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EXCELENTÍSSIMO SRº JUIZ DA 2ª VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DA

COMARCA DE BETIM, MG.

AUTOS: 5003192-63.2022.8.13.0027

  GUILHERME HENRIQUE GOMES RIBEIRO, brasileiro, solteiro,


desempregado, portador da Cédula de Identidade nº MG17407576 e do CPF n.
129.493.336-13, residente e domiciliado na a Rua Quinze, Nº 363, Granja
Verde, Betim, MG, CEP 32678-128, vem respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, por intermédio de sua advogada abaixo assinado (procuração
anexa) com endereço profissional na Rua Nova York, nº 587, Bairro Capelinha,
Betim, Minas Gerais, CEP: 32678-325 onde recebe intimações, nos autos da
AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS COM REGULAMENTAÇÃO DE
VISITAS, interposta em face de DAVI LUCCA MATOS RIBEIRO, menor
impúbere, nascido em 10/08/2016, representados por sua genitora NAYARA
KARINA SILVA MATOS, brasileira, solteira, cabeleireira, portadora da Cédula
de Identidade nº MG15.192.705 e do CPF n 095.166.646-01, residente e
domiciliada na Rua Dez, Nº 19B, Granja Verde, Betim, MG, CEP 32678-138, à
presença de Vossa Excelência apresentar:

RÉPLICA A CONTESTAÇÃO

  Pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I. DOS FATOS
  Em 13 de dezembro de 2016, após ajuizamento de Ação de Alimentos
pela parte ré desse processo aconteceu uma audiência de conciliação que
havia sido designada (Processo Nº: 5013244-31.2016.8.13.0027) para que os
genitores do menor acordassem a respeito das previsões alimentares e visitas
a criança.

  Neste dia, o autor compareceu desassistido de um advogado, e mesmo


sabendo de sua condição financeira insuficiente para tanto acabou por aceitar
proposta exacerbada oferecida pela outra parte em razão de ter se sentido
intimado, por cogitar que não teria o direito de discordar/impugnar tal
proposição.

  O acordo fora homologado em 09 de fevereiro de 2017, com transito em


julgado no dia 29 de março de 2017.
 
  Na época da estipulação dos alimentos, o Promovente ainda tinha trabalho
fixo junto a Rn Comercio Varejista S.A

  Em 15 de agosto de 2017, o Promovente teve seu contrato de trabalho


rescindido (sem justa causa), então vigorante com Rn Comercio Varejista S.A.
Passou, então, a figurar como mais um no rol de desempregados.
 
  Apesar dessa drástica adversidade, ainda assim, maiormente
demonstrando a honradez que sempre lhe foi peculiar, continuou pagando
rigorosamente suas obrigações alimentares.
 
  Atualmente o Promovido recebe do Autor, a título de pensão alimentícia, a
quantia de R$484,80 (quatrocentos e oitenta e quatro reais e oitenta centavos).
Adicionado a outros encargos, resulta em R$ 704,80 (setecentos e quatro
reais e oitenta centavos).
 
  Vejamos, a propósito, de bom alvitre, um breve demonstrativo
deste quantum:
 
  RESUMO DA PENSÃO:

A)     Alimentos..............R$ 484,80


B) Ass. Médica..........R$ 220,00
_________
Total: R$ 704,80

II. DO MÉRITO
  O autor desta ação demonstrou defasagem em sua renda, uma vez que se
encontra desempregado, o que piora ainda mais sua situação.
  O autor não quer deixar de pagar a pensão alimentícia ao seu filho, mas
sim apenas encontrar um meio para que também possa sobreviver diante de tal
quadro econômico que se encontra, diante do binômio POSSIBILIDADE-
NECESSIDADE, esta revisional deve ser acatada perante este juízo.
  Caso não seja acatada, poderá ocorrer um risco de o autor vir a ser
inadimplente, situação que agravaria ainda mais o quadro econômica e de seu
filho, pois o genitor encontraria ainda mais dificuldades para conseguir
alimentos ou verbas para tal.
  Diante disto, o autor não utiliza tal acordo como um mero óbice para
reduzir suas obrigações, mas o utiliza para adequar diante de sua situação
real.
  Verifica-se que a parte contraria juntou alguns comprovantes, dentre eles
contém um comprovante referente as mensalidades de natação, mas esse tipo
de atividade hoje em dia vem sendo ofertado por projetos sociais nas
comunidades de maneira GRATUITA, o que não justifica realizar de maneira
onerosa, senão vejamos algumas opções trazidas pelo autor:
  Diante deste exposto, sabemos que temos outros meios para adquirir um
dos tratados acima, não sendo necessário realizar o pagamento, mas sim
realizar por meio de projetos oferecidos na comunidade.
  A situação de ambas as partes, infelizmente, condiz com a realidade da
maioria dos brasileiros, no entanto, a pensão alimentícia, tem que observar o
binômio necessidade x possibilidade, e ser fixado com razoabilidade.
  O filho necessita de ajuda, contudo, o pai só pode presta-los no valor ora
pleiteado.

III. DO DIREITO
  Funda-se o pedido do Requerente no Código Civil Brasileiro, instituído pela
Lei nº 10.406, de 2.002, com vigência a partir de 11 de janeiro de 2.003, assim
dispõe o parágrafo primeiro do art. 1.694 e art. 1.699:
Art. 1694 parágrafo primeiro: Os alimentos devem
ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier
mudança na situação financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as
circunstâncias, exoneração, redução ou majoração
do encargo. (Grifei)
  Assim, de acordo com a legislação vigente, a revisão do quantum está
devidamente prevista na legislação.
  De acordo com o estabelecido no art. 15 da Lei nº 5.478/68, onde reza que
caberá revisão de alimentos quando a situação financeira dos interessados for
alterada, encontra a presente ação respaldo legal, reforçado pacificamente pela
doutrina:
“O que se nota é que uma relação jurídica continuativa, dá
suporte material a ação de alimentos, ou seja uma relação
jurídica em que a situação fática sofre alterações com o
passar dos tempos. Desse modo, quando se diz que inexiste
coisa julgada material nas ações de alimentos, faz-se
referência apenas ao” quantum” fixado na decisão, pois se
resultar alterada faticamente a situação das partes pode-se
alterar os valores da obrigação alimentar” (Dos Alimentos,
Yussef Said Cahali, pg.701, in fine).

IV. DAS ALEGAÇÕES REALIZADAS PELA DEFESA


  Em sede de defesa, é alegado pelo requerido resumidamente o que
segue:
 Que a sentença juntada pela parte Requerente determinando a pensão
do menor foi decidida há mais de 05 anos atrás;
 Supôs que o autor se contradisse ao ter pago 5 anos da pensão
acordada de maneira devida sendo que, supostamente, ele estaria
desempregado desde o ano 2017;
 Que o Requerente não recebe salário fixo, mas tem trabalho informal
como motorista de UBER e 99;
 Que o requerente é PERSONAL TREINER e aufere renda informal com
essa atividade;
 Que o requerente pratica atividades físicas em uma das melhores e mais
caras academias de Betim (xtremefit), onde a mensalidade ultrapassa
R$ 150,00 (cento e cinquenta reais);
 Que o genitor é bem apessoado, se veste bem, frequenta lugares de
nível financeiro elevado;
 Que o plano de saúde do menor é pago pelos Avós Paternos desde a
audiência de conciliação que determinou a pensão e a obrigação de
pagar alimentos e plano de saúde;
 Que o requerente demonstra um padrão de vida totalmente diferente do
demostrado na inicial, e levanta suspeição das informações trazidas por
ele aos autos;
 Que a família do requerente possui padrão financeiro elevado,
conhecido e amplamente respeitado pelos vizinhos e comerciantes
locais;
 Que o filho menor faz acompanhamento com psicóloga, natação, estuda
e requer cuidados de babá, dentre outras necessidades voltadas a sua
subsistência, como alimentação, lazer e vestuários;
 Que o Requerente possui condições de arcar com os valores
anteriormente determinados;
 Que o Requerente não demonstrou outras obrigações como água, luz,
alimentos, aluguel e outra família;
 Que o Requerente nunca procurou contato e convivência com o filho
menor e nunca participou dos aniversários da criança;
 Que o Genitor não faz visitas, não acompanha ao médico, psicólogo,
escola em datas comemorativas, tampouco possui laços com o filho ao
ponto de iniciar visitas sem um acompanhamento;
 Que o pedido de visitas fora somente uma “muleta”, para embasar o
pedido de redução dos alimentos, pois, desde a concessão da liminar, o
genitor nunca mais sequer pediu informações do filho;
 Requereu que antes de deferida as vistas, fosse realizado estudo
psicossocial do caso, para confirmar todo o alegado e comprovar o
abandono afetivo por parte do genitor frente ao seu filho de 05 anos;
 Nos pedidos requereu que fosse julgado improcedente todos os pedidos
formulados na exordial, bem como majorado os alimentos para o
patamar de 50% do Salário mínimo;
 E que deferido o estudo psicossocial, para que dê início ao convívio
entre pai e filho, bem como após, caso fosse configurado o abandono
afetivo do genitor até a presente data, seja o mesmo condenado a
pagamento de indenização ao menor.

V. DO REBATE AOS FATOS


V.I. DA ÉPOCA DO ACORDO EM QUE FORA DEFINIDA PENSÃO
ALIMENTÍCIA E A ATIVIDADE REMUNERADA DO AUTOR
  Na época do aceite do acordo, que ocorreu em 13 de dezembro de 2016, o
requerente tinha trabalho fixo, era funcionário efetivo da RN Comércio Varejista
S.A, tanto é que foi devidamente inserido em ata de audiência. Acontece que
seu salário não era satisfatório para arcar com tudo, e ele só concordou com tal
proposta por ter se sentido intimidado ao ter comparecido em sede de
audiência sem a presença de um advogado e não ter sido instruído a respeito
de seus direitos.

  Apesar de nessa época ter sido comprovado o vínculo empregatício do


genitor, em 15 de agosto de 2017 seu contrato fora reincidido, o que lhe
prejudicou de maneira imensurável, pois o que já era difícil tornou-se ainda
pior. O maior valor de sua remuneração trabalhando para essa
empregadora era de R$ 932,02 (novecentos e trinta e dois reais e dois
centavos), levando em consideração o fato de que pagou a título de pensão
alimentícia o importe de R$484,80 (quatrocentos e oitenta e quatro reais e
oitenta centavos) mais o plano de saúde no importe de R$ 220,00, o que
somado abarca o valor de R$ 704,80 (setecentos e quatro reais e oitenta
centavos) durante 7 meses e 9 dias trabalhando efetivamente nessa empresa
sem depender de terceiros para adimplir com suas obrigações, lhe restavam
apenas R$ 227,22 (duzentos e vinte sente reais e vinte e dois centavos) de
seus rendimentos, será que esse valor era suficiente para se manter?
Sabemos que com esse valor por mês é impossível arcar com todo custo
básico e necessário.
  E por essa razão, o requerente precisou buscar ajuda de seus pais, avós
paternos da criança. Após a reincidência de seu contrato com a respectiva
empresa, tal requisição passou a se intensificar, fato também reconhecido e
afirmado pela defesa. Foi a maneira mais viável que o autor encontrou para
jamais deixar de cumprir com suas obrigações perante o menor, além de
realizar bicos esporádicos.
  Em outra ocasião o autor novamente se ingressou no mercado de
trabalho, passou obter salário mensal e continuou cumprindo com a pensão do
menor, ocorre que pouco depois foi desligado da empresa (sem justa causa),
assunto inclusive que vem sendo tratado na seara trabalhista.
  Contudo, se o requerente já enfrentava dificuldades em cumprir com suas
obrigações trabalhando, hoje, que encontra-se em situação de desemprego,
conclui-se que o valor ainda fixado para pagamento de pensão alimentícia está
completamente fora das possibilidades deste.

V.II. DA INFORMAÇÃO EQUIVOCADA A RESPEITO DA ATIVIDADE


REMUNERADAS DO REQUERENTE
  Em sede de defesa foi arguido que o autor dessa ação exerce atividade
remunerada como Uber, acontece que o autor dessa ação não executa essa
prática profissional, e a espécie de “prova” utilizada pela defesa seria
totalmente insuficiente para comprovar tamanha inverdade.

  Na imagem acima a defesa anexa uma imagem alegando supostamente


que o motorista da corrida de Uber seria o autor dessa ação, somente porque
tem o nome de “Guilherme Henrique”, totalmente injustificável! Após realizar
uma simples busca nas redes sociais é possível notar a centenas de pessoas
com o mesmo nome e prenome na região de Betim, Contagem e Belo
Horizonte. Por essa razão não merece prosperar os pedidos da parte ré.
  Além de realizar pesquisa por meio de rede social, nota-se abaixo detalhes
a respeito da quantidade de pessoas que possuem o mesmo nome do autor
dessa ação em Minas Gerais (pesquisa promovida pelo IBGE):
V.III. DAS PARCERIAS PROFISSIONAIS ESTABELECIDAS ENTRE O
REQUERENTE E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NO RAMO DA
SAÚDE E MODA
  Foi alegado em sede de defesa que o Autor dessa ação realiza
atividades físicas em uma das academias de maior valor mensal, acontece
que existe uma autorização não onerosa por parte do estabelecimento em
prol do Genitor do menor. A própria gestão da academia prefere nomear
essa relação como uma parceria profissional realizada com Guilherme
Gomes em troca de indicações, marketing e divulgações, ou seja, uma
permuta. A fim de materializar e dar credibilidade ao que acaba de ser
afirmado pelo autor, vejamos:

 Ademais, Excelência, se tratando das alegações da defesa de que o


Requerente é “bem-apessoada” chegar ser cômico, como se houvesse um
padrão ideal de vestimentas para pessoas desempregas. As roupas
utilizadas pelo autor também são adquiridas por meio de parcerias, firmadas
com lojas de moda masculina. Contudo, as provas trazidas aos autos pela
defesa jamais devem ser consideradas como válidas, são completamente
infundadas, chegando ser surreal sua apresentação.
IX. DA IMPOSSIBILIDADE DO REQUERENTE ARCAR COM A
INTEGRALIDADE DOS ALIMENTOS FIXADOS NO ANO DE 2017 -
NECESSIDADE DO SUPORTE DOS PAIS (AVÓS PATERNOS DA
CRIANÇA)
  Tal tema já havia sido apreciado logo acima, entretanto, faz-se
necessário reforçar que o Autor dessa ação vem enfrentando grandes
dificuldades para o cumprimento de suas obrigações no que diz respeito a
pensão alimentícia e sua mantença, desde o ano de 2017, período em que
foi homologada a sentença.
  Até então o autor pagou, a título de pensão alimentícia, o importe de
R$484,80 (quatrocentos e oitenta e quatro reais e oitenta centavos) mais
plano de saúde no importe de R$ 220,00, pago até então pelos avós
paternos do menor, que somado compreende um total de R$ 704,80
(setecentos e quatro reais e oitenta centavos), valor totalmente inviável para
uma pessoa que encontra-se em estado de desemprego.
  Embora o requerente e a parte oposta reconheça que a criança recebe
suporte auxiliar dos avós paternos da criança, essa prática deveria ser uma
exceção e não uma via regra como vem sendo considerado, e por tais
motivos requer que o valor seja revisto para que o requerente possa arcar
com toda integralidade sem que prejudique seu sustento e o dos pais.

X. DAS INFUNDADAS ALEGAÇÃO A RESPEITO DO PADRÃO DE VIDA


DO REQUERENTE POR RAZÕES INCOERENTES
  Vossa Excelência, é de extremo absurdo da parte contrária alegar que o
Requerente possui alto padrão de vida por simplesmente ter sido “flagrado” em
suas redes sociais comendo um hambúrguer artesanal, argumentando que
este estaria frequentando uma das hamburguerias mais renomadas a região
(Johnnie Grill Hamburgueria).
  Ao realizar uma simples busca no cardápio disponível por essa empresa
pode-se concluir que o valor mais alto de um hambúrguer neste
estabelecimento não passa de R$ 44,90, valor este facilmente encontrado
também em lanchonetes menos populares da região.
  Com o valor das mercadorias na situação em que se encontra o país,
impossível fazer um lanche de lazer por menos que isso, ou será que o autor
não pode desfrutar de momentos de lazer e nem sequer fazer um lanche
comum? Pois ao analisarmos friamente a imagem que foi anexada pela defesa,
o autor não estaria comendo nenhuma carne de vaca Kobe, que o valor do
quilo da pode chegar a mais de R$ 600 (seiscentos reais), um Caviar Almas ou
algumas trufas brancas de Alba, e muito menos se trata do famoso hambúrguer
Golden Boy, o hambúrguer mais caro do mundo criado por um holandês.

  Um outro fator alegado pela defesa foi de que o autor dessa ação
supostamente estaria frequentando locais de nível financeiro elevado e
ostentando em suas redes sociais consumo de bebidas caras, “como whisky
renomados”, “demonstrando um padrão de vida totalmente diferente do
demostrado na inicial”. Trazer esse fundamento a baila chega ser gozado,
primeiramente porque a defesa pareceu não entender o conceito de “alto
padrão de vida”, uma vez que essa terminologia aparece com frequência em
todo teor de sua argumentação sem a menor congruência, e para isso faz-se
conveniente apresentar um conceito básico dessa nomenclatura trazida pela
“Onze”, empresa de Previdência Reinventada:

  Primeiramente, insta observar um pequeno erro que nos leva a imaginar


que a defesa teria o intuito sagaz de projetar um suposto acontecimento em
prol de benefício próprio, veja:

  Na primeira imagem acostada aos autos pela defesa, que alega ser carro
do autor, o nome deste estaria salvo como “Guilherme #Davi”, e estranhamente
na foto em que afirma ter flagrado o genitor frequentando locais caros em suas
redes sociais, consumindo “Bebidas que ultrapassam R$ 300,00 nas baladas
noturnas” o nome esta salvo como “Guilherme Henrique #DAVI”. Notou que
além disso ele ainda estaria sem foto? Quem garante que este é realmente o
genitor da criança? Pois isso nos faz imaginar tranquilamente que fora forjada
uma situação hipotética para induzir Vossa Excelência ao erro. E ainda que
fosse verdade, com qual propriedade a defesa poderia afirmar que essas
bebidas seriam do autor dessa ação e que são bebidas caras? Pois ao
analisarmos essa foto de péssima qualidade, somente a olho nu só, não
conseguimos identificar sequer a marca da bebida, fator essencial para fazer
uma média de valores. É notório e legível somente 2 (duas) Long neck da
marca “Budweiser”, que não passam de R$ 6,00 (seis reais) e 4 (quatro) latas
de energético da marca que não deve ultrapassar a R$ 8,00 (oito reais).
  Em suma, ainda que essa alegação fosse uma verdade, suponhamos que
nessa mesa teriam apenas duas pessoas (o autor da foto e um homem de
camisa vermelha a frente), fazendo uma média grosseira de valores e dividindo
por esses dois sujeitos, a conta final não sairia mais que R$ 130,00 para cada,
valor bem diferente daquele formulado pela defesa.

XI. DA VIDA DOS PAIS DO REQUERENTE X VIDA DO REQUERENTE:


DUAS REALIDADES DIFERENTES
  Excelência, é de extrema importância esclarecer que os pais do
requerente não têm obrigação de prover os alimentos do menor, e se assim o
fazem é de boa vontade. A única relação que estes possuem nesse processo é
por prestarem tal auxílio financeiro para com a criança, de nada importa se são
donos de padaria, ou se possuem padrão financeiro elevado, embora isso
seja uma inverdade, pois é de conhecimento dos vizinhos e comerciantes
locais que a família do autor dessa ação mora em um bairro de periferia, e são
pessoas que trabalham diariamente e lutam como todo cidadão comum em
busca de uma qualidade de vida melhor.
  Entende-se por “padrão financeiro elevado”, conforme fora afirmado em
sede de defesa, o padrão mais caro e luxuoso, que abrange todos os serviços
e bens do padrão de vida médio em uma qualidade mais elevada e isso não
tem nada a ver com quem os avós paternos da criança são. Os anos de
trabalho e luta, dias e noites, dos pais do requerente para conquistarem uma
loja comercial não podem ser requisito para serem inseridos a uma classe
social da qual eles ainda não pertencem.
  Repetindo, a atitude dos avós paternos da criança em arcarem com o
Plano de Saúde do menor não passam de boa vontade em vislumbrarem o
bem da criança, mas a verdadeira obrigação é dos genitores e sabemos que
essa alternativa só pode ser requerida em último caso.
  Portanto, para eximir seus pais de uma obrigação que não lhes cabem, o
requerente deseja que os alimentos sejam revisados e reajustados ao seu
padrão de vida uno, fixados em 30% do salário mínimo atual.
  Vale pontuar que caso o autor volte a se inserir no mercado, e volte a
receber valores fixos ao mês, suficientes para arcar com seu sustento próprio e
o da criança, este recorrerá outra vez a justiça para revisão dos alimentos para
maior.
XII. DOS ACOMPANHAMENTOS PROFISSIONAIS DO MENOR E A
POSSIBILIDADE DE ENCONTRAR ALGUNS DESSES SERVIÇOS DE
MANEIRA NÃO OENROSA
  Sabe-se claramente que as crianças são sujeitos de pleno
desenvolvimento, e o quão importante se faz na vida dessas um esporte, lazer,
e o acompanhamento psicológico, principalmente em casos específicos como o
do menor que nos referimos nessa ação.
  Visando a qualidade de vida do menor, e sem que prejudique o sustento
do genitor, foi apresentado no início dessa peça os mesmos
acompanhamentos e esportes realizados pela criança que são ofertados
gratuitamente, ou com valor social, por dois grandes projetos fundados no
bairro de Residência do menor e região. Para relembrar, vejamos:

  O Projeto Social de nome “Maria da Paz”, localizado na Rua Onze, n. 281,
no Bairro Granja Verde, em Betim, oferece natação GRATUITA, com
professores de Educação Física qualificados e espaço com toda estrutura
necessária para tanto. Além dessa especialidade, o projeto ainda oferece
acompanhamento psicológico com valor social que não passa de R$ 35,00
(trinta e cinco reais).
  Outra opção fantástica é o Projeto de nome “Juntos.con”, contando com
quatro unidades em regiões adjacentes ao bairro residido pelo menor e sua
genitora. Nesse espaço é ofertado serviços como natação, artes maciais,
violão, dentre outros. O valor da natação, esporte praticado pelo menor,
também tem valor social de R$ 35,00 (trinta e cinco reais).
  Portanto, Excelência, após toda essa demonstração é de extrema
importância que seja avaliada as hipóteses aqui registradas.

XIII. DA SITUAÇÃO ATUAL DO REQUERENTE E SUA


IMPOSSIBILIDADE EM SER ADIMPLENTE COM O VALOR INTEGRAL
ANTERIORMENTE FIXADO
  Em primeira instancia insta ressaltar que a função dos alimentos não é
de enriquecer ou empobrecer ninguém, mas apenas auxiliar o alimentado
na sua sobrevivência e mantença da vida, além da preservação da
dignidade da pessoa humana e da personalidade, e respeitando, sempre,
a possibilidade do devedor de cumprir com sua obrigação sem que
isso o desfalque quanto às suas necessidades ou de quem dele
dependa.
  Nessa esteira se posicionou a autora Imaculada Abenante Milani em
referida obra, conforme se aduz do trecho abaixo:
“Para que surja a obrigação alimentar são
necessários dois pressupostos: impossibilidade de
o alimentando prover seu próprio sustento e
possibilidade de o alimentante prestar sua
obrigação alimentar sem prejuízo de seu próprio
sustento.”
  A linha de pensamento dos doutrinadores apresentada se encontra em
sintonia com a palavra da lei que, no artigo 1.695 do Código Civil, determina
que os alimentos são devidos à aqueles que não podem prover a própria
subsistência e de quem pode fornecê-los, sem desfalcar o seu sustento.
  Ao analisar tal artigo é possível presumir que a finalidade deste é fixar os
limites da obrigação alimentícia, por meio da indireta menção ao binômio
"necessidade-possibilidade", quando destaca a insuficiência patrimonial e
laboral do credor e a possibilidade de fornecer alimentos do devedor
"sem desfalque do necessário ao seu sustento".
  É dessa mesma maneira que entende a respeito o Doutrinador Sílvio de
Salvo Venosa, em sua obra já citada neste capítulo, conforme se aduz de
trecho a seguir:
"O dispositivo (art. 1.695 do CC/2002) coroa o princípio
básico da obrigação alimentar pelo qual o montante dos
alimentos deve ser fixado de acordo com as necessidades
do alimentando e as possibilidades do alimentante,
complementado pelo art. 1.694, § 1º, já transcrito (antigo,
art. 400). Eis a regra fundamental dos chamados alimentos
civis: os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada" (grifei)
  Caminha nesse mesmo sentido a jurisprudência nacional, que exige a
presença do binômio apresentado para que se possa fixar a justa prestação
alimentícia, e no presente caso tem sido totalmente desproporcional, pois o
autor precisa ainda depender de seus pais para arcar com boa parte de suas
obrigações alimentícias, uma vez que não possui trabalho formal, obtendo
renda somente quando lhe surgem bicos de modo eventual. Com isso, ele
poupa os valores recebidos a fim de se manter em dia com os alimentos do
menor, bem como para seu próprio sustento.

XIV. DA VERDADEIRA FACE TANGENTE AS VISITAÇÕES DO


REQUERENTE AO MENOR
  Ao que se refere as visitas do menor, a defesa alegou que o pedido de
visitas do genitor fora uma espécie de “muleta” para embasar o pedido de
redução dos alimentos, mas a verdadeira alegação é de que no período do
aceite do acordo, o autor compareceu desassistido e por desconhecer dos
procedimentos sentiu-se que não estava no direito de sugerir ou opinar,
acontece que em ata de audiência fora acordado que o genitor só poderia
visitar a criança em finais de semanas alternados na residência da genitora.
  Após o término da relação amorosa de ambos houveram muitos fatores
que fez o autor chegar na conclusão de que não lhe era conveniente ter
contato direto com a genitora do menor, e quando este buscava outra
alternativa, tinha seu desejo prontamente negado. E com o passar do tempo a
genitora começou a afastar a criança até mesmo de seus familiares paternos.
Isso nos leva a crer que a criança vinha sendo utilizada como um instrumento
de massagear o ego da mãe quando seus desejos e vontades não são
prontamente atendidos, conforme seus ditames e regras. Afinal, como o pai
criaria vinculo com a criança se ele não poderia ter nem mesmo algumas horas
sem a presença da mãe?
  Entretanto, sabemos que as coisas não são assim e a esse respeito, Maria
Berenice Dias (Manual de Direito da Família, 2011, p. 447) esclarece que:
“A visitação não é somente um direito assegurado ao pai ou
à mãe, É DIREITO DO PRÓPRIO FILHO DE COM ELES
CONVIVER, O QUE REFORÇA OS VÍNCULOS PATERNO E
MATERNO-FILIAL. (...) Consagrado o princípio proteção integral,
em vez de regulamentar as visitas, é necessário estabelecer
formas de convivência, pois não há proteção possível com a
exclusão do outro genitor.” (grifei)
  Por vezes, o genitor pede para ver a criança e sua representante utiliza
uma espécie de “palestra” via WhatsApp toda vez que isso acontece, atitude
desnecessária e incabível, faltando direcionamento nos diálogos, o que dificulta
um bom relacionamento entre esses.
  Inclusive, chega ser contraditório o que alega a defesa, pois ela aponta
que o genitor abandonou a criança afetivamente sendo que atitudes como
estas causam graves danos ao psicológico da criança, e em momento diverso
a genitora afirma, em uma das conversas de WhatsApp, que o menor sente um
amor imenso pelo pai. Algo está inexato!
COLOCAR PRINT DA NAYARA FALANDO QUE O DAVI AMA O PAI
  Já que a criança vê o pai como referência, e sabemos que a idade atual
em que a criança se encontra haveria possibilidade de dormir fora de casa,
requer que a visita seja estabelecida novamente conforme o melhor interesse
da criança, respeitando também os limites pessoais de seu genitor.
  Não se pode deixar de expor o fato de que a genitora do menor, sempre
que o autor entra em contato na expectativa de ver a criança essa se mostra
resistente ao fato de que Guilherme possui uma nova companheira. A genitora
não aceita que o filho tenha contato com esta, sem qualquer motivo existente,
somente com a justificativa de que não admite que a companheira do pai faça
parte do convívio entre eles, o que sabemos que é inadmissível no âmbito
jurídico, a não ser em casos que exista algum tipo de comprovação de que a
madrasta coloque em risco a integridade física, psíquica ou emocional da
criança. Contudo, como isso nunca ocorreu, a genitora não tem o poder de
restringir o convívio entre eles.
  Portanto, Excelência, é muito ardil por parte da defesa alegar que o genitor
da criança abandonou o filho sem que seja dita verdadeira versão dos
acontecimentos, sabendo que a própria genitora sempre o impediu de conviver
com a criança por motivos tolos, e agora apontar fatores inverídicos de maneira
deliberada para tentar prejudicar o autor dessa ação.

VI. DOS PEDIDOS


  Ante o exposto requer a Vossa Excelência:

a) Que sejam julgados improcedente os pedido da peça contestatória;


b) Que sejam julgados totalmente procedentes os termos da inicial,
pugnando pelo pagamento mensal ao requerido no valor de 30% (trinta por
cento) do salário mínimo, em caso de desemprego.

Termos em que,
Pede deferimento.

Betim, 21 de novembro de 2022.

   Joelma Alves dos Santos


OAB/MG 137.678

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