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DIREITO CIVIL:

DIREITO DAS FAMÍLIAS


ALIMENTOS
ALIMENTOS NA PERSPECTIVA CIVIL-CONSTITUCIONAL
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


CONCEITO DE ALIMENTOS
Segundo Orlando Gomes, “alimentos são prestações para satisfação das
necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”. Assim sendo, é possível
entender por alimentos o conjunto de meios materiais necessários para a
existência das pessoas, sob o ponto de vista físico, psíquico e intelectual.
Os alimentos incluem tanto as despesas ordinárias, como os gastos com
alimentação, habitação, assistência médica, vestuário, educação, cultura e lazer,
quanto aquelas despesas extraordinárias, envolvendo, por exemplo, gastos em
farmácias, vestuário escolar, provisão de livros educativos, etc.
NATUREZA JURÍDICA
Os alimentos se prestam à manutenção digna da pessoa humana. Por
isso, é de se concluir que a sua natureza é de direito da personalidade, pois
se destinam a assegurar a integridade física, psíquica e intelectual de uma
pessoa humana - tudo isso, a despeito da sua prestação patrimonial.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Personalíssimo: O direito ao recebimento de alimentos é
personalíssimo no sentido de que não pode ser repassado a outrem, seja
através de negócio, seja de outro acontecimento jurídico. Assim, o direito a
alimentos não admite cessão, onerosa ou gratuita, além disso, trata-se de
crédito impenhorável e terá preferência de pagamento nos casos de
concurso de credores.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Irrenunciabilidade: Sobre o caráter irrenunciável dos alimentos, o art.
1.707 do CC/02 determina que “Pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. No entanto, de acordo
com jurisprudência firmada pelo STJ, prevalece o entendimento de que
somente são alcançados pela irrenunciabilidade os alimentos em favor de
incapazes, admitida a renúncia para os alimentos devidos em razão do
casamento, da união estável ou da união homoafetiva.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Atualidade: Cuidando-se de uma obrigação de trato sucessivo (de
execução continuada, diferida no tempo), a prestação alimentar pode estar
submetida aos danosos efeitos inflacionários, comprometendo o seu valor. É
fundamental que os alimentos sejam fixados com a indicação de um critério
(seguro) de correção de valor, mantendo, desse modo, o seu caráter atual.
Esta é, inclusive, a previsão do art. 1.710 do CC/02, que dispõe “As
prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo
índice oficial regularmente estabelecido”.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
Imprescritibilidade: O direito de obter, em juízo, a fixação de uma
pensão alimentícia pode ser exercido a qualquer tempo, presentes os
requisitos exigidos por lei, não havendo qualquer prazo prescricional.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DOS ALIMENTOS
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns
aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível
com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação.
§1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,
quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO DOS ALIMENTOS
Na forma do art. 1.694 do CC/02, os alimentos são devidos,
reciprocamente, entre parentes, bem como entre cônjuges, companheiros e
parceiros homoafetivos, após a dissolução da relação afetiva.
Sujeito ativo: alimentado (credor dos alimentos)
Sujeito passivo: alimentante (devedor dos alimentos)
PENSIONAMENTO NA LINHA RETA DE PARENTESCO
Na linha reta de parentesco, a obrigação alimentícia não encontra limites, seja a
linha ascendente ou descendente, preferindo os mais próximos aos mais remotos. De
outro lado, não sendo possível satisfazer a obrigação com os parentes em linha reta, o
dever será imposto aos parentes na linha colateral.

Quanto aos alimentos prestados em favor de descendentes menores (crianças


ou adolescentes), o exercício do poder familiar impõe aos genitores a manutenção
integral da sua prole, estruturando-se, assim, uma obrigação alimentícia
independentemente dos recursos do filho menor.
PENSIONAMENTO NA LINHA RETA DE PARENTESCO
Quanto aos alimentos prestados em favor de descendentes maiores e capazes. De regra, a
obrigação de sustento dos filhos pelos genitores cessa com o advento da maioridade civil, por
implicar em extinção do poder familiar (CC, art. 1.635, III). Não raro, todavia, os alimentos podem
continuar sendo devidos, quando o filho precise da participação material dos pais para a sua
mantença. É o caso do filho maior que não trabalha, ainda estando em período de formação
intelectual, frequentando curso de ensino superior.

Em síntese, os pais podem ser obrigados a prestar alimentos aos filhos maiores em três
hipóteses: (i) aos filhos maiores e incapazes; (ii) aos filhos maiores e capazes que estão em
formação escolar profissionalizante ou em faculdade; (iii) aos filhos maiores e capazes, porém em
situação de indigência não proposital.
PENSIONAMENTO NA LINHA RETA DE PARENTESCO

Na linha reta, também é possível prestar alimentos a favor: a) do


ascendente idoso; b) do nascituro; c) entre os avós e netos; c) entre
irmãos; d) entre parentes colaterais e por afinidade (?).
FIXAÇÃO DO QUANTUM ALIMENTÍCIO
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de
sua educação.

§1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada.

§2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar
de culpa de quem os pleiteia.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.
FIXAÇÃO DO QUANTUM ALIMENTÍCIO
Para a fixação do quantum alimentar, portanto, leva-se em conta a proporcionalidade entre a necessidade
do alimentado e a capacidade do alimentante, evidenciando um verdadeiro trinômio norteador do arbitramento
da pensão.

A necessidade (que é presumida em favor dos filhos menores, sob o poder familiar) decorre da ausência de
condições dignas de sobrevivência sem o auxílio do alimentante. Deve ser provada por quem pleiteia os alimentos
e não se restringe à alimentação e saúde, envolvendo, por igual, a educação e a moradia, além do lazer e das
atividades intelectuais.

De outro lado, a capacidade do devedor deve ser considerada a partir de seus reais e concretos
rendimentos, podendo o juiz se valer, inclusive, da teoria da aparência.

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