Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE TIMBÓ/SC.

FELIZ BERTO ANDRADE, brasileiro, união estável, empresário, portador


do CPF nº 111.222.333-44 e RG n° 1.111.111, endereço eletrônico felizbertoa@gmail.com,
residente e domiciliado na Rua da Curva, nº 352, Benedito Novo/SC, CEP n° 00000000,
representado por seu procurador subscrito, vem, perante vossa excelência, conforme o
instrumento de mandato anexo, propor a presente

AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA C/C REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS


E OFERTA DE ALIMENTOS COM PEDIDO LIMINAR

de BENEDITA CARVALHO ANDRADE, menor impúbere, nascida em


00/00/0000 (01 ano) e de JOSENITO CARVALHO ANDRADE, nascido em 00/00/0000 (09
meses), em face de Léia Resina Carvalho (genitora dos menores), brasileira, união estável,
recepcionista, portadora do CPF nº 555.111.666-44 e RG n° 2.213.111, endereço eletrônico
leiaresina@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Pedreira Velha, nº 555, Benedito
Novo/SC, CEP n° 00000-000, pelos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:

I. DOS FATOS:

O requerente e a requerida viveram em união estável durante o período de


09/11/2014 a 05/09/2018. Nesta data, após diversas discussões, o autor deixou o apartamento
do casal. Da união nasceram dois filhos, a primeira, Benedita Carvalho Andrade (01 ano), e o
segundo, Josenito Carvalho Andrade (09 meses), conforme as certidões de nascimento juntadas.
Ciente de suas obrigações como genitor, o autor passou a depositar
mensalmente a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais) a título de pensão alimentícia, além de
pagar a mensalidade do colégio particular onde as crianças estudavam.
O requerente e a requerida alternavam, semanalmente a guarda das crianças.
Revezam-se por meio de comum acordo de quem seria o responsável em levar os filhos às suas
atividades diárias; também, ambos os pais acompanhavam o desempenho das crianças nas
instituições de ensino que frequentavam, ajudando, inclusive, nas atividades escolares.
O requerido ao iniciar um novo relacionamento, acabou despertando um
sentimento de incomodação à requerida, essa, não admitia que as crianças convivessem com
outra mulher que não fosse ela; a requerida usou esse motivo para fazer uma vingança pessoal,
usando os filhos menores para conseguir separar o casal.
Assim, a requerida proibiu o autor de ver os seus filhos, descumprindo o
acordado até então; exigiu que o pai acrescentasse o valor de R$ 1000,00 (um mil reais) à pensão
mensal paga e arcasse sozinho com as despesas de educação e plano de saúde dos filhos.
Completamente transtornado e perplexo com as atitudes da requerida, não
restou outra alternativa ao autor senão a propositura da presenta ação.

II. DO DIREITO

II.I - DA JUSTIÇA GRATUITA


O autor não possui condições de arcar com as despesas processuais sem o
comprometimento do seu sustento e o de sua família. Conforme documentação acostada aos
autos, o requerente é pequeno empreendedor, tendo como única fonte de renda o seu
estabelecimento, que não gera um grande retorno financeiro. Ainda, acostam-se documentos
que comprovam os gastos mensais suportados pelo requerente.
Cabe ao juiz indeferir o beneplácito do benefício somente se presentes
elementos que evidenciem a falta de pressupostos para o deferimento do pedido, em respeito
aos ditames legais (art. 99, § 2° do CPC). Assim, e conforme o art. 98 do mesmo dispositivo
processual, é de direito a concessão da gratuidade judiciária à parte requerida.

II.II - DA GUARDA COMPARTILHADA:

Sobre a guarda dos filhos, dispõe o Código Civil:


Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos
genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda
compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e
deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes
ao poder familiar dos filhos comuns.
[...]

Assim, a guarda poderá ser unilateral ou compartilhada, sendo esta última a


regra do ordenamento pátrio, senão vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE REGIME DE
GUARDA E VISITAS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. DECISÓRIO
QUE INDEFERE O PEDIDO DE GUARDA UNILATERAL, FIXANDO A GUARDA
COMPARTILHADA E REGULAMENTANDO O REGIME DE CONVIVÊNCIA.
INSURGÊNCIA DO GENITOR. PLEITO DE CONCESSÃO DA GUARDA
UNILATERAL DA FILHA COMUM EM SEU FAVOR. ARGUMENTO DE
COMPORTAMENTO INSTÁVEL POR PARTE DA GENITORA. INACOLHIMENTO.
AUSÊNCIA DE PROVAS. ÔNUS QUE LHE INCUMBIA (ART. 373, I, DO CPC).
AUSÊNCIA DE CONDUTA DESABONADORA POR PARTE DA GENITORA A
ENSEJAR NA MODIFICAÇÃO DA GUARDA. CRIANÇA QUE CONTA COM 7
(SETE) MESES E NECESSITA DOS CUIDADOS MATERNOS DIÁRIOS. CENÁRIO
CONFLITUOSO ENTRE AS PARTES QUE NÃO ENSEJA NA MODIFICAÇÃO DA
MODALIDADE DE GUARDA NEM DO LAR DE REFERÊNCIA. GUARDA
COMPARTILHADA É A REGRA NO ORDENAMENTO JURÍDICO E
OBEDECE AO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. LAR DE
REFERÊNCIA MATERNO MANTIDO, HAJA VISTA A TENRA IDADE DA
INFANTE. REGIME DE CONVIVÊNCIA ENTRE PAI E FILHA QUE FOI FIXADO
DE FORMA PRUDENTE, OBSERVANDO AS ORIENTAÇÕES DO ESTUDO
SOCIAL REALIZADO.
DESNECESSIDADE, POR ORA, DE AMPLIAÇÃO OU MODIFICAÇÃO. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento nº
5027501-63.2021.8.24.0000, de Joinville, rel. Des Haidée Denise Grin, Sétima
Câmara de Direito Civil, j. 25/11/2021). (grifos meus).

O princípio do melhor interesse da criança deve ser o vetor axiológico a guiar


a regulação da guarda do menor. Não se pode admitir que um motivo espúrio ou injustificado
disponha de forma diversa.
A requerida, de forma unilateral e sem qualquer justificação plausível, privou
o autor de exercer a guarda compartilhada de seus filhos. O requerente sempre cuidou dos
menores com total zelo e responsabilidade, garantindo a sua subsistência, lazer, educação e
saúde.
O pai tem o legítimo direito e, a bem da verdade, o dever de participar do
desenvolvimento de seus filhos, convivendo com estes, podendo, assim, estabelecer laços de
afeto e carinho, em conformidade ao art. 229 da Constituição Federal. Pensar o contrário é ir de
encontro à ordem constitucional vigente, em clara afronta ao princípio da dignidade humana e
do melhor interesse da criança.

II.III. DA OFERTA DE ALIMENTOS:

Conforme já mencionado o Requerente sempre procurou ser responsável


com as obrigações que a paternidade lhe trouxe. Mesmo não havendo uma cobrança judicial
por parte da genitora do filho menor o Requerente voluntariamente ajuda em suas despesas
básicas bem como paga a educação dos filhos no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).
O Requerente sabe que lhe cabe a obrigação de sustento de seu filho
(art. 1.566, IV, e art. 1.695, CC), de modo que vem ofertar alimentos ao menor, para que seja
homologada por decisão judicial a referida oferta e descontado o valor diretamente de sua
folha de pagamento.
Além da hipossuficiência e necessidade de quem pretende os alimentos,
devesse considerar as possibilidades financeiras do alimentante, o quanto este pode oferecer
sem desfalcar o imprescindível ao seu sustento.
Ainda, estabelece o Código Civil o dever recíproco de ambos os genitores de
arcar com os valores necessários ao sustento dos filhos:

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
[...]

III. A TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

III.I - DO DIREITO DE VISITAS

O objetivo da presente ação é de obter a guarda compartilhada dos filhos


menores BENEDITA CARVALHO ANDRADE e de JOSENITO CARVALHO
ANDRADE, bem como ofertar alimentos a eles. No entanto, até que se finde o processo,
requer seja determinado por Vossa Excelência o direito de visitas do Requerente ao seu filho
menor, uma vez que, conforme já dito, a Requerida está dificultando o direito do Autor de
estar com seu filho.
Dessa forma, ao aguardar o provimento jurisdicional final, o que pode
demorar em razão da morosidade da justiça, o Requerente será prejudicado e privado de
conviver com seu filho, o que vai contra o objetivo da lei ao regulamentar os direitos e
obrigações dos genitores para com os filhos.

Acerca do direito à visitação, assim dispõe a doutrina de Maria Berenice


Dias[1]:

A visitação não é somente um direito assegurado ao pai ou à mãe, é


direito do próprio filho de com eles conviver, o que reforça os
vínculos paterno e materno-filial. (...) Consagrado o princípio
proteção integral, em vez de regulamentar as visitas, é necessário
estabelecer formas de convivência, pois não há proteção possível com
a exclusão do outro genitor. (grifos acrescidos)
Pelas disposições supra, no momento em que o genitor, ora Requerente, é
privado de poder visitar seu filho e de com ele estar, o mais prejudicado é o menor, que está
tendo ferido seu direito de convivência com seu genitor, direito este que, por mais que a
criança possua poucos meses, é de suma importância para a criação de laços afetivos entre
pai e filho.

Vale mencionar ainda que o art. 1.589 do Código Civil dispõe que o pai ou
a mãe que não esteja com a guarda dos filhos poderá visitá-los e tê-los em sua companhia,
bem como fiscalizar sua manutenção e educação, ou seja, considerando que a guarda de fato
encontra-se com a Requerida, possui o Requerente o direito de estar com seu filho conforme
Vossa Excelência determinar.

Acerca da tutela de urgência pleiteada, o art. 300, do CPC, dispõe que, “a


tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”, bem
como quando não houver perigo de irreversibilidade da decisão (art. 300, § 3º, CPC).

No caso destes autos a probabilidade do direito do Autor vem demonstrada


pela certidão de nascimento em anexo que comprova que os menores BENEDITA
CARVALHO ANDRADE e JOSENITO CARVALHO ANDRADE são seus filhos, de
modo que este fato, por si só, garante o direito de visitação e convívio com os menores, vez
que não há nenhuma justificativa plausível para que a Requerida possa impedir ou dificultar
o exercício desse direito.

Quanto ao perigo de dano este ocorre dia após dia, pois a cada dia que o
genitor é privado de estar com seus filhos, os laços de afinidade vão diminuindo. Não pode o
Requerente aguardar o julgamento da presente ação para só então poder exercer seu direito
previsto em lei, pois a depender da demora do julgamento seu filho pode nem o reconhecer
mais, passando a estranhar sua companhia, o que irá dificultar na convivência entre pai e
filho.

Por todo o exposto, requer seja deferido liminarmente o direito de visitação


do Autor, em finais de semana alternados, podendo o Autor pegar seu filho para com ele
passar o final de semana e, ainda, que possa visitá-lo na casa da Requerida em outros dias da
semana, ainda que por poucos minutos, pois o convívio de pai e filho é muito importante para
o bom desenvolvimento do menor.
Assim, requer a fixação de alimentos provisionais no percentual oferecido
pelo Autor, qual seja, R$500,00 (quinhentos reais) ou 50% do salário-mínimo nacional, valor
este compatível com suas possibilidades financeiras.
III.II - DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

O art. 4º da Lei 5.748/68 dispõe que “As despachar o pedido, o juiz fixará
desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente
declarar que deles não necessita”.
No caso destes autos o próprio Requerente está ofertando um valor a título
de alimentos, pelo que requer, de Vossa Excelência, a fixação de alimentos provisionais no
percentual oferecido pelo Autor, qual seja, R$500,00 de seus rendimentos, devendo o
desconto ser realizado diretamente na folha de pagamento do Requerente, o que demonstra
total responsabilidade deste, no cumprimento de suas obrigações de pai.
Conforme requerido anteriormente, que seja a Requerida citada e
posteriormente intimada para apresentar conta bancária na qual deverá ser depositada a
pensão alimentícia ou, caso entenda Vossa Excelência, que seja aberta conta judicial para
depósito do valor estipulado a título de alimentos.

IV. DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer-se:

a. A citação da requerida para, querendo, apresentar contestação, dentro do


prazo legal, sob pena dos efeitos da revelia.

b. O deferimento da tutela de urgência em caráter liminar para:

b.1) Deferir o direito de visitas do Autor em finais de semanas alternados,


podendo levar o filho para sua residência para passar o final de semana,
bem como garantir o direito de visitar o menor na casa da Requerida,
devendo ser determinado que esta não dificulte nem impeça o exercício
desse direito pelo Autor, sob pena

b.2) Fixar alimentos provisórios no importe de R$500,00 (quinhentos


reais) dos rendimentos do Requerente, nos moldes pleiteados, por ser
esse um valor que atende às necessidades dos alimentados e está dentro
das possibilidades do alimentante, expedindo-se ofício à empresa
LAVAÇÃO AUTO BRILHO para proceder o desconto em folha de
pagamento;

c) O julgamento totalmente procedente dos pedidos autorais para, ao


final, determinar a guarda compartilhada do menor e regulamentar o
direito de visitas do Requerente, nos moldes pleiteados, bem como para
confirmar a tutela de urgência e fixar alimentos definitivos no percentual
de R$500,00 dos rendimentos do Autor, conforme ofertado nessa
exordial, ou sobre 50% do salário-mínimo no caso de desemprego, por
resguardar os interesses dos menores e de seu genitor;

d) A designação de audiência de conciliação, nos termos do art. 695,


do CPC;

e) A intimação do Ministério Público para intervir no presente feito, nos


termos do art. 178, II, e art. 698, ambos do CPC, haja vista a existência
de interesse de incapaz;

f) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, nos moldes do art. 98,


do CPC;

f) A condenação da Requerida ao pagamento das custas e despesas


processuais, bem como em honorários de sucumbência no importe de
20% (vinte por cento) sobre valor da causa.

g) Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial depoimento pessoal da Requerida, oitiva de
testemunhas, provas documentais, dentre outras legalmente permitidas e
que desde já se requer.

Dá-se à causa do valor de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais), nos


termos do art. 292, III e VI, do CPC.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Blumenau/SC, 30/08/2022

Henrique Almeida da Costa

Você também pode gostar