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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA DE UMA DAS VARAS DE


FAMÍLIA DA COMARCA DE PARNAMIRIM/RN

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, menor impúbere, nascido em


xxxxxxxxxxxxxxxx de 2019, neste ato representado por sua genitora,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileira, solteira, do lar, portador da cédula de identidade nº
xxxxxxxxxxxxxxxxxx, inscrita no CPF nº xxxxxxxxxxxxxxxxxx, ambos residentes e
domiciliados na xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx CEPNº xxxxxxxxxxxxxxxx, vem à
presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído propor:

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE C/C COM


ALIMENTOS

Em face de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, solteiro, autônomo,


inscrito no CPF sob nº xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, onde por informações, reside com
seu tio, o Sr. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, na Rua
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e possui o contato pessoal
(84)xxxxxxxxxxxxxxx e commercial (84)xxxxxxxxxxxxxxxx, e email:
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, pelos fatos e motivos que passa a expor.

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O autor da presente ação por não ter condições econômicas e financeiras de


arcar com as custas processuais e demais despesas aplicadas, sem prejuízo de seu
sustento e de sua família, vem, com base no art. 5º, LXXIV da Constituição Federal e
no art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, requerer que sejam concedidos os
benefícios da Gratuidade de Justiça.
II- DOS FATOS QUE AMPARAM A PETIÇÃO INICIAL

O Autor, apesar de ser filho do Réu, nunca teve o reconhecimento de seu


vínculo.

O menor é filho do requerido, concebido de uma relação no momento em


que a genitora da criança estava separada de seu companheiro. Contudo, o companheiro
da genitora, ao voltarem com o relacionamento registrou a criança como sendo sua.

A genitora do autor e o réu tiveram um relacionamento em 20xxx. Como


fruto desta relação nasceu o menor atualmente com x anos e x meses de idade.

Logo que o Réu soube da gravidez da genitora do Autor, manteve-se


indiferente à notícia.

Assim, com o passar dos anos, em 2022, a genitora se separou de seu


companheiro ja citado, assim, para dirimir quaisquer dúvidas, a genitora e seu ex-
companheiro realizaram o exame de DNA, onde apresentou um resultado negativo para
esse, fato este que só corrobora o requerido como sendo o pai biológico da criança, uma
vez que a mesma só havia se relacionado com ele enquanto estava separada no ano de
2019.

A genitora do autor não possui dúvidas quanto à paternidade, conforme


comprovará com a instrução do feito, pois não conseguiu que o exame de DNA fosse
realizado amigavelmente.

Previamente a interposição da ação houve a tentativa de resolução dos fatos


junto ao Réu, sem êxito, razão pela qual move a presente ação.

III. DO DIREITO AO RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE

O direito do Autor vem primordialmente amparado no Estatuto da criança e


do Adolescente em especial em seu Art. 27 do ECA, que assim dispõe:

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,


indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou
seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Tal artigo consubstancia a pretensão do Autor, visto que se trata de direito
indisponível e imprescritível, da mesma forma que amparada pela Lei nº 8.560 de
1992, que dispõe em seu artigo 2º-A:

Art. 2ºA. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais,


bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade
dos fatos.

Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código


genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em
conjunto com o contexto probatório.

No presente caso, tem-se que a renúncia do Autor no exame de DNA já


configura presunção da paternidade, razão pela qual deve ser viabilizado ao Réu que
proceda com o exame de DNA em juízo, ou, o reconhecimento da paternidade,
conforme precedentes sobre o tema:

APELAÇÃO. FAMÍLIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.


EXAME PERICIAL. AUSÊNCIA. RECUSA. ÔNUS DA PROVA
INVERSÃO. Outros indícios de prova. Presunção. A recusa do investigado
em realizar o teste de DNA implica em inversão do ônus da prova, que,
somada ao conjunto probatório dos autos, induzem à veracidade dos
fatos alegados na inicial, devendo a ação de investigação de paternidade
ser julgada procedente para reconhecimento da filiação e eventuais direitos
daí decorrentes. (Apelação, Processo nº 0005000-31.2010.822.0102, Tribunal
de Justiça do Estado de Rondônia, 2ª Câmara Cível, Relator (a) do Acórdão:
Des. Marcos Alaor Diniz Grangeia, Data de julgamento: 18/08/2016)

Trata-se, portanto, do necessário reconhecimento de paternidade para que a


criança tenha condições de requerer seus direitos necessários para um desenvolvimento
saudável e o devido amparo legal.

Nesse diapasão, no entendimento do Supremo Tribunal, entretanto, a


paternidade socioafetiva não impede o reconhecimento da paternidade biológica e de
todas as obrigações que essa implica.

IV. DOS ALIMENTOS

Após analisadas todas as circunstâncias que cercam o presente demanda,


importa ao Réu responder ao pleito do Autor quanto aos Alimentos.
A lei estabelece os parâmetros a serem seguidos para que a prestação de
Alimentos seja firmada, devendo atender ao binômio Necessidade/Possibilidade.

A criança tem resguardados os direitos inerentes à pessoa humana no escopo


dos artigos 227 e 229 da Constituição Federal/1988:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência
ou enfermidade.

Trata-se de proteção disposta ainda no Estatuto da Criança e pelo Código


Civil que não exclui a responsabilidade de ambos os pais na manutenção e
desenvolvimento da criança, mesmo diante da separação:

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos
filhos:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele,
de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.

Art. 1696. O direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e


extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros.

A jurisprudência, assegurando este direito destaca:

EMENTA: DIREITO DE FAMÍLIA - AÇÃO DE ALIMENTOS -


APELAÇÃO CÍVEL - FILHO MENOR - FIXAÇÃO - BINÔMIO
POSSIBILIDADE/NECESSIDADE - EFEITOS DA REVELIA - PROVA.
Os alimentos devidos pelos pais aos filhos menores decorrem dos deveres
inerentes ao poder familiar. Sua fixação deve se dar na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada (binômio
possibilidade/necessidade). Diante da total ausência de elementos que
permitam ao juiz aferir a verossimilhança das afirmações da autora, não deve
ser aplicada a pena da revelia pura e simplesmente, pois o magistrado há de
buscar, na medida do possível, a verdade real, e não a verdade processual,
para que alcance, de forma mais substancial, a justiça no caso concreto.
(TJMG - Apelação Cível 1.0027.14.014466-1/001, Relator (a): Des.(a)
Dárcio Lopardi Mendes, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/08/0015,
publicação da sumula em 12/08/2015)
Assim, considerando que o réu mantém hoje, um emprego apto a garantir
sua subsistência e do menor, é de bom alvitre que os alimentos provisórios sejam
prestados no importe de 30% do seu salário base.

Ressalta-se que a genitora do menor atualmente não trabalha e vem, com


muita dificuldade, arcando com as despesas de criação do menor, tais como moradia,
alimentação, vestuário, educação, medicamentos e lazer com ajuda com seus de
familiares.

O Requerido, por sua vez, possui uma empresa no ramo da


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, conforme anexo. Contudo informou a genitora que
não tinha renda para arcar com sua obrigação em relação ao menor por ser autônomo.

V. DA NECESSÁRIA RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CIVIL.

Após o devido reconhecimento da paternidade pleiteada, é devido ao Autor,


conforme direito insculpido na Lei nº 6.015 de 31/12/1973, que em seus artigos 109 e
seguintes, abre a possibilidade de retificação dos registros:

"Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique


assentamento no Registro Civil, requererá, em petição fundamentada e
instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que o Juiz
o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados, no
prazo de cinco (5) dias, que correrá em cartório."

Afinal, trata-se de direito à retificação consubstanciada no reconhecimento


da verdadeira filiação biológica.

Trata-se, portanto, de direito que assiste ao autor conforme


jurisprudência:

POSSIBILIDADE. DIREITO CIVIL. INTERESSE DE MENOR.


ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. 1. Não há como negar a uma
criança o direito de ter alterado seu registro de nascimento para que dele
conste o mais fiel retrato da sua identidade, sem descurar que uma das
expressões concretas do princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana é justamente ter direito ao nome, nele compreendido o prenome
e o nome patronímico.2. É conferido ao menor o direito a que seja acrescido
ao seu nome o patronímico da genitora se, quando do registro do nascimento,
apenas o sobrenome do pai havia sido registrado. 3. É admissível a alteração
no registro de nascimento do filho para a averbação do nome de sua mãe que,
após a separação judicial, voltou a usar o nome de solteira; para tanto, devem
ser preenchidos dois requisitos: (i) justo motivo; (ii) inexistência de prejuízos
para terceiros. 4. Recurso especial não conhecido. (STJ. REsp 1.069.864/DF.
Rel. Min. Nancy Andrighi. Julgado em: 18/12/2008, DJe 03/02/2009).”

RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE ÓBITO. CORREÇÃO.


CABIMENTO. 1. Somente quando cabalmente demonstrada a existência
de erro no registrocivil é que se admite a retificação, isto é, a sua correção.
2. Cabe promover a alteração pretendida pois flagrante a existência de
erro, pois restou comprovado que os recorrentes, que constaram como
sendo filhos da falecida, na verdade não o são, sendo filhos de outras pessoas
e não mantém com ela qualquer relação de parentesco. Recurso desprovido.
(Apelação Cível Nº 70070600358, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em
26/10/2016).

Desta feita, é patente o direito que assiste ao Autor em ter o seu registro
retificado, sendo imperioso concluir-se pela procedência de seu pedido.

VI. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Diante de provas que serão realizadas oportunamente suficientes a


comprovar o parentesco, em especial a presunção de paternidade pela recusa em realizar
o exame de DNA, fica configurado o direito ao pedido de alimentos provisórios, para
fins de garantir o sustento dos menores enquanto pendente o litígio, por força da lei
5.478/68 que dispõe sobre a Ação de Alimentos, in verbis:

Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo


alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita
Art. 13, § 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a
decisão final, inclusive o julgamento do recurso extraordinário.

Trata-se de necessidade inequívoca a ser suprida pela fixação de tal provisão


legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela genitora da menor.
A concessão de alimentos provisórios visa a garantir a observância ao
binômio: possibilidade do alimentante e necessidade do alimentando, conforme latente a
jurisprudência:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE PRESTAÇÃO


ALIMENTÍCIA - ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXADOS -
BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Na fixação de pensão alimentícia, deve
ser observado o binômio necessidade e capacidade, de modo que não se fixe
um valor aquém das necessidades do alimentando nem além da capacidade
do alimentante. 2. Entende-se que ônus do sustento dos filhos compete a
ambos os genitores, devendo a mantença dos filhos ser dividida de forma que
cada um contribua na medida da própria disponibilidade financeira. (TJMG -
Agravo de Instrumento-Cv 1.0105.15.022790-5/001, Relator (a): Des.(a)
Hilda Teixeira da Costa, 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 02/02/2016,
publicação da sumula em 15/02/2016)

Diante de todo o exposto, diante da demonstração inequívoca da


necessidade do alimentando e da possibilidade do genitor, requer a concessão imediata
ao pagamento de uma pensão alimentícia provisória no importe de 30% (trinta por
cento) do salário base, assim como determina o Art. 4º c/c Art. 13, § 2º, ambos da Lei nº
5.478, de 25.07.1968.

VII. DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR

O Autor pretende instruir seus argumentos com as seguintes provas:

a) depoimento pessoal do Réu, para esclarecimentos sobre a relação que


tiveram.

b) análise pericial, por meio de exame de DNA.

VIII. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do Código de


Processo Civil;

2. O arbitramento de alimentos provisórios, em R$ 651,00 (seiscentos e


cinquenta e um reais), equivalente a 50% do salário mínimo, a ser depositada na conta
da Genitora e após a comprovação da renda do réu, a substituição pelo desconto de 30%
de seus vencimentos a serem depositados na conta da genitora do menor;

3. A citação do réu para responder a presente ação, querendo;

4. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a


pericial para fins de que seja reconhecida formalmente a paternidade do Autor
determinando a realização do exame de DNA – segundo praxe legal.

5. Seja designada audiência de conciliação, e não havendo êxito, seja


designada audiência de Instrução e Julgamento para a oitiva das partes e testemunhas;

6. Intimação do Ministério Público para intervir no feito, nos moldes do


artigo 698, do CPC;

7. A TOTAL PROCEDÊNCIA da demanda;

8. A expedição de ofício ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,


requerendo informações acerca da existência de vínculos empregatícios em nome do
executado. Havendo notícia de vínculo, que seja oficiado o empregador para que seja
descontado diretamente da folha de pagamento do devedor o valor devido a título de
alimentos, tanto vencidos quanto vincendos, evitando novos inadimplementos (art. 529,
§ 3º, Código de Processo Civil/2015); caso haja deferimento desta Ação;

10. Dá-se à causa o valor de R$ 7.812,00 (sete mil, oitocentos e doze reais)
equivalente a 12 (doze) meses.

Nestes termos, pede deferimento.

 xxxxxxxxxxxxxxxxxx, xx de Janeiro de 2023.

adv
OAB/xx xxxx

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