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COMARCA DE TRÊS PASSOS

JUIZADO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE


Av. Júlio de Castilhos, 210
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Processo nº: 075/5.18.0000081-6 (CNJ:.0002124-36.2018.8.21.0075)


Natureza: Destituição do Poder Familiar
Autor: Ministério Público
Réu: Jossemar Fernandes dos Santos
Michele Alves da Rocha
Juiz Prolator: Juíza de Direito - Dra. Lisiane Cescon Castelli
Data: 31/08/2018

Vistos.

O Ministério Público ingressou com Ação para Aplicação de


Medida Protetiva em favor de Yago Alves dos Santos, em face de Jossemar
Fernandes dos Santos e Michele Alves da Rocha. Referiu o órgão ministerial que o
protegido, na época com poucos meses de idade, foi levado no dia 17 de outubro
de 2017 pelo Conselho Tutelar, ao Lar Acolhedor, em razão de denúncia de que a
mãe do menor estaria embriagada. Noticiou o parquet, em suma, que a mãe é
negligente, frequentadora de prostíbulos. Que já houve a tentativa de colocação de
Yago sob os cuidados da avó Rosita, todavia, esta não teria tomado qualquer
providência. Requereu, assim, a manutenção do acolhimento institucional da
criança, trazendo dispositivos do ECA, não descartando a possibilidade a
reinserção familiar, desde que constatadas as condições dos genitores de criarem o
infante.
Foi deferido o pedido para acolhimento do menor e
determinadas avaliações de praxe (fls. 14-15).
A Defensoria Pública, representando o requerido Jossemar,
respondeu a demanda às fls. 31.
Foi realizada audiência concentrada para verificação da situação
do menor e do andamento processual (fl. 88-89).
Manifestação da Defensoria Pública às fls. 95-96.
Manifestação do Ministério Público à fl. 107-107v.
Após nova manifestação da Defesa, o Ministério Público
requereu o julgamento do feito, no estado em que se encontra, assim como a
Defensoria Pública.
Face ao insucesso da reinserção familiar, o Ministério Público
ingressou com Ação de Destituição do Poder familiar (autos em apenso nº
075/5.18.0000081-6). As partes foram citadas, mas não responderam a demanda,

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sendo revéis, portanto.
RELATEI.
PASSO A FUNDAMENTAR.
Registro que, estando em apenso e sendo ambas ações
interligadas e indissociáveis, julgo-as conjuntamente (Ação de Proteção e
Destituição do Poder Familiar).
Inicialmente, o argumento da Defesa, alegando nulidade da
audiência concentrada, prevista no CNJ, por falta de intimação da Defensoria
Pública, não prospera. Isso porque, por opção dessa Magistrada, a audiência em
questão se trata de uma solenidade informal, na qual apenas se verificam as
condições dos menores no Lar Acolhedor, bem como é realizado um saneador para
regularização dos feitos que, tão comumente, acabam se procrastinando no tempo
a despeito da prioridade que exigem. Nas referidas audiências, é realizada uma
conversa entre a Equipe Técnica do Município, do Lar Acolhedor e também com as
crianças/adolescentes, para os quais são explicados os detalhes do andamento do
processo e solucionadas as dúvidas. O Ministério Público não se faz presente como
“parte” no processo, mas sim como fiscal da lei, da ordem jurídica e no intuito de
proteger os vulneráveis -as crianças e adolescentes. Nenhum prejuízo houve à
parte demandada, outrossim, porque nada foi decidido na presente solenidade,
além do que, a Defensoria Pública teve vista dos autos em seguida.
Além disso, ressalto que foi aberto para as partes prazo para
manifestação de outras provas- se assim fosse do interesse- contudo, ambas
silenciaram. Descabe à defesa, portanto, alegar cercamento de defesa e/ou
nulidade, quando sequer requereu a realização de audiência para oitiva de seus
assistidos e/ou para produção de outras provas.
Superada a preliminar, passo ao exame do mérito.
Cuida-se de ação de proteção para aplicação de medida
protetiva e, posteriormente, ação de destituição do poder familiar.
Registro que, face à interposição posterior de Ação de
Destituição do poder familiar, diante da inércia dos genitores na realização do
tratamento e/ou desinteresse no menor, é caso de extinção da Ação de Proteção,
por perda do objeto.
De qualquer sorte, como apenas há provas da situação familiar
na Ação de Proteção, utilizo-as como fundamento para a Ação de Destituição do
Poder Familiar.
Já adianto, que ambos os genitores foram revéis nesta segunda
demanda, demonstrando total desinteresse e descaso com relação ao menor,
acolhido desde 17 de outubro de 2018, há quase um ano, portanto.
Vejamos os relatos envolvendo Yago e seus familiares.
O primeiro ofício que aportou nos autos do Conselho tutelar e
deu azo ao acolhimento de Yago (fl.07) traz os desdobramentos da denúncia
recebida em plantão. De acordo com o documento, o Conselho Tutelar ao chegar
no local indicado, visualizou a requerida Michele (com já várias passagens pelo
órgão por denúncias de embriaguez e negligência com relação a seus filhos), em
estado de total embriaguez, razão pela qual e face à tenra idade de Yago (nascido
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em 12/03/2017), realizaram o acolhimento provisório do menino. Mencionaram que
a avó Rosita, já havia assinado anteriormente um Termo de Compromisso junto ao
Conselho Tutelar, mas nada o fez e, por isso, não foi instada a fazê-lo novamente.
No referido termo de responsabilidade, inclusive (fl.08), é
importante registrar que a avó consente com o fato de Michele não ter condições de
ficar com o filho por ser frequentadora de casas de prostituição, usuária de bebidas
alcoólicas e possivelmente de drogas ilícitas, já tendo levado o menor em
prostíbulo, diversas vezes.
No relato da psicóloga nomeada para avaliação, já é possível
verificar o primeiro descaso da requerida por não ter comparecido ao atendimento
psicológico agendado. A notícia é de que a mãe teria ido avisá-la na boate que
frequenta, mas foi recebida com desrespeito, nem dando atenção ao que estava
sendo falado.
No ofício do CAPS, restou informado que Michele não compareceu
na consulta agendada e informou não ter interesse de realizar tratamento, pois
depende do uso de bebida no seu trabalho (fl. 29).
Novo ofício do Conselho Tutelar aportou aos autos (fls. 32-33). Nele
é mencionado que no dia 23 de abril de 2017 (ou seja, quando Yago tinha pouco
mais de um mês), foi retirado das dependências de uma Boate, próximo a BR 468,
em Padre Gonzales, pelo fato de Michele estar fazendo ponto de prostituição no
local. A avó Rosita, então, assumiu Termo de Responsabilidade, não tendo
cumprido, contudo, por ter devolvido Yago à Michele. As denúncias anônimas da
época, referiam que a filha de 17 anos de Michele, Jociele, é que cuidava de Yago
quando ela ia na boate trabalhar, sendo que de manhã, Michele cuidaria do menino.
Contudo, segundo informações apuradas, durante a noite Jociele também estaria
recebendo visitas de homens, não cuidando do irmão, sendo que, durante a manhã,
Michele geralmente alcoolizada, passa a manhã dormindo, e deixa seu filho
chorando sozinho. No dia do último acolhimento (16 de outubro do ano passado),
Michele estava praticamente em coma alcoólico, nem respondendo aos
Conselheiros, pondo em perigo a integridade física da criança. No mesmo relato, a
avó paterna teria demonstrado interesse em ficar Yago.
Já a avaliação psicológica das fls. 48-52, relatou a curiosa situação
de que Jossemar é, na verdade, irmão de Michele e apenas registrou Yago: “(…)
Em relação a ter registrado Yago como seu filho, relata que sua irmão Michele e
sua mãe biológica Rozita, lhe procuraram pedindo para que ele registrasse o
menino em nome dele, pois Michele teria apresentava medo de que tirassem a
criança dela. Segundo Jossemar, ele teve essa atitude pensando no bem estar do
sobrinho Yago, o qual por um período foi cuidado por Madalena, no Município de
Esperança do Sul.” Quando questionado sobre o 'filho' Yago, ele diz que deseja que
o menino saia do abrigo e vá morar com sua mãe de criação, Madalena de Vargas,
justificando que Madalena foi uma boa mãe e teria condições para criar Yago
também. Com relação à Michele, a avaliação foi conclusiva no sentido de que “(…)
a mesma apresenta, no momento, inflexibilidade em relação ao pensamento,
consegue verbalizar que deseja uma vida mais organizada, porém apresenta
dificuldade em pensar, organizar e agir em relação a esse desejo. Em relação aos
conflitos familiares, a genitora apresenta dificuldades de relacionamento com a
mãe. Esses conflitos podem estar relacionados ao histórico de abandono pela mãe.
O que pode-se pensar que Michele apresenta comportamentos repetitivos (esses
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que aprendeu com a mãe), em relação aos filhos. Desta forma, seria de grande
valia Michele ter acompanhamento psicológico, no sentido de repensar e
reorganizar sua vida, com auxílio profissional,para assim adquirir novos
comportamentos e colocar em prática nos cuidados com os filhos.”
No estudo social realizado na residência da genitora Michele, o relato
é de que Michele se encontrava com cheiro muito forte de bebida alcoólica,
apresentava tremores nas mãos, impaciência e muita agitação em todo momento.
“(...) afirma que ama o seu filho, mas não apresenta soluções para seus problemas
e nem mesmo os identifica como tais.” A conclusão da Assistente Social é de que
Michele não consegue identificar a função real de família, bem como a importância
da estrutura familiar e suas atribuições maternas, também há indício de prostituição
infantil neste núcleo familiar, o que se faz necessário maior atenção ao caso, sob
suspeita de aliciamento de adolescente para fins de exploração comercial sexual.
“(...) num ambiente familiar que não apresenta dinâmica e estrutura fortalecida,
possui laços de afetividade fragilizados entre seus membros, há ausência ou
precariedade de valores familiares e socioafetivos evidentes, não é um ambiente
adequado para o desenvolvimento psíquico de uma criança, já que não garante
uma vida saudável e de proteção ao bebê.”
No estudo social realizado na casa de Madalena (mãe adotiva de
Jossemar) restou apontado que esta teria condições de ficar com o bebê Yago,
caso realizada a reinserção familiar, mesma conclusão que chegou a avaliação
psicológica da fl. 78.
Já quando realizado estudo social com Jossemar, este confirmou ter
registrado a criança como filho, no intuito de protegê-la, mas solicitou fosse a
guarda destinada a sua mãe adotiva, afirmando que não possui residência fixa, às
vezes dorme na casa de sua mãe biológica e outras vezes na casa de sua mãe
adotiva.
A despeito da manifestação de Madalena em ficar com o “neto” e de
Jossemar em ficar com o “filho”, ressalta-se que, na audiência concentrada,
realizada em maio de 2018, as Equipes Técnicas entraram em consenso no sentido
de que Madalena teria sido orientada em solicitar a guarda de Yago, contudo, nada
fez (nem naquela época, nem até o momento). Na oportunidade, verificou-se que
Jossemar foi recolhido ao Presídio Estadual de Três Passos para cumprimento de
pena.
Embora a Defesa insista na questão da devolução do menor para a
família, bem como não se desconhece os dispositivos do Eca que priorizam a
manutenção dos vínculos biológicos, a alegação não prospera.
A conclusão que se chega é de que nenhum dos personagens
envolvidos no processo possuem condições e/ou real interesse em ter o menor
Yago sob sua guarda. Pode-se resumir da seguinte forma:

-Michele: mãe biológica. É totalmente relapsa e desinteressada em


manter seu filho. Já o levou a prostíbulos, chegou em casa embriagada e deixou o
menor, de poucos meses, sozinho chorando. (Aqui é importante relembrar caso
recente ocorrido na Comarca, onde uma mãe chegou em casa – possivelmente
também de uma casa de prostituição- completamente embriagada e deitou-se na
mesma cama, ao lado de sua filha de dois meses, causando a morte desta, por
supostamente a ter derrubado sem notar – vindo a ter consciência tempo depois).
Outrossim, não quis se submeter a tratamento para alcoolemia, argumentando que
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o álcool é necessário para seu trabalho. Ainda, de ressaltar que Michele tem outros
dois filhos, que estão com os respectivos pais e não os vê há quase um ano –
conforme afirmação da própria. Como se isso não bastasse, foi revel na Ação de
Destituição do Poder Familiar e nunca- desde que Yago está acolhido há quase um
ano- procurou o Lar Acolhedor para ter notícias de seu menino.

-Jossemar: pai registral. Além de ser pai registral para fazer “um favor” para
Michele- não mantém qualquer vínculo afetivo com a criança. Nunca teve a guarda
do menino e nem se manifestou por ficar com ele. Suas considerações nos autos
são invasivas, referindo ausência de condições de ficar com Yago, por não ter
residência fixa. Afirmou que registrou o menino, tão-somente, para ajudar a mãe.
Indicou sua mãe adotiva para cuidar do infante, mas nunca procurou assumir a
responsabilidade. Assim como Michele, foi revel na Ação de Destituição Familiar.
Como se não bastasse, na data de hoje, em consulta com a VEC da Comarca,
verifica-se que se encontra recolhido ao Presídio Estadual de Três Passos.

Nos termos do art. 1.638 do Código Civil, “Perderá por ato


judicial o poder familiar, o pai ou a mãe que: I-castigar imoderadamente o filho;
Iideixar o filho em abandono; III- praticar atos contrários à moral e aos bons
costumes; IV- incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.”
Michele e Jossemar se enquadram, perfeitamente, no inciso II do artigo
supracitado. Ora, não é razoável que uma criança de um ano e seis meses fique a
maior parte de sua vida (quase um ano) no Lar Acolhedor, sem que os pais
demonstrem real e efetivo interesse em tê-lo de volta.
-Rosita: avó materna. Também foi omissa quanto aos cuidados de seu
neto. Assumiu termo de responsabilidade, perante o Conselho Tutelar, de manter o
menino sob sua guarda e cuidados, contudo, devolveu-o para a mãe, que
negligenciou nos seus cuidados. Foi enfática ao afirmar não ter condições de ficar
com Yago.
-Madalena: mãe adotiva de Jossemar. Madalena foi indicada e
recomendada, pelos laudos, para ficar com Yago. Contudo, ressalta-se que
Madalena é mãe adotiva de Jossemar, que não é o pai de Yago, tendo apenas
registrado ele para auxiliar sua irmã Michele-situação totalmente questionável do
ponto de vista legal. Ademais e, aqui reside o ponto principal, a Equipe Técnica
afirmou ter orientado Madalena quanto ao procedimento a ser feito para obter a
guarda de Yago. Não obstante, nada o fez, silenciando até a presente data- ou
seja-durante meses.
A conclusão a que se chega, portanto, é que não há condições de
Yago se manter com seus pais ou família extensa. Ou se é pai, mãe, avó por
inteiro, ou não se é. A postura dos envolvidos não é condizente com a vontade real,
efetiva e com afeto suficiente que se justifique a insistência na devolução para
família de origem.
A meu ver, os processos da infância são burocráticos em excesso,
sendo que o ECA, na melhor das intenções, acaba por estender demasiadamente
essa busca por parentes ou a regeneração dos genitores.
Sobre o tempo de acolhimento, veja-se o art. 19, §1º e 2º do ECA,
determinando o acolhimento pelo prazo máximo de dois anos, salvo motivo
justificado. Seriam os entraves da ação de destituição um motivo justificado? E o

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trânsito em julgado? Ou a insistência incessante para que os genitores voltem a
regrar suas vidas para receber novamente o menor? Parece-me que nada mais
justifica a permanência do infante no presente caso.
Quando a insistência é muita na reinserção familiar, acaba-se tendo um
desvio de foco. Foca-se na mãe e pai relapsos e/ou eventuais parentes e esquece-
se da criança, o verdadeiro e principal objeto de tutela e proteção. Nesse sentido,
segue reflexão de Guilherme de Souza Nucci ao referir a institucionalização em
prazo exacerbado:

“Essa institucionalização é negativa e precisa ser evitada. Por


isso, o demasiado apego implantado pela Lei 12.010/90 no
tocante à família natural, buscando evitar, a todo custo, a
adoção, é um desserviço. Se já era difícil cortar os laços com
esses pais levianos, que largavam seus filhos em abrigos, agora,
com a insistência legal em manter os vínculos de sangue, piorou
a situação de quem almeja uma família. A única esperança
restante a todas as crianças e adolescentes institucionalizados
são o Judiciário e o Ministério Público. Possam esses
operadores do Direito da Infância e Juventude atuar, com
efetividade, nessa área, não permitindo que abrigos se
transformem em lares permanentes para os infantes e jovens,
cujas famílias naturais estão desestruturadas. Para tanto, devem
levar em consideração que criar um filho não significa visitá-lo de
vez em quando, mas tê-lo ao seu lado a cada hora do dia. As
instituições governamentais e não governamentais (a maioria)
fazem um trabalho excelente para acolher os menores de 18
anos privados do convívio familiar por ordem judicial. Mas eles
precisam ser enfocadas como este Estatuto preconiza: como um
cenário provisório na vida infantojuvenil. E, com a devida vênia,
o conceito de provisoriedade é incompatível com meses e anos
a fio de abrigamento.”1

Entendo que o melhor interesse da criança, nos casos em que a


demanda está madura o suficiente é, salvo melhor juízo, o encaminhamento para
família substituta. Em especial, no caso concreto onde se está diante de criança
acolhida com poucos meses de vida (portanto sem vínculo afetivo com os pais) e
que, agora, já tem um ano e meio, sendo totalmente saudável e de fácil adoção.
Assim, deve ser julgada prejudicada a Ação para aplicação de medida
protetiva, sendo que a procedência da Ação de Destituição Familiar é medida que
se impõe, bem como o imediato encaminhamento à família substituta.
Razões expostas, julgo prejudicada a Ação para Aplicação de Medida
Protetiva ( 075/5.17.0000102-0) e procedente o pedido da Ação de Destituição
do Poder Familiar (075/5.18.000081-6), para determinar a destituição do poder
familiar de MICHELE ALVES DA ROCHA e JOSSEMAR FERNANDES DOS
SANTOS com relação ao menor Yago Alves dos Santos.
Intimem-se.
Sem condenação em honorários ou custas (art. 141, §2º do
ECA).Comunique-se a decisão ao Lar Acolhedor;

1NUCCI, Guilherme de Souza. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 2. ed.rev, atual e


ampl – Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 77 6
64-1-075/2018/44722 - 075/5.18.0000081-6 (CNJ:.0002124-
36.2018.8.21.0075)
Forme-se o expediente de Adoção-mantido o sigilo, cabendo à
Escrivã da Vara a realização de consulta junto ao cadastro de adotantes;
-Após o trânsito em julgado, expeça-se mandado ao Registro Civil;
-Publique-se, registre-se e intime-se, mantido o segredo de justiça.

Três Passos, 31 de agosto de 2018.

Lisiane Cescon Castelli,


Juíza de Direito

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ampl – Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 77 7
64-1-075/2018/44722 - 075/5.18.0000081-6 (CNJ:.0002124-
36.2018.8.21.0075)

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