

É necessário que a anotação também seja realizada em cartório?


Não. É desnecessário o registro do contrato de alienação fiduciária de veículos em cartório. STF. Plenário.
RE 611639/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/10/2015 (repercussão geral). STF. Plenário. ADI
4333/DF e ADI 4227/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 21/10/2015 (Info 804).

A alienação fiduciária só é oponível a terceiros quando há a anotação no CRV do veículo.


A teor da Súmula 92/STJ, se não consta a anotação referente à alienação fiduciária no certificado de regis -
tro do veículo automotor, não é oponível a avença ao terceiro que adquiriu bem de boa-fé.
STJ. REsp n. 916.107/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 15/3/2012, DJe
de 19/4/2012.

#Súmula 92-STJ: A terceira de boa-fé não e oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de
registro do veículo automotor.

#Súmula 489-STF: A compra e venda de automóvel não prevalece contra terceiros, de boa-fé, se o contra-
to não foi transcrito no registro de títulos e documentos.

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Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228


Em questões
O reconhecimento da fraude à execução não exige do registro da penhora do bem alienado
1. (___)
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Nos terrenos de Marinha, a transferência do imóvel sem a comunicação à Secretaria de Patri-
mônio da União - SPU não afasta a responsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas
2. (___)
de ocupação, ainda que o fato gerador objeto da cobrança tenha ocorrido posteriormente ao
registro do contrato de compra e venda no cartório de imóveis.
O fato gerador do Imposto sóbre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI se aperfeiçoa inde -
3. (___)
pendentemente do registro do título translativo no ofício de imóveis.
O promitente vendedor é parte olegítima para figurar no pólo passivo da execução fiscal que
4. busca a cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato translativo (___)
de propriedade.
Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas
5. (___)
imobiliárias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.
O contrato de parceria agrícola, que pode ser celebrado nas formas escrita e verbal, depende
6. (___)
de registro para produzir efeitos perante terceiros.
O registro de usufruto em cartório é imprescindível nas discussões entre usufrutário e nu-
7. (___)
proprietário, quando o negócio jurídico é existente, válido e eficaz.
O posseiro tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem imóvel
8. (___)
por ele ocupado.
A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário
9. (___)
por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.
A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de re -
10. (___)
gistro do veículo automotor

RESPOSTAS
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228
Em questões
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
1. Tese 1: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente (Súmula n. 375/STJ).
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
Tese 2: Nos terrenos de Marinha, a transferência do imóvel sem a comunicação à Secretaria de Pa -
2. trimônio da União - SPU não afasta a responsabilidade do alienante pelo pagamento das taxas de
ocupação, ainda que o fato gerador objeto da cobrança tenha ocorrido posteriormente ao registro
do contrato de compra e venda no cartório de imóveis.

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Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:


3. Tese 3: O fato gerador do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis - ITBI somente se aperfei-
çoa com o registro do título translativo no ofício de imóveis.
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
Tese 4: O promitente vendedor é parte legítima para figurar no pólo passivo da execução fiscal que
4.
busca a cobrança de ITR nas hipóteses em que não há registro imobiliário do ato translativo de pro -
priedade (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 209).
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
5. Tese 5: Não incide Imposto Territorial Rural - ITR quando se reconhece a inexistência de matrículas
imobiliárias em razão de cancelamento de registro por decisão judicial transitada em julgado.
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
6. Tese 6: O contrato de parceria agrícola, que pode ser celebrado nas formas escrita e verbal, prescin-
de de registro para produzir efeitos perante terceiros.
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
7. Tese 7: O registro de usufruto em cartório é prescindível nas discussões entre usufrutário e nu-pro-
prietário, quando o negócio jurídico é existente, válido e eficaz.
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
8. Tese 8: O posseiro não tem legitimidade ativa para discutir a regularidade da matrícula do bem imó-
vel por ele ocupado, por não ser detentor de direito real que o habilite.
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
9. Tese 9: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietá-
rio por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado (Súmula n.132/STJ).
Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:
10. Tese 10: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de re -
gistro do veículo automotor (Súmula n. 92/STJ).

Gabarito – Jurisprudência em Teses do STJ, Ed. 228:


1.E 2.C 3.E 4.E 5.C 6.E 7.E 8.E 9.C 10.C

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