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EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA … VARA CÍVEL DA


COMARCA DE GUAIAQUI

URGENTE
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO
IDOSO – LEI N° 12.008/09

ANTÔNIO PEDRO SILVA MORAIS, brasileiro, viúvo, RG nº 809274, inscrito no


CPF sob o nº 309.872.540-70, com endereço eletrônico: antoniopedro50@gmail.com,
residente e domiciliado na Rua Álvares, nº 33, bairro das Flores, Daluz, Guaiaqui, CEP
68.928-43, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por meio de sua advogada
infra-assinada, com escritório profissional localizado na Avenida Monte Olimpo, nº 85,
bairro Central, Macapá, Amapá, CEP 68.709-07, onde recebe as intimações e
comunicações de praxe, com base nos arts. 3º, 11 e 12 da lei 10.741/03 - Estatuto do
Idoso, no art. 1.697 do Código Civil, art. 299 da Constituição Federal e na Lei nº 5.478 -
Lei de Alimentos – propor

AÇÃO DE ALIMENTOS C/C PEDIDO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Em face do sr. ARLINDO ..., brasileiro, divorciado, empresário, inscrito no RG sob o


n° 790869 e no CPF sob o n° 567.872.642-15, endereço eletrônico:
arlindohoteis@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Manuel Bandeira, nº 212,
bairro Santa Clara, Italquise, Medeiros, CEP 68.903-18, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas.

I – PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO

Urge asseverar que o autor é idoso, na forma da Lei, visto que se encontra com 72 anos
de idade, conforme o documento comprobatório anexo (Doc1). Assim, faz jus à
prioridade na tramitação do presente processo, o que de logo assim o requer, nos termos
do art. 1.048, I do CPC e art. 71 do Estatuto do Idoso.

II – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Considerando que o autor demonstra insuficiência de recursos suficientes para arcar
com as despesas processuais e honorário advocatícios, requer os benefícios da justiça
gratuita, com fundamento na Lei n° 1.060/50. Além disso, a Lei de alimentos, no seu
artigo 1°, § 2º também garante esse benefício à parte que não estiver em condições de
pagar as custas do processo.

Importante ressaltar que, ainda que o art. 99, § 3° do CPC determine que a mera
declaração de hipossuficiência por parte do requerente é suficiente para a concessão do
benefício, a parte autora optou por, desde já, instruir a petição inicial com os
documentos necessários, em anexo, para a comprovação de sua situação financeira
(Doc2).

Assim, pugna-se pelo deferimento da assistência judiciária gratuita à parte autora, nos
termos da lei.

III - DOS FATOS


Antônio Pedro, ora parte autora, é viúvo de Lourdes, com quem conviveu por mais de
quatro décadas e com quem teve apenas um filho. Por muito tempo, trabalhou como
autônomo visando apenas sustentar sua família e arcar com o tratamento de sua esposa,
à época acometida de leucemia. Infelizmente, a senhora Lourdes veio à óbito por volta
do ano de 2020 por consequência do câncer.

Após o falecimento da esposa, Antônio Pedro foi acometido de uma grande tristeza,
natural a quem perde um vínculo fraternal duradouro como família de forma tão
devastadora. Devido a esse sofrimento, o autor não teve forças para voltar a trabalhar,
nem mesmo para prover sua própria subsistência.

Apesar de ter conseguido se aposentar (aposentadoria por idade) nesse ano corrente, o
autor tem muitas dívidas advindas dos empréstimos provenientes do período de
tratamento da sua falecida esposa. Agora, quase todo seu benefício se esgota apenas na
tentativa de quitação dos empréstimos. Assim, sua subsistência conta com a ajuda de
vizinhos e parentes.

O seu único filho, que, aliás, é dono de uma rede de hotelaria, se recusa a ajudar
financeiramente o pai nesse momento de dificuldade alegando seu distanciamento do
senhor Antônio Pedro após o falecimento da sua mãe.

IV – DO DIREITO
IV.i – DA ADMISSIBILIDADE DA AÇÃO DE ALIMENTOS
A obrigação alimentar pretendida torna-se indispensável para subsistência da parte
autora, já que a mesma não possui condições para garantir o seu próprio sustento e,
conforme os documentos comprobatórios, há um vínculo de parentesco entre as partes
sendo elas pai e filho, na qual há a possibilidade econômica do réu e o estado de
necessidade do autor.

Tal direito está assegurado nos termos arts. 1.694 e 1.695 do Código Civil que dispõem
o seguinte:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele,
de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.

Destarte, conforme previsto em lei, entende-se que a parte autora possui direito em
relação à concessão de alimentos, uma vez que o requerido goza de uma situação
econômica estável e, como a parte autora encontra-se em estado de necessidade, deve
arcar com as despesas básicas dela. Além disso, faz-se necessário trazer à coleção a
redação do artigo 229, da Constituição Federal:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência
ou enfermidade.

Veja-se que, o dispositivo assegura que os pais, assim como os filhos, tenham direito a
uma assistência na terceira idade, o que torna dever dos filhos garantir auxílio e amparo
para os pais, seja na velhice, carência ou na enfermidade.

A respeito da obrigação dos filhos em cuidar de seus pais na velhice, o Tribunal de


Justiça do Mato Grosso possui o seguinte entendimento:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE ALIMENTOS –


ALIMENTOS FIXADOS EM FAVOR DA MÃE – RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA ENTRE OS DOIS FILHOS NO PATAMAR DE 50% DO
SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE PARA CADA UM - VIABILIDADE –
PREVALÊNCIA DO INTERESSE DA GENITORA/AUTORA –
APLICAÇÃO DO ART. 12 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO)
– EXCLUSÃO DA OBRIGAÇÃO DE ALIMENTAR –
IMPOSSIBILIDADE – IDOSO EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
– ART. 229 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – DECISÃO MANTIDA –
RECURSO DESPROVIDO. “ (. . .) De acordo com o disposto no art. 229 da
Constituição Federal, os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade. A obrigação alimentar em favor de pessoa
idosa é solidária, consoante o art. 12 do Estatuto do Idoso, podendo a
pretensão de satisfação dos alimentos ser deduzida contra um, alguns ou
todos os filhos. A declaração de renda familiar apresenta pela Agravante não
demonstra razões para a exclusão da sua obrigação de pagar parte da verba
alimentar ao seu genitor, a qual foi fixada, de maneira solidária, no valor
equivalente a um salário mínimo vigente. (N.U XXXXX-78.2019.8.11.0000,
CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO, Desa.
CLARICE CLAUDINO DA SILVA, Segunda Câmara de Direito Privado,
Julgado em 27/11/2019, Publicado no DJE 29/11/2019).

Ademais, conforme previsão legal expressa no Estatuto do Idoso – Lei 10.741/2003 do


art. 3, há uma obrigação relacionada à família quanto ao amparo à pessoa idosa, em que
possa ser assegurado não só o direito à saúde, mas também à educação e outros meios
que possam proporcionar o bem-estar do idoso e, dessa forma, garantir a sua dignidade.

Neste caso em questão, considerando que a parte exequente também apresenta


insuficiência de recursos financeiros, cabe ao filho fornecer este auxílio, com o intuito
de garantir o sustento do pai para que este tenha direito a um envelhecimento digno. 

IV.ii – DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

A fim de assegurar o sustento da parte autora e evitar maiores prejuízos aos direitos do
alimentando, conforme o disposto no art. 4° da Lei n° 5.478/68, além de proteger
judicialmente o seu sustento no curso dessa ação de alimentos, solicita-se a concessão
de alimentos provisórios.
V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER:

a) Prioridade na tramitação, com fulcro no art. 1.048, I do CPC e art. 71 do Estatuto do


Idoso;

b) A concessão do benefício da gratuidade da justiça à parte autora, nos termos do art.


1°, § 2º da Lei de Alimentos;

c) Citação do réu;

d) Fixação de alimentos provisionais no valor equivalente a 30% (trinta por cento) do


salário mínimo vigente, por mês, devendo ser depositado na conta poupança do Autor,
Agência 0879-7, Conta 000.020-2, Banco do Brasil, até o dia 05 (cinco) de cada mês,
bem como sua conversão em alimentos definitivos ao final do processo;

e) Condenação do réu ao pagamento dos alimentos ao final do processo em caráter


definitivo no valor equivalente a 30% (trinta por cento) do salário mínimo vigente, por
mês, devendo ser depositado conforme as disposições do pedido “d”;

f) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial o levantamento


documental em anexo, o depoimento pessoal do réu e:

f.1) Oitiva da Testemunha Marcela Mafra, profissão, estado civil, idade,


RG, CPF, residente e domiciliada, email..;

f.2) Oitiva da Testemunha Marieta …, profissão, estado civil, idade, RG,


CPF, residente e domiciliada, email..;

h) Condenação do réu em pagamento de custas e honorários advocatícios;

i) Manifestação do representante do Ministério Público.

V - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa de R$ 4.363,20 (quatro mil, trezentos e sessenta e três reais e
vinte centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Local ...

Data ...

Nome e assinatura do advogado ...

OAB n° 2.500/AP
ANEXOS

Doc1 (certidão de nascimento do autor, Antônio Pedro)


Doc2 (comprovante financeiro do Autor)

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