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Modelos de Gestão:
Qualidade
e Produtividade
2.ª edição
2009
Maria Cristina Munhoz Araújo
Os alicerces da construção e
manutenção da gestão democrática...............................165
Quando se fala em autonomia, deve-se ter claro qual é seu significado............167
Gabarito......................................................................................239
Referências.................................................................................259
Anotações..................................................................................267
Apresentação
Prezado aluno,
Durante a escrita deste livro, estive por diversas e diversas vezes ao seu lado seja
como colega, professor, diretor ou mantenedor, colocando-me no papel com
certa facilidade por ter exercido todas essas funções e ainda no exercício do ma-
gistério da Educação Superior e na direção e sendo sócia-proprietária de escola
de Educação Infantil e Fundamental.
Hoje, um dos fatores que me permite escrever sobre educação é justamente a
experiência rica na área educacional. Outro fator está calcado na formação acadê-
mica em Pedagogia, especialização em Administração Escolar e em Tecnologia de
Projetos Educacionais e Mestrado em Educação, na área de Gestão Educacional.
Respaldada nessa caminhada, permeada de teoria, prática e reflexão, propus-me
a não somente escrever Gestão Educacional, antes preocupei-me em, indepen-
dente do cargo/função que você exerça, pois entendo todos como gestores de
sua sala de aula, se professor, da equipe de professores, se coordenador, e... con-
ceber um programa para a disciplina Modelos de Gestão: qualidade e produtivida-
de, que contemplasse conteúdo e reflexões essenciais ao aprofundamento teóri-
co, imprescindível à fundamentação da prática, objetivando possibilitar a você o
estudo e também a vivência da proposta de uma educação diferenciada da que
está posta na sociedade atual, voltada ao capitalismo, numa visão neoliberal.
Trago à tona a proposta de uma nova escola, propiciadora de educação para a
cidadania e, em decorrência, a gestão democrática, historicizando e contextuali-
zando no intuito de elucidar desde a origem e desenvolvimento da Administra-
ção Empresarial e a Educacional até a conceituação, fundamentação, construção
e manutenção da Gestão Democrática, discutindo no percurso a Qualidade em
Educação.
Ressalto, neste contexto, estabelecendo paralelos, o desenvolvimento da huma-
nidade relacionado à educação e ao trabalho.
O indicativo ao aproveitamento do estudo desta disciplina estará no seu cons-
tante estabelecimento de relações à teoria já conhecida por você e a sua prática.
Além disso, utilize não só as pontuações de leitura nos textos mas vá às referên-
cias bibliográficas e poderá vislumbrar ainda mais uma educação humanista e
igualitária, fazendo com que você amplie o seu conhecimento e seja mais feliz
como pessoa e profissional, podendo possibilitar aos seus alunos, professores,
a alegria de aprender, desvelando a realidade, a fim de transformá-la, buscando
uma sociedade justa e solidária.
Desejo a você, expressando o meu respeito e interesse na sua apropriação/cons-
trução de um conhecimento, que este livro propicie seu crescimento pessoal e
profissional.
Maria Cristina
Historicizando brevemente:
da administração empresarial
à gestão democrática
Origem e desenvolvimento
As propostas de administração foram surgindo através dos tempos,
a partir da formação de organizações sociais, como: família, tribo, igreja,
exército e estado, bem como mediante o desenvolvimento da sociedade
humana.
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
Critérios esses analisados na administração, com base nas teorias críticas, es-
tabelecendo como critério-chave a relevância humana na orientação dos atos e
fatos administrativos. “A relevância humana é um critério eticamente filosófico e
antropológico, cuja medida se dá em termos do significado, do valor, da impor-
tância e da pertinência dos atos e fatos administrativos para a vida dos partici-
pantes.” (HORA, 2000, p. 40).
Assim, administrar uma escola não significa apenas aplicar técnicas e méto-
dos desenvolvidos para empresas que não têm qualquer propósito com a reali-
zação de objetivos educacionais.
Ainda, essa visão de administração traz à luz uma dimensão restrita, valori-
zando somente os aspectos administrativos, descontextualizados sociopolítico
e economicamente, nas possíveis soluções aos problemas. A citação a seguir evi-
dencia o que acabamos de dizer:
A problemática central da escola brasileira, possivelmente da escola em geral, parece situar-se em
uma falha de natureza administrativa, qual seja, a sua incapacidade de ajustar-se às exigências
da vida contemporânea, ajustamento esse que requer, necessariamente, ação organizada
e planejada, realizada por pessoas qualificadas, a fim de que sejam atendidas as crescentes
demandas quantitativas e qualitativas da sociedade atual. (ALONSO, 1978, p. 11)
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
Assim como Paro, Félix deixa em suas colocações a clareza de que a adminis-
tração é um instrumento que, dependendo dos objetivos a ela destinados, pode
servir à conservação apenas do que já está posto e estatuído pela classe domi-
nante como também pode articular-se para a transformação social.
Diversos são os estudos e para isso vasta a literatura que nos apoia na posição
e no acreditar, pois se trata de instituição educacional, e aí voltamos à concepção
de homem, de sociedade, de cidadania, de uma gestão educacional que possibi-
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Uma escola que se propõe a possibilitar a formação para a cidadania deve ter, por
pressupostos teóricos fundamentais, a gestão democrática, a autonomia da escola
e a construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico. Vemos, assim, a escola como
cumpridora de sua função social, seu verdadeiro papel político-institucional, afirma
Ferreira (2000, p. 304).
A gestão democrática da educação é, hoje, um valor já consagrado no Brasil e no mundo,
embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à
prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua importância como um recurso de
participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É indubitável sua importância como
fonte de humanização. (FERREIRA, 2000, p. 167)
Texto complementar
Neidson Rodrigues
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
[...]
Para Drucker (1993), passamos de uma sociedade industrial para uma so-
ciedade de serviços, o que exige nova parceria entre a educação e os negócios.
Nos tempos atuais, a educação mudará mais do que já mudou desde a criação
da escola “moderna”, há 300 anos. O mesmo autor nos faz um alerta, o de que
não se pode limitar a educação apenas ao trabalho da escola, porque toda ins-
tituição deve tornar-se um educador, isto é, deve existir para aceitar e propor
mudanças. Um novo mundo surge a cada 30 ou 40 anos e os jovens não con-
seguem entender como seus pais e avós viviam.
[...]
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
[...]
[...]
Dica de estudo
O vídeo Princípios e Bases da Gestão Democrática (parte 1). Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp>, possibili-
ta uma visão histórica da caminhada da gestão democrática, com imagens verídi-
cas, e mais importante ainda, conta com a participação de educadores e também
autores, os mais atuantes e reconhecidos no país na área de Gestão Educacional,
como: Vitor Henrique Paro, Isaura Beloni, Jamil Cury, Ilma Passos e outros. A con-
tribuição dos educadores referidos, além de facilitar o entendimento do processo
histórico traz à tona a discussão da conceituação, ou seja, a compreensão do que
vem a ser gestão democrática.
Atividades
1. Analise o texto e responda: qual foi a real necessidade do desenvolvimento
das teorias administrativas?
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
2. A partir da leitura da aula, faça uma síntese dos elementos mais significativos
das escolas: clássica, psicossocial e contemporânea.
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Historicizando brevemente: da administração empresarial à gestão democrática
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Evidenciando o papel da gestão
educacional e o perfil do gestor escolar
Hoje, a administração de uma escola só pode por nós ser entendida numa
gestão democrática e fortemente educadora, ou seja, a partir dela todos os
princípios norteadores da ação educativa seriam construídos e vivenciados no
cotidiano.
Para que o diretor da escola possa desempenhar sua função com responsabi-
lidade e compromisso político, há necessidade de uma atuação com maior com-
petência, tendo a clareza de que se exige numa gestão democrática a coordena-
ção do processo educativo-administrativo, a fim de garantir o atingimento dos
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
O líder, para tal gestão, deve ser capaz de ouvir e de se fazer ouvir, e não apenas
de aceitar a opinião do outro mas, sobretudo, de incentivá-lo a envolver-se no
processo, sendo participante dele. Não se resolve nada sozinho, mas se consi-
deram as decisões como responsabilidade de todos, porque se acredita que os
colaboradores podem dar o que têm, o que sabem e o que são.
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
gestor moderno a valorização, não apenas dos recursos físicos e técnicos mas,
notavelmente, da pessoa humana que caracterizam as organizações educacio-
nais. Para tanto, é preciso uma visão administrativa com abordagem, ao mesmo
tempo, interativa, sistêmica e com grande sensibilidade às diferenças pessoais
ou singularidades dos sujeitos.
Devemos ressaltar que, para uma boa gestão, não é suficiente a competência
administrativa, mas também a competência técnica, a liderança intelectual e o
conhecimento humano. E a esses somam-se o dinamismo, a adaptação, a reali-
dade, o conhecimento do meio de atuação, a capacidade de análise e a compre-
ensão da comunidade escolar, no que diz respeito aos seus anseios e necessida-
des. Sobre essa questão, vale a pena lembrar a importância de envolver todos
os profissionais por mais difícil que possa parecer. Para isso, é de fundamental
importância saber estabelecer metas e objetivos, criar medidas de contingência
antecipadas, usufruir de ferramentas para avaliação processual e estar sempre
elaborando novos projetos de ação, valendo-se de dados concretos.
Sabemos que toda e qualquer escola moderna deve ter uma missão bem de-
finida e é essa filosofia que garantirá a identidade própria à organização, uma
vez que, sem ela, aparecerão as incoerências ou incompatibilidades de valores
com as pessoas envolvidas direta ou indiretamente.
Cabe aqui uma ressalva: ser competente não significa simplesmente fazer bem
feito mas sim despertar nos outros a vontade de fazer bem feito e até mesmo
conseguir estimular o seu grupo a comprometer-se com o processo. É preciso
uma ação muito mais direta de liderança e de processos grupais, em uma intera-
ção contínua e permanente.
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Celso: É possível pensar [...] poderão alcançar qualidade. [...] São resulta-
dos concretos que podem ser obtidos com envolvimento de todos, desde o
gestor, passando pelo professor, alunos e família.
Maria Helena: Há um fator comum a todas as escolas nota 10, e ele merece
atenção das demais: trata-se da presença de um diretor competente, com atri-
butos de liderança semelhantes ao de qualquer chefe numa grande empre-
sa. Sob sua batuta, os professores trabalham estimulados, os alunos desfru-
tam de um clima positivo para o aprendizado e os pais são atraídos para
o ambiente escolar. Se tais diretores fossem a maioria, o ensino público não
estaria tão mal das pernas.
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Atitudes essas que, como sabemos, numa gestão participativa e pelo desta-
que feito aqui, ressaltado pelos educadores citados nas entrevistas, do papel do
líder, caracterizado no diretor da escola, criam uma sinergia, do gestor aos profes-
sores, destes aos alunos, aos pais e aos colaboradores de ensinamento e apren-
dizagem, esta é a linguagem da escola, portanto, no cotidiano, as atitudes do
gestor passam a fazer parte da comunidade de aprendizagem e generalizam-se,
transformando-se num clima organizacional favorável à vivência democrática.
Lück apresenta também um quadro comparativo entre os estilos de liderança
centralizada e compartilhada:
Estilos de liderança
Estilo autoritário – Liderança Estilo democrático – Liderança
centralizada compartilhada
Centrada no dirigente. Pessoas espe- Compartilhada entre os membros
Iniciativa ram permissão para tomar iniciativa. da organização e determinada cole-
tivamente.
Considerada como secundária. Mais Fortalecida mediante o desenvolvi-
forte é o culto ao dirigente e suas mento de competências pelo com-
Cultura
decisões. partilhamento de decisões e ações,
organizacional que transformam positivamente o
modo de ser e de fazer escola.
Tomada de Centralizada e baseada em proces- Distribuída, mediante processos de re-
decisão sos formais. flexão e disseminação de informações.
Definido e assumido pelo dirigente, Definido e assumido pelos membros
que se torna seu arauto. da escola e incorporado no ideário de
Sentido de
suas ações, mediante sua iniciativa
missão e visão para implementá-lo. Continuamente
revistos à luz das ações e reflexões.
Crédito do Atribuído ao dirigente. Atribuído ao trabalho de conjunto.
sucesso
Assumidos de acordo com cargos e Assumidos de forma compartilhada,
respectiva definição. segundo o sentido de responsabili-
Papéis e
dade comum. Desenvolve-se em as-
funções sociação com o desenvolvimento das
competências das pessoas.
Texto complementar
Gestão e liderança
(ANTUNES, 2008)
Existe a certeza de que todo bom diretor ou diretora de uma escola, públi-
ca ou particular, necessita ser um líder e que o domínio ou não dessa compe-
tência representa essencial diferença na qualidade de uma escola. Acontece,
entretanto, que as qualidades de liderança não são atributos que a pessoa
traz em sua bagagem hereditária, mas competências que domina e desen-
volve. Se assim é, cabe discutir quais seriam essas competências e até que
ponto podem ser as mesmas exercidas por outros profissionais e, também,
se algumas destas qualidades não exigem traços de caráter, estes já não tão
facilmente adquiridos pelo estudo e pelo esforço. Comecemos pela segunda
questão.
Durante muitos anos se pensou que liderança e caráter eram atributos sia-
meses e que seria impossível encontrar um bom líder se entre os fundamen-
tos de sua personalidade faltassem certos elementos cruciais à liderança. Era
comum, por exemplo, destacar que todo líder, entre muitos outros atributos,
não poderia ser excessivamente tímido e se, por acaso, essa característica se
mostrava marcante em um profissional, não era compatível com o exercício
sereno da liderança. Essas argumentações já não mais fazem sentido e em
muitas organizações pessoas sabidamente tímidas exercem insuperável li-
derança. Não só a timidez é atributo que com algum esforço e paciência se
transforma, como seu exercício em si não se choca com as estratégias essen-
ciais de sólida liderança. É até possível pensar que na pré-história humana a
boa liderança se associasse a alta agressividade e que esta não combinava
com a timidez, mas não mais vivemos nas savanas e as escolas modernas em
nada se identificam com neolíticas cavernas.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
Dica de estudo
LÜCK, Heloísa. Liderança em Gestão Escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. v. IV,
série cadernos de gestão.
Atividades
1. Tendo a clareza que a princípio a administração educacional está fundamen-
tada na Teoria Geral da Administração e que esta está respaldada inteira-
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
2. Alguns perfis de gestores estão delineados abaixo. Qual deles mais se apro-
xima de um gestor democrático? Use V ou F.
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Evidenciando o papel da gestão educacional e o perfil do gestor escolar
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Da administração
autocrática à democrática
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Da administração autocrática à democrática
As punições são leves e esporádicas, há ênfase nas recompensas, que são mate-
riais, como incentivos salariais e promoções simbólicas, como prestígio e status.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Os quatro sistemas administrativos, segundo Rensis Likert (1971). [Fonte: Idalberto CHIAVENATO,
Teoria Geral da Administração. Vol. II – 5.ª edição atualizada. São Paulo: Campus, 1999, 200 p.]
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Da administração autocrática à democrática
Organização homem-a-homem
(LIKERT, 1971)
Padrão grupal de organização
(LIKERT, 1971)
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
(CHIAVENATO, 1999)
Figura 3 – A forma de organização em grupos superpostos.
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Da administração autocrática à democrática
Poderíamos, ainda, trazer outros autores, como Peter Senge e sua obra Esco-
las que Aprendem, bem como da área educacional a exemplo de Heloísa Lück.
Eles concebem a escola como organização, utilizando-se de teorias a favor da
qualidade e da produtividade da escola, com vistas a formação de sujeitos autô-
nomos, criativos, críticos e, ainda, a objetividade na educação para a transforma-
ção social, ao bem comum individual e coletivo. Com isso, possibilitam um outro
olhar, inclusive o aqui utilizado pelo estudo de Likert, abrindo horizontes pela
sua teoria aos gestores para que estes reflitam e analisem a situação de suas es-
colas e possam, à luz de teorias administrativas, observando as particularidades
da educação, atingir os objetivos, evidentemente, os educacionais.
Texto complementar
Definição de democracia
A reflexão sobre a democracia é uma discussão que produziu, e produz,
ao longo da história das ideias políticas e sociais, várias abordagens, desdo-
bramentos e propostas. Por isso, é uma teorização inacabada, e talvez nunca
o seja. Porém, a reflexão permanente sobre a democracia é necessária e
fundamental tanto para instituição quanto para a análise das relações entre
Estado e Sociedade e das relações sociais em sua totalidade.
Existem vários autores referenciados por Fares Netto (2000, p. 15) que
trazem seus próprios conceitos ao termo democracia. Por exemplo, para
John Marshal, ex-presidente da Suprema Corte norte-americana, democra-
cia é “eficácia e verdadeiramente, um governo do povo. Na forma e substân-
cia a democracia emana do povo, recebe poderes do povo, que exerce sobre
o povo e em seu benefício” (apud NETTO, 2000, p. 15).
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Da administração autocrática à democrática
[...]
[...]
A pesquisa
E para compreender essa prática, se fez necessário realizar uma pesqui-
sa em uma Escola Estadual, localizada no bairro Novo Mundo, município de
Curitiba, capital do Paraná nos períodos de agosto e setembro de 2003.
Esta escola tem um total de 1 350 alunos, divido nos três turnos sendo 530
alunos do Ensino Médio no período da manhã, 455 alunos do Ensino Fundamen-
tal no período da tarde e 400 alunos do Ensino Médio no período da noite. Seu
corpo técnico-pedagógico está assim constituído: 5 gestores (diretor, vice-dire-
tores, supervisores e orientadores), 73 docentes e 25 auxiliares administrativos.
Essa pesquisa teve como objetivo entender sob uma visão filosófica as
implicações da gestão democrática na prática educacional, ou seja, verificar
de que forma o termo democracia é entendido no âmbito de uma gestão
pública escolar e estabelecer a relação entre o entendimento da gestão de-
mocrática por parte da instituição pesquisada com os referenciais teóricos.
Para tanto, apoiou-se nos procedimentos de observações e questionários
dirigidos para toda a comunidade escolar presente nas visitas a escola. Per-
cebeu-se na pesquisa que a comunidade escolar ainda não sabe o signifi-
cado verdadeiro de gestão democrática. O Projeto Político-Pedagógico da
instituição relata que a gestão é participativa e democrática. Os membros
da comunidade escolar acreditam que trabalham sob uma democracia, pois
responderam o questionário tentando comprovar os fatos. Porém, há uma
contradição em suas respostas que leva a concluir tendo como respaldo teó-
rico, que a verdadeira Gestão Democrática não acontece na escola.
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Da administração autocrática à democrática
[...]
[...]
[...]
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Concluiu-se, com isso, que na teoria quase todos sabem de antemão num
discurso formal, entretanto, na prática, nem sempre há uma aplicação da
teoria que, no caso, é a realidade da escola pesquisada.
Considerações finais
Evidentemente que um referencial teórico para os educadores é de fun-
damental importância, pois será ele o alicerce para se entender a educação.
Entretanto, sem a pesquisa da prática pedagógica, ou seja, sem estar in loco,
no contexto diário, na prática, na realidade escolar, a fundamentação fica
insuficiente. É necessário analisar a realidade para que seja feita uma com-
paração entre teoria e prática, a fim de se propor uma melhoria no proces-
so ensino-aprendizagem. Falar em gestão democrática é acreditar em uma
escola construída a partir da ação coletiva.
[...]
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Da administração autocrática à democrática
[...]
Dica de estudo
O vídeo Princípios e bases da Gestão Democrática (parte 3). Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp>. Os pro-
fessores em seus pronunciamentos estabelecem os paralelos dicotômicos para
a verdadeira gestão democrática, mas também apontam pistas para a superação
das dificuldades, como:
identidade da escola;
dimensão da solidariedade;
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Atividades
1. Complete o quadro assinalando 1, 2, 3 ou 4, de acordo com um dos quatro
sistemas administrativos propostos por Rensis Likert.
1 2 3 4
Variáveis “Autoritário- “Autoritário- “Consultivo” “Participativo”
-Coercivo” -Benevolente”
principais
Processo
decisorial
Sistema de
comunicação
Relações
interpessoais
Sistema de
recompensas
Processo decisorial
Sistema de comunicação
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Da administração autocrática à democrática
Relações interpessoais
Sistema de recompensas
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Modos de produção e a escola:
descompassos e desafios
Intuição “espírito das Presente em nossas mentes desde Competência essencial “Uma
coisas” o nascimento até a morte. Mas só escola cheia de significados”.
valorizada como ferramenta de
gestão nos dias atuais.
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Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
Ressaltamos, ainda, em relação aos três momentos, que têm sido utilizados
para dividir a história da humanidade relativos às principais características do
modo de produção predominante e dos grandes ciclos econômicos, que um não
destitui o outro, mas o influencia.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Com essas colocações, podemos afirmar que o papel da educação, nesse con-
texto e no prenúncio da era das relações, indicativo de uma nova fase da evolução
da humanidade, em que prevalece o poder do indivíduo e das sociedades, segun-
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Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
do Moraes, é facilitar a transição entre a era material e a era das relações, para cor-
reção das injustiças, das desigualdades e dos desequilíbrios existentes, buscando:
Dessa forma, vemos nascer uma nova escola, propondo uma nova educação
em que tudo está em movimento e o conhecimento sendo construído num pro-
cesso de compartilhamento, interação e transformações. Ela considera os quatro
pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver
e aprender a ser (UNESCO, 1999) e os extrapola, principalmente quando situa
A conjuntura atual da humanidade requer o desenvolvimento de uma consciência ecológica,
relacional, pluralista, interdisciplinar, sistêmica e espiritual, que traga maior noção de abertura,
novos hábitos e valores, uma nova visão de realidade baseada na consciência do estado da
inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos da natureza, que transcende
fronteiras disciplinares, conceituais, físicas, sociais e culturais. (MORAES, 1999, p. 226)
Vamos buscar na Física, e aqui traçar um paralelo entre a Física clássica e a Física
quântica, numa tentativa de clarear à gestão educacional os desafios a enfrentar
na construção da nova escola e o referencial teórico necessário à condução de um
novo paradigma à educação.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Indeterminismo
Na Física clássica, cada efeito tem sua causa. Nas teorias Quânticas e do
Caos, não há previsibilidade, não há controle possível.
A organização quântica deve ser flexível, adotar funções não tão especí-
ficas para os profissionais. Deve mover-se entre o conceito mecanicista e
o orgânico. É a sua indeterminação que a torna capaz de evoluir em qual-
quer direção, conforme a situação requeira.
Auto-organização
Na Física clássica, uma partícula está aqui ou lá, agora ou em outro tempo.
Na Física quântica, as partículas têm comportamento de partículas e, ao
mesmo tempo, agem como se fossem ondas. Uma empresa quântica deve
aproveitar a diversidade, deve aproveitar as ondas de possibilidades de
cada um de seus componentes e só quando for a hora da medição, o mo-
mento de decisão, seguir um caminho (deixar que sua função de onda
colapse), aquele que naturalmente vai se impor.
64
Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
O mundo é incerto
De acordo com a Teoria do Caos, pequenas causas podem ter grandes efei-
tos. A Física quântica tem uma imagem ainda mais radical: o Princípio da
Incerteza diz que é impossível determinar, ao mesmo tempo, a posição e a
velocidade de uma partícula. Uma organização quântica seria menos pare-
cida com uma orquestra e mais parecida com uma jam session. Na orques-
tra, há vários instrumentos, mas o tema é o mesmo e o resultado é sempre a
soma das partes. Na jam session, os músicos interagem livremente e não há
condutor e o resultado final é sempre uma surpresa. “Administradores que
dão tarefas podem conseguir os resultados que esperam. Mas nunca vão
saber o que mais poderiam ter conseguido.” (ZOHAR, 1998, p. 106-112).
Universo participativo
O vácuo
A Teoria do Campo Quântico nos diz que todas as coisas no universo são
excitações do vácuo quântico”, afirma Danah. Uma organização quântica
seria centrada em sua visão e dirigida por seus valores. A partir deles se-
riam organizados os padrões de energia que representam os produtos, as
relações, serviços etc.
65
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Descobrir, no lugar de saber Investigar com o outro e não buscar a sua certeza.
Perguntas, não respostas Explorar novas possibilidades.
Partilhar, não ganhar Trabalhar com propostas e não com um ponto de vista melhor.
Igual, não superior Considerar todas as posições para aprender com todos.
Reverência, não poder Não existe imposição de ideias e sim a gratidão pela riqueza de
cada experiência.
Escutar Dialogar é explorar novas possibilidades.
O líder quântico é alguém sábio para manter-se no limite, saber quando usar
a Teoria Clássica e quando usar os novos paradigmas, segundo Zohar (1998).
Certeza Incerteza
Previsibilidade Mudanças rápidas
Hierarquia Redes não-hierárquicas
Divisão de trabalho e fragmentação de funções Esforço integrado (holístico)
O poder vem do centro ou do topo O poder vem de vários centros
Empregados passivos Empregados sócios
Uma maneira correta Vários pontos de vista
Competição Cooperação
Controle burocrático Estruturas flexíveis
Eficiência Relacionamento
Operação de cima para baixo (reativa) Operação de baixo para cima (experimental)
66
Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
A mudança, por mais que propalada, e com pistas, difícil ainda se faz e diver-
sos são os motivos: históricos, culturais, econômicos, políticos e sociais. Entre-
tanto, antes de derramarmos aqui as nossas lágrimas de lamentação, vamos à
busca do que fazer e de imediato.
67
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
A escola deve oferecer aos seus alunos uma visão ampla do mundo que os
cerca, indo muito além das salas de aula. Por meio de visitas, pesquisas, experiên-
cias e práticas, instiga-se os alunos a vivenciarem o mundo e a vencerem seus pró-
prios medos. Mais do que passar no vestibular, o objetivo é prepará-los para a vida,
oferecendo a base para que cheguem até onde seus sonhos possam alcançar.
Texto complementar
68
Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
[...]
Formato 360º
Também é inovador o formato em 360º da publicação. Cada volume conta
com quatro livros de histórias, um por bimestre, e garante ao professor auto-
nomia para abordar as histórias na ordem mais conveniente para a turma, de
acordo com a demanda e o ritmo do aprendizado. Os alunos ainda recebem
outra novidade: o Diário de Bordo, um livro de registro de toda a trajetória do
aluno durante o ano (dados pessoais, preferências, fatos marcantes etc.).
[...]
69
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
E qual é a impressão dos alunos? Jean Hernandes tem dez anos de idade e
está na quarta série. Considera as perguntas dos livros bem criativas, e conta
que conheceu um pouco mais sobre Pernambuco com o Livro das Histórias e
Ideias. “Gostamos tanto, que a minha professora trouxe várias fotos e objetos
de lá”, conta Jean, cujo pai conheceu os novos livros, e o que mais gostou
foi do Diário de Bordo. “Eu posso escrever várias coisas, anotações sobre os
amigos. Na escola, o que eu mais aprendo é a me comportar. E isso é muito
importante, porque se eu bagunçar, ninguém vai gostar. Mas, se eu me com-
portar, vou agradar as pessoas”, conclui o garoto. Já seu colega Bruno Dutra,
da mesma idade, considera interessantes os personagens. “Quando lemos as
histórias, rimos muito, e isso é bom. Estamos quase terminando as histórias
do livro. Quando acabar, vai dar saudade”, diz.
EJA
A editora foi criada no final de 2005 e, no ano seguinte, realizou testes
diversos em redes de educação. Antes de entrar nas 17 escolas públicas de
Esteio, por um ano o material didático passou por planejamento, ajustes e
adequação. Hoje está presente em duas outras cidades: Salvador (BA) e Praia
Grande (SP), totalizando cerca de 80 mil alunos em pouco mais de 400 es-
colas. Todas as instituições tiveram a oportunidade de testar a metodologia
antes de adotá-la. Recentemente, o município de Santos pôde experimentar.
Como gostou, está estudando a possibilidade de utilizar o programa em toda
a rede municipal. Para 2009, outras sete cidades devem adotar o sistema. A
previsão é chegar aos 100 000 alunos.
[...]
70
Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
Ela foi desenvolvida aqui no Brasil, na Universidade de São Paulo, pelo pau-
lista Mervyn Lowe. Após um período inicial no Centro Incubador de Empre-
sas Tecnológicas da USP e um investimento relativamente baixo, o programa
foi lançado em 2004. “A maior inovação foi usar a tecnologia 3D e rodá-la em
qualquer computador que tenha no mínimo 1GB de memória e Windows
Vista”, diz Mervyn, que tem como meta construir a plataforma para o Linux, o
que beneficiará as escolas públicas. O conteúdo do programa, por enquanto
disponível para Biologia, Geografia, Química e para as línguas portuguesa,
espanhola, inglesa, alemã, italiana e turca, é atualizado a cada quatro meses
por professores da USP. Eles já estão trabalhando no conteúdo de Física e
pretendem desenvolver o de Matemática em seguida.
“Para explicar o olho humano, por exemplo, podemos mostrá-lo por fora e
fazer um corte para ver as estruturas internas”, explica Juana Ordonez, professora
de Ciências do Colégio Miguel de Cervantes, de São Paulo. O professor Ferreira
também aprova a novidade. “É o começo do futuro da educação, e eu espero
que chegue em breve a todas as escolas públicas do Brasil”, conclui. Hoje, são
mais de 200 escolas no Brasil utilizando o sistema, sendo 15 públicas.
Outros exemplos
[...]
71
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Método cubano
Ainda falando sobre a alfabetização de jovens e adultos, o que você pensa
sobre a adoção de metodologias desenvolvidas em outros países? A discus-
são é controversa, pois muitos são contra a utilização de qualquer projeto
ou sistema estrangeiro. Entretanto, não podemos esquecer de um exemplo
de sucesso: o método cubano de alfabetização Yo, si puedo, implantado no
Brasil no início de 2006 e aplicado com êxito em dezenas de países após ter
erradicado o analfabetismo na ilha caribenha. Quem defende sua utilização
argumenta que se trata de um método acessível economicamente, didatica-
mente flexível, efetivo, simples e com resultados positivos em curto prazo.
Dica de estudo
MORIN, Edgar. DVD Coleção Grandes Educadores. São Paulo: Paulus, 2006.
72
Modos de produção e a escola: descompassos e desafios
Atividades
1. Faça um breve registro sobre os marcos históricos que dividem a história da
humanidade a partir do modo de produção e dos ciclos econômicos.
73
Administração escolar
e transformação social
Para o trabalho com este tema vamos recorrer, em especial, aos estu-
dos desenvolvidos por Vitor Henrique Paro e Danilo Gandin em suas obras
– Administração Escolar: introdução crítica e Escola e Transformação Social,
respectivamente, com o propósito de aprofundar a compreensão da Ad-
ministração Escolar comprometida com a transformação social. Lembran-
do, “a administração se constitui num instrumento que, como tal, pode
articular-se tanto com a conservação do status quo quanto com a trans-
formação social, dependendo dos objetivos aos quais ela é posta a servir”
(PARO, 1993, p.123).
Paro recorre a Marx, e este considera o trabalho como “uma atividade ade-
quada a um fim”. Essa conceituação nos leva ao entendimento de que essa ativi-
dade é essencialmente humana, pois somente o homem é capaz de estabelecer
objetivos, embasados em valores, e planejar ações que o levem ao alcance e à
realização do que se espera com o trabalho.
76
Administração escolar e transformação social
77
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
E, é essa diferença, “que não é simples acréscimo, já que supõe uma real trans-
formação na personalidade viva do educando, é que se constitui no efetivo pro-
duto do processo pedagógico escolar.”(PARO, 1997, p.144).
Texto complementar
A escola de todos
Ajude e eduque os pais para melhorar o rendimento dos filhos
(RODRIGUES, 2008)
79
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Uma ação bem feita, envolvendo os pais e a escola, pode trazer resultados
acima do previsto, com benefícios para todas as partes. Constatou-se, em
países mais desenvolvidos, que a aproximação dos pais ao ambiente escolar
resulta em sensível aumento no rendimento dos alunos e na qualidade de
vida da comunidade. Um exemplo vem de escolas públicas dos EUA, que
resolveram mudar de estratégia e conquistaram resultados surpreendentes.
[...]
[...]
80
Administração escolar e transformação social
Papel social
Em comunidades muito carentes, são raras as situações de lazer e de par-
ticipação em práticas sociais. Então, quando as escolas as promovem, são
bem-vindas. “Não se deve esquecer também que cabe às escolas estimular
os pais para que frequentem com assiduidade as reuniões das Associações
de Pais e Mestres”, completa a professora da UNB.
[...]
São Paulo
O mesmo conceito de parceria existe no Estado de São Paulo, mas com
nome diferente: é o Programa Escola da Família, uma iniciativa que une
quase 50 mil voluntários, entre profissionais da educação e estudantes uni-
versitários. Foi criado em 2003, para despertar potencialidades e estimular
uma cultura de paz e hábitos saudáveis junto aos familiares dos mais de
sete milhões de jovens de baixa renda que vivem no Estado. Aos finais de
semana, 2.334 escolas da rede pública de ensino transformam-se em cen-
tros de convivência, com atividades voltadas às áreas esportiva, cultural, de
saúde e de trabalho. São crianças, jovens, pais e mães que buscam diversão,
lazer e conhecimento com as oficinas e cursos de qualificação. [...]
81
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
[...]
Programas nacionais
O governo federal oferece uma série de programas sociais para ajudar as
famílias carentes. Confira alguns:
82
Administração escolar e transformação social
Dica de estudo
O Filme Coach Carter – treino para a vida, Paramount Collection. Esse filme é
baseado em uma história real, inspirado na atuação do treinador de basquete de
uma escola de baixa qualidade, inserida em uma comunidade carente. A expecta-
tiva da comunidade escolar está focada unicamente nos jogos e campeonatos de
basquete do time campeão estadual, desqualifica e ignora o baixo rendimento
escolar e mais ainda a formação dos seus alunos e o futuro desses na sociedade.
O treinador posiciona-se como educador e interfere na sistemática e no cotidia-
no da escola, sendo visto como opositor ao sistema, todos queriam e apenas se
preocupavam com os campeonatos. Ele enfrentou a todos, inclusive foi expulso
por sua rejeição em participar com o time de campeonato, pelo baixo rendimen-
to acadêmico dos alunos. O importante é que pelo seu credo em transformar a
realidade daquela juventude ele consegue mudanças significativas na escola, no
desempenho dos alunos e principalmente na vida das pessoas.
Atividades
1. Como é considerada a administração por Vitor Henrique Paro e quais são as
condições possibilitadoras para uma efetiva escola voltada para a transfor-
mação social?
83
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
84
Administração escolar e transformação social
85
Na contramão de uma gestão
educacional de qualidade:
a gestão da qualidade total na escola
Referencial teórico
A Gerência da Qualidade Total (GQT), ou Controle de Qualidade Total
(CQT), seria a versão brasileira da Total Quality Control (TQC), assim deno-
minada a Filosofia da Qualidade Total, implantada nas empresas japonesas,
pelo físico norte-americano W. Edwards Deming, após a Segunda Guerra
Mundial. Os resultados conseguidos no Japão surpreenderam o mundo.
permanente atenção;
enaltecimento do pragmático.
D.P. – Podemos, então, dizer que ainda não existe, no mundo, um trabalho de
qualidade total em educação, expressivo, sedimentado?
D.P. – Que relação o senhor faz entre qualidade na educação e educação para
a qualidade?
88
Na contramão de uma gestão educacional de qualidade: a gestão da qualidade total na escola
róprias empresas em que essas pessoas vão atuar. Se o país quer evoluir, suas
p
organizações têm de melhorar, oferecer produtos sempre melhores. As escolas
precisam contribuir para essa melhoria global. É assim que relaciono qualidade
na educação e educação para a qualidade. Qualidade na educação em sintonia
com a empresa.
89
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Não usar somente o preço como referencial nos negócios – a escola deve
ter critérios estabelecidos para suas compras, vinculando-as à sua qualidade e
às necessidades e interesses dos alunos e não buscar apenas o mais barato.
91
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Retornemos a Demo (2003, p.19), a fim de destacar a sua colocação de que “Na
acepção mais básica, qualidade total denota o compromisso com a qualificação
dos recursos humanos envolvidos, tendo em vista que qualidade provém deles.”
Entretanto, ele ressalta, a partir da sua concepção de qualidade, destacando a
qualidade formal e a qualidade política, de que a escola de “qualidade total” im-
plica diretamente em um professor formal e politicamente bem formado e bem
remunerado. Acresce a isso, que a obtenção de qualidade não ocorre simples-
mente por meio de treinamentos rápidos para se dizer como fazer, pois, “em vez
de sujeitos críticos, criativos, participativos, teremos apenas lacaios lustrados”.
A Gestão da Qualidade Total fixa as diretrizes, estas amplas, que serão seto-
rizadas de acordo com sua especificidade e aí estabelecidas as metas, a partir e
coerente às diretrizes oriundas do PDCA.
92
Na contramão de uma gestão educacional de qualidade: a gestão da qualidade total na escola
1. Sensibilização
2. Comissões
3. Relatórios
4. Capacitação
93
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
94
Na contramão de uma gestão educacional de qualidade: a gestão da qualidade total na escola
Texto complementar
95
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
À primeira vista, trata-se de uma heresia a ser afastada das escolas públi-
cas. Mas o lucro é apenas uma das manifestações de bons resultados. A me-
táfora sugere o vínculo entre desempenho e recompensa. Em vez de lucro,
o sucesso pode ser mais pontuação na Prova Brasil. Ou menos deserção. Ou
mais alunos aprovados na OAB.
De fato, não é preciso que haja mercados para que existam incentivos.
Dentro da empresa não há mercados. O montador do automóvel não compra
as peças do almoxarife e depois vende o carro. Por essa razão, as empresas
criam incentivos e penalidades para os funcionários, visando a motivar seu
comportamento. Está nas livrarias o livro 1001 Maneiras de Premiar Seus Cola-
boradores. Tais regras internas não são desconhecidas das escolas e vão das
medalhas até as medidas drásticas de expulsão.
96
Na contramão de uma gestão educacional de qualidade: a gestão da qualidade total na escola
Dica de estudo
O texto “A Narrativa Instrumental da Avaliação na Educação”, de Vandré
Gomes da Siva – USP. Disponível em: <www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/
eae/arquivos/1437/1437.pdf>. A partir da análise conceitual do termo “quali-
dade de educação”, o texto discute a validade do que se denomina narrativa
instrumental da qualidade em educação. A narrativa está calcada na definição
de qualidade restrita a resultados obtidos pelos alunos, quanto rendimento cog-
nitivo, em avaliações de larga escala, e na utilidade e eficiência que porventura
tenham esses resultados, em termos estritamente econômicos. Desse modo, a
formação escolar se vê reduzida a atender a certos interesses socialmente valo-
rizados, supostamente capazes de viabilizar as condições para se obterem mais
e melhores resultados.
Atividades
1. Explique o conceito da filosofia da qualidade total.
97
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
98
Na contramão de uma gestão educacional de qualidade: a gestão da qualidade total na escola
99
Estabelecendo a qualidade
de educação desejada: a escola
como construtora da cidadania
Bordignon, ao abordar o tema Gestão da Educação, especialmente
quando estabelece seus pressupostos, define-a como um processo de
articulação para o desenvolvimento da proposta Político-Pedagógica da
escola, fundamentado numa determinada concepção de educação e de
sociedade. Assim, pensar um processo educacional e a ação da escola sig-
nifica definir um projeto de cidadania e atribuir à escola uma finalidade
coerente a esse projeto, estabelecendo seus fundamentos, ou seja: defi-
nindo os pressupostos filosóficos, sociais e educacionais.
102
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
Aspectos da gestão
(tradicional) (novo)
Relações de poder Verticais Horizontais
103
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Cooperação/cessão/interdepen-
Relacionamento Competição/independência
dência
104
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
Qualidade na educação
A questão da qualidade é decorrente do paradigma de ações educacionais
da escola. Qualidade na educação não consiste em um conjunto de critérios. É
definida como
reflexo da concepção de mundo e de sociedade. A partir de então a escola procura desenvolver
conhecimentos, habilidades e atitudes que irão encaminhar a forma por meio da qual os
indivíduos vão se relacionar com a sociedade, com a natureza e consigo mesmos. (GRACINDO,
citado por BORDIGNON In: FERREIRA; AGUIAR, 2000, p. 156).
Que cidadania é essa e que tipo de cidadão ela forma são questionamentos
levantados por Bordignon. Cidadania “é a condição essencial para a efetivação
da verdadeira democracia”. Os conceitos de democracia e de cidadania são ine-
rentes e indissociáveis. Um não se viabiliza sem o outro. E, sem democracia não
há espaço para os cidadãos, apenas para governados. (BORDIGNON apud FER-
REIRA; AGUIAR, 2000, p. 158).
Cidadão, por sua vez, é o sujeito que faz história e, “neste sentido, é gover-
nante, não apenas de si mesmo, mas, solidariamente com os outros cidadãos,
do caminhar da humanidade”. Ser cidadão “é ser capaz de ser crítico das in-
formações, construtor do conhecimento e produtor das tecnologias. Se isso é
válido para o educando, é condição fundamental para o professor que deve
constituir requisito básico do perfil e da qualificação do docente.” (FERREIRA;
AGUIAR, 2000, p. 158).
105
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
pela estrutura e organização que encampa, por seu papel socializador e pelos
conteúdos que transmite. (BORDIGNON apud FERREIRA; AGUIAR, 2000).
Para Morin, o ensinar a viver necessita não só dos conhecimentos mas também
de transformação do ser, desse conhecimento adquirido em sabedoria e da incor-
poração dessa sabedoria para a vida toda.
A didática exposta por Comenius em sua obra Didática Magna (1632), já dizia
que uma educação deve ensinar tudo e a todos. Esse ensinar tudo não significa
106
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
107
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
As lutas pela escola e pelo saber, tão legítimas e urgentes, vêm se constituin-
do um dos campos de avanço político na história dos movimentos populares e
na história da construção da cidadania.
108
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
Texto complementar
Aprender por toda a vida
Por necessidade ou gosto, pelo exemplo ou erro, coisas úteis ou simplesmente
divertidas. Aprender é o que nos faz humanos e felizes. Desistir disso é negar o
que temos de melhor
(FARIA, 2008)
109
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
aprender. Cada uma, a seu modo – pelo exemplo, com os erros, experimen-
tando o novo, tentando – encontrou um caminho para descobrir o que não
sabia e crescer. Marina tornou-se Marina Silva, professora de história, senado-
ra da República, ministra e a mulher mais respeitada do mundo nas questões
de meio ambiente. Paula virou Magic Paula, jogadora da Seleção Brasileira
de Basquete, medalhista em Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos e uma das
maiores atletas que o país já teve. Com os filhos crescidos, Denil Rossato, 65
anos, foi ser secretária médica, estudou espanhol e italiano, usa a internet
como se fosse nascida nos anos 2000 e aprendeu a andar de bicicleta ainda
outro dia. A história delas prova que aprender não é algo que se faz apenas
sentado no banco da escola: é vivo, constante e está em toda parte – basta
querer.
[...]
Caixa de brinquedos
Essa ferramenta de que Marina fala – a curiosidade por saber – todos nós
temos: é o que nos faz humanos. O interesse pode ser podado por uma escola
que enfia goela abaixo assuntos entediantes, pela falta de estrutura e incen-
tivo para explorar nosso potencial, ou pelos limites que nos impomos, em
frases como “não tenho mais idade para isso” ou “não sei, não consigo, deixa
pra lá”. Mas o desejo de conhecer pode ser retomado e exercido – desde que
se mude a forma de encarar o aprendizado. Em vez de fazê-lo apenas pela
obrigação de saber coisas úteis, como a tabuada ou dirigir, pode-se (e deve-se)
aprender por prazer. Que seja empinar pipa, boiar no mar, contar piadas, cantar
em chinês – o que quiser.
110
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
[...]
[...]
Com o passar dos anos, o cérebro muda e fica mais difícil entender novi-
dades. Mas é sempre possível aprender. Somos nós quem limitamos (ou não)
o conhecimento.
111
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
A liberdade de saber
Denil Rissato achou seu caminho em um domingo no Parque do Ibira-
puera, em São Paulo. Foi lá, aos 64 anos, que andou de bicideta pela pri-
meira vez. Bicicleta não, triciclo! A vontade vinha guardada desde menina.
No parque, alugou o possante, duas rodinhas atrás, uma grande na frente.
”Olhando para ele, parecia impossível. Com um pouco de esforço, consegui
subir. Comecei a pedalar devagarinho... e estava andando!”, lembra. A sen-
sação foi tão boa que resolveu comprar um. Na noite anterior à entrega mal
dormiu. Quando me vi no meu triciclo, fiquei gritando “yes! yes! yes!”, conta.
Agora, Denil passeia toda prosa com suas três rodas até pela feira. Não fosse
a proibição do filho, já estava de olho numa moto.
Como tantas outras mulheres de sua geração, Denil fez planos de carrei-
ra, que interrompeu para cuidar do casamento e dos filhos. Mas continuou
com um olho para a vida lá fora – e a idade, ao contrário do que seu cérebro
poderia esperar, deu-lhe mais coragem para experimentar o novo. Depois de
15 anos em casa, sentiu que estava na hora de sair. “Precisava me sentir útil
para outras pessoas”, afirma. Foi estudar, aprendeu a mexer no computador
e virou secretária de um hospital, profissão que sempre quis seguir. No dia a
dia, vendo os médicos, achou que podia ajudar mais e resolveu ser enfermei-
ra. E lá foi Denil para a sala de aula, aos 40 anos.
112
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
Dica de estudo
O filme Escritores da Liberdade. História baseada em fatos reais. Paramount
Pictures.
Atividades
1. Correlacione as colunas marcando 1 para aspectos da gestão paradigma vi-
gente (tradicional) e 2 para paradigma emergente (novo), de acordo com os
aspectos específicos da gestão:
Relações de poder:
(( Horizontais (( Verticais
Estruturas:
(( Lineares / segmentares (( Circulares / integradas
Espaços:
(( Individualizados (( Coletivos
Decisões:
(( Descentralização / diálogo / (( Centralizadas / imposição
negociação
Formas de ação:
(( Democracia / autonomia (( Autocracia / paternalismo
113
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Centro:
(( Autocentrismo / (( Heterocentrismo /
individualismo grupo-coletivo
Relacionamento:
(( Competição/independência (( Cooperação/ cessão/
Interdependência
Meta:
(( Mediação dos conflitos (( Eliminação de conflitos
Tipo de enfoque:
(( Visão das partes do todo (( Objetividade
Intersubjetividade
Objetivo:
(( Vencer com – co – vencer (( Vencer de – convencer
Consequência:
(( Vencedores – predadores (( Vencedores
Objeto do trabalho:
(( Informação (( Conhecimento
Base:
(( A-ética (( Ética
Ênfase:
(( No Ser (( No Ter
114
Estabelecendo a qualidade de educação desejada: a escola como construtora da cidadania
115
A qualidade como processo
e qualidade total: estabelecendo paralelos
Antes de estabelecermos paralelos vale ressaltar que a qualidade da
educação, tanto na qualidade total quanto na qualidade em educação,
afirmam que a mesma só pode ser alcançada por meio de uma gestão
participativa, trabalho de equipe e currículo interdisciplinar. Entretanto,
adiante vamos perceber as diferenças nas suas concepções.
gestão democrática;
liberdade X autonomia;
118
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
A educação, sendo uma prática social, não pode restringir-se a ser puramente
livresca, teórica, sem compromisso com a realidade local e com o mundo em
que vivemos.
119
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Uma escola de qualidade deve ser objetivo de qualquer gestor, portanto, este
deve perseguir os objetivos propostos, refletindo em uma efetividade social e,
para tanto, a escola deve ter claro o que quer, estruturar e programar o melhor
possível para seus alunos, captando ao máximo os recursos que dispõe (físicos,
humanos e financeiros), unindo a energia de todos os envolvidos para ser cum-
pridora de seus objetivos (éticos e sociais).
planejamento da qualidade;
gerência participativa;
constância de propósitos;
120
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
garantia da qualidade;
Essa linguagem fica mais evidente quando alguns teóricos definem escolas
de qualidade total, expondo seus princípios e resultados. Um dos autores é o
professora Carlos Henrique Carrilho Cruz que relata:
Um paralelo interessante a respeito da evolução do conceito de qualidade aplicado à
educação acontece se for fortalecido o entendimento de que qualidade estava sempre ligada à
expansão do ensino, à garantia de acesso, à dotação de recursos. A partir dos anos 1980 outras
questões começam a tomar lugar como o índice de evasão, de repetência... e atualmente
assume uma transposição do conceito do mundo do mercado para o mundo de educação,
ou seja, passando pelas determinações da produção material para a produção cultural escolar.
Caracterizando ainda mais as raízes do conceito de qualidade aplicado à Qualidade Total com
a visão administrativa capitalista.
Por manter, ainda, essa forte ligação, a educação, neste contexto, passa por
mensuração como forma de avaliação; pela interferência na produção cultural
do homem, visando acumulação de saber, para inserção em uma sociedade
competitiva.
121
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
humano”, “o cidadão”, “a cidadania”, sendo assim tendo valor social. Ainda, segun-
do Araci Hack (1997, p. 36), “a qualidade de vida entendida como condições e
possibilidades de satisfazer necessidades básicas de existência humana”.
O professor Carlos Henrique Carrilho Cruz coloca “Quanto mais clara for essa
opção e coerente for a ação que a realiza, maior qualidade terá a ação educativa
e a escola.”
122
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
123
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
124
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
125
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Texto complementar
As escolas descritas, neste livro, fazem parte de uma corrente maior que
ilustra a redefinição da democracia na educação. As escolas estão intensa-
mente envolvidas na tentativa de encontrar maneiras práticas de aumentar
a participação significativa de todos os intervenientes na experiência educa-
cional, incluindo também pais, residentes locais e, muito especialmente, os
alunos. Das suas experiências, podemos verificar que este objectivo é atin-
gível através da criação de comunidades de aprendizagem dentro de cada
escola e entre a escola e a comunidade em geral (vide também SMITH, 1993).
126
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
127
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
preocupações actuais e aos sonhos futuros dos alunos, dos professores e das
comunidades que têm tanto a ganhar como a perder nestas escolas.
128
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
[...]
[...]
Uma das tragédias mais claras das tentativas de reforma escolar actual
é que as pessoas envolvidas possuem um conhecimento quase inexistente
das muitas tentativas com sucesso de construir escolas mais democráticas.
Existem vários sítios aos quais educadores podem recorrer para contar
as suas histórias e para ouvir o que outros têm feito: grupos como Repensar
a Escola em Milwaukee, o Instituto pela Democracia na Educação em Ohio,
Educadores para a Responsabilidade Social, A Coligação Nacional de Activis-
tas Educacionais, e publicações como Ensinar a Tolerância, Repensar a Escola,
Democracia e Educação e Equidade e Excelência.
[...]
129
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Dica de estudo
O filme: Fazendo História, Twentieth Century FOX.
Uma instigante história. Tem como foco principal a dinâmica de uma escola
em relação a um grupo de excelentes alunos. O grande objetivo da escola, de
seu diretor, é o ingresso desses alunos nas Universidades de Oxford e Cambrid-
ge, bem como pela motivação também desses alunos e seus familiares. Para isso,
as dúvidas metodológicas surgem e se confrontam, e, nesse confronto mudan-
ças de horários, de professores, de estratégias acontecem. O entendimento de
aprendizagem, de conhecimento, de cultura também é outro motivo de diálo-
gos acirrados entre alunos e professores.
Atividades
1. Ao se falar em qualidade de educação e aprendizagem cidadã, deve-se fazer
a indagação: que homem e que sociedade se deseja construir?
130
A qualidade como processo e qualidade total: estabelecendo paralelos
2. Com base no texto trace o paralelo entre as duas propostas: qualidade em edu-
cação e qualidade total quanto ao papel e desempenho que se espera:
Relação
professor-aluno
Metodologia/
avaliação
131
Conceitualizando:
qualidade e produtividade
Discutindo qualidade
Tente imaginar algumas situações:
Você está na internet e o provedor cai justo na hora em que você havia
encontrado o que precisava. Qual a qualidade do seu provedor?
Você elegeu um político que foi indiciado por fraude. Qual a qualidade
da sua escolha?
Você estuda em uma escola que não lhe ensina a pensar, mas sim a
reproduzir conhecimentos. Qual a qualidade de ensino que você está re-
cebendo? Que formação você terá? E como o reflexo dessa formação con-
tribuirá para uma melhora na sua qualidade de vida?
134
Conceitualizando: qualidade e produtividade
Não se pode dissociar uma da outra, pois viver dotado de conhecimento, mas
sem princípios éticos, não se faria história de qualidade, assim como ser dotado
dos princípios éticos, porém sem acesso ao conhecimento, tornaria-o segrega-
do, excluído e da mesma maneira não se faria história de qualidade, frente ao
desenvolvimento e história humana.
E nos perguntamos, então, por que se preocupar com uma educação de qua-
lidade ou qualidade na educação?
A resposta é fácil:
135
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Chegamos, então, à máxima da “qualidade de vida”. Esta não está ligada so-
mente ao bem-estar físico como comumente escutamos. Qualidade de vida en-
globa as condições totais de uma pessoa, estando aqui presente a consciência a
respeito da mesma.
O operário em construção
Era ele que erguia casa
[...]
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
136
Conceitualizando: qualidade e produtividade
137
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
138
Conceitualizando: qualidade e produtividade
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
[...]
E assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
[...]
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
[...]
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
139
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
[...]
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
[...]
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
[...]
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
140
Conceitualizando: qualidade e produtividade
Um silêncio de martírios
[...]
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
[...]
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquisito
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
141
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Recorremos a José Carlos Libâneo no intuito de ampliar a nossa visão sobre qua-
lidade. Ele nos traz a qualidade social, buscando a excelência na educação por meio
da qualidade educacional, visando, também, a constituição da cidadania e deixando
evidente sua concepção em suas obras, como nesta citação:
Educação de qualidade é aquela que promove para todos o domínio de conhecimentos e o
desenvolvimento de capacidades cognitivas, operativas e sociais dos alunos, à inserção no
mundo do trabalho, à constituição da cidadania, tendo em vista a construção de uma sociedade
mais justa e igualitária. Em outras palavras, escola com qualidade social significa a inter-relação
entre qualidade formal e política, é aquela baseada no conhecimento e na ampliação de
capacidades cognitivas, operativas e sociais, com alto grau de inclusão. (LIBÂNEO, 2004, p. 66)
integração cultural;
formação de caráter;
Texto complementar
Para o educador, as escolas que vão mal devem olhar com cuidado para
as que obtiveram bom desempenho. Do total de escolas avaliadas pelo MEC,
0,3%, ou seja, 178 submetidas às mesmas provas, tiraram nota 6 ou mais.
“Se existem essas ilhas de qualidade e, se o que fazem não envolve custos
143
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
nem gastos, é possível que o mesmo seja feito pelas demais. A esperança de
melhora está aí”, diz.
O que Antunes propõe não é seguir receitas prontas, mas medidas que
envolvem a gestão, o professor, a prática pedagógica, a permanênda do
aluno e o envolvimento familiar. “O mais interessante é que essas escolas
nunca conversaram entre si e adotaram linhas de ações semelhantes. Isso
exclui aquela ideia de que estados mais ricos têm melhor educação”, diz.
E possível pensar que, se as escolas com notas baixas fizerem o que fazem
as que têm padrão de qualidade potencial, todas poderão alcançar qualida-
de. Não é fácil, não é um trabalho de um ano e não é uma receita de bolo. São
resultados concretos que podem ser obtidos com envolvimento de todos,
desde o gestor, passando pelo professor, alunos e família.
144
Conceitualizando: qualidade e produtividade
Essa é a fuga de uma escola chata, falida e até uma fuga inteligente para o
aluno que percebe que está perdendo o seu tempo. Os jovens fogem dessa
escola retrógrada, descompromissada e que realmente não tem muita razão
de ser. A evasão é muito mais um sintoma de escola de má qualidade do que
razão de natureza social. Eu reitero que dificilmente os alunos fogem de uma
escola profissionalizante que realmente prepara os jovens e adolescentes
para o mercado.
“Se existem essas ilhas de qualidade e, se o que fazem não envolve custos
nem gastos, é possível que o mesmo seja feito pelas demais. A esperança de
melhora está aí.”
145
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Dica de estudo
DEMO, Pedro. Educação e Qualidade. Campinas, SP: Papirus, 1994. Coleção Ma-
gistério: Formação e Trabalho Pedagógico.
Atividades
1. Conceitue qualidade, a partir da sua compreensão do texto.
146
Conceitualizando: qualidade e produtividade
147
Retomando a gestão democrática:
instrumento principal para a transformação
do processo qualitativo da educação
Vamos à busca da necessária compreensão do surgimento de uma nova
perspectiva de gestão em que fundamentou-se e consolidou-se como o
principal veículo à educação de qualidade e, por conseguinte, a formação
de alunos críticos, participativos e transformadores de uma sociedade.
Jacques Prévert
Pintar primeiro uma gaiola
Com uma porta aberta
Pintar depois
Algo bonito,
Algo simples,
Algo belo,
Algo útil
para o pássaro;
Depois, encostar a tela em uma árvore
Num jardim, num bosque ou
numa floresta,
Se esconder atrás da árvore
Sem dizer nada
Sem se mexer
E, quando o pássaro chegar,
se ele chegar
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
150
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
Desde os anos 1970, quando o regime político autoritário levou o povo à des-
crença de que proporcionaria qualidade de vida às pessoas, ele já foi perdendo
forças, dando lugar à necessidade de maior participação (comprometimento)
das pessoas no cenário político, as pessoas (alunos), já não se permitiam ser
meros espectadores.
De acordo com Artemis Torres (1998, p. 13), esta crise fez aumentar:
1) a crescente desigualdade na distribuição de renda; 2) os atos institucionais com suas graves
repercussões no âmbito dos direitos de cidadania, como o cerceamento de liberdade de opinião
e de crítica; 3) o mínimo aumento do índice de alfabetização, que esteve longe de corresponder
às expectativas geradas pelo “milagre econômico”.
Outros fatos históricos no campo político como a greve geral do ABC, a lei
que permitia a criação de novos partidos políticos, a lei de anistia, a renovação
151
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
da política sindical, caminhando às Diretas Já; todos estes fatos que demons-
tram a consciência do povo de poder transformar e lutar pela qualidade de vida
faz com que o contexto educacional busque melhorias educacionais, vistas estas
como a democratização das relações e das políticas educacionais.
O caminho passado pela gestão vem de uma cultura autoritária, a qual limi-
tava a liberdade de pensamento, de expressão e participação, na qual o poder
era dos governantes e o povo era governado, o papel do professor era de trans-
missor de conhecimento, e os valores cultuados eram de individualismo, egoís-
mo e competição, a se chegar em princípios totalmente opostos na atualidade
como a participação nas decisões, caracterizando a todos como governantes e
na mesma proporção responsáveis pelos caminhos traçados, o professor passa
a ser o catalisador do saber e da construção do conhecimento e tendo valores
cultuados como a liberdade, igualdade, solidariedade e cooperatividade.
152
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
153
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Na medida em que não existe, mas que ao mesmo tempo coloca-se como
algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da
escola, a tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das condições
concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a viabilidade de um
projeto de democratização das relações no interior da escola (PARO, 1997, p. 9).
154
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
Esta maravilhosa poesia mais uma vez reforça a busca pela qualidade em
educação e, quando atingida, é merecedora de sua assinatura, pois por intermé-
dio dela, você conseguiu captar e junto com os alunos ou colegas/professores
transpor todo o contexto, toda a situação, todas as hipóteses e possibilidades a
serem levantadas e permitiu que eles experimentassem, colocando-os próximos
da realidade.
155
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
156
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
Afirmava Aristóteles que, para uma pessoa viver a vida feliz, devia fazê-lo como
membro de uma comunidade política. A pólis proporcionaria às pessoas a oportu-
nidade de levar uma existência racional e moral. Em sua Política, sintetizava a ten-
dência da civilização helênica para centralizar-se em torno da pólis (PERRY, 1985).
157
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Texto complementar
A escola que aprende
(FELDMAN, 2005)
Estabelecimentos públicos de ensino inspiram-se em projetos pedagógicos
bem-sucedidos para promover mudanças rumo à democracia
158
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
159
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
160
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
161
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Dica de estudo
AZEVEDO, José C; GENTILI, Pablo; KRUG, Andréa; SIMON, Cátia. Qual educação
para qual cidadania? Reflexões sobre a formação do sujeito democrático. In:
GENTILI, Pablo. Utopia e Democracia na Educação Cidadã. Porto Alegre: Ed.
Litorada UFRGS. Secretaria Municipal de Educação, 2000.
Atividades
1. A gestão democrática está aliada indiscutivelmente e é dependente da par-
ticipação efetiva de todos envolvidos no processo educacional. Como era
entendida a participação e como se desvela com esta nova conotação da
administração escolar?
162
Retomando a gestão democrática: instrumento principal para a transformação do processo qualitativo da educação
2. Leia com atenção as duas poesias propostas nesta aula e faça uma relação
delas com o conteúdo exposto.
163
Os alicerces da construção
e manutenção da gestão democrática
Apenas aceitar que a gestão democrática fez parte da evolução da so-
ciedade e que refletia a necessidade do povo de liberdade, autonomia,
de democracia, não permite por si que a gestão democrática se sustente
e se viabilize caso alguns alicerces que a fundamentam e a mantêm não
estejam solidificados.
autonomia;
participação;
clima organizacional;
estrutura organizacional.
166
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
Sobre a importância e preocupação dos educadores para que tal fato seja
uma vivência constante nas escolas, Bordignon (2000, p. 170) escreve:
Se o conceito fundamental da cidadania é o exercício da autonomia, a construção da
emancipação, uma escola subserviente, mera reprodutora de ordens e decisões elaboradas
fora seu contexto, não cumprirá sua finalidade. A escola autônoma é aquela que constrói
no seu interior o seu projeto, que é a estratégia fundamental para o compromisso com sua
realização.
168
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
169
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Todo sistema, seja ele enquanto pessoa única ou enquanto organização, en-
volvendo mais de uma pessoa, carrega os traços de todo o contexto que viven-
ciou e que vive. Dizemos, então, que qualquer sistema possui um clima e sua cul-
tura específica de funcionamento é calcada na história de vida de cada sujeito
envolvido e da sociedade em que estão inseridos.
170
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
Para que esse espelho seja de cristal e propicie a melhor imagem, Bordignon
(2000, p. 171-173) propõe que alguns pontos devem estar claros:
a finalidade e os objetivos;
as responsabilidades e ações;
o respeito profissional.
171
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Essa é a escola que vai ao encontro dos anseios da comunidade. Uma escola
participativa, ativa, voltada às questões e desejos do cidadão.
Uma pessoa com potencial intelectual muito bom, líder, empreendedor, com-
promissado com a educação, perseverante, criativo e dinâmico. Relaciona-se bem,
favorecendo o espírito de equipe.
172
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
173
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
174
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
Texto complementar
Nota 10!
(BORDEWICH, 2006)
As escolas finlandesas dão um exemplo que o Brasil deveria seguir
No andar de cima, a luz fraca do sol de inverno entra pelas janelas da sala
de aula de Mervi Valta, que ensina 28 alunos da 4.ª e 5.ª séries, com idades
175
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
“Cada criança é responsável por seu plano de estudos”, diz Kimmo Sunds-
trom, diretor da escola de 280 alunos. “Cada aluno, ajudado por pais e pro-
fessores, traça a meta que melhor se ajuste a ele, de modo que a motivação
permaneça alta. Se ele precisa de ajuda em Matemática, pode recebê-la. Se é
melhor do que os outros em línguas, pode se adiantar.”
[...]
[...]
176
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
[...]
Até meados dos anos 1970, porém, esse país estava longe de ser um
exemplo de inovação escolar. Assim como em muitos Estados europeus, aos
10 anos os alunos finlandeses faziam uma prova que os dividia em cursos
técnicos ou acadêmicos. Isso definia o restante de suas vidas, uma vez que
era praticamente impossível mudar de ideia depois que a opção era feita. Os
críticos a esse modelo argumentaram que, se a Finlândia queria competir
com sucesso numa economia mundial em mutação, o sistema educacional
precisava ser repensado. “Na nova sociedade, baseada no conhecimento, é
muito mais fácil que um povo com alto nível de instrução reaprenda novas
profissões”, defende Leo Pahkin, membro antigo do Conselho Finlandês de
Educação.
177
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
178
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
Dica de estudo
LIBÂNEO, José Carlos. Princípios e Características da Gestão Escolar Partici-
pativa, no Livro Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5. ed. Revista
e ampliada. Goiânia: Alternativa, 2004. Capítulo VII.
Atividades
1. As bases para estruturação e implantação da gestão democrática no con-
texto educacional passam por quatro instâncias, de acordo com Bordignon.
Cite-as e discorra sobre elas.
179
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
180
Os alicerces da construção e manutenção da gestão democrática
181
Instrumentos fundamentais à
construção da gestão democrática:
programa de formação continuada
Historicamente, evidencia-se um processo amplamente conhecido na
sociedade como um todo que não restringe-se à educação. Processo cha-
mado de reprodutor, no qual os envolvidos na avaliação desencadeadora
das novas propostas e no planejamento, normalmente, são pessoas perti-
nentes ao sistema (em nível macro) por, muitas vezes, há muito distanciadas
da práxis. Essas pessoas apenas “ditarão” aos executores “as regras do jogo”. E
estes, como autômatos, angustiados e desvalorizados, buscam reproduzir.
O aprendiz
Bertolt Brecht
Construí antes de areia, depois construí de pedra.
Como a pedra desabasse,
não construí de mais nada,
185
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
186
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: programa de formação continuada
individuais, semanalmente;
187
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Quando nos referimos à equipe pedagógica, não podemos nos esquecer dos
outros profissionais, além dos professores, orientador, coordenador e gestor,
que estão em contato com os alunos e também desempenham papel signifi-
cativo na formação deles. É importante que, periodicamente, os responsáveis
pela informática, esportes e outros setores participem da reunião pedagógica
para trocarem informações sobre os projetos ou para avaliarem a relação entre
os trabalhos desenvolvidos. Considerando que a aprendizagem dos alunos não
se restringe à sala de aula, esses outros profissionais podem contribuir para uma
visão mais abrangente das competências dos alunos.
Para isso, necessitamos rever nossas práticas de ensino com um olhar mais
atento às produções dos alunos. O coordenador precisa incentivar o professor
a selecionar material para análise conjunta em orientação e, quando achar ade-
quado, estender essa oportunidade ao restante da equipe.
189
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Na escola, da qual participamos da gestão por dez anos, e em seu projeto edu-
cativo, construído coletivamente, como instrumento à construção da gestão de-
mocrática, a formação continuada teve seu destaque no que se refere à implanta-
ção como na sua continuidade e implementação, observados todos os aspectos a
serem envolvidos a sua prática efetiva, a título de exemplo: previsão orçamentária
anual, definição de horários para reuniões e encontros pedagógicos, participação
em cursos, congressos, fóruns..., implicando forçosamente em outras reestrutura-
ções, desde horários de aulas a situações do cotidiano, diríamos até fáceis e em
pouco tempo para as tomadas de decisões e colocações em prática.
191
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Texto complementar
A importância da formação continuada dos
profissionais da educação na sociedade moderna
(RAUL et al., 2005)
[...]
192
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: programa de formação continuada
193
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
aumenta, bem como pressupõe um esforço por parte das estruturas edu-
cacionais vigentes, no sentido de adequar-se às novas exigências que en-
volvem investimento em formação continuada por parte dos profissionais
educadores bem como da escola como ambiente de expansão do conhe-
cimento. Acredita-se que a formação continuada é um dos aspectos impor-
tantes para reunir a teoria e a prática no contexto profissional do docente,
em que a escola desempenha papel significativo como suporte para que o
processo possa ocorrer com harmonia.
[...]
[...]
194
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: programa de formação continuada
[...]
[...]
[...]
Dica de estudo
FERREIRA, N.S.C. Formação continuada e gestão da educação no contexto da
“cultura globalizada”. In: FERREIRA, N.S.C. (Org.). Formação Continuada e Gestão
da Educação. São Paulo: Cortez, 2003.
Atividades
1. Os encontros pedagógicos devem ser organizados de maneira a favorecer a
circulação de informações, dúvidas e soluções no grupo. Para tanto, são ne-
cessárias algumas ações. Quais são e como você pode implementar as ideias
propostas no texto?
196
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: programa de formação continuada
197
Instrumentos fundamentais à
construção da gestão democrática:
instituindo o planejamento participativo
À construção da gestão democrática, o planejamento participativo é
instituído como instrumento, ferramenta possibilitadora de exercício, vi-
vência da prática democrática, implicando já, em primeira instância, em
compromisso, responsabilidade, autonomia e distribuição de poder.
O planejamento participativo
[...] constitui um processo político, um contínuo propósito coletivo, na deliberada e amplamente
discutida construção do futuro da comunidade, na qual participa o maior número possível de
membros de todas as categorias que a constituem. Significa, portanto, mais do que na atividade
técnica, um processo político a decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício da
maioria. (CORNELY apud ZAINKO, 1998, p. 89)
200
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
201
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
gestão democrática;
liberdade X autonomia;
No entanto, o projeto não pode ser idealizado como “panaceia”, como solução
para todos os problemas. Antes de mais nada, precisamos de uma “matéria-pri-
ma” fundamental: as pessoas, que buscam, sonham, pensam, interrogam, dese-
jam. Sujeitos, projeto e organização devem se articular a partir do fundamental,
que são as pessoas, construtoras e destinatárias da transformação social.
202
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
Não podemos ter essa ilusão. O que dá vida à escola são as pessoas, os sujei-
tos que historicamente assumem a construção de uma prática transformadora.
E para que isso aconteça é necessário considerar a estrutura organizacional da
escola, o seu currículo, o seu tempo escolar, o processo de decisão, as relações de
trabalho, e a avaliação que é feita na mesma.
Criando condições para outra forma de trabalho, que começa com a reor-
ganização de dentro para fora, pois o Projeto Político-Pedagógico é uma re-
flexão do cotidiano visando uma continuidade no processo do conhecimento,
democratizando-o.
203
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
O processo de planejamento:
“[...] discussões com a equipe de trabalho para uma maior participação dos
alunos e professores”.
“democrático”.
“maior interdisciplinaridade”.
“participativo”.
204
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
“De forma a combater os elementos que excluam uns aos outros, interferindo
de forma consciente, buscando harmonia entre eles”.
As atividades culturais:
“Com democracia”.
206
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
“Democrático”.
“Cooperativos”.
“[...] competência”.
Que professor?
“Professores amorosos, que valorizem cada aluno como eles são. Professores
mais amigos do que julgadores e juízes injustos. Professores firmes que não deixam
207
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
208
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
Texto complementar
Projeto pedagógico: construção coletiva da
identidade da escola – um desafio permanente
(EYNG, 2002)
Situando a reflexão
No cotidiano escolar, os educadores se deparam continuamente com
tarefas e desafios novos. Muitos surpreendem pela complexidade, outros
surpreendem pela dificuldade e, outros ainda, pela satisfação da inovação
que possibilitam. Uma tarefa que possui todos esse atributos é a constru-
ção e gestão colegiada do projeto da escola, onde novas possibilidades são
descortinadas constantemente e, a partir dessas práticas pedagógicas, são
construídas, atualizadas e compartilhadas na construção coletiva da identi-
dade da escola. Cada escola define, constrói, compartilha e comunica a sua
identidade à comunidade, na organização e operacionalização de sua pro-
posta pedagógica.
[...]
[...]
Por onde iniciar a tarefa? Encarar o desafio requer, antes de mais nada, mu-
dança de cultura nas práticas pedagógicas: das tarefas isoladas para as tarefas
integradas; do trabalho individual para o coletivo; do estático para o dinâmi-
co; do conservador para o inovador; da rigidez para a flexibilidade; da depen-
dência para a autonomia; da competição para a cooperação e da alienação
209
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
[...]
Veiga (1998, p. 13) referenda esses conceitos quando afirma que o proje-
to pedagógico é uma ação intencional, com um sentido explícito, com um
compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da
escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao
compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população
majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cida-
dão para um tipo de sociedade”.
[...]
210
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
[...]
211
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
[...]
212
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
[...]
Currículo integrado
A segunda modalidade de organização curricular é do currículo integra-
do. Nesta proposta, superando a dicotomia e a fragmentação curricular, a
ênfase está na produção do conhecimento interdisciplinar, contextualizado
e inovador.
[...]
[...]
[...]
[...]
213
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Dica de estudo
PADILHA, P.R. Planejamento Dialógico: como construir o projeto pedagógico
da escola. Guia da escola cidadã. 6. ed. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire,
2006. v. 7.
Atividades
1. Registre o seu entendimento por planejamento participativo, a partir das de-
finições explicitadas no texto.
214
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: instituindo o planejamento participativo
215
Instrumentos fundamentais à
construção da gestão democrática: a prática
pedagógica baseada na ação-reflexão-ação
Vivemos, hoje, a aurora de um novo milênio, época de profundas e ace-
leradas transformações, portanto, a escola não pode ficar alheia às mu-
danças que ocorrem na sociedade e que afetam profundamente o modo
de ser, de pensar, de sentir e de agir das pessoas.
O legado que Paulo Freire nos entrega tem sua base na necessidade
de descobrir o pensamento crítico e se apoia no processo contínuo de
ação-reflexão-ação, uma realidade concebida como um espaço concreto,
um momento histórico, que desafia o homem para a ação da transfor-
mação dessa realidade, fazendo-a mais de acordo com as necessidades
humanas. “Não posso entender os homens e as mulheres, a não ser mais
do que simplesmente vivendo, histórica, cultural e socialmente existindo,
como seres fazendo do seu caminho que, ao fazê-lo, se expõem ou se en-
tregam aos caminhos que estão fazendo e que assim os refaz também.”
(FREIRE, 1998, p. 97).
218
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: a prática pedagógica baseada na ação-reflexão-ação
219
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
220
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: a prática pedagógica baseada na ação-reflexão-ação
Texto complementar
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática
(FREIRE, 2008)
O pensar certo sabe, por exemplo, que não é a partir dele como um dado
dado, que se conforma a prática docente crítica, mas sabe também que sem
ele não se funda aquela. A prática docente crítica, implicante do pensar certo,
envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o
fazer. O saber que a prática docente espontânea ou quase espontânea, “de-
sarmada”, indiscutivelmente produz é um saber ingênuo, um saber de experi-
ência feito, a que falta a rigorosidade metódica que caracteriza a curiosidade
epistemológica do sujeito. Este não é o saber que a rigorosidade do pensar
certo procura. Por isso, é fundamental que, na prática da formação docen-
te, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é
presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados
intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar
certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em
comunhão com o professor formador. É preciso, por outro lado, reinsistir em
que a matriz do pensar ingênuo como a do crítico é a curiosidade mesma, ca-
racterística do fenômeno vital. Neste sentido, indubitavelmente, é tão curioso
o professor chamado leigo no interior de Pernambuco quanto o professor de
Filosofia da Educação na Universidade A ou B. O de que se precisa é possibi-
litar, que, voltando-se sobre si mesma, através da reflexão sobre a prática, a
curiosidade ingênua, percebendo-se como tal, se vá tornando crítica.
221
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
1
A de Cristo contra os vendilhões do Templo. A dos progressistas contra os inimigos da reforma agrária, a dos ofendidos contra a violência
de toda discriminação, de classe, de raça, de gênero. A dos injustiçados contra a impunidade. A de quem tem fome contra a forma luxuriosa
com que alguns, mais do que comem, esbanjam e transformam a vida num desfrute.
Dica de estudo
PEREIRA, E. D. P. C; ELY, V. D. O supervisor na escola reflexiva: gestão-formação-
-ação. Revista Linguagens, Educação e Sociedade. Teresina/PI, n. 13, p. 58-65,
jul./dez. 2005. Disponível em: <http://www.ufpi.br/mesteduc/Revista/N%2013/
artigo5.pdf>.
O artigo objetiva refletir sobre a necessidade de pensar uma teoria geral para
a escola. Apresenta a gestão a partir da proposta de uma escola reflexiva que
usa como metodologia para a construção do seu Projeto Político-Pedagógico
a pesquisa-ação. Aborda também a equipe pedagógica e a teoria e a prática no
cotidiano escolar.
222
Instrumentos fundamentais à construção da gestão democrática: a prática pedagógica baseada na ação-reflexão-ação
Atividades
1. Analise a afirmativa: “De acordo com Paulo Freire, ninguém caminha sem estar
aprendendo a caminhar”. Discorra sobre o que ela tem a ver com o conteúdo
exposto nesta aula.
223
Avaliação institucional:
instrumento relevante para
o aperfeiçoamento da educação
Avaliar é estabelecer juízo de valor sobre dados
relevantes da realidade, visando tomada de posição.
(LUCKESI, 1984)
Isso é natural;
sob o familiar,
descubram o insólito.
Sobre o cotidiano,
desvelem o inexplicável.
provoque inquietação.
encontrem o remédio.
Bertold Brecht
226
Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
as conquistas, de forma tal que sirva de base ou guia para uma tomada de decisão racional e
inteligente entre cursos de ação, ou para solucionar problemas e promover o conhecimento e a
compreensão dos fatores associados ao êxito ou fracasso de seus resultados. [...] a necessidade
de avaliação se explica porque permite uma retroalimentação sobre o que se está fazendo
e os erros que se cometem ou foram cometidos, a fim de poder ir sanando, melhorando ou
evitando passo a passo. (op.. cit., 1994, p. 31-2 e 35).
A avaliação institucional ainda é uma área bastante restrita, são poucas as ex-
periências e a tradição em avaliação sistemática de instituições, bem como sua li-
teratura e, em consequência, carente ainda em sua conceituação e metodologia.
228
Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
Neste contexto, a avaliação institucional deve ser concebida como um processo sistemático de
análise, informação, acompanhamento e orientação das atividades desenvolvidas, cujo objeto
é a qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e de sua gestão. (FREITAS; SILVEIRA,1997).
Queremos mais uma vez retornar ao início deste nosso texto, face à relevân-
cia do conteúdo ora tratado “Avaliação Institucional”. Dissemos que avaliar é um
ato que exercemos no nosso dia a dia, pois sempre que precisamos tomar uma
decisão, fazemos avaliação dos aspectos positivos e negativos e nesse processo
estamos ao mesmo tempo atribuindo valores.
229
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
230
Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
231
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
mas iluminá-la,
mas iluminá-la,
criando enfoques
perspectivas,
mostrando relações,
atribuindo significado.
(ABRAMS apud RISTOFF, 1995)
232
Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
Texto complementar
Avaliação institucional: pensando princípios
(SOBRINHO, BALZAN, 2000)
[ ... ]
etc.
A palavra avaliação contém a palavra “valor” e, por isso mesmo, não po-
demos fugir dessa concepção valorativa. Quando dizemos que avaliar tem a
função de (a)firmar valores, estamos dizendo também que negamos a supos-
ta neutralidade do instrumento e do processo de avaliação para admitir que
eles são sempre resultado de uma concepção impregnada de valores, sejam
eles científico-técnicos, didático-pedagógicos, atitudinais, éticos, políticos,
ou outro. Assim que, quando, por exemplo, organizamos um instrumento
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
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Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
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Dicas de estudo
COLOMBO, S. S. et al. Gestão educacional: uma nova visão. Capítulo II. In: COSTA,
T. O. D. Avaliação Institucional: uma ferramenta para o sucesso da instituição
educacional. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Atividades
1. A avaliação, além de ser um processo técnico, é também uma questão polí-
tica. Explique essa afirmativa com o conteúdo do texto e, analisando a sua
vivência enquanto aluno, cite momentos em que tenha vivenciado situações
importantes em avaliação e que reflitam essa concepção.
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Avaliação institucional: instrumento relevante para o aperfeiçoamento da educação
237
Gabarito
2.
a) Clássica:
b) Psicossocial:
c) Contemporânea:
240
Gabarito
2.
Devemos ressaltar que, para uma boa gestão, não é suficiente a competên-
cia administrativa, mas também competência técnica, liderança intelectual
e conhecimento humano. E a esses somam-se o dinamismo, a adaptação, a
realidade, o conhecimento do meio de atuação, a capacidade de análise e a
compreensão da comunidade escolar, no que diz respeito aos seus anseios
e necessidades. Sobre essa questão, vale a pena lembrar a importância de
envolver todos os profissionais por mais difícil que possa parecer. Para isso, é
241
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Processo decisorial
Sistema de comunicação
242
Gabarito
Relações interpessoais
(3) Provocam certa desconfiança nas pessoas e nas suas relações. A empresa
procura facilitar o desenvolvimento de uma organização informal sadia.
Sistema de recompensas
243
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
244
Gabarito
245
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
permanente atenção;
246
Gabarito
enaltecimento do pragmático.
Não usar somente o preço como referencial nos negócios – a escola deve
ter critérios estabelecidos para suas compras, vinculando-as à sua qualida-
de e às necessidades e interesses dos alunos e não buscar apenas o mais
barato.
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Relações de poder:
( 2 ) Horizontais ( 1 ) Verticais
Estruturas:
( 1 ) Lineares / segmentares ( 2 ) Circulares / integradas
248
Gabarito
Espaços:
( 1 ) Individualizados ( 2 ) Coletivos
Decisões:
( 2 ) Descentralização / diálogo / ( 1 ) Centralizadas / imposição
negociação
Formas de ação:
( 2 ) Democracia / autonomia ( 1 ) Autocracia / paternalismo
Centro:
( 1 ) Autocentrismo / ( 2 ) Heterocentrismo /
individualismo grupo-coletivo
Relacionamento:
( 1 ) Competição/independência ( 2 ) Cooperação/ cessão/
Interdependência
Meta:
( 2 ) Mediação dos conflitos ( 1 ) Eliminação de conflitos
Tipo de enfoque:
( 2 ) Visão das partes do todo ( 1 ) Objetividade
Intersubjetividade
Objetivo:
( 2 ) Vencer com – co – vencer ( 1 ) Vencer de – convencer
Consequência:
( 1 ) Vencedores – predadores ( 2 ) Vencedores
Objeto do trabalho:
( 1 ) Informação ( 2 ) Conhecimento
Base:
( 1 ) A-ética ( 2 ) Ética
Ênfase:
( 2 ) No Ser ( 1 ) No Ter
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Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
2.
250
Gabarito
251
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
Participação – tal ação deve ter início em seus corações, o desejo mais pro-
fundo de ser parte integrante e transformadora de sua realidade. Desse
profundo desejo, a ação deve ser condizente aos seus pensamentos, a sua
ação deve estar voltada ao compromisso, levando à troca, contribuição e
aceitação, argumentação e contra-argumentação.
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Gabarito
253
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
2.
Aglutinar pessoas em torno de uma causa comum;
254
Gabarito
3. Não podemos ter essa ilusão. O que dá vida à escola são as pessoas, os sujei-
tos que historicamente assumem a construção de uma prática transforma-
dora. E para que isso aconteça é necessário considerar a estrutura organiza-
cional da escola, o seu currículo, o seu tempo escolar, o processo de decisão,
as relações de trabalho, e a avaliação que é feita na mesma.
Criando condições para outra forma de trabalho, que começa com a reorga-
nização de dentro para fora, pois o Projeto Político-Pedagógico é uma refle-
xão do cotidiano visando uma continuidade no processo do conhecimento,
democratizando-o.
255
Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade
256
Referências
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Anotações
Maria Cristina Munhoz Araújo