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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA $

{informacao_generica}ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE


 
${cliente_nomecompleto}, já devidamente qualificada nos autos do presente processo, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu procurador, dizer e requerer o que
segue:
 
No presente processo se pleiteia o restabelecimento de benefício por incapacidade, eis que
indevidamente cessado na esfera administrativa.
Inicialmente, cumpre mencionar que a Demandante esteve em gozo de auxílio-doença nos
lapsos compreendidos entre ${data_generica} a ${data_generica}, ${data_generica} a $
{data_generica}, ${data_generica} a ${data_generica}, ${data_generica} a ${data_generica} e de $
{data_generica} a ${data_generica}, consoante análise de seu histórico contributivo anexo.
Ao longo da instrução, foi realizada avaliação médica pericial, a cargo do médico nomeado pelo
Juízo, laudo juntado no evento ${informacao_generica} da demanda. Analisado o parecer emitido
pelo Perito Judicial, percebe-se que o expert, acertadamente, verificou a existência de incapacidade
laborativa no caso da Autora.
Ocorre que se faz pertinente realizar alguns esclarecimentos acerca do presente caso.
Em que pese o Nobre Perito tenha entendido que a Demandante se encontra temporariamente
incapaz, o fato é que a Autora está acometida de grave moléstia, qual seja, MIOPATIA. A
referida patologia, consoante afirmação do próprio perito, NÃO POSSUI DIAGNÓSTICO
ETIOLÓGICO AINDA DEFINIDO E TAMPOUCO TRATAMENTO.
Nesse sentido, o expert assim se manifestou:
 
${informacao_generica}
Desta forma, vislumbra-se que, do exame físico realizado, constatou-se a redução de força em grau
4, bem como dor ao realizar esforços musculares e marcha lentificada. Nesse aspecto, importante
citar a dificuldade de tratamento da referida patologia:
 
Tratamento
São poucas as desordens neuromusculares tratáveis do ponto de vista medicamentoso. É frequente a
opinião de que, uma vez feito o diagnóstico, nada mais poderá ser realizado. O paciente ou familiar
conhecerão o nome da doença, seu provável modo de herança, serão informados de sua
incurabilidade e que, freqüentemente piorará. A idéia de que a falha em curar ou prolongar a
sobrevida em muitas dessas doenças neuromusculares signifique que não há nada a fazer é uma
triste constatação que freqüentemente nos deparamos por falta de um conhecimento holístico ou
abordagem em termos de reabilitação. As miopatias estão entre os grupos de desordens mais
fascinantes, seja em relação ao tratamento, seja em relação à pesquisa. Muito do trabalho que
permanece por ser realizado em termos de doenças genéticas será pioneiro através dos pacientes
com miopatia.[1] (grifei)
Nesse seguimento, em análise das condições pessoais da Demandante tem-se que se trata de pessoa
com idade considerável (54 anos), quase idosa, de modo que a tendência é que seu estado de saúde
somente piore com o decorrer do tempo!
Ora, Excelência, a idade apresentada e a gravidade do quadro clínico exposto dão conta de que a
Demandante não mais reunirá condições de desempenhar suas atividades, tornando imperativa a
concessão de aposentadoria por invalidez.
Como se não bastasse o seu longo histórico de patologias e sua idade, tem-se que a Autora possui
baixa escolaridade (ensino fundamental somente), de maneira que dificilmente conseguirá se inserir
no mercado de trabalho. Ainda, necessário atentar que possui exponencial déficit de força e
desempenhava, anteriormente, a atividade de EMPREGADA DOMÉSTICA, profissão que,
justamente, exige a prática de esforços físicos.
Nesse sentido, pertinente destacar a lição de Tiago Faggioni Bachur, em sua obra de Direito
Previdenciário[2]:
 
Muitas vezes, somam-se como agravante da situação fática vivenciada pelo segurado, suas
características pessoais (como, por exemplo, o baixo grau de instrução escolar e o fato de
trabalhar sempre com atividades que exigem esforço físico). Isso sem mencionar que em muitos
casos a doença do segurado não se encontra estabilizada e só tende a piorar com o passar do
tempo. (grifado)
Registre-se que o direito da Demandante encontra amparo na jurisprudência do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, veja:
 
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS. QUALIDADE DE
SEGURADO. PERÍODO DE CARÊNCIA. INCAPACIDADE. LAUDO PERICIAL. CONDIÇÕES
SUBJETIVAS. AGRICULTOR CONSECTÁRIOS LEGAIS. CUSTAS. TUTELA ESPECÍFICA.
IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. 1. São três os requisitos para a concessão dos benefícios por
incapacidade: a) a qualidade de segurado; b) o cumprimento do período de carência de 12
contribuições mensais; c) a incapacidade para o trabalho, de caráter permanente (aposentadoria por
invalidez) ou temporária (auxílio-doença). 2. A concessão dos benefícios de auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez pressupõe a averiguação da incapacidade para o exercício de atividade
que garanta a subsistência do segurado, e terá vigência enquanto permanecer ele nessa condição. 3.
A incapacidade é verificada mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social ou
realizado por perito nomeado pelo juízo; o julgador, via de regra, firma sua convicção com base no
laudo do expert, embora não esteja jungido à sua literalidade, sendo-lhe facultada ampla e
livre avaliação da prova. 4. O laudo pericial indicou ser a parte autora portadora de discopatia
lombo-sacra, artrose nos joelhos; espondilolistese grauI de L-4 e L-5 (CID - M 51.1 / M 17.0 / M
53.2 / M 54.5), que a incapacita de forma parcial e temporária para o labor rural. No entanto, além
das limitações físicas, cumpre observar as condições pessoais da demandante, que na hipótese,
conta com idade avançada (56 anos), possui baixo grau de escolaridade e é afeita ao serviço
meramente braçal, não havendo como ser levada a efeito qualquer reabilitação profissional
que lhe garanta a subsistência. (omissis) (TRF4, AC 0013386-70.2013.404.9999, Quinta Turma,
Relator Luiz Antonio Bonat, D.E. 09/11/2015, com grifos acrescidos)
Outrossim, a Autora afirmou que sente os sintomas da patologia constatada pelo perito do juízo
desde 2013, o que, por sua vez, demonstra que o quadro clínico vem se agravando. Aliado a isso,
denota-se que no atestado elaborado pelo médico Dr. ${informacao_generica}, em $
{data_generica}, há a constatação de que a Autora tem diagnóstico de miopatia não específica
(CID 10 G72.9) com importantes alterações musculares, incapacitando-a para o trabalho
(Evento ${informacao_generica}).
Nesse teor, as limitações clínicas impostas pelo quadro clínico diagnosticado, conjugadas com as
condições pessoais e socioeconômicas da segurada, como idade avançada, baixa escolaridade,
evidenciam a inviabilidade da reabilitação profissional e autorizam a concessão de aposentadoria
por invalidez.
A esse respeito, veja-se que o perito fixou a DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE (DII) em $
{data_generica}.
Com efeito, urge salientar que a perícia foi realizada no dia ${data_generica} (Evento $
{informacao_generica}).  Não obstante, o perito somente anexou o laudo médico aos autos em $
{data_generica}, isto é, MAIS DE ${informacao_generica} MESES APÓS A REALIZAÇÃO
DA CONSULTA!!
Portanto, vislumbra-se que o perito limitou-se a fixar a data supradita em ${data_generica}, isto é,
no mês em que realizada a perícia, isto é, deixou de ser diligente quanto à fixação da data do início
da incapacidade.
Nesse aspecto, elaborado o parecer médico após oito meses da perícia, como pode o perito efetuar
uma análise fidedigna do histórico clínico da Autora?? Ora, Excelência, depois de tantos meses
INCAPAZ, em razão de estar acometida por patologia de ordem DEGENERATIVA, e
arcando, ainda, com as consequências da MOROSIDADE PROCESSUAL, a parte Autora
não pode concordar com análise tão SUPERFICIAL realizada pelo expert acerca da data do
início da incapacidade.
Diante do que se observa da resolução citada, Lazzari et al[3], concluem que:
 
a) A perícia realizada em juízo não difere, em termos de deveres do profissional que a realiza,
daquelas que devam ser realizadas por médicos de empresas ou do órgão previdenciário (art.10,
inciso III, da Resolução), seja quanto aos aspectos técnicoprocedimentais, seja quanto aos
aspectos ético-profissionais;
b) Para uma adequada análise do possível nexo de causalidade, torna-se necessário, em regra,
vistoria o local de trabalho, a fim de observar os agentes que possam ter ocasionado a patologia do
segurado (art. 2º, inciso II, da Resolução), não sendo crível que um perito possa, sem sombra de
dúvidas, avaliar a relação de causalidade com o labor sem saber exatamente de que forma a
atividade laboral era cumprida;
c) O exame pericial não se esgota no exame clínico sobre a situação “presente” do segurado,
devendo ser apreciada a história clínica e ocupacional, item que a resolução considera decisivo
para qualquer diagnóstico de nexo de causalidade; (grifado)
Destarte, atente-se para o fato de que a Demandante esteve em gozo do benefício de auxílio-doença
no interregno compreendido entre ${data_generica} a ${data_generica} (Evento $
{informacao_generica}). Ademais, o atestado suprarreferido do Dr. ${informacao_generica}
confirma que a Autora NÃO POSSUÍA CONDIÇÕES LABORATIVAS EM ${data_generica}.
Logo, impossível concluir que a Demandante tenha se recuperado em lapsos tão exíguos, sobretudo
considerando a natureza da DEGENERATIVA da patologia que a acomete!!
Em suma, qual é a credibilidade que se pode aferir deste Perito ao desdenhar todos os documentos
emitidos pelos Médicos que acompanham o tratamento da Autora há meses e tecer parecer
definitivo, fixando a data do início da incapacidade no mês da perícia, sem sequer examinar os
mesmos? Ademais, considerando o estado avançado dos sintomas degenerativos, IMPOSSÍVEL
ADMITIR QUE A DEMANDANTE SE TORNADO INCAPAZ PARA O TRABALHO NO
MÊS EM QUE REALIZOU A PERÍCIA. Com certeza NÃO há como aceitar tamanho
desrespeito à parte e ao encargo do Perito do Juízo!!!
Com o devido respeito ao médico Perito da presente demanda, o estabelecimento do início da
incapacidade é inaceitável e incompatível com as demais provas juntadas nos autos!
Destarte, NÃO SE PODE COMPACTUAR COM A FIXAÇÃO NEGLIGENTE E
IRRESPONSÁVEL DA DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE, que DESABONA a conduta dos
médicos que tratam a Autora há meses e que contraria inescrupulosamente o conceito básico de
JUSTIÇA.
Por fim, deve ser, pelo menos, relativizado o parecer exarado. Afinal, a prova pericial tem função de
apresentar parecer técnico ao Magistrado, que é a quem cabe o poder decisório.
Havendo outros pareceres técnicos importantes, deve sopesar todos eles quando do julgamento do
feito, sobretudo considerando o disposto no artigo 489, § 1º, inciso IV, do Código de Processo Civil:
 
Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:

1oNão se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador; (grifei)
Por fim, cumpre salientar que carência e qualidade de segurada são matérias incontroversas no caso
em comento, uma vez que a Autora esteve em gozo de benefício previdenciário no lapso de $
{data_generica} a ${data_generica} (Evento ${informacao_generica}), precedido de período de
contribuições, não pairando dúvidas da manutenção da qualidade de segurada e cumprimento da
carência, quando do início do benefício que vinha auferindo.
Em vista disso, considerando a gravidade da patologia que acomete a Demandante, o teor dos
exames e atestados anexos ao feito, bem como a fragilidade do laudo confeccionado pelo perito do
juízo, imperiosa a fixação da data do início da incapacidade em data antecedente à cessação do
auxílio-doença, de modo que seja concedido o benefício de aposentadoria por invalidez.
Pelo narrado, REQUER o julgamento PROCEDENTE da lide para o deferimento do pedido de
concessão de aposentadoria por invalidez, desde o dia seguinte à cessação do auxílio-doença ($
{data_generica}), nos termos da fundamentação retro.
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
 
, 29 de março de 2023.

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