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CENTRO UNIVERSITÁRIO JOAQUIM NABUCO


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

JOSÉ IVO PEREIRA JÚNIOR


MARIA LÚCIA DA SILVA CABRAL
TACIANA MARIA DA SILVA
ROSANGELA RAFAEL DE B. SANTOS

DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES NO


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
BREVES COMENTÁRIOS

RECIFE / PE
2020
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JOSÉ IVO PEREIRA JÚNIOR


MARIA LÚCIA DA SILVA CABRAL
TACIANA MARIA DA SILVA
ROSANGELA RAFAEL DE B. SANTOS

DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES NO


CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
BREVES COMENTÁRIOS

Trabalho de pesquisa científica apresentado ao


Curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário
Joaquim Nabuco (UNINABUCO), na área de concentração
de Direito Processual Penal, como requisito de avaliação
da 1ª. (primeira) prova da disciplina Direito Processual
Penal II, pertencente ao 6º. período do curso (6NA).

Orientador: Prof. Carlos Frederico Vasconcellos


Monteiro Rosa.

RECIFE / PE
2020
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“É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa.


Mas graça das graças é não desistir nunca”.

Dom Hélder Câmara (1909-1999), Bispo Católico.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................... 05

1 QUESTÕES PREJUDICIAIS....................................................................... 06

2 PROCESSOS INCIDENTES........................................................................ 09

2.1 Das exceções.............................................................................................................. 09

2.2 Incompatibilidades e Impedimentos.......................................................................... 14

2.3 Conflito de Jurisdição e de Competência.................................................................. 14

2.4 Da restituição das coisas apreendidas........................................................................ 15

2.5 Medidas assecuratórias.............................................................................................. 18


2.5.1 Sequestro.................................................................................................................... 19
2.5.2 Hipoteca legal............................................................................................................. 21
2.5.3 Arresto....................................................................................................................... 22

2.6 Do incidente de falsidade.......................................................................................... 22

2.7 Da insanidade mental do acusado............................................................................. 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 25

REFERÊNCIAS............................................................................................ 27
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INTRODUÇÃO

O Código de Processo Penal (decreto-lei nº. 3.689, de 03 de outubro de 1941)


apresenta em seu TÍTULO VI, as chamadas questões e processos incidentais. É importante
lembrar que ao longo de um processo judicial (procedimento), questões incidentais podem
ocorrer e que exige do juiz uma decisão antes de adentrar no chamado mérito da causa
principal. Portanto, questões incidentais são prévias, ou seja, faz-se necessária a análise e
deliberação da mesma antes de prosseguir com o exame da causa principal. Neste sentido,
Noronha (2002) apud Távora & Alencar (2012, p. 315) explica que as questões incidentais
“podem incidir, isto é, sobrevir, apresentar-se, implicando a ideia de eventualidade e não
obrigatoriedade. É incidente o que é eventual”.
Didaticamente, em consonância com a maior parte da doutrina, Julio Fabbrini
Mirabete separa as questões incidentais em questões prejudiciais e processos incidentes.
Esta divisão se apresenta em capítulos no próprio Código de Processo Penal (CPP). Fabbrini
(2003) apud Távora & Alencar (2012, p. 315-316) esclarecer que as questões prejudiciais se
diferenciam dos processos incidentais, por que as primeiras devem ser “resolvidas
previamente porque se ligam ao mérito da questão principal”, enquanto que, por seu turno, os
processos incidentes em sentido estrito da palavra, “dizem respeito ao processo”, o que
possibilita a resolução “pelo próprio juiz criminal”.
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1 QUESTÕES PREJUDICIAIS

Inicialmente, faz-se necessário compreender o que vem a serem as denominadas


questões prejudiciais. Pela expressão prejudicial deve-se entender como algo que é um
antecedente lógico, que reivindica uma decisão judicial, porque está ligada ao mérito da
causa. Nas palavras do renomado autor Antonio Scarance Fernandes, tem-se:
A questão prejudicial se caracteriza por ser um antecedente lógico e
necessário da prejudicada, cuja solução condiciona o teor do julgamento
desta, trazendo ainda consigo a possibilidade de se constituir em objeto de
processo autônomo (FERNANDES, 1988 apud TÁVORA & ALENCAR,
2012, p. 317).

Portanto, as questões prejudiciais impedem a análise e deliberação do mérito da causa


principal, podendo se constituir em um processo autônomo, porque esta é uma das
características das questões prejudiciais: autonomia e possiblidade de serem julgadas por
outra jurisdição, diversa da esfera penal, como por exemplo, jurisdição cível. Neste sentido, a
doutrina nos traz um exemplo clássico para ilustrar as explicações. É o caso do crime de
bigamia (art. 235 do Código Penal). Neste suposto exemplo, caso paire dúvida quanto ao
estado civil do indiciado, não se pode apreciar o mérito do possível crime de bigamia e, assim
sendo, o juiz criminal fica na dependência de decisão do juiz da vara cível. Portanto, o
processo criminal fica suspenso até a deliberação acerca do real estado civil do réu ou
indiciado.
O próprio artigo 92 do Código de Processo Penal apresenta claramente esta
explicação, quando afirma que:
Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das
pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja
a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo,
entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza
urgente (BRASIL, Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941). Grifos
nossos.

Neste mesmo viés de raciocínio, o professor e doutrinador Aury Lopes Júnior (2019,
p. 313) explica de forma facilitada que “é necessário que a solução da controvérsia afete a
própria decisão sobre a existência do crime” (...). Obviamente, por que no exemplo
supramencionado, caso não haja casamento anterior, não se pode falar em crime de bigamia.
Assim, “em última análise, a prova de existência do crime depende de solução, na esfera
cível, dessa questão. Nisso reside sua prejudicialidade: na impossibilidade de uma correta
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decisão penal sem o prévio julgamento da questão” (LOPES JÚNIOR, 2019, p. 313). Grifos
do autor.
Dentre as diversas classificações doutrinárias acerca das questões prejudiciais, neste
momento, é mister destacar a distinção entre prejudiciais obrigatórias e facultativas. As
questões prejudiciais obrigatórias são assim denominadas porque necessariamente obrigam a
suspensão do processo, especificamente nos casos que dependem da deliberação prévia
acerca do estado civil das pessoas (art. 92 do CPP), bem como suspendem os prazos
prescricionais (art. 116, I, CP), “até o trânsito em julgado da decisão no cível, sem prejuízo,
na esfera crime, da realização de providências urgentes” (LIMA apud TÁVORA &
ALENCAR, 2012, p. 316-317).
Na mesma linha de raciocínio sobre questões prejudiciais obrigatórias, Aury Lopes
Júnior, nos traz um exemplo bem interessante, quando nos explica que de forma análoga, “não
há que se falar em sonegação fiscal sem a constituição definitiva do débito, ou seja, sem o
esgotamento das vias administrativas” (LOPES JÚNIOR, 2019, p. 314). Isto, claramente,
porque se não há débito, não há condições em se falar em crime de sonegação fiscal. É o que
se chama em Direito Penal de elementares do tipo, isto é, conditio sine qua non (sem a
condição anteriormente comprovada), a conduta passa a ser atípica de forma absoluta.
Por sua vez, as questões prejudiciais facultativas são àquelas que o julgamento acerca
da existência do crime depende de solução de questão diversa do estado civil das pessoas
indiciadas. Neste caso, trata-se de uma prerrogativa do juiz a deliberação acerca da suspensão
(ou não) do processo criminal. O art. 93 do Código de Processo Penal nos apresenta as
seguintes definições:
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da
competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para
resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender
o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das
outras provas de natureza urgente (BRASIL, Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941). Grifos nossos.

Os autores Távora e Alencar (2012, p. 319) reportam situação bem didática para
entendimento das questões prejudiciais facultativas, quanto apresenta que “na discussão sobre
a titularidade do bem no delito de furto, quando o réu afirma que a coisa lhe pertence” em tese
de defesa, com o objetivo de reconhecimento de atipicidade do fato, caberá ao juiz se irá ou
não suspender o processo criminal, ou seja, se ficará no aguardo de uma decisão sobre a
matéria de propriedade na esfera cível.
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Lopes Júnior depreende do supracitado artigo que há alguns requisitos significativos


para existência da questão prejudicial facultativa, quais sejam:
A questão deve versar sobre circunstância elementar, relacionada à
existência do crime; já existir ação civil sobre a matéria em andamento; deve
versar sobre questão cível que não seja “estado civil das pessoas” e
tampouco sobre direito cuja prova a lei civil limite; a questão deve ser de
difícil solução (LOPES JÚNIOR, 2019, p. 315).

Em assim sendo, o magistrado de ofício ou a requerimento das partes decidirá acerca


da suspensão ou não do processo penal, fixando um prazo de suspensão, que cabe
prorrogação. Lopes Júnior (idem) ainda alerta para o princípio constitucional da duração
razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação, previsto no art.
5º., LXXVIII da Constituição Federal de 1988.
No que diz respeito à natureza jurídica das questões prejudiciais, vale salientar que –
salvo algumas divergências doutrinárias – está representada em uma conexão entre questão
prejudicial e prejudicada, em que há uma interligação lógica de dependência, ou seja, um
nexo necessário. Leone apud Lopes Júnior (2019, p. 316) reforça que as questões prejudiciais
possuem uma inegável vinculação ao mérito da causa para afirmar que ela se refere ao tema
das relações entre jurisdições. A doutrina alienígena trata este tema como uma relação entre
“jurisdição penal e outras jurisdições” ou “limites ou âmbito objetivo de ordem jurisdicional
penal” (conforme DOMINGUEZ, 1996 apud LOPES JÚNIOR, 2019, p. 313).
No Brasil, a solução para as questões prejudiciais é realizada por meio do sistema
eclético, isto é, as decisões sobre questões prejudiciais dependerão de disciplinamento legal
aplicável ao caso em concreto, podendo ser tanto decidida pelo juízo criminal, como pelo
juízo cível, a depender de cada situação (TÁVORA & ALENCAR, 2012).
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2 PROCESSOS INCIDENTES

2.1 DAS EXCEÇÕES

O capítulo 02 do título IV do Código de Processo Penal inicia os chamados processos


incidentes, especificamente, pelas chamadas EXCEÇÕES. Trata-se de meios de defesa
indireta, porque não atingem o núcleo central da questão criminal, que podem ser alegadas
pelo acusado como forma e tentativa de extinção ou procrastinação do processo (TÁVORA &
ALENCAR, 2012).
Pela doutrina, as exceções são subdivididas em 02 (dois) tipos: as exceções dilatórias
e as exceções peremptórias. Nas explicações do ilustre doutrinador Aury Lopes Júnior:
As exceções dilatórias são aquelas que não conduzem à extinção do
processo, senão que dilatam seu curso pela necessidade de resolução do
ponto atacado. Nessa linha situam-se as exceções de suspeição,
ilegitimidade da parte e incompetência do juízo. Tais questões apenas
dilatam a discussão, sem, contudo, conduzir à extinção do processo. Noutra
dimensão situam-se as exceções peremptórias, na medida em que, uma vez
acolhida, extinguem o processo. São os casos de litispendência e coisa
julgada (LOPES JÚNIOR, 2019, p. 316).

Portanto, as exceções dilatórias são assim chamadas porque provocam procrastinação


ou dilatação do curso processual, na medida em que atacam pressupostos processuais e
condições da ação que exigem resolução prévia ao avanço do processo, tais como, suspeição
do juízo, ilegitimidade da parte ou incompetência do magistrado. Por seu turno, as exceções
peremptórias, com base no princípio no bis in idem, extinguem o processo sem resolução do
mérito, que seja porque o mérito já fora julgado (coisa julgada) ou por litispendência no
processo penal, isto é, “duplicidade de acusações em curso relativas ao mesmo réu, pelo
mesmo fato” (LOPES JÚNIOR, 2019, p. 329).
O art. 95 do Decreto-Lei nº. 3.689/1941 apresenta as exceções previstas em nosso
Direito Processual Penal, quais sejam: I - suspeição; II - incompetência de juízo; III -
litispendência; IV - ilegitimidade de parte; V - coisa julgada.
Inicialmente, vale destacar que as exceções de suspeição podem ser arguidas contra
magistrados, membros do Ministério Público, peritos, intérpretes, funcionários da Justiça,
serventuários e jurados (chamados de exceptos) que eventualmente tenham algum tipo de
interesse pessoal, quer seja direto ou indireto, que possa afetar a imparcialidade necessária
ao processo. Nos esclarecimentos de Oliveira (2004) apud Távora & Alencar (2012, p. 323)
são “fatos e circunstâncias, subjetivos ou objetivos, que, de alguma maneira, podem afetar a
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imparcialidade do julgador na apreciação do caso concreto”. Por este motivo, a suspeição é


uma questão que deve ser decidida imediatamente, porque tem a capacidade de atingir a
“própria credibilidade e legitimidade do sistema de administração da Justiça” (LOPES
JÚNIOR, 2019, p.318). Nesta linha de raciocínio, “a arguição de suspeição precederá a
qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente” (art. 96 do Código de
Processo Penal).
É válido e oportuno salientar que as autoridades policiais jamais assumem a condição
de excepto. No caso em específico, considerando-se suspeito ou impedido, o próprio
Delegado de Polícia pode-se declarar suspeito ou impedido (em consonância com o art. 107
do CPP).
De acordo com o art. 254 do Código de Processo Penal:
O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado
qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de
qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo.

Desta maneira, conforme previsto no referido diploma legal, o juiz pode reconhecer ex
officio a suspeição, de forma escrita e fundamentada e, na sequência remeter o processo
imediatamente ao juiz substituto, intimando-se as partes do feito.
Caso não o faça, qualquer das partes (réu ou Ministério Público) poderá suscitar
exceção de suspeição, por escrito, através de petição assinada pela parte ou apresentada por
procurador com poderes especiais. Neste caso, a exceção de suspeição peticionada pelo
excipiente (a parte que questiona a exceção) deve estar devidamente fundamentada e
instruída com provas documentais, bem como testemunhas arroladas (LOPES JÚNIOR,
2019).
Com a formalização de arguição de suspeição por uma das partes, o juiz poderá adotar
um dos seguintes procedimentos: reconhecer a arguição, suspendendo imediatamente o
processo, declarando-se suspeito e remetendo os autos e provas produzidas ao juiz substituto;
Ou, não reconhecer a exceção de suspeição e, no prazo de 3 (três) dias, o magistrado deve
remeter o processo de arguição de suspeição em autos apartados ao tribunal para julgamento,
contendo todas as provas e testemunhas arroladas pelo juiz e pelo excipiente.
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Aury Lopes Júnior entende que, a depender da relevância do caso em concreto e suas
respectivas consequências, o mais prudente é que seja efetivada a suspensão do processo
principal até que seja realizado o julgamento da arguição de suspeição. Isto porque, em se
dando sequência ao processo principal e se reconhecendo a posterior suspeição do magistrado,
todos os atos e decisões processuais serão nulos de pleno direito, o que acarretará significativo
prejuízo ao processo (idem, 2019).
Nos casos de questionamentos de suspeição e impedimento que recaíam sobre
integrantes do Ministério Público, a previsão legal está no art. 258 do Código de Processo
Penal (CPP), assim descrito:
Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o
juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se
estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e
aos impedimentos dos juízes.

Os promotores ou procuradores, que sofreram arguição de suspeição, podem ex officio


se declararem suspeitos ao processo. Caso não o façam e o questionamento de exceção seja
proposta pela parte (defesa), esta exceção deverá ser decidida pelo juiz. Em sendo suscitada
pelo próprio juiz, esta decisão caberá ao Tribunal (ibidem, 2019).
Reconhecida a suspeição no processo de membros do Ministério Público (MP), os
efeitos são a anulação de todos os atos praticados por estes promotores ou procuradores, por
analogia ao que consta no art. 101 do CPP.
Na sequência, tem-se a chamada exceção de incompetência. Esta exceção pode ser
questionada pela defesa, em relação a uma possível falta de competência do Juízo para o caso
em concreto, podendo ser relativa (lugar) ou absoluta (matéria, pessoa). A incompetência
relativa deve ser suscitada pela parte passiva, podendo ser reconhecida pelo juiz, ex officio,
nos termos do art. 109 do CPP, em qualquer tempo Por seu turno, a incompetência absoluta
pode ser reconhecida “pelo juiz (inclusive pelo juiz das garantias) de ofício ou a requerimento
das partes, a qualquer tempo” (LOPES JÚNIOR, 2020, p. 537).
Vale salientar que a exceção de incompetência pode ser arguida pelo Ministério
Público nos casos de crimes de ação penal privada, casos em que atuará na qualidade de fiscal
da legislação.
No que diz respeito ao processamento da arguição de exceção de incompetência, esta
deverá ser oposta pela defesa; por escrito, ou, se feita oralmente, reduzida a termo; deve ser
apresentada no prazo da resposta à acusação ou no primeiro momento em que o rito
possibilitar manifestação da defesa técnica; deverá ser processada em autos apartados e não
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suspenderá o andamento do processo (LOPES JÚNIOR, 2020). Ouvido o Ministério Público,


na sequência, o juiz deverá prolatar decisão.
Se a decisão do magistrado for procedente, consoante art. 108, § 1º, do CPP, declinará
para o juiz que entenda ser o competente, cabendo a ele ratificar os atos já praticados. Desta
decisão, cabe recurso conforme previsto no art. 581, II, do CPP.
Se a exceção for refutada pelo Juiz, estará ratificada a competência do magistrado para
continuar presidindo o processo. O recurso contra esta denegatória, conforme ensina Lopes
Júnior (2020) é o remédio constitucional do habeas corpus.
A chamada exceção de litispendência, uma analogia oriunda do Direito Processual
Civil, assertivamente deve ser compreendida como “acusações ou imputações repetidas,
igualmente pendentes de julgamento” (LOPES JÚNIOR, 2020, p. 539).
Não se pode admitir o bis in idem de acusações e pendências de julgamento ao mesmo
réu. Deste modo, em ocorrendo litispendência, um dos processos será extinção (exceção
peremptória), mantendo-se o processo em que o magistrado possuir “competência prevalente,
seja pela prevenção ou por qualquer dos critérios anteriormente expostos” (idem, 2020, p.
540).
No que se refere ao procedimento da exceção de litispendência, este se assemelha ao
procedimento previsto às exceções de incompetência, em consonância com o art. 110 do
Código de Processo Penal (CPP), com a distinção de que a litispendência pode ser suscitada
em qualquer momento.
Por seu turno, quanto aos recursos cabíveis, ensina o doutrinador Renato Brasileiro de
Lima (2019, p. 1155) que “se o juiz reconhecer de ofício a litispendência, extinguindo o
processo, o recurso cabível será o de apelação”. Entretanto, de acordo com o art. 581, inciso II
do CPP, caso o magistrado julgue procedente a exceção de litispendência, cabe recurso em
sentido estrito.
O Juiz também pode negar o reconhecimento da litispendência. Nesta hipótese, “a
matéria poderá ser questionada em preliminar de futura e eventual apelação, sem prejuízo da
utilização dos remédios constitucionais do habeas corpus e do mandado de segurança”
(idem).
Outra exceção que pode ser arguida pela defesa é a “Exceção de Ilegitimidade de
Parte”. Na oportunidade, trazendo por analogia conhecimentos oriundos do Direito
Processual Civil, parte legítima é o titular do direito material, podendo nesta condição,
defender tal direito no polo passivo ou ativo, a depender do caso em concreto (TÁVORA e
ALENCAR, 2017).
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Em seu livro, Renato Brasileiro de Lima explica que é papel do Juiz analisar a
existência dos pressupostos processuais e das condições da ação, “cuja ausência pode
acarretar a rejeição da peça acusatória, nos termos do art. 395, inciso II, do CPP” (LIMA,
2019, p. 1153). Neste caso, se o feito carecer de pressuposto processual de validade -
legitimatio adprocessum - ou de uma condição da ação - legitimatio ad causam - e o
magistrado não rejeitar a peça acusatória, “surge para a parte a possibilidade de oposição da
exceção de ilegitimidade, nos termos do art. 95, inciso III, do CPP” (idem).
Por outro lado, Távora e Alencar (2017, p. 530) apregoam que, caso não haja
“reconhecimento da ilegitimidade, não cabe recurso algum, podendo-se utilizar o habeas
corpus como sucedâneo recursal ou mesmo fazer consignar alegação da matéria em
preliminar de apelação”.
Se rejeitada a peça acusatória, caberá recurso em sentido estrito, nos termos do art.
581, III, do CPP. Entretanto, se o juiz reconhece ex officio a ilegitimidade da parte, não há
específico recurso, porque não previsão legal específica (TÁVORA e ALENCAR, 2017).
Neste ponto, a doutrina diverge quanto ao entendimento: Tourinho Filho (1999) apud Távora
e Alencar (2017, p. 530) defende o cabimento de recurso em sentido estrito, em consonância
com o inciso I, do art. 581, do CPP, “pois equivaleria a um não recebimento da denúncia ou
queixa a posteriori” (idem).
Por sua vez, a exceção de coisa julgada pode ser suscitada pela defesa quando uma
matéria já fora decidida definitivamente, por sentença transitada em julgado e que se tornou
definitiva e imutável. Tomando por base o princípio do no bis in idem, o polo passivo pode
arguir tal exceção (TÁVORA e ALENCAR, 2017). Nas explicações de Renato Brasileiro de
Lima (2019), tal impedimento de alteração da decisão ocorre por dentro do processo em que
foi proferida e se chama coisa julgada formal. “Trata-se de fenômeno endoprocessual, pois
a imutabilidade da decisão está restrita ao processo em que foi proferida” (LIMA, 2019, p.
1156).
Quanto ao procedimento da exceção de coisa julgada, conforme previsto no art. 110
do CPP, aplica-se no que couber o regramento pertinente à exceção de incompetência. Nos
ensinamentos de Renato Brasileiro de Lima acerca do procedimento da exceção de coisa
julgada, tem-se:
Se o juiz reconhecer de ofício a coisa julgada, extinguindo o processo, o
recurso cabível será o de apelação. Afinal, trata-se de decisão com força de
definitiva que não admite recurso em sentido estrito. Logo, por força do art.
593, II, do CPP, a via impugnativa adequada será a apelação. Na hipótese de
o juiz julgar procedente a exceção de coisa julgada, o recurso adequado
será o recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, III). Por fim, negado o
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reconhecimento da coisa julgada, a matéria poderá ser questionada em


preliminar de futura e eventual apelação, sem prejuízo da utilização dos
remédios constitucionais do habeas corpus e do mandado de segurança.
(LIMA, 2019, p. 1160). Destaque nossos.

2.2 INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

De acordo com o previsto no art. 112 do Código de Processo Penal (CPP) vigente:
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou
funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no
processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que
declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou
impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o processo
estabelecido para a exceção de suspeição (BRASIL, 1941). Grifos nossos.

Nas explicações de Távora e Alencar (2017, p. 537), o processamento da exceção de


impedimento ou de incompatibilidade segue o mesmo procedimento previsto para exceção de
suspeição (art. 112, do CPP). Desse modo, conforme ocorre nos casos de arguição de exceção
de suspeição, “a exceção de incompatibilidade ou de impedimento precederá a qualquer outra,
salvo se fundada em motivo ulterior” (art. 96, CPP).
Dentre os efeitos do acolhimento da incompatibilidade ou impedimento, tem-se a
nulidade dos atos do processo principal, com a imposição de pagamento das custas ao juiz,
se o fundamento era evidente, caracterizando-se erro indesculpável por parte do magistrado.
Ainda, se houver rejeição do pleito, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será
imposta multa, que, por falta de atualização da moeda prevista na legislação, encontra-se sem
eficácia (consoante art. 101 do CPP; TÁVORA e ALENCAR, 2017, p. 539).
No cabe recurso de decisão que julgar a exceção de impedimento ou
incompatibilidade. “De todo modo, é admissível a impetração do mandado de segurança
como sucedâneo recursal, ou de habeas corpus, a depender do interesse versado na alegação”
(idem).

2.3 CONFLITO DE JURISDIÇÃO E DE COMPETÊNCIA

O art.144 do Código de Processo Penal enuncia que haverá conflito de jurisdição ou


competência, quando:
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I – quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem
competentes, ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
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II – quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou


separação de processos.

Nas explicações de Aury Lopes Júnior, ocorre “conflito negativo de jurisdição ou de


competência quando duas ou mais autoridades judiciárias se disserem igualmente
incompetentes para o julgamento. Será positivo o conflito quando dois juízes (ou tribunais)
se acharem igualmente competentes para o julgamento do processo” (LOPES JÚNIOR,
2020, p. 549).
Neste sentido, Lopes Júnior (2020) esclarece didaticamente que há conflito de
jurisdição entre órgãos da jurisdição especial (militar e eleitoral); entre órgãos da jurisdição
especial e comum (federal ou estadual), bem como entre órgãos da Justiça Comum Federal
em relação a outro da Justiça Estadual.
Por outro lado, o referido doutrinador explica que será conflito de competência quando
ocorrer entre órgãos julgadores pertencentes à mesma “Justiça” e vinculados ao mesmo
tribunal.
Assim sendo, haverá conflito de jurisdição entre um juiz militar e um juiz federal ou
ainda, por exemplo, entre juiz federal e juiz de direito (estadual).
Por seu turno, haverá conflito de competência quando for entre juízes de direito de
diferentes cidades; entre juiz e Tribunal do Júri; entre juízes federais subordinados ao mesmo
TRF, dentre outros casos (LOPES JÚNIOR, 2020).

2.4 DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS

Matéria regulamentada entre os arts. 118 e 124-A do Código de Processo Penal (CPP),
a restituição das coisas apreendidas corresponde ao “procedimento legal de devolução a
quem de direito da coisa apreendida durante diligência policial ou judiciária, que não mais
interesse à persecução penal” (LIMA, 2019, p. 1170).
Durante o inquérito policial, geralmente os objetos ligados ao fato do crime são
apreendidos pela autoridade policial, pois, dependendo da sua importância, servirá como
indícios, provas da autoria da infração ou do crime. Esses objetos farão parte do processo,
para realização de perícia, caso necessário.
De acordo com Lima (2019), ao ser encontrados objetos associado à infração penal no
local do crime, estes devem ser lavrados em auto de apreensão, sendo eles de origem lícita ou
ilícita. Essa apreensão, decorrente da busca ou não pode “indisponibilizar o bem para
posteriormente ser restituído à vítima” (LOPES JÚNIOR, p.256).
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O Código de Processo Penal, em seu art. 118 ressalva que as coisas que forem
apreendidas em virtude da infração penal cometida, deverão permanecer vinculadas ao
processo até o trânsito em julgado ou enquanto interessarem à persecução penal. Lima (2019,
p. 1173) faz a ilustração de um exemplo:
Se determinada pessoa foi encontrada morta a tiros no interior de um veículo
automotor, que havia sido anteriormente furtado é evidente que a restituição
somente será possível ao legítimo proprietário após a realização do trabalho
pericial em busca de vestígios de pólvora, resíduos de sangue, impressões
digitais, etc. Portanto, enquanto for útil à persecução penal, não será possível
a devolução da coisa apreendida, ainda que tal bem pertença a terceiro de
boa-fé e não seja coisa de posse ilícita.

Nesta mesma seara, observemos o que diz a jurisprudência:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NA RESTITUIÇÃO


DE COISAS APREENDIDAS. ART. 118, DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. HIPÓTESE EM QUE O TITULAR DA AÇÃO PENAL
AFIRMOU QUE O MATERIAL APREENDIDO POSSUI RELEVÂNCIA
PARA A INVESTIGAÇÃO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. 1 -
Conforme estabelece o art. 118 do Código de Processo Penal "antes de
transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser
restituídos enquanto interessarem ao processo." 2 - No caso em concreto,
salientou o Ministério Público Federal que os bens e documentos apontados
pelo Agravante foram regularmente apreendidos, mediante cumprimento de
mandado expedido para o local onde se encontravam, tudo devidamente
fundamentado em decisão proferida nos autos do Inquérito 1086. 3 - O órgão
ministerial afirmou também que o material apreendido é de interesse da
investigação. Assim, não há fundamento legal para acolher o pedido sub
examine. 4 - Agravo regimental não provido. (AgRg na ReCoAp 12/DF, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, CORTE ESPECIAL, julgado
em 21/06/2017, DJe 29/06/2017)

Vale ressaltar que doutrina diverge a respeito da natureza da apreensão de objetos e da


respectiva restituição. Nas explicações de Távora e Alencar (2017, p. 547-548):
(1) tratando-se de apreensão de coisas pela autoridade policial, com lastro no
art. 6°, do CPP, sua natureza não é de medida cautelar, porém de medida
assecuratória de índole administrativa e, por assim dizer, pré-cautelar (falta a
nota da jurisdicionalidade);
(2) sendo a hipótese de restituição de coisas apreendidas perante a autoridade
policial, também não há o preenchimento dos requisitos para ser considerada
uma medida cautelar ou contracautelar, mormente porque não
jurisdicionalizada a questão;
(3) cuidando-se de restituição de coisas apreendidas pleiteada em juízo é
possível sua inserção como cautelar ou contracautelar de viés patrimonial,
eis que é o meio do qual se vale o interessado para reaver bens apreendidos
durante a persecução penal. Guarda tanto a característica da
instrumentalidade, quanto a da acessorialidade.
17

(4) entrementes, em algumas hipóteses pode não revestir de caráter cautelar,


especialmente quando a restituição é pedida pela vitima (se deferida em seu
favor, assume contornos definitivos, faltando o requisito da provisoriedade).
Também é definitivo o provimento de restituição quando concedido em prol
do terceiro de boa-fé e do próprio acusado (quando pode restar ausente
também o requisito da instrumentalidade, isto é, para assegurar a restituição
do produto do crime). De mais a mais, ausente ainda, em regra, o requisito
da cognição sumária para apreciar o incidente de restituição de coisas
apreendidas, sendo mais comum verificar uma cognição plena e exauriente
secundo eventum probationis.

A restituição de coisas apreendidas pode ser realizada pelo delegado ou pelo Juiz, a
depender do tipo de objeto e da circunstância do caso concreto. “A deliberação do delegado
de polícia está circunscrita aos casos de direito induvidoso e quando a coisa não for
apreendida em poder de terceiro de boa-fé”.
Neste sentido, Fernando Capez (2016) leciona que a autoridade restituinte policial
(Delegado de Polícia) pode deliberar acerca das seguintes restituições de coisas apreendidas:
a) tratar-se de objeto restituível e não houver nenhum interesse na sua retenção; b) não houver
dúvida quanto ao direito do reclamante; c) a apreensão não tiver sido feita em poder de
terceiro de boa-fé. A autoridade restituinte judiciária (Juiz Criminal) decidirá pela restituição
de coisas apreendidas, se estas forem absolutamente desnecessárias ao processo.
O processo incidental ocorre na hipótese de dúvida quanto ao direito do reclamante.
Neste caso, o requerimento deverá ser autuado à parte e o juiz deverá, então, abrir vista ao
reclamante para em 5 dias fazer prova de seu direito. Uma vez ouvido o Ministério Público,
proferirá o juiz sua decisão. Entendendo o caso muito complexo, remeterá as partes ao juízo
cível, consoante o § 4º do art. 120 do CPP (CAPEZ, 2016).
Há na legislação bens que não são suscetíveis de confiscação, estes devem ser
restituídos. Entretanto, há outros que não é possível a restituição.
O Código de Processo Penal regulamenta o procedimento para a restituição e
destinação dos bens apreendidos em razão do processo criminal. O artigo 119 do CPP
ressalta: “as coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser
restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao
lesado ou a terceiro de boa-fé”.
Refere-se ao artigo 91, II, do Código Penal (CP). Atentemos para os efeitos genéricos
e específicos do artigo:

Art.91: São efeitos da condenação:


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; II - a
18

perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de


boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do
crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.

O Código de Processo Penal (CPP), entre os artigos 121 a 124-A, prevê a alienação
judicial dos bens adquiridos ilicitamente e o procedimento para a decretação a perda de bens
em favor da União (avaliação de bens e venda em leilão público).
Art. 121. No caso de apreensão de coisas adquirida com os proventos da
infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo (avaliação de bens e
venda em leilão público).
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, decorrido o prazo de
noventa dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz
decretará, se for o caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas
(art. 74, II, a e b do Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão
público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro Nacional o
que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de
noventa dias, a contar da data em que transitar a sentença final, condenatória
ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não
pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à
disposição do juízo dos ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for
decretada, e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 do
Código Penal serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver
interesse na sua conservação.
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de
outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima
determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos.

2.5 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Entre os artigos 125 e 144-A, capítulo VI, o Código de Processo Penal (CPP) vigente
apresenta as chamadas medidas assecuratórias. Nas explicações do doutrinador Fernando
Capez (2016, p. 553):
São providências cautelares de natureza processual, urgentes e
provisórias, determinadas com o fim de assegurar a eficácia de uma
futura decisão judicial, seja quanto à reparação do dano decorrente do
crime, seja para a efetiva execução da pena a ser imposta. Ex.: hipoteca
legal, sequestro, arresto, fiança, busca e apreensão e, relativamente às
pessoas, prisão provisória. No caso de sentença absolutória ou declaratória
da extinção da punibilidade, as medidas assecuratórias se desfazem, de
acordo com o disposto no art. 141 do CPP, restando ao prejudicado,
19

dependendo do fundamento da absolvição, ingressar com ação civil


indenizatória, nos termos do art. 64 do CPP. Grifos nossos.

Deste modo, dentre as medidas cautelares, tem-se medidas assecuratórias ou


medidas cautelares patrimoniais. Neste sentido, assim como a medida cautelar que visa
conservar, prevenir e assegurar direitos, por sua vez, as medidas assecuratórias são medidas
que tem o objetivo de garantir os direitos do ofendido e responsabilizar monetariamente
o ofensor. Em assim sendo, este terá que arcar monetariamente com os prejuízos causados
pela prática do delito. Para que isso aconteça é necessário que aquele que sofreu o dano
demonstre a materialidade deste prejuízo ou, simplesmente, que sua prática criminosa expôs à
vítima a risco de lesão, de qualquer natureza.
As medidas cautelares patrimoniais também tem o objetivo de evitar prejuízos
decorrentes da demora na resolução do processo penal, assegurando ao ofendido possível
indenização, pagamento de despesas processuais ou como já dito, penas monetárias e além de
evitar o enriquecimento ilícito do ofensor.
Todavia, Renato Brasileiro de Lima (2019, p. 1179) alerta que:
Hoje, no entanto, há uma crescente mudança de mentalidade, que passa a
tratar essas medidas como importante instrumento de combate à
movimentação financeira proporcionada por algumas infrações penais
(v.g, lavagem de capitais, crimes contra o sistema financeiro nacional, etc.),
nos quais é de todo irrelevante a prisão de um agente se não houver a
recuperação dos ativos ilícitos. Grifos nossos.

O Código de Processos Penal (CPP) prevê a possibilidade de decisão judicial por


medidas assecuratórias, tais como: sequestro de bens; hipoteca legal e o arresto de bens:

2.5.1 SEQUESTRO

Nas didáticas palavras de Renato Brasileiro de Lima (2019), medida cautelar fundada,
primeiramente, na defesa do interesse público (confisco dos bens) e, segundo plano, no
interesse privado do ofendido (reparação do dano gerado pela infração penal).
Em assim sendo, o sequestro pode incidir “sobre bens móveis e imóveis, ainda que em
poder de terceiros” (LIMA, 2019, p. 1182). Ainda, conforme art. 91, §§ 1º e 2º. do Código
Penal (CP), se o produto ou proveito do crime não for encontrado ou se localizar no exterior,
também poderá recair sobre bens ou valores equivalentes de origem lícita (idem).
20

Desta forma, como medida assecuratória, o sequestro de bens tem por objetivo
recuperar o dinheiro ou os bens móveis e imóveis resultantes do crime praticado. Por meio
dos esclarecimentos de Fernando Capez (2016, p. 554), “o sequestro cautelar destina-se a
evitar que o acusado, aproveitando-se da natural demora na prestação jurisdicional, dissipe
esses bens durante o processo criminal, tornando impossível o futuro confisco”.
Desta forma, como medida assecuratória, o sequestro de bens tem por objetivo
recuperar o dinheiro ou os bens móveis e imóveis resultantes do crime praticado. Por meio
dos esclarecimentos de Fernando Capez (2016, p. 554), “o sequestro cautelar destina-se a
evitar que o acusado, aproveitando-se da natural demora na prestação jurisdicional, dissipe
esses bens durante o processo criminal, tornando impossível o futuro confisco”.
Em seu processo de cognição e deliberação pela eventual decisão de sequestro de
bens, o Juiz irá avaliar se há indícios veementes da origem ilícita dos bens. “A expressão
„indícios veementes‟ significa mais do que meros indícios, mas menos do que prova plena, já
que nessa fase vigora o princípio do in dubio pro societate” (CAPEZ, 2016, p. 554).
A competência para decisão do sequestro de bens é sempre do juiz competente.
Apenas o magistrado é quem pode decretar o sequestro. De tal decisão, cabe apelação (idem).
As pessoas que legalmente podem requerer o sequestro de bens são:
a) o Ministério Público, mesmo em fase de inquérito, obedecidas as regras
de competência;
b) a vítima do crime; se for incapaz, seus representantes legais; se estiver
morta, seus herdeiros;
c) a autoridade policial, mediante representação ao juiz;
d) o juiz pode também determinar de ofício, independentemente de
provocação (CAPEZ, 2016, p. 555).

É possível opor embargos (contestação) como medida cautelar a decisão de sequestro


de bens. Nas palavras de Capez (2016), podem opor embargos ao sequestro: a) indiciado ou
réu; b) terceiro de boa-fé e o c) terceiro senhor e possuidor. O juiz penal é competente para
julgar os embargos, considerando o que está previsto no art. 133 do CPP, isto é, que o juiz
penal é competente para avaliação e venda dos bens em leilão público. “O julgamento dos
embargos só se dará após o trânsito em julgado da sentença condenatória, a fim de evitar as
decisões contraditórias (do processo incidente e processo principal)” (idem).
21

2.5.2 HIPOTECA LEGAL

Inicialmente, vale destacar o conceito de hipoteca trazido pela doutrina. Segundo


Renato Brasileiro de Lima, “a hipoteca pode ser compreendida como um direito real de
garantia instituído sobre imóvel alheio de modo a assegurar uma obrigação de cunho
patrimonial, sem que ocorra a transferência da posse do bem gravado para o credor” (LIMA,
2019, 1194). Nesta mesma seara, Fernando Capez ratifica que hipoteca legal é o “direito real
de garantia em virtude do qual um bem imóvel, que continua em poder do devedor, as segura
ao credor, precipuamente, o pagamento da dívida” (GOMES apud CAPEZ, 2016. p. 556).
Como medida assecuratória no Direito Processual Penal, a hipoteca legal incide sobre
o patrimônio lícito do réu ou indiciado, visando à futura reparação do dano ex delicto. Vale
lembrar que o art. 91, inciso I do Código Penal (CP), define que qualquer condenação
criminal torna certa a obrigação de reparar o dano cível resultante da infração penal (CAPEZ,
2016). “Do mesmo modo, a perda de bens e valores prevista na Lei nº. 9.714/98 refere-se a
bens de origem lícita do condenado, de maneira que a hipoteca legal tem por objeto imóveis
que possam garantir uma futura execução civil de cunho indenizatório” (CAPEZ, 2016, p.
557).
A hipoteca pode ser solicitada em qualquer fase do processo. Para tanto, faz-se
necessária a coexistência de dois pressupostos: a) prova inequívoca da materialidade do crime
(fato delituoso); b) indícios suficientes de autoria.
Nas explicações de Capez (2016), no requerimento de inscrição da hipoteca, a parte
interessada deve mencionar o valor da responsabilidade civil, bem como designar e/ou estimar
o imóveis ou imóveis que terão de ficar hipotecados, instruindo a petição com provas ou
indicações de provas em que se baseia o pedido.
A hipoteca legal pode ser requerida pelo ofendido, seu representante legal ou por
herdeiros. O Ministério Público também pode requerer a hipoteca legal, desde que o ofendido
seja pobre e a requeira ou se houver interesse da Fazenda Pública (CPP, art. 142).
“A partir da sentença condenatória transitada em julgado, os autos do processo serão
encaminhados ao juízo civil. Se houver sentença absolutória transitada em julgado, proceder-
se-á, de acordo com o art. 141 do CPP, ao cancelamento da hipoteca” (CAPEZ, 2016, p. 558-
559).
22

2.5.3 ARRESTO

O arresto recai sobre os bens móveis, quando o ofensor não possui condições de sanar
a dívida, que pode ser resolvida com o oferecimento de bens imóveis ou pecúnia. Não
possuindo o responsável estes bens, os seus bens móveis penhoráveis serão objeto de arresto.
Nas palavras de Fernando Capez (2016, p. 559), “a medida contemplada no art. 137 do
Código de Processo Penal tem por objeto bens móveis de origem lícita, para futura reparação
do dano, de acordo com o art. 91, I, do Código Penal ou demais dispositivos (...)”.
Os bens arrestados são retirados do poder do proprietário e são entregues a uma
terceira pessoa, externa à demanda, sendo esta última responsável pelo depósito e a
administração do bem (CAPEZ, 2016).
Acerca das rendas geradas pelos bens móveis, o Juiz definirá recursos para
manutenção do indiciado ou réu e de sua família (idem).
O arresto de bens pode ser solicitado em qualquer fase do processo. Todavia, há dois
pressupostos para cognição do juiz acerca da decretação de arresto de bens. São os seguintes:
a) prova da materialidade do crime; b) indícios suficientes de autoria.

2.6 DO INCIDENTE DE FALSIDADE

Devidamente exposto no art. 145 do Código de Processo Penal, o incidente de


falsidade tem a finalidade de contestar a veracidade de um documento no processo em que
haja dúvidas; que envolva formalidade ou materialidade, dentro do processo principal.
Vejamos o referido artigo e seus incisos:
Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos
autos, o juiz observará o seguinte processo:
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte
contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta;
II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para
prova de suas alegações;
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender
necessárias;
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará
desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente,
ao Ministério Público.

O intuito é oferecer mais segurança jurídica ao processo, pois a confirmação da


falsidade afastaria algumas provas. Sendo reconhecida a falsidade, cabe instauração de
23

processo criminal ou até mesmo que seja enviado ao Ministério Público, para que o devido
órgão faça a denúncia.
Consoante Capez (2016, p. 561):
Arguida a falsidade documental, o juiz ou relator determinará a autuação em
apartado, com suspensão do processo principal e prazo de quarenta e oito
horas para o oferecimento de resposta da parte contrária. Logo em seguida,
abre-se o prazo sucessivo de três dias para as partes produzirem provas, após
o que o juiz ordenará as diligências necessárias, normalmente perícia, e
depois sentenciará sobre a falsidade arguida. O Ministério Público é sempre
ouvido, ainda que atue como fiscal da lei.

Vale salientar que juiz não se encontra vinculado à decisão que definiu a falsidade
desse documento. Portanto, independente do resultado de falsidade ou veracidade, esta não
fará coisa julgada, o que limita a decisão apenas ao próprio incidente. Consoante art. 148 do
CPP, “qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo
penal ou civil”.
Diante da afirmação da própria Lei, esclarece Capez (2016, p. 561):
A decisão que reconhecer a falsidade documental não fará coisa julgada em
prejuízo de ulterior processo penal ou civil. Desta forma, o único efeito do
incidente é manter ou não o documento nos autos da ação principal. Por
conseguinte, um documento pode ser reconhecido falso em incidente de
falsidade, e o réu restar absolvido no processo que se instaurar em razão do
crime de falsidade material ou ideológica.

2.7 DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO

Este incidente tem a finalidade de analisar a saúde mental do acusado, quando se


existe dúvidas de sua lucidez. Esse procedimento pode ser instaurado em qualquer fase do
processo, tanto na fase administrativa quanto na fase processual, sendo o juiz quem determina
a instauração desse incidente, de ofício ou a requerimento.
O procedimento a ser adotado, de acordo com os ensinamentos do doutrinador
Fernando Capez (2016, p. 562):
a) O juiz determina a instauração do incidente através de uma portaria,
oportunidade em que nomeará um curador ao réu ou indiciado.
b) Na forma do art. 149, § 2º, do Código de Processo Penal, o juiz ordenará a
suspensão da ação principal, ressalvada a possibilidade de realização de atos
processuais que possam ser eventualmente prejudicados. Durante esta
suspensão, o prazo prescricional flui normalmente. Se o incidente é
instaurado durante o inquérito policial, em face da ausência de previsão
legal, o mesmo não terá o seu curso suspenso.
c) As partes serão obrigatoriamente intimadas para que apresentem quesitos;
porém, o seu oferecimento é facultativo.
24

d) Os peritos médicos realizam os exames. O prazo para a realização destes é


de 45 dias, prorrogável pelo juiz a pedido dos peritos (CPP, art. 150, § 1º).
e) Juntada do laudo com as conclusões dos peritos: se os peritos concluírem
que o réu era inimputável ou semi-imputável em razão de doença mental, ao
tempo da ação ou omissão, o processo principal retomará o seu curso
normal, só que com a presença do curador.

O incidente é processado em autos separados ao feito principal. De acordo com o


preconizado no art. 153 do CPP, “o incidente da insanidade mental processar-se-á em auto
apartado, que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal”.
Na fase da perícia será analisado e observado se, ao tempo do crime, o acusado era
inimputável, como descreve sobre esse instituto no art. 26 do Código Penal (CP):
É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

Em caso que se prove a inimputabilidade do acusado, o processo precisará da presença


de um curador. No entanto, se após a perícia ficar constatado que o autor na época do crime
não discorria de nenhum problema mental ou que a imputabilidade só veio após o crime, o
processo ficará suspenso, até que o réu apresente melhoras.
Segundo o art. 149, § 2º do CPP: “O juiz nomeará curador ao acusado, quando
determinar o exame, ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às
diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento”.
O laudo da perícia tem um prazo de 45 dias para que seja concluído, podendo ser
estendido se o perito declarar essa necessidade (art, 150, § 1º, CPP).
Por fim, vale destacar que não existe recurso contra a decisão que instaura ou indefere
esse processo incidente.
25

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A chamada “Lei do Pacote Anticrime” (Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019)


trouxe inovações quanto ao resultado financeiro da venda dos bens em leilão público, cujo
perdimento tenha sido decretado. O valor financeiro apurado será recolhido aos cofres
públicos, salvo se não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Vejamos a nova redação dada
ao art. 133 do Código de Processo Penal, a saber:
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou
a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a
avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido
decretado.
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não
couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional,
exceto se houver previsão diversa em lei especial. Grifos dos autores.

Com base na primazia do interesse público, a referida Lei nº 13.964, de 24 de


dezembro de 2019 também possibilitou utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito
a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da
Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de
Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. Com
a citada alteração legislativa, assim ficou a redação do art. 133-A do CPP:
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a
utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida
assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da
Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da
Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o
desempenho de suas atividades.
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou
repressão da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade
na sua utilização.
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz
poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos.
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação
ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro
e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento
em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua
utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável.
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação
de perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé,
o juiz poderá determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão
público beneficiário ao qual foi custodiado o bem.
26

No capítulo V (Título VI, das questões e processos incidentes), que diz respeito a
restituição das coisas apreendidas, a Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019 possibilitou
que bens e outras obras de artes apreendidas de valor cultural, após o transito e julgado,
possam ser destinadas a museus públicos (art. 124-A do CPP). Andou bem o legislador nesta
nova lei, visto que uma das formas de “lavagem de dinheiro” e ocultação de rendimentos é a
utilização do mercado de artes por criminosos para aquisições de obras de artes de valores
vultosos, escondendo verdadeiras fortunas em quadros e telas famosas.
27

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
10 abr. 2020.

_______. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>. Acesso em: 10 abr. 2020.

_______. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso em: 10
abr. 2020.

_______. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13964.htm>. Acesso em: 10
abr. 2020.

CAPEZ, F. Curso de processo penal. 23. ed. São Paulo : Saraiva, 2016. p. 508-564.

EDITORA JUSPODIVM. Vade Mecum Juspodivm. 7ª. Ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p.
566-570.

LIMA, R. B. Manual de Processo Penal. Volume único. 7. ed. rev., ampl. e atual. Salvador:
Ed. JusPodivm, 2019. p. 1125-1234.

LOPES JÚNIOR, A. Direito Processual Penal. 17ª. Edição. São Paulo: Saraiva Educação,
2020. p. 521-555.

TÁVORA, N.; ALENCAR, R. R. Curso de Direito Processual Penal. 12ª. ed. rev. e atual.
Salvador: Editora Juspodivm, 2017. p. 497-615.

TOURINHO FILHO, F. C. Código de Processo Penal Comentado. vol 1. 12ª. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009. p. 55-78.

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