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ESTUPRO
Resumo: o exposto trabalho tem como objeto aprofundar de maneira íntegra a incumbência
da vitimologia no processo criminal, em especial, em casos de estupro. Bem como, verificar o
liame precípuo entre essa vertente e compreender por completo todos os tópicos desde a
resolução do caso à busca pela justiça. Ademais, identificar o papel da vitimologia dentro de
um ordenamento jurídico é um dos passos mais importantes na busca pela sociedade mais
justa e segura, com um foco ainda maior quando se trata de crimes contra a dignidade sexual
previsto nos arts.213 à 229 do Código Penal.
INTRODUÇÃO
Ao falar-se em crime, é natural, desde muito tempo, que se discuta a ação e o autor, as
circunstâncias do ocorrido e o contexto histórico-social que o cercam. Todavia, a partir da
Segunda Guerra Mundial e das mazelas deixadas pelo nazismo, a criminologia adotou uma
nova perspectiva a somar-se com as demais, o olhar para e a partir da vítima. No presente,
contamos com a vitimologia como ferramenta essencial na análise do crime, que coloca em
evidência no estudo o indivíduo vítima e seu comportamento anterior e posterior ao fato,
1
thamyres.mv@gmail.com
2
Thamyres Machado Valarini – Discente Unifimes.
3
Vínculo institucional.
buscando sempre uma visão completa do cenário observado, bem como, uma decisão justa,
como o previsto no art. 59, caput do Código Penal brasileiro.
A vitimologia era discutida desde as primeiras civilizações, quando a autotutela era um
meio comumente aceito e a vítima tinha poder de escolha em relação à punição do réu.
Todavia, essa ciência, acompanhada da justiça de modo geral, passou por diversas mudanças
e voltou a ser estudada apenas no final da Segunda Guerra Mundial, diante dos tantos crimes
praticados pelo nazismo alemão. Somente na década de 50 foi criado o Instituto de
Vitimologia pelo criminólogo e jurista Benjamim Mendelsohn (1956) e o papel da vítima
voltou a ser parte importante do processo penal e do estudo dos juristas.
Apesar de ser frequentemente citada como parte da criminologia, a vitimologia é
considerada por muitos doutrinadores, como Hasn Von Hentig, Fredeick Wertham e o próprio
Mendelsohn, uma ciência autônoma. Entende-se que classificá-la como elemento de outra
disciplina é reduzir seu objeto ao estudo unicamente da vítima, quando, na verdade, ela
abrange muito mais que isso, o contexto social e jurídico no qual ela se insere, os diretos
humanos, os fatores precedentes e as consequências do crime, além do posicionamento da
sociedade, do Direito e do Estado frente aos casos.
Quando associada aos crimes de estupro, a vitimologia evidencia a importância de seu
papel, uma vez que seu estudo e sua execução resultam na disseminação de informação sobre
o assunto, no fortalecimento da rede de proteção social, no reconhecimento das vítimas
concretas ou em potencial, na reparação dos danos, quando houver possibilidade, e no
fomento à promoção de políticas públicas voltadas à prevenção e à difusão dos canais de
denúncia.
METODOLOGIA
Para obter resultados e respostas sobre a problematização, será utilizada uma pesquisa
descritiva para analisar a vitimologia e toda a sua relevância nos casos de abuso sexual, seja
dentro do processo ou mesmo em relação às vítimas, a partir de uma crítica composta por
importantes autores da área.
A finalidade é demonstrar a importância de abordar uma temática tão atual e conseguir
servir como alerta para a sociedade. Como objeto empírico, foram selecionados os materiais
necessários para a construção deste texto. Todos foram escolhidos para serem enquadrados
como núcleos ativos e com trabalho constante dentro das ciências criminais, afim de difundir
este assunto.
A partir dos conceitos apresentados pelos autores da criminologia e da vitimologia, o
trabalho analisará a atuação desses objetos empíricos, compreendendo a função no processo
penal dos crimes contra a dignidade sexuais e analisando a situação das vítimas deste ato
criminoso.
O estudo terá um caráter essencialmente qualitativo, com ênfase na observação e
estudo documental, ao mesmo tempo que levará os levantamentos com todas as pesquisas
bibliográficas já feitas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A vítima de violência sexual pode passar pelos três graus de vitimização classificados
pela vitimologia. É vítima primária da transgressão legal, o estupro, e de todas as
consequências físicas e psicológicas que aquele ato poderá lhe causar. É vitima secundária do
sistema, que na maioria das vezes se volta apenas para a busca e apreensão do delinquente,
não utilizando da cautela mínima necessária, não se importando com os direitos da vítima e
nem considerando os traumas sofridos. E é uma vítima terciária quando as pessoas mais
próximas a envergonham, quando fazem comentários de mal gosto, os quais fazem ela sentir-
se ainda pior, quando a culpam pelo estupro, quando a julgam e não a apoiam.
A cultura do estupro precisa ser dissolvida, já que quanto mais forte ela fica, mais
ilegalidades tendem a ocorrer. Em 2021, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
foram registrados 56.098 estupros de mulheres, no Brasil, isso significa dizer que, uma
mulher foi vítima de estupro a cada dez minutos, levando em conta apenas os casos que
chegaram às autoridades.
É importante ressaltar, portanto, que violência sexual não pode ser normalizada, não
há argumento que justifique ou legitime o estupro. São os infratores que precisam ser
ensinados a não estuprar e mudarem de conduta, não são as vítimas que precisam ser
ensinadas a não serem estupradas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS