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O prólogo escrito por João Baptista Villela, traz em seu bojo uma hipótese possível a partir da
interpretação do artigo 1601 do Código Civil, que torna imprescritível a ação de contestação da
paternidade. Narra a peça a história de Mafalda casada com Diogo, que diante de uma crise no
matrimônio se envolve com Miguel, arrependida decide contar todo o ocorrido ao marido, este,
perdoou e então se reconciliaram, tempos depois descobre que estava grávida e Diogo mesmo
sabendo não ser pai da criança decide assumi-lo como filho. Passados mais de 30 anos de
convivência de pai e filho, o primeiro já não se reconhece como tal e com a orientação de um
advogado decide ingressar com uma ação de contestação de paternidade, a ação é julgada
procedente e a paternidade desconstituída.
A partir da leitura do caso vemos as implicações jurídicas que emanam das decisões proferidas
nessas ações, que mudam totalmente a vida das partes. Fica a árdua tarefa ao judiciário, analisar
cada caso e estabelecer qual modelo de paternidade deve prevalecer a jurídica, biológica ou a
sócio-afetiva.
Nesse sentido, apresenta-se duas decisões nas quais foram analisados os pedidos da ação
negatória de paternidade:
1. A primeira decisão, trata de apelação cível na qual o pedido de negatória de paternidade foi
julgado procedente, pois o vínculo biológico restou efetivamente afastado, bem como, foi
comprovada a cessação de paternidade sócio-afetiva entre o autor e a menor, pois a criança
residia com seu pai biológico. Além disso, ambas as partes reconheceram que o registro foi
realizado sob o convencimento de ser o autor pai da infante, ou seja, a declaração registral foi
feita sobre erro. Assim, ante do vício, a ausência afetiva e biológica o recurso foi provido.
DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE C/C PEDIDO
DE NULIDADE DE REGISTRO DE NASCIMENTO C/C PEDIDO DE
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS - EXAME DE DNA EXCLUINDO A
PATERNIDADE DA AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE - REQUISITO -
INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO SÓCIO-AFETIVO. - A procedência do pedido
formulado na ação negatória de paternidade cumulada com nulidade de registro de
nascimento, depende também da prova de inexistência da paternidade sócio-afetiva -
Excluída pelo exame de DNA a paternidade biológica e demonstrada a inexistência
de vínculo sócio-afetivo entre as partes, deve-se retirar a paternidade averbada no
registro de nascimento - A retificação do registro é admitida na hipótese em que a
paternidade foi declarada sob erro, acreditando o declarante ser pai biológico da
menina - Princípio da verdade real - Recurso provido.
(TJ-MG - AC: XXXXX93864128001 MG, Relator: Heloisa Combat, Data de
Julgamento: 14/05/2015, Data de Publicação: 20/05/2015)
Conclusão
Por fim, analisando o texto exposto do autor João Baptista Vilela, aliado as jurisprudências dos
tribunais, podemos notar a importância do aspecto da paternidade socioafetiva. Se por um lado
o exame de DNA compõe sua importância nos casos em que a paternidade não é biológica, o
que gera a oportunidade de ingressar com ações anulatórias de paternidade, por outro norte,
vemos a importância da paternidade socioafetiva, que é capaz de se sobrepor sobre a
paternidade biológica, fazendo com que o princípio da afetividade seja destacado neste tema.