Você está na página 1de 6

EXMO. SR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DO ESTADO DA BAHIA.
CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO
PROCESSO Nº A
APELANTE: MARIA MADALENA DE OLIVEIRA
APELADO: JOELSON VIEIRA DOS SANTOS

REPRESENTADOS NESTE ATO PELA GENITORA Z


VARA DE ORIGEM: 2ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE
CAMAÇARI/BA.
M.M. Desembargador Relator,
Colenda Câmara,
DA TEMPESTIVIDADE
De acordo com o art. 1010, § 1º do Código de Processo Civil, o apelado será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. Assim
sendo, considerando que o Recorrido teve ciência da apelação no dia 10 de
maio de 2021, as contrarrazões são tempestivas.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, sob as penas da Lei, e de acordo com o disposto no art. 4º, § 1º,
da Lei 1060/50 e arts. 98 e 99 do CPC, os apelantes afirmam não ter condições
financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual faz jus ao
benefício da Gratuidade da Justiça, uma vez que a genitora dos menores
encontra-se desempregada, conforme declaração de hipossuficiência anexa
aos autos do processo.

BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO

Em 09/11/2022, o Apelado ingressou com ação de divórcio litigioso em

desfavor da Sra. Maria Madalena, ora Apelante. Na inicial o Apelado informa


que

contraiu matrimônio em 13/07/2001, sob o regime da comunhão parcial de bens


e, que

a separação de fato ocorreu em 2013. Da relação adveio o nascimento de um


único

filho maior e capaz e, que o casal não adquiriu bens na constância do


casamento.

Informa, também, que a Apelante alterou o nome na ocasião do casamento.

No despacho inicial, o juiz designou audiência de mediação e determinou a

citação da Apelante, sendo que em 22/01/2023 esta fora devidamente citada.


Na audiência de mediação, ocorrida em 07/03/2023, as partes não

compuseram acordo. Em 24/03/2023, a Apelante apresentou contestação e,


apenas

impugnou a data da separação do casal, afirmando que esta ocorreu no ano de


2015 e,

também, informou o desejo de permanecer utilizando o nome de casada.

Em relação a data da separação não fora anexado aos autos nenhum

documento que comprove a data da separação, bem como a existência de bens


a

serem partilhados na constância do casamento.

Logo em seguida, apresentou-se impugnação à contestação.

Em 18/05/2023, o juiz sentenciou o processo decretando o divórcio do

casal, porém, não definiu a data da separação do casal, por entender ser
matéria

irrelevante a solução da lide, já que não foram mencionados a existência de


bens a

serem partilhados.

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Pró-Reitoria de Graduação

Escola de Direito, Negócios e comunicação

NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

AV. FUED JOSÉ SEBBA, Nº 1.184, QD. 16-A, LT. 01, JARDIM GOIÁS –CEP:
74.805-100 GOIÂNIA –GO- FONE: (062) 3946-3008

Desta decisão, foi interposta Apelação, sob a alegação de cerceamento do

direito de defesa ao não designar audiência de instrução e julgamento para se

comprovar a data da separação de fato.

Dessa forma, o cliente do NPJ foi intimado para apresentar as


contrarrazões da Apelação. Ressalta que o cliente não concorda com a data
de 2015 e,

não há provas ou documentos que comprovem a versão deste.

Ressalto que a íntegra do processo acompanha esta entrevista e, que a

Requerente não há outras provas para anexar aos autos. Segue, também, o
código de

acesso do processo: kjz@ebhf3bzb*t8u*t.


Os apelados moveram Ação de Alimentos em desfavor do Apelante,
requerendo o pagamento de 40% (quarenta por cento) dos proventos ou salário
mínimo.

Em decisão interlocutória foram fixados alimentos provisórios em favor dos


menores em 30% do valor percebido pelo réu a título de salário líquido,
incluindo as verbas rescisórias, 13º salário, férias e demais indenizações legais
e, em caso de inexistência de vínculo empregatício, 30% do salário mínimo
vigente.

Na contestação, o réu requereu a fixação de alimentos no importe de 15%


(quinze por cento do salário mínimo), alegando estar desempregado e contar
apenas com verbas oriundas do auxílio emergencial.

A ação foi julgada procedente em parte, fixando os alimentos em 30% do valor


percebido pelo réu a título de salário líquido, incluindo as verbas rescisórias,
13º salário, férias, e demais indenizações legais e, em caso de inexistência de
vínculo empregatício, em 30% do valor de um salário mínimo vigente.

Da sentença, sobreveio apelação, da qual se contrarrazão.

DAS CONTRARRAZÕES DO RECURSO


Insurgem-se as alegações da Apelante, que pleiteia a reforma da sentença
proferida pelo Nobre Julgador, alegando ser excessivo o valor arbitrado a título
de pensão alimentícia.
Desta forma, a pretensão de reforma da sentença por parte do Apelante não
merece prosperar, tendo em vista que o valor arbitrado é o mínimo para garantir
a sobrevivência de forma digna aos menores.

Data vênia Excelência, a genitora dos apelados encontra-se desempregada,


sem realizar qualquer tipo de trabalho que a garanta uma renda extra. Depende
exclusivamente de sua mãe, a avó das crianças, para bancar suas despesas
pessoais bem como as despesas dos menores.
O apelante alega não poder pagar o valor arbitrado na sentença por estar
desempregado, residindo em “casa emprestada” e contando apenas com o
auxílio emergencial como fonte de renda. Acontece Excelência que o genitor
vive na casa dos pais, onde não contribui com as despesas do lar, ou seja, não
possui qualquer gasto com moradia.

Com relação ao auxílio emergencial, o apelante não recebe mais o benefício,


pois não se enquadra mais nos requisitos determinados pelo governo federal
para continuar recebendo os valores. Diante desse quadro, o genitor vem
realizando pequenas empreitadas como eletricista, que o garante por mês
valores superiores a um salário mínimo.

A genitora dos apelados soube por amigos em comum que o apelante vem
recebendo propostas para trabalhar em outros estados. Sendo assim, a falta
de trabalho não é mais empecilho para o genitor furtar-se das suas obrigações.

Vale lembrar Excelência que o genitor das crianças não vem efetuando o
pagamento de qualquer valor a título de pensão alimentícia, aliás, nunca pagou
qualquer valor a título de pensão alimentícia, demostrando total desinteresse
em cumprir suas obrigações como pai.

Corroborando com o alegado supra, colaciona-se aos autos julgados e


entendimentos doutrinários em que a redução prejudicaria a sobrevivência
digna dos apelados, sem prejudicar a subsistência do apelante, senão vejamos:

Para fins de esclarecimento, os alimentos, segundo a lição de Orlando Gomes,


“são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode
provê-las por si. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou
companheiro o necessário à sua subsistência. Quanto ao conteúdo, os
alimentos abrangem, assim, o indispensável ao sustento, vestuário, habitação,
assistência médica, instrução e educação”.

Entretanto, o entendimento jurisprudencial corrobora com a tese de que a


simples redução do patamar financeiro do alimentante não o desonera da
obrigação de prestar alimentos, bem como permite a redução dos valores
percebidos pelos menores:

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE ALIMENTOS. FILHA MENOR.


ALEGAÇÃO DE DESEMPREGO DO ALIMENTANTE. A alegação de
desemprego não libera o pai de pagar alimentos ao filho menor, além de
não autorizar que a verba alimentar seja reduzida a patamar ínfimo. Para
que a pensão alimentar seja minorada é imprescindível prova significativa
de mudança das possibilidades do alimentante. Inteligência do
art. 1699, CC. Apelação Cível desprovida.
(TJ-RS – AC: 70048423230 RS, Relator: Jorge Luís Dall’Agnol, Data de
Julgamento: 27/06/2012, Sétima Câmara Cível, Data de publicação:
02/07/2012)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. ALIMENTOS
PROVISÓRIOS FIXADOS EM VALOR EQUIVALENTE A MEIO SALÁRIO
MÍNIMO. ALEGAÇÃO DE DESEMPREGO DO ALIMENTANTE. PARCA
SITUAÇÃO FINANCEIRA NÃO DEMONSTRADA. BINÔMIO NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. Conforme disposto no
art. 1694, § 1º, do Código Civil de 2002, para fixação de verba alimentar
deve ser observada a proporção entre as necessidades do alimentando e
os recursos da pessoa que irá provê-la, condicionando-se assim, o dever
de prestar alimentos ao binômio necessidade-possibilidade. Dessa feita,
não se verificando nos autos, ao menos nessa fase procedimental, a parca
condição financeira do agravante, ainda que desempregado, deve ser
mantido o montante fixado pelo magistrado a quo o título de alimentos
provisórios.
(TJ-SC – AI: 91851 SC 2007. 009185-1, Relator: Joel Figueira Júnior, Data
de julgamento: 12/07/2007, Primeira Câmara de Direito Civil, Data de
publicação: Agravo de Instrumento n., de Palhoça)
APELAÇÃO CÍVEL – FAMÍLIA – ALIMENTOS – Revisional de alimentos –
Sentença de improcedência – Alegação de desemprego do alimentante
que não se mostra significativa, em razão de existência de fonte de renda
diversa da salarial – Ausência de demonstração da alteração da
capacidade econômica capaz de autorizar a redução pretendida –
Necessidade do alimentado que é presumível – Assistência judiciária
gratuita deferida em favor do apelante – Recurso parcialmente provido.
(TJ-SP – AC: 10097361820198260565 SP 1009736-18.2019.8.26.0565.
Relator: José Carlos Ferreira Alves, Data de julgamento: 06/04/2021, 2ª
Câmara de Direito Privado, Data de publicação: 06/04/2021)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. FILHA
MENOR. DESEMPREGO DO ALIMENTANTE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
O fato de o alimentante estar desempregado não o libera de pagar
alimentos à filha menor, nem autoriza a redução da verba alimentar em
patamar ínfimo. Necessária ampla dilação probatória. Agravo de
Instrumento provido, de plano.
(Agravo de Instrumento Nº 70052068483, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall’Agnol, Julgado em 23/01/2013)
(TJ-RS – AI: 70052068483 RS , Relator: Jorge Luís Dall’Agnol, Data de
Julgamento: 23/01/2013, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário
da Justiça do dia 30/01/2013)

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

a) Que seja concedida à gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1060/50 e


art. 98 do CPC, haja vista que o recorrido não tem condições financeiras de
arcar com as custas e honorários advocatícios;
b) Que negue provimento ao recurso de Apelação interposto pelo réu e que
seja MANTIDA a respeitável sentença do juízo de primeiro grau em todos os
seus termos, fixando alimentos em 30% do valor percebido pelo réu a título de
salário líquido, incluindo as verbas rescisórias, 13º salário, férias e demais
indenizações legais e, em caso de inexistência de vínculo empregatício, em
30% do valor de um salário mínimo vigente.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Camaçari, 11 de maio de 2021.

Advogado

OAB/BA nº XX.XXX

Você também pode gostar