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AO DOUTO JUÍZO DA 2ª VARA DE CÍVEL DA COMARCA DE NOVA

SERRANA/MG

Processo nº 5011398-18.2023.8.13.0452

RAFAEL LOURENÇO SOUSA DA SILVA, já qualificado, por seu procurador que


este subscreve, com escritório no (endereço) onde recebe as intimações, e-mail:
(xxxxxx@xx.com.br), nos autos do processo que lhe move RAVY HENRIQUE
LOURENÇO SANTANA, já qualificado, vem à presença de Vossa Excelência,
oferecer CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe:

SÍNTESE DOS FATOS

Em apertada síntese, a autora, representada por sua genitora Elizene Pereira


Santana propôs ação de alimentos c/c guarda e regulamentação do direito de
convivência com pedido de tutela provisória de urgência em face do Requerido,
protestando pelos alimentos no percentual de 40% (quarenta por cento) sobre o
salário mínimo, bem como tutela antecipada para determinar os alimentos
provisórios em 40 % (quarenta por cento) sobre o salário mínimo em caso de
desemprego.

Em sede de tutela antecipada, MM. Juiz entendeu por bem em arbitrar os alimentos
em 30% (trinta por cento) sobre o salário mínimo, foi realizada audiência de
conciliação no dia 7 de fevereiro de 2024, sem acordo e foi intimado para apresentar
contestação no dia 15 de fevereiro de 2024, conforme o documento de id
10167228542,

Como restará demonstrado a proposta da Genitora são infundadas, carecendo de


razoabilidade, adequação e, por vezes, trata-se de desproporcionalidade a realidade
de condições em que o réu vive. É a breve síntese do necessário.

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA


Preliminarmente informa o autor sob as penas da lei que não possui condições
financeiras de arcar com o pagamento das custas processuais sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, trazendo aos autos declaração firmada acerca de
sua hipossuficiência, REQUERENDO DESDE LOGO A GRATUIDADE DA JUSTIÇA
nos termos assegurados pelo art. 98 e seguintes da Lei 13.105/15 – Novo Código de
Processo Civil

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Inicialmente mostra-se imperioso o PEDIDO DE REDUÇÃO DOS ALIMENTOS


PROVISÓRIOS ARBITRADOS. Certo é que à data da concessão parcial do pedido
tutelar restava presumível a necessidade do Requerente e o dever alimentar do
Requerido, além de desconhecida sua possibilidade, entretanto encontra-se o
requerido em delicada situação financeira.

O requerido possui outro filho, no qual paga pensão no valor de R$ 200,00 reais,
bem como está desempregado e sem nenhuma fonte de renda, vivendo apenas de
trabalhos avulsos, passando por dificuldades financeiras para arcar com as suas
necessidades básicas de sobrevivência.

Neste sentido, conforme dispõe o artigo 1.695 do Código Civil, os alimentos devem
ser prestados:

“quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los,
sem desfalque do necessário ao seu sustento “.

E assim já compreende o r. Tribunal de Minas Gerais por exemplo:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE ALIMENTOS - OBRIGAÇÃO


ALIMENTAR PROVISÓRIA - POSSIBILIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE
IMPACTADA POR OUTRAS DUAS OBRIGAÇÕES ALIMENTARES - SUSTENTO
DOS FILHOS MENORES - DEVER DE AMBOS OS PAIS - REFORMA PARCIAL DA
DECISÃO RECORRIDA.
1 - Impõe-se reduzir o valor fixado a título de alimentos provisórios quando
comprovado pelo alimentante que, além do autor da ação de alimentos, tem ele
outros dois filhos a quem presta alimentos, fato que impacta a sua renda mensal.
2 - O sustento dos filhos menores é dever legal imposto a ambos os pais, assim
cabe a genitora do alimentando envidar esforços para se reinserir no mercado de
trabalho para cumprir, juntamente com o genitor, este dever, mesmo porque se trata
de pessoa saudável e com experiência profissional demonstra em CTPS. (TJMG -
Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.23.255991-4/001, Relator(a): Des.(a) Élito Batista
de Almeida (JD Convocado) , Câmara Justiça 4.0 - Especiali, julgamento em
05/02/2024, publicação da súmula em 06/02/2024)
No presente caso a Genitora traz aos autos apenas alegações de valores que
seriam auferidos pelo Genitor, não apresentando qualquer comprovação de suas
alegações. Ainda conforme observa-se, a partir da certidão negativa de propriedade
de veículo fornecida pelo DETRAN em anexo, este não possui qualquer veículo,
ainda que se afirme o contrário.

O sustento dos filhos é responsabilidade de ambos os genitores, deste modo não


pode o Requerido deixar de prestar auxílio a qualquer de seus descendentes ou
priorizar um em detrimento dos demais, além de os alimentos provisórios deverem
ser fixados em quantidade que o pai suporte.

O papel do Estado como Juiz, ao determinar ou revisar a pensão alimentícia, é


garantir um equilíbrio entre as necessidades fundamentais daqueles que a recebem
e as capacidades financeiras daqueles que são obrigados a fornecê-la.

Como Maria Berenice Dias destaca:

O princípio da proporcionalidade ou razoabilidade é, em sua essência, uma diretriz


axiológica que se origina diretamente dos conceitos de justiça, equidade, bom
senso, prudência, moderação, medida justa, proibição de excesso, direito justo e
valores semelhantes. Ele antecede e condiciona a positivação jurídica, incluindo a
constitucional; e, como princípio geral do direito, serve como regra de interpretação
para todo o sistema jurídico

Tradicionalmente, invoca-se o binômio necessidade-possibilidade, ou seja,


perquirem-se as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante
para estabelecer o valor do pensionamento. No entanto, essa mensuração é feita
para que se respeite a diretriz da proporcionalidade. Por isso se começa a falar, com
mais propriedade, em trinômio: proporcionalidade - possibilidade - necessidade.
(Manual de direito das famílias - 9ª edição - São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013 -
p. 579).

Em contrapartida, o artigo 1.699 do Código Civil determina que, se houver uma


mudança na situação financeira de quem paga ou de quem recebe os alimentos, a
parte interessada pode solicitar ao juiz, dependendo das circunstâncias, a
exoneração, redução ou aumento da obrigação.

A respeito da revisão da pensão alimentícia, os juristas Cristiano Chaves de Farias e


Nelson Rosenvald, em seu livro ‘Direito das Famílias’ (2021, p. 710), ensinam que a
alteração da pensão alimentícia pode ser feita a qualquer momento, desde que haja
uma mudança nas circunstâncias que foram usadas como base para estabelecer a
pensão. A decisão deve ser fundamentada, considerando as circunstâncias fáticas e
jurídicas do caso específico, e deve respeitar o princípio da proporcionalidade,
garantindo assim a justiça e a equidade na prestação alimentar.

Por todo o exposto o Requerido Requer desde logo a Redução dos Alimentos
Provisórios arbitrados, fixando-se o valor de 20% dos seus rendimentos
comprovados, nos termos do Art. 13, § 1º da Lei de Alimentos.

DO MÉRITO

Alega o Requerente que vem enfrentando dificuldades em arcar com as despesas


do menor de forma exclusiva, residindo em casa alugada pagando a quantia de
R$500,00 (Quinhentos reais e zero centavos), com seus dois filhos menores.

Pois bem, ora Requerente é uma criança saudável, feliz, que apenas eventualmente
apresenta alguma médica, bem como custas referentes à escola e vestuário,
ocasiões estas em que jamais opôs-se o Requerente a prestar o auxílio devido.

Dessa forma o requerido propõe a fixação de alimentos no importe de 20% ( vinte


por cento), mais 50% das despesas extraordinárias, sob a justificativa de ter um
outro filho, Pierry Lourenço da Silva, conforme certidão de nascimento juntado nos
autos, em que arca arduamente com despesas alimentícias, escolares, vestuário e
médicas, considerando as condições de sua realidade financeira.

Ora Excelência, o réu se mudou para a cidade há 2 semanas, em busca de


melhores oportunidade de vida, emprego e condições adequadas para se manter e
cumprir com as suas obrigações de pai, porém passa por momentos de grandes
dificuldades financeiras.

Sendo assim, observando a realidade do réu, é necessário se atentar ao dogma que


norteia a obrigação alimentar: o princípio da proporcionalidade.

Para definir valores, há que se atentar ao dogma que norteia a obrigação alimentar:
o princípio da proporcionalidade. Esse é o vetor para a fixação dos alimentos. (...).
Tradicionalmente, invoca-se o binômio necessidade-possibilidade, ou seja,
perquirem-se as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante
para estabelecer o valor da pensão. No entanto, essa mensuração é feita para que
se respeite a diretriz da proporcionalidade. Por isso se começa a falar com mais
propriedade, em trinômio: proporcionalidade-possibilidade-necessidade. O critério
mais seguro e equilibrado para a definição do encargo é o da vinculação aos
rendimentos do alimentante. (in Manual de direito das famílias. 8. ed.rev. e atual.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 552-553) - (destaque)
Requer-se assim a declaração de improcedência dos pedidos deduzidos pelo
Requerente, fixando-se quantum alimentício dentro dos parâmetros legais, que
assegure a assistência real necessária ao Requerente, a vida digna do Requerido e
o auxílio aos demais filhos deste, qual seja, o valor de 20% (vinte por cento) sobre o
salário mínimo.

Ante todo exposto, passa então aos requerimentos finais.

DOS PEDIDOS

Ante todo exposto, é a presente para requerer:

a) Seja acolhido o pedido de Justiça Gratuita concedendo-se ao Requerente os


benefícios do art. 98 e ss. Do Código de Processo Civil;

b) Arbitre-se a redução dos alimentos provisórios;

c) Seja declarada parcialmente a improcedência dos pedidos deduzidos pela


Requerente e ao final condenado o Requerido ao pagamento de pensão alimentícia
no valor de de 20% (vinte por cento) sobre o salário mínimo.

Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente


documental, testemunhal e outros que se fizerem necessários, apresentando desde
logo documentos.

Termos em que,

Pede deferimento.

Nova Serrana, 29 de fevereiro de 2024


ADVOGADO

OAB Nº

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