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CRIMINOLOGIA
Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal
Humberto Brandão
Criminologia....................................................................................................................3
1. Introdução ao Conhecimento Criminológico. . ................................................................4
1.1. Conceito de Criminologia. ...........................................................................................4
1.2. Método.....................................................................................................................6
2. Evolução Histórica da Criminologia........................................................................... 12
2.1. Períodos Históricos................................................................................................. 13
2.2. Etapas Pré-Científica e Científica da Criminologia................................................... 16
2.3. A Moderna Criminologia Científica.......................................................................... 18
3. Objetos da Criminologia............................................................................................ 20
3.1. Delito..................................................................................................................... 20
3.2. Delinquente............................................................................................................22
3.3. Vítima....................................................................................................................25
3.4. Controle Social...................................................................................................... 30
4. Funções da Criminologia. ...........................................................................................32
5. Criminologia e Política Criminal.................................................................................32
5.1. Direito Penal...........................................................................................................34
5.2 Ciência Total do Direito Penal..................................................................................35
Questões de Concurso................................................................................................... 37
Gabarito........................................................................................................................42
Gabarito Comentado. .....................................................................................................43
Bibliografia................................................................................................................... 50
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CRIMINOLOGIA
Existe uma tendência crescente da Criminologia passar a integrar os editais dos princi-
pais concursos cujos cargos estão inseridos no sistema criminal. É o caso, por exemplo, da
grande maioria dos certames de delegado, promotor, magistratura e defensoria pública. Mas
por que a importância da Criminologia vem crescendo vertiginosamente? Por que este conhe-
cimento científico vem sendo exigido dos candidatos aos cargos mais relevantes do sistema
criminal? Enfim...
POR QUE ESTUDAR CRIMINOLOGIA?
Existe uma resposta pragmática para essa pergunta. Os profissionais que ocupam cargos
como o de delegado, o de juiz, o de promotor, o de defensor público, o de investigador, escri-
vão ou perito, lidam diretamente com o fenômeno criminal e precisam estar preparados para
reagirem tecnicamente às crises decorrentes da criminalidade. A complexidade que permeia
o problema criminal não pode ser enfrentada apenas sob o ponto de vista da repressão e do
direito penal. Trata-se de uma temática que envolve conhecimentos multidisciplinares que
transpõem as fronteiras do direito penal e do processo penal, afinal, o crime, antes de ser
um fato jurídico, é um fato social. Ademais, o Direito Penal é a ultima ratio, ao passo que a
Criminologia se ocupa em conhecer as motivações dos comportamentos delitivos e toda a
realidade social que orbita o fenômeno criminal.
Como profissionais do sistema criminal ou da segurança pública, precisamos estar prepa-
rados para fornecer diagnósticos, elaborar estratégias e planos de ação, controle e prevenção
do fenômeno criminal. Enxergar o problema a partir de suas múltiplas facetas (social, jurídica,
psicológica, biológica, etc.) para, assim, podermos nos posicionar tecnicamente diante das
indagações da mídia, da sociedade e do próprio poder público.
Somente o conhecimento criminológico irá capacitar o profissional da área de seguran-
ça pública ou do sistema criminal para fornecer um diagnóstico qualificado e conjuntural
sobre o fenômeno criminal, uma vez que a Criminologia congrega múltiplos conhecimentos
relacionados ao crime, ao delinquente, à vítima e ao controle social, tendo por escopo com-
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Dentro de uma acepção etimológica, Criminologia significa estudo do crime, já que deriva
do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado). Trata-se, todavia, de uma defini-
ção simplista, incapaz de compreender toda a extensão do verdadeiro conceito, cujo qual não
se limita apenas ao estudo do crime.
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Com efeito, a visão moderna da criminologia apresenta uma noção conceitual bem mais
abrangente desta ciência que se ocupa da investigação não apenas das causas da criminali-
dade, mas também da vítima e das circunstâncias sociais nas quais o fenômeno criminal está
inserido.
Atualmente, podemos conceituar criminologia como:
Ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social,
tendo como finalidade combater a criminalidade por meio de métodos preventivos1.
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• Ciência empírica
A expressão “ciência empírica” remete a empirismo que é uma doutrina que se fundamen-
ta na obtenção do conhecimento através da experiência, da observação da realidade, poden-
do ser representada na seguinte equação:
Por se tratar de uma ciência do “ser”, o objeto da criminologia está inserido no mundo real,
podendo ser mensurável. Portanto, a criminologia baseia-se mais em fatos do que em opini-
ões, mais em observação do que em discursos2.
Sendo assim, a criminologia desenvolve o estudo do seu objeto a partir do Método Empí-
rico, isto é, observando a realidade para extrair das experiências as consequências. E já que
falamos em método, que tal aprofundarmos neste tema no próximo tópico?
1.2. Método
2
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 66.
3
FILHO, Nestor Sampaio Penteado. São Paulo. Saraiva. 2017, p. 25 e SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Nite-
roi/RJ. Impetus. 2013, p. 10.
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Pense numa pegadinha que as bancas adoram e “chove” nos concursos!! Frequentemente os
examinadores tentam induzir o candidato a erro afirmando que Criminologia é uma ciência de
método dedutivo, a exemplo do Direito Penal. CUIDADO!! Esta afirmação está ERRADA. A Cri-
minologia utiliza o método INDUTIVO, diferentemente do Direito Penal que utiliza o método
dedutivo. Fique ligado e não erre na prova!!
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Letra c.
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1.2.3. Interdisciplinar
1.2.4. Sociológico
O método sociológico tem um objeto específico de estudo, que é o fato social. É sempre
bom lembrar que o crime é um fato social. Para entender e explicar o fenômeno criminal, a cri-
minologia, valendo-se do método sociológico, analisa fatores sociais, tais como costumes,
cultura, meio urbano, condições econômicas, condições de vida e moradia, políticas públicas,
opinião pública, etc. Isto porque os fatores sociais externos ao indivíduo acabam influencian-
do diretamente sobre ele.
1.2.5. Biológico
O método biológico analisa fatores orgânicos e individuais do ser humano. Aspectos ge-
néticos que abrangem a anatomia, a fisiologia, as patologias e a bioquímica do indivíduo.
4
FERNANDES, Newton, et al, op. Cit, p. 29.
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MÉTODO
EMPÍRICO INTERDISCIPLINAR INDUTIVO SOCIOLÓGICO BIOLÓGICO
Busca a obtenção Estuda os seus obje- Parte da análise Analisa fatores Analisa fatores
do conhecimento tos sob vários enfo- de casos particu- sociais para expli- orgânicos e indi-
através da experi- ques distintos, socor- lares para se esta- car o fenômeno viduais do ser
ência, da observa- rendo-se de outras belecerem leis criminal humano para
ção da realidade áreas do conheci- gerais explicar o fenô-
mento meno criminal
Letra c.
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5
MOLINA, op, cit, pp. 33-41.
6
SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 17.
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Raúl Zaffaroni afirma que entre o final do Império Romano e o início da Idade Média a cri-
minologia existia, porém, padecia de um esquema próprio de teoria. Com efeito, a maioria dos
autores defende que a Criminologia passou a ser reconhecida com certa autonomia científica
com Cesare Lombroso, fundador da criminologia moderna com a publicação do livro “O ho-
mem delinquente” em 1876.
Há autores que defendem o antropólogo francês Paul Topinard como marco da fase cien-
tífica da Criminologia, o qual, pela primeira vez em 1879, utilizou a palavra “criminologia”. Há,
ainda, autores que defendem a ideia de que teria sido Rafael Garófalo quem, em 1885, utilizara
o termo Criminologia como nome de um livro científico.
Por fim, cumpre registrar importantes opiniões que apontam a Escola Clássica, com Fran-
cesco Carrara em sua obra “Programa de Direito Criminal”, em 1859, como os primeiros as-
pectos do pensamento criminológico.
2.1.1. Antiguidade
Na Antiguidade não havia ainda um estudo sistematizado sobre o fenômeno criminal, mas
o Código de Hammurabi aparece como um arcabouço de regramentos sobre crimes, crimino-
sos e respectivas penas.
Neste período, destacavam-se as explicações sobrenaturais ou religiosas sobre o mal e o
crime. Além disso, o crime também era visto como tabu ou pecado, avaliado em termos éticos
e morais, e o criminoso como uma personalidade diabólica (Demonismo).
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Antes ser reconhecida como ciência, ou seja, em sua fase pré-científica, o desenvolvi-
mento da Criminologia se fundamentava em contribuições de pseudociências, tais como:
• Demonologia: procura explicar o crime a partir de elementos místicos-religiosos cen-
trados na figura do demônio. Os infratores eram considerados pessoas acometidas por
uma enfermidade diabólica. Os loucos e portadores de doenças mentais eram caçados,
torturados e queimados vivos na fogueira porque eram tidos como possuídos pelo de-
mônio. A demonologia propiciou o florescimento da inquisição, mas também contribuiu
para o surgimento da Psiquiatria.
• Fisionomia: estuda o delito com base na aparência do indivíduo, estabelecendo um
nexo entre o físico e o psíquico. O caráter humano seria revelado a partir dos traços fi-
sionômicos do rosto. É a pseudociência que mais se aproxima da criminologia positiva.
Acreditava-se que através das características físicas seria possível determinar se o in-
divíduo era bom ou mal, propenso ou não à atividade criminosa. O mérito da fisionomia
foi trazer o criminoso para o centro das investigações científicas7.
• Frenologia: decorre da fisionomia, dedicava-se ao estudo da configuração craniana
(cranioscopia), não se limitando apenas à fisionomia do indivíduo. Para esta teoria,
o comportamento delinquente poderia ser explicado a partir da análise do crânio, a for-
ma da sua cabeça (lendo caroços e protuberâncias). A frenologia acabou por influen-
ciar a teoria lombrosiana.
7
VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 29.
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No final do século XVIII, influenciada pelo Iluminismo, surgiu a Escola Clássica edificada
sob um arcabouço de ideias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas sobre as questões penais
mais relevantes.
Na verdade, não existiu propriamente uma Escola Clássica. Os autores clássicos não se
autodenominavam assim. Foram os positivistas, de forma pejorativa, que qualificaram seus
antecessores como Clássicos, num sentido de antigo, ultrapassado.
No final do Século XIX surge a Criminologia Socialista, cuja explicação do crime parte da
natureza da sociedade capitalista, postulando a crença no desparecimento ou redução siste-
mática do crime com o advento do socialismo.
Pritchard (1873) e Esquirol (1883), conceituaram o crime como “loucura moral” ou “mono-
mania homicida”. O criminoso neste modelo teórico é tido como um indivíduo com princípios
morais deficientes, apresentando privação ou alteração das faculdades afetivas, emotivas e
do senso moral.
Os franceses Felix Voisin (1837) e Philippe Pinel (1864) defendiam a tese de que a crimi-
nalidade se manifestava devido a uma deficiência no sistema nervoso central dos indivíduos.
Pinel, o pai da psiquiatria moderna, modificou a forma como os loucos (tidos até então como
possuídos pelo demônio) eram tratados. Ele recomendava que os doentes mentais tivessem
um tratamento adequado, já que a violência a que eram submetidos servia apenas para agra-
var a doença. A diferenciação entre loucos e criminosos possibilitou o desenvolvimento do
conceito de imputabilidade penal e a criação de estabelecimentos distintos para delinquentes
e doentes mentais.
Em 1850, Marx e Engels sustentavam que o delito seria produto das condições econômi-
cas das classes sociais.
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A etapa pré-científica da criminologia vai desde a Antiguidade, quando havia apenas tex-
tos esparsos dedicados ao fenômeno criminal, até a Escola Clássica. Na sua fase pré-cien-
tífica, até meados do século XIX, a criminologia era marcada por uma abordagem acidental
e superficial do delito. Nesta etapa, a criminologia possuía dois enfoques bem distintos: o
clássico (produto do ideário do iluminismo, dos Reformadores e do Direito Penal Clássico) e o
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A Escola Clássica faz parte da etapa pré-científica porque ainda adotava o método lógico,
abstrato e dedutivo.
Malgrado houvesse estudos anteriores sobre a criminalidade, foi somente com o advento
da Escola Clássica que a etapa pré-científica da criminologia ganhou destaque, cujos estudos
foram influenciados pelo Iluminismo e se fundamentaram nos métodos dedutivos e lógico-
-formais.
ETAPA PRÉ-CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA
PERÍODO OBJETO CARACTERÍSTICA
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Século XX até os dias atuais. Delito, delinquente, vítima e con- Metodologia científica própria
trole social. (método indutivo experimental).
• Biologia criminal
Com o advento da sociologia criminal no século XX, a biologia criminal, também conhe-
cida como antropologia criminal, foi considerada retrógrada e ultrapassada e, sobretudo, es-
tigmatizada por estar muito conectada aos trabalhos de Lombroso. Isto porque a biologia
criminal estuda os aspectos genéticos da pessoa do delinquente, abrangendo a anatomia,
a fisiologia, as patologias e a bioquímica do criminoso.
As orientações antropológicas constituem um contraponto das teorias ambientalistas e
é inegável a importância que a biologia criminal exerce nos tempos modernos. Mas é preciso
muito cuidado para não generalizar indevidamente a ponto de estabelecer relações de causa
e efeito e leis universais como pretendeu equivocadamente Lombroso e a Escola Positiva no
século XIX.
Apesar de suas limitações e seus condicionamentos, o enfoque biológico tem seu lugar
e sua função dentro da Criminologia científica e interdisciplinar, pois não há dúvida de que o
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A biologia criminal não pode afirmar que todo e qualquer criminoso herdou essa caracte-
cepções anacrônicas do criminoso como um ente natural marcado por desvios patológicos e,
desta forma, como dito anteriormente, criar relações de causa e efeito e leis universais onde,
no máximo, só existe uma correção válida exclusivamente com relação ao caso concreto
examinado9.
• Psicologia criminal
terísticas que podem vir a ser psicopatológicas, buscando conhecer os motivos que levam
uma pessoa a cometer um delito. Foca nas causas do fenômeno criminal que residem no
• Sociologia criminal
A sociologia criminal estuda o fenômeno criminal a partir dos fatores do meio ambien-
te social e como eles atuam sobre a conduta individual. O crime seria um fenômeno social.
A sociologia criminal rompeu com a ideia de “causas do crime” e construiu a ideia da teoria da
8 MOLINA, Antônio Garcia-Pablos de. Criminologia, Ed. Revista dos Tribunaiss, 5ª edição, SP, 2006, p. 218.
9
CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi, Editora Impetus. 2013, p. 52.
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3. Objetos da Criminologia
Como ciência que é, a criminologia possui muito bem delimitado o seu método, o seu
objeto e a sua finalidade. Como bem asseverado por Eduardo Viana, no acidentado percurso
evolutivo da criminologia, o seu objeto nem sempre foi o mesmo, sendo certo que em cada
momento da historiografia criminológica, há protagonismo de algum objeto (v.g., delito na
Escola Clássica; delinquente no Positivismo Criminológico)10.
Na fase pré-científica, o objeto da criminologia limitava-se ao estudo do crime e do cri-
minoso. Atualmente, porém, a criminologia moderna divide o seu objeto em quatro vertentes:
delito, delinquente, vítima e controle social.
Para a criminologia tradicional, o crime era tido como um fenômeno biopsicológico, muito
centrado, portanto, no criminoso. Com efeito, a criminologia moderna entende o crime como
uma interação biopsicossocial. Em outras palavras, a percepção da moderna criminologia vai
muito além dos fatores humanos biopsicológicos, sendo o delito encarado como um conjunto
de caracteres biológicos, psicológicos e sociais.
3.1. Delito
A criminologia trabalha com uma abordagem distinta do delito e que não se confunde
com a visão jurídica do direito penal, a qual propõe três espécies de conceitos de crime: ma-
terial, formal e analítico. Essas proposições do direito penal são superficiais, não traduzindo
a profundidade do fenômeno criminal. O que interessa para a criminologia é entender todas
as circunstâncias que fazem com que determinada conduta seja considerada criminosa, ou
deixe de ser, a depender do tempo e do local11.
Para a criminologia, o crime é um fenômeno social, comunitário e que se demonstra como
um problema maior. O crime na visão criminológica possui quatro elementos constitutivos:
10
VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 152.
11
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 53.
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• Incidência massiva na população: um fato isolado na sociedade não pode ser conside-
rado crime. Se não há reiteração da prática, não há porque considerá-la um crime. Um
exemplo ditado por Shecaira12 é um fato ocorrido no Brasil na década de 80, no litoral
do Rio de Janeiro, quando um filhote de baleia encalhou na praia e um dos banhistas,
que por ali passava, introduziu um palito de sorvete no orifício de respiração do ani-
mal. Tal fato gerou revolta na população e, após pressão de entidades ambientalistas,
o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 7.643/1987 que tipificou a conduta de molestar
cetáceo intencionalmente. Ora, não se pode admitir que um fato isolado, uma ocorrên-
cia única no país respalde a criminalização de determinado comportamento.
• Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve causar dor na vítima e na sociedade,
ou seja, é necessário que o fato tenha relevância social. Podemos citar como exemplo
o adultério que foi tipificado como crime até o ano de 2005, sendo descriminalizado,
contudo, porque no atual estágio evolutivo da sociedade brasileira, tal conduta deixou
afligir a sociedade como um todo, restando seus efeitos deletérios limitados apenas às
partes envolvidas na relação corrompida.
• Persistência espaço-temporal do fato delituoso: para ser considerado criminoso, o fato
também deve se reproduzir, reiteradamente, por um período de tempo juridicamente
relevante, no mesmo território. Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol.
Houve muitos casos de falsificação de ingressos. Todavia, embora se trate de conduta
com incidência massiva e aflitiva, não há uma persistência espaço-temporal que jus-
tifique sua tipificação como crime específico. Para a criminologia, esse fato deve ser
encarado simplesmente como uma falsificação de documento particular (art. 298 do
Código Penal)13.
• Consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes: para
ser considerado crime, não basta que o fato seja massivo, aflitivo, com persistência
espaço-temporal. É necessário, também, que haja um inequívoco consenso da neces-
sidade de criminalização, pois podem existir outros meios de controle mais eficazes do
que simplesmente a tipificação da conduta, isto é, do que a transformação do fato em
12
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais.2014, p. 46.
13
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 57.
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conduta criminosa. Vale lembrar que o direito penal é a ultima ratio do ordenamento
jurídico para se buscar a pacificação social. Tomemos como exemplo a conduta de
direção de veículo automotor sem habilitação que até o advento da Lei n. 9.503/1997
(Código de Trânsito Brasileiro) era considerada apenas uma contravenção penal. So-
mente em 1997 tal conduta se tornou crime no ordenamento jurídico brasileiro, por-
quanto concluiu-se que a sua tipificação apenas como contravenção penal não estava
se mostrando suficiente para coibir o crescente número de ocorrências desta natureza.
Outro exemplo bastante esclarecedor são as condutas de uso e comércio de álcool.
Conquanto se saiba que o álcool seja uma droga de efeitos nefastos, não há consenso
sobre a razoabilidade de se proibir o seu uso e comércio, muito embora haja incidência
massiva, aflitiva e persistência espaço-temporal.
O termo “etiologia” é muito usado pelos autores de criminologia e pelas bancas examinado-
ras. Etiologia é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenô-
meno, no caso da criminologia, das causas da criminalidade.
DELITO
CRIMINOLOGIA DIREITO PENAL
Incidência Massiva Fato Típico
Incidência Aflitiva Fato Antijurídico
Persistência Espaço-temporal Fato Culpável
Consenso Inequívoco
3.2. Delinquente
Na Escola Clássica, o delito era o objeto central de estudo da criminologia. Com o advento
da Escola Positiva, porém, o foco mudou para a pessoa do delinquente.
Com efeito, na criminologia moderna o delinquente assume novamente um papel secun-
dário em decorrência do enfoque sociológico que se sobrepôs ao enfoque individualista.
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Introdução/Evolução Histórica, Direito Penal e Política Criminal
Humberto Brandão
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ração, já que se trata de um ser inferior e incapaz de gerir os seus atos. A despeito da
sua pouquíssima importância no Brasil, a proteção ao menor infrator no Brasil pode ser
citada como exemplo de uma influência da escola correcionalista no país.
• Filosofia marxista: o criminoso é vítima inocente da sociedade e das estruturas econô-
micas. Sendo assim, a condição econômica a que o meio social submete o indivíduo o
conduz à prática criminosa. A culpa pela prática do crime é, desta forma, do meio social
e não do criminoso propriamente dito14. Temos na concepção marxista uma espécie de
determinismo econômico.
Certo.
14
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Juspodivm. 2019, pág. 17.
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3.3. Vítima
Do ponto de vista doutrinário, a vítima pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que
tenha sofrido uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado.
Um ponto relevante do objeto de estudo da criminologia, mas que foi relegado a um plano
inferior nos últimos dois séculos, é a vítima. O seu papel na dinâmica delitiva foi praticamente
desprezado, figurando apenas como uma peça insignificante na existência do delito. Neste
período sombrio, o objeto central da persecução penal era o infrator, sendo todo o processo
direcionado para a sua punição com o objetivo de, através desta punição, prevenir o delito.
Os estudos criminológicos, porém, resgataram a importância da vítima, notadamente na
segunda metade do século XX. Surge, então, uma nova disciplina (ou ciência, para alguns),
a Vitimologia.
O estudo da vítima passa por três fases históricas: a “idade do ouro”, “a neutralização do
poder da vítima” e a “revalorização do papel da vítima”.
• A idade do ouro: abrange desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade
Média. Neste período, a vítima era muito respeitada e valorizada, a ponto de deter o
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poder de escolher a forma como seria solucionado o problema decorrente do delito que
a vitimou, seja através da vingança ou da compensação em relação ao seu agressor.
É um período marcado pela autotutela e pela lei de talião.
• Neutralização do poder da vítima: o Estado assume o monopólio do poder punitivo es-
vaziando, assim, o papel da vítima e seu poder de reação no conflito. A vítima passa a
ser vista como uma testemunha de menor importância, porquanto, em tese, teria inte-
resse na condenação do acusado.
• Revalorização do papel da vítima: a partir da escola clássica, a importância da vítima é
retomada sob um enfoque mais humano por parte do Estado
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15
Letra a.
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Processo de Vitimiza-
Fases Históricas ção Classificação das Vítimas
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A vida em sociedade é viável porque existe um sistema de controle do grupo para que
os indivíduos não se desviem das normas aceitas. Um conjunto de instituições e sanções
sociais exercem este controle tendo por objetivo a submissão dos indivíduos aos modelos e
normas de convivência social.
A expressão “controle social” é usualmente associada à capacidade que uma sociedade
tem de se autorregular socialmente, isto é, a sociedade estabelece os instrumentos, mecanis-
mos e processos por meio dos quais é possível superar os inevitáveis conflitos decorrentes
da convivência humana e, assim, alcançar o comportamento conforme16.
O controle social é exercido em várias esferas, por diversas agências, com conteúdos,
métodos e fins diferentes, podendo ser traduzido genericamente como um conjunto de me-
canismos aptos a produzir no indivíduo um padrão de conduta adequado aos padrões sociais
dominantes. Ele pode ser exercido das mais variadas formas, desde as mais brandas (olhar
de reprovação do pai), até as mais severas (pena de privação de liberdade), de abrangência
difusa ou individual. Trata-se, portanto, de uma condição fundamental e irrenunciável da vida
em sociedade.
16
VIANA, Eduardo. Criminologia. Salvador, JusPodivm. 2018, p. 181.
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Controle Social
Classificação Formas
Quanto ao modo de exercício
Cs como instrumento de orientação;
Sanções formais;
Cs como meio de fiscalização;
Sanções informais;
Quanto ao destinatário
Controle positivo;
Cs difuso;
Controle negativo;
Cs localizado;
Controle interno;
Quanto aos agentes fiscalizadores Controle externo.
Cs formal;
Cs informal;
4. Funções da Criminologia
A expressão política criminal vem sendo utilizada desde o século XVIII em vários sentidos,
predominando atualmente um conceito que lhe atribui a função de estabelecer a forma como
devem se configurar a legislação e a jurisprudência com o objetivo de se promover uma pro-
teção mais eficaz da sociedade18.
17
SUMARIVA, Paulo. Criminologia Teoria e Prática. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 10.
18
ZAFFARONI, E. Raúl et al. Direito Penal Brasileiro – I.Rio de Janeiro. Revan. 2013, p. 274.
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Cleber Masson assevera que a política criminal é uma ciência independente que tem por
escopo a apresentação de críticas e propostas para a reforma do direito penal, constituindo
uma ponte entre a teoria jurídico-penal e a realidade19.
A Política Criminal tem por finalidade estabelecer estratégias e meios de controle social
da criminalidade, caracterizando-se pela posição de vanguarda em relação ao direito vigente,
na medida em que sugere e orienta reformas à legislação positivada20.
É notória a dificuldade de se estabelecer uma relação entre criminologia e política criminal
quando a criminologia é concebida como uma ciência crítica e não apenas como uma ciência
exclusivamente empírica. Neste sentido, ao discorrer sobre a relação entre criminologia e po-
lítica criminal, Juan Bustos Ramírez adverte que21:
Tornam-se difíceis os termos da relação quando se compreende a criminologia como uma ciência
crítica, já que então ambas tendem a coincidir enquanto consideram a legislação do ponto de vista
dos objetivos do Estado. Ademais, haveria a crítica quanto à reforma do direito penal em geral.
A diferença residiria no fato de que a política criminal implica a estratégia adota dentro do Estado,
a respeito da criminalidade. Nesse sentido, a criminologia converter-se-ia, em face da política cri-
minal, em uma ciência de referência para que esta, com base em seu material, pudesse configurar
suas estratégias de atuação.
19
MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol. 1. Parte Geral. São Paulo. Método. 2014, p. 13.
20
BRUNO, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967, p. 41.
21
BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora
Renavan. 2014, p. 46.
22
DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena.
Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 112.
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A criminologia é uma ciência que estuda a criminalidade, não se confundindo com o di-
reito penal, muito embora nutra com ele uma estreita relação. Aliás, as diferenças existentes
não afastam a convergência fundamental entre a criminologia e o direito penal no que diz
respeito ao problema criminal que cada uma das disciplinas se propõe analisar, consoante
sua aparelhagem metodológica e suas metas específicas23. Ambas se dedicam ao estudo do
crime, mas sob um enfoque diferente. O direito penal é um instrumento de controle social que
estabelece proibições normativas denominadas infrações penais, cuja finalidade é a proteção
dos bens jurídicos mais importantes ao convívio em sociedade. Já a criminologia cuida de
diagnosticar o fenômeno criminal, sugerindo programas, diretrizes e estratégias de controle
do fenômeno criminal. A prevenção do delito é um dos principais objetivos da criminologia
moderna.
No final do Século XIX, Enrico Ferri destacou a relação entre o direito penal e a crimino-
logia, demonstrando a importância de cada uma delas. Obviamente não há concorrência ou
oposição entre a criminologia e o direito penal, mas sim uma atuação complementar24 nos
estudos relacionados ao crime, preservando, cada qual, a sua autonomia.
Juan Bustos Ramírez, citando Cobo Del Rosal e Vives Antón, destaca que a criminologia e
o direito penal são duas disciplinas que buscam o mesmo objetivo, porém, através de meios
diferentes. O direito penal parte das normas jurídicas-penais. A criminologia parte do conhe-
cimento da realidade.
A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na experiência. É uma
ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é
visível no mundo físico. Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo
físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência normativa e valorativa25.
23
DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia. O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena.
Coimbra. Editora Coimbra. 2013, p. 101.
24
O saber criminológico está mais próximo da realidade que cerca o fenômeno criminal, possibilitando o acesso a dados,
estatísticas e estudos que revelam a eficácia ou não da aplicação da lei penal. Ou seja, a criminologia a teoria da prática,
o dogma da realidade fática.
25
BERGALLI, Roberto; RAMÍREZ, Juan Bustos. O Pensamento Criminológico I. Uma análise crítica. Rio de Janeiro. Editora
Renavan. 2014, p. 44.
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A criminologia, o direito penal e a política criminal formam uma doutrina que Von Lizst
denominou CIÊNCIA TOTAL DO DIREITO PENAL. Foi a necessidade da máxima aproximação
do direito penal à realidade que impôs a interação desses três ramos do conhecimento. Von
Lizst destacou a importância deste conhecimento total das ciências criminais, o qual confere
uma estrutura mais complexa ao direito penal, fundindo dogmática, criminologia e política
criminal. São três vertentes singulares que interagem formando os pilares do sistema das
ciências criminais, atuando de forma inseparável e interdependente.
O papel exercido por cada um destes saberes no sistema criminal é destacado por Lélio
Braga Calhau26:
A criminologia deve incumbir-se, assim, de fornecer substrato empírico do sistema, seu fundamen-
to científico; a política criminal, de transformar a experiência criminológica em opões e estratégias
concretas de controle da criminalidade; por último, o direito penal deve encarregar-se de converter
em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias, o saber criminológico esgrimido pela política cri-
minal...
26
CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. Niteroi/RJ. Impetus. 2013, p. 27/28.
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Obs.: Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o direito penal
estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto, a partir de critérios e métodos
autônomos.
QUADRO SINÓPTICO
Explicação científica do fenômeno criminal
Funções da criminologia Prevenção do delito
Intervenção no homem delinquente
Criminologia fundamenta estratégias de ação no campo político-cri-
minal, fornecendo indicativos e dados concretos que têm por finalidade
Criminologia e política criminal
orientar as ações do Estado no controle da criminalidade, levando, por
conseguinte, a inovações na esfera legislativa
A criminologia é uma ciência que se fundamenta na observação e na
experiência. É uma ciência do “ser”, tendo em vista que o seu objeto
(crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo físico.
Direito penal
Já o direito penal, é uma ciência do “dever-ser”, não aferível no mundo
físico, mas sim no mundo dos valores, sendo, portanto, uma ciência
normativa e valorativa
Na visão global do direito penal, a criminologia, a política criminal e o
Ciência total do direito penal direito penal estudam o delido, cada qual selecionando o seu objeto,
a partir de critérios e métodos autônomos
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO/2014) Para a aproximação e
verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
a) empírico e interdisciplinar.
b) dedutivo e dogmático.
c) dedutivo e interdisciplinar.
d) dogmático e lógico-abstrato.
e) empírico e lógico-abstrato
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c) após os inúmeros equívocos e abusos cometidos a partir das visões lombrosianas, a cri-
minologia moderna afastou-se do estudo sobre o criminoso, pois funda-se em conceitos
democráticos e respeita os direitos fundamentais da pessoa humana.
d) o estudo do crime por parte da criminologia tem por objetivo principal a análise de seus
elementos objetivos e subjetivos indispensáveis à tipificação penal.
e) a preocupação com o estudo da vítima motivou a criação da criminologia como ciência
autônoma, sendo este, por consequência, seu primeiro objeto de estudo.
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c) A ação das polícias que extrapola seu rol legal de competência é exemplo de controle
social alternativo.
d) O poder público é o único titular do controle social no âmbito do estado democrático de
direito.
e) A família exerce função de controle social idêntica ao controle jurídico
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e) é considerada uma ciência jurídica, por tratar o delito como um conceito formal, normativo,
do “dever ser” …não é considerado uma ciência, pois encara o delito como um fenômeno
social, do “ser”.
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GABARITO
1. a
2. e
3. e
4. c
5. d
6. e
7. b
8. b
9. E
10. a
11. d
12. C
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO/2014) Para a aproximação e
verificação de seu objeto de estudo, a Criminologia dos dias atuais vale-se de um conceito
a) empírico e interdisciplinar.
b) dedutivo e dogmático.
c) dedutivo e interdisciplinar.
d) dogmático e lógico-abstrato.
e) empírico e lógico-abstrato
Letra a.
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que estuda o crime, o criminoso, a ví-
tima e o controle social, tendo como finalidade combater a criminalidade por meio de méto-
dos preventivos.
Letra e.
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derno [...]” (MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio, 2008, p. 73). A Vitimologia
impulsionou um processo de revisão científica do papel da vítima no fenômeno delitivo. Leia
as afirmativas a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o tema.
a) A vitimologia ocupa-se, sobretudo, do estudo sobre os riscos de viti-
mização, dos danos que sofrem as vítimas como consequência do deli-
to assim como da posterior intervenção do sistema legal, dentre outros temas.
b) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto
neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito,
sua etiologia e prevenção.
c) A criminologia tradicional desconsiderou o estudo da vítima por considerá-la mero objeto
neutro e passivo, tendo polarizado em torno do delinquente as investigações sobre o delito,
sua etiologia e prevenção.
d) A Psicologia Social destacou-se como marco referencial teórico às investigações vitimoló-
gicas, fornecendo modelos teóricos adequados à interpretação e explicação dos dados.
e) O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 1ª
(Primeira) Guerra Mundial em atendimento daqueles que sofreram com os efeitos dos confli-
tos e combates.
Letra e.
O redescobrimento da vítima e os estudos científicos decorrentes se deram a partir da 2ª (Se-
gunda) Guerra Mundial e não da 1ª (Primeira) Guerra Mundial.
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Letra c.
Letra b.
O espectro de ação da criminologia alcança todas as instâncias de controle social, bem como
a vítima, o delinquente e o próprio delito. Ela não se confunde, portanto, com o Direito Penal,
que é uma ciência que se ocupa da definição das infrações penais e cominação das respec-
tivas penas.
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Letra e.
Letra b.
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a) O Estado laico limita a função de controle social informal dos poderes religiosos.
b) A educação representa forma de controle social informal.
c) A ação das polícias que extrapola seu rol legal de competência é exemplo de controle
social alternativo.
d) O poder público é o único titular do controle social no âmbito do estado democrático de
direito.
e) A família exerce função de controle social idêntica ao controle jurídico
Letra b.
Existem dois sistemas de controle social. O formal e o informal. O controle social informal é
o controle exercido pela sociedade civil, sob uma perspectiva pedagógica e preventiva. Ex.:
família, igreja, escola, trabalho, clubes de serviços etc.
Errado.
Para a Escola Positiva, o criminoso analisado sob o ponto de vista biológico, tido como um
ser primitivo, atávico, refém de sua própria deformação patológica. A patologia inerente ao
criminoso, não raro, é de natureza hereditária. O criminoso é um prisioneiro de sua própria
patologia (biológica ou psíquica), ou de processos causais alheios (fatores antropológicos,
físicos ou sociais). O homem delinquente é um ser diferente, anormal.
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Letra a.
A Escola Positiva teve três fases: antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Ga-
rófalo).
Letra d.
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Certo.
Questão capciosa!!! De fato, existem doutrinadores que defendem a autonomia científica da
Vitimologia, haja vista a existência, segundo tais autores, de objeto, método e fim próprios. É
o caso de Ramírez González que considera a Vitimologia como sendo “o estudo psicológico
e físico da vítima que, com o auxílio das disciplinas que lhe são afins, procura a formação de
um sistema efetivo para a prevenção e controle do delito”. Entretanto, a maior parte da dou-
trina considera não existir autonomia científica desta disciplina, considerando a Vitimologia
um mero ramo da Criminologia. Há, ainda, estudiosos que negam a existência da Vitimologia,
seja como ciência, seja como parte da Criminologia.
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BIBLIOGRAFIA
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tica. Rio de Janeiro. Editora Renavan. 2014.
BRUNO, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de Janeiro: Forense, 1967.
MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol. 1. Parte Geral. São Paulo. Método. 2014.
MOLINA, Antônio Garcia-Pablos de. Criminologia, Ed. Revista dos Tribunaiss, 5ª edição,
SP, 2006.
MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; NETO, Ricardo Ferracini. Criminologia. Salvador. Jus-
podivm. 2019.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2014.
ZAFFARONI, E. Raúl et al. Direito Penal Brasileiro – I. Rio de Janeiro. Revan. 2013.
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