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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

ANA PAULA BORTOLINI

A RELATIVIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE AVOENGA

IJUÍ (RS)
2012
1

ANA PAULA BORTOLINI

A RELATIVIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE AVOENGA

Monografia final do Curso de Graduação


em Direito objetivando a aprovação no
componente curricular Monografia.
UNIJUÍ – Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul.
DCJS – Departamento de Ciências
Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Lisiane Beatriz Wickert

IJUÍ (RS)
2012
2
3

Dedico este trabalho aos meus pais Paulo e


Suzana, ao meu namorado Jean e a minha
amiga Carla pelo carinho, auxílio, compreensão
e incentivo durante esses anos da minha
caminhada acadêmica, e a todos que de uma
forma ou outra contribuíram nessa etapa da
minha vida.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo, pela vida,


inteligência e força para continuar minha
caminhada em busca dos meus objetivos.

À minha orientadora Lisiane Beatriz


Wickert por seu auxílio, sua dedicação e
incentivo.

Aos meus familiares que colaboraram


durante a trajetória de construção deste
trabalho, tributo meu agradecimento!
5

“Só pode sentir-se parte de uma sociedade


quem sabe que esta sociedade se preocupa
ativamente com sua sobrevivência digna.
Assim, verifica-se que a cidadania é uma
relação de mão-dupla: dirige-se da comunidade
para o cidadão, e também do cidadão para a
comunidade. Portanto, só se pode exigir de um
cidadão que assuma responsabilidades quando
a comunidade política tiver demonstrado
claramente que o reconhece como membro
seu, inclusive através da garantia de seus
direitos sociais básicos.”

Paulo Bonavides
6

RESUMO

Os alimentos são as prestações devidas, feitas para que o alimentado possa


subsistir, isto é, os alimentos são prestações com as quais podem ser satisfeitas as
necessidades vitais de quem não pode provê-las sozinho. Para fixar os alimentos, o
juiz deve analisar o artigo 1.694, parágrafo primeiro, do Código Civil. Esse diploma
legal menciona que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades
do alimentado e das possibilidades do alimentante. Nesse sentido, os pais detêm
maior responsabilidade alimentar em relação aos filhos. Todavia, os artigos 1.694 a
1.698 do Código Civil reconhecem a obrigação alimentar dos parentes, em razão do
princípio da solidariedade, mas somente na impossibilidade de ambos os genitores é
que se pode cogitar a busca de alimentos perante os avós. Configurada a falta de
pagamento da pensão alimentícia, pode o alimentando executar o débito, seja a
obrigação fixada em face dos pais, seja em face dos avós

Palavras-Chave: Alimentos. Pais. Avós. Execução. Prisão.


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ABSTRACT

Child support is a benefit established in order to maintain a person who needs


it, in other words, it is an alimony which satisfy vital needs of those who cannot
provide it by themselves. So, to assess the maintenance, the court must examine the
article 1.694, paragraph first, from the Civil Code. This law mentions that child
support must be fixed in proportion on the needs of one and possibilities of the other
who pays them. It is true that parents have a greater responsibility towards their
children support. However, since it is proved the inability of both parents to provide
alimony to the child/needed person, the maintenance must be supported by relatives,
preferentially the closest in degree. Once it is fixed and configured the lack of
payment, the person who receives the benefit can execute the debt against parents,
or even grandparents.

Key-words: Child support. Parents. Grandparents. Execution. Prison.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

1 DOS ALIMENTOS...................................................................................................11
1.1 Espécies de alimentos.......................................................................................13
1.2 Características....................................................................................................15
1.3 Dos Critérios de fixação de alimentos.............................................................18
1.4 A prestação alimentícia na maioridade............................................................22

2 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR DOS AVÓS................................................................26


2.1 Dever de sustento entre ascendentes e descendentes .................................26
2.2 Caráter subsidiário e complementar da obrigação alimentar avoenga........30
2.3 Meios executivos da pensão alimentícia.........................................................33
2.4 Execução da prestação alimentar avoenga.....................................................38

CONCLUSÃO............................................................................................................42

REFERÊNCIAS..........................................................................................................45
9

INTRODUÇÃO

Os alimentos são as prestações devidas, feitas para que o alimentado possa


subsistir, isto é, os alimentos são prestações com as quais podem ser satisfeitas as
necessidades vitais de quem não pode provê-las sozinho. É, ainda, uma
contribuição periódica assegurada a alguém.

Para o juiz fixar os alimentos é preciso analisar o binômio necessidade do


alimentado e possibilidade do alimentante. Em caso de fixar alimentos para criança
menor de 18 anos, a jurisprudência entende que as necessidades são presumidas.
Fixada a verba alimentar, esta passa a ser devida enquanto perdurarem as
necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. Ademais, esta
obrigação poderá ser corrigida de acordo com as alterações das necessidades ou
das possibilidades das partes.

É de se destacar que mesmo com o implemento da maioridade civil, a


exoneração da pensão alimentícia não se opera automaticamente. O que ocorre é
que com a maioridade civil desaparece o Poder Familiar e, em consequência, o
dever de sustento dos pais em relação aos filhos. O dever de sustento transmuta-se
em obrigação alimentar, a qual decorre do parentesco e também submete-se ao
binômio necessidade/possibilidade. Portanto, persistindo a necessidade e havendo a
possibilidade, permanece hígido o encargo.

Quanto a obrigação alimentar avoenga, esta pode ser subsidiária ou


complementar a dos obrigados principais. A obrigação subsidiária ocorre quando
não há como buscar os alimentos contra o obrigado principal, seja por
10

impossibilidade total dele em pagar os alimentos ou por desídia. Os alimentos


podem ser complementares quando o valor pago a título de pensão alimentícia pelos
pais não é suficiente para a sobrevivência do alimentado

Fixados os alimentos, havendo inadimplemento por parte do alimentante, o


alimentado, munido do título executivo, poderá executar os alimentos. A execução
de alimentos pode ocorrer de quatro maneiras: a) por desconto em folha de
pagamento; b) por desconto de alugueis ou de quaisquer outros rendimentos do
devedor; c) pela citação do devedor para pagar ou se justificar em três dias sob
pena de prisão; d) pela forma de execução por quantia certa. Estes meios
executivos estão previstos nos artigos 732 a 735 do Código de Processo Civil e nos
artigos 16 a 19 da Lei 5.478/68.

Portanto, em quais situações os avós tem a obrigação de prestar alimentos


aos netos? Como será essa prestação? Em caso de inadimplemento, como serão os
meios de execução? Será cabível a execução de alimentos pelo rito da coerção
pessoal?

Diante das referidas indagações, o primeiro Capítulo abordará, de forma


sucinta, a questão dos alimentos, explicitando conceitualmente as espécies,
características, os critérios de fixação dos alimentos e, por fim, a prestação
alimentícia na maioridade.

No mesmo sentido, o segundo Capítulo trata da obrigação alimentar dos


avós, dever de sustento entre ascendentes e descendentes, caráter subsidiário e
complementar da obrigação alimentar avoenga, os meios executivos da pensão
alimentícia e, finalmente, a execução da prestação alimentar avoenga.
11

1 DOS ALIMENTOS

A família possui função assistencialista de seus membros. Esta função


engloba, além da alimentação, a educação, o lazer e a cultura, de acordo com a
condição econômica da família. Normalmente os vínculos afetivos estabelecidos
entre os familiares são suficientes para garantir o cumprimento desta função.

No entanto, quando algum familiar está necessitando de apoio e os laços


familiares não forem suficientes assegurar este apoio, a lei o obriga por meio do
instituto dos alimentos. O titular do direito aos alimentos é chamado de alimentado,
enquanto o devedor dos alimentos é chamado de alimentante.

De acordo com Fábio Ulhoa Coelho (2006, p. 196):

A lei dá ao alimentante a opção de pagar os alimentos ou dar


diretamente hospedagem e sustento ao alimentado (CC, art. 1.701).
Embora, na maioria das vezes, a obrigação alimentar se resolva
mediante o pagamento de uma pensão mensal, o alimentante pode
substituí-la por prestações diretas. Adapta sua casa para nela
receber o parente necessitado, e o provê de alimento e vestuário
mediante a direta entrega de bens. A opção pelo sustento direto não
é cabível no caso de alimentos devidos a cônjuge ou companheiro,
hipótese em que a lei menciona especificamente o pensionamento
(art. 1.704). Desse modo, se o irmão alimentante receia que o
alimentado, por ser alcoólatra, desperdiçará em bebidas o dinheiro
da pensão alimentícia, poderá cumprir sua obrigação recebendo-o
em casa, e o sustentando diretamente, com o objetivo de evitar o
desvio da finalidade da prestação.
Trata-se de opção exclusiva do alimentante, contra qual não pode o
alimentado se insurgir, a menos que circunstâncias especiais do
caso revele buscar aquele, por vias transversas, a exoneração da
obrigação. Representaria exercício abusivo do direito de optar pelo
sustento direto em sua casa a substituição, pelo pai, da pensão
alimentícia que paga à filha residente em outro Município, onde cursa
faculdade. Quando se revelar o abuso, o juiz fixará a forma mais
adequada para o cumprimento da obrigação alimentar (art. 1.701,
parágrafo único).

A palavra alimentos vem a ser tudo aquilo que é necessário para satisfazer os
reclamos da vida. Alimentos são prestações pagas a alguém com o intuito de
satisfazer as necessidades vitais daquele que não pode provê-los por si.
12

Segundo Yussef Said Cahali (2009, p. 16):

Alimentos são, pois, as prestações devidas, feitas para que aquele


que as recebe possa subsistir, isto é, manter sua existência, realizar
o direito à vida, tanto física (sustento do corpo) como intelectual e
moral (cultivo e educação do espírito, do ser racional).

A doutrina firmou entendimento no sentido de que os alimentos não são


apenas o indispensável para o sustento do alimentado, mas também é o necessário
para manter a vida social do menor, devendo esta ser compatível com a condição
social do alimentante. De acordo com Beviláqua (apud PORTO, 2003, p. 17),
“alimentos, na terminologia jurídica, significam sustento, habitação, vestuário,
tratamento por ocasião de moléstia, e, quando o alimentário for menor, educação e
instrução”.

Nesse sentido é o entendimento de Orlando Gomes (apud COSTA, 2011, p.


46):

A prestação alimentar é um comportamento do devedor que visa


satisfazer os interesses do credor, materializada em prestações,
normalmente em dinheiro, constituindo dívida de valor, mas não se
reduz ao conceito clássico da obrigação pecuniária ainda que a
prestação o seja. Trata-se de direito pessoal não patrimonial.

Por fim, os alimentos são as prestações devidas, feitas para que o alimentado
possa subsistir, isto é, os alimentos são prestações com as quais podem ser
satisfeitas as necessidades vitais de quem não pode provê-las sozinho.

Tendo em vista a importância deste tema, o presente capitulo tem por


finalidade estudar as espécies de alimentos, as características da obrigação
alimentar, os critérios para fixação dos alimentos e a prestação desses alimentos na
maioridade.
13

1.1 Espécies de alimentos

Conforme referido anteriormente, os alimentos são prestados àquele que não


pode provê-los sozinho. O vínculo afetivo existente na família normalmente é
suficiente para garantir o cumprimento desta obrigação. Porém, no caso de este
vínculo não ser suficiente para o familiar prover os alimentos, o alimentante pode
intentar ação de alimentos, pleiteando que o juiz fixe um valor para os alimentos.
Estes alimentos possuem diversas espécies, as quais serão analisadas neste
capítulo.

De plano, acerca do quantum alimentar, os alimentos podem ser classificados


em civis ou naturais. Assim, quando se destinarem a manutenção do padrão social,
abrangendo as necessidades intelectuais e morais, diz-se que são alimentos civis.
Todavia, se os alimentos se destinam ao estritamente necessário para a
sobrevivência da pessoa, compreendendo tão-somente alimentação, vestuário e
habitação, diz-se que os alimentos são naturais.

Cumpre referir o posicionamento de Fábio Ulhoa Coelho (2006, p. 201, grifo


do autor):

Em termos gerais, o alimentado tem direito aos alimentos


compatíveis com sua condição social, quando seu patrimônio ou
renda são insuficientes para a manutenção do padrão de vida
correspondente. Os alimentos devem ser fixados em montante que
possibilite ao alimentado continuar a se vestir, comer, descansar e,
de um modo geral, levar a mesma vida que levava antes do
surgimento da necessidade. Isso significa que, exceto nas classes de
menor renda, o valor devido pelo alimentante ultrapassa em muito o
que seria suficiente à mera subsistência do alimentado.

Quanto a finalidade os alimentos serão provisórios quando forem fixados


liminarmente em ação de alimentos que tramite pelo rito da Lei 5.478/68. Para o
alimentante ajuizar a ação pelo rito especial é necessário haver prova pré-
constituída da obrigação alimentar legítima, por exemplo, comprovação da
paternidade pela certidão de nascimento.
14

Cumpre referir, que para a fixação dos provisórios, não há necessidade


comprovação da urgência da medida, ou seja, não é preciso vir aos autos prova do
dano irreparável ou de difícil reparação ou, até mesmo, do periculum in mora.

Todavia, os alimentos serão provisionais quando não houver prova pré-


constituída da legitimidade do devedor, desde que haja a comprovação de provável
vínculo. Esta espécie de alimentos pode ser intentada antes do deslinde do feito
principal ou, até mesmo, antes do ajuizamento da ação principal, devendo ser
processada em autos apartados, por meio de ação cautelar de alimentos
provisionais.

Os alimentos provisionais são regulados pelos artigos 852 a 854 do Código


de Processo Civil. Ao contrário dos alimentos provisórios, os alimentos provisionais
exigem a comprovação da urgência da medida, sendo necessário prova do fumus
boni juris e do periculum in mora para concessão dos alimentos.

O legislador preocupou-se também em assegurar ao nascituro o direito de


receber alimentos. São os chamados alimentos gravídicos previstos na Lei
11.804/08, a qual disciplina a forma como devem ser exercidos os direitos do
nascituro. Essa nova lei confere direito à mulher grávida, casada ou não, de receber
alimentos desde a concepção até o parto, mediante ação própria movida contra o
futuro pai.

Assim, para que o pleito alimentar seja acolhido, a lei prevê que cabe ao juiz
decidir sobre a fixação de alimentos com base em meros indícios de paternidade. Os
alimentos são percebidos pela gestante e servem para abranger os gastos
decorrentes da alimentação especial, da assistência médica, do parto, entre outros
gastos que se fizerem necessários durante o período da gravidez.
15

Uma vez fixados, os alimentos permanecem em vigor até que ocorra o


nascimento com vida, ocasião em que serão convertidos em pensão alimentícia em
favor do filho e poderão ser revistos, por provocação de qualquer das partes1.

Feitas as considerações expostas, devem-se analisar as características da


obrigação alimentar, a fim de entender melhor o instituto dos alimentos.

1.2 Características

A obrigação alimentar possui algumas características específicas. Dentre


elas, as mais importantes são: a transmissibilidade; o direito personalíssimo; a
irrenunciabilidade; a incessibilidade; a impenhorabilidade; a incompensabilidade; a
imprescritibilidade; o direito de preferência; a periodicidade e a ausência de
solidariedade.

Em tela, a transmissibilidade da obrigação alimentar encontra amparo no


artigo 1.700 do Código Civil. Pela transmissibilidade entende-se que a obrigação do
devedor em prover alimentos ao credor se estende aos herdeiros, limitada,
obviamente, às forças da herança. Essa característica acabou por modificar outro
pressuposto da obrigação alimentar, qual seja, o direito personalíssimo. Pelo novo
Código Civil, a prestação alimentar é personalíssima apenas em relação ao
alimentado, perdendo o alimentante tal característica.

Impende ressaltar o entendimento de Sérgio Gilberto Porto (2003, p. 41, grifo


do autor):

Deste quadro legislativo emerge a circunstância de que –


diversamente do sistema anterior, que previa a intransmissibilidade
e, por decorrência, permitia a construção de que o art. 23 da Lei do

o
1 Art. 6 da Lei 11.804/08 - Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos
gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.
16

Divórcio autorizava apenas e tão-somente a transmissibilidade da


obrigação alimentar nas obrigações derivadas do casamento –,
agora, a regra do Código Civil também é da transmissibilidade,
portanto a obrigação alimentar transmite-se aos herdeiros do
devedor na forma do art. 1.694, ou seja, sejam os alimentos
decorrentes do parentesco ou das relações de afinidade. Em
qualquer hipótese, contudo, respeitar as forças da herança,
consoante estabelecido pelos arts. 1.792 e 1.997 do Código, bem
como, evidentemente, o binômio necessidade-possibilidade. Estando
aí a possibilidade representada exatamente pelas chamadas forças
da herança.

Importante salientar que as prestações alimentícias são impenhoráveis,


porquanto eventual penhora dos valores destinados a alimentação violaria o direito
do alimentado à sobrevivência. Os alimentos também são incessíveis e
incompensáveis. A incessibilidade significa que não se pode ceder a terceiros os
alimentos que se tem direito, enquanto pela incompensabilidade entende-se que se
o devedor de alimentos vier a ser credor do alimentado, por qualquer motivo, não se
pode compensar seus prejuízos cessando o pagamento da pensão alimentícia.

Cumpre transcrever o entendimento jurisprudencial acerca da


incompensabilidade:

Ementa: EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ARTIGO 733 DO CPC.


ERRO DE CÁLCULO POR PARTE DA CONTADORIA. EXCESSO
DE EXECUÇÃO. Caso em que o excesso de pagamento na
execução advém de erro no cálculo da contadoria judicial. Apesar
das relações alimentícias serem norteadas pelos princípios da
irrepetibilidade e incompensabilidade, há de se tomar cuidado para
que não haja enriquecimento sem causa. DERAM PROVIMENTO.
(RIO GRANDE DO SUL, 2010).

Ainda, por oportuno, importante destacar o entendimento do Egrégio Tribunal


de Justiça acerca da característica da impenhorabilidade dos alimentos:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. BLOQUEIO DE
VALORES. Incontroversa a impenhorabilidade dos valores
depositados em contas bancárias à título de salário, pensão ou
aposentadoria, nos termos do art. 649, IV, do Código de Processo
Civil. No entanto, tal reconhecimento não pode impedir, de forma
irrestrita, para o futuro, nas mesmas contas, o bloqueio de valores
outros, que não apresentem natureza alimentar. Possível a
realização de novos bloqueios nas contas das devedoras, desde que
17

respeitada a impenhorabilidade imposta pelo art. 649, IV, do Código


de Processo Civil. Decisão interlocutória reformada. DADO
PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, em decisão
monocrática. (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Cumpre referir que o direito da pessoa necessitada em pleitear alimentos é


imprescritível, estando sujeito a prescrição somente a execução das prestações em
atraso. O direito do alimentado em cobrar as prestações em atraso prescreve em
dois anos, conforme dispõe o artigo 206, parágrafo 2º, do Código Civil. Dispõe
Yussef Said Cahali (2009, p. 96):

O CC/2002 não repete a disposição que se continha no art. 178, §


10, I, do Código anterior, que estabelecia prescreverem em cinco
anos “as prestações de pensões alimentícias”; aclarando-se
posteriormente, no art. 23 da Lei 5.478, de 1968, que “a prescrição
qüinqüenal referida no art. 178, § 10, I, do Código Civil [1916] só
alcança as prestações mensais e não o direito a alimentos”.
Da maneira mais concisa, estabelece o Código que prescreve em
dois anos “a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da
data em que se vencerem” (art. 206, §2º).
Além da simples redução do lapso prescricional das prestações,
verifica-se que, substancialmente, nada terá sido modificado em
relação ao direito anterior, pois as prestações pretendidas “a partir da
data em que se vencerem” serão aquelas devidas após a citação,
convencionadas ou arbitradas judicialmente.

Importante salientar que, no caso da cobrança das parcelas vencidas, se o


alimentado for menor o prazo prescricional começa a correr com o advento da
maioridade. Isso porque em favor dos incapazes, o artigo 198, inciso I, do Código
Civil, dispõe que não corre prescrição. Ademais, se o devedor dos alimentos for
ascendente ou descendente pode-se aplicar o artigo 197, inciso II, do mesmo
diploma legal, o qual menciona não correr prescrição entre ascendente e
descendente durante o poder familiar.

A propósito:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ALIMENTOS. PRESCRIÇÃO.
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. Nos termos dos arts. 197, inciso II, e
198, inciso I, do Código Civil, não corre a prescrição "entre os
ascendentes e descendentes, durante o poder familiar" e "contra os
incapazes de que trata o art. 3º". POR MAIORIA, NEGARAM
18

PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, VENCIDO O


RELATOR. (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Ainda analisando as características da obrigação alimentar, impende acentuar


que a prestação alimentícia deve ser alcançada ao alimentado de forma periódica,
sendo normalmente mensal. Além disso, caso o alimentante não alcançar os
alimentos no período determinado pelo juiz, estas prestações vencidas podem ser
executadas, tendo o crédito alimentar direito de preferência em relação aos demais.

Por fim, sem que a localização desmereça sua importância, em caso de


pluralidade de alimentantes para o mesmo alimentado, impende salientar que não
há solidariedade entre eles quanto à totalidade do débito. Porquanto, ao haver mais
de um alimentante cada um será obrigado de acordo com as suas possibilidades e
as necessidades do alimentado.

Para Beviláqua (apud CAHALI, 2009, p. 122):

Se os alimentos forem devidos por mais de uma pessoa, a prestação


deverá ser cumprida por todos, na proporção dos haveres de cada
um. A obrigação de prestar alimentos não é solidária. Algumas
legislações prescrevem que, nos casos urgentes, possa o juiz impor
a obrigação a um só dos coobrigados, ao qual fica salvo o direito
regressivo contra os outros, pelas cotas respectivas. O Código Civil
brasileiro [1916] não perfilhou essa regra, que, aliás, propusera o
Projeto Primitivo, art. 473. A Comissão da Câmara aboliu-a.

Visto as principais características da obrigação alimentar, no próximo ponto,


serão analisados os requisitos necessários para a fixação desses alimentos.

1.3 Dos critérios de fixação dos alimentos

Para fixar alimentos é necessário o Juiz analisar o artigo 1.694, parágrafo


primeiro, do Código Civil. Esse diploma legal menciona que os alimentos devem ser
fixados na proporção das necessidades do alimentado e das possibilidades do
alimentante.

Em razão deste dispositivo, a jurisprudência majoritária do Tribunal gaúcho


entende que para a fixação da pensão alimentícia é necessário observar o binômio
19

necessidade/possibilidade, ou seja, necessidade de quem reclama o sustento e as


possibilidades de quem vai arcar com a obrigação.

Acerca da análise da necessidade do alimentado, no que se refere à fixação


dos alimentos ao menor de idade, não é preciso haver a comprovação da
necessidade da criança. Isso porque, as necessidades dos menores são
presumidas, ou seja, caracteriza-se pela necessidade de alimentação, vestuário,
material escolar, habitação, transporte, entre outros.

Contudo, antes de fixar a verba alimentar deve-se analisar as possibilidades


do alimentante, pois se apenas as necessidades fossem levadas em conta, seria
possível estabelecer, de modo prévio, os valores da pensão de acordo com a faixa
etária. Embora as necessidades sejam semelhantes e presumidas, as possibilidades
variam muito. Alimentantes com alto padrão de vida, devem proporcionar o mesmo
aos seus filhos, ainda que não morem consigo. Ao contrário, se o alimentante for
economicamente desfavorecido, o alimentado terá somente o que couber no seu
orçamento.

Importante referir o entendimento de Rui Portanova acerca da fixação dos


alimentos. Para este, a fixação da pensão alimentícia deve observar o trinômio
alimentar, ou seja, possibilidade, necessidade e proporcionalidade:

Ementa: APELAÇÃO. ALIMENTOS. FIXAÇÃO SENTENCIAL.


ADEQUAÇÃO. MAJORAÇÃO. DESCABIMENTO. Descabe majorar o
"quantum fixado pela sentença, já em devida consonância com o
trinômio possibilidade/necessidade e proporcionalidade. Inviável
majorar o valor dos alimentos, considerando-se que, para além da
aqui apelante, o apelado é responsável pelos sustento de ao menos
01 outro filho menor, e ainda sofre de problemas de saúde.
NEGARAM PROVIMENTO. (RIO GRANDE DO SUL, 2009).

A doutrina entende que a dificuldade em aplicar o binômio ou o trinômio não


está em verificar as possibilidades do alimentante, mas em analisar as necessidades
do alimentado. A possibilidade é demonstrada com as provas trazidas pelas partes
ao processo, enquanto que as necessidades de quem pede alimentos estão no fato
20

de que, além das necessidades vitais, existem as necessidades civis que, mesmo
dispensáveis para a sobrevivência, melhoram as condições de vida do alimentado.

Cumpre referir que a obrigação de prover os alimentos aos filhos menores


cabe, via de regra, a ambos os genitores, devendo cada qual concorrer na medida
da própria disponibilidade. Assim, para a fixação de alimentos é necessário que o
titular do direito não possa manter-se sozinho e que a pessoa de quem se reclamam
possa fornecê-los sem prejuízo do seu sustento, conforme dispõe o artigo 1.694, §
1º, do Código Civil. Segundo Yussef Said Cahali (2009, p. 512-513):

A regra tradicional é que cada pessoa deve prover-se segundo suas


próprias forças ou seus próprios bens: a obrigação de prestar
alimentos é, assim, subsidiária, eis que só nasce quando o próprio
individuo não pode cumprir esse comezinho dever com a sua
pessoa, que é o de alimentar-se com o produto do seu trabalho e
rendimentos.
A impossibilidade de prover, o alimentando, à própria mantença pode
advir da incapacidade física ou mental para o trabalho; doença,
inadaptação ou imaturidade para o exercício de qualquer atividade
laborativa; idade avançada; calamidade pública ou crise econômica
que resulte absoluta falta de trabalho.

Fixada a verba alimentar, esta passa a ser devida enquanto perdurarem as


necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. No entanto, esta
obrigação poderá ser corrigida de acordo com as alterações das necessidades ou
das possibilidades das partes, conforme dispõe o artigo 1.699 do Código Civil2.

Dessa forma, só é possível a redução, exoneração ou majoração do


pensionamento se verificada a mudança das necessidades do alimentado ou das
possibilidades do alimentante, cabendo o ônus probatório para aquele que alegar
mudança da situação anterior, de acordo com o artigo 333, inciso I, do Código de
Processo Civil.

2 Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na
de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo.
21

Cumpre transcrever o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio


Grande do Sul acerca do assunto:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL DE ALIMENTOS.


FILHOS MENORES DE IDADE. BINÔMIO: NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS
QUANTO A ALEGADA IMPOSSIBILIDADE. A fixação do quantum da
pensão alimentícia deve atender ao binômio necessidade do credor e
possibilidade do devedor, impondo-se ao demandante-alimentante
demonstrar a mudança em tais condições pessoais a justificar a
redução da verba alimentar. Ausente comprovação da alegada
redução nas possibilidades, não procede o pleito. Sentença mantida.
NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (RIO GRANDE DO SUL,
2012).

Nesse mesmo sentido, entende o Tribunal gaúcho acerca do ônus da prova:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE


ALIMENTOS. FILHO MAIOR DE IDADE. BINÔMIO: NECESSIDADE-
POSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. NÃO COMPROVADA A
MANUTENÇÃO DA NECESSIDADE. Em não se tratando de
necessidade presumida, é imprescindível àquele que pretende a
manutenção dos alimentos a prova da falta de condições de prover a
própria subsistência. Em sendo o alimentante filho saudável, maior
de idade e capaz, que não demonstrou interesse pelos estudos, não
há razão para manter o pagamento de alimentos fixados em seu
favor. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (RIO GRANDE DO
SUL, 2012).

Em que pese o artigo 15 da Lei 5.478/68 dispor que a sentença que fixa
alimentos não transita em julgado, em razão da existência de modificações nas
condições financeiras dos interessados, na realidade, a sentença que fixa alimentos
faz coisa julgada material, não podendo ser reexaminada.

Na visão de Sérgio Gilberto Porto (2003, p. 108):

Em matéria alimentar o estudo da coisa julgada, a exemplo de outros


ramos, também enfrenta alguma dificuldade de interpretação. Com
efeito, em muitas vezes as obras que versam sobre matéria
processual alimentar afirmam que a decisão proferida em processo
de alimentos não transita em julgado. Esta orientação, por certo,
decorre o teor do art. 15 da Lei de Alimentos, que reza: “A decisão
judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer
tempo ser revista em face da modificação da situação financeira dos
interessados”.
22

Todavia, com a máxima vênia daqueles que esposam este


entendimento, não é esta a interpretação que deve ser dada ao texto
legal, pois a sentença proferida em ação de alimentos, no que tange
ao mérito, transita em julgado e atinge o estado de coisa julgada
material.
Note-se, neste passo, que uma relação jurídica continuativa dá
suporte material à ação de alimentos, ou seja, uma relação jurídica
em que a situação fática sofre alterações com o passar dos tempos.
Desse modo, quando se diz que “inexiste” coisa julgada material nas
ações de alimentos, faz-se referência apenas ao quantum fixado na
decisão, pois, se resultar alterada faticamente as situações das
partes, poder-se-á alterar os valores da obrigação alimentar. Mas,
uma vez reconhecida esta, que envolve inclusive o estado familiar
das partes, transita ela em julgado e atinge a condição de coisa
julgada material, não podendo novamente esta questão ser
reexaminada. Aqui, a declaração da obrigação alimentar, por
representar o mérito da demanda e definir a nova situação jurídica
existente, adquire o selo da imutabilidade e, portanto, faz coisa
julgada material.

Contudo, sobre a coisa julgada material incide o princípio da


proporcionalidade, sendo possível a revisão dos alimentos quando houver afronta a
tal princípio. Desse modo, é cabível revisar os alimentos para reequilibrar a trinômia
proporcionalidade – necessidade – possibilidade.

1.4 A prestação alimentícia na maioridade

Primeiramente, conforme mencionado, os alimentos são prestações que


objetivam atender às necessidades vitais e sociais básicas de quem não as pode
prover por si só.

É de se destacar que mesmo com o implemento da maioridade civil, a


exoneração da pensão alimentícia não se opera automaticamente. O que ocorre é
que com a maioridade civil desaparece o Poder Familiar e, em consequência, o
dever de sustento dos pais em relação aos filhos. O dever de sustento transmuta-se
em obrigação alimentar, a qual decorre do parentesco e também submete-se ao
binômio necessidade/possibilidade. Portanto, persistindo a necessidade e havendo a
possibilidade, permanece hígido o encargo.

Por oportuna, a ementa que segue:


23

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ALIMENTOS. BINÔMIO:


NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. FILHA MAIOR DE IDADE.
NECESSIDADES COMPROVADAS. AUSENTE PROVA DA
IMPOSSIBILIDADE. A fixação do quantum da pensão alimentícia
deve atender ao binômio necessidade do credor e possibilidade do
devedor, impondo-se ao alimentante demonstrar suas reais
condições pessoais a justificar a redução da verba alimentar fixada.
A formação de nova família, por si só, não tem o condão de
autorizar a redução dos alimentos fixados. Apesar da maioridade da
alimentada, descabe exonerar ou reduzir o encargo alimentar,
porquanto persiste a necessidade, especialmente em razão da
realização de curso universitário. Entretanto, ausente demonstração
de necessidades especiais, não há falar em majoração dos
alimentos. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO E AO RECURSO
ADESIVO. (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Por sua vez, cumpre transcrever o entendimento de Sérgio Gilberto Porto


(2003, p. 19, grifo do autor) no sentido de que a maioridade, por si só, não é motivo
para cessar a pensão alimentícia, uma vez que permanece o dever de assistência à
família:

De outra banda, vale registrar que o sistema do instituto jurídico dos


alimentos – como tantos outros – deve ser interpretado
sistematicamente e, nesta medida, não pode ser desconhecida a
recomendação constante do caput do art. 1.694 do CC, o qual
introduziu na ordem legal a compatibilização com a condição social.
Desta forma, se a condição social do filho maior reclama curso
superior, por evidente, no conflito entre o valor maioridade e o
manutenção de padrão social, deverá preponderar este em
detrimento daquele, daí a razão pela qual entendemos, ao menos
neste contexto, possível a outorga de alimentos a filhos maiores,
ainda quando estudantes máxime porque há certeza de que, através
do instituto de alimentos, visou o legislador resguardar a assistência
à família e à própria comunidade humana, impondo que um, diante
de suas possibilidades, auxilie o outro, diante de suas necessidades,
aos efeitos de aperfeiçoar o convívio social.

Para a exoneração dos alimentos é necessário o alimentante comprovar a


total desnecessidade do alimentando ou a sua incapacidade absoluta em prestar os
alimentos. O simples fato de o alimentado ter atingido a maioridade não pressupõe
desnecessidade de auxílio financeiro, ainda mais se permanece estudando e não
aufere ganhos suficientes para manter-se por si só.

Quanto a comprovação da necessidade de continuar percebendo alimentos, o


Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no seguinte sentido:
24

PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


ALIMENTOS. CURSO SUPERIOR CONCLUÍDO. NECESSIDADE.
REALIZAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1 O
advento da maioridade não extingue, de forma automática, o direito à
percepção de alimentos, mas esses deixam de ser devidos em face
do Poder Familiar e passam a ter fundamento nas relações de
parentesco, em que se exige a prova da necessidade do alimentado.
2. É presumível, no entanto, – presunção iuris tantum –, a
necessidade dos filhos de continuarem a receber alimentos após a
maioridade, quando frequentam curso universitário ou técnico, por
força do entendimento de que a obrigação parental de cuidar dos
filhos inclui a outorga de adequada formação profissional. 3. Porém,
o estímulo à qualificação profissional dos filhos não pode ser imposto
aos pais de forma perene, sob pena de subverter o instituto da
obrigação alimentar oriunda das relações de parentesco, que tem por
objetivo, tão só, preservar as condições mínimas de sobrevida do
alimentado. 4. Em rigor, a formação profissional se completa com a
graduação, que, de regra, permite ao bacharel o exercício da
profissão para a qual se graduou, independentemente de posterior
especialização, podendo assim, em tese, prover o próprio sustento,
circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de
necessidade do filho estudante. 5. Persistem, a partir de então, as
relações de parentesco, que ainda possibilitam a percepção de
alimentos, tanto de descendentes quanto de ascendentes, porém
desde que haja prova de efetiva necessidade do alimentado. 6.
Recurso especial provido. (BRASIL, 2011).

Portanto, a maioridade civil e, em consequência, a extinção poder familiar não


são causas para cessar a prestação alimentícia sem que haja comprovação da total
desnecessidade do alimentado em continuar recebendo alimentos. Para tanto,
cumpre ressaltar o entendimento de Yussef Said Cahali (2009, p. 462-463):

Afirma-se, então, que a obrigação alimentar tem relação não apenas


com a idade, mas também com o vínculo de parentesco existente
entre o alimentante e o alimentado. Assim, a extinção do pátrio poder
(hoje, poder familiar), por si só, não é causa para a exoneração do
encargo. Na espécie, tudo deverá ser avaliado a fim de comprovar a
necessidade de receber os alimentos e a possibilidade do genitor de
pagá-los, o que será feito com submissão ao contraditório e à ampla
defesa. Outrossim, a redução da maioridade civil de 21 para 18 anos
exige que o magistrado tenha mais cautela ao decidir, haja vista que
pessoas nessa faixa etária, normalmente, se encontram estudando
ou mesmo necessitando de amparo para concluírem sua formação.
A maioridade civil, atingida aos 18 anos de idade, só será causa de
excludente do dever alimentar quando ficar comprovado que o filho
tem meios próprios de subsistência. Com efeito, o novo Código Civil
não diz que cessa o dever de alimentar com a maioridade civil do
filho. O dever de alimentar decorre do grau de parentesco (art.1.694),
sendo que o direito a prestação de alimentos é recíproco entre pais e
25

filhos, e extensivo a todos os ascendentes (art. 1.696). Os alimentos


são devidos inclusive para atender às necessidades de educação,
segundo o art. 1.694; daí a necessidade da manifestação do
alimentando antes do juiz decidir se exonera o pai do dever de
alimentar, para saber, pois, se o filho é estudante, ou se, por
qualquer motivo, ainda necessite dos alimentos. A exoneração
automática dos alimentos, sem oitiva do alimentando, fere os
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Assim, o que se tem é que com a maioridade ou emancipação cessa o poder


familiar, mas isto não é suficiente para fazer cessar o dever do alimentante de
prestar alimentos, caso não tenha desaparecido o binômio necessidade/
possibilidade.

O capítulo seguinte tratará acerca da obrigação dos avós em prestar


alimentos aos netos, fugindo da regra geral de serem os pais responsáveis por
prestarem alimentos aos filhos. Será analisado, ainda, o dever de sustento entre
avós e netos, bem como os meios executivos desta obrigação.
26

2 Obrigação alimentar dos avós

Os pais detêm maior responsabilidade alimentar em relação aos filhos, os


quais, enquanto menores, estão sujeitos ao poder familiar. Portanto, aos pais
incumbe o dever de sustento de seus filhos, sendo essa obrigação recíproca. O
dever de prestar alimentos é extensivo a todos os ascendentes, recaindo a
obrigação nos mais próximos aos mais remotos, conforme dispõe o artigo 1.696 do
Código Civil.

Maria Aracy Menezes da Costa (2011, p. 63-64) fala acerca da obrigação


alimentar dos demais parentes:

O que se vê na doutrina e principalmente na jurisprudência é que


não se encontram suficientemente estabelecidos os limites das
obrigações alimentarias, e não há o necessário discernimento entre a
obrigação dos pais e a obrigação dos demais parentes, sejam eles
ascendentes ou colaterais, principalmente entre os ascendentes: há
uma tendência de responsabilizar os avós a uma prestação alimentar
como se pais fossem, quando não o são.

Seja quem for o protagonista da obrigação alimentar, os elementos que


norteiam essa relação são a necessidade de quem pede e a possibilidade de quem
dá, conforme referido no capítulo anterior.

No presente capítulo, objetiva-se fazer uma análise sobre a obrigação


alimentar entre ascendentes e descendentes, o caráter dessa relação e os meios de
executar a obrigação.

2.1 Dever de sustento entre ascendentes e descendentes

Os artigos 1.694 a 1.698 do Código Civil reconhecem a obrigação alimentar


dos parentes, em razão do princípio da solidariedade que se pressupõe estar
presente nos vínculos afetivos. Assim, o Código Civil considera como sendo
parentes todas as pessoas que estão em relação de ascendência ou descendência
umas para com as outras, independentemente do grau, bem como os colaterais até
o quarto grau.
27

Acerca da obrigação alimentar, Nelson Nery Junior (2006, p. 925, grifo do


autor) disserta:

3. Obrigação alimentar. A obrigação legal de alimentar é toda


especial. Como seu adimplemento se relaciona diretamente com a
sobrevivência do alimentando, o sistema dota a prestação alimentar
de mecanismos extraordinários de cumprimento, dentre os quais se
destacam a possibilidade de prisão civil (CF 5º LXVII); o privilégio
constitucional creditório (CF 100 caput e § 1º-A); garantias especiais
de execuçao (CPC 602) e o privilégio de foro do domicílio ou da
residência do alimentando, para ação em que se pedem alimentos
(CPC 100 II).

Os dispositivos supracitados estabelecem uma ordem de preferência entre os


parentes obrigados a prestar alimentos. Sobre essa ordem de preferência, Yussef
Said Cahali (2009, p. 467) tem o seguinte entendimento:

O legislador não se limita à designação dos parentes que se


vinculam à obrigação alimentar, mas determina do mesmo modo a
ordem sucessiva do chamamento à responsabilidade, preferindo os
mais próximos em grau, e só fazendo recair a obrigação nos mais
remotos à falta ou impossibilidade daqueles de prestá-los: o conceito
é, pois, o de que exista uma estreita ligação entre obrigado e
alimentado, pelo que aqui não se considera a família no seu mais
amplo significado, mas como o núcleo circunscrito de parentes
próximos e quais aqueles que estão ligados pelas mesmas íntimas e
comuns relações patrimoniais.

Diante disso, pode-se dizer que existem quatro classes de pessoas obrigadas
a prestar alimentos, formando uma hierarquia no parentesco: pais e filhos;
ascendentes, na ordem de proximidade com o alimentante; descendente, observado
o grau de parentesco; irmãos, unilaterais ou bilaterais. Maria Aracy Menezes da
Costa (2011, p. 113) discorre acerca do assunto:

No direito brasileiro, nos termos do art. 1.696, “o direito à prestação


de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta dos outros”. Evidencia-se que também existe uma clara
hierarquia na ordem de prestar alimentos, iniciando-se pelos
parentes mais próximos em grau, na linha reta – ascendentes.
Assim, se faltam os pais, a obrigação passa aos avós; se faltam
estes, os bisavós.
28

Portanto, para exigir pensão alimentícia de parente em grau mais remoto é


necessária a comprovação da inexistência ou da impossibilidade do parente mais
próximo em prestar alimentos. Nesse sentido é o entendimento do Tribunal de
Justiça do nosso Estado:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO


AVOENGA. Em atenção ao princípio do contraditório e em especial
ao contido no art. 397 do CPC, apenas excepcionalmente é admitida
a produção de prova documental em fase de recurso. Até porque, a
instância recursal é de revisão. A presunção de veracidade que
emana da revelia é relativa. Tratando-se de alimentos postulados a
avô, é preciso averiguar se as condições de que desfrutam ambos os
genitores inviabilizam o atendimento minimamente adequado das
necessidades do alimentando, que deve ficar adstrito ao que é
possível dispor com a renda de pai e mãe, a menos que estes não
tenham condições para lhe fornecer um mínimo de vida digna e, de
outro lado, os avós detenham tal possibilidade. Isso porque somente
é possível demandar alimentos aos parentes de grau mais remoto
quando nenhum dos que compõem o grau mais próximo dispõe de
condições mínimas, conforme art. 1.696, CC. Hipótese em que resta,
de um lado, caracterizada a possibilidade de os genitores arcarem
com o sustento do apelante e, de outro, evidenciada a
impossibilidade de o avô paterno suportar tal encargo, quanto mais
que sua obrigação alimentar em relação ao menor em tela é
subsidiária. APELAÇÃO PROVIDA. (RIO GRANDE DO SUL, 2011).
(grifo nosso).

Cumpre referir que a obrigação dos avós em relação aos netos decorre do
parentesco, não do poder familiar como a obrigação dos pais. Assim, apenas em
situações excepcionais é que cabe a fixação de alimentos a serem pagos pelos
avós, sempre condicionado à demonstração de que o valor não causará prejuízo de
seu próprio sustento.

Vale ressaltar o entendimento de Belmiro Pedro Welter (2004, p. 228-229,


grifo do autor):

Entretanto, há que distinguir que a condição social a ser preservada,


o padrão de vida a ser garantido, deve ser o dos pais para os filhos,
e não o padrão de vida dos avós para os netos. Tal conclusão deriva
da natureza do “poder-dever parental”, hoje denominado
equivocadamente “poder familiar” em substituição do pátrio poder
(familiar abrange toda a família, ao passo que parental diz respeito a
ambos os pais). A obrigação alimentar dos avós não é decorrência
29

do poder familiar. Inaplicável o dispositivo legal aos alimentos


alcançados pelos avós, visto que o padrão de vida dos filhos é
determinado e proporcionado pelos pais, como componente do poder
familiar.
Por evidente que, em se tratando de alimentos, jamais será ignorado
o exame da possibilidade de quem alcança e da necessidade de
quem pede. No entanto, quando se trata de obrigação avoenga, a
possibilidade dos avós prepondera sobre a necessidade dos netos.

Em razão dessa ordem de grau de parentesco, os ascendentes de um mesmo


grau são obrigados em conjunto, sendo a ação de alimentos movida contra todos e a
quota alimentar fixada de acordo com as possibilidades de cada alimentante,
levando-se em conta as necessidades do alimentado.

Nelson Nery Junior (2006, p. 927, grifo do autor) salienta inexistir


solidariedade entre os alimentantes, destacando o litisconsórcio passivo facultativo:

Alimentos. Obrigação avoenga. Inexistência de solidariedade


entre os alimentantes. Litisconsórcio passivo facultativo.
Inexiste solidariedade entre os alimentantes, (a) uma vez que esta
não se presume, mas resulta da lei ou vontade das partes; (b) e
porque cada alimentante é obrigado no limite de suas possibilidades.
O CC/1916 397 [CC 1696] não estabelece a obrigatoriedade de que
a ação de alimentos seja promovida contra todos os ascendentes do
mesmo grau. O alimentando tem a opção de escolher contra quem
demandar, ficando o alimentante obrigado no limite de suas
possibilidades. Não existe, assim, litisconsórcio necessário. Referida
figura processual só ficará caracterizada “quando, por disposição de
lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver que decidir a lide
de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da
sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no
processo”, nos termos do CPC 47 caput. Na verdade, o litisconsórcio
é facultativo, a teor do CPC 46 caput do mesmo estatuto. Descabido
o bloqueio em conta poupança do alimentante quando não
demonstrado o risco de inadimplemento dos alimentos, considerando
que são descontados diretamente dos proventos de aposentadoria
recebidos (TJRS, 7ªCam., 70003419207-Porto Alegre, rel.Des. Luiz
Felipe Brasil Santos, v.u.,j.5.12.2001).

Nesse mesmo sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande


do Sul:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS. FIXAÇÃO


LIMINAR. OBRIGAÇÃO AVOENGA. CHAMAMENTO.
POSSIBILIDADE. ART. 1.698, CCB. 1. Sem ter havido, na decisão
30

que ora se impugna, qualquer referência acerca da reedição do


pedido liminar de fixação de alimentos, não é possível conhecer do
pleito, sob pena de indevida supressão de instância. 2. Não obstante
as características de não-solidariedade e divisibilidade da obrigação
alimentar, deve ser deferido o chamamento à lide dos avós maternos
requerido pelo avô paterno, em face da obrigação destes, também,
de sustento do neto pela alegada falta de condições dos genitores
para a mantença do filho. Trata-se de litisconsórcio facultativo ulterior
simples, expressamente previsto no art. 1.698 do Código Civil.
AGRAVO EM PARTE CONHECIDO E NO QUE CONHECIDO
DESPROVIDO. (RIO GRANDE DO SUL, 2011).

Conclui-se, dessa forma, que duas circunstâncias permitem a convocação do


ascendente mais remoto: a falta de ascendente em grau mais próximo ou a falta de
condições econômicas deste para fazê-lo. Assim, para a obrigação ser direcionada
apenas contra os avós, deve haver comprovação da impossibilidade dos genitores
em prestar os alimentos, incumbindo ao alimentado o ônus da prova. Diante disso,
passa-se analisar o caráter da obrigação alimentar dos avós.

2.2 Caráter subsidiário e complementar da obrigação alimentar avoenga

Conforme referido anteriormente, a obrigação de custear o sustento dos filhos


é dos pais, sendo que somente na impossibilidade de ambos os genitores em
prestá-los é que se pode cogitar a busca de alimentos perante os avós. Isso porque
o dever dos pais decorre do poder familiar, ao passo que a obrigação estendida aos
avós deriva da solidariedade familiar.

Acerca do caráter da obrigação alimentar avoenga, o Centro de Estudos do


Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul concluiu, através do enunciado
n.44, que “a obrigação alimentar dos avós é complementar e subsidiária à de ambos
os genitores, somente se configurando quando pai e mãe não dispõem de meios
para prover as necessidades básicas dos filhos”.

Nesse sentido, a obrigação não é solidária porque o credor de alimentos não


pode escolher livremente um parente para pagá-los integralmente. Deve observar a
ordem de grau de parentesco, mencionada anteriormente, sendo, portanto, a
obrigação subsidiária.
31

A obrigação dos avós também é complementar no sentido de auxiliar os pais


no sustento dos filhos. Ao contrário da obrigação alimentar baseada no dever de
mútua assistência, os alimentos devidos em razão do parentesco visam garantir os
recursos indispensáveis para a subsistência do alimentado.

Quanto ao caráter subsidiário e complementar da obrigação alimentar


avoenga, Paulo Lôbo (2010, p. 376-377) disserta:

Dentro da mesma classe, os de grau mais próximo preferem aos


mais distantes. Dentro do mesmo grau, por fim, os parentes
assumem obrigação necessariamente pro rata, em quotas
proporcionais aos recursos financeiros de cada um.
De um grau de parentesco para o subseqüente, por exemplo no caso
de pais e avós, estes apenas complementam o valor devido pelos
primeiros, que tiverem rendimentos insuficientes. Nesse caso, trata-
se de obrigação subsidiária, não podendo a ação ser ajuizada
diretamente contra os avós, sem comprovação de que o devedor
originário esteja impossibilitado de cumprir o seu dever. O requisito
da possibilidade leva em conta o paradigma dos pais, ou seja, das
condições econômicas e padrão de vida destes, por serem os
devedores principais dos alimentos, e não os dos avós, que
eventualmente sejam superiores.

Caso a obrigação avoenga seja fixada com intuito de complementar a pensão


paga por um dos genitores, a responsabilidade pelos alimentos deve ser fixada
proporcionalmente, atendendo as possibilidades dos alimentantes e as
necessidades do alimentando.

A propósito, Nelson Nery Junior (2006, p. 927, grifo do autor) entende o


seguinte acerca do assunto:

Complementação pelos avôs paternos. Admissibilidade. Se o


pai, por si, revela insuficiência de recursos para alimentar a filha
menor, pode esta exigir complementação dos avós paternos, em
melhores condições econômicas, devendo a responsabilidade pelos
alimentos ser repetida proporcionalmente na medida da capacidade
financeira dos alimentantes, tendo em vista a suficiente
demonstração e comprovação do binômio necessidade-possibilidade
(RT 778/358).
32

O Superior Tribunal de Justiça, na data de 16/06/2010, publicou notícia,


referente ao REsp 576152, acerca da responsabilidade dos avós em pagar
alimentos aos netos apenas quando da incapacidade dos pais:

A obrigação dos avós de prestar alimentos é subsidiária e


complementar à dos pais, cabendo ação contra eles somente nos
casos em que ficar provada a total ou parcial incapacidade dos
genitores em provê-los. A conclusão é da Quarta Turma do Superior
Tribunal de justiça, que não conheceu do recurso especial de uma
neta contra os avós paternos. Representada pela mãe, ela ajuizou
ação de alimentos diretamente contra os avós. Eles contestaram a
ação, sustentando a impossibilidade de prestarem alimentos. O avô
afirmou que seus ganhos não são suficientes para prover tais
obrigações, além de possuir uma filha menor a quem presta
alimentos. A avó, por sua vez, comprovou estar desempregada, ou
seja, não possui qualquer rendimento para satisfazer as
necessidades da neta. Em primeira instância, a ação foi julgada
improcedente. O juiz entendeu que o pai residia em endereço
conhecido no exterior, além de não ter sido compelido a arcar com a
pensão. Afirmou, ainda, que não há prova de que os avós tenham
condições financeiras de auxiliar nos alimentos. O Tribunal de
Justiça do Espírito Santo (TJES) negou provimento à apelação da
neta e manteve a sentença. “Diante da ausência de comprovação da
apelante de que seu genitor está impossibilitado de prestar alimentos
e que os apelados poderiam arcar com o sustento, correta a
sentença monocrática ao julgar improcedente a pretensão inicial”,
afirmou o tribunal capixaba. No recurso para o STJ, a defesa da neta
alegou que a decisão ofendeu o artigo 397 do Código Civil, pois os
avós também possuem o dever de alimentar, correspondendo pela
obrigação. Afirmou, ainda, que somente no curso da ação é que o
endereço do pai no exterior se tornou conhecido e que a prova
produzida nos autos demonstra a possibilidade, ao menos parcial,
dos avós paternos. A Quarta Turma, em decisão unânime, não
conheceu do recurso especial. “Alega a recorrente que o pai reside
no exterior, porém essa questão, que é de fato, não foi cuidada nos
autos, de sorte que não é dado ao STJ examiná-la, a teor da súmula
7”, afirmou o relator do caso, ministro Aldir Passarinho Junior. Tal
verbete prevê a impossibilidade de o STJ examinar provas, em grau
de recurso. Para o relator, se não houve ação prévia de alimentos
contra o pai, a ação não poderia mesmo ter êxito. “Não fora isso, o
acórdão utilizou-se de um segundo fundamento, igualmente extraído
do contexto material dos fatos, destacando que não foi demonstrada
a possibilidade de os avós arcarem o sustento da neta. Destarte,
também aí incidente o óbice da aludida súmula 7 desta Corte”,
completou Aldir Passarinho Junior. (BRASIL, 2010).

Em certas ocasiões, os alimentantes não honram com o compromisso


periódico de pagar as prestações alimentícias ao alimentando. Ocorrendo isto, o
credor poderá executá-los, nas formas como se passa expor.
33

2.3 Meio executivos da pensão alimentícia

Configurada a falta de pagamento da pensão alimentícia, pode o alimentando


executar o débito na forma dos artigos 732 a 735 do CPC. Em razão da importância
da obrigação alimentar, o legislador pôs a disposição do alimentando quatro formas
de execução do crédito alimentar, quais sejam: a) execução por quantia certa contra
devedor solvente; b) desconto em folha de pagamento; c) desconto de aluguéis; d)
coação pessoal.

Importante salientar, por oportuno, que a solidariedade familiar é ilimitada e


vai ao extremo de exigir a venda de bens para o cumprimento da obrigação
alimentar, forte no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. A
execução por quantia certa está prevista no artigo 732 do CPC e dispõe acerca da
execução contra devedor solvente.

Para ajuizar ação de execução de alimentos pelo rito do artigo 732 do CPC, é
necessária a existência de título executivo judicial ou extrajudicial, sendo o devedor
citado para, em três dias, pagar o débito (art. 652 do CPC). Não havendo
pagamento ou indicado bens à penhora, o Oficial de Justiça irá penhorar tantos bens
quantos bastem para satisfazer a dívida alimentar (art. 659 do CPC).

No entanto, quando o débito se funda em título judicial, há controvérsias


quanto ao modo de execução dos alimentos, se será pelo rito do artigo 732 do CPC
ou será cumprimento de sentença. Como há lacuna na Lei a respeito desse assunto,
o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul firmou o seguinte
entendimento:

A Lei n.º 11.232/05, ao extinguir o processo de execução de título


judicial, deixou de tratar especificamente da execução de alimentos.
Em razão disso, construiu-se entendimento jurisprudencial no sentido
de que é aplicável rito do cumprimento de sentença aos créditos
alimentares. Isso porque os alimentos garantem a sobrevivência do
alimentado, devendo, portanto, ser alcançados com a celeridade
conferia pelo novo rito.
Sobre o tema:
34

ALIMENTOS. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. RITO INICIAL DO


ART. 732 DO CPC. CONVERSÃO PARA O PROCEDIMENTO DO
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. POSSIBILIDADE. EMBARGOS
RECEBIDOS COMO IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA DE GARANTIA DO
JUÍZO. EXEGESE DO ART. 475-J, § 1º, DO CPC. IMPUGNAÇÃO
DESACOLHIDA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO DESPROVIDO.
(Agravo de Instrumento Nº 70037755782, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ari Azambuja Ramos,
Julgado em 16/09/2010);
APELAÇÃO CÍVEL. EXCUÇÃO DE ALIMENTOS. PRESCRIÇÃO DA
VERBA EXECUTADA. As execuções de alimentos seguem
tramitando pelo rito expropriatório e coercitivo (artigos 732 e 733 do
Código de Processo Civil), além de admitir o cumprimento de
sentença, puro e simples, previsto nos artigos 475-J e seguintes do
CPC. Não sendo instado o devedor a pagar por opção exclusiva da
apelante, não houve um marco interruptivo da prescrição. Portanto,
prescritas as parcelas inadimplidas entre abril de 1998 e novembro
de 2000, pois em relação à execução de 2007, aplica-se o artigo
2.028, do Código Civil/2002, que define serem "os da lei anterior os
prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada". Nesse passo, de acordo com o Código
Civil/1916, artigo 178, § 10, inciso I, o prazo para executar alimentos
é de cinco (05) anos. APELO NÃO PROVIDO. (Apelação Cível Nº
70034140160, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 24/06/2010)
No caso, ainda que inicialmente ajuizada a execução pelo rito do art.
733 e, posteriormente, convertida para o rito do art. 732 do CPC,
tratando-se de título judicial, mostra-se possível que, na hipótese de
não pagamento pelo executado no prazo previsto em Lei, possa a
execução prosseguir nos moldes do art. 475-J, do Código de
Processo Civil, bastando, para tanto, que se preceda a readequação
do procedimento.
Dita providência poderá ser adotada mediante requerimento da
credora ou mesmo ser adotada de ofício, por se tratar de norma de
ordem pública. (RIO GRANDE DO SUL, 2011, grifo do autor).

Ademais, é certo que a execução de alimentos exige maior celeridade


processual, sendo a penhora on line, prevista no artigo 655-A do CPC, de grande
importância. Eventual penhora em dinheiro, em valor suficiente para realização da
prestação alimentar, pode ser levantada independentemente da prestação de
caução, inclusive tendo o executado apresentado embargos ou impugnação.

Quanto a isso, importante salientar o entendimento de Luiz Guilherme


Marinoni (2007, p. 389-390):
35

Como o art. 732, parágrafo único, do CPC constitui uma regra


específica para os alimentos, ela significa, diante da regra geral de
que a impugnação e os embargos não suspendem a execução, que
a eventual atribuição de efeito suspensivo (art. 475-M e art. 739-A,
§1º) jamais poderá impedir o levantamento dos alimentos no caso de
a penhora ter recaído sobre o dinheiro.
Na verdade, ainda que se diga que, ao se atribuir efeito suspensivo à
impugnação, o exeqüente pode dar continuidade à execução
prestando caução (art. 475-M, § 1º, do CPC), isto certamente não se
aplica aos alimentos, estando, por isso, o exeqüente autorizado a
levantar a prestação alimentícia independentemente da prestação de
caução.
Os alimentos constituem crédito com função não-patrimonial, sendo
imprescindíveis para a realização de uma necessidade primária e
imediata. Quem necessita de alimentos não tem condições
patrimoniais para prestar caução, não podendo isso constituir
empecilho ao levantamento do credito. De modo que não se pode
pensar que a presença dos requisitos ordinariamente suficientes
para o juiz atribuir efeito suspensivo à impugnação poderão impedir o
levantamento do dinheiro penhorado ou submeter tal levantamento à
prestação de caução.

A execução de alimentos pelo rito da expropriação possui algumas


peculiaridades. Uma delas é a possibilidade de penhorar bem de família, conforme
dispõe o artigo 3º, inciso III, da Lei 8.009/90. A outra peculiaridade está prevista no
artigo 649, parágrafo 2º, do CPC, o qual autoriza a penhora de soldos, salário,
pensões, proventos de aposentadoria, entre outros, desde que observado o
mencionado por Nelson Nery Junior (2006, p. 925):

5. Penhora de percentual de salário em execução de alimentos.


Prestações pretéritas. Inaplicabilidade da LA 16 e do CPC 649 IV.
Admite-se a penhora de parcela determinada do salário, como meio
de expropriação em execução de parcela alimentícia, importando
apenas que a constrição não afete a mantença do devedor, o que
impõe sua efetivação por meio de parcelamento, cuja extensão será
definida pelo juiz da execução (RJTJSP 283/276).

Além da execução por expropriação, outra medida que apresenta grande


efetividade é o desconto em folha de pagamento, previsto nos artigos 734 do CPC e
16 da Lei 5.478/68, porquanto o devedor praticamente não tem como inadimplir a
prestação alimentar. Ademais, constitui o meio mais rápido para conseguir o
quantum devido nas hipóteses em que o alimentante é servidor público, militar,
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação trabalhista
ou receba benefício previdenciário.
36

Há entendimentos de que o desconto em folha de pagamento é uma


obrigatoriedade, e não discricionariedade, imposta ao juiz, que deve determinar a
expedição de ofício ao empregador para proceder ao desconto dos alimentos direto
da folha de pagamento.

Cumpre referir, por oportuno, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça


acerca do desconto em folha de pagamento em sede de débito pretérito:

Ementa: EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL.


DÉBITO VENCIDO NO CURSO DA AÇÃO DE ALIMENTOS. VERBA
QUE MANTÉM O CARÁTER ALIMENTAR. DESCONTO EM FOLHA.
POSSIBILIDADE.
1. Os alimentos decorrem da solidariedade que deve haver entre os
membros da família ou parentes, visando garantir a subsistência do
alimentando, observadas sua necessidade e a possibilidade do
alimentante. Desse modo, a obrigação alimentar tem a finalidade de
preservar a vida humana, provendo-a dos meios materiais
necessários à sua digna manutenção, ressaindo nítido o evidente
interesse público no seu regular adimplemento.
2. Por um lado, a Súmula 309/STJ, ao orientar que "o débito
alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo", deixa
límpido que os alimentos vencidos no curso da ação de alimentos
ostentam também a natureza de crédito alimentar.
3. Por outro lado, os artigos 16 da Lei 5.478/1968 e 734 do Código
de Processo Civil prevêem, preferencialmente, o desconto em folha
para satisfação do crédito alimentar. Destarte, não havendo ressalva
quanto ao tempo em que perdura o débito para a efetivação da
medida, não é razoável restringir-se o alcance dos comandos
normativos para conferir proteção ao devedor de alimentos.
Precedente do STJ.
4. É possível, portanto, o desconto em folha de pagamento do
devedor de alimentos, inclusive quanto a débito pretérito, contanto
que o seja em montante razoável e que não impeça sua própria
subsistência.
5. Recurso especial parcialmente provido. (BRASIL, 2011).

Procedimento semelhante ao desconto em folha é o desconto dos aluguéis


previsto no artigo 17 da Lei 5.478/68, como menciona Luiz Guilherme Marinoni
(2007, p. 380, grifo do autor):

A Lei de Alimentos prevê a figura do desconto em aluguéis ou


quaisquer outros rendimentos do devedor (sem correspondente no
37

CPC), técnica bastante similar a que acaba de ser analisada. Tal


técnica atende a situação do alimentando que tem como devedor
alguém que não percebe remuneração determinada, mas que aufere
renda proveniente de arrendamento rural, locação de imóvel,
aplicação financeira, entre outras.
Verificando que o devedor possui fonte fixa e de fluxo mínimo
determinado de recursos, o juiz determina ao terceiro, responsável
pelo pagamento da renda ao devedor, que transfira os alimentos ao
credor, o que é suficiente para garantir-lhe o pagamento das
prestações alimentares, como acontece quando se aplica a técnica
do desconto em folha.

O artigo 733 do CPC dispõe acerca da possibilidade de prisão civil do


devedor de alimentos. Essa medida possui respaldo legal no artigo 5º, inciso LXVII,
da Constituição Federal, o qual permite, como exceção, a prisão civil por dívida
alimentar. A prisão por dívida alimentar não tem caráter de pena, é um meio
coercitivo para compelir o devedor a cumprir a obrigação.

Ressalta-se que o cumprimento da pena de prisão não exime o pagamento


das prestações pelo devedor, mas impede que ele seja preso novamente pelo
mesmo débito. Assim, pelo rito do artigo 733 do CPC, o devedor será citado
pessoalmente, para, em três dias, efetuar o pagamento do débito, provar que o fez
ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Não havendo adimplemento ou
apresentada escusa pelo devedor, o juiz decretará a prisão pelo prazo de um a três
meses.

Vale ressaltar que a execução por coerção somente pode ter como causa de
pedir o inadimplemento das três parcelas imediatamente anteriores ao ajuizamento
da ação. Nesse sentido é o entendimento de Paulo Lôbo (p. 393-394):

Tem sido entendido que os alimentos vencidos há mais de três


meses perdem a natureza alimentar, no sentido estrito, não
justificando por isso o decreto de prisão. Se o alimentando deixa
passar esse tempo, permitindo a acumulação, é porque não
necessitaria dos alimentos mais antigos para a sua subsistência
imediata, devendo cobrá-los pelos meios processuais da execução
da prestação alimentícia, prevista no art. 732 do CPC, até o limite
prescricional correspondente ao de dois anos, mediante penhora.

Inclusive, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula


309 que dispõe: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o
38

que compreende as três prestações anteriores à citação e as que se vencerem no


curso do processo.”

Conforme referido, a prisão é apenas um meio para coagir o devedor a


cumprir a obrigação que lhe fora imposta. Assim, se os alimentos foram pagos, a
prisão será suspensa; se o crédito não for satisfeito, pode o credor requerer a
execução pelo rito do artigo 732 do CPC.

2.4 Execução da prestação alimentar avoenga

Ao longo deste capítulo foi observado que para a fixação da obrigação


alimentar aos avós é necessária a comprovação da impossibilidade dos genitores
em arcar integral ou parcialmente com o sustento dos filhos. Porém, uma vez fixada
pensão alimentícia a ser paga pelos avós, de regra, estes estão sujeitos à prisão
civil da mesma forma que os demais devedores de alimentos.

O ordenamento jurídico pátrio admitiu a prisão civil, como medida de exceção,


para o devedor de alimentos. Isso porque o Poder Constituinte, conferiu maiores
garantias ao direito fundamental à vida do que à própria liberdade, estabelecendo o
rito do artigo 733 do CPC, que torna efetiva a possibilidade de coerção pessoal.

No entanto, o juiz, ao decretar a prisão civil aos avós devedores de alimentos,


deve considerar os princípios fundamentais da razoabilidade e da dignidade da
pessoa humana. Isso porque os avós normalmente são idosos, os quais estão
protegidos pelo Estatuto do Idoso (Lei Complementar 10.471/2003) justamente por
estarem em uma situação diferenciada e particular. Desse modo, o juiz ao decretar a
prisão dos avós deve ter cautela, preferindo meios mais brandos, diante das
condições físicas e psicológicas em que os idosos se apresentam

Ademais, os avós não são os principais responsáveis por prover os alimentos


dos netos, obrigação essa que é dever dos pais. Quanto a isso, prudente transcrever
parte da decisão publicada no site do Superior Tribunal de Justiça, em 10/07/2011,
com o título: “Pensão prestada pelos avós: uma obrigação subsidiária, não solidária”:
39

Mas... e quando os pais não conseguem arcar com a pensão


imposta pela Justiça? No resguardo deste direito, existe a figura da
pensão avoenga, ou seja, aquela que será prestada pelos avós do
menor, quer em substituição, quer em complementação à pensão
paga pelo pai. Dessa forma, caso o pai não pague, ou pague pouco,
os avós serão acionados para cumprirem tal obrigação (artigos 1.696
e 1.698, ambos do Código Civil de 2002).
Nesses casos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem decidindo
que não basta que o pai ou a mãe deixem de prestar alimentos. É
necessário que se comprove a impossibilidade da prestação, uma
vez que a obrigação dos avós é subsidiária e não solidária.
Isso porque a lei não atribuiu ao credor dos alimentos a faculdade de
escolher a quem pedir a pensão, uma vez que o devedor principal é
sempre o pai ou a mãe e somente na hipótese de ausência de
condições destes é que surge a obrigação dos demais ascendentes.
“A responsabilidade dos avós não é apenas sucessiva em relação à
responsabilidade dos progenitores, mas também é complementar
para o caso em que os pais não se encontrem em condições de
arcar com a totalidade da pensão, ostentando os avós, de seu turno,
possibilidades financeiras para tanto”, afirmou o então ministro
Barros Monteiro, no julgamento do Recurso Especial 70.740.
(BRASIL, 2011).

A maioria dos idosos recebe como renda benefício previdenciário, valor que
normalmente é destinado para alimentação, remédios, vestuário e habitação do
idoso. Mesmo assim, quando comprovada a impossibilidade dos pais em prestar
alimentos aos filhos, essa obrigação se transmite aos avós. Portanto, ocorrendo o
inadimplemento das prestações alimentícias, muitas vezes os juízes decretam a
prisão civil dos avós, sendo que vários dos decretos prisionais são confirmados pelo
Tribunal de Justiça. Vejamos:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE


ALIMENTOS. RITO DO ART. 733 DO CPC. OBRIGAÇÃO
AVOENGA. SUPOSTOS PROBLEMAS DE SAÚDE. JUSTIFICATIVA
INSUBSISTENTE A AFASTAR O DECRETO PRISIONAL. A
alegação de impossibilidade de pagamento da verba alimentar, em
razão da idade avançada e dos problemas de saúde apresentados
pelo devedor, avô da criança, bem assim a situação financeira
precária, não o exime da obrigação já vencida, nem elide o decreto
prisional. Ademais, consoante reiterado entendimento
jurisprudencial, não há falar na discussão do binômio
possibilidade/necessidade em sede de execução. Precedentes desta
Corte e do Egrégio STJ. PRISÃO CIVIL. CUMPRIMENTO EM
REGIME ABERTO. A prisão civil decorrente de dívida alimentar deve
ser cumprida em regime aberto. Recomendação da Circular nº 21/93
da Corregedoria-Geral da Justiça e precedentes desta Câmara.
40

Agravo de instrumento parcialmente provido, de plano. (RIO


GRANDE DO SUL, 2010).

No mesmo sentido, as decisões do Superior Tribunal de Justiça a respeito da


prisão civil dos avós por débito alimentar, tem sido no sentido de ser cabível desde
que haja comprovação da impossibilidade dos genitores em arcar com o sustento do
filho, bem como o esgotamento dos meios executivos contra os pais do menor.

Assim, considerando que na lei e nas jurisprudências atuais é possível a


decretação da prisão civil dos idosos, o Senado Federal apresentou, na data de
11/05/2012, projeto de lei n.151/2012, com objetivo de impedir a prisão do idoso
devedor de alimentos.

Tal projeto pretende alterar dispositivos do Estatuto do Idoso e da Lei de


Alimentos, acrescentando o inciso VIII ao parágrafo primeiro do artigo 10 da Lei
10.741/03 e o parágrafo quarto ao artigo 19 da Lei 5.478/68. Efetuadas tais
mudanças, ao artigo 10 do Estatuto do Idoso seria acrescida a seguinte redação:
“VIII – vedação da prisão do idoso para o pagamento de pensão alimentícia”. Por
sua vez, ao artigo 19 da Lei de Alimentos se acrescentaria: “§ 4º É vedada a
decretação da prisão do idoso para o pagamento de pensão alimentícia”.

Para melhor análise do caso, impende transcrever a justificativa apresentada


pelo Senador Paulo Paim ao apresentar o Projeto de Lei 151/2012:

Este projeto tem por objetivo impedir a prisão do idoso devedor de


alimentos.
Por causa da inadimplência do filho, o avô idoso acaba sendo preso
para o pagamento de alimentos ao neto. A verdade é que muitos
idosos são presos civilmente por causa da irresponsabilidade alheia.
Não é certo que pessoas de saúde frágil, com grandes gastos com
medicamentos, médicos e hospitais, sejam submetidas a esse tipo
de humilhação, ainda mais nesta fase da vida.
Conquanto seja legítimo o direito do menor de cobrar alimentos dos
seus ascendentes (pais e avós), essa obrigação civil não deve
chegar ao ponto de constranger o idoso com a ameaça de prisão.
Por essas razões, esperamos que a iniciativa venha a merecer o
acolhimento dos nossos ilustres pares.
41

Diante do exposto, percebe-se que é a decretação da prisão civil do idoso é


uma medida extrema, sendo importante o juiz exaurir as demais formas de execução
de alimentos antes de partir para o decreto prisional. Até porque os avós não são os
principais obrigados a arcar com o sustento dos netos, sendo que sua
responsabilidade deriva apenas da solidariedade havida entre ascendentes e
descendentes, conforme se mostrou ao longo deste trabalho.
42

CONCLUSÃO

Os alimentos são as prestações devidas, feitas para que o alimentado possa


subsistir, isto é, os alimentos são prestações com as quais podem ser satisfeitas as
necessidades vitais de quem não pode provê-las sozinho.

Cumpre referir que a obrigação de prover os alimentos aos filhos menores


cabe, via de regra, a ambos os genitores, devendo cada qual concorrer na medida
da própria disponibilidade. Assim, para a fixação de alimentos é necessário que o
titular do direito não possa manter-se sozinho e que a pessoa de quem se reclamam
possa fornecê-los sem prejuízo do seu sustento, conforme dispõe o artigo 1.694, §
1º, do Código Civil.

Para o juiz fixar os alimentos é preciso analisar o binômio necessidade do


alimentado e possibilidade do alimentante. Em caso de fixar alimentos para criança
menor de 18 anos, a jurisprudência entende que as necessidades são presumidas,
ou seja, caracteriza-se pela necessidade de alimentação, vestuário, material escolar,
habitação, transporte, entre outros.

Fixada a verba alimentar, esta passa a ser devida enquanto perdurarem as


necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante. No entanto, esta
obrigação poderá ser corrigida de acordo com as alterações das necessidades ou
das possibilidades das partes.

Com o implemento da maioridade, é necessário que o alimentante comprove


total desnecessidade do alimentando ou a sua incapacidade absoluta em prestar os
43

alimentos para ser exonerado. O simples fato de o alimentado ter atingido a


maioridade não pressupõe desnecessidade de auxílio financeiro, ainda mais se
permanece estudando e não aufere ganhos suficientes para manter-se por si só.

Os alimentos também são devidos ao nascituro. São os alimentos gravídicos


previstos na lei 11.804/08. Estes alimentos são percebidos pela gestante durante a
gravidez, abrangendo os gastos decorrentes da alimentação especial, da assistência
médica, do parto, entre outros gastos que a gestante obtiver durante o período da
gravidez,

As pessoas obrigadas a prestar alimentos umas às outras, formam uma


hierarquia no parentesco: pais e filhos; ascendentes, na ordem de proximidade com
o alimentante; descendente, observado o grau de parentesco; irmãos, unilaterais ou
bilaterais.

Ademais, para o dever de prestar alimentos ser direcionado aos avós, é


necessário prova inequívoca da insuficiência de recursos dos pais. Dispõe o artigo
1.696 do Código Civil (VADEMECUM, 2011): “O direito à prestação de alimentos é
recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os adolescentes, recaindo a
obrigação nos parentes mais próximos em grau, uns em falta dos outros”. (grifo
nosso).

Conclui-se, dessa forma, que duas circunstancias permitem a convocação do


ascendente mais remoto: a falta de ascendente em grau mais próximo ou a falta de
condições econômicas deste para fazê-lo. Assim, para a obrigação ser direcionada
apenas contra os avós, deve haver comprovação da impossibilidade dos genitores
em prestar os alimentos, incumbindo ao alimentado o ônus da prova.

Analisadas diversas formas de execução dos alimentos, vê-se que a prisão é


o meio mais eficaz para coagir o devedor a cumprir a obrigação que lhe fora
imposta. Assim, se os alimentos foram pagos, a prisão será suspensa; se o crédito
não for satisfeito, pode o credor requerer a execução pelo rito do artigo 732 do CPC.
44

É importante lembrar de que se tratando de execução contra os avós, embora seja


possível a decretação de prisão civil, os avós normalmente são idosos, os quais
estão protegidos pelo Estatuto do Idoso (Lei Complementar 10.471/2003) justamente
por estarem em uma situação diferenciada e particular. Desse modo, o juiz ao
decretar a prisão dos avós deve ter cautela, preferindo meios mais brandos, diante
das condições físicas e psicológicas em que os idosos se apresentam.
45

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