Você está na página 1de 27

UNIVERSIDADEPOTIGUAR

CAMILA DE MEDEIROS ARAÚJO


MARIA RITA BEZERRA DE FARIAS

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

NATAL/RN
2022

1
CAMILA DE MEDEIROS ARAÚJO
MARIA RITA BEZERRA DE FARIAS

PROCESSO PENAL: A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação da
universidade Potiguar como requisito
parcial para obtenção do título de
bacharel em Direito.

Orientador:Prof./Me.Rodrigo Cavalcanti

NATAL/RN
2022

2
MARIA RITA BEZERRA DE FARIAS
CAMILA DE MEDEIROS ARAÚJO

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado á obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Graduação em Direito,
Universidade Potiguar.

Natal/RN,24 de Maio de 2022

BANCA EXAMINADORA

Prof.Me.Rodrigo Cavalcanti (Orientador)


UniversidadePotiguar

Prof.Me. Giulliana Niederauer F. Severo de Morais


Professor Convidado

Prof. Dr. Paulo Lopo Saraiva


Professor Convidado

3
AGRADECIMENTOS

Agradecemos,primeiramente,à Deus pelo dom da vida e por ter nos proporcionado


chegar até aqui. À nossa família por toda dedicação e paciência,
contribuindo,diretamente,para que pudessemos ter um caminho mais fácil e
prazeroso durante esses anos.
Agradecemos também aos professores que sempre estiveram dispostos a ajudar
e contribuir para um melhor apredizado, em especial, ao nosso professor e
orientador Me.Rodrigo Cavalcanti.

4
RESUMO

A pesquisa científica pretende analisar a influência das mídias sociais dentro dos
julgamentos dos crimes de capacidade do Tribunal do Júri. O tema da pesquisa
discorre acerca da temática: “Processo Penal: A influência do Mídia no Tribunal do
Júri”. Os objetivos abordados no estudo é de: analisar a metodização do tribunal, a sua
trajetória ao longo da história no Brasil e nos dias atuais, com ênfase na evolução do
Júri; demonstrar, de acordo com a Constituição, os princípios que à regem sobre o
tema, relatar também sobre a influência da mídia e a facilidade ao acesso de
informações e de como isso fere a um princípio fundamental que é o da presunção da
inocência e de outras garantias constitucionais; consoante à isso, demonstrar como há
a manipulação da imprensa de acordo com as informações, nelas divulgadas, para
com a sociedade; Expor e analisar casos reais que repercutiram mundialmente devido
a explanação exacerbada da imprensa. Através do estudo realizado foi possível
averiguar a divergência entre dois princípios de suma importância, que são eles o
principio da liberdade de imprensa e a presunção de inocência, no qual, o último citado
predomina em relação ao primeiro, pois é necessário que o réu possua um julgamento
humano, fora de influência midiáticas, manifestando assim, a firmeza dos jurados na
hora de sentenciar os fatos que estão resguardado pelo Código Penal.

Palavras-chave:Tribunal do Júri,Presunção de Inocência,Influência da Mídia.

5
CRIMINAL PROCEDURE: MEDIA INFLUENCE IN JURY

ABSTRACT

The scientific research intends to analyze the influence of social media within the trials
of crimes of capacity of the Jury Court. The subject of the research discusses the
theme: "Criminal Procedure: The influence of the Media in the Jury Court". The
objectives addressed in the study is to: to analyze the methodology of the court, its
trajectory throughout history in Brazil and today, with emphasis on the evolution of the
Jury; to demonstrate, in accordance with the Constitution, the principles that govern it
on the subject, to also report on the influence of the media and the ease of access to
information and how this hurts a fundamental principle, which is the presumption of
innocence and other constitutional guarantees; Accordingly, demonstrate how there is
the manipulation of the press according to the information disclosed to society; expose
and analyze real cases that have reverberated worldwide due to exacerbated
explanation of the press. Through this study it was possible to verify the divergence
between two principles of utmost importance, which are the principle of freedom of the
press and the presumption of innocence, in which the latter prevails over the former,
because it is necessary that the defendant has a human trial, outside media influence,
thus manifesting the firmness of the jurors when sentencing the facts that are protected
by the Penal Code.

Keywords: Jury. Presumption of Innocence.Influence of Media.

6
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 8
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRIBUNAL DO JURI ......................... 9
1.1 A IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO... 10
1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS CORRELATOS AO TRIBUNAL DO JÚRI... 11
SOBERANIA DOS VEREDICTOS............................................................................ 11
AMPLA DEFESA E PLENITUDE DE DEFESA......................................................... 11
SIGILO DAS VOTAÇÕES......................................................................................... 12
ESTRUTURAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI............................. 12
2 INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO BRASIL................................................................... 13
2.1 LIBERDADE DE IMPRENSA X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.........................14
3 DA INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA DECISÃO DOS JURADOS E SEUS EFEITOS. 15
3.1A MÍDIA E SUA INFLUÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI: CASOS CONCRETOS. 18
3.2 O CASO ISABELLA NARDONI........................................................................... 19
3.3 OUTROS CASOS QUE OBTIVERAM DESTAQUE NA MÍDIA.......................... 21
CONCLUSÃO........................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ........................................................................................................25

7
INTRODUÇÃO
O Tribunal do Júri é o Orgão do Poder Judiciário que tem a função de julgar os
crimes dolosos contra a vida ou equiparados. O mesmo, é composto pelos membros
da sociedade que irão julgar de acordo com o seu entendimento e ponto de vista em
relaçao a assuntos que vem tendo maior repercusão nas ruas e até mesmo nas mídias.
Dessa forma, os réus que fazemparte da Competência do Tribunal do Júri, já chegam
no plenário praticamente condenados,antes mesmo do início do julgamento.
Sendo assim, mostra-se o quanto fica prejudicado o princípio da presenunção de
inocência, já que é de extrema importância para o Direito Penal,tendo em vista que a
Lei brasileira deixa claro que o réu deverá ser considerado inocente até que se prove
ao contrário,ou até que seja dada a decisão final em relação a testemunhas, provas
concretas, e quais sejam defesas e Ministério Público,pois, o réu tem o direito de r
usufruir de todos os meios de provas para que se comprove sua inocência.
Por conseguinte, os meios de comunicação se aproveitam para passar
informações ao público relacionadas aos crimes contra a vida , que venham favorecer
a mídia e que possam perssuadir os telespectadores para tal ponto de vista,chegando
até requerer das autoridades uma conduta altamente punitiva.
Tendo em vista, a situação exposta pela presente pesquisa científica, a temática
procura passar a grande importancia em zelar pela garantia constitucional que é
chamada “Presunção de Inocência”, a qual sera conduzido e julgado pelo Tribunal do
Júri, em casos que houver grande repercussão , bem como a facilidade de alcançar a
justiça que tanto se almeja, com a inspeção de jurados não preparados,apenas com
conhecimentos que foram repassados através da mídia e pelas provas nos autos dos
processos.
Pretende-se visar, nesta breve análise, a grande importância ao estudo da mídia
a qual faz parte do julgamento do tribunal do júri, avaliar também a ligação existente
quanto a presunução de inocência do réu e o papel dos jurados em relação aos crimes
contra a vida.
Todo exercício desenvolvido propende trazer a solução para a problemática qual
seja: “Existe conflito entre o princípio da liberdade de imprensa e o princípio da
presunção de inocência”?

8
TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL
De acordo com o significado latino a palavra Júri significa:“fazer juramento, no
qual se baseia ao juramento manifestado pelos mandatários da associação que
compõem esta instituição”. Com base constitucional no artigo 5, parágrafo 38, da Carta
Magna de 1988, o Tribunal do Júri é eficaz para julgar os crimes dolosos contra a vida
ou equiparados.
Vale salientar que o Tribunal do Júri possui síntese de grande destaque , já que
nessa instituição se sobressai a democracia,tendo esse atributo como principal
caracteristica, além dos réus serem apontados por representantes da sociedade, e o
mesmo preserva os princípios constitucionais.

1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA


O Tribunal do Júri no Brasil, foi estabelecido no ano de 1822, por Dom João VI,
com o intuito de abordar crimes contra meios de comunicação social e crenças. Este
conselho era formando por 24 indivíduos nomeados pelo membro do judiciário e
ouvintes do crime, a qual possuia boas condiçoes e alto nível de inteligência. Sobre
este tribunal, Nucci (1999, p. 36)destaca:

[...] procurando ligar a bondade, a justiça e a salvação pública sem ofender a


liberdade bem entendida da imprensa, criava-se um tribunal de juízes de fato
composto de vinte e quatro cidadãos... homens bons, honrados, inteligentes e
patriotas, nomeados pelo Corregedor do Crime da Corte e da Casa.

O primeiro regimento brasileiro a tratar desta organização foi a Constituição do


Império de 1824 com atribuição de sentenciar fundamentos cíveis e criminais, de
acordo com a lei. Consoante a isso, Tucci (1999, p.31) informa que:

[...] a Constituição Política do Império, de 25 de março de 1824, estabeleceu,


no seu art. 151, que o Poder Judicial, independente, seria composto de juízes e
jurados, acrescentando, no art. 152, que estes se pronunciariam sobre os fatos
e aqueles aplicariam as leis.

Devido ao Tribunal ter sido preservado na Constituição da República dos EUA


do Brasil (1981) protegendo o seu império, desde então, o júri passou da esfera
comum para ramos dos direitos e garantias individuais.
A Constituição Federal de 1937 deu margem a sentidos de extinção de
determinada corporação passando a ter apenas o mesmo regimento do Decreto (Lei n°
167 de 1938. Através do governo de Getúlio Vargas a história do Brasil passou a ser
conhecida como Estado Novo ,períodos entre os anos de 1937 e 1945, assim,ficou
9
conhecido o governo de Vargas como o maior ataque contra o Tribunal do Júri no país.
Após o fim do Estado Novo, da Ditadura de Getúlio Vargas e com a chegada da nova
democracia no ano de 1946, o Tribunal do Júri recomeça com a condição de direito
fundamental, como era conhecido na Constituição de 1891, assim, validando como
instituto da democracia nacional.
Com o início da Constituição Federal de 1946 foram oferecidos os princípios
regulares do Tribunal do Júri, já na Carta Magna de 1988, constitui-se o Tribunal do
Júri como direito essencial ,no artigo 5º, viabilizando os princípios constitucionais em
seu inciso XXXVIII, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, quais sejam: precisão de defesa,
confidência dos votos, autoridade de sentença e atribuição para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida.

1.1 IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO


Posto a Constituição Federal de 1988, o Tribunal do Júri é gerenciado através
das execuções institucionais, na qualificação que discorre dos direitos e garantias
indispensáveis, justamente em seu artigo 5º, inciso XXXVIII.O artigo 5º, incisos LIV e
LV, da Carta Magna, além do mais, determina de modo preciso a garantia de que
ninguém será provento da liberdade ou de seus bens sem o devido pleito legal, e que
os acusados de forma geral, deverão ser estabelecidos o direito ao contraditório e a
ampla assistência.
A Constituição Federal de 1988 expressa que os delitos a serem apontados
pelo Tribunal comum será eficiente para deliberar os crimes ardilosos contra a vida,
quais sejam: aborto; homicídio; infanticídio; induzimento; tentação ou benevolência ao
suicídio, em suas formas tentadas e efetuadas, bem como todos os crimes em
semelhança ou continência a estes.
Consumar crime de homicídio,seja ele comum, qualificado ou favorecido,
previstos nos artigos 121, parágrafo 1º e 2º do Código Penal Brasileiro.
O aborto, praticado pela própria gestante, com sua aceitação ou ainda
desenvolvido por terceiros, está previsto nos artigos 124 a 127 do Código Penal.
O infanticídio, no que lhe concerne , encontra-se no artigo 123 da mesma
legislação penal: sacrificar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante ou logo após o parto, com pena de detenção de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
E por fim, o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, constante no artigo
122, parágrafo único do Código Penal.
10
Assim como, o Júri dispõe do poder inclusive para deliberar os delitos
correlacionados e continuados, ou seja, aqueles que são executdos simultaneamente
com os crimes de competência ao Tribunal do Júri, qual seja: estupro; roubo; violação
de domicílio; disparo em via pública;

1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS CORRELATOS AO TRIBUNAL DO JÚRI


Os princípios são normas jurídicas que se caracterizam pela generalidade e
natureza abstrata,sendo aplicáveis aos casos concretos por meio da ponderação.
O Tribunal do Júri é gerenciado através das execuções institucionais, na
qualificação que discorre dos direitos e garantias indispensáveis, justamente em seu
artigo 5º, inciso XXXVIII.O artigo 5º, incisos LIV e LV, da Carta Magna, além do mais,
determina de modo preciso a garantia de que ninguém será provento da liberdade ou
de seus bens sem o devido pleito legal, e que os acusados de forma geral, deverão ser
estabelecidos o direito ao contraditório e a ampla assistência.

SOBERANIA DOS VEREDICTOS


A soberania dos veredictos é base do Tribunal democrata, garantindo
desempenho para executar o direito a um episódo concreto, obtendo-se, a respeitosa
ordem do pleito. Ou seja, corresponde ao impedimento quanto a conversão da decisão
de acordão imposta pelo Conselho de Sentença já que se explana de modo inegável
para os julgamentos desempenhados no Tribunal do Júri. Por conseguinte, constata-se
que é inviável que aconteça modificação das decisões dos jurados pelos juízes
togados, sendo assim, se os jurados decretar de maneira inversa á prova dos autos,
pode a autoridade de origem, se estimulado por amparo ou imputações, requerer uma
nova apreciação .

AMPLA DEFESA E PLENITUDE DE DEFESA


O artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição Federal de 1988 verifica-se que a
ampla defesa e exatidão de defesa possuem divergencias em seus significados .Esta
posterior abrange a primeira com destaque fundamental ao Tribunal do Júri, tamanho
aditamento deve ser compreendida como uma supremacia do réu á frente da
acusação, o que pode ser observado nesse sentido é a existência de uma defesa
irrestrita dentro dos limites legais. Diante da análise de tal princípio, conclui que:

11
[...] defesa ampla é uma defesa cheia de oportunidades, sem restrições, é a
possibilidade de o réu defender-se de modo irrestrito, sem sofrer limitações
indevidas, quer pela parte contrária, quer pelo Estado-juiz, enquanto que
defesa plena é uma defesa absoluta, perfeita, completa, exercício efetivo de
uma defesa irretocável, sem qualquer arranhão, perfeição, logicamente dentro
da natural limitação humana.

Deste modo, de acordo com Paccelli (2011, p. 46), a defesa deve ser perfeita,
pela razão do patrono estar preparado em direção a tribuna e do réu de socorrer-se da
capacidade de auto se defender. Sendo este ouvido no interrogativo e tendo seu
depoimento levado em instância pelo magistrado presidente, feito por ensejo de
preparação do questionário.

SIGILO DAS VOTAÇÕES


De acordo com o princípio institulado confidências das votações, o próprio está
estabelecido no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, da Constituição Federal de 1988 e
tem como propósito resguardar os declarados de toda persuasão que seja capaz de
impressioná-los no ensejo do processo de escolha por votos, como também defendê-
los do incerto foco de retaliação perante suas decisões.
Este encabeçamento dispõe-se que os jurados sejm capazes de dispor seus
votos de acordo com suas próprias opiniões, estando despendido de toda e qualquer
sugestão e pronunciamaneto que venha interferir em suas escolhas, ou seja, autoriza
que tais jurados, magistradoss leigos, exponham suas decisões sem
constrangimento,perturbação ou desassosego.
Mirabete (2006, p.494), acerca desta introdução, expressa que “a condição do
júri estabelece anteparo aos jurados, desta forma se materializando por meio do
silêncio obrigatório em suas decisões e pela calmaria do árbrito popular, a qual estaria
presumida ao emanar a votação conforme desígnio do auditório”. O artigo 485, caput,
do Código de Processo Penal (1941).

ESTRUTURAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JURI


O Tribunal do Júri é uma entidade do atributo forense, e padrão do artigo 447 do
Código de Processo Penal, deixando claro que é composto por 1 (um) magistrado
togado-líder, e por 25 (vinte e cinco) jurados que decorrerão de sorteios no meio dos
alistados. Do integral, 7 (sete) estabelecerão o Conselho de Sentença em cada sessão
de julgamento.
As exigências para ser jurado: dispor idade mínima de 18 (dezoito) anos, ser
12
apto, alfabetizado, estar no regozijo de seus direitos políticos, domiciliar-se na comarca
do Júri que o requerer e possuir notória aptidão adquirida pela prática.
Ainda assim, existem alguns cidadãos que estarão neutros do benefício do
Tribunal do Júri, estando estas, listadas no artigo 437 do Código de Processo Penal
(1941).
O artigo 448 do Código de Processo Penal (1941), no que lhe toca, designa os
atos de oposições do movimento do cargo de jurado, quais sejam: marido e mulher, até
mesmo aqueles que habitam conforme reconhecimento de união estável como ente
familiar; ascestrais e descendentes; sogro, genro e nora; irmãos e cunhados, tio e
sobrinho; padrasto, madrasta ou enteado.
Também não poderá executar o cargo de jurados, de acordo com o artigo 449
do mesmo diploma legal, aquele que tiver praticado em sessão pregressa ao mesmo
processo, suficiente de causa decisória do julgamento posterior; no caso de concurso
de pessoas, habituado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado, e, tiver
declarada prévia propensão para culpabilizar ou absolver o acusado.
A ocupação do júri é de condição imprescindível, segundo o artigo 436 do
Código de Processo Penal (1941), na qual os dispositvios primeiro e segundo firmam
que nenhum indivíduo poderá ser omitido das atividades do júri, e seu
desconcentimento injustificado provocará penalidades.
Desta maneira, decorre que os jurados são os encarregados pela sociedade de
sentenciar os cidadãos subjugados a este tribunal, designando a atribuição de
magistrados de fato, praticando papel de caráter social de extrema relevância.
Como averiguado, os presentes capítulos expostos teve como finalidade citar o
início e desenvolvimento de origem do Tribunal do Júri no Brasil, bem como indagar a
sua atribuição, destaque e os delitos de sua competência. No assunto seguinte será
explorado os princípios constitucionais pertinentes ao Tribunal do Júri.

2 A INFLUÊNCIA DA MIDIA NO BRASIL


Diante do estudo realizado referente à origem e os principios que a norteia, é
importante aprofundar a analise sobre a mídia, como também sobre a liberdade de
imprensa e a publicidade das notícias, buscando compreender a razão a qual há
insultos ao Principio da Presunção de Inocência.

13
2.1 LIBERDADE DE IMPRENSA X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Segundo o dicionário Dício (2018), mídia é conceitua como:

[...] Meio através do qual as informações são divulgadas; os meios de


comunicação

Com o propósito de propagar o conteúdo da mensagem a quem se direciona, a


propagação de informações referidas no texto acima acontece através dos vários
meios de comunicação existentes, que são eles: telefones celulares, jornais, revistas,
rádio, televisão, internet, etc. O principio da liberdade de expressão, por sua vez,
deferende a essa transmissão de noticias.
Tal princípio está consolidado na Constituição Federal de 1988, nos aritgos 220
a 224, que se refere à Comunicação Social.
De acordo com Jabur (2000, p. 61), o conceito de liberdade de imprensa nada
mais é que “direito de imprimir palavras, desenhos ou fotografias em que se expressa o
que se pensa e se fornecem informações ao público acerca de fatos ou atividades
próprias ou alheias”. A liberdade de informação está ligada a liberdade de
manifestação, de pensamento, surgindo assim, a liberdade de imprensa.
Consoante à isso, entendende-se, liberdade de imprensa, segundo Fábio
Martins de Andrade (2007, p. 76) como “uma espécie de exercício da liberdade de
expressão de maneira pública e mediante qualquer meio técnico de comunicação
social”.
Com a instituição da Constituição Federal de 1988, a liberdade de imprensa
tornou-se uma clásula pétrea, ou seja, começou a ser vista como direito fundamental.
Essa consideração potencializa com a tendência mundial, em que se dá a prioridade a
expressão de ideias e opiniões de forma livre, para que não haja censura. Que está
expressa no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
O Estado possui o poder de punir, e regularmente trata o acusado como
culpado, diante desse quadro, surge o princípio da presunção de inocência, com o
intuito de ater o poder de punição que o Estado poussi, tal principio está presente na
Constituição Federal(1988), artigo 5º, inciso LVII.
O artigo constata que ninguém pode ser culpado enquanto não houver o trânsito
em julgado da sentença penal condenatória. Por isso, o principio da presunção da

14
inocência é uma garantia fundamental tão imporante.
É de suma importância, analisar a divergência presente entre a liberdade de
imprensa e a garantia do principio de presunção de inocência, visto que, quando um é
exercido de forma ilimitada, o outro detém a sua garantia constitucional atacada.
Apesar do conflito existente entrre os entendimentos da liberdade de imprensa e
a presunção da inocência, estes, por sua vez, também possuem semelhanças, e
quanto a elas, Jorge D’Augustin Cruz (2013, p. 146) explica:

Ainda, é imperioso lembrar que tanto um quanto outro são direitos


fundamentais ligados às liberdades públicas, e têm como premissa fundante
clara limitação de poder. Independentemente da Carta que os tenha garantido,
estavam insculpidos como direitos subjetivos públicos, ou seja, determinam
conduta negativa do Estado, extensiva aos particulares. São princípios ligados
ao Estado Democrático de Direito de forma indissolúvel. Chega-se ao limite de
afirmar que não existe democracia sem liberdade de imprensa ou presunção de
inocência.

Contudo, mesmo possuindo semelhança, atualmente, esses príncipios ainda


aprensentam algumas divergências. Diante disso, Carla Gomes de Melo (2010, p.19)
aborda sobre a colisão de princípios, onde afirma que: “se está diante de uma colisão
de direitos fundamentais e para resolver tal conflito, por se tratar de direitos em conflito
e que não podem ser hierarquizados, o caso concreto dirá qual deverá recuar”.
Consoante à isso, o principio da proporcionalidade será acionado quando houver
divergências entre a liberdade de imprensa e a presunção de inocência, portanto, é
válido ressaltar o significado do princípio da proporcionalidade, que de acordo com
Jairo Gilberto Schafer e NairaneDecarli (2007, p. 131):

[...] permite que o magistrado; diante da colisão de direitos fundamentais,


decida de modo que se maximize a proteção constitucional, impedindo o
excesso na atividade restritiva aos direitos fundamentais. O objetivo não é
anular um ou outro princípio constitucional, mas encontrar a solução que
mantenha os respectivos núcleos essenciais.

Após averiguar e descrever sobre a liberdade de imprensa, o direito á liberdade


e à publicidade, e sobre a mídia, e também sobre a divergência entre o princípio da
presunção da inocência e a liberdade de imprensa, no tópico a seguir, será realizado
um estudo sobre como a mídia pode influenciar nas decisões dos jurados e os efeito
causados por isso.

15
3 DA INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA DECISÃO DOS JURADOS E SEUS EFEITOS
É indubitável que a mídia, nos dias de hoje, apresenta uma grande importância
quando se fala sobre o direito á informação, visto que, nela, está presente todos os
eventos que ocorrem mundialmente, sejam eles bons ou ruins. E por isso, a população
cada vez mais aproveita desses meios para se atualizar e também se informar sobre
tudo que acontece pelo mundo. Reforçando tal entendimento, Figueiredo
Teixeira(2011, p. 15) ressalta:
A Imprensa, por sua vez, tornou-se indispensável à convivência social, com
atividades múltiplas, que abrangem noticiário, entretenimento, lazer,
informação, cultura, ciência, arte, educação e tecnologia, influindo no
comportamento da sociedade, no consumo, no vestuário, na alimentação, na
linguagem, no vernáculo, na ética, na política, etc. Representa, em síntese, o
mais poderoso instrumento de influência na sociedade dos nossos dias.

Mesmo exercendo uma forte influência na população, sabe-se que a mídia


propaga, muitas vezes, informações que não condizem com a realidade.
Frequentemente são bem limitadas, pois ressaltam apenas repercutem o pensamento
do jornalista, informante, baseado em seu ponto de vista. Dessa maneira, limita-se a
propagação da forma de pensar de uma fonte e acaba ocultando as demais. Afirma
Albrecht Schifino (2011, p.14):

Os comunicadores da Televisão têm a chance de situar o público diante da


parte que mais lhe interessa destacar, não que mintam intencionalmente, mas
comunicam sob a perspectiva de um ponto de vista determinado por eles.

Ademais, nota-se que, devido as informções serem propagadas de maneira


difusa e ainda não possuir parcialidade em relação a liberdade que a imprensa detém,
esta por sua vez, acaba exarcebando e colocando em evidência muitos assuntos,
algumas vezes de forma sensacionalista, sendo até excessiva e afirmando uma
provavél veracidade sobre o caso.
Deste modo, utilizam a notícia como forma de obter lucro, como se fosse uma
mercadoria, em que os meios de comunicação para atrair possíveis consumidores,
utiliza de uma linguagem convencente, muitas vezes até vulgar para poder chocar os
seu público, fazendo com que se sintam na necesidade de obter o que está sendo
veiculado. Alguns programas de televisão utilizam dessa prática, como por exemplo:
Linha Direta; Cidade Alerta; Brasil Urgente;Patrulha da Cidade; entre outros.
São utilizados vários meios para que quem estiver acessando as informações
tenham entusiasmo por elas, sem que se quer precisem analisar a veracidade do que
está sendo dito. São exemplos disso: a emoção, o sofrimento psicológico e físico;

16
clamor público; entre outros. Refrente ao que se diz, Carla Gomes de Mello (2010,
p.111) afirma que: “o veículo midiático sensacionalista faz da emoção o principal foco
da matéria, esquecendo-se do conteúdo da notícia a ser repassada, se é que ele
existe”.
Quando a notícia é repassada de forma recorrente, do mesmo jeito, utilizando
dos mesmos dados e opiniões acaba exercendo uma influência ainda maior sobre a
sociedade, fazendo com que as pessoas acreditem cada vez mais naquilo que está
sendo divulgado. Portanto, para conter a manipulação da sociedade pelas informações
cedidas por esses meios de comunicação é uma missão quase impossível
Referente aos crimes dolosos contra a vida, é notório que a influência da mídia
em relação a opinião pública torna-se ainda mais sensacionalista, pois a imprensa
intensifica a atenção quando se refere à estes crimes, manifestando a sociedade juízos
de valor sobre a infração cometida. Por propagarem a informação com as mesmas
opiniões sobre o delito, os leitores, por sua vez, são influenciados diretamente pela
opnião exposta nos meios de comunicação. Sobre o tema Lopes Filho (2008, p. 81)
expõe que:

[...] A mídia está presente na vida de todo e qualquer cidadão, durante as vinte
e quatro horas diárias, despejando toda e qualquer sorte de informações. Há
uma massificação evidente, especialmente na esfera criminal, quando o
noticiário, a respeito de determinado evento, monopoliza quase todos os
horários da mídia falada e escrita.

A divulgação exagerada da mídia, ao se tratar destes crimes, interfere


diretamente a opinião dos jurados que compõem o Conselho de Sentença em razão da
livre convicção que eles devem possuir ao julgar um caso. O que justifica tal
acontecimento é o fato de que por esses jurados serem juízes leigos, são pessoas que
não possuem conhecimento técnico da linguagem jurídica.
A influência causada pelos meios de comunicação é tão exarcebada que eles
mesmos escolhem, dentre todas as infrações praticadas pela socidade, quais serão as
que vão repecurtir mais, que irão chamar a atenção das pessoas, despertar mais
interesse, na grande maioria das vezes, são eles os crimes de competência do Tribunal
do Júri. Nesse sentido, segundo Luiz Flávio Gomes (2011):

Não existe “produto” midiático mais rentável que a dramatização da dor


humana gerada por uma perda perversa e devidamente explorada, de forma a
catalisar a aflição das pessoas e suas iras. Isso ganha uma rápida
solidariedade popular, todos passando a fazer um discurso único: mais leis,
mais prisões, mais castigos para os sádicos que destroem a vida de inocentes

17
indefesos.

Para que o público tenha ainda mais interesse diante do caso, a imprensa faz
questão de divulgar o nome dos suspeitos, interferindo na vida pessoal destes, bem
como, dos seus familiares, expondo-os assim,ao julgamento da sociedade. Como
explica Denardin Budó (2006), as notícias sobre os crimes “são tratadas sempre de
uma forma maniqueísta. Divide-se os dois lados da questão: o bem e o mal, sendo que
de cada lado há um estereótipo a ser reforçado, e todos devem assumir seus papéis”.
Tal realidade provoca a emissão de juízos de valor divulgadas pelos meios de
comunicação, interferindo fortemente no princípio da presunção de inocência, tornando
impossível defender o acusado. Com isso surge na população um clamor para que seja
feita a justiça, uma imploração pela condenação do acusado, a vontade de aquele, que
na visão de todos, é culpado pelo crime não seja impune.
Em virtude desse clamor e da necessidade da punição penal para aliviar o
aparato das pessoas, surgem novos tipos penais, como por exemplo o aumento de
penas já existentes, como diz Denardin Budó (2006, p. 5):

Prega-se, então, um Estado mínimo no que diz respeito ao social e ao


econômico, e um Estado máximo em relação ao direito penal, o que traz a
tendência à criminalização, especialmente à criminalização contingente,
decorrente de fatos concretos, principalmente os que são mediados pelos
órgãos de comunicação, com grande repercussão.

Diante disso,a sociedade previamente condena o suspeito/réu. Em suma


maioria, a intenção é que o praticante do delito seja excluido da sociedado, e imposto a
penas severas. Mas, de nenhuma forma, se é pensado na exposição ao qual o
indivíduo está sendo submetido, seja ela psicológica, emocional, ou até social. Sobre
isso, Gomes de Mello (2010, p. 118) diz:

Não se importa a sociedade manipulada pela mídia se contra o suspeito houve


tortura que o levou a confessar o ato criminoso, se, da mesma maneira, houve
força excessiva, se está preso inocentemente e sem necessidade, se os
direitos dele estão sendo violados, se eles têm a chance de não ser
considerado culpado e se ele faz jus a um julgamento justo. [...].

Desta maneira, pode-se concluir que ao julgar de forma pública o suspeito, a


mídia e suas informações influênciam totalmente a opinião das pessoas, inclusive as
que serão juradas no Tribunal do Júri. Desta feita, o público obtém ,por meio da mídia,
diversas informações, que comumente, se destinguem da realidade e que as
influênciam no momento da condenção.

18
3.1 A MÍDIA E SUA INFLUENCIA DO TRIBUNAL DO JURI: CASOS CONCRETOS
Para uma melhor compreensão do que está sendo demonstrado, é válido expor
e analisar alguns casos reais de grande repercurção, em que há a prática de crimes
dolosos contra a vida, e que a mídia, por sua vez, com sua grande repercurção, causou
um alarde na população, propagando, dessa forma, nacionalmente e até
internacionalmente os casos e causando uma enorme manifestação nas pessoas

3.2 O caso Isabella Nardoni


Em 29 de março de 2008, em São Paulo – SP, ocorreu um crime que teve a
maior repercurssão até os dias de hoje, deixando a sociedade paralisada e em choque.
Isabella Nardoni, que no dia do crime, tinha 5 (cinco) anos de idade, foi lançada pela
janela do apartamento no qual seu pai (Alexandre Nardoni) morava. Isabella já foi
encontrada em péssimas condições, tendo uma parada cardiorrespiratória, onde não
aguentou e sucessivamente chegou a óbito.
Alexandre Nardoni, de ínicio, em seu depoimento relatou que havia chegado em
casa, neste dia, com seus três filhos e sua mulher Anna Carolina Jatobá. Em que,
havia subido a princípio com Isabella e a colocado na cama,e posteriormente havia
descido para ajudar a sua esposa, Anna Carolina, com as outras crianças. Quando
entrou no apartamento ja percebeu que Isabella não estava mais onde ele havia
colocado e que a tela de proteção do quarto estava cortada, nesse momento, se deu
conta que a sua fillha havia sido arremeçada pela janela, e que o seu corpo estava
caído no chão do prédio. E ainda mencionou que poderia haver alguém com alguma
desavença com ele e que possivelmente essa pessoa teria realizado tal crueldade.
Entretanto, foi divulgado logo em seguida os laudos do IML-Instituto Médico
Legal, onde constatou a existência de asfixia, decorrente de causas distintas àquelas
mencionadas. Com isso, todas as formas de comunicação, com base nos depoimentos
dos juristas e inclusive de artistas, acusando o pai de Isabella e também a madrasta de
assassinar a criança.
Com o intuito de que a sociedade ficasse sempre por dentro dos assuntos, as
notícias a cada instante eram atualizadas, mostrando cada passo da investigação. Em
seu depoimento sobre o caso, o jornalista Fernando Montalvão (2008) relata:

Acompanhando os telejornais na noite do dia 21.04.2008, me deparei com uma


situação inusitada. Um júri por via transversa. Exatamente no jornal da Globo,
edição das 20:00. Houve publicação parcial dos depoimentos prestados por
Alexandre Nardoni, 29, e a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24,
19
no programa Fantástico, edição de 20.04, depoimentos prestados por
psiquiatras com conclusões sobre a culpabilidade dos suspeitos, reprodução
do crime, fase da instrução, manifestação do Ministério Público sobre seu juízo
de valor, apreciação da tese de defesa e sua descaracterização pelo discurso
afinado dos acusados, do pai e da irmã de Nardoni, concluindo-se que a partir
de cartas, que tudo não passava de uma encenação, uma criação da defesa
dos suspeitos. Finalmente, a apresentadora do programa jornalístico, deu o seu
veredicto, as contradições nos depoimentos não isentam os suspeitos pela
imputação. Condenados sem julgamento.

Cada vez mais o caso repecurtia, criando um enorme clamor na sociedade. As


pessoas efetuavam manifestações contra os suspeitos, os chamando de assassinos,
impulsionando inclusive o linchamento dos dois.
Subsequente à isto, formou-se uma espécie de reality show sobre o caso, em
que cada vez mais as pessoas sentiam interesse em saber os próximos passos das
investigações, e como os outros realitys, esse possuía a mesma resultância: a cada
segundo novas coberturas dos jornais, entrevistas onde se diziam aquilo que o povo
queria ouvir e consequentemente a destruição da privacidade dos suspeitos Com isso,
foi escrito por Flávio Herculano (2008), um artigo “A morte de Isabella Nardoni: um
grande espetáculo” em que se expôs o seguinte:

Para aplacar tamanha avidez por novidades, haja exposição do tema na mídia.
Todos os dias, a estorinha da morte da criança é contada e recontada, na TV,
no rádio, na internet e nos jornais impressos, do mesmo modo como é tratado
o resultado do “paredão”, uma partida de futebol decisiva, um capítulo final de
novela ou mesmo um detalhe picante da vida de uma “celebridade” televisiva.
O que pouca gente consegue entender é que há uma inversão neste caminho.
Não foi entre o público que surgiu o interesse pela morte de Isabella,
demandando uma produção contínua de notícias sobre o caso. Foi, sim, a
própria mídia quem construiu esse interesse, levando o público a uma
comoção. Quem preferir pode chamar esta prática de manipulação, mas, no
jornalismo, ela tem o nome de “agendamento”.

A Revista Veja, em suas publicações fez uma edição usando fotos do casal na
capa onde dizia a seguinte frase: “Foram eles”. Demonstrando assim, que a mídia
influencia gradativamente as pessoas, utilizando de jornais, programas de TV e rádio,
revistas para induzir o clamor sobre a condenação do casal. Além disso, a revista Veja
publicou em forma de quadrinhos uma espécie de narração,mostrando como o pai e a
madrasta teriam cometido o assassinato de Isabella.
Sobre isso, Gomes de Mello (2010), em relação à influência da mídia no caso
Isabela Nardoni dizendo que:

Tomemos como exemplo, a edição n. 2057, da RevistaVeja, de 23 de abril de


2008. Na capa, estampados estão os rostos do pai e da madrasta suspeitos de
terem assassinado a menina Isabela. Logo abaixo da imagem, o título
impactante, cujo final nos chama atenção, uma vez que escritos em tamanho
20
maior e em cores diferentes da utilizada no início do texto: “Para a polícia, não
há mais dúvida sobre a morte de Isabela: FORAM ELES”.

Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni foram ao Tribunal do Júri em março


de 2010, e consequentemente, condenados pela morte da pequena Isabella. Alexandre
foi condenado há cumprir 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão, já a sua esposa, 26 anos
e 08 meses.
Em vista disso, é possível perceber que mesmo culpados ou até inocentes,
ambos tiveram suas vidas totalmente expostas, antes de irem ao tribunal, já foram
acusados, condenados e indiciados pela imprensa chegando no Júri já com uma pré-
condenação, atingindo sua honra. A sentença dada ao caso foi apenas uma
confirmação do que a mídia já havia propagado. E ainda assim, não atribuíram
responsabilidade a nenhum meio de comunicação.

3.3 Outros casos que obtiveram destaque na mídia


Além do caso citado acima, também houve outros de muita repercursão
midiática e que é válido uma pequena análise sobre eles, são eles: o caso do Goleiro
Bruno e de Suzane Von Richthofen.
O desaparecimento da modelo Eliza Samúdio, amante do ex-goleito Bruno, no
ano de 2010 foi um tema de enorme repercursão na mídia. Eliza e Bruno tinham um
filho, que foi resultado de um breve relacionamento entre eles, tal filho não era
reconhecido pelo ex-goleiro. Ao receber um convite de Bruno para ir até a sua chácara,
em Contagem-MG a modelo revelou aos parentes que iria lá encontrá-lo.Desde esse
dia, nunca mais se teve notícias de Eliza.
Ao inicar as investigações, não se cogitava que Bruno poderia ser culpado pelo
desaparecimento de Eliza. Mas, com o passar do tempo, foram realizadas mais
investigações que já mudaria o cenário para o ex-goleiro, o tornando como suspeito.E
Eliza, que era garota de programa, passou a ser chamada de modelo, uma jovem
menina cheia de sonhos que foram interrompidos.
Sobre o presente caso a jornalista Aline Camargo (2011), afirma:

Com a falta de novidades sobre o caso, o relacionamento conturbado do


goleiro com várias mulheres e o filho do casal ganharam destaque em duas
matérias do Último Segundo, que podem ser tidos como exemplos da influência
e irresponsabilidade da mídia ao pautar e enquadrar temas que, além de
causar polêmica, podem influenciar negativamente, condenando pessoas de
maneira injusta e usando a espetacularização para ter audiência, alcançando
assim aquele que parece, por vezes, ser seu único objetivo.

21
Bruno, assim como no caso dos Nardoni, teve também sua honra e também sua
vida violadas, foi indiciado e condenado primeiramene pela imprensa, e já chegou no
Tribunal como réu, sendo sentenciado a cumprir 22 (vinte e dois) anos e 3 meses de
reclusão. Ou seja, a opnião das pessoas novamente foram influenciadas pelas
transmissões divulgadas pelos meios de comunicação.
Além deste, outro crime que teve muita repercursão midíatica foi o de Susana
Von Richothofen, ocorrido em São Paulo, no ano de 2002, em que fora assassinados
Manfred e Marísia Von Richothofen.
Pelo fato de ter como principal acusada a filha do casal, Suzana, esse caso
ganhou um grande clamor na sociedade. Além dela, também estavam envolvidos os
“Irmãos Cravinhos”, Daniel e Cristian, seu namorado e cunhado, respectivamente. Por
esse motivo, mais de cinco mil pessoas se inscreveram para ocupar as cadeiras
disponíveis ao público no Tribunal do Júri de São Paulo. Sobre a influência da mídia
nesse caso, Prates e Tavares (2008) expõem a cerca da influência da mídia nesse
caso, dizendo:

Veja-se, por exemplo, o polêmico julgamento de Suzane Reichtofen e dos


irmãos Cravinhos em que antes do julgamento ocorrer uma emissora de
televisão colocou no ar um membro do Ministério Público e o advogado de
Defesa da ré. Os dois debateram acerca das teses que seriam usadas durante
o julgamento, ou seja, o julgamento estava acontecendo no ar, perante o
público e o apresentador do programa exaltando que agora é que se veria se
existe justiça neste país. Como se a condenação de Suzane fosse a exata
medida de justiça para todos os crimes.

A imprensa possui liberdade sobre noticiar os fatos, portanto, estes, devem ser
divulgados de forma imparcial, e analisada a veracidade sobre a informação. Vale
salientar que as noticias propagadas não devem ter intenção de conundir as pessoas
que estão recebendo, nem gerar uma ideia imprecisa sobre a informação,mas sim
corresponder com a realidade de forma exata.
Sobre as notícias que Acerca das notícias que causa opiniões divergenter a
veracidade dos fatos, Mello (2010, p. 107) afirma:

Com o intuito de lhe gerar lucro, a mídia explora o fato, transformando-o em


verdadeiros espetáculos, em instrumentos de diversão e entretenimento do
público; as notícias não passam por crítico processo de seleção, tudo é notícia,
desde que possam render audiência e, consequentemente, dinheiro. Mais
grave que isso, é o fato de a mídia constituir um poderoso instrumento de
formação da opinião pública. Quando um fato é divulgado pelos meios de
comunicação, sobre ele, já incide a opinião do jornalista, ou seja, o modo como
ele viu o acontecimento é a notícia e, esta visão, justamente pelos motivos
acima apresentados, nem sempre demonstra a realidade.

22
Quando a imprensa realiza uma condenação prévia, é difícil não ter uma
influência sobre a sociedade. Muitas vezes,são jurados leigos,que nem se quer podem
acessar o processo, e nem tem conhecimento sobre o seu procedimento, ou seja, sem
nenhuma base no direito acreditam somente no que a mídia veicula e suas
informações malíciosas.
É valido salientar que a imprensa na sua forma de atuação legitima seus
argumentos, fazendo com que pareça que o que está sendo dito é um reflexo do
pensamento da sociedade, mesmo esta sendo tão impiedosa, e por isso, propaga
noticias distorcidas da realidade, sem ética, e até mesmo sem responsabilidade.
Influenciando desta forma a opnião popular e o julgamento dos crimes do Tribunal do
Júri, tirando dos acusados a chance de se defender
Ainda assim, é importante ressaltar que o futuro do indíviduo e sua liberdade é o
bem tutelado. E por essa razão, os jurados não podem se deixar influenciar por
informações exarcebadas e inverídicas divulgadas pela mídia, como também pelo
apelo social. Para julgar os crimes do Tribunal do Júri os responsáveis devem se
basear apenas na suas prórpias conviccões e opiniões acerca do tema discutido.
É importante ressaltar a composição atual do Tribunal do Júri, assim como, a
sua função e a da imprensa a respeito da globalização e disseminação de informações,
pois como ressalt o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (1999): “A liberdade criou a
imprensa. E a imprensa não deve se transformar na madrasta da liberdade”.
Consoante à isso, não há como seguir inerte ao que foi apresentado. É
necessário que se tomem medidas para poder regularmentar, todo o sistema normativo
e não somente ao Tribunal do Júri, visto que, a mídia interfere de forma aguda no
desempenho deste e de outras organizações e institutos penais.

CONCLUSÃO
A análise feita sobre o tema apresentado no trabalho científico apresentado,
procedeu as seguintes conclusões a seguir designadas.
É notório a relevância dada pela sociedade aos crimes e a violência. E a mídia
por sua vez, utiliza disso para explorar esses assuntos de forma acentuada,
distorcendo fatos e ferindo a dignidade dos envolvidos, tornando o acusado
previamente acusado, antes mesmo de existir a sentença penal condenatória.

23
É possível, mediante o presente estudo analisar de forma detalhada o poder e
influência que os meios de comunicação desempenham sobre o processo penal, a
população, sobre o Conselho de Sentença e também sobre os julgamentos realizados.
A mídia coloca em perigo a imparcialidade dos jurados, ao exercer o seu forte
poder, ferindo assim, o principio fundamental da presunção de inocência. Havendo
assim, um choque entre essa garantia e a liberdade que a imprensa possui..
Por isso, a opinião propagada pelas mídias sociais são consideradas como
verdade absoluta em relação aos fatos expostos, fazendo com que ocorra ainda mais
um alarde na sociedade, cobrando uma atuação severa do instituto penal. Além disso
há difusão de opiniões para que os suspeitos sejam condenados perante a sociedade,
fazendo com que antes de chegar ao Tribunal do Júri, a sentença penal, transite
primeiramente pelas pessoas.
Com o propósito de retratar sobre como a mídia pode influenciar no Tribunal do
Júri, e utilizando alguns métodos de pesquisa como o bibliográfico, o exegético-jurídico
e também coletando dados através de pesquisas documentais, o trabalho de
investigação cientifica, que deu inicio com um debate acerca do Tribunal do Júri,
averiguando a sua origem e evolução no Brasil, como também a sua importância e os
crimes do seu domínio, logo após encaminhando-se para sua organização e
estruturação.
O próximo capítulo empenhou-se em explicar alguns príncipios constitucionais
relacionados ao Tribunal do Júri, e consecutivamente demonstrar o estudo sobre a
influência da mídia no Brasil, gerando um debate sobre o choque entre os conflitos de
liberdade de imprensa e o príncipio da presunção da inocência.
Após ser alcançado o objetivo principal do presente trabalho, foram examinados
as formas em que a mídia pré- julga os acusados, sendo colocado em evidência casos
reais e recentes, de muita repercussão, tais como: Isabella Nardoni, Goleiro Bruno,
finalizando com Suzane Von Richothofen. De acordo com a análise dos casos
expostos, pôde-se perceber a forte influência da mídia sobre a opinião pública e ainda
também sobre o pensamento crítico dos jurados que fazem parte do corpo de sentença
do Tribunal do Júri, seguindo de sentimentos obscuros de violência, terror e uma busca
incansável por justiça.
Portanto, foi-se alcançados os objetivos propostos e também foi possível
confirmar a situação evidenciada na formulação do problema, ou seja, analisando se a
influência da mídia na opinião pública interfere no não cumprimento do Princípio da
24
Presunção da Inocência e no julgamento dos crimes encarregados pelo Tribunal do
Júri, foi possível concluir que há sim a interferência da mídia na opinião pública e que
isso reflete diretamente nas decisões dos murados que fazem parte do conselho de
sentença do Tribunal do Júri.
O que se almeja da mediante pesquisa, na qual, resultou a elaboração deste
trabalho científico é que possa servir de estímulo para que os operadores do Direito
estudem e se aprofundem sobre o tema, tendo em vista a sua fundamental relevância,
e que sirva de contribuição para os membros da sociedade, assim como os
acadêmicos.

REFERENCIAS

ANDRADE, Fábio Martins de.Mídia e Poder Judiciário: a influência dos órgãos da


mídia no processo penal brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

BASTOS, Márcio Thomaz. Júri e mídia. In: Tribunal do júri: Estudo sobre a mais
democrática instituição jurídica brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em:
15abr.2015.

BRASIL. Decreto Lei n° 2.848 de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm> Acesso em: 15 abr.
2015.

BRASIL. Decreto Lei n° 3.689 de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm> Acesso
em: 15 abr. 2015.

BRASIL. Resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas de 10 de


dezembro de 1948.Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf> Acesso em: 15 abr.
2015.

BUDÓ, Marília Denardin. Mídia e crime: a contribuição do jornalismo para


alegitimação do sistema penal. UNIrevista, Florianópolis, v. 1, n.3, p. 1-14,
2006.Disponível em:

25
<http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Budo.PDF>Acesso em: 23 abr. 2015.

CAMARGO, Aline. Para a mídia, não há suspeitos. Blog “Plural: Observatório de


Comunicação e Cidadania”. 31 de maio de 2011. Disponível em:
<http://www2.faac.unesp.br/blog/obsmidia/2011/05/31/para-a-midia-nao-ha-suspeitos/>
Acesso em: 02 mai. 2015

CASAL Nardoni é condenado pela morte de Isabella. Último Segundo IG, São Paulo,
27 de março de 2008. Disponívelem:
<http://ultimosegundo.ig.com.br/casoisabellanardoni/casal+nardoni+e+condenado+pela
+morte+de+isabella/n1237588294969.html> Acesso em: 08 abr. 2015.

CRUZ, Maurício Jorge D’Augustin. O caso da escola infantil da base: liberdadede


imprensa e presunção de inocência. Porto Alegre: PUCRS, 2003. 168 f.Dissertação
(Mestrado em Ciências Criminais), Faculdade de Direito, Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, 2003.

GOMES, Luiz Flávio. Casal Nardoni: inocente ou culpado? (parte 1). Disponível em:
<http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20100315111040784> Acesso
em: 24 ago. 2014.

HERCULANO, Flávio. A morte de Isabella Nardoni: um grande espetáculo. 2008.


Disponível em:<http://www.overmundo.com.br/banco/artigo-a-morte-de-isabella-
nardoni-um-grande-espetaculo> Acesso em: 08 abr. 2015.

HOUAISS, Antonio e VILLAR, Mauro de Sales. Dicionário Houaiss da Língua


Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva 2001.

JABUR, Gilberto Haddad. Liberdade de pensamento e direito à vida privada:


conflitos entre direitos da personalidade. São Paulo, SP: Revista dos Tribunais, 2000.

MELLO, Carla Gomes de. Mídia e Crime: Liberdade de Informação Jornalística


ePresunção de Inocência. Revista de Direito Público, Londrina, v. 5, n. 2, p. 106-122,
ago. 2010. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/view/7381/6511>.Acesso
em: 10mai. 2015.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

MONTALVÃO, Fernando. Caso Nardoni. Júri a céu aberto. Revista Jus Vigilantibus.

26
2008. Disponível em:<http://jusvi.com/artigos/33052> Acesso em: 08 abr. 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza. Júri: princípios constitucionais. São Paulo: Juarez


de Oliveira, 1999.

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 15. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris. 2011.

PRATES, Flávio Cruz; TAVARES, Neusa Felipim dos Anjos. A influência da mídia nas
decisões do conselho de sentença.Direito & Justiça, Porto Alegre, v. 34, n. 2, jul./dez.
2008. Disponível em:
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fadir/article/view/5167

TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo. A imprensa e o judiciário. Revista do Instituto de


Pesquisas e Estudos, Bauru, n. 15, p. 15-20, ago./nov. 1996. Disponível
em:<http://bdjur.stj.gov.br/xmlui/bitstream/handle/2011/20397/imprensa_judiciario.pdf?s
equence=3> Acesso em: 15 abr. 2015.

TUCCI, Rogéria Lauria. Tribunal do júri. Estudo sobre a mais democrática instituição
jurídicabrasileira. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999.

VEJA, Revista. São Paulo: Abril, n.16, 11 de abril de 2008.

MIDIA. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Disponível em:


https://www.dicio.com.br/midia-2/ . Acesso em 15/04/2022

27

Você também pode gostar