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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA E.

ª VARA DA
FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DO FORO _______________-SP

_______________, brasileira, ____, ___, residente e


domiciliada nesta capital, na ______, n° ____, _______, portadora da cédula
de identidade RG n° _____ e inscrita no CPF/MF sob o nº _______, por seus
advogados que esta subscrevem (doc. anexo), vem, mui respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com fundamento na Lei n° 11.804/2008 e
demais dispositivos legais aplicáveis, propor o presente pedido de

ALIMENTOS GRAVÍDICOS COM PEDIDO DE LIMINAR

em face de _________, brasileiro, _____, ________, inscrito no CPF/MF sob nº


_____, e RG ___ , residente na ______, n° ____, apto. ____– São Paulo, SP e
domiciliado na Rua ________, n° ________– ____- São Paulo – SP, pelos
motivos fáticos e razões de direito a seguir aduzidos:

I - DOS FATOS
1. Requerente e Requerido mantém um
relacionamento amoroso desde o ano de _____ , sendo que no decorrer
desses anos viveram como companheiros publicamente na residência do
requerido.

2. Que em ________, a Requerente descobriu a


gravidez e comunicou ao companheiro. Estranhamente, mesmo após o longo
período de relacionamento e das promessas de que formariam uma família, o
Requerente rompeu com a Requerida.

3. Abandonada emocional e financeiramente pelo


Requerido, a Requerente procurou abrigo na casa de seus pais, __________.

4. Dois meses se passaram após o comunicado da


notícia da gravidez, sendo que em _________, a Requerente recebeu uma
mensagem eletrônica do Requerido, via aparelho celular, com a resposta
positiva ao convite para comparecimento para uma conversa amigável. No dia
________, o Requerido se comunicou com a Requerente via “Skype” e celular,
sendo que ficaram rememorando por várias horas, os momentos que viveram
juntos, falaram sobre a gravidez, como ela se sentia, entre outros assuntos.

5. Mesmo diante da negativa de ajuda, a Requerente


continuou a não medir esforços para manter o bom relacionamento com o
Requerido, sendo que até o final do mês de ______, encontravam-se para
jantares e passeios, mas quando o assunto “gravidez” vinha à tona, o
Requerido, simplesmente, rejeitava-a novamente.

6. Comprovando que o Requerido tem certeza que é


o pai da menor que está sendo gerada, escreveu em uma “conversa” via
Skype, que precisava saber qual o período provável do parto para poder
acompanhá-la e confirma presença, conforme cópia anexa.

7. Noutro momento da mesma conversa, o


Requerido indica outro ginecologista para que a Requerente seja atendida, e
afirma que pagará as consultas e honorários, mas na prática, até o momento, o
Requerido não a ajudou financeiramente nem tampouco emocionalmente, ao
contrário, só tem causado aborrecimentos, transtornos e desgastes emocionais
irreversíveis.
8. Note Excelência que a gravidez já está bem
avançada, em torno de ___ semanas.

9. Desse modo, com a gestação já avançada,


mesmo sem a ajuda financeira do Requerido, a Requerente viu-se obrigada,
frente à necessidade de adequar seu quarto (na casa de seus pais) à
necessidade de poder acolher o bebê que está por chegar, iniciou a reforma no
seu quarto, contratando pintor para repintar as paredes, bem como fez a
compra dos móveis do quarto, cópias anexas.

10. Ainda há a necessidade de comprar todo o


enxoval da criança, fraldas, medicamentos e todo o mais necessário aos
cuidados com um recém nascido.

11. Ocorre que, os rendimentos mensais da


Requerente não são suficientes para arcar com todas as despesas e gastos da
gestação e com a criança que está por nascer.

12. O Requerido é _______, trabalhando em


diversos _____. Atualmente, é __________, auferindo renda mensal,
aproximadamente, em R$ 30.000,00.
13. Diante de todas as negativas em ajudar
financeiramente a Requerente, não restou alternativa, senão o ingresso com a
presente ação.

II – DOS ALIMENTOS

1. O dever de proteger o ser que está em gestação,


para proporcionar-lhe todo o necessário ao seu desenvolvimento, está
perfeitamente caracterizado, pois o Requerido em momento algum, em suas
conversas e tratativas com a Requerente, negou a paternidade do nascituro,
pelo contrário, afirma que é o pai do bebê.

2. Diante do acima exposto, requer a fixação dos


alimentos gravídicos, liminarmente, inaudita altera pars, no valor de
15(quinze) salários mínimos.

III – DOS FUNDAMENTOS

1. Tendo em vista, os fatos narrados acima, está


patente que o Requerido tem o dever de proteger e prestar alimentos à
Requerente, conforme os artigos 1°, 2°, § 2° e 6° da Lei 11.804/2008.

2. Os alimentos gravídicos compreendem, aqueles


devidos ao nascituro, e, percebidos pela gestante, ao longo da gravidez.
Abrangem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período
de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive
as referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras
que o juiz considere pertinentes. Assim, entende-se que o rol não é exaustivo.

3. Apresentamos o julgado do Tribunal de Justiça do


Estado do Rio Grande do Sul:

UNIAO ESTAVEL. ALIMENTOS PROVISORIOS. EX-


COMPANHEIRA E NASCITURO. PROVA. Evidenciada a
união estável. A possibilidade econômica do alimentante e
a necessidade da ex-companheira, que se encontra
desempregada e gravida, é cabível a fixação de alimentos
provisórios em favor dela e do nascituro, presumindo este
seja filho das partes. Agravo de Instrumento n°
70017520479, 7ª Camara Civel do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul, Relator: Sergio Fernando de
Vasconcelos Chaves, julgado em 28/03/2007.

4. Yussef Said Cahali sustenta sobre o tema:


“ A lei 11.804/2008 procura proporcionar à mulher
grávida um autêntico auxílio à maternidade, sob a denominação lato sensu de
alimentos, representado por uma contribuição proporcional à ser imposta ao
suposto pai, sob forma de participação nas despesas adicionais do período de
gravidez e que sejam dela decorrentes da concepção ao parto” (Dos Alimentos,
p. 353)

5. No entender de Leandro Soares Lomeu, a


legislação entra em contato com a realidade social facilitando a apreciação dos
requisitos para a concessão dos alimentos ao nascituro, devendo a requerente
convencer o juiz da existência dos indícios da paternidade, desta forma, este
fixará os alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,
sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

6. Os alimentos são garantidos ao ser concebido,


porém não nascido, garantindo assim o direito constitucional à vida, expresso
no artigo 5° da Carta Magna:

Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à segurança, (...) (g.n.)

7. O acesso do nascituro à justiça também vem


expresso no inciso XXXV do artigo 5° do mesmo diploma legal, que dispõe:

Art. 5° - XXXV – A lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça de direito.

8. Os alimentos ao nascituro têm seu início a partir


da concepção, artigo 2º da Lei n. 11.804/08.

9. Toda gestante necessita de cuidados especiais, o


que enseja dispêndio financeiro, sendo que tais gastos ocorrerão de qualquer
forma, não sendo adequado que a gestante arque com sua totalidade, motivo
pelo qual é medida justa que haja compartilhamento dessas despesas com o
pai da criança.

10. Ainda corroborando com a Requerente nos


ensina o advogado Rolf Madaleno:
“O dever alimentar tem origem distinta da obrigação de
sustento, pois se vincula ao poder familiar, ao parentesco
das pessoas menores e incapazes. É preciso ter presente
a noção de família nuclear formada pelo par andrógino e
seus filhos, quando existente, e a este núcleo familiar toca
um dever de alimentos escorado no vínculo de
solidariedade que se mostra muito mais intenso e
significativo. No respeitante à obrigação pensional têm-se
em mente os parentes de graus mais distantes, como são
os avós e irmãos, aqui também enquadrados os filhos que
não mais estão sob o abrigo do poder familiar, porque
maiores e capazes. Por fim, também entre cônjuges e
conviventes pesa igual obrigação de solidariedade
alimentar, sem a imposição de sacrifícios, pois sempre
limitados às forças dos recursos de que dispõe o
convocado alimentar.
Já na solidariedade familiar entre pais e filhos menores de
dezoito anos e, portanto, ainda sob o poder familiar, vige
um dever alimentar ilimitado, que vai ao extremo até de
exigir a venda de bens pessoais dos pais para assegurar
por todas as formas o constitucional direito à vida, onde
todos os esforços devem ser envidados pelos genitores
para atender toda a sorte de necessidades dos filhos
ainda menores e incapazes.

Denise Damo Comel diz:


“(...) o dever dos pais é prestar os alimentos in natura,
quer dizer, é prover em espécie os alimentos ao filho, ao
passo que a obrigação alimentar se cumpre, de regra,
mediante prestações periódicas geralmente em dinheiro.”
... “A obrigação de alimentos resultante do parentesco
terá como pressuposto o estado de necessidade do
alimentário e a correlata possibilidade do alimentante de
ministrá-lo, sem com isso desatender-lhe as próprias
necessidades e da família, sendo recíproca e vitalícia
entre os parentes.”

11. Deve ser ressaltado que, a Requerente e o


Requerido, como companheiros, tinham um padrão de vida muito bom, não
podendo agora o nascituro sofrer com o prejuízo, conforme menciona Carlos
Roberto Gonçalves (Direito Civil brasileiro, Direito de Família, 2005, v. IV, p.
440):
“os alimentos têm a função de fornecer ao parente,
cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência,
mas sua finalidade não se encerra no necessário ao
sustento do alimentando, porque a pensão alimentícia
deve corresponder à estratificação social do credor da
prestação alimentícia”.

12. Ademais, o Requerido é pai de mais ____ filhos,


advindos da sua primeira união, sendo que mantém para estes: vida
confortável, bons colégios particulares, babá, lazer, enfim, todo o necessário
para os filhos cresçam sadios, fortes, emocionalmente e psicologicamente
bem. Para os filhos anteriores à este que está sendo gerado, o Requerido é um
excelente pai, não deixando faltar nada à subsistência e mantença dos
mesmos, inclusive mantendo um nível social altíssimo.

13. Rolf Madaleno explica sobre alimentos, em seu


livro: Curso de Direito de Família, 2011, p. 823:
“Alimentos civis ou côngruos são aqueles destinados à
manutenção da condição social do credor de alimentos,
incluindo a alimentação propriamente dita, o vestuário, a
habitação, o lazer e necessidades de ordem intelectual e
moral, cujos alimentos são quantificados em consonância
com as condições financeiras do alimentante.
É diretriz para a fixação dos alimentos a condição
socioeconômica do prestador da verba pensional, porque
sua estratificação social interfere na quantificação dos
alimentos, em indissociável correlação com a riqueza
exterior do devedor, e apurada ao tempo do casamento,
ou da estável convivência, quer por vínculos de
parentesco, de união conjugal ou de relação estável”.
Com relação aos alimentos derivados da filiação,
enquanto existe uma maior amplitude de deveres que
aparecem vinculados ao poder familiar, enquanto
menores e incapazes os filhos, têm seus pais o dever de
lhes prestar toda a ordem de assistência, moral e
material, mediante a contribuição direta dos pais se
convivem no mesmo lar dos filhos, ou este dever será
atendido mediante a fixação de uma prestação alimentícia
com conteúdo bem mais amplo do que teria uma
obrigação alimentar entre parentes maiores e capazes.”

IV – DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a Vossa Excelência:


a) Sejam fixados LIMINARMENTE os alimentos
gravídicos, inaudita altera pars, no valor de _______ salários mínimos;

b) Seja o Requerido citado no endereço residencial:


__________ ou nos endereços comerciais: ___________, para que, querendo,
conteste o presente pedido, no prazo legal, sob pena de revelia;

b.1) Requer os benefícios do artigo 212 e


parágrafos do Código de Processo Civil;

c) Após o nascimento da criança, sejam convertidos


os alimentos gravídicos em pensão alimentícia em favor do menor, conforme
disposto no art. 6° da Lei 11.804/2008 e conforme enunciado n. 4 dos
Magistrados Paulistas;

d) Seja julgado procedente o presente pedido, para


condenar o Requerido ao pagamento dos alimentos ao nascituro, e após o
nascimento com vida, o pagamento de pensão alimentícia mensal destinada à
filha menor, no valor de _______ salários mínimos vigentes à época, com
pagamento todo o dia 05 (cinco) de cada mês, através de depósito na conta
corrente número ______, Agência _____, do Banco _____, em nome da
requerente ______.

e) Sejam expedidos ofícios à Delegacia da Receita


Federal (DRF) para envio de cópia das declarações de imposto de renda do
Requerido dos últimos 05(cinco) anos; à ________; ao ________, _______.

f) Por fim, requer a condenação do Requerido ao


pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios, no
montante de 20%, conforme artigo 85, §2º do Código de Processo
Civil, confirmando assim o labor e zelo profissional destes patronos;

V – DAS PROVAS

Protesta pela produção de todas as provas em


direito admitidas, em especial pela juntada de novos documentos, testemunhal,
e, depoimento pessoal do Requerido sob pena de confesso.

VI – DO VALOR DA CAUSA

Dá à causa o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)


somente para efeito de alçada ou pode o juiz determinar a correção para 12 x o
valor pleiteado.

Termos em que,
Pede deferimento.

São Paulo, ____ de _____ de 20___.

ADVOGAGO
OAB/SP nº ______

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