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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA DE

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE  XXXXXXXXXXXX - XX

XXXXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, desempregada, portadora do RG nº


XXXXXXXXXX, SSP/XX e inscrita no CPF sob o nº XXXXXXXX, residente e
domiciliada à Rua XXXXXXXX nº XXX, bairro XXXXXXX, cidade de XXXXXXXX,
Estado do XXXXXX, CEP: XXXXX-XXX vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, por meio da Defensora Pública que ao final subscreve, propor a presente 

AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS C/C ALIMENTOS


PROVISÓRIOS 

em face de XXXXXXXXXXXX, brasileiro, solteiro, motorista, RG e CPF


desconhecidos, residente e domiciliado à Rua XXXXXXXXX, n° XX, bairro XXXXXX,
cidade de XXXXXXXX, Estado do XXXXX, CEP XXXXX-XX, pelos fatos e argumentos
a seguir expostos:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, requer o benefício da assistência Jurídica gratuita, tendo em vista


tratar-se de pessoa carente de recursos financeiros, impossibilitada de custear as despesas
processuais, sem comprometer o próprio sustento, nos termos das Leis n.º 1.060/50 e n.º
7.115/83 e consoante art. 5º, LXXIV da Constituição Federal, razão pela qual é assistida
pela Defensoria Pública do Estado do XXXXX.

DOS FATOS

A requerente e o requerido mantiveram um relacionamento amoroso e público, por


aproximadamente quatro anos, iniciado em meados de 20__ e com término em julho de
20__. As partes não chegaram a formalizar a união, entretanto, esta encontra-se em estado
gravídico, no quarto mês de gestação, conforme exame comprobatório da gravidez em
anexo, que foi formalmente reconhecida por ambos sendo o requerido indicado como
genitor do nascituro.

Com o fim do relacionamento a requerente está desempregada e atualmente não


tem condições prover a manutenção de das necessidades do nascituro. Por isso a autora está
sob condições precárias, não possuindo sequer dinheiro para a realização dos inúmeros
exames necessários para o acompanhamento da gestação.

O requerido, por sua vez, trabalha, formalmente, na empresa XXXXXXXXXX,


exercendo a função de XXXXXX, localizada na Avenida xxxxxxx, nº xxx, cidade de
xxxxxxxxxx, estado do xxxxx, CEP: xxxxx-xxx e, segundo a requerente, tem uma renda
mensal estimada em R$1.500,00 (hum mil e quinhentos reais).
O requerido demostra condições financeiras suficientes para auxiliar a genitora
com as despesas de medicamentos, exames, aluguel, luz, água e quando necessário
alimentação especifica a requerente, após a dissolução da união com a requerente, visto ser
este apresentado como genitor na relação com a requerente.

Considerando ser dos genitores a obrigação de acompanhar o nascituro em todos


os aspectos, inclusive financeiros, e pela impossibilidade de a genitora arcar com as
despesas da gestação, cabe ao requerido pagar alimentos gravídicos conforme tabela de
gastos mensais:

TABELA DE DESPESAS MENSAIS

DESPESAS VALOR

Alimentação R$ 80,00

Moradia R$ 70,00

Exames pré-natais R$ 100,00

TOTAL R$250,00

Requer-se que seja fixado, a título de alimentos gravídicos, o valor de R$250,00


(duzentos e cinquenta reais), correspondentes a 31,73% dos ganhos mensais do requerido,
que deverá ser pago até o dia 10 (dez) de cada mês, através de depósito em conta bancária,
com os seguintes dados, agência: XXX, operação: XXX, conta: XXXXXXXX-X, que tem
como titular a Sra. XXXXXXXX.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Constituição Federal, em seus arts. 227 e 229, preceitua os deveres a serem


observados pela família, sociedade e Estado para que a gama de direitos protecionistas,
trazidos de forma explicativa, sejam efetivados:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao


adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (grifo nosso)

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. (grifo
nosso).
Mister se faz o destaque acerca da proteção constitucional que ora se ostenta,
particularmente no que tange à proteção da prole de toda forma de negligência. Neste
segmento protecionista, o poder-dever familiar deve existir desde a concepção do nascituro,
conforme preceituam os seguintes artigos da lei 11. 804 de 2008:

Art. 2º  Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores


suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam
dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação
especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações,
parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. 

        Parágrafo único.  Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das
despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição
que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de
ambos. (grifos nossos).

 Art. 6º  Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará


alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as
necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 

        Parágrafo único.  Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam
convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes
solicite a sua revisão. (grifos nossos).

Não obstante as evidências legais exploradas até então falarem por si só, merece
destaque a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS.


POSSIBILIDADE. INDÍCIOS DE PATERNIDADE:

O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos é de que a parte


requerente demonstre "indícios de paternidade", nos termos do art. 6º da Lei
nº11.804/08. O exame de tal pedido, em sede de cognição sumária, sob pena de
desvirtuamento do espírito da Lei, não deve ser realizado com extremo rigor,
tendo em vista a dificuldade em produzir prova escorreita do alegado vínculo
parental. Caso em que as fotografias, dando conta do relacionamento amoroso
das partes, juntadas ao instrumento, conferem verossimilhança à alegação de
paternidade do réu e autorizam o deferimento dos alimentos gravídicos, em sede
liminar. DERAM PROVIMENTO (Agravo de Instrumento Nº 70065486870,
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Pedro de Oliveira
Eckert, Julgado em 20/08/2015).
Neste sentido, os indícios de paternidade, no caso em tela, restam caracterizados
de forma translúcida, uma vez que provas conclusivas da mesma, neste momento,
são de difícil aferição. Até lá, a adequada manutenção da saúde e bem-estar da
requerente - porquanto se refletirão no nascituro - não poderão ser ameaçadas.
Esse entendimento é exposto na jurisprudência pátria:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS


GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE, NO CASO:
1. O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos, qual
seja, "indícios de paternidade", nos termos do art. 6º da Lei nº 11.804/08, deve ser
examinado, em sede de cognição sumária, sem muito rigorismo, tendo em vista a
dificuldade na comprovação do alegado vínculo de parentesco já no momento do
ajuizamento da ação, sob pena de não se atender à finalidade da lei, que é
proporcionar ao nascituro seu sadio desenvolvimento. 2. No caso, considerando
que o atestado médico comprobatório da gestação, as mensagens eletrônicas
trocadas pelas partes e em especial o fato de os litigantes haverem firmado acordo
de "dissolução de união estável" em audiência de tentativa de conciliação indicam
de forma suficientemente segura que mantiveram relação em período
concomitante à concepção, há plausibilidade na indicação de paternidade
realizada pela agravada, restando autorizado o deferimento dos alimentos
gravídicos, no valor de 20% do salário mínimo. Manutenção da decisão recorrida.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70065100612, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo
Moreira Lins Pastl, Julgado em 20/08/2015).

Ante o exposto, depreende-se oportuno o presente pleito de condenação do


requerido ao pagamento de alimentos gravídicos para que a gestante e o nascituro possam
subsistir com o mínimo de dignidade, assegurando-lhes os direitos oriundos do direito
maior, qual seja, o direito à vida.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Nesta oportunidade, necessária se faz a fixação provisória da pensão alimentícia


pleiteada, já que não é razoável admitir que as despesas vitais da gravidez sejam
suportadas, exclusivamente pela genitora.

Os alimentos provisórios pleiteados na presente ação têm como objetivo promover


o sustento da gestante na pendência da lide. Tal pedido encontra-se previsto no art. 4º da
Lei n.º 5.478/68, que dispõe sobre a ação de alimentos, senão vejamos:

Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem
pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
No caso sub examine, resta translúcida a necessidade de fixação de tal provisão
legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela autora, o que fatalmente resvala na
manutenção do nascituro.

Registre-se a precisa lição da atual doutrina de Maria Berenice Dias, que, citando
Silvio Rodrigues e Carlos Alberto Bittar, assim preconiza:

“Talvez se possa dizer que o primeiro direito fundamental do ser humano é


o de sobreviver. E este, com certeza, é o maior compromisso do Estado: garantir
a vida dos cidadãos. Assim, é o Estado o primeiro a ter obrigação de prestar
alimentos aos seus cidadãos e aos entes da família, na pessoa de cada um que
integra. (…) Mas infelizmente o Estado não tem condições de socorrer a todos,
por isso transforma a solidariedade familiar em dever alimentar. Este é um dos
efeitos que decorrem da relação de parentesco”.
No tocante ao arrimo probatório, além da prova testemunhal a ser posteriormente
colhida, destaca-se que o relacionamento entre ambos era público e notório, do qual é fruto.

Isto posto, com o objetivo de propiciar à gestante requerente proteção jurisdicional


aos meios à sua mantença digna durante o curso do processo, solicita-se alimentos
provisórios, nos termos da pensão alimentícia requerida alhures.

DOS PEDIDOS

Ante ao exposto requer:

a. A concessão da gratuidade da justiça, tendo em vista ser a autora considerada


pobre, na forma da lei, não podendo dessa forma arcar com o pagamento das
custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família;

b. Fixação dos Alimentos Gravídicos, no valor de R$ 250,00 (duzentos e


cinquenta reais), correspondentes a 31,73% do salário mínimo vigente, de logo,
requerendo que seja depositado na conta destinada ao pagamento dos alimentos
definitivos, qual seja, agência: XXXX , operação: XXX, conta: XXXXXX-X,
nos termos da Lei 5.478/68, considerando o caráter suplementar dessa lei à Lei
11.804/08 (Alimentos gravídicos);

c. A citação do requerido, para que apresente resposta no prazo de 15 (cinco)


dias, conforme trata o art. 7º da  lei 11804/08,  sob pena de decretação da
revelia, para que tome ciência da ação, assim como da decisão interlocutória de
fixação dos alimentos provisórios, notificando-o, ainda, da audiência de
conciliação e julgamento que trata o art. 5º da Lei 5.478/68, dado seu caráter
suplementar à lei supracitada;

d. A intimação do ilustre Representante do Ministério Público para manifestar-se


quanto ao presente pedido, na condição de fiscal da correta aplicação das
normas jurídicas ao caso sob exame;

e. Ao final, seja julgada PROCEDENTE a presente ação, a fim de que produza


seus efeitos jurídicos e legais, deferindo-se o pagamento de ALIMENTOS
GRAVÍDICOS, no valor de R$250,00 (duzentos e cinquenta reais), mensais
em favor da Requerente, a serem depositados na conta bancária e na data
supramencionadas alhures.

f. Após o nascimento com vida, que esses alimentos sejam convertidos em


pensão alimentícia em favor do menor;

g. A condenação do requerido ao pagamento dos honorários advocatícios, em


20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.   

h. Protesta provar o alegado por todos os meios legais em Direito admitido.


Dar-se á o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Termos em que,

Pede Deferimento.

XXXXXXXX - XX, 27 de dezembro de 2016 

Advogado/OAB...

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