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AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA DO FORO DA COMARCA DA CALDAS MUNICÍPIO – UF.

PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

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NOME COMPLETO DO MENOR DE IDADE, menor impúbere, nascido em 05/02/2011, neste ato
representado por sua genitora NOME DA GENITORA, nacionalidade, estado civil, profissão, filha
de (Nome do Pai) e (Nome da Mãe), portadora do documento de identidade com registro geral
sob o nº XXXXXXXXX SSP/UF, e inscrita no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX,
nomedagenitora@gmail.com, residente e domiciliada na Rua L, Qd. XX, Lt. XX, Bairro, Município
– UF, CEP: XXXXX-000, vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de sua procuradora,
instrumento procuratório acostado (doc. 01), com fundamento nos 693, parágrafo único do
Código de Processo Civil e Lei 5.478/1968, e nos demais dispositivos aplicáveis, propor:

AÇÃO DE ALIMENTOS c/c PEDIDO LIMINAR DE ALIMENTOS PROVISIONAIS, em desfavor de

NOME DO REQUERIDO (genitor), nacionalidade, estado civil, profissão, nascido em XX/XX/XXXX,


filho de (Nome do pai) e de (Nome da Mãe), portador do documento de identidade RG sob o nº
XXXXXXX SSP/UF e inscrito no CPF/MF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, endereço eletrônico: endereço
eletrônico: nomedoréu1@gmail.com, residente e domiciliado na Rua L, Qd. XX, Lt. XX, Bairro,
Município – UF, CEP: XXXXX-000, pelos fatos e fundamentos de direito adiante aduzidos:

- DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA


A genitora do Requerente é pobre na acepção jurídica do termo, e bem por isto não possui
condições de arcar com os encargos decorrentes do processo sem prejuízo de seu sustento e de
sua família, conforme declaração de hipossuficiência acostado (doc. 05). Ainda, informa a esse
juízo que a Requerente é manicure e trabalha no ramo da estética, no presente momento
possui um contrato de trabalho por tempo indeterminado , onde recebe por serviço realizado,
ou seja, 50% (cinquenta por cento) dos serviços executados (doc. 06-07), como se pode
observar, não possui um valor fixo à receber, vez que, diante da crise que agrava a sociedade
como um todo, ultimamente, os serviços que tem executado não alcançam nem um salário
mínimo vigente, motivo pelo qual, espera usufruir dos benefícios da justiça gratuita. O acesso à
Justiça tem suas raízes elencadas no artigo 5.º, LXXIV da Constituição Federal, do artigo 4º da Lei 2
1.060/1950 e principalmente pelos parágrafos 2º e 3º do artigo 1º da Lei. 5.478/1968:

Parágrafo 2º - A parte que não estiver em condições de pagar as custas do processo,


sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará do benefício da gratuidade,
por simples afirmativa dessas condições perante o juiz, sob pena de pagamento até o
décuplo das custas judiciais. Parágrafo 3º - Presume-se pobre, até prova em contrário,
quem afirmar essa condição, nos termos desta lei.

Desta forma, requer desde já, que os benefícios da justiça gratuita sejam deferidos em favor do
Requerente, a fim de que possa ter acesso ao Direito que lhe é conferido, dentro dos limites
estabelecidos por esse juízo.

- DOS FATOS
O menor, nascido em 05/02/2011, provado por certidão de nascimento acostada (doc. 02), é
fruto do relacionamento amoroso que a genitora teve como o Requerido, este por sua vez,
reside no exterior para estudar, atualmente faz o curso de medicina, no entanto está atualmente
no município para as férias.

A família possui condições financeiras muito boas, pois são proprietários do SUPERMERCADO
XX, microempresa no ramo alimentício, estabelecido em um local privilegiado, no centro do
município, o que faz prova com a juntada de cópia do cartão CNPJ (doc. 08-09), demonstrando
que a empresa está oficialmente em nome da tia do menor, porém é da própria família, onde
todos trabalham no comércio e integram à sociedade.

Durante esses 5 (cinco) anos, a avó paterna e o pai, sempre convivem com o neto nos fins de
semana, busca-o, sendo que as visitas são frequentes, vez que, no presente momento o pai
Rickley Bruno procura o filho para estar junto, ou seja, estão presentes no âmbito afetivo,
porém, no âmbito financeiro tem deixado a desejar, porque, não ajudam com a genitora com
nada. 3
A avó paterna convive constantemente com o neto, mesmo na ausência do pai, e está ciente das
necessidades deste, em contrapartida assume uma posição passiva com relação a ajudar a
genitora, e nem tampouco o pai procura saber sobre as necessidades básicas do filho, deixando a
responsabilidade exclusivamente em prol da genitora, o que tem se tornado insustentável diante
das dificuldades, motivo pelo qual, busca respaldo judicial em favor do filho, em caráter de
urgência.

- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

- DO DIREITO
O dever alimentar dos pais está expressamente previsto na Constituição Federal, artigos 227 e
229:
Artigo 227. É dever da família, sociedade e Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Artigo 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Por sua vez, confere a quem necessita de alimentos, o direito de pleiteá-los de seus parentes,
em especial entre pais e filhos, nos termos dos artigos 1.694 e 1.696:

Artigo 1.694 – CC. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação [...].

Artigo 1.696 – CC. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta de outros.

Ainda, este dever de sustento, criação e educação também é previsto no Estatuto da Criança e
do Adolescente (Lei 8.069/90), em seu artigo 22, que leciona: 4
Artigo 22 - Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir as
determinações judiciais.

- DO BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE
Ocorre que, o pai tem se abstido de fornecer o amparo basilar de sobrevivência em favor do
filho, afinal, estuda fora do país, e as visitas são quando ocorrem as férias. Porém, a avó paterna
sempre o mantém informado sobre os cuidados que a genitora tem com o menor, e sempre
assiste o neto em toda a sua rotina diária, usufrui de sua companhia, lhe dá afeto e recebe, no
entanto, se esquiva de ajudar o menor financeiramente, o que se torna algo um tanto
contraditório, no sentido de que o pai e a avó são sócios proprietários da empresa, no centro da
cidade, que possivelmente possui um faturamento considerável, o que induz condições do pai de
ajudar com mais efetividade o filho. A jurisprudência a respeito do tema está consolidada:

APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS. FILHA MENOR. BINÔMIO POSSIBILIDADE E


NECESSIDADE.DEVER RECÍPROCO ENTRE OS GENITORES. FIXAÇÃO DE PERCENTUAL
ADEQUADO. GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO E CONCURSO. INCIDÊNCIA DA
PENSÃO ALIMENTÍCIA. IMPOSSIBILIDADE. CARÁTER INDENIZATÓRIO. AUSÊNCIA DE
CARÁTER PERMANENTE. 1. A obrigação de prestar alimentos deve atender ao binômio
necessidade do alimentando e possibilidade econômico-financeira do alimentante. 2.
Os alimentos devem ser fixados de forma a atender as necessidades dos filhos
menores, mas sem sobrecarregar em demasia o alimentante. 3. Descabe minorar o
valor da pensão alimentícia fixada, quando ausentes elementos probatórios da
inadequação do valor, bem como da capacidade para atender o encargo. 4. Não deve
haver incidência dos alimentos sobre as verbas recebidas a título de gratificação por
encargo de curso e concurso, ante a caracterização de sua natureza indenizatória, sem
caráter permanente. 5. Parcial provimento ao apelo. (TJ-DF - APC: 20140110846940,
Relator: GISLENE PINHEIRO, Data de Julgamento: 16/12/2015, 2ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE: 25/01/2016. Pág. 243).

Assim, a obrigação alimentar, é também do pai, e esse está em déficit com a obrigação financeira
desde o nascimento do filho. Convém salientar que, a genitora não tem trabalho fixo e depende
do amparo de sua mãe, e perfaz renda sobre serviço executado, sendo que, impossível permitir
que continue assim, afinal, o encargo tem crescido a cada dia, não podendo mais suportar, vez
que, o pai tem condição e obrigação para tanto de custear alimentos naturais e civis.
5
Há que se esclarecer que os alimentos, quanto à sua natureza, são classificados em
naturais e civis. Naturais são os necessários à sobrevivência propriamente dita,
compreendendo a alimentação, moradia, saúde, higiene etc. Já os alimentos civis
abrangem além dos naturais, os que são compatíveis com a condição social do
alimentante, diretamente relacionados com o que comumente chamamos padrão de
vida. (Dias, Maria Berenice, Manual de direito das famílias. 8. ed. rev. e atual. – São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011).

O parágrafo 2º da Lei 5.478/1968 aduz sobre os requisitos para a propositura da ação de


alimentos e outras providências, que segue rito especial (artigo 1º, caput, Lei. 5.478/1968):

Artigo 2º - O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz


competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o
parentesco, ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome,
residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha
aproximadamente ou os recursos que dispõe.

O Requerido está devidamente qualificado na primeira página, agora quanto ao seu ganho
mensal não é possível precisar, porém, quanto aos recursos que dispõe, já foi informado o
comércio de propriedade da família, ainda, sabe-se que recentemente a mãe do Requerido
comprara-lhe uma moto de valor considerável, fato informado pelo próprio filho, ora
Requerente.

- DO QUANTUM A TÍTULO DE ALIMENTOS DEFINITIVOS


Prevê o artigo 1.694 do Código Civil que:

Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os


alimentos de que necessitam para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Parágrafo 1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. (Binômio
necessidade/possibilidade).

O binômio é confirmado pelo artigo 1.695: São devidos os alimentos


quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
(Cristiano Vieira Sobral Pinto, 5ª edição, editora Método, Direito Civil
6
Sistematizado, ano 2014, pág. 896).

Assim, uma vez constatado o grau de parentesco e a necessidade, provado está o dever do pai de
prestar alimentos, e diante das condições financeiras da família, vez que o pai, cursa medicina no
exterior, requer a título de alimentos definitivos o percentual de 45% (quarenta e cinco por
cento) do salário mínimo vigente1, ou seja, R$ 421,65 (quatrocentos e vinte e um reais e
sessenta e cinco centavos), para ser homologado por Sentença, vez que o Requerido possui
empresa, e integra a categoria de empresário do ramo alimentício juntamente com sua família e
ainda cursa medicina no exterior, portanto tem condições de arcar com o encargo
tranquilamente.

- DO PEDIDO LIMINAR DE ALIMENTOS PROVISIONAIS

1
Valor estipulado com base na Lei nº 13.152/2015, que dispõe sobre a política de valorização do salário-mínimo e dos benefícios pagos pelo
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) para o período de 2016 a 2019. Sendo que, o valor de R$ 937,00 (reajuste de 6,47%) deverá ser
incidido a partir do dia 1º de janeiro de 2017, seguindo o decreto nacional. (Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/salario-minimo-em-2017-
veja-o-valor.ghtml).
Pelo princípio da especialidade, nas ações de alimentos, o douto Magistrado deve, desde logo,
fixar os alimentos provisionais, nos termos do artigo 4º da Lei 5.478/1968:

Artigo 4º - Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a


serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não
necessita.

No caso, resta translúcida a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade
financeira enfrentada pela genitora do menor, pois, conforme demonstrado anteriormente tem
as despesas com escola no início do ano, sem falar nas despesas básicas com alimentação.
Ademais, não há qualquer dúvida sobre a obrigação subsidiária da avó paterna, ora Requerida,
que vem demonstrando inércia absoluta em meios a tantos pedidos verbais realizados, sempre
recusados, caracterizando, tão somente, a má-fé, que tem privado o neto dos alimentos
necessários.

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Assim, almeja o Requerente a título de alimentos provisórios o importe de 30% (trinta por
cento) do salário mínimo nacional vigente, ou seja, R$ 281,10 (duzentos e oitenta e um reais e
dez centavos), a serem confirmados pelo instituto da tutela antecipada, por Vossa Excelência,
com o objetivo de suprir de imediato às necessidades do menor, devido ao seu caráter urgente.

- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante do exposto, requer a procedência dos pedidos para:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei 1.060/1950, devido as
provas de hipossuficiência jungidas;

b) O recebimento da presente ação e, ato contínuo, o deferimento a título de alimentos


provisórios o importe de 30% (trinta por cento) do salário mínimo nacional vigente, repassados
até o dia 10 (dez) de cada mês, a serem entregues em mãos à genitora do menor, nos termos do
artigo 4º da Lei 5.478/1968;
c) A citação do Requerido, por carta com aviso de recebimento, para, querendo, apresentar
resposta, sob pena de confissão e revelia, nos termos do artigo 5º da Lei 5.478/1968;

d) Seja explicitado que, almeja o Requerente a título de alimentos definitivos o percentual


de 45% (quarenta e cinco por cento) do salário mínimo vigente, acrescidos de 50% das despesas
extras que surgir, para ser homologado por Sentença;

e) A intimação do Ministério Público (artigo698 do CPC) para que apresente as


manifestações que julgar pertinentes;

f) Informa ainda, em atenção ao artigo77, V, do Código de Processo Civil, que todas as


intimações deverão ser feitas em nome da procuradora do Requerente Dra. Sanmatta Raryne
Souza, devidamente inscrita na OAB/GO de nº 42.261; 8
g) O Requerente manifesta interesse em conciliar, nos termos do artigo 319, inciso VII, do
CPC.

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e


testemunhal.

Dá à causa o valor de R$ 5.059,00 (cinco mil e cinquenta e nove reais), conforme artigo 292,
inciso III, do Código de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.

Município - UF, 10 de janeiro de 2017.


(Assinado digitalmente)
Sanmatta Raryne Souza
OAB/GO 42.261

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