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ESTADO DE MATO GROSSO

PODER JUDICIÁRIO
1ª VARA CÍVEL DE DIAMANTINO

Processo: 00000000-XX.2020.8.11.0005.

AUTOR: P. H. B. P.
REPRESENTANTE: APARECIDA ERLLEN BORGES DA SILVA

REU: CELSO FERREIRA PORTELA JUNIOR

VISTOS ETC.

Trata-se de ação de alimentos com guarda e dissolução de união


estável ajuizada por Pedro Henrique Borges Portela, representado por sua genitora
Aparecida Erllen Borges da Silva, em desfavor de Celso Ferreira Portela Junior.

Consta na inicial que:

“A Sra. APARECIDA ERLLEN BORGES DA SILVA


conviveu em união estável com o Sr. CELSO FERREIRA PORTELA
JUNIOR desde 11/06/2011, conforme escritura pública declaratória
anexa [doc. 1]. Desta união adveio o nascimento de PEDRO
HENRIQUE BORGES PORTELA. Porém, ante a infidelidade
conjugal por parte do Requerido, a dissolução fática ocorreu em
meados de setembro do ano de 2019. Em comum acordo, o
Requerido afirmou que desempenharia sua responsabilidade
paterna em dar amor e carinho à criança (Requerente), bem como
em pagar, a título de pensão alimentícia, o valor de um salário
mínimo. Assim, a representante do Requerente sugeriu firmarem o
acordo por meio da Defensoria Pública posteriormente (o que
nunca aconteceu por dissidia do Requerido [doc. 2]). Contudo,
ocorre que o Requerido desde o ano passado (2019), após ter
alegado que cumpriria com suas responsabilidades, não pagou
sequer um centavo daquilo que prometera, tampouco visita a
criança ou mantém contato. [doc. 3] Além de não arcar com a
pensão alimentícia, o Requerido não contribui com a formação do
Requerente, pois todas as “despesas extra” são custeadas pela
Sra. Aparecida. Ao manter contato para dividir as despesas
escolares, o Requerido fez menoscabo da situação, como é
possível identificar no [doc. 4]. Sob a representante do Requerente
recai todas as responsabilidades de ordem material, educacional,
moral e emocional. Ela é quem custeia a babá [doc. 5], a
alimentação [doc. 6], as vestimentas [doc. 7] e até mesmo o plano
de saúde do Requerente [doc. 8]. Por longos meses a Sra.
Aparecida vêm tentando um acordo com o Requerido, em bem
verdade, solicitando o mínimo de atenção para com o filho em
comum, porém, nem visitar o Requerente o Sr. Celso Júnior tem se
esforçado, lamentavelmente. A mãe é quem exerce a guarda
unilateral há tanto tempo, pois por longos meses o Requerido ficou
trabalhando na fazenda Hervalense (em Diamantino) e pouco caso
fazia de voltar para casa para ver o filho. Assim, diante deste
contexto, não havendo mais qualquer possibilidade de
reconciliação, requer seja declarada dissolvida essa união e fixado
os alimentos e a concessão da guarda unilateral do Requerente em
favor de sua genitora.”

Requereu, liminarmente, a fixação de alimentos provisórios no valor de


um salário mínimo vigente, além de mais 50% (cinquenta por cento) das despesas
extraordinárias com babá, educação (material escolar), saúde e vestuário para a
manutenção do infante.

No mérito, a guarda unilateral do Infante para requerente e a fixação da


pensão alimentícia a infante, regulamentação de convivência e dissolução da união
estável.

Instruiu a inicial com documentos.

A inicial foi recebida ID. 32676440 com a fixação de alimentos


provisórios equivalentes em 50% (cinquenta por cento) do valor do salário mínimo
vigente de forma mensal, mais 50% de despesas extraordinárias.

O requerido foi devidamente citado ID. 49490285, e apresentou


contestação de forma intempestiva, conforme certidão de ID. 85234777.

A requerente salienta pela decretação de revelia da parte requerida ID.


82057210.

Na decisão de ID 104767176, o Juízo decretou a revelia do requerido,


ocasião no qual, determinou a intimação das partes para especificarem e justificarem
concretamente as provas que ainda pretendem produzir, ou manifestarem-se pelo
julgamento antecipado da lide.

Certificou-se a intimação do requerido ao ID 110161481, contudo, este


se manteve inerte, consoante certidão de ID 112424850.

Ao ID 113653320, consta petitório de nova habilitação nos autos da


parte requerida, bem como, pedido de prazo para apresentar procuração.

Aportou-se ao ID 116746366, certidão de decurso do prazo sem que


houvesse qualquer manifestação do requerido

O Representante do Ministério Público manifesta pela procedência dos


pedidos formulados pela autora.

E o necessário relato.

Fundamento. DECIDO.

Pois bem. Da análise dos autos verifico que o vínculo parental restou
comprovado pela Certidão de Nascimento juntado com a peça de ingresso, ao passo
que a necessidade dos alimentos é manifesta, já que os menores não possui meios
para prover o próprio sustento (CC, art. 1695) e a genitora não pode suportar sozinha
a obrigação alimentar, até porque não dispõe de condições financeiras para tanto.
Por outro lado, há que se ressaltar que, não obstante a revelia do
requerido, em se tratando de direitos indisponíveis, não se operam os efeitos previstos
no art. 344 do Código de Processo Civil, por força do estatuído no art. 345, II, do
mesmo codex, devendo a verba alimentar ser fixada na proporção das necessidades
da parte reclamante e dos recursos do alimentante, a teor do preceito emanado do
art.1694, § 1º, do Código Civil.

No que atine à pretendida guarda unilateral da filha em favor da


genitora, tal pretensão não foi contestada pela parte requerida, operando a confissão
ficta em relação à situação da guarda fática estar em poder dela, consoante aduzido
na inicial.

Destarte, como imperativo da regularização desta situação fática,


impõe-se a procedência do pedido de guarda unilateral em favor da autora, fixando-se
o regime de visitas do requerido conforme delineado pela genitora na inicial.

No tocante à pretensão alimentar, em face da cabal comprovação da


paternidade pela certidão de nascimento acostada à inicial, como decorrência do
poder familiar, é ínsito o dever de prestar alimentos, consoante art. 1.696 do CC.

Em relação ao quantum dos alimentos, considerando a ausência de


comprovação da impossibilidade do requerido de arcar com o montante já fixado em
sede de liminar, equalizando o binômio necessidade/possibilidade, à luz da
razoabilidade e proporcionalidade, entendo escorreito fixar os alimentos em 50%
(cinquenta por cento) do salário mínimo, atualmente R$ 396,00 (trezentos e
noventa e seis reais), mais 50% (cinquenta por cento) de despesas
extraordinárias, como por exemplo: material escolar, remédios, médico (não coberto
pelo SUS), desde que devidamente comprovadas, bem como a incidência 30%
proporcionais a férias e 13º salário.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido


inicial, para CONDENAR o requerido a prestar alimentos ao menor Pedro Henrique
Borges Portela no valor mensal equivalente a 50% (cinquenta por cento) do salário
mínimo, atualmente R$ 396,00 (trezentos e noventa e seis reais), mais 50% (cinquenta por
cento) de despesas extraordinárias, como por exemplo: material escolar, remédios, médico (não
coberto pelo SUS), desde que devidamente comprovadas, bem como a incidência 30% proporcionais a
férias e 13º salário.
E, JULGO PROCEDENTE também o pedido para CONCEDER a
guarda do filho menor Pedro Henrique Borges Portela, à genitora Aparecida Erllen
Borges da Silva, com o direito de visitas pelo genitor Celso Ferreira Portela Junior,
assegurando o direito de visitas do genitor, em finais de semana alternados (iniciando
na sexta-feira às 18h00 e entrega no domingo no mesmo horário), durante a semana
de maneira livre, mediante prévia comunicação a genitora, e em relação às
festividades do final de ano que seja de forma alternada, com cada um dos genitores,
invertendo-se nas celebrações seguintes, datas comemorativas (dias das mães e dias
dos pais, com o homenageado, assim como aniversário da mãe e do pai) e férias
escolares 50% com cada um dos genitores (iniciando nos anos impares com a genitora
e em nos pares iniciando com o genitor) conforme preceitua o art. 1.589 do Código
Civil.

Ademais, reconheço a união estável existente entre APARECIDA


ERLLEN BORGES DA SILVA e CELSO FERREIRA PORTELA JUNIOR desde onze
de junho de dois mil e onze e decreto a dissolução, sem bens a partilhar.

Expeça-se termo de guarda definitiva.

DEFIRO o pedido de gratuidade de justiça do requerido.

Via de consequência, confirmo a liminar deferida e JULGO EXTINTO o


feito, na forma do art. 487, inciso I, do CPC.

Condeno o requerido nas custas processuais e em honorários


advocatícios que fixo em 10% do valor atualizado da causa, ficando a exigibilidade
suspensa em face da gratuidade.

Após as formalidades legais, arquivem-se os autos.

Às providências.

Diamantino/MT, data do ato indicada na assinatura digital.

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