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Amanda C. Santos - OAB nº 356.

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ °


VARA CÍVEL DA COMARCA DE LENÇÓIS PAULISTA-SP

JOÃO FELYPE MACIEL, menor impúbere, neste


ato devidamente representado por sua genitora, TATIANA DOS SANTOS CORREIA,
brasileira, solteira, auxiliar de frigorífico, portadora da Cédula de Identidade nº
47.865.449-2 SSP/SP e do CPF. nº 337.918.828-05, residente e domiciliada na Av. José
Garrido Gil, nº 241, NL Luiz Zillo, nesta cidade de Lençóis Paulista/SP, por intermédio de
sua advogada que a presente subscreve, conforme procuração e Ofício com Registro Geral
de Indicação em anexo - relativo ao convênio firmado entre a Ordem dos Advogados do
Brasil – OAB e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo -, com endereço na Rua Major
Antônio Fiuza Florêncio do Amaral, 417, Vila São Judas Tadeu,, local onde designa para
o recebimento de eventuais futuras intimações postais, vem, respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, com fundamento na Lei 5.478/68, propor a presente AÇÃO DE
ALIMENTOS (Procedimento Especial), em face de MARCOS ROBERTO MACIEL,
brasileiro, solteiro, autônomo, residente e domiciliado na Rua Joaquim Estrela, nº 151,
Conj. Hab. Maestro Júlio Ferrari, nesta cidade de Lençóis Paulista/SP, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

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DOS FATOS

A representante da parte autora e o requerido


mantiveram um relacionamento amoroso como namorados durante aproximadamente 01
(um) ano e meio. Desse relacionamento resultou a gravidez de João Felype Maciel,
atualmente com 03 (três) meses de vida, conforme demonstra a certidão de nascimento
juntada em anexo.
Após o nascimento do infante, seus genitores vieram
a se separar e, desde então, o requerido não tem contribuído em nada para o sustento de
seu filho.
Conforme se depreende da cópia da Carteira de
trabalho e Previdência Social – CTPS, bem como do demonstrativo de pagamento, juntadas
em anexo, a genitora do requerente trabalha na função de Auxiliar de Desossa em um
frigorífico e aufere, em média, a quantia de R$ 900,00 (novecentos reais) mensais, não
possuindo condições de arcar sozinha com o sustento de seu filho.
O requerido trabalha de forma autônoma com a
instalação de toldos e forros neste Município, não havendo meios da representante da parte
autora comprovar com exatidão os rendimentos do genitor de seu filho, mas acredita-se
que o demandado aufere, no mínimo, a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais) mensais.
Além do requerente, o requerido ainda possui mais
dois filhos, fruto de um outro relacionamento, e para estes, contribuía mensalmente com a
quantia de R$ 300,00 (trezentos reais), a título de pensão alimentícia.
Em que pese os genitores da parte autora após o
término do relacionamento manterem uma relação saudável e harmoniosa como amigos,
desde o advento da separação, conforme mencionado, o requerido não tem contribuído em
nada para o sustento de seu filho, sob a alegação de que atualmente não detém condições
de auxiliar com os gastos inerentes a sobrevivência do infante.
Ocorre que, apesar de tal alegação, constantemente
a genitora do requerente tem tido notícias de gastos frequentes e desnecessários por parte
do requerido com passeios noturnos e programas com amigos, o que contraria, portanto, a
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sua alegação de que no presente momento não teria condições de contribuir para o sustento
de seu filho.
Dessa forma, não há outro meio cabível, senão a
presente demanda judicial, a fim de garantir o direito de prestação de alimentos ao autor
desta ação por parte de seu genitor.

DO DIREITO

Sabe-se que o dever de sustento dos filhos, como


seres incapazes, incumbe aos genitores em igualdade de obrigação, sendo imprescindível
o recurso financeiro e alimentício para proporcionar o desenvolvimento e a manutenção
necessária para aqueles que são incapazes de fazê-la por si mesmo.
Conforme estabelece a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, ao defender os direitos da família:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial


proteção do Estado.
[...]
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e
educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o
dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.

Nesse diapasão é o ensinamento de Yussef Said


Cahali, em sua obra “Dos Alimentos”, 3.ª edição, Ed. RT, pag. 30, que elucida:

“Desde o momento da concepção, o ser humano -


por sua natureza – é um ser carente por excelência;
ainda no colo materno, ou já fora dele, a sua
incapacidade ingênita de produzir os meios
necessários à sua manutenção faz com que se lhe
reconheça, por um princípio natural jamais
questionado, o superior direito de ser nutrido pelos
responsáveis por sua geração.

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Subsiste essa responsabilidade – também em termos


incontroversos – durante todo o período de
desenvolvimento físico e mental do ser gerado.”

Ainda, dispõe o Código Civil acerca do dever de


prestar alimentos:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou
companheiros pedir uns aos outros os alimentos de
que necessitem para viver de modo compatível com
a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção
das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem
os pretende não tem bens suficientes, nem pode
prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.

Dessa forma, a ação de alimentos é o meio


processual específico posto à disposição daquele que, por vínculo de parentesco ou pelo
matrimônio, tem o direito de reclamar de outrem o pagamento de pensão.
Não resta dúvida que o requerido é o genitor do
requerente, conforme se comprova com a inclusa cópia da certidão de nascimento,
surgindo-lhe a obrigação de prestar-lhe a assistência necessária a fim de satisfazer suas
necessidades básicas, tais como saúde, habitação, vestuário, alimentação, lazer, etc.
Como se observa através da narrativa dos fatos, a
genitora da parte autora não detém condições de arcar sozinha com os custos inerentes à
sobrevivência de seu filho e, apesar o requerido ter alegado que não possui condições de
arcar mensalmente com um valor, a título de pensão alimentícia, para auxiliar com tais
gastos, este, assim como qualquer outro genitor, não possui o livre arbítrio de deixar de
contribuir para continuar efetuando gastos com outras situações supérfluas, ignorando as

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necessidades básicas que demandam uma criança em fase de desenvolvimento.


Assim sendo, e conforme o exposto na narrativa
fática do caso em epígrafe, necessário se faz a utilização da presente medida judicial a fim
de se garantir e assegurar o sustento da parte autora pelo seu genitor, mediante o pagamento
da quantia correspondente a 30% (trinta por cento) de seus rendimentos líquidos.
Acerca do critério de fixação do valor a ser pago,
tem sido o entendimento jurisprudencial sobre o tema:

AÇÃO DE ALIMENTOS CUMULADA COM


OFERTA DE ALIMENTOS. 1.- Pensão estabelecida
no patamar de 30% (trinta por cento) dos
rendimentos líquidos do réu, (entendendo-se como
rendimento líquido o salário bruto menos os
descontos de INSS, FGTS e, eventualmente, IRPF),
incidindo o desconto sobre o 13º salário, bem como
horas extras eventualmente trabalhadas, adicionais
de qualquer natureza, inclusive férias, bem como
verbas rescisórias (com exceção do FGTS),
abatidos, como dito, tão-somente os descontos
obrigatórios, ou seja, INSS, FGTS e Imposto de
Renda, se recolhido na fonte. 2.- Valor arbitrado
que compõe o binômio necessidade-possibilidade,
não comportando a redução pretendida pelo
apelante, para a quantia de R$ 300,00 (trezentos
reais) ou 1 (um) salário mínimo [...] - (RE n.
1.106.654-RJ, Rel. Min. Paulo Furtado- TJ-SP -
APL: 00136229120118260510 SP 0013622-
91.2011.8.26.0510, Relator: Donegá Morandini,
Data de Julgamento: 22/07/2014, 3ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 25/07/2014).

Dessa maneira, comprovados o binômio


necessidade do requerente x possibilidade do requerido, desnecessário se faz tecer maiores
considerações acerca do direito da parte autora em ter assegurado por determinação judicial
o pagamento correspondente aos valores indispensáveis ao suprimento de suas
necessidades básicas, tendo em vista a atual condição desfavorável de sua genitora em ter
que arcar sozinha com os gastos inerentes à sobrevivência de seu filho.
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DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e fundamentos acima expostos,


requer-se a Vossa Excelência:
- Que sejam fixados, desde já, nos termos do artigo
4ª da Lei nº 5.478/68 os alimentos provisórios, na quantia de 30% (trinta por cento) dos
rendimentos líquidos do requerido, recebidos a qualquer título, determinando que dita
importância seja depositada todo dia 10 de cada mês em conta bancária aberta em nome da
genitora do infante, qual seja: Banco Itaú, Ag. 0612, CC nº 334.235;
- Seja determinado ao requerido a comprovação de
seus rendimentos mensais;
- Caso o pedido acima reste infrutífero, seja oficiado
à Agência do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS desta comarca, localizada na Rua
Carlos Trecenti, n. 75, Vila Santa Cecília, Lençóis Paulista/SP, para que preste informações
acerca de eventuais contribuições previdenciárias recolhidas pelo requerido, Marcos
Roberto Maciel, informando, inclusive, qual o valor do salário de contribuição, visando
aferir os rendimentos mensais obtidos pelo requerido;
- Seja determinada a CITAÇÃO do requerido no
endereço indicado no prólogo desta inicial para que compareça em Audiência de
Conciliação a ser designada por Vossa Excelência, sob pena de confissão quanto à matéria
de fato, bem como para que, caso reste infrutífera tal audiência, e querendo o requerido,
dentro do prazo legal ofereça contestação, sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos
ora alegados pelos autores na peça exordial;
- A intimação do Ministério Público para intervir
nos atos deste processo, conforme determina o artigo 82, inciso I, do Código de Processo
Civil;
- A PROCEDÊNCIA TOTAL dos pedidos da
presente ação para que sejam fixados os alimentos em definitivo, conforme requerido no
pedido dos alimentos provisórios, ou seja, na quantia de 30% (trinta por cento) dos
rendimentos líquidos do requerido, recebidos a qualquer título, ou, caso não fique
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comprovado nos autos os rendimentos mensais do requerido, que os alimentos definitivos


sejam fixados na quantia de 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo nacional vigente,
que atualmente corresponde ao montante de R$ 440,00 (quatrocentos e quarenta reais)
mensais, determinando que dita importância seja depositada todo dia 10 de cada mês em
conta bancária aberta em nome da genitora do infante, qual seja: Banco Itaú, Ag. 0612, CC
nº 334.235;
- Sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita ao
requerente, uma vez que é pobre na acepção jurídica do termo, não possuindo os recursos
necessários para suportar as custas e despesas judiciais, sem que seja afetada sua própria
sobrevivência digna, nos termos do artigo 4º, da Lei 1060/50;
- Que sejam concedidos ao oficial de justiça
encarregado das diligências os favores do §2º do artigo 172 do Código de Processo Civil;
- Que, doravante, as futuras e eventuais intimações
sejam feitas em nome da patrona dos autores pela imprensa oficial, ou encaminhadas ao
escritório cujo endereço consta na peça inicial (art.236 e 39, I do CPC), sob pena de
nulidade;
- Por fim, a demonstração da veracidade dos fatos
alegados na inicial por todos os meios de prova em direito admitidos que se fizerem
necessárias no curso da presente ação.

DO VALOR DA CAUSA

Atribuí- se à causa o valor de R$ 7.200,00 (sete mil


e duzentos reais).
Nestes Termos.
Pede Deferimento.
Lençóis Paulista, 14 de março de 2016.

AMANDA CAROLINE SANTOS


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