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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE XXXXXXXXX

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA


COMARCA DE _______, ESTADO DO PIAUÍ.

URGENTE – TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

ART. 71 DO ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10.741/2003

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ, por sua Promotora de Justiça,


infra-assinada, no uso de suas atribuições institucionais, na qualidade de substituto processual da
idosa ___________, com supedâneo no artigo 129, inciso III, no artigo 230 da Constituição Federal
de 1988, artigos 1.694 e 1.696 do Código Civil Brasileiro, no artigo 74, II e III, da Lei 10.741 de 10
de outubro de 2003 e no Procedimento Administrativo anexo, vem apresentar a presente

AÇÃO DE ALIMENTOS c/c MEDIDA DE PROTEÇÃO c/c TUTELA DE URGÊNCIA

Em desfavor de (qualificação dos filhos)

I. DOS FATOS

A Promotoria de Justiça de _______-PI tomou conhecimento através de Representação


formulada por ____________

O presente caso se trata de situação delicada que cabe a intervenção do Parquet, pelas
condições de vulnerabilidade de vida, saúde e sócio-familiares.

Destaca-se que este Órgão Ministerial instaurou, no âmbito de suas atribuições, o


Procedimento Administrativo nº _______, visando obter elementos probatórios fundantes à presente
vestibular.

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II – DOS FUNDAMENTOS

A situação vivida, hodiernamente, por ________________, reclama a proteção estatal, eis


que os filhos, não se encontram exercendo seu múnus com zelo e com a dedicação que se impõe por
lei e que se espera dos filhos em oferecer cuidados essenciais aos pais.

II. A - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Estatuto do Idoso, em seu artigo 74, II e III, disciplina:

Art. 74 – Compete ao Ministério Público:

II – Promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total


ou parcial, de designação de curador especial, em circunstâncias que
justifiquem a medida e oficiar em todos os efeitos em que se discutam
os direitos de idosos em situação de risco”

III - Atuar como substituto processual do idoso em situação de risco,


conforme o disposto no art. 43 desta Lei.

Cabe, pois, ao Parquet verificar a natureza do direito que está sendo violado ou ameaçado.
Havendo disponibilidade do interesse ofendido, somente o próprio idoso, através de ação
individual, poderá promover a sua defesa. Se o interesse for indisponível, como por exemplo, nos
casos de ameaça à vida ou à saúde do idoso, deverá o Ministério Público atuar em sua proteção,
podendo, na hipótese de não ser alcançada solução para o conflito na via administrativa, intentar
ação judicial.

O novo Estatuto do Idoso assegura:

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.

Ora, sabemos que o direito à vida e a saúde são dois Direitos Fundamentais, sendo,
pois, direitos individuais indisponíveis e, portanto, é obrigação do Estado e da sociedade,
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de
direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis, bem como a de
colocá-lo a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou

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constrangedor. E o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e


moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e
crenças, dos espaços e dos objetos pessoais do idoso.
Os artigos 45 e 74, inciso III, da Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003,
salientam que verificada qualquer situação, das hipóteses previstas no artigo 43 da referida Lei, que
importe em situação de risco ao idoso, o Ministério Público terá legitimidade para atuar, inclusive,
como substituto processual. Por seu turno, o artigo 81, inciso I, da Lei Federal nº 10.741, de 1º de
outubro de 2003, reza que para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos, considera-se o Ministério Público como legitimado
concorrente.
É oportuno, nesse ínterim, que, no caso concreto apresentado, os direitos fundamentais da
idosa estão sendo, indubitavelmente, desrespeitados, sendo, portanto, necessária uma ação eficaz do
Ministério Público e do Poder Judiciário em salvaguardar estes direitos, que se não preservados,
poderá redundar em seu falecimento, sem falar no tratamento negligente que a mesma vem
recebendo de seus filhos.

II.B - DO DIREITO AOS ALIMENTOS

A Constituição Federal prevê em seu artigo 229 que: “Os pais tem o dever de assistir, criar
e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade”. Yussef ensina que: “A obrigação alimentar fundada no jus sanguinis
repousa sobre o vínculo de solidariedade humana que une os membros do agrupamento familiar e
sobre a comunidade de interesses, impondo aos que pertencem ao mesmo grupo o dever de
recíproco socorro” (Cahali, Yussef Said. Dos alimentos. 5 ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2006.p. 468).
O Estatuto do Idoso estabelece que os alimentos são prestados ao idoso na forma da lei
civil (art. 11, Lei 10.741/2003).
Já o Código Civil dispõe que:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação.

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Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,


e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta dos outros.

Pelo conteúdo desses dois dispositivos, diz-se, assim como Yussef, que a característica dos
alimentos é recíproca, ou seja, aquele que está obrigado a prestar alimentos ao outro, pode,
posteriormente, mudando sua situação financeira vir a reclamá-los daquele se estiver necessitando.
Essa solidariedade familiar imposta por lei, sujeita os parentes, nesse caso, descendentes, a suprir as
necessidades do outro conforme os seus recursos, em razão do vínculo parental existente entre eles.
Sobre a obrigação dos filhos prestarem alimentos aos pais e sobre o quantum já se
manifestou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

Alimentos. Limite. Alimentando idoso e cego. Possibilidade das


alimentantes. Atentando para a atual condição do alimentando, que conta
com sessenta e cinco anos de idade, mora num asilo, esta cego e sobrevive
apenas com o benefício previdenciário inferior ao mínimo vigente, fica fácil
constatar a necessidade do auxílio postulado na inicial. Comprovado que a
alimentandas podem pensionar o pai, e razoável autorizar o desconto dos
alimentos em um salário mínimo, isto e, em quantia compatível com a
capacidade financeira das obrigadas. Rejeitada a preliminar, apelo
improvido. 5 fls. (Apelação Cível Nº 70003336237, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Carlos Teixeira Giorgis, Julgado em
28/11/2001).

A idosa _______________, tem idade bastante avançada, e não tem condições de cuidar de
sua alimentação e higiene, necessitando de alguém que lhe auxilie diariamente, inclusive
acompanhando-a às consultas médicas, cabendo aos filhos assegurar tal direito e atendimento,
motivo pelo qual o Ministério Público ajuíza a presente Ação de Alimentos.

Quanto aos filhos _______________, por serem os mais próximos e ter contato direto com
a mãe, requer seja os mesmos responsabilizados, nos moldes do art. 3 do Estatuto do Idoso, a
assegurar a efetivação dos direitos saúde, à alimentação, ao lazer, à dignidade, ao respeito e
principalmente à convivência familiar da idosa, visto serem os parentes mais próximos nesta cidade,
gerindo os valores dispensados à mãe, tanto em razão de benefício previdenciário quanto em razão
dos depósitos dos alimentos, bem como, providenciando a contratação imediata de um cuidador,
além de visitar a mãe ao menos uma vez por semana, para verificar suas necessidades quanto à
alimentação, saúde, moradia, vestuário, etc.

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IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA

Outrossim, mostra-se cabível, no caso, a concessão de tutela de urgência em caráter


incidental, consoante art. 83 da Lei n. 10.741/2003, que estabelece:

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao adimplemento.
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo Civil.

O instituto previsto no art. 273 do antigo Código de Processo Civil (tutela antecipada)
encontra respaldo atualmente no art. 300 do Novo CPC, com o nome de tutela de urgência:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo. § 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2oA tutela de urgência
pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3o A tutela de
urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

A probabilidade do direito ressai dos documentos e relatórios acostados, que comprovam


que a idosa não possui familiares, residindo sozinha e com a saúde fragilizada. O perigo de dano se
evidencia pelo fato de que a mesma não tem condições de autocuidado, estando sujeita à acidentes
domésticos, de modo que restam ameaçados direitos fundamentais e básicos da idosa, como a vida,
a saúde, a moradia, a dignidade, etc.
É imprescindível salientar a importância da fixação de alimentos o mais
rápido possível, ou seja, de maneira provisória no despacho da inicial,
objetivando sanar imediatamente a necessidade e prejuízo que a sua falta da
prestação de alimentos vem acarretando aos que dela precisam. A importância
dessa fixação provisória é de tal forma que o legislador a determinou no art. 2º da
Lei No. 5.478/68, in verbis:

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Art. 2º. O credor, pessoalmente, ou por intermédio de advogado, dirigir-se-á ao


juiz competente, qualificando-se, e exporá suas necessidades, provando, apenas o
parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor, indicando seu nome e
sobrenome, residência ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto
ganha aproximadamente ou os recursos de que dispõe.

Assim, mostra-se essencial para a proteção da idosa em foco, que se encontra em situação
de risco, a imediata disponibilização de ______

III – DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer a este Ínclito Juízo:

a) A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do artigo 319, VII, do CPC/15;
b) A fixação dos alimentos provisórios à idosa a serem pagos pelos filhos __________;

c) Seja aplicada MEDIDA DE PROTEÇÃO prevista no art. 45, I, do Estatuto do Idoso, para que os
filhos ____________, nos moldes do art. 3º da Lei 10.741/2003, providencie, imediatamente, a
contratação de um(a) cuidador(a) para prestar os atendimentos necessários à idosa, o qual deverá ser
pago com o valor dos alimentos prestados pelos filhos;

d) Seja assegurada a prioridade na tramitação do processo, na forma do artigo 71, da Lei 10741/03;

e) Sejam os requeridos citados nos endereços indicados, para que, querendo, contestem o presente
pedido, no prazo legal, sob pena de revelia;

f) Instrução do feito com a produção de prova testemunhal e documental necessárias à melhor


elucidação do caso;

g) A juntada aos autos do PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PRELIMINAR instaurado nº


______;

h) Seja finalmente julgado procedente o presente pedido, para: a) condenar os requeridos, ao


pagamento de pensão alimentícia mensal, no valor de dois salários mínimos, equivalente a 1 salário
mínimo para cada requerido, para a contratação de cuidador; (a) que possa permanecer com a idosa
em sua residência; b) aplicar MEDIDA DE PROTEÇÃO elencada no art. 45, I, do Estatuto do Idoso

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aos requeridos para que, em cumprimento do art. 3º do Estatuto do Idoso, mantenha os serviços do
profissional contratado para cuidar da mãe, bem como visite a idosa pelo menos semanalmente,
providenciando o que for necessário para sua mantença.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Dá-se à causa o valor de R$ 937,00 (Novecentos e Trinta e Sete reais)


_______ (PI), __ de novembro de 2018.

Promotora de Justiça

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