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Denise Fornea
CURITIBA
2011
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A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
CURITIBA
2011
2
Denise Fornea
CURITIBA
2011
3
TERMO DE APROVAÇÃO
Denise Fornea
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel no Curso de
Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.
__________________________________________
Eduardo de Oliveira Leite
Coordenador
Universidade Tuiuti do Paraná
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................07
2. EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO DO TEMA........................................11
RICA...............................................................................................................18
5. CONCLUSÃO...........................................................................................47
6. BIBLIOGRAFIA........................................................................................49
6
1. INTRODUÇÃO.
prisão civil.
1
A prisão prevista constitucionalmente para o depositário infiel poderá ser extinta. Proposta de Emenda à
Constituição – PEC – nesse sentido, cujo 1º signatário é o senador Augusto Botelho (PT-RR), está na pauta da
comissão de constituição, Justiça e Cidadania – CCJ, desde 25/03/2009, com parecer favorável do senador
Demóstenes Torres (DEM-GO). Acessado em 16/04/2009 – http://blog.redel.com.br/leisetribunais/2009.
2
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes”:
“LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”;
7
Mas, no entanto, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto
de São José da Costa Rica), foi incorporada no direito positivo brasileiro pelo
Decreto nº. 678/1992, e somente admite a prisão civil em caso de débito alimentar.
5.478/1968, nos artigos 16 a 193, e o Código de Processo Civil através dos artigos
732 a 7354.
deslinde do processo.
3
“Art 16. Na execução da sentença ou do acordo nas ações de alimento será observado o disposto no artigo 919
e seu parágrafo único do Código de Processo Civil”.
“Art 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em folha,
poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor,
que serão recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo Juiz”.
“Art 18. Se, mesmo assim, não for possível a satisfação do débito alimentício, o Juiz aplicará o disposto no artigo
920 do Código de Processo Civil”.
“Art 19. O Juiz, para instrução da causa, ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as
providências necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a
decretação de prisão do devedor até sessenta dias”.
4
“Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o
disposto no Capítulo IV deste Título”.
“Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exeqüente
levante mensalmente a importância da prestação”.
“Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o
devedor para, em três dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo”.
o
“§ 1 Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de um a três meses”.
o
“§ 2 O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas”.
o
“§ 3 Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão”.
“Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como
empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da
prestação alimentícia”.
“Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador por ofício, de que
constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o tempo de sua duração”.
“Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode o credor promover a
execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido no Capítulo IV deste Título”.
8
Da análise em conjunto dos dispositivos legais supracitados, verifica-se que,
O credor, desde logo, pode optar pela prisão civil do devedor de alimentos,
sentido de que a medida só poderá ser ordenada em face das 03 (três) últimas
(quatro) ou 05 (cinco) últimas ou ainda mais parcelas em atraso, sem que houvesse
5
STJ Súmula nº 309 - 27/04/2005 - DJ 04.05.2005 - Alterada - 22/03/2006 - DJ 19.04.2006
Débito Alimentar - Prisão Civil - Prestações Anteriores ao Ajuizamento da Execução e no Curso do Processo O
débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
6
A prisão civil do devedor de alimentos - Pablo Stolze Gagliano - Juiz de Direito (BA) - Professor de Direito Civil
da UFBA, do JusPodivm (BA) e do Instituto Luiz Flavio Gomes – SP
http://www.juspodivm.com.br/i/a/%7BF443AAFD-11DB-47D1-8EBF-0F73AD69EEA2%7D_026.pdf
9
afronta a Constituição Federal, já que a referida legislação não limitou a ordem de
inadimplente.
entretanto, deve ser feito uma análise mais aprofundada sobre as vantagens e
10
2. EVOLUÇÃO DO ENTENDIMENTO DO TEMA.
in natura, que uma pessoa se obriga, por força de lei, a prestar a outra. A sua
abrangência é muito maior e inclui tudo que se entende por necessário para a
lazer etc.
7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 440.
8
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 496.
9
“Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos”:
11
solidariedade familiar, pois vem a ser um dever personalíssimo, devido pelo
que no período de vigência do Código Civil de 1916 o dever alimentar possuía várias
havendo tão somente a possibilidade de não serem cobrados (art. 404)10, e esta
Já o Código Civil atual (arts. 1.694 a 1.710)12, como diz Francisco José
10
“Art. 404. Pode-se deixar de exercer, mas não se pode renunciar o direito a alimentos”.
11
“Art. 402. A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros do devedor”.
12
“Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades
de sua educação”.
o
“§ 1 Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada”.
o
“§ 2 Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de
culpa de quem os pleiteia”.
“Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento”.
“Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”.
“Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e,
faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
“Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em 1º lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar
alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,
poderão as demais ser chamadas a integrar a lide”.
“Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de
quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo”.
“Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”.
“Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e
sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor”.
12
desconhecimento ou real intenção, ou seja, não distingue a origem da obrigação, se
união estável.13
ação de alimentos regida pela Lei nº. 5.478/1968; a execução por quantia certa, do
real ou fidejussória e de usufruto (art. 21 da Lei nº. 6.515/1977)16 e, por fim, a prisão
“Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação”.
“Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-
lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694”.
“Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de
seus recursos”.
“Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a
prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação
judicial”.
“Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em
condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o
juiz o valor indispensável à sobrevivência”.
“Art. 1.705. Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao
juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça”.
“Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual”.
“Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo
crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora”.
“Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos”.
“Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em
relação ao devedor”.
“Art. 1.709. O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio”.
“Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial
regularmente estabelecido”.
13
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p.
457.
14
“Art. 649. São absolutamente impenhoráveis”:
“IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios
e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua
o
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3
deste artigo”;
15
“Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em
folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do
devedor, que serão recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz”.
16
“Art 21 - Para assegurar o pagamento da pensão alimentícia, o juiz poderá determinar a constituição de
garantia real ou fidejussória”.
13
do devedor (art. 2117 da Lei nº. 5.478/1968 e art. 733 do CPC), sendo este o cerne
Esclarece, entretanto, Cahali que o art. 1.695 do novo Código Civil não pode
17
“Art. 21. O art. 244 do Código Penal passa a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 244 - Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto
para o trabalho ou de ascendente inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa
causa, de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo:
Pena - Detenção de um ano a quatro anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive
por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada,
fixada ou majorada”.
18
Id. ib., p. 493.
19
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 510 a 517.
20
Id. ib., p. 510.
14
A lei não quer o perecimento do alimentando, mas também não deseja o
Neste entendimento, o juiz, não fixará pensões de valor exagerado, nem por
proporcionalidade.21
21
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 470.
22
LEITE, Eduardo de Oliveira. O quantum da pensão alimentícia. p. 39-40.
15
Iguaçu - Vara Única - Relator: Rafael Augusto Cassetari - Revisor: Carlos
Mauricio Ferreira- Julgamento: 12/05/2010 (16:03)
17
3. NORMAS INTERNACIONAIS – PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA.
de São José da Costa Rica, que trata da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos. O item nº 7, do art. 7º, deste Decreto, admite apenas uma forma de prisão
7. Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar.
(b) sejam aprovados pelo Congresso Nacional, em 02 (dois) turnos, pelo quorum de
3/5 (três quintos) dos votos dos respectivos membros (duas votações em cada Casa
constitucional anterior, desde que em benefício dos direitos humanos, ou seja, será
imune a supressões ou reduções futuras, diante do que dispõe o art. 60, § 4º, IV da
23
Abolição da Prisão por Dívida?
http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&coddou=4879
18
CF24 (as normas que tratam de direitos individuais não podem ser suprimidas, nem
que, com a introdução do Pacto de São José da Costa Rica, que restringe a prisão
466343/SP.
Celso de Mello, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Eros Grau, que a ela davam a
voto que proferira nesse recurso. O Min. Marco Aurélio, relativamente a essa
No RE 349703/RS (rel. orig. Min. Ilmar Galvão, rel. para o acórdão Min.
24
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta”:
“§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir”:
“IV - os direitos e garantias individuais”.
19
orientação acima foi seguida. No entanto, vale mencionar que, o Min. Celso de
subscritos pelo Brasil teriam hierarquia constitucional e não status supra legal.
87585/TO, que o Pacto de São José da Costa Rica, subscrito pelo Brasil, torna
inaplicável a legislação com ele conflitante, não havendo mais base legal para a
vejamos:
25
A prisão civil do depositário infiel na visão do Supremo Tribunal Federal - por Fernando Capez
http://jusvi.com/artigos/38208
20
prisão civil do devedor de alimentos e, conseqüentemente, não admite
mais a possibilidade de prisão civil do depositário infiel.
6. (...)
Curitiba, 25 de maio de 2010. FABIAN SCHWEITZER Relator -- 1 TJPR. AP
nº. 504.282-8. Rel. Des. Paulo Roberto Hapner. DJ 31.10.08. -- 2 TJPR. AP
nº. 522.964-3. Rel. Des. Lauri Caetano da Silva. DJ 21.11.08 3 TJPR. HC
nº. 477.643-2. Rel. Des. Vicente Del Prete Misurelli. DJ. 11.04.2008 -- 4
STJ. AgRg no REsp 801128/RJ, 4ª Turma. Rel. Min. Aldir Passarinho
Junior. J. 09.03.2006. DJ 15.05.2006 -- 5 STF. HC nº. 94702 / GO. Rel. Min.
Ellen Gracie. 2ª Turma. j. 07.10.08
21
4. FORMAS DISTINTAS DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.
(art. 734 do CPC), a expropriação (art. 646) e a coação pessoal (art. 733). O
26
ASSIS, Araken de. Da execução de alimentos e prisão do devedor. 6. ed. São Paulo: Editora Revistas do
Tribunais. 2004. p. 147.
27
Id. ib., p. 157.
22
Desse modo, após a implementação da reforma processual, a execução das
processual é única, tanto para a prática de atos cognitivos, como para a prática de
atos executórios.
uma releitura do Código de Processo Civil, no que tange à execução dos alimentos,
executado não para puní-lo, como se criminoso fosse, mas para forçá-lo
prisão, de pena não se trata. Lembrando Bellot, a prisão civil é meio de experimentar
possui.29
28
HERTEL, Daniel Roberto. Execução de alimentos e a nova técnica de cumprimento da sentença. Revista
Jurídica Consulex – Ano XII – nº. 279 – 31 de agosto/2008.
29
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 741.
23
só se decreta a prisão se o alimentante, embora solvente, frustra, ou
procura frustrar, a prestação. Se ele se acha, no entanto, impossibilitado de
fornecê-la, não se legitima a decretação da pena detentiva. A prisão por
débito alimentar reclama acurado e criterioso exame dos fatos, para vir a
ser decretada, em consonância com o princípio de hermenêutica, que
recomenda exegese estrita na compreensão das normas de caráter
30
excepcional.
Maria Berenice Dias ensina que não há distinção entre a lei e a origem do
de título executivo extrajudicial, permitem ameaçar o devedor com a prisão (art. 733
judicial é desprestigiar todo o esforço para compor o litígio feito pelos promotores,
seria a única forma de legitimar o credor ao uso da execução pelo rito da coação
em título executivo extrajudicial pode ser realizada por meio de processo em juízo
com ameaça de prisão civil (cf. REsp 1.117.639-MG, rel. Min. Massami Uyeda, j.
20/5/2010).
30
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 499, ap. Curso, cit. 37.
Ed., v. 2, p. 378-379.
31
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p.
513.
24
o acordo referendado pela Defensoria Pública sem a intervenção do
Poder Judiciário permite a ação de execução de alimentos prevista no
art. 733 da lei processual civil, isto é, com a possibilidade de expedir o
decreto prisional do obrigado alimentar inadimplente. Após o voto-
vista da Min. Nancy Andrighi, ao qual todos os Ministros aderiram,
considerou-se que a redação do art. 733 do CPC não faz referência ao
título executivo extrajudicial, porque, à época em que o CPC entrou em
vigência, a única forma de constituir obrigação de alimentos era por
título executivo judicial. Só posteriormente, em busca de meios
alternativos para a solução de conflitos, foram introduzidas, no
ordenamento jurídico, as alterações que permitiram a fixação de
alimentos em acordos extrajudiciais, dispensando a homologação
judicial. A legislação conferiu legitimidade aos acordos extrajudiciais,
reconhecendo que membros do MP e da Defensoria Pública são
idôneos e aptos para fiscalizar a regularidade do instrumento, bem
como verificar se as partes estão manifestando sua vontade livre e
consciente. Também se observou que não se poderia dar uma
interpretação literal ao art. 733 do CPC diante da análise dos
dispositivos que tratam da possibilidade de prisão civil do alimentante
e acordo extrajudicial (art. 5º, LXVII, da CF/1988; arts. 585, II, 733, § 1º e
1124-A do CPC; art. 19 da Lei n. 5.478/1968 e art.13 do Estatuto do Idoso).
Entre outros argumentos, destacou-se que a obrigação constitucional de
alimentar e a urgência de quem necessita de alimentos não poderiam
mudar com a espécie do título executivo (se judicial ou extrajudicial).
Os efeitos serão sempre nefastos à dignidade daquele que necessita
de alimentos, seja ele fixado em acordo extrajudicial ou título judicial.
Ademais, na hipótese de dívida de natureza alimentar, a própria CF/1988
excepciona a regra de proibição da prisão civil por dívida, entendendo que o
bem jurídico tutelado com a coerção pessoal sobrepõe-se ao direito de
liberdade do alimentante inadimplente. Diante do exposto, a Turma
anulou o processo desde a sentença e determinou que a execução
prossiga. REsp 1.117.639-MG, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em
32
20/5/2010.
entendimento, qual seja: o de que só cabe prisão civil para título judicial, senão
vejamos:
32
Alimentos « Divisão dos informativos do STF e STJ por matéria
10 jan. 2011 ... 733 do CPC não faz referência ao título executivo extrajudicial, porque, ... e complementar à
responsabilidade dos pais, por isso só é exigível em caso de .... Anote-se, por último, que cabe a prisão civil do
devedor de ...divisaoinformativos.wordpress.com/.../alimentos/ - Em cache - Similares
25
APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0702.06.276131-8/001 - COMARCA DE
UBERLÂNDIA - APELANTE(S): A.V.A.S. REPRESENTADO(A)(S) P/ MÃE
I.A.O. - APELADO(A)(S): C.B.S. - RELATOR: EXMO. SR. DES. ALBERTO
VILAS BOAS - ACÓRDÃO (SEGREDO DE JUSTIÇA)
Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador
EDUARDO ANDRADE, incorporando neste o relatório de fls., na
conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à
unanimidade de votos, EM NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
Belo Horizonte, 09 de novembro de 2010.
DES. ALBERTO VILAS BOAS - Relator
NOTAS TAQUIGRÁFICAS - O SR. DES. ALBERTO VILAS BOAS:
VOTO
Conheço do recurso.
Em ação de execução de alimentos, fundada em acordo referendado
pela Defensoria Pública, o Juiz a quo entendeu que o rito previsto no
art. 733, CPC somente é admissível para execução de sentença ou
decisão.
Diante disto, facultou à parte a conversão para o rito apropriado, sob pena
de extinção (f. 79), e, diante do posicionamento da ora apelante - que
entendeu adequado o rito eleito (f. 80/83) -, julgou extinta a execução, nos
termos dos arts. 267, VI c/c art. 616, CPC (f. 85/8).
Compartilho do entendimento esposado pela autoridade judiciária, data
venia.
Enfatizo, inicialmente, que participei como Revisor (Ap. Civ. nº
1.0702.07.402438-2) e Vogal (AI nº 1.0702.573014-0) nos quais o tema foi
examinado, e, em razão da contradição posteriormente por mim apurada,
reputo necessário definir o entendimento jurídico que considero mais correto
para situação como a narrada nos autos.
Com efeito, a despeito de a espécie versar sobre alimentos devidos em
razão do dever de sustento, inerente ao poder familiar existente entre
pais e filhos, considero que o acordo homologado pela Defensoria
Pública, embora viabilize a ação executiva, não enseja a prisão civil do
devedor na medida em que se trata de título executivo extrajudicial.
(...)
26
AGRAVO INSTRUMENTO - EXECUÇÃO - ALIMENTOS - ACORDO
HOMOLOGADO PELO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL - TÍTULO
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - RITO DO ARTIGO 732 DO CPC -
DESCABIMENTO DE PRISÃO CIVIL - DECISÃO MANTIDA. 01. Mesmo
que se cuide de execução de alimentos, mas em razão de estar
embasado em acordo homologado perante o Juizado Especial
Criminal, forçoso concluir que o ajuste alimentar que instruiu a ação
de execução proposta sob o rito especial do artigo 733 do CPC não
deixa de ter caráter extrajudicial e, portanto, imprestável para o fim
pretendido pelo Agravante, na medida em que o procedimento
executório por ele manejado, por conter ameaça à liberdade do
indivíduo, só pode ser utilizado quando o credor de alimentos,
conforme preceito contido na norma legal citada, o seja por força de
manifestação judicial. 02. Recurso desprovido. Unânime.
(20100020078880AGI, Relator ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível,
julgado em 28/07/2010, DJ 10/08/2010 p. 291)
PROCESSO CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS - ACORDO HOMOLOGADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO -
TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - PRISÃO CIVIL -
IMPERTINÊNCIA - DECISÃO MANTIDA. 1. O descumprimento de acordo
celebrado entre os interessados perante o Ministério Público, fixando
alimentos e sem a intervenção do Poder Judiciário, não pode ensejar a
prisão civil do devedor com apoio no art. 733 do CPC, restrito à
"execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos
provisionais". Precedentes. 2. O título executivo extrajudicial é apto
para aparelhar execução sob constrição patrimonial, mas não pedido
de prisão que, por exigência expressa do art. 733 do CPC, deve estar
embasado em título executivo judicial. 3. Agravo de Instrumento
conhecido e não provido. (20080020081980AGI, Relator HUMBERTO
ADJUTO ULHÔA, 3ª Turma Cível, julgado em 10/09/2008, DJ 22/09/2008 p.
101)
AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - ACORDO
HOMOLOGADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL - RITO DO ARTIGO 732 DO CPC - DESCABIMENTO DE
PRISÃO CIVIL - PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. 01. O que a lei
exige é que o juiz ou tribunal dê as razões de seu convencimento e não que
a decisão seja amplamente fundamentada, pois não se pode confundir
motivação sucinta com ausência de fundamentação. 02. "O título
executivo extrajudicial é apto para agasalhar execução sob constrição
patrimonial, mas não pedido de prisão que, por exigência do art. 733
do CPC, deve estar embasado em título executivo judicial". (TJRS,
Apelação Cível Nº 70008231375). 03. Recurso desprovido. Unânime.
(20070020042993AGI, Relator ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível,
julgado em 26/09/2007, DJ 14/11/2007 p. 85)
PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FORÇADA DE ACORDO SOBRE
ALIMENTOS HOMOLOGADO NO JUIZADO INFORMAL DE PEQUENAS
CAUSAS. INEFICÁCIA PARA COMPULSÃO EXECUTÓRIA DA PRISÃO
CIVIL DO DEVEDOR. I - A TRANSAÇÃO VERSANDO SOBRE
ALIMENTOS HOMOLOGADO PELO EXTINTO JUIZADO ESPECIAL DE
PEQUENAS CAUSAS, NÃO TEM EFICÁCIA EXECUTIVA PREVISTA NO
ART. 19 DA LEI DE ALIMENTOS E ART. 733 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL, SENÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, HÁBIL PARA
FUNDAMENTAR EXECUÇÃO DE CARÁTER PATRIMONIAL. II - DEU-SE
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, PARA QUE A EXECUÇÃO
PROSSIGA SOB O RITO DA CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL (CPC, ART.
646 E SEGUINTES). (APC4948898, Relator JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA,
2ª Turma Cível, julgado em 08/04/1999, DJ 09/06/1999 p. 47)
Nesse descortino, frise-se que a tutela perquirida - o pagamento da
prestação alimentícia, não restará prejudicada em face da
inaplicabilidade da medida coercitiva, uma vez que, como já
27
demonstrado, poderá ser suficientemente obtida pelos meios
executivos de constrição patrimonial.
Essas as razões por que NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento,
mantendo íntegra a r. decisão hostilizada" (Destaques no original).
Registro, por fim, que o pedido quanto ao reconhecimento da 'preclusão do
juiz' não comporta guarida, porquanto a preclusão é instituto dirigido, tão-
somente, às partes, não podendo ser estendida aos atos do julgador,
notadamente quando se refiram às questões de ordem pública, como retrata
a espécie.
Com estas considerações, nego provimento ao recurso.
Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): EDUARDO
ANDRADE e GERALDO AUGUSTO.
SÚMULA: NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
o art. 5º, LXVII da CF, “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
depositário infiel”.
de causa involuntária (caso fortuito ou força maior), não se poderá recorrer à prisão
cidadão.
28
Não podemos deixar de lembrar que após a ratificação do Pacto de São
Ainda temos que por meio da Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça o
débito alimentar dará sim autorização para a prisão civil, do alimentante que se
alimentos, bem como poderão ser cobradas também as que se vencerem no curso
do processo.34
meses, o que significa que, se a dívida for relativa há 02 (dois) anos atrás, por
exemplo, não será decretada a prisão civil do devedor, devendo para tanto, a
execução prosseguir pelo rito do art. 732 do Código de Processo Civil, pois neste
Neste sentido:
33
FACHIN, Rosana Amara Girardi. Dever alimentar para um novo direito de família. Rio de Janeiro: Renovar.
2005. p. 78.
34
Súmula nº 309 STJ - 27/04/2005 - DJ 04.05.2005 - Alterada - 22/03/2006 - DJ 19.04.2006 -Débito Alimentar -
Prisão Civil - Prestações Anteriores ao Ajuizamento da Execução e no Curso do Processo – “O débito alimentar
que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da
execução e as que se vencerem no curso do processo”.
29
ALIMENTAR - DENEGAÇÃO DA ORDEM - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 60
DESTE EG. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Em se tratando de prisão civil por
débito alimentar, o âmbito de cognoscibilidade do Habeas Corpus se
restringe ao aspecto da legalidade, isto é, se foi obedecido o devido
processo legal, se a decisão está devidamente fundamentada e foi
prolatada por juízo competente. A prisão civil é justificada pela
ATUALIDADE do débito referente às 03 (três) últimas parcelas
anteriores ao ajuizamento da Execução e vincendas durante o trâmite
processual. HABEAS CORPUS Nº 1.0000.04.412807-2/000 - COMARCA
DE BELO HORIZONTE - PACIENTE(S): MARCELO DOS SANTOS
MARTINS - COATOR(A)(ES): JD 11ª V. FAMÍLIA DA COMARCA DE BELO
HORIZONTE - RELATOR: EXMO. SR. DES. DORIVAL GUIMARÃES
PEREIRA - ACÓRDÃO (Segredo de Justiça). Vistos etc., acorda a 5ª
CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos
julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM
DENEGAR A ORDEM. Belo Horizonte, 28 de outubro de 2004.
citação do devedor para, em 03 (três) dias efetuar o pagamento, provar que o fez ou
A prisão não pode ser banalizada, mas sempre deve ser decretada quando
princípio da razoabilidade.
30
Desta forma, evidentemente, faltando quaisquer desses requisitos, é vedado
majoritária.35
prazo da prisão, resta clara ser esta, uma questão extremamente polêmica. De
acordo com o art. 733, § 1º do CPC, este prazo deve ser fixado entre 01 (um) e 03
distintas, não podendo o prazo exceder a 60 (sessenta) dias nos casos de alimentos
fixado entre 01 (um) e 03 (três) meses no caso de alimentos provisionais38 (art. 852
do CPC)39.
uma vez que os conteúdos destas espécies de alimentos não têm qualquer
31
técnicas executivas previstas no Código de Processo Civil e na Lei de Alimentos se
restrição possível.
Alimentos o limita há 60 (sessenta) dias, logo, não há dúvida de que o juiz deverá
EMENTA: - À luz da Súmula nº. 309, STJ, para se livrar da PRISÃO civil por
débito alimentar, não basta ao paciente pagar apenas as 03 (três) últimas
parcelas vencidas no período anterior ao ajuizamento da execução,
devendo fazê-lo, também, no que tange a todas aquelas que se venceram
no decorrer do processo. - Por ser especial, a norma do art. 19 da Lei nº.
5.478/68 - Lei de ALIMENTOS, que estabelece o período MÁXIMO da
PRISÃO civil por débito alimentar em 60 (sessenta) dias se sobrepõe à
32
genérica do art. 733, CPC, que autoriza o juiz decretar a PRISÃO pelo
PRAZO de 01 (um) a 03 (três) meses. HABEAS CORPUS CÍVEL N°
1.0000.10.035857-1/000 - COMARCA DE UNAÍ - PACIENTE(S):
ALEXANDRE AGUIAR - AUTORID COATORA: JD 2 V COMARCA UNAI -
RELATOR: EXMO. SR. DES. EDIVALDO GEORGE DOS SANTOS -
ACÓRDÃO. Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CÍVEL do
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do
Desembargador EDILSON FERNANDES, na conformidade da ata dos
julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM
CONCEDER PARCIALMENTE A ORDEM. Belo Horizonte, 10 de agosto de
2010.
descumprimento, de modo que o prazo total da prisão pode ser superior ao limite de
90 (noventa) dias.
execução continuará pelo rito do art. 732 do CPC, pois o simples cumprimento do
decreto prisional não obstará a continuidade da ação com o fito de ver a obrigação
do CPC).40
40
MARINONI, Luiz Guilherme e ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo Civil. v. 3. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2009. p. 392 e 393.
33
Já Athos Carneiro critica,
o asserto de que o art. 19, caput, parte final, da Lei nº. 5.478/1968 teria sido
derrogado pelo art. 733, § 1º do CPC: O juiz decretará, em qualquer caso, a prisão
do devedor, por tempo não inferior a 01 (um) nem superior a 03 (três) meses. Mas,
normas discrepantes. Argumenta que, adaptada a Lei nº. 5.478/1968 por diploma
41
“Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
“§ 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior”.
42
Lei nº. 6.014/1973 - Adaptação ao novo Código de Processo Civil as leis que menciona
34
pela lei especial, que contém “regra mais favorável ao paciente da medida
Entende Yussef Said Cahali, “contudo, que, não fixando o art. 19 da Lei nº.
dispositivo ser complementado pelo art. 733, § 1º do Código de Processo Civil, que
casos o art. 19 da Lei de Alimentos, por se tratar de lei especial, além de conter
Maria Berenice Dias não tece maiores comentários, limitando-se a citar tão
43
ASSIS, Araken de. Da execução de alimentos e prisão do devedor. 6. ed. São Paulo: Editora Revistas do
Tribunais. 2004. p. 192.
44
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 765.
45
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 499, ap. Curso, cit. 37.
Ed., v. 2, p. 503.
46
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p.
524.
35
H.C. ALIMENTOS. ALEGAÇÃO DE DESEMPREGO. ILEGALIDADE
INEXISTENTE. Não cabe em sede de habeas corpus conhecer de matéria
atinente à impossibilidade de pagamento da integralidade da pensão
alimentícia. Somente para combater ilegalidade do decreto prisional é que
se mostra adequado o writ. REGIME PRISIONAL. Conforme orientação da
Corregedoria-Geral da Justiça, através do Ofício-Circular 21/93, a prisão do
devedor de alimentos deve ser cumprida, preferencialmente, em regime
aberto. PRAZO DA PRISÃO. O prazo da prisão civil do devedor de
alimentos não pode ultrapassar 60 (sessenta) dias. (grifo nosso)
CONCEDERAM PARCIALMENTE A ORDEM, TÃO-SÓ PARA REDUZIR O
PRAZO DA PRISÃO PARA 60 (SESSENTA) DIAS E DETERMINAR O
CUMPRIMENTO EM REGIME ABERTO. (Habeas Corpus Nº 70009722182,
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil
Santos, Julgado em 29/09/2004)
36
4.3- DESCARACTERIZAÇÃO DA URGÊNCIA DA COBRANÇA.
admitido a execução, nos termos do art. 733 do Código de Processo Civil (com
descrita:
totalmente possível a mudança de ritos, do art. 773 para o art. 732 do CPC,
vejamos:
47
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Direito de Família. 7. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2007. p. 364
37
PROVIDO. Em ação de execução de alimentos, totalmente possível a
conversão da execução proposta nos termos do art. 733, CPC, na do
rito do art. 732 do mesmo 'Codex', em obediência aos princípios da
economia e celeridade processuais. (TJMG; APCV 4423614-
50.2004.8.13.0024; Belo Horizonte; Oitava Câmara Cível; Rel. Des.
Vieira de Brito; Julg. 05/08/2010; DJEMG 29/11/2010)
(TJMG; APCV 4423614-50.2004.8.13.0024; Belo Horizonte; Oitava Câmara
Cível; Rel. Des. Vieira de Brito; Julg. 05/08/2010; DJEMG 29/11/2010)
EMENTA: FAMÍLIA - EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - DÍVIDA PRETÉRITA -
INADEQUAÇÃO DO RITO DO ART. 733 DO CPC - CONVERSÃO NA DO
ART.732, CPC - ADMISSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO. Em ação de
execução de alimentos, totalmente possível a conversão da execução
proposta nos termos do art.733, CPC, na do rito do art.732 do mesmo
'Codex', em obediência aos princípios da economia e celeridade
processuais.
APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.04.442361-4/001 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - APELANTE(S): A.H.F.A. REPRESENTADO(A)(S) P/ MÃE
M.F. - APELADO(A)(S): C.A.S. - RELATOR: EXMO. SR. DES. VIEIRA DE
BRITO
ACÓRDÃO (SEGREDO DE JUSTIÇA)
Vistos etc., acorda, em Turma, a 8ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência da Desembargadora
TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO , incorporando neste o relatório
de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à
unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO AO RECURSO.
Belo Horizonte, 05 de agosto de 2010.
DES. VIEIRA DE BRITO - Relator
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
O SR. DES. VIEIRA DE BRITO:
VOTO
Trata-se de apelação cível, manejada por A.H.F.A, repdo. por sua genitora
M.F, contra a sentença proferida às f.111/112, em que MMª. Juíza de Direito
da 1ª Vara Cível desta Capital, nos autos da EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
proposta em desfavor de C.A.S, extinguiu o processo nos termos do art.794,
CPC c/c art.733, §2º, CPC, tendo em vista que o executado (apelado)
cumpriu integralmente o decreto prisional, sem quitação do débito.
O ora apelante, requereu a conversão da execução de alimentos proposta
no rito do art.733, CPC para a do art.732, do mesmo Codex, o que não foi
aceito pela preclara julgadora a quo.
Irresignado com o teor da decisão singular, A.H.F.A manejou razões de
recurso às f.116/121, requerendo, em apertada síntese, o prosseguimento
do feito com conversão do rito, para aquele previsto no art.732, CPC.
Não houve apresentação de contrarrazões. (Certidão de f.123)
Instada a se manifestar, a Cúpula Ministerial, em parecer da lavra do Dr.
Luiz Antônio de S. P. Ricardo, opinou pelo provimento do recurso.
(f.132/134).
É O BREVE RELATÓRIO.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Em exame pormenorizado do caderno probatório, tenho que a decisão
combatida carece de reforma, eis que a douta Juíza a quo não agiu com o
costumeiro acerto em sua decisão, eis que decidiu de forma totalmente
contrária aos princípios da economia e celeridade processuais.
Como se sabe, a prisão civil representa medida excepcional, só sendo
cabível ante o inadimplemento voluntário do alimentante.
O fato do apelado não ter pago o pensionamento e ter sido preso em razão
de sua inadimplência não o exime da execução patrimonial, todavia, negar a
conversão pleiteada pelo apelante se afigura, com a devida vênia, medida
38
que afronta a economia processual, bem como a celeridade da prestação
jurisdicional.
No caso vertente, tenho que a conversão postulada pelo apelante
apresenta-se totalmente cabível, qual seja, converter a execução fundada
no art. 733 do Digesto Processual Civil, naquela prevista no art. 732 do
referido Diploma Processual.
Assim, entendo que não deve a execução prosseguir sob o rito do art. 733
do CPC, mas sim, transmudar-se para a prevista no art. 732 do mesmo
Codex.
Isto posto, mediante tais considerações, com supedâneo nos princípios da
economia processual e celeridade, DOU PROVIMENTO AO RECURSO,
para anular a sentença de primeiro grau, determinando o prosseguimento
da execução pelo rito do art. 732 do Código de Processo Civil.
Custas, ex lege.
É como voto.
Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es):
BITENCOURT MARCONDES e FERNANDO BOTELHO.
SÚMULA : DERAM PROVIMENTO AO RECURSO.
39
2. O presente recurso merece ser desprovido de plano, visto que
manifestamente improcedente, o que autoriza julgamento singular, nos
termos do art. 557, caput, CPC.
A execução de alimentos, pelo rito da coerção pessoal, abrange as três
parcelas imediatamente anteriores ao ajuizamento da execução, bem como
aquelas que se vencerem no curso da demanda, por força do art. 290 do
CPC.
Exame dos autos demonstra que a exequente manifestou-se pelo
prosseguimento da execução de parcelas posteriores ao ajuizamento da
ação, apurado o valor devido pela contadoria (fl. 347), pelo rito
expropriatório do art. 732 do CPC.
Nesse sentido, jurisprudência desta Corte:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. RITO DO
ART. 733 DO CPC. PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR. PROSSEGUIMENTO
DA EXECUÇÃO. COBRANÇA DAS PARCELAS VENCIDAS NO CURSO
DA AÇÃO. ADMISSIBILIDADE. A extinção da execução pressupõe a
quitação de todas parcelas devidas pelo devedor de alimentos. Após
cumprida a prisão civil pelo devedor da verba alimentar, cabe o
prosseguimento do feito para pagamento das parcelas vencidas
posteriormente, pelo rito do art. 733 do CPC. Aplicação da Súmula 309 do
STJ e da Conclusão n.º 23.º do Centro de Estudos deste Tribunal.
Precedentes desta Corte. Sentença de extinção da execução desconstituída
para prosseguimento da ação em relação às parcelas remanescentes e
inadimplidas. DERAM PROVIMENTO A APELAÇÃO E
DESCONSTITUÍRAM A SENTENÇA. (Apelação Cível Nº 70035396977,
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz
Planella Villarinho, Julgado em 22/09/2010)
A questão foi bem enfrentada pelo digno agente do Ministério Público, Dr.
Roberto Bandeira Pereira, razão pelo qual acolho e agrego suas
ponderações como razão de decidir, até para evitar tautologia, exaradas
nos seguintes termos:
No mérito, entende o Signatário que o recurso deve ser desprovido.
A decisão agravada encontra-se em consonância com o entendimento
jurisprudencial acerca do tema. É cediço na Corte local que as parcelas
vencidas no curso da demanda devem ser incluídas na cobrança. Nesse
sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.
RITO EXPROPRIATÓRIO. INCLUSÃO DAS PARCELAS QUE SE
VENCERAM NO CURSO DA AÇÃO. POSSIBILIDADE. PRESTAÇÕES
SUCESSIVAS. ART. 290 DO CPC. Tratando-se de cobrança de débito
alimentar, cujas prestações são periódicas, ou seja, trato sucessivo, as
parcelas vincendas devem ser incluídas na execução pelo rito do art. 732 do
CPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de
Instrumento Nº 70030044838, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: José Conrado de Souza Júnior, Julgado em 12/08/2009)
Outrossim, no caso em tela, considerando que o alimentante permaneceu
inadimplente desde o início da cobrança, limitando-se a realizar, apenas,
pagamentos parciais, cabível o prosseguimento da execução pelos valores
apurados pela contadoria, porquanto tais quantias englobam parte das
parcelas vencidas desde antes do ajuizamento.
Por outro lado, não havendo mais atualidade do débito, mostra-se
correta a conversão do rito da execução para o expropriatório (art. 732
do CPC), conforme determinado pelo julgador monocrático.
Por derradeiro, descabe o pedido de litigância de má fé, veiculado pela
agravada, uma vez que não configurada quaisquer das hipóteses previstas
no artigo 17 do CPC.
Deste modo, manifesta a improcedência do agravo de instrumento, que se
impõe reconhecida de logo, na esteira dos precedentes desta Corte, até
para evitar desdobramentos desnecessários e que só protrairiam o
desfecho, já sabido, do recurso.
40
Nestes termos, nego provimento ao agravo de instrumento, pois
manifestamente improcedente, nos termos do art. 557, caput, CPC.
Porto Alegre, 1º de outubro de 2010.
Des. Jorge Luís Dall´Agnol, Relator.
Fácil o entendimento do por que da mudança de ritos, este visa, tão somente
jurisdicional, ou seja, o menor número de atos, bem como o aproveitamento dos atos
que não forem prejudicados pelo vício, desde que não traga prejuízo para as partes,
uma justiça rápida e de baixo custo, tanto para as partes como para o Estado,
alimentícia inicie a execução de alimentos por meio do instituto do art. 732 do CPC,
sucesso no feito, se valer do art. 733 do mesmo diploma legal para ver o seu
objetivo cumprido.
48
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais - APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0607.03.014621-3/001.
41
obsta que primeiramente tente a penhora de bens do executado, como
na espécie e, uma vez frustrada a execução pelo rito comum, valha-se
a exeqüente da ameaça do Decreto prisional. - Na execução de
alimentos, prevista pelo artigo 733 da Lei Processual Civil, ilegítima se
afigura a prisão civil do devedor fundada no inadimplemento de prestações
pretéritas, assim consideradas as anteriores às três últimas prestações
vencidas antes do ajuizamento da execução. - Recurso parcialmente
conhecido e, nessa extensão, provido. (STJ; RESP 216560; SP; Quarta
Turma; Rel. Min. Francisco Cesar Asfor Rocha; Julg. 28/11/2000; DJU
05/03/2001; pág. 00169)
prestação alimentícia.
que, embora possua meios necessários para saldar a dívida, procura protelar a
quitação.
alimentando/a. Infelizmente ainda ocorre que aquele que gera somente repassa a
verba alimentar devida a seus filhos diante da perspectiva de ser aprisionado, não
podendo então, de outra forma o julgador tirar a urgência quando a situação se tratar
de prestação alimentícia.
42
4.4- FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL.
Pois, bem, este artigo dispõe que a coerção pessoal será devida em relação
execução das dívidas que têm caráter patrimonial, poderão ser cobradas por meio
coação pessoal do alimentante devedor para que o mesmo cumpra com o acordado
jurisprudenciais,
49
“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”;
50
Revista Jurídica Cesumar – Mestrado – v. 4. 2004. p. 431
43
Yussef Said Cahali ressalta que em função de sua excepcionalidade, como
meio coercitivo que se dirige contra a liberdade do indivíduo, garantida pelo Estado,
não se admite a prisão civil por alimentos senão, em virtude de lei. Exatamente por
isso, a prisão civil por dívida, é cabível apenas no caso dos alimentos previstos nos
arts. 1.566, III, e 1.694 do atual Código Civil, que constituem relação de direito de
família.
que “não haverá prisão por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
Alimentos, cujo art. 19 dispõe que “o juiz, para instrução da causa, ou na execução
decretação de prisão do devedor até sessenta dias”; enquanto o art. 18 faz remissão
igualmente à execução da sentença de alimentos, “na forma dos arts. 732, 733 e
Mas, assimétrico, prescreve o art. 733 do Código de Processo Civil que, “na
mandará citar o devedor para, em três dias, efetuar o pagamento, provar que o fez
51
O art. 153, § 17, da CF de 1967, c/c a EC nº. 1/69, referia-se apenas a ‘inadimplemento de obrigação
alimentar, na forma da lei”.
52
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 5. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 743.
44
No entendimento de Rosana Amara Girardi Fachin, afigura-se razoável,
cidadão (conforme assegurado pelo caput do artigo 5º, consonante), e em face dos
trabalho.
Continua, salientando estar com inteira razão à doutrina que enfoca o centro
traçado pela Constituição, qual seja, repita-se, a edificação de uma sociedade mais
53
FACHIN, Rosana Amara Girardi. Dever alimentar para um novo direito de família. Rio de Janeiro: Renovar.
2005. p. 3.
45
supranacionais como o Pacto de São José da Costa Rica, dentre outros, revelando
não só a questão ética da prisão civil por dívida frente a esses mecanismos legais
54
FACHIN, Rosana Amara Girardi. Dever alimentar para um novo direito de família. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. p. 4.
46
5. CONCLUSÃO.
sucinta, as estruturas que regulam o instituto da prisão civil por dívida alimentar, no
alimentícia.
Embora a prisão civil seja feita por meio do artigo 733 do Código de
alimentos, mas, é a maneira que consegue atingir com mais precisão o alimentante
pagar os alimentos devidos, mais sim, somente uma fase passageira de dificuldade
que estapafúrdios, para o não adimplemento das pensões alimentícias, quais sejam:
filhos e do lar, a guarda mesmo que provisória dada às mães, enfim, infindáveis
Mas, o grande celeuma está no lapso temporal para ser concluída uma
execução de alimentos, independente do meio utilizado: art. 733 (prisão civil) ou art.
732 (expropriação).
47
As Varas ou Secretarias de Família estão abarrotadas de processos de
Execução de Alimentos que se arrastam por anos, dificultando e muito a vida dos
guarda tendo que buscar outras alternativas para o sustento dos filhos, os quais
devem ter suas necessidades diárias supridas, não podem aguardar o deslinde do
litígio.
O ideal seriam os acordos, que, aliás, são uma tendência positiva que vem
Justiça.
Mas há um longo caminho a ser percorrido até que essa seja a regra geral.
posso vir a fazer diferença, atuando com dignidade, respeito pelo próximo, amor a
profissão.
senso.
48
6. BIBLIOGRAFIA.
Paulo, 2004.
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 4ª edição, de acordo com o Novo Código Civil.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5ª edição. Revista dos
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 5. Direito de Família. 24ª
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. VI. Direito de Família. 6ª
LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado. Vol. 5. Direito de Família. São
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Vol. VI. Direito de Família. 9ª edição. São
49