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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DA 3º VARA CÍVEL DA COMARCA DE ______

PROCESSO Nº ____________
  A, e B, ambos solteiros, desempregados, inscritos nos CPFs sob nº ________ e ________, em
sequência, residentes e domiciliados na Rua ____________, nº ___, (BAIRRO), CEP __________,
(CIDADE), vem à presença de Vossa Excelência, por seu representante constituído propor
                CONTESTAÇÃO
  Em face da açã o de exoneraçã o de alimentos movida por __________, dizendo e
requerendo o que segue:
1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS
  Na exordial o reclamante pediu a exoneraçã o das prestaçõ es alimentícias em face dos
reclamados, onde tal compromisso foi firmado em açã o de separaçã o judicial sob o nº
___________, ficando estipulado por acordo o pagamento de 60% (sessenta por cento) do
salá rio mínimo em face do alimentados.
  Ademais o alimentante fundamentou o seu desejo em se exonerar dos pagamentos
referentes as prestaçõ es alimentícias em razã o de os alimentados terem atingidos a
maioridade civil, alegando ainda que nã o há mais motivaçã o para continuidade da
obrigaçã o alimentar.
  Contudo a mesma sorte nã o tem, como veremos a seguir, sendo esta uma breve síntese
do necessá rio.
2. Da Gratuidade de Justiça
  A gratuidade de justiça busca garantir o amplo acesso ao judiciá rio, devendo ser
concedido à queles que nã o podem arcar com as custas processuais sem comprometer a sua
subsistências, conforme clara redaçã o do Có digo de Processo Civil de 2015 em seu Art. 99.
  A presente demanda trata-se de açã o movida por alimentados, sem condiçõ es
evidentes de arcar com as custas processuais, pois os mesmos encontram-se
desempregados, (có pias das carteiras de trabalho em anexo).
  Para tal benefício os requerentes juntam declaraçõ es de hipossuficiência e
comprovantes de rendas, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas
judiciais sem comprometer sua subsistência.
  Assim, considerando a demonstraçã o inequívoca da necessidade do Requerente, tem-
se por comprovada sua miserabilidade, fazendo jus ao benefício.
  Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e pelo artigo 98
do CPC, requer que seja deferida a gratuidade de justiça aos requerentes.
3. Do mérito
  O alimentante na exordial pleiteou a exoneraçã o de sua obrigaçã o alimentícia,
fundamentando tal pretensã o no artigo 1699 do Có digo Civil, o qual dispõ es que:
“Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração
do encargo.”

  Ocorre que mesma sorte nã o tem, pois como podemos observar a redaçã o da lei é
taxativa em dizer que o pedido de exoneraçã o, reduçã o ou majoraçã o, advém de mudança
na situaçã o financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, o que nã o ocorreu no
caso em questã o, pois como juntado na pró pria inicial (pá gina 12), o alimentante continua
empregado e percebendo remuneraçã o, por sua vez os alimentados continuam
desempregados e sem condiçõ es para o pró prio sustento, restando comprovada a falta de
requisito principal para a pretensã o do autor, que como já dito, é a alteraçã o na situaçã o
financeira. (CTPS em anexo).
  Outrossim, o alimentante alega a maioridade dos alimentados para se exonerar das
prestaçõ es alimentícias, contudo essa obrigaçã o nã o se encerra com a simples maioridade,
pois a maioridade do filho capaz faz encerrar o poder familiar e o dever obrigacional de
sustento, mas ainda permanece a relaçã o de parentesco entre os pais e os filhos. Por isso,
quando o filho maior de idade nã o puder por si mesmo se sustentar e provar a necessidade
da pensã o para suprir suas necessidades bá sicas de sobrevivência, os pais deverã o
continuar com o pagamento dos alimentos. Nã o se trata agora do dever de sustento e sim
de um dever de solidariedade.
  A Solidariedade é Princípio Constitucional descrito no artigo 3º, I, da Constituiçã o da
Republica, ao lado dos Princípios da Dignidade da Pessoa Humana e da Afetividade (artigo
1º, III; 226, § 7º; 227; 229), todos inerentes ao dever solidá rio dos pais em prestar
assistência material à prole maior de 18 anos que ainda necessita de pensã o alimentícia
para sobreviver.
  Diante de tais exposiçõ es, é cristalino que só o fato de completar 18 anos de idade nã o
significa estar totalmente apto para sozinho reger a sua pró pria vida financeira, assim
deixar de pagar pensã o alimentícia diante de uma evidente necessidade dos alimentados,
só pelo atingimento da maioridade, faz cessar o dever de ajuda e confronta totalmente com
os princípios constitucionais que abraçam o caso e principalmente macula a vida dos seus
semelhantes.
  Esse é o justo motivo de o Superior Tribunal de Justiça editar a sú mula 358, para que a
pensã o alimentícia nã o fosse cancelada automaticamente com o atingimento da maioridade
civil, devendo ser proposta a açã o de exoneraçã o, no intuito e com uma certeza de que o
judiciá rio aplicaria o melhor direito, resguardando uma vida digna e a solidariedade.
  Assim, comprovaremos adiante a necessidade dos alimentados em continuar
recebendo a pensã o alimentícia, uma vez que a possibilidade do alimentante em continuar
prestando alimentos ficou evidenciada pelo fato de nem se quer ter havido alguma
mudança em sua situaçã o financeira, bem como pelo dever de solidariedade para com os
filhos.
  Ambos alimentados encontram-se desempregados e sem condiçõ es de seu pró prio
sustento (CTPS em anexo), os mesmo moram com a sua genitora qual encontra-se
empregada e percebe um salá rio de R$ 1.492,07 (um mil quatrocentos e noventa e dois
reais e sete centavos), como comprovam documentos em anexo. Ocorre que a genitora tem
gastos mensais como á gua, luz, aluguel e convênio médico dos alimentados, perfazendo o
montante de R$ 902,16 (novecentos e dois reais e dezesseis centavos), gastos esses bá sicos
e necessá rios para promover uma vida digna para seus filhos, sem contudo mencionar
outros gastos com alimentaçã o, vestuá rio, lazeres e etc. (docs em anexo)
  É evidente pela breve demonstraçã o acima, que com o salá rio atual a genitora nã o
conseguiria promover o sustentos dos seus dois filhos, ficando estes dependentes da
pensã o alimentícia paga pelo pai.
  Ademais é importante salientar que um dos filhos,B, ainda está cursando o ensino
médio (certidã o de matricula em anexo), necessitando das prestaçõ es alimentícias para dar
continuidade aos seus estudos, bem como, suprir custos com uniforme, materiais escolar,
transportes, entre outros.
  Diante de todo o exposto, as alegaçõ es do alimentante nã o merecem prosperar,
devendo ser mantido as prestaçõ es alimentícias em favor dos alimentados.
4. Do pedido
  Ante o exposto, requer da Vossa Excelência:
a. A concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita aos alimentados, nos termos da Lei
1.060/50, por ser ele pobre na acepçã o jurídica do termo, nã o podendo arcar com as custas
processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo de seu sustento e de sua família,
conforme declaraçã o em anexo;
b. O recebimento da presente contestaçã o e, ao final, seja julgado improcedente o
requerimento lançado na exordial, mantendo-se o valor dos alimentos pagos aos
alimentados em 60% do salá rio mínimo vigente ou, caso nã o seja o entendimento deste r.
Tribunal, que seja diminuída a porcentagem da obrigaçã o, para o importe de 20% para
cada um dos alimentados.
c. Que seja revogada a r. decisã o (fls. 21), que deferiu a tutela de urgência a fim de
suspender a prestaçã o dos deveres alimentícios dos alimentados.
d. Requer ainda que todas as publicaçõ es e notificaçõ es referentes ao processo em epígrafe
sejam realizadas em nome de (advogado), OAB/SP nº____, na forma do artigo 272 DO
CPC/2015, sob pena de nulidade, tendo em vista sua indicaçã o pelo convenio da Defensoria
Pú blica com a OAB/SP.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a
prova documental e testemunhal.
             Pede Deferimento
             Cidade, dia/mês/ano
               Advogado
                OAB

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