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AO JUIZO DA 1ª VARA DE FAMIÍLIA, OÍ RFAÃ OS E SUCESSOÃ ES DA CIRCUNSCRIÇAÃ O

JUDICIAÍ RIA DE TAGUATINGA/DF.

Autos nº: 0709201-55.2018.8.07.0007


Feito: Exoneração de Alimentos

JENNIFER RUSSEL KÓS SILVA, brasileira, solteira, estudante


do ensino médio, portadora da Carteira de Identidade n. 3.449.204 SSP/DF e
do CPF n. 043.596.681-20, filha de Cláudio Ribeiro da Silva e Sheyla Russel
Kós Santos, residente e domiciliada na Rua 08, Condomínio 214, Lote 26,
Casa 02 – Setor Habitacional Vicente Pires, Taguatinga/DF, CEP: 72.007-
010, telefone: (61) 9.9934-7417/3397-3690, e-mail: russel.kos@hotmail.com,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio da
DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL, por ser hipossuficiente
nos termos do artigo 98 e ss. do Código de Processo Civil - CPC, apresentar

CONTESTAÇÃO

a ação de exoneração de Alimentos que lhe move CLÁUDIO RIBEIRO DA


SILVA, portador de carteira de identidade n. 834.838 SSP/DF e do CPF
n.316.853.901-53, já devidamente qualificado nos autos pelos fundamentos
de fato e de direito expostos a seguir.

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I - DOS FATOS
Trata-se de ação de exoneração de alimentos em que CLÁUDIO
RIBEIRO DA SILVA pretende desvincular-se da obrigação de prestar
alimentos a filha JENNIFER RUSSEL KÓS SILVA.

Os genitores da requerida conviveram em união estável pelo


período de 16 (dezesseis) anos e ao final da relação firmaram acordo de
reconhecimento e dissolução de união estável. Naquela oportunidade, nos
autos de nº 2012.07.1.008763-0, tramitados perante a 3ª Vara de Família,
Órfãos e Sucessões de Taguatinga/DF, foi homologado acordo em que o
requerente obrigou-se a pagar a filha importância mensal de 80% (oitenta
por cento) do salário mínimo a titulo de alimentos.

A requerida, nascida em 06 de agosto de 1997, nos termos da


exordial tem o direito a pensão alimentícia questionado em razão do alcance
da maioridade civil.

Ocorre que a filha, apesar de contar atualmente com 21 (vinte e


um) anos de idade, depende de sua genitora e possui uma condição
psicológica diferenciada em relação a maioria das pessoas da sua idade. A
jovem, desde a primeira infância, foi diagnosticada com déficit cognitivo que
seria o responsável pela acentuada dificuldade de aprendizagem a uma
criança daquela faixa etária.

O atraso na vida escolar somado aos severos transtornos


emocionais culminou em um grave quadro de automutilação e ideação
suicida que perdurou por toda a adolescência, conforme se depreende de
laudo médico anexo a seguir.

Ao longo de todo esse período, a requerida percorreu um


exaustivo trajeto entre os centros de atendimento da secretaria de saúde do

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DF em busca de acompanhamento psicológico, psiquiátrico e de medicações
que melhorem o seu quadro de saúde mental.

Apesar dos obstáculos quase intransponíveis, a genitora da


jovem não desistiu da busca por uma vida melhor para a filha. O
acompanhamento psiquiátrico é feito, na medida do possível, na rede
publica de saúde (laudos e receitas anexos). E, em situações extremas, a
mãe sacrifica-se e chegou a pagar consultas particulares para evitar que o
quadro piore e algo mais grave aconteça.

Observa-se ainda que a requerida faz uso continuo de medicação


controlada e que o medicamento não é fornecido gratuitamente pela
secretaria de saúde. Assim, todos os esforços são somados para que a
requerida tenha acesso a medicação, orientação médica e aos estudos a fim
de que tenha uma vida o mais saudável possível, dentro de suas
possibilidades.

É imperioso notar que a jovem continua estudando e cursa


atualmente o 2º ano do ensino médio em entidade de ensino privada
especializada em jovens e adultos, conforme declaração escolar anexa.

Apesar de todo empenho, pelo quadro de saúde aqui


comprovado, a jovem não possui condições no momento de inserir-se no
mercado de trabalho e o aporte financeiro dos pais é condição indispensável
para que a filha tenha uma vida digna.

Vale notar que a genitora da jovem é funcionaria de um “Pet


Shop” e percebe a importância mensal de R$ 900,00 (novecentos reais). Este
valor, acrescido da prestação alimentícia aqui em questão, compõem toda a
renda da família.
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Apesar de não ter despesas com aluguel, a requerida tem gastos
com alimentação, água, energia elétrica, telefone, vestuário, material
didático dentre outros inerentes ao cotidiano de todo indivíduo que perfazem
o valor mensal aproximado de 1.028,00 (mil e vinte e oito reais),
conforme se verifica na planilha abaixo:

Despesa Valor em reais


Água 24,00
Luz 44,00
Telefone/Internet 90,00
Alimentação 250,00
Lazer 160,00
Escola 250,00
Medicação 80,00
Vestuário 80,00
Higiene pessoal e outros 50,00
Total 1028,00

Por todos os fatos até aqui expostos, é incontestável a


necessidade do auxílio paterno a fim que a jovem continue estudando e
fazendo o seu tratamento. O rompimento desse aporte tão essencial retiraria
da alimentanda todas as suas chances de continuar batalhando por uma
vida independente de seus genitores.

II - DO DIREITO

É entendimento pacifico na doutrina e na jurisprudência que a


maioridade civil por si só não seria condição suficiente para exoneração dos
pais acerca da responsabilidade com os filhos. Não se trata em tais casos

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unicamente do poder familiar, mas situações como a aqui exposta estão
submetidas a todos os deveres fundados na relação de parentesco. Nesse
sentido, já se manifestou o egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios (TJDFT), consoante acórdão abaixo colacionado:

PROCESSO CIVIL - AÇÃO DE ALIMENTOS - OBRIGAÇÃO


DO AVÔ - EXONERAÇÃO DA OBRIGAÇÃO - MAIORIDADE
DO ALIMENTADO - OBRIGAÇÃO DERIVADA DOS ARTS.
1.694 E 1.696 DO NOVO CÓDIGO CIVIL - NECESSIDADE
DE CONTRADITÓRIO.
1) O art. 1.694 do Código Civil dispõe que os alimentos
devem ser fixados na proporção das necessidades do
alimentando e dos recursos da pessoa obrigada. É o
requisito da proporcionalidade.
2) O referido Código, em seu art. 1.696, dispõe que os avós
são legitimados passivos para a ação de alimentos,
concorrendo na proporção dos seus respectivos recursos. 3)
O dever de alimentar não se extingue com a cessação da
menoridade. O que cessa é apenas o dever de sustento
pela extinção do poder familiar, dever esse que se
mantém se o alimentado comprova a necessidade
quanto a esses recursos para sua subsistência.
4) Fica ressalvado ao alimentante o direito de manejar ação
própria para comprovar a necessidade ou não de
complementação de recursos para a educação do
alimentado, o que não podendo ser definido através de
procedimento administrativo, devendo observar o
contraditório. (Acórdão n. 209530, 20010110970518APC,
Relator VASQUEZ CRUXÊN, 3ª Turma Cível, julgado em
29/11/2004, DJ 10/05/2005 p. 158). grifado.

Como é por todos conhecido, a obrigação das famílias é de


proteção de seus membros juntamente com toda a sociedade para que lhes
seja garantido um desenvolvimento sadio conforme determina a constituição.
Ressalte-se ainda que a pensão alimentícia é fixada com a
observância do binômio necessidade/possibilidade, não sendo a idade, como
dito acima, parâmetro exclusivo para sua concessão ou exoneração. Caberia

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ainda ao requerente comprovar as condições aptas a fazerem cessar a
obrigação alimentar, fato que, no entanto, não foi feito.
Em contrapartida, o requerente é proprietário de um caminhão
frequentemente contratado por empresas para serviços autônomos de
transporte. Não foi em momento algum demonstrado pelo alimentante que o
pagamento da pensão esteja colocando em risco a sua própria subsistência
ou de sua família.
As possibilidades contributivas do requerente são boas e ele
possui plenas condições de continuar auxiliando a filha nas proporções
inicialmente acordadas. Tal obrigação é fato imprescindível para garantir a
subsistência da jovem não havendo qualquer razão para mudança.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer que:

a) Sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, nos


termos do artigo 98 e ss. do Código de Processo Civil – CPC, e declaração
anexada;

a) Seja julgado improcedente o pedido apresentado na inicial,


mantendo-se o pagamento dos alimentos na importância de 80% (oitenta por
cento) do salário mínimo;

b) Seja o requerido condenado ao pagamento de custas


processuais e honorários advocatícios.

Protesta, por fim, provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidos, em especial pelo depoimento pessoal da requerida bem
como a juntada de laudo médico atualizado assim que entregue pela
secretaria de saúde do Distrito Federal.

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Nestes termos, pede deferimento.

Taguatinga/DF, 19 de setembro de 2018.

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Cecília Rocha
Colaborador
OAB/DF: 41593
ss

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