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Exmo. Sr. Dr.

Juiz de Direito da 3ª Vara de Família do Foro Regional da Barra da


Tijuca

Processo nº: (...)

Gustavo Olímpio, brasileiro, comerciário, portador da Cédula de Identidade RG sob nº


325212, e do CPF sob nº 255.256.496-21, residente e domiciliado na Rua Belina
Moura, nº 545, complemento apartamento 232, Rio das Pedras, nesta cidade, usuário
do endereço eletrônico gustavolimpio@gmail.com, vem, por meio de seu advogado
infra-assinado, com procuração em anexo (fls. xxx), nos autos da ação de alimentos
que lhe move sua filha, Mônica Bianca Olímpio, menor impúbere, representada por
sua mãe e guardiã, Milena da Cunha, brasileira, solteira, portadora da Cédula de
Identidade sob nº 56217 do IFP e do CPF sob nº 325.845.248-58, residente e
domiciliada na Rua Hilário do Norte, nº 07, Rio das Pedras, nesta cidade, usuária do
endereço eletrônico milena@hotmail.com, apresentar

CONTESTAÇÃO

com fulcro nos artigos 335 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC), e o faz
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, o autor afirma, à luz do que dispõe o caput do artigos 98 e 99,


ambos do CPC, não possuir recursos suficientes para arcar com as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, motivo pela qual faz jus à
gratuidade de justiça, o que ora se requer, sob pena de comprometimento do sustento
próprio e o de sua família.
II. DA TEMPESTIVIDADE

Tendo em vista que a audiência de conciliação foi realizada na data (...), não
tendo sido obtido o acordo, a presente peça processual é tempestiva, tendo o prazo de
15 (quinze) dias sua conclusão ainda prevista para a data (...).

III. DA VERDADE DOS FATOS


1. Que a autora na inicial afirma que Gustavo somente ajuda de 03 em 03 meses
com um valor simbólico para a criação da filha, porém, todavia, falta com a
verdade, uma vez que a documentação acostada (fls. xxx) demonstra que está
sendo pago mensalmente o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) na conta da
genitora desde a separação.
2. Que a genitora é cabelereira, e que está sem recursos financeiros, para
custear as despesas da filha e que só ganha do salão de beleza em que é
empregada, o salário de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais) o que não é
verdade, uma vez que não trabalha somente como empregada no referido
salão, pois possui um salão informal, em sua residência, onde recebe muitas
pessoas durante a semana, nos horários em que não está no salão em que é
funcionária, e, que trabalha, ainda, em eventos, quase todos os finais de
semana, o que aumenta em muito as suas possibilidades, as quais giram em
torno de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais.
3. Que a autora afirma que ele é professor de educação física, e dá aulas
particulares como personal trainer, e embora casado, não tem filhos, sendo
que a atual esposa trabalha, girando seus rendimentos atuais em torno de R$
8.000,00 (oito mil reais), o que não é verdade, haja vista que atualmente não
mais possui alunos de personal trainer, como já teve no passado, antes da
pandemia, sendo atualmente, apenas professor de natação de uma academia,
recebendo mensalmente R$ 3.000,00 (três mil reais) (fls. xxx).

IV. DO DIREITO

A nossa lei maior, a Constituição Federal de 1.988, trouxe expressa nos artigos
227 e 229 esta obrigação, pertinente aos pais, de prestarem alimentos aos filhos. No
caso em tela, comprovadamente o requerido não possui possibilidade financeira para
arcar sozinho com a manutenção do menor e nem um valor que comprometa a sua
própria manutenção.
V. DA IMPUGNAÇÃO À JUSTIÇA GRATUITA

O CPC, no artigo 100 esclarece que a parte contrária poderá oferecer


impugnação na contestação quanto ao pedido de justiça gratuita. Vejamos:

“Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer


impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso
ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por
meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze)
dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso”.

O caput do art. 98 do CPC dispõe sobre aqueles que podem ser beneficiários
da justiça gratuita:

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da
justiça, na forma da lei”.

Entretanto, tratando-se da Requerida, a suposta alegação de hipossuficiência


não merece prosperar, visto que se trata de uma pessoa jurídica que percebe
mensalmente valores de seus clientes, tendo em vista que nos horários em que não
está no salão em que é funcionária, possui um salão de beleza em sua residência e
que ainda trabalha em eventos quase todos os finais de semana, recebendo um
montante mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Uma pessoa com todos esses rendimentos NÃO PODE ser considerada
hipossuficiente.

Desta forma, requer que SEJA INDEFERIDO o benefício da justiça gratuita,


uma vez que possui o intuito de banalizar o instituto.

VI. DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Inicialmente mostra-se imperioso o PEDIDO DE REDUÇÃO DOS ALIMENTOS


PROVISÓRIOS ARBITRADOS. Certo é que à data da concessão parcial do pedido
tutelar restava presumível a necessidade da Requerente e o dever alimentar do
Requerido, além de desconhecida sua possibilidade, entretanto encontra-se o
requerido em delicada situação financeira.
Mediante aos fatos trazidos e os documentos em anexo, é comprovado que o
requerido não possui renda como o alegado à inicial e que contribui sim
financeiramente, assim como sempre fez com o sustento da Requerente.

Neste sentido, conforme dispõe o artigo 1.695 do Código Civil (CC), os


alimentos devem ser prestados:

“quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento“.

No presente caso a Genitora traz aos autos apenas alegações de valores que
seriam auferidos pelo Genitor, não apresentando qualquer comprovação de suas
alegações.

O sustento dos filhos é responsabilidade de ambos os genitores, deste modo


não pode o Requerido deixar de prestar auxílio a qualquer de seus descendentes ou
priorizar um em detrimento dos demais, além de os alimentos provisórios devem ser
fixados em quantidade que o pai suporte.

Por fim, afirma a Requerente que os gastos com a menor, mensais envolvem:
R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) com transporte; alimentação, moradia, lazer,
escola, saúde, além de outros gastos diversos. Tais valores não cabem ao menor,
sendo a tentativa de repasse deste ônus indevido, podendo acarretar apenas o
enriquecimento ilícito da Genitora que se abstém de sua responsabilidade e a
transfere exclusivamente ao pai.

Pois bem, alega a Genitora ter um gasto fixo com a menor a título de moradia
de R$ 800,00 (oitocentos reais) valor que não contém qualquer comprovação. Tendo
em vista a menor residir com a avó.

Sobre as despesas com a saúde, a Requerente é uma criança saudável, que


apenas eventualmente apresenta alguma moléstia e necessita de tratamentos
médicos e medicamentos, ocasiões estas em que jamais opôs-se o Requerente a
prestar o auxílio devido. Por tanto alegar, novamente sem quaisquer comprovantes,
gastos fixos com saúde visando unicamente valorar o quantum alimentício é um ato
que deve ser desconsiderado por este juízo, a fim de buscar-se a justiça da presente
decisão.
Por todo exposto resta claro que as necessidades apresentadas pela Genitora
não são suficientemente comprovadas, sendo os valores expostos meras alegações.
Cabe aqui ressaltar decisão jurisprudencial que se coaduna ao presente caso:

TJ-RS – Apelação Cível AC 70059132746 RS (TJ-RS) Data de


publicação: 13/05/2014 Ementa: APELAÇÃO. ALIMENTOS.
ALIMENTANTE SEM EMPREGO FORMAL. INDEXAÇÃO EM
PERCENTUAL SOBRE O SALÁRIO-MÍNIMO. REDUÇÃO DO
PERCENTUAL. CABIMENTO. Se o pai/alimentante não tem emprego
formal, mas labora como “motoboy” sem vínculo empregatício, então
não há falar ou cogitar em indexação dos alimentos em percentual
sobre rendimentos, nem para o caso eventual futuro e incerto de que
ele possa um dia vir a ter emprego formal. O pai/alimentante provou
auferir renda de aproximadamente 01 salário-mínimo, e provou ter
outros dois filhos menores para sustentar, de forma que é
evidentemente excessiva a fixação sentencial dos alimentos em 22%
do salário mínimo. Cabível a redução para 15% sobre o
salário-mínimo, tal qual postulou e ofertou o alimentante. NEGARAM
PROVIMENTO AO APELO DO AUTOR, E DERAM PROVIMENTO AO
APELO DO RÉU.

Por todo o exposto o Requerido requer desde logo a Redução dos Alimentos
Provisórios arbitrados, fixando-se o valor de 2/3 sobre 30% dos seus rendimentos
comprovados, nos termos do Art. 13, § 1º da Lei de Alimentos.

VII. DO DIREITO DO REQUERIDO

Nos termos do Art. 1.695 do CC, os alimentos quando fixados deverão sempre
obedecer ao binômio necessidade – possibilidade, não devendo desfalcar o
necessário ao sustento do Devedor, devendo ser, como amplo entendimento
jurisprudencial e doutrinário, fixados de acordo com percentual dos rendimentos do
Requerido, neste sentido:

TJ-RS – Agravo de Instrumento AI 70062800537 RS (TJ-RS) Data de


publicação: 27/04/2015 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ALIMENTOS. FIXAÇÃO EM PERCENTUAL DO SALÁRIO MÍNIMO. Os
alimentos devem ser fixados de acordo com o percentual dos
rendimentos do agravante porque, assim, melhor atendem ao binômio
necessidade-possibilidade. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº
70062800537, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 23/04/2015). TJ-RS –
Apelação Cível AC 70067045476 RS (TJ-RS) Data de publicação:
01/12/2015

VIII. DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

a. Que seja DEFERIDO o benefício da assistência gratuita em prol do


Contestante, com fulcro no Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e Artigo 98
do Código de Processo Civil;
b. Acolha-se primariamente o pedido de revisão e arbitre-se a redução dos
alimentos provisórios;
c. Seja a demanda julgada totalmente improcedente, haja vista que no presente
caso a Genitora traz aos autos apenas alegações de valores que seriam
auferidos pelo Genitor, não apresentando qualquer comprovação de suas
alegações;
d. Na hipótese de ser julgado parcialmente procedente o pleito Autoral, que seja
fixado o pagamento dos alimentos NO MÁXIMO em R$600,00 (seissentos
reais) referente a 2/3 sobre 30% dos seus rendimentos comprovados, nos
termos do Art. 13, § 1º da Lei de Alimentos;
e. Requer a condenação do Requerente ao pagamento das custas e honorários
advocatícios e demais cominações da sucumbência;
f. Protesta provar as alegações suscitadas por todos os meios admitidos em
direito, em especial a testemunhal, documental e pericial

N. termos
P. Deferimento.
(Local e data)
(Assinatura e OAB do Advogado)

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