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AO JUÍZO DA 2ª VARA DA CÍVEL DA COMARCA DE BATAGUASSU – ESTADO

DE MATO GROSSO DO SUL

AUTOS Nº 0801563-73.2021.8.12.0026

FLÁVIO APARECIDO ALVES DOS SANTOS, brasileiro, união


estável, advogado regularmente inscrito na OAB/MS sob a égide
do nº 21.419, vem em causa própria, mui respeitosamente a
Vossa honrada presença apresentar CONTESTAÇÃO nos autos da
ação de REVISÃO DE ALIMENTOS em epígrafe que lhe move PIETRO
MENDES DOS SANTOS, o que faz pelos motivos de fatos e razões
de direito que passa a expor.
DA SÍNTESE DA INICIAL

O menor representado por sua genitora ingressa com pedido


de revisional de alimentos, pugnando pela alteração do acordo
entabulado que fixou alimentos em 15% do salário do genitor
que à época correspondia a R$ 149,50 (cento e quarenta e nove
Reais e cinquenta Centavos).

Aduz que houve alteração na necessidade alimentar em razão


dos custos com medicamentos, plano de saúde e deslocamentos
para outra cidade.

Alega que procurou auxilio financeiro do contestante, que


propôs pegar as receitas em meses alternados e entregar os
medicamentos necessários.

É a síntese dos fatos.

DO DIREITO

DO MÉRITO

Antes de adentrar ao mérito propriamente dito necessário


contextualizar a demanda aos fatos ocorridos.

Quando houve o acordo que fixou a obrigação alimentar o


contestante era servidor público do município de Bataguassu.

O autor possui outra obrigação alimentar que na época


correspondia a 30%(trinta por cento) do salário mínimo que foi
homologado nos autos 0800589-85.2011.8.12.0026, que
correspondia a R$ 163,50 (cento e sessenta e três Reais e
cinquenta centavos)
Em razão da divergência de valares existentes o
contestante elaborou novo acordo de alimentos e reduziu os
alimentos desse acordo para 20% do salário mínimo.

E voluntariamente elevou também para 20% do salário mínimo


os alimentos do menor Pietro Mendes dos Santos.

Em primeiro porque o salário dos servidores públicos do


município na época não possuía data base para reajuste e em
segundo em razão que o contestante se exonerou do cargo para
iniciar o exercício da advocacia.

Esse aumento não foi objeto de acordo, mais é confessado


na petição inicial.

Ou seja, atualmente o contestante possui obrigação


alimentar que corresponde a 40% (quarenta por cento) do
salário mínimo, 20% em um acordo e 20% ao menor Pietro.

Somando-se a isso possui outra filha sob sua guarda, além


da necessidade de se manter.

A genitora alega na inicial que ao solicitar auxilio


financeiro o contestante informou que não possui capacidade de
majorar os alimentos.

Ocorre Excelência, que jamais houve qualquer contato da


genitora para solicitar qualquer tipo de ajuda, na verdade o
único contato existente foi via aplicativo de mensagem um dia
antes da distribuição da presente revisional de alimentos,
quando a advogada entrou em contato solicitou a majoração para
os valores pretendidos na presente revisão.
Foi quando o contestante explicou que não poderia assumir
esse valor como obrigação alimentar e se propôs a ajudar a
custear a compra dos medicamentos em meses alternados, essa é
a verdade.

Em que pese a inicial mencionar que o valor que o


contestaste paga a título de alimentos atualmente é
insuficiente não foi instruída com qualquer elemento capaz de
demonstrar a alteração do trinômio necessidade, possibilidade
e proporcionalidade.

O valor pago atualmente correspondente a 20% (vinte por


cento) do salário mínimo vigente.

Conforme é adimplido está longe do que o contestante


gostaria de proporcionar ao filho, mas está em consonância com
sua capacidade financeira atual.

Além de que está vinculado em índice que garante reajuste


anual que traz critério objetivo de correção.

Veja que o valor convencionado anteriormente correspondia


à época a 15% e o genitor elevou voluntariamente para 20% do
salário mínimo.

Dessa forma fica requerido que julgue improcedente o


pedido de fixação em R$ 495,00.

Pois a fixação nos termos requeridos na inicial fere as


regras previstas pelos artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a
situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. (DESTAQUEI)

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.

Mas não é só.

Os documentos que instruem a inicial não são capazes de


comprovar alteração substancial ao acordo homologado, isso
porque, a genitora alega que essa alteração decorre da
necessidade de custear os medicamentos, plano de assistência
médica e transporte para outra cidade.

Veja bem!

Em que pese à nota (fls.14) não discriminar o local de


compra, sabe-se que realmente existir a necessidade da
ingestão desses medicamentos, entretanto o medicamento Riss,
cujo principio ativo é Risperidona, consta na lista do RENAME1
e pode ser adquirido via Sistema Único de Saúde.

No que tange ao documento (fls.15) que está de certa forma


ilegível, é possível extrair alguma informações, como que no
extrato não consta apenas o valor da mensalidade referente ao
menor, como também de sua genitora, e que o valor da consulta
é de R$ 18,00 (Dezoito Reais).

1
Rename-2020-final.pdf (conitec.gov.br) pág 53
Além de que se a genitora na qualidade de guardiã do menor
optou por promover o tratamento fora do Sistema Único de
Saúde, esse fato não pode ser responsabilizado ao genitor, ao
ponto de servir como pano de fundo para a majoração de sua
obrigação alimentar.

Muitas vezes, coerente magistrado, a profissão de advogado


leva a falsa impressão de pessoas abastadas o que não ocorre
com a maioria dos profissionais, como é o caso dos autos, em
uma simples consulta ao portal e-saj é possível perceber que o
contestante encontra-se ainda em inicio de carreira, com
poucos processos em andamento.

O contestante trabalha em home-office, pois se quer possui


condições de pagar aluguel em sala comercial e possui pouco
movimento que ainda diminuiu em razão da pandemia, luta para
se manter na atividade.

Seu veículo Astra do ano de 99 encontra-se bloqueado nos


autos do processo nº 0800505-33.2015.8.12.0030.

As parcelas da anuidade da Ordem dos Advogados do Brasil


do ano de 2021 estão todas em aberto.

Sequer as parcelas do Financiamento Estudantil o genitor


tem conseguido pagar.

Coerente Magistrado, não está a debater evento súbito e


imprevisível ao qual qualquer genitor estaria disposto a
praticar qualquer ato ao alcance da condição humana para
defender, salvar ou ajudar a prole e sim a defender que a
obrigação deverá atender a critérios objetivos para que o
genitor arque com sua obrigação alimentar sem estar se
submetendo a execuções de alimentos que possui previsão de
prisão civil.

Com a fixação em 20% (vinte por cento) sobre o salário


mínimo os direitos do menor estarão resguardados, dentro dos
critérios legais e objetivos de fixação, capacidade de
pagamento e necessidade dentro da proporcionalidade.

DO PEDIDO

Por todo o exposto é a presente para REQUERER a Vossa


Excelência.

a- Que julgue improcedentes os pedidos formulados na


inicial;

b- Alternativamente estabeleça o critério objetivo de


fixação dos alimentos e que imponha a obrigação de
efetuar o pagamento mensal do valor correspondente a 20%
do salário mínimo vigente;

c- Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, em especial, mas sem excluir
nenhuma outra, juntada de documentos, depoimentos
pessoais, testemunhas etc...

Termos em que pede deferimento.


Bataguassu- MS, 17 de novembro de 2021.

FLÁVIO APARECIDO ALVES DOS SANTOS


ADVOGADO OAB/MS 21.419
(assinado por certificação digital)

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