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DOUTO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA COMARCA DE MACAPÁ-AP.

LUÍSA DOS SANTOS BASTOS, (brasileira), menor impúbere, neste ato


representada por sua genitora MARIA DOS SANTOS, (brasileira), (divorciada),
(desempregada), portador (a) da carteira de identidade nº6446 e do CPF nº
215.347.128-10, residente e domiciliada na Av. Mãe Luzia, nº 1222 - Laguinho,
Macapá-AP, 68908-160, por sua advogada devidamente constituídos pelo
instrumento de mandato anexo, nos termos do art. 39 do CPC/1973 e art. 287 do
NCPC/2015 (documento 1), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE ALIMENTOS

Em face de ALICE BASTOS, (brasileira), (divorciada), (empresária), portador (a) da


carteira de identidade nº 5457 e do CPF nº 512.734.821-10, residente e domiciliado
(a) na Av. Caubi Sérgio Melo, S/N - Renascer, Macapá - AP, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

A autora não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem


prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa,
sob égide no Novo Código de Processo Civil, art. 98 e seguintes e pelo artigo 5º,
LXXIV da Constituição Federal. Assim, faz jus a autora da concessão da gratuidade
de Justiça.
Importante frisar a lesão causada aos mais humildes, caso entenda-se de outra
forma, impedindo-os de ter acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado
Democrático de Direito.

● Ordem das argumentações utilizadas nesta petição:


● Previsão constitucional do Direito a Alimentos, art. 229 da Constituição
Federal;
● O entendimento que possui a Lei 5.278 de 1968 quanto a característica
basilar do Instituto de alimentos para o direito de família
● A definição estabelecida pela Lei 5.278 de 1968 para a Ação de Alimentos
● A explicitação feita pelo artigo 1696 do Código Civil sobre a reciprocidade do
direito de prestação de alimentos entre os pais e extensivo a todos os
ascendentes
● A determinação que fornece o art.1.695 do CC sobre a hipótese de
impossibilidade dos genitores do infante de prover com a totalidade dos
alimentos
● O determinado no art. 1968 do Código Civil que esclarece o procedimento a
ser seguido na hipótese de impossibilidade dos pais quanto ao provimento
dos alimentos e do dever subjetivo dos parentes de primeiro grau;

DOS FATOS

A autora é filha legítima de Paulo Bastos e, por conseguinte, neta legítima de Alice
Bastos, conforme certidão de nascimento (doc. 02), nascida em decorrência de
relacionamento entre a sua genitora e o filho da requerida, que chegaram a
oficializar a união por meio do casamento.

Como não houve prosseguimento no relacionamento do casal, tornando-se


impossível a continuidade da relação, o genitor acabou por deixar o lar e
divorciar-se da mãe da autora,

Acontece que, devido a acidente de trabalho, o pai da requerente veio a falecer em


25/08/2015, conforme certidão de óbito (doc. 03) tendo pago, no entanto, até este
dia, a parcela ajustada da pensão alimentícia no valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais).
A genitora da autora, portanto, após o falecimento de Paulo Bastos, passou a
conviver sozinha com a filha, não podendo arcar com o provento do sustento do lar,
dado que, mesmo que exerça atividade profissional, esta lhe rende um salário
mínimo nacional o qual não é suficiente para o sustento da infante.

Importante destacar que, antes do falecimento do pai da menor, a parcela por ele
paga para a infante contribuia de maneira crucial com os custos imprescindíveis à
educação e sustento da filha, tal como fazia durante o casamento com a mãe da
menor.

Segundo informações de testemunhas que serão arroladas no momento adequado,


a situação financeira da requerida, avó biológica da alimentante, é estável e
privilegiada.

A requerida exerce a função de autônoma no ramo de beleza, percebendo cerca de


R$ 20.000 (vinte mil reais) mensais.

Por conta disso, não restando quem custeie os valores cabíveis à alimentante e,
sendo possível à avó o provimento subsidiário das parcelas antes feitas pelo pai da
infante, é que se propõe a presente ação com intenção de ver satisfeito o direito da
menor e como medida da mais lídima justiça.

​ DO DIREITO

O direito a alimentos, está expresso na nossa Constituição Federal, mais


precisamente no seu artigo 229, que assim nos diz:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar


os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

O instituto de alimentos é regulado pela lei 5.278 de 1968 que o classifica


como basilar ao direito de família (por seu caráter emergencial e atual) e assim
determina a Ação de Alimentos:

Art. 1º. A ação de alimentos é de rito especial,


independente de prévia distribuição e de anterior concessão do
benefício de gratuidade.
Essa mesma ação é regulada pela lei 5.478/68 e prevista no artigo 1.696 do
CC, que diz:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é


recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros

Além disso, assim demanda o artigo 1.695 do mesmo diploma legal:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os


pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu
trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.

Mais incisivo ainda é o art. 1698 ainda deste diploma que afirma:

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em


primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau
imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar
alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,
poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Jaz evidente pelo aqui exposto ser também dever dos parentes de grau imediato da
alimentante a prestação de alimentos, excluindo-se os mais remotos.

Justamente por isso, não restam dúvidas de que, na ausência do progenitor para o
cumprimento de sua obrigação, esta estende-se à sua progenitora a qual deve
contribuir para que a qualidade mínima de vida seja garantida à autora.
III. DO PEDIDO

Finalmente, sendo infecundas as tentativas para uma resolução anterior e por todo
o exposto, requer a Vossa Excelência:

a) o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 98 e seguintes


do CPC/2015 por ser pobre juridicamente, não podendo arcar com as despesas
processuais sem privar-se do seu próprio sustento e de sua família;

b) a designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art. 319, VII, do


CPC/2015 [6];

c) a citação do requerido por meio postal, nos termos do art. 246, inciso I, do
CPC/2015 [7];

d) liminarmente, a concessão do pedido de tutela provisória de urgência, com o fim


de determinar ao réu que (...);

e) ao final, seja dado provimento a presente ação, no intuito de condenar o réu a


(...);

e) A intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito;

f) a procedência da presente ação, condenando-se a requerida na prestação de


alimentos definitivos, na proporção de 1 salário mínimo, sendo estes depositados
em conta bancária do representante legal da requerente;

h) Seja condenado o requerido ao pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios, nos moldes do art. 546 do CPC/2015;

IV. DAS PROVAS


Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial,
pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem arroladas em
momento oportuno e novos documentos que se mostrarem necessários.

V. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 24. 000, 00 , para fins de alçada, nos moldes do art.
292, III do NCPC/2015.

Nestes Termos. Pede Deferimento.

Macapá, 01 de dezembro de 2021.

LC

OAB XXXXXX,

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