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PROCESSO Nº 0124004-77.2018.8.19.0001
RÉPLICA A CONTESTAÇÃO
I - DA TEMPESTIVIDADE
Salienta-se que a presente réplica é devidamente tempestiva, haja vista que o prazo para sua
apresentação é de 15 (quinze) dias úteis, contados da intimação do autor, nos moldes dos
arts. 219, 224 e 350, CPC/15.
II - DOS FATOS
Como já provadas por meio de certidões de nascimento anexas ao processo, os requerentes são
filhos legítimos do requerido, fruto da união entre este e a representante dos menores. Os genitores estão
separados há aproximadamente 1 (um) ano e desde então o Réu nunca contribuiu financeiramente para o
sustento dos filhos. Contudo, mesmo desempregada, a autora tem recebido auxílio de familiares para manter
o sustento mínimo para a subsistência de seus filhos. Releva observar que durante todo o período, a
representante legal sempre arcou com as despesas dos menores. Contudo, no momento, encontra-se
desempregada, contando com ajuda de familiares, sendo imprescindível a contribuição financeira do genitor
de forma REGULAR e de acordo com a lei, a fim de suprir, com a parte que lhe cabe, as necessidades dos
menores.
IV - DO MÉRITO
O juízo arbitrou os alimentos provisórios em 20% dos ganhos líquidos do réu, alegando que este
quantum se mostra superior as suas possibilidades atuais. O réu, contudo, entende que a proporcionalidade
é de 10% de seus rendimentos brutos para cada filho, o que não é justo pois não atende as necessidades do
trinômia, possibilidade, necessidade, proporcionalidade, sendo insuficientes para arcar com os custos das
despesas dos menores.
A fixação dos alimentos sujeita-se ao trinômio, necessidade do alimentando, possibilidade do
alimentante e proporcionalidade, conforme dispõe a norma do art. 1.694, §1º do Código Civil e também não
atendendo o princípio da isonomia na fixação de pensão alimentícia para os filhos.
O dever de sustento em relação aos filhos deve ser pautado pela isonomia, princípio inscrito,
inclusive, no artigo 227, § 6.º, da Constituição Federal: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação”.
Nesse sentido, o RÉU possui um terceiro filho, BRYAN MARQUES PAIVA DE LIMA, cujo qual já
paga a quantia de 20% (vinte por cento), cujo foi assentada por meio de acordo de conciliação. Isso significa
que, quando um dos genitores já está formalmente obrigado ao pagamento de alimentos a algum (ns) filho
(s), nascendo outro (s) de relacionamentos diversos, a pensão alimentícia não deve guardar grandes
diferenças entre o que cada filho recebe, como nas decisões abaixo citadas.
“ Ação de revisão de alimentos objetivando o genitor reduzir a pensão
alimentícia paga ao filho para 1,5 salários mínimos. Sentença de improcedência.
Apelação do Autor. Juiz que é o destinatário final da prova, cabendo a ele avaliar a
necessidade de produção de provas para a formação de seu convencimento
motivado. MM. Juízo a quo que fundamentou de forma clara e adequada o seu
entendimento sobre a desnecessidade de produção de outras provas pela
representante legal do Apelado para a solução da controvérsia. Alegação de
nulidade do processo, por ser genérica e omissa a decisão que rejeitou os embargos
de declaração opostos contra a sentença, que deve ser rejeitada, sendo certo que a
resposta concisa à pretensão recursal teratológica não enseja a nulidade do julgado.
Revisão dos alimentos que somente ocorre se demonstrada alteração substancial na
fortuna das partes que implique a modificação do binômio necessidade-
possibilidade. Inteligência dos artigos 1.694, §1º e 1.699 do Código Civil.
Necessidade do alimentando que e¿ indiscutível e presumida, haja vista tratar-se de
menor com atualmente 13 anos de idade, que reside com a sua genitora e está em
idade escolar. Quanto à possibilidade, a prova documental não foi capaz de
demonstrar o aumento da capacidade financeira da mãe do Apelado e tampouco a
redução da capacidade econômica do Apelante de modo a impossibilitar o
cumprimento da obrigação alimentícia, consistente no pagamento de mensalidade
escolar, material escolar, atividades extra curriculares e plano de saúde, homologada
nos autos do Processo 0431611-44.2013.8.19.0001. Constituição de nova família
que não desobriga o Apelante do pagamento da pensão alimentícia, uma vez que a
formação de novo núcleo familiar e a concepção de novo filho são atos voluntários.
Precedentes do STJ. Princípio do tratamento igualitário entre os irmãos que cede à
necessidade de que as diferenças sejam também consideradas. Igualdade que deve
ser aplicada na medida da desigualdade verificada. Alimentos que observaram o
binômio necessidade-possibilidade, devendo ser mantida a sentença tal como
lançada. Benefício da gratuidade de justiça concedido ao Apelante que foi
corretamente revogado, pois a instrução probatória demonstrou haver condições
financeiras para que ele arque com as despesas processuais. Desprovimento da
apelação.
(0048224-97.2019.8.19.0001 - APELAÇÃO. Des(a). ANA MARIA PEREIRA
DE OLIVEIRA - Julgamento: 31/01/2023 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL)”
“ DIREITO DE FAMÍLIA. ALIMENTOS.
Fixação da pensão alimentícia em prol de adolescente de 14 anos de
idade, em 25% (vinte e cinco por cento) dos rendimentos brutos do réu e, na
ausência de vínculo empregatício, em valor equivalente a 50% (cinquenta por cento)
do salário mínimo nacional.
Presentes as necessidades da autora, na forma do inciso IV, do artigo
1.566 do Código Civil, bem assim no inciso I, do artigo 1.634 e no caput do artigo
1.694, ambos do mesmo Codex, a par de sua presunção, considerada a sua idade e
as normas do artigo 229 da Constituição Federal e do art. 22, do Estatuto da Criança
e do Adolescente.
Genitores com parcos recursos, mas pessoas sadias e aptas ao trabalho,
que devem buscar os meios necessários para garantir o sustento de sua filha, com
dignidade, diante de seu dever de sustento, guarda e educação da prole, nos termos
do supramencionado inciso IV, do artigo 1.566.
Existência de mais três filhos, provenientes de relacionamentos
posteriores. Princípio da igualdade entre os filhos, previsto no §6º, do artigo 227, da
Carta Magna e no artigo 1.596, do Código Civil, que deve ser observado. O
pensionamento devido à recorrida não deve diferir daquele prestado aos demais
filhos do demandado, sob pena de configurar tratamento desigual à prole.
Concordância da alimentanda com a redução do percentual fixado para o
caso de vínculo empregatício.
Recurso a que se dá parcial provimento.
(0000503-74.2021.8.19.0068 - APELAÇÃO. Des(a). DENISE LEVY
TREDLER - Julgamento: 09/02/2023 - VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL) ”
V - CONCLUSÃO
Com a réplica concluímos que os pedidos condidos na inicial devem ser aceitos, condenando o
Requerido ao pagamento dos alimentos definitivos na proporção de 30% dos rendimentos do réu, excluídos
somente os descontos obrigatórios no caso de vínculo empregatício e 42% (quarenta e dois por cento) do
salário mínimo nacional vigente em caso de ausência de vínculo empregatício.
Nestes termos,
Pede deferimento
Rio de janeiro, 16 de março de 2023