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UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UniRV)

FACULDADE DE DIREITO

ELINNE BUENO

A PISCOLOGIA NA DELIBERAÇÃO LEGAL DO TRIBUNAL DO JÚRI


BRASILEIRO

RIO VERDE-GOIÁS
2018
ELINNE BUENO

A PISCOLOGIA NA DELIBERAÇÃO LEGAL DO TRIBUNAL DO JÚRI


BRASILEIRO

Monografia apresentado à Banca Examinadora do


Curso de Direito da Universidade de Rio Verde
(UniRV) como exigência para obtenção do título
de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Lenny Francis Campos


Alvarenga

RIO VERDE-GOIÁS
2018
ELINNE BUENO

A PISCOLOGIA NA DELIBERAÇÃO LEGAL DO TRIBUNAL DO JÚRI


BRASILEIRO

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Curso de Direito da Universidade de Rio


Verde (UniRV) como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Rio Verde, GO, ___ de ____________________de 2018.

BANCA EXAMINADORA

............................................................................................
Prof. Lenny Francis Campos Alvarenga
Presidente

............................................................................................
Prof. ------------
Examinador

............................................................................................
Prof. ------------
Examinador
3

3
Dedico aos meus familiares e amigos pelo
apoio e incentivo durante toda minha trajetória
de vida..
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ter abençoado durante toda a realização deste curso e por ter
me dado forças para não desistir.

A minha mãe, e familiares, por todo amor e carinho a mim dedicados e principalmente
por acreditarem sempre na minha capacidade.

Aos professores que tanto contribuíram para a minha profissionalização e em especial


ao meu orientador Lenny Francis Campos Alvarenga por me ter direcionado durante a
realização deste trabalho acadêmico.
RESUMO

O presente estudo visa demonstrar que a psicologia aplicada à justiça, mais especificamente
aplicada ao tribunal do júri brasileiro, além de avaliar e definir o objeto sob diversos olhares
de diferentes disciplinas; verifica a forma com que os indivíduos envolvidos na decisão legal
interpretam e se comportam diante do contexto social e jurídico vivenciados no momento.
Tenteou-se, neste trabalho, demonstrar as influencias de conteúdos e processos psicossociais
que influenciam nas decisões e o que deve ser levados em consideração, tendo em vista os
impactos causados sobre os operadores do direito, em especial do direito penal brasileiro. Os
promotores, advogados de defesa, juízes e jurados ao comparecem no tribunal do júri,
carregam em sua constituição psicológica aspectos como personalidade, cultura, crenças,
valores, características sócio demográficas, estereótipos, conteúdos intrapsíquicos que podem
comprometer um julgamento imparcial, ferindo alguns princípios importantes do direito
brasileiro, como o da presunção da inocência ou o da imparcialidade, dentre outros. Por fim, a
identificação desses processos psicológicos e os fatores externos a que os atores processuais
são submetidos no rito do tribunal do júri, podem ser utilizados produtivamente para apurar a
qualidade da deliberação legal pretendendo prevenir possíveis falhas.

Palavras-chave: Tribunal do Júri. Psicologia Juridica. Deliberação Legal.


ABSTRACT

The present study aims at demonstrating that psychology applied to justice, more specifically
applied to the Brazilian jury court, besides evaluating and defining single object under
different perspectives from different disciplines, verifies how the individuals involved in the
legal decision interpret and behave in view of the social and juridical context experienced at
the time, suffering influences of contents and psychosocial processes in their decisions that
must be taken into account, considering the impacts caused on the operators of the law,
especially of Brazilian criminal law. Prosecutors, defense attorneys, judges, and juries
attending the jury are charged with aspects such as personality, culture, beliefs, values, socio-
demographic characteristics, stereotypes, intrapsychic content that may compromise a fair
trial hurting some important principles of Brazilian law as the presumption of innocence or
impartiality for example. Finally, the identification of these psychological processes and the
external factors to which the procedural actors will be submitted in the jury's court rite can be
used productively to determine the quality of the legal deliberation in order to prevent
possible failures.

Keywords: Court of the Jury. Juridical Psychology. Legal Determination.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
2. TRIBUNAL DO JÚRI................................................................................................10
2.1 ORIGEM HISTÓRICA..........................................................................................10
2.2 PRINCÍPIOS...........................................................................................................11
2.3 COMPETÊNCIA....................................................................................................12
2.4 RITO PROCESSUAL.............................................................................................14
3. PSICOLOGIA JURÍDICA.........................................................................................20
3.1 DEFINIÇÃO...........................................................................................................21
3.2 ORIGEM HISTÓRICA...........................................................................................21
4. PSCISCOLOGIA NA DELIBERAÇÃO LEGAL DO TRIBUNAL DO JÚRI.... 23
4.1 JUÍZES, PROMOTORES E ADVOGADOS.........................................................23
4.2 JURADOS...............................................................................................................26
4.3 FATORES QUE INFLUÊNCIAM NA TOMADA DE DECISÃO DO
CONSELHO DE SENTENÇA..............................................................................30
4.3.1 PROCESSOS COGNITIVOS.....................................................................31
4.3.2 CARACTERISTICAS SOCIAIS................................................................37
4.3.3 PUBLICIDADE PRÉ JULGAMENTO......................................................39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................43
REFERÊNCIAS................................................................................................................45
9

1. INTRODUÇÃO

Instituição que sofreu importantes alterações advindas da lei 11.689/2008 - que tinha
como objetivo trazer celeridade para a norma processual penal-, o Tribunal do Júri Brasileiro
é órgão especial do Poder Judiciário de primeira instância, pertencente à justiça comum,
colegiado e heterogêneo, é composto pelo juiz presidente e por mais vinte e cinco jurados
leigos, dos quais sete formam o conselho de sentença, responsável pelo julgamento dos crimes
dolosos contra a vida.

Previsto no art. 5°, inciso XXXVIII da Constituição da Republica Federativa do Brasil


(1988), o Tribunal do Júri está no rol dos direitos e garantias individuais e coletivos, o que o
torna uma cláusula pétrea, conforme determina o art. 60, §4°, inciso IV do mesmo diploma
legal, isso significa que ele não poderá ser objeto de deliberação a proposta de emenda
constitucional tendente a extingui-lo.

Tem a finalidade de tutelar o direito da liberdade, e também o direito coletivo, social,


da própria comunidade de julgar seus infratores, tornando-se um dos raros momentos em que
ocorre participação direta do povo no poder judiciário.

Assim, a forma de julgamento que se utiliza nesse procedimento, ou seja, o julgamento


realizado por juízes leigos causa contenda e opiniões diversas entre alguns estudiosos da área,
existem os que acreditam que esse método é o adequado para alcançar um julgamento mais
justo, porque o acusado é julgado por seus pares.

Lado outro, existe os que defendem a idéia de que os jurados presentes não possuem
conhecimento técnico e jurídico suficiente para exercer essa função, o que causaria sérios
prejuízos ao julgamento imparcial, uma vez que, as decisões dos jurados são baseadas na
intima convicção e no livre convencimento de cada individuo e não precisam ser
fundamentadas como a de um juiz togado, por exemplo.

Partindo dessa premissa, presume-se que o acusado poderá ser julgado com base em
qualquer informação apresentada, seja ela jurídica ou não. Neste ponto identifica-se o quanto
a psicologia pode colaborar com a justiça, no que se refere ao conhecimento das motivações
que levam o conselho de sentença a decidir desta ou daquela maneira.

Logo a interface entre a psicologia e o direito é ampla, e no âmbito do Tribunal do


Júri, visa explorar os processos psicológicos inerentes a tomada de decisão de qualquer
pessoal, inclusive na dos jurados, a fim de evitar distorções no momento da deliberação.
10

Por conseqüência, os estudos sobre o tema têm progredido de algum modo, apesar de
ser encontrado com maior facilidade obras que tratam apenas dos aspectos históricos e legais
do Tribunal do Júri, e quase nenhuma que trata da identificação e descrição da influência dos
fenômenos psicológicos na deliberação legal desta instituição.

No entanto, existem outras obras que falam sobre a Psicologia Jurídica e suas
intercorrências no âmbito da atuação jurídica, o que foi de grande valia para a elaboração do
presente trabalho e despertou o interesse para a descoberta dos processos e mecanismos
envolvidos na tomada de decisão dos jurados.

Para tanto, foi realizado uma linha de pesquisa baseada na interface entre o Direito e a
Psicologia, onde se buscou, para uma melhor compreensão do tema, primeiro definir alguns
aspectos legais inerentes ao Tribunal do Júri, posteriormente detalhar o processo de seleção e
tomada de decisão dos jurados, para finalmente identificar os alguns aspectos psicológicos
que interferem no ato de julgar.
11

2. TRIBUNAL DO JÚRI

2.1 ORIGEM HISTÓRICA.

A origem no tribunal do júri no âmbito mundial traz muita discussão, apesar disso
Guilherme de Souza Nucci (2015), como maior parte da doutrina, acredita que o júri popular
como conhecemos hoje originou-se no ano de 1215 na Inglaterra, espalhando-se pela França e
por toda Europa como um ideal de liberdade e democracia a ser alcançado.

O fato é que no Brasil deu-se início a esse instituto no dia 18 de junho de 1822, pouco
antes da independência, por meio de um decreto do príncipe regente, influenciado pelos ideais
da Europa. O júri era formado por vinte e quatro cidadãos “bons, honrados e patriotas”, tendo
como competência o julgamento apenas dos crimes de abuso de liberdade de imprensa,
podendo a sentença proferida pelo júri ser alterada apenas pelo príncipe (NUCCI, 2015).

A partir desse momento o instituto sofre várias alterações, passando a compor o poder
judiciário como um de seus órgãos, e ampliando a sua competência para o julgamento
também de causas cíveis e criminais de acordo com a constituição do império de 1824.

Dentre as crises institucionais ocorridas, inicia-se a discussão sobre a permanência do


júri no Brasil, discussão esta que foi logo encerrada com o decreto-lei 167 de 1937 que
ratificou a existência do tribunal do júri brasileiro e regulamentou o mesmo.

Com advento da constituição de 1967 e da emenda constitucional de 1969 o júri foi


mantido na esfera dos direitos e garantias fundamentais, porém, não abarcava alguns preceitos
básicos, tão valorizados na atualidade, como o princípio da soberania, do sigilo das votações
ou da plenitude da defesa. O texto constitucional fez referência apenas à permanência do júri
e sua competência: “é mantida a instituição do júri, que terá competência no julgamento dos
crimes dolosos contra a vida” (emenda constitucional n° 1 de 17 de outubro de 1969, art. 153,
§ 18).

Como demonstrado acima, a competência foi claramente limitada somente para os


crimes dolosos contra vida, permanecendo assim o júri na vigente constituição de 1988, sendo
previsto novamente no capítulo dos direitos e garantias individuais, no art. 5 ° inciso
XXXVIII, trazendo de forma explicita os princípios supramencionados.
12

2.2 PRINCÍPIOS

A palavra princípio tem significação variada. “Para o nosso propósito, vale destacar o
de ser um momento em que algo tem origem; é causa primária ou o elemento predominante
na constituição de um todo orgânico”. (NUCCI, 2015, p. 23), ou seja, é o que norteia o
direito brasileiro e pode ou não estar explícito na legislação, sem falar na importância que
essas diretrizes trazem para os operadores do direito, ainda mais quando se trata de uma
norma descrita na constituição federal considerada a lei maior do ordenamento jurídico
brasileiro.

São inúmeros os princípios que conduzem o direto penal e processual penal brasileiro,
dentre eles estão os princípios gerais que se aplicam a todas as áreas do direito, porém a
intenção não é esgotar o tema, visto que pretende-se unicamente salientar os princípios
essenciais ao tribunal do júri.

A carta magna traz em seu artigo 5°, inciso XXXVIII, alguns princípios que são
inerentes ao tribunal do júri. O primeiro deles é o da Plenitude de Defesa que se diferencia da
ampla defesa concedida ao acusado de forma geral, neste há uma utilização dos meios
defensíveis fornecidos pela lei de forma ampla, mais vasta, como o próprio nome já diz,
podendo o próprio magistrado corrigir de ofício algum erro cometido pela defesa, em virtude
da busca pela celeridade processual. Naquele exigi-se uma defesa plena, perfeita, completa,
podendo utilizar-se de argumentação teatral, emocional, histórica, social, moral, em fim,
utilizar-se de argumentos que extrapolem a ciência jurídica, requerendo do defensor um
preparo maior inclusive na área psicológica, uma vez que, o júri é formado por pessoas leigas
passiveis de conteúdos intrapsíquicos e é um instituto soberano e de garantia individual,
podendo a atuação mediana ou falha da defesa prejudicar muito o réu, implicando até em
dissolução do conselho (art. 497, inciso V do CPP).

O segundo principio mencionado pela CF é o sigilo das votações, ele garante uma sala
especial para ser feita a votação, a incomunicabilidade dos jurados sobre o processo, e a
decisão tomada por maioria de votos, esta ultima, importante alteração feita pela lei
11.689/2008, pois a forma como ocorria a divulgação anteriormente poderia quebrar o sigilo
dos votos nos casos de decisão unânime. Todas estas garantias estão previstas também no
código de processo penal nos respectivos artigos 485, 466 §1° e 489, com a finalidade de
preservar os jurados de possíveis represálias, por exemplo, além de dar tranqüilidade e
segurança a eles no momento da votação.
13

A respeito da soberania dos veredictos, terceiro princípio explícito na CF, nos ensina
Walfredo Cunha Campos (2015):

A decisão coletiva dos jurados, chamada de veredicto, não pode ser


mudada em seu mérito por um tribunal formado por juízes técnicos
(nem pelo órgão de cúpula do poder judiciário, o Supremo Tribunal
Federal), mas apenas por outro conselho de sentença, quando o
primeiro julgamento for manifestadamente contrário as provas dos
autos. E assim deve ser. Júri de verdade é aquele soberano, com poder
de decidir sobre o destino do réu, sem censuras técnicas dos doutos do
tribunal (p.10).

Porém, existe a possibilidade de apelação prevista no art. 593, III do CPP, o que causa
uma discussão doutrinaria no sentido de que o texto seria incompatível com a constituição
federal, sobre esse debate Fabiana Andrade Mendonça diz:

Evidenciamos aqui a materialização de um outro princípio, a


razoabilidade. Imaginemos o réu que submetido à apreciação do
tribunal popular, fosse condenado, ainda mais sendo imputado à
prática de um crime doloso contra a vida, quando todas as provas dos
autos apontam a sua inocência. Seria uma pecha à ordem
constitucional vigente.
É importante fazer uma consideração acerca do parágrafo terceiro do
art. 593, do nosso Código de Processo Penal no tocante à
impossibilidade de segunda apelação por motivo anterior. Ficou nítida
a preocupação do legislador em afastar a má-fé da parte apelante para
acionar por mais de uma vez o juízo, quando o caso foi alvo de
apreciação duas vezes pelo Tribunal do Júri, onde aqueles motivos,
que levaram à apelação já foram apreciados, quer modificados, quer
não (não paginado).

A próxima alínea do art. 5°, XXXVIII da CF fala sobre a competência do tribunal do


júri que será pormenorizada no próximo tópico.

2.3 COMPETÊNCIA

Competência é o limite de atuação jurisdicional e existem várias formas de determiná-


la, no processo penal a regra é que si eleja o foro competente nesta ordem: pelo lugar da
infração, pelo domicílio ou residência do réu, pela natureza da infração, por distribuição, por
conexão ou continência, prevenção e prerrogativa de função, de acordo com o art. 69 do CPP.
Porém, neste momento é interessante analisar somente a competência em razão da matéria da
infração, ou seja, da natureza da ação.
14

Ao tribunal do júri compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, é que está
disposto no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea d, da Constituição da República Federativa do
Brasil. O código de processo penal, em seu art. 74, também menciona a competência
constitucional, no momento em que diz que a lei de organização judiciária não pode modificar
ou extinguir a competência do tribunal do júri, podendo somente normalizá-la. Vejamos:

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas


leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do
Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes
previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125,
126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver
desclassificação para infração da competência de outro, a este será
remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do
primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra
atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto
no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal
do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).

Os crimes aos quais o § 1º faz referência são os tipificados respectivamente no


capítulo I, do título I, da parte especial do código penal – Dos Crimes Contra a Vida, trata-se:
do homicídio simples, puro fato de um homem tirar a vida de outro homem, homicídio
privilegiado, “esta expressão, embora largamente utilizada pela doutrina e pela
jurisprudência , nada mais é do que uma causa especial de redução de pena, tendo influência
no terceiro momento da sua aplicação” (GRECCO, 2015, p. 328), homicídio qualificado, tem
a ver com os motivos, meios, modos e fins que foram utilizados para a pratica do crime, ex:
por motivo torpe ou fútil, e o feminicídio que é o homicídio cometido contra uma mulher em
decorrência da condição do sexo feminino, recentemente incluído pela lei nº 13.104, de 2015.
(art. 121 §§ 1º e 2º, CP).

Ainda tem o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122, CP), infanticídio
(art. 123, CP), e as modalidades de aborto: aborto provocado pela gestante ou com seu
consentimento; aborto provocado por terceiro; aborto na sua forma qualificada (arts. 124 a
127, CP) e os crimes conexos, que na definição de Guilherme de Souza Nucci (2017):

Trata-se de ligação, nexo ou união, segundo o vernáculo. No processo


penal, no entanto, ganha contornos especiais, querendo significar o
liame existente entre infrações, cometida em situações de tempo e
15

lugar que as tornem indissociáveis, bem como a união entre delitos,


uns cometidos para, de alguma forma, propiciar, fundamentar ou
assegurar outros, além de poder ser o cometimento de atos criminosos
de vários agentes reciprocamente (p. 258).

Desta forma a legislação nos mostra quais seriam os crimes dolosos contra a vida de
competência do tribunal do júri brasileiro. É importante salientar que nem todo crime que
resulta em morte será julgado pelo júri, pois somente é agravado pelo resultado, por exemplo,
o latrocínio. A súmula 603 do Supremo Tribunal Federal, nesse caso específico reitera o
raciocínio ao dizer que: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz
singular e não do tribunal do júri”.

Ademais, quando o juiz verificar que não si trata de crime doloso contra a vida, em
virtude do juízo de admissibilidade deverá remeter o processo ao juiz competente, diferente
de quando esta verificação é feita já na fase de decisão em plenário pelos jurados, neste caso
deve o próprio juiz julgar o feito tento em vista o princípio da economia processual.

Neste sentido tem o julgado:

(TJ-MS - ACR: 17364 MS 2008.017364-4, Relator: Des. João Carlos


Brandes Garcia, Data de Julgamento: 07/04/2009, 1ª Turma Criminal,
Data de Publicação: 22/05/2009) APELAÇÃO CRIMINAL -
TENTATIVA DE HOMICÍDIO - DESCLASSIFICAÇÃO PELO
JÚRI PARA LESÃO CORPORAL GRAVE - ABSOLVIÇÃO
DECRETADA PELO JUÍZO DE 1º GRAU - PRETENDIDA
CONDENAÇÃO - EXCLUDENTE DE LEGÍTIMA DEFESA
RECONHECIDA - AGENTE QUE ATIROU NO TORNOZELO DA
VÍTIMA PARA DEFENDER A SI PRÓPRIO E A SUA FAMÍLIA -
IMPROVIMENTO.

A esse fenômeno dá-se o nome de desclassificação, que nas palavras de Nucci (2008),
é a decisão interlocutória simples, modificadora da competência do juízo, que não adentra o
mérito, nem tampouco faz cessar o processo.

2.4 RITO PROCESSUAL

Antes de expor a sequência dos atos processuais pertinentes ao tribunal do júri, é


relevante lembrar que o procedimento do instituto existe como conhecemos, pois sofreu
alterações advindas da lei 11.689/2008, que veio para acelerar o trâmite processual e
16

consequentemente adaptá-lo as mudanças sociais e jurídicas ocorridas, uma vez que o Código
de Processo Penal é do ano de 1941.

O procedimento é especial, pois trata-se de hipótese legal específica, nesse aspecto não
existem divergências, porém há quem diga que o mesmo é trifásico e há quem diga que é
bifásico - o que alias é o posicionamento majoritário dos autores que dissertam sobre o tema.

A respeito disso leciona Walfredo Cunha Campos (2015):

O rito do júri é escalonado (dividido) em duas fases: A primeira fase,


judicium accusationes (juízo ou formação de acusação), tem por
finalidade averiguar se existem provas sérias e coerentes, produzidas
em juízo, de ter o réu praticado um fato típico, ilícito, culpável e
punível, para autorizar seu julgamento pelo tribunal popular (...).
A segunda fase, judicium causae ( juízo de causa), se desenrola após
admitida a acusação na etapa inicial, quando se julgara a causa, em
uma sessão única de instrução, debates e julgamento, realizado este
ultimo pelos jurados(...).
Ambas as fases do rito do júri tem etapas postulatórias (de
requerimentos pelas partes), de instrução (de produção de provas e
argumentação) e de julgamento (decisão). Entre elas, há uma outra
etapa intermediária, de cunho administrativo, que se consubstancia em
atos de organização praticados pelo magistrado, a fim de que o
julgamento se realize (p. 53 a 55).

Em discordância ao posicionamento acima destacado, os dizeres de Nucci (2017):

O procedimento do tribunal do júri é trifásico e especial (...). Parece-


nos equivocado não considerar como autônomo a denominada fase de
preparação do plenário, tão importante quanto visível. Após a edição
da lei 11.689/2008, destinou-se a seção III, do capitulo II (referente ao
júri), como fase especifica (Da Preparação do Processo para o
julgamento em Plenário),confirmando-se, pois, a existência de três
estágios para atingir o julgamento de mérito (p. 68).

Conflitos a parte, o fato é que o procedimento relativo aos processos da competência


do tribunal do júri está regulamentado no Capitulo II do Código de Processo Penal do art. 406
a 497, e será discorrido o mais brevemente possível, destacando-se os pontos mais relevantes,
para melhor compreensão dos outros aspectos que serão abordados no decorrer do trabalho.

A fase inicial é muito parecida com o rito ordinário. Será oferecida a denúncia, em
regra, ou a queixa-crime nos casos de ação penal privada subsidiaria da pública (que
acontecem quando o ministério público deixa de oferecer a denúncia no prazo legal, conforme
art. 5°, inciso LIX, CF), contendo todas as formalidades exigidas pelo legislador em seu art.
17

41 do CPP. O magistrado poderá receber ou não esta denúncia ou queixa, o primeiro caso
ocorrerá se ele verificar a existência de prova da materialidade do crime e indícios suficientes
da autoria, o que dará inicio ao processo.

Em seguida, o acusado será citado para que tome conhecimento do processo e


apresente resposta, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. É nesta faze que a acusação deverá
arrolar, até o máximo de 8 (oito) testemunhas e é na resposta a acusação que a defesa também
terá direito a arrolar a mesma quantidade de testemunha, alegar tudo que a interesse, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e realizar todos os atos
pertinentes a uma resposta a acusação que o dispositivo legal permitir (art. 406, CPP).

Apresentada a resposta, o juiz ouvirá o ministério publico ou o querelante sobre


preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias (art. 409, CPP), devendo o magistrado deliberar
a respeito do encaminhamento a ser dado ao processo a partir daqui, podendo até mesmo, no
procedimento comum, absolver sumariamente o acusado, posteriormente determinará a
inquirição das testemunhas e a realização das diligências pelas partes, no prazo máximo de 10
(dez) dias (art. 410, CPP).

Como próximo passo, tem-se a audiência de instrução, debates e julgamento que tem
como objetivo ser uma audiência una, ou seja, nesta audiência que será produzida todas as
provas de uma só vez, existindo ainda a possibilidade de ser adiada por motivos de força
maior, correndo tudo bem, dar-se-á a oitiva do ofendido se possível, das testemunhas de
acusação e de defesa, necessariamente nessa ordem em razão do princípio do contraditório e
da ampla defesa, seguidamente os esclarecimentos dos peritos, ás acareações e o
reconhecimento de pessoas e coisas, tudo isso para melhor busca da verdade real, depois o
interrogatório do réu e as alegações orais feitas pela acusação e defesa no prazo máximo de 20
(vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez) para cada uma (art. 411, CPP).

Para encerrar esta primeira fase o juiz proferirá a sua decisão, podendo optar entre as
quatro alternativas seguintes: pronúncia; impronúncia; desclassificação e absolvição sumária.

A pronúncia acontece quando o juiz admite a acusação sem absolver ou condenar,


evitando inclusive o excesso de linguagem para impossibilitar influências ao júri se atentando
apenas as questões fundamentais, apenas fazendo com que o acusado seja levado a
julgamento pelo plenário do júri. Diz o CPP em se art. 413, o seguinte:

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se


convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação
18

§ 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria
ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que
julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras
e as causas de aumento de pena.
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança
para a concessão ou manutenção da liberdade provisória.
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção,
revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade
anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a
necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das
medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído pela
Lei nº 11.689, de 2008).

Percebe-se aqui os requisitos fundamentais para que a pronúncia seja realizada, a


materialidade do fato, ou seja, a certeza absoluta da existência do crime e os indícios
suficientes de autoria ou de participação, em outras palavras, a existência de prova de que o
réu é o autor, mesmo que essa prova não seja direta, bastando tão somente os indícios. No
caso de duvida deverá o juiz pronúnciar o réu em razão do princípio in dúbio pro societate (na
dúvida, em favor da sociedade), princípio alias que tem causado discussão. “Mas tem o
sentido eficiente de indicar ao juiz que a decisão de pronúncia não é juízo de mérito, porém de
admissibilidade” (NUCCI, 2017, p. 1004).

Quanto a este princípio leciona também Walfredo Cunha Campos (2015):

A pauta dos júris é extensa em quase todas as comarcas, em razão da


já referida cultura da pronúncia (o que acaba possibilitando a soltura
de diversos acusados, por excesso de prazo). Houvesse uma seleção,
de verdade, pelos juízes, na primeira fase de procedimento, de casos
com provas relevantes e não um automático e indiscriminado remeter
de processos para o júri e os julgamentos seriam mais rápidos, levados
mais a sério pelos jurados, e com menor distância de tempo entre a
prática do crime e o julgamento, dando noção de conseqüência certa
ao ilícito cometido e o julgamento, afastando, assim, a deletéria
sensação de impunidade. Todos ganhariam (p.164).

Não existindo pelo menos um desses requisitos, logicamente não será caso de
pronúncia e sim de impronúncia, deixando de inaugurar a fase de plenário do júri, encerrando
o processo, que poderá ser “reaberto” com novas provas desde que não tenha ocorrido a
extinção de punibilidade, em concordância com o art. 414 do CPP.
19

Operar-se-á a desclassificação do delito, sempre que o juiz se convencer de que o


crime cometido é diferente de crime doloso contra a vida, neste caso deverá encaminhar os
autos ao juízo singular, onde o réu terá nova oportunidade de defesa. (art. 419, CPP).

Por fim, a absolvição sumária disposta no art. 415 do CPP, ocorrerá quando esteja
provada a inexistência do fato, quando esteja provado não ser o réu o autor ou participe do
fato, quando o fato não constituir infração penal ou ficar demonstrada causa de isenção de
pena ou de exclusão do crime, fazendo a lei ainda uma ressalva a respeito da tese de
excludente de culpabilidade oriunda de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado, que não pode ser arguida para a absolvição sumária, salvo se for tese única.

Da decisão de pronúncia e de desclassificação caberá recurso em sentido estrito (art.


581, CPP) e da decisão de absolvição sumária e de impronúncia, caberá apelação (art. 416,
CPP), lembrando que todo esse procedimento deverá ser concluído no prazo máximo de 90
dias (art. 412, CPP).

Após esta decisão, o rito segue por etapas em que são realizados os atos preparatórios
do processo para o julgamento em plenário, passando pelo alistamento, sorteio e convocação
dos jurados, organização da pauta, formação do conselho de sentença, entre outros, que serão
destacados apenas quando forem pertinentes para o objeto principal de estudo. Realizado estes
atos, é chegada a apreciação do mérito da causa, último e mais importante estágio deste
procedimento tão complexo e diferenciado dos demais presentes no ordenamento jurídico
brasileiro.

O plenário é formado por um juiz togado, que é seu presidente e por vinte e cinco
jurados que serão sorteados dentre os alistados (se comparecerem pelo menos quinze deles
que é o quórum mínimo os trabalhos serão iniciados), sete dos quais constituirão o conselho
de sentença em cada sessão de julgamento (art. 447, CPP), além é claro da acusação
(promotor), defesa e servidores da justiça como o escrivão, porteiro, oficial de justiça e
outros.

A sequência dos atos da sessão plenária seguirá, a partir de então, a mesma sequência
da audiência de instrução, debates e julgamento que encerrou a primeira faze, porém, o prazo
para as manifestações orais serão de uma hora e trinta minutos para a acusação, uma hora e
trinta minutos para a defesa, uma hora de réplica e uma hora tréplica para cada parte, se
houver mais de um réu, para cada prazo acrescenta-se uma hora.
20

Encerrados os debates o juiz consulta os jurados se têm condições de proceder o


veredicto ou se resta alguma dúvida (caso em que deverá o juiz esclarecer o jurado). Estando
em condições de julgar, todos (menos o réu e plateia) se dirigem à sala secreta onde será feita
a votação por meio de quesitos, que serão formulados na seguinte ordem como dispõe o art.
483 do CPP, I- materialidade do fato, II- a autoria ou participação, III- se o acusado deve ser
absolvido, IV- se existe causa de diminuição de pena legada pela defesa e V- se existe
circunstancia qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, lembrando que esses quesitos
deverão ser respondidos com clareza e precisão.

Após o encerramento da votação o juiz proferirá a sentença, que devera atender as


premissas do art. 492 do CPP e será lida com todos os presentes de pé, finalizando a sessão.
Obviamente a legislação traz outras questões validas referente a esse procedimento que não
foram levantadas aqui e serão abordadas, como já citado, apenas quando forem pertinente
para o nosso objeto principal de estudo, questões estas que podem ser encontradas na
legislação com maior descrição.
21

3. PSICOLOGIA JURÍDICA

3.1 DEFINIÇÃO

A Psicologia Jurídica é definida como uma especialidade que desenvolve um grande e


específico campo de relações entre o mundo do Direito e da Psicologia, nos aspectos teóricos,
explicativos e de pesquisa, como também na aplicação, na avaliação e intervenção (Colégio
Oficial de Psicólogos, 1997).

Segundo Fernando de Jesus, a Psicologia Jurídica seria então uma intersecção entre o
Direito e a Psicologia, de forma a que interessaria a Psicologia Jurídica os temas do Direito
que fossem pertinentes ao seu campo de estudo (2016, p. 52). Este campo constitui-se de
investigação psicológica especializada, cuja finalidade é o estudo do comportamento dos
atores jurídicos no âmbito do Direito, da lei e da justiça (2016, p. 56).

Dessa forma, a área de atuação de um psicólogo jurídico é muito vasta, podendo ele
aplicar seus conhecimentos, por exemplo, no Direito de Família, no sistema penitenciário, na
proteção de menores, na adoção, na mediação, na vitimologia, nas perícias psicológicas, nas
tomadas de decisões legais, nas medidas protetivas, entre outros.

A interseção dessas duas disciplinas naturalmente acaba causando algum tipo de


divergência, visto que ambas são muito distintas e resolvem os conflitos também de maneira
distinta. “Em geral o direito tende a ser dogmático, e a psicologia tende a ser baseada
empiricamente”. (Huss, 2011, p. 33).

Ante o exposto, é importante entender minimamente como funciona essa ciência


chamada Psicologia, já que ela se relaciona com o Direito. Robert S. Feldman (2015) define a
Psicologia como o estudo científico do comportamento e dos processos mentais e ainda
complementa:

A expressão comportamento e processos mentais na definição da


psicologia devem ser compreendidos como tendo muitos significados:
ela abrange não apenas o que as pessoas fazem, mas também seus
pensamentos, emoções, percepções, processos de raciocínio,
lembranças e mesmo atividades biológicas que mantêm o
funcionamento corporal.
Os psicólogos tentam descrever, prever e explicar o comportamento e
os processos mentais humanos, além de ajudar a mudar a melhorar a
vida das pessoas e do mundo em que elas vivem. Eles empregam
métodos científicos para encontrar respostas que são mais validas e
22

legítimas do que as que resultam da intuição e especulação, que


muitas vezes são imprecisas (p. 5).

Assim como o Direito, a Psicologia se divide em “subáreas” que estão relacionadas


porque têm objetivos em comum: compreender o comportamento. São as principais áreas, a
Neurociência do Comportamento, a Psicologia Experimental, a Psicologia Cognitiva, a
Psicologia do Desenvolvimento, a Psicologia da Personalidade, a Psicologia da Saúde, a
Psicologia Transcultural, a Psicologia Evolucionista, Genética Comportamental e
Neuropsicológica Clínica.

Para o intuito deste trabalho, é importante ressaltar a Psicologia Cognitiva, que


“aborda os processos mentais superiores, incluindo pensamento, memória, raciocínio,
resolução de problemas, julgamento, tomada de decisões e linguagem” (Feldman, 2015, p. 6),
processos esses que influenciam significativamente na deliberação dos jurados.

3.2 ORIGEM HISTÓRICA

Na atualidade a Psicologia Jurídica já é reconhecida por todos como uma ciência


complementar do Direito, apesar de existir uma necessidade maior de reflexão sob a prática
profissional, uma vez, que o crescimento da atuação dos psicólogos no âmbito jurídico
ocasiona nova demanda de desafios

Nem sempre foi assim, pois sua inserção aconteceu de forma gradual e lenta tornando
difícil datar com exatidão o momento em que a psicologia jurídica surgiu, o que mais se
aproxima disso é o reconhecimento da profissão que acontece, na década de 1960, o que é
possível, é encontrar alguns fatos específicos que demonstram a incorporação do psicólogo
nas diversas instituições jurídicas ao longo da historia.

A preocupação desses profissionais em desenvolver o seu trabalho, mesmo que de


forma modesta, vem antes da década de 60, nos ensinamentos de Fernando de Jesus (2016)

Os primeiros sinais do surgimento da Psicologia Jurídica deu-se no


século XVII. Um dos temas iniciais que estabelecem a natural relação
ente Psicologia e Direito foi o sentimento jurídico do estabelecimento
de normas para o convívio comum conforme as regras de normas de
conduta estabelecidas por determinado grupo social (p. 43).

A respeito da história da Psicologia Jurídica no Brasil, Sonia Liane Reichert Rovinski


(2009) mostra que:
23

Primeiro, a atuação dos psicólogos brasileiros na área da Psicologia


Jurídica teria iniciado antes mesmo do reconhecimento da profissão,
na década de sessenta. Em alguns casos, os serviços especializados
nesta área foram desenvolvidos por profissionais estrangeiros ou por
aqueles que tiveram sua habilitação em cursos regulares do país. A
inserção desses profissionais nas instituições jurídicas iniciou
lentamente e, muitas vezes de modo informal, mediante estágios ou
serviços voluntários. A área em que ocorreram as primeiras incursões,
seguindo as características da própria história da Psicologia Jurídica,
foi aquela relacionada as questões criminais, voltadas ao estudo do
perfil do criminoso ou de crianças e adolescentes envolvidos em atos
inflacionais (p.)

Alguns fatos importantes ocorreram para que a Psicologia Jurídica tivesse seu devido
reconhecimento, são alguns deles: a promulgação da lei federal n° 7.210/84 (lei de execução
penal) e da lei 7.209/84 (a nova parte geral do Código Penal Brasileiro), momento em que
passou a ser legalmente previsto os exames de personalidade, criminológico e o parecer
técnico das Comissões Técnicas de Classificação (Rovinski, 2009, p. 15).

Como conseqüência positiva desses acontecimentos o Psicólogo Jurídico passou a


receber o devido reconhecimento e a integrar gradativamente o poder judiciário de forma
interdisciplinar, atuando em diversas áreas e demonstrando a relevância do seu trabalho, de
forma a contribuir para um melhor exercício da justiça.
24

4. PSICOLOGIA NA DELIBERAÇÃO LEGAL DO TRIBUNAL DO JÚRI

4.1 JUÍZES, PROMOTORES E ADVOGADOS

De acordo com Ronaldo Pilati e Alexandre Magno Dias Silvino (2009) “a área da
psicologia jurídica não necessariamente causa impactos sobre a legislação, mas provoca
impacto considerável sobre os operadores do direito”, portanto influenciando direta ou
indiretamente na deliberação legal. Eles ainda complementam:

Entende-se que o contexto de deliberação forense é uma situação


social particular, regida por regras da doutrina jurídica, mas como
qualquer situação social, a forma como os indivíduos envolvidos
interpretam e se comportam exerce um papel importante sobre os
resultados da deliberação. Assim, os processos e estratégias utilizados
por: (a) jurados para julgar os quesitos de um caso (i.e. conjunto de
questões, excludentes entre si, elaboradas pelo juiz para os membros
do júri); (b) advogados de defesa para construir argumentos que
convençam jurados e juízes; (c) promotores para realizar a escolha dos
integrantes de um júri; (d) juízes na interpretação do relato de
testemunhas e réus, entre várias outras questões atinentes a estes
atores, estão sujeitos à situação social e aos processos psicológicos
decorrentes da mesma (p.277).

Pois bem, o juiz é sujeito passível de diversos sentimentos e conteúdos intrapsíquicos.


As crenças, valores, processos emocionais, cognitivos e referências sociais acompanham o
magistrado no momento de proferir uma sentença, pois ele é um sujeito vulnerável a varias
emoções como qualquer outro, o que não o desobriga de ter auto controle para conseguir
desempenhar sua função com excelência, devendo colocar-se entre as partes e acima delas
(como representante do estado), com imparcialidade, sendo isto pressuposto para validade do
processo.

No entanto no Tribunal do Júri brasileiro, no dia do julgamento em plenário, o juiz é


responsável pelo sorteio dos jurados, a apresentação dos quesitos, lavratura da sentença (art.
433, 482 a 492 do CPP) e outros, cumprindo uma função muito mais passiva do que ativa,
pois o julgamento nestes casos é realizado pela sociedade, que é representada pelos jurados,
mas isso não significa que o juiz ficará de “mãos atadas”, porque ele realizará também a
função de presidente do tribunal do júri, que tem suas atribuições designadas no art. 497 do
Código de Processo Penal:

Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de


outras expressamente referidas neste Código:
25

I – regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;


II – requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva
autoridade
III – dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de
linguagem ou mediante requerimento de uma das partes
IV – resolver as questões incidentes que não dependam de
pronunciamento do júri;
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso,
podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o
julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor;
VI – mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do
julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença;
VII – suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das
diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a
incomunicabilidade dos jurados
VIII – interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e
para repouso ou refeição dos jurados;
IX – decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a
requerimento de qualquer destes, a argüição de extinção de punibilidade;
X – resolver as questões de direito suscitadas no curso do
julgamento;
XI – determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer
jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que
prejudique o esclarecimento da verdade;
XII – regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das
partes, quando a outra estiver com a palavra, podendo conceder até 3 (três)
minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo desta
última.

No livro psicologia aplicada a justiça, F. de Jesus menciona um sistema jurídico


característicos do mundo anglo-saxão que se assemelha ao júri popular brasileiro, no que diz
respeito a função do juiz:

No sistema anglo-saxão, o juiz, embora tenha um papel passivo,


possui autoridade máxima, destacando-se sua função de dirigir e
controlar a confrontação existente, para que se cumpram as regras
estabelecidas, estando em grande contato com os advogados para
pequenas resoluções, tais como possíveis acordo. Também encontra-
se ele em contato com os jurados, fornecendo-lhes instruções para que
possam decidir conforme as regras legais estabelecidas, e quando o
veredicto é de culpabilidade, em alguns casos é de sua competência
ditar a sentença (2016, p. 194) .

Ademais, existe todo um trabalho que é realizado anteriormente durante a instrução do


processo, que é feito desde o inicio pelo juiz singular, como observado no rito processual já
26

especificado anteriormente, o juiz somente analisara se existe materialidade e indícios de


autoria do crime, o que o levara apenas a decidir se o réu vai ou não a júri popular, cabendo
aos jurados a apreciação do mérito da causa.

É possível concluir então, que apesar da magistratura exigir que o juiz perceba que
seus aspectos psicológicos e de todos os envolvidos no litígio interferem em sua sentença
(Ambrosio, 2012), no caso em tela, esses aspectos que incidem sobre o juiz, não serão tão
determinantes no resultado da tomada de decisão, uma vez que essa árdua tarefa é atribuída
aos jurados.

Com relação aos promotores de justiça, a idéia de que eles vão a plenário
exclusivamente para promover a acusação é equivocada, pois como o próprio nome já diz, são
promotores de justiça e não de acusação, que na busca da verdade real e da defesa da
sociedade, como representantes do estado que são, e fiscais da lei (art. 127 e seguintes, CF),
devem utilizar do seu conhecimento jurídico, conhecimento sobre os fatos e do conteúdo
intrapsíquico inerente a qualquer ser humano, da melhor forma possível, para alcançar um
resultado que corresponda as expectativas da população, e seja eficiente sem infringir nenhum
direito.
O art. 8° da Convenção Americana de Direitos Humanos estabelece que “toda pessoa
acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove
legalmente sua culpa”, também aparece tipificado no art. 5° inciso LVII da constituição
brasileira que “ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da sentença penal
condenatória”. Trata-se do principio da presunção da inocência uma das principais garantias
constitucionais que assegura ao acusado o devido processo legal, a ampla defesa e o
contraditório antes da sentença final, porque apesar do réu ser considerado suspeito, continua
sendo um indivíduo na plenitude dos seus direitos.
Dai surge à importância de se discutir temas como este, que interferem
significativamente na tomada de decisão dos jurados, uma vez que o promotor de justiça já
chega em plenário com uma certa “ vantagem”, porque é visto pela sociedade com maior
credibilidade, porque age em favor da mesma, enquanto que o acusado na maioria das vezes,
já chega condenado pela opinião pública, causada em grande parte pela publicidade pré-
processual, que será tratada com maior detalhamento no momento mais oportuno.
Essa situação se agrava quando em alguns tribunais o promotor se senta ao lado direito
do juiz presidente, alguns autores defendem que essa situação circunstancia afronta aos
principio da isonomia e paridade de arma. No tocante a essa questão, observa-se a opinião de
27

um advogado e de um promotor, retiradas do livro O Tribunal do júri na visão do juiz, do


promotor e do advogado:

Advogado: a disposição física do plenário do júri influência


sobremaneira o ânimo do jurado, somada a falta de postura de alguns
promotores e juízes que conversam durante o julgamento,
transparecendo aos jurados que o juiz está do lado do promotor.
(2014, p. 226).
Promotor: o que faz o jurado decidir com este ou aquele não é
a posição geográfica dos personagens dentro do plenário, mas sim a
sua performance, sua explanação, sua didática, seu conhecimento
sobre os fatos e as provas, bem como sua credibilidade enquanto
homem, enquanto profissional e quanto a pertencer a uma classe
confiável ou não. Emfim, vários fatores podem ser determinantes no
sentido de se ganhar a confiança do jurado, todos eles muito mais
nobres e corretos sob o ponto de vista processual do que a mesquinhez
e a bobagem de se apegar ao fato de quem está mais próximo
fisicamente do juiz presidente ou não. (2014, p. 224).

Independente das opiniões distintas, o promotor de justiça deve estar ciente dos
processos psicológicos e outros que influenciam a todos os presentes, para melhor solucionar
o problema e se for o caso, até buscar a absolvição do acusado, com a finalidade de exercer
sua função de fiscal da lei e defensor da sociedade de forma justa, evitando qualquer erro que
possa prejudicar pessoas inocentes.
Já o advogado de defesa, dentro do tribunal do júri, deve conhecer os processos
psicológicos que interferem na tomada de decisão, para usar a favor do réu, valendo-se, por
exemplo, de argumentos jurídicos, extrajudiciais, psicológicos, emocionais, políticos, sociais,
em fim, de todos os artifícios que a legislação permita e que possa convencer os jurados de
que sua tese de defesa é a correta, uma vez que ele esta livre da imparcialidade, muito pelo
contrario, é totalmente parcial e obrigado a exercer a plenitude da defesa.
Acredita-se que, nos debates orais, obviamente dentro da ética, o advogado deverá
colocar em pratica tudo que selecionou para persuadir os jurados, que poderão decidir por
equidade, por consciência, por convicção íntima e por critérios de justiça estes muitas vezes
extremamente singulares em relação a cada ser humano (ANTUNE R. M. 2014, p. 241).

4.2 JURADOS

O princípio básico que sustenta a existência do júri, como estratégia e mecanismo de


deliberação é a realização do julgamento de um réu por seus pares, indivíduos leigos advindos
28

da mesma realidade social (Pilate e Silvino, 2009, p. 280). É um dos raros momentos em que
a população que não detém o conhecimento técnico e jurídico necessário pode exercer o papel
de “juiz” dentro do poder judiciário, partindo do principio de um julgamento realizado por
iguais e não por representantes do estado.
O Código de Processo Penal a partir do art. 425, vai regulamentar a forma como
alguns representantes da população vão ser selecionados para exercer a função de jurado, em
síntese, e se correr tudo bem, acontece da seguinte maneira: Anualmente será alistado um
determinado numero de jurados pelo presidente do tribunal do júri, que requisitará as
autoridades locais, associações de classe e de bairro, instituições públicas, e outros, indicações
de pessoas que tenham as condições para exercer a referida função (art. 425, CPP).
Posteriormente a lista geral, que deverá ser, obrigatoriamente, completada anualmente,
é divulgada, contendo o nome e a profissão dos jurados. O dispositivo legal faz uma ressalva
quanto ao jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (dose) meses que
antecederam à publicação da lista geral, esse jurado deverá ser excluído (art. 426, caput e §4°,
do CPP ), a fim de que não se forme a figura do “jurado profissional”.
A respeito da renovação obrigatória do corpo de jurados, Nucci (2017) opina nos
seguintes termos:

Na pratica, muitos juízes preferiam reeditar a lista dos jurados, ano


após ano, terminando por estabelecer a figura do jurado profissional.
Não era o ideal manter alguém muito tempo atuando no júri, sem
renovação, uma vez que os vícios e prejulgamentos poderiam terminar
prejudicando a ideal imparcialidade exigida do jurado. Por outro lado,
a constante renovação também seria fator prejudicial, na medida em
que os jurados, leigos que são, demoram a se acostumar com as teses e
com o funcionamento do Tribunal do Júri Popular, o ideal seria
mesclar, sempre, o Tribunal do Júri, renovando parcialmente o corpo
de jurados todos os anos (p. 1044).

Depois de organizado a pauta, ocorrerá o sorteio dos 25 jurados que atuarão na reunião
periódica ou extraordinária, sorteio este que far-se-á a portas abertas e mediante a
fiscalização do Ministério Público, da OAB e da Defensoria Pública (art. 432 e 433, CPP).
Devidamente convocados os jurados comparecerão no dia e hora designado para a reunião
(art. 434, CPP), e dentre os 25 serão sorteados 7 para compor o conselho de sentença (art.
447, CPP).
No Brasil o serviço do Júri é obrigatório, e por ser considerado serviço púbico
relevante, tem que ser realizado conseqüentemente por brasileiros, maiores de 18 anos e que
tenham notória idoneidade (art. 436 e 439, CPP), este ultimo critério é amplamente discutido
29

pelos doutrinadores e estudiosos do tema, pois se trata de um requisito muito subjetivo, e o


CPP não define o que seria um cidadão com notória idoneidade.
Thiago Hanney Medeiros de Souza em seu artigo Seleção dos jurados no Tribunal do
júri Segundo o Direito Brasileiro diz que:

No âmbito do Tribunal do Júri, a noção de “cidadão de notória


idoneidade” pode ser vista como uma definição persuasiva, que
expressa as crenças valorativas e ideológicas do magistrado (e quem o
auxilia/influi) sobre o modo de escolha dos jurados. A
designação/nomeação do que seja um cidadão de notória idoneidade
estará permeada pelo poder de violência simbólica que se estabelece.
O resultado desse processo é a formação/introjeção no imaginário
social de um padrão de normalidade acerca do que seja “notória
idoneidade”(p.6)

A partir deste ponto de vista, conclui-se que a lista anual de jurados vai refletir o que o
juiz presidente e seus auxiliares responsáveis entendem, de acordo com os padrões
estabelecidos em suas premissas, por notória idoneidade, ou seja, cria-se um padrão de
“normalidade”. A visão de cada responsável por realizar a elaboração da lista pode ser
relevante para a formação do conselho de sentença, embora alguns autores defendam que na
prática os nomes são escolhidos de forma aleatória, principalmente nos grandes centros
urbanos.
A respeito do significado da expressão “notória idoneidade”, Borges da Rosa (1942, p.
51) ensina que “significa ter aptidão, capacidade. Pode ser moral e intelectual. Tem
idoneidade moral o cidadão que se conduz conforme a lei, à moral e os bons costumes. Tem
idoneidade intelectual o cidadão que possui conhecimento suficiente”.
O conhecimento suficiente a que ele se refere esta relacionado com o fato do jurado
ser alfabetizado, ter os sentidos atuantes, ter saúde mental, em fim ter capacidade para
compreender e julgar o que vai acontecer em plenário. Neste sentido preleciona Nucci
(2017).

A alfabetização é elemento indispensável, para que o jurado, possa ler


os autos, sem quebrar a incomunicabilidade durante o julgamento.
Gozar de saúde mental é parte natural do discernimento exigido do
cidadão para julgar o semelhante, além de necessitar o jurado de saúde
física compatível com a função, como audição, visão, voz, para ter
liberdade de perceber, nos mínimos detalhes, o que se passa na sessão.
Logo o jurado precisa ver o réu, as testemunhas e as partes, para
melhor analisar suas expressões, captando veracidade ou
mendacidade, necessita ouvir o que se diz, não havendo estrutura para
que um interprete acompanhe todo o julgamento traduzindo o
30

ocorrido, necessita falar para fazer livremente perguntas de modo


célere e sem o auxilio compulsório da escrita (p. 1060).

O que Nucci ensina, faz algum sentido e está diretamente ligado com objeto de estudo
deste trabalho, uma vez que, se utiliza dos processos cognitivos supramencionados para
perceber o ambiente do Tribunal do Júri.
Quanto a capacidade moral, salvo as que emergem de condenação criminal, não existe
nenhum procedimento republicano que permita valia-las (Thiago H. M. de Souza), pois , a
notória idoneidade termina sendo apurada, na prática, pela ausência de antecedentes
criminais, embora, em comunidades menores, o juiz tenha ciência de outros elementos,
componentes da conduta social do individuo, que o magistrado de uma grande metrópole não
sabe, pautando-se por isso (Nucci, 2017).
Por derradeiro, existem as hipóteses de suspeição, de nulidades, em fim, de restrições
que impedem um individuo de atuar como jurado, todas elas estão descritas no Código de
Processo Penal, porém mais oportuno é, discutir as recusas dos jurados, que são feitas pelas
partes em plenário.
Após o sorteio dos sete nomes que constituirão o conselho de sentença, será
oportunizada à defesa e à acusação a leitura dos nomes sorteados, momento em que, poderão
recusar até o Maximo de três jurados cada parte, sem motivação alguma (art. 468, CPP).
A recusa imotivada – também chamada peremptória – fundamenta-se em sentimentos
de ordem pessoal do réu de seu defensor ou do órgão da acusação (Nucci, 2016, p. 1086),
costumam ser descartados os jurados que as partes julguem que poderão prejudicar de alguma
maneira no resultado final desejado, alguns dos artifícios que elas utilizam para chegar a essa
conclusão serão discutidos mais a frente como os processos cognitivos e as características
sociais, no entanto elas poderão dispor de todas as informações que obtiveram em um
primeiro momento, sobre determinado jurado para o recusar. Nucci (2016) demonstra como
funciona na prática:

Não existindo possibilidade de se questionar os membros do Tribunal


do Júri antes do sorteio, melhor que se dê às partes a possibilidade de
recusa imotivada, uma menor, que permite o juízo de valor a respeito
da pessoa leiga, sem as garantias e deveres do magistrado togado, por
isso mesmo livre para tomar qualquer posição. Por vezes, a parte
rejeita o jurado porque percebeu que em, outro julgamento, ele não
teve comportamento adequado, fazendo perguntas impertinentes ou
deixando de prestar a devida atenção nos debates. Enfim torna-se um
instrumento de proteção dos interesses tanto da acusação, quanto da
defesa (p. 1087)
31

Além da recusa imotivada existe a recusa motivada, que é possível nos casos previstos
em lei, geralmente fundamenta-se no receio de que os jurados decidam sem imparcialidade.
Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que tiver manifestado prévia disposição para
condenar ou absolver o acusado (art. 448 e 449, CPP), de forma a iniciar em uma posição que
não seja neutra, pois a lei esclareça o principio da presunção de inocência, (F. de Jesus, 2016).
Ante o exposto, verifica-se que a forma como a seleção dos jurados acontece pode
mudar o rumo do julgamento de acordo com quem compõe o conselho de sentença, pois
conforme preleciona Thiago H. M. Souza, a partir do momento em que os cidadãos ficam
cientes da inclusão dos seus nomes na lista anual de jurados de uma cidade, acontece um
processo interno de reflexões em torno do papel social a ser desenvolvido durante os
julgamentos enfrentados.

4.3 FATORES QUE INFLUÊNCIAM NA TOMADA DE DECISÃO DO


CONSELHO DE SENTENÇA

A tomada de decisão é um tipo especial de solução de problemas, em que já


conhecemos todas as soluções ou escolhas possíveis. Sua tarefa não é apresentar novas
soluções, mas identificar a melhor disponível com base no critério que esteja sendo usado
((Morris e Maisto, 2004, p. 230). O maior exemplo disso é a decisão que os jurados tomam
quando estão em plenário, uma vez que, já sabem quais as soluções disponíveis e precisão
optar pela condenação ou absolvição do acusado, embasados nos parâmetros que são
apresentados.

Carla Marlana Rocha e Juliane Sachser Agnes (2016), ao analisarem a influência


cognitiva do tomador de decisão no processamento de informações sob a ótica da
racionalidade limitada, exprimem com clareza como a tomada de decisão se aplica ao
contexto do Tribunal do Júri:

Entende-se que o tomador de decisão ao fazer sua escolha é


influenciado pelos seus valores, gostos, crenças e padrões culturais.
Logo, investigar a tomada de decisão do Tribunal do Júri torna-se um
campo fértil para pesquisas. Pois, os jurados, tomadores de decisão,
encontram-se em uma mesmo cenário e dispõem das mesmas
informações, todavia fazem escolhas dissidentes. Isso porque, são
pessoas envoltas pelas mais diversas crenças, valores e posições
32

sociais, características cognitivas diferentes que influenciam as


tomadas de decisões (p.2).

Existem vários modelos explicativos aplicados aos processos de tomada decisão dos
jurados, que vão desde a valoração seqüencial, até modelos mais sofisticados, como modelos
algébricos, por exemplo, de acordo com o que demonstra Fernando de Jesus em seu livro A
psicologia aplicada a justiça (2016). Conclui-se então, que são inúmeras as variáveis que
influenciam a decisão de um jurado.
Portanto, é possível que os jurados julguem sem distorções? Sem trazer prejuízos a um
julgamento imparcial? Para responder a essas perguntas é valoroso sabermos quais são as
variáveis internas que os jurados trazem consigo e quais as externas a que eles serão
submetidos dentro de um processo judicial, sem nos esquecermos de que se trata de uma
decisão de julgamento complexa (JESUS, 2016, p. 211), além de ser importante evidenciar
alguns aspectos que motivam a tomada de decisão de qualquer pessoa.

4.3.1 PROCESSOS COGNITIVOS

Cognição é a organização estruturada e significativa que o sujeito faz a partir de suas


percepções e das influências que recebe do meio (Bock, Furtado e Teixeira, 2008, p. 180).
“Os psicólogos utilizam o termo cognição para se referir a todos os processos que
empregamos para adquirir e administrar informações” (Morris e Maisto, 2004 p. 219),
informações essas, que dentro de um tribunal do júri, serão interpretadas de maneira que esses
aspectos cognitivos influenciem na tomada de decisão. Vejamos alguns deles:

Percepção: é a classificação, interpretação, análise e integração de estímulos realizada


pelos órgãos dos sentidos e pelo cérebro (Feldman, 2015, p. 89). Em outros dizeres, quando
um sujeito se relaciona com o ambiente em que está inserido, ele interpreta as impressões
sensoriais, com a finalidade de dar sentido aos estímulos que estão sendo captados do meio.
Os estímulos da definição de Hubner e Moreira (2016) seriam os aspectos do mundo
com os quais os organismos interagem, e são diversos esses aspectos, sendo impossível
perceber a todos ao mesmo tempo, neste sentido os autores ainda ressaltam:

Embora o estímulo seja um evento ambiental, nem todos os aspectos


do ambiente necessariamente relacionar-se-ão com o comportamento
do organismo. Há casos em que as diferenças na maneira como dois
organismos reagem ao mesmo evento dependem de fatores que
33

podemos chamar de perceptuais. As particularidades dos sistemas


sensoriais de um organismo impõem vieses quanto a que aspectos do
ambiente ele é de fato capaz de perceber (p. 42).

Logo, a percepção modula a forma como se enxerga o mundo e como se compreende


determinados eventos ambientais. É um processo que vai desde a recepção do estimulo pelos
órgãos dos sentidos até a atribuição de significado ao estimulo (Bock, Furtado e Teixeira,
2008, p. 180).
Cada pessoa percebe de uma forma muito especifica, e isto está relacionado com a sua
bagagem de valores, historia de vida, e outros, afetando de maneira significativa como se
julga e interpreta eventos e pessoas.
Assim buscamos aproximar mentalmente o que vemos, ouvimos, cheiramos etc. com a
experiência conhecida (Bock, Furtado e Teixeira, 2008, p. 157), e para alguns, determinada
experiência ganha mais ênfase do que outra, pois na sua bagagem de vida isso foi de alguma
forma mais destacado. Ainda nos dizeres de Hubner e Moreira (2016):

(...) o que caracteriza a maneira como os organismos percebem


(respondem): a) aspectos do ambiente são as contingências de reforço
a que foram submetidos ao longo de sua vida. Se tentarmos supor
quais contingências levaria pessoas a perceber coisas iguais ou
diferentes (e a perceber, inclusive, as próprias igualdades e
diferenças), notaremos que essas contingências poderão ser diferentes
e variáveis de individuo para individuo. Além dessas diferenças na
historia de vida de cada organismo (ontogêne), há também a
influência das particularidades da historia da espécie (Filogênese) e
das práticas culturais naquilo que será ou não percebido, ou em como
será percebido. (p. 44).

Verifica-se então que alguns fatores influem sobre a percepção e baseado nesses
fatores é que se nota certos estímulos no ambiente em detrimento de outros, como bem
preceituam Morris e Albart (2004), ao dizerem que nós claramente utilizamos experiências
passadas e a aprendizagem quando algo atinge nossa percepção, mas nossas próprias
motivações, valores, expectativas, estilo cognitivo e idéias culturais preconcebidas também
podem afetar as experiências perceptivas.
Quando os conceitos mencionados acima são trazidos para a realidade do Tribunal do
Júri, deduz-se que os jurados ao captarem os estímulos do ambiente jurídico que estão
inseridos, vão interpretar e tomar decisões baseando-se nos eventos percebidos naquele
momento, que podem remeter a experiências agradáveis ou desagradáveis que podem causar
empatia ou aversão.
34

- Memória: A memória é um processo básico vital para o processamento do material


percebido (Bock, Furtado e Teixeira, 2008, p. 157). Os psicólogos consideram como memória
o processo pelo qual codificamos, armazenamos e recuperamos informações (Feldman, 2015,
p. 205), ao passo que também dividem esta em vários modelos, como a memória de curto e
longo prazo, a memória implícita e explicita, a memória operacional e outras.
Qualquer indivíduo faz uso desse processo por grande parte da sua vida,
principalmente ao produzir atitudes propositais, como no caso da tomada de decisão, onde se
acessa lembranças relacionadas, ao resultado que quer ser obtido. Neste sentido, Wixted
(1998), apresenta a noção do comportamento sobre a memória, nos seguintes termos:

No seu uso comum, a palavra memória se refere a um conjunto de


representações mentais de experiências passadas. O estudo da
memória, desta forma, é investigar estruturas e processos que estão
envolvidos no armazenamento e manipulação destas representações. A
noção analítico-comportamental da memória, pelo contrário, não se
refere a entidades mentais estáticas, mas o potencial para manifestar
no comportamento os efeitos de experiências passadas. Estudar
memoria sob este ponto de vista é estudar o comportamento que
reflete a apresentação prévia de um estimulo (lembrar) ou a perda de
um tipo de controle de estímulos (esquecer) (p. 263).

Ademais, Hubner e Moreira (2016.) ao dizerem que a memória na Análise do


Comportamento é comportamento, e deveria ser estudada a partir da análise das variáveis que
controlam e afetam sua probabilidade de emissão, destacam também as distorções que a
memória pode sofrer:

(...) na categoria de “distorções”, são incluídas: má distribuição


(atribuições de informações as fontes erradas), sugestionabilidade
(alteração de memórias devido a obtenção de dados enganosos sobre
determinados acontecimentos) e viés (influência de acontecimentos
ocorridos no momento presente sobre a memória de eventos ocorridos
no passado) (p. 66).

Se a memória pode sofrer distorções ou falhas, no âmbito jurídico, por exemplo, os


relatos trazidos pelas testemunhas dentro de um julgamento do tribunal do júri, podem não
condizer com o que realmente aconteceu, mesmo que a testemunha tente se recordar com
clareza dos detalhes, isso se agrava quando tratamos especificamente das testemunhas
oculares, que geralmente são colocadas sobre o impacto das armas usadas no crime.Quando o
praticante de um crime mostra um revolver ou uma faca, ela age como um imã percentual,
35

atraindo os olhos das testemunhas, em conseqüência disso elas prestam menos atenção a
outros detalhes do crime e são menos capazes de recordar o que realmente aconteceu
(Feldman, 2015).
Outra explicação para ocorrer esse tipo de “falha”, esta na forma como as perguntas
são feitas pelos advogados e promotores, Feldman (2015) ilustra bem essa situação ao
descrever um experimento que foi realizado, onde os participantes assistiram a um filme de
dois carros batendo:

Para alguns deles, perguntou-se depois: “Mais ou menos em que


velocidade os carros estavam indo quando eles estraçalharam-se um
contra o outro?” Em média, os participantes estimaram que a
velocidade era de 66 quilômetros por hora, no entanto, quando se
perguntou a outro grupo de participantes: “Mais ou menos em que
velocidade os carros estavam indo quando eles encostaram um no
outro?”, a velocidade média estimada foi de apenas 51 quilômetros
por hora (p.224).

Nota-se que a maneira como as palavras foram colocadas, em uma pergunta com mais
exagero e na outra com menor, influenciou a maneira como os participantes do experimento
recordaram do acontecimento.
Além disso, existem as memórias reprimidas, recordações de eventos que inicialmente
foram tão chocantes que a mente responde relegando-as ao inconsciente (Feldman 2105,
p.225), motivo pelo qual, são questionadas por alguns pesquisadores, que alegam que estas
podem ser imprecisas ou até mesmo falsas, uma vez que, pesquisas confirmam que é
relativamente fácil estabelecer memórias referentes a um acontecimento que jamais ocorreu
simplesmente ao perguntar por ele. Quanto mais as pessoas são perguntadas a respeito,
maiores as chances de que elas se “lembrem” dele. (Morris e Maisto, 2004, p. 213).
Esse tipo de memória é mais comum em casos de violência física e abusos sexuais que
ocorreram durante a infância e que são posteriormente recuperadas por suas vitimas em
tratamentos psicoterapêuticos, mas também pode ocorrer com alguém que presenciou um
homicídio, por exemplo.
Isto posto, verifica-se que, assim como na percepção, a memória para ter maior
probabilidade de reforçar algumas respostas ou atitudes, depende dos estímulos produzidos no
ambiente. Portanto, a memória não é simplesmente um registro permanente e imutável de
eventos, a ser recuperado intacto quando necessário, como um arquivo em um computador,
mas um registro maleável das experiências de alguém, sujeito a alterações de acordo com
diferentes ocorrências, como a simples passagem do tempo (Hubner e Moreira, p. 67).
36

- Linguagem: é usada para decodificar o que percebemos (Bock, Furtado e Teixeira,


2008). A atividade verbal do homem pode ser considerada relevante, quando se trata da
analise de qualquer comportamento humano, uma vez que, é através dela que se exterioriza a
informação que deseja ser transmitida. “A linguagem humana é um conjunto flexível de
símbolos que nos permite comunicar nossas idéias,pensamentos e sentimentos”(Morris e
Maisto, 2004, p. 220).
Para Feldman, a estrutura básica da linguagem está na gramática, que vai determinar
como os argumentos deverão se manifestar, podendo ser destacados três componentes
principais, quais sejam: a fonologia, a sintaxe e a semântica. O primeiro deles estuda de que
maneira utiliza-se os sons para formar as palavras, o segundo refere-se às normas
estabelecidas para organizar as palavras, com a finalidade de se formular uma frase, e o
ultimo diz respeito ao significado das palavras (2105, p.257 e 258), através desses aspectos, é
possível expor idéias complexas.
A linguagem passou a ser apreciada pelos estudiosos, como mais uma maneira de
comportamento, e no que diz respeito a este ponto, no livro Temas Clássico da Psicologia sob
a ótica da Analise do comportamento, os autores fazem uma analise do posicionamento de
Watson e Skinner, e concluem que:

A psicologia da linguagem de Watson para o estudo da linguagem era


baseada no reflexo condicionado e não dava importância à questão do
significado, Skinner extrapolou a analise do comportamento verbal em
termos do reflexo e preservou de Watson o objetivo de estudar o
comportamento verbal por si mesmo. (...). Para Skinner o termo
“comportamento verbal” é, tecnicamente, mais preciso e inclui todos
os tipos de comunicação (vocais ou motoras), não importando se o
produto criado for auditivo (como na fala, no código Morse ou
musica), gráfico (como na escrita alfabético-fonética ou napartitura
musical) sinestésico (Braille) ou em movimento (como nos gestos
corporais ou faciais ou na língua de sinais (2016, p.102).

Portanto, “a comunicação sugere que, tais como quaisquer outros comportamentos, os


verbais resultam de interação continua entre o organismo e o ambiente. No caso, o ambiente é
especial, chamado ambiente verbal, e inclui necessariamente o ouvinte ( Hübner e Moreira,
2016).
Ainda de acordo, com os autores do livro supramencionado, quando existe um
ouvinte, o comportamento verbal tende a prover conseqüências reforçadoras contingentes ao
comportamento do falante, ou seja, o “publico” se torna um estimulo para que a linguagem
37

seja frisada, dominando assim, a emissão do resultado. Pode-se aplicar essa realidade ao
tribunal do júri, onde o orador vai selecionar o conteúdo e a forma de emiti-lo de acordo com
as características de seus ouvintes, no caso, os jurados e com o resultado que quer obter.
Dai, surge a seguinte questão “ será que a linguagem pode também influenciar a
maneira como pensamos e o conteúdo de nossos pensamentos? ” (Morris e Maisto), trata-se
de persuasão, processo que se utiliza da linguagem para atingir o seu objetivo, e o mais
explorado pelos promotores e advogados de defesa dentro do plenário do júri, na tentativa de
convencer os jurados de que as teses que estão apresentando são as corretas.
Persuasão é o processo de mudança de atitudes, um dos conceitos centrais da
psicologia social. Atitudes são avaliações de uma pessoa, de um comportamento, uma crença
ou um conceito (Feldman, 2015). Esses conceitos trazidos por este autor ainda vêm
acompanhado, da demonstração de alguns fatores que influenciam a modificação de atitude de
alguém, tudo ira vincular-se a Fonte da Mensagem, as Características da Mensagem e as
Características do alvo como demonstra:

Fonte da mensagem. As características de uma pessoa que transmite


uma mensagem persuasiva, conhecida como um comunicador de
atitudes, têm um impacto importante na eficácia dessa mensagem. Os
comunicadores que são física e socialmente atraentes produzem maior
mudança de atitude do que aqueles que são menos atraentes. Além
disso, o conhecimento e a credibilidade do comunicador estão
relacionados ao impacto de uma mensagem – exceto em situações em
que o público acredita que o comunicador tenha uma motivação
dissimulada.
Características da mensagem. Não é somente quem transmite uma
mensagem, mas como a mensagem que afeta as atitudes. Em geral,
mensagens com dois lados – que incluem a posição do comunicador e
a de quem está argumentando contra – são mais eficazes do que as
mensagens unilaterais, com o pressuposto de que os argumentos do
outro lado podem ser efetivamente refutados e de que o público tem
conhecimento sobre o tópico. Mensagens que produzem medo (“ Se
você não praticar sexo seguro, contrairá aids”) costumam ser eficazes
quando fornecem ao público um meio de reduzir o medo. No entanto
se o medo for muito exagerado, as mensagens poderão evocar
mecanismos de defesa das pessoas e serão ignoradas.
Características do alvo. Depois que um comunicador transmitiu uma
mensagem, as características do alvo podem determinar se a
mensagem será aceita. Por exemplo, pessoa inteligentes são mais
resistentes a persuasão do que as menos inteligente. Também parecem
existir diferenças de gênero na capacidade de ser persuadido. Em
contextos públicos, as mulheres são um pouco mais facilmente
persuadidas do que os homens, sobretudo quando elas têm menos
conhecimento sobre o tópico da mensagem. Contudo, ela tem tanta
38

probabilidade quanto os homens de modificar suas atitudes privadas.


De fato, a magnitude das diferenças na resistência a persuasão entre
homens e mulheres não é grande. (p. 529).

A persuasão, ainda pode ser apreciada de outra perspectiva, da rota que ela percorre
até chegar ao seu destinatário. Os psicólogos sociais descobriram as rotas primárias de
processamento da informação para a persuasão: processamento pela rota central e pela rota
periférica (Feldman, 2015, p. 530). Em síntese, o processamento pela rota central, acontece
quando o sujeito está mais atento aos argumentos apresentados, consequentemente, sendo
persuadido pelo mérito da questão.
Já o processamento pela rota periférica, verifica-se quando o sujeito é persuadido por
causas não pertencentes ao cerne da questão. Em vez disso, fatores que são irrelevantes ou
alheios a questão, tais como quem está transmitindo a mensagem, a quantidade de argumentos
ou o apelo emocional dos argumentos, as influenciam (Feldman, 2015). Desta forma, entende-
se que os indivíduos que estão mais atentos e mais envolvidos, recebem a informação pela
rota central, lado outro, os que estão entediados ou distraídos recebem pela rota periférica,
onde as características do conteúdo ficam em segundo plano.
A importância dos operadores do direito de observar estes aspectos é grande,
principalmente dentro de um tribunal do júri, onde a emissão das palavras deve ser feita com
cuidado, porque mesmo que os receptores da mensagem estejam sujeitos as mesmas
informações, estas podem resultar em significações diferentes para cada indivíduo, podendo
ocasionar um olhar desacertado, de modo que prejudique a defesa ou a acusação.

4.3.2 CARACTERISTICAS SOCIAIS

No Tribunal do Júri, os processos de interação e influência social são determinantes na


formação de impressões e decisões dos jurados para o julgamento (Pilate e Silvino, 2009, p.
280), pois parte do processo de ser influenciado por outras pessoas implica organizar e
interpretar informações sobre elas (Morris e Maisto, 20014, p. 462), informações estas que a
principio se resumem ao sexo, as roupas que elas estão vestindo, aos gestos, a maneira de
falar, aos traços faciais, em fim, a todas as características que são observadas em alguém, para
se obter uma primeira impressão.
A primeira impressão é o que vai possibilitar à categorização de uma pessoa, depois
de realizada a categorização, confere-se a essa pessoa uma série de atributos, que seria em
tese comum a todos daquele mesmo grupo. O principio é o mesmo para formar estereótipos,
39

que nada mais são do que conjuntos de características presumidamente partilhadas por todos
os membros de uma categoria social (Morris e Maisto, 2014).
Então concluímos coisas sobre um individuo baseado apenas em algumas
características que tivemos acesso em um primeiro momento, conforme exemplifica Morris e
Maisto (2014):

...uma vez que você classificou alguém como homem ou mulher,


talvez conte mais com seu estereótipo daquele gênero que com suas
próprias observações sobre as atitudes da pessoa. Pelo fato de as
mulheres serem estereotipadas tradicionalmente como mais emotivas
e submissas, e os homens como mais racionais e assertivos, talvez
você veja mais esses traços em homens e mulheres do que eles
realmente existem (p. 464).

Obviamente que a expectativa de um comportamento formada dessa maneira a


respeito de alguém pode ser vulnerável, uma vez que, é fundamentada apenas em
características superficiais. Cometemos diversos erros sistemáticos ao fazer juízos sociais e,
ironicamente, nossas próprias teorias intuitivas muitas vezes prejudica a precisão de nossos
juízos (Atkinson e outros. 2002, p. 629)
No entanto, no contexto do Tribunal do Júri, Vainsencher e Farias (1997), realizaram
um estudo em que investigaram as variáveis sócio-demográficas mais comuns (sexo, idade,
profissão, estado civil, escolaridade) que levam os jurados a decidirem pela absolvição ou
pela condenação e chegaram à conclusão de que alguns aspectos não atingem de modo
considerável as ponderações dos jurados, em contrapartida constataram que:

É interessante observar, no entanto, que alguns fatores de absolvição


pesam diferentemente para os homens e para as mulheres. Essas
últimas, por exemplo, levam em consideração, mais do que os
homens, uma condenação em definitivo, da vítima, por crime de maior
potencial ofensivo; o arrependimento; a presença de familiares no
julgamento; a velhice; a posição de destaque na sociedade e o choro
do acusado. A esse respeito, surge uma distinção relevante entre os
sexos. Nela, é possível visualizar que os estímulos externos – os que
podem suscitar sentimentos de remorso, pena e tristeza – parecem ser
mais eficazes junto às representantes do sexo feminino. Isso pode ser
explicado, talvez, pelo processo de socialização das mulheres, no qual
os componentes emocionais, bem como a sua externalização, parecem
ser menos reprimidos do que junto aos homens. Em contrapartida,
pesam mais para os homens do que para as mulheres, no sentido
absolutório em relação ao acusado, os maus antecedentes sociais da
vítima (p.)
40

Jesus (2106) corrobora essas afirmações ao demonstrar que além do sexo, outras
variáveis como a raça, a idade, religião, profissão e etc. vão incidir direta ou indiretamente no
resultado de um julgamento. Identificada essas variáveis, é possível saber o que esperar de
determinado jurado, por exemplo, a este fenômeno se da o nome de papel prescrito, que são
todas as expectativas de comportamento estabelecidas pelo conjunto social para os ocupantes
das diferentes posições sociais (Bock, Furtado e Teixeira, 2008, p. 178).
A categorização de determinada pessoa só é possível, porque se usa da percepção para
organizar as informações recebidas, que serão associadas a determinada memória que causará
uma predisposição para agir, chamada de atitude. A respeito das atitudes ensinam Bock,
Furtado e Teixeira (2008).

As atitudes possibilitam-nos certa regularidade na relação com o meio.


Temos atitudes positivas em relação a determinados objetos ou
pessoas, o que nos predispõe a uma ação favorável em relação a eles.
Isso porque os componentes da atitude – informações, afeto e
predisposição para ação – tendem a ser congruentes. (...) no entanto,
não é com tanta facilidade que conseguimos prever o comportamento
de alguém a partir do conhecimento de sua atitude, pois nosso
comportamento é resultante também da situação dada e de varias
atitudes mobilizadas em determinada situação (p. 182).

Constata-se então que as atitudes podem ser modificadas, de acordo com os motivos,
interesses, e necessidades de cada individuo, por exemplo.
Cada individuo traz um conjunto singular de atributos pessoais para uma situação, o
que faz com que diferentes pessoas ajam de diferentes maneiras na mesma situação.
(Atkinson e outros. 2002 p. 628).

4.3.3 PUBLICIDADE PRÉ-JULGAMENTO

A publicidade pré julgamento, é uma das variáveis externas à que os jurados são
submetidos em alguns casos antes de tomarem sua decisão, visto que, com freqüência surgem
crimes com grande repercussão, a titulo de exemplo pode-se citar o caso Isabella Nardoni ou
o caso de Suzane Von Richthofen, onde existiu uma mobilização da mídia e da sociedade em
busca de “justiça”.
Embora exista um esforço da legislação de manter alguns princípios como o da
presunção da inocência, ao prezar pela incomunicabilidade dos jurados, é cediço que os
41

jurados chegam a plenário, muitas vezes, com o veredicto já formado, influenciados pela
opinião pública. Neste sentido Roberto Bartolomei Parentoni (2011) ensina que:

(...) Na verdade, atuação do membro do júri como representante da


sociedade e voz popular teria legitimidade se a formação de sua
opinião se desse apenas no interior da arena discursiva apresentada no
julgamento. Neste cenário, então, a opinião estaria em estreita relação
com a vontade e com a valoração jurídica que se emprestasse a
narração dos fatos apresentados na denuncia e no libelo. A opinião
pública representaria uma concepção nascida do melhor argumento,
que se impõe por força da lógica, sendo portanto, neste caso, a
vontade expressa obtida numa argumentação racionalmente
conduzida, ou melhor, a vontade legitimada pela razão. Sabemos,
todavia, que essa não é a realidade de um julgamento pelo júri
popular, tifo e havido por boa parte da doutrina brasileira como a
“instancia representativa da sociedade” (...) comumente, o julgamento
dos crimes dolosos contra a vida precedidos de uma publicitação dos
acontecimentos que envolvem o fato por cobertura da mídia imprensa,
radiofonia, pelos noticiários ou, mais modernamente, por programas
televisivos que se dedicam apenas a apresentar d eforma dramatizada
as circunstancias de um crime (...). nesse tipos de publicitação do fato,
é escolhido um enquadramento especifico que, via de regra, se baseia
na dicotomia vitima x agressor, construindo-se, baseado apenas nas
informações do fato imediato, um juízo de valor do acontecimento,
que invariavelmente promove a condenação do acusado sem direito a
defesa. (p.)

Percebe-se então a importância da propagação da informação veiculada pela mídia,


razão pela qual alguns até chamam de “quarto poder”. A situação se agrava quando o
indivíduo tem acesso somente a tecnologia tradicional. De acordo com Bock, Furtado e
Teixeira (2008, p. 283), quando não temos a informação alternativa a nossa disposição,
tendemos a acreditar na informação disponível de forma acrítica.
É preciso considerar também a memória de quem recebe a informação, que pode sofre
falhas e distorções conforme já mencionado anteriormente. O jurado pode não ter a intenção
de utilizar as informações veiculadas pela mídia, mas talvez ele não tenha condições de saber
a origem do dado, uma vez que, a memória não permite somente a recuperação das
características desejadas, mas também recupera informações fora do contexto original (Pilate
e Silvino, 2009, p. 283).
Nesse contexto, é possível que a publicidade pré julgamento cause grande comoção
popular, o que pode provocar a formação de um conselho de sentença parcial. Para essa
hipótese o Código de Processo Penal prevê uma solução excepcional chamada de
42

desaforamento, onde a competência inicialmente fixada pode ser alterada (Nucci, 2017).
Dispõe o caput do art. 427 do CPP:

Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver duvida


sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o
tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do
querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz
competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para
outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos,
preferindo-se as mais próximas.

A título de exemplo do desaforamento em casos de suspeita de imparcialidade do júri,


causado pela divulgação do fato pela mídia, tem-se o entendimento jsurisprudencial:

TJ-MS - Pedido de Desaforamento: 6042 MS 2002.006042-9, Relator: Des.


Hildebrando Coelho Neto, Data de Julgamento: 31/07/2002, Turma
Especial – Criminal.
Data de Publicação: 23/08/2002
PROCESSO PENAL - PEDIDO DE DESAFORAMENTO -
JULGAMENTO PELO TRIBUNAL POPULAR DO JÚRI - CRIME
HEDIONDO COMETIDO CONTRA A EX-PREFEITA DE MUNDO
NOVO - COMOÇÃO POPULAR - PRESSÃO DA MÍDIA NACIONAL E
INTERNACIONAL - UTILIZAÇÃO POLÍTICA DO EVENTO -
PROXIMIDADE DAS ELEIÇÕES DE 2002 - DÚVIDA SOBRE A
IMPARCIALIDADE DO JÚRI - PERIGO DA SEGURANÇA DOS RÉUS
- DESLOCAMENTO PARA A CAPITAL DO ESTADO - INTERESSE
DE ORDEM PÚBLICA - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 424
DO CPP - EXTENSÃO AOS DEMAIS CO-RÉUS - DEFERIDO.

STF - RHC: 118615 DF, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de


Julgamento: 17/12/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-031
DIVULG 13-02-2014
Data de publicação 14-02-2014
EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
PROCESSO PENAL. IMPETRAÇÃO DENEGADA NO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
SUBSTITUTIVO DE RECURSO CONSTITUCIONAL. TRIBUNAL DO
JÚRI. DESAFORAMENTO. IMPARCIALIDADE DOS JURADOS. NÃO
COMPROVAÇÃO. DIVULGAÇÃO DOS FATOS PELA MÍDIA.
IRRELEVÂNCIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça observou os
procedentes da Primeira Turma desta Suprema Corte que não vem
admitindo a utilização de habeas corpus em substituição a recurso
constitucional. 2. O desaforamento desloca o julgamento da ação penal
para outra comarca da região, quando “o interesse da ordem pública o
reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança
pessoal do acusado” (art. 427, caput, do Código de Processo Penal), ou,
ainda, “comprovado excesso de serviço” impeditivo da realização do júri
no prazo de 6 (seis) meses após o trânsito em julgado da decisão de
43

pronúncia (art. 428, caput, do Código de Processo Penal). 3. A mera


alegação de dúvida sobre a imparcialidade dos jurados sem a devida
comprovação não autoriza o desaforamento. Precedentes. 4. A divulgação
do fato criminoso pela mídia não reflete o ânimo dos membros integrantes
do Conselho de Sentença. Precedente. 5. Recurso ordinário em habeas
corpus a que se nega provimento.

Conclui-se que, embora não devesse ser, a atuação da mídia e da opinião pública é
relevante, e este aspecto influencia significativamente na decisão dos jurados, motivo pelo
qual, cria-se o atrito entre a imprensa e a lei, ou seja, entre o direito a liberdade de imprensa e
o direito a um julgamento justo (Jesus, 2016, p. 219).
44

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, verifica-se que qualquer decisão tomada por um juiz no poder
judiciário brasileiro é obrigatoriamente fundamentada e deve ser totalmente imparcial,
aplicando-se estritamente a lei, com exceção da decisão tomada pelos jurados dentro do
tribunal do júri, pois embora eles estejam exercendo a função de “juízes” por algumas horas, a
legislação permite que nesse caso especifico a decisão não seja fundamenta, e por ser
realizada por pessoas que não possuem formação técnica suficiente para exercer essa função,
está sujeita a vários questionamentos, visto que os jurados estariam mais suscetíveis as
influências de argumentação das partes, de suas crenças e valores pré-estabelecidos, e a
fatores psicológicos, muitas vezes não observados de primeiro plano, que vão interferem
direta ou indiretamente na sentença.
Observa-se também que dentre as variáveis que vão interferir na tomada de decisão
dos jurados, os aspectos cognitivos, como a percepção, memória e linguagem exercem um
papel importante, assim como as características sócias e a publicidade pré julgamento,
podendo estes elementos serem “manipulados” de alguma maneira pelos atores processuais,
para se chegar a resposta desejada, uma vez que, os jurados procuram organizar todos os
elementos observados em uma estrutura sumarizada, na qual capturam qual é a verdade sobre
o caso (Pilate e Silvino, 2009). É interessante explicitar que, de acordo com Maisto e Morris
(2004), na ocasião em que se diz que certos elementos podem manipular algumas respostas,
significa que a presença desses elementos pode tornar a resposta desejada mais provável.

A idéia de que o Tribunal do Júri não passa de um teatro, e de que ganha aquele que
consegue representar melhor, é equivocada, obviamente que conseguir o resultado desejado
(absolvição, diminuição ou majoração de pena ou condenação) demanda um conhecimento e
poder de comunicação bastante grande, mas como vimos no decorrer do presente trabalho,
não é só isso, trata-se de um procedimento complexo que envolve vários aspectos, que
transcendem o mundo jurídico, porém, que estão presentes na vida de qualquer ser humano,
inclusive na dos jurados, no momento de tomar a decisão, que em grande parte corresponde às
expectativas sociais.
Os atores processuais podem utilizar os mais variados tipos de artifícios para reforçar
o seu ponto de vista, sempre lembrando que não se trata de uma batalha pessoal entre defesa e
acusação, nem de uma batalha entre o bem e o mal, dado que, não existem vencedores nem
perdedores nesta circunstancia, uma vez que todos já perderam. A família do réu, a família da
45

vitima que perdeu um ente querido, o próprio réu, que possivelmente vai perder sua liberdade,
o estado que fracassou na tutela do bem jurídico mais importante que é a vida, em fim,
quando chega ao tribunal do júri, significa que todos os outros meios para solucionar aquele
conflito fracassaram, melhor dizendo quando é necessária a intervenção do direito penal e
processual penal em qualquer aspecto, significa que algo falhou no inicio.
Destaca-se então, a área compartilhada pela psicologia e pelo direito, que vem para
contribuir, para além do que é mostrado de forma limitada nos seriados e filmes, pois o estudo
do comportamento humano feito nesse contexto, auxilia na conquista de um sistema legal
mais justo, na qualidade da deliberação legal e na prevenção de possíveis falhas que não
podem mais acontecer.
46

REFERÊNCIAS

NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do júri. 6 ed. rev. atual, e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 16 ed. rev. atual, e
ampl. Rio de Janeiro: Forense. 2017.

NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri de acordo com a reforma do CPP leis
11.689/2008 e 11.690/2008. Ed. Revista dos Tribunais. São Paulo. 2008.

VadeMecum Saraiva OAB. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de
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