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CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS

CURSO DE DIREITO

ANA PAULA MORAES DA SILVA

A CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA NO TRIBUNAL DO JÚRI E PRESERVAÇÃO DOS


PRINCÍPIOS DE PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA IMPARCIALIDADE

PORTO ALEGRE
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS
CURSO DE DIREITO

ANA PAULA MORAES DA SILVA

A CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA NO TRIBUNAL DO JÚRI E PRESERVAÇÃO DOS


PRINCÍPIOS DE PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA IMPARCIALIDADE

Artigo científico de pesquisa apresentado para a


avaliação da disciplina de Trabalho de Curso, com
posterior apresentação à Banca Examinadora,
requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em
Direito.

Orientador: Prof. Dr. Tiago Oliveira de Castilhos


PORTO ALEGRE
2023

A CRIMINOLOGIA MIDIÁTICA NO TRIBUNAL DO JÚRI E PRESERVAÇÃO


DOS PRINCÍPIOS DE PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DA IMPARCIALIDADE

MEDIA CRIMINOLOGY IN THE JURY COURT AND PREVAILING THE


PRINCIPLES OF PRESUMPTION OF INNOCENCE AND IMPARTIALITY

Sumário:

Sumário: Introdução; 1 – Contextualização da criminologia midiática; 1.1


– Da criminologia midiática; 1.2 Do princípio da presunção de inocência;
1.3 – Do princípio da imparcialidade; 2 – o Tribunal do Júri; 2.1 – O
princípio da soberania os veredictos; 2.2. – Sigilo das votações; 2.3 –
Plenitude de defesa; 2.4 – Competência mínima para os crimes dolosos
contra a vida, 3 – A influência da mídia nas decisões dos jurados.
RESUMO

O Tribunal do Júri foi instituído por Decreto em 1822, onde sua competência era exclusiva
aos crimes de imprensa e a constituição de 1824 instituiu para a área civil também. O presente
trabalho irá analisar a influência exercida pela mídia da condenação do réu em casos de
repercussão, pela influência da própria mídia que representa a maioria da população, e neles estão a
grande base do que é certo e errado, existe uma grande demanda de influência, e com isso, na
maioria dos casos, o condenado já chega no tribunal do júri condenado, através de influência e
manipulação da sociedade que vivemos nos dias de hoje, justamente pelo fácil acesso das notícias
de espalharem, e cada uma julga da forma como acha melhor, sem ao menos saber detalhes sobre o
que de fato aconteceu, Cabe somente ao poder judiciário lutar e apresentar de informações de
maneira tendenciosa sobre o acusado, é dever garantir todos os direitos do acusado, não deixando
nenhuma outra instituição a não ser o Júri, realizar o julgamento de alguém, seja para condená-lo ou
para absolvê-lo. Atualmente é competência do Tribunal do Júri julgar os crimes, e essa influência
implica diretamente no princípio de imparcialidade, que se refere a não privilegiar ninguém e
nenhuma das partes antes do julgamento. Para a realização dessa pesquisa, foi utilizado palavras
chaves como tribunal do júri, princípio da presunção de inocência, princípio da imparcialidade e
criminologia midiática. O método a ser realizado para a construção deste trabalho é um estudo
baseado em bibliografias, baseado em obras e autores sobre os tens relacionados. Este modelo de
pesquisa se dá por meio de investigação e registros.

Palavras – chave: Tribunal do Júri. Mídia; Princípio da Presunção de Inocência, Princípio da


Imparcialidade, Princípio da Soberania dos Veredictos; Princípio da Ampla Defesa; Criminologia
Midiática.
Abstract

The Jury Court was established by Decree in 1822, where its jurisdiction was exclusive to
press crimes and the constitution of 1824 established it for the civil area as well. The present work
will analyze the influence exerted by the media on the conviction of the defendant in cases of
repercussion, through the influence of the media itself, which represents the majority of the
population, and in them are the great basis of what is right and wrong, there is a great demand for
influence, and with that, in most cases, the convicted person already arrives at the convicted jury's
court, through the influence and manipulation of the society we live in today, precisely because of
the easy access of news to spread, and each judge in the way they think it's better, without even
knowing details about what actually happened, It is only up to the judiciary to fight and present
information in a biased manner about the accused, it is the duty to guarantee all the rights of the
accused, leaving no other institution other than the Jury, carrying out a trial of someone, whether to
convict or acquit them. Currently, it is the Jury Court's responsibility to judge crimes, and this
influence directly implies the principle of impartiality, which refers to not privileging anyone or
any of the parties before the trial. To carry out this research, key words such as jury trial, principle
of presumption of innocence, principle of impartiality and media criminology were used. The
method to be carried out for the construction of this work is a study based on bibliographies, based
on works and authors on related topics. This research model is carried out through investigation
and records.

Keywords: Jury court. Media; Principle of Presumption of Innocence, Principle of


Impartiality, Principle of Sovereignty of Verdicts; Principle of Broad Defense; Media Criminology.
INTRODUÇÃO

Essa pesquisa visa analisar a influência exercida pela mídia na condenação do réu
em casos de repercussão, uma vez que na maioria dos casos o réu já chega condenado
no tribunal do júri pela própria mídia que exerce o seu poder de manipulação, no qual a
sociedade condena o réu antes mesmo do início do seu julgamento, interferindo dessa
forma no princípio da presunção de inocência.

O presente trabalho irá verificar se a criminologia midiática afeta ou não os julgados


nos tribunais antes mesmo do seu julgamento, verificando se essa influência não viola o
principio da presunção de inocência e da imparcialidade.

Com os meios tecnológicos cada vez mais acessíveis para todas as classes sociais,
é inevitável que as notícias circulem de forma cada vez mais rápida, tanto notícias
verdadeiras, como as falsas, levando, dessa forma, ao Judiciário uma grande quantidadede
erros em seus julgamentos devido a esse poder de influenciar da mídia, fazendo na
maioria dos casos seu próprio julgamento, absolvendo ou condenando o réu sem ao menos
fazerem parte do tribunal do júri.

Por julgar crimes dolosos contra a vida, o Júri é considerado o maior alvo do sistema
jurídico, e consequentemente acaba havendo um julgamento prévio pela sociedade antes
mesmo do julgado ir a julgamento, fazendo com que isso haja uma influencia de maneira
direta ou indireta nas decisões.

Salienta-se que cabe ao poder judiciário lutar contra essa atuação da mídia, para que
não chegue ao ponto de influenciar para a tomada de decisão dos jurados, para que todos
os direitos dos acusados não sejam inviolados, não deixando sequer nenhuma instituição
a não ser somente o Júri realizar o devido julgamento.

É competência do Tribunal do Júri julgar crimes de homicídio doloso,


infanticídio, participação em suicídio, aborto e seus crimes conexos, tais crimes esses que
geram muita curiosidade e disseminação de informações dentre a nossa sociedade, é
notável a expansão tecnológica que a midia ganhou com o passar dos tempos, fazendo
com que as informações cheguem de uma maneira muito rápida para a população, fazendo
com que isso gera enormes consequências dentro do Tribunal do Júri, afetando
diretamente o acusado e que deveria ser julgado por pessoas que não tem nenhum
interesse ou concepcões sobre o caso conforme prevê o princípio da imparcialidade.

Diante do exposto, busca-se entender se essa influência altera ou não a decisão de


um conselho condenatório, ou se viola ou não o principio de presunção de inocência e da
imparcialidade.

1. Contextualização da criminologia midiática

Dentro deste capítulo será abordado sobre os entendimentos e compreensão da consequência


da criminologia midiática e o princípio da presunção de inocência.

1.1 Da criminologia midiática:

A criminologia midiática explora diversos meio de comunicação, dentre eles a comunicação


como jornais, televisão, rádio e mídias sociais. Contudo, esses meios de interações acabam
gerando muitas percepções do crime e dos criminosos, influenciando diretamente em como as
pessoas veem determinado assunto. Zaffaroni (2012, p. 307) escreve a respeito deste tema:

A criminologia midiática cria a realidade de um mundo de pessoas decentes frente a


uma massa de criminosos, identificada através de estereótipos que configuram um
eles separado do resto da sociedade, por ser um conjunto de diferentes e maus. O
eles da criminologia midiática incomodam, impedem de dormir com as portas e
janelas abertas, perturbam as férias, ameaçam as crianças, sujam por todos os lados e
por isso devem ser separados da sociedade, para deixar-nos viver tranquilos, sem
medos, para resolver todos os nossos problemas. Para tanto, é necessário que a
polícia nos proteja de suas ciladas perversas, sem qualquer obstáculo nem limite,
porque nós somos limpos, puros e imaculados (ZAFFARONI, 2012, p. 307).

Nesse sentido, entende-se que a criminologia midiática versa sobre o papel da mídia de
construção de estereótipos criminais, seja no sensacionalismo ou no impacto emocional de todas as
vítimas e da população em geral.

Passe-se, a partir do próximo capítulo, analisar o princípio da presunção de inocência, princípio de


extrema importância, no que tange aos crimes que serão julgados no Tribunal do Júri.
1.2. Do princípio da presunção de inocência

Este princípio é um dos fundamentos do nosso sistema jurídico e está exclusivamente


relacionado ao direito de toda a pessoa ser considerada inocente até o trânsito em julgado, até que
seja comprovada a sua culpa, embora esse princípio não seja muito respeitado pela mídia, esse
princípio assegura que determinada pessoa não seja tratado e até mesmo julgado como culpado antes
de uma decisão condenatória.

PRINCÍPIO DE PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória.

O princípio da presunção de inocência no Brasil consagrou-se somente em outubro de


1988, com o advento da Constituição Federal. O artigo 5º, inciso LVII diz que “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (BRASIL, 1988,
s.p.).
Esse princípio também está no Código de Processo Penal, no art. 283, onde não permite que
ninguém seja preso se não em flagrante delito, ou sem uma ordem que deve estar escrita e
fundamentada de autoridade jurídica competente, impedindo que o cidadão seja acusado
injustamente, gerando, assim, garantia jurídica tanto para a sociedade, quanto para o acusado.

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação
ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.”
Em se tratando do princípio da presunção de inocência, Baccaria diz:

Um homem não pode ser considerado culpado antes da sentença do juiz; e a


sociedade apenas lhe pode retirar a proteção pública, depois que seja decidido
que ele tenha violado as normas em que tal proteção lhe foi dada.(..) Aí está uma
propositura muito simples: ou o crime é certo, ou é incerto. Se é certo, apenas deve
ser punido com a pena que a lei fixa, e (...). Se o crime é incerto, não é hediondo
atormentar um inocente? (BACCARIA, Dos Delitos e das Penas, Editora Martin
Claret, São Paulo. 2003, p. 37.

Parte da doutrina fala sobre o conceito de principio da presunção de inocência, Paulo Rangel
diz;

Primeiro, não adotamos a terminologiapresunção de inocência, pois se o réu não


pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, também não pode ser presumidamente inocente. A Constituição não
presume a inocência, mas declara que ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). Em outras
palavras, uma coisa é a certeza da culpa, outra, bem diferente, é a presunção da
culpa. Ou, se preferirem, a certeza da inocência ou a presunção da inocência.

Por sua vez, Bonfim acrescenta;

Sustenta a boa doutrina que a expressão “presunção de inocência” é de utilização


vulgar, já que não é tecnicamente correta. É verdade. Presunção de inocência, em
sentido técnico, é o nome da operação lógico-dedutiva que liga um fato provado
(indício) a outro probando, ou seja, é o nome jurídico para descrição justamente
desse liame entre ambos. No caso, o que se tem mais propriamente é a consagração
de um princípio de não-culpabilidade, até porque a Constituição Federal (art. 5º,
LVII), não afirma presumir uma inocência, mas sim garantir que ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Desta forma, não restam dúvidas de que esse princípio é extremamente importante, tanto
para o condenado, quanto para a sociedade, pois garante o direito de toda e qualquer pessoa de não
ser condenada ou punida sem antes passar pelo devido processo legal e trânsito em julgado.
Outrossim, é de suma importância analisarmos sobre o princípio da imparcialidade, ainda mais
quando se fala sobre crimes que serão julgados pelos tribunais, onde foi criado para que seja garantida
a justiça, a equidade e a confiança no nosso sistema jurídico.

1.3 Do princípio da imparcialidade

Nesse tópico falaremos sobre o principio de extrema importância para o poder judiciário,
debateremos e pesquisaremos sobre o principio da imparcialidade, que versa sobre a condição de
agir de maneira justa e totalmente imparcial, jamais favorecendo um lado em específico, como por
exemplo, no tribunal do juri, onde se espera que o caso seja julgado de forma extremamente
imparcial.

No que se refere ao princípio da imparcialidade, sabemos que as garantias que são atribuídas
aos julgadores são de extrema importância ao que tange o princípio da imparcialidade, pois ele
permite que os julgadores tenham o livre arbítrio para que decidam os conflitos conforme lhes é
apresentado, o art. 95 da CF nos fazem as garantias que os juizes gozam.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitalicidade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal
a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada
em julgado;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.
93, VIII;
III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma
de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
IV- receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas
em lei;
V- exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Desta forma, não restam dúvidas que este princípio é essencial para que ambas as
partes tenham uma garantia de justiça, pois o juiz tem o dever de exercer essa atividade, onde
analisa e julga todos os conflitos que lhes é atribuído de uma forma que não prejudique
nenhuma das partes, fazendo com que consequentemente haja uma decisão julga e célere,
garantindo a imparcialidade de todas as partes, independente do julgador.
Abaixo iremos analisar um artigo de Eugenio Raúl Zaffaroni sobre esse assunto:

A jurisdição não existe se não for imparcial. Isto deve ser devidamente esclarecido:
não se trata de que a jurisdição possa ou não ser imparcial e se não o for não cumpra
eficazmente sua função, mas que sem imparcialidade não há jurisdição. A
imparcialidade é a essência da jurisdicionalidade e não seu acidente. [...] Aquele
que não se situa como terceiro “supra” ou “inter” partes, não é juiz.

Fabrício Dreyer de Ávila Pozzebon (2013. P. 16) entende que:

Finalmente, é preciso ter consciência da necessidade de uma revisão cultural no


sentido de que tais arguições seriam, de alguma forma, ofensivas ou depreciativas
da pessoa de determinado magistrado. Muitas vezes, as próprias circunstâncias do
caso concreto, associadas ao conteúdo das medidas judicias adotadas previamente
na esfera penal ou extrapenal, por exemplo, podem levar a tal incapacidade para
presidir e julgar o feito sem qualquer demérito. O importante é que as partes creiam
ou sintam, tanto em caso de decisão favorável como desfavorável, que a causa foi
julgada por um juiz, subjetiva e objetivamente imparcial.

Em contrapartida, Nereu Giacomolli (2014. p 234) traz seu conceito interessante:

Por isso, é utópico pensar que as regras positivas, a interpretação e seu estudo
cientifico possam ser realizados a margem de valores sociais, de paradigmas
históricos, filosóficos e psicológicos, ou seja, de forma neutra. Várias teias
interferem no ato de julgar, inclusive os processos inconscientes. O mito da
neutralidade e da racionalidade pura é rompido por essa gama de interferências. Por
isso, não há julgamento neutro, pois o que se projeta no decisum também está nas
entrelinhas (densidade invisível ao senso comum).

Deste modo, não restam dúvidas de que este princípio é de suma confiança no nosso
sistema de justiça, nos dando a garantia de que todas as decisões serão tomadas e feitas de forma
totalmente imparcial, sem esse principio certamente o nosso sistema de justiça iria perder
totalmente sua legitimidade, prejudicando diretamente toda e qualquer pessoa acusada por
determinado crime específico. Não a de se falar que sem o princípio da imparcialidade haveriam
enormes riscos de casos serem julgados com base em preconceitos, ao invés de serem julgados pelo
caso concreto em si.
Diante do exposto, no próximo capítulo iremos dissertar sobre o Tribunal do Júri, para
entendermos do que ele trata, qual a sua importância e qual a sua competência.

2. O Tribunal do Júri

O assunto principal nesse capitulo é discorrer sobre a importância do tribunal do


Júri, qual a composição do Júri, quais os crimes que ele julga, qual a sua relevância no
nosso poder judiciário e o papel do juiz.

O Tribunal do Júri foi constituído no Brasil desde 1982 e é previsto na nossa


Constituição Federal, é composto por julgadores leigos, que são escolhidos e selecionados
de forma totalmente aleatória, pessoas essas que são, na maioria das vezes, sem formação
jurídica, o Tribunal do Júri é competente para julgar os crimes de homicídio doloso,
infanticídio, aborto, auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio, em suas formas
tentadas ou consumadas., fazendo com que o magistrado decida se o réu é culpado ou
inocente.
Art. 5º (...) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Acerca do tema, Guilherme Nucci decorre:


Note-se que o texto constitucional menciona ser assegurada a
competência para os delitos dolosos contra a vida e não somente para
eles. O intuito do constituinte foi bastante claro, visto que, sem a fixação
da competência mínima e deixando-se à lei ordinária a tarefa de
estabelecê-la, seria bem provável que a instituição, na prática,
desaparecesse do Brasil. Foi o que houve em outros países ao não
cuidarem de fixar, na Constituição, a competência do Tribunal Popular
(conferir: Portugal, art. 210; Espanha, art. 125, locais onde a instituição
do júri não obtém predominância). A cláusula pétrea, no direito
brasileiro, impossível de ser mudada pelo Poder Constituinte Reformador
(ou Derivado), não sofre nenhum abalo caso a competência do júri seja
ampliada, pois sua missão é impedir justamente o seu esvaziamento.

São princípios do Tribunal do Júri o sigilo das votações, a total plenitude de defesa, a
soberania dos veredictos e a competência mínima para os crimes dolosos contra a vida, não restam
dúvidas de que o sigilo das votações do tribunal do júri é essencial para que haja um julgamento justo
e célere, pois de forma distinta, correria o risco dos jurados serem pressionados a tomar determinada
decisão, o qual prejudicaria diretamente o réu e ao julgamento. Encontramos esse princípio no
Código de Processo Penal, em seu art. 485.

Art. 485. Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o
Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e
o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1º Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o público se retire,
permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 11.689, de 2008).

Por sua vez, o princípio do sigilo das votações está previsto nos arts. 466 e 564, III, os quais
estabelecem o sigilo das votações.

Art. 466. Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz


presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as
incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código.(Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

§ 1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez


sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem
manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do
Conselho e multa, na forma do § 2º do art. 436 deste Código. (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

§ 2º A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de


justiça. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e


suaincomunicabilidade;

Diante do exposto, Guilherme Nucci nos faz o conceito:

O Tribunal do Júri é, apenas, uma garantia humana fundamental formal. Em


hipótese alguma, pode-se considerá-lo garantia individual essencial. Nos países em
que não há júri – e são muitos – também é viável subsistir um Estado Democrático
de Direito. Juízes togados imparciais promovem o julgamento de pessoas acusadas
da prática de delitos. Aliás, fosse ele um Tribunal indispensável à democracia
deveria julgar muito mais que os crimes dolosos contra a vida. Possivelmente,
haveria de deliberar sobre todos os delitos existentes no ordenamento pátrio.

Dessa forma, por influência dos legisladores, o nosso Tribunal do Júri passou a ser uma
garantia fundamental.

No próximo tópico iremos falar sobre os princípios da soberania dos veredictos, onde é
assegurado aos julgadores o veredicto final, onde sua vontade deverá valer.

2.1 O princípio da soberania dos veredictos

Nesse tópico iremos debater e dissertar sobre os princípios da soberania dos veredictos,
onde diz que a vontade dos jurados não pode ser afrontada pelo juiz, sendo assim, a vontade dos
jurados que deve prevalecer.
Renato Brasileiro (2016, p. 1852) decorre sobre o assunto:

Na medida em que representa a vontade popular, a decisão coletiva dos jurados,


chamada de veredicto, é soberana (CF, art. 5º, XXXVIII, “c”). Da soberania dos
veredictos decorre a conclusão de que um tribunal formado por juízes togados não
pode modificar, no mérito, a decisão proferida pelo Conselho de Sentença. Por
determinação constitucional, incumbe aos jurados decidir pela procedência ou não
da imputação de crime doloso contra a vida, sendo inviável que juízes togados se
substituam a eles na decisão da causa. Afinal, fosse possível a um Tribunal formado
por juízes togados reexaminar o mérito da decisão proferida pelos jurados, estar-se-ia
suprimindo do Júri a competência para o julgamento de tais delitos.

Entretanto, o art. 593 III fala que em casos de apelação contra a decisão do Júri, pode sim o
tribunal anular determinado julgamento, determinando, assim, a realização de um novo julgamento,
caso julgue necessário.

Por sua vez, Nestor Távora e Rosmar Alencer (2016 p. 1212) complementam:

A soberania dos veredictos alcança o julgamento dos fatos. Os jurados julgam os


fatos. Esse julgamento não pode ser modificado pelo juiz togado ou pelo tribunal
que venha a apreciar um recurso. Daí que em hipótese de julgamento
manifestamente contrário à prova dos autos, a apelação provida terá o condão de
cassar o julgamento e mandar o acusado a um novo júri. Note-se que o tribunal não
altera o julgamento para condenar ou absolver o acusado, ou mesmo para acrescer ou
suprimir qualificadora. Como a existência do crime e de suas circunstâncias é
matéria fática, sobre ela recai o princípio da soberania dos veredictos, não podendo
seu núcleo ser vilipendiado, senão por uma nova decisão do tribunal popular
Sobre possível realização de um novo júri, Nucci (2015) nos traz que em se tratando de uma
anulação à decisão do conselho de sentença, só é possível um grau de apelação a anulação da decisão
tomada e a determinação de um novo Júri.

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz
singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular
nos casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948).

Diante do exposto, conclui-se que a soberania dos veredictos são a base para o Tribunal
democrata, fazendo com que se garanta a execução ao direito em si, constando que é inviável que
haja uma modificação das determinadas decisões dos juízes togados.

Outro princípio de extrema importância para o Tribunal do Júri é o sigilo das votações dos
juizes, pois regem sobre a liberdade de escolha sobre o seu voto, no próximo capítulo iremos
analisar e debater sobre o tema.

2.2 Sigilo das votações

No decorrer deste capitulo iremos dissertar sobre o sigilo das votações no Tribunal do Júri,
esse princípio encontra-se previsto no artigo 5, inciso XXXVIII, da Constituição da República, esse
principio é de extrema importância, pois ele tem como principal objetivo preservar a segurança dos
membros que compõe o Conselho de Sentença, até o final do julgamento, fazendo com que os jurados
julguem de maneira tranquila, sem se preocuparem com qualquer tipo de retaliações diante de seu
voto, algo que não aconteceria se não existisse esse principio, que é de suma importância para o
nosso ordenamento jurídico.

Esse dispositivo assegura que aos veredictos dos jurados sejam feitos de maneira livre,
Campos (2015, p. 09) nos diz:
Os jurados decidem a causa através de votações secretas, não se identificando a
maneira como votou cada cidadão-leigo. Visa tal princípio resguardar a
tranquilidade e segurança dos membros do Conselho de Sentença para decidir o
destino do acusado, sem medo de represálias, de quem quer que seja.

Por sua vez, Mirabete (2006, p.494), decorre:

“A condição do júri estabelece anteparo aos jurados, desta forma se materializando


por meio do silêncio obrigatório em suas decisões e pela calmaria do árbrito popular,
a qual estaria presumida ao emanar a votação conforme desígnio do auditório”.

O principal objetivo desse princípio serve para que os jurados julguem de uma maneira
tranquila, conforme o seu entendimento, sem se preocuparem com julgamentos, visando, também,
que ninguém influencie a imparcialidade do Júri.

No próximo capítulo falaremos sobre o princípio da plenitude de defesa, onde mostraremos o


direito do acusado que será julgado no Tribunal.

2.3 Plenitude de defesa

Esse princípio está garantido na Constituição federal, no artigo 5º, inciso XXXVIII.

Andreucci (2009, p.3) diz:

Implica o exercício do direito de defesa, pelo acusado, de forma mais abrangente


que a ampla defesa, assegurada aos réus em geral, ensejando sua efetiva
participação no Tribunal do Júri e possibilitando ao se defensor lançar mão de todos
os argumentos e meios de provas e convencimento dos jurados, ainda que não
expressamente previstos em lei.

Na mesma linha, Tourinho Filho (2008, p. 405-406) refere:

[...] Ampla defesa uma defesa vasta, espaçosa. [...] a plenitude de defesa, significa
uma defesa, além de vasta, completa, plena. Se aos acusados em geral é assegurada
ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes, evidente que a plenitude, sendo
mais vasta, sendo, por assim dizer, um superlativo amplo, evidente que a plenitude
de defesa não deve ficar angustiada dentro do limitado encerro das provas, do
contraditório, da recusa dos jurados, da paridade de armas. A acusação também goza
desses direitos. Seria o mesmo que ampla defesa. Mas, repetimos, estamos
convencido de que a plenitude tem um campo mais vasto, mais longo, amplidão que
se estende ao protesto por novo Júri, aos embargos infringentes e até mesmo à
revisão criminal, malgrado a soberania dos veredictos. Todas essas normas integram
e perfazem a plenitude de defesa.
Não restam dúvidas de que esse princípio é extremamente importante e essencial para a
justiça, uma vez que ela visa proteger e assegurar todos os direitos individuais dos acusados, para
que não haja condenação injusta.

Sendo assim, diante do exposto, entende-se que na plenitude de defesa poderão ser utilizados
todos os meios devidos de defesa para que o acusado possa conversar os jurados de sua inocência,
meios eles: políticos, religiosos, morais dentre outros.

Passa-se, a partir do próximo capítulo, analisar a competência mínima para julgar somente
crimes dolosos contra a vida, uma vez que se sabe que o Tribunal do Júri tem competência para
julgá-los.

2.4 Competência mínima para os crimes dolosos contra a vida

Nesse capítulo iremos analisar a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, que
está presente no nosso art. 5º, XXXVIII, da CF/88, essa instituição decorre sobre a competência
mínima de julgar esses crimes, sendo possível, também, serem julgados outras categorias de
crime que lhe forem conexos.

Sendo assim, Marcus Vinícius Amorim de Oliveira (2002, p.91) argumenta que:

Pode-se afirmar que o Júri Popular é assistido por uma competência privativa. Por
essa razão, o legislador não pode suprimir da alçada do Júri Popular o julgamento
dos crimes dolosos contra vida. Isso seria uma restrição eivada de
inconstitucionalidade. Porém, no nosso entender, nada impede que o legislador,
constituinte ou ordinário, remeta à apreciação do Júri Popular matérias de natureza
diversa.

O Código de Processo Penal, traz no art. 74 a competência do tribunal do Júri de uma forma
taxativa e exaustiva, no mais, compete ao tribunal julgas os crimes dolosos contra a vida.
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§
1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados
ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da
competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (art. 492, § 2o).

Deste modo, entende-se que o julgamento dos crimes dolosos contra a vida são de
competência exclusiva ao Tribunal no Júri, que é formado por jurados e sua competência está
prevista no art. 5º, XXXVIII, da CF/88. Outros tipos de crimes são julgados por outras
instâncias, como o crime de latrocínio, que são julgados por um juiz, não por jurados, como
é feito no Júri, mas em caso de crimes conexos entre os crimes dolosos contra a vida e outros
delitos, será prevalecida a competência do Júri para esse julgamento, isso se dá para que não
prejudique a celeridade processual, acarretando, assim, decisões que possam gerar conflitos,
e assim prejudicar o julgamento.

À vista disso, iremos analisar do próximo capítulo, a influência que a mídia exerce
nas decisões dos julgados, se essa influência seja consequência ou não para o Réu que será
julgado no Tribunal.

3. A influência da mídia nas decisões dos jurados

Nesse tópico iremos analisar sobre a influência da mídia nas decisões dos jurados no
Tribunal do Júri, como sabemos, é incontestável que a mídia, nos tempos atuais, apresenta uma
enorme influência na população, uma vez que nos dias de hoje as notícias chegam para a população
de uma forma extremamente rápida e eficaz, seja por jornal, televisão, rádio, rede sociais sejam elas
notícias boas ou ruins, e desta forma, a população de aproveita desses meios para se informar e
saber todas as informações que acontece no mundo. Diante de tal entendimento, Figueiredo Teixeira
(2011, 9.15) descreve:
A Imprensa, por sua vez, tornou-se indispensável à convivência social, com
atividades múltiplas, que abrangem noticiário, entretenimento, lazer, informação,
cultura, ciência, arte, educação e tecnologia, influindo no comportamento da
sociedade, no consumo, no vestuário, na alimentação, na linguagem, no vernáculo,
na ética, na política, etc. Representa, em síntese, o mais poderoso instrumento de
influência na sociedade dos nossos dias.

Sabemos que a mídia tem grande influência na nossa sociedade e é indiscutível dizer que essa
mesma sociedade propaga informações falsas, que são condizem com a verdade, e essas informações
são levadas a frente, como se fossem verdadeiras. Essas informações são passadas de má-fé, algumas
vezes por algum jornalista, informante, onde se baseiam somente em seu determinado ponto de vista,
utilizando dessa forma, meios para promoverem lucros para si, atraindo leitores e população, se
propagando, assim enormes informações falsas.

Uma vez que a noticia é divulgada e repassada, ela acaba afetando diretamente a sociedade,
pois acabam fazendo com que essa determinada informação falsa se propague entre muitas pessoas,
e consequentemente elas irão acreditar cada vez mais naquilo que são lendo, vendo ou ouvindo.,
fazendo com que esses leitores sejam influenciados diretamente por eles.

Infelizmente, essa realidade provoca a propagação e a emissão aos juízos divulgados pelos
meios de comunicação, fazendo com que influência diretamente o princípio da presunção de
inocência, tomando possível de defender o acusado, uma vez que já chega ao júri com a sentença da
população. Onde a sociedade proglama que seja feita uma justiça a todo custo, fazendo, sem dúvidas,
uma imploração para que o acusado tenha uma condenação, fazendo o possível para que o réu não
saia impune daquele julgamento, querendo muitas vezes a vingança ao julgamento em si.
Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes (2011) diz:

Não existe “produto” midiático mais rentável que a dramatização da dor humana
gerada por uma perda perversa e devidamente explorada, de forma a catalisar a
aflição das pessoas e suas iras. Isso ganha uma rápida solidariedade popular, todos
passando a fazer um discurso único: mais leis, mais prisões, mais castigos para os
sádicos que destroem a vida de inocentes indefesos.

Em sua obra, Fernando Luiz Ximenes disserta:

O poder da imprensa é arbitrário e seus danos irreparáveis. O desmentido nunca tem


a força do mentido. Na Justiça, há pelo menos um código para dizer o que é crime;
na imprensa não há norma nem para estabelecer o que é notícia, quanto mais ética.
Mas a diferença é que no julgamento da imprensa as pessoas são culpadas até a
prova em contrário. Têm sido comuns os meios de comunicação condenar
antecipadamente seres humanos, num verdadeiro linchamento, em total afronta aos
princípios constitucionais da presunção de inocência, do devido processo legal, do
contraditório e da ampla defesa, quando não lhes invadem, sem qualquer escrúpulo,
a privacidade, ofendendo lhes aos sagrados direitos à intimidade, à imagem e a
honra, assegurados constitucionalmente. Aliás, essa prática odiosa tem ido muito
além, pois é corriqueiro presenciarmos, ainda na fase
da investigação criminal, quando sequer existe um processo penal instaurado, meros
suspeitos a toda sorte de humilhação pelos órgãos de imprensa, notadamente nos
programas sensacionalistas da televisão, violando escancaradamente, como registra
Adauto Suannes, o constitucionalmente prometido respeito à dignidade da pessoa
humana. Não foram poucos os inocentes que se viram destruídos, vítimas desses
atentados que provocam efeitos tão devastadores quanto irreversíveis sobre bens
jurídicos pessoais atingidos.

Como os jurados são seres humanos como qualquer cidadão, eles estão ligados aos casos de
crimes, dentre eles, os crimes contra a vida, fazendo com que eles votem não somente de acordo aos
fatos que estão nos autos do processo, mas sim julgando conforme o entendimento da população,
repetindo as informações que acabam lendo ou ouvindo através da mídia, prejudicando totalmente
aquele acusado, prejudicando, também, o princípio da inocência e da imparcialidade.
Sendo assim, podemos concluir que a mídia e as suas informações influenciam totalmente a
população e a opinião da sociedade, nelas, inclui-se, aos jurados que irão ao Júri julgar os crimes
dolosos contra a vida, fazendo com que essa disseminação influência no momento da condenação do
condenado.

Considerações Finais

Sendo assim, no capítulo 1 foi possível verificar o entendimento e a compreensão sobre as


consequências da criminologia midiática e o princípio da presunção de inocência.

Verificou-se também, no decorrer da pesquisa, o conceito sobre a criminologia midiática, que


é possível e incontestável dizer que esse tema gera conflitos e percepção que influenciaram a mídia,
seja ela por diversos meios de comunicação.

Ademais, falamos e debatemos sobre o princípio da presunção de inocência, que está


presente no nosso art. 5 da Constituição Federal, no inciso LVII, onde diz que ninguém será
considerado culpado até o trânsito em juntado da sentença penal condenatória, dizendo que somente
após um processo concluído, é que se demonstra a culpabilidade do réu. É um princípio jurídico de
ordem constitucional, no qual sua intenção é não julgar o condenado antes de sua sentença final, até
lá, ele é inocente.

Diante disso, não há do que se falar que esse princípio é de extrema importância para o nosso
poder jurídico, pois ele garante os direitos do réu até o seu trânsito em julgado.

Na sequência, dissertamos sobre o princípio da imparcialidade, que versa sobre uma maneira
justa e imparcial de agir, principalmente no tribunal do júri, fazendo com que o réu seja julgado de
uma forma totalmente julga e imparcial, esse princípio serve para garantir uma justiça justa.
No capítulo 2 debatemos sobre o tribunal no júri e a sua importância, sobre a sua importância
no poder judiciário e o papel do juiz.

O tribunal do júri foi constituído no Brasil desde 1982, ele está previsto na nossa Constituição
Federal no art. 5. é composto por um Conselho de Sentença, compostos por julgadores maiores de
18 anos, leigos, esses julgadores são escolhidos de forma aleatória é são sorteados para participar do
júri.
São princípios do Tribunal do Júri o sigilo nas votações, a plenitude de defesa, a soberania
dos veredictos e a competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida.

No capítulo 3 dissertamos sobre a influência da mídia nas decisões dos jurados. Sabemos que
a mídia influência totalmente no nosso dia a dia, seja ela para o bem ou para o mal, as notícias chegam
para a sociedade de uma maneira extremamente rápida, seja ela por televisão, rádio, jornal ou
televisão.

Uma das formas que chegam essas notícias é através de imprensa, que tem um papel de
bastante relevância na sociedade, sabemos que a imprensa tornou-se indispensável na sociedade, e
infelizmente eles usam esse poder muitas vezes de má-fé, repassando informações falsas em
benefício próprio, fazendo com que os seus leitos sejam influenciados e gerando, assim, propagações
de informações que não são verdadeiras.

Sendo assim, conclui-se que a mídia tem o poder de influenciar a população e a opinião da
sociedade, incluindo os jurados. Dessa forma, não há do que contestar que essa influência
infelizmente prejudica totalmente o condenado que será julgado, pois ele já é condenado culpado
antes mesmo do seu julgamento final.
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