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Ano
RIO GRANDE
2021
DRIELY MACHADO PEREIRA
Rio Grande
2021
DRIELY MACHADO PEREIRA
BANCA EXAMINADORA
Agradeço imensamente aos meus pais Daniel Campos Pereira e Tania Mariza
Machado Pereira, que sempre me apoiaram em todas as decisões que tive em minha
vida e por todo incentivo e ajuda ao longo de minha trajetória acadêmica, por terem
sempre feito o possível e impossível para me ajudar, acreditando no meu potencial e
torcendo pela minha vitória.
Agradeço também aos professores maravilhosos desta instituição, pela
paciência e dedicação para com os alunos e por todo o conhecimento compartilhado
conosco.
Me sinto muito feliz pela conquista da minha primeira formação acadêmica, e
privilegiada por todas as pessoas maravilhosas que fizeram parte desta importante
fase da minha vida, direta ou indiretamente.
Sou grata a todos que acreditaram em mim e que torcem pelo meu sucesso,
pois apesar do aminho até aqui não ter sido nem um pouco fácil, e que mesmo diante
de todas as dificuldades, desistir nunca foi e nunca será uma opção.
Deixo aqui demonstrado todo meu agradecimento pelas oportunidades me
foram concedidas ao longo desses 5 anos, e reitero toda minha felicidade, pois hoje
sou uma pessoa melhor, mais confiante, que luta e acredita na justiça e em uma
sociedade mais igualitária.
“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça
em qualquer lugar.”
Martin Luther King
PEREIRA, Driely Machado. A controversa execução provisória da pena em
condenações no tribunal do júri. 2021. 29 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera, Rio Grande, 2021.
RESUMO
ABSTRACT
The provisional execution of the sentence is a subject of intense legal debates and of
great repercussion. There are countless favorable and unfavorable arguments to the
amendments resulting from Law 13.964 / 2019, which demonstrates the importance
of dialoguing on the subject at hand, through the possibility of the penalty being
applied in advance to injure some fundamental rights present in our law, which can
end up generating immeasurable losses both for the person directly affected and for
society in the face of the feeling of legal insecurity caused in the face of the state's
interest in punishing, which wants to prove effective overrides the rights protected in
a stiff clause in the constitution. The general objective of this work is to study about
the (in) constitutionality of the provisional execution of the sentence after a 1st
degree sentence in the jury court, as well as the consequences, using the
bibliographic review as methodology, in order to talk about the path taken throughout
history at the jury institute and its guiding principles, analyzing the changes arising
from the anti-crime package within the scope of the jury court, also pointing out the
legal understandings about the early execution and the possibility of suspensive
effect on the appeal. Controversial understandings were found, of which they are
diverse, but the paramount importance is to guarantee what the constitution values,
in order to prevent possible injustices.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. A ORIGEM HISTORICA DO TRIBUNAL DO JÚRI NO DIREITO BRASILEIRO
E SEUS PRINCÍPIOS NORTEADORES ................................................................... 15
3. A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA ADVINDA DO PACOTE ANTICRIME
NO ÂMBITO DO TRIBUNAL DO JÚRI ..................................................................... 20
4. OS CONTROVERSOS ENTENDIMENTOS ACERCA DA EXCECUÇÃO
PROVISÓRIA ............................................................................................................ 24
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.7
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 278
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1. INTRODUÇÃO
Segundo NUCCI (2008), nota-se que o princípio do sigilo das votações, que
diferente da regra geral da publicidade dos atos jurisdicionais que serve de garantia
para a imparcialidade do juiz togado, no tribunal do júri a lógica se torna inversa, onde
ninguém deve saber como cada jurado decidiu, sendo aberto na votação somente os
quatro primeiros votos que sendo iguais fará com que não sejam abertos os demais
para que não se saiba como os jurados decidiram cada quesito, decidindo por seu
íntimo, sem ter que motivar sua decisão.
Ao falar de soberania dos vereditos, nota-se segundo NUCCI (2008), que a
decisão do conselho de sentença deverá ser acatada pelo juiz togado que preside o
júri, pois a mesma é imutável, e ainda, sequer o tribunal de justiça poderá alterar a
decisão do júri, podendo apenas, em eventual recurso das partes, caso a decisão seja
completamente contraria as provas dos autos, designar o réu à um novo julgamento
pelo tribunal do júri.
Nota-se que ao nos deparar com a possibilidade de um tribunal formado por
juízes de direito reexaminar a decisão dada pelos jurados, poderia estar anulando a
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competência do tribunal do júri, uma vez que contraria a soberania dos veredictos
garantido pela carta magna.
Em suma o princípio, todavia, não é absoluto, pois é possível em sede de
apelação, que seja feito um novo julgamento pelo júri se o tribunal de instância
superior entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contraria à prova os
autos.
Urge enfatizar que o proposito deste princípio é fazer com que o veredicto do
júri tenha soberania sobre o mérito da causa, e usar-se desta soberania para legalizar
outra situação que nada tenha a ver com o mérito é estar indo contra o que foi
determinado por lei.
Todavia, uma vez que a soberania dos veredictos resta ligada ao mérito da
decisão, entende-se que a utilização de tal princípio para legalizar uma antecipação
de prisão não se torna suficiente, pois diante a necessidade de prisão do réu, quando
previstos os requisitos em lei, resta a possibilidade do juiz presidente utilizar-se da
prisão preventiva, ao que não justifica assim a utilização deste principio como forma
de uma execução provisória da pena.
Ao apontar as diversas correntes de doutrinadores, o princípio da presunção
de inocência, previsto na Declaração universal dos direitos humanos, em seu art. 9º e
11º, e o princípio da não-culpabilidade previsto no art.5º, inciso LVII, da constituição
federal, nota-se a importância de frisar que sua aplicabilidade serve para evitar o
excesso do estado, como a máxima do “in dubio pro reo”, que para Renato Brasileiro:
Como Lenza (2011), explica que o fato da prisão do acusado, antes do trânsito
de sentença penal condenatória, trairia o princípio da presunção de inocência.
Alexandre de Morais (2007), explica que o princípio é a base para o Estado de
Direito, no qual visa a liberdade pessoal, diante da necessidade de o estado
comprovar a culpa do indivíduo, para não correr o risco de um estado opositor de suas
vontades.
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Toda vez que vemos uma destas disposições não sendo observada na prática,
não vemos apenas uma irregularidade, mas também uma inconstitucionalidade, pois
não se pode pensar no fato de que uma execução penal não se balize pelos princípios
e direitos garantidos na constituição.
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soberano não é absoluto, não sendo assim uma justificativa para uma execução
imediata. A decisão emitida por um júri deve ser equiparada à uma decisão de um
tribunal, pois os acórdãos por eles proferidos é feito após um debate qualificado entre
os integrantes daquele colegiado, oque não ocorre no tribunal do júri, onde a
incomunicabilidade é regra. Logo, utilizar-se da justificativa do júri ser um órgão
colegiado é uma falha.
Ao analisar o julgado do Supremo Tribunal Federal sob o habeas corpus 84.078
em 2009 considerando impossível a execução da pena antes do transito em julgado
da sentença condenatória, sendo passível de execução somente diante necessidade,
e presentes os requisitos que fosse feita por meio de prisão preventiva, notou-se a
preocupação do julgador em respeitar os princípios e os direitos fundamentais.
Já em 17 de fevereiro de 2016, no julgamento do habeas corpus 126.292, esse
entendimento foi modificado em relação ao anterior, ao estabelecer a possibilidade de
execução da pena logo após a decisão do recurso, em segunda instância, oque
provocou diversos debates a respeito de sua (in)constitucionalidade, no que
preconiza:
O argumento central dos que advogam a tese de que a pena não pode ser
executada até que a sentença condenatória se torne definitiva se baseia no
ar. 5º, inc. LVII, da Constituição Federal, segundo o qual “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”. Tamanha foi a celeuma que, no mesmo ano, foram ajuizadas
duas ações declaratórias de constitucionalidade (43 e 44), nas quais se
pretendia a declaração de plena vigência a compatibilidade constitucional do
art. 283 do CPP, que dispõe: “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciaria
competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária
ou prisão preventiva”. Pretendia-se, com isso, evitar os efeitos da decisão
tomada no habeas corpus já citado, ou seja, que a prisão se tornasse possível
após julgamento de recursos em segunda instância (CUNHA, 2020, p.306).
Nota-se que tais debates foram se suma importância para o direito brasileiro,
pois a partir deles o supremo tribunal federal indeferiu medida cautelar suspendendo
as execuções antecipadas em curso enquanto não fosse julgado o mérito das ações
constitucionais, ato este visto como um acatamento ao que resguarda a Constituição.
No ano de 2018 foi ajuizada uma nova ação de constitucionalidade (54).
Como marco do transito em julgado, segundo CUNHA (2020), o julgamento das
três ações de constitucionalidade, onde decidiu-se em executar a pena após o
esgotamento dos recursos cabíveis.
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Nota-se que no parágrafo 4º, diz que não terá efeito suspensivo quando da
apelação interposta contra decisão condenatória do júri em casos com pena igual ou
superior a 15 anos de detenção, no qual comenta:
Assim sendo, a alteração legislativa do parágrafo 4º, retira o efeito suspensivo
do recurso de apelação das decisões do tribunal do júri quando as penas
aplicadas sejam superiores a 15 anos, mas confere ao relator da apelação a
possibilidade de conceder este efeito caso entenda que o recurso não é
protelatório. Essa redação além de confusa, desconsidera o fundamento do
próprio recurso (FAUCZ, 2020).
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Por isso, ficamos sem entender o que buscou o legislador ao descrever que
um dos requisitos para o efeito suspensivo é a presença de “questão
substancial que possa resultar em absolvição” (CUNHA, 2020, p. 308-309).
Insta salientar que o tema em comenta foi tema de várias ações diretas de
inconstitucionalidade, dentre eles feitos pela Ordem dos advogados do brasil sob o nº
6783, no qual o órgão entende que a norma desrespeita o princípio da coerência,
unidade e completude do ordenamento jurídico, bem como o princípio da presunção
de inocência, pedindo a concessão de medida cautelar para a suspensão imediata da
aplicação prevista no artigo 492, I, alínea “e”, e parágrafos 3º, 4º, 5º e 6º do código de
processo penal, pela redação dada pelo artigo 3º da lei 13.964/2019.A associação
Brasileira dos advogados criminalistas ajuizou também uma ação direta de
inconstitucionalidade, sob o nº 6735, onde entende, também, que a norma viola o
princípio da presunção de inocência, e que ainda o dispositivo contraria a decisão do
Supremo no julgamento conjunto das ações declaratórias de constitucionalidade
43,44 e 54, no qual foi reconhecido que a execução provisória não é admitida, nos
termos da constituição, onde segundo a entidade, a norma afronta a ordem
constitucional.
Se tratando ainda em matéria de (in)constitucionalidade do referido artigo,
temos a corrente doutrinaria que defende a sua constitucionalidade, representada por
Renato B. de lima, no qual:
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
LOPES JUNIOR, Aury; ROSA, Alexandre Morais da. Prisão obrigatória no júri é
mais uma vez inconstitucional. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-
jan-31/limite-penal-prisao-obrigatoria-juri-vez-inconstitucional.htm>. Acesso em: 12
abr.2021.
MORAIS, Alexandre de. direito constitucional. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2007.